59
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação Física Fernando de Moraes Fernandes Análise biomecânica do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo realizado por iniciantes São Paulo 2012

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação … · movimento do membro inferior que executa o golpe, 2) os pares de músculos tibial ... thigh and leg antagonistic muscles

  • Upload
    buinhan

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Mestrado em Educação Física

Fernando de Moraes Fernandes

Análise biomecânica do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo

realizado por iniciantes

São Paulo

2012

ii

Fernando de Moraes Fernandes

Análise biomecânica do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo

realizado por iniciantes

Dissertação submetida ao programa de Pós-Graduação da Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Ulysses Fernandes Ervilha

São Paulo

2012

iii

Fernandes, Fernando de Moraes

F363a Análise biomecânica do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo

realizado por iniciantes / Fernando de Moraes Fernandes. - São Paulo,

2012.

59 f. : il. tab. ; 30 cm

Orientador: Ulysses Fernandes Ervilha

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2012.

1. Eletromiografia. 2. Tae-ken-do. I. Ervilha, Ulysses Fernandes. II.

Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto

Sensu em Educação Física. III. Título.

CDD – 796.8

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464

iv

Fernando de Moraes Fernandes

Análise biomecânica do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo

realizado por iniciantes

Dissertação submetida ao programa de Pós-Graduação da Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Ulysses Fernandes Ervilha

A Banca Examinadora, abaixo assina, aprova a Dissertação de Mestrado

em 27 de junho de 2012.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Ulysses Fernandes Ervilha (Orientador)

Universidade São Judas Tadeu-USJT

Prof. Dr.Luis Mochizuki

Universidade de São Paulo - USP

Prof. Ph.D Paulo Marchetti

Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

v

Dedico essa Dissertação às pessoas mais importantes da

minha vida:

Meu pai e meu irmão (em memória), minha namorada Joyce e

minha mãe Clarisse que nos melhores ou piores momentos

sempre estiveram comigo, Também aos meus tios Cecília,

Cidinho, Zenaide e meus primos Augusto e Miriam.

vi

Agradecimentos

Primeiramente venho agradecer ao meu orientador e Professor Ulysses

Fernandes Ervilha, que mostrou muita paciência e dedicação no momento das

coletas no laboratório, nas orientações teóricas e práticas e por fim no tratamento

dos dados coletados, que sem sua ajuda certamente não progrediríamos na

pesquisa.

Agradeço aos amigos Ana Paula Xavier e Frank Shiguemitsu Suzuki que

trabalharam comigo no laboratório, mais precisamente nas coletas. Cada um deles

pôde ajudar e muito em questões específicas, uma vez que a instrumentação

utilizada apresentava alto grau de complexidade.

Agradeço aos membros participantes da banca examinadora Professor

Dr. Paulo Marchetti e Professor doutor Luis Monchisuki, que realizaram uma leitura

minuciosa e apresentaram sugestões preciosas para o desenvolvimento dessa

pesquisa.

Agradeço aos voluntários que se dispuseram a participar desse estudo.

Agradeço à minha mãe Clarisse e meus tios Cidinho e Cecília, sem eles

não teria alcançado meu objetivo de ser titulado mestre em educação física.

Por fim, agradeço minha namorada que se mostrou paciente ao longo da

realização dessa pesquisa, pois em muitos momentos minha total atenção foi

destinada ao trabalho. A você, Joyce Costa Silva, meu muito obrigado.

vii

.

Vencer na vida é fácil; o difícil é encarar as dificuldades que a busca por essa vitória

nos trás.

Joviano de Sousa

viii

RESUMO

No taekwondo, considerado arte marcial e esporte olímpico, são conhecidas 2874

técnicas de pés e mãos, dentre elas, o chute ap dolio tchagui que é muito utilizado

nos exames de faixas. O presente estudo objetiva descrever o padrão de ativação

elétrica de músculos do membro inferior dominante e posteriores da coluna e o

padrão de parâmetros cinemáticos da articulação do joelho e da extremidade do

membro inferior que executa o chute. Para tanto, foi utilizado um eletromiógrafo, um

eletrogoniômetro e um acelerômetro. Acoplou-se um sensor de contato sobre um

saco de pancadas que identificou o exato instante do impacto entre o pé do atleta e

o alvo. A amostra foi composta por 10 praticantes iniciantes de taekwondo, faixas

branca ou amarela, com idade entre 18 e 30 anos. Vinte chutes de cada atleta foram

considerados válidos para o estudo. Foram apresentados os padrões temporais da

atividade elétrica dos músculos selecionados, da cinemática da articulação do

joelho, da extremidade do membro inferior que executou o chute, o tempo de reação

e tempo de movimento. Os dados adquiridos foram analisados pela estatística

descritiva através da média e desvio padrão. Os resultados permitem concluir que 1)

todos os músculos estudados, exceto o músculo vasto lateral, efetor primário do

movimento de extensão da articulação do joelho, são ativados antes do início do

movimento do membro inferior que executa o golpe, 2) os pares de músculos tibial

anterior/gastrocnêmio lateral e vasto lateral/bíceps femoral cocontraem durante toda

tarefa, 3) o músculo eretor da espinha direito apresentou ação antecipatória em

relação ao movimento e 4) a articulação do joelho não apresentou extensão máxima

ao atingir o alvo.

Palavras chave: Taekwondo, biomecânica, eletromiografia, cinemetria.

ix

ABSTRACT

Taekwondo, considered as martial art and Olympic sport comprises 2874

techniques of feet and hands, among them the apdolio tchagui kick which is very

much used at the belt exams. The present study aims to describe the standard of

electrical activation of the dominant lower limb muscles and low back muscles, as

well as the standard of cinematic parameters of the knee joint and the utmost point of

the lower limb executing the kick. For such study it was used an electromiograph

device, an electrogoniometer, and an accelerometer. A contact sensor was coupled

over a punch-bag which identified the exact moment of the impact between the

athlete`s foot and the target. The sample was composed of 10 beginners (white or

yellow belt), practitioners of taekwondo aged between 18 and 30 year-old. Twenty

kicks of each athlete were considered valid for the study. The temporal average of

the electric activity of the selected muscles were duly presented, also from the

cinematic of the knee joint, and from the utmost point of the low member that

executed the kick, plus reaction time and reaction movement. The key elements

acquired were analyzed by descriptive statistics through mean values and standard

deviation. The results make it possible to conclude that 1) All the muscles studied,

except the vastus lateralis muscle, primary effector of the knee joint extension

movement, are activated before the beginning of the movement of the lower limb that

executes the blow, 2) thigh and leg antagonistic muscles vastus lateralis/biceps

femoral and tibialis anterior/lateral gastrocnemius cocontract during the maneuver, 3)

the erector spinae muscle presented anticipatory action, and 4) the knee joint was

not maximally extended when hitting the target.

Keyword: Taekwondo, biomechanics, electromyography, kinematics.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema de aquisição de dados; eletrodos de superfície; interface; caixa

de distribuição dos canais..........................................................................................25

Figura 2 - Eletrogoniômetro e goniômetro.................................................................26

Figura 3 – Adaptador bidimensional; acelerômetro; footswitch.................................26

Figura 4 – Localização dos pontos onde os eletrodos são fixados na análise

eletromiográfica A) m. vasto lateral; B) m. bíceps femoral (BF); C) m. tibial anterior

(TA); D) m. gastrocnêmio lateral (GL); E) m. eretor da espinha direito

(ED)............................................................................................................................28

Figura 5 – Colocação do goniômetro.........................................................................29

Figura 6 – Acelerômetro na extremidade lateral do pé para registro bidimensional da

aceleração.................................................................................................................30

Figura 7 – Witch acoplado ao saco de pancadas......................................................31

Figura 8 - Fases do chute ap bal ap dolio tchagui. A) posição inicial. B) fase de

ataque. C) Fase de contato. D) posição final............................................................32

Figura 9 - Representação do esquema utilizado para coleta de dados....................33

Figura 10 - Média e desvio padrão da media do sinal EMG, da posição angular do

joelho e da aceleração horizontal e vertical do pé que desfere o chute ap bal ap dolio

tchiagui do taekwondo referente a 20 chutes desferidos por 10 atletas iniciantes.

Dados normalizados no tempo, sendo 0% o início do chute (sinal sonoro) e 100% o

instante em que o alvo (marca num saco de areia) foi atingido. O sinal EMG dos

músculos eretor da espinha direito (ED), m.vasto lateral (VL), m.bíceps femoral (BF),

xi

m.tibial anterior (TA) e m.gastrocnêmio lateral (GL) foi normalizado pelo pico do sinal

obtido em cada chute................................................................................................35

Figura 11 - Tempo decorrente entre o sinal sonoro, e o início da ativação muscular

(Tempo pré-motor) dos músculos ED, VL, BF1, BF2, TA, GM, respectivamente m.

eretor da espinha direito, m. vasto lateral, m. bíceps femoral (primeira contração), m.

bíceps femoral (segunda contração), m. tibial anterior e m. gastrocnêmio

medial........................................................................................................................38

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Média e desvio padrão (DP) do pico de intensidade do sinal

eletromiográfico (normalizado na intensidade) dos músculos analisados antes do

alvo ser atingido, bem como a intensidade do sinal EMG no instante em que o alvo

foi atingido (n=10).......................................................................................................36

Tabela 2- Instante em que ocorreu ativação elétrica máxima dos músculos

analisados (n=10).......................................................................................................36

Tabela 3- Pico de flexão da articulação do joelho e instante (% da tarefa) em que

ocorreu. Posição da articulação do joelho no instante em que o alvo foi atingido.

