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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE PPG-CAPS MAYARA MALHADO PERFIL FARMACOCINÉTICO DE NANOPARTÍCULAS DE POLI (METIL METACRILATO) CONTENDO PRAZIQUANTEL Niterói 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS APLICADAS

A PRODUTOS PARA SAÚDE – PPG-CAPS

MAYARA MALHADO

PERFIL FARMACOCINÉTICO DE NANOPARTÍCULAS DE POLI

(METIL METACRILATO) CONTENDO PRAZIQUANTEL

Niterói

2015

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MAYARA MALHADO

PERFIL FARMACOCINÉTICO DE NANOPARTÍCULAS DE

POLI (METIL METACRILATO) CONTENDO PRAZIQUANTEL

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a

Produtos para Saúde da Universidade

Federal Fluminense, como Requisito parcial

para a obtenção do Grau de Mestre.

Área de concentração: Interdisciplinar.

Orientadora: Prof

a. Dr

a. Sabrina Calil Elias

Niterói

2015

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MAYARA MALHADO

PERFIL FARMACOCINÉTICO DE NANOPARTÍCULAS DE

POLI (METIL METACRILATO) CONTENDO PRAZIQUANTEL

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a

Produtos para Saúde da Universidade

Federal Fluminense, como Requisito parcial

para a obtenção do Grau de Mestre.

Área de concentração: Interdisciplinar.

Apresentada em 31 de março de 2015

BANCA EXAMINADORA

Dra. Sabrina Calil Elias – UFF

Orientadora

Dra. Sandra Aurora Chavez Perez Rodrigues – FioCruz

Dr. Marcelo Cossenza Pettezzoni de Almeida – UFF

Dra. Carla Valéria Vieira Guilarducci Ferraz – UFF

Niterói

2015

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M249

Malhado, Mayara

Perfil farmacocinético de nanopartículas de poli

(metil metacrilato) contendo Praziquantel / Mayara

Malhado; orientadora: Sabrina Calil Elias – Niterói,

2015.

83 f.

Dissertação (Mestrado)- Universidade Federal

Fluminense, 2015.

1. Farmacocinética 2. Praziquantel 3. Nanopartículas

4. Esquistossomose I. Calil-Elias, Sabrina. II.

Título.

COD 615.7

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DEDICATÓRIA

A Deus, a minha mãe Maria Helena, ao meu

namorado Gabriel, aos meus amigos e aos

alunos e professores do Laboratório de

Farmacologia da Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal Fluminense.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida. Por sua graça e amor que excede todo entendimento.

Pelo renovar das forças a cada manhã, pelas oportunidades, pela saúde e por tudo que

tenho e sou.

A minha mãe Maria Helena, pelo amor incondicional. Pelo exemplo de força, fé,

coragem e perseverança. Por me incentivar a buscar meus sonhos. Pela compreensão,

pelo cuidado, pela dedicação. Por se fazer presente, mesmo fisicamente distante.

Ao meu namorado Gabriel Lowenthal pelo amor, carinho, cuidado e proteção.

Pela companhia nas longas horas de experimento. Pelos abraços e sorrisos que

acalentam o coração.

A minha orientadora, professora Dra. Sabrina Calil Elias pela oportunidade,

dedicação e confiança. Por me ensinar a não desistir e por incentivar meu crescimento

profissional

A Tabita Melo e Fernanda Ribeiro, por serem minhas irmãs de alma. Pela

compreensão, carinho, orações e apoio. Por compreenderem minha ausência. Pela

amizade e companheirismo em todos os momentos.

Aos doutores José Carlos Pinto, Laís Bastos da Fonseca e Alessandra Lifsitch

Viçosa e pela oportunidade de participar desse projeto. Por disponibilizarem recursos

para o desenvolvimento dos experimentos.

A equipe do Laboratório de Farmacocinética da Fundação Oswaldo Cruz pelo

apoio e recepção. Em especial ao Douglas Pinto e Aline Campos pelo ensino e auxílio

no desenvolvimento das técnicas dos ensaios analíticos e ao Gabriel Silveira pela

dedicação, paciência e colaboração com as análises.

A professora Dra. Déborah Quintaninha Falcão pela revisão do trabalho.

Aos amigos do Laboratório de Farmacologia da Faculdade de Farmácia (UFF),

por me agregar valores de companheirismo e desenvolvimento de trabalho em equipe.

Pelo incentivo, pelas conversas e risadas, mesmo em situações adversas.

A Angélica Silveira e Rafaela Gomes pelo auxílio na execução dos

experimentos; a Mara Ribeiro, pela disponibilidade e orientação; Thaisa Amorin,

Paula Borges, Wilian Spudeit, Tiago Leite e Tarciana Lima pela companhia, suporte e

trocas de experiência e as alunas de iniciação científica Juliana Peixoto, Paula L.

Marotta, Tainá Garcia e Thaís Bravo pela dedicação e profissionalismo.

Ao apoio financeiro da COPPE, CNPQ e CAPES, que subsidiaram o

desenvolvimento do trabalho.

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“Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia

da sua vida.”

Confúncio

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RESUMO

Praziquantel (PZQ) é o fármaco recomendado pela Organização Mundial de Saúde para

o tratamento da esquistossomose. No Brasil é comercializado apenas sob a forma de

comprimido, o que complica o tratamento de crianças tanto devido à dificuldade de

adequação da dose, como pelo sabor extremamente amargo. Nesse sentido,

Nanopartículas de Poli (Metil Metacrilato) contendo PZQ (PMMA-PZQ) foram

desenvolvidas pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Engenharia de Polimerização

da COPPE-UFRJ, visando a elaboração de suspensão de PZQ. O presente estudo

objetivou avaliar o perfil farmacocinético de PZQ administrado em nanopartículas

(PZQ-NP) e compará-lo ao perfil farmacocinético de PZQ administrado na forma livre

(PZQ-L), como fase pré-clínica do desenvolvimento de nova formulação farmacêutica.

Foram utilizados ratos Wistar, fêmeas, com peso entre 200 e 300 g. O sangue foi

coletado nos tempos 0, 5 min, 10 min, 15 min, 20 min, 30 min, 1 h, 1:30 h, 2 h, 4 h, 8 h,

10 h, 12 h e 24 h após a administração por via oral, em dose única, de 60 mg/ kg de

PZQ suspendido em 1 mL de água com 2% de Cremophor® (grupos PZQ-NP e PZQ-L)

ou 1 mL de veículo (grupo controle). A manipulação e os procedimentos com os

animais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade

Federal Fluminense. O PZQ foi extraído do plasma utilizando extração líquido-líquido

com terc-butil-metil éter. O diazepam foi utilizado como padrão interno e a análise das

amostras foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acomplada a

Espectrometria de Massas. Os valores obtidos para Concentração máxima (Cmáx) e Área

Sob a Curva (ASC0-t e ASC0-∞) do grupo PZQ-NP foram aproximadamente 3 vezes

menor comparado ao grupo PZQ-L. No entanto, o tempo para atingir a concentração

máxima (Tmáx), a constante de eliminação (Ke) e o tempo de meia vida de eliminação (T

1/2β) não apresentaram valores estatísticamente diferentes. Estes resultados sugerem que

a absorção é possivelmente a etapa limitante para obtenção de melhores parâmetros

farmacocinéticos de PZQ adminstrado em nanopartículas de PMMA. Assim, são

necessários mais estudos visando a compreensão dos mecanismos de absorção das

nanopartículas de PMMA-PZQ e do processo de liberação do fármaco a partir matriz

polimérica in vivo para que o nanosistema seja aprimorado e o produto disponibilizado

para uso clínico.

Palavras chaves: Praziquantel, Nanopartículas de Poli (metil metacrilato),

farmacocinética.

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ABSTRACT

Praziquantel (PZQ) is the drug recommended by the World Health Organization for the

treatment of schistosomiasis. In Brazil it is comercialised only in tablet, which

complicates the treatment of children because of the difficulty of adapting the dose , and

its extremely bitter taste. In this way, PZQ loaded in Poly(methyl methacrylate)

Nanoparticle (PMMA-NP) were developed at Laboratório de Engenharia de

Polimerização (COPPE –UFRJ), in order to develop PZQ suspension. This study aimed

to evaluate the pharmacokinetic profile of PZQ loaded in nanoparticles ( PZQ -NP ) and

compare it to the pharmacokinetic profile of PZQ administered in free form ( PZQ -L ) ,

as pre- clinical phase of the new pharmaceutical formulation development. Wistar rats,

femeles, weighing nearby 300 g were used, was the experimental model employed.

Blood was collected at 0, 5 min, 10 min , 15 min, 20 min, 30 min , 1 h 1:30 h , 2 h , 4 h,

8 h , 10 h , 12 h and 24 h after orally administration at a single dose of 60 mg / kg PZQ

suspended in 1 ml of water containing 2% Cremophor® ( NP - PZQ groups and PZQ -

L) or 1 ml of vehicle (control group). The handling and procedures with animals were

approved by the Ethics Committee on Animal Use of Universidade Federal Fluminense.

PZQ was extracted from plasma by liquid-liquid extraction with terc-butyl methyl ether.

Diazepam was used as internal standard and the analysis of samples was performed by

High Performance Liquid Chromatography Efficiency tandem Mass Spectrometry. The

values obtained for Maximum Concentration (Cmax) and Area Under Curve (ASC0-t and

ASC0 0-∞ ) for group PZQ-NP were about 3 times lower compared to PZQ-L group .

However , the time for achieving maximum concentration ( Tmax ), the elimination

constant (Ke) and the half-life time of elimination (T 1/2β) were not statistically

different. These results suggest that the absorption is probably the rate-limiting step for

obtaining better pharmacokinetic parameters of PZQ administrated on PMMA

nanoparticles. Thus, further studies are needed to understand both the PMMA – PZQ

absorption mechanisms, as the process of drug release through polymer matrix in vivo,

in order to enhanced the nanosystem and then the product to become available for

clinical use.

Palavras chaves: Praziquantel, Poly (methyl methacrilate) Nanoparticle,

pharmacokinetic.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO, p.17

2. REFERENCIAL TEÓRICO, p. 20

2.1 Esquistossomose, p. 20

2.1.1 Tratamento, p. 21

2.2 Praziquantel, p. 22

2.2.1 Farmacodinâmica, p. 23

2.2.2 Farmacocinética, p. 24

2.3 Nanotecnologia e nanopartículas, p. 25

2.3.1 Nanoparticulas poliméricas, p.26

2.4 Cinética das nanopartículas in vivo, p.8

2.4.1 Absorção, p. 28

2.4.1.1 Internalização celular de nanopartículas, p. 29

2.4.1.2 Destino intracelular e escape do endossoma, p.31

2.4.2 Distribuição, p. 32

2.4.3 Biotransformação e eliminação, p. 33

2.5 Toxicidade, p.34

2.6 Farmacocinética pré-clínica, p. 35

3. OBJETIVOS, p.36

3.1 Objetivo geral, p. 36

3.2 Objetivos específicos, p. 36

4. MATERIAIS E MÉTODOS, p. 37

4.1 Equipamentos e instrumentos de uso geral, p. 37

4.1.1 Componentes e equipamentos utilizado para a análise e identificação das amostras, p. 37

4.1.2 Padrões, p. 37

4.1.3 Solventes, reagentes e soluções, p. 38

4.2 Animais, p.38

4.3 Dose e esquema de administração, p. 38

4.4 Preparo da gavage, p. 39

4.4.1 Grupo controle, p. 39

4.4.2 Grupo PZQ-L e grupo PZQ-NP, p. 39

4.5 Coleta das amostras, p. 40

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4.6 Coleta de branco de plasma normal (BPN), p. 40

4.7 Eutanásia, p. 40

4.8 Metodologia analítica, p. 41

4.8.1 Apresentação do método, p. 41

4.8.2 Preparo das soluções mestre e soluções de trabalho, p. 41

4.8.3 Extração de Praziquantel e do padrão interno das amostras , p. 42

4.8.4 Condições cromatográficas, p. 43

4.8.4.1 Tempos de retenção, p.43

4.8.5 Condições do espectômetro de massas, p. 44

4.8.6 Curva de calibração, p.45

4.9 Validação do método analítico, p.45

4.9.1 Teste de quantificação inicial (TQI), p. 46

4.9.2 Teste de estabilidade curta de soluções de trabalho (TEBCST), p. 46

4.9.3 Teste de estabilidade longa de soluções de trabalho (TEBLST), p. 47

4.9.4 Teste de estabilidade curta em plasma (TEBCP), p. 47

4.9.5 Teste de estabilidade pós-processamento (TEBPP), p. 48

4.9.6 Teste de estabilidade pós-ciclo de congelamento e descongelamento (TEBCD), p. 49

4.9.7 Precisão e exatidão, p. 49

4.10 Análise das amostras, p. 50

4.11 Análise estatística, p. 50

5. RESULTADOS, p. 51

5.1 Desenvolvimento do método analítico, p. 51

5.2 Validação do método analítico, p. 53

5.2.1 Teste de quantificação inicial (TQI), p. 53

5.2.2 Teste de estabilidade curta de soluções de trabalho (TEBCST), p. 53

5.2.3 Teste de estabilidade longa de soluções de trabalho (TEBLST), p. 53

5.2.4 Teste de estabilidade curta em plasma (TEBCP), p. 54

5.2.5 Teste de estabilidade pós-processamento (TEBPP), p. 54

5.2.6 Teste de estabilidade pós-ciclo de congelamento e descongelamento (TEBCD), p. 55

5.2.7 Precisão e exatidão, p. 55

5.2.7.1 Precisão e exatidão intracorrida, p. 54

5.2.7.2 Precisão e exatidão intercorridas, p. 56

5.3 Avaliação farmacocinética, p. 58

6. DISCUSSÃO, p. 61

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7. CONCLUSÃO, p. 66

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 67

9. ANEXOS, p. 74

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LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS

Figura 1: Fórmula estrutural do praziquantel, f. 22

Figura 2: Fórmula estrutural do diazepam, f. 41

Quadro 1: Condições cromatográficas para análise, f. 43

Quadro 2: Tempos de retenção, f. 44

Quadro 3: Parâmetros individuais dos íons monitorados, f. 44

Quadro 4: Pressão dos gases e temperatura do gás de secagem, f. 45

Figura 3: Curva de calibração da corrida analítica, f. 51

Figura 4: Cromatogramas obtidos para branco de plasma e para uma amostra

desconhecida, f.52

Tabela 1: Resultado obtido para o teste de precisão e exatidão intercorridas, f. 56

