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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
EURICLEIA DA SILVA ARAÚJO
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NAS ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM CONTEXTO HOSPITALAR:
RELATO REFLEXIVO DE PRÁTICAS COLABORATIVAS.
NATAL, RN
2019
EURICLEIA DA SILVA ARAÚJO
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NAS ATIVIDADES
PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM CONTEXTO HOSPITALAR:
RELATO REFLEXIVO DE PRÁTICAS COLABORATIVAS.
Relato Reflexivo de Prática
Educativa advindo de experiências
vividas no programa de iniciação
científica, como requisito para
conclusão do curso de Pedagogia do
Centro de Educação da UFRN no
período letivo 2019.2.
Orientação: Professora Jacyene
Melo de Oliveira Araújo
NATAL, RN
2019
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde e forças para
conseguir concluir o primeiro passo da minha vida acadêmica, pois sem o
consentimento dele nada teria funcionado.
Agradeço também aos meus pais por ter me dado o dom da vida e por ter me
formado um ser humano com caráter e ética, saberes esses que carregamos até os
dias de hoje e que influenciam diretamente na minha prática docente.
Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN por ter me
proporcionado vivenciar essa experiência tão única em minha formação como
profissional da educação.
Agradeço ao programa de Iniciação científica, que me garantiu o contato com
esse objeto de estudo, como também me proporcionou vivenciar momentos únicos
na graduação, que me transformaram enquanto educadora e pesquisadora.
Agradeço imensamente à minha orientadora, Professora Jacyene Melo de
Oliveira Araújo, que além de orientadora soube ser humana, amiga, acolheu-me
como jamais esperei. Dando-me conselhos e cuidando de mim. Muito obrigada, sei
que Deus escreve certo por linhas certas, seu apoio foi fundamental na minha
jornada.
Agradeço às professoras Luci Alves, Karen Shirahama, e Senadaht Barbosa
pelas partilhas de experiência, pelo espaço docente cedido, pela confiança e
disponibilidade de sempre. Vocês são orgulho e inspiração.
Agradeço à minha amiga de graduação, Fernanda Beatriz que tanto me
ensinou a ser forte e persistir durante esses anos de muita luta. Que esteve sempre
ao meu lado, produzindo e apresentando trabalhos, tornando-os mais divertidos,
como também vivenciando momentos fora da vida acadêmica. Que o término deste
ciclo não nos afaste.
Agradeço aos professores e funcionários do centro de educação que dedicam
sua vida à melhoria da educação como um todo. Sem vocês nada funcionaria.
Agradeço aos amigos de verdade que construí fora da graduação, que foram
o meu refúgio para momentos de diversão e distração.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.
Muito obrigada.
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Araujo, Euricleia da Silva.
Desenvolvimento da linguagem oral e escrita nas atividades
pedagógicas da educação infantil em contexto hospitalar: relato
reflexivo de práticas colaborativas / Euricleia da Silva Araujo. -
2020.
66 f.
Trabalho de conclusão do curso (Graduação) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Curso de
Pedagogia, Natal, RN, 2019.
Orientador: Prof. Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo.
1. Educação infantil - TCC. 2. Classe hospitalar - TCC. 3.
Desenvolvimento da linguagem oral e escrita - TCC. I. Araújo,
Jacyene Melo de Oliveira. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 372.3
Educar é um ato heroico em qualquer cultura.
Talvez seja pelo fato de que educar exige que a pessoa saia um pouco de si
e vá ao encontro do outro; um outro desconhecido; um outro anônimo; um outro que
me questiona; um outro que me confronta com meus próprios fantasmas, meus
próprios medos, minha própria insegurança.
Talvez seja pelo fato de que educar exige sacrifício, exige renúncia de si,
exige abandono, exige fé, exige um salto no escuro.
Talvez por isso seja algo para poucos.
Seja para pessoas que acreditam nas outras pessoas.
Daniel Munduruku
Resumo
Este relato tem como principal objetivo descrever de forma reflexiva um projeto colaborativo desenvolvido na classe hospitalar do Hospital Universitário Onofre Lopes - HUOL, que surgiu diante de experiências por mim vividas durante dois anos e meio de pesquisa, oportunizadas pelo programa de iniciação científica- IC da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN sob orientação da professora Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo. A complexidade no atendimento a crianças do público da educação infantil vem chamando atenção desde o momento em que o objetivo de estudo foi pensado. Contudo, dentro do contexto conseguimos verificar diversos pontos que dificultam esse atendimento, como por exemplo, quanto menor a criança for, mais frágil ela será. E de fato, em situação de adoecimento a grande maioria dos bebês e crianças bem pequenas se encontram em quadros bem delicados, o que acaba impossibilitando a presença dessas crianças na classe hospitalar. E é justamente nessa conjuntura que surge a importância de um projeto de colaboração sobre o qual este trabalho se dedica, que se configurou como uma atividade reflexiva dentro do próprio hospital. Após dois anos e meio de pesquisa, fez-se necessário uma contribuição tanto para as crianças envolvidas no processo, quanto para as professoras enquanto retorno de estudo. Sendo assim, cabe-nos dizer que o intuito para conclusão deste estudo foi: planejar atividades que enfatizem o desenvolvimento da linguagem oral e escrita voltadas ao público da Educação Infantil em contexto hospitalar. Levando em consideração todas as especificidades conhecidas do ambiente de estudo, o projeto foi sustentado por duas partes, sendo a primeira voltada ao planejamento de atividades que focalizam o público da Educação Infantil mais presente na classe, ou seja, as crianças entre 2 a 5 anos. E a segunda, voltada às crianças as quais não se fazem muito presentes na classe, de acordo com os motivos supracitados, àquelas que possuem idade de vida entre 0 a 1 ano.
Palavras-chave: Educação Infantil; Classe Hospitalar, Desenvolvimento da
Linguagem Oral e Escrita; Relato Reflexivo de Prática.
Abstract
This report has as its main objective to reflectively describe a collaborative project developed in the hospital class of Onofre Lopes University Hospital - HUOL, which emerged in the face of experiences that I lived during two and a half years of research, facilitated by the scientific initiation program - IC da Federal University of Rio Grande do Norte - UFRN under the guidance of Professor Dr. Jacyene Melo de Oliveira Araújo. The complexity in the attendance to children of the kindergarten public has been drawing attention since the objective of the study was conceived. However, within the context we can verify several points that hinder this care, such as the smaller the child is, the more fragile it will be. And in fact, in the situation of illness, the vast majority of babies and very young children are in very delicate conditions, which makes it impossible to have these children in the hospital class. And it is precisely at this juncture that the importance of a collaborative project on which this work is dedicated arises, which has been configured as a reflective activity within the hospital itself. After two and a half years of research, a contribution was needed both for the children involved in the process and for the teachers as a return to school. Thus, we must say that the purpose of the conclusion of this study was: to plan activities that emphasize the development of oral and written language aimed at the early childhood education public in a hospital context. Taking into account all the known specificities of the study environment, the project was supported by two parts, the first one focused on planning activities that focus on the most present kindergarten audience, that is, children between 2 and 5 years old. . And the second, aimed at children who are not very present in the class, according to the aforementioned reasons, to those who are aged 0 to 1 year.
Keywords: Early Childhood Education; Hospital Class, Oral and Written Language
Development; Reflective Practice Report.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
PERCURSO HISTÓRICO: EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................................5
PERCURSO HISTÓRICO: CLASSE
HOSPITALAR..............................................................................................................9
TRABALHO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO NA CLASSE HOSPITALAR DO
HUOL: CONHECENDO ESTE ESPAÇO EDUCACIONAL ...................................... 14
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NO CONTEXTO DA
CLASSE HOSPITALAR: REFLEXÕES SOBRE UM PROJETO DE INTERVENÇÃO
................................................................................................................................. 19
I - 2 a 5 anos - atendimento pedagógico na Classe Hospitalar ....................... 21
I - 0 a 1 ano - incentivo a estimulação precoce ................................................. 27
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 34
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 37
1
INTRODUÇÃO
Este relato tem como principal objetivo descrever de forma reflexiva um
projeto colaborativo desenvolvido na classe hospitalar do Hospital Universitário
Onofre Lopes - HUOL, que surgiu diante de experiências por mim vividas durante
dois anos e meio de pesquisa, oportunizadas pelo programa de iniciação científica-
IC da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN sob orientação da
professora Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo. O estudo teve como objetivo
investigar as práticas pedagógicas no âmbito da linguagem oral e escrita de crianças
da Educação Infantil em contexto hospitalar, destacando as atividades planejadas e
realizadas pelas professoras, no que diz respeito ao uso dos gêneros orais e
escritos, que visem atender com qualidade às crianças hospitalizadas da educação
infantil, assim como o uso da linguagem oral e escrita em diferentes situações.
Sempre me interessei pela Educação Especial, desde o início da graduação
atuei dentro deste contexto. Logo no segundo período após iniciar o curso de
pedagogia da UFRN, meados de 2016 assumi o papel de auxiliar crianças com
laudos médicos que as enquadravam como crianças do grupo das Necessidades
Educacionais Especiais - NEE. Lembro-me que muitas inquietações surgiram na
época, mas não fazia ideia do que fazer com elas. Então, após um ano e meio de
estágio em uma instituição particular, senti o desejo de conhecer o universo da
iniciação científica, verifiquei possíveis linhas de pesquisa e me deparei com o
desenvolvimento da linguagem oral e escrita em um contexto completamente
diferente do que já havia vivenciado na graduação. Inscrevi-me para a seleção como
bolsista de iniciação científica e fui aprovada. Desde então sou apaixonada pelo
universo da pedagogia hospitalar, onde encontro crianças com sede de viver e que
ultrapassam todos os obstáculos pela sede em aprender. E hoje me sinto co
responsável, enquanto futura pedagoga, na luta pela garantia às crianças
hospitalizadas do direito a continuidade a essa fase tão fundamental no seu
desenvolvimento, que só a educação pode proporcionar.
A complexidade no atendimento a crianças do público da Educação Infantil
vem chamando atenção desde o momento em que o objetivo de estudo foi pensado.
Já existiam motivos pelos quais essa pesquisa deveria ser realizada. Contudo,
dentro do contexto conseguimos verificar diversos pontos que dificultam esse
2
atendimento, como por exemplo, quanto menor a criança for, mais frágil ela será. E
de fato, em situação de adoecimento a grande maioria dos bebês e crianças bem
pequenas se encontram em quadros bem delicados, o que acaba impossibilitando a
presença dessas crianças na classe hospitalar.
E é justamente nessa conjuntura que surge a importância de um projeto de
colaboração sobre o qual este trabalho se dedica, que se configurou como uma
atividade reflexiva dentro do próprio hospital. Após dois anos e meio de pesquisa, se
faz necessário uma contribuição tanto para as crianças envolvidas no processo,
quanto para as professoras enquanto retorno de estudo. Sendo assim, cabe-me
dizer que o objetivo geral para conclusão deste estudo foi: planejar atividades que
enfatize o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, voltadas ao público da
Educação Infantil em contexto hospitalar.
