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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Msica
Licenciatura em Msica
Um estudo de caso sobre a Escola de Msica Santa Ceclia
Samara Kelly Souza de Oliveira
Natal/RN
Maio /2015
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Msica
Licenciatura em Msica
Um estudo de caso sobre a Escola de Msica Santa Ceclia
Trabalho de Monografia apresentado ao Curso de
Licenciatura em Msica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte UFRN como requisito
parcial para obteno do ttulo de graduado em
Msica.
Samara Kelly Souza de Oliveira
Orientadora: Profa Dra Amlia Martins Dias Santa Rosa
Natal/RN
Maio/2015
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Msica
Licenciatura em Msica
Ttulo: Um estudo de caso sobre a Escola de Msica Santa Ceclia
Trabalho de Monografia apresentado ao Curso de
Licenciatura em Msica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte UFRN como requisito
parcial para obteno do ttulo de graduado em
Msica.
Aprovada em: ___/___/____
Profa. Dra. Amlia Martins Dias Santa Rosa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora
Prof. Edibergon Varela Bezerra
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Co-orientador
Profa. Ms. Catarina Shin Lima de Souza (Banca)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro
Profa. Esp. Maria Helena Guerra Maranho Barreto de Medeiros (Banca)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro
Natal/RN
Maio /2015
DEDICATRIA
Ao meu querido av Joo Laurentino (in memoriam) e minha querida tia Maria das Graas
Lil (in memorian);
Aos meus pais, Francisco e Angelina, que me conduzem nos caminhos da vida;
Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus, onde descobri minha vocao;
A Moises pelo amor e companheirismo;
Escola de Msica Santa Ceclia, onde a cada dia aprendo a arte de ser professora.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, que sempre est ao meu lado, conduzindo minha histria e
mostrando sua misericrdia e bondade;
Aos meus pais, Francisco e Angelina, que me conduzem nos caminhos da vida, pelo
amor e cuidado que sempre tiveram comigo;
Aos meus irmos, Sanderes, Sanderson, Simara, Sandyson e Samira, por compartilhar
o dom que temos em comum: a msica;
Aos meus avs: Terezinha e Joo Laurentino (in memoriam), Fernando e Maria, que
contriburam (e ainda contribuem) para minha formao pessoal. Dizer obrigada ainda
muito pouco;
Aos meus tios, e de maneira especial, Tino e Lil (in memoriam). Tino: Eu nunca vou
esquecer as vezes que foi me buscar ainda pequena na escola e pela sua forte contribuio na
minha educao e na dos meus irmos. Essa vitria tambm sua. Lil (in memoriam): Como
eu queria que voc estivesse aqui... mas sei que onde voc estiver, est feliz comigo. Eu sei
disso!
Ao meu namorado, Moises, pelo amor e companheirismo, pelas palavras de incentivo,
por me apoiar e me fazer sorrir quando achava que no ia conseguir. O ingresso na graduao
no apenas me fez conhecer mais sobre a msica, mas me fez conhecer voc... te amo muito;
Aos meus muitos primos e primas, mas, de maneira especial, ao meu primo-irmo
Fernando Martins: amigo, companheiro de turma e cone de educador musical;
minha orientadora e amiga, Amlia Dias: agradeo demais as suas orientaes.
Voc um modelo de educadora musical que eu almejo ser um dia;
Ao mestre Edibergon, pela amizade e contribuies. Obrigada por tudo e me desculpe
qualquer coisa (risos);
Pelos demais professores que durante minha vida acadmica contriburam com meus
conhecimentos musicais: Valria Lzaro, Jean Joubert, Catarina Shin, Maria Helena
Maranho, Rita de Cssia, Isaac Samir, Carolina Chaves, Danilo Guanais, Ticiano Damore,
Estevo, Betnia Franklin, Marcus Andr, lvaro Barros e, sem esquecer, o saudoso Manoca
Barreto (in memoriam).
minha professora do curso tcnico de piano erudito, Regiane Yamagushi, que,
durante o perodo de construo deste trabalho, foi bastante compreensiva: muito obrigada;
Aos meus colegas de turma, pela amizade firmada no perodo da graduao: que possa
perdurar por muito tempo;
Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus, de forma especial meus irmos da
misso em Natal: agradeo pelas vezes que fui compreendida em minhas ausncias nas
atividades empreendidas durante esse perodo;
Aos fundadores da Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus, Jos Ferreira Santos e
Ilza Neri: agradeo imensamente o apoio de vocs e por me incentivarem a cursar uma
graduao em msica. Eu nunca vou deixar de agradecer;
Ilza Neri, coordenadora da misso em Natal, me na espiritualidade e parceira de
longos anos servindo na Igreja atravs da msica. Eu agradeo demais as oraes e apoio;
Rubinha, que considero minha formadora musical desde o tempo que eu era do
Ministrio de Msica Jedidi. Obrigada pela amizade e por conduzir com muito amor os
primeiros passos da EMUSC;
Escola de Msica Santa Ceclia (EMUSC): recepcionistas, professores e ex-
professores, alunos e ex-alunos: por aqueles que j passaram por ela, meu profundo
agradecimento, e, por aqueles que hoje esto, espero sempre contar com vocs. Ainda h
muito para desbravar;
A todos aqueles que direta e indiretamente contriburam para a realizao deste
trabalho e torceram por mim: eu s posso agradecer imensamente! Que Deus e Nossa Senhora
abenoem a todos!
Rendei graas ao Senhor ao som da ctara; na
harpa de dez cordas, tocai para ele! Cantai para
Ele um cntico novo, com arte sustentai o
louvor (Salmo 33,2-3).
RESUMO
O presente trabalho pretende, por meio de um estudo de caso na Escola de Msica Santa
Ceclia, vinculada Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus, mostrar o desenvolvimento
dessa escola, que, a princpio, seria apenas para formar musicalmente ministrios de msica
da Igreja Catlica e que, com a expanso de seu trabalho, atende hoje a toda a comunidade,
sem perder o seu objetivo primeiro. Para isso, foram realizadas coletas de documentos atravs
de fotos e entrevistas com a primeira diretora da escola, sobre como foram iniciados os
trabalhos de aula na escola, os primeiros professores e sua formao, os eventos realizados e a
contribuio da escola junto aos ministrios de msica. Alm disso, foram entrevistados os
atuais professores e alguns de seus alunos. Nos dados coletados, comprova-se que a Escola de
Msica Santa Ceclia atende s necessidades dos seus alunos, favorecendo um ensino musical
bsico de qualidade.
Palavras-chave: escola especializada, msica e religio; ensino de instrumentos.
ABSTRACT
This study conducted a case study in the School of Music Santa Cecilia from Catholic
Community Veni Creator Spiritus, in order to show the development of this school which
before was only to form musically music ministries of the Catholic Church, but its work has
expanded and today it serves the entire community, without losing its first goal. For this,
document collections were made through photos and interviews with the first principal of the
school that was also a member of the Catholic Community Veni Creator Spiritus, on how the
class work at school started, the first teachers and their training, and the school contribution
along to music ministries. The current teachers and students from the school were interviewed
and and on the data collected is proved that the School of Music Santa Cecilia meets the needs
of their students, favoring a basic musical education of quality.
Keywords: specialized school, music and religion; musical instruments teaching.
LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 01 Documento de aprovao cannica da Comunidade Catlica Veni Creator
Spiritus.....................................................................................................................................22
FIGURA 02 Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos Pretos...............................................23
FIGURA 03 Primeira sala de aula da EMUSC.....................................................................24
FIGURA 04 Professor Alberani............................................................................................26
FIGURA 05 Professora Luciana...........................................................................................26
FIGURA 06 Professora Mara Rbia.....................................................................................27
FIGURA 07 Alunos de violo no primeiro recital da EMUSC............................................28
FIGURA 08 Professores da EMUSC ministrando a I Oficina de Tcnica Vocal para
ministrios de msica................................................................................................................29
FIGURA 09 Fachada da sede atual........................................................................................30
FIGURA 10 Semana da Msica com a participao do Professor Eugnio Lima................33
FIGURA 11 Alunos da prtica de conjunto..........................................................................34
FIGURA 12 Workshop de bateria com a participao do Professor Andr Arajo..............34
FIGURA 13 Sala do curso de tcnica vocal..........................................................................37
FIGURA 14 Sala do curso de teclado...................................................................................38
FIGURA 15 Sala do curso de violo.....................................................................................39
FIGURA 16 Sala do curso de baixo eltrico.........................................................................40
FIGURA 17 Sala dos cursos de teoria musical e acordeon...................................................41
FIGURA 18 Sala de bateria...................................................................................................43
FIGURA 19 Sala de guitarra..................................................................................................44
FIGURA 20 Workshop de guitarra com o professor Joca Costa...........................................49
FIGURA 21 Oficina de Tcnica Vocal promovida pela EMUSC.........................................50
FIGURA 22 Professores da EMUSC no recital de encerramento do ano letivo...................51
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 Quadro de professores atuais da EMUSC ........................................... 45
LISTA DE SIGLAS
CCVCS Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus
EMUFRN Escola de Msica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
EMUSC Escola de Msica Santa Ceclia
IMWA Instituto de Msica Waldemar de Almeida
MEC Ministrio da Educao e Cultura
RCC Renovao Carismtica Catlica
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UnP Universidade Potiguar
SUMRIO
1 INTRODUO..................................................................................................................................13
2 CAPTULO I A ESCOLA DE MSICA ESPECIALIZADA E LIGAO ENTRE
MSICA E RELIGIO...................................................................................................................... 15
2.1 Escola de Msica Especializada ................................................................................................... 15
2.2 Msica e Religio ........................................................................................................................... 17
3 CAPTULO II A COMUNIDADE CATLICA VENI CREATOR SPIRITUS E A ESCOLA
DE MSICA SANTA CECLIA ....................................................................................................... 20
3.1 A Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus .......................................................................... 20
3.2 A Escola de Msica Santa Ceclia (1997) .................................................................................... 22
3.2.1 A antiga Sede da Escola de Msica Santa Ceclia ....................................................................... 24
3.2.2 Os Primeiros Professores da EMUSC .......................................................................................... 25
3.3 A expanso da Escola de Msica Santa Ceclia (2000 2006) .................................................. 29
3.3.1 Os cursos oferecidos..................................................................................................................... 30
3.3.2 As aulas ........................................................................................................................................ 31
3.3.3 Os professores .............................................................................................................................. 31
3.3.4 Os alunos ...................................................................................................................................... 32
3.3.5 Os eventos .................................................................................................................................... 32
4 CAPTULO III A ESCOLA DE MSICA SANTA CECLIA HOJE (2007-2015) ................ 35
4.1 Os cursos oferecidos e a metodologia .......................................................................................... 36
4.1.1 Curso de tcnica vocal .................................................................................................................. 37
4.1.2 Curso de teclado ........................................................................................................................... 38
4.1.3 Curso de violo ............................................................................................................................ 39
4.1.4 Curso de baixo eltrico ................................................................................................................. 40
4.1.5 Curso de teoria musical ................................................................................................................ 41
4.1.6 Curso de acordeon ........................................................................................................................ 42
4.1.7 Curso de bateria ............................................................................................................................ 42
4.1.8 Curso de guitarra .......................................................................................................................... 43
4.2 Os Professores ................................................................................................................................ 44
4.3 Os alunos ........................................................................................................................................ 46
4.4 A avaliao ..................................................................................................................................... 47
4.5 Os eventos ...................................................................................................................................... 49
5 CONCLUSO .................................................................................................................................. 52
REFERNCIAS .................................................................................................................................. 54
APNDICES ........................................................................................................................................ 56
13
1 INTRODUO
A presente pesquisa se prope a relatar o trabalho da Escola de Msica Santa
Ceclia (EMUSC), vinculada Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus, localizada no
bairro Cidade Alta na cidade do Natal/RN. A relevncia deste trabalho consiste em dois
fatores principais: primeiro, no h conhecimento de outra escola especializada em msica
vinculada a uma comunidade catlica na cidade do Natal; e, segundo, at o dado momento,
ainda no havia nenhum material que registrasse o que realizado na Escola de Msica Santa
Ceclia, relatando sua histria e seus passos ao longo dos seus dezoito anos de existncia.
