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UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FABRISIA KARINE CARLOS DA COSTA PACHÊCO O PODER DA BELEZA NO EMPREENDEDORISMO FEMININO NATAL 2017

UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA ...§ão...ABC Agência Brasileira de Cooperação CCE Características Comportamentais do Empreendedor EMPRETEC Workshop de Treinamento Comportamental

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

FABRISIA KARINE CARLOS DA COSTA PACHÊCO

O PODER DA BELEZA NO EMPREENDEDORISMO FEMININO

NATAL 2017

FABRISIA KARINE CARLOS DA COSTA PACHÊCO

O PODER DA BELEZA NO EMPREENDEDORISMO FEMININO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade Potiguar - UnP como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração Profissional, área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas. Orientadora: Prof.ª Dra. Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone Cooorientador: Prof.º Dr. Manoel Pereira da Rocha Neto

NATAL 2017

Pachêco, Fabrisia Karine Carlos da Costa. O poder da beleza no empreendedorismo feminino / Fabrisia Karine Carlos da Costa Pachêco. – Natal, 2017. 100 f. Orientadora Profª. Drª. Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação. Referências: f. 78-85. 1. Administração – Dissertação. 2. Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs). 3. Modelo MacClelland e Winter. 4. Empreendedoras. 5. Ramo da estética e beleza I. Título.

FABRISIA KARINE CARLOS DA COSTA PACHÊCO

O PODER DA BELEZA NO EMPREENDEDORISMO FEMININO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Administração da Universidade Potiguar - UnP como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração Profissional, área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

Aprovada em: ___ /___ /____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ Prof.ª Dr.ª Nilda Maria de Clodoaldo P. Guerra Leone

Orientadora

_________________________________ Prof.º Dr. Manoel Pereira da Rocha Neto

Membro Examinador Interno

_________________________________ Prof.ª Dr.ª Patrícia Whebber Souza de Oliveira

Membro Examinador Externo

À minha mãe, Narcisa Carlos, que tornou possível a

realização desse sonho, e à minha filha, Tâmisa

Gabriela, que me apoiou em todas as etapas com

seu carinho e compreensão. Dedico este trabalho

especialmente a elas, as quais me ajudaram para

que eu pudesse trilhar o caminho da sabedoria e

concluir mais uma etapa da minha vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado o dom da sabedoria e o milagre da vida,

assim como a oportunidade de realizar mais um sonho ao lado de pessoas que amo.

Ao meu irmão João Henrique por ser muito importante na minha vida e por

me ajudar sempre que preciso.

Aos familiares e amigos com quem pude contar sempre. À minha madrinha

Nizete Carlos por me acolher quando precisei.

À minha avó Elita Carlos, que torce bastante com minha realização pessoal

e profissional.

A cada um dos colegas de mestrado com quem dividi aflições e superações

em sala de aula.

Agradeço, também, às minhas amigas Jane, Mércia, Patrícia e Amanda

Freitas com quem dividi as estradas, os medos e as alegrias no translado

Mossoró/Natal. Em especial à minha amiga Hedja Lanna, com quem dividi as

dúvidas e os conhecimentos aprendidos na construção e finalização da dissertação.

A todos os meus professores, pois foram eles que me ajudaram a trilhar os

caminhos árduos e ao mesmo tempo prazerosos do conhecimento e da sabedoria.

Em especial à minha orientadora Prof.ª Dr.ª Nilda Leone, que me guiou com

maestria nesse longo caminho, ao meu coorientador Prof.º Dr. Manoel Pereira por

sua paciência, direcionamento e conhecimento, à Prof.ª Laís Barreto, exemplo de

profissional, e também à querida Prof.ª Lydia Brito, a qual considero ser uma

inspiração.

Enfim, a todos os que fazem parte da minha vida, que me apoiaram e

entenderam os momentos em que estive nessa caminhada desde o início

elaborando este trabalho.

“O saber nunca se esgota e o aprender não tem

limites”.

(Marlete Alves de Melo)

RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo identificar e analisar as Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs) em empresárias no ramo da estética e beleza corporal na cidade de Mossoró-RN segundo MacClelland e Winter. O estudo identificou CCEs consideradas importantes no empreendedorismo, haja vista a relevância deste no desenvolvimento de uma nação. Como metodologia, destacamos o estudo de campo descritivo com abordagem quantitativa envolvendo um universo de 148 empreendedoras do ramo da estética e beleza corporal em Mossoró-RN com uma amostra de 46 pesquisadas. O instrumento de coleta de dados foi baseado no modelo McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972). Utilizou-se na pesquisa questionário dividido em duas partes: a primeira relacionada ao perfil sociodemográfico das pesquisadas e; a segunda às CCEs. Para a análise dos resultados foi utilizado o software Statistica SPSS, versão 20.0, e análises estatísticas aplicadas, descritivas e comparativas. O resultado do perfil sociodemográfico identificou mulheres brancas, casadas, mães, naturais de Mossoró-RN e faixa etária entre 18 a 40 anos. Quanto às CCEs, os resultados indicaram que a característica com maior representatividade entre as empreendedoras é a Busca de Oportunidade e Iniciativa, e a característica mais ausente é a Persuasão e Rede de Contatos. Constatou-se que a CCE Persuasão e Rede de Contatos foi à única que apresentou significância no resultado da pesquisa quando fez-se a relação entre o perfil sociodemográfico e as CCEs. Palavras-chave: Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs). Modelo McClelland e Winter. Empreendedoras. Ramo da estética e beleza.

ABSTRACT This study aims at identifying and analyzing behavioral characteristics of the entrepreneur amongst female entrepreneurs in the branch of aesthetic and beauty in the city of Mossoro, state of Rio Grande do Norte, Brazil, according to McClelland and Winter (1971) and McClelland (1972). The present research identified behavioural characteristics of the entrepreneur which were found important in entrepreneurship, considering its relevance in the development of a nation. This is a descriptive field study with quantitative approach, involving an amount of 148 female entrepreneurs of the branch of aesthetics and beauty in Mossoro, with a sample of 46 ones surveyed. The data collection instrument is adapted from the model by McClelland and Winter (1971) and McClelland (1972). It was used a questionnaire divided into two parts, in which the first one is related to the surveyed entrepreneur's demographic profile, and the second part is related to their behavioural characteristics. For the analysis of the results, it was used the software Statistica SPSS 20.0 and applied, comparative and descriptive statistical analysis. The result of the demographic profile survey showed: white and married women with children, from Mossoro and aged from 18 to 40 years old. In relation to the second part of the survey, the results indicated that the most representative characteristic among the entrepreneurs is the Pursuit of Opportunity and initiative, and the most absent one is the Persuasion and Networking. It was noted that the behavioural characteristic Persuasion and Networking was the only one which presented significance in the result when associating the demographic profile and the behavioural characteristics of the entrepreneur. Keywords: Behavioral characteristics of the entrepreneur. Model by McClelland and Winter. Female Entrepreneurs. Branch of aesthetics and beauty.

LISTA DE QUADROS Quadro 01 Conjuntos de competências e as principais características

comportamentais do empreendedor.................................... 44 Quadro 02 Variáveis analíticas............................................................... 53 Quadro 03 Relação do instrumento de pesquisa com os objetivos........ 54 Quadro 04 Resumo das análises estatísticas aplicadas........................ 55 Quadro 05 Síntese do perfil sociodemográfico....................................... 58 Quadro 06 Demonstrativo das CCEs identificadas nas

empreendedoras pesquisadas de acordo com a dimensão forte....................................................................................... 71

Quadro 07 Demonstrativo dos índices de presença e ausência das CCEs entre as pesquisadas de acordo com todas as dimensões ............................................................................ 71

LISTA DE TABELAS Tabela 01 Confiabilidade dos dados...................................................... 56 Tabela 02 Perfil das empreendedoras................................................... 57 Tabela 03 Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com

relação à Realização............................................................ 60 Tabela 04 Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com

relação ao Planejamento...................................................... 62 Tabela 05 Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com

relação ao poder................................................................... 63 Tabela 06 Teste de Kolmogorov Smirnov.............................................. 64 Tabela 07 Estatística descritiva das dimensões McClelland e Winter... 65 Tabela 08 Comparação das dimensões................................................ 66 Tabela 09 Comparação das dimensões avaliadas por idade................ 67 Tabela 10 Comparação das dimensões avaliadas por estado civil....... 67 Tabela 11 Comparação das dimensões avaliadas por possuir filho ou

não........................................................................................ 68 Tabela 12 Comparação das dimensões avaliadas por número

integrante familiar................................................................. 68 Tabela 13 Comparação das dimensões avaliadas pela afirmação de

ter algum Curso de Graduação ou Especialização............... 69 Tabela 14 Análise de correlação das dimensões de McClelland.......... 70 Tabela 15 Distribuição de frequência das CCEs e dimensões

avaliadas.............................................................................. 72

LISTA DE FIGURAS Figura 01 Evolução histórica do empreendedorismo............................ 24 Figura 02 Fatores limitantes e favoráveis das atividades

empreendedoras do Brasil.................................................... 27 Figura 03 Taxas de empreendedorismo segundo estágio de

empreendimentos................................................................. 29 Figura 04 Características dos empreendedores de sucesso frente à

média de empreendedores comuns..................................... 43 Figura 05 Características dos empreendedores comuns..................... 44

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Teste de Tukey das dimensões McClelland......................... 66

LISTA DE SIGLAS ABC Agência Brasileira de Cooperação CCE Características Comportamentais do Empreendedor EMPRETEC Workshop de Treinamento Comportamental GEM Global Entrepreneurship Monitor IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MRE Ministério das Relações Exteriores PIB Produto Interno Bruto

PNUD Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

TTE Taxas Total do Empreendedorismo

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 15 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO..................................................................... 16 1.2. PROBLEMA DA PESQUISA............................................................. 18 1.3. OBJETIVOS....................................................................................... 19 1.3.1. Objetivo Geral.................................................................................. 19 1.3.2. Objetivos Específicos..................................................................... 19 1.4. JUSTIFICATIVA................................................................................. 20 1.5. ESTRUTURADO DO TRABALHO..................................................... 22 2. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................ 23 2.1. EMPREENDEDORISMO................................................................... 23 2.2. EMPREENDEDORISMO NO BRASIL............................................... 26 2.3. EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE OU

NECESSIDADE................................................................................. 29 2.4. EMPREENDEDOR: DEFINIÇÕES E CONCEITOS.......................... 31 2.5. EMPREENDEDORISMO FEMININO................................................ 34 2.6. EMPREENDEDORISMO NO SEGMENTO DA ESTÉTICA E

BELEZA CORPORAL EM MOSSORÓ.............................................. 37 2.7. CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DO

EMPREENDEDOR DA TEORIA DE DAVI MCCLELLAND................................................................................... 38

2.7.1 A teoria da motivação de David McClelland........................................................................................ 38

2.7.2. A evolução dos estudo de David McClelland e Winter................ 41 2.8. ESTUDOS RELACIONADOS AO TEMA........................................... 46 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................... 49 3.1. TIPO DE PESQUISA......................................................................... 49 3.2. UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA........................................ 51 3.3. COLETA DE DADOS......................................................................... 51 3.3.1 Instrumento de Pesquisa................................................................ 52 3.4. VARIÁVEIS ANALÍTICAS.................................................................. 53 3.5. TRATAMENTO DOS DADOS........................................................... 54 3.5.1. Relação dos Objetivos com o Instrumento de Pesquisa............. 54 4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS

RESULTADOS.................................................................................. 56 4.1. OBJETIVO ESPECÍFICO Nº 01: CARACTERIZAR PERFIL

SOCIODEMOGRÁFICO DAS EMPREENDEDORAS PESQUISADAS................................................................................. 57

4.2. OBJETIVO ESPECÍFICO N.º 02: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À CATEGORIA DESEJO DE REALIZAÇÃO.............................................................................. 60

4.3. OBJETIVO ESPECÍFICO N.º 03: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À CATEGORIA PLANEJAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS..................... 62

4.4. OBJETIVO ESPECÍFICO N.º 04: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR

DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À CATEGORIA PODER...... 63 4.5. OBJETIVO ESPECÍFICO N.º 05: COMPARAR O PERFIL

SOCIODEMOGRÁFICO DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO ÀS CATEGORIAS REALIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E PODER ....

64

4.6. OBJETIVO GERAL: IDENTIFICAR QUAIS CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR ESTÃO PRESENTES NAS MULHERES EMPREENDEDORAS DO SEGMENTO DA ESTÉTICA CORPORAL NA CIDADE DE MOSSORÓ-RN.................................................................................. 70

5. CONCLUSÕES................................................................................. 75 REFERÊNCIAS................................................................................. 78 ANEXOS............................................................................................ 86

15

1. INTRODUÇÃO

As transformações sociais ocorridas nos últimos tempos desencadearam

mudanças e redefinição do papel da mulher na sociedade moderna. O gênero tem

acompanhado essas modificações e cada vez mais conquistado seu espaço

profissional, embora ainda esteja buscando conquistas. Elas têm desempenhado

novas e diferentes funções e atuando nos mais diversos setores da economia,

possibilitando a ascensão a novas posições sociais. Nesse contexto, as mulheres

desempenham diferentes papeis, dividindo-se entre a família, o trabalho e outros

afazeres e exercendo múltiplas jornadas.

De acordo com o Portal do Empreendedor (2016), o segmento da estética e

beleza é um setor que vem crescendo consideravelmente a nível global. Muitas

empresas, a maioria de pequeno e/ou médio porte, estão sendo abertas para

atender essa demanda que cresce a cada dia e estão sendo iniciadas por mulheres

empreendedoras que observam no segmento uma chance de vencer na vida, seja

por necessidade ou oportunidade. Essas empresas são clínicas cuja atividade

principal é cuidar da beleza e estética corporal das pessoas, proporcionando-lhes

bem-estar e saúde.

Ainda de acordo com o Portal do Empreendedor (2016), o

empreendedorismo feminino é uma realidade cada vez mais presente, em que

mulheres o buscam como opção de uma vida mais promissora no que diz respeito à

sua vida pessoal e profissional.

Diante desse cenário, e considerando-se o valor econômico e social do

trabalho da mulher, o perfil empreendedor feminino é o objeto de pesquisa deste

trabalho.

A análise desta pesquisa foi realizada na cidade de Mossoró-RN e seu

campo de estudo escolhido por alguns motivos pertinentes, já que a delimitação da

população é necessária. Entre eles destaca-se o fato da cidade registrar o segundo

maior PIB do Estado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), e mais empreender no Rio Grande do Norte, bem como se destacar no que

que toca ao empreendedorismo feminino (PORTAL DO EMPREENDEDOR, 2016).

16

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Ao tratar do empreendedorismo feminino na cidade de Mossoró-RN faz-se

importante conhecer sobre alguns dados e fatos a respeito das mulheres dessa

cidade.

Seguindo um cronograma histórico e de acordo com a Prefeitura Municipal

de Mossoró1, cidade considerada a Capital da Cultura do Rio Grande do Norte, o

município se orgulha de sua história de pioneirismo e bravura e destaca quatro

grandes feitos: a resistência à invasão do Bando de Lampião, em 13 de junho de

1927; a libertação dos escravos, em 30 de setembro de 1883, cinco anos antes da

Lei Áurea, tornando-se a sexta cidade do Brasil a abolir a escravidão antes do

decreto da Princesa Isabel, em 1888; o movimento conhecido como Motim das

Mulheres, Revoltas das Mulheres ou Guerra das Mulheres, ocorrido em 30 de

agosto de 1875 e; o primeiro voto feminino da América Latina, no ano de 1927. Os

dois últimos feitos descrevem a superação e a conquista da mulher mossoroense.

Ainda de acordo com o Portal da Prefeitura Municipal de Mossoró (2016), a

história relata que foi na cidade que ocorreu no dia 4 de setembro de 1875 o Motim

das Mulheres, que descreve a saída do gênero às ruas com o objetivo de protestar

contra a obrigatoriedade do alistamento militar para a Guerra do Paraguai.

Cerca de trezentas mulheres fizeram de refém o escrivão de paz e em praça

pública rasgaram o livro e os papéis que recrutavam os homens mossoroenses para

a referida Guerra. Entre as líderes do Motim estavam Joaquina de Souza, Maria

Filgueira e Anna Rodrigues Braga, conhecida como Anna Floriano. Esta chegou a

empunhar um espeto de ferro para defender a redação do jornal, local de invasão

dos mandantes de um político que queria impedir a publicação dos fatos.

Atualmente, o Motim das Mulheres é apresentado em um espetáculo encenado no

Auto da Liberdade.

O Rio Grande do Norte foi o primeiro Estado brasileiro a conceder o voto à

mulher, em 1927, na cidade de Mossoró-RN. Celina Guimarães Viana, nascida em

15 de novembro de 1890 na referida cidade, requereu o alistamento baseada no

texto constitucional do estado que mencionava o direito ao voto sem distinção de

sexo. Entretanto, na primeira eleição em que as mulheres votaram seus votos foram

1 Portal da Prefeitura Municipal de Mossoró, ano referência 2016.

17

anulados por decisão da Comissão de Poderes do Senado Federal, em 1928, sob a

alegação de que era necessária uma lei especial a respeito2.

De acordo com Pires (2016), o voto feminino aconteceu primeiramente no

RN decorrente de conflitos entre a legislação do Estado e a Constituição Federal

Brasileira. Considerada uma mulher forte e de personalidade marcante, Celina é

lembrada historicamente como a primeira eleitora não somente do Estado, mas do

país e da América Latina. Ainda hoje esse pioneirismo é relembrado como fato

marcante para a cidade (PIRES, 2016).

Nesse ínterim, podemos avaliar que as mulheres mossoroenses possuem

um histórico de conquistas e não poderia ser diferente em relação ao mercado de

trabalho.

Atualmente, e segundo dados da Prefeitura Municipal de Mossoró (PORTAL

DA PREFEITURA DE MOSSORÓ, 2016), a cidade é conhecida como a terra do sol,

do sal, do petróleo e da liberdade, está localizada a 278 km da capital do Rio Grande

do Norte, Natal, e a 245 km da capital do Ceará, Fortaleza; é uma cidade com muito

fluxo entre as duas capitais e atende diversas cidades vizinhas interioranas dos dois

Estados quanto a serviços comerciais, industriais, educacionais, médicos e outros;

possui ampla demanda de clientes que não se restringem apenas aos cidadãos

locais; a fruticultura irrigada, a indústria salineira e a indústria extrativa são alguns

dos segmentos econômicos em destaque na cidade; o município é o maior produtor

de sal do país e o maior produtor de petróleo em terra e; a fruticultura irrigada é

voltada em sua maior parte para a exportação, com destaque para a produção do

melão.

A cidade em descrição registra o segundo maior PIB, o que representa a

soma de todos os bens e serviços produzidos pelos três setores da economia do

RN, com participação de 10,8% no total, ficando atrás apenas da capital, com PIB de

37,10%. E o setor de serviços foi o responsável pelo aumento do PIB no Estado,

com aumento de 9%, se comparado a 2010 (IBGE, 2016).

