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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM COORDENAÇÃO
PEDAGÓGICA
MINIMIZANDO DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA NO
ENSINO MÉDIO1
EDITE CARLOS DA SILVA SOUSA2
Araguaína -TO
1 Relatório analítico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Coordenação Pedagógica, como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação Pedagógica, sob a orientação da professora Martha Holanda da Silva.2 Edite Carlos da Silva Sousa - 2011 – Secretária Geral do CEM Dr. José Aluísio da Silva Luz Cursista do Programa Progestão 6ª edição. Ano 2008/2009. - Formação acadêmica em História – Pós Graduação em Formação Sócio Econômica do Brasil. Email: editecarlos [email protected].
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade dar publicidade aos resultados da pesquisa-ação desenvolvida para a melhoria na aprendizagem dos alunos de 1ª série “B” do Ensino Médio do CEM Dr. José Aluisio da Silva Luz. Objetivou-se com isso analisar as dificuldades da aprendizagem em Matemática e colher sugestões de como minimizá-las. Aplicou-se metodologicamente questionários investigativos aos pais, alunos e professores. Aos pais, investigou-se quantos acompanham a atividade extraclasse dos filhos. Aos alunos e professores, buscou-se identificar as principais dificuldades no ensino e na aprendizagem matemática. Os dados coletados revelaram que a maioria dos alunos tem dificuldades em aprender matemática. Foi necessária uma parceria com pais, alunos e professores, para encaminhar estratégias que levassem a turma a melhores resultados de aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: aprendizagem, acompanhamento, dificuldades.
1 INTRODUÇÃO
O Centro de Ensino Médio, Dr. José Aluísio da Silva Luz, criado em 1980,
localizado no Setor Coimbra, Av. Goiás S/N, Araguaína - TO., pertencente a rede de
ensino Estadual teve em 2011, aproximadamente 1.250 alunos matriculados na
modalidade que oferece: Ensino Médio, cuja pontuação no IDEB em 2009 foi de 3,3 e
cuja meta para 2011 seria 3,2. A pontuação no ENEM em 2010 apresentou uma média
geral de 51,49 pontos, com 127 participantes.
Com base nesses indicadores, este Relatório Analítico tem a finalidade de
apresentar os resultados da pesquisa-ação realizada pela Coordenação Pedagógica do
Centro de Ensino Médio Dr. José Aluisio da Silva Luz, no tocante às dificuldades na
aprendizagem de matemática.
O presente projeto buscou identificar e analisar as causas que dificultam a
aprendizagem em matemática, envolvendo alunos da 1ª série “B” dessa Unidade
Escolar.
As estratégias metodologias empregadas aplicadas de questionários
investigativos, contendo questões especificamente voltadas para pais, alunos e
professores. Para os pais, foram investigados, além de outros fatores, quantos deles
2
acompanhavam a atividade extraclasse dos filhos, no intuito de incentivá-los a uma
maior participação na vida escolar dos filhos. Além disso, buscou-se compreender se
eles, os pais, saberiam identificar as reais dificuldades dos filhos em matemática e se
poderiam ajudá-los em seus afazeres extraclasse. O questionário voltado para alunos e
professores procurou relacionar as principais dificuldades no ensino aprendizagem de
Matemática, no intuito de colher, também, sugestões de como minimizá-las.
No processo de pesquisa-ação, contou-se com a participação do professor de
Matemática, Pedro, e, ainda de 46 alunos, freqüentes no 3º bimestre letivo de 2011, na
turma 1ª série “B” do Ensino Médio do Centro de Ensino Médio Dr. José Aluísio da
Silva Luz e, também com uma média de 35 pais desses alunos.
