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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PERIODONTIA E PRÓTESE DENTÁRIA CAMILA MARIA BASTOS MACHADO DE RESENDE QUALIDADE DE VIDA, EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA E PRESENÇA DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM USUÁRIOS OU NÃO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL COM ARCO DENTAL CURTO INFERIOR Natal/RN 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ÁREA …...Natal- RN, 2011. 76 Tabela 6 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 5. 76 Tabela 7 - Distribuição da amostra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO PERIODONTIA E PRÓTESE DENTÁRIA

CAMILA MARIA BASTOS MACHADO DE RESENDE

QUALIDADE DE VIDA, EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA E PRESENÇA DEDISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM USUÁRIOS OU NÃO DE PRÓTESE

PARCIAL REMOVÍVEL COM ARCO DENTAL CURTO INFERIOR

Natal/RN2011

Camila Maria Bastos Machado de Resende

QUALIDADE DE VIDA, EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA E PRESENÇA DEDISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM USUÁRIOS OU NÃO DE PRÓTESE

PARCIAL REMOVÍVEL COM ARCO DENTAL CURTO INFERIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação emOdontologia da Universidade Federal do Rio Grande doNorte como requisito parcial para obtenção do grau demestre em odontologia, área de concentração periodontia eprótese dentária

ORIENTADOR: Profº. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa

Natal/RN2011

Camila Maria Bastos Machado de Resende

QUALIDADE DE VIDA, EFICIÊNCIA MASTIGATÓRIA E PRESENÇA DEDISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM USUÁRIOS OU NÃO DE PRÓTESE

PARCIAL REMOVÍVEL COM ARCO DENTAL CURTO INFERIOR

Aprovada em: 04/08/2011

Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra BarbosaUniversidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Orientador

Prof. Dr. André Ulisses Dantas BatistaUniversidade Federal da Paraíba – UFPB

Membro

Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto CarreiroUniversidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Membro

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRN comorequisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Odontologia, área de concentraçãoperiodontia e prótese dentária.

Agradecimentos EspeciaisAo meu filho Antonio por existir e por ter sempre um sorriso e um olhar

fortalecedores. Sempre foi confortante estar em sua presença. Sua alegria e curiosidade

foram estímulo e motivação para a realização deste sonho. Você e o papai são os amores da

mamãe!

Ao meu marido Antonio, companheiro fiel de todos os momentos mais importantes,

das principais conquistas e desafios. Obrigada por estar disponível para me ajudar,

principalmente com o Toninho, nosso amado filho. Obrigada por mesmo durante o seu

mestrado sempre colocar minhas prioridades na frente para que pudesse ter êxito em meus

compromissos. Amo-te imensamente! Obrigada por fazer parte da nossa vida!

Ao meu orientador, Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa, agradeço a confiança,

disponibilidade e paciência que sempre demonstrou. Agradeço ainda pelo seu estímulo

sempre procurando mostrar lados positivos. Foi um exemplo de profissional envolvido e

competente. Obrigada por sempre me mostrar um caminho quando as dúvidas me

consumiam. Mais uma vez, muito obrigada!

Agradeço à Jaiane Augusta Medeiros Ribeiro que se tornou uma grande amiga e

companheira durante todo o período do mestrado, dos momentos em sala de aula, clínica,

laboratório, dos desabafos e estresses. Você é uma amiga verdadeira! Sua alegria deixou os

dias mais leves e felizes.

Agradeço ao Arthur César de Medeiros Alves, aluno da graduação inicialmente e

agora recém-formado, pelo seu auxílio, dedicação, esforço e disponibilidade ao realizar

comigo parte da coleta de dados desta pesquisa. Sem dúvida será um excelente profissional!

Aos professores que contribuíram para a qualificação deste trabalho Ângelo

Roncalli e André Ulisses. Ambos muito atenciosos e dedicados. Muito Obrigada! Professor

André, nunca vi alguém tão gentil quanto o senhor.

Agradeço ainda a extrema paciência do professor Ângelo que sempre esteve

disposto a ajudar perante as inúmeras dúvidas que surgiam durante a metodologia e ao

universo de trabalhos possíveis de serem realizados e ainda pela imensa colaboração na

análise estatística. Foi uma enorme honra ter conhecido o senhor; seus conhecimentos são

incomensuráveis.

Ao professor Mestriner Júnior que forneceu as cápsulas mastigatórias permitindo

que utilizássemos sua metodologia.

AgradecimentosAgradeço a Deus por estar sempre presente na minha vida e na da minha família.

Obrigada, Senhor, por mais esta conquista!

Agradeço de maneira especial aos meus pais Henrique e Regina que desde sempre

confiaram em mim, sempre me estimulando e colaborando para que eu pudesse realizar os

meus sonhos. O que sou hoje é obra de vocês! Amo-os imensamente. Obrigada pela

colaboração com a realização de mais um sonho e pelos exemplos de perseverança,

sabedoria, estudo, honestidade, integridade e amor incondicional.

Aos meus irmãos Daniel, Filipe e João Henrique, minhas cunhadas Clarisse,

Galbéria e Lira e aos meus sobrinhos Daniel Filho, praticamente um irmão, Davi, Raphael,

Filipe, também meu afilhado, Pedro Henrique, João, Caíque, Cléo e Daniela, que também

de alguma forma foram exemplos e me estimularam durante o desenvolvimento deste

trabalho, até mesmo com um sorriso.

À família do meu marido, meu sogro Jefferson, minha sogra Hercília, minhas

cunhadas Mariana e Carol e concunhados Bruno e Gustavo e meus sobrinhos Gabriela,

minha afilhada, uma criança super alegre e Benjamim, um anjinho. Mais uma vez estava ao

lado de vocês na conclusão de um trabalho importante. Obrigada pelo apoio e palavras de

carinho e estímulo. Muitos foram exemplos de dedicação e vitória. D. Hercília, a senhora

consegue transbordar amor a quem está ao seu lado.

Aos meus avós Maria de Lourdes, Enedina e Juarez exemplos de amor em minha

vida. Obrigada por existirem!

À acadêmica Cibele Oliveira de Melo Rocha pela disponibilidade de ajudar quando

me via atribulada. Sua energia, perseverança e vontade de fazer foram importantes durante

o desenvolvimento do trabalho. Cibele, você tem tudo para ser uma excelente pesquisadora!

À professora Adriana da Fonte Porto Carreiro que sempre esteve por perto também

esclarecendo dúvidas e principalmente demonstrando na prática como é possível amar o

que faz e procurar sempre dar o melhor de si. Mostrou ainda que é possível ser uma

excelente profissional, mãe, esposa e dona de casa ao mesmo tempo. Isto foi muito

importante para mim!

À Professora Patrícia dos Santos Calderon pelos conhecimentos e postura

demonstrados no ambiente acadêmico.

À professora Íris do Céu Clara Costa que logo no início do mestrado demonstrou a

paixão pelo que faz e foi um excelente exemplo de comprometimento e amor pelo trabalho.

A cada aula ministrada podíamos sentir em suas palavras, gestos e mesmo entonações esta

paixão. A senhora foi muito importante para a minha formação, obrigada.

À professora Maria do Socorro Costa Feitosa Alves pelo exemplo de serenidade,

compromisso e envolvimento com a academia.

Agradeço à professora Delane Maria Rego que me acolheu quando cheguei de

Fortaleza e não conhecia ninguém. Foi quem primeiro me apresentou ao mundo acadêmico,

ao qual me apaixonei. Obrigada por ter acreditado em mim! Tenho um carinho muito

especial por você.

Agradeço à professora Carmen Regina dos Santos Pereira, onde vi que podemos

realmente fazer um acompanhamento do aprendizado do aluno e fazer parte deste. Aprendi

demais com a senhora! O envolvimento da senhora com a minha aprendizagem foi algo

muito importante. Obrigada!

Aos outros professores do programa e em especial ao professor Kênio Costa Lima.

Percebo seu enorme compromisso, dedicação e amor pelo que faz, grande exemplo de

paixão pela pesquisa, excelente profissional, quer viver em um mundo onde as

desigualdades não existam. Obrigada a cada professor que colaborou para a minha

formação. Nunca tinha estado em um ambiente onde fluísse tanta dedicação e envolvimento

com a pesquisa.

Aos funcionários do Departamento de prótese Édson, Nelson, Aurélio e Dona dos

Anjos que estavam sempre disponíveis a ajudar no que fosse possível a cada um.

Aos funcionários da biblioteca e em especial a colega Cecília Isabel dos Santos que

estava sempre disponível e com um belo sorriso e Mônica Karina Reis, além de Ocean,

Sebastião, Priscila, Marcone e Anderson. Mônica, Cecília e Anderson a colaboração de

vocês com a formatação foi imprescindível! Muito obrigada!

À presteza em todos os atendimentos, gentileza e alegria dos funcionários da pós-

graduação em especial Sandra e Lucas. Vocês foram ótimos! Obrigada!

A todos os professores e funcionários do Departamento de Odontologia que de

alguma forma contribuíram conosco.

A todos os alunos que pacientemente me informaram sobre seus pacientes,

forneceram os prontuários, permitiram que durante seu atendimento fizesse algumas

perguntas a seus pacientes. Obrigada pela colaboração.

Ao professor Elizeu Antunes dos Santos que viabilizou a análise laboratorial do

teste mastigatório no laboratório de Bioquímica.

Aos acadêmicos Raphael Serquiz e Phelippe Melo pelo auxílio durante a análise

laboratorial e leitura das cápsulas.

As novas mestrandas Rachel, Kássia e Isabelle que também participaram de alguma

forma da realização deste trabalho. Obrigada meninas! Vale à pena!

À minha grande amiga, Ana Luisa Brandão de Carvalho Lira, que em muito

colaborou para que eu participasse da seleção do mestrado.

À Zélia e Eliete que colaboraram para que eu pudesse estar na faculdade executando

este trabalho de forma tranquila, sabendo que meu filho estava sendo bem tratado.

A todos os pacientes que participaram da pesquisa, alguns se tornando até muito

queridos. Muito obrigada pela colaboração inestimável!

A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo

apoio financeiro.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação de arcos dentais curtos. 22Figura 2 - Arco dental curto regular simétrico. 23Figura 3 - Arco dental curto extremo assimétrico. 23Figura 4 - Representação esquemática da relação entre função oral e

comprimento do arco dental (expresso em unidades oclusais). 27

Figura 5 - Fluxograma da seleção da amostra estudada. 56Figura 6 – Cápsula mastigatória. 59Figura 7 – Cápsula íntegra e após mastigação. 61Figura 8 – Conteúdo da cápsula vertido em tubo de ensaio. 62Figura 9 – Agitação mecânica. 62Figura 10 – Filtragem 63Figura 11 – Exemplos de soluções após filtragem com diferentes. 63Figura 12 – Espectofotômetro. 64Figura 13 – Exemplo de valor de absorbância obtido. 64Figura 14 – Frequências relativas segundo a presença de DTM em paciente com

ADC. Natal-RN, 2011. 73

Figura 15 - Frequências relativas segundo o tipo de DTM em paciente com ADC.

Natal-RN, 2011. 73

Quadro 1 – Quadro das variáveis estudadas. 68

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Avaliação funcional dos tipos de dentes 49

Tabela 2 – Nível de função oral necessário relacionado à idade, expresso emnúmero mínimo de dentes em oclusão 49

Tabela 3 - Valores de freqüências absolutas e relativas segundo o número deunidades oclusais (UO) categorizadas presentes na amostra dos indivíduos comADC. Natal-RN, 2011.

71

Tabela 4 - Valores de freqüências absolutas e relativas segundo a utilização dePPR inferior utilizada pelos indivíduos com ADC da amostra. Natal-RN, 2011. 72

Tabela 5 - Valores de freqüência absoluta, média, desvio padrão, intervalo deconfiança, valor mínimo e máximo da amostra de todos os indivíduos segundo osresultados da eficiência mastigatória e o arco dental. Natal- RN, 2011.

76

Tabela 6 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 5. 76

Tabela 7 - Distribuição da amostra estudada de acordo com o arco dental eresultados do OHIP 14. Valores absolutos, de média, desvio padrão, intervalo deconfiança, valor mínimo e máximo. Natal- RN, 2011.

77

Tabela 8 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 7. 77

Tabela 9 - Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valormínimo e máximo da amostra de todos os indivíduos estudados segundo osresultados do WHOQOL para cada domínio, qualidade de vida e geral com arcodental e uso de PPR. Natal- RN, 2011.

78

Tabela 10 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 9. 80

Tabela 11 - Distribuição da amostra estudada de acordo com os grupos de estudoe a categorização da qualidade de vida (QV) a partir do WHOQOL geral.Valores absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

80

Tabela 12 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com ouso de PPR inferior e presença de DTM através de diagnóstico do RDC/TMD.Valores absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

81

Tabela 13 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com ouso de PPR inferior e tipo de DTM através de diagnóstico do RDC/TMD.Valores absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

81

Tabela 14 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com ouso de PPR inferior e os grupos diagnósticos de DTM do RDC/TMD. Valoresabsolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

82

Tabela 15 - Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valormínimo e máximo da amostra dos indivíduos com ADC não usuários de PPRsegundo a eficiência mastigatória e número de unidades oclusais. Natal- RN,2011.

83

Tabela 16 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 15. 83

Tabela 17 - Valores absolutos, de média, desvio padrão, intervalo de confiança,valor mínimo e máximo da amostra dos indivíduos com ADC não usuários dePPR segundo impacto das condições bucais na qualidade de vida (OHIP 14) enúmero de unidades oclusais. Natal- RN, 2011.

84

Tabela 18 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 17. 84

Tabela 19 - Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valormínimo e máximo da amostra dos indivíduos estudados com ADC que nãoutilizam PPR segundo os resultados do WHOQOL para cada domínio, auto-avaliação da qualidade de vida e geral e número de unidades oclusais. Natal- RN,2011.

85

Tabela 20 - Análise de variância dos dados referentes à tabela 19. 86

Tabela 21 - Distribuição da amostra estudada de acordo com o número deunidades oclusais (UO) e a categorização da qualidade de vida (QV) a partir doWHOQOL geral. Valores absolutos, percentuais e significância estatística.Natal-RN, 2011.

87

Tabela 22 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizamPPR inferior de acordo com as unidades oclusais (UO) e a presença de DTMatravés de diagnóstico do RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais esignificância estatística. Natal-RN, 2011.

87

Tabela 23 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizamPPR inferior de acordo com as unidades oclusais (UO) e tipo de DTM através dediagnóstico do RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais. Natal-RN, 2011.

88

Tabela 24 - Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizamPPR inferior de acordo com as unidades oclusais (UO) e os grupos diagnósticosde DTM do RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais e significânciaestatística. Natal-RN, 2011.

89

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AD – Arco Dental

ADC - Arco Dental Curto

AD Completo - Arco Dental Completo

ADEC - Arco Dental Extremamente Curto

ATM - Articulação Temporomandibular

CI – Carteira de Identidade

DD- Deslocamento de Disco

DTM - Disfunção Temporomandibular

OHIP - Oral Health Impact Profile

OHRQOL - Oral Health-Related Quality of Life

OMS - Organização Mundial de Saúde

PM - Pré-Molares

PPF- Prótese Parcial Fixa

PPR - Prótese Parcial Removível

QV – Qualidade de Vida

RDC/TMD – Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Dysfunction

RN - Rio Grande do Norte

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UO - Unidade Oclusal

WHOQOL - World Health Organization Quality of Life

RESUMO

Existe ainda hoje no Brasil um grande número de desdentados e uma precária condição

financeira da maior parte da população. Além disso, existe uma meta preconizada pela

Organização Mundial de Saúde para saúde bucal, que consiste na manutenção de uma

dentição natural, funcional e estética composta de, pelo menos, 20 dentes, sem que haja

necessidade de uma intervenção protética ao longo da vida. A partir disso e da escassez de

estudos sobre a permanência destes espaços edêntulos na cavidade bucal e ainda, buscando-

se evitar sobretratamentos, esta pesquisa foi proposta. Desta forma, objetivou-se avaliar o

efeito da variação do encurtamento do arco dental inferior na presença ou ausência de

prótese parcial removível (PPR) sobre a função mastigatória, qualidade de vida e presença

ou não de disfunção temporomandibular. Com este intuito comparou-se a eficiência

mastigatória (teste colorimétrico), o conforto oral através do impacto das condições bucais

na qualidade de vida (OHIP-14), a presença de disfunção temporomandibular (RDC/TMD)

e qualidade de vida geral (WHOQOL) de pacientes com arco dental curto (ADC) (n=60),

ou seja suporte posterior reduzido e ainda a um grupo de indivíduos com arco dental

completo (AD Completo) (n = 34). O grupo de pacientes que apresentava ADC foi

subdividido entre usuários de PPR (ADC +PPR) (n=17) e não usuários (n=43). A

população foi constituída por pacientes que recebem tratamento nas clínicas do

Departamento de Odontologia da UFRN ou que estão em busca do mesmo, a partir de

análise de prontuários e triagem prévia. A amostra foi por conveniência. Para a análise

estatística, fez-se um banco de dados no SPSS 17.0, seguida da análise descritiva com

freqüências, valores absolutos, testes de medidas de tendência central e variabilidade. Os

testes estatísticos utilizados foram o qui quadrado e análise de variância seguido do pós

teste de Tukey quando aplicável, tudo com nível de confiança de 95%. Com os resultados

observou-se que a prevalência de DTM foi de 47,1% entre os pacientes que utilizavam PPR

e 69,8% entre os que não utilizavam, mas isto não foi estatisticamente significante. Quanto

às médias dos resultados da eficiência mastigatória, WHOQOL e OHIP não houve

associação com a presença ou ausência de PPR inferior e nem com o número de unidades

oclusais dos pacientes (0, 1, 2 ou mais unidades oclusais). A associação só ocorreu entre o

grupo AD Completo e os subgrupos de ADC. Levando-se em consideração os resultados

pode-se observar que pacientes com suporte posterior bastante reduzido que utilizam PPR

inferior não possuem melhor eficiência mastigatória, qualidade de vida geral, nem as

condições bucais impactam menos na sua qualidade de vida, nem apresentam menos DTM

e nem possuem uma melhor eficiência mastigatória quando comparáveis aos pacientes que

não utilizam PPR com as mesmas condições bucais.

Palavras-chave: Mastigação. Qualidade de Vida. Saúde Bucal. Transtornos da Articulação

Temporomandibular.

ABSTRACT

Even nowadays there is in Brasil a large number of edentulous and a precarious financial

condition of most of the population. In addition, World Health Organization aims for oral

health, which consists on the maintenance of a natural dentition, functional and aesthetic

composed of at least 20 teeth, without need of prosthetic intervention throughout life. From

this and considering the lack of researches about the permanence of edentulous spaces in

the oral cavity, and also avoiding overtreatment, this research has been proposed. Thus, the

aim was to evaluate the effect of different lengths of the shortened lower dental arch in the

presence or absence of a removable partial denture (RPD) on masticatory function, quality

of life and occurrence of temporomandibular dysfunction. To achieve this goal, we

compared the masticatory efficiency (colorimetric test), the oral comfort through the

analysis of the impact of oral health in quality of life (OHIP-14), the presence of

temporomandibular dysfunction (RDC/TMD) and the general quality of life (WHOQOL) of

patients with shortened dental arches (SDA) (n=60), which is an arch with a reduction of

teeth starting posteriorly, and patients with complete dental arch (Complete DA) (n = 34).

The group of patients whit SDA was divided among PPR wears (PPD + SDA) (n = 17) and

non-wears (n = 43). The population of this study consisted on patients who received or

looked for treatment at the clinics of the Department of Dentistry of UFRN, from clinical

analysis and records. The sample was chosen by convenience. For statistical analysis, it was

a database in SPSS 17.0, followed by descriptive analysis with frequencies, absolute

values, tests of central tendency and variability. The statistical tests used were chi-squared

and analysis of variance as well as Tukey’s post test, when applicable, all with a 95%

confidence level. The results shown a prevalence of TMD of 47,1% among patients using

PRP and 69,8% among those who didn’t, but this result wasn’t statistically significant. The

mean of the results of masticatory efficiency, WHOQOL and OHIP didn’t show association

to the presence or absence of PPR and to the lower number of occlusal units of the patients

(0, 1, 2 or more occlusal). The association only occurred among the different groups of

SDA and the patients with complete dental arch. Taking into account the results, it could be

observed that studied patients with low posterior support using lower PRP didn’t have

better masticatory efficiency, general quality of life, less impacts of their oral conditions in

quality of life or not even less temporomandibular dysfunction or better masticatory

efficiency when compared to those who didn’t use the prosthesis.

Key words: Mastication. Quality of Life. Oral Health. Temporomandibular Joint Disorders.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 162 REVISÃO DE LITERATURA 212.1 ARCO DENTAL CURTO (ADC) 212.1.1 Função Oral 242.1.1.1 Utilização de prótese em ADC e a função oral 302.1.2 Disfunção Temporomandibular 322.1.3 Qualidade de Vida 402.1.4 Saúde Oral Relacionada à Qualidade de Vida 432.1.5 Verificação da Necessidade de Reposicionamento de Dentes Posteriores 463 PROPOSIÇÃO 534 METODOLOGIA 544.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 544.2 TIPO DE ESTUDO 544.3 LOCAL DO ESTUDO 544.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA 554.4.1 Critérios de Inclusão 574.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 584.6 COLETA DE DADOS 584.6.1 Eficiência Mastigatória 594.6.2 Impacto da Saúde Bucal na Qualidade de Vida 644.6.3 Qualidade de Vida Geral 654.6.4 Disfunção Temporomandibular 664.6.5 Outras Variáveis Estudadas 684.7 VARIÁVEIS ESTUDADAS 684.8 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 705 RESULTADOS 715.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 715.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES E DEPENDENTESESTUDADAS 75

6 DISCUSSÃO 907 CONCLUSÃO 101REFERÊNCIAS 102ANEXOS 111

16

1 INTRODUÇÃO

Hoje nos deparamos com um mundo em que a modernidade associada à

tecnologia está presente em diversas áreas do conhecimento, facilitando a solução de

diversos problemas que sempre afligiram a humanidade. Apesar disso, a Odontologia

continua se defrontando com um de seus problemas mais graves e antigos: a perda dentária.

Existe, ainda hoje no Brasil, um problema grave de edentulismo provocado por uma

histórica carência relacionada à saúde bucal. Segundo pesquisa realizada pela Fundação

Oswaldo Cruz em 2004, 26 milhões de pessoas são desdentadas totais no Brasil, o que

corresponde a aproximadamente 15% da população. Outro inquérito populacional mais

recente, o SB Brasil 2010, pesquisa nacional de saúde bucal (BRASIL, 2010), revelou que

aproximadamente 8 milhões e 600 mil idosos na faixa etária de 65 à 74 anos necessitam de

prótese total. Como consequência das perdas, o arco dental, que inicialmente era completo,

vai se tornando encurtado. Isto ocorre pelo fato dos dentes posteriores geralmente serem os

mais acometidos por cárie e doença periodontal o que acarreta em sua perda precoce

(BJÖRN; OWALL, 1979 apud KAYSER; WITTER; SPANAUF, 1987). As perdas

normalmente iniciam com os primeiros molares o que gera espaços intercalares e com as

futuras perdas o encurtamento do arco seja unilateral ou bilateral (PINTO, 1997). Esta

configuração das perdas dentais vai resultar em uma topografia do arco classificado em

classe I ou II de Kennedy.

