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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL
IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS:
PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL
Autora: Tatiana Gomes da Silva Orientadora: Profa. Dra. Rosimere Ferreira Santana
Linha de Pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos
Niterói, agosto de 2017
1
IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES
PSIQUIÁTRICAS: PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL
Autora: Tatiana Gomes da Silva Orientadora: Profa. Dra. Rosimere Ferreira Santana
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Stricto Sensu - Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Linha de Pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos
Niterói, agosto de 2017
IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES
PSIQUIÁTRICAS: PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL
Autora: Tatiana Gomes da Silva Orientadora: Profa. Dra. Rosimere Ferreira Santana
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu - Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre. Linha de Pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos
Niterói, agosto de 2017
2
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE
ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS: PESQUISA CONVERGENTE ASSISTENCIAL
Linha de Pesquisa: O cuidado de enfermagem para os grupos humanos
Autora: Tatiana Gomes da Silva
Orientadora: Profa. Dra. Rosimere Ferreira Santana (UFF)
Banca: Profa. Dra. Rosimere Ferreira Santana - EEAAC/UFF Profa. Dra. Virgínia Faria Damásio Dutra - EEAN/UFRJ Profa. Dra. Elaine Antunes Cortez - EEAAC/UFF Suplente(s): Profa. Dra. Priscilla Alfradique de Souza – FENF/UERJ
Profa. Dra. Fátima Helena do Espírito Santo – EEAAC/UFF
3
Dados Internacionais de Catalogação – CIP Brasil Catalogação na fonte
Silva, Tatiana Gomes da S38 i Implantação do processo de enfermagem para pessoas que envelheceram nas instituições psiquiátricas: pesquisa convergente assistencial/ Tatiana Gomes da Silva. -- 2017 160 f.: fig.:quad.:tab.: color. Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, 2017. Orientadora: Profa. Dra. Rosimeire Ferreira Santana 1. Saúde Mental. 2. Diagnóstico de Enfermagem. 3. Enfermagem Psiquiátrica. 4. Processos de Enfermagem. 5. Saúde de Idoso I. Santana, Rosimere Ferreira. II. Universidade Federal Fluminense. III. Título.
CDU 616.890231
4
Aos usuários internados no Instituto de Assistência à Saúde Juliano Moreira, em especial aos que contribuíram para a execução desta pesquisa.
À minha amada mãe, Eva Cristina.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus por estar ao meu lado em todos os momentos, me sustentando nas
horas de cansaço e temor, provendo em TUDO o que me foi necessário. A Ele toda
a minha gratidão!
À minha mãe Eva Cristina e meu esposo Carlos Luiz por todo incentivo nas
horas de desânimo e apoio em todos os momentos. Tenho certeza que suas
orações foram essenciais para eu chegar até aqui! Meus eternos e carinhosos
agradecimentos!
A toda minha família, principalmente meus irmãos Vinicius, Fabiana e Khésia
pela compreensão quando a ausência era necessária e por caminharem comigo
nos momentos difíceis.
Em especial a minha orientadora Profa. Dra. Rosimere Santana, pela
confiança depositada em mim para a realização desta pesquisa, bem como pelas
orientações e conhecimentos compartilhados! Obrigada!
Às amigas Priscilla e Patricia Roccapela força e ajuda durante a realização
desta pesquisa.
Aos colegas de turma do mestrado profissional 2014-2016 pelas
colaborações no trabalho.
Aos professores do MPEA pelos ensinamentos e contribuições no estudo.
Aos professores da Banca de Mestrado que aperfeiçoaram essa pesquisa.
Às examinadoras, em especial Priscilla Alfradique pelo comprometimento e
ajuda em toda fase de desenvolvimento da pesquisa.
Aos enfermeiros incluídos nesta pesquisa pela confiança e disponibilidade
em participar.
Muito Obrigada!
6
“Em seu coração o homem planeja o seu caminho,
mas o Senhor determina os seus passos.” Provérbios, 16:9
7
RESUMO
SILVA, T.G. Implantação do Processo de Enfermagem para pessoas que envelheceram nas instituições psiquiátricas: pesquisa convergente assistencial. 160f. Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem) – Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ. 2016. Introdução: A problemática desse estudo centra-se no desafio da Implantação do
Processo de enfermagem para pessoas que envelheceram nas instituições
psiquiátricas. Foram objetivos do estudo: Analisar a Implantação do Processo de
Enfermagem na Saúde Mental; Descrever a percepção da equipe de enfermagem
e suas necessidades quanto a implantação do processo de enfermagem na saúde
mental; Descrever as etapas percorridas para implantação do processo de
enfermagem na saúde mental; Avaliar os registros de enfermagem no prontuários
antes e depois da sensibilização e capacitação para implantação do processo de
enfermagem na saúde mental; Construir coletivamente instrumentos de registro de
enfermagem Método: O caminho metodológico escolhido foi a Pesquisa
Convergente Assistencial (PCA). O cenário do estudo foi às dependências do
Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira. Constituirão como
participantes da pesquisa 13 enfermeiros que atuam nos Núcleos Assistenciais.
Como técnicas de pesquisa utilizou-se a entrevista semiestruturada, observação
sistemática, diária de campo, e grupos. Ao total foram 9 etapas, gerou um relatório
de produção de dados de 57 páginas. Analisados em conteúdo, tipo temática, e por
software NVivo versão 11, que geraram 11 nós, representadas graficamente em
nuvem de palavras. Resultados: Categoria I – Saberes e práticas dos participantes
sobre SAE, Processo de enfermagem e Sistema de Classificações em Saúde
Mental; Categoria II – Pontos de convergência: Processo de Enfermagem na prática
e na pesquisa; Categoria III – Desafios e o Futuro da Implementação do Processo
de Enfermagem na Saúde Mental. Discute-se a necessidade de repensar um
instrumento de documentação do Processo de enfermagem que coloque o usuário
como protagonista, que atenda os princípios da Reforma Psiquiátrica, articulado ao
atendimento as fases do processo e uso das classificações, sem padronizações
encarceradas. Observou uma predominância nos registros em prontuários
realizados pelos técnicos de enfermagem no início do estudo, mas houve um
8
aumento significativo dos registros de enfermeiros quando comparados os meses
de agosto 2015/agosto 2016 (p= 0,046), segundo, teste Wilcoxon (não
paramétrico), corroborando para a importância de uma assistência sistematizada.
Conclusão: A realização dessa pesquisa contribuiu para preencher uma lacuna
existente na assistência de enfermagem em saúde mental e pode servir para outros
enfermeiros e ao cenário, como uma consulta na iniciação da construção do
Processo de Enfermagem. Ressalta-se que os enfermeiros, mesmo diante de
fatores que interferem negativamente na implantação do Processo de Enfermagem,
considerada um desafio, diante das realidades complexas das instituições de
saúde. Usa da criatividade e do empenho na elaboração de execução das ações,
mantendo condições favoráveis para o cuidado de enfermagem. Isso, para além da
obrigatoriedade prevista em resoluções, consiste na condução da melhor prática
de enfermagem possível.
Palavras-chave: Saúde Mental. Diagnóstico de Enfermagem. Enfermagem
psiquiátrica. Processos de Enfermagem. Saúde do Idoso.
9
ABSTRACT SILVA, T. G. Nursing Process Implementation for people who age in psychiatric institutions: assistential convergent research. 160f. Dissertation (Professional Master in Nursing) – Aurora de Afonso Costa Nursing School. Fluminense Federal University, Niterói. RJ. 2016. Introduction: The issue of this study focuses on the challenge of Nursing Process
Implementation for people who age in psychiatric institutions. The objects of the
study were: Analyze the Nursing Process Implementation in Mental Health;
Describing the perception of nursing team and its needs regarding the nursing
process implementation in mental health; Describing the stages done for the nursing
process implementation in mental health; Evalue the registration of nursing in
patient records before and after of sensibilization and capacitation for nursing
process implementation in mental health; Building collectively tools of nursing
registration Method: The methodological way chosen was the Assistential
Convergent Research (ACR) Juliano Moreira Municipal Institute of Assistence to
Health` s premises were the scene of the study. 13 nurses who work in Assistential
Centers is going to participate of research semistructured interview, systematic
observation, field diary, and groups. In total they were 9 stages; it generates a report
of data production with 57 pages. Analyzed in contents, type, theme, and through
NVivo software 11 version, that generate 11 results, represented graphically in word
clouds. Results: Category I – Knowledge and practices of the participants about
SAE, Nursing Process and Classification System in Mental Health; Category II –
Focal Points: Nursing Process in practical use and in research; Category III –
Challenges and the Future of the Nursing Process Implementation in Mental Health.
It is discussed the need of rethinking a instrument of documentation of Nursing
Process that puts the user like protagonist, who corresponds to the principals of
Psychiatric Reform, articulated to the attendance to the stages of the process and
use of the classifications, without imprisoned standardization. Observed a
predominance in registration in patient records written by nursing technician in the
beginning of the study, but there was a significant increase of the nursing
registration when compared to the months of August 2015/ August 2016 (p=0,046),
according to the Wilcoxon test (nonparametric), corroborating to the importance of
a systematic assistance. Conclusion: The execution of this research contributed to
10
fill a gap in nursing assistance in mental health and may be useful for other nurses
and the scene as a consultation in the beginning of the building of the Nursing
Process. It is highlighted that nurses use the creativity and dedication in the
elaboration of actions maintaining favorable conditions for the nursing care, even
though they are before the factors that interfere negatively in Nursing Process
implementation, considered a challenge before the complexes realities of health
institutions. It, beyond the requirements previewed in resolutions, consist in
conducting of the better possible nursing practice.
Keywords: Mental Health. Nursing diagnosis. Psychiatric nursing. Nursing process.
Elderly health.
11
RESUMEN SILVA, T. G. Aplicación del proceso de enfermería para las personas que han envejecido en instituciones psiquiátricas: el análisis convergente. 160f. Disertación (Master Profesional en Enfermería) - aurora enfermería Afonso Costa, Universidad Federal Fluminense, Niteroi, RJ. 2016. Introducción: El problema de este estudio se centra en el reto de la aplicación del
proceso de enfermería para las personas que han envejecido en instituciones
psiquiátricas. Eran objetivos del estudio: Analizar la implementación del Proceso de
Enfermería de Salud Mental; Describir la percepción del equipo de enfermería y sus
necesidades como la puesta en práctica del proceso de enfermería en salud mental;
Describir las medidas adoptadas para la aplicación del proceso de enfermería en
salud mental; Para evaluar los registros de enfermería en los registros antes y
después de la sensibilización y capacitación para la aplicación del proceso de
enfermería en salud mental; Construir colectivamente instrumentos de registro de
enfermería Método: El enfoque metodológico elegido fue el Cuidado de
Investigación Convergente (PCA). El ámbito del estudio fue el local del Instituto
Municipal de Asistencia de Salud de Juliano Moreira. Constituirá como participantes
en la encuesta 13 enfermeras que trabajan en los Centros de Asistencia. Las
técnicas de investigación utilizadas la entrevista semiestructurada, la observación
sistemática, sobre el terreno todos los días, y los grupos. En total fueron 9 pasos,
crearon un informe sobre los datos de producción de 57 páginas. Tomado de
contenido, tipo temático, y el software NVivo versión 11, que generó 11 nudos,
representados gráficamente en la nube de la palabra. Resultados: Categoría I -
Conocimientos y prácticas de participar en el NCS, Proceso de enfermería y el
sistema de calificaciones de la Salud Mental; Categoría II - puntos de convergencia:
proceso de enfermería en la práctica y la investigación; Categoría III - Desafíos y la
futura implementación del proceso de enfermería en Salud Mental. Se discute la
necesidad de replantear una herramienta de documentación del proceso enfermero
que pone al usuario como protagonista, que cumpla con los principios de la
Reforma Psiquiátrica, articulado fases de servicio del proceso y el uso de las
clasificaciones sin estandarizaciones presos. Observado un predominio de los
registros en los registros mantenidos por los técnicos de enfermería al início del
estudio, pero no había registros de un aumento significativo de las enfermeras
12
compararon los meses de agosto 2015 / de agosto de 2016 (p = 0,046), en segundo
lugar, prueba de Wilcoxon (no paramétrico), lo que corrobora la importancia de una
atención sistematizada. Conclusión: Esta encuesta ayudó a llenar un vacío en la
atención de enfermería en salud mental y puede servir a otra enfermeirose la
escena, como una consulta en el início de la construcción del proceso de
Enfermagem.Ressalta es que las enfermeras, incluso antes factores que interfieren
negativamente en la aplicación del proceso de enfermería, considerado un reto,
dadas las complejas realidades de las instituciones de salud. Utiliza la creatividad
y el compromiso en la preparación para la implementación de acciones, el
mantenimiento de las condiciones favorables para la atención de enfermería. Esto,
además del requisito previsto en las resoluciones, constituye la mejor práctica
posible de enfermería de conducción.
Palabras-clave: Salud mental. Diagnóstico de enfermería. Enfermería psiquiátrica.
Proceso de enfermería. Salud de los ancianos.
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão...................................................................................
46
Figura 2 Fluxograma das Etapas de coleta dos dados........................ 75
Figura 3 Exemplo de uma produção da Linha da Vida........................ 79
Figura 4 Exemplo de uma produção Dinâmica “Almanaque” – 1.......... 80
Figura 5 Exemplo de uma produção Dinâmica “Almanaque” – 2.......... 81
Figura 6 Apresentação do estudo de caso........................................... 83
Figura 7 Nuvem de palavras do ensino sobre o processo de enfermagem 1........................................................................
90
Figura 8 Nuvem de palavras do registro sobre o processo de enfermagem 2........................................................................
92
Figura 9 Produção de dados 1............................................................. 93
Figura 10 Produção de dados 2............................................................. 93
Figura 11 Nuvem de palavras do aprendizado SAE, PE em saúde mental.....................................................................................
94
Figura 12 Nuvem de palavras das diferenças SAE e PE........................ 98
Figura 13 Nuvem de palavras da prática profissional sobre processo de enfermagem............................................................................
103
Figura 14 Nuvem de palavras dos registros da prática profissional........ 104
Figura 15 Produção de dados 3.............................................................. 105
Figura 16 Nuvem de palavras da experiência com o processo de enfermagem no IMASJM........................................................
106
Figura 17 Nuvem de palavras das classificações na prática profissional 108
Figura 18 Produção de dados 4............................................................. 109
Figura 19 Produção de dados 5............................................................. 110
Figura 20 Nuvem de palavras das etapas do processo de enfermagem realizadas na prática...............................................................
111
Figura 21 Nuvem de palavras do futuro do processo de enfermagem.... 113
Figura 22 Nuvem de palavras caminho do processo enfermagem na prática.....................................................................................
114
Figura 23 Estudo de caso apresentado ao grupo................................... 116
Figura 24 Mudança de prática de enfermagem aos usuários em processo de desinstitucionalização.........................................
127
Figura 25 Tecnologia de processo sustentada nos encontros com os participantes para a mudança na prática de enfermagem com os usuários......................................................................
128
14
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Descrição dos artigos incluídos na revisão sistemática sobre os Diagnósticos de Enfermagem encontrados em adultos/idosos internados nas instituições psiquiátrica..........
48
Quadro 2 Diagnósticos de Enfermagem mais frequentes em adultos/ idosos internados nas instituições psiquiátricas, segundo artigos componentes da revisão integrativa..........................
51
Quadro 3 Unidades de Registros temáticos.......................................... 85
Quadro 4 Categorias do estudo............................................................. 86
Quadro 5 Produção de dados sobre a sessão clínica........................... 116
Quadro 6 Caracterização dos resultados da observação dos registros de enfermagem antes e depois da implantação do Processo de Enfermagem.....................................................................
118
15
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BIREME Biblioteca Regional de Medicina
CINAHL Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
CONASP Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária
DCS Dinâmica de Criatividade e Sensibilização
ENF Enfermeiro
FUNABEM Fundação Nacional do Bem-Estar do menor
GESAE Grupo de Estudo de Sistematização da Assistência de Enfermagem
IMASJM Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
INPS Instituto Nacional de Previdência Social
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde
MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
MS Ministério da Saúde
NANDA North American Diagnosis Association
NFR Núcleo Franco da Rocha
NTB Núcleo Teixeira Brandão
NRC Núcleo Rodrigues Caldas
NEPEG Núcleo de Estudo e Pesquisa em Enfermagem Gerontologica
NIC Nursing Interventions Classifications
NOC Nursing Outcomes Classification
OMS Organização Mundial de Saúde
PTS Projeto Terapêutico Singular
PCA Pesquisa Convergente Assistencial
PE Processo de Enfermagem
PUBMED United States National Library of Medicine
PNSM Política Nacional de Saúde Mental
PNAB Política Nacional de Atenção Básica
RAPS Rede de Atenção Psicossocial
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem
SMS Secretaria Municipal de Saúde
16
SUDS Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFF Universidade Federal Fluminense
17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................ 20
1.1 MOTIVAÇÃO E TEMÁTICA......................................................... 20
1.1.1 Contexto..................................................................................... 20
1.1.2 Histórico de implantação.......................................................... 21
1.2 PROBLEMÁTICA........................................................................ 24
1.3 OBJETO DE ESTUDO................................................................ 29
1.4 PRESSUPOSTO......................................................................... 29
1.5 QUESTÕES DE PESQUISA........................................................ 30
1.6 OBJETIVOS................................................................................. 30
1.6.1 Geral............................................................................................ 30
1.6.2 Específicos................................................................................. 30
1.7 RELEVÂNCIA.............................................................................. 30
2 MARCO CONCEITUAL............................................................... 34
2.1 MARCO HISTÓRICO DA LOUCURA NO BRASIL E A ENFERMAGEM...........................................................................
34
2.2 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL E A ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL..................................................................
38
2.3 HISTÓRICO E ASPECTOS CONCEITUAIS DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E DO PROCESSO DE ENFERMAGEM..........................................
40
2.4 PESSOAS IDOSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS: UMA COMPLEXIDADE ASSISTENCIAL DE CUIDADO....................................................
43
2.5 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA: DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS E SAÚDE MENTAL.......
45
2.5.1 Resultados.................................................................................. 47
2.5.2 Discussão................................................................................... 51
2.5.3 Conclusão................................................................................... 56
3 MARCO TEÓRICO...................................................................... 57
3.1 A CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NA VISÃO DE HILDEGARD PEPLAU...............................................
57
4 MARCO METODOLÓGICO......................................................... 68
4.1 FASE DE CONCEPÇÃO.............................................................. 68
4.2 FASE DE INSTRUMENTAÇÃO................................................... 69
4.3 FASE DE PERSCRUTAÇÃO....................................................... 69
4.4 FASE DE ANÁLISE...................................................................... 69
4.5 FASE DE INTERPRETAÇÃO...................................................... 70
5 MÉTODO..................................................................................... 71
18
5.1 DESENHO DO ESTUDO............................................................. 71
5.2 CENÁRIO DE PESQUISA........................................................... 71
5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO.................................................. 71
5.4 TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DOS DADOS................................. 75
5.4.1 Acompanhamento dos registros em prontuários antes da implantação do processo de enfermagem..............................
76
5.4.2 Autorrelatos................................................................................ 77
5.4.3 Estratégias para sensibilização da participação dos enfermeiros na implantação do processo de enfermagem....
77
5.4.3.1 Primeira Dinâmica: “Linha da Vida” ............................................. 78
5.4.3.2 Segunda Dinâmica: “Almanaque” ............................................... 79
5.4.4 Construção do saber a partir da sessão clínica: protagonizando o sujeito no cuidar.........................................
81
6 ANÁLISE DOS DADOS............................................................... 84
6.1 UTILIZAÇÃO SOFTWARE NVIVO 11 PLUS................................ 86
7 ASPECTOS ÉTICOS................................................................... 88
8 RESULTADOS............................................................................ 89
8.1 CATEGORIA I: SABERES E PRÁTICAS DOS PARTICIPANTES SOBRE SAE, PROCESSO DE ENFERMAGEM E SISTEMA DE CLASSIFICAÇÕES EM SAÚDE MENTAL.........................................................................
89
8.1.1 Processo de Enfermagem somente no ensino....................... 89
8.1.2 Dúvidas no registro.................................................................... 91
8.1.3 Adquirindo habilidade............................................................... 92
8.1.4 Aprendizado pelo modelo......................................................... 94
8.1.5 Aprendeu Processo de Enfermagem na prática..................... 95
8.1.6 Teorias de Enfermagem............................................................. 95
8.1.7 SAE.............................................................................................. 97
8.1.8 Processo é do modelo hospitalar............................................. 98
8.1.9 Dificuldade de implementação do Processo de Enfermagem na saúde mental.........................................................................
99
8.2 CATEGORIA II: PONTOS DE CONVERGÊNCIA: PROCESSO DE ENFERMAGEM NA PRATICA E NA PESQUISA..................
101
8.2.1 Processo de Enfermagem na prática....................................... 101
8.2.2 Processo de Enfermagem na saúde mental............................. 104
8.3 CATEGORIA III: DESAFIOS E O FUTURO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL.........................................................................
107
8.3.1 Dificuldades com as Classificações.................. ...................... 107
8.3.2 Mudanças para implementar a SAE.......................................... 109
8.3.3 Preciso de conhecimento para aplicar todas as fases........... 110
19
8.3.4 Autonomia na SAE..................................................................... 112
8.3.5 Esperança no Processo de Enfermagem................................ 112
8.3.6 Processo de Enfermagem como resultado para o paciente 113
8.3.7 Sessão clínica............................................................................ 115
8.3.8 Instrumentos como forma de documentar as cinco fases: uma construção coletiva...........................................................
117
8.3.9 Resultados da observação dos prontuários........................... 117
9 DISCUSSÃO................................................................................ 120
9.1 PONTOS DE CONVERGÊNCIA – MUDANÇA NA PRÁTICA…. 127
10 CONCLUSÃO.............................................................................. 129
REFERÊNCIAS........................................................................... 131
ANEXOS...................................................................................... 141
ANEXO A - Documento para autorização da pesquisa............... 141
ANEXO B - Plano de cuidados aos usuarios em processo de desinstitucionalização..................................................................
142
ANEXO C - Questionário sociodemográfico............................... 143
ANEXO D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......... 144
ANEXO E - Instrumento utilizado pela enfermagem na instituição antes da implantação do processo de Enfermagem..
146
ANEXO F – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa.................. 148
ANEXO G - Instrumento de processo de enfermagem construído pelos enfermeiros da instituição após os encontros realizados.
149
ANEXO H - Entrevistas – Autorrelatos........................................ 160
20
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO E TEMÁTICA
A iniciativa para desenvolver o estudo emergiu da experiência como
enfermeira de um Núcleo Assistencial do Instituto Municipal de Assistência à Saúde
Juliano Moreira (IMASJM) da necessidade de reorganizar e documentar a
assistência de enfermagem, e de implantar o processo de enfermagem no contexto
da saúde mental. Para compreender, a escolha por essa temática
contextualizaremos inicialmente as pessoas atendidas nesse cenário, e o histórico
de implantação do processo de enfermagem.
1.1.1 Contexto
As pessoas atendidas na antiga “Colônia Juliano Moreira” estão internadas
há quase 40 anos nessa mesma instituição psiquiátrica. Fato que desencadeia um
processo de exclusão do meio social, de violação de direitos, de cidadania, e do
acesso a uma assistência de qualidade como preconiza o Sistema Único de Saúde
(SUS).
Nesse contexto, vale destacar as obras de Goffman, quando trata dos
espaços denominado por ele, de “instituições totais”. Ou seja, constitui-se local de
residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação
semelhante, são separados da sociedade mais ampla por considerável período de
tempo, levando uma vida fechada e formalmente administrada.1
Uma das definições dos manicômios para aponta para a construção dos
espaços físicos “murados” com produção de práticas e saberes voltados para a
formação profissional com modelo disciplinar e ao mesmo tempo moral e
psicológica, em que o sujeito é excluído e/ou silenciado pelo dispositivo
institucional.1
Partindo dessas definições, pode-se afirmar que as pessoas que tiveram
suas vidas sequestradas ao longo desses anos de internação no instituto em
estudo, perderam na grande maioria o estímulo e a crítica, suas vontades e
21
desejos. Perderam, principalmente, o cuidado humanizado, individualizado. Fato
que reforçar a prática manicomial, em desencontro aos princípios da Reforma
Psiquiátrica brasileira. Além disso, essas pessoas com longo histórico de
internação também vivenciam em seu cotidiano, o enfraquecimento e ruptura de
seus vínculos.
Entretanto, repensar a prática de enfermagem para as pessoas que
envelheceram nas instituições psiquiátricas e discutir a implantação de um trabalho
pautado nos moldes da Reforma Psiquiátrica brasileira, deve atender a clínica de
cada sujeito respeitando sua especificidade e individualidade. Assim como, o
profissional de enfermagem na saúde mental deve priorizar o ouvir e perceber o
outro em sua essência, tornando cada sujeito com autonomia, a partir da
construção do trabalho compartilhado e cooperativo na busca da resolução do
problema.2
A implantação do Processo de enfermagem é almejada a essas pessoas ao
propor na equipe de enfermagem uma reorganização do atendimento tanto as
necessidades do processo de envelhecimento como da saúde mental. Algo
complexo de se visualizar sem auxílio de uma documentação que auxilie na
construção do raciocínio clínico e terapêutico.
Ao propor a utilização do Processo de enfermagem baseado em princípios
da promoção de uma assistência que atenda às necessidades e desejos individuais
de cada paciente. Propõe-se também, auxiliar os pacientes a resgatarem as suas
vontades e pragmatismos, alcançando assim, o resgate de suas identidades como
pessoas, que tem seus próprios desejos, seus medos e suas intimidades.
1.1.2 Histórico de implantação
Desde 2011, iniciou-se o processo de construção de um instrumento para a
implantação do Processo de enfermagem, em um dos Núcleos Assistenciais do
Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, local onde atuei como
Coordenadora de Enfermagem por cinco anos. No instrumento construído para
documentação do Processo de enfermagem, os enfermeiros aplicavam termos
22
livres não padronizados, assim como, não eram realizadas as cinco fases, focava-
se no: Histórico de Enfermagem; Diagnóstico; Implementação.
O Núcleo Assistencial era composto por cinco casas, com um total de 15
pacientes em cada casa. O modelo de organização do Processo de enfermagem
ficou organizado da seguinte forma: a execução do Histórico de Enfermagem era
realizada em todas as pacientes das casas pertencentes ao Núcleo; cada
enfermeiro supervisor era responsável por uma casa; cabia a cada enfermeira a
realização das etapas do Processo de enfermagem uma vez ao mês; como
proposto no instrumento construído pela unidade (ANEXO A).
Logo, a cada mês as pacientes eram reavaliadas e coletados novos dados
através da observação, histórico de enfermagem, exame físico e psíquico. Esses
dados eram analisados no intuito de buscar quais as reais necessidades de cada
paciente naquele momento. A partir desse, eram traçados os Diagnósticos de
enfermagem.
Após serem delineados os Diagnósticos de enfermagem, eram realizadas as
prescrições. Estas relacionavam-se a pelo menos um dos diagnósticos, uma vez
que o objetivo da prescrição era tentar solucionar os problemas que estavam
identificados no diagnóstico. Cabia tanto aos enfermeiros como aos técnicos de
enfermagem de cada plantão, a realização dos itens listados na prescrição de
enfermagem.
No mês seguinte, antes de traçar um novo diagnóstico para as pacientes era
realizado primeiramente um prognóstico. O prognóstico consiste na estimativa da
capacidade do ser humano em atender suas necessidades básicas alteradas após
a implementação do plano assistencial e a luz dos dados fornecidos pela evolução
de enfermagem.3
A partir desse momento, era realizado um exame físico e psíquico dessas
pacientes, para entender as suas necessidades/problemas foram resolvidas, porém
sem destacar em uma etapa documentada, descrita como a quinta fase do
processo de enfermagem, a avaliação. Desse modo, observava-se empiricamente
se havia melhora ou se mantiveram os problemas identificados, o enfermeiro
decidia se permanecia com os diagnósticos e prescrições propostas anteriormente
23
ou se seria necessário rever o plano de cuidados traçados para as pacientes ao
qual o enfermeiro era responsável.
