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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Giordano Von Saltiél Lorenci
LAJES LISAS PROTENDIDAS: COMPARAÇÃO DOS
MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
Porto Alegre
julho 2010
GIORDANO VON SALTIÉL LORENCI
LAJES LISAS PROTENDIDAS: COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
Trabalho de Diplomação apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Engenheiro Civil
Orientador: Roberto Domingo Rios
Porto Alegre
julho 2010
GIORDANO VON SALTIÉL LORENCI
LAJES LISAS PROTENDIDAS: COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e
pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Diplomação Engenharia Civil II (ENG01040) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 12 de julho de 2010
Prof. Roberto Domingo Rios Dr. pela UFRGS
Orientador
Profa. Carin Maria Schmitt Coordenadora
BANCA EXAMINADORA
Profa. Virgínia Maria Rosito d’Avila (UFRGS) Dra pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. Rubem Clécio Schwingel (UFRGS) M.Sc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Prof. Roberto Domingo Rios (UFRGS) Dr. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Dedico este trabalho a minha família, pelo apoio e incentivo ao longo de todos estes anos, e por ter
acreditado que tal realização era possível.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e em especial a
Escola de Engenharia, que através do trabalho dos professores e funcionários, ao longo dos
anos na graduação, transformam jovens estudantes em engenheiros. É sem dúvida uma honra
e um privilégio fazer parte desta comunidade acadêmica.
Agradeço a Profa. Carin Maria Schmitt pela seriedade e competência com que rege as
disciplinas do Trabalho de Conclusão de Curso, permitindo ao aluno um desenvolvimento
organizado do estudo.
Agradeço ao orientador deste trabalho, Prof. Roberto Domingo Rios, pelo grande apoio, sem
o qual a realização deste estudo não seria possível. Sua orientação e sua dedicação para com
os alunos merecem uma menção especial.
Agradeço aos colegas pela ajuda e pelos momentos de descontração, tornando as situações
difíceis sempre mais agradáveis.
Agradeço minha irmã Giovana, pela ajuda com o tratamento das imagens, pela revisão do
texto e também pela paciência.
Por fim, um agradecimento especial aos meus pais, Cléo e Vânia, pelo apoio incondicional
durante toda minha vida, e por possibilitar que eu chegasse até aqui, não medindo esforços
para que os filhos pudessem receber uma educação de qualidade.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível.
Charles Chaplin
RESUMO
LORENCI, G. V. S. Lajes Lisas Protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão. 2010. 89 f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
O objetivo deste trabalho é a comparação dos resultados do dimensionamento à flexão de
lajes lisas protendidas, mediante a aplicação de diferentes métodos de análise, verificando o
estado limite último de ruptura por flexão. É enfocado o sistema de protensão não aderente,
bastante usado atualmente devido às facilidades de execução que apresenta. Estruturas
protendidas requerem alguns cuidados especiais, principalmente com relação aos materiais,
devendo-se utilizar aços e concretos com elevadas resistências para combater os efeitos das
perdas de protensão. Tanto a NBR 6118/2007, quanto o ACI 318/2008 apresentam modelos
de cálculo simplificados para este tipo de estrutura, desde que a laje possua regularidade na
disposição dos pilares. Tais modelos correspondem aos Métodos dos Pórticos Equivalentes
que, para cada Norma, tem características específicas. É também comum, neste tipo de
dimensionamento, a aplicação de procedimentos numéricos, como o Método dos Elementos
Finitos, para obtenção ou conferencia dos esforços na laje. Os resultados demonstram que
para estruturas que possuem regularidade na geometria e na disposição dos pilares, o Método
dos Pórticos Equivalentes conduz a respostas próximas às obtidas com a análise via elementos
finitos, tanto em relação às solicitações, quanto aos consumos de aço para as armaduras
passivas.
Palavras-chave: lajes lisas; protensão não aderente; concreto protendido.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: diagrama com o delineamento da pesquisa ...................................................... 16
Figura 2: detalhe da cordoalha engraxada ........................................................................ 25
Figura 3: ancoragem para protensão não aderente ........................................................... 26
Figura 4: relação entre vãos e espessuras para lajes em concreto armado e protendido .. 30
Figura 5: traçado vertical dos cabos de protensão ............................................................ 35
Figura 6: detalhes das armaduras contra colapso progressivo e de borda da laje ............ 38
Figura 7: disposições para armaduras passivas em lajes sem vigas ................................. 38
Figura 8: determinação da força de protensão .................................................................. 39
Figura 9: detalhe dos pórticos e das faixas de distribuição de momentos fletores conforme a NBR 6118/2007 .............................................................................. 42
Figura 10: faixas de distribuição de momentos segundo o ACI 318/2008 ...................... 44
Figura 11: elemento torcional na ligação entre laje e pilar .............................................. 46
Figura 12: coeficientes de distribuição de momentos segundo o ACI 318/2008 ............. 46
Figura 13: cargas equivalentes para os vãos internos ...................................................... 48
Figura 14: cargas equivalentes para os balanços .............................................................. 49
Figura 15: seção transversal no Estádio III ...................................................................... 55
Figura 16: dimensões da laje protendida analisada .......................................................... 58
Figura 17: cargas equivalentes simulando o efeito da protensão ..................................... 61
Figura 18: distribuição das faixas nos pórticos A e B conforme a NBR 6118/2007 ....... 61
Figura 19: posição dos momentos avaliados na laje ........................................................ 62
Figura 20: pórticos e faixas de distribuição dos momentos segundo o ACI 318/2008 .... 66
Figura 21: laje analisada por elementos finitos ................................................................ 71
Figura 22: momentos fletores, em kN.m, na direção x sem o efeito da protensão .......... 71
Figura 23: momentos fletores, em kN.m, na direção x com o efeito da protensão .......... 72
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: cargas verticais acidentais atuantes conforme o uso da edificação ................. 32
Quadro 2: correspondência entre classes de agressividade ambiental e cobrimento nominal, conforme a NBR 6118/2007 ............................................................... 33
Quadro 3: taxas mínimas de armadura de flexão para seções retangulares ..................... 36
Quadro 4: estimativas da força de protensão ................................................................... 60
Quadro 5: número de cordoalhas para os pórticos A e B ................................................. 60
Quadro 6: cargas equivalentes simulando o efeito da protensão ...................................... 61
Quadro 7: momentos hiperestáticos nos pórticos A e B .................................................. 62
Quadro 8: momentos atuantes na laje para os pórticos A e B .......................................... 63
Quadro 9: armaduras mínimas de acordo com a NBR 6118/2007 ................................... 63
Quadro 10: tensões de cálculo na armadura ativa ............................................................ 64
Quadro 11: armaduras passivas no pórtico A ................................................................... 64
Quadro 12: armaduras passivas no pórtico B ................................................................... 65
Quadro 13: comprimentos equivalentes dos pilares e alturas equivalentes da laje .......... 66
Quadro 14: momentos hiperestáticos para os pórticos A e B .......................................... 67
Quadro 15: momentos solicitantes de cálculo para os pórticos A e B ............................. 67
Quadro 16: armaduras passivas mínimas para os pórticos do ACI 318/2008 .................. 68
Quadro 17: tensão de cálculo na armadura ativa .............................................................. 68
Quadro 18: armadura passiva no pórtico A ...................................................................... 69
Quadro 19: armadura passiva no pórtico B ...................................................................... 69
Quadro 20: momentos solicitantes devido ao carregamento externo (cargas acidentais e permanentes) para os mesmos pórticos A e B ................................................. 72
Quadro 21: momentos fletores e armaduras passivas no pórtico A para as faixas segundo a NBR 6118/2007 ................................................................................ 73
Quadro 22: : momentos fletores e armaduras passivas no pórtico B para as faixas segundo a NBR 6118/2007 ................................................................................ 73
Quadro 23: momentos fletores e armaduras passivas no pórtico A para as faixas segundo o ACI 318/2008 ................................................................................... 74
Quadro 24: momentos fletores e armaduras passivas nos pórticos B para as faixas segundo o ACI 318/2008 ................................................................................... 75
Quadro 25: momentos fletores por pórtico, sem protensão ............................................. 76
Quadro 26: áreas de armaduras passivas segundo os Métodos dos Pórticos Equivalentes da NBR 6118/2007 e ACI 318/2008 ............................................ 77
Quadro 27: diferenças nas áreas de armaduras passivas .................................................. 78
Quadro 28: diferenças nas áreas de armaduras passivas .................................................. 78
LISTA DE SIGLAS
ACI: American Concrete Institute
CA: concreto armado
CP: concreto protendido
ELS: estado limite de serviço
ELU: estado limite último
MEF: Método dos Elementos Finitos
MPE: Método dos Pórticos Equivalentes
PEAD: polietileno de alta densidade
RB: relaxação baixa
RN: relaxação normal
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
2 MÉTODO DE PESQUISA ......................................................................................... 14
2.1 QUESTÃO DE PESQUISA ....................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS DO TRABALHO ................................................................................. 14
2.2.1 Objetivo principal ................................................................................................. 14
2.2.2 Objetivos secundários ........................................................................................... 14
2.3 PRESSUPOSTOS ..................................................................................................... 15
2.4 DELIMITAÇÕES ...................................................................................................... 15
2.5 LIMITAÇÕES ............................................................................................................ 15
2.6 DELINEAMENTO .................................................................................................... 16
2.6.1 Pesquisa bibliográfica ........................................................................................... 16
2.6.2 Definição da estrutura .......................................................................................... 17
2.6.3 Análises ................................................................................................................... 17
2.6.4 Comparação dos resultados ................................................................................. 17
2.6.5 Considerações finais .............................................................................................. 17
3 MATERIAIS ................................................................................................................ 18
3.1 CONCRETO .............................................................................................................. 18
3.2 AÇOS DE PROTENSÃO .......................................................................................... 20
3.3 AÇOS PARA ARMADURA PASSIVA .................................................................... 21
4 PROTENSÃO .............................................................................................................. 22
4.1 SISTEMA COM PÓS-TRAÇÃO NÃO ADERENTE................................................ 24
4.2 PERDAS DE PROTENSÃO ...................................................................................... 26
5 CRITÉRIOS DE PROJETO PARA LAJES LISAS ................................................ 28
5.1 CARGAS ATUANTES NAS LAJES ........................................................................ 31
5.2 CRITÉRIOS DE DURABILIDADE DA ESTRUTURA .......................................... 32
5.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CABOS DE PROTENSÃO................................... 33
5.4 ARMADURAS PASSIVAS ...................................................................................... 35
5.5 CÁLCULO DA FORÇA DE PROTENSÃO ............................................................. 39
5.6 MÉTODOS DE ANÁLISE ........................................................................................ 41
5.6.1 Método dos Pórticos Equivalentes da NBR 6118/2007 ...................................... 42
5.6.2 Método dos Pórticos Equivalentes do ACI 318/2008 ......................................... 43
5.6.3 Método das Cargas Equivalentes ......................................................................... 47
5.6.4 Métodos dos Elementos Finitos ............................................................................ 50
5.7 VERIFICAÇÃO AO ELU DE RUPTURA POR FLEXÃO ...................................... 52
6 ANÁLISE DA LAJE PROPOSTA ................................................... 58
6.1 ANÁLISE SEGUNDO A NBR 6118/2007 ............................................................... 61
6.2 ANÁLISE SEGUNDO O ACI 318/2008 ................................................................... 66
6.3 ANÁLISE ATRAVÉS DO SOFTWARE SAP2000 .................................................. 70
7 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 76
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 80
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 81
APÊNDICE A ................................................................................................................. 83
APÊNDICE B ................................................................................................................. 85
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
12
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, os projetistas buscam maneiras de obter vãos cada vez maiores, permitindo
grandes áreas livres com um reduzido número de pilares, principalmente nas edificações
comerciais, onde tais características são muito convenientes. Outro aspecto bastante almejado
na construção civil é a otimização do trabalho em canteiro de obra, buscando meios de reduzir
tanto o tempo de execução quanto a mão de obra.
Dentre os aspectos citados acima, pode-se perceber um horizonte favorável ao uso das lajes
lisas protendidas de concreto. Sendo um sistema que reduz, ou até mesmo elimina a presença
de vigas no pavimento, ele propicia um meio de otimizar a ação do trabalho em canteiros de
obras, devido à redução no número de fôrmas. Além disto, gera uma estrutura mais leve,
reduzindo as cargas nas fundações. A aplicação da protensão permite que se alcance vãos
maiores, com lajes de espessuras reduzidas, quando comparadas com as espessuras
necessárias caso as estruturas fossem somente de concreto armado. Mas, em geral, estes
elementos acarretam em altos consumos de aço e, em alguns casos, de concreto, além de
possibilitar uma baixa rigidez lateral à edificação. Havendo tal redução de rigidez, deve-se
prever o uso de sistemas que absorvam os esforços horizontais, como núcleos em concreto
armado.
Considerando a crescente utilização deste sistema, é importante conhecer as formas de
projetar tais estruturas. Nas normas técnicas, tanto nacionais quanto internacionais, são
propostos alguns métodos de cálculos simplificados para a obtenção das solicitações. Tais
procedimentos são adequados, desde que sejam respeitadas certas restrições com relação à
regularidade das lajes e à disposição dos pilares na planta. Paralelamente a estes métodos
simplificados, ou quando a estrutura apresenta particularidades não contempladas em norma,
é comum a aplicação de procedimentos numéricos para realizar a análise e, em alguns casos,
ensaios em escala reduzida. Dentre estas ferramentas, pode-se destacar o Método dos
Elementos Finitos, cuja aplicação pode levar a bons resultados, desde que controladas as
variáveis que intervêm no processo.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
13
O desenvolvimento deste trabalho foi realizado a partir da proposição de uma laje lisa, sobre a
qual foram analisadas as solicitações no estado limite último de ruptura por flexão, para os
diferentes métodos citados anteriormente. Assim, tornou-se viável uma comparação dos
diferentes resultados obtidos, estabelecendo as variações nos consumos de aço e concreto,
perante as características impostas por cada uma das verificações.