Percebe-se, então, que o edentulismo ainda é uma realidade no Brasil e cabe aos

profissionais da área de saúde bucal o entendimento mais aprofundado desta questão para

que possam solucionar da melhor forma possível os problemas inerentes ao mesmo e

colaborar para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas. Vargas, em 2005, relatou a

natureza de alguns problemas funcionais na vida diária de indivíduos acometidos por

ausências dentais como dificuldade em mastigar, falar e outros em âmbito social como

mudanças no comportamento, insatisfação com a aparência, prejuízo na aceitação social,

dificuldade de acesso ao mercado de trabalho e assim causando forte impacto na qualidade

de vida. Relacionou ainda estas perdas a sentimentos negativos que não foram decorrentes

17

apenas de problemas estéticos ou funcionais, mas também pelo significado psicológico

importante que a boca e os dentes trazem para a formação do psiquismo humano. O estudo

e mesmo o entendimento da qualidade de vida se tornou um tema de interesse tanto da

sociedade acadêmica como da saúde pública com relação ao planejamento e execução de

políticas de bem estar (PEREIRA; LACERDA; TRAEBERT, 2009). Tem sido sugerido

que a manutenção de uma dentição que assegure uma mastigação eficiente é importante

tanto para a nutrição, como também para as funções sistêmica, mental e física do corpo

(WALLS et al., 2000).

Alterações na oclusão, tais como má oclusão de Angle, mordida cruzada,

mordida aberta, interferências oclusais, overjet e overbite alterados, discrepâncias da linha

média e ausências dentárias foram identificadas em diferentes estudos como fatores

predisponentes, iniciadores ou perpetuantes para o desenvolvimento da disfunção

temporomendibular. No entanto, as evidências que podem ser retiradas destes artigos são

fracas e poucas conclusões definitivas podem ser tiradas a respeito de um possível

relacionamento de causalidade (POVEDA-RODA, 2007). Deve-se ressaltar que os fatores

oclusais não são certamente os únicos fatores etiológicos que contribuem para as DTMs.

Outros fatores muito importantes, tais como trauma, estresse emocional, fontes de estímulo

de dor profunda, e até fatores sistêmicos podem ser os principais contribuintes para as

DTMs dos pacientes (OKESON, 2008).

Além disso, existe uma grande falta de informação, até mesmo por parte dos

cirurgiões-dentistas a respeito das conseqüências da presença de áreas edêntulas posteriores

na cavidade bucal de seus pacientes. Isso faz com que os clínicos apresentem a estes poucas

opções de tratamento para um problema, ocasionando, algumas vezes, menos satisfação dos

clientes que têm exigido mais informações detalhadas sobre as vantagens, desvantagens e

resultados esperados, antes de decidirem a terapia. Esta falta de informação acaba ajudando

a tornar a Odontologia uma ciência baseada, muitas vezes, em conhecimentos da prática

clínica pessoal do profissional, perdendo um pouco o status de área da saúde respaldada na

busca científica formal.

No quadro atual, observa-se que os dentistas ainda preocupam-se em substituir

dentes perdidos com receio da ocorrência de um colapso do sistema estomatognático, por

18

instabilidade oclusal, migração dentária, aumento do número de contatos oclusais, aumento

do trespasse vertical e horizontal, aumento da mobilidade dental e desgaste dental, extrusão

de dente antagonista e desenvolvimento de disfunção temporomandibular (AL-ALI;

HEATH; WRIGHT, 1998), além de limitação da eficiência e performance mastigatória e

redução da satisfação do paciente (SHEIHAM et al., 2001). Esta preocupação advém de

determinados axiomas que parecem bem sedimentados em suas mentes, possível

conseqüência, até mesmo, da educação formal recebida que pouco explora a possibilidade

da não colocação de próteses para substituir espaços edêntulos. Um axioma bastante

comum é a crença de que o tratamento de áreas edêntulas com próteses, de qualquer tipo, é

benéfico ao paciente. As justificativas para tal procedimento, na maioria das vezes, estão

relacionadas apenas a esse conhecimento prévio que os dentistas julgam bem definido, não

exigindo maiores investigações científicas, o que ressalta a idéia de que este conhecimento

é um axioma e que a colocação de próteses é essencial independente das características

individuais do caso do paciente como idade, número e localização dos dentes, além de

condições de saúde dentre outros.

Em 1992, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou como meta para a

saúde bucal a manutenção de uma dentição natural que seja funcional e estética composta

de, pelo menos, 20 dentes, sem que haja necessidade de uma intervenção protética ao longo

da vida do indivíduo (WORLD HEALTH ORGANIZATION,1992). Esta meta surgiu a

partir de pesquisas realizadas pelo grupo de Kayser et al. em Nijmegem na Holanda, onde

eles definem arco dental curto (ADC) como um arco com suporte posterior reduzido e

região anterior intacta e ainda que na presença de pré-molares em oclusão este arco

apresenta suficiente capacidade adaptativa, mantendo adequadas estabilidade oclusal,

capacidade e habilidade mastigatórias e estética (KAYSER, 1981). Em 1988 e 1994, este

grupo publica que ADC com 3 à 5 unidades oclusais (UO) , ou seja dentes posteriores em

oclusão onde um pré-molar corresponde a uma UO e um molar a duas UO, não é fator de

risco para desenvolvimento de disfunção temporomandibular (DTM) e que a presença de

prótese parcial removível (PPR) não previne sinais e sintomas de DTM (WITTER; VAN

ELTEREN; KÄYSER, 1988; WITTER; HAAN; KAYSER, 1994). E ainda faz com que

sejam repensadas as filosofias tradicionais de tratamento que enfatizam sempre a

19

necessidade da reposição de todos os dentes do arco dental, alegando a ocorrência certa de

um colapso do mesmo com o tempo (MCCOLLUM, 1937).

Esta nova concepção foi bastante diferente dos paradigmas existentes até então,

surgindo à necessidade de mais pesquisas para que se pudesse solidificar este novo

conhecimento e verificar se realmente seria uma evidência científica. Foram desenvolvidos

mais trabalhos com ADC tanto de caráter objetivos quanto à eficiência mastigatória,

estabilidade oclusal, sinais de disfunção, quanto de caráter subjetivo como satisfação,

habilidade mastigatória, qualidade de vida, sintomas de DTM, além até de trabalhos quanto

à opinião de profissionais quanto à aceitação e utilização na prática do ADC. Foram ainda

comparados pacientes com diferentes comprimentos de arco dental e que utilizam ou não

próteses.

Algumas revisões e outros estudos foram posteriormente realizados para

verificarem os achados sobre ADC e chegarem a algumas conclusões. Algumas indicam

que sejam realizadas futuras pesquisas, inclusive alguns indicam que sejam em países

subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Há sugestões por trabalhos com pacientes com

ADC abordando a qualidade de vida relacionada à saúde bucal em relação à perda dos

dentes, trabalhos centrados na opinião do paciente quanto aos resultados de diferentes

tratamentos protéticos para as demandas funcionais do mesmo, inicio de estudos que

verifiquem o custo efetivo de métodos que maximizem a qualidade de vida relacionada à

saúde bucal em relação a parte econômica (LANG; MULLER, 2007). Kanno e Carlsson

(2006) ao final de sua revisão evidenciam a necessidade de que os estudos acerca da

concepção de ADC como formas de tratamento devem continuar e as discussões também.

Quanto às decisões de tratamento e evidência científica em odontologia sabe-se

que os tratamentos odontológicos possuem alto custo, implicam em um preço biológico e

na durabilidade do elemento dental. Anteriormente a tomada de decisão pelo tratamento

dental consistia na escolha entre próteses fixas, combinadas ou removíveis. Hoje existem

várias modalidades de tratamento possíveis e disponíveis, além de pacientes com uma

infinidade de cenários complexos devido ao fato dos dentes remanecentes apresentarem

sinais de desgaste severo e ainda pelo fato do envelheciemento da população que apresenta

diferentes graus de incapacidade associada com seu estado de saúde. Não é de admirar que

20

os protesistas estudiosos e atualizados sintam a necessidade de aprender como apreciar

críticamente os níveis de benefício contra os danos ocorridos dentre os vários métodos

disponíveis, a fim de poder aplicar a modalidade adequada de tratamento, de acordo com as

necessidades individuais e preferências dos pacientes levando-se em conta ainda a

preservaçãos dos tecidos, condições sistemicas e custo. Esta é a evidência científica em

odontologia aplicada na prática (JOKSTAD, 2002).

Surge então a indagação se realmente ocorrem prejuízos aos indivíduos que

possuem espaços edêntulos posteriores em sua cavidade oral e como estes podem interferir

na funcionalidade e saúde da mesma, se o tratamento dessas áreas com a colocação de

próteses traz benefícios em relação às áreas que não são tratadas e que tipos de próteses

atendem melhor a solução dos possíveis problemas apresentados. E ainda até que ponto

haveria uma capacidade adaptativa adequada desta condição. Essas indagações podem

ajudar o dentista a saber se é realmente necessária a colocação de próteses em todos os

casos ou se estas podem acabar sendo sobre-tratamentos para a saúde bucal do paciente.

Além disso, lembrar ao mesmo que uma melhor definição das necessidades envolvidas no

tratamento pode tornar o custo do mesmo mais acessível à população, aumentando a

possibilidade de mais pessoas poderem ser submetidas à melhoria de sua saúde bucal.

Com isso, pretende-se avaliar se problemas realmente ocorrem e se quando se

manifestam isso se dá em um grau significativo quanto à produção de consideráveis

prejuízos ao sistema estomatognático dos portadores destes arcos e o que isso pode

significar para a vida das pessoas, já que pode acarretar em problemas de ordem social,

psicológica e biológica à vida das mesmas. Assim, o objetivo deste trabalho decorre,

fundamentalmente, da preocupação com as pessoas que apresentam espaços edêntulos

posteriores quanto ao encurtamento do arco e utilização ou não de próteses parciais

removíveis para que se possa verificar se há prejuízo para a eficiência mastigatória,

qualidade de vida geral, impacto da saúde bucal relacionada à qualidade de vida, além da

prevalência de disfunção nestes pacientes, fato potencializado, no Brasil, pelo alto índice de

edentulismo. Serão ainda comparados com pacientes que apresentam arco dental completo

quanto a possíveis diferenças quanto à eficiência mastigatória e qualidade de vida.

21

2 REVISÃO DE LITERATURA

Foi realizada uma revisão exaustiva da literatura, entretanto, não se trata de uma

revisão sistemática. Foram pesquisados artigos na língua inglesa, portuguesa e espanhola. A

base de dados utilizada foi o Medline e biblioteca Cochrane para obtenção dos resumos

pertinentes e em seguida leitura dos textos completos e busca manual. Foram pesquisados

artigos desde 1981 até 2011. Foram incluídos artigos sobre arco dental curto e função

mastigatória (eficiência, performance, habilidade e disfunção temporomandibular) quanto à

utilização de próteses e número de unidades oclusais, além de arco dental curto e qualidade

de vida quanto a utilização de prótese e unidades oclusais. Foram incluídos ainda alguns

artigos sobre ausência de dentes.

A primeira parte da revisão de literatura foi iniciada com a definição e concepção de

arco dental curto, segunda sobre a função oral no arco dental curto que envolve a eficiência

e habilidade mastigatória, além de conforto oral. Há uma subdivisão desta parte em relação

a utilização de prótese e a função mastigatória. A terceira parte relaciona arco dental curto e

disfunção tempomandibular sendo incluídos alguns poucos artigos sobre perdas dentais

posteriores que são necessariamente ADC. A quarta parte foi sobre qualidade de vida que é

iniciada com a qualidade de vida geral seguida da qualidade de vida relacionada à saúde

bucal. Para terminar a última parte envolve a verificação da necessidade de

reposicionamento de dentes posteriores.

2.1 ARCO DENTAL CURTO (ADC)

Um arco dental pode ser considerado incompleto desde a ausência de um único

dente até a presença de apenas um dente isolado. Isso seria uma variação quanto ao número

de dentes, mas também existe uma variação quanto à forma resultante das ausências no

arco, conhecida como classificação topográfica. Pode-se usar, para isso, a classificação de

Kennedy dos arcos dentais, que, na ausência de suporte posterior bilateral, classifica os

22

arcos em Classe I de Kennedy. Já na presença de suporte posterior unilateral, os arcos são

classificados em Classe II de Kennedy. Outras classificações possíveis são os arcos Classe

III e IV de Kennedy constituídos por arcos desdentado intercalar e desdentado anterior

respectivamente.

Neste trabalho, os pacientes Classe I e II de Kennedy poderão ser referidos

como aqueles que apresentam Arco Dental Curto (ADC), ou seja, que apresentam suporte

posterior reduzido, que podem ser diferenciados de acordo com o número de Unidades

Oclusais (UO) remanescentes posteriores, que Käyser definiu, em 1981, como sendo: cada

pré-molar em oclusão equivalente a uma unidade oclusal e cada molar equivalente a duas

unidades oclusais (figura 1). Os arcos dentais curtos podem ainda ser categorizados de

acordo com a variação do encurtamento do arco (número de UO presentes) e assimetrias:

arco dental curto ligeiramente (arco dental ligeiramente curto), arco dental curto regular

(figura 2) e arco dental curto extremo (arco dental extremamente curto) (figura 3). Podem

ainda serem divididos quanto à presença de assimetrias (figuras 2 e 3) (KÄYSER, 1981).

Figura 1. Representação de arcos dentais curtos, compreendendo uma região anteriorintacta e uma variação do comprimento do arco, expressa em unidades oclusais (UO), ouseja, pares de dentes posteriores em oclusão; uma unidade molar é considerada equivalentea duas unidades pré-molares (KAYSER, 1981).

23

Figura 2. Arco dental curto regular simétrico(FRIAS et al., 2004).

Figura 3. Arco dental curto extremo assimétrico(FRIAS et al., 2004).

24

A concepção e desenvolvimento do conceito de Arco Dental Curto (ADC)

foram idealizados por Käyser et al. na Escola de Odontologia da Universidade de

Nijmegen, na Holanda (ALLEN, WITTER, WILSON, 1995). A partir dos estudos

desenvolvidos nessa corrente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem adotado como

uma de suas metas para a saúde bucal a manutenção de uma dentição natural que seja

funcional e estética composta de, pelo menos, 20 dentes, sem que haja necessidade de uma

intervenção protética ao longo da vida das pessoas. Um arco dental com essas

características mantém estabilidade oclusal e eficiência mastigatória adequadas. Esta meta

inclui a concepção de arco dental curto que compreende a região anterior e de pré-molares

intacta (OMS, 1992). E ainda faz com que sejam repensadas as filosofias tradicionais de

tratamento que enfatizam sempre a necessidade da reposição de todos os dentes do arco

dental, alegando a ocorrência certa de um colapso do mesmo com o tempo (MCCOLLUM,

1937).

O conceito de ADC não contradiz as teorias correntes de oclusão e aparece

como a solução de problemas mais favorável na odontologia moderna (ARMELLINI;

FRAUNHOFER, 2004). Os conceitos atuais de oclusão enfatizam a capacidade do sistema

mastigatório em adaptar-se ou compensar alguns desvios dentro de um nível de tolerância

desse sistema. Uma oclusão ideal ou ótima refere-se tanto à estética como à fisiologia ideal,

mas tem-se distanciado cada vez mais dos parâmetros apenas estéticos e anatômicos para a

preocupação corrente com a função, saúde e conforto, situação que pode incluir pacientes

com ADC (FRIAS; TOOTHAKER; WRIGHT, 2004).

2.1.1 Função oral

Vários componentes fazem parte da função oral e, dentre eles, tem-se a função

mastigatória, que pode ser avaliada por meio da eficiência mastigatória, performance

mastigatória e da habilidade mastigatória do indivíduo. Quando se fala em eficiência e

performance mastigatória, normalmente se têm resultados objetivos obtidos a partir de

25

medidas resultantes de testes mastigatórios com alimentos naturais (KÄYSER, 1981) ou

simuladores em análises laboratoriais (ALBERT et al., 2003; SATO et al., 2003). Já a

habilidade ou capacidade mastigatória é avaliada de forma subjetiva (CARLSSON, 1984),

a partir da percepção do paciente quanto a esta, realizada por meio de entrevistas,

questionários ou escalas analógicas visuais (UENO et al., 2008; AHN et al., 2011).

Na literatura os termos eficiência e performance mastigatória, as vezes, são

utilizados por alguns autores como sinônimos, mas existem aqueles que fazem uma

distinção entre os mesmos. A diferença ocorre na forma de aplicação do teste. A

performance é medida após a mastigação com um número fixo de ciclos mastigatórios pré

determinados (BATES et al., 1975), já a eficiência é medida a partir da fragmentação do

alimento resultante de um período de tempo estabelecido (ESCUDEIRO SANTOS et al.,

2006; FARIAS NETO et al., 2010).

Vários métodos foram desenvolvidos para estas medições objetivas da função

mastigatória (eficiência e performance). Muitos se baseiam na distribuição do tamanho das

partículas do alimento mastigado (alimentos naturais ou alimentos teste) através de tamises

(peneiras) que variavam quanto ao tamanho da malha e ao número, outro fator estudado

para estes testes (MANLY; BRADLEY, 1950; VAN DER BILT et al., 1994; VAN DER

BILT; FONTIJN-TEKAMP, 2004), denominados de método de fracionamento com

peneiras ou sistema de tamises. É um dos métodos bastante utilizados apesar da sua

complexidade de passos desde a coleta de todas as partículas de material fragmentado entre

os dentes, passagem pelas peneiras, remoção de todo o conteúdo de cada peneira, secagem

e pesagem. Tem-se ainda o método de medição através do grau de mistura de diferentes

cores através de gomas mastigatórias (HAYAKAWA et al., 1998) e do índice de habilidade

de mistura desenvolvido por Sato et al. em 2003. Este consiste na mastigação de cubos de

cera utilidade de duas cores entrelaçadas.

Faz parte ainda de uma função oral adequada a aparência estética da dentição, a

ausência de dor e desconforto na mesma baseada na ausência de sinais e sintomas de

disfunção temporomandibular (DTM), além de estabilidade mandibular, a qual envolve a

quantidade de overbite, espaço interdental anterior, contato oclusal, desgaste dental, dentre

outros.

26

Witter et al., 1990 e 1994, definem conforto oral pela ausência de sinais e

sintomas de DTM, habilidade mastigatória satisfatória verificada por hábitos alimentares

normais, sem que haja necessidade de mudanças na seleção de comida ou mesmo seu modo

de preparo, além de uma estética aceitável sem causar comprometimento à aparência do

indivíduo.

Foram feitos alguns estudos nesse campo para se saber se o paciente portador

de ADC possui uma função oral adequada.

Käyser, em 1981, realizou, no Departamento de Dentística e Prótese da Escola

de Odontologia de Nijmegen, na Holanda, uma pesquisa envolvendo investigação clínica

seccional por meio de teste mastigatório baseado na liberação de material absorvedor de luz

durante a mastigação de cenouras cruas, com 118 indivíduos, dos quais 28 apresentavam

AD Completo e 90 ADC. A amostra foi dividida em 6 grupos de acordo com a extensão e

simetria do arco dental. O método foi baseado na medição de variáveis derivadas da função

oral. Dois padrões de mudança em relação à função oral foram observados (Fig. 4). No

primeiro padrão, as mudanças ocorriam lentamente até a dentição ter sido reduzida a quatro

unidades oclusais, e então mudavam rapidamente, sugerindo a existência de uma

capacidade adaptativa até quatro unidades oclusais. Isto ocorreu com a altura do osso

alveolar, estética, que, na presença dos PM superiores, foi julgada satisfatória, e contato

interdental dentro do arco, mesmo padrão que Witter et al., em 1999, identificaram como

relativo à habilidade mastigatória percebida pelo indivíduo. Já a função oral no que tange à

capacidade mastigatória ou performance mastigatória e o contato entre os dentes anteriores

em oclusão habitual, seguiu um padrão de mudança progressivo e linear, sem que houvesse

mudança repentina após uma determinada redução no número de dentes remanescentes. Al-

ali, Heath e Wright, em 1998, também observaram que a performance mastigatória tende a

diminuir com a redução do número de dentes posteriores após a realização de medições a

partir de testes mastigatórios. Estes últimos, ao compararem a performance mastigatória

entre ADC e arco dental com espaço intercalar, verificaram a semelhança dos resultados.

27

No estudo de Aras, Hasanreisog e Shinogayalu em 2009 eles avaliaram a

performance mastigatória, através do método de peneiramento fracionado com múltiplas

peneiras por meio de alimento teste padronizado a base de material de moldagem de alta

viscosidade, em indivíduos com ausência bilateral de molares com diferentes tratamentos.

ADC como tratamento (n = 10), ADC mais PPR (n = 10) e grupo controle (AD Completo)

(n = 10) durante 1 ano de acompanhamento. Em seus achados não foi verificada diferença

estatisticamente significante entre os grupos tratados, nem nos diferentes períodos (base, 6

Figura 4. Representação esquemática da relação entre função oral e comprimento do arcodental (expresso em unidades oclusais). 1. Habilidade mastigatória (facilidade demastigação percebida); 2. Performance mastigatória; A. Área de suficiente funçãomastigatória; B. Área de transição; C. Área de função mastigatória insuficiente(KAYSER,1981).

28

meses e 1 ano), nem em cada grupo nos diferentes períodos. No grupo de pacientes que

faziam uso de PPR não houve diferença estatisticamente significante quanto a performance

mastigatória com ou sem a presença da PPR. Eles concluem que o ADC pode ser uma

alternativa de tratamento à PPR em relação à performance mastigatória em pacientes com

molares ausentes em um arco dental.

Outro estudo agora compara a percepção da habilidade mastigatória de 43

indivíduos com ADC e um grupo controle de 54 indivíduos com dentição completa. A

percepção mastigatória foi obtida, de forma subjetiva, através da opinião dos participantes

sobre 16 tipos diferentes de alimentos quanto à textura, preferências e freqüência de

consumo dos mesmos. A coleta dos dados foi feita por meio de questionários, onde eram

atribuídos escores relativos ao conforto mastigatório para cada grupo de alimentos

(AUKES; KÄYSER; FELLING, 1988). Os resultados sugerem a existência de capacidade

adaptativa suficiente para os pacientes manterem adequada função oral com ADC provido

de, pelo menos, quatro unidades oclusais remanescentes e indicaram que a função

mastigatória, percepção da comida, seleção da mesma e atual comida consumida foram

dificultadas para os pacientes com ADC, mas que, entretanto, foram aceitáveis para os

mesmos. Witter et al., em 1990 e 1994b, confirmaram os achados dessa investigação

subjetiva por meio da constatação de que os ADC compostos de 3-5 unidades oclusais

parecem prover conforto oral suficiente a seus portadores, não havendo necessidade de

mudanças alimentares.

Em estudo comparando a funcionalidade oral de pacientes com ADC com

pacientes com arco dental extendido distalmente com prótese parcial removível

(ADC+PPR), não foi encontrada diferença significativa quanto à funcionalidade oral entre

os grupos. Os achados deste estudo sugerem que a funcionalidade oral não é melhorada

para os pacientes que têm ADC e usam PPR e mais reclamações sobre estética foram

relatadas devido à ausência de dente posterior neste grupo (WITTER et al., 1989).

Outra investigação, bem mais recente, realizada na Tanzânia, também

comparou a habilidade mastigatória entre pacientes com ADC e AD Completo, por meio de

entrevista com questionamento acerca de queixas e dificuldades percebidas durante a

mastigação de 20 tipos diferentes de comidas típicas da Tanzânia. Os pacientes com arco

29

dental encurtado possuíam a região anterior intacta e de 0 a 8 pares de dentes posteriores

em oclusão. Os indivíduos foram divididos em nove categorias de acordo com a simetria e

comprimento do arco. Foi constatado que a percepção da dificuldade mastigatória

aumentava com a diminuição dos pares de dentes em oclusão, ou seja, a dificuldade

percebida na mastigação tinha uma relação inversa ao número de unidades oclusais

remanescentes (SARITA et al., 2003). O grupo de pacientes com arco dental curto extremo,

ou seja, arco dental extremamente curto (ADEC), que apresenta de 0 a 2 pares de PM em

oclusão, a habilidade mastigatória foi severamente prejudicada, o que está de acordo com

Käyser, em 1981, e as queixas chegaram a 98%. Já os pacientes com ADC compreendendo

a região de PM intacta e possuindo, pelo menos, um par de molares em oclusão, a

habilidade mastigatória foi provida satisfatoriamente e as queixas recorrentes aconteceram

em apenas 3 a 5% dos indivíduos, percentuais semelhantes às reclamações de indivíduos

com AD Completo. Observou-se, assim, um acentuado contraste entre estes dois grupos. Já

no grupo de ADC com 3-4 pares de PM em oclusão e/ou arcos assimétricos (com um lado

bastante longo), foi relatado um prejuízo da habilidade mastigatória, especialmente para

comidas fibrosas, não havendo adaptação adequada da dentição remanescente.