Em 2012, após um processo seletivo, início a Pós-graduação em
Enfermagem Gerontológica, da Universidade Federal Fluminense. Com essa
experiência, que considero uma reaproximação com a academia e com o
conhecimento científico da Enfermagem, tive a oportunidade de desenvolver
algumas habilidades para a pesquisa. Além disso, coletei e analisei dados, para a
construção de novos instrumentos de implantação do Processo de Enfermagem,
respeitando as cinco fases e a linguagem padronizada, em cada uma delas:
Histórico de Enfermagem; Diagnósticos de Enfermagem; Planejamento de
Enfermagem; Implementação e Avaliação de Enfermagem. Para tanto, publiquei
dois manuscritos referentes a esses estudos, a saber: um artigo com os principais
Diagnósticos de Enfermagem encontrados nas pessoas que envelheceram nas
instituições psiquiátricas;4 e outro artigo referente as Intervenções de Enfermagem
aplicáveis aos usuários internados nas instituições psiquiátricas.4
Para a construção do instrumento, em 2013, foi realizado um estudo
retrospectivo, com análise de 30 prontuários das idosas com problemas
psiquiátricos internadas no Núcleo Assistencial. Desse modo, foi desenvolvida uma
análise diagnóstica com transcrição de acordo com os termos livres e mapeamento
cruzado com a Taxonomia da NANDA Internacional (NANDA-I). Assim como, a
identificação dos resultados e intervenções de enfermagem e mapeamento
cruzamento com as Taxonomias utilizando a Classificação das Intervenções de
Enfermagem e a Classificação dos Resultados de Enfermagem.4
Em 2014, início no Grupo de Estudo de Sistematização da Assistência de
Enfermagem (GESAE) e no Núcleo de Estudo e Pesquisa em Enfermagem
Gerontológica (NEPEG), vinculado a Universidade Federal Fluminense. Nesse
mesmo ano, ingresso no Estágio Probatório do Mestrado Profissional em
Enfermagem Assistencial, após oito anos de vivência na prática clínica e
psiquiátrica, tendo como desejo propor uma pesquisa que possibilitasse unir
investimento pessoal e profissional voltado para o âmbito do trabalho e da
assistência. Poderia assim, assistir pesquisando e pesquisar assistindo.
24
Em 2015, sou aprovada no Mestrado Profissional com a possibilidade de
apoiar a assistência de enfermagem no método científico, aplicando-a no contexto
da Psiquiatria, visto o anseio que o produto do Mestrado tenha retorno às atividades
assistenciais. Por isso, a opção pela Pesquisa Convergente Assistencial, que
consiste em sustentar uma estreita relação com a situação social e com a prática
assistencial, com o objetivo de encontrar mudanças para solucionar ou minimizar
problemas, realizar alternativas e/ou introduzir inovações no contexto da prática
como ocorre nessa investigação.5
Apesar do cenário de estudo constituir-se historicamente em um local
propício à implantação do Processo de Enfermagem, este ocorria somente em um
Núcleo Assistencial. Depois de realizada a reformulação dos instrumentos com a
linguagem padronizada e, atendimento a todas as etapas do Processo de
Enfermagem, caberia sua implantação de forma dialógica e ampliada aos demais
núcleos assistenciais.
Um desafio atribuído pela Direção e Coordenação de ensino, cujo desejo
emprega-se no pioneirismo do Instituto na implantação do Processo de
Enfermagem e Sistematização da Assistência de Enfermagem na área de Saúde
Mental, como vem sendo reconhecida nestes últimos anos no Estado do Rio de
Janeiro. Por isso o “cuidado”, de documentação e registro do processo de
implantação em uma pesquisa aplicada, participativa, em que a equipe de
enfermagem atue como protagonista.
1.2 PROBLEMÁTICA
O domínio temático dessa pesquisa insere-se no campo do Processo de
enfermagem em instituições psiquiátricas com pessoas envelhecidas no contexto
da desinstitucionalização. Pessoas que requerem um cuidado complexo, pois
demandam conhecimentos de geriatria e psiquiatria e, holísticos, pois, estão
internadas a um longo prazo. Desse modo, necessitam de resgate ao respeito e a
cidadania, como preconiza a Lei Federal nº8080/90,6 que garante os princípios da
Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da população
brasileira7 e garantia de cuidados psicossociais e reinserção social.
25
Assim como, a garantia a Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001,8 que dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental, um sustentáculo político
assistencial norteador das mudanças requeridas a desinstitucionalização. Nessa lei
em seu art. 2º determina:
São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.8
Outra resolução política associada a esse estudo assenta-se sobre a
implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) que pode ser
conceituada como “a organização do trabalho profissional quanto ao método,
pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do Processo de
Enfermagem”.9 Portanto, no âmbito da SAE, têm-se: o dimensionamento de
pessoal; os protocolos operacionais padrões; o modelo assistencial; os
instrumentos de execução do Processo de Enfermagem; e a consolidação de um
manual de enfermagem da instituição, contendo todas essas informações e sua
operacionalização na prática. Logo, a implantação dos quesitos da SAE é
imprescindível para que se possa constituir o processo de trabalho do enfermeiro,
ou seja, o Processo de Enfermagem.
Dessa forma, para a implantação do Processo de Enfermagem atividade fim
do enfermeiro, é necessário reorganizar a “casa”. Realizar as cinco etapas como
preconizadas pelo Processo de Enfermagem sem as condições ideais de
organização e concepção dos conceitos torna-se imprescindível. Como também, a
mudança de atitude necessária para sua implantação e de fundamental
importância. No intuito de não tornar uma atividade meramente técnica, ou de se
documentar repetidamente as mesmas informações do paciente.
26
Realizar o Processo de Enfermagem exige do profissional a tomada de
decisão, de forma deliberada, que se apoia nos passos do método científico, com
ações sistematizadas e inter-relacionadas.10 Visa à satisfação das necessidades
do paciente e da família, em conformidade com referencial teórico escolhido. O
Processo de Enfermagem é conceituado como “um instrumento metodológico que
orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da prática
profissional”.9
No entanto, apesar das vantagens e das definições legais do Exercício
Profissional, a operacionalização do Processo de Enfermagem, como dito, tem
enfrentado dificuldades. Prevalece na prática a organização do cuidado focado em
tarefas, o que institui muitas vezes, uma prática clínica automática e burocrática.
Sem o desenvolvimento do pensamento crítico e raciocínio lógico para planejar o
cuidado fundamentado cientificamente para atender as necessidades do
paciente.11
Essas dificuldades, comumente referidas na implantação do Processo de
Enfermagem, podem ser apontadas pela(o): pouca ou falta de treinamentos sobre
o tema; de domínio na realização do exame físico e psíquico; ausência de registros
adequados; existência de conflitos de papéis; dificuldade de aceitação de mudança;
como o psicossocial e família, o foco na investigação dos sistemas corporais; falta
de credibilidade das ações de enfermagem; e carência de pessoal.12
Nesse sentido, o cuidado de enfermagem ainda permanece focado no
abandono da pessoa e não na pessoa em sua integralidade, reconhecido como ser
ativo e participativo do plano de cuidados.13
A implantação do Processo de Enfermagem deve se fundamentar em
princípios filosóficos e metodológicos da própria disciplina de enfermagem, senão
muda-se o método, mas não a essência (autores).
Não obstante, observa-se uma abertura para novas metodologias de
produção de saberes quanto ao processo de cuidar. Tal processo permite substituir
a visão reducionista do conhecimento quanto à prática institucionalizada, com foco
na doença, para direcioná-lo ao sujeito em seu contexto psicossocial, que está em
processo de saúde/doença.
27
Como muitos exemplos de implantação do Processo de Enfermagem advém
de experiências em ambientes hospitalares e de alta tecnologia biológica, fica o
receio, o descrédito, de se importar os modelos biomédicos para a saúde mental.
Outro desafio é a construção de um Processo de Enfermagem que privilegie a
interação entre enfermeiro e paciente, que documente diagnósticos e intervenções
da atenção psicossocial em saúde mental.
Entretanto, algumas condições prévias à implantação do Processo de
Enfermagem podem ser facilitadoras ou prejudicar sua construção. Destaca-se a
necessidade de domínio teórico e prático dos modelos teóricos existentes na
Enfermagem; das taxonomias que embasam os diagnósticos, intervenções e
resultados; além de acurácia para executar o julgamento clínico.14
Além disso, o enfermeiro precisa: ser capaz de envolver toda a equipe de
Enfermagem na sua realização; ter conhecimento dos recursos humanos, físicos e
materiais existentes em seu ambiente de trabalho; e identificar o perfil dos
pacientes. Nessa linha de pensamento, a qualidade dos cuidados desenvolvidos
representa a estrutura do processo assistencial de enfermagem na prática.15
Portanto, almeja-se sobrepujar tais dificuldades e a realidade das práticas
de cuidado de um instituto psiquiátrico tipicamente asilar, foco desta investigação.
Ao se fundamentar num trabalho que historicamente era feito de forma mecânica,
baseado nos saberes médicos, cabendo à enfermagem até o início do século XIX,
a realização do cuidado direto aos doentes mentais através da aplicação dos
procedimentos disciplinares, de vigilância. Assim, a manutenção da ordem no
interior do espaço asilar que por muitos anos aliou o isolamento com a cronicidade
e, consequentemente, a institucionalização, perdurou até o final da década de 70.16
Portanto, esse estudo busca apesentar diferentes perspectivas do cuidado
aqueles que necessitam de cuidados diários com enfoque na saúde mental.
Com a reformulação do modelo assistencial aos pacientes com transtornos
mentais, pelo Movimento da Reforma Psiquiátrica, amparado pelos preceitos legais
da Lei Federal nº 10.2016 de 2001,8 que determinam o redirecionamento da
assistência prestada a todos os pacientes com transtornos mentais. Inicia-se um
novo olhar para essas pessoas que perderam suas identidades, ao longo dos anos
de exclusão social. Consequentemente, as novas propostas de reorientação,
28
descentralização dos serviços e desinstitucionalização das pessoas que
envelheceram nessa instituição, abrangeram um trabalho árduo das equipes
multidisciplinares, em que a enfermagem ocupava um papel chave nesse
processo.16
No âmbito da Reforma Psiquiátrica no Brasil, os grupos terapêuticos são
coordenados por profissionais da equipe multidisciplinar e o foco está na
construção dos Projetos Terapêuticos Singulares (PTS). Porém, o quantitativo de
enfermeiros ainda é incipiente, o que reforça o pensamento da enfermagem ser
responsável apenas pela realização da supervisão, das rotinas hospitalares e das
prescrições médicas.17-18 Embora, o quantitativo de pessoal, possa ser considerado
uma falácia, pois o aumento de quantitativo não garante a implantação do processo
de enfermagem.
Desse modo, ainda se constata o pouco estímulo e resistência para a
implantação do Processo de enfermagem nos hospitais psiquiátricos e a articulação
desse instrumento ao Projeto Terapêutico Singular tornam uma única ferramenta
de trabalho em prol da Reabilitação Psicossocial desses usuários com longos anos
de internação.
No que tange a discussão sobre o cuidar dos usuários internados em
processo de desinstitucionalização, é importante destacar o Processo de
Enfermagem e o Projeto Terapêutico Singular (PTS) como ferramentas para
integrar e direcionar o trabalho das equipes de profissionais de saúde. Desse modo,
cabe reforçar que o PTS tem a singularidade como sua razão de ser, pois as
práticas devem ser no sentido singular para alcançar o objetivo do cuidado efetivo.18
Assim, o PTS corresponde a um movimento de co-produção e de co-gestão do
processo terapêutico, no qual são considerados sujeitos ou grupos em situação de
vulnerabilidade.19
Destaca-se que o termo “projeto” utilizado no PTS, deve ser compreendido
não apenas no sentido de plano, organização de atividades, mas em ações
orientadas pela necessidade de resolução de um dado problema. Como projeto,
subentende-se a ideia de “projetualidade”, ou seja, a capacidade de pensar e de
criar novas realidades e novas possibilidades.18,20
29
Considerando a desconstrução desse cenário, é necessário que a
enfermagem abandone a fragmentação do cuidado ao paciente, valorizando o
fisiológico/biológico da doença, em detrimento dos aspectos psicossociais.21 Este
posicionamento irá favorecer ao enfermeiro a interação junto ao paciente, ou seja,
a construção efetiva do relacionamento terapêutico.2
Mediante o exposto, justifica-se a implantação do Processo de enfermagem
numa instituição psiquiátrica voltada para a desinstitucionalização, em função dos
benefícios que proporcionará aos pacientes quanto à documentação de suas
especificidades/necessidades reais e na construção dos processos familiares e
psicossociais. Logo, a documentação das atividades de enfermagem, como por
exemplo, os grupos terapêuticos através dos diagnósticos de enfermagem, de
domínio psicossocial, notoriamente presente no cotidiano, contribuirá com a
construção dos Projetos Terapêuticos de cada usuário e para ampliação da
Taxonomia da NANDA-Internacional nesta área e na cientificidade a área de
enfermagem em saúde mental.
Acredita-se que a participação dos profissionais de enfermagem, assim
como, a equipe multidisciplinar é crucial para a realização desse estudo. O
envolvimento, o movimento da prática e da pesquisa, a aplicação dos
conhecimentos à realidade local também apoiou a escolha pelo método da
Pesquisa Convergente Assistencial (PCA).
1.3 OBJETO DE ESTUDO
Implantação do Processo de enfermagem para pessoas que envelheceram
nas instituições psiquiátricas.
1.4 PRESSUPOSTO
À implantação do Processo de enfermagem de modo dialógico e participativo
propiciará implicação dos enfermeiros na sua concretização na prática e na
pesquisa.
30
1.5 QUESTÕES DE PESQUISA
Questão de prática: Como a equipe de enfermagem percebe a implantação
do Processo de Enfermagem na Saúde Mental?
Questão de pesquisa: Quais os resultados da implantação do processo de
enfermagem na Saúde Mental?
1.6 OBJETIVOS
1.6.1 Geral
Analisar a Implantação do Processo de Enfermagem na Saúde Mental
1.6.2 Específicos
a) Avaliar os registros de enfermagem nos prontuários antes e depois da
sensibilização e capacitação para implantação do processo de
enfermagem na saúde mental;
b) Construir coletivamente instrumentos de registro de enfermagem;
c) Descrever a percepção da equipe de enfermagem e suas
necessidades quanto a implantação do processo de enfermagem na saúde
mental;
d) Descrever as etapas percorridas para implantação do processo de
enfermagem na saúde mental.
1.7 RELEVÂNCIA
A relevância do estudo repousa na afirmativa de que o conhecimento do
enfermeiro perpassa o aperfeiçoamento de habilidades técnicas, científicas e a
identificação das reais necessidades de cada paciente internado nas instituições
psiquiátricas em processo de desinstitucionalização. Para tal, torna-se importante
31
empregar o raciocínio na tomada de decisão e, assim atingir as metas da prática
científica de enfermagem.
Considera-se que a implantação do Processo de Enfermagem em uma
instituição psiquiátrica voltada para a desinstitucionalização desses pacientes,
demanda que o enfermeiro seja capaz de lidar com a complexidade tanto nos
aspectos clínicos e psíquicos das pessoas que envelheceram nessas instituições.
Assim como, praticar seu conhecimento científico em prol da Reabilitação
psicossocial e compor a equipe multidisciplinar para contribuir com a redução dos
leitos de internações prolongadas, como preconiza a Reforma psiquiátrica
brasileira. Assim como, documentar essas ações complexas em um processo de
enfermagem pode ser considerada uma das contribuições desse estudo.
Entende-se o quanto é difícil escrever diagnósticos psicossociais, uma vez
que não são “palpáveis”, ou seja, é subjetivo, e a resposta não depende só da
técnica e sim da disponibilidade do enfermeiro em olhar o humano, de ouvir e
perceber o outro em sua essência. Sabe-se, que ainda existe uma cultura sobre os
cuidados voltados para as práticas hospitalocêntricas e os diagnósticos do tipo
biológicos acabam sendo priorizados na maioria das vezes, o protagonista do
cuidar se torna esquecido.
Repensar sobre as práticas que institucionaliza e discutir os diagnósticos
prioritários para atender a proposta de reinserção social, principal eixo de trabalho
do instituto em estudo, requer da equipe de enfermagem o despir de alguns saberes
e se reconstruir de algumas práticas, tais reflexões são cruciais para a enfermagem
na saúde mental.
De um lado, a pesquisa pode contribuir para o conhecimento e visibilidade
acerca do Processo de Enfermagem, que se constitui como instrumento e método,
que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documentação da sua prática
profissional. No âmbito da saúde mental, essa nomenclatura própria da
enfermagem trará contribuições nas discussões da equipe multiprofissional para
construção do Projeto Terapêutico Singular, assim como, proporcionará uma
sustentação do saber da enfermagem para a atuação do enfermeiro na equipe
multiprofissional.
32
Por outro lado, a pesquisa poderá contribuir também com a mudança no
paradigma da enfermagem nas instituições psiquiátricas, direcionando a
preocupação no sujeito como um todo, considerando suas questões psíquicas,
emocionais, sociais e que possuem direitos a cuidados em todos os níveis de
complexidade. Ao contrário de alguns questionamentos, o Processo de
Enfermagem não restringe o profissional apenas às questões biológicas, essa
ferramenta deve ser ampliada para todos os níveis de atenção, inclusive nas
questões psicossociais, a fim de atender o indivíduo em toda sua necessidade.
Para a enfermagem, esse estudo oferece subsídios ao cuidado de
enfermagem na área gerontológica e psiquiátrica, tanto para os profissionais de
saúde em estabelecer uma relação de confiança e comunicação efetiva não só com
o idoso com transtornos mentais, mas como também os demais profissionais da
equipe multiprofissional. Proporciona, ainda, fundamentos para o exercício
profissional do enfermeiro no cuidado voltado para a Reabilitação Psicossocial.
O estudo também traz contribuições para o ensino de enfermagem, no que
tange à necessidade de construção de uma metodologia específica sobre o cuidado
de enfermagem às pessoas que envelheceram nas instituições psiquiátricas, que
fundamentem a formação do enfermeiro pauta em investigações da área,
especialmente porque trata de sujeitos que viveram há mais de 40 anos afastados
do contexto social.
Os resultados da pesquisa poderão ser utilizados como referencial para o
ensino de cuidados as pessoas que envelheceram nessas instituições
psiquiátricas, uma vez que esta área “caminha” para adequação curricular dos
conteúdos e das práticas específicas em psiquiatria atendendo às demandas
psicossociais. Assim, futuros enfermeiros precisarão ter autonomia para propor
cuidados biológicos e psicossociais, assim como apropriação do conteúdo para
discussão nos grupos de estudos com a equipe multiprofissional.
Além das contribuições para o cuidado e o ensino de enfermagem na área
da saúde mental, articulam-se aquelas relacionadas à pesquisa, tão necessária
para a construção da ciência da enfermagem. Assim, esta investigação contribui
também para a aplicação da teoria das relações interpessoais a fim de propor
cuidados voltados para o contexto da desinstitucionalização, nas questões de
33
interesse da enfermagem em saúde mental, com cuidados de enfermagem que
considera o sujeito ativo. Assim, o uso das relações interpessoais se torna um
instrumento essencial na construção de vínculos, na interação humana e na relação
de ajuda.
No que refere as contribuições para NANDA-Internacional (NANDA-I), o
estudo trará novas discussões acerca das Taxonomias voltadas para a saúde
mental. Logo, propor adequação de termos considerados inadequados para essa
área, uma vez que os cuidados devem considerar o sujeito ativo, possibilitando o
seu caminho a comunidade e projetos de vida, cujo foco vai de encontro a
promoção da saúde e prevenção da doença.
Com isso, esse estudo se insere na linha de Pesquisa “O cuidado de
enfermagem para os grupos humanos”, vinculado ao Núcleo de Ensino e Pesquisa
em Enfermagem Gerontológica (NEPEG) e ao Grupo de Estudo em Sistematização
da Assistência de Enfermagem (GESAE), vinculado a Escola de Enfermagem
Aurora Afonso Costa - UFF, uma vez que a preocupação do estudo parte do saber
e do fazer dos/das enfermeiros (as) e de pessoas que envelheceram nos núcleos
assistenciais. Assim, considera-se que a implantação do Processo de Enfermagem
trará benefícios não somente aos profissionais e pacientes, mas também estimulará
a elaboração de novos estudos que abordem o Processo de Enfermagem nas
instituições psiquiátricas, promovendo assim, maior visibilidade dessa área.
34
2 MARCO CONCEITUAL
2.1 MARCO HISTÓRICO DA LOUCURA NO BRASIL E A ENFERMAGEM
Anteriormente ao processo da reforma psiquiátrica no Brasil, a assistência
psiquiátrica reduzia-se ao asilamento e à exclusão social. O poder público só
intervém na assistência à loucura a partir do momento em que a Família Real chega
ao Brasil, no início do século XIX. Neste período, a psiquiatria desenvolveu-se com
a função de colaborar com a reorganização do espaço urbano “saneando a cidade
do Rio de Janeiro e Libertando-a da presença dos ‘loucos’ que viviam pelas ruas e
que perturbavam a ordem social”. 22
No ano de 1830, um grupo de médicos, criadores da Sociedade de Medicina
do Rio de Janeiro, protestou contra o tratamento desumano ao qual eram
submetidos os “loucos” e pediram a construção de um hospício. Até então, essas
pessoas viviam nas ruas, ou aprisionadas em porões das Santas Casas. Houve
então a preocupação com a construção de um espaço para essas pessoas.23
Neste período, D. Pedro II, imperador do Brasil, determinou a construção do
Hospício Pedro II, que começou a funcionar em 1852 sob intervenção da Santa
Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Somente em 1890, o hospício é
desvinculado da Santa Casa e passa a chamar-se Hospício Nacional de Alienados,
ficando subordinado à administração pública.24
Ainda nesse ano, foi criada a Assistência Médico-legal aos alienados, cujo
diretor geral da instituição, Médico João Carlos Teixeira Brandão, estabeleceu
algumas mudanças, como por exemplo, a “criação de seção masculina, cuja
vigilância ficou sob a responsabilidade dos ‘guardas’ e ‘enfermeiros’” e também
“dispensou as irmãs de caridade [...] até então responsáveis pelo serviço de
Enfermagem e pela administração interna do Hospício”; essa atitude levou-as a
abandonar o hospício, pois “sentiram-se diminuídas em sua autoridade”.24
Com a saída das irmãs de caridade, houve uma crise gigantesca no hospício,
que levou alguns anos para ser solucionada. No mesmo ano de 1890, diante da
ausência de pessoal para cuidar dos “loucos”, foi criada a Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras, em 1942 esta escola passa a denominar-se ‘Escola de
35
Enfermagem Alfredo Pinto’. Isso, com a justificativa de suprir a falta de pessoal e
também “resolver o problema das pessoas de sexo feminino, com dificuldade de
profissionalização”.25
A Escola foi privilegiada pelas orientações de enfermeiras vindas da França
e “era mantida sobre a sombra das injunções do Hospital Nacional de Alienados, o
qual funcionava em condições precárias”. Apesar da Escola Profissional de
Enfermeiros e Enfermeiras passar por períodos difíceis e sofrer influências da
psiquiatria beneficiaram-se da autonomia desta, no que diz respeito ao importante
crescimento do número de instituições destinadas aos ‘loucos’.26
As colônias de São Bento e de Conde de Mesquita, foram criadas na atual
Ilha do Governador, colônia de Vargem Alegre, no estado do Rio de Janeiro, e
colônia de Juqueri, em São Paulo, todas inspiradas em experiência europeias, que
tinham como ideia principal a formação de uma comunidade onde os ‘loucos’
podiam conviver fraternalmente.25
Uma ampliação do espaço asilar ocorreu até o ano de 1920, e mais espaços
são criados: a Colônia de Alienadas do Engenho de Dentro, a Colônia de Alienados
de Jacarepaguá e o Manicômio Judiciário. Todo processo de criação das colônias
foi iniciado pelo médico. Teixeira Brandão, que tinha como assessor e sucessor
Juliano Moreira, que buscou a legitimação jurídico-política da psiquiatria no Brasil,
concretizada com a Lei nº 1132, de dezembro de 1903.27 Juliano Moreira passou a
ser conhecido como o Mestre da Psiquiatria Brasileira e o seu ensino teve um
significado importante na descoberta da etiologia das doenças mentais.26
A psiquiatria torna-se mais poderosa na década de 30, e o asilamento mais
frequente. Após a Segunda Guerra Mundial, na década de 40, surgiram
experiências locais variadas, destacando-se as comunidades terapêuticas, a
psicoterapia institucional, a não psiquiatria, dentre outras, mas todas à margem das
propostas e dos investimentos públicos, o que resultou no seu insucesso.28
Em 1952, surgiram os primeiros neurolépticos, aos quais os psiquiatras
passaram a fazer uso indiscriminado, com o objetivo de reduzirem a excitação, a
agitação, as alucinações e os delírios. Os neurolépticos quase sempre eram usados
como método de repressão e de violência, contribuindo para tornar os enfermos
‘mais dóceis’ e a internação mais suportável.29
36
Na década de 60, foi criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS),
e “o Estado passa a adquirir serviços psiquiátricos do setor privado e, ao ser
privatizado grande parte da economia, o Estado concilia no setor saúde pressões
sociais com o interesse de lucro por parte dos empresários”. O portador de
transtorno mental tornou-se, portanto, um objeto de lucro.30
O início dos anos 80 foi marcado pela crise Financeira e Institucional da
Previdência Social, sendo implementado, então, um processo de cogestão entre os
Ministérios da Saúde e da Previdência Social Foram criados o Conselho Nacional
de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP), responsável pela proposta
de um plano de reorientação da assistência psiquiátrica, os Sistemas Unificados e
Descentralizados de Saúde (SUDS), e posteriormente, já em 1990, o Sistema
Unificado de Saúde (SUS), cujas diretrizes estão presentes na Constituição de
1988, ainda em vigor.31
A partir daí, desencadeia-se no Brasil uma ampla discussão sobre os rumos
e diretrizes da saúde, embasadas em propostas avançadas de reforma sanitária, e
também da assistência à saúde mental de todos os pacientes internados nos
espaços asilares, sempre com a visão de Reabilitação Psicossocial. Pois não se
pode esquecer que o envelhecimento dessas pessoas fora do convívio social e
confinados nesses espaços fizeram partes de uma assistência hospitalocêntrica e
institucionalizada que perdurou décadas.32
O trabalho de enfermagem surge nos hospitais psiquiátricos marcada de
preconceitos, seja por ser associado ao trabalho manual, seja por ser visto pelas
pessoas como uma atividade degradante e insalubre, seja pela agressividade que
supostamente caracterizava os doentes mentais, seja pela superlotação e às
condições de deterioração em que se encontravam tais instituições. Além do que,
acreditava-se que os trabalhadores que procuravam este tipo de ocupação, o
faziam somente por não conseguirem se empregar em outras atividades.33
No entanto, os cursos que visavam o cuidado de doentes mentais nos
hospitais psiquiátricos, não adotavam o sistema Nightingale e eram orientados por
médicos. No Brasil, assim como na Europa e na América do Norte, o preparo de
enfermeiros (as) nas instituições psiquiátricas acompanhou o processo de
medicalização dos asilos, originando modelos de preparação com características
37
específicas e diferenciadas daquele destinado à formação para hospitais gerais
durante o século XIX.33
No Brasil, a Escola de Enfermagem Anna Nery, fundada em 1923, no Rio de
Janeiro, considerada a primeira escola de enfermagem moderna do Brasil, não
incluiu em seu currículo, até o ano de 1949, nenhuma matéria relacionada às
doenças mentais, quando passou a desenvolver estágio no Centro Psiquiátrico
Nacional no Engenho de Dentro, ou seja, os alunos não tinham conhecimento sobre
as patologias e cuidados específicos sobre as doenças mentais o que tornaria ainda
mais difícil a assistência prestada a estes pacientes e o distanciamento dos
profissionais já que em sua formação não era ensinado. A partir de 1949, o cenário
na escola Anna Nery começa a modificar e inicia um novo modelo de aprendizagem
inserindo a disciplina em psiquiatria, a fim de abranger os cuidados a estes
pacientes.34
Já o objetivo da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, anexa ao
Hospício Nacional, era criar através do Decreto nº 791 de 27/09/1890,35 a formação
de profissionais para os hospitais psiquiátricos e militares existentes no país. Além
desse objetivo explícito no Decreto, a escola promovia a instrução e
profissionalização das mulheres pobres. Desses decorriam algumas vantagens:
incorporação e disciplinarização de um segmento da população excluído e
"perigoso" (mulheres e meninas pobres abandonadas), subordinação garantida
dessas aos médicos, evitando os conflitos que foram anteriormente enfrentados
com as religiosas no hospício e o estabelecimento do hospício como instrumento
médico de intervenção e sob a sua direção.33
Assim:
A assistência de enfermagem ao portador de transtorno mental era caracterizada pela repressão, punição e vigilância. O doente mental não recebia tratamento digno, sendo tratado, muitas vezes, com violência. Sem estímulo, todas as suas potencialidades eram reduzidas até se tornarem incapazes de retornar a viver em sociedade.36:11
A partir desses momentos históricos, consideramos que o trabalho de
enfermagem em saúde mental caracterizava-se pela transição entre uma prática
de cuidado hospitalar que visava à contenção do comportamento dos "doentes
mentais". E a incorporação de princípios novos e desconhecidos, que busca
38
adequar-se a uma prática interdisciplinar, aberta às contingências dos sujeitos
envolvidos em cada momento e em cada contexto, superando a perspectiva
disciplinar de suas ações. Logo, vivemos um período decisivo para a profissão, e
contudo, favorável para à análise do processo de trabalho dessa área.