Levando em consideração todas as especificidades conhecidas do ambiente
de estudo, o projeto é sustentado por duas partes, sendo a primeira voltada ao
planejamento de atividades que focalizam o público da Educação Infantil mais
presente na classe, ou seja, as crianças entre 2 a 5 anos. E a segunda, voltada às
crianças as quais não se fazem muito presentes na classe, de acordo com os
motivos supracitados, àquelas que possuem idade de vida entre 0 a 1 ano.
No tocante ao planejamento das atividades, essas foram planejadas de
acordo com o projeto temático que estava sendo realizado durante o período de
aplicação, que se insere no projeto anual de trabalho das professoras portando o
título: “O eu, o outro, o nós: questões de identidade.”. O projeto anual permeou seus
planejamentos em torno do objetivo geral: “Oportunizar aos educandos se
(re)conhecerem como sujeitos sociais e históricos, possibilitando também a
construção de sua identidade enquanto sujeitos de direitos e deveres, ativos, em
constante transformação, capazes de refletir sobre si e sobre o mundo.”.
Após definida a data de aplicação da sequência didática, os alunos estariam
entrando no 4º bimestre, como previsto de acordo com o planejamento anual, cujo
tema seria “sou nordestino, sim sinhô!” que possuía como objetivo geral “resgatar
valores da cultura nordestina, através do conhecimento e reconhecimento da história
do povo nordestino”. Ademais, para a data prevista de início como subtema tivemos
o Folclore Brasileiro que por sua vez permitiu também adentrar nas lendas locais
das regiões do nordeste brasileiro.
3
Por conseguinte, vale ressaltar que as atividades foram pensadas de modo a
englobar diferentes faixas etárias, desde que estivessem entre o público-alvo de 2 a
5 anos, desse modo utilizei como parâmetro norteador os objetivos da Base
Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017).
No tocante ao grupo de 0 a 1 ano, este foi identificado com menos
porcentagem de crianças presentes na classe, cotidianamente. Em suma, foi
pensado em um trabalho que seria desenvolvido nos leitos das enfermarias
pediátricas, voltado à orientação com as mães sobre a importância da estimulação
precoce. Nesse ínterim houve um planejamento colaborativo que envolveu a
psicóloga responsável pelo setor de pediatria, como também a terapeuta
ocupacional da Unidade de Tratamento Intensivo - UTI. Pensando de acordo com as
fases de desenvolvimento dos bebês, construímos ferramentas de estímulos para os
sentidos: tato, audição e visão; com materiais reutilizados, de fácil acesso e baixo
custo. Como também, folders que falavam sobre a fase de desenvolvimento dos
bebês, esses entregues às mães/acompanhantes.
Vale ressaltar que, tanto a sequência didática, quanto os materiais e folders
utilizados para a culminância do projeto, pode ser verificado no apêndice 1 deste
trabalho.
Para realização do projeto de intervenção utilizamos os procedimentos
inspirados nos preceitos da pesquisa colaborativa, numa perspectiva exploratória
dentro do campo educacional. E, neste sentido, classifica-se no eixo da abordagem
qualitativa de pesquisa educacional, a qual “envolve a obtenção de dados
tendencialmente descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a
situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em
retratar a perspectiva dos participantes” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13). Por ser de
caráter colaborativo, podemos considerar que a prática de estudo acontece em
conjunto com os envolvidos no processo, neste caso, pesquisadores, professores e
aprendizes. O pesquisador, por sua vez, além de contribuir com o objeto de estudo,
por se envolver com a situação também desenvolve-se, no âmbito pessoal e
profissional.
Esse modelo de pesquisa se ressalta pela relevância dada às práticas
realizadas, existindo um olhar crítico-reflexivo entre o pesquisador e os professores,
“calcados em decisões e análises construídas por meio de negociações coletivas,
tornam-se co-parceiros, co-usuários e co-autores de processos investigativos
4
delineados a partir da participação ativa, consciente e deliberada” (IBIAPINA, 2008,
p.26).
Para a concretização desta modalidade de pesquisa, é importante que prever
alguns pontos fundamentais, como: conhecer o objeto de pesquisa, bem como o seu
lócus; identificar as necessidades no atendimento educacional e sensibilizar os
colaboradores da importância de existir um trabalho mútuo.
O relato foi distribuído em tópicos, sendo o primeiro referente à
caracterização do ambiente - trabalho pedagógico desenvolvido na classe; que se
refere as principais características que compõe a conjuntura estudada, relatando o
contexto quantitativo e qualitativo que compreende o ambiente educacional em
questão. Ademais, adentro no segundo tópico, que traz o contexto histórico, em
linhas gerais, do assunto discutido: Educação Infantil e Classe Hospitalar; com o
propósito de resgatar tanto o significado de infância, quanto as lutas existentes para
o reconhecimento de que crianças hospitalizadas também são cidadãs e possuem
além do direito à saúde e o direito à educação. Logo após, adentramos no último
tópico, que traz a descrição e a reflexão sobre as atividades planejadas para este
projeto, este por sua vez, foi dividido em dois subtópicos, sendo o primeiro o
atendimento pedagógico voltado a crianças de 0 a 1 ano, e o segundo as atividades
pensadas para o público de 2 a 5 anos.
PERCURSO HISTÓRICO: EDUCAÇÃO INFANTIL
De certo, considero que o nosso estudo permeia o âmbito da Educação
Infantil em contexto Educacional Hospitalar. No que diz respeito aos dois contextos
podemos afirmar que o trajeto percorrido foi difícil e lento, porque a princípio não
existia uma percepção do que é ser criança, como também das necessidades que
acompanham os primeiros anos de desenvolvimento de um ser humano.
Dentro dessa conjuntura existem duas vias que precisam ser explanadas,
sendo a primeira o contexto no qual se insere a Educação Infantil nos dias atuais,
por conseguinte o âmbito no qual essa infância é vivida no tocante ao viés
educacional dentro de uma classe hospitalar.
Para início de conversa, se formos analisar o que é a infância vemos que
durante o passar de alguns séculos, o conceito que envolve essa fase da vida
5
humana mudou de forma relevante. Houve uma época da nossa história que a
criança era tratada como um “adulto pequeno”, sendo assim era obrigada a vestir,
falar e se comportar como tal. Mas, nos dias de hoje, percebemos o reconhecimento
de que a infância é uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano,
inclusive a Lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000 da CLT - Consolidação das Leis
Trabalhistas, em seu artigo 403, assegura que “é proibido qualquer trabalho voltado
a menores de dezesseis anos de idade, com exceção à condição de aprendiz, a
partir dos 14 anos.” O parágrafo único do artigo determina que "o trabalho do
adolescente não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não
permitam a frequência à escola”.
Desde o final da segunda guerra mundial, meados da década de 50 “A
expansão dos serviços de Educação Infantil na Europa e nos Estados Unidos foi
sendo influenciada cada vez mais por teorias que apontavam o valor da estimulação
precoce no desenvolvimento de crianças já a partir do nascimento”. (OLIVEIRA,
2202, p.78). Relembrando o contexto histórico da Educação Infantil, percebemos
essa importância reconhecida por parte do governo e até mesmo dos próprios
familiares, mas é importante dizer que uma mudança muito significativa no tocante à
educação, é a exigência da preparação do profissional que vai atender as demandas
educacionais das crianças. Para além do cuidar, é muito importante compreender as
fases de desenvolvimento integral das crianças bem pequenas, para que se planeje
atividades que incentivem sua evolução.
Tendo isso em vista, vale enfatizar que independente do contexto em que
encontra-se a criança, o educador necessita ter uma noção do que é infância, como
também das fases desenvolvimento da mesma. É de suma importância que o
docente tenha conhecimentos e explicações científicas que norteiam suas ações.
Então faz-se necessário uma breve reflexão acerca dos conhecimentos que me
acompanha e me influencia enquanto educadora. As Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010) que traz observações
primordiais no que se refere a organização de propostas pedagógicas na Educação
Infantil, como podemos observar no artigo a seguir:
Art. 8º A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e
6
aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.
Neste parágrafo vemos nas entrelinhas a importância que se dá ao
desenvolvimento da criança nesta fase tão fundamental de sua vida, como também
a influência da educação nesse quesito. Contudo, a ocorrência de um adoecimento
crônico na infância não pode ser evitado. Muitas vezes, surge como algo
extremamente imprevisível e traz consigo quebras no que se espera viver nessa
fase, impedindo que a criança brinque, conviva com seus colegas e até mesmo
frequente a escola. Uma nova rotina será estabelecida e em contrapartida, surgem
novos sentimentos, como o medo de morrer, a angústia, e a ansiedade que andam
lado a lado com o inesperado. Como garantia de que essas sensações sejam
amenizadas e que o direito das crianças e dos adolescentes sejam assegurados,
surge a classe hospitalar.
Ponderar a respeito do contexto histórico da evolução da Educação Infantil, e
a emergência de Políticas Públicas voltadas a essa fase tão essencial em nossas
vidas é fundamental, com isso posso refletir também a respeito do atendimento
realizado em hospitais. Demoraram-se tantos anos para que de fato existissem
políticas públicas voltadas à educação de crianças pequenas, consideradas
saudáveis e propícias à frequentarem escolas regulares organizadas pelo governo,
presuma a luta existente para que surja o reconhecimento de que crianças
hospitalizadas também precisam de políticas públicas que garantam o seu contato
ou a sua continuidade à educação.
Por conseguinte, em contextos históricos a concepção de criança foi um fator
determinante para que se desenvolvessem políticas públicas voltadas para o âmbito
da educação Infantil, posso relembrar que entre o século XIV e XVII, acontecia o
renascimento, momento de transição do feudalismo para o capitalismo, no qual
sucediam progressos científicos, ampliação comercial e desenvolvimento das
atividades artísticas. “Nessa conjuntura, onde várias modificações culturais e
quebras de paradigmas aconteciam”. Nos séculos XV e XVI, novos modelos
educacionais foram criados para responder aos desafios estabelecidos pela maneira
como a sociedade europeia então se desenvolvia” (OLIVEIRA, 2002, p. 57).
7
Em determinados contextos históricos, é sabido que a criança já foi
considerada um “adulto pequeno”, vestiam-se como tal, como também deveriam
apresentar comportamentos adequados a uma pessoa de idade adulta. Em
conformidade com Oliveira, autores como Erasmo (1465-1530) e Montaigne (1483-
1553) já acreditavam em outro perfil infantil, e defendiam que educação deveria
considerar as peculiaridades da infância, sendo assim, estimular o seu
desenvolvimento através de atividades específicas, como também utilizar jogos de
incentivo a aprendizagem, considerando assim o contexto lúdico presente nessa
faixa etária aqui discutida.
A classe social também interferia no significado da infância, durante muitos
séculos a responsabilidade educacional era de incumbência da família, no qual as
crianças menos favorecidas eram cuidadas por mulheres de suas casas e
aprendiam os básicos afazeres do lar. “Nas classes sociais mais privilegiadas, as
crianças eram vistas como objeto divino, misterioso, cuja a transformação em adulto,
também se fazia pela direta imersão no ambiente doméstico. Nesses casos,
paparicos superficiais eram reservados a criança, mas sem considerar a existência
de uma identidade [...]” (OLIVEIRA, 2002 p. 58). Percebo que mesmo com o passar
de tantos séculos desde que âmbito o educacional começou a “progredir” ainda
considero que encontro traços que consequentemente foram advindos dessa
conjuntura.
