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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Michelly Tatiane de Oliveira
GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma análise das publicações do Fórum
Internacional de Ginástica Para Todos
Diamantina
2018/1
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Michelly Tatiane de Oliveira
GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma análise das publicações do Fórum
Internacional de Ginástica Para Todos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação Física, como parte
dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.
Orientadora: Profª. Ma. Juliana Nogueira Pontes Nobre
Diamantina
2018/1
Dedico este trabalho primeiramente a Virgem
Maria, pôr ser essencial em minha vida. As
pessoas que estiveram ao meu lado: meus pais
Nilson e Maria, meus irmãos. Ao meu noivo
Danilo, que sempre acreditou em mim. Ao meu
avô Joaquim (in memoriam)
AGRADECIMENTOS
A Deus e especialmente a Virgem Maria, pelo socorro nos momentos de angústia, por sempre
me conceder sabedoria nas escolhas dos melhores caminhos, coragem para acreditar, força
para não desistir e proteção para me amparar.
Agradeço aos meus pais Nilson e Maria, que me proporcionaram a melhor educação e lutaram
para que eu estivesse concluindo mais essa etapa da minha vida. Sei o quanto vocês se doaram
para a realização desse sonho. Aos meus irmãos Hullyson e Hudson, que acompanharam a
minha trajetória e torceram por mim.
Ao meu noivo Danilo, por toda a dedicação, incentivo, paciência é força nos momentos de
mais dificuldades, não me deixando desistir, para vencer mais essa etapa da minha vida.
Obrigada por estar ao meu lado durante essa jornada e por trilhar o seu caminho junto do meu.
Te amo.
Agradeço a todos os meus familiares, especialmente meu avô Joaquim (in memoriam), de
quem sinto uma imensa saudade. Aos familiares do meu noivo, em especialmente Dona
Tereza, Nádia e minha sogra Mariza, que me deram todo o suporte que eu precisei, me
acolhendo, me ajudando nos momentos difíceis, onde meus pais não podiam estar. Fazendo-
me sentir uma bisneta, uma sobrinha e uma filha, é também a Aline e Valtinho, a vocês
agradeço do fundo do coração, todo esse carinho.
Aos meus amigos, as pessoas que ao longo do tempo viram meu crescimento enquanto
pessoa, enquanto amigo, enquanto estudante preocupado com minha formação acadêmica, em
busca de novas conquistas, novos sonhos. Luana, Paulinho, André, Michel, Claudio,
Jaqueline e Diego, pelas varias farras e passeios inesquecíveis que ocasionaram cada história.
A Ana Clara e Bianca, minhas duas pequeninas que amo e que me trazem tanta paz e alegrias
quando estou perto. Muito obrigado a todos.
À minha orientadora, Professora Juliana, pela sua dedicação, paciência e disponibilidade em
me orientar mesmo com tão pouco tempo, mas, principalmente, pelo carinho, palavras
amigas, conselhos e incentivos.
À Professora Priscila pela ajuda, conhecimentos e experiências passadas.
Aos membros da banca, Hilton e Cláudia, por terem aceitado o convite para participarem
deste momento importante em minha vida.
A esta universidade, em especialmente aos professores do curso de Educação Física que
conheci nesta jornada e tive o privilégio de trabalhar, aos colegas discentes do Departamento,
ao coordenador do curso Professor Geraldo e aos Técnicos-Administrativos, que me deram
toda estrutura e ensinamentos para minha formação, sem eles não seria possível estar aqui
hoje de coração repleto de orgulho e.
A Dona Alice, minha professora do Pré Escolar, onde minha formação escolar começou. A
Escola Estadual Dom Joaquim Silvério de Souza e a Escola Estadual Professora Ayna Torres
e seus funcionários. Aos professores: Dona Filomena, uma de minhas professoras do ensino
fundamental I, Gláucia, Fernanda, Eldimara, Herivelto, Kiko, Filomena, Célio, (meus
professores no ensino fundamental II e no ensino médio) e todos os outros não citados, mas
não menos importantes. A palavra que expressa a admiração, respeito e carinho por vocês é
agradecimento, agradecer pela paciência, pela partilha de conhecimento, pelos ensinamentos
para a vida.
Aos meus cachorros, Bigode e Ritinha, pelo amor incondicional, gestos de carinho
incontáveis é olhares sinceros, que foram importantes nos meus momentos de agonia, estresse
é também de felicidades pelas vitórias conquistadas.
Em fim, a todos que contribuíram de forma direta ou indireta durante este curso, e a todos que
torceram e acreditaram que este momento chegaria. Serei infinitamente grata a todos vocês.
