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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ COORDENÇÃO DE ENGENHARIA FLORESTAL CÂMPUS DOIS VIZINHOS DEYLON ALENCAR SEIDEL CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UMA SERRARIA PORTÁTIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II DOIS VIZINHOS 2014

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

COORDENÇÃO DE ENGENHARIA FLORESTAL

CÂMPUS DOIS VIZINHOS

DEYLON ALENCAR SEIDEL

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UMA SERRARIA PORTÁTIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

DOIS VIZINHOS

2014

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DEYLON ALENCAR SEIDEL

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE UMA SERRARIA PORTÁTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso Superior de Engenharia Florestal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Florestal. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Thomas Co-orientador: Prof. Dr. Marcos Aurélio Mathias de Souza

DOIS VIZINHOS

2014

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Ficha catalográfica elaborada por Rosana Oliveira da Silva CRB:9/1745

S458c Seidel, Deylon Alencar.

Construção e avaliação de desempenho de uma serraria portátil – Dois Vizinhos: [s.n], 2014. 29 f.;il.

Orientador: Cláudio Thomas Co-orientador: Marcos Aurélio Mathias de Souza Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curso de Engenharia Florestal. Dois Vizinhos, 2014. Inclui bibliografia

1. Serrarias 2. Madeira I.Thomas, Claudio, orient. II.Souza,

Marcos Aurélio Mathias de, co-orient. III.Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Dois Vizinhos. IV.Título.

CDD: 674.2

CDD.

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RESUMO SEIDEL, Deylon Alencar. Construção e Avaliação de Serraria Portátil. 2013. (19f). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Dois Vizinhos, 2013. A utilização de madeira é datada desde o surgimento da humanidade. Assim, se faz necessário a implantação de florestas comerciais para atender uma demanda atual e crescente. O consumo incentivou o desenvolvimento de inúmeras tecnologias para proporcionar o desdobro de toras, e utilizá-la na construção civil, moveleira, embalagens, dentre outras finalidades. A necessidade de proporcionar acesso a algumas tarefas principais de desdobro a proprietários de florestas tem se feito necessária para assim atender seu consumo e demanda local de forma eficiente e prática. Em meio a essa necessidade, o presente trabalho buscou avaliar a qualidade, quantidade produzida e gastos de produção de uma serraria portátil, desenvolvida de forma caseira a partir do aproveitamento de trabalho de uma motosserra, viabilizando o desdobro de toras na propriedade, aumento da renda dos produtores rurais, possibilitando a geração de empregos e agregando valor ao produto. Palavras-chave: Desdobro. Toras. Serraria portátil.

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ABSTRACT SEIDEL, Deylon Alencar. Construction and Evaluation of a Portable Sawmill. 2013. Completion of coursework (Graduation in Forest Engineering) -Federal Technological University of Paraná. Dois Vizinhos, 2013. The use of wood itself dates back to the dawn of humanity. The current and growing demand makes the implementation of commercial forests necessary. This increasing consume also fosters the development of numerous technologies to provide for the sawing of logs, in order to produce wood that can be used in construction, furniture and packaging, among other purposes. The necessity to enable major forest owners to fulfill the important task of cutting wood became increasingly more important, as efficient and practical solutions have to be found to supply consumption and local demand. To meet these needs, this paper seeks to assess the quality and quantity produced as well as the costs for the production of a portable sawmill which can easily be constructed directly at the site of operation making use of the power of a chainsaw, enabling the resawing of logs in the place of origin. This will lead to an increase of income mainly of small rural producers and promote the generation of jobs. Keywords: Cut . Logs. Portablesawmill.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Serraria portátil montada .................................................................... 14 Fotografia 2 – Detalhe da manivela de regularem de altura ..................................... 15 Fotografia 3 – Detalhe da trava de regulagem de altura ........................................... 16 Fotografia 4 – Proteção dos rolamentos contra excesso de serragem ..................... 16 Fotografia 5 –Braço de fixação do motor ................................................................... 17 Fotografia 6 –Sistema de adaptação da aceleração da motosserra ......................... 18 Fotografia 7 –Detalhe do sistema de fixação da tora no trilho ................................... 19 Fotografia 8 –Modelo de motosserra utilizada na serraria portátil ............................ 19 Fotografia 9 –Vista de desdobramento do bloco em tábuas ..................................... 21 Fotografia 10 –Tora pronta para o desdobro ............................................................ 22 Fotografia 11 –Desdobro de tábua com a primeira tora seca ................................... 23 Fotografia 12 –Precisão de corte obtida com o equipamento ................................... 24 Fotografia 13 –Coleta de dados de precisão de corte .............................................. 25 Fotografia 14 – Beneficiamento de tábua desdobrada na serraria portátil ............... 26