No capítulo 2 do trabalho é apresentado o método de pesquisa, onde há um detalhamento do
desenvolvimento do mesmo, explicitando as etapas seguidas. Nos capítulos 3 e 4 estão
dispostas informações básicas sobre os materiais utilizados neste tipo de estrutura, e ainda
elementos referentes à protensão, destacando itens relacionados a cordoalhas não aderentes. Já
no capitulo 5, são retratados os aspectos da análise e do dimensionamento das lajes lisas,
compreendendo a descrição dos métodos de cálculo, aspectos do detalhamento das armaduras
e demais critérios de projeto. No capítulo 6 é apresentada a estrutura que foi proposta para
estudo, assim como a aplicação dos métodos de cálculo. Os capítulos 7 e 8, respectivamente,
apresentam a comparação dos resultados e as considerações finais.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
14
2 MÉTODO DE PESQUISA
2.1 QUESTÃO DE PESQUISA
A questão de pesquisa deste trabalho é: quais as diferenças encontradas em relação aos
consumos de aço e concreto em lajes lisas protendidas, comparando-se vários métodos de
dimensionamento à flexão?
2.2 OBJETIVOS DO TRABALHO
2.2.1 Objetivo principal
O objetivo principal deste trabalho é a comparação dos resultados do dimensionamento à
flexão de lajes lisas protendidas, considerando os métodos simplificados previstos em normas
e também análise através de elementos finitos.
2.2.2 Objetivos secundários
Os objetivos secundários deste trabalho são:
a) descrição da modelagem nas estruturas de lajes lisas protendidas em elementos finitos;
b) determinação das solicitações neste tipo de pavimento, frente aos diferentes métodos de dimensionamento considerados, e uma posterior comparação destes resultados.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
15
2.3 PRESSUPOSTOS
Considera-se que as informações contidas nas normas utilizadas são verdadeiras e conduzem
a resultados aceitáveis. É admitido que a análise por elementos finitos, desde que
corretamente elaborada, seja capaz de gerar resultados compatíveis com os que acontecem na
estrutura real.
2.4 DELIMITAÇÕES
O tipo de estrutura analisada refere-se a edificações comerciais, em ambientes urbanos, o que
influenciará nas determinações da sobrecarga, como também da classe de agressividade
ambiental, conforme as Normas Brasileiras em vigor. O estudo compreende lajes lisas
maciças protendidas, com protensão não aderente, mediante o uso de cordoalhas de aço
engraxadas.
2.5 LIMITAÇÕES
São limitações deste estudo:
a) estrutura submetida somente a esforços verticais (peso próprio e sobrecarga), não considerando efeitos horizontais, provenientes da ação do vento;
b) considera-se apenas uma disposição regular dos pilares nos pavimentos, de forma a permitir o uso do Método dos Pórticos Equivalentes, conforme estabelecido nas normas para que o referido método seja válido;
c) para a análise da estrutura proposta é utilizado somente um software (SAP2000);
d) as verificações ao efeito de puncionamento e aos estados limites de serviço não fazem parte do escopo deste trabalho;
e) são avaliados apenas os métodos simplificados propostos pelas normas NBR 6118/2007 e ACI 318/2008;
f) a protensão dos cabos será realizada em somente uma das extremidades da laje.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
16
2.6 DELINEAMENTO
O trabalho foi executado conforme indica o diagrama demonstrado na figura 1, que retrata as
diversas etapas realizadas. Cada uma destas etapas é descrita nos itens a seguir.
Pesquisa
Bibliográfica
Definição
da Estrutura
Comparação
dos Resultados
Considerações
Finais
Análise pelo
ACI 318:2008
Análise pela
NBR 6118:2007
Análise por
Elementos Finitos
Figura 1: diagrama com o delineamento da pesquisa
2.6.1 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica foi a responsável pelo embasamento teórico que fundamenta o
trabalho. É importante destacar que ela se estendeu por toda a execução do mesmo, já que ao
longo do desenvolvimento, surgiram questões secundárias a serem respondidas. A pesquisa
permite conhecer os aspectos fundamentais para o dimensionamento das estruturas. Possibilita
compreender o comportamento dos materiais empregados, assim como as considerações
referentes aos métodos de análise e ainda ao detalhamento das lajes.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
17
2.6.2 Definição da estrutura
Os processos simplificados descritos pelas normas avaliadas requerem que a estrutura respeite
certos critérios de regularidade, tanto nas lajes quanto nos pilares. Assim, foi necessário
propor uma geometria que respeitasse tais limitações, possibilitando o estudo pelo Método
dos Pórticos Equivalentes, e também a aplicação de elementos finitos.
2.6.3 Análises
Definida a estrutura, partiu-se para a aplicação dos procedimentos de cálculo. Quanto às
normas, foram examinados os Métodos dos Pórticos Equivalentes, conforme especificados na
NBR 6118/2007 e no ACI 318/2008. Simultaneamente, foi realizada uma análise da estrutura
via elementos finitos, utilizando o software SAP2000. Através das solicitações encontradas,
realizou-se o dimensionamento da estrutura para os três casos já citados.
2.6.4 Comparação dos resultados
Em posse dos resultados obtidos no dimensionamento, foi efetuada uma comparação entre os
diferentes métodos, possibilitando avaliar não só o aspecto técnico, como também o
econômico, já que são conhecidos os consumos de aço e concreto.
2.6.5 Considerações finais
Esta etapa do trabalho consistiu em observações relativas aos resultados e à execução do
trabalho em si. Também foi possível avaliar as respostas obtidas, mediante comparação com o
material já existente na bibliografia sobre o tema.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
18
3 MATERIAIS
Os materiais aplicados em estruturas de concreto protendido são praticamente os mesmos
utilizados nos elementos convencionais de concreto armado. A grande distinção diz respeito
aos aços da armadura ativa que, devido às altas tensões às quais estão sujeitos, devem possuir
uma maior resistência à tração. Este acréscimo é necessário para compensar as perdas de
protensão, iniciais e retardadas (PFEIL, 1988, p. 17).
3.1 CONCRETO
Nas lajes protendidas, é comum o uso de concretos de alta resistência à compressão, em geral,
maiores do que aquelas usadas em concreto armado. Como eles atingem mais rapidamente
valores elevados de módulo de elasticidade e resistência, é possível executar a protensão em
poucos dias, e também acelerar a retirada dos escoramentos. Os concretos com classe de
resistência elevada são também favoráveis à durabilidade das estruturas, pois têm baixa
permeabilidade (EMERICK, 2005, p. 3). Segundo Leonhardt (1983, p. 15): “Para concreto
protendido deve-se, em geral, empregar concretos de alta resistência, [...] para que os
encurtamentos de retração e fluência fiquem limitados a valores pequenos, já que tais
encurtamentos dão origem a perdas de protensão.”.
É importante salientar que a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007) fixa o limite máximo de resistência à compressão do concreto em 50 MPa,
não havendo, até momento, normalização para projetos com classes de resistências maiores. A
Norma também prevê os limites mínimos que devem ser empregados, sendo que para
concretos com armadura ativa (protendida), a resistência mínima à compressão é de 25 MPa.
Para fins de projeto, algumas características referentes ao concreto devem ser definidas. Para
estimativa do peso próprio dos elementos em concreto armado, é aplicado o valor de 25
kN/m³ (EMERICK, 2005, p. 16). A resistência de cálculo à compressão do concreto (fcd),
verificada aos 28 dias, é definida, segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2007) pela fórmula 1:
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
19
c
ckcd
ff
γ=
(fórmula 1)
Onde:
fcd: resistência de cálculo à compressão do concreto;
fck: resistência característica à compressão do concreto;
γc: coeficiente de ponderação da resistência, em geral 1,4.
Ainda de acordo com esta Norma, o módulo de elasticidade pode ser calculado através da
fórmula 2, para a idade de 28 dias:
ckci fE .5600= (fórmula 2)
Onde:
Eci: módulo de elasticidade inicial, em MPa, com fck também em MPa.
Nas análises elásticas de projeto, para determinar os esforços solicitantes e também para a
verificação dos estados limites de serviço, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2007) indica o uso do módulo de elasticidade secante, que é
determinado através da fórmula 3:
cics EE .85,0= (fórmula 3)
Onde:
Ecs: módulo de elasticidade secante.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
20
3.2 AÇOS DE PROTENSÃO
De acordo com Leonhardt (1983, p. 16-17), os aços de protensão devem ter resistência
elevada, para minimizar as perdas de protensão por relaxação. Precisam ter boa ductilidade,
para que não rompam de maneira frágil. Também devem ser resistentes à corrosão, com
cuidados especiais em relação à corrosão sob tensão. Por fim, os aços têm de garantir a
uniformidade da seção transversal, já que o alongamento do cabo (calculado usando o valor
nominal da seção) é o principal parâmetro de controle da protensão.
A corrosão, um processo eletroquímico, é extremamente prejudicial aos aços de protensão,
pois eles possuem pequena seção transversal, e qualquer redução de área pode ser crítica
(LEONHARDT, 1983, p. 22). Além da corrosão eletrolítica, as armaduras ativas estão sujeitas
à corrosão sob tensão (stress corrosion), responsável por rupturas frágeis no material, devido
ao surgimento de fissuras transversais (PFEIL, 1988, p. 20).
Os aços de protensão permanecem, ao longo de toda a vida útil da estrutura, sujeitos a
elevadas tensões. Com o passar dos anos, tal material sofre perdas de tensão, decorrentes do
fenômeno de relaxação. Para reduzir este efeito, é possível aplicar um tratamento termo-
mecânico, que consiste no aquecimento do aço à temperatura de 400ºC, com tracionamento
do mesmo até uma deformação unitária de 0,01%. Os aços que recebem este tratamento são
chamados de baixa relaxação (RB). Sem o tratamento, são caracterizados como tendo
relaxação normal (RN) (PFEIL, 1988, p. 17).
A relaxação ocorre quando, mesmo para um comprimento deformado constante, ocorre alívio
de tensões no material. Outro fenômeno existente no aço é a fluência, que se caracteriza pelo
fato de que, mesmo sob tensões constantes, as deformações aumentam com o tempo. Ambas
as situações decorrem de movimentos causados por transformações da estrutura cristalina do
aço, quando este estiver sujeito a tensões permanentes (LEONHARDT, 1983, p. 23).
As armaduras usadas para protensão são fios de aço-carbono, trefilados, fornecidos em rolos.
Também são usadas cordoalhas, compostas por fios trefilados, enrolados em forma de hélice,
igualmente disponíveis em rolos, recebendo ou não revestimento plástico. Há ainda, barras de
aço de baixa liga, laminadas à quente, com tamanhos limitados (PFEIL, 1988, p. 15).
Atualmente, os aços mais utilizados em obras protendidas têm resistência à tração de 175
kN/cm² ou ainda de 190 kN/cm². Estes aços são denominados pela sigla CP (concreto
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
21
protendido), seguido de sua resistência característica à ruptura por tração (fptk) (EMERICK,
2005, p. 17). Para fios e cordoalhas, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2007) admite o valor de 200 GPa para o módulo de elasticidade, a ser
usado na inexistência de ensaios ou de informações dos fabricantes.
3.3 AÇOS PARA ARMADURA PASSIVA
A armadura passiva (também chamada de suplementar ou convencional) é composta pelas
barras de aço nervuradas também usadas nas estruturas em concreto armado. Recebem a
designação de passivas por não sofrerem a operação de protensão. A armadura protendida, em
geral, é denominada ativa (LEONHARDT, 1983, p. 4). É perfeitamente possível o uso de aços
de protensão, desde que não estejam tensionados, para constituir as armaduras suplementares.
Isto normalmente não é feito porque tais aços têm maior custo do que os vergalhões usados
em concreto armado (PFEIL, 1988, p. 15).
Segundo Leonhardt (1983, p. 4), a presença de armadura passiva pode garantir que possíveis
fissuras tenham tamanho reduzido a aberturas capilares. Assim, mantendo-se a integridade da
seção, é possível admitir que ocorram tensões de tração no concreto na análise para cargas
totais de utilização.
Os aços das armaduras passivas são designados pela sigla CA (concreto armado), seguido de
seu valor característico do limite de escoamento (fyk) (PFEIL, 1988, p. 14). Como valor do
módulo de elasticidade, na impossibilidade de ensaios, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) admite o valor de 210 GPa.
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22
4 PROTENSÃO
O conceito de protensão pode ser definido como a aplicação de um estado prévio de tensões
em uma estrutura, a fim de melhorar sua resistência ou seu comportamento, perante às
solicitações atuantes (PFEIL, 1988, p. 1). Emerick (2005, p. 1) afirma que: “A protensão pode
ser entendida como a aplicação de tensões em um elemento estrutural com o objetivo de
equilibrar tensões que prejudiquem o uso desejado.”. Especificamente no caso do concreto,
Leonhardt (1983, p. 3) descreve que, considerando a sua baixa resistência à tração, sempre se
buscou meios de colocar sob compressão as zonas tracionadas da estrutura. Assim, os
esforços de tração só surgiriam após, primeiramente, anular estas tensões de compressão.
As primeiras aplicações de protensão em concreto datam do inicio do século XX, sendo que
através do francês Eugène Freyssinet, o concreto protendido teve grande desenvolvimento.
Com o passar do tempo, o processo de protensão teve inúmeros avanços, devido a melhorias
na qualidade dos materiais e no desenvolvimento de novas técnicas construtivas. De acordo
com Pfeil (1988, p. 5): “A protensão do concreto é feita por meio de cabos de aço, que são
esticados e ancorados nas extremidades [da viga ou laje, por exemplo].”. Para Leonhardt
(1983, p. 6-7) são vantagens do concreto protendido:
a) devido ao uso de materiais de alta resistência (tanto concreto quanto aço), é possível construir edificações com vãos maiores e também mais esbeltas, se comparadas com estruturas de concreto armado;
b) a protensão reduz, ou até mesmo elimina a abertura de fissuras, aumentando a durabilidade da construção.
São empregados dois sistemas em estruturas de concreto protendido, que diferem entre si
quanto ao momento em que é aplicada a protensão. O primeiro é o sistema denominado como
pré-tração, onde cabos de aço de alta resistência são tensionados antes da concretagem do
elemento. O segundo é o chamado sistema com pós-tração, onde os cabos são tensionados
após o concreto ter atingido uma resistência mínima, que deve ser especificada em projeto
(EMERICK, 2005, p. 1).
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23
O sistema com pré-tração é geralmente usado por indústrias de elementos pré-moldados, ou
seja, fora dos canteiros das obras. Os cabos são tracionados antes da concretagem da peça,
sendo esta posteriormente transportada até o local de sua disposição final (CAUDURO, 2003,
p. 23). O sistema com pós-tração divide-se em aderente ou não aderente, e de acordo com
Cauduro (2003, p. 25), este modelo de protensão apresenta a vantagem de ser facilmente
aplicado no canteiro de obra, evitando os custos de transporte das peças pré-tensionadas em
fábricas. Além disso, permite a construção de vãos contínuos e o direcionamento da força de
protensão.