Após discussão e análise dos questionários, concluiu-se que haveria necessidade
de implantação de estratégias de reforço para minimizar as dificuldades de
aprendizagem relatadas. Dentre as principais dificuldades está a aprendizagem de novos
conceitos, baseados em conteúdos vistos em anos anteriores, ditos pré-requisitos para a
continuidade da aprendizagem atual. Para organizar as ações propostas optou-se em
parceria com pais, alunos e professor pela realização de atividades no seguinte processo:
no 1º bimestre, aulas de reforço extraclasse na U. E., realizadas pelos próprios alunos
da turma e, ainda com a participação de monitores da UFT. Durante estas aulas de
reforço houve a escolha de temas ou áreas da matemática que fariam parte da revisão
(ou aula de reforço semanal) realizada pelo professor da turma no horário normal das
aulas. No 2º bimestre, os alunos locaram, da escola, DVDs contendo tele-aulas, para
estudo em casa. No início do 3º bimestre, houve a entrega de 13 DVDs para os alunos
que continuaram com notas reprovativas em matemática.
Durante o trabalho de intervenção houve consulta a vários livros, revistas, sites e
outros meios que forneceram subsídio para a melhoria da prática pedagógica,
facilitando o processo de ensino e aprendizagem, desde a realização de aulas até a
aplicação de atividades de Matemática.
Dentre os principais autores consultados para aprofundamento teórico da
pesquisa encontram-se os estudos de Adelar Hengemuhle (2004), autor de pesquisas
que apontam para a realização de práticas pedagógicas voltadas para o eixo das
competências e habilidades e do perfil educacional de alunos e professores. As teorias
de Dione Lucchesi de Carvalho (2006) trouxeram contribuições para o uso de
metodologias do ensino de matemática, lançando luz sobre várias práticas pedagógicas.
3
Pela teoria de Celso Antunes (2007), percebeu-se que as práticas pedagógicas de antes
não condizem com as necessidades do ensino e da aprendizagem da educação moderna.
E, para incentivar os alunos a melhorar a auto-estima, antes os desafios da
aprendizagem, os textos oferecidos durante as reuniões mensais para reflexão foram
baseados nas concepções de Neva Milicic Muller (2001).
Durante as reuniões semanais com professores da área de Matemática, Física e
Química para planejamento das ações didáticas e outras discussões sobre ensino e
aprendizagem surgiram preocupações no que se refere ao índice de reprovação de
alguns alunos, abandono daqueles cujas notas e faltas são condizentes com a pouca
aprendizagem. Ao indagar os professores sobre o porquê da situação preocupante desses
alunos (denominados de “aqueles que não querem nada”), foi apontada a “falta de base
dos mesmos com a disciplina de Matemática”. Esse problema apontado se refere a
aprendizagem de conteúdos anteriores, especialmente de séries ou anos anteriores. Ou
seja, os alunos não aprendem porque não sabem ou não possuem conhecimentos que
são pré-requisitos para o assunto em pauta. Como exemplo, podemos citar que não
entenderam radiciação ou potenciação no 9º ano do Ensino Fundamental. Assim, na
perspectiva do professor, a culpa do fracasso recai nos anos letivos anteriores. Para os
alunos é a continuidade dos problemas escolares, agravados pela disciplina sem
atrativos e de pouca compreensão, a Matemática.
Essas constatações nos levaram, enquanto coordenação pedagógica, a pensar em
um Projeto de Intervenção que pudesse viabilizar melhorias no processo ensino-
aprendizagem. Todas elas apontadas, discutidas e selecionadas pelos participantes: pais,
alunos e professor de Matemática da turma. Assim, a garantia de sucesso na aplicação
desse trabalho é bem maior, por ser participativo e conter as idéias do grupo
participante, pois conforme explica Almeida, o sucesso do trabalho pedagógico é
alcançado pela participação coletiva.
A ação efetiva do Coordenador Pedagógico no sentido da mobilização de cada ator (em particular) e da equipe escolar (em geral) na perspectiva da superação do fracasso escolar só é possível se as ações individuais são decorrentes de um projeto construído coletivamente, se estão ancoradas no acolhimento, na disponibilidade e no comprometimento individual e do grupo e, sobretudo, se são valorizadas, apoiadas e viabilizadas pela gestão da escola. (ALMEIDA, 2006, p. 105).