Assim, observa-se que a literatura tem relatado a íntima relação entre a

habilidade mastigatória e o número de dentes, a qual é prejudicada quando o paciente

possui menos que 20 dentes bem distribuídos, o que significaria a presença de todos os

anteriores e PM, sendo prejudicada em relação à seleção ou tipo de comida quando os

indivíduos possuem menos de 10 pares de dentes em oclusão. (SARITA et al., 2003;

WITTER et al., 1990; WITTER; VAN ELTEREN; KÄYSER, 1987; KÄYSER, 1981).

Tem sido relatado por alguns autores que ADC não leva a alterações na seleção

da comida se os pacientes tiverem apenas suficiente habilidade mastigatória quando 20 ou

mais dentes bem distribuídos permanecem, quer dizer, quando dentes anteriores e pré-

molares estão presentes. A habilidade mastigatória prejudicada e associada a mudanças ou

seleção de tipos de comida é manifestada apenas quando há menos de dez pares de dentes

em oclusão (WITTER et al., 1990).

30

2.1.1.1 Utilização de prótese em ADC e a função oral

Dentre alguns dos estudos mencionados sobre função oral e outros há os que

comparam o conforto e a função oral de pacientes com AD Completo, dos com ADC e

pacientes com ADC que utilizam algum tipo de prótese para estender o comprimento de seu

arco.

Witter et al., em 1989, investigaram o impacto do uso de PPR na melhoria da

função oral em pacientes com ADC que possuíam de 3-5 unidades oclusais. Foram

comparados pacientes com ADC àqueles com ADC que utilizavam PPR (ADC+PPR) e a

pacientes com ADC que já utilizaram PPR no passado. Utilizaram-se questionários para

avaliação subjetiva sobre mastigação, estética, hábitos parafuncionais e situação da ATM

quanto à dor, ruídos e/ou estalidos e restrição de mobilidade. Já testes objetivos de medição

foram utilizados para verificação da estabilidade mandibular às medidas de overbite, espaço

interdental entre os dentes anteriores, contato oclusal e atrição. Os sons articulares também

foram avaliados de maneira objetiva por meio de palpação e a restrição de mobilidade foi

medida pelo valor da abertura máxima bucal.

Os resultados indicaram que a mastigação e a estética não foram

significativamente melhoradas com o uso deste tipo de aparelho removível na presença de

algum suporte oclusal posterior remanescente.

Observa-se, então, que a função oral não é melhorada nos pacientes que têm

ADC com 3-5 unidades oclusais remanescentes e usam PPR. As PPR podem não ser

necessárias ou mesmo levarem a sobretratamentos (WITTER et al., 1989). Isso também

está de acordo com Käyser, Witter e Spanauf, em 1987, que complementam o acima

exposto com a assertiva de que o tempo e os esforços devem ser promovidos em direção à

preservação da parte estratégica do arco dental. Em artigos anteriores, Käyser, em 1981, já

chamava a atenção dos profissionais para que repensassem a necessidade da colocação de

PPR de extremo livre como forma de tratamento para este tipo de paciente.

31

Continuando a mesma metodologia do ano anterior, mas fazendo também uma

comparação com pacientes com AD Completo, além de questionário acerca de queixas

relacionadas ao uso de PPR, Witter et al., em 1990, observaram que 20% dos indivíduos

com ADC tratados com PPR eram insatisfeitos com suas próteses, tendo muitos chegado ao

extremo de parar o uso durante o período observado no estudo, o qual incluiu prontuários

dos pacientes dos 6,9 anos anteriores, onde também foi constatada a necessidade de reparos

ou confecção de novas próteses, confirmando a pobre performance desse tipo específico de

tratamento. Não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos em relação

à dor ou angústia, e apenas 8% dos indivíduos com ADC relataram habilidade mastigatória

prejudicada, além de 11% terem mencionado queixas estéticas devido a ausência de dentes

posteriores superiores (WITTER et al., 1990).

Verificou-se, com a conclusão da pesquisa, que a colocação de PPR inferior não

contribui para o conforto oral dos pacientes que apresentam de 3-5 unidades oclusais,

conforme já relatado. Também foi constatado por Witter e et al., em 1994b, que a inserção

de PPR inferior de extremo livre em pacientes com ADC não leva a uma melhora da função

oral em relação ao conforto oral, uma vez que não foi percebido pelos pacientes portadores

de PPR na mandíbula um maior conforto oral do que os pacientes que não utilizavam esse

tipo de aparelho. Isso confirmou ainda achados anteriores quanto à necessidade de

freqüentes re-tratamentos de pacientes com ADC tratados com PPR.

Pacientes devem se adaptar funcionalmente e psicosocialmente às próteses, mas

alguns podem nunca alcançar esta meta. Como resultado, enquanto as próteses colocadas

satisfaçam todos os critérios objetivos resguardando a adaptação, qualidade e aparência, um

paciente pode ficar insatisfeito e ocasionalmente não tolerar a presença da prótese, baseado

em uma avaliação subjetiva de conforto, funcionalidade e estética. Pelo critério de

avaliação do paciente ser difícil de quantificar, a correlação entre as opiniões dos dentistas

e pacientes sobre as próteses tende a ser pobre. Essas diferenças de percepção entre clínico

e paciente são importantes quando pacientes com ADC vão receber tratamento.

32

2.1.2 Disfunção temporomandibular

Disfunção temporomandibular (DTM) é um termo coletivo que abrange

problemas clínicos que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação

temporomandibular (ATM) ou ambos, além de suas estruturas associadas (OKESON,

2008), assim DTM vai consistir em um termo que descreve um grupo de doenças

relacionadas ao sistema mastigatório. Ela é caracterizada por dores à palpação nos

músculos mastigatórios e/ ou ATM, ruídos articulares, limitação dos movimentos

mandibulares e alterações na trajetória de abertura e fechamento bucal. A DTM inclui

grupos de doenças relacionadas a disfunções dos músculos mastigatórios, a disfunções de

deslocamentos de disco e a disfunções inflamatórias da ATM que apresentam vários

sintomas comuns (DWORKIN; LERESCHE, 1992).

Cerca de sete milhões de pessoas no Brasil apresentam DTM sintomática

(TEIXEIRA et al., 2001). Nos Estados Unidos, a dor orofacial decorrente de DTM ocorre

em 22% da população (OKESON, 2006). A DTM é uma das formas de doenças músculo-

esqueléticas, que têm grande relevância tanto para os pacientes quanto para a sociedade,

pois conduzem a limitações funcionais e a dor, resultando, em média, em 12,8 dias de

restrição das atividades e 4,2 dias de internação por ano, por pessoa, nos Estados Unidos

(DE LAAT; KOMIYAMA, 2004).

Por mais de 40 anos, os fatores contribuintes e a atual etiologia da dor na ATM e

dor miofascial têm sido objetos de debate (MCNEILL, 1997). A etiologia das desordens

temporomandibulares (DTM) é multidimensional. Fatores biomecânicos, neuromusculares,

biopsicossociais, e neurobiológicos podem contribuir para a desordem (SUVINEN et al.,

2005). Esses fatores são classificados como predisponentes (estrutural [anatômicos],

condições metabólica e/ou psicológicas), iniciadores (por exemplo, trauma ou cargas

adversas repetitivas do sistema mastigatório) e agravantes/perpetuantes (parafunção,

hormonais, ou fatores psicossociais) para destacar o seu papel na progressão da DTM

(MCNEILL, 1997).

33

Em DTM, é necessária uma abordagem mais complexa, pois nem todos os fatores

são desencadeantes, possivelmente a maioria depende da susceptibilidade do indivíduo ou

de fatores perpetuantes (PAIVA et al., 2008). O peso destes fatores (anatômicos,

neuromusculares e psicológicos) no desencadeamento da disfunção é variável em cada

indivíduo e também ao longo de sua vida. Um indivíduo só vai apresentar os sintomas das

DTMs (dor nas ATM, estruturas adjacentes, músculos da mastigação e cervicais; produção

de ruídos articulares, limitação e desvios dos movimentos mandibulares) se algum fator

exceder o seu grau de tolerância fisiológico, o que vai gerar mudanças funcionais que

ultrapassam a tolerância estrutural do sistema estomatognático, culminando em alterações

teciduais que resultam em um colapso.

Para um melhor entendimento um indivíduo portador de interferências oclusais

(fator predisponente) pode nunca vir a desenvolver uma DTM, mas se este mesmo

indivíduo passar por um estresse psicológico (fator iniciador) muito grande, que ultrapasse

sua tolerância fisiológica e estrutural este paciente pode passar a apresentar sinal ou

sintoma de disfunção.

Pode-se perceber que não são necessários que todos os fatores atuem ao mesmo

tempo com a mesma intensidade, mas vai depender do grau de adaptação do indivíduo aos

fatores para que ele desenvolva ou não os sinais clínicos. Um indivíduo pode por toda a

vida apresentar fatores predisponentes sem nunca desenvolver disfunção, ao mesmo tempo

ele pode não apresentar nenhum fator predisponente, mas um fator iniciador muito forte e

desenvolver uma disfunção, que pode ser agravada por fatores perpetuantes.

Vale a pena ressaltar ainda que a DTM é cíclica, um fator iniciador a desencadeia.

Ela tem caráter remissivo, o que podemos dizer que após a fase aguda há o retorno à média,

fato que gera muita dificuldade aos estudos terapêuticos.

O entendimento multifatorial da DTM requisita tratamento multi ou interdisciplinar,

o que proporciona terapêutica mais personalizada a partir da identificação dos fatores mais

importantes para cada caso (PAIVA et al., 2008).

Alterações na oclusão, tais como má oclusão de Angle, mordida cruzada, mordida

aberta, interferências oclusais, overjet e overbite alterados, discrepâncias da linha média e

ausências dentárias foram identificadas em diferentes estudos como fatores predisponentes,

34

iniciadores ou perpetuantes. No entanto, por um lado, uma associação relativamente fraca é

observada entre os fatores oclusais e DTM, e por outro lado, a maioria dos estudos

publicados na literatura é de estudos transversais, como resultado, poucas conclusões

definitivas podem ser tiradas a respeito de um possível relacionamento de causalidade

(POVEDA-RODA, 2007).

Deve-se ressaltar que os fatores oclusais não são certamente os únicos fatores

etiológicos que contribuem para as DTMs. Outros fatores muito importantes, tais como

trauma, estresse emocional, fontes de estímulo de dor profunda, e até fatores sistêmicos

podem ser os principais contribuintes para as DTMs dos pacientes (OKESON, 2008).

Granados (1979) observou em crânios e mandíbulas de 103 adultos dentados

(dentição natural em boas condições), parcialmente dentados e totalmente edêntulos, com

atrição moderada e severa de 3 diferentes raças e ambos os sexos a correlação entre

mudanças na angulação da eminência articular com a perda dentária (completa, parcial

anterior e parcial posterior) e com a atrição. Ele verificou que mudanças na dentição

causam mudanças nas ATMs e que estas são adaptáveis, que o desgaste dental e a perda

dentária geram alterações nas ATMs do tipo degeneração osteoartrítica. Ele concluiu ainda

que a manutenção da integridade da dentição e da dimensão vertical é necessária para que

se mantenha a saúde das ATMs, do contrário mudanças irreversíveis ocorreriam. Isto

como ele mesmo comenta, apesar de irreversível há uma adaptação do organismo a nova

condição, sendo então importante que se conheça até que ponto se daria a tolerância do

sistema para continuação das condições normais.

O conceito tradicional de oclusão, baseado principalmente em requisitos

morfológicos necessários para a existência de uma oclusão ideal ressalta a grande

importância do suporte posterior de molar para a prevenção de problemas na Articulação

Temporomandibular (ATM), gerando a necessidade do reposicionamento de qualquer dente

ausente posterior. Isso foi constatado por Käyser, Witter e Spanauf, em 1987, como uma

das causas de sobretratamento em pacientes.

Witter, Van Elteren e Käyser, em 1988, compararam 60 pacientes com arco

dental curto, os quais possuíam região anterior intacta e entre 3 e 5 unidades oclusais com

respectivos antagonistas, com 72 pacientes com a dentição completa a respeito de sinais e

35

sintomas de DTM. O exame subjetivo foi realizado por meio de questionário com perguntas

relacionadas à dor na ATM ou em suas proximidades, a ruidos articulares, além da restrição

da mobilidade mandibular. Já o exame objetivo consistiu no registro de estalidos articulares

por meio de palpação bilateral e da medição da abertura máxima bucal. Foi concluído neste

estudo transversal que ADC não provoca aumento da incidência de sinais e sintomas de

DTM, sugerindo que a presença de PM bilaterais provê suficiente estabilidade mandibular.

Já em 1994, Witter, Haan e Kayser em um estudo clínico, com 6 anos de

acompanhamento, com um grupo de 55 indivíduos com ADC, 17 com ADC usuários de

PPR e 52 com AD Completo concluíram que ADC compreendendo de 3 à 5 UO não é um

fator de risco para DTM e ainda que a presença de PPR no arco inferior não previne sinais e

sintomas de DTM. Para avaliação dos sinais e sintomas de DTM foi seguida a mesma

metodologia do estudo de Witter, Van Elteren e Käyser de 1988.

Tallents et al. em 2002 avaliaram a prevalência de dentes posteriores

mandibulares inferiores e DTMs intrarticulares em 82 indivíduos assintomáticos e 263 co

DTM sintomática. Os pacientes assintomáticos responderam um questionário subjetivo

foram avaliados clinicamente para confirmar a ausência de sinais e sintomas de DTM. Os

pacientes sintomáticos foram examinados para localização da articulação acometida por dor

e dor durante os movimentos mandibulares. Foram registrados o número de PMs e molares

ausentes e realizadas as ressonâncias magnéticas para documentar a presença ou ausência

de deslocamento de disco (DD) nas ATMs. Os indivíduos foram divididos em 4 grupos:

assintomáticos com imagem da ressonância magnética normal, assintomático com DD,

sintomático com imagem da ressonância magnética normal e sintomático com DD. Após

aplicação do Teste qui quadrado observaram uma associação positiva entre a ausência dos

dentes posteriores mandibulares e a presença de DD. Concluiram que a literatura não

sugere a reposição dos dentes ausentes para previnir desenvolvimento de DTM, mas que de

qualquer maneira estas ausências posteriores podem acelerar o desenvolvimento de doenças

degenerativas.

Poucos estudos relatam a prevalência de problemas na articulação

temporomandibular em adultos com ADC. Em 2003, Sarita e et al. investigaram através de

um estudo seccional a prevalência dos sinais e sintomas relacionados à DTM em pacientes

36

adultos com ADC na Tanzânia. Comparam 725 pacientes com arco dental curto com região

anterior intacta e de zero a oito pares de dentes posteriores em oclusão com 125 indivíduos

com arco dental completo (grupo controle) selecionados de forma randômica. Os pacientes

com ADC foram subdivididos em 5 categorias de acordo com o comprimento e simetria do

arco. (Grupo 1) ADC ligeiramente curto - com suporte posterior pelo menos até primeiros

molares bilateralmente, (grupo 2) ADC 1 ligeiramente assimétrico - com suporte posterior

de PMs bilateralmente e pelo menos primeiro molar só unilateral, (grupo 3) ADC 2 e ADC

extremo 1- com redução do suporte de PM bilateralmente (2 à 4 PM), (grupo 4) ADC

extremo 2 - com ausência de suporte posterior ( canino à canino), (grupo 5) ADC 2 e 3

assimétricos - com apenas suposte posterior unilateral. Eles questionaram os pacientes

quanto a dor nas ATMs ou regiões associadas, ruídos nas mesmas, sobre limitação dos

movimento mandibulares além de alguns fatores associados às DTMs como presença de

doença articular, lado mastigatório preferido, hábito de apertar ou ranger os dentes. Os

exames clínicos envolviam medida da abertura máxima, overbite, registro de estalidos ou

crepitação verificados por meio da audição ou palpação bilateral das ATM durante abertura

e fechamento bucal, além da quantificação de desgaste oclusal presente. Em seus achados

Sarita et al. (2003) registraram maior prevalência de ruídos articulares relatados pelos

indivíduos com suporte posterior apenas unilateral e com ausência completa de suporte

posterior em relação aos outros grupos e isto ocorreu de forma estatisticamente significante.

Já a presença de estalido ou crepitação nestes mesmos grupos foram mais freqüentes

também, mas não foram estatisticamente significantes. Não houve diferenças na dor,

mobilidade mandibular, abertura máxima, estalido ou crepitação das articulações entre os

grupos. Assim não foram encontradas mais uma vez evidências de que ADCs provoquem

problemas nas ATMs, mas que a presença de suporte posterior apenas unilateral ou na

ausência completa de suporte posterior bilateral parece haver um aumento do risco para

presença de dor e ruídos articulares (SARITA et al., 2003). Não houve maior prevalência

estatisticamente significante de DTM entre os indivíduos com diferentes comprimentos de

arcos dentais.

Em um estudo mais recente não randomizado controlado derivado de uma

coorte observacional de 9 anos (secções na base, com 3, 6 e 9 anos) de acompanhamento de

indivíduos com ADC, atendidos na escola de odontologia de Nijmegen na Holanda, Witter

37

et al. (2007) avaliaram a prevalência dos principais sinais e sintomas relacionados à DTM e

procuraram esclarecer o curso e potenciais relações entre estes sinais e sintomas. O grupo

controle era composto por pacientes com AD Completo (n= 72) e o grupo ADC (n= 74) por

pacientes com arco dental com região anterior intacta, de 3 a 5 UO e sem interrupções no

arco como todo (sem modificações na classificação de Kennedy). Dos pacientes

investigados com ADC, 42 completaram o acompanhamento de 9 anos e 41 com AD

Completo. Os indivíduos foram analisados em relação aos sintomas relatados (dor nas

ATMs ou estruturas adjacentes, ruídos/estalido durante os movimentos mandibulares,

restrição dos movimentos mandibulares) e sinais (estalido/crepitação audível ou palpável,

máxima abertura bucal ativa). Os resultados mostraram que os dados sobre os sinais e

sintomas do início da coorte (dados base) (WITTER et al., 2007), não foram

significantemente diferentes entre os indivíduos que foram excluídos da pesquisa e os que

completaram o acompanhamento, nem para o grupo ADC nem para o grupo AD Completo.

A análise de covariância usando um modelo misto revelou a ausência de diferenças

significantes entre os grupos ADC e AD Completo, apesar do grupo ADC ter apresentado

média estimada maior para dor nos casos de ADC. Da mesma forma não houve diferenças

estatisticamente significantes quanto aos sintomas relatados pelos pacientes e os sinais

clínicos avaliados entre os dois grupos. Eles investigaram também o número de anos em

que os pacientes tinham o ADC e não encontraram relação com a presença dos sinais e

sintomas de DTM. Relataram ainda entre os pacientes que completaram o acompanhamento

que os mesmos apresentaram baixa freqüências de distribuição de sintomas mais sérios

como dor forte e/ou freqüente e restrição de mobilidade. Concluíram que nos 9 anos de

acompanhamento, os pacientes tanto do grupo com ADC quanto AD Completo

apresentaram prevalência, severidade e flutuação dos sinais e sintomas relativos à DTM são

semelhantes.

Enquanto a força oclusal aumenta em cada dente pela ausência de oclusão

molar, a carga na articulação diminui globalmente e, de qualquer forma, a força oclusal por

área de superfície radicular foi sempre maior nos dentes mais posteriores. Não há indicação

que ADC pode causar sobrecarga da ATM ou de dentes, sugerindo que o sistema neuro-

muscular regulatório é eficiente em controlar a força máxima de apertamento dentre várias

condições oclusais (ARMELLINI; VON FRAUNHOFER, 2004). Os achados

38

experimentais de Hattori e et al. em 2003 demonstraram a ausência de evidência sobre a

presença do ADC sem suporte posterior de molar causar sobrecarga às articulações e

dentes. Eles investigaram a influencia do ADC na carga oclusal e articular através da força

de mordida e eletromiografia dos músculos mastigatórios em estudo que continha uma

parte in vivo e outra in vitro. Através de um aparelho colocado na boca de 5 pacientes com

AD Completo simularam experimentalmente ADCs simétricos. A força de mordida a cada

dente aumentava com a ausência da ocluão de molares, enquanto a carga articular diminuía.

Eles sugerem que os sistemas regulatórios neuromusculares estão controlando a força

máxima de apertamento sob diferentes condições oclusais.

Kanno e Carlsson em 2006 realizaram revisão de literatura sobre o conceito de

ADC com foco especial nas publicações dos trabalhos de Kayser/ grupo de Nijmegen

(grupo alemão). A busca foi conduzida no Medline (PubMed) por artigos em inglês da

literatura odontológica que datassem de 1996 à 2005. As palavras-chaves utilizadas foram

“shortened dental arch” (ADC) e/ou “Kayser A.”. Além disso, foram feitas buscas manuais

nos textos completos dos artigos e revisões relacionadas. A pesquisa revelou um total de 77

artigos, dos quais 32 que incluíam estudos clínicos, epidemiológicos e opiniões eram de

autoria de Kayser/ grupo de Nijmegen e constituíram a base da revisão. Poucos artigos em

colaboração com outros autores foram incluídos também. Foram encontrados mais 45

artigos relacionados com ADC de outros autores, mas só foram incluídos 12, pois eram

estudos clínicos, revisões e de opinião. Eles encontraram que no geral não havia diferenças

clínicas significativas entre os indivíduio com ADC com 3 a 5 UO e ADC em relação as

variáveis estudadas, como por exemplo em relação aos sinais e sintomas de DTM.

Em um estudo mais recente não randomizado controlado derivado de uma

coorte observacional de 9 anos (secções na base, com 3, 6 e 9 anos) de acompanhamento de

indivíduos com ADC, atendidos na escola de odontologia de Nijmegen na Holanda, Witter

et al. (2007) avaliaram a prevalência dos principais sinais e sintomas relacionados à DTM e

procuraram esclarecer o curso e potenciais relações entre estes sinais e sintomas. O grupo

controle era composto por pacientes com AD Completo (n= 72) e o grupo ADC (n= 74) por

pacientes com arco dental com região anterior intacta, de 3 a 5 UO e sem interrupções no

arco como todo (sem modificações na classificação de Kennedy). Dos pacientes

investigados com ADC, 42 completaram o acompanhamento de 9 anos e 41 com AD

39

Completo. Os indivíduos foram analisados em relação aos sintomas relatados (dor nas

ATMs ou estruturas adjacentes, ruídos/estalido durante os movimentos mandibulares,

restrição dos movimentos mandibulares) e sinais (estalido/crepitação audível ou palpável,

máxima abertura bucal ativa). Os resultados mostraram que os dados sobre os sinais e

sintomas do início da coorte (dados base), não foram significantemente diferentes entre os

indivíduos que foram excluídos da pesquisa e os que completaram o acompanhamento, nem

para o grupo ADC nem para o grupo AD Completo. A análise de covariância usando um

modelo misto revelou a ausência de diferenças significantes entre os grupos ADC e AD

Completo, apesar do grupo ADC ter apresentado média estimada maior para dor nos casos

de ADC. Da mesma forma não houve diferenças estatisticamente significantes quanto aos

sintomas relatados pelos pacientes e os sinais clínicos avaliados entre os dois grupos. Eles

investigaram também o número de anos em que os pacientes tinham o ADC e não

encontraram relação com a presença dos sinais e sintomas de DTM. Relataram ainda entre

os pacientes que completaram o acompanhamento que os mesmos apresentaram baixa

freqüências de distribuição de sintomas mais sérios como dor forte e/ou freqüente e

restrição de mobilidade. Concluíram que nos 9 anos de acompanhamento, os pacientes

tanto do grupo com ADC quanto AD Completo apresentaram prevalência, severidade e

flutuação dos sinais e sintomas relativos à DTM são semelhantes.

