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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA E SEGURANÇA DO TRABALHO MONIQUE GOTO HOLETZ INFLUÊNCIA DE LIMINÂNCIA EM POSTOS DE TRABALHO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PONTA GROSSA 2018

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/12479/1/... · 2019. 10. 3. · (OSTERHAUS, 2005, JUSLÉN & TENNER, 2005)

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA E SEGURANÇA DO

TRABALHO

MONIQUE GOTO HOLETZ

INFLUÊNCIA DE LIMINÂNCIA EM POSTOS DE TRABALHO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

PONTA GROSSA

2018

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MONIQUE GOTO HOLETZ

INFLUÊNCIA DE LIMINÂNCIA EM POSTOS DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Engenharia e Segurança do Trabalho, Área de Conhecimento: Higiene e Segurança do Trabalho, do Curso de Especialização em Engenharia e Segurança do Trabalho, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Prof. Antonio Augusto de Paula Xavier

PONTA GROSSA

2018

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Título do artigo nº. 23/2018

INFLUÊNCIA DE LIMINÂNCIA EM POSTOS DE TRABALHO

Desenvolvido por:

Monique Goto Holetz

Este artigo foi apresentado no dia 20 de Dezembro de 2018 às 14 horas como

requisito parcial para a obtenção do título de ESPECIALISTA EM ENGENHARIA E

SEGURANÇA DO TRABALHO. O candidato foi argüido pela Banca Examinadora

composta pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca

Examinadora considerou o trabalho aprovado.

____________________________ _____________________________

Prof José Carlos Pontes Prof Antonio Carlos Frasson

1º membro 2º membro

____________________________________________

Prof. Prof. Antonio Augusto de Paula Xavier

Orientador

A FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA ENCONTRA-SE NO DEPARTAMENTO DE REGISTROS ACADÊMICOS DA UTFPR – CÂMPUS PONTA GROSSA

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Ponta Grossa Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

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Influência de luminância em postos de trabalho

Monique Goto Holetz (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) [email protected]

Ariel Orlei Michaloski (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) [email protected]

Antonio Augusto de Paula Xavier (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) [email protected]

Maria Luisa Pontarolo (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) [email protected]

Adriano Mesquita Soares (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) [email protected]

Resumo: A Engenharia de Segurança tem por responsabilidade não só prevenir acidentes, mas

também garantir bem-estar e diminuir a probabilidade de eventuais doenças que possam ser

desenvolvidas pelos colaboradores dentro do ambiente de trabalho. Quando a luminância empregada

em postos de trabalho é realizada de maneira inadequada, pode-se afetar diretamente a visão dos

trabalhadores, além dessas pessoas estarem mais susceptíveis a doenças ocupacionais. A abordagem

metodológica consistiu em uma pesquisa quantitativa e qualitativa composta por uma revisão da

literatura e do estudo de caso em si. A base teórica é fundamentada de esforços para utilização das

Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBRs), para definir os melhores padrões de medição e

iluminância. O aumento ou diminuição de níveis de luminância, substituição de dispositivos de

iluminação e até mesmo o uso adequado de janelas são soluções sugeridas de maneira que a

integridade dos alunos e trabalhadores não seja abalada e também resultando em melhor desempenho.

Ao final, o trabalho abre possibilidades para a continuidade da pesquisa sobre o tema abordado.

Palavras chave: Luminância, saúde ocupacional, luz

The influence of luminance range on work stations

Abstract: Safety Engineering is responsible not only for preventing accidents, but also for ensuring

well-being and reducing the causes of diseases that can be developed by employees within the work

environment. The methodological approach consisted of a quantitative and qualitative research

composed by a review of the literature and the case study itself. The theoretical basis is substantiated

on efforts to use the Brazilian Regulatory Standards (NBRs) to define the best measurement and

illuminance standards. Increasing or decreasing luminance levels, replacing lighting devices and even

the proper use of windows are suggested solutions so that the integrity of students and workers is not

crank and also resulting in better performance. At the end, the work opens possibilities for the

continuity of the research on the subject addressed.