A minha ligao com esta temtica advm do fato de eu ser membro da
Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus h dezessete anos. Isso me possiblitou
acompanhar os passos dados na escola, assim como todas as dificuldades enfrentadas. Na
EMUSC, eu j fui recepcionista, aluna de teoria musical e harmonia funcional. Leciono o
curso de teclado h doze anos e, h oito anos, assumi a sua direo.
Tendo em vista que, ao longo desse tempo, entendi a importncia de aprofundar
os meus estudos sobre as escolas especializadas em msica, j que a EMUSC no somente
passou a atender um pblico ligado Igreja, mas a um pblico variado, com o interesse
voltado para a aprendizagem musical, ingressei no curso de Licenciatura em Msica na
Escola de Msica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2011 para
assim adquirir mais conhecimentos e contribuir para meu crescimento enquanto profissional
da rea.
Esta pesquisa pretende contribuir com a literatura sobre as escolas especializadas,
onde eu observei que poucos trabalhos falam de maneira direta acerca dessa realidade de
ensino da msica, como Silva (1996), Requio (2002) e Cunha (2009). importante tambm
para a prpria escola ter um trabalho que fale diretamente sobre ela, que possa se tornar um
registro sobre sua histria e de sua trajetria. Ademais, por ser uma escola de cunho religioso,
este trabalho pretende colaborar com as pesquisas realizadas envolvendo a msica e a
religio, de maneira especial a msica catlica, j que muitos trabalhos realizados sobre
msica e religio esto ligados igreja evanglica.
Para a realizao desta pesquisa, foram entrevistados a primeira diretora da Escola
de Msica Santa Ceclia, os atuais professores e alguns alunos. Foram coletados, no arquivo
da escola e no meu arquivo pessoal, fotos dos primeiros trabalhos, da estrutura fsica das duas
sedes e dos eventos realizados pela escola.
14
No primeiro captulo, discorrido sobre a escola especializada: nomes que a
denominam, professores que atuam, pblico-alvo e fcil acesso ao aprendizado musical.
Tambm abordada a ligao da msica e a religio, sua presena nos atos religiosos, a
importncia da formao musical dos membros na Igreja evanglica e na Igreja catlica.
No segundo captulo, apresentada a Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus,
a partir de um breve histrico do seu surgimento, as formaes musicais que eram oferecidas
aos ministrios de msica da Igreja Catlica da cidade do Natal at chegar a ser uma
Comunidade Catlica. Ainda no mesmo captulo, descrita a Escola de Msica Santa Ceclia,
os seus primeiros passos, primeiros professores, cursos oferecidos e pblico-alvo at atingir
sua expanso, mostrando seu desenvolvimento musical, aulas, novos cursos, novos
professores e eventos.
No terceiro e ltimo captulo, apresentada a Escola de Msica na atualidade: a
minha experincia como professora e diretora da escola, os cursos, as aulas, os professores e
suas prticas de ensino, alm dos modos de avaliao dos alunos e as atividades que a escola
desenvolve.
Por fim, apresentada a concluso, retomando os pontos principais da pesquisa
realizada.
15
2 CAPTULO I A ESCOLA DE MSICA ESPECIALIZADA E SUA LIGAO
COM A MSICA E RELIGIO
O captulo I ser dedicado apresentao da escola especializada em msica e
suas caractersticas. Tratar sobre msica e a religio, sua importncia, trabalhos realizados
sobre este assunto e sua contribuio musical para membros das igrejas catlicas e
protestantes.
2.1 Escola de Msica Especializada
Posto que este trabalho aborda a Escola de Msica Santa Ceclia, uma escola
especializada no ensino de msica, se faz necessrio tratar isoladamente do tema escola de
msica especializada. importante salientar mais uma vez que ser apresentada ainda neste
captulo a ligao da msica com a religio, a sua importncia e a participao em atos
litrgicos em igrejas catlicas e protestantes, j que essa escola est vinculada a uma
instituio religiosa.
A escola de msica especializada, que tambm conhecida em alguns textos
como escola alternativa, uma instituio privada sem nenhum vnculo com o Estado, com o
Ministrio da Educao e Cultura (MEC) e no tem como regimento leis que a obriguem a
seguir um modelo padronizado de ensino. O termo escola alternativa:
significa escolas ou academias de msica particulares, sem vnculo com a
rede oficial de ensino. Envolve ensino de msica de acordo com normas
estabelecidas pela prpria escola, sem o compromisso de cumprir um
programa determinado pelo Ministrio da Educao e Cultura ou por rgos
estaduais e municipais de ensino (SILVA, 1996).
Espao, casa, instituto, estdio tambm so outros nomes para denominar a escola
especializada, que, mesmo diante da diversidade de nomes que a identificam, apresenta
algumas caractersticas peculiares. Trabalhos realizados como os de Silva (1996), Requio
(2002) e Cunha (2009) se destacam por tratar de maneira mais direta das escolas
especializadas em msica, que vm ganhando espao no mbito da pesquisa em educao
musical. Requio (2002) afirma que
As escolas de msica alternativas foram identificadas como uma instncia de
formao que vem suprir uma lacuna deixada por Instituies de Ensino
16
Superior, em face da atual noo de competncia profissional e dos perfis
profissionais requisitados pelo mundo do trabalho (REQUIO 2002, p. 59).
O pblico que procura estas escolas bastante diverso e, na maioria das vezes,
composto de alunos que no tm nenhum conhecimento prvio acerca do instrumento de
estudo pretendido, ou, se for o caso de um curso que trabalhe com a tcnica vocal, no
conhecem nada a respeito do uso da voz ao cantar. Quanto aos objetivos da parte dos que
buscam a escola de msica, h uma diversidade: realizar um sonho, atuar em bandas, tocar em
igrejas, agir como terapia e/ou tambm como lazer. Destas escolas, muitos alunos ainda tm o
objetivo de estudar nos cursos de ensino superior de msica, assim como muitos se tornam
professores de msica e msicos profissionais. Para Silva, (1996) (...) o acesso msica
torna-se permitido a qualquer interessado. Esse aspecto pode ser visto como uma estratgia
em favor das escolas alternativas, pois tratam-se de estabelecimentos voltados para o ensino
(...) (SILVA, 1996 p. 53).
As escolas especializadas favorecem ainda comunidade o fcil acesso para se
estudar msica. Contudo, algumas pessoas ainda tm o pensamento de que o acesso ao
aprendizado musical se limita apenas s universidades, conservatrios de msica e/ou aulas
particulares. H ainda outras, como no caso de pessoas mais idosas, que chegam a pensar no
haver espao para elas no ensino de msica. Assim, importante ficar claro que os cursos
bsicos so abertos a qualquer pessoa interessada, independente da escolaridade prvia
(CUNHA apud BRASIL, 1996).
Os professores que atuam nestas escolas no precisam passar por concursos, pois
sua competncia docente legitimada pela atuao como msicos (REQUIO 2002).
Geralmente so pessoas que atuam em outros contextos escolares, como msicos profissionais
em bandas e gravaes em estdios. Em sua pesquisa realizada, Requio (2002) os intitula de
msicos-professores:
O msico-professor foi caracterizado como aquele que teve uma formao
profissional voltada para o desenvolvimento de atividades artsticas na rea
da msica, e que coloca a atividade docente em segundo plano no escopo de
suas atividades profissionais, apesar dessa ser, frequentemente, a atividade
mais constante e com uma remunerao mais regular em seu cotidiano
profissional. Sua atuao como docente se d prioritariamente no mbito de
escolas de msica alternativas e em aulas particulares, onde desenvolve um
trabalho, em especial, atravs da msica popular brasileira. O msico-
professor vem atendendo a uma demanda por saberes profissionais, que
reconhece sua competncia docente atravs de seu desempenho artstico-
musical, comprovado em situaes de performance (REQUIO 2002, p. 64).
