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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
ANDERSON COELHO NASCIMENTO
NEOTECTÔNICA DO GRUPO BARREIRAS NO LITORAL
SUL DO ESTADO DA BAHIA
Salvador, Ba
2014
ii
ANDERSON COELHO NASCIMENTO
NEOTECTÔNICA DO GRUPO BARREIRAS NO LITORAL
SUL DO ESTADO DA BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Geolo-
gia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Ba-
hia, como requisito parcial para obtenção do título de Ba-
charel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Luiz César Corrêa-Gomes
Salvador, Ba
2014
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
ANDERSON COELHO NASCIMENTO
Salvador, 5 de Fevereiro de 2014
NEOTECTÔNICA DO GRUPO BARREIRAS NO LITORAL
SUL DO ESTADO DA BAHIA
MONOGRAFIA APROVADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO
DO TÍTULO DE BACHAREL EM GEOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA
BAHIA.
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________________
Luiz César Corrêa-Gomes – Orientador (IGEO-UFBA)
Doutor em Geociências pela UFBA – Geólogo
________________________________________________
Geraldo Marcelo Pereira Lima (IGEO-UFBA)
Doutor em Geociências pela UFBA – Geógrafo
________________________________________________
Idney Cavalcanti da Silva (UNIJORGE/ÁREA 1)
Doutor em Geociências pela UFBA – Geofísico
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por essa vitória, por ter guiado meus caminhos e con-
fortado o meu coração nesses momentos de correria e angústia.
Aos meus pais, Zenaide e Edvaldo, pela educação e incentivo. Aos meus irmãos Ad-
van e Adson, os quais eu tive uma convivência muito grande e me ensinaram que é possível
superar barreiras. Também às minhas cunhadas Ana Paula e Daniela e ao meu sobrinho Eric.
À minha namorada Denise pela compreensão, paciência e amor nesse período de con-
fecção deste trabalho.
Aos meus companheiros do grupo NEOTEC-BA: Ramena, Andréia, Rebeca, Vitor,
Sizenando, Carol Simões, Aníbal, Susane, Jonas e Júlio pelo auxílio, apoio e pelos debates de
idéias durante o período de confecção deste trabalho.
Um agradecimento especial aos “broders” de rocha Eduardo “Chapa”, José “Dino”,
Marcelo “Carcará”, Muriel, Mário e Carol Bittencourt pela amizade e vibrações positivas que
me transmitem. Ao meu grande amigo de infância, o Junior “Yagami” (e família que conside-
ro também como minha) que compartilhou alegrias e tristezas ao longo de uma grande parte
da minha vida.
Ao meu professor orientador Luiz César Corrêa-Gomes pela oportunidade de trabalhar
no grupo e pelos “apertos de mente” que serviram para elaborar e apresentar bem este traba-
lho. Aos Profs. Idney Cavalcanti da Silva e Luis “Cabeça” pela ajuda, paciência, amizade e
grande colaboração neste trabalho.
À Fundação de Desenvolvimento da UNESP – FUNDUNESP – Projeto “Mapa Neo-
tectônico do Brasil” pelo suporte financeiro.
Aos geólogos e não-geólogos da Vale Fertilizantes Thiago Hermógenes, Willian, Fá-
bio Pavesi, Flávio Magela, Luis Gustavo, entre outros pelo convívio e ensinamentos profissi-
onais os quais tive o prazer de aprender.
Aos professores os quais conviveram comigo durante o curso e que me ensinaram a
ver a geologia com outros olhos: Simone Cruz, Amalvina Costa, Johildo Barbosa, Haroldo
Sá, Sérgio Nascimento, Osmário Leite, Ângela Leal, Pedro Garcia (colega e, agora, profes-
sor), Paulo Lins (engenharia), Michael Holz, Carlson Leite, Joaquim Xavier, Flávio Sampaio,
Antônio Marcos Pereira, Jailma Souza.
Enfim, agradeço a todos aqueles, que de uma forma ou de outra, contribuíram para a
realização deste trabalho, meu muito obrigado.
v
“São pedras de ferro, redondas pepitas
E as faces brilhantes das lindas chelitas
E o sonho dourado do brilho da mica
Formando milhares de estrelas no chão.”
Lula Côrtes – São Várias As Trilhas
vi
RESUMO
O Grupo Barreiras é uma unidade sedimentar que se depositou entre o Mioceno e o Plioceno
(20-04 Ma) e que está presente em grande parte da costa brasileira, desde os estados do Ama-
pá até o Rio de Janeiro, em ambiente continental a marino raso. Esta unidade tem sua gênese
intimamente relacionada com a evolução da margem continental passiva brasileira e apresenta
estruturas deformacionais correlatas ou posteriores à deposição desses sedimentos, fato este
que fortemente indica uma origem neotectônica para essa deformação. Na faixa litorânea do
sul do estado da Bahia, a área estudada nesse trabalho, o Grupo Barreiras se estende por mais
de 600 km de comprimento, desde a cidade de Ilhéus até o município de Mucuri, na fronteira
com o estado do Espírito Santo, e afloram em forma de falésias que atingem até 50m de altu-
ra. Este trabalho tem como objetivo principal entender a evolução dinâmica do Grupo Barrei-
ras na área de estudo, associando-a com as estruturas encontradas. Para isso foi um extenso
estudo geométrico, cinemático e dinâmico das estruturas rúpteis dos litotipos do Grupo Bar-
reiras e de estruturas rúpteis e dúcteis do embasamento arqueano-proterozoico (Cinturão Ita-
buna-Salvador-Curaçá Meridional, Grupo Rio Pardo e Faixa de Dobramentos Araçuaí) para
explicar a influência da herança estrutural do embasamento na geração das estruturas do Gru-
po Barreiras. Este estudo permite criar um modelo dinâmico evolutivo e entender quais são os
motores geradores dos campos de tensão que originaram tais estruturas. No total foram estu-
dados 120 afloramentos, nos quais 42 planos de foliações e 31 lineações de estiramento mine-
ral foram medidos no embasamento, além de 5171 e 2125 planos de falhas e fraturas medidos,
respectivamente, no Grupo Barreiras e no embasamento para comparação entre diferentes
conjuntos geológicos. Através do método de inversão dos Diedros Retos, foram obtidas 299
orientações de tensores principai (σ1, σ2 e σ3). A interpretação de dados mostra que as estrutu-
ras neoformadas do Grupo Barreiras apresentam uma relação direta com os padrões estrutu-
rais do embasamento, marcados pelos trends N010°-020°, N090°-100°, N130°-140° e N040°-
050°, todos eles observados em estruturas regionais. O estudo cinemático/dinâmico conduziu
às seguintes conclusões. A área de estudo foi marcada por quatro fases deformacionais: (i)
uma fase de falhas normais mesozoica (Pré-Barreiras); (ii) outra fase de falhas normais reati-
vadas no tempo Grupo Barreiras; e (iii) duas fases associadas a falhas transcorrentes, mais
recentes. Nesse último caso dois padrões ortogonais de tensores máximos (σ1) NW-SE/NE-
SW e N-S/E-W foram observados. Diante disso, verificou-se que os motores predominantes
que gerou os campos de tensão na área estudada estão associados com a migração da placa
sul-americana no sentido NW a N e ao empurrão da dorsal oceânica de E para W.
Palavras-chave: Falhas/Fraturas; Neotectônica; Campos de Tensão.
vii
ABSTRACT
The Barreiras Group (BG) is a sedimentary unit that was deposited in a continental to shallow
marine environment between the Miocene and Pliocene (20-04 Ma) and is present in most of
the Brazilian coastline, from the Amapá to the Rio de Janeiro states. This group had its gene-
sis closely related to the Brazilian passive continental margin‟s tectonic evolution and shown
deformation structures coeval to or subsequent to the deposition of these sediment units, a fact
which assigns a neotectonic origin to this time related deformation. Along the southern coast-
line of the state of Bahia, at the study area, the Barreiras Group extends for over of 600 km
long, from the cities of Ilheus to Mucuri, close to the Espírito Santo state‟s boundary, exposed
as shaped cliffs that reach up to 50m high. This present work aims to understand the dynamic
evolution of BG. For it, an extensive study was done combining geometric, kinematic and
dynamic analyses at proximal basement rocks and BG sedimentary units. For this the BG‟s
brittle structures and Archean-Proterozoic basement‟s brittle and ductile structures were in-
vestigated to explain the influence of structural heritage of the basement in the generation of
the structures of BG. At the area, country rocks are represented by the southern part of the
Itabuna-Salvador-Curaçá Orogen, Rio Pardo Group and Araçuaí Fold Belt. This study allows
us to create an evolutionary dynamic model and understand the events and possible engines of
stress fields that gave rise to produce these structures. A total of 120 outcrops were investigat-
ed, in which 42 main foliation plans, 31 mineral stretching lineation and 2125 fault/fracture
planes were measured in the country rocks, and 5171 fault/fracture planes were measured at
Barriers Group for comparison between different geological data. The use of the right dihe-
dral inversion method, led to obtaining 299 3-D orientation of main tensor (σ1, σ2 and σ3). The
interpretation of the data shows that the neoformed structures of the GB shown a strong rela-
tionship with the structural patterns of the basement, marked by trends at N010°-020°, N090°-
100°, N130°-140° and N040°-050°, all them observed in regional trends. The kinemat-
ic/dynamic study conducted to the following conclusions. The study area was marked by four
phases of deformation: (i) one of Mesozoic normal faults (pre-Barreiras), (ii) another with old
normal faults reactivated by normal family sin-Barriers, Cenozoic, and (iii) the two associated
wrench faults, close to present times. In the most recent situation the horizontal maximum
tensor (σ1) were orientated NW-SE/NE-SW and N-S/E-W. Thus at the study area, two possi-
ble engines can be responsible to the stress field orientations, the migration of the South
American plate towards NW to N, and the ridge push, pushing oceanic crust over the conti-
nental crust from E to W.
Keywords: Faults; Neotectonics; Stress Fields
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1 – Mapas de situação do Brasil (inset) e da porção sul do estado da Bahia onde está
localizada a área de estudo. ........................................................................................................ 4
Figura 2.1 – Esquema simplificado dos diedros retos de compressão (σ1) e de extensão (σ3)
numa região afetada pelo plano de falha (PF). Notar que o plano auxiliar (PA) é ortogonal à
estria (E). (a) Bloco diagrama; (b) projeção em rede estereográfica. Adaptado de Silva (2013).
.................................................................................................................................................. 10
Figura 3.1 – Exemplo de ficha de afloramento para anotar os dados de estruturas coletados em
campo. ...................................................................................................................................... 12
Figura 3.2 - Planilha do Microsoft Excel®
com dados estruturais a serem inseridos nos
softwares StereoNett®, Fault Kin Win
® e no ArcGIS 9.3
® para geração de gráficos e mapas. 12
Figura 3.3 –Ilustração do método de medida dos planos de falhas com atribuição de peso
estatístico (frequência). Primeiro passo: Tiram-se as medidas de direção e mergulho dos
planos; Segundo passo: tiram-se as medidas de direção, caimento e cinemática das estrias;
Terceiro passo: observa-se o afloramento definindo a quantidade de planos de falhas
paralelos, atribuindo a estes a mesma estria e cinemática do plano medido. (a) Seção em 3D;
(b) Planta. ................................................................................................................................. 13
Figura 4.1 – Mapa tectônico simplificado da porção leste do Brasil, enfatizando o Cráton do
São Francisco. CD - Chapada Diamantina, ES - Espinhaço Setentrional, RTJ – Sistema de
Riftes Recôncavo-Tucano-Jatobá. O limite aproximado do Aulacógeno do Paramirim está em
listras vermelhas. Modificado de Alkmim et al. (1993) e Alkmim (2004). ............................. 17
Figura 4.2 – Mapa geológico mostrando a porção sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá e
parte da área de trabalho (destacado em quadrado verde). Simplificado e atualizado de
BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996 e BARBOSA, 2003. ...................................................... 18
Figura 4.3 – Síntese geológica da Bacia do Rio Pardo. Fonte: CRUZ et al. (2012). ............... 19
Figura 4.4 – Coluna Estratigráfica do Grupo Rio Pardo. Em tracejado, o limite discordante
entre as unidades. Modificado de PEDREIRA, 1999. .............................................................. 20
Figura 4.5 – Evolução tectônica do Grupo Rio Pardo. “A” corresponde à primeira fase de
deformação (deformação dos metassedimentos); “B” corresponde a segunda fase de
ix
deformação (deformação progressiva das unidades); “C” corresponde à terceira fase de
deformação (estruturação final da bacia do Grupo Rio Pardo) (EGYDIO-SILVA et al., 2011).
.................................................................................................................................................. 21
Figura 4.6 - O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de
modelos digitais de terreno. Modificado de Alkmim et al., 2007. ........................................... 22
Figura 4.7 – Localização do Cráton do São Francisco (inset) e esquema da situação geológica
e posição, em relação ao limite do Cráton, da ZCIIC e da ZCIP. Em destaque, os corpos
sieníticos da Província Alcalina do Sul da Bahia, em preto. Modificado de BARBOSA &
DOMINGUEZ, 1996. ............................................................................................................... 24
Figura 4.8 - Principais compartimentos tectônicos e lineamentos estruturais das crostas
continental (CC) e oceânica (CO) na plataforma continental baiana. Localização das zona de
cisalhamento Itapebi-Potiraguá (ZCIP) e Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC), e suas posições
geográficas em relação às bacias sedimentares. AL = Alto Estrutural de Itacaré, AC = Alto
Estrutural de Olivença, RC = Alto Estrutural Royal Charlotte. Modificado de Rodarte &
Coutinho (1999). ....................................................................................................................... 26
Figura 4.9 –Cartas estratigráficas das Bacias de Jequitinhonha, Cumuruxatiba e Mucuri. .... 27
Figura 4.10 – Seção geológica esquemática da Bacia Mesozoica de Jequitinhonha, com
destaque a estruturação halocinética em águas profundas. Mohriak (2006) após Seixas (2003).
.................................................................................................................................................. 28
Figura 4.11 – Seção geológica esquemática na Bacia de Cumuruxatiba. Modificado de
Menezes & Milhomem (2008) (consoante Rodovalho et al., 2003). ....................................... 29
Figura 4.12 – Seção medida do Grupo Barreiras na BR-101, na margem esquerda do rio
Peruípe Norte (modificado de Sampaio et al., 2002). .............................................................. 31
Figura 4. 13 – Localização da área de trabalho (retângulo lilás) no contexto geológico
regional. ZCIIC = Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia; ZCIP = Zona de
Cisalhamento Itapebi-Potiraguá. .............................................................................................. 33
Figura 5.1 – Mapa geológico simplificado mostrando a área de estudo. ................................. 35
Figura 5.2 – Síntese estratigráfica dos litotipos da área de trabalho. ....................................... 49
Figura 6.1 – Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando os lineamentos
estruturais traçados. .................................................................................................................. 51
Figura 6.2 – Imagem SRTM da área de estudo com os lineamentos traçados em amarelo. .... 52
x
Figura 6.3 - Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos
estruturais traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM da área de estudo. ..... 53
Figura 6.4 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos
estruturais do CISCM traçados pelos contrastes de relevo sobre a imgem SRTM. ................. 54
Figura 6.5 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos
estruturais do Grupo Rio Pardo traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM. 54
Figura 6.6 - Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos
estruturais da Faixa Araçuaí traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM. ..... 55
Figura 6.7 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos
estruturais do Grupo Barreiras traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM. .. 56
Figura 6.8 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de foliações do embasamento coletadas em campo. ............................... 57
Figura 6.9 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de lineações de estiramento mineral do coletadas em campo. ................ 57
Figura 6.10 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as foliações
metamórficas do embasamento. ............................................................................................... 58
Figura 6.11 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as lineações de
estiramento mineral do embasamento. ..................................................................................... 59
Figura 6. 12 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas e fraturas gerais de todas as unidades geológicas coletadas em
campo. ...................................................................................................................................... 60
Figura 6.13 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as falhas e fraturas
gerais. ........................................................................................................................................ 61
Figura 6.14 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas e fraturas gerais do Embasamento coletadas em campo.......... 62
Figura 6.15 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas e fraturas gerais do Grupo Barreiras coletadas em campo. ..... 63
Figura 6.16 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas normais do Embasamento coletadas em campo. ..................... 64
Figura 6.17 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas reversas do Embasamento coletadas em campo. ..................... 65
Figura 6. 18 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas dextrais do Embasamento coletadas em campo. ..................... 65
xi
Figura 6.19 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas sinistrais do Grupo Rio Pardo coletadas em campo. ............... 66
Figura 6.20 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas normais do Grupo Barreiras coletadas em campo. .................. 67
Figura 6.21 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas dextrais do Grupo Barreiras coletadas em campo. .................. 67
Figura 6.22 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério
inferior das medidas de falhas sinistrais do Grupo Barreiras obtidas em campo. .................... 68
Figura 6.23 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3). ..................................... 70
Figura 6.24 - Mapa de tensores principais (σ1, σ2 e σ3) da área de estudo. .............................. 71
Figura 6.25 - Mapas de tensores principais (separados) da área de estudo. (a) tensor mínimo
(σ3), (b) tensor intermediário (σ2) e (c) tensor máximo (σ1). .................................................... 72
Figura 6. 26 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) do Embasamento. ........ 74
Figura 6.27 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas
normais do Embasamento. ........................................................................................................ 76
Figura 6.28 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas
reversas do Embasamento. ....................................................................................................... 78
Figura 6.29 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas
transcorrentes do Embasamento. .............................................................................................. 80
Figura 6.30 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) do Grupo Barreiras. ..... 82
Figura 6.31 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas
normais do Grupo Barreiras. .................................................................................................... 84
Figura 6.32 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no
hemisfério inferior das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas
transcorrentes do Grupo Barreiras. ........................................................................................... 86
xii
Figura 7.1 - Gráfico de rosáceas de falhas e fraturas totais mostrando os trends principais
correlacionados às principais orientações regionais. CISCM = Cinturão Itabuna-Salvador-
Curaçá Meridional; GRP = Grupo Rio Pardo; FA = Faixa Araçuaí; ZCIIC = Zona de
Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia; ZCIP = Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá. ... 88
Figura 7.2 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar de falhas e
fraturas totais do embasamento e do Grupo Barreiras, onde são destacados os padrões mais
frequentes com linhas retas coloridas e que ocorrem nas duas unidades. ................................ 89
Figura 7.3 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas
normais do embasamento e do Grupo Barreiras, onde é destacado o padrão em que ocorre nas
duas unidades. ........................................................................................................................... 91
Figura 7.4 - Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas
dextrais e sinistrais do embasamento e do Grupo Barreiras. .................................................... 94
Figura 7.5 – Ilustração do modelo ortorrômbico-romboédrico de Reches, 1978, no qual se
formam quatro sets de falhas com simetria ortorrômbico-romboédrica. Notar a adaptação das
principais famílias de falhas normais da área de trabalho ao modelo. ..................................... 96
Figura 7.6 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas
dextrais e sinistrais com as respectivas posições dos tensores σ1, do embasamento e do Grupo
Barreiras. Notar que as cores da cinemática dos padrões de falhas correspondem às cores dos
seus respectivos tensores. ......................................................................................................... 98
Figura 7.7 – Estruturas encontradas nos sedimentos recentes na desembocadura do Rio
Jequitinhonha: (a) sistema conjugado de fraturas, (b) e (c) pares paralelos concorrentes de
fraturas e (d) fratuas de Riedel. Abaixo (e) foi feito um quadro-síntese com as principais
estruturas encontradas no campo e a dedução da orientação do σ1 em torno de N140°. ....... 101
Figura 7.8 - Modelo dinâmico evolutivo 2-D da área de estudo. Notar os padrões de falhas e
os campos de tensão. .............................................................................................................. 103
Figura 7.9 – Representação esquemática 3-D da ambiência tectônica mostrando as orientações
dos tensores principais nos 5 estágios diferentes, onde há a evolução de uma margem
continental passiva (estágio 1 típico) para uma margem continental ativa (estágios 4 e 5
típicos) (CORRÊA-GOMES et al., 2005a). ........................................................................... 105
Figura 7.10 – Movimentos absolutos de placas tectônicas baseados em dados GPS do GFZ
Potsdam, Alemanha para o período entre 1993 e 2000 (setas vermelhas), comparados com
direções antigas preditas pelo modelo NUVEL 1A (setas pretas) e astronômicos (setas azuis).
Notar que nas estações “braz” e “fort” existe uma boa aproximação entre os três métodos com
xiii
setas indicando movimentos de SE para NW, enquanto que nas estações “riog” e “lpgs” o
movimento é de S para N (Fairhead & Wilson, 2004). .......................................................... 106
Figura 7.11 – Orientação dos tensores σ1 e suas relações com seus motores e suas falhas
transcorrentes originadas. Em (a) o motor é a compressão da dorsal (ridge push) e em (b) o
motor é a migração da placa sul-americana............................................................................ 107
xiv
ÍNDICE DE FOTOS
Foto 5.1 – Granulito truncado por um dique máfico de cinemática aparente dextral (ver
esquema à direita). Bússola aponta para o Norte. .................................................................... 36
Foto 5.2 – Granulito truncado por um dique máfico sub-vertical (indicado pela seta preta).. . 36
Foto 5.3 – Filito do Subgrupo Itaimbé mostrando sistemas de fraturas de cinemática dextral.