Ainda em conformidade com Oliveira (2002, p. 62): “Uma nova etapa de
construção da ideia de educação infantil na Europa iniciou-se na fase avançada da
Idade moderna [...] A Revolução Industrial então em curso - possibilitada pelo
acúmulo de capital [...]”. Considerando que para que a indústria executasse suas
ações de forma lucrativa, o trabalhador deveria ser o foco, uma vez que as principais
manobras de lucro eram advindas das mãos de obra do proletariado. Com isso um
novo pensamento pedagógico vinculado a um caráter tecnicista surge.
[...] A discussão sobre a escolaridade obrigatória, que se intensificou em vários países europeus nos séculos XVIII e XIX, enfatizou a importância da educação para o desenvolvimento social. Nesse momento, a criança passou a ser o centro do interesse educativo dos adultos: começou a ser vista como sujeito de necessidades e objeto de expectativas e cuidados, situada em um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos, o que tornava a escola (pelo menos para os que podiam frequentá-la) um instrumento fundamental. (OLIVEIRA, p. 62)
8
Já no século XX, Decroly estava na defesa de um ensino voltado ao intelecto,
no qual os conteúdos seriam adquiridos através de três eixos, sendo o primeiro a
observação, em seguida associação e por último a expressão. Ele também ficou
conhecido por a técnica de observação dos educandos, a fim de separá-los em
turmas homogêneas (OLIVEIRA, 2002, p. 74).
No mesmo século, Maria Montessori (1879-1952) também é um dos nomes
citados como colaboradores na construção de propostas pedagógicas
sistematizadas para a Educação Infantil. Médica e psiquiátrica Italiana:
[...] produziu uma metodologia de ensino com base no estudo dos médicos Itard e Sègun, que haviam proposto o uso de materiais apropriados como recurso educacionais. Em 1907, foi convidada a organizar uma sala para educação de crianças sem deficiência dentro de uma habitação coletiva destinada a famílias dos setores populares, experiência que denominou “casa das crianças”. (OLIVEIRA, 2002, P. 74)
Contudo, mesmo conseguindo observar avanços para época no âmbito
educacional, entretanto notamos também que o convite foi realizado para escola de
pessoas sem deficiência, ou seja, no século em questão, ainda existia essa
separação dos alunos ditos como normais daqueles que hoje caracterizamos como
alunos com Necessidades Educacionais Especiais.
Outros nomes se destacaram na metade do século XX, Celestin Freinet é um
deles, “A pedagogia de Freinet organizava-se ao redor de uma série de técnicas ou
atividades, entre elas as aulas-passeio, o desenho livre, o texto livre, o jornal
escolar, a correspondência interescolar, o livro da vida.” (OLIVEIRA, 2002, p. 77).
No âmbito da psicologia destacava-se Vygotsky, que “[...] atesta que a criança é
introduzida na cultura por parceiros mais experientes” (OLIVEIRA, 2002, p.77) como
também Wallon, que por sua vez “[...] destacava o valor da afetividade na
diferenciação que cada criança aprende a fazer entre si mesmo e os outros.”
Por conseguinte, partindo para outro marco histórico, posso citar o momento
pós segunda guerra mundial, nessa conjuntura muitas percepções mudaram em
diferentes âmbitos da sociedade. Ao voltar da guerra, muitos combatentes voltavam
com certos tipos deficiência física, com isso muda-se o olhar voltado aos humanos
com deficiência. Pós segunda guerra a concepção de criança também muda, de
acordo com Oliveira (2002, p. 78):
9
A defesa da brincadeira como recurso para o desenvolvimento infantil levou pais de classe média a buscar a organização de plays groups [...] para desenvolvimento de seus filhos pequenos, embora
ainda dentro da perspectiva tradicional no que se refere ao papel privilegiado da família na educação dos filhos. Tais plays groups, por sua vez, eram vistos pelos pesquisadores como contextos importantes para a detecção precoce de problemas de saúde física e principalmente mental.
Ademais, adentrando em contexto nacional, posso ressaltar que a história da
educação Infantil no Brasil não difere em muitas características do contexto
mundial anteriormente citado, mas existem peculiaridades que surgem a partir das
circunstâncias vivenciadas na história do país, como exemplo, a abolição da
escravatura que acontecia no século XIX, com esse acontecimento surgem “novos
problemas concernentes ao destino dos filhos de escravos, que já não iriam
assumir a condição de seus pais, e, de outro lado, concorreu para o aumento do
abandono de crianças e para a busca de novas soluções para o problema da
infância [...]” (OlIVEIRA, 2002, p. 93)
No final do século XIX, seguindo as ideias estrangeiras como forma de
solução para os problemas nacionais, segue-se de “jardins de infância” seguindo
propostas advindas do Movimento da Escola Nova1. Essa proposta era voltada aos
mais pobres. Muito se cogitou sobre esse assunto, inclusive algumas
desaprovações a ideia, por se comparar a asilos franceses, embora outros fossem
totalmente de acordo com a ideia, garantindo ser a solução para os problemas
enfrentados durante o período. Enquanto o debate acontecia, eram construídos
jardins de infância de mérito privado, e após dois anos, surgiram os primeiros
jardins de infância de domínio público.
Contudo, oito anos depois da criação dos jardins de posse pública “Na
exposição pedagógica em 1885 no Rio de Janeiro, os Jardins-de-infância foram
ora confundidos com as salas de asilo francesas, ora entendidos como o início
(perigoso) de escolaridade precoce” (OLIVEIRA, 2002, p.93). Consideravam o
retrocesso ao desenvolvimento infantil, por tirar as crianças muito cedo do convívio
em família. A ideia só era considerada, aos filhos de mães que precisavam
trabalhar. Com isso, mais uma vez notamos enraizado a divisão de classes sociais,
desde então a educação já distinguia os menos favorecidos.
1 Foi um movimento de renovação do ensino, que surgiu no fim do século XIX e ganhou força na
primeira metade do século XX.
10
Já no século XX, existiu um grande desenvolvimento tecnológico que por sua
vez influenciou na rotina do lar, as mães, principalmente de classe média, se viam
preocupadas com as teorias surgidas com relação ao desenvolvimento psicológico
dos seus filhos. Então, de acordo com Oliveira, posso afirma que: “A primeira
infância constitui, assim, um campo mercadológico: brinquedos, roupas, discos,
espetáculos, espaços públicos e até pedagogias.” (2006, p. 82). Dentro desse
mesmo contexto também existiram diversas manifestações para melhoria de
trabalho e igualdade entre as mulheres, em seguida essas manifestações se
voltaram para o governo, protestos aconteciam em busca da criação mais creches
e Jardins de Infância, próximas aos trabalhos de suas mães.
Dentro dessa conjuntura alguns marcos na história da Educação
aconteceram:
[...] um deles foi a promulgação do Estatuto da criança e do Adolescente em 1990, [...] Na área da Educação Infantil o debate que acompanhou a discussão de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) na câmara de Deputados e no Senado Federal [...] Nesse período, a coordenadora da Educação Infantil (Coedi) do MEC desenvolveu, por meio da promoção de encontros, pesquisas e publicações, importante papel de articulação de uma política nacional que garantisse os direitos da população até 6 anos a uma educação de qualidade em creches e pré-escolas. (OLIVEIRA, 2002, p.112).
Todos esses acontecimentos propiciaram o espaço para a aprovação da nova
LDB, Lei 9394/96, que determina a educação Infantil como etapa inicial da educação
básica, conquista essa importantíssima. Através dela as crianças pequenas pobres
são retiradas de instituições vinculadas a órgãos assistenciais. Com isso, diante dos
episódios vivenciados, essa Lei traz mudanças para o âmbito educacional “Amplia o
conceito de educação básica, que passa a abranger a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio. [...] Aumenta as responsabilidades das unidades
escolares [...] Estimula a elaboração de projeto pedagógico na escola [...]”
(OLIVEIRA, 2002, p.118).
Contudo, vale enfatizar que essa caracterização da história foi feita de forma
breve, muito mais aconteceu, são séculos de luta, progressos e retrocessos, esses
caminhando lado a lado, nem tudo foi conquista, e principalmente nem todas as
mudanças podem ser consideradas como avanços na educação, tudo parte de um
determinado ponto de vista.
11
PERCURSO HISTÓRICO: CLASSE HOSPITALAR
Por conseguinte, no início deste tópico, trouxe a tona que este trabalho se
dedica a dois caminhos, sendo o primeiro, a Educação Infantil, a qual, sua história
foi brevemente discutida nas linhas aludidas. O outro, diz respeito ao contexto em
que essa educação está inserida, como também o reconhecimento de que crianças
hospitalizadas também continuam sendo crianças e precisam usufruir dos seus
direitos enquanto cidadã. Não só o direito a saúde, como também e não menos
importante o direito à educação.
Se existiu um percurso longo até o reconhecimento de que a criança pequena
também era portadora de direito, principalmente de direito à educação, imaginem as
crianças que nasciam com deficiências ou doenças crônicas. Essa discussão é
nova, quando comparada a outras áreas do conhecimento e práticas profissionais.
Em conformidade com Eneida e Luciane:
No Brasil, de acordo com estudos sobre a história da educação (Jannuzzi, 1985), há relatos de que, já no período colonial, crianças hospitalizadas recebiam atendimento escolar. Mais recentemente, no início do século XX, por conta do fortalecimento de estudos voltados especificamente ao entendimento da infância em áreas como pediatria e psicologia, a criança passou a ser vista e tratada de acordo com características, interesses e necessidades próprios, ou seja, como um indivíduo com peculiaridades. Hoje podemos afirmar que a criança é um cidadão de direito (Brasil, 1195). (FONSECA; SOUZA, 2011, p. 02).
Dentro do contexto descrito, podemos observar que existem peculiaridades
no atendimento educacional que difere das escolas regulares, essas
particularidades deixam o atendimento pedagógico ainda mais complexo, dentre
elas, vale ressaltar que a sala é multisseriada. Tendo isso em vista e levando em
consideração que a educação infantil necessita de um ambiente mais lúdico, de
atividades que sejam mais infantilizadas, no sentido da utilização de músicas como
ferramenta de aprendizagem, de uma linguagem mais simplificada que chame
atenção das crianças. Se para o público de 0 a 5 anos esse contexto é atrativo, ele
será o oposto para as crianças maiores e adolescentes presentes na sala.
Sabemos que a classe hospitalar tornou-se uma causa, mas felizmente a
cada ano que passa, essa modalidade de atendimento pedagógico é cada vez mais
12
reconhecida, o número de pessoas que estudam sobre esse assunto aumenta e
inclusive nas universidades locais, consigo enxergar mais estudos relacionados a
essa área do conhecimento. Em contrapartida, o número de classes hospitalares
ainda é pequeno, referente a quantidade de hospitais com alas pediátricas
existentes.
