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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA
GRAZIELLA COSTA GONÇALVES
ESTUDO DAS PERDAS COMERCIAIS DE ENERGIA ELÉTRICA
EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
CURITIBA
2007
GRAZIELLA COSTA GONÇALVES
ESTUDO DAS PERDAS COMERCIAIS DE ENERGIA ELÉTRICA
EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
Projeto Final apresentado na disciplina de
Projeto Final 2 do curso de Engenharia
Industrial Elétrica – Eletrotécnica.
Orientadora: Profa. Maria de Fátima Ribeiro
Raia Cabreira, Dra. Eng.
CURITIBA
2007
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe, minha avó, meu namorado e todos os meus
familiares pelo apoio, amor, paciência que sempre tiveram comigo e por
compreenderem o motivo da minha ausência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, à minha orientadora Maria de Fátima Ribeiro Raia
Cabreira, à todos os meus familiares, a todos os meus amigos, e para todas as
pessoas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento desse trabalho:
Davi Romero Carneiro, Maria Edna da Costa, Ramão Antonio Krieger, Roverli
Renato Comin, Dionizio Ribeiro Ambrózio, Eduardo Antonio F. Caxilé, Márcio Nunes
Knopp, às distribuidoras de energia: COPEL, CEMIG, Light, Ampla e AES
Eletropaulo.
RESUMO
Este trabalho apresenta um estudo das perdas comerciais nas distribuidoras
de energia brasileiras, COPEL, Light, Ampla, CEMIG e AES Eletropaulo.
Um dos enfoques principais do trabalho são as perdas comerciais, como,
ligações irregulares, fraudes, violações de medidores de energia, roubo de
equipamentos e materiais da rede de distribuição, os métodos de combate às perdas
comerciais de energia, projetos e ações desenvolvidas pelas distribuidoras para se
conter esse problema e evitar prejuízos financeiros e o mau fornecimento de energia
para os consumidores.
Abordou-se alguns fatores referentes a cada concessionária de energia e
como estes interferem nas perdas comerciais das distribuidoras. Estes fatores são:
problemas sociais, áreas de atuação consideradas de risco, porcentagem das
perdas comerciais por concessionárias, tecnologias aplicadas, planejamentos e
projetos desenvolvidos. As distribuidoras desenvolvem programas de ação, projetos
e métodos para se reduzir o furto de energia e acompanha esse procedimento
analisando suas vantagens e desvantagens para o problema que enfrentam de
acordo com a quantidade de perdas que possuem.
No caso da companhia energética paranaense são avaliados todos os
procedimentos que ela realiza para conter o avanço dos desvios de energia e as
demais perdas comerciais. Os métodos aplicados pela Copel distribuição, na cidade
de Foz do Iguaçu, no bairro Jardim Jupira e quais os resultados decorrentes da
implantação da rede antifurto e medição centralizada.
E por fim é feito um comparativo entre as distribuidoras de energia estudadas
e dos métodos que elas utilizam para evitar o furto de energia.
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Perdas de energia por tipo de empresa ...............................................23
Tabela 2.2 – Perdas de energia no Brasil .................................................................27
Tabela 2.3 – Perdas comerciais de energia ..............................................................27
Tabela 2.4 – Impacto das perdas comerciais nas tarifas de energia.........................30
Tabela 2.5 – Casos de furto de energia e invasão ....................................................49
Tabela 2.6 – Problemas enfrentados pela Light em 2004 .........................................49
Tabela 2.7– Resultados das medições MT em áreas de baixa renda com riscos e
sem riscos ............................................................................................49
Tabela 2.8 – Comparação da Rocinha com algumas favelas do estado...................50
Tabela 2.9 – Área de atuação: Indicadores...............................................................72
Tabela 2.10 – Consumo de energia acumulado por classes.....................................72
Tabela 3.1 – Dados decorrentes da instalação da rede antifurto e medição
centralizada..........................................................................................99
Tabela 3.2 – Furto de transformadores na SDL e o custo para sua reposição .......103
Tabela 3.3 – Furto de transformadores em Curitiba e o custo para sua reposição.104
Tabela 3.4 – Furto de transformadores na Região Norte de Curitiba e o custo para
sua reposição.....................................................................................104
Tabela 3.5 – Furto de transformadores em São José dos Pinhais e o custo para sua
reposição............................................................................................105
Tabela 3.6 – Furto de transformadores no Litoral e o custo para sua reposição.....105
Tabela 3.7 – Furto de condutores na SDL...............................................................106
Tabela 3.8 – Furto de condutores na SDL por tipo de material condutor ................106
Tabela 3.9 – Furto de condutores em Curitiba ........................................................106
Tabela 3.10 – Furto de condutores em Curitiba por tipo de material condutor........107
Tabela 3.11 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba ............................107
Tabela 3.12 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba por tipo de material
condutor ...........................................................................................107
Tabela 3.13 – Furto de condutores em São José dos Pinhais ................................108
Tabela 3.14 – Furto de condutores em São José dos pinhais por tipo de material
condutor ...........................................................................................108
Tabela 3.15 – Furto de condutores no Litoral..........................................................108
Tabela 3.16 – Furto de condutores no Litoral por tipo de material condutor ...........109
Tabela 3.17 – Materiais repostos na rede de distribuição devido a furtos...............109
Tabela 3.18 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .110
Tabela 3.19 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..110
Tabela 3.20 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .110
Tabela 3.21 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .111
Tabela 3.22 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..111
Tabela 3.23 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...111
Tabela 3.24 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .112
Tabela 3.25 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..112
Tabela 3.26 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .113
Tabela 3.27 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .113
Tabela 3.28 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..113
Tabela 3.29 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...114
Tabela 3.30 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDC devido a furtos .114
Tabela 3.31 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDL devido a furtos..114
Tabela 3.32 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDN devido a furtos .115
Tabela 3.33 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDO devido a furtos .115
Tabela 3.34 – Materiais repostos na rede de distribuição da SDT devido a furtos..115
Tabela 3.35 – Materiais repostos na rede de distribuição da DDI devido a furtos...116
Tabela 4.1 – Perdas de energia após rede DAT e medição centralizada ...............137
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Gráfico de perdas de energia ................................................................22
Figura 2.2 – Índices de perdas por subsistemas no Brasil ........................................23
Figura 2.3 – Perdas no sistema de MT e BT das distribuidoras de energia ..............24
Figura 2.4 – Acidente ocorrido na rede da CEMIG....................................................31
Figura 2.5 – Desvio de energia detectado.................................................................35
Figura 2.6 – Ligação irregular....................................................................................36
Figura 2.7 – Ligações irregulares ..............................................................................36
Figura 2.8 – Ligações irregulares ..............................................................................37
Figura 2.9 – Medidor com disco travado com papel..................................................40
Figura 2.10 – Lacre do medidor violado ....................................................................40
Figura 2.11 – Furto de energia camuflado.................................................................41
Figura 2.12 – Medidor furado ....................................................................................41
Figura 2.13 – Furto na entrada do medidor ...............................................................42
Figura 2.14 – Inversão de polaridade no medidor digital...........................................42
Figura 2.15 – Cabos cortados em tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados................44
Figura 2.16 – Parte do material aprendido pela CELG..............................................44
Figura 2.17 – Modo como foram encontrados os materiais nas casas de reciclagem
prontos para serem derretidos............................................................45
Figura 2.18 - Parte do material aprendido: cabos, fios, capacitores e cintas de poste
..................................................................................................................................45
Figura 2.19 – Cabos novos providos do material furtado ..........................................45
Figura 2.20 – Local de desmanche dos fios de cobre ...............................................46
Figura 2.21 – Capacitores furtados encontrados em ferro-velho...............................46
Figura 2.22 – Furto de transformadores da CELG ....................................................46
Figura 2.23 – Transformadores furtados da COPEL em março/2007 ...................... 47
Figura 2.24 – Difusão do furto de energia nas concessionárias do Brasil em relação
à complexidade social ........................................................................52
Figura 2.25 – Ligação direta na rede elétrica ............................................................53
Figura 2.26 – Furto de energia na rede de baixa tensão...........................................54
Figura 2.27 – Intervenções nas caixa do medidores ................................................54
Figura 2.28 – Troca da engrenagem no medidor ......................................................54
Figura 2.29 – Raspagem na engrenagem do medidor ..............................................55
Figura 2.30 – Proteção da baixa tensão através de uma barreira.............................56
Figura 2.31 – Barreira para proteção da rede BT para evitar o furto de energia .......56
Figura 2.32 – Barreira física para proteção da rede BT ............................................57
Figura 2.33 – Solução para proteção da rede BT......................................................57
Figura 2.34 = Proteção aplicada na cidade de Medellín............................................58
Figura 2.35 – Rede convencional..............................................................................59
Figura 2.36 – Rede com padrão DAT........................................................................59
Figura 2.37 – Rede precursora na rede de alta tensão .............................................60
Figura 2.38 – Rede com padrão DAT........................................................................60
Figura 2.39 – Poste com transformador e rede com padrão DAT .............................61
Figura 2.40 – Rede BT afastada e próxima da MT....................................................61
Figura 2.41 - Rede com padrão DAT e com concentradores de medição centralizada
..................................................................................................................................61
Figura 2.42 – Rede com concentradores de medição centralizada.......................... 63
Figura 2.43 – Perdas técnicas e comerciais..............................................................65
Figura 2.44 – Medidor fiscal ......................................................................................70
Figura 2.45 – Sondas para eletroduto .......................................................................70
Figura 2.46 – Conjunto de medição para média tensão............................................71
Figura 2.47 – Gráfico: participação no consume de energia por classes ..................73
Figura 2.48 – Organograma da COPEL ....................................................................73
Figura 2.49 – Jardim Jupira na cidade de Foz do Iguaçu..........................................74
Figura 2.50 – Furto de energia na rede BT em Foz do Iguaçu..................................75
Figura 2.51 – Ligação irregular na rede BT...............................................................75
Figura 2.52 – Situação da rede após furto de energia .............................................76
Figura 2.53 – Rede com padrão antifurto da COPEL................................................78
Figura 2.54 – Rede antifurto em postes com transformador .....................................78
Figura 2.55 – Eletricista trabalhando na rede antifurto com medição centralizada ...79
Figura 2.56 – Sistema de medição de energia da COPEL........................................80
Figura 2.57 – Fraude em medidor .............................................................................81
Figura 2.58 – Fraude no disco do medidor................................................................81
Figura 2.59 – Violação do medidor............................................................................81
Figura 2.60 – Exemplo de desvio de energia ............................................................82
Figura 2.61 – Fraude no medidor ..............................................................................82
Figura 2.62 – Cabo destruído por uma sobrecarga após ligação irregular................83
Figura 3.1 – Caixa de derivação................................................................................87
Figura 3.2 – Cabo concêntrico antifurto ....................................................................87
Figura 3.3 – Montagem de rede antifurto ..................................................................89
Figura 3.4 – Estrutura básica com acessórios...........................................................90
Figura 3.5 – Alta tensão e baixa tensão em poste de 10,5 m....................................90
Figura 3.6 – Poste de 12 m com transformador ........................................................91
Figura 3.7 – Rede secundária isolada antifurto afastada ..........................................91
Figura 3.8 – Estrutura antifurto com transformador acoplado no poste.....................92
Figura 3.9 – Rede com padrão antifurto....................................................................94
Figura 3.10 – Rede com padrão antifurto e acessórios.............................................94
Figura 3.11 – Rede antifurto com medição centralizada ...........................................94
Figura 3.12 – Rede antifurto com caixa de derivação ...............................................95
Figura 3.13 – Rede antifurto com transformador.......................................................95
Figura 3.14 – Manutenção da rede através de cesto aéreo ......................................95
Figura 3.15 – Manutenção da rede através de escada .............................................96
Figura 3.16 – Medidor baleado no Jardim Jupira ....................................................102
Figura 3.17 – Micro-câmera para detecção de furto................................................117
Figura 3.18 – Diagrama de blocos do Módulo Transmissor ....................................120
Figura 3.19 – Instalação de um sistema de gerenciamento de perdas e medição
(SGP+M) ...........................................................................................123
Figura 3.20 – Concentrador primário.......................................................................123
Figura 3.21 – Medidor eletrônico.............................................................................124
Figura 3.22 – Interface do concentrador primário....................................................126
Figura 3.23 – Fixação com cinta circular.................................................................127
Figura 3.24 – Fixação com parafusos .....................................................................127
Figura 3.25 – Menu principal do software do sistema .............................................128
Figura 3.26 – Janela do teste de comunicação ......................................................129
Figura 3.27 – Janela de leitura de contas................................................................129
Figura 3.28 – Tela de acesso do operador ao sistema ...........................................130
Figura 3.29 – Tela de ajuste de hora do concentrador............................................130
Figura 3.30 – Tela da agenda de mudança de estado de contatores .....................131
Figura 3.31 – Medição centralizada localizada em Maringá....................................132
Figura 3.32 – Medição centralizada localizada em Londrina...................................132
Figura 4.1 – Comparação de perdas comerciais.....................................................137
Figura 4.2 – Balanço energético da AES Eletropaulo .............................................139
Figura 4.3 – Perdas totais de energia da AES Eletropaulo .....................................139
LISTA DE SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica
ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
AT – Alta Tensão
BT – Baixa Tensão
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEB – Companhia Energética de Brasília
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A
CELG – Companhia Energética de Goiás
CEMAR – Companhia Energética do Maranhão
CEMAT – Centrais Elétricas Matogrossense S/A
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
CELPE – Companhia Energética de Pernambuco
CEPISA – Companhia Energética do Piauí
CERJ – Companhia Energética do Rio de Janeiro
CFLO – Companhia Força e Luz do Oeste
CGE – Comitês Gestores Estaduais
CGN – Comitê Gestor Nacional
CNU – Comissão Nacional de Universalização
COCEL – Companhia Campolarguense de Energia
COELCE – Companhia Energética do Ceará
CONFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COPEL – Companhia Paranaense de Energia
CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz
COSIP – Contribuição Sobre o Serviço de Iluminação Pública
DAT – Distribuição Aérea Transversal
DDSD – Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados
FORCEL – Força e Luz Coronel Vivida LTDA
IASC – Instituto de Assistência Social e Cidadania
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestações de Serviço
MT – Média Tensão
NTC – Normas Técnicas Copel
SDC – Superintendência Regional Distribuição Centro-Sul
SDL – Superintendência Regional Distribuição Leste
SDN – Superintendência Regional Distribuição Noroeste
SDO – Superintendência Regional Distribuição Oeste
SDT – Superintendência Regional Distribuição Norte
SGP+M – Sistema de Gerenciamento de Perdas + medição
SPC – Serviço de Proteção ao Crédito
PIS – Programa de Integração Social
RNA – Redes Neurais Artificiais
RSI – Rede Secundária Isolada
14
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE SIGLAS
CAPÍTULO 1 – PROSPOTA DO TRABALHO.................. ........................................15
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................15
1.2 PROBLEMA .....................................................................................................17
1.3 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................17
1.4 OBJETIVOS .....................................................................................................18
1.1.1 Objetivo Geral ...................... ..................................................................18
1.1.2 Objetivos Específicos ............... ............................................................19
1.5 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................19
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.........................................................................20
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ............. .....................................21
2.1 PERDAS DE ENERGIA...................................................................................21
2.2 PERDAS TÉCNICAS .......................................................................................25
2.3 PERDAS COMERCIAIS...................................................................................26
2.3.1 Prejuízos com as perdas comerciais.. ...............................................28
2.3.2 Impactos causados pelas perdas comerciais... ................................29
2.3.3 Ligações clandestinas ....................... .................................................33
2.3.4 Fraudes em medidores de energia............. ........................................37
2.3.5 Furto de equipamento e materiais na rede de distribuição .............42
2.4 ALGUMAS CONCESSIONÁRIAS DE ENERGIA E AS PERDAS
COMERCIAIS............................................................................................................47
2.4.1 Light ...................................... .............................................................47
2.4.1.1 Plano de ação da Light .........................................................50
2.4.2 Ampla ....................................... ...........................................................51
2.4.2.1 Plano de ação da Ampla.......................................................55
2.4.3 AES Eletropaulo .. ..............................................................................64
2.4.3.1 Plano de ação da AES Eletropaulo.......................................66
15
2.4.4 CEMIG..................................................................................................68
2.4.4.1 Plano de ação da CEMIG .....................................................68
2.4.5 COPEL .................................................................................................71
2.4.5.1 Plano de ação da COPEL.....................................................76
CAPÍTULO 3 – O CASO DA COMPANHIA PARANAENSE DE ENER GIA - COPEL
........................................................................................................................84
3.1 REDE ANTIFURTO .........................................................................................84
3.1.1 Principais Materiais Utilizados......................................... .................86
3.1.2 Montagem da Rede Anti furto .............................................. ..............88
3.1.3 Considerações para In stalação da Rede Antifurto......................... .92
3.1.4 Manutenção da Rede An tifurto ............................................ .............96
3.1.5 Segurança............ ...............................................................................96
3.1.6 Rede Antifurto Jardim Jupira ............................................ ................97
3.2 A COPEL E O FURTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ......................102
3.2.1 Furto de Materiais e Eq uipamentos na SDL em 2005....................103
3.2.2 Furto de Materiais e Equipamentos em 2006............................... ..109
3.2.3 Furto de Materiais e Equipamentos em 2007............................... ..109
3.3 MÉTODOS DA COPEL PARA SE COMBATER O FURTO DE ENERGIA ..117
3.3.1 Micro-Câmera para Det ecção de Fraude.................................... ....117
3.3.2 Equipamento Detector de Desvio de Energia ............................... .118
3.3.3 Medição Centralizada. ......................................................................121
3.3.4 Conclusão do Estudo d e Caso............................................. ...........132
CAPÍTULO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DISTRIBUIDORAS E O S MÉTODOS
UTILIZADOS POR ELAS PARA SE COMBATER O FURTO DE ENE RGIA.........135
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO ............................. ...................................................141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ..............................................143
16
CAPÍTULO 1 – PROPOSTA DO TRABALHO
1.1 INTRODUÇÃO
De acordo com dados fornecidos pela ANEEL, Agência Nacional de Energia
Elétrica em 2004, verificou-se que as concessionárias de energia elétrica se
deparam com grandes problemas de perdas de energia. Essas perdas podem ser
classificadas como técnicas ou comerciais. A diferença entre as perdas comerciais e
técnicas representa as perdas elétricas e podem ser composta por três parcelas:
• perdas técnicas de energia, devido apenas o consumo regular, isto é, à
energia comercializada ou faturada;
• acréscimo das perdas técnicas devido às perdas comerciais;
• perdas comerciais que são consumos não medidos, como: desvios de
medição (erros e fraudes) e furtos.
As perdas técnicas são inerentes às atividades do transporte da energia
elétrica na rede e estão relacionadas às perdas por efeito Joule nos condutores, ao
estado de conservação de medidores de energia, às perdas nos núcleos dos
transformadores e outros equipamentos que compõem a rede elétrica, além de
perdas ligadas às correntes de fuga no ar e nos isoladores.
As perdas comerciais podem ser definidas como sendo a diferença entre a
quantidade de energia que foi consumida e a que foi faturada e estão relacionadas a
clientes fraudulentos e inadimplentes, a problemas apresentados na unidade de
medição que afetam a leitura, por meio de fraudes cometidas no consumo de
energia elétrica e por meios de ligações clandestinas que são realizadas diretamente
no sistema de distribuição de energia e também pelo furto de materiais e
equipamentos localizados na rede.
Segundo a ABRADEE (2004), Associação Brasileira das Distribuidoras de
Energia Elétrica, em 2004, constatou-se que as companhias brasileiras de energia
deixaram de receber quase R$3,6 bilhões em 2003 por causa de ligações
clandestinas na rede e fraudes na medição do consumo de eletricidade. De acordo
com a COPEL (2003), Companhia Paranaense de Energia, registrou-se que o valor
da receita frustrada das concessionárias foi equivalente ao faturamento anual de
17
uma empresa de grande porte como o da COPEL, estatal paranaense que atende a
3,1 milhões de ligações e que comercializou, no ano de 2003, 18,7 milhões de
megawatts-horas.
As distribuidoras de energia utilizam vários métodos para evitar e conter
esses furtos na rede elétrica, como por exemplo, a rede com padrão antifurto
utilizada pela COPEL. Tal padrão afasta a baixa tensão dos postes, através da
instalação de cruzetas, em áreas críticas de atendimento. Para este método existe a
possibilidade de instalar a medição centralizada, que também fica afastada nos
postes, fixada nas cruzetas através de ferragem desenvolvida para essa finalidade.
Com a instalação dessa rede pretende-se reduzir o número de ligações
clandestinas no sistema de distribuição bem como aumentar a confiabilidade e a
continuidade do fornecimento de energia, visto que se pode diminuir o número de
interrupções causadas pela sobrecarga, devido às ligações não planejadas. Outras
vantagens que esse sistema ainda pode fornecer é a redução de custos, maior
segurança ao eletricista e uma melhor identificação visual das ligações irregulares.
Outro método é o detector de desvio de energia, cujo princípio de operação
tem como base à transmissão e recepção de um sinal específico de rádio freqüência
que utiliza a rede de energia como “antena” transmissora.
O furto de materiais e equipamentos da rede elétrica é outro tipo de perda
comercial existente principalmente em grandes centros urbanos. Esse ato está
ligado ao vandalismo e ao roubo de cabos condutores, peças, estruturas e também
transformadores. Tais equipamentos e cabos, que são destinados à reciclagem,
trazem grandes perdas às empresas do setor elétrico. A COPEL, por exemplo,
afirma que em 2003 foram furtados quase 150 km de cabos e 906 equipamentos de
diversos tipos, o que acarretou em um prejuízo de R$ 10,6 milhões para um grupo
de 12 concessionárias de energia que juntas atendem 40% do mercado consumidor
brasileiro.
18
1.2 PROBLEMA
As perdas comerciais de energia acarretam prejuízos financeiros e técnicos
às concessionárias de energia, por se tratar de um fornecimento teoricamente não
previsto em seu planejamento energético.
O desvio de energia e roubo de materiais atinge o mundo todo e vem
crescendo muito ao longo dos anos, o estudo desse problema é relevante e o
objetivo principal é se obter métodos eficientes e que se adaptem às
concessionárias para atenuar as perdas comerciais.