Caneta verde aponta para o Norte............................................................................................. 37
Foto 5.4 – Metassiltito apresentando dobra assimétrica mostrando relação S1-S2. O S2
representa um plano axial sub-horizontal.. ............................................................................... 38
Foto 5.5 – Plano de falha e estria indicando cinemática normal-sinistral em metacalcário do
Subgrupo Itaimbé. .................................................................................................................... 38
Foto 5.6 – Dobras em bainha com eixo sub-horizontal em metacalcário................................. 39
Foto 5.7 – Superfície estilolítica em metacalcário.. ................................................................. 39
Foto 5.8 - Zona de cisalhamento do tipo S-C no metacalcário................................................. 40
Foto 5.9 - Fraturas conjugadas no metacalcário. ...................................................................... 40
Foto 5.10 - Metaconglomerado polimíctico da Formação Salobro, mostrando os clastos dos
litotipos do Cráton do São Francisco e do próprio Grupo Rio Pardo. ...................................... 41
Foto 5.11 – Alternância de bandas félsicas (augen milonito de composição granítica) e
máficas (nível rico em biotita) em gnaisse do Complexo Itapetinga, apresentando contato
brusco. Nota-se que na banda félsica os porfiroclastos de feldspato sugerem cinemática
reversa. Visada para E.. ............................................................................................................ 42
Foto 5.12 – Crenulação no nível xistoso rico em biotita. Caneta verde como escala. Visada
para E.. ...................................................................................................................................... 42
Foto 5.13 – Alternância de níveis félsicos e máficos (metapelíticos) dentro do gnaisse
deformado. ................................................................................................................................ 43
Foto 5.14 – Visão geral de afloramento em falésia mostrando a sequência estratigráfica do
Grupo Barreiras.. ...................................................................................................................... 44
Foto 5.15 – Nível de carvão de aproximadamente 2 metros de espessura, intercalado nos
níveis areno-argilosos do Grupo Barreiras. Visada para W. .................................................... 44
Foto 5.16 – Estratificação cruzada nos níveis areno-argilosos do Grupo Barreiras. ................ 45
Foto 5.17 – Dobras convolutas nos níveis argilíticos do Grupo Barreiras. .............................. 45
xv
Foto 5.18 – Visão em planta do plano de falha (estrutura planar) em um litotipo do Grupo
Barreiras com caneta e linhas pretas paralelas à estria (estrutura linear e marcador
cinemático), sugerindo cinemática dextral-normal. ................................................................. 46
Foto 5.19 – Visão geral do afloramento do nível areno-argiloso do Grupo Barreiras mostrando
dois padrões de fraturas conjugadas. ........................................................................................ 46
Foto 5.20 – Nível conglomerático formando stone lines intercalados nos arenitos na transição
do topo para a base do Grupo Barreiras.. ................................................................................. 47
Foto 5.21 – Contraste de coloração entre o topo do Grupo Barreiras de coloração ocre (rico
em alumínio) e pacotes brancos e avermelhados (argila e ferro precipitados), marcado por
carapaças ferruginosas que cobrem parcialmente o arenito. A carapaça não afeta o nível ocre..
.................................................................................................................................................. 47
Foto 5.22 – Fraturas conjugadas na cobertura do Grupo Barreiras. As canetas apontam a
direção do tensor máximo (σ1) e a bússola aponta para o Norte. ............................................. 48
Foto 5.23 – Depósito litorâneo com sugestivas fraturas conjugadas. ....................................... 48
Foto 5.24 – Cobertura recente de terraço aluvionar apresentando sugestivo padrão conjugado
de fratura. .................................................................................................................................. 49
xvi
SUMÁRIO
ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................................... viii
ÍNDICE DE FOTOS .............................................................................................................. xiv
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1. Localização e Acessos ............................................................................................... 2
1.2. Objetivos .................................................................................................................... 2 1.2.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 2 1.2.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 2
1.3. Justificativa ............................................................................................................... 3
1.4. Problema ................................................................................................................... 3
2. ESTADO DA ARTE ......................................................................................................... 5
2.1. Visão Geral ................................................................................................................ 5
2.2. A Neotectônica no Brasil .......................................................................................... 5
2.3. Neotectônica Litorânea no Sul da Bahia ................................................................ 7
2.4. Campos de Tensão .................................................................................................... 9 2.4.1. Métodos de Inversão ......................................................................................... 9
2.4.1.1. Método dos Diedros Retos ........................................................................... 9
3. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 11
3.1. Etapa Pré-Campo ................................................................................................... 11
3.2. Etapa de Campo ..................................................................................................... 11
3.3. Etapa Pós-Campo ................................................................................................... 14 3.3.1. Análise Geométrica......................................................................................... 14 3.3.2. Análise Cinemática ......................................................................................... 15
3.3.3. Análise Dinâmica ............................................................................................ 15
4. GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................. 16
4.1. Cráton do São Francisco ........................................................................................ 16
4.2. Grupo Rio Pardo .................................................................................................... 19
4.3. Faixa de Dobramentos Araçuaí ............................................................................. 21
4.4. Província Alcalina do Sul da Bahia ...................................................................... 23
4.5. Zonas de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia e Itapebi-Potiraguá ............ 23
4.6. Bacias Mesozoicas do Sul da Bahia ....................................................................... 25 4.6.1. Bacia Mesozoica de Jequitinhonha ............................................................... 28
xvii
4.6.2. Bacia Mesozoica de Cumuruxatiba .............................................................. 29
4.6.3. Bacia Mesozoica de Mucuri ........................................................................... 29
4.7. Grupo Barreiras ..................................................................................................... 30
4.8. Coberturas Quaternárias ....................................................................................... 32
4.9. Mapa Geológico Regional ...................................................................................... 33
5. GEOLOGIA LOCAL ..................................................................................................... 34
5.1. Embasamento ............................................................................................................... 34 5.1.1. Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional ......................................... 34 5.1.2. Grupo Rio Pardo ............................................................................................ 37
5.1.2.1. Subgrupo Itaimbé ....................................................................................... 37 5.1.2.2. Formação Salobro ...................................................................................... 40
5.1.3. Faixa Araçuaí .................................................................................................. 41
5.2. Grupo Barreiras .......................................................................................................... 43
5.3. Coberturas Quaternárias ............................................................................................ 48
6. RESULTADOS ............................................................................................................... 50
6.1. Análise Geométrica................................................................................................. 50 6.1.1. Imagens SRTM ............................................................................................... 50
6.1.1.1. Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional (CISCM) .................... 53 6.1.1.2. Grupo Rio Pardo ........................................................................................ 54
6.1.1.3. Faixa Araçuaí .............................................................................................. 55 6.1.1.4. Grupo Barreiras ......................................................................................... 55
6.1.2. Foliações e Lineações do Embasamento ....................................................... 56 6.1.3. Falhas e Fraturas Totais ................................................................................ 60
6.1.3.1. Falhas e Fraturas Totais do Embasamento .............................................. 62
6.1.3.2. Falhas e Fraturas Totais do Grupo Barreiras ......................................... 62
6.2. Análise Cinemática ................................................................................................. 63 6.2.1. Embasamento .................................................................................................. 63
6.2.1.1. Falhas Normais do Embasamento ............................................................ 63 6.2.1.2. Falhas Reversas do Embasamento ............................................................ 64
6.2.1.3. Falhas Dextrais do Embasamento ............................................................. 65 6.2.1.4. Falhas Sinistrais do Embasamento ........................................................... 65
6.2.2. Grupo Barreiras ............................................................................................. 66 6.2.2.1. Falhas Normais do Grupo Barreiras ........................................................ 66 6.2.2.2. Falhas Dextrais do Grupo Barreiras ........................................................ 67
6.2.2.3. Falhas Sinistrais do Grupo Barreiras ....................................................... 68
6.3. Análise Dinâmica .................................................................................................... 68 6.3.1. Tensores Totais ............................................................................................... 69 6.3.2. Tensores Principais do Embasamento .......................................................... 73
6.3.2.1. Tensores de Falhas Normais do Embasamento ....................................... 75 6.3.2.2. Tensores de Falhas Reversas do Embasamento....................................... 77 6.3.2.3. Tensores de Falhas Transcorrentes do Embasamento ............................ 79
6.3.3. Tensores Principais do Grupo Barreiras...................................................... 81
xviii
6.3.3.1. Tensores de Falhas Normais do Grupo Barreiras ................................... 83
6.3.3.2. Tensores de Falhas Transcorrentes do Grupo Barreiras ....................... 85
7. DISCUSSÕES ................................................................................................................. 87
7.1. Herança do Embasamento ..................................................................................... 87
7.2. Discussão Cinemática ............................................................................................. 90 7.2.1. Falhas Normais ............................................................................................... 90
7.2.2. Falhas Reversas .............................................................................................. 90 7.2.3. Falhas Transcorrentes .................................................................................... 91 7.2.4. Síntese Cinemática .......................................................................................... 93
7.3. Discussão Dinâmica ................................................................................................ 95 7.3.1. Tensores de Falhas Normais .......................................................................... 95
7.3.2. Tensores de Falhas Transcorrentes .............................................................. 97 7.3.3. Síntese Dinâmica ............................................................................................. 97
7.4. Idade dos Campos de Tensão Neotectônicos ........................................................ 99
7.5. Modelo Evolutivo .................................................................................................. 100
7.6. Motores de Geração dos Campos de Tensão Neotectônicos ............................. 104
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 108
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 110
1
1. INTRODUÇÃO
O termo “Neotectônica” é ainda algo controverso nas Geociências. A primeira difi-
culdade consiste em como “calibrar” o termo no tempo. Um exemplo deste está no contraste
temporal do que se define como neotectônica em margens continentais ativas e passivas. No
primeiro caso, neotectônica é o hoje, o dia-a-dia, enquanto que, no segundo caso, neotectônica
pode indicar processos muito mais lentos, menos penetrativos e mais antigos.
Neste trabalho serão entendidos eventos deformacionais que afetam o Grupo Barrei-
ras na faixa litorânea do sul do estado da Bahia. Como será visto mais a frente, o Grupo Bar-
reiras, considerado do Mioceno ao Plioceno (20-04 Ma), apresenta idade suficiente para justi-
ficar o termo “Neotectônica” para os eventos tectônicos que o afetaram em uma situação clás-
sica de margem continental passiva.
Para isso foi feito um extenso trabalho de coleta de dados de estruturas rúpteis dos li-
totipos do Grupo Barreiras, além de estruturas rúpteis e dúcteis do embasamento arqueano-
proterozoico, representado por litotipos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (porção sul),
Grupo Rio Pardo e Faixa de Dobramentos Araçuaí, para verificar uma possível influência da
herança estrutural antiga do embasamento na nucleação das estruturas neoformadas. As estru-
turas encontradas no Grupo Barreiras são correlatas ou posteriores à deposição desses sedi-
mentos, fato esse que atribui origem neotectônica, ou seja, uma tectônica mais recente. De
posse destes dados, foi possível fazer um estudo sistemático, de sequência geométrica, cine-
mática e dinâmica (relacionados, respectivamente, a forma, movimento e campos de tensão),
que tem como objetivos: (i) identificar sistemas de falhas e fraturas de cisalhamento; (ii) defi-
nir padrões de orientação dos campos de tensão; e (iii) sugerir motores geradores das estrutu-
ras deformacionais.
O Grupo Barreiras é uma unidade que ocorre ao longo do litoral brasileiro e se esten-
de desde o Amapá até o Rio de Janeiro de ocorrência quase contínua e de significante regula-
ridade geomorfológica (ARAI, 2006). Sua gênese é predominantemente continental (LIMA,
2002), tendo sido identificados depósitos de origem marinha rasa e estuarina no litoral do Pará
(ROSSETI et al., 1990; ARAI, 1997; ROSSETI & DOMINGUEZ, 2012). No litoral sul do
estado da Bahia, o Grupo Barreiras apresenta-se em forma de tabuleiros, por vezes constituin-
do falésias litorâneas, estes representando os melhores afloramentos visitados durante a etapa
de campo.
2
A área de estudo está localizada geograficamente na faixa litorânea do extremo sul
do estado da Bahia, estendendo-se entre as cidades de Ilhéus e Mucuri, sua localização geoló-
gica abrange a porção sul do Cráton do São Francisco, a Faixa Araçuaí, o Grupo Rio Pardo, as
Bacias Mesozoicas do Sul da Bahia, o Grupo Barreiras e as Coberturas Quaternárias.
A partir da confecção deste trabalho, seguindo métodos estabelecidos, espera-se ob-
ter um entendimento sobre a dinâmica das estruturas encontradas e, por fim, propor um mode-
lo neotectônico evolutivo, sugerindo qual o mecanismo principal que pode ter gerado os cam-
pos de tensão encontrados. É esperado também que o modelo sirva para futuros trabalhos de
cunho científico, econômico e ambiental.
1.1. Localização e Acessos
A área de estudo está situada na parte sul do estado da Bahia, estendendo-se por uma
faixa litorânea longitudinal N-S, por 600 km desde a cidade de Ilhéus até o município de Mu-
curi (nas proximidades da fronteira com o Espírito Santo) (Figura 1.1). Sua largura varia entre
50 km a norte e 200 km a sul. É delimitada pelas coordenadas geográficas de latitudes
14°52'29"S a S18º03'34"S e de longitudes 38º57'05"W a 39º48'27"W.
O acesso rodoviário, a partir de Salvador, se dá pela BR-324 até Feira de Santana e
pela BR-101 sentido sul da Bahia, seccionando toda a área de estudo, desde Ilhéus até Mucu-
ri.
1.2. Objetivos
1.2.1. Objetivo Geral
O objetivo principal deste trabalho é entender a evolução dinâmica do Grupo Barreiras
no Sul da Bahia, relacionando-a com as estruturas presentes.
1.2.2. Objetivos Específicos
(i) Explicar a influência da herança do embasamento (estruturas pré-existentes) na área;
(ii) Identificar os principais sistemas de falhas e fraturas (análises geométrica e cinemáti-
ca);
3
(iii) Definir padrões de campos de tensão dessas estruturas (análise dinâmica);
(iv) Proceder a um modelo evolutivo para essas estruturas.
1.3. Justificativa
As justificativas principais para este trabalho estão relacionadas a uma necessidade de
um melhor entendimento sobre a evolução neotectônica do Grupo Barreiras, além de contri-
buir para minimizar a carência dos estudos sobre a Neotectônica e fornecer subsídios para o
gerenciamento costeiro, geotecnia, hidrogeologia, obras de engenharia, projetos de planeja-
mento urbano e ambiental.
1.4. Problema
Durante a confecção deste trabalho foram levadas em consideração as seguintes ques-
tões:
(i) Como o Grupo Barreiras foi afetado por esforços tectônicos?
(ii) Quais as evidências tectônicas que possibilitaram este fenômeno?
(iii) E quais seriam os motores de geração de campos de tensão que poderiam estar associ-
ados aos padrões de orientação de tensores que originaram as falhas do Grupo Barrei-
ras?
4
Figura 1.1 – Mapas de situação do Brasil (inset) e da porção sul do estado da Bahia onde está localizada a
área de estudo.
5
2. ESTADO DA ARTE
2.1. Visão Geral
O termo “Neotectônica” foi empregado pela primeira vez por Obruchev em 1948,
que o entende como uma sucessão de movimentos tectônicos recentes que foram desenvolvi-
dos a partir do neógeno e durante o quaternário, apresentando um papel importante na origem
da topografia contemporânea (SUGUIO & MARTIN, 1996). Mörner (1989) define a neotec-
tônica como “qualquer movimento ou deformação em um nível referencial geodésico, seus
mecanismos, suas origens e práticas aplicações e suas futuras extrapolações” (SUGUIO &
MARTIN, op cit.). A União Internacional para Estudos do Quaternário (INQUA) utiliza a
definição sugerida por Pavlides (1989): “Neotectônica é o estudo de eventos tectônicos jo-
vens, que ocorreram ou ainda estão ocorrendo em uma região qualquer, após sua orogênese
ou após o seu reajustamento tectônico mais significativo”.
Uma questão importante ligada à Neotectônica está relacionada a idade ou período
limite do início dos movimentos tectônicos, mais conhecido como período neotectônico. Po-
rém, esses períodos limites ainda são discutidos por muitos autores. A INQUA supôs uma
“não fixação de limites temporais, podendo-se incluir como neotectônicos desde movimentos
„instantâneos‟ ou sísmicos até aqueles superiores a 10 milhões de anos” (SALAMUNI, 2010),
o que difere da atribuição do limite inferior por outros autores, os quais consideram como
sendo o Neógeno inferior (~20 Ma). Abaixo, os limites inferiores sugeridos para o período
neotectônico (SALAMUNI, 2010):
• 2,5 Ma (provável reorganização geral do regime tectônico);
• 6 Ma (período posterior à crise Messiniana);
• 23 Ma (Neógeno Inferior) ;
• 38 Ma (Oligoceno Inferior, reorganização da tectônica global).
2.2. A Neotectônica no Brasil
Neste tópico, serão mostrados alguns trabalhos atribuídos a neotectônica no território
Brasileiro a partir de evidências morfogenéticas, sismológicas e tectono-estruturais.
Freitas (1951) foi o precursor do estudo da neotectônica no território brasileiro. Utili-
zando associação de critérios geológicos e geomorfológicos, esse autor tenta traçar os grandes
6
aspectos da Tectônica Moderna do Brasil. Para este autor, as evidências da tectônica brasileira
durante o Cenozoico são caracterizadas pela conformação dos planaltos, os horsts, os grabens
e os rift-valleys que ocorrem no Brasil. Estas evidências têm como exemplo os horsts que
modelam as Serras do Mar e da Mantiqueira, estes resultantes de uma ruptura do escudo cris-
talino, provocada por arqueamentos epirogenéticos que originariam uma sucessão de falhas
escalonadas, atingindo o clímax no recente.
Guimarães (1951) lança hipóteses para a interpretação da configuração de importan-
tes redes hidrográficas brasileiras e das ocorrências de sedimentos cenozoicos em faixas N-S,
no leste e no centro de Minas Gerais, que só poderiam ser compreendidas à luz de controles
tectônicos ativos.
Ponte (1969), ao estudar as atividades neotectônicas no litoral dos estados de Sergipe
e Alagoas, observa, nos sedimentos do Grupo Barreiras, espessamento sedimentar nos baixos
e adelgaçamento nos altos estruturais, sugerindo que as falhas que delineavam estes desníveis
estiveram ativas durante a deposição (Neógeno).
Hasui & Ponçano (1978) fazem uma associação entre a neotectônica e os sismos re-
centes ocorridos no Nordeste e Sudeste do Brasil, onde relacionam as geossuturas pré-
cambrianas (zonas de suturas que atingem o manto permitindo a subida de um magma máfico
a ultramáfico) a zonas de fraquezas na quais os mecanismos tectônicos atuam, originando os
sismos.
Hasui (1990) utiliza o termo “tectônica ressurgente” para a reativação de falhamentos
pré-cambrianos durante o Cenozoico ocorrida em território brasileiro. O autor relaciona essas
estruturas à abertura do Oceano Atlântico Sul e considera que essa extensão prossegue até os
dias atuais. O autor considera como marco o início da tectônica ressurgente a deposição do
Grupo Barreiras e do último pacote das bacias costeiras, além do fim do magmatismo (12 Ma
na região Nordeste do Brasil), considerando como neotectônicos os eventos ocorridos durante
o Neógeno e Quaternário.
Saadi (1993) mostra que toda a Plataforma Brasileira foi afetada por deformações
tectônicas cenozoicas que predominantemente aproveitaram linhas de fraquza crustal relacio-
nadas a eventos geodinâmicos anteriores. Admite também uma dominância de esforços com-
pressivos intraplaca de direção NW-SE e propõe, em caráter preliminar, que existe uma corre-
lação entre os eventos do Orógeno Andino e os pulsos neotectônicos da Plataforma Brasileira
a partir do Eoceno-Oligoceno.
7
Bezerra (1998, 2000) conclui que a Placa Sul-Americana, a partir do Plioceno, foi
submetida a esforços compressivos horizontais E-W e extensivos N-S. No Nordeste do Brasil,
esses esforços compressivos intraplaca geraram falhas transcorrentes de trends regionais NE-
SW e NW-SE de características de pares conjugadas strike-slip e, em geral, estão associadas a
reativações de zonas de fraquezas do embasamento cristalino pré-cambriano. O autor indica
que estas estruturas rúpteis pliocênicas a pós-pliocênicas controlam feições morfológicas do
Grupo Barreiras e da linha de costa e viabilizam a movimentação de blocos em pequenos gra-
bens.
Ucha (2000), em pesquisa feita sobre as coberturas pedológicas dos Tabuleiros Cos-
teiros no Litoral Norte do estado da Bahia, encontra indícios de que sistemas de falhas contro-
lam a distribuição das depressões fechadas e que estas estruturas funcionam como polos irra-
diadores dos processos de podzolização.
