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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Werônica de Souza Rocha Vacina contendo isolados de Corynebacterium pseudotuberculosis para avaliação da resposta imunológica em fêmeas ovinas Petrolina/PE 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Werônica de Souza Rocha

Vacina contendo isolados de Corynebacterium pseudotuberculosis

para avaliação da resposta imunológica em fêmeas ovinas

Petrolina/PE

2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Werônica de Souza Rocha

Vacina contendo isolados de Corynebacterium pseudotuberculosis

para avaliação da resposta imunológica em fêmeas ovinas

Petrolina/PE

2016

Trabalho apresentado a Universidade

Federal do Vale do São Francisco –

UNIVASF, Campus Ciências Agrárias,

como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Ciência Animal.

Orientador: Prof. Dr. Mateus Matiuzzi da

Costa

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Rocha, Werônica

R672v

Vacina contendo isolados de Corynebacterium pseudotuberculosis para avaliação da resposta imunológica em fêmeas ovinas/Werônica de

Souza Rocha. -- Petrolina, 2016. X; 54f.: il. 16 cm. Dissertação de Mestrado (Curso de Pós-Graduação em Ciência

Animal) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências Agrárias, Petrolina, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Mateus Matiuzzi da Costa. Referências.

1. Corynebacterium pseudotuberculosis x. 2. Vacina. 3.

Lectina. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco

CDD 615.372

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF

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AGRADECIMENTOS

À Deus por me permitir alcançar mais um objetivo, me dando vida e saúde

para tornar tudo isso possível.

Minha família por me dar sempre o apoio necessário, pelos ensinamentos

constantes e por todo amor. Meu esposo pelo apoio, atenção e paciência. Meus

amigos que fizeram dessa caminhada mais leve.

Agradeço ainda ao meu orientador prof. Mateus Matiuzzi pelos

ensinamentos e orientação, ao prof. Rodolfo Peixoto e prof. Wagner Félix pela

dedicação em meu auxílio.

Sou imensamente grata a todos os meus amigos, os de perto, os de longe e

especialmente aos amigos do Laboratório de Microbiologia pela amizade, auxilio e

descontrações do dia a dia.

Agradeço a UNIVASF por ceder o espaço para realização do meu trabalho,

à FACEPE pela concessão da bolsa, ao CNPq pelo auxílio financeiro para o

desenvolvimento do projeto, ao Laboratório de Bioquímica do CCA da UNIVASF e

à UFBA, na pessoa de Maria da Conceição (Ceiça), pelo auxilio no

desenvolvimento de atividades.

Gostaria ainda de agradecer a secretária do CPGCA Rosangela (Rosinha)

pelo carinho, cuidados e prestatividade de sempre.

Muito obrigada a todos que de alguma forma contribuíram para realização

desse trabalho.

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RESUMO

A ovino-caprinocultura é uma área que vem apresentando um forte crescimento

no Brasil nas últimas décadas, com um rebanho constituído por 17.668.063 e

9.386.316 cabeças, respectivamente. Com o crescimento dos rebanhos, vem

aumentando também a incidência das doenças bacterianas. Para o combate a

essas enfermidades, tem-se estudado a utilização de vacinas. A constituição destas

vacinas podem variar entre DNA, células bacterianas mortas, as bacterinas, e

células bacterianas vivas, pela toxina inativada, os toxóides, do Corynebacterium

pseudotuberculosis, ou pela associação destes componentes, utilizando ou não

algum tipo de adjuvante. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi elaborar

uma vacina à base de células bacterianas de C. pseudotuberculosis, avaliar a

resposta imunológica com base na técnica da atividade bactericida do soro de

fêmeas ovinas vacinadas, avaliando ainda a atividade hemaglutinante no extrato

de C. pseudotuberculosis. Para o alcance desses objetivos foram utilizadas as

seguintes metodologias: os isolados utilizados para elaboração da vacina foram

isolados de caprinos pertencentes as cidades de Petrolândia e Jatobá, PE, isolados

e cultivados na bacterioteca do laboratório de microbiologia e imunologia animal da

Univasf. Os animais após vacinados, passaram por coletas de sangue semanais e

com o soro obtido através destas coletas foi realizada a atividade bactericida. O

extrato obtido dos três isolados, foi colocado em contato com hemácias de coelho

para avaliar a atividade hemaglutinante no extrato, a qual foi avaliada visualmente.

Foi possível observar que após a vacinação, o sistema imunológico dos animais

respondeu de forma positiva, sendo possível observar do aumento da atividade

bactericida do soro desses animais, diminuindo a contagem de UFC/mL com o

passar das coletas, fato este que está relacionado com a ativação do sistema de

defesa dos animais, conhecido como sistema complemento. O ensaio de

hemaglutinação utilizando hemácias de coelho foi positivo para função biológica da

proteína com o extrato proteico, indicando presença de lectinas no conjunto de

proteínas do C. pseudotuberculosis.

Palavras-Chave: Corynebacterium pseudotuberculosis, vacina, lectina.

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ABSTRACT

The sheep-goat is an area that has shown strong growth in Brazil in recent decades,

with a herd consisting of 17,668,063 and 9,386,316 heads, respectively. With the

growth of herds, it has also increased the incidence of bacterial diseases. To combat

these diseases, we have studied the use of vaccines. The constitution of these

vaccines may vary between DNA killed bacterial cells, bacterins, and live bacterial

cells, the inactivated toxin toxoids of Corynebacterium pseudotuberculosis, or the

combination of these components, with or without some type of adjuvant. Thus, the

objective of this study was to develop a vaccine based on bacterial cells of C.

pseudotuberculosis, evaluate the immune response based on the technique of

bactericidal activity of serum from vaccinated sheep females still evaluating the

hemagglutination activity in extract C. pseudotuberculosis. To achieve these

objectives, the following methodologies were used: the isolates used for the

preparation of the vaccine were isolated from goats belonging to the towns of

Petrolândia and Jatoba, PE, isolated and cultured in bacterioteca microbiology

laboratory animal and Immunology UNIVASF. The animals vaccinated after,

underwent weekly blood samples and serum obtained through these collections was

held bactericidal activity. The extract obtained from three isolated, was put in contact

with rabbit red blood cells to evaluate the hemagglutination activity in the extract,

which was assessed visually. It was observed that after vaccination, the immune

system of animals responded positively and are recording increased bactericidal

activity of the serum of these animals, reducing the CFU / mL count over the

collections, a fact that is related to activation of the animal defense system known

as the complement system. The hemagglutination assay using rabbit erythrocytes

was positive for biological function of the protein with the protein extract, indicating

the presence of lectins on the set proteins of C. pseudotuberculosis.

Keywords: Corynebacterium pseudotuberculosis, vaccine, lectin.

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LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS

Gráfico 1. Média de contagem de UFC/mL na avaliação da atividade

bactericida do soro de fêmeas ovinas vacinadas com bacterina preparada

com C. pseudotuberculosis – Soro tratado termicamente, A. Soro não

tratado termicamente, B................................................................................

34

Figura 1. Visualização da atividade hemaglutinante na presença do

extrato proteico de C. pseudotuberculosis e hemácias de coelho................

38

Figura 2. Cromatografia de afinidade de lectina extraída de C.

pseudotuberculosis......................................................................................

39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Médias obtidas para UFC/mL (x106) na avaliação da atividade bactericida

do soro de fêmeas ovinas vacinadas e não vacinadas com bacterina preparada com

isolados de C. pseudotuberculosis.........................................................................35

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BHI- Brain Heart Infusion

g- grama

h- hora

kDa- QuiloDalton

kHz- Quilodalton

L- Litro

M- Molar

mg- Miligrama

min- Minuto

mL- Mililitro

nm- Nanomêtro

OD- Densidade óptica

rpm- Rotação por minuto

TSA- Tryptic Soy Agar

TSB- Tryptic Soy Broth

UFC- Unidade Formadora de Colônia

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................10

2. REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................12

2.1 Importância econômica da criação de caprinos e ovinos............................12

2.2 Linfadenite caseosa.....................................................................................13

2.2.1 Etiologia e aspectos epidemiológicos ......................................................13

2.2.2 Patogenia..................................................................................................15

2.2.4 Mecanismos de defesa contra linfadenite caseosa..................................16

2.2.5 Sinais clínicos...........................................................................................17

2.2.6 Controle e profilaxia..................................................................................18

2.2.7 Utilização de vacinas no controle da linfadenite caseosa.........................19

2.2.8 Utilização de cromatografia de afinidade..................................................21

3. OBJETIVOS...................................................................................................23

3.1 Objetivo geral...............................................................................................23

3.2 Objetivos específicos...................................................................................23

4. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................24

4.1 Ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção de resposta contra C.