RESUMO
A Educação Infantil é uma importante etapa na vida da criança, visto que o desenvolvimento
infantil é um constructo multifatorial. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo geral
identificar e analisar as pesquisas que relacionam a ginástica com o contexto da Educação
Infantil, publicadas nos Anais do Fórum Internacional de Ginástica Para Todos entre os anos
2001 e 2016, por meio de uma revisão sistemática da literatura. Como objetivo específico, nos
propomos a verificar o número de publicações sobre o recorte determinado, o tipo de estudo
(pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo ou relato de experiência), o tipo de ginástica, o
público abordado nas pesquisas, os principais objetivos e desfechos. Dos 528 resumos/artigos
completos encontrados nos Anais do FIGPT que contiveram alguma das palavras-chaves
pesquisada, que foram “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”, apenas 10 se tratavam da
Ginástica na Educação Infantil no contexto Escolar e passaram a compor a amostra. Os
estudos encontrados cujo tema é a Educação Infantil, se concentram no período entre os anos
de 2007 até 2016. A análise das publicações dos Anais de todas as edições do FIGPT
realizadas até o ano 2016 revelou que a ginástica associada ao contexto da Educação Infantil
ainda é escassa, compondo um quantitativo de 0,02% das publicações totais, caracterizadas
por pesquisas cuja maioria é relato de experiência.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
2. METODOLOGIA ........................................................................................................... 13
2.1. Tipo de estudo ...................................................................................................................... 13
2.2. Procedimentos...................................................................................................................... 13
3. RESULTADOS E DISCUSÃO ...................................................................................... 14
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
9
1. INTRODUÇÃO
A Educação Infantil é uma importante etapa na vida da criança, visto que o
desenvolvimento infantil é fruto das inter-relações que permeiam o ambiente doméstico, a
escola, o bairro onde se vive, sendo um constructo multifatorial (MORAIS et al., 2015). No
segmento escola, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil- DCNEI
(BRASIL, 2010) se unem às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e agregam
princípios, fundamentos e procedimentos para a organização de propostas pedagógicas e
curriculares na Educação Infantil.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil
(BRASIL, 2010), a Educação Infantil é onde se inicia a educação básica da criança, assim
sendo, a primeira etapa de ensino nos anos iniciais, onde é ofertada em creches e pré- escolas,
estes espaços se qualificam como ambientes institucionais sem relação doméstica, sendo
centros educacionais privados ou públicos que oferecem educação e cuidados às crianças de 0
a 5 anos de idade, outorgado e inspecionado por órgãos do sistema de ensino.
Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) Art. 31, Lei 9.394/1996,
a educação infantil deve estabelecer-se de acordo com as seguintes regras:
I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças,
sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um
mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;
III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno
parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;
IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a
frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;
V – expedição de documentação que permita atestar os processos de
desenvolvimento e aprendizagem da criança. (BRASIL, 1996, p.22).
Para Garanhani apud Pontes et Al. (2017), a escola de educação infantil possibilita
a criança o desenvolvimento em vários aspectos, como afetividade , movimento e cognição,
desenvolvendo também competências para a comunicação e expressividade.
O movimento, um importante constructo para o desenvolvimento integral da
criança (GALAHUE, OZMUN, 2005), com base no Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), gera uma ampliação motora em elementos
importantes para a motricidade da criança pelo qual, segundo Arruda e Silva (2009, p. 38) “o
desenvolvimento motor acontece de forma individual onde cada criança possui suas próprias
percepções através de uma relação com imagem do corpo, sendo muito associada com o
desenvolvimento das percepções do mundo em que vivem”.
10
Desta forma, a Educação Infantil é um caminho importante para o
desenvolvimento geral da criança, por isso faz-se necessário que as escolas trabalhem com
qualidade na área motora, para que a criança consiga vivenciar seu desenvolvimento em todas
as etapas (SILVA, 2016). Acarreta a esta fase a necessidade de aprendizagem das habilidades
motoras, por isso a criança necessita de experiências para aquisição e ampliação das
habilidades motoras. Não havendo uma atenção a esta motricidade nas escolas, ocorrerá uma
educação na qual as crianças são limitadas a ficarem quietas e sentadas, longe das
experiências corporais.
Diante disso, a escola deve entender que “o corpo deve ser considerado como
detentor de significados e possuidor de uma riqueza incalculável que pode ser explorada,
diferentemente, nas mais variadas formas e não mais visto como uma máquina e um mero
instrumento de arte e beleza” (SILVA, 2016, p. 6).
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (Brasil 2010),
as práticas pedagógicas que integram a proposta curricular da Educação Infantil, têm como
base orientadora as interações e a brincadeiras, devendo garantir experiências que:
✓ Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências
sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão
da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;
✓ Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio
por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática
e musical (BRASIL, 2010, p. 25).
Desta maneira, tais diretrizes oferecem a possibilidade de trabalhar vários
conteúdos na educação física infantil, sendo um deles a ginástica, “que aprimorará habilidades
básicas [...] fazendo com que as crianças estejam em constante desafio e sempre em
desenvolvimento o que não ocorre quando estão submetidos a aulas não planejadas e com
conteúdos não apropriados” (FREITAS, 2016, p. 14).
Segundo Rangel (2010) apud Freitas (2016):
A Ginástica pode estar presente desde os anos iniciais da criança na escola.
Importante ressaltar que na escola os aspectos competitivos da modalidade, como
formação de atletas, não devem ser enfatizados, e sim sua relevância como um
conteúdo rico e com inúmeras possibilidades dentro dos objetivos educacionais
previstos nas aulas de Educação Física (RANGEL, 2010, p. 55, apud FREITAS,
2016, p. 25).