2.3. Neotectônica Litorânea no Sul da Bahia
Como será visto a seguir, os estudos sobre a neotectônica no litoral Sul do estado da
Bahia foram feitos, por alguns autores, observando estruturas principalmente no Grupo Bar-
reiras, que é a unidade cenozóica mais extensa do litoral brasileiro.
Saadi (1999), fazendo um extenso estudo de todo o litoral Sul da Bahia, utiliza crité-
rios hidrogeomorfológicos, imagens de satélite e relações de campo para explicar evidências
de neotectonismo no Grupo Barreiras. O autor observa cinco famílias de feições neotectôni-
cas/morfotectônicas distintas: falhas de direção NW-SE, falhas de orientação NE-SW, gra-
bens dos baixos cursos fluviais, zonas de falhas orientadas E-W e blocos basculados. Destas,
observa que as falhas de direção NW-SE são provavelmente as mais importantes, pois os
mesmos provocam efeitos mais expressivos sobre os rios principais, possuem traços bem
marcados no embasamento e nas coberturas cenozoicas e interrompem a extensão para oeste
dos grabens. Além disso, Saadi (op cit.), através de imagens de satélite, verificam traçados
retilíneos de vales largos com fundos perfeitamente planos e margens com escarpas verticais a
sub-verticais, como o caso dos vales dos rios João de Tiba, Buranhém, Frades e Jucuruçu.
Lima & Vilas Boas (1999), ao estudar as falésias do Grupo Barreiras, associam, em
princípio, a própria extensão morfológica das mesmas a uma evidência de tectonismo pós-
Barreiras que criou um desequilíbrio entre essas falésias e o nível do mar. Os autores indicam
que o sistema de lineamentos das falésias apresenta um grau de paralelismo com a linha de
8
costa, o que possivelmente sugere um controle estrutural na deposição dos sedimentos com
possível reativação das falhas que pertencem a esses lineamentos.
Lima (2002), a partir de observações em campo, verifica evidências de neotectonis-
mo sin- e pós-deposição dos pacotes sedimentares no Grupo Barreiras, tais como falhas, fratu-
ras e juntas de trends principal NW-SE e subordinado NE-SW. O autor, também, faz traba-
lhos com imagens de radar e mapas de aspectos, apontando para um forte controle estrutural
que reativou falhas do embasamento, gerando blocos (altos estruturais) seccionados por vales
largos (baixos estruturais) e para uma modificação do padrão de drenagem durante o Ceno-
zoico, ratificando a atuação do neotectonismo no Sul do estado da Bahia.
Corrêa-Gomes et al. (2004), utilizando métodos de inversão, fazem um estudo de
campos de tensão no Grupo Barreiras e nas coberturas quaternárias litorâneas. Desta forma,
verificaram dois padrões de tensores máximos principais (σ1): os E-W, associados ao empur-
rão da dorsal oceânica; e diagonais principalmente WNW-ESE e secundariamente WSW-
ENE, associadas às resultantes da interação das tensões de empurrão da dorsal e a força de
migração da placa sul-americana. A grande maioria do σ1 apresenta caimento sub-horizontal,
compatível com uma tectônica de transextensão.
Silva (2007) utiliza métodos aeromagnéticos para identificar principais padrões rúp-
teis do Grupo Barreiras no extremo Sul do Estado da Bahia e faz uma correlação dos linea-
mentos e domínios magnéticos com as feições observadas nas imagens de satélite de relevo,
nos mapas geológicos e em dados de campo.
Corrêa-Gomes et al. (2012) estudam as estruturas neoformadas do Grupo Barreiras
no litoral Sul do estado da Bahia desde a cidade de Ilhéus até a fronteira com o estado do Es-
pírito Santo. Neste trabalho foi feito um estudo estatístico das falhas e fraturas, de marcadores
cinemáticos e dos tensores principais juntamente com as suas magnitudes relativas. Através
dos estudos os autores conseguiram posicionar o Grupo Barreiras e suas estruturas no estágio
3 do Ciclo de Wilson. Além disto, foram propostos para os campos de tensão: as idades rela-
tivas dos mecanismos e os possíveis motores geradores destes campos de tensão.
Os resultados e conclusões obtidos pelos autores citados acima serão discutidos e
comparados no Capítulo 7.
9
2.4. Campos de Tensão
2.4.1. Métodos de Inversão
Os métodos de inversão consistem obter a orientação tridimensional dos tensores que
causaram a deformação das estruturas geológicas. Estes métodos baseiam-se na hipótese pro-
posta por Wallace (1951) e Bott (1959) (apud ANGELIER, 1994), em que o deslizamento em
um plano deve ser paralelo e ter o mesmo movimento da tensão cisalhante. Por sua vez, a ten-
são cisalhante é dependente da magnitude e orientação das tensões principais e da orientação
do plano de falha. Desta forma, as atitudes dos planos de falhas e das estrias e a cinemática
das falhas são utilizadas para reconstruir a direção dos tensores.
Existem vários métodos de inversão, sendo três mais utilizados (SILVA, 2013): (i)
Método de Arthaud (1969): investiga prioritariamente as direções principais das deforma-
ções; (ii) Método de Angelier e Mechler (1977): investiga prioritariamente as regiões de
compressão e alívio; e (iii) Método de Alexsandrowski (1985): investiga prioritariamente as
direções e sentido do deslocamento dos blocos.
Dos métodos apresentados acima, foi escolhido o Método de Angelier e Mechler
(1977), ou Método dos Diedros Retos, pois este garante uma melhor adaptação aos dados
coletados no campo.
2.4.1.1. Método dos Diedros Retos
O Método dos Diedros Retos é um método de inversão que consiste em determinar
as direções dos esforços principais em uma região de falhas. Para cada falha, admitem-se dois
planos ortogonais, o plano de falha e um plano auxiliar ortogonal às estrias (que são os polos
desse plano), sendo possível delimitar quatro diedros retos: dois de compressão e dois de alí-
vio. Através do estudo sistemático dos diedros obtidos para um sistema de falhas, é possível
determinar as condições mecânicas que geraram o falhamento.
Neste trabalho utilizou-se o software Fault Kin Win (ALLMENDINGER, 2001) para
determinar as orientações 3-D dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3). Este software utiliza o mé-
todo de inversão de Gephart & Forsyth (1984), que utiliza a base fundamental do método de
Angelier & Mechler (1977), denominando-o Método dos Diedros Retos.
Para que o método seja válido se faz necessário que:
10
(i) Os blocos rochosos separados por diversos planos de falhas pertencem ao
mesmo evento tectônico e movimentaram-se, exclusivamente, por um esforço
médio, uniforme em todo o volume rochoso considerado;
(ii) Um bloco rochoso sofre cisalhamento antes de falhar quando submetido a um
esforço tangencial, sendo que o deslocamento será feito segundo o sentido do
cisalhamento.
Desta forma, Angelier & Mechler (op cit.) enunciaram o princípio básico do método:
“Se, para cada falha os diedros em compressão contêm σ1 e os diedros em extensão contêm
σ3 e, se os eixos portadores de σ1 e σ3 são os mesmos para todos os sistemas de falhas obser-
vadas, a porção de espaço comum a todos os diedros em extensão contém σ1 e a porção de
espaço comum a todos os diedros em extensão contém σ3.”.
Figura 2.1 – Esquema simplificado dos diedros retos de compressão (σ1) e de extensão (σ3) numa região
afetada pelo plano de falha (PF). Notar que o plano auxiliar (PA) é ortogonal à estria (E). (a) Bloco dia-
grama; (b) projeção em rede estereográfica. Adaptado de Silva (2013).
Fonte: Silva, 2013.
11
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Durante a elaboração deste trabalho foram realizadas diversas atividades que consis-
tiram em métodos e técnicas aplicados, seguindo uma sistemática de trabalho com a finalida-
de de alcançar os objetivos propostos. Essa sistemática foi dividida em três etapas: (i) Pré-
Campo, (ii) Campo e (iii) Pós-Campo.
3.1. Etapa Pré-Campo
A etapa pré-campo iniciou-se com um levantamento bibliográfico dos trabalhos pu-
blicados sobre a neotectônica geral e da área de estudo, além de consulta de mapas geológi-
cos, para um maior enriquecimento de informações.
Logo depois, foram utilizados imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission)
(USGS, 2004) do Sul do estado da Bahia de escala 1:250.000, extraídos do site da EMBRA-
PA, para delimitar e interpretar os lineamentos estruturais a partir das linhas de contrastes de
relevo. A partir desses lineamentos, foram feitos gráficos de rosáceas no freeware StereoNett®
(DUYSTER, 2000) separados por direção de quantidade de linhas e direção de comprimento
total acumulado, num intervalo de 10°.
Em seguida, foram utilizados os shapefiles do Mapa Geológico do Brasil (BIZZI et
al., 2003) no software ArcGIS 9.3® para verificar informações sobre a geologia do Sul da
Bahia e mapas de rodovias da região para localização no campo e para planejamento de me-
lhores trechos a serem percorridos da área de estudo.
3.2. Etapa de Campo
A etapa de campo consistiu-se de uma visita á área de estudo com a finalidade de co-
letar dados e fazer o reconhecimento geológico para tratamento dos dados futuros.
Os dados coletados durante o período do campo incluiram medidas de atitudes das
estruturas planares (foliações do embasamento, falhas, fraturas, acamamentos) e lineares (li-
neações de estiramento mineral do embasamento, estrias e degraus de falhas) (Figura 3.1 e
3.2), utilizando a bússola Brunton, além de descrição detalhada dos afloramentos, com a utili-
zação da caderneta de campo e da ficha de afloramento. A máquina fotográfica foi essencial
para a realização dos registros fotográficos. Para facilitar o reconhecimento e observação dos
12
litotipos foram utilizados a lupa, o facão e o martelo Estwing. A localização geográfica e o
registro das coordenadas dos pontos foram feitas com a utilização do aparelho GPS (Global
Position System).
Figura 3.1 – Exemplo de ficha de afloramento para anotar os dados de estruturas coletados em campo.
Figura 3.2 - Planilha do Microsoft Excel
® com dados estruturais a serem inseridos nos softwares Stereo-
Nett®, Fault Kin Win
® e no ArcGIS 9.3
® para geração de gráficos e mapas.
Não raramente em um mesmo afloramento diversos sistemas de falhas e fraturas pa-
ralelas, com a mesma cinemática e mesma idade podem ser observados. O método empregado
13
nesse trabalho consistiu de observar essas condições e para um mesmo sistema se atribuiu um
peso que corresponde ao número de vezes que uma determinada fratura pode ser vista no aflo-
ramento (Figura 3.3). Desse modo, uma fratura vista 10 vezes recebeu peso 10, enquanto que
outra frequente 15 vezes, por exemplo, recebeu peso 15. Esse método mostrou ser extrema-
mente útil para se estabelecer estatisticamente quais padrões rúpteis foram os mais marcantes
ao conjunto de afloramentos estudados.
Figura 3.3 –Ilustração do método de medida dos planos de falhas com atribuição de peso estatístico (fre-
quência). Primeiro passo: Tiram-se as medidas de direção e mergulho dos planos; Segundo passo: tiram-
se as medidas de direção, caimento e cinemática das estrias; Terceiro passo: observa-se o afloramento
definindo a quantidade de planos de falhas paralelos, atribuindo a estes a mesma estria e cinemática do
plano medido. (a) Seção em 3D; (b) Planta.
14
3.3. Etapa Pós-Campo
Esta etapa foi realizada no escritório e consistiu no tratamento de dados coletados no
campo a serem discutidos e interpretados futuramente.
Estes dados foram organizados em um banco de dados em forma de planilhas com o
auxílio do software Microsoft Excel® (Figura 3.2) e, logo depois, transferidos para blocos de
notas, onde são transformados em arquivos .txt e lançados no freeware StereoNett®, com a
finalidade de gerar gráficos de rosáceas (com intervalos de 10°, hemisfério inferior) e diagra-
mas de isodensidade polar, sendo tratados e organizados em seguida no CorelDraw X5®. Os
gráficos de rosáceas confeccionados no StereoNett® são representados por Strike (direção do
plano) e Dip (mergulho do plano, ortogonal ao strike) para as estruturas planares; e por Strike
(direção da linha) e Plunge (sentido de caimento da linha) para as estruturas lineares.
Posteriormente, as planilhas com os dados, com suas coordenadas geográficas (Figu-
ra 3.2), foram transformados em arquivos em formato dbf e inseridas no software ArcGIS
9.3®, onde são confeccionados mapas de orientação de estruturas e de campos de tensão. Para
os mapas geológicos feitos no ArcGIS 9.3®, também foram utilizados os shapefiles do Mapa
Geológico do Brasil (BIZZI et al., 2003).
A partir dos gráficos de rosáceas, dos diagramas de isodensidade polar e dos mapas
feitos, realizaram-se sucessivamente as análises geométrica, cinemática e dinâmica da área de
trabalho, sendo descritas a seguir.
3.3.1. Análise Geométrica
A análise geométrica tem como alvo a identificação dos principais padrões de orien-
tação das estruturas rúpteis e dúcteis. A observação dessa análise foi feita através dos gráficos
de rosáceas e diagramas de isodensidade polar pertencentes às falhas/fraturas, foliações e li-
neações de estiramento mineral. Para os lineamentos estruturais traçados nas imagens SRTM,
apenas os gráficos de rosetas foram utilizados, sendo um de quantidade de medidas e outro de
comprimento total acumulado.
15
3.3.2. Análise Cinemática
Neste caso, são apresentados os principais padrões de orientação das falhas, conside-
rando a sua cinemática associada, cujos marcadores cinemáticos são as estrias e os degraus. A
observação da análise cinemática foi feita através dos gráficos de rosáceas (Strike e Dip) e
diagramas de isodensidade polar. Para uma melhor visualização dessa análise, as famílias de
falhas foram separadas em dextral, sinistral, normal e reversa.
3.3.3. Análise Dinâmica
A análise dinâmica mostra as orientações tridimensionais dos campos de tensão má-
ximo, intermediário e mínimo (σ1, σ2 e σ3, respectivamente), que são geradores dos planos de
ruptura. Para obtenção desses tensores principais, os dados de falhas com indicadores de mo-
vimento foram inseridos no software Fault Kin Win® (ALLMENDINGER, 2001) através do
método de inversão de Gephart & Forsyth (1984), esta baseada no método dos diedros retos
de Angelier & Mechler (1977).
A visualização dos padrões de orientação desses tensores foi realizada através dos
gráficos de rosáceas (Strike e Caimento) e diagramas de isodensidade polar, sendo separadas
por cinemática a qual estão associadas: normal, reversa e transcorrente (dextral e sinistral jun-
tas).
A análise dinâmica é importante, pois permite a criação de um modelo neotectônico
evolutivo na área de trabalho.
Vale ressaltar que, para estas três análises, foram feitos tratamentos estatísticos con-
siderando também a unidade geológica a qual essas estruturas estão associadas, permitindo
uma boa visualização ao longo do tempo geológico.
16
4. GEOLOGIA REGIONAL
A região sul do Estado da Bahia apresenta uma história geológica bastante complexa
que se estende desde o Mesoarqueano até o Cenozoico. Regionalmente, a área de estudo
abrange oito principais domínios geológicos: (i) Cráton do São Francisco (ALMEIDA, 1977);
(ii) Grupo Rio Pardo (PEDREIRA, 1999); (iii) Faixa de Dobramentos Araçuaí (ALMEIDA,
1978); (iv) Província Alcalina do Sul da Bahia; (v) Zonas de Cisalhamento Itabuna-Itaju do
Colônia e Itapebi-Potiraguá; (vi) Bacias Mesozoicas do Sul da Bahia; (vii) Grupo Barreiras; e
(viii) Coberturas Quaternárias.
4.1. Cráton do São Francisco
O Cráton do São Francisco (ALMEIDA, 1977) (Figura 4.1) é uma grande província
tectônica, que se encontra na porção centro-leste da Placa-Sul Americana e abrange princi-
palmente os estados de Minas Gerais e Bahia. No Estado da Bahia é composta por um conjun-
to de segmentos crustais de idade arqueana (Blocos Gavião, Serrinha, Jequié, Uauá; Cinturões
Itabuna-Salvador-Curaçá e Salvador-Esplanada) que colidiram durante o Paleoproterozoico
(BARBOSA et al., 2003, BARBOSA et al., 2012). Este cráton é circundado por várias faixas
de dobramentos brasilianas (denominadas Araçuaí, Rio Preto, Riacho do Pontal, Brasília e
Sergipana) que apresentam estruturas geralmente paralelas às suas bordas (ALMEIDA, 1977).
Seu embasamento inclui litotipos metamórficos de médio a alto grau e remanescentes
de greenstone belts (de baixo grau), todos intrudidos por plútons graníticos, sieníticos e máfi-
cos-ultramáficos durante o Paleoproterozoico (BARBOSA & SABATÉ, 2004). O cráton é
truncado por dois rifts abortados: um, mesoproterozoico, orientado N-S, no qual se deposita-
ram as unidades dos Supergrupos Espinhaço e São Francisco (BARBOSA et al., 2003) deno-
minado de Aulacógeno do Paramirim (PEDROSA-SOARES et al., 2001) e o segundo, de
idade mesozoica, orientado segundo NNE-SSW que, durante a fragmentação do Gondwana,
deu origem ao Sistema de Bacias Recôncavo-Tucano-Jatobá (MAGNAVITA et al., 2005).
A área de estudo está inserida na parte ESE do Cráton do São Francisco e abrange,
regionalmente, o Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, representado pela porção meridional
deste (Figura 4.2).
17
Figura 4.1 – Mapa tectônico simplificado da porção leste do Brasil, enfatizando o Cráton do São Francis-
co. CD - Chapada Diamantina, ES - Espinhaço Setentrional, RTJ – Sistema de Riftes Recôncavo-Tucano-
Jatobá. O limite aproximado do Aulacógeno do Paramirim está em listras vermelhas. Modificado de Alk-
mim et al. (1993) e Alkmim (2004).
Fonte: Cruz, 2004.
A porção sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá é constituído de rochas granulíti-
cas de composição tonalíticas/trondhjemíticas, gabroicas/basálticas e/ou monzoníticas, com
associações de rochas supracrustais (quartzitos, formações ferríferas e manganesíferas, rochas
cálcio-silicáticas, grafititos, bandas quartzo-feldspáticas e rochas alumino-magnesíferas)
(BARBOSA et al., 2001) relacionados a um arco magmático de margem continental ativa
(FIGUEIREDO, 1989; BARBOSA et al., 2001) ou a um arco de ilhas (BARBOSA, 1990).
Seus protólitos apresentam idades Pb-Pb evaporação e U-Pb SHRIMP entre 2,6 e 2,1 Ga
(LEDRU et al., 1993; SILVA et al., 1997; BARBOSA & PEUCAT, 2003 apud BARBOSA
& SABATÉ, 2003) e idades de metamorfismo Th-U-PbT em monazita, de fácies granulito em
torno de 2,07-2,08 (±0,02) Ga (VLACH & DEL LAMA, 2002), compatível com o padrão
geocronológico geral da colisão paleoproterozoica.
18
Esta porção apresenta orientação das foliações principais em torno de N010°, com
mergulho subvertical para leste e lineações de estiramento/crescimento mineral sub-
horizontais (CORRÊA-GOMES et al., 2005a) caindo ora pra norte, ora pra sul, predominando
o segundo caso (BARBOSA et al., 2012).
Figura 4.2 – Mapa geológico mostrando a porção sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá e parte da
área de trabalho (destacado em quadrado verde). Simplificado e atualizado de BARBOSA &
DOMINGUEZ, 1996 e BARBOSA, 2003.
Fonte: Barbosa, 2012.
19
4.2. Grupo Rio Pardo
A Bacia Metassedimentar do Rio Pardo (PEDREIRA, 1999) ou, simplesmente, Grupo
Rio Pardo (Figura 4.3) é uma unidade meso-(?) a neoproterozoica que marca, tectonicamente,
a transição entre o Cráton do São Francisco e a Faixa de Dobramentos Araçuaí e consiste em
uma sequência metassedimentar de baixo grau metamórfico (EGYDIO-SILVA et al., 2011).
Sua litoestratigrafia, segundo Karmann et al., (1989), é dada pelas seguintes unidades estrati-
gráficas, da base para o topo: Formação Panelinha, composta basicamente por conglomera-
dos, grauvacas e arcóseos de leques aluviais; Subgrupo Itaimbé, representado pelas forma-
ções Camacã, Água Preta, Serra do Paraíso e Santa Maria Eterna, as quais são constituídas
por sedimentos pelito-carbonáticos de plataforma marinha rasa; e Formação Salobro, com-
postas por conglomerados, arenitos e siltitos de fluxos detríticos de caráter turbidítico. Essas
unidades estão representadas na coluna estratigráfica da Figura 4.4.
Figura 4.3 – Síntese geológica da Bacia do Rio Pardo. Fonte: CRUZ et al. (2012).
