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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA ACADÊMICA - PROACAD PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E AMBIDESTRIA COMO FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO NATAL/RN 2017

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PRÓ-REITORIA …§ão-Fernando... · FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E AMBIDESTRIA COMO FERRAMENTAS ESTRATÉGICAS EM UMA INSTITUIÇÃO

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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA - PROACAD

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA

EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E AMBIDESTRIA COMO FERRAMENTAS

ESTRATÉGICAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO

NATAL/RN

2017

FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA

EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E AMBIDESTRIA COMO FERRAMENTAS

ESTRATÉGICAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em

Administração, da Universidade Potiguar,

como requisito para obtenção do título de

Mestre em Administração na Área de

Concentração Gestão Estratégica de

Negócios.

Orientador: Prof. Manoel Pereira da Rocha Neto, Dr.

NATAL/RN

2017

Varella, Fernando.

GESTÃO ESTRATÉGICA: exploração, explotação e ambidestria em uma instituição de ensino público /Fernando Luís Dias Varella. – Natal, 2017 123f.

Orientador: Prof. Manoel Pereira da Rocha Neto, Dr. Dessertação(Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação. Bibliografia: f. 28 - 56

1. Gestão de desempenho – Dissertação. 2. Exploração. 3.

Explotação. 4. Ambidestria organizational. I. Título.

FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA

EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E AMBIDESTRIA COMO FERRAMENTAS

ESTRATÉGICAS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração da

Universidade Potiguar, como requisito

para obtenção do título de Mestre.

Aprovado em: 21/06/2017

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Prof.º Manoel Pereira da Rocha Neto, Dr.

Orientador – UnP

____________________________________________

Prof.ª Laís Karla da Silva Barreto - Dra.

Examinadora Interna – UnP

____________________________________________

Prof.ª Lucia de Fátima Lucio Gomes da Costa - Dra.

Examinadora Externa – IFRN

Dedico esta monografia à gestão do IFRN;

à minha esposa por compreender a minha

em tantos momentos; aos meus filhos por

serem parte da minha motivação em

querer ser melhor a cada dia; aos meus

educadores, aos meus pais e,

principalmente, a Deus que, na sua

misericórdia, permitiu que eu levasse a

efeito este trabalho.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por tudo que Ele proporcionou em minha vida.

A gestão do IFRN que, por meio da Reitoria, teve a feliz iniciativa em promover parceria

com a UnP, oferecendo bolsa de incentivo aos seus servidores.

A todos mestrandos, colegas de turma, pelos saberes compartilhados.

Aos eminentes professores do curso de mestrado, pela tamanha dedicação e

competência, sempre demonstrando preocupação em oferecer o melhor aos seus discípulos.

Em especial, ao meu orientador, Prof. Manoel Pereira da Rocha Neto, cujas

orientações foram de fundamental importância para meu crescimento profissional. Não posso

deixar de registrar a sua destacada paciência e tolerância, características tão presentes em

sua personalidade, haja vista que, naqueles momentos difíceis, de trabalho intenso, causando

muitas vezes, cansaço, ele estava ali, ao meu lado, me encorajando e me estimulando a

prosseguir nessa caminhada árdua, mas, sobretudo, gratificante.

Na pessoa de Glícia Xavier, agradeço a todos que integram a UnP, profissionais esses

que disponibilizaram toda a estrutura dessa conceituada Instituição, tão necessária à

realização de nosso trabalho.

À minha querida esposa, Devânia Varella, aos meus estimados filhos, Luís e Otávio

Varella, pela renúncia ao lazer, às viagens, numa prova incontestável de compreensão, de

paciência e de apoio ao meu trabalho de mestrado.

Ao meu saudoso pai, João Varella, homem integro, do qual herdei ensinamentos que

me fizeram crescer como cidadão.

À minha mãe, Eunice Varella, mulher forte, valorosa, que me deixou lições de vida,

pautadas na moralidade e na ética.

Por último, mas nem por isso mesmo com menos apreço, à minha admirável sogra,

Dona Izabel, um exemplo a ser seguido por todos aqueles que desejam vencer na vida, apesar

das adversidades que permeiam a existência humana, sempre foi generosa como pessoa.

RESUMO

A ciência administrativa vem, ao longo do tempo, aperfeiçoando a gestão nas organizações, seja através de modelos mentais, teorias, métodos entre outros artifícios. Autores contemporâneos (POPADIUK; SANTOS, 2016; MIRANDA, 2014) defendem que o diferencial competitivo na empresa pode ser potencializado através da aplicação de princípios (KAPLAN; NORTON, 2001) relacionados à gestão de desempenho somado a exploração, explotação e ambidestria. Nessa perspectiva, este trabalho procurou perceber, no âmbito IFRN Campus Natal-Central, atividades ensejadas por Balanced Scorecard (BSC), exploração, explotação e ambidestria a práticas exercidas pela gestão. O estudo contou com estatística descritiva para análise dos resultados pertinentes às vinte assertivas inseridas no questionário destinado aos 64 ocupantes função gratificada ou cargo de direção e análise de conteúdo para compreensão das entrevistas aplicados aos representantes dos três grupos de gestão (Estratégico, Tático e Operacional). Em posse desses resultados, foi possível demonstrar que a unidade pesquisada vem ao longo do tempo empreendendo recursos significativos na melhoria do seu potencial informatizado, fortalecendo, com isso, atividades administrativas e a tendência para uma organização com foco na estratégia. Foi identificada vulnerabilidade quanto ao papel do líder, e percebido fatores atenuantes quanto à participação do grupo Operacional na tomada de decisão estratégica; tais resultados impossibilitam compreender a unidade como uma organização que utiliza princípios do BSC em sua plenitude. Da mesma forma, foi inviável inseri-la em um contexto de empresa ambidestra, ao coletar a visão dos gestores e gestoras, uma vez que várias assertivas foram rejeitadas por parte seus respondentes; mesmo assim, os estudos demonstram alinhamento do Campus servindo como objeto norteador para sua gestão ou de outras na efetivação de políticas destinadas à implementação de uma cultura orientada à estratégia.

Palavras-chaves: Gestão de desempenho. Exploração. Explotação. Ambidestria

organizational.

ABSTRACT

The administrative science has, over time, perfecting the management in organizations, either through mental models, theories, methods, among other alternatives. Contemporary authors (POPADIUK; SANTOS, 2016; Miranda, 2014) argue that the competitive edge in business can be enhanced through the application of principles (Kaplan and Norton, 2001) related to the management of performance plus the exploration, exploitation and ambidestria. From this perspective, this study sought to understand, within IFRN Natal-Central Campus, activities ensejadas by Balanced Scorecard (BSC), exploration, exploitation and ambidestria to practices exercised by the management. The study was descriptive statistics for analysis of the results pertinent to the twenty statements entered in the questionnaire for 64 occupants gratified function or position of direction and content analysis for understanding the interviews applied to representatives of three groups of management (Strategic, Tactical and Operational). In possession of these results, it was possible to demonstrate that the unit searched comes over time by undertaking significant resources in improving its potential on, strengthening, with this, administrative activities and the tendency for an organization with a focus on strategy. Was identified vulnerability regarding the role of the leader, and perceived mitigating factors on the participation of the operational group in strategic decision making; such results make it impossible to understand the unity as an organization that uses principles of the BSC in its fullness. In the same way, it was not feasible to embed it in a context of company ambidestra, to collect the vision of managers and managers, since many assertions were rejected by your respondents; even so, studies demonstrate alignment of the Campus serving as guiding object to its management or other in the effectuation of policies designed to implement a culture geared to the strategy.

Keywords: Performance Management. Exploration. Exploitation. Organizational

Ambidexterity.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Síntese da quantidade de artigos publicados sobre o tema....................24

Quadro 2 - Síntese da quantidade de dissertações e teses sobre o tema................25

Quadro 3 - Arquétipos de regimes de aprendizagem de uma visão de competência

....................................................................................................................................51

Quadro 4 - Cargo e função de gestão no IFRN - Campus Natal Central ..................60

Quadro 5 - Etapas para análise de conteúdo ............................................................63

Quadro 6 - Assertivas direcionadas aos gestores do IFRN Campus Natal-Central em

consonância com os princípios de Kaplan e Norton (2001) ......................................64

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organograma do Campus Natal-Central (48 funções) .............................34

Figura 2 - Ilustração de como funciona a Internet no IFRN .......................................35

Figura 3 - Estrutura de funcionamento do SUAP ......................................................41

Figura 4 - Mapa de atuação do SUAP em todo o Brasil ..............................................42

Figura 5 - Princípios de Kaplan e Norton para empresa guiada pela estratégia .......44

Figura 6 - Relações significativas após análise de correlação referente aos resultados

das assertivas Q1 a Q20 ...........................................................................................70

Figura 7 - Correlação entre assertivas do 1º princípio ..............................................73

Figura 8 - Resultados em gráficos das assertivas Q1 a Q4 (1 discordo totalmente e 5

concordo totalmente) conforme 1º Princípio (traduzir a estratégia em termos

operacionais) .............................................................................................................74

Figura 9 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q5 a Q8 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 2º Princípio (alinhar a organização à

estratégia) ..................................................................................................................78

Figura 10 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q9 a Q12 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 3º Princípio (transformar a estratégia

em tarefa de todos) ....................................................................................................83

Figura 11 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q13 a Q16 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 4º Princípio (converter a estratégia em

processo contínuo) ....................................................................................................86

Figura 12 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q17 a Q20 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 5º Princípio (mobilizar a mudança por

meio da liderança executiva) ......................................................................................90

Figura 13 - Correlação entre assertivas dos princípios 1 e 2 (Q4 e Q6) ......................91

Figura 14 - Correlação entre assertivas dos princípios 2, 3 e 4 (Q8, Q9 e Q13) .........92

Figura 15 - Correlação entre assertivas dos princípios 3 e 4 (Q10 e Q15) .................94

Figura 16 - Correlação entre assertivas dos princípios 4 e 5 (Q14, Q17 e Q16) .........95

LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Aspectos Demográficos da pesquisa (questões Q22 e Q23) .....................68

Tabela 2 - Análise de correlação entre os resultados de todas as assertivas .............69

Tabela 3 - Pesquisa de dados quanto traduzir a estratégia em termos operacionais

....................................................................................................................................71

Tabela 4 - Pesquisa de dados quanto alinhar a organização à estratégia ................76

Tabela 5 - Pesquisa de dados quanto transformar a estratégia em tarefa de todos

....................................................................................................................................79

Tabela 6 - Pesquisa de dados quanto converter a estratégia em processo contínuo

....................................................................................................................................85

Tabela 7 - Pesquisa de dados quanto mobilizar a mudança por meio da liderança

executiva ....................................................................................................................89

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BSC Balanced Scorecard

CEFETS Centros Federais de Educação Tecnológica

CGU Controladoria-Geral da União

CPD Centro de Processamento de Dados

EITS Escolas Industriais e Técnicas

EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do RN

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

ERP Enterprise Resouce Planning

ETFS Escolas Técnicas Federais

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

GC Gestão do Conhecimento

GSTI Gerenciamento de Serviços de Tecnologia da Informação

HBS Harvard Business School

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN

IF Institutos Federais

IFRN Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN

IGARN Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC Ministério da Educação e Cultura

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PDTI Plano Diretor de Tecnologia da Informação

PIB Produto Interno Bruto

PNE Plano Nacional de Educação

SAEB Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SETEC/MEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC

SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira

SIGE Sistema Integrado de Gestão Empresarial

SUAP Sistema Unificado de Administração Pública

TCU Tribunal de Contas da União

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

UERN Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................16

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ...............................................................................20

1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................22

1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................23

1.4.1 Objetivo geral...................................................................................................26

1.4.2 Objetivos específicos......................................................................................26

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................27

2.1 A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL.................................................................27

2.1.1 Processo de avaliação das instituições de ensino......................................29

2.1.2 A evolução do ensino técnico nos últimos 100 anos..................................30

2.1.3 O papel do IFRN para a rede federal de ensino............................................32

2.1.4 O significado do IFRN – Campus Natal Central para os demais campi do

IFRN...........................................................................................................................33

2.2 SISTEMAS TECNOLÓGICOS E BOAS PRÁTICAS PARA NOVA

ADMINISTRAÇÃO......................................................................................................37

2.2.1 Tecnologia da informação e comunicação (TIC) para uma melhor

gestão........................................................................................................................38

2.2.2 Enterprise Resouce Planning (ERP) .............................................................39

2.2.3 Sistema Unificado de Administração Pública (SUAP) ................................40

2.2.4 O Balanced Scorecard (BSC) voltado a estratégia........................................43

2.2.5 Alinhamento do SUAP com os Planos de Desenvolvimento do IFRN.......45

2.3 AMBIDESTRIA ORGANIZACIONAL....................................................................47

2.3.1 Ambidestria organizacional e sua aplicabilidade na administração..........49

2.3.2 Investimentos em exploração e explotação gerando impactos na

construção do conhecimento organizacional........................................................52

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................56

3.1 QUANTO À ABORDAGEM..................................................................................56

3.2 QUANTO AOS OBJETIVOS................................................................................57

3.3 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS.....................................................................58

3.3.1 Universo da pesquisa.....................................................................................59

3.3.2 Plano de coleta de dados...............................................................................59

3.3.3 Tratamento dos dados....................................................................................62

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................67

4.1 RESULTADOS OBTIDOS COM APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO..................67

4.1.1 Traduzir a estratégia em termos operacionais..............................................70

4.1.2 Alinhar a organização à estratégia.................................................................75

4.1.3 Transformar a estratégia em tarefa de todos.................................................78

4.1.4 Converter a estratégia em processo contínuo...............................................83

4.1.5 Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva..................................86

4.1.6 Análise de correlação entre assertivas de princípios diferentes................90

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS ENTREVISTAS...........................................96

4.2.1 Uso da tecnologia e seu aproveitamento (1º questionamento) ...................97

4.2.2 Periodicidade das reuniões gerenciais em face do fortalecimento da

revisão anual dos indicadores (2º questionamento) ...........................................100

4.2.3 Continuidade e comprometimento dos serviços de gestão (3º

questionamento) ....................................................................................................103

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................108

REFERÊNCIAS........................................................................................................114

APÊNDICES.............................................................................................................118

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos últimos anos, o Governo Federal vem adotando políticas de

controle dos recursos cada vez mais eficiente, sejam através de sistemas

informatizados, entre os quais sobressai a implantação do Sistema Integrado de

Administração Financeira (Siafi), seja por meio de fiscalização exercida pelos órgãos

de controle, tais como o Tribunal de Contas da União (TCU), controle externo, ou

Controladoria-Geral da União (CGU), órgão atuante na defesa do patrimônio público

por meio das atividades de controle interno. Além desses, foi oportunizado pela CGU

à população o Portal da Transparência do Governo Federal, ferramenta virtual

disponível na internet, desde 2004, destinada a informar o cidadão sobre a forma

como o dinheiro público está sendo utilizado, provendo, com isso, a possibilidade de

qualquer um fiscalizar os recursos empregados pela gestão pública.

Em face desse novo panorama, a aplicação de técnicas que auxiliem na

preservação e economia dos recursos é concebida como algo de grande valia para

aqueles que buscam gerir, de forma eficiente, a coisa pública. Nesse sentido, são

apresentados conceitos teóricos norteadores da gestão; uns mais conservadores,

outros, obedecendo uma linha menos mecanicista (KAPLAN; NORTON, 2001), com

novas formas de relações entre aquelas que compõem a organização, trazendo à

discussão a necessidade de compreender diversos fatores, capazes de interferir na

longevidade da instituição. Seguindo essa linha mais contemporânea, são

apresentados construtos que versam sobre exploração, explotação e ambidestria

(MOM, 2006; MIRANDA, 2014; POPADIUK, 2016); tais modelos empreendem a

necessidade de definir, de forma equilibrada, os recursos considerados mais

prioritários que são alvo dos investimentos, selecionando aquele que venha prover

novos produtos ou aprimorar os já existentes.

Muitos trabalhos científicos concernentes à exploração, à explotação e à

ambidestria vêm, ao longo das últimas décadas, ganhando notoriedade entre o meio

cientifico internacional, no âmbito do Brasil, o assunto tem motivado alguns

pesquisadores a falar sobre o tema, entre esses poucos, destaca-se Silvio Popadiuk,

pós-doutor e professor pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (cidade de São

Paulo, SP). Ele apresenta entre uma de suas linhas de pesquisa, estudos

16

relacionados à gestão do conhecimento com foco na exploração e explotação.

Seguindo esse mesmo raciocínio, Miranda (2014), sob a orientação de Popadiuk,

defendeu uma tese relacionando exploração, explotação e ambidestria com a

metodologia, baseada nos estudos de Robert Kaplan e David Norton, denominada de

Balanced Scorecard (BSC).

Apesar de os referidos estudos abarcarem, predominantemente, instituições

privadas que visam a ganhos econômicos, alinhar essas práticas ao modelo de

organizações públicas ou sem fins lucrativos pode proporcionar resultados

significativos para a melhoria do desempenho dessas organizações diante do seu

público-alvo. Nessa perspectiva, é possível compreender a importância de uma

gestão estratégica como objeto norteador de seus dirigentes e provedora de

possibilidades acertadas na tomada de decisões de alto nível gerencial, podendo,

assim, surtir efeito positivo para otimizar o seu capital intelectual e social ao longo de

sua existência.

Os Institutos Federais desempenham um papel alinhado à transformação

social, cultura essa que foi agregada durante sua existência centenária numa

perspectiva de vida melhor para aqueles menos afortunados, ativismo político de seus

servidores e alunos, ou mesmo, devido às suas contribuições científicas no campo da

pesquisa e extensão. Tais fatos fizeram com que os seus agentes percebessem as

mudanças com a introdução de um novo modelo de gestão, consequentemente,

transformando suas atitudes, tornando bons receptores e replicadores do

conhecimento organizacional.

A gestão atenta a essas novas mudanças vem utilizando, na administração

pública, estratégias para fomentar o uso de boas práticas na gestão do conhecimento

em seus diversos setores de atuação, consequentemente, direcionando ações que

promovam a melhoria da produção do conhecimento interno e o intercâmbio para

geração do conhecimento, advindo de outros parceiros.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

(IFRN), uma instituição centenária, é órgão da Administração Pública Federal

17

subordinado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). Em sua função social,

apresenta elementos voltados à educação profissional e tecnológica, contendo uma

conduta comprometida com a formação humana integral, visando, sobretudo, à

transformação da realidade na perspectiva da igualdade e da justiça social. Seu

ambiente institucional, voltado à geração e à transferência do conhecimento,

apresenta cenário ideal para que este possa multiplicar-se de forma ampla e

democrática.

Em consonância com essa nova conjuntura, em meados de 2006, motivado por

um anseio organizacional, e pela colaboração de gestores, professores e alunos do

curso de Tecnologia da Informação (TI), foi possível materializar uma expectativa

institucional que culminou com um protótipo do Sistema Unificado de Administração

Pública (Suap); à época, o sistema foi elaborado para atender, apenas, à integração

entre os setores de Almoxarifado e Patrimônio, mas, com o passar dos anos, foram

agregadas novas funcionalidades, culminado, hoje em dia, um produto com divisões

por áreas de atuação (administração; tecnologia da informação; gestão de pessoas;

ensino), contendo, abaixo de cada uma delas, módulos específicos para atender às

diversas demandas institucionais. Por exemplo: na área de administração, foram

inseridos os módulos de cadastramento, reserva de salas, patrimônio, almoxarifado,

protocolo, entre outros. O Suap está em operação há mais de década auxiliando a

administração do IFRN a gerir os diversos Campi do estado; sua consolidação é

reconhecida pela comunidade interna e externas, inclusive, transpassando a fronteira

estadual, tornando um produto conhecido e utilizado por parte da rede dos Institutos

Federais.

Para chegar ao patamar em que o Suap se encontra, muitos recursos foram

empreendidos, tanto do ponto de vista humano quanto de material; a equipe de

desenvolvimento TI necessitou ser ampliada consideravelmente, muitos cargos foram

criados para poder prover uma estrutura de apoio ao sistema. Ademais, foram

empregados recursos na área de infraestrutura com a efetivação de um Centro de

Processamento de Dados (CPD), capaz de suprir demandas geradas devido à

ampliação do parque computacional e ao aumento do tráfego de informações na rede.

Portanto, foram investimentos como esses realizados pelos gestores do IFRN que

propiciaram a obtenção de um sistema capaz de atender às demandas administrativas

18

e ensejar a melhoria da transferência de informação no âmbito organizacional,

contribuindo, assim, para a construção do conhecimento institucional.

Conforme Fialho (2001), a gestão estratégica do conhecimento depende,

diretamente, da gestão de infraestrutura de TI, visto que, apenas, com uma tecnologia

adequada, é possível prover o acesso às pessoas para que elas consigam romper

com antigos paradigmas e criar novas formas de viver, atravessando as barreias do

dia a dia e inventando formas de aperfeiçoamento sucessivo. Em observação à ênfase

na tecnologia empregada, o autor ressalta a importância exagerada atribuída, apenas,

à tecnologia. Isso pode gerar a negligência de outras fontes importantes de

informação, geralmente as empresas não identificam qual a cultura organizacional

precisa mudar para poder permitir que as ações tecnológicas consigam efetividade

(FIALHO, 2001).

Vislumbrando perspectivas favoráveis a um modelo inovador de gerenciamento

empresarial orientado à estratégia, em 1992 foram introduzidos, pelos professores da

Harvard Business School, conceitos que abarcam o BSC, passando esses estudos a

ser debatidos no âmbito acadêmico e por empresas que prestavam consultoria ao

mercado. À época do surgimento dessa nova metodologia, um fator imprescindível

fortaleceu a adesão dos estudos pela comunidade cientifica e empresarial, foi a

perceptível limitação ensejada pelo sistema tradicional que avaliava o desempenho,

passando então essa nova metodologia a se fortalecer como ferramenta de gestão

para empresas em diversos ramos de atuação. Tais estudos propiciaram o surgimento

de cinco princípios comuns às organizações, tendo sido identificados pelos autores

como princípios da organização, orientada na estratégia, tangendo pontos que

procuram mobilizar a mudança por meio da liderança executiva; traduzir a estratégia

em termos operacionais; alinhar a organização à estratégia; transformar a estratégia

em tarefa de todos; converter a estratégia em processo contínuo (KAPLAN; NORTON,

2001).

Outro estudo que pode apresentar alinhamento à organização orientada à

estratégia faz referência a modelos denominados de exploração, explotação e

19

ambidestria organizacional1; incluindo estudos iniciados por Duncan (1974); na

década de 1970, havia um modelo destinado às organizações inovadoras. O autor

prescrevia a necessidade de investimento equilibrado em duas situações distintas,

mostrando um processo de inovação dividido em dois momentos: o primeiro,

denominado fase de iniciação da inovação, foi quando se previu uma maior

complexidade e menor grau de controles (formalização e centralização), já no

segundo momento, denominado de implementação, a situação se invertia,

necessitando, para tanto, de um maior nível de formalização e centralização nos

processos; nesse momento o nível de complexidade era baixo, haja vista que eram

exigidas poucas ações de criação nessa etapa (DUNCAN, 1974).

No início da década de 1990, estudos efetivados por March (1991) corroborou

as descobertas de Duncan (1974); ele inseriu, na literatura, um direcionamento de

recursos em atividades relacionadas ao processo de inovação, denominado de

exploration (exploração); outros, destinados ao processo de implementação, foi

definido como exploitation (explotação). Tais estudos deu início à possibilidade do

entendimento de que a ambidestria organizacional acontece quando a organização

apresenta equilíbrio entre exploração e exportação. Para isso, exige do gestor uma

visão holística e moderadora, cabendo a ele mitigar conflitos de interesse para alocar

recursos que possibilitassem harmonia entre investimentos destinados à criação de

novos produtos e o melhoramento daqueles já existentes (MARCH, 1991).

Atualmente, inúmeras contribuições foram agregadas à literatura acerca da

exploração, explotação e ambidestria; entre elas, estão os relevantes estudos de Mom

(2006) ao identificar, no ambiente organizacional, novas formas da construção do

conhecimento. O autor, através de pesquisas empíricas realizadas com três empresas

de grande porte, identificou fatores combinatórios, capazes de inibir a criação do

conhecimento. Tais achados evidenciavam pontos vulneráveis no âmbito estratégico,

podendo, com isso, apresentar atenuadores do desempenho organizacional (MOM,

1 Ambidestria organizacional surgiu na literatura científica após estudos realizados por Duncan (1974),

mas foi através das relevantes contribuições de Mach (1991) que possibilitou identificar exploitation (construto exploração) como a capacidade da organização em proporcionar adaptação, refinamento e eficiência em seus produtos ou serviços; exploration (construto explotação) a habilidade da gestão em pesquisar, inovar, criar, descobrir, experimentar novos produtos e serviços; e a ambidestria organizacional o equilíbrio entre esses dois construtos.

20

2006). Outra contribuição considerada relevante está em curso no Brasil através da

linha de pesquisa, proposta pelo Dr. Sílvio Popadiuk. Em sua atuação, como professor

adjunto da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ele empreende a ambidestria nas

organizações, ou seja, uma abordagem mais viável do que buscar apenas

simultaneidade entre duas ações; ele entende que a ambidestria faz alusão “à busca

síncrona de ambos, exploração e explotação, contrastando com o equilíbrio pontuado

que sugere períodos cíclicos de exploração e explotação” (POPADIUK; SANTOS,

2016, p. 3).

Ambos os referidos autores (MON, 2006; POPADIUK, 2016) evidenciam, em

suas obras, a relação da exploração, explotação e ambidestria às atividades de cunho

estratégico nas organizações. Nesse sentido, é possível indagar, à luz dessa ótica,

oportunidades promissoras quanto à utilização dessas práticas na gestão, cabendo

àqueles que a compõe assumir o papel de colocar em prática esses instrumentos

norteadores em prol da organização. Assim, identificam-se as necessidades

organizacionais para aplicar os recursos, de forma equilibrada, visando à melhoria dos

sistemas de informação, capacitações dos agentes que promoverão a evolução do

capital intelectual da empresa, entre outras demandas. Ao procurar buscar, em sua

tomada de decisão, a harmonização para o emprego dos recursos, a gestão, valendo-

se desses estudos, poderá mitigar as incertezas enquanto estiver almejando o ponto

de equilíbrio e uma melhor performance em suas ações. Neste sentido, entender a

essência da ambidestria em organizações orientadas à estratégia poderá fomentar

uma cultura, capaz de propiciar ao gestor ferramentas diferenciadas para o sucesso

e longevidade de sua instituição.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

As instituições de ensino público exercem papel primordial na atenuação do

arcabouço social da desigualdade entre ricos e pobres criada em toda a história

brasileira, podendo ser protagonistas na inclusão de uma grande parte da população

que não usufrui de um ensino de excelência. Promover um ensino gratuito e de

qualidade é dever do Estado e, principalmente, direito daqueles menos abastados,

garantia essa respaldada constitucionalmente. Ao cidadão é previsto que a educação

deve atender a princípios de igualdade de condições, liberdade de aprender, ensinar

21

e pesquisar, pluralismo de ideias, gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais,

garantia do padrão de qualidade, entre outros (IFRN, 2016).

Inserida nessa conjuntura, a rede dos Institutos Federais vem, ao longo do

tempo, revelando bons resultados quanto ao alinhamento, previsto na Constituição

Federal de 1988. Apesar disso, não implica dizer que eles estejam imunes a

problemas conjunturais em suas gestões; muitos institutos, certamente, já vivenciaram

diversas dificuldades em sua existência, superando-as, sejam de ordem política,

econômica ou estrutural. Ao mesmo tempo que os desafios são superados, é

fortalecida a gestão dessa rede, por meio de prática administrativa, aperfeiçoamento

de legislação, implementação de novas tecnologias, além de outras novidades

ensejadas (IFRN, 2016).