Key-words: Luminance, occupational health, light

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1. Introdução

O excesso e a falta de iluminação ou até a mesmo a iluminação de ambientes feita de maneira

incorreta causa incômodo nas pessoas que estejam presentes no recinto. Quando a fenestração

de edifícios não é projetada de maneira eficaz e juntamente não existem dispositivos artificiais

de iluminação adequados, alguns problemas começam a aparecer como insatisfação física,

psicológica ou econômica.

O brilho excessivo proveniente da luz do dia pode causar ofuscamento, fadiga visual e trazer

incômodos visuais que atrapalham tarefas que necessitem de acuidade visual, resultando em

atividades imperfeitas. Por outro lado, a iluminação insuficiente pode prejudicar a visão pela

dificuldade de focar objetos além de causar sonolência e falta de atenção. Do ponto de vista

de administradores e engenheiros de empresas, a iluminância deve ter abordagem de alto nível

de seriedade por estar diretamente ligada a custos que podem ser desnecessários no

estabelecimento e também pelo fato de ter influência negativa na saúde de seus colaborados

se tratada de maneira incorreta. (OSTERHAUS, 2005, JUSLÉN & TENNER, 2005)

Os valores de iluminância devem ser aumentados principalmente quando os contrastes são

baixos para realização de tarefas, podendo comprometer a visão do trabalhador, e/ou quando a

exatidão na execução de serviços é de extrema importância para que a produtividade não

diminua e também não haja gastos com correção de erros. Para trabalhos de curta duração,

com detalhes de tamanhos muito grandes ou de alto contraste, a iluminância pode ser

diminuída de maneira que a visão do empregado não seja comprometida e para que não haja

ônus dispensáveis referentes à produtividade e despesas com saúde. (NBR ISO CIE 8995-1)

É comum que o uso de computadores seja cada vez mais inserido em ambientes de trabalho e

estudos, se tornando muitas vezes uma ferramenta indispensável. Juntamente ao trabalho

baseado em tela, os funcionários ou estudantes continuam a olhar para outros objetos, como

anotações, quadro negro e pessoas ao redor que possuem diferentes contrastes, luminância e

distância, cabendo aos olhos se adaptarem às diferentes mudanças para manter uma imagem

focalizada (OSTERHAUS, 2005). Segundo Sehen (2001), os movimentos oculares durante

um dia de trabalho pode ultrapassar 30.000 vezes.

Além do desafio de rápido processamento de informações em diferentes tarefas com variados

aspectos visuais, as telas de computadores apresentam também a dificuldade de visualização

quando encontradas em ambientes com janelas, onde pode não haver controle de incidência

de luz solar, devido ao fenômeno da reflexão. Outro fator de impacto ergonômico negativo é a

postura incorreta utilizada para desviar os olhos de pontos refletidos nas telas.

Por sua vez, a NBR ISO/CIE 8995 enfatiza que o uso de computadores quem tenham mínima

influência negativa na ergonomia e saúde em geral de seus usuários, é necessário que a tela

tenha inclinação de até 15º em relação à linha normal de visão, devido à reflexão causada

pelas lâmpadas encontradas no teto. É importante ainda que as luminárias não excedam 65º

em relação ao plano perpendicular ao chão. Para monitores de LCD são aceitáveis níveis de

até 1000 cd/m² por serem dotados de acabamentos apropriados para evitar a reflexão e

ofuscamento, já os monitores de menor qualidade são aceitáveis níveis de até 200cd/m².

A Figura 1 mostra o posicionamento adequado de computadores estabelecido pela NBR

ISO/CIE 8995.

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Figura 1: Zona crítica de radiação (γ ≥ 65°) para luminância de luminária que pode provocar

brilho refletido em uma tela

Fonte: NBR ISO/ CIE 8995 - Iluminação de ambientes de trabalho

Diante desses aspectos, este trabalho tem por objetivo a execução de medições dos níveis de

luminância e iluminância de determinados ambientes para verificação de adequação ou não às

normas brasileiras conforme atividades desempenhadas. Essa pesquisa de cunho quantitativo-

qualitativo visa também apresentar alguns benefícios e desvantagens pessoais e industriais

causados pela iluminação inadequada.