É importante aqui expor as leis que respaldam essa modalidade de
atendimento, de acordo com a resolução n° 41, de 13 de outubro de 1995, do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o direito da criança e
do adolescente hospitalizado passa a ser reconhecido pela legislação brasileira. O
item nove (9) assegura que os educandos têm: “Direito a desfrutar de alguma forma
de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo
escolar, durante sua permanência hospitalar” (BRASIL, 1995, p. 1).
A Secretaria de Educação Especial do MEC denominou Classe Hospitalar
como uma das modalidades de atendimento especial conceituando-a como:
"ambiente Hospitalar que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens
internados, que necessitam de educação especial ou que estejam em tratamento."
(BRASIL, 1994).
Dentro dessa conjuntura, é importante enfatizar que mesmo o atendimento
pedagógico sendo reconhecido como uma modalidade de atendimento Educacional
Especial, não significa dizer que esta oferta designa-se apenas à alunos com NEE,
mas sim à todas aquelas crianças que se encontram afastadas de suas atividades
escolares por motivos de adoecimento, independente da quantidade de dias.
Quando essa modalidade se insere no âmbito da Política Nacional de Educação
Especial (BRASIL, 1994), isso significa dizer que essas crianças se inserem em um
contexto diferenciado da escola regular, que requer planejamentos e estratégias
especiais de acordo com a conjuntura apresentada. Conforme expresso no
parágrafo 2º, art. 58 na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº9.
394/96: "O atendimento será feito em classes, escolas, ou serviços especializados
sempre que, em função das condições específicas do aluno não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular".
De acordo com Rocha (2012, p. 17).
13
O tema reveste-se de uma importância crucial nos dias atuais, a partir da constatação dos Direitos a Educação para todos, que está presente na Legislação Brasileira de 1988, e que muitas vezes não se efetiva na vida dessas crianças como cidadãs. Esse estudo se volta para uma população duplamente excluída. Além de serem crianças socialmente vulneráveis nos aspectos econômicos, são marcadas pela patologia, medicações e seus procedimentos dolorosos, que, por vezes, desfiguram o corpo doente, e tal desfiguração pode inferir no reconhecimento de si, fragilizando a identidade de ser criança, o que conduz à necessidade de reconstrução de identidades e de novos olhares sobre si mesmo.
Reafirmando as ideias de Rocha, posso citar o MEC como órgão oficial:
Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que encontram-se impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do direito de atenção integral (BRASIL, 2002, p. 13)
Então, para além de existirem estratégias e novas ideias para atender com
qualidade crianças da Educação Infantil, muito se foi discutido sobre crianças com
deficiências que por sua vez estavam inseridas no ambiente educacional, fazendo
os envolvidos questionarem-se: quais seriam as estratégias para que essas crianças
pudessem ser atendidas com qualidade diante dos vastos desafios que cada quadro
apresenta? Frente aos questionamentos muito foi estudado, muitas mobilizações
aconteceram e acontecem para que essas crianças possam ter os seus direitos
garantidos, felizmente.
Agora os indago referente aos meus questionamentos: mas, e as crianças
que não estão na escola por motivos de adoecimento? Defronte, posso afirmar que
surge uma nova perspectiva de inclusão escolar: a das classes hospitalares. E do
mesmo modo, deve haver um movimento, das instituições responsáveis pela
educação da criança, ou seja, Estado, escola e família, para inserir entre suas
prioridades a inclusão de crianças e adolescentes, mesmo estando
temporariamente impedidas de frequentar o sistema escolar devido à condição de
adoecimento em que se encontra, almejando um retorno pleno no seu meio
educacional e social.
14
Em linhas gerais afirmo em consonância com Franco: “Hoje vivemos os dois
extremos. A infância em destaque, porque nunca se falou tanto em direitos da
criança, mas também vivemos situações de descaso e violência infantil por demais.
É angustiante pensar que ainda muito pouco se faz por elas” (2006, p. 35)
Quanto à todas as concepções e alternâncias que surgiram no decorrer do
tempo, no que se refere ao significado de criança e infância posso concluir que são
mudanças relacionadas sempre ao contexto histórico e social de determinada
época. Mas, vale ressaltar que mesmo “Sendo a infância uma construção histórica e
social, é impróprio ou inadequado supor a existência de uma população infantil
homogênea, pois o processo histórico nos faz perceber diferentes populações
infantis com processos desiguais de socialização.” (FRANCO, 2006, p. 30)
E, contudo, apesar dos avanços obtidos no âmbito da Educação Infantil,
Educação Especial e Contexto Hospitalar, percebo que muito precisa ser feito para
diminuir a distância entre a legislação e a realidade.
TRABALHO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO NA CLASSE HOSPITALAR DO
HUOL: CONHECENDO ESTE ESPAÇO EDUCACIONAL
Durante toda a graduação aprendi que cada escola é singular, possui
características e demandas próprias e, diariamente, é possível defrontar-se com
situações que requerem do professor postura e principalmente competência para
lidar com os desafios que surgem no cotidiano. Deve-se levar em consideração
aspectos pertinentes à sua prática, como o planejamento de seu trabalho; a inclusão
dos alunos; a realidade em que esses estão inseridos; a formação integral dos
educandos, evidenciando os problemas emocionais e psicológicos, como também
do corpo docente; os métodos de ensino; assim como a avaliação da aprendizagem,
entre outros.
Todavia, independente de suas especificidades, tendo em vista todas as
discussões que participei na universidade durante quatro anos de graduação, como
também vivências enquanto estagiária tanto de escolas particulares, quanto de
escolas públicas, tenho para mim que o maior desafio que as instituições educativas
carregam é o de alcançar uma prática educacional de qualidade. A propósito, trouxe
esse assunto a tona considerando que o contexto educacional discutido neste
15
trabalho, difere em muitas características de uma escola regular, acredito que ele
abarca muitos desafios que mesmo em hipóteses de obstáculos não aconteceria em
uma escola regular.
Com isso, lembro que a Constituição Federal de 1988 no artigo 205 diz que:
"A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho". Analisando, concluo que a educação é de fato direito de todos, some a
isto o quesito educação de qualidade aqui discutido, que deve prever uma prática
pensada e realizada em todos os contextos educacionais, escolares e não escolares
almejando esse padrão.
Efetivamente, quando falo de classe hospitalar para um profissional da
educação, é nítido a quantidade de incógnitas que surgem em seu subconsciente,
que por sua vez geram perguntas como: mas você é professora e trabalha em um
hospital? Como essa prática é realizada? Existem turmas para cada nível?. Não
posso aqui omitir que a cada ano que passa nos deparamos cada vez mais com
pesquisas relacionadas ao assunto, e até mesmo disciplinas optativas voltadas ao
contexto hospitalar já são ofertadas na universidade, especificamente no curso de
Pedagogia da UFRN desde 2016, mas estaria sendo equivocada ao dizer que não
existem lacunas no que diz respeito às peculiaridades que um professor atuante em
contexto não escolar precisa lidar ao término de sua graduação. Penso que o curso
de Pedagogia por si só nunca dará conta de todas as especificidades da atuação do
pedagogo, pela própria dinâmica social e política, e pela ampliação, cada vez maior,
dos espaços de atuação desse profissional. Nesse sentido é preciso investir em
formação continuada e nas pesquisas acadêmicas.
Sendo assim, posso afirmar que ser professor é um trabalho complexo, e ser
professor de classe hospitalar é ainda mais, como coloca Fonseca (2011).
Em concordância com a autora, exponho exemplos de desafios enfrentados
cotidianamente em uma classe hospitalar, sendo eles: as atividades rotineiras de um
hospital; como verificação dos sinais vitais, medicação, exames e alimentação, que
por muitas vezes impedem que todas as crianças cheguem no mesmo horário, desta
maneira, frequentemente as professoras iniciam a atividade com as crianças
presentes na classe, mas outras crianças vão chegando no meio da explicação ou
até mesmo no final dela. Com isso, fazendo com que as professoras precisem
16
sempre readaptar o seu planejamento para que nenhum aluno fique sem o momento
inicial da aula, que por muitas vezes é fundamental para a execução da atividade.
Conforme o Ministério da Saúde:
O hospital é a parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas, em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (BRASIL, 1977, p. 392).
Com isso, vale ressaltar que a classe hospitalar tem como objetivo dar
continuidade à escolarização das crianças hospitalizadas, mas antes de tudo ela
precisa acontecer de forma harmoniosa às atividades do hospital, levando em
consideração que a saúde da criança deve vir em primeiro lugar, que antes de aluno
ela também é paciente.
O hospital em sua ala pediátrica recebe crianças desde 0 até os 18 anos de
vida. Sendo assim, o atendimento educacional deve ser realizado com todo o
público presente. A classe hospitalar acontece em uma sala cedida pelo hospital, no
corredor da enfermaria, com isso as professoras planejam aulas considerando uma
sala multisseriada2. O atendimento das crianças maiores, que estão no ensino
fundamental II e ensino médio é realizado por duas professoras polivalentes, sendo
uma com formação acadêmica na área da matemática, responsável pelo
atendimento da área das ciências exatas e a outra, formada em língua portuguesa
encarregada pela assistência à área das ciências humanas.
Mas, vale ressaltar que cotidianamente essas crianças estão presentes na
classe, participando e realizando as atividades planejadas pelas pedagogas.
Prevendo que o atendimento seja realizado com qualidade, as professoras
buscam estratégias fundamentais para o desenvolvimento de atividades em uma
sala multisseriada. Para além do planejamento e das atividades que são pensadas
pelas professoras para serem realizadas no coletivo, elas possuem um banco de
atividades que abarca exercícios sobre o conteúdo que está sendo estudado em um
determinado período, prevendo todos os níveis de desenvolvimento cognitivo que a
2 Forma de organização na qual o professor trabalha, na mesma sala de aula, com várias séries do
ensino simultaneamente.
17
criança pode estar. Através da realização de atividades diagnósticas as professoras
saberão qual atividade deverá direcionar para cada aluno.
Como supracitado, o atendimento pedagógico é realizado em uma sala
cedida na enfermaria pediátrica na qual também funciona a brinquedoteca, mas
mesmo não estando em um ambiente escolar, ele deve conter os elementos que
são considerados essenciais para a realização de um atendimento educacional de
qualidade, então na classe encontramos uma estante de livros, que ficam a
disposição dos alunos para possíveis empréstimos. A sala também é repleta de
brinquedos e jogos que ficam ao alcance das crianças. Possui uma mesa infantil
com cinco cadeiras, utilizada normalmente para atividades desenvolvidas no
coletivo, como também uma mesa grande com quatro cadeiras. Dispõe de um
aparelho televisor, um armário que é utilizado para guardar os materiais didáticos:
como folhas, cartolinas, coleções, lápis e borracha; e também apresenta um
computador. Todos os materiais estão em perfeito estado e são sempre utilizados
para as atividades pedagógicas desenvolvidas.
Por ser um ambiente que antes era utilizado como brinquedoteca, como já
citado, ele é cercado por brinquedos de diversos tamanhos, formas e cores e essa
característica acaba trazendo um desafio ainda maior, principalmente no que diz
respeito ao público da Educação Infantil. O ambiente muito lúdico3, por sua vez,
acaba desviando o foco de interesse das crianças que ainda não o conhecia,
fazendo com que elas sintam a necessidade de explorar, conhecer e brincar.