Além disso, o furto de energia e equipamentos é crime, quem o pratica pode
ser condenado até quatro anos de reclusão, além de multas e sério risco de se
envolver em graves acidentes que podem ocasionar até a morte. Por isso, é
necessário que seja divulgado à sociedade uma campanha contra o roubo de
materiais, equipamentos e energia, para que sejam feitas denúncias desses crimes,
evitando assim, maiores prejuízos, e contribuindo para um melhor fornecimento e
barateamento nas tarifas de energia elétrica.
Na cidade de Foz do Iguaçu na rede de distribuição do Jardim Jupira a
COPEL se depara com perdas comerciais crescentes e seus impactos para a
sociedade e para a companhia.
Quais as conseqüências causadas pelos prejuízos ocasionados pelas perdas
comerciais nas concessionárias? Quanto o estado deixa de arrecadar em impostos
das distribuidoras? Pois não será investido em educação, saúde, saneamento e
segurança. Quanto a sociedade perde?
1.3 JUSTIFICATIVA
As perdas comerciais de energia atingem não só as distribuidoras de energia,
mas também aos consumidores, pois diminui a qualidade do fornecimento pela
companhia, além dos riscos de acidentes que determinados furtos podem causar a
uma pessoa. Além disso, o custo das perdas comerciais é transferido para os
consumidores adimplentes.
De acordo com a COPEL (s.d.), em 2004, o roubo de materiais e
equipamentos de um sistema de serviço público como o de energia elétrica, por
19
exemplo, vai além dos prejuízos financeiros da simples reposição do material ou
equipamento furtado. Trata-se de uma questão social com maior gravidade, pois
devido à ação de criminosos que cometem furtos de energia e fraudes ou permitem
que sejam manipulados os mecanismos de medição do consumo de energia, podem
ocasionar a interrupção no fornecimento de energia a milhares de pessoas. Os
custos de geração, transporte e distribuição de eletricidade acabam refletidos na
tarifa cobrada de todos os consumidores.
A COPEL na rede de distribuição de Foz do Iguaçu no Jardim Jupira pretende
reduzir o furto de energia e suas conseqüências a fim de garantir aos seus
consumidores uma melhor qualidade no fornecimento e sem interrupções por causa
de sobrecargas na rede.
As concessionárias alegam que o desenvolvimento de métodos, planos de
ação eficazes e tecnologias para combater o furto de energia garantem melhoria na
qualidade da concessionária, diminuindo prejuízos financeiros, reduzindo as ligações
clandestinas e garantindo maior segurança e qualidade no fornecimento de energia
aos consumidores.
Este tema proposto atinge todo o mundo, diversas companhias de energia se
deparam com perdas não-técnicas e sempre buscam novas soluções viáveis para
solucioná-los ou minimizá-los.
Segundo a ANEEL (s.d.), em 2007 o custo da energia elétrica da geração até
chegar aos consumidores é dividido entre todos os consumidores e todos pagam
pela energia que é gerada, transmitida e distribuída. Assim, todos os consumidores
pagam pela energia que é faturada.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
Estudar as perdas comerciais de energia em redes de distribuição de algumas
distribuidoras e o caso da COPEL na cidade de Foz do Iguaçu.
20
1.4.2 Objetivos Específicos:
• fazer um levantamento das perdas comerciais como: furtos de energia na
rede, roubos de equipamentos e materiais e fraudes em medidores de
energia, dentre outros;
• pesquisar as conseqüências econômicas e sociais causadas pelas perdas
comerciais;
• analisar métodos e estratégias aplicados por algumas concessionárias
para se evitar esse problema;
• estudar a eficiência dos métodos em geral, utilizados para se evitar perda
de equipamentos e materiais na rede;
• analisar o caso COPEL na rede de distribuição na cidade de Foz do
Iguaçu;
• efetuar análise técnica e econômica dos métodos estudados e relacionar
as vantagens e desvantagens de cada um deles.
1.5 MÉTODO DE PESQUISA
Primeiramente será feito um estudo a respeito das perdas comerciais de
energia nas concessionárias, e será definido o que são e como são tratadas, através
de pesquisa na internet, revistas, seminários apresentados pelas companhias de
energia, palestras, normas técnicas, livros, dentre outros. Também serão levados
em conta seus aspectos sociais e econômicos.
Após esta etapa serão analisados alguns métodos aplicados por algumas
companhias de energia brasileiras e serão estudadas as vantagens e desvantagens
obtidas, através de pesquisa, revistas, seminários, livros e com profissionais da
área.
No estudo do caso da COPEL, pretende-se informar como os furtos de
energia ocorrem no Paraná, como são descobertos pela empresa, como são
solucionados pelas distribuidoras, quais métodos utilizam as vantagens e
desvantagens desses métodos e será realizada uma comparação com métodos
utilizados em outras companhias. E a rede de distribuição de Foz do Iguaçu, no
Jardim Jupira, onde a ocorrência dos desvios de energia é mais alarmante para a
21
concessionária. Além disso, serão destacados os prejuízos que as perdas
comerciais acarretam para a concessionária.
Estudo da rede antifurto que está instalada em Foz do Iguaçu e detectores de
desvios de energia na rede de distribuição através de normas técnicas e
informações obtidas na companhia de energia.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho será divido em capítulos como descrito a seguir:
Capitulo 1 - Proposta de trabalho
Capítulo 2 - Referencial teórico
- Métodos e estratégias para combater as perdas comerciais
- Levantamento de dados junto a algumas concessionárias de
energia
Capítulo 3 - Estude do caso COPEL
- Dados da empresa
- Análise da rede antifurto na Linha de distribuição de Foz do
Iguaçu
- Aplicação dos métodos existentes
- Análise técnica e econômica dos métodos
- Comparação entre as distribuidoras de energia analisadas
Capítulo 4 - Conclusão e comentários finais
Capítulo 5 - Referências Bibliográficas
22
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
2.1 PERDAS DE ENERGIA
As perdas de energia podem ser classificadas de acordo com sua origem,
natureza, localização e segmento.
As perdas referentes à origem são classificadas em perdas técnicas e perdas
comerciais. As perdas técnicas estão diretamente ligadas à energia ou demanda que
é perdida durante o transporte de energia pela rede elétrica antes dessa ser
distribuídas aos consumidores. As perdas comerciais são inerentes à energia ou
demanda entregue ao consumidor, mas que não foi faturada pela concessionária.
As perdas técnicas e comerciais estão dentro do conjunto dos sistemas de
transmissão, distribuição e comercialização de energia.
As perdas classificadas de acordo com sua natureza são: perda de energia e
perda de demanda. A perda de demanda que consiste na diferença entre a
demanda de entrada que se refere ao que é recebido e a demanda de saída que é o
que foi fornecido em um determinando instante de tempo. A perda de energia é a
diferença entre a energia recebida e a energia fornecida em um dado instante.
As perdas por localização podem ser definidas como perdas globais, perdas
existentes na transmissão e distribuição de energia. Perdas globais são perdas
totais de energia ou demanda existente nos sistemas de geração, transmissão e
distribuição. As perdas encontradas na transmissão englobam perdas do sistema de
geração e distribuição, já as perdas na distribuição se referem somente as perdas no
sistema de distribuição.
O segmento se refere à localização em que houve a perda como, por
exemplo: a rede primária, rede secundária, no transformador, no medidor de
energia, estas perdas estão associadas às perdas técnicas.
As perdas de energia causam preocupações para as distribuidoras de
energia, pois interferem nas tarifas que são cobradas dos consumidores, na
qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de energia e possíveis
problemas sociais que podem gerar a sociedade.
23
As perdas de energia podem ser definidas como sendo a diferença entre a
energia requerida pelo sistema elétrico e a energia realmente faturada em um
determinado intervalo de tempo.
Essas perdas são constituídas por perdas técnicas que se referem às
características associadas à passagem e a interação do fenômeno físico nos meios
materiais utilizados e nos efeitos que esses causam, e pelas perdas comerciais ou
perdas não técnicas que está ligada a erros na unidade de medição, que alteram a
leitura devido às fraudes que ocorrem no consumo de energia elétrica por ligações
clandestinas e furtos de equipamentos e materiais na rede elétrica.
As perdas globais de energia englobam perdas técnicas, perdas comerciais,
perdas por demanda existentes no sistema de geração, transmissão distribuição e
comercialização de energia.
A ELETROBRÁS (s.d.) afirma que na década de 1970 as perdas totais de
energia no Brasil representam valores superiores a 15% das perdas totais. Em 1980
houve uma diminuição nas perdas e esse valor aumentou em 2000 para valores
próximos aos da década de 1970 e diminuiu em 2001 como mostra no gráfico da
figura 2.1 a seguir.
Figura 2.1 – Gráfico de perdas de energia no Brasil
Fonte: Eletrobrás 2001.
Para a Eletrobrás (1998 - 2001), as perdas de energia elétrica no Brasil
possuem uma variação grande quando se compara algumas localizações,
distribuidoras e o papel que estas desempenham: geradoras, distribuidoras ou as
duas esses valores variam de 3% a 30% como exemplifica a tabela 2.1 as 12
companhias de energia.
24
Tabela 2.1 – Perdas de energia por tipo de empresa
Fonte: Eletrobrás
Níveis de Perdas de Energia elétrica por Tipo de Em presa (%)
Tipos 1996 1997 1998 2000
Geradoras
Chesf 7,4 7,1 8,5 5,8
Furnas 6,5 6,4 6,3 4,4
Mistas
CEEE 12,2 13,9 9,0 8,2
CEMIG 9,0 8,3 8,5 9,4
CESP 3,6 3,5 3,0 2,8
COPEL 4,6 6,6 6,2 4,7
Eletronorte 7,1 8,3 10,5 5,9
Distribuidoras
CELESC 8,2 7,9 7,3 7,9
CERJ 29,4 25,3 19,1 19,3
COELBA 16,1 16,5 15,5 13,0
CPFL 6,3 6,2 6,7 10,3
Light 18,7 16,1 14,5 16,8
Segundo a ABRADEE em 2004 as concessionárias de energia elétrica
apresentam um crescimento significativo das perdas de energia ao longo dos anos.
No gráfico da figura 2.2 observa-se o índice de perdas por subsistemas no
Brasil.
Figura 2.2 – Índices de perdas por subsistemas n o Brasil
Fonte: ABRADEE 2004.
25
No primeiro gráfico representado acima verifica-se o crescimento das perdas
comerciais nos sistemas de AT nas distribuidoras e transmissoras de energia.
Pode-se notar que a partir de 2000 esses valores sofrem redução. As perdas
técnicas na rede de MT e BT também diminuíram após o ano de 2000, já as perdas
comerciais cresceram até 2000 e diminuíram em 2001, mas continuaram crescendo
até 2003.
O gráfico da figura 2.3, ilustra as perdas no sistema MT e BT em 2003, os
dados são referentes a 28 concessionárias de energia com mais de 400 mil
consumidores.
Figura 2.3 – Perdas no sistema de MT e BT das dis tribuidoras de energia
Fonte: ABRADEE 2003.
No segundo gráfico da figura 2.3 representa os valores das perdas de 28
concessionárias de energias associadas à ABRADEE e observa-se que a CEPISA
no Piauí, a LIGHT no Rio de Janeiro, a CEMAR no Maranhão e a CERJ também no
Rio de Janeiro possuem os maiores índices de perdas de energia do país. A
CEPISA, por exemplo, apresenta esse valor próximo a 30%.
De acordo com a CEPISA, Luiz Carlos Coelho, o furto de energia acarreta em
um prejuízo anual de cerca de R$ 150 milhões de reais.
26
A CELESC em Santa Catarina, a COPEL no Paraná, a AESSUL no Rio
Grande do Sul e a CEMIG em Minas Gerais são as concessionárias com os
menores índices de perdas, não ultrapassando 12%.
Segundo a ANEEL as perdas existentes na transmissão e distribuição de
energia estão divididas de acordo com um conjunto de componentes distintos que
desempenham a mesma função no sistema elétrico: o tarifário, o técnico e o
comercial.
Ao sistema tarifário compete às concessionárias reduzir as perdas cmerciais,
também, através de incentivos econômicos adequados, como programas de
eficiência energética, para melhor uso da energia elétrica. Ao técnico compete que
as companhias de energia utilizem recursos com maior tecnologia, através de
estudos específicos e utilização de aparelhos e equipamentos com maior eficiência e
tecnologia, além do uso de mão-de-obra qualificada, para se reduzir as perdas
técnicas.
Para as perdas comerciais cabe às concessionárias divulgar o problema e
buscar práticas eficientes para se reduzir às perdas não-técnicas e aos
consumidores de energia é necessário se conscientizarem da importância de se
denunciar os furtos e fraudes de energia.
2.2 PERDAS TÉCNICAS
Essas perdas estão diretamente ligadas às concessionárias de energia, pois
tem a ver com a conservação da rede elétrica como um todo e a dissipação por
efeito Joule. As perdas por efeito Joule ocorrem em cabos condutores. As perdas
técnicas também estão relacionadas às perdas existentes nos núcleos dos
transformadores, perdas devido às correntes de fuga no ar e nos isoladores e
isolantes.
As perdas técnicas regulares de energia de distribuição são decorrentes aos
processos de transporte e transformação de tensão, incluindo as perdas por efeito
joule e por efeito corona nos condutores de energia, cabos, medidores, conexões,
capacitores, transformadores e as perdas ocasionadas por correntes de fuga
existentes em isoladores e pára-raios, além das perdas relacionadas às perdas
existentes no ferro ou em vazio e nos condutores ou no cobre dos transformadores.
27
A metodologia utilizada pela ANEEL para se calcular as perdas técnicas
relacionadas às instalações de distribuição, considera-se as influências existentes
devido às diferenças de topologia existentes em vários níveis de tensão nominal, a
localização das cargas dos consumidores e as energias providas de outras
concessionárias, o ciclo de variação diária das cargas, do consumo de energia ativa
e reativa das unidades consumidoras e das energias supridas, além do número e as
características elétricas provenientes dos condutores existentes na rede elétrica nos
diferentes níveis de tensão encontrados na rede e nos ramais de ligação das
unidades consumidoras e as características que há nos medidores de energia.
Para ANEEL (2004), as perdas técnicas originárias nos transformadores
levam em consideração os ciclos de variação da energia que flui diariamente. Os
valores encontrados para perdas no cobre e no ferro ou em vazio estão de acordo
com a ABNT.
As perdas consideradas são somente as perdas oriundas da energia
fornecida às unidades consumidoras regulares, a outras concessionárias de energia
e ao próprio consumo.
Esses valores resultantes das perdas técnicas serão calculados conforme os
valores de tensão pré-determinados e para as perdas nos transformadores atenta-se
ao valor da relação de transformação obtido através da relação de transformação do
transformador.
2.3 PERDAS COMERCIAIS
São também denominadas de perdas não-técnicas e se referem à energia
entregue, mas não faturada. Essas perdas estão relacionadas a erros de medição,
dos erros de faturamento, a problemas com inadimplências de consumidores de
energia, e principalmente a furtos de energia ocasionados por fraudes nos
medidores, por desvios da medição de energia por causa de desvios da medição ou
por ligações clandestinas e roubos de equipamentos e materiais da rede elétrica.
De acordo com a ABRADEE (2006) as concessionárias de energia no Brasil
apresentam um aumento gradativo das perdas comerciais ao longo dos anos e por
este motivo a busca por métodos de combate a essas perdas é de grande
importância.
28
A tabela 2.2 mostra alguns dados referentes às perdas de energia ao longo
dos anos.
Tabela 2.2 – Perdas de energia no Brasil
Fonte: Eletrobrás 2001.
Perdas de energia no Brasil (em %)
Ano Perdas (%)
1970 16,3
1980 13,0
1990 13,1
2000 15,7
Verificou-se na biblioteca virtual da ABRADEE (s.d.) que o problema com
perdas de energia passou a fazer parte do conjunto de itens que as concessionárias
associadas à ABRADEE utilizam a partir de 1994.
Como há uma grande divergência entre as concessionárias de energia em
relação ao mercado, ao perfil de consumidores, as áreas geográficas, extensões de
rede e políticas adotadas pelas distribuidoras para se combater as perdas energia e
por esse motivo a ABRADEE criou valores padronizados para esses índices e
estabeleceu uma resolução e definiu critérios para se contabilizar as perdas de
energia da seguinte maneira: transmissão e distribuição e analisando o sistema
global, com isso contribui-se para que sejam realizadas comparações entre as
concessionárias.
De acordo com ANEEL (2005) na tabela 2.3 a seguir ilustra as perdas
comerciais em algumas distribuidoras de energia do Brasil.
Tabela 2.3 – Perdas comerciais de energia
Fonte: ANEEL 2005.
Concessionária Encargos
(R$/MWh)
Perdas comerciais
(R$/MWh) %
Light 35,36 15,44 43,7
Ampla 35,17 13,42 38,2
Escelsa 23,03 5,68 24,7
Eletropaulo 26,16 4,93 18,8
Elektro 25,23 2,86 11,3
Bandeirante 23,68 2,5 10,6
Celesc 21,16 1,52 7,2
29
CPFL 20,39 1,18 5,8
COPEL 19,86 0,99 5,0
CEMIG 20,64 0,88 4,3
Observa-se claramente que no estado do Rio de Janeiro as concessionárias
LIGHT e AMPLA possuem uma das maiores perdas comerciais do país.
De acordo com Portes (2004) da Light o furto de energia é mais complexo em
lugares onde há ocupações irregulares, como favelas ou com índices de violência
mais acentuados, mas a maior proporção do furto de energia se concentra em locais
onde as pessoas apresentam um nível de desenvolvimento humano maior. Muitas
ligações clandestinas ou alterações em medidores são verificadas em restaurantes,
hotéis, prédios de classe média, fábricas entre outros.
2.3.1 Prejuízos com as perdas comerciais
Os dados da ABRADEE (2006) contabilizam que as perdas na rede de
distribuição das concessionárias associadas à ABRADEE são próximas de 15% o
que significa aproximadamente 47 GWh da energia requerida pelas distribuidoras de
energia e desse valor, 32% corresponde as perdas comerciais o que acarreta em um
prejuízo de mais de R$ 1 bilhão de reais. Acrescentando os tributos que deixam de
ser arrecadados em conseqüência dessas perdas na distribuição, como ICMS, PIS,
CONFINS, esse valor se elevaria para mais que R$ 5 bilhões de reais.
Os prejuízos referentes ao roubo de cabos condutores, equipamentos e
materiais da rede elétrica das concessionárias de associadas a ABRADEE em 2003
foram superiores a R$ 10 milhões, foram registrados mais de 2.000 ocorrências no
país. Esse fato acarreta em transtornos aos consumidores de energia devido à falta
de energia por causa do furto.
O material furtado da rede elétrica geralmente é vendido para o “ferro-velho”.
Os componentes mais visados são cabos de alumínio e de cobre. De acordo com a
ABRADEE (2004) mais de 1500 km de condutores elétricos foram repostos pelas
companhias de energia.
Esse tipo de prática segundo a ABRADEE, 2004, está ocorrendo na seguinte
proporção:
30
• no início eram furtados apenas condutores neutro e agora também nos
condutores fases;
• constatação de ocorrências até tensões de 69 kV;
• ocorrências em todas as regiões, sobressaindo-se algumas empresas:
CEMIG, CEMAT e COELSE;
• antes furtos concentravam-se em áreas rurais. Hoje também são
detectados em áreas urbanas e em até em áreas com grande
movimentação;
• utilização de veículos com identificação da concessionária local;
• indício de participação de pessoas com grande conhecimento técnico de
segurança e de procedimentos operativos;
• o furto de equipamentos, como, transformadores, reguladores, etc.;
• registro de furtos até mesmo em malha de aterramento de subestações.
2.3.2 Impactos causados pelas perdas comerciais
Segundo a ABRADEE (2006) o furto de energia acarreta alguns impactos
para a concessionária e para os consumidores:
• aumento da energia distribuída faturada e não distribuida;
• elevação dos custos operacionais;
• prejuízo à imagem da empresa;
• alteração das metas de continuidade e conformidade;
• riscos quantos à segurança;
• riscos à operação do sistema: interrupções, blecautes, etc..
A tabela 2.4 exibe amostra de algumas concessionárias de energia do Brasil e
os impactos que as perdas comerciais de energia e como eles afetam nas tarifas de
energia de acordo com a ANEEL (2006).
31
Tabela 2.4 – Impacto das perdas comerciais nas tari fas de energia
Fonte: ANEEL 2006.
Empresa Tarifa Média
(R$/MWh) Perdas (R$/MWh) Perdas tarifa (%)
Manaus 214,92 37,53 17,46
CERON 275,49 43,47 15,78
LIGHT 186,01 20,76 11,16
AMPLA 253,23 26,45 10,45
COELCE 229,35 15,28 6,66
CELPE 181,84 11,55 6,35
CELPA 230,67 14,16 6,14
COELBA 219,31 13,43 6,12
RGE 234,33 13,65 5,82
ENERGIPE 186,92 10,79 5,77
COSERN 184,63 10,46 5,66
CPFL 204,24 9,97 4,88
CEMIG 183,88 7,89 4,29
AES Eletropaulo 196,23 8,08 4,12
As perdas comerciais estão diretamente relacionadas, à diversos fatores
como, por exemplo: a qualidade do fornecimento de energia dadistribuidora de
energia que é afetada por conta dessas perdas, um aumento nos riscos decorridos
das fraudes, furtos de energia e roubo de equipamentos a sociedade e ao próprio
infrator que pode ocasionar até a morte do mesmo.
A figura 2.4 mostra um acidente ocorrido em Minas Gerais. Na tentativa de
furtar um transformador da rede da CEMIG ocasionou a morte do infrator.
32
Figura 2.4 – Acidente ocorrido na rede da CEMIG
Fonte: CEMIG 2005.
O problema com clientes fraudadores e o acesso de terceiros a rede elétrica
ocasionam: o furto de energia, o roubo de materiais e equipamentos da rede, as
instalações elétricas precárias e não aceitáveis pelas distribuidoras de energia, pois
tal fato acarreta em interrupções no fornecimento de energia originando oscilações
de tensão e pode ocasionar riscos de acidentes, perda de aparelhos e
eletrodomésticos e ainda geram um grande prejuízo para as concessionárias e
comprometem a qualidade dos serviços oferecidos pelas mesmas.