Integrado a essa rede, o IFRN emerge em um cenário nacional como um dos

protagonistas de uma boa gestão; suas ações de vanguarda auxiliam o fortalecimento

da rede, provendo um aporte tecnológico para consecução dos resultados, almejados

pelo Ministério da Educação. Um exemplo disso é a utilização do Suap por parte dos

Institutos Federais no Brasil, o sistema vem mostrando uma boa aceitação pela rede.

Por ser um sistema de administração unificado, ele consegue compartilhar diversas

tarefas administrativas, podendo, assim, otimizar procedimentos em favor da

eficiência do serviço público. Como esse produto foi criado e é mantido pelo IFRN, é

imputado a esse instituto o papel de oportunizar melhorias no sistema em consonância

com as demandas organizacionais internas (IFRN) ou externas (outras organizações);

para tanto, bons investimentos foram necessários (IFRN, 2016).

Em conformidade com essa necessidade de lançar produto, capaz de gerar

novas demandas ou atender às existentes, além de prover, de forma eficiente, a

manutenção dos produtos já em operação, são inseridas teorias abarcadas por

exploration, exploitation e ambidestria organizacional. Relacionando esses estudos a

outras técnicas, aptas a mensurar o envolvimento dos agentes no processo

estratégico, pode-se obter, com isso, respostas capazes de atenuar aos anseios de

gestores, geridos e outros interessados na construção propositiva de políticas mais

alinhadas ao que se espera da organização. Nessa perspectiva, foi almejado, nesta

monografia, relacionar conceitos de exploração, explotação e ambidestria aos cinco

22

princípios propostos na metodologia inferida pelo Balanced Scorecard (BSC). Assim,

ao propositar essa simbiose entre modelo e metodologia, procurou-se saber: qual a

percepção dos gestores do IFRN Campus Natal-Central em relação à efetividade

da gestão estratégica em seu ambiente laboral?

1.3 JUSTIFICATIVA

Existe uma percepção institucional acerca do Sistema Unificado de

Administração Pública (Suap) que identifica o alinhamento do produto com as boas

práticas administrativas. Por ser um produto que faz parte do grupo dos programas de

código aberto (Software Livre) e ter sido idealizado pela equipe de desenvolvimento

do IFRN, constatou-se, a possibilidade de apresentar uma compatibilidade maior com

as demandas institucionais, haja vista que o seu surgimento foi motivado com base

nessas necessidades. A sua aceitação pela comunidade do IFRN é cada vez maior

ao longo do tempo, sendo citado por inúmeras vezes nas ações da gestão;

recentemente, foi utilizado como o maior articulador na elaboração do Plano de

Desenvolvimento Institucional 2014-2018 (2016). O Suap foi adotado pelos

formuladores do plano como sistema de informação, capaz de chegar a todos os

interessados; assim, um módulo específico, “foi a ferramenta escolhida para a coleta

das contribuições da comunidade, visto que todos os servidores e discentes possuem

acesso ao sistema” (IFRN, 2016, p. 226).

Ao apostar no desenvolvimento do sistema, a gestão do IFRN apresenta a

instituição como uma casa que valoriza a utilização de softwares livres na

administração, proporcionando viabilidade econômica e flexibilidade em sua

adequação, tendo, como objeto norteador, uma maior autonomia na gestão do

sistema e, com isso, poder prover uma ferramenta gratuita ao meio corporativo. Ações

dessa natureza possuem grande afinidade com atividades de exploração, haja vista

que as teorias relacionadas aos estudos de Duncan (1974) mostram atividades que

remetem à “inovação de produtos e/ou serviços” como uma dessa ações. Além disso,

utilizando, como referência, o próprio Suap para comparar práticas relacionadas à

ambidestria organizacional, é possível perceber que atividades relacionadas a

explotação podem ser identificadas no âmbito do sistema; uma delas diz respeito ao

refinamento, e isso é identificado nas atualizações do sistema (DUNCAN, 1974).

23

Em sintonia com a intervenção das novas tecnologias para que a organização

obtenha excelência em seus serviços, o fator humano deve ser ressaltado, o agente

precisa estar motivado para poder gerar conhecimento, além de se fazer necessário

prover um equilíbrio na tomada de decisão, utilizando, como balizador, uma

proporcionalidade correta de ações, voltadas ao fortalecimento institucional a curto,

médio e longo prazo. Para tanto, alguns estudos respaldados na exploração,

explotação e ambidestria procuram identificar fatores de influência na formação do

conhecimento e na melhoria competitiva das organizações (MOM, 2006).

O conhecimento nas organizações também possui separações que, segundo

Choo (2003), são divididas em três tipos: o conhecimento tácito, capital inerente aos

indivíduos de forma bem particular, por isso, de difícil formalização e transmissão (o

autor considera esse conhecimento a força motriz da organização que

busca inovação); o conhecimento explícito, é capaz de ser compilado e repassado às

outras pessoas, valendo-se de meios de comunicação, formando uma base dos

procedimentos operacionais e normas organizacionais; por último, o conhecimento

cultural, que diz respeito à história transmitida durante toda a existência da

organização (CHOO, 2003).

Sobre a percepção do conhecimento tácito e explicito, foi desenvolvida uma

complementação por Popadiuk e Choo (2006), utilizando esse entendimento no viés

da exploration e exploitation. Ao abordarem o tema, os autores consideram a

existência de uma relação direta entre atividades de exploration e o conhecimento

tático, já as atividades de exploitation encontravam consonância com o conhecimento

explícito. Esse paralelismo desenvolvido pelos autores possibilitou-os ensaiar que

existe nessa relação influências mútuas, podendo com isso, na mudança de

atividades de exploração, alterar não somente as atividades de explotação, mas

também o conhecimento tático e explícito da organização (POPADIUKA; CHOO,

2006).

Segundo autores, como Probst, Raub e Romhardt (2002), existe um ciclo

dinâmico que envolve a gestão do conhecimento; esse dinamismo requer dos

gestores um poder de adaptação quase instantâneo, exigindo a capacidade de

deliberar ações a tempo, atendendo aos anseios da comunidade interna e externa

24

pertinentes à organização (PROBST; RAUB; ROMHARDT, 2002).

Apresentados dois elementos fundamentais para a constituição do proposto

trabalho: ambidestria organizacional e gestão do conhecimento orientado pela

estratégia, pode-se proferir que a pesquisa proporciona, em seu teor, significativa

importância para a gestão do IFRN Campus Natal-Central, haja vista que sua

pretensão reside em identificar os pontos fortes e fracos acerca da utilização das

ferramentas tecnológicas e da utilização de técnicas que promovam a fluidez desses

elementos e, com base nesses, gerar conhecimento que subsidie os gestores no

processo de desenvolvimento organizacional.

Segundo estudos efetivados por Miranda (2014), em periódicos nacionais e no

periódico Strategic Management Journal (SMJ) sobre pesquisas que relacionavam a

ambidestria organizacional à gestão do conhecimento com foco na estratégia, várias

publicações foram identificadas, no período de 2002 a 2013, totalizando 84

publicações de artigos relacionados ao tema, conforme demonstrado no quadro 1. A

autora ressalta que, em sua revisão, na literatura não foram localizados artigos que

relacionassem conceitos pertinentes à ambidestria organizacional (explotação,

exploração) com a medição do desempenho, proposto pelo modelo do BSC,

identificando, à época, uma necessidade de desenvolver uma Tese sobre essa

relação (MIRANDA, 2014).

Quadro 1 - Síntese da quantidade de artigos publicados sobre o tema.

Fonte: (MIRANDA, 2014, p. 20).

25

Os referidos estudos efetivados por Miranda (2014) reforçam o interesse em

falar sobre o tema que constitui objeto desta pesquisa; a autora contribui com essa

motivação ao identificar escassas produções acadêmicas a esse respeito, instigando,

com isso, interesse para que pesquisadores possam contribuir com os estudos

científicos na área em questão. No período de 1999 a 2013, a autora identificou um

número ínfimo de dissertações e teses sobre o referido tema, contabilizando, apenas,

dez trabalhos no banco de teses da Capes em 2014, conforme demonstrado no

quadro 2. Tais achados motivaram a autora a pesquisar sobre o tema, e, apesar do

crescente interesse acadêmico a nível internacional, ainda era pouco difundido

nacionalmente, sobretudo quando focava “a relação entre a explotação, exploração,

ambidestria e o desempenho organizacional, cuja operacionalização seja feita

mediante o conceito do BSC” (MIRANDA, 2014).

Quadro 2 - Síntese da quantidade de dissertações e teses sobre o tema.

Fonte: (MIRANDA, 2014).

Por fim, o trabalho gera conhecimento capaz, de contribuir. Diretamente, para

a melhoria do desempenho na gestão do Campus alvo da pesquisa; nele, é

apresentado aos gestores interessados um estudo sobre os resultados obtidos após

a aplicação de questionário que abordava os cinco princípios de Kaplan e Norton

(2001) vinculados ao modelo BSC, concomitante a isso, o estudo estabelece relação

desses resultados com ações de exploração e explotação na perspectiva da

ambidestria organizacional. Além do mais, a proposta apresentada nesta pesquisa, é

justificada devido à existência incipiente de trabalhos relacionados ao tema em

26

questão, podendo com isso, contribuir para a área da ciência administrativa.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Geral

Analisar a visão dos gestores do IFRN Campus Natal-Central em relação à

efetividade da gestão estratégica em seu ambiente de trabalho.

1.4.2 Específicos

Verificar, na percepção dos gestores do IFRN Campus Natal-Central, a

existência de exploração, explotação e ambidestria em princípios orientados à

estratégia.

Relacionar atividades de exploração, explotação e ambidestria sob domínio do

IFRN Campus Natal-Central com princípios orientados à estratégia.

● Detectar o papel participativo na tomada de decisão estratégica daqueles que

fazem parte da gestão no IFRN Campus Natal-Central.

● Identificar, na gestão do IFRN Campus Natal-Central, pontos fracos e fortes

concernentes à transferência do conhecimento pautado na estratégia.

27

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são apresentadas teorias, necessárias para o embasamento

científico das inferências explanadas ao longo da dissertação, quando acontece a

exposição de fatos pertinentes à evolução da educação técnica em terras brasileiras

e no Estado do Rio Grande do Norte. Ademais, são apresentados conceitos,

mudanças de paradigmas, identificação do IFRN e, ainda, centro de fomentação para

geração de conhecimento, novas tendências de mercado para o avanço competitivo

e sustentabilidade das organizações.

2.1 A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

Garantido como direito universal pela Constituição Federal de 1988, a

educação é vista, no capítulo III da Carta Magna, como dever do estado e da família,

cabendo apoio da sociedade para um pleno desenvolvimento dos indivíduos. Nela,

estão presentes: a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; garantia de padrão de

qualidade, entre outros direitos. Em seu art. 214, prevê a criação do Plano Nacional

de Educação (PNE), instrumento de duração decenal, capaz de estabelecer diretrizes,

objetivos, metas e estratégias de implementação para traçar a longo prazo, uma

política de manutenção e desenvolvimento dos diversos níveis de ensino (BRASIL,

2014).

A evolução dos investimentos na educação pública brasileira vem,

gradativamente aumentando nas últimas décadas, se, em 1970, o Estado brasileiro

investia, em média, 2% do PIB (Produto Interno Bruto) no ensino, duas décadas

depois, esses investimentos passaram para 3,7%, culminando, no ano de 2014, em

valores na ordem de 5,2% do PIB brasileiro, valores acima da média dos países da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OCDE ou The

Organisation for Economic Co-operation and Development), apresentando, nesse ano

algo em torno de 4,8% de investimento em Educação. Mas o comprometimento maior

do PIB em educação não implica deduzir que os valores reais investidos são

superiores, haja vista que é necessário atentar aos valores nominais do PIB de cada

28

país. Pode-se citar, como exemplo, os investimentos por aluno em educação nos

quatro países pertencentes à OCDE que apresentam PIB bem superiores ao do Brasil;

são eles: Correia do Sul; Portugal; Japão; EUA. Esses países obtiveram uma média

de investimento em educação, no ano de 2010, na ordem de US$ 6.704, enquanto o

Brasil investiu, apenas, US$ 958 (VECCHIA, 2014).

Não obstante os investimentos tímidos na educação, em relação aos países

mais avançados, o Estado brasileiro aponta para uma nova conjuntura quanto ao

direito à educação pública universal. Além disso, outro desafio de tamanha grandeza,

é promover um conhecimento libertador, aquele que não deixa o indivíduo à mercê de

um destino traçado pelo seu contexto social, oferecendo condições para que os

menos afortunados possam competir em pé de igualdade com os mais abastados.

Esse desafio remete aos ensinamentos de Paulo Freire (1967), considerado por

muitos autores como um dos pensadores mais importantes da pedagogia mundial. Ao

abordar a educação quanto à conjuntura nacional, alertava todos para a necessidade

de “uma educação para a decisão, para a responsabilidade social e política”,

provocando em todos que tinham acesso aos seus ensinamentos a percepção de

compreender que o modelo existente apresentava falhas em seus métodos,

consequentemente, pouco eficiente em seus resultados. Nesse sentido, criou-se uma

verdadeira legião de homens sem senso crítico e expressividade social (FREIRE,

1967, p. 88).

Um recurso instituído em favor da educação brasileira, desde o século

passado, e que perdura até os dias atuais é o PNE, instrumento que só tomou força

de lei em 2001; antes disso, era visto somente como uma carta de intenção. Foi pela

da Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 (PNE 2001-2010) que teve início um

processo obrigatório de ações voltadas à melhorias da educação; a Lei foi sancionada,

porém obteve nove vetos, evitando obrigações jurídicas e enfraquecendo o Plano,

mesmo assim, permaneceram as obrigações de sua validade jurídica. Em consecução

do segundo PNE, o então Presidente da República, nos últimos dias de 2010,

encaminha ao Congresso Nacional um projeto aprovando o PNE 2011-2020, após um

processo que perdurou vários anos, passando por avaliação de diversos setores da

sociedade, emendas das duas casas legislativas e outras polêmicas que

procrastinaram o processo. Foi somente, em 2014, que o plano foi aprovado com a

29

entrada em vigor da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, ato pelo qual a Presidenta

da República aprova o Plano Nacional de Educação 2014-2024. Apesar do grande

distanciamento na homologação entre um plano e outro, significativos avanços foram

alcançados com a aprovação desse segundo PNE; um deles trata da reserva de 10%

do PIB para a educação, e outro prevê a utilização da metodologia custo-aluno-

qualidade para que possibilite o alcance das metas até 2024 (BRASIL, 2014).

2.1.1 Processo de avaliação das instituições de ensino

Destinar percentuais relevantes do PIB em educação assegura recursos

necessários à manutenção e à expansão das vagas nas instituições de ensino público

em todo o país. Mas, apenas, isso somente não garante a qualidade dos serviços

prestados à população; por isso, o governo adotou o Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (Ideb), instrumento idealizado, em 2007, pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) com o intuito de mensurar a

qualidade do ensino nacional e, com isso, determinar metas para a sua melhoria.

Funcionando como um indicador nacional, ele utiliza como base para a sua

formulação dois componentes principais: a taxa de rendimento escolar (aprovação) e

as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep (MEC, 2016).

O poder Executivo ao encaminhar o segundo PNE para aprovação pelo

Legislativo, definia o Ideb como condição central para avaliação da educação,

inferindo que a média do índice se transformava na meta de avaliação da qualidade.

Mas, devido às várias interferências dos parlamentares, o sistema de avaliação findou

em uma abrangência maior, considerando inclusive, fatores referentes ao perfil dos

alunos e a percepção de outros atores sociais. Outro ponto observado a respeitos dos

debates, acerca do PNE 2014-2024, foi a sua pequena semelhança às discussões,

travadas na construção do plano anterior aprovado por lei, tendo semelhança maior

“ao processo de discussão do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb)”, haja vista que, na

preparação do primeiro plano, o diálogo ficou restrito ao governo federal, aos

parlamentares e aos “interlocutores prioritários”, diferentemente das discussões

tratadas no âmbito do Fundeb; nesse caso, houve as participações de diferentes

representações sociais (BRASIL, 2014).

30

Com o aprimoramento das discussões, surgiu a possibilidade de construir, no

segundo PNE, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), uma

ação coordenada pela União e com a colaboração dos demais entes federativos. O

Sistema foi constituído com a ideia de prover subsídios, necessários à mensuração

da qualidade da educação; com isso, nortear o direcionamento de políticas públicas

para a melhoria do ensino. O PNE 2014-2024 prevê prazo máximo de dois anos para

o referido sistema gerar os seguintes indicadores: rendimento escolar e avaliação

institucional. Ele, também, reafirma a prerrogativa de o Inep em efetuar a elaboração

e os cálculos para construção do Ideb e demais indicadores tratados na projeção do

referido plano (BRASIL, 2014).

2.1.2 A evolução do ensino técnico nos últimos 100 anos

Data do ano de 1909 o surgimento das primeiras escolas técnicas criadas por

força de lei. Pelo decreto nº 7.566, de 23 de setembro daquele ano, o então presidente

Nilo Peçanha aprovou a implementação do ensino profissional, científico e tecnológico

no âmbito federativo. Essa ação presidencial criou por todo o Brasil dezenove Escolas

de Aprendizes de Artífices, destinadas a atender uma camada da população

desprovida de recursos financeiros com o ensino profissional primário. Nessa época

quando se deu a criação das primeiras escolas técnicas, pelo fato de o país apresentar

uma indústria incipiente (grande parte da economia era baseada em atividades rurais),

as escolas apresentavam um papel muito mais de inclusão social do que de atender

às demandas de mercado. Transcorridos quase trinta anos, o Estado brasileiro, pela

Constituição de 1937, reconheceu o papel do ensino técnico como fator estratégico

para a melhoria da economia nacional e das condições de vida dos trabalhadores. A

referida Constituição, promulgada pelo presidente, à época, Getúlio Vargas,

transformou as Escolas de Aprendizes Artífices em Liceus Industriais, a quem cabia a

função de trabalhar, alinhados aos projetos de expansão do governo (PORTAL

BRASIL, 2014).

Cinco anos após a transformação em Liceus, seguida de uma profunda

reforma, promovida pelo então ministro da Educação e Saúde, nova denominação foi

atribuída à instituição, passando a se chamar de Escolas Industriais e Técnicas

(EITS). Esse modelo prevaleceu até 1959, quando foram transformados em Escolas

31

Técnicas Federais (ETFS), ganhando, com isso, autonomia pedagógica e

administrativa. Aproximadamente, dois anos após haver alcançado esses avanços, a

lei Diretrizes e Bases da Educação equiparou o ensino promovido nas escolas

técnicas ao ensino acadêmico, desconstruindo com esse ato a ideia de que o ensino

ali ofertado era destinado, apenas, às pessoas carentes.

Com a aceleração do crescimento econômico na década de 1970, houve uma

forte expansão do ensino técnico, culminando, em 1978 com a criação dos três

primeiros Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets), mas, somente após

16 anos de sua criação, foi que os Cefets viraram a unidade padrão da Rede Federal

de Ensino Profissional, Científico e Tecnológico. No ano de 2008, como forma de

substituição dos Cefets, o governo reorganizou a educação técnica com a criação dos

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, incorporando sua trajetória

histórica e o reconhecimento de seus 102 anos de existência (PORTAL BRASIL,

2014).

Nos últimos anos, houve uma destacada expansão dos Institutos Federais (IF),

possibilitando interiorizar, cada vez mais, o ensino público de qualidade. São

percebidos esses avanços ao comparar a evolução dos pontos de ensino por todo o

país durante dois períodos. Assim, é possível identificar que, no primeiro período entre

1909 a 2002, foi contabilizada a existência de 140 unidades de ensino, atendendo a

120 municípios do país; no segundo momento, entre 2003 a 2016, o governo federal

adotou uma postura de expansão e interiorização do ensino; nesse período, foram

construídos, entre 2003 a 2010, 214 campi em diversos municípios brasileiros; entre

2011 a 2014, o governo efetivou a construção de mais 208 novas unidades,

totalizando, ao final do período, 562 em operação. Em maio de 2016, a presidenta da

República, Dilma Rousseff, assinou projeto de lei que expandia ainda mais as

universidades e Institutos Federais em todo o país; nessa ocasião, o então ministro

da Educação, Aloizio Mercadante, assinou portaria ministerial, autorizando o

funcionamento de mais 61 unidades de Institutos Federais. Com esse feito, foi

possível chegar a um total de 644 unidades em funcionamento, um aumento de 460%

em relação ao primeiro período (MEC, 2016).

32

2.1.3 O papel do IFRN para a rede federal de ensino

O estado do Rio Grande do Norte foi um dos beneficiados com a criação das

Escolas de Aprendizes Artífices em 1909; sua construção se deu na capital do estado,

Natal. A sua proposta inicial foi de oferecer formação para operários e contramestres

mediante dois cursos: primário e de desenho. Em abril de 1912, ocorreu a primeira

cerimônia para homenagear os formandos que obtiveram os melhores resultados. O

evento ocorreu com toda pompa possível no salão nobre do Aeroclube do Rio Grande

do Norte, situado na capital do estado, e os três melhores resultados foram agraciados

com as seguintes premiações: Prêmio Rio Branco, Prêmio Pedro de Toledo e Prêmio

Alberto Maranhão. Esse evento contou com a presença de diversas personalidades

da sociedade, tendo sido agraciadas com o canto dos aprendizes ao entoarem o Hino

Nacional e do Trabalhador (MEDEIROS NETA; RODRIGUES, 2012).

Avocando os dias atuais acerca da cultura existente no IFRN, considerando

todo o histórico centenário, desde a sua criação com as primeiras Escolas de

Aprendizes Artífices, alguns estudiosos sobre o tema perceberam o valor institucional

acumulado ao longo do tempo, realçando o episódio da primeira homenagem, em

1912, como “comportamentos louváveis e desempenho exemplar dos aprendizes

artífices diante da sociedade natalense”, sinalizando, à época, que a instituição

demonstrava ser capaz do fortalecimento dessa cultura mediante o transcorrer dos

anos (MEDEIROS NETA; RODRIGUES, 2012).

O IFRN mantém uma estreita relação de confiança e respeito com a sociedade

norte-rio-grandense, alinhado ao desenvolvimento tecnológico e científico do estado;

suas ações constituem referência de qualidade na educação e sua estrutura física é

uma das melhores do Rio Grande do Norte entre as do ensino público e privado.

Representada por diversos campi situados em regiões estratégicas do estado, alguns

desses estão constantemente aparecendo entre os primeiros lugares no Exame

Nacional do Ensino Médio (Enem). Resultados como esses são frutos de diversas

ações ao longo do tempo. Em uma delas ocorrida em 1990, em que o panorama exigia

uma resposta aos anseios das novas transformações tecnológicas, científicas e

culturais pela qual a sociedade brasileira passava, um grupo de servidores da

instituição desenvolveu um projeto-pedagógico inovador, sendo implantado em 1995.

33

O sucesso desse projeto foi tanto que, pouco tempo depois, a Secretaria de Educação

Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC) autorizou a

utilização desse novo modelo como experiência pioneira (PEGADO, 2010).

Possuindo uma estrutura multicampi com atuação de 21 campi por toda a

região norte-rio-grandense, o IFRN apresenta 131 cursos do ensino técnico em nível

médio à pós-graduação, atendendo mais de 31 mil alunos com ensino público de

qualidade. Seu ambiente institucional voltado à geração e à transferência do

conhecimento, apresenta cenário favorável a ações direcionadas à responsabilidade

social e sustentabilidade, sendo seu reconhecimento como instituição sustentável,

aprovado, em 2014, pelo Ministério do Meio Ambiente por meio do agraciamento com

Selo “A3P: Verde” de Sustentabilidade na Administração Pública, premiação conferida

em reconhecimento às práticas sustentáveis da instituição (IFRN, 2016).

A instituição desempenha papel significativo na construção contributiva da

educação pública do Estado do Rio Grande do Norte, uma vez que se empenha para

fomentar a ciência e tecnologia perante os estudantes por ela atendida, gerando

transformações sociais e inclusão daqueles menos afortunados. Além dessas

contribuições diretas, o IFRN promove ações sociais importantes na pesquisa e

extensão, seja mediante parcerias que contribuem para o melhoramento ambiental,

promoção de sustentabilidade às empresas embrionárias, ou fomentando projetos,

capazes de gerar inclusão e cidadania àqueles em situação de vulnerabilidade social.

2.1.4 O significado do IFRN – Campus Natal Central para os demais campi do

IFRN

O mais antigo Campus do IFRN, o Campus Natal-Central é visto, pela

comunidade acadêmica, como modelo para os demais; algumas ações institucionais,

antes de difundidas para as outras unidades, são testadas nesse Campus. Exemplo

disso é a utilização do Suap, nas rotinas administrativas; durante muito tempo, os

módulos do programa foram testados nesse ambiente, para, posteriormente, ser

replicados aos demais Campi.

Ademais, o Campus Natal-Central possui a estrutura administrativa mais

completa entre todos os Campi do IFRN, apresentando, atualmente, uma estrutura de

34

gestão, compreendendo: uma direção geral; uma chefia de gabinete; 12 diretorias

(acadêmicas e administrativas) e 50 funções de coordenações e secretarias.

Por possuir uma estrutura administrativa complexa, é considerada uma unidade

de ensino referência para a comunidade acadêmica do IFRN, se tornando modelo

para as demais. A figura 1 apresenta, em forma de organograma a estruturação dos

cargos e funções primordiais que compõem essa unidade.

Figura 1 - Organograma do Campus Natal-Central (48 funções).

Fonte: (IFRN, 2016).

Outro ponto relevante que diferencia o Campus Natal-Central entre as demais

35

unidades diz respeito à infraestrutura de TI, mais precisamente, no tocante à Internet

e conectividade. O IFRN, para prover a comunicação dos seus computadores,

apresenta uma topologia de rede do tipo estrela, ou seja, todas as transferências de

dados são obrigadas a passar por uma unidade central de processamento, no qual a

localização dessa unidade, denominada Datacenter, encontra-se inserida no Campus

Natal-Central. Com isso, existe uma ligação de todos os campi ao Campus Natal-

Central através de “enlaces de rádio de 15 Mbps, em uma rede dedicada, com 100%

de garantia de banda garantida”. A figura 2 demonstra, visualmente, como isso

acontece na prática (IFRN, 2016).

Figura 2 - Ilustração de como funciona a Internet no IFRN.

Fonte:(IFRN, 2016).

36

Além de uma estrutura administrativa e um ativo de TI superior às demais

unidades, o Campus Natal-Central apresenta diversas ações de sustentabilidade.

Para Babieri e Cajazeira (2012) é primordial que os gestores estejam atentos à

responsabilidade social empresarial proferindo seus atos no exercício de suas

funções. Além de responderem administrativa/criminalmente, é com amparo dela que

o agente é capaz de realizar escolha de forma sustentável. Outro ponto importante

considerado pelos autores, apesar de o IFRN não ser uma organização voltada para

fins econômicos, é a necessidade da atenuação dos conflitos de interesses entre os

proprietários das empresas e seus administradores quanto à definição do emprego

dos recursos organizacionais. Os autores definem esses conflitos como pontos que

incorporam algo bem maior, denominado de “problema de agência”, isto é, situação

que “ocorre entre uma pessoa ou organização (agente) contratada por outra pessoa

ou organização (principal) para agir em seu nome ou no seu interesse” (BARBIERI;

CAJAZEIRA, 2012). Fazendo uma analogia, no âmbito do IFRN, os gestores têm a

sociedade como seu “contratante” e a ela devem respostas positivas.