Carvalho (2007) em um estudo observacional, de sua dissertação de mestrado

avaliou a prevalência dos principais tipos de DTMs em pacientes com extremidade livre

bilateral, com 0 a 4 UO, através do RDC/TMD. Foram examinados 102 pacientes com

suporte posterior reduzido com diferentes condições de suporte oclusal, que nunca tinham

usado PPR (n = 42), que não usavam no momento do exame (n = 26) e que utilizavam PPR

(n = 34). Assim 68 indivíduos da amostra não usavam PPR. Foi aplicado também um

questionário sobre aspectos psicossociais (eixo I do RDC/TMD). A prevalência de DTM da

amostra foi de 70,6%. As doenças degenerativas articulares artralgia, osteoartrite e

osteoartrose foram as de maior prevalência com 20,6%, 24,5% e 25,5% respectivamente,

seguidas da dor miofacial com 16,7%, e dos deslocamentos de disco com redução com

10,8% com menor prevalência dentre os diagnósticos. Dentre os que utilizavam PPR a

prevalência de DTM foi de 58,8% e de 73,8% entre os que nunca utilizaram.

40

2.1.3 Qualidade de vida

Como relatado anteriormente a OMS preconiza como uma de suas metas para a

saúde bucal uma dentição natural que seja funcional e estética composta de, pelo menos, 20

dentes, sem que haja necessidade de uma intervenção protética ao longo da vida das

pessoas. Baseado nisso e na revisão de literatura sobre a função oral que se demonstrou

adequada para pessoas que possuem este número de dentes é importante revisar ainda sobre

o impacto das condições bucais na qualidade de vida dessas pessoas e ainda sobre a

qualidade de vida de forma geral das mesmas. E só aí saber se estas pessoas estão bem com

sua condição.

Para o Grupo de Qualidade de Vida da OMS, qualidade de vida consiste na

“percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações"

(WHOQOL GROUP, 1994). Este é um conceito amplo influenciado de maneira complexa

pela saúde física do indivíduo, estado psicológico, crenças pessoais, relações sociais e seu

relacionamento com características marcantes do seu ambiente (WHOQOL GROUP,

1995). Ainda é de conhecimento geral que a QV é um conceito dinâmico.

Hoje estamos diante da expectativa do contínuo envelhecimento da população como

ocorrido neste século, desta forma a manutenção da saúde do indivíduo e da população ao

longo da vida se constitui em um grande desafio. Apesar da saúde oral ser intrínseca à

saúde geral e qualidade de vida do indivíduo, aquela é muitas vezes negligenciada nas

abordagens integrais para a promoção da saúde geral. Na verdade, os cuidados com a saúde

oral são muitas vezes considerados de forma isolada pelas autoridades sanitárias nacionais

(WHO, 2005). Isto também era observado na conduta dos cirurgiões-dentistas onde o

profissional em tempos passados via apenas a boca como local de trabalho e não percebia o

contexto em que ela estava inserida e em que poderia resultar o seu trabalho para aquele

indivíduo que por acaso a possuía. Desta forma, o corpo era isolado do indivíduo e as

experiências subjetivas sobre saúde e doença eram ignoradas, sendo a boca uma estrutura

anatômica do corpo, mas isolada do mesmo e sem nenhuma conexão com a pessoa.

41

No novo contexto o paciente é transformado de um corpo em pessoa com maior

significado atribuído as suas experiências subjetivas e interpretações de saúde e doença

(LOCKER, 1997). Na odontologia esta mudança foi acompanhada de duas descobertas. A

primeira do restante do corpo e a segunda do indivíduo e isto levou a pesquisas a cerca da

ligação das condições bucais às doenças de outras partes do corpo e os resultados para a

saúde e para a QV (COULTER; MARCUS; ATCHISON, 1994).

Para Seidl e Zannon (2004) a conceituação do termo “qualidade de vida” na área de

saúde, é identificada como um conceito mais genérico, e qualidade de vida relacionada à

saúde propriamente dita.

Doenças crônicas como doenças cardiovasculares, hirpertensão, câncer e diabetes

são especialmente prevalentes em idosos e podem ter impacto significativo na qualidade de

vida. De forma geral, a saúde oral precária entre os idosos é visto principalmente pelos

altos índices de perdas dentárias, cáries, prevalência de doença periodontal, xerostomia,

pré-câncer / câncer oral, sendo todas condições com uma importante influência na QV.

Diversas condições da saúde bucal estão associadas a doenças crônicas, e as ligações entre

a saúde oral, saúde geral e a QV são bastante pronunciadas na velhice (WHO, 2005).

Alguns instrumentos foram desenvolvidos para avaliar a qualidade de vida.

Alguns incluíam questionários com o objetivo de avaliar a QV geral, outros a saúde

relacionada à QV e ainda a relação de doenças específicas com a QV. O estudo da QV pode

se tornar uma ferramenta e uma forma de conhecer o estado da prática clínica, das

pesquisas odontológicas, da educação bucal, além da comunidade estudada mais

amplamente (INGLEHART; BAGRAMIAN, 2002). A avaliação da QV deve-se basear na

percepção do indivíduo sobre o seu estado de saúde, envolvendo aspectos gerais da vida e

do bem-estar, relativos às experiências subjetivas, influenciadas pelo contexto cultural em

que está inserido (CHRISTENSEN, 2001)

Não bastante, algumas evidências indicam que saúde relacionada à qualidade de

vida associada com doenças crônicas é conceitualmente diferente da qualidade de vida

geral. Para uma avaliação da percepção da qualidade de vida geral do indivíduo foi

desenvolvido o WHOQOL-100 e posteriormente sua forma abreviada, o WHOQOL-bref ou

abreviado, instrumentos multidimensionais (ARNOLD et al., 2004). Estes questionários

42

baseiam-se nos pressupostos de que qualidade de vida é um construto subjetivo (percepção

do indivíduo em questão), multidimensional e composto por dimensões positivas e

negativas. Eles foram desenvolvidos dentro de uma perspectiva transcultural da avaliação

da QV e desenvolvidos pelo grupo de QV da OMS.

Hugo et al. em 2009 perceberam a presença de poucos estudos sobre a

importância da condição da saúde oral, particularmente das perdas dentárias, do

edentulismo e da satisfação com a mastigação do ponto de vista da percepção do indivíduo

sobre sua QV geral. Eles então desenvolveram um estudo seccional randomizado com 872

brasileiros do sul do país com 60 anos ou mais, para avaliar se a condição oral estava

associada com baixos índices nos domínios do questionário abreviado de qualidade de vida

da OMS (WHOQOL-bref). Este questionário foi desenvolvido para avaliar a percepção da

qualidade de vida geral. Eles utilizaram ainda um questionário estruturado para obtenção

de dados sociodemográficos e outro para sintomas depressivos (Escala de Depressão

Geriátrica), verificaram o número de dentes e fluxo salivar e os participantes ainda

relataram sobre a sua satisfação com quanto a sua habilidade mastigatória. A partir de suas

análises perceberam que na população estudada, a condição bucal estava associada com a

percepção da qualidade de vida geral.

Os instrumentos que avaliam a QV relacionada à saúde bucal não consideram a

percepção do indivíduo de forma mais ampla em relação à sua vida, que vá além de

aspectos relacionados com à saúde oral ou geral. No entanto, a QV geral engloba aspectos

mais amplos como o padrão de vida, grau de independência do indivíduo, relações sociais,

crenças pessoais e a relação com o meio ambiente (PEREIRA; LACERDA; TRAEBERT,

2009).

O estudo e mesmo o entendimento da QV passou a ser um tema de interesse

tanto da sociedade acadêmica como da saúde pública no auxílio de um melhor

planejamento e execução de políticas de bem estar (PEREIRA; LACERDA; TRAEBERT,

2009).

43

2.1.4 Saúde oral relacionada à qualidade de vida

Durante a segunda metade do século 20 foi iniciada uma mudança dos valores

da sociedade, principalmente as mais industrializadas, que deixava de dar ênfase apenas a

valores materialistas com foco no crescimento econômico e segurança e passavam a valores

pós-materialistas com foco na própria atualização e determinação. Seria um paciente que

anteriormente tinha preocupação com os cuidados orais restritos apenas à manutenção da

saúde física dos dentes e gengiva e que ampliava para preocupação com estética, com

impacto da sua aparência facial na sua auto-estima e ainda com a interação com as pessoas.

Percebendo estas mudanças de valores e seu impacto no campo do cuidado com a saúde, a

Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1946, apresentou uma nova definição de saúde

que consiste em bem estar físico, mental e social completo e não meramente na ausência de

doença ou enfermidade. Na odontologia esta nova perspectiva passa a considerar também o

bem estar mental e social do paciente além da ausência de cárie e doença periodontal. O

conceito da saúde oral relacionada à qualidade de vida (Oral Health-Related Quality of Life

- OHRQOL) engloba perfeitamente esta nova perspectiva, passando o foco dos dentistas e

das pesquisas da cavidade oral para o indivíduo como um todo (INGLEHART;

BAGRAMIAN, 2002).

Inglehart e Bagramian (2002) chegaram ainda a conclusão em seu livro, o

primeiro sobre saúde bucal relacionada à QV, que as condições clínicas da saúde bucal

afetam a qualidade de vida do indivíduo como todo. Indicaram alguns fatores que tem sido

consideravelmente associados com uma pobre condição de saúde bucal relacionada à QV:

poucos dentes, mais dentes acometidos, outros acometidos sem tratamento, desconhecem a

necessidade de tratamento, visitam esporadicamente o dentista para tratar problemas bucais

e baixa condição sócio-econômica.

Pinto (2000) escreveu sobre a importância de se usar medidas de QV

relacionadas à saúde bucal para avaliar se a QV em pessoas com ausências dentárias é

influenciada de forma negativa pela função, aspectos psicológicos e sociais como

habilidade mastigatória, sorrir, falar e interação social.

44

Para avaliação da saúde bucal relacionada à QV alguns instrumentos foram

desenvolvidos, mas dois deles são mais frequentemente utilizadso nas pesquisas. São eles:

OIDP (Oral Impacts on Daily Performances) e OHIP 14 (Oral Health Impact Profile - 14).

O OHIP é um instrumento que mede a percepção do indivíduo sobre o impacto social das

desordens orais em seu bem estar, sendo dividido em 7 dimensões: limitação funcional, dor

física, desconforto psicológico, inabilidade física, psicológica, social e incapacidade. O

OHIP 14 é originado do OHIP 49, cujo seu desenvolvimento, confiabilidade e validade

foram demonstrados por Slade e Spencer (1994).

Em 2005, Wolfart et al. realizaram um ensaio clínico randomizado multi-

centro, onde participaram 14 universidades de odontologia da Alemanha com o objetivo de

comparar o efeito de duas opções de tratamentos protéticos na saúde oral relacionada à

qualidade de vida através do OHIP (Oral Health Impact Profile) e eixo II do RDC/TMD em

pacientes com suporte posterior reduzido: PPR versus concepção de ADC (oclusão de PM).

Como critério de inclusão os participantes necessitavam apresentar ausência completa dos

molares e tinham necessariamente os caninos e um PM em cada quadrante. 34 indivíduos

foram randomicamente alocados em 2 grupos de tratamento. Um recebeu PPR incluindo

reposição dos dentes ausentes até primeiro molar e o outro receberia coroas

metalocerâmicas até segundos PMs. Havendo ausências anteriores seriam confeccionadas

próteses parciais fixas. Os pacientes foram avaliados segundo os questionários antes do

tratamento, com 6 semanas, 6 meses e 1 ano após o tratamento. 21 indivíduos completaram

o acompanhamento até 1 ano. Os resultados mostraram que antes do tratamento não houve

diferenças significativas entre os grupos para os escores do OHIP e nem em nenhum outro

momento (p ≥ 0,05). Houve uma marcante redução do impacto em ambos os grupos

tratados quando comparado o pré-tratamento com 6 meses e 1 ano de acompanhamento das

próteses instaladas (p ≤ 0,001). Não houve diferenças significativas entre os grupos para as

dimensões do RDC no pré-tratamento. No grupo da PPR houve um aumento significativo

do impacto na dimensão do checklist da inabilidade mandibular do pré-tratamento para o

acompanhamento de 6 meses (p ≤ 0,013). Esta diferença desapareceu com 1 ano de

acompanhamento e não houve mudanças significativas do impacto desta dimensão em

nenhum grupo. Os autores concluíram que dentro de cada grupo foi observada uma

melhoria na qualidade de vida e que nenhuma diferença significativa pode ser relatada entre

45

os dois conceitos de tratamentos. Isto talvez tenha ocorrido devido ao pequeno tamanho da

amostra do estudo piloto. Os resultados devem ser interpretados com cautela devido ao alto

nível de desgaste dentário.

Baba et al. (2008a, 2008b), realizaram um estudo seccional multicentro no qual

investigaram a associação entre UO ausentes e impacto na percepção da saúde bucal na

qualidade de vida de pacientes com ADC (n = 115) de Tóquio. Através da utilização do

OHIP traduzido para o japonês eles associaram no primeiro estudo cada UO ausente a um

aumento em regressão linear na pontuação dos escores do OHIP. De acordo com esse

resultado a perda dentária estaria associada com prejuízo à QV. Já no segundo estudo foram

observadas diferenças significativas nos resultados do OHIP quando foram comparados

pacientes com até os primeiros molares bilaterais (4 UO ausentes representadas pelos

segundos molares bilateralmente ausentes) e os pacientes que apresentavam de 0 a 4 PM (8

à 12 UO ausentes, ou seja todos os molares até primeiro PM ausentes bilateralmente), mas

não observou-se diferenças significativas entre os grupos dos pacientes que apresentavam

os 4 PM e os que apresentavam de 0 a 1 PM a partir dos intervalos de confiança

apresentados.

Elias e Sheiham (1999) realizaram um estudo com o objetivo de analisar a

percepção subjetiva de adultos sobre satisfação em relação a número, posição e condição

dos dentes naturais através de entrevista e avaliação dental. Os dados foram obtidos a partir

de um estudo longitudinal e outro seccional realizado no Brasil. O longitudinal foi

composto por 227 indivíduos dentados na faixa etária de 45 à 54 anos de duas classes

sociais. Destes 126 foram reavaliados e entrevistados após um período de 3 anos. O

seccional utilizou os mesmos métodos do longitudinal e contou com uma amostra de 657

homens com a faixa etária de 35 à 54 anos. Houve uma correlação positiva entre satisfação

e posição dos dentes. Os pares de PMs (PM em oclusão/ UO) obtiveram a maior correlação

com a satisfação em ambos os estudos. Os dentes anteriores foram os maiores preditores

significativos da satisfação. Não houve diferença na porcentagem de pessoas satisfeitas no

início da pesquisa e no acompanhamento de 3 anos. Eles relataram em seus resultados que

adultos com 3 pares de PM e a região anterior intacta estavam satisfeitos com sua condição

oral e ainda que a maioria estava mais satisfeita que aqueles que colocaram PPR para

substituir as ausências dentais. A manutenção de um determinado número de dentes, sua

46

posição e condição proporcionaram mais satisfação que a utilização de PPR para

substituição de dentes ausentes. Quase a mesma porcentagem de brasileiros com PPR

comparada com os que não usavam e até mesmo não possuíam mais nenhuma UO posterior

foram satisfeitos com sua boca.

2.1.5 Verificação da necessidade de reposição de dentes posteriores

Segundo Frias, Toothaker e Wright (2004), a decisão de quantos dentes do arco

deve-se repor está baseada na criação e manutenção de uma oclusão saudável ou

fisiológica, que para Mohl et al. e Ash e Ranfjord (apud WITTER et al., 1997), consiste na

ausência de manifestações patológicas, seja na dentição, ossos ou componentes musculares

do sistema oral. Além disso, engloba uma função satisfatória, a qual envolve estética,

capacidade mastigatória e conforto oral. Outros aspectos incluídos no conceito são a

estabilidade mandibular e a variabilidade em forma e função do sistema estomatoguinático

em relação à sua capacidade adaptativa às situações de mudança. Sendo assim, existe uma

variedade de formas de dentição com características fisiológicas e funcionais que

continuam compatíveis com uma oclusão saudável e uma função oral satisfatória, não

sendo necessária, para isso, a presença de 28 dentes.

A reposição de um dente deve ser considerada quando sua ausência está

causando dificuldades mastigatórias ou comprometimento estético (ALLEN; WITTER;

WILSON, 1995; WITTER et al., 1996).

Quando se trata de uma dentição reduzida têm-se como possíveis formas de

tratamento a colocação de próteses fixas dentossuportadas ou implantossuportadas, uma

variação de próteses removíveis que podem ir de uma simples PPR até uma overdenture

sobre dentes, não fazer restabelecimento protético, mas acompanhar a estabilidade oclusal

do arco remanescente (ADC), ou ainda fazer um controle progressivo da dentição do

paciente até a necessidade de colocação de próteses totais, (ALLEN; WITTER; WILSON,

1995; JEPSON; ALLEN, 1999).

47

Em 2011 Fueki e et al. realizaram um estudo multicentro com o objetivo de

identificar fatores realacionados a tratamentos protéticos em pacientes com ADC. Os

pacientes foram selecionados nas clínicas de sete universidades de odontologia do Japão.

Os pacientes apresentavam entre 2 a 12 UO ausentes, nenhuma modificação na

classificação de Kennedy e idade média de 63,4 anos. Os próprios pacientes escolheram o

tipo de tratamento reabilitador. 41% escolheram a manutenção do ADC como forma de

tratamento e 59% optaram por PPR ou prótese parcial fixa implantossuportada. O maior

número de UO ausentes, arcos assimétricos foram significantes preditores para queixas

mastigatórias. Estas são algumas formas de tratamento reabilitador para estes tipos de

pacientes.

Outro estudo (WOLFART et al., 2005), diferente do anterior por ser

randomizado, já descrito anteriormente, também reabilitou os pacientes com próteses fixas

restabelecendo a dentição do paciente até os segundos molares. Estas poderiam variar desde

próteses fixas unitárias até próteses fixas com cantilever distal. Esta condição de ADC foi

comparada com PPR com encaixe entendida até primeiro molar. Não foram encontradas

diferenças entre os grupos estudados quanto as formas de tratamento em relação à

qualidade de vida relacionada à saúde bucal.

Mais um estudo comparou diferentes tratamentos para ADC com a utilização

de prótese parcial fixa (PPF) até pré-molar. O objetivo foi averiguar a relação entre a

satisfação de pacientes com sua condição oral e a presença de PPF posterior. Foram

selecionadas 150 mulheres de forma randômica em escolas femininas para educação de

adultos com idade média de 33,8 anos e que possuíam arco dental com região anterior

intacta da Arábia Saudita. Foram respondidos questionários acerca da percepção geral e

satisfação com a condição oral (Quão importante é sua saúde oral e dental no geral? Quão

satisfeito você está com a sua condição oral e dental como um todo? Quão satisfeito você

está com a aparência de seus dentes? Quão satisfeito você está com sua habilidade para

mastigar suas comidas preferidas?) em escala de 3 pontos. Foram realizados também

exames clínicos. Os pacientes foram divididos em grupos de acordo com a presença de

ADC sem tratamento protético posterior, com tratamento com PPF e com AD Completo.

Só houve diferença quanto a satisfação e aparência entre o grupo AD Completo com ADC

seja com PPF ou não. A satisfação teve correlação negativa com o número de dentes

48

ausentes. A partir de seus resultados chegam a conclusão de que a hipótese de que pacientes

que apresentam PPF substituindo dentes posteriores ausentes são mais satisfeitos com sua

condição bucal que aqueles sem este tratamento não foi confirmado (OMAR et al., 2007).

Ao se comparar as outras formas de tratamento com a permanência do ADC,

observa-se que, dentre as outras possibilidades, ela é a que exige menos tempo para

execução, já que é a forma menos complexa e ainda de menor custo. Consideração esta que

influencia fortemente o plano de tratamento pelo fato de muitos pacientes apresentarem

restrições financeiras para a realização de tratamentos mais sofisticados. Deve-se ainda

levar em conta as considerações dentais de que os molares, principalmente os

mandibulares, são os dentes mais extraídos (HALSE; MOLVEN; RIORDAN, 1985). Isso

ocorre principalmente devido ao fato de serem os dentes com maior risco de cárie e doença

periodontal (PINTO, 1997, 2000). Um dos motivos é o fato de serem os primeiros dentes

permanentes a irromperem na cavidade oral, sendo os mais antigos.

Tem também o próprio indivíduo uma parcela de culpa por sua pobre história

de saúde bucal, uma vez que pode não possuir hábitos saudáveis para manutenção de uma

boa higiene oral ou ter dificuldades para higienizar as áreas mais posteriores devido à idade

avançada ou, principalmente, por problemas psicomotores. Para estes pacientes, a

higienização seria facilitada com a presença apenas de dentes anteriores e PM

remanescentes (WITTER et al., 1999).

Todos os dentes do arco são importantes e têm funções diferentes e/ou comuns

podendo aí variar segundo seu grau estratégico. Os molares, por exemplo, não possuem

funções exclusivas, as quais deixariam de ser exercidas na sua ausência. Os dentes

anteriores e/ou PM também exercem as funções dos molares, podendo desenvolvê-las com

um grau variado de importância. A tabela 1 mostra as várias funções dos grupos de dentes

(WITTER et al., 1999).

49

Tabela 1. Avaliação funcional dos tipos de dentesAnteriores Pré-molares Molares

Mordida + - -Mastigação - + +Fala + - -Estética + + +/-Estabilidade da:̶̶ ATM (estabilidade mandibular) + + +̶ Arco dental ( estabilidade oclusal) + + +̶ Preservação de osso alveolar + + ++ = Envolvimento primário- = Envolvimento secundário ou ausente

Fonte: Witter et al., 1999.

Assim, verifica-se que a região anterior e de PM têm um destaque funcional e

estético indispensável ao longo da vida, consideradas como partes prioritárias de tratamento

do arco. Isto segue a concepção de ADC em que se deve procurar manter e tratar, em

primeiro lugar, os seguimentos estratégicos do arco para somente então tratar os de

importância secundária (KAYSER, 1981).

Witter et al., em 1999, comentou a relação da idade com o nível de função oral

necessário para que os requisitos que tornam esta função satisfatória estejam presentes,

expresso em número mínimo de dentes para diferentes faixas etárias. A tabela 2 sugere que,

com 24 dentes em oclusão, o nível requerido de função oral é atendido para pacientes com

até 50 anos de idade. Para pacientes mais velhos, essa relação muda e o nível satisfatório de

função oral passa a ser atingido com um número menor de UO. Assim, por exemplo,

pacientes com faixa etária maior do que 70 anos têm sua função oral a níveis adequados até

mesmo com apenas 16 UO no arco, o que caracteriza um arco extremamente curto.

Tabela 2. Nível de função oral necessário relacionado à idade, expresso em númeromínimo de dentes em oclusão.Idade Nível funcional Dentes em oclusão20 - 50 I – Ótimo 2440 - 80 II - Sub-ótimo 20 (ADC)70 - 100 III - Mínimo 16 (ADEC)ADC = arco dental curto regularADEC = arco dental extremamente curto/ arco dental curto extremo

Fonte: WITTER et al., 1999.

50

Considerações dentais e financeiras influenciam fortemente o plano de

tratamento e, de fato, arcos dentais compreendendo a região anterior e de pré-molares

possuem os requisitos para uma dentição funcional (WITTER et al., 1994).

Killiardis e et al. em 2000 mencionou que a perda do suporte molar – arco

dental curto – em geral não leva ao prejuízo da saúde mastigatória (KILLIARDIS et al.,

2000).