Figura 5: Curva de concentração plasmática média de Praziquantel em função de tempo, f. 58

Figura 6: Parâmetros farmacocinéticos de Praziquantel após administração de PZQ-L

(n = 7) e PZQ-NP (n = 5) em ratos, f. 59

Tabela 2: Parâmetros farmacocinéticos de Praziquantel administrado por via oral na

forma livre e em nanopartículas de PMMA, f. 60

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASC0-∞ - Área Sob a Curva do tempo 0 até o infinito

ASC0-t - Área Sob a Curva do tempo 0 até 24h

BPN - Branco do Plasma Normal

BPZ – Branco de Plasma Normal fortificado com Diazepam

C – Controle

CAD – gás de colisão

CCAL - Curva de Calibração

CE – energia de colisão

CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais

Cl – Clearance

CLAE-EM - Cromotografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massa

Cmáx – Concentração Máxima

COPPE – Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia

Cp – Concentração Plasmática

CQ - Controle de Qualidade

CQA - Controle de qualidade de Alta Concentração

CQB - Controle de Qualidade de Baixa Concentração

CQD - Controle de Qualidade de Diluição

CQLIQ - Controle de Qualidade do Limite Inferior de Quantificação

CQM – Controle de Qualidade de Média Concentração

CUR – gás de interface

CV - Coeficiente de Variação

CXP – potencial de saída

DP – potencial de desaglomeração

DPR - Desvio Padrão Relativo

DZP – Diazepam

E – Acurácia

EDGMA – Dimetacrilato de etilenoglicol

EMC - Endocitose mediada por Clatrina

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EMCv - Endocitose Mediada por Caveolina

EP – potencial de entrada

EPR - Erro Padrão Relativo

ESI+

- eletronebulização positiva

FioCruz - Fundação Oswaldo cruz

Fr – Biodisponibilidade Relativa

g – Grama

GS1 – gás de nebulização

GS2 – gás secante

h – Hora

HPLC - High-Performance Liquid Chromatographic

INCQS – Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde

Ke – Constante de Eliminação

Kg – Kilograma

L – Litro

LAB.SEFAR- Laboratório da Farmacocinética

m/z – razão massa/carga

µg – micrograma

min – minuto

mL – mililitro

mm – milímetro

MRM - Monitoramento de Reações Múltiplas

ms – milissegundos

NAL – Núcleo de Animais de Laboratório

ng – Nanograma

NP – nanopartícula

OMS - Organização Mundial de Saúde

PEG - Poli Etileno Glicol

PI – Padrão Interno

PK - Farmacocinética

PMMA - Poli Metil Metacrilato

PMMA-NP-PZQ - Nanopartícula de Poli (metil metaacrilado) contendo Praziquantel

PZQ - Praziquantel

PZQ-L - Praziquantel Livre

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PZQ-NP - Praziquantel em Nanopartículas

r = Coeficiente de Correlação Linear

RDC – Resolução de Diretoria Colegiada

rpm – Rotação por Minuto

SI – Sistema Internacional

SME-DZP - Solução Mestre de Diazepam

SME-PZQ - Solução Mestre do Praziquantel

SRP - Solução Recém Preparadas

STB01-PZQ - Solução de Trabalho do Praziquantel

STBI - Solução de Trabalho do Padrão Interno

T – Temperatura

T ½ β – Tempo de meia-vida de eliminação

TBME - Metil - t- butil – éter

TEBCD - Teste de Estabilidade após Ciclos de Congelamento e Descongelamentos

TEBCP - Teste de Estabilidade Curta em Plasma

TEBCST - Teste de Estabilidade Curta de Soluções de Trabalho

TEBLDP - Teste de Estabilidade de Longa Duração em Plasma

TEBLST - Teste de Estabilidade Longa de Soluções de Trabalho

TEBPP - Teste de Estabilidade Pós- Processamento

Tmáx – Tempo para alcançar a Concentração Máxima

TQI - Teste de Quantificação Inicial

UFF – Universidade Federal Fluminense

UFRJ – Universidade Federal Fluminense

UI – Unidade Internacional

V – Voltz

Vd – Volume de distribuição

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LISTA DE ANEXOS E APÊNDICES

ANEXO I: Certificado Padrão de Referência do Praziquantel – USP, p. 75

ANEXO II: Certificado Padrão de Referência do Diazepam – INCQS, p. 77

ANEXO III: Parecer consubstanciado do CEUA – UFF, p. 79

APÊNDICE I: Espectro de Massas do íon precursor do analito, p. 80

APÊNDICE II: Espectro de Massas do íon produto do analito, p. 81

APÊNDICE III: Espectro de Massas do íon precursor do padrão interno, p. 82

APÊNDICE IV: Espectro de Massas do íon precursor do padrão interno, p. 83

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INTRODUÇÃO

A esquistossomose é uma doença parasitária que, de acordo com a Organização

Mundial de Saúde (OMS), é o principal problema de saúde pública associada com

mortalidade e morbidade severa (WHO, 2011). Estima-se que aproximadamente 240 milhões

de pessoas estejam afetadas por esta doença no mundo e mais de 700 milhões vivem em áreas

endêmicas (WHO, 2013). Nas áreas tropicais e subtropicais, a esquistossomose é a segunda

doença mais importante em termos sócio-econômicos, sendo superada apenas pela malária

(WHO, 2006). No Brasil, em 2011 foram confirmados 64.811 casos positivos dessa doença,

com 524 mortes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

A estratégia para o controle dessa doença visa prevenir a morbidade através de

tratamento regular com Praziquantel, que atualmente é o único medicamento recomendado

(WHO, 2013). Embora o exato mecanismo de ação do Praziquantel contra as larvas de

esquistossoma seja ainda desconhecido, sua eficácia é julgada pela cessação da excreção de

ovos do parasito pelas fezes e/ou urina (STOTHARD, SOUSA-FIGUEIREDO e

NAVARATNAM, 2013).

O Praziquantel é um fármaco de classe II, isto é, apresenta baixa solubilidade aquosa e

alta permeabilidade pelas membranas do trato gastrointestinal. Esses fatores são fundamentais

no processo de absorção e, consequentemente, na biodisponibilidade do fármaco

(LINDENBERG et al., 2004). No entanto, apesar de apresentar boa absorção sofre rápido

efeito de primeira passagem, o que diminui sua biodisponibilidade. Esse fato tem sido

apontado como a causa das falhas no tratamento da esquistossomose (MOURÃO et al., 2005).

Muitos esforços têm sido feitos para contornar esta questão, por exemplo, a

administração concomitante com cimetidina ou alimento (para aumentar os níveis plasmáticos

do fármaco), uso de adjuntantes como β-ciclodextrinas e polivinilpirrolidinas (para aumento

da taxa de dissolução) e o uso de lipossomas (para aumentar a efetividade do medicamento)

(YANG et al., 2009).

No Brasil, o Praziquantel é comercializado apenas sob a forma de comprimido e não

existe formulação pediátrica, apesar de muitas crianças se infectarem por Schistosoma

mansoni, Schistosoma haematobium e Schistosoma japonicum, principais espécies

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responsáveis por infecções em humanos (BARRY et al., 2013). Dessa forma, o tratamento

dessa população é especialmente complicado, devido tanto a dificuldade de adequação da

dose (a dose recomendada é de 40 mg/kg) com a não adesão à terapia pelo sabor

extremamente amargo do fármaco, que se torna mais evidente quando o comprimido é

macerado (FONSECA et al., 2013b). O desenvolvimento de outras formas farmacêuticas

contendo Praziquantel como princípio ativo é difícil devido a hidrofobicidade do fármaco.

Uma alternativa promissora para o desenvolvimento de fármacos com baixa

hidrossolubilidade é a preparação em nanopartículas poliméricas (FONSECA et al., 2013b).

Por apresentarem estabilidade coloidal, resistência química e serem de fácil produção, as

nanopartículas têm ocupado posição de destaque entre os sistemas de liberação de fármacos

atualmente disponíveis (LANDFESTER, MUSYANOVYCH e MAILANDER, 2010).

Além do potencial incremento das propriedades de dissolução de fármacos

hidrofóbicos, as nanopartículas aumentam a biodisponibilidade, melhoram a

proporcionalidade de doses, reduzem a variabilidade em indivíduos alimentados ou em jejum,

reduzem a variabilidade inter-pacientes, melhoram a taxa de absorção e permitem o

mascaramento do sabor (FONSECA et al., 2013a; MÜLLER, JACOBS e KAYSER, 2001).

Neste sentido, nanopartículas poliméricas de poli (metil metacrilato) contendo

Praziquantel (PMMA-PZQ-NP) foram sintetizadas pelo grupo de pesquisa do Laboratório de

Engenharia de Polimerização da COPPE/UFRJ, utilizando a técnica de polimerização por

miniemulsão em etapa única (in situ). A miniemulsão foi preparada pela mistura da fase

orgânica composta por monômero, óleo mineral, Praziquantel e agente reticulante

dimetacrilato de etilenoglicol (EGDMA) e uma fase aquosa composta por água, lauril sulfato

de sódio e bicarbonato de sódio. As fases foram misturadas utilizando homogeneizador de alta

pressão, com temperatura de reação de 90°C. As nanopartículas sintetizadas apresentaram

diâmetro médio de 98,7 nm e teor de Praziquantel em torno de 10 % em relação a massa do

polímero (100 mg de PZQ/ g de NP), com perfil de liberação in vitro do fármaco de 85 % em

15 min (FONSECA et al., 2013b).

A avaliação da farmacocinética em modelos animais dessa forma farmacêutica se

insere no desenvolvimento pré-clínico de medicamentos (PANCHAGNULA e THOMAS,

2000) e é importante na decisão de continuidade do desenvolvimento, tanto de novos

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fármacos, como de novas formulações (MASIMIREMBWA, BREDBERG e ANDERSSON,

2003; TANG, LU, 2009). A farmacocinética tem validade preditiva na construção de regimes

posológicos para estudos clínicos e possui estreita relação com a farmacodinâmica e com a

toxicodinâmica (ASSUMPÇÃO, 2011).

Assim, o presente estudo visa a avaliação do perfil farmacocinético de PMMA-PZQ-

NP em ratos, utilizando Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria

de Massas (CLAE-EM/EM).

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ESQUISTOSSOMOSE

A esquistossomose é uma das doenças tropicais mais importantes com milhões de

pessoas infectadas ou em risco de infecção ao redor do mundo (WHO, 2013). É uma infecção

parasitária fluvial que dá origem a uma resposta inflamatória crônica, tipificada por lesões

imunopatológicas ao redor dos ovos do parasita presos dentro do tecido do hospedeiro

(STOTHARD, SOUSA-FIGUEIREDO e NAVARATNAM, 2013). É a mais importante

infecção helmíntica em termos de mortalidade e morbidade no mundo (KING, 2010).

A esquistossomose é causada por trematódeos digenéticos no sangue. As três

principais espécies que infectam os seres humanos são Schistosoma haematobium, S.

japonicum e S. mansoni (BARRY et al., 2013; FRIEDMAN et al., 2007). Além disso, outras

espécies de esquistossomas, que parasitam as aves e os mamíferos, podem causar dermatite

cercariana em seres humanos (COLLEY et al., 2014).

Há uma interdependência (como parte do ciclo de vida do parasita) com caramujos

aquáticos e condições específicas de baixo saneamento básico e condições de tratamento da

água (STOTHARD, SOUSA-FIGUEIREDO e NAVARATNAM, 2013).

Os ovos dos parasitas são eliminados com as fezes ou urina. Sob condições ideais, os

ovos eclodem e ocorre a liberação de miracídios, que nadam e penetram nos caramujos

hospedeiros intermediários específicos. Os estágios no caramujo incluem duas gerações de

esporocistos e a produção de cercárias. Após a liberação do caracol, a cercária infecciosa

penetra na pele do hospedeiro humano, perdendo a sua cauda bifurcada, tornando-se

esquistossômulos. Na circulação sanguínea, os esquistossômulos migram por vários tecidos e

estágios. Vermes adultos nos seres humanos residem nas vênulas mesentéricas em diversos

locais, que parecem ser específicas para cada espécie (COLLEY et al., 2014).

Fêmeas dos vermes adultos de S. japonicum e S. mansoni são encontrados nas veias

mesentéricas, gerando inflamação granulomatosa e fibrose em resposta aos ovos depositados

e aprisionados nos sinusóides hepáticos, resultando em doença hepatoesplênica, febre de

Katayama, granulomas hepáticos perisinusoidais e hipertensão portal. Além disso, os ovos

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danificam a submucosa intestinal durante sua migração através da parede intestinal para ser

eliminado nas fezes (COLLEY et al., 2014; FRIEDMAN et al., 2007).

Schistosoma haematobium reside no plexo venoso que rodeia o trato urinário. A

doença é causada pela inflamação crônica e cicatrizes da bexiga e do trato urogenital, uma vez

que os ovos não atravessam a bexiga para serem eliminados na urina (FRIEDMAN et al.,

2007). Schistosoma haematobium também pode ser encontrada nas vênulas retais e sua

doença também inclui hematúria, calcificação e carcinoma de células escamosas. Além disso,

ocasionais granulomas ovo-embólicos no cérebro ou na medula espinhal podem ocorrer pela

infecção das três espécies de Schistosoma: S. mansoni, S. haematobium e S.japonicum

(COLLEY et al., 2014).

Esquistossomose crônica reduz a capacidade de trabalhar e, em alguns casos, resulta

em morte. Em crianças, causa anemia, nanismo e redução da capacidade de aprendizado

(WHO, 2013). Há evidência que a infecção na infância aumenta a morbidade da doença

(BARRY et al., 2013).

Crianças e adolescentes estão sendo cada vez mais reconhecidos como importantes

fatores na transmissão ambiental, pois estas populações infectadas liberam grande número de

ovos do parasita e têm frequentemente contato com fontes de água não tratada (durante o

banho e recreação, por exemplo) (BARRY et al., 2013).

2.1.1. Tratamento

Atualmente, o tratamento de humanos infectados com esquistossoma é primariamente

focado na quimioterapia com praziquantel (PQZ) (QI e CUI, 2013). PQZ é o principal

fármaco disponível para o tratamento de pacientes individuais e particularmente para o

controle da morbidade da esquistossomose de uma população, devido ao seu amplo espectro

de atividade, perfil de segurança, facilidade de administração e custo (QI e CUI, 2013; WHO,

2011; UTZINGER et al., 2011).

