73
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA THIAGO BARROS GALVÃO REGULAÇÃO COORDENADA DA MOBILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS E PROTEÍNAS POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E NITROGÊNIO DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL NATAL 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título

  • Upload
    lythuan

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

THIAGO BARROS GALVÃO

REGULAÇÃO COORDENADA DA MOBILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS E PROTEÍNAS POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E

NITROGÊNIO DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL

NATAL 2012

THIAGO BARROS GALVÃO

REGULAÇÃO COORDENADA DA MOBILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS E PROTEÍNAS POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E

NITROGÊNIO DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Orientador: Eduardo Luiz Voigt.

NATAL 2012

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências

Galvão, Thiago Barros. Regulação coordenada da mobilização de lipídios e proteínas por hormônios, fontes de carbono e nitrogênio durante o crescimento pós-germinativo em girassol / Thiago Barros Galvão. – Natal, RN, 2012. 72 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Luiz Voigt.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Departamento de Bioquímica.

1. Girassol (Helianthus annuus) – Dissertação. 2. Mobilização de reservas – Dissertação. 3.

Efeito cruzado – Dissertação. I. Voigt, Eduardo Luiz. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 663.542

THIAGO BARROS GALVÃO

REGULAÇÃO COORDENADA DA MOBILIZAÇÃO DE LIPÍDIOS E PROTEÍNAS POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E NITROGÊNIO DURANTE O

CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.

Aprovado em: / /

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Luiz Voigt

Departamento de Biologia Celular e Genética - UFRN Orientador

____________________________________________________ Profa. Dra Katia Castanho Scortecci

Departamento de Biologia Celular e Genética – UFRN 1º Examinador

____________________________________________________ Prof. Dr Joaquim Albenísio Gomes da Silveira

Departamento de Bioquímica - UFC 2º Examinador

Dedico este trabalho

À minha família.

AGRADECIMENTOS

Ao professor Eduardo Luiz Voigt pelas ideias, paciência e amizade durante minha graduação e mestrado.

Aos amigos do laboratório por todo o apoio e aprendizado.

Aos professores do DBQ por todos os conhecimentos transmitidos durante o curso.

Aos amigos do mestrado pela amizade e carinho.

À CAPES pela bolsa concedida.

Embora eu não acredite que uma planta vá brotar onde nenhuma semente esteve, eu tenho muita fé

em uma semente. Convença-me que você tem uma semente lá, e eu estarei preparado para

esperar maravilhas. Henry D. Thoreau

RESUMO

A mobilização das reservas nutritivas nos tecidos de armazenamento e a alocação de seus produtos de hidrólise no eixo em crescimento são processos críticos para o estabelecimento das plântulas após a germinação das sementes. Assim sendo, é necessário que a mobilização das reservas seja sincronizada com o crescimento do eixo de forma que a atividade fotossintética tenha iniciado antes que as reservas sejam exauridas. Para isso, abordagens integrativas envolvendo as diferentes reservas, os diferentes produtos e o intercâmbio entre os tecidos de armazenamento e o eixo em crescimento, seja por intermédio de hormônios ou metabólitos com papel de sinalização, podem contribuir sobremaneira para o esclarecimento dos mecanismos que regulam a mobilização de reservas. Neste trabalho, foram levantadas as hipóteses de que o efeito de hormônios e de metabólitos sobre a mobilização das reservas é diferente e de que deve existir um efeito cruzado de açúcares sobre a mobilização de proteínas e de aminoácidos sobre a mobilização de lipídios e amido em plântulas de girassol. O presente trabalho foi desenvolvido com sementes de girassol (Helianthus annuus L.) híbrido Helio 253, utilizando sistema in vitro de cultura. As sementes foram germinadas em papel Germitest® e crescidas em meio ágar-água 4g/L sem adição de nutrientes durante 9 dias após a embebição (DAE) para a curva de crescimento. Para verificar o efeito de metabólitos e hormônios, as plântulas foram transferidas ao 2o DAE para meio ágar-água 4 g/L suplementado com concentrações crescentes de sacarose ou L-glutamina, ácido abscísico, ácido giberélico ou ácido indolbutírico. Os resultados deste trabalho confirmam que a mobilização dos lipídios e das proteínas de reserva ocorre de forma coordenada durante o crescimento pós-germinativo inicial em girassol, corroborando a hipótese de que a aplicação externa de fontes de carbono (sacarose) e nitrogênio (L-glutamina) é capaz de atrasar a mobilização dessas reservas nutritivas de forma cruzada. Além disso, considerando as mudanças nos padrões de mobilização das reservas e a partição dos seus produtos, proporcionadas pela aplicação externa de diferentes reguladores do crescimento, é evidente que os efeitos dos metabólitos e dos hormônios devem envolver, pelo menos em parte, mecanismos de ação distintos. Palavras-chave: Mobilização de reservas. Efeito cruzado. Helianthus annuus.

ABSTRACT

The mobilization of food reserves in storage tissues and allocation of their hydrolysis products in the growing axis are critical processes for the establishment of seedlings after germination. Therefore, it is crucial for mobilization of reserves to be synchronized with the growing axis, so that photosynthetic activity can be started before depletion of reserves. For this, integrative approaches involving different reserves, different hydrolysis products and interaction between storage and growing axis tissues, either through hormones or metabolites with signaling role, can contribute greatly to the elucidation of the regulation mechanisms for reserve mobilization. In this study, was hypothesized that hormones and metabolites have different actions on reserve mobilization, and there must be a crossed effect of sugars on the mobilization of proteins and amino acids on lipids and starch mobilization in sunflower seedlings. This study was conducted with seeds of sunflower (Helianthus annuus L.) hybrid Helio 253 using in vitro culture system. Seeds were germinated on Germitest® paper and grown on agar-water 4 g/L without addition of nutrients during 9 days after imbibition (DAI) for growth curve. To verify the effect of metabolites and hormones, seedlings were transferred in the 2nd DAI to agar-water 4 g/L supplemented with increasing concentrations of sucrose or L-glutamine, abscisic acid, gibberellic acid or indolebutyric acid. The results of this study confirm that the mobilization of lipids and storage proteins occurs in a coordinated manner during post-germination growth in sunflower, corroborating the hypothesis that the application of external carbon (sucrose) and nitrogen (L-glutamine) sources can delay the mobilization of these reserves in a crossed way. Moreover, considering the changes in the patterns of reserve mobilization and partition of their products in seedlings treated with different growth regulators, it is evident that the effects of metabolites and hormones must involve, at least in part, distinct mechanisms of action. Key-words: Reserve mobilization. Crossed effect. Helianthus annuus.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Modelo que representa o sistema de cultivo e a coleta do

material vegetal.............................................................................

21

FIGURA 2 Aspecto morfológico de plântulas de girassol durante o

crescimento pós-germinativo.........................................................

28

FIGURA 3 Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol durante

o crescimento pós-germinativo......................................................

29

FIGURA 4 Conteúdo de lipídios neutros (LN) e de proteínas solúveis (PS)

em plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo.

30

FIGURA 5 Perfil eletroforético das proteínas solúveis (PS)............................ 31

FIGURA 6 Conteúdo de amido, de clorofilas totais (CT) e de massa seca

(MS) total em plântulas de girassol durante o crescimento pós-

germinativo....................................................................................

32

FIGURA 7 Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-

redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em

plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo.......

34

FIGURA 8 Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com

concentrações crescentes de sacarose........................................

35

FIGURA 9 Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol

tratadas com concentrações crescentes de sacarose..................

36

FIGURA 10 Conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e

de amido em plântulas de girassol tratadas com concentrações

crescentes de sacarose................................................................. 37

FIGURA 11 Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-

redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em

plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de

sacarose........................................................................................

39

FIGURA 12 Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com

concentrações crescentes de L-glutamina....................................

40

FIGURA 13 Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol

tratadas com concentrações crescentes de L-glutamina..............

41

FIGURA 14 Conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e

de amido em plântulas de girassol tratadas com concentrações

crescentes de L-glutamina............................................................

42

FIGURA 15 Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-

redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em

plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de

L-glutamina....................................................................................

44

FIGURA 16 Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com ácido

giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico

(IBA)..............................................................................................

45

FIGURA 17 Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol

tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou

ácido indolbutírico (IBA)................................................................

46

FIGURA 18 Conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e

de amido em plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico

(GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA).............

48

FIGURA 19 Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-

redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em

plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido

abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA).................................

50

FIGURA 20 Atividade de isocitrato liase (ICL) e de glutamina sintetase (GS)

em plântulas de girassol................................................................

52

FIGURA 21 Modelo integrativo proposto para as diferentes vias metabólicas

que utilizam os produtos de mobilização dos lipídios e das

proteínas........................................................................................

56

LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS

α-KG α-cetoglutarato, do inglês α-ketoglutarate

β-O β-oxidação

AA Aminoácidos

AALT Aminoácidos livres totais

ABA Ácido abscísico, do inglês abscisic acid

AG Ácido graxo

ANR Açúcares não redutores

ASN Asparagina

ASP Aspartato

AST Açúcares solúveis totais

ATP Trifosfato de adenosina, do inglês adenosine triphosphate

CG Ciclo do glioxilato

CK Ciclo de Krebs

CL Corpos lipídicos

CT Clorofilas totais

DAE Dias após a embebição

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético, do inglês ethylenediaminetetraacetic acid

GA3 Ácido giberélico, do inglês gibberellic acid

GA Giberelinas

GLN Glutamina

GLU Glutamato

GOX Glioxissomo

GS Glutamina sintetase, do inglês glutamine synthetase

IBA Ácido indolbutírico, do inglês indolebutyric acid

ICL Isocitrato liase, do inglês isocitrate lyase

LN Lipídios neutros

MF Massa fresca

MIT Mitocôndria

MS Massa seca

OAA Oxaloacetato, do inglês oxaloacetic acid

PRS Proteínas de reserva de sementes

PS Proteínas solúveis

SDS Dodecil sulfato de sódio, do inglês sodium dodecyl sulfate

TAG Triacilgliceróis

VEP Vacúolos de estocagem de proteínas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 16

2 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................ 20

2.1 MATERIAL VEGETAL E CONDIÇÕES DE CULTIVO...................................... 20

2.2 TRATAMENTOS E COLETAS.......................................................................... 21

2.2.1 Curva de crescimento.................................................................................... 21

2.2.2 Efeito da sacarose.......................................................................................... 21

2.2.3 Efeito da L-glutamina..................................................................................... 22

2.2.4 Efeito dos hormônios..................................................................................... 22

2.3 DETERMINAÇÕES BIOQUÍMICAS.................................................................. 22

2.3.1 Lipídios neutros.............................................................................................. 22

2.3.2 Proteínas solúveis.......................................................................................... 23

2.3.3 Clorofilas totais............................................................................................... 23

2.3.4 Aminoácidos livres totais, açúcares solúveis totais e açúcares não

redutores.........................................................................................................

24

2.3.5 Amido............................................................................................................... 25

2.4 ELETROFORESE DE PROTEÍNAS EM GEL DE POLIACRILAMIDA SOB

CONDIÇÕES DESNATURANTES...................................................................

26

2.5 ATIVIDADES ENZIMÁTICAS........................................................................... 26

2.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA 27

3 RESULTADOS 28

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE MOBILIZAÇÃO DE RESERVAS E

PARTIÇÃO DE PRODUTOS EM GIRASSOL DURANTE O CRESCIMENTO

PÓS-GERMINATIVO........................................................................................