Dentro do período de estudo de média de 6,9 anos, os pacientes não exibiram as

conseqüências adversas esperadas nem com a freqüência ou severidade geralmente

esperada que esteja associada ao não com a reposição de um único dente posterior ausente

(SHUGARS et al., 2000).

Outro estudo, baseado em questionários em pacientes, encontrou que, quando

PPR’s bilaterais são usadas para restaurar arcos dentais curtos mandibulares, não apenas os

pacientes preferem não usá-las, mas há indicativos de efeitos adversos nos dentes

remanescentes apesar da melhora da habilidade mastigatória (ALLEN et al., 1996).

Pacientes com próteses fixas com cantilever distal para restaurar o ADC

relataram melhor habilidade mastigatória e maior satisfação global que pacientes com PPR

(ALLEN et al., 1995).

Muitos pacientes com ADC têm seus dentes posteriores reposicionados apesar

disso muitas vezes significar sobretratamento (KÄYSER; WITTER; SPANAUF, 1987).

Hoje ainda não é bem divulgado o reconhecimento formal da manutenção de ADC como

forma de tratamento clínico, e poucos artigos na literatura enfocam atitudes clínicas sobre a

terapia corrente com o mesmo. Em um desses artigos foi constatado, por meio da aplicação

de questionários em um grupo de dentistas britânicos, que ADC é amplamente aceito, mas

não amplamente praticado no Reino Unido (ALLEN et al., 1996). O resultado da terapia

com ADC foi aceitável por aproximadamente 82% dos pacientes em relação à função,

conforto e bem estar oral. Quase 88% dos pesquisados reportaram a realização de

tratamento com a permanência do arco dental curto sem reposição protética em pacientes

51

durante, pelo menos, os cinco anos anteriores, embora 37% dos participantes tenham

relatado a necessidade de aumentar o número de dentes em seu arco, mas mantê-lo curto de

qualquer maneira.

No ano seguinte, Witter et al. (1997) fizeram um estudo semelhante com

questionários em que avaliavam as atitudes e aplicações dos conceitos de arco dental curto

na prática clínica em 64 dentistas envolvidos com Odontologia restauradora, membros do

corpo docente da Escola de Odontologia de Nijmegen, na Holanda (WITTER et al., 1997).

A maioria dos dentistas relatou função satisfatória em relação à mastigação, estética e

conforto oral após o tratamento com ADC em seus pacientes. Dos dentistas, 66% tiveram

que estender o arco de seus pacientes em apenas menos de 10% dos casos. Quase todos os

pesquisados exceto um consideraram que a concepção de ADC como forma útil de

tratamento que tem seu lugar na prática clínica atual, sendo forma geralmente satisfatória

ou, pelo menos, suficiente, principalmente para o grupo de pacientes que necessitam de um

cuidado diferenciado, como pessoas acima de 50 anos ou idosos que apresentam fatores

limitantes para o tratamento como saúde geral deficiente, muitos problemas dentais, além

de restrições financeiras.

À medida que o número de dentes remanescentes diminui considerações quanto

à função oral, tratamento protético e conforto do paciente se tornam progressivamente

importantes. Em outras palavras, o arco dental curto e área oclusal mastigatória reduzida

comprometem a habilidade mastigatória e/ou influenciam adversamente na seletividade da

comida. Enquanto a restauração completa do arco (até os segundos molares) é desejável,

esta opção de tratamento pode não ser prática ou possível para todos os pacientes, ainda

ocasionalmente podem ser barrados pelas limitações financeiras. Além disso, restaurar o

arco dental completamente pode ser desaconselhável para pacientes comprometidos e de

alto risco como imunodeprimidos, além daqueles que fazem radioterapia, quimioterapia ou

ambos.

Entretanto, para outros tipos de pacientes, como os normossistêmicos, pode-se

considerar, como uma interessante forma de tratamento, a colocação de próteses fixas,

principalmente as implantossuportadas, as quais podem impedir movimentações e efeitos

indesejáveis, mesmo que essa possibilidade seja pequena. Esse seria um tipo de prótese,

52

ajuda a melhorar o conforto e função mastigatórios. Assim, um problema associado ao

tratamento com PPR não é a prótese em si, mas o seu mau planejamento, a ausência de

preparo de boca, deficiências laboratoriais e, principalmente, a falta de acompanhamento e

manutenção das mesmas. É interessante frisar, porém, que a maior necessidade de um

tratamento nessas condições seria para pacientes jovens e adultos com boas condições de

higiene bucal e financeiras, com ausências dentárias recentes (SILVA; RESENDE, 2005).

Armellini e Von Fraunhofer (2004) em sua revisão de literatura relatam que o

protocolo do arco dental curto determina uma plataforma oclusal até a região de segundos

pré-molares. Isto pode ser benéfico para paciente que colocará implantes, pois nenhum

implante posterior será necessário, desta forma simplificando a cirurgia e a colocação da

prótese sobre o implante. Mais ainda, o protocolo sobre o arco dental curto pode beneficiar

os pacientes de alto risco em sua restrição de extensão do arco dentário reduzindo o regime

de tratamento sem comprometer a função oral (ARMELLINI; VON FRAUNHOFER,

2004).

Até agora o nível de evidência científica na área da PPR é baixo e ensaios

controlados randomizados ou revisões sistemáticas são quase inexistentes. Apesar da falta

de evidência em PPR, as mesmas tem sido com freqüência indicadas para pacientes idosos

ou pacientes dependentes com saúde geral comprometida, origem social baixa, ou baixo

nível educacional (MERICSKE-STERN, 2009).

53

3 PROPOSIÇÃO

Avaliar a qualidade de vida geral, o impacto das condições bucais na qualidade de

vida e a eficiência mastigatória em pacientes com arco dental curto que não usam PPR,

pacientes com arco dental curto que utilizam PPR e em pacientes com arco dental

completo.

Avaliar a presença de DTM em pacientes com arco dental curto que não usam PPR

e pacientes com arco dental curto que utilizam PPR.

54

4 METODOLOGIA

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte obtendo parecer de aprovação

número 319/2009 (anexo A).

Após explanação sobre os propósitos da investigação científica e consentimento

livre e esclarecido assinado pelos pacientes (anexo B), deu-se sequência a investigação

científica buscando-se atender às normas e requisitos contidos na resolução 196/96 sobre

pesquisa com seres humanos do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde

(BRASIL, 1996).

4.2 TIPO DE ESTUDO

Estudo individuado observacional comparativo. Foram comparados pacientes que

apresentavam uma condição de edentulismo de suporte posterior reduzido no arco

inferior (ADC) em que determinados eventos puderam ser medidos e comparados com

outros indivíduos com ADC que usavam próteses parciais removíveis (PPR) como forma

de tratamento e com pacientes que não apresentavam esse quadro (arco dental completo).

4.3 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado nas clínicas do Departamento de Odontologia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

55

4.4 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população foi constituída por pacientes que recebiam tratamento nas clínicas

do Departamento de Odontologia da UFRN ou que almejavam o mesmo. A partir de

análise de prontuários e triagem prévia para verificação da adequação ao estudo, de 831

pacientes, 115 possuiam suporte posterior reduzido no arco inferior com antagonista

prótese total ou dentes naturais sem nenhuma modificação de Kennedy no arco superior.

Apenas 10 destes pacientes possuíam ADC como o preconizado por Kayser (KAYSER,

1981) com dentes naturais antagonistas e região anterior intacta. Apenas 6 indivíduos

tinham de 3 a 6 pares de UO, número de UO que se adequava às consideradas pelo autor

para que houvesse condições adequadas como forma de tratamento comparável ao

ADCompleto. Destes pacientes com ADC propriamente dito 5 entraram na pesquisa, mas

foram excluídos posteriormente por não existirem em número suficiente para formarem

um grupo de comparação.

Como não se teria pacientes suficientes com dentes naturais antagonistas e região

anterior intacta e sim uma imensidão de variações de arcos com inúmeras possibilidades

de topografias diferentes optou-se por padronizar o arco dental antagonista em arco

desdentado total superior reabilitado com prótese total. Com esta medida o arco dental

superior não funcionaria como uma variável de confusão quanto à distribuição dos dentes

no arco. Com este novo critério de inclusão os indivíduos amostrais foram definidos por

meio de triagem dentre os que utilizavam prótese total superior e apresentavam arco

dental curto inferior e que poderiam usar ou não PPR inferior. Foram então selecionados

105 pacientes com suporte posterior reduzido, dos quais 76 concordaram em participar

do estudo e destes 60 concluíram sua participação e 16 foram excluídos por não

possuírem todos os exames e/ou avaliações pertinentes à pesquisa. Outros 29 indivíduos

foram excluídos por apresentarem motivos pessoais de força maior ou impossibilidade de

contato, fato que os inviabilizavam fazer parte da amostra (Figura 5).

O grupo de 60 indivíduos com suporte posterior reduzido, objetos das análises

realizadas neste estudo, foram divididos quanto à utilização de PPR inferior. O grupo de

pacientes que usava apenas prótese total (PT) superior foi composto por 43 integrantes

56

(grupo ADC sem PPR) enquanto que o grupo que além da PT superior tinha sido

reabilitado com PPR na arcada inferior foi composto por 17 indivíduos (grupo ADC com

PPR). Foi constituído ainda um grupo com 34 indivíduos com arco dental completo,

composto de 28 dentes naturais como grupo controle.

Figura 5: Fluxograma da seleção da amostra estudada. *Arco dental curto inferior (ADC)

inferior com antagonistas dentes naturais ou prótese total (PT). Termo de consentimento

livre e esclarecido (TCLE) assinado.Unidades oclusais (UO)

A amostra é não probabilística e sim por conveniência, uma vez que não se tem o

interesse de saber a frequência de desdentados parciais na população, mas a suposta

diferença da função mastigatória, qualidade de vida, disfunção temporomandibular na

presença e ausência de PPR entre os grupos.

Foi feito um calculo para tamanho da amostra a partir dos resultados da variável

dependente eficiência mastigatória dos grupos estudados. Com um nível de significância

de 5% (α de 0,05) e 1-β de 90%, chegou-se ao valor de 3 indivíduos para se detectar uma

diferença de n mínimo entre o grupo controle e os outros grupos. Já o n mínimo para que

57

se detectasse uma diferença entre o uso ao não de PPR nos 2 grupos de ADC foi de 999

indivíduos em cada grupo. Desta forma o poder calculado com o tamanho da amostra

utilizada na pesquisa foi 40% sobre o valor médio para o grupo ADC com PPR.

Os grupos foram comparados quanto à eficiência mastigatória, qualidade de vida

geral, qualidade vida relacionada à saúde bucal, além da presença e tipo de disfunção

temporomandibular.

O objetivo primordial dessas comparações é poder sinalizar a partir dos

resultados as possíveis diferenças ou não entre os pacientes que permanecem com os

espaços edêntulos como forma de tratamento escolhida segundo as variáveis dependentes

coletadas.

Os pacientes do grupo portador de ADC sem PPR (Arco Dental Curto) foram

subdivididos em relação ao número de unidades oclusais (UO) remanescentes (0, 1 e 2

ou mais UO) uma vez que a variável quantitativa UO foi categorizada. Os pacientes não

foram divididos quanto à simetria do arco, pois não foi possível com a amostra

disponível.

4.4.1 Critérios de Inclusão

Grupo Arco Dental Completo:

- Apresentar arco dental completo até segundos molares (terceiros molares podem

estar ou não presentes);

- Dentes naturais (hígidos e/ou restaurados);

- Ausência de problemas periodontais como mobilidade grau II e III;

Grupos ADC e ADC + PPR:

- Arco dental remanescente com suporte posterior reduzido composto de 0 a 8

unidades oclusais (UO) na região posterior. Uma UO significa um par de pré-molares em

oclusão e um par de molares é considerado equivalente a duas unidades oclusais;

58

- Paciente com arco dental remanescente classificado topograficamente em Classe

I ou II de Kennedy;

- PPR confeccionada com estrutura metálica (grupo ADC + PPR) que seja

utilizada pelos indivíduos ,diariamente, inclusive durante a mastigação dos alimentos e

tenha um tempo de uso superior a 6 meses.

- Usuário de PT superior por mais de 6 meses.

4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos de coleta foram constituídos por 2 questionários e 1 critério

diagnóstico: OHIP-14, WHOQOL e RDC/TMD respectivamente. Os voluntários

responderam de próprio punho, quando possível, as questões de forma que preenchessem

os questionários. O exame para avaliação do critério diagnóstico foi realizado por único

examinador treinado por um profissional extremamente qualificado neste tipo de exame.

Para avaliação da eficiência mastigatória utilizou-se o método colorimétrico (teste

objetivo) através da mastigação de cápsulas em que se possibilitou a obtenção deste dado

através dos valores de absorbância.

4.6 COLETA DE DADOS

Os pacientes foram classificados segundo algumas variáveis como: idade, sexo,

número de dentes inferiores, número de unidades oclusais inferiores, utilização de PPR

inferior, tempo de utilização da prótese em uso para cada arcada, eficiência mastigatória

(método colorimétrico), DTM (presença de DTM, tipo de disfunção e grupo diagnóstico

do RDC/TMD), impacto da saúde bucal na Qualidade de Vida (QV) (escores do OHIP

14) e QV geral (resultados geral, auto-avaliação da QV, domínios físico, psicológico,

social e meio ambiente do WHOQOL abreviado, além da classificação da QV). Após

59

explicação dos objetivos e esclarecimentos necessários sobre a pesquisa os pacientes que

concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido passaram a fazer

parte do estudo. Em seguida foram aplicados os instrumentos envolvidos.

4.6.1 Eficiência mastigatória

A eficiência mastigatória (avaliação objetiva) foi verificada através de teste

mastigatório com a utilização de cápsulas contendo grânulos de fucsina (figura 6). O

paciente mastigava a cápsula da forma habitual durante 20 segundos rigorosamente

cronometrados. A quantificação desta variável deu-se por meio da verificação da

absorbância da fucsina após a leitura realizada em laboratório (Laboratório de

Bioquímica da UFRN) da cápsula previamente mastigada pelo indivíduo.

Figura 6 – Cápsula mastigatória.

A eficiência mastigatória medida através de cápsulas mastigatórias

(ESCUDEIRO SANTOS et al., 2006) consiste em um método que mede a eficiência

mastigatória através de material teste artificial padronizado denominado de bead e que

apresenta a forma pequenas esferas. Este método foi desenvolvido no Brasil

(MORESCHI, 2006) e testado a sua confiabilidade por Felício e et al. em 2008.

As cápsulas mastigatórias são compostas por uma bolsa de PVC (polivinil

acetato) com paredes de 0,67mm de espessura, diâmetro interno de 7,6mm e 8,95mm de

diâmetro externo. Estas bolsas contém em seu interior aproximadamente 250mg de

beads. Estas são obtidas por geleificação ionotrópica de dispersão aquosa de pectina a

2%, contendo 50% de sólidos e fucsina, em solução de cloreto de cálcio a 1,0M. Sendo a

60

violeta de fucsina o pigmento de eleição, misturado e amassado a uma pequena

quantidade de celulose cristalina, lactose, amido e outras substâncias. Cada bead, grânulo

pigmentado, é revestida com solução de Eudragite 5% (Eudragit E100® - Rohm Pharma

GmbH, Alemanha) em uma mistura de solventes de acetona 10% em etanol absoluto. As

bolsas são seladas por radiofreqüência, na industria JP Indústria Farmacêutica S/A. A

resistência ao esmagamento foi avaliada em Máquina Universal de Ensaios (EMIC,

Equipamentos e Sistemas de Ensaios Ltda, São José dos Pinhais- PR/Brasil)

(MORESCHI, 2006).

Para aplicação do teste mastigatório, inicialmente, a cápsula era descontaminada

em imersão de hipoclorito de sódio a 2% (Biodinâmica, Ibiporã - PR, Brasil) durante 10

minutos e em seguida abundantemente enxaguada e seca. O examinador, devidamente

paramentado com equipamentos de proteção individual e seguindo as normas de

biossegurança, fornecia algumas instruções ao paciente antes do teste, tais como, que

deveria iniciar a mastigação apenas quando fosse autorizado e deveria fazer da mesma

forma que faz em casa durante as refeições, sem nenhuma orientação extra sobre a

maneira de mastigar e ainda que deveria interromper a mastigação ao sinal do

examinador, em seguida devolveria a cápsula que de forma alguma deveria ser engolida.

Após confirmação do paciente sobre o entendimento das orientações, o mesmo já estava

sentado em uma cadeira com encosto e ambos os pés apoiados no chão. A cápsula (figura

6) era então entregue e solicitado que fosse iniciada a mastigação que teria uma duração

de 20 segundos cronometrados. Em seguida a cápsula mastigada era lavada com água

corrente e imersas mais uma vez por 10 minutos em hipoclorito de sódio a 2%, sendo

novamente enxaguada e seca. Cuidadosamente a cápsula era guardada em um saco

plástico devidamente identificado e lacrado sendo armazenado em um depósito plástico

rígido para que fosse conservado o material sem que houvesse nenhum dano ou

amassamento além do realizado pelo paciente. Só então, as cápsulas eram levadas para

análise laboratorial no Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN).

Quando a cápsula é mastigada os grãos são triturados (figura 7) e a fucsina se

espalha dentro da mesma na proporção da energia utilizada durante o ato mastigatório.

No laboratório, a cápsula foi aberta cuidadosamente com o auxílio de uma tesoura. Em

61

sequência, o conteúdo foi despejado no interior de um tubo de ensaio (figura 8), o qual

foi dissolvido em 5ml de água destilada da seguinte forma: foi colocado diretamente 4,8

ml dentro do tubo e os outros 0,2 ml foram utilizados para lavar a cápsula

cuidadosamente para que não se perdesse nada do conteúdo interno aderido à cápsula.

Após esta lavagem com a utilização de uma pipeta automática com esta medida

específica o líquido da lavagem foi acrescido ao que se encontrava no tubo de ensaio

completando os 5 ml. Em seguida o tubo de ensaio foi agitado mecanicamente em um

agitador do tipo vortex (Agitador Mecânico Certoma® MV, B. Braun Biotech

International, USA) (figura 9) por 30 segundos cronometrados. Em sequência, a solução

foi filtrada em funil de vidro com papel filtro qualitativo cinza – 0,5 (Papel de Filtro

Qualitativo Qualy®, J. Prolab, Brasil) para a remoção de grãos que não foram triturados

(figuras 10 e 11). A eficiência mastigatória foi então calculada a partir da intensidade de

coloração da fuccina dada pela absorbância (abs) com a utilizalção de um

espectrofotômetro (Ultrospec 2100 pro UV/Visible Spectrophtometer®, GE

Healthcare,USA) (figura 12 e 13), utilizando-se um comprimento de onda de 546 nm.

Desta forma foi obtido um valor numérico que possibilitou a utilização da eficiência

mastigatória no estudo.

Figura 7 – Cápsula íntegra e após mastigação.

62

Figura 8 – Conteúdo da cápsula vertido em tubo de ensaio.

Figura 9 – Agitação mecânica.

63

Figura 10 – Filtragem.

Figura 11 – Exemplos de soluções após filtragem com diferentes concentrações.

64

Figura 12 – Espectofotômetro.

Figura 13 – Exemplo de valor de absorbância obtido.

4.6.2 Impacto da saúde bucal na qualidade de vida

O questionário OHIP- 14 (anexo C) é a forma simplificada do questionário do

Oral Health Impact Profile (OHIP-49). O questionário OHIP-14 vem sendo bastante

utilizado na indicação de aspectos da qualidade de vida mais afetados pelo estado de

saúde bucal. OHIP-14 já foi testado e validado em sua versão para o para português

(OLIVEIRA; NADANOVSKY, 2005). O questionário constitui-se de 14 perguntas, duas

para cada uma das sete dimensões do instrumento: Limitação Funcional, Dor,

Desconforto Psicológico, Inabilidade Física, Inabilidade Psicológica, Inabilidade Social e

65

Incapacidade. Todas as perguntas procuram relacionar a condição bucal ou das próteses

em uso aos temas de cada uma. A dimensão Limitação Funcional inclui perguntas sobre

dificuldade para falar e piora no sabor dos alimentos; na dimensão Dor, pergunta-se

sobre a sensação de dor e incômodo para comer; na dimensão Desconforto Psicológico,

as perguntas se referem à preocupação e stress pela condição bucal. O prejuízo na

alimentação e a necessidade de ter de parar de se alimentar são os quesitos da dimensão

Inabilidade Física, enquanto que na Inabilidade Psicológica as perguntas referem-se à

dificuldade para relaxar e ao sentimento de vergonha em função da condição bucal. A

dimensão Inabilidade Social inclui perguntas sobre irritação com terceiros e dificuldade

de realizar atividades da rotina diária por causa da condição bucal; e as perguntas que

compõem a dimensão Incapacidade buscam saber se há a percepção de que a vida tenha

piorado e se a pessoa se sentiu totalmente incapaz de desenvolver suas atividades

rotineiras. O voluntário escolheu livremente a resposta de cada questão, podendo

assinalar uma das 5 opções: Sempre, Quase Sempre, Às vezes, Quase Nunca e Nunca

conforme a Escala de Likert. A soma dos escores foi calculada de acordo com o peso

atribuído a cada questão, método ponderado padronizado (SALDE, 1997)

4.6.3 Qualidade de vida geral

Outro instrumento de avaliação deste estudo foi o questionário sobre qualidade de

vida (WHOQOL- abreviado) (anexo D), traduzido e validado por Fleck (1998). Este

questionário baseia-se nos pressupostos de que qualidade de vida é um construto

subjetivo (percepção do indivíduo em questão), multidimensional e composto por

dimensões positivas e negativas (dor). Tal instrumento é composto por 26 questões das

quais 24 são distribuídas em quatro domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e de

Meio Ambiente. Domínio físico envolve a percepção do indivíduo sobre sua condição

física. Contém as facetas: dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; atividades

da vida cotidiana; dependência de medicação ou de tratamentos; capacidade de trabalho.

O domínio psicológico: percepção do indivíduo sobre sua condição afetiva e cognitiva,

cujas facetas são: sentimentos positivos; pensar, aprender, memória e concentração; auto-

66

estima; imagem corporal e aparência; sentimentos negativos; espiritualidade/ religião/

crenças pessoais. O domínio de relações sociais: percepção do indivíduo sobre os

relacionamentos sociais e os papéis sociais adotados na vida, com as seguintes facetas:

relações pessoais; suporte (apoio) social; atividade sexual. O de meio ambiente:

percepção do indivíduo sobre aspectos diversos relacionados ao ambiente onde vive.

Contém as facetas: segurança física e proteção; ambiente no lar; recursos financeiros;

cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade; oportunidades de adquirir

novas informações e habilidades; participação em, e oportunidades de recreação/lazer;

ambiente físico: (poluição/ ruído/ trânsito/ clima); transporte. Além dos quatro domínios,

o instrumento apresenta duas questões gerais, sendo que uma se refere à autopercepção

da qualidade de vida e a outra sobre satisfação. Todos os pacientes, responderam

sozinhos todas as questões propostas. Tendo sempre 5 opções de resposta conforme

escala de respostas do tipo Likert, com uma escala de intensidade (nada até

extremamente), capacidade (nada até completamente), frequência (nunca até sempre) e

avaliação (muito insatisfeito até muito satisfeito; muito ruim até muito bom) onde

assinalaram apenas uma alternativa. Deste instrumento foi obtido um resultado geral da

percepção do indivíduo sobre a sua QV baseado em todas as respostas, outro de cada

domínio e da auto avaliação da sua qualidade de vida. Com os dados do resultado geral

ainda classificou-se a QV do indivíduo a partir de sua percepção.