Segundos dados do Portal do Empreendedor (2016), em seu último relatório

extraído em abril de 2016, existe hoje no Estado do RN um total de 77.777

microempresas individuais registradas nos mais diversos setores e segmentos.

Desse total, 41.174 são gerenciadas por homens e 36.603 por mulheres. Em

2 Portal da Prefeitura Municipal de Mossoró, ano referência 2016.

18

Mossoró, existe hoje no setor da estética um total de 6.450 empresas registradas.

Desse total, 3.211 são gerenciadas por homens e 3.239 por mulheres. Dentro desse

segmento, tratando apenas de clínicas de estética e beleza corporal - neste não

inclui, por exemplo, os salões de cabelos -, ele ocupa a sétima colocação, com um

total de 153 empresas cadastradas, sendo 04 gerenciadas por homens e 149 por

mulheres.

É notório o crescimento da mulher nas atividades financeiras. De acordo

com Arroio e Régnier (2001), o crescimento das mulheres no mercado de trabalho

está associado a transformações nas relações familiares e conjugais como, por

exemplo, o constante crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres.

Percentualmente, o número de casas brasileiras gerenciadas por mulheres em 1989

representavam 20,1%, em 1999 chegou a 26%, em 2002 equilibrou em 25,5% e em

2010 representou 37% (IBGE, 2010). Isso significa que muitas mulheres são

responsáveis pelo seu sustento e também pelo sustento de seus lares. Esses

resultados são frutos do empreendedorismo feminino crescente no país, gerando

renda ao gênero. Com isso, as mulheres têm buscado ocupar espaços antes

ocupados apenas pelos homens e hoje passaram a direcionar a atenção aos

negócios com os quais têm ligações, e é o setor da estética e da beleza que tem

atraído uma parte considerável do público feminino.

1.2. PROBLEMA DA PESQUISA

É notório a ampliação de alguns segmentos de atividades na economia do

país. De acordo com Abreu (2016), o aumento do segmento da beleza aliado ao

número de mulheres que hoje trabalham fora de casa e somado ao crescimento do

poder aquisitivo provocou sofisticação no mercado da beleza e estética, passando a

ser elemento de valorização pelas consumidoras.

Esta “nova” mulher que se insere no mercado e na sociedade é a locomotiva

que move o crescimento do mercado de beleza e estética e modifica os paradigmas

e conceitos das clínicas de estéticas.

O novo papel desempenhado pela mulher na dinâmica econômica e social

tem despertado interesse crescente e de forma geral. Sociedade e governos de

muitos países reconhecem a importante colaboração oferecida pelas mulheres à

19

frente da gestão de empresas e como colaboradoras no mercado de trabalho

(SANTOS, SALES E LEITE, 2011).

Considerando a importância de obter mais conhecimentos sobre essa nova

demanda do papel da mulher na sociedade, esta pesquisa tem como objetivo

caracterizar o perfil da mulher empreendedora no segmento da estética corporal na

cidade de Mossoró-RN por meio de suas características sociodemográficas e

também de acordo com as Características Comportamentais do Empreendedor

(CCEs) da teoria de David McClelland e Winter em suas três categorias: desejo,

realização e poder. E como pergunta-chave: Quais as características do perfil

empreendedor das mulheres do segmento da estética e beleza corporal na

cidade de Mossoró-RN?

1.3. OBJETIVOS 1.3.1. Objetivo Geral

Identificar quais características do comportamento empreendedor estão

presentes nas mulheres empreendedoras do segmento da estética corporal

na cidade de Mossoró-RN.

1.3.2. Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil das mulheres empreendedoras do segmento da estética

corporal da cidade de Mossoró-RN através das variáveis sociodemográficas;

Identificar as características do comportamento empreendedor das

pesquisadas em relação à categoria Desejo de Realização, de acordo com

McClelland e Winter;

Identificar as características do comportamento empreendedor das

pesquisadas em relação à categoria Planejamento e Resolução de

Problemas, de acordo com McClelland e Winter;

Identificar as características do comportamento empreendedor das

pesquisadas em relação à categoria Poder, de acordo com McClelland e

Winter;

20

Comparar o perfil sociodemográfico das pesquisadas em relação às

categorias Realização, Planejamento e Poder.

1.4. JUSTIFICATIVA

Os primeiros estudos sobre mulheres empreendedoras foram realizados na

América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e buscavam identificar o perfil do

gênero em seus novos negócios e a independência. Geralmente iniciando com

pouco capital, essas empreendedoras deparavam-se com dificuldades em conciliar o

trabalho e a família (MACHADO et al, 2010).

Com o passar dos anos, o panorama econômico modificou e a mulher foi se

inserindo nesse cenário (MACHADO et al, 2010). Com a inserção da mulher no

mercado de trabalho houve predominância de empresas criadas e administradas por

mulheres empreendedoras. E o empreendedorismo feminino se destacou como

setor promissor do mercado, ocasionando novas demandas socioeconômicas em

um universo antes delimitado apenas por homens.

Dorvillé (2015) afirma que em Mossoró as mulheres já comandam 52% dos

novos negócios no país e na região Nordeste. Elas estão prestes a ultrapassar os

homens, com aproximadamente 49% de participação entre os novos

empreendedores. Dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor - GEM

(2014) afirma que apesar do Nordeste ser a única região em que a participação das

mulheres ainda não superou a masculina, no interior do Rio Grande do Norte a força

empreendedora feminina tem mostrado importância para a economia potiguar.

A flexibilidade para gerenciar o próprio tempo e conciliar o trabalho com a

vida familiar é um dos fatores determinantes para o aumento do número de

mulheres que empreendem. Além disso, a participação feminina na renda familiar e

a busca por independência financeira também são elementos que impulsionam

esses números. Em Mossoró, o setor da estética e beleza ocupa a sétima colocação

no ranking das empresas cadastradas no ramo de serviço (SEBRAE, 2013).

Nessa ótica, a proposta da pesquisa justifica-se por alguns fatores

relevantes, como individual, acadêmico, institucional e social. O fator individual parte

da premissa de que o empreendedorismo feminino vem se destacando cada vez

mais nos últimos anos e que pesquisadores de áreas distintas têm se dedicado a

21

estudar os motivos pelos quais o gênero tem buscado desenvolver novas formas de

se inserir no mercado em busca de sua autonomia financeira e social. Os ensejos

desse tipo de empreendedorismo, as razões de sucesso e as variáveis que

influenciam têm sido assunto discutido por profissionais da área da Administração,

despertando o interesse em saber mais sobre o tema. No que toca ao fator

acadêmico é preciso observar a importância desses estudos e seus impactos nos

resultados dos cursos de pós-graduação ofertados por instituições que formam

essas profissionais, em específico o Mestrado Profissional em Administração (MPA),

linha de pesquisa Gestão Estratégica de Pessoas. Institucionalmente, o

empreendedorismo feminino está em evidência e aumentando gradativamente o

número de empreendimentos organizados pelo gênero, sendo importante conhecer

o cenário econômico que atuam, entender as razões que as fazem empreender e

também compreender o gerenciar, considerando suas características peculiares.

De acordo com os estudos de Mukhtar (1998), há uma tendência no

comportamento gerencial das mulheres caracterizado por objetivos claros, estruturas

simples, comportamento estratégico inovador, estilos cooperativos de liderança e

ênfase em qualidade que são responsáveis pelo sucesso de gerenciar organizações.

E finalmente, no que diz respeito ao fator social, destaca-se a inserção da

mulher na sociedade, o reconhecimento e a relevância do trabalho feminino no

desenvolvimento econômico e social de uma nação.

Além desses fatores, um estudo realizado por McClelland (1987) sobre as

características comportamentais dos empreendedores, sobretudo identificando a

relação dessas características com as motivações para realizar seus feitos,

despertou o desejo que fosse possível desenvolver programas que estimulassem o

desenvolvimento dessas características. A partir disso, constatou-se que o sucesso

dos indivíduos empreendedores está diretamente ligado ao desenvolvimento de um

país. Assim, McClelland (1987) considera extremamente importante o estudo do

empreendedorismo para o desenvolvimento econômico de qualquer nação.

A autor citado afirma que não há uma forma melhor de prover a base para o

rápido crescimento econômico do que incrementar o número de empreendedores

ativos na sociedade, uma vez que estes representam um segmento pequeno da

população, mas seu impacto é crucial, haja vista obter recursos para produzir bens e

serviços, criar empregos e diminuir a dependência do governo.

22

Dados do Portal do Empreendedor (2016) mostram que o percentual de

empresas registradas no mercado por mulheres têm crescido significativamente em

relação às empresas registradas e gerenciadas por homens. Em Mossoró, essas

empresas também têm acompanhado esse crescimento, sendo uma das cidades

onde o percentual de empreendedorismo feminino é um dos mais altos do Estado e

ocupa a sétima colocação no ranking no segmento da estética e beleza corporal.

Dessa forma é oportuno conhecer o perfil da mulher empreendedora no

segmento da estética corporal na cidade de Mossoró-RN com vistas a compreender

sobre este universo feminino empreendedor, e que assim possamos conhecer as

motivações dessas empreendedoras e identificar as características comportamentais

da mulher mossoroense empreendedora no segmento da estética corporal de

acordo a com a literatura pesquisada.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação está estruturada em cinco capítulos. O primeiro introduz

sucintamente o tema da pesquisa, qual seja: a mulher empreendedora no segmento

da estética e beleza corporal na cidade de Mossoró-RN. Nele estão inclusos a

contextualização, a problemática do estudo, os objetivos geral e específicos, a

justificativa e a estrutura do trabalho. O segundo capítulo apresenta o referencial

teórico, que trata das definições e conceitos sobre o empreendedorismo e o

empreendedorismo feminino, esferas macro e micro, respectivamente, baseado nas

Características do Comportamento Empreendedor (CCEs) da teoria de McClelland

(1971) e McClelland e Winter (1972). O terceiro capítulo descreve a metodologia

utilizada no estudo da pesquisa, informando a natureza e o tipo de pesquisa, a forma

de coleta dos dados, variáveis, tratamento dos dados e instrumento da pesquisa. O

quarto capítulo apresenta os dados e a análise dos resultados. E finalmente o quinto

capítulo apresenta as conclusões as quais chegou sobre a pesquisa.

23

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tece comentários sobre o empreendedorismo, descrevendo

sua origem e evolução, o empreendedorismo no Brasil, as características do

empreendedor, o empreendedorismo feminino, o empreendedorismo do segmento

da estética e beleza corporal e o perfil empreendedor de acordo com a literatura de

David McClelland e Winter.

2.1. EMPREENDEDORISMO

Historicamente, o uso do termo empreendedorismo teve origem há muitos

séculos. Dornelas (2001) afirma que a palavra empreendedorismo originou-se do

aventureiro Marco Polo, conhecido por suas viagens marítimas pelo oriente em

meados da Idade Média com fins comerciais. O aventureiro teria estabelecido uma

rota comercial rumo ao oriente para realizar vendas a pessoas com dinheiro,

atualmente chamados de capitalistas.

Para Mota (2004), capitalista é a pessoa que assumia os riscos de forma

passiva, e o empreendedor o aventureiro que assumia o papel ativo, correndo riscos

físicos e emocionais.

Já para Drucker (2003), o termo empreendedorismo foi utilizado pela

primeira vez pelo economista francês Jean Baptiste Say, que se referia a indivíduos

capazes de gerar valor por meio de novas maneiras de fazer as coisas. Contudo, ele

tem sido utilizado para descrever indivíduos que assumem riscos em busca de

geração de valores explorando o mercado.

No Brasil, a nominação empreendedorismo é recente, sendo mais utilizado a

partir da década de 1990. Para Dornelas (2007), o empreendedorismo no Brasil

surgiu com a abertura da economia e a criação de institutos, como o Serviço

Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

A Figura 01 relata a evolução histórica do empreendedorismo.

24

Figura 01 - Evolução histórica do empreendedorismo.

Fonte: Dornelas (2001).

O empreendedorismo é uma prática antiga da sociedade. Às vezes, mesmo

sem o conhecimento e o saber de empreender informalmente, o brasileiro o faz.

Esse costume está relacionado à necessidade e à forma de como a sociedade

enfrenta as dificuldades econômicas, sociais, políticas e financeiras do país

(RUBENS, 2000). Empreender deixa de ser apenas uma questão de visão de

negócio e passa a ser também uma forma de identificar oportunidades e sobreviver.

Quando se faz algo diferente e arriscado diz-se que está empreendendo.

Empreender é visar a realização de algo novo, com objetivos traçados e tentar

alcança-los, mesmo que seja desafiador (ROBBINS, 2000). O empreendedorismo é

o processo de iniciar um negócio, organizar os recursos necessários, assumir riscos

e recompensas.

A definição mais antiga e talvez a que melhor traduza o conceito de

empreendedorismo seja o de José Schumpeter (1949), ao dizer que empreendedor

é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos

produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela

exploração de novos recursos e materiais.

O autor supracitado também cita em sua obra clássica “A Teoria do

Desenvolvimento”, de 1911, que os empreendedores são a força motriz do

25

crescimento econômico, ao introduzir no mercado inovações que tornam obsoletos

os produtos e as tecnologias existentes.

Empreendedorismo é um termo antigo e não é difícil encontrar diferentes

conceitos. Assim, há muitas definições sobre ele com diferentes abordagens.

Segundo Barreto (1998), empreendedorismo é a habilidade de se conceber e

estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada. É o fazer muito com pouco

ou quase nada. Para Filion (1999), o empreendedor é uma pessoa criativa, marcada

pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos, que mantém alto nível de

consciência no ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de

negócios e inovação constante.

O empreendedorismo não é um tema novo ou modismo. Ele existe desde

sempre, desde a primeira ação humana inovadora com o objetivo de melhorar as

relações do homem com os outros e com a natureza. (DOLABELA, 2006).

Para Dornelas (2008), empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e

processos que, conjuntamente, levam a transformação de ideias em oportunidades.

Há diversas obras sobre o assunto, cujas definições são as mais diversas

(DINIZ, 2009). A ele são apresentados vários conceitos, mas a maioria converge no

mesmo ponto: a inovação aliada à força de vontade e à busca pelos resultados.

Empreender é uma tarefa que requer o desenvolvimento de todos os

cuidados - dentro das melhores práticas de mercado - exigindo profundo

autoconhecimento daquilo que se tem por domínio do negócio e enfrentando a

realidade do quanto é necessário construir, como empreendedor, para transformar

sonhos em realidade (DINIZ, 2009).

Nesse ínterim, constata-se que são muitos os conceitos que exprimem o que

vem a ser empreendedorismo. No entanto, para o estudioso Diniz (2009), cabe uma

definição mais sucinta: Empreendedorismo é o ato de aproveitar oportunidades,

inovar, planejar, arriscar, empenhar, ser perseverante, acreditar na ideia e

transformar em realidade. Ela se aplica em qualquer área, seja um novo negócio, um

novo processo, um novo produto ou um novo método.

Apesar de empreender ser um termo significativamente usado, também se

fala em outro que por muitas vezes é utilizado como sinônimo de empreender:

inovar. Inovar é muitas vezes confundido com empreender. Empreender e Inovar

são termos que constantemente andam juntos, porém possuem significados

26

distintos, e ainda que se empreenda sem necessariamente inovar é natural que os

utilizem como sinônimo.

Os dois termos aparecem juntos, indicando a percepção de que é em um

ambiente favorável ao empreendedorismo que são criados condições favoráveis ao

desenvolvimento de novos projetos com as condições ideais para o desenvolvimento

de conceitos e produtos inovadores (MARTINS, 2016). Enquanto a inovação

prospera normalmente dentro de ambientes distintos por ausência de padrões muito

rígidos de disciplina, o empreendedorismo não prosperará sem ela. Outrossim, este

não exige necessariamente que a pessoa seja inovadora. A inovação exige do

inovador o espírito empreendedor (MARTINS, 2016).

A contribuição do empreendedor ao desenvolvimento econômico ocorre

fundamentalmente pela inovação que introduz e pela concorrência no mercado. A

inovação de produtos e de processos de produção está no coração da

competitividade de um país (PORTER, 1992).

2.2 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

No Brasil, o termo empreendedorismo começou a se desenvolver a partir da

década de 1990, com o surgimento de instituições como o SEBRAE. De acordo com

essa instituição, informações sobre as formas e os métodos de empreender eram

escassas e insuficientes para o seu desenvolvimento. O empreendedorismo também

avançou com a criação e sanção da Lei das Micro e Pequenas Empresas, Lei

Complementar Nº 123, de 14 de dezembro de 2006, registrando um aumento

considerável de empreendedores no país. Um fator interessante é que as mulheres

compõem uma parte desses novos empreendedores no país, onde até bem pouco

tempo eram os homens que lideravam (SEBRAE, 2009).

Em geral, o brasileiro vê o empreendedorismo e o próprio negócio

positivamente. Abrir seu próprio empreendimento é um dos três maiores sonhos do

brasileiro, seguido da casa própria e viajar pelo país (GEM, 2013). Em 2015, o

próprio negócio continua sendo um dos principais sonhos do brasileiro (31%),

superando o ano de 2014, com 29% (GEM, 2015).

De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), ano

referência 2015, e da avaliação dos especialistas sobre as condições que favorecem

27

as atividades empreendedoras no Brasil estão a capacidade empreendedora do

povo brasileiro, considerando principalmente sua criatividade e resiliência, as

informações sobre empreendedorismo nos canais multimídias e as políticas

governamentais de incentivo às atividades de empreendedorismo.

A Figura 02 mostra os fatores limitantes e favoráveis ao empreendedorismo

no Brasil.

Figura 02 – Fatores limitantes e favoráveis das atividades empreendedoras no Brasil.

Fonte: GEM (2015).

De acordo com o relatório de GEM (2015), empreendedorismo é qualquer

tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento como, por

exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um

empreendimento existente por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas

já estabelecidas. Pode ser definido como um termo utilizado no meio empresarial

para criar uma empresa ou um produto novo, saber identificar oportunidades e

transforma-las em um negócio lucrativo, como também agregar valor ao próprio

produto ou mesmo a empresa (DORNELLAS, 2008).

O relatório da GEM (2013), na pesquisa que mede a taxa de

empreendedorismo em vários países, mostra que atualmente o Brasil é o sexto país

mais empreendedor do mundo. E que monitora 31 países do mundo que respondem

por mais de 90% do PIB mundial.

28

É importante observar que o desenvolvimento de uma nação está

diretamente ligado à economia e que existem grupos de pessoas que promovem

esse desenvolvimento. Para tanto, elas precisam estar motivadas para desenvolver

suas habilidades de empreender (GEM, 2013).

As empresas, os negócios e os serviços contribuem para esse crescimento,

e os empreendedores são responsáveis pelo maior índice desse crescimento. Nesse

sentido, McClelland (1987, p. 232) afirma:

Não tem uma forma melhor de prover a base para o rápido crescimento econômico do que incrementar dramaticamente o número de empreendedores ativos na sociedade. Eles representam um segmento pequeno da população, mas seu impacto é crucial, pois obtém recursos para produzir bens e serviços, criar empregos e diminuir a dependência do governo.