28

3.2 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO EXTERNA DE SACAROSE NO

CONTEÚDO DAS RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE

HIDRÓLISE EM PLÂNTULAS DE GIRASSOL.................................................

35

3.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO EXTERNA DE L-GLUTAMINA NO

CONTEÚDO DAS RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE

HIDRÓLISE EM PLÂNTULAS DE GIRASSOL.................................................

40

3.4 EFEITO DA APLICAÇÃO EXTERNA DE HORMÔNIOS NO CONTEÚDO

DAS RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE HIDRÓLISE EM

PLÂNTULAS DE GIRASSOL............................................................................

45

3.5 ATIVIDADE DE ISOCITRATO LIASE E GLUTAMINA SINTETASE

REGULADA POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E NITROGÊNIO

DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL............

51

4 DISCUSSÃO..................................................................................................... 53

5 CONCLUSÃO................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS................................................................................................ 64

16

1 INTRODUÇÃO

Na fase inicial de vida das plantas superiores, as necessidades energéticas e

os diversos eventos biossintéticos que ocorrem durante o estabelecimento da

plântula no ambiente são provenientes de grupos específicos de carboidratos,

lipídios e proteínas, os quais são acumulados durante o período de maturação das

sementes. Assim, as reservas nutritivas podem estar localizadas no próprio embrião

e/ou nos tecidos de armazenamento. Em dicotiledôneas não-endospérmicas, as

reservas são depositadas principalmente no mesofilo dos cotilédones, os quais

representam as primeiras folhas do embrião, e uma menor parcela é depositada no

próprio embrião (BEWLEY et al., 2013).

Dessa forma, a mobilização das reservas nutritivas nos tecidos de

armazenamento e a alocação dos seus produtos de hidrólise no eixo em

crescimento são processos críticos para o estabelecimento das plântulas após a

germinação das sementes (BUCKERIDGE et al., 2004). Para isso, é necessário que

o processo de mobilização das reservas seja sincronizado com o crescimento do

eixo, de forma que a atividade fotossintética tenha iniciado antes que as reservas

sejam exauridas (MELO et al., 2004).

Em cereais, muitos esforços já foram realizados e considerável conhecimento

já foi assimilado sobre o controle da mobilização de reservas, principalmente, no que

diz respeito à influência de hormônios sobre a biossíntese das enzimas hidrolíticas

na camada de aleurona. Como exemplo disso, já está estabelecido o papel

antagônico entre as giberelinas (GA) e o ácido abscísico (ABA) sobre a mobilização

do amido durante o crescimento pós-germinativo em cereais (BEWLEY et al., 2013).

Assim, após a germinação, as GA sintetizadas no eixo embrionário são

17

transportadas para a camada de aleurona, onde induzem a expressão dos genes, os

quais codificam as α-amilases. As α-amilases secretadas no endosperma amiláceo

hidrolisam o amido, e os produtos de mobilização são transportados para o eixo em

crescimento, atuando como substratos da respiração ou como precursores de

biomoléculas (THOMAS e RODRIGUEZ, 1994). A aplicação externa de ABA

contrabalança a ação das GA endógenas, inibindo a transcrição dos genes que

codificam as α-amilases e afetando a estabilidade dos respectivos RNAm

(BUCKERIDGE et al., 2004). Além disso, também já se sabe que a mobilização das

proteínas de reserva em cereais pode ser controlada pelo sistema tiorredoxina, que

é responsável por aumentar a solubilidade das proteínas de reserva e subsequente

proteólise (BEWLEY et al., 2013).

No entanto, muito menos se conhece a respeito do controle da mobilização de

reservas em dicotiledôneas. Nessas espécies, experimentos que demonstram o

papel de hormônios estimulando a mobilização de reservas ainda se mostram pouco

conclusivos e mal compreendidos, porque os hormônios geralmente são

consequência de um incremento na germinação e/ou crescimento da plântula e não

do controle direto sobre as enzimas hidrolíticas (BEWLEY et al., 2013).

A mobilização das reservas pode ser afetada pela biossíntese ou pela

atividade das enzimas hidrolíticas, contudo a regulação da mobilização pode ser

decorrente do controle de cada um desses eventos ou de ambos. Entretanto, não é

sempre possível determinar qual evento é responsável pela mobilização

simplesmente mensurando as taxas de redução das reservas nutritivas no decorrer

do tempo (BEWLEY et al., 2013). Além disso, muitos trabalhos sobre a mobilização

de reservas geralmente abordam a degradação de um tipo específico de reserva e

não correlacionam esse processo com as alterações bioquímicas concomitantes que

18

ocorrem no eixo em crescimento (RAMAKRISHNA e RAO, 2005; PENFIELD et al.,

2005; ELARBI et al., 2009).

Com esse panorama, em comparação com a hipótese hormonal, uma

segunda estratégia para avaliar a mobilização das reservas é através da hipótese

fonte-dreno. Conforme essa hipótese, o eixo em crescimento funciona como um

dreno, consumindo os produtos de mobilização transportados a partir das fontes, os

tecidos de armazenamento. Assim sendo, o eixo em crescimento pode limitar a

atividade das enzimas hidrolíticas nesses tecidos, por mecanismos de

retroalimentação negativa. Essa hipótese é confirmada por experimentos com

cotilédones destacados durante o crescimento pós-germinativo em leguminosas

(BEWLEY et al., 2013). A acumulação de açúcares solúveis em cotilédones

destacados pode reduzir a atividade das α-amilases, indicando o papel dos açúcares

como sinais que regulam a mobilização do amido (KARUNAGARAN e RAO, 1991).

De forma análoga, o aumento da concentração de aminoácidos livres em

cotilédones destacados pode estar relacionado com a diminuição da atividade das

proteinases, sugerindo que os aminoácidos podem mediar a regulação da

mobilização das proteínas (RAMAKRISHNA e RAO, 2005). Corroborando essas

evidências, já foi sugerido que a L-glutamina pode atuar como possível sinal para a

regulação da mobilização de proteínas (VOIGT et al., 2009) e que a aplicação

externa de açúcares reduz a expressão e a atividade de enzimas envolvidas na

degradação dos TAG, indicando que os açúcares podem também atuar como sinais

que regulam a mobilização dos lipídios (RYLOTT et al., 2001; BOREK et al., 2006).

A maioria dos trabalhos procura corroborar ou a hipótese hormonal ou a

hipótese do mecanismo fonte-dreno (KARUNAGARAN e RAO, 1991; MÜNTZ et al.,

2001; PRITCHARD et al., 2002). Contudo, alguns estudos indicam que deve haver a

19

interação entre hormônios e açúcares atuando como sinais para a regulação da

mobilização de amido (THOMAS e RODRIGUEZ, 1994) e de lipídios (TO et al.,

2002; BOREK et al., 2006) em mecanismos à longa distância.

O presente trabalho utilizou o girassol (Helianthus annuus L.) como novo

modelo experimental para dicotiledôneas, pois apresenta elevado teor de óleo e

proteínas (LIRA et al., 2009), fácil germinação, rápido crescimento, além de ser a

quarta oleaginosa mais consumida no mundo. De forma complementar, a

composição química do óleo é recomendável para os processos utilizados na

produção do biodiesel (DABDOUB e BRONZEL, 2009). Do ponto de vista

agronômico, o girassol é uma espécie produtiva sob diferentes condições climáticas,

podendo ser cultivada no Semiárido Nordestino, possibilitando a inclusão social por

meio do agronegócio (VARGAS, 2007).

A proposta desta dissertação foi de aplicar uma abordagem integrativa e de

varredura que envolvesse a mobilização das diferentes reservas, a alocação dos

diferentes produtos e o intercâmbio entre os tecidos de armazenamento e o eixo em

crescimento, seja por intermédio de hormônios ou metabólitos com papel de

sinalização. Para isso, levantamos as hipóteses de que o efeito de hormônios e de

metabólitos sobre a mobilização das reservas é diferente e de que deve existir um

efeito cruzado de açúcares sobre a mobilização de proteínas e de aminoácidos

sobre a mobilização de lipídios e amido em plântulas de girassol.

20

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAL VEGETAL E CONDIÇÕES DE CULTIVO

O presente trabalho foi desenvolvido com sementes de girassol (Helianthus

annuus L.) híbrido Helio 253, oriundas da Empresa Heliagro Agricultura e Pecuária

Ltda. (Morumbi, SP). Para germinação das sementes, estas foram lavadas com

detergente comercial diluído, desinfetadas em câmara de fluxo laminar com etanol

70% (v/v) por 30s, seguido de NaClO 0,5% (m/v) por 5 min, sob agitação eventual.

Logo após, as sementes foram lavadas três vezes e embebidas durante 3h em água

destilada estéril. Em seguida, o semeio foi realizado em placas de Petri, entre folhas

de papel Germitest® (280 x 380 mm) umedecidas com água destilada estéril na

proporção de duas vezes e meia a massa do papel, distribuindo-se vinte sementes

por placa. As sementes foram incubadas em câmara de crescimento sob condições

controladas (radiação fotossinteticamente ativa de 80 μmol/m2/s, fotoperíodo de 12h

e temperatura de 28±2°C) durante 48h. Para o desenvolvimento das plântulas em

sistema in vitro de cultura, as sementes germinadas foram transferidas para frascos

de vidro com tampa de plástico, contendo meio ágar-água 4 g/L para o tratamento

controle e ágar-água 4 g/L suplementado para os demais tratamentos. As plântulas

foram mantidas sob as mesmas condições de crescimento. O material coletado foi

armazenado a -20°C até a realização das determinações.

21

2.2 TRATAMENTOS E COLETAS

Figura 1 - Modelo que representa o sistema de cultivo e a coleta do material vegetal. Esquema com os principais processos e pontos de coleta dos experimentos (A). Figura ilustrativa do modo de seção da plântula em cotilédones e eixo em crescimento (B).

2.2.1 Curva de crescimento

Com o intuito de acompanhar a mobilização das reservas e a partição de seus

produtos de hidrólise no decorrer do tempo, as sementes de girassol germinadas

foram cultivadas em meio ágar-água 4 g/L. As coletas foram realizadas aos 0, 1, 2,

3, 4, 5, 7 e 9 dias após a embebição (DAE), dividindo as plântulas em cotilédones e

eixo em crescimento, o que foi possível somente a partir do 2o DAE. A partir da

curva de crescimento, foi possível verificar que o 5o DAE representa um momento

crítico, no qual a maior parte das reservas nutritivas já foi mobilizada, sendo os

seguintes experimentos coletados nesse momento.

2.2.2 Efeito da sacarose

Para investigar o efeito da sacarose sobre a mobilização das reservas e a

partição de seus produtos de hidrólise, as sementes de girassol germinadas foram

cultivadas em meio ágar-água 4 g/L suplementado com 0 (controle), 50, 100 ou 200

mM de sacarose durante 3 dias. Assim sendo, as plântulas foram coletadas no 5o

DAE, separando os cotilédones do eixo em crescimento.