A satisfação do cliente em relação à distribuidora de energia é avaliada pela
ANEEL através do IASC, Índice ANELL de Satisfação do Cliente, e esta por sua vez
onera as empresas que possuem um índice baixo de satisfação do cliente.
Este procedimento realizado pela ANEEL consiste em pesquisas feitas com
os consumidores residenciais das unidades distribuidoras de energia é realizado
anualmente e este processo é realizado em todas as concessionárias do país.
33
Devido ao elevado número de consumidores as concessionárias não realizam
por falta de tempo as devidas inspeções e muitas vezes essas inspeções não são
bem direcionadas.
Conforme a Light (2007) grande parte das realizações de cortes de energia
por parte das concessionárias quando detectam fraudes muitas vezes resultam em
violência física aos eletricistas da companhia. Em favelas os eletricistas possuem
acesso com riscos às áreas com fraudes de energia e nesses locais o número de
ligações clandestinas é elevado por possuírem construções residenciais muito
próximas uma das outras e por apresentarem vias de acesso irregulares
proporcionam uma maior propensão a ocorrências de fraudes e ligações
clandestinas.
A Light ainda menciona a criminalidade, o narcotráfico e a violência que
geralmente encontra-se em regiões onde há favelas, esses problemas contribuem
para o aumento das dificuldades que a concessionária de energia enfrenta nesses
locais, pois só se pode realizar trabalhos e visitas as favelas após o consentimento
ou acordo feito com os traficantes da área e essas organizações impõem aos
moradores suas regras e leis sem se preocupar com o Estado.
A ELEKTRO de São Paulo (s.d.) em 2006 coloca como um dos impactos
causados pelas perdas comerciais o fato de que a população, nos dias de hoje,
estão comprando mais aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos devido a facilidade
que encontram para a aquisição desses produtos e optam por pagarem uma
prestação de um produto ao invés de pagar sua conta de energia visto que a energia
elétrica é considerada um bem de consumo essencial e por lei os seus respectivos
devedores não podem ser incluídos na lista do SPC, Serviço de Proteção ao Crédito,
então em alguns casos realizam furtos de energia ou cometem fraudes.
Alguns consumidores afirmam que o furto de energia existente nas fábricas,
indústrias e residências ocorrem em função da tarifa cobrada pela concessionária
ser elevada, assim recomendam que seja realizado uma revisão tarifária.
De acordo com a legislação referente à revisão tarifária as empresas recebem
um incentivo para combaterem e diminuírem as perdas e além do ganho que a
concessionária recebe isso contribui para que quanto menos perdas apresentar a
companhia de energia menos o consumidor será prejudicado e esse passará a
pagar menos pela energia consumida. O Estado também apresenta vantagens com
a redução de perdas, pois serão contabilizados mais impostos.
34
Por todos esses motivos mencionados acima se concretiza a importância da
sociedade se conscientizar que precisam efetuar denúncias sobre furto e fraude de
energia e roubo de equipamentos.
2.3.3 Ligações Clandestinas
As ligações clandestinas, ou também conhecidas popularmente por “gatos” e
“gambiarras” podem gerar sérios problemas para a sociedade.
Segundo a ANEEL (2004), as ligações irregulares são realizadas em bairros
mais distantes ou localidades em que não há rede de energia elétrica próxima. Essa
fraude é praticada por pessoas e famílias carentes. Os delitos efetuados por famílias
de classe média e alta, que possuem em suas residências diversos tipos
eletrodomésticos e aparelhos elétricos com grande consumo de energia, como ar-
condicionado, freezer e outros. Nesse tipo de ligação clandestina, é feita alteração
na contagem da energia no medidor, na própria dependência. Além desse, existe o
desvio de energia também muito praticado que consiste em fazer ligações elétricas
nos postes, onde o teor de energia gasto não é registrado pelo medidor elétrico do
consumidor.
De acordo com uma reportagem da ANEEL (s.d.), em 2007 as
concessionárias de energia estão cada vez mais preocupadas com as ligações
clandestinas, pois estas acarretam em um prejuízo muito grande para as
companhias. As conexões improvisadas realizadas para se obter uma ligação
clandestina são precárias e transformam a rede de distribuição em um emaranhado
de fios e aumentam a carga instalada do sistema e causam sérios problemas de
acidentes, prejudicam o bom funcionamento e qualidade da distribuidora de energia,
além do prejuízo para a concessionária e para os consumidores de energia.
As ligações irregulares são ligadas diretamente na rede da distribuidora de
energia sem equipamento intermediário que oferece segurança aos consumidores.
Elas provocam perigos à sociedade, pois provocam choques elétricos,
curtos-circuitos que podem resultar em ferimentos e até a morte por descargas
elétricas e até incêndios nas residências com ligação sem segurança por causa da
utilização de fios quebrados ou sem um isolamento adequado, além de sobrecargas
no sistema elétrico que compromete equipamentos da rede de distribuição como
35
transformadores e pode ocasionar interrupções no abastecimento de outros
consumidores.
É importante para as distribuidoras regularizarem essas instalações para
garantir qualidade em seus serviços, segurança e diminuição de prejuízos que essas
ligações proporcionam.
Por causa disso as concessionárias estão em constante estudo e busca por
métodos para combater as perdas comerciais. Um dos programas utilizados por
diversas concessionárias são programas de responsabilidade social, na qual as
companhias realizam algumas iniciativas como: instalações de bibliotecas, centros
de informática, cursos profissionalizantes e através dessas ações sociais as
distribuidoras de energia têm conseguido mostrar a sociedade os riscos existentes
por causa das fraudes de energia e a importância de se legalizar uma ligação
clandestina e de se efetuar denúncias às concessionárias.
Esse tipo de ligações provoca prejuízos para toda a sociedade. Para a
CEMAR (2005) quem prática esse crime está furtando além de energia da
concessionária, mas também recursos que são utilizados para investimento na
qualidade de vida da população. Com o dinheiro que a concessionária perde devido
as ligações irregulares o estado deixa de arrecadar menos verbas que poderiam ser
utilizadas na saúde, educação, segurança e saneamento.
No Estado do Maranhão aproximadamente 15% de toda energia distribuída é
furtada através de ligações clandestinas e fraudes nos medidores de energia. Por
causa desse alto índice a companhia se preocupa em soluções eficazes para
solucioná-los, pois suas perdas são uma das maiores no país. Além disso, é muito
freqüente reclamações de clientes quanto à qualidade da concessionária e prejuízos
para os consumidores por “queima” de aparelhos eletrodomésticos.
O prejuízo referente às ligações clandestinas é revertido para todos os
consumidores adimplentes. A Companhia do Maranhão afirma que o prejuízo anual
para o estado com as ligações clandestinas é de R$ 23 milhões em ICMS não
arrecadados.
A ANEEL (s.d.) desde janeiro de 2006, obriga às distribuidoras de energia a
investirem em programas sociais que geram economia de energia para a população
de baixa renda usando parte de sua receita operacional líquida o que é pago pelos
consumidores na taxa referente à pesquisa energética que representa 0,43% da
tarifa que o consumidor paga à distribuidora e deste valor arrecadado 25% são
36
investidos em Programas de Eficiência Energética e destes programas 50% precisa
ser investido em ações para a comunidade carente. Estão sendo utilizados pelas
concessionárias cerca de R$ 180 milhões no Programa de Eficiência Energética
para as populações carentes. E nesse programa é realizado: troca de fiações das
casas, troca de lâmpadas incandescentes por fluorescente que possuem um
consumo menor de energia e até eletrodomésticos e instalações de chuveiros.
A penalidade para quem furta energia de acordo com o artigo 115 do Código
Brasileiro define como crime contra o patrimônio quem “subtrai para si ou para
outrem coisa alheia móvel” (e de acordo com o inciso 3º equipara-se à coisa móvel a
energia valor econômico, quem estiver desviando energia poderá pegar até quatro
anos de reclusão, além do pagamento de multa que corresponde a 30% sobre o
valor que deixou de ser pago no período de desvio de energia).
Outro exemplo de altos índices de ligações clandestinas se encontra em
Roraima, a Companhia Boa Vista Energia (2006) alega que em 2003 eram
detectadas aproximadamente 50 ligações clandestinas por mês e no ano de 2006 a
situação se agravou passando para quase 100 ligações irregulares por mês o que
preocupa a concessionária de energia, pois o prejuízo aumenta gradativamente. Por
esse motivo estão investindo em Programas de Eficiência Energética e ações para
as populações de baixa renda.
As figuras 2.5 e 2.6 ilustram exemplos de ligações irregulares descoberta por
algumas concessionárias. A figura 2.5 mostra a ligação irregular encontrada pela
CELPE em 2005. A figura 2.6 a fraude foi detectada pela CEMIG em 2006.
Figura 2.5 - Desvio de energia detectado
Fonte: CELPE 2005.
37
Figura 2.6 – Ligação irregular
Fonte: CEMIG 2006.
As figuras 2.7 e 2.8, de acordo com a Companhia Energética de Brasília, CEB
ilustram algumas fraudes com energia e nesse bairro os moradores utilizam as
ligações irregulares para evitar a falta de iluminação do local. Na figura 2.8 utilizam
um relé fotoelétrico furtado da rede da concessionária.
Figura 2.7 – Ligações irregulares
Fonte: CEB 2006.
38
Figura 2.8 – Ligações irregulares
Fonte: CEB 2006.
2.3.4 Fraudes em medidores de energia
Os medidores de energia são equipamentos destinados para medir e registrar
o consumo de energia elétrica. Há dois tipos de medidores: analógico e digital ou
ciclométrico. Esses aparelhos conectam a concessionária de energia ao consumidor,
por este motivo muitas vezes esses equipamentos são fraudados.
A resolução 456 da ANEEL regulamentada em 2000 afirma que o responsável
pelo medidor de energia é o próprio consumidor e cabe a ele a responsabilidade
sobre o aparelho.
Os fraudadores utilizam diversas técnicas para roubar energia e de acordo
com Khrishma-Rao e Miller (1999) são elas:
• existência de ligações direta na rede, sem utilização de medidores;
• interromper a conexão do neutro incorporando uma ligação nos circuitos
destes com um conector terra eficiente;
• colocar uma pequena agulha para cessar a rotação do disco do medidor
com um auxílio de um pequeno orifício na tampa e uso de tinta ou material
similar para esconder;
39
• construir um buraco no vidro do medidor e acrescentar pasta de dente ou
outro componente juntamente com uma folha de polímero ou de celulose
para se violar a rotação da medição;
• através de movimentos bruscos nos medidores a fim de que altere a
rotação do medidor e prejudique seu funcionamento;
• inclinando o medidor para se tentar diminuir a velocidade de rotação do
mesmo ou ainda deixando-o na horizontal para que a medição seja
parada;
• queimar o medidor para que seja formando um curto e esse não sirva
mais para medição;
• reverter às conexões existentes entre ramal de entrada e a carga através
de dos terminais, pois sendo o ramal trifásico se inverter as fases
consegue-se 100% de erro na medição;
• através de ligações diretas de uma fase e um neutro por trás do medidor
para que se consiga cessar a medição.
A resolução 456/2000 da ANEEL diz que cabe à distribuidora a obrigação de
verificar periodicamente os medidores de energia de acordo com critérios
estabelecidos na legislação metrológica (art. 37). O consumidor pode exigir a
aferição do medidor em qualquer tempo e se gerar dúvidas no procedimento
efetuado pela companhia ele pode solicitar uma aferição realizada por um órgão
oficial de metrologia (art. 38) e nos dois casos o consumidor pode acompanhar o
processo.
O artigo 38 informa que quando não for possível a aferição do medidor no
local da unidade consumidora, a concessionária precisará acondicionar o medidor
em invólucro específico a ser lacrado no ato de retirada do mesmo e deverá
encaminhá-lo ao órgão competente, mediante entrega desse procedimento ao
consumidor. Os custos referentes ao frete e aferição nesse procedimento deverão
ser previamente informados ao consumidor e quando os limites de variação do
medidor tiverem sido excedidos os custos serão pagos pela concessionária, caso
contrário o consumidor é o responsável.
De acordo com a CEMIG (2005) em Minas Gerais, contabilizou-se um
prejuízo de R$ 3,244 milhões pelo consumo irregular de energia em 2005. Para o
40
coordenador do processo de faturamento, arrecadações e perdas comerciais da
concessionária mineira o problema é freqüente e por isso possuem um
departamento responsável para detectarem tais irregularidades e partem do
princípio de que se ocorrer diminuições bruscas no consumo de energia em
determinado local, é necessário que esses lugares sejam checados, o próprio
sistema da companhia indica se há um desvio de energia, ou possíveis problemas
na medição. Quando surge uma suspeita de furto de energia a concessionária envia
um eletricista para fiscalizar o que houve e se houve ou não uma violação.
As violações do medidor são detectadas pela Cemig através de um sistema
de controle que dá o alerta toda vez que o consumo em uma residência ou indústria
apresenta alterações anormais, tanto para mais quanto para menos. Quando ocorre
uma possível suspeita de fraude uma ordem de inspeção é emitida e é realizada
uma vistoria por uma equipe técnica. Se depois de realizadas inspeções e
monitoramento for comprovado que houve fraude o consumidor terá um prejuízo. Se
após efetuadas as inspeções e monitoramento foi comprovada a detecção de
fraudes a empresa dá entrada em um processo administrativo e é concedido ao
consumidor um período de tempo para que esse tenha o direito de se defender,
caso essa defesa não seja convincente é aberto um outro processo de cobrança da
diferença de consumo que não estava sendo registrada em sua conta de energia
acrescida de uma multa de 30% em cima do valor cobrado, conforme exigência da
ANEEL.
A CEMIG (2005) encontrou algumas fraudes no estado de Minas Gerais como
ilustras as imagens 2.9, 2.10, 2.11, 2.12, 2.13 e 2.14.
Na figura 2.9 observa-se uma fraude no medidor de energia, onde se visualiza
um pedaço de papel travando o equipamento. Na figura 2.10 o lacre do medidor foi
violado. A figura 2.11 mostra o furto de energia de uma residência, na figura 2.12
medidor foi furado, na figura 2.13 o desvio de energia está localizado na entrada do
medidor e na figura 2.14 um medidor digital com inversão de polaridade.
41
Figura 2.9 - Medidor com disco travado com papel
Fonte: CEMIG 2005.
Figura 2.10 - Lacre do medidor violado
Fonte: CEMIG 2005.
42
Figur a 2.11 – Furto de energia camuflado
Fonte: CEMIG 2005.
Figura 2.12 - Medidor furado
Fonte: CEMIG 2005.
43
Figura 2.13 - Furto na entrada do medidor
Fonte: CEMIG 2005.
Figura 2.14 – Inversão de polaridade no medidor di gital
Fonte: AMPLA 2006.
2.3.5 Furto de equipamentos e materiais na rede de distribuição
Segundo o Departamento de Economia do Sindicato da Indústria de
Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de
São Paulo (Sindicel), em conjunto com a ABC, Associação Brasileira do Cobre
(2006), em menos de dois anos o preço do cobre subiu de US$ 1,7 mil para US$ 4,5
mil a tonelada. Devido a esse aumento no valor do cobre, produtores de cobre
tiveram um aumento de 80% no seu faturamento entre 2003 e 2005.
44
As exportações referentes a semimanufaturados e condutores de cobre são
responsáveis por mais de 80% das exportações do país em 2006 houve um
aumento de 30% no valor arrecado com as exportações, atingiram um valor próximo
de US$ 612 milhões.
Em 2004 registrou-se o consumo de 16,4 milhões de toneladas e a produção
atingiu 15,7 milhões nesse ano. Os estoques não mais trabalham com 30 dias e sim
com 3 dias o que favorece um aumento no valor do produto em conseqüência disso
aumenta a quantidade de roubos do produto.
Estima-se que o prejuízo para as distribuidoras de energia e as companhias
telefônicas do Brasil gira em torno de R$ 50 milhões por ano.
A CELG afirma que em 2004 perdeu R$ 3 milhões, esse valor apenas incluiu
o furto de cabos na rede sem levar em conta o prejuízo com sua reposição. Por isso
a companhia organizou equipes para investigar o modo de atuação dos criminosos e
os aspectos técnicos do produto. Em uma operação denominada curto-circuito foram
apreendidos 1,6 toneladas de fios de cobre e 475 kg de cabos de alta tensão.
A Secretaria Municipal de Serviços Públicos, SESP na Bahia (2006) informou
que o prejuízo equivalente a furto de cabos condutores de energia, postes e
transformadores entre janeiro de 2006 e junho de 2005 foi de R$ 166 mil e ainda
alega que dos R$ 3 milhões que são arrecadados pela Contribuição Sobre o Serviço
de Iluminação Pública, a COSIP, R$ 900 mil são destinados a perdas com materiais
e equipamentos furtados na rede.
A Rio Luz informa que entre janeiro de 2005 e maio de 2006 foi registrada a
ocorrência de 120 casos de furtos, num total de 100.000 metros de cabos roubados.
A empresa obteve um gasto de R$ 600 mil para aquisição de novos materiais.
Os cabos geralmente costumam ser derretidos e os componentes como:
cobre e alumínio furtados e outros materiais são vendidos em ferros-velhos que não
exigem notas fiscais pelo produto adquirido e chegam a pagar entre R$ 2,00 e
R$ 10,00 por quilograma do cobre e como são ilegais não costumam ficar no ferro-
velho por muito tempo, já são imediatamente vendidos para as casas de reciclagem.
Em uma operação realiza pela CELG em 2004 registrou a apreensão de
materiais furtados da rede elétrica como mostra as figuras 2.15, 2.16, 2.17, 2.18,
2.19, 2.20, 2.21 e 2.22.
A figura 2.15 mostra uma parte do material apreendido, cortado e dobrado em
tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados. Nas figuras 2.16, 2.17, 2.18 e 2.19 ilustram o
45
material encontrado nas casas de reciclagens pronto para serem derretidos. A figura
2.20 o local de desmanche dos cabos, na figura 2.21 os capacitores roubados da
rede da CELG e na figura 2.22 um transformador furtado.
Figura 2.15 - Cabos cortados em tamanhos de 30 a 40 cm e ensacados
Fonte: CELG 2004 .
Figura 2.16 - Parte do material apreendido pela CE LG
Fonte: CELG 2004.
Figura 2.17 - Modo como foram encontrados os materiais nas casas de reciclagens prontos
para serem derretidos
Fonte: CELG 2004.
46
Figura 2.18 - Parte do material apreendido: cabos, fios, capacitores e cintas de postes
Fonte: CELG 2004.
Figura 2.19 - C abos novos providos do material furtado
Fonte: CELG 2004.
Figura 2.20 - Local de desm anche dos fios de cobre
Fonte: CELG 2004.
47
Figura 2.21 - Capacitores furtados e encontrados em ferro-velh o
Fonte: CELG 2004.
Figura 2.22 - Furto de transformadores da CELG
Fonte: CELG 2004.
Nessa operação realizada em Goiás em 2005 participaram 45 agentes de
polícia, 5 delegados, 16 equipes policiais, foram apreendidos 12 toneladas de
material e 11 pessoas detidas.
De acordo com a CELG em 2005, realizou investigações e reparou que os
furtos ocorriam diversos pontos tendo autores diversificados para capturarem os
culpados realizaram investigações e observaram ao longo de um tempo
procedimentos realizados pelos ferros-velhos e as empresas de reciclagens para
conseguirem sucesso na apreensão dos materiais.
A COPEL em março de 2007 registrou o furto de dois transformadores
furtados ilustrados na figura 2.23 da COPEL em 2007 apresentam alto custo e o
48
material furtado dos dois transformadores não ultrapassam 10 kg de cobre e de
acordo com a COPEL não renderão mais que R$ 40,00 por essa quantidade de
material.
Figura 2.23 - Transformadores furtados da COPEL em março/2007
Fonte: COPEL 2007.
2.4 ALGUMAS DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA E AS PERDAS COMERCIAIS
2.4.1 Light
A Light é composta pelo grupo de empresas: Light S.A. (holding), Light
Serviços de Eletricidade S.A. (distribuidora), Light Esco Ltda. (comercializadora) e
Light Energia S.A. (geração e transmissão), o grupo está presente em 31 municípios
do estado do Rio de Janeiro e possui 3,8 milhões de clientes e um controlador
inteiramente nacional, a Rio Minas Energia Participações S.A. (RME). A
concessionária abrange 72% do território estadual com cobertura de uma área de
10.970 km².
Com 54,17% do capital social total e votante da companhia, a RME é
composta pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Andrade Gutierrez
Concessões S.A. (AG Concessões), Pactual Energia Participações S.A. (Pactual
Energia) e Luce Brasil Fundo de Investimentos em Participações (Luce). Os 45,83%
restantes das ações pertencem aos acionistas minoritários, sendo cerca de 7% à
Electricité de France (EDF), antiga controladora da Light, e 31,44% ao BNDESPAR.
Como a Light apresenta um dos maiores índices de perdas comerciais do
país possuem uma preocupação em busca de métodos para se conseguir uma
redução desse problema.
49
As perdas de energia referentes à Light estão associadas a aspectos técnicos
e sociais, pois a distribuidora carioca possui sérios problemas com a violência e
outros fatores culturais presentes no estado.
A companhia apresentou em 2006 perdas comerciais de 24,7% da energia
distribuidora pela concessionária e em 2007 registrou-se 25,5%.
A distribuidora informa implantou em 2007 um novo sistema comercial para
conter os furtos de energia e alega que em 2006 a companhia realizava cerca de 60
mil cortes por mês e em 2007 esse número caiu para 20 mil por causa dos projetos
e mudança do sistema que está em fase, mas acreditam que após implantação do
sistema esse número chegará a 90 mil.
Segundo a Light em 2005 numa operação contra o furto de energia, a
distribuidora encontrou na Baixada Fluminense irregularidades em instalações
elétricas. Na Baixada Fluminense havia 121 unidades irregulares das 521 unidades
consumidoras no Bairro da Luz, Nova Iguaçu e Belford Roxo o que se corresponde a
23% da energia distribuída nos municípios. Esta operação contou com a
participação de 180 técnicos da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados,
DDSD.