De acordo com o GEM (2015), a Taxa Total do Empreendedorismo (TTE) no

Brasil foi de 39,9%. Estima-se, portanto, que em 2015 52 milhões de brasileiros com

faixa etária de 18 a 69 anos situam-se na condição de empreendedor em estágio

inicial ou estabelecido.

De acordo com o GEM (2014), os empreendedores são classificados como

iniciais (nascentes e novos) e estabelecidos:

Os empreendedores nascentes estão envolvidos na estruturação de um negócio do qual são proprietários, mas que ainda não pagou salários, pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de três meses. Já os empreendedores novos administram e são proprietários de um novo negócio que pagou salários, gerou pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de três e menos de 42 meses. Os empreendedores nascentes e novos são considerados empreendedores iniciais ou em estágio inicial. Os empreendedores estabelecidos administram e são proprietários de um negócio tido como consolidado, que pagou salários, gerou pró-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários por mais de 42 meses (3,5 anos).

Na Figura 03 são observadas as taxas de empreendedorismo, segundo o

estágio de empreendedorismo em nascentes, novas e estabelecidas.

29

Figura 03 - Taxas de empreendedorismo segundo estágio dos empreendimentos.

Fonte: GEM BRASIL (2015).

Dessa forma, no Brasil, a maioria dos empreendedores são proprietários de

empresas que praticamente acabaram de ser abertas e estão em estágio inicial de

empreendedorismo.

2.3. EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE OU NECESSIDADE

Um elemento importante é analisar os motivos pelos quais as pessoas

empreendem ou o que as motivam a iniciarem um novo empreendimento. O

empreendedorismo pode ser classificado em duas categorias: empreendem por

oportunidade e; empreendem por necessidade (DORNELAS, 2008).

Há duas definições de empreendedorismo: o de oportunidade e o de necessidade. O primeiro refere-se ao “empreendedor visionário que sabe aonde quer chegar, cria uma empresa com planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riqueza. O outro é o indivíduo que empreende por necessidade e que busca uma alternativa de trabalho e renda por falta de opção de emprego. A expectativa de sucesso desses empreendimentos é baixa, pois esses negócios raramente são planejados, não resultando em desenvolvimento duradouro para a sociedade em termos econômicos e sociais. (DORNELAS, 2008, p. 13)

Smith (1967) considera que os empreendedores variam em seus estilos de

fazer negócios. Resumidamente, sugere uma teoria em que dois padrões básicos

estão nas extremidades: empreendedores artesãos e empreendedores oportunistas.

Empreendedor artesão: é uma pessoa que inicia um negócio basicamente com habilidades técnicas e um pequeno conhecimento da gestão de negócios. Sua formação educacional limita-se ao treinamento técnico e, com isso, tem experiência técnica no trabalho, mas não dispõe de capacidade para se comunicar bem, avaliar o mercado, tomar decisões e gerir o negócio. Sua abordagem quanto ao processo decisório se

30

caracteriza por: ter uma orientação de tempo de curto prazo, com pouco planejamento para futuro crescimento ou mudança paternalista, ou seja, dirigir o negócio da forma como dirigiria sua própria família; relutar em delegar autoridade, é centralizador; usar uma ou duas fontes de capital para abrir sua empresa; definir a estratégia de marketing em termos de preço tradicional, da qualidade e da reputação da empresa; esforçar-se nas vendas basicamente por motivos pessoais. (SMITH,1967, p.58).

Smith (1967) exemplifica o empreendedor artesão, que geralmente inicia seu

empreendimento de maneira informal. Esse tipo de empreendedor precisa aprender

o máximo possível sobre gestão de negócio para ampliar sua visão de empresa.

O empreendedor artesão, em geral, é o mecânico que começa uma oficina independente, o profissional que trabalha em um salão de beleza e que abre um novo em outro local para aproveitar sua experiência profissional e ampliar horizontes. Se não puder se desenvolver profissional e culturalmente, será sempre um fornecedor de mão-de-obra ou de trabalho especializado (SMITH, 1967, p.58).

Já sobre o empreendedor oportunista, cita Smith (1967, p. 58):

Empreendedor oportunista: no outro extremo do continuum, é aquele que tem educação técnica suplementada por estudo de assuntos mais amplos, como administração, economia, legislação ou línguas. Procura sempre estudar e aprender. Caracteriza-se por: evitar o paternalismo na condução da equipe; delegar autoridade às pessoas necessárias para o crescimento; empregar estratégias de marketing e esforços de vendas mais variados; obter capitalização original de mais de duas fontes de dinheiro; planejar o crescimento futuro do negócio; utilizar sistemas de registro e controle, orçamento apropriado, oferta precisa e pesquisa sistemática de mercado.

Nessa visão, para os estilos empreendedores constituem dois extremos de

abordagem gerencial: o artesão, criativo e conhecedor do produto, e; o

administrador, experiente e com instrução, utilizando procedimentos gerenciais

sistemáticos e aproximando-se de uma abordagem científica na gestão do negócio

(SMITH, 1967). Este autor considera que o ideal é que o empreendedor siga sempre

na direção do polo do administrador experiente.

De acordo com o relatório da GEM (2013) é possível mostrar que as mais

elevadas taxas de empreendedorismo são identificadas em países que estão em

desenvolvimento econômico e o IDH são mais baixos. A busca de alternativas por

melhores condições de vida, a falta de trabalho e, consequentemente, de renda são

alguns dos fatores que despertam o espírito empreendedor dessas pessoas menos

31

favorecidas. Com isso, uma parcela significativa da população abre seu próprio

empreendimento objetivando atender suas necessidades básicas (GEM, 2013).

É percebível que o empreendedorismo é maior em países mais pobres,

decorrente de indicadores como o desemprego e a falta de oportunidade, e possui

taxas mais baixas em países desenvolvidos, preferindo os indivíduos iniciar um novo

empreendimento quando ao identificar oportunidade de negócio.

Quintella (2014) classifica o Brasil como um dos países mais

empreendedores do mundo. Dados revelados pelo Sebrae (2013) mostram que a

cada 100 brasileiros que iniciam um negócio próprio no Brasil 71 são motivados por

uma oportunidade de negócios, e não pela necessidade. Esse é o melhor índice já

registrado desde 2002, em que apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por

identificar demanda no mercado, enquanto os demais tinham o empreendedorismo

como única opção, por não encontrar alternativas no mercado de trabalho.

Entretanto, Dornellas (2007) afirma que países em desenvolvimento

possuem perfil empreendedor, porém mais por necessidade do que por

oportunidade. O Brasil se encaixaria nessa concepção, haja vista ser um país que

vive em constantes crises financeiras e instabilidades econômicas, despertando o

espírito empreendedor da população brasileira.

2.4. EMPREENDEDOR: DEFINIÇÕES E CONCEITOS

De acordo com Alves (2008), o termo empreendedor surgiu na França, por

volta dos séculos XVII e XVIII, e significa aquele que se compromete com um

trabalho ou uma atividade específica e significante. Desde então, o termo apresenta

uma característica econômica e é/está voltado para oportunidades de mercado.

Joseph Schumpeter (1949) foi quem tornou popular o termo. Para ele,

Empreendedor é o agente do processo de destruição criativa, o impulso fundamental

que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, criando constantemente novos

produtos, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos

menos eficientes e mais caros (SCHUMPETER, 1949).

Para Amit (1993), empreendedores são indivíduos que superam seus limites

e enfrentam dificuldades, tanto externas quanto as suas próprias, e costumam

desenvolver negócios lucrativos e duradouros. Os indivíduos considerados

32

empreendedores, quando não obtêm êxito em um primeiro momento, geralmente

não desistem e recomeçam.

Já Dornelas (2001) compreende como conceito de empreendedor aquele

que faz acontecer, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização.

Nessa visão, entende-se como empreendedor o indivíduo que busca em seu

meio empresarial algo que supere processos ou coisas consideradas convencionais,

que quebra paradigmas, altera conceitos. Esse sujeito costuma correr riscos e ousa

sair da zona de conforto na tentativa de alcançar seus sonhos.

Assim, entende-se que indivíduos empreendedores são pessoas proativas,

motivadas, com objetivos definidos e que não têm medo de ousar para alcançar o

sucesso, e cujas características favorecem a assumirem a liderança das

organizações. São pessoas que sabem trabalhar em equipe, estabelecem metas,

buscam sucesso e que acreditam no seu potencial.

Segundo Robbins (2000), os empreendedores possuem características

como: coragem, inovação, espírito aventureiro e audácia. Geralmente são

entusiasmados para o trabalho, visionários, otimistas, necessitam alcançar seus

objetivos e acima de tudo estão dispostos a lutar para que tudo dê certo.

Para Dolabela e Filion (2000, p.17) empreendedor é:

Aquele que vislumbra diante de si uma oportunidade de investimento, a abraça, e enfrenta todos os desafios do caminho para alcançar o sucesso de seu projeto. Por consequência deste espírito empreendedor, este ser humano é ambicioso e deseja chegar a algum lugar bem específico. O empreendedor tem que estar permanentemente de olho nos acontecimentos, traçando diretrizes e corrigindo rumos para chegar onde pretende.

São diversos os conceitos sobre empreendedor. Dornelas (2001) escreve

que o empreendedor é a pessoa que detecta uma oportunidade e cria um negócio

para capitalizar sobre ele, assumindo riscos calculados. Já Drucker (2003) afirma

que é aquele que sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explora como

sendo uma oportunidade.

Bernardi (2003) concorda com os autores citados a respeito de quais são as

características que um empreendedor deve possuir e escreve que não

necessariamente ele precisa ter todas elas de uma vez, porém que sem uma boa

dose dessas características de personalidade é difícil imaginar o progresso de um

33

empreendimento. Portanto, este é o primeiro passo para o empreendedor:

autoavaliar-se de forma honesta, realista e criteriosa (BERNARDI, 2003).

Empreendedorismo não é ciência e muito menos arte. É uma prática que

requer que os negócios de hoje sejam capazes de fazer o futuro, transformando-se

em algo diferente em uma empresa de negócios (DRUCKER,2003).

Dornelas (2007) afirma que empreendedor é o envolvimento de pessoas e

processos que conjuntamente levam a transformação de ideias em oportunidades. O

autor escreve que todo empreendedor deve necessariamente ser um bom

administrador para obter o sucesso, porém nem todo administrador é um bom

empreendedor.

Dornelas (2007), entre outros autores, adverte que o empreendedor possui

características extras, além dos atributos de administrador e alguns atributos

pessoais, que somados a características sociológicas e ambientais permitem o

nascimento de uma nova empresa.

Dolabela (2008) cita que Empreendedorismo é uma ciência em que são

estudados os aspectos referentes ao empreendedor, seu perfil, origens, sistema de

atividades e universo de atuação.

Ao se referir sobre empreendedor, Machado (2013) diz ser aquele que

realiza coisas novas a partir de uma já existente, e que não necessariamente precisa

criar um novo produto, serviço ou empresa, mas ter atitudes inovadoras.

Segundo o SEBRAE (2009), o empreendedor tem como característica

básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente buscando novos

caminhos e soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A

essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades e

a preocupação sempre presente com a melhoria do produto. Enquanto a maior parte

das pessoas tende a enxergar apenas dificuldades e insucessos, o empreendedor

deve ser otimista e buscar o sucesso, apesar das dificuldades.

Machado (2013) ainda afirma que Empreender é um tema transversal que

abrange estudos em diversas áreas, como a Economia, a Administração, a

Psicologia, a Engenharia de Produção, dentre outros. E Empreendedorismo é o

campo de estudos que busca explicar por que alguns indivíduos e não outros

exploram oportunidades, criam organizações ou valores.

34

2.5. EMPREENDEDORISMO FEMININO

O empreendedorismo feminino, bem como as razões que levam o gênero a

empreender, é uma temática estudada por pesquisadores. Dados de pesquisas

realizadas sobre o tema observou que as mulheres têm se revelado excelentes

empreendedoras, fato que tem despertado o interesse no desenvolvimento de

pesquisas. A seguir seguem algumas considerações de diversos autores sobre o

assunto.

As pesquisas do GEM (2013) mostram que parte significativa dos

empreendedores no Brasil são mulheres, e que essa participação em negócios têm

crescido consideravelmente, favorecendo mudanças positivas no setor econômico.

Em alguns casos, observa-se que o empreendedorismo feminino está relacionado à

vontade de vencer obstáculos, de poder se afirmar como indivíduo empreendedor, e

não apenas como um investidor que quer obter somente lucros.

Ainda de acordo com o relatório do GEM (2013), as principais atividades

observadas para as mulheres estão em vestuário, beleza e higiene pessoal e

serviços domésticos. Essas atividades frequentemente são mais baixas entre os

empreendedores masculinos. A situação contrária também é verdadeira. Menos de

1% das mulheres atuam nos setores predominantemente masculinos (construção,

alojamento e alimentação, automotivos etc.).

Para Damasceno (2010), o empreendedorismo feminino é um tema cada vez

mais estudado, já que a forma de gerir empresa por mulheres tem contribuído para o

sucesso dessas empresas e revelado alto índice de sobrevivência. O gênero, com

seu jeito inovador, flexível e voltado para o bem-estar dos funcionários, entre outras

características, tem se destacado no mundo dos negócios.

O que antes era considerado motivo para não se contratar trabalho feminino

para cargos e responsabilidades inerentes a homens, hoje, em alguns casos,

passou a ser pré-requisito. A mulher passou a ocupar mais espaço no setor do

empreendedorismo. Muitos investidores passaram a ver na forma como as mulheres

vêm gerenciando as empresas uma vantagem competitiva. Para Machado (1999),

esse estilo aliado à intensa dedicação ao trabalho contribui para as altas taxas de

sobrevivência de empresas.

35

Machado (1999) confere na forma da mulher liderar empresas uma

tendência a objetivos claros, estrutura simples, comportamento estratégico inovador,

estilos cooperativos de liderança e ênfase na qualidade.

Para Munhoz (2000), as barreiras encontradas pela maioria das mulheres

tornam-se razões para que optem por deixar seus atuais empregos e se lancem por

conta própria como empresárias na expectativa de alcançar êxito através de seu

estilo.

Um dos fatores de sucesso do empreendedorismo depende da

compreensão que as mulheres têm sobre gerenciamento e também da forma como

desenvolvem esse estilo singular de administrar baseado em referências de

aprendizado, como valores, comportamentos e interesses voltados para a

cooperação e relacionamentos (MUNHOZ, 2000).

As mulheres introduzem nas organizações um estilo gerencial caracterizado

por uma abordagem de liderança voltada para a cooperação e manutenção dos

relacionamentos. Modelos de gestão praticados por muitas delas são diferenciados

por possuírem características, como a valorização dos indivíduos, a sensibilidade, a

compreensão, a necessidade de conciliação em situações de conflito, o espírito de

grupo e a liderança pelo consenso (GOMES, 2005).

Estudo realizado por Blackburn e Jarman (2006) revela que as mulheres

apresentam comportamentos propensos às ocupações de dimensões sociais ao

invés daquelas decorrentes de dimensões econômicas. Os autores salientam que a

construção do empreendedorismo feminino deve incluir propriedades socioculturais,

como o prestígio, a respeitabilidade, o cooperativismo, a responsabilidade para com

pessoas do meio social e as relações humanas plenas.

A perspectiva de Yetim (2008) aponta o empreendedorismo relacionado ao

estabelecimento de relações seguras dentro e fora da organização, ao

convencimento das partes de um negócio e a um bom gerenciamento das relações.

A autora reserva um lugar tranquilo para as mulheres na arena do

empreendedorismo, uma vez que elas são tidas como referência no estabelecimento

de uma comunicação e no convencimento de outros, bem como na resolução de

problemas e no fornecimento de soluções aos problemas interpessoais.

De acordo com Hisrich e Peters (2004), para as mulheres terem um negócio

próprio é preciso ter estratégia de vida e não meramente uma ocupação ou um meio

36

para ganhar dinheiro. Empreender para o gênero significa ter autonomia sobre seu

tempo e forma de viver, conciliando suas necessidades com suas expectativas.

Nas últimas três décadas, a participação da mulher na força de trabalho

praticamente dobrou. Atualmente, mais da metade das brasileiras trabalham

(ROBBINS, 2000). Segundo Lerner e Almor, (2002), as mulheres estão abrindo

empresas a uma taxa duas vezes maior que os homens. No mundo, todas as

empresas pertencentes às mulheres compreendem entre um quarto e um terço de

todos os negócios.

Ao longo do tempo, as mulheres foram submetidas ao poder implícito, tácito

e inconsciente no âmbito das organizações e o viés do gênero presente nos estudos

organizacionais preservou o status quo da dominação dos homens (HARDY E

CLEGG, 2001).

Carreira, Ajamil e Moreira (2001) fazem referência a estudos recentes nos

quais mulheres líderes tendem mais que os homens a utilizar o comportamento

transformacional. A mulher tende a gerenciar de forma compartilhada e

descentralizada.

De acordo com Trajan (2002), as mulheres entram no mundo dos negócios

de forma inovadora, portanto, com melhores chances de criar novos

empreendimentos, novos produtos e serviços, novos métodos de trabalho e novas

abordagens comerciais.

Jonathan (2003) aponta que as empreendedoras são conservadoras quanto

à busca de financiamento, valorizam o feminino e os bons relacionamentos internos

e externos.

Maia e Lira (2003) demonstram que na literatura nacional há um consenso

de que o fator primordial a determinar a chamada “feminização” do mercado de

trabalho é o aumento do nível de escolaridade da mulher brasileira nos últimos anos.

Desde os anos 1970, o gênero vem conquistando espaço no mercado de trabalho

brasileiro (LINDO, 2004).

Pesquisa realizada por Jonathan e Silva (2007) revelou características

peculiares do empreendedorismo feminino no contexto brasileiro. As entrevistas

realizadas pelos autores com empreendedoras de negócios próprios constataram a

existência de forte compromisso com seus empreendimentos. Seu trabalho têm

grande importância em suas vidas, uma vez que elas buscam um meio termo entre a

família e o trabalho. Igualmente, há uma postura assertiva em reconhecer as

37

dificuldades profissionais, familiares e pessoais, e finalmente estabelecem parcerias

não apenas com familiares, mas com pessoas do espaço do trabalho.

Com isso, a atenção voltada para o papel da mulher, sobretudo as que

empreendem em função das conquistas de espaços no mercado de trabalho, tem

chamado atenção não apenas pelas condições de trabalho a que se submetem pela

já conhecida dupla jornada de trabalho, mas inclui inúmeras responsabilidades

assumidas no âmbito familiar, sobretudo pelo desempenho e resultados alcançados

(NASSIF, ANDREASSI, TONELLI et al, 2011).

A mulher empreendedora tem procurado sua inserção na vida e no cotidiano

do mercado de trabalho não apenas para se realizar profissionalmente, mas também

como forma de se empoderar.

