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UNIVERSIDADE POTIGUAR UnP PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ANNAMARIA BARBOSA DO NASCIMENTO NÓBREGA COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO NUTRICIONISTA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO TERCEIRIZADAS EM NATAL - RN NATAL 2011

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

ANNAMARIA BARBOSA DO NASCIMENTO NÓBREGA

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO NUTRICIONISTA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO TERCEIRIZADAS

EM NATAL - RN

NATAL 2011

1

ANNAMARIA BARBOSA DO NASCIMENTO NÓBREGA

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO NUTRICIONISTA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO TERCEIRIZADAS EM NATAL - RN

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Administração da Universidade Potiguar,

como requisito parcial para obtenção de título

de Mestre na área de Concentração Gestão

Estratégica de Pessoas

ORIENTADORA: Profª Fernanda Fernandes

Gurgel, Drª.

Co-orientadora: Profª Lydia Maria Pinto

Brito, Drª.

NATAL

2011

2

N754c Nóbrega, Annamaria Barbosa do Nascimento.

Competências gerenciais do nutricionista em unidades de alimentação e nutrição terceirizadas em Natal-RN / Annamaria Barbosa do Nascimento Nóbrega. – Natal, 2011. 155f. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

Bibliografia. f. 139-147.

1. Administração – Dissertação. 2. Competências

gerenciais. 3.Serviços de alimentação e nutrição. I. Título.

RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3)

3

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DA DISSERTAÇÃO

DO MESTRADO DE:

ANNAMARIA BARBOSA DO NASCIMENTO NÓBREGA

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS DO NUTRICIONISTA EM UNIDADES DE

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO TERCEIRIZADAS EM NATAL – RN

A comissão examinadora, composta pelas professoras abaixo listadas, sob a

presidência da primeira, considera a candidata Annamaria Barbosa do

Nascimento Nóbrega Aprovada.

Natal, 07/12/2011

_____________________________________ Profª Fernanda Fernandes Gurgel, Drª.

Universidade Potiguar - UnP Orientadora

_____________________________________ Lydia Maria Pinto Brito, Drª

Universidade Potiguar – UnP Co-orientador

_____________________________________ Profª Patrícia Whebber Souza de Oliveira, Drª.

Universidade Potiguar – UnP Examinador Interno

_____________________________________ Prof. José Arimatés de Oliveira, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Examinador Externo

4

Dedico este trabalho ao meu esposo Christian Nóbrega e às minhas

filhas Nathalia Ávila e Mariana Ávila, pelo amor, compreensão, apoio e

incentivo para que eu pudesse concretizar este trabalho e alcançar meus

objetivos pessoais e profissionais.

À minha amada mãe Vera Maria, pelo amor, luta, torcida, orações,

conselhos e exemplos que foram os grandes alicerces para tudo o que me

tornei.

5

AGRADECIMENTOS

A DEUS,

Pela magia da vida, pela presença constante em todos os momentos

de minha vida, me trazendo força e fé nos momentos em que achei que iria

fraquejar.

AO MEU AMADO ESPOSO CHRISTIAN,

Pelos muitos anos de convivência, com amor e companheirismo,

estando sempre ao meu lado, acreditando e me dando todas as condições

possíveis para que eu pudesse enfrentar todos os desafios das nossas vidas.

ÀS MINHAS FILHAS NATHALIA E MARIANA

Pela oportunidade de exercer o papel de mãe, mesmo que muitas vezes

ausente. Mas o grande amor que nos une, permitiu a compreensão e a

aceitação de minhas ausências

À MINHA MÃE VERA,

Pelo amor incondicional, que não mediu esforços para me proporcionar

uma formação adequada, o que permitiu que eu pudesse alcançar meus

sonhos e metas.

AOS MEUS IRMÃOS ÁLVARO ALBERTO E ANDRÉ LUIZ,

Eu não poderia ter pessoas melhores neste mundo para ter como

irmãos...

AOS AMIGOS,

Os de longe e os de perto. Os de ontem, hoje e os de sempre. Pelo

apoio, torcida, incentivo, companhia, risadas e momentos de alegrias que

fizeram com que todo o caminho fosse menos duro de ser percorrido.

6

À UNIVERSIDADE POTIGUAR,

Pela oportunidade que me foi dada em poder realizar o Mestrado

Profissional em Administração.

A TODOS QUE FAZEM O CURSO DE GASTRONOMIA DA

UNIVERSIDADE POTIGUAR

Pelo apoio dado e incentivo na realização deste trabalho, em especial

aos amigos PRISCILA VANINI, JUSSELE LOURENÇO, MILDRED

NEGREIROS, GABRIEL CAMILO E CACAU WANDERLEY, pelo carinho e

cooperação sempre presentes.

AO DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO GRANDE DO NORTE

Pelo apoio à realização deste mestrado, em especial aos amigos

INGRID BEZERRA, FÁBIO RESENDE, KARLA SUZANE, LARISSA SEABRA,

GIDYENNE BANDEIRA e PRISCILA ROLIM, pelo incentivo, torcida e amizade.

AOS PROFESSORES DO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE POTIGUAR

Pela grande contribuição no processo de construção do conhecimento.

À PROFESSORA FERNANDA FERNANDES GURGEL

Por acreditar em minha capacidade, estimulando-me a pensar e

orientando-me de forma que pudesse concluir este trabalho.

À PROFESSORA LYDIA MARIA PINTO BRITO,

Pela imensa contribuição na construção de todo o referencial deste

trabalho, além do grande exemplo de pessoa e profissional.

À PROFESSORA TEREZA DE SOUZA,

Pela compreensão e cooperação em todo tempo, ajudando-me a

superar todas as dificuldades no cumprimento das atividades do mestrado.

7

AOS COLEGAS NUTRICIONISTAS

Objeto desta pesquisa, pela cooperação em atender às minhas

solicitações para a realização deste trabalho.

A TODOS,

Que puderam contribuir direta ou indiretamente na realização deste

trabalho e que não estão nominalmente citados, mas que certamente foram

imprescindíveis para o sucesso desta pesquisa.

8

Se o dinheiro for a sua esperança de

independência, você jamais a terá. A única

segurança verdadeira consiste numa reserva de

sabedoria, de experiência e de competência.

(Henry Ford)

9

RESUMO

Reconhecendo a importância das competências gerenciais dentro das organizações a fim de se conseguir um posicionamento estratégico do mercado competitivo, o gerente tem o desafio de possuir a capacidade de explorar estas competências e comportamentos específicos aos vários papéis gerenciais de modo a garantir a excelência para enfrentar os desafios do mundo dos negócios. A pesquisa teve como objetivo principal avaliar a percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição Terceirizadas a respeito de suas competências gerenciais diante do modelo de Quinn et al. (2003). Para isto, foi caracterizado o profissional, assim como sua atividade gerencial dentro destes serviços, e também identificadas suas as percepções a respeito das competências gerenciais requeridas pela empresa e as efetivas em seu trabalho enquanto gestor. A pesquisa realizada foi de campo, descritiva, na qual se entrevistou, através de questionário semi-estruturado, 12 nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação Terceirizada. Os nutricionistas estudados têm como características predominantes ser do sexo feminino, idade até 35 anos, com pouco tempo de graduação e de atuação profissional, tendo remuneração próxima do mínimo estipulado para o profissional nutricionista. Os pesquisados atribuíram à prática profissional a capacidade de atuação como gestor. A maioria das empresas de alimentação coletiva apresenta estrutura de apoio à atividade gerencial, e a metade dos profissionais teve capacitação por parte da empresa. Na percepção das nutricionistas, as empresas requisitam um profissional voltado para a gestão das mudanças organizacionais, requerendo o desenvolvimento dos papéis gerenciais em plenitude de igualdade para o bom desempenho da organização. E em relação às competências efetivas do gestor, este desenvolve suas atividades voltadas ao desenvolvimento de um ambiente de trabalho produtivo, tendo o foco de seu trabalho para resultados. A percepção do profissional é que a empresa requer as competências em um nível superior aos que os profissionais apresentam, indicando a necessidade de uma melhor formação profissional e também a realização de capacitação por parte da empresa, para que se possa desempenhar a atividade gerencial de forma satisfatória.

Palavras-chave: Competência, Competências Gerenciais, Serviços de Alimentação e Nutrição, Papéis Gerenciais

10

ABSTRACT

Recognizing the importance of the managerial competences within organizations in order to achieve a strategic positioning on the competitive market scenario, the manager faces the challenges to be able to explore his competences and to have the specifics behaviors to ensure the excellence to face the challenges of the business world. The research prime aimed to evaluate the perceptions of the managers nutritionists of the outsourced units of food and nutrition about your management competences using the Quinn´s model (2003). For this, were characterized the professional, as well as it management activities within these services, and also identified their perceptions about the management competences required by companies and their effectives managerial competences in their field as a manager. The research was a field, descriptive, in which were interviewed, through a semi- structured questionnaire, twelve nutritionists that are managers of the outsourced units of food and nutrition. The main characteristic of the interviewed professionals was be females, with age under 35 years old, also they were recently graduated and has lower remuneration levels compared with the minimum for a senior nutritionist. The surveyed nutritionists have attributed to professional practice the ability to work as a manager. Most food service companies present a well structured support for the management activity and half of the interviewed professionals were trained by the companies. In the perception of nutritionists, companies have requested a professional able to manage the organizational changes, requiring the development of the managerial competences in plenitude of equality for the good performance of the company. And in relation to the effective competences of the manager, he develops his activities to improving the productive work environment, with the focus of his work results-oriented. The professional´s perception is that the companies require competences in a higher level than the nutritionists have, indicating the necessity of a better professional education and also trained actions by the company, for a satisfactory performance of the managerial activities.

Key-words: Competences, Managerial Competences, Food and Nutrition Services, Managerial Roles.

11

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE TABELAS

ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 18

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO.............................................................................. 19

1.2 PROBLEMA / QUESTÕES DA PESQUISA ............................................... 20

1.3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 22

1.4 OBJETIVOS ............................................................................................... 25

1.4.1 Objetivo Geral ........................................................................................ 25

1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 26

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................. 26

2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 28

2.1 O TRABALHO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA NAS UNIDADES DE

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO ......................................................................... 28

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO: AS MUDANÇAS NAS

ORGANIZAÇÕES ............................................................................................ 35

2.3 COMPETÊNCIAS ...................................................................................... 43

2.3.1 Origem .................................................................................................... 43

2.3.2 Definição e Evolução dos conceitos .................................................... 45

2.3.3 Tipologias das competências ............................................................... 49

2.4 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS ............................................................... 58

2.4.1 Gerência ................................................................................................. 58

2.4.2 Definições e Modelos de Competências Gerenciais .......................... 62

2.4.3 Competências gerenciais segundo o Modelo de Quinn et al. (2003) 70

12

3 METODOLOGIA .......................................................................................... 79

3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................. 79

3.2 UNIDADES DE ANÁLISES / SUJEITOS DA PESQUISA .......................... 79

3.3 CARACTERÍSTICA DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO ESTUDADAS. 81

3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA / PLANO DE COLETA DE DADOS ....... 81

3.5 TRATAMENTO DOS RESULTADOS ........................................................ 83

3.5.1 Tratamento Estatístico .......................................................................... 83

3.5.2.1 Ferramenta ........................................................................................... 84

3.5.2.2 Teste t .................................................................................................. 84

3.5.2.3 P – valor ............................................................................................... 84

3.5.2.4 Análise Gráfica ..................................................................................... 85

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................ 86

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO NUTRICIONISTA GESTOR DE UNIDADES DE

ALIMENTAÇÃO TERCEIRIZADA .................................................................... 86

4.2 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DO NUTRICIONISTA A RESPEITO DAS

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS .................................................................... 105

4.2.2 Competências Gerenciais Requeridas pelas Empresas de

Alimentação Coletiva ................................................................................... 108

4.2.3 O Nutricionista e a Percepção de suas Competências Gerenciais . 117

4.2.4 Papéis Gerenciais Requeridos x Papéis Gerenciais Efetivos ......... 126

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 135

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 139

APÊNDICES .................................................................................................. 148

13

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - A Mobilização Profissional ................................................... 53

Figura 02 - Dez papéis que os Gerentes desempenham segundo Mintzberg .............................................................................

64

Figura 03 - Habilidades gerenciais em função do nível hierárquico do gerente de acordo com Robert Katz ....................................

69

Figura 04 - Quadro de valores competitivos: critérios de eficácia .......... 71

Figura 05 - As competências e papéis dos líderes no quadro de valores competitivos ............................................................

73

14

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Representação em barras das médias das habilidades requeridas e efetivas ..........................................................

106

Gráfico 02 - Histograma com representação da expectativa curva da distribuição normal para os dados dos papéis requerido e efetivo ..................................................................................

107

Gráfico 03 - Papéis das competências gerenciais requeridos, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN.................................

112

Gráfico 04 - Box-plot representando a variabilidade entre os papéis das competências requerida pela empresa.................................

113

Gráfico 05 - Papéis das competências gerenciais requeridos, diante dos valores competitivos de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN ..........

116

Gráfico 06 - Papéis das competências gerenciais efetivos, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN...................................

120

Gráfico 07 - Box-plot representando a variabilidade entre os papéis das competências efetivas do gestor. ........................................

121

Gráfico 08 - Papéis das competências gerenciais efetivas, diante dos Valores competitivos de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN...................................

125

Gráfico 09 - Box-plot representando a variabilidade entre as competências requeridas e efetivas.....................................

129

Gráfico 10 - Análise comparativa entre as competências requeridas e competências efetivas do nutricionista gestor de unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN .........

130

Gráfico 11 - Análise comparativa dos papéis requeridos pela empresa e efetivo, diante do quadro de valores competitivos de Quinn et al. (2003) ...............................................................

132

15

LISTA DE QUADROS

Quadro 01- A economia em transformação ............................................

38

Quadro 02 - Conceitos de Competências ................................................ 47

Quadro 03 - Proposta de definição de competência ................................ 52

Quadro 04 - Classificando os gerentes .................................................... 61

Quadro 05 - O gerente em transformação ............................................... 63

Quadro 06 - Competências Centrais e Elementos Específicos ............... 67

Quadro 07 - Indicadores de Competências Gerenciais ........................... 68

Quadro 08 - Características dos quatro modelos gerenciais.................... 70

Quadro 09 - Perfis gerenciais eficazes e Perfis gerenciais ineficazes ..... 77

Quadro 10 - Competências gerenciais e Papéis dos líderes segundo

Quinn et al. (2003) ...............................................................

82

16

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Número de Unidades de Alimentação e Nutrição em Natal – RN .....................................................................................

80

Tabela 02 - Mapeamento de empresas de alimentação coletiva para aplicação da pesquisa .........................................................

80

Tabela 03 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao sexo. ....................................................

86

Tabela 04 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à faixa etária .............................................

88

Tabela 05 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao tempo de graduação ...........................

89

Tabela 06 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à formação ...............................................

90

Tabela 07 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao tempo de atuação na área de alimentação coletiva ............................................................

92

Tabela 08 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao tempo de atuação em outra área da Nutrição. ...............................................................................

93

Tabela 09 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à ocupação do cargo de gestor em outra empresa ...............................................................................

94

Tabela 10 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao salário recebido ...................................

95

17

Tabela 11 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à atribuição do desenvolvimento da capacidade de gerenciar uma Unidade de Alimentação e Nutrição ................................................................................

97

Tabela 12 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao tempo de atividade na empresa ..........

100

Tabela 13 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao tempo que ocupa o cargo de gestor ....

101

Tabela 14 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à existência de uma estrutura de apoio gerencial ..............................................................................

102

Tabela 15 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à existência de capacitação para o exercício do cargo ................................................................

103

Tabela 16 - Competências gerenciais requeridas e efetivas, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção do nutricionista gestor de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal ............................................

105

Tabela17 - Teste t para verificação da diferença entre as médias dos papéis de acordo com as competências requeridas pela empresa ...............................................................................

111

Tabela 18 - Teste t para verificação da diferença entre as médias dos papéis de acordo com as competências efetivas do gestor....................................................................................

119

Tabela 19 - Papéis gerenciais requeridos e efetivos, segundo a percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN ..............

127

Tabela 20 - Teste t para verificação da diferença entre as médias das competências requeridas e efetivas em relação às competências estudadas .....................................................

128

18

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERC – Associação Brasileira das Empresas de Refeição Coletiva

CFN – Conselho Federal de Nutricionistas

CRN – Conselho Regional de Nutricionistas

FNN - Federação Nacional dos Nutricionistas

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador

PME - Pequenas e médias empresas

R$ - Real

SRCH - Sistema de remuneração e carreiras por habilidades

UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição

18

1 INTRODUÇÃO

Diversas mudanças ocorreram na economia e no mercado mundial

impactando de forma significativa na maneira das organizações estruturarem

seus modos de gestão para que possam sobreviver no segmento econômico

no qual estão atuando. Diante deste cenário, a mudança passou a ser assunto

dominante nas organizações, de modo que as instituições lutam para

sobreviver num ambiente cada vez mais inconstante, onde prevalece uma

flexibilidade das relações comerciais.

Observa-se, portanto, dentro das organizações, mudanças de

estratégias e redefinições de estruturas no qual são priorizados os processos

que envolvem a valorização do conhecimento em detrimento ao trabalho

braçal, que assumiu um papel secundário neste novo modelo de economia,

estando hoje a administração menos preocupada com a estrutura de comando

e controle, sendo evidente a necessidade de se ter profissionais com

competências que possam acompanhar as transformações que perpassam o

mundo dos negócios.

O trabalho não se configura mais apenas como o conjunto de tarefas

associadas descritivamente ao cargo, mas torna-se o prolongamento direto da

competência que o indivíduo mobiliza em face de uma situação profissional

cada vez mais mutável e complexa (FLEURY e FLEURY, 2001).

O setor de Alimentação Coletiva vem se tornando um mercado

representativo na economia mundial, tendo o ritmo de vida moderno

contribuído significativamente para este crescimento (MATOS, 2000), de forma

que a cada dia este mercado vem se expandindo no Brasil e no mundo.

Dentro da dinâmica das Unidades de Alimentação no mercado atual,

Abreu et al. (2009) destacam que o mercado encontra-se cada vez mais

competitivo, pois de um lado, têm-se clientes mais exigentes e sofisticados, e

de outro, concorrentes mais agressivos e preparados. A combinação desses

fatores passou a conduzir a atual dinâmica organizacional voltada para o

aperfeiçoamento contínuo de produtos e serviços.

19

Ruas (2003) destaca que empresas do ramo alimentício deverão ter

como competências organizacionais operações logísticas de forma a obter o

menor custo, e melhor atendimento e maior flexibilidade, além de oferecer

relacionamento e valor agregado aos clientes, através da orientação para os

serviços.

Assim, os profissionais devem não somente saber executar o que é

prescrito, mas ir além da tarefa, agindo com competência nas situações de

imprevisto, sendo destacada a necessidade de uma instrumentalização em

saberes e capacidades, e o desenvolvimento das competências gerenciais

dentro das organizações determinará um novo posicionamento estratégico no

mercado, uma vez que o gestor será capaz de executar as ações em um nível

de habilidade que seja suficiente para alcançar o sucesso desejado.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O mundo atual vive um momento de grande transição que se reflete na

busca incessante pelo incremento da competitividade e sucesso

organizacional, que segundo Wagner III (2000, p. 5), “baseia-se na habilidade

de produzir algum produto ou serviço tido como valioso por algum grupo de

consumidores, e fazer isso de tal modo que ninguém consiga imitá-lo”, tal

necessidade reflete diretamente no comportamento das organizações em

busca da qualidade, sendo este quesito essencial para a sobrevivência no

mundo dos negócios, levando as empresas a constantemente mudarem suas

estratégias, redefinirem seus mercados e repensarem suas estruturas.

Diversas mutações foram sofridas pelo meio ambiente organizacional

no qual o trabalho deixou de ser focado em meios e estruturas formalizadas e

que hoje se têm, de acordo com Robbins (2000), o trabalho projetado em torno

da aquisição e da aplicação das informações.

Segundo Fischer (2002) in Fleury (2002), toda e qualquer organização

depende, em maior ou menor grau, do desempenho dos seres humanos para

seu sucesso, de modo que as pessoas representam um ativo importante para a

20

organização e o desenvolvimento de suas competências pode representar um

importante diferencial competitivo (PRATA, 2008).

O termo competência possui várias definições, a maioria voltada para a

concepção da soma de conhecimentos e habilidades, ou na capacidade de um

indivíduo para resolver problemas, através da realização de atos definidos,

sendo utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar algum tipo

de atividade, e passou a fazer parte das em discussões acadêmicas e

empresariais, sendo associadas a diversos níveis de aplicação, pessoal e

organizacional (FLEURY & FLEURY, 2001), tal concepção evidencia as

diversas dimensões do conceito de competências, reforçando a idéia de que os

recursos internos da empresa constituem um dos principais fatores de

competição (PRATA, 2008).

Quanto à atividade gerencial, de acordo com Boog (2004), está

relacionada ao papel de tem a responsabilidade de atingir resultados com

pessoas e inovação, estando o sucesso organizacional na sua dependência.

Quinn et al. (2003) colocam para o gerente a necessidade de possuir a

capacidade de explorar e utilizar competências e comportamentos específicos

e intrínsecos a vários papéis gerenciais, de modo a garantir a excelência das

competências necessárias para enfrentar os desafios do mundo dos negócios,

e Prata (2008) ressalta que as competências e a atuação efetiva das gerências

são fundamentais para garantir a manutenção e o crescimento da organização

no mercado atual, no qual o alto nível de competição requer que as empresas

sejam coesas, ágeis e competitivas.

Desta forma, a partir do entendimento das exigências do mercado e

dos desafios que são impostos às atividades gerenciais, este estudo buscou

analisar as competências gerenciais dos nutricionistas gestores de Unidades

de Alimentação terceirizadas em Natal/RN, considerando a realidade deste

mercado naturalmente competitivo.

1.2 PROBLEMA / QUESTÕES DA PESQUISA

21

As Unidades de Alimentação e Nutrição, de acordo com Teixeira et al.

(2004), são órgãos de estrutura administrativa simples, porém de

funcionamento complexo, visto que, em geral, neles são desenvolvidas

atividades que se enquadram nas funções técnicas, administrativas,

comerciais, financeira, contábil e de segurança, funções estas imprescindíveis

a qualquer empresa, independente de seu tamanho ou personalidade jurídica.

Dentro deste contexto, o Conselho Federal de Nutricionista através da

Resolução nº 380/2005, ao definir as atribuições do Nutricionista por área de

atuação (CFN, 2005) descreve que é de competência do Nutricionista na área

de Alimentação Coletiva, no exercício de suas atribuições em Unidades de

Alimentação e Nutrição, planejar, organizar, dirigir, supervisionar e avaliar os

serviços de alimentação e nutrição.

Mezomo (2002) destaca o desenvolvimento destas atividades como

sendo relacionadas às Funções Administrativas descritas por Fayol, e que nas

Unidades de Alimentação também são vistas as funções técnicas, comercial,

contábil, financeira e de segurança, como descrito no estudo dos processos

administrativos.

Entretanto, sabe-se que os papéis gerenciais e as suas competências

relacionadas vão muito mais além do desempenho das funções do processo

administrativo, sendo os gerentes os agentes ou protagonistas deste processo.

Os diversos estudos a respeito das competências levam a relacioná-los

aos aspectos de desenvolvimento de conceitos, habilidades e atitudes;

capacitação; práticas de trabalho, capacidade de mobilizar recursos;

articulação de recursos; busca de melhores desempenhos; questionamento

constante; processos de aprendizagem individual; e relacionamento com as

outras pessoas (BITENCOURT, 2005).

Em se tratando de cargos gerenciais, estes exercem um papel de

responsabilidade quanto ao sucesso organizacional, uma vez que são os

articuladores das pessoas e resultados, atuando como canal de comunicação

mediante a coordenação das atividades de suas unidades com as demais

unidades de uma organização.

Uma das áreas onde a atuação do nutricionista brasileiro tem sido

frequentemente requerida é a de produção de refeições para atendimento ao

22

trabalhador da indústria, do comércio e do setor de serviços (BOOG et al.,

1988).

Esta realidade retrata a nova configuração do mercado de trabalho do

nutricionista, que de acordo com Ansaloni (1999), este se converteu de

profissional liberal, focado na área da saúde, para profissional organizacional,

necessitando de conhecimentos específicos da área de gestão, necessitando

de possuir uma série de competências tanto do ponto de vista pessoal como do

ponto de vista empresarial.

No presente trabalho a questão a ser investigada é: Qual a percepção

sobre as competências gerenciais, requeridas e efetivas, dos nutricionistas

gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição que possuem a terceirização

como modalidade de administração?

Diante dessa problemática, algumas questões são necessárias serem

investigadas para a compreensão do papel do nutricionista enquanto gestor de

uma Unidade de Alimentação e Nutrição que tem como modo de administração

da terceirização:

- Qual a percepção do nutricionista a respeito das suas competências

gerenciais?

- Qual a percepção do nutricionista a respeito das expectativas da

empresa em relação às suas competências gerenciais?

- Qual a relação entre as competências percebidas pelos sujeitos e os

papéis dos líderes a partir do modelo de Quinn et al. (2003) ?

1.3 JUSTIFICATIVA

As transformações no mundo contemporâneo provocaram mudanças

significativas em vários aspectos da vida humana, que podem também ser

percebidas na alimentação e nos hábitos alimentares das pessoas.

Fatores como a industrialização, a profissionalização das mulheres, a

elevação do nível de vida e de educação, o acesso mais amplo da população

ao lazer, a redução do tempo para o preparo e/ou consumo dos alimentos, o

23

aumento no número de viagens, fizeram com que as pessoas passassem a

usufruir cada vez menos do universo doméstico, podendo relacionar isto ao

aumento do mercado da alimentação fora de casa (AKUTSU et al., 2005).

Na segunda metade do século XX, a sociedade brasileira passou por

intenso processo de transformação devido ao desenvolvimento industrial.

Dentre as mudanças, destacam-se os novos hábitos sociais e a mudança no

padrão de consumo alimentar (SAVIO, 2002).

O desenvolvimento do hábito de "comer fora" pode ser analisado a

partir de duas perspectivas: a primeira enfoca o "comer fora" como atividade

social; a segunda, como uma necessidade imposta pelo modelo de força de

trabalho em que a mulher passou a ter papel relevante (AKUTSU et al., 2005).

A refeição fora de casa deixou de ser uma opção de lazer e passou a

ser uma questão de necessidade. É uma tendência inserida dentro do que se

pode chamar de terceirização dos serviços familiares, o que impacta

fortemente na geração de demanda pelos serviços de alimentação

(REBELATO, 1997).

A preferência atual dos consumidores por refeições mais convenientes

influenciou o mercado da alimentação coletiva, de modo que no Brasil, estima-

se que, de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa, na Europa duas em

cada seis e, nos EUA, uma em cada duas. Esses números indicam que ainda

pode haver um grande aumento e desenvolvimento dos estabelecimentos que

produzem alimentos para consumo imediato no país (ZANDONADI et al.,

2007).

Segundo dados da Associação Brasileira de Refeições Coletivas

(ABERC), o segmento de refeições coletivas, no qual as prestadoras de

serviços estão inseridas, serviu em 2007 cerca de 7,5 milhões de refeições/dia,

e em 3 anos apresentou um incremento de 25,3% neste número, servindo em

2010, 9,4 milhões de refeições diariamente. Estes números revelam claramente

a força desse mercado, no qual se calcula para 2011 um aumento de 11,7%

em relação ao ano anterior, podendo chegar a valores superiores de 10,5

milhões de refeições /dia, reafirmando ser este um segmento de mercado com

grande potencial de expansão (ABERC, 2011).

Diante deste cenário, visando atender à demanda do mercado de

Alimentação Coletiva, têm-se as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN)

24

que de acordo com o CFN (2005), é definida como “unidade gerencial do

serviço de nutrição e dietética onde são desenvolvidas todas as atividades

técnico-administrativas necessárias para a produção de alimentos e refeições,

até a sua distribuição para coletividades sadias e enfermas, além da atenção

nutricional a pacientes na internação e em ambulatórios”.

Assim, Ribeiro (2002) descreve a UAN como um conjunto de áreas

com o objetivo de operacionalizar o provimento nutricional de coletividades,

ocorrendo dentro destas todos os processos administrativos, operacionais e de

controle, tal como uma unidade fabril ou indústria clássica, e que, segundo

Teixeira et al., (2004), pode ser considerado um subsistema que é responsável

por atividades fins ou meios.

Alves (2005) destaca que as atividades do Setor de Alimentação

Coletiva têm evoluído consideravelmente e que atualmente apresenta grande

crescimento e uma competitividade expressiva, e com este crescimento do

mercado de alimentação, torna-se imprescindível criar um diferencial

competitivo nas empresas por meio da melhoria da qualidade dos produtos e

serviços oferecidos, para que esse diferencial determine quais permanecerão

no mercado (AKUTSU et al., 2005).

As UANs estabelecidas em complexos industriais, empresas e escolas,

ou em qualquer outra segmentação, pode se encontrar sob diversas formas de

gerenciamento, dentre estas a auto-gestão e concessão, também conhecida

como terceirização (ABREU et al., 2009).

