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12
UNIVERSIDADE TIRADENTES
HÉLDER JOSÉ ARAÚJO SANTOS
SEGURANÇA PRIVADA:FUNDAMENTOS JURÍDICOS E ASPECTOS
RELEVANTES
Aracaju2009
13
HÉLDER JOSÉ ARAÚJO SANTOS
SEGURANÇA PRIVADA:FUNDAMENTOS JURÍDICOS E ASPECTOS
RELEVANTES
Monografia apresentada à Universidade Tiradentes como um dos pré-requisitos para a obtenção do grau de bacharel em Direito.
ORIENTADORA: Priscila Formigheri Feldens
Aracaju2009
14
HÉLDER JOSÉ ARAÚJO SANTOS
SEGURANÇA PRIVADA:FUNDAMENTOS JURÍDICOS E ASPECTOS RELEVANTES
Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Tiradentes – UNIT, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito.
Aprovada em ___/___/___.Banca Examinadora
________________________________________________Priscila Formigheri Feldens
Universidade Tiradentes
________________________________________________Nome do Professor
Universidade Tiradentes
________________________________________________Nome do Professor
Universidade Tiradentes
15
Às mulheres de minha vida:
Zenilde Araújo e Regina Santos.
16
AGRADECIMENTOS
Com a mais sublime sinceridade e alegria, dedico este trabalho:
A Deus e aos Espíritos de luz, por estarem sempre presentes em minha
vida, por me guiarem, dando-me forças para que eu chegasse até aqui.
Aos meus pais, Nelson Santos e Zenilde Araújo, e aos meus avós, Nelson
Santos (in memorian) e Regina Santos, que não mediram esforços em seu apoio
incondicional. Desculpem-me pelos momentos de ausência que foram essenciais
para o alcance desta conquista. AMO VOCÊS ETERNAMENTE!
Ao meu grande velho amigo e tio, Laert Araújo, pela paciência e apoio em
me ajudar a seguir o caminho do Direito. Muito grato!
Aos meus companheiros de estrada Grace Ane, Ítalo Jorge, Marcos
Figueiroa, Paula Gama, Wagner Rafael, entre tantos outros, pela amizade, união e
por sempre estarem comigo. Valeu!
Aos meus colegas de trabalho da CEF e do escritório Santana Araújo e
Costa, pelo incentivo e ajuda. Obrigado!
A minha orientadora Priscila Feldens, por dedicar parte de seu tempo
para ajudar-me e compartilhar comigo os seus sábios ensinamentos.
Enfim, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente. O meu
muito obrigado!
17
“Que eu não perca o sentimento de
justiça, mesmo sabendo que o
prejudicado possa ser eu...”
CHICO XAVIER
18
RESUMO
A presente monografia trata dos aspectos relevantes e fundamentos jurídicos
da atividade de segurança privada no Brasil. Destacando, o conceito de segurança
pública, os entes que são responsáveis pela segurança pública, a relação entre
segurança pública e a atividade de segurança privada, a definição de segurança
privada, os órgãos que controlam e fiscalizam os serviços de segurança privada, a
cargo do Ministério da Justiça e do DPF - Departamento de Polícia Federal. Assim
como também, os tipos de empresas que exercem a atividade, a segurança
patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal, segurança
orgânica, os requisitos de autorização para funcionamento, o conceito de vigilante,
os requisitos para exercício da atividade, seus direitos e deveres. Aborda ainda,
aspectos relativos aos cursos de formação de vigilante e reciclagem, o armamento
utilizado e autorizado, o plano de segurança dos estabelecimentos financeiros, o
Sistema Nacional de Segurança Privada, as empresas que funcionam de forma
irregular e clandestinas, a problemática legal sobre segurança privada.
PALAVRAS-CHAVES: Segurança Pública; Segurança Privada, Segurança Orgânica,
Segurança Especializada
19
RESUMEN
Esta monografía aborda los aspectos relevantes y fundamentos legales de la actividad de seguridad
privada en Brasil. Hincapié en el concepto de la seguridad, las entidades que son responsables de la
seguridad pública, la relación entre la seguridad pública y la actividad de seguridad privada, la
definición de las agencias de seguridad privadas que controlar y supervisar los servicios de seguridad
privada, por el Ministerio de Justicia y el DPF - Departamento de Policía Federal. Así como los tipos
de empresas dedicadas a la actividad, la seguridad de bienes, el transporte de efectivo, escolta
armada, seguridad personal, la seguridad ecológica, los requisitos de autorización para la operación,
el concepto de vigilancia, los requisitos para el ejercicio de la actividad, su derechos y deberes.
También se examinan los aspectos relativos a la vigilancia cursos de formación y el reciclaje, las
armas utilizadas y aprobado, el plan de seguridad de las instituciones financieras, la Nacional de
Seguridad Privada, las empresas que operan ilegalmente y subterráneos, la cuestión de la seguridad
jurídica privado.
PALABRAS CLAVE: Seguridad Pública, de Seguridad Privada, Las Organizaciones de Seguridad,
Especialista em Seguridad.
20
LISTA DE SIGLAS
ACI – Auto de Constatação de Infração
CCASP – Comissão Consultiva para assuntos de Segurança Privada
CGCSP – Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada
CF – Constituição Federal
CFTV – Circuito Fechado de Televisão
CNV – Carteira Nacional de Vigilante
CP – Código Penal
CPP - Código Processual Penal
CTI – Coordenação de Tecnologia e Informação
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
CV – Comissões de Vistorias
DELESP – Delegacia de Controle de Segurança Privada
DPF – Departamento de Policia Federal
GESP – Gestão Eletrônica de Segurança Privada
PGD – Programa Gerados de Demanda
PGDM – Portas Giratórias Detectoras de Metais
SISVIP – Sistema Nacional de Segurança Privada
21
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12
2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA............................................14
2.1 Observações necessárias sobre Segurança Pública..................................14
2.2 Especificidades sobre a Segurança Privada ..............................................17
2.3 Segurança Pública versus Segurança Privada............................................20
3 DOS PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA
PRIVADA...................................................................................................................22
3.1 Empresas especializadas............................................................................22
3.2 Atividades fornecidas pelas Empresas Especializadas...............................27
3.3 Vigilante.......................................................................................................28
22
3.4 Armamento..................................................................................................33
3.5 Plano de Segurança....................................................................................35
3.6 Auto-executoras de serviço de segurança privada (Segurança
orgânica)............................................................................................................39
3.7 Empresas clandestinas................................................................................40
4 DA LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA A SEGURANÇA PRIVADA................43
4.1 Fundamento legal do serviço de segurança privada...................................43
4.2 Órgãos de controle......................................................................................46
4.3 Infrações e Penalidades..............................................................................47
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................50
REFERÊNCIAS..................................................................................
23
1 INTRODUÇÃO
A violência, ultimamente, representa uma das grandes dificuldades e
dilemas para o Estado, bem como, um dos maiores medos e preocupações da
sociedade brasileira. Ante este quadro assustador, a segurança privada destaca-se
como uma forma alternativa e substitutiva que foi encontrada para suprir essas
deficiências da segurança.
O fornecimento estatal do serviço de segurança pública infelizmente não
satisfaz as necessidades sociais, o que leva a sociedade, como um todo, a recorrer
aos serviços de empresas privadas de segurança para proteger seus bens,
patrimônios, assim como a integridade física e a vida humana.
A segurança privada, que anteriormente abrangia apenas algumas
atividades das quais o setor privado sentia necessidade como proteção específica,
se estendeu, e hoje engloba um número maior de atividades. É justamente este
desenvolvimento acentuado e preocupante, sem uma lei clara, específica e atual de
segurança privada, que se aborda neste trabalho.
Aspectos relevantes e fundamentais de aplicação da atividade de
segurança privada serão explanados de maneira simples e clara, destacando-se
pontos como: conceitos, tipos de empresas que exercem essa atividade, direitos e
deveres dos vigilantes, armamentos, planos de segurança e outros elementos e
requisitos necessários ao exercício desse serviço.