Outros fármacos anti-esquistossômicos, Metrifonato e Oxamniquine, são

caracterizados por deficiências no perfil terapêutico. Metrifonato é ativo apenas contra S.

haematobium enquanto Oxamniquine mostra atividade apenas contra S. manoni (UTZINGER

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et al., 2011; CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003). Adicionalmente, esses medicamentos não

têm sido usados contra esquistossomose e tem se tornado de difícil obtenção (UTZINGER et

al., 2011), o que torna o Praziquantel efetivamente o fármaco de escolha para o tratamento

dessa doença. PZQ também é indicado para o tratamento de teníase, cisticercose e infecções

por Diphyllobothrium spp e Hymenolepis nana e faz parte da lista de fármacos essenciais da

OMS (WHO, 2006).

No Brasil, para uso em humanos, Praziquantel é comercializado apenas sob a forma de

comprimidos de 150, 500 e 600 mg. Sua posologia é feita de acordo com a massa corporal do

paciente (ANVISA, 2015).

2.2. PRAZIQUANTEL

Praziquantel é o nome genérico para (±)-2ciclo-hexilcarbonil-1,2,3,6,7,11b-hexa-

hidro-4H-pirazino[2,1-a]isoquinolin-4-ona (THE MERCK INDEX, 2001) (figura 1).

O composto é estável em condições normais de armazenamento e é comercializado

como mistura racêmica (1:1 na mistura de enântiomeros), mas apenas o R-(-)-enantiômero

apresenta atividade antiesquistossomicida (DOENHOFF, CIOLI e UTZINGER, 2008) e

ambos os isômeros têm toxicidade (UTZINGER et al., 2011).O Praziquantel apresenta-se

como pó branco ou praticamente branco, cristalino, fotossensível, higroscópico, de sabor

amargo, inodoro ou com leve odor. É praticamente insolúvel em água, mas bastante solúvel

álcool e outros solventes orgânicos (THE MERCK INDEX, 2001).

Figura 1: Fórmula estrutural do Praziquantel.

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2.2.1. Farmacodinâmica

O exato mecanismo de ação do Praziquantel ainda não foi determinado. Há evidência

experimental de que PZQ aumenta a permeabilidade das membranas do parasita ao íon cálcio,

unindo-se aos locais de ligação reconhecidos da proteína quinase C, em uma subunidade β

dos canais de Ca2+

controlados por voltagem do esquistossomo. Portanto, o fármaco induz a

contração do parasita resultando em paralisia no estado contraído. Os parasitos mortos são

desalojados do seu local de ação no organismo hospedeiro e entram na circulação sistêmica

ou são destruídos pelo sistema imune do hospedeiro (por fagocitose), uma vez que um dos

efeitos do PQZ é aumentar a exposição de antígenos na superfície da larva, o que torna o

parasita mais suscetível ao ataque por anticorpos (DOENHOFF, CIOLI e UTZINGER, 2008;

ALI, 2006).

Por ser um fármaco de baixa toxicidade, é considerado seguro e os efeitos adversos

são mínimos. Quando ocorrem, os efeitos indesejáveis são leves, transitórios e de rara

importância clínica. Os efeitos indiretos, como febre, prurido, urticária, erupções, artralgia e

mialgia são encontrados ocasionalmente e estão relacionados com a carga parasitária (RIDI e

TALLIMA, 2013).

Para o tratamento da esquistossomose, a dose recomendada é de 40-60 mg/Kg de peso

corporal em dose única, ou 3 doses de 20 mg/Kg em intervalo de 8h por um dia

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

Em áreas endêmicas, as intervenções são voltadas para a administração em massa de

uma única dose de Praziquantel (PZQ) de 40 mg/kg de peso, de acordo com as

recomendações internacionais para a quimioterapia preventiva (STOTHARD, SOUSA-

FIGUEIREDO e NAVARATNAM, 2013).

O Praziquantel não foi formalmente testado em gestantes e lactantes e é, portanto,

classificado como Categoria B, ou seja, é um fármaco presumidamente seguro, baseado em

estudos em animais (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003). O risco benefício deve ser

avaliado para administração neste grupo de pacientes.

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2.2.2. Farmacocinética

Praziquantel administrado oralmente é absorvido pelo trato gastrointestinal, com nível

sanguíneo mensurável após 15 min (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003). A farmacocinética

do PZQ é dependente da dose e seu pico plasmático é alcançado 1 a 2 horas após sua

administração em voluntários normais. ((RIDI e TALLIMA, 2013, ALI, 2006). A

concentração plasmática após uma dose padrão de 40 mg/Kg mostra ampla variação inter-

indivíduo em uma taxa de 200–2.000 ng/ml (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003).

É amplamente distribuído pelo organismo e atravessa a parede do trato gastrointestinal

e a membrana hemato-encefálica, alcançando o Sistema Nervoso Central. Seu volume de

distribuição não foi determinado (ALI, 2006). A porcentagem de ligação à proteínas

plasmáticas é de 80% (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003).

O Praziquantel sofre intenso efeito de primeira passagem pelo fígado, com formação

de muitos derivados hidroxilados e conjugados inativos, diminuindo sua biodisponibilidade, o

que resulta em concentrações plasmáticas desses metabólitos no mínimo 100 vezes maiores

que a do PZQ (ALI, 2006).

É estereoseletivamente biotransformado no fígado pelas enzimas do citocromo P40,

particularmente pelas isoformas 2B1 e 3A (ALI, 2006; CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003).

Os principais metabóltitos são os compostos cis e trans-4-hidroxilpraziquantel. Outros

metabólitos foram identificados e isolados, mas as estruturas permanecem desconhecidas

(ALI, 2006).

A biodisponibilidade do Praziquantel é aumentada pela administração simultânea de

substâncias que inibem a atividade do citocromo P450 (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003).

Por exemplo, cimetidina aumenta a biodisponibilidade do PQZ e pode ser associada ao

tratamento de neurocisticercose, em que altas concentrações do PZQ são requeridas (CIOLI e

PICA-MATTOCCIA, 2003; JUNG et al., 1997).

Sua meia-vida plasmática é de 0,8-3 h, em comparação com as 4-6 h dos seus

metabólitos. Em torno de 70% da dose oral de PZQ pode ser recuperada na forma de seus

metabólitos na urina durante as primeiras 24 h (CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003). Em

humanos, metabólitos são completamente eliminados em aproximadamente 4 dias após a

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ingestão por via oral (ALI, 2006). Tanto PQZ quanto seus metabólitos são excretados no leite

(CIOLI e PICA-MATTOCCIA, 2003).

O Praziquantel é classificado pelo Sistema de Classificação Biofarmacêutica como um

fármaco Classe II, ou seja, possui baixa solubilidade aquosa e alta absorção no trato

gastrointestinal (YANG et al., 2009). Essa hidrofobicidade dificulta o desenvolvimento de

formulações farmacêuticas diferentes de comprimido (ZHANG, et al., 2011; MULLER,

JACOBS e KAYSER, 2001).

Diversos fatores têm sido apontados como responsáveis pela falha do tratamento da

esquistossomose. Entre eles: a baixa biodisponibilidade do PZQ (devido a sua baixa

hidrossolubilidade e extensa conversão em compostos inativos ou menos potentes após

absorção oral), seu sabor extremamente amargo (que provoca a não adesão de crianças ao

tratamento) e a inexistência de formulações que permitam a administração da dose correta

para eliminação do parasito (como as soluções ou suspensões) (FONSECA et al., 2013a;

YANG et al., 2009; XIE et al., 2011).

Nesse sentido, novas estratégias têm sido desenvolvidas, como comprimidos de

liberação sustentada (CHOI et al., 2006), formulações lipossomais (FREZZA et al., 2013),

complexação com ciclodextrinas (MARAGOS et. al., 2009), entre outras (SOUZA et al.,

2012; XIE et al., 2011; YANG et al., 2009). No entanto, sistemas nanoparticulados tem se

destacado como excelente alternativa (FONSECA et al., 2013b; DAS e CHAUDHURY,

2011).

2.3. NANOTECNOLOGIA E NANOPARTÍCULAS

O prefixo “nano” vem do Grego antigo νάνος, que em Latim significa “anão”. Com a

convenção do Sistema Internacional (SI), esse termo é usado para indicar um fator de redução

de 109 vezes (RANJIT e BAQUEE, 2013).

Nanotecnologia envolve o desenho, desenvolvimento, caracterização e aplicação de

materiais em nanoescala (10-9

m) e tem sido extensivamente estudada para aplicação na área

médica (CHEN et al., 2013; UKAN, 2012; LANDFESTER, MUSYANVYCH e

MAILANDER, 2010; ZHANG et al., 2010). Engloba a compreensão e o controle de materiais

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em escala manométrica que apresentam propriedades físico-químicas únicas, incluindo

tamanho ultra pequeno, alta superfície de contato em relação a massa, alta reatividade e

interações únicas com sistemas biológicos (ZHANG, et al., 2011; ZHANG et al., 2010).

Para aplicação na área farmacêutica, a grande área de superfície de sistemas em escala

nanométrica pode permitir a liberação do fármaco de forma mais rápida e, portanto, menor

tempo é necessário para alcançar concentração elevada no sítio de absorção (ZHANG et al.,

2011). Este efeito é mais proeminente para substâncias com baixa solubilidade aquosa, como

os fármacos categorizados como Classe II e IV pelo Sistema de Classificação

Biofarmacêutica (ZHANG, et al., 2011; LINDENBERG et al., 2004).

Muitas vantagens baseadas nesses sistemas de liberação são reconhecidas, incluindo a

melhoria da solubilidade plasmática do fármaco, prolongando o tempo de circulação

sistêmica; liberação do fármaco de maneira sustentada e controlada, além da possibilidade de

conter múltiplos fármacos, facilitando a terapia combinada e proteção de moléculas que são

degradadas bioquimicamente no organismo, como proteínas e ácidos nucleicos e o

mascaramento do sabor (CHEN et al., 2013; ZHANG et al., 2010).

Assim, ao inserir fármacos em nanosistemas (através de encapsulação física, adsorção

ou por conjugação química), a farmacocinética e o índice terapêutico do fármaco podem ser

melhorados significativamente, em comparação com os sistemas de liberação convencionais

(ZHANG et al., 2010). No entanto, a utilização dessa tecnologia pode provocar efeitos

adversos severos, como citotoxicidade e autoimunidade. Esses efeitos necessitam ser

reduzidos até que fármacos nanoparticulados sejam seguros para a utilização clínica (CHEN

et al., 2013).

2.3.1 Nanopartículas Poliméricas

Nanopartícula polimérica é um termo geral para qualquer polímero nanoparticulado.

São partículas sólidas, coloidais, com tamanho inferior a 1000 nm, composta por materiais

naturais, como proteínas e polissacarídeos ou por polímeros sintéticos ou semi-sintéticos

(RANJIT e BAQUEE, 2013; RAO e GECKELER, 2011). O fármaco pode ser dissolvido,

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aprisionado, encapsulado, ou ligado a uma matriz (RANJIT e BAQUEE, 2013;

MAHAPATRO e SINGH, 2011; ZHANG et al., 2010).

Dependendo do método de preparação, as nanopartículas podem ser classificadas

como nanoesferas ou nanocápsulas (RANJIT e BAQUEE, 2013; ZHANG et al., 2010).

Nanoesferas são sistemas matriciais em que o fármaco é fisicamente e uniformemente

dispersado, enquanto nanocápsulas são sistemas em que o fármaco é envolvido por uma única

membrana polimérica (RANJIT e BAQUEE, 2013; RAO e GECKELER, 2011).

A natureza das nanopartículas pode apresentar desafios significantes no processo de

desenvolvimento da formulação (ZHANG et al., 2011). A seleção da matriz inerte do

material depende de vários fatores, entre eles: tamanho final da nanopartícula, solubilidade e

estabilidade do fármaco, carga superficial, permeabilidade, biocompatibilidade, toxicidade,

perfil de liberação do fármaco desejado e grau de biodegradabilidade (RANJIT e BAQUEE,

2013; MAHAPATRO e SINGH, 2011).

Polímeros como Poli Etileno Glicol, Poli Vinil Pirrolidona, Ácido poli láctico-co-

glicólico, Poliestireno, Policaprolactona, Ácido Poli Lático e Poli (metil metacrilato)

(PMMA) são polímeros sintéticos comumente utilizados na produção de nanopartículas

(FONSECA et al., 2013a; MAHAPATRO e SINGH, 2011; RAO e GECKELER, 2011).

Vale ressaltar que polímeros que sejam simultaneamente biocompatíveis e

biodegradáveis são desejáveis, a fim de diminuir o impacto da matriz no organismo (BOEGH

et al., 2013).

Por apresentar biocompatibilidade bastante conhecida, o polímero Poli (metil

metacrilato) tem sido frequentemente utilizado no desenvolvimento de sistemas para

aplicação farmacêutica e biomédica (FONSECA et al., 2013a). Apresenta ainda boa

estabilidade dimensional, resistência a fatores externos e adequada performance vítrea (CHEN

et. al., 2010).

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2.4. CINÉTICA DAS NANOPARTÍCULAS IN VIVO

2.4.1. Absorção

Como sistemas de liberação de fármacos, nanopartículas têm sido desenvolvidas e

estudadas para uma variedade de vias de administração, incluindo via oral, intravenosa,

transdérmica, ocular e pulmonar (ZHANG et al., 2011).

A via oral é a preferida, pois é indolor, tem boa aceitação, permite facilmente a auto-

administração e apresenta baixo custo de produção (BOEGH et al., 2013; PLAPIED et al.,

2011; McCONNELL, FADDA e BASIT, 2008).

A camada de muco que recobre o epitélio do trato gastrointestinal é a primeira barreira

para a absorção de fármacos (e dos sistemas de liberação de fármacos) (BOEGH et al., 2013;

PLAPIED et al., 2011; McCONNELL, FADDA e BASIT, 2008). O muco contém

aproximadamente 95% (p/p) de água, 2-5% (p/v) de mucina e uma pequena quantidade de

proteínas, lipídeos, DNA e eletrólitos. Sua função é lubrificar e proteger o tecido subjacente

(BOEGH et al., 2013). É, portanto, um importante mecanismo de remoção de nanopartículas

do TGI (PLAPIED et al., 2011).