Em consonância com essa perspectiva, várias ações de sustentabilidade vêm

sendo adotadas ao longo do tempo pelos gestores do IFRN; entre elas, duas são

apresentadas de forma exemplar, a primeira escolhida, por ter impacto nacional, foi

denominada de “Mulheres Mil”, um projeto idealizado ainda em 2005, ancorado no

pensamento inclusivo e na coragem de diversos atores brasileiros e canadenses, os

quais tiveram aporte na parceria do IFRN Campus Natal-Central (Cefet a época) com

faculdades do Canadá. Nesse período, ocorreu por meio do projeto de extensão, um

treinamento para camareiras. O sucesso do projeto foi tanto que motivou a Agência

Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA) a imprimir esforços em

conjunto com governo brasileiro para expandir o projeto aos Institutos Federais de

Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Roraima,

Rondônia, Sergipe e Tocantins (ROSA, 2011).

A outra ação em evidência por sua capacidade de retorno social e, no que se

refere à preservação do meio ambiente, teve a participação de servidores do Campus

Natal-Central é o “Programa Água Azul”. Responsável em medir de forma periódica a

qualidade da água no Rio Grande do Norte, bem como atender aos aquíferos, praias,

entre outros reservatórios do estado, esse programa conta com a parceria do Instituto

37

de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Norte

(Idema), Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn) e

Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio Grande do Norte (Emparn),

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), da Universidade Estadual do

Rio Grande do Norte (UERN) e a participação do IFRN através de seis docentes

vinculados à Diretoria Acadêmica de Recursos Naturais do Campus (GORVENO DO

RN, 2016).

2.2 SISTEMAS TECNOLÓGICOS E BOAS PRÁTICAS PARA NOVA

ADMINISTRAÇÃO

Os valores estão em mutação; essa afirmativa é contemporânea. Hoje, ao

contrário de tempos atrás, os jovens são também detentores da informação,

dominadores de uma tecnologia, muitas vezes, alheia aos mais velhos e, devido a

essa nova conjuntura, “pela primeira vez na história os mais velhos não são os

detentores do saber da tribo” (KARNAL, 2016). Nesse processo de difusão das novas

tecnologias, a Tecnologia da Informação (TI) exerce papel protagonista nessa nova

era. Por meio da TI que as organizações obtêm vantagens competitivas em um

mercado cada vez mais exigente (ALBANO, 2001).

Nesse sentido, torna-se questão de sobrevivência, respostas imediatas às

mudanças mercadológicas. A visão voltada apenas à estrutura mecanicista não

encontra espaço na nova administração; ela é vista, apenas, como parte de um todo,

e o homem representa um dos ativos mais importantes nesse cenário. Entender que,

na ausência dos seus serviços, a organização deixa de manter sob o seu domínio um

dos seus mais preciosos recursos é fundamental para mudança paradigmática

institucional, tendo como premissa a valorização do capital intelectual da corporação

(HANDY, 1995).

Entender a complexidade de um ambiente organizacional utilizando, apenas,

uma abordagem teórica, certamente, é renegar a existência das incertezas

determinantes para o sucesso ou fracasso de qualquer corporação. Mas é possível

utilizar uma determinada teoria para orientar a empresa em seus objetivos

norteadores. Apreciando, como ponto de alinhamento a Teoria Contingencial

38

estudada por Lawrence e Lorsch (1967), pode-se constatar que os trabalhos dos dois

pesquisadores de Harvard procuraram descobrir qual era a reação das organizações

ao lidar com variadas situações de mercado e economia. Esse conceito é relevante,

na medida em que as incertezas competitivas entre organizações, cuja verdade ou

falsidade tem reconhecimento, apenas, através das experiências e evidência,

deixando de lado a proposição da razão como base para resolução dos problemas

são certamente concepções contemporâneas (LAWRENCE; LORSCH, 1967).

Apesar de o IFRN ser uma instituição pública que não possui interesse

econômico próprio, para nortear suas ações, ela pode ser afetada por algumas ações

de mercado e da própria economia, uma vez que o governo federal pode utilizar esses

dois referenciais para prover ou não políticas de investimentos destinadas à

instituição. Considerando esse panorama, é necessário que os gestores estudem a

conjuntura antes da tomada de decisão, uma vez que as incertezas de mercado e

outros fatores não previsíveis nas leis que regem os Institutos Federais, podendo

impactar resultados desastrosos em suas gestões.

2.2.1 Tecnologia da informação e comunicação (TIC) para uma melhor gestão

As organizações, sejam elas governamentais ou não, cada vez mais procuram

aperfeiçoar seus processos administrativos e controlar, adequadamente, seus

recursos. Utilizar uma boa estratégia de mercado é primordial para atingir os anseios

organizacionais. Aliado a isso, existe a necessidade protuberante de utilização da

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) a afim de fazer a gestão de seus

empregados, o controle financeiro, o acesso às informações organizacionais, ou

mesmo na pesquisa para identificar o grau de satisfação de seus clientes. A gestão

da informação aliada à tecnologia propicia um composto, capaz de gerar

melhoramento no processo de inteligência competitiva e atenuação das incertezas na

tomada de decisão (TARAPANOFF, 2006).

A TIC apresenta vários recursos tecnológicos, facilitadores de atividades

rotineiras ou não; geralmente, são aplicativos divididos por áreas de atuação e agem

de forma integrada para obter um resultado específico. São utilizadas nas mais

variadas atividades humanas, podendo estar presente nas rotinas de vultosas

39

corporações ou, até mesmo, em uma taba indígena, em lugar remoto da floresta

amazônica, provendo, de forma dinâmica e instantânea, a comunicação daquele que

estiver “conectada à rede”. Vivencia-se uma conjuntura virtualizada, munida pelo

advento das novas tecnologias, a qual não apenas facilita o processo de cooperação

entre os indivíduos (hoje qualquer pessoal pode ser um transmissor de notícias), mas

também contribui para um abrandamento de tempo e espaço nas relações entre as

pessoas, provendo a aprendizagem de forma autônoma e democrática.

Prevendo o dinamismo que estava por vir, pertinente à difusão das redes

sociais iniciada em 2004, Castells (2006) anunciava que a característica marcante da

nova geração não estava baseada em centralizar a informação, mas, na utilização

desses recursos para gerar conhecimento visando a proporcionar um diferencial

competitivo. Segundo o autor, as redes de comunicação passaram a ter maior

consistência nas relações interpessoais, fortalecendo, consecutivamente, as redes

informais dentro e fora do ambiente organizacional (CASTELLS, 2006).

Em apoio à utilização da tecnologia como aporte na resolução dos problemas

administrativos, Magalhães e Pinheiro (2007) informam que o Gerenciamento de

Serviços de Tecnologia da Informação (GSTI) é percebida como um “instrumento pelo

qual a área pode iniciar a adoção de uma postura proativa em relação ao atendimento

das necessidades da organização” fortalecendo uma linha de pensamento que

defende o uso do GSTI como instrumento, capaz de alocar, adequadamente, os

recursos, minimizando, assim, as falhas e evitando problemas de operação

(MAGALHÃES; PINHEIRO, 2007, p. 29).

2.2.2 Enterprise Resouce Planning (ERP)

Popularmente conhecido, no Brasil, como Sistema Integrado de Gestão

Empresarial (SIGE), os ERP são divididos em dois tipos: sistema aberto (permite

interferência do ambiente externo e também interfere nesse ambiente) e sistema

fechado (não sofre influência do meio, tampouco altera com suas ações internas). Os

sistemas de informação podem ter, em sua estrutura, subsistemas, com as mesmas

características de interdependência, tendo o papel de auxiliar o sistema a atingir os

objetivos desejados (ROSINI, 2003).

40

O ERP foi popularizado mundialmente devido a sua versatilidade operacional.

Esses sistemas sincronizam os dados, integram subsistemas e controlam, em tempo

real, as informações processadas pela da tecnologia da informação. Surgiu com o

conceito de um sistema de informações único para atender a todas as demandas da

organização, dividindo as áreas de atuação da empresa por módulo, e, entre eles,

havendo interação e compartilhamento. A sua utilização induz alteração

comportamental, haja vista que os setores não trabalham independentes,

consequentemente, uma ação indevida em um departamento interfere diretamente

em outro. Através dessa regulação automática, induz, na organização, o aumento do

nível de comprometimento entre os usuários do sistema (RICCIO, 2001).

Segundo Mendes (2003), os SIGE oferecem uma ampla funcionalidade, capaz

de propiciar a integração das atividades no ambiente da organização; esses

softwares, geralmente, possuem uma estrutura sistêmica, dividida em módulos que

podem ser selecionados de acordo com as necessidades de um determinado setor da

organização. Os mais usuais, no mercado, são os módulos que englobam: gestão

financeira, contábil, fiscal, gestão de pessoas e planejamento (MENDES, 2003).

2.2.3 Sistema Unificado de Administração Pública (Suap)

Em 2006, a equipe de TI do antigo Centro Federal de Educação Tecnológica

do Rio Grande do Norte (Cefet-RN), hoje, IFRN, iniciou um projeto institucional que

culminou com o Sistema Unificado de Administração Pública (Suap).

O Suap, um sistema desenvolvido pelo IFRN (iniciado, a época do Cefet), é

apresentado ao público como plataforma, capaz de integrar, por meio de seus

módulos, diversas áreas estratégicas do Instituto, com uma estrutura multicampi,

portanto, capaz de atender às demandas dos usuários mediante um único endereço

disponível na Web (https://Suap.ifrn.edu.br/). O Suap surge como um sistema em

constantes modificações, ora para aperfeiçoar os módulos existentes, ora para criação

de módulos (BEZERRA, 2013).

Ele pode ser comparado a um ERP, pelo fato de possuir elementos que o

caracteriza como Sistema Integrado de Gestão Empresarial. O Suap mantém uma

estrutura dividida em módulos que se integram a diversos departamentos do IFRN;

41

sua divisão está organizada por área de atuação, conforme ilustrado na figura 3,

totalizando sete áreas: Administração, Tecnologia da Informação, Gestão de Pessoas,

Desenvolvimento Institucional, Extensão e Pesquisa (IFRN, 2016).

Figura 3 - Estrutura de funcionamento do Suap.

Fonte: Adaptação (DAVENPORT, 1998, p. 124).

O referido sistema é capaz de prover o gerenciamento de serviços de

tecnologia da informação no âmbito do IFRN e em outras organizações

governamentais ou não; ele pertence à modalidade de software livre e está inserido

no grupo dos sistemas abertos. A sua composição apresenta subsistemas integrados

que permite o reaproveitamento de informações visando otimizar os processos

manuais.

Autores, como Burch e Grudnitski (1989), compreendem a necessidade de

integração como fator preponderante nas constantes necessidades organizacionais

de coordenar, de forma sincronizada, as ações dentro e fora do ambiente corporativo,

entendendo que as organizações precisam ser vistas como único sistema, dividido

por partes independentes, formando um todo unificado (BURCH; GRUDNITSKI,

1989).

O Suap emancipou. Um produto que foi concedido, com base na produção

42

tecnológica do IFRN, deixa de pertencer, apenas, ao domínio do seu criador e passa,

mediante parcerias de cooperação sem ônus para aquisição do sistema, a fazer parte

da realidade na gestão de outros institutos da rede federal de ensino. Ultimamente,

são mais de quinze Institutos Federais que utilizam o sistema em suas rotinas

administrativas e acadêmicas. A Figura 4 mostra o mapa de atuação do Suap em todo

o Brasil (BEZERRA, 2013).

Figura 4 - Mapa de atuação do Suap em todo o Brasil.

Fonte: (BEZERRA, 2013).

Ao delinear ações da gestão do IFRN, visando soluções nativas para suprir

suas demandas, é possível vislumbrar que a instituição possui alinhamento do seu

quadro funcional a atividades relacionadas à inovação, haja vista que a criação de um

novo software é capaz de oportunizar a melhoria gerencial, fato esse que pode ser

comprovado devido à longevidade e à abrangência do Suap. Esse produto, além de

ter um caráter inovador, é compreendido como algo maturado, uma vez que, para se

manter atrativo, há mais de uma década, seja atendendo às demandas internas, ou

mesmo às de outras instituições. Muitos foram os esforços empreendidos no

refinamento em seus módulos, ou mesmo, na descoberta de outros, situações que

foram acontecendo à medida que o sistema evoluía.

43

2.2.4 O Balanced Scorecard (BSC) voltado à estratégia

Reconhecida como uma metodologia sofisticada por diversas empresas que

fazem uso desse instrumento, o Balanced Scorecard (BSC) foi apresentado ao mundo

por dois professores de Harvard Business School (HBS), Robert Kaplan e David

Norton no início dos anos 90 e, ao longo do tempo, vem ganhado cada vez mais

adeptos devido à sua versatilidade e integração com software de apoio como ERP.

Esse instrumento, popularmente conhecido como BSC, possui uma metodologia de

medição e gestão de desempenho muito apreciada no meio empresarial e acadêmico;

além de outras funcionalidades, ele oferece orientações ao gerenciamento e execução

de atividades estratégicas no âmbito das organizações, fazendo uso de princípios, tais

como: traduzir a estratégia em termos operacionais; alinhar a organização à

estratégia; transformar a estratégia em tarefa de todos; converter a estratégia em

processo contínuo; mobilizar a mudança por meio da liderança executiva (KAPLAN;

NORTON, 2006).

Nem sempre decisões tomadas por grupos gestores em uma empresa são

vistas como algo benéfico aos seus trabalhadores; quando usado o BSC, na tradução

dessa estratégia, é possível melhorar a compreensão daquele afetado em relação ao

que foi decidido, permitindo uma maior participação desse agente na efetivação do

resultado que possa acontecer em virtude da tomada de decisão. Esse método, além

de esclarecer decisões através de um modelo capaz de mapear as relações de causa

e efeito, ele permite atenuar os conflitos entre gestores com visões diferentes de

estratégia. Essas ações corroboram outras, gerando, assim, sinergia capaz de prover

valorização da organização e diferencial competitivo (KAPLAN; NORTON, 2001).

O modelo do BSC, apresentado por Kaplan e Norton (2001) tem como

orientação principal a organização focada na estratégia (SFO - The Strategy Focused

Organization), os autores apresentam possibilidade de ferramenta capaz de nortear o

gestor na tomada de decisão; com isso, alinhar a sua empresa à estratégia,

objetivando alcançar diferencial competitivo e ascensão econômica. Os autores

sistematizaram o modelo por meio de 5 princípios inter-relacionados, os quais ao

serem efetivados, no seio da organização, provocam impactos positivos, almejados

por todos os interessados no sucesso da corporação. Na figura 5, têm-se os princípios

44

que uma organização orientada à estratégia precisa perseguir, conforme versa a

proposta de BSC, defendida pelos autores (KAPLAN; NORTON, 2001).

Figura 5 - Princípios de Kaplan e Norton para empresa guiada pela estratégia.

Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2001).

Estudos relacionados à implementação do BSC nas empresas da indústria,

comércio e serviço, vêm identificando ganhos econômicos satisfatórios para aquelas

que incorporaram essa metodologia em sua gestão. Os resultados remetem ao eixo

econômico que sustentam as organizações com fins lucrativos, mas o ganho que a

organização atinge com a prática da ferramenta não apenas orbita o aumento do

capital financeiro, mas também fortalece os ativos intangíveis que compõe a própria

corporação. Kaplan e Norton (2001) perceberam que, apenas, ganhos econômicos

não poderiam retratar a vitalidade de uma organização, outras perspectivas deveriam

constar para essa definição; sendo assim, eles ensaiaram que, para um melhor

entendimento, era preciso atentar não somente aos ganhos financeiros, mas também

priorizar a perspectiva cliente, processos internos, inovação e aprendizado (KAPLAN;

45

NORTON, 2001).

Utilizando, como perspectiva, o melhoramento do capital intelectual para

fortalecimento da gestão organizacional, instituições sem fins lucrativos vêm adotando

essa prática, no plano estratégico, mas, em alguns casos, por serem instituições

públicas, fatores econômicos podem ser mitigados em face de outros de maior

relevância, segundo determinados gestores; tal fenômeno é combatido por Kaplan e

Norton (2001), haja vista que os autores defendem que, mesmo sendo sem fins

lucrativos, uma organização orientada à estratégica deve ser capaz de priorizar, com

igual importância, aspectos financeiros, clientes entre outros, subordinando essas

perspectivas à missão organizacional (KAPLAN; NORTON, 2001).

2.2.5 Alinhamento do Suap com os Planos de Desenvolvimento do IFRN

O Sistema Unificado de Administração Pública (Suap) tem facilitadores que

possibilitam, aos seus usuários, uma iteração mais efetiva entre os departamentos

internos e externos das respectivas unidades de trabalho. Por se tratar de um produto

que alcança toda a comunidade acadêmica (servidores, alunos, parceiros,

extensionistas), ligada à instituição e, sobretudo, passível de alterações, ou seja, em

tempo hábil, ele pode ser modificado visando alinhar as estratégias da gestão do

IFRN. Essa particularidade pode provocar o fortalecimento das relações entre

gestores e geridos, das aferições dos desempenhos e uma melhor implantação de

planos de desenvolvimentos organizacionais.

Autores, como Kaplan e Norton (2001), defendem a utilização do Balanced

Scorecard (BSC) como instrumento importante para esse melhoramento; eles

enfatizam a necessidade de as unidades de negócios estarem alinhadas para obter

resultados satisfatórios. Além disso, elas podem criar sinergia por intermédio da

relação interna das unidades, ou seja, aumento da força competitiva, ocasionada por

um melhor alinhamento entre setores. Esses resultados podem ser almejados através

de uma metodologia de aferição e gestão de desempenho, promovida por tal

instrumento (KAPLAN; NORTON, 2001).

O Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) é um recurso da

administração pública criado com base no decreto presidencial e tem como objeto

46

norteador ser um instrumento de diagnóstico, planejamento e gestão dos recursos e

processos de TI dos órgãos e entidades da administração pública federal direta,

autárquica e fundacional. Em 29 de agosto de 2014, foi aprovado pelo Conselho

Superior (Consup) do IFRN o PDTI do instituto. Nele, o Suap é citado por diversas

vezes, tendo como as mais relevantes (IFRN, 2013):

● Quanto ao objetivo estratégico da TI, aprimorar o processo de desenvolvimento

e da priorização de demandas.

● Quanto à Análise SWOT2, é entendido como uma força, nele o sistema é visto

como recurso administrativo integrado e de desenvolvimento próprio. Também

é visto como uma oportunidade, devido à adoção do Suap pelos demais

Institutos da rede.

● Quanto ao Plano de Metas e Ações, foi pensado o desenvolvimento da

documentação dos módulos, no que concerne ao registro dos processos de

uso de todos os módulos e a realização de treinamentos voltados aos usuários

do sistema. Desenvolvimento de novos módulos. Integração do Suap com

outros sistemas utilizados no IFRN (Comprasnet, SCDP, AD). Implementação

e melhorias dos módulos existentes.

Outro plano que precisa ser relevado na gestão do Suap é o Plano de

Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFRN, exigido por força de lei, Decreto nº

5773/2006, o PDI é um documento que, além de ser utilizado como instrumento

norteador para a gestão, também define a natureza e os anseios organizacionais.

Nele, além de conter metas que envolve o Suap, refere-se ao sistema como aliado

que auxiliou na participação democrática da comunidade, pelo módulo PDI, no

momento da construção do plano, ressaltando que “idealizou-se uma sistemática que

fosse capaz de chegar a todos os interessados”. Assim, a comissão optou em usar o

próprio sistema de informação do Instituto, já que ele apresentava essa capilaridade

(IFRN, 2016, p. 225).

Seguem algumas metas do PDI a serem perseguidas no quinquênio 2014-2018

2 Análise SWOT é uma ferramenta clássica da administração para analisar o panorama das

organizações por seus gestores, ela é comumente utilizada como base na gestão estratégica das empresas, SWOT é a sigla em inglês dos termos Strengths (pontos fortes), Weaknesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades para o seu negócio) e Threats (ameaças para o seu negócio).

47

que envolve o Suap:

● O registro no Suap das atividades de extensão por meio de um edital de fluxo

contínuo.

● A criação do sistema de acompanhamento de estágio pelo Suap, com inserção

de dados do discente e da orientação realizada pelo professor e pelos setores

de estágios dos campi.

● Na gestão de desempenho individual, informatização dos processos avaliativos

com a criação de módulos apropriados ao Suap.

● Na gestão de desempenho institucional, criação de processos administrativos

eletrônicos com tramitação, instrução, notificação e consulta via Suap.

● Relacionado à TI, contribuir para a informatização de todos os processos

internos administrativos e acadêmicos da Instituição, mediante o

aperfeiçoamento do Suap.

● Em relação a estratégias de gestão econômico-financeira, buscar uma iteração

mais efetiva com o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi).

Pela utilização de sistemas informatizados no gerenciamento das informações

do Campus em estudo, é evidenciado alinhamento significativo da unidade com as

novas tecnologias. Além disso, aliam-se os planos de desenvolvimento (PDI e PDTI),

promovidos ao longo dos últimos anos a esses recursos, haja vista a utilização do

Suap como instrumento colaborativo para o atingimento das metas almejadas pela

gestão. Tais indicadores demonstram consonância das ações de seus gestores com

princípios estratégicos, uma vez que as utilizações desses recursos podem

proporcionar melhores condições na introdução de modelos e metodologias capazes

de oferecer eficiência organizacional, diferencial desejado. Quanto à gestão, utiliza

método como o BSC ou modelo relacionado à exploração, explotação e ambidestria.

2.3 AMBIDESTRIA ORGANIZACIONAL

Obedecendo a uma tendência da nova administração que procura amparo nas

tecnologias visando encontrar o perfeito sincronismo entre a aquisição de novos

materiais e a melhor utilização dos já existentes - desafio constante enfrentado pelos

gestores na atualidade - compreender o ambiente organizacional e seu dinamismo é

fundamental para a boa gestão dos recursos, sejam eles ativos tangíveis ou

48

intangíveis. Em consonância com esse entendimento, Certo e Peter (2006) ressaltam

que os gestores precisam considerar a gestão estratégica como um fator ambiental

interno e externo à organização, cabendo-lhes a capacidade de saber lidar com as

diversidades mercadológicas para alcançar os objetivos almejados (CERTO; PETER,

2006).

Estudos relacionados à ambidestria, nas organizações, tiveram maior

evidência após o modelo apresentado por Duncan (1974), concernente à

“organizational ambidexterity” e sua relevância às empresas inovadoras. O modelo

mostrava duas dimensões: uma denominada de “iniciação de criação”, a outra

“implementação”. A primeira, como estava relacionada com o criar, necessitava da

organização níveis complexos e menos controles burocráticos. Já a implementação

exigia um nível elevado de controle, formalizando e centralizando os processos

visando conseguir resultados esperados e a minimização das incertezas. Nessa

dimensão, evidenciava um nível mais baixo de complexidade, capaz de propiciar

amenização do conflito entre as funções, prejudiciais a essa etapa (DUNCAN, 1974).

Essas duas dimensões possuem particularidades distintas, embora sejam

consideradas por vários estudiosos como suprassumo fundamental para manter as

organizações competitivas em um mercado cada vez mais exigente. March (1991)

levanta uma discussão quanto ao momento da escolha em investir nas ações de

criação de produtos ou melhoramento dos já existentes. Evidentemente que muitos

defendem a necessidade de investimentos em ambas, mas, para uma organização

que visa a um melhor retorno econômico a curto prazo, talvez investir em ações de

melhoramento de um produto seja o mais vantajoso; no momento, esse trade-off

apresentado pelo autor, chama a atenção dos gestores para as políticas que utilizarão

os recursos da organização, seja em investimentos para produzir algo novo ou

melhorar os já existentes, uma vez que uma decisão tomada erradamente pode gerar

consequências irreparáveis à saúde da organização (MARCH, 1991).

Assim, é possível compreender que os primeiros estudos atinentes à existência

de exploração e explotação já evidenciavam dois polos fundamentais na construção

de um modelo norteador para a gestão em uma organização, sendo compreendido

ora como uma dicotomia, capaz de prover sucesso aos negócios; ora como, a

49

necessidade vital de priorizar investimentos a curto prazo em detrimento daqueles que

apresentassem demora no retorno financeiro. Portanto, ao se referirem acerca desses

dois pontos em suas inferências, esses pioneiros consideravam o equilíbrio no

direcionamento dos recursos fator primordial na consecução do diferencial

competitivo, identificando esse como fator classificatório para uma gestão ambidestra.

2.3.1 Ambidestria organizacional e sua aplicabilidade na Administração

Quase duas décadas após o modelo proposto por Duncan (1974), o pós-

graduado, na área de Negócios pela Universidade de Stanford, James G. March,

publicou um artigo preconizando que a ambidestria tinha papel preditivo no

desempenho organizacional. Foi, nesse momento, por meio do seu trabalho

apresentado na revista Organization Science, que foi introduzido, na literatura, o termo

“exploração” para definir a dimensão da criação, proposta por Duncan (1974) e o

termo “explotação” para referenciar a dimensão relacionada ao refinamento do

produto apreciado. March (1991) destacou que é primordial a organização dar

importância às duas funções, caso almeje alcançar os objetivos institucionais de

maneira excelente, visto que, para esse autor, somente um equacionamento

equilibrado entre essas duas funções permitirá uma condição de ambidestria

organizacional em suas ações (MARCH, 1991).

Ao ampliar os estudos de Duncan (1974), March (1991) possibilitou que a

definição de ambidestria organizacional está ancorada no equilíbrio entre as ações de

exploração (exploration), definidas por Duncan (1974) como iniciação, e explotação

(exploitation), anteriormente chamada de implementação.

Na opinião dos autores (DUNCAN, 1974; MARCH,1991), as atividades para serem

classificadas como exploração, devem estar ligadas diretamente à:

a) Variação

b) Busca

c) Tomadas de decisões com riscos

d) Experimentação

e) Flexibilidade

f) Descoberta

50

g) Inovação de produtos e/ou serviços

Já as atividades que se caracterizam, segundo os mesmos (DUNCAN, 1974;

MARCH,1991), como explotação são direcionadas à (ao):

a) Refinamento

b) Escolha

c) Produção

d) Eficiência

e) Seleção

f) Implementação

g) Execução das atividades-fim da organização

Autores contemporâneos (MARTINS, 2013; MIRANDA, 2014; POUPADIUK, 2016)

comumente citam, em seus trabalhos, as relevantes contribuições de March (1991) a

literatura sobre exploração, explotação e ambidestria; entre eles, tem-se Thomas

Johannes Maria Mom (2006), PhD em Gestão Estratégica e autor da obra, intitulada

Managers’ Exploration and Exploitation Activities The Influence of Organizational

Factors and Knowledge Inflows. Em seus estudos, pesquisou a relação da ambidestria

organizacional para a construção do conhecimento organizacional; nessa monografia,

especificamente, o autor, valendo-se da análise quantitativa e qualitativa, procurou

demonstrar a necessidade de aumentar a percepção de como as empresas podem

gerenciar e organizar seus recursos tanto direcionado para criação de algo novo

quanto aprimorar suas atividades existentes; com isso, procurar obter melhores

resultados para o fortalecimento do conhecimento organizacional (MOM, 2006).

Já em estudos efetivados por Gilsing (2003) sobre o processo de aprendizagem

das duas perspectivas que permeiam a exploração e explotação, definida por March

(1991), colaboraram com sugestão, fazendo com que esses dois elementos

apresentem atuações simultâneas, ou seja, ambidestria. Segundo Gilsing (2003),

alguns elementos são necessários para uma melhor compreensão das ações que

dependam do trade-off (quando acontece o conflito para escolha da melhor decisão)

entre exploração e explotação. Nesse sentido, é possível perceber que ao gestor

diante de um mercado, cada vez mais, competitivo, tendo como fundamental

51

importância manter a vitalidade e longevidade da organização, é atribuído a função

de propiciar a escolha adequada na tomada de decisão, devendo ter competência

suficiente para priorizar aquela de melhor resultado em curto, médio ou longo prazo.