No sentido administrativo, terceirização significa descentralizar a

terceiro processos auxiliares ou atividade principal, tendo as empresas

recorrido a este tipo de administração, como meio de obter qualidade,

produtividade e competitividade no mercado.

Dentro da área de alimentação as empresas têm optado cada vez mais

confiar as atividades de alimentação a empresas terceirizadas, considerando

que, de acordo com Grangeiro (2000), a terceirização termina por ser uma

parceria consciente entre as empresas especializadas em determinados ramos,

e assim, nada mais coerente do que delegar esta atividade a empresas

especializadas em produzir refeições dentro dos critérios de qualidade

desejados, sendo necessário, neste modelo de empresa, um nutricionista que

apresente um perfil profissional de um administrador.

25

Teixeira et al. (2004) destacam que os serviços de terceiros vem sendo

largamente utilizado, não só nos refeitórios de indústrias, mas também por

serviços hospitalares, e as empresas prestadoras de serviços em sua maioria

foram criadas a partir de um esquema familiar, e posteriormente estruturadas

como empresas, e que a qualificação do pessoal técnico, operacional e

administrativo é que vai determinar uma maior ou menor possibilidade de

atendimento eficaz.

Em função disto, existe uma preocupação cada vez maior de se

implantar um sistema administrativo conveniente mais profissional em

Unidades de Alimentação, buscando a padronização e controle de qualidade

em bons níveis (LOBO, 2009).

Justifica-se a importância da presente pesquisa como forma de

identificar as necessidades das Unidades de Alimentação e Nutrição

Terceirizadas quanto ao perfil do seu gestor, podendo viabilizar estratégias que

possam minimizar os problemas normalmente encontrados nestas Unidades.

Outra forma de contribuição para o mercado será fornecer dados que

permitam aos Nutricionistas Gestores/Gerentes um melhor gerenciamento de

seus processos de capacitação e desenvolvimento de carreira, através da

descrição do papel gerencial para este segmento.

E por fim, o estudo da realidade local poderá servir como parâmetro

para o entendimento da gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição de

outras localidades, contribuindo assim, com o crescimento científico sobre os

processos de gerenciamento das Unidades de Alimentação e Nutrição.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

26

Avaliar a percepção dos nutricionistas de Unidades de Alimentação e

Nutrição Terceirizadas sobre as suas competências gerenciais requeridas e

efetivas para o exercício da gerência.

1.4.2 Objetivos Específicos

Identificar a percepção do nutricionista a respeito das expectativas

da empresa em relação às suas competências gerenciais;

Identificar a percepção do nutricionista a respeito das suas

competências gerenciais;

Verificar a relação entre as competências requeridas pela

empresa e as efetivas dos nutricionistas e os papéis gerenciais.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma:

No capítulo 1 é apresentada introdução do trabalho e as

especificidades do estudo, tendo elementos importantes como:

contextualização, problema e questões da pesquisa, justificativa, assim como

os objetivos gerais e específicos.

O capítulo 2 consta do referencial teórico utilizado para o

embasamento da pesquisa, no qual se levou em consideração a revisão de

literatura, assim como a pesquisa de estudos recentes sobre o tema das

competências gerenciais, objeto de estudo desta pesquisa.

27

Já o capítulo 3 descreve a metodologia adotada para a realização do

estudo, sendo descrita em detalhes o tipo de pesquisa, as unidades de

análises, o instrumento de pesquisa e plano de coleta de dados, bem como o

tratamento dado aos resultados.

O capítulo 4 apresenta a análise e interpretações dos resultados,

sendo divididos de acordo com os objetivos propostos neste estudo, expondo

as principais informações coletadas e analisando à luz dos diversos autores e

estudos abordando o mesmo tema proposto nesta pesquisa.

Em seguida, o capítulo 5 expõe as considerações finais, a limitação do

estudo e sugestões para a realização de futuros trabalhos a serem

desenvolvidos nesta temática, de modo que se possa aprofundar as questões e

dirimir os possíveis vieses encontrados nesta pesquisa.

Por fim, são contempladas as referências bibliográficas utilizadas como

elementos norteadores das análises e reflexões realizadas no desenvolvimento

deste estudo, bem como a apresentação dos apêndices necessários.

28

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O TRABALHO DO PROFISSIONAL NUTRICIONISTA NAS UNIDADES DE

ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), de acordo com Proença

(2009), realiza o fornecimento de refeições, que devem equilibradas

nutricionalmente, com bom nível de sanidade e adequada ao comensal.

Teixeira et al. (2004) descreveram que a UAN é um subsistema que

realiza atividades - fins ou meios. Sendo consideradas realizando atividades-

fins, aquelas em que o serviço colabora diretamente para a consecução do

objetivo final da organização, e como atividade-meio, quando suas ações

colaboram para a realização das atividades fins das entidades no qual estão

vinculadas.

De acordo com Furtado (1982), as UANs começaram a ser implantadas

no Brasil em 1940, determinando que empresas com mais de quinhentos

funcionários deveriam fornecer alimentação em refeitório aos mesmos, tendo

tido um crescimento significante em todo Brasil a partir de 1977, quando o

Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) passou a ser divulgado e

implantado nas mais diversas empresas brasileiras (VEIROS, 2002).

O sistema de alimentação industrial foi estruturado para atender ao

PAT, podendo as empresas optar por diversas modalidades de serviços: a

autogestão, ou serviço próprio, na qual a empresa beneficiária assume toda a

responsabilidade pela elaboração das refeições, desde a contratação de

pessoal até a distribuição aos usuários, e a terceirização, ou serviços de

terceiros, no qual o fornecimento das refeições é formalizado por intermédio de

contrato firmado entre a empresa beneficiária e as concessionárias (VEIROS,

2002; TEIXEIRA, 2004; OLIVEIRA, 2007; PROENÇA, 2009).

As concessionárias da área de alimentação são hoje uma realidade no

mercado de trabalho, tanto pela praticidade como pela economia e

racionalização do trabalho, sendo pessoas jurídicas que desenvolvem suas

29

atividades na área de alimentação por autorização de contrato ou convênio

(OLIVEIRA, 2007).

“O processo de terceirização dos restaurantes pode ser considerado uma estratégia vantajosa na gestão dos Serviços de Alimentação Coletiva, favorecendo o funcionamento harmonioso e competente da empresa contratante, permitindo o alcance da qualidade em seu produto final ou do serviço a que se propõe” (MALLON e NEGRI, 2007).

Segundo a Teixeira et al. (2004), para os serviços terceirizados podem-

se encontrar três tipos de modalidades: comodato, refeições prontas

transportadas e refeições-convênios.

Para os autores, na modalidade de comodato, a empresa contrata os

serviços de uma empresa especializada, a qual utiliza as instalações da

primeira para o preparo de refeições. Na modalidade de refeição pronta e

transportada, a contratada entrega à empresa refeições já confeccionadas para

o consumo, e na modalidade de refeição-convênio, a empresa mantém

convênio com restaurantes comerciais para o fornecimento das refeições para

os funcionários mediante a apresentação de senhas ou tickets.

O número de empresas prestadoras de serviços que fornecem

refeições coletivas cresce a cada ano. Em 2003 a autogestão representava

0,30 milhões de refeições por dia, e as prestadoras de serviços 5,2 milhões.

Em estimativa de 2011, o número de refeições servidas em UANs cuja

modalidade é a auto-gestão, reduziu em 50%, e em situação oposta, as

prestadoras de serviços estão em franca expansão, tendo crescido mais de

50%, servindo neste ano cerca de 10,5 milhões de refeições (ABERC, 2011).

A distribuição dos nutricionistas por setores e subáreas de atuação no

Brasil revela que na alimentação coletiva em geral, 25% dos profissionais

nutricionistas estão atuando em concessionárias de alimentos, ou seja, em

empresas de terceirização, e quando se foca apenas a área de alimentação do

trabalhador, este percentual se eleva para 92,5% (CFN, 2006).

Em pesquisa realizada pelo CFN (2006) dentre as áreas de atuação

profissional do nutricionista no Brasil, na alimentação coletiva, as Unidades de

Alimentação e Nutrição se destacaram por absorver mais de 50% dos

nutricionistas, estando 28,5% destes profissionais, atuando no PAT.

30

Nesta mesma perspectiva, Letro e Jorge (2010) identificaram 43,3%

dos profissionais de nutrição atuando na área de alimentação coletiva.

Assim, em decorrência de toda a importância da alimentação

institucional, do incentivo do governo às empresas para participarem do PAT,

entre outros aspectos relacionados à alimentação coletiva, fortaleceu-se a

necessidade de formação de um profissional responsável pela alimentação e

todos os cuidados que a produção da mesma envolve, considerando sua íntima

relação com a saúde (VEIROS, 2002).

No cenário mundial, a emergência do campo da Nutrição, seja como

ciência, política social e/ou profissão, é um fenômeno relativamente recente,

característico do início do século XX (VASCONCELOS, 2002).

“No Brasil, a prática profissional do nutricionista tem envolvido ações diversas, não apenas voltadas para a doença, como para a promoção da saúde, como atesta a atuação do nutricionista nas áreas de esporte e também em comunidades. As leis e políticas que regem o setor, desde os anos 40, vêm organizando estas práticas no contexto da emergência de novos padrões de desenvolvimento econômico e industrial” (CRN, 2006).

A profissão do nutricionista no Brasil passou por mudanças

consideráveis devido ao plano de desenvolvimento adotado pelo país a partir

da década de quarenta. O emergente parque industrial brasileiro proporcionou

mudanças nas oportunidades de trabalho, o profissional antes com atuação

exclusivas à esfera pública, passa a se inserir no setor privado. Neste contexto

surgiu o Nutricionista-Administrador, ficando claro a interfaces da Nutrição com

outras áreas do conhecimento, principalmente a Administração (ANSALONI,

1999).

A regulamentação da profissão é datada de 24 de abril de 1967 pela

Lei nº. 5.276 que foi revogada em 2005 por uma nova legislação (Resolução

CFN n° 380/2005), na qual define as áreas de atuação do nutricionista como:

alimentação coletiva, nutrição clínica, saúde coletiva, docência, indústria de

alimentos, nutrição em esportes e marketing na área de Alimentação e Nutrição

(CFN, 2005).

A Resolução nº 380/2005, do Conselho Federal de Nutricionistas,

evidencia as áreas de atuação do profissional que possuem atividades que

31

passam a ser exclusivas do nutricionista, destacando as atribuições específicas

para cada área.

Para a área de Alimentação Coletiva estão definidas como

competências do profissional no exercício de suas atribuições em Unidades de

Alimentação e Nutrição as atividades de planejar, organizar, dirigir,

supervisionar e avaliar os serviços de alimentação e nutrição.

Desta forma, são tidas como competências e atividades de caráter

obrigatório do profissional nutricionista em Unidades de Alimentação e

Nutrição:

Planejar e supervisionar a execução da adequação de instalações

físicas, equipamentos e utensílios, de acordo com as inovações tecnológicas;

Planejar e supervisionar o dimensionamento, a seleção, a compra e

a manutenção de equipamentos e utensílios;

Planejar, elaborar e avaliar os cardápios, adequando-os ao perfil

epidemiológico da clientela atendida, respeitando os hábitos alimentares;

Planejar cardápios de acordo com as necessidades de sua clientela;

Planejar, coordenar e supervisionar as atividades de seleção de

fornecedores, procedência dos alimentos, bem como sua compra, recebimento

e armazenamento de alimentos;

Coordenar e executar os cálculos de valor nutritivo, rendimento e

custo das refeições/preparações culinárias;

Planejar, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de pré-

preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou preparações

culinárias;

Identificar clientes/pacientes portadores de patologias e deficiências

associadas à nutrição, para o atendimento nutricional adequado;

Coordenar o desenvolvimento de receituários e respectivas fichas

técnicas, avaliando periodicamente as preparações culinárias;

Estabelecer e implantar procedimentos operacionais padronizados e

métodos de controle de qualidade de alimentos, em conformidade com a

legislação vigente;

32

Coordenar e supervisionar métodos de controle das qualidades

organolépticas das refeições e/ou preparações, por meio de testes de análise

sensorial de alimentos;

Elaborar e implantar o Manual de Boas Práticas, avaliando e

atualizando os procedimentos operacionais padronizados (POP) sempre que

necessário;

Planejar, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de

higienização de ambientes, veículos de transporte de alimentos, equipamentos

e utensílios;

Planejar, coordenar, supervisionar e/ou executar programas de

treinamento, atualização e aperfeiçoamento de colaboradores;

Promover programas de educação alimentar e nutricional para

clientes;

Participar da elaboração dos critérios técnicos que subsidiam a

celebração de contratos na área de prestação de serviços de fornecimento de

refeições para coletividade;

Acompanhar os resultados dos exames periódicos dos

clientes/pacientes, para subsidiar o planejamento alimentar;

Detectar e encaminhar ao hierárquico superior e às autoridades

competentes, relatórios sobre condições da UAN impeditivas da boa prática

profissional e/ou que coloquem em risco a saúde humana;

Elaborar o plano de trabalho anual, contemplando os procedimentos

adotados para o desenvolvimento das atribuições;

Efetuar controle periódico dos trabalhos executados; e

Colaborar com as autoridades de fiscalização profissional e/ou

sanitária

Como atividades complementares para este profissional a legislação

prevê que ele pode:

Participar do planejamento e gestão dos recursos econômico-

financeiros da UAN;

Participar do planejamento, implantação e execução de projetos de

estrutura física da UAN;

33

Implantar e supervisionar o controle periódico das sobras, do resto-

ingestão e analise de desperdícios, promovendo a consciência social,

ecológica e ambiental;

Participar da definição do perfil, do recrutamento, da seleção e

avaliação de desempenho de colaboradores;

Planejar, supervisionar e/ou executar as atividades referentes a

informações nutricionais e técnicas de atendimento direto aos

clientes/pacientes;

Planejar e/ou executar eventos, visando à conscientização dos

empresários da área e representantes de instituições, quanto à

responsabilidade dos mesmos na saúde coletiva e divulgando o papel do

Nutricionista.

Embora a legislação estabeleça diversas atividades técnicas para o

profissional nutricionista, Gambardella, Ferreira e Frutuoso (2000) destacaram

que a atuação do nutricionista tem se diversificado consideravelmente nos

últimos anos, e que o mercado de trabalho tem exigido, cada vez mais,

produtividade, criatividade e iniciativa, inovando os campos de atuação.

Em pesquisa realizada por Meneses, Peres e Waissman (2007)

apontaram que os nutricionistas relatavam o fato de as atividades exercidas na

produção serem essencialmente administrativas, onde a principal preocupação

patronal/mercadológica baseava-se na garantia de uma boa margem de lucro

para a empresa pela qual é contratado, ao invés de preocupar em produzir uma

alimentação saudável.

Para Boog et al. (1988) esta situação é originada em função das

empresas requererem do nutricionista para o atendimento às leis vigentes, mas

necessitarem, de fato, de um administrador, profissional que garanta o

atendimento às condições estabelecidas em um contrato de prestação de

serviços, que lhe garanta a manutenção do fornecimento dos serviços e uma

boa margem de lucro, assim, o compromisso do nutricionista, de fornecer

refeições de boa qualidade, choca-se com o compromisso do administrador, de

garantir uma boa margem de lucro à empresa. Cabendo ao nutricionista que

faz papel de administrador, confrontar-se com seus conhecimentos e

enquadrar-se no esquema da administração.

34

Diante disto, Ansaloni (1999) realizou uma pesquisa sobre a inserção

do nutricionista no centro do processo produtivo das organizações, revestido de

inúmeras ambigüidades ou dualidades, de modo que foi investigado se este é

profissional liberal ou ator organizacional, agente de saúde ou administrador,

trabalhador técnico ou gerente.

Dentro dos resultados encontrados, noventa por cento dos

nutricionistas da amostra se concentravam na área operacional das empresas

de refeições coletivas, e embora estes estivessem ligados aos setores ou

departamentos técnico-operacionais das empresas, situação que poderia

sugerir um desempenho marcadamente técnico, foi notável que todos eles

supervisionam outros empregados, além de desempenhar atividade

administrativa ou mesmo gerencial, em escala variável segundo os cargos

ocupados. De forma que, o grau de desempenho de atividades administrativas

surgiu na pesquisa como um indicativo da posição ocupada na hierarquia das

empresas: em posições mais elevadas é maior o desempenho de atividades

administrativas - e gerenciais - e menor a atividade técnica.

O autor concluiu que apesar da pressão para que assuma a função

gerencial, o discurso dos nutricionistas sinaliza que eles rejeitam ou sentem

dificuldade em atender alguns pressupostos básicos da função gerencial - a

coordenação de coletividades de empregados, o trabalho em equipe, a

supervisão de atividades, ou seja, os problemas que vivenciam, no exercício da

chefia, ao lidar com grupos de empregados.

A dificuldade apresentada pelos nutricionistas ao desempenhar a

atividade gerencial de Unidades de Alimentação e Nutrição, de acordo com

Boog et al. (1988), pode estar relacionado ao fato da formação do nutricionista

estar direcionada a um perfil profissional generalista e liberal, calcado no

modelo de profissões de saúde.

Desta forma, Ansaloni (1999) destacou que na atividade do

nutricionista em Alimentação Coletiva, há uma tendência ao abandono

progressivo dos aspectos técnicos e educacionais inerentes à profissão, em

prol do conhecimento administrativo e gerencial, sendo necessário um maior

desenvolvimento de competências que possam atender à demanda do

mercado.

35

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MERCADO: AS MUDANÇAS NAS

ORGANIZAÇÕES

Diversas mudanças na economia e no mercado mundial ocorreram ao

longo da história que geraram impactos significativos nas organizações e na

maneira de administrá-las. Deste modo, Boog (2004) busca descrever e

compreender as tendências do meio ambiente através da visão de John

Naisbitt (Megatendências) e Alvin Tofler (A Terceira Onda).

As dez megatendências definidas por Naisbitt, segundo Boog (2004),

apesar de se referirem mais especificamente à realidade dos Estados Unidos,

são muitos aplicáveis ao nosso contexto.

Neste sentido, são descritas as mutações sofridas pelo meio ambiente

organizacional como sendo: de uma sociedade industrial para uma sociedade

de informação; de tecnologia forçada para alta tecnologia para grande contato

humano; da economia nacional à economia mundial; de curto prazo para longo

prazo; da centralização para a descentralização; da ajuda institucional para a

auto-ajuda; da democracia representativa para a democracia participativa; das

hierarquias para a comunicação lateral intensiva; do norte para o sul; do “isto

ou aquilo” para a opção múltipla. (BOOG, 2004 p. 15)

O futurista Alvin Toffler afirmava que a história da humanidade pode

ser dividida em “ondas” (ROBBINS, 2000), das quais a primeira foi a

agricultura, a segunda a industrialização e a terceira a informação (BOOG,

2004).

Em relação à Primeira Onda, até o fim do século XIX, Robbins (2000,

p.7) descreve que todas as economias eram agrárias, de forma que cerca de

90% das pessoas estavam empregadas em trabalhos relacionados com a

agricultura.

A Segunda Onda, a industrialização, que do final do século XIX até os

anos 60, a maioria dos países desenvolvidos tiveram suas sociedades

baseadas em máquinas (ROBBINS, 2000).

Na sociedade da Industrial, os pressupostos da Segunda Onda, são

bem caracterizados nos trabalhos de Max Weber e Frederick W. Taylor, no

qual são defendidas as idéias de padronização (fabricação de milhões de

36

produtos idênticos via linha de produção); especialização (em todos os níveis

de empresas, de hierarquia, de funções); sincronização (de horários, ritmos);

concentração (criação de gigantes empresariais); maximização (crescimento

sem limites) e centralização (centralização de poder) (BOOG, 2004).

Dentro desta perspectiva os pensamentos de Frederick Taylor, Henry

Fayol e Max Weber contribuíram para o desenvolvimento da Teoria Clássica,

que nos finais do século XIX, basearam a organização do trabalho, a estrutura

de relações de dependência hierárquica e estilo de gestão, que foram

sintetizadas por Tachizawa et al. (2006) em:

As organizações são entidades racionais destinadas a atingir

determinados objetivos, por meios de estruturas formalizadas e diferenciadas;

O design de uma organização é uma ciência, conseguida com

observação e experimentação, sendo as organizações concebidas como

máquinas, funcionando sem qualquer relação com o exterior;

As pessoas são seres econômicos, as quais procuram o máximo

dinheiro com o mínimo de trabalho, levando o trabalho a ser estruturado de

forma que evite o arbítrio individual e maximize o controle;

As emoções humanas devem ser eliminadas e afastadas do

funcionamento das organizações, por esta razão, a forma mais apropriada de

organizar o trabalho baseia-se na análise de funções e eliminação da

discricionariedade.

Nesta abordagem industrial nas organizações faz com que estas

possam ser planejadas à imagem das máquinas, sendo esperado que os seus

empregados se comportem essencialmente como se fossem partes destas

(MORGAN, 2009).

Entretanto, Toffler caracteriza os anos 90 como o fim da Segunda

Onda e início da Terceira Onda, como sendo a revolução da informação,

(BOOG, 2004) na qual está se “eliminando cargos industriais de baixa

qualificação e, ao mesmo tempo, criando abundantes oportunidades de

trabalho para especialistas técnicos cultos e qualificados, profissionais liberais

e outros “trabalhadores do conhecimento” (ROBBINS, 2000, p. 9).

Assim, Robbins (2000) reforça a idéia de que a informação encontra-se

na crista da terceira onda, de forma que os trabalhos são projetados em torno

da aquisição e da aplicação das informações, e as pessoas que atenderem a

37

estes requisitos de modo a preencher essas funções, serão bem remuneradas

pelos seus serviços.

O mundo do trabalho mudou, e vem ainda mudando, como destaca

Boog (2004, p. 15.) que “a única coisa constante é a mudança”.

“Entender as tendências socioculturais é importante, à medida que as empresas estão inseridas na sociedade e sofrem diretamente as influências dessas mudanças; e esse contexto de mudanças condiciona o modelo de gestão e os sistemas de apoio à gestão implantados” (COOPERS & LYBRAND, 1997, p. 27).

Diante deste cenário, a mudança se tornou assunto dominante com

que se defronta todo gerente (ROBBINS, 2000), de modo que tanto as

instituições públicas e privadas lutam para traçar um caminho em um ambiente

cada vez mais inconstante, onde a experiência perde rapidamente seu valor e

as referências familiares já não servem mais como exemplo (PRAHALAD e

HAMEL, 2005).

Essas mudanças em escala mundial estão provocando a renovação

das tecnologias aplicadas à gestão de negócios nas organizações em função

da necessidade de sobrevivência no segmento econômico no qual estão

atuando (TACHIZAWA et al., 2006).

Diversos processos contemporâneos como os da globalização, a

turbulência crescente, a complexidade maior das arquiteturas organizacionais e

das relações comerciais, a exigência de maior valor agregado dos produtos e

serviços, exigiram das organizações mais flexibilidade e maior velocidade de

resposta na estruturação das concorrências internas e no enfrentamento de

situações inusitadas e de complexidade crescente (DUTRA, 2007).

Dada a relevância deste cenário, dirigir o trabalho e trabalhador

intelectual vai exigir imaginação excepcional, coragem excepcional e liderança

de alta qualidade (DRUCKER, 2002, p. 204).

Desta forma, a administração hoje está menos preocupada com

“comando e controle” e dedica-se mais a criar equipes autogeridas (ROBBINS,

2000), com mais autonomia, com o perfil bem diferente do exigido até então de

obediência e submissão (DUTRA, 2007), sendo importantes, neste contexto,

abordagens de liderança, equipes de trabalho, sistema de recompensa e

38

criação de culturas eficazes (ROBBINS, 2000), dando às empresas a

oportunidade de moldar seu próprio destino, não estando fadada a ser

retardatária (PRAHALAD e HAMEL, 2005).

Nesta perspectiva as questões decisivas nas organizações, segundo

Robbins (2000) são as de pessoal, tecnologia, globalização e liderança, sendo

elas que determinam como as organizações irão competir e sobreviver.

O mesmo autor destaca que no inconstante mundo do trabalho, no qual

mudanças como a globalização, revoluções tecnológicas, crescimento ou

declínio de alguns setores do trabalho, diversidade cultural, mudanças nas

expectativas da sociedade, aumento do espírito empreendedor e clientes mais

inconstantes e exigentes, impulsionaram o surgimento de uma nova economia,

como descrito no quadro a seguir:

Quadro 01 - A economia em transformação

A Velha Economia A Nova Economia

Fronteiras nacionais limitam a competição

As fronteiras nacionais são quase insignificantes na definição dos limites de operação de uma organização

A tecnologia reforça hierarquias rígidas e limita o acesso às informações

As mudanças tecnológicas no modo como as informações são geradas, armazenadas, utilizadas e compartilhadas as tornam mais acessíveis.

As oportunidades de emprego se destinam aos trabalhadores industriais

As oportunidades de trabalho se destinam a trabalhadores do conhecimento.

A população é relativamente homogênea

A população é caracterizada pela diversidade cultural.

A empresa é alienada ao seu ambiente. A empresa aceita suas responsabilidades sociais.

A economia é conduzida por grandes corporações.

A economia é conduzida por empresas pequenas, empreendedoras.

Os consumidores adquirem aquilo que as empresas decidem fornecer-lhes.

As necessidades do cliente conduzem os negócios.

Fonte: Robbins (2000, p. 5)

Em função das mutações da economia apresentadas por Robbins

(2000), as organizações têm sofrido impactos que as tornaram mais flexíveis e

39

suscetíveis a seus ambientes, refletindo assim em algumas mudanças abaixo

descritas:

Primeiramente observa-se maior presença de cargos temporários no

lugar dos empregos estáveis, uma vez que, os funcionários permanentes

limitavam a flexibilidade da empresa, restringindo assim as opções gerenciais e

aumentando os custos para empresas que sofrem com altos e baixos dos

ciclos do mercado (ROBBINS, 2000).

Outro aspecto importante refere-se à mão de obra que de homogênea,

tornou-se diversificada. Essa diversidade, de acordo o mesmo autor, refere-se

a gênero, idade, raça e etnia, etc., tendo, com isso, a administração adaptado

sua prática de recursos humanos para refletir essas mudanças, merecendo

destaque as ações de treinamento, buscando a consciência e a compreensão

desta diversidade.

A qualidade nas organizações também foi impactada pelas mutações

da economia, uma vez que a reflexão tardia até então dominante, passou a

assumir um papel de aprimoramento contínuo e a satisfação do cliente tornou-

se essencial. Ressaltando que faz parte deste grupo (clientes) todas as

pessoas que atendem e interagem com outros na organização, sejam externos

ou internos (ROBBINS, 2000).

Este movimento em prol da qualidade provocou o surgimento da

cultura participativa, gerando envolvimento das pessoas nas decisões

direcionadas melhorias nos processos de trabalho, e a identificação de

indicadores de desempenho, servindo como padrão para a mensuração do

desempenho individual e das equipes (GRAMIGNA, 2002).

No tocante à empregabilidade, Robbins (2000) destaca que as grandes

corporações que outrora ofereciam a segurança no emprego, reduziram

drasticamente o número de funcionários, havendo com isto, o que passou a ser

conhecido como dowsinzing, que de acordo com Tachizawa et al. (2006), é um

movimento orientado para o “emagrecimento” da organização pela redução dos

custos com o pessoal.

Neste contexto Tachizawa et al. (2006) destacam também a

reestruturação ou reformulação do trabalho, que na verdade, tratou-se de uma

reação à fragmentação das tarefas até então praticada nas organizações, e

40

que Robbins (2000) ressalta que o trabalho antes definido pelos cargos, agora

são definidos em termos das tarefas a serem realizadas.

Esta reformulação do trabalho, de acordo com o Tachizawa et al.

(2006, p.173), pode “tornar-se a forma de rotação das funções quando o

emprego passa a desempenhar um cargo do mesmo nível hierárquico; o

alargamento de funções que traduz na agregação de diversas tarefas;

finalmente o enriquecimento de funções, ao contrário do anterior, consiste no

alargamento vertical do trabalho, significando aumento de autonomia e

responsabilidade. Além do retorno à idéia de valorização e de retenção de

talentos (GRAMIGNA, 2002).

As mudanças na economia e no mercado ainda provocaram o

redesenho dos processos, termo também conhecido como Reengenharia

(ROBBINS, 2000) que Tachizawa et al. (2006, p. 185) descrevem a definição

de Hammer e Champy como:

“repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos do desempenho, tais como custos, qualidade, atendimento e velocidade”.

A empresa dos anos 1960 ou 1970 procurava possuir e controlar o

máximo possível suas atividades operacionais, tendo a hierarquia responsável

pela eficiência e controle, e hoje esta hierarquia foi desmantelada a fim de

reduzir custos, melhorar e eficiência, aumentar a flexibilidade, de modo a

permitir que se concentrem nas funções que conseguem desempenhar melhor.

Assim, a empresa de hoje está terceirizando as funções; associando-se com

outras empresas, fornecedores e clientes; descentralizando a tomada de

decisões em unidades autônomas e substituindo departamentos independentes

por equipes independentes (ROBBINS, 2000).