pseudotuberculosis .................................................................................24

4.2 Animais utilizados .............................................................................24

4.3 Seleção dos isolados a serem utilizados no preparo das vacinas........24

4.4 Preparo das vacinas..............................................................................24

4.5 Vacinação dos ovinos............................................................................25

4.6 Avaliação clínica dos animais................................................................26

4.7 Extração de proteínas de C. pseudotuberculosis..................................26

4.8 Atividade hemaglutinante......................................................................26

4.8.1 Coleta e preparo das hemácias..........................................................26

4.8.2 Detecção de atividade hemaglutinante no extrato..............................27

4.9 Atividade bactericida do soro.................................................................27

4.10 Cromatografia de afinidade.................................................................28

4.10.1 Extração de proteínas de C. pseudotuberculosis.............................28

4.10.2 Purificação da lectina por cromatografia de afinidade......................29

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5. ANÁLISE ESTÍSTICA....................................................................................30

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................31

6.1 Teste de ELISA........................................................................................31

6.2 Vacinação ...............................................................................................31

6.3 Atividade bactericida do soro...................................................................32

6.4 Atividade hemaglutinante.........................................................................36

6.5 Cromatografia de afinidade em coluna D-manose ligante.......................37

7.CONCLUSÃO..................................................................................................41

8. ANEXOS.........................................................................................................42

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................43

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1- INTRODUÇÃO

A ovino-caprinocultura é uma área que vem apresentando um forte

crescimento no Brasil nas últimas décadas, com um rebanho constituído por

17.668.063 e 9.386.316 cabeças, respectivamente. Enquanto que no Nordeste o

número desses animais é de cerca de 8.109.672 caprinos e 10.126.799 ovinos,

destacando-se no submédio do São Francisco, os Estados da Bahia e Pernambuco

apresentam-se como grandes produtores. Os munincípios de Casa Nova, Uauá,

remanso e Juazeiro no Estado da Bahia, destacam-se por sua produção, já no

Estado de Pernambuco, as cidades de Floresta, Custódia, Sertânia e Petrolina

também possuem números significativos do rebanho do estado (IBGE, 2014).

Reconhecida como uma atividade de extrema importância para a economia

brasileira e em plena expansão, a caprino-ovinocultura participa do

desenvolvimento socioeconômico do Nordeste e em especial da região Semiárida.

Nos últimos anos mudanças no sentido de melhorar e consolidar a cadeia produtiva

têm sido realizadas, visto que o semiárido possui em sua essência criações

voltadas para a subsistência. Apesar de existirem alguns entraves para o seu

crescimento associados em grande parte às condições climáticas, essa atividade

vem despertando a atenção de governantes, técnicos e produtores, com aumento

de pesquisas na área de produção animal até o beneficiamento dos seus produtos,

melhorando a organização dos produtores, as tecnologias de manejo nutricional,

reprodutivo e genético, para aumentar a demanda e principalmente a qualidade do

negócio como um todo (SEBRAE, 2005; VIDAL et al., 2006).

Apesar do tamanho dos rebanhos nessas regiões e de sua participação na

renda familiar, a sua produtividade ainda é baixa, devido a diversos fatores, como

a irregularidade das chuvas, causando escassez de alimentos e manejo sanitário

inadequado ou ausente. No entanto, nos últimos anos ressalta-se melhoria nos

sistemas de criação dos pequenos ruminantes em função do aumento da demanda

de carne e leite pelo mercado consumidor (PEDROSA et al., 2003).

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Sá et al., 2013, observaram uma elevada incidência de lesões características

de linfadenite caseosa e consequente isolamento de Corynebacterium

pseudotuberculosis em ovinos e caprinos provenientes dos abatedouros das

cidades de Petrolina / PE e Juazeiro / BA, Brasil. Nesse mesmo estudo, destacaram

a comum ocorrência de lesões generalizadas características da linfadenite caseosa

que acomete os animais desta região.

Dentre as enfermidades que ocorrem por falta de adoção do manejo

sanitário, destaca-se a Linfadenite Caseosa (LC) popularmente conhecida como

mal do caroço. Esta enfermidade crônica é causada pelo agente Corynebacterium

pseudotuberculosis e caracteriza-se por abscessos externos e internos. Como

consequência da infecção, o animal apresenta enfraquecimento geral e baixa

produção de carne e leite, chegando a causar a morte. Cerca de 90% das

propriedades caprinas do sertão do estado de Pernambuco apresentam a forma

clínica da doença (ALENCAR, 2010). O Corynebacterium pseudotuberculosis é o

agente causador da linfadenite caseosa em caprinos e ovinos, sendo responsável

por significativas perdas econômicas na ovinocaprinocultura mundialmente,

podendo acometer também a espécie equina (GUEDES, et a., 2015).

O objetivo do presente trabalho foi elaborar uma vacina à base de células

bacterianas de C. pseudotuberculosis, avaliar a resposta imunológica com base na

técnica da atividade bactericida do soro de fêmeas ovinas vacinadas, avaliando

ainda a atividade hemaglutinante no extrato de C. pseudotuberculosis.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Importância econômica da criação de caprinos e ovinos

Ao longo de décadas, a caprinovinocultura foi considerada uma atividade

marginal ou de subsistência na região Nordeste do Brasil, normalmente com baixa

produtividade e realizada por produtores desprovidos de capital financeiro e de

recursos tecnológicos. Entretanto, atualmente, a produção destes pequenos

ruminantes caracteriza-se como uma atividade de grande importância cultural,

social e econômica para a região, desempenhando um papel crucial no

desenvolvimento do Nordeste (COSTA, R. G. et al., 2008).

A produtividade dos sistemas de criação é de extrema importância e nesse

contexto é necessário pesquisar formas de aumentar os índices produtivos da

caprino-ovinocultura (BOUTONNET, 1999; MORRIS, 2009).

De acordo com Moraes Neto et al. (2003), a caprinovinocultura representa

uma boa alternativa de trabalho e renda, visto a produção de alimentos de alto valor

nutricional (leite, carne e vísceras), bem como de pele de excelente qualidade, além

da adaptabilidade dos animais aos ecossistemas locais. Embora, segundo os

autores, em virtude do elevado grau de incertezas e riscos, a pecuária nordestina

torna-se dependente de uma reformulação dos modelos tradicionais de

planejamento e administração. Logo, torna-se necessário, inicialmente, um

conhecimento prévio dos sistemas de produção, atualmente utilizados no

Semiárido nordestino, de maneira a verificar os principais problemas existentes, e

numa etapa posterior solucioná-los, permitindo um desenvolvimento sustentável da

atividade na região (Castel et al., 2003).

Segundo Souza et al., (2015), a escolha certa da raça para criação variando

entre regiões, depende de vários fatores, tais como a finalidade, o mercado, a

localização, o clima, as características de adaptação dos animais e o nível

tecnológico adotado pelos produtores.

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Segundo Filgueira (2009), o manejo sanitário dos caprinos e ovinos é

precário, a mortalidade de animais, independente do regime de criação é alta,

principalmente de jovens. Mesmo em propriedades destinadas a produção de leite,

muitas vezes, não existe uma preocupação rigorosa quanto a higiene e qualidade

do leite, aumentando as perdas por problemas sanitários.

Para a transição e consolidação da caprino-ovinocultura como agronegócio,

é necessário buscar o ganho coletivo, sensibilizar os envolvidos nos diferentes

segmentos da cadeia produtiva. Organizar, articular e integrar satisfatoriamente

todos esses segmentos, objetivando fornecer ao consumidor final uma carne de

qualidade, com regularidade de oferta através da produção em escala a um preço

competitivo, evitando o aparecimento de doenças infecciosas (SAMPAIO et al.,

2009).

2.2 Linfadenite caseosa

2.2.1 Etiologia e aspectos epidemiológicos

A linfadenite caseosa é distribuída em todo o mundo tendo sua distribuição

entre rebanhos de caprinos e ovinos, embora em algumas regiões a sua

prevalência pode estar sub notificada. A disseminação desta enfermidade em todo

o mundo provavelmente ocorreu por meio da importação de animais infectados

(GUIMARÃES et al., 2011).

Distribuída em grande parte do mundo, a LC é encontrada na América do

Norte e América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Europa, Ásia e África

(ARSENAULT et al., 2003). Souza et al. (2011), observaram a prevalência e a

distribuição de lesões da LC em ovinos no município de Mulungu (Paraíba) e

encontraram 15,9% de lesões macroscópicas semelhantes à LC. Em estudo no

sertão de Pernambuco, Alencar et al. (2010) visitaram 150 propriedades,

observando a presença de abscessos cutâneos, sugestivos de LC em 92,5% das

propriedades estudadas. No estado do Ceará, Pinheiro et al. (2000), analisaram

127 propriedades, verificando que a ocorrência de LC é de 66,9%.