Desse modo, seu objeto norteador poderá contar com orientações estratégicas e

técnicas inovadoras, fazendo com que haja diminuição das incertezas e

enriquecimento do capital intelectual. O autor delineia um arquétipo no quadro 3 com

algumas características, utilizadas por diversos regimes de aprendizagem do

conhecimento nas organizações (GILSING, 2003).

Quadro 3 - Arquétipos de regimes de aprendizagem de uma visão de competência.

EXPLORAÇÃO EXPLOTAÇÃO

VISÃO DE COMPETÊNCIA

Objeto de aprendizagem Nova base de conhecimentos Elementos específicos da base de conhecimento existente

Processo de aprendizado Pesquisa expansiva Atividades repetitivas

Atores Novas combinações de atores Combinações de atores existentes

Entrada - insights sobre limites de base de conhecimento existente - novas capacidades

Capacidades de refinar resolução para problemas

Saída

- novo conhecimento - novas ideias e crenças - demos, produtos experimentais

-Melhor compreensão de questões específicas - adaptações dos produtos - melhorias nos processos - normas técnicas

Fonte: (GILSING, 2003, p. 54).

Retomado os ensinamentos de Mom (2006), ele buscou estudar gestores de três

grades empresas, sendo uma do setor de serviços financeiros (Rabobank), outra da

indústria de eletrônicos (Philips), e a última do setor de contabilidade e consultoria

financeira (Deloitte). Nessa pesquisa, o autor procurou identificar fatores de “influxos”

de conhecimentos intraorganizacionais e a persuasão dos gestores de influência nas

ações de explotação e explotação, discutindo fatores organizacionais como

características comuns de capacidades combinatórias para estruturar a investigação

sobre quais fatores podem inibir ações dos gestores quanto à geração ou à otimização

do conhecimento (MOM, 2006).

Tradicionalmente, constata-se, nas organizações mais conservadoras, um

fluxo continuo para transmissão do conhecimento; geralmente, é o chefe imediato que

se apresenta como replicador, a ele é conferido o protagonismo para solucionar

52

impasses e direcionar os seus subordinados para melhores caminhos, seguindo,

assim, uma linha top-dow (de cima para baixo), outra forma de fluxo do conhecimento

tradicional é a bottom-up (de baixo para cima); em que, os gestores utilizam as

informações que partem, geralmente, daqueles que estão na base da cadeia

hierárquica para tomada de decisões. Mom (2006) apresenta uma linha diferente

dessas supracitadas, identificando o influxo do conhecimento horizontal como

proposta a qual o conhecimento pode partir de colegas na mesma unidade

organizacional ou provenientes de outros departamentos ou unidades do mesmo nível

hierárquico. Assim, utilizando as discussões travadas a esse respeito, o autor indagou,

em sua obra aqui, referida o seguinte questionamento: “How do organizational factors

and knowledge inflows of managers influence managers’ exploration activities and

exploitation activities? ” Ou seja, o autor procurou entender como os fatores

organizacionais e influxos do conhecimento dos gestores influenciam outros gestores

em atividades de exploração e explotação (MOM, 2006, p. 7).

Após uma vasta pesquisa na literatura existente sobre ambidestria

organizacional, Mom (2006) verificou uma falta de compreensão sobre exploração e

explotação em relação à definição de um conceito em nível gerencial, como eles se

relacionam entre si, como esses podem ser medidos, ou mesmo, como podem ser

entendidos na perspectiva de ferramentas motivacionais. O autor reforça que a

literatura indica uma passível tendência em estudar o processo de relação das

empresas com o gerenciamento da ambidestria em nível gerencial, mas, segundo o

autor, deveria não só investigar como fatores e fluxos de conhecimento têm impacto

organizacional diretamente sobre as atividades de exploração e explotação dos

gestores, mas também sobre como esses fatores impactam nos fluxos de

conhecimento dos gestores, ou seja, investigar como e quando os fluxos de

conhecimento intercedem na relação de transferência do saber (MOM, 2006).

2.3.2 Investimentos em exploração e explotação gerando impactos na

construção do conhecimento organizacional

Muitos pesquisadores procuram compreender os resultados que podem ser

alcançados pela de efetivação da ambidestria organizacional, e se isso pode interferir,

diretamente, na competitividade entre empresas. Em pesquisa realizada por Martins,

53

Rossetto e Añaña (2013), visando identificar os efeitos da exploração e explotação

em 151 vinícolas brasileiras, foi possível perceber, através de uma análise

quantitativa, a concordância com a teoria de March (1991) quanto ao papel preditivo

das ações da ambidestria organizacional. Os autores ressaltam que “quanto maior for

o investimento nessas práticas (ambidestria, exploração ou explotação)

correspondente será a performance das empresas”. A apesar de concordar com essa

premissa, os autores chamam atenção para pesquisas mais substanciais nesse

campo, haja vista a necessidade de literatura que abarque os impactos causados pela

ambidestria nas organizações (MARTINS; ROSSETTO e AÑAÑA, 2013, p. 13).

Estudos empíricos anteriores já abordavam o tema, conforme pesquisa

realizada com o objetivo de procurar entender o papel da aprendizagem estratégica

como ponte necessária para obter novas oportunidades de negócios (exploração) e

outras estratégias que buscassem através da eficiência (explotação) vantagem para

um melhor desempenho de lucro. Siren, Kohtamaki, Kuckertz (2012) demonstraram,

em seus estudos, que não somente a ambidestria organizacional interfere diretamente

no desempenho econômico da empresa, mas também requer, investimentos no

aprendizado dos seus gestores estratégicos, uma vez que esses são os articuladores,

capazes de assegurar a exploração e explotação de forma equilibrada e,

principalmente, alinhada aos interesses econômicos de seus Stakeholders (SIREN;

KOHTAMAKI; KUCKERTZ, 2012).

Levando em consideração os aspectos pontuados, é importante ressaltar que

as organizações fazem parte de um ambiente dinâmico e globalizado, sendo elas

susceptíveis a esse ambiente, podendo assim sofrer modificações benéficas ou

indesejáveis. É imprescindível, portanto, tratar da ambidestria organizacional

considerando esses aspectos. Autores, como Kurtz e Varvakis (2013), ao pesquisar

de forma sistêmica na literatura, trabalhos que abordassem orientação estratégica em

ambientes turbulentos, ancorados na ambidestria, eles conseguiram perceber que

muitos tratavam do tema de forma superficial, não chegando, de forma imperativa, a

um resultado consistente (KURTZ; VARVAKIS, 2013).

Os referidos autores, analisando vários construtos relacionados aos impactos

da ambidestria nas organizações e um panorama de elevada turbulência, foi possível

54

proferir que “ a ambidestria parece estar fortemente ligada à visão no curto prazo

(exploitation) e no longo prazo (exploration) ”, cabendo aos gestores uma análise

estratégica para a tomada de decisão necessitando ser norteadas pela leitura precisa

do ambiente externo, podendo com isso, atenuar a incerteza de mercado e predizer

oportunidades de novos negócios (KURTZ; VARVAKIS, 2013).

Estudos efetivados por Popadiuk e Santos (2016) visando a uma conexão entre

explotação, exploração, ambidestria com o desempenho organizacional vêm

demonstrando bons resultados; os autores fazem, nesses estudos, uma moderação à

luz da estratégia e identificam coeficientes significativos nessas relações. Isso ocorreu

quando pesquisaram 119 empresas brasileiras dos setores da indústria, comércio e

serviço, dividindo-as em grupo classificado de Prospectoras/Analíticas (empresas

exploradoras) ou Defensoras/Reativas (empresas explotadoras). Apesar de chegar à

conclusão em alguns casos que necessitava de amostras superiores para uma

definição mais precisas, eles enfatizaram que “considerando-se apenas a relação

estrutural entre ambidestria e desempenho organizacional, verificou-se a existência

de coeficiente significativo, independentemente do grupo relacionado ao tipo de

orientação estratégica” (POPADIUK; SANTOS, 2016, p. 15).

Abordando perspectiva pertinente, Miranda (2014) defendeu a tese na qual

relacionava o desempenho organizacional à ambidestria. Mediante estudos teóricos e

ponderações baseadas em experiência com pesquisas realizadas, pode efetivar um

trabalho que incluía explotação, exploração, ambidestria e BSC visando identificar

ações com diferencial competitivo entre as organizações. Esse estudo contou com a

resposta de 249 trabalhadores do comércio, indústria e serviços, e, apesar da

limitação amostral, identificou que o conhecimento organizacional é obtido por meio

de uma mistura entre tácito e explícito, duas formas de reter conhecimentos

relacionados a exploração e explotação respectivamente (MIRANDA, 2014).

Os estudos efetivados por Miranda (2014), também disponibilizaram para a

ciência administrativa ferramentas que podem ser úteis para auxiliar o gestor na

consecução de resultado capaz de promover a organização ao patamar de diferencial

competitivo. A referida autora ressalta o papel da busca com atividade de exploração

e o de gerenciamento como de explotação; na medida em que essas estratégias são

55

utilizadas de forma simultânea, é identificado a ambidestria na empresa. A autora

reforça que tais ferramentas podem identificar pontos frágeis na organização, com

possibilitando assim, no plano estratégico, a tomada de decisão saneadora no

combate dessas deficiências, podendo para isso, contar também com ajuda de

mensuradores de desempenho como BSC (MIRANDA, 2014).

Ao tomar conhecimento das experiências de outros pesquisadores a respeito

das teorias estudadas, foi possível vislumbrar alinhamento positivo entre exploração,

explotação, ambidestria nas organizações orientadas na estratégia. Tal fenômeno

possibilita conjugar princípios relacionados ao BSC com atividade de explotação ou

de explotação, haja vista que ambas aplicadas às atividades de gestão almejam o

diferencial competitivo, seja através da inovação para atender às demandas

existentes ou criando novas demandas, seja através da otimização dos produtos e

serviços efetivados pela empresa no intuito de melhorar o desempenho financeiro.

Mas não é somente possível limitar os referidos estudos ao domínio das empresas

que visam aos resultados econômicos, possibilitando aplicabilidade da metodologia

estratégica em sinergia com exploração e explotação na área de atuação de empresas

públicas. Isso gerou novas possibilidades de ferramentas para aqueles que anseiam

evidenciar a excelência em sua organização, ou mesmo, lidar melhor com os

percalços acometidos à gestão, principalmente, quando ela é fadada a lidar com a

escassez de recursos potencializados em tempos de crises econômicas ou mudanças

de políticas governamentais.

56

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A seguir, serão apresentados, neste capítulo, procedimentos metodológicos

que delinearam a presente pesquisa, enfatizando a abordagem, os objetivos e os

procedimentos adotados para consecução dos resultados e análise dos dados que

foram coletados mediante de dois instrumentos básicos, ou seja, questionário e

entrevista.

3.1 QUANTO À ABORDAGEM

Foi utilizada, no trabalho, uma abordagem quantitativa para suprir demandas

estruturais e qualitativa visando atender a aspectos processuais. Segundo Flick

(2009), a utilização dessas duas formas de pesquisa pode prover uma visão mais

ampla do objeto de estudo; tanto a pesquisa qualitativa pode apoiar a quantitativa e

vice-versa. Em consonância com esse entendimento, o estudo procurou alicerçar-se

na pesquisa de campo e documental de forma alinhada aos objetos que delimitam as

indagações inferidas para consecução dos resultados almejados (FLICK, 2009).

Pertinente à abordagem quantitativa, foi pesquisada a visão dos gestores do

IFRN Campus Natal-Central em relação à efetividade da gestão estratégica em seu

ambiente de trabalho. Dessa forma, por meio de uma pesquisa de campo utilizando

como instrumento, um questionário no formato estruturado do tipo Likert de cinco

pontos, foi possível coletar a impressão dos respondentes a respeito de 20 assertivas

relacionadas aos princípios defendidos por Kaplan e Norton (2001). Com isso, os

dados coletados demonstraram a visão da maioria dos gestores acerca do seu

ambiente laboral, quantificando, em percentual, a propensão da gestão em prover a

melhoria de princípios, orientados pela estratégia, podendo, assim, apresentar

subsídio necessário para identificar pontos fracos e fortes no âmbito administrativo

dessa instituição.

Quanto à abordagem qualitativa, apesar de haver, por parte de alguns autores,

questionamentos referentes ao seu uso em trabalho científico, pelo fato de poder

apresentar interpretações pessoais e, com isso, conclusões tendenciosas em seus

pareceres, comprometendo a veracidade dos fatos, mesmo assim, a presente

pesquisa utilizou essa abordagem como instrumento complementar em sua

57

composição. Para tanto, foi levado em consideração a interpretação de Yin (2001) e

outros autores que têm o mesmo entendimento no tocante à defesa da pesquisa

qualitativa, ou seja, independentemente do método (quantitativo ou qualitativo),

questões relacionadas ao tipo da abordagem depende diretamente do pesquisador,

caso ele não tenha conhecimento ou as habilidades necessárias para realizar estudos

de natureza científica, o método utilizado não surtirá efeito de forma satisfatória (YIN,

2001).

Outro ponto que merece ser ressaltado sobre a abordagem qualitativa é que

entre os autores especialistas no tema, não existe consenso acerca da sua estrutura,

muitos autores sugerem modelos vão desde a simples leitura até uma compreensão

mais ampla do assunto abordado. No entanto, Creswell (2014), por compreender que

não existe esse entendimento consensual que abarque um modelo capaz de suprir a

necessidade em uma abordagem qualitativa, transfere ao pesquisador qualitativo a

opção de escolha entre a pesquisa narrativa; pesquisa fenomenológica; pesquisa da

teoria fundamenta; pesquisa etnográfica; pesquisa de estudo de caso (CRESWELL,

2014).

Entre as cinco propostas sugeridas pelo autor, é evidente que uma se adapta

melhor à composição do presente trabalho. Assim, por se tratar de um estudo focado,

apenas, no IFRN Campus Natal-Central, foi utilizado uma pesquisa de estudo de caso,

não probabilístico, como objeto delimitador do trabalho.

3.2 QUANTO AOS OBJETIVOS

Ao optar entre as cinco propostas endossadas por Creswell (2014) para o

atingimento das metas apresentadas nos objetivos geral e específicos da pesquisa,

foi adotada, como abordagem para consecução desses resultados, a pesquisa de

estudo de caso. Nesse modelo o autor infere a ausência de um formato padrão para

poder nortear o pesquisador quanto à estrutura proposta. Mesmo assim, considera

importante atentar para “estrutura geral” ou “estrutura embutida”, sendo essa última a

de maior aproximação com os anseios da presente pesquisa, haja vista que essa

estrutura pode apresentar o caso em um contexto macro e, na sequência, ir

delimitando a situação ao objeto estudado, portanto, afunilando o ambiente da

58

pesquisa (CRESWELL, 2014).

O trabalho apresentou, em sua composição, dados extraídos de fontes

primárias, tendo em vista a necessidade da obtenção de informações acerca de um

grupo específico determinado pelo objeto da pesquisa. Outros estudos foram,

também, necessários para dar sustentação aos achados e a definição de possíveis

entendimentos sobre os fenômenos ocorridos; nesse caso, foi feito estudo

bibliográfico em livros, artigos, periódicos e anais que tratam sobre o assunto

pesquisado.

Nesse sentido, decidiu-se por uma pesquisa descritiva, uma vez que a pesquisa

foi embasada pela metodologia reflexiva, na qual se pretendeu extrair dos seus

pesquisados os conhecimentos empíricos sobre o tema em uma concepção

interpretativa. Na opinião de Vergara (2008), esse tipo de método é compreendido

como: a visão que o pesquisador tem sobre o objeto estudado, sua “capacidade de

autocrítica acerca da sua autoridade como intérprete e como autor”. A adoção dessa

metodologia pretende justificar o fato da ligação que abarca o pesquisador com o

assunto pesquisado, uma vez que ele exerceu cargo de gestão no IFRN Campus

Natal-Central durante mais de quatro anos, podendo com isso, corrobora para o

aprofundamento dos estudos, utilizando, como base de apoio, métodos científicos

validados e sua experiência sobre a problemática analisada (VERGARA, 2008, p.

185).

3.3 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS

Com a utilização de métodos tanto quantitativo quanto qualitativo, a presente

pesquisa mostra um estudo voltado ao universo estudado, dividido em três grupos,

distribuídos da seguinte forma: O primeiro grupo foi daquele ocupante de cargo de

direção geral (gestor máximo do IFRN Campus Natal-Central) o qual será denominado

de “Estratégico”; o segundo grupo foi composto pelos ocupantes de cargo de direção

representantes das diretorias acadêmicas, administrativas e chefia de gabinete, este

grupo foi denominado de “Tático”; o terceiro e último grupo foi daqueles ocupantes de

função gratificada; esse grupo representa aquele que mais se aproxima do público-

alvo da organização, sendo composto por coordenadores (a) e secretários (a) no

59

âmbito do Campus aqui referenciado; esse grupo foi denominado de “Operacional”.

3.3.1 Universo da pesquisa

Foi realizada uma pesquisa censitária, envolvendo 64 gestores do IFRN

Campus Natal-Central, ocupantes de cargo de direção (CD) e função gratificada (FG)

em atividade regular no período quando decorreu a coleta dos dados. As opiniões dos

gestores foram coletadas de duas formas: a primeira através da aplicação de

questionário, o qual foi apresentado em formato estruturado e seus itens avaliados

por meio de uma escala do tipo de Likert de cinco pontos; a segunda mediante

entrevista semiestruturada aplicada a um representante de cada grupo de gestão

(operacional, tático e estratégico) conforme quadro 4. A escolha do representante de

cada um dos três grupos gestores ocorreu de forma aleatória por meio de um

“sorteador” disponível na internet (AUGUSTO, 2009).

O trabalho analisou situações intrínsecas à área de Gestão Estratégica de

Pessoas; para isso, foram adotados modelos já utilizados por outros pesquisadores,

sendo que, para a presente pesquisa, estes foram adaptados à realidade da

organização estudada. Os instrumentos foram direcionados para avaliar a percepção

do grau de investimento tecnológico realizado pelo IFRN nos últimos anos e o grau de

envolvimento dos gestores, escopo da pesquisa, quanto às boas práticas de gestão.

3.3.2 Plano de coleta de dados

Existem inúmeros meios de coletar informação. Lakatos e Marconi (2010), em

sua obra, apresentam uma diversidade de procedimentos utilizados nas coletas de

dados em uma pesquisa cientifica, a elaboração do instrumento pode variar conforme

as circunstâncias ou o tipo de investigação a ser cometida. Eles pontuam alguns

exemplos, entre eles estão: questionário; coleta documental; observação; entrevista;

medidas de opiniões e de atitudes; técnicas mercadológicas; testes; análise de

conteúdo e história de vida entre outros (MARCONI; LAKATOS, 2010).

A pesquisa trouxe dados primários como elementos primordiais para o alicerce

do trabalho, tendo em vista que eles só surgiram a partir da aplicação dos

questionários para os 64 gestores e a realização das entrevistas com três gestores,

60

representantes dos referidos grupos, sendo que, no caso dos entrevistados, eles

foram contemplados para se pronunciar acerca das dúvidas surgidas após o

tratamento dos resultados obtidos com a intervenção do questionário. Nesse

momento, mantendo um contato maior entre o pesquisador e seu público-alvo,

Vergara (2000) define a pesquisa de campo dizendo que “é a investigação empírica

realizada no local onde ocorre ou ocorreu o fenômeno ou que dispõe de elementos

para explicá-lo” (VERGARA, 2000, p. 48).

Quadro 4 - Cargo e função de gestão no IFRN - Campus Natal Central.

Fonte: Suap (2016)

61

Inicialmente, para atender à análise quantitativa e promover a consecução das

informações foi utilizado um formulário eletrônico disponibilizado na web página da

empresa Google. Com esse recurso tecnológico foi enviado para os e-mails de todos

os gestores do Campus um questionário estruturado fechado de escala de Likert cinco

pontos. Assim, foi possível solicitar a opinião de todos os 64 gestores a respeito das

assertivas em relação aos 5 princípios de Kaplan e Norton (2001) adaptados para a

instituição pesquisada. Utilizando, para tanto, uma abordagem quantitativa com intuito

de favorecer a análise dos dados primários através de um corte-transversal (cros-

sectional), isto é, o questionário ficou disponibilizado durante único período, 1º a 5 de

maio 2016, para todos os gestores do IFRN Campus Natal-Central.

Após a análise dos resultados, advindos da aplicação do questionário, foi

desenvolvida uma entrevista com roteiro semiestruturado centrada no problema, e foi

aplicada para um representante de cada grupo (Estratégico, Tático, Operacional). O

roteiro contou com perguntas peculiares às atribuições dos gestores e serviu para

identificar a impressão desses entrevistados quanto às dúvidas surgidas após a

análise dos resultados quantitativos, uma vez que é, por meio desse recurso, que o

pesquisador pode estar mais próximo do seu pesquisado e, assim, poder esclarecer

possíveis dúvidas. Conforme Moreira (2002, p. 54), uma entrevista pode ser

compreendida como “uma conversa entre duas ou mais pessoas com um propósito

específico em mente”. O pesquisador utiliza-se desse artifício para conseguir adquirir

informações pertencentes aos entrevistados. As entrevistas podem ser classificadas

em estruturadas, não estruturadas ou completamente abertas e semiestruturadas,

sendo esta última uma combinação de perguntas abertas e fechadas, proporcionando

ao entrevistado discorrer sobre o tema questionado (MOREIRA, 2002).

Dados bibliográficos foram utilizados para sustentar a teoria do autor quanto à

definição e à contextualização referente aos temas abordados no âmbito da pesquisa.

Nesse sentido, foram utilizados estudos bibliográficas com o intuito de extrair

informações que subsidiou as argumentações, defendidas pelo pesquisador, o qual

utilizou, principalmente, de fontes advindas de livros, artigos, periódicos e anais que

trataram sobre o assunto em questão.

62

3.3.3 Tratamento dos dados

O questionário foi limitado ao escopo do objeto da pesquisa, no qual ele

continha 20 assertivas quanto à visão dos gestores conforme vistas no quadro 6 e

outras 3 perguntas relacionadas à identificação dos respondentes. As respostas foram

limitadas entre os números de 1 a 5, sendo o número 1 representante daquele que

“discordo totalmente” e o número 5 “concordo totalmente”. A escolha desse limite

inferido ao instrumento teve, como amparo, as premissas defendidas por Marcone e

Lakatos (2010), no qual as autoras ressaltam a necessidade da utilização de uma

escala restrita para aplicação de questionários quanto à obtenção de resultados mais

precisos. Para tanto, atenta-se a sua limitação e extensão, e as autoras, nessa última,

sugerem conter entre 20 a 30 questões e, ainda, para evitar desestímulo do

respondente, que o tempo médio seja, aproximadamente, 30 minutos para suas

respostas (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Para a consecução dos objetivos da pesquisa, um dos instrumentos utilizados

foi o uso de entrevista centrada no problema. É um tipo que permite ao investigador

formular perguntas que o subsidie com resposta as suas indagações de forma mais

substancial. Segundo Flick (2009), esse tipo de entrevista está caracterizado por três

pontos centrais; são eles: centralização do problema; orientação ao objeto e

orientação ao processo. O autor também chama a atenção para adoção de um guia

de entrevista que deve ser planejado visando nortear o pesquisador nos momentos

oportunos, evitando que o entrevistado desvie o foco do objeto da pesquisa. Dessa

forma, algumas estratégias de comunicação fazem necessárias no processo de

diálogo, construído entre o entrevistador e o entrevistado. Flick (2009) identifica-as

como: a entrada convencional, as induções gerais e as perguntas ad hoc, ou seja,

perguntas destinadas a um fim específico (FLICK, 2009).

Portanto, essa segunda fase da pesquisa tratou os dados coletados nas

entrevistas através de uma análise de conteúdo seguindo as etapas apresentadas no

quadro 5, conforme orientação de Bardin (2010), o qual enfatiza a necessidade de

compreender, na comunicação imediata, significados que ultrapassam esse limite.

Para tanto, o autor apresenta dois objetivos básicos para aqueles que pretendem

utilizar a análise de conteúdo em suas pesquisas; são eles: a superação de incerteza

63

e o enriquecimento da leitura. Essas orientações são apresentadas por Bardin (2010,

p. 31) como “polos, desejo de rigor e necessidade de descobrir, de adivinhar, de ir

além das aparências”, servido de “linha de força”, capaz de atender a sua evolução

no decorrer do tempo e o seu aprimoramento. Além disso, são apresentadas duas

funções para a análise de conteúdo, uma perpassa pela função “heurística”,

“enriquecendo a tentativa exploratória”, e outra, a função de “administração da prova”,

ou seja, utiliza a análise de conteúdo como forma de interpelar os métodos de análise

sistemática a uma confirmação ou negação de hipótese estudada (BARDIN, 2010).

Quadro 5 - Etapas para análise de conteúdo. Fases Objetivo de cada fase

Pré-análise Este é o momento de organizar todo material a ser analisado, sistematizando as primeiras ideias surgidas na composição do trabalho, contemplando assim: vasta leitura; seleção de documentos; identificação dos objetivos; escolhas de indicadores (BARDIN,2010).

Exploração do material

É o momento de explorar o material e determinar categorias, além disso, contabiliza-se as frequências das unidades de registro e de contexto, apresentadas no decorrer do conteúdo analisado. A exploração do material é considerada etapa de grande relevância, momento em que, possibilita dar ou não sustentação daquilo que se defende durante a análise (BARDIN, 2010).

Tratamento dos resultados, inferência e

interpretação.

A última fase, faz referência a manipulação dos resultados das inferências e da interpretação do que foi achado durante a análise de conteúdo. É neste momento que os resultados são condensados, extraindo dos mesmos as informações mais relevantes para composição da pesquisa, podendo, com isso, surgir do autor, interpretações inferenciais e reflexões sobre o tema em questão (BARDIN, 2010).

Fonte: Elaborado a partir de Bardin (2010).

A formulação das assertivas, inferidas no instrumento da pesquisa, teve como

base os cinco princípios de Kaplan e Norton (2001), visando alinhar as afirmativas

presentes, nas inquirições, aos fatores relacionados ao (1º) traduzir a estratégia em

termos operacionais; (2º) alinhar a organização à estratégia; (3º) transformar a

estratégia em tarefa de todos; (4º) converter a estratégia em processo contínuo; (5º)

mobilizar a mudança por meio da liderança executiva (KAPLAN; NORTON, 2001).

Além das contribuições referentes aos estudos dos autores supracitados,

considerou-se, na composição das questões referentes à presente pesquisa, os

estudos realizados por Russo, Parisi, Silva e Weffort (2013). Com isso, foi possível

ensaiar as afirmações pretendidas na presente pesquisa, sendo apresentadas no

quadro 6, ou seja, adaptadas para formulação das questões Q1 a Q20 (RUSSO,

PARISI, et al., 2013).

64

Quadro 6 - Assertivas direcionadas aos gestores do IFRN Campus Natal-Central em consonância com os princípios de Kaplan e Norton (2001).

1º Princípio (traduzir a

estratégia em termos

operacionais)

( Q1 ) Os objetivos estratégicos do IFRN no qual abordam a missão, visão, diretrizes estratégicas e valores éticos, comunicam eficientemente.