Diversos estudos mostraram que a mucoadesão de nanopartículas pode aumentar o

tempo de permanência do nanosistema no intestino, consequentemente aumenta as interações

com as células epiteliais, aumentando sua absorção (BOEGH et al., 2013; REINEKE et al.,

2013; PLAPIED et al., 2011). Nesse sentido, uma estratégia para aumentar a absorção (e a

biodisponibilidade) de fármacos contidos em nanopartículas é a utilização de polímeros

bioadesivos como matriz (REINEKE et al., 2013).

Apesar da mucoadesão aumentar o tempo de residência no intestino, a difusão de

nanopartículas através do muco é fundamental. Logo, informações quantitativas e qualitativas

da taxa de difusão, viscoelasticidade, velocidade, direção e transporte de nanopartículas no

muco devem ser rigorosamente estudados (PLAPIED et al., 2011).

É importante destacar que um equilíbrio entre a mucoadesão e muco penetração é

crucial para um sistema de liberação de fármaco eficiente. Nanopartículas devem ter tamanho

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suficiente para evitar inibição estérica pelas fibras de mucina, ao mesmo tempo em que devem

ser mucoadesivas para aumentar o tempo de retenção e o contato com a mucosa intestinal

(PLAPIED et al., 2011).

Uma vez atravessada a camada de muco, outra importante barreira é o epitélio do TGI,

através do qual o composto pode permear por diferentes mecanismos (BOEGH et al., 2013).

A absorção através do epitélio intestinal pode envolver tanto a via paracelular como rotas

transcelulares. No entanto, a via paracelular é limitada porque utiliza menos que 1% da área

superficial da mucosa. Além disso, complexos juncionais (junções aderentes ou de oclusão)

restringem ou bloqueiam a passagem de moléculas ou partículas maiores que 1 nm. Portanto,

admite-se que nanocarreadores poliméricos não são absorvidos por essa via (BOEGH et al.,

2013; PLAPIED et al., 2011).

A internalização de nanopartículas no epitélio intestinal ocorre principalmente através

da endocitose (via transcelular) mediada principalmente por células M ou enterócitos

(BOEGH et al., 2013). No entanto, o exato mecanismo de internalização celular depende de

parâmetros celulares específicos, como tipo celular e fase do ciclo celular e das propriedades

da nanopartícula, como tamanho, forma, porosidade, composição da matriz inerte, da

funcionalidade do revestimento e da carga superficial (DING e MA, 2014; SHANG et al.,

2014; KETTINGER et al., 2013).

Diversos outros fatores da fisiologia do TGI podem influenciar a absorção de

nanopartículas, como volume e composição do fluído, pH, trânsito e tempo de esvaziamento

intestinal e microflora (BOEGH et al., 2013; McCONNELL, FADDA e BASIT, 2008).

2.4.1.1. Internalização celular de nanopartículas

A maioria dos nanomateriais são ativamente incorporados na célula via diferentes

mecanismos de endocitose, compreendendo tanto a fagocitose como a pinocitose. A

pinocitose pode ainda ser dividida em endocitose mediada por Clatrina (EMC), endocitose

mediada por Caveolina (EMCv), macropinocitose e por mecanismos que não envolvem

Clatrina ou Caveolina (SHANG et al., 2014; DING e MA, 2014; KETTINGER et al., 2013;

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SHANN et al., 2012). O transporte vesicular resultante difere em relação ao tamanho,

composição e destino do material engolfado (KETTINGER et al., 2013).

Fagocitose ocorre predominantemente por células especializadas do sistema imune

(macrófagos, monócitos, neutrófilos e células dendríticas) para remover partículas maiores

que 500 nm do organismo, principalmente por processos mediados por receptores do sistema

complemento, da superfamília das imunoglobulinas e de receptores de manose/fucose

(KETTINGER et al., 2013).

Pinocitose ocorre em quase todos os tipos celulares para uma ampla variedade de

tamanho de nanopartículas (SHANG et al., 2014; KETTINGER et al., 2013). Os grupos

funcionais na superfície das nanopartículas interagem com os receptores de superfície celular

e ativa o mecanismo de captação. Dependendo dos detalhes da interação, proteínas adsorvidas

nas nanopartículas podem aumentar ou diminuir sua internalização (BRUN e SICARD, 2014;

SHANG et al., 2014).

Nanopartículas de 120-150 nm são internalizadas via endociotose mediada por

Clatrina, sendo 200 nm o maior tamanho para captação de partículas por essa via. A

endocitose mediada por Caveolina ocorre principalmente na porção basolateral das células

endoteliais, sendo uma importante rota para internalização de nanomateriais, principalmente

com tamanho entre 20 – 40 nm (DING e MA, 2014; KETTINGER et al., 2013; SHANN et

al., 2012).

A macropinocitose contribui para a internalização de uma grande quantidade de

nanomateriais, embora de maneira inespecífica e em conjunto com outras vias. A grande

capacidade de captação por essa via é muito alta, sugerindo uma possibilidade para sistemas

de liberação farmacêutica (KETTINGER et al., 2013).

Vias alternativas, independente de Clatrina ou Caveolina, têm sido descritas para vias

dependentes de regulação por proteínas específicas como membros da família RAS

(KETTINGER et al., 2013).

Existe ainda algumas outras vias, em que pequenas partículas ou moléculas atravessam

a membrana celular passivamente, através de canais proteicos. No entanto, não é uma via

comum de captação de nanopartículas quando comparado com a endocitose (DING e MA,

2014).

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A interação de nanosistemas com as células é bastante complexa e depende tanto do

conjunto das propriedades físico-químicas das nanopartículas como dos constituintes dos

fluidos biológicos. Além isso, resultados obtidos para um tipo celular não podem ser

extrapolados para outro, uma vez que linhagens celulares diferentes podem interagir

diferentemente com nanopartículas idênticas (KETTINGER et al., 2013). Assim, permanece

um desafio predizer o exato mecanismo de captação celular de uma nanopartícula específica.

2.4.1.2. Destino intracelular e escape do endossoma

A via da endocitose é composta por vesículas conhecidas como endossomas, que

apresentam pH interno em torno de 5. No citosol, essas vesículas são gradativamente

acidificadas, formando endossomas maduros. Estes se fundem às organelas celulares

chamadas lisossomas que contêm proteases, hidrolases e outras enzimas digestivas, resultando

na degradação do conteúdo internalizado. Assim, nanopartículas internalizadas por essa via

precisam escapar do endossoma para realizar sua função (DING e MA, 2014; KETTINGER

et al., 2013, VARKOUTHI et al., 2011).

Uma vez que o escape lisossomal pode ser induzido ativamente, diversos mecanismos

para a liberação de nanopartículas têm sido descritos, como abertura de poros na membrana

da vesícula do endo/lisossoma, seu rompimento por indução de inchaço osmótico (fenômeno

conhecido com “efeito próton-esponja”) ou através de reação fotoquímica (DING e MA,

2014; KETTINGER et al., 2013, VARKOUTHI et al., 2011).

O efeito próton esponja é mediado por agentes com alta capacidade de tamponação e

flexibilidade para inchar quando protonados. A protonação induz a um extenso influxo de

íons e água para dentro do endo/lisossoma (inchaço osmótico) que consequentemente resulta

no rompimento da membrana da vesícula, liberando os componentes aprisionados

(KETTINGER et al., 2013; VARKOUTHI et al., 2011). Grupos aminas contendo cadeias

hidrofílicas são exemplos de revestimentos para esse fim (VARKOUTHI et al., 2011).

Alternativamente, o rompimento fotoquímico tem sido apontado como estratégia de

escape lisossomal, pois peptídeos fossensibilizadores estão localizados na membrana dos

endo/lisossomas e a incidência de luz sobre eles pode desencadear a formação de espécies

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reativas de oxigênio, resultando na destruição da bicamada lipídica da membrana do

endo/lisossoma (VARKOUTHI et al., 2011).

No citosol, nanopartículas também podem induzir a produção de espécies reativas de

oxigêniio e provocar estresse oxidativo em organelas e no núcleo, um potencial fator para

toxicidade de nanosistemas (KETTINGER et al., 2013).

2.4.2. Distribuição

Uma vez difundidas no citosol, nanopartículas podem ser descarregadas no espaço

serosal para ganhar acesso ao sistema linfático mesentérico ou ao sangue (PLAPIED et al.,

2011).

Na corrente sanguínea, nanopartículas são submetidas a interações que podem afetar

sua performance, tais como digestão enzimática, estresse mecânico devido ao rápido fluxo de

sangue, corrosão e ligações a biomoléculas. A interação com biomoléculas, como proteínas,

pode ocorrer em larga escala, devido a sua enorme área superficial (BRUN e SICARD, 2014).

A adsorção de proteínas plasmáticas na superfície dos nanosistemas é de particular

importância, pois além de determinar a identidade biológica das nanopartículas (e

consequentemente o modo como irão interagir com as células), as tornam mais visíveis às

células do sistema fagocitário – fenômeno conhecido como opsonização (DING e MA, 2014;

SHANG et al., 2014; KETTINGER et al., 2013). Além disso, pode influenciar no processo

de inflamação, acumulação, degradação e clearance das nanopartículas (SAPTARSHI,

DUSCHL e LOPATA, 2013).

No entanto, a composição da proteína adsorvida não é constante, ocorrendo contínua

associação e dissociação de diferentes proteínas com o decorrer do tempo. São as

propriedades superficiais das nanopartículas que determinam a composição da proteína

adsorvida (KETTINGER et al., 2013; SAPTARSHI, DUSCHL e LOPATA, 2013).

Entre as diversas propriedades físico-químicas das nanopartículas que influenciam na

absorção e distribuição, a dimensão pode ser um dos fatores mais importantes, pois são

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distribuídas através da corrente sanguínea e extravasam desse sistema de transporte de acordo

com o seu tamanho (LEE et al., 2014b; SHANG et al., 2014).

Esse mecanismo é restrito a tecidos específicos de acordo com a presença de

fenestrações nos vasos sanguíneos. Vale destacar que essas fenestrações variam de órgão a

órgão e podem ter diferentes dimensões em diferentes espécies, além de serem alterados por

determinadas doenças (KETTINGER et al., 2013).

Nanopartículas têm sido encontradas no fígado, medula óssea, baço, rim, sistema

linfático, pulmão, coração, cérebro, músculo e trato gastrointestinal (LEE et al., 2014b ;

SHANG et al., 2014; SHINDE et al., 2012). A distribuição para esses órgãos é seguida de

uma rápida depuração do sistema circulatório, predominantemente por ação dos macrófagos

hepáticos e esplênicos (SHINDE et al., 2012).

A grande presença de nanomateriais geralmente encontradas no fígado pode ser

devido às células endoteliais sinusoidais e células de Kupffer, que são as principais

responsáveis pela retirada de corpos estranhos da circulação (LEE et al., 2014b; SHANG et

al., 2014). Adicionalmente, alguns sistemas nanoparticulados podem ser acumulados no

fígado durante o metabolismo de primeira passagem (SHINDE et al., 2012).

Nanopartículas podem atravessar tanto a membrana hemato-encefálica como a

membrana placentária, podendo afetar o desenvolvimento do feto e até causar sua morte

(SHINDE et al., 2012).

2.4.3. Biotransformação e Eliminação

Nanopartículas podem ser biotransformadas através de múltiplos processos como

erosão, desaglomeração, desintegração ou degradação química da partícula. A via de

biotransformação e consequentemente de eliminação, no entanto, depende da reatividade

química e da composição do nanomaterial (KETTINGER et al., 2013).

Por exemplo, nanopartículas de sílica porosa são degradadas gerando ácido sílico que

são eliminados nas fezes e na urina; óxidos metálicos são biotransformados por

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metalotioneínas abundantemente expressas nos rins e fígado, favorecendo o processo de

excreção; nanopartículas poliméricas podem ser degradadas por hidrólise ou digestão

enzimática, enquanto materiais com pobre solubilidade podem permanecer no organismo por

várias semanas ou meses, o que aumenta o risco de toxicidade (KETTINGER et al., 2013;

CHEN, ZHANG e GU, 2012; PARK et al.; 2009; AKAGI et al., 2006).

As principais vias de eliminação de nanopartículas são urinária e fecal, mas estudos

demonstraram que também pode ocorrer através do trato biliar (LEE et al., 2014a; FU et al.,

2013; EMOND, 2011).

O tamanho do nanossistema parece exercer importante papel na via e velocidade de

eliminação. Por exemplo, nanopartículas de 20 nm são secretadas mais rapidamente quando

comparadas com as mesmas nanopartículas com 100 nm, possivelmente por serem mais

facilmente decompostas (LEE et al., 2014a).

No entanto, após múltiplas administrações, nanopartículas podem acumular nas

células do Sistema Mononuclear Fagocitário e causar danos severos. Logo, considerando a

aplicação de nanopartículas como sistemas de liberação de fármacos, sua via de

biodegradação e excreção devem ser muito bem conhecidas (KETTINGER et al., 2013).

2. 5. TOXICIDADE DE NANOPARTÍCULAS

A interação de nanomateriais com sistemas biológicos pode provocar efeitos adversos

severos, incluindo morte celular (KETTINGER et al., 2013; SHINDE et al., 2012).

O principal mecanismo de toxicidade induzida por nanopartículas envolve a produção

de espécies reativas de oxigênio e radicais livres, resultando em estresse oxidativo e

consequente dano para proteínas, membranas e DNA (SHINDE et al., 2012). Hemólise,

agregação trombocítica, ativação do sistema complemento e embolismo potencialmente fatal

pela aglomeração de nanopartículas também têm sido descritos (KETTINGER et al., 2013).

Assim, durante o desenvolvimento de sistemas de liberação de fármacos, é importante

conhecer como essas partículas se comportam no organismo, afim de desenhar modelos que

sejam eficazes e seguros (LEE et al., 2014b; SHINDE et al., 2012).

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2.6. FARMACOCINÉTICA PRÉ-CLÍNICA

Farmacocinética (PK) é definida como a relação da evolução temporal da

concentração de um fármaco, e seus metabólitos ativos, obtidos em diferentes regiões do

organismo após a administração de uma dose (TOZER e ROWLAND, 2009). Sua avaliação

envolve princípios fundamentais de cinética química, fisiologia e biologia (HOFFMAN,

2011).

O conhecimento da farmacocinética é essencial para o desenvolvimento de fármacos,

pois permite a compreensão da toxicidade, da farmacologia e a construção de regime

apropriado de doses nos cruciais estudos clínicos de fase III (SINGH, 2006).