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5 2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 7 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 7 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 7 3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 8 4 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 9 4.1 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 9 4.2 METODOLOGIA ................................................................................................... 12 4.2.1 Área de Estudo .................................................................................................. 12 4.2.2 Materiais e Métodos .......................................................................................... 12 4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 14 4.3.1 Construção da Serraria Portátil ......................................................................... 14 4.3.2 Avaliação da Serraria Portátil ............................................................................ 20 4.3.3 Corte de Madeira Verde .................................................................................... 20 4.3.4 Corte de Madeira Seca ..................................................................................... 23 4.3.5 Precisão de Corte .............................................................................................. 24 5 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 27 6 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 28  

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1 INTRODUÇÃO

A madeira sempre apresentou um grande e vasto campo de

utilização,mesmo atualmente com os grandes avanços tecnológicos e o

desenvolvimento de novos materiais, como a madeira plástica. Mas para que esta

matéria prima possa ser utilizada nessa diversidade de produtos,é necessário que

seja trabalhada a ponto de obtermos a madeira beneficiada.

Desdobro é o processo em que há transformação das toras em pranchas,

caibros, vigas, tábuas, etc., de forma a reduzir o volume da tora em peças cortadas

no sentido longitudinal, e posteriormente serem utilizadas em suas diversas

afinidades (FAGUNDES, 2003, p 45). Já o local onde ocorre esse processamento é

conhecido como serraria e normalmente possui um pátio de toras, onde é

armazenada a matéria prima, o galpão de maquinários, onde ocorre o desdobro das

toras, e uma área onde pode ser estocada a madeira já beneficiada, podendo ter

uma área de secagem ou não (ROCHA, 2002, p. 27).

Tendo em vista que a madeira pode ser empregada em diversas funções

após o desdobro, a serraria acaba sendo uma indústria fundamental no setor

florestal (ABIMCI, 2010, p. 23).

A madeira serrada pode ser utilizada principalmente no setor moveleiro, em

construção civil e embalagens, assim se abrindo um grande campo de consumo. No

setor de construção civil, a madeira pode ser empregada como uso temporário e/ou

definitivo. Assim sua utilização como andaimes, escoramentos, e formas para vigas

de concreto é caracterizada como uso temporário. Já estruturas de telhados, forros,

assoalhos, portas e janelas são entendidos como estruturas definitivas. Dentre as

madeiras de maiores consumos atuais para suprir essa demanda, apresentam-se o

pinus e eucalipto, que atendem esse consumo com florestas plantadas das mesmas

(IPT, 2003, p. 11).

Apesar da importância das serrarias, a baixa tecnologia e a falta de acesso à

mesma, promovem um baixo rendimento e aproveitamento, muitas vezes executado

de forma empírica, tornando o setor madeireiro frágil em relação a outros materiais

do mercado, limitando seu desenvolvimento (GONÇALVES, et al., 1998, p. 02).

O aumento da demanda atual por madeira impulsionou vários produtores a

implantarem florestas em suas propriedades, de forma a suprir seu próprio consumo,

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que inclui tanto para lenha como para construção de seus estabelecimentos,

acentuando ainda mais a procura de um meio para executar o serviço desejado de

beneficiamento de suas próprias toras.

Pensando nisso, recentemente surgiram meios dinâmicos para atender essa

demanda. Inúmeras pequenas serrarias e também serrarias móveis já estão

disponíveis no mercado. Apesar de seu custo ainda significativo, as serrarias

portáteis possibilitam a agregação de valor e aumento da renda das propriedades

rurais, podendo realizar o trabalho de desdobro de toras em tábuas e outras peças

no local do cultivo madeireiro. São equipamentos de fácil transporte e que não

exigem numerosos operadores (MAGALHÃES et al., 2007, p. 02).

Apesar deste grande avanço, ainda se carece de um meio alternativo,que

seja ainda mais eficiente e econômico, atendendo a necessidade de pequenos

produtores, tornando viável o investimento para execução do serviço.

A motosserra é uma ferramenta muito utilizada em pequenas propriedades e

com freqüência no setor florestal. Dentre suas aplicações, está o desdobro das

toras, o qual é uma das finalidades empregadas e utilizada para proporcionar muitas

vezes o acesso à madeira beneficiada na propriedade.

Portanto, a união da ideia de serraria portátil e o desdobro com motosserra

tem resultado em estruturas capazes de proporcionar o beneficiamento de madeira a

pequenos proprietários, e em situações em que se encontra um baixo volume de

toras ou localidades que as tornam inviáveis fazer o beneficiamento com serrarias

fixas. Assim, há a possibilidade de se agregar valor a matéria prima já existente a

um baixo custo, com fácil acessibilidade, utilizando uma ferramenta já existente e

usada de forma abrangente, a motosserra.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho teve por objetivo construir uma serraria portátil e

analisar o seu desempenho.