2.6. EMPREENDEDORISMO NO SEGMENTO DA ESTÉTICA E BELEZA

CORPORAL EM MOSSORÓ

De acordo com o SEBRAE (2013), e números fornecidos pelo balcão

empreendedor, as atividades mais desenvolvidas pelas mulheres estão no segmento

da beleza e estética, apesar de outras atividades variadas. A moda e a beleza

estética são os segmentos mais empreendidos pela mulher no RN.

Segundo dados do Portal do Empreendedor (2016), atualmente a cidade de

Mossoró possui 740 clínicas de beleza cadastradas e prestando serviços de

cabelos, unhas, depilação, sobrancelhas, bronzeamento, massagens e estéticas em

geral. Clinicas de estética corporal e outros tratamentos de beleza, exceto salão de

cabelos, registram o número de 153 estabelecimentos na cidade, ocupando a sétima

colocação no ranking do empreendedorismo.

Ainda de acordo com o Portal do Empreendedor (2016), a lista desse

ranking apresenta estabelecimentos por tipo de serviços na seguinte ordem: 1º)

Serviços de comércio varejista com artigos de vestuário e acessórios com 806 lojas

cadastradas. A moda feminina está em alta e leva-se em consideração o fato de que

o gênero está cada vez mais emancipada financeiramente e, consequentemente,

amplia seu poder de compra; 2º) Salões de cabelos, com 587 registros; 3º)

Segmento de lanchonetes, casas de chá, sucos e similares com 258 lojas; 4º)

Segmento do comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene

38

pessoal, com 208 lojas; 5º) Setor de comércio varejista de mercadorias em geral,

com predominância de produtos alimentícios - minimercados, mercearias e

armazéns; 6º) Comércio varejista de bebidas, com 181 estabelecimentos, seguido

pelo setor de estética.

Os números acima são de empresas formalmente cadastradas, e no caso

específico das clínicas de estéticas estima-se um número duas vezes maior, se

somados as que não possuem registros. Esses dados estatísticos têm evidenciado o

investimento da mulher em diversos segmentos, e a estética é um deles.

Em Mossoró, nota-se que as clínicas de estéticas também envolvem

atividades ligadas à saúde, como o Pilates e diversos tipos de tratamentos corporais

e faciais.

2.7. CARACTERÍSTICAS COMPORTAMENTAIS DO EMPREENDEDOR DA

TEORIA DE DAVID MCCLELLAND

A teoria dos estudos de David McClelland foi utilizada como base para a

investigação aplicada nesta pesquisa. A seguir é feito um relato da evolução dos

estudos das Características Comportamentais dos Empreendedores (CCEs).

2.7.1. A Teoria da Motivação de David McClelland

O trabalho pioneiro realizado acerca das Características Comportamentais

dos Empreendedores (CCEs) foi conduzido pelo Professor David McClelland, da

Universidade de Harvard. Ele desenvolveu a teoria sobre a motivação psicológica,

baseado na crença de que o estudo da motivação contribui significativamente para o

entendimento do empreendedorismo (MCCLELLAND E BURHAM, 1987).

McClelland desenvolveu suas pesquisas ao longo de quase cinco décadas,

identificando os aspectos comportamentais dos empreendedores relacionados à

motivação (MATIAS E MARTINS, 2009). E os percebeu como indivíduos

diferenciados, passando a estudar suas principais características com a finalidade

de desenvolver programas que pudessem estimular o desenvolvimento dessas

características.

39

McClelland (1972) partiu da tese de que a motivação humana responde, pelo

menos em parte, pelo crescimento econômico e o desenvolvimento de uma nação.

Afirmava que o sucesso desses indivíduos empreendedores estava diretamente

ligado a esses resultados, e que por essa razão deviam ser fonte de pesquisa. Em

sua teoria, cita que a motivação humana compreende três necessidades

dominantes: a necessidade de realização, a necessidade de poder e a necessidade

de afiliação (MCCLELLAND, 1972).

A necessidade de realização é a mais destacada entre os empreendedores,

pois os levam a agir segundo padrões de excelência, buscando fazer o melhor com

grande desejo de êxito (MCCLLAND, 1972). Os indivíduos são autoconfiantes,

gostam de assumir responsabilidades e de ver a realização de suas metas;

assumem riscos moderados baseado em planejamento e fazem as coisas

acontecerem de maneira criativa e inovadora.

Na necessidade de poder, as pessoas buscam fazer as coisas como e

quando querem, capitaneando uma equipe ou um grupo em prol de um objetivo;

procuram influenciar, persuadir ou argumentar; têm ação ativa na política de suas

organizações e; são capazes de equilibrarem-se entre a expressão pessoal de

domínio e o exercício da liderança socializada, revelando ora um aspecto, ora outro

(MCCLELLAND, 1972).

E a necessidade de afiliação ocorre quando se coloca o bem-estar do todo

em detrimento do individual, de fazer algo em prol da comunidade sem desejar se

destacar. Está mais preocupado com o indivíduo do que com as tarefas e a

produção. Aqueles desempenham melhor suas funções quando trabalham em

cooperação (MCCLELLAND, 1972).

Sobre as motivações dentro do conjunto das três competências, em relação

à realização, McClelland (1972) observa que os indivíduos com alta necessidade de

realização parecem preocupar-se com a boa execução de sua tarefa, com o intuito

de aprender e de como executá-la melhor na medida em que avançam.

Gordon (1993) define a necessidade de realização como forma de realizar e

demonstrar a competência profissional, de cada vez mais assumir tarefas difíceis

que se caracterizem como desafios e que a resolução destes traz o reconhecimento.

De acordo com McClelland (1972, apud OLIVEIRA, SILVA E ARAÚJO,

2014), o desejo de realizar algo significa a vontade do ser humano de se superar e

de se distinguir, reunindo um conjunto de características psicológicas e

40

comportamentais - gostar de correr risco moderado, ter iniciativa e desejo de

reconhecimento e identificar que a crescente necessidade de realização resulta em

atividade econômica.

A afiliação é descrita como o desejo de estabelecer relacionamentos

pessoais próximos, de evitar conflitos e estabelecer fortes amizades, com confiança

e compreensão mútua. É uma necessidade social, de companheirismo e apoio para

o desenvolvimento de relacionamentos significativos com pessoas (GOUVEIA E

BATISTA, 2007).

Nessa visão, Bowditch e Buono (2002) sustentam que de modo geral a

necessidade de afiliação influencia as ações do indivíduo nas tarefas que

desempenha em uma organização.

Nos termos de McClelland (1972), a necessidade de poder se define como

uma preocupação com o controle dos meios de influenciar uma pessoa. Bowditch e

Buono (2002) destacam que alguns indivíduos são motivados pelas necessidades

sociais, enquanto outros pela necessidade de atingir metas e conquistar poder e

influência sobre outras pessoas. Portanto, as necessidades de afiliação e poder

governam as relações interpessoais do indivíduo.

Essa necessidade de poder exprime o desejo de influenciar ou controlar, ser

responsável e ter autoridade sobre outros (GOUVEIA E BAPTISTA, 2007). Assim,

uma elevada tendência para o poder está associada a pessoas que procuram por

posições de liderança, bem como o interesse de obter e manter posições de

prestígio e reputação. Para esses autores, a afiliação é descrita como o desejo de

estabelecer relacionamentos pessoais próximos, de evitar conflitos e estabelecer

fortes amizades, com confiança e compreensão mútua. É uma necessidade social,

de companheirismo e apoio para o desenvolvimento de relacionamentos

significativos com pessoas.

Para Matias e Martins (2009), a necessidade de afiliação influencia nas

decisões tomadas pelo gestor, na medida em que a necessidade de aceitação

pessoal influenciará o nível de agressividade (cordialidade), objetividade e

competição com que conduzirá seus negócios. Dessa forma, as necessidades

citadas por McClelland (1972) são desenvolvidas pelo indivíduo a partir de suas

experiências de vida e de sua interação com o ambiente e com os demais

indivíduos.

41

Em sua trajetória de estudos sobre o impacto da motivação do indivíduo no

desenvolvimento das nações, McClelland (1972) destaca o papel dos pequenos

empresários como indivíduos que apresentam como principal característica a alta

necessidade de realização, uma vez que o gestor é a pessoa-chave que executa e

se responsabiliza pela maioria dos trabalhos realizados nessas pequenas empresas

(MATIAS E MARTINS, 2009).

McClelland (1978) observou que o ser humano normal possui um perfil

predominante de necessidade, seja de realização, afiliação ou poder, que em maior

ou menor intensidade influenciam na demanda do mesmo com o ambiente que o

cerca. E identificou que os indivíduos com maior necessidade de realização são

mais propensos a empreender, e que o desenvolvimento das competências críticas

necessárias para o sucesso empresarial pode se dar espontaneamente, fato

observado em indivíduos que obtiveram o sucesso sem ter participado de nenhum

programa formal de capacitação.

2.7.2. A evolução dos estudos de David McClelland e Winter

Os estudos de McClelland originaram as CCEs e iniciaram-se muitos anos

antes, quando ainda desenvolvia sua teoria da motivação. Na época, McClelland e

Boyatzis (1982) avaliaram uma pesquisa longitudinal realizada por 16 anos na

Companhia Telefônica AT&T, obtendo resultados em que na gestão de grandes

empresas os gerentes possuem em seu perfil uma necessidade de poder justificada

pela relação de liderança e controle que desenvolvem com os subordinados. E nas

pequenas empresas observou-se uma situação diferente: o gestor possui alta

necessidade de realização, uma vez que é a pessoa-chave que executa e se

responsabiliza pela maioria dos trabalhos realizados naquelas (MATIAS E

MARTINS, 2009).

De acordo com Matias e Martins (2009), McClelland confirmou suas

expectativas sobre a relação entre a necessidade de motivação e a iniciativa de

empreender ao reavaliar 55 jovens norte-americanos que fizeram parte da

população estudada em 1947 e que deram suporte aos resultados apresentados no

livro “A Sociedade Competitiva”, em 1961, e lançado no Brasil em 1972.

42

Convicto de sua teoria, McClelland (1978) desenvolveu um projeto piloto na

Índia nos anos de 1963 e 1964 no qual foram treinados 50 pequenos empresários a

pensar, falar e agir dentro das competências críticas necessárias para o sucesso

empresarial, induzidos pela necessidade de realização (MATIAS E MARTINS, 2009).

Os resultados, de acordo com McClelland (1978), foram estimulantes e os

empresários treinados tornaram-se mais ativos, participativos, proativos,

empreendedores e inovadores em relação aos que não foram treinados.

McClelland (1978, p. 205) relatou que:

[...] os empresários treinados eram muito mais ativos do que aqueles que não foram treinados. Eles participaram mais nos assuntos da comunidade para desenvolver a cidade, eles começaram mais novos negócios, e investiram mais dinheiro para expandir seus negócios. Acima de tudo, eles empregaram mais que o dobro de pessoas ao longo dos dois anos de acompanhamento do que os empresários que não foram treinados.

Dessa forma, o autor acima identificou que os indivíduos com maior

necessidade de realização são mais propensos a empreender e notadamente

percebeu que as competências podem ser estimuladas e desenvolvidas através de

programas específicos.

As dez características do comportamento empreendedor foram definidas a

partir de estudo publicado em 1987. McClelland (1978) desenvolveu medidas de

mensuração para testar as diversas características dos empreendedores, tendo

como ponto de partida a teoria das necessidades desenvolvida anos anteriores,

compreendendo a: necessidade de realização, poder e afiliação. (MATIAS E

MARTINS, 2009).

Baseado nos estudos conduzidos por McClelland, a consultoria norte

americana Management Systems International (MSI) desenvolveu um novo trabalho

no qual foram definidas as dez características empreendedoras dos

empreendedores de sucesso, denominadas em inglês Personal Entrepreneurial

Characteristics (PECs), as quais foram testadas em um programa piloto realizado

em Cranfield, no Reino Unido, Malauí e Argentina (GROSSMANN, 2005).

Outros estudos realizados por McClelland e Winter (1971) e McClelland

(1972) foram a base para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

(PNUD) visando a capacitação de empreendedores, lançado em 1988.

43

De acordo com o SEBRAE (2009), a United Nations Conference on Trade

and Development (UNCTAD), através do PNUD, promoveu a disseminação da

metodologia através de convênios com países em desenvolvimento. O projeto foi

batizado com o nome de EMPRETEC e lançado oficialmente em 1988, na Argentina.

No Brasil, a metodologia do EMPRETEC é disseminada pelo SEBRAE, em

parceria com o PNUD e o governo brasileiro, através da Agência Brasileira de

Cooperação do Ministério das Relações Exteriores. A metodologia é destinada

primordialmente a estimular o desenvolvimento de empresários, mediante o estímulo

de competências-chaves traduzida em dez características empreendedoras,

denominadas de Características do Comportamento Empreendedor (CCEs). No

projeto desenvolvido pelo UNCTAD com o apoio de David Mcclelland e sua

consultoria McBer foram incorporadas todas as principais características

originalmente descritas por McClelland em seu trabalho de 1987 (MATIAS E

MARTINS, 2009).

As Figuras 04 e 05 demonstram a evolução dos estudos, indicando as

características originalmente descritas por McClelland e atualmente como são

tratadas.

Figura 04 - Características dos empreendedores de sucesso frente a média de empreendedores

comuns.

Fonte: McClelland (1987).

A Figura 05 lista as características levantadas por McClelland consideradas

como fundamentais dos empreendedores, mas que não se destacaram naqueles

44

considerados na pesquisa como empreendedores de sucesso frente a

empreendedores comuns.

Figura 05 – Características dos empreendedores comuns.

Fonte: McClelland (1987).

Observa-se melhor a relação entre as características originalmente

enunciadas nas pesquisas de McClelland e as dez características finais do

comportamento empreendedor divulgado através do Projeto Empretec. Este

identificou dez principais Características Comportamentais do Empreendedor

(CCEs), as quais são utilizadas como um instrumento de autoavaliação.

No estudo da teoria empreendedora de McClelland e Winter (1971) e

McClelland (1972) as CCEs estão enquadradas em três grupos de competência:

realização, planejamento e poder. O Quadro 01 apresenta os conjuntos de

competências e as principais características comportamentais do empreendedor.

Quadro 01 – Conjuntos de competências e as principais características comportamentais do

empreendedor.

Conjunto Realização

1ª CCE: Busca de Oportunidades e Iniciativa (BOI) Entre os principais comportamentos manifestados destaca-se a percepção de fazer as coisas antes de ser solicitado ou forçado pelas circunstâncias; agir para expandir o negócio a novas áreas, produtos ou serviços e; aproveitar oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

2ª CCE: Correr Riscos Calculados (CRC) Nesse aspecto, o empreendedor consegue avaliar alternativas e calcular riscos deliberadamente; age para reduzir os riscos ou controlar os resultados e; não teme colocar-se em situações que implicam desafios ou riscos moderados.

3ª CCE: Exigência de Qualidade e Eficiência (EQE) Entre os principais comportamentos manifestados, a necessidade de encontrar maneiras de

45

fazer as coisas melhores, mais rápidas ou mais barato; agir de maneira a fazer coisas que satisfaçam ou excedam padrões de excelência e; desenvolver ou utilizar procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda aos padrões de qualidade previamente combinados.

4ª CCE: Persistências (PERS) Entre os principais comportamentos, manifesta-se a capacidade de agir diante de um obstáculo significativo; a capacidade de mudar de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo e; a capacidade de fazer um sacrifício pessoal ou desenvolver um esforço extraordinário para completar uma tarefa.

5ª CCE: Comprometimento (COMP) Entre os principais comportamentos manifestados destacam-se a responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário ao atingimento de metas e objetivos; a colaboração com os empregados, podendo se colocar no lugar deles, se necessário, para terminar um trabalho e; o esmero em manter os clientes satisfeitos, colocando em primeiro lugar a boa vontade em longo prazo, acima do lucro em curto prazo.

Conjunto Planejamento

6ª CCE: Busca de Informação (BI) Entre os principais comportamentos manifestados destaca-se a dedicação pessoal a obter informações sobre clientes, fornecedores e concorrentes ou a investigação de como fabricar um produto ou fornecer um serviço.

7ª CCE: Estabelecimento de Metas (EM) Entre os principais comportamentos manifestados, o empreendedor com está característica estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que possuem significado pessoal; define metas de longo prazo claras e específicas e estabelece objetivos mensuráveis e de curto prazo.

8ª CCE: Planejamento e Monitoramento Sistemáticos (PMS) Entre os principais comportamentos manifestados destaca-se a capacidade de planejar, dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos definidos; revisar seus planos, levando em conta os resultados obtidos e mudanças circunstanciais e; a manutenção de registros financeiros, utilizando-os para tomar decisões.

Conjunto Poder

9ª CCE: Persuasão e Rede de Contato (PRC) O empreendedor se utiliza de estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros; utiliza pessoas-chave como agentes para atingir seus próprios objetivos e; age para desenvolver e manter relações comerciais.

10ª CCE: Independência e Autoconfiança (IA) A décima e última característica é revelada pela independência e autoconfiança. Entre os comportamentos manifestados destaca-se a busca de autonomia em relação a normas e controles de outros; a capacidade de manter seu ponto de vista mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores e; a confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.

Fonte: McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972).

Segundo Allemand (2011), no Brasil estudos sobre a Teoria Empreendedora

de David McClelland possuem uma abordagem de fácil entendimento e é muito

utilizado pelo SEBRAE e também no EMPRETEC para medir o impacto da aplicação

dessa metodologia por empreendedores.

Os resultados das pesquisas utilizando o modelo de McClelland realizada

pelo SEBRAE são claros quanto a validade e fundamentação da respectiva teoria.

Esse fato é de suma importância para que se entendam essas pesquisas como um

trabalho sério, o qual pode trazer benefícios para aqueles que desejam se capacitar

46

melhor, através do autoconhecimento e pela utilização dessa teoria comportamental

em suas vidas pessoais, profissionais e empresariais (ALLEMAND, 2011).

2.8. ESTUDOS RELACIONADOS AO TEMA

Ao longo do embasamento teórico do presente estudo foram identificadas

algumas pesquisas que também abordaram a questão do empreendedorismo

feminino e características comportamentais do empreendedor. Essas outras

pesquisas foram utilizadas como parâmetro objetivando acrescentar conteúdo e

resultados mais consistentes.

Tendo como referências esses outros estudos foi possível fazer um

comparativo entre eles, de modo a identificar resultados semelhantes ou

divergentes.

No estudo “Empreendedorismo Feminino: Um Estudo das Mulheres

Empreendedoras com modelo proposto por Dornelas”, da autora Damasceno (2010),

sua proposta foi analisar o perfil empreendedor das mulheres em Fortaleza-CE de

acordo com a visão da teoria de Dornelas (2008). A autora concluiu que as mulheres

possuem muitas características similares, de acordo com a visão o autor, e que

encaram o mercado competitivo com otimismo, garra, paixão pelo que fazem e com

o jeito feminino de ser, haja vista que suas maiores dificuldades são suas culpas e

cobranças por estarem ausentes na vida familiar, mas conseguem serem mulheres

de sucesso como empreendedoras.