4.6.4 Disfunção temporomandibular

O eixo I do questionário Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular

Disfunction (RDC/TMD) (DWORKIN; LERESCHE, 1992) (anexo E) forneceu o

diagnóstico quanto à presença de Disfunção Temporomandibular (DTM) (presente ou

ausente), quanto ao grupo diagnóstico de disfunção RDC/TMD (grupo I, II, III) e quanto

aos tipos de DTM. O RDC/TMD consiste em um instrumento diagnóstico com o

objetivo de estabelecer critérios confiáveis e válidos para diagnosticar e definir tipos de

DTM, sendo constituído por dois eixos diagnósticos. O eixo I consiste na avaliação física

67

do paciente que envolve 10 itens de exame clínico e de três questões subjetivas (3, 14a e

14b), que classifica os indivíduos com disfunção como pertencentes a pelo menos um

dos três grupos de DTM:

Grupo I - paciente possui dor miofascial ou dor miofascial com limitação de

abertura bucal. Paciente possui DTM muscular;

Grupo II - paciente apresenta deslocamento de disco com redução, deslocamento

de disco sem redução ou deslocamento de disco sem redução e com limitação de abertura

bucal. Paciente possui DTM articular do tipo deslocamento de disco;

Grupo III - paciente possui artralgia, osteoartrite ou osteoartrose. Paciente

apresenta DTM articular do tipo degenerativo podendo ser classificado como “outras

condições da ATM”.

Procedimentos: Palpação muscular e articular, verificação da amplitude de

movimento e ausculta articular, além das três perguntas sobre dor. Os procedimentos

foram executados de acordo com a descrição de Dworkin e Leresche em 1992. Os

exames foram realizados utilizando-se equipamentos de proteção individual e seguindo

as normas de biossegurança. Dando seqüência para obtenção do diagnóstico foi feita uma

análise do critério diagnóstico segundo esquemas pré-determinados (anexo F) para cada

um dos três grupos diagnósticos, sendo para os grupos II e III feitos para ATM direita

como esquerda separadamente quando se referir a ATM direita ou esquerda. Foi utilizada

a versão do formulário traduzido para o português e publicada por Pereira, em 2002.

Após a obtenção dos diagnósticos de DTM ou mesmo de sua ausência pelo

resultado dos esquemas do RDC/TMD, os pacientes foram classificados quanto à

presença ou não de DTM, quanto a sua participação ou não em cada grupo diagnóstico e

ainda foram classificados quanto ao tipo de DTM em DTM muscular, DTM articular

(grupo II e III) e DTM mista. Os indivíduos classificados com DTM muscular

apresentariam diagnósticos pertencentes apenas ao grupo I do RDC. Os pacientes com

DTM articular (grupo II e III) poderiam apresentar diagnósticos tanto do grupo II como

do III ou de ambos. Os pacientes com DTM mista teriam que apresentar

concomitantemente diagnóstico do grupo I como também de algum dos dois grupos

68

articulares II e III, ou mesmo dos três grupo, assim seria portador de DTM muscular e

articular.

4.6.5 Outras variáveis

A variável idade foi coletada através da verificação na carteira de identidade (CI)

do indivíduo e o sexo foi observado de acordo com o fenótipo do paciente e se houvesse

alguma dúvida seria confirmado através da CI do mesmo. O número de dentes inferiores

e a identificação dos mesmos, como também o número de unidades oclusais inferiores

foram constatados a partir de exame visual realizado pelo investigador. Quanto à

utilização da PT superior e de PPR inferior, caso ambas estivessem presentes durante o

exame, o paciente seria questionado quanto ao tempo de uso da mesma e a freqüência.

4.7 Variáveis Estudadas

Variável Tipo Classificação DescriçãoPrótese Independente Categórica

nominalPresença de PPR no arcoinferior.

Arco dental Independente Categóricanominal

Tipo de arco dental inferior.

Unidadeoclusal

Independente Quantitativadiscreta

Número de UO presentes.

Idade Independente Quantitativacontínua

Tempo de vida decorrido desdeo nascimento até umadeterminada data tomada comoreferência

Sexo Independente Categóricanominalmutuamenteexclusiva

Conformação física e orgânica,que permite distinguir homem emulher.

Eficiênciamastigatória

Dependente Quantitativacontínua

Esmagamento do alimento pelosgolpes dados

Presença deDTM

Dependente Categóricanominalexaustiva

Presença de DTM diagnosticadapelo RDC

Grupodiagnóstico

69

de DTMGrupo I /DTMMuscular

Dependente Categóricanominalexaustiva

Presença de dor miofascial comou sem limitação de abertura.

Grupo II /DTMArticular(disco)

Dependente Categóricanominalexaustiva

Funcionamento anormal daArticulaçãoTemporomandibular, onde odisco sai de posição e pode ounão retornar a posição original.Deslocamento de disco comredução, Deslocamento de discosem redução, Deslocamento dedisco sem redução comlimitação de abertura.

Grupo III /DTM Articular(degenerativa)

Dependente Categóricanominalexaustiva

Funcionamento anormal daATM, causado por sua má-formação ou degeneraçãofisiológica ou patológica.Artralgia, Osteoartrite,Osteoartrose

Tipo de DTM Dependente Categóricanominalexaustiva

Classifica de acordo com o tipode DTM seja muscular, articular(grupo II e/ou III) e mista(ambas)

WHOQOL World Health Organization –Quality of Life

Físico Dependente Quantitativacontínua

Caracteriza a expressãofisiológica e percepção deenergia quanto à existência dedor e desconfortos.

Psicológico Dependente Quantitativacontínua

Evidencia a manifestaçãosentimentos e percepções sobresi e os demais.

Social Dependente Quantitativacontínua

Observa as relações e apercepção de suporte social.

Meio ambiente Dependente Quantitativacontínua

Identifica a percepção doambiente e seu entorno, aspessoas e as condições atuais devida.

Auto-avaliaçãoda QV

Dependente Quantitativacontínua

Caracteriza a auto-avaliação doindivíduo quanto a sua QV.

Geral Dependente Quantitativacontínua

Caracteriza a percepção daqualidade de vida do indivíduo.

WHOQOLCategorizado

Dependente Categóricaordinal

Divisão em quartis doWHOQOL geral categorização

70

do 1º em QV ruim, 2º e 3º QVmédia e 4º QV boa

OHIP-14 Dependente Quantitativacontínua

Oral Health Impact Profile –Impacto da saúde bucal naqualidade de vida a partir daspercepções do indivíduo sobreos sete domínios doinstrumento.

Quadro 1 – Quadro das variáveis estudadas

4.8 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram reunidos em um banco de dados criado no SPSS 17.0. Foi feita a

análise descritiva dos dados com valores absolutos, frequências e medidas de tendência

central e variabilidade. Utilizou-se os testes qui quadrado, análise de variância

(ANOVA) para cruzamento das variáveis dependentes e independentes com nível de

confiança de 95% seguido do pós teste de Tukey quando pertinente. Os dados foram

apresentados sob a forma de gráficos e tabelas.

71

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Os dados ora apresentados se referem a 94 indivíduos residentes na cidade de Natal-

RN. O grupo de pacientes com ADC, indivíduos que possuíam perdas dentárias posteriores

no arco inferior foi composto por 60 pessoas entre 40 e 81 anos de idade. O grupo controle

foi formado por 34 indivíduos com arco dental completo que apresentavam entre 20 e 30

anos. Assim, a amostra foi composta por adultos e idosos.

O grupo ADC foi caracterizado segundo a idade por um desvio padrão de

aproximadamente 9 anos, idade média e mediana respectivamente 58,83 e 59,00 anos. O

grupo foi predominantemente composto por mulheres (81,7%, n = 49) e apresentava em

média 6,13 dentes com um desvio padrão de 1,8 dentes. A média do número de UO foi 1,2

com um desvio padrão de 1,48 e mediana de 1 UO.

Outras descrições das características da amostra em relação ao número de unidades

oclusais inferiores estão representadas na tabela 3.

Tabela 3. Valores de frequências absolutas e relativas segundo o número de unidades

oclusais (UO) categorizadas presentes na amostra dos indivíduos com ADC. Natal-RN,

2011.

n %Nº UO* 0 28 46,7

1 14 23,32 ou + 18 30,0Total 60 100,0

* 1 molar = 1 UO e 1 pré-molar = 2 UO

A partir da análise da tabela 3, depreende-se que os indivíduos apresentavam de

acordo com a categorização das UO maior frequência de 0 (zero) UO, o que estaria de

acordo com a média do número de dentes dos indivíduos estudados que foi

aproximadamente 6 dentes, sendo de canino direito a canino esquerdo inferiores a moda,

dado mais frequente, da topografia do estudo. O que vai justificar a presença da média de 1

72

unidade oclusal presente na amostra é exatamente que 53,3% da amostra possui pelo menos

1 (uma) UO.

O perfil dos indivíduos com ADC segundo a utilização de prótese inferior no estudo

está caracterizado na tabela 4.

Tabela 4. Valores de freqüências absolutas e relativas segundo a utilização de PPR inferior

utilizada pelos indivíduos com ADC da amostra. Natal-RN, 2011.

ADC=arco dental curto, ADC com PPR = ADC com prótese parcial removível inferior

Constata-se mais que o dobro de pacientes com ADC não faziam uso de PPR

inferior.

Dos indivíduos com ADC que compuseram o estudo, 63,7% (n=38) foram

diagnosticados com DTM a partir da avaliação diagnóstica com o RDC/TMD (figura 14). A

distribuição dos tipos de DTM podem ser observados na figura 15.

N %Prótese ADC sem PPR 43 71,7%

ADC com PPR 17 28,3%

Total 60 100%

73

Figura 14. Frequências relativas segundo a presença de DTM em paciente com ADC.

Natal-RN, 2011.

Figura 15 – Frequências relativas segundo o tipo de DTM em paciente com ADC. Natal-

RN, 2011.

%

74

A figura 15 ilustra o resultado da avaliação do RDC/TMD dos pacientes divididos

quanto ao tipo de DTM. Vale ressaltar que o RDC/TMD apresenta 3 diagnósticos. Grupo I:

dor miofascial e dor miofascial com limitação de abertura; grupo II: deslocamento de disco

articular com redução, deslocamento de disco articular sem redução e deslocamento de

disco articular sem redução e com limitação de abertura bucal; grupo III: artralgia,

osteoartrite e osteoartrose. Pacientes do grupo I apresentam disfunção de origem muscular,

do grupo II apresentam disfunção articular do tipo deslocamento de disco e os pacientes do

grupo III apresentam disfunção degenerativa tendo também DTM articular classificada

como “outras condições da ATM”.

Pode-se salientar que um mesmo indivíduo possui duas articulações e que pode

apresentar mais de um acometimento em cada, além de poder apresentar ainda problemas

de origens diferentes. Um exemplo seria o diagnóstico de dor miofascial, deslocamento de

disco com redução do lado direito e ainda artralgia do mesmo lado. Assim este indivíduo

pertenceria aos grupos I, II e III de diagnóstico do RDC. Este mesmo indivíduo ainda

poderia apresentar outros acometimentos do lado esquerdo aumentando o número de

diagnósticos. Para que o indivíduo ficasse em apenas uma categoria de classificação de

DTM resolveu-se classificar as disfunções quanto ao tipos em muscular, articular (grupo II

e III) e mista.

O tipo muscular envolveria apenas os diagnósticos do grupo I do RDC, a articular

(grupo II e III) envolveria todos os acometimentos articulares sejam por deslocamento de

disco ou degenerativas, já a mista compreenderia tanto paciente que tivessem

simultaneamente acometimentos de origem muscular, ou seja do grupo I de diagnóstico do

RDC e também algum acometimento articular, seja por deslocamento de disco ou

degenerativo. Este paciente teria que ser, necessariamente, diagnosticado no grupo I e em

um dos dois grupos: II ou III, podendo ainda pertencer a ambos.

Na figura 15, observa-se que a disfunção mais frequente entre os acometimentos de

todos os pacientes com ADC são as desordens articulares (grupo II e III) pertencentes tanto

ao grupo II como ao grupo III de diagnóstico do RDC/TMD com 36,7%, valor que se

repente entre todos os indivíduos que não apresentam DTM.

75

5.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES E DEPENDENTES ESTUDADAS

Foram feitas, inicialmente, algumas análises descritivas a partir do cruzamento das

variáveis independentes (arco dental e número de unidades oclusais) com as variáveis

dependentes (eficiência mastigatória, impacto das condições bucais na qualidade de vida e

qualidade de vida geral e DTM):

- ADC (ADC sem PPR, ADC com PPR e AD Completo) X Eficiência mastigatória, OHIP

14 e WHOQOL abreviado;

-ADC (com e sem PPR) X RDC/TMD

-UO (0, 1 e 2 ou mais) em ADC sem PPR X Eficiência mastigatória, OHIP 14, WHOQOL

abreviado e RDC/TMD

Foram realizados testes estatísticos para dados com distribuição normal.

Inicialmente, foi feita análise de variância na qual as variáveis dependentes quantitativas

(eficiência mastigatória, resultado geral do OHIP 14 e resultados geral, da auto-avaliação

da QV e dos 4 domínios do WHOQOL) foram individualmente associadas à variável

independente categórica arco dental (ADC sem PPR, ADC com PPR e AD Completo), que

funcionou como fator. Seguiu-se com o pós-teste de Tukey quando verificada diferença

estatisticamente significante, para elucidação entre quais grupos ela estava presente. O

mesmo foi feito para a variável independente número de UO. Quanto às variáveis

dependentes categóricas relacionadas ao diagnóstico do RDC (presença de DTM, tipos de

DTM e grupos diagnósticos de DTM) o teste utilizado quando aplicável foi o qui-quadrado

para as duas variáveis independentes do estudo. Sendo também utilizado para análise entre

a variável dependente QV categorizada do WHOQOL geral com o AD e número de UO.

A categorização da QV a partir dos resultados do WHOQOL geral foi classificada

em boa, média e ruim. Primeiramente os resultados foram divididos em quartis, sendo os

extremos classificados em QV boa e QV ruim de acordo com a pontuação máxima e

mínima respectivamente. Desta forma os dois quartis centrais resultaram na QV média.

76

Com relação à associação entre a eficiência mastigatória dos diferentes grupos de

arcos dentais com utilização ou não de PPR inferior para o ADC, pode-se verificar os

resultados obtidos nas tabelas 5 e 6.

Tabela 5. Valores de frequência absoluta, média, desvio padrão, intervalo de confiança,

valor mínimo e máximo da amostra de todos os indivíduos segundo os resultados da

eficiência mastigatória e o arco dental. Natal- RN, 2011.

EFICIÊNCIAMASTIGATÓRIA N Média D.P.

IC (95%)Mínimo Máximo

LI LS

ADC sem PPRa 43 0,103 0,074 0,082 0,127 0 0,272

ADC com PPRa 17 0,104 0,085 0,061 0,148 0 0,355

Arco Dental Completob 34 0,268 0,090 0,237 0,300 0,078 0,474

Total 94 0,163 0,113 0,140 0,187 0 0,474*Pós-teste de Tukey = letras diferentes para resultados com diferença significativa e letras

iguais para resultados sem diferença significativa.

Tabela 6. Análise de variância dos dados referentes à tabela 5.

EFICIÊNCIA Soma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p

Entre os grupos ,584 2 ,272 42,843 <0,001Dentro dos grupos ,620 91 ,007Total 1,204 93

Observa-se nas tabelas 5 e 6 diferença estatisticamente significante entre o grupo de

arco dental curto e o grupo controle (arco dental completo). O mesmo não foi observado

entre os subgrupos de ADC com ou sem PPR.

Os valores da associação encontrados a partir dos cálculos obtidos com o

questionário OHIP 14 para o impacto da saúde bucal na qualidade de vida e a variável arco

dental com ou sem a utilização de PPR inferior são apresentados na tabela 7 e 8.

77

Tabela 7. Distribuição da amostra estudada de acordo com o arco dental e resultados do

OHIP 14. Valores absolutos, de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valor mínimo

e máximo. Natal- RN, 2011.

OHIP-14 N Média D.P.IC (95%)

Mínimo MáximoL.I. L.S.

ADC sem PPRa 43 9,498 7,123 7,306 11,691 0 26,870

ADC com PPRa 17 9,525 7,064 5,893 13,157 0 24,680

Arco Dental Completob 31 1,387 1,801 0,726 2,048 0 6,000

Total 91 6,740 6,972 5,288 8,192 0 26,870*Pós-teste de Tukey = letras diferentes para resultados com diferença significativa e letras

iguais para resultados sem diferença significativa.

Tabela 8. Análise de variância dos dados referentes à tabela 7.

OHIP-14 Soma dosquadrados

gl Média dosquadrados

F p

Entre os grupos 1347,315 2 673,657 19,585 <0,001Dentro dos grupos 3026,921 88 34,397Total 4374,236 90

Depreende-se das tabelas 7 e 8 que também houve diferença estatisticamente

significante entre o grupo AD Completo e os dois grupos de ADC, mas não havendo

diferença entre os mesmos. Constatou-se a partir das médias maiores dos pacientes dos

dois grupos de ADC que as suas condições bucais influenciavam bem mais negativamente

na qualidade de vida destas pessoas do que no grupo controle, no qual os indivíduos

possuíam o arco dental completo. Apesar disso é possível verificar que nos três grupos

estudados houve pontuação 0 (zero) o que significa ausência completa de impacto negativo

das condições bucais na QV. Quanto maior o valor da pontuação do questionário OHIP 14

maior o impacto das condições bucais na qualidade de vida e isto ocorre de forma negativa.

Já na tabela 9 podemos observar os valores resultantes da associação dos escores do

questionário WHOQOL abreviado para seus domínios físico, psicológico, social e meio

78

ambiente além da auto-avaliação da qualidade de vida e resultado geral com o tipo de arco

dental e utilização ou não de PPR em pacientes com ADC.

Tabela 9. Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e máximoda amostra de todos os indivíduos estudados segundo os resultados do WHOQOL para cadadomínio, qualidade de vida e geral com arco dental e uso de PPR. Natal- RN, 2011.WHOQOL

N Média D.P.IC (95%)

Mín. Máx.Geral L.I. L.S.

ADC sem PPRa 43 13,85 2,08 13,21 14,49 8,62 17,38ADC com PPRa 17 14,20 1,36 13,50 14,90 11,38 16,62Arco Dental Completob 31 15,72 1,66 15,11 16,32 11,85 19,69

Total 91 14,55 2,00 14,14 14,97 8,62 19,69Físico N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.

ADC sem PPRa 43 13,991 2,887 13,103 14,880 7,429 18,857ADC com PPRa 17 14,185 2,150 13,080 15,290 8,571 18,286Arco Dental Completob 31 16,037 1,739 15,399 16,675 12,571 20,000Total 91 14,724 2,574 14,188 15,260 7,429 20,000

Psicológico N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.ADC sem PPRa 43 14,589 2,301 13,881 15,297 8,000 18,667ADC com PPRa,b 17 15,569 1,810 14,638 16,499 12,000 19,333Arco Dental Completob 31 15,828 2,007 15,092 16,564 9,333 19,333Total 91 15,194 2,176 14,741 15,647 8,000 19,333

Social N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.ADC sem PPR 43 15,473 3,423 14,419 16,526 8,000 25,333ADC com PPR 17 14,353 2,428 13,105 15,601 10,667 18,667Arco Dental Completo 31 16,086 2,838 15,045 17,127 9,333 20,000Total 91 15,473 3,093 14,828 16,117 8,000 25,333

Meio Ambiente N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.ADC sem PPRa 43 12,11 2,22 11,43 12,80 7,00 16,50ADC com PPRa 17 12,94 1,47 12,19 13,70 10,00 15,50Arco Dental Completob 31 14,97 1,97 14,24 15,69 10,00 20,00Total 91 13,24 2,37 12,75 13,73 7,00 20,00

Auto-avaliação QV N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.ADC sem PPRa 43 14,65 2,79 13,79 15,51 8,00 20,00ADC com PPRa,b 17 14,94 2,56 13,62 16,26 10,00 20,00Arco Dental Completob 31 16,77 2,57 15,83 17,72 8,00 20,00Total 91 15,43 2,82 14,84 16,02 8,00 20,00*Pós-teste de Tukey = letras diferentes para resultados com diferença significativa e letrasiguais para resultados sem diferença significativa.

79

Tabela 10. Análise de variância dos dados referentes à tabela 9.

WHOQOLSoma dos quadrados gl Média dos quadrados F pGERAL

Entre os grupos 65,06 2 32,53 9,75 0,001Dentro dosgrupos 293,55 88 3,34

Total 358,61 90

Físico Soma dos quadrados gl Média dos quadrados F p

Entre os grupos 81,47 2 40,73 6,96 0,002Dentro dosgrupos 514,81 88 5,85

Total 596,28 90

Psicológico Soma dos quadrados gl Média dos quadrados F p

Entre os grupos 30,58 2 15,29 3,40 0,038Dentro dosgrupos 395,66 88 4,50

Total 426,24 90

Social Soma dos quadrados gl Média dos quadrados F p

Entre os grupos 32,98 2 16,49 1,75 0,179Dentro dosgrupos 827,93 88 9,41

Total 860,90 90

Meio Ambiente Soma dos quadrados gl Média dos quadrados F p

Entre os grupos 148,68 2 74,34 18,24 0,001Dentro dosgrupos 358,67 88 4,08

Total 507,34 90

Auto-avaliaçãoQV Soma dos quadrados gl Média dos quadrados

F p

Entre os grupos 86,16 2 43,08 6,04 0,003Dentro dosgrupos 628,13 88 7,14

Total 714,29 90

Assim observa-se nas tabelas 9 e 10 que dentre os resultados analisados do

WHOQOL, exceto o domínio social, todos os outros apresentaram diferença

estatisticamente significante entre os grupos estudados. No resultado geral, domínio físico e

80

meio ambiente a diferença significante foi encontrada entre o grupo AD Completo com os

grupos ADC com e sem PPR, mas não entre os mesmos. Já para o domínio psicológico e

auto-avaliação da QV a diferença estatisticamente significante só foi observada entre o

grupo AD Completo e ADC sem PPR.

Outra análise dos dados do WHOQOL foi através da categorização da QV a partir

dos resultados do WHOQOL geral em boa, média e ruim. Na tabela 11 são apresentados os

dados da associação entre a variável independente do grupo de estudo (ADC com PPR,

ADC sem PPR e AD Completo) com essa nova variável categorizada.

Tabela 11. Distribuição da amostra estudada de acordo com os grupos de estudo e a

categorização da qualidade de vida (QV) a partir do WHOQOL geral. Valores absolutos,

percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

*Teste qui quadrado

De acordo com os resultados da tabela 11 constata-se que houve diferença,

estatisticamente significante, entre os grupos. Observou-se ainda que a prevalência de QV

ruim foi de 30,2% entre os pacientes com ADC que não usam PPR resultado bastante

diferente da avaliação da QV do grupo AD Completo que apresentou apenas 2,9%. Um

comportamento semelhante foi observado quanto a avaliação da QV boa entre estes grupos.

Com relação à associação apenas do grupo ADC entre a utilização ou não de PPR

inferior com a presença, tipos e grupos diagnósticos de DTM, a partir da avaliação do

RDC/TMD os resultados obtidos são mostrados nas tabela 12, 13 e 14.

WHOQOL CATEGORIZADO

ADC sem PPR ADC com PPR AD Completo Total P*

n % n % n % n %QV ruim 13 30,20% 2 11,80% 1 2,90% 16 17,00%QV media 21 48,80% 12 70,60% 13 38,20% 46 48,90% 0,001

QV boa 9 20,90% 3 17,60% 20 58,80% 32 34,00%

Total 43 100,00% 17 100,00% 34 100% 94 100%

81

Tabela 12. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com o uso de PPR

inferior e presença de DTM através de diagnóstico do RDC/TMD. Valores absolutos,

percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011.

DTMPresença Ausência Total P*

n % n % n %Sem PPR 30 69,8% 13 30,2% 43 100%

0,100Com PPR 8 47,1% 9 52,9% 17 100%Total 38 63,3% 22 36,7% 60 100%

*Teste qui quadrado

Observa-se na tabela 12 uma grande presença de DTM (63,3%) nos indivíduos de

arco dental curto. Apesar de não haver diferença estatística entre indivíduos que utilizam ou

não a PPR, pode-se observar também uma alta incidência de DTM (69,8%) no grupo que

não utiliza PPR.