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O agente causador desta enfermidade é a bactéria C. pseudotuberculosis,

que foi descrita pela primeira vez por Nocard em 1888, em um caso de linfangite

bovina. Este microrganismo além de causar a linfadenite caseosa, tem sido relatado

em outras enfermidade por ele produzidas em diversas espécies, tais como a

linfangite ulcerativa dos equinos, abscessos superficiais em bovinos, suínos, cervos

e animais de laboratório. O patógeno também já foi isolado de búfalos, veados,

porco espinho, lhamas e camelos (DORELLA et al., 2006).

O C. pseudotuberculosis caracteriza-se como um bacilo Gram-positivo

pleomórfico, pequeno, irregular, imóvel, aeróbico, intracelular facultativo de

macrófagos, fermentativo e não formador de esporos. As colônias possuem

aspecto esbranquiçado e são rodeadas por zona estreita de hemólise completa,

medindo 0,5 a 0,6 μm por 1 a 3 μm, podendo apresentar aspecto cocóide, de clavas

ou bacilos, mostrando-se isolado ou formando grupamentos irregulares. Em

esfregaços, aparecem corados individualmente, em pares ou em paliçadas e em

grupos angulares semelhantes a letras chinesas (HOLT et al., 1994; QUINN et al.,

1994).

Os abscessos quando rompidos drenam conteúdo caseoso, espesso de

coloração branca, ou esverdeada, com consistência pastosa, que contém grande

quantidade de microrganismos viáveis, podendo sobreviver por meses no ambiente

(BELCHIOR, 2006; MCKEAN et al., 2007).

Peel et a., (1997), relataram dez casos de linfadenite caseosa em pacientes

humanos na Austrália. Em todos os casos os pacientes mantinham contato com

pequenos ruminantes, estes, por sua vez, eram portadores da enfermidade,

afirmando assim seu caráter zoonótico. Uma das formas que selecionaram para

controlar essa transmissão foi a vacinação dos animais que consequentemente

diminuiria a transmissão para os seres humanos.

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2.2.2 Patogenia

A partir da infecção por via oral, respiratória e ou contaminação de feridas, a

bactéria sofre a fagocitose, por intermédio dos neutrófilos e macrófagos (PATON et

al., 2003). Um dos fatores que favorecem a infecção por C. pseudotuberculosis é

o tipo de vegetação existente onde as plantas atuam como causadoras de

ferimentos na pele de caprinos e ovinos (Riet et al., 2007).

Após a fagocitose o microrganismo mantém-se viável no interior celular e é

sequestrado principalmente para os linfonodos regionais, principalmente os pré-

crurais, pré-escapulares ou sub-mandibulares, induzindo a formação de múltiplos

piogranulomas (SMITH, 2003 e PUGH, 2004), que podem coalescer e formar

grandes abscessos (PATON et al., 2003). A disseminação do microrganismo do

linfonodo regional para outros órgãos e tecidos depende da virulência da linhagem,

da carga bacteriana infectante e quadro clínico do animal (BELCHIOR, 2006). A

bactéria atinge outros órgãos alvo incluindo pulmão, fígado, rins e encéfalo,

determinando a forma visceral grave da doença através da disseminação via linfo-

hemática (MCKEAN et al., 2007).

Existe uma camada lipídica no C. pseudotuberculosis que representa uma

proteção contra a ação degradativa das enzimas presentes em fagolisossomos,

permitindo também aderência dos microrganismos promovendo uma citotoxicidade

local (Radostits et al., 2002). Além disso, esta camada permite a sobrevivência da

bactéria por longos períodos no meio ambiente (Baird e Fontaine, 2007).

A produção de uma exotoxina denominada fosfolipase D (pld), também está

ligada a virulência desse microrganismo. Sabe-se que, nos estágios iniciais de

infecção, ela aumenta a sobrevivência e a multiplicação do C. pseudotuberculosis

(QUINN et al., 1994; MEYER et al., 2002). A enzima fosfolipase D (pld), que possui

ação de exotoxina glicoproteica ou citotoxina capaz de hidrolisar a esfingomielina,

atua no enfraquecimento das membranas celulares (HODGSON et al., 1999). Com

isso, acredita-se que a produção dessa toxina está intimamente ligada à

capacidade de disseminação bacteriana no hospedeiro, além de atuar no auxílio a

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bactéria no escape da fagocitose por neutrófilos (D’AFONSECA et al., 2008;

YOZWIAK & SONGER, 1993).

Sá et al. (2013) em um dos seus estudos, observaram que dos 168 isolados

de C. pseudotuberculosis provenientes de caprinos e ovinos, utilizando a técnica

de PCR, confirmaram a presença do gene da fosfolipase D (PLD) em todas as

amostras.

A fosfolipase D é uma exotoxina responsável pela disseminação do

patógeno dentro do hospedeiro, além de atuar no aumento da permeabilidade

vascular local (CARNE; ONON, 1978). Seu papel na virulência foi confirmado

quando uma cepa modificada geneticamente para exotoxina mostrou-se incapaz

de causar a linfadenite caseosa (WALKER et al., 1994; SIMMONS; HODGSON;

STRUGNELL, 1997; SIMMONS et al., 1998).

O aumento da adaptabilidade das cepas em diferentes hospedeiros, podem

ser influenciados pelas ilhas de patogenicidade e fatores de virulência. Esta

característica está associada à absorção de ferro, carbono e magnésio atenuando

as condições de sobrevivência das bactérias sob condições de estresse (RUIZ et

al., 2011).

2.2.3 Mecanismos de defesa contra linfadenite caseosa

Em resposta a infecções, o sistema imune inato responde rapidamente à

invasão de algum agente patogênico. Um importante componente dessa resposta

imediata é o sistema complemento. Este, é composto por uma complexa rede de

comunicação no qual há uma interação entre proteínas de reconhecimento de

padrões, proteases, proteínas séricas, receptores e reguladores (TIZARD, 2014).

Por meio de diferentes vias, as proteínas do sistema complemento podem

ser ativadas, fazendo com que algumas dessas moléculas se liguem de forma

covalente à superfície de microorganismos invasores, estas, uma vez ligadas,

podem levar à lise celular. Em animais saudáveis não infectados, o sistema

complemento permanece inativo, sendo ativado por meio de padrões moleculares

associados a patógenos na superfície de agentes infecciosos ou por anticorpos

ligados a antígenos (TIZARD, 2014).

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O C. pseudotuberculosis tem a capacidade de estimular a imunidade celular

por conta da sua natureza intracelular facultativa, assim como a imunidade humoral,

que é principalmente devido à produção do PLD (STING et al., 2012).

Pode haver padrões anormais da ativação do sistema caso haja deficiência

de qualquer componente proteico. Enquanto que a ausência de um dos

componentes iniciais das diferentes vias ou dos componentes formadores do

complexo lítico de membrana (MAC) pode levar a ativação deficiente, a ativação

exacerbada do complemento em local e momento indesejados, incrementando o

processo inflamatório, pode ser causada pela deficiência dos componentes

regulatórios (ABBAS, A.K. et al., 2000).

Em resposta a estímulos anormais, como microrganismos persistentes,

anticorpos contra antígenos próprios ou complexos imunes depositados em tecidos,

o sistema complemento também pode ser ativado. Os efeitos inflamatórios ou líticos

do complemento nestas doenças infecciosas ou autoimunes, podem contribuir

significantemente para a patogenia da doença, sendo que, a ativação do

complemento se dá por três vias principais: clássica, alternativa e das lectinas

(ABBAS, A.K. et al., 2000; PRODINGER, W.M. et al., 2003).

Para ativação da via das lectinas, há o envolvimento de moléculas de

reconhecimento de padrões solúveis que reconhecem carboidratos na superfície

de microorganismos. Essas lectinas, por se ligarem aos microorganismos, ativam

as proteases, que por sua vez, ativam o sistema complemento (TIZARD, 2014).

2.2.4 Sinais clínicos

A linfadenite caseosa é marcada por um processo inflamatório nos linfonodos,

caracterizado pela formação de abscessos com conteúdo purulento, de aspecto

caseoso e amarelado. Os linfonodos aumentam de volume, que com a evolução,

tornam-se flutuantes. Os pré-parotídeos e pré-escapulares, são os linfonodos

acometidos com maior frequência, sendo que, os linfonodos bronquiais e

mediastínicos também podem apresentar abcessos. Quando a LC acomete os

pulmões, causa quadros respiratórios como tosse crônica, quando nos linfonodos

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mesentéricos leva ao emagrecimento progressivo do animal (SANTA ROSA, 1996;

RIBEIRO, 1997).