Fonte: Cruz et al., 2012.
Ainda não há uma definição concreta sobre os dados geocronológicos do Grupo Rio
Pardo. Cordani (1973) obteve idade K-Ar em torno de 670 Ma para os metapelitos das forma-
ções Água Preta, Camacã e Serra do Paraíso. Posteriormente, Karmann (1987) obteve idade
20
isocrônica de 541 ± 78,3 Ma no topo do Grupo Rio Pardo, além de adotar a idade mínima de
intrusões diabásicas 1.100 Ma na base deste grupo, considerando o intervalo entre 1.100 e 500
Ma a idade da deposição dos sedimentos. Sendo assim, a fase final da deposição dos sedimen-
tos, segundo os dados dos autores citados, pode ter ocorrido durante o Ciclo Neoproterozoico.
Figura 4.4 – Coluna Estratigráfica do Grupo Rio Pardo. Em tracejado, o limite discordante entre as uni-
dades. Modificado de PEDREIRA, 1999.
Fonte: Pedreira, 1999.
Em relação à geologia estrutural, Egydio-Silva et al. (2011) analisou separadamente as
estruturas de duas unidades litoestruturais que dividem o Grupo Rio Pardo. Uma, denominada
Unidade Litoestrutural I (UL I) ou Zona Pericratônica (formações Panelinha, Camacã e
Salobro), com características autóctones, está situada na porção norte-nordeste e apresenta
estrutura geral monoclinal, mergulhando para SW, com dobramentos que se intensificam no
sentido sudoeste, evidenciadas por dobras inversas de comprimentos de onda quilométricos
com vergências para NE. Apresenta também falhas normais na borda norte, no contato com o
embasamento do cráton. A segunda, denominada Unidade Litoestrutural II (UL II) ou Zona
de Faixa Dobrada (demais formações), subautóctone, está situada na porção sul e apresenta
dobras mais fechadas com planos axiais de clivagem de crenulação deitados e foliação trans-
posta com vergência também para NE. Essas duas unidades litoestruturais estão separadas por
uma falha inversa de direção NW-SE com vergência para NE denominada Rio Pardo – Água
Preta.
A evolução tectônica da bacia do Grupo Rio Pardo, segundo Egydio-Silva et al.
(2011), apresenta 3 fases de deformação (Figura 4.5). A primeira fase foi gerada por esforços
compressivos de direção NE-SW e vergência pra NE, com pouco encurtamento (15%), sendo
21
gerada com mais predominância na UL I. A segunda fase foi gerada no mesmo sentido na
primeira (possivelmente por causa de uma reativação inicial da fase anterior), porém com
mais intensidade de encurtamento (35 a 40%) – deformação progressiva. Esta fase pode ter
gerado um descolamento da cobertura em relação ao embasamento na UL II, o que sugere que
esta unidade seja no mínimo subautóctone. Finalmente, a terceira fase de deformação encur-
tou a bacia na direção ENE, com deformação mais intensa na borda oeste da UL II, associada
a falhas inversas e transcorrentes de trend N-S e vergência ENE. Esta última fase pode estar
relacionada à colisão do Cráton do São Francisco com a Faixa Araçuaí durante o Ciclo Brasi-
liano.
Figura 4.5 – Evolução tectônica do Grupo Rio Pardo. “A” corresponde à primeira fase de deformação
(deformação dos metassedimentos); “B” corresponde a segunda fase de deformação (deformação
progressiva das unidades); “C” corresponde à terceira fase de deformação (estruturação final da bacia do
Grupo Rio Pardo) (EGYDIO-SILVA et al., 2011).
Fonte: Egydio-Silva et al., 2011.
4.3. Faixa de Dobramentos Araçuaí
A Faixa de Dobramentos Araçuaí (ALMEIDA, 1977) é um cinturão de dobramentos
e cavalgamentos neoproterozoico que bordeja o Cráton do São Francisco a sul e sudeste. É
entendida como o cinturão metamórfico externo do Orógeno Araçuaí, o qual engloba o grande
22
domínio orogênico brasiliano compreendido entre o Cráton do São Francisco e a margem les-
te brasileira (GRADIM et al, 2005) (Figura 4.6).
Esta faixa é correlacionada, segundo alguns autores, com a Faixa Congo Ocidental,
que está localizada a leste do continente africano e que, antes da separação do supercontinente
Gondwana, constituía o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (PEDROSA-SOARES et al.
1992, 1998, 2001 apud GRADIM et al, 2005).
Figura 4.6 - O Orógeno Araçuaí no cenário do Gondwana, reconstruído pela justaposição de modelos
digitais de terreno. Modificado de Alkmim et al., 2007.
Fonte: Cruz et al., 2012
Os litotipos que constituem a Faixa Araçuaí na área de estudo são representados por:
ortognaisses migmatíticos de composição granítica com restos de supracrustais do Complexo
Itapetinga (SILVA FILHO et al., 1974 apud OLIVEIRA, 2010); plútons bimodais anorogê-
nicos pré-colisionais da Suíte Salto da Divisa; paragnaisses kinzigíticos migmatizados inter-
calados por quartzitos, grafita gnaisse e rocha calcissilicática do Complexo Jequitinhonha
(GONÇALVES-DIAS et al., 2011), rochas metassedimentares pré-glaciais do Grupo Maca-
23
úbas; e inúmeros granitoides intrusivos sin- a pós-colisionais (PEDROSA-SOARES & WIE-
DERMANN-LEONARDOS, 2000 apud CRUZ, 2004). A maioria dos litotipos citados possui
idades neoproterozoica e cambriana, com exceção do Complexo Itapetinga, de idade arquea-
na-paleoproterozoica.
4.4. Província Alcalina do Sul da Bahia
A Província Alcalina do Sul da Bahia (PASEBA) (Figura 4.7) é uma unidade geológi-
ca que compreende um grupo de plútons alcalinos anorogênicos de composição sienítica rica
em feldspatoides (principalmente nefelina e sodalita). Estes plútons encontram-se alinhados
segundo trend NE-SW, interpretado por Mascarenhas (1979) como resultante de um controle
tectônico regional (OLIVEIRA, 2010). Dados geocronológicos Pb-Pbmonozircão obtidos por
OLIVEIRA (2010) forneceram idade dos corpos alcalinos entre 911 e 720 Ma.
Quatro corpos principais representam a PASEBA na área de estudo: Itabuna, Floresta
Azul, Serra das Araras e Itarantim. Os três primeiros são intrusivos no Cinturão Itabuna, en-
quanto o último está localizado na Faixa Araçuaí.
4.5. Zonas de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia e Itapebi-Potiraguá
As Zonas de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC) e Itapebi-Potiraguá
(ZCIP) representam os principais lineamentos estruturais do Sul do Estado da Bahia (Figura
4.7). Elas formam pares conjugados entre si (CORRÊA-GOMES, 2000; CORRÊA-GOMES
et al., 2005) e estão relacionadas à colisão da Faixa Araçuaí com o Cráton do São Francisco
(PEDROSA-SOARES et al., 1992).
A ZCIIC apresenta orientação principal N045° e dimensões de 150 por 30 km. Tipi-
camente intracratônica, ela trunca os litotipos granulíticos do Cinturão Itabuna, uma porção
dos metassedimentos do Grupo Rio Pardo e os corpos sieníticos da PASEBA (CORRÊA-
GOMES, 2000). Diques tholeiíticos e alcalinos podem ser observados na área de influência da
ZCIIC (CORRÊA-GOMES et al., 1996). Os mergulhos das falhas e fraturas desta zona de
cisalhamento são superiores a 70°, e o caimento das estrias são menores que 30° com caimen-
to para SW (CORRÊA-GOMES et al., 2005b).
24
A ZCIP possui orientação N140° e corta o cráton e a Faixa Araçuaí. Os planos de fa-
lhas e fraturas apresentam mergulho forte para SW predominando sobre os de mergulho sua-
ve, também para SW.
O estudo cinemático das falhas, fraturas e diques da ZCIIC e da ZCIP, evidenciou
dois eventos tectônicos (CORRÊA-GOMES, 2000; CORRÊA-GOMES et al., 2005b): (i) uma
compressional N-S, gerando falhas reversas na ZCIP e uma transpressão sinistral na ZCIIC; e
(ii) uma compressional E-W, gerando transextensão sinistral na ZCIP e dextral na ZCIIC.
Figura 4.7 – Localização do Cráton do São Francisco (inset) e esquema da situação geológica e posição, em
relação ao limite do Cráton, da ZCIIC e da ZCIP. Em destaque, os corpos sieníticos da Província Alcalina
do Sul da Bahia, em preto. Modificado de BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996.
Fonte: Cruz et al., 2012
25
4.6. Bacias Mesozoicas do Sul da Bahia
As Bacias Mesozoicas do Sul da Bahia são bacias sedimentares do tipo rift, de caráter
predominantemente offshore. Estas bacias são identificadas como: Jequitinhonha, Cumuruxa-
tiba e Mucuri. Associados a elas estão localizados altos os quais separam as bacias, de caráter
estrutural (Alto de Olivença) e vulcânico (Royal Charlotte e Sulphur Minerva), além da Plata-
forma de Abrolhos.
Sua evolução ocorreu durante o Mesozoico, quando um grande evento tafrogenético
resultou na quebra do Supercontinente Gondwana e, em seguida, na abertura e propagação de
sul para norte do oceano Atlântico Sul. Esta quebra é evidenciada por grandes feições exten-
sionais de rifteamento nas rochas sedimentares que foram depositadas antes do evento, e que
são encontradas nas margens continentais brasileira e africana. Este evento ocorreu entre
230Ma e 98Ma (MIZUSAKI et al., 1998 apud CORRÊA-GOMES & DESTRO, 2012).
Em relação às bacias do tipo rift, as estruturas geradas durante o rifteamento podem
estar relacionadas à herança de estruturas antigas do embasamento, conforme proposto por
alguns autores (RODARTE & COUTINHO, 1999; CORRÊA-GOMES, 2000; DESTRO,
2002; CORRÊA-GOMES et al., 2005a, b), os quais observaram um grau de paralelismo entre
as falhas de borda e as direções principais das foliações e lineações de estiramento mineral do
embasamento proximal, em escalas regional e local. Em escala regional, Rodarte & Coutinho
(1999 apud CORRÊA-GOMES, 2003) mostram que diversos lineamentos continentais, a
exemplo da ZCIIC e da ZCIP, se propagam oceano adentro e influenciam de modo decisivo a
orientação estrutural das bacias mesozoicas (Figura 4.8).
A evolução, do ponto de vista tectônico, inclui cinco fases de rifteamento (CORRÊA-
GOMES & DESTRO, 2012): Pré-Rifte (ligada aos eventos que precederam, sem qualquer
ligação com o rifteamento), Cedo-Rifte (ligada aos eventos mais precoces do rifteamento),
Sinrifte (ligada ao clímax do rifteamento), Tardi-Rifte (ligada ao final do rifte, mas ainda
dentro do processo como um todo) e Pós-rifte (ligada aos eventos muito após o rifteamento,
sem alguma relação direta).
Litoestratigraficamente, as três bacias apresentam características semelhantes, sendo
diferenciadas pela presença de algumas unidades e fases, descritas a seguir:
(i). Fase Cedo-Rifte: preserva-se apenas na Bacia de Cumuruxatiba e corresponde às
formações Monte Pascoal (arcóseo médio a conglomerado de sistema fluvial) e
Porto Seguro (folhelhos escuros de ambiente lacustre).
26
(ii). Fase Sinrifte: aparece em todas as bacias e são representados pelos arenitos e
conglomerados arcoseanos com folhelhos intercalados, de ambiente flúvio-lacustre
da Formação Cricaré. A Formação Cabiúnas é restrita apenas na Bacia de Mucu-
ri, sendo constituída de basaltos toleíticos e ocorre tanto intercalado nos sedimen-
tos siliciclásticos da Formação Cricaré, como repousado discordantemente sobre o
embasamento pré-cambriano.
(iii). Fase Tardi-Rifte: correspondente aos depósitos siliciclásticos de ambiente flúvio-
lagunar (Membro Mucuri) e aos evaporitos de ambiente marinho restrito (Membro
Itaiúnas), todos da Formação Mariricu. Ocorre nas três bacias.
(iv). Fase Pós-Rifte: Também ocorre nas três bacias e são representados pelas seguin-
tes unidades: Formação São Mateus: arenitos de leques deltaicos; Formação Re-
gência: carbonatos de ambiente marinho raso; Formação Urucutuca: folhelhos e
turbiditos; Formação Abrolhos: vulcânicas; Formações Rio Doce e Caravelas:
arenitos e calcarenitos plataformais.
Figura 4.8 - Principais compartimentos tectônicos e lineamentos estruturais das crostas continental (CC) e
oceânica (CO) na plataforma continental baiana. Localização das zona de cisalhamento Itapebi-Potiraguá
(ZCIP) e Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC), e suas posições geográficas em relação às bacias sedimenta-
res. AL = Alto Estrutural de Itacaré, AC = Alto Estrutural de Olivença, RC = Alto Estrutural Royal Char-
lotte. Modificado de Rodarte & Coutinho (1999).
Fonte: Correa-Gomes & Destro, 2012.
A Figura 4.9 mostra as cartas estratigráficas dessas bacias, separadas em fases tecto-
noestratigráficas (marcadas em vermelho).
27
Figura 4.9 –Cartas estratigráficas das Bacias de Jequitinhonha, Cumuruxatiba e Mucuri.
Fonte: Extraído de França et al., 2007 (Bacia de Jequitinhonha); Rangel et al., 2007 (Bacia de Cumuruxa-
tiba); e Rodovalho et al., 2007 (Bacia de Mucuri).
28
4.6.1. Bacia Mesozoica de Jequitinhonha
A Bacia de Jequitinhonha localiza-se entre as bacias de Almada (limitada pelo Alto de
Olivença) e Cumuruxatiba (limitada pelo Alto de Royal Charlotte). Ocupa uma área de cerca
de 10.000 km², do qual ocorre apenas 5% na parte emersa (MOHRIAK, 2012).
Do ponto de vista estrutural, a porção norte da bacia é diferenciada da sua porção sul
pela presença de um patamar no embasamento, na região da plataforma continental rasa (Fi-
gura 4.10). Na porção norte observa-se um notável estilo de tectônica de sal (halocinese) as-
sociado a falhamento antitético (MOHRIAK, 2012). A região de águas profundas apresenta
notáveis feições compressionais associadas à tectônica gravitacional (MOHRIAK & NAS-
CIMENTO, 2000 apud BIZZI et al., 2003), cuja vergência se propaga para leste.
A intensa movimentação do sal gerou falhas lístricas que se propagam para a seção se-
dimentar mais nova (MOHRIAK & SZATMARI, 2008), além de escorregamento de grandes
blocos sobrejacentes (slumps), criando grandes baixos estruturais (GARCIA, 1999 apud
RANGEL et al., 2007).
Figura 4.10 – Seção geológica esquemática da Bacia Mesozoica de Jequitinhonha, com destaque a estrutu-
ração halocinética em águas profundas. Mohriak (2006) após Seixas (2003).
Fonte: Mohriak, 2012.
29
4.6.2. Bacia Mesozoica de Cumuruxatiba
A Bacia de Cumuruxatiba está localizada entre as cidades de Santa Cruz de Cabrália e
Caravelas. Está cercada pelos bancos vulcânicos de Royal Charlotte, a norte; Abrolhos, a sul;
e Sulphur Minerva, a leste. (RODOVALHO et al., 2007) (Figura 4.11).
Esta bacia apresenta falhas de gravidade de direção N020°-030°, as quais se desenvol-
veram decorrentes do rifteamento e que podem estar relacionadas à reativação de estruturas
rúpteis do Ciclo Paleoproterozoico (RODOVALHO et al., 2007). Lineamentos estruturais de
trend N135°-145°, transversais às falhas citadas, também aparecem na bacia, tendo uma rela-
ção de paralelismo com faixas cisalhadas, posicionadas ao longo dos limites do Cráton do São
Francisco e da Faixa Araçuaí (RODOVALHO et al., 2007), encaixando perfeitamente segun-
do sua localização e orientação com a ZCIP (RODARTE & COUTINHO, 1999). Existe tam-
bém na bacia a tectônica salina, evidenciada por feições compressionais associada a fluxos
convergentes do sal.
Figura 4.11 – Seção geológica esquemática na Bacia de Cumuruxatiba. Modificado de Menezes & Milho-
mem (2008) (consoante Rodovalho et al., 2003).
Fonte: Mohriak, 2012.
4.6.3. Bacia Mesozoica de Mucuri
A Bacia de Mucuri é a mais meridional das bacias do sul da Bahia e limita-se, a norte,
pela Bacia de Cumuruxatiba, separados através da Plataforma de Abrolhos, e, a sul, pela Ba-
cia do Espírito Santo.
30
A presença da Plataforma de Abrolhos, representado pelo Complexo Vulcânico de
Abrolhos (o qual está associado a um grande evento magmático no Paleógeno), coloca esta
bacia em boa parte em águas rasas, de batimetrias médias entre 30 e 40 metros e um alarga-
mento de plataforma continental maior que 200 km.
Esta bacia pode ser subdividida em cinco compartimentos estruturais, de oeste para
leste: embasamento raso, plataforma (Plataforma de Nova Viçosa e Paleocânion de Mucuri),
rampa, patamar intermediário e bacia profunda. Os três primeiros situam-se na parte emersa,
enquanto os outros dois na porção marinha. O patamar intermediário é separado pela bacia
profunda por uma falha normal, de trend NE-SW, coincidente com a “Charneira Pré-Alagoas”
(FRANÇA et al., 2007).
4.7. Grupo Barreiras
O Grupo Barreiras é uma unidade que ocorre ao longo do litoral brasileiro e apresenta-
se distribuído desde o Amapá até o Rio de Janeiro de ocorrência quase contínua e de signifi-
cante regularidade geomorfológica (ARAI, 2006). Sua gênese é predominantemente continen-
tal (LIMA, 2002), tendo sido identificados depósitos de origem marinha no litoral do Pará
(ROSSETI et al., 1990; ARAI, 1997). No Litoral Sul da Bahia, o Grupo Barreiras apresenta
os melhores afloramentos em forma de falésias e cortes de estradas e sua altitude atinge, no
máximo, 40 a 50m.
Geomorfologicamente, é representado por tabuleiros costeiros. Na Costa das Baleias
(entre Alcobaça e Mucuri), os tabuleiros alcançam a linha de costa formando falésias vivas e
caracterizam-se por conter interflúvios planos entalhados em forma de “U”, com paredes ín-
gremes e fundo chato, com rios apresentando vales largos preenchidos por aluviões e forman-
do meandros (DOMINGUEZ, 2008b). Na Costa do Cacau (entre Ilhéus e Canavieiras), dife-
rentemente da Costa das Baleias, as falésias vivas não estão presentes, mesmo se aproximan-
do da linha de costa e são intensamente dissecados por uma rede de drenagem, principalmente
no município de Una (DOMINGUEZ, 2008a).
Sampaio et al. (2002), ao estudar o Grupo Barreiras no Sul do Estado da Bahia, des-
crevem os depósitos como camadas predominantemente arenosos finos a seixosos, mal sele-
cionados, de baixa maturidade textural e mineralógica, com interestratificações de argilas.
Diante dessas informações, identificam cinco litofácies: (i) Arenito Arcoseano com Níveis
Conglomeráticos; (ii) Arenito Argiloso Maciço com Grânulos e Seixos Dispersos; (iii) Areni-
31
to com Estratificações Plano-paralela e Cruzada; (iv) Arenito Conglomerático e (v) Argilito
Arenoso Maciço. Além disso, os autores observam presença de arenitos cimentados por óxido
de ferro, assim como concreções e crostas ferruginosas, que quando aparecem nas porções
mais basais das falésias ativas, formam camadas mais resistentes à erosão pelas ondas. A Fi-
gura 4.12 mostra uma seção medida representativa do Grupo Barreiras na região, onde são
destrinchadas várias das litofácies citadas acima.
Figura 4.12 – Seção medida do Grupo Barreiras na BR-101, na margem esquerda do rio Peruípe Norte
(modificado de Sampaio et al., 2002).
Fonte: Dominguez, 2008b.
32
Lima et al. (2006), para complementar, estudam o Grupo Barreiras na região entre os
municípios de Cabrália e Prado e descrevem litofácies do tipo: (i) conglomerados maciços
sustentados por lama; (ii) conglomerados maciços sustentados por clastos; (iii) arenitos maci-
ços conglomeráticos; (iv) arenitos maciços lamosos; (v) arenitos com estratificações cruzadas
acanalada e (vi) planar; (vii) folhelhos; (viii) siltitos laminados; (ix) siltitos/arenitos rítmicos;
(x) folhelhos com gretas de contração; (xi) arenitos com feições pedogenéticas e (xii) lamitos
com feições pedogenéticas. Esses autores associam os depósitos a ambientes predominante-
mente fluviais entrelaçados com fluxos gravitacionais retrabalhados por pequenos canais flu-
viais. Alguns autores atribuem uma contribuição marinha na gênese dos depósitos. Rosseti et
al. (1990), ao estudarem a região nordeste do Pará, fizeram uma análise faciológica desses
sedimentos sugerindo que sua deposição ocorreu mediante um sistema de leques aluviais-
planícies de areia (com frequentes canalizações)-planície de lama, com possível influência
marinha na sua parte mais distal. Observaram também, nesta área e no litoral do Maranhão,
estruturas sedimentares, tais como flaser, wavy, linsen e superfícies de reativação com mud
cracks, evidenciando influência de maré durante a sedimentação do Grupo Barreiras pelo me-
nos na zona próxima a atual linha de costa.