O método tradicional de remunerar o trabalho das pessoas

correspondente à época de estabilidade, muitas vezes determinado pelo tempo

de serviço e pela posição hierárquica foi modificado para um pagamento

flexível e de ampla faixa (ROBBINS, 2000).

Sendo a ampliação de faixas salariais uma prática cada dia mais

utilizada, principalmente por empresas que reduziram o número de níveis

41

hierárquicos, ganhando flexibilidade na administração de salários e carreiras

(COOPERS & LYBRAND, 1997).

“Colaboradores que trabalham segundo o sistema de remuneração e carreiras por habilidades (SRCH) têm seus salários relacionados à amplitude, profundidade e características das habilidades que são capazes de efetivamente utilizar. A remuneração deixa de ser vinculada ao cargo e passa a ser ligada diretamente a pessoa” (COOPERS & LYBRAND , 1997, p. 103).

Por fim, outra mudança relevante apresentada por Robbins (2000), é

as empresas que participavam de múltiplos negócios, a fim de dispersar os

riscos, passaram a concentrar-se nas competências centrais.

Neste sentido, as organizações prósperas de hoje estão liquidando os

negócios periféricos, de modo a aproveitar seus pontos fortes, concentrando-

se, assim, naquilo que fazem melhor e que as torna especiais – suas

competências centrais ou core competences (ROBBINS, 2000).

Autores como Prahalad e Hamel (2005) mencionam que qualquer

empresa que queira captar uma fatia desproporcional dos lucros dos mercados

de amanhã, precisa desenvolver as competências que contribuirão de forma

significativa para o valor futuro do cliente, no qual essas competências

essenciais (core competences) são as portas para as oportunidades futuras.

Uma competência essencial é um conjunto de habilidades e

tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício ao

cliente, podendo ser apresentadas, segundo Robbins (2000), através de

pesquisa e desenvolvimento superiores, uma tecnologia exclusiva, eficiência

industrial ou um excelente atendimento ao consumidor. De modo que a

empresa possa ser vista não apenas como um portfólio de produtos ou

serviços, mas também como um portfólio de competências (PRAHALAD &

HAMEL, 2005).

Para ser considerada uma competência "específica" da organização,

uma habilidade precisa passar em três testes: (1) valor percebido pelo cliente;

(2) diferenciação entre concorrentes e (3) capacidade de expansão

(PRAHALAD & HAMEL, 2005).

Para se ter a competência essencial, é preciso o treinamento constante

dos funcionários, uso contínuo das competências, desdobrando e

42

reformulando-as de diversas formas e por último desenvolvendo as

competências, rompendo as barreiras funcionais, organizacionais para haver

trabalho em equipe (PRAHALAD & HAMEL, 2005).

Isto posto, as mudanças do mundo do trabalho e na economia estão

dando nova forma às organizações e principalmente redefinindo o cargo das

pessoas (ROBBINS, 2000), deixando claro que as pessoas devem buscar

mudanças de atitudes em suas práticas, e as empresas devem ter o

compromisso com o desenvolvimento dessas competências, para que estas

possam ser diferentes junto aos consumidores (PRAHALAD & HAMEL, 2005).

Esta reflexão é reforçada por Le Boterf (2003) quando afirma que “a

capacidade de inovação não reside mais prioritariamente no potencial industrial

ou nas despesas de pesquisa-desenvolvimento, mas no investimento nos

recursos raros que são as competências”.

Assim, Zarifian (2001) analisa três mutações principais, ocorridas no

mundo do trabalho, que justificam a emergência do modelo de competência

para gestão das organizações.

Primeiramente, é discutida a noção de incidente, como sendo aquilo

que ocorre de forma imprevista, não programada, vindo a perturbar o

desenrolar normal do sistema de produção, ultrapassando a capacidade

rotineira de assegurar sua auto-regulação, implicando que a competência não

pode estar contida nas predefinições da tarefa.

Em segundo plano, encontra-se a noção da comunicação, que implica

a necessidade de as pessoas compreenderem o outro e a si mesmas para

partilharem objetivos e normas organizacionais.

E por fim a noção dos serviços, trazendo à tona a necessidade central

de atendimento do cliente externo ou interno à organização, que precisa estar

presente em todas as atividades.

Diante destas situações, o conceito de competência assume

relevância, não só para se reverem as práticas de gestão de pessoas, mas

colocar luz na relação entre a estratégia, as funções críticas, as competências

essenciais e as competências das pessoas (FLEURY & FLEURY apud

ZARIFIAN, 2001).

43

2.3 COMPETÊNCIAS

2.3.1 Origem

De acordo com Fernandes (2006), a idéia de competência

organizacional surgiu a partir da evolução da chamada “visão da empresa

baseada em recursos”, no qual o trabalho pioneiro nessa área foi o livro Theory

of the growth of the firm, publicado por Edith Penrose, em 1959.

Nesta abordagem, a empresa é concebida como sendo um conjunto de

recursos cuja utilização é organizada por um quadro de referência

administrativo, no qual os produtos finais sendo produzidos pela empresa em

um dado momento representam apenas uma das múltiplas possibilidades pelas

quais a empresa poderia estar utilizando seus recursos (PENROSE, 1959, p.

150 apud FERNANDES, 2006).

A partir da década de 80, a literatura e a prática na área de

administração começam a enfatizar o papel da análise da indústria na

formulação da estratégia, no qual, o melhor ou pior desempenho dependem

fundamentalmente, do posicionamento dentro da indústria, e que retornos

superiores são obtidos quando uma empresa alcança posição de maior

rentabilidade e explora suas oportunidades (FERNANDES, 2006).

Ainda de acordo com o mesmo autor, a visão do posicionamento no

mercado foi dominante neste período e a excessiva atenção que se conferia às

forças da indústria foi bastante criticada, de modo que, autores sugeriram a

necessidade de que novas pesquisas desviassem o foco da questão do

posicionamento e olhassem para o conjunto de recursos que geram riqueza à

organização, retomando com isto as concepções iniciais de Penrose.

Na oportunidade, foram destacadas as idéias que a administração

estratégica consistia em desenvolver e explorar recursos valiosos e que as

estratégias de diversificação ocorrem mais pelo desejo de explorar

capacitações já existentes na empresa do que pelas imperfeições estruturais

de mercados (FERNANDES, 2006).

44

A partir de então, destaca o autor, alguns pesquisadores voltaram-se à

análise dessas características específicas, passando a adotar uma

considerável quantia de terminologias como “recursos”, “competências”,

“capacidades”, “ativos”, etc., que possuem semântica similar.

Para Zarifian (2001), o aparecimento do modelo da competência se

deu a partir da reflexão a respeito de um novo modelo de avaliação de mão-de-

obra.

O autor descreve que o modelo surgiu a partir de uma pesquisa

realizada em PME (pequenas e médias empresas) do setor moveleiro, nos

anos 1985/86, na qual viu emergir o que propôs a chamar de “modelo da

competência” enquanto modelo de gestão de recursos humanos.

O ponto de partida da análise foi a constatação da mudança no modelo

de julgamento avaliativo que as direções das empresas faziam da mão de obra,

uma vez que no primeiro momento, o desempenho do trabalhador era avaliado

pela sua aptidão física, passando então, a ser considerada a solicitação que

era feita a seu entendimento do processo de trabalho. Ou seja, passo-se da

solicitação do corpo à solicitação do cérebro.

A partir deste momento, de acordo com Zarifian (2001, p.22), “o

entendimento dos problemas de desempenho (qualidade, variedade, prazos) e

a capacidade de iniciativa local passaram a ser vistos como qualidades, que os

assalariados iriam precisar demonstrar, em ruptura com os modelos tayloristas

que estas mesmas gerências tinham desenvolvido e mantido por muitos anos.”

Em consequência disso, surgiu a nova avaliação da competência, que

buscava eliminar o a abordagem categorizadora e homogeinizadora da mão de

obra, em função da necessidade de se ter uma visibilidade mais fina e mais

real das qualificações e dos comportamentos utilizados no trabalho.

Outro ponto que impulsionou o surgimento do modelo da competência

foi o questionamento da classificação dos assalariados e a gestão a partir do

posto de trabalho, uma vez que estes apresentavam inconvenientes como a

formalização de uma abordagem rígida de situações de trabalho que não

traziam nenhuma informação pertinente e que valesse a pena explicitar

“publicamente” sobre as competências dos indivíduos que ocupavam

diferentemente os postos de trabalho (ZARIFIAN, 2001).

45

Deste modo, o autor destaca que, este novo modelo concernia a

diversos componentes das práticas de gestão de recursos humanos, a saber:

Novas práticas de recrutamento muito mais finas e rigorosas do que

anteriormente. Surgindo, neste contexto, a exigência de diploma que pudesse

garantir uma instrução mínima;

Novo tipo de compromisso no que concerne à mobilidade interna, de

forma que, a empresa comprometia-se a facilitar os desenvolvimentos de

competências e a instaurar um sistema de promoção profissional (horizontal e

vertical) que acompanhasse essas evoluções;

Insistência inédita da “responsabilidade” dos assalariados, através da

delegação de responsabilidades, nas funções mais atingidas por variações do

processo de produção e do mercado, e em funções dos potenciais de cada

indivíduo;

E por último, a modificação dos sistemas de classificação e de

remuneração.

Já Dutra (2001) descreve o surgimento do modelo de Gestão de

Pessoas com Base em Competências, a partir das transformações que a forma

de gerir pessoas sofreu ao longo dos últimos vinte anos. Em especial, a

alteração no perfil das pessoas exigido pelas empresas; o deslocamento do

foco da gestão de pessoas por meio de controle para o foco por meio do

desenvolvimento; e a maior participação das pessoas no sucesso da empresa.

Fundamentado nestas informações, o que se pode constatar nos

últimos anos, o tema competência entrou para a pauta das discussões

acadêmicas e empresariais, associado a diferentes instâncias de

compreensão, seja no nível da pessoa (a competência individual), das

organizações (core competences) e dos países (sistemas educacionais e

formação das competências) (FLEURY e FLEURY, 2001).

2.3.2 Definição e Evolução dos conceitos

O termo Competência é um termo com origem no latim, sendo

inicialmente relacionado à linguagem jurídica. Suas definições em dicionários

46

remetem primeiramente a esta associação, como descrito em Houaiss (2001,

p. 775): “aptidão de uma autoridade pública de efetuar determinados atos”, ou

“qualidade legítima de jurisdição ou autoridade, conferida a um juiz ou a um

tribunal, para conhecer e julgar certo feito submetido à sua deliberação dentro

de determinada circunscrição judiciária” e no Dicionário Aurélio (2004) como:

“faculdade que a lei concede a funcionário juiz ou tribunal para apreciar ou

julgar certos pleitos ou questões”

Bitencourt (2005) destaca que no fim da Idade Média, a expressão

competência era associada basicamente à linguagem jurídica, sendo

relacionada à faculdade atribuída alguém ou a uma instituição para apreciar e

julgar certas questões.

Com sua vulgarização do termo, este encontrou outras acepções como

as que são ainda descritas nos dicionário Houaiss da Língua Portuguesa

(HOUAISS, 2001): “soma de conhecimentos ou de habilidades”; “indivíduo de

grande autoridade num ramo do saber ou do fazer”; ou “capacidade objetiva de

um indivíduo para resolver problemas, realizar atos definidos e circunscritos”, e

no Dicionário Aurélio (2004) como sendo: “capacidade” ou “aptidão”

Deste modo, competência é uma palavra do senso comum, utilizada

para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa, sendo seu

oposto, não necessariamente uma negação desta capacidade, mas uma

conotação pejorativa ou depreciativa (FLEURY e FLEURY, 2001).

Dutra (2001) em primeiro momento define o que é competência,

atribuindo-a a diferentes elementos, nos quais de um lado têm-se a

organização como um conjunto próprio de competências, que são originadas

da gênese e do processo de desenvolvimento da organização e são

concretizadas no seu patrimônio de conhecimentos, e do outro lado as

pessoas, com seu conjunto de competências que pode ou não estar sendo

aproveitado pela empresa. Destacando que a organização e as pessoas, lado a

lado, propiciam um processo contínuo de troca de competências.

Neste sentido, Bitencourt (2005) apresenta as diferentes abordagens

das diversas correntes de estudos (americana, latino-americana, francesa,

australiana) e dos diversos autores sob a ótica da organização e das pessoas,

conforme descrito no quadro 2:

47

Quadro 02 - Conceitos de Competências

Autor Conceito Ênfase

1. Boyatizis (1982, p.23)

“Competência são aspectos verdadeiros ligados à natureza humana. São comportamentos observáveis que determinam, em grande parte, o retorno da organização”

Formação,

comportamentos, resultados.

2. Boog (1991, p.16)

“Competência é a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; significa capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”

Aptidão,

Valores e Formação

3. Spencer e Spencer (1993, p. 9)

“Competência refere-se a características intrínsecas ao indivíduo que influencia e serve de referencial para seu desempenho no ambiente de trabalho”

Formação e Resultado

4. Sparrow e Bognanno (1994, p 3)

“Competências representam atitudes identificadas como relevantes para a obtenção de alto desempenho em um trabalho específico, ao longo de uma carreira profissional, ou do contexto de uma estratégia corporativa”

Estratégias, ação e resultados

5. Moscovicci (1994, p. 26)

“O desenvolvimento de competências compreende os aspectos intelectuais inatos adquiridos, conhecimentos, capacidades, experiências, maturidade. Uma pessoa competente executa ações adequadas e hábeis em seus afazeres, em sua área de atividade”

Aptidão e ação

6. Cravino (1994, p.161)

“As competências se definem mediante padrões de comportamentos observáveis. São as causas dos comportamentos, e estes, por sua vez, são a causa dos resultados. É um fator fundamental para o desempenho”

Ação e resultados

7. Parry (1996, p.411)

“Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionados, que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com o desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento.”

Resultado, formação

8. Sandberg

(1996, p.48)

“A noção de competência é construída a partir do significado do trabalho. Portanto, não implica exclusivamente na aquisição de atributos.”

Formação e

interação

9. Bruce (1996, p.6)

“Competência é o resultado final da aprendizagem.”

Aprendizagem individual e auto-desenvolvimento

10. Boterf (1997, p.267)

“Competência é assumir responsabilidade frente a situações de trabalho complexas, buscando lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza singular.”

Mobilização e ação

11. Magalhães et al.

(1997, p.14)

“Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um profissional a exercer determinada função.”

Aptidão e formação

12. Perrenoud (1998)

“A noção de competência refere-se a práticas do quotidiano que se mobilizam através do saber baseado no senso comum e do saber a partir de experiências.”

Formação e ação

13. Durand (1998, p.3)

“Conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes e necessárias à consecução de determinado propósito.”

Formação e resultados

14. Hase et al. (1998, p.9)

“Competência descreve as habilidades observáveis, conhecimentos e atitudes das pessoas ou das organizações no desenvolvimento de suas funções (...) A competência é observável e pode ser mensurada por meio de padrões.”

Ação e resultado

15. Dutra et al. (1998, p.3)

“Capacidade da pessoa de gerar resultados dentro dos objetivos estratégicos e organizacionais da empresa, se traduzindo pelo mapeamento do resultado esperado (output) e do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para seu atingimento (input).”

Aptidão, resultados,

formação

16. Ruas (1999, p.10)

“É a capacidade de mobilizar, integrar e colocar em ação conhecimento, habilidade e formas de atuar (recursos de competências), a fim de atingir/superar desempenhos configurados na missão da empresa e da área.”

Ação e resultados

48

Autor Conceito Ênfase

17. Fleury e Fleury (2000, p.21)

“Competência: um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.”

Ação e resultados

18. Hipólito (2000, p. 7)

“O conceito de competência sintetiza a mobilização, integração e transferência de conhecimentos e capacidades em estoque, deve adicionar valor ao negócio, estimular um contínuo questionamento do trabalho e a aquisição de responsabilidades por parte dos profissionais e agregar valor em duas dimensões: valor econômico para a organização e valor social ao indivíduo.”

Formação, resultados, perspectiva

dinâmica

19. Davis (2000, pp. 1 e 15)

“As competências descrevem de forma holística a aplicação de habilidades, conhecimentos, habilidades de comunicação com o ambiente de trabalho (...) São essenciais para uma participação mais efetiva e para incrementar padrões competitivos. Focaliza-se na capacitação e aplicação de conhecimentos e habilidades de forma integrada no ambiente de trabalho.”

Ação e resultados

20. Zarifian (2001, p.66)

“A competência profissional é uma combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos que se exerce em um contexto preciso. Ela é constada quando de sua utilização em situação profissional a partir daí é passível de avaliação. Compete então á empresa identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir.”

Aptidão, ação e resultados

21. Becker et al. (2001, p. 156)

“Competências referem-se a conhecimentos individuais, habilidades ou características de personalidade que influenciam diretamente o desempenho das pessoas.”

Formação e desempenho

22. Gramigna (2002)

“Repertórios de comportamentos e capacitações que algumas pessoas ou organizações dominam melhor que outras, fazendo-as eficazes em uma determinada situação”

Formação, Aptidão, Resultados

23. Le Boterf (2003)

“Saber administrar uma situação profissional complexa” Ação, aptidão e desempenho

24. Boog (2004) “O termo competência tem muitos aspectos assemelhados ao termo competição. Competência é a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; significa capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”.

Ação, qualificação e aptidão

25. Ruas et al. (2005)

“A noção de competência aproxima-se mais da capacidade de combinar e mobilizar adequadamente recursos já desenvolvidos de que um stock de conhecimentos e habilidades”

Ação e resultados

Fonte: Adaptado de Bitencourt (2005)

Deste modo, os diversos estudos a respeito das competências, levam a

relacioná-los aos aspectos de: desenvolvimento de conceitos, habilidades e

atitudes (formação); Capacitação (aptidão); Práticas de trabalho, capacidade

de mobilizar recursos (ação); Articulação de recursos (mobilização); Busca de

melhores desempenhos (resultados); Questionamento constante (perspectiva

dinâmica); Processos de aprendizagem individual (auto-desenvolvimento); e

relacionamento com as outras pessoas (interação) (BITENCOURT, 2005).

Fleury e Fleury (2001) destacam que em sua maioria, autores norte-

americanos relacionam as competências a um estoque de qualificações –

conhecimentos, habilidades e atitudes, enquanto autores franceses defendem

49

que competência não é um conjunto de qualificações da pessoa, e sim as

realizações da mesma em um determinado contexto.

2.3.3 Tipologias das competências

É evidente que existe uma diversidade de definições e aplicações das

competências, entretanto Fleury e Fleury (2001, p. 187) afirmam que a noção

de competência aparece assim associada a verbos como: saber agir, mobilizar

recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber

engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica, e que tanto na

literatura acadêmica, como nos textos que fundamentam a prática

administrativa, a referência que baliza o conceito de competência é a tarefa e o

conjunto de tarefas pertinentes ao cargo.

Faz-se importante destacar que um elemento fundamental para a

caracterização da idéia de competência é o âmbito no qual ela se exerce, uma

vez que não existe uma competência sem a referência de um contexto no qual

ela se materializa (PERRENOUD, 2002).

Tomando como referência as dimensões da competência destacadas

por Fleury e Fleury (2001), nas quais estão englobadas as competências no

nível das pessoas (competência individual), das organizações (core

competences) e dos sistemas educacionais (formação das competências),

diversos autores dedicaram-se a descrevê-las de modo que é possível

observar e compreender as diversas abordagens e modelos de competências,

permitindo, assim, o entendimento do termo e suas respectivas aplicabilidades

ao mundo do trabalho.

Para Dutra (2007) a definição de competências como sendo o conjunto

de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para que a pessoa

desenvolva suas atribuições e responsabilidade, possui um enfoque pouco

instrumental, uma vez que esses requisitos não garantem que elas possam

agregar valor à organização.

Baseado nesta visão, o conceito de competência é discutido em

paralelo com o conceito de entrega, uma vez que para efeitos de admissão,

50

demissão, promoção, aumento salarial, etc., a pessoa é avaliada e analisada

em função de sua capacidade de entrega para a empresa.

Durante os anos 80 e 90, autores como Le Boterf e Zarifian

contestaram a definição de competência associada ao estoque de

conhecimentos e habilidades das pessoas e procuraram associar este conceito

às suas realizações e àquilo que elas provêem, produzem e /ou entregam.

Para eles, o fato de a pessoa deter as qualificações necessárias para um

trabalho não assegura que ela irá entregar o que lhe é demandado (DUTRA,

2007).

Na reflexão a respeito das competências, inicialmente Le Boterf (2003)

destaca que a competência do profissional é saber administrar uma situação

profissional complexa, no qual o saber administrar está relacionado a saber

agir com pertinência; saber mobilizar saberes e conhecimentos em um contexto

profissional; saber integrar ou combinar saberes múltiplos e heterogêneos;

saber transpor; saber aprender e aprender a aprender e saber envolver-se.

Zarifian (2001) resume as mutações do conteúdo do trabalho em torno

de três conceitos: evento, comunicação e serviço, e explica como se dá a

aplicação das competências nestas situações impostas pelo mundo do

trabalho.

O evento é descrito pelo autor como sendo aquilo o que ocorre de

maneira parcialmente imprevista, inesperada, vindo perturbar o desenrolar

normal do sistema de produção, superando a capacidade da máquina de

assegurar sua auto-regulagem.

São exemplos destas situações: as panes, os desvios da qualidade, os

materiais que faltam, as mudanças imprevistas na programação da fabricação,

uma encomenda repentina de um cliente etc. Em resumo, tudo o que poderá

ser chamado de acaso.

A partir desta definição de evento Zarifian (2001) realiza uma reflexão

sobre em que consiste o trabalho e quais competências são esperadas neste

contexto, pois são em torno desses eventos que se recolocam as intervenções

humanas mais complexas e mais importantes.

Para o autor, trabalhar é, fundamentalmente, “estar em expectação

atenta a esses eventos, é “pressenti-los” e enfrentá-los, quando ocorrem.

51

Enfrentá-los com sucesso, dominando o evento, permitindo que a produção

seja retomada de acordo com os critérios previstos”.

Em consequência disto, o indivíduo deve confrontar o evento, deve

resolver os problemas que revela ou gera, de maneira que três procedimentos

podem ser distinguidos: a) Antes do evento: sua expectação atenta, sua

antecipação parcial; b) Durante o evento: a intervenção ativa e pertinente em

situação de evento e c) Depois do evento: o debruçar-se reflexivo sobre o

evento ocorrido, “com frieza”, para compreendê-lo, para analisar

profundamente as causas e os motivos que fizeram com que esse evento

ocorresse, para evitar que volte a ocorrer (ZARIFIAN, 2001, p. 41.).

Le Boterf (2003) corrobora com esta reflexão quando relaciona o “saber

agir com pertinência” como sendo um requisito essencial da competência

profissional, defendendo a idéia de que o profissional deve não somente saber

executar o que é prescrito, mas deve saber ir além do prescrito, uma vez que,

segundo ele, a competência se revela mais no saber agir do que no “saber

fazer”, uma vez que a competência existe verdadeiramente quando sabe

encarar o acontecimento, o imprevisto.

A competência requer uma instrumentalização em saberes e

capacidades, mas não se reduz a essa instrumentalização, uma vez que não

pode limitar-se ao estabelecimento de uma lista de conhecimentos ou de

habilidades nem mesmo à constatação de sua aplicação (LE BOTERF, 2003).

Em resumo, a competência só se manifesta na atividade prática, é

dessa atividade que poderá decorrer a avaliação das competências nela

utilizada (ZARIFIAN, 2001), e o profissional não é aquele que possui

conhecimentos ou habilidades, mas aquele que sabe mobilizá-los em um

contexto profissional (LE BOTERF, 2003).

A competência é uma representação de uma ação efetiva e legitimada

no ambiente de trabalho, uma vez que só pode ser reconhecida através de

uma ação concreta na situação real de trabalho e na relação com um

desempenho esperado (RUAS et al., 2005).

Entretanto, a qualificação do trabalhador não pode ser considerada

somente a efetivação prática das competências individuais, uma vez que o

exercício da competência não existe sem a profundidade dos conhecimentos

que poderão ser mobilizados na situação. Os conhecimentos não se limitam ao

52

nível de sua aplicabilidade, pois depende de um exercício reflexivo e

pressupõe-se que o sujeito mobilize suas aprendizagens em favor das

situações (RAMOS, 2000).

Competência é “o tomar iniciativa” e “o assumir responsabilidade” do

individuo diante de situações profissionais com as quais se depara, no qual

Zarifian (2001) descreve a importância de cada palavra utilizada nesta

definição, conforme quadro 03:

Quadro 03 - Proposta de definição de competência

Palavra Importância

Assumir A competência é “assumida”, resulta de um procedimento pessoal do indivíduo, que aceita assumir uma situação de trabalho e ser responsável por ela.

Tomar Iniciativa É uma ação que modifica algo que existe, que introduz algo novo, que começa alguma coisa, que cria

Assumir responsabilidade

O assalariado responde pelas iniciativas que toma e por seus efeitos, não apenas em razão das avaliações sociais de que será objeto, mas também em virtude de sua “disposição para assumir responsabilidade” pela situação

Sobre situações Uma situação comporta simultaneamente um conjunto de objetivos, implicações das ações e a maneira subjetiva que o indivíduo tem de aprender, se situar, enfrentar e determinar seu comportamento.

Entendimento prático Entender uma situação é saber avaliá-la levando em conta “comportamentos” de seus constituintes, sejam eles materiais (máquinas) ou humanos.

Se apóia em conhecimentos adquiridos

não há exercício da competência sem um lastro de conhecimentos que poderão ser mobilizados em situação de trabalho

E os transforma A dialética que se instaura entre competência e conhecimentos faz precisamente com que estes últimos modifiquem-se ao contato com problemas e implicações da situação real de trabalho.

Quanto maior for a diversidade das situações, mais intensamente serão modificados os conhecimentos

o indivíduo aprende melhor e mais rápido na medida em que se deve fazer em face a situações variadas

Mobilizar redes de atores

qualquer situação um pouco mais complexa excede as competências de um único indivíduo

Compartilhar as implicações de uma situação

os assalariados só se comunicarão entre si e só disponibilizarão suas competências se experimentarem o sentimento de participar das mesmas implicações de uma situação, e se forem avaliados pela chefia à base dessas implicações

Assumir campos de co-responsabilidades

a responsabilidade não é compartilhada (sob o risco de enfraquecer) todas as situações nas quais apenas uma pessoa enfrenta um evento exigem necessariamente que a responsabilidade seja assumida individualmente

Fonte: Adaptado de Zarifian (2001)

53

Entretanto, o profissionalismo, segundo Le Boterf (2003) se constrói na

articulação de “três domínios”: o sujeito, as situações profissionais e as

situações de formação, conforme esquematizado na figura 1:

Figura 01 - A Mobilização Profissional

Fonte: Le Boterf (2003, p. 50)

Diversos autores descrevem uma variedade de definições e aplicações

ao desenvolvimento da abordagem competência, nos quais serão

apresentados a seguir.

Rezende (2000) apresenta as competências dentro da perspectiva de

classificação quanto ao domínio e aplicação de conhecimentos e habilidades,

de modo que propôs as categorias de competências técnicas, competências

intelectuais, competências cognitivas, competências relacionais, competências

sociais e políticas, competências didáticas pedagógicas, competências

metodológicas, competências de lideranças e competências organizacionais.

Primeiramente, as competências técnicas referem-se ao domínio de

especialistas, como exemplo, competências específicas de um determinado

profissional, como um motorista de transporte de cargas.

No que diz respeito às competências intelectuais, estas estão contidas

na aplicação das aptidões mentais, como se pode requerer nas situações nas

quais se necessitam de discernimento das situações.

54

Já as competências cognitivas estão relacionadas à capacidade

intelectual e de domínio de conhecimentos, como o saber lidar com conceitos e

teorias, aplicar terminologias e elaborar classificações.

No tocante às competências relacionais, estas se desenvolvem nas

habilidades práticas de relações e interações, como saber relacionar-se em

diversos níveis e saber fazer-se representar em situações específicas,

interagindo com diferentes áreas.

Em relação às competências sociais e políticas, estas são voltadas

para as relações e participações na sociedade, que podem ser exemplificadas

com o saber manter relações e convivência com as pessoas, grupos, e

associações.

Para as competências didáticas pedagógicas, relacionam-se as

questões educacionais de ensino/aprendizagem, como o saber ensinar e

treinar a fim de obter resultados de aprendizagens. Saber planejar aulas de

acordo com preceitos pedagógicos pode ser um exemplo destas competências.

Nas competências metodológicas, estas estão inseridas no contexto da

aplicação de técnicas e meios de organização de atividades de trabalho, como

o saber organizar o trabalho da equipe e definir roteiros e fluxos de serviços,

elaborando normas de procedimentos.

Referente às competências de lideranças estas são as que reúnem

habilidades pessoais e conhecimentos técnicos utilizados para influenciar e

conduzir um grupo ou equipe.

Por fim, as competências organizacionais, que são as competências

aplicadas a diferentes objetivos e formas de organização e gestão empresarial

que se classificam em: competências essenciais (core competences);

competências de gestão (específicas do nível gerencial); competências

gerenciais (de conhecimentos de técnicas de administração); competências

requeridas pelos cargos (competências requeridas para ocupação de

determinados cargos).