Al-Gaabary et al. (2009) no estudo realizado, observaram que os sinais

clínicos de linfadenite caseosa em ovinos e caprinos se manifestaram em forma de

abscessos dos gânglios linfáticos superficiais com tamanhos variáveis e em locais

diferentes, tanto abscessos fechados quanto abertos com conteúdo purulento,

algumas lesões apresentavam queda de pelo no local. Alguns animais infectados

mostraram emagrecimento progressivo.

Nos casos crônicos com lesões viscerais, o animal apresenta

hipoproteinemia e anemia e estes abscessos podem ser localizados em qualquer

órgão. A forma da doença que possui maior gravidade, é a visceral, visto que o

diagnóstico clínico é muito difícil. Esta forma clínica da LC muitas vezes leva à

debilidade do animal, disseminação de abscessos no organismo, condenação de

vísceras e carcaças, podendo levar ainda o animal à morte (SANTA ROSA, 1996).

A doença causa a redução no rendimento da carne, lã, leite, pele, diminuição

da eficiência reprodutiva, atraso no crescimento, menor ganho de peso, descarte

precoce de animais e comercialização dos animais por valor inferior ao praticado

no mercado, além de ser caracterizada pela formação de lesões necróticas

encapsuladas caseosa (SOUZA et al., 2011).

2.2.5 Controle e profilaxia

Um dos métodos de controle da linfadenite caseosa mais eficientes até o

momento em pequenos ruminantes são a identificação dos animais infectados e

sua remoção do rebanho (BINNS, 2002). Deve-se evitar dentro dos estábulos

objetos que possam provocar lesões cutâneas (VALE, 2003). Deve-se proceder a

higienização e desinfecção de agulhas, material cirúrgico, alicates de tatuagem e

todo objeto utilizado no manejo dos animais (WILLIAMSON, 2001). Todos os

animais que apresentarem lesões cutâneas deverão ser isolados até que tenham

seu diagnóstico elucidado (SENTURK, 2006).

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Além de todos os cuidados tomados com desinfecção do ambiente e

segregação de animais infectados, a cuidadosa seleção na aquisição de novos

animais para o plantel, são medidas importantes na profilaxia da doença em ovinos

e caprinos (BINNS, 2007). In vitro, o C. pseudotuberculosis é sensível a vários

antimicrobianos usados na rotina veterinária, incluindo fármacos dos grupos dos

beta-lactâmicos e derivados (MOURA, 2010; QUINN, 1994). Porém, o

microrganismo é refratário no tratamento in vivo (MOURA, 2010; VALLI, 2007).

Este fato está relacionado com a espessa cápsula de tecido conjuntivo que reveste

os abscessos (WILLIAMSON, 2001) além do denso conteúdo caseoso presente no

interior dos piogranulomas dificultando a ação dos antimicrobianos (BAIRD, 2007).

Por se apresentar como um microrganismo intracelular obrigatório, sua viabilidade

intracelular é outro fator de virulência que limita a ação dos antimicrobianos

convencionais (RADOSTITS, 2006). Como parte do tratamento, é sugerida a

extirpação cirúrgica dos abscessos e ou linfonodos externos (VALE, 2003).

Contudo, é necessário o estabelecimento de medidas profiláticas como a

adoção de medidas sanitárias que permitam manter a prevalência da LC em níveis

aceitáveis, além de um rigoroso controle da introdução de animais na propriedade

(GUIMARÃES et al., 2011).

2.2.6 Utilização de vacinas no controle da linfadenite

Existem duas formas de imunização de animal contra infecções. A

imunização passiva que se dá por meio da administração de anticorpos pré-

produzidos em um animal saudável fornecendo proteção imediata, apesar de

resultar em uma imunidade de curta, e a outra forma é a imunização ativa, que se

utiliza de vacinas compostas por organismos vivos ou inativados, produzindo

também a imunidade, apesar do desenvolvimento lento, apresenta uma longa

duração (TIZARD, 2014).

Em sua grande maioria, as vacinas vivas estimulam uma resposta imune

mais eficaz quando comparadas com as vacinas compostas por organismos

inativados. Porém, as elaboradas com microorganismos inativados tentem a maior

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seguridade. Tanto em humanos quanto em animais, a vacinação é a forma mais

segura e eficaz para o controle das doenças infecciosas (TIZARD, 2014).

Com o intuito de aumentar a eficiência de algumas vacinas, principalmente

as que são compostas por organismos inativados que possuem baixa

antigenicidade ou antígenos purificados, frequentemente tem-se adicionado

substâncias conhecidas como adjuvantes vacinais. Estes, tem a capacidade de

aumentar a velocidade ou a intensidade de resposta do corpo às vacinas,

permitindo reduções na quantidade de antígenos injetados, sendo também

essenciais no estabelecimento de uma memória prolongada contra antígenos

solúveis (TIZARD, 2014).

Moussa et al. (2016) observaram que a vacinação experimental de ovinos

contra linfadenite caseosa, composta de rPLD e células inativadas de C.

pseudotuberculosis, diminuiu claramente a prevalência e número de abscessos que

se formou secundário a infecção experimental por C. pseudotuberculosis nos

animais. Quando comparados os grupos de animais vacinados e não vacinados, o

primeiro grupo mostrou uma diferença entre 80-87% na redução do aparecimento

de abscessos.

Droppa et al. (2016) desenvolveu em seu estudo uma vacina à base de

proteína recombinante CP40 (rCP40) com um adjuvante (completo de Freund ou

saponina) e realizou o ensaio de imunização em modelos de rato fêmea, avaliando

sua eficácia. Os resultados indicaram que a proteína CP40 recombinante induziu

uma resposta imunológica especifica em ratos que foi capaz de proporcionar uma

proteção após desafio, independentemente do adjuvante usado na formulação.

Segundo Eggleton (1991) o controle desta enfermidade deve ser feito

principalmente através do diagnóstico precoce e pela utilização de vacinas. A

constituição destas vacinas podem variar entre DNA, células bacterianas mortas,

as bacterinas, e células bacterianas vivas, pela toxina inativada, os toxóides, do C.

pseudotuberculosis, ou pela associação destes componentes, utilizando ou não

algum tipo de adjuvante (FONTAINE et al., 2006; COSTA et al., 2011).

Em 1972 foram iniciados os primeiros experimentos que avaliaram a eficácia

das vacinas (CAMERON et al., 1969). O pesquisador Jolly em 1995, iniciou os

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estudos sobre proteção dos animais contra o agente causador da linfadenite

caseosa, mostrando o envolvimento de toxóide na proteção.

Através de uma cepa atenuada de C. pseudotuberculosis, Ribeiro et al.,

(1991) produziram uma vacina que quando utilizada sem adjuvante mostrou

resultados significantes em caprinos, vindo a ter 83% de imunoproteção. Eggleton

et al., (1991) utilizando toxóide purificado obteve um nível semelhante de proteção

com antígenos derivados de sobrenadante de cultura.

Hodgson et al. (1992) mostraram que a infecção de ovelhas com cepas

avirulentas de C. pseudotuberculosis com a retirada do gene da fosfolipase D,

também teve a capacidade de induzir a imunidade o que demonstra a evidência de

que além da fosfolipase, outros antígenos também contribuem para a proteção.

Walker et al. (1994) observou que era possível obter células produtoras de

anticorpos no local da infecção, sendo possível identificar antígenos importantes

para a produção de vacinas. Estes pesquisadores isolaram uma proteína secretada

de 40kDa, que, usada como vacina associada a hidróxido de alumínio, estabeleceu

uma resposta protetora em 82% dos ovinos vacinados e reduziu em 98% as lesões

nos pulmões.

No período de 1992-1996 Stanford et al., (1998), realizaram um estudo com

o objetivo de avaliar a eficácia de uma vacina contendo células de C.

pseudotuberculosis associado a um dipeptídeo muramil (MDP), sendo ele um

imunoadjuvante originalmente isolado a partir de fragmentos da parede celular

bacteriana. Essa vacina mostrou manter os títulos de anticorpos elevados em

relação aos cordeiros do grupo controle por um período de 12 meses.

Por apresentar atividade intracelular, o C. pseudotuberculosis, faz com que

vacinas forneçam baixa proteção ao rebanho que, para se proteger dessa bactéria

a imunidade deve ser celular (COLLETT, 1994).