A idade do Grupo Barreiras foi motivo de várias controvérsias devido à carência do
seu conteúdo fossilífero, sendo apenas possível, mais tarde, através de estudos palinológicos
feitos, posicionar a parte inferior do Grupo Barreiras no Mioceno inferior a médio (ARAI,
2006).
4.8. Coberturas Quaternárias
As Coberturas Quaternárias são representadas principalmente pela planície litorânea
do Sul da Bahia, cujas altitudes não ultrapassam 15 metros, e são constituídos por depósitos
continentais e transicionais que repousam discordantemente sobre o Grupo Barreiras e o Em-
basamento Pré-Cambriano. Essas coberturas tiveram sua acumulação controlada pelas varia-
ções do nível relativo do mar que afetaram a costa leste brasileira durante o Quaternário
(DOMINGUEZ, 2008b).
Esta unidade apresenta seus depósitos constituídos essencialmente por sedimentos
arenosos de granulação média a grossa, sílticos/argilosos ricos em matéria orgânica, além de
turfas e conchas marinhas. Dominguez (2008b) separa esta unidade em: (i) Depósitos de
Areias Litorâneas Regressivas Pleistocênicas e (ii) Holocênicas; (iii) Depósitos Argilo-
33
Orgânicos de “Terras Úmidas”, (iv) Lagunares, (v) de Mangues e (vi) de Supramaré; (vii)
Depósitos Areno-Argilosos Fluviais; (viii) Recifes de Corais.
4.9. Mapa Geológico Regional
A Figura 4.13 sintetiza a geologia regional da área de estudo.
Figura 4. 13 – Localização da área de trabalho (retângulo lilás) no contexto geológico regional. ZCIIC =
Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia; ZCIP = Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá.
Fonte: Adaptado de Bizzi et al., 2003.
34
5. GEOLOGIA LOCAL
Neste capítulo, serão descritos, de forma resumida, os litotipos com suas característi-
cas litológicas, estratigráficas e estruturais de cada unidade geológica na área de estudo. Estas
unidades foram separadas em: (i) Embasamento e (ii) Grupo Barreiras. Para mostrar a geolo-
gia resumida e as localizações dos afloramentos visitados, foi confeccionado um mapa geoló-
gico simplificado, com base nos dados do Serviço Geológico do Brasil – CPRM (BIZZI et al.,
2003) (Figura 5.1).
5.1. Embasamento
Durante os trabalhos de campo foram visitados 43 afloramentos dos litotipos perten-
centes ao embasamento da área de estudo. Este embasamento apresenta litotipos de idades
arqueana e proterozoica, sendo representado por três sub-unidades: (i) Cinturão Itabuna-
Salvador-Curaçá Meridional (CISCM), (ii) Grupo Rio Pardo e (iii) Faixa Araçuaí, as quais
serão descritas a seguir separadamente.
5.1.1. Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional
Os litotipos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional (CISCM) afloram
principalmente na porção norte da área de estudo. Foram visitados 6 afloramentos que desta-
cam esta unidade. Em geral, os litotipos encontram-se preservados, o que favorece a observa-
ção de estruturas como foliações, lineações de estiramento mineral, falhas, fraturas e estrias.
São constituídas de rochas de metamorfismo de alto grau (fácies granulito) de protó-
lito máfico. A coloração é cinza escuro a preta, granulometria média a grossa encontrando-se
bandadas e/ou milonitizadas, podendo apresentar estruturas do tipo augen. Em alguns casos
apresentam-se truncados por diques de composição máfica (predominante) (Fotos 5.1 e 5.2)
discordantes com a foliação principal (N010°).
35
Figura 5.1 – Mapa geológico simplificado mostrando a área de estudo.
Fonte: Adaptado de Bizzi et al., 2003.
36
Foto 5.1 – Granulito truncado por um dique máfico de cinemática aparente dextral (ver esquema à direi-
ta). Bússola aponta para o Norte. Ponto NTS095: UTM Zona 24L 491951 / 8308972. Datum: Córrego Ale-
gre.
Foto 5.2 – Granulito truncado por um dique máfico sub-vertical (indicado pela seta preta). Ponto R038:
UTM Zona 24L 446338 / 8305576. Datum: Córrego Alegre.
37
5.1.2. Grupo Rio Pardo
No Mapa Geológico Simplificado na Figura 5.1, os litotipos do Grupo Rio Pardo são
aflorantes na região centro-norte, fazendo contato tectônico a norte com o CISCM e a sul com
a Faixa Araçuaí, e contato erosivo com os sedimentos do Grupo Barreiras. Ao todo, 14 aflo-
ramentos que fazem parte desta unidade foram visitados.
Dentro da região do Grupo Rio Pardo foram encontrados litotipos pertencentes ao
Subgrupo Itaimbé e à Formação Salobro. A seguir os litotipos estão listados e descritos sepa-
radamente.
5.1.2.1. Subgrupo Itaimbé
Dentro do Subgrupo Itaimbé foram identificados em campo filitos, metassiltitos e
metacalcários com níveis por vezes pelíticos.
Os filitos e metassiltitos apresentam coloração rósea a alaranjada quando o intempe-
rismo é mais intenso, com mineralogia essencialmente composta por sericita, quartzo e clori-
ta. Sistemas de fraturas com alguma componente cinemática (Foto 5.3) e zonas de cisalha-
mento foram observados em campo, além de dobras assimétricas polifásicas (Foto 5.4).
Foto 5.3 – Filito do Subgrupo Itaimbé mostrando sistemas de fraturas de cinemática dextral. Caneta ver-
de aponta para o Norte. Ponto NTS070: UTM Zona 24L 453902 / 8274581. Datum: Córrego Alegre.
38
Foto 5.4 – Metassiltito apresentando dobra assimétrica mostrando relação S1-S2. O S2 representa um
plano axial sub-horizontal. Ponto R021: UTM Zona 24L 453359 / 8265970. Datum: Córrego Alegre.
Os metacalcários apresentam intercalações de níveis pelíticos xistificados e conglo-
meráticos subordinados e caracterizam–se por sua cor cinza escura e são finamente laminados
com sua mineralogia composta principalmente de calcita e dolomita. Em alguns afloramentos
a laminação (S0) apresenta-se com crescimento de talco e clorita formando uma superfície de
dobramento (S1). Foram observadas em campo, associadas aos metacalcários, falhas com
estrias (Foto 5.5), dobras em bainha (Foto 5.6), superfícies estilolíticas (Foto 5.7), zonas de
cisalhamento (Foto 5.8)e fraturas conjugadas (Foto 5.9).
Foto 5.5 – Plano de falha e estria indicando cinemática normal-sinistral em metacalcário do Subgrupo
Itaimbé. Ponto R014: UTM Zona 24L 437702 / 8254247. Datum: Córrego Alegre.
39
Foto 5.6 – Dobras em bainha com eixo sub-horizontal em metacalcário. Ponto R019: UTM Zona 24L
452139 / 8262114. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.7 – Superfície estilolítica em metacalcário. Ponto NTS068: UTM Zona 24L 456251 / 8277968. Da-
tum: Córrego Alegre.
40
Foto 5.8 - Zona de cisalhamento do tipo S-C no metacalcário. Ponto NTS068: UTM Zona 24L 456251 /
8277968. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.9 - Fraturas conjugadas no metacalcário. Ponto NTS069: UTM Zona 24L 456232 / 8277722. Da-
tum: Córrego Alegre.
5.1.2.2. Formação Salobro
A Formação Salobro é constituída basicamente por metaconglomerados polimícticos
compostos por clastos de até 60cm de diâmetro, provenientes dos litotipos do Cinturão Itabu-
41
na-Salvador-Curaçá e do próprio Grupo Rio Pardo, e matriz essencialmente grauváquica (Fo-
to 5.10).
Foto 5.10 - Metaconglomerado polimíctico da Formação Salobro, mostrando os clastos dos litotipos do
Cráton do São Francisco e do próprio Grupo Rio Pardo. Ponto R043: UTM 24L 24 L 463722 / 8279871.
Datum: Córrego Alegre.
5.1.3. Faixa Araçuaí
Ao todo, foram visitados 16 afloramentos de litotipos associados à Faixa Araçuaí na
área de estudo. No Mapa Geológico Simplificado da Figura 5.1, esta unidade está localizada
na porção centro-oeste da área de estudo. A Faixa Araçuaí exibe contatos tectônicos com os
granulitos pertencentes ao Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá e discordante/tectônico com as
rochas metassedimentares do Grupo Rio Pardo (MORAES FILHO & LIMA, 2007)
Os litotipos encontrados pertencem ao Complexo Itapetinga, onde afloram gnaisses
bandados e migmatizados, cujos níveis félsicos são de composição granítica a duas micas, por
vezes milonitizadas, e bandas máficas que são predominantemente constituídas xistos finos
ricos em biotita e outros minerais aluminossilicáticos (granada e andaluzita) apresentando
crenulação (Fotos 5.11 e 5.12), com intercalações de anfibolitos subordinados. O contato en-
tre as bandas é brusco, porém, em alguns casos, podem formar uma mistura tectônica (Foto
5.13). São cortados por diques máficos e pegmatíticos de tamanhos centimétricos a métricos.
42
Foto 5.11 – Alternância de bandas félsicas (augen milonito de composição granítica) e máficas (nível rico
em biotita) em gnaisse do Complexo Itapetinga, apresentando contato brusco. Nota-se que na banda félsi-
ca os porfiroclastos de feldspato sugerem cinemática reversa. Visada para E. Ponto NTS 063: UTM 24L
439559 / 8233550. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.12 - Crenulação no nível xistoso rico em biotita. Caneta verde como escala. Visadapara E. Ponto
NTS 065: UTM 24L 440132 / 8235857. Datum: Córrego Alegre.
43
Foto 5.13 – Alternância de níveis félsicos e máficos (metapelíticos) dentro do gnaisse deformado. Visada
pra SE. Ponto NTS 065: UTM 24L 440132 / 8235857. Datum: Córrego Alegre.
5.2. Grupo Barreiras
O Grupo Barreiras (Mioceno-Plioceno, 20-04 Ma) na área de estudo ocupa uma am-
pla faixa distribuída na zona litorânea, paralela à linha de costa e recobre litotipos do Cinturão
Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional, do Grupo Rio Pardo e da Faixa Araçuaí por contato
erosivo. Possui os melhores afloramentos concentrados especialmente nos trechos Canaviei-
ras-Ilhéus, Prado-Porto Seguro e entre Mucuri e a divisa Bahia-Espírito Santo, em forma de
falésias de até 50 metros de altura e cortes de estradas.
Em campo foram visitados 77 afloramentos dos sedimentos do Grupo Barreiras. Esta
unidade apresenta litotipos exclusivamente terrígenos, com tamanhos, texturas e cores varia-
dos.
A base da unidade é constituída por intercalações de arenitos de matriz argilosa e ar-
gilitos, por vezes siltitos, além de carapaças ferruginosas bastante compactas, sugerindo lixi-
viação de ferro da camada superior a elas (Foto 5.14). Em poucos afloramentos, notam-se
níveis de carvão de até 2 metros de espessura (Foto 5.15). Os arenitos e os argilitos são impu-
ros e apresentam coloração alaranjada, esbranquiçada, amarelada, arroxeada e avermelhada,
44
sugerindo presença de óxido de ferro. Apresentam estratificações plano-paralela e cruzada
(Foto 5.16), por vezes mostrando estruturas em carga e possíveis dobras convolutas (Foto
5.17). Tanto os arenitos quanto os argilitos apresentam grande quantidade de falhas, fraturas e
os marcadores cinemáticos (estrias e degraus) (Fotos 5.18 e 5.19). No entanto, os níveis mais
argilosos, por serem mais compactos que os arenosos, preservam melhor estas estruturas.
Foto 5.14 – Visão geral de afloramento em falésia mostrando a sequência estratigráfica do Grupo Barrei-
ras. Visada para S. Ponto NTS018: UTM 24L 476705 / 8089827. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.15 – Nível de carvão de aproximadamente 2 metros de espessura, intercalado nos níveis areno-
argilosos do Grupo Barreiras. Visada para W. Ponto NTS 099: UTM 24L 499780 / 8327676. Datum:
Córrego Alegre.
45
Foto 5.16 – Estratificação cruzada nos níveis areno-argilosos do Grupo Barreiras. Ponto NTS102: UTM
24L 499952 / 8340535. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.17 – Dobras convolutas nos níveis argilíticos do Grupo Barreiras. Ponto NTS102: UTM 24L 499952
/ 8340535. Datum: Córrego Alegre.
46
Foto 5.18 – Visão em planta do plano de falha (estrutura planar) em um litotipo do Grupo Barreiras com
caneta e linhas pretas paralelas à estria (estrutura linear e marcador cinemático), sugerindo cinemática
dextral-normal. Ponto NTS 024: UTM 24L 481551 / 8118852. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.19 – Visão geral do afloramento do nível areno-argiloso do Grupo Barreiras mostrando dois pa-
drões de fraturas conjugadas. Ponto NTS 048: UTM 24L 447794 / 8188567. Datum: Córrego Alegre.
Já o topo é composto por arenitos de coloração ocre a alaranjada, rica em alumínio,
de granulometria média a grossa e com intercalações de níveis argilosos. Na porção transicio-
nal para a base ocorrem ora níveis conglomeráticos formando stone lines (Foto 5.20), ora ca-
47
rapaças ferruginosas (Foto 5.21). Estão bastante fraturados, formando diversos padrões para-
lelos e até conjugados entre si (Foto 5.22).
Foto 5.20 – Nível conglomerático formando stone lines intercalados nos arenitos na transição do topo para
a base do Grupo Barreiras. Ponto NTS 048: UTM 24L 476503 / 8071444. Datum: Córrego Alegre.
Foto 5.21 - Contraste de coloração entre o topo do Grupo Barreiras de coloração ocre (rico em alumínio) e
pacotes brancos e avermelhados (argila e ferro precipitados ), marcado por carapaças ferruginosas que
cobrem parcialmente o arenito. A carapaça não afeta o nível ocre. Ponto NTS 025: UTM 24L 481319 /
8113161. Datum: Córrego Alegre.
48
Foto 5.22 – Fraturas conjugadas na cobertura do Grupo Barreiras. As canetas apontam a direção do ten-
sor máximo (σ1) e a bússola aponta para o Norte. Ponto NTS015: UTM 24L 475702 / 8073843. Datum:
Córrego Alegre.
5.3. Coberturas Quaternárias
Estão localizados na faixa litorânea e se sobrepõem no topo do Grupo Barreiras. Em
campo foram visitados apenas dois afloramentos desta unidade: um caracterizado como um
neossolo quartzarênico de depósito litorâneo (Foto 5.23), de coloração cinza esbranquiçado; e
outro caracterizado como um espodossolo de terraço aluvionar (Foto 5.24), também cinza
esbranquiçado. Ambos constituem presença sugestiva de fraturas conjugadas pouco penetrati-
vas, apresentando planos razoavelmente regulares.
Foto 5.23 – Depósito litorâneo com sugestivas fraturas conjugadas. Ponto NTS 048: UTM 24L 476503 /
8071444. Datum: Córrego Alegre.
49
Foto 5.24 – Cobertura recente de terraço aluvionar apresentando sugestivo padrão conjugado de fratura.
Ponto R049: UTM 24L 485498 / 8279723. Datum: Córrego Alegre.
A Figura 5.2 faz uma síntese estratigráfica dos litotipos encontrados na área de estu-
do.
Figura 5.2 – Síntese estratigráfica dos litotipos da área de trabalho.
50
6. RESULTADOS
Os resultados obtidos neste capítulo seguem a seguinte ordem: (i) Análise Geométri-
ca, que consiste em identificar padrões de orientação de planos (falhas, fraturas e foliações) e
lineamentos estruturais sem considerar a cinemática atuante; (ii) Análise Cinemática, visando
a identificação e separação dos padrões de falhas considerando a cinemática presente (dextral,
sinistral, normal e reversa); e (iii) Análise Dinâmica, que consiste em mostrar as principais
orientações de campos de tensão máximo, intermediário e mínimo (σ1, σ2 e σ3, respectivamen-
te). A ordem de apresentação foi definida desta maneira para uma melhor análise dos dados
dos padrões principais.
Os dados obtidos foram coletados em duas unidades geológicas: Embasamento (re-
presentado pelos litotipos pré-cambrianos do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional,
do Grupo Rio Pardo e da Faixa Araçuaí) e Grupo Barreiras. No embasamento, foram tratados
um total de 42 planos de foliações, 31 lineações de estiramento mineral e 2125 planos de fa-
lhas e fraturas, sendo 1302 apresentando uma cinemática atuante. No Grupo Barreiras, 5171
planos de falhas foram medidas, sendo 1908 apresentando uma cinemática associada.
6.1. Análise Geométrica
Neste item, foram analisados lineamentos estruturais em imagem SRTM e as orien-
tações principais das estruturas dúcteis (foliações e lineações de estiramento mineral do em-
basamento) e rúpteis (falhas e fraturas), estes representados por diagramas de rosáceas e de
isodensidade polar.
6.1.1. Imagens SRTM
As imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) neste trabalho servem para
mostrar os contrastes de relevo e traçar favoravelmente os lineamentos estruturais. Foram
traçados um total de 810 lineamentos com um comprimento acumulado de 7.185 km (Figuras
6.1, 6.2 e 6.3).
51
Figura 6.1 – Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando os lineamentos estruturais traça-
dos.
Fonte: Modificado de Bizzi et al., 2003.
52
Figura 6.2 – Imagem SRTM da área de estudo com os lineamentos traçados em amarelo.
Fonte: USGS, 2004.
53
As direções de maior frequência dos lineamentos são representadas por: N110°-120°,
com 82 medidas (10,12%); N170°-180°, com 69 medidas (8,51%); N090°-100°, com 66 me-
didas (8,14%); N100°-110°, com 62 medidas (7,52%); N050°-060°, com 60 medidas (7,41%);
e N000°-010°, com 58 medidas (7,16%). Já as direções de maior comprimento acumulado
são: 856 km para N110°-N120°, 655 km para N100°-N110°, 582 km para N170°-N180°, 538
km para N090°-N100°, 502 km para N060°-N070° e 486 km para N040°-N050°.
Figura 6.3 - Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos estruturais
traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM da área de estudo.
6.1.1.1. Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional (CISCM)
No CISCM um total de 280 lineamentos foram traçados com um comprimento acumu-
lado de 2.505 km (Figura 6.4). As direções de maior frequência dos lineamentos são represen-
tadas por: N170°-180°, com 44 medidas (15,71%); N000°-010°, com 41 medidas (14,64%);
N040°-050°, com 24 medidas (8,57%); N050°-060°, com 22 medidas (7,86%); N090°-100° e
N110°-120°, com 15 medidas cada (5,36%). Já as direções de maior comprimento acumulado
são: 404 km para N170°-N180°, 401 km para N060°-N070°, 273 km para N040°-N050°, 169
km para N110°-N120° e 158 km para N050°-N060°.
54
Figura 6.4 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos estruturais do
CISCM traçados pelos contrastes de relevo sobre a imgem SRTM.
6.1.1.2. Grupo Rio Pardo
No Grupo Rio Pardo um total de 67 lineamentos foram traçados com um comprimento
acumulado de 461 km (Figura 6.5). As direções de maior frequência dos lineamentos são re-
presentadas por: N080°-090°, N000°-010° e N010°-020°, com 6 medidas cada (8,96%);
N070°-080°, N040°-050° e N110°-120°, com 5 medidas cada (8,51%). Já as direções de mai-
or comprimento acumulado são: 48 km para N110°-N120°, 39 km cada para N060°-N070° e
N050°-060°, 38 km para N020°-N030°, 31 km para N120°-N130° e 29 km para N100°-
N110°.
Figura 6.5 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos estruturais do
Grupo Rio Pardo traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM.
55
6.1.1.3. Faixa Araçuaí
Na Faixa Araçuaí um total de 184 lineamentos foram traçados com um comprimento
acumulado de 1.575 km (Figura 6.6). As direções mais frequentes são: N110°-120°, com 21
medidas (11,41%); N090°-110°, N160°-170° e N100°-110°, com 15 medidas cada (8,15%);
N150°-160° e N050°-060°, com 24 medidas cada (7,61%). As direções de maior comprimen-
to acumulado são: 211 km para N110°-N120°, 171 km para N100°-N110°, 123 km para
N090°-N100°, 110 km para N060°-N070° e 103 km para N160°-N170°.