Dessa forma, procurou-se uniformizar os procedimentos referentes às
empresas prestadoras de serviços de segurança privada, às empresas que
24
desenvolvem serviços de segurança orgânica e aos planos de segurança dos
estabelecimentos financeiros.
É neste ímpeto que se justifica a necessidade de realizar um trabalho de
pesquisa, reflexão e análise sobre os aspectos positivos e negativos da atividade de
segurança privada, como também explicitar o porque e de que maneira este sistema
funciona e suas principais peculiaridades, funcionalidades e considerações legais.
Esta análise visa salientar a importância da atividade de segurança
privada, através da análise de alguns artigos da lei 7.102/83, bem como, transmitir
conhecimento e informações sobre o tema e suas peculiaridades.
Utilizando-se o método indutivo, aborda-se dentro do tema, aspectos
importantes para melhor compreensão, como a segurança pública e sua relação
com a segurança privada, pontos proeminentes das empresas especializadas que
desenvolvem essa atividade; os vigilantes, seus deveres e direitos, a carteira
nacional de vigilantes, órgãos responsáveis pela fiscalização e controle dentre
outros.
Em relação à segurança pública procuram-se suas nuances, a visão
crítica de alguns autores para melhor esclarecer seus conceitos e definições. Faz-se
ainda um paralelo entre segurança pública e privada, discorre-se sobre os conceitos
desta, as empresas que atuam nesse ramo de atividade, a atividade profissional do
vigilante e, outros aspectos relevantes.
Finalmente, aborda-se o tema de forma analítica e reflexiva evidenciando
sua problemática legal e a atividade desenvolvida por empresas que agem de forma
clandestina e, dentro deste enunciado, a dificuldade que a legislação atual tem em
propiciar uma maior fiscalização destas empresas.
25
2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA
O aspecto de estudo desse trabalho tem como foco principal a segurança
privada regulamentada pela lei 7.102 de 20 de junho de 1983 e suas inúmeras
atualizações.
Dando prosseguimento ao trabalho, passemos a analisar a Segurança
Pública, vendo os conceitos de segurança, violência, segurança privada, traçando
um paralelo entre Segurança Pública e Segurança Privada.
2.1 Observações necessárias sobre Segurança Pública
Um dos meios basilares para promover as mudanças indispensáveis à
concretização da cidadania no Brasil é a Segurança Pública. Entretanto, a violência,
na sua principal forma de criminalidade urbana, ocupa um lugar importantíssimo na
formação brasileira.
Segundo o entendimento da OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE, violência é o uso intencional da força ou de poder físico na forma real ou de
ameaça, contra si mesmo, contra outrem, contra um determinado grupo ou contra
uma comunidade, que resulta ou tem grandes chances de resultar em ferimento,
morte, danos psicológicos subdesenvolvimento e privação:
26
Em regra, a violência resulta da ação, ou da força irresistível, praticada na intenção de um objetivo que não se teria sem ela.Juridicamente, a violência é espécie de coação, ou vencer a capacidade de resistência de outrem, ou executá-lo, mesmo contra a sua vontade. É, igualmente, ato de força exercido contra as coisas, na intenção de violentá-la, devassá-las ou, delas se apossar (SILVA, De Plácido e. 2006, p.1489).
A formação das principais cidades do país foi seguida pelo aumento da
taxa de criminalidade. Nesta linha, os crimes contra o patrimônio tiveram um
aumento significativo. Conforme dados explanados na 1ª Conferência Nacional de
Segurança Pública, o crescimento foi de 23% (vinte e três por cento) nos últimos
cinco anos (2009, p. 02).
É sabido por todos, que a criminalidade produz um número expressivo de
vítimas, o que acaba por acarretar o aumento do medo e da sensação de
insegurança.
Dessa forma, temos como um dos pilares da estrutura do Estado
Democrático de Direito, ao qual o Brasil se filia como corrente política e doutrinaria,
enfatizando esse ramo da segurança, como obrigação do Estado, direito e
responsabilidade de todos, a Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988,
que por sua vez, destaca em seu capítulo III, sob o Título – Da Segurança Pública,
que:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;II - polícia rodoviária federal;III - polícia ferroviária federal;IV - polícias civis;V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Diferente do que imagina a grande maioria da sociedade, a Segurança
Pública é um tema bastante complexo, que em si abrange diversas variáveis e
27
também exige, dos responsáveis por sua implantação, conhecimentos técnicos
específicos (Câmara, 2007).
Nessa linha, para melhor entender a definição de segurança, e mais
especificamente de Segurança Pública, buscou-se realizar pesquisa entre a doutrina
para melhor fundamentar o seu significado, bem como suas nuances:
Segurança: derivado de segurar, exprime, gramaticalmente, a ação e efeito de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de perigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigos e riscos, de estar afastado de danos ou prejuízos eventuais. Segurança pública: é o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode turbar a liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a (SILVA, De Plácido e. 2006, p.1266).
Outra definição de Segurança Pública é fundamental para melhor
embasar a compreensão do tema e suas distinções:
Segurança Pública: é de competência do Estado em garantir a segurança de pessoas e bens na totalidade do território brasileiro, a defesa dos interesses nacionais, o respeito pelas leis e a manutenção da paz e ordem pública. Desta forma podemos então afirmar, que a segurança pública deve ser entendida, como um direito fundamental do cidadão (CALDAS, 2007).
Dessa forma, conclui-se pela responsabilidade do Poder Público e de
seus entes, União, Estados, Distrito Federal e Municípios na aplicação e no
cumprimento dos objetivos constitucionais referentes à segurança pública.
28
2.2 Especificidades sobre a Segurança Privada
No Brasil, a necessidade da utilização da segurança privada começou
com os roubos, ocorridos a partir da segunda metade da década de 1960, a
estabelecimentos financeiros. Essas atividades criminosas começaram a ser
realizadas por grupos armados que combatiam o regime militar da época.
Conforme cita Carlos Antonio da Silva, o convívio entre militares e
bandidos em presídios e em outros estabelecimentos prisionais originou o interesse
de grupos pela atividade de roubo a estabelecimentos financeiros (2009, p. 07).
O agrupamento e a obtenção, cada vez maior, de resultados positivos
dessas ações, fez com que, tal prática, crescesse e fosse disseminada por todo o
território nacional (CAMARA, 2002, p. 235).
Ainda segundo CAMARA, com a organização e o alto nível operacional
utilizado nessas atividades, as instituições financeiras e o poder público sentiram a
necessidade de melhor aparelhar-se para enfrentar tal situação (2002, p. 235/236).
A atuação e a eficiência desses grupos criminosos causaram
perplexidade e temor na sociedade como um todo causando desconforto ao Estado
e às autoridades responsáveis pela segurança pública (CAMARA, 2002, p. 231).
Passado o período de perplexidade, foram adotadas algumas medidas para reduzir tais assaltos, as quais tiveram êxito por curto tempo, como a utilização de vigilantes para guarnecer as agências bancárias. No início o resultado foi positivo, porém logo os assaltantes perceberam que poderiam neutralizar os vigilantes sem maior esforço e que a última coisa que os banqueiros queriam era tiroteio em seus estabelecimentos. A partir daí, todas as medidas subseqüentes foram sendo neutralizadas, por serem pontuais (CAMARA, 2002, p. 235).
29
Encontrava-se descrito o ambiente perfeito para empreitadas criminosas
de amplas dimensões e o Estado não sabia como combater a crescente escala de
assaltos às instituições financeiras.
A expressiva quantidade de assaltos a bancos demonstrava não haver
mecanismo de segurança eficiente e com capacidade de enfrentar a nova situação.
Fazia-se imperativo a instituição de um sistema de segurança efetivo (SILVA, 2009
p. 07).