2.2.7 Utilização da cromatografia de afinidade

Em 1903, a cromatografia entra nos métodos de separação e seu posterior

desenvolvimento e evolução ocorre em 1930. Uma técnica que tem a finalidade de

separar compostos como, por exemplo, proteínas, que tem a capacidade de se ligar

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não covalentemente e reversivelmente a moléculas especificas conhecidas como

ligantes, é a cromatografia de afinidade. Diferindo-se das técnicas de cromatografia

clássica, este método consegue separar a proteína com base em uma única

propriedade bioquímica. Nesse tipo de cromatografia, o ligante está ligado

covalentemente a matriz, devendo ele ser quimicamente inerte. A depender da

proteína a ser purificada, várias matrizes e ligantes podem ser usadas (VOET E

VOET, 1995).

Existe um grupo de proteínas que possui como característica principal a

capacidade especial de ligar-se a carboidratos, que atua na primeira linha de defesa

contra agentes patogênicos, este grupo é conhecido como lectinas. Atuando nas

funções biológicas básicas, incluindo regulamentar, adesivar, defesa contra

patógenos, prevenção da autoimunidade e muitos outros, eles estão presentes em

cada organismo (JUN, 2014).

Em um organismo, um número de diferentes lectinas está normalmente

presente em várias isoformas, chamadas isolectinas (VAN DAMME et al., 1998).

As lectinas, em seus diferentes tipos, distinguem-se de acordo com a sua estrutura

geral. Merolectinas contém um único domínio de ligação de carboidrato,

hololectinas são compostos de dois ou mais domínios de tais e chimerolectinas

contém domínios adicionais, não-lectina, geralmente tem função catalítica

(Peumans & Van Damme, 1995). Todos os organismos produzem lectinas que

atuam com várias funções biológicas e que podem reconhecer e ligar-se a

carboidratos específicos de forma reversível (JUN, 2014).

A maioria das lectinas tem múltiplos sítios de ligação que podem ser uteis

em associações de entrecruzamento com glicoreceptores específicos na superfície

da célula. Possuindo ainda um papel de moléculas de reconhecimento e interações

de molécula-célula, célula-célula e estão envolvidas em processos celulares,

incluindo adesão, migração, diferenciação, proliferação e apoptose. Além de que,

muitas lectinas induzem respostas fisiológicas diversas em vários organismos e

possuem propriedades de imunomoduladores (Perillo et al., 1998; Sharon & Lis,

1989).

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Caracterizar aspectos relacionados à estímulos imunológicos mediante

vacinação de ovelhas contra C. pseudotuberculosis, bem como determinar o papel

destes fatores na implementação de medidas de controle envolvendo a vacinação

dos animais.

3.2 Objetivos específicos

- Elaborar e avaliar o efeito de uma vacina de células bacterianas de C.

pseudotuberculosis em fêmeas ovinas SRD;

- Avaliar a atividade bactericida do soro dos animais vacinados;

- Determinar a atividade hemaglutinante no extrato de proteínas de C.

pseudotuberculosis.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.2 Ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção de resposta contra C.

pseudotuberculosis

O teste de ELISA para detecção da reposta frente à infecção por C.

pseudotuberculosis, foi realizado como um teste de triagem para a escolha dos

animais a serem utilizados no desenvolvimento do experimento. Esse teste seguiu

descrições de Vale et al. (2003) e Binns et al. (2007).

4.1 Animais utilizados

Foram utilizadas 12 fêmeas ovinas da raça Santa Inês. Formou-se dois grupos,

sendo G1 (n=06): ovinos positivos para a presença de anticorpos contra C.

pseudotuberculosis no teste de ELISA e G2 (n=06): ovinos negativos para presença

de anticorpos contra C. pseudotuberculosis, também através do teste de ELISA. A

utilização dos animais foi aprovada junto ao comitê de ética (anexo 1).

4.3 Seleção dos isolados a serem utilizados no preparo das vacinas

Os isolados de C. pseudotuberculosis (n=3) a serem utilizados no preparo

das vacinas, foram escolhidos de acordo com o resultado da eletroforese em gel

de poliacrilamida com condições desnaturantes (SDSPAGE, 12%) das proteínas

extraídas (AMANSO, 2015). Essa metodologia seguiu descrições de Laemmli

(1970).

4.4. Preparo das Vacinas

Com base nos perfis eletroforéticos apresentado pelos isolados na SDS-

PAGE 12% em estudo anterior, foi possível selecionar três isolados para o preparo

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da vacina. Inicialmente, as cepas de C. pseudotuberculosis foram cultivadas em

meio AS a 37ºC por 48h. Após o crescimento, uma suspensão das colônias em

solução salina (NaCl 0,15M) esterilizada foi preparada e a quantidade de bactérias

foi estimada em unidades formadoras de colônias por mililitro (UFC/mL)

comparando-se uma diluição da suspensão com a escala 4 de Mac Farland, por

método turbidimétrico. Além deste método, determinou-se a concentração

bacteriana por espectrofotometria, no comprimento de onda 580nm, com densidade

óptica de 1,730 nm. Em seguida, foi adicionado 10% desta suspensão bacteriana

em solução salina em 100mL de BHI caldo para cultivo em shaker (180 rpm) a 37ºC

por 24 h.

Posteriormente, foi adicionado 0,6 % de formol na cultura vacinal para

inativação e novamente foi colocada em shaker (180 rpm) a 37ºC overnight. Uma

alíquota da cultura tratada foi semeada em meio BHI e Tioglicolato e incubadas à

37ºC por 48h para confirmar a inativação das células bacterianas. Após

confirmação da inativação, foi adicionada a bacterina 15% de hidróxido de alumínio

como adjuvante. Posteriormente, a bacterina foi semeada em placa de Petri

contendo meio de cultura BHI e incubada a 37ºC por 48 horas para verificar a sua

seguridade. Logo após, a bacterina foi mantida a 4ºC, conforme metodologia de

Grabowski et al. (2004).

4.5. Vacinação dos ovinos

Dos dois grupos G1 (n=06): ovinos positivos para a presença de anticorpos

contra C. pseudotuberculosis no teste de ELISA e G2 (n=06): ovinos negativos para

o mesmo teste, apenas os animais do G2 foram vacinados, os animais do G1, foram

utilizados como controles positivos e também foram avaliados quanto a atividade

bactericida do soro. A vacinação foi feita no primeiro dia do início do experimento,

momento 1 (M1) e repetida 30 dias após. As coletas iniciaram no primeiro dia do

experimento (M1) e as demais foram feitas semanalmente até que se completasse

um total de nove semanas (M1- M9). Os animais pertencentes ao grupo 2 foram

vacinados com duas doses de 1mL da bacterina produzida, por via subcutânea no

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lado direito do pescoço. Este experimento seguiu descrições de Fontaine et al.

(2006).

4.6. Avaliação clínica dos animais

A avaliação clínica dos animais seguiu descrições de Vale et al. (2003) e Baird

& Malone (2010). O exame envolveu a palpação e inspeção visual dos linfonodos

superficiais na cabeça, pescoço e corpo.

4.7 Extração de proteínas de C. pseudotuberculosis

Os isolados bacterianos foram cultivados em 200mL de BHI (Brain Heart

infusion) e incubados a 37ºC por 72 h, sob agitação em shaker (150 rpm). As células

foram coletadas por centrifugação (5.000 rpm por 30 min, 7ºC). Foram

ressuspendidas com 10mL de NaCl (0,15 M) gelado, levando a centrifugação

(4.000 rpm por 5 min), o sobrenadante foi descartado e o precipitado foi utilizado.

Em tubo falcon, para cada 1mL do sobrenadante foram utilizados 20mL da solução

(NaCl 0,15M e 1% de SDS), deixando-o sob agitação lenta durante 4 h. Após este

período, realizou centrifugação (5.000 rpm por 30 min a 7ºC). Após esta etapa, o

precipitado foi descartado e realizada a diálise do sobrenadante com intuito de

retirar o excesso de SDS. Logo após, as proteínas foram armazenadas para

posterior utilização no teste de atividade hemaglutinante (PODGORSKYI, et al.,

2011).

4.8 Atividade hemaglutinante

4.8.1 Coleta e preparo das hemácias

As amostras de sangue foram coletadas assepticamente de coelho branco

da raça Nova Zelândia. As hemácias foram lavadas em NaCl (0,15 M) por quatro

vezes (1000 x g, 4ºC, 20 minutos). O sobrenadante foi descartado e o precipitado

(polpa de hemácias) foi utilizado para preparar a solução de hemácias a 2%.