A ginástica é um conteúdo de exploração corporal e entendimento das
possibilidades de movimento. Da Silva (2005) aponta a ginástica como conteúdo a ser tratado
e reconhecido no espaço-tempo escolar, por ser uma riqueza como atividade que sempre
incita e desafia a criança no seu desenvolvimento, especialmente o motor. Assim, a autora
afirma que “temas e conteúdos devem relacionar-se aos conhecimentos enraizados na
11
memória lúdica da criança, nos seus interesses e possibilidades” (DA SILVA, 2005, p. 137),
onde ele define conteúdos dentro do tema “A ginástica como prática pessoal e coletiva”, para
serem restruturados a cada realidade. Conteúdos que impliquem:
• O reconhecimento das próprias possibilidades de ação corporal.
• A exploração dos desafios que o ambiente natural e social proporcionam.
• A exploração de materiais formais e alternativos.
• Relações sociais: responsabilizar-se pela própria segurança e a dos colegas.
Identificação e verbalização de sensações afetivas/cenestésicas; sentido de
convivência social com suas regras e com os valores que estas envolvem.
• Vivenciar formas combinadas de diferentes movimentos ginásticos. (DA
SILVA, 2005, p. 138).
No contexto da Educação Física Escolar, a Ginástica Para Todos (GPT) oferece
inúmeras possibilidades de se movimentar, sendo considerada por alguns autores (AYOUB,
2003), como a ginástica adequada para este espaço. A GPT oportuniza inclusão dos
diferentes, respeito aos limites corporais, adaptação por meio de materiais alternativos dentre
outros. Logo, se tratando da ginástica trabalhada na educação infantil (Ginástica Geral,
conhecida hoje como Ginástica Para Todos) vem sendo alvo de pesquisadores da área da
educação física. Para Silva et al. (2015, p. 213), “esta modalidade gímnica de caráter
demonstrativo que há algum tempo era ainda pouco conhecida, vem se destacando cada vez
mais na sociedade como um todo, sobretudo por não ser competitiva”.
A disseminação da GG ( Ginástica Geral) ou GPT no Brasil, na visão de Ayoub
(1998), foi a partir da década 1980, através dos eventos ocorridos no país, como os festivais,
cursos internacionais oferecidos CBG- Confederação Brasileira de Ginástica e por
participações de grupos brasileiros na Gymnaestrada Mundial.
Dentre os grandes eventos de GPT o Fórum Internacional de Ginástica Geral,
atualmente Fórum Internacional de Ginastica Para Todos-FIGG, é considerado um dos
eventos mais importantes da Ginastica Para Todos, cuja organização acontece pelo Serviço
Social do Comércio de São Paulo (SESC-SP) e a Faculdade de Educação Física da
Universidade de Campinas (FEF-UNICAMP). A periodicidade do evento acontece a cada
dois anos, no Brasil na cidade de Campinas- SP, onde já foi realizado oito edições, a saber:
2001 – Ginástica Geral: da formação profissional ao mercado de trabalho;
2003 – O Mundo da Ginástica Geral na Ginástica Geral do Mundo;
2005 – Direitos do Corpo;
2007 – Ginástica Geral: identidade e práticas coletivas;
2010 – Cultura da Ginástica: concepções e práticas;
2012 – Esporte para Todos: dimensões da formação em ginástica;
12
2014 – Ginástica: movendo pessoas, construindo cidadania;
2016 – Ginástica para Todos: conectando diferenças.1
O objetivo do Fórum é possibilitar a difusão da Ginástica Para Todos através de
conhecimentos e trocas de experiências entre pesquisadores, profissionais e estudantes,
divulgando suas pesquisas e trabalhos do tema em questão. A programação é composta por
conferências, mesas temáticas, apresentação de trabalhos científicos e relatos de experiências
em forma de pôster, cursos, festivais e lançamento de livros. De acordo com Silva et al.
(2015, p. 213), “o fórum tem como objetivos principais disseminar a modalidade no âmbito
escolar e comunitário, instituindo um espaço de informação, capacitação, discussão e reflexão
acerca da Ginástica”. Este evento ocasiona inclusive uma aproximação entre os grupos que se
apresentam nos festivais, que acontecem no decorrer do evento, oferecendo um espaço
descontraído, prazeroso e de troca de experiências para os participantes.
Pelo fato do Fórum ser atualmente o maior evento da ginástica no Brasil, e por ter
representatividade internacional, os Anais publicados sugerem refletir a real situação da
Ginástica no país. Para tanto, o presente estudo objetivou pesquisar como a Ginástica e a
Ginástica Para Todos estão inseridas no contexto da Educação Infantil e quais são as
características destas publicações. A partir deste panorama, espera-se que possamos
compreender como configura-se esta manifestação da cultura corporal no contexto da
Educação Física Infantil no país.
Assim o presente estudo teve como objetivo geral analisar as pesquisas que
relacionam a ginástica com o contexto da Educação Infantil, publicadas nos Anais do FIGPT
entre os anos 2001 e 2016. Como objetivo específico, nos propomos a identificar o número de
publicações sobre o recorte determinado, o tipo de estudo (pesquisa bibliográfica, pesquisa de
campo ou relato de experiência), o tipo de ginástica e o público abordado nas pesquisas, os
principais objetivos e desfechos.
