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UNIVERSIDADE FEREDAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DAYANE RAMOS DÓREA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: SEU TRATO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Salvador 2018

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UNIVERSIDADE FEREDAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO

CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA

DAYANE RAMOS DÓREA

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: SEU TRATO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Salvador

2018

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DAYANE RAMOS DÓREA

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: SEU TRATO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao Curso de Especialização em Atividade

Física e Saúde no Contexto da Educação

Básica, Universidade Federal da Bahia.

Orientadora:

Profª. Drª. Regina Sandra Marchesi

Salvador

2018

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A

Fátima Dórea, minha Mãe, amiga, companheira, confidente, guerreira e

sonhadora que, bem juntinho, me auxiliou a finalizar o curso e é tão

comprometida com minhas aspirações profissionais, acadêmicas e

pessoais.

Adailton Souza, meu Nino, namorado, amigo, confidente e companheiro

que me estimula a cada suspiro de cansaço e consegue enxergar potencial

e acreditar em mim mais do que eu mesma.

Therezinha Dórea, minha Therezão, Nair, minha Tia e madrinha de

escolha, como uma homenagem póstuma, pois mesmo falando que eu só

queria estudar, me apoiava à sua maneira e, no dia de abertura da

disciplina foi o nosso último encontro aqui no plano terreno.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por não desistir de mim.

Aos Professores do Curso que, a cada novo encontro (que eu esperava não ter mais

vontade de ir) me inebriavam com uma sede de conhecimento que me dava ânimo

para o novo encontro e resolução das atividades.

Aos Colegas de Curso.

A minha orientadora, Pró Regina, que, com sua alegria tornou (um pouco) a produção

do meu TCC um “melzinho na xupeta”.

Aos meus amados alunos e minhas amadas alunas que acreditam e apoiam os meus

devaneios em sala de aula e, como bons amigos meus, acompanham, vibram, torcem

e apoiam a minha jornada profissional e acadêmica.

Aos alunos do Curso do Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina

Saraiva, que não hesitaram um só momento na participação e construção desta

produção.

A Mamãe, que já é quase formada em Educação Física pelo grande acompanhamento

em cursos e eventos da área.

A meu pai.

A Nino que, mesmo à distância, com seu amor, consegue me transferir muita força.

A Gilson, meu tio querido, meu padrinho por escolha, que diversas vezes ressuscitou

meu notebook e me auxiliou na tabulação dos dados.

A Cláudio, o taxista, que pacientemente me esperava nas viagens referentes aos

encontros em Camaçari e Salvador e me ouvia.

Às minhas poucas amizades que gostam de me ouvir falar sobre a única coisa que

sei conversar – a minha Educação Física: Jai, Dum, May, Isis, Fran e Gaby.

Ao meu amigo Davi que, com sua inocência e doçura, acalenta meu coração e me fez

(e faz, mesmo distante) perceber como a minha Educação Física é importante desde

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os primeiros anos de vida da criança. E a Raquel, sua mãe, uma grande amiga, irmã

de alma que, de capricorniana para capricorniana, entende meus anseios de

progressão na vida profissional e acadêmica.

Aos meus queridos alunos do Meio Ambiente por me permitirem esse novo reencontro

num momento tão importante e especial para mim que foi a construção do TCC.

Às professoras Diane Sá, que me cedeu suas aulas, e Fátima Dórea que permitiram

esse contato com os alunos.

À Coordenadora da Universidade Pitágoras UNOPAR, Polo Esplanada-BA, Rosimeire

Lima, que cedeu os tatames e se preocupou com a condução do meu trabalho.

À Coordenadora do Colégio Estadual Celina Saraiva, Cristina Souza, que mobilizou

positivamente o corpo docente, orientando à liberação de uma hora das atividades

escolares programadas para que a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio

Ambiente pudesse acontecer.

À Diretora do Colégio Estadual Celina Saraiva, Teresa Cristina (Tininha), que me

permitiu realizar a pesquisa, bem como apoia as minhas ideias de transformações

didático-pedagógicas no trato dos conhecimentos científicos da minha Educação

Física.

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“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei;

não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.

As facilidades nos impedem de caminhar.

Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”

Chico Xavier (1910-2002)

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DÓREA, Dayane Ramos. Atividade física e saúde: seu trato didático-pedagógico na

educação física escolar. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) –

Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

RESUMO

Este trabalho surge na perspectiva de incorporar o conhecimento atividade física e saúde como conteúdo da Educação Física escolar, para tanto, parte-se de um objetivo geral que centra na importância de propor a aplicabilidade do conhecimento atividade física e saúde fomentando a formação holística dos alunos. Traz, assim, justificativas que evidenciam os pressupostos que negligenciam a atividade física e saúde enquanto conteúdo da Educação Física escolar, bem como a superação do entendimento que tal conhecimento compete somente aos profissionais da saúde. A abordagem de natureza quali-quantitativa refere-se a um Estudo de Caso, onde à técnica de coleta de dados utilizada foram a observação participante e um questionário misto. Para o tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, na qual, dentre os diferentes métodos, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise estrutural. Cabe à Educação Física, enquanto disciplina curricular, extrapolar o fazer pelo fazer e contextualizar os conhecimentos oriundos do cotidiano dos alunos. Tratar do conhecimento atividade física e saúde na Educação Física ao longo da Educação Básica impele conotações decisivas na construção de condutas, a fim de assumir papel destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo através da cultura corporal. Destarte, a Educação Física escolar tem por função ajudar os educandos, através do seu objeto de estudo, descobrirem todas as possibilidades que lhes são oferecidas, a fim de interagir ativa, criativa e criticamente no que diz respeito à atividade física e saúde. Para isso, impende rever todos os valores e práticas que os professores estão aceitando ou defendendo, às vezes sem verdadeira fundamentação, mas simplesmente por covardia, indolência ou comodismo. Palavras-chave: Educação Física. Atividade física e saúde. Conhecimento. Cultura corporal. Educação Básica

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DÓREA, Dayane Ramos. Physical activity and health: its didactic-pedagogical

treatment in school physical education. 2018. Course Completion Work

(Specialization) – Faculty of Education, Federal University of Bahia, Salvador, 2018.

ABSTRACT

This work arises from the perspective of incorporating physical activity and health knowledge as content of school physical education, for this, it starts from a general objective that focuses on the importance of proposing the applicability of physical activity and health knowledge, fostering the holistic formation of students . It brings, therefore, justifications that evidence the assumptions that neglect physical activity and health as a content of Physical School Education, as well as the overcoming of the understanding that such knowledge is only the responsibility of health professionals. The qualitative-quantitative approach refers to a case study, where the data collection technique used was participant observation and a mixed questionnaire. For the data treatment, the content analysis was used, in which, among the different methods, the structural analysis was chosen to deal with this research. It is up to Physical Education, as a curricular discipline, to extrapolate the doing by doing and contextualize the knowledge coming from the students' daily life. Treating knowledge physical activity and health in Physical Education throughout Basic Education impels decisive connotations in the construction of conduits, in order to assume a prominent role for its potential for the development of a systematic and continuous work through body culture. Thus, the purpose of Physical Education in school is to help learners, through their object of study, discover all the possibilities that are offered to them, in order to interact actively, creatively and critically with regard to physical activity and health. For this, it is necessary to review all the values and practices that teachers are accepting or defending, sometimes without real reasoning, but simply out of cowardice, indolence or self-indulgence. Keywords: Physical Education. Physical activity and health. Body culture. Basic Education.

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LISTA DE ABREVIATURAS

LDB Lei de Diretrizes e Bases

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PCN Parâmetro Curricular Nacional

SUS Sistema Único de Saúde

BNCC Base Nacional Comum Curricular

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Importância do conteúdo atividade física e saúde na escola ....... 64

GRÁFICO 2. Benefício da prática regular de atividade física ........................... 68

GRÁFICO 3. Relevância social do tema atividade física e saúde como

conteúdo da Educação Física para os alunos do curso Técnico

em Meio Ambiente ......................................................................

68

GRÁFICO 4. Motivos que podem orientar a pessoa a ser mais ativa

fisicamente .................................................................................

70

GRÁFICO 5. Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio

Ambiente para os alunos do curso Técnico em Meio Ambiente .

73

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 15

2.1 CENÁRIO E SUJEITOS DA PESQUISAS ................................................. 18

2.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA ...................................... 20

2.3 INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS .................................... 21

3 OS ESTIGMAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................... 24

3.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................ 27

3.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO REGULAR E TÉCNICO

PROFISSIONALIZANTE ..........................................................................

33

3.3 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO FÍSICA ................................ 37

4 A PRÁTICA SOCIAL DO CONHECIMENTO ATIVIDADE FÍSICA E

SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ...........................................

43

4.1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS

DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...........................................................................

45

4.2 TEORIZANDO A PRÁTICA DO CONTEÚDO ATIVIDADE FÍSICA E

SAÚDE .....................................................................................................

51

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 75

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 78

APÊNDICES ............................................................................................. 84

Apêndice A – Questionário misto ............................................................. 84

Apêndice B – Plano de unidade ............................................................... 88

Apêndice C – Roteiros de cada intervenção (aula por aula) ..................... 90

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Apêndice D – Apostila .............................................................................. 93

ANEXOS ................................................................................................... 98

Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Colégio ........ 98

Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Alunos ....... 99

Anexo C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Pais ........... 101

Anexo D – Folder produzido pela turma .................................................... 102

Anexo E – Fotos das intervenções ............................................................ 104

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1 INTRODUÇÃO

A Educação Física no século XXI caminha na direção de criar e assumir uma

percepção nova de si mesma e da sociedade que contribui para formar, rejeitando a

concepção dualista do ser humano, segundo a qual seu papel seria, sobretudo (ou

somente), ao físico e abrindo-se à necessidade de saber cultural e política, fazendo

sua a responsabilidade dos cidadãos na construção de uma sociedade de homens

críticos-reflexivos.

Na atualidade, em que a Educação Física está inserida, a preocupação

emergente é com a questão do ensino-aprendizagem dos conteúdos numa dada

profundidade. Isto é, antes de ser aplicado qualquer que seja o conteúdo, o professor

deve pesquisar este conhecimento e sistematizá-lo em planejamento que vai do micro

ao macro processo de aprendizagem.

Conteúdo é conhecimento e este é que possibilita o sujeito a agir

adequadamente em sua realidade, ou seja, conhecimento é a elucidação da realidade.

Sendo assim, o professor deve sistematizar suas aulas a fim de que as mesmas não

recaiam numa mera prática pela prática, descontextualizadas da realidade do aluno e

da sociedade.

A Educação Física encontra seus conteúdos definidos, porém, apresenta

estigmas acerca de alguns conhecimentos, devido ao seu contexto histórico, contexto

este que trata o corpo numa concepção ampliada, não somente como uma máquina

que sente, composta por aparelhagens que funcionam de forma voluntária ou

involuntária. Isto significa dizer que os conteúdos abordados pela disciplina

perpassam o senso comum, ultrapassam a fragmentação do corpo que gera a

dicotomia entre corpo e mente, atingindo um corpo social, o qual reflete acerca do que

faz.

Este estudo visa reconhecer a relevância da atividade física e saúde, enquanto

conteúdo, dentro da Educação Física, de maneira pedagogizada, a fim de contribuir à

formação de cidadãos holísticos. Nesse sentido, o objeto de estudo desta pesquisa

trata do seguinte tema: o trato pedagógico do conhecimento atividade física e saúde

nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Profissionalizante. Diante disso,

definiu-se como problema desta pesquisa: Como incorporar estratégias teórico-

metodológicas a fim de contextualizar o conhecimento atividade física e saúde nas

aulas de Educação Física?

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As proposições teórico-metodológicas desta pesquisa circundaram o cenário

da 2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente de uma

instituição da rede pública de ensino estadual, a única da cidade de Esplanada,

situada no Território de Identidade 18 – Litoral Norte e Agreste de Alagoinhas, Bahia.

A aplicabilidade do conhecimento atividade física e saúde fundamentou-se na relação

ensino-aprendizagem proposta pela teorização prática da Pedagogia Histórico-crítica.

A pesquisa, de natureza quali-quantitativa, refere-se a um Estudo de Caso e, como

técnicas de coleta de dados, a observação participante, e um questionário misto. Para

o tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, na qual, dentre os

diferentes métodos, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise estrutural.

Assim, o presente trabalho surge na perspectiva de propor o trato didático-

pedagógico do conhecimento atividade física e saúde enquanto conteúdo da

Educação Física escolar, o qual sofre alguns estigmas, sendo ainda negado

historicamente. Para tanto, apresenta como objetivo geral: Incorporar estratégias

teórico-metodológicas acerca do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade

física e saúde e sua relação com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na

2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente de uma

instituição da rede pública estadual de ensino. A partir daí, estabeleceu-se como

objetivos específicos: Reconhecer os pressupostos teóricos que negligenciam a

atividade física e saúde enquanto conteúdo da Educação Física escolar; superar o

entendimento que atividade física e saúde compete somente aos profissionais da área

médica; evidenciar a importância do conhecimento atividade física e saúde na

Educação Física escolar, como elemento essencial à formação holística.

Pensar a atividade física e saúde enquanto conhecimento e, portanto, que deve

fazer parte das aulas de Educação Física surge, além de uma inquietude pessoal, da

necessidade de se elencar este conteúdo numa visão que conjugue com as questões

culturais, ambientais, psicológicas, afetivas, sociais. Para isso, o trato pedagógico

acerca de uma cultura corporal que envolva tal perspectiva – atividade física e saúde

– respalda-se na busca de uma autonomia do fazer pedagógico que trate a

corporeidade para além dos aspectos biológicos e/ou desportivos.

Dessa forma, esta pesquisa justifica-se pela importância em trazer à luz da

reflexão a pedagogização do conhecimento atividade física e saúde na Educação

Física na perspectiva do seu trato em uma turma do Ensino Médio Profissionalizante.

Assim, a produção adquire relevância acadêmica por se tratar de uma proposta que

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busca ratificar a formação holística dos alunos, onde estes entendam e percebam a

óptica pedagógica da atividade física e saúde através da magnitude da cultura

corporal.

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2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

O ser humano sempre buscou explicações que justificassem sua existência,

para tanto, abandonando o mito do conhecimento pleno, a ciência passa a ser

concebida como um processo histórico. Isto é, um sistema aberto e mutável de acordo

com a “cultura de cada época e com a área do conhecimento que estiver o problema

investigado” (KÖCHE, 1997, p. 69).

Desse modo, a ciência pode ser definida como uma busca constante de explicações e soluções para os problemas que afligem e incomodam o ser humano. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 80), ciência é a sistematização de conhecimentos, ou seja, “um conjunto de proposições lógicas correlativas sobre um comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar” (MATTOS; ROSSETTO JÚNIOR; BLECHER, 2008, p. 24).

Para Minayo (2010), a ciência é permeada por conflitos e contradições e um

destas é o embate entre ciências sociais e ciências naturais. No entanto, na

contemporaneidade, a ciência deixa de ser uma simples descrição da realidade para

tornar-se uma proposta de interpretação. Isto é, abandona o estado de ser absoluta e

acumulativa do conhecimento, passando a ser revolucionária, questionando a

possibilidade de um único método e abrindo espaço para vários métodos, não

permitindo o seu fechamento em um único sistema.

Nas ciências sociais, para Minayo (2010), o objeto de estudo – o homem – é

um ser sócio histórico e, portanto, possui consciência histórica. Vale a ressalva que

nas ciências sociais há uma identidade entre sujeito e objeto, e que sua proposta é

intrínseca e extrinsecamente ideológica, além de fundamentalmente qualitativa.

A ciência social permite a criação de teorias conforme a percepção dos

problemas encontrados pela humanidade. Assim, na ciência social há uma constante

investigação e reconstrução de teorias que visam buscar solução para os problemas

encontrados devido ao desenvolvimento social e humano (MINAYO, 2010).

No entanto, é através da pesquisa que a ciência consegue responder às

indagações humanas, ou seja, descobrir respostas para problemas mediante o

emprego de procedimentos. Demo (1996, p. 34) considera a pesquisa como uma

atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção

competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido

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teórico prático”. E isso fica muito evidente na afirmação de Minayo (1993) quando

considera a pesquisa como

Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados (MINAYO, 1993, p.23).

Nos dizeres de Gil (2007),

[...] a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 2007, p. 19).

Portanto, sendo a pesquisa um momento especial que reúne o pensamento e

a ação de uma pessoa, ou de um grupo, com o objetivo de construir o conhecimento

de aspectos da realidade (FAZENDA, 2004), a presente pesquisa é de natureza quali-

quantitativa. É consenso entre alguns vultos (FAZENDA, 2004; DEMO, 1996) que a

pesquisa somente terá validade científica se for realizada observando os preceitos

dos métodos científicos.

Para tanto, a escolha por uma pesquisa de natureza quali-quantitativa deu-se

porquê esta compreende a utilização de ambas as naturezas, quantitativa e

qualitativa, numa pesquisa científica. Assim, combinar os dados quantitativos e

qualitativos obtidos numa mesma investigação torna-se relevante, haja vista as duas

abordagens possuírem aspectos que se complementam.

A abordagem qualitativa trata da investigação de valores, atitudes, percepções

e motivações do público pesquisado, com o objetivo principal de compreendê-los em

profundidade, não tendo preocupação em trabalhar com dados estatísticos. Já a

abordagem quantitativa representa aquilo que pode ser mensurado, exigindo

descrição rigorosa das informações obtidas, em que o pesquisador pretende obter o

maior grau de certeza possível em seus dados. Torna-se adequada quando se deseja

conhecer a extensão (de modo estatístico) do objeto de estudo, do ponto de vista do

público pesquisado.

Dessa forma, a abordagem de natureza quali-quantitativa não é oposta ou

contraditória em relação à pesquisa quantitativa, ou à pesquisa qualitativa. Contudo,

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faz-se de necessária predominância ao se levar em consideração a relação dinâmica

entre o mundo real, os sujeitos e a pesquisa, no sentido da intensidade dada aos

consensos nos questionamentos acerca das limitações da pesquisa. Portanto,

abordagens de natureza quali-quantitativas representam uma evolução dos modelos

meramente qualitativos ou quantitativos.

A estratégia da pesquisa refere-se a um Estudo de Caso, o qual tem caráter

investigativo de um dado fenômeno contemporâneo, dentro de seu contexto real. Além

disso, atende também aos preceitos da pesquisa-ação. Entretanto, as fronteiras entre

o fenômeno e o contexto não são bem definidas, sendo utilizadas múltiplas fontes de

evidências. O Estudo de Caso favorece um conhecimento amplo e detalhado da

pesquisa, posto

a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) preservar o caráter unitário do objeto estudado; c) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; [...] e) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (GIL, 2007, p. 54).

Nesta perspectiva, a pesquisa ocorreu ao final da II unidade do ano letivo de

2018, na única instituição de ensino público médio regular e profissionalizante do

município de Esplanada, Bahia. Estou vinculada à instituição há três anos, por meio

do Regime especial de Direito Administrativo (REDA, 2015), lecionando a disciplina

Educação Física nas segundas e terceiras séries do Ensino Médio Regular.

A turma onde aconteceram as intervenções foi o 2º ano do Ensino Médio

Profissionalizante, curso Técnico em Meio Ambiente, e sua escolha se deu porque no

1º ano fui a professora de Educação Física, no único momento do curso que a

disciplina é contemplada na ementa, bem como para não gerar conflito de

metodologias, visto ser uma outra professora nas primeiras séries. A seguir há a

caracterização do cenário e sujeitos que deram suporte à pesquisa, bem como as

técnicas e instrumentos para a coleta de dados e para a análise de dados.

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2.1 CENÁRIO E SUJEITOS DA PESQUISAS

O cenário escolhido para a pesquisa foi o Colégio Estadual Celina Saraiva

(anexo A), uma instituição da rede pública estadual de ensino, que contempla o Ensino

Médio Regular e Profissionalizante. A instituição localiza-se no município de

Esplanada (BA), situado no Território de Identidade 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano

(conforme mapas abaixo), compondo-se no total de vinte e duas cidades. Esplanada

dista 160,3 km da capital, Salvador, tendo como principais vias de acesso a BR 101,

BA 110 e a Linha Verde (BA 099).

Imagens retiradas da internet.

Esplanada possui vegetação litorânea e uma grande variedade de plantas e

animais. Entretanto, a parte da mata que cobre o município vem sendo terrivelmente

devastada, em decorrência do plantio de pastagem do eucalipto e também devido à

exploração de petróleo. Apresenta, ainda, uma arrecadação mensal de mais de cinco

milhões aos cofres públicos e sua população estimada no ano de 2017 foi de 37.845

habitantes, a maioria residente na zona urbana.

O Colégio Estadual Celina Saraiva localiza-se na Rua Doutor Antônio Gomes

de Oliveira, S/N, Centro e funciona integralmente nos três turnos. Sua sede apresenta

um total de 1.113 alunos, subdivididos em: 412 alunos no turno matutino, 272 no turno

vespertino e 429 no noturno. Oferta o Ensino Médio Regular (1ª, 2ª e 3ª séries), o

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Ensino Médio Profissionalizante (Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Manutenção

de Microcomputadores) e Pro-EJA (Administração).

O Colégio é estruturado com doze salas (seis no térreo e mais seis no andar

superior); uma secretaria; uma cantina; quatro banheiros (dois no térreo e dois no

andar superior); uma sala de professores, com banheiro; uma sala de vice-direção;

uma sala de direção; uma sala de espera; uma sala de coordenação; uma sala de

reunião para as ACs (Atividades Complementares); duas salas de projeção; uma

biblioteca; e uma quadra que não é poliesportiva e descoberta, onde ocorrem as

vivências de Educação Física.