O atendimento pode ser feito tanto na classe, onde é mais comum, ou nos
leitos, isolamento, e até mesmo na UTI, desde que exista precaução quanto aos
cuidados referentes à saúde dos aprendizes e a saúde dos professores. Dessa
forma, agindo de forma a conciliar as ações educativas e a realidade hospitalar.
Contudo, a classe hospitalar deve oferecer atendimento pedagógico a todas as
crianças que se encontram em condição de hospitalização independente de sua
patologia, como também as com NEE (necessidades educacionais especiais).
No que se refere a quantidade de alunos recebidos por dia, posso expor que
o HUOL dispõe de 10 enfermarias, que comportam 3 leitos cada, ou seja, tem
capacidade para receber até 30 pacientes. Os atendimentos realizados na classe
acontecem em sua grande maioria com as crianças da enfermaria, no que diz
3 Ambiente com muitos brinquedos, jogos que remete a divertimento.
18
respeito ao atendimento realizado na UTI, ele acontece quando há uma necessidade
ou solicitação da psicóloga responsável pelo setor, que tramita entre os dois
espaços.
A quantidade e idade dos alunos que chegam até a classe varia
consideravelmente, levando em consideração que HUOL é um hospital muito
rotativo. Existem crianças que chegam apenas para fazer exames e outras que vão
para investigar o seu quadro de adoecimento, podendo variar a permanência de um
dia à meses. “Um repensar histórico-social da Educação e da Educação Especial
redimensiona a leitura do papel da classe hospitalar no sistema de ensino. Perde
sentido considerar um tempo longo de internação da criança para justificar a
manutenção ou não do atendimento.” (FONSECA, 2008, p.16)
A rotina realizada pelas professoras consiste em imprimir o censo hospitalar
através do sistema de gerenciamento de internação, nele elas conseguem visualizar
quais leitos estão ocupados, o nome do paciente como também o ano em que
nasceu. Após essa realização, elas saem nas enfermarias convidando os
educandos que ali estão presentes, explicam o qual é o seu papel dentro do
hospital, qual o principal objetivo da classe, tanto para as crianças quanto para os
pais, tendo em conta que alguns não conhecem o atendimento pedagógico dentro
do hospital e ao primeiro contato, por estarem rodeados por profissionais da saúde,
acabam por deduzir que as professoras assumem algum papel similar.
No momento do convite é importante que haja motivação por partes das
professoras direcionada às crianças, levando em consideração a situação de
fragilidade física e emocional que os educandos se encontram, com isso no primeiro
contato podem negar a ida à classe, mas ao explicar a atividade, contar sobre a
interação com os outros colegas, faz com que o interesse e a curiosidade surja e
consequentemente a possibilidade do atendimento educacional ser realizado.
De acordo com Matos e Mugiatti:
“O hospital-escola constitui-se num espaço alternativo que vai além da escola e do hospital, haja vista que se propõe a um trabalho não somente de oferecer continuidade de instrução. Ele vai além, quando realiza a integração de escola e hospitalizado, prestando ajuda não só na escolarização e na hospitalização, mas em todos os aspectos decorrentes do afastamento necessário do seu cotidiano e do processo, por vezes, traumático da internação. (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 73)
19
Por esse motivo é importante ressaltar que o atendimento não pode ser
forçado, e que a situação em que a criança está naquele momento deve, acima de
tudo, ser levada em consideração. Relembro que antes de aluno, ele é paciente e o
seu quadro de adoecimento não pode ser esquecido.
Tendo todos esses aspectos em vista, vale ressaltar que:
O atendimento pedagógico-educacional no ambiente hospitalar deve ser entendido como uma escuta pedagógica às necessidades e interesses da criança, buscando atendê-las o mais adequadamente possível nestes aspectos, e não como mera suplência escolar ou massacre concentrado do intelecto da criança. (FONSECA, 2008 p. 14).
Com isso, é importante dizer que pelo processo de adoecimento existirão dias
em que a criança sentirá vontade de estar presente na sala, mas pelo simples fato
da companhia, pela interação que é permitida com outros profissionais que não são
da área de saúde como também com outras crianças, então a escuta é importante,
entender o que aquele aluno está passando em determinado momento é essencial.
E talvez seu planejamento precise ser repensado, mas para isso é necessário sair
da “caixinha” e abrir os olhos para novos horizontes de possibilidades de
aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NO CONTEXTO DA
CLASSE HOSPITALAR: REFLEXÕES SOBRE UM PROJETO DE INTERVENÇÃO
Diante das observações participantes que foram realizadas ao longo de dois
anos no período de 2017.2 até 2019.2, o grupo de estudo envolvido na pesquisa
percebeu algumas lacunas no que diz respeito ao atendimento educacional de
crianças com menos de 5 anos, advindas do contexto complexo encontrado e
comumente vivenciado em classes hospitalares.
Levando em consideração todas as especificidades conhecidas do ambiente
de estudo, o projeto é sustentado por duas partes, sendo a primeira voltada ao
planejamento de atividades que focalizam o público da Educação Infantil mais
presente na classe, ou seja, as crianças entre 2 a 5 anos. E a segunda, voltada às
crianças as quais não se fazem muito presentes na classe, pela fragilidade em que
normalmente se encontram no seu caso de adoecimento, e até mesmo pela falta de
20
autonomia propícia à idade, isto é, àquelas crianças que possuem idade entre 0 a 1
ano de vida .
No tocante ao planejamento das atividades, essas foram pensadas de acordo
com o projeto temático que estava sendo realizado na Classe Hospitalar durante o
período de aplicação, que se insere no projeto anual de trabalho das professoras,
portando o título: “O eu, o outro, o nós: questões de identidade.”. O projeto anual
permeou seus planejamentos em torno do objetivo geral: “Oportunizar aos
educandos se (re)conhecerem como sujeitos sociais e históricos, possibilitando
também a construção de sua identidade enquanto sujeitos de direitos e deveres,
ativos, em constante transformação, capazes de refletir sobre si e sobre o mundo.”.
Após definida a data de aplicação da sequência didática, proposta para o
período no qual os alunos estariam entrando no 4º bimestre, como previsto de
acordo com o planejamento anual, cujo tema seria “sou nordestino, sim sinhô!” que
possuía como objetivo geral “resgatar valores da cultura nordestina, através do
conhecimento e reconhecimento da história do povo nordestino”. Ademais, para a
data prevista de início tivemos como subtema: “O Folclore Brasileiro” que por sua
vez permitiu também adentrar nas lendas locais das regiões do nordeste brasileiro,
fazendo com que o assunto pudesse se tornar mais próximo dos aprendizes ao
considerar seus conhecimentos prévios sobre o conteúdo estudado.
O projeto teve a duração de duas semanas, sendo a primeira voltada à
planejamentos de aulas desenvolvidas dentro da própria classe, direcionadas ao
atendimento das crianças de 2 a 5 anos, àquelas que identificamos durante as
observações que se enquadram no grupo das mais presentes na classe para
receber o atendimento pedagógico, acredito que pela autonomia que a idade traz,
de andar, falar, interagir, como também até mesmo a auto-suficiência de ficar na
sala sem a presença de um acompanhante. Pensando no público que pouco
frequenta a classe, àquelas crianças de 0 a 1 ano, o planejamento foi voltado a
atendimentos que seriam realizados no leito com o objetivo de enfatizar a
importância da estimulação precoce. No tocante a estes tópicos, eles serão
explicados detalhadamente posteriormente.
21
I - 2 a 5 anos - atendimento pedagógico na Classe Hospitalar
No dia 12 de setembro houve uma reunião com o objetivo de propor às
professoras o projeto colaborativo, ter a autorização, como também estruturar e
marcar a data de início. Ao receber a autorização à proposta, foi analisado o
planejamento anual desenvolvido pelas docentes responsáveis; ao verificar datas e
conteúdos foi ponderado que seria interessante como trabalho colaborativo, os
atendimentos ao leito, direcionados aos bebês, serem desenvolvidos na semana da
criança, prevendo que nesse período existiria uma programação diferenciada
voltada à essa comemoração no hospital. Com isso, a semana que antecedia as
comemorações se manteve para o planejamento das atividades que seriam
desenvolvidas em classe.
Em virtude disso, o atendimento direcionado a crianças de 2 a 5 anos foi
realizado no período de 30 de setembro a 3 de outubro, bem como, o atendimento
voltado a estimulação precoce aconteceu no período de 7 a 10 de outubro, tendo em
vista que a festa de comemoração do dia das crianças aconteceriam no dia
seguinte, 11 de outubro.
Se formos analisar a atual Base Nacional Comum Curricular - BNCC, vejo
que cada fase de desenvolvimento prevê o trabalho de aptidões distintas, este
documento é oficial e atualmente serve como base para a educação regular.
“Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº
9.394/1996) deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das
Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas
públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em
todo o Brasil.” (BRASIL, 2017)
Para o desenvolvimento da sequência didática aqui discutida, utilizei a BNCC
como documento norteador dos objetivos a serem alcançados durante as aulas.
Tendo esta base, planejei aulas que pudessem abarcar objetivos específicos que
alcançassem distintas idades e diferentes níveis de desenvolvimento, prevendo que
o público alvo é da Educação Infantil, mas que estariam presentes na classe
crianças de diferentes idades.
Como a pesquisa é desenvolvida visando progressões no que diz respeito ao
desenvolvimento da linguagem oral e escrita dessas crianças, é importante dizer
22
que é fundamental que a criança desde pequena adentre no mundo da escrita, mas
de forma natural “é preciso pensar na sociedade, mais do que na escola, e é
necessário pensar na escrita como objeto cultural criado por inúmeros usuários,
consolidado através dos tempos [...]” (FERREIRO, 2005, p. 55) Isso nos faz pensar
na percepção de escrita a qual devemos adotar, a escrita como comunicação social.
Esse viés traz naturalidade a aquisição da linguagem escrita, que faz com que as
crianças não se sintam forçadas a aprender o alfabeto e sim incluídas na sua própria
cultura.
Com isso “É preciso pensar nos livros, mas também nos jornais, nas cartas,
nos documentos oficiais, nas publicidades, nos calendários, nos mapas e em vários
outros objetos cuja a razão de ser é a própria escrita.” (FERREIRO, 2005, p. 56).
Vale ressaltar que concomitante a tudo isso, a criança deve viver sua infância,
atividades de faz de conta, artísticas e as próprias brincadeiras que é fator decisivo
e fundamental no desenvolvimento psíquico e motor das crianças.
No primeiro dia de realização do projeto, uma das professoras, por motivos
pessoais não pôde estar presente, então, dando prosseguimento às atividades,
como de costume, eu juntamente a outra professora que estava presente,
imprimimos o Censo Hospitalar4, analisamos as crianças presentes no hospital
neste dia, como também seus respectivos leitos e em seguida partimos para a
realização do convite. Ao entrarmos nos leitos, explicamos que realizaríamos
atividades voltadas ao Folclore Brasileiro e que neste dia conheceríamos algumas
lendas.