A escolha do FIGPT para este estudo justifica-se por ele ser um evento cuja
representatividade da GPT e da Educação Física tem uma esfera ampla e significativa no
cenário nacional, oferecendo um potencial atualizado deste contexto no Brasil (SILVA et al.,
2015).
1 Fonte: Disponível em:< http://www.forumgpt.com/2018/sobre>Acesso em 19 mai. 2018
13
2. METODOLOGIA
2.1. Tipo de estudo
Trata-se de estudo que se caracteriza como revisão sistemática, que segundo
Galvão e Pereira (2014, p. 83), é uma pesquisa que tende “identificar, selecionar, avaliar e
sintetizar as evidências relevantes disponíveis”.
Para Sampaio e Mancini (2007), a revisão sistemática é:
[...] uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre
determinado tema. Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das evidências
relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de
métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da
informação selecionada. As revisões sistemáticas são particularmente úteis para
integrar as informações de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre
determinada terapêutica/ intervenção, que podem apresentar resultados conflitantes
e/ou coincidentes, bem como identificar temas que necessitam de evidência,
auxiliando na orientação para investigações futuras (SAMPAIO e MANCINI, 2007,
p. 84).
Por não envolver diretamente o ser humano, não foi necessário encaminhá-la ao
comitê de ética.
2.2. Procedimentos
Primeiramente, com o intuito de mapear as publicações, realizamos um
levantamento da quantidade geral dos trabalhos publicados nos Anais de todas as edições do
FIGPT, de 2001 a 2016, sendo oito edições, apresentados como: PÔSTERES (textos
completos e/ou resumos de pesquisas concluídas ou em andamento); RELATOS DE
EXPERIÊNCIAS; SALA DE IMAGENS, totalizando 528 trabalhos.
Na sequência, estabelecemos como critérios de inclusão apenas as pesquisas que
continham os termos: “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”; os quais poderiam fazer-se
presentes no título, resumo, palavras-chave ou corpo do texto. Através da leitura dos artigos
completos/resumos em sua totalidade, foram identificados 10 publicações dentro dos critérios
da pesquisa, sendo 518 periódicos excluídos por não terem relação com o objetivo principal
deste estudo.
Posterior ao mapeamento foi elaborado um banco de dados da produção de
conhecimento relacionado à ginástica na Educação Infantil no segmento escola, por meio de
categorização nos seguintes temas: Título do Trabalho; Autor; Ano de publicação; Tipo de
Estudo; Tipo de Público; Tipo de Ginástica; Objetivo; Desfecho.
As categorias serão apresentadas em forma de tabelas e gráficos e discutidas, as
discussões foram apoiadas nas bibliografias sobre o tema.
14
3. RESULTADOS E DISCUSÃO
Primeiramente, apresentamos um Fluxograma, definido como FIGURA 1, que
demostra o caminho percorrido pela pesquisa nas oito edições dos Anais do FIGPT.
FIGURA 1: Fluxograma - Relação de Artigos completos/Resumos dos Anais do FIGPT.
Fonte: Elaborado pela autora.
Das 528 publicações encontradas nos Anais do FIGPT que contiveram alguma das
palavras-chave pesquisadas, que foram “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”, apenas
10 tratavam-se da Ginástica na Educação Infantil no contexto Escolar e passaram a compor a
amostra. Importante ressaltar que, a concepção de Educação Infantil ampara-se na LDB Art.
29 (2017) que compreende crianças com a idade de 0 aos 5 anos. Logo, as publicações cujas
crianças pesquisadas estão fora da idade referida, ainda que as palavras-chave ou título
contivessem “Educação Infantil”, foram excluídas da amostra.
Total geral de publicações
528
Total de publicações
45
AMOSTRA FINAL:
10 publicações
Excluídos 8
Não continham todos os critérios da inclusão
Excluídos 27
Não incluíam a faixa etária pesquisada
Excluídos 483
Não tem relação com a pesquisa
15
O gráfico a seguir ilustra a pequena quantidade de publicações que relacionam a
Ginástica com o contexto da Educação Infantil:
FIGURA 1: Quantificação de periódicos do Fórum de Ginástica.
Fonte: Elaborado pela autora.
Primeiramente, percebemos que a ginástica na Educação Infantil não é um tema
de grande interesse dos pesquisadores que participam do FIGPT, pois apenas 0,02% do total
de publicações referem-se a esta temática.
No Brasil, as primeiras instituições de Educação Infantil eram filantrópicas até
1920, após este ano iniciou-se uma ação pela democratização do ensino (CAVALARO e
MULLER, 2009). A Educação Infantil passou a compor a Educação Básica por meio da Lei
nº. 9.394/1996, uma vez que este segmento estava vinculado aos aspectos do cuidado às
crianças atendidas na creche. Logo, aspectos de cunho pedagógicos passaram a compor a
Educação Infantil com o objetivo de incorporar este segmento a Educação Básica. Entende-se
que, em uma esfera mais ampla, este segmento é relativamente novo, uma vez que as políticas
educacionais demandam de tempo para serem efetivamente implementadas.
A educação física na Educação Infantil, por sua vez, foi apropriada pela LDB, Art.
26, § 3º Lei 9.394/1996, a qual determina que “a educação física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino
fundamental”.