( Q2 ) Pode-se afirmar que o Suap promoveu uma mudança no processo de gestão e que, após a sua implementação, os gestores passaram a conhecer melhor suas equipes de trabalhos, podendo identificar com mais precisão os esforços daqueles que estão mais alinhados com as estratégias organizacionais. ( Q3 ) Nos últimos cinco anos, muitos investimentos foram aplicados por parte da gestão do IFRN no melhoramento dos sistemas de informação, principalmente no que diz respeito ao Suap, podendo assim, com a intervenção desses, melhor identificar as relações de causa e efeito, com isso, resolver de forma mais ágil os problemas administrativos.

( Q4 ) Os meios de informação utilizados no IFRN auxiliam no processo de estruturação e comunicação da estratégia organizacional.

2º Princípio (alinhar a

organização à estratégia)

( Q5 ) No instituto, as informações providas pelo grupo Operacional (coordenadores e secretários) subsidiam o grupo Tático e Estratégico (Diretores e Chefe de Gabinete). ( Q6 ) A sua unidade de trabalho (ambiente sob sua gestão) foi desenvolvida como desdobramento de ações estratégicas corporativo e nesse processo foram respeitadas as características locais e a entrega de valor para o cliente final (alunos e sociedade). ( Q7 ) A tecnologia da informação existente no instituto é adequada para as necessidades do desdobramento de uma metodologia de medição e gestão de desempenho para as diretorias da estratégia empresarial, de planejamento e da gestão estratégica. ( Q8 ) O número de painéis e de indicadores gerados no instituto é adequado para o entendimento dos objetivos estratégicos bem como facilita o processo de gestão.

3º Princípio (transformar a estratégia em

tarefa de todos)

( Q9 ) O instituto realiza esforços constantes para que toda a organização compreenda a estratégia, promovendo para tanto treinamentos e capacitações sobre questões estratégicas e o uso de alguma metodologia de medição e gestão de desempenho. ( Q10 ) O instituto associa o ato de atingir seus objetivos estratégicos ao investimento individual ou de equipes promovendo ações de qualificação e treinamentos. ( Q11 ) A estrutura da remuneração proporciona o efetivo comprometimento das pessoas com os objetivos estratégicos de alto nível. ( Q12 ) As estruturas de TI disponíveis no IFRN comunicam claramente o feedback das ações estratégicas, com base no uso de uma metodologia de medição e gestão de desempenho.

4º Princípio (converter a

estratégia em processo contínuo)

( Q13 ) O instituto realiza regularmente reuniões gerenciais de acompanhamento e avaliação da estratégia e a partir delas propaga o aprendizado estratégico para toda a organização.

( Q14 ) No instituto existe uma revisão anual dos indicadores, ajustando-os às novas necessidades da estratégia. ( Q15 ) No instituto, os recursos financeiros para os projetos (iniciativas estratégicas da metodologia de medição e gestão de desempenho) são garantidos pela integração entre o planejamento e o orçamento.

( Q16 ) No instituto existe o alinhamento entre as metas financeiras do orçamento e as metas propostas pelos gestores.

5º Princípio (mobilizar a

mudança por meio da

liderança executiva)

( Q17 ) As lideranças do instituto estão diretamente envolvidas e comprometidas com o processo de deflagração e implementação da estratégia pelo uso de uma metodologia de medição e gestão de desempenho.

( Q18 ) No instituto, a metodologia de medição e gestão de desempenho não sofre nenhum tipo de perda ou descontinuidade com a mudança de pessoas nos níveis gerenciais e na alta direção.

( Q19 ) No instituto, a gestão de projetos é realizada por meio do Suap e o uso da metodologia é efetivo.

( Q20 ) No instituto, a gestão da estratégia é realizada a partir de uma gerência específica.

Fonte: Adaptação (RUSSO, PARISI, et al., 2013).

65

O questionário foi aplicado com todos os 64, gestores ocupantes de cargo ou

função na gestão do Campus pesquisado, conforme identificados no quadro 4;

desses, 39 responderam. Foi disponibilizado um período de cinco dias para que os

gestores pudessem preencher os formulários, todos foram avisados diariamente, por

meio do e-mail institucional quanto à existência da pesquisa; após finalizado o período

de coleta dos dados, foi identificada a quantidade de respondente para dar

continuidade ao processo de análise dos dados, na situação em que, ao final do

período, não tivesse atingido o percentual de 60% do universo. A coleta seria

prorrogada por igual período, caso não ocorrido haja vista que foi obtido o percentual

aceitável.

Quanto à forma de análise dos dados, foi utilizada estatística descritiva com

auxílio do aplicativo Excel, Microsoft Office 2013. A utilização dessa ferramenta

facilitou na identificação da média, mediana, moda, desvio padrão, variância e

coeficiente de correlação Pearson (r) das variáveis. Esse último é o coeficiente que

mensura o grau de aproximação dos valores extraídos de duas variáveis em torno de

uma reta linear, podendo apresentar uma correlação positiva (aquela que varia entre

-1 até 0) ou uma correlação negativa (aquela que varia entre -1 até 0). Correa (2003)

ressalta que, quanto maior for a aproximação do resultado encontrado com a unidade

(-1 ou +1), maior será o grau de correlação dessas variáveis; quanto mais próximo do

valor de zero, maior será a tendência de não haver relação entre elas. Outro ponto

importante, destacado pela autora, é a possiblidade de apresentar o coeficiente de

correlação através de percentagem, ou seja, multiplicando o valor de r por 100. Dessa

forma, os resultados são apresentados de maneira que facilite a compreensão

(CORREA, 2003).

Correa (2003) também descreve que, em termos práticos, são adotados

critérios de mensuração dos níveis fracos, fortes e perfeito; a autora mostra os valores

maiores que “0” e menores de 30% (0<|r|<0,3) como correlação fraca e de baixa

relação entre as variáveis, valores iguais ou maiores que 30% e menores que 60%

(0,3 |r|< 0,6) como uma correlação fraca, mas possível de ser considerada quanto sua

correlação e, por fim, valores iguais ou maiores que 60% e iguais ou menores que

66

100% são considerados uma correlação que varia de média para forte, ou seja, existe

uma relação significativa entre as variáveis (CORREA, 2003).

Em face do exposto, o presente trabalho utilizou, apenas, as correlações que

variam de média para forte, uma vez que são essas que possuem relações

significativas. Embora todas as respostas dos participantes, referentes aos grupos

Estratégico, Tático e Operacional, tenham sido confrontadas para permitir ao

pesquisador fazer uma leitura sobre os achados, as assertivas, previamente

constituídas no instrumento da pesquisa, foram tidas como objetos norteadores para

construção do roteiro da entrevista, sendo essa, considerada objeto de apoio para o

fortalecimento e composição de um parecer do autor a respeito da problemática

estudada.

67

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo visa verificar, no âmbito administrativo do IFRN Campus Natal-

Central, a existência de exploração, explotação e ambidestria em princípios orientados

à estratégia. Ademais, foi feita relação entre eles com intuito de demonstrar

alinhamento dos achados. Detectar o papel participativo dos agentes na tomada de

decisão foi outro ponto ensejado nesse momento; aqui é apresentado a impressão

desses gestores e gestoras quanto ao seu papel transformador, podendo, com isso,

mediante a visão daqueles que compõem os cargos e funções do Campus, identificar,

na unidade estudada, pontos fortes e fracos ali presentes. Após a análise dos

resultados decorrentes da aplicação dos 5 princípios de Kaplan e Norton (2001), foram

identificadas correlações entre variáveis do mesmo princípio e de princípios

diferentes. Para tanto, duas atividades de prospecção dos dados primários foram

executadas nesta pesquisa: a primeira através de um questionário eletrônico; a

seguinte por intermédio de entrevista centrada no problema.

Dessa forma, procurou-se inicialmente, a partir da consecução dos dados

gerados com a aplicação dos questionários, interpretar os resultados obtidos no

primeiro momento; em seguida, com o auxílio desses, nortear e delimitar as perguntas

ensejadas ao grupo predefinido de gestores; esse momento foi caracterizado como a

segunda fase da coleta dos dados. Na sequência, tendo como pretensão uma melhor

sistematização para apresentação dos resultados e análise dos dados, esses dois

momentos aparecem nos subcapítulos 4.1 e 4.2 respectivamente.

4.1 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS

Com a aplicação do questionário envolvendo os 64 servidores ocupantes de

cargo ou função na gestão do IFRN Campus Natal-Central, obteve-se resposta de 39

gestores, percentual, superou a marca de 60% dos respondentes em todos os três

níveis organizacionais (estratégico, tático e operacional), conforme mostra a tabela 1

(Aspectos Demográficos). É possível identificar, nesse levantamento (tabela 1), um

percentual superior a 57% de respondentes com mais de três anos ocupando cargo

ou função de gestão. Tais resultados demonstram que a maioria vem acompanhado

a Direção Geral (Grupo Estratégico) desde o início de sua gestão, haja vista que essa

apresenta mandato de 4 anos, podendo ser eleita por mais um período.

68

Tabela 1 - Aspectos Demográficos da pesquisa (questões Q22 e Q23).

Com intuito de possibilitar uma melhor compreensão do objeto estudado, os

resultados obtidos das assertivas (Q1 a Q20) ficaram seccionados em 5 tabelas, as

quais seus percentuais para cada ponto de Likert foram expressos conforme

resultados coletados. Em consonância com essa explanação, foram gerados

conjuntos de gráficos de barra, representando cada um dos 5 princípios propostos por

Kaplan e Norton (2001), possibilitando, com isso, uma melhor percepção visual dos

dados apresentados.

Ao perpassar pelos referidos princípios que abordam traduzir a estratégia em

termos operacionais (1º), alinhar a organização à estratégia (2º), transformar a

estratégia em tarefa de todos (3º), converter a estratégia em processo contínuo (4º) e

mobilizar a mudança por meio da liderança executiva (5º), foram identificados nas

assertivas Q1 a Q20 pontos congruentes que permeiam teorias relacionadas à

exploração, à explotação e à ambidestria na organização alvo da pesquisa.

Nesse sentido, foram identificadas essas aproximações e distinguidas as

assertivas que melhor representavam ações de refinamento dos produtos a curto

prazo (explotação), criação de novos produtos que obtiveram efeitos a longo prazo

(exploração) e a simultaneidade dessas duas ações (ambidestria). Ademais foram

feitas correlações com todas as variáveis conforme demonstrado da tabela 2; com

Tempo gestão no cargo ou função Quantidade de gestor Percentual

Menos de 1 ano. 6 15.4%

Entre 1 e 3 anos. 10 25.6%

Entre 3 e 5 anos. 10 25.6%

Entre 5 e 7 anos. 6 15.4%

Acima de 7 anos. 7 17.9%

Grupos de gestão Quantidade de respondente por grupo Percentual de respondente por grupo

Estratégico (Diretoria Geral) 1 100%

Tático (Diretorias e Chefia de Gabinete) 9 69%

Operacional (Coordenações e Secretárias) 29 61%

Q22 - Tempo de gestão no cargo ou função

Q23 - Divisão por grupo (estratégico, tático ou operacional)

69

isso, foi possível identificar aquelas que apresentam relações significativas, ajudando,

assim, possibilitar discussões e argumentações a respeito do objeto estudado e

subsidiar nas inferências ao longo do texto.

Tabela 2 - Análise de correlação entre os resultados de todas as assertivas.

Com a consumação da análise de correlação dos dados referentes às

assertivas Q1 a Q20, foi possível elaborar um extrato que demonstrasse todas as

relações significativas entre essas variáveis; os resultados obtidos culminaram na

elaboração da figura 6, nela é possível identificar dois grupos, exploração e

explotação, ambos apresentam relações significativas tanto para variáveis internas,

como apresentam as mesmas relações para variáveis entre os grupos.

Assim, a figura 6, ao contrário da tabela 2, apresenta, apenas, as relações entre

as assertivas consideradas significativas, ou seja, aquelas que atingiram percentual

igual ou superior a 60%. Em posse desses resultados, foi possível efetivar a

separação entre as correlações do mesmo princípio e princípios diferentes,

proporcionando, com isso, maior clareza ao analisar os resultados obtidos, haja vista

a importância em relacionar possíveis atividades de exploração, explotação e

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q20

Q1 100%

Q2 44% 100%

Q3 50% 67% 100%

Q4 43% 50% 67% 100%

Q5 31% 5% 18% 14% 100%

Q6 43% 38% 41% 62% 13% 100%

Q7 46% 26% 46% 52% 34% 30% 100%

Q8 46% 36% 41% 35% 22% 34% 23% 100%

Q9 51% 33% 46% 31% 4% 40% 10% 60% 100%

Q10 43% 28% 40% 10% 19% 12% 14% 34% 54% 100%

Q11 53% 41% 41% 34% 18% 36% 11% 39% 54% 58% 100%

Q12 52% 49% 32% 37% 23% 25% 44% 30% 32% 53% 50% 100%

Q13 55% 33% 34% 49% 15% 55% 13% 65% 67% 31% 53% 27% 100%

Q14 40% 54% 50% 43% -2% 29% 2% 48% 52% 51% 42% 48% 48% 100%

Q15 53% 33% 27% 25% 4% 41% 26% 42% 50% 60% 50% 46% 51% 49% 100%

Q16 31% 44% 30% 12% -11% 31% -20% 37% 46% 56% 46% 37% 40% 56% 59% 100%

Q17 38% 43% 35% 30% -2% 35% -7% 51% 59% 51% 48% 47% 54% 69% 51% 73% 100%

Q18 34% 28% 31% 33% 1% 40% -2% 33% 33% 50% 43% 34% 29% 59% 53% 58% 62% 100%

Q19 44% 40% 19% 27% 11% 36% 16% 36% 50% 40% 47% 48% 49% 47% 53% 38% 46% 37% 100%

Q20 30% 4% -1% -3% 25% -6% 11% 24% 11% 53% 28% 39% 17% 23% 32% 33% 23% 15% 34% 100%

5º Princípio

Relações significativas

1º Princípio

2º Princípio

3º Princípio

4º Princípio

70

ambidestria a princípios norteados pela estratégia; além disso, é pauta primordial da

pesquisa verificar a percepção dos gestores e gestoras do IFRN Campus Natal-

Central a respeito da efetividade dessas ações no âmbito do seu ambiente de trabalho.

Figura 6 - Relações significativas após análise de correlação referente aos

resultados das assertivas Q1 a Q20.

Fonte: elaborado pelo autor.

A seguir, têm-se as análises separadamente para cada princípio aqui ensejado,

tomados como balizadores para o que se propõe a estudar. Assim, conforme visto na

figura 6, as assertivas são separadas entre princípios e grupos, proporcionando uma

verificação modulada acerca da existência de exploração, explotação e ambidestria

em princípios orientados à estratégia.

4.1.1 Traduzir a estratégia em termos operacionais.

Abordando o 1º princípio que corresponde traduzir a estratégia em termos

71

operacionais, a tabela 3 traz quatro assertivas com a seguinte separação, nas

respostas extraídas em Q2 e Q3 são apresentados aspectos relacionados à

exploração, enquanto Q1 e Q4 explotação. Nesses dois casos (tabela 3), foram

observados moda e mediana no ponto 4 (concorda parcialmente), demonstrando

tendência central em torno desse quesito, ou seja, todas as variáveis se mostraram

favoráveis ao que foi afirmado. Ao analisar a medida de dispersão dos dados na

referida tabela, identifica-se valores de variância e desvio padrão nas assertivas Q1 e

Q3, demonstrando que, nesses dois casos, são apresentados os menores índices de

dispersão do 1º princípio, confirmando uma tendência maior de os respondentes

escolherem a alternativa mais próxima à média.

Analisados, apenas, os percentuais favoráveis (concorda totalmente ou

parcialmente), verificou-se que mais de 60% dos gestores concordam com as

assertivas, por consequência dessa análise. Assim, é possível perceber na visão dos

respondentes que são desenvolvidas, no âmbito administrativo do IFRN Campus

Natal-Central, ações positivas quanto traduzir a estratégia em termos operacionais.

Ao relacionar essas assertivas com atividades de exploração e explotação, vê-se que,

nesse princípio, acontece ambidestria organizacional, uma vez que se constatou a

presença da “eficiência” e “implementação” nas assertivas Q1 e Q4 respectivamente,

apontando aspectos relacionados à explotação, e foi, igualmente, percebida a

presença de exploração voltada à “inovação de produtos/serviços” e “tomadas de

decisão com riscos” nas assertivas Q2 e Q3 respectivamente.

Tabela 3 - Pesquisa de dados quanto traduzir a estratégia em termos operacionais.

1º Princípio (traduzir a

estratégia em termos

operacionais)

( Q1 ) Os objetivos estratégicos

do IFRN no qual abordam a

missão, visão, diretrizes

estratégicas e valores éticos,

comunicam eficientemente.

( Q2 ) Pode-se afirmar que o

SUAP promoveu uma mudança

no processo de gestão e que,

após a sua implementação, os

gestores passaram a conhecer

melhor suas equipes de

trabalhos, podendo identificar

com mais precisão os esforços

daqueles que estão mais

alinhados com as estratégias

organizacionais.

( Q3 ) Nos últimos cinco anos,

muitos investimentos foram

aplicados por parte da gestão do

IFRN no melhoramento dos

sistemas de informação,

principalmente no que diz

respeito ao SUAP, podendo

assim, com a intervenção

desses, melhor identificar as

relações de causa e efeito, com

isso, resolver de forma mais

ágil os problemas

administrativos.

( Q4 ) Os meios de informação

utilizados no IFRN auxiliam no

processo de estruturação e

comunicação da estratégia

organizacional.

1 (discordo totalmente) 0% 0% 0% 2,56%2 2,56% 10,26% 7,69% 5,13%3 33,33% 25,64% 17,95% 23,08%4 41,03% 38,46% 46,15% 35,90%

5 (concordo totalmente) 23,08% 25,64% 28,21% 33,33%Média 3,8462 3,7949 3,9487 3,9231Moda 4 4 4 4

Desvio padrão 0,8124 0,9509 0,887 1,0101Nº de respondentes 39 39 39 39

Total que concordam 64% 64% 74% 69%

72

Outro ponto a ser observado, após a classificação dos dados extraídos das

quatro variáveis mencionadas, foi o coeficiente de correlação de Pearson (r) em duas

situações as quais se encontram na figura 7. A primeira demonstra uma relação

significativa de 67% entre a afirmativa que remete ao papel transformador do Suap

para um melhor gerenciamento dos recursos humanos (Q2) e o reconhecimento de

investimentos feitos nos últimos anos, voltados ao melhoramento dos sistemas

informatizados (Q3). Notadamente essas duas variáveis se relacionam positivamente,

tendo, como pontos cruciais, os investimentos e seus efeitos, provocando mudanças

comportamentais ao serem implementadas na organização.

Tais mudanças implementam ferramentas fortalecedoras na administração do

IFRN Campus Natal-Central, amplificando a gestão do conhecimento e apresentando

indícios de uma organização exploradora e explotadora, haja vista que ações dessa

natureza remetem aos ensinamentos de Popadiuk e Santos (2016) quando os autores

trazem à tona duas situações: a primeira, discorrendo sobre empresas prospectoras

(exploradora), salientando que elas possuem características que permeiam iniciativas

para ampliação de seus bens e serviços, bem como estão abertas às novas

descobertas, fazendo uso das múltiplas tecnologias visando suprir as necessidades

organizacionais. A segunda situação, evidenciada pelos autores, aborda empresas

defensoras (explotadora); nesse caso, são aquelas que procuram manter protegidos,

em seus domínios, bens e serviços, evitando mudanças radicais, e apresentam

predominância na utilização de controles (restringindo a liberdade de criação),

estrutura funcional e autoridade de linha (POPADIUK; SANTOS, 2016).

Em face dos resultados, identifica-se um entendimento de que o Suap havia

promovido mudanças no processo de gestão do IFRN Campus Natal-Central (Q2), e

que esse resultado apresenta relação significativa com a eficiência do sistema de

informação (Q3). Nesse sentido, é o Suap entendido como ferramenta capaz de

prover condições de auxiliar na resolução dos problemas administrativos através da

identificação de relações de causa e efeito. O referido sistema, também, traz um

diferencial importante na implementação do gerenciamento e execução de atividades

estratégicas no âmbito da instituição pesquisada; ele, por ser um produto

desenvolvido e refinado na própria organização, pode, a qualquer tempo, ser

modificado a ponto de atender às demandas no uso do BSC.

73

Figura 7 - Correlação entre assertivas do 1º princípio.

Fonte: elaborado pelo autor.

A segunda situação apresentada, também, na figura 7 identifica coeficiente

idêntico à relação anterior; nela as assertivas Q3 e Q4 mostram relação significativa

(67%). É percebida, nesse caso, uma reafirmação da assertiva que permeia os meios

de informação como fonte de subsidiar os processos de estruturação estratégica da

organização. As relações entre tais assertivas imprimem uma visão favorável quanto

ao princípio que faz menção traduzir a estratégia em termos operacionais, ratificando

tudo o que foi abordado nas referidas afirmativas. Esses elementos convergem para

uma interpretação de que a organização estudada tem, nesse quesito, a capacidade

de transformar recursos intangíveis em ganho institucional.

Ao representar, por meio de gráfico de barras, os percentuais dos resultados

para cada assertiva mencionada, é possível obter uma melhor visão sobre cada

variável. Na figura 8, são apresentados os gráficos referentes ao 1º princípio; a

assertiva Q1 procurou identificar eficiência na transmissão dos objetivos estratégicos,

missão, visão, diretrizes estratégicas e valores éticos segundo a compreensão dos

gestores; em resposta, houve uma concordância de 64% dos respondentes a respeito

da afirmação. Já na assertiva Q2, em sua afirmativa, evidenciou o Suap como um

instrumento que promoveu mudança no processo de gestão do IFRN Campus Natal-

Central. Nesse caso, houve 64% dos respondentes que concordaram com a

afirmação, um percentual de 25% de imparciais e 10% de gestores que discordaram

74

da questão.

Figura 8 - Resultados em gráficos das assertivas Q1 a Q4 (1 discordo totalmente e 5

concordo totalmente) conforme 1º Princípio (traduzir a estratégia em termos

operacionais).

Fonte: elaborado pelo autor.

Outro ponto factível de perceber, na figura 8, agora no gráfico da assertiva Q3,

é o percentual de 74% dos respondentes que ratificam a existência de investimentos

em sistemas de informação gerando melhorias administrativas; um quarto dos

respondentes ficou imparcial e 10% discordaram da assertiva. Tais resultados

corroboram com uma tendência positiva dos respondentes em ratificar o 1º Princípio

(traduzir a estratégia em termos operacionais). Visualizando o último gráfico da figura

8, identifica-se, na assertiva Q4, uma situação similar às demais apresentadas,

atingindo percentual de 69% de aprovação. Esse resultado ratificou que os meios de

informação, utilizados no IFRN Campus Natal-Central, auxiliam no processo de

estruturação e comunicação da estratégia organizacional.

Mediante à apreciação dos resultados, faz-se referência a Kaplan e Norton

(2006) quanto a necessidade da utilização de Mapas Estratégicos e BSC para nortear

os grupos gestores de poder decisório maior (tático e estratégico) na missão de

75

envolver os seus subordinados para que eles possam ajudar a organização no

processo de implementação da estratégia traçada, seja na produção de informações

necessárias à adequação dos recursos com o que foi planejando, seja atenuando os

conflitos ali surgidos; assim, possíveis perdas são mitigadas na unidade de negócio.

Os autores, também, fazem menção à necessidade do alinhamento dessa unidade

com a de serviço, provendo, com isso, sinergia, capaz de agregar valor significativo

ao patrimônio tangível e intangível da organização (KAPLAN; NORTON, 2006).

4.1.2 Alinhar a organização à estratégia.

Analisando os dados que constam na tabela 4, são percebidas duas situações

vulneráveis do ponto de vista dos gestores participantes da pesquisa: a baixa adesão

na assertiva Q5, mostrando, apenas, 43% de aprovação; e uma mediana e moda

centrada no ponto 3 da escala, demonstrado, com isso, uma predominância dos

indecisos. A média também manteve próxima desse valor, tendo sido reforçada com

a medida de dispersão da variância e do desvio padrão, ambos com valores inferiores

a uma unidade. Situação similar foi identificada na assertiva Q8 (49% de aprovação),

diferenciando, apenas, quanto à moda, nesse caso ela foi 4, mas, apesar disso, ao

evidenciar as medidas de tendências central, percebem-se média e mediana

direcionadas ao ponto 3 da escala (imparciais).

Com os resultados negativos advindos das assertivas Q5 e Q8, infere-se que

a maioria não concorda com a afirmativa de que as informações passadas pelos (a)

coordenadores (a) interferem na decisão dos (a) diretores (a) do Campus, ou na

existência adequada de painéis e indicadores para um melhor entendimento da

estratégia disseminada. Tais resultados requerem cuidados, uma vez que é primordial

manter fluxo de comunicação efetivo entre todos os níveis de gestão, haja vista que

os fluxos de conhecimento podem interferir, diretamente, na organização, servindo,

assim, de orientação para o gestor deliberar sobre atividades de exploração e

explotação na alocação dos recursos, quando ele escuta todos os níveis de gestão, é

dada a possiblidade de captar com, mais fidelidade, os anseios de todos os

interessados (MOM, 2006).

Encontrar o trade-off visando a um equilíbrio perfeito entre ações de

76

investimentos exploração e explotação no intuito de obter sucesso institucional,

permeia a missão do gestor enquanto dirigente e tomador de decisões, cabendo-lhe

o papel de decidir qual investimento é prioritário, seja de curto ou longo prazo. Mas,

para que isso ocorra, com incertezas mais atenuadas, faz necessário o uso de

ferramentas, capazes de alinhar a organização à estratégia, ajudando, assim, no

atingimento das metas esperadas (MARCH, 1991).

A tabela 4, ao versar sobre alinhar a organização à estratégia, enseja

assertivas (Q5 a Q8), pertinentes ao BSC; nela, além de identificadas as referidas

variáveis rejeitadas, foram constatadas duas situações positivas, sendo uma referente

a adequação da unidade de trabalho dos respondentes (Q6) e, a outra diz respeito ao

suporte tecnológico a favor da estratégia e gestão (Q7); ambos os casos, apesar de a

medida de dispersão em Q7 superar uma unidade (variância de desvio padrão),

trazem resultados positivos. Ao estabelecer relação das variáveis com ações de

explotação, exploração e ambidestria na organização estudada, foi possível verificar

que, entre as quatro afirmações elencadas, apenas Q6 revelou traços relacionados à

exploração, ou seja, uso da “flexibilidade” para adaptar a unidade às características

locais.

Tabela 4 - Pesquisa de dados quanto alinhar a organização à estratégia.

As assertivas Q5, Q7 e Q8 foram relacionadas à explotação, sendo a primeira

voltada ao “refinamento”, uma vez que procurou afirmar a existência do repasse de

informações pelo grupo operacional para os grupos tático e estratégico no intuito de

uma retroalimentação do processo de gestão. Quanto às outras duas, foi percebida a

2º Princípio (alinhar a

organização à

estratégia)

(Q5) No instituto, as informações

providas pelo grupo Operacional

(coordenadores e secretários)

subsidiam o grupo Tático e

Estratégico (Diretores e Chefe

de Gabinete).

(Q6 ) A sua unidade de trabalho

(ambiente sob sua gestão) foi

desenvolvida como

desdobramento de ações

estratégicas corporativo e

nesse processo foram

respeitadas as características

locais e a entrega de valor para

o cliente final (alunos e

sociedade).

( Q7 ) A tecnologia da informação

existente no instituto é

adequada para as necessidades

do desdobramento de uma

metodologia de medição e

gestão de desempenho para as

diretorias da estratégia

empresarial, de planejamento e

da gestão estratégica.