A pesquisa foi realizada nos meses de julho e agosto de 2018, no 2ª série do

Ensino Médio Profissionalizante – Curso Técnico em Meio Ambiente, que conta com

dezesseis alunos, ao longo da segunda unidade do Colégio. Como a partir do 2ª série

algumas disciplinas saem da ementa e outras são reduzidas para que haja a

integração das disciplinas específicas do curso, os alunos não têm aula de Educação

Física. Dessa forma, para que a pesquisa fosse contemplada nessa turma, a

professora da disciplina de Intervenção cedeu duas de suas aulas (contabilizando o

total de aulas ofertadas em um segundo ano regular) para que houvesse a produção

do conhecimento e, de forma interdisciplinar os alunos foram avaliados, mantendo,

principalmente o foco central na pesquisa.

Os alunos são muito carinhosos, o que tornaram os diálogos e vivências mais

prazerosas. A afetividade expressa pelos alunos fez com que a contribuição na

pesquisa fosse idealizada e posta em prática de maneira enriquecedora. Ademais, ao

serem esclarecidos que estavam participando de uma pesquisa de cunho acadêmico,

a qual representa o requisito à concretização da minha formação, os educandos não

hesitaram em auxiliar no que fosse necessário.

Enfim, o envolvimento dos discentes foi de total relevância tanto na construção

do processo ensino-aprendizagem, como no decorrer da pesquisa. Os educandos

participaram de todas as atividades propostas, fossem essas escritas, discussões,

produções ou práticas corporais, fato que fomentou a minha satisfação na construção

do presente trabalho.

Por fim, as técnicas de pesquisa são procedimentos que o pesquisador adota

para realizar a coleta de dados. Cabe ao pesquisador escolher a técnica eu melhor se

adéque ao método e tipo de pesquisa escolhidos e também devem ser considerados

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os objetivos da pesquisa. Assim, a escolha correta da técnica é essencial para garantir

a seriedade e a credibilidade da pesquisa.

2.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA

As técnicas de pesquisa são os procedimentos que o pesquisador adota para

realizar a coleta de dados. Já os instrumentos são elaborados e utilizados pelo

pesquisador, a fim de obter os dados necessários para proceder com a análise do

problema investigado (TRIVINÕS, 1987). Portanto, cabe ao pesquisador escolher a

técnica que melhor se ajuste ao método e ao tipo de pesquisa escolhidos por ele, bem

como o tipo de instrumento mais adequado deve estar estritamente relacionado ao

tipo de pesquisa que está sendo realizada (GIL, 2007).

Referente à técnica de coleta de dados foi utilizada a observação participante,

a qual ajudou a garantir a seriedade e a credibilidade da pesquisa. Esta se trata de

uma investigação caracterizada pelas interações ocorridas entre o investigador e os

sujeitos sociais da pesquisa, sendo um procedimento em que os dados são recolhidos

de forma sistematizada. Ademais, a observação participante é dinâmica e envolve

tanto o pesquisador, como os sujeitos, sendo que o investigador é simultaneamente o

instrumento na coleta de dados e na sua interpretação. Entende-se então que a

observação participante é uma

Situação de pesquisa onde observador e observado encontram-se face a face, e onde o processo de coleta de dados se dá no próprio ambiente natural de vida dos observados, que passam a ser vistos não mais como objetos de pesquisa, mas como sujeitos que interagem em dado projeto de estudos (SERVA; JAIME JÚNIOR, 1995 apud SANTOS, 2012).

Outra técnica de coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi um questionário

misto (apêndice A), o qual foi composto basicamente por perguntas abertas e

fechadas, previamente padronizadas. Tal técnica fornecerá tantos dados qualitativos

como quantitativos, os quais subsidiarão a pesquisa.

O questionário pode ser misto, com perguntas abertas e fechadas. As perguntas fechadas são destinadas a obter informações sociodemográficas do entrevistado (sexo, escolaridade, idade etc.) e identificar suas opiniões

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(sim – não; conheço – não conheço etc.). Já as perguntas abertas visam aprofundar as opiniões do entrevistado a respeito do tema, podendo expor seus pensamentos sobre o assunto investigado (MATTOS; ROSSETTO JÚNIOR; BLECHER, 2008, p. 68).

Por conta da relação interpessoal estabelecida entre pesquisador e sujeitos da

pesquisa, isto é, professora e alunos, algumas formalidades foram postas de lado.

Todavia, o termo de consentimento foi assinado e datado por cada educando que

aceitou participar da pesquisa. Vale ressaltar que este termo foi composto de um breve

texto explicativo acerca da importância da pesquisa, bem como a opção em não

participar ou desistir após ter iniciado a resolução do questionário misto.

Desse modo, através do termo de consentimento dos alunos (anexo B) e dos

pais (anexo C) – direcionados aos alunos menores de idades –, que apresentava um

texto coeso à maturidade cognitiva dos educandos envolvidos no processo

investigativo, alunos e pais puderam analisar e aceitar participar desta pesquisa.

Ademais, o referido termo constará juntamente ao questionário, o qual apresentará

perguntas acerca da importância do conteúdo Atividade Física e Saúde e sua relação

com o Meio Ambiente na vida dos educandos, bem como a representatividade deste

conhecimento na vida dos mesmos.

Os procedimentos para análise e a apresentação dos resultados podem

influenciar diretamente na codificação para possíveis maneiras de analisar as

respostas para que então se possa apresentar os resultados e discuti-los. Assim, a

escolha dos instrumentos para análise de dados deve considerar as demandas

apresentadas a partir da coleta destes.

2.3 INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS

Para a análise de dados, momento dotado de análise e estruturação do que foi

coletado, foi utilizada a análise de conteúdo, definida como um conjunto de técnicas

de exploração de documentos, procurando identificar os principais conceitos ou temas

abordados em um dado texto. Bardin (1977 apud MINAYO, 2010) define a análise de

conteúdo como

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Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 1977 apud MINAYO, 2010, p. 303).

Não obstante, a análise de conteúdo é tida como um dos métodos mais comuns

na investigação empírica, sendo realizada pelas diferentes ciências humanas e

sociais. Trata-se, pois, de uma técnica de análise textual que se utiliza em questões

abertas de questionários e sempre em entrevistas.

Para tanto, dentro das técnicas de análise de conteúdo articulam-se diferentes

métodos, dentre os quais, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise

estrutural, tendo em vista o seu caráter de sistematização dos dados obtidos. Minayo

(2010, p. 311), ao tratar da análise estrutural defende que

Por trás dessa busca está a noção de sistema. Analisar significará, nesse tipo de estudo, reencontrar as mesmas engrenagens, quaisquer sejam as formas dos mecanismos em que se apresentem. A significação, no caso, fica subordinada à estruturação da linguagem.

A análise estrutural parte do pressuposto de que todo o texto é uma realidade

estruturada, isto é, procura descobrir uma ordem oculta do funcionamento do discurso

ao elaborar um modelo operatório abstrato, a fim de se estruturar este discurso

tornando-o mais compreensível. Além disso, vale elucidar que os dados quantitativos

foram organizados, armazenados e tabulados através de meios informáticos,

utilizando o programa Excel, onde para análise destes dados foi utilizada a estatística

descritiva, composta de gráficos e percentagem. A estatística descritiva, segundo

Andrade (2010) faz-se relevante em uma pesquisa tendo em vista a sua dinamicidade

na coleta, organização e descrição dos dados.

Não obstante, a análise de conteúdo se organiza basicamente em três

momentos: o primeiro é a pré-análise, que concentra na organização do material,

escolha dos documentos a serem analisados, formulação de hipóteses ou questões

norteadoras, bem como na elaboração de indicadores que fundamentam a

interpretação final. O segundo momento consiste numa etapa mais longa, que é a

exploração do material, que compreende a escolha de unidades de registro, a seleção

de regras de contagem e a escolha de categorias de estudo. A terceira e última fase

é o tratamento dos resultados obtidos na pesquisa, ou seja, a interpretação destes.

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Nesse sentido, todas as decisões que o pesquisador tomar precisa sempre

levar em consideração os objetivos da pesquisa. Se não houver sintonia entre eles e

os demais itens da metodologia poderá haver, certamente, o comprometimento do

resultado final. A partir de tais cuidados, evita-se que durante a análise de dados se

constate que algum objetivo não poderá ser atingido por falta de dados, ou que alguns

dados deverão ser desprezados por não corresponderem aos objetivos estabelecidos,

os quais foram organizados e delimitados a partir de uma construção histórica da

Educação Física escolar.

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3 OS ESTIGMAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

A análise histórica mostra que a Educação Física enquanto disciplina escolar

no Brasil, assim como as demais disciplinas que compunham o sistema escolar no

início da colonização, sofreu os efeitos do processo de transplantação da cultura

europeia. Ainda com o nome de ginástica, já estava presente no início da organização

do sistema escolar brasileiro.

No decorrer de sua história essa disciplina teve várias influências de

abordagens pedagógicas, que buscavam uma base de sustentação, além das já

conhecidas anatomia e fisiologia. Nessa perspectiva, a Educação Física no contexto

escolar e na construção de seu conhecimento específico apresentou variadas

tendências pedagógicas que buscavam encontrar razões para justificar sua presença

na escola.

No século XIX, a Educação Física, vinculada às instituições militares e à classe

médica, foi incluída nos currículos de alguns estados brasileiros. Neste período, sob

uma forte influência escolanovista, a disciplina adquire um caráter de desenvolvimento

integral do ser humano, aliado ao discurso higienista com fins eugenistas da raça e

prevenção de doenças de maneira descontextualizada. Já na década de 1964 a

Educação Física recebeu influência da tendência tecnicista, no intuito de se formar

mão de obra qualificada devido à força pujante do capitalismo.

Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções fisiológicas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área e a aproximando das ciências humanas, e, embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano (BRASIL, 1997, p. 24).

Os diferentes enfoques dados à Educação Física ao longo dos anos, buscando

legitimá-la enquanto conteúdo curricular e como disciplina possuidora e produtora de

conhecimento acarretaram confusões à mesma sob a fundamentação dos conteúdos

escolares, concebendo, portanto, a negligência de conhecimentos importantes por

uma visão defasada e arraigada de preconceitos historicamente construídos.

Não obstante, a compreensão de componente curricular é realizada a partir da

Lei de Diretrizes e Bases – LDB (BRASIL, 1997) de 1996, que apresenta essa área

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como tal e também a coloca como obrigatória em toda a educação básica. A partir de

então, garante-se que a Educação Física é agora uma disciplina escolar com as

mesmas responsabilidades das demais.

É sabido que a Educação Física trata do corpo numa concepção ampliada, não

somente como uma máquina que sente, composta por aparelhagens que funcionam

de forma voluntária ou involuntária. Isto significa dizer que os conteúdos abordados

pela disciplina perpassam o senso comum, ultrapassam a fragmentação do corpo que

gera a dicotomia entre corpo e mente, atingindo um corpo social, o qual reflete acerca

do que faz.

Tal corpo, entendido aqui como um ser humano que possui e produz cultura,

bem como a transmite ao longo dos anos, segundo o PCN (Parâmetro Curricular

Nacional) de Educação Física (1997), este necessita ser analisado em sua inteireza.

Isso implica dizer que a percepção do próprio corpo, ou seja, do homem enquanto ser

atuante na sociedade requer uma análise e compreensão de suas alterações no

decorrer dos séculos, a fim de gerar uma autonomia no que tange uma criticidade

acerca da saúde, da atividade física e do próprio corpo enquanto ferramenta

manipulável pelos conceitos sociais.

Os saberes tratados na Educação Física nos remetem justamente a pensar que existe uma variedade de formas de aprender e intervir na realidade social que deve ser valorizada na escola numa perspectiva mais ampliada de formação (BRASIL, 2008, p. 218-219).

Para tanto, os professores de Educação Física devem incorporar novas

competências frente à estrutura educacional, procurando proporcionar em suas aulas,

além de uma visão exclusiva à prática de atividades esportivas e recreativas. Ou seja,

também, propor metas voltadas ao trato da atividade física e saúde, mediante seleção,

organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos alunos

situações que conduzam a uma tomada de consciência sobre as alterações que

ocorrem ao longo da vida (GUEDES, 1999).

Não obstante, o Sistema Único de Saúde (SUS), através de um projeto

universal, público, equânime, integral e democrático, busca configurar a relação

existente entre educação e saúde, alicerçando-se em suas múltiplas dimensões:

social, ética, política, cultural e científica. Tais dimensões são encontradas como

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objetivos a serem tratados pelo professor de Educação Física no âmbito da cultura

corporal.

A educação, como um processo de diálogo, indagação, reflexão, questionamento e ação partilhada, propõe, como objetivo principal, tornar as pessoas cada vez mais capazes de pensar – consciência crítica –, e de encontrar formas alternativas de resolver seus problemas, entre eles o de saúde-doença, e não apenas de “seguir normas recomendadas de como ter mais saúde ou evitar doenças” (SUS, 2001, p. 62).

Não obstante, escola vem buscando modificar a realidade historicamente

construída e ainda arraigada no processo educacional. Exemplo disso é que a mesma

procura pautar-se nas prioridades sociais, políticas e culturais, com princípios

norteados pela ética dos quatro pilares da educação do século XXI, proposto por

Delors (1998): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e

aprender a ser; visando além da produção do conhecimento, o exercício da cidadania

e a formação de cidadãos holísticos, ou seja, primando pela ênfase do todo, em que

as partes são conectadas formando um todo indiviso.

O holismo [...] não se trata de uma teoria, mas de uma abordagem postulando que o entendimento da saúde não pode ser separado da compreensão dos indivíduos como um todo: reconhece-se que a saúde tem uma natureza multifatorial, oposta a uma visão funcionalista. Isso significa que devemos ter em mente que os indivíduos fazem parte de um sistema complexo de interações físicas, históricas, sociais e pessoais (BARIC, 1985 apud FARINATTI; FERREIRA, 2006, p. 73).

Diante disso, a escola “tem como papel fundamental a formação plena do

indivíduo em relação a si mesmo, à família, à humanidade, ao planeta e ao cosmos,

numa relação de respeito à harmonia” (NASCIMENTO; SOUZA, 2014, p. 6). Para

Libâneo (2001a),

[...] a escola precisa deixar de ser meramente uma agência transmissora de informação e transformar-se num lugar de análises críticas e produção da informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significados à informação [...] (LIBÂNEO, 2001a, p. 85).

Também não é raso dizer que refletir sobre a ação docente requer

anteriormente o levantamento dos fundamentos teóricos e metodológicos que

embasam sua ação, visto que toda ação humana está embebida de conceitos

intrínsecos. Desse modo, apropriar-se de tais fundamentos faz com que o professor

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se aproxime vertiginosamente de uma prática contextualizada. Portanto, ao

reconhecer que mesmo dentro do universo educacional existem especificidades na

prática, garante uma ação que contempla as demandas educativas dos seus alunos.

Assim, o trato docente acerca da cultura corporal que envolva tal temática –

atividade física e saúde – respalda-se na busca de uma autonomia do fazer

pedagógico que enfoque a corporeidade para além dos aspectos biológicos e/ou

esportistas. Daí a importância de reconhecermos e compreendermos o percurso

histórico da Educação Física como um componente curricular e também como uma

área de conhecimento específico no contexto escolar.

3.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

No decorrer histórico da educação brasileira, foram surgindo variadas

perspectivas e concepções educacionais para a disciplina Educação Física. A questão

histórica busca apresentar o conhecimento necessário a fim de entendermos como a

trajetória influencia nas vertentes ideológicas de ensino. Ou seja, se não conhecermos

o passado, o presente pode nos parecer sem sentido e com um futuro incerto.

Dessa forma, a compreensão dos processos históricos que influenciaram e

influenciam diretamente na Educação Física nos possibilita compreender o porquê da

sua presença no contexto escolar, qual sua relação com o processo de aprendizagem,

bem como percebemos alguns conceitos fortemente arraigados, os quais

impossibilitam uma visão mais ampliada do trato pedagógico da Educação Física.

Nos registros históricos podemos acompanhar o cuidado que as gerações

passadas possuíam com o corpo e suas capacidades. Esse cuidado com a prática de

atividade corporal também pode ser observado nos dias de hoje. Porém, a

compreensão da manifestação corporal não aconteceu de forma abrupta, sendo

necessária uma construção histórica para que esse fato ocorresse. Vemos que, no

desenrolar da história, houve momentos em que a manifestação corporal ora foi

suprimida, ora foi disseminada. Também devemos levar em conta o contexto no qual

esses fatos ocorreram e em que cultura estavam inseridos. Mas de uma forma geral

podemos observar que houve um processo de evolução relativa ao corpo. Sobre isso,

Ramos (1983) relata que:

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Dentro da acadêmica divisão da história, acompanhando a marcha ascensional do homem, documentada, sobretudo no mundo ocidental, somos levados a afirmar que a prática dos exercícios físicos vem da pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea (RAMOS, 1983, p. 15).

De certo modo, o pano de fundo da Educação Física, a qual em seus primórdios

não possuía ainda tal nomenclatura, foram a filosofia e a religião, sempre em busca

de uma superação espiritual, sendo que as questões éticas e morais faziam parte

desta construção. Exemplo disso está nos registros antigos feitos pelo próprio homem,

como as pinturas rupestres e posteriores escrituras.

Assim o ser humano à luz da ciência executa movimentos corporais, desde os

mais básicos e naturais, aos mais sofisticados, a partir do momento que se pôs de pé.

As concepções de Educação Física na China, na Índia, no Japão, no Egito, na Grécia

e em Roma foram, por certo, pautadas no dualismo corpo e mente, visando o

fortalecimento corporal, no anseio de recuperar o equilíbrio do espírito (mente), já

sobrecarregado pela formação intelectual.

Segundo René Descartes (1637), a dicotomia entre corpo e mente se

popularizou graças ao dualismo cartesiano que apresenta o corpo como máquina

separada da mente ou da razão; compreendendo o corpo como duas coisas diferentes

coexistindo num mesmo espaço, ou seja, no homem, apresentando um corpo que faz

e uma mente que pensa.

Assim, desde o início do século XIX as concepções que constituíam a

Educação Física, concebida com o nome de ginástica, compunham-se em sistemas

metodizados que apresentavam diferenças entre si, embora seguissem o mesmo ideal

de corpo e mente separados. Essas correntes, juntamente com o desporto inglês,

passaram a formar as bases da tradição da cultura motora europeia, as quais são

conhecidas como métodos ginásticos, em que se destacam o sueco, o alemão e o

francês, métodos que foram a base do princípio da inserção da Educação Física no

Brasil.

Marinho (1984) aponta o ano de 1823 como um dos mais importantes para a

educação brasileira, quando se começou a discutir na Assembleia Constituinte as

mudanças no sistema educacional brasileiro, e foi ainda nesse ano que a Assembleia

apresentou, pela primeira vez, uma menção sobre a disciplina Educação Física.

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Portanto, a Educação Física, ainda concebida com o nome de ginástica, já estava

presente no início da organização do sistema escolar brasileiro, ou seja, desde a

época do Brasil colônia.

No contexto brasileiro, a Educação Física confunde-se em muitos momentos

da sua história com as instituições médicas e militares. Desse modo, faz-se importante

que conheçamos as influências que marcaram e caracterizaram durante anos a

Educação Física no âmbito escolar.

Em 1851, a partir da Reforma Couto Ferraz, a Educação Física tornou-se

obrigatória nas escolas do município da Corte. Mas foi somente em 1882 que a

Educação Física, nomenclaturada de ginástica, que recebeu total apoio à sua inserção

no âmbito escolar, equiparando os seus professores como aos das outras disciplinas.

Tal ideia foi defendida por Rui Barbosa – Projeto 224 – Reforma Leôncio de Carvalho,

Decreto 7.247, de 19 de abril de 1879 –, haja vista acreditar na importância de se ter

um corpo saudável que suportasse a atividade intelectual (BRASIL, 1997).

No Brasil, por volta da segunda década do século XIX, já em momento posterior à conquista da Independência, é desencadeado um vigoroso projeto de eugenização da população brasileira. Este projeto se coloca como possibilidade de alteração de um quadro no qual a metade da população do Brasil era constituída de escravos negros, índice que permanece até por volta de 1850 (SOARES, 2001, p. 73).

A eugenização mencionada constava no aprimoramento das características da

raça humana, especialmente pela seleção dos indivíduos submetidos ao processo

reprodutivo. A eugenia no Brasil estava associada a um cenário histórico e político

mundial, configurado pelas ideologias nazistas e fascistas. Tal preocupação com o

corpo fortalecia-se com o passar dos anos e, a fim de obter a ordem e o progresso,

era importante formar indivíduos fortes e saudáveis que defendessem a pátria e os

seus ideais.

Entretanto, o discurso eugênico não se sustentou por muito tempo, cedendo

espaço aos objetivos higiênicos e de prevenção de doenças, os quais se tornaram

passíveis de serem abordados e trabalhados no contexto educacional. Assim,

Apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular), junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Também havia um artigo naquela constituição

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que citava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia (BRASIL, 1997, p. 21).

A Educação Física higienista (1889-1930) caracteriza-se na ênfase dada à

saúde, onde o papel da disciplina consistia na formação de indivíduos fortes,

saudáveis e propensos à aderência de condutas saudáveis na melhoria da qualidade

de vida em detrimento de maus hábitos. Ou seja, ao higienismo cabia a função de “[...]

proporcionar aos alunos o desenvolvimento harmonioso do corpo e do espírito,

formando o homem física e moralmente sadio alegre e resoluto” (MARINHO, 1953, p.