No sistema com pós-tração aderente, os cabos de aço são colocados no interior de bainhas
metálicas, que após o tensionamento, são preenchidas com nata de cimento, o que garante a
aderência mecânica entre a armadura ativa e o concreto, além de conferir proteção à corrosão.
Os cabos de protensão são compostos, geralmente por uma ou mais cordoalhas, formadas por
sete fios de aço, com diâmetros de 12,7 mm ou 15,2 mm. Estas, por sua vez, são colocadas
nas bainhas metálicas, ficando inicialmente soltas. Com o endurecimento do concreto, as
bainhas aderem ao mesmo, mas como as cordoalhas estão soltas, elas podem ser protendidas.
Posteriormente, é feita a injeção da nata de cimento, através de tubos plásticos (purgadores),
dispostos ao longo da peça (RUDLOFF INDUSTRIAL LTDA., 2008, p. 6). O sistema com
pós-tração não aderente está descrito no item 4.1.
Para fixar os cabos nas suas extremidades são usados dispositivos chamados ancoragens.
Estas, por sua vez, podem ser ativas, quando permitem a protensão dos cabos, ou então
passivas, quando são fixas. Em geral, nas lajes é comum o uso de uma ancoragem ativa e
outra passiva. Em peças de grandes comprimentos, é mais adequado o uso de ancoragens
ativas nas duas extremidades, para permitir a protensão pelos dois lados do elemento,
reduzindo as perdas por atrito (EMERICK, 2005, p. 21).
Outra classificação importante diz respeito ao nível (grau) de protensão aplicada. A NBR
6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) discrimina a
protensão em três casos:
a) protensão parcial: ocorre quando, para combinação frequente de ações, é respeitado o Estado Limite de Abertura de Fissuras, com abertura característica menor ou igual a 0,2 milímetros;
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b) protensão limitada: ocorre quando, para combinação quase permanente de ações, é respeitado o Estado Limite de Descompressão, além de, para combinação frequente de ações, é respeitado o Estado Limite de Formação de Fissuras;
c) protensão completa: ocorre quando, para combinação frequentes de ações, é respeitado o Estado Limite de Descompressão, e também é respeitado o Estado Limite de Formação de Fissuras.
Leonhardt (1983, p. 8-9) destaca que, na protensão completa, são evitadas tensões de tração
no concreto provenientes da flexão dos elementos. Todavia, podem surgir tais tensões em
decorrência dos esforços de cisalhamento, de torção, de efeitos térmicos ou ainda na região de
ancoragem dos cabos protendidos. Assim, mesmo com protensão completa é preciso
considerar a existência de tensões de tração e, por consequência, o aparecimento de fissuras.
Emerick (2005, p. 11) afirma que:
Em sua origem, a utilização da protensão buscava impedir o aparecimento de tensões de tração na seção transversal. Assim, era natural que se pensasse em protensão completa. Contudo, foi justamente a protensão parcial um dos elementos que viabilizou o uso desse processo construtivo em lajes, por permitir um aproveitamento mais racional dos materiais, dosando-se convenientemente as taxas de armaduras ativas e passivas na seção.
4.1 SISTEMA COM PÓS-TRAÇÃO NÃO ADERENTE
Para possibilitar a protensão não aderente são utilizados cabos compostos por cordoalhas de
aço (figura 2), envolvidas por camada de graxa e ainda por uma capa de polietileno de alta
densidade (PEAD). A graxa permite protender as cordoalhas após a concretagem, além de
proteger o aço da corrosão. O cabo possui uma ancoragem em cada uma de suas
extremidades, e devido à inexistência de aderência, todas as tensões estão concentradas nestes
dispositivos de fixação. Sendo assim, as ancoragens devem ser produzidas com alto padrão de
qualidade (RUDLOFF INDUSTRIAL LTDA., 2008, p. 8).
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
25
Figura 2: detalhe da cordoalha engraxada (CAUDURO, 2003, p. 29)
Para garantir o funcionamento do sistema é necessário que as cordoalhas realmente possam
ser protendidas após a cura do concreto. Assim, elas devem receber atenção especial quanto
ao armazenamento, o transporte e também a montagem. Qualquer rasgo ou falha no
revestimento de polietileno deve ser reparado com uma fita plástica, antes da concretagem.
Estas cordoalhas diferem daquelas usadas no sistema com aderência apenas pela adição da
graxa inibidora de corrosão e da capa de PEAD. Os diâmetros nominais continuam sendo 12,7
mm ou 15,2 mm (EMERICK, 2005, p. 27).
A bainha de PEAD deve possuir espessura mínima de 1,0 mm e seção circular com diâmetro
suficiente para permitir o deslocamento da cordoalha. Também devem ser impermeáveis e
resistentes aos esforços aos quais estarão sujeitas durante a concretagem e no momento da
operação da protensão (RUDLOFF INDUSTRIAL LTDA., 2008, p. 8).
Em geral, nas lajes são utilizados cabos com apenas uma cordoalha, onde se denomina o
sistema como protensão mediante o uso de monocordoalhas engraxadas. Esta característica
permite que a ancoragem passiva possa ser feita com uma peça idêntica a da extremidade
ativa. Para garantir o correto funcionamento, a ancoragem passiva é pré-encunhada com o
próprio macaco de protensão, aplicando a força total prevista no projeto, para evitar possíveis
escorregamentos da cordoalha no momento do tensionamento da extremidade ativa
(EMERICK, 2005, p. 30).
A simplificação do sistema de fixação da armadura ativa (figura 3) foi um dos principais
fatores que tornaram o concreto protendido financeiramente competitivo com as demais
soluções construtivas. Cauduro (1997, p. 2) destaca que:
O desenho engenhoso da ancoragem monocordoalha americana foi uma das razões do barateamento da protensão. Uma só peça de aço fundido nodular constitui a placa distribuidora de tensões no concreto, servindo ao mesmo tempo de reforço radial ao bloco-fêmea conjugado com furo tronco-cônico (que aloja a cunha de ancoragem). Também de grande praticidade e simplicidade é a fôrma plástica que protege o furo tronco-cônico contra a entrada de nata de cimento, estabelecendo o correto
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afastamento da ancoragem em relação à fôrma, além de possibilitar a moldagem de um nicho de pequenas dimensões, o qual, após a protensão e o corte da cordoalha, é facilmente preenchível com argamassa forte de acabamento.
Figura 3: ancoragem para protensão não aderente (EMERICK, 2005, p. 31)
4.2 PERDAS DE PROTENSÃO
Pfeil (1988, p. 48) define que: “Perdas de protensão são todas as perdas verificadas aos cabos
de protensão.”. O mesmo autor afirma que elas podem ser classificadas como:
a) perdas imediatas, que ocorrem durante a operação de protensão e também devido à acomodação das cunhas de ancoragem. São subdivididas em,
– perdas por atrito, decorrentes do atrito dos cabos com os demais componentes da estrutura;
– perdas nas ancoragens, devido ao movimento das cunhas, que ocorrem no momento da operação de protensão, quando o esforço é transmitido do macaco para a placa de apoio;
– perdas por encurtamento elástico do concreto, que ocorre diante do esforço de compressão proveniente da protensão;
b) perdas retardadas (ou progressivas), que ocorrem com o passar do tempo, subdivididas em,
– perdas por retração e fluência do concreto, decorrentes dos encurtamentos do material;
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27
– perdas por relaxação, devido à queda de tensão nos aços de alta resistência, quando estes são ancorados nas extremidades, sob elevadas tensões.
Para Milani (2006, p. 71) as perdas finais reduzem cerca em 20% a força de protensão,
enquanto as perdas iniciais reduzem aproximadamente 5% desta força. Para mantê-las com
um valor máximo de 20%, Loureiro (2006, p. 1737) aconselha que:
a) para cabos com comprimentos inferiores a 36 m, pode-se realizar a protensão em apenas uma das extremidades, utilizado uma ancoragem ativa e outra passiva;
b) para os cabos com comprimentos entre 36 e 72 m, deve-se protender por ambas as extremidades da peça, através de duas ancoragens ativas;
c) para cabos com mais de 72 m, será necessário o uso de ancoragens intermediárias.
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28
5 CRITÉRIOS DE PROJETO PARA LAJES LISAS
De acordo com a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2007), as lajes lisas são aquelas que se apóiam diretamente sobre os pilares, sem a presença de
capitéis. É ainda bastante comum o uso do termo laje plana para designar este tipo de
estrutura Os capitéis são aumentos de espessura na região dos apoios. Na existência destes, as
lajes são denominadas cogumelo. Araújo (2003, p. 160) assegura que: “Atualmente, tem-se
evitado o emprego de lajes com capitéis, devido às dificuldades de execução das fôrmas.
Desse modo, empregam-se lajes lisas, as quais são projetadas com uma espessura suficiente
para garantir a sua resistência à punção.”.
Normalmente, as lajes lisas são contínuas, sendo capazes de vencer grandes vãos e suportar
cargas de grande intensidade. Na medida do possível, é aconselhável dispor os pilares em filas
ortogonais, de forma regular. Esta disposição simplifica a determinação dos esforços atuantes
e propicia um melhor comportamento da estrutura (ARAÚJO, 2003, p. 160).
Com a introdução no Brasil, em 1997, das cordoalhas de aço engraxadas, o conceito de
pavimentos sem vigas, com protensão não aderente, teve grande crescimento, devido às
vantagens que este tipo de estrutura proporciona (KISS, 1999, p. 1). Loureiro (2006, p. 1735)
cita inúmeras vantagens, do ponto de vista estrutural, para este sistema:
a) devido à protensão, estas lajes vencem grandes vãos, com espessuras reduzidas, além de apresentar pouca fissuração e pequenas deformações;
b) o uso de materiais de resistência elevada, tanto o aço quanto o concreto, possibilita melhor comportamento da estrutura perante situações de serviço e ainda maior resistência no estado limite último;
c) com a presença da graxa inibidora de corrosão, há diminuição da perda por atrito;
d) o uso de ancoragens individuais reduz as tensões nas extremidades das lajes, reduzindo, portanto, as armaduras de fretagem para absorver estes esforços;
e) devido ao seu pequeno diâmetro, a cordoalha permite aumentar a excentricidade do cabo, resultando numa protensão mais eficiente.
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29
Loureiro (2006, p. 1736) também destaca as vantagens construtivas inerentes ao processo,
como:
a) a ausência de vigas sob as lajes permite diminuir o pé-direito da edificação, diminuindo sua altura, ou então, aumentando o número de pavimentos;
b) há garantia de grande flexibilidade para o uso da edificação;
c) é permitido executar pisos de grande extensão, sem juntas de dilatação, pois a protensão pode evitar as fissuras por retração do concreto;
d) a execução da laje se torna mais rápida, porque a montagem das fôrmas é simplificada, assim como a das armaduras;
e) a protensão é bastante simples, com ancoragens de fácil montagem, e operação através de macacos hidráulicos leves.
A grande desvantagem destas lajes é que sua capacidade resistente, em alguns casos, pode ser
determinada pelas tensões tangenciais de punção, decorrentes da ação de forças concentradas
(ARAÚJO, 2003, p. 159). Segundo Emerick (2005, p. 109): “Esse tipo de esforço ocasiona
uma ruptura brusca, sem aviso, extremamente perigosa [...]”. Araújo (2003, p. 163) define
que: “A ruptura por punção se dá com a propagação de fissuras inclinadas através da
espessura da laje, com uma inclinação média da ordem de 30º [...]”. Quando necessário, para
absorver estes esforços, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007) estabelece que sejam dispostas, na região do apoio, armaduras formadas
por estribos verticais ou por conectores (studs).
Outro fator limitador para lajes lisas pode ser o comportamento destas em relação à
estabilidade global da estrutura. A inexistência de vigas impossibilita a formação dos pórticos
de contraventamento, deixando a edificação mais flexível. Para garantir a estabilidade, é
comum o uso de paredes estruturais em concreto armado, principalmente em caixas de escada
e elevadores (EMERICK, 2005, p. 34-35).
Os critérios de dimensionamento para estruturas têm como base as verificações de segurança
referentes aos estados limites. Estes, por sua vez, estão relacionados tanto a capacidade
resistente máxima da estrutura (estados limites últimos – ELU), quanto às condições de
utilização e durabilidade da edificação (estados limites de serviço – ELS). Especificamente
para as lajes lisas, devem ser verificados os estados limites últimos à flexão e ao
puncionamento, e os estados limites de serviço relativos ao controle de fissuras, deformações
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e vibrações. Considerações sobre resistência ao fogo e proteção contra a corrosão são também
itens importantes (SCHMID, 2009, p. 8).
De acordo com a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2007) deve ser respeitada a espessura mínima de 16 cm para lajes lisas. Não há nesta Norma
indicação de limites de esbeltez para estas lajes, mas há restrição quanto às flechas
admissíveis. Schmid (2009, p. 9) faz uma comparação das lajes lisas com outros tipos de lajes
(figura 4) e recomenda que a relação entre vão (L) e espessura (h) respeite os seguintes
critérios:
a) (L/h) ≤ 48, para lajes de cobertura;
b) (L/h) ≤ 40, para lajes de piso, com carga acidental inferior a 3,0 kN/m².
Figura 4: relação entre vãos e espessuras para lajes em concreto armado e protendido
(SCHMID, 2009, p. 9)
Quanto ao custo da estrutura, utilizando-se o conceito de pavimento sem vigas, é importante
avaliar diversos aspectos, e não somente o consumo de materiais. É necessário levar em conta
as vantagens e desvantagens que o sistema apresenta, as quais, indiretamente, afetam o preço
final. Itens como tempo de execução, reaproveitamento de fôrmas, flexibilidade da edificação
e necessidade de mão de obra adequada, são parâmetros que devem ser incluídos na análise
(EMERICK, 2005, p. 38). A viabilidade econômica das lajes lisas protendidas está
diretamente relacionada com os vãos desejados, sendo que para valores entre 7 e 12 metros,
esta solução se mostra competitiva (SCHMID, 2009, p. 28). Para uma modulação econômica
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31
dos vãos, Souza e Cunha1 (1998 apud EMERICK, 2005, p. 38), propõem as os seguintes
critérios:
a) vãos intermediários com comprimentos iguais entre si;
b) para os vãos de extremidade, utilizar comprimentos de 80 a 85% dos vãos intermediários;
c) nos balanços, dependo da existência ou não de paredes nas bordas, usar valores em torno de 25 a 35% do vão adjacente aos mesmos.