2. Sustentação tecno-científica

De acordo com o fabricante Konica Minolta (2015), os termos “luminância” e “iluminância”,

apesar de soarem parecidos, possuem significados díspares. O primeiro termo indica a

quantidade de luz ou brilho emitida por uma fonte ou refletida por uma superfície, já o

segundo indica a quantidade de luz que ilumina ou se espalha em superfícies. Segundo o

Manual de Iluminação da Sociedade de Engenharia Iluminadora da América do Norte –

IESNA, brilho é entendido como a quantidade de luz emitida maior do que a quantidade de

luz em que os olhos estão acostumados, dificultando a capacidade visual.

Os indicadores utilizados neste trabalho são os provenientes do Sistema Internacional para a

luminância que é candela/ metro quadrado (cd/m²), o que é equivalente a 1 nit (nt), porém,

apesar de ter uso comum em aplicações industriais, o nit não é uma unidade padrão oficial.

Espectradiômetro, colorímetro e Luminancímetro são os aparelhos que podem ser utilizados

para medição de luminância.

O colorímetro também apresenta a aplicação na medição de iluminância, porém o dispositivo

mais comumente usado para esse fim é o Luxímetro devido a sua facilidade de operação. O

equipamento recebe esse nome devido aos seus valores serem medidos em lux (lx), definido

como unidade de iluminância do SI. Quando um fluxo luminoso equivalente a 1 lúmen (lm)

incide em 90º em uma superfície plana de um metro quadrado, tem-se uma iluminância de 1

lux. O lúmen, segundo o subitem 3.1.51 da NBR 5461, é definido como “fluxo luminoso

emitido por uma fonte puntiforme e invariável de 1 candela, de mesmo valor em todas as

direções”.

Neste sentido, apesar do alto custo do Luminancímetro, esse aparelho é o indicado pela NBR

15215 para medições de luminância de ambientes, sendo um fotômetro com lentes ópticas

para captação de brilho de objetos. A mesma fonte recomenda o uso de Luxímetro para

medidas de iluminância, definido como “sensor fotométrico, geralmente de silício ou selênio,

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com um filtro de correção óptica, conectado a um circuito detratamento do sinal (linearização

e amplificação) com um visor digital ou analógico”. Ambos os equipamentos tem erro

máximo definido em 6% em relação ao olho humano para suas medições.

2.1 Adequação de iluminância

A NBR 5413 lista diferentes atividades e seus respectivos valores de iluminância adequadas,

sendo apresentada na Tabela 1 uma listagem de alguns exemplos encontrados na norma.

Tabela 1: Valores de iluminância adequados para cada tarefa, medidos em lux

Fonte: Adaptado de NBR 5413 - Verificação de iluminância de interiores

Tabela 1: Valores de iluminância adequados para cada tarefa, medidos em lux

Os valores encontrados na terceira coluna da Tabela 1, os valores médios, são os mais

utilizados, pois sua referência pode ser aplicada em qualquer situação. Em caso de o ambiente

apresentar baixo contraste, quando a correção de tarefas não é viável ou quando a alta

produtividade é prioridade em uma organização, são recomendados o uso dos valores da

última coluna, pois são os valores mais altos e dessa forma corrigir possíveis erros de cálculo.

A primeira coluna é indicada para uso onde as tarefas executadas possuem curta duração ou

quando a precisão e velocidade de execução não são fatores cruciais.

Outro meio de determinar o uso adequado de iluminância descritas na Tabela 1 é baseado nos

fatores determinados pela Tabela 2.

Fonte: NBR 5413 - Verificação de iluminância de interiores

Tabela 2: Fatores determianntes da iluminância adequada

Atividade

Salas de leitura 300 500 750

Salas de aula 200 300 500

Quadros negro 300 500 750

Sala de estar/ quartos de dormir 100 150 200

Escritório de desenhos/

engenharia mecânica/ arquitetura 750 1000 1500

Cinema 1

Quadra de futebol 150 200 300

Inspeção de fundição 750 1000 1500

Mesa de cirurgia 300 500 750

Valores médios em serviço

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Primeiro deve-se determinar o peso de cada característica individualmente e depois realizar a

soma algébrica dos três valores encontrados. Se o resultado for menos que -1, deve-se utilizar

o valore de iluminância mais baixo; se o resultado for maior que +1, deve-se utilizar o maior

valor de iluminância como referência; para os demais casos, consideram-se os valores médios.