177).

Entre 1930 e 1945 a Educação Física adquire um caráter militarista onde a

coragem e a vitalidade são os seus alicerces. Tal tendência visava impor à sociedade

estereótipos comportamentais, frutos de uma conduta altamente disciplinar. Segundo

Castellani Filho (1988), a Educação Física militarista, preocupada com a saúde

individual e coletiva, tinha por objetivo principal a obtenção de uma juventude capaz

de suportar a guerra, devido o eminente perigo de um suposto combate interno ou

externo no Brasil1.

Assim, com uma visão de adestramento corporal, a Educação Física militarista somente utilizava-se da prática de esportes e jogos recreativos se estes fossem úteis, visando à eliminação dos fisicamente incapacitados. Servia, então para o “desenvolvimento harmônico do corpo. Desenvolvimento da personalidade. Aperfeiçoamento da destreza. Emprego da força e espírito de solidariedade” (MAZZEI; TEIXEIRA, 1967, p. 143).

Posteriormente, surge a Educação Física pedagogicista (1945-1964) a qual

reivindica a necessidade de encará-la para além de uma prática capaz de promover

saúde ou disciplinar a juventude. Portanto, tal tendência ampliava a Educação Física

a uma prática educativa, preocupada com os jovens que frequentavam as escolas.

Através do processo de industrialização, urbanização e o estabelecimento do

Estado Novo, a Educação Física adquiriu um novo contexto: “fortalecer o trabalhador,

melhorando sua capacidade produtiva, e desenvolver o espírito de cooperação em

benefício da coletividade” (BRASIL, 1997, p. 21). Tal perspectiva subsidiou a

influência tecnicista na Educação Física, onde o ensino desta disciplina era visto como

1 Tal período caracterizou a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, o governo era sediado por militares que temiam a ação de revoltosos. Nesse sentido, a Educação Física amplia a perspectiva de saúde pessoal, adquirindo o caráter de defesa dos interesses nacionais.

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uma forma de produzir mão de obra qualificada, visando um significativo

desenvolvimento econômico.

Portanto, durante os anos de 1964 a 1985 houve uma supervalorização e alto

investimento na Educação Física, a qual adquiriu um caráter competitivista, com um

sinônimo de desporto e este, sinônimo de verificação de performance. Nesta

perspectiva, o professor deveria preparar seus alunos para que fossem futuros atletas.

Entretanto, na década de 1980 os efeitos dessa tendência começam a ser

contestados, haja vista os objetivos não terem sido alcançados. Sob fortes influências

das teorias críticas da educação a relação ensino e aprendizagem na Educação

Física, seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos sofreram

questionamentos, bem como em sua dimensão política (BRASIL, 1997).

É neste momento que emerge a Educação Física popular (1985), a qual não se

preocupa com a saúde pública, entendendo que tal questão não pode ser discutida

independente do levantamento da problemática pela atual organização do país.

Assim, a Educação Física popular pretende mudar o paradigma da referida disciplina,

isto é,

[...] o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura do objeto salto, desde as leis físicas e características no nível cinésio/fisiológico, até às explicações político-filosóficas da existência de modelos de salto (SOARES et al, 1992, p. 65).

Pode-se perceber, desse modo, que a Educação Física no Brasil passou por

diversos períodos que, por sua vez, possuíam diferentes concepções relacionadas à

função da própria disciplina, da necessidade, da maneira de trabalhar e ver o corpo.

Não obstante a isso, vale a ressalva que a Educação Física através dos séculos tem

sido utilizada como meio de manipulação para manutenção de uma suposta ordem do

status quo2.

Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções fisiológicas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área e a aproximando das ciências humanas, e, embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano (BRASIL, 1997, p. 24).

2 A Educação Física aparece em diversos momentos da história do Brasil protagonizando soluções das demandas sociais, todavia, configura-se no cenário educacional como uma mera coadjuvante.

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De um modo geral, a Educação Física, quando inserida no currículo escolar,

era tida como um momento para a prática da ginástica, com a finalidade de deixar o

corpo saudável – prática pela prática. Após muitas reformas no próprio modo de

pensar a Educação Física, hoje ela é uma disciplina complexa que deve, ao mesmo

tempo, trabalhar as suas próprias especificidades, inter-relacionando-se com os

outros componentes curriculares.

Essa obrigatoriedade é garantida através da atual Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDBEN), 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, promulgada pelo

então presidente Fernando Henrique Cardoso. A mesma, em seu artigo 26, § 3º

condiciona a existência da Educação Física como componente curricular obrigatório

da educação básica, integrada à proposta pedagógica da escola.

A Educação Básica no Brasil constitui-se do Ensino Infantil, Ensino

Fundamental I e II e Ensino Médio, bem como do Ensino Superior. Existem também

outras modalidades de ensino como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), Ensino

Técnico Profissionalizante, Educação Especial e Educação a Distância (EAD).

O ensino médio é o último estágio do ensino básico, logo, é o último ciclo da

Educação Física na escola. Kuenzer (2000) reforça que todos os agentes escolares

envolvidos com o processo de escolarização desenvolvido no ensino médio têm o

papel de instigar constantemente o aluno a lidar com a incerteza, substituindo a rigidez

(de pensamento) por flexibilidade e rapidez, a fim de atender às demandas dinâmicas

que se diversificam em qualidade e quantidade.

Dessa forma, à Educação física no ensino médio cabe sistematizar seus

conteúdos para que o aluno possa participar como sujeito na construção de uma

sociedade em que o resultado de produção material e cultural esteja disponível para

todos, assegurando qualidade de vida e perseverando a natureza. Assim, os

conteúdos do ensino médio devem ter os objetivos bem definidos, com propósitos

claros onde os alunos deverão conhecer, vivenciar e incorporar suas aprendizagens

nas mais diversas possibilidades da cultura corporal. Daí, em tempos de reformas

curriculares, revela-se uma necessidade incomensurável de reconhecer a importância

da Educação Física no ensino médio regular e profissionalizante.

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3.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO REGULAR E TÉCNICO

PROFISSIONALIZANTE

A identidade da Educação Física no chão da escola foi construída a partir de

processos de negociação e disputa de valores, concepções e perspectivas. Ao longo

de sua história na educação brasileira foi (e ainda é) palco de debates, conflitos e

negociações acerca do seu papel na escola, como a preparação do corpo do aluno

para o mundo do trabalho; formação de atletas; instrumento de disciplinarização e

interdição o corpo, entre outros.

Diante dessa pluralidade de usos da Educação Física na escola, tornou-se

imprescindível uma tomada de posição acerca da sua contribuição na formação dos

alunos, que não se dá pela via do consenso, sendo fruto de toda uma série de debates

que o campo da Educação Física vem realizando desde o final da década de 1980.

Assim, as práticas corporais dos sujeitos passam a ser mais uma linguagem

diferente e com métodos e técnicas particulares, pelo fato de possuírem valores nelas

mesmas, sem a necessidade de serem traduzidas para outras linguagens para obter

o seu reconhecimento. Por meio do movimento expressado pelas práticas corporais,

os jovens retratam o mundo em que vivem e também escrevem suas marcas culturais,

através dos conhecimentos historicamente construídos e culturalmente transmitidos.

A Educação Física ao longo da Educação Básica, incluindo, portanto, o ensino

médio regular e profissionalizante tem seus conteúdos organizados, segundo os

PCNs (1997) em blocos de conhecimento que estão interligados entre si, com

conceitos dos conhecimentos sobre o corpo bem definidos em: jogo, esporte, lutas,

ginástica e dança. Nessa perspectiva, os conhecimentos sobre o corpo devem ser

aplicados em ações pedagógicas corporais, onde o aluno entenderá a importância do

seu corpo e dos corpos que transitam nas diferentes sociedades com o passar dos

anos.

Assim, a educação básica tem como sua etapa final e de consolidação o ensino médio, que objetiva a “preparação básica para o trabalho (ocupacional) e a cidadania (educacional) do educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores”. Ou seja, a melhoria da qualidade da educação profissional depende de uma boa qualidade da educação básica. Ambas devem estar compatíveis com o grau de qualidade que lhes são exigidos (SILVA, 2000, p. 25).

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Cabe aqui destacarmos que a educação em nível técnico profissionalizante

está associada de forma inovadora à Educação Básica, vinculada a um ensino médio

de três ou quatro anos, contando com currículos que articulam de maneira mais

adequada e compatível com as novas exigências do mundo do trabalho, em condições

de melhor atender às diferentes demandas de trabalhadores e de empresas, uma vez

que as disciplinas estabelecidas curricularmente condizem com a realidade e

necessidade de cada curso. Desse modo,

A educação profissional de nível técnico é complementar à educação básica, devendo com ela articular-se, sem perder sua própria identidade. A identidade curricular própria, entretanto, não significa desintegração. Poder-se-ia associar [...] a identidade curricular própria, como forma de desarticulação com os demais componentes curriculares. Mas, articular-se não implica em substituir ou concorrer com o ensino médio, mas sim em assentar-se numa sólida educação básica. [...] não excluindo nenhum componente mais ou menos importante ao que dispõe as orientações em termos de educação geral (SILVA, 2000, p. 27).

Portanto, o ensino médio regular e técnico profissionalizante configuram-se

num processo de consolidação da Educação Básica e dos conhecimentos

apreendidos ao longo do ensino fundamental. Tal perspectiva nos faz entender que a

Educação Física existente na a articulação entre ensino médio e ensino técnico visa

aprimorar educando como ser humano em seu potencial de desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico, bem como da compreensão dos

fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos e de preparação

básica para o trabalho e exercício da cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de adaptar-se, de forma flexível às novas condições

da ocupação ou às exigências de aperfeiçoamentos posteriores.

Assim, o professor de Educação Física do ensino médio regular e técnico

profissionalizante tem como prioridade entender seus alunos na sua condição de

jovens, compreendendo-os nas suas diferenças, percebendo-os como sujeitos que se

constituem como tal a partir de uma trajetória histórica, por vezes com visões de

mundo, valores, sentimentos, emoções, comportamentos, projetos de mundo

bastante peculiares, sendo eles os construtores de suas subjetividades e identidades,

a partir de condições de pertencimento a determinado gênero, etnia, classe social,

etc. (BRASIL, 2008).

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As aulas de Educação Física não acontecem em um local abstrato, mas sim,

são realizadas por sujeitos concretos, reais, possuidores de histórias de vida e,

sobretudo, de um corpo. E é nessa vida real e concreta de alunos e alunas que estão

as marcas que constituem suas identidades pessoais e coletivas, como por exemplo,

em manifestações de rua, festas, etc. constituem lugares de formação e produção de

cultura pelos jovens, que precisam ser reconhecidos e trabalhados dentro da escola.

Nesse sentido, cabe às escolas de Ensino Médio contribuir para a formação de jovens críticos e autônomos, entendendo a crítica como a compreensão informada dos fenômenos naturais e culturais, e a autonomia como a capacidade de tomar decisões fundamentadas e responsáveis. Para acolher as juventudes, as escolas devem proporcionar experiências e processos intencionais que lhes garantam as aprendizagens necessárias e promover situações nas quais o respeito à pessoa humana e aos seus direitos sejam permanentes (BRASIL, 2017, p. 463).

No entanto, com a flexibilização da grade curricular, permitirá que o estudante

escolha uma área de conhecimento para aprofundar seus estudos. De acordo com o

MEC, a nova estrutura, conta com uma parte comum e obrigatória e todas as escolas,

como prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outras com os itinerários

formativos. No centro das mudanças propostas pelo novo ensino médio, está o

currículo mais flexível. Serão permitidos diferentes arranjos curriculares, considerando

as únicas disciplinas obrigatórias durante todo o Ensino Médio: matemática, língua

portuguesa e língua inglesa, e as cinco áreas do conhecimento: linguagens e suas

tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias,

ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional.

Considerando as mudanças propostas pela reforma do Ensino Médio, que

ainda sofrerá o longo processo de implementação, adequação do material

pedagógico, formação de professores/as e, dessa forma, levará alguns anos até

chegar nas salas de aula, está também sob o viés dessa discussão a legitimidade da

Educação Física no ensino médio que propõe seis práticas corporais que comporão

as unidades temáticas: jogos e brincadeiras, esporte, lutas, danças, ginásticas e

práticas corporais de aventura, postuladas em oito dimensões do conhecimento:

Experimentação, Uso e apropriação, Fruição, Reflexão sobre a ação, Construção de

valores, Análise, Compreensão e Protagonismo comunitário (BRASIL, 2017).

Entretanto, a reforma do Ensino Médio tem muito o que avançar e preencher

algumas lacunas, principalmente no tocante à obrigatoriedade da Educação Física no

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currículo, bem como nos aspectos fundamentais e operacionais, pois ainda não há

um plano de implantação, e a reforma corre o risco de ficar no papel. A BNCC

relacionada à Educação Física deverá preservar, reconstruir e sistematizar os

conhecimentos necessários ao processo educacional de maneira nítida, trazendo e

ampliando as manifestações da cultura corporal.

As vivências de práticas corporais no ensino médio regular e profissionalizante

tratam jovens com experiências muito distintas, fruto de uma infância e adolescência

desenvolvidas em situações e condições muito diferentes dos pontos de vista social,

econômico, moral, cultural, religioso e étnico. Por isso entende-se que um dos papéis

da Educação Física é compreender e discutir junto a esses jovens os valores e

significados que estão por trás dessas práticas corporais. Assim, as relações

existentes entre estas e os valores e modelos transmitidos pelos meios de

comunicação de massa também podem constituir tema de investigação e ensino por

parte da Educação Física junto aos educandos desta etapa da escolarização.

Nesse sentido, a educação física em relação às demais disciplinas de formação geral ganha mais visibilidade curricular [...], à medida que seus conhecimentos, assim como os conhecimentos técnicos, caracterizam-se por estarem mais ligados e inscritos no tempo presente. O seu conteúdo, o esporte, o jogo, a dança aparecem associados a essa dimensão da terminalidade, pois eles estariam ancorados e ligados à imediatidade. Na EF não se aprende para um tempo futuro incerto. Não se aprende para sentir, para viver as relações sociais, para movimentar-se, para errar ou acertar, para ter sucesso ou fracasso, mas sente-se, age-se, movimenta-se, erra-se e vive-se intensamente o momento imediato da aula (GARIGLIO, 2002, p. 81-82).

A Educação Física no contexto escolar possui uma particularidade em relação

aos demais componentes curriculares, tratando-se de um componente que contribui

para a formação do cidadão com instrumentos e conhecimentos diferenciados

daqueles chamados tradicionais no mundo escolar. O conhecimento da Educação

Física nessa etapa é socializado e apropriado sob manifestações de conjunto de

práticas, produzidas historicamente pela humanidade em suas relações sociais.

Portanto, trata-se de uma área de conhecimento que exige espaços e tempos

diferenciados dos espaços e tempos tradicionalmente tratados na escola.

Não obstante, os alunos do ensino médio regular e profissionalizante, ao

realizarem a construção e vivência coletiva dessas práticas para além do ambiente

escolar, os educandos estabelecem relações individuais e sociais, tendo como pano

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de fundo o corpo em movimento, para que os mesmos adquiram maior autonomia na

vivência, criando, elaboração e organização dessas práticas corporais, bem como

uma postura crítica quando esses estiverem no papel de espectadores das mesmas

(BRASIL, 2008). Por certo,

A associação da educação física à melhoria da saúde é quase imediata e se divide em dois níveis: a saúde dentro da escola e a saúde para a vida. Quando se trata da saúde no interior da escola, ela aparece ligada às atividades de equilíbrio físico e emocional dos alunos, vinculada quase sempre à melhoria do rendimento escolar e à qualidade de vida na própria escola. Quando a referência se dá em relação à sua importância na formação para o trabalho, essa associação diz respeito à melhoria da condição física dos alunos e de utilização mais proveitosa do “tempo livre”. Os alunos, em não tendo muito tempo para suas atividades físicas fora da escola, demandam atividades que possam equilibrar o desgaste físico e psicológico decorrente da jornada escolar [...] (GARIGLIO, 2002, p. 83).

Sendo assim, a Educação Física não pode ter mais o enfoque pura e

simplesmente voltado à prática de atividades que visem curar as mazelas da

sociedade. Mas sim, ser compreendida como área de conhecimento, pautada em uma

aprendizagem significativa e contextualizada, que extrapole o fazer pelo fazer, bem

como discuta temáticas que são tão presentes na realidade dos alunos. Portanto, urge

a necessidade de ampliarmos o enfoque sobre a temática atividade física e saúde nas

aulas de Educação Física, enquanto conhecimento a ser apreendido, apontando à

relevância de formar cidadãos conscientes que precisam saber da importância de

realizar atividades físicas, bem como entender que a saúde está relacionada a vários

fatores, como socioeconômicos e culturais.

3.3 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO FÍSICA

Muitos são os equívocos encontrados na relação ensino-aprendizagem da

Educação Física, resultantes das influências históricas, polícias e sociais que a

mesma sofreu ao longo dos anos. É sabido que a Educação Física faz parte do

sistema educacional como área de conhecimento e, como tal, possui um objeto de

estudo, o qual deve ser apreendido pelos estudantes.

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Entretanto, em relação à especificidade da Educação Física, a indagação

pertinente é acerca dos conhecimentos considerados importantes e que devem ser

ensinados na escola. O primeiro vulto a dar subsídio a tal premissa foi Manoel Sérgio

Cunha que propunha uma nova perspectiva para a disciplina, denominada por ele

como ciência da motricidade humana.

[...] a motricidade humana invoca a totalidade humana (corpo, espírito, natureza, sociedade), não só no desenvolvimento motor [...] a motricidade humana é estado e processo porque dele emergem um código genético, uma estratégia bioquímica, um sistema nervoso, um nível energético de base e também os fatores culturais, de aprendizagem e afinal tudo que constitui a praxidade humana (1996, p. 20).

A capacidade de se movimentar é inata do sujeito, assim como é a sua primeira

forma de linguagem e também primeira forma de relação com o mundo. Para tanto,

conceber o ensino da Educação Física à luz ideológica de Manoel Sérgio seria

pensarmos novamente em um homem dicotomizado, bifurcado em mente e corpo,

haja vista em sua fala transmitir uma dissociação entre a realização de movimentos e

a elaboração de processos cognitivos.

No final dos anos de 1980 alguns pesquisadores começaram a apresentar

trabalhos significativos sobre uma nova concepção da disciplina Educação Física.

Estes demonstravam uma nítida preocupação com o objeto de estudo desta disciplina

e com uma teoria que desse suporte a este novo modo de pensar a Educação Física

enquanto área de conhecimento.

De acordo com Soares (2001), a Educação Física é uma disciplina que cuida

do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal, e será representada

com temas ou estruturas de atividades corporais, nomeados: jogo, esporte, ginástica,

dança, dentre outras, que integrarão seu conteúdo. Esses temas tratados na escola

expressam um sentido e um significado onde se interpenetram a intencionalidade do

homem e os objetivos da sociedade.

Acerca disso, Soares (et al 1992) aponta às transformações sofridas pelo

homem até a conquista de sua sapiência, o objeto de estudo que alicerça a Educação

Física no contexto escolar é a cultura corporal. Tal prerrogativa justifica-se no que diz

respeito à evolução da expressão corporal, que se deu concomitantemente à evolução

do ser humano, através de formas de representação simbólica historicamente criada

e culturalmente desenvolvida.

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A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objetivo a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classes das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação –, negando a dominação e submissão do homem pelo homem (SOARES et al, 1992, p. 40).

Nesse sentido, compreender a cultura corporal como objeto de estudo da

Educação Física, sem menosprezar sua rigorosidade quer dizer pensar em uma

superação do entendimento dualista de corpo e mente. Não obstante a isso, tal

perspectiva também considera as dimensões cultural, social, política, ética, moral e

afetiva, presentes no corpo das pessoas que interagem e se movimentam como seres

sociais.

Nessa perspectiva da reflexão da cultura corporal, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola. A sua ausência impede que o homem e a realidade sejam entendidos dentro de uma visão de totalidade (SOARES et al, 1992, p. 42).

Enfim, esta concepção de Educação Física tem como tarefa garantir o acesso

dos alunos à compreensão da cultura corporal, pensando para além das atividades

expressivas, contribuindo à construção do conhecimento de sua especificidade, bem

como oferecer instrumentos para que os educandos sejam capazes de apreciá-la

criticamente.

Evidenciado que o domínio escolar da Educação Física é a cultura corporal, a

qual se identifica como um trabalho unilateral do corpo que é e produz cultura, não é

raso dizer que as manifestações expressivas corpóreas, tenham elas múltiplas

representatividades, são, enfim, atividades físicas.

Pode, por um momento, parecer pretensioso e até mesmo desconcertante

afirmar tal fato, haja vista, ao longo dos anos, a Educação Física lutar pelo seu espaço

definitivo no contexto educacional com um olhar diferente da pura prática de

atividades físicas. Entretanto, ao recorrermos à literatura encontramos bases sólidas

para ratificar o valor da atividade física na escola, hoje denominada de outra maneira.

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A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético (Caspersen, Powell e Christenson, 1985). Pode ser entendida como um comportamento humano complexo, com componentes e determinantes de ordem biológica e psicossociocultural, podendo ser exemplificada por esportes, exercícios físicos, danças e outras atividades de lazer, locomoção e ocupação profissional (PITANGA, 2008, p. 16).