De acordo com a Light (2007), a concessionária investe R$ 100 milhões por
ano para se combater as perdas que chegam a atingir 17% do total de energia
distribuída pela companhia, mas que em lugares com favelização crescente e altos
índices de violência às perdas ultrapassam 40%, como na baixada Fluminense,
onde em 2004 registrou-se perdas de 1380 GWh e com essa quantidade de energia
perdida poderia se abastecer por um ano os municípios de Nova Iguaçu e São João
de Meriti. O prejuízo anual da concessionária atinge R$ 500 milhões com perdas
comerciais.
As tabelas 2.5, 2.6, 2.7 e 2.8, a seguir mostram o avanço do furto de energia
e a evolução da violência nas ocorrências registradas, através do número de casos
registrados e perdas comerciais em regiões de baixa renda e áreas com risco, dados
da Light (2004).
Na tabela 2.7 o percentual de perdas nas favelas corresponde às medições
apuradas em 241 medidores MT instalados em todas as favelas atendidas pela
Light, aproximadamente 415 mil moradores.
50
Tabela 2.5 - Casos de furto de energia e invasão
Fonte: Light 2004.
Descrição 2002 2003 2004
Furto 10 17 67
Invasão 2 14 20
Tabela 2.6 – Problemas enfrentados pela Light em 20 04
Fonte: Light 2004.
Descrição Quantidade
Agressão física a empregados 91
Seqüestro temporário de empregados em serviço 2
Assalto a empregados em serviço 7
Impedimento de atividade por ameaça física 1048
Falsos funcionários uniformizados 360
Ameaça de bomba 1
Tiros em instalações (bala perdida) 4
Roubo de veículos 21
Tabela 2.7 – Resultados das medições MT em áreas de baixa renda com risco e sem risco
Fonte: Light 2004.
Mês de Agosto 2004 Light
Áreas de risco
A) Total do fornecimento de energia (GWh) 136,6
B) Total do consumo faturado e energia (GWh) 48,0
C= A-B) Total de perdas nas áreas de risco (GWh) 88,6
Percentual de perdas nas áreas de risco (GWh) 64,9%
Número de medidores MT instalados nas favelas 241
Número de favelas medidas em BT 50
Baixa renda sem risco
A) Total do fornecimento de energia (GWh) 112
B) Total do consumo faturado e energia (GWh) 61,6
C= A-B) Total de perdas nas áreas de risco (GWh) 50,4
Percentual de perdas nas áreas de baixa renda (GWh) 44,9%
Número de medidores MT instalado em baixa renda 47
Número de comunidades medidas em BT 25
51
Tabela 2.8 – Comparação da Rocinha com algumas fave las do Estado
Fonte: Light 2004.
Perdas Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Ju l/04 Ago/04
Favelas 66,0% 61,0% 64,1% 63,0% 62,6% 64,1% 63,6% 64,9%
Rocinha 50,0% 50,0% 54,1% 53,2% 54,0% 54,0% 56,0% 54,0%
2.4.1.1 Plano de ação da Light
De acordo com a Light (2007) a companhia está destinando cerca de R$ 12,5
milhões para ações contra as perdas comerciais, incluindo legalização de clientes
inadimplentes e fraudadores e projetos para evitar as perdas.
A companhia em seus projetos pretende:
• estabelecer metas e ações eficazes;
• atuar seletivamente;
• utilizar tecnologias adequadas para cada segmento;
• manter disciplina de mercado;
• desenvolver ações especiais para favelas e áreas de risco;
• articulação possível com poder público;
• comunicar as ações.
Como a concessionária possuí sérios problemas nas favelas pretende-se:
• medir perdas nas favelas;
• manter fórum de discussão permanente com a sociedade civil e governo
apoiado pelas demais concessionárias de serviços públicos do Rio de
Janeiro;
• desenvolvimento de projetos compartilhados focados nos aspectos sociais
do segmento;
• desenvolvimento de ações locais para este segmento de clientes, em
função das características das comunidades em cada região.
52
Alguns projetos que foram empregados nas favelas pela concessionária a
partir de 2003 e estão em andamento visando busca de melhorias e redução de
perdas como: a Comunidade Eficiente e a Comunidade da Maré, o primeiro foi
implantado nas Favelas do Caju e Vidigal, cujo objetivo principal de ambos é
orientação para uso eficiente de energia, inspeções e reformas nas instalações
elétricas e parcelamentos de débitos. Outro projeto é a Comunidade Fácil,
implantado nas favelas Rio da Pedra, Vila Cruzeiro e Monte Líbano e o objetivo do
programa é implantar postos arrecadadores em parceria com associações de
moradores para realizarem melhorias no local.
A concessionária Light (2004) utiliza o Sistema de Tecnologia de Informação
que é um sistema de gestão de qualidade que está aliado a um software e
aumentam a capacidade de se detectar furtos de energia, além da Light utilizam
essa tecnologia a AES Eletropaulo, Companhia Paulista de Força e Luz, CPFL e
CEMIG. Essa tecnologia funciona somente para clientes que sejam devidamente
cadastrados pela concessionária e esses armazenam dados dos consumidores e
quando há alterações bruscas no consumo de energia.
Além desse sistema, existem as Redes Neurais Artificiais, RNA, que foram
desenvolvidas por McCulloch e Pitts em 1943, Hebb em 1949, e Rosemblatt em
1958, elas também podem detectar casos suspeitos na rede elétrica de desvio de
energia. Através dessas redes consegue-se calcular as perdas globais do sistema,
técnicas e comerciais por alimentador o que contribui para o controle ser mais
rigoroso.
A RNA são técnicas computacionais que é baseada na estrutura neural do ser
humano e essa rede armazena milhares de unidades de processamento, essas
unidades se conectam a canais de comunicação que estão associados a
determinados pesos e esses pesos armazenam o conhecimento adquirido pela
RNA, antes de armazenar o conhecimento é realizado um processo de aprendizado
ou treinamento. Elas armazenam um conhecimento e o disponibiliza quando
necessário. Dados Light (2004) e revista Cérebro e Mente.
2.4.2 Ampla
A Ampla é uma empresa controlada pelo Grupo Endesa, foi criada em
setembro de 2004, como empresa privada a companhia iniciou sua trajetória em
53
1996 como CERJ, Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro. A Endesa constitui
a maior companhia de energia elétrica da Espanha e está presente em 12 países.
Na América Latina, além do Brasil está presente na Argentina, no Chile, na
Colômbia e no Peru.
A Ampla atende 2,1 milhões de consumidores. A companhia atende a clientes
em São Gonçalo, Itaboraí, Magé, Duque de Caxias e favelas de Niterói e essa
parcela corresponde a 52% das perdas em clientes em BT e MT, o número de
clientes é próximo de 600 mil.
Assim como a Light, a Ampla apresenta os mesmos problemas com a
violência, favelização crescente, narcotráfico, entre outros.
A empresa ressalta a importância de se entender a complexidade social
existe em relação a outras concessionárias de energia e afirma que os altos índices
de furto de energia no Rio de Janeiro estão relacionados aos grandes problemas
sociais que enfrentam como ilustra o gráfico da figura 2.24.
Figura 2.24 - Difusão do furto de energia nas conce ssionárias do Brasil em relação à
complexidade social
Fonte: Ampla 2004.
Estudos efetuados pela Fundação Getúlio Vargas, FGV (2006), em relação
aos altos valores de perdas de energia no Rio de Janeiro frente à sua complexidade
social e afirmam que as principais características das áreas com altos índices de
furto são:
• áreas carentes do estado do Rio de Janeiro;
• favelização crescente;
• violência ;
54
• alta complexidade social dentro do estado.
Alguns casos de fraude e furtos de energia detectados pela AMPLA (2005)
em sua área de concessão podem ser visualizados nas figuras 2.25, 2.26, 2.27, 2.28
e 2.29 .
Nas figuras 2.25 e 2.26 mostram duas redes da Ampla fraudada por terceiros
e nas figuras 2.27, 2.28 e 2.29 pode-se visualizar algumas fraude em medidores de
consumidores da Ampla.
Figura 2.25 - Ligação direta na rede elétrica
Fonte: Zuma 2005.
Figura 2.26 – Furto de energia na rede de baixa te nsão
Fonte: Ampla 2005.
55
Figura 2.27 - Intervenções nas caixas dos medidores
Fonte: Zuma 2005.
Figura 2.28 - Troca da engrenagem do medidor
Fonte: Zuma 2005.
56
Figura 2.29 - Raspagem na engrenagem do medidor
Fonte: Zuma 2005.
2.4.2.1 Plano de ação da Ampla
A empresa pretende combater o furto de energia através da utilização de
métodos que foram desenvolvidos a partir de uma análise do problema. Pretende-
se:
• distribuir energia em maior tensão;
• emitir ruídos na rede e instalar filtro no medidor;
• construir barreiras físicas para proteger a rede de baixa tensão;
• construção de rede de distribuição de média e baixa tensão antifurto
(Rede DAT).
Segundo a Ampla (s.d.) em 2004 iniciaram pesquisa de métodos de combate
ao furto de energia nas redes de distribuição de alguns países para desenvolverem
um projeto na concessionária que amenizasse o furto de energia na rede de baixa
tensão.
A concessionária a princípio planejava:
• distribuição em níveis de tensão fora de padrão;
• injetar ruído na rede para se localizar o furto;
• proteger a rede de baixa tensão com uma barreira física.
Analisando esses itens, conforme dados fornecidos pela Ampla, a companhia
estudou métodos aplicados na Argentina e na Colômbia. Nesses países a solução
adotada para combate ao furto de energia é a utilização de barreiras físicas, cuja
finalidade é proteger a rede de baixa tensão. As figuras 2.30 e 2.31 Ilustram a
solução adotada na rede de distribuição da Argentina, na cidade de Buenos Aieres.
57
Figura 2.30 – Proteção d a baixa tensão através de uma barreira
Fonte: Ampla 2004.
Figura 2.31 – Barreira para proteção da rede BT par a evitar o furto de energia
Fonte: Ampla 2004.
A Colômbia utiliza um método semelhante ao método argentino, essa barreira
foi instalada na cidade de Medellin como ilustram as figuras 2.32, 2.33 e 2.34.
58
Figura 2.32 – B arreira física para proteção da rede BT
Fonte: Ampla 2004.
Figura 2. 33 – Solução para proteção da rede BT
Fonte: Ampla 2004.
59
Figura 2.34 – Proteção aplicada na cidade de Medell in
Fonte: Ampla 2004.
De acordo com a Ampla após analisadas as redes da Colômbia e da
Argentina elaboram alguns conceitos que deveriam ser atendidos:
• rede média tensão e baixa tensão em mesmo nível (blindagem);
• redução das redes de baixa tensão;
• transformadores de menor potência;
• redução de custos operacionais;
• ramal de ligação direto da caixa de derivação.
A Ampla em 2005 desenvolveu a rede DAT, o sistema de Distribuição Aérea
Transversal é uma solução técnica para combater o furto de energia, que causa à
Ampla perdas comerciais de cerca de 15%, resultantes principalmente de ligações
clandestinas. Além disso, a nova rede vai reduzir também considerável parcela das
chamadas perdas técnicas, atualmente da ordem de 10%, ocasionadas pela
transformação e transporte da eletricidade no sistema de distribuição.
A figura 2.35 ilustra a rede convencional e a 2.36, 2.37, 2.38, 2.39, 2.40, 2.41
ilustram a rede com padrão DAT.
60
Figura 2.35 – Rede convencional
Fonte: Ampla 2005.
Figura 2.36 – Rede com padrão DAT
Fonte: Ampla 2005.
61
Figura 2.37 - Rede precursora na rede de alta tensã o
Fonte: Ampla 2004.
Figura 2.38 - Rede com padrão DAT
Fonte: Zuma 2005.
62
Figura 2.39 – Poste com transformador e rede com padrão DAT
Fonte: Ampla 2005.
Figura 2.40 – Rede BT afastada e próxima da MT
Fonte: Ampla 2005.
Figura 2.41 – Rede com padrão DAT e com concentrad ores de medição centralizada
Fonte: Ampla 2005.
63
Segundo a Ampla alguns critérios foram avaliados durante o projeto para a
construção da rede DAT:
• demanda diversificada
- 0,8 kVA – Monofásico;
- 1,0 kVA – Bifásico;
- 1,5 kVA – Trifásico.
• transformação
- carregamento de 100% da capacidade nominal;
- acréscimo de carga, ligação provisória – análise técnica;
- bifásico de 5 a 25 kVA e trifásico de 15 a 30 kVA;
- maior potência em casos excepcionais.
• condutores
- condutores de media tensão
alumínio CA – 2 AWG e 1/0 AWG – cobre 35 mm².
- condutores de baixa tensão
concêntrico 2X10+1X10mm²
pré-reunido de alumínio
pré-reunido de cobre
• postes
- concreto e madeira
• aterramento
- rede convencional
• estaiamento
- cruzeta a cruzeta
- contraposte
• conexão de consumidor
- caixa de derivação
- ramal de ligação
- identificação do consumidor
64
Conforme a Ampla (2006), as concessionárias se deparam com uma
necessidade de se isolar a medição do alcance dos clientes em regiões onde o
desvio de energia é mais acentuado e as perdas pela concessionária são mais
elevadas como pode-se observar na figura 2.42.
Figura 2.42 – Rede com concentradores de medição c entralizada
Fonte: Zuma 2005.
A Ampla apresenta os concentradores de leitura situados na ponta do poste
na média tensão. O sistema de leitura é automática, AMR (Automated Meter
Reading) e fora do alcance dos clientes e os concentradores são utilizados dessa
maneira para se combater as perdas quando ele está conectado a rede de baixa
tensão. A operação do sistema se dá remotamente para todos os clientes para isso
o sistema comercial da Ampla foi modificado e adaptado para suportar a tecnologia
existente na tecnologia remota.
A Ampla diz que a rede antifurto DAT eleva a rede elétrica de baixa tensão
para cerca de 9m, próxima a média tensão com o objetivo de dificultar o acesso de
clientes na rede. Este padrão está patenteado pela Ampla e além dessa rede a
concessionária instala concentradores que permitem que sejam realizadas as
medições na própria concessionária de energia. A medição centralizada, de acordo
com a Ampla (2004), fornece as seguintes vantagens a companhia:
65
• redução de erros de leitura realizados por leiturista, pois o sistema
centraliza as informações de consumo de cada consumidor em um único
ponto e a leitura passa a ser feita rapidamente no próprio local da
instalação ou na cede da empresa;
• torna o faturamento mais ágil, pois com este sistema pode-se fazer a
leitura do consumo de vários consumidores sem a necessidade de
deslocamento até o mesmo;
• a leitura pode ser realizada através de comunicação remota;
• redução das perdas por furto no medidor, pois os concentradores
secundários onde estão localizados os medidores eletrônicos são
instalados no alto do poste de distribuição além de possuir um
sistema antifurto;
• redução de custos com desligamento e religamento, pois este
procedimento passa a ser feito através da comunicação remota dos
dados, evitando assim que haja o deslocamento de uma equipe para o
local a ser efetuado o serviço.
A Eletrobrás (2005) mostrou às concessionárias de energia o projeto
desenvolvido pela Ampla e pretende implantar o modelo nas concessionárias que
controla na região Norte e Nordeste do país, onde o índice de furto é mais elevado
que a média nacional e em troca a Ampla receberá apoio institucional para
condução de ações junto aos órgãos normativos, com o objetivo de se adquirir a
certificação regulamentação e aplicação das metodologias e tecnologias
desenvolvidas. Além disso, a companhia se encarregará dos treinamentos aos
engenheiros e técnicos da Eletrobrás.
2.4.3 AES Eletropaulo
Com o programa de privatização lançado pelo governo em 1995, a
Eletropaulo foi reestruturada em dezembro de 1997, dando origem a quatro
empresas: Eletropaulo Metropolitana - Eletricidade de São Paulo SA; EBE -
Empresa Bandeirante de Energia SA; EPTE - Empresa Paulista de Transmissão de
Energia Elétrica SA e a Emae - Empresa Metropolitana de Águas e Energia SA.
66
Com a cisão, coube à Eletropaulo Metropolitana - Eletricidade de São Paulo
SA a distribuição de energia elétrica em 24 municípios da Grande São Paulo, onde
vivem mais de 16 milhões de pessoas. Em abril de 1998, foi adquirida em leilão pela
Lightgás, subsidiária do grupo Light, formado pelas empresas americanas AES
Corporation, Houston Industries Energy, Inc. (a atual Reliant Energy), pela francesa
Electricité de France (EDF) e pela brasileira Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Em 2001, com a venda das ações da Reliant e da CSN, a Eletropaulo passou
a ser controlada pela AES, marcando um novo tempo na história da empresa. O
Grupo AES está presente no país desde 1995, é formado hoje por sete empresas
que atuam no setor elétrico e de telecomunicações.
A AES Eletropaulo distribui energia elétrica para uma população com cerca de
16,5 milhões de habitantes. A área de concessão atendida pela empresa abrange
4.526 km² e concentra a região socioeconômica mais importante do país com 5,5
milhões de unidades consumidoras.
De acordo com estudos efetuados pela Eletropaulo em 2005, as perdas
técnicas e comerciais de energia das concessionárias de energia do Brasil
cresceram significativamente como ilustra o gráfico da figura 2.43.
Figura 2.43 – Perdas técnicas e comerciais
Fonte: Eletropaulo 2005.
No gráfico acima nota-se que as perdas técnicas de energia apresentam um
valor praticamente constante ao longo dos anos, o que já não ocorre com as perdas
comerciais que apresenta um crescimento de 3,2% em 1999 passando a 7,7% em
2002 e em 2004 esse valor caí para 7,4%.
67
A AES Eletropaulo (2006) estima a existência de aproximadamente 480 mil
ligações clandestinas em sua área de concessão e essas ligações podem causar
riscos permanentes de incêndios, danos materiais e até acidentes fatais. Por isso
investiu-se em 2006, com autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica, R$
55 milhões do Programa de Eficiência Energética na regularização de 105 mil
ligações clandestinas. No programa ainda se realizou doação e a instalação do
padrão de entrada (caixa de medição, postinho, bengala e disjuntor) e
principalmente a conscientização dos moradores para o uso racional de energia e a
instalação de posto de atendimento nos núcleos regularizados.
2.4.3.1 Plano de ação da AES Eletropaulo
De acordo com a Agência Canal Energia e AES Eletropaulo (2007) registrou
em maio de 2007 quedas de 4,8% no total das perdas ficando com 12,2% de perdas
referentes a energia total distribuída, desse valor 5,7% corresponde as perdas
comerciais que indica uma diminuição de 0,6 ponto percentual menos que em 2006,
cada ponto percentual corresponde a R$ 120 milhões na receita da empresa.
A companhia diz que intensificou os programas e ações de combate ao furto
de energia e aumentaram os investimentos para o combate as perdas comerciais
para R$ 88 milhões nos três primeiros meses do ano de 2007 sendo R$ 71 milhões
de capital próprio e pretende até o final do ano investir R$ 376 milhões.
A AES Eletropaulo (2007) traçou estratégias para combate a perdas
comerciais que se baseia em ensinar e mostrar a sociedade os danos causados
pelas perdas comerciais. Para isso, a concessionária realiza shows com artistas, nas
escolas dos bairros onde a situação é mais crítica nos fins de semana, a companhia
promove shows. E aproveitam para os técnicos explicarem as vantagens de ter uma
ligação elétrica regular. A empresa estima que existam 500.000 ligações irregulares
em sua área de concessão e já conseguiu legalizar 129.000 delas, o que gerou
economia de R$ 150 milhões em três anos.
Depois de se banir a clandestinidade, o desafio da empresa continua para se
conseguir manter a regularidade no pagamento das contas pelos consumidores.
Para se obter sucesso, a concessionária montou salas com computadores e internet
grátis em regiões onde há grandes índices de inadimplência e para desfrutar desse
serviço oferecido pela companhia basta apresentar a conta de luz devidamente
68
paga. A Eletropaulo afirma que há dois anos, a inadimplência média era de 45% nas
regiões mais periféricas e conseguiu-se após esses métodos um índice de 6%.
Segundo a companhia (2004), o projeto da Eletropaulo destaca alguns fatores
para se obter sucesso e conseguir reduzir as perdas na companhia através de:
• mudança da percepção que a sociedade tem sobre o problema, pois
acreditam que pessoas ou empresas que cometem este ato praticam
outros meios ilegais para reduzir custos;
• reduzir a disponibilidade do cliente para cometer fraudes, mostrando ao
consumidor os problemas que podem ser ocasionados com o furto e que a
concessionária realiza programas para a comunidade de baixa renda;
• mantendo atividade de campo, mas aumentar a eficiência com aumento
do controle ao furto, rigor nos procedimentos e alertar as conseqüências
geradas;
• reduzir livre ação dos provedores do furto;
• inspeções de campo (fraude e roubo);
• regularização das clandestinas e taxa mínima;
• gerenciamento da medição (energia reativa);
• linha direta para denúncia;
• plano piloto;
• panfletos do programa - “De olho na fraude”;
• parcerias com outras distribuidoras, com empresas que trabalham
desenvolvendo métodos para se combater o furto;
• campanhas na mídia;
• melhoria da coleta de dados;
• utilização dos leituristas para identificar fraudes;
• investigações de fraudes ocorridas para identificar fraudadores com
objetivo de se inibir ações futuras;
• desenvolver parcerias com outras concessionárias e com o poder público.
A companhia (2007) afirma que pretende buscar a ampliação da interação
com as comunidades de seu entorno, através de ações voltadas às áreas de
Atendimento ao Cliente de Baixa Renda, Segurança, Educação, Cultura, Lazer, Meio
69
Ambiente, Cidadania e Ações Voluntárias. Pretende-se investir R$ 22 milhões e
desse investimento a maior parte será destinada a programas e projetos, inclusive
campanha de segurança para o público e contribuição a entidades carentes.