17
Falando ainda do professor que atua nas escolas especializadas, o seu saber-fazer
influencia muito na busca do aluno pela escola. O que o aluno de fato procura aprender com
algum que tenha experincia no instrumento, que facilitar a sua aprendizagem, ajudando-o a
alcanar o seu objetivo.
Os professores de msica, neste contexto de ensino, tornam seus planos de curso
mais flexveis, pois buscam atender os mais variados objetivos de seus alunos. Eis outra razo
pela busca das escolas especializadas: a flexibilidade no fazer musical, adaptando, quando
necessrio, o plano de curso de acordo com o interesse do aluno. Por exemplo: um idoso que
procura um curso de violo pode se satisfazer apenas aprendendo as suas canes favoritas,
enquanto, no mesmo curso, pode haver um jovem que almeje ingressar no ensino superior e,
por isso, busque contedos especficos necessrios para a prova do vestibular. Esses so
exemplos que mostram alguns dos casos em que o professor da escola de msica
especializada precisa adaptar seu plano de curso para que seus alunos alcancem seus
objetivos.
Assim, espera-se como resultado das aulas nas escolas especializadas um
aprendizado musical em curto espao de tempo, uma vez que a prtica do instrumento o
objetivo maior dos alunos e, por consequncia, a realizao de estudar msica e poder tocar
um instrumento musical ou at mesmo cantar.
2.2 Msica e Religio
Em quase todos os atos religiosos, podemos perceber a presena da msica e
acredita-se inclusive que essa conduz a pessoa espiritualidade. No oriente, guias espirituais
acreditam que cantar o caminho mais fcil para o crescimento espiritual (BRSCIA, 2011 p.
34). Para Katsh e Merle-Fishmam, a msica presente na religio so descritos como
caminhos para a paz, purificao, harmonia, sabedoria, orientao, verdade e cura
(BRSCIA, apud KATSH e MERLE-FISHMAN, 1985 p. 34).
Os judeus, por sua vez, utilizam a msica para auxiliar na orao cotidiana e
acreditam que ela d significado vida. O segundo livro das Crnicas da Bblia Sagrada narra
que quando os msicos entoavam louvores, o Templo se enchia da glria de Deus (II
Crnicas 5, 12-14). Atribui-se a Santo Agostinho o famoso dito popular: Quem canta, reza
duas vezes.
Sobre a msica no ambiente religioso:
18
Referindo-se msica no ambiente de igreja, Faustini (1996) tambm
acredita que ela realmente auxilia a adorao e o culto e que ela por si
mesma, sem palavras, cria uma atmosfera religiosa, de emoes diferentes,
desde a introspeco exaltao, estimulando a devoo (FAUSTINI (1996)
apud BRSCIA, 2011, p. 35).
Alguns trabalhos encontrados permitem compreender a ligao da msica e a
religio. Neste captulo, em que se discorre sobre este assunto, ser tratada apenas a msica
nas religies catlica e protestante. As Igrejas Protestantes, nesse caso, procuram investir
intensamente na msica em suas igrejas: seja pela formao daqueles que se habilitam a servir
na msica, seja at mesmo nos equipamentos musicais que sero disponibilizados para os
msicos. Segundo Martinoff (2010),
As igrejas protestantes, em funo da valorizao da msica em seus cultos,
enfatizam a educao musical, ainda que informalmente. Muitas igrejas
evanglicas possuem uma escola de msica que atende no somente aos seus
congregados em vrias faixas etrias, mas tambm a pessoas da comunidade.
Assim, as consequncias do crescimento do nmero de evanglicos so
muitas para o campo da msica (MARTINOFF, 2010, p. 68).
A msica contribui para a educao musical dos membros da igreja, gerando
transformao no comportamento pessoal e social a fim de obter indivduos com formao
musical para aprimoramento de seus eventos (VERAS, MEDEIROS e MATTOS, 2011, p.
1). Na religio, a msica tambm pode ser uma forma de vivenciar a arte. Em seu artigo
realizado sobre Msica e Participao Social: experincias em corais litrgicos catlicos,
Siqueira afirma que na experincia do canto litrgico, os participantes vivenciam um
processo de participao esttica e religiosa, reinventam sua prpria vida e ultrapassam
limites impostos por condies biolgicas e sociais (SIQUEIRA, 19--?, p.3).
A msica e a religio esto intrinsecamente ligadas. Brscia (2011) cita em seu
livro Educao musical: bases psicolgicas e ao preventiva que Gaston (1968) acredita que
a grande valncia tanto da msica quanto da religio unir pessoas. Nesse sentido, em quase
todas as culturas, msica e religio andam de mos dadas como uma defesa contra o medo e a
solido (p. 23). Na Igreja Catlica, a msica tem participao em seus atos litrgicos, como,
por exemplo, missas e liturgia das horas. No documento intitulado Sacrosanctum Conclium
(2003), dito:
A msica sacra tanto mais santa quanto mais intimamente se articula com a
ao litrgica, contribuindo para a expresso mais suave e unnime da
orao ou conferindo ao ritual maior solenidade (...) levando em conta a
finalidade da msica sacra, que a glria de Deus e a santificao dos fiis
(SACROSANCTUM CONCILIUM, 2003, p. 61-62).
19
O referido documento continua enfatizando a formao musical, incentivando a
prtica e o ensino da msica nas instituies religiosas e inclusive nas escolas catlicas. Para
que tal objetivo seja alcanado, deve-se cuidar com empenho da formao de professores de
msica (SACROSANCTUM CONCILIUM, 2003, p. 63).
Em meio a tantas pesquisas desenvolvidas tratando da ligao entre a msica e a
religio, percebe-se um nmero pouco expressivo de trabalhos que tratam especificamente de
msica na Igreja Catlica. Nessa perspectiva, este pretende ser um contributo ao relatar o
desenvolvimento de uma escola de msica especializada ligada a uma instituio da Igreja
Catlica.
20
3 CAPTULO II A COMUNIDADE CATLICA VENI CREATOR SPIRITUS E A
ESCOLA DE MSICA SANTA CECLIA
Para bem compreender a Escola de Msica Santa Ceclia (EMUSC), se faz
necessrio conhecer um pouco sobre a instituio qual a EMUSC vinculada. Sendo assim,
ser realizada uma breve apresentao da Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus
(CCVCS).
3.1 A Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus
No ano de 1989, vrios jovens de grupos de orao da Renovao Carismtica
Catlica (RCC) se renem com a ideia de formar um coral. Composto por cerca de sessenta
pessoas e coordenado por um ncleo de trs, o referido coral tinha o objetivo de atuar nos
eventos da RCC.
Aps o perodo de um ano, esse grupo, agora mais reduzido, assume a estrutura de
ministrio de msica e, sob esta nova forma, permanece atuando nos seus eventos. Assim,
surgia o ministrio de msica Veni Creator Spiritus, que significa Vem, Esprito Criador. O
Veni Creator Spiritus um hino em latim cantado em solenidades da Igreja Catlica.
Enquanto ministrio de msica, o Veni Creator Spiritus serviu na Equipe
Diocesana de Servio da RCC de dezembro de 1990 a fevereiro de 1997,
realizando os servios de animao dos eventos, formao para outros
ministrios de msica bem como evangelizao atravs de shows musicais e
teatro (ESTATUTO CANNICO DA CCVCS, 2003 p.8).
Quatro componentes do ministrio de msica Veni Creator participavam da
Secretaria Davi, uma estrutura dentro da RCC que dava suporte a todos aqueles que serviam
em ministrios de msica em Natal. O Veni Creator foi o primeiro ministrio de msica de
Natal, a partir do qual e com o apoio da Secretaria Davi, outros ministrios de msica foram
se formando para ajudar no servio da msica nas igrejas catlicas. Vale informar que a
Secretaria Davi promovia, juntamente com o Veni Creator, formaes mensais para os
membros dos ministrios de msica, retiros para espiritualidade, congressos para os
ministrios e oficinas de tcnica vocal.
21
Passados alguns anos de atuao como ministrio de msica, o Veni Creator
almeja assumir um compromisso maior: formar uma comunidade de leigos consagrados a
servio de Deus (Estatuto Cannico da CCVCS, 2003 p.8). Em 1997, o grupo deixa a equipe
de servio da RCC e comea a dar passos mais concretos rumo ao chamado que eles queriam
seguir. Na verdade, quando deixamos a Equipe de Servios da RCC, no sabamos para onde
ir, no tnhamos como trabalhar; faltava-nos os instrumentos, e no tnhamos local para nos
reunir (Estatuto Cannico da CCVCS, 2003 p. 9).
Assim, os membros do ministrio de msica Veni Creator foram buscar
orientao com comunidades catlicas de leigos consagrados mais experientes que pudessem
ajud-los nesta nova jornada a ser desbravada. Em maro de 1997, por meio de um sacerdote,
o grupo recebe a doao de uma casa no centro da cidade do Natal, na Rua Gonalves Ldo,
686. Isso foi compreendido por eles como um sinal para que o Veni Creator pudesse assim
lanar bases para iniciar a comunidade.
Em abril, atravs de doaes, a casa mobiliada no que havia de necessrio
e no ms seguinte, maio/1997, inaugurada com uma bno ministrada
pelo Cnego Lucilo. Da em diante, o grupo concentra as suas atividades na
referida casa que recebeu o nome de Casa Santa Ceclia (ESTATUTO
CANNICO DA CCVCS, 2003 p. 9).
Aps um ano de orientaes junto s comunidades catlicas mais experientes e
encontros de espiritualidade, os membros decidem abraar o chamado da comunidade
vivncia de leigos consagrados. A CCVCS uma instituio religiosa com reconhecimento
cannico e civil, sediada em Natal, RN.
Art.1 - A COMUNIDADE CATLICA VENI CREATOR uma
Sociedade Civil sem fins lucrativos, com personalidade jurdica de direito
privado e de durao indeterminada , com foro nesta cidade de Natal/RN, e
sede situada na rua Gonalves Ledo, N 686, Cidade Alta, na mesma Capital
(ESTATUTO CIVIL DA COMUNIDADE CATLICA VENI CREATOR,
p. 1).