Em “O Legado de Mcclelland e a Educação Empreendedora em

Contabilidade”, dos autores Matias e Martins (2010), o estudo resgata a evolução

das pesquisas de David McClelland, que versam sobre o empreendedorismo e a

importância deste para o desenvolvimento, pretendendo levar a uma reflexão sobre

o papel dos contadores empreendedores nesse processo. Como resultado, os

contadores possuem uma posição estratégica para as empresas, no estímulo ao

desenvolvimento empreendedor e consequente desenvolvimento econômico do

país. Suas atribuições estão relacionadas com o planejamento, o acompanhamento

da execução e os controles financeiro e operacional na empresa citados em diversas

características empreendedoras. Esse estudo, especificamente, trouxe

conhecimento sobre o trabalho de David McClelland, agregando conhecimento

47

sobre esse importante estudioso das características comportamentais do

empreendedor.

No artigo “Características Comportamentais Empreendedoras em

proprietários de MPEs longevas do Vale do Mucuri e Jequitinhonha (MG)”, de

Oliveira, Silva e Araújo (2014), os autores abordam uma das centenas de teorias

que existem no mundo e que tratam de explicar o por que e como uma pessoa é

empreendedora ou obtém sucesso na vida e identificam se a presença de CCEs nos

proprietários de MPEs do Vale do Mucuri e Jequitinhonha/MG foi determinante para

a longevidade dessas empresas. O resultado do artigo é baseado na visão dos

empreendedores, cuja presença das CCEs teria fraca influência na longevidade de

seus negócios.

Outra pesquisa utilizada e que teve significativa importância para o

desenvolvimento deste trabalho foram às pesquisas da GEM, Empreendedorismo no

Brasil dos anos de 2013 a 2015, com conteúdo robusto sobre empreendedorismo no

Brasil e no Mundo. Os estudos tratam do papel do empreendedorismo no

desenvolvimento econômico dos países e obteve como resultado a Identificação de

variáveis relevantes para o desempenho do empreendedorismo no Brasil e no

mundo.

Outro artigo utilizado como parâmetro para estudo foi “O Perfil

Socioeconômico das Empreendedoras da Cidade de Juazeiro (BA)”, dos autores

Santos, Pinheiro e Souza (2015), os quais tiveram como objetivo analisar o perfil das

mulheres empreendedoras do município citado e sua influência no sucesso das

micros e pequenas empresas criadas e administradas por elas. Os principais

achados da pesquisa evidenciaram que aquelas não apenas são responsáveis pela

administração de seus negócios, como também empreende na busca de alternativa

de renda. Outrossim, ficou evidente que a mulher baiana responde por significativa

parcela da renda familiar, independente de sua escolaridade.

Mais um artigo abordado e de conteúdo relevante, principalmente pela

similaridade do ramo de atividade, foi “A Vaidade Feminina enquanto nicho de

mercado: Uma análise da mulher empreendedora pela oportunidade e exploração do

segmento de salão de beleza”, dos autores Gelain e Oliveira (2015). O objetivo dos

autores foi investigar o perfil da mulher empreendedora que explora a vaidade

feminina enquanto nicho de mercado. Os resultados apontaram que as mulheres

empreendedoras apresentam um perfil semelhante, destacando-se a capacidade

48

empreendedora, a paixão pelo que fazem, a criatividade e o aperfeiçoamento nos

negócios, a capacidade de conciliar trabalho e família, a necessidade de ter renda

própria, o desejo de evolução constante e a pouca idade das mulheres que estão

ingressando no mercado através de ações empreendedoras.

Em Barbosa (2016), abordou-se o tema "Comportamento Empreendedor e a

Redefinição do Perfil Profissional do Farmacêutico no Novo Mercado", o qual

analisou as Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs) presentes

nos profissionais farmacêuticos. Os resultados comprovaram quantitativamente a

presença de todas as características comportamentais de empreendedores nos

entrevistados, distanciando-se significativamente dos resultados encontrados na

literatura, que por sua vez apresentam ausência de comportamento empreendedor

em algumas características analisadas.

Os estudos aqui citados serviram de base para compor este estudo, sendo

relevante no agrego de conceitos e valores sobre os assuntos abordados e ainda faz

uma correlação dos resultados obtidos sobre os temas empreendedorismo,

empreendedorismo feminino e características comportamentais do empreendedor.

49

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para o

alcance dos objetivos determinados nesta pesquisa.

Para Fonseca (2002), methodos significa organização e logos estudo

sistemático, pesquisa, investigação. Com isso, metodologia é o estudo da

organização, dos caminhos a serem percorridos para se realizar uma pesquisa ou

um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos

caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica.

Segundo Andrade (2007), para se desenvolver uma pesquisa é fundamental

realizar um planejamento detalhando todas as etapas. A partir do momento em que

houve a necessidade de analisar a ciência, a natureza e os fatos do mundo em

geral, também surgiu a necessidade de uma metodologia para o desenvolvimento da

pesquisa científica (ANDRADE, 2007). A seguir detalharemos a metodologia

aplicada na presente pesquisa.

3.1. TIPO DE PESQUISA

Para a classificação da pesquisa tomou-se como base a taxionomia

apresentada por Vergara (2009), que a qualifica em dois aspectos: quanto aos fins e

quantos aos meios. Quantos aos fins, a pesquisa é descritiva e exige do investigador

uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de estudo

pretende descrever os fatos e os fenômenos de determinada realidade (TRIVIÑOS,

1987). São exemplos de pesquisa descritiva: estudos de caso e análise documental.

Quantos aos meios, a pesquisa é de campo. Para Vergara (2009), a

pesquisa de campo é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou

ocorreu um fenômeno ou que dispõe dos elementos para explicá-los. Pode incluir

entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não.

Neste estudo, utilizamos a aplicação de questionários.

A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que além da

pesquisa bibliográfica e/ou documental se realiza coleta de dados junto a pessoas

com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-

ação, pesquisa participante etc.) (FONSECA, 2002). Para Andrade (2007), a

50

pesquisa de campo é realizada através da coleta de dados e tem essa definição

justamente por ser realizada em campo.

Sobre pesquisa bibliográfica, Vergara (2009) diz que é o estudo

sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas,

jornais, plataformas eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.

A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. (FONSECA, 2002, p. 32)

Esta pesquisa é de natureza quantitativa, exploratória e de campo com

roteiro estruturado, através de aplicação de questionários com as empresárias do

segmento da Estética Corporal e Beleza em Mossoró-RN.

Segundo Oliveira (2004), a pesquisa exploratória possibilita localizar

pessoas informadas, seminformadas ou desinformadas a respeito do assunto que

está sendo objeto de pesquisa. Seus estudos objetivam formular um problema para

efeito de uma pesquisa mais precisa ou para a elaboração de hipóteses.

Fonseca (2002, p. 20) esclarece que:

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.

A pesquisa quantitativa é composta por uma quantidade significativa de

literatura, proporcionado a melhor direção às questões ou hipóteses da pesquisa

(CRESWELL, 2007). Nos estudos quantitativos, os investigadores relacionam

questões e hipóteses de pesquisa como método de especificar o objetivo do estudo

(CRESWELL, 2007).

51

Segundo Gehardt e Silveira (2009), a pesquisa quantitativa tem suas raízes

no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras

da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana.

Face a essas informações, fez-se um levantamento bibliográfico acerca dos

aspectos que envolvem o tema da pesquisa e paralelamente aplicado um

questionário com as empreendedoras do segmento da estética corporal e beleza em

Mossoró-RN. Iniciou-se a pesquisa com o levantamento básico dos dados

sociodemográficos e em seguida aplicou-se um questionário que levantou dados

sobre as Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs) das

pesquisadas de acordo com a teoria de McClelland e Winter (1971) e McClelland

(1972).

3.2. UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA

É necessário que se determine o universo da pesquisa. De forma micro, ele

pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa, um município. E macro uma

instituição ou um setor econômico. O importante é definir o sujeito da pesquisa.

Nos trabalhos quantitativos, a generalização está determinada pela

amostragem aleatória e pela estatística inferencial (RICHARDSON, 1999). O

universo desta pesquisa foi delimitado por um conjunto de empreendedoras no ramo

da estética corporal e da beleza na cidade de Mossoró-RN e baseado no grupo de

148 empresas registradas formalmente pelo SEBRAE no ramo da estética e beleza

corporal na referida cidade. A pesquisa teve como critério de amostra a

acessibilidade, e das 148 empresas registradas formalmente pelo SEBRAE 46 foram

pesquisadas, atingindo uma amostra de 31,08%.

3.3. COLETA DE DADOS

A coleta de dados é a busca por informações para a elucidação do

fenômeno ou o fato que o pesquisador quer desvendar. O instrumento técnico

elaborado pelo pesquisador para o registro e a medição dos dados deverá

preencher os seguintes requisitos: validez, confiabilidade e precisão (GEHARDT E

SILVEIRA, 2009).

52

Para obter as informações sobre a CCEs foram pesquisadas um grupo de

empreendedoras na cidade de Mossoró-RN no segmento da estética e da beleza

corporal. A coleta foi realizada através de questionário baseado no modelo proposto

por McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972), com perguntas ordenadas e

numeradas, as quais foram respondidas por escrito pelas pesquisadas, sem a

presença do pesquisador, objetivando levantar opiniões, interesses, expectativas

etc..

O questionário foi composto por questões fechadas, de linguagem simples e

direta para a compreensão das respondentes. Dentre as questões predeterminadas

apenas única opção de cada questão deveria ser escolhida indicando a que melhor

correspondia.

3.3.1. Instrumento de Pesquisa

O instrumento de coleta de dados – questionário estruturado – foi elaborado

em duas partes: a primeira levantou dados sociodemográficos identificando o estado

civil, número de filhos, composição da família, raça e etnia, naturalidade, nível de

escolaridade e formação das pesquisadas e; a segunda elaborada a partir do

modelo de McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972), que identifica as

Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs).

Foi a partir dessa pesquisa que surgiu o Projeto Empretec na década de

1980 e que atualmente é coordenado a nível mundial pela Conferência das Nações

Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), representado no Brasil

pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

As pesquisas de McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972)

identificaram dez principais características comportamentais que um empreendedor

bem sucedido deve apresentar ou desenvolver. Elas são utilizadas no Brasil pelo

SEBRAE como um instrumento de autoavaliação pelos empreendedores e estão

divididas em três conjuntos de comportamentos distintos: Realização, Planejamento

e Poder.

A segunda parte do instrumento de pesquisa tentou identificar quais CCEs

estão presentes nas empreendedoras pesquisadas em relação às categorias

Realização, Planejamento e Poder. As características descritas nas três categorias

53

são: Busca de Oportunidade e Iniciativa (BOI), Persistência (PERS),

Comprometimento (COM), Exigência de Qualidade e Eficiência (EQE), Correr Riscos

Calculados (CRC), Estabelecimento de Metas (EM), Busca de Informações (BI),

Planejamento e Monitoramento Sistemático (PMS), Persuasão e Rede de Contatos

(PeRC) e Independência e Autoconfiança (IA).

O questionário foi composto por afirmativas que propõem uma autorreflexão

do respondente, através de uma escala Likert de 5 pontos fundamentada no

raciocínio qualitativo de avaliações intangíveis (LIKERT, 1979). A pontuação da

escala para cada afirmação indica a extensão com que o sujeito apresenta o

comportamento empreendedor, sendo: 1 - nunca; 2 - raras vezes; 3 - algumas

vezes; 4 - usualmente e; 5 - sempre.

Nesse modelo de pesquisa, utilizou-se um fator de correção que serve como

controle para pontuação final, também desenvolvido por McClelland e Winter (1971)

e McClelland (1972), evitando que o pesquisado exercite a supervalorização ou a

manipulação das respostas para evitar resultado distorcido de sua pessoa como

empreendedora.

3.4. VARIÁVEIS ANALÍTICAS

As variáveis analíticas estão apresentadas no Quadro 02 e divididas de

acordo com as Partes I e II do instrumento de pesquisa (variáveis sociodemográficas

e variáveis do Perfil empreendedor de acordo com a teoria de McClelland e Winter

(1971) e McClelland (1972), respectivamente).

Quadro 02 - Variáveis Analíticas.

Variáveis sociodemográficas Parte I - Questões de 01 a 08

Estado civil Questão 01

Nº de filhos Questão 02

Componentes da família Questão 03

Idade Questão 04

Raça ou Etnia Questão 05

Naturalidade Questão 06

Escolaridade Questão 07

Formação Educacional Questão 08

Variáveis das Características Comportamentais Parte II - Questões de 01 a 55

54

do Empreendedor (McClelland e Winter 1971; McClelland 1972)

Características de realização

Questões 1, 12, 23, 34 e 45 Busca de oportunidade e iniciativa; Questões 2, 13, 24, 35 e 46 Persistência; Questões 3, 14, 25, 36 e 47 Comprometimento; Questões 4, 15, 26, 37 e 48 Exigência de Qualidade e Eficiência; 5, 16, 27, 38 e 49 correr riscos calculados.

Características de planejamento

Questões 6, 17, 28, 39 e 50 Estabelecimento de metas; Questões 7, 18, 29, 40 e 51 Busca de informações; Questões 8, 19, 39, 41 e 52 Planejamento, Monitoramento sistemático.

Características de poder Questões 9, 20, 31, 42 e 53 Persuasão e Redes de contatos; Questões 10, 21, 32, 43 e 54.

Fonte: Produzido pela autora (2016).

O quadro faz a relação das variáveis com as questões apresentadas no

instrumento de pesquisa.

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS

O tratamento dos dados contemplou três fases: preparação, tabulação

quantitativa e análise ou categorização temática. A tabulação foi realizada

apresentando os dados em formato de tabelas, permitindo uma visão mais

abrangente, quantificada e resumida das pesquisas (MELO,1991).

3.5.1. Relação dos Objetivos com o Instrumento de Pesquisa

O Quadro 03 faz uma relação do instrumento de pesquisa com os objetivos

da pesquisa, as questões do instrumento e sua técnica estatística.

Quadro 03 – Relação do instrumento de pesquisa com os objetivos.

Objetivos da Pesquisa Questões no instrumento Técnica estatística

Objetivo Geral Parte I – 1 a 8

Parte II – 1 a 55 Estatística aplicada, descritiva e

comparativa

Objetivo Específico I Parte I – 1 a 8 Estatística aplicada e descritiva

Objetivo Específico II Parte II - Questões 1, 12, 23, 34, 45, 2, 13, 24, 35,46, 3,

Estatística aplicada, descritiva e comparativa

55

14, 25, 36, 47, 4, 15, 26, 37,48, 16, 27,38 e 49

Objetivo Específico III Parte II - Questões 6, 17, 28, 39, 50, 7, 18, 29, 40, 51, 8, 19, 39, 41 e 52

Objetivo Específico IV Parte II - Questões 9, 20, 31, 42, 53, 10, 21, 32, 43 e 54

Objetivo Específico V Parte I – 1 a 8

Parte II – 1 a 55

Fonte: Produzido pela autora (2016).

O propósito desse quadro é identificar quais variáveis respondem aos

objetivos propostos no trabalho. Abaixo, o Quadro 04 apresenta o demonstrativo das

análises estatísticas utilizadas na análise dos resultados.

Quadro 04 - Resumo das análises estatísticas aplicadas.

Análise Nome da análise Objetivo da análise Técnica utilizada

1 Alfa de Cronbach Testar consistência interna dos questionários

Análise de Confiabilidade

2 Análise descritiva Medidas de tendência, dispersão dos dados e distribuição de frequência

Frequência absoluta, percentual, mínimo, máximo, 1º quartil, mediana, 3º quartil, média, desvio padrão e coeficiente de variação

3 Teste de Kolmogorov

Smirnov Verificar se os dados possuem distribuição normal

Teste de normalidade dos dados

4 Teste t independente Comparar duas variáveis independentes normalmente distribuídas

Teste de médias paramétrico

5 Anova seguido por

Turkey

Análise de variância para testar diferenças entre três variáveis independentes em um único teste

Análise de variância paramétrica

6 Teste de Correlação

de Pearson Verificar correlação entre variáveis contínuas

Análise de correlação

7 Teste Qui-quadrado Verificar associação entre as variáveis analisadas

Cruzamento de variáveis

Fonte: Pesquisa (2017).

Para a análise dos resultados utilizou-se o software Statistica SPSS, versão

20.0, e análises estatísticas aplicadas, descritivas e comparativas.

56

4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados da pesquisa de acordo

com os objetivos propostos. Inicialmente, será apresentado o perfil sociodemográfico

das pesquisadas seguido das características identificadas em cada uma das

categorias, quais sejam: Poder, Desejo e Realização. Para atender o último objetivo,

faremos uma análise comparativa das categorias com o perfil sociodemográfico das

empreendedoras. E finalmente teceremos uma explanação sobre o objetivo geral da

pesquisa.

Na presentes pesquisa, utilizou-se questionário divido em duas partes: a

primeira relacionada ao perfil sociodemográfico das pesquisadas e; a segunda às

CCEs, com parâmetro na Escala Likert.

A Tabela 01 apresenta a consistência e a confiabilidade dos dados.

Tabela 01 - Confiabilidade dos dados.

Teste estatístico Cronbach’s Alpha para o questionário de McClelland

Descrição Alpha de Cronbach's

Questionário geral 0,81

Busca de Oportunidades e Iniciativa 0,79

Persistência 0,79

Comprometimento 0,80

Exigência de Qualidade e Eficiência 0,78

Correr Riscos Calculados 0,77

Estabelecimento de Metas 0,79

Busca de Informações 0,78

Planejamento e Monitoramento Sistemático 0,78

Persuasão e Rede de Contatos 0,79

Independência e Autoconfiança 0,78

Fator de Correção 0,84

Fonte: Pesquisa (2017).

57

Através do teste estatístico Cronbach's Alpha, que verifica a confiabilidade

dos dados, pode-se observar na Tabela 01 que todas as dimensões avaliadas sobre

o questionário de McClelland obtiveram alfa de Cronbach's acima de 0,75. Essa

consistência dos dados é classificada como satisfatória no instrumento de pesquisa.

4.1. OBJETIVO ESPECÍFICO Nº 01: PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DAS

EMPREENDEDORAS PESQUISADAS

A Tabela 02 apresenta o perfil sociodemográfico das empreendedoras

pesquisadas do ramo da estética e beleza corporal na cidade de Mossoró-RN.

Tabela 02 – Perfil das empreendedoras.