2.3 Saúde ocupacional

Santos e Silva (2017) apresentam a ergonomia como a prática de adaptação dos dispositivos

ou situações de trabalho de maneira que a saúde do colaborador não seja comprometida. Em

ambientes empresariais é comum se encontrar a preocupação com perdas monetárias e com a

qualidade de vida dos servidores, ressaltando a vontade máxima de se evitar acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais e, de maneira paralela, a insatisfação com o trabalho para que

a não haja queda na produtividade.

Uma análise detalhada das condições do ambiente de trabalho ajuda a identificar as origens

das causas de deficiência ergonômicas e dessa forma propor melhoria para o local de trabalho.

(SILVA, 2008)

A iluminação tem influência direta na saúde dos colaboradores. Alguns mecanismos pessoais

possuem interferência pela iluminação e foram definidos por Tenner e Juslén (2005), sendo os

principais o desempenho visual, satisfação no trabalho, relação interpessoal, estímulos,

relógio biológico, relação de saúde, ambiente visual e conforto visual.

Os autores consideram que a luminância adequada para realização de tarefas faz com o que o

colaborador tenha uma visão nítida, resultando em melhor desempenho e satisfação

psicológica. Além disso, novas e melhoradas instalações de iluminação causa no funcionário

uma sensação de importância de seu trabalho já que estarão sendo investidos recursos para

que ele possa desempenhar sua função. A opção de controle de luminosidade causa impressão

de autonomia e consequentemente bem estar, trazendo satisfação no trabalho.

Outro mecanismo envolvendo fatores psicológicos é a relação interpessoal, pois a luminância

possui efeito nos sons produzidos pelas conversas entre pessoas e na visibilidade de

expressões faciais, interferindo nas relações interpessoais por meio de satisfação social. Tem

se também os estímulos, que se referem aos altos níveis de luz ajudam a deixar as pessoas

com melhor humor e afasta a sonolência.

Em caso de brilho excessivo o empregado terá sensação de desconforto visual, problemas de

visão poderão ser ocasionados e sua concentração estará abalada, deixando-o vulnerável a

acidentes. O ambiente de trabalho bem iluminado possui efeito positivo na memória dos

empregados e na capacidade de tomada de decisões, satisfaz as necessidades de bem-estar e

diminui a probabilidade de propagação de doenças relacionadas ao estresse.

Tratando-se de saúde dos colaboradores é importante ressaltar a importância da influência da

luz no relógio biológico, explicada pela sua responsabilidade pelo regulamento de

temperatura corporal e ritmos hormonais. Quando se utilizam balastros magnéticos é notável

a presença de dores de cabeça em grande número de colaboradores. O mesmo não ocorre com

o uso de balastros elétricos.

Dessa forma fica evidente a influência da iluminação do ambiente nas três áreas de

especialização da ergonomia: física, pois pode danificar o sentido visual das pessoas e

contribuir para desenvolvimento de deficiências fisiológica e mecânica; cognitiva, por se

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tratar de processos mentais; e organizacional, tratando-se de regras, comunicação e estrutura

organizacional que refletem no coletivo. (IEA, 2000)

3. Metodologia

A metodologia utilizada para fazer experimentos foi exploratória baseada na abordagem

qualitativa e quantitativa desenvolvida por meio de investigação através de uma pesquisa de

campo e estudo de caso. Os dados contidos nesse artigo foram coletados de maneira

experimental em salas de aula da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus

Ponta Grossa. As amostras foram obtidas a partir de três diferentes superfícies de estudo, com

a utilização de um Luxímetro e um Luminancímetro, a fim de verificar a quantidade de luz

presente no campo de trabalho durante período de trabalho/ estudo e sua adequação quanto à

saúde dos ocupantes.

O Luxímetro utilizado foi o modelo digital da ICEL Manaus LD-510. O luminancímetro

empregado nos experimentos foi o Konica Minolta LS-110, com capacidade de medição de

0,01 a 999,900 cd/m² para avaliação de luminância absoluta nas salas de aula. O equipamento

apresenta também a opção de medição de luminância na unidade foot-lambert (fL) que

corresponde a 3,426 cd/m², no entanto a unidade do SI foi escolhida para realização de

experimentos.