Com base na assertiva acima, envidamos esforços em conseguir parceria entre
pais, alunos e professores com envolvimento da Coordenação Pedagógica e da Gestão
da escola. É por esse motivo que se espera que sua aplicação e continuidade em anos
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posteriores, seja um sucesso em aprendizagem, qualidade, aumento na auto-estima dos
alunos e desenvolvimento do gosto e respeito pela Matemática.
2 A NECESSIDADE DE SE APRENDER EM PARCERIA
Aprender é uma necessidade e um direito de cada cidadão, os quais estão
assegurados na CF/88 e na LDB/96. Conforme determina o Artigo 53 do Estatuto da
Criança e do Adolescente (2006, p. 17), “A criança e o adolescente têm direito a
educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho”. Isso significa que a escola deve primar pela
igualdade de condições para o acesso e permanência do aluno, para que este perceba seu
valor e sua responsabilidade para a concretização da aprendizagem.
A garantia de aprendizagem também está prevista na Constituição Federal, no
Capítulo II, Seção I da Educação, Artigo 205, que coloca a “Educação como direito de
todos e dever do Estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Pelo exposto, podemos dizer que as leis de nosso país sempre estiveram e estão
direcionadas a proteger e dignificar a todos, com igualdade de direitos,
responsabilidades e condições para o pleno exercício da cidadania. Entretanto,
conseguir habilidade para apreender e usufruir do conhecimento não é tarefa fácil para
todos. Embora exista a igualdade dos indivíduos perante a Lei, há desigualdades
individuais no que se refere ao tempo de aprendizagem e principalmente à capacidade
intelectual ou de entendimento de cada um. Tudo isso condicionado ao grau de auto-
estima (ou o quanto nos preocupamos conosco mesmo e queremos o nosso bem estar
agora e no futuro), cuidados familiares (preocupação de uns com os outros da mesma
família) e outras peculiaridades que cercam cada indivíduo. A idéia é que uma pessoa só
poderá gostar ou sentir prazer em realizar uma tarefa, especialmente as escolares de
Matemática (consideradas enfadonhas, pelos alunos entrevistados), se estes a
entenderem e aceitarem como importantes para sua vida.
Citando aqui as idéias de Hengemuhle, quando se refere a interesse, motivação
para contextualização de conhecimentos
5
Hoje, gostaríamos muito, se fossemos alunos de matemática, por exemplo, e o professor conseguisse nos convencer sobre as razões que nos levariam a motivar-nos para aprender uma fórmula x ou y. Sem esse sentido nossa aprendizagem apenas torna-se mecânica, sem significado e logo é esquecida. (HENGEMUHLE, 2004, p. 38).
No caso das tarefas e conceitos de Matemática, se os alunos souberem realmente
onde pretendem chegar em seus conhecimentos, o que, e como farão exatamente para
minimizar suas dificuldades de aprendizagem, poderão valorizar e aceitar a realização
de tarefas dentro e fora da sala de aula. Especialmente, precisam acreditar que o que
fazem é importante para o agora e para o futuro.
Segundo o educador brasileiro Paulo Freire, citado por Antunes,
...toda aula precisa ser instrumento de reflexão e de crítica e sua consciência não pode existir fora da prática. A educação bancária (aquela na qual o professor deposita conhecimentos na mente de seus alunos) necessitava tornar-se uma educação libertadora que, levando a reflexão, desperta a crítica e leva a ação. (ANTUNES, 2007, p. 180).
Pela vivência escolar com professores e alunos, podemos entender que os
problemas de aprendizagem, especialmente no caso da Matemática advêm da educação
bancária, citada e combatida por Paulo Freire (1975) em sua obra Pedagogia do
Oprimido, onde a escola é vista como lugar que deve permitir situações enriquecedoras,
e que deve se preocupar em organizar um contexto de sala de aula que induza a
discussão, respeito à diversidade de opiniões e liberdade de expressão.