Diante disso, o Governo Federal, com o intuito de combater a “onda” de
roubos, editou o Decreto-Lei nº 1.034, de 21 de outubro de 1969. Dessa forma,
começaram as suas atividades, as primeiras empresas de segurança privada no
Brasil, já dotadas de organização empresarial e com o intuito de exercer de forma
eficiente a vigilância patrimonial dos estabelecimentos financeiros (SILVA, 2009, p.
07).
O Decreto-Lei n° 1.034, vigorou até o ano de 1983, quando foi revogado
pela Lei n° 7.102, a qual teve como principal ponto, a transferência da competência
para aprovar e regular o sistema de segurança das instituições bancárias, que antes
competia à secretaria de segurança dos Estados –membros para o Banco Central.
A Segurança Privada poderia ser conceituada como empresas privadas
que executam a atividade de proteção, seja ela financeira, individual, patrimonial; ou
seja, pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços de segurança. Bem
assim, seria aquela em que o poder público não exerce de forma direta, mas tão
somente, através de fiscalização e controle. Estes são efetuados através da
verificação contínua e permanente de como se desenvolve os procedimentos a
cargo das pessoas jurídicas de direito privado.
30
Entretanto, na visão da doutrina majoritária MAURITÔNIO, SILVA, o
conceito de Segurança Privada vai muito além do descrito no parágrafo acima.
Como se observa adiante no conceito oriundo do órgão regulamentador e
fiscalizador da respectiva atividade, o Departamento da Policia Federal - DPF
Atividade desenvolvida por pessoas devidamente habilitadas, por meio de empresas especializadas, visando a proteger o patrimônio, pessoas, transportar valores e apoiar o transporte de cargas. Tem caráter de complementaridade às ações de segurança pública, preventiva e ostensiva (SILVA, 2008, p. 9).
Nesta mesma linha, merece destaque também outra definição, que
embora mais simples, retrata a visão das empresas especializadas responsáveis
pela atividade supracitada e que proporciona grande entendimento sobre o tema:
São as atividades desenvolvidas em prestação de serviços por empresas privadas e que tenham como características proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas (CALDAS, 2007).
As cifras indicativas dos serviços de segurança privada são
impressionantes e evidenciam o grau de investimentos e recursos oriundos da
atividade. Conforme dados do IBGE, em pesquisa publicada por KANT datada do
ano de 2002, o gasto com segurança privada gerou, no Brasil, um lucro de R$ 5,9
bilhões, e houve uma previsão de crescimento médio de aproximadamente 6%.
Dessa forma, observa-se que esta atividade constitui-se em um dos mais
importantes geradores de trabalho e emprego, respondendo por expressiva fatia do
produto interno bruto do país e por uma arrecadação de divisas fiscal-tributária
surpreendente.
31
2.3 Segurança Pública versus Segurança Privada
Na atualidade, um dos maiores problemas sociais existentes é a questão
da segurança e tem chamado a atenção das autoridades para as conseqüências
desagradáveis que tais circunstâncias ocasionam.
Demarcar as diferenças e definir as atribuições entre segurança pública e
privada é fundamental para o entendimento das necessidades sociais neste setor.
De acordo com Câmara, a insegurança se transformou ao longo dos anos
em um problema de grandes extensões, despertando interesse tanto das
autoridades instituídas, como da sociedade, que buscam de forma hábil combatê-la
e amenizá-la. Assim, surgiu como opção para a sociedade, como também para o
Estado, a Segurança Privada, mais barata e, porque não dizer em certas situações,
mais eficiente (2002, p. 235/236).
Deve-se levar em conta também, a falsa visão de que todos sabem como
resolver os problemas da segurança, seja esta pública ou privada. O que é uma
inverdade (CAMARA, 2007).
A maioria da população: políticos, empresários e até mesmo alguns “profissionais”, confundem segurança pública com polícia e segurança privada com vigilância. Essa falsa visão de segurança os leva a acreditar em soluções simplistas para os problemas que os afetam e nos afligem. Assim como acontece com o futebol, na área de segurança não faltam “técnicos” a pontificar sobre o que não sabem (CAMARA, 2002, p. 231).
Assim, compreende-se o porquê em questão de segurança, seja pública
ou privada, impera o uso contínuo de paliativos, que não resolvem os problemas e
32
simplesmente camuflam a realidade da população em geral (CÂMARA, 2002, p.
231).
Um aspecto importante na questão segurança pública versus privada, é
que cada uma tem um foco específico e particularidades perfeitamente identificadas.
Conforme se observa abaixo:
A segurança privada moderna não deve ser tida como substituta da Segurança Pública, mas como complementar desta, na medida em que supre algumas deficiências de um sistema defasado e que não atende, em sua plenitude, aos anseios de segurança como uma das mais prementes buscas dos cidadãos em um mundo cada vez mais tecnológico, globalizado e sujeito a mazelas dessa globalização (SILVA, 2008, p. 8).
Para outros autores o sentido de complementaridade vai bem além do
caráter meramente acessório. Representando verdadeira fonte de apoio e auxílio ao
projeto de segurança pública:
A oferta de serviços privados de segurança pode não representar um problema em sociedades em que esse serviço funciona como um complemento à atividade de segurança pública e onde o estado tem um forte controle no funcionamento e fiscalização dessa empresas. Numa sociedade extremamente desigual, na qual o poder público não consegue garantir a segurança pública de sua população, esses serviços funcionam como um substituto à segurança pública, como uma opção para os que podem pagar por sua segurança (CUBAS, 2005, p. 164).
33
3 DOS PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE
SEGURANÇA PRIVADA
Como visto anteriormente, procedemos a uma rápida introdução
expositiva sobre segurança pública, sua fundamentação constitucional e quem tem a
obrigação de prestá-la, assim como uma breve introdução do que viria a ser
Segurança Privada, além de um comparativo entre a Segurança Pública e a
Segurança Privada.
Este capítulo é dedicado às considerações sobre os prestadores do
serviço de segurança patrimonial, ou seja: as empresas especializadas e as
empresas de segurança orgânicas, bem como de alguns elementos que compõem
estas prestadoras de serviço.
3.1 Empresas Especializadas
O Serviço de segurança privada contratado tem um caráter peculiar,
neste tipo de serviço surge o conceito de terceirização, ou seja, é a contratação de
uma terceira pessoa para prestar um determinado serviço, que não manterá nenhum
34
vínculo de trabalho com a contratante, porém prestará o serviço a este (NUNES,
1996, p. 99).
Nesta linha, as empresas especializadas são as únicas prestadoras desse
serviço aptas a prestar tal oficio:
Empresas especializadas são aquelas que possuem autorização de funcionamento expedida pelo departamento de policia federal e que foram criadas com o fim específico de explorar e comercializar qualquer atividade considerada como de segurança privada (NUNES, 1996, p. 99).
As empresas especializadas são divididas considerando-se as atividades
que se dispõem a executar, conforme NUNES, vê-se:
EMPRESAS DE VIGILÂNCIA - Estes tipos de empresas especializadas
são aptas a prestar o serviço de vigilância patrimonial. São as mais fáceis de ser
encontradas dentre as existentes, uma vez que os requisitos exigidos para
autorização de funcionamento são menores.
Para conseguirem prestar seus serviços em conformidade com a lei, além
da autorização pelo Departamento da Polícia Federal, as empresas de segurança
devem comprovar que dispõem de uma infra-estrutura mínima para o
desenvolvimento de suas atividades. Essa estrutura mínima diz respeito a:
Recursos humanos – este requisito está sempre relacionado ao
efetivo de vigilantes contratados.
Recursos financeiros – este, está ligado ao capital social da
empresa.
Instalações adequadas – este item é relacionado à estrutura física
da empresa bem como com os materiais para o desempenho da
atividade
35
É vetado ao vigilante exercer sua atividade em vias de logradouros
públicos, e mesmo seu deslocamento armado, ou desarmado, em passeios públicos.