Por conseguinte, ao terminarmos os convites, aguardamos as crianças na
classe, as organizamos na mesa menor, essa comumente utilizada para
atendimentos no coletivo. Ao estarem todo sentados, conforme o planejado para o
segundo dia (descrito no apêndice 1), a professora utilizou um livro de Lendas do
acervo da Classe, mostrou a capa e perguntou aos aprendizes presentes se eles
conheciam alguma dessas lendas. Por possui experiência com a Educação Infantil,
anterior ao atendimento, ao sentarmos para escolher uma das histórias, a
professora falou que as histórias de terror prendem muito a atenção das crianças,
por esse motivo escolhemos a história da Cabra Cabriola5. Neste dia estava
4 Lista a qual contém a cama numerada e identificada destinada à internação de um paciente no
hospital, localizada em um quarto ou enfermaria utilizada durante sua estadia no hospital. 5 Ser imaginário da mitologia infantil portuguesa.
23
presente João (nome fictício utilizado para preservar a identidade da criança), de 5
anos, que nem piscava ao ouvir a história contada pela professora. Suas expressões
eram sempre de atenção e muito espanto, os maiores acabam se divertindo ao vê-lo
vidrado ouvindo a história contada por sua professora.
Ao terminar a contação da lenda, propomos às crianças que elas, assim
como foi realizado pela professora, contariam outras lendas, só que utilizando
palitoches confeccionados por eles. Para as crianças que não sabiam ler, teriam o
auxílio de uma criança maior, uma das professoras ou do seu acompanhante, caso
estivesse com um e este aceitasse.
Figura 1: Momento da sondagem dos conhecimentos prévios
FONTE: arquivo pessoal da autora.
24
Figura 2: Momento da contação de história
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora.
Na mesa estavam as lendas impressas em forma escrita em letras
maiúsculas e o seu título continha a letra inicial destacada em vermelho. Ao solicitar
que joão escolhesse qual lenda ele iria querer conhecer e contar para os seus
amigos, ele observou as opções e em seguida direcionou a mão para a história da
Mula sem Cabeça6. Durante a pintura, ele conversava comigo falando que essa
história com certeza iria falar sobre um cavalo que tem a cabeça de fogo, mas
percebi que concomitante à pintura da imagem e a conversa, ele não parava de
olhar para o livro que fora utilizado pela professora para contar a história da Cabra
Cabriola, que estava disposto em cima da mesa. Nesse momento levantei duas
hipóteses: a primeira, que ele estaria observando as cores do personagem que
escolheu, presentes na capa do livro; a segunda, que ele havia gostado muito da
história que ouviu pela professora, e sentiu vontade de folheá-lo.
Ao terminar de pintar o principal personagem, João me chamou, e pediu que
eu o ajudasse a pintar os outros personagens, assim fiz. De imediato ele pegou o
livro que estava em cima da mesa e começou a folhear, ao chegar nas páginas que
contavam a história do Boitátá ele perguntou: “que bicho é esse?” a professora
6 Personagem do folclore brasileiro. Fantasma de uma mulher que foi amaldiçoada por ter se
entregado a um padre.
25
respondeu: você não conhece essa história? Esse é o Boitatá, ele é uma cobra de
fogo que protege as florestas contra caçadores e destruidores da mata. Ele
respondeu: “uma cobra de fogo, né? Lá em casa de vez em quando aparecem
cobras, umas cobras bem grandes, eu acho que elas matariam a cobra dessa
história”. Nesse momento ele comprovou que estava envolvido com a atividade
proposta, que o livro e a contação de história tinham prendido sua atenção e o
deixado muito curioso.
Por motivo de procedimentos médicos, ele precisou ser retirado da sala no
momento da contação da história que ele confeccionou, então continuamos com as
outras crianças que estavam presentes na classe.
Figura 3: Momento em que João colore os palitoches escolhidos
FONTE: arquivo pessoal da autora.
26
Figura 4: momento em que João me pede para ajudá-lo a pintar seus palitoches e pega
o livro das lendas e folheia a história do Boitatá realizando seus questionamentos.
FONTE: arquivo pessoal da autora.
Figura 4: Resultado das confecções realizadas pelos aprendizes.
27
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora.
Todos os dias de planejamentos podem ser verificados no apêndice 1.
Sabemos que a prática de leitura para crianças que ainda não sabem ler e
escrever é fundamental para o desenvolvimento e interesse natural desse
conhecimento, “As crianças entendem muito melhor o que quer dizer escrever por
que a ação de escrever produz resultados visíveis. Uma página antes ou depois da
atividade de escrita é qualitativamente diferente, enquanto a página do livro, antes e
depois da leitura, permanece idêntica.” (FERREIRO, 2005, p.58). Por esse motivo se
torna tão importante planejar e realizar práticas de leitura para crianças bem
pequenas, as atividades de leitura que têm o professor como leitor, mostra aos
alunos que as letras possuem som, e que juntas formam as palavras que
pronunciamos ao nos comunicarmos cotidianamente. O professor tem papel
fundamental na formação de bons leitores, assumindo também o papel de mediador
das sensações que o mundo da leitura traz.
Em suma, o maior desafio para aplicação dessas atividades foi conseguir
crianças da Educação Infantil presentes na classe, essa é uma das linhas pelas
quais merece um estudo mais aprofundado, tendo em vista que muitos motivos
podem servir como justificativa, existindo como hipóteses: as crianças poderiam
estar em procedimento médico; não haver muitas crianças de 2 a 5 anos presentes
no hospital, as crianças estarem dispostas, entre outros. Mas, para que essas
hipóteses sejam confirmadas ou refutadas, seria necessário um estudo mais
aprofundado que analisem apenas este fator, durante um período maior de tempo,
considerando que este Lócus se caracteriza como um hospital rotativo.
I - 0 a 1 ano - incentivo a estimulação precoce
As crianças mesmo em situação de adoecimento precisam interagir e
participar de atividades que promovam a sua formação de forma integral. De acordo
com Musatti (2007 p. 19): “Nos primeiros anos de vida, é possível identificar os
processos por meio dos quais as crianças adquirem os primeiros elementos de
conhecimento social, aprendem a utilizar as primeiras mediações culturais na
28
interação com o mundo das coisas e na interação com os outros”. Essa fala ressalta
a importância de se planejar atividades para crianças bem pequenas, neste caso em
específico, com a justificativa de que a única interação que algumas possuem,
durante determinado tempo de suas vidas, por muitas vezes em tempo prolongado,
é com profissionais da saúde e aparelhos hospitalares. Se levarmos em conta que a
grande maioria das mães e/ou acompanhantes não sabem da importância da
estimulação das crianças desde do seu nascimento, torna-se papel fundamental do
professor prever a garantia dessa estimulação, planejando e articulando atividades
para todas as crianças que se encontram nessa condição.
Diante das minhas vivências enquanto pesquisadora, me deparei com falas
que enfatizavam a complexidades dos desafios que surgem no tocante ao
atendimento de crianças bem pequenas que se encontram em situação de
adoecimento, quanto menor, mais desafiadora será a prática pedagógica.
É muito importante dizer que esse argumento não se inclui apenas para as
professoras do HUOL, durante meu percurso, também participei de outros
momentos fora do nosso lócus de pesquisa. Vivenciei diversos encontros de
formação continuada voltados para professoras de Classes Hospitalares e
Domiciliares do Estado do Rio Grande do Norte. Em um dos encontros, no qual se
falava justamente sobre o atendimento voltado ao público da Educação Infantil,
muitas professoras confessaram que não se sentiam instruídas o suficiente para a
realização dessas atividades.
Esse esclarecimento nos fez ver o quão difícil se torna para as professoras
atender à esse público dentro do hospital. Contudo, identificamos dois motivos
influenciadores para essas contestações, sendo o primeiro direcionado ao quesito
formação, levando em consideração o discurso das professoras que são cedidas
pelo Estado, sendo assim, tendo especialização e experiência em turmas de Ensino
Fundamental I e se sentem mais preparadas para atender as demandas das
crianças maiores. E o segundo, a fragilidade que essas crianças se encontram
fisicamente e psicologicamente para receber o atendimento. Para que a criança
muito pequena compreenda o momento de adoecimento, requer mais tempo que
para uma criança com mais idade. Por se tratar de um hospital rotativo, as crianças
chegam e, dependendo da sua patologia, não permanecem durante muito tempo
para que consigam se adaptar, por muitas vezes acabam arrancam o acesso, ficam
29
com as mãos afetadas e com isso se sentem muito indispostas para a realização da
grande maioria das atividades.
Frente a essa realidade, foi planejado um atendimento de estimulação
precoce voltado aos bebês de 0 a 1 ano de vida, público que quase nunca está
presente na classe para receber atendimento pedagógico, muitas vezes pela
fragilidade em que se encontram no momento em que estão no hospital. As mães
também estavam inclusas no atendimento, elas receberam orientações sobre a
importância dos estímulos aos seus bebês desde cedo. Com isso, vale ressaltar que
desde o final da segunda guerra mundial, meados da década de 50 “A expansão
dos serviços de Educação Infantil na Europa e nos Estados Unidos foi sendo
influenciada cada vez mais por teorias que apontavam o valor da estimulação
precoce no desenvolvimento de crianças já a partir do nascimento”. (OLIVEIRA,
2002, p. 78).
No primeiro momento, reuni-me junto a psicóloga responsável pelo setor e a
terapêuta ocupacional; conversamos e planejamos atividades que poderiam ser
realizadas com os bebês como forma de estimulação dos seus sentidos: tato; visão
e audição. Instrumentos de incentivo a estimulação precoce foram elaborados com
materiais de fácil acesso, tendo em vista que o hospital é público e que algumas
mães não possuem condições financeiras para adquirir materiais já confeccionados.
Veja abaixo alguns dos materiais construídos:
Figura 5: material utilizado para estímulo dos bebês - diferentes texturas
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora
30
Figura 6: Material utilizado para estimulação dos bebês,
chocalho para estímulo auditivo e visual.
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora
Figura 7: chocalho de “danoninho” - estímulo auditivo
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora.
Também utilizamos folders que continham informações claras sobre as fases
de desenvolvimento dos bebês, concomitante à sugestões de atividades que podiam
ser realizadas com eles, prevendo estímulos para a próxima etapa de
desenvolvimento. Que podem ser conferidos no anexo 1 deste trabalho.
A princípio, imprimimos o censo hospitalar, por conseguinte grifamos os
nomes dos bebês que se adequavam à faixa etária em questão para o atendimento,
identificamos que um deles estava no isolamento, com isso, listamos um
31
cronograma de atendimento que previsse a visita à criança do isolamento por último,
respeitando assim as orientações hospitalares.
Figura 8: apresentação dos materiais no leito para as mães.
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora
Ao entrarmos nos leitos, começamos uma conversa informal com as mães,
indagando-as se elas sabiam o que era estimulação precoce. De três mães que
estavam presentes na mesma enfermaria, na primeira intervenção, duas
responderam que não. Então, começamos a explicar o que é estimulação precoce,
para que ela serve, bem como qual a importância dessas atividades serem
realizadas com os bebês. Concomitante ao discurso, os folders foram entregues as
mães, de acordo com a faixa etária da criança. Mas, é importante dizer que foi
enfatizado que elas não precisavam se prender à todos os quesitos que são
esperados para o desenvolvimento do bebê descrito no papel, de acordo com a
faixa etária, tendo em vista que cada criança possui o seu próprio ritmo de
desenvolvimento, e que crianças que também não estão em situação de
adoecimento, podem não seguir esses parâmetros, por esse motivo muitas vezes
pode-se considerar completamente normal.