5.1 CARGAS ATUANTES NAS LAJES
Os carregamentos atuantes nos pavimentos estão descritos na NBR 6120 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980). As cargas são classificadas em duas
categorias:
a) permanente (g): composta pelo peso próprio da estrutura e pelo peso dos elementos construtivos e instalações permanentes;
b) acidental (q): qualquer carga que pode ocorrer na edificação, devido ao seu uso.
Com relação às combinações de carregamentos, considerando cargas permanentes, cargas
acidentais e efeitos da protensão, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007) determina que o valor de cálculo das ações seja feito pela fórmula 4:
HIPpkqqkggd FFFF ... ,1, γγγ ++= (fórmula 4)
Onde:
Fd: valor de cálculo das ações;
Fg,k: valor característico das ações permanentes;
1 SOUZA, V. C. M.; CUNHA, A. J. P. Lajes em concreto armado e protendido. 2. ed. Niterói: Editora da
Universidade Federal Fluminense, 1998.
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Fg1,k: valor característico da ação variável principal (sobrecarga);
FHIP: valor do efeito hiperestático de protensão;
γg e γq: coeficientes de combinação, em geral, têm o valor de 1,4;
γp: coeficiente de ponderação da protensão (1,2 quando desfavorável e 0,9 quando favorável).
O quadro 1 faz um breve resumo das cargas verticais acidentais (sobrecargas) recomendadas
na NBR 6120 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980), sendo
estes, os valores mínimos a serem adotados. Nestes, já estão inclusos os carregamentos,
considerados uniformemente distribuídos no pavimento, referentes a pessoas, veículos,
móveis e utensílios.
LOCAL CARGA (kN/m²)
Edifícios residenciais Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro
Despensa, área de serviço e lavanderia
1,5
2,0
Escadas Com acesso ao público
Sem acesso ao público
3,0
2,5
Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2,0
Lojas 4,0
Quadro 1: cargas verticais acidentais atuantes conforme o uso da edificação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980)
5.2 CRITÉRIOS DE DURABILIDADE DA ESTRUTURA
Referente à durabilidade das estruturas, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2007) exige que, para as condições ambientais existentes na época do
projeto, uma edificação mantenha sua segurança, sua estabilidade e ainda sua aptidão aos
estados de serviço durante toda a sua vida útil. As classes de agressividade ambiental variam
de I (fraca) a IV (muito forte), em ordem crescente de risco de deterioração da estrutura.
De acordo com Loureiro (2006, p. 1736), as lajes com protensão limitada, nas quais, para
combinação frequente de ações, é respeitado o estado limite de formação de fissuras, podem
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
33
ser adequadas para regiões de classe de agressividade ambiental forte e muito forte, pois
praticamente não existem fissuras nestes elementos.
Para garantir a durabilidade dos elementos de concreto, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007), indica valores para os cobrimentos
nominais das armaduras passivas e ativas, referentes a cada classe de agressividade ambiental.
Respeitando-se estes cobrimentos fixados pela Norma, admite-se a proteção da armadura à
corrosão. O quadro 2 resume as exigências da Norma para estruturas protendidas.
Classe de agressividade ambiental
I II III IV Tipo de estrutura Componente ou elemento estrutural
Cobrimento nominal (mm)
Concreto protendido(1)
Todos 30 35 45 55
(1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas, sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante sob tensão.
Quadro 2: correspondência entre classes de agressividade ambiental e cobrimento nominal, conforme a NBR 6118/2007
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007)
Ainda quanto ao valor do cobrimento nominal (cnom), a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) faz as seguintes exigências:
a) cnom maior ou igual ao diâmetro da barra;
b) cnom maior ou igual ao diâmetro do feixe de cabos;
c) cnom maior ou igual à metade do diâmetro da bainha.
5.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CABOS DE PROTENSÃO
Os esforços nas lajes lisas possuem maior intensidade na região dos apoios, sendo, portanto,
conveniente uma disposição concentrada dos cabos de protensão nesta porção da laje. Por ser
um trecho altamente solicitado, é comum a existência de altas taxas de armaduras, o que pode
dificultar a concentração dos cabos nas faixas dos pilares. No entanto, pelo menos dois cabos
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devem passar sobre cada pilar (EMERICK, 2005, p. 39). Para Souza e Cunha2 (1998 apud
EMERICK, 2005, p. 39), o uso dos cabos concentrados nas faixas dos pilares apresenta
inúmeras vantagens, pois se assemelha a distribuição de momentos na estrutura, gera aumento
de resistência à punção e também promove aumento da capacidade de transferência de
momentos na ligação laje-pilar.
Segundo Emerick (2005, p. 39), há ainda diversas formas de dispor armadura ativa ao longo
da laje, como a simples distribuição uniforme nas duas direções. De acordo com Loureiro
(2006, p. 1754), não é permitido concentrar os cabos nos dois sentidos simultaneamente. A
NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) especifica
alguns critérios sobre a disposição dos cabos na planta. São eles:
a) o espaçamento máximo entre cabos (ou feixes) é de seis vezes a espessura da laje, não excedendo 120 cm;
b) deve ser garantido um espaçamento mínimo de 5 cm, tanto entre cabos (ou feixes), quanto entre cabo e armadura passiva;
c) deve existir um cobrimento mínimo de 7,5 cm entre cabos e a face de aberturas existentes na laje;
d) os cabos dispostos nas faixas dos apoios (faixas externas) devem estar contidos numa região, cuja largura não ultrapasse a dimensão em planta do pilar (na direção transversal à direção longitudinal da faixa), mais 3,5 vezes a espessura da laje, para cada lado do pilar.
Quanto ao traçado vertical dos cabos, é conveniente manter as maiores flechas possíveis,
pelas vantagens econômicas e de execução, mas sem desrespeitar o cobrimento mínimo
exigido (EMERICK, 2005, p. 43). De acordo com Loureiro (2006, p. 1751): “Nas
extremidades, as ancoragens devem ser colocadas no centro de gravidade da laje, mesmo que
existam capitéis ou vigas transversais.”.
Considerando os cabos parabólicos (figura 5), para determinar o ponto de mudança de
curvatura (ponto de inflexão), Emerick (2005, p. 44) propõe que se arbitre um percentual do
vão (αL), onde α, é adotado entre 5 e 15%.
2 SOUZA, V. C. M.; CUNHA, A. J. P. Lajes em concreto armado e protendido. 2. ed. Niterói: Editora da
Universidade Federal Fluminense, 1998.
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35
Figura 5: traçado vertical dos cabos protensão (EMERICK, 2005, p. 44)
A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) recomenda
que, em lajes protendidas através de monocordoalhas engraxadas, as ancoragens sejam
colocadas no baricentro da seção das mesmas, para que não surjam momentos devido à
protensão em suas extremidades. Além disto, na região da ancoragem ativa, o cabo deve
permanecer reto nos primeiros 50 cm.
5.4 ARMADURAS PASSIVAS
Mesmo estruturas de concreto protendido possuem armaduras passivas, cujas atribuições são,
de acordo com Loureiro (2006, p. 1753):
a) complementar a armadura ativa nas verificações aos estados limites últimos;
b) combater fissuras decorrentes da flexão, em situações onde a armadura ativa não foi capaz de fazê-lo;
c) absorver esforços provenientes da retração e das variações de temperatura.
A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) determina
as armaduras passivas mínimas, com o propósito de melhorar o comportamento à ductilidade
e à flexão. Tanto a Norma Brasileira quanto o ACI 318 (AMERICAN CONCRETE
INSTITUTE, 2008) exigem, que para as lajes lisas com protensão não aderente, a área de
armadura passiva negativa sobre os apoios seja determinada pela fórmula 5:
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36
l..00075,0 hAs = (fórmula 5)
Onde:
As: área mínima de armadura passiva negativa sobre o apoio;
h: altura da laje;
l : vão médio da laje medido na direção da armadura a ser colocada.
Com relação à armadura positiva mínima, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 2007) determina o método de cálculo em função do parâmetro taxa
de armadura (ρ), que representa a relação entre as áreas de aço e concreto existentes na seção
transversal da laje (fórmula 6):
mínpmíns ρρρρ 5,05,0 ≥−≥ (fórmula 6)
Onde:
ρs: taxa de armadura passiva;
ρmín: taxa mínima de armadura;
ρp: taxa de armadura de protensão.
Os valores referentes às taxas de armaduras mínimas variam de acordo com a resistência
característica do concreto à compressão, e estão retratados no quadro 3, adaptado da NBR
6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007).
fck 25 30 35 40 45 50
ρmín (%) 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
Quadro 3: taxas mínimas de armadura de flexão para seções retangulares (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
37
No ACI (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008) as armaduras positivas só são
recomendadas quando a tensão de tração em serviço no concreto for superior a um limite.
Estes limites e o modo de calcular a armadura passiva estão destacados nas fórmulas 7 e 8:
ckt ff 2,0≤ As não requerida (fórmula 7)
ckt ff 2,0> y
cs
f
NA
5,0=
(fórmula 8)
Onde:
As: área mínima da armadura positiva;
ft: tensão de tração em serviço no concreto;
Nc: força equivalente à cunha de tração no concreto;
fy: tensão característica de escoamento à tração do aço, limitado a 420 MPa.
Para garantia da ductilidade local e a consequente proteção contra colapso progressivo, a
NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) prevê a
colocação de uma armadura na região do apoio (figura 6). Segundo Emerick (2005, p. 50):
[...] pode-se prescindir desta armadura [contra colapso progressivo] quando pelo menos um cabo em cada direção ortogonal da laje, passar pelo interior da armadura longitudinal contida na seção transversal do pilar ou elemento de apoio em lajes de edifícios residenciais ou comerciais.
Também de acordo com Emerick (2005, p. 49): “Nas bordas da laje é recomendável o uso de
vigas. Essa recomendação torna-se ainda mais necessária quando não há balanço, para se
evitar problemas com punção dos pilares de canto e extremidade.”. No caso de se prescindir
destas vigas, a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007),
exige que seja colocada uma armadura de borda (figura 6).
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38
Figura 6: detalhes das armaduras contra colapso progressivo e de borda da laje (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007, p. 152-153)
Devido à pequena área de contato entre ancoragens e concreto, surgem nesta região elevadas
tensões de tração, oriundas da introdução das forças de protensão. Para absorver estes
esforços são utilizadas as armaduras de fretagem (EMERICK, 2005, p. 50). Segundo Pfeil
(1988, p. 200), estas armaduras evitam o esmagamento do concreto, sendo fornecidas pelos
fabricantes, conforme o tipo de protensão aplicada.
A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) determina
que, para lajes sem vigas, sejam respeitadas as disposições para as barras de aço da armadura
passiva conforme a figura 7.
Figura 7: disposições para armaduras passivas em lajes sem vigas
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
39
5.5 CÁLCULO DA FORÇA DE PROTENSÃO
Para definir o número de cordoalhas na laje, é preciso determinar, primeiramente, a parcela
dos esforços atuantes que será absorvida pela protensão. De acordo com Faria (2004, p. 100):
“A protensão pode ser encarada como um sistema de cargas que contraria a carga permanente
da estrutura. Isso é expresso pela relação [...] da carga permanente que é equilibrada.”. Ainda
segundo o autor, é comum estabelecer que a parcela equilibrada seja de 60 a 80% destas
cargas. Segundo Emerick (2005, p. 65), normalmente, a protensão em lajes absorve a carga
permanente e ainda uma fração das cargas de utilização, objetivando que as mesmas não
apresentem flechas, considerando um carregamento quase permanente. Emerick (2005, p. 66)
também destaca que: “Outro critério bastante comum entre projetistas é equilibrar o peso
próprio mais 10% do carregamento total.”. Salienta-se que estas hipóteses destacadas acima
se enquadram no conceito de protensão parcial, que é uma condição importante para garantir a
viabilidade econômica.
O cálculo da força de protensão, para equilibrar o carregamento determinado, pode ser feito
através de um modelo simplificado, cuja formulação está descrita a seguir. Este método
apresenta limitações, pois desconsidera o efeito da inversão de curvatura nos cabos, e admite
que a força de protensão é constante ao longo dos mesmos (EMERICK, 2005, p. 66). De
acordo com Schmid (2009, p. 10) este procedimento é válido quando os vãos têm dimensões
semelhantes. Do contrário, é necessário verificar a influência do vão maior sobre os
adjacentes. O método está demonstrado pela figura 8 e pelas fórmulas 9 a 11 que
respectivamente, representam a força de protensão calculada para um balanço, um vão interno
e um vão externo.
Figura 8: determinação da força de protensão (EMERICK, 2005, p. 66)
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40
As fórmulas são:
1
1
1
21
2 f
Q
f
qP
ll+=
(fórmula 9)
2
22
8 f
qP
l=
(fórmula 10)
3
23
8 f
qP
l=
(fórmula 11)
Onde:
P: força de protensão atuante nos cabos;
q: parcela da carga distribuída atuante na laje;
Q: carga concentrada atuante no balanço;
l 1, l 2 e l 3: vãos da laje;
f1, f2 e f3: flechas do cabo.
Quanto às flechas nos cabos, Loureiro (2006, p. 1751) afirma que: “Em princípio, os cabos
devem ser lançado com excentricidades máximas nos apoios intermediários e no meio dos
vãos, de modo a obter a flecha máxima, o que resulta num maior valor da carga balanceada.”.
Esta escolha implica em carregamentos equilibrados diferentes em cada vão, mas desde que
os esforços respeitem os limites das tensões em serviço, não há problemas nesta opção
(EMERICK, 2005, p. 67). Outra possibilidade de traçado é variar as flechas ao longo dos
distintos vãos, de forma a obter um carregamento equilibrado constante. A dificuldade desta
alternativa é a montagem da armadura protendida, que requer um controle rigoroso do
posicionamento das cordoalhas, controlando também a movimentação dos operários ao longo
da armação e concretagem da laje (EMERICK, p. 66-67).