EMPRESAS DE TRANSPORTE DE VALORES - São as empresas que
desenvolvem, em regra, suas atividades com a utilização de veículos específicos,
denominados de blindados ou carros-fortes. Contudo, pode haver o transporte de
numerário em veículos comuns. Consiste essencialmente, no translado de bens ou
valores, mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais. Nesta hipótese, a
empresa deve ser devidamente autorizada para esta atividade e seus vigilantes
devem realizar o curso de extensão em transporte de valores.
Em regra, o transporte de numerários se dá em carros fortes, porém, se a
quantia for entre 07(sete) mil e 20 (vinte) mil Ufirs, esse transporte pode ser feito em
carro comum, com no mínimo 02 (dois) vigilantes especializados.
É obrigatório, para a empresa que fornece esse tipo de serviço, possuir
no mínimo 16 (dezesseis) vigilantes com curso de extensão em transporte de
valores e pelo menos 02 (dois) carros especiais.
Segundo o entendimento de SILVA, a estrutura para desenvolver a
atividade de transporte de valor é a mesma referente ao de vigilância patrimonial
acrescido de:
Garagem exclusiva para, no mínimo, dois veículos especiais de
transporte de valores;
Cofre para guarda de valores e numerários
Alarme capaz de permitir, com rapidez e segurança, a comunicação
com os órgãos policiais próximo ou empresas de segurança privada.
36
EMPRESAS DE CURSOS DE FORMAÇÃO - A derradeira empresa de
segurança especializada existente é a apta a ministrar cursos de formação de
vigilantes. Estas empresas são as únicas permitidas pelo DPF a formar vigilantes.
Segundo os ensinamentos de SILVA, o curso de formação tem por
finalidade formar, especializar e reciclar os vigilantes (2009, p. 18) .
Estas empresas se diferem das demais por não poderem realizar suas
atividades paralelamente como as de outra categoria, além de ser a única que tem a
permissão de adquirir equipamento de recarga e proceder à recarga de munição.
Para serem autorizadas, as empresas especializadas em curso de
formação de vigilantes, tem que ter os mesmos requisitos das anteriores, porém,
conforme NUNES, os recursos humanos neste caso, não estão ligados ao numero
de vigilantes e sim à capacidade técnica dos instrutores da escola e, em relação às
instalações das empresas, deverão possuir:
Três salas de aulas com a capacidade mínima de formação
simultânea mensal de 60 (sessenta) alunos, podendo cada sala
conter no máximo 45 (quarenta e cinco) alunos
Local adequado para treinamento físico e de defesa pessoal
Sala de instrutores
Estande de tiros próprios ou convênio com instituições militares,
policiais ou clube de tiro
Requisitos de autorização para funcionamento da Empresa
Especializada - Para terem autorização de funcionamento, as empresas devem
preencher diversos requisitos para o exercício da atividade de segurança privada. O
não cumprimento dessas obrigações decorre na negativa de aceitação da empresa
para a finalidade sugerida, e dessa forma, não há que se falar em empresa
37
efetivamente. Assim, se a mesma vier a funcionar sem a devida autorização,
encontra-se na clandestinidade; e se utilizar armamento, enquadrar-se-á nos tipos
penais previstos no estatuto respectivo.
Entende-se que a segurança desarmada também deva sofrer algum tipo de regulamentação e controle, que a priori seria mais bem executado por estados e municípios, tamanho é o volume de profissionais exercendo tal atividade em condomínio residencial e/ou empresarial, shopping, indústria e comércio, shows e eventos em diferentes e distantes localidades do país. Assim como, os segmentos de: segurança eletrônica, alarmes, cercas elétricas, blindagem de veículos e edifícios, circuito fechado de televisão, investigações particulares que da mesma forma encontram-se desamparados pela citada legislação (COELHO, 2006, p. 19).
São requisitos principais para a constituição de empresa especializada
em Segurança Privada os seguintes (SILVA, 2009, p.10):
Que os sócios das empresas sejam brasileiros natos ou
naturalizados;
Prova de que os sócios, administradores, gerentes e diretores das
empresas não tenham condenação criminal registrada;
Capital social integralizado correspondente a 100.000 (cem mil)
Ufirs;
Sistema de comunicação entre o setor operacional da empresa e os
seus veículos;
Deve dispor de recursos humanos adequados, podendo esta
listagem ser comprovada no prazo de 60 (sessenta) dias após a
publicação do alvará que autoriza o funcionamento;
Deve também possuir instalações físicas adequadas, de uso e
acesso restrito;
38
E, finalmente dispor de um local adequado e seguro para a guarda
do armamento e das munições.
3.2 Atividades Fornecidas pelas Empresas Especializadas
Na atualidade, onde a segurança não é total, as empresas de Segurança
investem de forma “pesada” nas atividades de proteção. Há uma grande diversidade
de empresas de segurança que se especializam conforme a necessidade do
mercado.
As empresas especializadas se dividem em Vigilância e/ou Vigilância
Patrimonial, Transporte de Valores, Segurança Pessoal, Escolta Armada e em
Serviços Orgânicos. Vê-se:
Vigilância Patrimonial. É a atividade fundamental exercida pelas
empresas especializadas autorizadas pelo DPF, desempenhada
dentro dos limites dos estabelecimentos, urbanos ou rurais, públicos
ou privados, com a finalidade de resguardar a incolumidade física
das pessoas e a integridade do patrimônio no local. Esse tipo de
serviço é, em sua maioria, utilizado por órgãos públicos, indústrias e
grandes empresas. A empresa deve possuir pelo menos 1 (um)
veículo para fiscalização e no mínimo 15 (quinze) vigilantes no seu
quadro funcional.
Transporte de Valores. Já explicada no item 3.1
39
Segurança Pessoal. É a atividade que busca garantir a integridade
física das pessoas. Tem por finalidade a adoção de técnicas de
segurança pessoal para executivos, autoridades, empresários,
artistas, desportistas e outros. É comumente conhecida como
serviços de “guarda-costas” ou “segurança VIP”. Nesta hipótese, a
quantidade de vigilantes para prestação do serviço é de livre opção
do contratante e do contratado. Os vigilantes devem realizar o curso
de extensão para realizar a segurança pessoal.
Escolta Armada. É a atividade que visa dar suporte ao transporte
de valores ou de qualquer outro tipo de carga valiosa. Sempre que
possível, deve-se deslocar próxima ao veículo que conduz a carga a
ser protegida. Neste caso, a empresa deve comprovar a
propriedade ou posse de no mínimo 02 (dois) veículos, com as
devidas identificações externas, sistema de telecomunicações. Os
vigilantes, em quantidade de 04 (quatro) podendo se reduzidos para
02 (dois), devem possuir curso de extensão em escolta armada.
Curso de Formação de Vigilantes: já foi especificado no 3.1.
3.3 Vigilante
O vigilante é considerado o elemento humano mais importante dentro da
estrutura das empresas de segurança privada. Tanto assim, que muitos são os
requisitos para o exercício da atividade, bem como, a definição que deve possuir o
40
perfil para os profissionais, devidamente identificados no Anexo I da Portaria
387/2006 (SILVA, 2009, p. 19).
Além dos requisitos exigidos acima, para o exercício da atividade os
vigilantes devem realizar obrigatoriamente cursos de formação, tendo inclusive, que
obter resultados mínimos na avaliação, bem como, realizar periodicamente curso de
reciclagem.
Para o exercício de atividade como o transporte de valores, escolta
armada e segurança pessoal é exigido ainda o curso de extensão nestas áreas.
A vigilância armada é exercida por profissional adequadamente preparado, denominado vigilante, que possui o poder de reação por meio de armas de fogo, assegurado por lei, e, portanto é previsto o rigor e o controle desses profissionais, que também por exigência legal, devem possuir vinculo empregatício com uma empresa de segurança privada autorizada a funcionar pela Polícia Federal (COELHO, 2006, p. 2).