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Os instrumentos de estimulação também foram distribuídos entre os bebês,
explicamos às mães como utilizá-los e qual o tipo de estímulo a criança recebe ao
manipular.
Figura 9: bebê no seu primeiro contato com o chocalho produzido
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora
Um dos bebês, este que aparece na foto anterior, foi utilizado como exemplo
de como as mães deveriam realizar as atividades, ao experimentar as texturas,
começando do macio para o áspero, a cada sensação ele olhava para o objeto
passando em seu braço, em seguida me olhava. Demonstrando uma reação de
surpresa identificada através de sua reação quando seus olhos me olhavam e
“arregalavam” sempre que sua pele entrava em contato com uma textura diferente,
sempre do mais macio para o mais áspero. Em seguida, dispus o chocalho em
direção ao bebê, ele imediatamente olhou, pegou e segurou. Ao movimentar a mão
percebeu que o objeto emitia som, então balançou algumas vezes e em seguida
levou a boca.
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Ao sair da enfermaria, fomos até a UTI pediátrica7, lá o mesmo atendimento
foi direcionado às mães, falei sobre a importância da estimulação precoce, entreguei
os folders de acordo com a idade específica da criança, e nesse caso, foi ainda mais
enfatizado que pela situação de adoecimento seria muito provável que o bebê não
estivesse mostrando tal comportamento descrito e esperado para a idade que ele
apresenta, mas que devido o quadro de adoecimento, isso é comum. Mas, que por
estar em situação de adoecimento não é justificativa para que os estímulos sejam
deixados de lado, ao contrário deve-se dar ainda mais importância a eles, levando
em consideração que muitos estímulos naturais os quais bebês considerados
normais vivenciam cotidianamente de forma natural ao interagir com o ambiente
foram retirados e trocados por paredes e uniformes que apresentam em sua grande
maioria uma única cor, branco.
Ao terminarmos as visitas, a psicóloga responsável pelo setor e a terapeuta
ocupacional que me acompanharam durante o processo, conversaram sobre a
importância de atividades desse cunho serem realizadas no hospital. Inclusive,
consideraram a possibilidade do planejamento de projetos mensais que visassem
não só o desenvolvimento dos bebês, como também das próprias
mães/acompanhantes, que acabam sendo deixadas de lado enquanto mulheres.
Sendo assim, posso afirmar que as atividades planejadas mesmo sendo realizadas
em um curto período, trouxe reflexão e novas ideias de projetos para o hospital.
7 Unidade do hospital com equipe especializada e suporte avançado para atendimento das crianças
que necessitam de cuidados intensivos.
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CONCLUSÃO
Ao chegar ao final deste trabalho muitas recordações vêm à tona, em pouco
mais de dois anos de convivência com o lócus da pesquisa vivenciei experiências
únicas e adquiri conhecimentos ímpares, o que me faz projetar trabalhos futuros,
tendo em vista que muito ainda há para descobrir e estudar no tocante à práticas
pedagógicas realizadas em contexto hospitalar, principalmente no que diz respeito à
educação e o desenvolvimento de crianças de 0 a 5 anos. Por ser professora,
aprendi que um bom educador, é e sempre será um pesquisador, com isso
reconheço que estarei em eterna formação e que este trabalho servirá como quesito
para a conclusão da primeira etapa da minha vida acadêmica, mas não significa ser
o final da minha formação. Sendo assim, apresento aqui a ideia de inconclusão,
prevendo que possíveis estudos, precisamente mais aprofundados, ainda poderão
surgir desta temática, com o intuito de colaborar cada vez mais com a melhoria na
qualidade do ensino.
Com base na perspectiva de escrita “relato reflexivo de prática”, neste
trabalho descrevi ações pedagógicas planejadas para o contexto em questão, ao
escrever sobre minha prática, considerei que esta escrita possibilitasse a abertura
de novas ideias para profissionais da educação que possuem interesse em atuar no
contexto hospitalar, uma vez que o contexto é caracterizado trazendo suas
peculiaridades: desafios e estratégias enfrentadas no chão da Classe Hospitalar;
como também são descritas ações pedagógicas voltadas ao público da Educação
Infantil, no tocante ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita das mesmas.
Mas, para além do que é objetivado ao descrever as ações, percebi que ao escrever
sobre minhas próprias vivências e experiências planejadas, reflito sobre o que
planejo e faço. Sendo assim, posso afirmar com toda certeza que este estudo
contribuiu para minha formação enquanto educadora. Trazendo a tona a importância
da escrita para resgate de experiências concomitante à sua reflexão.
Ademais, no tocante ao desenvolvimento da linguagem oral e escrita,
considerando os conceitos dos autores que foram utilizados para o planejamento
dessa prática, que defendem a aquisição da linguagem como comunicação social
voltada à práticas cotidianas ligadas à necessidade de comunicação do seres
35
humanos, considero que a prática considerada de qualidade torna-se complexa
frente aos desafios encontrados na Classe Hospitalar, sendo assim, durante a minha
atuação, percebi a importância de existir outra professora no mesmo turno, que
pudesse atender às outras demandas que surgiam durante o atendimento voltado às
crianças menores. Vale enfatizar que na classe não só existem atividades que são
planejadas pelas professoras, as atividades pedagógicas em Classe Hospitalar
visam dar continuidade às atividades escolares de crianças e adolescentes
internados, sendo assim, as professoras sempre entram em contato com a escola
de origem da criança, quando esta é matriculada, e em caso de retorno da
instituição elas dão continuidade aos assuntos e atividades que estão sendo
desenvolvidas na escola de origem. Para além das atividades individualizadas, as
professoras também necessitam de tempo para escrever relatórios que descrevem
as atividades realizadas em classe hospitalar com as crianças, essa circunstância
faze com que alguns alunos necessitem de atendimento individualizado, e enfatiza
ainda mais a importância de existir duas professoras por turno.
Semelhantemente, enfatizo aqui a necessidade de existir duas professoras
por turno, não só no turno da matutino, mas também no turno vespertino, tendo em
vista as crianças que não conseguem ser atendidas no turno da manhã por estar
fazendo algum procedimento médico, como exames, recebendo medicamento,
indisposição relacionada ao tratamento que vem recebendo. Esses procedimentos
normalmente são feitos durante a manhã, então, existindo atendimento no período
da tarde, permite que todos tenham contato com a Classe Hospitalar, inclusive os
pacientes que vão ao hospital em um curto tempo de permanência.
Levando em consideração a dimensão dos desafios que surgem
cotidianamente dentro desse contexto, é de extrema importância que pelo menos
uma das professoras tenha especialização ou no mínimo anos de experiência no
que diz respeito ao atendimento pedagógico voltado ao público da Educação Infantil,
uma vez que o contexto difere das características regulares das instituições de
ensino as quais o pedagogo é preparado para atuar, então não possuir
conhecimentos científicos e/ou práticas referente ao atendimento de crianças bem
pequenas, bem como o conhecimento de quais habilidades precisam ser
desenvolvidas entre 0 a 5 anos, pode-se ser considerado um fator complicador para
que o atendimento seja realizado com qualidade.
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Relembro que em contexto hospitalar as professoras lidam com uma classe
multisseriada, então ao dispor de duas professoras por turno, o ideal seria que uma
delas ficasse responsável pelo público da educação Infantil e outra pelas atividades
desenvolvidas com os alunos maiores, para que deste modo conseguissem planejar
juntas, atividades que pudessem ser desenvolvidas tanto no coletivo, quanto
individualmente.
Frente às especificidades do acompanhamento pedagógico à criança e ao
adolescente em situação de adoecimento, percebo que as experiências
pedagógicas cotidianas vivenciadas nas classes hospitalares e domiciliares, sem
sombra de dúvidas formam os professores para atuarem nesses ambientes. Mas,
não podemos nos desprender da importância de se manter conectado com o estudo
científico, com as novas tendências educacionais e as leituras de teorias, pois elas
alargam os horizontes educacionais e clareiam planejamentos voltados com o intuito
de um atendimento de qualidade. Como também ressalto aqui a importância do
profissional realizar pesquisa e estudos no contexto em que atua, levando em
consideração que ao pesquisar e escrever sobre sua prática muito se encontra,
muito se reflete, consequentemente há uma colaboração mútua, ou seja consigo e
com os futuros profissionais que pretendem atuar no mesmo contexto.
37
REFERÊNCIAS
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1988, p. 438.
______. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino
Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.
_______. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Resolução nº. 41,13 de Outubro de 1995. Direitos da Criança e do Adolescente
Hospitalizados. Diário Oficial de Brasília, 17 Out. 1995. Seção 1, p. 319-320
______. LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96. Rio de
Janeiro: DP&A, 2001.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,
Senado, 1988.
Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil. Brasília, DF, 16/7/1990, p.13.563. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccvil/LEIS/L8069.htm>. Acesso em 2/2/2009.
LÜDKE, Menga; MARLI, E.D.A André. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: EPU, 1986.
FERREIRO, Emilia. O Ingresso nas culturas da escrita. In. FARIA, Ana Lúcia Goulart
de. O coletivo Infantil em creches e pré-escolas: falares e saberes. São Paulo:
Cortez, 2007. p.55-66.
FONSECA, E.S. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. 2. ed. São Paulo:
Memnon, 2008.
FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a infância. A cumplicidade da
escola com o conceito de infância. in.: compreendendo a infância como condição
de criança. - 2. ed. - Porto Alegre: Editora Mediação. 2006 (Cadernos da Educação
Infantil, V. 11)
IBIAPINA, I. M. L. M. Pesquisa colaborativa: investigação, formação e produção de
conhecimentos. Brasilia: Líber Livro Editora, 2008. 136p.
MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas.
Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 4. ed. –
Petrópolis, RJ: Vozes, 2009
38
MUSATTI, Tullia. Entre as crianças pequenas: o significado da outra da mesma
idade. In. FARIA, Ana Lúcia Goulart de. O coletivo Infantil em creches e pré-
escolas: falares e saberes. São Paulo: ed. Cortez, 2007. p. 19-28.
OlIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo:
Cortez, 2002.
Apêndice 1 - Sequência Didática
Período previsto de 30/09 a 03/10/2019.
Segunda-feira 30/09
TEMA: Lendas folclóricas
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
(EI02EF03) Demonstrar interesse e atenção ao ouvir a leitura de histórias e
outros textos, diferenciando escrita de ilustrações, e acompanhando, com
orientação do adulto-leitor, a direção da leitura (de cima para baixo, da esquerda
para a direita).
(EI01EF04) Reconhecer elementos das ilustrações de histórias, apontando-os, a
pedido do adulto-leitor.
(EI02EF04) Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada,
identificando cenários, personagens e principais acontecimentos
(EI02EF06) Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas
sugeridos.