O que se pode ver na maioria das vezes é que os conceitos matemáticos e
especialmente as fórmulas são na maioria das vezes repassados para os alunos sem
mencionar de forma teórica, os procedimentos (muitas vezes longos e complexos) que
levam obtenção do princípio, talvez entendessem e valorizassem o conceito.
Tomando como exemplo pode-se citar que, para chegar ao entendimento
matemático de b2-4ac, constante na fórmula de Baskara, foram anos de estudos
comparativos e de raciocínio lógico. Repassar de forma reflexiva aos alunos o porquê e
como foi desenvolvido um conhecimento, é o primeiro passo para se entender, aceitar e
valorizar qualquer assunto como verdadeiro, inclusive a Matemática.
Conforme comenta Hengemuhle,
Não se pode mais conceber que a escola apenas se preocupe em repetir informações, conteúdos. É preciso dar aos alunos a possibilidade de desenvolver suas habilidades mentais, para que o cérebro possa utilizar suas
6
infinitas capacidades em prol do bem – estar da pessoa e do meio. (HENGEMUHLE, 2004, p. 42).
Apesar dos novos livros de matemática deixar de conter explicações
denominadas de arcaicas, tornando-se mais coloridos, com temas contemporâneos e
assuntos que pretendem ser interessantes, ainda assim continuam difíceis para alguns
alunos. Talvez isso se deva a idéia de alguns alunos que imaginam que o professor deve
explicar de forma que ele entenda, de forma clara e simplificada, substituindo todas as
dificuldades por facilidades. Isso é exemplo claro da idéia bancária da educação.
Na busca pelas atitudes positivas com relação à matemática, nos espelhamos nas
idéias de Fiorentini, quando coloca o depoimento de um aluno, colhido no período de
sua pesquisa escolar.
Eu sempre gostei de Matemática, até a 4ª série só tirava notas boas em Matemática, dos meninos eu era o melhor aluno da sala. Quando passei da 4ª para a 5ª série a Matemática começou a se apagar dentro de mim, tudo ficou tão difícil, não entendia nada. Ficou tudo tão chato! A matéria não entrava na minha cabeça. [...], foi a partir daí que comecei a odiar Matemática. (FIORENTINI, 2006, p. 105-106).
O orgulho de saber bem na 4ª e a frustração do aluno a partir da 5ª série revelam
a atitude negativa com relação à matemática para muitos alunos. Foi essa preocupação
que moveu a pesquisadora citada acima a se engajar em um projeto de pesquisa, visando
buscar formas de entender e minimizar as dificuldades em matemática. Foi esse
sentimento que inspirou também nosso trabalho de pesquisa. O trabalho do coordenador
pedagógico se faz importante na busca de soluções possíveis para professores e alunos
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
2.1 Visão Escolar dos Pais, Alunos e Professores
Como resultado das reuniões bimestrais com pais, das mensais com os alunos e
professores, quando se oportunizou a discussão sobre dificuldades de aprendizagem,
expectativas e acompanhamento dos pais, através dos questionários respondidos pelos
envolvidos, foram colhidas informações e socializadas as questões propostas nos citados
questionários. Semanalmente, durante a hora atividade com professor da turma: 1º
médio básico “B” e a Coordenadora Edite, foram discutidos assuntos como o
planejamento das aulas, atividades com alunos e outros assuntos pertinentes.
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Na visão dos alunos, conforme descrito nos questionários, suas principais
dificuldades estão ligadas a fatores diversos. Falta de habilidades advindas de anos
escolares interiores, repetência na mesma série, desatenção em algumas aulas, por
julgarem a matemática com poucos atrativos, entre outros. Alguns citaram que as aulas
de 40 minutos eram curtas, o bimestre entendido dessa forma se tornava pequeno para
tantas atividades. Nesse contexto, o ano letivo ficaria insuficiente para tanta
aprendizagem escolar.