Portanto, a enfermagem, teve papel importante relacionado ao
conhecimento e organização interna do espaço asilar ou hospitalar. Pode-se
afirmar que, o papel do enfermeiro hoje é o de agente terapêutico e a base dessa
terapia é o relacionamento com o paciente e a compreensão do seu
comportamento. O objetivo da enfermagem psiquiátrica não é o diagnóstico médico
ou a intervenção medicamentosa, mas sim, o compromisso com a qualidade de
vida cotidiana do indivíduo em sofrimento psíquico. Nesse sentido, o enfermeiro
deve ser preparado para atuar em novos modelos de atenção, assumindo novas
tarefas e adequando-se às mudanças advindas da atual política de saúde mental
vigente no país.
2.2 A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL E A ENFERMAGEM EM SAÚDE
MENTAL
A Reforma Psiquiátrica propõe a desconstrução e a desinstitucionalização
das práticas psiquiátricas hospitalares, bem como a reformulação de novos modos
de cuidar do portador de transtorno psíquico. Estas propostas não se restringem à
modificação dos espaços físicos de tratamento, mas, sobretudo, à reinvenção das
perspectivas ético-políticas e epistemológicas das noções de loucura e suas formas
de abordagem.37
Neste cenário, a Enfermagem também busca reconstruir suas ações na
psiquiatria, tendo-se como imagem-objetivo o cuidado que promova a liberdade, a
cidadania e a autonomia.
A desinstitucionalização e a reabilitação psicossocial são preceitos centrais
da Reforma Psiquiátrica brasileira, mas elas não são idênticas, não são sinônimos,
pois possuem propostas com diferentes vertentes.
39
A desinstitucionalização requer uma desconstrução cotidiana de ideologias e práticas cristalizadas, defendendo uma mudança para além dos muros dos serviços de saúde mental. Nesse sentido, ela se aproxima do movimento da luta antimanicomial que, participa de uma luta política por transformações estruturais da sociedade. É preciso não perder de vista que a reabilitação psicossocial se fundamenta na ideia de que o indivíduo portador de sofrimento psíquico sofreu inúmeras perdas em decorrência do seu adoecimento. Desse modo, a reabilitação parte do registro da falta e segue em direção ao desejo de assegurar a equidade entre iguais e diferentes. A desinstitucionalização, por outro lado, visa levar a diferença aos iguais, dizimando a falta de semelhança entre ambos.38:320.
No movimento trazido pela Reforma Psiquiátrica, pretende-se eliminar a
exclusão, as contenções físicas e subjetivas e a hospitalização enquanto
enclausuramento, surgem – dentre outras estratégias – as atividades terapêuticas.
Como profissional que está com o paciente 24 horas durante a internação no
hospital psiquiátrico, o enfermeiro tem em suas mãos a possibilidade de
desenvolver estratégias de reabilitação psicossocial que estão ao seu alcance.
Partindo-se destas noções, pode-se refletir a respeito da potência dos
cuidados que vão além da medicação, uma vez que contribuem tanto para a
reabilitação psicossocial quanto para a desinstitucionalização. Ao propor cuidados
alternativos que consideram o sujeito ativo de seu tratamento, o enfermeiro produz
equidade entre iguais e diferentes, bem como multiplica o respeito às diferenças.16
A Enfermagem propõe nesse contexto atividades terapêuticas em saúde
mental. Ainda que se trate do contexto da internação hospitalar, através de
cuidados com projetualidade e possibilidades, a Enfermagem pode fazer laços
entre os pacientes e o território. A responsabilidade de estratégias como plano de
cuidados voltados para a comunidade, para que o processo de internação não
impeça a reabilitação psicossocial nem a desinstitucionalização.
A construção dos planos de cuidados como propostas psicossociais que
promovam a autonomia e, de maneira mais profunda, que produzam liberdade.
Propõe-se, assim, a valorização de cuidados nos modos da Enfermagem
Psiquiátrica e de Saúde Mental, com espaços para a inteireza dos sujeitos:
cuidados de produção de liberdade, autonomia para e pela produção de modos de
vida livres, cuidados com tecnologias relacionais.
40
2.3 HISTÓRICO E ASPECTOS CONCEITUAIS DA SISTEMATIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E DO PROCESSO DE ENFERMAGEM
Na história da enfermagem destacam-se duas fases marcantes, a saber: a
fase empírica ou pré moderna; e a fase moderna, científica. Essa última fase foi
marcada pela organização do trabalho de enfermagem por Florence Nightingale na
década de 50, teve início as teorias e o Processo de enfermagem.
A enfermagem para Nightingale39 era uma arte que demandava
treinamento/capacitação e organização de uma prática científica. O grande mérito
Nightingale foi proporcionar voz ao silêncio daqueles que prestavam cuidados, que
provavelmente não percebiam a importância da prática que realizavam, mas já
indicava uma prática organizada.13
Nightingale ainda afirmou sobre a necessidade de um cuidado de
enfermagem diferente do modelo biomédico, ou seja, um conhecimento
direcionado as pessoas, as condições nas quais elas vivem e como o ambiente
pode atuar, positivamente ou não, sobre a saúde das pessoas. É a partir de então
que toma lugar o paradigma científico e teórico na enfermagem, e, com ela, foi
sistematizado um campo de conhecimentos, uma nova arte e nova ciência que
enfatiza a necessidade de uma educação formal para os profissionais de
enfermagem.40
Mas foi somente na década de 50que surgem as primeiras teorias, por uma
inquietação no fazer em enfermagem, meramente técnico e fundamentado em
outras ciências. Havia então, a necessidade de proceder à construção e
desenvolvimento da enfermagem como ciência. Dessa maneira, ocorreu à busca
de conhecimentos específicos da profissão que foram organizados de forma
sistematizada em teorias e modelos estruturais, com a finalidade de definir,
caracterizar, explicar e descrever fenômenos relacionados à disciplina de
enfermagem.41
As teorias de enfermagem foram elaboradas para explicitarem a complexidade e multiplicidade dos fenômenos presentes no campo da saúde e, também, para servirem como referencial teórico/metodológico/prático aos enfermeiros que se dedicam à construção de conhecimentos, ao desenvolvimento de investigações e à assistência no âmbito da profissão 42:23
41
É relevante destacar que, no Brasil, o diagnóstico de enfermagem iniciou
seus primeiros passos na década de 60, com Wanda de Aguiar Horta, que propôs
as enfermeiras brasileiras uma assistência de enfermagem sistematizada em seis
fases: histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrições,
evolução e prognóstico. A partir da teoria de Motivação Humana de Maslow para
elaborar a Teoria das Necessidades Humanas Básicas.3
Wanda de Aguiar Horta colaborou para a ciência de Enfermagem com a
construção do Processo de Enfermagem.11 Tal fato foi reconhecido de modo
organizado somente em 2002, pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),
que por meio da Resolução nº 272, de 27 de agosto de 2002, dispõe sobre a
metodologia que organiza racionalmente a prática/cuidado de enfermagem em
todas as instituições públicas e privadas.43
Mas em 2009, foi revogada pela resolução COFEN nº 358,9 a qual determina
que o Processo de Enfermagem deve ser realizado de modo deliberativo e
sistemático em todos os ambientes em que ocorre o cuidado profissional de
Enfermagem, incluindo hospitais, serviços ambulatórios, escolas e domicilio.14,44
Todavia, a Sistematização da Assistência de Enfermagem é um termo que
frequentemente confunde-se com o Processo de Enfermagem.10 Compreender a
diferença desses dois conceitos é fundamental para implantação efetiva de ambos
na prática clínica, sem percalços ou desistências no meio do caminho. O primeiro
trata dos aspectos gerenciais, organizacionais fundamentais para a
operacionalização do segundo. Sem a organização da SAE, a implantação do
Processo de enfermagem pode ser limitada, seja por falta de pessoal, material, ou
instrumentos adequados para sua documentação.
Além, da necessidade de se organizar as estratégias de capacitação do
pessoal de enfermagem seja enfermeiros ou técnicos de enfermagem. Requerem
para a implantação do Processo de Enfermagem uma compreensão teórica e
prática de aspectos complexos, como teorias de enfermagem; exame físico, ou
investigação dos focos clínicos; taxonomias em enfermagem; avaliação, ou seja,
forma de medir os resultados; modelos assistenciais de fluxo do paciente e formas
de organização do pessoal de enfermagem.
42
Portanto, implantar o Processo de Enfermagem requer: vontade institucional;
política de capacitação; e liderança motivacional. E, principalmente articulação
entre a organização gerencial e clínica; por isso, complexa. Logo, requer um
método de pesquisa aplicado e participativo, como veremos no próximo capítulo.
A implantação do Processo de enfermagem prevê a execução e a
documentação de cinco etapas interrelacionadas, interdependentes e
recorrentes.45 Importante que sua aplicação esteja pautada numa apreensão
ampliada das necessidades de cuidados dos pacientes e orientada na perspectiva
do cuidado. Ou seja, não deve ser feito de forma mecânica, mas deve considerar o
desejo e a necessidade da pessoa.
O Processo de Enfermagem tem por finalidade auxiliar na tomada de
decisão, deve ser utilizado de forma ordenada e sistemática, procedente de uma
atividade intelectual deliberada. A definição conceitual para as cinco fases no Brasil,
e adotada nesse estudo, é a descrita pela Resolução 358.9
I – Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) – processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, família ou coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do processo saude e doença. II – Diagnóstico de Enfermagem – processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processosaude e doença; e que constituem a base para a seleção das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados. III – Planejamento de Enfermagem – determinação dos resultados que se espera alcançar; e das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas face as respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saude e doença, identificadas na etapa de Diagnóstico de Enfermagem. IV – Implementação – realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem. V – Avaliação de Enfermagem – processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saude doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem.
A mesma resolução, no artigo terceiro declara mais um requisito fundamental
para orientação da implantação do Processo de enfermagem. Este deve estar
43
baseado num suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de
diagnósticos de enfermagem e o planejamento das intervenções de enfermagem;
e que forneça a base para a avaliação dos resultados de enfermagem alcançados.46
Contudo, o Processo de Enfermagem é o método de trabalho do Enfermeiro,
a execução dessas cinco fases é essencial para o cumprimento do exercício
profissional. Compreender os requisitos de cada fase, aplicá-la e documentá-la de
modo sistemático, ainda tem sido um desafio na prática clínica. Experiências mal
sucedidas tem sido apontadas como execução da primeira e quarta fase somente,
de modo isolado das demais, o que prejudica a construção, aplicação da ciência
em enfermagem
2.4 PESSOAS IDOSOAS QUE ENVELHECERAM NAS INSTITUIÇÕES
PSIQUIÁTRICAS: UMA COMPLEXIDADE ASSISTENCIAL DE CUIDADO
A longevidade que se apresenta nas diversas áreas humanas e sociais,
também se apresenta com expressiva força na saúde mental. Comumente nos
deparamos com pessoas com transtornos mentais crônicos envelhecendo e
vivendo mais tempo, pelos mesmos motivos que todo o resto da população, ou
seja, avanço tecnológico e científico. Porém, sem ter a menor relação com o tempo
que está passando e, consequentemente com o envelhecimento, que é condição
natural de qualquer ser humano.47
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição da população
idosa é distinta quando comparamos os diversos países. Naqueles considerados
desenvolvidos, classifica-se como idoso o sujeito a partir dos 60 anos de idade,
enquanto nos em desenvolvimento, este valor sobe para 65 anos. O
envelhecimento populacional tem apresentado desafios a serem enfrentados pela
sociedade e pelas políticas públicas. A proporção mundial de pessoas com 60 anos
ou mais cresce de forma mais rápida que a de outras faixas etárias. Acredita-se
que até o ano 2050 haja dois bilhões de idosos, 80% deles nos países em
desenvolvimento.48
Ao considerar o Chronos, ou seja, a medida de tempo cronológico como algo
comum da realidade, pode observar que nas instituições totais com rotinas
44
massificadas é difícil validar a simultaneidade deste tempo por muito tempo.
Durante anos sujeitos em condição de moradia em hospitais psiquiátricos, vivem
rotinas em que acordar e dormir não precisa estar necessariamente em um dia de
vinte e quatro horas, mas podem ser ações perdidas no tempo e validadas muitas
vezes de maneira equivocada pelo outro, que também pode estar confuso em
relação ao seu próprio tempo.32
O que se observa nas instituições totais é que a noção de envelhecimento e
velhice não é construída pelos pacientes, tão pouco observada ou sustentada pelos
profissionais que se habituam às rotinas institucionais. E, se atém às questões da
ordem dos transtornos de base que são de difícil controle e dificultam o olhar e o
cuidado para outras questões comuns do cotidiano, como por exemplo, o
envelhecimento.
Para tanto, faz se necessário que o enfermeiro em Saúde Mental disponha
de conhecimento da clínica ampliada tanto para avaliação dos declínios das
capacidades físicas quanto para as mudanças nos processos de interação social,
cultural, psicológicas e comportamentais. Essas mudanças nos pacientes podem
estar relacionadas com o envelhecimento ou com os transtornos psiquiátricos
assim como ambos podem estar evoluindo no mesmo período. Tornando esse
idoso complexo no processo de cuidar.
Ao considerarmos que o tempo que já se viveu é que dá sentido à existência
presente e possibilita projetar-se para vida, para o tempo futuro.
Mas o que fazer com os acontecimentos, que não têm seu próprio lugar no tempo, os acontecimentos que chegaram tarde demais, quando todo o tempo já foi distribuído, dividido, desmontando e, que agora ficaram numa fria, não alinhados, suspensos no ar, sem lar, errantes? [...].49:191
Envelhecer então, não será seguir um caminho traçado, mas construí-lo a
partir da subjetividade, individualidade e demanda de cada paciente. Considerando
suas limitações, seja pela idade, seja pelo transtorno psiquiátrico ou pela
hospitalização e Institucionalização. Como veremos no próximo subitem uma
revisão sistemática da literatura que aponta a gama de diagnósticos de
enfermagem encontrados nessa área que vão desde o funcional ao psicossocial e
espiritual.
45
2.5 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA: DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM PARA PESSOAS QUE ENVELHECERAM NAS
INSTITUIÇÕES PSIQUIÁTRICAS E SAÚDE MENTAL
Realizou-se uma revisão sistemática com o objetivo de identificar na
literatura os diagnósticos de enfermagem presentes nas pessoas que
envelheceram nas instituições psiquiátricas.
Para elaboração dessa revisão as seguintes etapas foram percorridas: a
formulação da questão norteadora, busca na literatura dos estudos, categorização
dos estudos, avaliação dos estudos incluídos na revisão, discussão e interpretação
dos resultados e a síntese do conhecimento evidenciado nos estudos analisados.50
A questão norteadora foi: Quais os principais estudos sobre os
Diagnósticos de Enfermagem encontrados em adultos/idosos internados nas
instituições psiquiátricas?
Em junho de 2016, sem restrições quanto à data de publicação, natureza do
estudo ou idioma, procedeu-se a busca de estudos indexados nas bases
eletrônicas de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(MEDLINE VIA PUBMED), Cumulative Index to Nursing and Allied Health (CINAHL)
e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS VIA
BIREME). Para o levantamento dos estudos foram utilizados os descritores
Diagnóstico de enfermagem/Nursing diagnoisis; Enfermagem
psiquiátrica/psychiatric nursing; Saúde mental/Mental health e Enfermagem
geriátrica/geriatric nursing combinados separadamente ao descritor Processos de
enfermagem/Nursing process. Durante a estratégia de busca utilizou-se os
operadores booleanos OR e AND para realização das associações.
Os critérios de inclusão dos estudos nesta revisão sistemática foram:
aqueles publicados em formato original em português, espanhol ou inglês; que
tiveram como sujeitos de estudos adultos/idosos com transtornos psiquiátricos; e
que descrevessem quantitativamente em seus resultados o Processo de
Enfermagem identificados nessa população. Os critérios de exclusão adotados
foram: artigos duplicados e artigos que não atenderam a pergunta de pesquisa.
46
Na base de dados MEDLINE via PUBMED, foram encontrados 108 estudos.
A partir desses critérios, foram selecionados cinco estudos. Após leitura dos
resumos restaram quatro estudos para a leitura na íntegra.
Na base de dados LILACS via BIREME, foram encontrados 36 estudos,
sendo cinco estudos selecionados após leitura dos resumos, um estudo excluído
pelo critério duplicado e restou um estudo para a leitura na íntegra.
Na base de dados CINAHL, foi encontrado um estudo e após submetê-lo aos
critérios de inclusão e leitura na íntegra, considerou-se coerente para compor essa
revisão sistemática. Conforme apresentado na figura 1.
Figura 1 - Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão.
Fonte: Dados coletados pela autora (2016).
Estudos identificados a partir de busca nas bases de dados
LILACS = 36 MEDLINE = 108
CINAHL = 01 TOTAL = 145
Artigos excluídos após leitura dos resumos Nº = 131
Artigos excluídos após aplicação dos critérios de exclusão
Nº = 09
Motivos de exclusão
Artigos duplicados: 01
Removidos artigos duplicados
Nº = 01
Artigos incluídos na revisão Nº = 04
47
A amostra final constituiu-se de quatro artigos. A extração de dados dos
artigos incluídos na revisão foi realizada em um instrumento de coleta de dados
contendo as seguintes informações: autor, ano; país; base; periódico; objetivos;
métodos; amostra; principais resultados e conclusão. Os quatro artigos incluídos
foram avaliados criticamente em relação à autenticidade, qualidade metodológica
e a importância das informações.
A análise e síntese dos artigos foram realizadas de forma descritiva a fim de
avaliar a qualidade das evidências disponíveis na literatura sobre os Diagnósticos
de Enfermagem segundo NANDA I e, também para fornecer subsídios para a
prática clínica de enfermeiros na Reabilitação Psicossocial.
2.5.1 Resultados
Dos quatro artigos incluídos nesta revisão sistemática, constatou-se que um
foi publicado em língua inglesa e três artigos em língua portuguesa. Quanto ao ano
de publicação, os artigos se apresentaram entre 2003 a 2015.
Quanto a fonte de dados de pesquisa, um artigo utilizou o prontuário do
paciente, outro artigo utilizou cheklist, apenas um artigo teve como fonte de dados
o instrumento de consulta de enfermagem e um artigo utilizou a entrevista. No
tocante as Taxonomias da NANDA-Internacional,51 todos os quatro artigos
publicados utilizaram a Taxonomia II, a síntese dos artigos incluídos na presente
revisão está apresentada no quadro 1.
48
Quadro 1 - Descrição dos artigos incluídos na revisão sistemática sobre os Diagnósticos de Enfermagem encontrados em
adultos/idosos internados nas instituições psiquiátrica.
Nº Autor, Ano
País Base Periódico Objetivo (s) Método e Amostra
Principais Resultados Conclusões
01 Beteghelli, Toledo, Crepschi, Duran52 2005
Brasil MEDLINE Revista Eletrônica de Enfermagem
Elaborar um modelo de histórico de
enfermagem para ser utilizado em um
ambulatório de saúde mental; Descrever os
pontos positivos e negativos da
utilização deste modelo;
Levantar os diagnósticos de
enfermagem mais frequentes num ambulatório de saúde mental.
Abordagem qualitativa, com
algumas descrições
quantitativas na análise da
frequência dos diagnósticos de
enfermagem encontrados. A
partir de um estudo
bibliográfico estabeleceu-se
um instrumento de coleta de dados
(checklist) acerca do estado de
saúde dos doentes mentais.
N= 400
Os diagnósticos mais frequentes foram:
Desesperança (75%), Isolamento social (70%),
Comunicação verbal prejudicada (65%).
Conclui-se que a Sistematização
da Assistência de Enfermagem
Psiquiátrica funciona como
ferramenta útil e importante na
tentativa de construir uma
práxis mais eficaz na enfermagem enfermagem psiquiátrica
brasileira, no que se refere à
Reabilitação Psicossocial.
02 Thomé, Centena, Behenck,
Marini, Heldt53 –
2014
EUA CINAHAL
International Journal of Nursing
Knowledge
Verificar a aplicabilidade da
Sistematização da Assistência
de Enfermagem em consulta de
enfermagem em saúde mental
Estudo transversal realizado em um
hospital universitário.
N = 40
Foram identificados 14 Diagnósticos de
Enfermagem e os mais frequentes
foram: Interação social prejudicada
(40%), Ansiedade (35%), Auto controle ineficaz de Saúde (27%). Dentre as
O processo de enfermagem em
saúde mental possibilita
identificar as respostas
desadaptadas e determinar
49
ambulatorial utilizando as taxonomias.
NANDA-I e NOC.
Intervenções de Enfermagem
Foram identificados 23 (aproximadamente 2 por
consulta) e as mais frequentes
foram: aumento da socialização e
assistência no autocuidado.
as intervenções prioritárias.
03
Silva, Souza,
Santana4
2015
Brasil LILACS Revista de Pesquisa Cuidado é
Fundamental Online
Mapear os termos livres dos registros de enfermagem e comparar com a Classificação de Diagnósticos de
Enfermagem
Abordagem quantitativa,
documental e retrospectiva, do tipo Mapeamento
Cruzado
N = 30
Os diagnósticos com maior frequência foram:
Autocontrole ineficaz de Saúde
(90%), Déficit no autocuidado
para banho/higiene (80%), Mobilidade
física prejudicada (63%), Débito cardíaco
prejudicado (53%), Perfusão tissular
periférica ineficaz(50%), Confusão crônica (90%),
Processos Familiares disfuncionais
(29%) Dentição Prejudicada (30%),
Risco de quedas (21%)
Tais achados apontam para a
complexidade e a integralidade do
cuidado prestado no contexto da saúde mental, o uso de
classificação nesse contexto contribuirá para o avanço do conhecimento e a comparação dos
achados
50
04 Teixeira, Fernandes54
2003
Brasil MEDLINE Revista Brasileira de Enfermagem
Identificar os diagnósticos de enfermagem de
idosos com distúrbios mental
Estudo Descritivo-exploratório de
campo com enfoque quanti-
qualitativo.
N = 48
Segundo a Taxonomia II da NANDA, os diagnósticos
predominantes foram: Pesar (83%), Andar
prejudicado (81%), Risco para traumas (68%) e
Ansiedade (62%)
Os diagnósticos de e enfermagem identificados,
na sua maioria decorrem da
impossibilidade dos idosos
realizarem a contento as atividades de vida
diária. A tristeza patológica, o
desânimo, a falta de perspectiva
tornam estes idosos
profundamente infelizes. Saber intervir frente a
esses diagnósticos requer do enfermeiro,
conhecimentos e habilidades específicas.
51
Quadro 2 - Diagnósticos de Enfermagem mais frequentes em adultos/ idosos
internados nas instituições psiquiátricas, segundo artigos componentes da revisão
integrativa.
Diagnósticos de Enfermagem
Artigo 1 Artigo 2 Artigo 3 Artigo 4
Ansiedade 35% 62%
Autocontrole ineficaz de saúde
27% 90%
Comunicação verbal prejudicada
65%
Confusão crônica 90%
Deambulação prejudicada
81%
Débito cardíaco diminuído
53%
Déficit no autocuidado Para Banho/higiene
80%
Dentição prejudicada
100%
Desesperança 75%
Isolamento social 70%
Mobilidade física prejudicada
63%
Perfusão tissular Periférica ineficaz
50%
Processos familiares disfuncionais
97%
Pesar 83%
Privação do sono 60%
Risco para quedas
70%
Risco para trauma
68%
Risco de constipação
57%
*Títulos diagnósticos conforme Taxonomia II da NANDA-I.55
2.5.2 Discussão
A presente revisão identificou um total de 18 diagnósticos de enfermagem,
15 diagnósticos de enfermagem reais e três diagnósticos de enfermagem de risco
que estiveram presentes em frequência maior que 50% nos artigos selecionados.
A saber: Ansiedade, Autocontrole ineficaz de saúde, Comunicação verbal
prejudicada, Confusão crônica, Deambulação prejudicada, Débito cardíaco
52
diminuído, Déficit no auto cuidado para higiene/banho, Deglutição prejudicada,
Dentição prejudicada, Desesperança, Isolamento social, Mobilidade física
prejudicada, Perfusão tissular periférica ineficaz, Privação do sono, Processos
familiares disfuncionais, Pesar, Risco de constipação, Risco para quedas e Risco
para traumas.
Os domínios mais presentes foram: domínio 4 – Atividade e Repouso,
composto por cinco diagnósticos; seguido pelo domínio 11 – Segurança e Proteção,
composto por três diagnósticos e o domínio 9 – Enfrentamento e Tolerância ao
estresse, compôs neste estudo de dois diagnósticos de enfermagem.
Os diagnósticos de enfermagem Autocontrole ineficaz de saúde (00078) e
ansiedade (00146) foram descritos em dois estudos que compôs essa revisão
sistemática.
O “Autocontrole ineficaz de saúde (00078)” é definido como o padrão de
regulação e integração à vida diária de um regime terapêutico para tratamento de
doenças e suas sequelas que é insatisfatório para alcançar as metas específicas
de saúde.56 Teve como uma de suas principais características definidoras
evidenciadas “escolhas na vida diária ineficaz”, bem como um de seus fatores
relacionados, o “déficit de apoio social”. Estudos destacam que a internação
prolongada, a falta de investimento, assim como, o avançar da idade e a perda da
capacidade de realização das atividades do dia a dia são alterações presentes nos
usuários que envelheceram nas instituições psiquiátricas 4,52,53
O diagnóstico de enfermagem “Ansiedade (00146)” apresenta
características definidoras dos tipos afetivas, cognitivas e comportamentais. Muitos
fatores podem gerar ansiedade em indivíduos internados em instituições
psiquiátricas, como medo de vivenciar experiências novas, assim como, angústia,
inquietação e insônia. Fatores esses, em geral, relacionados com o próprio
diagnóstico psiquiátrico. Ademais, esses sentimentos e sinais podem influenciar no
processo de desinstitucionalização desses usuários.4
A “Dentição prejudicada (00048)” é um diagnóstico de enfermagem definido
como distúrbios nos padrões de desenvolvimento/erupção dentário ou na
integridade estrutural dos dentes de um indivíduo.56 Pesquisadores mostram que a
ausência de dentição, a falta de hábitos em realizar a higiene oral, o processo de
53
envelhecimento e a institucionalização são fatores que interferem diretamente no
risco em desenvolver lesões orais ou dentárias.4,57
Associado a esse, temos o diagnóstico “Déficit no autocuidado para
banho/higiene íntima (00108)” é definido como a capacidade prejudicada de
realizar ou completar as atividades de banho/higiene íntima por si mesmo.56
Já era esperada a identificação desse diagnóstico como um dos mais
frequentes em idosos com transtornos psiquiátricos. Isso porque a deterioração do
sujeito pode levar à dependência de cuidados relacionados às atividades de
banho/higiene.12,58
Os diagnósticos de “Deambulação prejudicada (00088)” 81% e “Mobilidade
física prejudicada (00085)” 52% demonstram a relação da perda da autonomia dos
pacientes que envelheceram com transtornos psiquiátricos com a perda da
mobilidade ao longo do tempo, e a importância de intervenções de reabilitação
nesse contexto.54
No entanto, predominou a relevância dos diagnósticos relacionados às
famílias, presente em 97% dos usuários. Os dados revelam a herança deixada por
anos de uma assistência hospitalocêntrica, marcada pela segregação e pela
desfiliação social de um contingente de usuários psiquiátricos que hoje são idosos.4
E que perderam o convívio familiar há anos, o que se torna uma barreira na
construção/reconstrução dos laços afetivos.