(n=10).........................................................................................................................37

Tabela 4 - Pico de aceleração horizontal e vertical do pé que executa o chute ap bal

ap dolio tchagui do taekwondo, antes do alvo ser atingido, Aceleração horizontal e

vertical do pé no instante em que o alvo é atingido...................................................37

xiii

AGRADECIMENTOS............................................................................................... VI

RESUMO ............................................................................................................... VIII

ABSTRACT ............................................................................................................. IX

LISTA DE FIGURAS................................................................................................. X

LISTA DE TABELAS .............................................................................................. XII

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 17

2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 17

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 17

3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 18

3.1 - HISTÓRICO DO TAEKWONDO ...................................................................... 18

3.2 O INICIANTE DO TAEKWONDO ...................................................................... 19

3.3 ESTUDOS BIOMECÂNICOS DAS ARTES MARCIAIS .................................... 21

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 24

4.1 AMOSTRA ......................................................................................................... 24

4.2 INSTRUMENTAÇÃO ......................................................................................... 24

4.2.1 ELETROMIOGRAFIA ........................................................................................................................ 24

4.2.2 CINEMETRIA ................................................................................................................................... 25

4.2.3 ANTROPOMETRIA........................................................................................................................... 26

4.3 PROCEDIMENTOS ........................................................................................... 27

xiv

4.3.1 COLOCAÇÃO DOS ELETRODOS DE EMG ...................................................................................... 27

4.3.2 COLOCAÇÃO DO ELETROGONIÔMETRO ........................................................................................ 28

4.3.3 COLOCAÇÃO DO ACELERÔMETRO ................................................................................................. 29

4.3.4 COLOCAÇÃO DO SWITCH ............................................................................................................... 30

4.3.5 PROTOCOLO EXPERIMENTAL ......................................................................................................... 31

4.3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................................... 33

5. RESULTADOS .................................................................................................... 34

6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 39

7- CONCLUSÃO ...................................................................................................... 47

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 47

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 48

ANEXO – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .............................. 56

APÊNDICE – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) . 58

15

1 - INTRODUÇÃO

As artes marciais são praticadas mundialmente, e no Brasil não é

diferente. Esse interesse se dá pelo fato destas práticas proporcionarem domínio

mental e físico (HELLER et al, 1998; WILK; McNAIR; FELD, 1983) trazendo

benefícios como aumento do equilíbrio e da força. (GORGY et al, 2008). São

consideradas artes marciais modalidades como karatê, judô, taekwondo, entre

outras (PIMENTA, JUNIOR, 2009).

O taekwondo, considerado arte marcial e esporte olímpico (NAVARRO et

al, 2008) é muito praticado no Brasil possuindo 162.184 atletas registrados (COSTA,

2005), não considerando nesta contagem os praticantes não pertencentes às

Federações e Confederações. A palavra taekwondo significa caminho dos pés e das

mãos, Tae - pé; Kwon – mão; Do – caminho (KIN, 1995; PIMENTA; MARTA, 2002).

Dada a popularidade do taekwondo, esta modalidade é praticada tanto amadora,

quanto profissionalmente (PIMENTA; JUNIOR, 2009; KIM, 1995).

No taekwondo são conhecidas 2874 técnicas de pés e mãos,

considerando todos os fundamentos da modalidade (LEE, et al 1988). Dentre esses,

o chute ap dolio tchagui que é muito utilizado durante a aprendizagem das técnicas

e também nos exames de faixas, sendo um golpe importante e fundamental no

momento dos exames (KIM; SILVA, 2000). O chute ap bal ap dolio tchagui recebe

outras denominações, como tolha, dolha, piquet, bandal (CASTRO, 1994), baldung-

chagui ou roundhouse (HERMANN et al, 2008; CHIU; WANG; CHEN, 2007; FALCO

et al, 2009; SERINA; LIEU, 1991; CHANG, W.; CHANG, J.; TANG, 2007; TANG;

CHANG; NIEN, 2007 ).

Alguns autores descrevem os fundamentos técnicos desse golpe. Lee

(1988) descreve o chute ap bal ap dolio tchagui como um golpe que apresenta um

semicírculo lateral. Kim (1995) considera o chute como bandal tchagui e apregoa

que esse é o resultado da mistura dos chutes ap tchagui e dolio tchagui, e o

descreve como sendo um golpe que utiliza o dorso ou as pontas dos pés e o seu

procedimento forma-se em uma linha diagonal para dentro com a ponta de apoio

virada até 90º. Para Fargas (1996) o chute apresenta 4 etapas: posição de combate,

início do ataque, metade do percurso e impacto do ataque com o dorso do pé. De

16

acordo com Kim (2006) esse chute é realizado com o dorso da perna objetivando

acertar o tronco, abdome e a lateral do corpo, sendo que o praticante roda

externamente a perna de apoio em 30º, eleva o joelho para frente, chuta ao terminar

de girar o quadril e imediatamente após chutar, flexiona o joelho e retorna à posição

inicial, terminando o golpe.

O chute ap bal ap doli tchagui é um golpe simples e muito praticado no

momento em que o indivíduo inicia a aprendizagem do taekwondo. Segundo Magill

(2000) ao iniciar a aprendizagem o sujeito deverá realizar movimentos simples, e ao

longo do tempo incrementar certo grau de complexibilidade para tarefa. Entender a

técnica e conhecer as magnitudes dos parâmetros físicos envolvidos pode ser de

grande importância para a otimização do golpe e o ensino deste aos iniciantes.

No taekwondo, a maioria dos estudos realizados são relativos aos

contextos históricos da modalidade (ALBUQUERQUE et al, 2008) sendo

encontrados poucos estudos da biomecânica que envolve a modalidade (SERINA;

LIEU, 1991; CASTRO, 1994; CHANG, W.; CHANG, J.; TANG, 2007; CHIU; WANG;

CHEN, 2007; VIETEN et al, 2007; TANG; CHANG; NIEN, 2007; NIEN; CHANG;

TANG, 2007; HERMANN et al, 2008; FALCO et al, 2009). Estudar aspectos

biomecânicos do chute ap bal ap dolio tchagui realizado por iniciantes torna-se

fundamental no entendimento do processo de aprendizagem destes atletas. O

presente estudo se propõe a realizar analise biomecânica descritiva do chute ap bal

ap dolio tchagui realizado por atletas iniciantes.

17

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Descrever parâmetros biomecânicos do chute ap bal ap dolio tchagui do taekwondo

realizado por praticantes iniciantes.

2.2 Objetivos específicos

Descrever o padrão de ativação elétrica de músculos do membro inferior dominante

e posteriores da coluna vertebral durante a execução do chute ap bal ap dolio

tchagui.

Descrever o padrão de parâmetros cinemáticos da articulação do joelho e da

extremidade do membro inferior que executa o chute ap bal ap dolio tchagui.

18

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 - Histórico do taekwondo

O taekwondo surgiu aproximadamente há 1800 anos na Coréia e

originou-se de lutas como o Soo Bak, So Bak Hee, Tae Kyon, Tukguli, Kwon Bub,

Dang-soo e Gak-jo. No período dessas lutas, a Coréia dividia-se em três reinos,

Silla na região sudeste, fundado em 57 a. C; Baek-Je na região sudoeste, fundado

em 19 a.C Koguryo na região centro-oeste fundado em 37 d. C (KIM, 95; KIM;

SILVA, 2000; PIMENTA; MARCHI JUNIOR, 2007; PIMENTA; MARCHI JUNIOR,

2009).

O reino de silla era o menor e mais pobre dos reinos, e sofria constantes

invasões por parte dos reinos Baek-Je e Koguryo. Com isso os integrantes do reino

de Silla formaram uma tropa de elite denominada Hwarang-Do, semellhante aos

samurais do Japão. Esse grupo de guerreiros recebiam treinamentos de armas

como o arco e flecha, lança e espada, treinamentos relativo à pratica da disciplina

mental e física e de várias formas de artes marciais como o Tekyon utilizando os pés

e as mãos. Esses guerreiros obedeciam a um rigoroso código de honra dividido em

cinco itens: - Obediência ao rei; - Respeito aos pais; - Lealdade para com os amigos;

- Nunca recuar ante o inimigo; e – Somente matar quando não houver alternativa. O

reino de Silla, através do desenvolvimento da força física e mental derrotou seus

inimigos e conseguiu unificar os demais reinos, surgindo a Coréia no ano de 935

(KIM, 1995; KIM; SILVA, 2000; PIMENTA; MARCHI JUNIOR, 2007; PIMENTA;

MARCHI JUNIOR, 2009). Segundo Pimenta & Marchi Junior (2009) o rigoroso

código de honra desses guerreiros irá condicionar e oferecer subsídios filosóficos e

simbólicos orientais às artes marciais coreanas que, atravessaram 14 séculos até a

formação da estrutura filosófica atual do Taekwondo .

No século XX, verifica-se que o taekwondo continuou sendo praticado sob

as denominações de Takyon, Soo Bak, Kwon Bub e Taekyon (KIM; SILVA, 2000).

No período de 1909 – 1945 a Coréia foi dominada pelo Japão e os japoneses

proibiram a prática do TaeKyon sendo permitido somente a prática do Karatê,

19

porém, segundo alguns autores, o Taekyon continuou sendo praticado de forma

clandestina. Somente em 1945, com a retirada dos japoneses da Coréia o Taekyon

voltou a ser praticado (KIM, 1995; KIM; SILVA, 2000; PIMENTA; MARCHI JUNIOR,

2007; PIMENTA; MARCHI JUNIOR, 2009).

Dez anos depois, em 1955 um grupo liderado pelo General CHOI HONG

HEE unificou as várias escolas existentes na Coréia denominando-as de TAE SOO

DO em 1961. Somente em 5 de agosto de 1965 essa arte marcial foi denominada

Taekwondo. No ano de 1966 foi fundada a primeira federação de taekwondo ITF

(federação internacional de taekwondo). Em 1971 o presidente Park Chung-Hee

determina que o Taekwondo é o esporte nacional coreano. Em 1973 foi fundada a

federação mundial de taekwondo (WTF) (KIM, 1995; KIM; SILVA, 2000; PIMENTA;

MARCHI JUNIOR, 2007; PIMENTA; MARCHI JUNIOR, 2009).

No Brasil, mais precisamente no estado de São Paulo, o Taekwondo foi

implantado no ano de 1970 pelo grão mestre SANG MIN CHO. Graduado como 8º

Dan, fundou a atual academia liberdade no dia 8 de agosto de 1970. Logo após a

chegada do grão mestre, foram enviados outros mestres de elite da Coréia para

outros estados do Brasil também para implantar o Taekwondo (KIM, 1995; KIM;

SILVA, 2000; PIMENTA; MARCHI JUNIOR, 2007).

Em 1992 o Taekwondo foi apresentado nas olimpíadas de Barcelona

como modalidade demonstrativa (KIM, 1995; SERINA; LIEU, 1991). Somente em

2000 nas 0limpiadas de Sydney na Austrália, o Taekwondo estreou como esporte

oficial. (ALBUQUERQUE et al, 2008; FALCO et al, 2009; HERMANN et al, 2008;

PIMENTA; MARTA, 2002; PIMENTA; MARCHI JÚNIOR, 2009; NAVARRO et al,

2008; VIETEN et al, 2007).

3.2 O iniciante do taekwondo

É considerado iniciante no taekwondo indivíduos que se encontram no 10º

Gub (faixa branca) ou 9º Gub (faixa branca com ponta amarela). Esse indivíduo não

possui um grande conhecimento da modalidade e sua técnica certamente não é

apurada (KIM, 1995).