2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Construir uma serraria portátil utilizando a motosserra como ferramenta de

corte;

b) Quantificar os gastos de combustível e óleo lubrificante nas operações de

desdobro;

c) Avaliar a produtividade;

d) Avaliar a qualidade de corte; e) Avaliar os custos do corte;

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3 JUSTIFICATIVA

A demanda de madeira serrada tem aumentado paralelamente ao

desenvolvimento do mercado madeireiro do país. Junto a este aquecimento do

mercado surge a necessidade de desenvolver equipamentos e tecnologia eficiente

capaz de suprir este nicho do mercado. Assim, se faz necessário o crescimento de

indústrias e máquinas que permitam acesso ao desdobro de madeira.

Com o aumento de alternativas no desdobro de toras, abriram-se

possibilidades a pequenos produtores desdobrarem toras produzidas em sua

propriedade. A construção de uma serraria portátil permite aos seus usuários a

valorização da madeira, que uma vez beneficiada permite maior campo de utilização

e comercialização. A um baixo custo, a serraria portátil contribui no aumento da

renda de pequenos produtores bem como na geração de novos empregos,

incentivando a implantação de florestas como uma fonte de renda na propriedade,

podendo ser realizada a prestação de serviços a propriedades vizinhas e

dispensando gastos com atravessadores.

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4 DESENVOLVIMENTO

4.1 REVISÃO DE LITERATURA

A madeira é um dos materiais mais utilizados pelo homem através dos

tempos, tanto para a construção de suas habitações como os primeiros

equipamentos de transporte. Os primeiros barcos, carros e trenós, bem como as

primeiras armas como o arco, a flecha e a borduna, eram feitas de madeira.

Atualmente, equipamentos de largo uso como caminhões, vagões de trem, barcos e

aviões possuíam muitos de seus constituintes feitos de madeira (PONCE, 1995, p.

50).

Para suprir essa demanda, as florestas plantadas de eucalipto tem se

tornado a base tanto em grande escala como em pequena escala (BATISTA et al.,

2013, p. 472). Estudos realizados pela Embrapa Florestas mostram que a maioria

das pequenas e médias propriedades rurais possui áreas não cultivadas, sendo

inapropriadas para o cultivo de culturas agrícolas por diversos fatores, dentre eles a

grande declividade existente. Muito já se tem feito para problemas semelhantes

serem solucionados e assim possibilitar o aumento da área cultivada e a renda dos

produtores rurais. Muitos dos produtores que se encontram em propriedades nessas

condições, enfrentam problemas para a sobrevivência no meio rural

(VILCAHUAMAN, et al., 2002, p. 09).

Uma alternativa que vêm crescendo e se difundindo é o plantio florestal,

sendo possível de se realizar nas mais diversas áreas (VILCAHUAMAN, et al., 2002,

p. 09). Assim essas florestas vêm atendendo as necessidades da propriedade, e

também podendo atender a necessidade local, e substituindo o uso de florestas

nativas muitas vezes sem manejo (BATISTA et al., 2013, p. 472).

Essa madeira reflorestada é empregada na forma bruta e beneficiada nas

propriedades, aplicando-se desde o uso de energia até a construção, embora o

beneficiamento acabe em muitos casos, tornando-se inviável ao produtor devido à

restrição de capital (BATISTA et al., 2013, p. 472). Esse beneficiamento, para que a

madeira possa ser utilizada de forma a aumentar a sua versatilidade é denominado

desdobro.

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O desdobro da madeira pode ser definido como a conversão de toras em

madeira serrada, compreendendo o processamento de peças de seção circular ou

elíptica em peças de seção retangular (REVISTA DA MADEIRA, 2003, p. 94).

Segundo PONCE (1992, p. 53), as toras são convertidas em produtos úteis de

madeira através da aplicação de um ou mais processos mecânicos, transformando-

as em peças de menores dimensões, dando-lhes forma, tamanho e superfície

requerida para cada uma de suas aplicações.

O desdobro da madeira é classificado em primário e secundário. No

desdobro primário são realizadas as operações com a função de reduzir as

dimensões das toras em peças de mais fácil trabalhabilidade, como pranchas e

pranchões. O desdobro secundário é realizado logo após o primário, e consiste em

reduzir as dimensões das peças ou realizar o dimensionamento final das mesmas,

seja no comprimento, largura ou espessura (BATISTA et al., 2013, p. 472).