Legenda Perfil do entrevistado Frequência absoluta %

Idade 18 a 40 33 71,74

41 a 60 13 28,26

Estado civil

Casada 25 54,35

Solteira 19 41,30

Outros 2 4,35

Raça

Branca 21 45,65

Parda 18 39,14

Amarela 5 10,87

Indígena 1 2,17

Preta 1 2,17

Grau de Escolaridade

Ensino médio 21 45,65

Ensino Superior 15 32,61

Especialização 9 19,57

Técnico 1 2,17

Formação

Administração 7 28,00

Fisioterapia 6 24,00

Agronomia 1 4,00

Biologia 1 4,00

Contabilidade 1 4,00

Direito 1 4,00

Enfermagem 1 4,00

Esteticista 1 4,00

Esteticista 1 4,00

Geografia 1 4,00

Marketing e vendas 1 4,00

Odontologia 1 4,00

Psicopedagoga 1 4,00

Técnico em edificações 1 4,00

Município de Origem

Mossoró 35 76,11

Patu 2 4,36

Alexandria 1 2,17

58

Assú 1 2,17

Caraúbas 1 2,17

Currais novos 1 2,17

Felipe guerra 1 2,17

Fortaleza 1 2,17

Icapuí 1 2,17

Jucurutu 1 2,17

Tabuleiro do norte 1 2,17

Número de integrante familiar na residência

1 a 3 pessoas 27 58,70

Acima de 3 pessoas 19 41,30

Possui filhos

Sim 32 69,57

Não 14 30,43

Total 46 100,00

Fonte: Pesquisa (2017).

Em relação à faixa etária das pesquisadas, verificou-se que 71,74% têm

idade entre 18 e 40 anos e 28,26% de 41 a 60 anos. Civilmente, 54,35% são

casadas, 41,30% solteiras e as outras respostas apresentaram um percentual de

4,35%. Genitoras, 69,57% possuem filhos. E etnias branca (45,65%) e parda

(39,14%) apresentaram os maiores percentuais.

No diz que respeito ao grau de escolaridade, as respondentes apresentaram

o seguinte percentual: 46,65% - Ensino Médio; 32,61% - Ensino Superior; 19,57% -

Especialização e; 2,17% - Curso Técnico. As gestoras com Curso Técnico, de

Graduação ou Especialização apresentaram maiores percentuais de formação na

área de Administração (28,00%) e Fisioterapia (24,00%). Cursos como Direito,

Ciências Contábeis, Esteticista entre outros também foram citados como formação

nas pesquisas, porém com menor percentual.

A maioria das empreendedoras é natural de Mossoró (76,11%), o número de

integrante familiar com até 3 pessoas correspondeu ao percentual de 58,70% e

acima de 3 pessoas 41,30%. E finalmente o percentual de empreendedoras que

possuem filho com número médio de 1,56 filhos representou 69,57%.

O Quadro 05 apresenta a síntese dos resultados do perfil sociodemográfico

da pesquisa.

Quadro 05 – Síntese do perfil sociodemográfico.

Síntese do perfil sociodemográfico %

Faixa etária 18 a 40 anos 71,74

Etnia Branca 45,65

Estado civil Casada 54,35

Filhos Até 01 69,57

Integrantes na família Até 03 58,70

59

Naturalidade Mossoró 76,11

Escolaridade Nível médio 28,00

Fonte: Produzido pela autora (2017).

O Quadro 03 apresenta um perfil sociodemográfico com mulheres de faixa

etária entre 18 e 40 anos, mossoroenses, brancas, casadas, com filhos e com até 03

integrantes familiares na mesma casa. Esses resultados assemelham-se com os de

Gelain e Oliveira (2015), os quais afirmam que durante as entrevistas com as

empreendedoras, em relação à idade, esta variável diversificou entre 19 e 46 anos,

saltando para 66 anos, contrariando estudo divulgado pelo SEBRAE (2013), no qual

a faixa etária das mulheres empreendedoras está entre 40 e 49 anos.

Na presente pesquisa, destaca-se a faixa etária entre 18 e 40 anos, a que

mais aproxima do resultado da pesquisa de Gelain e Oliveira (2015), no qual as

mulheres sentem a necessidade de já atuarem no mercado como empreendedoras.

Quanto à escolaridade, a pesquisa apresentou o grau de escolaridade

Ensino Médio como o resultado para a maioria das empreendedoras. E entre as que

possuem graduação, a maioria cursou Administração. Para Gelain e Oliveira (2015),

ao discutirem sobre a formação profissional em seus estudos “A vaidade feminina

enquanto nicho de mercado”, todas as empreendedoras evidenciaram a importância

da formação acadêmica para o seu empreendimento e se declararam profissionais

formadas. Os resultados, quando comparados ao estudo em questão, apresentaram

divergência quanto ao grau de escolaridade, enquanto que os estudos de Gelain e

Oliveira (2015) apresentaram como maioria o ensino superior. Este estudo

apresentou que a maioria possui apenas ensino médio.

60

4.2. OBJETIVO ESPECÍFICO 02: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À

CATEGORIA DESEJO DE REALIZAÇÃO

Tabela 03 - Distribuição de frequência das características avaliadas com relação à Realização.

Descrição

Busca de Oportunidade e Iniciativa

%

Persistência %

Comprometimento %

Exigência de

Qualidade e Eficiência

%

Correr Riscos

Calculados %

Ausente - 8,70 - 2,17 13,04

Fraca 6,52 45,65 4,35 21,74 19,57

Moderada 13,04 32,61 26,09 32,61 41,30

Forte 80,44 13,04 69,56 43,48 26,09

Fonte: Pesquisa (2017).

Avaliando a distribuição de frequência relativa na Busca de Oportunidade e

Iniciativa, obteve-se o seguinte resultado: 6,52% - fraca, 13,04% - moderada e

80,44% - forte. Na Persistência, 8,70% classificou-se ausente, 45,65% fraca, 32,61%

moderada e 13,04% forte. Quanto ao Comprometimento, este apresentou o seguinte

resultado: 4,35% fraca, 26,09% moderada e 69,56% forte. Já na Exigência de

Qualidade e Eficiência as descrições ausente, fraca, moderada e forte

apresentaram, respectivamente, 2,17%, 21,74%, 32,61% e 43,48%. E finalmente

Correr Riscos Calculados apresentou 13,04% em ausente, 19,57% em fraca,

41,30% em moderada e 26,09% em forte.

O presente estudo identificou que a característica mais presente entre as

pesquisadas, considerando-se a dimensão forte, foi a Busca de Oportunidade e

Iniciativa, seguida de Comprometimento. E a característica com maior percentual na

dimensão ausente foi Correr Riscos Calculados

Nos estudos de Barbosa (2016), os resultados apresentados diferenciam-se

deste estudo, ao apontar na categoria Realização maior percentual na característica

Exigência de Qualidade e Eficiência e representatividade moderada na característica

Busca de Oportunidade e Inciativa.

Outra característica com menor pontuação, mas não ausente, foi Correr

Risco Calculado, confirmando a presença de todas as CCEs no estudo de Barbosa

(2016), enquanto neste estudo algumas características são ausentes.

61

Oliveira, Silva e Araújo (2014) identificaram em sua pesquisa

“Características Comportamentais Empreendedoras em proprietários de MPEs

longevas do Vale do Mucuri e Jequitinhonha/MG” que a característica Busca de

Oportunidade e Inciativa está sempre muito presente entre os empreendedores,

assemelhando-se aos resultados desta pesquisa, que identifica a CCE Busca de

Oportunidade e Inciativa como uma das mais presentes entre as empreendedoras.

Outras CCEs, como Persistência e Correr Riscos Calculados, também são

identificadas entre empreendedores. Oliveira, Silva e Araújo (2014) afirmam que o

empresário gosta de desafios e novas oportunidades e busca pessoalmente ficar

atualizado em seu negócio, criando novas circunstâncias. Ele aventura-se a fazer

coisas novas e diferentes das que já fizeram. E os empreendedores sempre

dedicam tempo para encontrar solução para os problemas e persistem em suas

tarefas, mesmo diante dos percalços.

Ainda de acordo com Oliveira, Silva e Araújo (2014), no estudo relacionado

às questões de avaliação da capacidade de Correr Riscos Calculados, alguns

empreendedores preferem situações em que podem controlar ao máximo até atingir

o resultado final. Outros fazem coisas que outras pessoas consideram arriscadas,

assemelhando-se com os resultados desta pesquisa, ao apresentar nível moderado,

mas com o maior percentual de CCE ausente.

Em relação à CCE Comprometimento, esta pesquisa não identificou a

ausência dela. Oliveira, Silva e Araújo (2014) dizem que a referida CCE apresentou

avaliações positivas, e que o empresário é fiel com as promessas que faz.

Quanto à avaliação positiva das questões que compõem a Exigência de

Qualidade e Eficiência, Oliveira, Silva e Araújo (2014) afirmam que os

empreendedores sempre buscam uma melhor maneira e mais rápida para finalizar

uma tarefa, conferindo com o resultado deste estudo, que apresentou um percentual

elevado dessa caraterística, com mais de 40%, e percentual relativamente baixo,

com 2% de ausência, ficando acima de Comprometimento, que não identificou

ausência da referida CCE.

Assim, com base nos parâmetros dos estudos de McClelland e Winter

(1971) e McClelland (1972), a característica Correr Riscos Calculados deve ser a

CCE indicada para treinamento e possível desenvolvimento entre as

empreendedoras pesquisadas.

62

4.3. OBJETIVO ESPECÍFICO 03: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À

CATEGORIA PLANEJAMENTO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Tabela 04 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação ao Planejamento.

Legenda Estabelecimento

de Metas %

Busca de Informações %

Planejamento e Monitoramento

Sistemático %

Ausente 10,87 2,17

Fraca 19,57 4,35 13,04

Moderada 41,30 50,00 34,78

Forte 28,26 43,48 52,18

Fonte: Pesquisa (2017).

Para a categoria Planejamento obteve-se o seguinte resultado:

Estabelecimento de Metas - ausente (10,87%), fraca (19,57%), moderada (41,30%)

e forte (28,26%); Busca de Informação - ausente (2,17%), fraca (4,35%), moderada

(50,00%) e forte (43,48%) e; Persistência - fraca (13,04%), moderada (34,78%) e

forte (52,18%).

De acordo com Oliveira, Silva e Araújo (2014), no que diz respeito a

avaliação da característica Estabelecimento de Metas, esta se mostra presente entre

os empreendedores com um percentual próximo ao presente estudo. Apesar dessa

proximidade dos resultados, neste estudo a CCE Estabelecimento de Metas foi a

que apresentou o maior índice de ausência. De acordo com os estudos de

McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972) seria a CCE que merece maior

atenção em nível de treinamento.

No que diz respeito à CCE Planejamento e Monitoramento Sistemático, na

pesquisa de Oliveira, Silva e Araujo (2014) os resultados apontam positividade. Os

autores afirmam que o empresário analisa criteriosamente as vantagens e as

desvantagens de diferentes alternativas antes de executar uma tarefa e recorre a

outro método para solucionar um problema, caso o método usado não apresente os

resultados esperados. Todavia, alertam que o empresário, ao planejar um projeto

grande, divide-o em tarefas mais simples.

No presente estudo, observa-se que a característica mais representativa

entre as empreendedoras na dimensão forte foi o Planejamento e o Monitoramento

Sistemático, assemelhando-se aos resultados dos estudos citados.

63

Nos estudos de Oliveira, Silva e Araujo (2014), a CCE Busca de Informações

foi identificada em todos os empreendedores pesquisados. Comparando com esse

estudo com a presente pesquisa, a referida CCE apresentou divergência, ao

identificarmos um índice de ausência entre as pesquisadas.

Quando comparados os dados coletados com trabalhos anteriormente

referenciados, como o de Barbosa (2016), por exemplo, que analisou Características

Comportamentais do Empreendedor (CCEs) em outro setor econômico, os

resultados obtidos comprovaram a presença de todas as CCEs nos entrevistados,

distanciando-se dos resultados encontrados neste estudo, que por sua vez

apresentaram ausência de comportamento empreendedor em algumas

características analisadas.

4.4. OBJETIVO ESPECÍFICO 04: IDENTIFICAR CARACTERÍSTICAS DO

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR DAS PESQUISADAS COM RELAÇÃO À

CATEGORIA PODER

Tabela 05 - Distribuição de frequência das dimensões avaliadas com relação ao poder

Legenda

Persuasão e Rede de Contatos %

Independência e Autoconfiança

%

Ausente 21,74 4,35

Fraca 19,57 23,91

Moderada 28,26 39,13

Forte 30,43 32,61

Fonte: Pesquisa (2017).

Na Persuasão e Rede de Contatos, este apresentou o seguinte resultado:

ausente (21,74%), fraca (19,57%), moderada (28,26%) e forte (30,43%). E quanto à

Independência e Autoconfiança: ausente (4,35%), fraca (23,91%), moderada

(39,13%) e forte (32,61%).

Nos estudos de Oliveira, Silva e Araujo (2014) acerca da Independência e

Autoconfiança, alguns dos empreendedores pesquisados confiam em seu sucesso

ao executarem algo difícil e desafiador. Outros revelam mudar a maneira de pensar

se outros discordam energicamente de seus pontos de vista. No entanto, os grupos

de pesquisados sinalizaram respostas similares relacionada à CCE em questão.

64

Em relação à Rede de Contatos e Persuasão, sinalizou-se forte presença

dessas características nos estudos de Oliveira, Silva e Araujo (2014), ao estes

afirmarem que os empreendedores mantêm contato com empresários de outros

centros e possuem bom relacionamento com empresas da cidade no mesmo ramo.

O empresário consegue que pessoas com firmes convicções e opiniões mudem seu

modo de pensar. Os grupos pesquisados entre os estudos de Oliveira, Silva e Araujo

(2014) e este estudo revelaram resultados divergentes. O primeiro apresenta forte

índice da CCE citada. E o segundo maior índice de ausência.

No presente estudo, analisou-se que as duas características presentes na

categoria Poder apresentaram percentuais próximos à dimensão forte. Porém,

ressalvamos que a característica Persuasão e Rede de Contatos apresentou índice

de ausência superior em relação à Independência e Autoconfiança entre as

pesquisadas. A indicação para desenvolver aptidão na respectiva categoria seria a

característica de Persuasão e Rede de Contato.

4.5. OBJETIVO ESPECÍFICO 05: COMPARAR O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO

DAS PESQUISADAS EM RELAÇÃO ÀS CATEGORIAS REALIZAÇÃO,

PLANEJAMENTO E PODER

Esta subseção apresenta o teste de Kolmogorov Smirnov com o objetivo de

verificar se os dados em estudo são provenientes de uma distribuição normal, em

que a hipótese nula (H0) é que os dados possuem distribuição normal, e a hipótese

alternativa (H1) os dados não possuem distribuição normal. Rejeita-se H0 se o valor -

p < 0,05. Dessa forma, verifica-se o grau de confiabilidade e validade da pesquisa

nesse ponto.

Tabela 06 - Teste de Kolmogorov Smirnov

Descrição Resultado

Realização 0,806

Busca de Oportunidades e Iniciativa 0,692

Persistência 0,109

Comprometimento 0,140

65

Exigência de Qualidade e Eficiência 0,596

Correr Riscos Calculados 0,254

Planejamento 0,654

Estabelecimento de Metas 0,275

Busca de Informações 0,306

Planejamento e Monitoramento Sistemático 0,461

Poder 0,867

Persuasão e Rede de Contatos 0,630

Independência e Autoconfiança 0,569

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: ** Valor - p < 0,01 *Valor - p < 0,05.

Através do teste de Kolmogorov Smirnov, para um nível de significância de

5%, são apresentadas evidências estatísticas que as dimensões estudadas

possuem distribuição normal. Portanto, sendo viável a aplicação de testes

estatísticos paramétricos.

Tabela 07 - Estatística descritiva das dimensões McClelland e Winter.

Dimensões Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor-p

Realização 16,20 25,80 18,80 20,10 21,60 20,19 2,31 11,45

0,015* Planejamento 13,67 27,33 18,33 19,83 21,33 20,18 2,93 14,54

Poder 10,50 26,00 16,50 19,00 20,50 18,68 3,18 16,99

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: DP: Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação; *Valor - p < 0,05.

Através do teste de Análise de Variância Multivariada (MANOVA), para um

nível de significância de 5%, identificamos diferença estatística entre as dimensões

de McClelland e Winter por meio do teste de Tukey (Gráfico 05), no qual verificamos

que as dimensões Realização e Planejamento apresentaram maiores pontuações e

a dimensão Poder menor pontuação.

Vale ressaltar que a verificação de diferença estatística no teste de Tukey é

observada do seguinte modo: quando a linha de comparação entre as sub escalas

66

forem incluídas o “Zero” temos evidências estatísticas que a comparação desses

dois efeitos são iguais. Caso contrário, há diferença estatística entre os efeitos.

Gráfico 01 - Teste de Tukey das dimensões McClelland.

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: 1 – Realização; 2 – Planejamento; 3 – Poder.

Através do teste de Análise de Variância Multivariada (MANOVA), para um

nível de significância de 5%, temos evidências de diferença estatística entre as

dimensões. Através do teste de Tukey, notou-se que a dimensão Busca de

Oportunidades e Iniciativas apresentou maior pontuação, enquanto que a dimensão

Persistência menor pontuação. Observa-se a existência de uma relação entre os

dados do perfil sociodemográfico com cada uma das categorias da pesquisa aqui

apresentada.

Tabela 08 - Comparação das dimensões.

Dimensão Mínimo Máximo 25% Mediana 75% Média DP CV Valor

– p

Busca de

Oportunidades e

Iniciativa

16,00 28,00 21,00 23,00 25,00 22,65 2,78 12,28

0,000

Persistência 13,00 26,00 16,00 17,00 19,00 17,52 2,62 14,97

Comprometimento 17,00 28,00 20,00 21,50 24,00 22,17 2,67 12,04

Exigência de

Qualidade e

Eficiência

13,00 27,00 18,00 20,00 23,00 20,20 3,46 17,14

Correr Riscos

Calculados 7,00 26,00 17,00 19,00 21,00 18,41 3,58 19,42

Estabelecimento

de Metas 12,00 29,00 17,00 19,00 22,00 19,30 3,91 20,25

Busca de

Informações 13,00 29,00 18,00 20,00 22,00 20,57 3,15 15,33

67

Planejamento e

Monitoramento

Sistemático

16,00 26,00 19,00 21,00 22,00 20,67 2,69 13,02

Persuasão e Rede

de Contatos 9,00 26,00 16,00 19,00 21,00 18,11 3,98 21,97

Independência e

Autoconfiança 12,00 27,00 17,00 20,00 21,00 19,26 3,11 16,14

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: DP - Desvio Padrão; CV: Coeficiente de Variação.

As Tabelas de 07 a 11 apresentam a comparação das características com

as dimensões e as possíveis relações entre as CCEs e o perfil sociodemográfico.

Tabela 09 - Comparação das dimensões avaliadas por idade.

Itens 18 a 40 anos 40 a 60 anos

Valor-p Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Realização 20,21 2,34 20,14 2,33 0,924

Busca de Oportunidades e

iniciativa

22,67 2,82 22,62 2,79 0,956

Persistência 17,45 2,73 17,69 2,43 0,785

Comprometimento 21,97 2,67 22,69 2,69 0,415

Exigência de Qualidade e Eficiência

20,18 3,42 20,23 3,70 0,966

Correr Riscos Calculados 18,79 3,30 17,46 4,20 0,262

Planejamento 20,02 2,89 20,59 3,13 0,559

Estabelecimento de Metas 19,18 3,74 19,62 4,46 0,739

Busca de Informações 20,42 3,27 20,92 2,93 0,634

Planejamento e Monitoramento

sistemático

20,45 2,65 21,23 2,83 0,385

Poder 18,64 3,29 18,81 2,98 0,871

Persuasão e Rede de Contatos 18,18 4,05 17,92 3,95 0,845

Independência e Autoconfiança 19,09 3,21 19,69 2,93 0,561

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não

houveram evidências de diferença estatística de idade com as dimensões de

McClelland.