A educação física na educação infantil pode configurar-se como um espaço em que a
criança brinque com a linguagem corporal, com o corpo, com o movimento,
alfabetizando-se nessa linguagem. Brincar com a linguagem corporal significa criar
situações nas quais a criança entre em contato com diferentes manifestações da
cultura corporal [...], sobretudo aquelas relacionadas aos jogos e brincadeiras, às
ginásticas, às danças e às atividades circenses, sempre tendo em vista a dimensão
lúdica como elemento essencial para a ação educativa na infância. Ação que se
528
27 10
ARTIGOS PARA PESQUISA
Total de publicações do FIGPT
Não entraram nas normas da
LDB- Lei Lei no 9.394/1996-
Art. 29
Publicações selecionada para
análise
16
constrói na relação criança/adulto e criança/criança e que não pode prescindir da
orientação do (a) professor (a). (AYOUB, 2001, p. 56-57).
Apesar do direito da criança assistida na Educação Infantil à prática de educação física
na escola, previsto na legislação em vigor (BRASIL, 1996), ainda existem municípios que não
atendem esta obrigatoriedade (AYOUB, 2005), delegando ao professor regente responsável
pela turma a incumbência de propiciar práticas que oportunizam o movimento toda via ainda
existe a figura do professor especialista aos quais geram disputas por espaços políticos-
pedagógicos cujo risco, entre outros, é de uma abordagem fragmentária de conhecimento com
tendência a compartimentar a criança (AYOUB, 2001). Este fato é preocupante, visto a
importância da formação profissional voltada para educação integral (AYOUB, 2001;
KISHIMOTO, 1999; SAYÃO, 1999) que contemple as necessidades de movimento
(GONZALES, SCHWENGBER, 2012).
Diante do exposto, a pouca quantidade de publicações que relacionem a ginástica com
a Educação Infantil no FIGPT pode ser explicada, a princípio, pelo panorama apresentado.
Esta constatação é preocupante, uma vez que sugerem refletir, de fato, uma tendência
cristalizada na educação infantil de ainda negligenciar o corpo em sua totalidade ou as
possibilidades do se movimentar (GONZÁLEZ, SCHWENGBER, 2012), vivências
importantes para a criança.
Os quadros a seguir, apresentam os dados referentes às categorias de análise das
publicações:
QUADRO 1- Distribuição dos artigos completos/resumos encontrados pela pesquisa no
Fórum Internacional de Ginástica Para Todos do ano de 2001 até 2016.
Autor/ Ano Tipo de
Estudo
Tipo de
Ginástica/
Público
Objetivo
CARBINATTO, M.V.
e PEZZOTTO, M.,
2007
Pesquisa
Bibliográfica
Ginástica
Geral /
Crianças
Mostrar a prática da Ginástica realizada
nas aulas de Educação Física na Educação
Infantil utilizando o faz-de-conta e
situações imaginárias.
TISSEI, T.K., et al.,
2007
Pesquisa
Bibliográfica
Ginástica
Geral/
Crianças
Entender a concepção da ginástica geral e
sua relação com o ambiente escolar e,
analisar se a literatura corrente aponta a
relação existente entre o que se entende
por desenvolvimento motor e a
contribuição da ginástica geral para o
desenvolvimento infantil.
PRESTA, M. G. G.,
Pesquisa
Bibliográfica
Ginástica
Geral/
Utilizar movimento e GG de maneira
sistematizada, com atividades específicas
17
2010 Professor para que realmente o professor tenha as
propostas da Ginástica Geral como
auxiliadora do processo.
TAVEIRA, R. A.,
2010
Relato de
Experiência
Ginástica
Geral/
Crianças
Estabelecer o papel da Educação Física na
escola, mantendo-se como componente
curricular valorizado pelos alunos e,
principalmente, tornando-a acessível e
prazerosa a todos.
COSTA, A. R. e
KUNZ, E., 2010
Relato de
Experiência
Bioginástica
e Ginástica
Natural/
Crianças
Possibilitar ao aluno a prática de
movimentos desconhecidos e inusitados,
promovendo reflexão a respeito.
Compreender a relação da consciência
corporal e a cultura onde está inserida
DE FÁTIMA, C. R.,
DA SILVA, F. G. e
LOPES, P., 2012.
Pesquisa
Bibliográfica
Ginástica
e Atividades
Lúdicas/
Professor
Relacionar as concepções de atividades
lúdicas na teoria histórico-cultural com o
processo de desenvolvimento e
aprendizagem a partir da proposta de
Vygotsky.
Traçar considerações sobre a importância
das atividades lúdicas como recurso
pedagógico da ginástica nas aulas de
Educação Física infantil.
PRESTA M. G. G.,
HUGO M. L. e
GUALTIERE, M. R.
D., 2014
Relato de
experiência
GPT/
Crianças
Apresentar a ginástica aos alunos,
ampliando o repertório motor e cultural,
bem como expandir tais conhecimentos as
outras turmas da creche, aos pais e a
comunidade.
ARGUELHO, R. S.,
GONÇALVES-
SILVA, L. L. e
CARBINATTO, M.
V., 2015.
Relato de
experiência
GPT/
Crianças
Descrever os passos de
elaboração/execução da proposta de ensino
da GPT na ETI e demonstrar os
fundamentos da GPT que coadunam com
os da educação integral em tempo integral.