A indústria de processamento primário da madeira deve produzir madeira

serrada de qualidade, buscando aproveitar ao máximo a matéria-prima, com o

objetivo de obter uma maior rentabilidade. Para que esse objetivo seja alcançado, se

deve controlar a eficiência do aproveitamento do produto principal, chamado de

rendimento, assim como a capacidade produtiva e os custos de produção da

madeira serrada (REVISTA DA MADEIRA, 2003, p. 94).

A interação de diversos fatores afeta o rendimento do desdobro da madeira,

como o diâmetro, comprimento, conicidade e qualidade (isenção de defeitos) das

toras; espessura de corte, decisões pessoais do operador, tipos, condições de

funcionamento e manutenção dos equipamentos; métodos de processamento e

número alternativo de produtos, além da possibilidade de aproveitamento dos

subprodutos como costaneiras, cavacos, refilos, destopos e serragem. A interação

de tais fatores é de tal forma complexa para que seja feita uma análise isolada

(REVISTA DA MADEIRA, 2003, p. 95).

Esse trabalho pode ser realizado por serrarias fixas ou não fixas. Para o

desdobro das toras nas propriedades, temos a motosserra que já é utilizada

normalmente na poda e colheita de árvores (BATISTA et al., 2013, p. 472).

O uso de motosserras está ganhando aceitação generalizada especialmente

em muitos países tropicais como um meio de produzir madeira em pequenos

volumes. É também uma importante fonte de meios de subsistência para os

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operadores de pequenas madeireiras, fazendeiros e comunidades de florestas

marginais (PASIECZNIK; BREWER; SAMUEL, 2006, p. 48).

O rendimento de corte da motosserra depende de fatores como a potência

do motor, diâmetro da tora e da dureza da madeira. Além disso, o grau de instrução

e treinamento do operador, manejo correto e manutenção da mesma, também

afetam de forma direta (HASELGRUBER e GRIEFFENHAGEN, 1989, p. 14).

Um dos grandes problemas que ocorre no desdobro de toras com

motosserra é a precisão do corte bem como perdas ocasionadas pela ausência

dessa precisão. O desdobro com motosserra pode produzir um corte irregular, com

pequenas ondulações ao longo das peças e, conforme o conhecimento do operador,

o paralelismo das faces pode ser perdido. Para se obter uma qualidade superior da

madeira desdobrada com motosserra, a tora deve ser fixada firmemente pelo

operador, e ter um correto alinhamento, além deste ter experiência com o

equipamento. De certa forma, espera-se que o produto obtido com o desdobro com

motosserras seja de qualidade inferior aqueles obtidos em serrarias fixas e não fixas

(BATISTA et al., 2013, p. 472).

Assim, temos o desdobro de motosserra como uma alternativa para

finalidades especificas de uso da madeira, obtendo uma qualidade aceitável. Para o

produtor, a relação de custos dessa operação se torna atrativa, pois eliminam em

muitos casos o transporte de toras, o que possibilita tornar mais viável o trabalho

quando obtiver pouca quantidade de matéria prima. Já o transporte de madeira

serrada, resultante após o desdobro, pode ser feita por tração animal, o que

possibilita uma diminuição dos impactos ambientais (BATISTA et al., 2013, p. 472).

O uso de reservas legais pode ser englobado como fomento de madeira

para o desdobro, isso é possível através de uma exploração planejada com base em

um inventário florestal prospectivo, localizando-se as árvores que serão extraídas. O

processamento das toras é feito no próprio local onde foram cortadas, utilizando-se

apenas motosserras. Primeiramente são serradas as toras muito pesadas em peças

de madeira mais leves, facilitando o araste pelos bois. Para se agregar valor ao

produto, é necessário que ocorra o seu beneficiamento (vigas, tábuas, mata-juntas)

sendo então utilizada a serraria móvel, que pode ser montada e desmontada com

facilidade e transportada pelos bois até o local (BRAZ, D’OLIVEIRA, 2000, p. 03).

A utilização de motosserra em pequenas propriedades rurais pode levar a

inserir as mesmas como fomento do mercado florestal. Para o pequeno produtor o

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desdobro realizado com motosserra pode ser uma fonte de renda a mais em sua

propriedade. Com isso, aumenta-se a renda, gera-se empregos, entre outros fatores

(BATISTA et al., 2013, p. 473).

Ainda existem poucos estudos científicos em relação ao desdobro com

motosserras, tanto de forma portátil como agregada em estruturas, isso gera dúvidas

sobre sua viabilidade operacional em relação às demais formas de desdobro de

madeira (BATISTA et al., 2013, p. 473).

4.2 METODOLOGIA

4.2.1 Área de Estudo

O presente trabalho foi desenvolvido na cidade de Toledo/PR, em uma

propriedade familiar no período de janeiro a julho de 2014.

