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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CAMPUS ANGICOS
DEPARTAMENTO CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E
HUMANAS - DCETH
CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIAS – UMA REVISÃO DE
LITERATURA COM ÊNFASE EM FISSURA
ANGICOS-RN
2012
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIAS – UMA REVISÃO DE
LITERATURA COM ÊNFASE EM FISSURA
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi – Árido – UFERSA,
Campus Angicos, para a obtenção do título
de Bacharel em Ciência e Tecnologia.
Orientadora: Profª Dra. Marcilene Vieira da
Nóbrega.
ANGICOS-RN
2012
JANIELLY KALINE DE OLIVEIRA FERREIRA
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ALVENARIAS – UMA REVISÃO DE
LITERATURA COM ÊNFASE EM FISSURA
Monografia apresentada ao Campus Angicos
da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
para obtenção do título de Bacharel em
Ciência e Tecnologia.
APROVADA EM:____/_____/____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Profª. Dra Marcilene Vieira da Nóbrega - UFERSA
Presidente
___________________________________________
Profª. Me. Núbia Alves de Souza Nogueira - UFERSA
Primeiro Membro
___________________________________________
Profº. Dr. Joselito Medeiros de Freitas Cavalcante - UFERSA
Segundo Membro
Dedico este trabalho de conclusão de curso aos
meus pais, Francisco das Chagas Ferreira e
Janeide Maria de Oliveira, que sempre me
incentivaram a estudar, sempre atenciosos e
presente. Devo tudo que sou a eles.
AGRADECIMENTOS
À Deus, sempre em primeiro lugar, pela dádiva da vida a mim concedida, por ser á minha
fortaleza, principalmente nos momentos em que mais preciso;
À minha professora orientadora, Dra. Marcilene Vieira da Nóbrega, dedicada, atenciosa,
cuidadosa e compreensiva, peça fundamental desta monografia, sem a sua ajuda eu não teria
desenvolvido este trabalho com tamanha qualidade;
Aos meus pais, Francisco das Chagas Ferreira e Janeide Maria de Oliveira, por me educar,
acreditar e por investir no meu futuro, guiando-me ao caminho certo;
À minha avó, Maria Olivia, pessoa muito importante na minha vida, sempre que preciso dela
não importa para quê, ela não mede esforços e está pronta para servir.
Aos professores da banca, Núbia Alves e Joselito Medeiros, pela atenção e consideração de
aceitar o convite.
Ao meu namorado, Dakson Câmara, que está junto comigo nesta jornada não tão fácil assim,
mas sempre dando-me força para chegar ao fim. Alegrando-me nos momentos em que estive
triste e desanimada, um porto seguro a que me remeto sempre que preciso.
Ao meu amigo, irmão, parceiro de estudo fiel, Emanuel Cunha, desde o princípio do curso
esteve ao meu lado, tornando-se meu mais novo velho amigo. Pessoa impar, que poucos têm o
privilégio de conhecer, com um caráter admirável.
Às minhas amigas (verdadeiras irmãs), Ilanna Andreza e Katiane Sara, que também esteve
comigo desde o princípio do curso, sempre dando-me força nos momentos em que eu quiz
fraquejar, proporcionando-me alegrias nos mementos de tristeza. Só tenho a agradecer-las.
À minha prima Nara Poliana, a minha tia Alcineide Justo Siqueira, a minha avó e ao seu
esposo (avô postiço), Antônia Justo e Alcir Siqueira, ao meu irmão Franklin Jânio, pois
sempre torceram por mim, torceram pelo meu sucesso.
Tenho aprendido com o tempo que a felicidade
vibra na freqüência das coisas mais simples.
Que o que amacia o riso, convida a alma pra
brincar, são essas imensas coisas pequeninas
bordadas com fios de luz no tecido áspero do
cotidiano.
(Ana Jácomo )
RESUMO
As obras de construção civil possuem vida útil e o que determina esse tempo é um
conjunto de fatores a qual a obra estará exposta. Os erros ocorrentes na fase de projeto, as
falhas na execução, a má qualidade dos materiais, assim como a exposição ao ambiente (sol,
chuva, vento, frio, calor etc.) são fatores que contribuem para uma deterioração precoce da
obra apresentando problemas quanto ao desempenho. Tais problemas são denominados
manifestações patológicas. Estas ocorrem nas edificações e aumentaram o número de
incidências com crescimento acelerado das construções civis. As fissuras são dentre as
manifestações patológicas, as mais frequentes e as que mais se destacam, além de serem
consideradas as mais importantes a ser estudadas devido as suas consequências afetarem
diretamente no desempenho futuro da edificação. As fissuras em alvenarias funcionam como
um sinalizador do mau funcionamento do sistema. Portanto, o presente estudo tem como
objetivo principal desenvolver uma revisão bibliográfica sobre os diversos tipos de fissuras
que podem ocorrer em alvenarias. Composto primeiramente de uma fundamentação teórica
que aborda as principais manifestações patológicas, origem, reparo. Ainda na fundamentação
teórica abordou-se sobre fissura em alvenaria, classificação das fissuras, mecanismo de
formação e configuração típica. Observou-se ao longo do trabalho que esse tipo de
manifestação patológica é bastante pesquisada e que sua presença em alvenarias podem estar
diretamente relacionada com três critérios, sendo, falha na elaboração dos projetos, falha na
execução dos mesmos e por fim problemas gerados com a utilização da edificação e
particularmente alvenaria.
Palavras-chave: Manifestação patológica. Fissura. Alvenaria.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura de um edifício e o esqueleto humano................................................... 18
Figura 2 - Exame realizado pelo profissional da construção civil......................................... 19
Figura 3 - Analogia entre os medicamentos.......................................................................... 20
Figura 4 – Deslocamento de revestimento cerâmico............................................................. 21
Figura 5 – Deslocamentos (a) por empolamento; (b) em placa de revestiento por falta de
chapisco.................................................................................................................................
21
Figura 6 – Eflorescência entre vigas..................................................................................... 22
Figura 7 – Manifestação de manchas e bolor........................................................................ 23
Figura 8 – Corrosão da armadura.......................................................................................... 24
Figura 9 – Fissura em alvenaria............................................................................................. 25
Figura 10 – Alvenaria externa ou de fachada........................................................................
Figura 11 – Alvenaria interna................................................................................................
Figura 12 – Alvenaria interna de compartimentação............................................................
Figura 13 – Alvenaria interna de separação..........................................................................
Figura 14 – Alvenaria auto portante......................................................................................
Figura 15 – Alvenaria estrutural............................................................................................
Figura 16 – Alvenaria pneumática........................................................................................
Figura 17 – Parede com fissura inclinada resultante da dilatação térmica da laje de
cobertura................................................................................................................................
33
34
34
35
35
36
36
40
Figura 18 – Pilar fissurado devido a movimentação térmica da viga.................................... 41
Figura 19 – Fissuras verticais (a) acompanhando as juntas de argamassa; (b) através dos
componentes de alvenaria......................................................................................................
41
Figura 20 – Fissura causada por movimentações higroscópica devido a expansão dos
tijolos.....................................................................................................................................
42
Figura 21 – Fissura vertical no terço médio da parede, causada por movimentação
higroscópica de tijolos de solo-cimento................................................................................
43
Figura 22 – Fissura horizontal na base da alvenaria, devido a umidade do solo.................. 44
Figura 23 – Destacamento horizontal no topo do muro........................................................ 44
Figura 24 – Fissuras verticais na alvenaria causada por sobrecarga..................................... 45
Figura 25 – Fissuras horizontais na alvenaria....................................................................... 46
Figura 26 – Fissuras provenientes da ruptura, causada pela atuação de sobrecargas
localizada...............................................................................................................................
46
Figura 27 – Fissuras provocadas pela deformação do suporte que se apresentam maiores
que a deformação da viga superior........................................................................................
48
Figura 28 – Fissuras decorrentes da deformação da viga que neste caso é superior a
deformação do suporte..........................................................................................................
48
Figura 29 – Fissuras em parede de vedação, devido a deformação de suporte ser idêntica
a deformação da viga superior...............................................................................................
49
Figura 30 – Fundação contínua solicitada por carregamento desbalanceado........................ 50
Figura 31 – Fissuras de flexão ocorridas nas regiões mais carregadas das janelas...............
Figura 32 – (a) Recalque diferenciado, por consolidações distintas do aterro carregado;
(b) Fissura de cisalhamento na alvenaria proveniente de fundação assentadas sobre
seções de corte e aterro; (c) Recalque diferenciado no edifício menor pela interferência
no seu bulbo de tensões em função da construção do edifício maior; (d) Recalque
diferenciado por falta de homogeneidade do solo; (e) Recalque diferenciado por
rebaixamento do lençol freático............................................................................................
Figura 33 – Fissura vertical provocada pelo recalque diferenciado ocasionado pela
diferença no sistema de fundação..........................................................................................
Figura 34 – Fissura provocada pela alteração volumétrica do solo, devido a perda de
água........................................................................................................................................
Figura 35 – Fissuras em paredes externas provenientes de retração da laje de cobertura.....
Figura 36 – Fissuras (A e B) causadas por retração que tem origem nas movimentações
térmicas..................................................................................................................................
Figura 37 – Destacamento provocado pelo encunhamento precoce da alvenaria.................
Figura 38 – Fissuras horizontais no revestimento, provocadas pela expansão da
argamassa de assentamento...................................................................................................
Figura 39 – Fissuração em argamassa de revestimento provenientes do ataque por
sulfatos...................................................................................................................................
Figura 40 – Diagrama de causa e efeito....................................................................
51
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53
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55
57
58
67
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Estudos das origens de patologias nas edificações brasileiras........................... 29
Gráfico 2 – Incidência de fissura em alvenaria segundo as causas.......................................
Gráfico 3 – Intensidade de fissura em alvenaria segundo as causas.....................................
Gráfico 4 – Distribuição das manifestações patológicas de acordo com o tipo....................
Gráfico 5 – Frequência de manifestações patológicas nos elementos construtivos..............
Gráfico 6 – Ocorrências de manifestações patológicas em paredes......................................
Gráfico 7 – Manifestações patológicas em 8 (oito) empreendimentos.................................
Gráfico 8 – Formas de fissuração diagnosticadas.................................................................
Gráfico 9 – Patologias encontradas nas edificações pesquisadas e o grau de incidência......