O diagnóstico de enfermagem “Processos familiares disfuncionais (00063)”
define-se como funções psicossociais, espirituais e fisiológicas da unidade familiar
estão cronicamente desorganizadas, levando ao conflito, à negação de problemas
e à resistência a mudanças.56
O diagnóstico de enfermagem “Isolamento social (00053)” define-se como,
solidão experimentada pelo indivíduo e percebida como imposta por outros e como
um estado negativo ou ameaçador.56 Um dos estudos aqui incluso52 relata que esse
quadro torna a pessoa incapaz de fazer contato com o meio social, por mais que
apresente ou perceba uma necessidade ou vontade de um maior envolvimento com
os outros.
Ainda nesse sentido, observa-se a importância do enfermeiro de saúde
mental em estabelecer a construção de vínculos, assim como, proporcionar
54
atividades de reestruturação e inclusão da dinâmica global, a fim de, minimizar
sentimentos de rejeição.4
A consequência da longevidade das pessoas, fator este que constitui um
modificador dos papéis sociais. A perda da capacidade de desenvolver atividades
as rotinas de sua vida, pode também ser um fator de abandono familiar e
institucionalização, o que leva esse idoso a se isolar cada vez mais socialmente.4,53
Reabilitar esse indivíduo conforme as premissas da reforma psiquiátrica é um
desafio complexo e duplamente significante.
Por isso, a necessidade de se contextualizar o diagnóstico de
“Desesperança (00124)” definido como estado subjetivo no qual um indivíduo não
enxerga alternativas ou escolhas pessoais disponíveis ou enxerga alternativas e é
incapaz de mobilizar energias a seu favor. As características definidoras afeto
diminuído, falta de iniciativa seguido dos fatores relacionados abandono,
isolamento social e restrição prolongada de atividades estão ligadas aos idosos
desse estudo.56
Nesse contexto, observa-se que os idosos com transtornos psiquiátricos
demonstram tanto esperança quanto desesperança em relação a sua reabilitação
psicossocial. Inclui-se também, a percepção sensorial desse idoso, ou seja, a
história de ambiente restrito e alterações sensoperceptórias.52
Além disso, alguns estudos enfatizam a importância de avaliar se há
despersonalização desse idoso, pois sua manifestação ocorre por sentimentos de
estranheza ou irrealidade que poderão interferir diretamente na convivência social
ou em seu processo de desinstitucionalização.4,52,58 Outros fatores que podem
gerar desesperança são as impossibilidades de resolver problemas e a falta de
energia para traçar planos, mesmo em situações de preservação das emoções.52
A “Comunicação verbal prejudicada (00051)” também pode estar
empenhada nesse processo de isolamento e desesperança, um diagnóstico
definido como habilidade diminuída, retardada ou ausente para perceber,
processar, transmitir e/ou usar um sistema de símbolos.56 Destaca-se, no entanto,
que somente um estudo identificou esse diagnóstico, e não especificou que
alteração levou ao prejuízo na comunicação.52
55
Confusão crônica (00129) um diagnóstico entendido como deterioração
irreversível, prolongada e/ou progressiva do intelecto e da personalidade,56 foi
relatado com frequência expressiva num estudo incluso nesta revisão,4 que trata
das alterações nos níveis de orientação, na memória, no pensamento, no
comportamento e sensoperceptórias, que interferem na socialização dos usuários
e podem estar relacionados ao quadro psiquiátrico.
Privação do sono (00096), foi um diagnóstico de enfermagem definido como
períodos prolongados de tempo sem sono, destacou-se as seguintes
características definidoras: agitação, alucinações, ansiedade, capacidade funcional
diminuída, inquietação, sonolência durante o dia e idéias delirantes. Pesquisadores
também retrataram sobre a relação da privação do sono com o ambiente
desconfortável, atividade diurna inadequada e o envelhecimento.4
O diagnóstico de enfermagem Débito cardíaco diminuído (00029)”, apontou
que o envelhecimento causa declínio no funcionamento orgânico, assim como,
alterações comportamentais/emocionais, alimentação inadequada e ausência de
práticas de atividades físicas resultam em risco para a saúde.4 Assim, como a
Perfusão tissular periférica ineficaz (00204), que aponta para os cuidados de
enfermagem que deverão estar relacionados tanto para os aspectos clínicos quanto
psíquicos, cabendo ao enfermeiro realizar a avaliação e propor intervenções para
cada usuário.4
Quanto às ocorrências de quedas, estudos comprovam que os idosos são
os mais afetados, devido à perda de equilíbrio postural. As quedas podem ser
decorrentes da diminuição das capacidades cognitivas, físicas e funcionais do
idoso.12 Nesse cenário, os enfermeiros devem atuar na identificação dos riscos para
a queda e, propõem o uso de dispositivos auxiliares, como bengala ou andador, se
houver necessidade e tiver sido acordado com o usuário.
Os fatores de riscos para “Traumas (00038)” e “Constipação
(00015)”,presentes nos estudos desta revisão, apresentaram altas taxas de
prevalência e também são inerentes ao envelhecimento, assim como, o uso de
antipsicóticos e alteração nutricional interferem diretamente nesses riscos.4,54,58
O processo intelectual de formulação de um Diagnóstico de Enfermagem
exige objetividade, pensamento crítico e tomada de decisão. Desta forma, o
56
processo diagnóstico implica uma análise profunda e sistemática das necessidades
básicas afetadas do usuário atendidas pelo enfermeiro, configurando-se em uma
atividade planejada, crítica e científica.59
Vale destacar como limitações da presente revisão a escassez de
publicações sobre o assunto, os pequenos tamanhos amostrais dos estudos aqui
incluídos, bem como a ausência de tratamento estatístico dos dados de cada
estudo.
2.5.3 Conclusão
A heterogeneidade dos estudos componentes desta revisão pode não ter
permitido identificar todos os Diagnósticos de Enfermagem com elevada frequência
na prática clínica de enfermagem nas instituições psiquiátricas, como Controle de
impulsos ineficaz e Padrão de sexualidade ineficaz, por exemplo.
No entanto, ao considerar a necessidade de publicações que tratem dos
Diagnósticos de Enfermagem no cotidiano da prática de enfermagem, os resultados
da presente revisão fornecem um mapeamento geral dos Diagnósticos de
Enfermagem mais comuns entre os usuários internados nas instituições
psiquiátricas, contribuindo, assim, para o aperfeiçoamento do processo de
enfermagem em serviços na rede de saúde mental.
57
3 MARCO TEÓRICO
3.1 A CONSTRUÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM NA VISÃO DE
HILDEGARD PEPLAU
Com a finalidade de contextualizar a trajetória de Peplau2 vale destacar
algumas passagens de sua biografia pessoal e profissional. Hildegard Elizabeth
Peplau nasceu em 1º de setembro de 1909 em Reading, na Pensilvânia, sendo a
segunda de seis filhos do casal Gustav e Ottylie Peplau. Na infância, presenciou a
epidemia de gripe ocorrida em 1918, fato que influenciou sobremaneira em sua
compreensão sobre o impacto da enfermidade e da morte para as famílias.60
A carreira na enfermagem teve início em 1931, com seus estudos num
programa de enfermagem em Pottstown, Pensilvânia. O trabalho num
acampamento de verão da “New York University” a levou a exercer atividades como
Enfermeira no “Bennington College” em que graduou-se em Psicologia
Interpessoal, em 1943. Em Bennington, participou de um estudo experimental com
Erich From e Frida From-Reichmann, no “Chestnut Lodge” (uma instituição
psiquiátrica privada). Ali estudou com Harry Stack Sullivan, eminente psiquiatra da
época, e começou a dedicar sua vida a entender e a desenvolver a teoria
interpessoal de Sullivan com a finalidade de aplicá- la à prática de enfermagem.61
Nos anos de 1943 e 1945 compôs o grupo de Enfermeiras do Exército dos
Estados Unidos, trabalhando a maior parte desse tempo na Escola Militar de
Neuropsiquiatria da Inglaterra, onde teve a oportunidade de conhecer os psiquiatras
mais importantes do mundo. Obteve seus títulos de Mestre e Doutora no “Teachers
College” da Universidade de Columbia, onde foi instrutora e diretora do programa
avançado de enfermagem psiquiátrica de 1947 a 1953 – período em que formulou
sua teoria. No ano de 1948 concluiu o livro “Interpersonal Relations in Nursing”, o
qual só foi publicado quatro anos mais tarde, por ser considerado muito
revolucionário para a época que uma enfermeira publicasse um livro sem que
houvesse pelo menos um médico com co-autor.62 Obteve também formação em
psicanálise pelo Instituto William Alanson White de Nova York.
58
No começo dos anos cinquenta, ministrou aulas de enfermagem psiquiátrica
no “Teachers College” nas quais enfatizava a necessidade da experiência clínica
com os pacientes psiquiátricos. Tornou obrigatório para as enfermeiras a entrevista
com os pacientes, o registro das entrevistas realizadas e o estudo acerca dos
padrões de interação. Com base nessas notas e na sua experiência pôde formular
as definições de ansiedade, conflito e frustração presentes em sua teoria.62 De
1954 a 1974 trabalhou como professora da Faculdade de Enfermagem de Rutgers
e ali criou o primeiro programa de pós-graduação em enfermagem psiquiátrica.
Lutou de forma vigorosa para que as enfermeiras tivessem maiores
oportunidades de formação e, assim, pudessem dar um verdadeiro cuidado
terapêutico aos pacientes e não apenas serem guardiãs destes – papel que
prevalecia à época nos hospitais psiquiátricos.63
Exerceu atividades como consultora da Organização Mundial de Saúde e
como professora visitante em universidades da África, América Latina, Europa e
Estados Unidos. Foi a única enfermeira a exercer cargos de diretora executiva e
presidenta da Associação de Enfermeiras Americanas (ANA). Também trabalhou
junto ao Conselho Internacional de Enfermagem (CIE) por dois períodos.41
Faleceu em 17 de março de 1999, aos 89 anos, em sua casa em Sherman
Oaks, Califórnia, após uma trajetória que influenciou profundamente a enfermagem
a ponto de ela ser considerada a “enfermeira do século” e destacada, na área da
psiquiatria, como “a mãe da enfermagem psiquiátrica”. A partir do seu trabalho, o
processo interperssoal passou a fazer parte de forma consciente e efetiva do ensino
e da prática da enfermagem. Por isso, considera-se que a vida e o trabalho de
Peplau produziram as maiores mudanças na prática de enfermagem depois de
Florence Nigthingale,41 tornando-a digna de várias honrarias ao longo de sua vida.
Vale destacar que, a teoria de Peplau2 foi elaborada, a partir da experiência
teórica de trabalho com pacientes hospitalizados e com distúrbios de
relacionamento, sendo encarada como um processo interpessoal, que envolve a
interação entre dois ou mais indivíduos com uma mesma meta. A teoria propõe
ainda uma melhor adequação do processo terapêutico entre enfermeiro e o
paciente, uma vez que passam a manter uma relação horizontal, onde ambos
aprendem e crescem juntos como resultado dessa interação.64
59
Segundo a autora, a teoria de interação consegue obter melhores resultados
na prática. Sendo considerada uma teoria de médio alcance, devido ao seu
potencial em propor efeitos mais claros e específicos que as grandes teorias,
descrita de maneira coesa e ajustável à realidade.65
As obras da autora foram importantes referenciais para subsidiar a
assistência de enfermagem e a futuros estudos sobre a temática. Para Peplau2 a
retomada das relações com o mundo externo do portador de transtorno psíquico
está condicionada a existência de um elo de ligação entre o enfermeiro e o paciente.
Esse encontro se torna potencial meio para troca de experiência e, principalmente,
para fazer com que o indivíduo se reconheça e participe de forma integral do seu
tratamento com projeção para independência.66
Importante que no relacionamento terapêutico enfermeiro-paciente, o
principal instrumento de ajuda é o entendimento do outro. Cada paciente possui
comportamentos específicos e diferentes formas de pensar e agir. A enfermagem
deve se adaptar a singularidade do ser humano, compreendendo-o em toda sua
trajetória de vida e planejando a assistência de acordo com suas necessidades.67
A enfermagem, na percepção da teórica, é uma relação humana entre uma pessoa que está enferma ou necessitada de serviços de saúde e uma enfermeira com uma formação especializada para reconhecer e responder a necessidade de ajuda.68
A teoria do relacionamento interpessoal apresentada por Peplau2 apresenta
três fatores essenciais, a saber: conhecer a si/enfermeiro; conhecer o
outro/paciente; o ambiente no sentido ampliado, ou seja, todo contexto de vida do
indivíduo. Importante sustentar todos esses fatores com a Reforma Psiquiátrica
Brasileira.69
Ainda para Peplau2 o relacionamento terapêutico é considerado o primeiro
instrumento de Sistematização da Assistência de Enfermagem Psiquiátrica quando
realizada por uma enfermeira especializada.68
No que se refere ao tema consulta de enfermagem, vale antes esclarecer ao
leitor deste estudo, que a consulta de enfermagem, graças a sua sistematização,
constitui-se de um procedimento terapêutico em que o processo de enfermagem,
independentemente de ser descrito por Peplau2 possui seu embasamento teórico
60
e, dessa forma, oferece recursos para fundamentar uma investigação científica.
Além disso, a consulta de enfermagem possui uma única legislação que
regulamenta o seu exercício, salientando novamente: independente do setor
assistencial de enfermagem que venha a ser desenvolvida.
Assim, no processo de enfermagem de Peplau2 quatro fases sequenciais
foram propostas. Nesse momento, considerando que fundamentei minha prática
assistencial nos aspectos teóricos por ela estabelecidos, torna-se oportuno
destacar as fases do seu processo, como forma de reforçar a minha escolha:
Primeira Fase – Orientação
Nessa fase inicial, o enfermeiro e o paciente encontram-se como dois
estranhos; o paciente ou a família apresenta uma dificuldade e busca uma ajuda
profissional; essa dificuldade pode, inicialmente, não ser identificada ou
compreendida pelas pessoas envolvidas. Peplau2 considerava de maior
importância o trabalho do profissional enfermeiro em cooperação com o paciente e
sua família, analisando a situação, de modo que juntos conseguissem reconhecer,
esclarecer e definir as dificuldades existentes. O enfermeiro, de acordo com as
partes envolvidas, pode ainda direcionar a família a uma outra fonte de recursos,
tais como psicólogo, psiquiatra ou assistente social. Essa inter-relação que vai se
estabelecendo gradativamente, proporciona uma diminuição da tensão e da
ansiedade, associando-se às necessidades percebidas, bem como ao medo pelo
desconhecido. Na fase de identificação, o enfermeiro pode recorrer ao histórico de
enfermagem para obter informações mais detalhadas sobre o estado de saúde
mental do cliente, bem como da situação problematizada do mesmo, valendo-se da
análise do prontuário e da entrevista.
Segunda Fase – Identificação
O paciente reage, seletivamente, às pessoas que conseguem satisfazer às
suas necessidades. Cada indivíduo reage de forma diferente nessa etapa. As
atitudes iniciais de ambos, paciente e profissional, são fundamentais para a
61
construção de uma relação de trabalho, identificando os problemas e diminuindo a
sensação de impotência e desesperança do primeiro. É também no
desenvolvimento dessa fase que o paciente começa a ter uma sensação de
pertinência, bem como uma capacidade em administrar o seu problema, diminuindo
sua sensação de impotência e desesperança.
Terceira Fase – Exploração
Após a fase de identificação, o paciente passa para a fase de exploração, na
qual ele passa a reconhecer e obter as vantagens de todos os serviços. Está
baseada nos interesses e necessidades do paciente, incentivando-o a sentir-se
como elemento integrante do ambiente que lhe está oferecendo ajuda e
proporcionando, com isso, uma sensação de controle sobre a situação, em função
dos serviços que lhe são oferecidos. O enfermeiro deve motivar o paciente para
que reconheça e explore sensações, pensamentos, emoções e comportamentos,
propiciando um clima emocional terapêutico. É importante, porém ressaltar que
essa atmosfera seja oferecida sem cobranças, que o paciente consiga enfrentar-
se, reconhecendo as suas fraquezas, utilizando suas forças, sem que tenha que
impô-las sobre os outros e, acima de tudo, que aceite a ajuda dos outros.
Quarta Fase – Solução
Última fase interpessoal referida por Peplau2 é definida como “solução”. Nela
as dificuldades do paciente já teriam sido satisfeitas através dos esforços
cooperativos do enfermeiro e do paciente. Ambos necessitam nessa fase, finalizar
sua relação terapêutica, dissolvendo os elos estabelecidos; e isso não é uma tarefa
fácil! Quando a fase de solução é bem sucedida, o paciente interrompe as ligações
com o profissional, evidenciando um equilíbrio emocional mais saudável,
visualizando, inclusive, a busca por novos objetivos.
Existem semelhanças fundamentais entre o processo de enfermagem
proposto por Hildegard Peplau em 1952 e as etapas atualmente observadas,
conforme os relatos,70 para quem o processo de enfermagem consiste de cinco
62
fases sequenciais e inter-relacionadas: histórico, diagnóstico, planejamento,
implementação e avaliação.
Essas fases integram as funções intelectuais de solução de problemas, num
esforço para definir as ações de enfermagem, podendo ser classificadas em três
dimensões: propósito, organização e propriedades, descrevem-se abaixo:
a) Propósito - oferecer uma estrutura na qual as necessidades
individualizadas do cliente, da família e da comunidade possam estar satisfeitas.
Se não puder ser atingido o bem- estar, o processo de enfermagem deve colaborar
para incentivar uma melhor qualidade de vida do cliente, pelo maior tempo possível.
b) A organização está relacionada às cinco fases do Processo de
enfermagem.2
1) Histórico - Deve sempre iniciar o processo, pois conduz aos
diagnósticos de enfermagem. Suas atividades centralizam-se na
coleta das informações referentes ao cliente, a sua família, ao
grupo, etc. Os dados são coletados de uma maneira sistemática,
valendo-se da entrevista ou do histórico, podendo ainda
acrescentar exames físicos, exames laboratoriais e outras
fontes.
2) Diagnóstico - Nessa fase, os dados coletados são
avaliados e interpretados criteriosamente, possibilitando ao
enfermeiro identificar e direcionar os cuidados. Os diagnósticos
de enfermagem oferecem um método eficiente de comunicação
dos problemas do cliente.
3) Planejamento - Constitui a terceira fase do processo e pode
ser descrito como o momento em que serão desenvolvidas as
estratégias para prevenir, minimizar ou até mesmo corrigir as
dificuldades encontradas na definição dos diagnósticos de
enfermagem. Durante essa fase, devem ser consideradas,
primeiramente, o estabelecimento de metas e objetivos,
derivados dos diagnósticos, com a aceitação do cliente e de sua
família. Em um segundo momento, selecionar as ações que
serão adequadas para produzir os resultados desejados,
63
delimitando assim o plano de cuidados. O plano de cuidados
servirá como um meio de solucionar problemas e de alcançar os
objetivos estabelecidos, de maneira ordenada. Pode ser
considerado ainda como mais um instrumento de trabalho em
relação ao aproveitamento do tempo, oferecendo dados
essenciais aos outros profissionais envolvidos na terapêutica do
cliente.
4) Implementação - É considerada como a fase na qual o
plano de cuidados é colocado em prática; envolve comunicação
do plano a todos os profissionais envolvidos na assistência ao
cliente (indivíduos, grupo, família, comunidade...). A implantação
inclui também o registro do atendimento ao cliente em
documentos adequados, confirmando que o plano de cuidados
é executado, e pode ser utilizada como instrumento de avaliação
da eficácia do mesmo.
5) Avaliação - É a última fase do processo, em que é realizada
a observação das mudanças comportamentais do paciente,
considerando a atuação do profissional enfermeiro; nessa fase
ele deverá avaliar o progresso do paciente, acrescentando as
alterações que julgar procedentes.
c) As cinco propriedades do processo de enfermagem são:2
1) Intencional - Deve sempre iniciar o processo, pois conduz
aos diagnósticos de pelo fato de estar voltado a um objetivo,
direcionado a proporcionar cuidados de enfermagem com
qualidade, centralizados no cliente.
2) Sistemático - Por envolver a utilização de uma abordagem
organizada para alcançar seu propósito.
3) Dinâmico - Envolve mudanças contínuas, ininterruptas,
focalizando as mudanças das reações dos clientes.
64
4) Interativo - Por basear-se nas relações recíprocas que se
dão entre enfermeira, o cliente, a família e outros profissionais
da saúde. Esse componente assegura a individualização do
cuidado do cliente.
5) Flexibilidade - Considerando que o processo possa ser
adaptado à atividade de enfermagem em qualquer local ou área
de especialização que envolva pessoas, grupos ou
comunidades, assim como suas fases podem ser utilizadas de
modo sequencial ou concomitante. O processo de enfermagem
é utilizado com mais frequência de modo sequencial; a
enfermeira pode, entretanto, utilizar mais de uma fase por vez.
Por exemplo, ao mesmo tempo que implementa o plano, a
enfermeira pode avaliar sua eficácia.
6) Teórico - O processo de enfermagem tem um embasamento
teórico. Ele é elaborado a partir de uma ampla base de
conhecimentos que inclui as ciências físicas e biológicas e as
humanas, e pode ser aplicado a todos os modelos teóricos da
enfermagem.
As fases apresentadas por Peplau2 são também consideradas sequenciais
e focalizam interações terapêuticas. Ambos os processos utilizam técnicas de
soluções de problemas, nas quais colaboram enfermeiro e paciente, com o
propósito final de satisfazer as necessidades do mesmo. Ambos partem de uma
abordagem geral para a específica; incluem observação, comunicação e registro,
como instrumentos básicos utilizados pelo enfermeiro.
Existem, porém, diferenças a ressaltar entre o proposto por Peplau2 e o
processo de enfermagem preconizado atualmente, levando em consideração que
o livro em que foi relatada sua teoria (Interpersonal Relations in Nursing) tenha sido
publicado em 1952 e que, atualmente, a enfermagem profissional esteja atuando
com metas mais definidas:
65
a) A função primordial do médico era a de “reconhecer a implicação
total do problema central e a espécie de assistência profissional
necessária” que traz como consequências para ele, a “tarefa de
avaliar e diagnosticar o problema urgente”, diferentemente do
reconhecimento atual da função, independente, da enfermagem;2
b) As funções de enfermagem, incluíam o esclarecimento da
informação que o médico dá ao cliente, bem como a coleta de dados
sobre esse cliente, indicando outras áreas problematizadas;
atualmente, há enfermeiros profissionais independentes, que podem,
ou não, encaminhar o paciente ao médico, dependendo das
necessidades do mesmo e que se utilizam do processo de
enfermagem como um modo de avaliação da qualidade dos cuidados
prestados pela enfermagem, constituindo o seu embasamento legal;
2
c) As variáveis nas situações da enfermagem, são as necessidades,
a frustração, o conflito e a ansiedade; mais adiante declara que essas
variáveis precisam ser tratadas de modo a ocorrer o crescimento, à
medida que o enfermeiro auxilia no desenvolvimento saudável de
cada personalidade; para a enfermagem atual, variáveis como a
dinâmica intrafamiliar, os recursos sócio-econômicos, as
considerações pessoais sobre o espaço devem ser levadas em
consideração para cada cliente (indivíduo, grupo, família ou
comunidade);2
d) A fase de orientação equipara-se ao início da fase de avaliação
do processo de enfermagem (coleta de dados), na qual tanto o
paciente como a profissional enfermeira aproximam-se como
estranhos; juntos, através do reconhecimento, do esclarecimento e da
definição dos fatos, interligados à necessidade percebida;2
e) Peplau2 afirmou que “Durante o período de orientação, o paciente
esclarece sua primeira e total impressão sobre seu problema”, ao
passo que, no processo de enfermagem, o julgamento do profissional
passa a compor o diagnóstico, a partir dos dados coletados; já no
66
processo de enfermagem, a partir do diagnóstico de enfermagem é
que as metas serão fixadas, direcionando o plano de cuidados e
indicando os recursos adequados. Para Peplau o cliente, nesse
momento, é visto como estando na fase de identificação; 2
f) É na fase de planejamento, dentro do processo, que o enfermeiro
planeja a forma como o cliente alcançará as metas, conjuntamente
identificadas, procurando motivá-lo, analisando, contudo a
capacidade que o mesmo apresenta em lidar com seus problemas;
Peplau esse passo ainda é considerado dentro da fase de
identificação;2
g) Já em ambas as etapas “implementação e exploração”, os planos
de prioridades são baseados no interesse e nas necessidades do
paciente; a diferença é estabelecida pela fase de exploração ser
voltada para a ação do cliente, enquanto a implementação tanto pode
ser realizada pelo paciente, como por outras pessoas, incluindo
profissionais da saúde ou familiares;
h) Na fase de “solução”, que as outras fases já foram desenvolvidas
com sucesso e que as necessidades foram satisfeitas, enquanto o
processo de enfermagem considera que, durante a fase de
“evolução”, se a situação estiver bem definida, o problema
encaminha-se para a direção da resolutividade, mas, caso contrário,
torna-se necessária uma nova avaliação para o estabelecimento de
novas metas, planejamento, implementação e evolução.2
Torna-se relevante, neste momento, citar uma das propriedades do processo
de enfermagem descrita,71 denominada flexibilidade, que possibilita o mesmo ser
aplicado em qualquer área de especialização. Acompanhando o mesmo
referencial,72 consideram que o mesmo processo possa, portanto, ser usado de
maneira objetiva para diminuir a incidência da doença mental, promovendo a saúde
mental.
Com essa reflexão, considera-se a teoria de Peplau2 uma importante
ferramenta para sustentar a prática assistencial dos enfermeiros que trabalham nas
67
instituições psiquiátricas onde pessoas envelheceram nesses espaços, e nas
quais, pessoas precisam ser resgatadas como cidadãos e devolvidas ao seu meio
social, de onde elas nunca deveriam ter sido excluídas.
68
4 MARCO METODOLÓGICO
Este estudo tem como base metodológica a abordagem da Pesquisa
Convergente Assistencial (PCA), que se preocupa em aliar à prática da pesquisa
científica a atuação em saúde, relacionando o contexto social o qual os sujeitos se
inserem com as práticas de saúde a serem realizadas.
Os principais indicadores de identidades da PCA são:73
1) Manter, durante seu processo, uma estreita relação com a prática assistencial com o propósito de encontrar alternativas para solucionar ou minimizar problemas, realizar mudanças e ou introduzir inovações no contexto da prática em que ocorre a investigação; 2) O tema da pesquisa deverá emergir das necessidades da prática reconhecidas pelos profissionais e ou pelos usuários do campo da pesquisa; 3) O pesquisador assume compromisso com a construção de um conhecimento novo para a renovação das práticas assistenciais no contexto estudado; 4) A PCA deve ser desenvolvida no mesmo espaço físico e temporal da prática; 5) Os pesquisadores deverão estar dispostos a inserirem-se nas ações das práticas de saúde no contexto da pesquisa durante seu processo; 6) A PCA permite a incorporação das ações de prática assistencial e ou outras práticas relacionadas à saúde no processo de pesquisa e vice-versa.
Outra especificidade da PCA e o aceite de diferentes métodos e técnicas de
coleta e análise dos dados, desde que sejam usados de forma a preservar os
principais indicadores de identidade do método. São considerados dados da
pesquisa os obtidos no processo da prática assistencial, com sujeitos da pesquisa
envolvidos de forma participativa.74
O processo operacional da PCA abrange cinco fases: concepção,
instrumentação, perscrutação, análise e interpretação, descritas a seguir.
4.1 FASE DE CONCEPÇÃO
A fase inicial envolve a seleção da área de interesse e a escolha da temática
da pesquisa, que na PCA deve emergir do cotidiano da prática profissional do
pesquisador, a partir de questionamentos sobre seu processo assistencial,
problemas enfrentados, as modificações que podem ser introduzidas no contexto
69
da prática. Na PCA a questão de pesquisa pode ser substituída por uma declaração
tipo hipótese que contenha o problema a ser pesquisado e o meio de resolvê-los,
como declarado no capitulo 1, o pressuposto.