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
41
Com a força de protensão P calculada, é possível encontrar o número de cordoalhas
necessárias para equilibrar a carga. Basta multiplicar esta força P pela largura do pórtico
analisado, e por fim, dividir este produto pela capacidade resistente de uma cordoalha, já
considerando todas as perdas existentes (MILANI, 2006, p. 61). A NBR 6118
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) fixa os valores limites da
força aplicada numa cordoalha, para protensão não aderente, com aços de baixa relaxação
através das fórmulas 12 e 13:
ptkpi f74,0≤σ (fórmula 12)
pykpi f82,0≤σ (fórmula 13)
Onde:
σ pi: tensão na armadura ativa imediatamente após a aplicação da protensão;
fptk: tensão característica de ruptura à tração do aço de protensão;
fpyk: tensão característica convencional de escoamento à tração do aço de protensão.
Em virtude dos limites demonstrados anteriormente, seguindo as recomendações da Norma
Brasileira, as cordoalhas com diâmetro de 12,7 mm, em aço CP 190 RB (fptk = 1900 MPa e
fpyk = 1700 MPa), têm força inicial de protensão de aproximadamente 140 kN.
5.6 MÉTODOS DE ANÁLISE
Existem diversos métodos para determinar as solicitações de corte e flexão no sistema de lajes
sem vigas. Esses procedimentos podem tanto ser simplificados, como os que permitem uma
analogia de pórticos, quanto complexos, como as análises numéricas, em elementos finitos ou
elementos de contorno, por exemplo. Nos itens a seguir são descritos alguns destes métodos.
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42
5.6.1 Método dos Pórticos Equivalentes da NBR 6118/2007
Segundo a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007), as
lajes lisas e cogumelo devem ter a análise estrutural mediante procedimento numérico
adequado. Quando as lajes possuírem regularidade, com os pilares dispostos em filas
ortogonais e com vãos semelhantes, é permitido o uso do Método dos Pórticos Equivalentes
(MPE). Trata-se de um processo elástico aproximado, no qual se divide a laje em faixas,
adotando em cada direção, vários pórticos, que são analisados independentemente para
obtenção dos esforços solicitantes (figura 9). Quanto ao Método dos Pórticos Equivalentes,
Loureiro (2006, p. 1746) afirma que:
Para cálculo dos esforços devido às cargas verticais, os pórticos poderão ser considerados isoladamente para cada piso, com os pilares superiores e inferiores engastados nas extremidades, com o carregamento total atuando, separadamente, em cada uma das direções, pois o mecanismo de ruptura de uma laje apoiada diretamente sobre pilares é semelhante àquele de uma laje armada numa só direção.
Figura 9: detalhe dos pórticos e das faixas de distribuição de momentos fletores
conforme a NBR 6118/2007 (ARAÚJO, 2003, 161-162)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
43
Ainda de acordo com a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007), os pórticos devem ser analisados com carga total em ambas as direções.
A consideração dos momentos fletores, nas faixas, possui a seguinte distribuição:
a) 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas;
b) 27,5% dos momentos positivos para cada uma das faixas externas;
c) 25% dos momentos negativos para as duas faixas internas;
d) 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas externas.
A inércia das barras horizontais que compõem os pórticos é igual a da laje limitada pela
metade da distância entre duas linhas de pilares, define Araújo (2003, p. 162). Ainda segundo
Araújo (2003, p. 162): “Os momentos negativos obtidos com esse método são os valores que
devem ser usados para o dimensionamento, não sendo permitido o arredondamento do
diagrama de momentos fletores sobre os apoios.”.
Para determinar a reação vertical nos pilares, Emerick (2005, p. 81) aconselha que seja
adotado o maior dos valores encontrados, considerando a análise nas duas direções. Já Araújo
(2003, p. 163) afirma que a reação do pilar seja obtida pela média dos valores obtidos em cada
uma das duas direções. Esta reação é aquela que será usada na verificação à punção da laje.
5.6.2 Método dos Pórticos Equivalentes do ACI 318/2008
O Método dos Pórticos Equivalente proposto pelo ACI 318 (AMERICAN CONCRETE
INSTITUTE, 2008) é semelhante ao método vigente na Norma Brasileira descrito acima, mas
possui suas peculiaridades. A primeira diferença diz respeito às faixas para distribuição dos
momentos fletores. A Norma Americana considera a largura das faixas de acordo com 25%
do menor vão da laje, conforme ilustra a figura 10. Este método pode ser aplicado desde que
os pilares estejam alinhados, ou possuam desvios inferiores a 10% em relação ao alinhamento
dos demais.
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44
Figura 10: faixas de distribuição de momentos segundo o ACI 318/2008
(EMERICK, 2005, p. 84)
Na análise pelo ACI 318 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008), é possível
considerar a grande diferença entre as larguras da laje e do pilar. Tal efeito é conseguido
mediante a determinação de uma rigidez à torção no encontro entre os mesmos. Através da
fórmula 14, é calculada uma rigidez equivalente para a região, que combina a rigidezes do
pilar e do elemento de torção:
Tcec kkk
111+=
∑
(fórmula 14)
Onde:
kec: rigidez do pilar equivalente;
∑kc: soma das rigidezes dos pilares acima e abaixo da laje;
kT: rigidez do elemento torcional.
Para uma barra bi-engastada, como são admitidos os pilares no Método dos Pórticos
Equivalentes, a rigidez (kc) é obtida por:
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
45
c
ccc
L
IEk
4=
(fórmula 15)
Onde:
Ec: módulo de elasticidade do pilar;
Ic: momento de inércia do pilar;
Lc: comprimento do pilar.
Quanto à rigidez torcional, o ACI 318 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008)
estabelece as fórmulas 16 e 17, para que esta possa ser calculada (figura 11):
∑
−
=3
2
22 1.
9
ll
c
CEk c
T (fórmula 16)
∑
−=
3.63.01
3 yx
y
xC
(fórmula 17)
Onde:
l 2: largura do pórtico;
c2: dimensão do pilar perpendicular ao vão;
x: menor dimensão do retângulo que compõe o membro submetido à torção;
y: maior dimensão do retângulo que compõe o membro submetido à torção.
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46
Figura 11: elemento torcional na ligação entre laje e pilar
(LOUREIRO, 2006, p. 1747)
Os coeficientes de distribuição dos momentos fletores do ACI 318 (AMERICAN
CONCRETE INSTITUTE, 2008), também diferem dos presentes na Norma Brasileira, e estão
ilustrados na figura 12 (percentual do momento fletor no pórtico por faixa).
Figura 12: coeficientes de distribuição de momentos segundo o ACI 318/2008
(EMERICK, 2005, p. 87)
Outra recomendação existente no ACI 318 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008)
diz respeito às dimensões mínimas dos pilares que suportam um pavimento sem vigas. Tendo
que a0 e b0 são as dimensões da seção transversal dos pilar, que h é espessura da laje e que h1
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
47
é a espessura do capitel (se existir), a Norma Americana exige que se cumpram os seguintes
critérios:
a) as dimensões a0 e b0 devem ser maiores do que 25 cm;
b) tanto a0 quanto b0 devem ser maiores do que o somatório de h0 e h1;
c) a0 e b0 devem ser maiores do que a relação vão/20 na direção paralela à respectiva dimensão.
5.6.3 Método das Cargas Equivalentes
De acordo com Loureiro (2006, p. 1748), o Método das Cargas Equivalentes “[...] consiste em
substituir o cabo de protensão pelo conjunto auto-equilibrado de forças que o mesmo exerce
sobre o concreto. Esse conjunto de forças é chamado de cargas equivalentes da protensão.”.
Assim, o efeito do tensionamento da armadura ativa é analisado como um carregamento
externo atuante na laje (LOUREIRO, 2006, p. 1748). Neste método, as componentes
transversais da protensão são consideradas como cargas atuando no sentido contrário ao
carregamento proveniente das cargas verticais, permanentes e acidentais (SCHMID, 2009, p.
10). Por ser um conjunto de cargas auto-equilibrado, não surgem reações de apoio nas
estruturas isostáticas, e nos sistemas hiperestáticos, somente aparecerão reações auto-
equilibradas, os hiperestáticos (ou secundários) de protensão (FARIA, 2004, p. 16).
É importante definir o conceito de carga balanceada, que consiste em fazer com que as cargas
verticais, oriundas da protensão, equilibrem parte do carregamento externo atuante (LIN3,
1963 apud EMERICK, 2005, p. 65). Aplicando este conceito, Loureiro (2006, p. 1749)
assegura que “[...] se trabalha com boa precisão, uma vez que tanto cargas permanentes
quanto a força de protensão podem ser calculadas com pequena margem de erro.”. Segundo
Faria (2004, p. 16), a estrutura passa a ser dimensionada em relação à armadura passiva, de
forma que esta absorva o restante da carga não-balanceada.
No cálculo da força de protensão, pode ser desprezado o efeito da curvatura dos cabos. Para
uma melhor precisão, na determinação do carregamento equilibrado, é aconselhável que tal
efeito seja avaliado. Naaman4 (1982 apud EMERICK, 2005, p. 71) propõe que para os vãos
3 LIN, T. Y. Design of Prestressed Concrete Structures. 2nd ed. New York: John Wiley, 1963. 4 NAAMAN, A. E. Prestressed Concrete Analysis and Design. New York: Mcgraw-Hill College, 1982.
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internos siga-se a formulação descrita pelas fórmulas 18 e 19, estando o detalhamento do
método na figura 13.
( )2
2
021
14
lαβ eP
qB+−
= (fórmula 18)
( )2
2
022
2
1
14
l
−
+=
α
β ePqB
(fórmula 19)
Onde:
qB1 e qB2 : cargas do carregamento equilibrado;
P: força de protensão aplicada na laje, já descontadas as perdas;
β 2: coeficiente que tem valor nulo quando o cabo é ancorado no centro de gravidade da laje;
e0: excentricidade no cabo;
α 2: coeficiente do ponto de inflexão que varia de 0,05 e 0,15.
Figura 13: cargas equivalentes para os vãos internos (EMERICK, 2005, p.72)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
49
Com relação aos balanços, Emerick (2005, p. 158) considera que o carregamento equilibrado
seja feito ignorando a curvatura dos cabos de protensão. A fórmula 20, assim como a figura
14, descrevem o procedimento.
20
1
2
l
PeqB =
(fórmula 20)
Onde:
l : vão do balanço.
Figura 14: cargas equivalentes para os balanços (EMERICK, 2005, p.158)
De acordo com Emerick (2005, p. 73): “Os esforços obtidos a partir da carga balanceada são
compostos por duas parcelas: a primeira referente ao efeito isostático da protensão e a
segunda referente ao efeito hiperestático.”. Segundo Pfeil (1988, p. 178), nas estruturas
hiperestáticas, devido à continuidade existente entre os vãos, há restrições quanto às
deformações das mesmas. Esses impedimentos, ao se aplicar a protensão, geram os momentos
hiperestáticos.
Os momentos hiperestáticos produzidos pela protensão podem ser calculados admitindo-se as
seções de concreto homogêneas e não fissuradas, a partir de um comportamento elástico dos
materiais. Estas considerações levam em conta o fato de que, quando a estrutura desenvolve
fissuras, as seções têm sua rigidez reduzida, ocasionando uma redistribuição destes momentos
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
50
secundários, e tal fenômeno é de difícil compreensão (PFEIL, 1988, p. 178). Considerando a
dificuldade de avaliar tal redistribuição de esforços, quando se tem a estrutura em condições
inelásticas, Emerick (2005, p. 77) propõe: “[...] considerar o momento hiperestático de
protensão calculado com o valor da protensão efetiva, como uma solicitação que se soma aos
momentos solicitantes de projeto produzidos pelos carregamentos.”.
Pelo fato do Método das Cargas Equivalentes incluir nos esforços gerados, tanto a parcela
isostática quanto a hiperestática, é possível estabelecer uma sequência de cálculo para
determinar os valores dos efeitos secundários. O procedimento consiste em analisar a
estrutura submetida somente ao carregamento balanceado. Na região sobre os apoios, os
momentos hiperestáticos são obtidos através da fórmula 21, sendo que na região entre eles,
basta que se interpole linearmente (EMERICK, 2005, p. 78).
PeMM BALHIP −= (fórmula 21)
Onde:
MHIP: momento hiperestático;
MBAL: momento gerado pela carga balanceada;
P: força de protensão aplicada na laje, descontadas as perdas;
e: excentricidade dos cabos, em relação ao eixo central da laje.
Emerick (2005, p. 79) define que o este procedimento de cálculo dos esforços hiperestáticos
“[...] é válido para o caso de vigas continuas, podendo ser estendido para laje quando o
cálculo dor feito como faixas ou pórticos equivalentes.”.
5.6.4 Método dos Elementos Finitos
Estruturas de barras têm, em geral, solução relativamente simples ao se aplicar o método das
forças ou o método dos deslocamentos. Estas e outras técnicas, que são adequadas às
estruturas reticuladas, normalmente são difíceis de estender aos meios contínuos. Antes do
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
51
surgimento do Método dos Elementos Finitos (MEF), a análise do meio contínuo era feita
através da solução de sistemas de equações diferenciais parciais que regem o fenômeno. Este
procedimento só é possível em situações bastante restritas, com geometrias simples e em
meios contínuos homogêneos (AZEVEDO, 2003, p. 1-2).
Segundo Bono (2008, p. 99) o MEF consiste em “[...] dividir o domínio da estrutura analisada
em subdomínios ou elementos não superpostos, de dimensões finitas, que são interligados por
meio de pontos nodais [...]”. Ainda de acordo com Bono (2008, p. 100):
O Método dos Elementos Finitos consiste não apenas em transformar o sólido contínuo em uma associação de elementos discretos e escrever equações de compatibilidade e equilíbrio entre eles, mas admitir funções contínuas que representem, por exemplo, o campo de deslocamentos no domínio de um elemento e, a partir daí, obter o estado de deformações especificas correspondentes que, associados às relações constitutivas do material, permitem definir o estado de tensões em todo o elemento.
A análise das lajes protendidas através de elementos finitos pode produzir vantagens
econômicas, considerando que, se corretamente aplicado, o método conduz a informações
mais precisas e detalhadas das tensões e das flechas em serviço, e também da distribuição dos
esforços de cálculo. Esta melhor precisão decorre de que a análise via elementos finitos não
apresenta muitas das hipóteses simplificadoras dos demais métodos (FARIA, 2004, p. 46). O
mesmo autor afirma que na região dos apoios, deve-se promover uma maior discretização, já
que esta é uma região de concentração de tensões.
Neste trabalho, é proposta a análise de uma laje protendida mediante o emprego do software
comercial SAP2000. Assim, é importante conhecer algumas características deste programa.