60
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64
64
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68
Gráfico 10 – Incidência de manifestações patológicas em fachadas..................................... 69
Gráfico 11 – Incidência de manifestações patológicas em muros......................................... 70
Gráfico 12 – Incidência de manifestações patológicas nos revestimentos............................ 71
Gráfico 13 – Edifícios pesquisados....................................................................................... 72
Gráfico 14 – Incidência de manifestações patológicas encontradas na pesquisa.................. 72
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Comparativo de fissuras pelos métodos I e II..................................................... 61
Quadro 2 – Tipos de manifestações patológicas vistoriadas no período de 1999 e 2000...... 62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 16
2.1 PATOLOGIA EM EDIFICAÇÕES ................................................................................... 16
2.1.1 Conceito de patologia .................................................................................................... 16
2.1.2 Relação entre os termos patologia e manifestação patológica .................................. 17
2.1.3 Tipos de manifestações patológicas em edificações ................................................... 20
2.1.3.1 Deslocamento ou destacamento.................................................................................... 20
2.1.3.2 Eflorescência ................................................................................................................ 22
2.1.3.3 Bolor ou mofo ............................................................................................................... 23
2.1.3.4 Corrosão da armadura de concreto ............................................................................... 24
2.1.3.5 Fissura .......................................................................................................................... 25
2.1.4 Origem das manifestações patologicas ........................................................................ 26
2.1.4.1 Erro na fase de concepção do projeto ........................................................................... 26
2.1.4.2 Erro na fase de execução .............................................................................................. 27
2.1.4.3 Erro na fase de utilização.............................................................................................. 27
2.1.5 Reparo das manifestações patológicas ......................................................................... 29
2.1.5.1 Recuperação de deslocamento ...................................................................................... 30
2.1.5.2 Recuperação de eflorescência ....................................................................................... 30
2.1.5.3 Reculperação de bolor ou mofo .................................................................................... 31
2.1.5.4 Recuperação de corrosão na armadura de concreto...................................................... 31
2.1.5.5 Reparação de firrura ..................................................................................................... 31
2.2 FISSURAS EM ALVENARIAS ........................................................................................ 32
2.2.1 Alvenaria ........................................................................................................................ 32
2.2.1.1 Classififação quanto a posição relativa no edifícil ....................................................... 33
2.2.1.2 Classificação quanto ao tipo de estrutura ..................................................................... 35
2.2.2 Classificação das fissuras em alvenarias ..................................................................... 37
2.2.2.1 Classificação quanto a abertura .................................................................................... 37
2.2.2.2 Classificação quanto a atividade .................................................................................. 38
2.2.2.3 Classificação quanto a forma ........................................................................................ 38
2.2.2.4 Classificação quanto a causa ........................................................................................ 38
2.2.2.5 Classificação quanto a direção ..................................................................................... 39
2.2.3 Mecanismo de formação e configuração típica das fissuras em alvenaria ............... 39
2.2.3.1 Coniderações iniciais .................................................................................................... 39
2.2.3.2 Fissuras provocadas por movimentações termicas ....................................................... 39
2.2.3.3 Fissuras provocadas por movimentações higroscópicas .............................................. 42
2.2.3.4 Fissuras provocadas pela atuação de sobrecarga .......................................................... 44
2.2.3.5 Fissuras provocadas por deformabilidade ................................................................... 47
2.2.3.6 Fissuras provocadas por recalque de fundação............................................................. 49
2.2.3.7 Fissuras provocadas pela retração de produtos a base de cimento ............................... 54
2.2.3.8 Fissuras provocadas por alterações químicas dos materiais de construção .................56
2.2.3.8.1Hidratação retardada de cales ..................................................................................56
2.2.3.8.2 Ataque por sulfatos ...................................................................................................57
2.2.3.8.3Corrosão de armadura ...............................................................................................58
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 59
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 60
4.1 PESQUISAS REALIZADAS SOBRE MÉTODOS DE ELEVAÇÃO .............................. 60
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 74
14
1 INTRODUÇÃO
Desde o princípio da civilização o homem, mesmo possuindo poucas ferramentas,
construía suas próprias moradias utilizando-se de métodos rudimentares, no qual já
apresentavam problemas relacionados ao conforto, segurança e estabilidade da edificação.
Diante destes problemas surge a preocupação com o comportamento futuro, qualidade e
durabilidade das construções (DARDENGO, 2010; RAMALHO E CORRÊA, 2003).
Para Souza e Ripper (1998), a necessidade de inovação dos métodos construtivos veio
com o crescimento acelerado da construção civil, com isso também aumentaram-se os riscos
que, são aceitos, porém dentro de certos limites regulamentados. A aceitação dos riscos
resultou no desenvolvimento tecnológico, e através de estudos e análises dos erros
acontecidos aumentou-se o conhecimento sobre estruturas e materiais. Porém as limitações ao
desenvolvimento tecnológico, as falhas involuntárias e os casos de imperícia, ainda persistem
e algumas estruturas não apresentam o desempenho esperado, provocando problemas durante
sua vida útil.
Esses problemas provocam intervenções na edificação que comprometem seu uso,
chegando a impedir que a mesma seja até mesmo utilizada. Na literatura esses problemas são
denominados de manifestações patológicas.
Para Souza e Ripper (1998) e Dardengo (2010) as manifestações patológicas na
construção civil representam o baixo desempenho da estrutura ou até mesmo o fim da vida
útil de determinado componente estrutural, causando consequentemente a insatisfação do
usuário no que diz respeito à estabilidade, estética, servicibilidade e, principalmente, a
durabilidade da mesma com relação às condições a que está submetida. De acordo com Souza
e Ripper (1998) os sintomas patológicos desenvolvem-se mesmo em estruturas bem
projetadas, bem executadas e corretamente utilizadas, pois se deterioram com o passar do
tempo.
Silva (2011) cita que as manifestações patológicas são os resultados do mecanismo de
degradação das edificações, e podem ser observadas em uma inspeção. A ocorrência das
manifestações patológicas acentua-se em casos que as edificações são mal projetadas,
executadas com ausência de cuidados, utilizadas com descaso e manutenção deficiente.
Outros fatores que contribuem para o surgimento das manifestações patológicas são a falta de
detalhamento, insuficiência de planejamento e controle, a qualificação deficiente ou
inadequada dos técnicos e operários, e os prazos de execução excessivamente curtos (SOUZA
E RIPPER, 1998).
15
De acordo com Geyer e Brandão (2007), as fundações, as estruturas de concreto
armado, as alvenarias, os revestimentos de argamassa, os revestimentos cerâmicos, as
instalações hidro-sanitárias, as instalações elétricas, os sistemas de impermeabilização e as
esquadrias são os diversos componentes de uma edificação, no qual estão sujeito as
manifestações patológicas.
Porém as manifestações patológicas mais frequentes nesses componentes destacadas
por Roscoe (2008) são, deslocamentos, eflorescência, bolor (mofo), corrosão em armaduras
de concreto e fissuras. Esta última pode ser considerada além de mais frequente, também
presente na maioria dos elementos construtivos da edificação e é definida como sendo
aberturas encontradas em alvenarias ou em concreto armado, podendo ser originada de várias
formas e possuírem diversos tipos de mecanismo de formação.
O conhecimento dos vários mecanismos de formação das fissuras é indispensável, pois
permitem identificar os diversos tipos existentes e possibilita distinguir se a mesma representa
algum perigo à estrutura ou se haverá o comprometimento no comportamento futuro da
edificação (THOMAZ, 1989).
De acordo com Dal Molin (1988) a fissuração é um fenômeno muito antigo, e
atualmente esse quadro vem se agravando cada vez mais, não só pela qualificação inadequada
da mão-de-obra, mas também pela deficiência no controle de qualidade realizado em cada
uma das etapas (planejamento, projeto, materiais, execução e uso) do processo construtivo,
além da incompatibilidade entre estas etapas.b
Um sistema construtivo no qual os materiais que o compõe possuem qualidade
duvidosa, propriedades e comportamento desconhecidos, aplicados a técnicas não adequadas,
é bastante propício ao maior número de incidências de fissuras precoce (MASSETTO e
SABBATINE, 1998). Portanto, na concepção da obra, durante o projeto deve-se considerar a
ação de cargas e fenômenos naturais no qual a estrutura será submetida, de forma a resistir a
atuação dessas cargas (DAL MOLIN, 1998; MAGUALHÃES, 2004).
Desta forma este trabalho tem como objetivo principal desenvolver uma revisão
bibliográfica sobre os diversos tipos de fissuras que podem ocorrer em alvenarias. Para atingir
tal objetivo será realizada uma fundamentação teórica em que se abordarão as manifestações
patológicas que surgem em diversos tipos de elementos estruturais, dando enfoque nos tipos
de manifestações, origem e reparos. Serão abordadas as causas relacionadas com as fissuras
em alvenarias, que compreende desde as alterações das propriedades químicas dos materiais
até a deficiência na elaboração do projeto.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo será abordada a fundamentação teórica que norteará o desenvolvimento
deste trabalho. A mesma será dividida em duas partes: levantamento dos conceitos
fundamentais que envolvem as manifestações patológicas mais frequentes em edificações e
depois uma abordagem mais específica dando enforque a manifestação patológica do tipo
fissura dando ênfase ao mecanismo de formação e configurações típicas.
2.1 PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES
2.1.1 Conceito de patologia
Desde o princípio da civilização, a preocupação com a durabilidade das habitações era
percebida, permitindo que o homem trabalhasse sempre na busca de aperfeiçoamento e
criação de novas técnicas construtivas, provocando o desenvolvimento tecnológico das
construções em função do aperfeiçoamento de materiais e criação de estruturas mais duráveis
(DARDENGO, 2010).
Porém o desenvolvimento tecnológico gerou um crescimento acelerado que resultou
também em aspectos negativos, como a deterioração precoce das edificações que
consequentemente apresenta uma diminuição no seu desempenho. Esses aspectos negativos
advêm de um conjunto de irregularidades interligadas entre si, como por exemplo, a mão de
obra desqualificada, que provocam má execução dos projetos gerando problemas na vida útil
da edificação (DARDENGO, 2010).
Esses problemas em sua maioria estão relacionados com patologias que surgem nessas
edificações, especificamente em seus elementos estruturais. Patologia é uma ciência composta
por um conjunto de fundamentos que explicam os mecanismos, as origens e as causa do
surgimento de determinada manifestação patológica, fornecendo informações sobre formas de
recuperação e manutenção colaborando para minimizar a incidência de tais problemas
(BRADÃO, 2007; SILVA, 2011; DAL MOLIN, 1988).
Observa-se que os termos patologia e manifestação patológica são naturalmente
confundidos. Desse modo é imprescindível o entendimento de que a patologia é uma ciência
na qual estuda e explica de uma forma geral tudo que se refere a degradação da edificação,
enquanto que os resultados desse mecanismo de degradação são as manifestações patológicas,
e podem ser observadas em uma inspeção (SILVA, 2011). Desta forma, neste trabalho, para
17
melhor entendimento será utilizado o termo manifestação patológica para se referir aos
problemas presentes em edificações.
2.1.2 Relação entre os termos patologia e manifestação patológica
Os termos técnicos da medicina tem sido amplamente utilizados por profissionais da
engenharia civil para indicar problemas que surgem nas edificações e que coloquem em risco
a vida útil das mesmas. Muitos desses termos já são usuais na literatura específica da área e
são adotados pelos cursos de graduação em engenharia civil. (SILVA, 2011).
A seguir serão apresentados e definidos de acordo com a Silva (2011), os termos
adotados na engenharia civil em comum com a medicina:
Profilaxia das edificações: estudo de novos meios aplicados para prevenir as
anomalias que podem surgir nos edifícios, bem como suas propagações;
Diagnóstico: compreende na identificação e descrição do mecanismo de formação das
manifestações, assim como as origens e as causas efetivamente responsáveis pelo problema
patológico;
Prognóstico: baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, acerca da
duração e evolução de uma doença ou predição, agouro, presságio, profecia, relativos a
qualquer assunto. Ou seja, estimativa da evolução do problema ao longo do tempo;
Terapia: tratamento para uma determinada doença diagnosticada pelo profissional
especialista na área, ou por meio de terapia alternativa. Também há recomendação de medidas
necessárias, sejam elas imediatas ou não;
Anamnese: uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a
doença e à estrutura;
O autor afirma que a profilaxia foi o termo pioneiro que fez com que os profissionais
da construção civil utilizassem termos da medicina na engenharia civil. Essas terminologias
são utilizadas em comum pelas semelhanças dos objetos de estudos. Com o intuito de
18
evidenciar que o ser humano e a edificação são facilmente comparáveis, o autor traça um
paralelo e compara o esqueleto humano à estrutura de um edifício.
Na medicina em comparação com a estrutura de edifício apontam-se diversas
similaridades tais como, a musculatura é similar às alvenarias, a pele iguala-se aos
revestimentos, o sistema circulatório compara-se as instalações elétricas de gás, esgoto e água
potável, enquanto que o aparelho respiratório seria o sistema de ventilação (janelas, ar-
condicionado, sistemas de exaustão etc). Na Figura 1 tem-se a comparação entre uma
estrutura de sustentação na engenharia civil e o esqueleto humano.