( Q8 ) O número de painéis e de

indicadores gerados no instituto

é adequado para o

entendimento dos objetivos

estratégicos bem como facilita o

processo de gestão.

1 (discordo totalmente) 7,69% 7,69% 0% 2,56%2 2,56% 2,56% 5,13% 17,95%

3 (imparciais) 43,59% 20,51% 20,51% 30,77%4 38,46% 43,59% 46,15% 38,46%

5 (concordo totalmente) 7,69% 25,64% 28,21% 10,26%Média 3,359 3,7692 3,9744 3,359Moda 3 4 4 4

Desvio padrão 0,9594 1,1112 0,8425 0,9864Nº de respondentes 39 39 39 39

Total que concordam 46% 69% 74% 49%

77

relação delas com ações de “implantação”, seja quando Q7 afirma que existe no IFRN

uma tecnologia da informação que atende às demandas organizacionais, seja quando

a assertiva Q8 realça a efetividade de painéis e indicadores no âmbito do Campus.

Ponderando os resultados pertinentes às assertivas relacionadas à explotação,

nesse caso ligado à implementação, são percebidas, no conteúdo dos resultados de

Q7 e Q8, controvérsias entre elas, ou seja, quando é afirmada a adequação da

tecnologia da informação para suprir anseios de implementação da estratégia no

Campus (Q7), este tem aprovação de 74%, mas, em contraponto, a isto, ao afirmar

que o número de painéis e de indicadores são adequados para o entendimento dos

objetivos estratégicos (Q8), uma minoria de 49% dos respondentes aprovam essa

afirmação. As duas situações possibilitam inferir que, no tocante aos aparatos

tecnológicos, implantados na unidade (Suap e estrutura de rede), a impressão dos

respondentes é positiva, mas, ao serem indagados quanto painéis e indicadores, a

coisa se reverte, demonstrado fragilidade neste quesito ao se pensar em uma

organização voltada a estratégia, uma vez que painéis e indicadores são vistos como

demonstradores de panorama em um ambiente regido por BSC (KAPLAN ; NORTON,

2001)

Ao visualizar todos os gráficos desse princípio na figura 9, constata-se,

segundo a visão dos gestores participantes da pesquisa, que, embora o IFRN Campus

Natal-Central detenha a tecnologia da informação adequada, existe fragilidade na

perspectiva em alinhar o instituto à estratégia, seja ela no tocante a ações

relacionadas ao envolvimento e interferência do grupo operacional nos outros níveis

de gestão (Q5), seja devido à insuficiência de painéis e indicadores que norteia seus

gestores (Q8).

Foram consideradas, simultaneamente, duas situações nesse segundo

princípio, sendo a primeira referente aos resultados constantes da assertiva Q6,

questão com percentual de 69% dos respondentes que concordam sobre a existência

de diálogo nas implantações de políticas locais, demonstrando, com isso,

aproximação à “flexibilidade” (ação de exploração) por parte da gestão do IFRN

Campus Natal-Central, a segunda situação faz referência aos resultados positivos,

obtidos em Q7, assertiva alinhada com explotação, mais precisamente, “implantação”,

78

tendo sido identificado um percentual de 74% de aprovação daqueles que acreditam

existir uma TI, adequada às necessidades do desdobramento de uma metodologia de

medição e gestão de desempenho no Campus. Esses dois aspectos ao serem

avaliados positivamente demonstra uma possibilidade da ação ambidestra, haja vista

que, para isso ocorrer, provavelmente, houve investimentos de curto e longo prazo.

Figura 9 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q5 a Q8 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 2º Princípio (alinhar a organização à

estratégia).

Fonte: elaborado pelo autor.

Concluídas as apresentações quanto ao percentual de aprovação de todas as

quatro assertivas desse princípio, procedeu-se à análise de correlações entre elas,

tendo sido percebido a inexistência de relação significativa entre elas, abstendo-se

assim em fazer qualquer comentário a esse aspecto.

4.1.3 Transformar a estratégia em tarefa de todos.

O princípio, ora abordado, procura identificar se os gestores do IFRN Campus

Natal-Central concordam com as afirmações Q9 a Q12, inseridas no instrumento da

pesquisa e apresentadas da tabela 5; essas assertivas estão alinhadas à efetivação

de deliberações, tomadas em um plano estratégico, e sua absorção por todos aqueles

79

que estão no campo de abrangência daquelas decisões.

A tabela 5 apresenta assertiva rejeitada para Q9 e Q11, apenas 41% e 49%

respectivamente concordam com o que foi afirmado; ambos os casos obtiveram uma

tendência central para mediana e média próxima ao ponto 3, indicando concentração

maior de indecisos, moda 3 para Q9 e 4 para Q11; essa última, embora apresente

maior repetição daqueles que concordam (moda 4 em Q11), não conseguiu evitar uma

avaliação negativa. Foram identificadas, na medida de dispersão para média 3,38

(Q9) e 3,33 (Q11), variância e desvio padrão próximo a 1, demonstrando uma

variabilidade dos dados superior às apresentadas nas assertivas Q10 e Q12 do

mesmo princípio.

Tabela 5 - Pesquisa de dados quanto transformar a estratégia em tarefa de todos.

Esse resulta possibilita uma leitura sobre a situação percebida pelos

respondentes; seguindo o que foi apresentado, é possível apreender que, para prover

uma gestão orientada a estratégia no IFRN Campus Natal-Centrais, ações de

mobilização necessitam ser intensificadas visando difundir essa prática em toda

organização, haja vista que tal campanha não é vista pela maioria daqueles que

compõem a gestão do Campus. Outro ponto identificado pelos respondentes como

insuficiente foi a ineficácia do sistema de remuneração em virtude de motivar os

gestores estratégicos de alto nível para o atingimento dos objetivos institucionais.

Esse resultado remete à interpretação de duas situações possíveis; uma, inclusive,

segue “ao pé da letra”, ou seja, valores remuneratórios para aqueles ocupantes de

Cargo de Direção (CD) são muito aquém da responsabilidade exercida; a outra, ou

3º Princípio

(transformar a

estratégia em tarefa de

todos)

( Q9 ) O instituto realiza esforços

constantes para que toda a

organização compreenda a

estratégia, promovendo para

tanto treinamentos e

capacitações sobre questões

estratégicas e o uso de alguma

metodologia de medição e

gestão de desempenho.

( Q10 ) O instituto associa o ato

de atingir seus objetivos

estratégicos ao investimento

individual ou de equipes

promovendo ações de

qualificação e treinamentos.

( Q11 ) A estrutura da

remuneração proporciona o

efetivo comprometimento das

pessoas com os objetivos

estratégicos de alto nível.

( Q12 ) As estruturas de TI

disponíveis no IFRN comunicam

claramente o feedback das

ações estratégicas, com base

no uso de uma metodologia de

medição e gestão de

desempenho.

1 (discordo totalmente) 7,69% 2,56% 0% 0%2 5,13% 2,56% 25,64% 7,69%

3 (imparciais) 46,15% 30,77% 25,64% 38,46%4 23,08% 48,72% 38,46% 46,15%

5 (concordo totalmente) 17,95% 15,38% 10,26% 7,69%Média 3,3846 3,7179 3,3333 3,5385Moda 3 4 4 4

Desvio padrão 1,091 0,8568 0,9823 0,7555Nº de respondentes 39 39 39 39

Total que concordam 41% 64% 49% 54%

80

seja, o sistema de remuneração não é fator decisivo para o comprometimento desses

gestores.

Ao contrário das anteriores, as assertivas Q10 e Q12 foram ratificadas com

percentual de 64% e 54% respectivamente, sendo que, em ambos os casos, foi

encontrada uma tendência central 4 para moda e mediana, média 3,72 para Q10 e

3,54 para Q12, e uma medida de dispersão com variância e desvio padrão inferior a

0,9, demonstrando uma variabilidade dos dados menor que as apresentadas nas

assertivas negadas (Q9 e Q11). Em face dos resultados, infere-se que a maioria dos

respondentes reconhece esforço da gestão do Campus na promoção de qualificação

e treinamentos visando almejar os objetivos estratégicos traçados para organização.

Além disso, em Q12 foi confirmado pela maioria que a estrutura de TI comunica

claramente, o feedback das ações estratégicas; tal resultado conflita com o que foi

negado em Q9, possibilitando tecer uma impressão acerca do conflito. Provavelmente,

mediante a acareação das duas afirmativas, exista um sistema de TI, capaz de

atender às demandas, mas não exista mobilização satisfatória para a conscientização

do papel da estratégia na instituição.

Utilizando o artifício de alinhar as assertivas desse princípio com exploração,

explotação e ambidestria organizacional, foram identificadas, apenas, em Q9, ações

pertinentes ao grupo de exploração, apresentando, em seu texto, matéria que pode

ser alinhada à “descoberta”, fazendo alusão ao esforço organizacional direcionado a

treinamentos e capacitações sobre questões estratégicas e, estes investimentos

podem promover a criação de conhecimentos e produtos para organização. Ao

apresentar resultado negativo de 41% de aprovação, a referida afirmativa inspira

preocupação, uma vez que a tal deficiência pode gerar demanda para investimentos

em exploração, exigindo do gestor uma escolha que nem sempre é possível devido à

existência de outras prioridades, sejam elas a longo ou curto prazo.

Quanto às ações alinhadas à explotação, foi identificada, em Q10, aproximação

com questões relacionadas ao “refinamento”, uma vez que remete ao investimento

individual ou de equipes promovendo ações de qualificação e treinamentos, sendo

esse público diretamente responsável em prover o produto ofertado pela instituição,

ou seja, a prestação de serviço para sociedade através do ensino de excelência. O

81

resultado obtido com a aplicação do questionário demonstra que a maioria dos

respondentes reafirma sobre Q10; 64% deles perceberam esses investimentos, contra

um percentual de aproximadamente 5% que discordam e de 30% que se mostraram

imparciais.

A assertiva Q11 apresentou minoria de 49% dos respondentes que ratificaram

a afirmação, ao relacioná-la à ação de explotação, uma vez que é percebido

alinhamento da assertiva com ações de “seleção”, atribuindo-lhe um sistema de

remuneração, diferenciado por meio do Plano de Carreira dos técnicos e professores

que fazem parte da instituição. Assim, é previsto melhoramento da remuneração por

meio do avanço da escolaridade (ensino médio, graduação, mestrado, doutorado) e

capacitação em cursos relacionados à área de atuação específica ou adjacentes onde

o servidor se insere.

Em consequência a esses estímulos, é provavel que aconteça o reforço do

conhecimento institucional e a estimulação da seleção entre aqueles mais ou menos

determinados; entretanto o resultado obtido demonstra que a maioria não concorda

com a afirmação de que a estrutura da remuneração proporciona o efetivo

comprometimento das pessoas com os objetivos estratégicos de alto nível, sendo

identificado, nas respostas, um percentual de 25,6% de indecisos e a mesma

percentagem daqueles que discordam, parcialmente, com a afirmativa.

Assim, foi identificado, em Q11, um percentual de 51% dos gestores que não

concordam com a existência de relação satisfatória entre o que é percebido em termos

de remuneração e a motivação financeira promovida para o comprometimento dos

agentes no atingimento do objetivo estratégico organizacional. Tal situação remete às

limitações devido à burocracia do regime público, impossibilitando promover outros

tipos de remuneração a não ser aquela prevista em lei. Outros fatores também podem

interferir nessa adesão; estudos demonstram a existência de colaboradores com visão

principiante acerca da estratégia. Além dessa barreira, tais estudos identificaram a

mesma fragilidade quanto aos incentivos vinculados à estratégia, ou mesmo, a uma

cultura organizacional, capaz de dedicar tempo para aqueles agentes que se propõem

a discutir, estrategicamente, o rumo da organização (MIRANDA, 2014).

82

A última questão desse princípio, a assertiva Q12, ao afirmar que as estruturas

de TI disponíveis no IFRN comunicam claramente o feedback das ações estratégicas,

além de procurar identificar a percepção dos gestores quanto a transformar a

estratégia em tarefa de todos, apresentando um viés direcionado à “eficiência”

pautada na explotação, tema abordado na literatura acerca da ambidestria

organizacional. É importante ensejar que, apesar de quase 54% dos respondentes

concordarem com a assertiva, desses, apenas 7,96% concordam totalmente. Outro

ponto a ser observado na questão é a média de 3,5 e a moda 4; esses dois resultados

demonstram fragilidade quanto à ratificação dos respondentes em relação à afirmação

aqui referida, principalmente quando se analisa o resultado de 0,75 do desvio padrão,

o menor entre todas do segundo princípio. Esse resultado esse que demonstra maior

homogeneidade dos dados de Q12, ou seja, eles estão mais próximos da média.

Ao apresentar os gráficos na figura 10 (assertivas Q9 a Q12), pode-se verificar

que, na maioria dos resultados, as respostas variavam entre 3 (imparciais) e 4

(concordo parcialmente). O caso de Q9 chama atenção para a negação ao que foi

afirmado e ao grande número de indecisos (moda 3) em reconhecer os esforços

organizacionais para promover a conscientização sobre as estratégias da gestão, já

em Q10, é percebida, visualmente, uma tendência favorável dos respondentes quanto

ao instituto associar o ato de atingir seus objetivos estratégicos ao investimento

individual ou de equipe, assertivas aparentemente similares, mas que apresentaram

resultados contrários. Pelos resultados, é permitido inferir que existe reconhecimento

quanto aos investimentos em treinamentos e capacitações, mas esses não surtem

efeitos desejados para uso de uma metodologia de medição e gestão de desempenho

adequada à realidade do Campus (Q9).

Outro fato curioso apresentado, na figura 10, assertiva Q11, foi a simetria das

respostas 2 e 3, discordantes e indecisos respectivamente, ambos os resultados

foram de 25,6%, demonstrado uma parcela considerável daqueles que não

concordam que a estrutura da remuneração proporciona o efetivo comprometimento

das pessoas com os objetivos estratégicos de alto nível. Por fim, na mesma figura,

vê-se, no gráfico Q12, uma tendência de os respondentes orbitarem entre a

imparcialidade (3) ou a concordância parcial (4) da assertiva Q12, ou seja, apesar da

maioria ratificar que as estruturas de TI disponíveis, no IFRN, comunicam, claramente,

83

o feedback das ações estratégicas, com base no uso de uma metodologia de medição

e gestão de desempenho, constata-se um percentual ínfimo daqueles que concordam

totalmente e um acúmulo considerável de resposta, com tendência à imparcialidade,

comprovando, assim, fragilidades nessa afirmação.

Ao verificar o coeficiente de correlação entre todas as assertivas desse terceiro

princípio, novamente foi constatado um percentual inferior a 60%, demonstrando um

nível de relação não considerável, sendo desprezado nessa discussão.

Figura 10 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q9 a Q12 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 3º Princípio (transformar a estratégia

em tarefa de todos).

Fonte: elaborado pelo autor.

4.1.4 Converter a estratégia em processo contínuo.

No quarto princípio (tabela 6) compreendendo uma organização voltada à

estratégia, são afirmadas ações que permeiam estudos inerentes ao desenvolvimento

organizacional por meio de avaliações constantes, revisões e integração entre o

planejado e o orçamento, processo de incorporação da estratégia entre outros.

Analisando as respostas das assertivas Q13 a Q16 existentes na referida tabela, foi

possível identificar rejeição por parte dos respondentes apenas naquela que faz

84

alusão à prática de reuniões gerenciais de acompanhamento e avaliações estratégica

e, também, seus resultados quanto à disseminação de uma cultura que fomente a

estratégia no âmbito do Campus. Nesse caso, foi identificada uma minoria de 44%

que ratificam a afirmação Q13, demonstrando baixa adesão daqueles gestores que

acreditam que isso realmente acontece. Os resultados dessa assertiva despontaram

uma tendência central para mediana e média próxima ao ponto 3, indicando

concentração maior de indecisos; quanto a medida de dispersão para 3,38 da média

identificada, foi identificado desvio padrão e variância próximo a 1, demonstrando

variabilidade semelhante a Q14 (aprovada por 62%) e um pouco maior que as das

assertivas Q15 e Q16 (aprovadas por 54% e 59% respectivamente).

Ao analisar as assertivas Q13 a Q16 na perspectiva da exploração, explotação

e ambidestria, é possível perceber que grande parte delas apresenta alinhada com

ações de exploração, sendo tal fato observado ao identificar traços de

“experimentação”, “descoberta” e “tomadas de decisão com risco” nas afirmações

Q13, Q14 e Q15 respectivamente. Considerando existir, na afirmativa Q13,

alinhamento com exploração, mais precisamente direcionado à experimentação, é

possível afirmar que, nesse quesito, existem fragilidades quanto à possibilidade de a

organização efetivar ações que foram definidas em um plano estratégico, fazendo com

que essas não sejam incorporadas, de forma universal, à organização.

Com relação aos indicadores anuais, afirmando que o IFRN atualiza-os

anualmente, visando ajustá-los às realidades emergentes, a assertiva Q14 traz um

percentual de 62% dos respondentes que ratificam a afirmação. Conduzindo a análise

da referida questão, respaldada na exploração, segundo estudos relacionados à

ambidestria organizacional, é possível perceber alinhamento dela mesma com ações

de “busca”, uma vez que, na realização da revisão anual, são perseguidas novidades

que melhor se adapte aos objetivos estratégicos da organização. Além de apresentar

esse percentual, a tabela 6 informa que a referida assertiva teve o ponto 4 como moda,

reforçando uma tendência de concordância dos gestores do IFRN Campus Natal-

Central quanto a prática de uma revisão anual dos indicadores em consonância com

a estratégia, traçada para a organização. O gráfico Q14 (figura 11) explicita essa

tendência ao apresentar uma maior concentração de resposta no ponto 4, no qual,

somada ao ponto 5, possibilita identificar predominância daqueles que ratificam a

85

afirmação.

Finalizando o bloco das assertivas do 4º princípio que possam estar

relacionadas às ações de exploração, segundo estudos pertinentes à ambidestria

organizacional, tem-se a Q15, afirmando que são garantidos os recursos financeiros,

destinados a projetos devido à integração do planejamento e orçamento, caso esse

possa estar relacionado a “tomadas de decisões com risco” (exploração), haja vista

que, apenas, a gestão do IFRN não garante a realização do que foi planejado,

podendo outros agentes (governo, mercado, prestadores de serviços) frustrar as

expectativas iniciais. A tabela 6 demonstra que essa assertiva teve um percentual de

quase 54% de respondentes concordantes, mesmo tendo obtido uma moda 3 que

indicou maioria para os indecisos, essa diferença é imperceptível vista através tanto

da referida tabela quanto do gráfico Q15 (figura 11); mesmo assim, ao visualizar o

referido gráfico, pode-se constatar uma tendência dos respondentes a ratificar o que

foi afirmado na questão.

Tabela 6 - Pesquisa de dados quanto converter a estratégia em processo contínuo.

A última assertiva desse princípio que pretende identificar se o IFRN Campus

Natal-Central converte a estratégia em processos contínuos foi a Q16. Essa

afirmativa, diferentemente das outras desse princípio, ficou mais bem enquadrada em

ações de explotação direcionada à “implementação”, já que procurou a confirmação

dos gestores sobre a existência de um alinhamento entre as metas financeiras do

orçamento e as metas propostas por eles. A tabela 6 demonstra que Q16 apresenta

um percentual de quase 59% de aprovação sobre o que foi afirmado, uma moda 4 e

um desvio padrão 0,83 (o menor entre as quatro assertivas do princípio). O resultado

4º Princípio (converter

a estratégia em

processo contínuo)

( Q13 ) O instituto realiza

regularmente reuniões

gerenciais de acompanhamento

e avaliação da estratégia e a

partir delas propaga o

aprendizado estratégico para

toda a organização.

( Q14 ) No instituto existe uma

revisão anual dos indicadores,

ajustando-os às novas

necessidades da estratégia.

( Q15 ) No instituto, os recursos

financeiros para os projetos

(iniciativas estratégicas da

metodologia de medição e

gestão de desempenho) são

garantidos pela integração

entre o planejamento e o

orçamento.

( Q16 ) No instituto existe o

alinhamento entre as metas

financeiras do orçamento e as

metas propostas pelos gestores.

1 (discordo totalmente) 2,56% 2,56%2 15,38% 12,82% 10,26% 7,69%

3 (imparciais) 38,46% 23,08% 35,90% 33,33%4 28,21% 43,59% 35,90% 43,59%

5 (concordo totalmente) 15,38% 17,95% 17,95% 15,38%Média 3,3846 3,6154 3,6154 3,6667Moda 3 4 3 4

Desvio padrão 1,0161 1,0161 0,9066 0,8377Nº de respondentes 39 39 39 39

Total que concordam 44% 62% 54% 59%

86

de aprovação, ao ser simplificado no gráfico Q16 da figura 11, faz perceber uma

tendência favorável dos respondentes em concordarem com o que foi afirmado.

Quanto à análise de correlação entre as quatro assertivas desse princípio, foram feitas

e não encontradas relações aceitáveis para formulação de comentários, ou seja, não

foi identificada a existência de relação significativa entre Q13, Q14, Q15 e Q16.

Figura 11 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q13 a Q16 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 4º Princípio (converter a estratégia em

processo contínuo).

Fonte: elaborado pelo autor.

4.1.5 Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.

O último princípio, abordado neste trabalho, está diretamente dependente

daqueles que lideram a organização, fazendo analogia a um dito popular que diz “o

olho do dono é que engorda o gado”, pode-se entender que o negócio só será

promissor se houver participação efetiva daqueles em posição de liderança. Nessa a

essa perspectiva, quanto às organizações focadas na estratégia, foram lançados, na

tabela 7, os resultados das assertivas Q17 a Q20 que procuram identificar se aqueles

que fazem parte da gestão do IFRN Campus Natal-Central concordam com tais

afirmações, direcionadas aos seus líderes.

87

O 5º princípio apresentou todos seus resultados negativos, conforme

demonstrado na tabela 7, denotando, com isso, preocupação quanto à capacidade

da gestão mobilizar a mudança por meio da liderança executiva, haja vista que a

maioria dos respondentes não estão de acordo com o que foi afirmado sobre o papel

da liderança na instituição, obtendo percentual positivo de apenas 49% para a

situação em que é afirmado o envolvimento dos líderes no processo de deflagração e

implementação da estratégia (Q17). Ademais, foi identificado um percentual de 44%

ao afirmar sobre a não existência de perdas no processo de medição e gestão por

motivo de substituição das lideranças (Q18), já verificando outra assertiva que remete

a efetividade da gestão de projetos pelo Suap, tendo, nesse caso, a maior rejeição

entre todas as afirmativas, foi identificado apenas 26% de respondentes que

concordam com a existência de efetividade (Q19); por fim, foi identificado um

resultado de 41% daqueles que concordam com assertiva Q20, demonstrando,

também, rejeição à existência de uma gerência específica voltada à estratégia.

Para a maioria dos gestores que responderam à pesquisa, diante do panorama

desfavorável apresentado a respeito do resultado ensejado ao princípio aqui referido,

é importante trazer, à tona os ensinamentos de Kaplan e Norton (2001) quanto à

situação identificada. Os autores compreendem que, do 1º ao 4º princípio, existe uma

concentração no referencial, uso das ferramentas e, também, reafirmação para

justificar o uso do BSC; ao perpassar por essas etapas, é consolidado um

entendimento à cultura organizacional em que, para obter sucesso com a implantação

dessa metodologia, ela não pode ser vista como apenas um projeto de mensuração

de desempenho. A organização parte de uma situação gestora menos estratégica

para, através de mobilização interna, uma focada em governança, enfatizando o

trabalho em equipe e abordagens de boa compreensão, fazendo com que essa

mudança de natureza não estruturada favoreça a implantação do novo modelo

(KAPLAN; NORTON, 2001).

Estudos relacionados à ambidestria organizacional demonstram que ações de

gestão para produzir efeitos, a curto prazo, estão mais alinhadas com a explotação,

podendo ser compreendidas por atividades do dia a dia ou melhoramento de produtos

já lançados no mercado. Ao analisar o 5º princípio no que tange à disponibilidade do

IFRN para mobilizar as mudanças por meio de seus líderes executivos, foram

88

identificadas, em todas as assertivas desse princípio, ações relacionadas à

explotação, sendo divididas da seguinte forma: Q17 e Q20 alinhada à “seleção”; Q18

alinhada à “produção”; Q19 alinhada à “eficiência”.

Outro ponto comum entre todas as questões e encontrado, na tabela 7, está

relacionado ao resultado de uma moda 3 (imparcialidade), apenas a assertiva Q18

apresentou moda 4, mas, mesmo assim, nessa assertiva, houve uma aprovação de

apenas 43%, indicando que os respondentes não ratificaram que, no instituto, a

metodologia de medição e a gestão de desempenho não sofrem nenhum tipo de perda

ou descontinuidade com a mudança de pessoas nos níveis gerenciais e na alta

direção. Assim, pose-se afirmar, através dos referidos resultados que, havendo

substituição dos líderes, a produção sofrerá perdas.

As demais assertivas desse princípio, além de apresentarem moda 3, indicando

maioria na alternativa que expressava a imparcialidade, os gestores do IFRN

reprovaram a afirmativa quanto ao envolvimento das lideranças no processo de

deflagração e implementação da estratégia (Q17), obtendo, apenas, um percentual

de 48% daqueles que concordam com o que foi afirmado. A questão Q19 foi a que

apresentou o menor percentual de aprovação, apenas 25% dos respondentes

concordam que, no instituto, a gestão de projetos é realizada por meio do Suap e o

uso da metodologia é efetivo. Esse resultado vai de encontro ao que foi respondido,

anteriormente, sobre o Suap nas assertivas Q2 e Q4. Ambas as assertivas do 1º

princípio, nos dois resultados, houve maioria aprovando o sistema com algo

transformador e capaz de atender às demandas organizacionais, mas quando é

afirmado no tocante à gestão de projetos, identifica-se baixa “eficiência” em sua

operacionalização.

A assertiva Q20 é a última questão do 5º princípio; ela afirma que a gestão da

estratégia, no IFRN, é realizada com base em uma gerência específica; nesse caso,

o que foi afirmado no quesito não corresponde à realidade, e segundo a visão da

maioria dos gestores participantes da pesquisa, esse grupo não concorda com o que

foi dito, haja vista que a tabela 7 traz um percentual de apenas 41% dos respondentes

que concordam com o que foi afirmado. Um dos grandes responsáveis por essa

reprovação é o elevado percentual de indecisos, obtendo, também, 41%. Esse

89

resultado demonstra uma quantidade considerável daqueles que optaram pela

imparcialidade em vez de ratificarem ou reprovarem o que foi afirmado. Observando

tanto essa assertiva quanto as demais desse princípio, na figura 12 (gráficos Q16 a

Q20) uma protuberância da alternativa 3, demonstrando que existe, no princípio que

abarca a mobilização de mudanças por meio da liderança executiva, um significativo

número de indecisos, que não concordou com as referidas afirmativas.

Além disso, nesse princípio, foi identificada uma relação significativa entre as

assertivas Q17 e Q18, conforme observado na figura 8; entre elas, identificou-se um

coeficiente com percentual de 62%, essa correlação demonstra afinidade entre as

respostas quanto à confirmação dos baixos resultados daqueles respondentes que

concordam com as afirmações apresentadas, ou seja, em Q17 não se afirma que as

lideranças do instituto estão diretamente envolvidas e comprometidas com o processo

de deflagração e implementação da estratégia (apenas 48% concordam) e, em Q18,

não se afirma que a metodologia de medição e gestão de desempenho não sofre

nenhum tipo de perda ou descontinuidade com a mudança de pessoas nos níveis

gerenciais (apenas 43% concordam), ambas as afirmações não foram ratificadas pela

maioria dos respondentes.