Figura 6.6 - Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos estruturais da
Faixa Araçuaí traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM.
6.1.1.4. Grupo Barreiras
Na Faixa Araçuaí um total de 279 lineamentos foram traçados com um comprimento
acumulado de 1.575 km (Figura 6.7). As direções mais frequentes são: N110°-120°, com 41
medidas (5,06%); N100°-110°, com 34 medidas (4,19%); N090°-100°, com 33 medidas
(4,07%); N060°-070°, com 25 medidas (3,09%); N050°-060°, com19 medidas (2,35%) e
N150°-160°, com 16 medidas cada (1,98%). As direções de maior comprimento acumulado
são: 440 km para N110°-N120°, 343 km para N100°-N110°, 301 km para N090°-N100°, 223
km para N060°-N070°, 203 km para N080°-090° e 163 km para N150°-N160°.
56
Figura 6.7 – Gráficos de rosáceas referentes à quantidade e comprimento dos lineamentos estruturais do
Grupo Barreiras traçados pelos contrastes de relevo sobre a imagem SRTM.
6.1.2. Foliações e Lineações do Embasamento
Foram feitas medidas de estruturas dúcteis em campo nos litotipos do embasamento,
representados pelas unidades CISCM e Faixa Araçuaí. Estas medidas somam um quantitativo
de 42 atitudes de foliação (FP) e 31 de lineação de estiramento mineral (Lx). Os gráficos de
FPs e Lxs estão representados nas figuras 6.8 e 6.9.
A maior freqüência das atitudes de FPs estão nas orientações N010°-020°, com 6
medidas (14,29%); N100°-110°, com 5 medidas (11,90%); e N080°-090°, N110°-120° e
N000°-010°, com 4 medidas cada (9,52%). Para as direções de mergulho (dip), as orientações
mais freqüentes são: N100°-N110°, com 6 medidas (14,29%); N010°-N020°, com 4 medidas
(9,52%); e N170°-N180° e N200°-N210°, com 3 medidas cada (7,14%). O estereograma de
isodensidade mostra uma máxima densidade de concentração dos pólos destes planos em
N282°/12°. Há uma variedade de planos de foliação com mergulhos sub-verticais e sub-
horizontais.
57
Figura 6.8 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de foliações do embasamento coletadas em campo.
As medidas de atitudes das Lxs mostraram maior freqüência nas seguintes orienta-
ções: N130°-140°, com 5 medidas (16,12%) e N160°-170°, com 4 medidas (12,90%). Quanto
às direções de caimento as de maior freqüência são: N130°-N140°, com 5 medidas (16,12%);
e N160°-N170, N150°-N160° e N180°-N190°, com 3 medidas cada (9,68%). No diagrama de
isodensidade, a máxima densidade dos pólos está na orientação N134°/12°. Nota-se que as
atitudes das Lxs apresentam-se, em sua maioria, sub-horizontais, apresentando também, mi-
noritariamente, caimentos sub-verticais.
Figura 6.9 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de lineações de estiramento mineral do coletadas em campo.
Os mapas de foliações principais e de lineações de estiramento são mostradas, res-
pectivamente, nas figuras 6.10 e 6.11.
58
Figura 6.10 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as foliações metamórficas do em-
basamento.
Fonte: Modificado de Bizzi et al., 2003.
59
Figura 6.11 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as lineações de estiramento mine-
ral do embasamento.
Fonte: Modificado de Bizzi et al., 2003.
60
6.1.3. Falhas e Fraturas Totais
Aqui serão apresentadas todas as medidas totais de falhas e fraturas, ou seja, as estru-
turas rúpteis de todas as unidades geológicas, com e sem cinemática. Ao todo, foram medidas
7296 atitudes de falhas e fraturas (Figuras 6.12 e 6.13). Destas, as de maior freqüência são:
N090°-N100°, com 641 medidas (8,79%); N130°-140°, com 589 medidas (8,07%); N140°-
150°, com 579 medidas (7,94%); N010°-020°, com 562 medidas (7,70%); e N070°-080°, com
489 medidas (6,70%). As direções de mergulho mais freqüentes são: N230°-240°, com 449
medidas (6,15%); N000°-010°, com 412 medidas (5,65%); N190°-200° e N240°-250°, com
358 medidas cada (4,91%); e N100°-110°, com 353 medidas (4,84%). O diagrama de isoden-
sidade polar mostra maior concentração polar em N048/00°, indicando que os planos de rup-
tura total apresentam-se, em sua maioria, mergulho vertical. No entanto, estas estruturas tam-
bém apresentam variação de mergulho.
Figura 6. 12 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas e fraturas gerais de todas as unidades geológicas coletadas em campo.
61
Figura 6.13 - Mapa geológico simplificado da área de estudo mostrando as falhas e fraturas gerais.
Fonte: Modificado de Bizzi et al. 2003.
62
6.1.3.1. Falhas e Fraturas Totais do Embasamento
Para as atitudes de planos de falhas e fraturas do Cinturão Itabuna foram obtidas em
campo um total de 19 medidas (Figura 6.14). As direções mais freqüentes foram: N130°-140°,
com 289 medidas (13,60%); N010°-020°, com 235 medidas (11,06%); N100°-110°, com 223
medidas (10,49%); N090°-100°, com 201 medidas (9,46%); e N070°-080°, com 167 medidas
(7,86%). As direções de mergulho mais freqüentes foram: N040°-050°, com 201 medidas
(9,46%); N190°-200°, com 183 medidas (8,61%); N000°-010°, com 169 medidas (7,95%); e
N100°-110°, com 127 medidas (5,98%). A máxima densidade polar no diagrama de isodensi-
dade polar está em N009°/09°, apresentando uma variação de padrões de fraturas e falhas sub-
horizontal e sub-vertical.
Figura 6.14 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas e fraturas gerais do Embasamento coletadas em campo.
6.1.3.2. Falhas e Fraturas Totais do Grupo Barreiras
De todas as unidades citadas, esta é a que apresenta um maior número de atitudes de
falhas e fraturas coletadas: 5171 medidas (Figura 6.15). A maior freqüência das direções está
nos seguintes trends: N140°-150°, com 474 medidas (9,17%); N090°-100°, com 440 medidas
(8,51%); N010°-020°, com 327 medidas (6,32%); e N070°-080°, com 322 medidas (6,23%).
As direções de mergulho mais frequentes são: N230°-240°, com 377 medidas (7,29%);
N240°-250°, com 284 medidas (5,49%); N260°270°, com 269 medidas (5,20%); N130°-140°,
com 246 medidas (4,76%); e N000°-010°, com 243 medidas (4,70%). O diagrama de isoden-
sidade polar mostra maior concentração em N050°/00°. As medidas obtidas em campo mostra
que a maioria dos planos apresenta mergulho vertical.
63
Figura 6.15 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas e fraturas gerais do Grupo Barreiras coletadas em campo.
6.2. Análise Cinemática
Para a análise cinemática, foi feito um tratamento de dados estatísticos dividindo as
estruturas de acordo com a sua cinemática, se dextral, sinistral, normal ou reversa. Este méto-
do será adotado para cada unidade geológica para obter uma melhor visualização dessa análi-
se ao longo do tempo geológico.
6.2.1. Embasamento
Serão apresentados abaixo os padrões rúpteis para cada cinemática do Embasamento:
Dextral, Sinistral, Normal e Reversa.
6.2.1.1. Falhas Normais do Embasamento
Ao todo, 240 atitudes de falhas normais foram coletadas nesta unidade (Figura 6.16).
As direções de maior frequência são: N010°-020°, com 70 medidas (29,17%); N140°-150°,
com 60 medidas; N050°-060°, com 45 medidas (18,75%); e N110°-120°, com 30 medidas
(12,50%). As direções de mergulho mais frequentes são: N230°-240°, com 60 medidas
(25,00%); N320°-330°, com 45 medidas (18,75%); N280°-290°, com 40 medidas (16,67%); e
N100°-110° e N200°-210°, com 30 medidas (12,50%). O diagrama de isodensidade polar
64
apresenta maior concentração polar em N055°/21°, sugerindo que as falhas são sub-verticais
em sua maioria.
Figura 6.16 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas normais do Embasamento coletadas em campo.
6.2.1.2. Falhas Reversas do Embasamento
Ao todo, 190 medidas de falhas reversas foram coletadas no Embasamento (Figura
6.17). As direções de strike apresentam maior frequência em: N070°-080°, com 80 medidas
(42,11%); N130°-140°, com 60 medidas (31,58%); N090°-100°, com 35 medidas (18,42%); e
N000°-010°, com 15 medidas (7,89%). As direções de dip mais frequentes são: N340°-350°,
com 80 medidas (42,11%); N040°-050°, com 60 medidas (31,58%); N000°-010°, com 35
medidas (18,42%); e N090°-100°, com 15 medidas (7,89%). No diagrama de isodensidade
polar, a maior frequencia dos pólos está em N225°/06°, demonstrando que as falhas dextrais
apresentam em sua maioria alto ângulo de mergulho, com uma pequena variância de mergu-
lho sub-horizontal.
65
Figura 6.17 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas reversas do Embasamento coletadas em campo.
6.2.1.3. Falhas Dextrais do Embasamento
Foram medidas no total 425 falhas dextrais no Embasamento (Figura 6.18). Destas,
as direções mais frequentes são: N100°-110°, com 115 medidas (27,06%); N020°-030°, com
75 medidas (17,65%); e N130°-140°, com 36 medidas (8,47%). As direções de mergulho
mais frequentes são: N190°-200°, com 105 medidas (24,71%); N110°-120°, com 75 medidas
17,65%); e N040°-050°, com 35 medidas (8,23%). O estereograma de isodensidade polar in-
dica uma maior freqüência polar em N009/°09°. De um modo geral, a maioria das falhas
apresenta mergulho sub-vertical.
Figura 6. 18 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas dextrais do Embasamento coletadas em campo.
6.2.1.4. Falhas Sinistrais do Embasamento
66
No total, foram coletadas 447 medidas de falhas de cinemática sinistral no Embasa-
mento (Figura 6.19). As direções de strike apresentam maior frequência em: N090°-100°,
com 121 medidas (27,07%); N010°-020°, com 36 medidas (15,88%); N050°-060°, com 51
medidas (11,41%); e N070°-080°, com 47 medidas (10,51%). As direções de dip mais fre-
quentes são: N000°-010°, com 91 medidas (20,36%); N100°-110°, com 51 medidas (11,41%);
N340°-350°, com 35 medidas (7,83%); e N140°-150°, com 31 medidas (6,94%). No diagrama
de isodensidade polar, a maior frequencia dos pólos está em N180°/09°, demonstrando que as
falhas dextrais apresentam em sua maioria alto ângulo de mergulho, com uma pequena vari-
ância de mergulho sub-horizontal.
Figura 6.19 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas sinistrais do Grupo Rio Pardo coletadas em campo.
6.2.2. Grupo Barreiras
Serão apresentados abaixo os padrões rúpteis para cada cinemática do Grupo Barrei-
ras: Dextral, Sinistral e Normal.
6.2.2.1. Falhas Normais do Grupo Barreiras
No total, 80 atitudes de falhas normais foram coletadas no Grupo Barreiras (Figura
6.20). As direções de maior frequência são: N130°-140°, com 45 medidas (56,25%); N160°-
170°, com 20 medidas (25,00%); e N170°-180°, com 15 medidas (18,75%). As direções de
mergulho mais frequentes são: N220°-230°, com 30 medidas (37,50%); N070°-080°, com 20
medidas (25,00%); N260°-270° e N040°-050°, com 15 medidas cada (18,75%). O diagrama
de isodensidade polar apresenta maior concentração polar em N044°/12°, demonstrando que
apesar de as falhas terem cinemáticas normais, elas apresentam alto ângulo de mergulho.
67
Figura 6.20 - Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas normais do Grupo Barreiras coletadas em campo.
6.2.2.2. Falhas Dextrais do Grupo Barreiras
Para as atitudes de planos de falhas dextrais do Grupo Barreiras foram obtidas em
campo um total de 932 medidas (Figura 6.21). As direções mais freqüentes foram: N160°-
170°, com 97 medidas (10,41%); N090°-100°, com 94 medidas (10,08%); N120°-130°, com
90 medidas (9,65%); e N020°-030°, com 79 medidas (8,48%). As direções de mergulho mais
freqüentes foram: N000°-010°, com 68 medidas (7,30%); N260°-270°, com 62 medidas
(6,65%); N110°-120°, com 61 medidas (6,55%); N130°-140°, com 57 medidas (6,12%); e
N030°-040°, com 50 medidas (5,36%). A máxima densidade polar no diagrama de isodensi-
dade polar está em N180°/09°, apresentando um padrão de falhas sub-vertical.
Figura 6.21 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas dextrais do Grupo Barreiras coletadas em campo.
68
6.2.2.3. Falhas Sinistrais do Grupo Barreiras
Para as orientações de planos de falhas sinistrais do Grupo Barreiras foram obtidas
em campo, ao todo, 896 medidas (Figura 6.22). As direções de strike mais freqüentes são:
N150°-160°, com 107 medidas (11,81%); N010°-020°, com 95 medidas (10,49%); e N090°-
100°, com 87 medidas (9,60%). Quanto às direções de dip as de maior freqüência: N100°-
110°, com 94 medidas (10,38%); N240°-250°, com 92 medidas (10,15%); N000°-010°, com
70 medidas (18,75%); e N260°-270°, com 59 medidas (6,51%). O diagrama de isodensidade
polar apresenta maior concentração polar em N064°/03°. Em geral, os planos de ruptura sinis-
trais apresentam mergulhos sub-verticais.
Figura 6.22 – Rosáceas de Strike e Dip e estereograma de Isodensidade Polar no hemisfério inferior das
medidas de falhas sinistrais do Grupo Barreiras obtidas em campo.
6.3. Análise Dinâmica
A análise dinâmica é feita a partir das orientações dos campos de tensão principais
máximos, intermediários e mínimos, representados pelos símbolos σ1, σ2 e σ3, respectivamen-
te. Estas medidas foram obtidas a partir do método de inversão que utiliza as falhas e estrias
(marcadores cinemáticos), coletados em campo, para obtenção desses dados. Para uma melhor
análise dos dados, os tensores principais foram separados por unidade geológica atuante e por
cinemática das falhas originadas.
69
6.3.1. Tensores Totais
Ao todo foram calculadas 299 medidas de orientações dos três tensores principais
(σ1, σ2 e σ3) (Figuras 6.23, 6.24 e 6.25). Os dados aqui apresentados representam todos os
tensores juntos, independente da unidade geológica.
As direções mais frequentes do tensor máximo (σ1) foram: N140°-150°, com 30 me-
didas (10,03%); N130°-140° e N160°-170°, com 22 medidas cada (7,36%); e N040°-050° e
N060°-070°, com 19 medidas cada (6,35%). O diagrama de isodensidade polar apresentou
maior concentração em N142°/00°. Os tensores apresentam caimentos sub-horizontais a hori-
zontais.
As direções mais frequentes do tensor intermediário (σ2) foram: N090°-100°, com
189 medidas (63,21%); N170°-180°, com 12 medidas (4,01%); e N050°-060°, com 10 medi-
das (3,34%). O diagrama de isodensidade polar apresentou maior concentração em
N000°/90°. Os tensores apresentam caimentos em sua maioria verticais.
As direções mais frequentes do tensor mínimo (σ3) foram: N050°-060°, com 28 me-
didas (9,36%); N040°-050° e N070°-080°, com 22 medidas cada (7,36%); e N160°-170° e
N090°-100°, com 20 medidas cada (6,69%). O diagrama de isodensidade polar apresentou
maior concentração em N052°/00°. Os tensores apresentam caimentos sub-horizontais a hori-
zontais.
70
Figura 6.23 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior das
medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3).
71
Figura 6.24 - Mapa de tensores principais (σ1, σ2 e σ3) da área de estudo.
Fonte: Modificado de Bizzi et al., 2003.
72
Figura 6.25 - Mapas de tensores principais (separados) da área de estudo. (a) tensor mínimo (σ3), (b) ten-
sor intermediário (σ2) e (c) tensor máximo (σ1).
Fonte: Modificado de Bizzi et al., 2003.
73
6.3.2. Tensores Principais do Embasamento
Foram obtidas ao todo 64 medidas de orientações dos três tensores principais (σ1, σ2
e σ3) de todas as falhas no Embasamento (Figura 6.26).
As direções mais frequentes de σ1 foram: N060°-070°, com 7 medidas (10,94%); e
N020°-030°, N040°-050° e N140°-150°, cada um com 3 medidas (9,38%). O diagrama de
isodensidade polar apresentou maior concentração em N141°/03°. Os tensores apresentam
caimentos sub-horizontais a sub-verticais.
A orientação de direção principal de σ2 mais freqüente foi N090°-100°, com 13 me-
didas (31,58%), com diagrama de isodensidade polar apresentando maior concentração em
N000°/90°. Os tensores apresentam caimentos em sua maioria verticais e sub-verticais, embo-
ra possuem também caimentos sub-horizontais.
As direções mais frequentes de σ3 foram: N020°-030° e N030°-040°, cada um com 6
medidas (6,25%); N000°-010° e N150°-160°, com 5 medidas cada. O diagrama de isodensi-
dade polar apresentou maior concentração em N216°/00°. Os tensores apresentam caimentos
de ângulos variáveis.
74
Figura 6. 26 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior
das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) do Embasamento.
75
6.3.2.1. Tensores de Falhas Normais do Embasamento
Foram calculadas 8 medidas de orientações dos três tensores principais (σ1, σ2 e σ3)
geradores de falhas normais no Embasamento (Figura 6.27).
A direção mais frequente de σ1 foi N040°-050°, com 2 medidas (25,00%). O diagra-
ma de isodensidade polar mostra que a maior concentração está na orientação N110°/54°, com
caimentos de predominância sub-vertical.
A direção mais frequente de σ2 foi N130°-140°, com 2 medidas (25,00%). O diagra-
ma de isodensidade polar mostra que a maior concentração está na orientação N198°/00°, com
caimentos sub-horizontais.
A direção mais frequente de σ3 foi N030°-040°, com 2 medidas (25,00%). O diagra-
ma de isodensidade polar mostra que a maior concentração está na orientação N287°/36°, com
caimentos de ângulos menores que 45°.
76
Figura 6.27 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior
das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas normais do Embasamento.
77
6.3.2.2. Tensores de Falhas Reversas do Embasamento
Foram calculadas 8 medidas de orientações dos três tensores principais (σ1, σ2 e σ3)
geradores de falhas reversas no Embasamento (Figura 6.28).
A direção mais frequente de σ1 foi N140°-150°, com 2 medidas (25,00%). O diagra-
ma de isodensidade polar mostra que a maior concentração está na orientação N328°/33°, com
caimentos de ângulos menores que 45°.
As direções mais frequentes de σ2 foram: N070°-080°, com 3 medidas (37,50%); e
N130°-140°, com 2 medidas (25,00%). O diagrama de isodensidade polar apresenta maior
concentração em N070°/21°, com caimentos predominantemente sub-horizontais.
A direção mais frequente de σ3 foi N030°-040°, com 2 medidas (25,00%). O diagra-
ma de isodensidade polar apresenta maior concentração em N189°/51°.
78
Figura 6.28 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior das
medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas reversas do Embasamento.
79
6.3.2.3. Tensores de Falhas Transcorrentes do Embasamento
Ao todo foram obtidas 48 medidas de orientações dos três tensores principais (σ1, σ2
e σ3) geradores de falhas transcorrentes no Embasamento (Figura 6.29).
As direções de σ1 de maior frequência foram: N060°-070°, com 7 medidas (14,58%);
N020°-030°, N110°-120°, N120°-130° e N170°-180°, cada um com 4 medidas (6,25%). O
diagrama de isodensidade polar apresentou maior concentração em N143°/03°. Os tensores
apresentam caimentos majoritariamente sub-horizontais, com sub-verticais subordinados.
A direção mais frequente de σ2 foi N090°-100°, com 13 medidas (27,08%). O dia-
grama de isodensidade polar apresentou maior concentração em N000°/90°. Os tensores apre-
sentam caimentos majoritariamente verticais e sub-verticais.
As direções de σ3 de maior frequência foram: N020°-030° e N150°-160°, com 5 me-
didas cada (10,42%); N030°-040°, N050°-060° e N060°-070°, cada um com 4 medidas
(8,33%). O diagrama de isodensidade polar apresentou maior densidade em N036°/00°. Os
tensores apresentam caimentos horizontais a sub-horizontais.
80
Figura 6.29 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior das
medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas transcorrentes do Embasamento.
81
6.3.3. Tensores Principais do Grupo Barreiras
Foram obtidas ao todo 235 orientações 3-D de campos de tensão de cada tensor prin-
cipal (σ1, σ2 e σ3) no Grupo Barreiras (Figura 6.30).