A escolha do tema foi negociado inicialmente com os diretores e
coordenadores da gestão do Instituto que demonstraram apoio e interesse. Logo,
foi apresentado ao grupo de enfermeiros, que emanados da ideia de expansão do
modo como o Processo de Enfermagem havia sido implantado no Núcleo Franco
da Rocha, havia interesse em uniformizar nos demais, e ampliar com uma
linguagem única do instituto. Demonstrando interesse do grupo na construção
participativa na pesquisa.
4.2 FASE DE INSTRUMENTAÇÃO
A fase de instrumentação tem como objetivo direcionar os pesquisadores
durante as tomadas de decisões metodológicas como a escolha do cenário de
pesquisa, dos participantes e das técnicas para o alcance das informações. A
dinamicidade é inerente à parceria que deve ser estabelecida entre a prática
assistencial e a pesquisa, refletida por movimentos de aproximação, convergência
e distanciamento. Para tanto, esta fase foi conduzida no mesmo espaço físico e
temporal da prática assistencial.
4.3 FASE DE PERSCRUTAÇÃO
Nesta etapa, são definidas as estratégias para obtenção das informações,
possibilitando a aproximação da pesquisa para a assistência. Essas estratégias
emergem da criatividade, experiência e conhecimento do pesquisador em relação
ao assunto associado ao cunho investigativo.75
4.4 FASE DE ANÁLISE
Na PCA, a fases de análise acontecem de forma articulada e, às vezes,
simultaneamente a Perscrutação, pois na aplicação do estudo se analisa os
70
próprios dados coletados. Dessa forma, a partir dos dados coletados nos encontros
grupais e entrevistas individuais foram tratadas e organizadas, facilitando a
identificação de dificuldades e lacunas ao longo do processo investigativo.
4.5 FASE DE INTERPRETAÇÃO
Nessa fase se faz necessário um profundo trabalho intelectual por parte do
pesquisador, que resulta dos processos de síntese (associações e variações das
informações), teorização (relações reconhecidas no processo de síntese) e
transferência (socialização de resultados singulares e adaptações).75
71
5 MÉTODO
5.1 DESENHO DO ESTUDO
A Pesquisa Convergente Assistencial pode ser descrita como um
instrumento que, em seu desenvolvimento, sustenta a estreita relação com a
situação social e objetiva encontrar soluções para problemas, realizar mudanças e
introduzir inovações na situação social e, por isso, sua adequação ao estudo.5
Desse modo, o percurso de implantação do Processo de Enfermagem nos Núcleos
Assistenciais do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira
(IMASJM) foi conduzido pela incessante busca das relações e interações com os
Enfermeiros Supervisores e Coordenações de Enfermagem.
5.2 CENÁRIO DE PESQUISA
Para tanto, a escolha do Local levou em consideração o espaço físico dos
Núcleos Assistenciais do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira
(IMASJM), ou seja, local onde os pacientes com transtornos psiquiátricos estão
internados há mais de 40 anos. Houve um rodízio de local, dias e horários, de
realização das entrevistas e dinâmicas, para abranger o maior número de
participantes, e demonstrar interesse em todos os grupos.
A Colônia Juliano Moreira foi criada em 1924, dentro dos mais modernos
conceitos psiquiátricos da época. Tendo como idealizadores os Médicos psiquiatras
Franco da Rocha e Teixeira Brandão que representavam o pensamento europeu e
higienista do Médico Juliano Moreira.76
Ao longo de sua história o núcleo passou por vários processos de
transformação, no entanto seu destino de “final de linha” permanecia inalterado.
Sendo assim, chegavam de várias partes do país pacientes com história de muitas
internações e chances remota de retorno ao convívio social. Os hospícios
existentes na época, na cidade do Rio de Janeiro, não davam conta do crescente
número de doentes na época. No período entre 1966 e 1976 entraram na Colônia
307 pacientes entre crianças e adolescentes vindo da FUNABEM (Fundação
72
Nacional do Bem-Estar do Menor) sob a justificativa de diversos diagnósticos ou
até mesmo sem diagnósticos definidos.76
No ano de 1967 a Colônia já era considerada o terceiro hospital psiquiátrico
mais populoso do país, com 4.923 pacientes internados. A partir de 1974, começa
a inverter seu pico de crescimento, em que ocorre à diminuição substancial no
número de novas internações e a transferência de pacientes para clínicas
particulares conveniadas com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o
que expandiu o setor privado na época.76
Na década de 80, teve início o Movimento dos Trabalhadores em Saúde
Mental na Colônia, ocasionando uma cogestão entre o Ministério da Saúde (MS) e
o INAMPS, dando início a um programa de Ressocialização com a criação dos
primeiros Projetos Terapêuticos.76
A instituição hoje abriga cerca de 300 pacientes, com idade média de 66
anos. A maior parte deles é portadora de transtornos mentais graves e persistentes,
tendo vivido boa parte de suas vidas nesse hospital: a média do tempo de
internação desta população é de 40 anos.
O principal eixo do trabalho desenvolvido é o programa de
desinstitucionalização, que promove a transferência progressiva de pacientes para
fora das instalações hospitalares. Aqueles com maior autonomia recebem alta e
passam a morar nas Residências Terapêuticas, passam a viver com outros
usuários de serviços de saúde mental, recebendo ajuda financeira do poder público
(bolsas de incentivo à desinstitucionalização da SMS e do Ministério da Saúde).
A assistência aos pacientes que ainda residem nos Lares de acolhimento
dos Núcleos Assistenciais está voltado para a ampliação de sua autonomia, de sua
capacidade de autocuidado, ao estímulo de suas funções cognitivas e ao resgate
de sua condição de cidadãos. Para tanto, o Instituto desenvolve atividades
terapêuticas, realização de oficinas que proporcionem a integração desses
pacientes aos contextos sociais.
73
5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO
Os participantes do estudo foram constituídos por 13 enfermeiros
supervisores e coordenadores lotados nos Núcleos Assistenciais, e que
concordaram em participar da pesquisa.
Vale destacar que os Núcleos Assistenciais do Instituto, conta com um
quadro de 33 enfermeiros que se alternam em plantões com 12 horas de trabalho
por 60 horas de descanso e 90 técnicos de enfermagem que alternam em equipes
de plantões 12 horas de trabalho e 36 horas de descanso no serviço diurno e 72
técnicos de enfermagem que se alternam em plantões com 12 horas de trabalho
por 60 horas de descanso.
No que diz respeito aos participantes, a PCA rege que a escolha deve ter
representatividade e que eles devem estar inseridos no contexto da prática, onde
os problemas foram identificados, contribuindo ativamente no processo de
resolução dos mesmos.75
Critérios de Inclusão: ser enfermeiro exercer suas atividades nos Núcleos
Assistenciais do IMASJM.
Critérios de Exclusão: os enfermeiros que realizam atividades
administrativas e enfermeiros que trabalham como técnicos de referência.
Para proceder à caracterização dos participantes do estudo, foram aplicados
instrumentos de captação dos dados como: sexo, idade, estado civil, escolaridade,
turno de trabalho, categoria profissional, se possui pós graduação, tempo de
formação, se vivenciou o processo de enfermagem na graduação, tipo de vínculo
e tempo de trabalho nos Núcleos em estudo (ANEXO B), esses apresentados na
tabela 1.
74
Tabela 1 - Características sociodemográficas dos participantes do estudo. Brasil,
2016.
Características n (% )
Sexo
Feminino 9 (69)
Masculino 4 (31)
Faixa etária, anos
30-39 6 (46)
40-49 4 (31)
50-59 3 (23)
Estado Civil
Solteiro 6 (46)
Casado 5 (39)
Divorciado 2 (15)
Turno de trabalho
Diurno 7 (54)
Noturno 3 (23)
Diarista 3 (23)
Escolaridade
Pós-graduação 8 (61)
Graduação 5 (39)
Tempo de formação, anos
01-10 10 (77)
11-20 1 (8)
21-30 2 (15)
Processo de enfermagem na graduação
Sim 12 (92)
Não 1 (8)
Experiência com processo de enfermagem
Não 7 (54)
Sim 6 (46)
Tipo de vínculo na instituição
Celetista 10 (77)
SMS 3 (23)
Tempo de trabalho na instituição, anos
01-05 10 (77)
06-10 3 (23)
Fonte: Dados coletados pela autora (2016).
75
5.4 TÉCNICAS DE PRODUÇÃO DOS DADOS
O período de produção dos dados aconteceu dos meses de maio de 2015 a
agosto de 2016. A produção dos dados foi elaborada em etapas subsequentes e
inter-relacionada, como representada na figura 2.
Figura 2 - Fluxograma das Etapas de coleta dos dados.
Fonte: Elaborado pela autora (2016).
Observação em prontuários I Observação dos registros de enfermagem antes da implantação do Processo de Enfermagem
Entrevista individual
Dinâmica linha da vida 08 participantes
Dinâmica linha da vida
13 participantes
05 participantes
Atividade manhã Participantes: 13 Teatro de Peplau
Dinâmica almanaque
Dinâmica almanaque
Observação em prontuários II Observação dos registros de enfermagem após a implantação do Processo de Enfermagem.
06 participantes
07 participantes
Sessão clínica
Participantes: 13 Atividade: discussão teórica para construção dos instrumentos de consulta de enfermagem.
Sessão clínica Atividade tarde Participantes: 13 Dinâmica da 3º geração dos resultados
76
5.4.1 Acompanhamento dos registros em prontuários antes da implantação
do processo de enfermagem
Para conhecer a realidade prática dos enfermeiros nos Núcleos
Assistenciais, assim como os registros de enfermagem em prontuários, a
pesquisadora vivenciou o interior dessas instituições durante três meses. Para tal,
iniciou-se no mês de maio a observação dos registros de enfermagem em
prontuários de 30 (trinta) usuários escolhidos aleatoriamente dos Núcleos em
estudo.
Intencionalmente, tracei no planejamento da observação em prontuários, a
saber: delimitação do “que” e “como” observar e “como” preparar os materiais
físicos para as anotações que atendessem a proposta da pesquisa. Busquei
observar nos prontuários os registros de enfermagem quanto aos diagnósticos,
planejamento, intervenções e resultados de enfermagem, documentos estes que
permaneceram com a pesquisadora dentro dos postos de enfermagem, durante o
período de permanência nas unidades.
Com relação aos materiais, utilizei blocos e canetas para documentar as
fontes de observação, que após organização dos conteúdos, foi nomeado como
“Diário de Campo”:
O diário de campo é documento pessoal-profissional no qual o estudante [profissional] fundamenta o conhecimento teórico - prático, relacionando com a realidade vivenciada no cotidiano profissional, através do relato de suas experiências e sua participação na vida social. Consiste em um instrumento capaz de possibilitar o exercício acadêmico na busca da identidade profissional à medida que através de aproximações sucessivas e críticas, pode-se realizar uma reflexão da ação profissional cotidiana, revendo seus limites e desafios. É um documento que apresenta um caráter descritivo – analítico, investigativo e de sínteses cada vez mais provisórias e reflexivas. O diário consiste em uma fonte inesgotável de construção e reconstrução do conhecimento profissional e do agir de registros quantitativos e qualitativos.77
A observação em prontuários ocorreu entre os meses de agosto a outubro
de 2015, entre 01 (uma) e 02 (duas) visitas semanais, num total de 02 (duas) horas
diárias, com início aproximadamente às 14 horas e término às 16 horas. Vale
destacar que, todo o período vivenciado nesses cenários foi compartilhado com as
Coordenações e direções dos Núcleos Assistenciais. As visitas ocorreram no ano
77
de 2015, nas seguintes datas: Núcleo Franco da Rocha (NFR) – 05/08; 07/08;
13/08; 15/08; 18/08; 21/08; 26/08 e 29/08. Núcleo Teixeira Brandão (NTB) – 08/09;
11/09; 16/09; 18/09; 22/09; 25/09; 28/09 e 30/09. Núcleo Rodrigues Caldas (NRC)
– 05/10; 08/10; 13/10; 16/10; 19/10; 22/10; 27/10 e 30/10.
5.4.2 Autorrelatos
O autorrelato foi utilizado com um instrumento guia inicial (ANEXO C), para
conhecimento da população alvo de estudo. Realizou-se perguntas reflexivas sobre
o tema central: Fale sobre a implantação do processo de enfermagem na saúde
mental? Assim, individualmente os enfermeiros foram falando sobre o tema.
E como perguntas de aprofundamento: A sua formação de ensino sobre o
processo de enfermagem? Sua experiência profissional com o processo de
enfermagem? De que forma está sendo realizado o registro de suas práticas
profissional no Núcleo a qual trabalha? Como você vê a aplicação do processo de
enfermagem aqui na instituição? Para você quais as classificações de enfermagem
deveriam ser utilizadas aqui? Para você qual a diferença entre SAE e Processo de
Enfermagem? Quais as fases do processo de enfermagem você aplica na prática?
De que forma você observa os diagnósticos de enfermagem na prática? O que você
gostaria de saber sobre o processo de enfermagem.
5.4.3 Estratégias para sensibilização da participação dos enfermeiros na
implantação do processo de enfermagem
Para que acontecesse, foram necessárias a realização das entrevistas
individuais, no intuito do pesquisador obter dados que permitissem conhecer o
aprendizado dos enfermeiros sobre os temas: Sistematização da Assistência de
Enfermagem, Processo de Enfermagem e sua aplicabilidade na Saúde Mental.
Essa etapa ocorreu mediante ao convite individual para participação do
estudo. Para tal, utilizou-se os espaços de reunião dos Núcleos Assistenciais,
ocorreu a apresentação do projeto, explicação das etapas da produção de dados,
explicação e operacionalização das dinâmicas com distribuição do material, como
78
também os aspectos éticos da pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO D).
5.4.3.1 Primeira Dinâmica: “Linha da Vida”
A estratégia de produção de dados “Linha da Vida” propõe uma reflexão de
si, que no presente estudo se relaciona com as experiências de vida profissional e
aprendizado sobre o Processo de Enfermagem de cada participante:
A vivência Linha da Vida sugere entrar em contato com a história de vida, para experienciar seus fatos, suas memórias, suas sensações, sentimentos e expressões. Situar-se no seu mundo introspectivo, para entender as questões geracionais e apropriar-se de si.78:207
Os participantes dessa dinâmica foram constituídos por treze enfermeiros
divididos em dois encontros, sendo o primeiro com oito enfermeiros e o segundo
encontro composto por cinco enfermeiros.
Após apresentação dos integrantes do grupo, iniciamos a organização e a
distribuição do material: uma folha A4 para cada integrante, lápis de cor e caneta
hidrocolor. Após essa fase, solicitei que fizessem a seguinte reflexão: Numa Linha
da Vida represente a documentação da prática de enfermagem na sua vida
profissional?
A seguir, pedi que expressassem sua reflexão no papel A4 através de
desenhos e escritas. Outras reflexões foram surgindo no grupo, a saber: Quando
foi sua primeira evolução? Como foi essa evolução? Desde quando o processo de
enfermagem foi visto por você, o que você aprendeu? O que você documentou na
sua prática de enfermagem?
Assim, individualmente, iniciaram a produção dos dados e finalizou-se com
cada enfermeiro contando sua história, um exemplo está apresentado na figura 3.
Para a realização dos passos previstos no desenvolvimento do grupo foram
necessários dois encontros; o primeiro ocorreu no dia 12/11/2015; e o segundo no
dia 16/11/2015, em ambos os encontros ocorreu discussão, validação da temática
e aprofundamento do tema pesquisado, pois se tratou de profissionais com
disponibilidade em dias diferentes e de acordo com as escalas de plantão.
79
Os dois encontros totalizaram 420 minutos, aproximadamente 3,5 horas, as
produções artísticas na dinâmica “Linha da Viva” foram no total de 13. Ambos
ocorreram no horário de 9:00 às 12:30, na sala de reuniões dos Núcleos
Assistenciais, nas dependências do Instituto Municipal de Assistência a Saúde
Juliano Moreira.
Figura 3 - Exemplo de uma produção da Linha da Vida
Fonte: Acervo da autora (2016).
5.4.3.2 Segunda Dinâmica: “Almanaque”
O “Almanaque” consiste no uso de recorte e colagem de figuras
diversificadas que são disponibilizadas a partir de um tema central, apresentado
aos participantes através do qual cada um constrói a sua própria sequência de
eventos. Como nas entrevistas e dinâmica anterior, emergiram dúvidas sobre o que
seria Sistematização da Assistência de Enfermagem, e o Processo de
Enfermagem, pediu-se para representar o que seria cada um; e por último,
representar o processo de enfermagem aplicado a saúde mental, dado resultados
anteriores que apontavam seu aprendizado e aplicação no ambiente hospitalar.
80
A intenção foi criar um processo de pensamento-linguagem, aguçando a
expressão de cada participante sobre os temas propostos.
Ao todo, 13 enfermeiros participaram nessa dinâmica. Seguindo com os
mesmos participantes do grupo “Linha da Vida”, nos quais também foram divididos
em dois encontros devido à disponibilidade e plantão de cada participante.
A dinâmica ocorreu nos dias 09/12/2015 e 17/12/2015, num total de 3 horas,
e foram realizadas 39 produções artísticas, conforme exemplos apresentados nas
figuras 4 e 5.
Figura 4 - Exemplo de uma produção Dinâmica “Almanaque” – 1
Fonte: Acervo da autora (2016).
PRODUÇÃO 09 PRODUÇÃO 09
81
Figura 5 - Exemplo de uma produção Dinâmica “Almanaque” - 2
Fonte: Acervo da autora (2016).
5.4.4 Construção do saber a partir da sessão clínica: protagonizando o sujeito
no cuidar
Para a reflexão crítica das dinâmicas “Linha da Vida” e “Almanaque”,
convidou-se os participantes das etapas anteriores para compor o grupo de
discussão, etapa essa nomeada de “Sessão clínica”.
Para que essa etapa acontecesse, a pesquisadora apresentou os resultados
ao grupo, gerando a seguinte pergunta: Era esse saber da enfermagem na saúde
mental que vocês estavam dizendo? Para tanto, foi apresentado o instrumento
(ANEXO E) construído ao longo do estudo. A seguir, o grupo sugeriu mudanças no
instrumento para adequá-lo aos termos que vão de encontro aos princípios da
Reforma Psiquiátrica brasileira e atendam as propostas do trabalho da enfermagem
na saúde mental, principalmente no Instituto em estudo.
82
Nessa etapa, as atividades propostas foram divididas em três encontros, no
primeiro encontro realizamos a apresentação e discussão dos resultados para o
grupo. Assim como, a discussão de como a implantação do Processo de
Enfermagem, os instrumentos foram modificados pelo grupo.
A ampliação e discussão dessas questões foram desenvolvidas após a
realização do caso clínico extraído do prontuário de um dos usuários interno no
Núcleo, cada enfermeiro pôde desenvolver as etapas do Processo de Enfermagem,
assim como, a reflexão sobre a aplicabilidade do instrumento na prática e sua
articulação com o Projeto Terapêutico Singular (PTS). Esse foi um momento de
discussão ímpar, de construção participativa.
Esse encontro ocorreu no dia 26/07/2016, totalizou 300 minutos,
aproximadamente cinco horas. No horário de 8:00 às 13:00, na sala de reuniões de
um dos Núcleos Assistenciais, nas dependências do Instituto Municipal de
Assistência à Saúde Juliano Moreira.
O segundo e terceiro encontros foram divididos num único dia nos períodos
da manhã e tarde, conforme solicitação do grupo. Para essa atividade a
pesquisadora propôs um teatro de Peplau no período da manhã e uma Dinâmica
sobre a “Terceira Geração dos Resultados de enfermagem” no período da tarde.
A partir das oficinas realizadas, foi possível observar a necessidade de um
encontro para esclarecer sobre os termos Processo de Enfermagem e SAE. Para
tal, foi proposto uma aula para explicá-los. Nesse dia, a pesquisadora apresentou
um estudo de caso, em que cada enfermeiro pode realizar as cinco fases do
Processo de enfermagem, conforme apresentado na figura 6.
83
Figura 6 - Apresentação do estudo de caso
Fonte: Acervo da autora (2016).
84
6 ANÁLISE DOS DADOS
As entrevistas foram gravadas em mídia digital (MP3) e depois transcritas na
íntegra com validação das transcrições das entrevistas com os entrevistados.
Para a análise dos dados optou-se por Análise de conteúdo do tipo temática
orientada por Bardin.79 O tratamento dos dados se construiu nas seguintes etapas:
a) Leitura das entrevistas transcritas - até obter a familiaridade com as
ideias trazidas;
b) Definição das Unidades de Registros – marcação de todas as ideias;
c) Definição dos temas das Unidades de Registos – construção das
Unidades de Significação;
d) Agrupamento das Unidades de Significação – Agrupamento das
ideias; e
e) Interpretação dos dados a luz do marco teórico e conceitual –
Categorização.
O quadro 3 apresenta as Unidades de Registos das três etapas da produção
de dados.
85
Quadro 3 - Unidades de Registros temáticos
Nº Unidade de Registros Entrevistas Dinâmica 1 Linha da Vida
Dinâmica 2 Almanaque
1 Processo de Enfermagem somente no registro
22 32 1
2 Dúvidas no registro 6 16 12
3 Adquirindo habilidade 3 13 12
4 Aprendizado pelo modelo 2 8 -
5 Processo de Enfermagem é do modelo hospitalar
2 6 -
6 Dificuldades da implementação do PE na saúde mental
10 13 8
7 Dificuldades com as Classificações 14 7 1
8 Primeira experiência com PE na saúde mental
9 21 1
9 Autonomia na SAE 1 8 12
10 Aprendeu PE na prática 2 3 -
11 Teorias de enfermagem - 1 -
12 Processo de Enfermagem na prática 36 5 17
13 Processo de Enfermagem na saúde mental
4 - 14
14 Esperança no Processo de Enfermagem 9 5 4
15 Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)
- - 3
16 Processo de enfermagem como resultado para o paciente
- - 8
17 Resultado organizacional - - 2
18 Mudanças para implementar a SAE - - 2
19 Preciso de conhecimento para aplicar todas as fases
12 - -
Fonte: Dados coletados pela autora (2016).
Em seguida organizou-se as unidades de registros temáticos em formações
de categorias. Recuperou-se novamente as imagens produzidas nas falas das
entrevistas individuais e as falas nas dinâmicas “Linha da Vida” e “Almanaque”,
juntamente aos trabalhos de análises contidos no quadro 3, dão origem ao quadro
4, agora organizadas.
86
Quadro 4 – Categorias do estudo
Categoria I – Saberes e práticas dos participantes sobre SAE, Processo de enfermagem e Sistema de Classificações em Saúde Mental
Processo de Enfermagem somente no registro da evolução
55
Dúvidas no registro 34
Adquirindo habilidade 28
Aprendizado pelo modelo 10
Aprendeu Processo de Enfermagem somente na prática
05
Teorias de enfermagem 01
SAE 03
Processo é do modelo hospitalar 08
Dificuldades da implementação do Processo de Enfermagem na saúde mental
31
Categoria II – Pontos de convergência: Processo de Enfermagem na prática e na pesquisa
Processo de Enfermagem na prática 58
Processo de Enfermagem na saúde mental 18
Categoria III – Desafios e o Futuro da Implementação do Processo de Enfermagem na Saúde Mental
Dificuldades com as Classificações 22
Mudanças para implementar a SAE 02
Preciso de conhecimento para aplicar todas as fases
12
Autonomia na SAE 21
Esperança no Processo de Enfermagem 18
O Processo de Enfermagem como resultado para o paciente
08
Resultado organizacional 02
Fonte: Dados coletados pela autora (2016).
6.1 UTILIZAÇÃO SOFTWARE NVIVO 11 PLUS
Os dados coletados a partir das entrevistas e dinâmicas realizadas, após
transcrição das gravações, tambem tratadas com ajuda computacional do software
NVivo 11 Plus. Tal software foi usado no processo de classificação dos dados.81
O programa NVivo foi criado por uma empresa australiana para auxiliar o
desenvolvimento de pesquisas qualitativas, através da organização e análise
mediante armazenamento, tratamento e codificação das entrevistas e dinâmicas
inseridas.80 Cabe ressaltar que o NVivo visa extrair a informação dos textos.
Contudo, todo o processo de análise é desenvolvido a partir da interpretação o
pesquisador, visto que o programa não desenvolve investigação interpretativa.
Para iniciar a análise do material, os arquivos em word (extensão docx)
provenientes das transcrições e dinâmicas foram inseridos no programa. O
programa codifica como um conjunto de dados que são posteriormente disponíveis
para análise e edição. Após inserção dos dados, foi realizada a leitura minuciosa
87
do material e criação dos “Nós”, chamados temas. Esses Nós são grupos de
codificação criados pelo pesquisador a partir da análise e seleção do texto. Foram
criados 11 nós a partir das dinâmicas e dos tópicos das entrevistas que deram
suporte a PCA.
88
7 ASPECTOS ÉTICOS
Foram asseguradas as identidades em sigilo e as informações relacionadas
com privacidade em caráter confidencial. A proposta do estudo foi apresentada ao
sujeito da pesquisa e a leitura e explicação do Termo de Consentimento e Livre
Esclarecido, a fim de orientar dúvidas possíveis, de acordo com as especificações
éticas e legais da Resolução 466/2012,81 do Ministério da Saúde. Aos pacientes foi
solicitado dispensa do TCLE por se tratar de uma população especial e por coletar
dados diretos do prontuário.
O estudo foi encaminhado ao comitê de ética e pesquisa da Secretaria
Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), recebendo aprovação sob o protocolo
nº 188/2014 (ANEXO F), cabendo ao pesquisador o cumprimento dos aspectos
éticos com os sujeitos participantes. Foi de responsabilidade do pesquisador
informar sobre a pesquisa, e respeitar os princípios bioéticos fundamentais:
autonomia, não maleficência, beneficência, e justiça, visando assegurar os deveres
que dizem respeito à comunidade científica, os direitos dos sujeitos da pesquisa a
instituição de serviço e ao Estado.
Vale ressaltar que, ainda no período de sensibilização, foi apresentado aos
participantes o TCLE, para que os mesmos tivessem tempo para que se decidissem
participar da pesquisa e esclarecessem dúvidas quanto à execução da pesquisa.
89
8 RESULTADOS
8.1 CATEGORIA I: SABERES E PRÁTICAS DOS PARTICIPANTES SOBRE SAE,
PROCESSO DE ENFERMAGEM E SISTEMA DE CLASSIFICAÇÕES EM
SAÚDE MENTAL
Nessa Categoria, apresenta-se a diversidade e insuficiência na formação e
na experiência do grupo com a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE), Processo de Enfermagem, Sistemas de Classificações e Metodologia da
Assistência de Enfermagem.
Cada enfermeiro representou um discurso de execução do plano de
cuidados de forma diferente, em sua maioria sem um caminho preestabelecido.
Avaliavam os usuários conforme aquilo que acreditavam que poderiam contribuir
para a estabilização do quadro, principalmente, quadro clínico. Durante a produção
de dados surgiram principalmente dúvidas acerca: do Processo de enfermagem;
dificuldade nos registros de enfermagem; e conhecimento do papel do enfermeiro
na saúde mental.
Essas questões vislumbram a necessidade de suporte teórico e prático das
equipes de enfermagem para implantação do processo de enfermagem. Um
primeiro passo, seria homogeneizar, equiparar grupo, proporcionar o conhecimento
de base necessário para a construção do processo de implantação.
8.1.1 Processo de Enfermagem somente no ensino
Os enfermeiros apontaram as dificuldades quanto ao registro, demonstraram
ainda que o processo de enfermagem em sua formação tratou basicamente do
aprendizado do registro da evolução de enfermagem. E ainda assim, ocorre uma
dificuldade em evoluir de forma a atender a promoção da saúde mental dos
usuários, devido ao pouco contato com os termos durante a graduação. Conforme
depoimentos:
90
“Tive na teoria, mas não trabalhei todas as etapas, foi muito rápido, não
deu para aprender muito não”. Enf. 3 – Entrevista.
“Nós, estudantes daquela época, tínhamos uma insegurança muito
grande”. Enf. 1–Oficina Linha da Vida.
“Já no final, eu tive a matéria de Sistematização, conteúdo muito corrido e
a minha primeira evolução mesmo, quando comecei a trabalhar com a
(SAE) diretamente com o paciente foi no último período”. Enf. 3 – Oficina
Linha da Vida.
“Estudei só na teoria, nos estágios nunca foi apresentado. Enf. 10 –
Entrevista.
“Estudei um período da faculdade, foram às etapas NANDA, NIC e NOC”.