A B

22

2.2.3 Efeito da L-glutamina

Para testar o efeito da L-glutamina sobre a mobilização das reservas e a

partição de seus produtos de hidrólise, as sementes de girassol germinadas foram

cultivadas em meio ágar-água 4 g/L suplementado com 0 (controle), 5, 10 ou 20 mM

de L-glutamina durante 3 dias. Desse modo, no 5o DAE, as plântulas foram

coletadas e divididas em cotilédones e eixo em crescimento.

2.2.4 Efeito dos hormônios

No intuito de verificar o efeito dos hormônios sobre a mobilização das

reservas e a partição de seus produtos de hidrólise, as sementes de girassol

germinadas foram cultivadas em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou em

meio ágar-água 4 g/L suplementado com ácido giberélico (GA3) 50 µM, ácido

abscísico (ABA) 50 µM ou ácido indolbutírico (IBA) 50 µM, durante 3 dias. Assim, as

plântulas foram coletadas no 5o DAE, separando os cotilédones do eixo em

crescimento.

2.3 DETERMINAÇÕES BIOQUÍMICAS

2.3.1 Lipídios neutros (LN)

A quantificação dos LN foi realizada pelo método gravimétrico. Para tanto,

amostras de cotilédones com aproximadamente 100 mg de massa seca foram

pulverizadas em gral e pistilo, e os LN foram extraídos com 8 mL de n-hexano a

60°C, durante 5 h, sob agitação eventual. Em seguida, o sobrenadante foi

transferido para tubos de plástico de massa conhecida. Após a evaporação do n-

23

hexano a 80°C, a massa de lipídios foi calculada a partir da diferença entre a massa

inicial e a final dos tubos e expressa em mg de LN/cotilédone.

2.3.2 Proteínas solúveis (PS)

Para a extração de PS a partir dos cotilédones, amostras com cerca de 200

mg de massa fresca foram maceradas durante 5 min com 1,5 mL de tampão Tris-

HCl 100 mM pH 7,0 com adição de NaCl 500 mM e 2-mercaptoetanol 2 mM. Após

centrifugação a 10.000 xg por 10 min, os sobrenadantes foram coletados, e os

precipitados foram reextraídos com 1 mL do tampão de extração por mais duas

vezes. Ao final, os sobrenadantes foram reunidos, perfazendo 3,5 mL de extrato total

por amostra. As PS do eixo em crescimento, por sua vez, foram extraídas com

tampão Tris-HCl 100 mM pH 7,0, seguindo os procedimentos supracitados.

A determinação das PS foi realizada de acordo com o método de Bradford

(1976), utilizando albumina sérica bovina (BSA) como padrão. O conteúdo de PS

dos cotilédones foi expresso em mg de PS/cotilédone e o do eixo em crescimento,

em mg de PS/g de MS.

2.3.3 Clorofilas totais (CT)

A extração de CT foi realizada a partir de amostras com aproximadamente

200 mg de massa fresca. Para isso, 5 mL de acetona 80% (v/v) com adição de

MgCO3 0,5% (m/v) foram adicionados em tubos com tampas, os quais continham as

amostras picotadas. Os tubos foram fechados e incubados à temperatura ambiente,

durante 30 min sob agitação eventual. Após a coleta dos sobrenadantes, os

resíduos foram reextraídos com mais 5 mL de acetona 80% (v/v) com adição de

24

MgCO3 0,5% (m/v) sob as mesmas condições. Em seguida, os sobrenadantes foram

reunidos, perfazendo 10 mL de extrato total por amostra.

A dosagem de CT foi realizada pelo método de Arnon (1949). Para cada

determinação, foram adicionados 2,5 mL da amostra, e as leituras foram realizadas

a 645 e 663 nm. O aparelho foi zerado com o meio extrator. A quantidade de CT foi

calculada de acordo com a fórmula: (CT (mg/L) = 0,0127 × A663 - 0,00269 × A645). O

conteúdo de CT foi expresso em mg de CT/g de MS.

2.3.4 Aminoácidos livres totais (AALT), açúcares solúveis totais (AST) e

açúcares não redutores (ANR)

A extração de AALT, AST e ANR foi realizada a partir de amostras com

aproximadamente 200 mg de massa fresca. Para isso, 5 mL de etanol 80% (v/v)

foram adicionados em tubos hermeticamente fechados, contendo as amostras

picotadas, e incubados a 60°C, durante 30 min. Após a coleta dos sobrenadantes,

os resíduos foram reextraídos com 5 mL de etanol 80% (v/v) sob as mesmas

condições. Em seguida, os sobrenadantes foram reunidos, perfazendo 10 mL de

extrato total por amostra, enquanto os resíduos foram utilizados para a extração e a

determinação de amido. A dosagem de AALT foi realizada pelo método de Peoples

(1989), com a utilização do reagente de ninidrina. Para cada determinação, foram

adicionados 100 μL da amostra;; 400 μL de água destilada;; 250 μL de tampão citrato

200 mM pH 5,0;; e 250 μL do reagente de ninidrina (1 mL de cianeto de potássio 10

mM; 59 mL de metoxietanol P.A.; 0,5 g de ninidrina). Os tubos foram vedados e

incubados a 100°C, durante 15 min. Após resfriamento, foram adicionados 4 mL de

etanol 50% (v/v) em cada amostra. As leituras foram realizadas a 570 nm, e a

quantidade de AALT foi calculada de acordo com uma curva padrão de L-glutamina,

25

sendo expressa em µmol de AALT/g de MS. Para a dosagem de AST, foi utilizado o

método de Dubois (1956) com algumas modificações. Em cada determinação, foram

adicionados 100 μL da amostra;; 400 μL de água destilada;; 500 μL de fenol 5%

(m/v); e 2,5 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) 90% (v/v). A leitura foi realizada a 490 nm,

e o cálculo da quantidade de AST foi baseado em uma curva padrão de D-glicose,

sendo expressa em mmol de AST/g de MS. A dosagem de ANR foi realizada pelo

método de Morris (1948) com algumas modificações, utilizando o reagente de

antrona (MORRIS 1948;; YEMM e WILLIS 1954). Em cada determinação, 100 μL da

amostra;; 800 μL de água destilada;; e 100 μL de KOH 30% (m/v) foram pré-

incubados a 100°C, durante 10 min. Após resfriamento, 2,5 mL do reagente de

antrona foram adicionados em cada amostra, e foi realizada incubação a 40°C,

durante 15 min. A leitura foi realizada a 620 nm, e a quantidade de ANR das

amostras foi calculada a partir de uma curva padrão de sacarose, sendo expressa

em mmol de ANR/g de MS.

2.3.5 Amido

A extração de amido foi realizada utilizando os resíduos da extração dos

compostos solúveis de baixa massa molecular (AALT, AST e ANR). Para tanto, os

resíduos foram macerados durante 5 min com 1,5 mL de ácido perclórico 30% (v/v).

Após centrifugação a 10.000 xg, durante 10 min, os sobrenadantes foram coletados,

e os precipitados foram reextraídos com 1 mL de ácido perclórico 30% (v/v) por mais

duas vezes. Ao final, os sobrenadantes foram reunidos, perfazendo 3,5 mL de

extrato total por amostra.

A dosagem de amido foi realizada com a utilização do reagente de antrona

(MORRIS 1948; YEMM e WILLIS 1954). Para cada determinação, foram utilizados

26

100 μL da amostra;; 900 μL de água destilada;; e 2,5 mL do reagente de antrona. A

leitura foi realizada a 620 nm, utilizando uma curva padrão de D-glicose. Os valores

obtidos foram multiplicados pelo fator 0,9 para conversão em amido, segundo

McCready et al. (1950), sendo expressos em mg de amido/parte.

2.4 ELETROFORESE DE PROTEÍNAS EM GEL DE POLIACRILAMIDA SOB

CONDIÇÕES DESNATURANTES (SDS-PAGE)

Os experimentos de SDS-PAGE, em presença de 2-mercaptoetanol, foram

conduzidos seguindo-se a técnica descrita por Laemmli (1970). As PS dos

cotilédones de girassol foram separadas em géis de poliacrilamida 12% (m/v) sob

condições de corrida de 200 Volts, 50 mA, durante 1h20. A revelação dos géis foi

feita utilizando-se o corante Azul Brilhante de Coomassie R-250 0,1% (m/v) em

metanol 40% (v/v) e em ácido acético 10% (v/v), durante 30 min. A descoloração foi

realizada por meio de lavagens sucessivas em solução de metanol 40% (v/v) e ácido

acético 10% (v/v). Os géis foram digitalizados.

2.5 ATIVIDADES ENZIMÁTICAS

Para obter extratos enzimáticos, amostras de cotilédones com cerca de 200

mg de massa fresca foram pulverizadas em nitrogênio líquido, e as enzimas foram

extraídas com 1,5 mL de tampão de extração (isocitrato liase (ICL) - tampão fosfato

de potássio 100 mM pH 7,6 suplementado com MgCl2 1 mM e 2-mercaptoetanol 10

mM; glutamina sintetase (GS) - tampão Tris-HCl 100 mM pH 7,6 suplementado com

EDTA 1 mM, MgCl2 1 mM, PMSF 1 mM e PVP 2,5% [m/v]) por maceração, durante

27

5 min. Após centrifugação a 10.000 xg a 4°C, durante 10 min, os sobrenadantes

foram coletados e utilizados como extratos enzimáticos.

A atividade da ICL foi estimada pelo método de Chell et al. (1978). Para cada

determinação, foram adicionados 1 mL de tampão imidazol 50 mM pH 6,8; 200 µL

de MgCl2 50 mM; 200 µL de EDTA 10 mM; 200 µL de fenilhidrazina-HCl 40 mM; 200

µL de DL-isocitrato 10 mM; e 200 µL do extrato enzimático. A atividade enzimática

foi calculada a partir da absorbância do complexo glioxilato-fenilhidrazina a 324 nm,

a cada minuto, durante 10 min, e expressa em mmol de glioxilato-

fenilhidrazina/min/g de MS. A atividade da GS foi determinada pelo método descrito

por Berteli et al. (1995). Em cada determinação, foram utilizados 400 µL de tampão

Tris-HCl 250 mM pH 7,0; 100 µL de ATP 30 mM pH 7,0; 100 µL de MgSO4 500 mM;

100 µL de cloridrato de hidroxilamina 500 mM; 100 µL de glutamato de sódio 500

mM e 200 µL de extrato enzimático. As misturas foram incubadas a 30°C durante 30

min, e a atividade enzimática foi determinada pela absorbância do produto de reação

entre γ-glutamil hidroxamato e o FeCl3 a 540 nm e expresso em nmol de γ-glutamil

hidroxamato/min/g de MS.

2.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA

O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com

os tratamentos dispostos em fatorial 1 x 4, incluindo o híbrido Helio 253 de girassol e

quatro tratamentos (sacarose 0, 50, 100 ou 200 mM; ou L-glutamina 0, 5, 10 ou 20

mM; ou controle, ABA 50 µM, GA3 50 µM ou IBA 50 µM), com cinco repetições por

tratamento. Os dados foram submetidos ao teste de Tukey ao nível de significância

de 5%.

28

3 RESULTADOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PADRÃO DE MOBILIZAÇÃO DE RESERVAS E

PARTIÇÃO DE PRODUTOS EM GIRASSOL DURANTE O CRESCIMENTO PÓS-

GERMINATIVO

O aspecto morfológico foi acompanhado, e os padrões de mobilização das

reservas nutritivas e de partição dos seus produtos de hidrólise foram caracterizados

durante o crescimento pós-germinativo de plântulas de girassol híbrido Helio 253,

até o 9o dia após a embebição (DAE) em meio de cultura sem adição de nutrientes.