4.2.2 Materiais e Métodos

A serraria desenvolvida nesse trabalho foi construída de forma caseira. A

motosserra foi o elemento principal do desdobro, utilizando para tanto uma

motosserra STIHL 660, fixada à estrutura parafusada pelo sabre em dois pontos. A

estrutura em que o sabre é parafusado é móvel, para proporcionar regulagem de

altura, necessária para a mudança de bitola das peças a serem cortadas.

O corte se desenvolveu na horizontal, assim permitindo cortes semelhantes

as serrarias móveis tradicionais. A estrutura onde é acoplada a motosserra possui

movimento vertical para a definição da bitola de corte e se desloca sobre trilhos ao

longo da tora para possibilitar o avanço da ferramenta de corte, no caso o sabre.

Para a construção dos trilhos foram utilizados 4 unidades de cantoneiras de

5cm x 5cm x 2,5m. A largura do trilho foi fixada com 8 unidades de cantoneiras

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medindo 5cmx 5cm x 60,8cm. Para a fixação das toras no trilho foram parafusados 2

caibros de madeira medindo 5cm x 5cm x 2,30 a unidade no sentido longitudinal

dos trilhos .

Para a construção da estrutura rígida principal foram utilizadas 3 peças de

tubo de ferro medindo 6cm x 6cm x 1m, como a base constituída de duas

cantoneiras medindo 5cm x 5cm x 40cm, e 8 rolamentos, sendo está parte a

responsável pela deslocação sobre os trilhos, e a parte móvel onde será fixada a

motosserra.

A parte móvel foi construída utilizando duas peças de tubo de ferro quadrada

medindo 7cm x 7cm x 25cm, assim se deslocarão por fora da estrutura rígida que

possui diâmetro menor. As mesmas são ligadas de forma fixa por um tudo de ferro

medindo 4cm x 4 cm x 70,5cm, dando forma a essa peça. Para a fixação da

motosserra necessitou-se duas cantoneiras medindo 3cm x 3cm x 20cm que foram

fixas a parte interna da peça móvel.

A regulagem de altura foi possível com o uso de barras roscadas que

ligaram a parte rígida com a parte móvel, sendo que esta recebeu a fixação da

motosserra. As barras roscadas são movimentadas pelo condutor por uma manivela

ligada a duas engrenagens de mesmo diâmetro, assim permitindo uma regulagem

de altura com precisão.

Para a realização das soldas na construção da serraria portátil foi utilizado o

soldador Hylong ARC 250A IGBT, utilizando eletrodo 3,5. Para furos no ferro com

precisão se utilizou a furadeira de bancada Motomil; e a furadeira de impacto

Dewalt. A esmerilhadeira angular Makita,foi utilizada para os cortes de ferro e

desbastes de soldas. EPI’s como abafador, óculos de proteção, mascarra, avental,

foram utilizados tanto na fabricação como na avaliação e uso da serraria. Outros

equipamentos usados foram chave n° 14, 22 trena métrica 5m e Paquímetro.

Na realização dos testes foram utilizadas toras de eucalipto secas, e úmidas

,aproveitando ao máximo seu diâmetro, para o corte de tábuas.

Para avaliar a precisão da serraria portátil foram medidas as bitolas das

peças, apoiando ambas as superfícies com uma cantoneira de forma a aumentar a

precisão. As peças foram medidas em três pontos sendo as extremidades e o meio

da peça.

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Para quantificar a superfície áspera formada pelos dentes da motosserra, foi

medido com o paquímetro e auxilio de cantoneiras a espessura da tabua apoiando

em ambas as faces, antes e depois do lixamento. Assim, a diferença representará a

perda ocasionada no beneficiamento da madeira desdobrada na serraria.

A avaliação de produção da estrutura em um determinado tempo foi

quantificada pela velocidade de avanço, o qual resultou em valores de rendimento

de corte em diferentes diâmetros.

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3.1 Construção da Serraria Portátil

Após a construção da serraria portátil, a mesma foi instalada para realização

dos testes, onde se obteve seus dados de rendimento e precisão, consumo de

combustível e óleo lubrificante e dentre outros, como pode ser vista na Fotografia 1.

Fotografia 1 – Serraria portátil montada Fonte: O Autor (2014)

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A serraria portátil desenvolvida apresenta todas as regulagens necessárias

para a realização dos cortes de forma a atender um bom aproveitamento da torra

bem como precisão dos cortes.

A regulagem de altura foi feita girando a manivela em sentido horário para

subir a linha de corte e anti-horário para descer a linha de corte, sendo que a altura

é baseada em número de voltas, tomando como base 15 voltas para uma polegada,

ou 1,66 mm por volta. A Fotografia 2 mostra o sistema de regulagem da altura de

corte.