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4.8.2 Detecção de atividade hemaglutinante no extrato

Os ensaios de atividade hemaglutinante foram realizados em placas de

microtitulação de 96 poços. Em cada poço foi adicionado 50 μL de NaCl 0,15 M,

sendo ainda acrescidos 50 μL de extrato total apenas no primeiro poço, para

realizar a diluição seriada nos poços seguintes. Após diluição, adicionou-se, em

todos os poços, 50 μL da suspensão de eritrócitos 2% de coelho. O controle

negativo consistiu de 50 μL da solução NaCl 0,15 M mais 50 μL da solução de

hemácias 2%, sendo o controle positivo, composto por 50 μL da solução de NaCl

0,15 M mais 50 μL da solução de hemácias e 50 μL de Jacalina (lectina da

Artocarpus heterophyllus). Após 1h de repouso à 25ºC, a atividade hemaglutinante

foi avaliada visualmente, sendo o título expresso em Unidade de Hemaglutinação

(UH.mL-1), que corresponde ao inverso da maior diluição da amostra que

apresente nítida aglutinação (MOREIRA, 1977).

4.9 Atividade bactericida do soro

Os soros de animais vacinados e infectados naturalmente por C.

pseudotuberculosis foram obtidos por coleta asséptica do sangue em tubos

vacutiner sem anticoagulante. As amostras foram centrifugados (4.000 rpm por 10

min) e o soro obtido foi armazenado a 4ºC até sua posterior utilização.

As bactérias utilizadas na atividade foram provenientes da bacterioteca do

Laboratório de Microbiologia e Imunologia Animal da UNIVASF, sendo os mesmos

isolados utilizados para elaboração da vacina. Foram cultivados em caldo BHI a

37°C, durante 24h de incubação. Após este período, a suspensão bacteriana foi

lavada e centrifugada a 5000 rpm durante três minutos em solução de tampão

fosfato estéril (PBS), com pH 7,4, três vezes até à remoção completa do BHI. A

suspensão bacteriana foi diluída em PBS estéril a uma concentração de 1x108 UFC,

de acordo com a escala 0,5 de Mc Farland. Observando ainda a DO num

comprimento de onda de 546nm, obtendo-se um valor de 0,065 (Vandepitte et al.,

1993).

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Foram utilizados dois grupos dos “pools” dos soros de cada momento, um

grupo com soro descomplementado, no qual passou por um tratamento térmico à

56ºC por 30 min e outro grupo com soro sem tratamento térmico. Aos soros de

ambos os grupo contidos em microtubos, numa alíquota de 500µL, foram

acrescentados 500µL da suspensão bacteriana na concentração de 1x108 UFC,

posteriormente, essa solução foi levada à estufa à 37ºC por 1h. Após o período na

estufa, foram feitas diluições seriadas, retirando o conteúdo de cada microtubo

transferindo-o para um tubo de ensaio com 9 mL de solução salina. Estas diluições

iniciaram na concentração de 10-1 até alcançar a 10-5. Feitas as diluições, foram

retirados 1mL de cada tudo e adicionados à placas de Petri, que por sua vez

receberam o meio BHI ágar, estando ele morno, sendo realizada a técnica de “pour-

plate”, procedimento realizado em duplicata. As placas foram levadas à estufa 37ºC

por 48h e posteriormente foi feita a contagem de colônias e dado o valor de

UFC/mL. No grupo controle, foi plaqueada a solução de bactéria com solução salina

(RAO et al., 2006 – Modificado).

4.10 Cromatografia de afinidade

4.10.1 Extração de proteínas de C. pseudotuberculosis

Os isolados utilizados na vacina foram semeados em BHI caldo e incubados

à 37ºC por 72h. Durante o período de incubação, foi feita a espectrofotometria do

cultivo de 12 em 12 horas para observar o pico de crescimento dos microrganismos.

Após este período, as células foram coletadas por centrifugação nas

condições de 500rpm por 15 min à 4ºC, em tubos de 50mL. Após a centrifugação,

o sobrenadante foi desprezado e o precipitado foi ressuspendido em tampão citrato

fosfato pH 6,5, 0,1M com NaCl 0,5M. Obtendo um volume final de 20mL. Foi

adicionado 3% de Tween 80, agitado vagarosamente deixando-o em contato com

a amostra durante 30 min. Após esse tempo, foi realizado o choque térmico

mergulhando a amostra durante 1 min no nitrogênio líquido e posteriormente

imergindo-a em banho maria 37ºC até o descongelamento da amostra. Esse

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procedimento foi repetido por 5 vezes. Em seguida, foram adicionadas micro

pérolas de vidro e realizado o processo de hight speed friction em 10 sessões de 1

min cada, com intervalo de 30 segundos entre cada uma delas em banho de gelo.

Após esse processo, adicionou-se 10% de glicerol à amostra. Após a adição, as

células foram expostas ao banho ultrassônico com frequência ultrassônica de 42

kHz durante 5 ciclos de 1,5 minutos, adicionando gelo à cuba. Posteriormente, foi

adicionado a lisozima 20µg/mL deixando em contato por 4 horas e posterior

centrifugação por 30 minutos à 4ºC em uma velocidade de 13.000 g. Sendo então

alaborada uma nova metodologia para extração de proteínas de C.

pseudotuberculosis. Após a centrifugação, o sobrenadante foi coletado e

armazenado para posterior utilização na cromatografia.

4.10.2 Purificação da lectina por cromatografia de afinidade

A lectina foi isolada a partir da extração de proteínas das bactérias, utilizando

um procedimento de cromatografia em dois passos. Antes de dar início ao

processo, a coluna cromatográfica foi equilibrada com tampão PBS 0,1M com pH

7,4.

Para iniciar o processo, a amostra foi filtrada em micromembrana (0,22µm). O

conteúdo foi colocado em recirculação durante 2 horas com o auxílio da bomba

peristáltica nas seguintes condições: velocidade de 3,0 rpm, coletor 4,5 minutos e

1,5 mL por tubo. Após o período de recirculação, adicionou-se o tampão de eluição

PBS pH 7,4, 0,1 M para remover quaisquer proteínas que não se ligam

especificamente à manose, obtendo então o pico 1 (P1). Foi feita a leitura da DO

dessa eluição em espectrofotômetro num comprimento de onda de 280 nm. Em

seguida, para obtenção da concentração de lectina purificada adicionou-se o

tampão de eluição glicina pH 2,6, 0,1M. Com a adição da glicina, a lectina que

estava ligada à coluna foi desfeita sua ligação, coletada e também observada a DO

num comprimento de onda de 280 nm, obtendo então o pico 2 (P2).

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5. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A normalidade dos dados foi confirmada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Os

valores obtidos de UFC/mL foram comparados entre os grupos (soro tratado e não

tratado termicamente – soro de animais vacinados e não vacinados), utilizando-se

o teste T para amostras independentes e entre os tempos experimentais pela

análise de variância para medidas repetidas. Para análise dos dados, foi utilizado

o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 20.0

para Windows.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Teste de ELISA

Dos 24 animais avaliados no teste de ELISA, 16 mostraram-se positivos para

presença de anticorpos anti-C.pseudotuberculosis (66%). Dos 16 animais positivos

ao teste, 6 foram selecionados para compor o grupo positivo (G1) e, dos demais

animais negativos ao teste, num total de 8, 6 foram selecionados para compor o

grupo negativo (G2).

6.2 Vacinação

A bacterina produzida com os três isolados de C. pseudotuberculosis, foi

devidamente elaborada e aplicada aos animais negativos ao teste de ELISA

conforme proposto na metodologia. Os animais não apresentaram reações

adversas no local da vacinação. A cada semana do experimento, foram coletadas

amostras de sangue dos animais em estudo, de forma asséptica, com as quais, ao

avaliar a resposta imunológica dos animais, foram obtidos resultados satisfatórios.

Em 1988, Ribeiro et al. formularam uma vacina inativada a partir de uma cepa

tendo como adjuvante o gel de fosfato de alumínio. Foram observados nesse

estudo, valores de proteção de 50 a 77%, onde a recomendação era vacinar os

animais depois de quatro meses de idade, pois antes disso os anticorpos advindos

do colostro inativariam a vacina.