Zarifian (2001) diferencia as seguintes competências em uma

organização:

Competência sobre processos, a qual inclui os conhecimentos do

processo de trabalho;

55

Competências técnicas, onde estão presentes os conhecimentos

específicos sobre o trabalho que deve ser realizado;

Competências sobre a organização, implicando o saber organizar os

fluxos de trabalho;

Competências de serviço, que responderá o questionamento de qual o

impacto que o produto e serviço terão sobre o consumidor final.

Competências sociais, a qual na verdade é o “saber ser”, incluindo neste

contexto, as atitudes que sustentam os comportamentos das pessoas a partir

do domínio da: autonomia, responsabilização e comunicação.

Gramigna (2002) descreve quatro tipos de competências: as

competências diferenciais, essenciais, básicas e terciárias.

As competências diferenciais são consideradas as competências

estratégicas que estabelecem a vantagem competitiva da empresa,

identificadas no estabelecimento da missão empresarial e descritas de forma

genérica. Sendo constituídas por um conjunto de capacitações que auxiliam a

empresa a alcançar seus resultados e fazer o diferencial no mercado.

As competências essenciais são aquelas identificadas e definidas

como as mais importantes para o sucesso do negócio e devem ser percebidas

pelos clientes.

São estas as competências essenciais (core competences) referidas

por Prahalad e Hamel (2005) como sendo as portas para as oportunidades

futuras, sendo descrita como uma trama, tecida com os fios de habilidades e

tecnologias distintas, e o que faz uma determinada organização destacar-se

perante as demais.

Já as competências básicas são as necessárias para manter a

organização funcionando, sendo mais percebidas pelo ambiente interno, quais

as estimulam e alicerçam o clima de produtividade.

Por fim, Gramigna (2002) cita as competências tercerizáveis como

sendo as que não estão ligadas à atividade fim da organização e que podem

ser repassadas a fontes externas com maior competência e valor agregado.

Para descrever o desenvolvimento de competência do ser humano, a

autora compara ao processo de crescimento de uma árvore, conforme descrito

a seguir:

56

A raiz da árvore corresponde às atitudes que é determinado pelo

conjunto de valores, crenças e princípios formados ao longo da vida.

O tronco corresponde ao conhecimento no qual é formado pelo

conjunto de informações que a pessoa armazena e lança mão quando precisa.

Gramigna (2002) destaca que quanto maior este conhecimento, mas a

competência se fortalece e permite que o profissional enfrente com flexibilidade

e sabedoria os diversos desafios de seu dia-a-dia.

Por último, a copa da árvore (com seus frutos, flores e folhas) está

relacionada às habilidades, que é tida como a capacidade técnica para obter

resultados positivos.

Já Le Boterf (2003) apresenta determinadas tipologias de competência,

tais como:

Competência linguística: esta competência está relacionada ao processo

de “saber falar”, havendo a necessidade do domínio linguístico, através do

emprego do léxico e das regras gramáticas que possibilitarão a um

desempenho linguístico satisfatório;

Competência profissional: que está relacionado ao saber agir,

caracterizado pelo domínio profissional através da aplicação de

conhecimentos declarativos e também procedimentais, o que proporcionará

práticas profissionais e desempenhos profissionais de excelência;

Competência comportamental: relacionada à capacidade de iniciativa e

resolução de problemas;

Competência Coletiva: que surge quando se encontra situações de

sinergia e cooperação entre as competências individuais;

Competência Jurídica: é a competência vinculada aos critérios que

permitem decidir sobre o sucesso da atividade;

Competência Tática: é a competência reconhecida durante a atividade;

Competência estética ou ética: é a competência cujos critérios de êxito

não podem ser descritos “senão posteriormente”, pois há um julgamento

posterior de conformidade a um “ideal”.

A emergência da noção de competência atende pelo menos a três

propósitos (RAMOS, 2000, p.39):

57

a) reordenar conceitualmente a compreensão da relação trabalho-

educação, desviando o foco dos empregos, das ocupações e das tarefas para

o trabalhador em suas implicações subjetivas com o trabalho;

b) institucionalizar novas formas de educar/formar os trabalhadores e

de gerir o trabalho internamente às organizações e no mercado de trabalho em

geral, sob novos códigos profissionais em que figuram as relações contratuais,

de carreira e de salário;

c) formular padrões de identificação de capacidade real do trabalhador

para determinada ocupação, de tal modo que possa haver mobilidade entre as

diversas estruturas de emprego em nível nacional e em nível regional.

Perrenoud (2002) destaca que em uma sociedade na qual o

conhecimento transformou-se no principal fator de produção, é natural que

muitos conceitos transitem entre os universos da economia e da educação, e a

qualificação torna-se um conceito central na relação trabalho-educação

(RAMOS, 2001).

Mesmo que o reconhecimento dos diplomas possuídos não tenha sido

obtido enquanto tal, o fato de uma relação ter sido explicitamente estabelecida

entre os níveis de emprego e os níveis de formação da Educação Nacional,

contribuiu para certo reconhecimento social da importância dos diplomas e fez

com que tanto as pessoas como os parceiros sociais percebessem o fato de

que o diploma tornava-se um dos referenciais indispensáveis da qualificação

profissional, de modo que, as carreiras de formação profissional estão mais

explicitamente voltadas para a aquisição de competências (ZARIFIAN, 2001).

O mesmo autor ainda destaca a diferença entre a escola e a situação

de trabalho, de forma que ao trabalhar, o assalariado é envolvido por

implicações de suas ações muito mais severas do que ao fazer um exercício

escolar.

Assim, a qualificação profissional deve, então, ser negociada, e seu

conteúdo deve ser tornado publico (ZARIFIAN, 2001), uma vez que a

qualificação estará apoiada sobre dois sistemas: a) as convenções coletivas,

que classificam a hierarquizam os postos de trabalho; b) o ensino profissional,

que classifica e organiza os saberes em torno dos diplomas (RAMOS, 2000).

58

2.4 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS

2.4.1 Gerência

A necessidade de gerenciar o trabalho humano vem sendo observada

em todos os capítulos da história, desde a construção das pirâmides egípcias e

da muralha da China, entretanto, é no surgimento do capitalismo industrial que

a figura do gerente emerge tal como é conhecida hoje, tendo como objetivo

principal, a geração de lucro (ESTHÉR, 2007).

Nos primórdios da administração, definia-se administrador como

alguém “responsável pelo trabalho de terceiros”, distinguindo-se assim a

função do administrador da do proprietário da empresa, (DRUCKER, 2002)

sendo os gerentes os trabalhadores instruídos, “de quem se esperam, em

virtude de sua posição ou seu conhecimento, e no decorrer normal de seu

trabalho, decisões que tenham impacto significativo no desempenho e nos

resultados de conjunto” (DRUCKER, 1990 apud ESTHÉR, 2007).

Buscando definição de gerentes, Robbins (2000) divide em duas

categorias as pessoas que trabalham em uma empresa: gerentes e

trabalhadores, no qual os gerentes são todas as pessoas que supervisionam

atividades de outras, tendo estas se reportando a eles.

Para Boog (2004) o termo gerente não significa apenas o título de

cargo ou posição hierárquica, mas estes exercem um papel que tem uma única

responsabilidade: atingir resultados com pessoas e com inovação. Estando o

sucesso organizacional na dependência de seu quadro gerencial.

Os gerentes constituem uma parcela significativa da força de trabalho

de quase todos os países, não sendo uma categoria de cargo insignificante,

uma vez que uma das coisas que os gerentes fazem é direcionar um grupo ou

uma organização (ROBBIN, 2000).

De acordo com Drucker (2002), os executivos compõem um recurso

fundamental e mais caro da empresa, além de ser o que mais rapidamente se

deprecia e mais constantemente precisa ser reposto.

59

Exemplificando esta reflexão, o mesmo autor refere que em uma

fábrica automatizada, pode não haver quase nenhum funcionário comum, mas

haverá sempre os gerenciadores.

Robbins (2000) destaca que os gerentes estabelecem uma liderança

formal esclarecendo as pessoas sobre o que se espera que elas façam,

atuando como canal de comunicação mediante a coordenação das atividades

de suas unidades com as demais unidades de uma organização.

As primeiras tentativas de cuidar teoricamente dos problemas

associados à organização do trabalho se deram com os economistas clássicos,

sendo seu trabalho continuado na fase final da Revolução Industrial por

pensadores como Andrew Ure e Charles Babbage (BRAVERMAN, 1977 apud

ESTHÉR, 2007).

Neste contexto é importante destacar a contribuição de Frederick

Taylor através da sistematização da organização do trabalho e da produção

através do Management Científico de Henri Fayol, pela definição do trabalho do

gerente nas organizações e de Max Weber através do estudo do poder e da

legitimidade como aparelho administrativo para servir de suporte à autoridade

(TACHIZAWA et al., 2006; ESTHER, 2007).

Para Taylor, o papel dos gerentes estava relacionado aos princípios do

Scientific Management – planejamento, preparação, controle e separação entre

a concepção e a execução do trabalho. De modo que os membros da direção

deveriam criar e desenvolver métodos científicos por meio do estudo exaustivo

de cada elemento do processo de trabalho, e após isto, selecionar

cientificamente os operários e controlá-los de forma que seu trabalho fosse

efetuado segundo os requisitos previamente definidos (TACHIWAZA et al.,

2006).

Já Fayol, através dos princípios da organização, foi quem efetivamente

se preocupou em definir o trabalho do gerente, entendendo que as diversas

atividades de uma empresa devem ser classificadas e separadas por função:

técnica, comercial, financeira, de segurança, de contabilidade e administrativa

(ESTHER, 2007).

O autor descreve quatorze princípios, sendo considerados como

universais, e que seriam mais observados e aplicados por ele em sua

experiência gerencial: divisão do trabalho; autoridade e a responsabilidade;

60

disciplina; unidade de comando; unidade de direção; subordinação do interesse

particular ao geral; remuneração do pessoal; centralização; hierarquia; ordem;

equidade; estabilidade do pessoal; iniciativa; e união do pessoal (TACHIZAWA

et al., 2006; ESTHER, 2007 ).

No que se refere à função administrativa, constitui responsabilidade

principal dos gestores a implementação destes princípios, tendo como

obrigações do management o planejamento, organização, comando,

coordenação e controle, e por fim, Max Weber procurou integrar o estudo das

organizações no desenvolvimento histórico-social, descrevendo que cada

época social caracterizou-se por determinado sistema político e por uma elite

que, para manter o poder e a legitimidade, desenvolveu determinado aparelho

administrativo para servir de suporte a sua autoridade (TACHIWAZA et al.,

2006, p. 61).

Para Weber (1999), nem toda a dominação se serve de meios

econômicos, nem muito menos tem fins econômicos, mas toda dominação de

pessoas requer normalmente um quadro de pessoas com cuja obediência se

pode contar. Esse quadro administrativo pode estar vinculado à obediência ao

senhor (ou aos senhores) por costume ou de modo puramente afetivo, ou por

interesses materiais ou por motivos ideais (racionais referentes a valores)

Para o autor (p. 141), há três tipos puros de dominação legítima:

De caráter racional: baseada na crença na legitimidade das ordens

estatuídas e do direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens,

estão nomeados para exercer a dominação (dominação legal);

De caráter tradicional: baseada na crença cotidiana na santidade

das tradições vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que, em

virtude dessas tradições, representam a autoridade (dominação tradicional);

De caráter carismático: baseada na veneração extra-cotidiana da

santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das

ordens por esta revelada ou criadas (dominação carismática).

No caso da dominação baseada em estatutos, obedece-se à ordem

impessoal, objetiva e legalmente estatuída e aos superiores por ela

determinados; no caso da dominação tradicional, obedece-se à pessoa

nomeada pela tradição em virtude de devoção aos hábitos costumeiros; e por

último, no caso da dominação carismática, obedece-se ao líder

61

carismaticamente qualificado como tal, em virtude de confiança pessoal em

revelação, heroísmo ou exemplaridade dentro do âmbito da crença nesse seu

carisma (WEBER, 1999).

No tocante à classificação dos gerentes, Robbins (2000) propõe uma

estrutura conforme descrito no quadro 04:

Quadro 04 - Classificando os gerentes

Fonte: Robbins (2000, p. 30)

Os gerentes operacionais ou de primeira linha são os de nível gerencial

mais inferior e são conhecidos, geralmente, por supervisores; na média

administração, encontram-se títulos de como chefe de departamento ou de

unidade; e na cúpula, ou próximo à cúpula de uma organização, os gerentes,

via de regra, têm títulos como presidente, presidente do conselho de

administração, diretor-superintendente, vice-presidente, diretor executivo,

administrativo ou operacional (ROBBINS, 2000).

A determinação de quais os postos de direção necessários deve ser

decorrência das operações e contribuições necessárias para que alcancem os

objetivos da empresa. O posto de determinado administrador existe porque a

tarefa com que a empresa se depara assim o exige (DRUCKER, 2002).

62

Ainda segundo o mesmo autor, cada posto deve contar sempre com

amplitude e dimensões gerenciais, considerando que o dirigente é alguém que

assume responsabilidades relativas aos resultados finais do empreendimento e

colabora para sua concepção, os postos devem sempre abranger o máximo de

desafio, de responsabilidade e de colaboração.

2.4.2 Definições e Modelos de Competências Gerenciais

Desde que a noção de competência no nível organizacional ganhou

destaque na pesquisa em administração, autores, consultores e executivos

procuram compreender a idéia de competência e, sobretudo, desenvolvê-la na

prática da organização (FERNANDES, 2006).

Como já foi citado anteriormente, competência tem significados, tanto

ligados à tarefa e aos seus resultados, como características das pessoas,

podendo a mesma ser classificada sob o ponto de vista pessoal –

competências essenciais – relacionadas ao indivíduo, à equipe e seu

desenvolvimento, e do ponto de vista empresarial – competências

organizacionais – essas relacionadas às estratégias corporativas (CUNHA e

NETO, 2006).

As organizações vivem hoje em um cenário de crescentes mudanças,

que decorrem das transformações ocorridas tanto no ambiente externo, através

dos processos de globalização (financeira, comercial e produtiva), como no

ambiente interno, através da necessidade de migrar do modelo tradicional de

gestão (taylorista-fordista) e do modelo hierárquico funcional (desenvolvido por

Fayol), para um modelo em que o foco é o mercado e, por conseqüência, a

atenção da gestão volta-se para os indivíduos e não para a estrutura, o cargo

ou a linha de produção (BONILAURI & KARAM, 2004).

Robbins (2000) ressalta o papel do gerente no contexto do mutável

mundo do trabalho, no qual não é apenas a economia, as organizações e os

cargos que estão passando por mudanças, mas o cargo gerencial também está

mudando, conforme apresentado no quadro 05.

63

Quadro 05 - O gerente em transformação

O Velho Gerente O Novo Gerente

Opera em clima de previsibilidade e estabilidade

Prospera no caos

O chefe O treinador

Deseja autoridade Dá poder

Acumula informação Compartilha informação

Trata todas as pessoas como iguais É sensível às diferenças

Fonte: Robbins (2000, p. 37)

É importante entender as competências dentro do contexto das

complexidades e demandas organizacionais, uma vez que o grau de

complexidade com que um indivíduo realiza seu trabalho depende de seu nível

de maturidade profissional, entretanto, também depende das necessidades

organizacionais, do espaço que a organização disponibiliza para o indivíduo

exercer sua competência (FERNANDES, 2006).

O conceito de complexidade permite-nos avaliar o nível da entrega e

da agregação de valor das pessoas, uma vez ao associar os conceitos de

complexidade às competências é possível definir, para cada competência,

diferentes níveis de complexidade de entrega (DUTRA, 2001).

Os postos de direção deve sempre ter por base uma tarefa que seja

essencial à realização dos objetivos da empresa, devendo sempre

compreender um serviço genuíno que contribua de modo visível e, se possível,

mensurável para o êxito do empreendimento, devendo os administradores ser

dirigidos e controlados pelos objetivos fixados para o desempenho, e não pelos

seus superiores (DRUCKER, 2002).

Ruas et al. (2005) destaca as competências gerenciais como sendo

aquelas que se pretendem que coloquem as propostas e projetos

organizacionais e funcionais (áreas) em ação.

Pessoas que estudam e escrevem sobre administração há muito

discutem sobre o melhor modo de qualificar o cargo de gerentes, (ROBBINS,

2000) de modo que várias abordagens são trazidas pelos diversos autores

como sendo modelos de competências gerenciais.

Tachizawa et al., (2006) destacam que Fayol em seus estudos atribui

os papéis gerenciais de planejamento, organização, comando, coordenação e

controle como sendo as responsabilidade principal dos gestores.

64

Entretanto, Maximiano (2006) refere que Mintzberg (1973) questiona o

pensamento de Fayol no que diz respeito aos papéis gerenciais, uma vez que,

em seus estudos, menciona que o administrador não apenas planeja, dirige,

organiza e controla. Os gerentes têm outras responsabilidades gerenciais além

do desempenho das funções do processo administrativo, sendo estes os

agentes ou protagonistas do processo administrativo.

O autor descreve que os estudos de Mintzberg permitem concluir que

há três aspectos básicos no trabalho de qualquer gerente: decisões, relações

humanas e processamento de informações; que o trabalho dos gerentes varia

de acordo com nível hierárquico, especialidade, tamanho da empresa,

conjuntura econômica e outros fatores; e o trabalho do gerente não consiste

apenas em planejar, organizar, dirigir e controlar, onde as funções do processo

administrativo diluem-se e combina-se com o desempenho dos papéis,

especialmente com os que envolvem a administração de recursos e a tomada

de decisões.

O termo papéis gerenciais diz respeito a categorias específicas de

comportamento gerencial, de forma que Henry Mintzberg, a partir de seus

estudos, concluiu que os gerentes executam 10 papéis diferentes, porém muito

inter-relacionados (ROBBINS, 2000).

Os 10 papéis de Mintzberg podem ser agrupados em torno de três

temas: relações interpessoais, transferência de informações e tomada de

decisões (ROBBINS, 2000), conforme descrito na figura 02:

Figura 02 - Dez papéis que os Gerentes desempenham segundo Mintzberg

Fonte: Maximiano (2006)

65

Maciel e Mendonça (2000) descrevem que os papéis interpessoais

decorrem do status e autoridade inerente aos cargos administrativos, são, em

sua maioria, de natureza social e legal, implicando no relacionamento do

gerente com representantes da organização, com os subordinados e com

indivíduos ou grupos externos à organização.

Já os papéis de informação, estes estão diretamente ligados às

informações recebidas pelos gerentes, com a finalidade de se inteirar do que

acontece na organização, e posteriormente transmitidas aos subordinados,

tornando-se o porta-voz da organização.

E por último, os papéis decisórios relacionam-se às tarefas de tomar

decisões, seja através das atividades de planejamento, solucionador de

problemas, alocador de recursos, negociador, dentre outras.

Para Robbins (2000) os proponentes da abordagem das habilidades

afirmam que não basta conhecer a administração de organizações e pessoas,

é preciso estar preparado para praticá-la, estando as habilidades gerenciais

envolvidas no contexto das aptidões ou comportamentos que são fundamentais

ao sucesso num cargo gerencial.

Deste modo, o autor propõe a identificação de habilidades gerais e, em

seguida, de habilidades específicas relacionadas à eficácia.

No que diz respeito às Habilidades Gerais, os gerentes eficazes

devem ser proficientes em quatro áreas gerais: habilidades conceituais,

habilidades interpessoais, habilidades técnicas e habilidades políticas,

conforme descrito a seguir: (ROBBINS, 2000, p. 34)

Habilidades conceituais: dizem respeito à aptidão mental para

analisar e diagnosticar situações complexas, ajudando os gerentes a perceber

como as coisas se relacionam e a tomar decisões acertadas.

Habilidades interpessoais: incluem a capacidade para trabalhar em

equipe, entender e motivar outras pessoas, tanto individualmente como em

grupo.

Habilidades técnicas: referem-se à aplicação de conhecimentos

especializados ou experiência.

Habilidade política: implicam a necessidade de ampliar sua posição,

construir uma base de poder e fazer contatos corretos.

66

No tocante às Habilidades Específicas, Robbins (2000) destaca seis

conjuntos de comportamentos que explicam mais de 50% da eficácia de um

gerente, a saber:

Controle do ambiente da organização e de seus recursos: através

da habilidade (tanto nas reuniões de planejamento e distribuição de recursos

como a tomada de decisão) na prevenção e na antecipação de mudanças

ambientais. Implicando em fundar as decisões sobre recursos no conhecimento

claro, atualizado e preciso dos objetivos organizacionais.

Organização e coordenação: os gerentes se organizam em torno de

tarefas, e sem seguida coordenam relações de interdependência entre as

tarefas, onde quer que essas relações existam.

Tratamento de informações: abrange a utilização de canais de

informação e comunicação para identificar problemas, compreender um

ambiente em transformação e tomar decisões eficazes.

Previsão de crescimento e desenvolvimento: envolve a garantia do

auto desenvolvimento, bem como o de seus funcionários, mediante a

aprendizagem contínua no trabalho.

Motivação dos funcionários: através do reforço dos aspectos

positivos da motivação de forma que os funcionários se sintam impelidos a

executar o trabalho, eliminando, ao mesmo tempo, os conflitos que possam

desmotivá-los.

Solução de problemas estratégicos: assumindo a responsabilidade

por suas próprias decisões e certificando-se de que os subordinados utilizem

efetivamente suas habilidades de tomada de decisão.

Robbins (2000, p.35) ainda apresenta a abordagem das Competências

Gerenciais originada no Reino Unido, conhecida como iniciativa de

padronização gerencial ou MCI (management charter initiative), na qual fixa

padrões genéricos de competências gerenciais.

Deste modo, o padrão descrito para o gerente da média administração

implica na relação das competências centrais e seus respectivos elementos

específicos associados, conforme quadro a seguir:

67

Quadro 06 - Competências Centrais e Elementos Específicos

Competência Central

Elementos Específicos

Iniciar e implementar mudanças e aprimoramento em serviços, produtos e sistemas

Identificar oportunidades para aprimoramento nos serviços, produtos e sistemas

Avaliar benefícios e desvantagens de mudanças propostas

Negociar e estabelecer acordo na introdução de mudanças

Implementar e avaliar mudanças nos serviços, produtos e sistemas

Introduzir, desenvolver e avaliar sistemas de garantia de qualidade

Monitorar, manter e melhorar a entrega de serviços e produtos

Estabelecer e manter suprimento de recursos na organização/departamento

Negociar e estabelecer acordos quanto a exigência do cliente

Manter e melhorar as operações segundo especificações de qualidade e funcionalidade

Criar e manter as condições necessárias para o trabalho produtivo

Monitorar o controlar o uso dos recursos

Controlar custos e ampliar valor

Monitorar e controlar atividades de conformidade com os orçamentos

Garantir a alocação eficaz de recursos para as atividades e projetos

Justificar propostas para despesas com projetos

Negociar e estabelecer acordo quanto a orçamentos

Recrutar e selecionar pessoal

Definir futuras necessidades (requisitos) de pessoal

Determinar especificações para reter pessoas de qualidade

Avaliar e selecionar os candidatos segundo requisitos de equipe e da organização

Desenvolver equipes, indivíduos e a si mesmo para melhorar o desempenho

Desenvolver e melhorar as equipes ao longo do planejamento e das atividades

Identificar, rever e melhorar atividades de desenvolvimento para os indivíduos

Planejar, distribuir e avaliar o trabalho realizado por equipes, indivíduos e por si mesmo

Fixar e atualizar objetivos de trabalho para equipes e indivíduos

Planejar atividades e determinar métodos de trabalho para alcançar objetivos

Distribuir trabalho e avaliar equipes, indivíduos e a si mesmo segundo objetivos

Fornecer feedback para as equipes e indivíduos sobre seu desempenho

Criar, manter e ampliar as relações eficazes de trabalho

Estabelecer e manter a confiança e apoio dos subordinados

Estabelecer e manter a confiança e apoio do gerente imediato

Estabelecer e manter relacionamento com os colegas

Identificar e minimizar conflitos interpessoais

Implementar procedimentos disciplinares e de reclamações

Aconselhar a equipe

Procurar, avaliar e organizar informações para a ação

Obter e avaliar informações para ajudar na tomada de decisões

Prever tendências e acontecimentos que afetarão os objetivos

Registrar e armazenar informações

Trocar informações para resolver problemas e tomar decisões

Conduzir reuniões e discussões em grupo

Contribuir com as discussões para resolver problemas e tomar decisões

Aconselhar e informar os outros

Fonte: Robbins (2000)

Gramigna (2002) optou em descrever as competências gerenciais,

categorizando em competências genéricas e especificas, apresentando

indicadores de competências gerenciais, conforme quadro a seguir:

68

Quadro 07 – Indicadores de Competências gerenciais

Competências Genéricas Indicadores de Competências Gerenciais

Qualidade de Fundo

Comunicação verbal e escrita

Capacidade para resolução de problemas

Planejamento e organização

Delegação

Formação de equipes

Sensibilidade

Uso da autoridade com responsabilidade e bom senso

Tenacidade, persistência

Habilidade negocial

Capacidade de análise e síntese

Sensatez

Criatividade

Aceitação de riscos

Decisão

Conhecimento técnico

Energia

Amplitude de interesses

Iniciativa

Tolerância ao estresse

Adaptabilidade

Autonomia

Ética

Respeito aos objetivos organizacionais

Qualidade nos contatos internos

Qualidade nos contatos externos

Formação e valorização dos colaboradores

Expressão de liderança

Sentido de interesse comum pela empresa e pelo grupo.

Personalidade/carisma

Adaptabilidade

Autonomia/capacidade de correr riscos

Ambição

Valorização dos demais colaboradores

Valorização dos bens confiados

Estabilidade diante do estresse

Disponibilidade

Atitude aberta

Criatividade

Atitude decisiva

Honestidade/integridade

Cultura pessoal

Fonte: Adaptado de Gramigna (2002)

O papel gerencial, na perspectiva de Boog (2004), é um papel

complexo no qual engloba as atividades gerenciais (o que ele faz), resultados

gerenciais (o que ele atinge) e as habilidades gerenciais (características

dirigidas). Estas últimas podem ser agrupadas em três blocos: habilidades

técnicas, habilidades humanas e habilidades conceituais.

As habilidades técnicas representam o conhecimento específico de um

cargo gerencial, normalmente associado à área funcional do gerente, como

exemplo, conhecimento de métodos, processos, demonstrativos contábeis,

legislação tributária, dentre outras relacionadas ao setor em que atua.

Já as habilidades humanas, estas representam a habilidade que o

gerente deve ter no trato com pessoas, englobando neste contexto, dimensões

como liderança, motivação, comunicação, de forma que se possa saber

trabalhar como uma equipe coesa.

69

Por fim, as habilidades conceituais, estas estão inseridas na

necessidade de o gerente ter a visão do todo, ter uma visão “macro”. Implica na

habilidade de olhar além das fronteiras de seu setor, entender as relações

entre os diversos setores e saber como a organização se relaciona com o meio

ambiente.

Neste sentido, Boog (2004, p. 131) apresenta os estudos de Robert

Katz, mostrando que estas habilidades mudam de peso relativo em função do

nível hierárquico do gerente, conforme apresentado na figura 03.

Figura 03 - Habilidades gerenciais em função do nível hierárquico do gerente de acordo com Robert Katz

Fonte: Boog (2004, p. 131)

Neste contexto, a carreira gerencial tem como características o domínio

crescente de habilidades humanas e conceituais, o que requer investimentos

em programas de treinamento e desenvolvimento de executivos, (BOOG, 2004)

a fim de aperfeiçoar os saber - fazer cognitivos descritos por Le Boterf (2003, p.

114), ou seja, as operações intelectuais necessárias à formulação, à análise e

à resolução de problemas, à concepção e à realização de projetos, à tomada

de decisão, à criação ou à invenção.

Nos últimos anos, surgiram vários rótulos diferentes para categorizar as

habilidades de ótimos gerentes, dos quais os mais populares estão a

inteligência emocional, competência interpessoal, inteligência social ou, puro e

simplesmente, “lidar com pessoas” (BALDWIM et al., 2008).

Para Ruas et al. (2005), competências gerenciais são um conceito

teórico relativamente preciso, relacionado ao desempenho do gestor, sendo

70

possível destacar alguns conhecimentos, habilidades e atitudes que constituem

um perfil gerencial atual, de modo que estão dentro deste contexto: Visão

sistêmica e estratégica; Domínio pessoal; Capacidade de trabalhar em equipe;

Habilidades humanas e interculturais; Criatividade; Flexibilidade; Capacidade

de inovação Comportamento ético; e Capacidade de aprender, liderar e educar.

2.4.3 Competências gerenciais segundo o Modelo de Quinn et al. (2003)

As competências gerenciais são trabalhadas por Quinn et al. (2003)

dentro de um modelo baseado em uma concepção mais ampla e integrada, de

forma que quatro modelos são desenvolvidos em um único arcabouço,

conforme apresentado no quadro 08:

Quadro 08 - Características dos quatro modelos gerenciais Metas racionais Processos internos Relações

Humanas Sistemas abertos

Símbolo $

Critérios de eficácia

Produtividade, lucro

Estabilidade, continuidade

Compromisso, coesão, moral

Adaptabilidade, apoio externo

Teoria referente a

meios e fins

Uma direção clara leva a resultados positivos

Rotinização leva à estabilidade

Envolvimento resulta em

compromisso

Adaptação e inovação contínuas levam à aquisição e

manutenção de recursos externos

Ênfase Explicitação de metas, análise

racional e tomada de iniciativas

Definição de responsabilidade,

mensuração, documentação

Participação, resolução de

conflitos e criação de consenso

Adaptação política, resolução criativa

de problemas, inovação,

gerenciamento da mudança.