Enf. 9 – Entrevista.
Esses encontros permitiram identificar a necessidade de um maior
conhecimento teórico sobre a temática desse estudo, assim como, de uma
reorganização do processo de trabalho no Instituto. Os enfermeiros refletiram que
precisavam melhorar seus registros, de repensar na sua prática e a cultura de
trabalho na saúde mental. Como representado na imagem da nuvem de palavras
da figura 7.
Figura 7 - Nuvem de palavras do ensino sobre o processo de enfermagem 2
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
91
8.1.2 Dúvidas no registro
Pode-se dizer que os achados nas oficinas, possibilitaram reconhecer as
dificuldades apresentadas pelos enfermeiros quanto ao registro de enfermagem,
seja pela falta do aprendizado na formação acadêmica ou falta de aplicabilidade no
serviço. Cada enfermeiro determinava o cuidado de acordo com as “alterações nos
plantões”, ou seja, havia o registro de questões pontuais, esperava-se a demanda
para a atuação do enfermeiro, não havia um planejamento das ações de
enfermagem de modo individualizado. Esse momento de participação na pesquisa
proporcionou aos profissionais uma reflexão sobre as práticas adotadas nos
Núcleos e o reconhecimento de fragilidades do processo de enfermagem
implementado aos usuários em desinstitucionalização.
Além disso, a insegurança e dúvidas no registro do processo de enfermagem
são fatores presentes no discurso dos enfermeiros. Uma vez que, a maior parte do
tempo, esse profissional permanece nas rotinas de supervisão e os técnicos de
enfermagem assumem os cuidados diretos com os usuários e registram a partir da
linguagem dos termos adquirido na formação técnica o cuidado de enfermagem
prestado. Seguem os depoimentos:
“Muitas dúvidas de como registrar, o que registrar”. Enf. 1 – Oficina Linha
da Vida.
“Muito medo e insegurança”. Enf. 5 – Entrevista.
“Executar esse trabalho não é tão simples, você precisa ter muito
empenho e se dedicar ao máximo para ter domínio desse Processo”. Enf.
1 – Oficina Almanaque.
A insegurança se relaciona com o déficit na aprendizagem e no modo como
está organizado o processo de trabalho do enfermeiro, que não possibilita a
execução na prática do processo de enfermagem. Está centrado em tarefas e na
supervisão da equipe de enfermagem, e pouco centrado no usuário. Como
representado na nuvem de palavras da figura 8.
92
Figura 8 - Nuvem de palavras do registro sobre o processo de enfermagem 1
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
Essa aproximação com a problemática do porque os enfermeiros
apresentam dificuldades com a implantação do processo de enfermagem
possibilitou compreender a complexidade do tema e do ambiente pesquisado. A
pesquisa convergente assistencial permitiu a pesquisadora estabelecer uma
relação mais aberta e menos intimidatória, facilitando o desenvolvimento da
pesquisa.
8.1.3 Adquirindo habilidade
Dessa forma, produziu-se um discurso de interesse em aprender sobre o
Processo de Enfermagem. O processo de pesquisa possibilitou identificar as
condições de cuidados de enfermagem e repensar suas práticas. Principalmente,
do papel do enfermeiro na saúde mental eximindo-se do foco somente nas normas
e rotinas institucionais, e ser/estar disponível para a pessoa que demanda
cuidados:
“Quero entender melhor essas etapas”. Enf. 3 – Entrevista.
“Acho que a gente só consegue aprender as fases do processo, se
corrermos atrás, aprender o passo a passo, estudar mesmo. Aí sim, a
gente consegue chegar no paciente e fazer um ótimo trabalho, que tenha
resultado”. Enf. 9. Oficina de Almanaque.
93
Figura 9 - Produção de dados 1
Fonte: Elaborada pelos enfermeiros nas dinâmicas Linha da Vida e Almanaque (2015).
Os enfermeiros também demonstraram preocupação com o tempo
disponível para aprender o Processo de Enfermagem. Dois participantes em seus
depoimentos afirmaram que:
“Processo é também a questão de tempo. E a princípio parece que o
Processo gasta muito tempo, parece que a gente vai perder muito tempo,
no começo até pode ser”. Enf. 8 – Oficina Almanaque.
“A SAE, significa um tempo para aprender”. Enf. 11. Oficina Almanaque.
Figura 10 - Produção de dados 2
Fonte: Elaborada pelos enfermeiros nas dinâmicas Linha da Vida e Almanaque (2015).
94
Desde as entrevistas iniciais, chamou-se a atenção para o emprego similar
dos conceitos de Sistematização da Assistência de Enfermagem e Processo de
Enfermagem, como no último discurso exemplificado. Isso denota a necessidade
de capacitação da equipe para que ocorra efetivamente o processo de implantação,
e por isso, a fala de que isso pode demorar um tempo, pois o processo de formação
é permanente, como expresso, nas análises representadas na figura 11.
Figura 11 - Nuvem de palavras do aprendizado SAE, PE em saúde mental
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
8.1.4 Aprendizado pelo modelo
Os enfermeiros trazem em seus relatos que durante a formação de ensino
não aprenderam com propriedade as cinco fases do Processo de Enfermagem, nos
estágios, realizavam as leituras dos registros dos enfermeiros do campo de prática
e, discutiam posteriormente, com o professor. Como nas falas:
“Não consegui me apropriar de tudo”. Enf. 2 - Entrevista
“Ficava olhando e admirando as evoluções dos enfermeiros, achava tão
bonito, era tudo detalhado”. Enf.5 – Oficina Linha da Vida.
Os enfermeiros compreendem como responsáveis pelos cuidados prestados
aos usuários e a necessidade de aprendizado quanto às etapas do Processo de
95
Enfermagem. Assim como, expressam preocupação em adequar os termos
vocabulários próprios da profissão em cuidados de enfermagem para a
Reabilitação Psicossocial. Para tanto, se faz necessário o aprendizado permanente
dessas habilidades, tanto na teoria como na prática, facilitando o processo de
formação de um profissional protagonista de suas ações.
8.1.5 Aprendeu Processo de Enfermagem na Prática
Houve relatos de aprendizagem do Processo de enfermagem e ou registro
das evoluções de enfermagem somente na experiência profissional, principalmente
daqueles que tiveram a formação técnica em enfermagem. Como veremos
depoimentos:
“Trabalhei numa unidade de saúde onde existia um instrumento de
admissão com um questionário e continha também alguns diagnósticos
traçados e os enfermeiros marcavam quais diagnósticos os pacientes
apresentavam, era basicamente desse jeito. Depois conheci mais a fundo
aqui na Colônia”. Enf. 3– Entrevista.
“Minha primeira evolução foi numa grande emergência quando eu era
auxiliar de enfermagem, os registros eram basicamente sobre o estado de
lucidez e orientação do paciente, se deambulava, se estava com acesso
periférico, se estava se alimentando”. Enf. 5 – DCS. Linha da Vida.
A utilização do Processo de Enfermagem na prática pode favorecer a tomada
de decisão do enfermeiro e, proporcionar segurança e confiança, no desempenho
de seu papel no trabalho em equipe.
8.1.6 Teorias de Enfermagem
O uso de teorias na Enfermagem reflete um movimento da profissão em
busca da autonomia e da delimitação de suas ações. Durante sua história, a
Enfermagem esteve dependente de outras ciências sem que houvesse um corpo
de conhecimento próprio, o que fomentou o desejo nos enfermeiros de conhecer
sua verdadeira natureza e construir sua identidade.
96
Uma estratégia de cuidado durante o acolhimento é o vínculo. Neste
panorama, vale destacar que a teoria transforma a assistência de enfermagem,
permitindo o olhar ao usuário como pessoa para a construção das relações
terapêuticas e estreitamento de laços. Nesse sentido, discutiu-se a importância de
adotar um referencial teórico para direcionar o trabalho dos enfermeiros nos
Núcleos do Instituto em estudo. Para tanto, discutiu-se a teoria de Hildegard
Elizabeth Peplau, por se tratar de uma teoria interativa, que permitiu a construção
do Processo de Enfermagem junto com o usuário, criando possibilidades e
alternativas de cuidar, assim como, proporciona um trabalho com enfoque
comunitário e autônomo. Um participante em seu depoimento afirmou a importância
de um teórico:
“Usar algumas teóricas para nos fundamentar é muito interessante, é
válido demais”. Enf. 12 – Oficina Linha da Vida
Para discussão da importância da teoria de enfermagem na execução do
processo de enfermagem foi novamente discutida em etapas posteriores. Foi
proposto ao grupo, articular os quatro pilares fundamentais da Teoria de Peplau2
(saúde, enfermagem, paciente, ambiente) com uma dramatização que envolvesse
o Processo de enfermagem em saúde mental, cada grupo ficou com uma palavra
para apresentar.
O grupo que apresentou a palavra saúde iniciou a peça, utilizando os
seguintes recursos: lenços, janela aberta, papel, lápis, caneta, barbante. A
demonstração realizada foi de direção de vida, a busca para uma vida criativa e
com possibilidades, (RE) construção-construção, uma vida produtiva, singular e
comunitária.
Os enfermeiros que apresentaram a definição se dividiram entre
profissionais e pacientes e apresentaram o relacionamento humano entre ambos.
Demonstraram como a enfermagem pode ser terapêutica e como a enfermagem
pode orientar uma pessoa necessitada, através do corpo sensível, do estreitamento
de laços, e da escuta terapêutica. Apresentaram também que o enfermeiro se
disponibiliza a construir uma prática protagonizando o paciente, embora para tal
97
representação, os enfermeiros simularam uma prática de aferição de sinais vitais e
ausculta cardíaca.
O grupo que demonstrou o conceito de paciente para Peplau64 utilizou-se da
comunicação não verbal (cinésica, tacesica, proxemica), de como a pessoa luta a
sua própria maneira para diminuir a tensão gerada pelas necessidades.
Apresentaram o paciente como ser único com uma estrutura biológica, psicológica,
espiritual e sociológica e que nunca vai reagir da mesma forma que o outro
paciente. Por isso a projetualidade de vida.
Os enfermeiros demonstraram que o ambiente deve ser construído a partir
da realidade de cada paciente e deve ser construído com o paciente, pensando no
melhor para atender suas necessidades.
Peplau2 identifica quatro fases sequenciais nos relacionamentos
interpessoais onde o enfermeiro se disponibiliza a assumir diferentes papeis. Sobre
a Orientação, o grupo demonstrou um começo das relações interpessoais, onde se
precisam construir os vínculos, a enfermagem atua como orientador e proporciona
possibilidades. Para tal, ficou notório a importância da confiança entre paciente e
enfermeiro, e a necessidade de adoção do referencial teórico de Peplau.2
8.1.7 SAE
A SAE, enquanto processo organizacional, implica na definição da natureza
e do tipo do trabalho a ser realizado, desde a base teórico-filosófica, o tipo de
profissional requerido, técnicas, procedimentos, métodos, objetivos e recursos
materiais para a produção do cuidado.
A enfermagem, por se caracterizar como uma profissão dinâmica necessita
de uma metodologia que seja capaz de refletir tal dinamismo. O Processo de
Enfermagem é considerado a metodologia de trabalho aplicada, facilitando a troca
de informações, a continuidade da assistência e o trabalho em equipe
multiprofissional.
Os enfermeiros reconhecem que a utilização da SAE/PE direciona uma
assistência voltada para as necessidades singulares, assim como, documenta suas
98
ações de forma organizada, direcionando os cuidados prestados, conforme
expressa no depoimento:
“A SAE é uma proposta de mudança e o Processo é a mudança da
prática”. Enf 10 – Entrevista.
Nesse cenário, percebe-se que o usuário é um ser autônomo, que interage
com seu contexto, considerando que ele está, a todo o momento, interagindo com
o meio que vive. Portanto, o enfermeiro deve aplicar o Processo de Enfermagem
em um ciclo contínuo, dinâmico e singular, abrangendo a coleta de dados, o
diagnóstico, o planejamento, a implementação e a avaliação na assistência de
enfermagem.
Embora confuso para os enfermeiros os conceitos e diferenças de SAE e
Processo de Enfermagem (Figura 12), o grupo reconhece a importância de ambos:
“A SAE escreve e o Processo executa”. Enf. 8 – Entrevista.
Figura 12 - Nuvem de palavras das diferenças SAE e PE
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
8.1.8 Processo é do modelo hospitalar
A resolução nº 358 do COFEN9 estabelece a implantação da sistematização
em todas as unidades de atendimento de saúde que forneçam assistência de
99
enfermagem. Os ambientes referem-se a instituições prestadoras de serviços de
internação hospitalar, instituições prestadoras de serviços ambulatoriais de saúde,
domicílios, escolas, associações comunitárias, fábricas, entre outros.8
A pesquisa evidenciou que o Processo de Enfermagem requerido no
ambiente de saúde mental é complexo, e diferente do aprendido na formação
profissional que enfatiza a aplicação do processo de enfermagem ao ambiente
hospitalar. Nesse sentido, os enfermeiros percebem a importância de profissionais
qualificados e comprometidos de forma pessoal e profissional, que assistam o
usuário em saúde mental com respeito, ética e dignidade de cidadão.
“Acredito que precisamos melhorar muito, pois nosso trabalho é diferente
das rotinas hospitalares”. Enf. 1- Entrevista
“É diferente você evoluir um paciente que está numa clínica médica, num
pós-cirúrgico ou que internou por alguma patologia que precisa fazer
antibiótico. Um acompanhamento de um paciente psiquiátrico e idoso
internado nessa instituição tende a ser complicado”. Enf. 2 – Oficina
Linha da Vida.
No contexto desse serviço, os enfermeiros têm buscado aplicar o Processo
de Enfermagem voltado para os usuários em saúde mental que permitam a
participação desses na construção das ações.
8.1.9 Dificuldade de implementação do Processo de Enfermagem na saúde
mental
Em relatos dos enfermeiros, é bom lembrar que a maioria vivenciou pouco a
SAE e o Processo de Enfermagem, e em sua maioria foi no ambiente hospitalar,
logo, relatam a falta de aplicabilidade na saúde mental. Conforme depoimentos:
“A experiência que eu tenho na faculdade e hospitalar é de uma
característica, aqui também é um hospital, mas é de uma característica
totalmente diferente, o perfil dos pacientes é diferente”. Enf. 1 – DCS
Linha da vida
100
O reduzido número de enfermeiros assistenciais se reflete diretamente em
perda da qualidade dos cuidados aos usuários, uma vez que se tornam plantonistas
e nomeados como supervisores de enfermagem. Priorizam as atividades
administrativas e se veem numa sobrecarga de trabalho que leva a não realização
do Processo de Enfermagem de forma adequada:
“Às vezes estamos sozinhos no plantão com mais de setenta pacientes,
acaba ficando falho mesmo”. Enf. 4 – Entrevista.
A visão dos enfermeiros sobre o Processo de Enfermagem na saúde mental
esteve relacionado a algo complexo. Relatos de que o Processo de Enfermagem
depende de resultados palpáveis e rápidos, como tidos no modelo hospitalar,
diferente do modelo de saúde mental que se trata de um tratamento prolongado
biopsicossocial, foram usadas como justificativa para a não implantação da
SAE/PE. Conforme observado no depoimento:
“Confesso que aqui eu tenho dificuldade de fazer esse plano, porque a
gente visa sempre à melhoria do paciente através do plano, só que a
patologia dificulta a resolução do problema, isso causa um desanimo, faz
a gente evoluir quase sempre as mesmas características e por isso, às
vezes não evoluímos em prontuário porque provavelmente não tenha
mesmo que evoluir. Por conta da patologia deles, existem características
dessas patologias que elas não mudam, muito pelo contrário, a tendência
delas é até agravar mesmo”. Enf. 1 – Entrevista.
O contexto de atuação do enfermeiro distanciado de outros profissionais,
tendência à subordinação ao trabalho e ao saber-fazer médico, valorizando o
tratamento medicamentoso, atividades assistenciais de natureza técnica, tais como
verificação de sinais vitais, medidas de higiene e conforto, além de observação das
alterações que podem ocorrer durante o dia, prevalecem entre os cuidados de
enfermagem nos espaços de características asilares. Um participante em seu
depoimento afirma que:
101
“Registramos tudo em prontuário, principalmente as intercorrências e
curativos realizados”. Enf. 2 - Entrevista.
O depoimento apresenta indicativos da necessidade de revisão dos
enfermeiros diante das transformações do papel do enfermeiro a partir da Reforma
Psiquiátrica e da lógica da desinstitucionalização. A meta do cuidado de
Enfermagem é maximizar as interações positivas da pessoa com o ambiente,
promover o bem-estar e melhorar a percepção de si próprio, valorizando-se o
contexto da pessoa, com vistas a sua inclusão social.
8.2 CATEGORIA II: PONTOS DE CONVERGÊNCIA: PROCESSO DE
ENFERMAGEM NA PRATICA E NA PESQUISA
Os momentos de convergência deflagram que inicialmente os enfermeiros
apresentavam muita dificuldade em denominar/conceituar seu processo de
trabalho com uma base metodológica e sistematizada. No decorrer dos momentos
propostos pela PCA, foram se alargando as discussões sobre o trabalho do
enfermeiro na saúde mental, eixo fundamental da intervenção realizada no instituto.
Dessa forma, a PCA, permitiu possibilidades, dentre as quais a capacitação
dos profissionais de enfermagem com foco para ações voltadas a Reabilitação
Psicossocial. Almejar uma visão de mundo para além dos serviços burocráticos e
de rotinas, vislumbrar um enfermeiro em atuação direta com o usuário, ao
implementar um cuidado singular e coletivo, assim como, trabalhar em conjunto
com os outros profissionais.
8.2.1 Processo de Enfermagem na Prática
O enfermeiro, como membro da equipe multiprofissional e que permanece a
maior parte do tempo junto aos pacientes, é o profissional que pode melhor
centralizar as informações relativas às condições tanto do usuário, como do
ambiente assistencial e organizacional. Esse aporte provém dos mais diversos
emissores como do próprio usuário, dos familiares, de outros profissionais, da
equipe de enfermagem ou do conhecimento atualizado. Nesse sentido, o domínio
102
das informações é uma grande função, cujo compartilhamento com os demais
trabalhadores da equipe pode ser facilitado com a utilização dos registros de
enfermagem. O discurso oral desse conhecimento acaba por transpor
responsabilidades e intervenções realizadas pela enfermagem as outras
categorias.
Assim, no momento em que um profissional precisa retomar algum dado
referente à história de um determinado usuário, compreende-se a relevância
dessas anotações para a continuidade do cuidado:
“Registramos tudo em prontuário, e geralmente os técnicos fazem as
evoluções diárias e nos enfermeiros relatamos as intercorrências durante
o plantão”. Enf. 3 – Entrevista.
“Trabalho os diagnósticos e intervenções de enfermagem”. Enf. 3 –
Entrevista.
“Trabalhamos os diagnósticos, as intervenções e às vezes trabalhamos
um ou o outro”. Enf. 2 – Entrevista.
“As rotinas são os técnicos que registram e as ocorrências são os
enfermeiros”. Enf. 5 – Entrevista.
“Cada um faz de um jeito, a partir das intercorrências decidimos como
diagnosticar e fazer as intervenções. Enf. 5 – Entrevista.
As falas apontam para uma precariedade nos registros dos enfermeiros,
além disso, demonstra um fracionamento do trabalho da enfermagem característico
da divisão social do trabalho da profissão. Mas que pode, também, levar ao
entendimento de um cuidado de enfermagem realizado de maneira fragmentado.
Nesse conjunto, adverte-se sobre o também escasso conhecimento teórico e
prático acerca das etapas do Processo de enfermagem, muito centralizado na
realização das etapas de diagnóstico e intervenção. Portanto, desconectado de
fases anteriores fundamentais para um bom diagnostico, intervenção e alcance de
resultados (Figura 13).
103
Figura 13 - Nuvem de palavras da prática profissional sobre processo de
enfermagem
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
Os enfermeiros reconhecem que seu agir não deve estar distante de outros
profissionais, que sua prática enriquece com a troca e a comunicação com os
profissionais, permite ao usuário se beneficiar de um cuidado que atenda às suas
demandas:
“Conversamos com o técnico, vamos de encontro ao próprio paciente, nós
conversamos com outros profissionais. Então, é algo que precisamos
estar em comunicação com toda equipe para que a gente possa colocar
em prática”. Enf. 1 – Entrevista.
“O diagnóstico somos nós que fazemos, mas quem implementa e põe em
prática não é só o enfermeiro, é a equipe multiprofissional e no final acho
que todos saem campeões, tanto a equipe quanto o paciente que está
recebendo essa melhora no tratamento”. Enf. 5 – Entrevista.
“Todo esse trabalho requer uma equipe disposta”. Enf. 9 – Entrevista.
“Se todos estiverem juntos, conseguiremos colocar esse trabalho na
nossa área e junto com os outros profissionais, conseguiremos atingir o
resultado positivo para o paciente”. Enf. 9 – Entrevista.
Assim, a inadequação e a insuficiência dos registros (Figura 14) podem
comprometer a assistência ao usuário. Pode inviabilizar que as informações
104
corretas sejam transmitidas com segurança aos demais profissionais. Além de
manterem invisível o fazer da enfermagem, perante a lei e demais profissionais das
equipes, dificultando, inclusive, sua autonomia e remuneração.
Figura 14 - Nuvem de palavras dos registros da prática profissional
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
8.2.2 Processo de Enfermagem na saúde mental
Nos dias atuais a enfermagem na saúde mental vem passando por
significativas mudanças em seu processo de trabalho. As discussões sobre a
importância desses profissionais nos espaços de cuidado são fundamentais para
sua legitimidade na práxis.
Vale lembrar que, investir na construção da prática do enfermeiro em ações
referentes à saúde mental, está de encontro a Portaria nº 3.088/2011,82 uma vez
que preconizam a presença do profissional enfermeiro. Na prática da enfermagem
na saúde mental, destaca-se entre as atividades exclusivas dos enfermeiros a
consulta de enfermagem, uma importante ferramenta para o trabalho com a pessoa
e sua família. Direcionar o cuidado para a inclusão social com vista à promoção da
autonomia e ao exercício da cidadania.
105
Os enfermeiros referem acreditar no Processo de Enfermagem como
método para a enfermagem na saúde mental, porém expressam receio em
trabalhar com um instrumento pronto. Esperam que o Processo de Enfermagem
possa ajudar também, no trabalho com as oficinas terapêuticas e na construção
coletiva:
“Só precisamos ter cuidado para não engessar o cuidado”. Enf. 1 –
Entrevista.
“Poderíamos adequar aos nossos termos”. Enf. 2 – Entrevista.
“Quero aprender as cinco fases e ver como aplicar na saúde mental”. Enf.
2 – Entrevista.
“Saber como aplicar na saúde mental, de forma que toda equipe entenda
e seja incluído no PTS do paciente”. Enf. 5 – Entrevista.
“Uma coisa lúdica que é trabalhar com eles. A gente não pode ter com
eles algo pronto, um processo feito dentro do consultório, tem que ser todo
de outra maneira para conseguirmos atingir o objetivo”. Enf. 2 – Oficina
Almanaque.
“A gente não pode ficar preso ao trabalho antigo da enfermagem”. Enf. 9
– DCS Almanaque.
Figura 15 - Produção de dados 3
Fonte: Elaborada pelos enfermeiros nas dinâmicas Linha da Vida e Almanaque (2015).
106
As falas demonstram a preocupação quanto à implantação do Processo de
Enfermagem e sua articulação com o Projeto Terapêutico Singular (PTS). No
cuidado com a não fragmentação e a implantação de um processo de cuidar voltado
para a projetualidade de vida de cada usuário.
Um ponto de convergência dos resultados da prática assistencial com a
pesquisa foi o desejo do grupo em se qualificar (Figura 16), os profissionais
sentiram-se despreparados para aplicar as fases do Processo de enfermagem na
saúde mental:
“Espero poder aprender muito nesses trabalhos que você está fazendo”.
Enf. 10 – Oficina Linha da Vida.
”Que não seja só uma implementação aqui, mas que seja um modelo para
outros locais”. Enf. 12 – Oficina Linha da Vida.
Figura 16 - Nuvem de palavras da experiência com o processo de enfermagem no
IMASJM
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
Os profissionais reconheceram a importância da realização das oficinas e
acreditam que esse trabalho fundamentado num suporte teórico e proposto por uma
enfermeira que conhece a prática da instituição e está envolvida na prática,
proporcionará qualidade e empoderamento ao serviço de enfermagem. Assim,
constitui-se a contribuição da pesquisa a prática e da prática a pesquisa na PCA.
107
8.3 CATEGORIA III: DESAFIOS E O FUTURO DA IMPLEMENTAÇÃO DO
PROCESSO DE ENFERMAGEM NA SAÚDE MENTAL
Como as demais áreas do conhecimento, a Enfermagem Psiquiátrica e em
Saúde Mental requer uma organização para seu pleno desenvolvimento político-
científico. No contexto científico, buscou-se na Sistematização da Assistência de
Enfermagem e no Processo de Enfermagem, ferramentas para sustentar uma
prática que vá de encontro com a Política Nacional de Saúde Mental (PNSM) e
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), repensar no cuidado voltado para a
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Esse desafio traz um convite para repensar
como se educam os educadores para a prática da atenção psicossocial em todo
território nacional.
A instrumentalização do Processo de Enfermagem na saúde mental poderá
resultar na redução no número de leitos ao atender de forma integral os usuários,
visto que o Processo de Enfermagem permite atender as necessidades singulares
e coletivas de cada pessoa de forma sistematizada. Sendo assim, sua utilização
possibilita concretizar as recomendações do atual paradigma assistencial em
Saúde Mental. Vale destacar, ainda, que o uso do Processo de Enfermagem, como
ferramenta da assistência, evidencia não só a participação do enfermeiro na
atenção à saúde das pessoas, mas também, contribuí para sua visibilidade e o
reconhecimento profissional.
8.3.1 Dificuldades com as Classificações
Dos enfermeiros entrevistados, a maior parte enfatiza que uma das
dificuldades para aplicação do Processo de Enfermagem na saúde mental é a falta
de vivencia acadêmica e prática profissional com as Classificações. Assim como, a
falta de investimento curricular desse enfermeiro articulando o Processo de
Enfermagem com a Política Nacional de Saúde Mental, como demostram as falas
a seguir:
“Eu custei a entender o que era NIC, e o que era NOC, eu custei a
entender isso. Fazer essa correlação”. Enf. 1 – Oficina Linha da Vida.
108
“Aí pega aquele livro e continua complexo, não entende nada do livro,
para onde vai, para onde vem e assim a gente se forma. Ouvi falar de
NANDA, NIC e NOC, comprei o livro e saí da faculdade se saber usar”.
Enf. 8 – Oficina Linha da Vida.
“Estudei num período da graduação”. Enf. 7 – Entrevista.
“Algumas coisas que são propostas para a nossa realidade eu acho meio
complicado de se aplicar, você olha e acha meio confuso, aí fica
tentando adaptar, mais a gente precisa ficar preso, porque precisa se
basear na literatura, eu acho meio complicado”. Enf. 10 – Entrevista.
A deficiência na formação do enfermeiro reflete na prática e vice-versa, se a
prática não estimula a formação de um profissional qualificado esse não busca-se
atualizar permanentemente. E a formação contínua é um impasse para a
implantação do Processo de Enfermagem. Os serviços ao perceberem que esse
profissional precisa ser qualificado, e que isso leva tempo e disponibilidade,
vontade institucional e pessoal.
Para tal, os enfermeiros percebem que precisam aprender as Classificações
(Figura 17), discutem se podem adequar os termos para atender a população que
precisa de seus cuidados, em sua aplicação na teoria e prática. Assim como,
aprender sobre as políticas, sobre a mudança na cultura do serviço de enfermagem,
para então, articular os saberes e adequar para a realidade em cada serviço da
Rede de Atenção Psicossocial.
Figura 17 - Nuvem de palavras das classificações na prática profissional
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
109
8.3.2 Mudanças para implementar a SAE
A maioria dos enfermeiros não se sentem preparados para atuar em
Enfermagem Psiquiátrica ou Saúde Mental e não estão adequadamente informado
sobre as mudanças políticas que vêm ocorrendo na área. Grande parte desses
profissionais que vão trabalhar em serviços de saúde mental se surpreendem com
sua falta de conhecimento específico, pois grande parte de suas vivencias praticas
são oriundas dos hospitais gerais. O grupo expressa a necessidade de mudança
para implementar um novo serviço com reconhecimento profissional:
“Aceitação de todos nós, como profissionais, com capacidade igual de
qualquer outro profissional”. Enf. 10 – Oficina Almanaque.