Figura 1 – Estrutura de um edifício e o esqueleto humano
Fonte: Silva (2011)
Na área de patologia das construções e assim como na medicina para fazer o
diagnóstico de uma manifestação patológica em uma edificação é necessário primeiramente
examinar a obra assim como esta ilustrada na Figura 2, que demonstra como é feito o exame
na área da construção civil. Para isso faz-se necessário uma formação especial nessa área de
estudo (SILVA, 2011).
19
Figura 2 – Exame realizado pelo profissional da construção civil
Fonte: Silva (2011)
Silva (2011), afirma que atualmente para um diagnóstico confiável, uma especificação
correta dos materiais e o procedimento de recuperação adequado, já existem bastante
conhecimentos produzidos e profissionais qualificados o que é considerada uma vitória na
construção civil.
Depois de identificada, a manifestação patológica deve ser tratada de acordo com o
diagnóstico e prognóstico indicado para a eliminação das causas. Na Figura 3, observa-se a
analogia feita entre o uso de pastilhas para proteção catódica das armaduras da engenharia
civil com o remédio da medicina.
20
Figura 3 – Analogia entre os medicamentos
Fonte: Téchne (2011)
2.1.3. Tipos de manifestações patológicas em edificações
São várias as manifestações patológicas que surgem nas edificações. De acordo com
Geyer e Brandão (2007) os componentes das edificações que podem ser afetados por
manifestações patológicas são as fundações, as estruturas de concreto armado, as alvenarias,
os revestimentos de argamassa, os revestimentos cerâmicos, as instalações hidrossanitárias, as
instalações elétricas, os sistemas de impermeabilização e as esquadrias.
No entanto Roscoe (2008) destaca que as manifestações patológicas mais frequentes
nesses componentes são, deslocamentos, eflorescência, bolor (mofo), corrosão em armaduras
de concreto e fissuras. Esta última, além de ser considerada uma das mais frequentes, também
está presente na maioria dos elementos construtivos da edificação.
A seguir são descritas as manifestações patológicas mais frequentes em edificações.
2.1.3.1 Deslocamentos ou destacamentos
Proveniente das desarticulações das camadas dos revestimentos de argamassas ou
revestimentos cerâmicos, os deslocamentos apresentam uma extensão variável, podendo
compreender áreas restritas até dimensões que abrangem a totalidade de uma alvenaria
(GEYER e BRANDÃO, 2007).
O deslocamento do revestimento cerâmico observado na Figura 4 é considerado a
manifestação patológica mais séria em função do alto custo de reparo e devido aos usuários
estarem expostos a acidentes. São caracterizadas pela falta de aderência das placas cerâmicas
ou da argamassa colante. Geralmente ocorre após cinco anos de vida útil da obra e pode ser
21
observada pelo som oco que determinadas placas cerâmicas emitem ou até mesmo pelo
estufamento da camada de revestimento (ROSCOE, 2008).
Figura 4 – Deslocamento de revestimento cerâmico
Fonte: Adaptada de Dardengo (2010)
O deslocamento em argamassa de revestimento pode ocorrer de duas maneiras, por
empolamento e deslocamento em placas. O deslocamento por empolamento ocorre devido à
má hidratação da cal existente na argamassa, como pode se observar na Figura 5 (a). Já o
deslocamento em placas ocorre pela perda natural de aderência das camadas de revestimento
ocasionadas pela má execução do chapisco, como pode ser verificado na Figura 5 (b),
(CECHINEL,et al., 2011).
Figura 5 – (a) Deslocamento por empolamento e (b) deslocamento em placa do revestimento
por falta de chapisco.
(a) (b)
Fonte: (a) Pereira, 2005; (b) Adaptado de CINCOTTO, 1988 apud SEGAT, 2005
22
2.1.3.2 Eflorescência
Eflorescência caracteriza-se pelo surgimento de formações salinas sobre algumas
superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter forma de crostas duras, insolúveis em
água e provocam alterações na cor da superfície do revestimento, nas tonalidades
esbranquiçada, acinzentada, esverdeada, amarelada ou preta. Na Figura 6 pode ser observada
a manifestação de eflorescência na tonalidade esbranquiçada, entre as vigas de um pavimento
de garagem (GEYE e BRANDÃO, 2007)
Figura 6 – Eflorescência entre vigas.
Fonte: Adaptado de Souza (2008)
Esse fenômeno resulta da migração de sais solúveis presentes no cimento, nos tijolos,
na argamassa, no concreto ou na areia, utilizada para promover a trabalhabilidade e hidratação
do cimento. A água existente na argamassa é o agente transportador dos sais presente nesses
materiais para a superfície da alvenaria, evaporando e ficando os sais acumulados na
superfície na forma de pó branco (SEGAT, 2005).
Nesta linha, Souza (2008) acrescenta que a pressão hidrostática (capilairidade)
também contribui na formação dessa manifestação patológica. O teor de sais solúveis
presentes nos materiais ou componentes, a presença de água e a pressão hidrostática são três
fatores que devem existir para a origem e formação da eflorescência. O autor enfatiza que na
ausência de um desses fatores o surgimento eflorescência não ocorre, pois possuem o mesmo
23
grau de importância. Souza (2008) ressalta ainda que existem fatores externos como o
aumento da temperatura, a quantidade de solução que irá aflorar e a porosidade dos
elementos.
2.1.3.3 Bolor ou mofo
O bolor ou mofo é a denominação dada aos fungos que surgem em locais que não
possuem ventilação e luminosidade. Geralmente são encontrados em locais úmidos e escuros
sendo alguns tipos de bolores maléficos a saúde humana. Segundo Souza (2008), o bolor que
surge nas paredes está diretamente ligado a umidade existente por infiltrações ou vazamentos
de tubulações, pois esses fungos necessitam que o ambiente onde esteja se desenvolvendo
possua alto teor de umidade. Na Figura 7, pode-se observar esse tipo de manifestação
patológica.
Figura 7 – Manifestação de manchas e bolor
Fonte: Adaptado de engenhariacivil, (2010)1
De acordo com Segat (2005), mofo é uma manifestação patológica vista
macroscopicamente que causa a desintegração do revestimento através da secreção de
enzimas que quebram moléculas orgânicas complexas até compostos mais simples, que são
assimilados e utilizados em seu desenvolvimento. O mesmo afirma que além do problema
1 Disponível em: http://www.engenhariacivil.com/controlo-humidade-condensacao-interiores
24
com a desintegração do revestimento, provocam também problemas estéticos indesejáveis
como manchas escuras e problemas respiratórios aos inquilinos decorrente da proliferação
desses microorganismos.
2.1.3.4 Corrosão em armaduras de concreto
A corrosão em armaduras de concreto (FIGURA 8) consiste em uma reação
eletroquímica de óxi-redução, cujo processo ocorre na superfície das armaduras de ferro
provocando perda gradativa da seção transversal das barras constituintes do elemento
estrutural (OLIVARI, 2003).
Figura 8 – Corrosão da armadura do concreto
Fonte: Consultoria e análise, (2009)2
A corrosão é a transformação que os materiais metálicos sofrem em decorrência do
ataque químico, esse se dá através de um processo eletroquímico e ao sofrer oxidação
indesejada o metal tem sua vida útil diminuída (MAHAN e MYERS, 1995).
A alta alcalinidade presente no concreto não oxida a estrutura metálica porque esta
possui uma película passivada que impede a corrosão do ferro, mas quando há deterioração da
película o ferro fica exposto e suscetível aos agentes corrosivos existentes no concreto
2 Disponível em< http://www.consultoriaeanalise.com/2009/09/corrosao-das-armaduras.html>
25
(COSTA, 2009). Ao sofrer oxidação o ferro pode assumir proporções dez vezes maiores em
relação ao seu tamanho original, pois ao oxidar o ferro provoca uma alta pressão no concreto
que ocasiona a fissura.
2.1.3.5 Fissura
As fissuras são manifestações patológicas encontradas em recalque de fundações,
estruturas de concreto armado, argamassa de reboco e alvenaria (GEYER e BRANDÃO,
2007).
São consideradas as manifestações patológicas que mais se destacam como mais
importante em relação as demais. Essa importância está no fato de que as mesmas apresentam
aspectos fundamentais como, aviso de um eventual estado perigoso da estrutura,
comprometimento do desempenho da obra em serviço e constrangimento psicológico que
causa aos seus usuários (THOMAZ, 1989). Na figura 9 observa-se uma fissura típica em
alvenaria.
Figura 9 – Fissura em alvenaria
Fonte: Dardengo, 2010.
26
Fissuras são aberturas encontradas nas alvenarias na qual Saliba Júnior (2006) aponta
quatro tipos de classificação das aberturas, são eles: fissura, trinca, rachadura e fenda. Para
tornar mais simples e reduzir os termos, será utilizado apenas o termo fissura referindo-se a
todos os tipos de abertura.
2.1.4. Origem das manifestações patológicas
De acordo com Souza e Ripper (1998) e Pczieczek (2011), as manifestações
patológicas podem surgir na fase de projeto, durante a execução do mesmo e na vida útil da
edificação. Os autores afirmam que na fase de concepção do projeto é importante que o
dimensionamento da obra seja devidamente correto obedecendo aos custos do orçamento e ao
prazo de entrega da obra.
É extremamente importante também, que na fase de execução sejam seguidos a risca
os comandos e restrições presentes no projeto e que durante a vida útil da edificação faz-se
necessário a manutenção. Serão descritas a seguir de forma mais detalhada os principais
fatores originários das manifestações patológicas.
2.1.4.1 Erros na fase de concepção do projeto
Os erros ocorridos na concepção do projeto podem ter origem no estudo preliminar, na
execução do anteprojeto ou durante a elaboração do projeto de execução e são ocasionados
pela inadequação do dimensionamento estrutural, por falha na avaliação das cargas, erro ou
falta de detalhamento, ambiente inadequado, erros na consideração de juntas de dilatação
(SOUZA e RIPPER, 1998; COSTA, 2009).
Conforme Klimpel e Santos (2010), as manifestações patológicas resultam em sua
maioria da falha em projetos, no qual induzem ao erro por falta de detalhamento do mesmo.
Apesar de ser um problema antigo a falta de compatibilidade entre os projetos
complementares da edificação ainda persiste como sendo a grande dificuldade encontrada na
fase de projeto (PCZIECZEK, 2011). Portanto é importante que o estudo preliminar seja
realizado corretamente, pois um problema originário nessa fase é bastante complexo em
relação à fase de anteprojeto visto que se ocorrer falha no estudo preliminar
consequentemente o anteprojeto e o projeto de execução também apresentarão erros (SOUZA
e RIPPER, 1998).
27
2.1.4.2 Erros na fase de execução
A fase de execução inicia-se logo após a fase de concepção de projeto, portanto é de
extrema importância tomar os devidos cuidados para o bom desempenho da obra, tais como
programação de atividades, alocação de mão de obra qualificada, definição correta das
distribuições de canteiro e boa previsão de compras tendo em vista materiais de boa qualidade
(SOUZA e RIPPER, 1998; COSTA, 2009).
Souza e Ripper (1998) e Pczieczek (2011) afirmam que, as manifestações patológicas
da fase de execução são provenientes da falta de fiscalização, capacitação profissional
deficiente tanto do engenheiro quanto do mestre de obras e a baixa qualidade dos materiais.
A adaptação ou modificação do projeto inicial sem consulta ao profissional
responsável pela elaboração do projeto também acarretará em problemas patológicos na fase
de execução, isso ocorre em sua maioria sob a justificativa de que há a necessidade de
simplificações construtivas, ou até mesmo as modificações são realizadas visando a economia
máxima (SOUZA e RIPPER, 1998; COSTA, 2009).
Ao iniciar a execução do projeto os erros podem surgir por diversas formas. Os mais
comuns citados por Olivari (2003) são: erro de interpretação de projeto; falta de controle
tecnológico; uso de concreto vencido; falta de espaçadores e pastilhas para garantir o
cobrimento; armadura mal posicionada; segregação do concreto por erro de lançamento; falta
de limpeza, entre outros.