Atmosfera Econômico-racional: “lucro-

líquido”

Hierárquico

Orientado a equipes

Inovadora, flexível

Papel do gerente

Diretor e produtor

Monitor e coordenador Mentor e facilitador Inovador e negociador /

mediador

Fonte: Adaptado de Quinn et al. (2003)

Os modelos apresentados por Quinn et al. (2003) são quatro

perspectivas ou domínio inteiramente diverso, entretanto, pode-se detectar

entre eles uma íntima inter relação e entrelaçamento, de modo que

71

representam quatro subdomínios de um construto maior: a eficácia

organizacional.

Todos os modelos desse arcabouço de eficácia organizacional são

interligados e nenhum desses modelos, isoladamente, proporciona a gama de

perspectivas, a amplitude de escolhas e a eficácia potencial decorrentes de se

considerá-los todos como parte de um arcabouço maior (QUINN et al., 2003).

Este construto é denominado por Quinn et al. (2003) de quadro de

valores competitivos, conforme apresentado na figura 03:

Figura 04 - Quadro de valores competitivos: critérios de eficácia.

Fonte: Quinn (2003, p. 13)

As relações entre os modelos podem ser entendidas em termos de dois

eixos, no qual o eixo vertical vai da flexibilidade ao controle, e o eixo horizontal

vai do foco organizacional interno ao foco organizacional externo, e cada

modelo insere-se num dos quatro quadrantes (QUINN et al., 2003).

De acordo com Quinn et al. (2003), cada modelo tem um oposto

percebido: o das relações humanas entra em ângulo contraste com os das

metas racionais; o modelo dos sistemas abertos opõe-se ao modelo dos

processos internos.

72

É importante destacar que o paralelo entre os modelos também são

importantes, considerando que:

- Modelos de relações humanas e sistemas abertos: compartilham a

preocupação com a flexibilidade;

- Modelos dos sistemas abertos e o das metas racionais: dão relevo ao

foco externo;

- Modelos das metas racionais e de processos internos: salientam o

controle;

- Modelos de processos internos e das relações humanas: têm em

comum a ênfase no foco interno.

Os quatro modelos do arcabouço representam os valores invisíveis

pelos quais pessoas, programas, políticas e organizações vivem e morrem, e

desta forma, os gerentes tendem a aprisionar-se ao seu próprio estilo e aos

valores culturais da organização, empregando estratégias muito similares numa

ampla variedade de situações (QUINN et al., 2003).

Diante da complexidade com que as pessoas se deparam no mundo

real, Quinn et al. (2003) propõem 03 desafios que deverão ser solucionados

para que se possa ampliar o pensamento e incrementar as possibilidades de

escolha e eficácia:

Desafio 1: Apreciar vantagens e desvantagens de cada um dos quatro

modelos.

Desafio 2: Adquirir e utilizar as competências de cada um dos

modelos.

Desafio 3: Integrar de maneira dinâmica as competências de cada um

dos modelos às situações gerenciais encontradas.

Baseado nestes desafios, Quinn et al. (2003) destacam que no

momento em que o indivíduo vence o desafio 1 e passar a compreender e

apreciar cada um dos quatro modelos, sugere que ele aprendeu algo no âmbito

conceitual e aprofundou sua complexidade cognitiva no tocante à liderança

gerencial.

E, nesta mesma concepção, quando o líder gerencial ultrapassar os

desafios 2 e 3, este estará adquirindo a complexidade comportamental, no qual

poderá explorar e utilizar competências e comportamentos dos diversos

modelos.

73

Fundamentado nestes modelos os autores descrevem oito papéis dos

líderes inseridos no quadro de valores competitivos, de modo que cada um dos

papéis compreende três competências, conforme descrito na figura 04.

Figura 05 - As competências e papéis dos líderes no quadro de valores competitivos

Fonte: Quinn et al. (2003, p. 17)

Nesta abordagem, os autores mostram que nos modelos das metas

racionais, nos quais estão inseridos os papéis de diretor e produtor.

Considerando que estes visam produtividade e lucro, espera-se que estes

desempenhem os papéis conforme descrito:

No papel de diretor, o gerente deve explicitar expectativas

organizacionais, de planejamento e delimitação de metas, por meio de

processos; definir problemas; selecionar alternativas; gerar regras e políticas e

fornecer instruções.

No que diz respeito ao papel de produtor, este deve ser orientado

para a tarefa; manter o foco no trabalho e exibir alto grau de interesse,

motivação, energia e ímpeto pessoal.

Dentro do modelo dos processos internos, têm-se os papéis de monitor

e de coordenador.

74

No papel de monitor, o gerente deve saber o que se passa em sua

unidade, observar se as pessoas estão cumprindo as regras, averiguar se o

setor está fazendo sua parte; dominar todos os fatos e detalhes, ser bom

analista, gostar de dados e formulários, valoriza a análise e respostas a

informações de rotina, realiza inspeções e vistorias, revisa relatórios e outros

documentos e ser analista.

Para o gerente no papel de coordenador, espera-se que forneça

sustentação à estrutura e ao fluxo do sistema, seja digno de confiança e

crédito, tenha entre seus traços comportamentais recursos diversos para a

facilitação do trabalho, como: agendamento, organização e coordenação dos

esforços da equipe, o enfrentamento de crises e a resolução de dificuldades de

ordem tecnológica, logística e doméstica.

Na abordagem do modelo das relações humanas, encontram-se os

papéis de facilitador e de mentor, de maneira que Quinn et al. (2003)

descrevem as competências necessárias como sendo:

No papel de facilitador, o gestor deverá fomentar os esforços

coletivos, promover coesão e o trabalho em equipe, administrar conflitos

interpessoais, ser orientado para processos, ter comportamento que incluem a

intervenção em disputas interpessoais, usar técnicas de resolução de conflitos;

reforçar a coesão e do moral coletivo, obter a colaboração e ter participação e

ajuda na solução de problemas do grupo.

No que tange ao papel de mentor, espera-se que o gerente possa

dedicar-se ao desenvolvimento das pessoas mediante uma orientação

cuidadosa e de empatia – papel do interesse humano, ser solícito, atencioso,

sensível, afável, aberto e justo, escutar e apoiar reinvidicações legítimas,

transmitir apreciações e distribuir elogios e reconhecimentos, considerar que as

pessoas são recursos a serem desenvolvidos, podendo contribuir para o

aprimoramento de competências, proporcionando oportunidades de

treinamento e planejar o desenvolvimento individual dos empregados.

Tomando como base o modelo dos sistemas abertos, Quinn et al.

(2003) destacam os papéis de inovador e de negociador.

Enquanto exercendo o papel de inovador, o gerente deveria

apresentar as características de ser encarregado de facilitar a adaptação e a

mudança, estar atento ao ambiente em transformação, poder identificar

75

tendências significativas, ser capaz de conceituar e projetar mudanças

necessárias, além de tolerar as incertezas e riscos, ser indutivo, em idéias, e

em insights intuitivos, ser sonhadores inteligentes e criativos, ser capazes de

enxergar longe, poder vislumbrar inovações e apresentá-las em embalagens

convidativas e convencer aos demais que são desejáveis e necessárias e ser

visionário e empreendedor.

No que diz respeito ao papel de negociador, o gestor deverá

preocupar-se particularmente com a sustentação da legitimidade exterior e a

obtenção de recursos externos, possuir imagem, aparência e reputação, ser

astuto politicamente, ter capacidade de persuasão, influência e poder,

encontra-se com pessoas de fora de sua própria unidade para representar,

negociar e adquirir recursos, vender e servir de intermediários e porta-vozes.

Desta forma, Quinn et al. (2003) descrevem que para atingir o que é

chamado de capacidade plena na atividade gerencial, requer mais que o mero

desenvolvimento de competências, mas requer a possibilidade de penetrar

uma situação, enxergá-la de perspectivas contrastantes e lançar mão de

competências antagônicas, sendo necessário mesclar competências opostas.

Os autores relataram que um gerente tornar-se capaz quando este não

só desempenham todos os oito papéis (no mínimo de maneira competente),

mas que tenha a capacidade de mesclar e equilibrar os diferentes papéis de

modo adequado, no qual essa capacidade envolve dois componentes:

repertório comportamental e diferenciação comportamental.

O repertório comportamental refere-se à quantidade de papéis de

liderança que um gerente é capaz de usar de forma eficaz, e a diferenciação

comportamental é a possibilidade de usar os papéis de seu repertório de

diferentes modos, de acordo com a situação.

Quinn et al. (2003) salientam que no século XXI, a complexidade

comportamental será cada vez mais importante para os líderes globais, cuja

habilidade para um desempenho corporativo superior deverão equilibrar a

rentabilidade e produtividade, continuidade e eficiência, comprometimento e

entusiasmo assim como a adaptabilidade e a inovação.

Referindo-se à capacidade plena de um gestor, os autores referem que

esta se dá através de um processo de aprendizagem e que só é possível

acontecer com o passar do tempo, existindo cinco etapas até o alcance desta.

76

O primeiro estágio, denominado de novato, o gestor aprende os fatos

e regras, sendo estas regras, como algo absoluto que nunca devem ser

violado. Este estágio corresponde ao aprendizado das várias funções de tarefa

e manutenção de grupo, e que o bom desempenho coletivo exige atenção de

ambos.

No segundo estágio, o principiante avançado, a experiência começa

a ser crucial, uma vez que começa a se deparar com situações da vida real,

havendo melhora no desempenho e é mostrada a capacidade de colocar em

prática dos fatos e as regras aprendidas. E através da observação de

determinados padrões básicos, há o reconhecimento dos elementos que não

são mencionados nas regras. Neste momento, começa-se a descoberta da

importância da compreensão das normas fundamentais, valores e culturas da

organização, os elementos que não estão descritos nos livros.

Quanto ao terceiro estágio, o gerente competente, este se dá na

medida que se ganha a competência, desenvolvendo uma melhor apreciação

da complexidade da tarefa e há o reconhecimento de um conjunto muito mais

amplo de elementos a ser considerados. Desenvolve-se a capacidade de

selecionar as tarefas mais relevantes e nelas se concentrar. Há uma confiança

maior na própria intuição, se dispondo o gerente, a correr riscos ou sugerir

novas abordagens.

Já no quarto estágio, o gerente proficiente, começa a atuar de forma

fluida e sem esforço, de forma que há uma leitura inconsciente da situação em

andamento e a compreensão das situações de forma holística e intuitiva.

Sendo considerados extremamente eficazes os gerentes que atingem esse

estágio.

Quinn et al. (2003) salientam que a proficiência não ocorre com

facilidade, pois é preciso prática e habilidade para se desenvolver a

sensibilidade a ponto de reconhecer padrões intuitivamente. Percebe-se que os

novatos tendem a seguir modelos clássicos de tomada de decisão, e na

medida em que aumentam a experiência e habilidades, esses modelos são

abandonados.

Por fim, o último estágio, o de gerente perito, tem o desempenho ótimo

convertido numa segunda natureza. Os que alcançam esse estágio não têm

mais consciência dos detalhes, pois adotam uma perspectiva holística, que

77

lhes proporcionam um entendimento profundo da situação. Estes gerentes

vêem e sabem intuitivamente coisas que escapam às pessoas comuns, sendo

capazes de elaborar e re-elaborar estratégias enquanto lêem indicadores em

transformação.

Neste caso, Quinn et al. (2003) apontam que o gerente transcende

plenamente todas as suas limitações naturais, conseguindo alternar entre os

vários papéis conforme necessário, estando apto a encarar se esforço as

contradições da vida organizacional.

Baseado no estudo dos valores competitivos, os autores apresentam

diversos perfis de gestores, a partir dos papéis e competências que mais se

fazem necessários no seu cotidiano. Descrevem o que denominam de perfis

eficazes e perfis ineficazes, conforme descrito no quadro 09:

Quadro 09 – Perfis gerenciais eficazes e Perfis gerenciais

ineficazes

Eficazes Ineficazes

Perfil Papéis Perfil Papéis

Realizadores agressivos

Menor nível no papel de facilitador

Adaptativos Caóticos

Destaque para os papéis de facilitador, mentor, inovador e produtor

Produtores Conceituais

Menor nível para o papel de monitor

Coordenadores irritantes

Maior escala no papel de monitor e coordenador; Menor escala no papel de diretor.

Agregadores pacíficos

Menores níveis para os papéis de negociador e produtor

Workaholics sufocantes

Destaque apenas para o papel de produtor

Mestres Níveis homogêneo nos oito papéis

Improdutivos extremos

Níveis homogêneos em escala inferior no desempenho dos oito papéis

Fonte: Adaptado de Quinn et al. (2003, p. 378-379)

Assim, Prata (2008) refere que o estudo desses oito papéis inseridos

nos quatro modelos permite que as descrições possam aplicar-se tanto a

gestores de primeiro escalão quanto àqueles situados em níveis mais

operacionais, e que vários pesquisadores têm utilizado estes modelos e papéis

78

para estruturar programas de desenvolvimento gerencial, uma vez que trata de

comportamentos específicos para a educação gerencial.

Fundamentado neste modelo, delineia-se a seguir a metodologia de

pesquisa percorrida para a realização deste estudo.

79

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

De acordo com Cervo e Bervian (2002) e Gil (2009), o estudo trata-se

de uma pesquisa de campo uma vez que busca aprofundamento das questões

propostas, e também irá se estudar um único grupo em termos de estrutura

social. Também pode considerar como de e natureza aplicada, pois visa

atender a uma finalidade prática.

Trata-se de um estudo do tipo descritivo, que possui como objetivo a

descrição das características de determinada população ou fenômeno e

estabelecer relações entre as variáveis e terá a utilização de técnicas

padronizadas de coleta de dados (GIL, 2009).

Segundo Vergara (2007), a pesquisa descritiva poderá expor

características de uma determinada população ou de um determinado

fenômeno, sendo possível estabelecer correlações entre variáveis e definir a

sua natureza.

3.2 UNIDADES DE ANÁLISES / SUJEITOS DA PESQUISA

No estudo realizado, as unidades de análise consistiam as Unidades

de Alimentação e Nutrição cuja modalidade de administração é a terceirização,

e que possuíssem registro junto ao Conselho Regional de Nutricionistas 6ª

Região (CRN 6) no qual o estado do Rio Grande do Norte é vinculado. E como

sujeitos da pesquisa, os nutricionistas gestores destas Unidades.

Assim, de acordo com o CRN 6, na região de Natal existem 14

empresas que possuem Unidades de Alimentação e Nutrição com a

modalidade de gestão de terceirização.

As 14 empresas juntas possuíam um universo de 23 Unidades de

Alimentação em Nutrição conforme tabela a seguir:

80

Tabela 01 - Número de Unidades de Alimentação e Nutrição em Natal-RN

Empresa Número de UANs

Empresa 1 03

Empresa 2 00

Empresa 3 01

Empresa 4 02

Empresa 5 08

Empresa 6 03

Empresa 7 00

Empresa 8 01

Empresa 9 00

Empresa 10 01

Empresa 11 01

Empresa 12 01

Empresa 13 01

Empresa 14 01

Total 23

Fonte: Conselho Regional de Nutricionista 6ª Região (CRN 6)

Tendo a informação de 14 empresas que atuam no ramo de alimentação

coletiva e que são cadastradas no CRN-6, manteve-se contato com as mesmas

para definir os campos de estudo conforme os critérios pré-estabelecidos: atuar

na região de Natal/RN, possuir nutricionista atuando como gestor, de forma que

o mapeamento destas informações está descrito na tabela 02.

Tabela 02 – Mapeamento das empresas de alimentação coletiva para aplicação da pesquisa

Situação da empresa Nº Empresas Nº de UAN

Não estão atuando mais em Natal/RN 03 00

Não possuem nutricionista atuando como gestor 02 04

Empresas que atuam em Natal/RN e possuem nutricionista como gestor

09 19

TOTAL 14 23

Fonte: Dados da pesquisa

Diante dos critérios previamente estabelecidos, foram contatados 19

nutricionistas, entretanto, apenas 15 concordaram em responder o questionário

da pesquisa, correspondendo a cinco empresas.

Da população que concordou em participar da pesquisa, três não

devolveram os questionários, restando assim, 12 respondentes.

81

3.3 CARACTERÍSTICA DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO ESTUDADAS

As 12 Unidades de Alimentação e Nutrição pesquisadas estão situadas

na cidade de Natal e nos municípios que compõem a grande Natal (Macaíba,

Parnamirim e Extremoz), estando vinculadas a cinco empresas de alimentação

coletiva cadastradas no CRN-6 e possuem nutricionistas que atuam na função

de gerência.

Todas as empresas estudadas eram vinculadas ao Programa de

Alimentação do Trabalhador (PAT) e considerando que a modalidade de

gerenciamento é a terceirização, todas estão inseridas dentro de outras

empresas, em sua maioria indústrias.

Das cinco empresas, duas são empresas regionais, que atuam no

Nordeste, duas de atuação nacional, sendo uma a líder no mercado brasileiro,

e uma empresa multinacional de grande tradição no mercado de alimentação.

3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA / PLANO DE COLETA DE DADOS

Foi elaborado e aplicado um questionário estruturado, composto de duas

partes: a primeira contendo questões fechadas e abertas, a fim de coletar as

informações sócio-demográficas a respeito da população estudada.

(APÊNDICE I); e a segunda parte, com o propósito de realizar a medição da

percepção e do comportamento a respeito das possíveis competências

gerenciais descritas no modelo teórico de Quinn et al. (2003), através de

Escala Likert (1 - 7)

A proposta foi desenvolver uma pesquisa nos moldes de um survey, que

se caracteriza, segundo Gil (2009), pela interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer.

Os levantamentos realizados na pesquisa apresentam caráter de estudo

descritivo.

Para estruturação do questionário, adaptou-se o modelo teórico de Quinn

et al. (2003), que ancorou o trabalho na teoria das competências gerenciais, no

82

qual tem descrito os papéis gerenciais e suas respectivas competências

(APENDICE I).

Foram analisados os oito papéis gerenciais desenvolvidos por Quinn et al.

(2003) e suas 24 competências relacionadas, conforme o quadro 10.

Quadro 10 - Competências gerenciais e Papéis dos líderes segundo Quinn et al. (2003)

Modelo Papel Competências

Modelos dos Sistemas das

Metas Racionais

Diretor

1. Desenvolvimento e comunicação de uma visão 2. Estabelecimento de metas e objetivos 3. Planejamento e organização

Produtor

1. Produtividade do trabalho 2. Fomento de um ambiente de trabalho produtivo 3. Gerenciamento do tempo e do estresse

Modelo dos Processos Internos

Coordenador

1. Gerenciamento de projetos 2. Planejamento de trabalho 3. Gerenciamento multidisciplinar

Monitor

1. Monitoramento do desempenho individual 2. Gerenciamento do desempenho e processos

coletivos 3. Análise de informações com pensamento crítico

Modelos das

Relações Humanas

Facilitador

1. Constituição de equipes 2. Uso de um processo decisório participativo 3. Gerenciamento de conflitos

Mentor

1. Compreensão de si próprio e dos outros 2. Comunicação eficaz 3. Desenvolvimento dos empregados

Modelo dos Sistemas Abertos

Inovador

1. Convívio com a mudança 2. Pensamento criativo 3. Gerenciamento da mudança

Negociador

1. Constituição e manutenção de uma base de poder 2. Negociação de acordos e compromissos 3. Apresentação de idéias

Fonte: Adaptado de Quinn et al. (2003)

Cada grupo de três competências gerenciais delineia a característica

de um papel gerencial, de forma que a presença mais marcante de uma ou

mais competência poderá indicar qual papel melhor se evidencia na atividade

gerencial do grupo estudado.

É importante salientar que este modelo não tem o objetivo de apontar

os acertos ou erros, e sim classificar os gestores diante de realidades distintas,

como bem enfatiza Picchiai (2008) que a estrutura da organização, sua cultura,

seus valores, sua lógica das atividades, determinarão as competências

necessárias, de modo que as instituições selecionam o perfil necessário

adequado para seus objetivos.

83

Cada questão foi dividida em dois aspectos, que foram julgados pelos

respondentes: o que era requerido pela organização na visão deles; e o que

era competência efetiva, ou seja, que eles achavam que possuíam, podendo-

se estabelecer uma comparação entre o requerido e o efetivo segundo os

respondentes.

Para estudo do perfil em termos de eficácia dos papéis abordados no

modelo de Quinn et al. (2003), de acordo com a percepção dos gestores

pesquisados, adotou-se os critérios estabelecidos por Prata (2008), a saber:

a) Se a resposta estivesse entre 1 e 3,5 (exclusive), o exercício do

papel seria considerado como insatisfatório;

b) Se a resposta estivesse entre 3,5 (inclusive) e 4,5 (exclusive), o

exercício do papel seria classificado como mediano;

c) Se a resposta estivesse entre 4,5 (inclusive) e 7, o exercício do papel

seria tido como satisfatório.

A coleta de dados se deu em primeiro momento pelo contato telefônico

com os nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação Terceirizadas,

explicando o objetivo da pesquisa. Após a resposta positiva por parte dos

pesquisados, o instrumento de pesquisa (questionário) foi enviado por meio

eletrônico (email) aos respondentes, que após responderem reenviaram o

questionário ao pesquisador.

3.5 TRATAMENTO DOS RESULTADOS

3.5.1 Tratamento Estatístico

Para a realização das análises estatísticas, primeiramente foi realizada

a categorização das competências gerenciais de acordo com os seus

respectivos papéis de líderes, em seguida, foi obtida a média de cada

competência a partir da escala (1 – 7) percebido pelos nutricionistas

respondentes da pesquisa e baseado nestas médias, foram obtidas as médias

de cada papel.

84

3.5.2.1 Ferramenta

Para a análise dos dados obtidos através da amostra obtida foi

utilizado o programa computacional STATISTICA versão 7.0.

3.5.2.2 Teste t

O teste t é um teste de hipótese que usa conceitos estatísticos para

rejeitar ou não uma hipótese nula. Ele consiste em usar os dados da amostra

para calcular a estatística t e depois compará-la com a distribuição t de Student

para identificar a probabilidade de se ter obtido o resultado observado, caso a

hipótese nula seja verdadeira. A importância deste teste está em que a

distribuição t de Student surge naturalmente a partir de variáveis aleatórias que

seguem a distribuição normal, principalmente quando as amostras têm

dimensão inferior a 30 (FISCHER, 1987).

Para tanto foi verificada a normalidade dos dados e escolhido o teste t

para duas amostras independentes e para uma amostra. O teste t para duas

amostras independentes aplica-se sempre que se pretende comparar as

médias de uma variável quantitativa em dois grupos diferentes de sujeitos e se

desconhecem as respectivas variâncias.

Já o teste t para uma amostra testa se a média da população assume

um determinado valor, ou de outra forma, se uma dada amostra provém de um

universo com uma dada média

3.5.2.3 P – valor

85

Na estatística o p-valor ou nível descritivo é uma estatística utilizada

para sintetizar o resultado de um teste de hipótese. Formalmente, o p-valor é

definido como a probabilidade de se obter uma estatística de teste mais

extrema quanto àquela observada em uma amostra, assumindo a verdadeira

hipótese nula. O p-valor seria como a menor escolha que teríamos feito para o

nível de significância de forma que rejeitaríamos a hipótese nula e seu valor

torna-se significativo quando p-valor < 0,05 (HUBBARD, 2011).

3.5.2.4 Análise Gráfica

Os gráficos escolhidos para representação dos dados obtidos foram:

barra, histograma, box-plot e radar.

O gráfico de barras foi gerado para verificação de uma possível

visibilidade em diferenças significativas entre as habilidades requeridas e

efetivas. Já o histograma para verificação da normalidade dos dados, enquanto

que o box-plot e radar foram utilizados para verificação da variabilidade das

informações obtidas.

86

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO NUTRICIONISTA GESTOR DE UNIDADES DE

ALIMENTAÇÃO TERCEIRIZADA

A caracterização sócio-demográfica dos nutricionistas gestores das

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas foi segmentada em dois

aspectos específicos: o primeiro no que diz respeito à caracterização do

profissional, como: sexo, idade, tempo de graduação, formação, tempo de

atuação na área de alimentação coletiva, atuação em outra área da nutrição, se

ocupou o cargo de gestor em outras empresas faixa salarial, se já e a que

atribuiu a capacidade de gerenciar uma Unidade de Alimentação.

O segundo segmento da caracterização está relacionado à atividade

profissional na empresa na qual o nutricionista é gestor atualmente, como:

tempo que trabalha na empresa, tempo que ocupa o cargo, se na empresa em

que trabalha existe alguma estrutura de apoio para o gerenciamento da

unidade de alimentação e se a empresa forneceu algum tipo de capacitação

para a ocupação do cargo.

Os dados relacionados à distribuição do grupo estudado por sexo estão

apresentados na tabela 03 abaixo.

Tabela 03 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

sexo.

Sexo Total %

Masculino 0 0%

Feminino 12 100%

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com a caracterização da população estudada, todos os 12

nutricionistas (100%) pertenciam ao sexo feminino. Este achado é compatível

87

com os resultados encontrados por Letro e Jorge (2010), que ao estudar a

inserção dos nutricionistas egressos do Centro Universitário do Leste de Minas

Gerais em sua amostra de 38 nutricionistas, todas eram do sexo feminino.

A predominância da mulher no exercício da profissão de nutricionista

também é descrita nos estudos de Ansaloni (1999), no qual uma amostra de 40

profissionais apresentou um percentual de 92,5% de mulheres.

Estes dados são também corroborados pelos resultados de pesquisa

realizada pelo Conselho Federal de Nutricionistas, sobre a inserção profissional

dos nutricionistas no Brasil, por meio de um estudo estratificado com 2492

nutricionistas distribuídos pelo Brasil entre os anos de 2003 e 2006, constatou

um percentual de 96,5% de profissionais do sexo feminino (CFN, 2006).

Archanjo e Brito (2005) relata uma característica marcante dos cursos

de Nutrição em todo o país como sendo a predominância de estudantes do

sexo feminino, e na cidade de Curitiba/PR, o número de mulheres estudantes

de nutrição no ano de 2001, nas 07 instituições superiores que oferecem

formação em Nutrição, ultrapassa o percentual de 95%.

Esta procura feminina pela Nutrição parece estar ligada ao surgimento

da profissão, ainda na década de 50, quando os primeiros cursos de nutrição

foram reconhecidos no Brasil, a profissão de nutricionista era apontada como

apropriada para mulheres, já que se constituía como uma extensão das

atividades femininas desenvolvidas no âmbito doméstico. E o profissional que

atua na gestão de unidades de alimentação e nutrição está diretamente ligado

ao espaço da cozinha, orientando e supervisionando os funcionários no

preparo dos alimentos, o que remete às atribuições identificadas como

afinidades naturalmente femininas à época do surgimento da profissão

(ARCHANJO & BRITO, 2005).

Assim como o nutricionista, outras profissões são tidas com

predominância do sexo feminino entre os seus profissionais, verificando-se um

crescimento da concentração das alunas em carreiras tidas como “femininas”,

que por serem definidas culturalmente como mais apropriadas à mulher.

Exemplificando esta reflexão, cabe citar os trabalhos de Castro e Yamamoto

(1998), que refere esta realidade dentro da área de psicologia; Craveiro e

Machado (2011) em relação ao assistente social; ou até mesmo a idéia de

88

Prado (1985), que as profissões de saúde são profissões predominantemente

femininas.

Em relação à idade, a distribuição percentual está apresentada na

tabela 04:

Tabela 04 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

faixa etária

Idade Total %

20 a 25 anos 1 8%

25 a 30 anos 9 75%

30 a 35 anos 1 8%

35 a 40 anos 0 0%

40 a 45 anos 0 0%

Acima de 45 anos 1 8%

Fonte: Dados da pesquisa

Ao se analisar a faixa etária, as nutricionistas pesquisadas

apresentaram uma característica predominante em relação à idade, na qual

83% possuíam idade inferior a 30 anos, revelando ser uma população jovem.

Informações semelhantes foram descritas nos estudos de Ansaloni

(1999), onde 85% dos nutricionistas estudados possuíam menos que 35 anos;

do CFN (2006) com 52,6% de profissionais distribuídos em todo o Brasil

tiveram idade inferior a 30 anos, e por Meneses, Peres e Waissman (2007)

com 53,3% entre 25 e 29 anos.

Boog et al. (1988) demonstram uma preocupação em relação à

característica relacionada à idade dos profissionais que ocupam cargos de

chefia em Unidades de Alimentação, uma vez que em serviços de alimentação

institucionais, muitas vezes o jovem já entra numa posição de chefia para a

qual ele ainda é imaturo, tendo como agravante para a situação o fato que, em

cargos de chefia, o nutricionista sempre vai ter como subordinados indivíduos

de baixo nível social e frequentemente muito mais experientes do que ele

próprio, podendo ser um fator complicador para o seu desempenho enquanto

gestor.