20

Ao iniciar a modalidade, o individuo passa por um processo de

aprendizagem das técnicas repetindo a execução inúmeras vezes durante as

sessões de treinamento. Considerando-se que a aprendizagem é o resultado de

modificações no cérebro que ocorre a partir da melhora das conexões neurais, a

esta se dá em estágios.

Fitts e Posner em (1967) descreveram três estágios para representar a

aprendizagem: Estágio cognitivo em que os principiantes se concentram em

problemas, como até que ponto movimentar o membro, qual a melhor forma de

segurar o instrumento, etc. Nesse estágio o indivíduo apresenta um grande número

de erros e falta consistência entre as tentativas. Estágio associativo em que o

indivíduo já aprendeu a fazer associação entre o ambiente e o movimento

necessário para realizar a habilidade. É percebido nesse estágio um menor número

de erros e estes são menos grosseiros. Estágio autônomo no qual o indivíduo realiza

a habilidade de forma automática. Esse é o estágio final da aprendizagem, pois o

indivíduo não pensa em como executar a tarefa motora, mas sim no objetivo desta.

Gentile (1972) descreveu dois estágios para representar o processo de

aprendizagem: no primeiro estágio a meta do aprendiz consiste em captar a idéia do

movimento, ou seja, o que o indivíduo deve fazer para atingir a meta da habilidade.

Já no segundo estágio, a meta do aprendiz é descrita em termos de fixação e

diversificação, em que o indivíduo necessita adquirir várias características para se

aperfeiçoar na habilidade. O indivíduo deve adaptar o padrão de movimento

aprendido na primeira fase em relação a qualquer situação que exija essa

habilidade, aumentar a consistência em atingir a meta da habilidade e desempenhar

a habilidade com o menor esforço possível.

Segundo Pellegrini (2000), o aprendizado de uma tarefa motora passa por

um processo no qual em primeira instância, o indivíduo inexperiente realiza o

movimento com grande variabilidade de respostas motoras na tentativa de encontrar

a melhor solução para executar a tarefa, bem como apresenta grande quantidade de

erros. Após esta primeira fase, o executor é considerado como tendo capacidade

intermediária para executar a tarefa que, devido ao grande número de vezes em que

foram realizadas, passam a serem executadas sem a realização de movimentos

desnecessários, cuja demanda de energia é alta. Num último estágio, o indivíduo é

considerado avançado porque necessita pouca atenção para executar a tarefa,

21

considerada automatizada. Portanto, é através da prática que se aproxima da

perfeição na execução de um determinado movimento.

A prática das habilidades técnicas durante as aulas é um fator importante

no processo de aprendizagem do taekwondo. A experiência repetida aperfeiçoa a

aprendizagem e acarreta em um processo de memorização de curto prazo para

longo prazo.

No contexto de aprendizagem motora, um parâmetro de extrema

importância no taekwondo é o tempo de reação (TR). De acordo com Gallahue et al

(2005) o TR é o intervalo entre um estímulo e o inicio da ativação da musculatura

apropriada para desempenhar determinada tarefa. O TR varia de acordo com alguns

fatores como a modalidade sensorial, os grupos musculares envolvidos e a

complexibilidade da resposta. De acordo com Myamoto et al (2004) os estímulos

podem ser acústicos, óticos ou táteis, e o TR para cada modalidade apresenta

tempos diferentes. O autor também afirma que quanto maior for os grupos

musculares envolvidos no movimento, maior será o TR. Henry (1960) e Schmidt

(1982) (apud MYAMOTO; JUNIOR, 2004) definem que quanto mais complexo for o

movimento, maior será o TR.

O TR pode ser dividido fase pré-motora, que consiste no intervalo de

tempo entre o estímulo e o início da ativação do músculo e a fase motora,

correspondente ao intervalo de tempo entre o início da atividade muscular e o início

do movimento (MAGILL, 2000).

3.3 Estudos biomecânicos das artes marciais

Métodos biomecânicos são utilizados nos estudos da física das artes

marciais e a seguir serão apresentados alguns estudos e como esses métodos

foram utilizados.

Em um estudo sobre o karatê, Rodrigues, S., e Rodrigues, M. (1984)

mediram o tempo de reação e o tempo de movimentos nos chutes frontal (mae-geri)

e circular (mawashi-geri), ambos realizados com o membro dominante. Participaram

do estudo atletas de karatê do sexo masculino. Os resultados apontaram que

independentemente da técnica utilizada, o tempo de reação é superior ao tempo de

22

movimento (tempo entre o início do movimento e o alvo ser atingido). Os chutes

frontais apresentaram tempo de reação e movimento inferiores comparados aos

chutes circulares.

Layton (1993) mediu o tempo de reação e de movimento para quatro

técnicas, soco direto (choku-zuki), soco reverso (gyaku-zuki), chute frontal (mae-geri)

e chute circular (mawashi-geri) do karatê-shotokan, executadas por ambos os lados

do corpo. A amostra foi composta por 27 caratecas do sexo masculino, idade media

de 25 anos e tempo de treino de aproximadamente de 4,6 anos. Para registro do

tempo de reação e movimento, utilizou-se um saco de pancadas mais estímulos

audíveis em tempos randomizados entre 2,5 e cinco segundos. Os resultados

mostraram que exceto na aplicação das técnicas de kata (forma) os indivíduos

executaram os golpes com os mesmos tempos de reação e de movimento

independentemente do lado do corpo que realiza a técnica, não havendo diferenças

significativas entre o tempo de reação e o tempo de movimento.

Neto e colaboradores (2008) compararam valores de força, potência e

eficiência do golpe palma do kung-fu entre indivíduos experientes e novatos e

possível relação entre os valores de potência muscular e potência de impacto. Os

indivíduos desferiram 5 golpes com força máxima em uma bola de basquete que foi

registrado por uma câmera de alta frequência (1000 Hz). Os resultados mostraram

que praticantes experientes apresentaram maiores valores médios de força

muscular, força de impacto, potência muscular, potência de impacto e eficiência, e

ainda para os indivíduos experientes, a potência muscular foi correlacionada

linearmente com a potência de impacto, o que não ocorreu com os novatos.

Nien, Chang e Tang (2007) investigaram os efeitos da velocidade de

movimento do chute roundhouse do taekwondo em duas situações, chutando um

alvo o mais rápido possível e repetindo a mesma tarefa sem alvo. Participaram

desse estudo seis atletas de elite do taekwondo participantes de jogos olímpicos.

Utilizando um sistema de câmeras de vídeo de alta velocidade, foi concluído que a

velocidade máxima linear do pé e articular do tornozelo, na situação com alvo, foram

significantemente maiores do que sem alvo e que, a velocidade angular do quadril,

joelho e tornozelo não apresentaram diferenças significativas entre as situações

chutando com ou sem alvo.

23

Neto e Magini (2008) descreveram o padrão de ativação elétrica dos

músculos bíceps braquial, braquiorradial e tíceps braquial, bem como as

características cinemáticas do membro superior durante o golpe palma da mão do

kung fu. Foi solicitado que oito sujeitos com experiência de 1 a 3 anos na

modalidade kung fu Yal-man, realizassem o golpe palma da mão acima de uma

tábua de madeira imaginando um alvo. Para registro das imagens utilizou-se uma

câmera de alta velocidade, e para o registro dos sinais elétricos, utilizou-se eletrodos

bipolares fixados no sentido das fibras dos músculos estudados. Os resultados

cinemáticos mostraram que os indivíduos não realizaram extensão total do cotovelo

no final do golpe. O primeiro músculo a ser ativado foi o músculo bíceps braquial.

Os músculos bíceps braquial e braquiorradial apresentaram menor atividade antes

da mão atingir o alvo, já o músculo tríceps braquial apresentou, em relação aos

outros músculos, maior amplitude na primeira metade do movimento.

Silva (2009) realizou uma análise biomecânica do chute ap bal ap dolio

tchagui do taekwondo em 13 atletas de elite. Foi verificado o padrão de atividade

elétrica de dois músculos da coxa (vasto medial oblíquo e bíceps femoral), dois

músculos da perna (tibial anterior e gastrocnêmio lateral) e dos músculos multífidos

direito e esquerdo. Também foi mensurado a eletrogoniometria do joelho que realiza

o chute objetivando medir o ângulo da articulação durante o movimento. E por fim foi

analisada a aceleração no plano horizontal e vertical do pé que realizou o chute

através de um acelerômetro. Os resultados permitem concluir que todos os

músculos estudados são ativados antes do movimento da articulação do joelho,

exceto o músculo vasto medial oblíquo. Os músculos tibial anterior e gastrocnêmio

lateral são recrutados em fase, os músculos eretores da espinha esquerdo e direito

têm ação antecipatória no movimento estudado e a articulação do joelho não atingiu

sua completa extensão quando o pé acertou o alvo. Também foi observado que

antes de atingir o alvo, ocorreram dois picos de aceleração horizontal antes do pico

de aceleração vertical que ocorreu próximo ao final da tarefa.

Observamos que na literatura há estudos abordando diversas técnicas e

com variados métodos, porém, ainda são escassos estudos sobre o chute ap bal ap

dolio tchagui do taekwondo. Estudar esse golpe é de grande relevância devido ao

grande número de vezes que ele é executado durante os treinamentos e

competições, tanto por iniciantes, quanto por atletas de alto desempenho.

24

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa apresenta caráter quantitativo descritivo, não sendo

intencional e nem probabilística. O presente estudo foi realizado no Laboratório de

Biomecânica do Movimento Humano da Universidade São Judas Tadeu que obteve

a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo) desta instituição. Os objetivos

e os procedimentos adotados na pesquisa foram previamente informados aos

indivíduos participantes do estudo, que assinaram um Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice) concordando em participar do estudo.

4.1 Amostra

Participaram deste estudo 10 indivíduos praticantes iniciantes de

taekwondo com idade de 23,3 ± 6,23 anos.

Como critério de inclusão foi adotado os seguintes fatores: o indivíduo já

ter passado por exame de faixa (pelo menos da primeira para segunda faixa - faixa

branca para branca ponta amarela); treinar pelo menos duas vezes por semana;

apresentar tempo de prática de aproximadamente 12 meses.

Foram eventualmente excluídos do estudo indivíduos que apresentaram

lesão osteomuscular nos últimos seis meses, dor ou desconforto durante a coleta de

dados ou não conseguiram reproduzir o golpe por qualquer que fosse a razão.