As direções mais frequentes do σ1 foram: N140°-N150°, com 24 medidas (10,21%),
N130°-N140° e N160°-N170°, com 18 medidas cada (7,66%); N000°-010°, com 15 medidas
(6,38%); e N050°-060°, com 14 medidas (5,96%). O diagrama de isodensidade polar apresen-
tou maior concentração em N142°/00°. Os tensores apresentam caimentos em sua maioria
horizontais.
As direções mais frequentes do σ2 foram: N090°-N100°, com 176 medidas (74,90%),
N140°-N150°, com 9 medidas cada (3,83%); e N160°-170°, com 7 medidas (2,98%). O este-
reograma de isodensidade polar apresentou maior concentração em N000°/90°. Os tensores
apresentam caimentos em sua maioria verticais.
As direções mais frequentes do σ3 foram: N050°-060°, com 24 medidas (10,21%);
N040°-050°, com 20 medidas (8,51%); N070°-080°, com 18 medidade (7,66%); N160°-170°
e N090°-100°, com 16 medidas cada (6,81%). O diagrama de isodensidade polar apresentou
maior concentração em N052°/00°. A maioria dos tensores apresenta caimentos horizontais.
82
Figura 6.30 – Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior
das medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) do Grupo Barreiras.
83
6.3.3.1. Tensores de Falhas Normais do Grupo Barreiras
Foram obtidas ao todo 3 orientações 3-D de campos de tensão de cada tensor princi-
pal (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas normais no Grupo Barreiras (Figura 6.31).
As direções mais frequentes do σ1 foram: N020°-N030°, N040°-N050° e N160°-
N170°, com 1 medida cada (33,33%). O diagrama de isodensidade polar apresentou maior
densidade em N168°/60°. Os tensores apresentam caimentos sub-horizontais a sub-verticais.
As direções mais frequentes do σ2 foram: N010°-N020°, N130°-N140° e N330°-
N340°, com 1 medida cada (33,33%). O diagrama de isodensidade polar apresentou maior
densidade em N330°/30°. Os tensores apresentam caimentos sub-horizontais a sub-verticais.
As direções mais frequentes do σ3 foram: N110°-N120°, N040°-N050° e N060°-
N070°, com 1 medida cada (33,33%). O diagrama de isodensidade polar apresentou maior
densidade em N112°/03°, com caimentos sub-horizontais.
84
Figura 6.31 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior das
medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas normais do Grupo Barreiras.
85
6.3.3.2. Tensores de Falhas Transcorrentes do Grupo Barreiras
Foram obtidas ao todo 232 orientações 3-D de campos de tensão de cada tensor prin-
cipal (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas normais no Grupo Barreiras (Figura 6.32).
As direções mais frequentes do σ1 foram: N140°-N150°, com 24 medidas (10,34%),
N130°-N140°, com 18 medidas; N160°-N170° (7,76%), N160°-170°, com 17 medidas
(7,33%); N000°-010°, com 15 medidas (6,38%); e N100°-110°, com 14 medidas (6,03%). O
estereograma de isodensidade polar apresentou maior concentração em N142°/00°. A maioria
dos tensores apresenta caimentos horizontais.
As direções mais frequentes do σ2 foram: N090°-N100°, com 176 medidas (75,86%),
N140°-N150°, com 9 medidas cada (3,88%); e N160°-170°, com 7 medidas (3,02%). O este-
reograma de isodensidade polar apresentou maior concentração em N000°/90°. Os tensores
apresentam caimentos em sua maioria verticais.
As direções mais frequentes do σ3 foram: N050°-060°, com 24 medidas (10,35%);
N040°-050°, com 19 medidas (8,19%); N070°-080°, com 18 medidade (7,76%); N160°-170°
e N090°-100°, com 16 medidas cada (6,90%). O diagrama de isodensidade polar apresentou
maior concentração em N052°/00°. Os tensores apresentam caimentos sub-horizontais e hori-
zontais.
86
Figura 6.32 - Rosáceas de direção e caimento e diagramas de isodensidade polar no hemisfério inferior das
medidas dos tensores principais (σ1, σ2 e σ3) geradoras de falhas transcorrentes do Grupo Barreiras.
87
7. DISCUSSÕES
A grande quantidade de informações mostradas neste trabalho permitiu uma discus-
são ampla sobre a neotectônica litorânea no sul do estado da Bahia. Os aspectos tomados co-
mo base são:
(i) A influência da herança do embasamento que reflete nas estruturas neoforma-
das do Grupo Barreiras, através do grau de paralelismo entre estas e as estrutu-
ras pretéritas do embasamento;
(ii) O arranjo geométrico do arcabouço estrutural da área de trabalho;
(iii) O comportamento cinemático das falhas na geração e atuação da evolução tec-
tônica do Litoral Sul da Bahia;
(iv) A evolução dinâmica da área.
7.1. Herança do Embasamento
As foliações (FP) encontradas no embasamento apresentaram dois padrões principais
N010°-020° e N100°-110°. O padrão N010°-020° corresponde à foliação do Cinturão Itabu-
na-Salvador-Curaçá Meridional (CISCM), sub-vertical. Já o padrão N100°-110° representa as
foliações da Faixa Araçuaí e do Grupo Rio Pardo, ambas dobradas segundo planos de alto
ângulo, como observado no gráfico de isodensidade. As direções principais encontradas foram
bem aproveitadas como orientações preferenciais para a origem dos planos de falhas e fraturas
do embasamento e do Grupo Barreiras, visto que estes padrões ocorrem com expressividade.
Os padrões de lineação de estiramento mineral (Lx) predominantes foram N130°-
140° e N160°-170°, correspondentes às lineações do CISCM e da Faixa Araçuaí, respectiva-
mente. As lineações também serviram como planos de fraquezas das estruturas rúpteis.
Ao analisar os lineamentos traçados nas Imagens SRTM, quatro direções se desta-
cam entre as mais frequentes: N000°-N010°, N090°-100°, N110°-120° e N050°-060°. No
embasamento, a direção N000°-010° é mais frequente no Itabuna-Salvador-Curaçá Meridio-
nal, a N090°-100° e N110-120° é mais frequente no Grupo Rio Pardo, na Faixa Araçuaí e no
Grupo Barreiras e o N050°-060° aparece de forma subordinada em todas as unidades.
Analisando os gráficos da Figura 7.1, verifica-se que os principais trends das falhas e
fraturas totais são: N010°-020°, N090°-100° e N130°-140°, com uma predominância de mer-
gulhos subverticais. Esses padrões correspondem, respectivamente, às orientações de foliação
88
do CISCM, às orientações de foliação da Faixa Araçuaí e do Grupo Rio Pardo (como visto
anteriormente) e à Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá (ZCIP). Nota-se que dois padrões
sugerem um sistema de pares sub-ortogonais, que são N010°N090°. Existe um outro padrão
na figura que é N070°-080° que também faz parte da Faixa Araçuaí. Apesar de não aparecer
de forma significativa na Figura 7.1, existe uma orientação regional N040°-050°, correspon-
dente à direção da Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia (ZCIIC), mostrando um
grau de ortogonalidade com o padrão N130°-140° da ZCIP, formando outro sistema ortogonal
N040°N130°.
Figura 7.1 - Gráfico de rosáceas de falhas e fraturas totais mostrando os trends principais correlacionados
às principais orientações regionais. CISCM = Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá Meridional; GRP =
Grupo Rio Pardo; FA = Faixa Araçuaí; ZCIIC = Zona de Cisalhamento Itabuna-Itaju do Colônia; ZCIP
= Zona de Cisalhamento Itapebi-Potiraguá.
Os mesmos padrões N010°-020°, N040°-050°, N090-100° e N130°-140° apresentam
mergulhos maiores que 50° e são as famílias de grande expressividade no embasamento. Estes
padrões também ocorrem no Grupo Barreiras, como pode ser visto na Figura 7.2, o que sugere
que essas estruturas foram reaproveitadas e passadas para os pacotes sedimentares do Grupo
Barreiras durante o Cenozoico, gerando assim estruturas neoformadas.
A família N010°-020° apresenta um grau de paralelismo com a linha de costa, o que
sugere ser um plano de fraqueza que foi reaproveitado durante a abertura do Atlântico Sul, no
Mesozoico, em que houve a ruptura do Pangea e a formação do Atlântico Sul, sendo de regi-
me tectônico gravitacional, marcada por um sistema de falhas de cinemática normal, as quais
serão abordadas no item 7.2.1 deste capítulo.
A família N130°-140°, correspondente à ZCIP (Neoproterozoico), é mais notada cor-
tando os litotipos do CISCM e adentram no Grupo Barreiras sem maiores problemas. Além
disso, apresenta paralelismo com os lineamentos estruturais da Bacia de Cumuruxatiba, onde
89
há um prolongamento SE da ZCIP. Esta família pode ser correspondente à posição dos vales
largos (baixo estrutural), onde estão instalados sobre o Grupo Barreiras, como deduzidos por
Saadi (1999) e Lima (2002).
Figura 7.2 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar de falhas e fraturas totais
do embasamento e do Grupo Barreiras, onde são destacados os padrões mais frequentes com linhas retas
coloridas e que ocorrem nas duas unidades.
A partir das análises de estruturas dúcteis e rúpteis e das Imagens SRTM, verifica-se
a importância da herança estrutural do embasamento, que se apresenta como um fator deter-
minante para a formação das estruturas cenozoicas do Grupo Barreiras, estas últimas eviden-
ciando a Neotectônica atuante a partir da reativação de estruturas antigas.
90
7.2. Discussão Cinemática
7.2.1. Falhas Normais
Os padrões N010°-020°, N140°-150° e N050°-060° são correspondentes às falhas
normais do quebramento regional. No embasamento, todos estes padrões estão presentes,
apresentando mergulho de alto ângulo (maior que 65°) e, destes, os N050°-060° e N140°-
150° sugerem um quebramento ortogonal. O padrão N010°-020° é a mais frequente e a que
mais se aproxima do grau de paralelismo com a faixa litorânea do sul da Bahia, o que reforça
a hipótese de que houve uma tectônica inicial gravitacional nesta direção durante o Mesozoi-
co. No Grupo Barreiras, apenas a família N130°-140° (sub-paralela com a N140°-150°) ocor-
re com expressividade, seguindo novamente a relação direta da herança do embasamento na
geração das estruturas neoformadas. A ausência dos outros padrões no Grupo Barreiras mos-
tra que estes são os mais antigos e a tendência é que estes planos mais antigos com o tempo
foram deteriorados e não se preservaram localmente. Pode-se verificar nesta família que exis-
te um paralelismo com a orientação dos vales largos de fundos planos, correspondentes aos
vales dos rios João de Tiba, Buranhém, Frades e Jucuruçu, representando baixos estruturais
vistos em imagens de satélite (SAADI, 1999; LIMA, 2002), o que reforça a hipótese de reati-
vação de estruturas antigas do embasamento na área de estudo.
A Figura 7.3 mostra os gráficos de rosáceas e de isodensidade das falhas normais do
embasamento e do Grupo Barreiras, permitindo uma melhor visualização e comparação entre
as duas unidades.
7.2.2. Falhas Reversas
Poucas falhas de cinemática reversa foram medidas na área de estudo. Estas estrutu-
ras aparecem apenas no embasamento, mais especificamente no Grupo Rio Pardo, sendo as-
sim não ocorrendo no Grupo Barreiras, o que sugere que são de fases bem mais antigas e que
não tiveram influência na evolução da área. O padrão principal encontrado foi N070°-080°,
com subordinado padrão N130°-140°, este paralelo a um dos padrões de falhas normais do
embasamento, sugerindo que estas falhas reversas podem ter aproveitado a direção preferen-
cial para se propagarem.
91
Figura 7.3 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas normais do
embasamento e do Grupo Barreiras, onde é destacado o padrão em que ocorre nas duas unidades.
Estas falhas foram originadas pela ação de um tensor mínimo (σ3) de caimento médio
maior que 55° e de um tensor intermediário (σ2) e máximo (σ1) sub-horizontais. Devido à es-
cassez de dados de campo não foi possível estabelecer uma direção preferencial de variação
entre os dois tensores.
7.2.3. Falhas Transcorrentes
Neste item serão mostrados os padrões principais das falhas dextrais (D) e sinistrais
(S), e optou-se em não padronizar as mesmas, pois um mesmo padrão de falhas dextrais por
vezes aparece como sinistrais e vice-versa, evidenciando a variação de posição dos tensores
principais σ1 e σ3. Além disso, as falhas transcorrentes podem exibir sistemas de pares con-
jugados (dois planos de cinemáticas diferentes cujo ângulo agudo entre eles é cerca de 60° e
são gerados por um mesmo σ1 sub-horizontal localizado na bissetriz desse ângulo, σ2 vertical
92
e σ3 sub-horizontal) e pares ortogonais entre si, e é necessário fazer um estudo detalhado
associando estes sistemas para cada unidade geológica. As falhas transcorrentes provavelmen-
te correspondem às falhas transversais regionais da área de trabalho e a maioria apresenta
mergulhos de ângulos superiores a 70°.
No embasamento, os padrões dextrais principais são N100°-110°, N020°-030° e
N130°-140°; e os padrões sinistrais são N090°-100° e N010°-020°. Os padrões N020° (D) e
N090° (S) formam um ângulo entre eles de 70°, demonstrando que são aproximadamente con-
jugadas entre si, gerados por um σ2 verticalizado, um σ1 sub-horizontal de direção NE-SW e
um σ3 sub-horizontal posicionado NW-SE. Já os padrões N100° (D) e N010° (S) formam um
sistema ortogonal entre si, também originados por um σ2 vertical, um σ1 e um σ3 sub-
horizontais de direções NE-SW e NW-SE, respectivamente.
No Grupo Barreiras a Neotectônica deu origem aos principais padrões de falhas dex-
trais N160°-170°, N090°-100°, N020°-030° e N120°-130°, além dos principais sinistrais, que
são N150°-160°, N090°-100° e N010°-020°. Três padrões conjugados são visíveis na unida-
de: N090º (D) X N150º (S); N120° (D) X N010° (S); N020° (D) X N090° (S). O primeiro
sistema conjugado forma um ângulo de 60º e 70° entre si, respectivamente, demonstrando que
são conjugadas geradas provavelmente de um σ2 vertical, com σ1 sub-horizontal de direção
NW-SE e σ3 sub-horizontal posicionado NE-SW. O segundo padrão conjugado, N120°-010°
sugere σ2 vertical, com σ1 sub-horizontal de direção NNW-SSE e σ3 sub-horizontal posiciona-
do ENE-WSW. O padrão N020° (D) X N090° (S) também apresenta σ2 vertical, mas com σ1
sub-horizontal de direção NE-SW e σ3 sub-horizontal posicionado NW-SE e possuem o mes-
mo trend dos planos conjugados do embasamento. Quanto aos padrões ortogonais, foi obser-
vado apenas um: N090° (D) X N010° (S), facilmente observado no embasamento, com σ1 e σ3
sub-horizontais posicionados NW-SE e NE-SW, respectivamente.
Pode-se observar que o padrão sinistral N010°-020° (S) apresenta a mesma orienta-
ção de um dos trends principais das falhas normais da área de trabalho, como pode ser visto
no item 7.2.1. Isso também é observado no padrão sub-paralelo dextral N020°-030° (D). A
explicação pode ser que o padrão de falhas normais N010°-020°, que foi gerado numa fase de
tectônica gravitacional, evoluiu gradativamente pra uma fase de tectônica transcorrente, onde
foram reativadas como falhas strike-slip, haja vista que os campos de tensão principais irão
atuar primeiramente nos planos de fraqueza já impressos nos litotipos. Como há dois planos
sub-paralelos de cinemáticas diferentes, a tendência é que o tensor máximo (σ1) e o tensor
93
mínimo (σ3), sub-horizontais, troquem de posição periodicamente, em um chamado “efeito
sanfona” ou push and pull (compressão e extensão). Este efeito será explicado no item 7.4.
A família N090°-100°, embora não apareça nas falhas normais, apresenta uma gran-
de importância na evolução tectônica na área de trabalho, pois ocorre como trend principal
das fraturas totais e nas falhas de cinemáticas dextral e sinistral. Isso explica que pode ter ha-
vido uma reativação desse padrão numa fase logo após o regime tectônico gravitacional, ou
seja, na fase em que houve a transcorrência aproveitou o plano de fraqueza e reativou como
falhas strike-slip. Como também são de cinemáticas diferentes, o efeito push and pull pode
ser aplicado neste padrão.
O padrão N160°-170° ocorre sem associação a padrões conjugados (não é possível
verificar esse padrão nos gráficos da Figura 7.4), sendo assim os padrões de σ1 estão a apro-
ximadamente 45º dos padrões dessa falha. O tensor máximo (σ1) e o tensor mínimo (σ3) são
sub-horizontais e apresentam orientações NNE-SSW e ESE-WNW, respectivamente.
A Figura 7.4 retomam todos os gráficos de falhas dextrais e sinistrais mostrados no
capítulo anterior a fim de uma melhor visualização e comparação das estruturas ao longo das
unidades geológicas.
7.2.4. Síntese Cinemática
Considerando as discussões propostas acima, é possível uma breve síntese sobre a
evolução dos padrões das falhas normais e transcorrentes.
No Mesozoico, durante a abertura do Oceano Atlântico Sul, predominava-se uma
tectônica gravitacional em que foram geradas falhas de cinemática normal. No Sul do estado
da Bahia, estas falhas normais são representadas pelas famílias N140°-150°, N050°-060° e
N010°-090°, sendo as duas primeiras ortogonais entre si e apresentando o mesmo trend dos
ZCIIC e da ZCIP, cujos lineamentos estruturais são propagados nas bacias offshore do sul da
Bahia (RODARTE & COUTINHO, 1999), e a última apresentando um nítido grau de parale-
lismo com a faixa litorânea. Estas famílias aparecem com mais frequência no embasamento,
enquanto que no Grupo Barreiras prevalece apenas a família N130°-140°, sub-paralela à famí-
lia N140°-150° do embasamento, o que sugere que a Neotectônica atuante reativou apenas
esta família mais antiga do embasamento numa fase posterior à abertura, preservando os mar-
cadores cinemáticos.
94
Figura 7.4 - Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas dextrais e sinis-
trais do embasamento e do Grupo Barreiras.
95
Neste caso, existe uma fase inicial (neste trabalho será chamada de Fase Pré-
Barreiras), onde os padrões normais N140°-150°, N050°-060° e N010°-090° ainda não foram
afetados pela Neotectônica, ou seja, seria uma fase mais antiga.
Mais recente, surgiu uma outra fase (Fase 1), em que apenas a família N140°-150°
foi reativada com a mesma cinemática dentro do Grupo Barreiras. A explicação dessa reativa-
ção tectônica no Grupo Barreiras se dá pela carga de sedimentos que, por peso, geram um
esforço flexural.
Numa segunda fase as falhas normais são reativadas para transcorrentes e numa ter-
ceira fase novos padrões transversais de falhas transcorrentes são originados.
A seguir, serão discutidos os tensores principais (σ1, σ2 e σ3) com a finalidade de cri-
ar um modelo dinâmico evolutivo para as estruturas encontradas na área de estudo.
7.3. Discussão Dinâmica
A discussão dinâmica retrata sobre a criação de um modelo evolutivo e, consequen-
temente, uma proposta sobre quais os mecanismos formadores os campos de tensão que gera-
ram as estruturas encontradas na área de estudo. Para isso, é necessário destrinchar os gráficos
de isodensidade polar dos campos de tensão. No item 6.3 (Análise Dinâmica – Capítulo 6:
RESULTADOS), foi observado que alguns tensores apresentam mergulhos verticais e outros
horizontais, e isso depende da cinemática a qual a falha está associada. Falhas normais, em
geral, são geradas por um σ1 sub-vertical e tensores σ2 e σ3 sub-horizontais; falhas transcor-
rentes por um σ2 sub-vertical e σ1 e σ3 sub-horizontais; falhas reversas por σ3 sub-vertical e σ1
e σ2 sub-horizontais.
7.3.1. Tensores de Falhas Normais
Durante o tratamento de dados, foram selecionados apenas os tensores principais ge-
radores das falhas normais do embasamento e do Grupo Barreiras, com a finalidade de enten-
der o comportamento destes ao longo do tempo geológico. Vale salientar que, para efeitos de
tectônica gravitacional, o caimento do σ1 é sub-vertical.
No embasamento, através dos gráficos da figura 6.27, o σ2 apresenta uma direção
frequente NE-SW, no entanto as direções N-S e NE-SW também são significativas. Este σ3
NE-SW é correspondente com a família N050°-060°, enquanto que o N-S e o NE-SW apre-
96
sentam-se dentro do campo de atuação que originou as falhas N010°-020° e N140°-150°, res-
pectivamente. É observado que o tensor σ3 também atua NE-SW e NW-SE, indicando que o
σ3 muda de posição com o σ2 periodicamente para gerar as duas principais famílias ortogonais
N050°-060° e N140°-150°, formados na Fase Pré-Barreiras.
No Grupo Barreiras, σ2 é correspondente à posição NW-SE, enquanto que o σ3 é NE-
SW, ou seja, não exibe o mesmo comportamento ortogonal do embasamento. Como foi dito
anteriormente, o N140° do Grupo Barreiras em uma fase posterior reaproveitou a falha de
mesmo trend do embasamento.