Durante seus dezessete anos de existncia, a comunidade ampliou seu raio de ao
apostlica. Atualmente, conta com casas de misso nas cidades de Goianinha (RN) e Mossor
(RN).
22
Figura 1: Documento da aprovao cannica da CCVCS.
Fonte: Estatudo Cannico da CCVCS.
3.2 A Escola de Msica Santa Ceclia (1997)
As iniciativas para a criao da Escola de Msica Santa Ceclia surgiram em 1997
com aulas de violo, ainda sem uma sede. As aulas aconteciam debaixo de uma rvore, nas
proximidades da Capela do Corpo de Bombeiros, localizada na Avenida Alexandrino de
Alencar, bairro de Lagoa Seca, na cidade do Natal.
As aulas seguiram para outro local, a Igreja de Nossa Senhora do Rosrio dos
Pretos, localizada no bairro Cidade Alta. Neste local, funcionava o escritrio da RCC, da qual
os integrantes do Veni Creator eram do ministrio de msica. A escola1 ainda no tinha sede
prpria e as aulas eram realizadas em dias e horrios combinados pela professora, que
1 A expresso escola est relacionada a um local onde aconteciam as aulas de msica.
23
ministrava semanalmente o curso de violo. Ela fazia parte da CCVCS, instituio a qual a
EMUSC vinculada.
Em entrevista, concedida a mim, a primeira diretora e professora da escola relatou
que:
A escola comeou com apenas um aluno de violo e no tinha lugar para
dar aula. Ento dei a primeira aula de violo debaixo de uma rvore. A
Escola de Msica Santa Ceclia surgiu de uma necessidade que a igreja
catlica na poca tinha: de formar mais msicos pra atuar nos seus diversos
servios e tambm pra ajudar os msicos que j existiam na poca a ter uma
boa formao musical j que a equipe que estava cuidando da escola era uma
equipe de referncia (SANTOS, 2015).
A EMUSC surgiu para atender uma necessidade da Igreja Catlica: formar
msicos para atuar nos seus diversos servios. Portanto, a EMUSC provavelmente foi a
primeira escola de msica catlica de Natal, passando a ser referncia para os msicos
catlicos que queriam uma boa formao musical. A escola recebeu o nome que homenageia
a padroeira dos msicos, Santa Ceclia, celebrada no dia 22 de novembro, data em que
tambm se comemora do dia do msico. O nome Escola de Msica Santa Ceclia comeou a
ser utilizado no perodo em que as atividades passaram a ser na Igreja do Rosrio.
Figura 2: Igreja de Nossa Senhora do Rosrio onde foram
ministradas as aulas de violo da EMUSC.
Fonte: natalhistorica.
24
Com os primeiros passos, vieram alguns desafios, como: a construo dos planos
de curso, a metodologia a ser utilizada, alm de questes referentes formao dos
professores.
Eram desafios enormes, porque eu creio assim: quem vai na frente, abrindo
caminho, se machuca bastante, n? A gente se fere, mas quem j vem atrs
pega o trabalho mais prontinho, um caminho aberto. Ento, quando a gente
comeou a escola... a gente no sabia de nada. Tudo a gente foi adquirindo
atravs da experincia. Como a gente no sabia de nada, os desafios se
tornaram grandes, porque a gente no tinha referncia, era um servio que
ningum tinha feito (SANTOS 2015).
3.2.1 A antiga Sede da Escola de Msica Santa Ceclia
A antiga sede da EMUSC ficava situada na Rua Gonalves Ledo, 686, no bairro
Cidade Alta. Este local atualmente a residncia dos missionrios da CCVCS, instituio
qual a EMUSC vinculada.
Na recepo da escola, os alunos efetuavam o pagamento da mensalidade das
aulas, eram acolhidos e direcionados para suas salas. Em tal espao, todas as informaes
necessrias eram disponibilizadas para os alunos e pessoas interessadas nos cursos.
Quanto ao nmero de salas de aula, eram trs e estavam disponveis para cada
professor ministrar as aulas dos seus devidos cursos. As salas de aula eram equipadas com
quadros, estantes de partitura, ventiladores, cadeiras, birs, aparelho de som e com
instrumentos musicais dos cursos oferecidos.
Figura 3: Primeira sala de aula da EMUSC em sua primeira sede.
Fonte: arquivo da EMUSC.
25
3.2.2 Os Primeiros Professores da EMUSC
Alguns componentes do ministrio de msica Veni Creator, do qual nasceu a
CCVCS (conforme foi descrito no incio do captulo II), foram os primeiros professores da
EMUSC.
Quando a EMUSC foi para sua primeira sede, os primeiros professores que
atuavam nesse espao tinham formao bsica e tcnica no instrumento. Era observado entre
eles: a sensibilidade musical, a capacidade de absorver contedos e de transmiti-los, bem
como a prtica musical vivenciada no ministrio de msica. Os cursos oferecidos nesta poca
eram: teclado, violo, tcnica vocal e teoria musical. A deciso por estes cursos seriam
conforme as aptides musicais de cada um deles.
Neste perodo, o corpo docente era formado por trs professores: Alberani de
Pereira de Farias Filho, Luciana Christina Bezerra de Amorim e Mara Rbia Ferreira Santos.
Alberani era o professor responsvel por ministrar o curso de teclado, e durante este perodo
tinha aulas de piano no Instituto de Msica Waldemar de Almeida (IMWA), alm de ser
aluno do curso de Farmcia na UFRN. Luciana lecionava o curso de tcnica vocal e estudava
canto no IMWA. Mara Rbia, alm de dirigir a EMUSC, ministrava as aulas de violo e
teoria musical, sendo ainda aluna do curso tcnico de violo erudito na Escola de Msica da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). Posteriormente, Alberani
ingressou no curso de harmonia funcional e depois no curso tcnico de piano, e Luciana no
curso tcnico de canto, ambos na EMUFRN.
As aulas ministradas pelos primeiros professores da EMUSC eram aulas coletivas.
Para o ensino de instrumento, eram disponibilizadas duas vagas em cada horrio. J para as
aulas de tcnica vocal, havia uma variao de seis a oito participantes por turma. Por fim, o
curso de teoria musical era destinado queles que j eram alunos da EMUSC, constando como
opcional e j incluso na mensalidade.
As imagens a seguir, mostram as aulas ministradas pelos primeiros professores da
EMUSC.
26
Figura 4: Professor Alberani ( esquerda) ministrando
aulas de teclado na EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
Na figura abaixo, podemos ver a turma de tcnica vocal juntamente com a professora
Luciana:
Figura 5: Professora Luciana (de
vestido direita) com alunos do curso
de tcnica vocal da EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
27
A prxima imagem, mostra um recital de alunos de violo e tcnica vocal. Nesta
ocasio, os alunos apresentam em pblico canes que foram escolhidas juntamente com os
professores de cada curso, conforme o nvel tcnico dos alunos.
Figura 6: Professora Mara Rbia ( direita) com alunos do curso
de violo da EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
Os planos de curso eram desenvolvidos para atender as necessidades daqueles que
buscavam a escola, os quais, em posse dos conhecimentos musicais adquiridos, os dispunham
em funo das atividades realizadas na igreja. Os materiais didticos utilizados nas aulas eram
adquiridos pelos professores que, atravs de outros colegas tambm professores de msica,
partilhavam os materiais por meio de cpias. Como Mara Rbia era aluna do curso tcnico,
tirava cpias dos materiais disponveis na biblioteca da EMUFRN. As vivncias em sala de
aula e a prpria experincia no ministrio de msica eram fortes aliadas nos primeiros passos
na sala de aula.
Graas nossa dedicao e ao nosso esforo, apesar de no ter uma
licenciatura, como a gente sempre estava na Escola de Msica da UFRN, a
gente copiava, buscava o padro da Escola de Msica e tentava adaptar esse
padro de plano de curso nossa realidade com a ajuda tambm dos nossos
professores. Eu me lembro que o meu, eu pedi a ajuda do meu professor de
violo que na poca era Zilmar, e depois com Professor Eugnio. Eu pedi o
plano de Eugnio e a trouxe pra nossa realidade e fazia os planos. Da
tambm orientava os outros professores a fazerem a mesma coisa. Os
materiais que a gente usava tambm era da escola de msica (SANTOS,
2015).
28
O pblico-alvo desta poca eram pessoas que atuavam em ministrios de msica e
equipes de liturgia que serviam nas igrejas catlicas de Natal. O objetivo dos alunos, na
maioria das vezes, era o mesmo: aprender a tocar e a cantar para atuar na igreja catlica, seja
nas missas, grupos de orao da RCC ou eventos catlicos. Em alguns casos, os alunos
buscavam a escola para aprender msica como lazer, pois os mesmos no objetivavam seguir
uma carreira profissional. Outros se interessavam em aprender porque possuam o
instrumento e queriam aprender a toc-lo.
Alm das aulas, a escola passa a promover alguns eventos como uma forma de
capacitar tecnicamente os ministrios de msica. Os eventos tambm tornavam os trabalhos
da EMUSC visveis para a comunidade (que tambm buscava um lugar para aprender
msica).
Podemos ver o trabalho dos professores atravs das imagens a seguir, em que foi
realizado um recital de encerramento do ano letivo com os alunos de violo. Foi o primeiro
evento que a escola promoveu para mostrar o trabalho realizado em sala de aula com seus
alunos.
Figura 7: Alunos de violo no primeiro recital de encerramento do ano
letivo da EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
Conforme os outros cursos foram se estruturando, outros eventos foram sendo
realizados. Todos os eventos visavam favorecer um bom preparo musical dos alunos. Logo a
29
seguir, podem ser vistas as imagens referentes a uma oficina de tcnica vocal promovida para
ministrios de msica.
Figura 8: Professores da EMUSC ministrando a I Oficina de Tcnica
Vocal para ministrios de msica.
Fonte: arquivo da EMUSC.