4.2 Instrumentação

4.2.1 Eletromiografia

Para captar a atividade elétrica muscular foi utilizado um eletromiógrafo

da marca Noraxon de oito canais, operado pelo sistema Myosystem 1400, com filtro

analógico passa banda com freqüência entre 10 e 500 Hz. O sinal analógico foi

amplificado 10 vezes no eletrodo e, posteriormente, 100 vezes antes de ser

25

digitalizado. Esse equipamento detém uma placa de aquisição e conversão do sinal

analógico digital (placa A/D) de 16 bits. Foram utilizados eletrodos do tipo bipolar de

superfície da marca Noraxon com interface descartável de Ag/AgCl de quatro

milímetros de altura por nove milímetros de largurada marca 3M. (Figura 1 – A, B).

A

B

FIGURA 1: A) sistema de aquisição de dados; B) eletrodos de superfície;

interface; caixa de distribuição dos canais.

4.2.2 Cinemetria

Na análise cinemétrica para o ângulo da articulação do joelho, durante a

execução dos chutes, foi utilizado um eletrogoniômetro (EMG-System do Brasil)

baseado em potenciômetro rotacional. Um goniômetro universal (Carci) foi utilizado

para realizar a calibração entre o eletrogoniômetro e o sistema de aquisição (Figuras

2 - A, B). Quatro ângulos da articulação do joelho foram utilizados para a calibração:

180º, 150º, 120º e 90º. A calibração é um método pelo qual a voltagem obtida no

amplificador do eletrogoniômetro foi transformada e expressa em graus. Com a

calibração é possível conhecer o ajuste angular em diversas posições, não

exclusivamente nas que foram calibradas, ou seja, cada valor obtido em Volts

estabeleceu-se um valor correspondente em graus.

26

A

B

FIGURA 2: A) eletrogoniômetro; B) goniômetro para calibração

Foram utilizados para mensurar aceleração no plano horizontal e

vertical da extremidade do membro inferior que executa os chutes um adaptador

bidimensional e um acelerômetro 2D (EMG-System do Brasil). Um footswitch (EMG-

System do Brasil) também foi utilizado para determinar o exato momento em que o

pé do atleta atinge o alvo (Figura 3 – A, B, C).

A B C

FIGURA 3: A) adaptador bidimencional; B) acelerômetro; C) footswitch.

4.2.3 Antropometria

27

Os atletas realizaram uma avaliação física, em que foram coletadas

medidas de estatura e massa corporal. A massa corporal de cada atleta foi

verificada por meio de balança mecânica devidamente calibrada (Welmy). A estatura

foi mensurada com auxílio de estadiômetro fixado na própria balança.

4.3 Procedimentos

4.3.1 Colocação dos eletrodos de EMG

A escolha dos músculos foi realizada com base nos grupos musculares

envolvidos na flexão e extensão das articulações do joelho e tornozelo e, extensão

do tronco.

Os eletrodos foram posicionados em pares, com distância intereletrodos

de dois centímetros seguindo as recomendações da SENIAM (HERMENS et al,

2000). Para reduzir os ruídos e as impedâncias na passagem dos estímulos,

anteriormente à colocação dos eletrodos, foi realizada tricotomia padrão e limpeza

da pele com álcool sobre os músculos selecionados para o estudo. Estes

procedimentos, a localização e orientação na colocação dos eletrodos seguiram as

recomendações da SENIAM (HERMENS et al, 2000), conforme descrito abaixo e

ilustrado na figura 4: A) Músculo Vasto Lateral (VL) – Os eletrodos foram colocados

a 2/3 na linha anterior da espinha ilíaca superior à lateral da patela. B) Músculo

Bíceps Femoral (cabeça longa) (BF) – Os eletrodos foram colocados no ponto médio

entre a tuberosidade isquiática e o epicôndilo lateral da tíbia. C) Músculo Tibial

Anterior (TB) – Os eletrodos foram colocados no terço proximal entre o topo da

fíbula e o topo do maléolo medial. D) Músculo Gastrocnêmio Lateral (GL) – Os

eletrodos foram colocados no terço proximal da linha entre a cabeça da fíbula e o

calcanhar. E) Músculo Eretor da Espinha - Direito (ED) – Os eletrodos foram

colocados e alinhados do lado direito em uma linha a partir do topo da espinha ilíaca

póstero superior em direção ao processo espinhoso de L5, cerca de dois a três

centímetros a partir da linha média. Eletrodo de Referência – O eletrodo de

28

referência (terra), monopolar, foi fixado na extremidade esternal da clavícula, para

minimizar interferências externas, garantindo assim, a qualidade do sinal.

A B C D E

FIGURA 4: Localização dos pontos onde os eletrodos são fixados na

análise eletromiográfica. A) m. vasto lateral; B) m. bíceps femoral (BF); C) m. tibial

anterior (TA); D) m. gastrocnêmio lateral (GL); E) m. eretor da espinha direito (ED)

(SENIAM).

4.3.2 Colocação do Eletrogoniômetro

O eletrogoniômetro foi posicionado segundo as orientações de Norkin e

White (1997) de forma que o braço proximal seguiu a linha média lateral do fêmur,

usando como referência o trocânter maior e, o braço distal seguiu a linha média

lateral da fíbula, usando como referência o maléolo lateral e a cabeça da fíbula. Os

dois braços foram fixados por faixas elásticas, mantendo o eixo do eletrogoniômetro

sobre o epicôndilo lateral do fêmur. A colocação do eletrogoniômetro é ilustrada na

figura 5.

29

Figura 5: Colocação do goniômetro

Após a fixação dos eletrodos e do eletrogoniômetro, os sujeitos vestiram

uma calça segunda pele.

4.3.3 Colocação do acelerômetro

O acelerômetro foi posicionado na extremidade lateral do pé sobre a

proeminência da base do quinto osso metatarsiano (Figura 6). Foi fixado através de

uma interface e preso em volta e por cima do pé com fita adesiva. Após esse

procedimento, o sujeito vestiu ma tornozeleira a fim evitar o deslocamento entre o

instrumento e a superfície de contato.

30

FIGURA 6: Acelerômetro na extremidade lateral do pé para registro

bidimensional da aceleração.

4.3.4 Colocação do switch

O switch foi colocado e fixado sobre um saco de pancadas (saco de couro

preenchido com serragem), medindo aproximadamente 0,90 cm de altura, através

de fita adesiva com menor aderência para não danificar o equipamento e por cima

fita adesiva de maior aderência para suportar os impactos, evitando o deslocamento.

Foi marcado um “X” com fita adesiva em cima do switch, local que serviu de alvo

para os atletas acertarem os chutes, permitindo assim, o registro do exato instante

em que o atleta tocou o alvo determinado (Figura 7).

31

FIGURA 7- Sensor (switch) acoplado ao saco de pancadas.

4.3.5 Protocolo experimental

A fim de realizar uma análise relativa a parâmetros biomecânicos do

taekwondo foi escolhido o chute ap bal ap dolio tchagui que é considerado um golpe

básico para os praticantes iniciais dessa modalidade.

Primeiramente os atletas foram orientados em como acertar o alvo

(switch). O atleta escolheu com qual membro inferior iria realizar o chute, que em

todos os casos foi o membro dominante. O saco de pancadas foi amparado pelo

pesquisador e posicionado de tal forma a manter o switch a 5 centímetros de altura

acima da crista ilíaca do atleta.

Objetivando uma adaptação da distância entre o sujeito e o saco de

pancadas, e também visando um aquecimento prévio, o atleta foi orientado a realizar

alguns chutes previamente à coleta. Após a familiarização do atleta em relação à

melhor distância entre ele e o saco, o solo foi marcado com fita adesiva na frente

dos pés, sendo informado que quando voltasse à posição inicial não deveria

ultrapassar aquelas marcas e que durante a coleta, deveria fazer a correção da

postura. No final desta etapa, os atletas se posicionaram com a perna de ataque à

frente do corpo. O atleta, em posição inicial, ou seja, pés paralelos afastados numa

distância ânteroposterior equivalente à largura dos ombros, em diagonal ao saco de

pancadas, flexionou a articulação do joelho da perna de ataque, projetando-a para

32

frente. Em seguida, realizou uma rotação externa do quadril do membro inferior de

apoio, ao mesmo tempo em que estendeu a articulação do joelho desferindo o chute

com o dorso do pé, retornando à posição inicial imediatamente após o chute,

conforme sequência ilustrada abaixo, Figura 8 A-D, respectivamente.

A

B

C

D

FIGURA 8: Fases do chute ap bal ap dolio tchagui. A) posição inicial. B)

fase de ataque. C) Fase de contato. D) posição final (Vista anterior).

Para a aquisição dos dados, cada atleta realizou com a máxima

velocidade e potência, 25 chutes considerados válidos para o estudo. O intervalo

entre dois chutes foi randomizado entre 8 e 17 segundos. Houve dois sinais sonoros

de frequências diferentes, o primeiro emitindo o comando para execução do chute e

o segundo somente na qual o atleta corrigiu a postura, a fim de se preparar para o

próximo chute. Este dispositivo sonoro permite o controle do tempo inicial da tarefa.

O instante final foi determinado quando o pé do atleta atingiu o alvo (footswitch),

acoplado ao saco de pancadas. No caso em que o atleta não acertou o alvo ou não

realizou o chute de acordo com o comando, aquela aquisição foi descartada. Para

efeito de ilustração, a Figura 9 mostra uma representação esquemática do arranjo

experimental com o atleta devidamente equipado executando o chute ap bal ap dolio

tchagui.

33

FIGURA 9: Representação do esquema utilizado para coleta de dados (Vista posterior).

4.3.6 Análise Estatística

Estatística descritiva, média e desvio padrão da média, foi utilizada para

apresentar os dados.

34

5. Resultados

Objetivando uma visualização mais clara dos resultados, esses foram

expressos em forma de gráficos e tabelas. Na figura 10 os gráficos representam os

padrões de intensidade dos sinais elétricos dos músculos ED (eretor direito), VL

(vasto lateral), BF (bíceps femural), TA (tibial anterior), GL (gastrocnêmio lateral),

assim como o padrão angular da articulação do joelho e a aceleração do pé que

executou o chute ap bal ap dolio tchagui durante o experimento. Na figura 11 o

gráfico representa o tempo decorrente entre o sinal sonoro, o início da ativação

elétrica de cada músculo estudado e o final do golpe, também dando para visualizar

o tempo de reação (TR) e tempo de movimento (TM). A figura 10 foi obtida através

do cálculo das curvas médias e desvios padrão dos valores normalizados no tempo

e na intensidade para a eletromiografia (EMG) e na base do tempo para os demais

parâmetros. A normalização na base do tempo foi realizada considerando-se como

início e final da tarefa, os instantes em que o sinal sonoro foi acionado e quando o

alvo foi atingido, respectivamente.