Quanto às respostas relevantes para esta pesquisa por parte dos alunos, podemos
citar a de que se refere “aos conteúdos de matemática básica, que desconhece ou possui
dificuldades em aprender”. As respostas variaram entre operações com expoente,
potenciação e radiciação, número decimal, frações e outros conteúdos básicos do Ensino
Fundamental. Alguns marcaram todas as respostas, apontando que possuiriam múltiplas
dificuldades. Essas dificuldades levaram a maioria dos alunos pesquisados a responder
não, quando perguntados sobre se gostavam ou não de Matemática. Entretanto a maioria
dos pesquisados se considera bom aluno, embora admita que converse durante as
explicações do professor. Essa atitude seria em decorrência de sua crença na
incapacidade de aprender a disciplina.
Na explicação do professor de matemática da turma citada, alguns alunos não
aprendem por que há todo um currículo a ser trabalhado na turma, durante o ano letivo e
o tempo é corrido. Há alunos pouco interessados em melhorar sua aprendizagem, se
preocupando com notas em detrimento da aprendizagem. Geralmente são aqueles que já
vieram de anos letivos anteriores com deficiência na aprendizagem em Matemática. As
aulas de revisão tornam-se desinteressantes para aqueles que já assimilaram o conteúdo.
As aulas se tornam desgastantes para alunos que se julgam incapazes de aprender
Matemática, buscando refúgio nas conversas paralelas.
Para o professor, a maior dificuldade relatada foi no que se refere ao
acompanhamento por parte dos pais. E quando questionado sobre as maiores
dificuldades que enfrentava ao ministrar o conteúdo de matemática na turma
pesquisada, o professor não teve dúvida ao responder que eram as conversas paralelas,
que provocavam a desatenção e a indisciplina e conseqüente falta de aprendizagem.
Sobre o que fazer quando identifica que seus alunos estão com dificuldades em aprender
os conteúdos previstos, o professor respondeu que procura sensibilizá-lo (os seus
alunos) quanto à importância dos estudos.
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A atitude do professor é fundamental para a aprendizagem dos alunos, pois
conforme Marcos T. Masetto (1992, p. 66) “o papel do professor foi fundamental: sua
postura, dedicação e objetividade com que trata os assuntos, cativam os alunos e faz
com que haja integração entre aluno e professor”.
O trabalho do professor de Matemática foi fundamental nessa pesquisa-ação,
especialmente no tocante a compreender a importância de seu papel no incentivo
oportuno a aprendizagem da turma.
No questionário para os pais houve unanimidade na resposta da questão sobre se
ele era conhecedor das dificuldades de aprendizagem de seu filho/estudante em
matemática. Os 100% dos pais pesquisados responderam sim, entretanto, mais adiante
os mesmos não souberam apontar quais seriam estas dificuldades. A maioria colocou
“x” em todos os quesitos, ou seja, consideraram como dificuldade todas as áreas da
Matemática sugeridas no questionário.
Ainda conforme as idéias dos pais descritas nos questionários respondidos e
nos debates durante as reuniões bimestrais, os filhos devem ter a oportunidade de
aprender os conteúdos e receber boas notas na escola. Daí a necessidade de insistir na
elevação da auto-estima dos alunos. Ação que foi realizada durante os encontros
mensais com a turma para discussões sobre o projeto de intervenção e com os pais,
durante as reuniões bimestrais, buscando sua maior participação na vida escolar dos
filhos.
Para chegar-se a um consenso e estabelecer parcerias para a aprendizagem, os
atores dessa pesquisa-ação necessitaram chegar a um consenso sobre as limitações e
dificuldades de cada um. Uma boa definição para a situação é dada por Masetto (1992,
p. 84), ao referenciar que “Quando num processo de aprendizagem estamos tratando
com adultos, a atitude, o comportamento só poderá ser de parceria, de cooperação, da
colaboração com vistas às metas a serem conquistadas”.