As aulas ministradas na EMUSC resultaram em muitos membros de ministrio de
msica com um nvel tcnico satisfatrio para servir nas igrejas. Os padres indicavam o
trabalho realizado na escola em suas parquias, incentivando a importncia dos ministrios de
msica buscarem aperfeioamento para melhor servirem nos atos litrgicos da igreja.2
3.3 Expanso da Escola de Msica Santa Ceclia (2000 2006)
Satisfeitos com o trabalho realizado nas aulas de msica, ministradas pelos
membros da Comunidade, os prprios alunos passaram a indicar a EMUSC para outras
pessoas interessadas nos cursos oferecidos pela escola. Devido grande demanda, em junho
de 2000, a EMUSC transferiu suas atividades para uma nova sede ainda no centro da Cidade
(Rua Apodi, 229, Cidade Alta). A diretora da escola neste perodo ainda era Mara Rbia,
membro da CCVCS. A direo da escola sempre escolhida pela coordenao da
comunidade, uma vez que vinculada a essa.
2 Parquia: sf 1Territrio sobre o qual se estende uma jurisdio espiritual de um proco. 2 Igreja matriz. A
parquia a menor unidade de uma diocese (que tem a catedral, que vem de ctedra, a cadeira do bispo, o seu
centro), e da qual responsvel um padre, ou vigrio chamado proco.
30
Atualmente, a EMUSC permanece locada neste endereo. O bairro bastante
movimentado por ter uma carter hbrido, muitos prdios comerciais, lojas variadas e
residncias. O espao onde a escola desenvolve seus trabalhos um prdio com primeiro
andar, que j serviu de residncia na dcada de 50, alm de lugar para sindicatos e curso de
idiomas.
Nesta sede, alm das aulas da EMUSC, tambm so realizados todas as atividades
de evangelizao da CCVCS. Por isso, a inscrio da placa: Casa de Formao Santa
Ceclia, seguida da logomarca da CCVCS.
Figura 9: Fachada da sede atual da EMUSC.
Fonte: arquivo pessoal da autora.
O prdio apresenta caractersticas da antiga residncia, como, por exemplo,
armrios embutidos nas paredes em duas das salas de aula e em um dos seus banheiros.
3.3.1 Cursos oferecidos
Inicialmente, a EMUSC foi pensada para ser um centro de formao para o
msico catlico. Contudo, devido ao crescimento do seu trabalho realizado junto aos
ministrios de msica de Natal, o seu pblico foi se diversificando e, consequentemente,
exigindo a ampliao das modalidades dos cursos para atender os alunos com seus diversos
objetivos.
Nesta nova sede, a escola passa a ampliar a oferta de seus cursos, oferecendo
tambm: guitarra, baixo eltrico e bateria. Posteriormente, a escola abriu o curso de harmonia
31
funcional, destinado aos alunos que estavam no mdulo IV dos instrumentos e tambm a
todos aqueles que procuravam a escola apenas para este curso. Para este ltimo curso citado,
os alunos precisavam de alguns requisitos em termos de conhecimento terico musical para
frequentar as aulas. O crescimento da escola demandou tambm o acolhimento de novos
professores para assumir os cursos. Estes professores tinham a formao musical semelhante
dos primeiros que comearam o trabalho realizado na escola.
Alm das aulas dos instrumentos e da tcnica vocal, a escola oferecia aos alunos
mais dois cursos complementares: histria da msica e teoria musical. As turmas eram
coletivas com limite mximo de quinze pessoas com dias e horrios definidos pelos
professores previamente. Estes cursos tinham durao de um ano e as aulas aconteciam
semanalmente com durao de uma hora.
3.3.2 As aulas
As aulas ministradas nos cursos eram aulas prticas, em que os professores tinham
total liberdade para planej-las a fim de que o aluno aprendesse o bsico do instrumento. A
metodologia de cada professor era baseada nas prprias experincias de aprendizagem
musical, ensinando aos alunos conforme aprenderam. Os professores enfatizavam a prtica do
instrumento nas aulas. Alm de exerccios tcnicos, histria do instrumento, repertrios e
assuntos sobre teoria musical, eles partilhavam com seus alunos suas experincias musicais.
Em algumas aulas, alm da aquisio do conhecimento acerca do instrumento, o
aluno, ao chegar na escola com algum problema, necessitava ser ouvido e/ou at mesmo
aconselhado pelo professor. Esses momentos aconteciam com frequncia e demonstravam que
o aluno no sentia apenas segurana no professor no que diz respeito aos contedos musicais,
mas sabia que nele poderia encontrar um apoio. Dessa forma, as aulas aconteciam tambm em
formato de conversa.
3.3.3 Os professores
Em seu perodo de expanso, os novos professores da escola eram admitidos a
partir da indicao dos demais professores da EMUSC. A direo da escola conversava
particularmente com o professor interessado em lecionar, apresentando como era
32
desenvolvido o trabalho. Alguns professores tinham o Curso Tcnico pela UFRN no
instrumento e outros haviam estudado no IMWA.
As aulas eram ministradas conforme os planos de curso, que eram revisados
periodicamente pelos professores. Para a construo destes planos, eles buscavam assuntos
que atendessem um curso bsico no instrumento e a base eram os planos de curso dos
professores da EMUFRN e do IMWA. Logo, os planos sempre eram flexveis realidade dos
alunos da escola, devido aos objetivos de cada um deles.
Nessa fase da escola, os professores foram percebendo a necessidade de aprimorar
seus conhecimentos. Por isso, a professora de tcnica vocal ingressou no curso tcnico de
canto e o professor de teclado no curso tcnico de piano erudito, ambos na EMUFRN. No
mesmo perodo, o professor de guitarra e violo iniciou a sua licenciatura, no curso de msica
da UFRN.
3.3.4 Os alunos
Os alunos que procuravam a escola nessa fase no eram apenas membros de
ministrio de msica. A escola passa a acolher um pblico novo, com muitos outros
objetivos, novos anseios nas aula de msica. Crianas, jovens, adultos e idosos procuravam as
aulas de msica e esperavam da escola alcanar os objetivos que os levavam at l.
A escola tambm viveu a experincia de monitoria com os alunos que estavam no
mdulo IV do instrumento. Estes auxiliavam em sala de aula ao professor do seu curso com
os alunos de mdulo I e II. Este servio de monitoria no era remunerado e tinha o objetivo de
o aluno contribuir com o professor em sala de aula. O professor fazia o convite ao aluno e se
ele aceitasse, era escolhido a(s) turma(s) em que ele iria atuar.
Os alunos monitores eram colaboradores com seus conhecimentos musicais adquiridos
no prprio curso com os alunos iniciantes do instrumento. Alguns destes monitores
ingressaram no curso tcnico do instrumento na EMUFRN e, atualmente, um deles, alm do
curso tcnico e bacharelado no instrumento, graduando da licenciatura em msica na UFRN
e tem a sua prpria escola de msica.
3.3.5 Eventos
Em seu perodo de expanso, a EMUSC continuava a promover alguns eventos, dentre
eles: semana da msica com os professores e a participao de msicos convidados,
formaes religiosas para ministrios de msica, saraus, workshops com os cursos que a
33
prpria escola oferecia, e recitais de alunos e professores. Esses momentos na escola tambm
tinham o objetivo de contribuir com a formao musical dos alunos e dinamizavam o trabalho
da escola com a participao dos professores e dos alunos, e consequentemente, atraa mais
interessados para estudar na EMUSC. Todos esses eventos que a escola promovia faziam
parte de uma calendrio anual de atividades. As datas eram escolhidas em reunies com a
direo da escola juntamente com os professores. Eram eventos abertos para que todos
pudessem participar, independentes se eram alunos da escola ou no. Os participantes
pagavam uma taxa para inscrio nos eventos, que aconteciam todos nas dependncias da
escola. Apenas o recital de encerramento de ano letivo era gratuito para o pblico.
A Semana da Msica na EMUSC era um evento que acontecia anualmente, com a
participao de msicos convidados e com os prprios professores da escola. Na
programao, aconteciam palestras sobre histria da msica, apresentao de coral, oficina de
teoria musical, oficina de tcnica vocal e dos instrumentos que a escola oferecia e
apresentao musical dos professores. A imagem a seguir, pode-se ver o professor Eugnio
Lima (UFRN) ministrando uma oficina para os alunos de violo.
Figura 10 - Semana da Msica com a
participao do professor Eugnio Lima.
Fonte: arquivo da EMUSC.
O sarau EMUSC acontecia sempre uma vez a cada semestre e fazia parte do
calendrio anual de atividades da escola e era organizado pelos professores, conforme relatei
34
anteriormente. No sarau os professores formavam prticas de conjunto e escolhiam o
repertrio de acordo com o nvel tcnico de cada aluno. Nesta ocasio os alunos tinham a
oportunidade de expor seus conhecimentos tcnicos extra sala de aula alm de tocar com
outros instrumentos. Na imagem abaixo, pode-se ver alunos fazendo uma apresentao em um
sarau da escola.
Figura 11 - Alunos da prtica de conjunto no Sarau EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
Os workshops so tambm uma oportunidade de conhecimentos musicais assim como
para divulgar o nome da escola e favorecer o ingresso de mais alunos nos seus cursos. Nos
workshops so abordados assuntos concernentes ao instrumento: histria, tcnicas, exerccios
e repertrios. A seguir, a imagem ilustra o primeiro workshop de bateria ministrado na poca
pelo professor Andr Arajo.
35
Figura 12: Workshop de bateria da EMUSC com o professor Andr
Arajo.
Fonte: arquivo da EMUSC.
4 CAPTULO III A ESCOLA DE MSICA SANTA CECLIA HOJE (2007-2015)
Aps a antiga diretora deixar a direo da EMUSC, a CCVCS precisava escolher uma
nova direo. Devido a minha histria com a msica e tambm ser um membro da
comunidade, fui designada para dirigir a escola.
A partir do ano de 2007, eu passei a assumir a direo da escola. No comeo me sentia
bastante insegura, seguia muito minha intuio e aprendia com as situaes adversas.
Observava o jeito que a escola era conduzida pela antiga gesto e procurava manter aquilo
que considerava bom para a escola. Eu no tinha uma formao especfica para dar aula.