35

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100-1300

01300

% da tarefa

-9000

900 aceleração horizontal (o/s2)

aceleração vertical (o/s2)

90180

posição do joelho (o)

050

100

050

100

050

100

050

100

050

100

EM

G n

orm

aliz

ado

(% d

o pi

co)

ED

VL

BF

TA

GL

Figura 10. Média e desvio padrão da media do sinal EMG, da posição

angular do joelho e da aceleração horizontal e vertical do pé que desfere o chute ap

bal ap dolio tchiagui do taekwondo referente a 20 chutes desferidos por 10 atletas

iniciantes. Dados normalizados no tempo, sendo 0% o início do chute (sinal sonoro)

e 100% o instante em que o alvo (marca num saco de areia) foi atingido. O sinal

EMG dos músculos eretor da espinha direito (ED), m.vasto lateral (VL), m.bíceps

femoral (BF), m.tibial anterior (TA) e m.gastrocnêmio lateral (GL) foi normalizado

pelo pico do sinal obtido em cada chute.

Segundo os dados eletromiográficos expressos na figura 10, os primeiros

músculos a serem ativados são o m. TA e o m. BF, aproximadamente aos 20% da

tarefa, seguidos do m. GL aos 44%, m. ED aos 47% e o m. VL aos 80% da tarefa.

Percebe-se que antes do pé atingir o alvo ocorre a máxima flexão da articulação do

joelho que coincide com a ativação máxima do músculo VL. Ao atingir o alvo, os

músculos VL e TA apresentaram diminuição na sua ativação elétrica, enquanto os

demais músculos apresentavam-se estáveis.

36

Na tabela 1 são expressos os valores do pico de intensidade do sinal

eletromiográfico antes e no instante do pé atingir o alvo.

Tabela 1- Média e desvio padrão (DP) do pico de intensidade do sinal eletromiográfico

(normalizado na intensidade) dos músculos analisados antes do alvo ser atingido, bem como a

intensidade do sinal EMG no instante em que o alvo foi atingido (n=10).

Média (DP)

do pico do sinal EMG (%)

Músculos antes de atingir o alvo ao atingir o alvo

Vasto Lateral 85 (6) 20 (7)

Gastrocnêmio Lateral 65 (7) 40 (5)

Eretor da espinha direito 60 (9) 50 (8)

Bíceps femural 60 (11) 30 (10)

Tibial Anterior 60 (7) 40 (6)

Todos os músculos analisados apresentaram ativação máxima antes do

alvo ser atingido, tendo o músculo VL apresentado a maior amplitude, seguido dos

músculos GL, ED, BF e TA. Ao atingir o alvo, o músculo ED apresentou a maior

amplitude, seguido dos músculos GL, TA, BF e VL respectivamente.

A tabela 2 apresenta o instante em que ocorreu a ativação elétrica

máxima dos músculos estudados.

Tabela 2- Instante em que ocorreu ativação elétrica máxima dos músculos analisados (n=10).

Músculos Instante em que ocorreu o pico do sinal

EMG (% da tarefa)

Bíceps femoral 65 (9)

Gastrocnêmio Lateral 67 (8)

Tibial Anterior 92 (8)

Vasto Lateral 92 (11)

Eretor da Espinha Direito 98 (12)

Percebe-se que o músculo BF foi o primeiro a atingir o pico de ativação

elétrica, seguido dos músculos GL, TA, VL e ED.

37

O gráfico expresso na figura 10 apresenta os padrões temporais da

posição da articulação dom joelho. Percebe-se que o início da alteração da posição

angular do joelho ocorre aos 53% da tarefa.

A tabela 3 apresenta os valores máximos e as magnitudes da posição do

joelho antes e no instante em que o pé atinge o alvo.

Tabela 3- Pico de flexão da articulação do joelho e instante (% da tarefa) em que

ocorreu. Posição da articulação do joelho no instante em que o alvo foi atingido. (n=10).

Valores máximos antes de

atingir o alvo

Magnitudes ao atingir o

alvo

Posição/instante 90º / 93% 145º

Percebe-se que a máxima flexão apresentada pelo joelho ocorreu aos

93% da tarefa. Entretanto, no momento do impacto do pé com o alvo, o joelho se

encontrava com 145º de flexão, não estando em extensão máxima (180º).

A figura 10 apresenta os valores das acelerações horizontal e vertical do

pé antes e no momento em que o alvo é atingido. A tabela 4 mostra o pico de

aceleração horizontal e vertical do pé que executa o golpe, antes do alvo ser

atingido, bem como os valores no instante em que o alvo é atingido.

Tabela 4 - Pico de aceleração horizontal e vertical do pé que executa o chute ap bal

ap dolio tchagui do taekwondo, antes do alvo ser atingido e no instante em que o alvo é

atingido.

Durante o golpe Instante em que o alvo é atingido

Aceleração

horizontal/instante

- 100m/s² / 80%

300m/s² / 94%

-100m/s²

Aceleração

vertical/instante

450m/s² / 83%

-250m/s²

Percebe-se que antes do alvo ser atingido a aceleração horizontal

apresenta dois picos de intensidade, ou seja, o negativo referente a flexão do joelho

e o positivo referente à extensão do joelho.

38

A figura 11 mostra os tempos decorrentes entre o sinal sonoro e o final

do golpe, bem como entre o sinal sonoro e o início da atividade elétrica dos

músculos vasto lateral e eretor da espinha direito.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Iníciodo movimentoSinal sonoro

Final do golpe

VL

ED

milissegundos

Figura 11. Tempo decorrente entre o sinal sonoro e o início da ativação

muscular (tempo pré-motor) dos músculos ED e VL, respectivamente m. eretor da

espinha direito e m. vasto lateral.

O tempo decorrente entre o sinal sonoro e o início da ativação elétrica dos

músculos ED e VL foram, respectivamente, 480 ms e 680 ms. Ao passo que o tempo

de reação e o tempo de movimento são respectivamente iguais a 585 ms e 275 ms

Observe que o músculo ED foi ativado anteriormente ao VL e que o TR foi

superior ao TM.

39

6 DISCUSSÃO

O presente estudo objetivou analisar parâmetros biomecânicos do chute

ap bal ap doio tchagui realizados por praticantes iniciantes. As variáveis estudadas

foram a ativação elétrica dos músculos ED (eretor da espinha direito), VL (vasto

lateral), BF (bíceps femoral), TA (tibial anterior), GL (gastrocnêmio lateral), a posição

angular do joelho e a aceleração do pé que realiza o chute.

Observa-se no gráfico da figura 10 que exceto o músculo VL, todos outros

músculos foram ativados eletricamente antes do início do movimento da articulação

do joelho.

O músculo VL foi recrutado aos 80% da tarefa, aproximadamente aos 680

ms após o sinal sonoro, e atingiu seu pico de intensidade elétrica muito próximo do

momento em que a articulação do joelho se encontrava totalmente flexionada (aos

92% da tarefa). De Proft et al (1988) verificaram a ação dos agonistas e antagonista

do joelho durante o chute do futebol, e concluíram que os extensores do joelho

foram mais eletricamente ativos durante a flexão do joelho agindo como antagonista

ao movimento, e que essa ação sinérgica é maior em jogadores experientes quando

comparado com não experientes. O estudo de Fields et al (2005) que dividiram o

chute do futebol em três fases, mostrou que na fase dois (leg cockig) em que o

joelho realiza máxima flexão, o músculo quadríceps e os músculos flexores de

quadril, antagonistas ao movimento, apresentaram ativação elétrica objetivando

reduzir o grau de flexão do joelho. Para Bollens et al (1987) o pico de ativação do m.

quadríceps em jogadores experientes é visto no final da fase de flexão do joelho.

Esses achados corroboraram com os resultados desse estudo em relação à ativação

excêntrica do m. VL agindo como antagonista na máxima flexão do joelho.

Após atingir seu valor máximo, o m. VL sofre uma diminuição de ativação

elétrica até o alvo ser atingido, assim como no estudo de Silva (2009) que analisou

os mesmos parâmetros biomecânicos do mesmo golpe, e identificou que o m. vasto

medial foi recrutado em seu valor máximo somente aos 86% da tarefa e próximo de

atingir o alvo, apresentando diminuição abrupta de ativação elétrica imediatamente

após o pico de ativação.

O músculo BF atingiu dois picos de intensidade durante o golpe, aos 65%

e muito próximo de atingir o alvo. O primeiro pico de ativação do músculo BF aos

40

65%, ocorre próximo do momento em que o joelho inicia sua flexão aos 53% da

tarefa, provavelmente pelo fato dessa musculatura ser responsável pela flexão da

articulação do joelho. Já o segundo pico de ativação do m. BF ocorre muito próximo

de atingir o alvo, porém apresentando menor intensidade elétrica em relação ao

primeiro pico. Esse segundo pico do BF, provavelmente é uma ação excêntrica e

antagônica ao VL, objetivando reduzir a velocidade da extensão da articulação do

joelho no momento do impacto do pé do sujeito com o saco de pancadas (alvo). No

estudo de Fields et al (2005) foi verificado que momentos antes do pé do sujeito

entrar em contato com a bola, terceira fase do chute (leg-acceleration), os músculos

isquiotibiais atuaram excentricamente para reduzir a taxa de extensão do joelho,

podendo ser um mecanismo de proteção que previne a hiperextensão e danos a

essa articulação. Robertson et al (1985) apregoa que essa ação excêntrica dos

músculos flexores de joelho (isquiotibiais) que reduz a velocidade angular dessa

articulação momentos antes do contato com a bola, ocorre com o objetivo de reduzir

a possível hiperextensão do joelho devido a velocidade com que o joelho é

estendido. De acordo com Clarys et al (1993) esse equilíbrio e balanço entre os

músculos flexores e os músculos extensores ocorre possivelmente para diminuir a

incidência de lesão no joelho, bem como para melhorar o desempenho do chute.

Parece haver diferenças neste sinergismo de coativação entre o m. VL e

o m. BF se comparados indivíduos experientes e não experientes na tarefa motora.