Deve-se destacar que as atividades desenvolvidas por porteiros, vigias e
assemelhadas, que são realizadas de maneira autônoma, não estão previstas na
legislação sobre a atividade dos vigilantes, principalmente porque não há porte de
arma de fogo (NUNES, 1996, p. 271/272).
Conforme o artigo 15 da lei n 7.102, de 1985, vigilante é o empregado
contratado para desempenhar a atividade da segurança privada. Entretanto,
conforme conceito extraído da portaria de nº 387/2006, vigilantes são profissionais
capacitados pelo curso de formação, funcionários das empresas especializadas e/ou
das que possuem serviço orgânico de segurança, registrados no DPF, responsáveis
pelo desempenho da atividade de segurança privada.
Segundo o entendimento de De Plácido e Silva, apreende-se,
precisamente por vigilância, o cuidado ou a atenção que se deve dar às coisas, que
41
ficam a cargo de alguém. Corresponde, igualmente, ao serviço ou a encargo da
pessoa que é posta como vigia, ou para vigiar, isto é: para cuidar atentamente do
que lhe é confiado (2006, p.1485).
Um ponto bastante polêmico sobre a atuação dos vigilantes vem
causando uma enorme discussão sobre o fato do embate direto com assaltantes,
que geralmente resulta em morte dos profissionais de segurança ou de vítimas
inocentes desse confronto, principalmente em agências bancárias.
A reação do vigilante, utilizando sua arma contra os assaltantes, é legítima. Entretanto, deve ele reagir, ainda que sua ação coloque em risco clientes e funcionários da agência? Levando-se em conta que ao agir o vigilante o faz por delegação do Banco para defender-se de injusta agressão, cabe à administração da agência estabelecer os limites dessa reação, atendendo aos seus critérios políticos (CAMARA, 2002, p. 240).
Os requisitos básicos para que os profissionais de vigilância possam
exercer sua profissão estão estabelecidos no art. 16 da lei nº 7.102/83. Vê-se:
Ser brasileiro, nato ou naturalizado;
Ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
Ter grau de instrução no mínimo corresponde à 4ª (quarta) série do
ensino fundamental;
Possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas;
Ser aprovado em Curso de Formação de Vigilantes, devendo estes
serem realizados em estabelecimentos com funcionamento
devidamente autorizado pelo poder público;
Encontra-se em dias com as obrigações eleitorais;
Estar quite com suas obrigações militares;
Ser submetido a exames de saúde física, mental e psicotécnico, e
estar aprovado;
42
Não possuir registros de antecedentes criminais, nem estar
respondendo a inquérito policial ou processo criminal, bem como,
não ter sido condenado no processo.
Estando o indivíduo em conformidade com todos os tópicos acima, deverá
ser feito, junto ao DPF, o registro profissional do vigilante. Aquele anotará esse
registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e o Certificado de
conclusão de curso deverá ser registrado na DELESP ou na Comissão de Vistoria
(CV) (SILVA, 2009, p.19).
Os direitos dos vigilantes estão regulados no artigo 19 da Lei 7.102/83 e
no artigo 117 da Portaria n° 387/2006 – DG/DPF. Sendo estes os seguintes:
Receber uniforme aprovado pelo DPF, a expensas da empresa
autorizada. Devem fazer parte do uniforme o apito com cordão,
emblema da empresa e plaqueta de identificação do vigilante;
Porte de arma, no momento do exercício da atividade;
Acesso a materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e
estado de conservação, principalmente armas e munições;
Seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora;
Treinamento permanente de prática de tiro e de defesa pessoal;
Prisão especial por ato decorrente do exercício da atividade;
Realização de curso de reciclagem e renovação dos exames de
saúde física, mental e psicotécnico por conta de empresa
contratante.
Com relação aos deveres dos vigilantes estabelecidos na legislação,
constam do artigo 118, da Portaria n° 387/2006 – DG/DPF e são os seguintes:
Exercer as suas atividades com urbanidade, probidade e denodo;
43
Utilizar o uniforme autorizado apenas quando estiver em serviço;
Portar a Carteira Nacional de Vigilante – CNV;
Manter-se adstrito ao local sob sua vigilância, atentando-se para as
peculiaridades das atividades;
Comunicar quando houver qualquer incidente ocorrido no serviço ao
seu superior hierárquico;
Informar qualquer irregularidade com relação ao seu equipamento
de serviço, principalmente, quando se tratar de armamento,
munições e colete à prova de balas.
A CNV - Carteira Nacional de Vigilância é de uso obrigatório pelo
vigilante, quando este estiver de serviço e tem valor civil para todos os fins, em
todos os fins legais, em todo o território nacional. Na CNV deverá conter,
obrigatoriamente, todos os dados de identificação do vigilante, bem como a atividade
a que se encontra apto a realizar. A CNV só deverá ser expedida se o profissional
encontrar-se em total acordo com os requisitos exigidos para o exercício da
atividade (SILVA, 2009, p. 21).
Para ter direito a utilização da CNV, o profissional deve também, estar
vinculado à empresa especializada ou de serviço de segurança orgânica, possuir
curso de formação, de extensão ou estar com a reciclagem dentro do prazo de
validade (SILVA, 2009, p. 21).
As CNVs são expedidas com prazo de validade de 4 (quatro) anos. O
pedido de renovação deve ser apresentado no prazo de até 60 (sessenta) dias. As
vencidas ou expedidas com erro serão encaminhadas pela DELESP ou CV à
CGCSP, para destruição.
44
Para a obtenção da CNV devem ser apresentados os seguintes
documentos: Carteira de Identidade e Cadastro de Pessoa Física, CTPS que
comprove o vinculo empregatício do vigilante com empresa especializada ou de
segurança orgânica, 02 (duas) fotografias 2x2 cm e comprovante de recolhimento da
taxa de expedição da carteira. Será multada, a empresa que possuir vigilantes
contratados sem a CNV.
3.4 Armamento
Uma das grandes questões ligadas à atividade de segurança privada diz
respeito ao tipo do armamento utilizado, até onde e quando deve ser utilizado, qual o
calibre e o tipo de armamento permitido para cada ramo de atividade (NUNES, 1996,
p. 326).
A legislação brasileira que rege a segurança privada é bastante clara
quando define os tipos de armamentos e equipamentos possíveis de serem
utilizados na atividade de Segurança. Em casos de excepcionalidade, e somente
assim, devidamente justificada, o DPF permite sua alteração, devendo ser ainda
observada a característica estratégica da atividade ou sua relevância para o
interesse nacional (SILVA, 2009, p. 23).
A atividade desenvolvida pela empresa prestadora do serviço de
segurança é que determina o tipo de armamento, munições, coletes à prova de
balas e outros equipamentos autorizados. Tendo a empresa que zelar pela sua
45
guarda e manutenção, estando estes sempre prontos para ser utilizados quando se
fizer necessário.
Os requisitos para a aquisição e utilização de armas de fogo são bem
definidos. O processo é bastante minucioso quanto a estes requisitos, detalhando de
maneira pormenorizada os aspectos e exigências legais. Ademais, os equipamentos
utilizados passam por revisão e fiscalização periódicas por parte dos órgãos
controladores (SILVA, 2009, p. 23).
As empresas de segurança que atuam na atividade de vigilância
patrimonial poderão conceder aos seus vigilantes, estando estes em serviço, o uso
de revólver calibre 32 ou 38, cassetete de madeira ou borracha, algemas e coletes à
prova de balas (NUNES, 1996, p. 330).
Já as de transporte de valores e de escolta armada poderão permitir o
uso de carabina de repetição calibre 38, espingardas nos calibres 12 e pistolas semi-
automáticas calibre 380 (SILVA, 2009, p. 23).
De tal modo, as empresas com serviço orgânico de segurança podem
equipar seus vigilantes com armas e munições previstas para as empresas de
transporte de valores e de vigilância patrimonial e os cursos de formação poderão
possuir todas as armas e munições previstas para as demais atividades, bem como,
material e apetrechos para recarga (SILVA, 2009, p. 23).