Portanto para se evitar os erros oriundos da fase de execução é imprescindível que o
projeto seja executado corretamente considerando todas as informações e exigência nele
presente, a qualidade dos materiais e a mão-de-obra especializada também são importantes
para a boa execução da obra (SOUZA e RIPPER, 1998; PCZICZEK, 2011).
2.1.4.3 Erros na fase de utilização
Finalizadas as etapas de concepção e execução, a obra estará sujeita a manifestações
patológicas e não apresentará resultado satisfatório se houver negligência em relação
manutenção periódica. As manifestações patológicas surgem nas edificações mesmo que as
duas etapas que antecedem a utilização tenham sido realizadas corretamente e apresentem a
qualidade desejada (COSTA, 2009).
Segundo Olivari (2003) as causas mais comuns de erros de utilização que
comprometem o bom desempenho da obra são a falta de programa de manutenção adequada,
28
sobrecargas incompatíveis com o projeto original, a danificação da estrutura devido a esforços
ou impactos externos, erosão por abrasão, entre outros.
As manifestações patológicas em sua maioria são notadas durante a vida útil da
edificação, mas isso não significa que as mesmas originaram-se durante a utilização. A
identificação da origem da patologia permite não só o diagnóstico e tratamento, mas também
possibilita, para fins jurídicos, a identificação de quem cometeu o erro (PCZIECZEK, 2011).
Assim como os equipamentos eletrônicos, uma estrutura também necessita de
manutenção periódica, e essa necessidade aumenta nos locais mais utilizados e que
apresentam maior índice de deterioração ou maior suscetibilidade a degradação. Em sua
maioria o usuário espera que a estrutura apresente um bom desempenho, e por desleixo ou até
mesmo por ignorância não efetuam a manutenção periódica (COSTA, 2009).
Thomaz (1989) relata o desenvolvimento de pesquisa realizada na Bélgica baseada na
análise de 1.800 manifestações patológicas em diversos tipos de edificações. Constatou-se no
estudo que 46% das manifestações patológicas têm origem na fase de projeto, onde 22% dos
problemas originam-se por falha na execução e 15% são patologias decorrentes da má
qualidade dos materiais de construção. Não foi observado nessa pesquisa o efeito da vida útil
da edificação no aparecimento das manifestações patológicas.
No entanto, Dardengo (2010) apresenta pesquisa realizada nas edificações brasileiras
examinadas no ano de 1988, na qual se observa o aparecimento de manifestações patológicas
durante a vida útil. Embasado na pesquisa, o autor relata que os maiores problemas são
provenientes da fase de execução representando 52%, em seguida estão às manifestações
patológicas originárias na fase de projeto com 18%, outros 18% dos erros pela utilização de
materiais de má qualidade. No Gráfico 1 podem-se verificar esses dados, com detalhe para o
alto percentual de problemas provenientes da fase de execução.
29
Gráfico1 – Estudo das origens de patologias nas edificações brasileiras
Fonte: Adaptado de DARDENGO, 2010
2.1.5. Reparos em manifestações patológicas
A partir do momento em que as edificações são postas em uso, já estão sujeitas a
deterioração natural onde os principais agentes são, o meio que está inserido e as próprias
características dos materiais utilizados, que sofrem alterações ao longo do tempo. Daí
verifica-se a importância da manutenção com o objetivo de preservar o desempenho e
prolongar a vida útil da mesma (DARDENGO, 2010). O mesmo autor relata ainda que, a
manutenção, até bem pouco tempo não era considerada importante no setor da construção
civil. Porém constatou-se a sua importância que se dá não só em relação a conservação das
edificações, mas também visando a economia.
As manutenções realizadas nas edificações têm a finalidade de proteger contra danos
ou recuperar edificações que apresentem manifestações patológicas, com o objetivo de
restituir o desempenho previsto no projeto e ainda reassumir suas características iniciais
(ROSCOE, 2008). O autor ressalta que grande parte das manutenções se deve ao fato da
existência das manifestações patológicas, e coloca ainda que os custo com manutenções
poderiam ser minimizados se houvesse mais atenção e cuidado na elaboração dos projetos.
De acordo com Terra (2001), um revestimento bem executado, que obedece as normas
e todos os padrões de qualidade exigidos em uma edificação só apresentará a necessidade de
30
manutenção ou reparo, quando estiver com sua vida útil bastante prolongada, decorrente das
alterações naturais.
É importe enfatizar que as precauções a serem tomadas, durante a recuperação de um
determinado elemento da edificação, são indispensáveis para a prevenção do
comprometimento ou deterioração de outros componentes (TERRA, 2001).
Cada manifestação patológica possui uma forma de recuperação distinta. A seguir
serão detalhadas as diferentes formas de recuperação das manifestações patológicas mais
frequentes citadas neste trabalho.
2.1.5.1 Recuperação de deslocamentos
Para a recuperação do deslocamento é importante que antes da realização do processo
as causas dessa manifestação sejam detectadas e eliminadas. Após a eliminação das causas a
edificação deverá passar por uma série de procedimentos para a recuperação do deslocamento.
De acordo com Terra (2001), inicialmente deverá ser realizado um corte e extração do
revestimento deslocado com delimitações de áreas retangular, com utilização de ferramenta
apropriada. Em seguida, faz-se necessário um tratamento superficial para a retirada de todo o
material que impossibilita a aderência. Quando necessário faz-se também a aplicação do
chapisco e por fim a aplicação do novo revestimento de preferência semelhante ao anterior.
2.1.5.2 Recuperação de eflorescência
A recuperação de alvenarias que apresentam eflorescência, inicialmente se dá através
da identificação e eliminação das causas. Para a eflorescência a principal causa a ser
eliminada é a umidade existente na alvenaria (TERRA, 2001).
O procedimento a ser tomado para o reparo desta manifestação patológica segundo
Uemoto (1985 apud Souza, 2008) é a limpeza do local onde está a manifestação, com o
auxílio de escova de aço e bastante água. Se necessário pode utilizar também um elemento
químico.
Terra (2001) diz também que, de acordo com a norma o reparo deve ser realizado
através de uma limpeza para a remoção da eflorescência, essa limpeza consiste na utilização
de uma escova com cerdas de aço e ácido muriático (5% a 10% de concentração).
31
2.1.5.3 Recuperação de bolor ou mofo
A recuperação de alvenarias que apresentam mofo, inicialmente se dá do mesmo modo
das outras manifestações, identificando e eliminando as causas. Nesse caso assim como o da
eflorescência a principal causa a ser eliminada também é a umidade existente na alvenaria. A
ventilação é outro fator importante para a eliminação da causa dessa manifestação (TERRA,
2001; SOUZA, 2008).
O processo de recuperação para manchas consiste apenas na lavagem local Esse
procedimento é suficiente para a eliminação das manchas quando as mesmas são recentes e
pequenas, mas em caso de manchas antigas e intensas a lavagem não é suficiente. Daí é
necessário retirar o revestimento da área superior a que a mancha está localizada, em seguida
fazer a lavagem dessa área e se necessário aplicar produtos químicos adequados (TERRA,
2001).
2.1.5.4 Recuperação de corrosão na armadura de concreto
A recuperação de corrosão em armaduras compreende da aplicação de técnicas
eletroquímicas, e segundo Polito (2006) é a única forma de interromper a corrosão na
armadura do concreto.
A técnica eletroquímica utilizada no combate da corrosão consiste na aplicação de
pastilhas de zinco, compostas por anodos que atuam invertendo a reação de corrosão. Na
região em que a pastilha é aplicada, o aço é transformado em catodo e o zinco em anodo,
originando uma célula galvânica zinco-ferro. Esta técnica de recuperação de corrosões
localizadas é considerada além de viável também é muito prática (POLITO, 2006).
2.1.5.5 Recuperação de Fissura
Assim como existem diversos tipos de configurações de fissuras, há diferentes
métodos de recuperação das mesmas. Portanto faz-se necessário um conhecimento prévio das
causas para a escolha correta do método a ser utilizado (TERRA, 2001).
Dentre os diferentes os métodos que podem ser aplicados na recuperação de fissura
são destacados três deles; bandagem que consiste no corte e extração de uma faixa do
revestimento, em seguida faz-se a aplicação da bandagem e por fim a recomposição do
revestimento; tela metálica é semelhante a técnica anterior, o diferencial desta técnica é que
32
faz-se a aplicação de uma tela metálica ao invés da bandagem; selagem consiste no
alargamento e limpeza da fissura, aplicação de um primer adequado e no preenchimento da
fissura com mastique (TERRA, 2001).
2.2 FISSURAS EM ALVENARIAS
2.2.1 Alvenaria
A alvenaria faz parte da prática construtiva há milhares de anos e foi caracterizada em
sua forma primitiva basicamente de tijolos de argila (terra crua), no qual apresentavam baixa
resistência, mas também se fazia o uso de pedras nas construções, este por sua vez embasado
nos métodos empíricos (RAMALHO e CORRÊA, 2003).
Ainda de acordo com os autores, até o século XX, os métodos empíricos eram
utilizados, mas com o passar do tempo e com os avanços tecnológicos, novas técnicas e
materiais com maior resistência passaram a ser utilizados, tais como os tijolos cerâmicos.
Definida como o conjunto de materiais pétreos justapostos unidos por argamassa
ligante, a alvenaria possui forma vertical e coesa. A junção desses materiais também pode ser
feita pelo simples encaixe de seus componentes sem a utilização da argamassa, ou ainda
podem ser reforçadas por meio de barras de aço, deste modo a receber o nome de alvenaria
estrutural (TAUIL e NESSE, 2010; MAGALHÃES, 2004; AZEREDO, 1997).
Magalhães (2004) define ainda alvenaria como sendo elemento laminar vertical
apoiado de modo contínuo em toda sua base, com comprimento maior que 1/5 de sua altura.
Constituídas de blocos de concreto, blocos cerâmicos, blocos de concretos vazados ou
blocos de pedra, as alvenarias possuem a finalidade de separar o espaço exterior do espaço
interior, assim como também define e compartimenta o ambiente interno. Mas sua principal
finalidade é a de vedação, ou seja, a proteção do ambiente interno contra ações indesejáveis
de vários agentes tais como, sol, chuva, frio, calor, vento, umidade, ruídos (TAUIL e NESSE ,
2010; PEREIRA, 2005).
As alvenarias devem atender aos requisitos essênciais relacionado a sua
funcionalidade tais como, promover a segurança, isolar e proteger acusticamente o ambiente,
promover conforto visual, higrotérmico e tátil, assim como deve proporcionar a estabilidade e
resistência mecânica, (PEREIRA, 2005).
A classificação das alvenarias se dá por diversos critérios, definidos por aspectos
relativos. Segundo Pereira (2005) esta classificação está de acordo com os seguintes aspectos:
33
posição relativa no edifício; técnica de execução; densidade superficial; tipo de estrutura;
continuidade do pano (conjunto de várias fiadas de tijolo ou blocos que formam uma parede
de alvenaria) a distribuição dos esforços; continuidade superficial em relação a visibilidade
das juntas e à amovibilidade.
No entanto será abordado neste trabalho, para o estudo das fissuras, as classificações
quanto à posição e ao tipo de estrutura, pois percebeu-se na revisão de literatura realizada,
serem as mais abordadas. Desta forma Pereira (2005) classifica alvenaria da seguinte forma:
2.2.1.1 Classificação quanto à posição relativa no edifício.
Alvenaria externa ou de fachada – Limita-se a parte externa de uma edificação, na
qual impede o contato das partes internas com o ambiente externo, no entanto uma das faces
fica exposta ao meio. Na Figura 10 observa-se exemplo desse tipo de alvenaria.
Figura 10 – Alvenaria externa ou de fachada
Fonte: Garra, (2012)3
Alvenaria interna – Compreende da parte interior, como pode se verificar na Figura
11.