A característica da juventude dos profissionais de nutrição em unidades

de alimentação institucionais é também ressaltada em pesquisas de caráter

89

qualitativo, no qual Boog et al. (1988) apontam que as empresas demonstram

interesse por pessoas mais inexperientes pelo fato de que, na visão de

algumas empresas, o profissional quando amadurece, passa a pensar em

ganhos financeiros, tornando difícil a manutenção de condições precárias de

trabalho que são apontadas em diversos estudos, como baixos salários,

inadequações físicas e estruturais nas UANs, além da possibilidade da

“formação” deste profissional de acordo com as políticas de cada empresa.

Os percentuais relacionados ao tempo de graduação dos nutricionistas

estudados, estão apresentados na tabela 05.

Tabela 05 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

tempo de graduação.

Tempo de graduação Total %

Menos de 1 ano 1 8%

1 a 3 anos 6 50%

3 a 6 anos 4 33%

6 a 9 anos 0 0%

mais de 9 anos 1 8%

Fonte: Dados da pesquisa

Neste aspecto, mais que 50% dos indivíduos estudados possuíam um

tempo de graduação menor que 3 anos, e o percentual sobe para 91% se

considerar os formados há menos de 6 anos.

Esta característica de pouco tempo de formação está compatível com

os números encontrados por Letro e Jorge (2010) que em sua amostra, 55,3%

tem de três a quatro anos de graduação, e 23,7% são recém formados; pelo

CFN (2006) e por Meneses, Peres e Waissman (2007) com 49,9% e 69%,

respectivamente, do total de nutricionistas graduados há menos de 5 anos; e

por Vasconcelos (1991) que identificou 61% dos nutricionistas formados há

menos de 3 anos.

Letro e Jorge (2010) observaram a inserção dos recém-formados no

mercado de trabalho evidenciando a busca por profissionais logo após a

conclusão da graduação, e esta inserção prematura dos recém graduados no

mercado de trabalho é objeto de reflexão no trabalho de Boog et al. (1988), no

qual é destacado o fato que estes têm a preferência das empresas, por estas

90

terem a oportunidade de moldarem a sua formação de acordo com as políticas

de cada instituição.

Outro ponto relevante mencionado nos estudos destes autores é que a

prematura inserção no mundo do trabalho dos profissionais recém formados

poderá de alguma forma comprometer a “complementação” da formação

destes, pois ao ingressarem em empresas prematuramente, perdem o contato

frequente com outros nutricionistas, fato que não ocorre com profissionais de

outras áreas como engenheiros, administradores, médicos, economistas, pois

estes não ingressam no seu primeiro emprego já como chefes sem terem

outros colegas da mesma profissão para discutir seus problemas.

É importante salientar que esta característica do pouco tempo de

graduação dos nutricionistas estudados é coerente com o achado em relação à

idade, no qual se encontrou uma população relativamente jovem ocupando as

funções de gestores de serviços de alimentação.

Estes dados levam a crer que pessoas jovens e inexperientes no

mercado de trabalho são mais bem aceitas pela conveniência de se manter

condições de trabalho e remuneração incompatíveis com as que profissionais

mais maduros e qualificados exigiriam para o exercício da mesma atividade,

como apontam os estudos de Meneses, Peres e Waismann (2007).

No aspecto formação acadêmica, investigou-se qual o nível em que se

encontravam os profissionais: se possuíam apenas graduação, ou se tinham

formação de pós-graduação lato ou stricto sensu, conforme apresentado na

tabela 06:

Tabela 06 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

formação.

Formação Total %

Graduaçaõ 8 67%

Especialização 4 33%

Fonte: Dados da pesquisa

No que diz respeito à formação, 67% dos nutricionistas pesquisados

apresentavam apenas a graduação em nutrição, e 33% possuíam algum curso

91

de pós graduação, sendo que estes apenas em nível lato sensu. Não foi

identificado nenhum indivíduo que possuísse mestrado ou doutorado.

Cabe salientar que dos 04 nutricionistas que referem ter cursos de

especialização, 03 deles encontram-se na área do conhecimento de gestão,

como a Gestão de Negócios de Alimentos, Gestão de Pessoas e

Gerenciamento em Serviços de Alimentação e Nutrição, o que pode indicar a

necessidade de aperfeiçoamento profissional na área para um melhor

desempenho na função de gestor, de forma que estes pudessem atender às

demandas requeridas pela área de atuação.

Meneses, Peres e Waissman (2007) identificaram 70% dos

nutricionistas em formação lato sensu, e CFN (2006) aponta no Brasil

percentuais de nutricionistas com especialização de 47,4%.

É importante salientar que o CFN (2006) quando realizou o cruzamento

dos dados da pesquisa com as áreas de atuação com relação aos cursos de

especialização, a área que apresentou um menor percentual de profissionais

com pós graduação, foi a área de alimentação coletiva.

Dentro desta perspectiva, percebe-se que os profissionais que atuam

na área de alimentação coletiva, pouco buscam a formação acadêmica

complementar, dedicando-se muitas vezes ao exercício da profissão no

mercado de trabalho.

Diante dos dados apresentados, ao realizar a análise das informações

de idade e tempo de graduação dos nutricionistas das Unidades de

Alimentação terceirizadas em Natal-RN, entende-se a baixa incidência de pós-

graduados, uma vez que a maioria dos profissionais é jovem e possuía menos

de 03 anos de formado, características incompatíveis com a formação stricto

sensu que requer cerca de dois a quatro anos para formação e obtenção do

título de mestre ou doutor.

Os dados referentes ao tempo de atuação na área de alimentação

coletiva estão apresentados na tabela 07.

92

Tabela 07 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

tempo de atuação na área de alimentação coletiva.

Tempo de atuação na área de

alimentação coletiva Total %

Menos de 1 ano 0 0%

1 a 3 anos 8 67%

3 a 6 anos 3 25%

6 a 9 anos 0 0%

mais de 9 anos 1 8%

Fonte: Dados da pesquisa

A análise do tempo de atuação na área de alimentação coletiva do

grupo estudado é coerente com os números em nível nacional (CFN, 2006), de

modo que ambos os estudos apresentaram 75% dos nutricionistas atuando na

área em tempo inferior a 5 anos.

Convém ressaltar que o pouco tempo de atuação na área é compatível

com o tempo de graduação que de forma semelhante, apresentou um

percentual de 75% dos nutricionistas estudados.

Ao observar os números de nutricionistas de forma isolada, pode-se

observar que no grupo estudado, existe 01 profissional graduado a menos de 1

ano de graduação, entretanto, este tempo não é relatado no tempo de atuação,

ou seja, não existe nenhum profissional com o tempo de atuação inferior a 1

ano.

Fundamentado nestes dados, ficou evidenciado que este profissional,

em específico, poderia ter iniciado sua atuação na área de alimentação coletiva

antes mesmo de concluir o curso de graduação em nutrição.

É importante uma experiência profissional antes da conclusão de um

curso de graduação, uma vez que isto representa uma interface entre a vida

universitária e a vida no mercado de trabalho, o que pode propiciar ao aluno a

aplicação prática dos conhecimentos adquiridos na vida universitária. Essa

inserção do estudante no ambiente de trabalho tende a adequá-lo às

exigências do mercado, familiarizando-o com o contexto empresarial e suas

atividades na futura profissão.

No entanto, cabe ressaltar que, no caso do profissional nutricionista, o

exercício da responsabilidade técnica de uma Unidade de Alimentação e

93

Nutrição, por pessoas que não sejam graduadas em nutrição representa uma

ilegalidade perante o Conselho Federal de Nutricionistas, pois a

responsabilidade técnica no campo da alimentação e nutrição humanas é

exclusiva do Nutricionista, não podendo ser assumida por outro profissional

(CFN, 2005).

Outra questão avaliada nesta pesquisa é o fato do profissional ter ou

não atuado em outra área da nutrição que não seja em alimentação coletiva, os

números encontrados estão apresentados na tabela 08:

Tabela 08 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

tempo de atuação em outra área da Nutrição.

Já atuou em outra área da Nutrição Total %

Sim 4 33%

Não 8 67%

Fonte: Dados da pesquisa

O número de nutricionistas que nunca atuou em outra área diferente da

alimentação coletiva representou a maioria dentre os pesquisados, sendo

compatível com as informações referentes ao pouco tempo de atuação

profissional da maioria dos entrevistados. Esses dados indicam que a maioria

dos profissionais nutricionistas estudados pode estar no seu primeiro emprego,

se considerarmos o tempo de graduação dos mesmos.

Cabe destacar os estudos de Meneses, Peres e Waissman (2007) no

qual observaram que o primeiro local de trabalho de todos os nutricionistas

estudados foi uma UAN, e mesmo aqueles que hoje não estão atuando como

nutricionistas de produção, exercendo suas atividades em outras áreas, já

trabalharam em uma cozinha industrial.

A área de alimentação coletiva é uma área de grande importância na

atuação do profissional nutricionista, a maioria das pesquisas realizadas com

profissionais de nutrição, esta aparece como sendo uma das que mais absorve

profissionais no mercado de trabalho, sendo encontrados percentuais

significativos como os de Letro e Jorge (2010), 40%; Gambardella, Ferreira e

Frutuoso (2000), 31% e Alves, Rossi e Vasconcelos (2003) com 28,9%.

94

Em relação às áreas de atuação, o CFN (2006) ao estudar a

mobilidade dentro das diversas áreas da Nutrição, apontou que os profissionais

que atuam na área de alimentação coletiva são os que apresentam menor

mobilidade, ou seja, 63,8% dos profissionais não apresentam mobilidade para

as outras áreas. Em contrapartida, esta área é a que mais recebe migração de

outras áreas da nutrição, principalmente da nutrição clínica.

Os resultados da presente pesquisa vão ao encontro desta realidade

descrita, de modo que 33% da população estudada migraram de outra área

para a área de alimentação coletiva. As áreas que os nutricionistas

pesquisados atuavam anteriormente, segundo a pesquisa, foram a área da

merenda escolar em primeiro lugar, com 17% (02 nutricionistas), seguidas da

área de nutrição clínica e docência, ambas com 8% (01 nutricionista) cada.

Na tabela 09 aparecem os números relacionados ao questionamento

se o nutricionista já havia ocupado o cargo de gestor na outra empresa no qual

já trabalhou.

Tabela 09 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

ocupação do cargo de gestor em outra empresa.

Ocupação do cargo de gestor em

outra empresa Total %

Sim 4 33%

Não 8 67%

Fonte: Dados da pesquisa

O número de profissionais que ocuparam o cargo de gestor em outra

experiência profissional é exatamente o mesmo número dos que relataram ter

tido outro emprego além do que está sendo o objeto de estudo, ou seja, todos

os nutricionistas nas ocupações anteriores desempenharam papel de liderança

como gestor.

As pesquisas realizadas por Letro e Jorge (2010), e CFN (2006)

apontam percentuais de nutricionistas que ocupavam cargos de chefia em

36,6% e 40% respectivamente.

Dentro deste contexto, está o papel do nutricionista-administrador

descrito por Boog et al. (1988); Ansaloni (1999); Gambardella; Ferreira e

95

Frutuoso (2000); e Meneses, Peres e Waissman (2007) que apontaram a forte

relação da nutrição com a área da gestão no mercado das Unidades de

Alimentação e Nutrição.

Esta realidade retrata a nova configuração do mercado de trabalho no

Brasil, que de acordo com Ansaloni (1999) o nutricionista de profissional liberal

se converteu a profissional organizacional, e seu novo papel de gerente e

supervisor passou a demandar conhecimentos específicos da área de gestão.

Ocasionando assim, uma ambígua conciliação de papéis, de modo que um

profissional da saúde passou a exercer atividade de caráter primordialmente

econômico tal como é a gerência de uma Unidade de Alimentação empresarial.

Ainda em relação aos aspectos pessoais do nutricionista, avaliou-se o

nível salarial dos profissionais, cujos dados estão expostos na tabela 10:

Tabela 10 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

salário recebido.

Faixa salarial Total %

R$ 500,00 a R$ 1.000,00 0 0%

R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00 5 42%

R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00 4 33%

R$ 2.000,00 a R$ 2.500,00 2 17%

Acima de R$ 2.500,00 1 8%

Fonte: Dados da pesquisa

Tomando como referência o salário mínimo vigente no ano da

pesquisa, como sendo de R$ 545,00, pode-se considerar o maior percentual

(42%) de profissionais com salário variando de 1,8 a 2,8 salários mínimos,

seguidos (33%) daqueles que recebem de 2,8 a 3,7 salários, e em terceiro

lugar (17%) a faixa entre 3,6 a 4,6 salários, enquanto o maior salário recebido

apenas por um profissional (8%) foi acima de 4,6 salários mínimos.

De acordo com a Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN, 2010) o

piso salarial nacional de referência é de três salários mínimos, o que equivale

no ano de 2011 a R$ 1.635,00. Isto posto, verifica-se que 42% dos

nutricionistas estudados apresentam faixa salarial abaixo do recomendado pela

Federação.

96

Estudos que relacionam a remuneração destes profissionais apontam

grande variação entre os salários. Letro e Jorge (2010) identificaram que 36,6%

dos profissionais recebem de um a três salários mínimos e 36,6% de três a

cinco salários mínimos, 10% menos que um salário mínimo e 13,3% de 5 a 10

salários mínimos.

Gambardella, Ferreira e Frutuoso (2000) encontraram resultados onde

59,1% dos nutricionistas recebiam salário igual ou acima do padrão,

considerado o piso de dez salários mínimos e 5,6% possuíam faixa salarial

inferior a seis salários mínimos, enquanto Vasconcelos (1991) aponta que 65%

dos profissionais ganham menos de 10 salários. Se for considerado o padrão

estipulado por estes autores, toda a população estudada está com salários

muito aquém do padrão descrito.

O estudo do CFN (2006) apontou que a área de alimentação coletiva

possui a segunda menor remuneração das áreas de atuação do nutricionista,

em todo Brasil, com uma média de 4,6 salários mínimos, em comparação com

este parâmetro, 92% dos nutricionistas gestores de empresas de alimentação

coletiva do tipo terceirizadas em Natal, está com remuneração inferior a esta.

Há de se considerar que, este estudo foi realizado em nível de Brasil,

no qual existem diferenças econômicas regionais que determinam de forma

significativa diferenças salariais, assim, no mesmo estudo quando analisado

por regionais, identificou-se que o CRN-6, no qual o Estado do Rio Grande do

Norte está inserido, é a regional que possui a 3ª menor remuneração dentre as

demais, tendo como valores médios em torno de 4,9 salários mínimos. Ainda

assim, os salários encontrados na presente pesquisa se encontravam em um

patamar inferior a este.

Esta baixa remuneração descrita nos trabalhos são motivos de grande

insatisfação por parte dos profissionais, de forma que Gambardella, Ferreira e

Frutuoso (2000) constataram que 21,3% dos nutricionistas manifestaram-se

insatisfeitos devido à baixa remuneração, e Letro e Jorge (2010) constaram

que 30% dos profissionais mostraram-se insatisfeitos com a profissão e dos

insatisfeitos, 89% referem-se à baixa remuneração.

Em todas as áreas há salários mais altos e mais baixos. Os resultados

levam a considerar que, não há uma área que remunere melhor,

97

provavelmente há uma seleção natural dos melhores profissionais que, em

qualquer área acabam sendo mais bem remunerados (BOOG et al., 1988).

É importante salientar que a renda média mensal varia de acordo com

o tempo de formação, local de atuação e carga horária semanal trabalhada, de

modo que o CFN (2006) observou que quanto maior o tempo de formação e de

atuação, mais elevado é o provento médio recebido pelos nutricionistas, ao

contrário dos que atuam há menos de cinco anos.

Deve-se considerar também a permanência da relação entre a nutrição

e as atividades consideradas naturalmente femininas, que segundo Archanjo e

Brito (2005) contribui para a desvalorização social e salarial do profissional.

Convém ressaltar também, a própria realidade do mercado de

alimentação coletiva, em especial aquele que possui a terceirização como

modelo de gestão, uma vez que a terceirização estaria intrinsecamente ligada à

precarização do trabalho, pois tem acarretado: menores salários, diminuição

dos níveis de proteção social do trabalho, ausência de benefícios ou salários

indiretos e níveis mais altos de rotatividade (CHERCHGLIA, 1999).

Dada a relevância da necessidade do desenvolvimento da capacidade

de gerenciamento por parte do profissional nutricionista gestor de Unidades de

Alimentação e Nutrição, estes foram questionados, de acordo com sua própria

percepção, sobre o que contribuiu para o desenvolvimento desta habilidade, de

modo que as repostas em termos percentuais estão apresentadas na tabela

11.

Tabela 11 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

atribuição do desenvolvimento da capacidade de gerenciar uma Unidade de Alimentação e Nutrição

Quanto à atribuição do desenvolvimento da capacidade

de gerenciar uma Unidade de Alimentação e Nutrição Total %

Formação em Nutrição 6 50%

Formação complementar à graduação 2 16,7%

Capacitação oferecida pela empresa 5 41,7%

Aprendizagem na prática profissional 12 100%

Fonte: Dados da pesquisa

98

Observando os percentuais encontrados, considerando que alguns dos

respondentes optaram por uma ou mais alternativa de resposta, o maior fator

determinante no desenvolvimento da capacidade de gerenciamento

apresentada pelos profissionais nutricionistas, foi a aprendizagem na prática

profissional, seguidos pela formação em Nutrição, a capacitação oferecida pela

empresa e formação complementar à graduação.

A aprendizagem em situação prática profissional foi apontada por todos

os nutricionistas e é destacada por diversos autores como sendo importante no

desenvolvimento das competências, conforme descrito por Zarifian (2001) e Le

Boterf (2003), quando mencionam que a competência profissional é a

combinação de conhecimento, de saber-fazer e de experiências que só se

manifestará diante de uma atividade prática em um contexto profissional.

Corroborando com esta realidade, Gondim (2008) em seus estudos

com gestores do setor hoteleiro, concluiu que a prática diária da profissão foi

considerada pelos seus pesquisados, a forma de aprendizagem mais

importante para o desenvolvimento de competências.

Embora a graduação em Nutrição tenha sido apontada como tendo

contribuído na formação da capacidade de gerenciamento por 50% dos

nutricionistas estudados, existem críticas à formação do profissional que muitas

vezes não direciona os conteúdos e currículos para o desenvolvimento destas

competências. Ansaloni (1999) ressalta que, mesmo com as inúmeras

adaptações curriculares efetuadas ao longo do tempo pelas escolas de

Nutrição, prevalece um perfil de profissional generalista e liberal, calcado no

modelo das profissões de saúde, e que segundo Boog et al. (1988), tal modelo

atende aos requisitos de ocupação de várias áreas de atuação, o que pode ser

relacionado como um dos possíveis responsáveis pelas deficiências do

nutricionista no gerenciamento de Unidades de Alimentação e Nutrição

industriais.

A capacitação dada pela organização foi tida como importante por

41,7% dos respondentes, e esta contribuição na formação das competências é

também destacada por autores que descrevem o papel da educação

corporativa e da aprendizagem organizacional.

99

As empresas reconhecem no conceito de educação corporativa o

“meio” que permite integrar um conjunto de ações capazes de estimular o

desenvolvimento das pessoas (BONILAURI & KARAM, 2004).

Meister (1999) destaca que a economia do conhecimento exige um

aprendizado contínuo para desenvolver qualificações mais amplas, e assim os

diversos setores da economia estão aumentando seu comprometimento com a

aprendizagem e a educação. De forma que o treinamento está sendo encarado

como um processo contínuo, e que as empresas estão começando a pensar

em seus funcionários como um capital humano que vale a pena ser

desenvolvido.

Assim, Bolzan (2007), em seus estudos concluiu que o

desenvolvimento das competências gerenciais, é em grande parte de

responsabilidade das empresas, uma vez que é ela quem identifica as que são

necessárias e faz com que seu funcionário seja estimulado a se desenvolver.

Gondim (2008) chegou à mesma conclusão quando seus estudos

mostraram que as competências mencionadas como relevantes pelos seus

pesquisados, não estavam diretamente relacionadas à formação, mas foram

resultantes de cursos oferecidos pela empresa ou de cursos buscados por

iniciativa própria.

A formação complementar à formação em Nutrição como sendo

responsável pelo desenvolvimento da capacidade de gerenciar uma Unidade

de Alimentação e Nutrição, foi apontada apenas por 16,7% dos nutricionistas

pesquisados. Este número é coerente com o número de profissionais que

relataram ter realizado pós-graduação que teve a administração como área do

conhecimento.

Neste sentido, os dados podem sugerir que a formação complementar

buscada pelos profissionais para aperfeiçoamento profissional pode contribuir

no processo de formação gerencial, sendo a educação continuada um

importante instrumento que poderá auxiliar os profissionais no mercado de

trabalho.

Meister (1999) destaca que a educação não mais termina quando o

aluno se forma na escola tradicional, e que na antiga economia, a vida de um

indivíduo era dividida em dois períodos: aquele em que ele ia para a escola e o

posterior a sua formatura, em que ele começava a trabalho. Agora, espera-se

100

que os trabalhadores construam sua base de conhecimento ao longo da vida, e

nessa abordagem, o aluno passa a ser encorajado a lutar continuamente para

adquirir novas qualificações e competência durante toda a vida profissional e a

responsabilizar-se pelo aprendizado dessas novas qualificações.

A segunda parte da caracterização está relacionada à atividade

profissional na empresa na qual o nutricionista é gestor atualmente. Assim, os

números relacionados ao tempo em que o nutricionista trabalha na empresa,

estão apresentados na tabela 12.

Tabela 12 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

tempo de atividade na empresa

Tempo de trabalho na empresa Total %

Menos de 1 Ano 1 8%

1 a 2 anos 4 33%

2 a 3 anos 5 42%

3 a 4 anos 2 17%

4 a 5 anos 0 0%

Acima de 5 anos 0 0%

Fonte: Dados da pesquisa

A população estuda apresentou um tempo de serviço na empresa

relativamente baixo, no qual 83% dos nutricionistas entrevistados trabalham a

menos de 3 anos na Unidade de Alimentação e Nutrição pesquisada.

Estes números são compatíveis com a característica da população em

relação à idade jovem e ao tempo de graduação relativamente recente, levando

a supor que se trata possivelmente do primeiro emprego de alguns dos

profissionais pesquisados, assim como observado por Meneses, Peres e

Waissman (2007), que identificaram as UANs como sendo o primeiro local de

trabalho dos nutricionistas estudados.

Ainda nos estudos destes autores, os nutricionistas que atuam em

alimentação coletiva apontam certa rotatividade, uma vez que, em sua maioria,

quando adquirem uma certa experiência ou aparece uma oportunidade, ele

procura migrar para outras áreas de atuação.

Esta rotatividade está muitas vezes relacionada às condiçoes de

trabalho, no qual o nutricionista de produção, no exercício de suas atividades

101

no mercado de alimentação coletiva é mal remunerado, muito exigido e pouco

valorizado (MENESES, PERES & WAISSMAN, 2007).

No tocante ao tempo que ocupa o cargo de gestor, na tabela 13 estão

descritos os percentuais encontrados na pesquisa.

Tabela 13 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto ao

tempo que ocupa o cargo de gestor

Tempo que ocupa o cargo de gestor Total %

Menos de 1 ano 1 8%

1 a 2 anos 4 33%

2 a 3 anos 5 42%

3 a 4 anos 2 17%

4 a 5 anos 0 0%

Acima de 5 anos 0 0%

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com a tabela 13, percebe-se que todos os nutricionistas já

iniciaram as atividades nas empresas pesquisadas para ocupar o cargo de

chefia, pois os tempos de ocupação dos cargos são exatamente iguais ao

tempo em que os profissionais trabalham na empresa.

Esta prematuridade na ocupação do cargo de gestor por parte dos

nutricionistas pesquisados poderá ser um fator limitador no desempenho

econômico das empresas, uma vez que de acordo com o perfil identificado

neste estudo, a maioria é jovem, com pouca qualificação e inexperientes,

podendo estar relacionado o que Quinn et al. (2003) definiu como “gestor

novato”.

Estes autores ressaltam que para atingir o que é chamado de

capacidade plena na atividade gerencial, é necessário um processo de

aprendizagem e que só é possível acontecer com o passar do tempo e com a

aquisição de experiências práticas, de modo que os novatos tendem a seguir

modelos clássicos de tomada de decisão, e na medida em que aumentam a

experiência e habilidades, esses modelos são abandonados, até se tornarem o

que é descrito como gerente perito.

Ainda na perspectiva de identificar as condições de trabalho e de

estrutura para o desenvolvimento da atividade gerencial, questionou-se sobre a

102

existência de alguma estrutura de apoio por parte da empresa para a

administração do serviço, cujos percentuais estão apresentados na tabela 14.

Tabela 14 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

existência de uma estrutura de apoio gerencial.

Existência de estrutura de apoio para a Unidade de Alimentação e Nutrição no qual está vinculado

Total %

Sim 10 83%

Não 2 17%

Fonte: Dados da pesquisa

Para o gerenciamento da Unidade de Alimentação, a grande maioria

dos nutricionistas possui uma estrutura de apoio vinculada à empresa ou sede

o que poderá facilitar o desenvolvimento de algumas atividades técnicas e/ou

administrativas.

Para os nutricionistas que indicaram a existência de estruturas de

apoio à unidade, pode-se destacar por ordem de maior freqüência a existência

de sistemas de informática com sistemas de planejamento e controles,

presença de um supervisor hierarquicamente superior a fim de tratar de

questões estratégicas e a estrutura de um escritório regional com equipe

multidisciplinar atuando como suporte técnico.

Estas estruturas de apoio descritas nas entrevistadas apontam possível

necessidade que as empresas têm em manter um funcionamento mais

adequado e um gerenciamento mais eficaz das unidades de alimentação, se

considerarmos que as características de gestores novatos, como destacado

por Quinn et al. (2003), podem ser fator limitante para um bom desempenho

financeiro e operacional da empresa.

Por último, na tabela 15 estão explícitos os percentuais de profissionais

nutricionistas que tiveram algum tipo de capacitação para o exercício do cargo

de gestor de Unidades de Alimentação.

103

Tabela 15 - Distribuição percentual dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN quanto à

existência de capacitação para o exercício do cargo.

Existência de capacitação por parte da empresa para o

exercício do cargo de gestor Total %

Sim 6 50%

Não 6 50%

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os nutricionistas, metade teve capacitação para o

desempenho da função ao serem admitidos na empresa. Dentre as

capacitações oferecidas, segundo as respostas, estas estavam dentro do

âmbito do treinamento em relação a sistemas operacionais e/ou normas de

procedimentos técnicos específicos da empresa, mas nenhum relatou ter

recebido algum tipo de formação gerencial.

A capacitação para o exercício de cargos específicos nas

organizações, principalmente nos cargos de chefia, se faz necessária

principalmente para o desenvolvimento de algumas competências específicas

para o bom desempenho da organização. Dentre essas competências,

ressaltam-se as Competências Organizacionais, que são competências

críticas, na esfera empresarial, que precisam ser adquiridas e desenvolvidas

em suas principais áreas ou segmentos de negócios, para dar sustentação às

competências críticas empresariais (BONILAURI & KARAM, 2004).

Em se tratando de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas,

no qual o serviço de Alimentação tem o foco voltado para resultados (MALLON

e NEGRI, 2007), a capacitação e o preparo do nutricionista para atuação como

gestor é necessária para o sucesso e a manutenção da competitividade da

empresa, principalmente se considerarmos que a formação de Nutricionista

obtida na Universidade, fica aquém da necessidade do mercado quando se

refere à capacidade gerencial (ANSALONI, 1999).

Assim Boog et al. (1988) ressaltam a necessidade de um treinamento

para o recém-formado, treinamento esse que, valorizando e respeitando as

diretrizes da formação, e caracterizado por uma transparência de objetivos,

aprimore o profissional, ministrando os conhecimentos adicionais que a

empresa exige e que não podem ser priorizados no curso de graduação, que

104

tem as suas próprias diretrizes não determinadas unicamente pelo mercado de

trabalho, mas, sobretudo, pela filosofia de ensino de cada instituição.

105

4.2 ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DO NUTRICIONISTA A RESPEITO DAS

COMPETÊNCIAS GERENCIAIS

Na tabela 16 são apresentadas as médias relativas a cada uma das

questões utilizadas nesta pesquisa com o objetivo de sondar em que nível as

competências gerenciais são requeridas pela organização e o quão são

efetivamente utilizadas no comportamento dos nutricionistas gestores de

Unidades de Alimentação terceirizadas, segundo as suas próprias percepções.