Contudo, de acordo com De Proft et al (1988) quando comparados jogadores de

futebol experientes com não jogadores, os padrões eletromiográficos dos músculos

agonistas e antagonistas da musculatura envolvida no chute apresentam padrões

similares. Porém, este mesmo estudo mostra que os músculos agonistas ao

movimento, dos sujeitos não jogadores, foram sempre mais ativos do que os

músculos antagonistas, o que pode indicar um baixo sinergismo e pouca

coordenação durante o movimento. De acordo com esse autor, antes do contato

com a bola, momento crítico do movimento, os indivíduos inexperientes

apresentaram 50% de contração voluntária máxima dos músculos antagonistas, se

comparados aos jogadores experientes. Quando o movimento foi considerado como

um todo, os jogadores inexperientes apresentaram maior ativação muscular durante

o chute, porém a distância que a bola percorreu foi menor do que os sujeitos

experientes. Já o fato de ocorrer maior ativação excêntrica dos músculos

41

antagonistas próximo do contato com a bola em jogadores experientes, significa

maior sinergismo e controle do movimento. Para Fields et al (2005) e Bollens et al

(1987), jogadores experientes de futebol parecem apresentar mais relaxamento dos

músculos isquiotibiais durante o movimento de aceleração da perna, porém,

apresentando ativação dessa musculatura pouco antes do contato com a bola, o que

mostra o maior controle sinérgico dos jogadores experientes versus os

inexperientes. No estudo de Silva (2009) os parâmetros biomecânicos do chute ap

bal ap dolio tchagui foram semelhantemente analisados em relação a esse, porém

com atletas faixas preta experientes, diferentemente do presente estudo que

analisou iniciantes. Verificou-se em seus resultados eletromiográficos, que no

momento em que o joelho se encontrava totalmente flexionado, o músculo vasto

medial se encontrava em seu pico de ativação, agindo excentrica e antagônicamente

ao movimento, corroborando com os resultados desse estudo e dos estudos de De

Proft et al (1988) e Fields et al (2005) sobre o futebol. Porém, no momento em que o

alvo é atingido, os atletas faixas preta do estudo de Silva (2009) apresentaram maior

ativação elétrica do m. BF, agindo excêntrica e antagonicamente, em relação aos

sujeitos iniciantes desse estudo, que também apresentaram essa ativação, porém,

com menor intensidade. Isso indica que o músculo BF dos indivíduos do presente

estudo apresentou menor intensidade de ativação momentos antes do pé atingir o

alvo, se comparado à ativação encontrada nos músculos dos atletas faixa preta do

estudo de Silva (2009). Essa diferença corrobora com os estudos de Fields et al

(2005), Robertson et al (1985), nos quais jogadores experientes apresentaram maior

ativação dos músculos posteriores da coxa momentos antes do contato com a bola.

Segundo Bollens et al (1987) jogadores experientes apresentam maior

eficiência do sistema muscular em relação aos menos experientes, reforçando a

importância do desenvolvimento da técnica motora através do treinamento. Essa

diferença no comportamento sinérgico entre praticantes experientes versus

inexperientes no taekwondo ou em outras modalidades esportivas é resultado do

tempo de treino em que o sujeito é submetido ao longo da prática na modalidade,

pois é através da prática que ocorre a aprendizagem (MAGGIL, 2000).

Já os músculos TA e GL que são responsáveis pelos movimentos

ocorridos na articulação do tornozelo, apresentaram comportamentos antagônicos

em toda a tarefa. O m. TA foi o primeiro músculo a ser ativado e apresentou dois

42

picos de intensidade elétrica. O primeiro pico aos 20% da tarefa ocorreu

possivelmente devido uma leve inclinação do tronco para trás agindo como uma

ação antecipatória ao início da flexão do joelho. Não foi percebida ativação do m. ED

nesse momento, diferentemente do estudo de Silva (2009), no qual o m. TA também

foi a primeira musculatura a ser ativada (aos 16 %) da tarefa, próximo do momento

de ativação elétrica do m. ED esquerdo, lado não analisado nesse estudo. Logo

após atingir o primeiro pico de intensidade elétrica, o m. TA sofre uma pequena

queda de ativação, momento em que se inicia a ativação do m. GL (aos 44% da

tarefa). Já o segundo pico de ativação do m. TA, aos 92% da tarefa, coincide com o

pico de ativação do m. VL, momento em que o joelho inicia a extensão e

possivelmente momento em que os sujeitos realizavam extensão do tornozelo

preparando o pé para o impacto com o alvo, uma vez que o m. TA é responsável

pela extensão do tornozelo. O m. GL inicia sua ativação aos 44% da tarefa, próximo

do momento em que o joelho inicia a flexão, possivelmente preparando o tornozelo

para o momento da retirada do pé do chão. O pico de ativação do m. GL ocorre

juntamente com o inicio da aceleração horizontal e durante a aceleração vertical e

flexão do joelho, momento em que o pé não se encontra em contato com o solo e o

tornozelo realiza flexão. Percebe-se que o m. TA e o m. GL se comportaram

antagonicamente a partir do momento da retirada do pé do solo até o alvo ser

atingido, possivelmente para estabilizar a articulação do tornozelo durante o

movimento do chute.

Outro fator a ser analisado é a inter-relação na ativação dos músculos da

perna TA e GL com a coativação dos músculos da coxa VL o BF. A articulação do

joelho é controlada pelo m.VL e m.BF, porém, os músculos da perna podem ter

função cinergista durante a flexão e extensão do joelho. Em um estudo realizado por

Yamazaky et al (1995) sobre o complexo cotovelo-antebraço, foi verificado através

de EMG que há ativação dos músculos do antebraço extensores e flexores do carpo

ulnar e radial, reciprocamente à ativação dos músculos bíceps braquial (BB) e

tríceps lateral (TL) durante um movimento rápido de extensão de cotovelo. Essa

ativação recíproca mostra uma inter-relação entre os músculos do braço e antebraço

durante o movimento. Segundo os autores, a ativação dos músculos do antebraço

pode ter ocorrido para proporcionar proteção e estabilização ao cotovelo durante a

extensão. Apesar da coativação dos antagonistas m. BB controlar o torque dos

43

agonistas m. TL contribuindo para proteção e estabilização do cotovelo, essa

contribuição é limitada, uma vez que o papel principal desses músculos é controlar a

força do movimento. Assim os músculos do antebraço proporcionam proteção e

estabilidade, ao passo que os músculos do braço estão envolvidos no controle de

movimento.

O músculo ED iniciou sua ativação aos 48% da tarefa, aproximadamente

aos 480 ms, momentos antes do início da flexão do joelho e da aceleração vertical

(retirada do pé do solo) que representa o inicio do movimento iniciado aos 585 ms.

Alguns autores mostram que quando uma tarefa motora potencialmente provoca

oscilação do tronco devido às forças originadas nos movimentos dos membros

superiores, o sistema nervoso central se antecipa ao distúrbio mecânico do tronco,

recrutando músculos que exerceram forças opostas ao distúrbio (ARUIN; LATASH,

1995; HODGES; CRESSWELL; THORSTENSSON, 1999, 2000, ZATTARA;

BOUISSET, 1998). Esse mecanismo de recrutamento dos músculos do tronco

também acontece quando ocorre movimento dos membros inferiores, assim como

no chute analisado nesse estudo.

Numerosos estudos mostram que a ativação elétrica dos músculos

flexores (abdominais) e extensores (paravertebrais) do tronco, acontecem de forma

consistente para controlar a perturbação que o movimento dos membros superiores

acarreta na coluna. Os músculos paravertebrais são ativados inicialmente com a

flexão do ombro objetivando controlar momentos de flexão na coluna e após, com a

extensão do braço numa ação excêntrica. Já a atividade dos músculos abdominais,

apresenta um padrão oposto, iniciando a atividade com a extensão do ombro e

após, com a flexão do ombro numa ação excêntrica (ARUIN; LATASH, 1995;

BELENKII et al, 1967; FRIEDLY et al, 1988; HODGES et al, 2000, 2001; ZATARRA;

BOUISSET, 1988).

Foram percebidos dois picos de ativação elétrica do m. ED, aos 68% e

98% da tarefa. O primeiro pico ocorreu durante a flexão de joelho e durante o

aumento da aceleração vertical do pé, possivelmente no momento em que a coluna

continuava se inclinando para trás. Já o segundo pico ocorre próximo do impacto do

pé com o alvo, momento em que o joelho estava quase estendido. Esses valores

corroboram com os estudos dos autores supracitados relativo à ativação dos

44

músculos paravertebrais frente à flexão/extensão dos membros superiores em

relação ao controle da coluna.

Um fator em relação à estabilidade da coluna que não foi abordado nesse

estudo é a coativação entre os músculos do tronco abdominais e paravertebrais,

pois no presente estudo, os músculos anteriores do tronco não foram analisados.

Panjabi (1992) apresenta que a grande capacidade da coluna de suportar cargas é

alcançada pela participação de todos os músculos do tronco (abdominais e

paravertebrais) reforçada pela cocontração destes músculos. Segundo Marras et al

(1987) e Lavender et al (1989) a cocontração dos músculos do tronco são mais

evidentes durante reações à cargas súbitas ou inesperadas. Segundo Cholewicki et

al (1997) a coativação é aumentada nos músculos antagonistas a medida que há

aumento da carga aplicada à coluna. Nesse estudo não foi analisada a atividade

eletromiográfica dos músculos abdominais, assim como no estudo de Silva (2009)

que verificou o comportamento dos músculos eretores da coluna esquerdo e direito,

mas não analisou o comportamento dos músculos abdominais durante o chute ap

bal ap dolio tchagui. Diferentemente, Hodges et al (2000), ao analisar as três

dimensões preparatórias (plano sagital, frontal e transversal), do tronco que precede

movimento de membros superiores, mostrou cuidado em verificar os músculos

abdominais e paravertebrais. O autor utilizou EMG intramuscular para analisar o

comportamento dos músculos transverso abdominal, obliquo interno e externo, e

EMG de superfície dos músculos eretores da espinha, reto abdominal e as três

porções do deltóide esquerdo. Os indivíduos executaram cinco movimentos

consecutivos de abdução e flexão a 60º e após extensão do braço a 40º. Conclui-se

que ocorreu uma preparação do tronco nos três planos antes do movimento dos

braços.

Em relação à posição angular do joelho, percebe-se que a flexão máxima

ocorreu aos 92% da tarefa, e ao atingir o alvo, o joelho se encontrava em

aproximadamente 110º, não apresentando extensão máxima que representaria 180º.