Fotografia 2 – Detalhe da manivela de regularem de altura Fonte: O Autor (2014)

Após a regulagem da altura, conforme a necessidade, o operador pode

travar a movimentação da altura com o aperto de parafusos fixados na estrutura de

fixação da motosserra, como pode ser visto na Fotografia 3. Assim, impossibilita a

movimentação dessa estrutura durante o corte, garantindo maior precisão de corte.

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Fotografia 3 – Detalhe da trava de regulagem de altura Fonte: O Autor (2014)

Ao realizar os testes iniciais, observou-se a necessidade de fixação de uma

chapa de metal de forma a proteger o lado esquerdo do trilho na realização do corte.

Isso de deve a acumulação de serragem sobre os trilhos, fazendo com que os

rolamentos trancassem na execução do corte. Tal medida possibilitou a solução do

problema, como visto na Fotografia 4.

Fotografia 4 – Proteção dos rolamentos contra excesso de serragem Fonte: O Autor (2014)

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Outro ajuste realizado na estrutura foi a barra de fixação do motor, como

pode ser visto na Fotografia 5. Ao realizar os cortes percebeu-se que, ao segurar o

motor da motosserra de forma a ficar firme, evitava-se problemas com vibração, os

quais contribuíam para trancar a corrente durante o corte. Essa medida possibilitou o

corte de madeiras com características diferenciadas e contribuiu para o menor

desgaste da motosserra e da estrutura devido a diminuição da vibração.

Fotografia 5: Braço de fixação do motor Fonte: O Autor (2014)

A aceleração da motosserra foi adaptada ao cabo da serraria portátil de

forma a possibilitar ao operador o controle total do avanço na realização do corte,

conforme a Fotografia 6.

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Fotografia 6 – Sistema de adaptação da aceleração da motosserra Fonte: O Autor (2014)

O abastecimento de combustível e óleo lubrificante da serraria pode ser

realizado com a motosserra fixa a ela, facilitando a operação com a mesma. O

avanço é de forma manual com o operador empurrando a estrutura conforme o

rendimento de corte.

A fixação das toras nos trilhos é realizado de duas formas: com o auxílio de

cantoneiras de metal, que possibilitam a fixação da tora e nos trilhos por meio de

parafusos ou pregos, e por meio de ripas de madeiras onde se realiza o mesmo

processo. Na Fotografia 7 é visto o sistema de fixação com auxílio de cantoneiras de

metal.

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Fotografia 7 – Detalhe do sistema de fixação da tora no trilho Fonte: O Autor (2014)

A serraria portátil foi desenvolvida para a motosserra Stihl MS 660,

Fotografia 8, utilizando o sabre de 75cm. A mesma pode ser desenvolvida para

todos os modelos de motosserras de uso profissional e o fator limitante para

dimensionamento da serraria é o tamanho do sabre. Pode-se variar a potencia da

motosserra, desde que seja compatível com o sabre em questão, assim também

haverá alterações no desempenho da serraria portátil.

Fotografia 8 – Modelo de motosserra utilizada na serraria portátil

Fonte: O Autor (2014)

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4.3.2 Avaliação da Serraria Portátil

Ao realizar-se os testes para coleta de dados da estrutura, encontrou-se a

necessidade de reforços em alguns pontos, que apresentaram ruptura dos metais ou

das soldas, sendo o ponto principal o braço de fixação do sabre próximo ao motor,

percebeu-se que tais problemas são acarretados devido a vibração provocada no

corte, os quais foram resolvidos com reforços .

Para a realização dos testes foram desdobradas toras com diferentes

classes de diâmetros, sendo que cada tora foi quadriculada de forma a se obter um

padrão de corte na realização dos testes, assim obtendo o máximo de precisão

possível nos resultados.

A corrente utilizada na motosserra para a realização dos testes apresentava

afiação de 30°, e teve o guia da corrente apontado e afiado de forma a favorecer ao

maior rendimento de corte .

Para a lubrificação da corrente foi utilizado óleo SAE 90 , assim atendendo

de forma eficaz a lubrificação do conjunto sabre, corrente. A cada abastecimento da

motosserra se utiliza 250ml de óleo e 900 ml de gasolina misturada com óleo dois

tempos, para a devida lubrificação do motor.

4.3.3 Corte de Madeira Úmida

No corte de madeira úmida, a primeira tora media 40cm de diâmetro em uma

das pontas e 28cm na outra, necessitou do consumo de um tanque para o desdobro

das costaneiras, assim obtendo a uma peça esquadrejada medindo 20cm de largura

por 21cm de altura e 3,25 m de comprimento. Após tomar forma padrão foi realizado

os testes com velocidade média de avanço de 1m por minuto no corte de 20cm de

largura de madeira úmida. A Fotografia 9 mostra o desdobramento de um bloco em

tábuas.