Tabela 7 - Pesquisa de dados quanto mobilizar a mudança por meio da liderança

executiva.

Os resultados demonstrados, tanto na tabela 7 quanto nos gráficos Q17 a Q20

(figura 12), exprimem que a maioria dos gestores do IFRN Campus Natal-Central não

concordam com afirmações de que as lideranças executivas do instituto conseguem

mobilizar a mudança por meio de suas lideranças. Essa tendência em rejeitar a todas

5º Princípio (mobilizar

a mudança por meio da

liderança executiva)

( Q17 ) As lideranças do instituto

estão diretamente envolvidas e

comprometidas com o

processo de deflagração e

implementação da estratégia

pelo uso de uma metodologia

de medição e gestão de

desempenho.

( Q18 ) No instituto, a

metodologia de medição e

gestão de desempenho não

sofre nenhum tipo de perda ou

descontinuidade com a

mudança de pessoas nos níveis

gerenciais e na alta direção.

( Q19 ) No instituto, a gestão de

projetos é realizada por meio do

SUAP e o uso da metodologia é

efetivo.

( Q20 ) No instituto, a gestão da

estratégia é realizada a partir de

uma gerência específica.

1 (discordo totalmente) 5,13% 5,13% 10,26% 2,56%2 10,26% 20,51% 12,82% 15,38%

3 (imparciais) 35,90% 30,77% 51,28% 41,03%4 28,21% 30,77% 23,08% 30,77%

5 (concordo totalmente) 20,51% 12,82% 2,56% 10,26%Média 3,4872 3,2564 2,9487 3,3077Moda 3 4 3 3

Desvio padrão 1,0972 1,0935 0,9445 0,9502Nº de respondentes 39 39 39 39

Total que concordam 49% 44% 26% 41%

90

afirmativas desse princípio identifica a existência de fragilidade no tocante ao papel

estratégico das lideranças no âmbito da organização pesquisada. Assim, é necessária

a tomada de decisão por parte da gestão estratégica para correções das possíveis

falhas que, porventura, estejam acarretando essa impressão.

Figura 12 - Resultados em gráficos de barras das assertivas Q17 a Q20 (1 discordo

totalmente e 5 concordo totalmente) conforme 5º Princípio (mobilizar a mudança por

meio da liderança executiva).

Fonte: elaborado pelo autor.

4.1.6 Análise de correlação entre assertivas de princípios diferentes.

Após identificar, em cada princípio, as relações significativas entre as referidas

assertivas, ou seja, cada um dos cinco princípios teve suas análises de correlação

feitas de forma independentes; agora, é a vez de analisar as relações entre princípios

diferentes. Portanto, apesar de algumas figuras apresentarem as correlações do

mesmo princípio, essas não serão evidenciadas nesse momento. Inicialmente, é

apresentada, na figura 8, um extrato das correlações abordadas a seguir.

Quanto às assertivas do 1º princípio, foi identificada apenas uma relação

significativa com assertivas de outros princípios, sendo identificada correlação de 62%

entre Q4 e Q6, como demonstrado na figura 13. Além disso, essas assertivas fazem

91

parte daquelas que foram ratificadas pelos respondentes, no qual apresentaram

percentual igual ou superior a 68% de aprovação. Analisando a correlação entre elas,

é possível perceber alinhamento entre as duas, a primeira afirma atividades que estão

ligadas a traduzir a estratégia em termos operacionais, a seguinte, alinhar a

organização à estratégia, ambas versam sobre o processo de comunicação dentro da

unidade, seja pelo amparo dos meios tecnológicos (Q4), seja através de técnicas que

possam escutar o ambiente para prover ações estratégicas (Q6).

Figura 13 - Correlação entre assertivas dos princípios 1 e 2 (Q4 e Q6).

Fonte: elaborado pelo autor.

Em posse desses resultados, pode-se verificar, na figura 13, a existência da

relação positiva significativa entre as duas referidas assertivas. Essa correlação

enseja uma opinião a respeito das duas afirmações, ou seja, no entendimento da

maioria dos gestores, havendo uma melhoria nos meios de informação para

disseminar os objetivos estratégicos, provavelmente, haverá consequência positiva

quanto à flexibilidade da gestão na implementação de ações dessa natureza.

No 2º princípio, além de apresentar relação significativa em uma das suas

assertivas (Q6) com uma do 1º princípio, caso visto anteriormente, é demonstrada, na

figura 14, a assertiva Q8; nela, é possível perceber duas relações significativas entre

92

os resultados obtidos; a primeira traz um percentual de 60% na correlação com Q9, e

a segunda, um percentual de 65% com Q13. Esses resultados demonstram uma

relação significativa da assertiva imbuída no princípio que trata de alinhar a

organização à estratégia (2º princípio) com as assertivas dos princípios que buscam

transformar a estratégia em tarefa de todos e converter a estratégia em processo

contínuo, princípios 3º e 4º respectivamente.

Ao verificar os percentuais de aprovação de todas as assertivas envolvidas

nessa análise (Q8 com 48%, Q9 com 41% e Q13 com 41%), verifica-se que nenhuma

obteve maioria, não havendo com isso, ratificação do que foi afirmado no instrumento

da pesquisa. Esse resultado pode indicar uma fragilidade institucional no tocante ao

processo de comunicação e ao alinhamento dos recursos humanos com a estratégia

organizacional. É provável que isso seja um obstáculo para o fortalecimento do

conhecimento organizacional.

Figura 14 - Correlação entre assertivas dos princípios 2, 3 e 4 (Q8, Q9 e Q13).

Fonte: elaborado pelo autor.

Identificar possíveis vulnerabilidades nos processos acerca do domínio da

empresa, possibilita investimentos mais equilibrados por parte de seus gestores. Ao

alinhar atividades de explotação com o que foi afirmado em Q8, permite inferir que

nesse quesito, existe carência desses investimentos. O mesmo foi identificado ao

93

relacionar as assertivas Q9 e Q13 com as ações de exploração, ambas as afirmações

foram negadas por maioria dos respondentes, corroborando, assim, a necessidade de

investimentos nessas áreas. Como a assertiva Q8 mantém relação significativa com

as demais aqui referidas, é possível afirmar que, na visão da maioria dos gestores,

havendo melhorias no número de painéis e uma melhor adequação dos indicadores,

provavelmente ações relacionadas à compreensão e aprendizado da estratégia

organizacional sofrerão impactos positivos.

O 3º princípio apresenta semelhança com o 2º no tocante à quantidade de

relações significativas; ambos tiveram três relações dessa natureza com assertivas

de outros princípios. Uma vez que já foi contemplada na análise de correlação entre

Q8 e Q9 (princípio anterior), essa será excluída nesse momento, passando, então,

para análise entre Q9 e Q13 conforme demonstrado na figura 14. Essa correlação

significativa tem um percentual de 67%, sendo identificada uma relação positiva entre

essas duas assertivas. Ademais, verifica-se que ambas foram rejeitadas como

verdade por maioria dos respondentes, portanto, é possível predizer que existe

necessidade de investimento no IFRN Campus Natal-Central acerca da promoção de

ações que fortaleçam a adesão dos seus agentes em torno das estratégias traçadas

pela gestão e, também, possibilite que essas se tornem parte da cultura

organizacional.

Analisando a correlação entre as assertivas Q10 e Q15 constante da figura 15,

sendo essa última pertencente ao princípio (4º) que versa sobre “converter a

estratégia em processo contínuo”, é possível perceber uma relação significativa

positiva de 60%, sendo ambas aprovadas quanto às suas afirmações, a primeira

(Q10) obteve um percentual de 64% e a seguinte (Q15) de quase 54%. A correlação

entre as referidas assertivas remete a uma relação positiva entre a promoção de

treinamentos para os servidores e o planejamento dos recursos no âmbito do IFRN

Campus Natal-Central, sendo que, na afirmativa Q15, objetiva-se citar esse

planejamento no tocante a projetos e à integração do planejamento com o orçamento

(Q10). Mesmo assim, é possível dizer, após analisadas as respostas da maioria dos

respondentes, que a organização, para obter sucesso no atingimento dos objetivos

estratégicos, fatores relacionados a uma perspicaz relação entre planejar em virtude

do orçamento constituem uma das formas mais seguras para a condução dos

94

negócios e tomada de decisões sustentáveis.

Os resultados, identificados na figura 15, imprime, de forma positiva, a

presença de investimentos em treinamentos e capacitação (79% concordam) por

parte da instituição pesquisada, no qual a assertiva Q10 identifica essa percepção sob

a orientação do princípio que versa sobre transformar a estratégia em tarefa de todos.

Um caso que faz relação significativa com ações habituais da gestão diz respeito a

vincular planejamento e orçamento na consecução de operacionalização dos projetos

almejados (Q15); essa percepção dos gestores pesquisados encontra amparo no

princípio que versa sobre converter a estratégia em processo contínuo. Portanto,

apesar de identificar fragilidade, nos princípios 3 e 4, quanto à melhoria da

comunicação para obter maior adesão dos agentes envolvidos no processo

estratégico da organização, foi possível identificar, na correlação entre Q10 e Q15,

uma boa aceitação no tocante aos investimentos em qualificação, treinamento e

alinhamento entre planejamento e orçamento.

Figura 15 - Correlação entre assertivas dos princípios 3 e 4 (Q10 e Q15).

Fonte: elaborado pelo autor

A figura 16 versa sobre a relação significativa entre assertivas pertencentes aos

princípios 4º e 5º, converter a estratégia em processo contínuo e mobilizar a mudança

por meio da liderança executiva respectivamente. Verifica-se perceber que a assertiva

Q14 tem uma relação significativa positiva de 69% com a assertiva Q17, sendo a

primeira aprovada por, aproximadamente, 62% dos respondentes; e a seguinte,

rejeitada, também, pela maioria, apenas 49% concordam com o que foi afirmado. Em

posse desses resultados, deduz-se que, nessa correlação, apenas as atividades de

revisão anual foram percebidas positivamente, mas não foi possível ensaiar a mesma

95

análise quanto às questões relacionadas ao envolvimento das lideranças e ao seu

comprometimento no processo de deflagração e implementação estratégica no IFRN

Campus Natal-Central. Assim, é provável que exista algum ou alguns “líderes” nessa

unidade de ensino que não representa de forma propositiva, o seu papel, não

servindo, portanto, de exemplo positivo para os demais. Mesmo obtendo esses dois

resultados antagônicos, existe uma relação significativa positiva entre esses dois

casos, implicando dizer que, na mudança positiva em uma dessas duas variáveis (Q14

ou Q17), provavelmente, a outra também sofrerá efeitos benéficos.

Figura 16 - Correlação entre assertivas dos princípios 4 e 5 (Q14, Q17 e Q16).

Fonte: elaborado pelo autor

Dando seguimento à análise das relações significativas apresentadas na

assertiva Q17, sendo que, agora, em relação a Q16, assertiva esta que teve

aprovação de aproximadamente 59% dos respondentes e, em consonância com a

assertiva Q14, pertencente ao princípio converter a estratégia em processo contínuo

(4º), é possível identificar, na figura 16, um percentual de 73% na correlação entre as

assertivas Q17 e Q16; esse resultado demonstra fragilidade no alinhamento entre o

papel positivo da liderança no Campus e a utilização consciente dos recursos

96

financeiros, os quais, para serem utilizados, consideram-se as metas propostas pelos

gestores. Nesse caso, percebe-se fragilidade por parte de Q17 (49% concordam com

a assertiva) e a possibilidade de ela interferir ou ser interferida por ações que

envolvam alinhamento entre as metas financeiras do orçamento e as metas propostas

pelos gestores do IFRN Campus Natal-Central.

Mediante os dados analisados, foi possível identificar que as afirmações,

propostas pelo instrumento da pesquisa, tiveram situações favoráveis à Gestão do

IFRN Campus Natal-Central e, em outros casos, as assertivas foram rejeitadas pela

maioria dos gestores respondentes, sinalizando com isso, existir no ambiente de

trabalho desses julgadores, algo que necessita de maior atenção no tocante à

administração dos recursos públicos.

Com o intuito de buscar transpassar os resultados obtidos com a aplicação dos

questionários, a seguir são apresentados os resultados das entrevistas aos

representantes dos grupos Estratégico, Tático e Operacional. Assim, é possível, com

o auxílio desses gestores, atenuar as dúvidas surgidas, nessa análise e, também,

subsidiar, com material necessário, o pesquisador para uma melhor interpretação em

suas inferências sobre o objeto de estudo.

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

Após as análises referentes aos dados coletados, mediante a aplicação do

questionário, algumas indagações emergiram, naturalmente, como forma de tentar

compreender o objeto estudado, na expectativa de preencher essas lacunas,

utilizando uma entrevista centrada no problema.

Nesse sentido, utilizou-se um guia com perguntas previamente elaboradas e

delimitadas pelos questionamentos emergentes. As perguntas foram direcionadas aos

três grupos de gestão (Estratégico, Tático e Operacional), cabendo a um

representante de cada grupo, responder ao roteiro das perguntas, determinado para

a referida entrevista. Por motivo de preservação do sigilo quanto à identidade dos

entrevistados, foi definido aleatoriamente a identificação desses gestores como G1,

G2 e G3.

97

4.2.1 Uso da tecnologia e seu aproveitamento (1º questionamento)

Ao analisar as respostas inerentes ao 1º princípio, foi possível identificar uma

tendência em reconhecer de forma positiva os meios tecnológicos existentes no IFRN

Campus Natal-Central, subsidiando, por meio de seus recursos, uma melhor

circulação das informações inerentes ao processo estratégico da instituição. Em

contraponto a essa benesse, tem-se, na assertiva Q5 (2º princípio), uma opinião da

maioria a qual não concorda com a afirmativa de que as informações transmitidas

pelos (a) coordenadores (a) interferem na decisão dos (a) diretores (a) do IFRN

Campus Natal-Central (Q5 – aprovação de 43%).

Mediante essas informações, o entrevistador fez o seguinte questionamento

aos representantes dos três grupos de gestão: sobre a tomada de decisão estratégica,

os gestores do IFRN levam em consideração os canais de comunicação existente e a

opinião dos seus subordinados? Ao serem indagados sobre essa dúvida, foram

obtidas as seguintes respostas:

Na verdade, eu posso dizer sim e não ao mesmo tempo, depende do setor, por exemplo, eu vou falar aqui pela minha área, a gente tenta escutar bastante os operacionais para que possamos elaborar estratégia para mitigar certos problemas, eu estou falando aqui no meu setor… a gente tenta padronizar, fazemos eventos, escuta as demandas de cada setor, os problemas que estão vivenciando, a gente tem grupos que utiliza a ferramenta de WhatsApp, enfim, deveria ser utilizado até fóruns, né? A gente poderia utilizar o Suap para que em momentos de fóruns a gente pudesse discutir diversas temáticas… mas assim, a gente tem uma ferramenta muito boa que é o WhatsApp e com as demais que provocamos surgem as notas técnicas (G1, 2017).

Sim! Aqui, no caso nosso, aqui na diretoria, isso aí é levando em consideração sim! Nós temos quinzenalmente uma reunião, não obrigatoriamente de 15 e 15 dias, mas sempre que tem alguma coisa nova, uma tomada de decisão nova, essa assertiva ela vem de cima para baixo... Nós na medida do possível, nós ratificamos a decisão que vem lá de cima (G2, 2017).

Sim! Sim! Até porque, quem está na ponta, né? É que está lidando diretamente com os problemas, é a mesma coisa da Reitoria, a Reitoria está no plano estratégico, mas os problemas acontecem onde? Nos Campi, né! Os diretores que têm o domínio do que está acontecendo em cada Campus, então esses elementos chegam para Reitoria com objetivo de se pensar nesse macro político, aí quando eu trago para realidade do Campus, também é dentro dessa

98

perspectiva… esses elementos quando chega para gestão, para o plano estratégico, você tem elementos para repensar a suas práticas, ver onde existem os gargalos, e como a gente pode atacar a partir do que foi diagnosticado, né? Ações que possam minimizar ou fazer com que essas situações, que são problemáticas para dentro do Campus, elas possam ser sanadas (G3, 2017).

Ao analisar o conteúdo dos trechos transcritos acima, verifica-se uma tendência

dos entrevistados, quando se referem aos seus ambientes de trabalho, em negar o

resultado obtido com a aplicação do questionário no que concerne à assertiva Q5.

Todos confirmaram, de certa forma, a existência por parte da gestão em utilizar as

informações do grupo operacional como subsídio na tomada de decisões estratégicas.

Apesar disso, constatou-se, na fala do G2, uma tendência verticalizada na

transferência das informações organizacionais, ou seja, a tomada de decisão é

produzida pelo Colégio Gestor e acatada pelos níveis operacionais.

Apenas na fala de G1, a seguir, é possível constatar a concordância com a

negação, relatada na coleta dos dados. Apesar de ele informar que, em seu setor,

existe uma sensibilidade na escuta dos anseios, proveniente dos gestores

operacionais e, como forma de aproximação da gestão estratégica com a realidade

que acontece nos diversos setores, utiliza essas informações como fonte de subsídio

na tomada de decisões. É possível perceber, na fala de G1, que existe, em alguns

setores, uma falta de cultura que favoreça o diálogo entre os níveis de gestão.

A nossa área a opinião é escutada, mas eu percebo nas reuniões de gestores que alguns setores do nosso Campus não têm essa cultura de escutar o operacional… mas eu percebo sim que a gente está precisando escutar, eu estou falando agora de uma forma geral, no Campus Natal-Central, escutar mesmo! Algo que eu percebo, acho que por isso essa porcentagem é baixa, é, eu estou falando de um setor que eu sei que tem, mas existem outros setores que não escutam, né? Né que não escutam, mas talvez não tem essa prática, a instituição peca muito nessa prática de reuniões, que é justamente aquele momento de saber o que está acontecendo no setor e aí tentar elaborar estratégia para contornar qualquer tipo de situação (G1, 2017).

Ao diagnosticar a presença de conteúdo que ratifica o resultado negativo obtido

na assertiva Q5, pode-se verificar que esse ponto revela vulnerabilidade da

organização em questão quanto ao quesito escutar o operacional como fonte de

orientação para decisões estratégicas, cabendo uma atenção especial por parte de

99

seus gestores para que medidas corretivas sejam colocadas em prática. Como forma

de combater essa fragilidade, G1 aponta a capacitação dos gestores como uma das

soluções a serem seguidas no âmbito do IFRN Campus Natal-Central, argumentando

o seguinte:

Uma coisa que a gente precisa é capacitar realmente os nossos servidores, muitos assumem função, né? São gestores, mas às vezes eles não são preparados para tal, é uma coisa que eu percebo! Você acaba sendo gestor assim, do nada! É, você tem, assim, uma certa responsabilidade e acaba sendo convidado a assumir função, mas você não foi capacitado para isso (G1, 2017).

A proposição inferida por G1 encontra consonância nos ensinamentos de

Duncan (1974) quando o autor defende, para o acontecimento de ações ligadas à

exploração, pontos pertinentes à “descoberta” e à “inovação de produtos e/ou

serviços”, cabendo a gestão prover condições necessárias para o afloramento e

maturação dessas práticas como cultura da organização, sendo essas alinhadas

diretamente com a necessidade de treinamentos específicos. No tocante a

explotação, o autor aponta, entre outras definições, o “refinamento” e a “eficiência” em

que ambas, para acontecer de forma plena, precisam da ajuda de profissionais bem

capacitados, haja vista que eles necessitam conhecer técnicas compatíveis às

funções desempenhadas (DUNCAN, 1974). Esses pré-requisitos são reafirmados ao

perpassar pela obra de March (1991) quando o autor faz referência ao papel preditivo

da ambidestria organizacional, podendo, com isso, atenuar as incertezas na tomada

de decisão e prover diferencial competitivo (MARCH, 1991).

Dessa forma, perceber fragilidade institucional quanto ao papel de escutar

aqueles que estão mais perto do público-alvo da organização, ou seja, o grupo

Operacional, remete a um estado de alerta para aqueles que estão nos grupos Tático

e Estratégico. Além da demanda apresentada por G1, justificando a necessidade de

um prévio treinamento para capacitar os novos gestores, outros fatores,

provavelmente, foram determinantes para uma percepção negativa da assertiva Q5;

a ausência de regularidade nas reuniões operacionais, tratada logo a seguir, é algo

que chama a atenção para essa análise de causa e efeito. Um outro ponto relevante

que merece registro, nesse momento, é o fato de essa assertiva apresentar

alinhamento com o grupo de explotação, atividades relacionadas a ações a curto

100

prazo, mais precisamente com o “refinamento”, no qual essa, mediante a sua

necessidade de melhoramento dos produtos já oferecidos pela organização, depende

de um bom canal de comunicação entre os diversos níveis de gestão (MOM, 2006).

4.2.2 Periodicidade das reuniões gerenciais em face do fortalecimento da

revisão anual dos indicadores (2º questionamento).

Um outro ponto chamou atenção ao percorrer o 4º princípio (converter a

estratégia em processo contínuo); nele, foram identificadas, ao analisar as assertivas

Q13 e Q14, duas situações antagônicas, ou seja, a primeira assertiva identifica uma

negação da maioria dos respondentes (43% de aprovação) ao serem provocados

quanto à periodicidade das reuniões gerenciais de acompanhamento e avaliação da

estratégia; ao contrário disso, foi identificada, na assertiva Q14, uma aprovação por

61% dos respondentes quanto à afirmativa de que no instituto existe uma revisão

anual dos indicadores, ajustando-os às novas necessidades da estratégia.

Em face dessas duas situações identificadas ao analisar as referidas

assertivas, surgiram os seguintes questionamentos, demandados para os

entrevistados: em sua opinião, existe periodicidade das reuniões da gestão no IFRN

Campus Natal-Central? Elas englobam todos os níveis de gestão (Estratégico, Tático

e Operacional)? Qual seria a melhor frequência para o acontecimento desses

encontros? Essas perguntas instigaram os entrevistados a fazer as seguintes

ponderações acerca da existência de reuniões rotineiras:

Esse tipo de reunião tático/estratégico nós temos semanalmente, nas quartas feiras, geralmente a gente, quando acontece algum problema, aí existe a convocação do diretor para que a gente discuta algumas ações, né? Com relação ao tático/operacional, temos também, algumas diretorias acadêmicas, sistematicamente, elas têm as suas reuniões, agora, praticamente operacional, eu acho difícil, e é o que exatamente deveria ter, é ela que vai subsidiar o tático, que por sua vez, subsidiária o estratégico… Mas eu percebo que a operacional em muitos setores, ela não tem, né? Mas está começando a ter. Alguns gestores, houve mudança de alguns gestores, aí às vezes eles terminam fazendo cursos de capacitação que alerta da necessidade dessas reuniões, da periodicidade dessas reuniões, que é importante escutar a base para elaborar estratégia que contorne qualquer tipo de situação (G1, 2017).

Olha! Eu, confesso que, assim a nível, a esse nível gerencial com

101

estratégico e tático, eu só me lembro de ter uma reunião a cada semestre, acho que todo semestre tem reunião… que eu me lembre essas frequências seria semestral, que é quando, geralmente, quando começa o semestre, a gente tem esse encontro com toda a cúpula, inclusive com a presença do Reitor, Diretor Geral e os diretores para esclarecimentos, eu acho essa frequência é interessante! Eu não vejo muito, até porque, a frequência com os diretores ela é bem mais (faz menção às reuniões do Colégio Gestor do IFRN Campus Natal-Central), ela é bem maior, né? E aí é como te falei, os diretores sempre traz o que tem de novo, ele traz a cada quinzena… eu acho que atende, não vejo necessidade de mudar essa frequência (G2, 2017).

Olha! É, quando eu falo do plano estratégico, né? A gente tem reuniões toda semana para discutir as questões estratégicas do Campus , que é a reunião do Colégio Gestor do Campus, isso acontece toda semana, salvo quando a gente tem algum compromisso de agendar que não pode fazer reunião… como a gente trabalha nessa perspectiva, descentralizar as ações, aí cabe a cada um dos diretores, a partir das demandas que são levantadas nessa reunião macro, de fazer a discussão no seu espaço… porque você tem que descentralizar essas ações, até porque a gente não pode, pela dimensão do Campus, ter até um espaço adequado para a gente está discutindo isso com todo mundo, com toda a comunidade(G3, 2017).

Constata-se, no conteúdo apresentado, um discurso mais propositivo quando

se trata de acusar a existência das rotinas no plano estratégico (Diretor-Geral) com o

tático (diretores acadêmicos, administrativos); todos os três gestores entrevistados

confirmaram que existe, semanalmente uma rotina de reunião desses grupos. Já no

que concerne à existência de periodicidade das reuniões de gestão englobando o

operacional, G1 informou que, em seu setor, existe entre tático e operacional, mas

percebe que, em outras diretorias, o mesmo não acontece. O gestor G2, ao ser

questionado sobre o mesmo assunto, informou da existência semestral de uma

reunião englobando todos os níveis de gestão. Por fim, é apresentada uma justificativa

da parte de G3 quanto à necessidade de descentralização das ações e, cabendo a

cada diretor replica as informações para os operacionais, a dificuldade para

operacionalização de uma reunião que englobasse todos os níveis de gestão, uma

vez que dependeria de espaços onde comportasse todos os gestores.

Nesse sentido, é possível afirmar que foi identificada uma periodicidade

semanal em reuniões nos níveis mais elevados da gestão (estratégico e tático), mas,

ao contrário disso, não foi possível identificar com clareza a frequência das reuniões

que englobasse todos os ocupantes de cargo ou função de gestão. Mesmo assim,

após análise do material coletado nas entrevistas e com base nos relatos dos

102

entrevistados, foi possível entender que, pelo fato de existir essa frequência semanal,

a recusa da assertiva Q13 não está alinhada as práticas adotadas pela gestão do

Campus. Assim, essa não aceitação por parte da maioria dos gestores está

relacionada à uma percepção daqueles que não receberam, dos seus chefes

imediatos, as informações estratégias, disseminadas pelo Colégio Gestor, uma vez

que foi identificado, no discurso de G3, o modelo descentralizado de gestão, cabendo

a cada diretor repassar as decisões estratégicas, adotadas pelo colegiado.

No tocante à frequência das reuniões relacionadas ao grupo operacional, G1

enfatiza da seguinte forma a necessidade da utilização dessa cultura na instituição:

Aí a pergunta é qual seria a melhor frequência? Eu já acho assim, que o grupo estratégico/tático uma vez por semana já está de bom tamanho, e a questão operacional, poderia ser também… se a gente tivesse essas reuniões semanais, a gente conseguiria elaborar estratégias mais eficientes, mais pontuais, e talvez nem precisasse de reuniões de âmbito maiores de poder de decisão, que é o tático/estratégico, para contornar essas situações, se a gente tivesse essa cultura (G1, 2017).

Já o G3 justifica que a instituição está começando a adotar práticas de reuniões

que englobam todos os níveis de gestão, e, apesar de defender a descentralização

na gestão, ele acredita que é necessário promover encontros com todos os gestores

do Campus. Tal perspectiva é defendida, em seu discurso, da seguinte forma:

Só que a partir desse ano de 2016, a gente começou a fazer um planejamento que possa atender melhor isso aí, e em alguns momentos a gente possa ter um envolvimento melhor das pessoas, a gente possa todo mundo junto, né? Por exemplo, agora no mês de novembro, dezembro, um evento que a gente tinha coordenadores de cursos, coordenadores de áreas do Campus, para que a gente esteja discutindo o Campus como um todo. A ideia da gente agora, qual é? Que a gente possa uma vez por ano, duas vezes por ano, ter essa reunião que a gente possa englobar todo mundo, mas que continue também nessa perspectiva de descentralizar as ações, até porque a gente acredita também quando você descentraliza, você consegue discutir com mais propriedade determinadas questões, e isso aí pode retornar para o Grupo Gestor, ne? Para que a gente possa fazer as inferências que são necessárias, para que a gente possa repensar o nosso planejamento ou validar o que foi planejado (G3, 2017).