Koerich (2004, p. 57-58) apresenta algumas hipóteses que devem ser ressaltadas:
a) os cabos de protensão podem ser retos ou parabólicos, sendo necessário que cada um deles deve estar vinculado a um estado de carga;
b) admite-se que o cabo atua em uma bainha no interior da laje;
c) o esforço de protensão é considerado na laje como um carregamento equivalente auto-equilibrado proporcional à tensão aplicada no cabo.
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52
Além das hipóteses, também é fundamental conhecer as limitações que o software impõe,
visando estabelecer sob que condições será obtida a resposta da estrutura. Koerich (2004, p.
57) também destaca estas limitações:
a) a deformação da estrutura não altera os esforços no cabo de protensão;
b) numa dada seção, cabo e elemento de concreto têm a mesma deformação transversal.
5.7 VERIFICAÇÃO AO ELU DE RUPTURA POR FLEXÃO
Segundo Emerick (2005, p. 95), “O estado limite último, Estádio III, corresponde a uma
condição em que a estrutura não pode ser mais utilizada por ter sofrido colapso ou
deformações plásticas excessivas.”. A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE
NORMAS TÉCNICA, 2007) considera que o ELU por flexão é atingido quando o concreto
atinge um encurtamento máximo de 3,5 ‰, ou quando a deformação plástica na armadura
chega a 10 ‰. Também na Norma, são feitas as seguintes considerações para o cálculo do
ELU por flexão:
a) as seções permanecem planas até a ruptura;
b) a resistência à tração do concreto deve ser desprezada, devido à fissuração;
c) a distribuição das tensões no concreto pode ser realizada a partir do diagrama parábola-retângulo, ou ainda pelo diagrama retangular equivalente;
d) as tensões nas armaduras passivas são obtidas diretamente dos diagramas tensão-deformação do próprio aço.
A NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) permite que
os esforços gerados pela protensão sejam calculados a partir da excentricidade do cabo e da
força de protensão, ou aplicando-se um conjunto de cargas equivalentes, ou ainda impondo
deformações que correspondem ao pré-alongamento da armadura. Veríssimo e César 5 (1998
apud EMERICK, 2005, p. 96) propõem uma sequência de etapas para calcular a capacidade
resistente à flexão de um elemento protendido:
5 VERÍSSIMO, G. S., CÉSAR Jr, K. L. M. Concreto protendido: fundamentos básicos. 4. ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1998.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
53
a) obter o valor de cálculo da força de protensão;
b) calcular o pré-alongamento da armadura protendida;
c) determinar o alongamento e a tensão respectiva na armadura protendida, devido à rotação gerada na seção pela ação do momento fletor;
d) verificar o equilíbrio da seção, estabelecendo, se necessário, a armadura passiva. Se não houver necessidade, basta dispor a armadura mínima.
O valor de cálculo da força de protensão, segundo Emerick (2005, p. 97) é obtido através da
fórmula 22:
kpd PP .γ= (fórmula 22)
Onde:
Pd: valor de cálculo da força de protensão;
γp: coeficiente de ponderação (1,0 para situação favorável e 1,1 para situação desfavorável);
Pk: força de protensão aplicada na cordoalha, já descontadas as perdas.
Emerick (2005, p. 98) define o pré-alongamento como a deformação na armadura protendida,
correspondente à força de neutralização, cuja magnitude representa uma condição fictícia,
onde se anulariam as tensões no concreto, na região do centro de gravidade da armadura ativa.
Esta força é determinada pelas fórmulas 23 e 24, sendo válida para protensão aderente, onde é
garantida a condição de compatibilidade das deformações:
cpppdn APP σα+= (fórmula 23)
c
pd
c
dcp
I
eP
A
P2
+=σ (fórmula 24)
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54
Onde:
Pn: força de neutralização;
αp: relação entre os módulos de elasticidade do aço de protensão e do concreto;
σ cp: tensão no concreto no centro de gravidade da armadura;
Ap: área da seção transversal da armadura ativa;
Ac: área da seção transversal de concreto;
Ic: momento de inércia da seção transversal;
ep: excentricidade do cabo em relação ao centro de gravidade da seção.
Com relação à tensão na armadura protendida não aderente, no Estádio III, tanto a NBR 6118
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) quanto o ACI 318
(AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008) permitem que esta seja determinada através
da formulação empírica destacada nas fórmulas 25 e 26 (com fck em MPa), com validade para
elementos cuja relação vão/altura útil seja superior a 35:
pyk
p
ckpep f
f≤++=
ρσσ
30070 com 210
30070 ≤+
p
ckf
ρ (MPa)
(fórmula 25)
p
p
pbd
A=ρ
(fórmula 26)
Onde:
σ p: tensão na armadura ativa não aderente, em MPa;
σ pe: tensão efetiva na armadura protendida, após todas as perdas, em MPa;
fpyk: tensão de escoamento do aço de protensão;
ρ p: taxa geométrica da armadura ativa;
b: largura da mesa de compressão;
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
55
dp: altura útil em relação à armadura ativa.
A Norma Brasileira também prevê que o valor obtido pela fórmula 25 seja dividido por um
coeficiente de ponderação adequado (γs = 1,15), para determinar a tensão de cálculo (σ pd).
Também na NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) é
permitido, que juntamente com as demais ações atuantes nos elementos protendidos,
acrescentem-se apenas os esforços hiperestáticos, não sendo necessário considerar os efeitos
isostáticos da protensão. De acordo com Emerick (2005, p. 96) isto decorre da idéia de que a
protensão é uma solicitação interna, submetendo a seção somente à flexão simples.
Verificar o equilíbrio, garantindo a condição de resistência da seção submetida à flexão, a
partir do esquema mostrado na figura 15, significa resolver o sistema de equações composto
pelas fórmulas 27 a 29.
Figura 15: seção transversal no Estádio III (EMERICK, 2005, p. 97)
As fórmulas são:
RdSd MM ≤ (fórmula 27)
0=Σ hF ptccst RRR −= (fórmula 28)
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56
0=ΣM 21 ZRZRM stccSd += (fórmula 29)
Onde:
MSd: momento solicitante de cálculo;
MRd: momento resistente de cálculo;
Rcc: resultante de forças da área de concreto comprimido;
Rpt: resultante de forças da armadura ativa;
Rst: resultante de forças da armadura passiva;
Z1 e Z2: braços de alavanca das resultantes em relação ao eixo da armadura ativa.
Partindo do diagrama retangular equivalente e das relações tensão-deformação dos aços,
conforme a NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) é
possível calcular as forças resultantes pelas fórmulas 30 a 32:
xbfR ccc 8,0= (fórmula 30)
ppdpt AR σ= (fórmula 31)
ydsst fAR = (fórmula 32)
Onde:
fc: resistência à compressão do concreto (0,85fcd);
x: profundidade da linha neutra;
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
57
Ap e As: são as áreas das armaduras ativas e passivas, respectivamente;
fyd: tensão de escoamento de cálculo do aço das armaduras passivas (fyk/γs).
O procedimento de dimensionamento da armadura passiva parte, em geral, da consideração de
que existem somente as cordoalhas protendidas para conferir equilíbrio à seção. Caso a
protensão não seja suficiente para equilibrar o momento gerado pelo carregamento externo,
dimensiona-se a armadura passiva, a partir da resultante Rst obtida através da fórmula 29
(EMERICK, 2005, p. 101). Um critério importante referente às tensões resultantes, segundo o
ACI 423 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2005) diz respeito à tensão média de
compressão na laje, que para protensão não aderente deve estar compreendida entre 0,86 MPa
e 3,5 MPa.
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6 ANÁLISE DA LAJE PROPOSTA
Primeiramente, é preciso descrever a estrutura que foi analisada neste trabalho. Visando
manter a laje especificada dentro de requisitos que permitissem a aplicação dos diferentes
métodos já citados, foi escolhido o modelo demonstrado na figura 16.
Figura 16: dimensões da laje protendida analisada
Devido à simetria nas duas direções existente na estrutura, o dimensionamento restringe-se a
apenas dois pórticos, A e B. Além das dimensões já especificadas na figura 16, algumas
outras características precisam ser definidas. São elas:
a) a espessura da laje é de 25 cm e a edificação tem pé-direito de 2,8 m;
b) o concreto tem fck de 30 MPa e o aço da armadura passiva é o CA 50;
c) a protensão é não aderente mediante o uso de monocordoalhas engraxadas com diâmetro de 12,7 mm, com área da seção transversal de 98,7 mm², em aço CP 190 RB;
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
59
d) os pilares têm seção transversal quadrada (50 x 50 cm);
e) foi usado um cobrimento nominal de 3,5 mm, considerando a edificação em ambiente urbano, classe de agressividade ambiental II;
f) as perdas iniciais e finais foram arbitradas em 6% e 20% respectivamente;
g) o carregamento atuante na laje é composto pelas seguintes parcelas,
– peso próprio (6,25 kN/m²);
– revestimento, adotado em 1,0 kN/m²;
– carga referente à existência de divisórias leves, 1,0 kN/m²;
– carga da alvenaria de vedação (espessura de 15 cm) na borda da laje, com peso especifico de 13 kN/m³;
– carga acidental de 4,0 kN/m², considerando uma edificação comercial.
A sequência de passos para o dimensionamento da laje proposta neste trabalho seguiu o
modelo definido por Milani (2006, p. 48-49), e consiste em:
a) escolher a excentricidade dos cabos e calcular a força de protensão, baseando-se na parcela do carregamento que será equilibrado pela protensão;
b) determinar a quantidade de cabos;
c) verificar os estados limites de serviço, que não foram abordados neste trabalho;
d) verificar estados limites últimos, que neste trabalho se limitou à verificação do ELU de ruptura por flexão.
O quadro 4 apresenta as estimativas da força de protensão para os pórticos A e B, que são
àqueles que foram dimensionados. A parcela do carregamento equilibrada foi o peso próprio
acrescido de 0,5 kN/m², totalizando 6,75 kN/m². No cálculo da força no balanço, considerou-
se que a protensão seja responsável também pela ação proveniente da alvenaria de contorno
(5,5 kN/m). As excentricidades aplicadas também estão retratadas no quadro 4, já respeitando
o cobrimento determinado pela NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007). Salienta-se que as estimativas se baseiam no método simplificado
anteriormente citado.
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60
REGIÃO DA LAJE
FLECHA NO CABO (cm)
ESTIMATIVA DA FORÇA DE PROTENSÃO (kN/m)
Vão central 18,0 468,80
Vão lateral 18,0 300,00
Balanço 8,0 307,50
Quadro 4: estimativas da força de protensão
Para avaliar o número de cordoalhas foi necessário escolher a força de protensão aplicada,
com base nas estimativas destacadas no quadro 4. Assim, foi estipulada uma média entre os
valores dos vãos central e lateral. Tal decisão resultou numa força de protensão de 384,40
kN/m, aplicada para os três métodos de análise abordados neste trabalho. Considerando a
capacidade resistente de um elemento como 140 kN, o número de cordoalhas necessárias para
cada pórtico está retratado no quadro 5, onde já foram acrescentados os efeitos das perdas
finais de protensão. O posicionamento dos cabos em cada pórtico foi realizado seguindo o
critério de distribuir as cordoalhas de modo aproximadamente uniforme ao longo das faixas
que compõem os mesmos.
LARGURA DO PÓRTICO (m)
NÚMERO DE CORDOALHAS
Pórtico A 6,0 20
Pórtico B 9,0 30
Quadro 5: número de cordoalhas para os pórticos A e B
Outro aspecto que é comum, tanto para análise via NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) quanto ACI 318 (AMERICAN
CONCRETE INSTITUTE, 2008) é o carregamento equivalente que simula o efeito da
protensão (figura 17). Os dados deste carregamento, para a situação final da protensão,
considerando as perdas de 20%, estão demonstrados no quadro 6. É importante ressaltar que
os pontos de inflexão foram arbitrados em 15% dos respectivos vãos, e em todos estes vãos
aplicaram-se as excentricidades máximas nas cordoalhas. A geometria do cabo está detalhada
no apêndice A.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
61
Figura 17: cargas equivalentes simulando o efeito da protensão
CARREGAMENTO EQUIVALENTE DA PROTENSÃO (kN/m) PÓRTICO
qB1 qB2 qB3 qB4 qB5
Pórtico A 95,20 -158,70 68,00 -101,50 43,50
Pórtico B 142,80 -238,00 102,00 -152,30 65,30
Quadro 6: cargas equivalentes simulando o efeito da protensão
6.1 ANÁLISE SEGUNDO A NBR 6118/2007
O primeiro passo da análise via MPE é a definição dos pórticos que compõem a laje, e as
faixas de distribuição das solicitações em cada um deles. A figura 18 demonstra estas
considerações, conforme especificado na Norma Brasileira.
Figura 18: distribuição das faixas nos pórticos A e B conforme a NBR 6118/2007
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62
A obtenção dos diagramas de momentos fletores da laje foi feita em duas etapas. Na primeira,
se avaliou a estrutura para a combinação de cargas referentes ao ELU de ruptura por flexão,
sem o efeito da protensão. As cargas permanentes e a ação acidental principal (sobrecarga)
são majoradas pelo fator 1,4. Na segunda verificação, é aplicado na estrutura somente o
carregamento equivalente da protensão, cujo objetivo é determinar os momentos fletores
decorrentes desta carga balanceada (MBAL). Os estados de cargas e as respectivas solicitações
encontradas estão demonstrados no apêndice B. A partir do momento MBAL, é possível
calcular os momentos hiperestáticos, segundo a fórmula 21 anteriormente citada. Na figura 19
encontram-se as seções para as quais foram calculados os momentos. No quadro 7 estão os
momentos hiperestáticos para cada porção da laje.
Figura 19: posição dos momentos avaliados na laje
PÓRTICO A PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO
MOMENTO HIPERESTÁTICO
MHIP (kN.m)
MOMENTO HIPERESTÁTICO
MHIP (kN.m)
MA = MD 0,00 0,00
MAB = MCD 12,80 19,50
MB = MC 25,60 38,90
MBC 25,60 38,90
Quadro 7: momentos hiperestáticos nos pórticos A e B
Os momentos fletores totais de cálculo (MSd) atuantes na laje são obtidos da soma dos
momentos oriundos do carregamento externo, decorrente da ação permanente mais a
sobrecarga (Mg,q), com os efeitos hiperestáticos de protensão (MHIP). É importante salientar
que, para tal somatório, devem-se considerar duas situações no coeficiente de ponderação (γp)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
63
do momento hiperestático. Tal fator tem valor 0,9 quando o efeito está a favor da segurança, e
1,2 quando o efeito é desfavorável. O quadro 8 traz estes resultados, para os pórticos A e B.