2.4.4 CEMIG
A CEMIG é uma empresa de economia mista, que tem o Governo de Minas
Gerais como principal acionista, detentor de 50,96% das ações ordinárias da
companhia. O segundo maior acionista é a Southern Eletric Brasil Participações
Ltda., com 32,96% das ações. O setor privado externo e o setor privado interno
possuem, respectivamente, 4,2% e 11,53% do controle acionário. Os dados são do
Balanço Energético da CEMIG de 2004.
A área de concessão da CEMIG é aproximadamente 96,7% do território de
Minas Gerais, na Região Sudeste do Brasil, correspondendo a 567.478 mil km². A
companhia atende 6.009.987 consumidores.
A concessionária possui um dos menores índices de perdas comerciais no
país, mas também se preocupa com o crescimento das perdas comerciais. Em 2006
a perda comercial de energia da concessionária foi correspondente a 370 GWh,
1,6% da energia distribuída na média e baixa tensão.
2.4.4.1 Plano de ação da CEMIG
A concessionária afirma que em 2006 criou o programa de eficiência
energética chamado de Projeto conviver que pretende beneficiar 250 mil famílias
carentes durante cinco anos neste ano de 2007 pretende-se investir R$ 18 milhões
para atender 52 mil famílias, aproximadamente 192 mil pessoas no total. E nesse
projeto pretende-se: substituir 156 mil lâmpadas, três mil instalações elétricas
residenciais, três mil chuveiros e doação de 60 geladeiras e fornecer energia segura
e compatível com as necessidades financeiras de cada morador. A concessionária
estima que o dinheiro investido no projeto seja compensado com reduções de
70
perdas comerciais, redução no número de acidentes com a população e banir
agressões e assaltos aos eletricistas em serviço.
A CEMIG (2006) para se efetuar fiscalizações e detectar possíveis
irregularidades o principal sistema de apuração de perdas é realizado com análises
das variações de consumo que é um problema na medição para isso se utiliza
tecnologias de informação para armazenamento de dados.
A companhia para detectar o furto e reduzir as perdas não-técnicas pretende:
• efetuar controle permanente do sistema de faturamento;
• inspecionar locais suspeitos de desvio de energia;
• buscar novas tecnologias eficientes para detectar fraudes;
• elaboração de normas para padronizar equipamentos e aparelhos;
• treinamentos para trabalhadores da concessionária;
• garantir confiabilidade ao consumidor;
• incentivar denúncias de desvio de energia à companhia.
A CEMIG (2006) informa que possui uma equipe de 80 pessoas para se
combater as irregularidades que percorrem a rede das 34 cidades à procura de
situações de risco. A distribuidora investiu R$ 2,5 milhões em panfletos com dicas de
segurança aos consumidores e alertando sobre os riscos e acidentes que podem ser
causados com furto de energia e materiais da rede elétrica.
A companhia utiliza alguns equipamentos destinados a detectar desvio de
energia na rede elétrica como medidores fiscais que estão ilustrados na figura 2.44,
sondas para eletrodutos mostrado na figura 2.45, conjunto de medição para média
tensão e medição centralizada identificado na figura 2.46.
Conforme a CEMIG, os medidores fiscais funcionam da seguinte maneira, são
fixados no poste e conectados a mesma linha de distribuição do consumidor e
realiza uma medição paralela com o medidor do consumidor, ele é destinado para a
medição e registro de energia ativa possibilitando a detecção de furtos de energia
em linha de distribuição secundária e apresentam as seguintes vantagens:
• compacto e discreto e não desperta a atenção do consumidor;
71
• possui fácil instalação e adequado para uso ao tempo com alto grau de
proteção;
• para a conexão do equipamento não é necessário se interromper o
sistema.
Figura 2.44 – Medidor fiscal
Fonte: CEMIG 2005.
Figura 2.45 – Sondas para eletrodutos
Fonte: CEMIG 2005.
72
Figura 2.46 – Conjunto de medição para média tens ão
Fonte: CEMIG 2005.
2.4.5 COPEL
A COPEL é uma concessionária de economia mista, da qual o Governo do
Paraná possui maior parte das ações.
Segundo a COPEL (2007), a companhia paranaense atende 3,36 milhões de
consumidores. O percentual de atendimento chega a praticamente 100% dos
domicílios nas áreas urbanas e passa de 90% nas regiões rurais. Os consumidores
são 2,6 milhões de residências, 57 mil indústrias, 279 mil estabelecimentos
comerciais e 330 mil propriedades rurais. Em média, a COPEL efetua 70 mil novas
ligações a cada ano.
Sua estrutura compreende a operação de:
• parque gerador próprio composto por 18 usinas (17 delas, hidrelétricas),
cuja potência instalada totaliza 4.550 MW e que responde pela produção de
algo como 7% de toda eletricidade consumida no Brasil; 12 dessas usinas
são automatizadas e comandadas à distância;
73
• sistema de transmissão com 7.248 km de linhas e 131 subestações (todas
elas automatizadas), totalizando 16,4 mil MVA (megavolts-ampères) de
potência de transformação;
• sistema de distribuição com 167.535 km de linhas e redes – o suficiente
para dar quatro voltas em torno da Terra pela linha do equador – e 238
subestações (das quais 225 automatizadas e operadas à distância);
• sistema óptico de telecomunicações (Infovia do Paraná) com 4.890 km de
cabos OPGW instalados nos anéis principais e radiais urbanos (cabos
autosustentados) que totalizam 5.236 km, alcançando 171 cidades do Estado.
A área de atuação da empresa pode ser observada na tabela 2.9 a seguir.
Tabela 2. 9 – Área de atuação: Indicadores
Áreas de concessão (km 2) 194.854
Municípios Atendidos 393
Localidades Atendidas 1.111
População Atendida PR (mil habitantes)* 9.822
Taxa de Atendimento Urbana (%) 99
Consumo Médio Residencial (kWh/mês) 160,6
*2006: Valor estimado
Fonte: COPEL 2007.
A tabela 2.10 e o gráfico da figura 2.47 ilustram o consumo de energia divido
por classe: residencial, industrial, comercial, rural e outras.
Tabela 2. 10 – Consumo de energia acumulado por cla sses
CONSUMO DE ENRGIA ACUMULADO - GWh
Classes Mar/07 Mar/06 %
Residencial 1.280 1.211 5,7
Industrial 1.472 1.466 0,4
Comercial 949 862 6,4
Rural 402 386 4,1
Outros 452 454 -0,4
Total 4.555 4.409 3,3
Fonte: COPEL 2007.
74
Figura 2.47 – Gráfico: participação no consume de energia por classes
Fonte COPEL 2007.
Segundo a Copel em 2007, a empresa conta com 5 subsidiárias, que cuidam
de diferentes ramos de negócios da empresa. Constituída pela Copel Geração,
Copel Transmissão e Copel Distribuição que são responsáveis pela energia,
principal setor de atuação da empresa. A Copel Telecom e a Copel Participações,
que a empresa estende sua atuação baseada na qualidade aos ramos de
saneamento, tecnologia para o desenvolvimento e gás canalizado, entre outros.
A figura 2.48 mostra o organograma da empresa fornecido pela COPEL.
75
Figura 2.48 – Organograma da COPEL
Fonte: COPEL 2007.
A companhia afirma que apesar dos índices de perdas da concessionária
serem baixos se comparados a média nacional o prejuízo da COPEL em 2004 por
conta das perdas por desvio de energia atingiram 223 mil MWh, aproximadamente
R$ 48 milhões. E ainda foram roubados da concessionária 1500 km de cabos
elétricos foram registrados mais de duas mil ocorrências no estado, o que acarretou
em um prejuízo superior a R$ 10 milhões para a reposição desse material furtado na
rede de distribuição.
No bairro Jardim Jupira situado na cidade de Foz do Iguaçu a COPEL
enfrenta grandes problemas de energia, por se tratar de uma região de difícil acesso
dos eletricistas e há uma preocupação da companhia em atender determinados
locais, aonde a violência vem crescendo, a figura 2.49 mostra o bairro de Foz do
Iguaçu. No Jardim Jupira isso ocorre principalmente depois das 17h00min por causa
do tráfico de drogas que acontece nesse local por situar próximo a fronteira com o
Paraguai. Além do Jardim Jupira em Foz do Iguaçu os furtos aumentam nos bairros:
Bambu, Favela do Queijo, Portal e Canadá.
76
Figura 2. 49 – Jardim Jupira na cidade de Foz do Ig uaçu
Fonte: COPEL 2006.
A concessionária afirma que detectou alguns furtos na rede do Jardim Jupira
como são ilustrados na figura 2.50 e 2.51, na figura 2.52 observa-se o estrago feito
por fraudadores de energia no bairro.
Figura 2.50 – Furto de energia na rede BT em Foz do Iguaçu
Fonte: COPEL 2006.
77
Figura 2.51 – Ligação irregular na rede BT
Fonte: COPEL 2006.
Figura 2.52 – Situação da rede após furto de energi a
Fonte: COPEL
2.4.5.1 Plano de ação da COPEL
De acordo com dados da ANEEL (2006) a COPEL será a terceira
concessionária de energia a implantar em sua rede de distribuição medidores
eletrônicos e substituir os eletromecânicos, além da COPEL se utilizam dessa
78
tecnologia a Ampla Energia e Serviços S/A no Rio de Janeiro e a CELPE em
Pernambuco.
Conforme a ANEEL os medidores contribuem para a redução do índice de
perdas comerciais resultantes do furto de energia e possíveis irregularidades no
sistema elétrico.
A concessionária utiliza a rede antifurto BT que consiste na instalação de
cabo multiplexado de baixa tensão colocados na ponta de cruzetas, afastando a
baixa tensão do poste.
A COPEL afirma que a instalação desta rede diminui a ocorrência de furtos de
energia, pois afasta a baixa tensão dos postes através da instalação de cruzetas em
áreas críticas de atendimento. Além disse permite a utilização da medição
centralizada que também se localiza afastada do poste, fixadas em cruzetas através
de ferragens apropriadas para esse fundamento. A utilização da medição
centralizada de acordo com a COPEL (2007) garante:
• leitura remota;
• corte e religamento remoto;
• total controle dos dados do consumidor;
• alta imunidade aos furtos de energia.
A COPEL alega que a instalação dessa rede surgiu por problemas
enfrentados em determinadas áreas do estado, como em Foz do Iguaçu, onde o
índice de desvio de energia é muito elevado e apresenta riscos para os profissionais
da concessionária por causa de problemas com violência. Para a instalação da rede
a concessionária define que o local precisa ser:
• ligações irregulares em quantidade considerável para as perdas comerciais
da COPEL;
• locais que, devido às suas características, possam oferecer risco à
integridade física dos funcionários durante as atividades desenvolvidas;
• é fundamental que, em todos os postes, seja possível o acesso de veículo
equipado com escada giratória e veículo equipado com cesto aéreo.
79
Vantagens da rede antifurto mencionadas pela COPEL (2005):
• redução do número de ligações clandestinas;
• confiabilidade no fornecimento;
• redução dos índices, pois reduzirá as perdas comerciais e os riscos que os
eletricistas enfrentam para realizar o trabalho no local;
• redução de custos, pois não haverá a necessidade de se instalar
conectores para a ligação de consumidores e diminuirá o número de
ligações irregulares;
• segurança pessoal dos funcionários da empresa que trabalham nessas
áreas de risco;
• identificação visual das ligações clandestinas, pois a rede secundária é
formada por cabos multiplexados, instalada afastada dos postes e deixam
as ligações irregulares mais visíveis.
As figuras 2.53 e 2.54 ilustram a rede com padrão antifurto da COPEL que
foram instaladas na cidade de Foz do Iguaçu no bairro Jardim Jupira. Na figura 2.55
um eletricista está trabalhando na rede antifurto com medição centralizada.
Figura 2.53 – Rede com padrão antifurto da COPEL
Fonte: COPEL 2006.
80
Figura 2.54 – Rede antifurto em poste com transform ador
Fonte: COPEL 2006.
Figura 2.55 – Eletricista trabalhando na rede anti furto com medição centralizada
Fonte: COPEL 2006.
A COPEL em 2007 instalou leitura automática de medidores residenciais o
software de leitura da COPEL garante: consumo diário e histórico de consumo,
curvas de cargas e integração ao sistema de faturamento como se verifica na
figura 2.56.
81
Figura 2.56 – Sistema de medição de energia da COPE L
Fonte: COPEL 2007.
A COPEL (2004) realizou um plano de estratégias que está sendo realizado
até os dias de hoje, o projeto de ação da Copel pretende:
• indentificar e realizar inspeções da calibração dos medidores e identificar
ligações irregulares;
• análise de recursos eficazes nos processos de detecção de fraudes e
redução de perdas não-técnicas;
• incentivar que a população denuncie o furto de energia;
• investimentos em programas de Eficiência Energética que favorecem a
população carente, como o Luz Fraterna.
A COPEL (2005) detectou algumas fraudes em medidores que estão
ilustradas nas figuras 2.57, 2.58 2.59, 2.60, 2.61 e na figura 2.62 verifica-se uma
parte do cabo de uma ligação irregular.
82
Figura 2.57 - Fraude em medidor
Fonte: COPEL 2005.
Figura 2.58 – Fraude no disco do medidor
Fonte: COPEL 2005.
Figura 2.59 – Violação do medidor
Fonte: COPEL 2005.
83
Figura 2.60 – Exemplo de desvio de energia
Fonte: COPEL 2005.
Figura 2.61 – Fraude no medidor
Fonte: COPEL 2005.
84
Figura 2.62 – Cabo destruído por uma sobrecarga apó s uma ligação irregular
Fonte: COPEL 2005.
A concessionária paranaense será estudada com mais detalhes no terceiro
capítulo, no qual se pretende abordar a rede de distribuição da cidade de Foz do
Iguaçu no Jardim Jupira e apresentar alguns métodos de combate ao furto de
energia e a comparação entre os métodos de combate as perdas comerciais
abordados no trabalho.
85
CAPÍTULO 3 – O CASO DA COMPANHIA PARANAENSE DE ENER GIA - COPEL
3.1 REDE ANTIFURTO
A rede antifurto da COPEL tem como principal objetivo dificultar a realização
de ligações irregulares na rede de distribuição e garantir aos consumidores as
condições necessárias de um adequado fornecimento de energia. Para se obter
eficácia no procedimento a distribuidora utiliza-se dos mais modernos materiais e
equipamentos de segurança e transmissão do mercado internacional para propiciar
aos consumidores o acesso a uma energia segura e legal. A rede antifurto visa
prolongar a vida útil dos equipamentos, evitando, por exemplo, que os
transformadores fiquem sujeitos a cargas desconhecidas e, além disso, pretende-se
proporcionar melhoria dos índices de qualidade e desempenho da distribuidora,
diminuindo os desligamentos por interferência de terceiros na rede elétrica e como
resultado final espera-se mais economia e segurança para a distribuição e para o
consumidor.
A instalação da rede antifurto, a princípio, está sendo utilizada principalmente
para o atendimento à consumidores monofásicos através de ramais concêntricos,
derivados de rede secundária isolada trifásica, localizados em regiões com alta
incidência de furto de energia, em localidades de baixa renda, ou com elevada
incidência de consumo irregular.
A companhia pretende regularizar as ligações existentes e eliminar as
instalações clandestinas perigosas, evitando-se o consumo irracional e desmedido
de energia de má qualidade, característico das regiões sem medição.
A rede com padrão antifurto afasta a baixa tensão dos postes através da
utilização de uma cruzeta. Afastando a rede secundária do poste, pretende-se
dificultar o acesso de terceiros à rede e possibilita que sejam instaladas caixas de
derivação ou de medição centralizada que também se localiza afastada do poste e
fixada nas cruzetas por ferragens desenvolvidas para tal operação.
A necessidade de se instalar a rede com padrão antifurto surgiu após o
aumento de furtos na rede em determinadas localidades, onde o número de ligações
86
clandestinas aumenta gradativamente e também em localidades onde o acesso
torna-se cada vez mais difícil para os empregados da concessionária por causa da
violência por parte de alguns moradores dessas regiões.
Para a construção da rede foi definido que o local precisa atender os
seguintes critérios:
• número de ligações clandestinas consideráveis;
• locais que apresentam risco à integridade física dos funcionários durante
execução de atividades;
• em todos os postes é necessário que se tenha acesso à veículos
equipados com escada giratória ou com cesto aéreo.
Essa rede visa proporcionar:
• redução das ligações irregulares na rede de distribuição;
• garantir maior confiabilidade no fornecimento de energia aos
consumidores;
• diminuição dos impactos dos índices de continuidade de fornecimento
devido à redução do número de interrupções causadas pela sobrecarga
que causam as ligações clandestinas;
• como a rede antifurto permite a instalação de caixas de derivação com
medição centralizada, quando for necessário realizar um desligamento de
energia de um consumidor esse procedimento poderá ser realizado na
própria agência da concessionária. Quando se evita as sobrecargas nos
circuitos de baixa tensão os equipamentos da rede secundária estarão
sendo utilizados de maneira correta e aumentando sua vida útil;
• oferece mais segurança aos eletricistas, pois diminuem os deslocamentos
para áreas que apresentam riscos;
• proporciona uma maior identificação visual do furto de energia na rede por
estar localizada afastada do poste e à rede secundária ser formada por
cabos multiplexados.
87
3.1.1 Principais Materiais Utilizados
De acordo com a COPEL, para a instalação da rede antifurto é necessário a
utilização dos seguintes materiais listados:
• ferragens: suporte afastador para rede com padrão antifurto utilizado para
instalação da luminária e caixa de derivação ou medição centralizada,
conforme NTC 813900;
• ferragem: suporte L para rede antifurto utilizado para instalação de
luminária, conforme NTC 813902;
• conectores da rede secundária: cabo de alumínio multiplexado auto-
sustentado, neutro nu em alumínio e fases em alumínio isolado com
XLPE 0,6/1,0 kV, nas bitolas de 35 mm2 (NTC 810872), 70 mm2
(NTC 810874) e 120 mm2 (NTC 810875), quando coloridos nas cores
preto na fase A, cinza na fase B e vermelho na fase C;
• conector perfurante: conector em liga de alumínio ou liga de cobre
estanhado, coberto de material polimérico resistente a intempéries e aos
raios ultravioleta, cuja cabeça é limitadora de torque, utilizado para
ligações dos condutores fases conforme NTC 812950/54;
• conector cunha: utilizado na ligação de mensageiros, neutros dos ramais,
neutro das caixas de derivações, aterramentos e estaiamentos;
• cunha de madeira ou plástico: ferramenta utilizada para abertura do
encordoamento do cabo multiplexado durante execução das conexões,
evitando danos à isolação conforme NTC 890181;
• cinta plástica auto-travante: de material polimérico resistente a
intempéries, flexível para amarração dos cabos e ramais;
• grampo de suspensão: braço metálico com grampo em polietileno de alta
densidade ou polipropileno, cuja função é a sustentação mecânica à rede
secundária isolada.
Com a rede antifurto elaboraram-se padrões para os novos materiais listados a
seguir:
88
• Caixa de derivação: caixas lacráveis com chave de difícil violação. Está
caixa possui 4 barramentos (3 fases e neutro) e é destinada a uma ligação
rápida e fácil dos ramais de serviço na rede secundária, alimentada por
cabo isolado de cobre com seção de 50 mm2. A conexão pode ser
realizada por meio de dispositivo de pressão ou por parafuso que
dispensa uso de conectores, eliminado gasto com materiais em caso de
desligamentos e religações sucessivas de um consumidor. Este
equipamento apresenta anéis de borracha em seus orifícios para se
garantir uma melhor vedação. A caixa está ilustrada na figura 3.1.
Figura 3.1 – Caixa de derivação
Fonte COPEL 2006.
• Cabo antifurto: cabo composto por um condutor fase isolado e um
condutor neutro disposto de forma helicoidal sobre esta isolação,
recoberto por outra camada isolante protetora, conforme figura 3. 2.
Figura 3.2 – Cabo concêntrico antifurto
Fonte COPEL 2006.
89
• Kit de ligação: nomenclatura que designa o conjunto de condutores e
acessórios a partir da rede secundária até os bornes do medidor de
energia ou disjuntor. O kit é um conjunto que pode ser montado
previamente para facilitar a ligação de consumidores.
A bitola do cabo antifurto é de 6 mm2 por ser compatível com o padrão de
disjuntores de 50 A utilizados para ligação de consumidores.
O cabo do ramal deve ser ligado diretamente no medidor de energia do
consumidor.
Os demais materiais utilizados para a instalação da rede antifurto são
padronizados nas NTCs de materiais e não diferem dos materiais utilizados na
instalação da rede convencional.
O atendimento aos consumidores da Copel está definido através de dois
padrões: com conectores ou com caixa.
Os conectores são recomendados para locais com pequena concentração de
consumidores. As conexões desses consumidores à rede secundária isolada são
feitos por conectores cunha (neutro) e perfurante (fases) com ancoragem do ramal
no poste.
A caixa é indicada para regiões com mais de 10 consumidores por poste,
tornando-se mais viável economicamente a utilização de caixas de derivações com
barramento de 200 A.
3.1.2 Montagem da Rede Antifurto
A estrutura da rede antifurto deve estar disposta das seguintes maneiras
conforme as figuras a seguir. Na figura 3.3 ilustra a montagem básica da rede para
poste de 9 m e somente na baixa tensão. Os valores existentes nas figuras da rede
antifurto correspondem às cotas dadas em mm.
A distribuidora permite que seja instalada a estrutura em questão no topo dos
postes de 10,5 m, nos casos em que não tenha alta tensão e nem previsão de
instalação da mesma para dificultar mais o acesso de terceiros na rede. O poste
para esse caso deverá ser no mínimo de 10,5 m e estar normal em relação ao
alinhamento predial.
90
Figura 3.3 – Montagem básica da rede antifurto
Fonte COPEL 2005.
A estrutura da figura 3.4 mostra rede de alta e baixa tensão no poste de
10,5 m e observa-se que o reator do cabo de alta tensão deverá ficar
aproximadamente 1600 mm de distância.
Já estrutura da figura 3.5 o reator do cabo de alta tensão deverá ficar
aproximadamente 1300 mm de distância.