A partir da caracterização morfológica, foi possível verificar o crescimento das

plântulas no decorrer do tempo, o desenvolvimento da porção radicular a partir do 4o

DAE e da porção aérea pela mudança de coloração nos cotilédones, do amarelado

para o verde, entre o 3o e 4o DAE (Fig. 2).

Figura 2 - Aspecto morfológico de plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo. Plântulas de girassol híbrido Helio 253 durante o crescimento pós-germinativo até o 9o dia após a embebição (DAE) crescidas em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. A barra vertical representa a escala de 1 cm. O conteúdo de massa seca (MS) foi diminuído nos cotilédones e

paralelamente aumentado no eixo em crescimento até o 9o DAE (Fig. 3). De fato,

1o DAE 2o DAE 3o DAE 4o DAE 5o DAE 7o DAE 9o DAE

29

houve diminuição de, aproximadamente, 1,4 vezes na MS dos cotilédones ao 9o

DAE em relação às sementes não germinadas (Fig. 3A), e ocorreu incremento de

cerca de 6 vezes na MS do eixo em crescimento ao 9o DAE em comparação com o

2o DAE (Fig. 3B).

Figura 3 - Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo. Conteúdos de MS nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 durante o crescimento pós-germinativo até o 9o dia após a embebição (DAE) em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. Os pontos representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. O conteúdo de lipídios neutros (LN) e de proteínas solúveis (PS) nos

cotilédones das plântulas de girassol, expresso em mg/parte, diminuiu de forma

coordenada durante o crescimento pós-germinativo inicial (Fig. 4A, B e D). Até o 3o

DAE, o conteúdo de LN e de PS foi reduzido de forma mais branda, apresentando

cerca de 25 e 9% de redução, respectivamente, em relação ao início do

experimento. No entanto, o conteúdo de LN e de PS foi diminuído de modo mais

drástico até o 5o DAE, mostrando aproximadamente 67 e 72% de diminuição, nessa

ordem, em comparação com as sementes não germinadas. Ao final do experimento,

30

restaram somente 15 e 2% do conteúdo inicial de LN e de PS, respectivamente. No

eixo em crescimento, o conteúdo de PS, expresso em mg/g MS, diminuiu

drasticamente do 2o ao 4o DAE, apresentando cerca de 73% de redução. A partir do

5o DAE até o final do experimento, o conteúdo de PS diminuiu de forma mais

branda, restando aproximadamente 13% do conteúdo inicial (Fig. 4C).

Figura 4 - Conteúdo de lipídios neutros (LN) e de proteínas solúveis (PS) em plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo. Conteúdo de LN nos cotilédones (A) e de PS (PS) nos cotilédones (B) e no eixo em crescimento (C) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 durante o crescimento pós-germinativo até o 9o dia após a embebição (DAE) em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. Os pontos representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. A sobreposição das curvas obtidas para LN e PS está representada em (D). Para acompanhar de forma qualitativa as alterações observadas no conteúdo

de PS cotiledonares, foi obtido o perfil eletroforético sob condições desnaturantes e

redutoras (Fig. 5). De acordo com esse ensaio, foi possível reconhecer os

polipeptídeos acídicos α e α’ (α, peso molecular aparente = 36,8 - 42,9 kDa;; α’, peso

molecular aparente = 31,0 - 35,3 kDa) e o polipeptídeo básico β (β, peso molecular

aparente = 21,0 - 29,6 kDa) da heliantinina, globulina 11S característica de girassol

31

(ŽILIĆ et al., 2010). Além disso, foi possível constatar que as subunidades α e α’ são

mobilizadas precocemente, a partir do 2o DAE, enquanto que a subunidade β é

mobilizada tardiamente, a partir do 4o DAE. Além da heliantinina, foi verificada a

presença da fração albumina 2S (peso molecular aparente = 11,5 - 21,1 kDa) (ŽILIĆ

et al., 2010), a qual parece ser mobilizada de forma tardia, a partir do 3o DAE (Fig.

5). O perfil de PS se manteve inalterado a partir do 7o DAE (dados não

apresentados).

Figura 5 - Perfil eletroforético das proteínas solúveis (PS). PS provenientes de cotilédones de girassol híbrido Helio 253 durante o desenvolvimento pós-germinativo, no decorrer de 7 dias após a embebição (DAE), em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. As PS foram separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida 12% sob condições desnaturantes e redutoras (SDS-PAGE com 2-mercaptoetanol). α e α’ indicam os polipeptídeos acídicos e β indica o polipeptídeo básico da heliantinina, globulina 11S característica do girassol. M indica o marcador de massas moleculares em kDa. (indicação para volume)

O conteúdo de amido nos cotilédones diminuiu cerca de 61% até o 2o DAE

em comparação com as sementes não germinadas (Fig. 6A). Do 3o ao 4o DAE,

houve aumento de aproximadamente 39% no conteúdo de amido, o qual se manteve

inalterado até o final do experimento. De forma inversa, o conteúdo de amido

M

32

aumentou gradativamente no eixo em crescimento, após a germinação. Com efeito,

o conteúdo de amido apresentou incremento cerca de 11 vezes ao 9o DAE em

referência ao início do experimento (Fig. 6B).

Nos cotilédones, o conteúdo de clorofilas totais (CT) aumentou a partir do 4o

DAE, atingindo 5,5 vezes mais CT ao 9o DAE em comparação com o tempo inicial

(Fig. 3.1.5C). É importante destacar que o aumento do teor de CT (Fig. 6C) coincide

com o aumento do conteúdo de amido em ambas as partes (Fig. 6A e B) e o

aumento do conteúdo da MS total na plântula (Fig. 6D).

Figura 6 - Conteúdo de amido, de clorofilas totais (CT) e de massa seca (MS) total em plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo. Conteúdo de amido nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B), conteúdo de CT nos cotilédones (C) e conteúdo de MS total (D) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 durante o crescimento pós-germinativo até o 9o dia após a embebição (DAE) em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. Os pontos representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições.

O conteúdo de açúcares solúveis totais (AST) foi incrementado nos

cotilédones e paralelamente diminuído no eixo em crescimento, durante o período

experimental (Fig. 7A e B). De fato, o conteúdo de AST nos cotilédones aumentou

33

cerca de 3,8 vezes até 9o DAE em comparação com as sementes não germinadas,

enquanto que o conteúdo de AST no eixo em crescimento diminuiu

aproximadamente 30% ao 9o DAE em relação ao 2o DAE.

Nos cotilédones e no eixo em crescimento, foram verificadas alterações

concomitantes no conteúdo de açúcares não-redutores (ANR) ao longo do

experimento. Embora o conteúdo de ANR tenha diminuído até o 2o DAE apenas nos

cotilédones, ocorreu acumulação de ANR no 4o DAE, seguida de diminuição do

conteúdo desses compostos ao 5o DAE, em ambas as partes. Além disso, é

importante destacar que a acumulação de AST e ANR nos cotilédones, a partir do 4o

DAE (Fig. 7A e C), coincide com a degradação dos LN (Fig. 4A), o aumento do

conteúdo de clorofilas totais (Fig. 6C) e a MS total (Fig. 6D) nos cotilédones no

mesmo período.

O conteúdo de aminoácidos livres totais (AALT) nos cotilédones aumentou de

forma coordenada com a mobilização das proteínas de reserva, verificada pelo perfil

eletroforético, durante o crescimento pós-germinativo (Fig. 7E; Fig. 5). Nos

cotilédones, o conteúdo de AALT aumentou cerca de 168 vezes no 2o DAE em

relação ao tempo inicial, manteve-se estável até o 5o DAE e aumentou novamente

ao 9o DAE, atingindo aproximadamente 302 vezes mais AALT que as sementes não

germinadas. No eixo em crescimento, o conteúdo de AALT sofreu diminuição de

cerca de 94% até o 4o DAE, restando aproximadamente 2% do conteúdo inicial no 9o

DAE (Fig. 7F).

34

Figura 7 - Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em plântulas de girassol durante o crescimento pós-germinativo. Conteúdo de AST nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B), de ANR nos cotilédones (C) e no eixo em crescimento (D) e de AALT nos cotilédones (E) e no eixo em crescimento (F) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 durante o crescimento pós-germinativo até o 9o dia após a embebição (DAE) em meio ágar-água 4 g/L sem adição de nutrientes. Os pontos representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições.

35

3.2 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO EXTERNA DE SACAROSE NO CONTEÚDO

DAS RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE HIDRÓLISE EM PLÂNTULAS DE

GIRASSOL

O aspecto morfológico foi acompanhado, e o conteúdo das reservas nutritivas

e de seus produtos de hidrólise foi caracterizado no 5o dia após a embebição (DAE)

em plântulas de girassol híbrido Helio 253, crescidas durante três dias em meio de

cultura sem adições (controle) ou suplementado com sacarose 50, 100 ou 200 mM.

As plântulas tratadas com diferentes concentrações de sacarose reduziram de

tamanho e apresentaram cotilédones com coloração mais amarelada, em relação ao

controle (Fig. 8).

Figura 8 - Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de sacarose. Plântulas de girassol híbrido Helio 253 foram cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 50, 100 ou 200 mM de sacarose. A barra vertical representa a escala de 1 cm. O aumento da concentração externa de sacarose acarretou o incremento do

conteúdo de massa seca (MS) nos cotilédones e no eixo em crescimento em relação

ao tratamento controle (Fig. 9). Com efeito, houve aumento significativo de 32 e 13%

na MS dos cotilédones e do eixo em crescimento, respectivamente, em plântulas

tratadas com 200 mM de sacarose em relação ao controle (Fig. 9A).

Controle 50 mM 100 mM 200 mM

36

Figura 9 - Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de sacarose. Conteúdo de MS nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 50, 100 ou 200 mM de sacarose. As barras representam as médias, e as linhas verticais, os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%. (g/ cotilédones) O conteúdo de lipídios neutros (LN) e de amido nos cotilédones, expresso em

mg/parte, aumentaram em todos os tratamentos com adição de sacarose, enquanto

que o conteúdo de proteínas solúveis (PS), expresso em mg/parte, só aumentou de

forma significativa com o tratamento de sacarose 200 mM em comparação com as

plântulas não tratadas (Fig. 10A, B e D). De fato, a adição de sacarose 200 mM ao

meio de cultura propiciou incremento significativo de 67, 38 e 82% no conteúdo de

LN, PS e amido, nessa ordem, em relação ao controle (Fig. 10A, B e D). No eixo em

crescimento, o tratamento com sacarose 200 mM reduziu, de forma significativa, em

20% o conteúdo de PS, expresso em mg/g MS, e propiciou incremento significativo

de 59% no conteúdo de amido, expresso em mg/parte, ambos em comparação com

o controle (Fig. 10C e E). É importante ressaltar que o aumento do conteúdo de

37

amido nos cotilédones e no eixo em crescimento foi dependente da concentração

externa de sacarose (Fig. 10D e E). Além disso, pode-se destacar que a diminuição

do conteúdo de PS no eixo em crescimento coincidiu com o aumento do conteúdo

de PS nos cotilédones para as plântulas tratadas com diferentes concentrações de

sacarose (Fig. 10B e C).