Através de uma cepa atenuada de C. pseudotuberculosis, Ribeiro et al., (1991)

produziram uma vacina que quando utilizada sem adjuvante mostrou resultados

significantes em caprinos, vindo a ter 83% de imunoproteção. Enquanto Eggleton

et al., (1991) utilizando toxóide purificado obtiveram dados semelhantes de

proteção com antígenos derivados de sobrenadante de cultura. Porém, outros

estudos levaram pesquisadores a observarem que para uma ideal proteção contra

linfadenite caseosa, era necessária a associação de sobrenadante de cultura e

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32

fragmentos celulares, toxóides associados com células, para ótima proteção

(BURRELL, D. H. 1983)

6.3 Atividade bactericida do soro

O aumento da atividade bactericida do soro detectado após a vacinação,

com consequente diminuição da contagem de UFC/mL (Gráfico1 - 1a e 1b), mostra

o aumento de proteínas séricas de proteção que normalmente ocorre após uma

infecção natural, tais como em surtos de doenças, ou em infecções artificiais, tais

como após a vacinação e desafio (BILLER-TAKAHASHI, J. D. et al., 2013). Pode-

se observar que houve uma maior atividade bactericida no grupo quando utilizado

o soro não tratado termicamente quando comparado com o soro tratado (P < 0,05).

Essa diferença entre os dois grupos pode ser observada a partir do momento 5

(M5), que por sua vez, está relacionada com uma semana após a segunda dose da

vacina. O mesmo se repete para avaliação dentro do grupo do soro não tratado

termicamente ao longo dos 9 momentos de coleta (M1-9), no qual a partir do M5,

houve um aumento da atividade bactericida do soro (P< 0,05). Não houve diferença

significativa entre o grupo do soro tratado termicamente ao longo dos nove

momentos (M1-9). Das 5 diluições, foi selecionada a 10-3 para a análise estatística,

visto que, esta diluição apresentou as melhores contagens de UFC/mL, entre 30 e

300.

Isso está relacionado ao fato de o soro tratado não possuir mais o

complemento que antes havia, pois, com o tratamento térmico há a

descomplementação do soro. Concordando com o que disse Collett (1994), para

se proteger dessa bactéria a imunidade deve ser celular. Em geral, quando uma

vacina é aplicada em várias doses significa que, a cada dose, há um aumento

progressivo da defesa do organismo. Afirmando o que disse Eggleton (1991), o

controle desta enfermidade deve ser feito principalmente através do diagnóstico

precoce e pela utilização de vacinas.

Comparando os dois grupos de soro de animais vacinados com animais não

vacinados, porém infectados naturalmente, também observou-se que houve

diferença significativa (P<0,05) entre os dois grupos a partir do M5, sendo que o

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33

soro dos animais vacinados apresentou maior atividade bactericida (Tabela 2).

Afirmando o que disse Baird e Fontaine (2007), a vacinação é considerada também

como ação de profilaxia e reduz a ocorrência de linfadenite caseosa e abscessos

no rebanho em até 70%.

Gráfico 1. Média de contagem de UFC/mL na avaliação da atividade bactericida do soro de

fêmeas ovinas vacinadas com bacterina preparada com C. pseudotuberculosis – Soro tratado

termicamente, A. Soro não tratado termicamente, B.

Momentos de coleta – Nº de semanas

Méd

ia d

e U

FC/m

L

0

30

60

90

120

150

180

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Momentos de coleta – Nº de semanas

Méd

ia d

e U

FC/m

L

0

30

60

90

120

150

180

210

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Méd

ia d

e U

FC/m

L

A B

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Tabela 1. Médias obtidas para UFC/mL (x106) na avaliação da atividade bactericida

do soro de fêmeas ovinas vacinadas e não vacinadas com bacterina preparada com

isolados de C. pseudotuberculosis

Animais vacinados – soro não tratado termicamente

Animais vacinados – soro tratado termicamente

Médias UFC/mL Médias UFC/mL

M1 0,198Aa 0,152Aa

M2 0,168Aa 0,109Aa

M3 0,093Aa 0,102Aa

M4 0,079Aa 0,093Aa

M5 0,061Aab 0,079Aab

M6 0,057Aab 0,066Aab

M7 0,051Aab 0,066Aab

M8 0,047Aab 0,062Aab

M9 0,045Aab 0,061Aab

Animais não vacinados – soro não tratado termicamente

Animais não vacinados – soro tratado termicamente

Médias UFC/mL Médias UFC/mL

0,168 Aab 0,181 Aab A letra M significa os momentos semanais de coleta;

Para cada momento, valores seguidos por letras maiúsculas iguais não diferem entre si (P > 0,05);

Para cada grupo, valores seguidos por letras minúsculas iguais não diferem entre si (P > 0,05);

As respostas imunológicas também podem ser controladas pela ação dos

linfócitos T reguladores (Treg). Citocinas como interleucina 10 (IL-10) e fator de

crescimento β (TGF-β) são secretados pelos Tregs (TIZARD, 2014).

O agente patogênico pode influenciar na libertação de citosinas inflamatórias

tais como a interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 e Fator α (IL-6) e, que são proteínas

sintetizadas pelo fígado, encéfalo ou células do sistema imunológico que atuam em

reparação de tecidos, homeostase e modulação da atividade do sistema de defesa

inato e adquirido (Bayne e Gerwick, 2001; Magnadottir et al, 2011).

Existe ainda o sistema imune adaptativo, que é um sistema sofisticado que

pode reconhecer invasores, responder à sua invasão, de forma que, num próximo

contato com o microorganismo invasor, a sua resposta seja mais rápida e eficaz,

havendo a ativação de diversas vias intracelulares no desencadeamento da

resposta imune inata pelo reconhecimento de receptores de reconhecimento

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35

padrão. A ativação dessas vias pode influenciar a capacidade do animal de montar

respostas imunes adaptativas (TIZARD, 2014).

Regulador da inflamação pela secreção de uma citocina chamada IL-17, os

linfócitos Th17 também compõe outra subpopulação de linfócitos T. Os linfócitos T

CD4+ diferenciam-se em linfócitos Th17 quando são expostos a IL-6 mais TGF-β.

Os linfócitos Th17 são potentes indutores da inflamação aguda e desempenham

um papel importante na defesa do hospedeiro. Eles são linfócitos convencionais

pequenos que são abundantes da superfície das mucosas. A presença desses

linfócitos nesses tecidos da superfície é regulada pela microbiota intestinal. As

células dendríticas e os macrófagos ativados por PAMPs microbianos através de

TLR2 secretam IL-23. A IL-23 promove a sobrevivência e a ativação de linfócitos

Th17. Estes secretam IL-17 e IL-22. O IFN-γ suprime o desenvolvimento de

linfócitos Th17 inibindo a inflamação mediada por IL-17 (TIZARD, 2014).

Existem seis membros na família do IL-17 (IL-17A a IL-17F), sendo que, o

IL-17A e IL-17F são os mais importantes membros da família. A IL-17A está

envolvida no desenvolvimento de autoimunidade, inflamação e alguns tumores, já

a IL-17F está envolvida, principalmente, na defesa da mucosa. A IL-17A é um

homodímero de 35 kDa produzida pelos linfócitos Th17. As células endoteliais e os

macrófagos parecem ser os principais alvos dessas citocinas, uma vez que a IL-

17A ou IL-17F mais TNF-α podem estimulá-los a produzir moléculas pró-

inflamatórias. Isso inclui quimiocinas CXC, G-CSF, GM-CSF, IL-1 e IL-6,

mediadores inflamatórios, tais como proteínas de fase aguda e proteínas do

sistema complemento, e defensinas antibacterianas (TIZARD, 2014).

A IL-17 atua na regulação do acúmulo de neutrófilos na inflamação aguda

sendo crucial para coordenar as defesas do hospedeiro contra muitos fungos e

bactérias. Os linfócitos Th17, por exemplo, exercem um papel importante na defesa

contra patógenos como Klebsiella pneumoniae, Citrobacter rodentium, Salmonella

enterica, Mycobacterium tuberculosis e Candida albicans. Acredita-se que os

linfócitos Th17 ajam desencadeando a inflamação e recrutando células

inflamatórias precocemente na infecção, levando à rápida erradicação do patógeno

(TIZARD, 2014).

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36

Existem vários protocolos para avaliar a atividade bactericida do soro, porém,

o procedimento adotado neste trabalho se mostrou eficiente e de menor

complexidade quando comparado com outros trabalhos. A metodologia utilizada

por Chen e Ainsworth (1992) para avaliar a morte bacteriana, utilizou uma

suspensão de macrófagos em vez de soro, onde as células atuaram da mesma

maneira como o soro, reduzindo a quantidade de UFC e promovendo a redução em

seus números nas placas. A vantagem deste estudo é devido ao uso de soro como

um agente para a destruição das UFC, dado que todo o processo de preparação

de células é trabalhoso e delicado.