PÓRTICO A PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO Mg,q (kN.m) MSd (kN.m) Mg,q (kN.m) MSd (kN.m)
MA = MD -475,8 -475,8 -680,8 -680,8
MAB = MCD 274,1 289,5 412,5 435,8
MB = MC -835,5 -812,5 -1244,0 -1209,0
MBC 450,8 481,5 686,0 732,7
Quadro 8: momentos atuantes na laje para os pórticos A e B
A etapa seguinte consiste na determinação das áreas de armaduras mínimas exigidas pela
NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007). Estes valores
mínimos estão retratados no quadro 9. Destaca-se que nas faixas externas dos apoios, a
armadura mínima depende do vão da laje na direção da armadura a ser determinada. Como
forma de diferenciar as armaduras, denominou-se de positivas aquelas que atuam absorvendo
momentos positivos, nas regiões centrais dos vãos. Já na região sobre os apoios, onde atuam
momentos negativos, que tracionam as fibras superiores da laje, a armadura é designada como
negativa.
PÓRTICO A PÓRTICO B
Faixa externa 1 2,94 Faixa externa 2,94
Faixa externa 2 3,00
Faixa interna 1 2,94
Armadura positiva mínima (cm²/m)
Faixa interna 3,04 Faixa interna 2 3,00
Faixa externa 1 18,75 ou 15,00 Faixa externa 18,75 ou 15,00
Faixa externa 2 18,75 ou 15,00
Faixa interna 1 2,94
Armadura negativa mínima (cm²/m)
Faixa interna 3,04 Faixa interna 2 3,00
Quadro 9: armaduras mínimas de acordo com a NBR 6118/2007
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64
Conhecendo-se as solicitações, verifica-se a laje ao ELU de ruptura por flexão, conforme foi
detalhado no item 5.7, analisando o equilíbrio da seção transversal. Para executar tal tarefa, é
necessário obter a tensão de cálculo na armadura ativa (σ pd). Esta etapa está retratada no
quadro 10, já distribuindo as solicitações pelas faixas de projeto descritas na Norma.
PÓRTICO A PÓRTICO B
CORDOALHAS POR FAIXA
CORDOALHAS POR FAIXA
FAIXA
Nº Ap (cm²)
σ pd
(kN/cm²) FAIXA
Nº Ap (cm²)
σ pd
(kN/cm²)
Faixa externa 1 7 6,91 110,05 Faixa externa 7 6,91 110,05
Faixa externa 2 8 7,90 110,54
Faixa interna 1 7 6,91 110,05 Faixa interna 6 5,92 110,93
Faixa interna 2 8 7,90 110,54
Quadro 10: tensões de cálculo na armadura ativa
Em posse das tensões nos aços (σ pd e fyd), verifica-se a seção somente com a presença da
armadura de protensão, ou seja, fazendo Rcc = Rpt. Se esta condição não for suficiente para
equilibrar a seção, calcula-se a armadura passiva complementar, aplicando-a, desde que seja
superior à armadura mínima. Os quadros 11 e 12 exibem os cálculos para dos pórticos A e B.
PÓRTICO A
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor MSd (kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial As total (cm²/m)
Faixa externa -99,1 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34 MA = MD
Faixa interna -39,7 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 50,7 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 43,4 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -169,3 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88 MB = MC
Faixa interna -67,7 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
MBC Faixa externa 84,3 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96
MBC Faixa interna 72,2 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Quadro 11: armaduras passivas no pórtico A
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
65
PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor MSd (kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial As total (cm²/m)
Faixa externa 1 -127,7 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa externa 2 -102,1 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa interna 1 -42,6 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MA = MD
Faixa interna 2 -34,0 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 65,4 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96
Faixa externa 2 52,3 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa interna 1 43,6 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 2 34,9 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 -226,7 21,76 φ 12,5 c/ 5,5 cm 22,31
Faixa externa 2 -181,3 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88
Faixa interna 1 -75,6 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MB = MC
Faixa interna 2 -60,4 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 109,9 4,85 φ 8,0 c/ 10 cm 5,03
Faixa externa 2 87,9 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa interna 1 73,3 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MBC
Faixa interna 2 58,6 3,00 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Quadro 12: armaduras passivas no pórtico A
A distancia do centro de gravidade da armadura passiva em relação à face superior da laje (dp)
foi arbitrada em 21 cm. Salienta-se que a escolha das barras e dos espaçamentos que
caracterizam a armadura foi feita com base na maior proximidade da área calculada com
àquelas oriundas dos diâmetros comercias. A rigor, em um projeto real, devem ser também
verificadas as condições construtivas e de execução da concretagem.
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66
6.2 ANÁLISE SEGUNDO O ACI 018/2008
Assim como no caso anterior, a primeira tarefa é delimitar os pórticos e as respectivas faixas
de distribuição das solicitações, seguindo as prescrições do ACI 318 (AMERICAN
CONCRETE INSTITUTE, 2008). A figura 20 detalha estes elementos.
Figura 20: pórticos e faixas de distribuição dos momentos segundo o ACI 318/2008
O Método dos Pórticos Equivalentes proposto pelo ACI 318 (AMERICAN CONCRETE
INSTITUTE, 2008) é bastante semelhante ao da Norma Brasileira. Dentre as diferenças já
citadas no item 5.6.2, está a consideração da rigidez da ligação entre pilares e lajes. Numa
análise de estruturas de barras, como o MPE, o modo de simular tal efeito consiste em
calcular um comprimento equivalente (Leq) para os pilares, a partir da rigidez equivalente
dada pela fórmula 14.
Outro aspecto a avaliar, é a que a Norma Americana permite aumentar a rigidez da laje sobre
os pilares, considerando um momento de inércia equivalente (Ieq), e por consequência, uma
espessura equivalente (heq). Este procedimento é realizado dividindo o momento de inércia
real da laje por um fator igual a (1-c2/l2)2, onde c2 e l2 são, respectivamente, a largura do apoio
e o vão, ambos na direção transversal ao pórtico. O quadro 13 resume estas informações para
os dois pórticos avaliados, A e B.
PÓRTICO A PÓRTICO B
Leq (cm) 440 632
heq (cm) 26,5 26,0
Quadro 13: comprimentos equivalentes do pilares e alturas equivalentes da laje
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
67
A determinação dos momentos fletores de cálculo segue o mesmo procedimento descrito no
método anterior. As cargas e as respectivas solicitações estão detalhadas no apêndice B. O
quadro 14 demonstra os momentos hiperestáticos, cuja determinação também segue o mesmo
procedimento da análise anterior.
PÓRTICO A PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO
MOMENTO HIPERESTÁTICO
MHIP (kN.m)
MOMENTO HIPERESTÁTICO
MHIP (kN.m)
MA = MD 0,00 0,00
MAB = MCD 13,80 21,10
MB = MC 27,60 42,20
MBC 27,60 42,20
Quadro 14: momentos hiperestáticos para os pórticos A e B
Os momentos fletores totais de cálculo (MSd) seguem também, o mesmo modo de
determinação destacado no item 6.1, estando os resultados descritos no quadro 15.
PÓRTICO A PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO Mg,q (kN.m) MSd (kN.m) Mg,q (kN.m) MSd (kN.m)
MA = MD -452,8 -452,8 -608,8 -608,8
MAB = MCD 270,5 287,1 413,6 438,9
MB = MC -834,7 -809,9 -1230,4 -1192,4
MBC 451,5 484,6 699,6 750,2
Quadro 15: momentos solicitantes de cálculo para os pórticos A e B
Para as armaduras passivas mínimas, foi adotado o critério de calculá-las também pela NBR
6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007), com o objetivo de
permitir a comparação dos resultados entre os dois métodos (quadro 16).
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68
PÓRTICO A PÓRTICO B
Faixa externa 2,94 Faixa externa 2,84
Faixa interna 1 3,04
Armadura positiva mínima (cm²/m) Faixa interna 3,04
Faixa interna 2 3,11
Faixa externa 18,75 ou 15,00 Faixa externa 18,75 ou 15,00
Faixa interna 1 2,94
Armadura negativa mínima (cm²/m) Faixa interna 3,04
Faixa interna 2 3,04
Quadro 16: armaduras passivas mínimas para os pórticos do ACI 318/2008
Seguindo ainda a mesma série de passos do item 6.1, para verificar o ELU de ruptura por
flexão, determinou-se a tensão de cálculo na armadura ativa (σ pd), cujo cálculo está
destacado no quadro 17. Os detalhes das armaduras passivas estão demonstrados nos quadros
18 e 19.
PÓRTICO A PÓRTICO B
CORDOALHAS POR FAIXA
CORDOALHAS POR FAIXA
FAIXA
Nº Ap (cm²)
σ pd
(kN/cm²) FAIXA
Nº Ap (cm²)
σ pd
(kN/cm²)
Faixa externa 7 6,91 110,05 Faixa externa 7 6,91 110,05
Faixa interna 1 7 6,91 110,05 Faixa interna 6 5,92 110,93
Faixa interna 2 9 8,88 110,93
Quadro 17: tensão de cálculo na armadura ativa
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
69
PÓRTICO A
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor MSd (kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa -113,2 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34 MA = MD
Faixa interna 0,0 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 52,6 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 38,3 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -168,7 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88 MB = MC
Faixa interna -67,5 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 88,8 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MBC
Faixa interna 64,6 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Quadro 18: armadura passiva no pórtico A
PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor MSd
(kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa -152,2 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa interna 1 0,0 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MA = MD
Faixa interna 2 0,0 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 65,8 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96
Faixa interna 1 43,9 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 2 29,3 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -223,6 21,24 φ 12,5 c/ 5,5 cm 22,31
Faixa interna 1 -74,5 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MB = MC
Faixa interna 2 -49,7 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 112,5 5,19 φ 8,0 c/ 9,5 cm 5,29
Faixa interna 1 75,0 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MBC
Faixa interna 2 50,0 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Quadro 19: armadura passiva no pórtico B
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70
6.3 ANÁLISE ATRAVÉS DO SOFTWARE SAP2000
A laje foi discretizada com elementos finitos quadrados de tamanho único, 50 x 50 cm,
considerando-a como uma placa de maior espessura, onde são avaliados os esforços de corte
no cálculo da deformação. Os pilares foram modelados como elementos de barras, engastados
em suas extremidades. As cordoalhas foram aplicadas de maneira uniforme nas duas direções,
sendo que seus feitos são transmitidos à estrutura como um conjunto de cargas equivalentes.
A geometria dos cabos é gerada pelo próprio software, a partir de coordenadas dos pontos e
inclinações pré-estabelecidos.
As cargas são fornecidas por metro quadrado de laje, inclusive o peso próprio da estrutura,
tomando o cuidado de desativar a função que o programa possui, de gerar automaticamente o
carregamento do peso próprio. A existência da alvenaria na borda da laje foi colocada como
conjunto de cargas concentradas em cada um dos nós dos elementos que compõem a periferia
do pavimento. A majoração dos carregamentos externos é feita no momento da combinação
das ações dentro do SAP2000, através do coeficiente 1,4. Foram fornecidas também as
características dos aços CP 190 RB e CA 50, assim como do concreto com fck de 30 MPa.
Em uma análise em elementos finitos, é aconselhável verificar algumas condições que são
bastante úteis para evitar erros grosseiros. A primeira é uma listagem das reações nos apoios,
para verificar uma possível falha no lançamento dos carregamentos, comparando o total das
reações com o somatório das cargas. Uma segunda avaliação é na deformada da estrutura,
para examinar se o resultado é coerente com o que se espera na realidade. Outro aspecto
importante a ponderar é que, em geral, o SAP2000 fornece os resultados em termos de uma
média dos valores das tensões e solicitações nos nós dos elementos finitos. É importante,
principalmente nos casos de regiões com concentrações de tensões, que se solicite ao
programa uma resposta sem esta suavização dos resultados nos elementos. Assim é possível
avaliar a qualidade da malha através da existência de descontinuidades nesta visualização sem
os valores médios. Um efeito de serrilhado proeminente é um indicativo de que é
aconselhável refinar a malha.
Deve-se ter um cuidado especial na região dos apoios, pois há ali uma grande concentração de
tensões, e como se trata de uma análise elástica linear, a plastificação da seção não é
considerada, fazendo com que, em alguns casos, sejam ultrapassados os limites da região
linear dos materiais. Na figura 21 está demonstrada a laje examinada.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
71
Figura 21: laje analisada por elementos finitos (SAP2000)
Uma primeira análise foi feita considerando a laje submetida aos carregamentos externos, sem
considerar a presença dos cabos de protensão. O resultado está na figura 22 e também no
quadro 20, onde se encontram os momentos fletores de cálculo na direção x, calculados para
os mesmos pórticos A e B usados nos Métodos dos Pórticos Equivalentes anteriormente
destacados. A determinação destes momentos é feita a partir da integração dos momentos nas
faixas correspondentes às larguras dos pórticos, aproximando a área por sucessivos trapézios
ao longo dos elementos.
Figura 22: momentos fletores, em kN.m, na direção x sem o efeito da protensão
(SAP2000)
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
72
PÓRTICO A PÓRTICO B
POSIÇÃO DO MOMENTO Mg,q (kN.m) Mg,q (kN.m)
MA = MD -354,3 -539,1
MAB = MCD 282,1 414,8
MB = MC 755,7 -1130,0
MBC 497,9 741,2
Quadro 20: momentos solicitantes devido ao carregamento externo (cargas acidentais e permanentes) para os pórticos A e B
Uma segunda análise da laje foi realizada já com a aplicação das cordoalhas protendidas.
Apesar de o software permitir que se empregue os parâmetros para o cálculo das perdas de
protensão, estes não foram usados, pois nas demais verificações as perdas estão somente
estimadas. Assim, o critério foi acrescentar à cordoalha uma força de protensão constante ao
longo da peça onde já se descontou o efeito decorrente das perdas finais. A figura 23 retrata
os resultados para os momentos fletores de cálculo na direção x, com o efeito da protensão.