3 Disponível em: http://www.garraltda.com.br/3.htm
34
Figura 11 – Alvenaria interna
Fonte: Duarte construções, (2012)4
Alvenaria interna de compartimentação – trata-se de elementos de alvenaria que
funcionam como divisórias no interior do edifício, como observar-se na Figura 12.
Figura 12 – Alvenaria interna de compartimentação
Fonte: Borges Landeiro, (2012)
5
Alvenaria interna de separação – Compreende os elementos cuja função é dividir
unidades em comum de um edifício (FIGURA 13).
4 Disponível em:
http://www1.duarteconstrucoes.com.br/cms/opencms/duarte2011/pt/empreendimentos/mostraFotosObra.html?an
o=2012&pasta=construcao&subPasta=vila_capibaribe
5 Disponível em: http://www.borgeslandeiro.com.br/imoveis/lancamento/borges-landeiro-tropicale/1
35
Figura 13 – Alvenaria interna de separação
Fonte: PDG, (2010)6
2.2.1.2 Classificação quanto ao tipo de estrutura.
Alvenaria auto portante – Consiste na ausência de estrutura adicional (FIGURA 14)
que ajuda a se auto-suportar.
Figura 14 – Alvenaria auto portante
Fonte: Alfa, (2012)7
6 Disponível em: http://www.pdg.com.br/imovel-print.php?idEmpreendimento=381
7 Disponível em: http://alfamateriais.com/metodos-construtivo/
36
Alvenaria estrutural – São dotadas de estruturas reticuladas para suporte dos
componentes de vedação, como se verifica na Figura 15.
Figura 15 – Alvenaria estrutural
Fonte: Tauil e Nesse, 2010.
Alvenaria pneumática - São estruturas dotadas de suporte a base de pressão interna
de ar, que é necessariamente superior a pressão atmosférica, como pode-se observar na Figura
16.
Figura 16 – Alvenaria pneumática
Fonte: Pereira (2005)
Segundo Massetto e Sabbatini (1998) a alvenaria de vedação é capaz de suportar
apenas o seu peso próprio e, diferentemente dos elementos estruturais a alvenaria de forma
geral não é dimensionada, pois é considerado apenas como um elemento de vedação, o que
37
torna a resistência mecânica da alvenaria deficiente, pois, as solicitações devido à ação do
vento e deformações de origem estrutural são ignoradas.
A resistência mecânica e a capacidade de deformação da alvenaria são fundamentais
para o seu desempenho, por isso devem-se levar em conta as solicitações a que estão sujeitas
tais como, as cargas de vento, as cargas suspensas, aos choques que provocam na alvenaria
esforços que geram tensões simultâneas de tração, compressão e cisalhamento (MASSETTO
e SABBATINI, 1998).
Conforme Magalhães (2004) as alvenarias são partes que compõe um sistema
construtivo e estão suscetíveis ao aparecimento de manifestações patológicas de sintomas
diversos, dentre os quais, as fissuras.
As fissuras são originadas quando as tensões internas ultrapassam o limite de
resistência dos materiais. Essas tensões excessivas decorrem das variações de temperaturas,
da existência de umidade no local ou até mesmo por deformações (CHAVES, 2009).
De acordo com Magalhães (2004) as fissuras observadas nas alvenarias podem surgir
pela própria movimentação da parede ou pela movimentação de elementos adjacentes como
lajes, vigas ou pilares, componentes diversos de coberturas, forros e esquadrias, elementos
constituintes das fundações, entre outros.
2.2.2 Classificação das fissuras em alvenarias
O conhecimento dos diversos critérios de classificação das fissuras é essencial, pois ao
classificar adequadamente uma fissura, o diagnóstico e reparo também serão corretos.
Conforme Magalhães (2004) existem vários critérios de classificação das fissuras, tais como,
abertura, atividade, forma, causas e direção. De acordo com o autor podem ocorrer outras
formas de classificação. Entretanto as descritas neste texto são as mais comuns.
2.2.2.1 Classificação quanto à abertura
O mesmo classifica as fissuras em três tipos quanto a abertura, são elas fina, média e
larga, com descrito a seguir.
Fissura fina - são aquelas cuja espessura é menor que 1,5 mm;
Fissura média - são aquelas que apresentam espessura entre 1,5 mm e 10,00 mm;
Fissura larga - são as que apresentam espessura superior a 10,00 mm;
38
Duarte (1998, apud, Magalhães, 2004) relata que outros autores apresentam diferentes
escalas quanto à abertura, tais como: muito leve, leves, moderadas e severas; ou negligíveis,
muito leves, leves, moderadas, extensivas e muito extensivas.
Ressaltando que as fissuras que apresentam abertura inferior a 0,1 mm são chamadas
de capilares, não apresentam risco a durabilidade da edificação e por isso são consideradas
insignificantes.
2.2.2.2 Classificação quanto à atividade
As fissuras podem ser classificadas também quanto a sua atividade e de acordo com
Duarte (1998, apud, Magalhães, 2004) podem ser:
Ativas – são fissuras que sofrem variação na abertura em determinado período de
tempo. Essas variações podem ser cíclicas em caso de fissuração por variação térmica, onde a
abertura poderá aumentar e diminuir de acordo com a temperatura. E podem ser crescente
para caso de fissuras por recalques, onde a tendência da abertura é aumentar com o tempo.
Inativas – são fissuras que não sofrem alterações na abertura ou comprimento ao
longo do tempo. Um exemplo de fissuras inativas são as causadas por sobrecarga
2.2.2.3 Classificação quanto à forma
Quanto à forma Duarte (1998, apud, Magalhães, 2004) classifica as fissuras como
isoladas ou disseminadas. As fissuras isoladas possuem causas diversas seguindo fiadas
horizontais ou verticais, ou seja, seguem uma direção predominante seja acompanhando as
juntas de argamassa ou rompendo os materiais que compõe a alvenaria. Já as disseminadas
apresentam forma de rede são geralmente observadas em revestimento.
2.2.2.4 Classificação quanto à causa
Esse critério de classificação é considerado o melhor, quando se pensa em solução dos
problemas provocados pelas mesmas. Thomaz (1989) e Duarte (1998, apud, Magalhães,
2004) utilizam esse tipo de classificação quanto ao fenômeno causador e subdivide da
seguinte forma: fissuras causadas por atuação de sobrecargas; fissuras causadas por
movimentações térmicas; fissuras causadas pela retração de produtos à base de cimento;
39
fissuras causadas por deformabilidade excessiva de estruturas de concreto armado; fissuras
causadas por recalque de fundações; fissuras causadas por alterações químicas dos materiais
de construção.
Na seção 2.2.3 serão detalhadas as configurações típicas e o mecanismo de formação
dessas classes, a fim de possibilitar um conhecimento mais aprofundado sobre as causas que
provocam as fissuras e com isso poder diagnosticar-las adequadamente.
2.2.2.5 Classificação quanto à direção
A classificação das fissuras quanto à direção é indicada em caso de vistoria prévia,
como forma de complementar o diagnóstico. Podem ser classificadas em verticais, horizontais
e diagonais (ELDRIDGE, 1982, apud, MAGALHÃES, 2004).
2.2.3 Mecanismo de formação e configurações típicas das fissuras em alvenarias
2.2.3.1 Considerações iniciais
São muitas as causas de movimentações em edificações que podem provocar a
fissuração no elemento construtivo, são elas: variação térmica, retração e expansão por
umidade, sobrecargas, deformações elásticas, recalques de fundação, retração do produto a
base de cimento e reações químicas, cada uma destas causas possui um mecanismo de
formação e configurações típicas característica (THOMAZ, 1989). A seguir os mecanismos
de formação e as configurações típicas segundo as causas.
2.2.3.2 Fissuras provocadas por movimentações térmicas
Os elementos que constituem uma edificação estão sujeitos a variações de
temperaturas sazonais e diárias, variações estas que repercutem nos materiais de construção
alterando suas dimensões. Os movimentos de contração e dilatação desenvolvem-se nos
materiais e por isso incitam tensões que poderão provocar o aparecimento de fissuras
(THOMAZ, 1989).
O autor afirma que as fissuras podem também aparecer por movimentações
diferenciadas, ou seja, elementos ou componentes que possuem propriedades térmicas
distintas. As formas mais frequentes que ocasionam movimentações diferenciadas são: a
40
junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica; a exposição de
elementos a diferentes solicitações térmicas naturais; gradiente de temperaturas ao longo de
um mesmo componente.
De acordo com Thomaz (1989), as movimentações térmicas de um material estão
relacionadas entre as propriedades físicas e a intensidade da variação da temperatura. A
magnitude das tensões desenvolvidas compreende da intensidade da movimentação do grau
de restrição imposto pelos vínculos e das propriedades elásticas do material.
O autor afirma que as fissuras causadas por movimentações térmicas possuem
diferentes configurações típicas, são elas: fissuras horizontais; fissuras inclinadas; fissuras
tipicamente vertical;
Ainda de acordo com o autor, as fissuras horizontais que ocorrem próximo ao topo da
parede são causadas devido às mudanças térmicas naturais a que as lajes de coberturas estão
expostas. Essa configuração típica é provocada por movimentações variadas entre elementos
horizontais e verticais, que refletem em sua maioria nos elementos verticais como pode ser
observado na Figura 17.
Figura 17 – Parede com fissura inclinada resultante da dilatação térmica da laje de cobertura
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989
As movimentações térmicas estruturais ocorrem devido a insolação direta nas faces
expostas das peças, nas quais as regiões mais solicitadas são os encontros entre vigas. As
fissuras se apresentam ligeiramente inclinadas e ocorrem principalmente quando a estrutura
não apresenta junta de dilatação, mas são raras às vezes em que esse tipo de fissura causa
dano a estrutura (THOMAZ, 1989).
A Figura 18 ilustra a fissuração nas extremidades dos pilares com características
ligeiramente inclinadas causada pela dilatação térmica.
41
Figura 18 – Pilar fissurado devido a movimentação térmica das vigas
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989
O autor aponta as fissuras que apresentam configuração tipicamente vertical, estas
ocasionadas por movimentações térmicas em muros, podem acompanhar as juntas de
assentamento quando a resistência a tração dos componentes é superior a tração da junta de
argamassa como se verifica na Figura 19 (a), ou podem se estender através dos componentes
de alvenaria quando a resistência a tração dos componentes é igual ou superior a resistência
da argamassa como ilustrado na Figura 19 (b).
Figura 19 – (a) fissura vertical acompanhando as juntas de argamassa e (b) fissura vertical
através dos componentes de alvenaria.
(a) (b)
Fonte: (a) e (b) Adaptada de Thomaz, 1989
42
2.2.3.3 Fissuras provocadas por movimentações higroscópicas
De acordo com Thomaz (1989), os materiais porosos que compõe um elemento
estrutural constantemente sofrem variações em seu dimensionamento quando expostos a
mudanças higroscópicas. Essa variação esta ligada diretamente ao teor de umidade, ou seja,
quando este aumenta o material sofre expansão, ou quando acontece o inverso, o teor de
umidade diminui e o material se contrairá. Essa movimentação dará origem às fissuras.
Ainda de acordo com o autor, os componentes de uma construção estão sujeitos a
umidade por diversas vias, são elas: umidade resultante da produção dos componentes;
umidade proveniente da execução da obra; umidade do ar ou proveniente de fenômenos
meteorológico ou do solo.
As configurações típicas das fissuras provocadas por movimentações higroscópicas e
por movimentação térmica são bastante semelhantes, mas o que as diferem são as
propriedades higrotérmicas dos materiais e as amplitudes de variação da temperatura ou da
umidade, que iram variar de material para material (THOMAZ, 1989).
O autor afirma que as movimentações higroscópicas podem ser observadas pela
manifestação de fissuras provocadas pela expansão de tijolos cerâmicos, como se pode
observar na Figura 20, o fissuramento vertical da alvenaria devido a expansão dos tijolos por
absorção de umidade.