Um candidato viável deveria ser absorvido, permanecer na corrente sanguínea e ser

eliminado sem produzir efeitos adversos (SINGH, 2006). No entanto, propriedades

farmacocinéticas inadequadas são frequentemente observadas. Essa é a principal razão para o

fracasso no desenvolvimento de medicamentos, sendo responsável por 40% das falhas dos

compostos/formulações em estudos de Fase Clínica 1 (PANCHAGNULA e THOMAS,

2000).

As agências regulatórias exigem informações detalhadas sobre a farmacocinética e

metabolismo do fármaco (ANVISA, 2006; LIN e LU, 1997). Apesar do grande avanço da

tecnologia, que permite sofisticados estudos por meio de softwares, com boa aproximação de

resultados in vivo, estudos em animais são necessários, uma vez que compostos com alta

atividade in vitro podem ser inativos ou tóxicos in vivo (HOFFMAN, 2011; LIN e LU, 1997).

Além disso, proporciona uma indicação precoce de que se o composto pode ser aplicado em

animais, poderá ser utilizado em humanos (SINGH, 2006).

Vale ressaltar que fatores ligados às propriedades físico-químicas da substância, dos

excipientes utilizados e do próprio processo de fabricação, têm sido considerados

responsáveis por alterações no efeito dos medicamentos, uma vez que podem afetar a

biodisponibilidade dos fármacos (HOFFMAN, 2011). Dessa forma, novas formulações de

medicamentos comercializados devem ser submetidas a novos estudos farmacocinéticos.

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o perfil farmacocinético de nanopartículas de poli (metil metacrilato) contendo

Praziquantel.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

✓ Desenvolver e validar metodologia para a análise de Praziquantel em plasma de rato

utilizando Cromatografia Líquida e Alta Eficiência Acoplada a Espectometria de

Massas (CLAE-EM/EM).

✓ Determinar os parâmetros farmacocinéticos (Cmáx, Tmáx, ASC0-t, ASC0-∞, t 1/2β e

Ke) do Praziquantel administrado em nanopartículas de poli (metil metacrilato).

✓ Comparar o perfil farmacocinético de Praziquantel administrado por via oral em

nanopartículas de poli (metil metacrilato) com o perfil farmacocinético de

Praziquantel administrado na sua forma livre (substância referência).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS DE USO GERAL

Para a realização do estudo, foram utilizados os seguintes instrumentos e

equipamentos: Pipetas P100, P200, P1000, P5000 (Gilson®), Ponteiras P100, P200, P1000,

P5000 (Gilson®), Agitador de tubos Thermomixer (Eppendorf

®), Comfort Balança de

precisão 0.0001g AG 200 (Gehaka®), Q-POD ZMQSP0D01 (Millipore

®), Milli-Q Integral 10

(Millipore®), Reservatório de água destilada Tank PE 030 (Millipore

®), Ultrassom USC2800-

A (Unique®), Microcentrífuga Refrigerada NT-805 (Novatécnica

®), Micro Centrífuga MCD-

2000 (HT®), Agitador de soluções AP56 (Phoenix Luferco

®), Evaporador DB-3D (Techne

®),

Balança Analítica Eletrônica JK-EAB-2204N (JKI®

), Refrigerador Compacto 120 (Consul®),

Freezer – 70º C MDF-U54VC (Sanyo®), Contensor para Rato EB 285P (Insight

®), Cânula de

gavagem para ratos IC810 (Insight®), Seringa Hipodérmica Descartável 1 mL (Embramac®)

e Agulhas Hipodérmica Descartáveis 0,55x20mm (BD®).

4.1.1. Componentes e equipamentos utilizados para a análise e identificação das amostras

Para a identificação e análise das amostras, foram utilizados os seguintes

equipamentos e componentes: Espectrômetros de Massas QTRAP 5500 LC/MS/MS

(ABSCIEX), Software 1.6.1 (Analyst), Coluna Analítica Omnisphere C18 5.0 μ 4.6 X 150.0

mm (Agilent Technologies), Bombas de CLAE ultraLC 100 (Eksigent ekspertTM), Injetores

automáticos ultraLC 100-XL (Eksigent ekspertTM ), Degaseificador Acoplado a bomba de

CLAE (Eksigent), Fornos de coluna ultraLC 100 (Eksigent ekspertTM).

4.1.2 Padrões

Foram utilizados os seguintes padrões de referência: Praziquantel (Fornecedor: USP -

Lote: HOJ029) e Diazepam (Fornecedor: INCQS – Lote: 1055). Os certificados de Padrão de

referência estão em anexo (Anexo I, Anexo II).

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4.1.3. Solventes, reagentes e soluções

Foram utilizados os seguintes reagentes, solventes e soluções: Acetonitrila grau HPLC

(J.T.Baker®), Ácido Fórmico 96% P.A. ACS (Impex

®), Água Tipo I (Milli-Q), Metanol grau

HPLC (J.T.Baker®

), Metil-t-butil-éter (TBME) grau HPLC (Tedia®), Heparina sódica 5.000

U.I./ mL (Blausiegel Ind. e Com. Ltda®

), Isoflurano 100% (Cristália®), Crempophor EL

(Sigma-Aldrich®

).

4.2. ANIMAIS

Foram utilizados ratos da linhagem Wistar, fêmeas adultas, idade entre 12 e 17

semanas e peso entre 200 e 300 g, provenientes do Núcleo de Animais de Laboratório (NAL)

da Universidade Federal Fluminense (UFF). Os animais foram mantidos no Biotério da

Faculdade de Farmácia da UFF, em condições ambientais controladas: ciclo claro/escuro de

12 h e temperatura de 22 ± 2 °C, alojados em gaiolas de polipropileno com capacidade para

até 4 ratos/caixa, com acesso a água e alimento livre.

Todos os procedimentos foram realizados de acordo com os protocolos de

experimentação animal da Universidade Federal Fluminense. O uso de animais foi aprovado

pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-UFF) sob o número 378/2012 (Anexo

III).

4.3. DOSE E ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO

A administração de Praziquantel na forma livre e em nanopartículas foi realizada por

via oral através de gavage. Para tanto os animais permaneceram em jejum de ração (2h) e

água (1h) antes e após a administração dos produtos.

Os animais foram divididos em 3 grupos experimentais:

Grupo Controle (C): n = 4

Grupo Praziquantel Livre (PZQ-L): n = 9

Grupo Nanopartículas de PMMA contendo Praziquantel (PZQ-NP): n = 6

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Os animais do grupo C receberam 1 mL de veículo, administrada por via oral

(gavage). O veículo foi constituído de solução aquosa com 2% de Cremophor®.

Os animais do grupo PZQ-L receberam 60 mg/Kg de Praziquantel na forma livre

(substância pura, conforme Certificado de Padrão de Referência USP), suspendido em 1mL

de veículo, em dose única.

Os animais do grupo PZQ-NP receberam 60 mg/Kg de Praziquantel na forma de

PMMA-PZQ-NP suspendidas em 1 mL de veículo, em dose única.

4.4. PREPARO DA GAVAGE

4.4.1 Grupo Controle (C)

À um gral, previamente limpo e seco, foram adicionados 0,04 g de Cremophor® e 2

mL de água filtrada. Após a solubilização do tensoativo, 1 mL da solução resultante foi

transferida para uma seringa descartável, com a cânula de gavage previamente acoplada, para

correção do volume. A solução foi administrada por via oral imediatamente.

4.4.2 Grupo PZQ-L e Grupo PZQ-NP

O dobro da massa equivalente a 60 mg/kg de Praziquantel da substância de referência

(Grupo PZQ-L) ou de Nanopartículas de PMMA contendo Praziquantel (Grupo PZQ-NP) foi

pesada e transferida para um gral. Então, 0,04 g de Cremophor® foi adicionado. O conteúdo

do gral foi macerado até a obtenção de uma pasta homogênea. Em seguida, 2 mL de água

filtrada foi acrescentado e o conteúdo misturado até a formação de uma suspensão que então

foi transferida para uma seringa descartável, com a cânula de gavage previamente acoplada

para correção do volume. A suspensão foi administrada imediatamente.

A suspensão para a administração foi preparada em dobro devido a possibilidade de

perda de volume durante a transferência para a seringa.

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40

4.5. COLETA DAS AMOSTRAS

Os animais foram alocados em contensor e volume de 150 µL de sangue de cada

animal foi coletado nos tempos 0, 5 min, 10 min, 20min, 30 min, 1h, 1:30 h, 2 h, 4 h, 8 h, 10

h, 12 h e 24 h após a administração por via oral.

As coletas foram realizadas através da veia caudal, utilizando seringa descartável

contendo 5 µL de Heparina Sódica 5.000 UI/mL como anticoagulante e agulha descartável

0,55x20 mm. A veia caudal foi dilatada com fonte de calor por aproximadamente 2 minutos

antes da coleta.

O sangue coletado foi transferido para tubos de 1,5 mL que em seguida foram

centrifugados a 4.000 rpm por 10 minutos. O plasma obtido após centrifugação foi transferido

para microtubo de 0,5 mL e armazenado a - 20 ºC até o momento da análise.

4.6. COLETA DE BRANCO DE PLASMA NORMAL (BPN)

Para os ensaios de validação do método analítico, foi necessário coletar amostras de

plasma branco, ou seja, plasma de animal que não recebeu nenhum tipo de tratamento. Para

tal, foram utilizados 8 animais. Estes foram sacrificados com overdose de Isoflurano e a

coleta foi realizada imediatamente por punção intracardíaca. O sangue foi transferido para

tubos de 1,5 mL contendo 10µL de Heparina Sódica 5.000 UI/mL como anticoagulante e

centrifugado a 4.000 rpm por 10 minutos. O plasma obtido após centrifugação foi armazenado

a - 20 ºC até o momento da análise.

4.7. EUTANÁSIA

Após a conclusão dos experimentos a eutanásia dos animais foi realizada por overdose

de Isoflurano. As carcaças dos animais foram mantidas no freezer, em sacos plásticos brancos

leitosos e posteriormente recolhidas pela equipe da Universidade Federal Fluminense para

serem encaminhadas para firma especializada, onde são incineradas.

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41

4.8. METODOLOGIA ANALÍTICA

O método foi desenvolvido e validado e as amostras desconhecidas foram analisadas

no Laboratório de Farmacocinética (LAB-SEFAR) da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).

4.8.1. Apresentação do método

Diazepam (DZP) (figura 2) foi adicionado em cada amostra como padrão interno.

Praziquantel e o padrão interno Diazepam foram extraídos do plasma de rato por extração

líquido/líquido empregando como solução de extração TBME (100%). Foram analisados por

Cromatografia Líquida Acoplada à Espectrometria de Massas com ionização por

eletronebulização positiva usando o modo de MRM (Monitoramento de Reações Múltiplas).

4.8.2. Preparo das soluções mestre e soluções de trabalho

Para o preparo da solução mestre do analito (SME-PZQ), foram pesadas 10,0 mg de

PZQ em um balão volumétrico de 10 mL. A esta massa foi adicionada uma quantidade

suficiente de solução de metanol/água (50:50 - v/v), seguido de agitação vigorosa em agitador

tipo vortex. Após a completa dissolução do padrão analítico, o balão volumétrico foi aferido

até a marca de referência com a mesma solução inicial, originando uma solução de

concentração equivalente a 1 mg/mL de Praziquantel.

Figura 2: Fórmula estrutural do Diazepam (DZP)

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A seguir, foram realizadas diluições sucessivas para a obtenção das soluções de

trabalho, utilizando como diluente metanol/água (50:50 –v/v), até concentrações finais de

1000 ng/mL, 800 ng/mL, 400 ng/mL, 100 ng/mL, 10 ng/mL, 5 ng/mL, 2,5 ng/mL e 1 ng/mL.

Similarmente, foi preparada solução mestre de Diazepam 1 mg/mL (SME-DZP) em

metanol/água (50:50 –v/v) para uso como padrão interno (PI). Esta solução foi diluída com o

mesmo diluente até concentração final de 500 ng/mL para utilização como solução de

trabalho do padrão interno.

4.8.3. Extração de Praziquantel e do Padrão Interno das amostras

O PZQ e DZP das amostras de plasma foram extraídos segundo o seguinte protocolo:

Em um microtubo para centrífuga de 2 mL contendo 25 µL de plasma foi adicionado 25 µL

de solução de trabalho do padrão interno Diazepam (DZP) (500 ng/mL). Após agitação em

vortex por 10 segundos, foi adicionado 1000 μL de solução de extração TBME (100%). A

amostra foi então agitada por 1 minuto em agitador manual e centrifugada a 14400 rpm a -

10°C durante 5 minutos. Após extração e centrifugação, 900 μL da fase orgânica obtida foi

transferida para um microtubo de polipropileno limpo. Este foi colocado sob fluxo de

nitrogênio para evaporação da amostra. Em seguida, a amostra foi ressuspendida com 400 μL

de fase móvel (metanol/água tipo I contendo ácido fórmico 0,1% - 60:40 – v/v). Após

agitação em vortex por 10 segundos, uma alíquota de 400 μL foi transferida para o vial

contendo insert e 10 μL foram injetados e analisados por CLAE-EM/EM.

Para as amostras da curva de calibração, branco de plasma com e sem adição de

padrão interno e controles de qualidade, uma alíquota de 25 μL de plasma branco foi

acrescida de 25 μL de solução contendo o fármaco (PZQ) na concentração desejada e de 25

μL de solução de trabalho do padrão interno (DZP) (500 ng/mL). A extração foi realizada

conforme descrito acima para as amostras desconhecidas.

Os controles de qualidade (CQ) consistiram de: CLIQ = Controle de Qualidade do

Limite Inferior de Quantificação (1,0 ng/mL); CQB = Controle de Qualidade de Baixa

Concentração (2,5 ng/mL); CQM = Controle de Qualidade de Média Concentração (400

ng/mL); CQA = Controle de Qualidade de Alta Concentração (800 ng/mL) e CQD = Controle

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43

de Qualidade de Diluíção (800 ng/mL). Todos os CQ foram fortificados com concentração

fixa do Padrão Interno (500 ng/mL).

4.8.4. Condições Cromatográficas

As análises foram realizadas por CLAE-EM/EM com ionização por eletronebulização

positiva usando o modo de MRM (Monitoramento de Reações Múltiplas). As condições

cromatográficas empregadas durante a realização das análises estão discriminadas no Quadro

1.