Duncan (1974) define que a “experimentação” está atrelada a ações de

exploração. Ao relacionar essa definição com a afirmativa em que o instituto realiza

regularmente reuniões gerenciais de acompanhamento e avaliação da estratégia e,

103

com base nelas, propaga o aprendizado estratégico para toda a organização (Q13)

empreende que essa assertiva está mais alinhada aos grupos Táticos e Estratégico,

ou seja, grupos esses que se reúnem, semanalmente, através das reuniões do

Colégio Gestor (situação comprovada na fala dos gestores entrevistados), com o

objetivo de traçar estratégias institucionais voltadas a solucionar demandas

emergentes ou se preparar para possíveis dificuldades, previsíveis durante os anos

vindouros. Tais encontros remetem aos ensinamentos do March (1991) quanto ao

papel preditivo da ambidestria organizacional, uma vez que a existência de reuniões

regulares entre os gestores (Tático e Estratégico) pode resultar em ações tanto de

exploração quanto de explotação.

Mas, não apenas, encontros regulares dos níveis de gestão mais elevados

garantem que as decisões tomadas pelo Conselho geraram impactos positivos na

organização, ou mesmo, serão absorvidas pelos gestores do grupo Operacional. Mom

(2006) destaca, em sua obra, a necessidade de outra alternativa de transferência do

conhecimento para melhor prover os gestores na tomada de decisão. Além dos fluxos

tradicionais, ele ressalta a necessidade da existência do influxo do conhecimento

horizontal como fator norteador para os gestores na tomada de decisão. Dessa forma,

é necessário a sensibilidade dos gestores envolvidos no processo decisório para

prover a aderência necessária às novidades identificadas e utilizar essa sinergia de

forma positiva na construção do conhecimento organizacional (MOM, 2006).

4.2.3 Continuidade e comprometimento dos serviços de gestão (3º

questionamento).

Ao entrevistar os representantes da gestão sobre a continuidade recusada pela

maioria das respostas apresentadas, na assertiva Q18, foi almejado verificar a

percepção desses agentes acerca de ações intrínsecas à exploração, explotação e

ambidestria em princípios orientados à estratégia. Considerando que, no último

princípio, sobre “mobilizar a mudança por meio da liderança executiva”, foi

identificada, ao coletar os dados referentes a referida assertiva (Q18), uma negação

ao se afirmar: a metodologia de medição e gestão de desempenho não sofre nenhum

tipo de perda ou descontinuidade com a mudança de pessoas nos níveis gerenciais e

na alta direção (43% de aprovação). Além disso, foi verificada, na assertiva Q17, a

104

mesma negação ao afirmar sobre o envolvimento das lideranças no processo de

deflagração e implementação da estratégia (48% de aprovação).

Em face desses resultados negativos, foi formulado a seguinte pergunta aos

gestores entrevistados: em sua opinião, existe justificativa para a recusa dessas

afirmativas por parte da maioria dos respondentes? Ao serem questionados sobre as

duas rejeições referentes às assertivas Q17 e Q18, os três gestores entrevistados

responderam à indagação da seguinte forma:

Eu tenho esse sentimento que perde, perde um pouco a descontinuidade, mas não era para acontecer, né? Por que nós fazemos, a instituição faz planejamento, tem planejamento anual… na verdade não há uma intenção descontinuar, de forma alguma, todo mundo quer que continue, até porque, quando a gestão vai assumir, sempre tem um planejamento prévio, tem que cumprir o que foi planejado (G1, 2017).

Eu acho que não existe, cada gestor tem sua forma de agir, o seu se modo de pensar, com certeza existe diferença, isso aí eu não tenho dúvida… pois é, eu acredito, não é para interferir, se aquela estratégia já está posta, e de repente um gerente entra no meio do processo, cabe muito mais a ele se adequar aquele processo, ou cabe a ele mudar esse processo, só que essa mudança é um pouco mais difícil, uma vez que o processo já está iniciado, posso dizer que isso não acontece aqui, né? Pelo menos nesses 5 anos que estou aqui, não tenho visto isso acontecer, aqui na nossa diretoria (G2, 2017).

Eu fico preocupado em relação a isso aí, a esses dados, porque primeiro, dizer que a saída de um gestor tem a perda da continuidade nas ações, eu não percebo muito assim, pode ser até que você tem alguém que exerce uma função mais estratégica, que ele detenha muito esse conhecimento para ele, e ele não faça que esse conhecimento orbite com as outras pessoas ao seu redor, né? Mas eu não percebo muito isso, não, na instituição… Eu até me preocupo um pouco com essa questão da perda de continuidade, com isso, de repente, você pode perder até a qualidade das ações que são prestadas pela instituição. Eu não vejo muito isso, eu não consigo perceber muito isso, e se isso acontece, né? É, eu acho que acende uma luz vermelha aí, para que a gente possa discutir isso com mais profundidade com as pessoas que fazem parte desse grupo que estão no plano estratégico (G3, 2017).

Analisando o conteúdo das entrevistas, foi identificada a existência de

planejamento nas ações da gestão do Campus, constituindo um objeto norteador para

atenuar possíveis perdas de continuidade nos serviços quando substituído algum

gestor. Dos três entrevistados, os gestores G2 e G3 não acusaram existir essa perda

105

de continuidade nos serviços, sendo esse resultado fator de preocupação para o

último. Já o entrevistado G1 alegou que isso existe, mesmo sabendo que não era para

acontecer, uma vez que o fato de haver um planejamento pré-definido subsidia o novo

gestor dar continuidade às atividades sem prejuízo para a administração. Mesmo

assim, ele percebe que as interrupções acontecem no âmbito do Campus e, com essa

constatação, procura justificar essa falta da seguinte forma:

Às vezes o gestor que está assumindo, aí volta aquela perguntinha lá, ele não tenha sido capacitado para ser gestor e, às vezes, ele não sabe nada, ele cai de paraquedas no setor, aí o fato dele cair, acaba perdendo um pouco a continuidade… tem muitas pessoas que assumiram cargo de gestão, né? No âmbito do Campus, que não teve no início uma orientação, cursos realmente voltados para ser gestor… o fato de não ter continuidade em um ou outro setor, e aí talvez seja o sentimento aí, é o fato da pessoa assumir sem ter um conhecimento

prévio daquela realidade (G1, 2017).

Foi identificado, na entrevista com G1, um discurso em defesa de mais

treinamentos, voltados para a área de gestão, destinados àqueles pretensos a ocupar

cargo ou função gestores. Talvez essa necessidade institucional, exposta por ele,

possa buscar integração com o que foi dito a seguir por G3 quanto à rejeição da

maioria ao avaliar a assertiva Q17 (As lideranças do instituto estão diretamente

envolvidas e comprometidas com o processo de deflagração e implementação da

estratégia pelo uso de uma metodologia de medição e gestão de desempenho).

Ademais, confirmar que os resultados negativos, obtidos dessa assertiva, são

justificados; ele compreende que essa carência é histórica, sendo que, ao longo dos

últimos anos, as ações são tomadas para atenuar essa impressão.

Eu acho, com relação a esse ponto, a gente precisa melhorar um pouco mais, essa, essa mensuração desses elementos, às vezes, é igual na sala de aula, né? Você faz uma avaliação, e ela é como fosse o final de tudo, né? E você não tem o feedback de fazer uma análise mais aprofundada do que foi levantado para que você possa repensar as suas ações. Eu, nesse ponto, eu concordo! Nós precisamos melhorar essa eficiência de você está lidando com esses dados… nisso aí eu concordo, acho que há uma carência, que é histórica na verdade! Não é algo que é recente, eu acredito que melhorou um pouco isso (G3, 2017)

O gestor, ao perceber essa carência institucional, imprime preocupação em

aperfeiçoar mecanismos que favoreçam a organização para o alcance desse objetivo.

Mas, para conseguir tais resultados, fatores relacionados ao envolvimento de todos

106

precisam ser considerados, Fernandes (2013) evidencia a necessidade do

fortalecimento do lado intangível das organizações, para tanto, fatores relacionados à

competência dos trabalhadores, seus valores, suas crenças e como esses se

relacionam com os outros implicam, de forma positiva ou não, a formação do capital

intelectual da organização. Nesse sentido, efetivar o mapeamento dessas categorias

é algo propositivo para ser discutido no plano estratégico (FERNANDES, 2013).

A utilização de ações alinhadas à ambidestria organizacional pode propiciar

facilitadores que atenuem os obstáculos relacionados ao impedimento da

implementação de uma estratégia que favoreça a aderência de uma metodologia de

medição e gestão de desempenho no Campus. Estudos empíricos realizados por

Mom (2006) identificaram que as organizações mais conservadoras adotam um fluxo

contínuo na transmissão do conhecimento; o autor, ao questionar esses

procedimentos, sugere a utilização de influxos, capazes de abrandar as relações

interpessoais, podendo, com isso, tornar mais amigável o entendimento do avaliador

acerca do avaliado e vice-versa (MOM, 2006).

É provável que a fala de G3 encontre respaldo nas novas tendências da gestão;

atualizar o modelo das relações organizacionais tem relevância significativa para

diferenciação competitiva das empresas. Handy (1999) defende, em sua obra, “Além

do Capitalismo” uma substituição do modelo mecanicista na relação do homem com

a organização para um modelo que valorize o capital intelectual; ele exalta que um

dos mais preciosos ativos sobre o domínio das empresas é o conhecimento humano,

um recurso intangível de difícil mensuração e controle. O autor, ao visitar diversas

escolas em suas pesquisas de campo, entrevistando os empregados, inicialmente

perguntava as pessoas sobre a quantidade de trabalhadores existentes na

organização, tendo como resposta unânime a quantidade que excluía da contabilidade

os estudantes. O autor ressalva que essa visão excludente remete ao entendimento

de que o discente é, apenas, um produto para ser oferecido ao mercado (HANDY,

1999).

Tal visão pode ser somada aos questionamentos de alguns autores sobre a

forma desumanizada das organizações mais conservadoras nas relações de trabalho.

Ademais, identificar os Stakeholders, no ambiente organizacional, propicia uma

107

melhor democratização no processo decisório, permitindo que os agentes envolvidos

possam opinar sobre temas relevantes para o desenvolvimento coletivo, ou mesmo,

sinalizar para problemas do cotidiano, sejam eles causados por deficiência na

prestação dos serviços ou estrutura física. Assim, quando G3 demonstra preocupação

quanto à necessidade de um melhoramento no processo de medição e gestão de

desempenho, talvez, para que isso aconteça, de fato, alguns instrumentos de gestão

precisem ser modernizados. Neste sentido, utilizar como objeto norteador o

desenvolvimento sustentável seja a melhor escolha; para tanto o gestor pode contar

com o apoio dos princípios vinculados à sustentabilidade econômica, social e

ambiental (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2012).

108

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nestas considerações finais, evidencia-se o que mais chamou atenção ao

longo do trabalho, ou seja, os pontos alinhados com que foi perseguido no objeto da

pesquisa, seja verificando a percepção dos gestores e gestoras acerca da existência

exploração, explotação e ambidestria ao relacioná-los com princípios estratégicos,

seja coletando a impressão dos pesquisados sobre seu papel para uma gestão

estratégica no Campus, ou, ainda, identificando na gestão, pontos fracos e fortes

concernentes à transferência do conhecimento pautada na estratégia. Assim, foi

apresentado subsídio contributivo visando à melhoria da gestão acadêmica e

administrativa do IFRN Campus Natal-Central e de outras unidades ou organizações.

Tais considerações apresentadas, a seguir, são baseadas na sustentação teórica,

abordada ao longo do texto, nas evidências identificadas com a análise dos resultados

colhidos a partir da aplicação dos instrumentos da pesquisa (questionário e entrevista)

e no conhecimento tácito do autor.

É notório que o IFRN Campus Natal-Central surge como prestador de

relevantes serviços à sociedade norte-rio-grandense, além de ser uma referência no

ensino, pesquisa e extensão, servindo, de modelo, inclusive, para outros Institutos

Federais da rede. Em face desse reconhecimento, torna-se simplório analisar essa

organização, apenas, na perspectiva econômica, haja vista que ela não possui essa

finalidade. Nesse sentido, quando se procura identificar, na gestão, aspectos

relacionados à exploração, à explotação e à ambidestria, ou mesmo, quando são

relacionados esses aspectos com princípios que norteiam as organizações focadas

na estratégia, faz-se o ensaio comparativo visando incorporar novas práticas à gestão

estratégica das pessoas, ocupantes de cargos ou funções no âmbito do referido

Campus.

Resultados, presentes nos estudos realizados, demonstram uma gestão atenta

às questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável do Campus, seja através

de atividades de extensão e pesquisa voltadas à responsabilidade social e ambiental,

seja na aplicação de recursos para a criação e aperfeiçoamento do Suap, provendo

com ele, otimização nos processos administrativos e melhor controle dos ativos

existentes, mitigando repetições de trabalhos e potencializando eficiência no combate

109

ao desperdícios de recursos financeiros.

Ao relacionar esses resultados aos efeitos decorrentes da aplicação do

questionário e da entrevista, constataram-se, do ponto de vista estratégico, situações

favoráveis e outras pouco favoráveis, possibilitando, assim, comparar ações

praticadas na gestão do IFRN Campus Natal-Central a atividades relacionadas ao

BSC. Além disso, ao comparar as assertivas dos princípios ensejados por Kaplan e

Norton (2001) com a exploração e explotação, foi possível identificar ambidestria no

princípio que versa sobre traduzir a estratégia em termos operacionais (1º), haja vista

o equilíbrio e aprovação encontrados, apenas, nesse caso. Tais resultados previstos,

ao longo da análise e interpretação dos dados contemplaram o escopo da pesquisa

quanto ao propósito inicial do trabalho. A seguir, serão pontuados todos esses

elementos visando especificar, com mais clareza, os objetivos obtidos no âmbito da

pesquisa.

Nos últimos anos, o Campus Natal-Central apresentou-se de forma

protagonista quanto aos investimentos de recursos, destinados ao aperfeiçoamento

de práticas administrativas no âmbito do IFRN, seja através dos incentivos na área de

desenvolvimento de sistema informatizado (Suap), estruturação do parque

tecnológico e ativos de rede (datacenter), ou por meio do desenvolvimento de uma

estrutura administrativa complexa, capaz de atender às diversas demandas

institucionais.

Esses investimentos são reconhecidos pelos gestores no momento em que a

maioria deles aprovam as assertivas Q2 (69%), Q3 (74%) e Q7 (74%); todas versam

sobre o uso do Suap e as transformações ocasionadas por intervenção desse sistema

integrado de gestão. Tais resultados são vistos como algo positivo quando se pensa

em introduzir, na cultura organizacional, uma metodologia voltada à estratégia. Alguns

pesquisadores fazem menções, em suas obras, à relação imprescindível entre o ERP

e o BSC na construção dessa cultura. Dessa forma, ao investigar os investimentos e,

nesse caso, encontrar resultados que sinalizam a destinação de recursos para uma

das áreas essenciais, na formação estratégica da organização, possibilita imprimir que

a gestão do Campus está alinhada às novas tendências da administração do ponto

de vista tecnológico.

110

Ao proceder à leitura dos resultados acerca dos investimentos no treinamento

de pessoal para proporcionar um arranjo capaz de estar inserido dentro do domínio

das organizações com foco na estratégia, constatou-se, nas assertivas Q9 (41%) e

Q13 (44%), uma predominância negativa dos respondentes, tendo sido identificada,

apenas, em Q10 (64%), uma situação favorável sobre a associação feita entre

investimentos em capacitação e treinamentos para alcançar objetivos estratégicos.

As outras afirmações negadas (Q9 e Q13) fazem referência à existência de esforços

frequentes por parte da gestão do Campus visando difundir um costume na

organização com foco na estratégia e a frequência de reuniões gerenciais com intuito

em propagar essa cultura.

Os resultados insuficientes, presentes na organização estudada acerca do

referido tema, são reafirmados ao analisar o conteúdo da fala de G1 no tocante a

necessidade de treinamento específico para gestores. Provavelmente, esse seja o

maior desafio para a gestão do Campus, ou seja, adotar uma política de capacitação

efetiva para servidores propensos a assumir cargo de gestão. É possível inferir essa

conclusão devido haver identificado, na fala de todos os gestores entrevistados (G1,

G2 e G3) uma coerência em afirmar a existência semanal de reunião do grupo

estratégico com o tático (Colégio Gestor do IFRN Campus Natal-Central). Assim,

quanto à rejeição identificada em Q13, provavelmente ocorreu devido a uma

interpretação errônea por parte dos respondentes, ou seja, não chegar até eles de

forma efetiva as deliberações ocorridas no plano estratégico/tático, ocasionando,

assim, uma impressão negativa sobre o que foi afirmado na referida questão.

Tal argumentação encontra sustentação no que foi evidenciado e nos

resultados obtidos no princípio que versa sobre mobilizar a mudança por meio da

liderança executiva (5º); nesse, todas as afirmativas foram negadas, demonstrando

fragilidade quanto ao papel do líder estratégico na organização estudada. Nesse

sentido, é corroborada a ideia de empreender mais recursos, direcionados à melhoria

da atuação desses gestores no âmbito do IFRN Campus Natal-Central.

Ao cosntatar fragilidade quanto ao papel da liderança no Campus, é possível

afirmar que isso pode acarretar um desdobramento prejudicial ao processo de

mobilização para mudança de cultura na organização, inclusive no tocante à escuta

das demandas organizacionais, oriundas dos grupos mais próximos das atividades

111

fins, atenuando um canal de comunicação entre a gestão e os usuários, operadores e

outros interessados. Nesse sentido, romper barreiras desse tipo pode propiciar o

alinhamento da gestão com princípios estratégicos (2º princípio), possibilitando o

fortalecimento do capital intelectual, consequentemente, agregando maior valor ao

conhecimento organizacional.

Dessa forma, foi identificada, pelos resultados providos em Q5 uma situação

que inspira cuidado ao detectar fragilidade no canal de diálogo entre o grupo

Operacional e os demais, exigindo dos gestores táticos uma atenção especial na

transmissão das decisões estratégicas, tomadas pelo Colégio Gestor ao repassar

para as coordenações e secretarias.

Ao analisar todos os dados pertinentes ao capítulo anterior, foi possível

identificar atividades promissoras do ponto de vista estratégico e outras que que

podem ser consideradas ameaças para implementação de uma gestão estratégica

alinhada aos princípios norteadores do BSC. Nesse sentido, observa-se, inicialmente,

os pontos fracos, identificados no trabalho acerca dessas perspectivas; são eles:

deficiência no canal de comunicação entre o grupo Operacional e os grupos Tático e

Estratégico; número de painéis e indicadores aquém das expectativas; mobilizações

em virtude de a compreensão estratégica não ser percebida pela maioria dos

gestores; estrutura remuneratória não motiva o comprometimento daqueles em níveis

mais altos de gestão; baixo reconhecimento da existência de reuniões direcionadas

ao acompanhamento e avaliação da estratégia; reprovação de todas as assertivas

pertinentes ao princípio que alude mobilizar a mudança por meio da liderança

executiva (5º princípio).

Além dos pontos negativos encontrados na pesquisa, foram detectados pontos

positivos, capazes de alinhar algumas ações da organização à atividades com foco

na estratégia; são eles: aprovação de todas as assertivas pertinentes ao princípio que

alude traduzir a estratégia em termos operacionais (1º princípio); consolidação do

Suap como ferramenta transformadora e de boa utilidade para gestão estratégica;

atenção e respeito às características locais na instalação das unidades de trabalho;

existência de tecnologia da informação, capaz de suprir as demandas necessárias

para implementação do BSC.

112

Conforme visto na sustentação teórica do presente trabalho, as relações entre

estudos da estratégia e aqueles que permeiam ambidestria, no âmbito das

organizações, foram sendo construídos visando fortalecer a argumentação em torno

do que foi apresentado no capítulo anterior. Nesse sentido, ao analisar os resultados,

advindos da aplicação do questionário e a construção de dois grupos (figura 8),

exploração e explotação, dividindo, com isso, as assertivas pertinentes a cinco

princípios elencados por Kaplan e Norton (2001), foi possível criar relação entre uma

metodologia (BSC) e construto (exploração, exportação e ambidestria),

proporcionando, com isso, uma reflexão sobre a intervenção dessas ferramentas de

forma coligada ao propósito de gerar diferencial positivo na construção de uma gestão,

capaz de atender as demandas peculiares, ou mesmo, prover novas demandas

latentes.

As relações inferidas possibilitam comentários a respeito da ambidestria,

identificada no 1º princípio e da sua situação favorável à estratégia na organização.

Mentalizando, de forma simplificada, o entendimento sobre exploração, explotação e

ambidestria, colocando essas definições alinhadas aos princípios que tange às

organizações com foco na estratégia, é possível identificar a existência de sinergia

entre esses elementos. Outro ponto importante a ser considerado quanto a essas

relações, faz referência aos percentuais significativos de correlação positiva,

identificados entre as assertivas desses princípios, enfatizando uma aderência maior

entre os resultados.

Não somente foram elencadas relações em que as assertivas foram ratificadas,

casos em que as afirmações foram negadas, também passaram por essa reflexão;

um exemplo disso é representado na análise da assertiva Q5. Nessa situação, foi

constatada uma deficiência dos grupos mais estratégicos em escutar os seus

subordinados; essa assertiva foi relacionada com “refinamento” (explotação), haja

vista a capacidade de ela proporcionar uma retroalimentação de informação, servindo,

assim, de sensor importante na construção do conhecimento organizacional. Portanto,

em virtude do que foi exposto, é possível perceber que as relações induzidas têm mais

afinidades do que o contrário, sendo cabíveis estudos mais aprofundados pertinentes

a essa temática.

Com base nessa perspectiva e, principalmente, compreendendo as limitações

deste trabalho, é possível incentivar outros pesquisadores a tecer uma agenda que

113

priorize estudos quantitativos ou qualitativos para relacionar o grau de influência entre

os construtos exploração, explotação e ambidestria com metodologias relacionadas

ao BSC para potencializar a gestão estratégica de pessoas. Assim, é de grande valia

para a ciência essas experimentações empíricas na construção do saber acadêmico,

principalmente, quando se constata que tal assunto ainda é incipiente no meio

científico, principalmente quando se procura detectar o grau de influência dessa

sinergia para construção do saber humano e o fortalecimento do patrimônio imaterial

nas organizações públicas, haja vista que boa parte dos referidos estudos utilizam em

seus experimentos empresas privadas.

Por fim, os estudos efetivados no IFRN Campus Natal-Central identificam, em

determinado princípio (1º), uma situação de simultaneidade entre as suas quatro

assertivas, sendo duas alinhadas à exploração, e duas a explotação, mas esse foi um

caso isolado, nos outros quatro princípios, isso não ocorreu; sendo assim, não foi

possível identificar a instituição como ambidestra dentro da perspectiva estudada, haja

vista que, para tanto, outros fatores teriam de ser contemplados minimamente. Ao

relacionar o construto pertinente à ambidestria organizacional aos princípios

direcionados a ações de empresas com foco na estratégia, constatou-se o seguinte:

no que concerne ao uso de ferramentas tecnológicas, para traduzir a estratégica em

termos operacionais, os resultados sinalizam para impactos favoráveis, mas quando

se pontua o papel da liderança no processo de mobilização, os dados revelam

pessimismo quanto aos seus impactos, sendo esse último dito como um sinal de alerta

para que os gestores do Campus possam dar atenção necessária à sua correção.

114

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118

APÊNDICES

119

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO FECHADO

120

121

122

123

APÊNDICE B - ROTEIRO PARA ENTREVISTA CENTRADA NO PROBLEMA

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO - MPA

PESQUISA DE CAMPO – ÁREA OPERACIONAL

ORIENTADOR: PROF. MANOEL PEREIRA DA ROCHA NETO, DR.

MESTRANDO: FERNANDO LUÍS DIAS VARELLA

FOCO NA ESTRATÉGIA E AÇÕES DE EXPLORAÇÃO, EXPLOTAÇÃO E

AMBIDESTRIA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO PÚBLICO FEDERAL

Após as análises referentes aos dados coletados, através da aplicação do

questionário, algumas indagações emergiram naturalmente como formar de tentar

compreender o objeto estudado, na expectativa de preencher essas lacunas, faz-se o

uso de uma entrevista centrada no problema.

Para tanto, será utilizado um guia com perguntas previamente elaboradas e

delimitadas pelos questionamentos emergentes. As perguntas foram direcionadas aos

três grupos de gestão (Estratégico, Tático e Operacional), cabendo a um

representante de cada grupo, responder o roteiro das perguntas que foi determinado

para a referida entrevista. Por motivo de preservação do sigilo quanto a identidade

dos entrevistados, será definido aleatoriamente a identificação desses gestores como

G1, G2 e G3.

1) Uso da tecnologia e seu aproveitamento (1º questionamento)

Ao analisar as repostas inerentes ao 1º princípio, foi possível identificar uma

tendência em reconhecer de forma positiva os meios tecnológicos existentes no IFRN

Campus Natal-Central, no qual esses subsidiam através dos seus recursos uma

melhor circulação das informações inerentes ao processo estratégico da instituição,

em contraponto a essa benesse, temos na assertiva Q5 (2º princípio) uma opinião da

maioria a qual não concorda com a afirmativa de que as informações passadas pelos

124

(a) coordenadores (a) interferem na decisão dos (a) diretores (a) do IFRN Campus

Natal-Central (Q5 – aprovação de 43%). Mediante a essas informações, sobre a

tomada de decisão estratégica, os gestores do IFRN levam em consideração os

canais de comunicação existente e a opinião dos seus subordinados?

2) Periodicidade das reuniões gerenciais e face ao fortalecimento da revisão

anual dos indicadores (2º questionamento)

Um outro ponto intrigante chamou atenção ao percorrer o 4º princípio (converter

a estratégia em processo contínuo), nele foi identificado, ao analisar as assertivas Q13

e Q14, duas situações antagônicas, ou seja, a primeira assertiva identifica uma

negação da maioria dos respondentes (43% de aprovação) ao serem provocados

quanto a periodicidade das reuniões gerenciais de acompanhamento e avaliação da

estratégia e, ao contrário disso, foi identificado na assertiva Q14 uma aprovação por

61% dos respondentes quanto a afirmativa de que no instituto existe uma revisão

anual dos indicadores, ajustando-os às novas necessidades da estratégia. Essas duas

situações inferem para as seguintes indagações: em sua opinião, existe periodicidade

nas reuniões da gestão no IFRN Campus Natal-Central? Elas englobam todos os

níveis de gestão (Estratégico, Tático e Operacional)? Qual serial a melhor frequência

para o acontecimento desses encontros?

3) Continuidade e comprometimento dos serviços de gestão (3º

questionamento)

O último princípio versa sobre “mobilizar a mudança por meio da liderança

executiva”, nele foi identificado ao coletar os dados referente a assertiva Q18 uma

negação ao se afirmar sobre: a metodologia de medição e gestão de desempenho

não sofre nenhum tipo de perda ou descontinuidade com a mudança de pessoas

nos níveis gerenciais e na alta direção (43% de aprovação). Além disso, foi

verificado na assertiva Q17 a mesma negação ao afirmar sobre o envolvimento das

lideranças do no processo de deflagração e implementação da estratégia (48% de

aprovação). Em fronte a esses resultados negativos, perfaço a seguinte indagação:

em sua opinião, existe justificativa para a recusa dessas afirmativas por parte da

maioria dos respondentes?