Silva (2009) observou os mesmos resultados a respeito da posição angular do joelho

em atletas faixas preta em relação à flexão e extensão do joelho. Possivelmente, a

razão pela qual o joelho não realiza toda extensão, seria o sinergismo muscular

entre o m. BF e o m. VL, pois ocorre ação excêntrica do m. BF no final do

movimento, objetivando uma desaceleração da perna como mecanismo de proteção

45

a essa articulação. Ao estudar um soco do Kung fu, Neto et al (2008) relataram que

ao executar o movimento, o cotovelo não apresentou extensão máxima. Os autores

justificam que o fato do cotovelo não se estender totalmente, acontece devido à

ativação do músculo antagonista ao movimento de extensão, resultando na

desaceleração do braço, evitando que a articulação do cotovelo seja abruptamente

estendida em sua amplitude máxima.

Em relação à aceleração do pé que realizou o chute, os resultados

mostraram que a aceleração horizontal apresentou dois picos de intensidade. O

primeiro pico aos 84% da tarefa, momento em que o pé se deslocava para trás,

ocorreu possivelmente devido à rotação externa do quadril do membro de apoio. O

segundo pico da aceleração horizontal, momento em que o pé se deslocava em

direção ao saco, ocorreu aos 94%, possivelmente devido à extensão do joelho para

atingir o alvo. Já a aceleração vertical alcançou seu pico aos 85% da tarefa,

momento em que o pé realizava um deslocamento diagonal ascendente. Silva

(2009) que analisou o mesmo golpe constatou que o pico da aceleração vertical

ocorreu aos 94%. O autor justifica que devido o alvo estar posicionado 5 cm acima

da crista ilíaca, o pé realiza o movimento numa direção diagonal ascendente.

Em relação às variáveis tempo de reação (TR) e tempo de movimento

(TM), percebe-se que entre o estímulo sonoro e o inicio do movimento, o tempo

gasto foi de aproximadamente 585 ms, ou seja, os indivíduos apresentaram em

média esse valor como TR. Segudo Maggil (2000) o TR é definido como o tempo

decorrido entre estímulo e o inicio da resposta. O alvo foi atingido aproximadamente

aos 860 ms. O TM que os indivíduos apresentaram em média foi de

aproximadamente 275 ms. Percebe-se que o TR foi superior ao TM. Esses dados

corroboram com o estudo de Rodrigues et al (1984) que mediram o tempo de reação

e tempo de movimento em dois diferentes chutes (mae-geri) frontal e (mawashi-geri)

circular. Os resultados mostraram que independentemente da técnica utilizada, o

tempo de reação foi superior ao tempo de movimento Younghen (1958) ao comparar

o TR e o TM de mulheres atletas e não atletas, concluiu que as atletas foram mais

rápidas no TR e TM em relação às não atletas e ainda encontrou baixa correlação

entre essas duas variáveis. Lotter (1959) ao verificar a inter-relação do TR e TM nos

membros superiores e inferiores, analisou dois movimentos de habilidades básicas

modificados ao arremesso do basquetebol e do chute do futebol americano. Os

46

resultados mostraram que tanto o TR e TM no movimento do chute foram maiores

em relação ao arremesso, porém em nenhum caso essas variáveis foram

correlacionadas. O autor concluiu que o TR e TM são variáveis distintas e não

correlatas.

47

7- CONCLUSÃO

Concluiu-se nesse estudo sobre o chute ap bal ap dolio tchagui que:

Exceto o músculo vasto lateral, todos outros músculos analisados

apresentaram ativação elétrica antes do movimento do joelho;

O músculo tibial anterior e gastrocnêmio lateral se comportaram

antagonicamente durante toda tarefa

Também foi percebido ação antagônica e grande sinergismo entre os

músculos vasto lateral e bíceps femural;

O músculo eretor direito apresentou ação antecipatória em relação ao

movimento;

A articulação do joelho não apresentou extensão completa no instante em

que o pé atingiu o alvo, indicando um mecanismo de proteção do joelho

7.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da análise do golpe estudado, conclui-se que a instrumentação

utilizada ofereceu todo respaldo e respondeu a todos os objetivos propostos pelo

presente estudo. Através desse estudo, pode-se perceber que atletas iniciantes

apresentam diferenças em relação a atletas experientes no que se refere ao

comportamento muscular do golpe estudado. O melhor entendimento dessas

diferenças pode, potencialmente, contribuir para o aprimoramento das técnicas de

treinamento visando alto rendimento.

48

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, M. R.; COSTA, V. T. da.; SAMULSKI, D. M.; NOCE, F. Avaliação

do perfil motivacional dos atletas de alto rendimento do taekwondo brasileiro.

Revista Iberoamericana de Psicologia del Ejercicio y El Deporte, Las Palmas de

Gran Canaria, v. 3, n. 1, p. 75-93, 2008.

ARUIN, A. S.; LATASH, M. L. Directional specificity of postural muscles in

feedforward postural reactions during fast voluntary arm movements. Experimental

Brain Research, v. 103, n. 2, p. 323-32, 1995.

BELEN’KII, V. E.; GURFINKEL, V. S.; PAL’TSEV, E. I. Control elements of voluntary

movements. Biofizika, v. 12, n. 1, p. 135 – 141. 1967.

Bellis, C.J. Reaction time and chronological age. Proceedings of the Society for

Experimental Biology and Medicine, v. 30, n. 6, p. 801-803, 1933.

BOLLENS, E. C.; De PROFT, E.; CLARYS, J. P. The accuracy and muscle

monitoring in soccer kicking. In Jonsson B (ed): Biomechanics X-A. Champaign, IL,

Human Kinetics Publishers, p. 283-288, 1987.

CHANG, J.-S.; CHANG, W.-T.; TANG, W.-T. Kinmatic and kinetic analysis of lower

limbs in taekwondo doublejump roundhouse kick during landing. Journal of

Biomechanics, v. 40, n. S2, 3 jul. 2007.

CHIU, Po-Hsiang.; WANG, Hsiang-Hsin.; CHEN, Yi-Cheng. Designing a

measurement system for taekwondo training. Journal of Biomechanics, v. 40, n.

S2, 4 jul. 2007.

CHOLEWICKI, J.; PANJABI, M. M.; KHACHATRYAN, A. Stabilizing function of the

trunk flexor-extensor muscles around a neutral spine posture. Spine, v. 19, p. 2207 –

2212, 1997.

49

CHOLEWICKI, J.; VAN VLIET, J. J. Relative contribution of trunk muscle to the

stability of the lumbar spine during isometric exertion. Clinical Biomechanics, v. 17,

p. 99 – 105, 2002.

CLARYS, J. P.; CABRI. J. Electromyography and study of sports movement: A

review. J Sports Sci, n. 11, p.379-448, 1993.

COSTA, Lamartine Pereira da. Atlas do Esporte no Brasil: atlas do esporte,

educação física e atividade física de saúde e lazer no Brasil. Rio de Janeiro: Shape,

2005.

De PROFT, E.; CLARYS, J P.; BOLLENS, E, et al. Muscle activity in the soccer kick.

In Reilly T, Less A, Davids, K, et al (eds): Science and football. New York: E & FN

Spon, p. 434-440, 1988.

Engel, B. T.; Thorne, P.R.; Quilter, R.E. On the relationship among sex, age,

response mode, cardiac cycle phase, breathing cycle phase, and simple reaction

time. Journal of Gerontology, v. 27, n. 4, p. 456-460, 1972.

FARGAS, Ireno. Taekwondo. Espanha: Comité Olímpico Español, 1996.

FALCO, C.; ALVAREZ, O.; CASTILLO, I.; ESTEVAN, I.; MARTOS, J.; MUGARRA,

F.; IRADI, A. Influence of the distance in a roundhouse kick’s execution time and

impact force in Taekwondo. Journal of Biomechanics, v. 42, n. 3, p. 242-8, 9 fev.

2009.

FIELDS, K. B.; BLOOM, O. J.; PRIEBE, D.; FOREMAN, B. Basic Biomechanics of

the Lower Extremity. Prymare care, v. 32, n. 1, p. 245-251, 2005.

FITTS, P. M.; POSNER, M. I. Human Performance. Belmont, C A. Brooks / Cole,

1967.

50

FRIEDLI, W. G.; COHEN, L.; HALLETT, M.; STANHOPE, S.; SIMON, S. R. Postural

adjustments associated with rapid voluntary arm movements. II. Biomechanical

analysis. J Neurol Neurosurg Psychiatry, v. 51, n. 2, p. 232 – 243, 1988.

GALLAHUE, David L.; OZMUN, Jhon C. Compreendendo o Desenvolvimeno Motor:

bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. Ed. São Paulo: Phorte, 2005.

GENTILE, A.M. A working model of skill acquisition with application to teaching.

Quest, v.17, p. 2-23, 1972.

GORGY, O.; VERCHER, Jean-Louis; COYLE, T. How does practise of internal

Chinese martial arts influence postural reaction control? Journal of Sports

Sciences, v. 26, n. 6, p. 629-42, abr. 2008.

HELLER, J.; PERIC, T.; DLOUHÁ, R.; KOHLÍKOVÁ, E.; MELICHNA, J.;

NOVÁKOVÁ, H. Physiological profiles of male and female taekwon-do (ITF) black

belts. Journal of Sports Sciences, v. 16, n. 3, p. 243-9, abr. 1998.

HERMANN, G. et al. Reaction and Performance time of taekwondo top-athletes

demonstrating the baldung-chagi. In: PROCEEDINGS OF THE INTERNATIONAL

SYMPOSIUM ON BIOMECHANICS IN SPORTS, 26., 2008, Seoul, Korea.

Proceedings of the 25º International Symposium on Biomechanics in Sports.

Seoul, Korea: 2008 Jul. p. 416-19.

HODGES, P.; CRESSWELL, A.; THORSTENSSON, A. Preparatory trunk motion

accompanies rapid upper limb movement. Experimental Brain Research, v. 124, n.

1, p. 69-79, jan. 1999.

HODGES, P.; CRESSWEL, A.; DAGGFELDT, K.; THORSTENSSON, A. Three

dimensional preparatory trunk motions precedes asymmetrical upper limb movement.

Gait Posture, v. 11, n.1, p. 92-101, 2000.

51

HODGES, P. W.; CRESSWELL, A. G.; THORSTENSSON, A. Perturbed upper limb

movement cause short-latency postural responses in trunk muscles. Experimental

Brain Research, v. 138, n. 2, p. 243-50, mai. 2001.

KIM, Yeo Jin. Arte Marcial Coreana: Taekwondo. São Paulo: Thirê, v. 1 Iniciante,

1995.

KIM, Yeo Jin; SILVA, Edson. Arte Marcial Coreana: Taekwondo. São Paulo:

Roadie Crew Ltda, v. 2 Avançado, 2000.