Quadro 1: Condições cromatográficas para a análise

Condições analíticas

Coluna analítica Omnisphere C18 4,6 x 150 mm, 5,0 µm

Fase móvel Fase móvel: 15% - A e 85 % - B

Fluxo 0,800 mL /min

Pressão do sistema 111 - 135 Kgf / cm2

Temperatura do forno da coluna 40 °C

Temperatura do autosampler 10 °C

Volume de injeção 10 µL

Tempo de corrida 4 min

Temperatura do laboratório (°C) 22 ± 2°C

Umidade relativa do ar 45%

* Fase móvel: (A) água tipo I contendo ácido fórmico 0,1%; (B) metanol.

4.8.4.1. Tempos de retenção

O tempo de retenção do analito (PZQ) e padrão interno (DZP) durante a corrida

cromatográfica estão detalhados no Quadro 2.

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Quadro 2: Tempos de retenção

Substância Transição utilizada (MRM) Tempo de retenção

Praziquantel 313,18 > 20,10 2,78 min

Diazepam 285,31 >193,00 2,94 min

4.8.5. Condições do Espectômetro de Massas

O instrumento foi operado em modo de eletronebulização positiva (ESI+). Os íons

foram monitorados pelo modo de MRM. As transições iônicas e os parâmetros individuais

dos compostos, incluindo o potencial de desagregação (DP), potencial de entrada (EP),

energia de colisão (CE), potencial da célula de saída (CXP) e a corrente do elétron

multiplicador (EM), estão resumidos no quadro 3. O tempo de varredura para ambos os

compostos foi de 300 ms.

Quadro 3: Parâmetos individuais dos íons monitorados.

Co

mpostos

Íon

precursor (m/z)

Íon

produto

(m/z)

DP

(V)

C

E

(V)

E

P

(V)

C

XP

(V)

E

M

(V)

PZ

Q 313,18

203,1

0

1

30

1

5

1

0

2

0

1

900

DZP 385,31

193,0

0

9

1

3

6

1

0

1

2

1

900

Legenda: m/z: razão massa/carga; V: Volts

Os parâmetros da fonte de ionização (gás de interface (CUR), gás de colisão (CAD),

gás de nebulização (GS1), gás secante (GS2) e temperatura do gás de secagem) estão

resumidos no quadro 4.

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Quadro 4: Pressões dos gases e temperatura do gás de secagem

Gases Pressão (Psi) T (°C)

CAD Média

500 CUR 25

GS1 60

GS2 60

4.8.6. Curva de Calibração

As curvas de calibração (CCAL) foram realizadas com 8 níveis de concentração de

Praziquantel em plasma de rato (1000, 800, 400, 100, 10, 5, 2,5 e 1 ng/mL) com concentração

de padrão interno fixa (500 ng/mL), branco de plasma normal (BPN) e branco de plasma

normal fortificado com 500 ng/mL de padrão interno (BPZ). As amostras foram analisadas

em duplicatas, preparadas e analisadas conforme descrito anteriormente.

4.9. VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO

A validação do método analítico foi realizada baseada nos critérios estabelecidos pela

Resolução RDC n°. 27, de 17 de maio de 2012 (ANVISA, 2012). A corrida analítica é

aprovada se:

I. A curva de calibração apresentar bom coeficiente de correlação (r).

II. Os valores obtidos para os padrões de calibração apresentarem desvio inferior a

15% (exceto para o LIQ, para o qual são admitidos valores de desvio de até 20%).

III. No mínimo 75% dos padrões de calibração e, no mínimo, 6 padrões de calibração

de concentrações diferentes, incluindo os limites inferior e superior de

quantificação forem aprovados conforme os critérios anteriores.

A acurácia ou exatidão (expressão como desvio - D %) e a precisão (expressa como o

coeficiente de variação - CV %), são calculados conforme as equações a seguir.

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46

4.9.1. Teste de Quantificação Inicial (TQI)

O teste de quantificação inicial tem por finalidade garantir a exatidão das

concentrações das soluções de trabalho. É realizado antes dos testes de estabilidade.

Para o teste de quantificação inicial, amostras de branco de plasma normal (BPN)

foram fortificadas com duas concentrações do analito: 2,5 ng/mL e 800 ng/mL , ambas com

concentração fixa de 500 ng/mL de DZP. Estas foram denominadas de CQB-PZQ+DZP e

CQA-PZQ+DZP, respectivamente.

Oito replicatas dessas amostras, juntamente com a curva de calibração, foram

processadas e analisadas conforme metodologia previamente descrita. A quantificação é

estabelecida se os valores dos controles de qualidade apresentarem coeficiente de variação

inferior a 15% e desvio entre ± 15% do valor nominal.

4.9.2. Teste de Estabilidade Curta de Soluções de Trabalho (TEBCST)

O teste de estabilidade curta de soluções de trabalho tem por objetivo validar o período

máximo em que as soluções de trabalho preparadas podem permanecer na bancada para serem

utilizadas nas análises.

Para este teste, foram preparadas Solução Mestre do Analito (SME – PZQ: 100000

ng/mL – diluída para 1000 ng/mL), Solução de Trabalho 01 (STB01 – PZQ: 1,0 ng/mL);

Solução Mestre de Diazepam (SME – DZP: 1000000 ng/mL – diluída para 5000 ng/mL) e

CV = Desvio Padrão x 100

Concentração média experimental

D = Concentração média experimental – Valor Nominal x 100

Valor Nominal

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47

Solução de Trabalho do Padrão Interno (STBIS: 500 ng/mL). Estas soluções foram deixadas

na bancada de trabalho por 18 h e 47 min.

Após determinando período, soluções contendo essas mesmas concentrações foram

preparadas novamente (Soluções Recém Preparadas – SRP).

As soluções em repouso sobre a bancada e as SRP foram injetadas no cromatógrafo,

conforme procedimento previamente descrito. A estabilidade é demonstrada se não se

observar desvio superior a 10% da média das concentrações obtidas com relação ao valor

nominal. O cálculo do período de estabilidade foi determinado pelo tempo decorrido entre o

início do preparo das soluções que ficaram em repouso até o término do preparo das SRP.

4.9.3. Teste de Estabilidade Longa de Soluções de Trabalho (TEBLST)

O teste de estabilidade longa de soluções tem por objetivo determinar a validade das

soluções de trabalho. Para este teste, as mesmas soluções utilizadas para o TEBCST foram

novamente preparadas e então armazenadas a -70 °C por 407 h e 56 min. Após determinado

período, novas soluções foram preparadas (SRP).

As soluções armazenadas em refrigeração e as SRP foram injetadas no cromatógrafo,

conforme procedimento previamente descrito. A estabilidade longa de soluções foi

determinada obedecendo aos mesmos critérios descritos anteriormente para o TEBSRP. O

cálculo do período de estabilidade foi determinado pelo tempo decorrido entre o início do

preparo das soluções que foram armazenadas até o término do preparo das SRP.

4.9.4.Teste de Estabilidade Curta em Plasma (TEBCP)

Este teste tem por finalidade determinar o tempo máximo em que as amostras

desconhecidas devem ser analisadas. Amostras de branco de plasma normal foram fortificadas

com duas concentrações do analito: CQB-PZQ: 2,5 ng/mL e CQA-PZQ: 800 ng/mL. Estas

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amostras permaneceram a temperatura ambiente em repouso sobre a bancada por 17 h e 54

min.

Após determinado período de tempo, foi preparada a curva de calibração, conforme

descrito anteriormente. O padrão interno foi adicionado nas amostras de plasma em repouso

somente no momento em que também foram adicionados nas amostras da curva de calibração,

garantindo que ambos estivessem sob as mesmas condições.

O analito e o padrão interno foram extraídos do plasma e as amostras foram

analisadas. A estabilidade curta em plasma foi calculada pelo período de tempo decorrido

entre a adição do analito no plasma até a adição do padrão interno. A estabilidade é

demonstrada se não se observar coeficiente de variação e desvio superiores a 15% da média

das concentrações obtidas com relação ao valor nominal.

4.9.5. Teste de Estabilidade Pós-Processamento (TEBPP)

Este teste tem por finalidade determinar o tempo máximo em que as amostras

desconhecidas, após serem submetidas aos processos de extração, devem ser injetadas no

cromatógrafo.

Para o TEBPP, amostras de BPN foram fortificadas com as soluções previamente

aprovadas no TQI (CQB-PZQ+DZP e CQA-PZQ+DZP) e foram, então, armazenadas no

RACK do injetor do cromatógrafo por 47 h e 55 min.

Após determinado período de tempo, foi preparada a curva de calibração. A

estabilidade pós-processamento foi calculada pelo tempo decorrido entre o final da extração

das amostras de controle (CQB-PZQ+DZP e CQA-PZQ+DZP) e o final da extração das

amostras da curva de calibração recém preparada.

Amostras da curva de calibração, e amostras de controle foram injetadas no

cromatógrafo juntas, garantido que fossem submetidas às mesmas condições de corrida. A

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49

estabilidade é demonstrada se não se observar coeficiente de variação e desvio superiores a

15% da média das concentrações obtidas com relação ao valor nominal.

4.9.6. Teste de Estabilidade após Ciclos de Congelamento e Descongelamento (TEBCD)

Este teste tem por finalidade determinar o número de vezes que as amostras

desconhecidas podem ser descongeladas antes de serem analisadas.

Para o TEBCD, amostras de plasma fortificadas com os controles (CQB-PZQ+DZP e

CQA-PZQ+DPZ), sofreram 8 ciclos de congelamento e descongelamento, ou seja, foram 8

vezes congeladas até - 70°C por no mínimo 12 h e descongeladas em temperatura de 22 ±

2°C. A estabilidade após ciclos de congelamento e descongelamento foi calculada pelo tempo

decorrido entre o início do primeiro congelamento até o final do último descongelamento.

Amostras da curva de calibração recém preparadas e as amostras de controles foram

injetadas no cromatógrafo juntas, garantido que fossem submetidas às mesmas condições de

corrida. A estabilidade é demonstrada se não se observar coeficiente de variação e desvio

superiores a 15% da média das concentrações obtidas com relação ao valor nominal.

4.9.7. Precisão e Exatidão

A precisão e exatidão de método baseadas na repetitividade (precisão / exatidão

intracorrida) foram determinadas pela análise de oito replicatas de amostras de plasma de rato

fortificadas com cinco concentrações de Praziquantel: LIQ (1,0 ng/mL), CQB (2,5 ng/mL),

CQM (400 ng/mL), CQA (800 ng/mL) e CQD (SME-PZQ: 1000000 ng/mL – diluída para

800 ng/mL) e concentração fixa do padrão interno DZP (500 ng/mL) e analisadas junto com a

curva de calibração recém preparada.

A precisão / exatidão intermediárias (intercorridas) foi determinada usando o mesmo

número de replicatas e concentrações de plasma descritas acima, em três corridas diferentes

realizadas em dias distintos.

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50

A precisão é estabelecida se as concentrações experimentais dos controles de

qualidade apresentarem coeficiente de variação (CV) inferior a 15% (exceto para o LIQ, para

o qual são admitidos valores de desvio até 20%). A exatidão é estabelecida se as

concentrações experimentais dos controles de qualidade apresentarem desvio (D) entre 85-

115% da concentração nominal, exceto para o LIQ, para o qual são admitidos valores entre

80-120%.

4.10. ANÁLISE DAS AMOSTRAS

As amostras foram analisadas no Laboratório de Farmacocinética (LAB-SEFAR) da

Fundação Oswaldo Cruz por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a

Espectrometria de Massas (CLAE-EM/EM), utilizando cromatógrafo EKSPERTTM

ULTRA

LC 100 e Espectofotômetro de Massas Q TRAP 5500.

Foram utilizados os Testes de Dixon, Teste de Chauvenete e Teste da Razão Q para a

identificação e exclusão de Outliers. O perfil farmacocinético de PZQ livre e em

nanopartículas foi calculado através do Software Phoenix WinNonlin versão 6.3

(Pharmasight®, USA) utilizando análise não-compartimental, em que os parâmetros Cmáx,

Tmáx são extraídos diretamente da curva de concentração plasmática (Cp) versus tempo; Ke é

obtida através do cálculo da inclinação da fase de decaimento do gráfico ln (Cp) versus

tempo, t ½ β é calculado através da equação: t ½ β = 0,693/Ke, ASC 0-t é calculada pelo

método trapezoidal; ASC0-∞ (área sob a curva de concentração do fármaco versus tempo, do

tempo 0 (zero) extrapolada ao infinito) é calculada como ASC 0-∞ = ASC 0-t + Ct / Ke, em que

Ct é a última concentração determinada acima do limite de quantificação.

4.11. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os gráficos foram construídos no Software GraphPad Prism® (versão 5.0 para

Windows, USA). Para a análise estatística foi empregado Teste T de Mann-Whitnney para a

comparação entre dois grupos de dados. Os resultados foram expressos como a média ± erro

padrão e foram considerados estatisticamente significativos quando P < 0,05.

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51

5. RESULTADOS

5.1. DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ANALÍTICO

Os espectros de massas obtidos para o íon precursor e íon produto do analito (PZQ) e

para o íon percursor e produto do padrão interno (DZP) estão demonstrados nos Apêndices I,

II, III e IV, respectivamente.

Os limites de quantificação inferior e superior do analito foram 1,0 ng/mL e 1000

ng/mL, respectivamente. As curvas de calibração, apresentaram excelente linearidade,

conforme exemplo demostrado na figura 3.

Figura 3: Curva de Calibração da Corrida Analítica. Nota: Composta por 8 níveis de concentração de

PZQ (1000, 800, 400, 100, 10, 5, 2,5 e 1 ng/mL) com concentração de P.I. fixa (500 ng/mL), preparadas em

duplicata.