Na figura 3.6 mostra a rede instalada em um poste de 12 m com
transformador. Para essas estruturas não se deve utilizar ferragem para instalação
das caixas, neste caso, os consumidores necessitam ser ligados nos postes
adjacentes e para esse caso a distância do reator ao pára-raio deve ser próxima de
1150 mm.
91
Figura 3.4 – Estrutura básica com acessórios
Fonte COPEL 2005.
Figura 3.5 – Alta tensão e baixa tensão em poste de 10,5m
Fonte COPEL 2005.
92
Figura 3.6 – Poste de 12 m com transformador
Fonte COPEL 2005.
A figura 3.7 ilustra a rede secundária isolada com ferragens para caixas e luminárias.
Figura 3.7 – Rede secundária isolada antifurto afastada
Fonte COPEL 2005.
A figura 3.8 ilustra a rede secundária isolada com um transformador na rede
antifurto. Para tal estrutura, deve-se utilizar um cabo por bucha para
transformadores de 30 kVA e 45 kVA e dois cabos por bucha para transformadores
de 75 kVA e 112,5 kVA. Deve-se deixar uma ponta de 15 cm em um dos cabos de
93
cada fase para ligar o aterramento temporário quando for necessário. O ângulo
máximo utilizado é de 10º.
Figura 3.8 – Estrutura antifurto com transformador acoplado ao poste
Fonte COPEL 2005.
3.1.3 Considerações para Instalação da Rede Antifur to
Para estrutura de baixa tensão passante deve-se amarrar o mensageiro com
laço pré-formado.
Em estruturas de baixa tensão no final de linha é necessário encabeçar
mensageiro no isolador de roldana fixada no poste. O cabo mensageiro deve seguir
pela cruzeta preso por chavetas de fio de aço cobreado, deixando uma sobra para
que possa ser realizada a ligação do neutro da caixa de derivação e dos ramais se
for o caso. As fases do cabo isolado devem ser desenroladas do mensageiro
aproximadamente 3 m antes do poste e nesse ponto aplica-se uma cinta plástica
autotravante, as pontas do cabo devem passar pelo isolador de roldana e amarradas
com fio de amarração coberto.
Nas estruturas de baixa tensão com encabeçamento duplo com ou sem
mudança de bitola do cabo, o mensageiro deve ser encabeçado nos isoladores de
roldana fixados no poste. Um dos mensageiros deve seguir pela cruzeta, que afasta
a baixa tensão, através de chavetas de fio de aço cobreado como na rede BT no
final da linha. Os cabos isolados devem ser desenvolvidos do mensageiro
aproximadamente 3 m antes do poste e deve-se aplicar a cinta plástica autotravante
94
e passar a ponta dos cabos de maior bitola pelo isolador de roldana e amarrar com
fio de amarração coberto. A ligação deve ser feita com conector perfurante e a
ligação entre os mensageiros com conector cunha.
As ligações dos bornes de baixa tensão do transformador à rede secundária
para a estrutura da rede secundária isolada com padrão antifurto devem ser feitas
por cabos com bitola de 120 mm2. Deve ser utilizado um cabo por bucha para
transformadores de 75 e 112,5 kVA e ligados com conectores perfurantes. Os cabos
devem ser marcados para evitar erros quando forem ligados e devem presos na
cruzeta por chaveta de fio de aço cobreado.
As ligações dos bornes de baixa tensão do transformador à rede secundária
para estrutura de rede secundária isolada com padrão antifurto afastada e com
transformador são feitas com o mesmo cabo da rede. O mensageiro é encabeçado
nas roldanas fixadas no poste, os cabos fase devem ser desenrolados próximo de
3 m do poste, deixando uma sobra e neste ponto, aplica-se a cinta plástica
autotravante, os cabos seguem pela cruzeta e sobem até a bucha de baixa tensão e
são ligados a elas por conectores terminais de compressão.
Para o neutro, liga-se apenas o cabo de um dos lados do circuito na bucha do
transformador, o cabo do outro lado deve ser ligado por um conector cunha. Mais
um cabo igual ao do cabo do mensageiro com bitola de 70 mm2 é levado até a
cruzeta e a sobra desse cabo é deixada para conectar o aterramento temporário
quando houver necessidade, a sobra é amarrada no próprio mensageiro e este cabo
é interligado com o conector cunha no mensageiro que está conectado na bucha de
baixa tensão do transformador. Os cabos são presos nas cruzetas através de
chavetas de fio de aço cobreado.
Nos postes que contém luminárias, estas são ligadas diretamente na rede
com conectores perfurantes.
Seguindo o padrão da COPEL, os postes com transformadores ou
equipamentos devem ser de 12 m e nessas estruturas com transformadores e a
ligação de consumidores não é permitida. Para esses casos os transformadores são
ligados nos postes adjacentes. A ligação com cabos isolados de baixa tensão deve
utilizar conector perfurante e as ligações no mensageiro (neutro) com conector
cunha.
As figuras 3.9, 3.10, 3.11, 3.12, 3.13, 3.14 e 3.15 ilustram a rede antifurto
instalada no Jardim Jupira em Foz do Iguaçu em 2006.
95
Figura 3.9 – Rede com padrão antifurto
Fonte COPEL 2006.
Figura 3.10 – Rede com padrão antifurto e acessórios
Fonte COPEL 2006.
Figura 3.11 – Rede antifurto com medição centraliz ada
Fonte COPEL 2006.
96
Figura 3.12 – Rede antifurto com caixa de derivação
Fonte COPEL 2006.
Figura 3.13 – Rede antifurto com transformador
Fonte COPEL 2006.
Figura 3.14 - Manutenção na rede através de cesto a éreo
Fonte COPEL 2006.
97
Figura 3.15 – Manutenção na rede através de escada
Fonte COPEL 2006.
3. 1.4 Manutenção da Rede Antifurto
A manutenção da rede secundária só poderá ser realizada se a rede de alta
tensão estiver ligada e se a mesma estiver fora da região contaminada, além disso,
deve-se manter a distância de segurança de 60 cm em relação à rede de 13,8 kV.
Caso seja necessária a troca de transformador; deve-se estar com os
grampos de linha viva desconectados. Para as atividades rotineiras como: troca de
cruzetas, isoladores, pára-raios, conectores serão executados os procedimentos
normais como o da rede convencional. Na rede antifurto, com sistema de medição
centralizada para manutenção, é necessário a utilização de escada giratória ou
cesto aéreo, além dos demais equipamentos de segurança.
3.1.5 Segurança
Para a rede estudada é necessário que se tome algumas precauções como:
• a manutenção deverá ser executada somente por eletricista capacitados
para tal atividade através de treinamento fornecido pela empresa de
acordo com a NR-10, item 10.8.3;
• o acesso à rede antifurto só poderá ser utilizado através de escada
giratória ou cesto aéreo;
98
• se houver necessidade de instalação de uma cruzeta auxiliar para auxiliar
o eletricista, esta instalação deve estar de acordo com as recomendações
da COPEL;
• nas estruturas que possuem transformadores, obrigatoriamente, precisa
conter pontos de conexão para colocação do conjunto curto circuitador
temporário e aterramento para rede secundária isolada.
3.1.6 Rede Antifurto Jardim Jupira
A cidade de Foz do Iguaçu é divida por regiões, sendo elas:
• região de Três Lagos composta pelos bairros: Sol de Maio, Vasco da
Gama, Santa Rita, Vila Miranda, Tucuruí e Fernanda;
• região da Vila C formada por: São Sebastião, Porto Belo, Jardim Itaipu
e Jardim Califórnia.
• região do São Francisco composto por: Portal da Foz, São Rafael, Vila
Borges, 1º de Maio, Cohapar III;
• região do Porto Meira constituída por: Ouro Verde, Vila Adriana II,
Profilurb I, II, Jardim Polônia, Vila Shalon;
• região do Jardim São Paulo formada por: Campos do Iguaçu, Libra,
Jardim Manaus, Vila Militar, Panorama;
• região do Jardim América composto por: Jardim Jupira, Vila Portes,
Brasília, Vila Paraguaia, Jardim Central;
• região da Imperatriz constituída por: Jardim Jupira, Vila Portes,
Brasília, Vila Paraguaia, Jardim Central;
• região AKLP formada por: Vila B, Vila A, Petrópolis, Aporã, Curitibano
II, III, Pq. Presidente;
• região Central composta por: Vila Maracanã, Vila Yolanda, Vila Bom
Jesus, Jardim Naipi, Jardim Tarobá;
• região Rural constituída por: Lote Grande, Aparecidinha, Vila Bananal,
Arroio Dourado, Remanso Grande,Parque Nacional, Sanga Funda,
Aeroporto.
99
Em Foz do Iguaçu 10,22%, ou seja, 25.181 pessoas vivem abaixo da linha da
pobreza de acordo o IAPAR, Mapeamento da Pobreza no Paraná em 2006. A cidade
apresenta problemas como: ocupações irregulares de áreas urbanas às margens de
rios, córregos e várzeas, acarretando em possíveis inundações e formação de
favelas. A prefeitura de Foz do Iguaçu afirma que havia 18 favelas na cidade no ano
de 1989 e existiam 2.965 famílias nessas favelas e em 2003 esse número subiu
para 63 favelas e dessas 29 são consideradas sem nenhuma infraestrutura e
localizadas em áreas de risco.
Segundo a prefeitura de Foz do Iguaçu, na favela Jardim Jupira, em 2005
existia 130 famílias habitando a região e segundo dados da Copel, em 2007, no
Jardim Jupira há 430 consumidores ligados nas caixas de medição centralizada.
A Copel, em 2006, instalou a rede com padrão em antifurto no jardim Jupira,
pois o bairro apresentava um dos maiores índices de furtos de energia do estado e o
bairro oferecia muitos riscos aos funcionários que eventualmente se dirigiam ao local
para realizar manutenção na rede, leitura dos medidores de energia, desligamentos
de consumidores e esses procedimentos causavam confrontos entre moradores e
funcionários que não conseguiam executar suas atividades no local. Por esse motivo
o bairro foi o escolhido pela empresa para a instalação da rede com padrão antifurto
e caixas com medição centralizada.
Após a instalação da rede antifurto houve um acréscimo de 330 consumidores
que estavam furtando energia e passaram ser contabilizados pela distribuidora. A
Copel, além de instalar a rede antifurto e regularizar os consumidores e adequar os
consumidores que se encaixavam no projeto Luz Legal, realizou palestras para os
clientes da região para ensiná-los e orientá-los a respeito da utilização de aparelhos
eletrodomésticos, como reduzir o preço da fatura, melhor aproveitamento da energia
consumida e sobre o funcionamento da medição centralizada para assim evitar
problemas decorrentes da primeira fatura após regularização de consumidores.
Em maio de 2006 foram obtidos alguns resultados referentes ao projeto de
rede antifurto e medição centralizada observados na tabela 3.1.
100
Tabela 3.1– Dados decorrentes da instalação da rede antifurto e medição centralizada
Total de caixas de M. centralizada ligadas 50
Total de contas existentes nestas caixas 430
Total de contas antigas religadas 170
Total de contas novas implantadas nesta área 260
Média de consumidores ligados por caixa 9
Percentual de contas antigas religadas 39,5%
Percentual de contas novas ligadas nestas caixas 60,5%
A Copel distribuição afirma que antes da instalação da rede antifurto e do
sistema de medição centralizada no Jardim Jupira havia 143 famílias ligadas, após
esse procedimento para combater o furto o número de consumidores aumentou para
430 unidades consumidoras. Os moradores dessa região não estavam acostumados
a realizar os pagamentos das faturas de energia e também não possuíam
conhecimento sobre utilização de eletrodomésticos e nem da energia.
A companhia elaborou palestras para esses clientes orientando-os e
consegui-se obter bons resultados com o processo. A Copel acompanhou o primeiro
mês de faturamento em maio de 2006 na região. Após a análise das faturas a
distribuidora encaminhou funcionários para o local a fim de orientar os consumidores
que foram constatados um elevado consumo de energia para orientá-los novamente
e conseguir que estes tivessem um melhor uso da energia elétrica.
Já no faturamento da segunda fatura, a companhia encontrou alguns
problemas com os moradores da região, pois estes se revoltaram com a
concessionária, alegando que a mesma havia feito cobranças indevidas. A Copel
enviou três funcionários ao local para esclarecer dúvidas dos consumidores, mas ao
chegar no bairro, estes se depararam com os clientes revoltados e inclusive com um
programa de reportagem de TV, o “Naipi Aqui Agora” e não foi possível executar
nenhuma tarefa programada para esse dia.
No outro dia, a companhia realizou uma reunião com os líderes do bairro
solicitando que acalmassem o pessoal e que se fosse detectado alguma
irregularidade nas faturas, o problema seria resolvido. Então, funcionários da
empresa foram encarregados de realizar vistorias a todas as unidades consumidoras
e não desligar nenhum consumidor até que as vistorias fossem concluídas.
101
As vistorias no local iniciaram-se em 03/07/2006 com término em 17/07/2006,
diariamente acompanhavam os consumidores cinco eletricistas e um técnico. Além
das vistorias no Jardim Jupira, a equipe de medição da Copel em Foz do Iguaçu
acompanhou o consumo de energia do Jardim Jupira no escritório da empresa,
através do sistema de medição centralizada.
Com o término das vistorias, o próximo passo seria a análise das mesmas e
posteriormente, enviaram a todos os clientes os resultados obtidos e para os casos
com débito de faturas superior a 30 dias solicitaram a regularização até o dia 26 de
julho de 2007. A entrega das faturas após a vistorias foram realizadas por seis
funcionários e tal atividade foi concluída dia 17 de julho.
Os líderes dos moradores do bairro, depois de entregue as faturas que foram
vistoriadas pela Copel, se reuniram com alguns políticos. Após essa reunião,
algumas faturas foram recolhidas pela Copel para uma posterior análise que seria
para cancelamento ou revisão de fatura.
A distribuidora, depois de solucionar e verificar todas as faturas encontrou-se
com 90 consumidores para serem desligados no dia 27 de julho.
Esse episódio gerou um atraso nas atividades da Copel em Foz do Iguaçu
que não estava conseguindo atender os outros bairros da região.
No terceiro mês, foram executadas 419 vistorias, na qual foi realizado o
levantamento de carga e confirmado os ramais e os cadastros no sistema de
medição centralizada. A partir dos resultados orientaram os consumidores sobre o
uso eficiente da energia elétrica, como utilizar melhor seus aparelhos eletrônicos e
eletrodomésticos, de modo a reduzir o consumo de energia. Com isso, os problemas
foram reduzidos e a Copel obteve os seguintes dados referente ao local:
• 14 faturas com ligações comerciais em medidor que após vistorias,
verificou-se que estavam de acordo;
• 24 faturas com ligações residenciais em medidor que também estavam de
acordo;
• 78 faturas se enquadravam como sendo consumidores de baixa renda;
• 54 faturas cadastradas no Programa de Baixa Renda automático e que
poderiam estar enquadrados no programa social Luz Fraterna se tivessem
sido cadastradas;
102
• 5 faturas cadastradas no programa Baixa Renda que necessitavam
apresentar cartão de benefício fornecido pelo governo;
• 181 faturas residenciais monofásicas, não incluídas no Baixa Renda;
• 10 faturas interligadas, na qual um consumidor acaba pagando o consumo
do outro, responsabilidade do cliente, portanto para a regularização desse
caso, a Copel enviará uma carta para a regularização;
• 8 faturas com residências desocupadas e ligadas sem que haja
consumidor;
• 29 faturas que não continham levantamento de carga e confirmação da
ligação por motivos de impedirem que os funcionários entrassem nas
residências para a vistoria;
• 6 consumidores não tiveram reclamações e alegaram estar cientes de seu
consumo;
• 4 medições comparativas foram instaladas para o acompanhamento do
consumo pelos consumidores em locais de fácil acesso.
Quanto às irregularidades encontradas pela distribuidora de energia são listadas
a seguir:
• 1 fatura foi descadastrada indevidamente do programa Baixa Renda na
alteração de rotas;
• 2 clientes reclamavam por motivos de queda de tensão;
• 9 faturas ligadas no local e que foram desligadas no sistema da Copel.
Essas foram desligadas quando saíram do local e tiveram um prazo de
três dias para a regularização;
• 5 faturas foram regularizadas e o consumo das mesmas foi analisado
posteriormente, o que gerou a substituição de 4 faturas de energia
cobradas.
Com os dados obtidos a Copel se surpreendeu, pois apenas 18% das
faturas do Jardim Jupira se enquadram como baixa renda.
Em 2007, a Copel conseguiu atingir seus objetivos com a implantação da rede
antifurto, que visa dificultar e reduzir o furto de energia na região e ao sistema de
103
medição centralizada, que proporcionou aos funcionários da região mais segurança
e sem riscos, pois o processo de ligamento e desligamento de consumidores passou
a ser realizado na própria agência de Foz do Iguaçu, no Departamento de Medição
que controla os consumidores pelo computador.
De 2006 até setembro de 2007, após a instalação da rede com padrão
antifurto afastada do poste, a companhia detectou 2 casos de furto de energia na
rede do bairro e 1 medidor baleado no local, conforme figura 3.16. De acordo com os
funcionários da companhia, esses dois casos de furtos foram detectados facilmente
pelo sistema de medição centralizada, que possibilitou a visualização do consumo
dos moradores e pelo comparativo realizado conseguiram concluir que poderia estar
havendo o furto de energia.
Quando foram ao local para averiguar a hipótese de furto de energia
conseguiram visualizá-lo na rede com maior facilidade e regularizar novamente o
consumidor fraudador. O medidor baleado, também, foi detectado pelos funcionários
no escritório da empresa, pois foi verificada uma diferença no consumo de energia
do consumidor.
Figura 3.16 – Medidor baleado no Jardim Jupira
Fonte COPEL 2007.
3.2 A COPEL E O FURTO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
A Copel Distribuição é subdivida em regionais que estão na seguinte
disposição:
• SDN: Superintendência Regional de Distribuição Noroeste,
compreendendo a região de Maringá, Campo Mourão, Umuarama,
Paranavaí e demais localidades próximas;
104
• SDL: Superintendência Regional de Distribuição Leste, correspondente a
Curitiba, região metropolitana e litoral;
• SDC: Superintendência Regional de Distribuição Centro-Sul, constituída
por Ponta-Grossa e União da Vitória e demais localidades vizinhas;
• SDT: Superintendência Regional de Distribuição Norte, formada por
Apucarana, Cornélio Procópio e demais localidades próximas;
• SDO: Superintendência Regional de Distribuição Oeste por Cascavel, Foz
do Iguaçu, Pato Branco, Francisco Beltrão, Toledo e demais regiões
vizinhas.
A Copel realiza mensalmente o levantamento do furto de materiais e
equipamentos na rede elétrica e também a reposição de materiais realizada por
cada regional.
3.2.1 Furto de Materiais e Equipamentos na SDL em 2 005
Os dados levantados de 2005 para esse estudo compreendem o roubo de
transformadores e de cabos que foram registrados pela regional Leste.
A tabela 3.2 ilustra ao longo do ano de 2005, a quantidade de furtos de
transformadores da regional leste e os gastos com a reposição desse material.
Tabela 3.2 – Furto de transformadores na SDL e o custo para su a reposição
105
A tabela 3.3 mostra a quantidade de transformadores que foram furtados da
cidade de Curitiba e os custos desse prejuízo para a distribuidora.
Tabela 3.3 – Furto de transformadores em Curitiba e o custo pa ra sua reposição
Dentro da cidade de Curitiba a região com maior índice de furto de
transformadores é a região Norte. Na tabela 3.4 verifica-se o furto de material na região
Norte de Curitiba e os gastos para tal reposição. Verifica-se que nesta tabela o
levantamento de dados dos furtos decorrentes do ano de 2003, 2004 e 2005. No ano de
2005 foram furtados 69 transformadores dos 71 furtados em Curitiba.
Tabela 3.4 – Furto de transformadores na Região Nor te de Curitiba e o custo para sua
reposição
106
São José dos Pinhais apresenta o maior índice de furto de transformadores
da Copel. Em 2004 foram furtados 140 transformadores e 94 em 2005. Esses dados
podem ser observados na tabela 3.5.
Tabela 3.5 – Furto de transformadores em São José d os Pinhais e o custo para sua reposição
E para finalizar os locais avaliados pela regional Leste, os gastos com furtos
de transformadores no Litoral estão representados na tabela 3.6. Para o litoral,
verifica-se um histórico de furto de materiais do ano de 2002, 2003, 2004 e 2005.
Em 2005, a análise é mais detalhada, pois especifica o furto em cada mês no
decorrer do ano. Pode-se verificar que nessa região o furto de transformadores é
bem menor, somente dois equipamentos foram roubados desde 2003.
Tabela 3.6 – Furto de transformadores no Litoral e o custo par a sua reposição
107
Para as tabelas 3.7, 3.8, 3.9, 3.10 e 3.11 considerou-se o custo da
mão-de-obra para a reposição e esse custo é equivalente ao custo médio para
implantação de um transformador trifásico. Para o transformador monofásico,
considerou-se o valor do equipamento como sendo 70% do valor de um
transformador trifásico, exceto para o transformador de 25 kVA.
Outro grande prejuízo para a Copel é o furto de cabos da rede de distribuição.
Na tabela 3.7, pode-se observar o furto de condutores por tipo e quantidade roubada
em Km na SDL.
Tabela 3.7– Furto de condutores na SDL
A tabela 3.8 mostra o furto de cabos por tipo de material, quantidade de
condutor furtado de cobre e de alumínio.
Tabela 3.8 – Furto de condutores na SDL por tipo de material d o condutor
Em Curitiba o furto de condutores em 2005 pode ser verificado na tabela 3.9.
Tabela 3.9 – Furto de condutores em Curitiba
108
Na tabela 3.10 verifica-se o furto de condutores em Curitiba por tipo de
material.
Tabela 3.10 – Furto de condutores em Curitiba por tipo de mater ial do condutor
Na região Norte de Curitiba assim como o furto de transformadores é elevado,
a quantidade de cabos roubados também é intensa como pode-se verificar na tabela
3.11.
A tabela 3.12 contém a quantidade de cabos roubados de acordo com tipo de
material do condutor.
Em São José dos Pinhais concentra-se uma das maiores concentrações do
furto de condutores da SDL. O furto decorrente de São José dos Pinhais pode ser
observado na tabela 3.13.