Tabela 10 - Comparação das dimensões avaliadas por estado civil.

Itens Casado Solteiro Valor-

p Média Desvio padrão Média Desvio padrão Realização 20,53 2,16 19,79 2,47 0,286

Busca de Oportunidades e Iniciativa 22,76 2,49 22,52 3,16 0,778 Persistência 17,64 2,06 17,38 3,22 0,743

Comprometimento 22,64 3,05 21,62 2,06 0,200 Exigência de Qualidade e Eficiência 20,96 3,56 19,29 3,18 0,103

Correr Riscos Calculados 18,64 3,26 18,14 3,98 0,644 Planejamento 20,13 3,04 20,24 2,87 0,906

Estabelecimento de Metas 19,24 4,33 19,38 3,44 0,905 Busca de Informações 20,52 3,23 20,62 3,14 0,917

68

Planejamento e Monitoramento

sistemático

20,64 2,46 20,71 3,00 0,927 Poder 18,92 3,00 18,40 3,43 0,589

Persuasão e Rede de Contatos 18,64 3,58 17,48 4,41 0,329 Independência e Autoconfiança 19,20 3,12 19,33 3,17 0,887

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não

houveram evidências de diferença estatística do estado civil com as dimensões de

McClelland.

Tabela 11 - Comparação das dimensões avaliadas por possuir filho ou não.

Itens Sim Não Valor-

p Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Realização 20,31 2,35 19,91 2,29 0,597

Busca de Oportunidades e Iniciativa 22,69 2,64 22,57 3,18 0,898

Persistência 17,72 2,36 17,07 3,20 0,447

Comprometimento 22,22 2,79 22,07 2,46 0,865

Exigência de Qualidade e Eficiência 20,59 3,59 19,29 3,07 0,243

Correr Riscos Calculados 18,34 3,88 18,57 2,87 0,845

Planejamento 20,36 3,10 19,76 2,58 0,528

Estabelecimento de Metas 19,66 3,95 18,50 3,84 0,362

Busca de Informações 20,72 3,35 20,21 2,72 0,623

Planejamento e Monitoramento

sistemático

20,72 2,64 20,57 2,90 0,867

Poder 18,64 3,16 18,79 3,33 0,888

Persuasão e Rede de Contatos 17,91 3,95 18,57 4,15 0,607

Independência e Autoconfiança 19,38 3,00 19,00 3,44 0,711

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não

foram apresentadas evidências de diferença estatística da afirmação de possuir filho

ou não com as dimensões de McClelland.

Tabela 12 - Comparação das dimensões avaliadas por número de integrante familiar.

Itens

Até 3 pessoas Acima de 3 pessoas

Valor-p

Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Realização 20,22 2,39 20,15 2,26 0,915

Busca de Oportunidades e Iniciativa

22,93 2,73 22,26 2,88 0,433

Persistência 17,44 2,44 17,63 2,93 0,815

Comprometimento 22,15 2,49 22,21 2,97 0,939

Exigência de Qualidade e Eficiência

20,11 3,49 20,32 3,51 0,846

69

Correr Riscos Calculados 18,48 4,12 18,32 2,73 0,879

Planejamento 20,48 2,96 19,75 2,92 0,414

Estabelecimento de Metas 19,89 4,14 18,47 3,49 0,231

Busca de Informações 20,89 3,23 20,11 3,07 0,413

Planejamento e Monitoramento Sistemático

20,67 2,54 20,68 2,96 0,983

Poder 18,69 3,25 18,68 3,15 0,999

Persuasão e Rede de Contatos 18,11 4,12 18,11 3,89 0,996

Independência e Autoconfiança 19,26 3,15 19,26 3,14 0,997

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%, não

temos evidências de diferença estatística do número de integrantes familiar com as

dimensões de McClelland.

Tabela 13 - Comparação das dimensões avaliadas pela afirmação de ter algum Curso de Graduação

ou Especialização.

Itens Sim Não

Valor-p Média Desvio padrão Média Desvio padrão

Realização 20,30 2,35 20,06 2,32 0,723

Busca de Oportunidades e Iniciativa

22,96 2,82 22,29 2,76 0,419

Persistência 17,68 2,64 17,33 2,65 0,660

Comprometimento 22,56 2,97 21,71 2,24 0,289

Exigência de Qualidade e Eficiência

19,76 3,77 20,71 3,07 0,357

Correr Riscos Calculados 18,56 2,89 18,24 4,32 0,765

Planejamento 20,32 3,10 20,02 2,79 0,730

Estabelecimento de metas 19,20 4,04 19,43 3,84 0,846

Busca de informações 20,88 3,28 20,19 3,03 0,466

Planejamento e

monitoramento sistemático

20,88 2,71 20,43 2,71 0,577

Poder 19,44 3,37 17,79 2,73 0,078

Persuasão e rede de

contatos

19,28 4,09 16,71 3,44 0,028*

Independência e

autoconfiança

19,60 3,21 18,86 3,00 0,426

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste t de Student, para um nível de significância de 5%,

identificamos evidências de diferença estatística de afirmação das pesquisadas

70

quanto a ter algum Curso de Graduação ou de Especialização com as dimensões

Persuasão e Rede de Contatos, no qual as gestoras com maior grau de

escolaridade apresentaram maior pontuação nas dimensões citadas.

Como afirmado anteriormente nos estudos de Gelain e Oliveira (2015), ter

formação acadêmica influencia diretamente no sucesso do empreendimento, e as

pesquisadas declararam ser relevante ter uma formação profissional. Quando

comparado o perfil das empreendedoras com as CCES, a CCE Persuasão e Rede

de Contatos foi a única a ter algum tipo de correlação.

Podemos observar que a conferição entre as CCES e o perfil

sociodemográfico têm correlação mínima, quando somente apresentam resultados

de relação em uma das características com o perfil.

Na tabela abaixo, apresentamos o teste de correlação das dimensões.

Tabela 14 - Análise de correlação das dimensões de McClelland.

Correlação Realização Planejamento Poder

Realização 1 0,78* 0,75*

Planejamento 1 0,70*

Poder 1

Fonte: Pesquisa (2017). Legenda: *Valor - p < 0,05.

Através do teste de correlação de Pearson, para um nível de significância de

5%, foram identificadas evidências estatísticas de correlação entre as três

dimensões de McClelland, sendo classificada como correlação forte positiva, na qual

verificou-se o aumento da pontuação atribuída em uma das dimensões, tendendo,

também, a aumentar na outra dimensão em comparação.

4.6. OBJETIVO GERAL: IDENTIFICAR QUAIS CARACTERÍSTICAS DO

COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR ESTÃO PRESENTES NAS MULHERES

EMPREENDEDORAS DO SEGMENTO DA ESTÉTICA CORPORAL NA CIDADE DE

MOSSORÓ-RN

Nesta pesquisa, o objetivo geral será apresentado com base em dois

parâmetros: o primeiro terá a dimensão forte das categorias e; o segundo baseado

nas quatro dimensões (forte, moderada, fraca e ausente) das três categorias

apresentas.

71

Levando em consideração dentro das categorias apenas a dimensão forte, o

resultado por ordem decrescente de percentual está representado no quadro a

seguir:

Quadro 06 - Demonstrativo das CCEs identificadas nas empreendedoras pesquisadas de acordo

com a dimensão forte.

Descrição %

Busca de Oportunidades e Iniciativa 80,44%

Comprometimento 69,56%

Planejamento e Monitoramento Sistemático 56,18%

Busca de Informações 43,48%

Exigência de Qualidade e Eficiência 43,48%

Independência e Autoconfiança 32,61%

Persuasão e Rede de Contatos 30,43%

Estabelecimento de Metas 28,26%

Correr Riscos Calculados 26,09%

Persistência 13,04%

Fonte: Produzido pela autora (2017).

Nesse parâmetro, os resultados revelam que a característica mais presente

entre as pesquisadas é a Busca de Oportunidade e Iniciativa, e a menos presente a

Persistência.

Considerando-se todas as outras dimensões, observando atentamente a

dimensão ausente, o resultado obtido pode apresentar outra ótica. Se considerado a

soma das categorias forte, moderada e fraca, subtraída da dimensão ausente, o

resultado obtido é diferente em relação à representatividade das CCEs.

O Quadro 07 faz um demonstrativo com o ranking do percentual das CCEs

presentes e ausentes entre as empreendedoras considerando-se todas as

dimensões.

Quadro 07 – Demonstrativo dos índices de presença e ausências das CCES entre as pesquisadas

de acordo com todas as dimensões.

CCEs Índice de presença Índice de ausência

Busca de Oportunidades e Iniciativa

100% 0%

Comprometimento 100% 0%

72

Planejamento e Monitoramento Sistemático

100% 0%

Busca de Informações 97,30% 2,74%

Exigência de Qualidade e Eficiência

97,30% 2,74%

Independência e Autoconfiança

95,65% 4,35%

Persistência 91,30% 8,70%

Estabelecimento de Metas 89,13% 10,87%

Correr Riscos Calculados 86,96% 13,04%

Persuasão 78,26% 21,74%

Fonte: Produzido pela autora (2017).

Ao compararmos os Quadros 9 e 10, observamos que a CCE Busca de

Oportunidade e Iniciativa se mantém a mais presente, porém a CCE mais ausente

sofre uma alteração entre Persistência e Persuasão.

Na Tabela 15 são observadas cada uma das CCEs individualmente. Nela,

verificamos o índice de presença e ausência entre as dimensões forte, moderada,

fraca e ausente.

Tabela 15 - Distribuição de frequência das CCEs e dimensões avaliadas.

Características\Dimensões Freq. Ausente Fraca Moderada Forte Total

Busca de Oportunidades e Iniciativa

N --- 3 6 37 46

% --- 6,52 13,04 80,44 100,00

Persistência

N 4 21 15 6 46

% 8,70 45,65 32,61 13,04 100,00

Comprometimento

N --- 2 12 32 46

% --- 4,35 26,09 69,56 100,00

Exigência de Qualidade e Eficiência

N 1 10 15 20 46

% 2,17 21,74 32,61 43,48 100,00

Correr Riscos Calculados

N 6 9 19 12 46

% 13,04 19,57 41,30 26,09 100,00

Estabelecimento de Metas

N 5 9 19 13 46

% 10,87 19,57 41,30 28,26 100,00

Busca de Informações

N 1 2 23 20 46

% 2,17 4,35 50,00 43,48 100,00

Planejamento e N --- 6 16 24 46

73

Monitoramento Sistemático % --- 13,04 34,78 52,18 100,00

Persuasão e Rede de Contatos

N 10 9 13 14 46

% 21,74 19,57 28,26 30,43 100,00

Independência e Autoconfiança

N 2 11 18 15 46

% 4,35 23,91 39,13 32,61 100,00

Fonte: Pesquisa (2017).

Observa-se que a soma das dimensões forte, moderada e fraca não somam

sempre 100%. É possível vislumbrar 70% das características presentes e 30% das

características ausentes.

Ao analisar individualmente as características, e de acordo com os estudos

de McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972), identificamos quais CCEs são

menos inerentes às empreendedoras e com maior indicação de necessidade de

treinamento, e também quais estão totalmente ausentes e precisam ser trabalhadas,

no sentido de inseri-las no perfil dessas empreendedoras.

Ao comparar outros estudos em relação ao presente trabalho, apresentado

no capitulo anterior, observou-se alguns resultados pertinentes. O estudo de

Damasceno (2010), que tinha como objetivo analisar o perfil das mulheres

empreendedoras do município de Juazeiro-BA obteve como resultado que a mulher

baiana responde por significativa parcela da renda familiar, independente de sua

escolaridade. Igualmente, se aproxima dos resultados obtidos nesta pesquisa,

quando não encontra nenhuma relação das dimensões analisadas com o perfil

sociodemográfico.

Um segundo estudo, dos autores Matias e Martins (2010), resgatou a

evolução das pesquisas de David McClelland, versando sobre o empreendedorismo

e a importância deste para o desenvolvimento de uma nação. O resultado identificou

que os contadores possuem uma posição estratégica para as empresas, citados em

diversas características empreendedoras. Assim como no estudo aqui apresentado,

foram identificadas várias características entre as empreendedoras.

Um terceiro estudo investigou o perfil da mulher empreendedora que explora

a vaidade feminina enquanto nicho de mercado. Gelain e Oliveira (2015) obtiveram

como resultado que as mulheres empreendedoras apresentam um perfil semelhante,

destacando-se a capacidade empreendedora e suas ações como forma de ingressar

74

no mercado de trabalho. Isso confirma a inserção da mulher no setor econômico por

meio do empreendedorismo, comparando com o estudo em questão.

Outro estudo com objetivo semelhante ao deste trabalho, da autora Barbosa

(2016), analisou as Características Comportamentais do Empreendedor (CCEs) em

outro setor econômico, cujos resultados comprovaram a presença de todas as CCEs

nos entrevistados, distanciando-se significativamente dos resultados encontrados

neste estudo, que, por sua vez, apresentaram ausência de comportamento

empreendedor em algumas características analisadas.

Dessa forma, compreende-se que esta pesquisa chegou a resultados

aceitáveis aos objetivos propostos.

75

5. CONCLUSÕES

As mulheres empreendedoras desempenham um papel social e econômico

importante no cenário atual, e o empreendedorismo feminino hoje representa uma

parcela significativa da população economicamente ativa no Brasil. Nessa ótica,

admitimos que ele promove benefícios diversos a sociedade, sendo de fundamental

importância para o desenvolvimento econômico de uma nação.

O presente estudo foi realizado para responder à problemática sobre o que

caracteriza o perfil empreendedor das mulheres do segmento da estética corporal na

cidade de Mossoró-RN, descrevendo sobre as principais características identificadas

nessas empreendedoras e qual a relação dessas características com os seus

comportamentos empreendedores.

Inicialmente, realizou-se o embasamento teórico e em seguida aplicada a

metodologia. Também foi realizada a coleta dos dados, seguido do tratamento e da

análise para o alcance dos objetivos.

Para responder ao primeiro objetivo, traçou-se o perfil sociodemográfico das

empreendedoras pesquisadas, no qual obtivemos a faixa etária entre 18 a 40 anos,

etnia branca, casadas, média de apenas um filho, residentes com até três pessoas

na mesma casa e naturais de Mossoró. Em relação à escolaridade, a maioria tem

apenas Ensino Médio, e as que possuem formação acadêmica teve maior

concentração no Curso de Administração.

No que dizem respeito aos objetivos específicos 2, 3 e 4 baseados nos

estudos de McClelland e Winter, de acordo com as categorias Realização,

Planejamento e Poder, obteve-se os resultados descritos a seguir:

As características mais presentes entre as empreendedoras são Busca de

Oportunidade e Iniciativa e o Comprometimento que as empreendedoras têm com

seu empreendimento, seguida do Planejamento e Monitoramento Sistemático do

Negócio.

As características com maior representatividade são Busca de Informação e

Exigência de Qualidade e Eficiência dos serviços. Na sequência, foram citadas a

Independência e a Autoconfiança.

A partir desse ponto, as características apresentam resultados divergentes

quando se é considerado o resultado com base apenas na dimensão forte e quando

76

se têm como parâmetro as quatro dimensões (forte, moderada, fraca e ausente) do

estudo.

Considerando apenas a dimensão forte inerente ao perfil das pesquisadas,

segue a sequência ordenada das características: Persuasão e Rede de Contatos,

Estabelecimento de Metas, Correr Riscos Calculados e Persistência.

Usando como parâmetro as quatro dimensões (forte, moderada, fraca e

ausente) das três categorias (Realização, Planejamento e Poder), a ordem de

classificação menos intrínseca às pesquisadas são as CCEs Persistência,

Estabelecimento de Metas e Correr Riscos Calculados, e a mais ausente Persuasão

e Rede de Contatos.

Conclui-se que as CCEs podem ser apresentadas e divididas nas que são

100% inerentes às pesquisadas, isto é, as que são próprias das empreendedoras e

não demandam necessidade de estímulo, a menos que queiram desenvolvê-las

cada vez mais, quais sejam: Busca de Oportunidades e Iniciativa, Comprometimento

e Planejamento e Monitoramento Sistemático.

Quanto às que demandam necessidade de treinamento com índice de

ausência diverso e carecem de estímulo para que melhor qualifiquem-se, como

sugere McClelland e Winter (1971) e McClelland (1972), autores da pesquisa

utilizada neste estudo, são as CCEs: Busca de Informações, Exigência de Qualidade

e Eficiência, Independência e Autoconfiança, Persistência, Estabelecimento de

Metas, Correr Riscos Calculados, Persuasão e Redes de Contato.

As características analisadas e identificadas conseguem descrever um perfil

expressivo das empreendedoras no ramo estudado, identificando características

comuns a todas. As CCEs Busca de Oportunidade e Iniciativa, Comprometimento e

Planejamento são intrínsecas a todas, expressando o espaço conquistado nos

âmbitos econômico, social e global. No outro extremo desse resultado, as CCEs

mais ausentes e que apresentaram maior necessidade de estímulo e treinamento

foram Persuasão e Rede de Contatos.

No que toca ao quinto objetivo, em que se prevê a comparação do perfil

identificado com as características dos estudos de McClelland e Winter, observou-se

que o perfil sociodemográfico não apresenta quase nenhuma influência em relação

às características comportamentais das empreendedoras pesquisadas. De acordo

com os resultados, apenas as CCEs Persuasão e Rede de Contatos apresentaram

nível de significância em relação ao perfil sociodemográfico, em que as

77

empreendedoras casadas possuem uma maior cadeia de contatos em relação às

não casadas. As demais características não apresentaram relação significativa com

o perfil sociodemográfico.

Dessa forma, as categorias Realização, Planejamento e Poder

apresentaram, respectivamente, menor necessidade de treinamento, permanecer

em equilíbrio entre as categorias citadas e ser considerada a que possui maior

necessidade de estímulo.

A presença e a ausência das CCEs no perfil das empreendedoras podem

influenciar no campo profissional e também pessoal. Ser empreendedora é ter

características que podem ser descritas entre outras como buscar oportunidades,

gostar de desafios, ter conhecimento dos objetivos a serem alcançados, gerir

decisões sem perder tempo, lidar com situações adversas, ser confiante, procurar

soluções para qualquer problema, ajudar todos a sua volta, ter relação interpessoal,

superar obstáculos e ainda manter como foco principal o bem-estar da família.

Portanto, este estudo representa apenas uma parcela de um universo do

empreendedorismo feminino. Nessa perspectiva, recomendamos novas pesquisas

do tema em diferentes mercados ou outros setores como, por exemplo, serviços de

comércio varejista de artigos de vestuário ou salões de cabelos, que são os setores

mais empreendidos pela mulher, ou mesmo outros segmentos, como lanchonetes,

comércio de produtos de beleza etc.. Outrossim, sugerimos introduzir novas

variáveis na análise, identificando outras necessidades de desenvolvimento de

características entre as empreendedoras, possibilitando outros resultados.