Figura 20 – Fissura causada por movimentações higroscópicas devido a expansão dos tijolos.
Fonte: Adaptada de Thomaz, 1989.
43
Geralmente em paredes muito longas construídas com tijolos de solo-cimento surge
um tipo característico de fissuras verticais no terço médio da parede (FIGURA 21). Esse fato
pode ocorrer pela contração de secagem do material ou por movimentações reversíveis às
variações de umidade (THOMAZ, 1989).
Figura 21 – Fissura vertical no terço médio da parede, causada por movimentações
higroscópica de tijolos de solo-cimento
Fonte: Thomaz, 1989.
Thomaz (1989) relata estudo realizado com blocos de solo-cimento e constata o
aparecimento de microfissuras em parede de blocos de uma obra que tinha mais de três meses
de idade o que descarta as contrações de secagem como origem das microfissuras, pois as
mesmas só surgiram após a ocorrência de chuvas, portanto concluiu-se que as fissuras foram
ocasionadas pela brusca variação da umidade nos blocos provocando movimentações
reversíveis.
O autor afirma que as fissuras causadas por higroscópicidade também pode surgir pelo
contato direto entre os componentes de alvenaria e o solo no qual a impermeabilização do
alicerce foi mal executada, neste caso a alvenaria absorve a umidade do solo provocando
movimentações diferenciadas em relação às fiadas mais afastadas do solo que estão sujeita a
insolação direta e consequentemente a perda de água por evaporação, dando origem a fissura
tipicamente horizontal na base da alvenaria como pode ser observado na Figura 22.
44
Figura 22 – Fissura horizontal na base da alvenaria, devido a umidade do solo
Fonte: Adaptada de Thomaz, 1989.
Outro tipo de fissura horizontal causado por higroscópicidade ocorrem no topo de
muros, peitoris e platibandas. Essa manifestação patológica acontece pela deficiência na
proteção da alvenaria, cuja argamassa do topo absorve todo tipo de umidade (seja da água da
chuva ou do orvalho) o que ocasiona movimentações diferenciadas em relação ao corpo do
muro (THOMAZ, 1989). Pode-se observar na Figura 23 o destacamento da argamassa no
topo do muro, causado pela absorção de umidade.
Figura 23 – Destacamento horizontal no topo do muro
Fonte: Thomaz, 1989
2.2.3.4 Fissuras provocadas pela atuação de sobrecarga
As fissuras que ocorrem em um elemento estrutural ou não por atuação de sobrecarga
são originarias de cargas verticais excessivas previstas ou não em projeto, que atua
comprimindo a alvenaria. Esse carregamento excessivo se dá por falha de projeto seja por erro
de cálculo ou na execução e até mesmo pelo surgimento de solicitações de sobrecarga
superior a prevista na peça (THOMAZ, 1989).
45
De acordo o autor, as fissuras causadas por sobrecarga provem de diversos fatores que
intervêm também na resistência das alvenarias, são eles: resistência mecânica dos
componentes de alvenaria e argamassa de assentamento; módulo de deformação longitudinal
e transversal dos componentes; rugosidade superficial e porosidade dos componentes de
alvenaria; poder de aderência, retenção de água, elasticidade e retração da argamassa;
espessura, regularidade e tipo de junta de assentamento e, finalmente, esbeltez da parede.
Ainda de acordo com o autor as alvenarias são compostas por elementos que
apresentam diferentes comportamentos e, por isso são introduzidas solicitações locais de
flexão e tensões de tração nos tijolos o que pode provocar o fissuramento tipicamente vertical
(FIGURA 24).
Figura 24 – Fissuras verticais na alvenaria causada por sobrecarga
Fonte: Thomaz, 1989
Contudo Thomaz (1989) apresenta outro tipo característico de fissuramento que pode
surgir pela atuação de sobrecarga, são as fissura horizontais (FIGURA 25), provenientes da
ruptura por compressão dos componentes de alvenaria, da argamassa de assentamento ou até
mesmo de solicitações de flexocompressão.
46
Figura 25 – Fissuras horizontais na alvenaria
Fonte: Thomaz, 1989
As fissuras por sobrecarga apresentam essa configuração típica nos casos em que as
cargas excessivas são distribuídas uniformemente, mas quando há concentração de sobrecarga
as fissuras apresentam-se na forma inclinada no ponto de aplicação. Neste caso dependendo
da resistência mecânica da alvenaria poderá ocasionar na ruptura dos componentes
(THOMAZ, 1989).
Na Figura 26 pode-se observar uma ruptura localizada e a propagação de fissuras no
ponto de aplicação.
Figura 26 – Fissuras provenientes da ruptura, causada pela atuação de sobrecargas localizada
Fonte: Thomaz, 1989
47
2.2.3.5 Fissuras provocadas por deformabilidade
As estruturas de concreto armado deformam-se naturalmente sob ação do peso próprio
e ação das cargas permanentes, acidentais, ou quando sofrem retrações. Ocorrem também até
mesmo através da deformação lenta do concreto, no entanto essas deformações podem
acontecer sem que aja o comprometimento da estética, estabilidade e resistência da
edificação, pois há um limite de flexão calculável pelos projetistas que as vigas e lajes
admitem (THOMAZ, 1989).
Thomaz (1989) afirma que apesar de não existir registro de graves problemas
provenientes de deformações causadas por solicitações de compressão, cisalhamento ou
torção, as flechas mesmo que admissíveis, causam constante transtorno aos edifícios pela
incompatibilidade com a capacidade de deformação das paredes de alvenaria.
De acordo com o autor as alvenarias, dentre os elementos que compõem uma
edificação, são os mais suscetíveis as flechas de vigas e lajes. As de vedação que não possuem
abertura de janelas e portas apresentam três configurações típicas de acordo com a
deformação dos apoios: o componente de apoio deforma-se mais do que o componente
superior; o componente de apoio deforma-se menos que o componente superior e o
componente de apoio possui deformação aproximada a do componente superior;
O primeiro caso dá origem a fissuras inclinadas nos cantos superiores da alvenaria que
ocorre pela má distribuição de cargas. Nos casos em que o comprimento da alvenaria é maior
que sua altura surgem fissuras horizontais que se desviam em direção aos cantos inferiores,
como pode ser verificado na Figura 27.
48
Figura 27 – Fissuras provocadas pela deformação do suporte que se apresenta maiores que a
deformação da viga superior
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
No segundo caso em que o componente de apoio deforma-se menos que o componente
superior, a alvenaria comporta-se como a viga apresentando fissuras ramificadas presente nas
bordas tracionadas, observa-se na Figura 28.
Figura 28 – Fissuras decorrentes de deformação da viga que neste casso é superior a
deformação do suporte
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
Por fim os componentes de apoio que possui deformação aproximada ao componente
superior, este apresenta fissuras inclinadas nos vértices inferiores proveniente das tensões de
cisalhamento, como ilustrado na Figura 29.
49
Figura 29 – Fissuras em parede de vedação, devido a deformação do suporte ser idêntica à
deformação da viga superior.
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
2.2.3.6 Fissuras provocadas por recalque de fundação
O dimensionamento das fundações era feito pelo critério de ruptura do solo, onde as
cargas das construções não ultrapassavam 500 Tf. Com o tempo as construções ganharam
altura e conseqüentemente aumentaram o peso das cargas chegando a atingir 20.000 Tf. Com
isso surgiu a necessidade de modificar o critério de ruptura e dimensionamento das fundações
dos edifícios.
Para definir o critério de cálculo condicionante passou-se a considerar a plasticidade
dos solos. Para os solos que apresentam baixa plasticidade o critério de cálculo é o de ruptura.
Esse critério é também utilizado em casos de sapatas muito pequenas para solos siltosos e
arenosos. Em casos de solos com alta plasticidade utiliza-se o critério de recalques
admissíveis, critério também empregado para construções de grande porte.
Conhecer as propriedades e características dos solos é imprescindível para definir a
capacidade de cargas e a deformabilidade dos mesmos, para tanto existem fatores importantes
a serem observados, tais como: o tipo e estado do solo; disposição do lençol freático;
intensidade da carga, tipo de fundação e cota de apoio da fundação; dimensão e formato da
placa carregada e interferência das fundações vizinhas.
Todos os solos deformam-se, seja em pequena ou grande escala, o aparecimento de
fissura se dá pelas deformações diferenciadas que provocam tensões de grande intensidade, e
por se apresentarem de forma inclinada podem ser confundida com as fissuras provocadas
50
deflexão de componentes estruturais, mas o que as diferem é o tamanho das aberturas que são
muito maiores em casos de recalques diferenciados.
O carregamento desbalanceado gera recalque diferenciado provocando fissuras
conforme mostra a Figura 30, na qual exibe uma fundação contínua que possui um trecho
mais carregado, portanto apresenta maior recalque.
Figura 30 – Fundação contínua solicitada por carregamento desbalanceado.
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
O carregamento desbalanceado expõe também configurações típicas dificilmente
encontradas na prática, são fissuras de flexão na alvenaria provocadas pelos recalques mais
acentuados das sapatas partindo do peitoril da janela, aproximadamente a meio comprimento
da abertura, apesar de ser rara pode se verificar esse tipo de fissura na Figura 31.
51
Figura 31 – Fissuras de flexão ocorridas nas regiões mais carregadas das janelas.
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
Para casos de carregamento uniforme existem diferentes fatores que provocam fissuras
provenientes de recalques diferenciados, tais como os casos ilustrados na Figura 32.
52
Figura 32 – (a) Recalque diferenciado, por consolidações distintas do aterro carregado; (b)
Fissuras de cisalhamento na alvenaria proveniente de fundações assentadas sobre seções de
corte e aterro; (c) Recalque diferenciado no edifício menor pela interferência no seu bulbo de
tensões em função da construção do edifício maior; (d) Recalque diferenciado, por falta de
homogeneidade do solo; e) Recalque diferenciado, por rebaixamento do lençol freático.
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Fonte: Thomaz, 1989.
A diferença nos sistemas de fundação de uma mesma obra conduz recalques
diferenciados entre as duas partes, originando fissuras verticais entre elas. Na Figura 33
verifica-se fissura de cisalhamento no corpo da obra.
53
Figura 33 – Fissura vertical provocado pelo recalque diferenciado ocasionado pela diferença
no sistema de fundação
Fonte: Adaptada de Thomaz, 1989.
Outros fatores que podem conduzir aos recalques diferenciados são as variações de
umidade do solo provenientes das alterações volumétricas e variações no seu módulo de
deformação. A absorção de água realizada pela vegetação que se encontra próxima da
edificação é um exemplo de recalque diferenciado, no qual o solo sofre contração pela
retirada de água, verificando-se na Figura 34.
Figura 34 – Fissura provocada pela alteração volumétrica do solo, devido a perda de água
Fonte: Thomaz, 1989.
54
Por fim há um fenômeno geológico que pode ser considerado um fator geotécnico não
menos importante, mas considerado pelo autor o mais curioso. Trata-se do afundamento
localizado do terreno (dolinas de acordo com os geólogos) que se devem às falhas ocorrentes
no subsolo e que geralmente se propagam lentamente ao longo dos anos gerando fissuração
generalizada nas edificações.
2.2.3.7 Fissuras provocadas pela retração de produtos à base de cimento
A hidratação correta do cimento é fundamental para minimizar ou impossibilitar à
retração do concreto. De acordo com Thomaz (1989) a quantidade necessária de água varia de
22 a 32%, para que a reação química entre a água e os compostos anidros presentes no
cimento seja completa. Todavia os concretos e argamassas são preparadas com excesso de
água, o que não é permitido, pois só vem a acentuar a retração.
A retração de lajes de concreto armado provoca fissuração e até mesmo destacamento
do piso que reflete no revestimento cerâmico. As fissuras ocorrem também na própria laje.