DE SOUZA, M. L. G.
et al/ 2015
Relato de
experiência
GPT/
Crianças
Levar às crianças a realização dos
movimentos gímnicos e a expressões
coreográficas contidas na Ginástica para
Todos (GPT).
PRESTA, M. G. G.,
MAEL M. C. e
HENRIQUES, S. C.
S., 2015.
Relato de
Experiência
GPT/
Crianças
Oportunizar as crianças vivências
corporais gímnicas, olhando para os
espaços e materiais da escola de modo
diferente, tentando enxergar novas
possibilidades.
18
QUADRO 2 - Artigos encontrados na pesquisa e seu desfecho.
Nome do Resumo/Artigo Desfecho
A ginástica na educação infantil:
possibilidade de aprendizagem lúdica
através das histórias tradicionais
infantis
CARBINATTO, M.V. e PEZZOTTO,
M.
O imaginário e a fantasia infantil são uma grande
possibilidade de ensino da ginástica na Educação Física do
Ensino Infantil.
Ginástica geral: contribuições para o
desenvolvimento infantil
TISSEI, T.K., et al.,
O professor é um interventor nas aulas de educação física
dos conteúdos da ginástica geral nas aulas de educação
física infantil.
Ginástica geral: um conteúdo
auxiliador no trabalho de movimento
na educação infantil
PRESTA, M. G. G.
O professor que leciona na Educação Infantil precisa de
incentivo e sugestão ao trabalho com conteúdos da GG
que ocasiona um grande interesse em crianças do ensino
infantil.
A ginástica geral na educação infantil
e séries iniciais do ensino fundamental:
uma prática possível
TAVEIRA, R. A.
A inserção da GG na educação física infantil é de grande
importância para o aspecto motor e psicossocial da
criança, mas primeiramente o professor deve saber avaliar
a criança quanto ao seu nível de aprendizagem, para que
sua ação pedagógica seja planejada adequadamente.
A ginástica natural e a bioginástica no
contexto da educação infantil
COSTA, A. R. e KUNZ, E.
Foram trabalhados os aspectos psicossociais e motores de
forma lúdica, permitindo a criança maneiras novas de se
movimentar, experimentar, se soltar e se desenvolver
imitando animais, esta consciência corporal pode trazer
constrangimento, assim, este ensino deve ser bem
elaborado e desenvolvido com atenção às reações das
crianças.
As contribuições vigotskianas para o
ensino da ginástica na educação física
infantil
DE FÁTIMA, C. R., DA SILVA, F. G. e
LOPES, P.
Com as atividades lúdicas o professor de educação física
consegue compreender que as brincadeiras e jogos, além
de ser conteúdo da educação física escolar e recuso
pedagógico, ocasiona o desenvolvimento integral da
criança.
Ginástica na creche – um desafio
conquistado
PRESTA M. G. G., HUGO M. L. e
GUALTIERE, M. R. D.
Foi possível e importante o trabalho dos conteúdos da
ginastica na turma do maternal III, onde obtiveram um
retorno positivo e um grande interesse dos alunos nas
atividades propostas.
A ginástica para todos e a extensão de
jornada escolar: fundamentos para a
educação integral
ARGUELHO, R. S., GONÇALVES-
SILVA, L. L. e CARBINATTO, M. V.
Para os autores, trabalhar com GPT na ETI e compreender
é entender o indivíduo como corporeidade, assim
progredir para uma educação, sendo um processo contínuo
de educação integral.
A ginástica para todos no ensino
infantil e fundamental anos iniciais:
um relato de experiência
DE SOUZA, M. L. G. et al.
Os autores enfatizam a capacidade da GPT de ser aplicada
no ambiente escolar, colaborando para a ampliação do
conhecimento sobre ginástica, assim eles concluem que a
ação foi importante para sua formação e aumento do
conhecimento acadêmico.
Estruturação de espaços e materiais
para vivências gímnicas na creche
PRESTA, M. G. G., MAEL M. C. e
HENRIQUES, S. C. S.
Segundo as autoras, a experiência lhes proporcionou uma
ampliação no olhar com relação à ginástica e Educação
infantil.
Observamos que as publicações analisadas, cujo tema é a ginástica na Educação
Infantil, concentram-se no período entre os anos de 2007 até 2016. É possível que o fato
19
destas pesquisas concentrarem-se na última década ocorra devido ao reconhecimento recente
deste nível de ensino (CAVALARO e MULLER, 2009) e da ausência da educação física
enquanto unidade curricular em escolas de Educação Infantil mencionada anteriormente.
Dentre as publicações analisadas, foram encontradas seis sobre relatos de
experiências e apenas quatro sobre revisão bibliográfica. Sendo o relato de experiência um
trabalho cujo teor elaborado não demanda aprovação em Comitê de Ética, com uma visão
pessoal ainda que amparada na literatura, entende-se que, apesar da importância de tais relatos
para a academia, estes são realizados com o foco na apresentação no fórum, cuja elaboração é
mais rápida, realizada por graduandos e nem sempre significam pesquisa de campo.
Salientamos a importância destes trabalhos para a formação do aluno, sendo estas, muitas
vezes as primeiras experiências destes com a escrita acadêmica, oportunizando a participação
em trabalhos científicos posteriores.