O tempo total de corrida analítica foi de 4 minutos. A metodologia de extração

líquido-líquido do analito e PI do plasma foi eficiente. Os cromatogramas obtidos

apresentaram boa resolução e separação de picos, com tempos de retenção de 2,78 min para o

PZQ e 2,94 minutos para o DZP. Exemplos de cromatogramas de branco de plasma

fortificado com PZQ e P.I. e de uma amostra desconhecida estão demonstrados na figura 4.

y = 0,9115304x + 0,001885

r = 0,995

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52

Figura 4: Cromatogramas obtidos para (A) branco de plasma fortificado com PZQ e DZP (10 ng/mL e 500 ng/

mL, respectivamente), (B) amostra de plasma de rato obtida após 0,05h da administração oral de 60 mg/Kg de

PZQ encapsulado em PMMA-NP com P.I. (11,52 ng/mL e ng/mL, respectivamente)

Time (min)

Inte

nsi

ty

Inte

nsi

ty

Time (min)

2.80

PZQ

2.97

DZP

A 2.2 e 4 1.0 e 6

Time (min)

Inte

nsi

ty

Inte

nsi

ty

Time (min)

2.84

PZQ

3.01

DPZ

B 6400 1.0 e 6

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5.2. VALIDAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO

5.2.1. Teste de Quantificação Inicial (TQI)

A curva de calibração (y = 1.08x + 0,00113) do TQI apresentou excelente linearidade,

com coeficiente de correlação r = 0,9993 e nenhum valor foi desconsiderado. O Controle de

Qualidade de Baixa Concentração (CQB) apresentou CV = 7,06% e D = 4%, ou seja, exatidão

entre 96-104%. O Controle de Qualidade de Alta Concentração (CQA) apresentou CV = 2,9%

e exatidão de 98-102% (D = 1,63%).

Esses resultados demonstram que os valores estabelecidos para os Controles de

Qualidade são confiáveis e estes podem, então, ser utilizados em testes de estabilidade em que

sejam aplicáveis.

5.2.2. Teste de Estabilidade Curta de Soluções de Trabalho (TEBCST)

As soluções de trabalho em teste ficaram em repouso por 18 h e 47 min. Durante este

período, apresentaram desvio (D) inferior a 10% em relação às soluções recém-preparadas

(DPZQ-STB = 6,0 %; DPZQ-SME = 2,4 %; DDZP-STB = 0,1 %; DDZP-SME = 6,7 %).

Estes resultados demonstram que as soluções de trabalho, durante 18 h e 47 min

permanecem estáveis a temperatura ambiente. Logo, durante a realização dos experimentos,

essas permaneceram na bancada por período inferior ao estabelecido por este ensaio.

5.2.3. Teste de Estabilidade Longa de Soluções de Trabalho (TEBLST)

As soluções de trabalho em teste ficaram sob refrigeração por 407 h e 56 min. Durante

este período, apresentaram desvio (D) inferior a 10 % em relação às soluções de trabalho

recém-preparadas (DPZQ-STB = 4,4 %; DPZQ-SME = 4,4 %; DDZP-STB = 2,4 %; DDZP-SME = 0,4 %).

Estes resultados demonstram que as soluções de trabalho, durante 407 h e 56 min

permanecem estáveis se armazenadas em refrigerador (– 70o

C). Logo, durante a realização

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54

dos experimentos, as soluções de trabalho não foram armazenadas por período superior ao

estabelecido por este ensaio. Após esse período, novas soluções foram preparadas.

5.2.4. Teste de Estabilidade Curta em Plasma (TEBCP)

A curva de calibração (y = 1,15x + 0,00135) obtida no ensaio de estabilidade de curta

duração do analito em plasma apresentou excelente linearidade (r = 0,9984). O tempo

decorrido entre a adição do PZQ no branco de plasma normal para a preparação dos controles

de qualidade CQB-PZQ e CQA-PZQ e a adição do PI foi de 17 h:54 min. Após este período,

a precisão (CV %) desses controles não excedeu 7,5% e apresentaram desvio inferior a 6,5%

da média das concentrações obtidas com relação ao valor nominal (CQB: CV = 4,6% e D =

6,5% e CQA: CV = 7,5% e D = 1,59%).

Estes resultados demonstram que, em um período de 17 h e 54 min, o PZQ permanece

estável em plasma em temperatura ambiente. Assim as amostras desconhecidas foram

processadas e analisadas em tempo inferior ao estabelecido por este teste.

5.2.5. Teste de Estabilidade Pós-Processamento (TEBPP)

A curva de calibração (y = 1,12x + 0,00133) obtida para o ensaio de estabilidade pós-

processamento em plasma de rato apresentou excelente linearidade (r = 0,9967). O tempo

decorrido entre o final da extração das amostras de controle (CQB-PZQ+DZP e CQA-

PZQ+DZP) e o final da extração das amostras da curva recém preparada foi de 47 h e 55 min.

Após este período, coeficiente de variação e desvio dos controles de qualidade apresentaram

valores inferiores a 15% (CQB: CV = 9,9% e D = - 3,5% e CQA: CV = 6,0% e D = - 8,8%).

Estes resultados demonstram que 47 h e 55 min após ser extraído da matriz biológica,

o PZQ permanece estável. Assim, após serem submetidas aos procedimentos de extração, as

amostras desconhecidas foram analisadas em tempo inferior ao estabelecido por este teste.

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55

5.2.6. Teste de Estabilidade após Ciclos de Congelamento e Descongelamento (TEBCD)

A curva de calibração (y = 0,968x + 0,00116) obtida para o ensaio de estabilidade

após ciclos de congelamento e descongelamento apresentou excelente linearidade (r =

0,9985). O tempo decorrido entre o primeiro congelamento das amostras TQI e o ultimo

descongelamento das mesmas foi de 305 h e 52 min. Após serem submetidas aos ciclos,

CQB-PZQ+DZP e CQA-PZQ+DZP apresentaram coeficiente de variação e desvio inferiores

a 15% (CQB = CV = 5,8% e D = -0,3 e CQA: CV = 2,6% e D = 6,7%).

Estes resultados demonstram que após 8 etapas de congelamento e descongelamento, o

PZQ permanece estável na matriz biológica. Assim, as amostras desconhecidas não foram

submetidas a processos de congelamento e descongelamento por mais de 8 vezes antes de

serem analisadas.

5.2.7. Precisão e Extatidão

5.2.7.1. Precisão e extatidão intracorrida

Para a construção da curva de calibração do ensaio de precisão e exatidão intracorrida,

foram desconsiderados 1 amostra de concentração: PZQ: 5,0 ng/mL + DPZ 500 mg/mL e 1

amostra de concentração: PZQ:10,0 ng/mL + DPZ = 500 ng/mL, por apresentarem desvio

superior a 15% do valor nominal. A curva resultante (y = 1.01x + 0,0011) apresentou

excelente linearidade (r = 0,9970).

A repetibilidade intracorrida foi considerada precisa, uma vez que os controles de

qualidade apresentaram CV inferior a 15% da média das concentrações obtidas em relação ao

valor nominal (CVLIQ = 9,5%, CVCQB = 4,4%; CVCQM = 1,5%, CVCQA = 2,6% e CVCQD =

4,26).

Este método foi considerado exato, pois a média para cada controle de qualidade

empregado apresentou desvio (D) inferior a 15% em relação ao valor nominal (DLIQ = 8,8%,

DCQB = 4,3%; DCQM = 6,6%, DCQA = 9,3% e DCQD = 10,43).

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56

5.2.7.2. Precisão e extatidão intercorrida

As curvas de calibração obtidas para o ensaio de precisão e exatidão intercorridas

apresentaram excelente linearidade, com coeficientes de correlação r > 0,99, conforme

detalhado a seguir:

y = 1.01x + 0,0011 (r = 0,9970)

y = 0,919x + 0,00167 (r = 0,9960)

y = 0,888x + 0,00101 (r = 0,990)

A precisão e exatidão intercorrida foram determinadas a partir da média das

concentrações obtidas para cada controle de qualidade, nos três dias de ensaio, de acordo com

os critérios estabelecidos pela Resolução RDC n°. 27, de 17 de maio de 2012 (ANVISA,

2012). O resultado está demonstrado na tabela 1.

Tabela 1: Resultado obtido para o Teste de Precisão e Exatidão Intercorridas

NOTA: TPE 1 = Teste de Precisão e Exatidão no dia 1; TPE2 = Teste de Precisão e Exatidão no dia 2; TPE 3 =

Teste de Precisão e Exatidão no dia 3. CV = Coeficiente de Variação (%); D = Desvio (%); CLIQ = Controle de

Qualidade do Limite Inferior de Quantificação (1,0 ng/mL); CQB = Controle de Qualidade de Baixa

Concentração (2,5 ng/mL); CQM = Controle de Qualidade de Média Concentração (400 ng/mL); CQA =

Controle de Qualidade de Alta Concentração (800 ng/mL) e CQD = Controle de Qualidade de Diluição (800

ng/mL). OBS: Todos os Controles de Qualidade foram fortificados com concentração fixa do Padrão Interno

(500 ng/mL).

Este resultado demonstra que o método analítico empregado apresenta

reprodutibilidade e acurácia aceitáveis, uma vez que não foram observados valores de CV e

EPR superior a 15%.

LIQ CQB CQM CQA CQD

TPE 1 1,0888 2,2325 373,7575 725,1250 716,5213

TPE 2 1,1975 2,2788 388,8000 708,6338 817,9925

TPE 3 0,9663 2,2075 362,3788 713,7100 721,1025

CV 10,7 1,6 3,5 1,2 7,6

DESVIO 8,42 -10,42 -6,26 -10,52 -6,02

TESTEConcentração média dos Controles de Qualidade (ng/mL)

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57

5.3. AVALIAÇÃO FARMACOCINÉTICA

O presente estudo demonstrou que o Praziquantel é liberado das nanopartículas de

PMMA in vivo e é absorvido no trato gastrointestinal após administração por via oral em

ratos.

Os resultados obtidos para os parâmetros farmacocinéticos de cada animal foram

submetidos aos Testes de Dixon, Chauvente e Teste da Razão Q para a identificação de

valores discrepantes. Após essas análises, foram excluídos 2 animais do grupo PZQ-L e 1

animal do grupo PZQ-NP, conforme os critérios estabelecidos por estes testes.

Concentrações plasmáticas de PZQ foram detectadas 5 minutos e até 24 horas após a

administração por via oral, nos grupos PZQ-NP e PZQ-L. No grupo Controle, não foi

detectado concentrações plasmáticas de PZQ em nenhum tempo analisado, demonstrando que

o veículo utilizado (água com 2% de Cremophor®) não continha fármaco. As curvas de

concentração plasmática de Praziquantel versus tempo obtidas após administração oral de

uma única dose (60 mg/ Kg) de PZQ livre (PZQ-L) ou PZQ carreado em nanopartículas de

PMMA (PZQ-NP) em ratos estão demonstradas na figura 5.

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58

Figura 5: Curva de concentração plasmática média de PZQ em função do tempo após administração oral de

60mg/ Kg de PZQ nos grupo PZQ-L (n = 7) e PZQ-NP (n = 5). O grupo C (n = 4) recebeu 1 mL de veículo.

Resultados são expressos como média ± erro padrão. Destaque: Concentração plasmática média de PZQ nos

grupos supra citados até 1h.

A concentração plasmática máxima de PZQ (Cmáx) no grupo PZQ-L foi

aproximadamente 3 vezes maior que Cmáx do grupo PZQ-NP, diferença estatisticamente

significativa. O mesmo foi observado para Área Sob a Curva do tempo 0 até 24h (ASC0-t) e

Área Sob a Curva do tempo ao infinito (ASC0-∞). Esses resultados estão demonstrados na

figura 6 (A, B e C, respectivamente).

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Figura 6: Parâmetros farmacocinéticos de Praziquantel após administração oral de PZQ-L (n = 7) e PZQ-NP (n

= 5) em ratos ( 60 mg / kg). Resultados são expressos como média ± erro padrão. (A) C máx, (B) ASC 0-t, (C)

ASC 0-∞, (D), T máx, (E) Ke, (F) t ½ β. *P < 0,05 versus PZQ-L.

A fim de avaliar essa significativa diferença de ASC entre os grupos estudados, foi

calculada a biodisponibilidade relativa (FR) de PZQ no grupo PZQ-NP em relação a

biodisponibilidade de PQZ no grupo PZQ-L, de acordo com a equação a seguir:

FR = (ASC 0-∞ _NP / ASC 0-∞ _ L) x (Q_L /Q_NP)

FR = (19086,28 / 63344,48) x (15,03/15,72)

FR = 0,2881 ou 28,81%

NOTA: ASC 0-∞ _ NP: biodisponibilidade do tempo zero ao infinito calculada pra o grupo PZQ_NP; ASC 0-∞ _ L:

biodisponibilidade do tempo zero ao infinito calculada pra o grupo PZQ_L; Q_L: quantidade média (mg) de

PZQ administrada ao grupo PZQ_L; Q_NP: quantidade média (mg) de PZQ administrada ao grupo PZQ_NP.

*

A

AU

C

0-t

g.h

/L)

B

*

C m

áx

g/L

)A

UC

0

-∞ (

µg

.h/L

)

C

* T m

áx (

h)

D

Ke

(h-1

)

T 1

/2β

(h

)

E F

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60

Ou seja, as nanopartículas de PMMA tornaram biodisponível somente 28,81% do PZQ

que é biodisponibilizado pela suspensão de PZQ livre.

Não foi encontrada diferença estatística significativa no tempo para atingir a

concentração plasmática máxima de PZQ (Tmáx) entre os grupos PZQ-L e PZQ-NP, sugerindo

que a nanopartícula de PMMA não tem efeito de liberação retardada (Figura 6 – D).

A taxa de eliminação (Ke) nos grupos PZQ-L e PZQ-NP foi semelhante (Figura 6 –

E), demonstrando que aproximadamente 27% do fármaco foi eliminado do organismo por

hora, tanto na forma livre como em nanopartículas.

A meia vida de eliminação (T1/2β) no grupo PZQ-L foi estatisticamente semelhante

ao do grupo PZQ-NP, em que a concentração do fármaco presente no organismo em ambos os

grupos foi reduzida à metade em aproximadamente 3 horas (Figura 6 – F ).

.

Os resultados obtidos para os parâmetros farmacocinéticos de PZQ livre e em

nanopartículas de PMMA estão resumidos na tabela 2.

Tabela 2: Parâmetros farmacocinéticos de PZQ administrado na forma livre (PZQ-L) e em

nanopartículas de PMMA ( PZQ-NP) por via oral.

Nota: Dose de PZQ: 60 mg/Kg de PZQ, Grupos: PZQ-L ( n = 7) e PZQ-NP (n = 5). Os resultados foram

expressos como média ± erro padrão. *P < 0,05 versus PZQ-L.

Abreviações: PZQ-L: Praziquantel livre; PZQ-NP: Praziquantel em nanopartículas de PMMAs; Cmáx:

concentração máxima; Tmáx: tempo de Cmáx; Ke: constante de eliminação; T 1/2β: tempo de meia-vida de

eliminação, ASC0-t: área sob a curva (0-24h); AUC 0-∞: área sob a curva (0-infinito); Cl: clearance; Vd: volume

de distribuição.