A Educação Física, sendo considerada uma prática pedagógica que trata das

atividades expressivas corporais, denominada de cultura corporal não deve, pois, para

Betti (1994), propor-se na escola apenas num discurso sobre seu objeto de estudo,

mas sim, numa ação pedagógica com ele. Para tanto, a partir da citação acima, se

nota que há uma relação dependente entre atividade física e cultura corporal, haja

vista se manifestar também através do movimento.

Hoje, associa-se a ideia de atividade física ao sistema capitalista, o qual

evidencia o consumismo exacerbado, que, para a propagação de suas ideologias,

utiliza-se do corpo como objeto. Ou seja, o corpo passa a ser a mercadoria almejada,

contudo, ao mesmo é imposto um padrão quase que inalcançável pela maioria da

população, impulsionando graves problemas sociais, tais como doenças, usos

irregulares de medicamentos e é claro o preconceito.

Nessa perspectiva, o trato com a cultura corporal aparece na escola sob a

forma de uma práxis pedagógica para a autonomia do aluno à medida que aborda

assuntos como preconceitos, relações sociais do trabalho, ecologia, saúde,

distribuição de renda e outros; estas reflexões possibilitam ao educando entender a

realidade social. Para Soares (et al 1992, p. 63), “cabe a escola promover a apreensão

da prática social. Portanto, os assuntos devem ser buscados dentro dela”.

Assim, nada mais justo do que pôr em prática a discussão de corpo

estereotipado que percorre os muros da escola. Para tanto, o professor de Educação

Física não pode abster-se da magnitude da problemática que adquire forma em suas

aulas, realizando sistemáticas discussões contextualizadas tanto no conhecimento

que os alunos possuem, como no conhecimento historicamente produzido. Isto é, a

atividade física dentro da cultura corporal trata da incorporação de valores, normas e

costumes sociais que extrapolam a influência simbólica de mecanismos estéticos,

implicando na valorização da linguagem corpórea.

Ainda sob o viés da discussão conteudista da Educação Física a saúde foi

praticamente extinta das propostas pedagógicas brasileiras, haja vista a mesma estar

voltada ora à higienização, ora à eugenia, ora à aptidão física. Não obstante a isso, o

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termo saúde apenas é enfocado como sinônimo de não ter doenças, fazendo uma

analogia a um corpo sadio.

Contudo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998b) dão um

sentido reconstruído à temática saúde, buscando superar o conceito puramente

biológico e informativo. Os PCNs passam, portanto, a considerar os múltiplos

enfoques e influências que, em conjunto, explicam, problematizam e caracterizam o

cenário da saúde na perspectiva escolar, elencando aspectos socioeconômicos,

culturais, afetivos e psicológicos.

É necessário reconhecer que a compreensão da saúde tem alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida em que os indivíduos e coletividade considerem ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação (BRASIL, 1998b, p. 250).

Portanto, fica claro que tratar da temática saúde envolve componentes para

além da ausência de doenças, ou qualidades sanitárias, uso e fabricação de bombas

nucleares. Pedagogizar a saúde através da Educação Física que é uma disciplina de

caráter teórico-prático é, sobretudo, considerar os aspectos éticos, relacionados aos

direitos e deveres, ações e omissões de indivíduos, grupos sociais e poderes públicos

e privados acerca das condições de existência do ser humano.

A Educação Física escolar deve oportunizar aos seus alunos o

desenvolvimento de suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva.

Assim, independente do conteúdo escolhido, os processos de ensino-aprendizagem

devem considerar as características dos alunos em todas as dimensões (cognitiva,

corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal, e inserção social). Desta

maneira, a relação ensino-aprendizagem na Educação Física não se restringe ao

simples exercício de habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o educando a

refletir acerca de suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de

maneira social e culturalmente significativa e adequada (BRASIL, 1997).

As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas as abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da

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coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar (BRASIL, 1998a, p. 36).

Propõe-se, portanto, nesta configuração diferenciada de Educação Física

escolar um trabalho pedagógico no campo multi, interdisciplinar, envolvendo também

a transversalidade, na tentativa de unir os pedaços de um homem fragmentado ao

longo dos anos. Nesse contexto, a saúde, tratada na disciplina em questão, perde seu

olhar essencialmente biológico e busca a concepção de um indivíduo holístico que

reflita criticamente acerca dos processos históricos de ordem social, cultural, política,

econômica e tecnológica.

Para Guedes (1999) e Ferreira (2001), pensar a Educação Física sem levar em

consideração a abordagem da atividade física e saúde enquanto conteúdo para o

ensino, pode ocasionar no reducionismo da disciplina a um momento de prática de

esportes competitivos e, com isso, deixar de ser um momento de ensino e

aprendizagem de conhecimentos a esse indivíduo enquanto sujeito ativo da

sociedade.

Em nenhum outro momento da história da humanidade a atividade física esteve tão relacionada à saúde [...]. Assim, é bem pouco contestável a ideia dos benefícios advindos da prática regular de atividade física. A questão que se coloca por ora é a seguinte: por que tão poucas pessoas praticam regularmente atividade física, mesmo conhecendo e reconhecendo os seus benefícios? A resposta pode estar nas aulas de educação física na escola, que deve dar oportunidades para todos os alunos obterem prazer e conhecimento, de tal modo que todos tenham vontade de continuar a praticar atividade física (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2007, p. 285).

A atividade física e a saúde são saberes que a Educação Física,

necessariamente, tem que abordar. Isso não quer dizer que estaremos retroagindo à

abordagem higienista, mas destacando conhecimentos que devem ser ensinados, a

fim de promover uma mudança no comportamento dos alunos, através da

aprendizagem significativa. Portanto, o ensino da Educação Física na escola, ao longo

da Educação Básica, deve ser pensado enquanto espaço para o aprendizado de

diferentes aspectos da atividade física e saúde, onde sua aplicabilidade é concebida

através da sistematização deste conhecimento, distribuído de acordo com a

maturidade cognitiva dos educandos.

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4 A PRÁTICA SOCIAL DO CONHECIMENTO ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Os conhecimentos ao longo da Educação Básica são estruturados sob a forma

de conteúdos, que, de acordo com Coll et al (2000), Libâneo (1994) e Zabala (1998),

são saberes culturais, habilidades, valores crenças, atitudes, sentimento, interesses

considerados essenciais ao desenvolvimento do aluno. Isto é, ganham a forma de

instrução-conhecimento sistematizado, a fim de garantir a aprendizagem significativa.

Entretanto, é comum o erro de pensar em conteúdo enquanto mera atitude de

transmitir conceitos exclusivos ao conhecimento da disciplina, superpondo um

fracionamento de aprendizagens. Assim, o educando aprende somente o que

compete à matéria e de forma descontextualizada, não adentrando na sua realidade,

haja vista o conteúdo ter um fim em si mesmo.

Os propósitos da escola concretizam-se via conteúdos, segundo os PCNs

(Brasil, 1998c), daí a relevância desta instituição em superar esse fracionamento de

conhecimento, a fim de ultrapassar o distanciamento entre conhecimento escolar e

cotidiano dos alunos, posto que

O conhecimento não é algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio da cópia do real, tampouco algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual interferem fatores de ordem antropológica, cultural e psicológica, entre outros (BRASIL, 1998c, p. 71).

Nesse contexto, os conteúdos e o seu trato assumem propósitos

sistematizados frente à práxis metodológica, a partir do momento que ganha um

sentido maior do que conceitos, passando a incluir procedimentos, normas, valores e

atitudes imprescindíveis à aprendizagem. Portanto, frente a esta ressginificação dos

conteúdos escolares, a Educação Física adquire, assim como as outras disciplinas,

ações pensadas e planejadas, as quais os PCNs dividem em três categorias:

conceituais, procedimentais e atitudinais (BRASIL, 1998c).

A dimensão conceitual (saber sobre) diz respeito a conhecer os conceitos, de

maneira a construir e operacionar as capacidades intelectuais em formas, ideias e

representações simbólicas. Já a dimensão procedimental refere-se ao saber fazer,

isto é, a aplicabilidade prática do que é apreendido, a partir de tomadas de decisões.

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Quanto a dimensão atitudinal (saber ser), esta diz respeito aos valores, normas e

atitudes que influenciam diretamente na relação interpessoal do aluno. Para Osvaldo

Ferraz (1996),

A dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer (...) nessa concepção, aprender a mover-se envolve atividades como tentar, praticar, pensar, tomar decisões e avaliar, significando (...) mais do que respostas motoras estereotipadas. A dimensão atitudinal está se referindo a uma aprendizagem que implica na utilização do movimento como um meio para alcançar um fim (...) não necessariamente se relaciona a uma melhora na capacidade de se mover efetivamente (...) o movimento é um meio para o aluno aprender sobre seu potencial e suas limitações (...) construindo seu auto conceito e a compreensão da realidade. A dimensão conceitual significa a aquisição de um corpo de conhecimentos objetivos, desde aspectos nutricionais até sócio-culturais (FERRAZ, 1996, p. 17-18).

A partir da sistematização desta aprendizagem, capacitar-se-á o aluno a

utilizar, de forma autônoma, seu potencial para posicionar-se frente às situações-

problema, sabendo como, quando e porque realizar determinadas atividades e tomar

certas posturas.

Como proposições de conteúdo para a Educação Física, pode-se discutir a

atividade física conceitualmente, seus benefícios, bem como o que representa à

sociedade. Não obstante, ampliar a discussão falando sobre saúde, mostrando seus

diferentes conceitos ao longo dos tempos e na modernidade; e a influência que tais

perspectivas inferem no entendimento social do fenômeno saúde. Para ampliar o

leque de possibilidades pode-se tratar das alterações fisiológicas, dos benefícios

provocados pelo ato de ser mais ativo fisicamente e malefícios do sedentarismo.

[...] uma educação física compromissada com as ideias de promoção da saúde não toma a saúde como seu objeto de ensino ou como objetivo final, mas a entende como uma temática que dá corpo a seus conteúdos de ensino. Isso significa dizer que a noção de saúde [...] pode ser trabalhada na escola por meio dos conteúdos centrais da educação física [...] sem que, com isso, descaracterize esta última como disciplina escolar ou que se percam de vista os objetivos mais gerais da educação (FARINATTI; FERREIRA, 2006, p. 178).

Pode-se perceber, portanto, que a Educação Física contempla múltiplos

conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade ao longo dos anos a respeito

do corpo e do movimento, os quais não se restringem puramente às atividades

expressivas. Dessa forma, proporcionaremos aos estudantes uma educação para a

autonomia, isto é, na escolha de atividades que contemplem seus objetivos; na

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criticidade dos parâmetros de saúde e corpo ditados pela sociedade moderna; bem

como da ruptura de mitos e lendas acerca da atividade física e saúde que permeiam

o senso comum.

Tais ideias não se tratam de receitas prontas e com fins em si mesmas, nem

de modelos rígidos a serem seguidos pelos professores, mas sim de referenciais às

reflexões e ações docentes de incorporação crítica da temática atividade física e

saúde. Para tanto, cabe ao educador contribuir com tal processo, gerenciando suas

aulas numa visão que considere o contexto social, histórico, político e econômico, no

qual os alunos estão inseridos.

Dessa maneira, a Educação Física, a qual apresenta um caráter teórico-prático

e que permite aos alunos mensurarem os conhecimentos apreendidos, torna-se um

componente curricular mais legítimo, importante na construção da cidadania. Ao

introduzir e integrar o educando nesta área da cultura forma o cidadão que irá produzi-

la, reproduzi-la e transformá-la, usufruindo dos jogos, dos esportes, das danças, das

lutas, das ginásticas e da saúde em benefício do seu exercício crítico-reflexivo, a partir

da contextualização da cultura corporal.

A Educação Física, na Educação Básica, é uma disciplina curricular que deve

adequar-se à proposta pedagógica da escola, bem como promover, a partir da ação

de ensino, a aprendizagem significativa de conhecimentos que possibilitem ao sujeito

uma efetiva compreensão de sua realidade, de tal modo que os alunos possam agir

nela. O ensino está intimamente relacionado com uma teoria de aprendizagem e,

consequentemente, com uma concepção de homem e de mundo. No tocante ao trato

da atividade física e saúde, a Educação Física passa a ter fins de ensino e

aprendizagem compatíveis com a ressiginificação de sua prática no contexto

educacional, preconizando a autonomia dos alunos enquanto construtores do seu

conhecimento.

4.1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

Todo processo pedagógico deve possuir princípios que irão nortear o trabalho

docente, os quais não devem ser entendidos como leis imutáveis, mas sim como

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direcionadores e, portanto, podem e devem ser ajustados de acordo com a

necessidade do grupo. Tal fato acarreta a preocupação que o docente terá com a

questão da estruturação da tríade educacional: ensino-aprendizagem-conhecimento,

o qual aparece na configuração de conteúdo.

Conteúdos são aquelas experiências, atitudes, valores ou conhecimentos

propostos a serem adquiridos por aquele que aprende. Isto é, conjunto de

conhecimentos atitudinais, conceituais e procedimentais, organizados

pedagogicamente e didaticamente, “tendo em vista a assimilação ativa e aplicação

pelos alunos em sua prática de vida” (LIBÂNEO, 1994, p. 128). Não são apenas, nem

necessariamente, conhecimentos ou conteúdos de informação. Qualquer valor seja

intelectual, moral, psicológico, social, espiritual, seja qual for o seu tipo, pode ser

conteúdo da aprendizagem.

Os conteúdos selecionados, organizados e sistematizados, devem promover uma concepção científica de mundo, a formação de interesses e a manifestação de possibilidades e aptidões para conhecer a natureza e a sociedade (CASTELLANI FILHO et al, 2009, p. 85).

Sendo assim, qualquer experiência humana pode tornar-se conteúdo de

aprendizagem. É necessário apenas que ela seja colocada sistematicamente numa

situação real e proposta como algo valioso a ser apreendido. Dessa forma,

entendendo que o processo de ensino-aprendizagem consiste em aquisição de novos

modos de perceber, ser, pensar e agir compreende-se que os conteúdos não podem

ser reduzidos simplesmente a lições ou conteúdos de informação, nem mesmo a

práticas descontextualizadas, haja vista não desenvolver novos modos de pensar,

muito menos de ser e agir.

Qualquer atividade de ensino-aprendizagem para ter sucesso necessita antes

ser planejada, haja vista o planejamento de ensino ser um guia da ação e da

transformação do cotidiano escolar. “O planejamento é um processo de

racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade

escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1994, p. 222). Assim, sendo

o professor um agente de mudança, e sabendo que toda inovação encontra

resistências, que exige organização, pode-se, nesse processo, enfatizar a importância

do planejamento de ensino, como fundamento de toda sua ação educacional, como

forma de gerenciar as mudanças efetivas.

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Por tais razões, planejar a forma que ocorrerá o ensino-aprendizagem é um

processo contínuo de análise da realidade em que os alunos se encontram, ou seja,

de suas condições concretas, a fim de buscar alternativas à solução das situações-

problema que serão postas, bem como no processo de tomada de decisão dos

mesmos. O planejamento, de acordo com Libâneo (2001b), se concretiza em planos

e projetos, envolvendo uma ação intencional.

Em razão disso, o ato de planejar e pôr em ação o ensino-aprendizagem em

sala de aula não deve constituir-se individualmente, visto ser uma prática que

necessita ser realizada no coletivo (professores e alunos), apresentando um caráter

processual na construção do saber. Não obstante, há de se levar em consideração

que a metodologia utilizada pelo educador também influencia em como os alunos

receberão o conhecimento proposto, bem como a relevância dada ao mesmo. A

prática docente no mundo contemporâneo acaba pautando-se numa superficialidade

do trato conteudista, motivo este que contribui para o sucesso ou fracasso escolar do

processo ensino-aprendizagem.

Há fracasso na escola quando o rendimento é baixo, quando a adaptação social é deficiente e, também, quando se destrói a autoestima dos alunos. Deve-se aprender na escola conhecimentos e deve-se aprender a viver de acordo com um mínimo de normas compartilhadas, mas a escola também deve inculcar em seus alunos confiança neles mesmos, deve lhes dar um vivo sentimento de valor, de capacidade, de força, de certeza que podem conseguir muitas das coisas a que se propõem. A escola não deve criar indivíduos apáticos, desanimados ou desmoralizados [...] Não há pior fracasso escolar que produzir alunos com tão baixa autoestima (ROVIRA, 2004, p. 83 apud MADALÓZ; SCALABRIN; JAPPE, 2012, p. 7).

Falar em fracasso ou sucesso escolar abrange muito mais do que apenas

citações. É necessário, antes de tudo, entendermos as transformações sofridas pela

educação ao longo dos séculos. O sistema educacional brasileiro em si é

caracterizado por diversas nuances que de maneira geral, dominam em terrenos

específicos do aprendizado em suas devidas etapas. Diante deste panorama surgem,

ainda, as tendências pedagógicas a partir das mais diversas concepções no campo

social, político, econômico ou mesmo imanentistas.

Para tanto, a fim de atender a estas necessidades do alunado, na década de

1980, surge a perspectiva dialética, trazendo desafios como a superação do

formalismo didático priorizando a articulação e o trabalho dialético, avançando na

reflexão. A pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos, mais conhecida por

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Pedagogia Histórico-crítica, embasa-se no materialismo histórico e sustenta-se na

ênfase que dá aos conteúdos escolares, além de reconhecer a necessidade de

confrontá-los com as experiências da realidade social em que está inserido o aluno.

Diante dessa concepção, Libâneo (1994) adverte:

Não considere suficiente colocar como conteúdo escolar a problemática social cotidiana, pois somente com o domínio dos conhecimentos, habilidades e capacidades mentais podem os alunos organizar, interpretar e reelaborar as suas experiências de vida em função dos interesses de classe. O que importa é que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experiências socioculturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos (LIBÂNEO, 1994, p. 70).

Quanto ao ensino-aprendizagem, consiste na mediação dos objetivos,

conteúdos e métodos, assegurando, pois, o encontro significativo entre os alunos e

os conhecimentos, uma vez que este fator é preponderante para a efetivação da

aprendizagem. Para tanto, numa perspectiva de reestruturação educacional, a

Pedagogia Histórico-crítica aparece como forma de resgate à importância da escola,

bem como no intuito de uma reorganização do processo ensino-aprendizagem.

Essa constatação exige da educação física dar conta de um novo referencial que considere as expressões humanas como construções sociais significantes e que entenda o modo como o homem apreende a realidade e se relaciona com outros participantes da existência, bem como com a sociedade de modo geral. Em vista disso, torna-se elemento essencial compreender os valores implícitos nas manifestações humanas e os significados que os homens atribuem às práticas corporais quando se deseja a intervenção no mundo, por meio do corpo, na busca pela saúde (FREITAS; BRASIL; SILVA, 2006, p. 180).

Nesse sentido, a metodologia dialética da construção do conhecimento

científico, segundo Gasparin (2009) compreende as dadas fases de aprendizagem:

Prática Social Inicial, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social

Final. A primeira delas, a Prática Social Inicial dos conteúdos corresponde “a uma

mobilização do aluno para a construção do conhecimento escolar” (GASPARIN, 2009,

p. 15), na qual o professor conhece a prática social dos alunos, sendo estes ativos e

participativos no processo ensino-aprendizagem.

Na Prática Social Inicial os alunos apresentam uma visão sincrética sobre os

conteúdos que serão trabalhados na escola. Assim, o professor anuncia os conteúdos

a serem trabalhados, verificando o domínio dos educandos, que é de senso comum,

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empírico. Para Gasparin (2009, p. 22) “esse é o momento em que, coletivamente, os

aluno, estimulados, e orientados pelo professor, são desafiados a mostrar toda todo o

conhecimento que possuem sobre os itens do tema em questão”.

A Problematização é a segunda fase, onde segundo Saviani (2003, p. 80), esta

busca a “identificação dos principais problemas postos pela prática social [...]. Trata-

se de detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da Prática Social e,

em consequência, que conhecimento é necessário dominar”. Nesse momento ocorre

a transformação do conteúdo a ser trabalhado em questões problematizadoras.

Professor e alunos elaboram perguntas que serão respondidas na próxima fase do

método em que, segundo Gasparin (2009)

As questões elaboradas devem necessariamente expressar as diversas dimensões que mais especificamente se referem à natureza do conteúdo. [...] apresentando desafios que envolvam aspectos conceituais sociais, econômicos, políticos, científicos, culturais, históricos, filosóficos, religiosos, morais, éticos, estéticos, literários, legais, afetivos, técnicos, operacionais, doutrinários etc. (GASPARIN, 2009, p. 42).

A terceira fase é a Instrumentalização, que corresponde ao momento no qual

ocorre a aprendizagem do conhecimento científico, por meio da mediação do

professor e ação do aluno. Nessa etapa, há a apropriação do conhecimento

socialmente produzido e sistematizado, com vistas a enfrentar e responder aos

problemas levantados. Segundo Gasparin (2009)

O trabalho do professor como mediador consiste em dinamizar, através das ações previstas e dos recursos selecionados, os processos mentais dos alunos para que se apropriem dos conteúdos científicos em suas diversas dimensões, buscando alcançar os objetivos propostos (GASPARIN, 2009, p. 122).

Para Gasparin (2009) a Catarse corresponde à quarta fase e é a síntese do

cotidiano e do científico. Demonstra nova postura mental em relação aos conteúdos.

É a apropriação do conhecimento por parte dos alunos, ou seja, de um produto social

e histórico, para tanto, o conteúdo empírico torna-se concreto.