Como diretora da escola, procurava dicas de gesto na em sites da internet e em revistas, para
que assim eu tivesse melhor conduo do meu trabalho na EMUSC.
Foi quando em 2011.1 ingressei no Curso de Licenciatura em Msica na UFRN com a
inteno de buscar meios que me deixasse segura no apenas em conduzir a escola, mas de
inserir novos elementos para o enriquecimento das aulas. Com o ingresso na Licenciatura,
tambm observei que a escola ganhou um respaldo, pois hoje quando os alunos se matriculam
na escola e sabem que a formao dos professores vem de uma licenciatura ou de um curso
tcnico no instrumento, sabem que vo encontrar pessoas capacitadas.
36
Neste perodo, alm de melhorar na metodologia das aulas, houve avanos em alguns
espaos na estrutura fsica da escola, como aquisio de novos instrumentos e a revitalizao
de algumas salas de aula e do prdio da escola.
4.1 Cursos oferecidos e a metodologia
Os cursos oferecidos na EMUSC so de nvel bsico, divididos em mdulos (I, II, III,
IV) com contedos especficos em cada um deles, com o objetivo de fazer com que o aluno se
desenvolva gradativamente no instrumento que pretende estudar. Os planos de curso foram
criados pelos prprios professores da escola, cada um na modalidade do seu instrumento,
procurando colocar em cada mdulo contedos que atendessem a formao de um nvel
bsico. Estes planos foram ganhando algumas atualizaes ao longo dos anos, acrescentando
ou retirando contedos, para atender a necessidade do aluno. Segundo Libneo,
o plano um guia de orientao, pois nele so estabelecidas as diretrizes e os
meios de realizao do trabalho docente. Como a sua funo orientar a
prtica, partindo das exigncias da prpria prtica, ele no pode ser um
documento rgido e absoluto, pois uma das caractersticas do processo de
ensino que est sempre em movimento, est sempre sofrendo modificaes
face s condies reais (LIBNEO, 1990 p. 223).
A durao estimada para a concluso do curso bsico na EMUSC de dois anos, uma
vez que os planos de cada curso foram elaborados para que o aluno pudesse concluir neste
perodo. Entretanto, compreende-se que cada aluno tem o seu limite, seu tempo de
aprendizagem e em alguns casos, no possui o instrumento logo que inicia as aulas. O tempo
de concluso do curso pode variar de acordo com a realidade do aluno. Quanto aos cursos
com mais de um aluno a escola, no ato da matrcula, procura cuidadosamente no inscrever
alunos de nveis diferentes numa mesma turma.
Desde seus primeiros passos, observo que a EMUSC sempre se preocupou em
oferecer um ensino de qualidade. A primeira diretora da escola relatou em entrevista que foi
na sala de aula que ns fomos criando nosso prprio jeito de ensinar (SANTOS, 2015).
Quanto a metodologia de ensino,
Mtodo de ensino pode ser entendido como a maneira pela qual um
professor organiza suas atividades didticas. Nestas atividades esto
includas as aes realizadas pelo professor e pelos alunos, alm do material
didtico empregado para se atingir os objetivos propostos. Gainza (1988, p.
105) explica que mtodo um conjunto de ideias, exemplos e sequncias
pedaggicas segundo o enfoque particular de um determinado
especialista(CHIARELLI e SIEBERT 2009 p. 6, apud GAINZA, 1977).
37
Ao longo dos anos, observo que a metodologia das aulas na EMUSC sofre por
transformaes e fatores contribuem para isso. Cada professor tem sua metodologia, seu jeito
de ensinar que pode ser baseado no modo que aprendeu.
De acordo com o progresso na formao acadmica dos professores da escola, foi-se
ampliando os mtodos de ensino. Tendo a maioria dos professores atuais com a formao
adquirida na licenciatura, posso dizer que melhorou a metodologia nas aulas. Em entrevistas
concedidas a mim, os professores falaram da importncia e da contribuio que o curso de
licenciatura os proporcionou: Quando eu comecei aqui no curso aqui na escola, eu tava no
incio do curso de licenciatura l na EMUFRN. Ento medida que eu fui aprendendo, eu fui
adaptando s aulas aqui (OLIVEIRA, 2015).
Uso o mtodo Willems, nos momentos em que nas aulas preciso falar sobre
a notao musical, escala musical, das propriedades do som. E agora
ultimamente, estou explorando muito a rtmica, porque eu percebi que eu
passava muita escala, muita nota, mas ai chegou a hora mais crtica, que a
hora da criao. Ento o ritmo est presente, da ento Dalcroze est me
auxiliando nisso a, a trabalhar bem muito a rtmica. Tem tambm os alunos
que no sabem ler ainda, ento uso o mtodo Suzuki, a transmisso que ele
chama, de transmisso oral (OLIVEIRA, 2015)
Nas aulas de violo ou de guitarra eu procuro ser o mais claro possvel, pra
que o aluno entenda bem o que estou passando pra ele, explico bem, se for
preciso eu explico de novo, porque quero que ele entenda bem o que est
executando, para no ter dvidas, nem toque de maneira errada (SILVA,
2015).
Em algumas situaes, os alunos tem necessidade apenas de conversar, de ser ouvido.
Nessas horas o contedo da aula outro: conversar com o aluno. Nesses momentos, o
professor se torna um confidente, um amigo que possivelmente aquele aluno esteja
procurando. Com isso, estreita-se os laos e a relao professor-aluno fica mais estreita.
A seguir, apresentarei os cursos que atualmente a EMUSC oferece bem como as aulas
so geralmente ministradas e apresentao dos seus ambientes e materiais usados nas aulas.
4.1.1 Curso de tcnica vocal
As aulas so coletivas (no mximo seis alunos por turma) e divididas por nveis. Em
entrevista realizada com o professor, ele me disse que nas aulas eu instigo a participao
deles, porque entendo que quando colocamos nossas opinies em cheque para serem
reforadas ou criticadas apreendemos mais sobre o que est sendo discutido (CABRAL
JNIOR, 2015).
38
Os momentos das aulas so variados de acordo com as turmas e suas necessidades.
Geralmente as aulas comeam com exerccios de relaxamento corporal, vocalizes e reviso da
aula anterior. Cada aula tem um tema sobre o uso da voz para ser tratado com os alunos. Em
sua metodologia, o professor utiliza debates e atividades em grupo para discutir os assuntos
abordados no curso. Em outros momentos, so apresentados vdeo aulas atravs do datashow.
A sala composta por um bir, cadeiras, um teclado, quadro branco, espelho,
ventiladores de teto e estantes de partitura.
Figura 13: Sala do curso de Tcnica Vocal da EMUSC. Fonte: arquivo da autora.
4.1.2 Curso de teclado
No curso de teclado so trs alunos por turma, todos no mesmo nvel, ou aulas
individuais. Nas aulas os alunos adquirem os conhecimentos sobre o instrumento para tocar
sozinho ou em conjunto, tcnicas de dedilhado, uso dos recursos do teclado, formao de
acordes, noes de harmonia e repertrio.
Este curso ministrado por mim e procuro inserir nas aulas momentos de alongamento
corporal, exerccios de percepo musical e com os conhecimentos adquiridos na licenciatura,
quando observo alguma dificuldade rtmica, utilizo o mtodo O Passo (Lucas Ciavatta,
1996). Para propriedades de som e leitura de partitura, utilizo os grficos de Willems
trabalhados na disciplina de linguagem e estruturao musical. O resultado desses momentos
a interao dos alunos que aprendem com facilidade, alm de achar divertido aprender. Nas
aulas costumo revisar os contedos da aula anterior, aplicar exerccios tcnicos e repertrio.
Nesta sala possui bir, quadro branco, trs teclados (sendo um piano digital), cadeiras,
ventilador de teto, estantes de partitura e estante para guardar materiais como livros e mtodos
de teclado. A sala ainda possui armrios embutidos, porm no utilizados pela escola.
39
Figura 14: Sala do curso de Teclado da EMUSC.
Fonte: Arquivo da autora.
4.1.3 Curso de violo
As aulas de violo so coletivas (dois alunos por turma no mesmo nvel) ou
individuais. Os alunos de violo aprendem neste curso tcnica de mo direita, postura dos
dedos, dedilhados, acordes e iniciao tablatura e partitura e ritmos.
Nas aulas de violo os alunos tem um momento de aquecimento com exerccios de
alongamento. Em geral, a maioria dos momentos das aulas so prticas, conduzidas de forma
que o professor observa se houve um progresso no que foi proposto nas aulas anteriores
verificando os exerccios e msicas.
Nesta sala contm bir, quadro branco, uma caixa de som, cadeiras e estantes de
partitura. Os violes e suporte para os ps so guardados na sala dos professores.
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Figura 15: Sala do curso de violo da EMUSC.
Fonte: arquivo da autora.
4.1.4 Curso de baixo eltrico
Neste curso, as aulas so coletivas (dois alunos por turma, no mesmo nvel) ou
individuais. As aulas de baixo eltrico so geralmente divididas em dois momentos: o
primeiro momento mais terico, utilizando os mtodos de baixo eltrico adotados pela
professora. O segundo, dedicado a parte prtica do instrumento, fazendo com que o aluno
consiga executar no instrumento o que ele aprendeu no primeiro momento da aula. Tambm
so aplicados conhecimentos tericos, como escalas, arpejos e leitura na partitura.
Na sala de baixo eltrico podemos encontrar uma caixa amplificada especfica para
baixo eltrico, dois baixos eltricos, suporte para o instrumento, estantes de partitura, quadro
branco e ventilador de teto.
41
Figura 16: Sala do curso de baixo eltrico da EMUSC.
Fonte: arquivo da autora.
4.1.5 Curso de teoria musical
Para que os alunos conheam a linguagem musical, a EMUSC oferece o curso de
teoria musical sem nenhum custo adicional na mensalidade. O curso opcional e ministrado
pela professora de teclado da escola, sendo trs turmas uma em cada turno (manh, tarde e
noite) para que os alunos interessados possam frequentar as aulas. As turmas so coletivas e
atende no mximo quinze alunos.