Tabela 13. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com o uso de PPR

inferior e tipo de DTM através de diagnóstico do RDC/TMD. Valores absolutos,

percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011

DTM Sem PPR Com PPR Total P*

Sem DTMn 13 9 22% 30,2% 52,9% 36,7%

DTM Muscularn 1 2 3% 2,3% 11,8% 5,0%

DTM Articular(grupo II e III)

n 18 4 22 0,108

% 41,9% 23,5% 36,7%

DTM Mistan 11 2 13% 25,6% 11,8% 21,7%

Totaln 43 17 60% 100% 100% 100%

*Teste qui quadrado

Observa-se na tabela 13 que a DTM articular é a que mais acomete os indivíduos

com ADC, sejam eles usuários ou não de PPR. Não foi verificada associação

estatisticamente significante entre os grupos.

82

Tabela 14. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC de acordo com o uso de PPR

inferior e os grupos diagnósticos de DTM do RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais e

significância estatística. Natal-RN, 2011

Grupo I/DTM MUSCULARPresença Ausência Total P

n % N % n %Sem PPR 12 27,9% 31 72,1% 43 100%

0,730Com PPR 4 23,5% 13 76,5% 17 100%

Total 16 26,7% 44 73,3% 60 100%Grupo II/DTM ARTICULAR (disco)

Presença Ausência Total P*n % N % N %

Sem PPR 23 53,5% 20 46,5% 43 100%

0,012Com PPR 3 17,6% 14 82,4% 17 100%

Total 26 43,3% 34 56,7% 60 100%Grupo III/DTM Articular (degenerativa)

Presença Ausência Total Pn % N % n %

Sem PPR 14 32,6% 29 67,4% 43 100%

0,492Com PPR 4 23,5% 13 76,5% 17 100%

Total 18 22% 42 70,0% 60 100%Teste qui quadrado, *significância estatística

Avaliando o subtipo de DTM, observa-se na tabela 14 que as alterações do grupo II

(deslocamentos de disco com e sem redução) são as mais presentes em pacientes com ADC

que não utilizam PPR, seguida das alterações do grupo III (condições degenerativas) e

grupo I (disfunções musculares). Após análise estatística, observa-se que somente as

alterações do grupo II apresentaram diferença estatística entre usuários ou não de PPR.

Os dados referentes à variável independente UO de pacientes com ADC que não

faziam uso de PPR inferior serão a seguir associados a todas as variáveis dependentes do

estudo: eficiência mastigatória (tabelas 15 e 16), impacto da saúde bucal na QV- OHIP 14

(tabela 17 e 18), qualidade de vida geral – WHOQOL (tabela 19, 20 e 21), DTM –

RDC/TMD (tabelas 22, 23 e 24).

83

Tabela 15. Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e

máximo da amostra dos indivíduos com ADC não usuários de PPR segundo a eficiência

mastigatória e número de unidades oclusais. Natal- RN, 2011.

Eficiência N Média D.P.IC (95%)

Mínimo MáximoL.I. L.S.

0 UO 18 0,097 0,070 0,062 0,132 0,00 0 ,2401 UO 11 0,075 0,070 0,028 0,123 0,00 0,206

2 ou + UO 14 0,135 0,077 0,090 0,179 0,011 0,272Total 43 0,104 0,074 0,081 0,127 0,00 0,272

Tabela 16. Análise de variância dos dados referentes à tabela 15.

Eficiência Soma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p

Entre os grupos ,023 2 ,012 2,182 ,126Dentro dos grupos ,212 40 ,005

Total ,235 42

Após análise das tabelas 15 e 16 não se observou diferença, estatisticamente

significante, entre os números de unidade oclusais e o valor da eficiência mastigatória.

Pode-se observar que os valores da eficiência mastigatória dos pacientes foram bastante

semelhantes, principalmente com O (zero) e 1 UO, o que mostra que a presença de apenas

uma unidade oclusal na cavidade bucal não é capaz de diferenciar os pacientes quanto a

eficiência mastigatória, o que demonstra uma adaptação para mastigar do indivíduo que não

apresenta nenhuma UO.

84

Tabela 17. Valores absolutos, de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valor

mínimo e máximo da amostra dos indivíduos com ADC não usuários de PPR segundo

impacto das condições bucais na qualidade de vida (OHIP 14) e número de unidades

oclusais. Natal- RN, 2011.

OHIP 14 N Média D.P.IC (95%)

Mínimo MáximoL.I. L.S.

0 UO 18 10,882 8,217 6,795 14,968 ,00 26,870

1 UO 11 10,525 7,064 5,780 15,271 ,00 20,080

2 ou + UO 14 6,913 5,150 3,939 9,886 ,45 17,720

Total 43 9,498 7,123 7,306 11,691 ,00 26,870

Tabela 18. Análise de variância dos dados referentes à tabela 17.

OHIP 14 Soma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 139,635 2 69,818 1,402 ,258Dentro dos grupos 1991,592 40 49,790Total 2131,227 42

Os valores da associação encontrados a partir dos cálculos obtidos com o

questionário OHIP 14 e a utilização de PPR inferior em ADC, apresentados nas tabelas 17 e

18, mostram em média um maior valor do impacto das condições bucais na qualidade de

vida das pessoas que apresentavam 0 (zero) e 1 UO, ou seja as condições bucais

influenciavam mais negativamente na qualidade de vida destas pessoas, mas não houve

diferença estatística entre os números de unidades oclusais da amostra. Quanto maior o

impacto das condições bucais pior a qualidade de vida.

85

Tabela 19. Valores de média, desvio padrão, intervalo de confiança, valor mínimo e

máximo da amostra dos indivíduos estudados com ADC que não utilizam PPR segundo os

resultados do WHOQOL para cada domínio, auto-avaliação da qualidade de vida e geral e

número de unidades oclusais. Natal- RN, 2011.

WHOQOLN Média D.P.

IC (95%)Mín. Máx.

Geral L.I. L.S.0 UO 18 13,64 2,39 12,45 14,83 8,62 17,381 UO 11 13,29 2,14 11,85 14,73 9,38 15,852 ou + UO 14 14,57 1,44 13,74 15,40 11,54 16,46Total 43 13,85 2,08 13,21 14,49 8,62 17,38

Físico N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.0 UO 18 13,65 3,15 12,08 15,22 8,57 18,861 UO 11 13,39 2,46 11,74 15,05 8,00 16,572 ou + UO 14 14,90 2,81 13,27 16,52 7,43 18,86Total 43 13,99 2,89 13,10 14,88 7,43 18,86

Psicológico N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.0 UO 18 14,30 2,54 13,03 15,56 8,00 18,671 UO 11 14,06 2,12 12,64 15,48 10,00 17,332 ou + UO 14 15,38 2,05 14,20 16,56 12,00 18,67Total 43 14,59 2,30 13,88 15,30 8,00 18,67

Social N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.0 UO 18 15,44 4,16 13,38 17,51 9,33 25,331 UO 11 14,85 3,35 12,60 17,10 8,00 20,002 ou + UO 14 16,00 2,45 14,58 17,42 12,00 22,67Total 43 15,47 3,42 14,42 16,53 8,00 25,33

MeioAmbiente N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.

0 UO 18 12,05 2,36 10,88 13,22 7,50 16,501 UO 11 11,27 2,63 9,51 13,04 7,00 15,002 ou + UO 14 12,86 1,46 12,01 13,70 9,50 15,00Total 43 12,11 2,22 11,43 12,80 7,00 16,50

Auto-avaliação QV N Média D.P. L.I. L.S. Mín. Máx.0 UO 18 14,00 3,36 12,33 15,67 8,00 18,001 UO 11 14,36 2,50 12,68 16,04 10,00 18,002 ou + UO 14 15,71 1,90 14,62 16,81 12,00 20,00Total 43 14,65 2,79 13,79 15,51 8,00 20,00

86

Tabela 20. Análise de variância dos dados referentes à tabela 19.

WHOQOL Soma dosquadrados

gl Média dosquadrados

F p*GERAL

Entre os grupos 11,56 2 5,78 1,36 ,267Dentro dos grupos 169,55 40 4,24Total 181,11 42

FísicoSoma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 17,52 2 8,76 1,05 ,358Dentro dos grupos 332,61 40 8,32Total 350,13 42

PsicológicoSoma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 13,39 2 6,70 1,28 ,289Dentro dos grupos 209,01 40 5,23Total 222,41 42

SocialSoma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 8,19 2 4,10 ,34 ,715Dentro dos grupos 483,86 40 12,10Total 492,05 42

Meio AmbienteSoma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 15,59 2 7,80 1,63 ,209Dentro dos grupos 191,56 40 4,79Total 207,15 42

Auto-avaliação QVSoma dosquadrados gl Média dos

quadrados F p*

Entre os grupos 24,36 2 12,18 1,62 ,211Dentro dos grupos 301,40 40 7,54Total 325,77 42*ANOVA

Não se observou diferença estatisticamente significante nas tabelas 19 e 20 quanto

aos resultados obtidos através do WHOQOL para seus domínios físico, psicológico, social

e meio ambiente além da auto-avaliação da qualidade de vida e resultado geral associado ao

número de unidades oclusais dos indivíduos com ADC que não utilizam PPR inferior.

Assim observa-se que os domínios do WHOQOL mostraram resultados semelhantes dentro

de todo o grupo estudado.

87

Tabela 21. Distribuição da amostra estudada de acordo com o número de unidades oclusais

(UO) e a categorização da qualidade de vida (QV) a partir do WHOQOL geral. Valores

absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011

*Teste qui quadrado

Observa-se na tabela 21 que os maiores percentuais da avaliação da qualidade de

vida categorizada em ruim estavam os indivíduos com 0 (zero) e uma UO, mas não houve

diferença estatisticamente significante entre os e grupos de UO.

Tabela 22. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizam PPR inferior

de acordo com as unidades oclusais (UO) e a presença de DTM através de diagnóstico do

RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011

DTMPresença Ausência Total P*

n % n % n %0 UO 12 66,7% 6 33,3% 18 100%

,6731 UO 7 63,6% 4 36,4% 11 100%2 ou + UO 11 78,6% 3 21,4% 14 100%

Total 30 69,8% 13 30,2% 43 100%*Teste qui quadrado

Através da tabela 22 contata-se que 69,8% dos indivíduos com ADC que não

utilizavam PPR apresentavam DTM e que a prevalência de DTM nestas pessoas quanto ao

número de UO remanescentes não diferiu estatisticamente, sendo maior que 63,0%

indepentente do número de UO.

WHOQOL CATEGORIZADO

0 UO 1 UO 2 ou + UO Total P*

N % n % n % n %QV ruim 7 38,90% 4 36,40% 2 14,30% 13 17,00%

0,576QV média 7 38,90% 5 45,50% 9 64,30% 21 48,90%QV boa 4 22,20% 2 18,20% 3 21,40% 9 34,00%

Total 18 100,00% 11 100,00% 14 100% 43 100%

88

Tabela 23. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizam PPR inferior

de acordo com as unidades oclusais (UO) e tipo de DTM através de diagnóstico do

RDC/TMD. Valores absolutos, percentuais. Natal-RN, 2011

DTM 0 UO 1 UO 2 ou + UO Total

Sem DTMn 6 4 3 13% 33,30% 36,4% 21,4% 30,30%

DTM Muscularn 1 0 0 1% 5,6% 0% 0% 2,3%

DTM Articular(grupo I I e III)

n 4 4 10 18% 22,2% 36,4% 71,4% 41,90%

DTM Mistan 7 3 1 11% 38,9% 27,3% 7,1% 25,6%

Totaln 18 11 14 43% 100% 100% 100% 100%

*Teste qui quadrado não se aplica

Não se pode aplicar teste estatístico aos dados da tabela 23 pelo fato da mesma

apresentar casela zero, mas observou-se maior incidência de DTM articular no grupo com 2

ou mais UO, apesar de não podermos inferir sobre este dado.

89

Tabela 24. Distribuição da amostra dos indivíduos com ADC que não utilizam PPR inferior

de acordo com as unidades oclusais (UO) e os grupos diagnósticos de DTM do RDC/TMD.

Valores absolutos, percentuais e significância estatística. Natal-RN, 2011

Grupo I/DTM MuscularPresença Ausência Total P*

n % n % n %0 UO 8 44,4% 10 55,6% 18 100%1 UO 3 27,3% 8 72,7% 11 100%2 ou + UO 1 7,1% 13 92,9% 14 100% ,066

Total 12 27,9% 31 72,1% 43 100%Grupo II/DTM ARTICULAR (disco)

Presença Ausência Total P*n % n % n %

0 UO 7 38,9% 11 61,1% 18 100%1 UO 6 54,5% 5 45,5% 11 100% ,187

2 ou + UO 10 71,4% 4 28,6% 14 100%Total 23 53,5% 20 46,5% 43 100%

Grupo III/DTM Articular (Degenerativa)

Presença Ausência Total P*n % n % n %

0 UO 8 44,4% 10 55,6% 18 100%1 UO 3 27,3% 8 72,7% 11 100% ,3512 ou + OU 3 21,4% 11 78,6% 14 100%

Total 14 32,6% 29 67,4% 43 100%*Teste qui quadrado

A partir dos resultados da tabela 24 constatou-se que mais da metade dos pacientes

com apenas uma UO e mais de 70% dos pacientes com 2 ou mais UO são portadores de

DTM articular por deslocamento de disco. Nenhuma associação, estatisticamente

significante, foi encontrada entre os grupos diagnósticos de DTM e o número de UO dos

pacientes com ADC que não utilizam PPR.

90

6 DISCUSSÃO

Para a realização do presente estudo, a amostra foi composta principalmente por

pacientes com arco dental curto extremo/ arco dental extremamente curto (ADC extremo/

ADEC). Comprimento de arco mais prevalente dentre os pacientes observados em um

universo de 831 indivíduos que estavam em tratamento ou almejavam o mesmo nas clínicas

do Departamento de Odontologia da UFRN. As triagens foram iniciadas em março de 2010

até o período de junho de 2011. Destes pacientes apenas 10 indivíduos apresentavam as

características do conceito de ADC definido por Käyser (KÄYSER, 1981), como sendo

uma dentição natural com suporte posterior reduzido, com região anterior intacta e

antagonistas dentes naturais e apenas 6 destes possuíam de 3 à 6 pares de UO como

idealmente preconizado pelo autor para que se tenha as características que se assemelham

ao AD Completo como forma de tratamento reabilitador. Baba et al. (2008) pesquisaram

em Tóquio 6.307 pacientes para um estudo seccional multicentro em que estavam

envolvidos 6 departamentos de prótese de 6 escolas diferentes de odontologia. Eles

encontraram apenas 121 indivíduos com suporte posterior reduzido e região anterior

intacta.

Com a inviabilidade de encontrar um número adequado destes pacientes, procurou-

se padronizar o arco antagonista superior como sendo totalmente desdentado reabilitado

com PT convencional, uma vez que foi um pouco mais frequente no universo dos pacientes

e mais próximo da realidade local e nacional que mostra uma prevalência de 23% dos

brasileiros com necessidade de prótese total em pelo menos uma das arcadas, valor que

representa, aproximadamente, 4 milhões de pessoas na faixa etária de 65 a 74 anos (Brasil,

2010). Assim, ter-se-iam as respostas de acordo com a realidade local dos pacientes sobre o

ADC na arcada inferior e não se teriam variações do arco antagonista como variáveis

confundidoras em nosso estudo. Segundo Palmqvist, Carlsson e Öwall, em uma revisão

crítica da literatura de 2003 chegam à conclusão que para pacientes com maxila edêntula e

ausência de dentes mandibulares bilateralmente (com síndrome da combinação) parece

91

razoável a adoção do conceito de ADC. Isto baseado em estudos com próteses fixas

implantossuportadas, com implantes entre os forames mentonianos e PT como

antagonistas.

Do universo dos pacientes triados, 105 apresentavam suporte posterior reduzido e

até mesmo ausência completa de suporte inferior tendo todos como antagonista prótese

total superior. Destes 76 aceitaram participar da pesquisa e 16 foram excluídos. Os outros

29 pacientes não foram possíveis de contatar.

Todas as próteses dos pacientes envolvidos deveriam ter um tempo de uso de pelo

menos 6 meses período que engloba o tempo necessário para adaptação do paciente

permitindo sua entrada na pesquisa. Segundo Abel e Manly (1953) a eficiência mastigatória

máxima é alcançada após 1 mês da instalação das próteses removíveis novas. Já Garrett et

al. (1996) constataram que mesmo com um período de 3 meses após a instalação das

próteses totais novas a função mastigatória geral não alcançou o nível das próteses antigas.

Zarb et al. em 2006 chegam a conclusão de que entre 6 e 8 semanas existe tempo suficiente

para que o sistema estomatognático se adapte as próteses novas.

O número de UO foi categorizado em “0”, “1” e “2 ou mais” (tabela 3) pelo fato da

amostra ser composta por indivíduos com poucas UO. Apenas 8 componentes (13,3%) são

possuidores de mais de 2 UO, assim passando a compor um grupo adicionado aos pacientes

com 2 UO de 30% da amostra. Com esta categorização houve uma melhor distribuição da

frequência dos indivíduos entre os diferentes grupos de UO.

A composição do grupo de pacientes que não faziam uso de PPR inferior era menor

que a dos que utilizavam (tabela 4), o que estava de acordo com Witter et al. (1994), que

relataram que muitos pacientes deixaram de fazer uso de suas PPRs inferiores ou tinham

queixas sobre as mesmas em seu estudo longitudinal de 6 anos. Os pacientes desta pesquisa

buscavam tratamento na universidade.

Optou-se pelo método colorimétrico para avaliação da eficiência mastigatória, por

ser um método de fácil aplicação, aferição e que demanda pouco tempo tanto para

aplicação quanto obtenção dos resultados. Constitui-se em um método rápido, simples,

reprodutível, de baixo custo, eficaz, sensível e que apresenta uma confiabilidade de 99%

92

(ESCUDEIRO SANTOS et al.,2006; FELÍCIO et al., 2008). Fatores suficientes para sua

eleição.

Na literatura, ainda são poucos os trabalhos que avaliam de forma objetiva a função

mastigatória em pacientes com suporte posterior reduzido. Al-Ali, Heath e Wright em 1998

investigaram o efeito das perdas dentárias posteriores na efetividade da mastigação através

da remoção gradual dos dentes posteriores de uma réplica da overdenture

implantossuportada do paciente confeccionada para o experimento com dentes removíveis.

Isto possibilitou a conversão do AD Completo (até 1º molar) em ADC com os 4 PM em

oclusão, em ADC extremo com apenas 2 PM divididos bilateralmente e arco dental com

um espaço intercalar na região de 2º PM bilateralmente (ausência apenas dos 2 segundos

PM inferiores) tendo como antagonista PT maxilar. Os resultados da performance

mastigatória revelaram diferença estatisticamente significante entre o grupo controle e os

outros grupos experimentais. Estes resultados estão de acordo com os nossos resultados

para a eficiência mastigatória, que também foram maiores e estatisticamente significantes

entre o grupo controle e os subgrupos de ADC (tabelas 5 e 6).

No estudo de Aras, Hasanreisog e Shinogayalu em 2009 eles avaliaram a

performance mastigatória em indivíduos com ausência bilateral de molares com diferentes

tratamentos. ADC como tratamento, ADC mais PPR e grupo controle (AD Completo)

durante 1 ano de acompanhamento. Em seus achados não foi verificada diferença

estatisticamente significante entre os grupos tratados, nem nos diferentes períodos (base, 6

meses e 1 ano), nem em cada grupo nos diferentes períodos. O que está de acordo com

nosso estudo em que não foi verificada diferença entre a utilização ou não de PPR, mas vai

de encontro aos resultados da performance mastigatória dos ADC tratados terem sido

comparáveis aos do AD Completo no mesmo estudo de Aras, Hasanreisog e Shinogayalu

(2009) (tabelas 5 e 6). Isto pode ter ocorrido pelo fato de todos os pacientes deste estudo

apresentarem 4 PM e em nosso estudo a maior parte ser composta de pacientes com ADC

extremo.

Também existem poucos estudos que avaliam a função mastigatória de forma

subjetiva através do impacto da saúde bucal na qualidade de vida (OHIP), sendo a maioria

dos estudos encontrados relacionados aos resultados de relatos dos pacientes, que

93

proporcionam maior dificuldade de leitura e interpretação (diversas questões relacionadas à

habilidade mastigatória, estética e dor sem uma forma de pontuação total estabelecida).

Diferentemente, o primeiro oferece como resultado um valor único, psicométrico e

sofisticado da percepção do indivíduo sobre sua saúde oral.

Não foi verificado em nossa amostra diferença significativa entre o grupo de

pacientes que tinham ADC e utilizavam ou não PPR quanto ao impacto da saúde bucal na

qualidade de vida (tabelas 7 e 8). De forma semelhante Wolfart et al. (2005) não

encontraram diferenças significativas entre os grupo que foram tratados com PPR com

reposição de primeiro molar e o que seguiu o conceito de ADC ficando apenas com suporte

de PMs. Talvez o tamanho da amostra das duas pesquisas sejam insuficientes para

expressar diferenças estatisticamente significantes entre esses grupos.

Já quando comparados os grupos de ADC com o de AD Completo verifica-se que

há um aumento considerável do impacto da qualidade de vida dos pacientes que apresentam

ADC que use ou não PPR em relação aos pacientes com AD Completo. Isto difere dos

achados mais comuns dos trabalhos que falam sobre satisfação (ELIAS; SHEIHAN, 1999)

conforto oral (WITTER et al., em 1990 e 1994b) em pacientes que apresentam ADC com 3

à 4 UO e 3 à 5 UO respectivamente, pois não há diferenças entre os grupos. Isto talvez não

tenha sido verificado em nosso estudo pelo fato de nossos pacientes apresentarem poucas

UOs, ou devido ao fato da idade do grupo controle, ou ainda à condição sócio-econômica

deste último ou até mesmo pelo fato do grupo ADC apresentar como antagonista PT

superior e não dentes naturais.

São praticamente inexistentes os trabalhos como os de Hugo et al. (2009) que

procuram avaliar qualidade de vida geral com as condições bucais. Percebendo-se ainda a

amplitude do conceito de qualidade de vida que é influenciado de maneira complexa tanto

pela saúde física do indivíduo como pelo seu estado psicológico, além de suas crenças

pessoais e suas relações sociais perante características de seu ambiente este trabalho

comparou de forma inovadora a qualidade de vida geral e em cada um de seus domínios a

diferença das percepções dos pacientes que apresentam ou não ADC e que utilizam ou não

PPR (tabelas 9, 10 e 11) além da comparação ainda com o número de unidades oclusais

presentes nos pacientes que não utilizam PPR e possuem ADC seja regular ou extremo

94

(tabelas 19, 20 e 21). A verificação da qualidade de vida torna-se importante pelo fato de

medições objetivas não serem suficientes isoladamente para avaliarem o impacto da doença

ou alteração de condição sobre a mesma (ALLEN, 2003). Assim tem-se uma avaliação

mais completa da condição em que se encontra o indivíduo, uma vez que são incluídos

domínios que vão além do físico e que não se restringem à boca.

Na presente pesquisa nas tabelas 9 e 10 foi observado que apenas no domínio

social do WHOQOL não houve diferenças significativas para a percepção da qualidade de

vida entre os indivíduos que apresentam ou não de ADC e que utilização ou não de PPR.

Isto pode ser devido ao fato da presença do ADC não influenciar tanto na estética e não

estar comprometendo as relações sociais, uma vez que os pacientes não apresentam

ausências dentais anteriores aparentes principalmente. Esta afirmação, quanto à importância

estética dos molares, está de acordo com Witter et al. (1999).