Tabela 16 – Competências gerenciais requeridas e efetivas, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção do nutricionista gestor de

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal – RN

PAPEL COMPETÊNCIAS

REQUERIDAS EFETIVAS

Média Competências

Média Papel

Média Competências

Média Papel

Coordenador

Gerencia projetos da organização 5,42

5,75

4,42

4,97 Planeja o trabalho da organização 5,33 5,17

Gerencia a organização de forma multidisciplinar 6,50 5,33

Diretor

Planeja e organiza as ações da empresa 6,50

6,11

5,83

5,31 Estabelece metas e objetivos para empresa 6,00 4,67

Desenvolve e comunica a visão da empresa 5,83 5,42

Facilitador

Adota um processo decisório participativo 6,00

6,00

5,33

5,61 Estimula a constituição de equipes 6,25 6,25

Desenvolve gerenciamento de conflitos 5,75 5,25

Inovador

Convive frequentemente com as mudanças 6,92

6,42

6,42

6,03 Possui e desenvolve pensamento criativo 6,42 5,75

Trabalha no gerenciamento das mudanças 5,92 5,92

Mentor

Possui compreensão de si próprio e dos outros 5,67

6,00

5,92

6,06 Estimula o desenvolvimento dos empregados 6,00 6,00

Desenvolve comunicação eficaz 6,33 6,25

Monitor

Analisa as informações com pensamento crítico 6,00

6,25

5,58

5,81 Gerencia o desempenho e processos coletivos 6,25 6,08

Monitora o desenvolvimento individual do empregado 6,50 5,75

Negociador

Trabalha negociando acordos e compromissos 5,92

5,64

5,75

5,14 Apresenta idéias frequentemente 5,67 5,33

Busca manter uma base de poder 5,33 4,33

Produtor

Estimula o desenvolvimento de um ambiente de trabalho

produtivo 6,50

6,33

6,58

6,28 Trabalha focado na produtividade do trabalho 6,42 6,50

Trabalha no gerenciamento de tempo e de estresse 6,08 5,75

Fonte: Dados da Pesquisa

106

Conforme se pode observar na tabela 16, nenhuma das médias

apresentadas das competências requeridas e efetivas estava dentro do nível

de classificação considerado insatisfatório. (abaixo de 3,5).

As médias encontradas para os papéis dos líderes relacionados a cada

competência avaliada foram organizadas graficamente e apresentadas no

gráfico 01.

Gráfico 01 - Representação em barras das médias das habilidades requeridas e efetivas.

MÉDIA REQUERIDA

MÉDIA EFETIVA

CO

OR

DE

NA

DO

R

DIR

ET

OR

FA

CIL

ITA

DO

R

INO

VA

DO

R

ME

NT

OR

MO

NIT

OR

NE

GO

CIA

DO

R

PR

OD

UT

OR

0

1

2

3

4

5

6

7

Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se dentro do cenário apresentado no gráfico 01 que com

exceção das competências relacionadas ao papel de Mentor, todas as

habilidades efetivas estão abaixo das requeridas, entretanto, verifica-se que

essas diferenças não são tão acentuadas.

O fato de não se visualizar diferença significativa entre as habilidades

requeridas e efetivas, em primeiro momento, não se pode atribuir a algum

papel específico como sendo característica predominante na população

107

estudada, de modo que se faz necessária a realização de testes estatísticos

para verificação da presença, ou não, dessas diferenças.

Para tanto foi realizado o teste estatístico de normalidade, pois

segundo Cantelmo e Ferreira (2007), a necessidade de testar a hipótese de

normalidade multivariada fica evidenciada quando o pesquisador pretende

avaliar se as condições pressupostas para a validade da inferência que irá

realizar foram atendidas.

Assim a confirmação da normalidade dos dados foi verificada através

do gráfico 02, no qual se pode afirmar que os dados obedecem a uma

distribuição normal.

Gráfico 02 - Histograma com representação da expectativa curva da distribuição normal para os dados dos papéis requerido e efetivo.

Fonte: Dados da pesquisa

A suposição de normalidade dos dados amostrais ou experimentais é

uma condição exigida para a realização de muitas inferências válidas a respeito

de parâmetros populacionais, de forma que os testes de hipóteses foram

formulados sob a suposição de que a amostra tenha sido extraída de uma

população normal (CANTELMO & FERREIRA, 2007).

108

Se os dados de amostra de uma variável qualquer obedecer à

distribuição normal, isto significa que não se faz necessária uma amostra

grande para a análise, uma vez que numa amostra de padrão normal, a

tendência das amostras é obedecer à regra do desvio padrão. (CANTELMO &

FERREIRA, 2007). Isto implica que no caso desta pesquisa, uma pequena

amostra (menor que 30) já produz um efeito satisfatório quanto aos resultados.

Com a confirmação da normalidade dos dados realizou-se o teste t e

verificou-se que existe uma diferença significativa entre as habilidades

requeridas e efetivas no geral.

A partir destas análises, em busca de conclusões e visando atender

aos objetivos desta pesquisa, analisou-se em primeiro momento a percepção

dos nutricionistas quanto às competências requeridas pela empresa no qual os

mesmos estão vinculados, de modo que se pudessem associar estas

competências aos papéis gerenciais que deveriam ser desempenhado por eles.

No segundo momento, foram avaliadas as competências e seus

respectivos papéis, na percepção dos entrevistados, diante da ótica da

presença efetiva das mesmas nas atividades desenvolvidas por estes gestores.

E em seguida foi realizada a análise comparativa das competências

requeridas e efetivas de forma que se pudesse analisar se as competências

requeridas pela empresa estão efetivamente presentes no perfil gerencial do

gestor.

4.2.2 Competências Gerenciais Requeridas pelas Empresas de

Alimentação Coletiva

Visando atender ao primeiro objetivo deste trabalho, analisaram-se as

competências gerenciais requeridas para os gestores de Unidades de

Alimentação e Nutrição terceirizadas segundo suas próprias percepções.

A partir dos scores atribuídos para as questões relacionadas às

competências gerenciais, conforme apresentados anteriormente na tabela 16,

percebe-se que todas as 24 competências pesquisadas apresentaram um nível

de classificação satisfatória (entre 4,5 a 7,0), evidenciando uma visão e uma

109

percepção homogênea dos nutricionistas quanto às questões levantadas.

Esses valores encontrados na pesquisa assemelham-se aos achados por Prata

(2008) em seus estudos.

Embora todas as competências gerenciais estudadas estivessem

dentro do nível considerado satisfatório pelos respondentes, é importante

destacar e analisar aquelas que foram consideradas, em média, como os

extremos: “a mais requerida” e “a menos requerida” pelas empresas.

Dentre as competências requeridas pela organização, a que, na

opinião dos respondentes, obteve a maior média foi a necessidade do convívio

frequente com as mudanças, obtendo uma média de 6,92, em uma escala de 1

a 7.

A necessidade de conviver com as mudanças organizacionais foi

percebida pelos nutricionistas como sendo uma competência de maior

relevância requerida pela empresa. Isto posto, os dados indicam que estes

gestores têm ciência da dinâmica da economia e do mercado, no qual vêm

sofrendo constantes mutações, como bem aponta Boog (2004) quando refere

que no mundo organizacional “a única coisa constante é a mudança”.

A necessidade que as empresas vêm impondo aos seus gestores que

estejam preparados para mudanças frequentes é justamente para atender às

mutações em escala mundial que provocam renovação das tecnologias

aplicadas à gestão nas organizações, e que determinam a sobrevivência no

segmento econômico no qual atuam, fazendo com que as organizações

tornem-se mais flexíveis e suscetíveis a seus ambientes, determinando a

necessidade de se desenvolver habilidades que possam promover e facilitar a

adaptação à mudança, identificar as tendências e estar atento ao ambiente em

transformação (ROBBINS, 2000; TACHIZAWA et al., 2006).

Analisando os extremos das médias encontradas na pesquisa, diante

da percepção do nutricionista, duas competências gerenciais obtiveram a

menor média (5,33) dentre as demais: a necessidade de se realizar o

planejamento do trabalho da organização e a manutenção de uma base de

poder.

Estas competências apontadas como sendo as de menor relevância

dentro da organização, possivelmente estão relacionadas com o tipo de

atividade que o próprio profissional desenvolve dentro da empresa, uma vez

110

que geralmente este é um gestor de nível intermediário (ANSALONI, 1999),

não lhe cabendo a definição das estratégias organizacionais e o

estabelecimento de metas, ficando o profissional apenas com a tarefa de atingir

as metas que são impostas.

A pesquisa do CFN (2006) aponta que provavelmente por não

ocuparem cargos de chefia, os nutricionistas consideram freqüentemente seu

poder de decisão “médio”, como foi demonstrado em mais de 50% das

respostas dos pesquisados, embora a ocupação dos cargos de chefia tenham

atingido um percentual de cerca de 40%.

O nutricionista na alimentação coletiva geralmente é chefiado por

profissionais que não fazem parte da área de nutrição (BOOG et al. ,1988), e

que muitas vezes, como descreveu Meneses, Peres e Waissman (2007), têm

que travar uma verdadeira batalha com a direção no local de trabalho,

insistindo em realizar um procedimento corretamente, sendo “obrigado” a

enquadrar-se no esquema proposto pelo empregador, no qual o trabalho é

puramente administrativo, controla custos, cumpre metas, que na maioria das

vezes não é traçada por ele.

Na área de alimentação institucional prevalecem atividades

administrativas, na qual o volume de tarefas rotineiras impede, segundo os

profissionais pesquisados por Boog et al. (1988), uma diversificação de

atividades. As próprias empresas valorizam muito mais as atividades de

controle ao nível burocrático, o profissional não e incentivado a se atualizar

tecnicamente e nem chega a desempenhar todas as atividades técnicas

inerentes a sua habilitação profissional.

Após a análise das competências requeridas na percepção dos

pesquisados, buscou-se identificar que papel gerencial se faz mais presente

dentro do grupo, através da associação das competências e suas respectivas

médias.

Com a finalidade de confirmar ou refutar a validade desse

agrupamento, utilizou-se o teste t para verificação da diferença entre as médias

dos papéis para as competências requeridas pela empresa, de modo que se

possa afirmar a possível prevalência de determinado papel como sendo

predominante nos requisitos exigidos pela organização para a ocupação do

111

cargo de gestor de Unidade de Alimentação com tipo de gestão de

terceirização.

Tabela 17 - Teste t para verificação da diferença entre as médias dos papéis de acordo com as competências requeridas pela empresa.

Variable Mean N t-value df p

Inovador 6,420000 3 22,23953 2 0,002016

Produtor 6,330000 3 49,18914 2 0,000413

Monitor 6,250000 3 43,30127 2 0,000533

Diretor 6,110000 3 30,38585 2 0,001081

Facilitador 6,000000 3 41,56922 2 0,000578

Mentor 6,000000 3 31,49183 2 0,001007

Coordenador 5,750000 3 15,29667 2 0,004247

Negociador 5,640000 3 32,98678 2 0,000918

Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da análise da tabela 17, verifica-se que dentro do grupo

competências requeridas houve uma diferença significativa entre os papéis, de

modo que se pode sugerir a existência de um papel predominante perante os

demais como sendo necessário dentro do segmento estudado.

Baseado nos dados das médias dos papéis requeridos pode-se

representar graficamente (gráfico 03) a distribuição de cada papel diante da

percepção da necessidade da empresa para em relação ao seu gestor.

Adotou-se a forma de gráfico do tipo “radar” para visualizar a

concentração de respostas de acordo com os agrupamentos realizados,

estando os oito papéis gerenciais nos vértices do gráfico.

112

Gráfico 03 - Papéis das competências gerenciais requeridos, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores

de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN

Fonte: Dados da pesquisa

Observando as médias encontradas em cada um dos oito papéis, fica

evidente a predominância do índice satisfatório para todos os pontos

abordados, os valores variam levemente em torno da média 6 a 6,42, com

exceção dos scores obtidos para o papel coordenador e negociador, que se

encontra com um discreto deslocamento para baixo, com as médias de 5,75 e

5,64 respectivamente.

Resultados semelhantes foram encontrados por Prata (2008), no qual

encontrou mais que 75% das respostas dentro da classificação satisfatória,

evidenciando uma visão homogênea dos respondentes, com as médias

variando levemente em torno de 6,4, e o papel apontado como sendo

predominante na pesquisa é o de “produtores”, estando o papel de “monitor”

em menor evidência.

Embora os critérios de cada modelo pareçam ser conflitantes ou até

mesmo excludentes, Quinn et al. (2003) defendem a coexistência e a

complementaridade entre eles, pois diante da complexidade do mundo

113

corporativo contemporâneo, não só é possível como desejável um bom

desempenho concomitante dos quatro modelos antagônicos.

Apesar a homogeneidade das respostas relacionadas aos papéis

requeridos pela empresa, ao se representar as informações através do Box-plot

de variabilidade, percebe-se que existe uma considerável variabilidade das

médias dos papéis apontados.

Gráfico 04 - Box-plot representando a variabilidade entre os papéis das competências requerida pela empresa.

Fonte: Dados da pesquisa.

Diante da apresentação gráfica, verifica-se que o papel que se destaca

por concentrar os maiores índices de competências requeridas é o de

“Inovador”, pois possui a média em destaque e uma maior concentração das

respostas. Já o papel que possui a menor média é o “Negociador”.

Já a observação de Prata (2008) identificou que o perfil requerido pela

empresa pesquisada foi o de “produtores conceituais” evidenciando as

competências relacionadas a trabalho e o fomento a um ambiente de trabalho

produtivo, administração de tempo e do estresse de demandas decorrentes.

114

O papel do inovador, que obteve maior destaque nesta pesquisa

quando às competências requeridas, apresenta elementos importantes para o

perfil do gerente, que é a liderança e o empreendedorismo, são apontados por

Quinn et al. (2003) como necessários para facilitar a o processo de adaptação

à mudança.

A liderança é apontada por diversos autores como elemento

fundamental no desenvolvimento da atividade gerencial, e que para se dirigir o

trabalho e trabalhador intelectual atual se fazem importante a utilização de

elementos importantes como imaginação, coragem e liderança de alta

qualidade (DRUKER, 2002).

Autores como Prahalad e Hamel (2005) destacaram que os gestores

que não desenvolverem a capacidade de liderança e de se moldar aos

processos em mutação constante, estarão fadados a ser retardatários no

mercado competitivo.

A liderança também é destacada por Boog (2004) quando referiu que

o papel gerencial é um papel complexo no qual engloba as atividades

gerenciais, resultados gerenciais e as habilidades gerenciais, no qual esta

última pode ser agrupada em três blocos: habilidades técnicas, habilidades

conceituais e habilidades humanas, sendo esta a responsável pelas

dimensões como motivação e liderança, elementos importantes no

desenvolvimento do papel de inovador.

Dornelas (2003) atribui ao termo empreendedorismo, como sendo a

criação de uma nova organização ou inovação dentro de uma existente, e a

tarefa de um empreendedor no contexto atual é desafiadora, sendo que, muda-

se o cenário e as competências necessárias para fundar, gerir e perpetuar uma

empresa no mercado, envolvendo assim a capacidade de adaptação e

resposta ao ambiente externo e transição, envolve o uso da criatividade e o

gerenciamento das transformações organizacionais (QUINN et al., 2003).

Os gestores precisam estar preparados para pensar numa escala

maior e mais global (BARROS, 2007), e de acordo com Byham (2003), o gestor

deve utilizar o pensamento não-linear e holístico, criando as oportunidades de

sinergia, iniciando as mudanças e tomando as decisões enriquecedoras, o que

assegurará a sobrevivência da organização.

115

Para Robbins (2002), o empreendedor é aquele que percebe

oportunidades de crescimento nas circunstâncias mais comuns, não se abate

ao encontrar problemas, encara-os como desafios para o crescimento

contínuo; entusiasma-se, pois acredita que se existe um problema há solução.

A fim de aproveitar estas características, Barros (2007) concorda que a

empresa deverá promover espaço de evolução e aplicação desta competência

para seu corpo gerencial.

No que tange o papel de negociador, que se destacou neste estudo por

ter obtido a menor média, Quinn et al. (2003) descrevem que o seu foco são os

dotes sociais, apresentação e negociação das idéias com eficácia. Neste

sentido as competências atreladas ao papel de negociador podem ser descritas

como sendo a construção e manutenção de uma base de poder, a negociação

de acordos e compromissos e também apresentação de idéias, de forma que

sua preocupação é voltada para a sustentação da legitimidade exterior e a

obtenção de recursos externos.

O papel de negociador é pouco requerido para perfil de gestor do

nutricionista de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas, pelas

inúmeras situações de e organizações de trabalho e perfil dos profissionais já

referidos neste estudo, e apontado nas pesquisas de Boog et al. (1998),

Gambardella (2000) e Meneses, Peres e Waissman (2007), como a falta de

maturidade e pouca experiência profissional, assim como a falta de formação

acadêmica específica para o desenvolvimento mais eficaz deste papel.

Na perspectiva das competências gerenciais e dos papéis de líderes

requeridos pela empresa, segundo a percepção dos nutricionistas avaliados em

maior e em menor necessidade de aplicação na organização, se faz importante

inseri-los no quadro de valores competitivos descritos por Quinn et al. (2003),

conforme demonstrado no gráfico 05.

116

Gráfico 05: Papéis das competências gerenciais requeridos, diante dos valores competitivos de Quinn et al. (2003), na percepção dos

nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN

Fonte: Dados da pesquisa

Ao inserir os achados da pesquisa no modelo de valores competitivos

estabelecido por Quinn et al. (2003), percebe-se que ambos os papéis,

requeridos pela empresa, destacados como sendo o de maior e de menor

médias apontadas segundo a percepção dos nutricionistas, encontram-se

dentro classificação do “Modelo dos Sistemas Abertos .

Embora possa parecer contraditório o fato do papel mais requerido

(Inovador) e o menos requerido (Negociador) estarem inseridos dentro do

mesmo contexto dos valores dos “Sistemas Abertos”, é importante ressaltar

que estes papéis possuem competências distintas e complementares.

No modelo dos sistemas abertos, as organizações se deparam com a

necessidade de competir num ambiente ambíguo e competitivo, e os processos

fundamentais são a adaptação política, a resolução criativa de problemas, a

inovação e o gerenciamento da mudança (QUINN et al., 2003).

Neste contexto, o gerente Inovador tem como principal desafio o

gerenciamento do processo de adaptação às mudanças, estando atento ao

117

ambiente em transformação, sendo capaz de tolerar as incertezas e os riscos

do mercado competitivo, além de ser visionário e empreendedor, como já

destacado anteriormente.

Em contrapartida o papel do Negociador, que é voltado para a

sustentação da legitimidade exterior, obtenção de recursos externos,

representação e negociação, não é normalmente requerido do nutricionista

gestor destas Unidades de Alimentação, conforme já foi discutido e

evidenciado neste estudo.

Diante disto, os papéis acima destacados, embora estejam dentro do

mesmo contexto de valor competitivo, possui focos distintos, de modo que

possa justificar os resultados desta pesquisa.

4.2.3 O Nutricionista e a Percepção de suas Competências Gerenciais

Atendendo ao terceiro objetivo da pesquisa, analisaram-se as

competências gerenciais efetivas dos gestores de Unidades de Alimentação e

Nutrição terceirizadas segundo suas próprias percepções.

Do mesmo modo que realizado para avaliar as competências

requeridas pela empresa, as médias da percepção das competências

gerenciais efetivas do nutricionista gestor de Unidades de Alimentação

terceirizada foram apresentadas na tabela 16.

Considerando os scores atribuídos pelos respondentes, das 24

competências pesquisadas 22 apresentaram um nível de classificação

satisfatória (entre 4,5 a 7,0), e apenas 02 competências estão com o nível

considerado como mediano (entre 3,5 a 4,5), não tendo nenhuma competência

sido identificada como insatisfatória.

As competências que foram classificadas como sendo de nível

mediano, segundo os respondentes, foram “Busca manter uma base de poder”

e “Gerencia projetos da organização” com as médias de 4,33 e 4,42

respectivamente.

Assim como, em relação à percepção quanto aos requisitos requeridos

pela empresa para o gestor, e os resultados apresentados por Prata (2008), as

118

competências tidas como efetivas nos nutricionistas gestores pesquisados,

apresentaram-se dentro de uma visão e um comportamento homogêneo pela

maioria.

De todas as competências efetivas do gestor, segundo sua percepção,

a que mais se destacou por apresentar maior média foi a “Estimula o

desenvolvimento de um ambiente de trabalho produtivo”, cuja média obtida foi

a de 6,58, em uma escala de 1 - 7.

A visão de que uma das maiores competências efetivas no nutricionista

gestor de Unidade de Alimentação e Nutrição é a necessidade de se estimular

o desenvolvimento de um ambiente produtivo, no qual o gestor tem que ser

orientado para a tarefa, mantendo o foco no trabalho, como bem descreve

Quinn et al. (2003).

A orientação para a tarefa é descrita por Robbins (2000) como sendo

parte da reestruturação ou reformulação do trabalho, que, segundo Tachizawa

et al. (2006), era anteriormente fragmentada dentro das organizações.

Bitencourt (2005) destacando as diferentes abordagens do conceito

competência das correntes de estudos de diversos autores, destaca que

Boyatizis (1982), Spencer e Spencer (1993), Sparrow e Bognanno (1994),

Cravino (1994), Parry (1996), Durand (1998), Hase et al. (1998), Dutra et al.

(1998), Ruas (1999), Fleury e Fleury (2000), Hipólito (2000), Davis (2000) e

Zarifian (2001), têm o resultado como sendo uma das ênfases de seus

respectivos conceitos.

Em relação à competência que apresentou a menor média dentre as

demais, destaca-se novamente a que o gestor “busca manter uma base de

poder”, uma vez que justamente esta competência foi a que apresentou menor

média dentre as competências requeridas pela empresa.

No momento em que os nutricionistas apontam que a manutenção da

base de poder é a competência que menos é requisitada pela organização e ao

mesmo tempo ela é pouco evidenciada nos seus próprios perfis gerenciais,

percebe-se que há uma consciência, por parte dos profissionais, da estrutura

organizacional no qual estão inseridos, quanto à limitação de sua autonomia,

dentro das atividades impostas pelo mercado de alimentação coletiva, para o

desempenho do papel de negociador como destacado anteriormente neste

119

estudo. E como não é requerida, não há esforço por desenvolvê-la, sendo um

ajuste natural ao ambiente.

Na aplicação do teste t, percebe-se que houve diferença significativa

entre os papéis tidos como efetivos pelos nutricionistas, de acordo com a visão

dos mesmos, ao responderem o questionário da pesquisa, conforme

demonstrado na tabela 18, de modo que se pode sugerir a existência de um

papel que pode ser considerado como predominante no perfil de competências

efetivas dos gestores estudados.

Tabela 18 - Teste t para verificação da diferença entre as médias dos papéis de acordo com as competências efetivas do gestor.

Variable Mean N t-value df p

Inovador 6,030000 3 29,988 2 0,001110

Produtor 6,276667 3 23,74431 2 0,001769

Monitor 5,803333 3 39,53756 2 0,000639

Diretor 5,306667 3 15,62512 2 0,004071

Facilitador 5,610000 3 17,48577 2 0,003255

Mentor 6,056667 3 60,94022 2 0,000269

Coordenador 4,973333 3 17,73052 2 0,003166

Negociador 5,136667 3 12,1964 2 0,006656

Fonte: Dados da pesquisa.

Os papéis percebidos como efetivos do nutricionista foram distribuídos

graficamente, de acordo com os agrupamentos propostos por Quinn et al.

(2003) e estão apresentados no gráfico 06.

120

Gráfico 06 - Papéis das competências gerenciais efetivos, segundo o modelo de Quinn et al. (2003), na percepção dos nutricionistas gestores

de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN

Fonte: Dados da pesquisa

Baseado nas informações apresentadas no gráfico 06 percebe-se que

as médias encontradas para os papéis gerenciais efetivos, apontam uma

uniformidade menor do que aqueles apontados como sendo os requeridos, o

que demonstra uma visão mais crítica, por parte dos nutricionistas, em relação

às suas competências efetivas, uma vez que o gráfico apresenta mais pontos

com tendências para os valores inferiores.

Ao se representar as informações através do Box-plot de variabilidade,

percebe-se que existe uma considerável variabilidade das médias dos papéis

apontados como sendo características efetivas destes gestores.

121

Gráfico 07 - Box-plot representando a variabilidade entre os papéis das competências efetivas do gestor.

Fonte: Dados da pesquisa.

Baseados no que apresenta o gráfico 07 verifica-se que o papel que se

destaca por concentrar os maiores índices de competências efetivas é o de

“Produtor”, pois possui a média em destaque e uma maior concentração das

respostas, enquanto o papel que possui a menor média verificada é o papel de

“Coordenador”.

Nas pesquisas realizadas, utilizando-se do mesmo referencial teórico

para a construção dos objetivos desta pesquisa, Noro et al. (2007) encontraram

resultados semelhantes do presente estudo, no qual 71% dos gerentes

pesquisados se identificaram com as competências atreladas ao papel de

produtor, e que em relação às competências analisadas acima se destaca a

gerência do tempo e do estresse da equipe.

Neste contexto, destaca-se que os papéis de diretor e produtor fazem

parte do modelo de metas racionais no qual o fim almejado é a produtividade e

seus meios estão relacionados com metas e ao direcionamento. (NORO et al.,

2007)

122

Já Prata (2008) ao estudar as competências gerenciais efetivas em seu

trabalho, identificou o papel de inovador como tendo a média mais baixa (5,2) e

o papel de coordenador teve média mais elevada.

O papel de produtor assim como descreve Quinn et al. (2003), deve

remeter às atividades que sejam orientadas para as tarefas, mantenham o foco

no trabalho e possam exibir um elevado grau de interesse, motivação, energia

e ímpeto pessoal. Espera-se, deste modo, que o produtor aceite as

responsabilidades, realizem tarefas e possam sustentar uma elevada

produtividade pessoal, manifestando um desejo obsessivo pelo atingimento dos

objetivos.

Para tanto, o papel do produtor aborda três competências essenciais: o

trabalho produtivo, o fomento a um ambiente de trabalho produtivo e a

administração do tempo e do estresse/equilíbrio de demandas concorrentes

(QUINN et al., 2003).

Neste sentido, a percepção do nutricionista como sendo um gestor que

desempenha o papel de produtor dentro de um serviço de alimentação é

coerente com a realidade deste segmento de mercado, sendo organizações

prestadoras de serviços e que possuem bastante complexidade no seu

conceito de qualidade, e que de acordo com Magneé (2005), se trata de uma

empresa ou uma organização como qualquer outra, complexa, dinâmica,

repleta de processos cíclicos.

As empresas de alimentação coletiva em busca de melhor

desempenho organizacional impõem muitas vezes, um ritmo de trabalho

desgastante, podendo levar os trabalhadores a situações de stress, que

interferirão de forma significativa na saúde e na qualidade de vida das pessoas

(MATOS, 2000) de modo que o gestor deverá possuir competências suficientes

para administrar essas situações sem perder o foco na tarefa e no resultado,

como é destacado no modelo das metas racionais estabelecidos no quadro de

valores de Quinn et al. (2003).

É importante considerar que as UANs podem ser comparadas a uma

indústria que, a cada ciclo produtivo e a cada dia, produz um novo produto, que

necessita seguir padrões de higiene e segurança alimentar e tem uma

organização de produção relativamente dificultosa (SANTANA, 1996 apud

ALVES, 2005).

123

Segundo Matos e Proença (2003), nas UANs há uma pressão com

relação ao tempo da produção, pois o tempo é limitado e pouco flexível para se

produzir às refeições, sendo ajustado de acordo com os horários de

distribuição das refeições, que é predeterminada pelas funções desenvolvidas

na empresa onde a Unidade de Alimentação e Nutrição encontra-se inseridas.

Assim, a organização do trabalho em UAN é fortemente norteada por

princípios taylorista-fordista, estruturada com base em rotinas, roteiros, normas

técnicas e organogramas para a produção de refeições. O trabalho obedece a

uma "linha de montagem", cujo objetivo é fazer com que a matéria-prima siga

um fluxo contínuo pelas subáreas em tempo pré-determinado, sendo

transformada em alimentação e ser servida aos comensais (COLARES e

FREITAS, 2007).

A variedade de tarefas, a concomitância de atividades, o imediatismo

de processos e de produtos, a larga lista de insumos utilizados em cada

atividade, aliado à heterogeneidade de hábitos, a falta de comprometimento,

conhecimento, treinamento e adequação de colaboradores, acaba tornando o

dia-a-dia das dos serviços de alimentação um complexo contexto de estudo e

gerenciamento (RIBEIRO, 2002).

No processo de produção de refeições em UANs, observa-se também

que ocorre uma divisão de trabalho hierarquizada, envolvendo as diferentes

categorias que compõem os trabalhadores do processo. Além disso, a

produção na alimentação coletiva se diferencia de outros processos produtivos

pelo fato de ser uma indústria que a cada ciclo produtivo e a cada dia, fabrica

produtos diferentes, o que consequentemente leva a um aumento das

dificuldades na organização de sua produção (PROENÇA, 2009).

Assim, um bom gerenciamento geralmente consiste na habilidade de

planejar a operação inteligentemente e de selecionar as pessoas corretas para

desempenhar as tarefas de maneira adequada, para que as metas traçadas

sejam alcançadas, competências estas que fazem relação direta com as

desenvolvidas pelo gestor que desenvolve o papel de Produtor, conforme

descreve Quinn et al. (2003).

Em se tratando do papel que foi considerado como menor relevância

dentre os presentes no perfil do nutricionista gestor estando inserido no modelo

124

dos processos internos descritos por Quinn et al. (2003), foi o papel do gestor

coordenador.