Figura 10 - Conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e de amido em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de sacarose. Conteúdo de LN nos cotilédones (A), de PS nos cotilédones (B) e no eixo em crescimento (C) e de amido nos cotilédones (D) e no eixo em crescimento (E) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 50, 100 ou 200 mM de sacarose. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

38

Apenas sob o tratamento com sacarose 200 mM, o conteúdo de açúcares

solúveis totais (AST) foi incrementado nos cotilédones de forma significativa,

atingindo 38% mais AST em relação às plântulas não tratadas (Fig. 11A). No eixo

em crescimento, o conteúdo de AST aumentou significativamente em 23 e 37% para

os tratamentos com sacarose 100 e 200 mM, nessa ordem, em comparação ao

controle (Fig. 11B). O conteúdo de açúcares não-redutores (ANR) nos cotilédones e

no eixo em crescimento aumentou de forma dependente da concentração externa de

sacarose (Fig. 11C e D). Com efeito, o conteúdo de ANR nos cotilédones e no eixo

em crescimento aumentou significativamente em 15 e 6 vezes, respectivamente, no

tratamento com sacarose 200 mM em referência ao controle. É notável que o

aumento no conteúdo de AST nos cotilédones e no eixo em crescimento (Fig. 11A e

B), resultante dos tratamentos com sacarose, foi representado principalmente pelo

incremento de ANR nos mesmos órgãos (Fig. 11C e D).

O conteúdo de aminoácidos livres totais (AALT) nos cotilédones aumentou,

de forma significativa, em 48% para todos os tratamentos com adição de sacarose

em comparação com as plântulas não tratadas (Fig. 11E). No eixo em crescimento,

o aumento da concentração externa de sacarose não ocasionou alterações

significativas no conteúdo de AALT (Fig. 11F). É importante evidenciar que o

aumento do conteúdo de AALT nos cotilédones de plântulas tratadas com sacarose

coincide com o atraso na mobilização de PS e com a diminuição do conteúdo de PS

no eixo em crescimento em referência ao controle (Fig. 10B e C; Fig. 11F).

39

Figura 11 - Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de sacarose. Conteúdo de AST nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B), de ANR nos cotilédones (C) e no eixo em crescimento (D) e de AALT nos cotilédones (E) e no eixo em crescimento (F) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 50, 100 ou 200 mM de sacarose. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

40

3.3 EFEITO DA CONCENTRAÇÃO EXTERNA DE L-GLUTAMINA NO CONTEÚDO

DAS RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE HIDRÓLISE EM PLÂNTULAS DE

GIRASSOL

Após três dias de incubação em meio de cultura sem adições (controle) ou

suplementado com L-glutamina 5, 10 e 20 mM, foi caracterizado o conteúdo das

reservas nutritivas e de seus produtos de hidrólise e acompanhado o aspecto

morfológico de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o dia após a embebição

(DAE). As plântulas tratadas com diferentes concentrações de L-glutamina

reduziram de tamanho, apresentaram uma menor quantidade de raízes secundárias

nos tratamentos de 10 e 20 mM de L-glutamina e, no tratamento com 20 mM de L-

glutamina, os cotilédones apresentaram coloração mais amarelada, isso quando

comparadas com o controle (Fig. 12).

Figura 12 - Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de L-glutamina. Plântulas de girassol híbrido Helio 253 foram cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 5, 10 ou 20 mM de L-glutamina. A barra vertical representa a escala de 1 cm. Nos cotilédones, somente a aplicação externa de L-glutamina 20 mM

aumentou significativamente o conteúdo de massa seca (MS) em 20% em

comparação aos demais tratamentos (Fig. 13A). Já no eixo em crescimento, o

Controle 5 mM 10 mM 20 mM

41

conteúdo de MS foi significativamente reduzido em 34%, para o tratamento com L-

glutamina 20 mM em relação ao controle (Fig. 13B).

Figura 13 - Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de L-glutamina. Conteúdo de MS nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 5, 10 ou 20 mM de L-glutamina. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%. O conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e de amido

nos cotilédones, expressos em mg/parte, aumentaram significativamente em quase

todos os tratamentos com adição de L-glutamina quando comparados com o

controle (Fig. 14A, B e D). A adição de L-glutamina 20 mM ao meio de cultura

propiciou o incremento de 67, 55 e 67% no conteúdo de LN, de PS e de amido,

nessa ordem, em relação às plântulas não tratadas (Fig. 14A, B e D). No eixo em

crescimento, o tratamento com L-glutamina 20 mM ocasionou o incremento de 14 e

53% no conteúdo de PS (mg/g MS) e de amido (mg/parte), respectivamente, em

referência ao controle (Fig. 14C e E). É importante ressaltar que os tratamentos com

42

aplicação externa de L-glutamina causaram incremento significativo no conteúdo das

reservas de carbono (LN e amido) nos cotilédones de plântulas de girassol (Fig. 14A

e D).

Figura 14 - Conteúdo de lipídios neutros (LN), de proteínas solúveis (PS) e de amido em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de L-glutamina. Conteúdo de LN nos cotilédones (A), de PS nos cotilédones (B) e no eixo em crescimento (C) e de amido nos cotilédones (D) e no eixo em crescimento (E) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 5, 10 ou 20 mM de L-glutamina. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

43

Em todos os tratamentos com L-glutamina, o conteúdo de açúcares solúveis

totais (AST) foi incrementado, de forma significativa, nos cotilédones atingindo, em

média, 19% mais AST em comparação com as plântulas não tratadas (Fig. 15A). Em

contraponto, concentrações externas crescentes de L-glutamina não acarretaram

mudanças significativas no conteúdo de AST no eixo em crescimento (Fig. 15B). De

forma adicional, o conteúdo de açúcares não-redutores (ANR) nos cotilédones e no

eixo em crescimento aumentou significativamente conforme o incremento da

concentração externa de L-glutamina (Fig. 15C e D). De fato, o conteúdo de ANR

nos cotilédones e no eixo em crescimento aumentou 4 vezes e 68%,

respectivamente, no tratamento com L-glutamina 20 mM em referência ao controle.

O conteúdo de aminoácidos livres totais (AALT) nos cotilédones não

apresentou alterações significativas entre os diferentes tratamentos (Fig. 15E). No

eixo em crescimento, o conteúdo de AALT aumentou de forma dependente da

concentração externa de L-glutamina (Fig. 15F). Com efeito, o conteúdo de AALT

aumentou 7 vezes no tratamento com L-glutamina 20 mM em relação ao controle. É

importante evidenciar que, sob L-glutamina 20 mM, a acumulação de AALT no eixo

em crescimento (Fig. 15F) coincide com o acúmulo de LN nos cotilédones, e com o

de PS e com o de amido nos cotilédones e no eixo em crescimento de plântulas de

girassol (Fig. 14).

44

Figura 15 - Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em plântulas de girassol tratadas com concentrações crescentes de L-glutamina. Conteúdo de AST nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B), de ANR nos cotilédones (C) e no eixo em crescimento (D) e de AALT nos cotilédones (E) e no eixo em crescimento (F) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com 5, 10 ou 20 mM de L-glutamina. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

45

3.4 EFEITO DA APLICAÇÃO EXTERNA DE HORMÔNIOS NO CONTEÚDO DAS

RESERVAS NUTRITIVAS E PRODUTOS DE HIDRÓLISE EM PLÂNTULAS DE

GIRASSOL

O aspecto morfológico foi acompanhado, e o conteúdo das reservas nutritivas

e de seus produtos de hidrólise foi caracterizado em plântulas de girassol híbrido

Helio 253, no 5o dia após a embebição (DAE), após três dias de tratamento em meio

de cultura ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com ácido

giberélico (GA3) 50 µM, ácido abscísico (ABA) 50 µM ou ácido indolbutírico (IBA) 50

µM. O tratamento com GA3 proporcionou indução do crescimento em relação ao

controle (Fig. 16). As plântulas tratadas com ABA apresentaram retardo no

crescimento, ausência de raízes secundárias e cotilédones amarelados em

comparação com o controle (Fig. 16). Aquelas tratadas com IBA apresentaram

retardo no crescimento, desenvolvimento anormal da porção radicular e cotilédones

amarelados quando comparadas com o controle (Fig. 16).

Figura 16 - Aspecto morfológico de plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA). Plântulas de girassol híbrido Helio 253 foram cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com GA3 50 µM, ABA 50 µM ou IBA 50 µM. A barra vertical representa a escala de 1 cm.

Controle GA3 ABA IBA

46

Somente a aplicação externa de ABA e IBA ocasionou o incremento

significativo do conteúdo de massa seca (MS) nos cotilédones em comparação com

o controle. De fato, o conteúdo de MS dos cotilédones aumentou 44 e 33% nos

tratamentos com ABA e IBA, nessa ordem, em relação ao controle (Fig. 17A). Já no

eixo em crescimento, o conteúdo de MS foi reduzido de forma significativa em 63 e

54%, para os tratamentos com ABA e IBA, respectivamente, em comparação com as

plântulas não tratadas (Fig. 17B).

Figura 17 - Conteúdo de massa seca (MS) em plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA). Conteúdo de MS nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com GA3 50 µM, ABA 50 µM ou IBA 50 µM. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

47

O conteúdo de lipídios neutros (LN) nos cotilédones, expresso em mg/parte,

aumentou significativamente em 2,2 e 1,8 vezes nos tratamentos com ABA e IBA,

nessa ordem, em referência ao controle (Fig. 18A). Do mesmo modo, o conteúdo de

proteínas solúveis (PS), expresso em mg/parte, foi incrementado de forma

significativa em 2,0 e 1,4 vezes nos tratamentos com ABA e IBA, respectivamente,

em comparação com as plântulas não tratadas (Fig. 18B). O conteúdo de PS no eixo

em crescimento, expresso em mg/g MS, aumentou significativamente em 23 e 74%

nos tratamentos com ABA e IBA, nessa ordem, enquanto que houve diminuição

significativa de 29% no tratamento com GA3 em relação ao controle (Fig. 18C). O

conteúdo de amido nos cotilédones e no eixo em crescimento, expresso em

mg/parte, diminuiu significativamente em 38 e 45%, respectivamente, no tratamento

com ABA em comparação com as plântulas não tratadas (Fig. 18D e E). É

importante destacar que os tratamentos com ABA e IBA causaram aumento nos

conteúdos das reservas de LN e PS nos cotilédones, ao passo que o conteúdo de

amido foi reduzido, em comparação com o controle (Fig. 18A, B e D).

48

Figura 18 - Conteúdo de lipídios neutros (LN), proteínas solúveis (PS) e amido em plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA). Conteúdo de LN nos cotilédones (A), de PS nos cotilédones (B) e no eixo em crescimento (C) e de amido nos cotilédones (D) e no eixo em crescimento (E) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com GA3 50 µM, ABA 50 µM ou IBA 50 µM. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

O conteúdo de açúcares solúveis totais (AST) nos cotilédones diminuiu

significativamente em 90 e 39% nos tratamentos com ABA e IBA, respectivamente,

em comparação com o controle (Fig. 19A). No eixo em crescimento, o conteúdo de

AST foi reduzido, de forma significativa, em 56 e 79% nos tratamentos com ABA e

IBA, nessa ordem, em relação ao controle (Fig. 19B). Nos cotilédones de plântulas

49

tratadas com IBA, o conteúdo de açúcares não-redutores (ANR) aumentou

significativamente em 4 vezes em referência às plântulas não tratadas (Fig. 19C). Os

tratamentos com ABA e IBA ocasionaram incremento significativo de 2 e 3,1 vezes,

nessa ordem, no conteúdo de ANR do eixo em crescimento em relação ao controle

(Fig. 19D).