KIM, Yeo Jun. O Manual dos Campeões: Taekwondo. 2. ed. São Paulo: Editora &

Gráfica AWA, 2006.

KOLLMITZER, J.; EBENBICHLER, G.; KOPF, A. Reliability of Surface

Electromyographic Measurements. Clinical Neurophysilogy, v. 110, n. 4, p. 725-34,

abr. 1999.

LAYTON, C. Reaction + Movement-time and Sidedness in shotokan karate students.

Perceptual and Motor Skills, v. 76, n. 3, p. 765-6, jun. 1993.

LAVENDER, S. A.; MIRKA, G. A.; SCHOENMARKLIN et al. The effects of preview

and task symmetry on trunk muscle response to sudden loading. Human Factors, v.

31, p. 101 – 115, 1989.

LEE, Woo-Jae.; KIM, Yong M.; FILHO, Luís Eugênio Bezerra M. Aprenda

Taekwondo. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasil América, 1988.

LOTTER, W. S. Interlatioships among reaction times and spped of movement in

different limbs. Research Quartely, v. 31, n. 2, p. 147-153, 1959.

MAGILL, Richard A. Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. São Paulo:

Edgard Blücher, 2000.

52

MARRAS, W. S.; RANGARAAJULU, S. L; LAVENDER, S. A. Trunk loading and

spectation. Ergonomics, v. 30, p. 551 – 562, 1987.

MARTENIUK, R.G. Information processing in motor skill. New York: Holt,

Rinehart & Wiston, 1976.

MIYAMOTO, R. J.; JUNIOR, C. M. M. Tempo de reação e tempo das provas de 50 e

100 metros rasos do atletismo em federados e não federados. Revista Portuguesa

de Ciência do Desporto. V. 4, n. 3, p. 342-348, 2004.

NAVARRO, M.; MIYAMOTO, N.; RANVAUD, R. Análise do sistema de validação de

pontos no “Taekwondo”. Revista Brasileira de Educação Física da Universidade

de São Paulo, São Paulo, v 22, n. 3, p. 193-200, jul./set. 2008.

NETO, O. P. et al. Comparison of force, power, and striking efficiency for a Kung Fu

strike performed by novice and experienced practitioners: preliminary analysis.

Perceptual and Motor Shills, v. 106, n. 1, p. 188-96, fev. 2008.

NETO, O. P.; MAGINI M. Eletromiographic and kinematic characteristics of kung ku

Yau-Man palm strike. Journal of Electromyography and Kinesiology, v. 18, n. 6,

p. 1047-52, dez. 2008.

NIEN, Y.-H.; CHANG, J.-S.; TANG, W.-T. The kinematics of target effect during

roundhouse kick in elite taekwondo athletes. Journal of Biomechanics, v. 40, n. S2,

5 jul. 2007.

PANJABI, M. M. The stabillizing system of the spine. Part 1. Function, dysfunction,

adaptation, and enhancement. Journal of spinal Disorders, v. 5, n. 4, p. 383 – 389,

1992.

PELLEGRINI, A. M. A aprendizagem de habilidade motora I: O que muda com a

prática?. Rev. paul. Educ. Fís, n. 3, p.29-34, 2000.

53

PIMENTA, T.; JUNIOR, W. M. A constituição de um subcampo do esporte: O caso

do taekwondo. Revista Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 193-215, jan./mar.

2009.

PIMENTA, T. F. F.; MARCHI JÚNIOR, W. Processo civilizador e as artes marciais

coreanas: possíveis aproximações. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSO

CIVILIZADOR, 10., 2007, Campinas. Anais do X Simpósio Internacional

Processo Civilizador. Campinas: UNICAMP, 2007.

PIMENTA, T. F. F.; MARTA, F. E. F. Taekwondo: sua trajetória rumo às olimpíadas.

In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA,

DESPORTO, LAZER E DANÇA, 7., 2002, Ponta Grossa. Anais do VII Congresso

Brasileiro de História da Educação Física. Ponta Grossa: UEPG, 2002.

RAU, G.; SCHULTE, E.; DISSELHORST-KLUG, C. From cell to movement: to what

answers does EMG really contribute? Journal of Electromyography and

Kinesiology, v. 14, n. 5, p. 611-7, out. 2004.

ROBERTSON, D. G. E.; MOSHER, R. E. Work and power of the leg muscles in

soccer kicking. In Winter DA, Norman RW, Wells RP, et al (eds): Biomechanics IX-B.

Champaing, IL, Humans Kinetics Publishers, p. 533-538, 1985.

RODRIGUES, S. C. P.; RODRIGUES, M. I. K. Estudo de correlação entre tempo de

reação e tempo de movimento no Karatê. Revista Kinesis, Rio Grande do Sul, n.

Especial, p. 107-117, dez. 1984.

Schmidt R. A.. Motor control and learning: a behavioral emphasis. Champaign:

Human Kinetics, 1982..

SERINA, E. R.; LIEU, D. K. Thoracic injury potential of basic competition taekwondo

kicks. Journal of Biomechanics, v. 24, n. 10, p. 951-60, 1991.

54

SILVA, Valmar Fernandes da. Análise biomecânica do chute ap bal ap doli

thacgui do tae-kwon-do. São Paulo: USJT, 2009. Originalmente apresentada como

dissertação de Mestrado, Universidade São Judas Tadeu, 2009.

SPIERER, D. K. R. A.; PETERSEN, K.; DUFFY, B. M.; CORCORAN, B. M.;

RAWLS-MARTIN, T. Gender influence on response time to sensory stimuli. Journal

of Strength and Conditioning Research, v. 24, n. 4, p. 957-963, 2010.

TANG, W.-T.; CHANG, J.-S.; NIEN, Y.-H. The kinematics characteristics of preferred

and nonpreferred roundhouse kick in elite taekwondo athletes. Journal of

Biomechanics, v. 40, n. S2, 5 jul. 2007.

VAGHETTI, C. A. O.; ROESLER, H.; ANDRADE, A. Tempo de reação simples

auditivo e visual em surfistas com diferentes níveis de habilidade: comparação entre

atletas profissionais, amadores e praticantes. Revista Brasileira de Medicina do

Esporte, v. 13, n. 2 , mar / abril. 2007.

VIETEN, M. et al. Reaction time in taekwondo. In: PROCEEDINGS OF THE

INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON BIOMECHANICS IN SPORTS, 25., 2007, Ouro

Preto, Brazil. Proceedings of the 25º International Symposium on Biomechanics

in Sports. Ouro Preto, Brazil: 2007. p. 293-6.

WEINECK, J. Treinamento ideal. São Paulo: Manole, 1999.

WELFORD, A. T . Reaction times. London: Academic Press, 1980.

WILK, S. R., McNAIR, R. E., FELD, M. S. The physics of karate. American Journal

of Physics, v. 51, n. 9, p. 783-90, set. 1983.

WINTER, David A. The biomechanics and motor control of human gait: normal,

elderly and pathological. 2. ed, Waterloo, University of Waterloo, 1990.

55

YAMAZAKI, Y.; ITOH, H.; OHKUWA, T. Muscle activation in the elbow-forearm

complex during rapid elbow extention. Brain Research Bulletin, v. 38, n.3, p.285-

295, 1995.

YOUNGEN, L. A. A comparison of reaction and movemet times of women athletes

and nonathlets. Research quarterly, v. 30, n. 1, p. 318-355, 1958.

ZATTARA, M.; BOUISSET, S. Posturo-kinetc organization during the early phase of

voluntary upper limb movement 1. Normal subjects. J Neurol Neurosurg Psych, v.

51, n. 7, p. 956-965, 1998.

56

ANEXO – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa

57

58

APÊNDICE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Eu ________________________________________________________,

portador do R.G._________________, residente na

________________________________________, abaixo assinado, declaro que

concordo em participar da pesquisa cujos procedimentos a seguir foram descritos,

explicados e verbalizados pelos pesquisadores responsáveis, Professor Doutor

Ulysses Fernandes Ervilha e o Mestrando Fernando de Moraes Fernandes da

Universidade São Judas Tadeu. Estou livre para interromper a qualquer momento

minha participação na pesquisa; meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e

os resultados gerais obtidos através da pesquisa serão utilizados apenas para

alcançar os objetivos do trabalho, incluída sua publicação na literatura científica

especializada. Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São

Judas Tadeu, para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa ou

ensaio clínico através do telefone (11-2799-16XX). Poderei entrar em contato com o

responsável pelo estudo, Professor Doutor Ulysses Fernandes Ervilha, sempre que

julgar necessário pelo telefone (12- 8114-46XX). Em caso de eventuais lesões

decorrentes do protocolo do projeto, o avaliado poderá buscar assistência na Clínica

de Fisioterapia da Universidade São Judas Tadeu. A relação custo benefício trazida

por este estudo é o conhecimento sobre o meu desempenho na execução do chute

ap bal ap dolio tchagui, o que mostrará como meus músculos se comportam, por

meio de um relatório cedido pelos pesquisadores após a análise dos dados. Este

Termo de Consentimento é feito em duas vias, uma permanecerá em meu poder e

outra com o pesquisador responsável. Obtive todas as informações necessárias

para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida

pesquisa.

O que este estudo se propõe a investigar?

Este projeto, intitulado “ANÁLISE BIOMECÂNICA DO CHUTE AP BAL AP

DOLIO TCHAGUI DO TAE-KWON-DO”, será realizado no laboratório de

Biomecânica da Universidade São Judas Tadeu e tem como objetivo Analisar a

59

biomecânica da técnica ap bal ap dolio tchagui do tae-kwon-do. Para tanto, você

será orientado a realizar vinte chutes ap bal ap dolio tchagui, em um saco de

pancadas com a máxima precisão e força. Os chutes serão realizados em um único

dia. Todos os equipamentos a serem utilizados para medir a atividade elétrica do

músculo e aceleração, são passivos. Isto significa que nenhuma corrente elétrica ou

onda mecânica será emitida pelos equipamentos, apenas a corrente elétrica

naturalmente gerada pelos seus músculos será registrada, caracterizando risco

mínimo a sua saúde. Ou seja, os riscos desta pesquisa são referentes às

intercorrências da própria tarefa tais como quedas, chute desferido de forma

inadequada ou outros possíveis incidentes imprevistos.

São Paulo – SP, _______ de _______________ de 2011.

______________________________________

Assinatura do Participante

______________________________________

Prof.Dr. Ulysses Fernandes Ervilha

_____________________________________

Prof.Ms. Fernando de Moraes Fernandes