6.4 Atividade hemaglutinante

Com relação a detecção e caraterização da presença de lectinas nas células

de C. pseudotuberculosis, o ensaio de hemaglutinação foi positivo. Isto indica a

função biológica da proteína no extrato proteico, apontando a presença de lectinas

em C. pseudotuberculosis. Nas linhagens bacterianas, as lectinas estão envolvidas

na fixação destes microrganismos aos tecidos dos hospedeiros e nos mecanismos

de infecção (INOUE et al., 2003).

O ensaio de hemaglutinação é um método simples e fácil de obter dados semi-

quantitativos sobre a ligação de açúcar e especificidade de uma lectina. Uma lectina

ativa, aglutina eritrócitos por reconhecer um hidrato de carbono na superfície celular

e a formação de uma rede de ligação cruzada em suspensão (JUN, 2014)

Um composto presente no extrato, apresentou capacidade de aglutinar células

e precipitar glicoconjugados, que é uma característica exclusiva das lectinas. A

atividade hemaglutinante nos eritrócitos foi detectada visualmente através da

formação, após uma hora de incubação, de uma malha ou rede de hemácias que

cobria o fundo e os lados dos poços (figura 1). Por outro lado, foram considerados

negativos os poços onde se visualizava um botão compacto de células no fundo do

poço.

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AH – Amostra + hemácias; CP – Controle positivo; CN – Controle negativo

Figura 1. Visualização da atividade hemaglutinante na presença do extrato

proteico de C. pseudotuberculosis e hemácias de coelho.

Os resultados obtidos demonstram a presença de proteína com capacidade

de hemaglutinar eritrócitos nos isolados de C. pseudotuberculosis. A capacidade

de uma proteína de se ligar a carboidratos e aglutinar eritrócitos se constitui na

característica fundamental para que esta seja definida como lectina (SHARON &

LIS, 1990). Sendo assim, concluímos que nos isolados de C. pseudotuberculosis

utilizados neste experimento, existem proteínas capazes de reconhecer os

receptores presentes na membrana dos eritrócitos de coelho ligando-se a estes e

promovendo a aglutinação celular.

6.5 Cromatografia de afinidade em coluna D-manose ligante

Após confirmar a presença de lectina pelo teste da HA, foram extraídas as

proteínas totais dos isolados e utilizada técnica de cromatográfica para o

isolamento de lectina a partir do extrato bruto de acordo com a afinidade específica

de ligação a carboidratos, neste caso, lectina que se liga à D-manose, no

cromatograma pode-se observar a presença de dois picos, o P1 que representa

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todas as proteínas que não se ligaram manose, e o P2 que representa a lectina que

antes ligada a D-manose, foi eluida (gráfico 3).

Figura 2. Cromatografia de afinidade de lectina extraída de C.

pseudotuberculosis

A cromatografia de afinidade, técnica mais comumente utilizada, baseia-se

na habilidade das lectinas se ligarem especificamente a suportes polissacarídicos

através dos seus sítios específicos para ligações não covalentes. A proteína

desejada pode ser obtida com alto grau de pureza (YE e NG, 2002) pela eluição

com uma solução contendo um competidor (OLIVEIRA et al., 2002). As matrizes de

afinidade podem ser selecionadas de acordo com a especificidade da lectina a

carboidratos.

As lectinas são componentes do sistema complemento, que, quando

estimulada, sua via é ativada. Existem 3 vias de ativação: a via Clássica,

dependente de anticorpo; a via das Lectinas e a via Alternativa, ambas

independentes de anticorpo (TIZARD, 2014).

A Lectina ligante da manose (MBL) e as ficolinas, compões as lectinas

ativadoras dessa via. Não se ligando às glicoproteínas de mamíferos, as MBL tem

a capacidade de ligar-se a bactérias, fungos, protozoários parasitas e vírus pela

ligação com a manose ou N-acetilglucosamina presente na parede das células

Ab

sorb

ânci

a 2

80

nm

P1

P2

P1

P2

Frações- (mL)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

2 6 10 14 17 20 24 28 32 36 40 44 48 51 53 55

P2

P1

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microbianas. Uma vez que estabelecida essa ligação, a MBL ativa a MASP-2, uma

protease sérica, sendo ela associada à MBL. Consequentemente, a MASP-2 irá

agir no componente C4 do complemento, clivando-o em C4a e C4, originando um

grupo carbonil reativo, este, liga o C4b de maneira covalente à superfície do

microorganismo.C2, outro componente do sistema complemento, se liga ao C4b

para formar o complexo C4b2, o C2 ligado anteriormente é clivado MASP-2 para

gerar C4b2b. O C4b2b ligado à superfície microbiana é uma protease que atua na

quebra o C3 para gerar C3a e C3b expondo o grupo tioéster no C3b. A ativação do

C3b pelo C4b2b é o passo principal pois cada complexo C4b2b pode gerar até 200

moléculas de C3b. Uma vez que estas reações são geralmente confinadas ao

microambiente próximo das superfícies microbianas, o C3b recentemente formado,

diferentemente, irá se ligar aos microorganismos próximos. A ligação do C3b então

liga o C5 e o cliva em C5a e C5b. Essa cascata do complemento poderá então

continuar a eliminar microorganismos com os complexos terminais do

complemento. Sendo que, os anticorpos, isoladamente, opsonizam as bactérias.

Os anticorpos e os componentes do sistema complemento podem realizar a

opsonização das bactérias ou destruí-las diretamente por meio do complexo

terminal (TIZARD, 2014).

Lectinas são proteínas amplamente versáteis e quando purificadas, devido a

sua especificidade de ligação a carboidratos, têm demonstrado um papel

interessante em modelos médicos e biológicos, sendo assim consideradas

importantes ferramentas na compreensão da sinalização e modulação da resposta

biológica (GOSH et al., 1999; CECHINEL el al., 2001; LOPES et al., 2005; DAS et

al., 2007; KHIL et., al 2007; SONG, et al., 2007).

Farrokhi et al. (2016) em um dos seus estudos, avaliaram os níveis séricos

de MBL em pacientes com distúrbios neurológicos auto-imunes, incluindo:

esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barre e miastenia gravis, avaliando a

correlação entre a concentração sérica média de MBL com a gravidade e outras

características clínicas dos pacientes. No qual observaram que o nível plasmático

de MBL aumentou significativamente em pacientes com as enfermidades avaliadas

em comparação com o grupo controle, composto por pessoas saudáveis. Além

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40

disso, o nível plasmático de MBL estava diretamente correlacionado com a

gravidade destas doenças neurológicas autoimunes. Os resultados sugeriram que

a ativação do complemento mediado por MBL contribuiu com a gravidade da

patogenia das enfermidades, sugerindo que a via da lectina pode estar envolvida

em várias fases da resposta imunológica.

Por ativarem o sistema complemento dos indivíduos, o uso dessas lectinas

na elaboração de vacinas vem sendo estudado há algum tempo em diversas áreas

da saúde e se faz necessário maior ampliação destes estudos e aplicações desta

técnica para elucidar seus mecanismos e avaliar sua eficácia.

ANDERSEN (1994), avaliou o efeito de uma vacina produzida à partir de

proteínas extraídas do Mycobacterium tuberculosis. Camundongos foram

vacinados e posteriormente desafiados com uma suspenção do M. tuberculosis.

Foi então avaliada a sua resposta imunológica e observado que a vacina conferiu

proteção significativa para os animais vacinados em questão.

NOGUEIRA et al. (2010), demonstram a existência de uma nova lectina

secretada a partir de M. tuberculosis, que é encontrada em pacientes durante a

infecção ativa pela tuberculose. Estas observações sugeriram que a SMTL-13,

lectina estudada, foi caracterizada como um potencial biomarcador eficaz no

diagnóstico / tratamento, bem como alvo de imunização. A este respeito, nota-se

que os antígenos segregados podem ser utilizados como testes de diagnóstico,

bem como serem candidatos a potenciais vacinas e utilizados em ensaios clínicos

recorrentes.

Esse foi o primeiro estudo que conseguiu realizar com sucesso a extração

de proteínas do C. pseudotuberculosis, isolados estes que foram utilizados na

elaboração de uma vacina, e demonstrou a presença da proteína lectina, isolando-

a através da técnica de cromatografia de afinidade, a qual será utilizada em estudos

futuros como base para elaboração de métodos de imunização.

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6 . CONCLUSÃO

A vacina elaborada foi capaz de conferir proteção nos animais testados devido

a atividade bactericida do soro desses animais. Os isolados de C.

pseudotuberculosis utilizados apresentam lectina, que é capaz de estimular o

sistema imunológico dos animais.

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8. ANEXOS

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