O conteúdo de aminoácidos livres totais (AALT) nos cotilédones aumentou

significativamente em 30% devido ao tratamento com ABA em comparação ao

controle (Fig. 19E). No eixo em crescimento, ocorreu aumento significativo do

conteúdo de AALT nos tratamentos com ABA e IBA, atingindo 9,6 e 2,9 vezes mais

AALT em relação às plântulas não tratadas (Fig. 19F). É importante evidenciar que,

nos cotilédones e no eixo em crescimento, o tratamento com ABA diminuiu o

conteúdo de AST e aumentou o conteúdo de AALT em referência ao controle (Fig.

19A e E).

50

Figura 19 - Conteúdo de açúcares solúveis totais (AST), de açúcares não-redutores (ANR) e de aminoácidos livres totais (AALT) em plântulas de girassol tratadas com ácido giberélico (GA3), ácido abscísico (ABA) ou ácido indolbutírico (IBA). Conteúdo de AST nos cotilédones (A) e no eixo em crescimento (B), de ANR nos cotilédones (C) e no eixo em crescimento (D) e de AALT nos cotilédones (E) e no eixo em crescimento (F) de plântulas de girassol híbrido Helio 253 no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com GA3 50 µM, ABA 50 µM ou IBA 50 µM. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%.

51

3.5 ATIVIDADE DE ISOCITRATO LIASE E GLUTAMINA SINTETASE REGULADA

POR HORMÔNIOS, FONTES DE CARBONO E NITROGÊNIO DURANTE O

CRESCIMENTO PÓS-GERMINATIVO EM GIRASSOL

As atividades das enzimas isocitrato liase (ICL) e glutamina sintetase (GS)

foram verificadas em cotilédones de plântulas de girassol híbrido Helio 253, no 5o dia

após a embebição (DAE), após três dias de tratamento em meio de cultura ágar-

água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com sacarose 200 mM, L-

glutamina 20 mM, ácido giberélico (GA3) 50 µM ou ácido abscísico (ABA) 50 µM

(Fig. 3.5.1). A atividade de ICL nos cotilédones aumentou significativamente 94, 189,

265 e 130% nos tratamentos com sacarose, L-glutamina, GA3 e ABA, nessa ordem,

em relação ao controle (Fig. 20A). Entretanto, a atividade de GS nos cotilédones

tratados com sacarose e glutamina diminuiu de forma significativa 50 e 90%,

respectivamente, em comparação com o controle. No tratamento com ABA, a

atividade de GS aumentou significativamente 41% e permaneceu inalterada no

tratamento com GA3, ambas em comparação com o controle (Fig. 20B).

52

Figura 20 - Atividade de isocitrato liase (ICL) e de glutamina sintetase (GS) em plântulas de girassol. Atividade de ICL e de GS em cotilédones de plântulas de girassol híbrido Helio 253, no 5o DAE, cultivadas durante três dias em meio ágar-água 4 g/L sem adições (controle) ou suplementado com sacarose 200 mM, L-glutamina 20 mM, ácido giberélico (GA3) 50 µM ou ácido abscísico (ABA) 50 µM. As barras representam as médias, e as linhas verticais representam os desvios padrões de cinco repetições. As barras assinaladas com as mesmas letras não diferem significativamente de acordo com o teste de Tukey ao nível de significância de 5%. (micromol)

53

4 DISCUSSÃO

Os nossos resultados indicam que a transição do metabolismo heterotrófico

baseado nas reservas nutritivas para o metabolismo autotrófico fotossintetizante nos

cotilédones de girassol híbrido Hélio 253 depende da mobilização coordenada dos

lipídios e das proteínas de reserva durante o crescimento pós-germinativo inicial.

Nesse sentido, os padrões de degradação dessas reservas bem como de partição

dos seus produtos sustentam que o processo de mobilização é, pelo menos em

parte, regulado pelo mecanismo fonte-dreno. De forma complementar, o paralelismo

observado entre a mobilização dos lipídios e das proteínas de reserva pode ser

discutido com base em inter-relações recentemente demonstradas entre o

metabolismo do carbono e do nitrogênio (EASTMOND et al., 2000; BOREK et al.,

2003; LEHMANN e RATAJCZAK, 2008; BOREK e RATAJCZAK, 2010).

A transição para a atividade fotossintética em plântulas de girassol foi

evidenciada a partir do 4o dia após a embebição (DAE), com base na acumulação de

clorofilas e de carotenoides e na evolução de oxigênio (HEUPEL e KUTSCHERA,

1996). Nossos resultados confirmam que essa transição se dá no 4o DAE,

considerando o acúmulo de massa seca (MS) total nas plântulas (Fig. 6D) e o

acúmulo de clorofilas totais (CT) (Fig. 6C), de amido (Fig. 6A), de açúcares solúveis

totais (AST) (Fig. 7A) e de açúcares não-redutores (ANR) (Fig. 7C) nos cotilédones.

A mobilização coordenada das fontes de carbono e de nitrogênio, antes do

estabelecimento da autonomia fotossintética em plântulas de girassol, envolve o

mecanismo fonte-dreno. No tocante às fontes de carbono, a mobilização dos ANR

(Fig. 7C) e do amido (Fig. 6A) cumpre papel fundamental durante a germinação das

sementes nos momentos iniciais do crescimento das plântulas, isto é, até o 2o DAE.

54

Embora a mobilização dos LN (Fig. 4A) se inicie desde a germinação, esse processo

se mostra mais proeminente após a mobilização dos ANR e do amido. Nesse

sentido, o mecanismo fonte-dreno pode ser evidenciado ao longo do

estabelecimento das plântulas de girassol para as diferentes fontes de carbono, uma

vez que a mobilização sequencial dessas reservas nos cotilédones se dá em

paralelo com o consumo dos AST no eixo em crescimento (Fig. 7B).

É importante ressaltar que a mobilização dos lipídios de reserva ocorre

majoritariamente antes do estabelecimento do aparato fotossintético, pois nossos

resultados apontam que, a partir do 5o DAE, a degradação dos LN é diminuída (Fig.

4A). Esses resultados estão de acordo com um estudo prévio utilizando girassol, no

qual foi demonstrado que a acumulação de açúcares solúveis nos cotilédones no 5o

DAE modula negativamente a atividade da isocitrato liase (ICL), enzima marca-

passo da mobilização dos lipídios de reserva (PFEIFFER e KUTSCHERA, 1997).

De maneira semelhante, o mecanismo fonte-dreno parece atuar sobre as

fontes de nitrogênio durante o crescimento pós-germinativo em girassol, uma vez

que a mobilização das proteínas de reserva nos cotilédones (Fig. 4B), desde a

germinação, é acompanhada pelo consumo dos aminoácidos livres totais (AALT) no

eixo em crescimento (Fig. 7F). De forma complementar, verificamos que a

acumulação dos AALT nos cotilédones (Fig. 7E) ocorreu em um padrão bifásico,

corroborado pelo perfil eletroforético das proteínas solúveis (PS) (Fig. 5), o qual

mostra a degradação sequencial das cadeias acídicas e básica da heliantinina,

globulina 11S de girassol (ŽILIĆ et al., 2010). Além disso, a mobilização das

proteínas de reserva foi mais proeminente a partir do 3o DAE (Fig. 4B),

acompanhando de modo concomitante a degradação dos lipídios de reserva até o 5o

DAE (Fig. 4D). Contudo, após o estabelecimento do aparato fotossintético no 5o

55

DAE, o processo de mobilização das proteínas continuou até a quase exaustão (Fig.

4B; Fig. 5), provavelmente devido à carência de fontes externas de nitrogênio no

meio de cultura.

Baseado em estudos recentes, sugerimos que o paralelismo verificado entre a

mobilização dos lipídios e das proteínas de reserva nos cotilédones de girassol até o

estabelecimento da atividade fotossintética se deve à existência de vias alternativas

que utilizam os produtos de mobilização provenientes de ambas as reservas. Com

relação à mobilização dos lipídios de reserva, a assim chamada via clássica envolve

a utilização dos produtos de mobilização como precursores da gliconeogênese para

a síntese de sacarose a ser enviada para o eixo em crescimento (EASTMOND e

GRAHAM, 2001). De maneira complementar, a via clássica de mobilização das

proteínas de reserva gera aminoácidos a serem transportados para o eixo em

crescimento ou alocados na biossíntese de novo de proteínas nos tecidos de

armazenamento (MÜNTZ et al., 2001).

Estudos realizados com Lupinus luteus sugerem que as reservas lipídicas

podem ser convertidas não somente em sacarose, mas principalmente em

aminoácidos, a partir de duas rotas alternativas à via clássica. Assim, o isocitrato

gerado no citosol ou o malato proveniente da mitocôndria podem ser desviados para

a biossíntese das amidas de transporte, glutamina e asparagina (BOREK et al.,

2003; LEHMANN e RATAJCZAK, 2008; BOREK e RATAJCZAK, 2010). Além disso,

outro estudo, utilizando Arabidopisis thaliana como modelo, sugere que as rotas

alternativas podem atuar na ausência do ciclo do glioxilato, mantendo a mobilização

dos lipídios de reserva quando fontes externas de carbono são ofertadas

(EASTMOND et al., 2000).

56

Nesse sentido, propomos um modelo que integra as vias clássicas de

mobilização com as vias alternativas sugeridas na literatura, mostrando que essas

inter-relações metabólicas podem estar diretamente relacionadas com a mobilização

concomitante dos lipídios e das proteínas de reserva em girassol (Fig. 21).

Sugerimos que as vias metabólicas alternativas esquematizadas no modelo podem

ser responsáveis pela transformação parcial dos diferentes aminoácidos

provenientes da mobilização de proteínas em amidas para envio ao eixo em

crescimento, uma vez que as amidas são consideradas as principais formas de

transporte de nitrogênio em plantas (HELDT e PIECHULLA, 2011).

Figura 21 - Modelo integrativo proposto para as diferentes vias metabólicas que utilizam os produtos de mobilização dos lipídios e das proteínas. Corpo lipídico (CL), vacúolo de estocagem de proteínas (VEP), glioxissomo (GOX), mitocôndria (MIT), β-oxidação (β-O), ciclo do glioxilato (CG), ciclo de Krebs (CK), proteínas de reserva de sementes (PRS), triacilglicerol (TAG), ácido graxo (AG), aminoácido (AA), trifosfato de adenosina (ATP), α-cetoglutarato (α-KG), glutamato (GLU), glutamina (GLN), oxaloacetato (OAA), aspartato (ASP) e asparagina (ASN).

57

Além das mobilizações dos lipídios e das proteínas de reserva se mostrarem

coordenadas e paralelas nos cotilédones de plântulas de girassol híbrido Hélio 253,

durante o crescimento pós-germinativo inicial, os nossos resultados evidenciam que

a sacarose fornecida no meio externo modula negativamente a mobilização das

proteínas de reserva, assim como a L-glutamina adicionada no meio externo modula

negativamente a mobilização das reservas de carbono (LN e amido). De forma

complementar, a modulação negativa da mobilização das reservas de carbono e de

nitrogênio pelo tratamento com ácido abscísico (ABA) parece envolver um

mecanismo diferente daqueles proporcionados por fontes externas de sacarose ou

L-glutamina.