No resultado geral, domínio físico e meio ambiente a diferença significante foi

encontrada entre o grupo AD Completo com os grupos ADC com e sem PPR, mas não

entre os mesmos. Neste caso há uma maior expressão fisiológica e percepção do

comprometimento físico entre os pacientes com ADC usuários ou não de PPR quanto a

suas limitações em relação aos pacientes com o AD Completo. Suas limitações de alguma

forma vão definir as diferenças para qualidade de vida geral e meio ambiente entre os

indivíduos avaliados. Quanto ao meio ambiente entre o grupo controle ser diferente do

restante da amostra, as condições econômicas podem estar influenciando nossos achados,

uma vez que os pacientes com ADC procuraram algum atendimento na universidade e o

grupo controle é constituído por alunos de odontologia da universidade, adultos-jovens,

que em sua maioria possuem boas condições financeiras para conseguirem ter um maior

controle do ambiente em que se inserem. Já para o domínio psicológico e auto-avaliação da

QV, a diferença estatisticamente significante só foi observada entre o grupo AD Completo

e ADC sem PPR. A ausência da PPR pode ter tido uma influência negativa quanto a

percepção de necessidade de tratamento que não foi realizado e ter funcionado como fator

psicológico negativo e uma percepção negativa da auto-avaliação da QV.

De acordo com a categorização do resultado geral categorizado da QV (tabela 11)

Observou-se que a prevalência de QV ruim foi de 30,2% entre os pacientes com ADC que

95

não usam PPR resultado bastante diferente da avaliação da QV do grupo AD Completo que

apresentou apenas 2,9% e de 11,8% para os pacientes que utilizam PPR. Isto pode ser um

indício da importância da percepção da realização de um tratamento reabilitador para a

qualidade de vida do indivíduo na tentativa de redução de dados estabelecidos e tentativa de

melhoria da condição.

Como observado na revisão, não foi encontrado nenhum artigo publicado que

envolvesse o eixo I do RDC/TMD (DWORKIN; LE RECHE, 1992) e pacientes com ADC.

O que foi encontrado foram alguns trabalhos sobre os sinais e sintomas de disfunção neste

tipo de paciente (WITTER, VAN ELTEREN; KÄYSER, 1988; WITTER; HAAN;

KAYSER, 1994; SARITA et al., 2003; WITTER et al., 2007). Desta forma não se tem um

diagnóstico claro da DTM que o paciente apresenta. Pode-se ressaltar, então, a importância

deste trabalho em contribuir na constituição deste conhecimento.

Nesta pesquisa optou-se por usar o eixo I do RDC/TMD pelo fato de ser um

instrumento que demonstra confiabilidade suficientemente elevada para os diagnósticos

mais comuns de DTM, apoiando a sua utilização em pesquisas clínicas e tomada de decisão

(JOHN; DWORKIN; MANCL, 2005). Como a aplicação deste instrumento é a mesma em

todos os lugares é possível ainda comparar trabalhos realizados com diversas populações

executados em diferentes partes do mundo quando a metodologia permite tais comparações

e na existência de tais trabalhos.

Na pesquisa da dissertação de Carvalho (2007), ela encontrou uma prevalência

de 70,6 % de DTM entre indivíduos com suporte posterior reduzido que apresentavam de 0

à 4 UO o que foi semelhante aos nossos achados pois encontramos uma prevalência de

63,7% (Figura 14).

A prevalência de DTM entre os pacientes que não usavam PPR (tabela 12) nos

nossos achados foi de 69,8% (n =30) e de 47,1% (n = 8) entre os que utilizavam. Nos

achados de Carvalho (2007) esses valores passavam para 76,5% (n = 42) e 58,8% (n = 34)

respectivamente. Como em nossos achados a prevalência foi maior dentre os pacientes que

não utilizavam PPR, mas a diferença não foi estatisticamente significante. A menor

diferença entre os dois grupos de estudo de Carvalho pode ter ocorrido pelo fato de não

termos verificado a qualidade das próteses dos pacientes, mas a maneira como eles se

96

encontravam no momento do exame. Em nenhuma das duas pesquisas, a qualidade técnicas

das próteses foi evidenciada, assim não se tem informações sobre esta variável, mas apenas

sobre a utilização das próteses. Os resultados foram bem semelhantes. O resultado diferente

deve ter sido pela variação da amostra.

A inexistência de diferença, estatisticamente significante, entre o grupo de

indivíduos que utilizam ou não PPR (tabela 12) está de acordo com os achados de Witter,

Haan e Kayser (1994) que avaliaram a presença de sinais e sintomas em pacientes com

ADC.

Em nossa investigação, quando comparamos os pacientes quanto aos tipos de

DTM segundo a sua origem (Figura 15) encontramos a maioria dos pacientes com algum

comprometimento articular (58,4%, n = 35) sejam eles por deslocamento de disco,

degenerativo ou ainda misto (articular e muscular), sendo destes 36,7% exclusivas

articulares. Estes achados coincidem com os de Carvalho (2007) que também encontrou

maiores prevalências (77,5%; n = 79) para comprometimentos articulares sejam eles

relacionados ao disco ou a disfunções degenerativas. Agora ao relacionarmos os tipos de

DTM à utilização de prótese removível (tabela 13) estes resultados não vão ser diferentes,

pois em ambos os grupos as DTMs articulares (grupos II e III) foram mais prevalentes, o

que também está em concordância com Carvalho (2007). Vale ressaltar a inexistência de

diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Esta inexistência de diferenças

entre a utilização ou não de prótese removível inferior segundo a origem da DTM reafirma

os resultados das investigações de Witter, Haan e Kayser (1994) quando avaliavam

pacientes com suporte posterior encurtado que apresentavam de 3 a 5 UO não verificaram

diferenças entre a utilização ou não de PPRs entre os grupos.

Quanto à utilização de prótese e a prevalência das disfunções para os grupos

diagnósticos do RDC/TMD (tabela 14), observou-se que os pacientes que não utilizavam

PPR apresentavam mais alterações relacionadas ao grupo II (53,5%) (deslocamentos de

disco com e sem redução), seguida das alterações do grupo III (32,6%) (condições

degenerativas) e grupo I (27,9%) (disfunções musculares). Houve diferença

estatisticamente significante quanto ao uso de PPR somente para as alterações do grupo II,

sendo os usuários de PPR menos acometidos por deslocamentos de disco (82,4%). Ao

97

comparar esses resultados com os de Carvalho agora vai existir uma grande divergência

com uma prevalência de 75% dos indivíduos com algum acometimento do grupo III dentre

os que não faziam uso de PPR também. Esta diferença pode estar relacionada à menor

uniformização de sua amostra e ao fato de nossos pacientes serem usuários de PT superior.

Não se sabe se as PTs estavam proporcionando uma dimensão vertical adequada ao

paciente ou se isto poderia funcionar como uma variável de confusão, ou mesmo se os

dentes dos pacientes de Carvalho apresentavam desgastes excessivos (GRANADOS, 1979).

Quanto a significância estatística (tabela 14) para a utilização de prótese e os

diagnósticos do grupo II relacionados aos deslocamentos de disco Tallents et al. em 2002

chegaram a conclusão a partir de sua pesquisa que existe uma associação positiva entre

ausência de dentes posteriores mandibulares e a presença de deslocamento de disco, mas

relataram também que a literatura não sugere a colocação dos dentes ausentes para

prevenção de DTM, mas que as ausências podem acelerar o desenvolvimento de problemas

degenerativos nas ATMs.

O fato de não se ter encontrado diferença estatisticamente significante quanto à

utilização de PPR entre os grupos diante da maioria das variáveis pode ter sido devido à

inexistência de diferença ou à ausência de poder suficiente no estudo para detectar a

diferença. Outro fator que pode ter funcionado como variável de confusão pode ter sido o

fato da qualidade das próteses não terem sido investigadas.

Alguns estudos demonstraram que o número de dentes funcionais é um importante

determinante da eficiência mastigatória (KAYSER, 1981; VAN der BILT; FONTIJN-

TEKAMP, 2004; GOTFREDSEN; WALLS, 2007). A partir disto, optou-se por avaliar as

mesmas variáveis anteriores (eficiência mastigatória, saúde bucal relacionada à q QV, QV

geral e DTM) segundo o número de UO dos pacientes que não faziam uso de PPR inferior.

Quando se associou a eficiência mastigatória com o número de unidades oclusais

(tabelas 15 e 16) não foi observada diferença estatisticamente significante para os valores

da eficiência mastigatória. Isto pode ter ocorrido pelo fato dos pacientes terem apresentado

poucas UO o que não foi suficiente para distinguir os grupos quanto à diferença de

eficiência mastigatória. Já Kayser, em 1981, conseguiu achar uma correlação (r = +0,69)

entre a capacidade mastigatória e o número de UO. Ele ainda relatou em seus achados que

98

a eficiência mantigatória dos indivíduos que possuíam entre 0 e 2 unidades oclusais

apresentavam insuficiente função oral o que incluía a capacidade mastigatória. Foi além e

demonstrou a existência de uma transição entre suficiente função oral e insuficiente com a

presença de 2 a 4 UO. Neste estudo diferentemente de Kayser o arco antagonista era

prótese total, o que pode ter ocasionado alguma diferença quanto a avaliação da eficiência

mastigatória.

Também existem poucos estudos que avaliam a função mastigatória de forma

subjetiva através do impacto da saúde bucal na qualidade de vida (OHIP), sendo a maioria

dos estudos encontrados relacionados aos resultados de relatos dos pacientes, que

proporcionam maior dificuldade de leitura e interpretação. Diferentemente, o primeiro

oferece como resultado um valor único, psicométrico e sofisticado da percepção do

indivíduo sobre sua saúde oral. Baba e et al. em 2008 e também Baba e et al. em 2008

realizaram um estudo seccional multicentro no qual investigaram a associação entre UO

ausentes e impacto na percepção da saúde bucal na qualidade de vida de pacientes com

ADC (n = 115) de Tóquio. Através da utilização do OHIP traduzido para o japonês, eles

associaram no primeiro estudo cada UO ausente a um aumento em regressão linear na

pontuação dos escores do OHIP, de acordo com esse resultado a perda dentária estaria

associada com prejuízo à QV. Em nossa investigação não encontramos diferenças

significativas entre as diferentes categorias de UO pré-estabelecidas, talvez pelo tamanho

resultante da nossa amostra subdividida nas categorias (tabelas 17 e 18). Já no segundo

estudo foram observadas diferenças significativas nos resultados do OHIP quando foram

comparados pacientes com até os primeiros molares bilaterais (4 UO ausentes

representadas pelos segundos molares bilateralmente ausentes) e os pacientes que

apresentavam de 0 a 4 PM (8 à 12 UO ausentes, ou seja todos os molares até primeiro PM

ausentes bilateralmente), mas não se observou diferenças significativas entre os grupos dos

pacientes que apresentavam os 4 PM e os que apresentavam de 0 a 1 PM a partir dos

intervalos de confiança apresentados. Este último achado é semelhante ao desta pesquisa.

Como comentado anteriormente, não existem trabalhos que avaliam a qualidade de

vida geral e o número de UO presentes em pacientes com ADC (tabelas 19, 20 e 21). Neste

trabalho, não foram constatadas diferenças significativas (tabelas 19 e 20) quanto à

percepção da QV associada ao número de unidades oclusais dos indivíduos com ADC que

99

não utilizam PPR inferior. Assim observa-se que mesmo nos diferentes domínios da QV o

número de UO não foi suficiente para influenciar alguma alteração. Isto pode ter ocorrido

devido a maior parte da amostra estudada ser de pacientes com número semelhante de UO,

além das mesmas ainda serem poucas. Desta forma tendo sido categorizadas em 2 ou mais

UO o que uniu um número talvez inadequado de UO com um número que segundo alguns

estudos é adequado (KAYSER, 1981; WITTER et al., 1990, 1994) para função mastigatória

e conforto mastigatório. Quanto a categorização da qualidade de vida e o número de UO

(tabela 21), não foi verificada também diferença entre a quantidade de UO, o que pode ser

justificado pelo mesmo motivo, sendo os maiores percentuais da avaliação da qualidade de

vida categorizada em ruim para os indivíduos com 0 (zero) e uma UO.

Como visto na revisão de literatura também existe uma escassez de estudos sobre

DTM em pacientes com ADC. Foi encontrada uma prevalência maior ou igual a 63,6% de

DTM para os indivíduos com ADC que não utilizavam PPR (tabela 22) segundo o número

de UO, de tal forma que não houve diferenças estatisticamente significativas entre o

número de UO.

Em nossos achados verificou-se que os pacientes com ADC apresentavam maior

prevalência de DTM do tipo articular tanto por deslocamento de disco como também

degenerativa (Figura 15). Quando pegamos o grupo de pacientes com ADC que não

utilizavam PPR e dividimos quanto às unidades oclusais (tabela 23) encontramos uma

prevalência de 60,1% dos pacientes sem suporte posterior (zero UO) com DTM articular ou

degenerativa podendo ainda ter algum comprometimento muscular, mas esta prevalência

não foi maior dentre as outras categorias de UO como encontrado por Sarita e et al. em

2003. No estudo citado, estes dados não foram estatisticamente significativos e em nosso

estudo o teste estatístico não pode ser aplicado pelo fato da existência de casela zero na

tabela, mas como se tratava de dados interessantes sobre a distribuição da amostra optou-se

por manter a mesma no trabalho.

A inexistência de artigo publicado em periódico indexado ao medline que

relacionasse disfunção através da utilização do eixo I do RDC/TMD em pacientes com

ADC ao número de unidades oclusais também foi verificada. Foi constatada na amostra dos

pacientes com ADC que não utilizavam PPR que os pacientes com mais UO apresentavam

100

menos dor muscular (7,1%) (diagnóstico dos do grupo I do RDC/TMD) e menos alterações

degenerativas (21,4%) (grupo III do RDC/TMD), porém maiores alterações de disco

(71,4%) (grupo II do RDC/TMD) (tabela 24). Vale ressaltar que a maior parte da amostra é

composta por pacientes que apresentam poucas UO. Diferente de nossos achados Carvalho

(2007) observou que tanto os pacientes com mais ou menos UOs apresentavam mais DTM

degenerativa, 63,7% e 77,2% respectivamente sendo também a amostra constituída

predominantemente por pacientes que apresentavam poucas UOs. A diferença pode estar no

fato dos pacientes de Carvalho apresentarem dentes antagonistas naturais e modificações na

classificação de Kennedy. Tallentes et al. em 2002 revelaram um pequeno, mas significante

aumento na prevalência de dentes posteriores ausentes em pacientes sintomáticos com DD

confirmado por meio de ressonância magnética.

Diante do exposto, sugere-se que sejam realizados mais trabalhos que avaliem tanto

a qualidade de vida geral como o impacto da saúde bucal na qualidade de vida, além da

eficiência mastigatória e presença de DTM em pacientes com ADC. Sugere-se ainda que

sejam realizados trabalhos para reabilitar estes pacientes onde as mesmas variáveis sejam

analisadas em múltiplos períodos.

101

7 CONCLUSÃO

Levando-se em consideração os resultados e as limitações do estudo pode-se

observar que pacientes com ADC que utilizam PPR inferior não possuem melhor qualidade

de vida geral, nem as condições bucais impactam menos na sua qualidade de vida, nem

apresentam menos DTM e nem possuem uma melhor eficiência mastigatória que os

pacientes que não utilizam PPR com as mesmas condições bucais.

Os pacientes que apresentam arco dental completo apresentam melhor qualidade

de vida geral e menor impacto negativo das condições bucais na qualidade de vida, além de

ainda apresentarem melhor eficiência mastigatória que os pacientes com arco dental curto

que utilizam ou não PPR.

102

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111

ANEXO A

112

ANEXO B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa “Avaliação da saúde oral, qualidade

de vida, performance mastigatória, presença de disfunção temporomandibular em pacientes

com Arco Dental Curto” que é coordenada pelo Prof. Gustavo Augusto Seabra Barbosa.

Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento,

retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.

Essa pesquisa procura avaliar a função mastigatória, qualidade de vida, presença dedisfunção temporomandibular em pacientes com arco dental com suporte posterior reduzidona presença ou ausência de prótese parcial removível. Caso decida aceitar o convite, você serásubmetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos:

Preenchimento de questionário composto de 14 perguntas de marcar. Asquestões serão sobre dor, desconforto psicológico, limitação funcional,inabilidade física, inabilidade psicológica, inabilidade social e incapacidade.

Preenchimento de questionário sobre qualidade de vida, constituído por 26questões de marcar.

Avaliação física através de exame clínico.

Teste mastigatório em que será solicitada a mastigação de uma cápsula deplástico macia de forma retangular por 20 segundos, sentado em uma cadeiracom encosto e ambos os pés apoiados no chão.

A avaliação será feita apenas com o preenchimento de questionários e mastigação de uma

cápsula de plástico macio. Assim, os riscos envolvidos são mínimos, como um possível

constrangimento no momento de devolver a cápsula.

Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: Diagnosticado algum tipo de

problema, você será encaminhado para tratamento específico de acordo com o problema

identificado.

Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum

momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de

forma a não identificar os voluntários.

113

Se você tiver algum gasto comprovado por meio de documentos que seja devido à sua única

e exclusiva participação na presente pesquisa em que tenha se deslocado até o local de

desenvolvimento da mesma e não tiver atendimento, você será ressarcido, caso solicite.

Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta

pesquisa, você terá direito a indenização conforme previsto em lei.

Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta

pesquisa, poderá perguntar diretamente para Camila Maria Bastos Machado de Resende, no

endereço: Departamento de Odontologia da UFRN – Av. Salgado Filho,1787- CEP:59056-000,

Lagoa Nova – RN, ou pelo telefone (84) 3215-4104.

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em

Pesquisa da UFRN no endereço: UFRN Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova. Caixa Postal

1666, CEP 59072-970 Natal/RN ou pelo telefone (84) 3215-3135.

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios

envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Avaliação da saúde oral,

qualidade de vida, performance mastigatória, presença de disfunção temporomandibular”.

Natal, _______________

Participante da pesquisa:

Nome:________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Assinatura:_____________________________________________________________

Pesquisador responsável:

Prof. Gustavo Augusto Seabra Barbosa. Departamento de Odontologia da UFRN - Av.

Salgado Filho,1787- CEP:59056-000, Lagoa Nova – RN, telefone (84) 3215-4104.

Assinatura:

Comitê de ética e Pesquisa da UFRN. UFRN- Praça do Campus Universitário, Lagoa Nova.

Caixa Postal 1666, CEP 59072-970 Natal/RN telefone (84) 3215-3135

114

ANEXO C

115

ANEXO D

116

117

118

119

Nº _______

ANEXO ENOME:___________________________________________________________________________________________________Raça: __________________ Sexo: ( ) Masc ( ) Fem Idade: _____________Data de nascimento: _____/_____/_______Naturalidade: _____________________________ UF: _______ Nacionalidade: ________________________________________Endereço: _______________________________________________________________________________________________Cidade:_________________________UF:______CEP:___________Tel. _____________________________________________

RDC – TMDNao Sim

Q3. Você já teve dor na face, nos maxilares, têmpora, na frente do ouvido, ou no ouvido no mês passado? 0 1Q14a. Você alguma vez teve travamento articular de forma que não foi possível abrir a boca por todo o trajeto? 0 114.b. Esta limitação de abertura mandibular foi severa a ponto de interferir com a sua capacidade de mastigar? 0 1

EXAME CLÍNICO

Tabela abaixo: Para os itens “b” e “c” somente

5.Ruídos

articulares (palpação)

Tabela abaixo: Para os itens “a”, “b” e “c”

d. Desvio de linha média ___ ___ mmDireito Esquerdo NA

1 2 8

1.Você tem dor no lado direito da suaface, lado esquerdo ou ambos os lados?

nenhum 0direito 1

Esquerdo 2Ambos 3

2. Você poderia apontar asáreas aonde você sente dor?Direito EsquerdoNenhuma 0 Nenhuma 0Articulação 1 Articulação 1Músculos 2 Músculos 2Ambos 3 Ambos 3Examinador apalpa a área apontadapelo paciente, caso não esteja claro seé dor muscular ou articular.

3. Padrão de AberturaReto 0Desvio lateral direito (não corrigido) 1Desvio lateral direito corrigido (“S”) 2Desvio lateral esquerdo (não corrigido) 3Desvio lateral esquerdo corrigido (“S”) 4Outro 5Tipo ________________ (especifique)

DOR MUSCULAR DOR ARTICULARnenhuma direito esquerdo ambos nenhuma direito esquerdo ambos0 1 2 3 0 1 2 30 1 2 3 0 1 2 3

4. Extensão do movimento verticala. Abertura sem auxílio sem dor ___ ___ mmb. Abertura máxima sem auxílio ___ ___ mmc. Abertura máxima com auxílio ___ ___ mmd. Trespasse incisal vertical ___ ___ mm

c. Estalido recíproco eliminadodurante abertura protrusiva

Direito EsquerdoSim 0 0

Não 1 1NA 8 8

a. AberturaDireito Esquerdo

Nenhum 0 0Estalido 1 1

Crepitaçãogrosseira

2 2

Crepitação fina 3 3Medida do estalidona abertura ___ ___ mm ___ ___mm

b. FechamentoDireito Esquerdo

Nenhum 0 0Estalido 1 1

Crepitaçãogrosseira

2 2

Crepitação fina 3 3Medida do estalidono fechamento ___ ___ mm ___ ___ mm

6. Excursõesa. Excursão lateral direita __ __ mmb. Excursão lateral esquerda __ __ mmc. Protrusão __ __ mm

DOR MUSCULAR DOR ARTICULARnenhuma direito esquerdo ambos nenhuma direito esquerdo ambos

0 1 2 3 0 1 2 30 1 2 3 0 1 2 30 1 2 3 0 1 2 3

120

7. Ruídos articulares nas excursões:Ruído – direito Ruídos - esquerdo

Nenhum Estalido Crepitaçãogrosseira

Crepitaçãoleve

Excursãodireita 0 1 2 3

Excursãoesquerda 0 1 2 3Protrusão 0 1 2 3

INSTRUÇÕES, ÍTENS 8-10 Circule o número que corresponde a quantidade de dor.0 = Sem dor / somente pressão 1 = dor leve 2 = dor moderada 3 = dor severa

8. Dor muscular extra-oral com palpaçãoDireito Esquerdo

a) Temporal posterior (parte por trás da têmpora) 0 1 2 3 0 1 2 3b) Temporal médio (meio da têmpora) 0 1 2 3 0 1 2 3c) Temporal anterior (parte anterior da têmpora) 0 1 2 3 0 1 2 3d) Masseter superior (bochecha/abaixo do zigoma) 0 1 2 3 0 1 2 3e) Masseter médio (bochecha/lado da face) 0 1 2 3 0 1 2 3f) Masseter inferior (bochecha/linha da mandíbula) 0 1 2 3 0 1 2 3g) Região mandibular posterior (estilo-hióide / região posterior dodigástrico) “região da garganta” 0 1 2 3 0 1 2 3h) Região submandibular (pterigóideo medial/supra-hióide/região anteriordo digástrico) “abaixo do queixo” 0 1 2 3 0 1 2 3

9. Dor articular com palpação 10. Dor muscular intra-oral com palpaçãoDireito Esquerdo

a) Pólo lateral (por fora) 0 1 2 3 0 1 2 3b) Ligamento posterior(dentro do ouvido)

0 1 2 3 0 1 2 3

Escala Visual de Dor

Paciente: __________________________________________________ Data:___/___/___Obs:_____________________________________________________________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Sem Dor Pior dor imaginável

Paciente: __________________________________________________ Data:___/___/___Obs:_____________________________________________________________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Sem Dor Pior dor imaginável

Paciente: __________________________________________________ Data:___/___/___Obs:_____________________________________________________________________________________________________

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Sem Dor Pior dor imaginável

Nenhum Estalido Crepitaçãogrosseira

Crepitaçãoleve

Excursãodireita 0 1 2 3Excursãoesquerda 0 1 2 3Protrusão 0 1 2 3

Direito Esquerdoa) Área do pterigóideo lateral(atrás dos molares superiores) 0 1 2 3 0 1 2 3b) Tendão do temporal (intra-bucal)

0 1 2 3 0 1 2 3