Já a Prática Social Final dos conteúdos é a quinta e última fase e consiste no

ponto de chegada do processo pedagógico, onde ocorre a demonstração de uma nova

postura prática. Nesse ponto, o educando mostra suas intenções de colocar em

prática os novos conteúdos, elaborando juntamente com o professor as suas

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concepções sobre o conteúdo (GASPARIN, 2009). Para Saviani (2003), essa fase é

uma nova maneira de compreender a realidade e posicionar-se diante dela, o que

possibilita ao discente agir de forma mais autônoma.

Enfim, a Pedagogia Histórico-crítica coloca a prática social como ponto de

partida e chegada do seu método dialético, colocando como função a democratização

dos conhecimentos, possibilitando uma visão crítica aos alunos (TEIXEIRA, 2003).

Desse modo, pode-se perceber que a Pedagogia Histórico-crítica é defensora dos

interesses da sociedade, uma vez que atribui ao ensino o papel de proporcionar ao

aluno o domínio de conteúdos científicos construídos ao longo dos anos pela

humanidade. Esta procura compreender o fenômeno educativo a partir do

desenvolvimento histórico (SAVIANI, 1989).

Nessa perspectiva, utilizar a Pedagogia Histórico-crítica como fundamentação

metodológica no trato com o conteúdo atividade física e saúde proporcionará ao

professor diferentes estratégias de ensino-aprendizagem, uma vez que fomenta nos

alunos uma consciência crítica perante a sua realidade social, além de capacitá-los

para assumir a luta de agentes ativos de mudança e transformação, tanto da

sociedade como de si próprios.

É fato que trabalhar nesta perspectiva de ensino requer maior disponibilidade

por parte do educador para o planejamento de suas aulas. Contudo, desenvolver o

processo ensino-aprendizagem na visão da Pedagogia Histórico-crítica suscita ao

professor uma nova ação, posto que passa a rever conceitos, romper metodologias

ultrapassadas, bem como estabelece novos rumos e valores, o que torna a prática

pedagógica significativamente mais comprometida com a aprendizagem dos alunos.

Alcançar as mudanças verdadeiramente significativas aos alunos a partir do

trato com o conteúdo atividade física e saúde suscita, antes de qualquer coisa, uma

tomada de consciência interpessoal, à medida que, pautada em princípios

epistemológico e pedagógicos, fomenta-se a nova síntese do conteúdo, a fim de

mediá-lo com êxito ao longo da unidade que serviu de base à pesquisa. Para tanto, é

imprescindível ampliar o enfoque existente entre a relação atividade física e saúde

enquanto um saber a ser problematizado e contextualizado nas aulas de Educação

Física, proporcionando aos alunos a apreensão dos conhecimentos teórico-práticos.

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4.2 TEORIZANDO A PRÁTICA DO CONTEÚDO ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

A Educação Física, no contexto escolar, tem, juntamente com as demais áreas

do conhecimento, os mesmos propósitos e responsabilidades, isto é, contribuir com o

processo educacional do aluno, sendo entendida enquanto disciplina integrante

imprescindível do processo educacional. Não obstante, pelo seu caráter teórico-

prático, torna os conhecimentos disponibilizados mais mensuráveis por parte dos

educandos, à medida que além de teoriza-los, os vivencia.

A educação física, por suas particularidades, [...] lida diretamente com o corpo; coloca o jovem em contato direto com as coisas práticas, reais; gera laços profundos de ligação com a vida; ensina aos alunos a viver sua corporeidade (FRERE; SCAGLIA, 2009, p. 26).

Nesse sentido, no trato com conteúdo atividade física e saúde há de se

possibilitar situações de vivências com atividades expressivas, onde os alunos reflitam

sobre suas ações, compreendendo a relevância do conteúdo e identificando-o nas

diversas tarefas do cotidiano. Assim, pautada nos elementos da cultura corporal, como

jogos pré-desportivos, brincadeiras e dança, destrinchar-se-á a importância de ser

mais ativo fisicamente, momento este que os alunos podem interpretar que as práticas

da Educação Física possuem mais valor do que eles acreditam.

Não basta fazer, é preciso compreender. O homem é um animal que precisou levar o real ao seu imaginário, torná-lo símbolo e, lidando com ele, compreender suas próprias ações. Foi fazendo isso que ele se salvou como espécie. Portanto, compreender o que faz é, para o ser humano, um direito (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 166).

Entendendo isso, as vivências superam o fazer pelo fazer, haja vista os

educandos interpretarem-nas como ponto fundamental da elaboração do porquê e

como ser mais ativo fisicamente. Isto é, ao experenciarem que não se gasta nada para

realizar uma atividade física, que esta é acessível a todos durante o cotidiano, bem

como reconhecendo que se pode ser ativo realizando atividades que circundem às

suas respectivas preferências, perceber-se-á que as vivências promovidas nas aulas

de Educação Física possibilitam profundidade à ampliação do conteúdo estudado.

Como forma de experiência prática, os alunos devem trazer a realidade a qual

estavam inseridos: ir e vir à escola, à padaria, dançar, praticar algum esporte,

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caminhar no calçadão da cidade, arrumar a casa, e, ao cuidar de si, do seu corpo,

integra-se a saúde, além de viver bem com seus pais, irmãos, amigos e habitar num

lugar apropriado, pressuposto à qualidade de vida.

A visão de totalidade do aluno se constrói à medida que ele faz uma síntese, no seu pensamento, da contribuição das diferentes ciências para a explicação da realidade. Por esse motivo, [...] nenhuma disciplina se legitima no currículo de forma isolada. É o tratamento articulado do conhecimento sistematizado nas diferentes áreas que permite ao aluno constatar, interpretar, compreender e explicar a realidade social complexa, formulando uma nova síntese no seu pensamento à medida que vai se apropriando do conhecimento científico universal sistematizado pelas diferentes ciências ou áreas do conhecimento (CASTELLANI FILHO et al, 2009, p. 30).

O trabalho pedagógico adquire um novo significado à medida que a luz de uma

prática interdisciplinar – ainda que não intencional – permeará a construção de novos

conhecimentos no contexto real dos educandos.

A interdisciplinaridade ocorre a partir do diálogo entre as disciplinas eliminando as barreiras artificialmente postas entre os conhecimentos produzidos em cada campo distinto que em seu todo se encontra. Além disso, promove a integração entre o conhecimento e a realidade concreta, as expressões de vida, que sempre dizem respeito a todas as áreas do conhecimento transmitido-adquirido (DÓREA, 2011, p. 2).

Dessa forma, a partir da vivência do conteúdo, praticado como um elemento da

cultura corporal e teorizado como conhecimento imprescindível à formação dos

alunos, estes, interpretarão as práticas expressivas como a exposição do conteúdo

formalizado, reflexão sobre questões sociais, políticas, econômicas, bem como a

sistematização do conhecimento, o qual pode ser construído através das ações dos

aprendentes.

No que concerne à teorização da prática do conteúdo Atividade Física e Saúde

nas aulas de Educação Física, a perspectiva que aqui aponto é à necessidade dos

alunos entenderem para que são inseridos nas práticas corporais. Isto é, ao se adquirir

e superar o entendimento da socialização, cooperação, moralidade, respeito às

regras, torna-se relevante promover discussões de ordem política, econômica e social,

temas estes tão presentes no conteúdo abordado.

É sabido que na escola a Educação Física trata da cultura corporal como

conhecimento específico, contudo, não há uma teoria que alicerce a prática das

atividades expressivas, o que, de certa forma, promove a evasão dos alunos nas aulas

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da supracitada, bem como o desconhecimento do seu valor e de sua legitimidade no

âmbito educacional.

A pretensão com tal afirmação é trazer à luz da reflexão que pouco adiantará

ao aluno saber sobre práticas desportivas, inúmeros exercícios ginásticos, passos de

dança, movimentos de capoeira se não tiver adquirido também o conhecimento sobre

o próprio corpo, seu funcionamento, os cuidados que deve ter para com ele, a fim de

manter, adquirir ou melhorar a própria saúde. Para tanto, o professor de Educação

Física deve buscar contextualizar sua prática docente, no intuito de desenvolver

encaminhamentos metodológicos que subsidiem a temática atividade física e saúde

na escola.

Se a Educação Física pretende ser uma disciplina escolar com status semelhante ao adquirido pelas demais, precisa dizer a que veio, o que ensina. Enquanto “engasgar” cada vez que for questionada sobre o que pode ensinar, será uma disciplina marginal (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 32).

Por certo, as questões relacionadas à atividade física e saúde são muito

importantes e devem ser tratadas pedagogicamente na escola, haja vista também

trazerem à tona questões históricas, sociais, políticas e econômicas. Assim, no

tocante à Educação Física tratar da atividade física e saúde fomentará a superação

da visão dualista de corpo e mente, bem como, a partir de uma nova perspectiva

teórico-metodológica produzirá a ressignificação do conteúdo para a própria condição

de existência dos corpos que manipulam o conhecimento abordado.

Com a ressiginificação da Educação Física que passa a ter fins de ensino e

aprendizagem, surge a necessidade de uma nova organização curricular que possa

contribuir na sistematização dos conteúdos nos níveis básicos e distribuídos de

acordo com a compatibilidade deles. Portanto, o que se segue no próximo capítulo é

a apresentação da estruturação do conhecimento atividade física e saúde

sistematizado enquanto um saber culturalmente construído, contextualizado mediante

a cultura corporal.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao elencar o conhecimento atividade física e saúde a ser tratado na escola,

enquanto conteúdo da Educação Física de um Curso Técnico em Meio Ambiente foi

estruturado, inicialmente, um plano de unidade (apêndice B), o qual delimitou as

propostas das aulas. Para tanto, este plano de unidade se fez acompanhado de um

objetivo geral e objetivos específicos a serem alcançados. Os conteúdos também

foram indicados rapidamente, embora sem entrar em por menores de execução, cada

um com sua própria justificativa e importância que lhe é próprio.

Como fundamentação de cada intervenção, houve a elaboração de roteiros de

aula para cada encontro (apêndice C), apresentando um total de seis roteiros que,

foram seguidos de relatórios ao final de cada intervenção. Estes consistiram

essencialmente na operacionalização da atividade didática, apresentando

características básicas que deram suporte à sua concretização: ordem sequencial,

clareza, objetividade, coerência e flexibilidade.

Nesse sentido, ao se propor o conteúdo atividade física e saúde nas aulas de

Educação Física, utilizou-se como instrumento norteador a Pedagogia Histórico-

crítica, tendo em vista o seu método dialético de construção do conhecimento escolar.

Essa pedagogia é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que ser refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela “Escola de Vigotski”. A educação é entendida como o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social se põe, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da prática social onde professor e aluno se encontram igualmente inseridos, ocupando, porém, posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social, cabendo aos momentos intermediários do método identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para a sua compreensão e solução (instrumentação) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse) (SAVIANI, 2018, s/p.).

De forma resumida, entende-se que a Pedagogia Histórico-Crítica, ao

fundamentar-se numa metodologia dialética, torna-se viável, aplicável e aparece de

forma a contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, pois propicia ao

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educando uma aprendizagem significativa, por meio da socialização do saber

sistematizado, sendo capaz de produzir alterações no comportamento dos

educandos, para que possam posicionar-se conscientemente no âmbito social.

O método dialético de construção do conhecimento representa a postura de

compreender os conteúdos escolares em uma totalidade dinâmica, tendo como ponto

de partida a realidade social ampla (GASPARIN, 2009). Assim, parte de uma leitura

crítica da realidade, de uma forma diferenciada de pensar e agir na sala de aula.

Seu método de ensino visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o professor, sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos (GASPARIN; PETENUCCI, 2018, p. 4).

O pressuposto metodológico que norteia esse trabalho centra-se no princípio

dialético “prática-teoria-prática”. Tem como ponto inicial a leitura crítica da realidade

social, compreendendo as seguintes fases, conforme explicita Gasparin (2009):

Prática Social Inicial dos conteúdos, Problematização; Instrumentalização; Catarse e

Prática Social Final dos conteúdos. Segundo Gasparin (2009), essa metodologia

dialética do conhecimento perpassa todo o trabalho docente-discente, estruturado e

desenvolvendo o processo de construção do conhecimento escolar.

Nesse âmbito a Prática Social Inicial, onde, com base em Vygotsky, mostra a

ligação direta entre o conhecimento que o aluno possui e o conhecimento científico.

Ou seja, há uma valorização do nível de desenvolvimento real em que o educando se

encontra, a fim de proporcionar uma reelaboração e reestruturação desse

conhecimento para uma nova tomada de decisão (GASPARIN, 2009).

Antes de iniciar o trabalho propriamente dito, [...] o professor [...] dialoga com os educandos sobre o conteúdo, busca verificar que domínio já possuem e que uso fazem dele na prática social cotidiana. É a manifestação do estado de desenvolvimento dos educandos, ocasião em que são expressas as concepções, as vivências, as percepções, os conceitos, as formas próximas e remotas de existência do conteúdo em questão. Nesse caminhar, professor e alunos refazem-se a cada instante, desafiando-se reciprocamente na busca de respostas para os problemas que a prática social e os conteúdos lhes vão apresentando (GASPARIN, 2009, p. 20-21).

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O primeiro contato com a turma foi para explanar a proposta e os objetivos da

intervenção, explicando as questões da pesquisa que seria desenvolvida com os

alunos, questionando se desejavam participar da mesma. Frente à aceitação da

turma, mediante a assinatura dos estudantes do termo de consentimento livre e

esclarecido, ficou acordado que as atividades de intervenção ocorreriam todas as

quartas-feiras, durante dois horários, visto ser a carga horária de uma turma de 2ª

série do Ensino Médio Regular.

Na primeira intervenção (18/07/18) os alunos menores de idade trouxeram os

termos assinados pelos pais, permitindo, pois, as suas participações na pesquisa.

Assim, como prática efetiva do conteúdo atividade física e saúde nas aulas de

Educação Física no Curso Técnico em Meio Ambiente, a Prática Social Inicial

permeou em explicitar os objetivos a serem alcançados durante a unidade. Coube

também um levantamento do conhecimento que os alunos possuíam acerca do

conteúdo, bem como uma estruturação do que gostariam e necessitariam saber.

Para tanto, no primeiro encontro, foi questionado aos alunos o que entendiam

sobre atividade física, exercício físico, qualidade de vida, saúde, sedentarismo e sua

relação com o meio ambiente. As explanações foram das mais variadas possíveis,

desde argumentações a partir do senso comum até as permeadas pelos conceitos

midiáticos. Contudo, mesmo com a supervalorização da mídia sobre os temas

atividade física e saúde, as informações não são transmitidas ou apreendidas de

forma adequada, haja vista as pessoas ainda estarem condicionadas ao consumo de

produtos como aparelhos de ginástica, medicamentos para emagrecer, cosméticos e

outros (CARVALHO, 2001).

Nessa perspectiva, propiciar a aquisição de conhecimentos sobre atividade

física, saúde, exercício físico e qualidade de vida, ocupa lugar importante na

aprendizagem, uma vez que efetivamente comtempladas e internalizadas, tais

temáticas mobilizam as mudanças necessárias na busca de uma vida saudável.

A atividade física representa um aspecto biológico e cultural do comportamento humano, importante para a saúde e o bem-estar de todas as pessoas, em todas as idades, devendo ser considerada como componente relevante no ensino (VILARTA; BOCCALETTO, 2008, p. 97).

Para Darido (et al. 2006, p. 32), ao contextualizarmos a saúde nas aulas de

Educação Física, “não se pode deixar de considerar seus fatores de influência e

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determinação, como o meio ambiente, os aspectos biológicos, socioeconômicos,

culturais, afetivos e psicológicos.” Nessa perspectiva, o conhecimento atividade física

e saúde oportunizou o trabalho com as dimensões conceitual, histórica, econômica,

social, afetiva e ambiental, o que suscitou aos alunos ampliar seus conhecimentos.

Tratar destas dimensões com o conteúdo possibilitou uma análise mais abrangente

das especificidades envolvidas no mesmo. Ou seja, a partir de discussões de quando

surgiu a associação da atividade física com a saúde; a importância da prática de

atividade física; a relação delas com o meio ambiente; e por que se discutir a prática

de atividade física na escola resultaram na tomada de consciência, reconstruindo e

compreendendo os valores dados ao conhecimento.

Quando falamos em tomada de consciência, portanto, não estamos simplesmente aludindo a um resgate de um plano – o inconsciente – em um outro plano – o consciente. Estamos nos referindo a um processo de transformação que faz com que o mais essencial numa ação, aquilo que a torna passível, porque a coordena, e que pode ser comum a outras ações (portanto generalizável a elas), torne-se matéria consciente, disponível para ser mobilizada na aquisição de novos conhecimentos (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 129).

A Problematização, que antecede a tomada de consciência, se constituiu de

desafios propostos aos alunos, pautando-se na criação de uma necessidade para que

a turma, através do processo de investigação-solução, buscasse o conhecimento,

subsidiado também pela apostila (apêndice D) dada a cada aluno que trouxe as

temáticas abordadas, pesquisas e atividades. Este momento, dotado de teorização,

pressupôs uma ligação com a Prática Social Inicial, coadunando com as discussões,

ao longo das intervenções, sobre os principais problemas postos pela prática social e

pelo conteúdo.

A Problematização é um elemento chave na transição entre a prática e a teoria, isto é, entre o fazer cotidiano e a cultura elaborada. É o momento em que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado. A Problematização é um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para que o educando, através de sua ação, busque o conhecimento (GASPARIN, 2009, p. 33).

Nesse sentido, os alunos perceberam a importância e a influência do conteúdo

dentro de um contexto que é a própria realidade cotidiana, bem como reconhecendo

a relação do meio ambiente com a prática continuada de atividade física e com a

manutenção da saúde. Assim, partindo dos seus conhecimentos espontâneos e

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coletivos foi possível alcançar os científicos através da intervenção pedagógica,

traduzindo saberes e experiências, que se estabeleceram nas conexões entre ambos

os conhecimentos (empírico e científico), enriquecendo-os e contextualizando-os

através da magnitude dos elementos da cultura corporal.

No tocante às ações didático-pedagógicas à aprendizagem, traduzidas por

Gasparin (2009) como Instrumentalização, foi possível dialogar com as dimensões

propostas, posto que à medida que cada uma delas era discutida e compreendida

percebia-se as ligações entre as mesmas, num verdadeiro processo interdisciplinar,

que surgiu de maneira espontânea. Dessa forma,

A partir das questões levantadas na Prática Social Inicial e sistematizadas na Problematização, todo o processo ensino-aprendizagem é encaminhado para, explicitamente, confrontar os sujeitos da aprendizagem – os alunos – com o objeto sistematizado do conhecimento – o conteúdo (GASPARIN, 2009, p. 49).

Assim, caminhando em busca da construção do conhecimento científico, as

estratégias utilizadas para transmissão-aquisição do conteúdo, além da apostila,

resolução de atividades e socialização de pesquisas, foram os diálogos muito

maduros e enriquecidos para além dos conceitos midiáticos, fundamentados em

autores da própria Educação Física que tratam da temática. Enfim, ao longo das

discussões os alunos expunham suas ideias do que representava a atividade física e

a saúde na vida das pessoas, utilizando para tanto argumentos como os benefícios

de ser ativo fisicamente e de se ter saúde ressaltando a importância de cuidar também

do meio ambiente como se cuida do corpo físico e mental, uma vez que ele influencia

diretamente nos primeiros. Não obstante, os educandos estabeleciam um paralelo

entre a atividade física e a saúde, onde a primeira torna-se uma ferramenta de

obtenção da segunda, e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.

Tais conceitos tornaram-se de fácil internalização, tendo em vista a prática

interdisciplinar apontada pelos próprios alunos, uma vez que a professora das

disciplinas de Química e Impactos Ambientais havia explanado em aulas anteriores a

influência do ser humano no meio ambiente (água na primeira unidade e terra na

segunda unidade) e como esta repercutia na saúde individual e coletiva. A professora,

ao tratar da disciplina Legislação Ambiental comentou sobre os impactos de atividades

físicas realizadas de forma indiscriminada pelo ser humano em ambientes

inapropriados (tema também discutido na turma na 1ª série, na disciplina de Educação

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Física). Logo, os alunos contextualizaram sobre a importância da prática de atividade

física, em locais apropriados e legalizados, visto os seus benefícios, que promovem

ganhos positivos à saúde, refletindo também que a preservação ambiental e a escolha

de uma atividade física que agrade, local e horário favorecem não somente a saúde

do corpo, mas também a saúde mental.

Acerca disso, apontamos que a atividade física e saúde torna-se conteúdo de

outras disciplinas e, em contrapartida, é negada enquanto conhecimento relevante da

Educação Física escolar devido ao pragmatismo histórico. Portanto, a referida

disciplina acaba por restringir-se a conteúdos esportivos, no entanto, pelo seu trato

direto com o corpo – não mais entendido apenas como puramente biológico – oferece

condições de despertar o senso crítico referente à prática de atividade física e melhora

da saúde para além de conceitos midiáticos ou empíricos.

O início da construção de uma EFE que contribua para transformar esta concepção no espaço escolar, pode se dar com o desenvolvimento de conteúdos relevantes para o quotidiano dos alunos, construídos coletivamente na interação de sala de aula, que tematizem a questão da saúde, suas relações com um estilo de vida ativo, mas também com os demais componentes que afetam a saúde individual e coletiva (DEVIDE, 1999; DEVIDE; RIZZUTI, 1999; OLIVEIRA, DEVIDE, 2001 apud DEVIDE, 2003, p. 145).