Nossos resultados apontam que a adição de sacarose ao meio de cultura

modula negativamente a mobilização do amido (Fig. 10D), dos lipídios (Fig. 10A) e

das proteínas (Fig. 10B) de reserva nos cotilédones de girassol, pois, já está

estabelecido na literatura que a sacarose pode possuir papel tanto como metabólito,

quanto como molécula sinalizadora (WIND et al., 2010). Em concordância com os

nossos resultados, a sacarose exógena também ocasiona o retardo da mobilização

dos lipídios (BOREK et al., 2006; BOREK e NUC, 2011) e das proteínas de reserva

(BOREK e RATAJCZAK, 2002) em plântulas de L. luteus, durante o crescimento

pós-germinativo.

Curiosamente, os nossos resultados apontam que o efeito modulador da

sacarose exógena sobre a mobilização dos lipídios durante o estabelecimento da

atividade fotossintética em plântulas de girassol não pode ser atribuído à diminuição

da atividade de ICL (Fig. 20A). De fato, a atividade de ICL é aumentada sob

tratamentos com sacarose externa em plântulas de L. luteus, e o retardo da

mobilização dos lipídios é atribuído à redução da transcrição e da atividade de

58

lipases (BOREK et al., 2006; BOREK e NUC, 2011). No entanto, durante o

crescimento pós-germinativo de plântulas de A. thaliana, o efeito modulador sobre a

mobilização dos lipídios parece não ser decorrente da ação direta da sacarose, mas

de seus produtos de hidrólise fosforilados (TO et al., 2002).

O retardo da mobilização das proteínas de reserva pela sacarose externa

durante o crescimento pós-germinativo inicial em girassol é acompanhado pela

acumulação de AALT (Fig. 11E). De fato, a acumulação dos produtos de hidrólise

diminui a atividade in vitro de proteases envolvidas na mobilização das proteínas de

reserva em Fagopyrum esculentum (DUNAEVSKY e BELOZERSKY, 1989). Assim

sendo, nossos resultados indicam que a mobilização das proteínas pode ser

retardada por um mecanismo de retroalimentação negativa mediado por

aminoácidos nos cotilédones de plântulas de girassol tratadas com sacarose

externa.

É possível que o efeito da sacarose externa seja indireto, envolvendo um

descompasso entre a mobilização dos lipídios e a das proteínas de reserva.

Levando em conta que a sacarose externa pode restringir a degradação dos lipídios

devido à repressão das lipases (BOREK et al., 2006; BOREK e NUC, 2011), a

acumulação de aminoácidos nos cotilédones de plântulas de girassol tratadas com

sacarose pode ser decorrente da desaceleração das vias alternativas que fornecem

esqueletos de carbono para a biossíntese de amidas a partir de ácidos graxos (Fig.

21) (BOREK et al., 2003; LEHMANN e RATAJCZAK, 2008; GAUFICHON et al.,

2010). Essa hipótese é corroborada pela diminuição da atividade de GS nos

cotilédones (Fig. 20B), uma vez que a atividade dessa enzima está relacionada com

a biossíntese das amidas de transporte (LEHMANN e RATAJCZAK, 2008;

GAUFICHON et al., 2010).

59

A adição de L-glutamina ao meio de cultura desencadeia efeitos mais

drásticos sobre o crescimento do eixo e a mobilização das reservas nutritivas, em

comparação com a sacarose exógena, durante o crescimento pós-germinativo inicial

em girassol. De fato, o conteúdo de MS do eixo em crescimento é diminuído em

34% na presença de L-glutamina 20 mM (Fig. 13B) e aumentado em 13% com a

adição de sacarose 200 mM ao meio externo (Fig. 9B). Além disso, a L-glutamina

externa modula negativamente a mobilização do amido (Fig. 14D), dos lipídios (Fig.

14A) e das proteínas (Fig. 14B) de reserva em concentração dez vezes mais baixa

que a da sacarose exógena.

Poucos trabalhos abordam o efeito de fontes externas de aminoácidos sobre

a mobilização das reservas nutritivas após a germinação das sementes. Em A.

thaliana, a adição de peptona ao meio de cultura ocasiona o retardo na mobilização

das globulinas (GARCIARRUBIO et al., 1997). De forma adicional, em Dolichos

lablab, o retardo da mobilização das proteínas de reserva pelo fornecimento de

caseína hidrolisada pode ser devido ao efeito inibidor de aminoácidos sobre a

atividade de proteases ácidas (RAMAKRISHNA e RAO, 2005). No entanto, os

mecanismos que modulam a mobilização das fontes de carbono na presença de

fontes externas de aminoácidos ainda continuam desconhecidos.

Curiosamente, a exposição das plântulas de girassol à L-glutamina externa

não proporciona a acumulação de AALT (Fig. 15E), mas ocasiona o aumento do

conteúdo de AST (Fig. 15A) e de ANR (Fig. 15C) e a diminuição da atividade de GS

(Fig. 20B) nos cotilédones. Neste sentido, é possível que a modulação negativa da

mobilização das reservas nutritivas pela L-glutamina exógena pode ser decorrente

de um efeito indireto envolvendo a alteração do balanço C:N. De maneira alternativa,

60

esse mecanismo de modulação pode estar relacionado com a alteração da

qualidade, e não da quantidade, do pool de aminoácidos presente nos cotilédones.

Já está claramente estabelecido que as giberelinas (GA) estimulam a

mobilização do amido e das proteínas de reserva em cereais após a germinação,

induzindo a expressão de α-amilases e proteinases cisteínicas, respectivamente.

Além disso, o papel do ácido abscísico (ABA) como antagonista das GA nesse

processo também está consolidado na literatura (BEWLEY et al., 2013). Neste

trabalho, a adição de GA3 ao meio de cultura não ocasiona alterações nos padrões

de mobilização das reservas nutritivas nos cotilédones (Fig. 18) ou de partição dos

seus produtos de hidrólise para o eixo em crescimento (Fig. 19), durante o

estabelecimento de plântulas de girassol. Tendo em vista que as GA são produzidas

pelo eixo em crescimento e transportadas para os tecidos de armazenamento após

a germinação (BEWLEY et al., 2013), é possível que o conteúdo endógeno das GA

nos cotilédones de girassol seja suficientemente elevado para mascarar o efeito do

GA3 adicionado ao meio externo em baixa concentração (50 µM).

Em contraste, a adição de ABA ao meio de cultura modula negativamente a

mobilização dos lipídios (Fig. 18A) e das proteínas de reserva (Fig. 18B), mas causa

a diminuição do conteúdo de amido (Fig. 18D) nos cotilédones de plântulas de

girassol durante o crescimento pós-germinativo. Embora alguns trabalhos indiquem

que o ABA afeta a mobilização dos lipídios restringindo a expressão de enzimas da

beta-oxidação e da malato sintase (PRITCHARD et al., 2002) ou a atividade da ICL

(MARRIOTT e NORTHCOTE, 1977; FINKELSTEIN e LYNCH, 2000), o retardo da

mobilização dos lipídios nas plântulas de girassol tratadas com ABA exógeno não

pode ser atribuído à alteração da atividade de ICL (Fig. 20A).

61

Algumas evidências indicam que o ABA é capaz de restringir a mobilização

das proteínas de reserva após a germinação (GARCIARRUBIO et al., 1997; TONINI

et al., 2010), modulando negativamente a atividade de proteases (BARDUCHE et al.,

1999). Em plântulas de girassol, sugerimos que o retardo da mobilização das

proteínas nos cotilédones (Fig. 18B) pode ser decorrente do efeito do ABA exógeno

sobre a mobilização dos lipídios. De fato, o atraso da degradação dos lipídios (Fig.

18A) induzido por ABA é corroborado pela diminuição do conteúdo de AST nos

cotilédones (Fig. 19A) e no eixo em crescimento (Fig. 19B). Em contraponto, a

acumulação de PS no eixo (Fig. 18C) e de AALT, em ambas as partes (Fig. 19E e

F), não favorecem a hipótese de que o ABA exógeno modula diretamente a

mobilização das proteínas nos cotilédones de plântulas girassol.

Já está estabelecido na literatura que as auxinas apresentam um papel

indutor no crescimento das plântulas, relacionado com todos os aspectos do

desenvolvimento vegetal (SIMON e PETRÁŠEK, 2011). Contudo, nossos dados

indicam que a aplicação externa de ácido indolbutírico (IBA) ocasiona retardo da

mobilização das reservas em plântulas de girassol, demonstrado pelo aumento dos

conteúdos de MS (Fig. 17A), de LN e de PS (Fig. 18A e B) nos cotilédones em

paralelo com a diminuição do conteúdo de MS no eixo em crescimento (Fig. 17B).

De forma complementar, verificamos uma alteração morfológica da parte radicular

das plântulas tratadas com IBA (Fig. 16) e um acúmulo de PS no eixo em

crescimento (Fig. 18C).

Em relação ao retardo do crescimento, um trabalho utilizando Aechmea

blanchetiana demonstrou que a aplicação externa de IBA em baixas e altas

concentrações ocasiona indução e retardo, nessa ordem, do desenvolvimento (CHU

et al., 2010). Quanto ao efeito morfológico, já é sabido que as auxinas auxiliam na

62

indução da formação de raízes laterais e de calos (INGENSIEP, 1982; CHENG et

al., 1992; WOODWARD e BARTEL, 2005). Nesse sentido, o acúmulo de proteínas

solúveis no eixo em crescimento está associado ao fato de as auxinas induzirem a

formação de raízes laterais e tem sido relacionado com um aumento na síntese de

enzimas durante o processo de regeneração de raízes (HUSEN, 2008). Assim, é

possível que a concentração de IBA utilizada no presente trabalho seja muito

elevada para promover o desenvolvimento das plântulas de girassol.

A utilização do girassol como espécie modelo para estudar os mecanismos de

mobilização de reservas em dicotiledôneas oleaginosas mostrou-se uma ótima

opção na medida em que propiciou um sistema experimental fácil e rápido, gerando

resultados reprodutíveis e evidentes.

63

5 CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho confirmam que a mobilização dos lipídios e das

proteínas de reserva ocorre de forma coordenada durante o crescimento pós-

germinativo inicial em girassol, corroborando a hipótese de que a aplicação externa

de fontes de carbono (sacarose) e nitrogênio (L-glutamina) é capaz de atrasar a

mobilização dessas reservas nutritivas de forma cruzada. Além disso, considerando

as mudanças nos padrões de mobilização das reservas e a partição dos seus

produtos, proporcionadas pela aplicação externa de diferentes reguladores do

crescimento, é evidente que os efeitos dos metabólitos e dos hormônios devem

envolver, pelo menos em parte, mecanismos de ação distintos.

64

REFERÊNCIAS

BARDUCHE, D.; PAIVA, R.; LOPES, M.A.; PAIVA, E. Effect of ABA and GA3 on

protein mobilization in embryos and cotyledons of angico [Anadenanthera peregrina

(L.) speg] seeds during germination. Brazilian Archives of Biology and

Technology, v.42, 1999.