Cmáx Tmáx ASC0-t ASC0-∞ Ke T1/2β

{µg/L} {h} {µg.h/L} {µg.h/L} {1/h} {h}

PZQ-L554,23 ±

94,19

0,33 ±

0,04

1112,22 ±

195,29

1125,31 ±

196, 21

0,2703 ±

0,0428

2,91 ±

0,46

PZQ-NP172,09 ±

43,84 *

0,38 ±

0,08

326,81 ±

35,54 *

336,11 ±

34,62 *

0,2703 ±

0,0428

2,85 ±

0,47

GRUPO

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61

6. DISCUSSÃO

Estudos farmacocinéticos foram realizados a fim de determinar o perfil de absorção,

biodisponibilidade e eliminação de Praziquantel administrado em nanopartículas de PMMA,

por via oral em dose única, e compará-las com o perfil farmacocinético obtido para o PZQ

administrado em sua forma livre. Para tal, foi desenvolvida e validada metodologia utilizando

Cromatografia Líquida de Alta Performance acoplada a Espectrometria de Massas (CLAE-

EM/EM). O método analítico desenvolvido mostrou-se rápido, sensível, acurado, reprodutível

e simples (com o processo de preparo de amostras realizado em uma única etapa), sendo boa

metodologia para a análise de Praziquantel em plasma. Apesar de alguns parâmetros terem

sido significativamente diferentes entre os grupos PZQ-NP e PZQ-L, o perfil farmacocinético

de PZQ foi semelhante entre os grupos, porém em proporções aproximadamente três vezes

inferiores para o PZQ-NP.

Diehl e colaboradores (2001) demonstraram que até 15% do volume de sangue pode

ser removido em 24 h sem perturbação significativa para a fisiologia do animal, desde que

sejam realizadas coletas múltiplas de pequenos volumes. De acordo com o mesmo autor, ratos

possuem volume sanguíneo de 64 mL/Kg. Logo, o volume de amostras coletados para este

estudo não apresentou risco de choque hipovolêmico nos animais.

Nos ensaios realizados por Bonato e colaboradores (2007) e Hanpitakpong e

colaboradores (2004) para a análise de plasma em ratos utilizando CLAE, as técnicas

apresentaram limite de quantificação de 5,0 ng/mL e foram empregados volumes de amostra

de 1 mL. No entanto, no presente estudo, o método analítico apresentou limite de

quantificação de 1,0 ng/mL a 1000 ng/mL, e permitiu a utilização de 25 µL de plasma de

amostra, o que é uma grande vantagem para experimentos em que são necessárias diversas

coletas de sangue em pequeno intervalo de tempo e que ocorre ampla variação de

concentração, como nos experimentos de farmacocinética.

A validação do método analítico foi baseada nos critérios estabelecidos pela ANVISA

e os resultados mostraram que o método desenvolvido é confiável. Os ensaios de

seletividade, efeito residual e efeito matriz não foram realizados por dificuldade de aquisição

de plasma lipêmico. Quatro animais foram tratados durante 60 dias com dieta hiperlipídica

(CORREIA-SANTOS et al., 2012), mas não houve aumento dos valores de triglicerídeos e

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colesterol (resultados não mostrados), impossibilitando os ensaios de validação citados

anteriormente. No entanto, a aplicação da Espectometria de Massas permite garantir a

seletividade e especificidade do método, uma vez que essa técnica monitora fragmentos de

razão massa/carga (m/z) extremamente específicos.

Por apresentar elevada hidrofobicidade, PZQ não é facilmente removido das vidrarias

e materiais utilizados para análise e foi detectado sua presença no porta cone das pipetas, o

que dificulta os ensaios devido a contaminação das amostras. No entanto, a limpeza com os

solventes acetonitrila, acetona PA e metanol mostrou-se eficaz para remoção de resíduos do

fármaco das vidrarias e materiais (resultados não mostrados). A utilização de ponteiras com

filtros e a limpeza da cânula de gavage e do porta cone das pipetas com os solventes supra

citados é uma alternativa para evitar a contaminação. Esses procedimentos, no entanto, podem

elevar o custo da pesquisa, bem como aumentar o tempo para a realização do estudo.

O Praziquantel na forma livre bem como aprisionado em nanopartículas foi

rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, sendo detectado no plasma cinco minutos

após administração. No entanto, a concentração plasmática neste tempo foi aproximadamente

três vezes menor no grupo PZQ-NP. Por ser altamente lipofílico, PZQ atravessa rapidamente,

por difusão passiva, as membranas do trato gastrointestinal alcançando a corrente sanguínea

(ALI, 2006). A diferença nas concentrações pode ser explicada pelo fato de que a absorção de

PZQ encapsulado em nanopartículas é dependente da difusão do fármaco através do polímero

da matriz (REFERENCIAR)

Apesar da concentração plasmática máxima de PZQ (Cmáx) ter sido significativamente

menor no grupo PZQ-NP em comparação com o grupo PZQ-L, são necessários mais estudos

a fim de avaliar se as concentrações plasmáticas de PZQ em PMMA-NP atingem a margem

terapêutica, na dose desejada, bem como avaliar sua eficácia.

A biodisponibilidade (ASC0-t e ASC0-∞) no grupo PZQ-NP foi significativamente

menor comparado ao grupo PZQ-L. Esses resultados diferem dos encontrados por Xie e

colaboradores (2011) e Yang e colaboradores (2009) em que Nanopartículas Sólidas Lipídicas

aumentaram a ASC de PZQ quando comparado a sua forma livre e ao comprimido referência,

respectivamente. No entanto, sabe-se que e o processo de absorção (e consequente

biodisponibilidade) é dependente das propriedades físico-químicas das partículas (DING e

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MA, 2014; SHANG et al., 2014; KETTINGER et al., 2013) e o polímero utilizados neste

estudo e os utilizados por esses autores são diferentes.

Contudo, ao avaliar a biodisponibilidade relativa de PZQ no grupo PZQ-NP,

observou-se que nanopartículas de PMMA tornaram biodisponível somente 28,81% do PZQ

que é biodisponibilizado pela suspensão de PZQ livre. Interessantemente tanto Cmáx como

ASC0-t e ASC 0-∞ do grupo PZQ-NP foram aproximadamente 30 % dos valores obtidos para o

grupo PZQ-L. Estes resultados sugerem uma aparente proporcionalidade entre as suspensões

estudadas no que diz respeito a farmacocinética do Praziquantel, uma vez que reduções

observadas nos parâmetros Cmáx e ASC do grupo PZQ-NP estão relacionadas a redução na

mesma proporção da quantidade de fármaco biodisponível neste grupo.

Estudos demonstraram que nanosistemas podem melhorar biodisponibilidade de

fármacos por aumentar o tempo de residência no trato gastrointestinal através da bioadesão,

por aumentar a captação celular (por exemplo nas Placas de Peyer e células M), por impedir a

degradação enzimática e não enzimática no TGI e ainda por diminuir o efeito de primeira-

passagem no fígado (KADAM, BOURNE e KOMPELLA, 2012; ARAÚJO et al., 1999).

Segundo Boegh e colaboradores (2013) nanopartículas sintetizadas com polímeros

bioaderentes resultam em maior absorção do fármaco por aumentar as interações do sistema

carreador com as células intestinais. No entanto, o polímero utilizado como matriz para o

desenvolvimento da nanopartícula em estudo, o PMMA, não é bioadesivo (REINEKE et al.,

2013), podendo ser esse o motivo dele não ter favorecido o aumento da biodisponibilidade do

PZQ. Neste sentido, estudo para a determinação da taxa de difusão, viscoelasticidade,

velocidade, direção e transporte de nanopartículas de PMMA no muco necessitam ser

realizados. Apesar de não ser bioaderente, PMMA têm sido amplamente utilizado na área

farmacêutica e biomédica devido a sua conhecida biocompatibilidade, estabilidade

dimensional e resistência (CHEN et al., 2010), fatores muito importantes para o

desenvolvimento de formulações farmacêuticas, além do baixo custo e facilidade para

produção em escala industrial.

Adicionalmente, foi necessário o uso de Cremophor® para aumentar a solubilidade

aquosa das nanopartículas, uma vez que estas suspendidas somente com água obstruíam a

cânula de gavage, impossibilitando a administração. O Cremophor® é um agente

solubilizante e emulsificante usado pela indústria farmacêutica para preparações aquosas de

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ingredientes farmacêuticos ativos hidrofóbicos. Diferentes estudos utilizaram Praziquantel

livre ou o comprimido referência solubilizado em 2% Cremophor® (EL-LAKKANY et al.,

2011; BARROS et al., 2009; BOTROS et al., 2008) e não foi relatado qualquer interferência

na farmacocinética e/ou farmacodinâmica do fármaco, motivo pelo qual foi escolhido para o

presente ensaio. Contudo, não foram encontrados estudos sobre a interação de PMMA com

Cremophor®. Logo, uma hipótese é que a adição desse agente solubilizante pode ter

provocado alterações na superfície das nanopartículas que impossibilitaram a completa

liberação do fármaco da matriz polimérica. No estudo realizado por Fonseca e colaboradores

(2013b), foi demonstrado que o perfil de liberação in vitro de PZQ a partir das nanopartículas

de PMMA foi de aproximadamente 85% em 15 minutos, tanto em meio gástrico simulado

(pH 1,2), como em meio entérico simulado (pH 6,8), não justificando os resultados de

biodisponibilidade obtidos por este estudo. No entanto, este ensaio foi realizado in vitro, sem

a presença de Cremophor® e não foi realizado estudo em pH sanguíneo (7,4).

Sabe-se ainda que a captação celular de nanopartículas depende de suas propriedades

de superfície (DING e MA, 2014; SHANG et al., 2014). Então, outra hipótese para a baixa

biodisponibilidade de PZQ encontrada para o grupo PZQ-NP é que a adição de Cremophor®

pode ter alterado as propriedades de superfície das nanopartículas de modo a dificultar sua

interação com as células absortivas do TGI. É importante ressaltar que essas alterações podem

ocorrer apenas após contato com os complexos fluídos biológicos (KETTINGER et al.,

2013), impossibilitando a previsão com estudos in vitro.

Nanopartículas têm demonstrado proteger as moléculas do efeito de primeira

passagem no fígado (KADAM, BOURNE e KOMPELLA, 2012; ITALIA et al., 2007).

Contudo, no presente estudo não foi possível avaliar a influência das nanopartículas na

biotransformação do PZQ por dificuldade na aquisição dos padrões de cis e trans-4-

hidroxilpraziquantel, principais produtos de biotransformação de PZQ relatado na literatura

(ALI, 2006). Assim, pesquisas são necessárias a fim de determinar qualitativamente e

quantitativamente os produtos de biotransformação provenientes de PZQ contidos em

nanopartículas de PMMA e se essas moléculas possuem atividade anti-helmíntica.

Não foi observada diferença estatística significativa no tempo em que a concentração

máxima de PZQ é atingida (Tmáx) entre os grupos, sugerindo que o nanosistema estudado não

possui efeito de liberação retardada. Resultado semelhante foi encontrado por Xie e

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colaboradores (2011) para nanopartículas sólidas lipídicas contendo PZQ. Ao contrário,

Zhang e colaboradores (2014) demonstraram que nanosuspensões lipídicas aumentaram

significativamente o T máx do fármaco carreado. Novamente ressalta-se a importância das

características químicas e físicas do material utilizado como matriz para a nanopartícula no

processo de absorção do fármaco, uma vez que os nanosistemas do presente estudo são

diferentes dos utilizados pelos autores supra citados.

O tempo de meia-vida de eliminação (T1/2β) do PZQ livre foi aproximadamente 10

vezes menor do que o encontrado por Xie e colaboradores (2011). Esses autores, no entanto,

realizaram o estudo em cães, e foram administrados PZQ, por via subcutânea, na dose de

5mg/kg. Isto demonstra que a cinética do PZQ pode variar consideravelmente de acordo com

as espécies utilizadas.

Os resultados obtidos para a taxa de eliminação (Ke) sugerem que não há saturação do

processo de eliminação, pois embora a ASC0-∞ do grupo PZQ-NP tenha sido

aproximadamente três vezes maior, Ke foi semelhante entre os grupos.

Os valores obtidos para o Clearance (Cl) e Volume de distribuição (Vd) foram

desconsiderados, pois o software empregado para calcular esses parâmetros considera que Cl

é o quociente entre a quantidade de fármaco administrada e a ASC0-∞, ou seja, para determinar

esse parâmetro, considera que a dose administrada é totalmente absorvida, o que não é

verdade para uma administração extravascular. Como o Vd é uma função do Cl (Vd = Cl x

Ke), a precisão de um resulta na imprecisão do outro. Logo, ambos foram descartados.

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66

7. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo sugerem qua a baixa concentração plasmática

de PZQ no grupo tratado com nanopartículas de PMMA pode ser tanto devido a incompleta

liberação do PZQ da matriz polimérica in vivo como por menor taxa de internalização das

nanopartículas pelas células do trato gastrointestinal. Em ambos os casos, são necessários

mais estudos para a compreensão do comportamento destas nanopartículas no organismo e

dos mecanismos envolvidos na absorção do PZQ carreado por esse sistema para que o

processo de desenvolvimento desse nanossistema seja aprimorado. Paralelamente, ensaios

devem ser realizados a fim de avaliar se PZQ administrado em PMMA-NP atinge a faixa

terapêutica e se é eficaz no tratamento da esquistossomose.

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ANEXOS E APÊNDICES

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ANEXO I: Certificado Padrão de Referência do Praziquantel – USP

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ANEXO II: Certificado Padrão de Referência do Diazepam – INCQS

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ANEXO III: Parecer consubstanciado do CEUA – UFF

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APÊNCIDE I: Espectro de Massas do íon precursor do analito

2.1

e7 Intensity, cps

m/z

, D

a

31

3.2

31

4.0

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81

APÊNCIDE II: Espectro de Massas do íon produto do analito

1.8

e7 Intensity, cps

m/z

, D

a

85.1

55

.0

203.1

17

4.1

17

5.2

13

2.1

81

.083

.1

57.0

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82

AÊNCIDE III: Espectro de Massas do íon precursor do padrão interno

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83

APÊNCIDE IV: Espectro de Massas do íon precursor do padrão interno

1.4

e 6

Intensity, cps

m/z

, D

a

89

.01

65

.0

16

2.0

152.0

91

.0

15

4.0

167.1

193.0