No aspecto de diferentes concepções de saúde, os alunos trouxeram à tona os

conceitos de corpo e suas influências com o passar dos tempos. Sobre isso os

educandos foram críticos, haja vista a influência midiática em corpos belos, magros e

definidos, apresentando, ainda, dados indicativos sobre a estrutura corpórea dos

brasileiros, onde o corpo feminino é delineado em quadris largos e saliências

abdominais.

O trato com este novo corpo, posto pelos discentes, impele conotações

relevantes, visto que muitas vezes, em busca dos modismos sociais há um detrimento

da saúde em busca de uma estética que desrespeita a herança genética e os hábitos

de vidas. Contudo, durante a fala de uma aluna, a mesma explanou que mediante a

transmissão dos conhecimentos nas aulas de Educação Física, o seu processo de

discernimento acerca da relação entre a tríade corpo-saúde-estética era maior e muito

mais crítico, visto desmistificar a visão de que quem detém saúde é somente a pessoa

magra, valendo-se de uma máxima que, numa pesquisa lhe chamou atenção: mais

vale ser um gordo ativo fisicamente do que um magro sedentário.

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O corpo, então, é hoje um desafio sociopolítico-econômico importante e o analista fundamental de nossa sociedade, e diante deste cenário, redescobri-lo escreve um movimento que permite ressignificá-lo como um potente marcador social da contemporaneidade. A Educação Física tem um papel fundamental no contexto desse desafio (GONÇALVES; AZEVEDO, 2008, p. 120).

Mediada a discussão através de uma pesquisa realizada pelos alunos, tanto

dos benefícios da atividade física como dos corpos na atualidade, foi salientado que

a aparência física, a qual muitas vezes menospreza a saúde, é fruto da indústria

cultural do consumismo, que passa a ter mais juízo de valor socialmente como se

fosse a aparência moral. Tal perspectiva se fundamentou na disparidade posta pelos

educandos, onde os benefícios de ser ativo fisicamente reduzem-se ao simplório

pensamento de emagrecimento ou ganho de massa muscular, coadunando com

Gonzalves e Azevedo (2008, p. 128) quando afirmam que a

Educação Física escolar não pode ignorar as relações do homem com seu corpo e com a sua saúde, no contexto geral onde o homem se insere como um todo, para estar apta a desmistificar, nas práticas vigentes, seu conteúdo ideológico, alienante e contrário aos valores educacionais maiores.

Dessa forma, mediante as aulas de Educação Física, que tem a cultura

corporal, logo, o corpo como seu objeto de estudo, foi possível, mediante o trato

pedagógico do conteúdo atividade física e saúde, oportunizar aos alunos a

compreensão crítica dessa idolatria narcisista do corpo que é propagada pela

sociedade. O corpo necessita ser visto como uma ferramenta de construção de

valores que tecem as críticas construtivas no tocante ao trato da saúde. Tal

pressuposto ofertou aos alunos a reflexão das práticas corporais realizadas nas aulas

como fundamentais não somente no processo de cooperação, criação, moralidade e

recreação, mas também como forma de contribuir na saúde individual e coletiva,

consequentemente, na qualidade de vida de muitos colegas que somente têm acesso

a essas práticas no colégio e nas aulas de Educação Física.

As práticas corporais, compreendidas como manifestações da cultura corporal de determinado grupo, carregam os significados que as pessoas lhes atribuem. Contemplam as vivências lúdicas e de organização cultural e operam de acordo com a lógica do acolhimento [...]. Aqui há uma contraposição à ideia de atividade física – como sinônimo de gasto de energia, fundamentada na teoria clássica newtoniana – à medida que a atividade física homogeneíza o coletivo porque é impessoal, padroniza e nivela o corpo, com base na racionalidade biomédica, ao mesmo tempo em

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que o desqualifica ao destituir o humano do movimento (CARVALHO, 2007, p. 65).

As discussões provenientes das pesquisas, leituras da apostila e das vivências

mediaram e deram suporte à efetivação da Catarse que consiste na nova forma de

entender a prática social, partindo a internalização do saber por parte dos alunos,

onde os mesmos assumem uma nova postura mental que, consequentemente,

influenciará em suas práticas sociais. Para Gasparin (2009), por meio dela, o

educando consegue elaborar uma síntese do cotidiano e do científico, isto é, a partir

da catarse, percebe-se a conclusão realizada pelo aluno a partir do conhecimento

disponibilizado e adquirido.

Na Catarse, a operação fundamental é a síntese. [...] Uma vez incorporados os conteúdos e os processor de sua construção, ainda que de forma provisória, chega o momento em que o aluno é solicitado a mostrar o quanto se aproximou da solução dos problemas anteriormente levantados sobre o tema em questão. Esta é a fase em que o educando sistematiza e manifesta que assimilou, isto é, que assemelhou a si mesmo os conteúdos e os métodos de trabalho usados na fase anterior (GASPARIN, 2009, p. 123).

Metodologicamente, a Catarse tratou-se do processo de avaliação, na qual os

alunos demonstraram o que efetivamente apreenderam do conhecimento tratado ao

longo da unidade através das questões da Problematização e da Prática Social Inicial.

Tal processo constou em relatos orais, registros escritos (atividades e pesquisas) e

participação nas discussões e vivências. Assim, para avaliar o quanto e como os

alunos se aproximaram da solução das questões básicas, bem como para efetivar a

disciplina utilizada para contemplação da pesquisa, foi proposta uma Mostra de

Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.

A avaliação dos avanços e dificuldades dos alunos na aprendizagem fornece ao professor indicações de como deve encaminhar e reorientar a sua prática pedagógica, visando aperfeiçoá-la. É por isso que se diz que a avaliação contribui para a melhoria da qualidade da aprendizagem e do ensino (HAIDT, 2004, p. 288).

Na Mostra houve a apresentação, através de estandes, da confecção e

composição dos terrários, com seus diferentes biomas, a influência do ser humano

nestes e quais os reflexos à saúde individual e coletiva. Na sequência aconteceu a

entrega dos folders (anexo 7) para quem realizava à visitação, mas não houve a

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explicação da Mostra e da relação do meio ambiente com a atividade física, pois a

aluna alegou timidez e não estar preparada àquele momento. No entanto, nas

vivências propostas pelos próprios alunos (slackline, jiu-jitsu, amarelinha, capoeira e

pular corda) eles explicavam que se tratavam de atividades físicas, ressaltando a

definição de atividade física e sua relação com a saúde física e mental.

Dessa forma, a avaliação da aprendizagem do conhecimento atividade física e

saúde conseguiu perpassar pelas dimensões propostas no plano de unidade à medida

que os alunos se apropriaram dele, tonando-se, uma nova ferramenta de

compreensão da realidade e ação-transformação individual, agindo na coletividade

interna do Colégio. Também não é raso dizer que todo o processo avaliativo

fundamentou o meu senso crítico, o qual serviu de subsídio à reflexão de como

construir e dos resultados da minha práxis pedagógica.

Enfim, na Prática Social Final do conteúdo, entendida por Gasparin (2009)

como a nova proposta de ação a partir do conhecimento apreendido ao longo da

unidade, houve um resgate da Prática Social Inicial, com uma nova visão e uma nova

perspectiva sobre tal. Tal perspectiva justifica-se pela modificação sofrida pelo sujeito

estudante na sua forma de pensar, agir e enxergar o mundo, logo influencia

diretamente na criticidade referente a atividade física e saúde e sua relação com o

meio ambiente.

A Prática Social Final é a nova maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em relação ao fenômeno, mas à essência do real, do concreto. É a manifestação da nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É ao mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação social, retornando à prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem (GASPARIN, 2009, p. 143).

A Prática Social Inicial serviu de subsídio para o desenvolvimento do conteúdo

atividade física e saúde, à medida que permitiu a aquisição de conhecimentos

sistematizados, a fim de que a nova prática social alcançou os resultados almejados

e mais significativos. Ou seja, os alunos demonstraram iniciativa, em pôr em prática

os novos conhecimentos quando partiu deles a iniciativa da Mostra de Atividade

Física, Saúde e Meio Ambiente, comprometendo-se, mediante as suas falas e os seus

registros, inserir no seu cotidiano os novos conhecimentos adquiridos ao longo da

unidade.

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Os objetivos propostos, tanto para as intenções da turma, como para as ações

práticas sobre o conteúdo estudado tornou-se possível tendo em vista as intervenções

sucederem de forma dinâmica e prazerosa. Isto é, os educandos mostraram relações

de afeto acerca do processo de ensino-aprendizagem, haja vista a possibilidade

criada de uma maior interação com a professora, o que despertou um maior interesse

da turma pelo conteúdo transmitido e, como consequência, o envolvimento na relação

ensino-aprendizagem.

Evidentemente, essa nova forma pedagógica de agir exige que se privilegiem a contradição, a dúvida, o questionamento; que se valorizem a diversidade e a divergência; que se interroguem as certezas e as incertezas, despojando os conteúdos de sua forma naturalizada, pronta, imutável (GASPARIN, 2009, p. 3).

Portanto, a metodologia de ensino fundamentada na Pedagogia Histórico-

crítica possibilitou um direcionamento em toda a organização do processo ensino-

aprendizagem ao lidar com o conhecimento atividade física e saúde. Não obstante,

oportunizou que os alunos vivenciassem a aprendizagem que estavam construindo,

bem como interpretassem e internalizassem os novos conceitos necessários à

realidade cotidiana, em busca da intervenção individual, quando suscitada a

necessidade de incluir atividades físicas no cotidiano. O reflexo de toda essa

mobilização, tanto em sala de aula, quanto através da Mostra de Atividade Física,

Saúde e Meio Ambiente, foi a adoção de práticas corporais da infância nos horários

vagos e no intervalo.

Ademais, dentro do que foi proposto como análise dos dados, foi aplicado um

questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Este instrumento compôs-

se de dez perguntas, as quais abordaram os aspectos referentes à importância e

aplicabilidade e representatividade do conteúdo atividade física e saúde nas aulas de

Educação Física, o sentido e significado das intervenções, a aplicabilidade deste

conhecimento na vida dos pesquisados (alunos), a relação existente entre atividade

física, saúde e meio ambiente, e a representatividade da Mostra de Atividade Física,

Saúde e Meio Ambiente.

Quando questionados acerca da contribuição da atividade física e saúde os

alunos afirmaram que tal relação se faz pertinente tendo em vista a promoção dos

benefícios ao corpo e à mente, uma vez que a atividade física mantém a pessoa

afastada do polo negativo da saúde quando, além de condicionar o corpo, também

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serve como um momento de aliviar as tensões do dia a dia. Logo, este questionamento

deu margem à discussão do trato pedagógico da atividade física e saúde na escola a

ser discutido como um desmistificador de corpos estereotipados midiaticamente.

Dessa forma, no que se refere à importância do conteúdo Atividade Física e

Saúde a ser trabalhado na escola, 53% dos alunos apontaram que se torna

efetivamente necessário o trato da temática, pois ela é, ainda, pouco conhecida pelas

pessoas, isto é, as informações são provenientes da cultura midiática, sem uma dada

fundamentação. Enquanto isso, 47% apontaram como relevância de se tratar desta

temática a necessidade de que o conhecimento proporcionado promove sugestivas

transformações até a vida adulta, conforme pode ser analisado no gráfico abaixo.

GRÁFICO 1. Importância do conteúdo atividade física e saúde na escola

Mesmo um aluno não tendo marcado a questão, é possível reconhecer que tais

respostas nos conduz ao entendimento que os alunos ainda observam o seio escolar

como promotor de transformações, as quais eles carregarão ao longo da vida, bem

como aponta também que, mesmo havendo uma larga midiatização da relação

atividade física e da saúde, demandam-se informações mais elaboradas e,

principalmente, contextualizadas, a fim de que a sociedade possa realmente

estabelecer um parâmetro de relevância da atividade física para a saúde, a fim de que

a escolha da primeira seja realizada de forma permanente para então refletir na

segunda.

0%

53%47%

0%

Importância do tema atividade física e saúde na escola

Conteúdo cobrado na prova

Tema pouco conhecido

Promove transformações até a vida adulta

Não há outro lugar que trate do tema

Não é um tema importante

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Sobre o viés dessa discussão à responsabilidade da Educação Física em

abordar no curso Técnico em Meio Ambiente a atividade física, saúde e meio

ambiente, os alunos apresentaram que, além de ser um tema pouco discutido nessa

matéria, trabalhar esses fatores em conjunto influenciará positivamente na qualidade

de vida, uma vez que a Educação Física trata do corpo e da mente, sua

transversalidade junto ao curso possibilita melhorias no meio social e acadêmico.

Trabalhar esse tema possibilita reconhecer a percepção sobre corpo e mente

e enfrentar as atividades do cotidiano, pois influencia no estilo de vida e como tratamos

o meio ambiente em que vivemos. Vale ressaltar que tratar dessa temática não é

somente importante no curso, mas todos os alunos deveriam adquirir o conhecimento

sobre essa relação, reconhecendo que no curso há uma contextualização e

interpretação maior por parte dos alunos que a atividade física depende diretamente

do meio ambiente equilibrado e estes influenciam na saúde.

[...] a concepção de saúde deve ser fundamentada no exercício da cidadania, argumentando que é preciso capacitar os alunos a se apropriar de conceitos, fatos, princípios, proporcionando-lhes a oportunidade de tomar decisões, realizar ações e gerar atitudes saudáveis na realidade em que estão inseridos (DARIDO et al, 2006, p. 33).

Percebe-se, frente ao entendimento dos alunos, que a qualidade de vida está

diretamente associada à saúde e às condições do meio ambiente. Tal relação remete

aos primórdios da humanidade quando os seres primitivos se deslocavam em busca

da manutenção da própria vida, fim principal de quem se pretende saldável. Portanto,

compreender a associação do meio ambiente com a saúde e com a atividade física

tornou-se salutar no curso e na disciplina Educação Física, uma vez que ultrapassou

a prática de esportes coletivos e a sistematização do conhecimento possibilitou a

organização dos conteúdos mediante os interesses e maturação cognitiva dos alunos.

A partir do debate acadêmico já existente sobre a temática no Brasil e da interação entre profissionais atuantes e comprometidos, a EF pode se tornar um veículo potencial para a melhoria da saúde de seus alunos, tornando-os consumidores críticos dos elementos da cultura corporal (SOARES 1992 apud DEVIDE, 2003, p. 145).

Nesse contexto, acerca da relação atividade física, saúde e meio ambiente os

alunos descreveram que quando o meio ambiente é adequado e saudável, torna-se

um espaço de prática de atividade física e diversão que traz benefícios à saúde, numa

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inter-relação de equilíbrio. Ou seja, quando se está em contato com o meio ambiente,

através da atividade física, causa impactos benéficos, onde, para que haja essa

interação de forma prazerosa é necessário respeitar as leis de preservação ambiental

e reconhecer os efeitos nocivos das práticas de atividades físicas, como trilhas, sem

um devido estudo do local para a prática. Não obstante, apontaram que quando o ser

humano cuida do meio ambiente, por conseguinte, cuida da sua saúde, pois quando

não há uma má interferência humana no meio ambiente o sol, o ar e os lugares

influenciam na prática da atividade física.

A experimentação de diferentes emoções e sensibilidades pode conduzir os seres humanos a diferentes formas de percepção e de comunicação com o meio em que vivem. Por isso, a importância de compreender os diferentes significados que a relação dos seres humanos junto à natureza tem assumido. O que não significa afirmar que uma forma de aproximação com a natureza é ecologicamente melhor do que outra, nem dar por encerrado um tema repleto de questionamentos e contradições (MARINHO, 2017, p. 38).

Diante disso, percebe-se que os alunos têm consciência que o meio ambiente

influencia no modo de vida das pessoas (e estas naquele), e é especialmente

importante quando considerado na prática de atividade física e manutenção da saúde.

Não obstante, os alunos ainda apontaram alguns dos vários fatores ambientais que

podem influenciar potencialmente durante a prática de atividade física e sua

consequente motivação para continuar. Dessa forma, as atividades físicas realizadas

no meio ambiente (dentro ou fora de ambientes fechados) e na natureza, de acordo

com o que foi apontado pelos alunos, aproximam mais o ser humano do meio

ambiente, evitando que ele o destrua, reconhecendo, então, os benefícios que os

recursos naturais fazem para a sua vida, logo favorecem à saúde positiva.

A relação do Curso Técnico em Meio Ambiente com a disciplina de Educação

Física parte de uma complexidade, dada a abrangência e a profundidade de temáticas

discussões que tornam-se mais um instrumento para o enfrentamento da realidade

social: a análise da incidência de sol e chuva em quadras externas e as soluções À

diminuição das interferências negativas dos fatores climáticos durante as aulas;

reflexões acerca da extinção ou privatização dos espaços públicos destinados as

atividades de lazer e recreação; a relação das práticas corporais de aventura com o

meio ambiente, despertando atitudes de admiração, respeito e preservação; e é claro

a interface existente entre a saúde e a relação homem e meio ambiente, considerando

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as desigualdades sociais, fruto da má distribuição de renda. Nesse sentido, o papel

da Educação Física num Curso Técnico em Meio Ambiente é

[...] proporcionar para o aluno a possibilidade da construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado. O que requer responsabilidade coletiva e individual de qualquer indivíduo planetário, interferindo no modo como a sociedade programa as prioridades no seu cotidiano. Esta interferência só será possível se houver a construção dos conceitos gerando uma assimilação de valores (CANCIGLIERI, 2001, p. 13).

Nessa perspectiva, as aulas de Educação Física no curso Técnico em Meio

Ambiente ao tratar da atividade física e saúde perpassou por questionamentos com

relação à rotina dos alunos, os quais são os principais responsáveis por uma elevação

da qualidade de vida. Tais questionamentos foram conduzidos para além da

perspectiva biológica, sugerindo reflexões acerca da prática de atividades físicas que

poupam por um certo tempo o consumo de algum tipo de energia no meio ambiente,

promovendo consequentemente sua preservação, além de gerar um benefício

individual, garante benefício coletivo para o corpo e para a mente.

Nesse contexto, quando solicitados a apontar sobre os benefícios da prática

regular de atividade física, podendo assinalar mais de uma opção, os alunos

compreendem mais do porquê da realização das práticas corporais para além das

aulas de Educação Física. Isto é, a contextualização a partir dos elementos da cultura

corporal tratados na unidade, operacionalizou e sistematizou a formação de bases

concretas da relação conhecimento-realidade, promovendo a superação da dicotomia

corpo e mente, bem como o enriquecimento dos conhecimentos além das informações

midiatizadas, relacionando-os às questões específicas do curso Técnico em Meio

Ambiente, conforme apresentado no gráfico abaixo.

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GRÁFICO 2. Benefício da prática regular de atividade física

Quanto a relevância social de conhecer os benefícios da atividade física, os

alunos do curso Técnico em meio Ambiente foram requisitados a assinalar apenas a

alternativa que, para eles, contemplassem melhor o seu entendimento, obtendo a

dimensão apontada pelo gráfico abaixo.

GRÁFICO 3. Relevância social do tema atividade física e saúde como conteúdo da Educação Física

para os alunos do curso Técnico em Meio Ambiente

43%

16%

33%

8%

0%

Benefícios da prática de atividade física

Prazer do corpo e da mente

Libertar-se dos paradigmas sociais de estética

Estar em contato com o meio ambiente deforma prazerosa

O benefício da atividade física é do corpo

A atividade física não traz tantos benefícios

19%

0%0%0%

81%

Relevância social de conhecer os benefícios da atividade física

Tomar decisão de ser mais ativo fisicamente

Defensor/propagador de estilo de vida ativo

Influência no resgate/aproximação do convíviosocial

Superar o entendimento que a atividade físicacompete somente aos profissionais da saúde

Todas as respostas estão corretas

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O gráfico demonstra que 81% dos alunos acreditam que todas as afirmações

contemplam a importância e, consequentemente, a relevância social de tratar do

conhecimento em questão, enquanto 19% optaram pela alternativa de tomar a decisão

de ser mais ativo fisicamente. Tais respostas ressignificam a Educação Física como

componente curricular, uma vez que a sistematização e contextualização desse

conhecimento constitui-se numa ferramenta à autonomia do sujeito enquanto

construtor do seu conhecimento, utilizando as atividades e hábitos apreendidos na

práxis do seu dia a dia.

[...] a educação física é entendida como uma disciplina curricular que introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BETTI, 1994 apud DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007, p. 14).

Urge daí a necessidade da Educação Física superar o estigma de disciplina de

recreação e contextualizar os conhecimentos produzidos e acumulados ao longo dos

tempos, de forma que estabeleça relação direta com a cultura corporal, a fim de dar

sentido e significado às práticas corporais. Para tanto, os conhecimentos teórico-

práticos, como entender o que é e como a frequência cardíaca é mutável de acordo

com a movimentação do corpo e mudanças climáticas, devem ter um determinado fim,

visto que este saber-fazer proporciona aos educandos a obtenção da saúde positiva

enquanto valor a ser levado para o cotidiano, inclusive depois de sua formação

escolar.

Ao indicar alternativas que influenciassem na tomada de decisão a fim de que

as pessoas tornem-se mais ativas fisicamente, os alunos revelaram a elaboração de

um pensamento crítico acerca desta perspectiva. Ou seja, a partir das opções

assinaladas (que poderiam ser mais de uma por aluno) e quantificadas, percebe-se

que as dimensões propostas, trabalhadas através da Pedagogia Histórico-crítica

foram alcançadas, conforme pode ser comprovado no gráfico abaixo.