Tabela 3.11 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba
Tabela 3.12 – Furto de condutores na Região Norte de Curitiba p or tipo de material do
condutor
109
Tabela 3.13– Furto de condutores em São José dos Pi nhais
A tabela 3.14 evidencia o furto de materiais em São José dos Pinhais por tipo
de material do condutor.
Tabela 3.14 – Furto de condutores em São José dos Pinhais por t ipo de material do condutor
No Litoral as ocorrências relativas ao furto de condutores se comparadas com
os prejuízos por roubos de transformadores são bem diferentes. O roubo de cabos
em 2005 foi superior a 8 km, como se pode observar na tabela 3.15.
Tabela 3.15 – Furto de condutores no Litoral
A tabela 3.16 contém o furto registrado no Litoral de acordo com o tipo de
material do condutor.
110
Tabela 3.16 – Furto de condutores no Litoral por tipo de materi al do condutor
3.2.2 Furto de Materiais e Equipamentos em 2006 nas Cinco Regionais
A tabela 3.17 mostra o furto de materiais entre eles: postes, transformadores
e condutores no ano de 2006 em todas as cinco regionais da Copel Distribuição,
SDC, SDL, SDT, SDN e SDO.
Tabela 3.17 – Materiais repostos na rede de distribuição devido a furtos
Fonte: Sistema GD-Obras e GD-MAN 2006.
De acordo com a tabela 3.17, no ano de 2006, observa-se que a regional
Leste obteve um maior índice de furto de condutores e de transformadores que as
demais. Já o furto de postes, a maior concentração foi na regional Norte que
também se concentra uma maior quantidade de roubos de outros materiais e
equipamentos.
3.2.3 Furto de Materiais e Equipamentos em 2007 nas Cinco Regionais
Em 2007, o relatório dos gastos com reposição de materiais e equipamentos
furtados da Copel Distribuição, até o mês de junho, encontra-se nas tabelas 3.18 à
3.35. As tabelas foram elaboradas a partir de dados fornecidos pelas equipes de
gerência de obras, o GD-Obras e pela equipe de gerência de manutenção, o
GD-MAN.
111
As tabelas 3.18, 3.19, 3.20, 3.21 e 3.22 foram obtidas através de dados do
Departamento de Obras. A tabela 3.23 é a soma dos furtos das cinco regionais na
rede de distribuição.
Tabela 3.18– Materiais repostos na rede de distribu ição na SDC devido a furtos
Tabela 3.19 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos
Tabela 3.20 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos
112
Tabela 3.21 - Materiais repostos na rede de distribuição na SDO d evido a furtos
Tabela 3.22 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos
Tabela 3.23 – Materiais repostos na rede de distribuição na DDI devido a furtos
De acordo com as tabelas 3.18, 3.19, 3.20, 3.21, 3.22 e 3.23, constata-se que
o furto de transformadores foi mais crescente na SDN, na qual foram furtados 6
transformadores, mas o maior gasto com a reposição desse material se deu na SDL
com furto de 2 materiais.
113
O furto de condutores na regional Norte foi superior a 14 mil metros de
condutores roubados. Já na regional Centro-Sul apresentou os menores índices não
ultrapassando 115 metros de condutores roubados. A tabela 3.23 ilustra o prejuízo
total da Copel com gastos para reposição desses materiais, aproximadamente
R$ 200.000,00.
As tabelas 3.24, 3.25, 3.26, 3.27 e 3.28 estão relacionadas com os furtos de
materiais e equipamentos nas regionais da Copel Distribuição, de acordo com dados
fornecidos pela equipe de gerência de manutenção, GD-MAN. A tabela 3.29
apresenta o total das regionais, representa a quantidade furtada na distribuição.
Tabela 3.24 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDC devido a furtos
Tabela 3.25 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos
114
Tabela 3.26 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos
Tabela 3.27 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDO devido a furtos
Tabela 3.28 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos
115
Tabela 3.29 – Materiais repostos na rede de distrib uição na DDI devido a furtos
De acordo com a equipe de gerência de manutenção da Copel Distribuição, a
quantidade de furto de transformadores é mais elevada na regional Leste, 87
transformadores furtados. Além de possuir o maior número de transformadores
furtados, apresenta o maior índice de furto de condutores superior a 38 km.
As tabelas 3.30, 3.31, 3.32, 3.33 e 3.34 apresentam o total de furtos na Copel
de acordo com as duas equipes, GD-Obras e GD-MAN. A tabela 3.35 é a soma total de
todas as regionais.
Tabela 3.30 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDC devido a furtos
Tabela 3.31 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDL devido a furtos
116
Tabela 3.32 – Materiais repostos na rede de distribuição na SDN devido a furtos
Tabela 3.33 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDO devido a furtos
Tabela 3.34 – Materiais repostos na rede de distrib uição na SDT devido a furtos
117
Tabela 3.35 – Materiais repostos na rede de distrib uição na DDI devido a furtos
Analisando o total de perdas da Companhia, em 2007, até o mês de junho,
observa-se que os gastos com reposição de transformadores, referente a toda a
concessionária de energia, foi superior a R$ 700.000,00 e o gasto com reposição de
condutores elétricos foi superior a R$ 235.000,00 e o prejuízo total com reposição de
equipamentos e mão de obra foi superior a R$ 1.238.000,00.
As perdas comerciais, referentes a furtos de materiais, acarretam em um
prejuízo elevado para a concessionária como, se pode comprovar analisando as tabelas
3.30, 3.31, 3.32, 3.33, 3.34 e 3.35. A COPEL se comparada com a Companhia de
Energia do Rio de Janeiro, a Ampla ou a Light apresenta índices muito menores, mas o
prejuízo com as perdas comerciais existe e há necessidade de conter o avanço dessa
prática para garantir mais segurança, melhor qualidade e confiabilidade no fornecimento
de energia.
Na COPEL, o furto de condutores acontece de maneira mais intensa em
locais com pouca densidade demográfica, como por exemplo, na beira de rodovias e
em locais mais afastados da cidade. A concessionária para evitar tal prática, está
repondo os materiais furtados com cabos de aço, que além de serem mais difíceis de
cortar, eles são menos atrativos por possuir um custo praticamente irrisório no mercado.
Para o combate ao furto de transformadores, que é um equipamento caro, a
distribuidora desenvolveu um suporte para se evitar furto de transformadores. Quando
um transformador possui um suporte comum, a pessoa retira um encaixe que se
localiza na horizontal do equipamento preso ao poste e sem esforço o transformador caí
no chão, agora com o suporte antifurto para transformadores é necessário que se
levante o transformador para poder derrubá-lo no chão, o que inviabiliza o roubo. O
suporte antifurto é próprio para ser fixados em poste de seção duplo T e receber o
118
transformador de distribuição. Esse suporte possui uma superfície contínua, uniforme e
não deve conter saliência pontiaguda.
3. 3 OUTROS MÉTODOS DA COPEL PARA SE COMBATER O FURTO DE
ENERGIA
A Copel, assim como as distribuidoras abordadas no trabalho, pretendem
reduzir ao máximo o número de furtos de materiais e equipamentos, as ligações
irregulares decorrentes do furto de energia da rede, as fraudes, as violações e os
estragos de medidores para reduzir consumo de energia.
3.3.1 Micro-Câmera para Detecção de Fraudes
A micro-câmera para detecção de fraudes é um equipamento dotado de fibras
ópticas, para uso em inspeções de entradas de serviço, auxiliando na visualização
de locais normalmente inacessíveis, como o interior de eletrodutos. A figura 3.17
ilustra o equipamento e seus componentes.
Figura 3.17 – Micro-câmara para detecção de fraudes
Fonte COPEL 2005.
O funcionamento do aparelho consiste em inserir o cabo de fibra óptica no
local a ser inspecionado e seguir algumas recomendações para o bom
funcionamento do equipamento.
Para o bom funcionamento do equipamento não se deve submetê-lo a
temperaturas superiores a 50ºC, não se deve desmontá-lo pelo fato de não
119
apresentar componentes passíveis de manutenção, além disso, este equipamento
não deve ser imerso em líquidos solventes e nem colocado em atmosferas
explosivas.
Em locais onde não se tem boa visualização adiciona-se uma lâmpada
através do interruptor que se situa na parte superior do equipamento. O foco do
aparelho deve ser ajustado previamente e um teste de funcionamento para maior
eficiência e melhor utilização do equipamento, deve ser realizada.
O equipamento apresenta as seguintes características técnicas:
• visor ergonômico e ajuste de foco;
• definição da imagem de 6000 pixels;
• campo de visão de 40 graus;
• iluminação auxiliar acionável por interruptor;
• utilização de pilhas do tipo AA;
• temperatura de operação de -23ºC a +49ºC;
• peso de 620 gramas (sem as pilhas);acessórios: espelho de 45 graus,
lâmpada halôgena sobressalente e ponteira magnética;
• o cabo de fibras óticas tem comprimento de 2,44 m e diâmetro externo de
10 mm.
3.3.2 Equipamento Detector de Desvio de Energia
O equipamento detector de desvio de energia é um equipamento destinado a
localizar cabos enterrados ou embutido em paredes de alvenaria ou concreto,
normalmente utilizados para desviar energia elétrica da rede de distribuição. O
objetivo do equipamento é garantir à Copel um método para auxiliar no combate ao
furto de energia e diminuir as perdas comerciais de energia e oferecer aos
consumidores qualidade no fornecimento de energia.
Este equipamento foi desenvolvido em 1999 por pesquisadores do
Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento – LAC (UFPR/COPEL) e por
profissionais da COPEL, especializados em localização de fraudes em rede de
distribuição.
120
O desvio de energia da rede de distribuição ocorre de várias maneiras, mas
uma das principais é desvio por meio de um cabo condutor de energia de modo que
o medidor de energia não meça ou meça somente parte da energia que é
consumida e para essa situação, o detector de energia é utilizado.
O equipamento possui uma base de transmissão e recepção de um sinal de
rádio freqüência que utiliza a rede de energia com uma espécie de “antena”
transmissora. Os componentes principais do equipamento são um módulo
transmissor (TX) de sinais de rádio freqüência e um módulo receptor (RX)
devidamente projetado com a finalidade de projetar e sintonizar o sinal gerado no
módulo transmissor. O módulo transmissor permite que um funcionário da
companhia de energia acople o sinal específico de radio freqüência na rede de
distribuição e conseqüentemente na fiação elétrica irregular, as quais passam a
operar como antenas transmissoras para o sinal de rádio freqüência, mas para a
realização desse procedimento, é preciso estar junto ao medidor de energia de uma
residência ou edificação onde haja suspeita de fraude.
O sinal de freqüência é irradiado ao longo da rede elétrica e cabos
clandestinos, para que na seqüência possa ser captado pelo módulo receptor e esse
módulo determina com precisão a posição de derivações normais da rede elétrica e
a posição exata dos cabos clandestinos utilizados na implementação de um desvio
de energia. A identificação da fraude é feita pela identificação da direção em que o
sinal de rádio freqüência chega até o módulo receptor com maior intensidade e isso
ocorrerá quando a antena do módulo receptor apontar para a direção do cabo
situado em local irregular.
Para se obter o sinal de rádio freqüência não é necessário que haja corrente
elétrica circulando pelo cabo do desvio, basta que esse esteja em continuidade com
os terminais do módulo transmissor que previamente foi instalado junto à entrada do
padrão de medição de energia do consumidor suspeito de estar fraudando energia.
O equipamento permite que as vias sejam rastreadas por onde a energia elétrica
está presente, sem que haja acesso visual ou elétrico.
O equipamento apresenta a interface com o operador por meio de um alto
falante que emitirá sinal sonoro, cuja intensidade e nitidez oferecem ao operador
uma noção da proximidade com a rede elétrica. Além disso, o equipamento permite
ao operador uma interface visual da intensidade do sinal recebido através de um
voltímetro analógico. Após a realização de testes determinou-se que a distância
121
máxima que o módulo receptor pode estar na fonte de sinal de rádio freqüência é de
40 m, que dependerá das cargas acopladas à rede de energia, das condições
ambientais e da sensibilidade ajustada junto ao elemento receptor.
O Módulo Transmissor (TX) é representado pelo diagrama de blocos de
maneira simplificada pela figura 3.18 que representa o circuito oscilador de áudio
como responsável pela geração de um sinal de áudio com freqüência próxima de
3 kHz, a informação será obtida pela rede de energia e recuperado no módulo
receptor.
O oscilador modular, tem como função modular em amplitude uma freqüência
de 1800 kHz com o sinal de informação de 3 kHz, para que esse sinal possa ser
transmitido. A fonte de alimentação possuí entrada de 110/220 V e freqüência de
60 Hz e fornece para o circuito oscilador é de 9 VCC.
Figura 3.18– Diagrama de blocos do módulo transmiss or
Fonte Landys Gyr 2007.
O sinal de rádio freqüência passa para o estágio amplificador que vai garantir
que o operador controle a potência do sinal, através de um potenciômetro que
permite ajustar o ganho.
O sinal de rádio freqüência amplificado é colocado na rede elétrica pelo
circuito de acoplamento através de capacitores. Para o circuito de acoplamento e de
amplificação, a fonte de alimentação fornece tensão de 32 VCC. Um led indica se o
circuito está energizado ou não.
122
No elemento transmissor, existe o indicador de nível de rádio freqüência, que
indica o nível de potência do sinal que é injetado na rede elétrica.
O módulo receptor (RX) desenvolvido para o sistema detectar furtos de
energia da rede elétrica apresenta ajuste de sensibilidade, sinalizador sonoro e um
voltímetro analógico que mostra o nível de sinal recebido pelo equipamento.
Este elemento permite uma sintonia em torno de 1800 kHz e a fraude é
encontrada através de uma antena direcional que identifica onde o sinal encontra-se
mais claro e mais intenso, quanto mais próximo da fraude melhor a qualidade do
sinal recebido e por isso pode-se localizar exatamente onde estão os cabos da
fraude.
Para se detectar a fraude com este equipamento primeiro deve-se receber
uma denúncia, ou se ter uma suspeita de fraude no local, primeiramente se conecta
o elemento transmissor no quadro do medidor do consumidor suspeito,
posicionado-o antes do disjuntor e com o cabo do neutro desconectado dos
terminais do medidor.
Após esse procedimento, desliga-se o disjuntor, assim, desconecta-se a
instalação elétrica do local suspeito. Com isso, tem-se que toda a fiação do lugar
está conectada à linha de energia e funcionando como uma antena para o elemento
transmissor e se houver um cabo desviando energia, este também funciona como
antena.
O terceiro passo é quando o operador sintoniza o módulo receptor na
freqüência transmitida e posiciona-o para o local suspeito, caso haja uma
intensidade maior e com mais qualidade do sinal recebido o aparelho estará
indicando o local suspeito com grande possibilidade de fraude no local. Terminado
esse procedimento começa o rastreamento da fraude no interior do local. Quando o
operador detecta no receptor um sinal com maior intensidade e qualidade, ele
encontra a fraude na posição exata, através do sinal de rádio freqüência.
3.3.3 Medição Centralizada
O sistema de gerenciamento de perdas e medição (SGP+M) desenvolvido
pela Landys Gyr Equipamentos de Medição Ltda, tem como objetivo orientar com
informações operacionais e construtivas as distribuidoras de energia que utilizam
esse sistema. Este sistema realiza um sistema de medição de cargas e a quantidade
123
de energia fornecida e tarifada. Ele possibilita um gerenciamento eficaz das perdas
comerciais em instalações, possibilitando o combate às perdas.
O sistema de medição centralizada é constituído por medidores eletrônicos de
kWh agrupados conforme a concentração do número de consumidores existentes no
equipamento, denominado concentrador secundário (CS-SGPM). Neste
equipamento há um módulo eletrônico cuja finalidade é armazenar o consumo de
energia individualizado de cada consumidor, este sistema está conectado ao
concentrador primário, na qual todos os controles do concentrador secundário é feito
pelo concentrador primário que é responsável por todas as medições.
O sistema de medição centralizada apresenta como objetivos:
• medição do consumo de energia das unidades consumidoras conectadas
a ele;
• tornar a distribuição de energia eficiente e moderna e reduzir perdas
comerciais e técnicas;
• solução integrada, desenvolvida para oferecer às distribuidoras de energia
elétrica uma alternativa;
• leitura remota;
• corte/reliagemto remotos;
• total controle dos dados do consumidor;
• alta imunidade ao furto;
• maior segurança para os funcionários da empresa que não precisam se
deslocar até o local para fazer cortes/religamentos.
A figura 3.19 ilustra os módulos do sistema de gerenciamento de perdas e
medição. Na qual os módulos representados são:
A – consumidor;
B – concentrador Secundário;
C – concentrador Primário;
D – terminal de consulta e Leitura em kWh;
E – ponto comercial e outros.
124
Figura 3. 19 - Instalação do Sistema de gerenciamen to de perdas e medição (SGP+M)
Fonte: Landys Gyr 2007.
O concentrador primário é o módulo que comanda os dados provenientes do
concentrador secundário e permite acesso aos consumidores, para estes obterem
dados de leitura. No painel central, desse equipamento, encontra-se um led que
mostra se o equipamento está ou não em funcionamento, ele aloja o teclado de
membrana que permite que sejam realizadas outras operações, um diplay
alfanumérico que indica o menu de operações, um conector para comunicação com
modem ou microcomputador e um coletor de dados. Conforme figura 3.20.
Figura 3.20 – Concentrador Primário
Fonte Landys Gyr 2007.
125
Conforme a Landys Gyr, o concentrador primário apresenta os seguintes
dados principais: leitura em kWh de cada consumidor, atualizado a cada hora,
informações de alarmes gerados nos concentradores secundários. As principais
operações desse concentrador são:
• religameto do consumidor secundário;
• informação do medidor;
• ligar/desligar consumidor;
• desabilitar fraudes;
• status de comunicação.
O concentrador secundário possibilita as conexões dos ramais de ligação e
pode alojar de um a doze medidores eletrônicos monofásicos, uma fonte de
alimentação, um módulo eletrônico que armazena dados de leitura de energia de
cada unidade consumidora e monitoramento de alarmes. Existe no concentrador
secundário uma chave que é responsável pelo monitoramento de abertura da porta
do concentrador.
O medidor eletrônico monofásico mede o consumo de energia elétrica ativa
individual de cada consumidor e neste medidor, consegue-se verificar: retorno de
potencial, como fraude causada pela existência de potencial na placa quando o
contator estiver aberto, caracterizando-se uma ligação clandestina no ramal,
supervisão do cabo de ramal de ligação, verificando se houve abertura da caixa de
medição. A figura 3.21 ilustra o medidor eletrônico existente no módulo secundário
do sistema de medição centralizada.
Figura 3.21 – Medidor Eletrônico
Fonte Landys Gyr 2007.
126
O sistema de medição centralizada, além das características citadas
anteriormente, garante:
• fácil manutenção e ampliação do sistema;
• padrão simplificado de medição;
• concentradores secundários instalados nos postes de distribuição;
• software de gerenciamento em ambiente windows;
• capacidade de implementação de diversas modalidades de tarifação;
• verificação de alarmes de remoto potencial, abertura da porta do
concentrador;
• verificação de corte de cabos ligados aos consumidores ou abertura da
caixa onde está armazenado o medidor convencional.
A companhia de energia ao adquirir o sistema de medição centralizada pode
optar por um equipamento responsável pela medição direta ou indireta de
transformadores, dependendo da maneira de como é instalado. Este equipamento
deve estar no circuito do concentrador primário junto com os concentradores
secundários. Quando se utiliza este equipamento deve-se alterar o fator
multiplicativo dos transformadores.
O sistema possui várias funções antifraude, uma delas é responsável pelo
monitoramento do estado da porta do concentrador secundário. Se a porta for
aberta, todos os contatores são abertos e o alarme acionado. O alarme somente
cessará quando o concentrador secundário receber o comando religar, então os
contatores retornarão ao estado anterior ao alarme. Outra função antifraude
monitora a presença de potencial no ramal do usuário quando o contator estiver
aberto. O alarme é informado quando for enviado comando para ler o estado do
contator.
Se o medidor apresentar retorno de potencial, ele permanecerá aberto,
ignorando qualquer comando de fechamento e só poderá ser fechado novamente
apenas quando o alarme deixar de existir. A última função antifraude é programada
através de um software que emite um alarme, caso haja irregularidades como
quando o cabo estiver em curto ou aberto, ele supervisiona a abertura da caixa do
medidor convencional do consumidor e tentativa de sangria do cabo. Se for
127
detectada a fraude, o contator é aberto instantaneamente. Se detectada a fraude,
um comando de alarme é enviado quando solicitado pelo software. O alarme deixa
de existir quando o estado do cabo for restaurado.
O sistema oferece aos funcionários o acesso aos dados dos consumidores
através do painel principal e este consegue obter a leitura, em kWh, com facilidade
dos consumidores desejados. A interface do concentrador primário encontra-se na
figura 3.22.
Figura 3.22 – Interface do concentrador primário
Fonte Landys Gyr 2005.
Na figura 3.22 tem-se no item A o display, no B o teclado, no C a entrada e no
D a saída.
O procedimento para os funcionários acessar os dados dos consumidores de
energia consiste em:
• o usuário irá operar o concentrador prinmário e neste aparecerá na tela
principal a hora, o usuário aperta em entrada após digitar seu código de
entrada;
• a seguir, o sistema fará uma varredura no sistema de dados e oferecerá 3
opções: se código digitado for o número do medidor retornará a leitura do
consumidor, se for uma senha entrará no menu principal, onde o usuário
128
escolherá a função que deseja e se não digitar nenhum código ou senha
principal aparecerá uma mensagem de código não encontrado.
Para o funcionário realizar a operação de desligar e ligar consumidores deve-
se ir ao menu e escolher um item de desligar consumidor e depois digitar o código
ou senha, se estiver correta aparecerá no display para que se digite o código do
concentrador secundário e deverá indicar também qual a posição do medidor na
caixa. O tempo de desligamento do consumidor será determinado pelo operador que
pode ser de 30 minutos ou 60 minutos.