“Sobrevivência digna e saudável nos lugares que a gente vai trabalhar,
sendo respeitadas e valorizadas”. Enf. 11 – Oficina Almanaque.
Figura 18 – Produção de dados 4
Fonte: Elaborada pelos enfermeiros nas dinâmicas Linha da Vida e Almanaque (2015).
110
Figura 19 – Produção de dados 5
Fonte: Elaborada pelos enfermeiros nas dinâmicas Linha da Vida e Almanaque (2015).
Observa-se que além das dificuldades tanto na formação, quanto na prática,
com o Processo de Enfermagem e sua conexão com a saúde mental, existe uma
resistência por parte dos enfermeiros em acolher o método científico, como método
de trabalho. A mudança é considerada uma carga a mais entre as suas atividades,
demanda tempo, uma atividade teórica sem aplicabilidade na prática da saúde
mental. Importante ressaltar que, a falta de conhecimento das mudanças na cultura
de trabalho desse enfermeiro, leva ao entendimento distorcido do Processo de
Enfermagem, uma vez que o conhecimento sobre o fazer desse enfermeiro na
saúde mental fica restrito, fica sem documentação.
8.3.3 Preciso de conhecimento para aplicar todas as fases
O cuidado a uma pessoa com transtornos psiquiátricos em processo de
Reabilitação Psicossocial deve ser visto como um cuidado ampliado que envolve,
a família, ou amigos, os vizinhos, os recursos de seu território e demais estruturas
conforme as suas afinidades e história de vida.
“Quero entender e correlacionar todas as etapas de NANDA, NIC e NOC”.
Enf. 6 – Entrevista.
111
Sendo assim, o Processo de Enfermagem deve ser construído numa linha
contínua, sem pular etapas, ou centralizar esforços na realização de uma etapa em
detrimento a outra, como observado nas falas dos participantes quanto ao
diagnóstico e intervenção, e representado na figura 20.
Figura 20 - Nuvem de palavras das etapas do processo de enfermagem realizadas
na prática
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
Portanto, apropriar a equipe sobre as fases do Processo de enfermagem,
respeitando a pessoa cuidada, suas necessidades individuais e priorizar os
diagnósticos voltados para a Reabilitação psicossocial. Dessa forma, os
enfermeiros permitirão que o seu trabalho não seja isolado dos demais profissionais
e discutirão as ações nos grupos de trabalho, pensando em protagonizar o sujeito.
O Processo de Enfermagem é um método capaz de proporcionar maior
autonomia para o enfermeiro, favorecendo o registro de suas ações, além de
promover a aproximação com o usuário e a equipe multiprofissional. Nesse sentido,
as experiências com a implantação do Processo de Enfermagem na saúde mental
proporcionaram ao grupo uma esperança na mudança da cultura da prática de
enfermagem e no reconhecimento de seu trabalho.
112
8.3.4 Autonomia na SAE
A autonomia é um pilar que proporciona ao enfermeiro trabalhar junto com
as demais categorias de profissionais, propondo cuidados na equipe de saúde. O
enfermeiro no âmbito do SUS atua com foco na promoção da saúde das pessoas,
nos diversos cenários, seja na prevenção de doenças e das incapacidades. Duas
falas expressam a importância da autonomia dos enfermeiros:
”Acredito ser o empoderamento da enfermagem”. Enf. 6 – Entrevista.
”Maior autonomia que a enfermagem ganha”. Enf.1oficina Linha da Vida.
Os enfermeiros percebem que na construção do Processo de Enfermagem,
podem promover o incentivo a participação nas consultas e nos grupos de
orientação e acolhimento dos usuários envolvidos no processo de Reabilitação
Psicossocial, ou seja, promovem a autonomia do enfermeiro que atua na saúde
mental.
É imprescindível que o enfermeiro tenha uma base filosófica que lhe dê
sustentabilidade para o seu crescimento. Com o avanço das tecnologias, os
enfermeiros se veem numa reflexão acerca de sua prática profissional. A busca
pelo conhecimento que possam resguardar sua autonomia, sua competência e no
seu reconhecimento social, assim como, se desvincular da prática pautada no
modelo biomédico. A SAE vem como ferramenta de gestão, para permitir que essa
mudança ocorra na prática da enfermagem.
8.3.5 Esperança no Processo de Enfermagem
A profissão Enfermagem perpassa um grande desafio na construção e
organização do conhecimento, a fim de direcionar a sua prática assistencial. Faz
parte desse desafio o desenvolvimento de um processo de trabalho. Assim surge
o Processo de Enfermagem: um instrumento metodológico e sistemático de
cuidado e se torna-se uma esperança para o serviço de enfermagem, o método
científico auxilia os profissionais a tomarem decisões, a preverem, e avaliarem os
resultados.
113
”Uma esperança nova começando”. Enf. 2. DCS – Almanaque.
”Descoberta de um caminho”. Enf. 2. DCS – Almanaque.
O Processo de Enfermagem resgata e consolida o papel do enfermeiro como
profissão, desperdiçado na resolução dos problemas imediatos. Esse é o momento
de criar possibilidades, de pensar o novo, vislumbrar uma profissão que cuida de
pessoas (Figura 21).
Figura 21 - Nuvem de palavras do futuro do processo de enfermagem
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
8.3.6 Processo de Enfermagem como resultado para o paciente
O Processo de Enfermagem apresenta o propósito de prover uma
abordagem para identificar as reais necessidades de cada pessoa, da família e
comunidade ao implementar o cuidado necessário frente ao problema encontrado,
para o alcance de resultados, realistas a necessidade do usuário, que difere de
resultados meramente clínicos, na psiquiatria pode ser simplesmente comprar seus
próprios produtos de higiene ou alimentação (Figura 22).
No campo da saúde mental, mas especificamente nas unidades com
orientação da proposta de trabalho para a Reabilitação psicossocial, o Processo de
enfermagem é importante ferramenta para agregar a enfermagem aos demais
114
profissionais, permitindo que as ações favoreçam a troca de conhecimentos em prol
dos usuários.
”O resultado que a gente quer é a alta do paciente”. Enf. 4 – Oficina linha
da vida.
”O processo que realmente ira satisfazer o paciente”. Enf. 4 – Oficina
linha da vida.
”Junto com os outros profissionais conseguiremos atingir o resultado
positivo para o paciente”. Enf. 9. Oficina linha da Vida.
Figura 22 - Nuvem de palavras caminho do processo enfermagem na prática
Fonte: Dados da pesquisa extraídos do programa NVivo (2016).
Repensar um instrumento com os saberes da enfermagem que coloque o
usuário como protagonista, que crie possibilidades e alternativas de cuidar, além
de se desvincular do modelo assistencialista e medicamentoso, é o grande desafio,
é o esperado para uma enfermagem que atenda os princípios da Reforma
Psiquiátrica.
Os enfermeiros reconhecem que o Processo de Enfermagem nesse cenário
deve permitir o cuidado ao usuário voltado para a preservação da autonomia. Ao
propor diagnósticos que direcionem o sujeito para circular nos espaços sociais,
propor um plano de cuidados que permita o resgate de cidadão que ao longo dos
anos que foi roubado com as internações prolongadas. Isto inclui um plano de
115
cuidados que esteja em consonância com o Projeto Terapêutico Singular (PTS) e
que ao final proporcione a desospitalização dessas pessoas.
8.3.7 Sessão clínica
Para a reflexão crítica dos participantes sobre a aplicabilidade do Processo
de enfermagem convidou-os para uma discussão prática, etapa essa nomeada de
“Sessão clínica”.
Para que essa etapa acontecesse, a pesquisadora apresentou os resultados
de fases anteriores da pesquisa ao grupo, gerando a seguinte pergunta: Era esse
saber da enfermagem na saúde mental que vocês estavam dizendo? Para tanto,
foi apresentado o instrumento (ANEXO E) construído ao longo do estudo, o grupo
sugeriu mudanças no instrumento para adequá-lo aos termos que vão de encontro
aos princípios da Reforma Psiquiátrica brasileira e atendam as propostas do
trabalho da enfermagem na saúde mental, principalmente no Instituto em estudo.
Nessa etapa, as atividades propostas foram divididas em 03 (três) encontros,
no primeiro encontro realizamos a apresentação e discussão dos resultados para
o grupo, assim como, a discussão de como a implantação do Processo de
Enfermagem, os instrumentos foram modificados pelo grupo.
A ampliação e discussão dessas questões foram desenvolvidas, após a
realização do caso clínico (Figura 23) extraído do prontuário de um dos usuários
interno no Núcleo, com reflexão sobre a aplicabilidade do instrumento na prática e
sua articulação com o Projeto Terapêutico Singular (PTS). Esse foi um momento
de discussão ímpar, de construção participativa.
116
Figura 23 - Estudo de caso apresentado ao grupo
Fonte: Evolução extraída do prontuário para os participantes realizarem as etapas do processo de enfermagem (2015).
Para tanto, a pesquisadora disponibilizou papel A4, canetas e os livros
NANDA, NIC e NOC para que os participantes realizassem as etapas do Processo
de Enfermagem de acordo com o caso clinico, priorizando os diagnósticos
principais.
Para construção do plano de cuidados, foi separado as etapas da seguinte
forma: Identificação dos problemas e registro dos termos livres
Construção dos diagnósticos de enfermagem Avaliação inicial
Intervenções de Enfermagem Avaliação final. Conforme exemplo a
seguir, realizado por um participante (Quadro 5).
Quadro 5 - Produção de dados sobre a sessão clínica
Termos livres D. E NOC-I NIC NOC-F
Hipobulica, Hipopragmatica, Participa pouco de atividades.
Interação social prejudicada relacionado ao isolamento terapêutico evidenciado por a interação disfuncional com outras pessoas.
Raramente demonstra participação em atividades organizadas e atividades de lazer com outras pessoas. SCORE = 2
Encorajar o usuário a verbalizar sentimentos associados a problemas interpessoais; Auxiliar o usuário a desempenhar o papel nas etapas comportamentais.
Algumas vezes demonstra participação em atividades organizadas e atividades de lazer com outras pessoas. SCORE = 3
Fonte: Construção das etapas do processo de Enfermagem pelos participantes da pesquisa (2015).
117
8.3.8 Instrumentos como forma de documentar as cinco fases: uma
construção coletiva
Na apresentação do modelo de consulta de enfermagem construído com 12
domínios da NANDA-I (ANEXO G), os enfermeiros concordaram que este
instrumento era aplicável a pratica de saúde mental, porem os instrumentos de
diagnósticos, intervenções e avaliação de enfermagem precisou ser adaptado para
contemplar melhor a questão da singularidade e flexibilidade na escrita para os
termos voltados para a saúde mental, ressaltaram-se as mudanças realizadas de
acordo com as discussões feitas pelo grupo (ANEXO H).
Ao apresentarem-se as mudanças, questionou-se o que haviam achado do
modelo de plano de cuidados. Eles falaram das facilidades e das diferenças na
utilização do instrumento anterior para o atual. As ideias discutidas nesses
encontros, a respeito do que poderia ser melhorado, permitiram aos enfermeiros
aumentar um leque de informações a serem investigadas, facilitando seu registro e
possibilitando olhar para as questões que apresentam dificuldade de investigar.
Compreenderam ainda, as cinco fases do processo possibilitam de enfermagem
em uma atividade prática, contextualizada a realidade local.
8.3.9 Resultados da observação dos prontuários
Os registros em prontuários no cenário de pesquisa vêm caminhando de
encontro aos princípios da Reforma Psiquiátrica brasileira, descrição de
alternativas no cuidar além, da medicação. Nesses espaços a prioridade é
considerar o sujeito ativo do seu tratamento, aproximar os familiares, valorizar sua
história, sua cultura, sua vida cotidiana e sua qualidade de vida, direcionando a
atenção para o processo de reabilitação psicossocial. Portanto, relatos livres do
atendimento psicossocial realizado são encontrados no prontuário, porém, com
frequência menor que o esperado.
Observar as dificuldades dos enfermeiros em documentar o processo de
enfermagem aos usuários internados nesses Núcleos, permitiu vislumbrar as
dificuldades enfrentadas, como quantitativo de enfermeiros por plantão e das
118
extensas atividades burocráticas e administrativas pertencentes às rotinas desses
serviços.
O quadro 6 apresenta um panorama dos registros de enfermagem antes da
implantação do Processo de Enfermagem nos três Núcleos Assistenciais do
Instituto em estudo.
Quadro 6 - Caracterização dos resultados da observação dos registros de
enfermagem antes e depois da implantação do Processo de Enfermagem.
Descrição
Agosto
2015
Agosto
2016
Setembro
2015
Setembro
2016
Outubro
2015
Outubro
2016
Evolução dos técnicos de enfermagem
1800 1793 1672 1415 1796 1698
Evolução dos enfermeiros
09
102
17 232 28 300
Histórico 05 17 08 24 02 30
Diagnostico de Enfermagem
03 33 01 72 01 97
Intervenção de enfermagem
03 58 07 97 05 178
Resultados/Avaliação 03 33 01 72 01 97
Fonte: Dados extraídos dos prontuários após a pesquisadora vivenciar o interior da instituição observando os registros de enfermagem (2015).
No período de agosto a outubro de 2015, foram observados 30 prontuários
aleatoriamente, dos três Núcleos em estudo. Durante o período pode-se observar,
que as evoluções diárias são realizadas pelos técnicos de enfermagem tanto do
serviço diurno quanto do serviço noturno, os registros realizados são específicos
para as rotinas quanto à realização\acompanhamento do banho,
acompanhamento\aceitação das dietas, realização de higiene intima,
administração das medicações e conciliação do sono.
Além dos registros em prontuários, os técnicos de enfermagem realizam um
registro geral num livro denominado ordem e ocorrências durante o plantão. A partir
desse livro, o enfermeiro tem um panorama das ocorrências de cada setor.
De acordo com as falas dos enfermeiros, a evolução em prontuário é
decorrente das intercorrências durante o plantão. Assim como, o registro dos
curativos realizados e procedimentos invasivos quando necessário.
Observou uma predominância nos registros em prontuários realizados pelos
técnicos de enfermagem no início do estudo, mas houve um aumento significativo
119
dos registros de enfermeiros quando comparados os meses de agosto de 2015 a
agosto de 2016 (p= 0,046), segundo, teste Wilcoxon (não paramétrico),
corroborando para a importância de uma assistência sistematizada.
120
9 DISCUSSÃO
O principal resultado deste estudo evidenciou a necessidade de organização
do trabalho do enfermeiro, e do registro de sua prática. Os técnicos registram
consideravelmente de modo superior aos enfermeiros. À esses competem as
evoluções das ocorrências e acompanhamento das rotinas e supervisões dos
serviços.
Perante ao déficit nos registros dos enfermeiros de saúde mental, discutisse
a importância de romper o círculo vicioso do trabalho do enfermeiro burocrático,
descentrado do paciente e equipe, e ausente de um planejamento de suas ações
com o usuário. Essa foi a convergência que se buscou percorrer nesse estudo.
Para isso foi importante conhecer os saberes e práticas da equipe
participante da implantação do Processo de enfermagem sobre: a SAE, o Processo
de Enfermagem; Sistemas de Classificações; e, Metodologia da assistência de
enfermagem em saúde mental. E necessário balizar os conceitos, de modo que a
equipe tenha o mesmo entendimento, e possa permitir coerência no planejamento
da implantação do processo de enfermagem. Diferentes níveis de compressão
pode desestimular membros do grupo, ou mesmo emperrar o processo depois de
etapas percorridas.
Considerando que o modo e produção do trabalho do enfermeiro começa na
graduação e perpassa tanto no aprendizado teórico quanto na prática em estágios,
faz se necessário repensar o modo como esses conteúdos tem-se construído. A
falta de aplicabilidade e propriedade para adequar a Teoria de Enfermagem e o
Processo de Enfermagem de acordo com a realidade de cada instituição é um fator
agravante para sua utilização na prática. O que leva aos registros e às avaliações
insuficientes, assim como, afasta os enfermeiros do contato direto com o usuário.
Nesse sentido, compreende a importância de se assentar com o grupo os
conceitos ainda dispersos, por vezes confundindo, compreendido como similares.
Na literatura várias definições são encontradas para SAE e PE, por vezes as
confundem, ou tratam como mesma coisa.10,44,83 Por isso a recomendação de
seguimento do proposto pela Resolução 358/2009.9 E a necessidade de formação
121
continuada da equipe de enfermagem. Ambos implantados integralmente
fortalecem a enfermagem como profissão.11,84
Porém, apesar da crença de que não se tem a SAE e o PE implantados,
sabe-se que há algo estabelecido. Para que o serviço de enfermagem funcione
minimamente, fluxos e processos organizacionais estão instituídos. A grande
questão e a consciência e a participação desses fluxos para o atendimento as
necessidades dos usuários, ou seja, a realização do processo de enfermagem na
íntegra.
A formação continua permite preparar, motivar, valorizar os profissionais,
além de construir indivíduos críticos, reflexivos e criadores, com postura e ética
profissional para realizar ações em conjunto com os usuários e equipe
multiprofissional.84 Desse modo considera-se importante para a efetividade da
implantação do Processo de enfermagem na saúde mental, a continuidade de
grupos de estudos com os enfermeiros favorecendo a troca e o aperfeiçoamento
contínuo.
O ensino de enfermagem na graduação possui domínio teórico limitado, que
muitas vezes, fica centrada no modelo tradicional e segregante da psiquiatria,
dificultando a percepção e a capacitação dos profissionais para as práticas atuais
na assistência à saúde mental. Os profissionais que vivenciam pouco a clínica e a
política assistencial da saúde mental durante sua formação, terão deficiência na
execução do processo de enfermagem em saúde mental no futuro.16
Nos achados sobre a teoria, os enfermeiros mostraram pouco conhecimento
sobre um suporte teórico para suas práticas cotidianas, porém durante as oficinas
o grupo se identificou com a teoria de Peplau2 por se tratar de uma teórica interativa
com foco na pessoa cuidada. As maiores dificuldades foram encontradas quanto
aos registros desses profissionais, o conhecimento acerca do Processo de
Enfermagem e sobre a função da enfermagem na saúde mental.
O uso de teorias na Enfermagem reflete um movimento da profissão em
busca da autonomia e da delimitação de suas ações. Durante sua história, a
Enfermagem esteve dependente de outras ciências sem que houvesse um corpo
de conhecimento próprio. Por isso, há ainda a necessidade dos enfermeiros de
conhecer sua verdadeira natureza e construir sua identidade.13
122
As teorias podem ser definidas como um conjunto de proposições utilizadas
para descrever, explicar e predizer parte de uma realidade, consistindo, portanto,
na organização de algum fenômeno por meio da qual evidenciam-se os
componentes e as características que lhes dão identidade. Por isso, optou-se pela
discussão da teoria de Peplau64 de modo recorrente nas oficinas linha da vida,
almanaque, dramatização e sessão clínica para ancoragem da teoria ao Processo
de enfermagem.13
Essa foi uma estratégia que diminuiu a resistência para a implantação do
Processo de enfermagem na saúde mental, a utilização de uma teórica relacional.
Pois havia discursos que consideravam o Processo de enfermagem como um
método “engessado” que “institucionaliza o cuidado”(fala dos participantes). Logo,
a estratégia de oficinas e dramatização, uma discussão de modo criativo e dinâmico
pode proporcionar ao enfermeiro a singularidade e a especificidade necessária para
construir um Processo de enfermagem para cada usuário. Para tanto, o enfermeiro
deve ter a liberdade de construir o Processo de Enfermagem articulado a proposta
de Reabilitação Psicossocial, do Projeto Terapêutico Singular, aproximando o
trabalho do enfermeiro ao da equipe multiprofissional.16
Pois é razoável reconhecer que os cuidados nas instituições psiquiátricas
diferem dos modelos hospitalares tradicionais, nesses espaços preconizam-se o
resgate de pessoas que tiveram suas vidas roubadas pelos longos anos de
internação e que sofreram com as regras impostas pelos manicômios, pela
opressão, pela tutela, e controle da doença mental. O trabalho da enfermagem tem
a finalidade de resgatar o usuário como protagonista, o outro como um ser capaz
de fazer por ele mesmo. Logo, cabe a enfermagem construir junto com o usuário
as possibilidades apresentadas, estar disponível para as demandas singulares do
outro, para além das rotinas hospitalares. Por isso, o grupo participante solicitou
mudança no instrumento, alegando a necessidade de uma prática libertadora, com
uma documentação minimamente padronizada, mas que respeite a decisão
profissional.
O processo de enfermagem é apontado como um instrumento que permite
organizar a prática profissional. Quando parte de conhecimentos específicos, de
reflexão crítica e problematizadora do trabalho da Enfermagem, isto é, deve ser
123
aplicada a realidade da prática da enfermagem em saúde mental. O Processo de
Enfermagem constitui um instrumento para gerenciamento e otimização das ações
de enfermagem de forma organizada. Apesar de haver muitas críticas à forma de
sua utilização, o processo de enfermagem tem sido considerado como um provedor
da uniformização da linguagem, por sistematizar a prática e ampliar a autonomia
profissional.85
Dessa forma, sustentamos um processo de enfermagem amparado por um
referencial teórico, que possibilita a união entre teoria e prática. O uso de
referenciais teóricos modifica a estrutura da assistência, promove a ação crítica e
participativa e exige maior conhecimento da Enfermagem.
Na saúde mental o Processo de Enfermagem vem em consonância com a
Reforma Psiquiátrica, permitindo a mudança na prática, a superação do estigma,
da segregação e da desqualificação dos sujeitos. Estas mudanças são voltadas
para a humanização das pessoas que necessitam de cuidados nessa área.86 Ainda
segundo a autora, o cuidado para as pessoas que ainda estão nas instituições
psiquiátricas, exige maior complexidade das ações, visto que ao longo dos anos de
internações proporcionaram a essas pessoas: a institucionalização, o sofrimento
mental, a discriminação, bem como outros métodos de produção de sofrimento.
Nessa perspectiva, o Processo de Enfermagem voltado para a Reabilitação
Psicossocial é direcionado para reconstruir o que o manicômio modificou ou
destruiu: a identidade pessoal, o reconhecimento do corpo, da mente e do
ambiente, o gerenciamento da própria vida e o aumento da capacidade de
escolhas.86 Portanto, o Processo de Enfermagem deve ser construído: priorizando
os diagnósticos de atenção psicossocial; juntamente com o usuário tornando – o
protagonista desse cuidar; respeitando as demandas próprias; envolvendo toda a
equipe multiprofissional nas discussões dos casos.
O reconhecimento dos benefícios gerados pela implementação do processo
de enfermagem é importante para a conquista de uma maior autonomia
profissional.85 Sua efetivação evidencia os problemas que a Enfermagem pode
identificar e tratar independentemente. A autonomia na Enfermagem significa a
prática de profissionais que utilizam conhecimentos, habilidades e competências, e
dessa maneira, tomam decisões e resoluções no seu espaço de atuação.87
124
Considera-se a autonomia como um direito, um valor, conquistado e
garantido no exercício diário de nossas atitudes, posturas e ações.87 Assim, o
Processo de Enfermagem proporciona ao enfermeiro a construção de sua própria
identidade profissional, desvinculando do fazer biomédico, dominando uma
linguagem própria para a enfermagem. Desta forma, o enfermeiro poderá discutir
suas práticas com respaldo em seu método científico.
Além disso, o planejamento do cuidado de enfermagem garante a
responsabilidade junto à pessoa assistida com foco nos resultados e nas mudanças
ocorridas após a implementação das ações.48 Assim, planejar a prática de
enfermagem direcionando para a construção de instrumentos de consulta de
enfermagem com foco no usuário; nas necessidades singulares; direcionado o
cuidar para a comunidade; atendendo a proposta de Reabilitação Psicossocial;
assim como, proporcionar benefícios tanto para a instituição como para a
qualificação da equipe de enfermagem.
Em suma, a implantação do Processo de Enfermagem é tida como
complexo, cansativo e trabalhoso e, para seu sucesso deve ser necessário
disponibilidade, tempo e conhecimento teórico e organizacional.
Observou-se que nos Núcleos Assistenciais do IMASJM, não haviam
instrumentos de Histórico de Enfermagem, nem foram vistos registros de dados
coletados dessa fase nos prontuários, dois Núcleos apresentavam em prontuário
os registros apenas das ocorrências e as rotinas de supervisão de enfermagem no
livro de ordem e ocorrências, existia um Núcleo que aplicava um instrumento de
diagnóstico e intervenções de enfermagem. A etapa já implantada favoreceu a
realização do estudo e construção de um instrumento piloto com todas as etapas
do processo de enfermagem. Assim como, melhorou quantitativamente e
qualitativamente os registros dos enfermeiros do cenário.
A utilização de formulários do processo de enfermagem é imprescindível
para sua implantação, visto que facilita o registro das fases do processo, como
forma a direcionar o registro do cuidado, além de favorecer a avaliação,88 mas
sempre ponderando a decisão clínica soberana do enfermeiro.
O instrumento piloto possibilitou registro dos enfermeiros durante suas
práticas, porém no decorrer do estudo teve a necessidade de adaptação
125
principalmente do instrumento de plano de cuidados, de modo a possibilitar que os
enfermeiros escrevessem os diagnósticos e intervenções de enfermagem. Ainda
nesse instrumento, foi colocado um campo especifico para o registro da avaliação
do usuário, o qual se classifica em ‘Presente’, ‘Inalterado’, ‘Melhorado’, ‘Resolvido’,
e ‘Piorado’. Também foi incorporado um espaço para observações. Os grupos
auxiliaram na sensibilização da equipe para a utilização do instrumento, ressaltando
a finalidade do mesmo, correta utilização, além da revisão teórica da
Sistematização da Assistência de Enfermagem e do Processo de Enfermagem.
Entre as limitações encontradas no decorrer da pesquisa, destaca-se o
quantitativo de enfermeiros assistenciais e baixo registros dos enfermeiros
direcionados a descrição da saúde mental dos usuários. Outro fator diz respeito à
ênfase dada pelos participantes em relação às rotinas de trabalho destinada ao
enfermeiro que afasta do contato direto com os usuários. As atividades em grupo
contribuíram para a ampliação do conhecimento e uma postura diferenciada frente
aos desafios da prática. Apesar de ter trazido novas contribuições, o estudo precisa
ser continuado, com o aprimoramento de outras fases que foram precariamente
abordadas. É preciso também continuar investindo no cumprimento relativo ao
dimensionamento de pessoal e na qualificação da equipe por meio de estudos e
treinamentos contínuos para que se tenha clareza e subsídios científicos para
melhor desenvolvimento do Processo de enfermagem na saúde mental. De modo
a incorporar, valorizar essas ações, e reconhecer esse processo como diferencial,
priorizando o cuidado integral, entendendo que, por ser dinâmico o conhecimento
sobre essa realidade, não se pode interromper findado a pesquisa, pois a avaliação
precisa ser contínua.
O estudo contribuiu para demonstrar que é possível adoção dos conceitos e
linguagens da SAE e PE na Enfermagem na Saúde mental, desde, que existam
vontade e disposição dos enfermeiros em superar as dificuldades para que possa
surgir um processo de enfermagem próprio para área de saúde mental. Para que
possa ser compreendido e divulgado as outras áreas, registrando avanços
crescentes e significativos da enfermagem.
Nesse estudo participativo, visou-se muito mais do que de fato implantar o
processo de enfermagem, promover a interfacialidade, à produção de mudanças
126
na prática assistencial em face as questões investigativas e vice-versa (Figura 24).
Assim, houve mudanças conjecturais de:
a) criação de espaços dialógicos e intercâmbio de saberes, descoberta e
(re)construção do conhecimento;
b) os participantes desenvolveram capacidade de análise, de participação
do cuidado de modo criativo, reflexivo e crítico;
c) construção de um instrumento de cuidado ao usuário em processo de
desisntitucionalização, um cuidar direcionando para o resgate de cidadão
colaborando a redução dos leitos nos hospitais psiquiátricos.
127
9.1 PONTOS DE CONVERGÊNCIA – MUDANÇA NA PRÁTICA
Figura 24 - Mudança de prática de enfermagem aos usuários em processo de
desinstitucionalização
1º Deslocamento
2º Deslocamento
3º Deslocamento
Fonte: Figura construída pela pesquisadora para demonstrar a mudança na prática de Enfermagem, na instituição em processo de desinstitucionalização (2016).