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GRÁFICO 4. Motivos que podem orientar a pessoa a ser mais ativa fisicamente

O trato pedagógico da atividade física e saúde nas aulas de Educação Física

coloca em pauta todos os fatores que envolvem o tema, cabendo aos professores

fomentar cidadãos críticos e conscientes não só da necessidade de se praticar

atividade física, como ainda entender que sua execução e permanência estão

relacionadas a vários fatores, como socioeconômicos, midiáticos, pessoais e culturais.

Segundo o PCN (BRASIL, 2000, p. 191), “[...] o que se deseja do aluno no Ensino

Médio é uma ampla compreensão e atuação das manifestações da cultura corporal”,

para isso é necessário desenvolver as seguintes competências no que diz respeito à

saúde:

Assumir uma postura ativa na prática de atividades físicas, e consciente da importância delas na vida do cidadão. Compreender o funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como melhoria de suas aptidões físicas. Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma, na seleção de atividades e procedimentos para a manutenção ou aquisição de saúde (BRASIL, 2000, p. 1992).

Cabe ressaltar que a atividade física e saúde deve ser um conhecimento

sistematizado ao logo dos anos da Educação Básica, tratado na mesma importância

assim como os demais conhecimentos da Educação Física, pois somente assim, os

alunos terão a autonomia perante a sua saúde e manutenção da atividade física.

42%

19%

39%

0%

Opções para se tornar mais ativo fisicamente

Escolher a prática que mais agrada

Disseminação das importância e benefícios daatividade física

Atividade física relaciona-se com a saúde e aqualidade de vida

Movimentar é necessário, sem aprofundar-se notema

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Acerca disso, os alunos autodeclararam-se ativos fisicamente, uma vez que em seus

cotidianos praticam dança, jiu-jitsu, futebol, capoeira, musculação, caminhadas e

ciclismo. Darido (2003) aponta que conceitos e princípios teóricos fundamentarão as

ações práticas no cotidiano do educando, permitindo que tenha decisões com

conhecimento, contribuindo com hábitos saudáveis e também com a importância da

atividade física ao longo da vida.

A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais. Mas a explicação da educação para a saúde como tema do currículo eleva a escola ao papel de formadora de protagonistas – e não pacientes – capazes de valorizar a saúde, discernir e participar de decisões individual e coletiva. Portanto, a formação do aluno para o exercício da cidadania compreende a motivação e a capacitação para o autocuidado, assim como a compreensão da saúde como direito e responsabilidade pessoal e social (BRASIL apud RIBEIRO, 2005, p. 73).

É consenso da sociedade que a escola é um instrumento de veiculação rápida

de qualquer conhecimento elaborado e organizado pela sociedade. Porém, o

professor tem que ter a clareza no que diz respeito à atividade física e saúde, pois

este é um conhecimento específico e que tratado pedagogicamente pela Educação

Física ao longo da Educação Básica e não porque há um movimento social

midiatizado para que haja uma conscientização da população. Dada a sua relevância,

promover a relação ensino-aprendizagem, embasada nos esclarecimentos de alguns

mitos acerca da atividade física e saúde, fomentará mudanças significativas a partir

da apropriação dos elementos da cultura corporal, onde os alunos, de possam além

de mensurar, favorecer a intervenção no cotidiano mediante conhecimento

apreendido.

Nesse sentido, quando questionados acerca do conhecimento atividade física

e saúde apreendido, os alunos afirmaram que além de pôr em prática, irão também

disseminá-lo, almejando a melhoria na saúde individual e coletiva, além de promover

uma reflexão para que as pessoas compreendam a Educação Física não somente

como uma disciplina de jogar bola, mas que aborda conhecimentos pertinentes à vida

social. Portanto, fica claro que a conscientização para uma mudança de estilo de vida

e interferência na realidade social somente poderá ocorrer quando a aprendizagem

tem sentido e significado ao educando.

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Assim, a Prática Social Final, que diz respeito às atitudes dos alunos após

internalizarem o conhecimento, a fim de manipulação para além da escola, é possível

verificar que os alunos foram enfáticos em ratificar a disseminação do conhecimento

apreendido. Para tanto, os educandos apresentaram justificativas de que o

conhecimento tratado necessitava ser ampliado e uma das formas é transmiti-lo a

outras pessoas do núcleo social deles, posto acreditarem que para haver uma

mobilização há, necessariamente, de se ter conhecimento.

É a partir desse reconhecimento da disseminação do conhecimento que os

discentes mostraram-se politizados acerca do trato da atividade física e saúde na vida

das pessoas, posto apontarem que mesmo estas não terem dinheiro para frequentar

academias, tal motivo não impede que sejam mais ativas fisicamente. Além disso,

apontaram também que a saúde está diretamente ligada à qualidade de vida, logo, a

questões de cunho social, político e econômico e, primordialmente, educacional.

Então surge, como proposta de intervenção, ampliada pelos alunos e por alguns

professores do curso Técnico em Meio Ambiente, surge, como forma de difundir o

conhecimento em questão a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.

Na Mostra houve a apresentação da confecção e composição dos terrários,

com seus diferentes biomas, a influência do ser humano nestes e quais os reflexos à

saúde. Na sequência aconteceu a entrega dos folders (anexo D) para quem realizava

à visitação, mas não houve a explicação da Mostra e da relação do meio ambiente

com a atividade física, pois a aluna alegou timidez e não estar preparada àquele

momento. No entanto, nas vivências propostas (slackline, jiu-jitsu, amarelinha,

capoeira e pular corda) os alunos explicavam que se tratavam de atividades físicas,

ressaltando a definição de atividade física e sua relação com a saúde. Para tanto, na

vivência que os demais estudantes visitantes escolhiam os alunos do curso Técnico

em Meio Ambiente explanavam como fazer e os benefícios daquela atividade tanto

para a saúde física, quanto para a saúde mental.

Houve intensa participação da comunidade escolar no tocante à curiosidade,

entretanto, alguns alunos, pela timidez ou pelo choque da novidade que antecedeu a

realização da prova naquele dia, não se aproximavam. Mesmo assim, as demais

turmas prestigiaram o evento, participando efetivamente das atividades propostas,

motivando também outros colegas e filmando o momento. Ademais, a Mostra de

Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente foi muito significativa para os alunos

pesquisados, pois, além de uma excelente experiência para socialização do

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conhecimento, também motivou uma conscientização, a partir das discussões sobre

a influência dos seres humanos no meio ambiente, por meio dos terrários; bem como

influenciar na prática de atividade física, pois, por meio da intervenção da Mostra, eles

acreditam que puderam motivar os alunos que passaram pelas propostas de

atividades físicas, conforme aponta o gráfico abaixo.

GRÁFICO 5. Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente para os alunos do

curso Técnico em Meio Ambiente

Os alunos relataram ainda que esse momento serviu como uma maneira de

repensar a Educação Física enquanto disciplina escolar, uma vez que a mesma não

se resume somente em brincar ou jogar bola, mas serve para refletir acerca do somos,

de como nos comportamos e de lutarmos e modificarmos as nossas ações. Aliada a

essa justificativa os alunos apontaram que os estudantes dos primeiros anos foram

muito dispersos e deram pouca importância às atividades realizadas, diferente dos

segundos e terceiros anos que, além de participarem das atividades, prestavam

atenção nas explicações, questionavam e interagiam.

Dessa forma, ao pensarmos, elaborarmos e propor aulas Educação Física, ao

longo da Educação Básica que promovam o entendimento, bem como a prática da

atividade física e manutenção ou melhora da saúde é fomentar no aluno a escolha

ativamente entre as várias opções que a vida moderna oferece. Para tanto, trar-se-á

os elementos da cultura corporal de forma a incrementar suas possibilidades de

11%

30%

17%

31%

11%

Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente

Gerou nota nas disciplinas envolvidas

Maior integração com os colegas e demais alunos

Contextualização dos conhecimentosinterdisciplinarmente

Mensuração dos conhecimentos através dosterrários, folders e atividades físicas

Momento de descontração

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prática de atividade física. Portanto, ao se formar indivíduos críticos quanto à atividade

física será possível convencer as pessoas próximas (familiares e amigos) a

praticarem-na como forma de cuidar de sua saúde e melhorar sua qualidade de vida.

Nota-se então a importância de se tratar desse conhecimento de forma que conscientize os alunos dos benefícios e malefícios da prática regular de atividades físicas e dos seus malefícios, se feitas de forma errada, para que se tornem pessoas ativas a fim de melhorar sua aptidão física implicando em benefícios para a saúde, e ao mesmo tempo, se tornem críticos e reflexivos a respeito da valorização da atividade física para fins impostos pela sociedade, sejam eles estéticos ou performance, e qual a influência disto na cultura corporal de uma sociedade (PIRES, 2008, p. 6).

Não se tem a pretensão de reduzir a Educação Física à realização de atividades

físicas objetivando saúde. Antes sim, fazer como que os alunos usufruam de

propostas diferenciadas, bem como dialoguem com as suas respectivas realidades.

Para tanto, estando a Educação Física lidando com o corpo, há de se levar em

consideração a necessidade de compreender que saúde não se restringe mais à

ausência de doenças, tão pouco que a atividade física é a própria Educação Física.

Os professores da supracitada disciplina devem compreender que o trato

pedagógico da atividade física e saúde é um processo que deve ser constantemente

contextualizado ao longo da Educação Básica. A ação educativa voltada ao

conhecimento em questão tem o papel salutar de possibilitar aos estudantes a

necessária compreensão dos malefícios que tal cuidado não for feito e também dos

benefícios que o indivíduo adquiri mediantes hábitos saudáveis.

Destarte, cabe à Educação Física, enquanto produtora e detentora de

conhecimentos sistematizados, extrapolar o fazer pelo fazer e contextualizar os

conhecimentos oriundos do cotidiano dos alunos em todo o contexto da Educação

Básica. Tratar do conhecimento atividade física e saúde pela Educação Física escolar

impele conotações decisivas na construção de condutas, a fim de assumir papel

destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho

contextualizado e contínuo através da magnitude da cultura corporal.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Física, enquanto disciplina escolar, pelo seu poder de adequação

dos conhecimentos ao grupo social em que é trabalhada, permite uma liberdade na

práxis pedagógica do professor, bem como na avaliação – do grupo e do indivíduo –,

beneficiando o processo educacional do aluno.

Trilhando diferentes caminhos até ser reconhecida como componente

curricular, a Educação Física contudo, nas bases que alicerçaram sua estrutura na

escola ainda são sentidas. Não há como negar que muitas aulas ainda são

fundamentadas numa mera prática pela prática, o que acarreta uma informalidade e

descrédito dos sujeitos que dela se utilizam.

Em muitas instituições escolares as aulas de Educação Física ainda se

restringem a jogos de futebol, sem a intervenção do professor. Ou seja, o dar a bola

aos alunos é tão mais fácil do que desenvolver ações pedagógicas que influam

diretamente na relação do educando para com o conhecimento. Nesse sentido, vale

a ressalva de tratar a Educação Física numa perspectiva para além do fazer pelo

fazer.

Ou seja, o objetivo central das aulas de Educação Física é superar o ensino,

apenas, das modalidades e técnicas desportivas. O professor deve debruçar-se nos

interesses dos alunos, reconhecendo e respeitando o aporte cultural que cada um

possui. Para isso, deve, pois, garantir um ensino contextualizado e sistematizado das

manifestações relativas à cultura corporal, possibilitando, dessa forma, que os alunos

adquiram um senso crítico em relação à transmissão de tais atividades.

No decorrer da sua materialização no âmbito escolar a Educação Física foi

sendo definida pela ótica de uma determinada sociedade e sinalizada pelo tempo.

Contudo, a significância que traz em seu bojo histórico, implícito nas diferentes

concepções que lhe influenciaram, não foge à mera associação com o realizar

atividade física de forma geral, o entendimento parcial e limitado da disciplina. No

entanto, para contemplar os aspectos ideológicos e sócio históricos que fundamentam

o olhar crítico presente na cultura corporal, há de levar em conta todo um repertório

de atividades práticas e teóricas nas aulas de Educação Física.

Em virtude de sua história com a área médica, a Educação Física acabou

apropriando-se do conceito de saúde como ausência de doenças. Tal pressuposto é

ratificado quando, no entorno das pesquisas, dá-se uma maior ênfase à relação

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atividade física para a saúde, negando, pois, os sujeitos da ação. O intuito deste

apontamento não é minimizar a importância de tais trabalhos, mas sim salientar a

superação de único entendimento, valorizando, portanto, que saúde os sujeitos

desejam ter a partir das práticas corporais desejadas.

De fato, atividade física e saúde representa um tema atual e relevante para um

trabalho pedagógico na área da Educação Física. No entanto, o que deve ser

realizado prioritariamente é uma intensa busca de transformações das concepções

que existem sobre esse conhecimento, onde, para tanto, há que se garantir a

participação efetiva dos alunos, bem como em discussões acerca dos conceitos de

corpo, e da própria Educação Física.

Esta questão sobre a tríade corpo-homem-sociedade tem sido a base de

variadas discussões, principalmente na Educação Física, haja vista o seu trato direto

com o trinômio. Todavia, precisamos manter clara a definição da ação e dos objetivos

da Educação Física enquanto disciplina curricular, a fim de que nós, enquanto

professores, não reduzamos a sua importância a uma mera necessidade de formação

de atletas, tão pouco que passe por despercebida na vida dos alunos.

Em contrapartida, demanda-se uma nova compreensão de Educação Física

enquanto disciplina curricular e também como área de conhecimento. Ou seja, faz-se

necessária uma diferenciada reorganização e estruturação da ação pedagógica ao

longo do contexto da Educação Básica, de forma que o objeto específico da disciplina

seja compreendido, construído e reconstruído enquanto conhecimento que constitui o

acervo cultural da sociedade, possibilitando sua constatação, ampliação e

aprofundamento.

Assim, à cultura corporal não se admite mais que seja compreendida somente

atividades corporais, sem uma devida contextualização, visto que pouco adiantará

trabalhar questões de maneira desconexa sobre cooperação, respeito, afetividade e

outros. Ou seja, pensar numa cultura corporal que problematiza também a atividade

física e saúde como um aporte de conhecimento fomentar-se-á dimensões sociais,

políticas, econômicas e morais, presentes no corpo que dialoga com a Educação

Física e interage como sujeito social.

No tocante à Educação Física escolar há de se revelar um esclarecimento aos

alunos relativo à proposta do conhecimento atividade física e saúde, a fim de que não

seja incorporado ao reducionismo de modelo biomédico, centrado na doença como

fenômeno individual, nem tão pouco na assistência médica curativa. Para tanto, a

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Educação Física, enquanto área de conhecimento na escola deve sistematizar tal

temática, problematizando-a a partir da realidade dos educandos. Contudo, isso

somente será possível por via da sistematização das situações de ensino-

aprendizagem que garantam aos estudantes a apropriação dos conhecimentos

pertinentes à atividade física e saúde.

Dessa forma, buscou-se ao longo deste estudo apresentar algumas

possibilidades de encaminhamentos teórico-metodológicos que levassem em

consideração o trato pedagógico da atividade física e saúde enquanto conhecimento

relevante à Educação Física escolar, bem como os resultados obtidos a partir dele.

Para tanto, há de se considerar os aspectos socioeconômicos, ambientais, culturais,

políticos, afetivos e psicológicos, junto às aulas de Educação Física, no intuito de uma

tomada de consciência por parte do aluno, o que pressupõe uma verdadeira

aprendizagem significativa.

As questões relacionadas ao conhecimento atividade física e saúde são muito

importantes e devem ser tratadas pedagogicamente na Educação Básica. De um

modo geral, a temática ganhou maior visibilidade por parte das pessoas através dos

meios midiáticos, o que, de certa forma, fragiliza as informações transmitidas.

Portanto, na escola, a discussão não se torna rasa, e na busca por encaminhamentos

metodológicos que transcendam o campo empírico, a atividade física concretiza-se

na Educação Física, correlacionando-se com a saúde, fundamentando-se e

relacionando-se diretamente com a cultura corporal.

Há de se levar em consideração a importância em não deixar a Educação Física

cair no reducionismo de que seus caminhos para a saúde resumem-se na prática de

atividade física para a saúde. Falar sobre atividade física impele conotações que vão

além da sua definição física, posto a mesma, contemporaneamente, estar atrelada a

sua capacidade de delinear corpos, torna-los saudáveis, belos e fortes, além de

reconstruir discursos imbuídos de teorizações infundadas como, por exemplo, que a

atividade física produz saúde e até mesmo remedia a doença.

Destarte, a Educação Física no contexto da Educação Básica tem por função

ajudar os educandos, através da cultura corporal, descobrirem todas as possibilidades

que lhes são oferecidas, a fim de interagir ativa, criativa e criticamente no que diz

respeito à atividade física e saúde. Para isso, impende rever todos os valores e

práticas que os professores estão aceitando ou defendendo, às vezes sem verdadeira

fundamentação, mas simplesmente por covardia, indolência ou comodismo.

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APÊNDICES

Apêndice A – Questionário misto

QUESTIONÁRIO

Prezado(a) Aluno(a).

Você está convidado(a) a responder este questionário semiestruturado que faz

parte da coleta de dados da pesquisa intitulada: Atividade Física e Saúde: Seu trato

didático-pedagógico na educação física escolar, sob responsabilidade da

pesquisadora Dayane Ramos Dórea. Tal estudo é parte da produção de um Trabalho

de Conclusão de Curso do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu em Atividade Física

e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de Educação, da

Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem a orientação da Professora Doutora

Regina Sandra Marchesi.

Caso você concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes

pontos:

a) você é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas

que lhe ocasionem constrangimento de qualquer natureza;

b) você pode deixar de participar da pesquisa e não precisa apresentar

justificativas para isso;

c) sua identidade será mantida em sigilo;

d) caso você queira, poderá ser informado(a) de todos os resultados obtidos

com a pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em

participar da pesquisa.

PERGUNTAS

1º) A atividade física contribui para a saúde? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________ .

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2º) Há relação entre atividade física, saúde e meio ambiente? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________ .

3º) Para você, qual a importância da temática atividade física e saúde ser tratada na

escola (assinale apenas uma alternativa)?

a/( ) Para ser mais um conteúdo cobrado na hora da prova.

b/( ) Porque é um tema que é pouco conhecido pelas pessoas.

c/( ) Porque promove sugestivas transformações na vida das pessoas até a vida

adulta.

d/( ) Porque não há outro lugar que fale dessa temática.

e/( ) Não acredito ser uma temática importante para ser tratada na escola.

4º) Em seu curso, cabe à Educação Física tratar da atividade física e saúde e sua

relação com o meio ambiente? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________ .

5º) Qual a relevância social de se conhecer os benefícios da atividade física?

a/( ) Tomar a decisão de ser mais ativo fisicamente.

b/( ) Ser defensor/propagador do estilo de vida ativo na sociedade (para amigos,

parentes).

c/( ) Ser um dos fatores que influenciam no resgate/aproximação do convívio social.

d/( ) Superar o entendimento de que a atividade física compete aos profissionais da

saúde.

e/( ) Todas as respostas anteriores estão corretas.

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6º) Como fazer para as pessoas se tornarem mais ativas fisicamente (pode assinalar

mais de uma alternativa)?

a/( ) Escolher a prática corporal que mais agrada, a fim de dar continuidade à

atividade, bem como ter acesso aos espaços para sua prática.

b/( ) Através da disseminação das informações sobre a importância e benefícios da

atividade física.

c/( ) Entender que a atividade física relaciona-se com a saúde, logo, com a qualidade

de vida.

d/( ) Informando que se movimentem porque é necessário, mas sem um

aprofundamento maior na temática.

7º) Você pratica algum tipo de atividade física extra dia-a-dia? Qual(is)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________ .

8º) O que você vai fazer com o conhecimento adquirido nesta unidade nas aulas de

Educação Física?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________ .

9º) Para você, a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente foi importante

porque (pode assinalar mais de uma alternativa):

a/( ) Gerou nota nas disciplinas envolvidas na culminância das atividades.

b/( ) Promoveu maior integração entre os colegas de sala e demais alunos do

colégio.

c/( ) Possibilitou contextualizar os conhecimentos de forma interdisciplinar.

d/( ) Mensurou-se o conhecimento por meio da construção dos terrários, confecção

dos folders e vivência de atividades físicas.

e/( ) Foi um momento de descontração, diferente do ambiente da sala de aula.

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10º) Para você, qual(is) o(s) benefício(s) da prática de atividade física (pode assinalar

mais de uma alternativa)?

a/( ) O prazer do corpo e da mente, em equilíbrio, promovendo qualidade de vida,

logo saúde.

b/( ) Libertar-se dos paradigmas sociais de estética e encontrar satisfação na prática

da atividade física escolhida.

c/( ) Estar em contato com o meio ambiente de maneira harmoniosa, encontrando

o melhor local e o melhor horário de realização da atividade física.

d/( ) O benefício primordial da prática de atividade física é o do corpo.

e/( ) Não acredito que a atividade física traga tantos benefícios aos corpo.

Assim, para os devidos fins acadêmicos, declaro que libero as informações

contidas neste questionário semiestruturado.