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Fotografia 9 – Vista de desdobramento do bloco em tábuas Fonte: O Autor (2014)

Para o desdobro do bloco foram gastos aproximadamente 600ml de gasolina

preparada e 170ml de óleo SAE 90, sendo realizados 4 cortes obtendo 13m corridos

de corte a 20cm de largura.

De acordo com o consumo total de combustível, óleo dois tempos e óleo de

lubrificação da corrente se obteve um gasto de aproximadamente 9 reais para o

desdobro da tora.

A medição do bloco, de tábuas empilhadas após os cortes foi de 20cm de

largura por 17,5 cm de altura e 3,25m de comprimento, assim 3,5cm de altura foram

perdidos nos 4 cortes o que resulta em 0,87cm de perda por corte .

Já na segunda torra úmida, obteve-se os diâmetros de 31cm e 25cm ,

observou-se o consumo de 2/3 do tanque para retirada das costaneiras obtendo um

bloco medindo 21cm de largura por 14 cm de altura e 3,10 m de comprimento .

Obteve-se a média de avanço de corte de 1 metro por minuto novamente sendo

cortados 3,10 metros em 3,05 minutos, 3 minutos, 3,12 minutos entre demais

tempos.

O consumo de combustível foi de ¾ do tanque para 3 cortes ,

aproximadamente 700ml de gasolina preparada e 190ml de óleo SAE 90. A medida

do bloco, de tábuas empilhadas, após os cortes foi de 21cm de largura por 11,5cm

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de altura por 3,10m de comprimento , havendo uma redução de 2,5 cm de altura que

dividido por 3 cortes se obtém uma perca de 0,83cm por corte.

O custo obtido no desdobro da segunda tora úmida foi de aproximadamente

7,5 reais levando em consideração apenas os gastos com gasolina, óleo dois

tempos e óleo de lubrificação de corrente.

Já na terceira tora, como pode ser observado na Fotografia 10, foi medido os

diâmetros de 23cm em ambas as extremidades, obteve-se um gasto de 2/3 do

tanque para realização dos cortes das costaneiras. Assim se obteve um bloco de

19cm de largura por 17,5cm de altura e 3 m de comprimento . Foi encontrado

novamente uma média de velocidade de avanço de 1 metro por minuto.

Após os cortes o bloco de tabuas empilhadas, obteve as medidas de 19cm

de largura por 14cm de altura e 3m de comprimento o que acarretou uma diminuição

de 3,5cm de altura que dividido por 4 cortes resultou novamente em 0,87cm de

perda por corte. Foram gastos 2/3 do tanque para realização dos cortes do bloco o

que resultou em 12 m corridos de corte. O custo para o desdobro da terceira tora foi

de aproximadamente 7 reais.

Fotografia 10 - Tora pronta para o desdobro Fonte: O Autor (2014)

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4.3.4 Corte de Madeira Seca

As toras de madeira seca eram rebrotes de aproximadamente 25 anos de

eucalipto citriodora. A primeira tora de madeira seca media 33 cm de

diâmetro numa extremidade e 29cm na outra, necessitou o consumo de 1 tanque

para retirada das costaneiras , formando um bloco medindo 25,5cm de largura por

20cm de altura por 4,05m de comprimento. Na velocidade de avanço obteve-se a

média de 2,7 minutos por metro cortado levando em consideração os 25,5cm de

largura. O consumo de combustível foi de 2,5 tanques para realizar o corte do bloco

obtendo uma média de 8 metros corridos de corte por tanque. A Fotografia 11

mostra o resultado do desdobro da primeira tora seca em tábuas.

A medida do bloco final de tábuas empilhadas, resultou em 25,5cm de

largura por 15,3 cm de altura e 4,05m de comprimento, assim a diferença de altura

foi de 4,7cm que, divididos pelos 5 cortes realizados no bloco, se obtém 0,94cm de

perda por corte.

O custo de desdobro da primeira tora seca, foi de aproximadamente 18

reais, levando em consideração o custo de combustível, óleo de lubrificação da

corrente e óleo dois tempos.

Fotografia 11 – Desdobro de tábua com a primeira tora seca Fonte: O Autor (2014)

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A segunda tora seca media 26 cm de diâmetro em ambas as pontas, gerou o

gasto de 1 tanque de combustível para o corte das 4 costaneiras , após os cortes

das costaneiras obteve-se um bloco medindo 20 cm de largura por 18,5 de altura e

2,80m de comprimento.