O contedo proposto neste curso so: elementos que constituem a msica,
propriedades do som, notao musical, leitura rtmica e meldica, percepo musical dentre
outros assuntos de teoria musical. A metodologia das aulas seguem o modelos das aulas de
linguagem e estruturao musical e percepo musical. O curso tem durao de sete meses.
Nesta sala funciona mais de uma atividade na EMUSC: o curso de teoria musical e
acordeon. Esta a maior em seu espao fsico em relao s demais salas de aula da escola,
portanto nela guardado todo o material de som (caixas, cabos, microfones e mesa de som).
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Figura 17 Sala do curso de Acordeon e Teoria Musical da EMUSC.
Fonte: arquivo da autora.
4.1.6 Curso de acordeon
Este o mais novo curso da escola implantado neste ano e com uma procura
considervel. Nas aulas, aps a acolhida, o professor relembra os exerccios passados nas
ltimas aulas. Em seguida, aplicado assuntos tcnicos ou tericos para a prtica do
instrumento. Sempre que possvel, o professor passa para um aluno alguma cano que tenha
haver com o tema da aula, como forma de incentivar o aluno a estudar e de como pode ser
utilizado determinada tcnica ou teoria.
Como contedo nas aulas de acordeon, os alunos ainda aprendem a princpio as partes
do instrumento e como manusear, alm da postura de mo, digitao correta, acordes nos
baixos, campo harmnico e escalas, exerccios tcnicos e repertrio. As turmas so compostas
por dois alunos que estejam no mesmo nvel. As aulas do curso de acordeon acontecem na
mesma sala do curso de teoria musical.
4.1.7 Curso de bateria
Normalmente, as aulas comeam com a reviso da aula anterior, se for necessrio tirar
dvidas. Depois, a aula segue com novos exerccios ou assuntos planejados para a aula, com
um momento debater o assunto da aula. Por fim, revisado todo o contedo da aula. Para um
bom desenvolvimento tcnico do aluno e rendimento nas aulas deste instrumento, o curso de
bateria oferece uma vaga por horrio.
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No curso, os alunos de bateria aprendem exerccios de alongamento (para pulsos e
pernas) que se faz quando vai tocar, tipos de baqueta, leituras rtmicas, anatomia do
instrumento (nome das peas da bateria) e ritmos.
Esta a nica sala com isolamento acstico e tem duas baterias (uma para o professor
e outra para o aluno), quadro branco, caixa amplificada para o uso de play alongs, estantes de
partitura e um mvel para colocar material para as aulas (mtodos, apagador, baquetas, etc).
Figura 18: Sala de do curso de bateria da EMUSC.
Fonte: arquivo da autora.
4.1.8 Curso de guitarra
As aulas de guitarra so coletivas (dois alunos por turma, no mesmo nvel) ou
individuais. Normalmente neste curso o professor relembra com o aluno o contedo da ltima
aula ou alguma atividade que foi passada para executar em casa. Depois deste momento, o
professor segue para o contedo proposto para aquela aula, explicando para o aluno seguido
de exemplos no prprio instrumento.
Em seguida, o professor disponibiliza ao aluno um espao para tirar dvidas e fazer
suas consideraes. E sempre que oportuno, o aluno leva para casa algum exerccio ou
alguma cano que tenha a ver com o que est sendo estudado. Conforme o planejamento das
aulas, os professores trazem vdeos de guitarristas famosos ou udios de msicas que sejam
utilizadas determinadas tcnicas.
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A sala composta por um bir, cadeiras, estantes de partitura, duas guitarras, suporte
para o instrumento, cabos de instrumento e uma caixa amplificada especfica para a guitarra.
A sala apresenta alguns armrios embutidos e neles guarda-se materiais de uso da escola.
Figura 19: Sala de guitarra da EMUSC.
Fonte: arquivo da autora.
4.2 Os Professores
Conforme descrevi anteriormente, a formao musical dos trs primeiros professores
da EMUSC era: dois de formao bsica e apenas um com formao de curso tcnico no
instrumento. A metodologia de ensino e o modo de avaliar os alunos passaram por mudanas
gradativas, pois, de acordo com a substituio dos professores e tambm a busca pela
formao acadmica, a metodologia e avaliao esto em constante desenvolvimento.
A EMUSC conta hoje com um quadro de nove professores, sendo um j licenciado em
msica pela EMUFRN e com ps-graduao em educao musical na educao bsica, cinco
licenciandos (sendo trs concluindo a graduao e cursando o tcnico em instrumento na
EMUFRN) e um com formao em percusso erudita no mesmo curso tcnico acima citado.
Os outros dois professores esto em formao acadmica superior em cursos que no esto
relacionados com a msica (bacharelado em engenharia civil e bacharelado em publicidade e
propaganda). No entanto, estes dois ltimos professores tem formao musical bsica pelo
IMWA e EMUFRN . A tabela abaixo mostra o quadro de formao musical dos professores
da EMUSC.
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Tabela 1 quadro de professores atuais da EMUSC:
PROFESSORES CURSO (S) FORMAO MUSICAL
Fbio Ferreira Bateria Tcnico em percusso pela
EMUFRN
Moises Cardoso Guitarra e
Violo
Licenciando em Msica e
Tcnico em Violo Erudito e
cursando o Tcnico de
Guitarra Eltrica na
EMUFRN
Renato Ortiz Bateria e Violo Licenciando em Msica pela
EMUFRN
Reynaldo Jnior Acordeon Licenciando em Msica pela
EMUFRN
Rossano Jnior Tcnica Vocal Curso canto no IMWA.
Samara Kelly Teclado Licencianda em Msica e
cursando o Tcnico em
Piano Erudito pela
EMUFRN
Simara Sidia Baixo eltrico Licencianda em Msica e
Tcnico em Baixo Eltrico
pela EMUFRN
Thiago Cad Guitarra e
violo
Licenciatura em Msica na
EMUFRN com Ps-
graduao em Educao
Musical na Educao Bsica
pela UFRN
Thiago
Henrique
Guitarra e
violo
Curso de guitarra no IMWA.
Fonte: dados da pesquisadora.
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O corpo docente acima tem vivncia como msicos em bandas, gravaes em estdio
como msicos profissionais contratados e backing vocal. Trs desses professores tambm
lecionam msica em escolas regulares nos dias em que no esto dando aula na EMUSC.
Pelo fato de trs dos professores no terem cursado uma licenciatura em msica,
buscamos estimular conversas informais e reunies mensais entre eles e os demais
professores, para que eles possam transmitir os conhecimentos adquiridos no curso de
licenciatura, a fim de multiplicar o que foi aprendido e, consequentemente, desenvolver a
qualidade das suas aulas. Alm do mais os professores partilham entre si materiais didticos,
textos, canes, dinmicas que podero enriquecer os momentos das aulas na EMUSC. O
tcnico na EMUFRN me ajudou na parte musical, na questo do relaxamento dos msculos,
de no tocar tenso, na parte dos exerccios tcnicos e repertrio (GOMES, 2015).
Entendo a importncia da formao dos professores, pois a busca pela informao se
entrelaa com a experincia. As duas necessitam caminhar juntas para que assim no haja um
desequilbrio ou at mesmo a supervalorizao de uma deixando de lado a outra. Para
Loureiro 2010, Ao educador musical no permitido permanecer imvel e inerte diante de
inmeras possibilidades de acesso ao conhecimento (LOUREIRO, 2010, p. 196).
4.3 Os alunos
O processo de admisso dos alunos na EMUSC passa pela matrcula e escolha de um
horrio na semana para que ele frequente as aulas. Os professores disponibilizam os horrios
de aula que ficam disponveis na recepo da escola. Os alunos interessados pagam uma taxa
de matrcula e o valor da mensalidade que proposta pela escola para todos os cursos
oferecidos. As aulas so semanais com durao de uma hora. Na EMUSC, enquanto todas as
vagas dos cursos no forem preenchidas, a escola acolhe novos alunos.
Como foi descrito no incio deste Captulo, o objetivo inicial da EMUSC era ser um
centro de formao musical para msicos catlicos, oferecendo cursos bsicos de violo,
tcnica vocal, teclado e teoria musical para assim ajudar os ministrios de msica que
atuavam na Igreja. Devido a divulgao do trabalho realizado na escola, o pblico foi se
diversificando e tambm os objetivos dos alunos. Ao longo desse tempo, pode-se exemplificar
alguns motivos mais evidentes entre os alunos que procuram a EMUSC:
Ajudar no ministrio de msica da Igreja;
Aprender a cantar ou tocar as msicas favoritas;
Realizar um sonho de aprender a cantar ou executar um instrumento preferido;
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Passar o tempo, ocupar a mente
Poder tocar em uma banda com amigos;
Preparar-se para um curso de nvel tcnico em instrumento ou canto ou para
um curso superior de msica (licenciatura e bacharelado).
Dentre os tpicos acima, por se tratar de uma escola de msica catlica e em seu
histrico atuar com ministrios de msica, a EMUSC recebe muitos alunos que so membros
de ministrios de msica com o objetivo de aprender a cantar e/ou a tocar para servir nas
igrejas. Em uma entrevista feita aos alunos dos cursos de baixo eltrico e violo, eles falam
que no desejam apenas aprender o instrumento, mas tem vontade de ser professor. Segundo
um dos alunos, o mesmo relata que: meu objetivo um dia ser professor, igual a minha
professora (ARAJO, 2015).
Outro aluno compartilha com a ideia quando diz que: eu procurei a escola porque
quero aprender mais sobre meu instrumento. Sou publicitrio, mas quero muito me preparar
para ingressar no curso de licenciatura em msica pela UFRN (OLIVEIRA, 2015).
Neste ltimo tpico, alguns alunos que entraram na EMUSC com este objetivo, j
concluram e em outros casos, hoje so alunos do Curso de Licenciatura em Msica na
UFRN, Bacharelado em instrumento e no Curso Tcnico da EMUFRN.
Quanto a classificao etria dos alunos, sua grande maioria so jovens, adultos e
idosos. Recentemente, existe uma procura maior para aula de instrumento para crianas, e esta
vem sendo mais uma novidade: dar aula para o pblico infantil, o professor adaptar a
linguagem para poder transmitir o contedo para que elas compreendam acerca do
instrumento.