Esplanada, BA, 29 de agosto de 2018

__________________________________________________

Assinatura do participante número ________

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Apêndice B – Plano de unidade

PLANO POR COMPONETE CURRICULAR – ANO LETIVO 2018

Unidade Escolar: Colégio Estadual Celina Saraiva – Esplanada, BA NTE: 18

Etapa de Ensino / Modalidade: 2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente

Componente Curricular: Educação Física

Área de Conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Temática da Unidade: Atividade Física e Saúde (II Unidade) Turnos: Matutino

Professora: Dayane Dórea

PRÁTICA

Nível de desenvolvimento atual

TEORIA

Zona de desenvolvimento imediato

PRÁTICA

Novo nível de

desenvolvimento atual

Prática Social Inicial do

Conteúdo

Problematização Instrumentalização Catarse Prática Social Final do

Conteúdo

GERAL: Compreender como a

atividade física e a saúde se

relacionam com a cultura

corporal e a influência do meio

ambiente em ambas.

ESPECÍFICOS: Identificar o

contexto histórico da atividade

física e da saúde; Reconhecer

os benefícios da prática regular

de atividade física e os

malefícios do sedentarismo;

Compreender a representação

da saúde na atualidade;

DISCUSSÃO: Por que

estudar esse conteúdo?;

O que é ter qualidade

vida?; É a mesma coisa

que saúde?; Quais os

benefícios da prática

regular de atividade

física?; Qual a relação

com o cotidiano?; O que

é sedentarismo?; Como

sermos mais ativos

fisicamente no

cotidiano?; Qual a

AÇÕES DOCENTES E

DISCENTES: Exposição

do conteúdo; discussão

acerca dos conceitos de

atividade física, saúde,

qualidade de vida e

sedentarismo;

discussão sobre os

prejuízos da inatividade

física à saúde; reflexão

sobre a relação da

atividade física e saúde

com o meio ambiente;

SÍNTESE MENTAL DO

ALUNO: Atividade física

é todo movimento que

realizamos com o corpo,

de maneira

despretensiosa e que

acompanha o homem

desde os tempos mais

remotos. O sedentarismo

é o estado de quem evita

o movimento. A saúde

considera os aspectos

éticos, relacionados aos

INTENÇÕES DO ALUNO:

Compreender a importância

de ser ativo fisicamente;

Reconhecer os momentos do

cotidiano das possibilidades

de prática à atividade física;

Compreender os prejuízos do

sedentarismo e sua relação

com a modernidade;

Construir folders informativos

e disponibilizar no colégio;

etc.

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Incentivar o registro escrito dos

alunos.

relação da atividade

física e saúde com a

cultura corporal e com o

meio ambiente?; etc.

promoção de vivências e

contextualização; etc.

direitos e deveres de

indivíduos, para além de

um corpo ausente de

doenças. O cuidado com

o corpo para uma

qualidade de vida

perpassa pela qualidade

do meio ambiente em

que se vive.

PRÉVIO: Exercício; corpo

definido; qualidade de vida;

ausência de doenças; gordo;

magro; movimento; saneamento

básico; etc.

DESAFIO: Há relação entre

atividade física e saúde?; Há

relação entre atividade física,

saúde e meio ambiente?; Quais

os perigos do sedentarismo?;

Qual a relação sedentarismo

entre modernidade?; etc.

DIMENSÕES: Histórica;

conceitual; social;

cultural; econômica;

estética; afetiva; moral;

científica; psicológica;

ética; política; etc.

RECURSOS: Apostila;

sala de aula; espaço

escolar; bolas de vôlei e

de futsal; bexigas;

cones; bambolês; corda;

slackline; barbante;

papel; caneta; caderno;

quadra; rede de vôlei;

lápis; celular; alunos;

professora; etc.

AVALIAÇÃO:

Socialização de

pesquisas; registros

escritos; resolução de

atividades; participação

nas aulas e nas

vivências; construção de

folders informativos;

apresentação de

seminário nas demais

turmas da manhã; etc.

AÇÕES DO ALUNO:

Reconhecer a importância da

prática de atividade física no

e o perigos do sedentarismo

no contexto individual e

social; Divulgar na escola a

importância de ser ativo

fisicamente, incentivando

práticas de atividades físicas

nos intervalos; etc.

REFERÊNCIAS:

DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira. Para ensinar educação física: Possibilidades de intervenção

na escola. 7ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2011.

SABA, Fábio. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar 2. ed. São Paulo: Phorte, 2008.

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Apêndice C – Roteiros de cada intervenção (aula por aula)

ROTEIRO DA AULA DO DIA 18/07/2018

TEMA DA AULA: Atividade física X sedentarismo.

OBJETIVO: Entender o que é atividade física e os malefícios do sedentarismo.

RESUMO DA AULA: Discussão do primeiro texto: Sobre a atividade física e

socialização de pesquisa sobre os malefícios do sedentarismo. Promoção de vivência

e contextualização.

VIVÊNCIA: Futsal em duplas, a fim de trabalhar a cooperação, o contato corporal, o

respeito e a valorização dos diferentes movimento produzidos. Tratar da relação da

prática corporal com a atividade física.

ROTEIRO DA AULA DO DIA 19/07/2018

TEMA DA AULA: Frequência cardíaca.

OBJETIVO: Entender o que é frequência cardíaca e como ela se relaciona com a

atividade física e com o meio ambiente.

RESUMO DA AULA: Discussão sobre a frequência cardíaca tratada também no

primeiro texto, fazendo referência sobre sua relação quando o corpo se movimenta ou

está parado e como o meio ambiente (principalmente as mudanças climáticas)

influencia também na frequência cardíaca. Utilização do aparelho de pressão digital

de braço. Promoção de vivências e contextualização.

VIVÊNCIAS: Verificação da frequência cardíaca individualmente, através do pulso,

antes e depois da prática corporal. Pega-pega corrente, a fim de promover o contato

corporal e a valorização dos movimentos produzidos e sua relação com a temática da

aula.

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ROTEIRO DA AULA DO DIA 01/08/2018

TEMA DA AULA: Saúde e sedentarismo na modernidade.

OBJETIVO: Compreender o conceito atual de saúde e sua evolução histórica.

RESUMO DA AULA: Discussão do segundo texto: Sobre a saúde, contextualizando

acerca da evolução dos conceitos de saúde e socialização da pesquisa sobre a

relação do sedentarismo com a modernidade. Problematizar as consequências

positivas e negativas acerca da evolução tecnológica na atividade física e na saúde.

Promoção de vivência e contextualização.

VIVÊNCIA: Nunca três, a fim de trabalhar a lateralidade, flexibilidade, agilidade e

velocidade, bem como a cooperação e o respeito aos diferentes movimentos

produzidos pelos corpos. Contextualizar a relação da prática corporal com a oscilação

entre os polos positivo e negativo da saúde.

ROTEIRO DA AULA DO DIA 15/08/2018

TEMA DA AULA: Meio ambiente e atividade física

OBJETIVO: Estimular a participação de atividades físicas em grupo que compartilhem

valores como respeito, ajuda ao outro e companheirismo, destacando a influência do

meio ambiente na prática de atividade física.

RESUMO DA AULA: Discussão sobre a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio

Ambiente. Refletir acerca da influência do meio ambiente na prática de atividade física,

da importância da hidratação e do uso de protetor solar, bem como de vestimentas

adequadas. Promoção de vivências e contextualização.

VIVÊNCIAS: Zerinho, 7 pedrinhas e baleado, a fim de trabalhar a coletividade,

cooperação e respeito aos movimentos produzidos. Contextualizar a relação das

práticas corporais com o tema da aula.

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ROTEIRO DA AULA DO DIA 22/08/2018

TEMA DA AULA: Benefícios da prática da atividade física.

OBJETIVO: Reconhecer os benefícios da prática regular de atividade física.

RESUMO DA AULA: Correção do folder (normas da ABNT e ortografia). Orientações

finais para a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente. Discussão sobre o

texto: Os benefícios da atividade física e socialização da pesquisa sobre caderno a

relação da atividade física e saúde com o meio ambiente. Promoção de vivência e

contextualização.

VIVÊNCIA: Bandeira, a fim de trabalhar a coletividade, a cooperação e a valorização

dos movimentos produzidos. A contextualização será na própria vivência, pois nos

cones estarão coladas as respostas das perguntas feitas pela professora.

ROTEIRO DA AULA DO DIA 29/08/2018

TEMA DA AULA: Atividade Física, saúde e meio ambiente.

OBJETIVO: Disseminar os conhecimentos apreendidos, através da Mostra de

Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.

RESUMO DA AULA: Promoção da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio

Ambiente com apresentação dos terrários, entrega do folder produzido e promoção

de vivências (slackline, jiu-jitsu, amarelinha, capoeira e pular corda). Aplicação do

questionário misto e entrega dos termos de consentimento livre e esclarecido.

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Apêndice D – Apostila

II UNIDADE

CONTEÚDO: ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE _____________________________________________

SOBRE A ATIVIDADE FÍSICA

É natural ao homem movimentar-se. Para realizar nossas tarefas do dia a dia

andamos, subimos escadas, movemos os braços, agachamo-nos, sentamo-nos! A

atividade física é o corpo em movimento, em ação. São os músculos esqueléticos do

corpo (aqueles que podemos controlar voluntariamente) gastando energia,

contraindo-se, relaxando, numa sequência coordenada entre a ação do tecido

muscular e os tendões e os ossos.

Chamamos de atividade física toda ação humana que envolva movimentação

e acelere os batimentos cardíacos acima da frequência de repouso. Portanto, ao

praticar muitas das suas atividades cotidianas como ir a pé até a padaria, participar

de um passeio ciclístico, subir escadas, fazer faxina, dançar, brincar de pega-pega,

subir em árvore, cavalgar, jogar uma pelada, ter relação sexual, enfim, você está

praticando atividade física.

Quando bem aproveitada, toda atividade física pode lhe proporcionar enormes

benefícios como o prazer, a disciplina ao seu corpo e uma agradável sensação de

bem-estar. Conhecer a atividade física significa desvendar seus benefícios para o

corpo, para a mente, para o relacionamento social, etc.

SABA, F. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar. 2. ed. São Paulo:

Phorte, 2008.

ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):

1º) Quais atividades físicas você costuma realizar durante o seu dia?

2º) O que é atividade física?

3º) Como se pode definir atividade física em poucas palavras?

4º) A pessoas que fazem parte do seu cotidiano fazem atividade física? Explique.

5º) A prática regular de atividade física traz benefícios? Quais?

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PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______

Pesquise e anote em seu caderno o que é sedentarismo e os seus malefícios.

SOBRE A SAÚDE

Assistindo à televisão, é frequente ouvirmos falar em visa saudável, viver com

saúde, que é importante cuidarmos da nossa saúde. Aliás, não só a TV, mas a

imprensa toda trata do assunto: as revistas, os jornais, o rádio, e também a internet,

seja em sites e portais jornalísticos, seja em sites específicos sobre saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu seu objeto de estudo, em

1940, como “um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não

somente a ausência de doenças ou enfermidades”. A partir daí as ciências da saúde

passariam a tratar o homem, não a doença.

O conceito atual de saúde e, portanto, mais abrangente, holístico, e até mais

rigoroso. Não se espera mais que uma doença se manifeste para que as providências

curativas sejam tomadas. Buscar a saúde hoje não significa apenas evitar a morte,

mas principalmente aproveitar a vida com tal disposição. É por isso que cada vez mais

o termo saúde amplia-se, ultrapassando os limites dos profissionais da área médica,

atingindo a todos os outros, no objetivo de buscar as condições ótimas de

funcionamento do nosso corpo e de nossa mente, baseados em critérios fisiológicos

e psicológicos.

E essa constância do assunto na pauta do dia a dia fez da mídia um aliado

poderoso das pessoas que buscam saúde, posto que se necessita de uma população

bem informada e que, assim, possa mudar seus hábitos em prol do seu bem-estar. A

mudança de hábito é, aliás, um dos pontos cruciais para a obtenção de uma saúde

global. Os avanços em todas as ciências têm conduzido a uma concepção de saúde

como um equilíbrio, uma medida certa das ações do homem que somente levem ao

seu bem. O homem no controle dos seus comportamentos. Trata-se da vinculação

direta da saúde com o estilo de vida. Sua saúde deriva da sua condição global, uma

vez que o estado do seu físico interfere no seu estado mental e vice-versa.

O estilo de vida do homem do século XXI “conspira” contra sua saúde. Para

muitos, o cotidiano é sem dúvida bastante cansativo e esgotante, o que não raro

resulta numa compensação, no fim do expediente, chamada preguiça. Podemos

também colocar a culpa na tecnologia, afinal é o controle remoto da TV que nos

mantém presos ao sofá; é o nosso carro sempre a mão que não nos deixa mais

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caminhar; são os alimentos industrializados, cada vez mais fáceis de preparar e de

comer, com embalagens cada vez mais práticas, que “nos traem” com gordura a mais,

vitaminas a menos aditivos químicos nocivos ao organismo.

Não obstante, há ainda os vícios químicos, que nos acompanham e cada vez

mais tornam-se eternos inimigos da nossa vontade de viver com saúde: o fumo, o

álcool e as drogas dos mais variados tipos (medicamentos e drogas puras ou

misturadas). As drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, nem sempre levam o usuário à

morte, nem sempre causam doenças com nome, nem sempre viciam. Mas é certo que

elas interferem no bom funcionamento do corpo e da mente e desestabilizam o estado

que se pode chamar de saúde. Saúde individual e coletiva!

SABA, F. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2008.

ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):

1º) O que definitivamente é saúde?

2º) O que as pessoas de áreas médicas e afins buscam com a saúde?

3º) Você consegue identificar outros profissionais que tratam a saúde além dos

médicos? Quais?

4º) Por que os meios de comunicação exploram tanto o campo da saúde?

5º) O que é saúde global?

6º) Como adquirirmos a nossa saúde global sem que precisemos viver numa redoma

de vidro?

7º) Como exibir um layout saudável e ser de fato pleno?

8º) Quais motivos desencadeiam a falta de uma vida saudável?

PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______

Pesquise e registre em seu caderno a relação do sedentarismo com a modernidade.

OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA

Há uma relação direta da qualidade de vida, da saúde e da prática regular de

atividade física, uma vez que contribui positivamente no funcionamento ótimo do

corpo, melhorando a saúde, aumentando a disposição e ajudando no controle do

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estresse, além de auxiliar no controle da massa corporal, se auxiliado com outros

hábitos de vida.

A prática habitual de atividade física envolve, ainda, a possibilidade de inclusão

social, interferindo no humor do praticante. Além disso, a prática por si só proporciona

prazer, ou por ser divertida, de acordo com o gosto da pessoa, ou por provocar a

produção de hormônios de efeito agradável.

A atividade física acompanha o homem desde os tempos mais remotos. Há

muitos milênios, a atividade física permitia ao ser humano realizar suas tarefas diárias

de sobrevivência, como caça, pesca, possibilitava também que ele se defendesse ou

fosse capaz de fugir. No entanto, atualmente, com as novas tecnologias, somos

capazes de passar dias, semanas e meses sem realizar grandes esforços físicos, sem

que para isso seja necessário deixar de trabalhar, cozinhar, estudar.

Os benefícios de ser ativo fisicamente são muitos, dentre eles podemos citar:

controle de peso corporal; melhora a resistência física; melhora a força muscular;

fortalece os ossos; ajuda a controlar a pressão arterial; ajuda a controlar a glicose

(açúcar) do sangue; aumenta a resistência contra as doenças. IMPORTANTE:

Quando uma pessoa deixa de ser sedentária e se torna ativa, diminui em 40% o risco

de morrer em consequência de doenças como o infarto. Ainda em se tratando dos

benefícios da atividade física, ela aumenta a autoestima; alivia o estresse do cotidiano,

a ansiedade; aumenta o bem-estar; estimula o convívio social; melhora a insônia e a

redução no consumo de medicamentos; dentre outros.

Deste modo, após reconhecer os variados benefícios proporcionados pela

atividade física, o questionamento que fica é com podemos conciliar a prática de

atividade física ao nosso cotidiano? De maneira simples: em lugar de elevadores; use

escadas ou rampas; evite ficar muito tempo parado, mesmo ao telefone procure se

exercitar; estacione o carro um pouco mais longe do destino, ou desça da condução

um ou dois pontos antes; aproveite o horário do almoço para caminhar até o

restaurante; sempre que possível, vá andando ao banco, à padaria, ao correio ou ao

shopping; cuide você mesmo do seu jardim, varra a casa, tire a poeira dos móveis,

lave o carro (mas sem desperdício de água); leve o cachorro para passear, dance,

ande de bicicleta; junte a turma do prédio, da rua, do bairro ou da escola para

caminhadas, pedaladas e até mesmo para jogar vôlei, peteca, ou uma boa pelada.

Para ser mais ativo você não precisa de nenhum equipamento especial, ou de

habilidade. O segredo é escolher atividades que possam ser feitas na maior parte dos

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dias da semana e que se adaptem ao seu estilo de vida. Não tenha medo de tentar

atividades diferentes. O importante é você se divertir e sentir prazer com o que está

fazendo, pois assim você obterá melhores resultados.

ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):

1º) Por que há uma relação direta na tríada atividade física, saúde e qualidade de

vida?

2º) Cite alguns benefícios provenientes da prática regular de atividade física.

3º) Cite alguns malefícios do sedentarismo.

4º) Como podemos ser mais ativos fisicamente durante nosso cotidiano?

5º) Por que não se precisa de nenhum equipamento especial para sermos mais ativos

fisicamente?

6º) É possível ser ativo fisicamente na escola? De que forma?

PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______

Pesquise e registre em seu caderno a relação da atividade física e saúde com o meio

ambiente.

PRODUÇÃO COLETIVA! PARA O DIA: ______ / ______ / ______

Produzir um folder informativo acerca da atividade física e saúde e sua relação com o

meio ambiente. Retratem a importância da prática da atividade física, de que forma

está presente no cotidiano, estratégias para sermos mais ativos fisicamente, a

influência do meio ambiente na prática de atividade física e manutenção da saúde,

etc. Os folders serão entregues e apresentados ao colégio.

Professora Dayane Dórea

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ANEXOS

Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Colégio

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Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Alunos

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Dayane Ramos Dórea, acadêmica do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu

em Atividade Física e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de

Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizo uma pesquisa intitulada:

Atividade Física e Saúde: Seu trato didático-pedagógico na educação física escolar.

Tal estudo é parte da produção de um Trabalho de Conclusão de Curso e tem a

orientação da Professora Doutora Regina Sandra Marchesi.

Assim, convidamos ao Sr./Srª. a participar do presente estudo como

informante. A pesquisa objetiva incorporar estratégias teórico-metodológicas acerca

do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade física e saúde e sua relação

com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na 2ª série do Ensino Médio

Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina Saraiva.

Dessa forma, pedimos sua atenção e cuidado na leitura do instrumento e esclareça

qualquer dúvida com a pesquisadora.

Sua participação no presente se dará a partir de respostas a dois instrumentos

de pesquisa específicos e sua identificação a partir de um número. Para tanto,

solicitamos sua autorização para a aplicação e análise dos dados, que serão utilizados

apenas para os fins de investigação, sendo tratados apenas pela pesquisadora. A

privacidade do/da informante será mantida em sigilo, não havendo a identificação dos

nomes. A pesquisa se refere ao tema em estudo, não é invasiva e não oferece

qualquer tipo de risco e exposição.

Sua participação deverá ser voluntária, podendo se retirar do estudo a qualquer

momento. Você poderá obter informações sobre o andamento e resultados da

pesquisa em contato com a acadêmica Dayane Ramos Dórea, através do telefone

(75) 99953-1267 ou no e-mail: [email protected].

Esplanada, BA, 11 de julho de 2018.

_____________________________________

Acadêmica

_________________________________________________

Participante da pesquisa número ________

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PARTICIPANTES:

Nº PESQUISADO(A)

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

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Anexo C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Pais

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Dayane Ramos Dórea, acadêmica do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu

em Atividade Física e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de

Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizo uma pesquisa intitulada:

Atividade Física e Saúde: Seu trato didático-pedagógico na educação física escolar.

Tal estudo é parte da produção de um Trabalho de Conclusão de Curso e tem a

orientação da Professora Doutora Regina Sandra Marchesi.

Assim, seu(sua) filho(a) foi convidado para participar do presente estudo como

informante. A pesquisa objetiva incorporar estratégias teórico-metodológicas acerca

do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade física e saúde e sua relação

com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na 2ª série do Ensino Médio

Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina Saraiva.

Dessa forma, pedimos sua atenção e cuidado na leitura do instrumento e esclareça

qualquer dúvida com a pesquisadora.

A participação do(a) seu(sua) filho(a) no presente se dará a partir de respostas

a dois instrumentos de pesquisa específicos e sua identificação a partir de um número.

Para tanto, solicitamos sua autorização, visto seu(sua) filho(a) ser menor de idade,

para a aplicação e análise dos dados, que serão utilizados apenas para os fins de

investigação, sendo tratados apenas pela pesquisadora. A privacidade do/da

informante será mantida em sigilo, não havendo a identificação dos nomes. A

pesquisa se refere ao tema em estudo, não é invasiva e não oferece qualquer tipo de

risco e exposição.

Sua participação deverá ser voluntária, podendo se retirar do estudo a qualquer

momento. Você poderá obter informações sobre o andamento e resultados da

pesquisa em contato com a acadêmica Dayane Ramos Dórea, através do telefone

(75) 99953-1267 ou no e-mail: [email protected].

Esplanada, BA, 11 de julho de 2018.

_____________________________________

Acadêmica

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Responsável do participante da pesquisa número ________

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Anexo D – Folder produzido pela turma

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Anexo E – Fotos das intervenções

Aula 1 – Dia 18/07/2018

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Aula 2 – Dia 19/07/2018

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Aula 3 – Dia 01/08/2018

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Aula 4. Dia 15/08/2018

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Aula 5 – Dia 22/08/2018

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Aula 6 – Dia 29/08/2018

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