Para serem autorizadas a comprar armas, munição e outros materiais, as
empresas de segurança privada deverão possuir autorização de funcionamento e
certificados de segurança validados e atualizados. Ademais, devem comprovar a
contração do efetivo mínimo de vigilantes permitidos.
As empresas de transportes de valores, bem como as que possuem
serviço orgânico de segurança, para serem autorizadas a adquirir produtos
46
controlados, para serem usados nos veículos especiais, deverão apresentar os
certificados de vistoria dos respectivos veículos devidamente válidos.
Ainda, os vigilantes poderão utilizar-se de armas não-letais, se estes
possuírem treinamento específico para este fim. Podendo estas ser borrifador de
gás de pimenta, arma com choque elétrico, granadas lacrimogêneas ou fulmígenas,
munições lacrimogêneas e máscaras contras os supracitados gases (PORTARIA
387/06).
De acordo com essa mesma Portaria supracitada as empresas de
segurança privada, com exceção das de curso de formação, poderão requerer
simultaneamente autorização para funcionamento e aquisição de armas, munições e
coletes à prova de balas, que serão realizados em procedimentos distintos.
As empresas deverão também, quando desejarem adquirir armas e
munições, apresentar requerimento com toda a documentação prevista em lei e
livros de registro e controles de armas e munições, podendo, nesta hipótese, utilizar
sistema informatizado (SILVA, 2009, p. 24).
3.5 Plano de Segurança
O art. 1° da Lei n° 7.102/83 estabelece: “É vedado o funcionamento de
qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação
de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer favorável à sua
aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na forma desta Lei”.
47
Dessa forma, observa-se que o requisito fundamental para a instalação e
funcionamento das Agências Bancárias é o plano de segurança, sendo
imprescindível a sua formulação.
O Plano de Segurança deve conter as seguintes informações: dados da
Instituição Financeira, descrição da quantidade e da disposição dos vigilantes,
indicação da empresa responsável pela segurança contratada, existência dos
equipamentos exigidos na legislação, projeto de construção, instalação e
manutenção de sistema de alarmes, cópia da última portaria de aprovação, para os
casos de renovação do plano (SILVA, 2009, p. 27).
Antes de o estabelecimento iniciar suas atividades, deve submeter seu plano de segurança à Delesp ou à CV da circunscrição em que estiver situado, por meio de requerimento dirigido ao chefe de Delesp ou Presidente da CV, contendo todos os dados exigidos [...] (Silva, 2009, p. 27).
A DELESP ou Comissão de Vistoria, após o recebimento do planto
deverá, inicialmente realizar uma análise e em seguida uma vistoria nas instalações
da instituição financeira, para certificar-se da eficiência do sistema adotado, bem
como, para confirmar os dados e informações constantes do plano. Nesta
oportunidade, os membros da equipe de fiscalização deverão verificar também, o
uso correto dos uniformes pelos vigilantes e seus acessórios, o curso de reciclagem,
as armas, munições e demais equipamentos e seu estado de manutenção e
funcionamento (NUNES, 1996, p. 164).
Concluída a vistoria será confeccionado o Relatório de Vistoria da
Agência, que informará se o que consta do plano está de acordo com o que foi
observado, corroborando assim,na aprovação ou reprovação do plano de segurança
(SILVA, 2009, p 27).
48
Preliminarmente, para análise do Plano de Segurança, devem constar 03
(três) itens obrigatórios, sendo que 02 (dois) são específicos, os quais se destacam
a seguir (Lei 7.102/83):
Os vigilantes devem estar armados e devidamente uniformizados;
Sistema de alarme funcionando e ligando o estabelecimento a outra
empresa da mesma instituição, a empresa de vigilância ou a órgão
policial que fique mais próximo;
O outro item deve ser escolhido de acordo com as seguintes alternativas:
Circuito Fechado de Televisão – CFTV, o qual deve armazenar
imagens de toda movimentação do público por um período mínimo
de 30 (trinta) dias;
Portas Giratórias Detectoras de Metais – PGDM, que possam
dificultar ou retardar a ação dos criminosos, devendo possuir
também detector de metal portátil, a ser utilizado em casos
excepcionais;
Cabina Blindada com permanência ininterrupta de vigilante.
Deve-se observar, que o Plano de Segurança possui caráter sigiloso,
sendo de responsabilidade da instituição financeira, ou da empresa de segurança
privada, por aquela contratada, para realizar a atividade, a elaboração do plano.
Devem integrar ainda o plano, as instalações físicas do estabelecimento, devendo
ser adequadas e suficientes para garantir segurança.
Exige a legislação que os elementos de segurança previsto nos planos
não dificultem a acessibilidade de pessoas idosas ou portadoras de deficiências. E
qualquer alteração no Plano de Segurança deverá ser previamente autorizada pelo
49
DPF, configurando alteração no plano qualquer mudança de endereço ou nas
instalações físicas do estabelecimento (Lei 7.102/83).
É de competência exclusiva do Superintendente Regional da Polícia
Federal, em cada unidade da federação, a emissão do Certificado que aprova o
Plano de Segurança de Instituição Financeira dentro da circunscrição da respectiva
Superintendência, através de Portaria, que tem validade de 1 (um) ano, contado da
data da expedição desta (SILVA, 2009, p. 28):
Uma vez aprovado o plano de segurança, as renovações posteriores do sistema de segurança do estabelecimento deverão ser realizadas anualmente, e serão apresentadas e discutidas durante um ano, visando à sua aplicação no ano seguinte (SILVA, 2009, p.28).
Todavia, conforme § 2° da portaria 387/06, quando o Plano de Segurança
for reprovado pela DELESP ou CV, o responsável será notificado para, se desejar,
impetrar recurso no prazo de 10 (dez) dias, destinado ao Superintendente Regional,
de preferência com o suprimento das falhas anteriores que motivaram a reprovação
do plano.
Entretanto, se o Superintende mantiver a reprovação do Plano de
Segurança por falta de recurso suprindo as faltas, ou por transcurso do prazo para
recurso, desencadeará a lavratura do auto de infração das faltas apontadas pelos
Chefes da DELESP ou CV.
3.6 Auto – executoras de Serviço de Segurança Privada (SEGURANÇA
ORGÂNICA)
50
A atividade de segurança privada pode ser exercida por empresas não
especializadas. Essas empresas são denominadas de auto-executoras ou empresas
de segurança orgânica:
Auto-executoras são aquelas empresas que possuem objeto econômico diverso da vigilância ostensiva e do transporte de valores, mas que utilizam pessoal de quadro funcional próprio para a execução do serviço. São o que convencionamos chamar de empresas não especializadas e o que a legislação define como segurança orgânica (NUNES, 1996, p 135).
Para funcionar, as auto-executoras, necessitam de Alvará de
Funcionamento, que terá validade de 1 (um) ano, expedido pelo Coordenador-Geral,
contado a partir da publicação no Diário Oficial da União, permitindo à empresa que
desenvolva a atividade de segurança privadanos limites que lhe fora autorizada
(SILVA, 2009, p. 13).
As empresas de serviços orgânicos de segurança possuem requisitos
próprios para sua formação e constituição, conforme o artigo 54 da portaria 387/06.
A saber:
Utilizar os próprios empregados nas atividades de segurança
orgânica;
Prova de que administradores, gerentes, diretores e empregados
responsáveis pelo serviço de segurança orgânica não tenham
condenação criminal registrada;
Setor operacional devidamente definido;
Local seguro e adequado para a guarda de armas e munições.
51
Destas empresas, as que possuam até 5 (cinco) armas, não é exigido
certificado de segurança aprovando as instalações físicas. Estes, no entanto, são
exigidos das empresas de segurança privada.