Três mesas foram analisadas neste trabalho:

Tipo 1: Mesa de cor branca, superfície levemente rugosa, encontrada nas salas do

Bloco P com teste na sala P204;

Tipo 2: Mesa de cor branca, superfície lisa, encontradas nas salas dos Blocos K, L e Q

com teste na sala K104;

Tipo 3: Mesa de cor marrom, superfície lisa, encontradas nas salas dos Blocos P e com

teste na sala K104.

As Figuras 2 a 4 mostram os tipos de mesa utilizados nos experimentos.

Figura 2 – Mesa Tipo 1

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Figura 3 – Mesa Tipo 2

Figura 4 – Mesa Tipo 3

Segundo o subitem 3.4 da NBR 5382, “a superfície da fotocélula deve ficar no plano

horizontal, a uma distância de 80 cm do piso” e, como as carteiras em que os alunos estudam

possuem aproximadamente essa quota de altura, o luxímetro foi apoiado sobre elas. A mesma

norma implica ainda que a temperatura do ambiente de testes esteja entre 15ºC e 50ºC para

que não haja erros na leitura dos instrumentos. Para medições de luminância, o

luminancímetro foi utilizado de maneira que a projeção de sua lente ficasse em posição de 90º

em relação à superfície das mesas, com distância focal ajustada para 1m.

As mesas do Tipo 1 e do Tipo 2 são mesas utilizadas pelos alunos, sendo elas os tipos de

mesas predominantes nas salas P204 e K104, respectivamente. Dessa maneira, os testes foram

realizados na primeira carteira da primeira fileira, na última carteira da última fileira e na

carteira central de cada sala analisada. Como a mesa do Tipo 3 é a mesa utilizada pelo

professor, só há uma na sala analisada e seus testes foram feitos em três pontos diferentes da

mesa, de maneira análoga aos demais experimentos realizados anteriormente.

Obtendo-se três valores diferentes de iluminância e luminância para cada superfície avaliada,

foi calculada a média aritmética das três leituras para que esse valor final seja considerado

para análises. O mesmo procedimento foi executado pelo período da manhã, tarde e noite para

os três tipos de mesa.

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A sala analisada do Bloco K possui cortinas do tipo blackout, cujo bloqueio de luz exterior

pode chegar a 100% e intervir de maneira significativa nos testes realizados durante o dia. Os

tipos de lâmpadas empregadas nessa sala são do tipo fluorescente e eletrônica compacta,

sendo que 16% delas estavam inoperantes e, consequentemente, apresentando luminosidade

mais baixa que seu potencial real. Dessa forma, para as mesas do Tipo 2 e Tipo 3 foram

adicionados dois experimentos no período da manhã e dois experimentos no período da tarde,

sendo o primeiro realizado com as cortinas fechadas e o segundo com as mesmas de maneira

que não bloqueassem a incidência da luz externa sobre a sala. No período noturno a posição

das cortinas não foi considerada devido à luz externa não ter interferência significativa nos

testes, já que essa luz é quantitativamente menor que a luz presente no interior do ambiente,

de maneira que pode ser menosprezada.

A sala analisada do Bloco P possui lâmpadas do tipo fluorescentes com suporte espelhado e

todas em funcionamento, garantindo que a máxima potência de iluminação real possível fosse

alcançada.

Ao todo, foram considerados 13 experimentos.

O Efeito Hawthorne consiste na interferência no desempenho das pessoas quando as mesmas

são sujeitas a observações para estudos. (JUSLEN & TENNER, 2005). Como os

experimentos foram realizados apenas com sobre o ambiente de estudo, sem presença de

colaboradores, esse efeito é desconsiderado no presente estudo.

4. Resultados e análises

A análise do estudo foi realizada considerando os 13 experimentos. Posteriormente, os dados

foram agrupados no Quadro 1.

Quadro 1 – Resultados dos experimentos

Pode-se analisar que os fatores mencionados na literatura possuem validade e apresentam

potencialidade positiva e negativa. A sala P204 é dotada de sistema de iluminação artificial

suficiente e adequada para as tarefas que são realizadas no local, com luminância por volta

dos 500 lux conforme sugere a norma.