4.4 A avaliao
A avaliao considerada uma etapa importante em um processo de formao. Nela,
pode-se ver o desempenho e o resultado final de uma caminhada. Se tratando de avaliar
pessoas em aprendizagem, o ser humano desde o incio de sua vida escolar percorre as
estradas do conhecimento e finda desembocando em avaliaes, para que assim, receba o
resultado de aprovao ou at mesmo uma reprovao. Conforme Tourinho e Oliveira 2003,
p. 13 apud Leonhard e House p.390-391, Avaliao o processo de determinar at onde os
objetivos de uma tarefa educacional foram atingidos.
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Considerando a avaliao em msica, este assunto traz consigo algumas interrogaes
e at mesmo os professores de msica no trazem uma definio em comum na hora de
avaliar seus alunos. Para Tourinho e Oliveira (2003 p. 16, O professor de instrumento
necessita de um vocabulrio para avaliar, seja em comentrios verbais ou preenchendo
relatrios e boletins (TOURINHO e OLIVEIRA 2003, p.16).
Essas avaliaes servem para saber se o aluno de fato conseguiu absorver os
contedos do mdulo que ele est estudando. A avaliao passa pela prtica no instrumento,
porm sem esquecer de avaliar os conhecimentos tericos em msica. Para determinadas
situaes, o professor elabora a avaliao de acordo com a realidade de cada aluno
contemplando a variedade de objetivos que os trouxeram at a escola.
Na EMUSC, cada professor tem a sua maneira particular de como avaliar os seus
alunos. Nas entrevistas realizadas com eles, foi perguntado o modo de avaliao utilizado nos
cursos que eles ministravam. De acordo com um deles, o modo que eu avalio geralmente eu
fao o modo de avaliao por aula, e eu vou vendo a cada dia, a cada aula o crescimento
(SILVA, 2015). Outro professor disse que: eu avalio meus alunos no final de cada semestre.
Mas s vezes eu vou avaliando de ms em ms (FERREIRA, 2015).
A avaliao feita em sala de aula, mas estou revendo, at porque a escola
pretende implantar um perodo avaliativo, ento eu vou ter que elaborar uma
prova. Avalio tambm a cada aula e quando esto se apresentando no recital
da escola. Eu estou elaborando um projeto avaliativo para os alunos
(OLIVEIRA, 2015).
Observo com as respostas dadas pelos professores que a avaliao contnua a mais
aplicada. Contudo, na fala de um deles, percebe-se a necessidade de ter um perodo avaliativo
e fazer avaliao escrita, que tambm so outras maneiras de ajudar na hora de avaliar. Os
eventos da escola tambm so momentos onde os professores avaliam o aluno que est
tocando ou cantando.
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4.5 Eventos
Os eventos desenvolvidos pela EMUSC, assim como todos os seus trabalhos, visa
contribuir para a formao musical dos seus alunos e consequentemente, tambm ser uma
forma de divulgar o trabalho da escola. Para a realizao destes eventos, a escola prepara um
calendrio anual com todas as suas atividades para que se tenha uma melhor organizao. A
participao dos professores muito importante pois nestes eventos, cada um recebe funes
a desempenhar para o melhor andamento e, por acrscimo, motiva em cada um a importncia
de sua colaborao extra sala de aula.
Os eventos promovidos pela escola no so restringidos apenas aos seus alunos, como
por exemplo, workshops, oficinas de tcnica vocal e recital de encerramento de ano letivo.
Na imagem a seguir, mostra o Professor Joca Costa ministrando um Workshop de guitarra
para os alunos da escola. O evento foi aberto tambm para aqueles que no eram alunos da
EMUSC.
Figura 20: Workshop de guitarra com participao do professor
Joca Costa ( esquerda).
Fonte: arquivo da EMUSC.
Nos workshops que a escola promove, geralmente so abordados assuntos como
harmonizao e estudo de escalas, como estudar determinada tcnica no instrumento, a
experincia musical (de quem est ministrando) e repertrio.
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Figura 21 - Oficina de tcnica vocal promovida pela EMUSC.
Fonte: arquivo da EMUSC.
A escola estimula os alunos do curso de tcnica vocal para participar destes eventos
pois alm das aulas, esta uma outra maneira de enriquecer seus conhecimentos musicais. A
escola divulga seus eventos atravs de cartazes e redes sociais e cobra uma taxa de inscrio
para cada participante. Nas oficinas de tcnica vocal, o pblico mais assduo so pessoas
ligadas s igrejas e que precisam dos conhecimentos sobre o uso e os cuidados com a voz.
Considerado o evento que encerra as atividades do ano letivo da escola, o recital
EMUSC um momento em que os alunos participam tocando e cantando utilizando os
conhecimentos adquiridos ao longo do ano de estudo. O recital tem o objetivo da escola
mostrar seu trabalho realizado com seus alunos em sala de aula com os professores e esse
evento sempre aberto ao pblico. Os familiares, os amigos dos alunos e aqueles que
apreciam o evento da escola compe a plateia.
O recital da escola tambm uma oportunidade para os alunos que no tem onde tocar
e com isso tem dificuldade de interagir musicalmente com outros instrumentos. Afim de dar
esse suporte ao aluno, cada professor coordena os ensaios das prticas de conjunto e produz
arranjos para o repertrio. Os alunos que fazem parte das prticas de conjunto so indicados
pelos professores que identificam se o aluno est apto tecnicamente para experimentar tocar
em conjunto. As prticas so divididas por nveis e o repertrio escolhido pelos professores
de acordo com a realidade tcnica dos alunos.
Como a EMUSC uma escola de cunho religioso ligada a uma instituio catlica
(Comunidade Catlica Veni Creator Spiritus), o primeiro momento de seus eventos,
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caracterizado por um breve momento de orao, acolhida daqueles que esto participando e
apresentao da escola e dos seus professores.
Figura 22: Professores da EMUSC no recital de encerramento de ano letivo.
Fonte: Arquivo da EMUSC.
Estes eventos alm de promover o nome e o trabalho da escola, promove o aluno que
participa. A msica tem o poder de socializar e isso acontece quando os alunos esto tocando
juntos. Fazem novos amigos e firma o vnculo na escola.
O recital inclui boa parte dos alunos da escola, pois participar tocando ou cantando
no evento no uma obrigao para aqueles que no querem se apresentar. Portanto, ainda
que os eventos da escola no sejam um momento tpico das aulas, considero importante
apresent-los nesta pesquisa, pois eles acontecem e so frutos das aulas ministradas.
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5 CONCLUSO
Com base na realidade da Escola de Msica Santa Ceclia, a maioria dos alunos que
procuram uma escola especializada para aprender a tocar um instrumento ou para cantar, no
tem nenhum conhecimento prvio do instrumento ou da voz. A escola especializada favorece
esse fcil acesso e, consequentemente, um aprendizado objetivo diante das necessidades
imediatas dos alunos.
Existem muitos trabalhos onde os evanglicos mostram a ligao da msica com a
religio, da importncia da msica nos atos litrgicos nas igrejas e das escolas de msica
evanglicas que preparam os alunos para atuar na msica do culto, artigos sobre o que eles
fazem nas bandas, orquestras e msica gospel j foram temas de reportagens e trabalhos
acadmicos. Porm vi poucos trabalhos relacionados msica na Igreja Catlica. A EMUSC
foi pensada inicialmente em apenas atender os ministrios de msica catlicos, formando-os
musicalmente para atuar nos atos litrgicos da Igreja Catlica e grupos de orao da RCC.
Contudo, essa proposta foi ampliada fazendo com que a escola abrisse espao para aqueles
alunos que tinham outros objetivos com a msica.
At hoje, ela continua capacitando no apenas os ministrios de msica, mas tambm
todos aqueles que vo at escola para aprender a tocar e/ou a cantar para atuar em outras
igrejas, por indicao mdica para uma terapia, seguir carreira profissional ou ingressar no
ensino tcnico ou superior em msica. Considerei importante mostrar a trajetria da EMUSC,
sua evoluo e transformaes e demais atividades que a escola realizou ao longo do tempo,
pois tudo o que a escola promove pensando em oferecer uma melhor educao musical aos
alunos.
Acredito que os cursos tcnico e tambm o de licenciatura em msica, ajudaram aos
professores da EMUSC em suas aulas, pois os conhecimentos adquiridos so aplicados nos
momentos das aulas. A minha experincia como professora ficou mais enriquecida com o
meu ingresso no Curso de Licenciatura, pois influenciou no apenas na minha vivncia como
professora mas tambm como diretora da escola. Conforme eu descrevi no incio do captulo
III, muitas coisas eu ia seguindo a intuio. Hoje, me sinto mais segura em tratar de
determinados assuntos sobre a prtica musical. Este trabalho tambm despertou em mim um
desejo de pesquisar mais sobre o tema da escola especializada e poder contribuir com a
literatura que trata dessa temtica.
Aps esta pesquisa, tenho algumas perspectivas para melhorar o trabalho que
realizado na EMUSC para que colaborem para a formao musical:
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Criar um espao para aulas de musicalizao infantil;
Oferecer aulas de outras artes, como artes como pintura e dana;
Incluir outros instrumentos: como flauta doce, piano e outros instrumentos que
atendam procura dos alunos;
Oferecer um curso preparatrio para o ingresso no curso tcnico e superior em msica;
Juntamente com a CCVCS, pr em prtica um projeto social de aula de msica para
crianas e adolescentes carentes;
Incluir como experimento, um perodo de avaliao prtica e terica por semestre.
Observo que, mesmo acolhendo alunos com outros objetivos, a EMUSC no perdeu
a sua essncia inicial de formar tecnicamente os ministrios de msica da igreja. Por fim,
minha experincia dentro da EMUSC me possibilitou falar com mais propriedade sobre sua
histria e trajetria e como se d a prtica musical nessa escola especializada.
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REFERNCIAS
ARAJO, Daniel Pereira de. Entrev