Para Gil (2008):
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Partes dos estudos exploratórios
podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de
pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo (GIL, 2008, p.
50).
Assim, a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador uma cobertura muito
maior nas investigações de fenômenos do que as pesquisas feitas diretamente, segundo Gil
(2008). Contudo, acaba sendo uma pesquisa mais demorada e mais complexa do que o relato
de experiência. Dentre os relatos encontrados na presente pesquisa, há estudos cujos trabalhos
ainda estão em andamento, apresentados com forma de relato, o que indica posteriores
estudos publicados.
No que tange as quatro revisões bibliográficas encontradas, tal fato demonstra que
os embasamentos teóricos neste segmento ainda são escassos. Magalhães et al. (2007, p. 47)
afirma que “pesquisas acadêmicas não costumam ser aplicadas na prática imediatamente.[...]
falta de um intercâmbio de informações, facilitando a chegada à escola dessas informações e
avanços da área no ensino da Educação Física Escolar”. Pelo exposto, percebe-se que a
educação infantil precisa ter mais espaço nas universidades, tanto para promover a pesquisa
quanto para formação dos futuros profissionais da educação física com perfil para este
segmento, dado a especificidade das crianças nesta faixa de idade. Assim, o professor de
Educação Física Escolar precisa estar sempre atualizado com os conhecimentos que as
20
pesquisas acadêmicas lhes proporcionam, diminuindo o longo tempo que os resultados de tais
trabalhos levam para serem aplicados no dia-a-dia escolar, Magalhães et al. (2007).
O gráfico a seguir apresenta o tipo de público e o tipo de ginástica abordada nas
publicações:
Figura 2: Tipo de público e tipo de ginásticas abordadas nas publicações.
Fonte: Elaborado pela autora.
Quanto ao público no qual se destina as publicações analisadas, observa-se que
dois são focados para o professor. Acredita-se que a formação continuada é um fator que
promove capacitação e proporciona ampliação de conteúdos. Neste sentido, a formação
docente e/ou do futuro docente precisa permear esta formação. Esta formação deve se
complementar no decorrer de sua carreira e estar sempre em crescimento, RANGEL-BETTI
(2001) afirma que:
[...] a formação contínua ou continuada do Brasil ocorre de forma direta ou indireta.
De forma direta esta formação tende a realizar-se através de cursos, leituras e buscas
intencionais; de forma indireta através de contato com os pares e do próprio contato
com os alunos, pais e funcionários. Quando se exige do professor que siga em
formação [...] temos uma educação continuada comparada ao modelo de formação
escolar. Por outro lado, formas interativo-reflexivas ou contratuais podem ser
alcançadas com formação de grupos de trabalho, de pesquisa ou acompanhamento,
geralmente, voluntário. No entanto, formas mistas de formação contínua são
encontradas em diferentes países e devem ser estimuladas (RANGEL-BETTI, 2001,
p. 84).
Segundo Brasil (1999), quatro exigências são fundamentais para o processo de
construção do conhecimento profissional do professor:
a) avanço das investigações relacionadas ao desenvolvimento profissional do
professor;
b) processo de desenvolvimento pessoal do professor, que o leva a transformar seus
valores, crenças, hábitos, atitudes e formas de se relacionar com a vida e,
consequentemente, com a sua profissão;
c) a inevitável transformação das formas de pensar, sentir e atuar das novas gerações
em função da evolução da sociedade em suas estruturas materiais e institucionais,
0 2 4 6 8 10 12
Público
Tipo de Ginástica
GPT
Bioginástica e Ginástica Natural
Professor
Crianças
21
nas formas de organização da convivência e na produção dos modelos econômicos,
políticos e sociais;
d) o incremento acelerado e as mudanças rápidas do conhecimento cientifico, na
cultura, nas artes, das tecnologias da comunicação, elementos básicos para a
construção do currículo escolar (BRASIL, 1999, p. 64).
Quanto às publicações analisadas voltadas para a criança, elas estão em sua
maioria destinadas à percepção de aceitação da atividade e experiências motoras totalizando
oito resumos. Tal fato aponta a tentativa de se relatar as experiências vivenciadas no contexto
da docência com olhar voltado para a criança na idade de zero a cinco anos. Apesar da
educação física na educação infantil precisar de mais espaço nas universidades, entendemos
como positivo o fato de já se ter resumos, ainda que em formato de relato, sobre atividades
gímnicas voltadas para este público, que pode ser compreendido como uma perspectiva futura
de mais pesquisas.
Dentre as publicações analisadas, encontramos uma que aborda o tempo integral.
Este espaço da educação formal procurou ser um momento de vivência de atividade
extracurricular, oferecido gratuitamente nas escolas públicas. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB 9394/96, prevê a ampliação gradativa dos tempos escolares.
Assim, oportunizar Ginástica neste espaço significa ampliação das possibilidades motoras,
uma vez que a criança precisa experimentar diferentes estímulos para seu desenvolvimento
cognitivo e motor, trazendo-lhes benefícios na vida adulta.
Nas publicações analisadas, encontramos a ginástica como foco principal, sendo
nove publicações falando a respeito da GPT e uma abordando a Bioginástica e Ginástica
natural.