De modo geral o presente projeto de intervenção trouxe bons resultados. Sem
ele talvez não tivéssemos taxa de aprovação de mais de 82,2% nessa turma. Não é o
ideal, pois este seria 100% de aprovação, mas, é um índice animador. As parcerias
“entre adultos” como enfocado na citação acima foram fundamentais para o êxito
alcançado.
9
2.2 Construindo Parcerias Para a Intervenção
Durante as reuniões realizadas com os alunos, pais e professores, houve coleta
de informação sobre as dificuldades em entender o conteúdo aplicado de matemática
nessa turma. Também se aproveitou estas ocasiões para discutir formas, ações e
estratégias que pudessem minimizar a falta de tempo para estudo, o ato de não
conseguir acompanhar as aulas de matemática como deveria e, entender a situação dos
pais que não conseguem fornecer apoio pedagógico com as tarefas de casa, dentre
outros.
Alunos, professor, pais e coordenação em parceria sugeriram diversas estratégias
de ação, inclusive foram verificadas as questões constantes dos questionários cujas
respostas foram discutidas após serem condensadas. As ações sugeridas e aceitas por
cada um dos grupos (pais, alunos e professor) resultaram na indicação de seis propostas
impactantes para a minimização das dificuldades da aprendizagem matemática.
Proposta 1- Acompanhamento dos alunos na realização das atividades: no decorrer
das aulas de matemática, a cada semana o professor anotou e repassou para a
coordenação o nome de todos os alunos que não fizeram atividades em sala de aula ou
em casa. Com essa lista em mãos, a Coordenação conversou individualmente com cada
aluno citado, ouvindo suas argumentações e oferecendo soluções possíveis.
Proposta 2 - Fortalecimento individual da auto-estima dos alunos na busca de
atitudes positivas para a aprendizagem: Esta ação se concretizou por meio de
atividade semanal realizada pela Coordenadora Edite Carlos, com duração de 40
minutos, com distribuição de texto e atividades criativas, buscando atitudes positivas da
turma em relação a si mesma e a aprendizagem em Matemática. As atividades retiradas
do livro de Muller (2006), “Acredito em ti” buscaram investir na motivação dos alunos,
incentivando o que cada um pode fazer por si mesmo e pelos outros.
Proposta 3 - Aulas de reforço escolar de matemática no contra turno:
realizada por sugestão e prática dos próprios alunos e alguma participação pelos os
acadêmicos de matemática da UFT, como um trabalho em equipe. Nessa prática, o
aluno que entendeu melhor o que foi ensinado nas aulas de matemática, repassa aos
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colegas seus conhecimentos e ajuda na resolução de tarefas. Houve participação, mas
acreditamos que esta poderia ter sido um pouco maior.
Proposta 4 - Aula de reforço realizada pelo professor de matemática
semanalmente: no caso de não conseguirem entender o conteúdo ou algum assunto,
devem solicitar ajuda ao professor de Matemática, para que este programe reforço em
aula posterior, frisando os principais pontos em que não houve aprendizagem,
lembrando-se de que este processo é significante para o ânimo no percurso da vontade
de aprender os conteúdos matemáticos.
Proposta 5 - Disponibilização de DVDs para locação com alunos, contendo
tele aulas de matemática gravadas: a escola emprestou para os alunos DVD contendo
os conteúdos estudados em matemática (tele aulas), para que os alunos levassem para
suas casas e pudessem fazer estudo em grupo ou individual, com posterior devolução
dos mesmos para a escola.
Proposta 6 - Doação de DVDs para alunos: os 13 alunos com duas
reprovações bimestrais ou mais em matemática receberam DVDs gravados contendo
atividades de matemática básica, visando facilitar o estudo extraclasse podendo ser
usados (os DVDs) nos momentos que lhe forem mais oportunos para esse estudo com
os alunos. Essa estratégia segue a visão de Maria Helena (2004, p.16) ao afirmar
seguramente que os recursos tecnológicos são ferramentas indispensáveis para
quaisquer estudos pedagógicos. Nisso “a tecnologia deve servi para enriquecer o
ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimento por meio de uma
atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores”.