Contudo, o autor considera como efeito mais nocivo da retração de lajes de concreto a
fissuração de paredes solidárias a laje. Na Figura 35 percebe-se na parede externa fissuras
provocadas pela retração da laje de cobertura.
Figura 35 – Fissuras em paredes externas provenientes da retração da laje de cobertura
Fonte: Thomaz, 1989.
55
Thomaz (1989), afirma que o mecanismo de formação das fissuras por retração de
paredes e muros é idêntico aos verificados anteriormente nas Figuras 19 e 21, no qual tratam-
se de fissuras oriundas de contrações provocadas por variação térmicas e de umidade. A
Figura 36 ilustra bem os problemas que podem se manifestar em função da retração da parede
ou de seus componentes.
Figura 36 – Fissuras (A e B) causadas por retração, que tem origem nas movimentações
térmicas
Fonte: Thomaz, 1989.
O autor afirma que a retração da argamassa de assentamento de alvenarias é o
problema mais significativo verificado nas fachadas, pois as fissuras presentes permitem a
penetração de água gerando uma série de patologias correlatas.
Outro fator que pode provocar fissuras é o recalque plástico do concreto. Esse tipo de
fissura surge logo abaixo das seções densamente armadas provocando o abatimento da
alvenaria recém-construída, e caso o encunhamento da parede cujo componente estrutural
superior tenha sido executado de maneira precoce, resultará no destacamento entre a alvenaria
e o componente superior, conforme verifica-se na Figura 37.
Figura 37 – Destacamento provocado pelo encunhamento precoce da alvenaria
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
56
2.2.3.8 Fissuras provocadas por alterações químicas dos materiais de construção
Os materiais de construção são suscetíveis a deterioração pela ação de substâncias
químicas. As edificações que abrigam fábricas de laticínios, cerveja, álcool e açúcar, celulose
e produtos químicos, em geral, podem ter seus componentes seriamente danificados por essas
substâncias, mas as patologias nesses casos manifestam-se na forma de lixiviação, e não na
formação de fissuras, portanto essas deteriorações não serão aqui tratadas (THOMAZ, 1989).
De acordo com o autor, os materiais de construção, independentemente da presença de
meios fortemente agressivos, como atmosfera com alta concentração de poluentes e os
ambientes industriais, anteriormente citados, podem sofrer alterações químicas indesejáveis
que resultam, dentre outras coisas, na fissuração do componente.
Thomaz (1989) enfoca três tipos de alterações químicas que se manifestam com
freqüência, tais como: hidratação retardada de cales; ataque de sulfatos; corrosão de
armadura;
2.2.3.8.1 Hidratação retardada de cales
A hidratação retardada da cal se dá pela inadequação na dosagem de água em
componentes ou elementos a base de cales. A fissuração manifesta-se, entretanto, nos
revestimentos em argamassa devido a má hidratação da cal que em contato com qualquer
umidade hidratam-se alterando seu volume (THOMAZ, 1989).
O autor ressalta que esse processo de expansão ocorre somente nos casos de cales má
hidratada, pois as cales bem hidratada não apresentam óxidos de cal e magnésio os quais são
elementos químicos ávidos por água.
Thomaz (1989) ressalta que as fissuras decorrentes da hidratação retardada de cales
são semelhantes aquelas decorrentes das dilatações térmicas e higroscópicas. Na Figura 38
observam-se fissuras horizontais ocasionada pela expansão da argamassa de assentamento na
qual se manifestam no revestimento seguindo as juntas de assentamento da alvenaria, esse
tipo de fissura ocorre principalmente nas proximidades do topo da parede, onde os esforços de
compressão são menores.
57
Figura 38 – Fissuras horizontais no revestimento, provocadas pela expansão da argamassa de
assentamento
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
2.2.3.8.2 Ataque por sulfatos
Os cimentos normalmente são constituídos de aluminato tricálcico, elemento no qual
reage com sulfatos geralmente encontrados no solo, na água contaminada ou até mesmo nos
componentes cerâmicos que apresentem elevados teores de sais solúveis. A reação entre o
aluminato tricálcico com o sulfato forma um composto denominado sulfoaluminato,
ocasionando grande expansão (THOMAZ, 1989).
O autor ressalta que esta reação ocorre somente na presença de três elementos,
cimento, água e sulfatos solúveis. Proveniente de inúmeras fontes os sulfatos podem surgir
dos solos, dos componentes cerâmicos que contém alto teor de sais solúveis ou mesmo
através da água contaminada.
No processo de expansão da argamassa de assentamento, ocorre uma expansão geral
da alvenaria e, nos casos em que essas alvenarias são revestidas, as fissuras apresentam-se
com aspectos característicos tais como aberturas mais pronunciadas, acompanhamento da
junta de assentamento vertical e horizontal e na maioria dos casos apresentam eflorescência
(THOMAZ, 1989).
Esse tipo de fissuração assemelha-se ao de retração de argamassa de revestimento
como pode ser observado na Figura 39.
58
Figura 39 – Fissuração em argamassa de revestimento proveniente do ataque por sulfatos
Fonte: Adaptado de Thomaz, 1989.
2.2.3.8.3 Corrosão de armaduras
Thomaz (1989) afirma que normalmente as armaduras das peças de concreto são
colocadas próximas a superfície e há muitos casos em que essas armaduras são coberta
inadequadamente, deixando-a exposta e suscetível a ação da água e do ar, resultando na
corrosão da armadura. Tal processo ocorre em ambientes úmidos que contém elementos
agressivos, com isso desencadeia então um processo eletroquímico.
Porém o desenvolvimento da corrosão não ocorre tão fácil. A permeabilidade do
concreto, o grau de carbonatação química do aço, a característica do ambiente, umidade
relativa do ar e uma eventual presença de íons agressivos, são fatores influenciadores do
processo de corrosão.
O autor ressalta que os íons agressivos estando bem homogeneizado, não representam
perigo à estrutura. O mesmo enfatiza ainda que uma pequena quantidade de cloreto
concentrado em um determinado lugar é mais prejudicial do que, grandes teores
uniformemente distribuídos. Durante a reação de corrosão há uma liberação de óxidos de
ferro que altera o volume original do metal, essa expansão resultará na fissuração do concreto
próximo a armadura.
59
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho consiste em uma ampla revisão bibliográfica, no qual foram
analisados os diversos tipos de fissuras encontradas em alvenaria e que comprometem a
qualidade das edificações. Abordando de forma geral essa manifestação patológica, o estudo
será dirigido diretamente ao mecanismo de formação das fissuras verificando-se o princípio
do surgimento, sua motivação e as causas a que estão relacionadas.
Na primeira etapa buscaram-se na literatura os conceitos fundamentais de patologia e
manifestações patológicas, assim como foi feita uma análise teórica mais aprofundada sobre
as fissuras em alvenarias.
Na fase mais aprofundada dentro do tema específico da pesquisa foi realizada uma
pesquisa a respeito dos estudos feitos sobre as incidências de manifestações patológicas nas
edificações, com ênfase nas manifestações de fissuras em alvenaria.
Para coleta de informações serão utilizados livros, dissertações, artigos técnicos e
científicos, teses e publicações em revistas, além de manuais e normas. Desses materiais
foram retiradas as informações relevantes ao estudo das fissuras.
60
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Pesquisas realizadas sobre fissuras em alvenaria
Levantamento de incidência de fissuras em alvenarias foi realizado nas edificações do
estado do Rio Grande do Sul, Magalhães (2004) fundamentado em pesquisas documentais
tomando por base relatórios de casos e laudos técnicos do acervo da Fundação de Ciência e
Tecnologia (CIENTEC) localizada em Porto Alegre.
Para tanto o autor catalogou as configurações típicas de fissuras em alvenarias e
sistematizou o processo de levantamento de fissuras, identificando e quantificando as
ocorrências pelo método da incidência (existência ou não de cada tipo de configuração de
fissura por imóvel) e pelo método da intensidade (quantidade de vezes que foi observada em
cada imóvel).
O autor analisou dados de 358 relatórios, nos quais 254 apresentavam pelo menos uma
manifestação de fissura, ou seja, o equivalente a 70,95% dos relatórios. De acordo com os
resultados, considerando as causas e as características das fissuras, 223 incidências foram
diagnosticadas.
Magalhães (2004) verificou que, através do método de incidência, prevalece à
manifestação de fissura causada pela variação de temperatura, como pode se verificar no
Gráfico 2. A mesma representa 31,84% das incidências, seguida das fissuras causadas por
recalque com 27,08%.
Gráfico 2 - Incidência de fissura em alvenaria segundo as causas
Fonte: Adaptado de Magalhães (2004)
61
Através do método de intensidade, o mesmo autor, observou que o recalque de
fundação foi à manifestação que apareceu com mais frequência, apresentando-se com
46,19%, como indicado no Gráfico 3.
Gráfico 3 - Intensidade de fissura em alvenaria segundo as causas
Fonte: Adaptado de Magalhães (2004)
Ainda de acordo com os dados obtidos por Magalhães (2004), verifica-se as variações
de temperatura como a principal causa do surgimento de fissuras quando considerado o
número de incidências. Porém ao observar os resultados quanto à intensidade, os recalques
são as causas das frequências das fissuras. Como pode ser comparado na Quadro 1, os quais
são nítidos os aumentos das quantidades no método de intensidade.
Quadro 1- Comparativo de distribuição de fissuras pelos métodos I e II.
Fonte: Magalhães, 2004
62
Medeiros (2004) em pesquisa realizada na cidade de Porto Alegre (RS) teve como
objetivo analisar e mapear as manifestações patológicas ocorrentes nos imóveis financiados
pela Caixa Econômica Federal no período de 1999 e 2000. Os dados analisados na pesquisa
foram originários de laudos de vistoria inicial, realizados por uma seguradora em casas,
apartamentos, edifícios e conjuntos habitacionais. Foram utilizadas 1985 laudo de vistoria
inicial.
Diante da análise Medeiros (2004) verificou elevado percentual de manifestações
patológicas registradas em casas, correspondentes a 73,4%, seguida estão dos apartamentos
com 18,9%, edifícios com 7,5% e os conjuntos habitacionais com 0,2%. O autor enfatiza que
o baixo percentual nos conjuntos habitacionais se dá pelo fato que os avisos são dados
individualmente, seja para casas, apartamentos ou cada bloco dos edifícios.
Medeiros (2004) agrupou as manifestações patológicas em 15 (quinze) tipos diferentes
no total de 1985 manifestações encontradas. Contudo podem-se destacar as manifestações
patológicas mais freqüentes de acordo com a fundamentação teórica, são elas: fissuras 17,4%;
manchas de umidade 4,6%; eflorescência 2,4%; deslocamento do revestimento 2,2%.
Quadro 2 – Tipos de manifestações patológicas vistoriadas no período de 1999 e 2000
Fonte: Adaptado de Medeiros, 2004.
Como pode se verificar no Gráfico 4, foi destacado as manifestações patológicas que
apresentaram maior percentual entra as mais freqüente, e pode-se perceber que as fissuras
apresentam percentual de 70, 74% nas casas.
63
Gráfico 4 – Distribuição das manifestações patológicas de acordo com o tipo do imóvel
Fonte: Adaptado de Medeiros, 2004.
Medeiros (2004) analisou as causas das manifestações patológicas observadas de
acordo com os fatores influenciadores tais como, fatores externos, vício de construção, uso ou
desgaste e falta de conservação. O autor verificou que dentre os fatores influenciadores das
ocorrências de fissuras, os fatores externos é o principal contribuinte. Com base neste dado o
mesmo identificou também as principais causas de origem das fissuras sendo elas; as
dilatações térmicas, movimentações térmicas e recalque de fundação.
Silveira Neto (2005) realizou estudo para identificar a manifestações patológicas que
ocorrem nas unidades habitacionais de cinco condomínios selecionados, estes também
localizados em Porto Alegre (RS), com a finalidade de contribuir para um sistema de melhoria
contínua de qualidade das habitações produzias pelo Departamento Municipal de Habitação.