BERTELI, F.; CORRALES, E.; GUERRERO, C.; ARIZA, M.J.; PILEGO, F.;

VALPUESTA, F.W. Salt stress increases ferredoxin-dependent glutamate synthase

activity and protein level in the leaves of tomato. Physiologia Plantarum, v.93,

p.259-264, 1995.

BEWLEY, J.D.; BRADFORD, K.J.; HILHORST, H.W.M.; NONOGAKI, H. SEEDS:

Physiology of Development, Germination and Dormancy. 3. ed. New York: Springer,

2013.

BOREK, S.; NUC, K. Sucrose controls storage lipid breakdown on gene expression

level in germinating yellow lupine (Lupinus luteus L.) seeds. Journal of Plant

Physiology, v.168, p.1795-1803, 2011.

BOREK, S.; RATAJCZAK, L. Storage lipids as a source of carbon skeletons for

asparagine synthesis in germinating seeds of yellow lupine (Lupinus luteus L.).

Journal of Plant Physiology, v.167, p.717-724, 2010.

65

BOREK, S.; RATAJCZAK, W.; RATAJCZAK, L. A transfer of carbon atoms from fatty

acids to sugars and amino acids in yellow lupine (Lupinus luteus L.) seedlings.

Journal of Plant Physiology, v.160, p.539-545, 2003.

BOREK, S.; RATAJCZAK, W.; RATAJCZAK, L. Ultrastructural and enzymatic

research on the role of sucrose in mobilization of storage lipids in germinating yellow

lupine seeds. Plant Science, v.170, p.441-452, 2006.

BOREK, S.; RATAJCZAK, W. Sugars as a metabolic regulator of storage protein

mobilization in germinating seeds of yellow lupine (Lupinus luteus L.). Acta

Physiologiae Plantarum, v.24, p.425-434, 2002.

BRADFORD, M.M. A rapid and sensitive for the quantitation of microgram quantitites

of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v.

72, p.248-254, 1976.

BUCKERIDGE, M.S.; SANTOS, H.P.; TINÉ, M.A.S.; AIDAR, M.P.M. Mobilização de

Reservas. In: FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao

aplicado, Porto Alegre: Artmed, 2004, p.163-185.

CHELL, R.M.; SUNDARAM, T.K.; WILKINSON, A.E. Isolation and characterization of

isocitrate lyase from a thermophilic Bacillus sp. Biochemical Journal, v.173, p.165-

177, 1978.

66

CHENG, B.; PETERSON, C.M.; MITCHELL, R.J. The role of sucrose, auxin and

explant source on in vitro rooting of seedling explants of Eucalyptus sideroxylon.

Plant Science, v.87, p.207-214, 1992.

CHU, E.P.; TAVARES, A.R.; KANASHIRO, S.; GIAMPAOLI, P.; YOKOTA, E.S.

Effects of auxins on soluble carbohydrates, starch and soluble protein content in

Aechmea blanchetiana (Bromeliaceae) cultured in vitro. Scientia Horticulturae,

v.125, p.451-455, 2010.

DABDOUB, M.J.; BRONZEL, J.L.; RAMPIN, M.A. Biodiesel: visão crítica do status

atual e perspectivas na academia e na indústria. Química Nova, v.32, p.776-792,

2009.

DUBOIS, M.; GILLES, K.A.; HAMILTON, J.K.; REBERS, P.A.; SMITH, F.

Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Analytical

Chemistry, v.28, p.248-254, 1956.

DUNAEVSKY, Y.E.; Belozersky, M.A. The role of cysteine proteinase and

carboxypeptidasein the breakdown of storage proteins in buckwheat seeds. Planta,

v.179, p.316-322, 1989.

EASTMOND, P.J.; GERMAIN, V.; LANGE, P.R.; BRYCE, J.H.; SMITH, S.M.;

GRAHAM, I.A. Postgerminative growth and lipid catabolism in oilseeds lacking the

glyoxylate cycle. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.97, p.5669-

5674, 2000.

67

EASTMOND, P.J.; GRAHAM, I.A. Re-examining the role of the glyoxylate cycle in

oilseeds. Plant Science, v.6, p.72-77, 2001.

ELARBI, M.B.; KHEMIRI, H.; JRIDI, T.; Hamida, J.B. Purification and characterization

of α-amylase from safflower (Carthamus tinctorius L.) germinating seeds. Comptes

Rendus Biologies, v.332, p.426-432, 2009.

FINKELSTEIN, R.; LYNCH, T. The Arabidopsis abscisic acid response gene ABI5

encodes a basic leucine zipper transcription factor. Plant Cell, v.12, p.599-609,

2000.

GARCIARRUBIO, A.; LEGARIA, J.P.; COVARRUBIAS, A.A. Abscisic acid inhibits

germination of mature Arabidopisis seeds by limiting the availability of energy and

nutrients. Planta, v.203, p.182-187, 1997.

HELDT, H.W.; PIECHULLA, B. Plant Biochemistry. 4. ed. London: Academic Press,

2011.

HEUPEL, T.; KUTSCHERA, U. Pigment accumulation, dark respiration and

photosynthesis during the greening of sunflower cotyledons. Journal of Plant

Physiology, v.147, p.567-572, 1996.

68

HUSEN, A. Clonal propagation of Dalbergia sissoo Roxb. and associated metabolic

changes during adventitious root primordium development. New Forests, v.36, p.13-

27, 2008.

INGENSIEP, H.W. The morphogenetic response of intact pea seedlings with respect

to translocation and metabolism of root-applied auxin. Zeitschrift für

Pflanzenphysiologie, v.105, p.149-164, 1982.

KARUNAGARAN, D.; RAO, P.R. Mode and control of starch mobilization during

germination of seeds of horse gram. Plant Science, v.73, p.155-159, 1991.

LAEMMLI, U.K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of

bacteriophage T4. Nature, v.227, p.680-685, 1970.

LEHMANN, T.; RATAJCZAK, L. The pivotal role of glutamate dehydrogenase (GDH)

in the mobilization of N and C from storage material to asparagine in germinating

seeds of yellow lupine. Journal of Plant Physiology, v.165, p.149-158, 2008.

LIRA, M.A.; CHAGAS, M.C.M.; BRISTOT, G.; DANTAS, J.A.; HOLANDA, J.S.; LIMA,

J.M.P. Recomendações técnicas para o cultivo do girassol. In: LIRA, M.A.;

BARRETO, M.F.P. Oleaginosas como fonte de matéria-prima para a produção

de biodiesel. Natal: EMPARN, 2009.

69

MARRIOT, K.M.; NORTHCOTE, D.H. Influence of abscisic acid, cyclic AMP, and

gibberellic acid on induction of isocitrate lyase activity in endosperm of germinating

castor bean seeds. Journal of Experimental Botany, v.28, p.219-225, 1977.

MCCREADY, R.M., GUGGOLZ, J., SILVIERA, V., and OWENS H. S. Determination

of starch and amylose in vegetables. Analytical Chemistry, v.22, p.1156-1158,

1950.

MELO, F.P.L.; NETO, A.V.A.; SIMABUKURO, E.A.; TABARELLI, M. Recrutamento e

estabelecimento de plântulas. In: FERREIRA, A.G.; BORGHETTI, F. Germinação:

do básico ao aplicado, Porto Alegre: Artmed, 2004, p.237-250.

MORRIS, D.L. Quantitative determination of carbohydrates with Dreywood’s

anthrone reagent. Science, v.107, p.111-114, 1948.

MÜNTZ, K.; BELOZERSKY, M.A.; DUNAEVSKY, Y.E.; SCHLERETH, A.;

TIEDEMANN, J. Stored proteinases and the initiation of storage protein mobilization

in seeds during germination and seedling growth. Journal of Experimental Botany,

v.52, p.1741-1752, 2001.

PENFIELD, S.; GRAHAM, S.; GRAHAM, I.A. Storage reserve mobilization in

germinating oilseeds: Arabidopsis as a model system. Biochemical Society

Transactions, v.33, p.380-383, 2005.

70

PEOPLES, M.B.; FAIZAH, A.W.; REAKASEM, B.E.; HERRIDGE, D.F. Methods for

evaluating nitrogen fixation by nodulated legumes in the field. Canberra: Australian

Centre for International Agricultural Research, 1989.

PFEIFFER, I.; KUTSCHERA, U. Effect of white light on cell expansion and lipid

metabolism in sunflower cotyledons. Journal of Plant Physiology, v.151, p.590-

594, 1997.

PRITCHARD, S.L.; CHARLTON, W.L.; BAKER, A.; GRAHAM, I.A. Germination and

storage reserve mobilization are regulated independently in Arabidopsis. The Plant

Journal, v.31, p.639-647, 2002.

RAMAKRISHNA, V.; RAO, P.R. Axial control of protein reserve mobilization during

germination of indian bean (Dolichos lablab L.) seeds. Acta Biologica

Szegediensis, v. 49, p.23-27, 2005.

RYLOTT, E.L.; HOOKS, M.A.; GRAHAM, I.A. Co-ordinate regulation of genes

involved in storage lipid mobilization in Arabidopsis thaliana. Biochemical Society

Transactions, v.29, p.283-287, 2001.

SIMON, S.;; PETRÁŠEK, J. Why plants need more than one type of auxin. Plant

Science, v.180, p.454-460, 2011.

71

THOMAS, B.R.; RODRIGUEZ, R.L. Metabolite signals regulate gene expression and

source/sink relations in cereal seedlings. Plant Physiology, v. 106, p. 1235-1239,

1994.

TO, J.P.C.; REITER W.D.; GIBSON, S.I. Mobilization of seed storage lipid by

Arabdopsis seedling is retarded in the presence of exogenous sugars. BMC Plant

Biology, v.2, p.1-11, 2002.

TONINI, P.P.; PURGATTO, E.; BUCKERIDGE, M.S. Effects of abscisic acid,

ethylene and sugars on the mobilization of storage proteins and carbohydrates in

seeds of the tropical tree Sesbania virgata (Leguminosae). Annals of Botany, v.106,

p.607-616, 2010.

VARGAS, J.I. Vegetable oils as substitutes for diesel oil. Política Agrícola, n.1, p.

17-30, 2007.

VOIGT, E.L.; ALMEIDA, T.D.; CHAGASA, R.M.; PONTE, L.F.A.; VIÉGAS, R.A.;

SILVEIRA, J.A.G. Source-sink regulation of cotyledonary reserve mobilization during

cashew (Anacardium occidentale) seedling establishment under NaCl salinity.

Journal of Plant Physiology, v.166, p.80-89, 2009.

WIND, J.; SMEEKENS, S.; HANSON, J. Sucrose: metabolite and signaling molecule.

Phytochemistry, v.71, p.1610-1614, 2010.

72

WOODWARD, A.W., BARTEL, B. Auxin: regulation, action, and interaction. Annals

of Botany, v.95, p.707-735, 2005.

YEMM, E.W.; WILLIS, A.J. The estimation of carbohydrates in plant extracts by

anthrone. Biochemical Journal, v.57, p.508-514, 1954.

ŽILIĆ, S.;; BARAĆ, M.;; PEŠIĆ, M.;; CREVAR, M.;; STANOJEVIĆ, S.;; NIŠAVIĆ, A.;;

SARATLIĆ, G.;; TOLIMIR, M. Characterization of sunflower seed and kernel proteins.

Helia, v.33, p.103-114, (2010).