3.7 Empresas Clandestinas
As atividades realizadas pelas empresas não autorizadas pelos órgãos de
controle e fiscalização competentes representam um problema e um dilema para a
questão da segurança privada no Brasil. Até que ponto estas empresas representam
perigo para a sociedade? Há, realmente, necessidade de se regulamentar o seu
funcionamento?
Segundo os ensinamentos de NUNES a segurança privada vem sendo
desenvolvida por empresas que não possuem autorização para prestá-la, nem os
requisitos mínimos que uma empresa séria e organizada deveria ter. São as
chamadas empresas clandestinas (1996, p. 419).
O conceito do nobre instrutor é claro e não deixa muitas dúvidas com
relação ao caráter de ilegalidade dessa atividade, todavia, não aborda os problemas
e os riscos dessa forma de atuação. O exercício da atividade irregular pode ser
exercido por pessoa física ou jurídica. Neste segundo caso, caracterizam-se por
pessoas regulares ou não, como empresas. No entanto, sua finalidade e prestação
de serviços são outros, diferentes da atividade de segurança privada.
É muito comum agirem na irregularidade pessoas jurídicas responsáveis
por serviços como conservação e limpeza, administração de condomínios, portaria e
52
promoção de eventos, que por exercerem atividades aproximadas da segurança
privada acabam incorporando esta também, principalmente, por não terem como
arcar com os custos da regularização e da estruturação (NUNES, 1996, p. 420).
Quando for constado existência de empresa clandestina, em qualquer das
formas supracitadas, será lavrado o auto de encerramento, notificando-se o
responsável e determinado o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa
prévia. Entretanto, quando a atividade envolver utilização de armamento, munição
ou similar, poderá haver a realização de prisão em flagrante delito dos envolvidos,
com a instauração de procedimentos na esfera penal e administrativa, conforme o
artigo 148, da portaria 387/06.
Na hipótese de haver tomador dos serviços clandestinos a DELESP ou
CV notificará este, entregando cópia do auto de encerramento lavrado, do qual
poderá ser também responsabilizado, caso tenha, de qualquer forma, contribuído
para a prática das infrações penais praticadas pelo contratado, disposto no artigo
148, da portaria 387/06.
Em continuidade com o citado artigo, quando se encerrar o prazo de 10
(dez)dias para apresentação da defesa, a DELESP ou CV deverá decidir se encerra
as atividades da empresa irregular, em seguida notificará o autuado. Neste caso, o
autuado poderá oferecer recurso da decisão da DELESP ou CV, que será
encaminhado ao Superintendente Regional, também no prazo de 10 (dez) dias.
A penalidade para a empresa, ou pessoa que exercer atividade irregular,
desde que não haja procedimento penal a ser apurado, será unicamente o
encerramento da atividade. Assim, se a empresa possuir outras atividades como
serviços de portaria, limpeza, fiscal de loja, estes poderão continuar funcionando
normalmente.
53
Quando for determinado o encerramento da atividade clandestina, a
DELESP ou CV deverá comunicar o procedimento à CGCSP/Direx, para fins de
controle. No entanto, se o infrator persistir com a pratica da atividade deverá ser
realizado novo processo administrativo e o infrator poderá ser responsabilizado
penalmente no crime previsto no art. 205, do Código Penal, ou seja, exercer
atividade do qual está impedido por decisão administrativa.
Como pode se observar, não existe na legislação referente à atividade de
segurança privada, nenhuma sanção ou penalidade para quem exerce a atividade
de forma clandestina ou irregular, se não utilizar arma de fogo. Responde, no
máximo e se for reincidente, nas penas cominadas no art. 205 do CP, e se possuir
arma de fogo de acordo com a Lei n° 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento
(SILVA, 2009, p.15).
4 DA LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTA A SEGURANÇA
PRIVADA
54
Até o momento expusemos sobre os tipos de executores de Segurança
Privada, ressaltando principalmente alguns elementos indispensáveis a essa
atividade. Quais sejam: tipos de empresas executoras de serviço de segurança
privada, vigilante, plano de segurança, armamento permitido, empresa clandestina,
etc.
Dedicaremos agora à exposição sobre a legislação pertinente ao serviço
de segurança patrimonial, os órgãos de controle de tais serviços.
4.1 Fundamento Legal do Serviço de Segurança Privada
A lei 7.102/83, que regulamenta o serviço de segurança patrimonial,
surgiu para substituir o antigo decreto-lei nº 1.034 de dezembro de 1969, que trazia
disposições regulamentando as instituições bancárias e instituições semelhantes
(NUNES, 1996, p. 49).
A Lei supracitada, tratava basicamente das instituições financeira, uma
vez que ela substituiu um decreto que priorizava esse tipo de serviço. Observa-se na
redação da definição do objetivo da supracitada lei:
Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores e dá outras providências (1983).
55
Entretanto, observa-se que a definição do objeto, à época, já se
encontrava bastante obsoleto, tendo em vista que ela não referia-se somente a
segurança para estabelecimento financeiro, mas regulamentava outros seguimentos
de estabelecimentos financeiros (NUNES, 1996 p. 49/50).
Segundo o entendimento de NUNES, a legislação ganhou uma dimensão
maior que a prevista no título, não só abrangendo o objetivo da lei, mas também
estabeleceu as normas para a constituição e funcionamento das empresas de
segurança privada (as que exploram estes serviços) e a segurança orgânica (auto-
executoras) (1996, p 50).
Sendo assim, não obstante o objetivo da lei em encontrar-se
desatualizada, na lei 7.102/ 83 encontramos o suporte básico das normas de
segurança privada, ficando a cargo de outras normatizações a regulamentação mais
específica (NUNES, 1996, p. 50).
A própria lei 7.102/ 83, em seu artigo 10º § 3º, prevê a existência de
outras normas para regulamentar a Segurança Privada, vê-se:
Art. 10º § 3º: serão regidas por esta lei, pelos regulamentos decorrentes e pelas disposições da legislação civil, comercial, trabalhista, previdenciário e penal, as empresas definidas no parágrafo anterior.
Conforme entendimento de SILVA, diante de tal lacuna, aberta pela lei
acima citada, é que surgiram as várias atualizações da mesma, tais como o decreto
n° 89.056/ 83, atualizada pelo decreto n° 1.592/ 95, e:
Portaria nº 992/ 95 do DPF
Portaria n°1.129/ 95 do DPF
Portaria n° 1. 264/ 95 do MJ
56
Portaria nº 1. 545/ 95 do MJ
Portaria nº 1. 546/ 95 do MJ
Portaria nº 891/ 99 do DPF
Medida provisória n°2. 184- 21/ 01
Portaria n° 1.055/ 01 do MJ
Portaria 334/ 04 do DPF
Portaria n° 2.494/ 04 do MJ
Portaria n° 2.495/ 04 do MJ
Instrução de serviço n° 001/ 04 do CGCSP/ DIREX
Portaria nº 387/06 do MJ (1996, p 50).
De acordo com o demonstrado acima, observa- se que a lei 7.102/ 83 é
bastante desatualizada, porém ainda hoje é usada para definir os serviços de
segurança privada, quem presta tais serviços entre outros.
Apesar de ser uma legislação confusa, mal redigida, desatualizada é nela que encontramos a definição do que venha ser o serviço de segurança privada, quem pode prestar, o serviço legalmente e os requisitos para prestação [...] (NUNES, 1996 p.51).
4.2 Órgãos de Controle
57
Como dito alhures, é dever do Departamento da Polícia Federal autorizar,
controlar e fiscalizar o funcionamento das empresas de vigilância e transporte de
valores.