Figura 23: momentos fletores, em kN.m, na direção x com o efeito da protensão
(SAP2000)
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
73
A partir do resultado fornecido pelo SAP 2000, extraem-se os momentos fletores, integrando
os resultados, conforme as faixas de distribuição propostas pela NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2007) e pelo ACI 318 (AMERICAN
CONCRETE INSTITUTE, 2008). Destes momentos distribuídos, verifica-se a armadura
passiva para equilibrar a seção. Para a determinação das armaduras passivas mínimas, foram
aplicadas as especificações da Norma Brasileira. Os quadros 21 a 24 resumem estas
considerações.
PÓRTICO A – NBR 6118/2007
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor
(kN.m/m) As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa -42,3 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34 MA = MD
Faixa interna 20,2 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 20,4 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 8,1 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -105,4 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88 MB = MC
Faixa interna -14,2 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 55,7 6,33 φ 12,5 c/ 19 cm 6,46 MBC
Faixa interna 43,5 4,90 φ 12,5 c/ 25 cm 4,91
Quadro 21: momentos fletores e armaduras passivas no pórtico A para as faixas segundo a NBR 6118/2007
PÓRTICO B – NBR 6118/2007
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor
(kN.m/m) As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa 1 -58,4 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa externa 2 -60,4 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa interna 1 17,2 2,94 φ 8 c/ 17 cm 2,96 MA = MD
Faixa interna 2 26,8 3,00 φ 8 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 22,5 2,94 φ 8 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa externa 2 23,3 3,00 φ 8 c/ 16 cm 3,14
Continua
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
74
Continuação
Faixa interna 1 8,0 2,94 φ 8 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 2 5,0 3,00 φ 8 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 -143,2 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88
Faixa externa 2 -134,3 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88
Faixa interna 1 -23,1 2,94 φ 8 c/ 17 cm 2,96 MB = MC
Faixa interna 2 -6,2 3,00 φ 8 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 1 58,1 6,61 φ 12,5 c/ 18 cm 6,82
Faixa externa 2 58,3 6,63 φ 12,5 c/ 18 cm 6,82
Faixa interna 1 45,3 5,10 φ 12,5 c/ 24 cm 5,11 MBC
Faixa interna 2 41,0 4,60 φ 12,5 c/ 26 cm 4,72
Quadro 22: momentos fletores e armaduras passivas no pórtico B para as faixas segundo a NBR 6118/2007
PÓRTICO A – ACI 318/2008
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento
fletor (kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa -42,3 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34 MA = MD
Faixa interna 20,2 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 20,4 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 8,1 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -105,4 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88 MB = MC
Faixa interna -14,2 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 55,7 6,33 φ 12,5 c/ 19 cm 6,46 MBC
Faixa interna 43,5 4,90 φ 12,5 c/ 25 cm 4,91
Quadro 23: momentos fletores e armaduras passivas no pórtico A para as faixas segundo o ACI 318/2008
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
75
PÓRTICO B – ACI 318/2008
POSIÇÃO DO MOMENTO
FAIXA Momento fletor MSd
(kN.m/m)
As adotada (cm²/m)
As comercial (cm²/m)
As total (cm²/m)
Faixa externa -72,2 15,00 φ 12,5 c/ 8 cm 15,34
Faixa interna 1 17,2 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MA = MD
Faixa interna 2 22,3 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 25,2 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96
Faixa interna 1 8,0 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MAB = MCD
Faixa interna 2 6,8 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa -149,3 18,75 φ 12,5 c/ 6,5 cm 18,88
Faixa interna 1 -23,1 2,94 φ 8,0 c/ 17 cm 2,96 MB = MC
Faixa interna 2 -12,8 3,04 φ 8,0 c/ 16 cm 3,14
Faixa externa 60,0 6,83 φ 12,5 c/ 18 cm 6,82
Faixa interna 1 45,3 5,10 φ 12,5 c/ 24 cm 5,11 MBC
Faixa interna 2 42,7 4,81 φ 12,5 c/ 25 cm 4,91
Quadro 24: momentos fletores e armaduras passivas nos pórticos B para as faixas segundo o ACI 318/2008
Um aspecto interessante presente nos dados dos quadros 21 a 24 é a distribuição dos
momentos fletores nos apoios das extremidades (MA e MD). Nestes pilares, há inversão do
sentido dos momentos nas faixas internas. Este resultado é condizente com os coeficientes de
distribuição do ACI 318 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008), que nesta região,
estabelece que todo momento negativo seja dividido igualmente entre as faixas externas.
Diferentemente, a Norma Brasileira permite que os esforços sejam distribuídos ao longo de
todas as faixas, mesmo nestas porções internas.
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7 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
A primeira comparação relevante é referente às solicitações de flexão nos pórticos
equivalentes conforme os três procedimentos estudados. Nestes três casos, estudou-se a laje
ainda sem o efeito da protensão. No quadro 25, encontram-se tais resultados.
PÓRTICO A PÓRTICO B
Momento NBR 6118
(Kn.M) ACI 318 (kN.m)
Diferença (1) (%)
NBR 6118 (kN.m)
ACI 318
(kN.m) Diferença (1)
(%)
MA = MD -475,8 -452,8 -4,83 -680,8 -608,8 -10,58
MAB = MCD 274,1 270,5 -1,31 412,5 413,6 0,27
MB = MC -835,5 -834,7 -0,10 -1244,0 -1230,4 -1,09
MBC 450,8 451,5 0,16 686,0 699,6 1,98
(1) As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Mom. ACI/Mom. NBR)-1]*100
PÓRTICO A PÓRTICO B
Momento MEF
(kN.m)
Diferença(2) em relação à NBR 6118
(%)
Diferença(3) em relação ao ACI 318
(%)
MEF (kN.m)
Diferença(2) em relação à NBR 6118
(%)
Diferença(3)
em relação ao ACI 318
(%)
MA = MD -354,3 -25,54 -21,75 -539,1 -20,81 -11,45
MAB = MCD 282,1 2,92 4,29 414,8 0,56 0,29
MB = MC -755,7 -9,55 -9,46 -1130,0 -9,16 -8,16
MBC 497,9 10,45 10,28 741,2 8,05 5,95
(2) As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Mom. MEF/Mom. NBR)-1]*100
(3) As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Mom. MEF/Mom. ACI)-1]*100
Quadro 25: momentos fletores por pórtico, sem protensão
Neste quadro 25 fica evidente que os dois métodos aproximados (MPE) convergem para uma
resposta semelhante, sendo que a única diferença de magnitude relevante aparece nos esforços
dos pilares de extremidade, que sofrem o efeito dos balanços, onde a diferença atinge 10,58%
no pórtico B. Nestas regiões, a consideração do aumento da rigidez no encontro laje-pilar,
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
77
proposta pelo pórtico da Norma Americana conduz a momentos fletores bastante inferiores ao
do pórtico simples da Norma Brasileira. Já os resultados obtidos através do SAP2000
apresentam momentos fletores com maior magnitude nas regiões centrais dos vãos. Nos
apoios, o MEF produz uma significativa redução destas solicitações. Resultados semelhantes
foram obtidos por Faria (2004). Também fica evidente que o MPE do ACI 318 (AMERICAN
CONCRETE INSTITUTE, 2008) gera solicitações mais próximas àquelas oriundas da análise
via MEF, cuja resposta, supostamente, reproduz de maneira mais próxima a realidade dos
esforços na laje.
Uma segunda análise é feita para comparar as áreas de armaduras passivas para cada faixa
estudada no pórtico, aplicando os Métodos dos Pórticos Equivalentes. Estes resultados estão
apresentados no quadro 26.
PÓRTICO A PÓRTICO B
NBR 6118/2007
ACI 318/2008
NBR 6118/2007
ACI 318/2008 MOMENTO
Área de aço no pórtico
(cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%) Área de aço
no pórtico (cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%)
MA = MD 67,64 67,64 0,00 82,79 76,70 -7,36
MAB = MCD 18,11 18,11 0,00 27,30 27,16 -0,51
MB = MC 81,80 81,80 0,00 105,59 104,59 -0,95
MBC 18,11 18,11 0,00 31,67 36,50 15,25
As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Área ACI/Área NBR)-1]*100
Quadro 26: áreas de armaduras passivas segundo os Métodos dos Pórticos Equivalentes da NBR 6118/2007 e ACI 318/2008
No pórtico A não são encontradas diferenças, pois os dois métodos geram resultados iguais.
Isto ocorre porque as larguras das faixas são as mesmas, a protensão também é idêntica e, por
conseqüência, as armaduras mínimas são também as mesmas. Por fim, como a verificação do
equilíbrio da seção conduziu a resultados onde toda a segurança da laje é satisfeita pela ação
da protensão, toda armadura passiva é a mínima. Já no pórtico B, se nota uma diferença mais
acentuada, pois a consideração da rigidez dos pilares, condição do MPE do ACI 318
(AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008), faz com que haja diminuição de aço nos
apoios, com um consequente aumento de área de aço nos vãos.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
78
Com relação ao Método dos Elementos Finitos, a comparação dos resultados é dividida em
duas análises. A primeira é feita aplicando o MEF segundo as faixas de distribuição de
momentos dispostas na Norma Brasileira. No segundo estudo, consideraram-se as faixas
conforme a Norma Americana. Os quadros 27 e 28 resumem estes resultados.
PÓRTICO A PÓRTICO B
NBR 6118/2007
MEF NBR
6118/2007 MEF
MOMENTO
Área de aço no pórtico
(cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%) Área de aço
no pórtico (cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%)
MA = MD 67,64 67,64 0,00 82,79 82,79 0,00
MAB = MCD 18,11 18,11 0,00 27,53 27,53 0,00
MB = MC 81,80 81,80 0,00 105,59 98,72 6,96
MBC 18,11 35,01 -48,27 31,67 52,70 -39,91
As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Área NBR/Área MEF)-1]*100
Quadro 27: diferenças nas áreas de armaduras passivas
PÓRTICO A PÓRTICO B
ACI 318/2008
MEF ACI
318/2008 MEF
MOMENTO
Área de aço no pórtico
(cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%) Área de aço
no pórtico (cm²)
Área de aço no pórtico
(cm²)
Diferença (%)
MA = MD 67,64 67,64 0,00 76,70 76,70 0,00
MAB = MCD 18,11 18,11 0,00 27,16 27,16 0,00
MB = MC 81,80 81,80 0,00 104,59 90,85 15,35
MBC 18,11 35,01 -48,27 36,50 52,22 -30,10
As diferenças são calculadas segundo a relação: [(Área ACI/Área MEF)-1]*100
Quadro 28: diferenças nas áreas de armaduras passivas
Mais uma vez, há poucas diferenças em relação ao pórtico A, pois este tem sua condição de
segurança garantida apenas pela protensão na maioria dos casos, exigindo apenas a colocação
de armadura mínima nestas posições. A alteração se restringe ao vão central, aonde a análise
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
79
através do SAP2000 conduziu a esforços que necessitam de uma armadura com praticamente
o dobro de área de aço da armadura passiva mínima na região do momento MBC.
Os resultados para o pórtico B demonstram que, para a análise via elementos finitos, há
considerável redução de aço na região dos pilares, com consequente aumento da área de aço
no vão central. Também se deve destacar que as faixas de distribuição de momentos aplicadas
segundo o ACI 318 (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008) conduzem a momentos
fletores mais próximos aos do estudo gerado a partir do software SAP2000, confirmando os
resultados do quadro 26, onde o método da Norma Americana se mostra mais econômico
diante do procedimento da NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2007).
Um aspecto importante a salientar é que ao modelar os pilares como barras, foram obtidas
grandes concentrações de tensões nos elementos finitos desta porção da laje. Tal efeito foi
desprezado na integração dos momentos fletores. Uma hipótese para adequar o resultado seria
uma maior discretização da malha nestas regiões. O SAP2000 apresenta um sistema de
geração de malhas bastante limitado, o que dificulta um melhor detalhamento. Simplesmente
subdividir os elementos próximos aos pilares não conduz a uma boa resposta, pois não é
possível manter uma malha estruturada. O uso de elementos triangulares de transição entre a
malha de elementos quadráticos também não apresentou resultados satisfatórios, gerando
inúmeras descontinuidades nas áreas adjacentes aos apoios.
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
80
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto aos resultados do dimensionamento à flexão, é importante salientar que os três
métodos de análise convergem para resultados semelhantes, conforme era esperado. Isto
demonstra que o Método dos Pórticos Equivalentes é realmente uma boa ferramenta de
análise para as estruturas que possuam regularidade.
Com relação ao consumo de materiais, tem-se que os volumes de aço são bastante
semelhantes, com leve vantagem para Método dos Elementos Finitos, já que a redução das
armaduras nos apoios compensa o aumento no vão central. Quanto ao concreto, as três
verificações utilizaram a mesma espessura de laje, buscando manter uma esbeltez condizente
com a bibliografia consultada.
Para avaliar realmente a possibilidade de reduzir a espessura da laje, é fundamental verificar
os estados limites de serviço. Outro aspecto importante que pode alterar a altura da laje é o
estudo da punção. Tal fenômeno, em muitos casos, é um limitador neste tipo de estrutura.
Geralmente, a punção apresenta maiores efeitos nos pilares de canto e de extremidade, por
isso é aconselhável dispor o pavimento com balanços, para aumentar a área de contribuição
no entorno dos pilares. Outro ELU a considerar num estudo futuro é a verificação das tensões
no concreto no ato da protensão. A distribuição uniforme dos cabos tende a reduzir este efeito,
pois evita a concentração dos esforços em uma só porção da laje. Mas um maior número de
cordoalhas na região dos pilares pode conduzir a resultados mais econômicos do ponto de
vista do consumo de aço para armadura passiva, já que as maiores solicitações se concentram
nas faixas externas.
Outro fator importante para completar a análise de uma estrutura protendida é a determinação
das perdas reais de protensão, avaliando o comportamento do cabo no pavimento, pois as
perdas variam ao longo do cabo, diferentemente da consideração deste trabalho, onde estas
foram arbitradas como constantes.
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
81
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83
APÊNDICE A – Geometria dos cabos de protensão
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
84
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
85
APÊNDICE B – Diagramas de momentos fletores segundo a NBR
6118/2007 e o ACI 318/2008
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
86
Momentos fletores, em kN.m, devido ao carregamento externo para a NBR 6118/2007
__________________________________________________________________________________________ Lajes lisas protendidas: comparação dos métodos de dimensionamento à flexão
87
Momentos fletores, em kN.m, devido às cargas balanceadas para a NBR 6118/2007
__________________________________________________________________________________________ Giordano Von Saltiél Lorenci. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2010
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Momentos fletores, em kN.m, devido ao carregamento externo para o ACI 318/2008