O papel de coordenador está voltado para as atividades que forneçam

sustentação à estrutura e ao fluxo do sistema, e que estes sejam dignos de

confiança e de crédito, no qual se espera deste profissional, traços

comportamentais voltados à facilitação do trabalho, como agendamento,

coordenação de esforço de equipe, enfrentamento de crises e resolução das

dificuldades de ordem tecnológica, logística e doméstica (QUINN et al., 2003).

De acordo com os autores, o papel do coordenador compreende a

coordenação do trabalho de dois ou mais empregados, sendo atribuição cuidar

para que o trabalho transcorra com tranqüilidade e as atividades sejam

realizadas conforme sua importância relativa, com um mínimo de atrito entre os

indivíduos, grupos e unidades de trabalho, de forma que as pessoas

coordenadas por ele estejam corretamente colocadas em suas funções,

devendo este desempenhar atividades que envolvam descrição de cargos, de

tarefas e estruturação do trabalho.

Neste sentido, esta competência tendo sido apontada pelos

nutricionistas pesquisados como a que está menos presente em suas

atividades de gestor de uma Unidade de Alimentação, pode estar relacionada à

própria estrutura organizacional das empresas terceirizadas, no qual foi

identificada neste estudo, de acordo com o relato dos gestores, a existência de

setores específicos que tratam de processos burocráticos e funcionamento das

unidades.

Foi mencionado pelos pesquisados a existência de escritório central

com equipes que atuam como suporte em todos os processos da empresa, e

dentre eles, dos processos de coordenação da Unidade, fazendo com que o

papel do gestor coordenador seja menos requisitado neste contexto.

Inserindo os papéis identificados como efetivos nos gestores das

Unidades de Alimentação dentro do quadro de valores competitivos, construiu-

se o gráfico 08.

125

Gráfico 08 - Papéis das competências gerenciais efetivas, diante dos Valores competitivos de Quinn et al. (2003), na percepção dos

nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas em Natal – RN

Fonte: Dados da pesquisa

É importante ressaltar que os papéis de maior e menor média

apontados na pesquisa dentre as competências efetivas do gestor, de acordo

com a classificação de Quinn et al. (2003), estão inseridos dentro dos Modelos

das Metas Racionais e o Modelo dos Processos Internos respectivamente.

Segundo Noro et al. (2007) de todos os modelos de gestão no contexto

histórico, o primeiro modelo a se destacar foi o modelo de metas racionais, cujo

símbolo que melhor representa este modelo é o cifrão ($), uma vez que todas

as decisões são baseadas por considerações quanto ao “lucro líquido”, como

destaca Quinn (2003) na descrição de seus modelos de valores competitivos.

O modelo das metas racionais no qual se encontra inserido o papel

gerencial de “Produtor”, cuja presença foi identificada pelos pesquisados no

presente estudo como sendo o de maior relevância em sua atuação como

126

gestor de uma Unidade de Alimentação e tem como premissa básica a

produtividade e o lucro.

Já o Modelo dos Processos Internos, no qual se encontra a menor

média do papel gerencial efetivo dos nutricionistas pesquisados é o modelo

onde estão presentes os papéis gerenciais de “Monitor” e “Coordenador”, que

possuem como características os processos e mecanismos de controle e

avaliação dos processos e serviços dentro das organizações.

No caso dos serviços de alimentação coletiva terceirizados, como já

descrito neste estudo, apresenta em seu funcionamento toda uma estrutura

organizacional que apóia o gestor no sentido de fornecer toda uma condição de

funcionamento, controle e avaliação, sendo assim, de certa forma dispensável

esta atividade de forma efetiva ao nutricionista.

Fundamentado nestes dados, percebe-se que os nutricionistas de

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas apresentaram nesta

pesquisa um comportamento de percepção coerente com a característica de

requisitos de competência efetiva para um gestor deste modelo de serviço.

4.2.4 Papéis Gerenciais Requeridos x Papéis Gerenciais Efetivos

Buscando atender ao último objetivo deste trabalho, foi realizada a

análise a respeito dos papéis gerenciais requeridos perante os papéis

gerenciais efetivos, ambos sob a percepção dos nutricionistas gestores de

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas.

Para isto, a partir das médias das competências componentes de cada

papel, realizou-se a média de cada papel requeridos e de todos os papéis

efetivos conforme apresentado na tabela 19.

127

Tabela19 - Papéis gerenciais requeridos e efetivos, segundo a percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e Nutrição

terceirizadas de Natal/RN

PAPEL GERENCIAL MÉDIA DOS PAPÉIS REQUERIDOS MÉDIA DOS PAPÉIS EFETIVOS

Coordenador 5,75 4,97

Diretor 6,11 5,31

Facilitador 6,00 5,61

Inovador 6,42 6,03

Mentor 6,00 6,06

Monitor 6,25 5,81

Negociador 5,64 5,14

Produtor 6,33 6,28

Média Geral 6,06 5,65

Fonte: Dados da Pesquisa

Considerando a classificação adotada neste trabalho, de acordo com

os scores apresentados, pode-se constatar que todos os papéis tiveram suas

médias classificadas como satisfatórias (entre 4,5 e 7), não tendo sido

encontrado nenhum papel que correspondesse aos níveis mediano e

insatisfatório, mesmo tendo sido destacados por esses profissionais nesta

pesquisa a percepção de que não possuíam competências e formação

suficiente para ocupar o cargo de gestor de forma satisfatória, seja pela falta de

formação específica, imaturidade pessoal ou profissional.

Tomando como referência as competências requeridas, as médias em

níveis relativamente altos, configuram a consciência do profissional quanto à

necessidade que o mercado impõe para o profissional desenvolver de forma

satisfatória todas as atividades necessárias para um bom desempenho da

organização diante do mercado competitivo.

Diante do modelo apresentado por Quinn et al. (2003) o pleno domínio

das diversas competências representa a possibilidade da eficácia

organizacional, tão almejada pelas empresas, e desta forma, a percepção da

amplitude destas necessidades por parte da empresa quanto ao perfil gestor do

nutricionista, indica que estas possuem a noção da complexidade do a gestão

organizacional.

Na análise das competências efetivas do gestor, de acordo com a

média encontrada, os níveis de competência percebidos estão dentro do que

se pode classificar como satisfatório. Este achado pode parecer contraditório

quando confrontados com as informações obtidas ao longo da pesquisa, no

qual em alguns casos o profissional se diz pouco preparado para o

128

desempenho da função. Entretanto, deve-se considerar que por se tratar da

avaliação da auto-imagem profissional, é conveniente para o pesquisado uma

avaliação positiva de sua atuação enquanto gestor de uma Unidade de

Alimentação e Nutrição.

É importante mencionar que Chaves, Bastos e Nassif (2005) em seus

estudos revelaram que a maioria dos gerentes se considerou preparada para o

exercício da função gerencial. E ressaltam que os dados da pesquisa se

baseiam tão somente na auto-avaliação dos gerentes, ou seja, em sua própria

percepção, e neste sentido, deve-se considerar a possível ocorrência de um

viés de conveniência ou de idealismo na auto-avaliação dos gerentes. E

recomendam, para corrigir esse viés, a aplicação da pesquisa também com os

subordinados e superiores desses gerentes.

Teixeira (2006) em seus estudos observou que os gestores

pesquisados, se avaliaram com seu melhor nível de domínio nas competências

que foram apontadas por eles como sendo a de maior importância. O autor

entendeu que este tipo de avaliação é conveniente para o profissional, onde

mesmo tendo consciência de suas limitações, sempre tendem a se auto-avaliar

de forma satisfatória.

Neste sentido, Magalhães e Andrade (2001) apontam correlações entre

auto e hetero-avaliação, e indicam que essas avaliações podem diferir quanto à

intensidade, dependendo de quem julga.

Na aplicação do teste t e verificou-se que existe diferença significativa

entre as competências requeridas e efetivas, de acordo com a tabela 20, o que

poderá validar os números encontrados na presente pesquisa.

Tabela 20 - Teste t para verificação da diferença entre as médias das competências requeridas e efetivas em relação às competências

estudadas.

Fonte: Dados da pesquisa

Group 1 vc. Group 2

Mean Group 1

Mean Group 2

t- value

df p Valid N Group 1

Valid N Group 2

Requerida vs

Efetiva 6,062500 5,649306 2,768614 46 0,008087 24 24

129

Uma vez constatada a significância dos dados, e em busca da

visualização da diferença das competências requeridas e efetivas, a

variabilidade dos dados obtidos na pesquisa foi representada no gráfico 09.

Gráfico 09 - Box-plot representando a variabilidade entre as competências requeridas e efetivas.

Fonte: Dados da pesquisa

A partir da análise do Box-plot (gráfico 09) é possível visualizar que a

variabilidade existente entre os grupos papel requeridos e papel efetivo é

bastante acentuada, de modo que o conceito máximo das competências

efetivas está muito próximo ao conceito mínimo das competências requeridas

pela empresa.

O que se pode observar é que, de acordo com as médias gerais

obtidas, as competências requeridas (6,06) são superiores às competências

efetivas (5,65) para o perfil gerencial dos nutricionistas pesquisados, isto

aponta que, na percepção das nutricionistas, estas não possuem as

competências no mesmo nível em que elas são requisitadas para o bom

desempenho enquanto gestor de serviços de alimentação com as

características descritas neste estudo.

Mesmo com as médias estando numericamente muito próximas

(diferença de 0,41) uma da outra e estando classificadas como “satisfatórias”, é

130

importante destacar de acordo com o gráfico 09, nota-se que estas se

encontram em níveis de percepção diferente, estando os níveis de

competências efetivas aquém das competências requeridas,e olhando do outro

ângulo, as competências solicitadas estão acima dos que elas podem oferecer.

A concentração das respostas segundo os papéis gerenciais

requeridos e efetivos, está representada no gráfico 10.

Gráfico 10 - Análise comparativa entre as competências requeridas e competências efetivas do nutricionista gestor de unidades de

Alimentação e Nutrição terceirizadas de Natal/RN

Fonte: Dados da pesquisa.

O gráfico 10 apresenta os papéis e suas variações de médias entre os

papéis gerenciais requeridos e efetivos, de forma que permite a visualização do

quanto os nutricionistas se consideram ainda aquém do que é solicitado pela

empresa para o desempenho da função de gestor.

Entretanto, é importante destacar que as médias da necessidade e o

atendimento destas necessidades das competências relacionadas ao papel de

Produtor e de Mentor estão muito próximas, o que se pode considerar que há

elevada utilização destas competências gerenciais requeridas no cotidiano de

trabalho destes profissionais. As demais competências efetivas não se

131

apresentam uniformemente distribuídas quanto às competências requeridas,

havendo consideráveis variações entre os diferentes papéis.

A diferença entre os diversos papéis baseados nas competências

efetivas é de se esperar, pois como apontou Picchiai (2008), quando referiu

que do ponto de vista psicológico (afetivo e cognitivo) é muito pouco provável

se encontrar uma pessoa que tenha possibilidade de desenvolver todas as

competências gerenciais, pois, muitas são contraditórias entre si enquanto

lógica ou racionalidade subjetiva, logo, a disparidade entre as competências é

esperada.

Morano (1973) apud Magalhães e Andrade (2001) descreveu que os

empregados são conscientes de suas aptidões fracas e de seus desempenhos

deficientes e além do mais, estão na melhor disposição para determinar suas

próprias necessidades de treinamentos.

Dentro desta lógica, o presente estudo apontou através da percepção

dos entrevistados esta necessidade de treinamento e capacitação por parte da

empresa com o objetivo de aprimorar o rol de competências efetivas e

aproximá-las ao nível requerido pela organização.

As nutricionistas quando questionadas que medidas poderiam ser

adotadas para minimizar as dificuldades encontradas no gerenciamento de

uma UAN, as respostas dadas apontaram como sendo necessária a

capacitação para o desenvolvimento de atividades administrativas;

treinamentos específicos e direcionados aos objetivos da empresa; mais

incentivo da empresa às iniciativas de capacitação e reciclagem profissional

para melhorar o desempenho individual e em conseqüência o resultado

organizacional.

Dias e Paiva (2011) identificaram em seus estudos que os enfermeiros

quando se auto-avaliaram em relação às suas competências gerenciais

efetivas, atribuíram parte da deficiência ao processo de formação dada pelas

instituições de ensino superior. Esta realidade também pode ser aplicada à

formação do nutricionista, como já descrito neste trabalho, ficando a formação

mais específica para os processos de aprendizagem organizacional e na

educação corporativa.

Campos (2007) concluiu em seus estudos que os resultados

encontrados nas pesquisas relacionadas ás competências poderiam servir

132

como base para treinamentos gerenciais que devem ser acrescentado em seu

conteúdo além das experiências dos dirigentes da empresa pesquisada.

Desta forma, Magalhães e Andrade (2001) apontaram o treinamento

como sendo uma forma de educação especializada, uma vez que tem como

propósito preparar o indivíduo para o desempenho eficiente de uma

determinada tarefa que lhe é atribuída. Neste sentido, referem que o

treinamento é uma função organizacional e compõe um somatório de atividade

que vão desde a aquisição de habilidade motriz até o desenvolvimento de

conhecimentos técnicos complexos, assim como à assimilação de novas

atitudes administrativas e à evolução de comportamentos em função de

situações complexas.

O gráfico 11 apresenta as competências requeridas e efetivas inseridas

no quadro de valores competitivos proposto por Quinn et al. (2003).

Gráfico 11 - Análise comparativa dos papéis requeridos pela empresa e efetivo, diante do quadro de valores competitivos de Quinn et al. (2003)

Fonte: Dados da pesquisa

No gráfico 11, as competências requeridas e efetivas estão

uniformemente inseridas entre os quatro valores competitivos descritos por

Quinn et al. (2003), de forma que se possa analisar o comportamento das

133

competências e papéis gerenciais de forma isolada e em conjunto dentro deste

construto.

As relações destes modelos podem ser entendidas em termos dos

eixos que vão da flexibilidade ao controle, e do foco organizacional interno ao

foco organizacional externo, de modo que Quinn et al. (2003) estabelece 03

desafios para que se possa ampliar o pensamento e incrementar as

possibilidades de escolha e eficácia: 1. Apreciar as vantagens e desvantagens

de cada um dos quatro modelos; 2. Adquirir e utilizar as competências de cada

um dos modelos e; 3. Integrar de maneira dinâmica as competências de cada

um dos modelos às situações gerenciais encontradas.

Assim, percebe-se que as competências requeridas estão

uniformemente distribuídas entre os quatro valores competitivos, de modo que

na percepção do nutricionista, as empresas de alimentação coletiva necessitam

que o profissional gestor seja produtivo e lucrativo, promova estabilidade e

continuidade da organização, tenham compromisso, coesão e moral e também

sejam flexíveis e adaptáveis às mudanças do mercado, atendendo ao que

Quinn et al. (2003) preconiza como Eficácia Organizacional.

Este nível ótimo de desempenho requerido pelos Serviços de

Alimentação e Nutrição, com o tipo de gestão terceirizado, de certa forma exige

que as nutricionistas sejam plenas nas atividades gerenciais, e estas percebem

claramente que as empresas cobram demais.

Destaca-se que todos os papéis são importantes para a liderança

gerencial eficaz, e a integração de saberes é um elemento importante, sendo o

caminho para a capacidade plena, devendo o gestor possuir uma visão

holística (PICCHIAI, 2008).

Diante dos papéis gerenciais descritos pelos autores, o perfil gerencial

requerido diante da percepção do nutricionista, sendo amplo e homogêneo nos

oito papéis, assemelha-se ao que Quinn et al. (2003) denominou de perfil de

“Mestre”, estando este classificado como um perfil gerencial eficaz.

Em contrapartida, quando analisada a percepção das competências

efetivas diante da análise, tendo os papéis de produtor, mentor, inovador,

monitor e facilitador, se destacado perante os demais, o perfil gerencial efetivo

está muito próximo ao que Quinn et al. (2003) denominaram de “Adaptativos

Caóticos”, sendo classificado como um perfil ineficaz.

134

As competências efetivas quando analisadas dentro do quadro de

valores competitivos, verifica-se que os maiores níveis de competências estão

inseridos nos modelos das Relações Humanas e das Metas Racionais.

É interessante analisar que estes dois modelos são considerados por

Quinn et al. (2003) modelos antagônicos, pois estão em eixos opostos no

quadro de valores e focam perspectivas diferentes, uma vez que enquanto o

modelo das Relações Humanas está orientado para as equipes, o das Metas

Racionais possui atmosfera econômico-racional, visando o lucro.

Para entender esta ambigüidade, se faz necessário analisar o mercado

de alimentação coletiva, como foi já realizado ao longo deste estudo. Assim,

baseado nas informações apresentadas, percebe-se que na prática o

profissional gestor de uma unidade de alimentação e nutrição é um profissional

que desenvolve suas atividades profissionais focado no lucro e na

produtividade, e para isto, ele necessita de uma atmosfera de equipe, de modo

que possa resolver os conflitos existentes na dinâmica destes serviços,

atendendo parte dos desafios propostos por Quinn et (2003) para o alcance da

eficácia organizacional.

135

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado, o presente estudo teve como objetivo principal

avaliar a percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e

Nutrição terceirizadas de Natal/RN, sobre suas competências gerenciais

conforme modelo proposto por Quinn et al. (2003), percebido como referencial

de análise deste trabalho.

No que diz respeito às características dos profissionais nutricionistas

pesquisados, identificou-se que todas são do sexo feminino, sendo a maioria

jovem e com pouco tempo de graduação. Poucas possuem uma formação

além da graduação e também pouca experiência profissional, ocupando a

função de gestor pela primeira vez, e no tocante à remuneração, a maioria dos

pesquisados recebe o salário próximo ao limite mínimo recomendado para a

categoria profissional.

Quanto ao elemento responsável pelo do desenvolvimento da capacidade

de gerenciar, todas as entrevistadas relacionaram a aprendizagem na prática

profissional, em primeiro lugar, seguido pela formação em nutrição,

capacitação oferecida pela empresa e a formação complementar à graduação.

Para o gerenciamento da Unidade de Alimentação, a grande maioria

dos nutricionistas apontou a existência de uma estrutura de apoio vinculada à

empresa ou sede o que poderá facilitar o desenvolvimento de algumas

atividades técnicas e/ou administrativas como a existência de sistemas de

informática com sistemas de planejamento e controles, presença de um

supervisor hierarquicamente superior a fim de tratar de questões estratégicas e

a estrutura de um escritório regional com equipe multidisciplinar atuando como

suporte técnico.

De acordo com os respondentes, metade destes obteve capacitação

para o desempenho da função ao serem admitidos na empresa, cujo foco

foram os sistemas operacionais e/ou normas de procedimentos técnicos

específicos da empresa, não havendo nenhuma capacitação para a formação

gerencial.

136

Atendendo ao primeiro objetivo deste trabalho, na percepção das

nutricionistas, as competências gerenciais requeridas para os gestores de

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas foram todas classificadas

como “satisfatórias”, e a competência que mais se destacou dentre as demais,

foi a necessidade do convívio frequente com as mudanças.

Em relação aos papéis gerenciais requeridos pela empresa, na visão

das nutricionistas, todos os papéis gerenciais apresentaram nível de

classificação satisfatório e com uma extensa uniformidade de médias entre

eles.Verificou-se que o papel que se destacou por concentrar os maiores

índices de competências requeridas é o de “Inovador.

Dentre as competências tidas como as menores médias requeridas

pela empresa, apontaram-se a necessidade de se realizar o planejamento do

trabalho da organização e a manutenção de uma base de poder.

O papel que apresentou a menor média foi o de “Negociador”, que está

atrelado às competências de construção e manutenção de uma base de poder,

negociação de acordos e compromissos e também apresentação de idéias, de

forma que sua preocupação é voltada para a sustentação da legitimidade

exterior e a obtenção de recursos externos.

Em resposta ao segundo objetivo da pesquisa, na percepção das

competências gerenciais efetivas dos gestores de Unidades de Alimentação e

Nutrição terceirizadas, a maioria das competências apresentou um nível de

classificação satisfatória, e apenas duas foram relacionadas ao nível

considerado como mediano, não tendo nenhuma competência sido identificada

como insatisfatória.

Das competências efetivas do gestor, a percebida como a que mais se

destacou por apresentar maior média foi a que exige do gestor a necessidade

de se estimular o desenvolvimento de um ambiente produtivo, sendo orientado

para a tarefa.

Em contrapartida, as competências que foram classificadas como

sendo de nível mediano, segundo os respondentes, foram “Busca manter uma

base de poder” e “Gerencia projetos da organização”.

O papel de produtor se destacou por concentrar os maiores índices de

competências efetivas, já o papel de “Coordenador” foi o menos presente no

perfil destes profissionais.

137

Os papéis, de maior e menor média, apontados na pesquisa das

competências efetivas do gestor estão inseridos dentro dos Modelos das Metas

Racionais e o Modelo dos Processos Internos respectivamente.

Para o último objetivo deste trabalho, realizaram-se a análise a respeito

dos papéis gerenciais requeridos perante os papéis gerenciais efetivos, ambos

sob a percepção dos nutricionistas gestores de Unidades de Alimentação e

Nutrição terceirizadas.

Em todos os papéis analisados, as competências requeridas sempre se

apresentaram em níveis maiores do que as competências efetivas do gestor.

As competências efetivas mesmo estando em níveis inferiores às

requeridas, ainda assim foram apontadas pelas nutricionistas, em sua maioria,

como sendo satisfatório. Este paradoxo pode ser considerado como um viés

desta auto-avaliação, uma vez que é conveniente para o pesquisado uma

avaliação positiva de sua atuação enquanto gestor de uma Unidade de

Alimentação e Nutrição.

Ao se analisar os perfis dos gestores identificou-se que em relação às

competências requeridas, estes podem ser classificados como “Gestores

Mestres”, estando dentro do que é tido como um perfil eficaz, e já no tocante às

competências efetivas, na percepção dos nutricionistas, estas estão próximas

ao perfil denominado de “Adaptativos Caóticos”, sendo reconhecido como um

perfil gerencial ineficaz.

Quando analisados os papéis dentro dos valores competitivos percebe-

se que as competências efetivas estão inseridos nos modelos das Relações

Humanas e das Metas Racionais, enquanto que as competências requeridas

estão uniformemente distribuídas entre os quatro valores competitivos.

O estudo das competências gerenciais do nutricionista gestor de

Unidades de Alimentação e Nutrição terceirizadas se fez importante por ser

uma forma de se identificar as necessidades destes tipos de serviços quanto

ao perfil de seu gestor, podendo, a partir do entendimento de suas

necessidades minimizar os problemas encontrados na gestão destas Unidades.

Outra forma de contribuição, desta pesquisa, é fornecer dados que

permitam ao nutricionista gestores destes tipos de serviços um melhor

gerenciamento dos seus processos de capacitação e desenvolvimento de

carreira.

138

A limitação desta pesquisa está centrada na questão do tipo da

pesquisa (survey) que dá ênfase nos aspectos perspectivos, no qual os

levantamentos recolhem dados referentes à percepção que as pessoas têm

acerca de si mesmas, e se considerar que a percepção é subjetiva, pode-se

resultar em dados distorcidos.

Após a realização deste estudo e a partir das constatações

apresentadas, podem-se sugerir algumas linhas de pesquisas futuras que

possam contribuir para o avanço científico e para o entendimento das

competências e dos papéis gerenciais dentro das organizações.

Sendo assim sugere-se que sejam desenvolvidos estudos futuros nos

quais possam ser aplicadas hetero-avaliações, de modo que o profissional

possa ser avaliado pelos seus superiores e subordinados, corrigindo assim o

viés da auto-avaliação, que pode interferir na interpretação dos resultados

diante da realidade encontrada no mercado.

Outra sugestão de pesquisa que poderá ser desenvolvida é a avaliação

dos componentes curriculares dos cursos de graduação e sua participação na

formação de profissionais que tenham um perfil gerencial, considerando que a

gestão de uma Unidade de Alimentação e Nutrição é uma atribuição

regulamentada do profissional de nutrição, que muitas vezes não está

preparado para tal atividade.

139

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148

APÊNDICES

149

UNIVERSIDADE POTIGUAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

Prezado (a) Nutricionista,

Venho, por meio desta, solicitar a V.Sa. a colaboração na pesquisa da

aluna Annamaria Barbosa do Nascimento Nóbrega, matrícula 200955032,

do Programa de Pós Graduação em Administração da Universidade Potiguar -

Mestrado Profissional em Administração com ênfase em Gestão Estratégica de

Pessoas. A referida pesquisa faz parte da dissertação de mestrado intitulada

“Competências Gerenciais do Nutricionista em Unidades de Alimentação

e Nutrição Terceirizadas em Natal – RN”.

A pesquisa consta de um questionário contendo duas partes, no qual a

primeiro se trata da pesquisa do perfil sócio-demográfico do nutricionista gestor

de Unidades de Alimentação e Nutrição e a segunda, com questões objetivas

relacionadas às competências de um gestor (requeridas e efetivas), segundo

modelo de Quinn (2003).

O trabalho está sob a orientação da professora Dra. Fernanda

Fernandes Gurgel e este preservará o sigilo de todas as informações dos

participantes da pesquisa.

Certos da vossa colaboração neste trabalho, agradecemos desde já.

Atenciosamente

Annamaria Barbosa do Nascimento Nóbrega (Aluno Pesquisador)

Profª Dra Fernanda Fernandes Gurgel (Professor Orientador)

150

PARTE 01

Este questionário é composto por questões objetivas e subjetivas

relacionadas ao perfil do Nutricionista gestor de Unidade de Alimentação

Terceirizada.

Por gentileza, assinale a resposta mais adequada ao seu caso e

responda às questões que se seguem:

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Idade: ___________

3. Formação:

( ) Apenas Graduado ( ) Especialização *

( ) Mestrado* ( ) Doutorado*

* Área: ____________________________

4. Tempo de graduação: _______________

5. Tempo de atuação na área de alimentação coletiva: _____________

6. Atuou em outra área da nutrição? ( ) Sim* ( ) Não

* Qual área? ____________________________________________________

7. Tempo que trabalha nesta empresa: __________________________

8. Qual o cargo que você ocupa nesta empresa? _________________

9. Tempo que ocupa o cargo: _______________________________

10. Já ocupou o mesmo cargo em outras empresas? ( ) Sim* ( ) Não

* Quanto tempo?_____________

151

11. Faixa salarial atual

( ) R$500,00 a R$1.000,00

( ) R$1.000 a R$ 1.500,00

( ) R$ 1.500,00 a R$2.000,00

( ) R$2.000,00 a R$2.500,00

( ) Acima de R$2.500,00

12. Na empresa que você trabalha existe alguma estrutura de apoio para o gerenciamento da Unidade de Alimentação e Nutrição que você está vinculado?

( ) Sim* ( ) Não

*Quais? __________________________________________________

13. Além da Graduação em Nutrição, possui alguma formação complementar?

( ) Sim* ( ) Não

* Qual? _________________________________________________

14. A empresa forneceu algum tipo de capacitação para você para ocupar este cargo?

( ) Sim* ( ) Não

* Qual? _________________________________________________

15. Você atribui que desenvolveu sua capacidade de gerenciar uma

( ) Formação em Nutrição

( ) Formação complementar à graduação

( ) Capacitação oferecida pela empresa

( ) Aprendizagem na prática profissional

16. Que tipo de ações você acha que poderiam melhorar sua atuação como gestor?

152

PARTE 02

Este questionário é composto por questões objetivas, das quais foram

destacadas as principais competências gerenciais descritas por Quinn (2003)

relacionadas ao papel do gestor nas organizações.

Adotou-se uma escala de 1 a 7, onde o conceito 1 corresponde à opção

de NUNCA e o 7 à opção de SEMPRE, e os demais dentro desta mesma

lógica, descrevendo assim a realidade encontrada.

A primeira coluna refere-se às competências que, na sua percepção, a

empresa requer de seu gestor, e a segunda coluna diz respeito de como você

se enxerga enquanto possuidor destas competências.

Favor indicar antes de cada frase o número que melhor corresponda à

sua realidade (requeridas pela empresa e efetiva do gestor), de acordo com a

escala abaixo:

1 2 3 4 5 6 7

Nunca Sempre

Requerida

pela

empresa

Efetiva do

gestor

Descrição das habilidades

1. Possui compreensão de si próprio e dos

outros

2. Analisa as informações com pensamento

crítico

3. Adota um processo decisório participativo

4. Planeja e organiza as ações da empresa

5. Estimula o desenvolvimento de um ambiente

de trabalho produtivo

6. Trabalha negociando acordos e

compromissos

7. Estimula a constituição de equipes

153

8. Gerencia projetos da organização

9. Trabalha focado na produtividade do trabalho

10. Apresenta idéias frequentemente

11. Estimula o desenvolvimento dos

empregados

12. Convive frequentemente com as

mudanças

13. Gerencia o desempenho e processos

coletivos

14. Trabalha no gerenciamento de tempo e de

estresse

15. Planeja o trabalho da organização

16. Desenvolve gerenciamento de conflitos

17. Possui e desenvolve pensamento criativo

18. Gerencia a organização de forma

multidisciplinar

19. Desenvolve comunicação eficaz

20. Estabelece metas e objetivos para

empresa

21. Busca manter uma base de poder

22. Trabalha no gerenciamento das mudanças

23. Desenvolve e comunica a visão da

empresa

24. Monitora o desenvolvimento individual do

empregado