Diante disso, a estrutura da DPF foi dividida em órgãos para que fosse
desenvolvido esse trabalho de forma mais eficiente, segundo entendimento de
SILVA (2009, p. 09). Observa-se:
CCASP – Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança
Privada. É um órgão colegiado de natureza deliberativa e consultiva,
presidido pelo DIREX (Diretor Executivo) do DPF, também é
composta por representantes de entidades de classes patronal e
laboral que atuam na área, bem como, por representantes de órgãos
públicos exercentes de atividades afins;
CGCSP – Coordenação Geral de Controle de Segurança
Privada. É uma coordenação geral vinculada à DIREX (Diretoria
Executiva) do DPF e tem como responsabilidade a regulação,
controle, coordenação e fiscalização das atividades de segurança
privada, assim como pelo acompanhamento dos serviços a cargo
das DELESP e das CV;
DELESP – Delegacias de Controle de Segurança Privada. São
unidades pertencentes ás Superintendências de Polícia Federal nos
Estados e no Distrito Federal, que possuem a responsabilidade de
fiscalizar e controlar os serviços de segurança privada nas áreas de
suas circunscrições;
CV – Comissões de Vistorias. São unidades pertencentes às
Delegacias de Polícia Federal descentralizadas e têm como
58
responsabilidade a fiscalização e controle das atividades no âmbito
de suas circunscrições. Devem ser composta por no mínimo 3 (três)
membros titulares e suplentes.
4.3 Infrações e Penalidades
Segundo SILVA, quando for constatada alguma irregularidade na
atividade desenvolvida por empresa especializada, com serviço orgânico ou
instituição financeira, serão tomadas algumas providências que visam sanar tais
infrações, entre elas destacam-se (2009, p. 31):
Lavratura do Auto de Constatação de Infração – ACI, a ser realizado
pela DELESP ou CV, notificando a empresa para apresentar defesa
escrita no prazo de 10 (dez) dias;
Durante a lavratura do ACI, devem ser citados todos os fatos, para
que a empresa tenha a possibilidade de conhecer a irregularidade
cometida;
Com o objetivo de melhor caracterizar a infração, o órgão
responsável pela fiscalização poderá arrecadar os materiais
utilizados, podem ser estes armas, munições e coletes à prova de
balas, como também, tirar fotografias, tomar depoimentos de
vigilantes ou testemunhas, bem como, outras diligências que forem
necessárias;
59
Se for apresentada ou não a defesa, a DELESP ou CV analisará o
procedimento e emitirá parecer, no qual proporá a aplicação de
penalidade ou arquivamento do processo, em seguida os autos
serão encaminhados a CGCSP.
As penas aplicáveis às empresas especializadas de segurança privada ou
que possuem serviço orgânico de segurança, conforme a gravidade da infração e
considerando-se a reincidência e condição econômica, conforme se extrai dos
artigos 7º e 23 da lei 7.102/83, 120 e 121 da portaria 387/06, são as seguintes:
advertência, multa de 500 (quinhentos) a 5.000 (cinco mil) UFIR; proibição
temporária de funcionar e cancelamento de autorização para funcionar.
A pena de advertência aplica-se às empresas de segurança privada,
descritos apenas alguns casos como exemplo, quando estas realizarem qualquer
das seguintes condutas: deixar de fornecer aos vigilantes componentes do uniforme
ou cobrar pelo seu fornecimento, retiver certificado de conclusão de curso ou CNV
do vigilante, deixar de providenciar a renovação do certificado de segurança e deixar
de providenciar a renovação do Certificado de Vistoria.
A seguir, analisaremos alguns casos de aplicabilidade dessas penas,
segundo o entendimento de SILVA (1996, p.31).
A pena de multa aplica-se as supracitadas empresas, descritos apenas
alguns casos em caráter ilustrativo, quando realizarem qualquer das condutas a
seguir: deixar de apresentar qualquer ou informação quando solicitado pelo órgão
fiscalizador, permitir que o vigilante exerça suas funções sem uniforme, permitir que
o vigilante utilize o uniforme fora de serviço, não possuir ou mantiver desatualizados
os livros de registro e controle de armas.
60
A pena de proibição temporária aplica-se às empresas, nos seguintes
casos: incluir estrangeiro na constituição societária ou na administração da empresa,
ter na constituição societária, como sócio ou administrador, pessoas que tenham
condenação criminal registrada e não possuir pelo menos 02 (dois) veículos
especiais em condições de tráfego, para as empresas que exerçam a atividade de
transporte de valores.
Nestes casos, as armas, munições, coletes à prova de balas e os veículos
especiais deverão ser lacrados pela DELESP ou CV, permanecendo assim, pelo
período que durar a proibição, em poder da empresa, que ficará como fiel
depositária. E se a empresa não sanar dentro do prazo de cumprimento de pena, as
irregularidades apontadas, será instaurado o processo de cancelamento da
autorização de funcionamento.
A pena de cancelamento de autorização de funcionamento, além do caso
citado acima, aplica-se às supracitadas empresas, descritos apenas alguns casos
em caráter ilustrativo, quando realizarem qualquer das condutas a seguir: seus
objetivos ou circunstâncias relevantes indicarem a prática de atividades ilícitas,
contrárias, nocivas ou perigosas ao bem público e à segurança do Estado ou da
coletividade; possuir capital integralizado inferior a 100.000 (cem mil) UFIR, deixar
de comprovar no prazo legal a contratação do efetivo mínimo de vigilantes
necessários à atividade autorizada e deixar de possuir instalações físicas adequadas
à atividade autorizada, conforme aprovado pelo certificado de segurança.
5 CONCLUSÃO
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A Lei 7.102/83 atualizada pelas Leis 8.863/94 e 9.017/95, regulamentada
pelo Decreto 89.056, atualizado pelo Decreto 1.592/95, demonstra a grande
quantidade de alterações, que no intuito de estarem sendo atualizadas, criam
grandes problemas para as empresas de segurança privada, bem como para o
Departamento de Polícia Federal, responsável pela sua fiscalização e controle.
Além da dificuldade de entender e compreender as diversas atualizações
legais, se destaca também o problema social, sobretudo, qual o papel e os ditames
do Estado no fornecimento do serviço de segurança como bem público e sua
relação com a evolução e o desenvolvimento da atividade de segurança privada.
Faz-se necessário também, analisar a pressão da sociedade e do
mercado sobre organizações públicas por mais eficácia, uma vez que as empresas
privadas de segurança estão conquistando novos espaços. E, quais os riscos e
perigos do uso descontrolado dessa atividade, que já se encontra presente em
quase todos os setores da atividade de segurança em si.
Observou-se que a atividade de segurança privada no Brasil, vem se
desenvolvendo muito rapidamente e a legislação brasileira não está acompanhando
esta evolução. O controle e a fiscalização, apesar de muito rigorosos, ainda não
conseguiram chegar ao nível ideal de eficiência quanto a alguns aspectos abordados
na análise, tal como: as empresas clandestinas ou irregulares, que como se
observou, não existe uma tipificação especifica para essas irregularidades, bem
como, sanção ou penalidade para os infratores, responsáveis ou contratantes destas
atividades.
Nesta linha, observou-se que a Segurança Privada precisa de uma norma
única para compactar todas as diversas legislações existentes. O que facilitaria ao
DPF o seu controle.
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E foi na busca de melhorar a qualidade dos serviços de segurança
privada e tranqüilizar a sociedade, que em 2006, foi editada uma Portaria n° 387/06,
que busca a consolidação demais normas relativas ao tema. Todavia, uma portaria
não é o suficiente para reger a estrutura gigantesca que hoje engloba a atividade de
segurança.
Necessário se faz a edição de lei nova que venha a substituir a Lei
7.102/83, que se encontra emendada e descentralizada.
Em suma, a segurança privada é mais um dos componentes da
segurança pública, e como tal, deve se comportar. Procurando atender os anseios
sociais e não apenas caracterizando-se com atividade exclusivamente econômica,
uma vez que de certa forma, como membro da segurança pública, orienta-se pelos
princípios da legalidade, moralidade e interesse público.
REFERÊNCIAS
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Lei 7.102, de 20 de junho de 1983, atualizada pelas Leis nº s 8.863, de 28 de março de 1994 e 9017, de 30 de março de 1995. Dispõe sobre a segurança para estabelecimentos financeiros. Estabelece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 21jun1983;
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