A hipótese para a geração dos dois padrões ortogonais de falhas normais do emba-
samento obedece ao Modelo de Reches (1978), que aponta que existe um padrão de falhamen-
to no qual se formam quatro sets de falhas com simetria ortorrômbico-romboédrica e que são
produzidos por deformação tridimensional (triaxial) irrotacional, com estrias paralelas à inter-
seção das falhas (CORRÊA-GOMES et al., 2005b) (Figura 7.5). Sendo assim, sugere-se que
enquanto o tensor σ1 se posicionava na vertical, os tensores sub-horizontais σ2 e σ3 se alterna-
vam, ou seja, trocavam de posição periodicamente.
Embora o padrão ortorrômbico seja bem visível no embasamento, isso não acontece
no Grupo Barreiras, que possui apenas uma direção reaproveitada (N140°), como já foi dito, o
que sugere que este padrão ocorreu numa fase mais pretérita (Fase Pré-Barreiras), logo após a
abertura do Oceano Atlântico Sul, não gerando este padrão num período mais recente.
Figura 7.5 – Ilustração do modelo ortorrômbico-romboédrico de Reches, 1978, no qual se formam quatro
sets de falhas com simetria ortorrômbico-romboédrica. Notar a adaptação das principais famílias de fa-
lhas normais da área de trabalho ao modelo.
Fonte: Modificado de Corrêa-Gomes et al. (2005b).
97
7.3.2. Tensores de Falhas Transcorrentes
Durante o tratamento de dados, foram selecionados apenas os tensores principais ge-
radores das falhas transcorrentes do embasamento e do Grupo Barreiras, com a finalidade de
entender o comportamento destes ao longo do tempo geológico. É importante saber que, para
efeitos de tectônica transcorrente, o caimento do σ2 é sub-vertical.
No embasamento, o tensor máximo (σ1) tem uma relação clara com as falhas trans-
correntes desta unidade. Analisando os gráficos de rosáceas da figura 6.29, o σ1 ocorre com
frequência em NW-SE (N140°-150°) e está relacionado ao sistema conjugado N090° (D) X
N150°. Os tensores σ1 N-S e NE-SW ocorrem subordinadamente e estão associados, respecti-
vamente, aos padrões conjugados N130° (D) X N010° (S) e N020° (D) X N090° (S). O σ3
acompanha ortogonalmente as direções do σ1.
No Grupo Barreiras, um grupo de medidas do tensor σ1, de direção NW-SE, que
apresenta maior frequência, é responsável por gerar as famílias conjugadas N090° (D) X
N150° (S). Outro grupo de medidas de tensor σ1 NE-SW, subordinadas, originou as falhas
N020° (D) X N090° (S) que também formou um sistema conjugado. Mais outro grupo de σ1
que varia de NNW-SSE a NNE-SSW é notado e corresponde ao padrão conjugado N120° (D)
X N010° (S) e à família N160° (D). Nota-se que o σ3 comporta-se aproximadamente ortogo-
nal ao σ1 em ambos os casos. Analisando os gráficos de rosáceas da figura 6.32, pode ser vis-
to outro padrão subordinado de σ1, de direção E-W, representando uma família N140°-150°
(S) subordinada, porém representativa.
A figura 7.6 retoma os gráficos de falhas dextrais e sinistrais, apresentados no capítu-
lo anterior, com a posição do tensor σ1 gerador destes planos em cada unidade geológica, a
fins de melhor visualização do comportamento deste tensor ao longo do tempo geológico.
7.3.3. Síntese Dinâmica
Aqui será feita uma síntese sobre os campos de tensão relacionados a falhas normais
e transcorrentes encontrados no embasamento e no Grupo Barreiras.
98
Figura 7.6 – Síntese dos gráficos de rosáceas de strike e dip, e isodensidade polar das falhas dextrais e si-
nistrais com as respectivas posições dos tensores σ1, do embasamento e do Grupo Barreiras. Notar que as
cores da cinemática dos padrões de falhas correspondem às cores dos seus respectivos tensores.
99
Como foi dito anteriormente, a história evolutiva da área de estudo começou com
uma fase Pré-Barreiras, que está relacionada ao quebramento do Supercontinente Pangea e a
formação das bacias offshore, durante o Mesozoico. A esta fase estão associados padrões de
falhas normais N010°-020°, N050°-060° e N140°-150° pertencentes ao embasamento e que
duas delas respeitam um padrão ortogonal. Para a geração destas estruturas na área estudada,
levando em consideração que o σ1 é sub-vertical, foram encontrados três orientações de σ1: N-
S, NE-SW e NW-SE. Já o σ3 apresenta as orientações E-W, NE-SW e NW-SE. Neste caso, os
padrões NE-SW e NW-SE dos dois tensores mostram que a abertura do Atlântico Sul se deu
em pulsos, fazendo com que o σ2 alternasse a posição com o σ3. Logo depois, o padrão normal
N130°-140° do Grupo Barreiras, sub-paralela a N140°-150° do embasamento, foi reativada
pelo σ3, NE-SW, preservando a cinemática do padrão anterior.
A tectônica transcorrente sucede a gravitacional, portanto é mais recente, tendo em
vista que, no Grupo Barreiras, as estruturas strike-slip são mais predominantes do que as es-
truturas normais na área de estudo, principalmente quando se tratando em quantidade de pla-
nos e marcadores cinemáticos. Diante disso, os marcadores cinemáticos normais foram oblite-
rados em grande parte pela Neotectônica transcorrente.
Os principais padrões de falhas transcorrentes foram: N090°-100°, N010°-020°,
N150°-160°, N090°-100° e N120°-130°. Os tensores σ1 associados encontrados para estas
falhas possuem direções principais N-S, E-W, NE-SW e NW-SE. Os tensores σ3 em geral
tendem a se comportar ortogonais às orientações do σ1, portanto o que se observa nos padrões
são dois pares aproximadamente ortogonais distintos, que são o NW-SE / NE-SW e o N-S /
E-W. É notado que estes padrões atuam em pulsos, evidenciado pelos tensores sub-
horizontais σ1 e σ3 que se invertem periodicamente, num efeito chamado push and pull (ex-
tensão e compressão).
7.4. Idade dos Campos de Tensão Neotectônicos
Para efeitos de comparação com as idades deformacionais, Ucha (2000) e Fortunato
(2004) fazem datações C14
de solos pós-Barreiras no Litoral Norte da Bahia, associados a pro-
cessos de pedogênese mais recentes, tais como a formação e a degradação de horizontes duri-
pãs e fragipãs dos latossolos amarelos e espodossolos. A alteração desses horizontes cimenta-
dos sugerem idades máximas entre 27.100 anos AP (Antes do Presente) (UCHA, 2000) e
17.500 anos AP (FORTUNATO, 2004), considerados paleossolos do Pleistoceno.
100
Corrêa-Gomes et al. (2012), através de dados de campo, encontraram espodossolos
semelhantes aos descritos anteriormente na desembocadura do Rio Jequitinhonha e identifica-
ram padrões de falhas preservados no substrato, relacionados a uma tectônica transcorrente,
evidenciada principalmente por feições rúpteis clássicas do tipo Riedel, pares de falhas parale-
los concorrentes, pares conjugados e fraturas extensionais (Figura 7.7). A partir dessas estru-
turas foi feita uma análise dos campos de tensão e observaram que o σ1 apresentou orientação
N140° (NW-SE), sendo este o gerador de todo esse grupo de estruturas em uma ambiência
tectônica transextensiva, em que o σ2 é vertical, enquanto os demais são horizontais. Desta
forma, pode se pensar de forma razoável que esta direção do tensor máximo seja a mais recen-
te registrada na região.
Em um dos afloramentos da área de estudo, foi encontrado uma presença sugestiva
de fraturas conjugadas (N100° e N150°) no neossolo quartzarênico das Coberturas Quaterná-
rias, e que apresentou um σ1 em torno de N120°, compatível com o N140° dito anteriormente.
Esta informação permite, de início, hierarquizar as fases neotectônicas dos campos
de tensão e agrega-lo ao modelo evolutivo que será mostrado a seguir.
7.5. Modelo Evolutivo
O objetivo principal do trabalho é entender a evolução dinâmica do Grupo Barreiras
no Sul da Bahia, relacionando-a com as estruturas neoformadas. Para isso é necessário identi-
ficar quais os motores geradores dos campos de tensão relacionados às falhas e sugerir um
modelo dinâmico evolutivo para estas estruturas.
A partir da análise dos padrões de falhas e fraturas e das orientações principais dos
campos de tensão, além das idades das mesmas, foi possível separar 4 fases deformacionais
na área de estudo (Figura 7.8):
Fase Pré-Barreiras: é a fase inicial, identificada a partir dos padrões principais de falhas
normais do embasamento. Estes padrões são: N010°-020°, N050°-060° e N140°-150°,
sendo a primeira aproveitando o trend principal da foliação do CISCM como linha de
fraqueza e apresentando um grau de paralelismo com a linha de costa e as duas últimas
apresentando um grau de ortogonalidade entre si e reaproveitando os lineamentos estrutu-
rais principais do ZCIIC e ZCIP, respectivamente. Esta fase não é neotectônica, ou seja, é
uma fase de abertura do Atlântico Sul durante o Mesozoico onde predominou uma tectô-
nica gravitacional. O grau de ortogonalidade dos padrões N050°-060° e N140°-150° e a
101
mudança periódicade posição dos tensores σ2 e σ3 sugere uma abertura em que ocorrem
pulsos tectônicos em um efeito de pull and push., onde há extensão e compressão no as-
soalho oceânico em escala local;
Figura 7.7 – Estruturas encontradas nos sedimentos recentes na desembocadura do Rio Jequitinhonha:
(a) sistema conjugado de fraturas, (b) e (c) pares paralelos concorrentes de fraturas e (d) fratuas de Rie-
del. Abaixo (e) foi feito um quadro-síntese com as principais estruturas encontradas no campo e a dedução
da orientação do σ1 em torno de N140°.
Fonte: Corrêa-Gomes et al., 2012.
102
Fase 1: esta é a primeira fase neotectônica da área de estudo e está relacionada à reativa-
ção do padrão normal N130°-140° do Grupo Barreiras preservando a mesma cinemática
da fase anterior, onde o σ2 é NE-SW e o σ3 NW-SE. Este padrão de falha normal pode es-
tar associado a uma tensão local flexural devido à carga de sedimento do Grupo Barrei-
ras;
Fase 2A: esta fase está relacionada à ambiência tectônica transcorrente e é marcada pelo
padrão N160°-170° (D) e pelo padrão conjugado N120° (D) X N010° (S), este último
com a mesma orientação do padrão de quebramento da Fase 1, sugerindo que as falhas
normais da fase anterior foram reativadas como transcorrentes, ou seja, a tectônica trans-
corrente atuou nos plano de fraquezas pré-existentes e obliterou os componentes cinemá-
ticos antigos. Nesta fase, as falhas estão sendo reativadas por tensores σ1 orientados apro-
ximadamente N-S e E-W. O padrão N160°-170° aparece apenas no Grupo Barreiras e não
no embasamento, sendo uma estrutura que não reaproveitou as estruturas antigas do em-
basamento, mas que foi gerada aproximadamente no mesmo campo de tensão, sendo hie-
rarquizada na mesma fase;
Fase 2B: esta fase é a continuação da Fase 2A e também está relacionada à tectônica
transcorrente, desta vez com padrões de tensores σ1 de orientações NW-SE principal e
NE-SW subordinado, formando um padrão ortogonal. Este σ1 gerou os padrões conjuga-
dos N020° (D) X 090° (S) (σ1 = NE-SW) e N090° (D) X N150° (S) (σ1 = NW-SE) sendo
a primeira com a mesma orientação das estruturas antigas que reativaram como transcor-
rentes. O fato de existirem dois padrões de tensores σ1 ortogonais sugere que a migração
da placa pode estar ocorrendo na forma de pulsos de compressão-extensão, nos quais o
tensor σ1 inverte a orientação local com o σ3 em sistema de push and pull, como foi cita-
do anteriormente. A família N090°-100° é correspondente ao trend principal da Faixa
Araçuaí e do Grupo Rio Pardo e foi reativado mais tardiamente ora como dextral, ora
como sinistral, sem passar pela Fase 1.
Vale ressaltar que a ação destes três padrões principais de tensores ocorre de forma
contemporânea, gerando e reativando estes sistemas de falhas ao longo do Grupo Barreiras.
103
Figura 7.8 - Modelo dinâmico evolutivo 2-D da área de estudo. Notar os padrões de falhas e os campos de
tensão.
104
7.6. Motores de Geração dos Campos de Tensão Neotectônicos
Após ter discutido sobre o comportamento dos campos de tensão e das possíveis ida-
des das orientações dos mesmos, o próximo passo é identificar quais os motores de geração
desses campos de tensão que poderiam estar associados com os padrões de orientação dos
tensores geradores das falhas no Grupo Barreiras.
Deve ser considerado que a placa oceânica na região Sul do estado da Bahia, após a
ruptura do Supercontinente Pangea, apresenta idade superior a 100 Ma, o que lhe atribui ser
uma crosta antiga, densa e fria. O ciclo de Wilson é muito claro em relação a como pode ser
variável o estilo tectônico da ruptura de um supercontinente até o fechamento de um oceano
para formar um novo supercontinente. Dependendo das idades e das dimensões das placas
oceânicas, as margens continentais passivas podem apresentar atividades tectônicas que evo-
luem gradativamente para margens continentais ativas (CORRÊA-GOMES, 2003). A fim de
propor um modelo evolutivo associado ao ciclo de Wilson, Corrêa-Gomes et al. (2005a) sepa-
rou-o em 5 estágios, em que começa com uma tectônica predominantemente extensional, pas-
sando pela formação da crosta oceânica, e termina em uma tectônica compressional preponde-
rante (Figura 7.9). Corrêa-Gomes et al. (2012), através de relações de campo e diferença de
idades dos conjuntos litológicos da porção sul do estado da Bahia, observam que a geração e
evolução das bacias tipo rift em uma ambiência tectônica gravitacional são representados nos
estágios 1 e 2, enquanto que se observa no Grupo Barreiras e nas coberturas quaternárias é
que aparentemente a margem continental passiva está passando para o estágio 3, de ambiência
transcorrente.
Na área de estudo o que ocorre no Grupo Barreiras pode ser comparado ao que foi
observado por Corrêa-Gomes et al. (2012). As falhas dominantes na área de estudo são as
transcorrentes (dominantes sobre as falhas normais), sugerindo que a margem continental
passiva no sul da Bahia encontra-se numa fase que passa para margem continental ativa, ou
seja, é provável que haja uma compressão sutil da placa oceânica sobre a placa continental na
região.
105
Figura 7.9 – Representação esquemática 3-D da ambiência tectônica mostrando as orientações dos tenso-
res principais nos 5 estágios diferentes, onde há a evolução de uma margem continental passiva (estágio 1
típico) para uma margem continental ativa (estágios 4 e 5 típicos) (CORRÊA-GOMES et al., 2005a).
Fonte: Modificado de Corrêa-Gomes et al. (2012)
Para efeito de comparação, quatro estações de monitoramento por satélite de movi-
mentação de placas, utilizando três métodos diferentes (GPS, NUVEL 1A e astronômico)
estão instaladas na borda leste da América do Sul. As estações braz e fort detectaram movi-
mentação da placa sul-americana para NW, mais precisamente na direção N320°-330°, en-
quanto que as estações riog e lpgs, localizadas mais a sul do continente, detectaram a migra-
ção da placa de S para N (FAIRHEAD & WILSON, 2004 apud CORRÊA-GOMES et al.,
2012). Diante dessa observação, os sentidos das placas para NW e para N são muito consis-
tentes com os padrões N140° e N-S encontrados na área de estudo (Figura 7.10).
Como foi discutido anteriormente, quatro padrões principais de σ1, formando dois
pares ortogonais, foram identificados nas fases onde predomina a tectônica transcorrente. Es-
tes tensores foram gerados a partir de dois motores: (i) a migração da placa sul-americana
sentido NW a N (FAIRHEAD & WILSON, 2004 apud CORRÊA-GOMES et al., 2012) e (ii)
o empurrão da dorsal oceânica (ridge push) (CORRÊA-GOMES et al., 2012).
106
Figura 7.10 – Movimentos absolutos de placas tectônicas baseados em dados GPS do GFZ Potsdam, Ale-
manha para o período entre 1993 e 2000 (setas vermelhas), comparados com direções antigas preditas pelo
modelo NUVEL 1A (setas pretas) e astronômicos (setas azuis). Notar que nas estações “braz” e “fort”
existe uma boa aproximação entre os três métodos com setas indicando movimentos de SE para NW, en-
quanto que nas estações “riog” e “lpgs” o movimento é de S para N (Fairhead & Wilson, 2004).
Fonte: Corrêa-Gomes et al., 2012.
As orientações NW-SE e NE-SW formam um padrão ortogonal NW-SE/NE-SW e
sugerem que a migração dessa placa pode estar ocorrendo em forma de pulsos de compressão-
extensão, onde o σ1 muda de posição com o σ3 em um efeito “sanfona”, ou o push and pull
(compressão-extensão), em um contexto regional. Corrêa-Gomes et al. (2012) observam que,
além destas orientações de σ1 citados, existem também orientações locais N-S e E-W, ortogo-
nais entre si, e que estes estão relacionados também a pulsos tectônicos de compressão-
extensão, mas com influência do empurrão da dorsal meso-oceânica (Figura 7.11), o que pode
também ser observado na área de estudo através do padrão ortogonal N-S/E-W.
Comparado aos trabalhos citados como, por exemplo, os de Corrêa-Gomes (2003),
Corrêa-Gomes et al. (2005a, 2012), Lima (2002) e Lima et al. (2006), o presente trabalho
obteve resultados parecidos não só apenas para as orientações dos campos de tensão, mas
também para as orientações das falhas transcorrentes encontradas no Grupo Barreiras.
107
Figura 7.11 – Orientação dos tensores σ1 e suas relações com seus motores e suas falhas transcorrentes
originadas. Em (a) o motor é a compressão da dorsal (ridge push) e em (b) o motor é a migração da placa
sul-americana.
Fonte: Adaptado de Corrêa-Gomes et al. (2012).
108
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A partir do estudo feito no embasamento e no Grupo Barreiras ao longo do litoral sul
do estado da Bahia, conclui-se que:
(i) A influência da herança estrutural do embasamento foi o fator inicial para a ge-
ração dos planos de quebramento para formar as bacias tipo rift do Sul da Ba-
hia e, posteriormente, as estruturas neoformadas no Grupo Barreiras, e isso po-
de ser observado nos trends das estruturas dúcteis (foliações e lineações de es-
tiramento mineral), rúpteis (fraturas, falhas e marcadores cinemáticos) e dos li-
neamentos estruturais traçados nas imagens SRTM. Os principais padrões or-
togonais de falhas e fraturas correlacionados a essa influência são
N010°N090° e N040°N130°;
(ii) Os planos de falha transcorrente predominam de forma quantitativa sobre os
planos de falha normal no Grupo Barreiras, sugerindo que houve uma tectônica
gravitacional mais antiga e que seus marcadores cinemáticos dip-slip foram
obliterados ou reativados pela tectônica transcorrente posterior. Vale salientar
que a pouca quantidade de padrões normais no Grupo Barreiras podem ter sido
deteriorados com o passar do tempo e não se preservaram localmente;
(iii) Os padrões principais de orientação dos tensores máximos (σ1) neotectônicos
são: NW-SE/NE-SW e N-S/ E-W;
(iv) Pelo menos quatro fases deformacionais foram identificadas na área de estudo:
uma de tectônica gravitacional mesozoica (Fase Pré-Barreiras), uma também
de tectônica gravitacional de reativação cenozoica (Fase 1) e duas de tectônica
de transcorrência (Fases 2A e 2B), sendo que as três últimas foram responsá-
veis pela origem das falhas e fraturas neotectônicas do Grupo Barreiras;
(v) Os motores geradores dos campos de tensão na área de estudo são: (a) o motor
migração da placa sul-americana no sentido NW e N predominante em toda a
área de estudo, sendo responsável pela geração dos tensores σ1 ortogonais NW-
SE/NE-SW sugerindo pulsos de extensão-compressão; e (b) o motor empurrão
da dorsal oceânica de E pra W que gerou o padrão ortogonal de tensores (σ1) E-
W/ N-S, também indicando pulsos de compressão-extensão;
Para a complementação e aprofundamento do presente estudo, é recomendável: (i)
investigar melhor em campo as relações de corte e a superposição de estrias em planos de
109
falhas a fim de melhor comprovar as reativações destas estruturas; (ii) procurar mais marcado-
res cinemáticos, principalmente as associadas a falhas normais do Grupo Barreiras, para re-
forçar a idéia de reativação neotectônica nos padrões com cinemática observados no embasa-
mento; e (iii) trabalhar com cálculos de magnitude relativa de tensores para melhor embasar
as inversões de posições dos tensores principais.
110
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