A Ginástica para Todos (GPT), que antes era conhecida com Ginástica Geral
(GG), é uma modalidade gímnica que compreende a base de todas as ginásticas,
proporcionando vivências em vários elementos da cultura corporal e possibilitando a
participação de todos, independentemente de idade, sexo e o local. De acordo com Ayoub
(2003, p. 48), “[...] não há restrições às regras e as pessoas não são classificadas em melhores
e piores. A GPT tem o contexto mais educacional e de participação”. Kauffman et al. (2016),
nos diz que:
[...] por ser uma modalidade demonstrativa, que atinge a todas as pessoas alcança,
por exemplo, o âmbito escolar, ela pode e deve ser trabalhada na escola,
proporcionando uma introdução aos elementos gímnicos e desenvolvendo o
cognitivo, intelectual e social do aluno de forma lúdica (KAUFFMAN et al., 2016,
p. 7).
Assim, na educação física escolar, a GPT pode ser abordada de várias formas
“privilegiando as potencialidades individuais e coletivas, colaborando assim, para o
22
desenvolvimento de todos e respeitando a subjetividade presente no momento de cada um”
(BARBOSA, 1999, p. 102), isto explica porque tal modalidade é a mais utilizada na educação
infantil.
A Bioginástica e a Ginástica Natural são modalidades Ginásticas modernas com
grandes possibilidades para desenvolver habilidades em todas as idades e podendo ser
praticadas em qualquer lugar.
De acordo com Simon (2010):
A Bioginástica é um método de exercícios que faz parte de uma pesquisa
desenvolvida ao longo de 40 anos por Orlando Cani. Utiliza técnicas de meditação,
kempô, tai-chi-chuan, expressão corporal, alongamento, relaxamento, consciência
corporal, movimentos de animais, respiração e muito yoga. Através das atividades, o
praticante aprende a usar e descobrir sua força, resistência e coordenação
neuromuscular, de uma forma prazerosa, proporcionando autoconhecimento do
corpo (SIMON, 2010, p. 3).
Já a Ginástica Natural é uma atividade física que pode ser desenvolvida em todas
as idades, envolvendo exercícios que utilizam a força do próprio corpo, buscando o
aprimoramento e a manutenção da flexibilidade, promovendo também o “desenvolvimento da
consciência corporal, força, equilíbrio, coordenação motora e na capacidade aeróbia, [...]
fundamenta-se na imitação dos gestos, posturas e movimentos dos animais, como o macaco,
aranha, águia, tigre, cobra, entre outros” (RAMOS e FALSARELLA, 2008, p. 154).
Em relação a isso Simon (2010) afirma que:
A Ginástica Natural fundamenta-se nos movimentos naturais do Homem primitivo e
nas atividades em contato com a natureza, e seus exercícios foram desenvolvidos
com influências dos diversos esportes praticados por Álvaro Romano, jiu-jitsu,
Hatha-Yoga e triathlon (natação, ciclismo e corrida). Com uma movimentação
constante e várias combinações de movimentos, a Ginástica Natural também tem
como base os exercícios de força com o peso do próprio corpo, técnicas de
alongamento de forma dinâmica e técnicas de respiração (SIMON, 2010, p. 3).
Assim, Ginástica Natural é uma opção de atividade para ser trabalhada com a
educação infantil, por sua praticidade e fácil adaptação a qualquer idade e local.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da pesquisa revela que a presença da Ginástica na Educação Física
Infantil (segundo os parâmetros da LDB para a faixa etária deste segmento) nos periódicos
publicados no Fórum Internacional de Ginástica Para Todos, ainda é escassa, compondo um
quantitativo de 0,02% das publicações totais, caracterizadas por pesquisas cuja maioria é
relato de experiência. Estes resultados sugerem refletir a realidade atual da presença da
23
Educação Física e da Ginástica neste segmento em uma esfera mais ampla, considerando que
o Fórum tem uma representação nacional das publicações. Entretanto, apesar dos estudos
ainda serem escassos, percebemos que de 2007 em diante a Ginástica na Educação Física
Infantil teve seu aumento de publicações, o que sugere avanço na área da Ginástica e nos
estudos acadêmicos ligados a esta temática. Percebemos que ainda há necessidade de mais
estudos nesta área, principalmente referidos às pesquisas de campo.
A GPT destaca-se dentre os demais tipos de práticas gímnicas abordadas na
Educação Infantil, corroborando dados encontrados na literatura especializada em ginástica
escolar. Sobre o público alvo das pesquisas, as crianças são evidenciadas em detrimento da
prática pedagógica do professor, fato que consideramos importante refletir quando pensamos
neste sujeito enquanto multiplicador da prática da ginástica no contexto escolar.
Como limitações, este estudo tem como base a análise descritiva no qual esSe
método de pesquisa pode expor limites à capacidade de acepção do pesquisador. Sugerimos
novas pesquisas desta temática no referido segmento.
Como contribuições, esta pesquisa traz uma análise dos estudos da ginástica na
educação infantil presentes no fórum, contribuindo com a temática na literatura, além de
incentivar mais pesquisas na educação infantil no sentido de contribuir com a formação dos
profissionais, promovendo a divulgação da GPT.
24
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através da ludicidade. Revista Connection Line , n. 4, p. 37-50,2009. Disponível
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