78

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86

ANEXOS

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ANEXO A – QUESTIONÁRIO DA PESQUISA PERFIL DA MULHER EMPREENDEDORA NO SEGMENTO DA ESTÉTICA

CORPORAL NA CIDADE DE MOSSORÓ-RN

PARTE I – PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO 1. Estado civil ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Outros 2. Nº de filhos _______ 3. Integrantes da família que moram na mesma casa ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) Mais de 5 integrantes

4. Idade ( ) 18 a 40 anos ( ) 41 a 60 anos ( ) Acima de 60 anos 5. Raça ou Etnia ( ) Branca ( ) Preta ( ) Parda ( ) Amarela ( ) Indígena 6. Naturalidade___________________ 7. Nível de escolaridade? ( ) Nenhuma educação formal ( ) 1º Grau ( ) 2º Grau ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Outro______________ 8. Formação Educacional _________________________

PARTE II – QUESTIONÁRIO MCCLELLAND PARA PERFIL EMPREENDEDOR

Orientações sobre as questões:

A. Este questionário se constitui de 55 afirmações breves. Leia cuidadosamente

cada afirmação e decida qual descreve você da melhor forma (considere como você

é hoje, e não como gostaria de ser). Seja honesto consigo mesmo. Lembre-se de

que ninguém faz tudo corretamente, nem mesmo é desejável que se saiba fazer

tudo.

B. Selecione o número correspondente à afirmação que o descreve: 1 – Nunca; 2 -

Raras vezes; 3 - Algumas vezes; 4 – Usualmente; 5 - Sempre

88

C. Anote o número selecionado na linha à direita de cada afirmação. Eis aqui um

exemplo: Mantenho-me calmo em situações tensas 2. A pessoa que respondeu

neste exemplo selecionou o número “2” acima para indicar que a afirmação a

descreve apenas em raras ocasiões.

D. Algumas afirmações podem ser similares, mas nenhuma é exatamente igual.

E. Favor designar uma classificação numérica para todas as afirmações.

F. Este questionário se constitui de diferentes etapas em sequência. Leia

atentamente as instruções.

Questionário McClelland para o perfil empreendedor

Nu

nca

Rara

s

Vezes

Alg

um

as

Vezes

Usu

alm

en

te

Sem

pre

(1) (2) (3) (4) (5)

1. Esforço-me para realizar as coisas que devem ser feitas.

2. Quando me deparo com um problema difícil levo muito tempo para encontrar a solução.

3. Termino meu trabalho a tempo.

4. Aborreço-me quando as coisas não são feitas devidamente.

5. Prefiro situações em que posso controlar ao máximo o resultado final.

6. Gosto de pensar no futuro.

7. Quando começo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informações possíveis antes de dar prosseguimento a ela/ele.

8. Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples.

9. Consigo que os outros me apoiem em minhas recomendações.

10. Tenho confiança que posso estar bem sucedido em qualquer atividade que me proponha a executar.

11. Não importa com quem fale, sempre escuto atentamente.

12. Faço as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham que me pedir.

13. Insisto várias vezes para conseguir que as outras pessoas façam o que desejo.

14. Sou fiel às promessas que faço.

15. Meu rendimento no trabalho é melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho.

16. Envolvo-me com algo novo somente depois de ter feito o possível para assegurar seu êxito.

17. Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida.

18. Procuro conselhos das pessoas que são especialistas no ramo em que estou atuando.

19. Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa.

20. Não perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas.

21. Mudo a maneira de pensar se os outros discordam energicamente dos meus pontos de vista.

22. Aborreço-me quando não consigo o que quero.

23. Gosto de desafios e novas oportunidades.

89

24. Quando algo se interpõe entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa.

25. Se necessário não me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega.

26. Aborreço-me quando perco tempo.

27. Considero minhas possibilidades de êxito ou fracasso antes de começar a atuar.

28. Quanto mais especificas forem minhas expectativas em relação ao que quero obter na vida maiores serão minhas possibilidades de êxito.

29. Tomo decisões sem perder tempo buscando informações.

30. Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que eu faria caso sucedam.

31. Conto com pessoas influentes para alcançar minhas metas.

32. Quando estou executando algo difícil e desafiador tenho confiança em meu sucesso.

33. Tive fracassos no passado.

34. Prefixo executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro.

35. Quando me deparo com sérias dificuldades rapidamente passo para outras atividades.

36. Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforço de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho.

37. Nunca fico realmente satisfeito com a forma como são feitas as coisas. Sempre considero que há uma maneira melhor de fazê-las.

38. Executo tarefas arriscadas.

39. Conto com um plano claro de vida.

40. Quando executo um projeto para alguém faço muitas perguntas para me assegurar de que entendi o que quer.

41. Enfrento os problemas na medida em que surgem ao invés de perder tempo antecipando-os.

42. Para alcançar minhas metas procuro soluções que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema.

43. O trabalho que realizo é excelente.

44. Em algumas ocasiões obtive vantagens de outras pessoas.

45. Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado.

46. Tenho diferentes maneiras de superar obstáculos que se apresentam para a obtenção das minhas metas.

47. Minha família e vida pessoal são mais importantes para mim que as datas de entregas de trabalho determinadas por eu mesmo.

48. Encontro a maneira mais rápida de terminar os trabalhos, tanto em casa quanto no trabalho.

49. Faço coisas que as outras pessoas consideram arriscadas.

50. Preocupo-me tanto em alcançar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais.

51. Conto com várias fontes de informação ao procurar ajuda para a execução de tarefas e projetos.

52. Se determinado método para enfrentar um problema não dê certo recorro a outro.

53. Posso conseguir que pessoas com firmes convicções e opiniões mudem seu modo de pensar.

54. Mantenho-me firme em minhas decisões, mesmo quando

90

as outras pessoas se opõem energicamente.

55. Quando desconheço algo não hesito em admiti-lo.

91

ANEXO B – AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

FOLHA DE AVALIAÇÃO DO QUESTIONÁRIO PADRÃO DE AUTOAVALIAÇÃO

DAS CCEs

Instruções: 1. Anote os valores que aparecem no questionário de acordo com os números entre

parênteses. Observe que eles são consecutivos nas colunas. Ou seja, a resposta nº

2 encontra-se logo abaixo da resposta nº 1, e assim sucessivamente.

2. Atenção: faça as somas e subtrações designadas em cada fileira para poder

completar a pontuação de cada CCE.

3. Suas pontuações podem necessitar de correção. Verifique as últimas instruções.

Avaliação das Afirmações Pontuação CCEs

Busca de oportunidades e iniciativa

______ +______ +______ +______-______ + 6 =______

( 1 ) (12) (23) (34) (45)

Persistência

______+______+______-_____+_______ + 6 = ______

( 2 ) (13) (24) (35) (46)

Comprometimento

______+______+______+______-______ + 6 = ______

( 3 ) (14) (25) (36) (47)

Exigência de Qualidade e Eficiência

______ +______ +______ +______ +______ + 6 =______

( 4 ) (15) (26) (37) (48)

Correr Riscos Calculados

______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______

( 5 ) (16) (27) (38) (49)

Estabelecimento de metas

______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______

( 6 ) (17) (28) (39) (50)

Busca de informações

______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______

( 7 ) (18) (29) (40) (51)

Planejamento, Monitoramento Sistemático

92

______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______

( 8 ) (19) (30) (41) (52)

Persuasão e Rede de Contatos

______ +______+______ +______ - ______ + 6 = ______

( 9 ) (20) (31) (42) (53)

Independência e Autoconfiança

______ +______ +______ +______ - ______ + 6 = ______

(10) (21) (32) (43) (54)

Fator de Correção

______ +______+______+______ - ______ + 6 = ______

(11) (22) (33) (44) (55)

93

FOLHA PARA CORRIGIR A PONTUAÇÃO Instruções: 1. O Fator de Correção - que é igual a soma das respostas 11, 22, 33, 44 e 55 - é

utilizado para determinar se a pessoa tentou apresentar uma imagem altamente

favorável de si mesma. Se o total dessa soma for igual ou maior a 20 então o total

da pontuação das 10 CCEs deve ser corrigido para poder dar uma avaliação mais

precisa da pontuação das CCEs do indivíduo.

2. Empregue os seguintes números para fazer a correção da pontuação:

Se o total do Fator de Correção for: Diminua o número abaixo da

pontuação de todas as CCEs

24 ou 25 7

22 ou 23 5

20 ou 21 3

19 ou menos 0

3. A seguir você poderá fazer as correções necessárias.

FOLHA DE PONTUAÇÃO CORRIGIDA

Pontuação - Fator de = Total Corrigido

Original Correção

Busca de Oportunidade e Iniciativa __________ - __________ = __________

Persistência __________- __________ = __________

Comprometimento __________- __________ = __________

Exigência de Qualidade e Eficiência _________ - __________ = __________

Correr Riscos Calculados __________ - __________ = __________

Estabelecimento de Metas __________ - __________ = __________

Busca de Informações __________ - __________ = __________

Planejamento e Monitoramento Sistemático _______ - _______ = _________

Persuasão e Rede de Contatos __________ - __________ = __________

Independência e Autoconfiança __________ - __________ = _________

94

ANEXO C - DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DOS ITENS AVALIADOS

Itens Freq. 1 2 3 4 5 Total

1.Esforço-me para realizar as coisas que devem ser feitas.

N --- --- 2 9 35 46

% --- --- 4,35 19,57 76,08 100,00

2. Quando me deparo com um problema difícil levo muito tempo para encontrar a solução.

N 3 11 28 3 1 46

% 6,52 23,91 60,88 6,52 2,17 100,00

3. Termino meu trabalho a tempo.

N --- --- 11 17 18 46

% --- --- 23,91 36,96 39,13 100,00

4. Aborreço-me quando as coisas não são feitas devidamente.

N --- 4 18 5 19 46

% --- 8,70 39,13 10,87 41,30 100,00

5. Prefiro situações em que posso controlar ao máximo o resultado final.

N --- 3 6 13 24 46

% --- 6,52 13,04 28,26 52,18 100,00

6. Gosto de pensar no futuro.

N --- 1 5 12 28 46

% --- 2,17 10,87 26,09 60,87 100,00

7. Quando começo uma tarefa ou projeto novo coleto todas as informações possíveis antes de dar prosseguimento a ele.

N --- 3 12 17 14 46

% --- 6,52 26,09 36,96 30,43 100,00

8. Planejo um projeto grande dividindo-o em tarefas mais simples.

N 2 10 17 10 7 46

% 4,35 21,74 36,95 21,74 15,22 100,00

9. Consigo que os outros me apoiem em minhas recomendações.

N 1 4 19 17 5 46

% 2,17 8,70 41,30 36,96 10,87 100,00

10. Tenho confiança que posso estar bem sucedido em qualquer atividade que me proponha executar.

N --- 6 14 11 15 46

% --- 13,04 30,43 23,91 32,62 100,00

11. Não importa com quem fale, sempre escuto atentamente.

N 1 1 11 11 22 46

% 2,17 2,17 23,91 23,91 47,84 100,00

12. Faço as coisas que devem ser feitas sem que os outros tenham que me pedir.

N --- 3 8 18 17 46

% --- 6,52 17,39 39,13 36,96 100,00

13. Insisto várias vezes para conseguir que as outras pessoas façam o que desejo.

N 5 14 12 10 5 46

% 10,87 30,43 26,09 21,74 10,87 100,00

14. Sou fiel às promessas que faço.

N --- 3 6 16 21 46

% --- 6,52 13,04 34,78 45,66 100,00

95

15. Meu rendimento no trabalho é melhor do que o das outras pessoas com quem trabalho.

N 4 3 16 19 4 46

% 8,70 6,52 34,78 41,30 8,70 100,00

16. Envolvo-me com algo novo só depois de ter feito o possível para assegurar seu êxito.

N 2 4 17 14 9 46

% 4,35 8,70 36,95 30,43 19,57 100,00

17. Acho uma perda de tempo me preocupar com o que farei da minha vida.

N 36 3 4 1 2 46

% 78,26 6,52 8,70 2,17 4,35 100,00

18. Procuro conselhos das pessoas que são especialistas no ramo em que estou atuando.

N --- 3 7 10 26 46

% --- 6,52 15,22 21,74 56,52 100,00

19. Considero cuidadosamente as vantagens e desvantagens de diferentes alternativas antes de realizar uma tarefa.

N --- --- 10 19 17 46

% --- --- 21,74 41,30 36,96 100,00

20. Não perco muito tempo pensando em como posso influenciar as outras pessoas.

N 6 13 14 7 6 46

% 13,04 28,27 30,43 15,22 13,04 100,00

21. Mudo a maneira de pensar se os outros discordam energicamente dos meus pontos de vista.

N 15 18 6 4 3 46

% 32,61 39,13 13,04 8,70 6,52 100,00

22. Aborreço-me quando não consigo o que quero.

N 2 7 19 6 12 46

% 4,35 15,22 41,30 13,04 26,09 100,00

23. Gosto de desafios e novas oportunidades.

N --- --- 8 13 25 46

% --- --- 17,39 28,26 54,35 100,00

24. Quando algo se interpõe entre o que eu estou tentando fazer persisto em minha tarefa.

N --- 1 11 15 19 46

% --- 2,17 23,92 32,61 41,30 100,00

25. Se necessário não me importo de fazer o trabalho dos outros para cumprir um prazo de entrega.

N 2 1 6 18 19 46

% 4,35 2,17 13,04 39,14 41,30 100,00

26. Aborreço-me quando perco tempo.

N --- 5 15 6 20 46

% --- 10,87 32,61 13,04 43,48 100,00

27. Considero minhas possibilidades de êxito ou fracasso antes de começar atuar.

N 6 7 15 9 9 46

% 13,04 15,21 32,61 19,57 19,57 100,00

96

28. Quanto mais especificas forem minhas expectativas em relação ao que quero obter na vida maiores serão minhas possibilidades de êxito.

N 1 1 8 17 19 46

% 2,17 2,17 17,39 36,97 41,30 100,00

29. Tomo decisões sem perder tempo buscando informações.

N 13 9 7 11 6 46

% 28,26 19,57 15,22 23,91 13,04 100,00

30. Trato de levar em conta todos os problemas que podem se apresentar e antecipo o que eu faria caso sucedam.

N 2 8 15 13 8 46

% 4,35 17,39 32,61 28,26 17,39 100,00

31. Conto com pessoas influentes para alcançar minhas metas.

N 8 7 12 13 6 46

% 17,39 15,22 26,09 28,26 13,04 100,00

32. Quando estou executando algo difícil e desafiador tenho confiança em seu sucesso.

N --- 3 13 18 12 46

% --- 6,52 28,26 39,13 26,09 100,00

33. Tive fracassos no passado.

N 4,00 9,00 22,00 6,00 5,00 46

% 8,70 19,57 47,82 13,04 10,87 100,00

34. Prefixo executar tarefas que domino perfeitamente e em que me sinto seguro.

N --- 2 7 13 24 46

% --- 4,35 15,22 28,26 52,17 100,00

35. Quando me deparo com sérias dificuldades rapidamente passo para outras atividades.

N 15 8 14 6 3 46

% 32,61 17,40 30,43 13,04 6,52 100,00

36. Quando estou fazendo um trabalho para outra pessoa me esforço de forma especial para que fique satisfeita com o trabalho.

N --- 1 1 16 28 46

% --- 2,17 2,17 34,78 60,88 100,00

37. Nunca fico realmente satisfeito com a forma como são ditas as coisas. Sempre considero que há uma maneira melhor de fazê-las.

N 2 8 13 11 12 46

% 4,35 17,39 28,26 23,91 26,09 100,00

38. Executo tarefas arriscadas.

N 5 12 16 9 4 46

% 10,87 26,09 34,77 19,57 8,70 100,00

39. Conto com um plano claro de vida.

N 1 9 12 11 13 46

% 2,17 19,57 26,09 23,91 28,26 100,00

97

40. Quando executo um projeto para alguém faço muitas perguntas para me assegurar de que entendi o que quer.

N --- --- 12 12 22 46

% --- --- 26,09 26,09 47,82 100,00

41. Enfrento os problemas na medida em que surgem ao invés de perder tempo antecipando-os.

N --- 3 11 15 17 46

% --- 6,52 23,91 32,61 36,96 100,00

42. Para alcançar minhas metas procuro soluções que beneficiem todas as pessoas envolvidas em um problema

N --- 1 4 21 20 46

% --- 2,17 8,70 45,65 43,48 100,00

43. O trabalho que realizo é excelente.

N --- 1 12 19 14 46

% --- 2,17 26,10 41,30 30,43 100,00

44. Em algumas ocasiões obtive vantagens de outras pessoas.

N 12 15 12 7 --- 46

% 26,09 32,60 26,09 15,22 --- 100,00

45. Aventuro-me a fazer coisas novas e diferentes das que fiz no passado.

N 2 6 13 14 11 46

% 4,35 13,04 28,27 30,43 23,91 100,00

46. Tenho diferentes maneiras de superar obstáculos que se apresentam para a obtenção de minhas metas.

N 1 4 13 20 8 46

% 2,17 8,70 28,26 43,48 17,39 100,00

47. Minha família e vida pessoal são mais importantes para mim que as datas de entregas de trabalho determinadas por eu mesmo.

N 1 10 12 10 13 46

% 2,17 21,74 26,09 21,74 28,26 100,00

48. Encontro a maneira mais rápida de terminar os trabalhos, tanto em casa quanto no trabalho.

N --- 2 13 16 15 46

% --- 4,35 28,26 34,78 32,61 100,00

49. Faço coisas que as outras pessoas consideram arriscadas.

N 6 14 10 10 6 46

% 13,04 30,44 21,74 21,74 13,04 100,00

50. Preocupo-me tanto em alcançar minhas metas semanais quanto minhas metas anuais.

N 1 2 10 15 18 46

% 2,17 4,35 21,74 32,61 39,13 100,00

51. Conto com várias fontes de informação ao procurar ajuda para a execução de tarefas e

N 1 4 13 15 13 46

% 2,17 8,70 28,26 32,61 28,26 100,00

98

projetos

52. Se determinado método para enfrentar um problema não dê certo recorro a outro.

N --- --- 9 15 22 46

% --- --- 19,57 32,61 47,82 100,00

53. Posso conseguir que pessoas com firmes convicções e opiniões mudem seu modo de pensar.

N 6 12 18 6 4 46

% 13,04 26,09 39,13 13,04 8,70 100,00

54. Mantenho-me firme em minhas decisões, mesmo quando as outras pessoas se opõem energicamente.

N 2 2 14 12 16 46

% 4,35 4,35 30,43 26,09 34,78 100,00

55. Quando desconheço algo, não hesito em admiti-lo.

N 5 10 10 9 12 46

% 10,87 21,74 21,74 19,57 26,08 100,00