METODOLOGIA:
● Na grande roda, mostrar através de imagens confeccionadas previamente
pelo professor os principais personagens do folclore;
● Perguntar as crianças se elas sabem qual será o tema da aula ao observar
as imagens;
● Após a descoberta do tema, indagar aos aprendizes o que eles sabem
sobre o assunto e/ou personagens apresentados;
● A partir do compartilhamento dos saberes, mostrar um pequeno resumo
impresso, em letras grandes, que falará sobre as principais características
do folclore, estando com as palavras que remetem ao seu significado em
negrito, tendo como objetivo facilitar a retomada das informações
presentes no texto de forma individualizada ou não. Assim, após a leitura
pode-se apenas ler as principais palavras facilitando a concentração das
crianças pequenas com relação aos termos que estão sendo
pronunciados, como também as letras que aquela expressão possui;
● A fim de conhecermos as lendas, distribuir entre as crianças imagens dos
personagens de algumas histórias, como também alguns elementos
essenciais presentes no contexto da história para que a contação possa
ser feita por eles (Anexo 1);
● Na mesa, além das imagens dos personagens e dos elementos principais
da história, estará o resumo das lendas (Anexo 2) com o tema em negrito
e o desenho do personagem, como também a letra inicial do nome, por
exemplo, se a história é do Saci, no desenho do Saci terá a letra “S”
grande, como também no resumo da história. Com a mediação da
professora, as crianças irão escolher qual lenda quer aprender para contar
aos seus colegas, o desenho e as letras iniciais em destaque facilitarão a
identificação;
● Em seguida, com o auxílio de um leitor a criança irá ouvir qual é a história
do personagem que ela escolheu, em seguida vai pintar e confeccionar
palitoches;
● Ao terminar, todas as crianças voltarão para a grande roda e irão contar a
lenda que por ela foi escolhida (se a criança for muito pequena e estiver
com vergonha, ela poderá estar em dupla com uma criança maior ou com
um adulto que poderá auxiliar na contação).
● Todas as histórias e palitoches produzidos serão expostos na Classe.
RECURSO DIDÁTICO:
Serão utilizadas as seguintes ferramentas: folhas de papel ofício, palitos de
churrasco, coleções de diversos tipos, impressora.
MATERIAL DIDÁTICO:
Texto escrito em letras grandes, impresso e colado em uma cartolina guache,
desenhos dos personagens das lendas Saci Pererê, Cuca, Yara, Boto cor de
rosa, Curupira e Mula sem Cabeça.
AVALIAÇÃO:
Considerando que a Classe Hospitalar não trabalha com avaliações que
têm como objetivos preponderantes originar notas, a avaliação acontecerá de
forma processual e contínua, com base na participação e envolvimento dos
alunos nas atividades desenvolvidas, nesse sentido serão avaliados itens como
participação e execução dos exercícios propostos.
Terça--feira 01/10
TEMA: música também é folclore!
(EI01CG03) Imitar gestos e movimentos de outras crianças e adultos.
(EI03TS02) Expressar-se por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e
escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando
registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.
METODOLOGIA:
● Indagar aos aprendizes se eles sabem o que é música folclórica;
● Na grande roda promover uma breve conversa com as crianças sobre as
músicas folclóricas, o que é? quem as fez? pq essas cantigas são
consideradas folclóricas e outras não?
● Falar o nome de algumas músicas e expor que nesta aula iremos ouvir e
cantar algumas delas;
● Mostrar através de folhas impressas as letra das cantigas (anexo 3), as
músicas cantadas na roda serão: “Peixe vivo” e “Marcha soldado”;
● Exibir a música e cantar na grande roda;
● Em seguida os alunos irão confeccionar os peixinhos para colocar dentro
do mural mostrado anteriormente, no qual contém a letra da música, como
também irão produzir a dobradura para o chapéu dos soldados;
● Posteriormente, com a justificativa de identificação da produção, os alunos
vão escrever seus nomes de forma espontânea;
● Após o mural confeccionado, iremos cantar novamente as canções
aprendidas utilizando as produções por eles confeccionadas.
RECURSO DIDÁTICO:
Computador e/ou projetor multimídia, folhas de papel, tinta guache e
pincéis.
MATERIAL DIDÁTICO:
Vídeo do grupo Palavra Cantada: “peixe vivo” acesso em: 17/09/2019.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=a6rT0x4ZSj4>. Vídeo do
grupo Galinha Pintadinha: “Marcha soldado”. Acesso em 17/09/2019. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=rVL67f3w6_Y>. Cartaz com a letra das
músicas.
AVALIAÇÃO:
Considerando que a Classe Hospitalar não trabalha com avaliações que têm
como objetivos preponderantes originar notas, a avaliação acontecerá de forma
processual e contínua, com base na participação e envolvimento dos alunos nas
atividades desenvolvidas, nesse sentido serão avaliados itens como participação
e execução dos exercícios propostos.
Quarta-feira 02/10
TEMA: música também é folclore.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
(EI01CG03) Imitar gestos e movimentos de outras crianças e adultos.
(EI03TS02) Expressar-se por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e
escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais.
(EI01EF01) Reconhecer quando é chamado por seu nome e reconhecer os
nomes de pessoas com quem convive
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando
registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.
METODOLOGIA:
● No primeiro momento iremos relembrar às crianças que no dia anterior
aprendemos sobre cantigas de roda e hoje iremos aprender mais uma
música chamada “A canoa virou”;
● Mostrar o cartaz previamente elaborado pelo professor, no qual estará a
letra da canção e várias canoas;
● Explicar aos alunos que para que a atividade seja realizada nós
precisaremos que eles estejam dentro da canoa, para isso eles deverão
de representar por meio de desenhos na folhinha de papel;
● Em seguida, colocar o nome dos alunos nas canoas e seus respectivos
desenhos;
● Durante o canto, escolher previamente qual será o aluno responsável por
“conduzir” a canoa, com isso, a professora deverá apontar uma canoa,
logo após perguntar quem é que está na canoa (esperando que o aluno
se identifique no mínimo através do seu desenho) ler seu nome em voz
alta (que estará escrito em letras maiúsculas na canoa), apontar para a
escrita e cantar a canção na grande roda utilizando o nome do aluno
selecionado. A música será cantada até que todos da roda possam ter
participado;
● Em seguida, os alunos irão pintar uma canoa e escrever seus nomes de
forma espontânea, mas com a mediação necessária do professor.
RECURSO DIDÁTICO:
Serão utilizadas as seguintes ferramentas, computador e/ou projetor
multimídia, folhas de papel, coleções diversas.
MATERIAL DIDÁTICO:
Serão confeccionados os seguintes materiais, imagens de canoas
impressas, cartaz com a letra da música e canoas com os nomes dos alunos
presentes na classe.
AVALIAÇÃO:
Considerando que a Classe Hospitalar não trabalha com avaliações que têm
como objetivos preponderantes originar notas, a avaliação acontecerá de forma
processual e contínua, com base na participação e envolvimento dos alunos nas
atividades desenvolvidas, nesse sentido serão avaliados itens como participação
e execução dos exercícios propostos.
Quinta-feira 03/10
TEMA: Meu livro de parlendas.
OBJETIVOS: (EI02EF08) Manipular textos e participar de situações de escuta
para ampliar seu contato com diferentes gêneros textuais (parlendas, histórias de
aventura, tirinhas, cartazes de sala, cardápios, notícias etc.).
Procurar orientar-se por temas e ilustrações e tentando identificar palavras a
partir do seu reconhecimento global, como meio facilitador do significado da
escrita;
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, realizando
registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.
METODOLOGIA:
● partindo do pressuposto de que a temática já vem sendo trabalhada durante
toda a semana, recapitular o que já aprendemos e inserir o novo conteúdo
que diz respeito as características principais das parlendas;
● Explicar na grande roda o que são parlendas, lendo exemplos e permitindo o
contato das crianças com o texto escrito e ilustrado;
● Relatar às crianças que iremos confeccionar um livro de parlendas,
confeccionado por eles, nesse momento eles serão escritores e ilustradores
das parlendas, para instigar a curiosidade mostrar a capa do livro e expor de
forma breve como ele ficará após as construções dos educandos;
● Com as crianças menores iremos trabalhar com as parlendas impressas,
iremos colar e substituir o nome por ilustrações, por exemplo no trecho “O
sapo não lava o pé” haverá o espaço para colagem da imagem do sapo e do
pé abaixo da palavra escrita;
● Em seguida a criança poderá ilustrar de acordo com o que conseguiu
compreender a história contada através da parlenda;
● Para finalizar, eles irão escrever de forma espontânea seus nomes, com a
justificativa de que um autor sempre deve se identificar ao construir suas
obras.
RECURSO DIDÁTICO: Cartolinas guache de cores diversas, papel colorido,
cola, tesoura, impressora.
MATERIAL DIDÁTICO: capa do livro confeccionada previamente, com espaço
para o nome dos autores, texto impressos com as parlendas que serão
trabalhadas no dia (anexo 4).
AVALIAÇÃO:
Considerando que a Classe Hospitalar não trabalha com avaliações que têm
como objetivos preponderantes originar notas, a avaliação acontecerá de forma
processual e contínua, com base na participação e envolvimento dos alunos nas
atividades desenvolvidas, nesse sentido serão avaliados itens como participação
e execução dos exercícios propostos.
Anexo 1- Folders para estimulação precoce
IMAGEM 1.1 - capa do folder desenvolvimento precoce de 1 a 3 meses
IMAGEM 1.2 - conteúdo folders 1 a 3 meses
IMAGEM 2.1: capa do folder desenvolvimento precoce de 4 a 6 meses
IMAGEM 2.2 - conteúdo do folder estimulação precoce 4 a 6 meses
IMAGEM 3.1:capa do folder 7 a 9 meses.
IMAGEM 3.2 - conteúdo interno do folder idade 7 a 9 meses
IMAGEM 4.1 - capa do folder estimulação precoce 10 a 12 meses
IMAGEM 4.2 - conteúdo para estimulação precoce 10 a 12 meses
ANEXO 2 - imagens das atividades desenvolvidas com as crianças de 2 a 5
anos.
Produção de dobraduras de peixes, referentes à cantiga: “Peixe vivo”
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora
Cartaz confeccionado com as produções das crianças.
FONTE: arquivo pessoal da escritora
Crianças visualizando seu reflexo no espelho para produção do seu auto retrato para compor
a dobradura de um barquinho referente à cantiga “A canoa virou”.
FONTE: arquivo pessoal da autora.
Cartaz confeccionado com a produção das crianças
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora.
Crianças realizando a dobradura de barquinhos.
FONTE: arquivo pessoal da pesquisadora.
ANEXO 3 - Imagens do atendimento à estimulação precoce.
Material de fácil acesso para estimulação do tato.
FONTE: arquivo pessoal da autora.
Momento de fala da psicóloga responsável pelo setor e a terapeuta ocupacional.
FONTE: arquivo pessoal da autora
Momento de orientação às mães com relação à utilização dos materiais.
FONTE: arquivo pessoal da autora
Momento de atendimento na UTI pediátrica.
FONTE: arquivo pessoal da autora.