Com relação às estratégias mencionadas e aplicadas acima, conforme iam sendo
desenvolvidas eram ajustados, promovendo adequações para que tornassem mais
efetivas e positivas no sentido de alcançar os objetivos propostos.
2.3 Analisando a Intervenção Pedagógica Proposta
O conjunto de seis ações propostas para o enfrentamento das dificuldades de
aprendizagem permitiu-nos a realização de uma intervenção pedagógica que respaldasse
os anseios dos professores e dos alunos para a aprendizagem da matemática.
Com relação às propostas mencionadas no item anterior, algumas ainda sofreram
ajuste ou adequações para que se tornem mais positivas. Por exemplo, as aulas de
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reforço realizadas pelos próprios alunos e com alguma participação de
monitores/cursistas de matemática da UFT. Houve participação, mas acreditamos que
esta poderia ter sido um pouco maior. No decorrer do 3º bimestre letivo de 2011,
presenteamos os alunos com baixo desempenho em Matemática, com DVDs contendo
conteúdo básico em matemática. Essa ação tem como objetivo facilitar a aprendizagem
extraclasse, podendo ser usados (os DVDs) nos momentos que lhe forem mais
oportunos para esse estudo com os alunos.
A evidência constatada nesses questionamentos forneceu subsídio para a coleta,
seleção e aplicação das estratégias relatadas e explicadas no item 2.2 do Projeto de
Intervenção ou pesquisa-ação. O resultado dos quatro bimestres de atividades de
intervenção trouxe resultados positivo a aprendizagem, com índice de aprovação final
satisfatório sendo este acima de 82,2% para a turma. Esses benefícios talvez se projetem
para o futuro, visto que foi realizado um bom trabalho de fortalecimento da base escolar
em matemática e auto-estima dos alunos.
3 CONCLUSÃO
O estudo realizado teve como objetivo analisar as dificuldades de aprendizagem
em matemática, encontradas pelo professor de matemática e alunos da 1ª Série B, do
CEM Dr. José Aluísio da Silva Luz e, em conseqüência construir estratégias para
intervenção e melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Durante o
desenvolvimento desse trabalho com alunos, professor e pais ou responsáveis, houve a
preocupação em se buscar a melhoria da auto-estima dos alunos envolvidos no projeto,
assim como seu bom desempenho acadêmico.
As revisões para monitoramento das ações propostas e aplicadas na turma foram
avaliadas bimestralmente, onde eram analisados índices de desempenho individual e do
grupo, propostas mudanças ou acertos para adequar melhor as ações em curso. Nesse
sentido, durante o 1º bimestre letivo de 2011, foi elencada a ação “aula de reforço
realizada pelos próprios alunos”, na própria escola, no contra turno. Fez-se a avaliação
dos resultados pelo professor Pedro e pela coordenadora pedagógica, Edite, verificando-
se a freqüência dos alunos, as notas bimestrais, a aprendizagem, o interesse, dentre
outros. Estes indicadores trouxeram a tomada de maiores e melhores ações para o 2º
12
bimestre letivo, incluindo a participação de alunos da UFT – Universidade Federal do
Tocantins, como monitores. Estes continuaram a ação anterior oferecendo duas aulas de
reforço semanal, das 15 às 17 horas, onde eram resolvidas atividades de matemática.
Contou-se também com o uso de parceria bem sucedida entre os pais, alunos e
professor. Todos motivados e voltados em busca da aprendizagem dos alunos do 1º
Médio Básico “B”, alvo dessa pesquisa-ação. Os pais motivados e conhecedores da
importância da sua participação na vida escolar dos filhos prometeram estar cada vez
mais atentos nas atividades escolares.