O concentrador primário e secundário é fixado através de uma cinta circular
ou quadrada ou com parafusos e arruelas para sustentar o equipamento. A figura
3.23 mostra um concentrador primário fixado por cinta circular e a figura 3.24 ilustra
a fixação por parafusos.
Figura 3.23– Fixação com cinta circular
Fonte: Landys Gyr 2007.
Figura 3.24 – Fixação com parafusos
Fonte: Landys Gyr 2007.
129
No equipamento deve-se aterrar o neutro internamente e a caixa do
equipamento, para isto deve haver um conector atrás do equipamento de onde
partirá o cabo de aterramento e este seguirá dentro de um eletroduto de PVC
(policloreto de vinila) de Ø1/2" até a haste de aterramento.
Após a instalação dos equipamentos deve ser verificada a comunicação entre
os equipamentos instalados.
O procedimento do sistema de medição centralizada pode ser acompanhado
na Copel Distribuição, juntamente da equipe de medição, em Curitiba, onde se tem
um protótipo para se visualizar o funcionamento do sistema. Conforme instruções
recebidas pela medição, primeiramente deve-se efetuar o teste de comunicação no
menu principal do programa, conforme figura 3.25 e clicar no ícone comunica.
Ao clicar neste ícone, aparecerá uma tela, conforme representa a figura 3.26.
A comunicação entre os equipamentos existirá se os equipamentos estiverem com o
status “ativo”.
Após esse passo deve-se realizar a leitura dos equipamentos, então deve-se
ir novamente ao menu principal identificado na figura 3.25 e clicar sobre ícone leitura
e aparecerá uma tela, conforme figura 3.27 e então clica-se em iniciar.
Figura 3.25 – Menu principal do software do sistema
Fonte: Landys Gyr 2007.
130
Figura 3.26 – Janela do teste de comunicação
Fonte: Landys Gyr 2007.
Figura 3.27 – Janela de leitura de contas
Fonte: Landys Gyr 2007.
O operador do sistema da concessionária, após realizar os testes e
verificações para acessar os dados dos consumidores, deverá entrar no sistema
com seu nome de usuário e senha conforme figura 3.28.
Figura 3.28 – Tela de acesso do operador ao sistema
Fonte: Landys Gyr 2007.
Quando o usuário entrar no sistema aparecerá a tela do menu principal e o
usuário deverá clicar no ícone Data/Hora e neste momento o computador se
comunica com o concentrador primário e obterá a data e a hora armazenada no
sistema como mostra a figura 3.29. Esse procedimento é realizado para que fique
armazenado o horário de entrada no sistema de cada usuário.
131
Figura 3.29 – Tela de ajuste de hora do concentrado r
Fonte: Landys Gyr 2007.
Depois de verificar a hora do sistema, retorna ao menu principal e clica-se no
item agenda e depois será mostrado na tela concentradores secundários que estão
conectados ao sistema e o número de medidores existentes, conforme figura 3.30.
Após o usuário entrar na tela dos consumidores deverá clicar no consumidor que
deseja e clicar no item ler e realizar a atividade desejada: desligar, religar
consumidor, somente acompanhar a leitura em kWh do consumidor, verificar alarme,
situação da porta da caixa, entre outros.
132
Figura 3.30 – Tela da agenda de mudança de estado d e contatores
Fonte: Landys Gyr 2007.
O sistema de medição centralizada na COPEL Distribuição está garantindo
resultados satisfatórios e principalmente garantindo facilidade no trabalho dos
funcionários da empresa que efetuam os desligamentos e ligamentos de
consumidores, principalmente em locais de riscos, como no Jardim Jupira, em Foz
do Iguaçu. O sistema também foi instalado em Londrina e Maringá, conforme as
figuras 3.31 e 3.32.
133
Figura 3.31 – Medição centralizada localizada em Ma ringá
Fonte Landys Gyr 2007.
Figura 3.32 – Medição centralizada localizada em Lo ndrina
Fonte Landys Gyr 2007.
3.3.4 Conclusão do Caso COPEL
Apesar da distribuidora de energia paranaense não apresentar os maiores
índices de fraudes, ligações irregulares, furto de equipamentos e materiais da rede
de distribuição se comparada com as outras companhias estudadas, a Copel investe
e busca sempre conter as perdas comerciais para reduzir os prejuízos causados por
ela.
Com o uso de tecnologias desenvolvidas para combater as perdas
comerciais, pretende-se reduzir o número de ligações clandestinas nas localidades
onde a rede antifurto foi instalada, assim como aumentar os índices de qualidade da
empresa e seu desempenho, reduzindo o número de desligamentos por motivos de
interferência na rede através de terceiros, melhorar relação custo benefício,
134
isonomia no tratamento e satisfação dos consumidores. E principalmente, tentar
evitar o furto de energia da rede, pois com essa tecnologia, pretende-se garantir um
retorno de natureza estratégica, pois evita-se que o problema alastre.
O padrão antifurto visa eliminar os locais vulneráveis da rede, passíveis de
intervenção por parte de fraudadores de energia. A instalação da rede está restrita
apenas a algumas localidades, pois, ainda, está sendo testada para verificar sua
eficácia em relação ao problema de furto de energia. Apesar de não se ter
erradicado totalmente o furto de energia, consegue-se inibir e dificultar seu avanço
com utilização da rede com padrão antifurto.
No Jardim Jupira, onde se tem a rede instalada, também, foi necessário um
trabalho da distribuidora junto à população, para maiores esclarecimentos sobre os
riscos que as ligações clandestinas causam para os consumidores e para quem
prática o furto de energia, pois pode ocasionar interrupções por causa de
sobrecargas e também a interrupção do fornecimento de energia para a região.
Com a utilização de cabos de aço que são mais resistentes ao corte e são
pouco atrativos economicamente pelos fraudadores, o suporte antifurto de
transformador é utilizado para inviabilizar o furto desses equipamentos e garantir
que se minimizem os prejuízos com o roubo de equipamentos e materiais da rede
elétrica.
A concessionária com o detector de desvio de energia, micro-câmaras e
equipamento de medição centralizada visa combater as fraudes de energia existente
na rede distribuição, identificando-as por meios desses aparelhos desenvolvidos
para tal finalidade, cujo objetivo principal é conter e dificultar cada vez mais o desvio
de energia elétrica por parte de fraudadores, além de evitar prejuízos para a
concessionária e garantir mais qualidade no fornecimento de energia para o
consumidor, sem que haja interrupções na rede por causa de consumidores
fraudadores.
Em parceria a COPEL, COCEL, FORCEL, CELESC, CFLO, SANTA CRUZ e
as Secretarias Estaduais do Planejamento, de Coordenação Geral e do Trabalho,
Empregos e promoção Social, a partir de 2003 desenvolveram um programa
denominado de Luz Fraterna que beneficia os consumidores de baixa renda que são
inscritos neste programa. Para participar do programa é necessário que os
moradores da classe residencial atendam aos seguintes requisitos:
135
• ser da subclasse residencial baixa renda com atendimento monofásico;
• estar o titular da unidade consumidora cadastrado no Programa Social da
Copel, ou ser beneficiário de Programa Social do Governo Federal: Bolsa
Escola, Bolsa Alimentação e Vale Gás;
• ter consumo até 100kWh/mês;
• não possuir mais de uma conta cadastrada em seu nome.
Para os moradores da classe rural os requisitos são:
• ser monofásico ou bifásico, com disjuntor até 50 A;
• ter consumo até 100kWh/mês;
• não possuir mais de uma conta cadastrada em seu nome.
Além desse orograma, existe também o Luz para Todos que apresenta os
mesmos objetivos do Programa Luz Fraterna. O Programa Luz Para Todos, além de
levar energia à população rural, oferece soluções para utilizá-la de maneira a
desenvolver social e economicamente as comunidades, contribuindo para a redução
da pobreza e para o aumento da renda familiar.
O Programa Luz Para Todos tem como agentes executores as
concessionárias e pressionárias de distribuição de energia elétrica e as cooperativas
de eletrificação rural, autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Também compõem a estrutura do programa a Comissão Nacional de
Universalização (CNU), o Comitê Gestor Nacional (CGN), os coordenadores
regionais, os Comitês Gestores Estaduais (CGE), os agentes Luz para Todos e os
governos estaduais. A Aneel é convidada a participar como integrante, da Comissão
Nacional de Universalização, do Comitê Gestor Nacional e dos Comitês Gestores
Estaduais por meio das agências reguladoras estaduais.
136
CAPÍTULO 4 – COMPARAÇÃO ENTRE AS DISTRIBUIDORAS E O S
MÉTODOS UTILIZADOS PARA SE COMBATER O FURTO DE ENER GIA
As companhias de energia estudadas e abordadas neste trabalho apresentam
diferentes valores de perdas de energia, quando comparadas entre si, mas para
compará-las é necessário analisar diversos fatores que contribuem para os dados
apresentados em relação às perdas comerciais, como, os métodos utilizados por
elas para se combater o furto de energia, assim como os resultados obtidos.
Um dos fatores que devem ser analisados é a violência existente nas
localidades onde atua determinada concessionária, no Rio de Janeiro, as perdas
comerciais de energia nas concessionárias Light e Ampla são bem mais acentuadas
por causa da violência que é, relativamente, alta.
A Ampla desenvolveu a rede antifurto que afasta e eleva a baixa tensão o que
difere pouco do método utilizado pela companhia paranaense que somente afasta a
baixa tensão dos postes e já conseguiu obter resultados satisfatórios, por enquanto,
com essa implantação nova de rede. Mas de acordo com a Ampla, somente afastar
a baixa tensão não iria conter os altos índices de furto de energia na região e por
isso desenvolveu um método que condiz com seus problemas sociais e suas perdas
de energia, assim como a Copel que julgou não ser necessário para seus problemas
com as perdas de energia.
O sistema de medição centralizada veio de encontro aos problemas de todas
as distribuidoras analisadas, e tanto COPEL, Light, Ampla e Eletropaulo utilizam o
sistema de medição centralizada para evitar fraudes em medidores, riscos aos
funcionários, quando estes precisam ir ao local realizar cortes e ligamentos de
consumidores, este método oferece para os funcionários praticidade e segurança.
Todas as distribuidoras de energia estudadas investem em planos de ação
social para os consumidores considerados de baixa renda. Existem programas que
estes consumidores são isentos de pagar energia. Com esses programas tentam
também informar os consumidores como utilizar melhor sua energia para se evitar
desperdícios e principalmente garantir que estes venham a furtar energia sem
necessidade, pelo fato de estarem dentro de programas criados pelas empresas
para isenção desses consumidores.
A COPEL e a CEMIG, das concessionárias estudadas, são as que
apresentam os menores índices de perdas de energia e, conseqüentemente,
137
investem menos para conter as perdas comerciais, mas o prejuízo que as perdas
comerciais acarretam a elas é um valor elevado. O furto de energia, ligações
irregulares, fraudes em medidores, roubo de materiais e equipamentos não
garantem aos seus consumidores um bom funcionamento, qualidade na distribuição
de energia, o que gera um descontentamento dos consumidores. Cabe aos
consumidores denunciarem às companhias as fraudes, furtos, etc., para se evitar as
perdas comerciais, prejuízos e descontentamentos.
Como, as duas distribuidoras citadas acima, possuem menos perdas
comerciais, possuem mais facilidade para contê-las que as demais empresas de
energia estudadas. Mas mesmo apresentam menores índices de perdas comerciais,
precisam investir em métodos e em programas sociais para evitar que esse número
aumente.
A CEMIG, para evitar perdas comerciais, como o registro de consumo de
energia elétrica inferior ao real, a ela identifica irregularidades nos medidores por
diferentes métodos. Através das leituras mensais, feitas pelos agentes da empresa,
do rompimento de selos contidos no aparelho medidor, ou verificações mais
sofisticadas, feitas por sistemas de inteligência e por equipamentos especiais para
localização e caracterização das irregularidades. A companhia tem uma perda de
energia da ordem de 1,6% sobre o total requerido pelos consumidores, devido a
furto de eletricidade que comparado às concessionárias do Rio de Janeiro e de São
Paulo é um número baixo, visto que as perdas comerciais no Brasil, em um ano, são
de R$ 6,5 bilhões.
Nas distribuidoras do Rio de Janeiro além de problemas com favelização
crescente, existe um problema intenso com o narcotráfico e o risco existente para os
funcionários que trabalham nessas regiões é muito intenso. A concessionária afirma
que com a utilização do sistema de medição centralizada e com a rede com padrão
DAT, Derivação Aérea Transversal, conseguiu reduzir significativamente o furto de
energia nas localidades onde foram instalados.
O sistema de medição centralizada, em 2005, foi instalado pela Ampla,
inicialmente no Jardim Catarina, em São Gonçalo, com 3200 consumidores e as
perdas totais existentes na região na baixa tensão era de 52% e o índice de
inadimplência de 15%. Após a utilização da rede com padrão antifurto e o sistema
de medição centralizada desenvolvido pela Landys Gyr conseguiu-se obter os
resultados expressos na tabela 4.1.
138
As perdas comerciais após quatro meses de instalação da rede antifurto que
afasta e eleva a baixa tensão juntamente com o sistema de medição centralizada
reduziram-se em menos de 2%.
Tabela 4.1 – Perdas de energia da Ampla após rede D AT e medição centralizada
SF Fonte: Landys Gyr 2007.
O gráfico da figura 4.1 ilustra as perdas na medição da Ampla, em uma parte
do bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, que utilizam o sistema de medição
centralizada no ano de 2007. Pode-se verificar que no início do ano as perdas na
rede convencional eram significativamente maiores do que nas redes com sistema
de medição centralizada implantada.
De um modo geral com a instalação desse sistema as perdas comerciais
reduziram e contribuíram para a redução das perdas nas redes convencionais como
se pode verificar na figura 4.1 que representa a comparação das perdas comerciais
em redes com sistema convencional e com sistema de medição centralizada na
Ampla.
P
Figura 4.1 – Comparação de perdas comerciais
Fonte: Landys Gyr, 2007.
Medidor Núm. de clientes Perdas de medição % perda s
Medidor 1 31 4,9 0,22
Medidor 2 25 67,3 3,68
Medidor 3 16 2,3 0,32
Medidor 4 38 23,2 1,27
Medidor 5 41 33,72 1,75
Total 151 131,42 1,54
139
A Companhia Energética de São Paulo realiza programas de inspeção para
localizar irregularidades, substituição de medidores de energia obsoletos, sempre
estuda meios de como atuar em áreas de risco, ferramentas e equipamentos para
localização das ligações clandestinas e fraudes em medidores de energia. Entre
esses métodos a medição eletrônica é um dos principais métodos aplicados pela
Eletropaulo.
Em outubro de 2007, a Eletropaulo afirma que pretende investir algo em torno
de R$ 700 milhões, em um prazo de dez anos, na implementação do projeto para
tentar reduzir em 60% as perdas anuais de R$ 500 milhões.
A medição eletrônica está sendo aprimorada no departamento de Pesquisa e
Desenvolvimento da AES Eletropaulo, no bairro paulistano do Cambuci. Pretende-se
iniciar em 2008 um projeto piloto, como está praticamente pronta, a ferramenta vai a
campo com o desafio de reduzir as perdas comerciais de 2,3 GWh de energia que a
distribuidora registra todos os anos na sua área de concessão, ou seja, nos 24
municípios da Grande São Paulo.
De acordo com a Companhia de São Paulo com 2,3 GWh poderiam iluminar
durante um ano uma cidade com 300 mil habitantes. E caso fossem vendidos
integralmente, os GWh acrescentariam R$ 500 milhões ao faturamento bruto anual
de R$ 11,35 bilhões da distribuidora.
A Eletropaulo, afirma que com a troca do atual medidor eletromecânico pelo
eletrônico e com a utilização de outras medidas, como a blindagem das linhas de
energia vão eliminar a necessidade de um funcionário ir até o local para realizar a
leitura no relógio de medição, pois as informações de consumo serão obtidas por
meio dos cabos de fibra óptica da rede elétrica. Além disso, o sistema permitirá
avisar à central de comando, que também fica no Cambuci, qualquer interferência na
rede, como, por exemplo, o furto de energia feito diretamente no poste de luz. Com
esse medidor eletrônico e esse sistema, poderão ser efetuados cortes e ligações de
energia da central de operações da distribuidora.
A figura 4.2 ilustra o balanço energético da distribuidora de abril a junho de
2007. Na figura 4.2 o contrato de Itaipu do gráfico difere do apresentado no balanço,
pois os valores contábeis de energia não apresentam perdas na rede básica
contabilizadas pelo CCEE, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
140
Figura 4.2– Balanço energético da AES El etropaulo
Fonte: AES Eletropaulo, 2007.
As perdas de distribuição que considera o total de suprimento de energia
medido no período de junho de 2006 a junho de 2007 corresponde a 45.487,9 GWh.
O total das perdas é um percentual desse montante, deduzindo-se energias
retroativas faturadas relativas à recuperação de fraudes. A média de perdas
comerciais de junho de 2006 a junho de 2007 corresponde a 12,18%, sendo dividida
em perdas técnicas (6,49%) e comerciais (5,69%). A figura 4.3 representa as perdas
totais de junho de 2006 e junho de 2007, conforme figura 4.3.
Figura 4.3– Perda s totais de energia da AES Eletropaulo
Fonte: AES Eletropaulo, 2007.
141
No segundo trimestre de 2007, 2T07, foi apurado um aumento pontual no
volume de perdas totais em função do menor número de dias faturados em junho de
2007 com relação a junho de 2006. Entretanto, a distribuidora de energia mantém
sua meta de redução das perdas totais.
Cada concessionária avalia a situação que ela encontra em relação às perdas
comercias e procura utilizar métodos e desenvolver ferramentas e equipamentos de
acordo com suas necessidades. Pois cada uma tem um quadro de perdas, um
cenário diferente, dificuldades diferentes e diferentes fatores que interferem na
solução das perdas comerciais, por isso cada uma delas estudam todos os métodos
existentes e verifica se este é cabível ou não para a empresa e principalmente
analisa quais vantagens e desvantagens terão com estes e a partir daí, optam por
usá-lo ou não.
142
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO
Este trabalho corresponde a um estudo das perdas comerciais de energia em
redes de distribuição nas distribuidoras brasileiras e em especial as distribuidoras:
Ampla, Light, AES Eletropaulo, CEMIG e COPEL e apresenta o estudo do caso da
concessionária paranaense de energia, a COPEL.
No desenvolvimento do trabalho, abordou-se o problema que as distribuidoras
de energia enfrentam por causa das perdas comerciais, indicando quais delas
apresentam maiores perdas comerciais, os tipos de perdas comerciais através de
dados fornecidos pelas mesmas. Além disso, relatam-se, também, os programas de
ação das companhias de energia, os métodos que cada uma utiliza para combater o
furto de energia e os resultados obtidos.
As perdas comerciais estudadas se referem às ligações clandestinas, fraudes
e violação em medidores de energia, furtos de equipamentos e materiais da rede de
distribuição.
No trabalho, consegue-se verificar as diferenças das perdas comerciais de
energia nas concessionárias e identificar os diversos fatores que interferem em cada
companhia de energia, como locais de riscos aos funcionários, favelização
crescente, violência, narcotráfico, falta de conhecimentos dos consumidores de
baixa renda que muitas vezes por falta de informação, furtam energia quando
poderiam estar enquadrados em algum programa social. Por esse motivo as
concessionárias brasileiras de distribuição de energia apresentam perdas comerciais
bastante heterogêneas e o furto de energia, fraudes e roubo de materiais e
equipamentos são por motivos econômicos e culturais.
Cada distribuidora de energia, de acordo com seus problemas de perdas
comerciais, desenvolve projetos, ações e programas de combate ao furto de energia
levando em conta o prejuízo que as perdas acarretam à elas, a eficácia desses para
a sua área de atuação e a quantidade que podem investir para se evitar esse
problema.
No Estado do Rio de Janeiro, por apresentar um dos maiores índices de
perdas comerciais do país, foi desenvolvido uma rede com padrão antifurto, com a
baixa tensão afastada e elevada no poste, para se combater as ligações irregulares
nas regiões de elevado percentual de furto de energia e utiliza-se também, o sistema
143
de medição centralizada para garantir mais segurança e facilidade aos funcionários
que operam o sistema no escritório da empresa.
A COPEL utiliza a rede com padrão antifurto, que somente afasta a baixa
tensão do poste, por achar que esse padrão de rede é suficiente para reduzir as
ligações irregulares no Estado do Paraná e também se utilizam o sistema de
medição centralizada, em áreas, consideradas de risco.
Esses métodos foram desenvolvidos a partir de 2005 e por enquanto, estão
se mostrando eficazes e estão atendendo as expectativas das distribuidoras, mas
provavelmente estes métodos terão que ser avaliados e acompanhados pelas
empresas, para que se possam acompanhar os furtos de energia, e se necessário,
desenvolver novos métodos, conforme vão surgindo novos furtos de energia os
quais, esses métodos atuais não consigam combater.
Para reduzir esse problema, uma das principais missões das distribuidoras, é
desenvolver e aplicar métodos de combate às perdas comerciais, e principalmente
deve ser feito um acompanhamento do mesmo, pois estes precisarão futuramente
de reajustes ou de novos investimentos, ou até mesmo de outras soluções. Para se
determinar a necessidade de novas tecnologias, é preciso, que a distribuidora esteja
a par de todos os dados referentes ao furto de energia, em sua área de concessão,
deverão, também, realizar testes para acompanhar os valores das perdas
comerciais e se houver um aumento nos índices de perdas devem buscar novas
soluções logo no início, para que se evite maiores prejuízos e má qualidade no
fornecimento de energia aos consumidores.
Esse estudo poderá ser abordado novamente como tema de outros trabalhos,
pois sempre existirão novas soluções de combate ao furto de energia e as
concessionárias a fim de se evitar maiores prejuízos e com o intuito de proporcionar
ao seu consumidor bom fornecimento de energia e evitar que haja sobrecargas na
rede de distribuição em decorrências das ligações clandestinas, fraudes, violação de
medidores e roubos de equipamentos e materiais da rede.
Também poderá ser abordada a implementação de novos sistemas para se
combater o furto de energia. Poderá se realizar uma análise econômica mais
detalhada das perdas de energia e o estudo de outras concessionárias que não
foram abordadas neste trabalho.
144
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