Para seu estudo, Silveira Neto (2005) utilizou questionários aplicados aos moradores
como forma de obtenção de dados, e com o intuito de facilitar o entendimento tanto do
entrevistado, quanto do entrevistador. Estes questionários abordaram separadamente cada
elemento construtivo da edificação, tais como: fundação, piso, parede, revestimento, pinturas,
estrutura de concreto, abertura, cobertura e instalações.
O autor verificou em seu estudo que as paredes são dentre os elementos construtivos
os que apresentam a maior incidência de manifestações patológicas (GRÁFICO 5), com 34,
11% de incidência.
64
Gráfico 5 – Frequência de manifestações patológicas nos elementos construtivos
Fonte: Adaptado de Silveira Neto, 2005.
Silveira Neto (2005) dividiu as ocorrências em três grupos como pode ser observado
no Gráfico 6, no qual as fissuras se destacam com 84,37% das ocorrências em faces externas e
internas.
Gráfico 6 – Ocorrências de manifestações patológicas em paredes
Fonte: Adaptada de Silveira Neto, 2005.
Dentre as fissuras externas e internas vistoriadas por Silveira Neto (2005),
observaram-se maior índice de fissuras junto às janelas, lajes, portas e pisos, respectivamente.
As fissuras que ocorrem junto às janelas e portas podem ter origem por atuação de sobrecarga
ou por deformação dos componentes estruturais. Já as fissuras juntos às lajes geralmente são
ocasionadas por movimentações térmicas ou pela retração de produtos a base de cimentos
(retração das lajes intermediárias). As fissuras junto ao piso originam-se do efeito de umidade
do solo.
65
Segundo Silveira Neto (2005), os problemas relacionados a fissuras em alvenarias não
estão unicamente ligadas à construção, mas a falhas de projetos, no qual as alvenarias se
apresentam incapaz de absorver esforços de outros elementos construtivos, principalmente as
fundações e estruturas de concreto. Enfim, o autor conclui que alvenarias funcionam como um
sinalizador do mau funcionamento do sistema.
Um estudo sobre as Manifestações Patológicas em Empreendimentos Habitacionais de
Baixa Renda Executados em Alvenaria Estrutural, analisando a relação causa e efeito foi
desenvolvido por Alexandre (2008), na cidade de Porto Alegre. A sua foi embasada em
relatórios de acompanhamento das obras em estudo e em dados coletados de pesquisas
relacionadas ao tema.
Dentre as principais formas de manifestações patológicas nas alvenarias encontradas
nas pesquisas analisadas, as fissuras se destacaram com 95% de frequência. No entanto, 66%
das ocorrências, são de fissuras mapeadas (causadas pela retração do revestimento de
argamassa), seguido das fissuras horizontais que apresentam 19%, como pode ser observado
no Gráfico 7.
Gráfico 7 – Manifestações patológicas em 8 (oito) empreendimentos
Fonte: Richter, 2007, apud Alexandre, 2008.
Porém, Alexandre (2008) apresenta novos resultados no qual elimina as fissuras
mapeadas, por considerá-la manifestação patológica ocorrente em revestimentos. De acordo
com o Gráfico 8, as fissuras horizontais, verticais e inclinadas ocorrentes em paredes de
alvenarias representam um acúmulo de 82% de incidência. Observando-se que as principais
66
formas de manifestações patológicas são as fissuras horizontais com 56% das ocorrências e as
fissuras verticais com 14%.
Gráfico 8 – Formas de fissuração diagnosticadas.
Fonte: Richter, 2007, apud Alexandre, 2008.
Para tanto, Alexandre (2008), afirma que embora as configurações dessas fissuras
sejam distintas, ambas podem possuir as mesmas causas. O autor verificou também que
dentre as principais falhas que dão origem as manifestações patológicas, estão as falhas de
execução.
Com o objetivo de identificar as causas das fissuras encontradas, Alexandre (2008)
aplicou o diagrama de causa e efeito, como mostra na Figura 40, com isso o autor identificou
que as variações de temperaturas são as causa mais importante na geração de fissuras em
alvenaria. O mesmo afirma que as fissuras ocorrem devido a variação de volume provocando
tensões de tração.
67
Figura 40 – Diagrama de causa e efeito
Fonte: Alexandre, 2008.
Tomé (2010), com objetivo de enumerar as principais patologias, realizou estudos e
análises através do procedimento metodológico que parte do levantamento de subsídios na
Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ. Logo em seguida o
diagnóstico das patologias através de vistorias e por fim a definição da conduta
proporcionando alternativas de intervenção foram também realizados.
As patologias mais frequentes observadas, na pesquisa, são as trincas e fissuras,
originadas por diversas causas e com diferentes mecanismos de formação. Dentre as quais
estão: fissuras causadas por retração que dão origem as fissuras mapeadas; fissuras por
movimentação higroscópica que surgem na parte inferior da parede e são acompanhadas de
manchas escuras, patologia proveniente da expansão excessiva; fissuras causadas pelas
tensões atuantes, dando origem as trincas horizontais nas paredes de alvenaria geralmente
localizadas três fiadas abaixo da viga; trincas causadas por movimentações térmicas que
provocam o destacamento de todo o contorno da ligação da estrutura pré-moldada e a
alvenaria;
Além da identificação e diagnóstico das patologias encontradas, o autor também
apresentou soluções, ou seja, os possíveis reparos que podem ser realizados para que a
68
edificação tenha sua vida útil prolongada. Tomé (2010) relata também, que as patologias
encontradas não apresentam grandes riscos à segurança estrutural da edificação, mas ressalta
que não podem ser descartadas, embora possuam altos custos o tratamento dessas patologias
deve ser realizado para que não venham a comprometer futuramente a estrutura.
Outra pesquisa realizada, esta em edifícios multifamiliares na cidade de Viçosa – MG
por Dardengo (2010) compreende na analise 30 edifícios, a fim de identificar as patologias
mais comuns e averiguar se mesma estão relacionadas com a existência ou não de
manutenção predial, este estudo resume-se em um levantamento de dados através de
entrevistas e vistorias.
O autor em sua revisão bibliográfica evidenciou as principais manifestações
patológicas que podem surgir nas edificações, onde destacam-se as fissuras, exposição da
armadura, deslocamentos de revestimentos e ninhos de concretagem, entre outras. No Gráfico
9 pode-se observar algumas das manifestações patológicas que o autor encontrou em seu
estudo de caso.
Gráfico 9 – Patologias encontradas nas edificações pesquisadas e o grau de incidência
Fonte: Dardengo, 2010.
As entrevistas realizadas por Dardengo (2010) constou de questionários aplicados aos
síndicos/administradores dos edifícios vistoriados. A fim de identificar as manifestações
existentes nas edificações, os questionários abordaram diversos itens separadamente de
acordo com os elementos de que compõe uma edificação, dentre os quais: fachadas; subsolos;
69
caixas d’água; coberturas e telhados; esquadrias; muros; pisos; grelhas e portões; instalações
diversas (hidráulica, elétrica e de gás);
No entanto, os maiores índices de fissuras verificados são nos elementos de alvenaria,
tais como: fachadas; caixas d’água; muros. Das manifestações patológicas encontradas em
fachadas, as fissuras destacam-se com incidência de 46,4%, logo em seguida estão os
deslocamentos com 39,3% das incidências, seguidos das manchas com 25% e corrosão com
17%, como pode ser observado no Gráfico 10.
Gráfico 10 – Incidência de manifestações patológicas em fachadas
Fonte: Adaptado de Dardengo, 2010.
Das manifestações patológicas existentes nos muros as fissuras novamente se
destacam, desta vez com 57,1% de incidência, seguido das manchas 46,4%, deslocamento do
revestimento e corrosão 17,9%. Dardengo (2010) observa que as fissuras são agravantes em
algumas manifestações dado que favorecem a infiltração de água, provocando manchas de
umidade e deslocamento do revestimento. No Gráfico 11, verifica-se o grau de incidências de
manifestações patológicas em muros.
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Gráfico 11 – Incidência de manifestações patológicas em muros
Fonte: Adaptado de Dardengo, 2010.
O autor conclui seu estudo afirmando que as ocorrências das manifestações
patológicas nas edificações analisadas, classificam-se como patologias endógenas (que são
aquelas provenientes de erros de projeto e materiais), patologias de execução (equivalente a
falta de manutenção). As atividades de manutenção prolongam a vida útil da edificação, mas
não impede o fim da mesma. O planejamento das atividades de manutenção possibilita o
melhor controle dos custos.
Dardengo (2010) ressalta ainda que as manifestações patológicas são provenientes de
qualquer uma das etapas do processo de construção, no entanto não existem programa de
manutenção preventiva e essa é uma das principais causas de manifestações patológicas nas
edificações multifamiliares. Portanto é imprescindível a conscientização dos usuários que
devem exigir das construtoras maior controle de qualidade no processo construtivo, e assim a
manutenção constará apenas em atividades de reparo.
Um estudo realizado por Pczieczek (2011) no estado de Santa Catarina, este consistiu
em uma pesquisa a documentos e entrevistas a empresas que atuam no setor de consultorias e
perícias do país. O autor identificou um conjunto de manifestações patológicas encontrada nas
fachadas das edificações, na qual as fissuras apresentam maior incidência nos revestimento
externo como mostra pode se observar no Gráfico 12. Para melhor interpretação dos dados
obtidos no questionário, estes foram avaliados por três engenheiros após a conclusão dos
mesmos.
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Gráfico 12: Manifestações patológicas nos revestimentos externos
Fonte: Adaptado de Pczieczek, 2011
Esses resultados foram obtidos através de questionários realizados por Pczieczek
(2011) na cidade de Joinville as empresas de consultorias e perícias do país, composta por
engenheiros que atuam no mercado a mais de 15 anos.
Apesar de Pczieczek (2011) verificar na pesquisa anteriormente citada que as fissuras
é a patologia que apresenta maior incidência nas fachadas das edificações, o autor realizou um
levantamento em 138 edificações da cidade de Joinville, na qual apenas 18 não apresentaram
patologias visíveis, em contra partida as 126 restantes apresentaram algum tipo de
manifestação patológica como mostra no Gráfico 13.
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Gráfico 13 - Edifícios pesquisados
Fonte: Adaptado de Pczieczek, 2011
Contudo o autor constatou em sua pesquisa que a manifestação que possui maior
incidência é o bolor e mofo que representam 37% das patologias encontradas, mas logo em
seguida estão as fissuras com 18% conforme o Gráfico 14.
Gráfico 14: Incidências das manifestações patológicas encontradas na pesquisa
Fonte: Adaptado de Pczieczek, 2011
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5. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo realizar uma ampla fundamentação teórica em
fissuras que podem ocorrer em alvenarias. Através do levantamento bibliográfico, foi possível
chegar ás seguintes considerações:
As manifestações patológicas mais frequentes em alvenarias são as fissuras,
infiltrações e manchas. No entanto, as fissuras se destacam entre as mais frequentes;
O tipo de edificação que é mais afetado por fissuras são casas residenciais, em função
de ocorrer problemas na fase de concepção e execução desse tipo de projeto;
Quanto a configuração típica, pode-se concluir que, a mais frequente são as fissuras
ocorrentes em abertura de janelas e portas. Essas são provocadas por atuação de sobrecarga;
No que diz respeito a direção, as fissuras horizontais são as mais frequentes;
As variações de temperatura é a causa de maior incidência de fissuras em alvenarias;
Diante do exposto pode-se concluir que a maior causa de fissuras em alvenarias é a
variação de temperatura diagnosticada em 5 (cinco) das 7 (sete) referências apresentadas. As
variações térmicas é a causa mais comum de fissuração, devido às exposições diárias e
sazonais a variação de temperatura, tais variações repercutem nos materiais que constituem
das edificações.
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REFERÊNCIAS
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