Esta capacitação irá requerer uma tecnologia apropriada que implica em
saberes, práticas e um espaço
ESPAÇO = NUCLEOS ASSISTENCIAIS Na medida em que os enfermeiros participantes tornam-se capazes de promover ações que considere o usuário participante ativo de seu tratamento com foco para a desinstitucionalização e do trabalho em equipe multiprofissional
SABERES E PRATICAS
Articulação do conhecimento de Enfermagem na saúde mental com o Processo de enfermagem
Sair do enfoque do modelo focado na doença
Direcionar o modelo com foco no usuário para a comunidade
Não é apenas sair do modelo focado na doença e ir para o modelo focado no usuário
Capacitação das ações/cuidados através da realização dos grupos para implantação do Processo de
Enfermagem
Ir para quem irá cuidar do usuário – a enfermagem
128
Portanto, a construção do conhecimento em SAE e PE em Saúde mental se
desponta, assim como, a perene demonstração da ciência da enfermagem.
Descontruir que o processo de enfermagem não é somente do ambiente hospitalar
e, que é possível na saúde mental foi talvez uma das principais contribuições desse
estudo (Figura 25).
Figura 25 - Tecnologia de processo sustentada nos encontros com os participantes
para a mudança na prática de enfermagem com os usuários.
Fonte: Tecnologia de processo construído nos encontros com os participantes para a mudança na pratica de enfermagem com os usuários (2016).
INSTITUCIONALIZAÇAO
Encontro profissional com os usuários
Dialogo/reflexão ENFERMEIRO USUARIOS
Momento para se conhecerem e estabelecer as
relações terapêuticas Realização
da consulta de
enfermagem
Saberes e práticas
compartilhadas para construção
do PTS Construção dos diagnósticos e
intervenções de enfermagem
Acompanhamento dos resultados
Discussão com toda equipe
multiprofissional sobre o plano de
cuidados proposto
ALTA HOSPITALAR DOS USUARIOS PARA O RETORNO FAMILIAR OU
PARA OS SERVICOS DE RESIDENCIAS TERAPEUTICAS
129
10 CONCLUSÃO
Ao descrever as etapas percorridas para implantação do processo de
enfermagem na saúde mental, os registros de enfermagem nos prontuários antes
e depois da sensibilização e capacitação, e na construção coletiva dos instrumentos
de registro de enfermagem, consolida-se que o estudo atingiu os objetivos.
A partir desta pesquisa, foram elaborados instrumentos para o Processo de
Enfermagem, para inserção no Projeto Terapêutico Singular dos usuários que estão
em processo de desinstitucionalização.
O reconhecimento da importância dessa proposta pelos coordenadores da
instituição é algo que comprometeu a equipe a adquirir recursos disponíveis para a
implementação do Processo de Enfermagem, viabilizando sua execução.
É importante ressaltar que ainda são necessários expandir esforços no
sentido de integrar ainda mais o Processo de Enfermagem à realidade da
instituição. Este aspecto passa pela adoção de estratégias que impliquem na
capacitação e no envolvimento de todos os profissionais da equipe de enfermagem
que dela não fizeram parte nesse primeiro momento.
Ressalta-se nesse estudo que os enfermeiros mesmo diante de fatores que
interferem negativamente na implantação do Processo de Enfermagem,
considerada um desafio, diante das realidades complexas das instituições de
saúde. Usa da criatividade e do empenho na elaboração de execução das ações,
mantendo condições favoráveis para o cuidado de enfermagem. Isso, para além da
obrigatoriedade prevista em resoluções, consiste na condução da melhor prática
de enfermagem possível.
A realização dessa pesquisa contribuiu para preencher uma lacuna existente
na assistência de enfermagem em saúde mental e pode servir para outros
enfermeiros e ao cenário do IMASJM, como uma consulta na iniciação da
construção do Processo de Enfermagem. A implantação desse método pode
garantir melhora na qualidade e na segurança das práticas de enfermagem,
proporcionando a continuidade das informações, além de otimização do tempo nos
serviço de enfermagem; e permite ainda a avaliação da efetividade do cuidado de
Enfermagem individualmente e coletivamente prestado.
130
Para o futuro fica a necessidade de novas pesquisas sobre a SAE e
Processo de Enfermagem na saúde mental, levando em conta o contexto de
internação, e Centros de Atenção Psicossocial (CAPs).
Contudo, a validade da tese está no fato de que precisávamos,
primeiramente, conhecer o processo de trabalho nos Núcleos Assistenciais para
poder nos ajudar a: fazer previsões mais próximas o possível de sua realidade;
adquirir maior empatia; otimizar a formação da interação entre os participantes.
Esperamos ter proporcionado a compreensão da necessidade de profissionais
disponíveis para trabalhar com o Processo de Enfermagem na saúde mental
considerando a pessoa como foco principal do cuidado.
131
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141
ANEXOS
ANEXO A - Documento para autorização da pesquisa
142
ANEXO B - Plano de cuidados aos usuarios em processo de desinstitucionalização
PLANO DE CUIDADOS AOS USUARIOS EM PROCESSO DE
DESINSTITUCIONALIZACAO
Nome do usuário:___________________________________
Unidade:__________________________________________
Diagnóstico de enfermagem Estado do diagnostico
1- 1. P 2. I 3. M 4. R 5. P
Intervenções de enfermagem Aprazamento
1-
2-
3-
Diagnóstico de enfermagem Estado do diagnostico
2- 1. P 2. I 3. M 4. R 5. P
Intervenções de enfermagem Aprazamento
1-
2-
3-
Diagnóstico de enfermagem Estado do diagnostico
3- 1. P 2. I 3. M 4. R 5. P
Intervenções de enfermagem Aprazamento
1-
2-
3- Legenda: (1) P = Presente. (2) I = Inalterado. (3) M = Melhorado. (4) R = Resolvido. (5) P = Piorado
Observação:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Data:___/___/___ Assinatura do Enfermeiro (a):________________________________________
APÊNDICE C
143
ANEXO C – Questionário sociodemográfico
QUESTIONARIO SOCIO-DEMOGRÁFICO IDENTIFICAÇÃO Nome:_______________________________________________Data de Nascimento:____________________ Sexo: _______________________________________________Estado Civil:__________________________ Núcleo de atuação:____________________________________Turno de trabalho: ______________________ Categoria Profissional ( ) Enfermeiro ( ) Técnico de Enfermagem ( ) Auxiliar de Enfermagem Pós Graduação Lato Sensu: ( ) Sim ( ) Não Especificar o curso: ________________________________________ Pós Graduação Stricto Sensu: ( ) Sim ( ) Não Especificar o curso: _________________________________________ Tempo de formado:__________________________________________ Teve Processo de Enfermagem na graduação ______________________ Tem experiência com o Processo de Enfermagem___________________ Vinculo no IMASJM: ( ) SMS ( ) MS ( ) Celetista Tempo de trabalho no IMASJM_______________________________
144
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da pesquisa: Implantação do Processo de Enfermagem para pessoas que envelheceram nas instituições psiquiátricas: Pesquisa Convergente Assistencial Pesquisadores responsáveis Tatiana Gomes da Silva Rosimere Ferreira Santana Prezado (a) Senhor (a): Você está sendo convidado (a) a responder às perguntas deste questionário de forma totalmente voluntária. Antes de concordar em participar desta pesquisa e responder este questionário, é muito importante que você compreenda as informações e as instruções contidas neste documento. Os pesquisadores deverão responder todas as suas dúvidas antes da sua decisão em participar. Você tem o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhuma penalidade e sem perder os benefícios aos quais tenha direito. Objetivo do estudo é analisar a implantação do Processo de Enfermagem, considerando os conceitos da teoria de Peplau; Descrever os diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem a partir do método de implantação do Processo de Enfermagem. Procedimentos. Sua participação nesta pesquisa consistirá no preenchimento de um questionário com perguntas semiestruturadas, respondendo às perguntas formuladas e será utilizado o recurso de gravação digital de áudio para a captura da fala do participante, como também um roteiro para o registro dos dados. Sua participação será isenta de qualquer custo para você. Benefícios. Esta pesquisa trará maior conhecimento sobre o tema abordado ajudando no planejamento de futuras ações na área de saúde mental e no cuidado de enfermagem. Riscos. A pesquisa oferece riscos mínimos durante o seu desenvolvimento junto aos profissionais de enfermagem, tendo em vista que a abordagem será através de entrevistas semiestruturadas tendo como roteiro um questionário previamente elaborado que será aplicado durante os plantões nos Núcleos Assistenciais em uma sala reservada para as entrevistas, porém, durante a abordagem podem ocorrer dificuldades relacionadas a pouca vivência teórica com o Processo de Enfermagem e suas cinco etapas: Histórico de enfermagem; Diagnóstico de enfermagem; Planejamento de enfermagem; Implementação e avaliação de enfermagem. Minimização de riscos. Para minimizar os possíveis riscos de sua participação não serão identificados os questionários preenchidos, assim como serão mantidos em sigilo e guardados com segurança os dados da pesquisa. A divulgação dos resultados será feita apenas com os dados agrupados de forma a não ser possível identificar nenhum participante. Se você por qualquer razão se sentir prejudicado poderá imediatamente procurar os pesquisadores responsáveis e/ou o CEP-UFF
145
para solicitar esclarecimentos ou para se retirar da pesquisa sem nenhum prejuízo de qualquer ordem. Após os esclarecimentos sobre a pesquisa descritos acima concordo em participar deste estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo e os procedimentos a serem realizados. Concordo voluntariamente em participar da pesquisa e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízos. Eu receberei uma cópia desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a outra ficará com o pesquisador responsável. Os instrumentos decorrentes da pesquisa para coleta e análise de dados, serão mantidos em arquivo, sob a guarda da pesquisadora pelo prazo máximo de cinco anos. Contatos: Pesquisadores responsáveis Tatiana Gomes da Silva Rosimere Ferreira Santana Rua Dr. Celestino, 74. Centro, Niterói – Rio de Janeiro. CEP: 24020-090 Telefone: (21) 81825538 - (21) 27220698 Comitês de Ética em Pesquisa Universidade Federal Fluminense Rua Marquês do Paraná 303, 4° andar, prédio anexo ao HUAP. (21) 2629-9189 Local da coleta de dados Instituto Municipal de Assistência a Saúde Juliano Moreira Estrada Rodrigues Caldas, 3.400, Taquara - Rio de Janeiro, RJ. Telefone: (21) 34128218 ___________________________________ Nome do Sujeito da Pesquisa ___________________________________ Data: ____/____/____ Assinatura do Sujeito da Pesquisa ___________________________________ Nome do Pesquisador ___________________________________ Data: ____/____/____ Assinatura do Pesquisador
146
ANEXO E - Instrumento utilizado pela enfermagem na instituição antes da
implantação do processo de Enfermagem
PLANO ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM
NOME:___________________________ IDADE: _________
PRONTUÁRIO_____________
CASA: ________________ DATA: _____/____
EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
PROGNÓSTICO
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
147
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM
PLANEJAMENTO PRESCRIÇÃO DE
ENFERMAGEM
_________________
_________________
_________________
_________________
_________________
_________________
_________________
_________________
_________________
ENFERMEIRO
RESPONSÁVEL:
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
__________________
___________________________
___________________________
___________________________
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148
ANEXO F – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa
149
ANEXO G - Instrumento de processo de enfermagem construído pelos enfermeiros da instituição após os encontros realizados.
CONSULTA DE ENFERMAGEM AO USUARIO EM PROCESSO DE DESINSTITUCIONALIZAÇÃO
Nome: Idade: Data de Nasc:_______________
Sexo: Nº de filhos: Escolaridade: Profissão:
Naturalidade: Prontuário: Tempo de Internação:
Fonte de Renda: Estado Civil:
Endereço: Bairro:
Cidade: Estado: CEP: Tel:
Domínio 1 – Promoção da saúde
1.1- História Pregressa
( ) DM ( ) DPOC ( ) Hepatite
( ) HAS ( ) Cardiopatias ( ) Tuberculose
( ) AVE ( ) Dislipidemia ( ) Trauma
( ) Doenças Psiquiátricas ( ) Obesidade ( ) Alergia
Imunização: ( ) Completa ( ) Incompleta Qual?____________________________________
Acompanhamento ginecológico: ( ) Sim ( ) Não
1.2 – História da doença atual
Neurologia: ( ) Sim ( ) Não
Geriatria: ( ) Sim ( ) Não
Psiquiatria: ( ) Sim ( ) Não
Medicamentos em uso:_______________________________________________________________________
150
Queixas principais:__________________________________________________________________________
Tem consciência da sua função normal e bem estar: ( ) Sim ( ) Não
Esforça-se para manter o bem
estar: ( ) Sim ( ) Não
Aderência ao regime terapêutico: ( ) Sim ( ) Não Quanto tempo:____
Abuso de substância: ( ) Sim Qual: _________ Quanto tempo: ________ ( ) Não
Tabagismo: ( ) Sim ( ) Não Cigarros/dia:__________________
Domínio 2 – Nutrição
Dieta especial: ( ) Sim ( ) Não Qual?__________ Restrição dietética: ( ) Sim ( ) Não
Disfagia: ( ) Sim ( ) Não Bulimia: ( ) Sim ( ) Não
Emagrecimento
: ( ) Sim ( ) Não
Ingestão
hídrica: ( ) 1L ( ) 1,5L ( ) 2L ( ) 2,5L
Peso:____________ Altura:__________ IMC:__________ Circ. Abdominal___________
Domínio 3 - Eliminação e troca
Hábitos Urinários: ( ) Espontânea ( ) Poliúria ( ) Fralda ( ) Nictúria
( ) Retenção ( ) Incontinência
( )
Anúria
( )
Disúria
( ) Oligúria ( ) Hematúria ( ) SVD
Hábitos Intestinais: ( ) Constipação ( ) Peristalse presente ( ) Diarréia
( ) Incontinência ( ) Abd. normotenso ( ) Abd. flácido
( ) Abd. Tenso ( ) Abdome distendido
Frequência: (( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) mais de 4 vezes
151
Outras observações: _________________________________________________________________________
Domínio 4 - Atividade/ Repouso
Sinais Vitais: PA:_______/_______mmHg FC:_______bpm FR:______irpm Tax:_______°C
Ausculta Pulmonar: ( ) Normal ( ) Estertores
( )
Sibilos ( ) Dispnéia
( ) Taquipnéia ( ) Bradipnéia ( ) Ortopnéia
Perfusão periférica: ( ) Normal ( ) Reduzida
Ritmo cardíaco: ( ) Regular ( ) Irregular
Membros Inferiores: ( ) Normais ( ) Sinais TVP
( ) Insuficiência
arterial
Edema: ( ) Tíbia ( ) Coxas ( ) Tornozelos ( ) Joelhos
Pratica atividade física: ( ) Sim ( ) Não Qual:________ Frequência: ______ semana
Sente-se descansado após acordar: ( ) Sim ( ) Não
Quantas horas dorme por noite?__________________ ( ) Insônia
Dorme apenas com medicação: ( ) Sim ( ) Não Qual: ___________________
Acorda muitas vezes durante a noite: ( ) Sim ( ) Não
Descansa em outros momentos do dia: ( ) Sim ( ) Não
( ) Hemiparesia ( ) Hemiplegia ( ) Intolerância a atividade
Deambula com auxílio: ( ) Sim ( ) Não
Incapacidade de exercer o autocuidado e higiene: ( ) Sim ( ) Não
Incapacidade de exercer o autocuidado e higiene Íntima: ( ) Sim ( ) Não
Incapacidade de exercer o autocuidado de alimentação: ( ) Sim ( ) Não
Incapacidade de exercer o autocuidado de vestir-se: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 5 - Percepção/cognição
152
Estado Mental: ( ) Orientado Autopsíquico ( ) Confuso ( ) Agressividade ( ) Alerta
( ) Orientado alo psiquico ( ) Desorientado auto psiquico
( ) Desorientado Alopsíquico ( ) Sonolento ( ) Letárgico
Atenção: ( ) Euprossexia ( ) Hipervigilância ( ) Hipovigilância
( ) Hipertenacidade ()Hipotenacidade
Memória preservada Curta duração (minutos, poucas horas): ( ) Sim ( ) Não
Memória preservada Longa duração (dias, semanas, anos): ( ) Sim ( ) Não
Prejudicada Imediata Retrógrada: ( ) Sim ( ) Não
Prejudicada Imediata Anterógrada: ( ) Sim ( ) Não
Inteligência: ( ) Boa capacidade de compreensão ( ) Baixa capacidade de compreensão
( ) Boa capacidade de comunicar-se ( ) Baixa capacidade de comunicar-se
Fala: ( )Fluxo normal ( ) Arrastada ( ) Mussitação ( ) Jargonofasia
( ) Parafasia ( ) Fuga de idéias ( ) Agnosia
( )
Afasia ( ) Disartrias
( ) Logorréia ( ) Verbigeração ( ) Pressionada ( ) Lenta ( ) Rápida
( ) Limitações
Alucinação: ( ) Sim ( ) Não Quais: _____________________________________
Afeto: ( ) Estado de tristeza ( ) Euforia ( ) Irritabilidade
( ) Ambivalência ( ) Angústia ( ) Labilidade
Humor: (( ) Normotímico ( ) Hipertímico ( ) Hipotímico ( ) Distímico
Delirío: ( ) Sim ( ) Não Qual: _____________________________________
Vontade: ( ) Normobúlico ( ) Hipobúlico ( ) Hiperbúlico
Pragmatismo: ( ) Pragmático ( ) Hipopragmático ( ) Apragmático ( ) Hiperpragmático
Audição: ( ) Dentro dos limites ( ) Prejudicada
153
Visão: ( ) Dentro dos limites ( ) Prejudicada
Consciência da doença atual: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 6 – Autopercepção
Percepção de si mesmo: ( ) Positiva ( ) Negativa
Auto estima: ( ) Baixa ( ) Alta
Imagem corporal: ( ) Positiva ( ) Negativa
Identidade de solidão: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 7 – Papéis e relacionamentos
Relacionamento bom com familiares: ( ) Sim ( ) Não Qual Frequencia________
Relacionamento bom com as demais pacientes: ( ) Sim ( ) Não
Relacionamento bom com a equipe: ( ) Sim ( ) Não
Isolamento social: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 8 – Sexualidade
Sexualmente ativo: ( ) Sim ( ) Não Qual Frequencia:______________
Disfunção sexual: ( ) Sim ( ) Não
Utilização de preservativo: ( ) Sim ( ) Não
Método anticonceptivo: ( ) Sim ( ) Não Qual: ___________________
Parceiro único: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 9 – Enfrentamento/tolerância ao estresse
Medo: ( ) Sim ( ) Não Especificar:_______________________________
Tristeza: ( ) Sim ( ) Não
Sentimento de pesar: ( ) Sim ( ) Não
Negação: ( ) Sim ( ) Não
Ansiedade: ( ) Ausente ( ) Leve ( ) Moderada ( ) Grave
154
Mudança ambiental recente: ( ) Sim ( ) Não Quando?________________
Dificuldade de adaptação: ( ) Sim ( ) Não De quê?_________________
Domínio 10 – Princípios de vida
Possui religião: ( ) Sim ( ) Não Qual?__________________________________
Sente-se motivado a viver: ( ) Sim ( ) Não
Obs.:____________________________________________________________________________________
Domínio 11 – Segurança/proteção
Risco quedas: ( ) Rampa ( ) Ausência piso antiderrapante ( ) Ausência de barra de proteção
( ) Mudança de ambiente
Queda recente: ( ) Sim ( ) Não Quantas:__________________________________
Fraturas: ( ) Sim ( ) Não Local:_______________________________________
Cavidade oral: ( ) Integra ( ) Com lesões
Mucosas: ( ) Hidratas ( ) Desidratadas ( ) Coradas ( ) Hipocoradas
Turgor da pele: ( ) Preservado ( ) Diminuído
Feridas: ( ) Úlcera por pressão Local:__________________________________
Processo de cicatrização de feridas preservado: ( ) Sim ( ) Não
Dificuldade de cicatrização de feridas: ( ) Sim ( ) Não
Risco de violência direcionada a outros: ( ) Sim ( ) Não
Risco de violência direcionada a si mesmo: ( ) Sim ( ) Não
Risco de suicídio: ( ) Sim ( ) Não
Domínio 12 – Conforto
155
Sente dor: ( ) Sim ( ) Não
Especifique de 0 a 10:________________
Sente náusea: ( ) Sim ( ) Não
Especifique de 0 a 10:__________________________________________________________
Enfermeiro (a):_______________________________________________ Data:_____/_____/_____
156
NOME: SEXO: IDADE: PRONT:
2ª PE: Diagnóstico de Enfermagem 3ª e 5ª PE: Avaliação de Enfermagem
Características definidoras (CD) Fatores relacionados ou risco (FR) Data: Data: Data: Data:
1
Autocontrole ineficaz da saúde: FR: Prejuízo cognitivo, incapacidade de realizar julgamentos adequados e habilidades motoras grossas diminuídas. CD: História de ausência de comportamento de busca de saúde, falta demonstrada de conhecimentos com relação a práticas básicas de saúde, incapacidade de assumir a responsabilidade de atender as práticas básicas de saúde;
Comportamento de busca da saúde
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
2 Deglutição prejudicada: FR: Problemas de alimentação relacionada ao comportamento, defeitos esofágicos. CD: Deglutições múltiplas, limitação do volume;
Terapia de dedglutição
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
3 Comunicação verbal prejudicada: FR: Percepções alteradas e déficit no sistema auditivo e visual. CD: Desorientação no tempo e espaço, verbalização com dificuldade;
Comunicação
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
4 Risco de volume de líquidos deficientes: Extremos de idade e perda ativa de volume de líquidos; Hidratação
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
5 Incontinência urinária funcional: FR: Enfraquecimento das estruturas de suporte pélvico. CD: Perda de urina antes de alcançar o banheiro;
Incontinência
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
6 Risco de constipação: Mobilidade diminuída do trato gastrointestinal, hábitos irregulares de evacuação e uso de sedativos e anticonvulsivantes;
Constipação
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
7 Débito cardíaco diminuído: FR: Frequência cardíaca alterada e ritmo alterado. CD: Variações nas leituras de pressão arterial e alterações no ECG;
Controle da doença cardíaca
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
8 Perambulação: FR: Estado emocional e determinados horários do dia. CD: Locomoção inquieta e andar de um lado para o outro;
Nível de ansiedade
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
9 Privação do sono: FR: Atividade diurna inadequada, desconforto prolongado. CD: Inquietação, sonolência durante o dia;
Sono
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
10 Mobilidade física prejudicada: FR: Resistência diminuída e uso de medicamentos. CD: Instabilidade postural, capacidade limitada para desempanhar as habilidades motoras grossas e movimentos lentos;
Mobilidade
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
11 Déficit no autocuidado: __________________(especificar: banho, vestir, alimentação, higine íntima). FR: Prejuízo musculoesquelético e dor. CD: Incapacidade nas atividades de vida diária;
Autocuidado
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
157
12 Dentição prejudicada: FR: Higiene oral ineficaz, uso crônico de tabaco e medicamentos. CD: ausência de dentes;
Manutenção da saúde oral
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
13 Risco de glicemia instável: Falta de controle de medicamentos, falta de adesão ao controle do diabete, falta de controle do diabete, monitorização inadequada da glicemia e ingestão alimentar;
Controle do Diabetes
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
14 Risco de integridade da pele prejudicada: Externos: extremos de idade, fatores mecânicos, hipertermia, circulação prejudicada, mudanças na pigmentação, no estado metabólico, mudanças no turgor da pele;
Integridade da pele 1
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
15 Integridade da pele prejudicada: FR: Externos - extremos de idade, medicamentos e pele úmida. Internos: Circulação prejudicada, deficiência imunológica e estado metabólico prejudicado. CD: Destruição de camadas da pele e rompimento superficial da pele;
Integridade da pele 2
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
16 Distúrbio da identidade corporal: FR: Transtornos psiquiátricos. CD: Distúrbio na imagem corporal, desempenho ineficaz de papel e distúrbios nas relações;
Identidade
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
17 Confusão crônica: FR: Alterações excessivas no ambiente. CD: Esquecimento de efetuar uma ação em horário planejado;
Cognição
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
18 Risco de quedas: Uso de agentes ansiolíticos e hipnóticos, uso de cadeiras de rodas, dificuldades na marcha e uso de dispositivos auxiliares;
Prevenção de quedas
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
19 Interação social prejudicada: FR: Dissociação sociocultural. CD: Desconforto em situações sociais;
Habilidades sociais interpessoais
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
20 Processos familiares disfuncionais: FR: Hospitalização. CD: Abandono e negação da família; Enfrentamento familiar
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
21 Perfusão tissular periférica. FR: Tabagismo, hipertensão e imobilidade. CD: Mudanças na pressão sanguínea, nas extremidades e características da pele e função motora alteradas;
Perfusão
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
158
NOME: SEXO:
IDADE: PRONT:
4ª PE: INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM APRAZAMENTO
ITEM ATIVIDADES
Dat
a:
Dat
a:
Dat
a:
Dat
a:
Dat
a: Data:
Dat
a:
2 Monitorar o aparecimento de sinais e sintomas de aspiração, cansaço durante a alimentação, a bebida e a deglutição.
2 Checar a boca em busca de armazenamento dos alimentos nas bochechas, após as refeições.
12 Orientar o paciente a escovar os dentes, gengivas e língua.
1 Identificar as necessidades básicas para as atividades de vida diária, respeitando o nível educacional e recursos financeiros do paciente.
11 Assistência no autocuidado: Atividades essenciais de vida diária.
7 Monitorar a pressão sanguínea, o pulso, a temperatura e o padrão respiratório, quando adequado.
21 Monitorar edema nas pernas e nos pés.
9 Monitorar/Registrar o padrão do sono e o número de horas de sono do paciente.
13 Monitorar os níveis de glicemia sanguínea conforme indicação.
13 Monitorar o aparecimento de sinais e sintomas de hipoglicemia e hiperglicemia.
4 . 6 Oferecer e encorajar a ingestão de líquidos, quando adequado.
14 Posicionar o paciente de modo a evitar pressão.
14 Auxiliar e orientar na hidratação da pele diariamente.
15 Monitorar as características da lesão, inclusive drenagem, cor tamanho e odor.
159
15 Limpar a lesão com SF 0.9% em jato e _______________________________________________________
15 Realizar curativo com _________________________________; em região __________________________
10 .
18 Orientar e auxiliar o paciente quanto ao uso de auxiliares da deambulação (cadeira de rodas, andadores e bengalas).
10 .
18 Auxiliar o paciente quanto a deambulação.
5 Higienizar a área dos genitais a intervalos regulares.
5 Monitorar a eliminação urinária, incluindo frequência, consistência, odor, volume e cor.
5 Auxiliar a selecionar a roupa/absorvente adequado para incontinência.
19 Encorajar a expressão de medo, sentimentos e percepções.
19 Encorajar atividades sociais e comunitárias.
16 Determinar se alguma mudança física recente foi incorporada a imagem corporal do paciente.
16 Ajudar o paciente a identificar ações que melhorem a aparência.
17 Encorajar o paciente a participar de programas de grupo para treinamento da memória, conforme apropriado;
3 Permitir que o paciente ouça a linguagem falada com frequência;
3 Ouvir o paciente com atenção;
20 Manter as oportunidades de visitas flexíveis para o atendimento das necessidades do paciente e da família;
6 Oferecer dieta rica em fibras;
8 Observar sinais verbais e não verbais de ansiedade;
160
ANEXO H – Entrevistas - Autorrelatos
Entrevistas - Autorrelatos
1) Qual a sua formação de ensino sobre o Processo de Enfermagem?
2) Qual a sua experiência profissional com o Processo de Enfermagem?
3) De que forma está sendo realizado o registro de suas práticas profissional
no Núcleo a qual trabalha?
4) Como você vê a aplicação do Processo de Enfermagem aqui na Instituição?
5) Para você quais as Classificações de Enfermagem deveriam ser utilizadas
aqui?
6) Para você qual a diferença entre SAE e Processo de Enfermagem?
7) Quais as fases do Processo de Enfermagem você aplica na prática?
8) De que forma você observa os Diagnósticos de Enfermagem na prática?
9) O que você gostaria de saber sobre o Processo de Enfermagem?