A mesma é utilizada especialmente por mestrandos e, a maioria desses acadêmicos de pós-

graduação utilizam notebooks durante as aulas. Devido a esse fato, os experimentos foram

considerados apenas com as cortinas do local fechadas, de maneira que as telas dos

computadores não passem pelo fenômeno de reflexão da luz solar e, dessa forma,

comprometer a visualização da tarefa a ser executada.

Noite

med. 1 med. 2 med. 3 med. 1 med. 2 med. 3 med. 1 med. 2 med. 3 med. 1 med. 2 med. 3 med. 1 med. 2 med. 3

326 807 416 _ _ _ 328 818 420 _ _ _ 323 781 407

Lux

86,4 199 111 _ _ _ 88,9 196,3 113,4 _ _ _ 80,4 195 102,2

Cd/m²

154 222 372 603 1212 553 111 138 98 225 308 160 99 115 81

Lux

29,7 39,4 41,7 106,8 224,7 133,6 18,9 25,2 18,6 41 54,7 34,8 19,3 22,9 17,3

Cd/m²

498 431 468 1828 1690 1869 236 285 282 468 493 507 229 265 264

Lux

11,9 9,7 8,8 187,1 41 298 5,5 5,7 5,1 8,1 9,5 9,7 4 4,5 5,4

Cd/m²

489,33

9,10

252,67

4,63

231,00

43,50

98,33

19,83

465,67

10,13

1795,67

175,37

267,67

5,43

503,67

125,87132,13

249,33

36,93

789,33

155,03

115,67

20,90

Tarde (cort. abertas)Medições

516,33 _

_

_

_

522,00

132,87

Mesa

Tipo 1

Mesa

Tipo 2

Mesa

Tipo 3

Manhã (cort. Fechadas) Manhã (cort. abertas) Tarde (cort. fechadas)

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Conforme verificado na Tabela 3, considerando a qualidade mínima que a tela do computador

dos alunos pode ter, a luminância do ambiente encontra-se adequada segundo a NBR ISO/CIE

8995, pois a média encontrada através dos experimentos realizados foi de 130,29, ou seja,

menor que 200cd/m².

Fonte: NBR ISO/ CIE 8995 - Iluminação de ambientes de trabalho

Tabela 3: Relação de qualidade de tela e luminância que não causem reflexões

Com base na metodologia prática aplicada na sala K104, os experimentos realizados revelam

que a iluminação adotada para essa sala é inadequada para estudos. O fato de algumas

lâmpadas estarem fora de funcionamento afeta diretamente, de maneira negativa, a luminância

do ambiente, vendo-se que há necessidade de abrir as cortinas da sala para que os níveis de

lux se enquadrem ou cheguem mais próximo dos valores recomendados para a operação.

Com a adição do brilho do dia, os valores de luminância ultrapassam os valores dobrados da

luminância com a sala com as cortinas fechadas. Durante o período da manhã se torna

impraticável a abertura de cortinas, pois os valores ultrapassam o recomendado pela norma.

Os valores de iluminância, apesar de estarem dentro da faixa aceita, podem causar

ofuscamento quando há presença de brilho do dia principalmente no período da manhã, que

revelou ser o período mais iluminado.

O período noturno apresenta baixos valores de luminância para as mesas do tipo 2 e 3,

havendo necessidade de melhorias para garantir conforto visual dos usuários.

5. Considerações Finais

Obtidos os resultados, conclui-se que os níveis de luminância e iluminância para a mesa do

tipo 1 estão coerentes com a norma, sendo que o sistema de iluminação artificial se mostra

suficiente para a situação. É o modelo mais apropriado para estudos.

A sala K104 apresenta deficiência no sistema de iluminação, sendo prejudicial aos usuários

das mesas do tipo 2 e 3. Sugere-se que as lâmpadas sejam trocadas por modelos de Led, que

apesar do custo ser um pouco mais elevado que das lâmpadas convencionais, o modelo

garante iluminação adequada para o ambiente, economia de energia e possuem vida útil

maior.

A abertura de cortinas apesar de poder adequar a iluminação para a sala, causa desconforto

visual através do aumento de luminância e gerando reflexos prejudiciais ao ser humano.

6. Referências

____________.Disponível em: <http://sensing.konicaminolta.com.br/2015/09/luminancia-vs-iluminancia>.

Acesso em: 22 setembro 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5382: Verificação de iluminância

de interiores. Rio de Janeiro, 1985.

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