A velocidade de avanço resultou em 1,5m por minuto a 20 cm de largura ,

assim foram gastos 1 tanque para o desdobro do bloco dividido em 4 cortes . A

medida final do bloco, de tabuas empilhadas após o corte, foi de 20 cm de largura

por 15 cm de altura e 2,80m de comprimento , no qual se obteve a perda de 0,85 cm

por corte. O custo do desdobro da segunda tora seca foi de aproximadamente 10

reais.

4.3.5 Precisão de Corte

A precisão encontrada nas peças está diretamente relacionada com a

afiação da corrente e com o alinhamento dos trilhos. Levando em consideração

esses fatores, obteve-se uma precisão elevada, obtendo-se corte com nenhuma ou

pouca variação de espessura. Quando presente, variou aproximadamente 1mm em

um comprimento de 3 metros. A Fotografia 12 mostra a boa qualidade de corte

obtida com o equipamento.

Fotografia 12 – Precisão de corte obtida com o equipamento Fonte: O Autor (2014)

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Para a realização dos testes de precisão foi utilizado um paquímetro o

auxilio de duas bases retas que nesse caso foram duas cantoneiras de ferro, assim

as peças foram medidas em suas extremidades e em seu meio de forma a se obter

uma precisão na medida, como pode ser visto na Fotografia 13.

Fotografia 13 – Coleta de dados de precisão de corte Fonte: O Autor (2014)

4.3.6Perdas no Beneficiamento

Os desdobros realizados com motosserra apresentam uma qualidade inferior

de corte em relação às serras-fita, assim as marcas dos dentes de corte ocasionam

perdas maiores no acabamento de peças. Para se quantificar essas perdas foram

lixadas 5 tábuas cortadas com a serraria portátil em questão, posteriormente foram

medida com auxilio de cantoneiras de ferro, com lado perfeitamente reto, e

paquímetro, de forma a se obter a espessura perdida por beneficiamento. Obteve-se

uma perda de 3mm de espessura das tabuas lixadas, ocorrendo o lixamento nos

dois lados. A Fotografia 14 mostra uma tábua que passou pelo processo de

beneficiamento.

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Fotografia 14 – Beneficiamento de tábua desdobrada na serraria portátil Fonte: O Autor (2014)

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5 CONCLUSÕES

Ao realizar os testes com a serraria portátil observou-se que para aumentar

seu desempenho seriam necessárias melhorias nos trilhos de forma que os mesmos

suportassem mais peso para toras de maiores diâmetros. Também inovar no

sistema de deslocamento da estrutura, modificando para uma forma em que os

rolamentos não tivessem contato com a serragem produzida no corte pela serraria, o

que evitaria o trancamento durante o deslocamento no momento do corte.

Percebe-se que ajustes como o braço de fixação do motor se faz necessário

para diminuição da trepidação da motosserra, assim possibilita o corte de todos os

tipos de madeira sem trancar a corrente durante o corte.

A serraria descrita possibilita o corte de um cúbico por dia com um operador,

assim se houver melhorias nos trilhos ou mais operadores para auxiliar, esse valor

pode ser aumentado. A qualidade do corte mostrou-se muito boa, de forma a

possibilitar o corte de peças precisas.

As perdas por cortes obtiveram valores muito semelhantes a área de corte

do dente, assim a serraria não oferece perdas significativas pela trepidação . A

velocidade de avanço se mostrou eficiente, levando em consideração os diâmetros

cortados. Verificou-se que no corte de madeira seca o rendimento caiu

significativamente, bem como madeiras de maiores diâmetros.

A utilização inadequada da motosserra pode ocasionar menor rendimento de

corte, maior consumo de combustível e lubrificante e assim se diferenciara dos

dados apresentados. Os gastos com combustível e óleos lubrificantes se

apresentaram proporcionais ao tempo e forma de uso.

Os custos do desdobro das toras foram relativamente baixos para o numero

de cortes realizados no desdobro, o que torna uma opção viável para o produtor a

utilização da serraria portátil.

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PONCE, Reinaldo. H. Madeira serrada de eucalipto: desafios e perspectivas. In: ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE UTILIZAÇÃO DA MADEIRA DE EUCALIPTO PARA SERRARIA. São Paulo. S.P. 1995, p.50-58. REVISTA DA MADEIRA.Desdobro da madeira de eucalipto na serraria. n. 75, 2003, p. 94-96 ROCHA, Márcio. P. Tecnologia e Planejamento em Serrarias. Curitiba UFPR, Edição Revisada e Ampliada, 2002, 186 p. VILCAHUAMAN, L. J. M., de CONTO, A. J., & Rodigheri, H. R. O plantio e o processamento florestal como alternativa econômica para pequenas propriedades e comunidades rurais. Embrapa Florestas. 29 p. (2002).