No terceiro bimestre, a opção de presentear alguns alunos com DVD contendo
atividades de Matemática permitiram que os alunos identificassem suas dúvidas e, as
apresentassem ao professor no intuito de se realizar aulas de reforço destinadas a uma
maior oportunidade de aprendizagem
No quarto bimestre foi realizado o Conselho de Classe, dos 12 alunos
necessitaram da colaboração do Conselho para serem aprovados mesmo com baixa
pontuação, somente um desses alunos necessitou de pontos para ser aprovado em
matemática pelo o Conselho de Classe.
Conclui-se, portanto, que a pesquisa realizada trouxe incentivos aos estudos e
minimizou dificuldades na aprendizagem de matemática básica, elevou a auto-estima e
a participação dos alunos, incentivou alunos, pais e professor na busca do que cada um
pode fazer para a melhoria gradativa nos índices de desempenho acadêmico. Isso
certamente é uma vitória, visto que colocou a matemática em local de destaque entre as
escolhas dos alunos participantes do projeto.
13
REFERÊNCIAS
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ALMEIDA, Laurinda Ramalho de, PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (organizadores) e outros. O coordenador pedagógico e questões da contemporaneidade. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
BETTEGA, Maria Helena Silva. A educação continuada na era digital. – São Paulo: Editora Cortez, 2004.
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HENGEMUHLE, Adelar, Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas. Petrópolis R.J Editora Vozes, 2004.
JOSÉ, Elisabete da Assunção e Maria Teresa Coelho – Problemas de Aprendizagem. São Paulo. Editora Ática, 2003.
MULLER, Neva Milicic. Acredito em ti – São Paulo. Ed. Vozes, 2001.
PONTE, João Pedro da, Joana Brocardo e Hélia Oliveira. Investigações Matemáticas em Sala de Aula. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2005.
POZO, Juan Ignácio (Organizador) A Solução de Problemas – Aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre. Editora Artmed, 1998.
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais – Rio de Janeiro: Editora Sesil Ltda. 2000.
MASETTO, Marcos Tarciso. Aulas Vivas – Tese (e prática) de livre docência. São Paulo: MG Editoras Associadas Ltda, 1992.
14
ANEXOS
01 – IDEB, ENEM – INDICES E PARTICIPANTES
Ideb Observado Metas Projetadas
Estado 2005 2007 2009 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Tocantins 2.9 3.1 3.3 2.9 3.0 3.2 3.4 3.8 4.2 4.5 4.7
Resultados de Outras Avaliações Externas de Rendimento Escolar - ENEM
Denominação da Avaliação (identificar se é federal, estadual ou municipal)
Ano de Realização
Resultado
ENEM (Federal) – matricula – 223, participante – 83 2007 44,25
ENEM (Federal) – matricula – 284, participante – 125 2008 43,56
ENEM (Federal) - matricula - participante – 81 2009 51,17
ENEM (Federal) - matricula - participante – 127 2010 51,49
Tabela de acompanhamento rendimento escolar do 1º M. B. “B” em 2011
Bimestre Nº de alunos Aprovação Reprovação
1º bimestre 33 68,8% 31,3%
2º bimestre 34 70% 29,2%
3º bimestre 33 71,7% 28,3%
4º Bimestre 37 82,2% 17,8%
15
Gráfico do Resultado dos questionários utilizado pelo os alunos, pais e
professores da 1ª Série B
16
0102030405060
Momento em que os alunos mais gosta da
escola
0
50
100
Conhece Desconhece Não possui
Conhecimento do nível de aprendizagem dos
filhos
0
50
100
Pai Mãe Outros
Acompanhamento nas tarefas
escolares "Para Casa"
0
20
40
60
80
Sim Não Às vezes
Filhos que possuem outras atividades no
contra turno
17
Momentos em sala de aula: 1ª Série “B”, Coord. Ped. Dite Carlos e professor
Pedro
18