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UNIVERSIDADE TUITI DO PARANÁ
Flávia Simone Florêncio
DEFICIENTES INTELECTUAIS: APRENDER E APRESENTAR UMA COREOGRAFIA SEM AUXÍLIO DE PROFESSORES
CURITIBA
2010
2
DEFICIENTES INTELECTUAIS: APRENDER E APRESENTAR UMA COREOGRAFIA SEM AUXÍLIO DE PROFESSORES
CURITIBA
2010
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Flávia Simone Florêncio
DEFICIENTES INTELECTUAIS: APRENDER E APRESENTAR UMA
COREOGRAFIA SEM AUXÍLIO DE PROFESSORES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Eliane Regina Wos
CURITIBA
2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
Flávia Simone Florêncio
DEFICIENTES INTELECTUAIS: APRENDER E APRESENTAR UMA COREOGRAFIA SEM AUXÍLIO DE PROFESSORES
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Licenciado em Educação Física no Programa de Licenciatura da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 09 de dezembro de 2010.
___________________________
Licenciatura em Educação Física Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Prof. Dr. _____________________________ Instituição e Departamento
Prof. Dr. _____________________________
Instituição e Departamento
Prof. Dr. _____________________________
Instituição e Departamento
5
SUMÁRIO
1 RESUMO.............................................................................................................. 06
2 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 07
3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 09
4 PROBELMA......................................................................................................... 09
5 OBJETIVOS......................................................................................................... 09
5.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................ 09
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................. .09
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 10
6.1 BREVE HISTÓRICO DA DANÇA.................................................................... 10
7 DEFICIENCIA INTELECTUAL....................................................................... 12
8 MEMÓRIA............................................................................................................ 14
9 METODOLOGIA................................................................................................. 15
10 ANÁLISE E DISCUSSÃO................................................................................. 18
11 CONCLUSÃO..................................................................................................... 21
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 22
14 APÊNDICE.......................................................................................................... 23
6
DEFICIENTES INTELECTUAIS: APRENDER E APRESENTAR UMA COREOGRAFIA SEM AUXÍLIO DE PROFESSORES
Flavia Simone Florêncio1
1 RESUMO
Este estudo teve como objetivo observar um grupo de 7 alunos com deficiência intelectual leve, participantes de um Programa de Autonomia (PA) em uma instituição de Curitiba - este programa de consiste em preparar os alunos para uma vida em sociedade, oferecendo-lhes atividades físicas, intelectuais, e de psicomotricidade. Os alunos aprendem a lidar com dinheiro, fazem artesanatos, são alfabetizados e ainda participam de momentos de descontração em passeios -, visando saber se deficientes intelectuais de nível leve conseguem aprender e apresentar uma coreografia em público, sem ser necessário que o professor dance com eles. Eles ensaiaram uma coreografia durante quatorze semanas, e o intuito era fazer uma apresentação ao público (familiares e amigos), ao fim deste período. As aulas aconteciam uma vez na semana com duração de 60 minutos. Duas alunas desistiram do ensaio alegando não ter gostado da música, outros três ensaiaram durante todo o período, mas não compareceram no dia da apresentação. Durante as aulas, pode se observar que apenas dois alunos conseguiram memorizar a coreografia completa, obedecendo à ordem correta dos passos. Devido à falta de alguns alunos no dia da apresentação, foi necessário o acompanhamento de alguns professores no momento da dança, para que a coreografia tivesse o efeito visual desejado. Assim sendo, não foi possível saber se os alunos conseguiriam dançar sozinhos, se eles tinham aprendido toda a coreografia, e se seriam capazes de apresentar na ordem correta os passos ensaiados, contudo neste trabalho é mostrado o nível de aprendizado durante o período de ensaios. Palavras-Chaves: dança, coreografia, deficiência mental.
1 Flavia Simone Florêncio: Acadêmica do curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Email: [email protected]
7
2 INTRODUÇÃO
O interesse pela dança e seus benefícios, foi o que motivou esta autora a
realizar este estudo.
A dança sempre foi usada para os mais diversos fins. Portinari (1989, p.11)
relata que “antes de polir a pedra, construir abrigo, produzir utensílios, instrumentos e
armas, o homem batia os pés e as mãos ritmicamente para se aquecer e se comunicar”.
Mendes (1983, p. 06) se refere à dança como um “elemento de organização social dos
povos primitivos, responsável pela sociabilização dos homens”. Hoje os objetivos
quando se dança não são muito diferentes, e ela se faz cada vez mais presente em
nosso meio, ajudando o homem a se desenvolver e melhorar suas capacidades
sensoriais, afetivas e intelectuais, (Nanni, 1995).
Em 25/08/2006, foi realizada em nova Iorque, a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência e seu respectivo Protocolo Facultativo foram ratificados
pelo Congresso Nacional, pelo decreto legislativo nº 186/2008 e todos os seus artigos
são de aplicação imediata. O propósito desta convenção foi o seguinte:
Artigo 1 PROPÓSITO O propósito dessa Convenção é promover, proteger e assegurar o gozo completo e igual de
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais pelas pessoas com deficiência e promover o respeito da sua dignidade inerente.
Artigo 3
Os princípios fundamentais dessa Convenção deverão ser: (a) O respeito inerente à dignidade, autonomia individual incluindo a liberdade de fazer suas próprias escolhas, e a independência das pessoas; (b) Não-discriminação; (c) Inclusão e participação plena e efetiva na sociedade; (d) Respeito pela diferença e aceitação da deficiência como parte da diversidade humana e humanidade; (e) Igualdade de oportunidade; (f) Acessibilidade; (g) Igualdade entre homens e mulheres; (h) Respeito pela capacidade em desenvolvimento das crianças com deficiência e respeito aos direitos das crianças com deficiência de preservarem suas identidades. (CONVENÇÃO, 2006)
Hoje podemos ver vários programas de autonomia (como o visto na instituição
onde se realizou o estudo), nos quais os deficientes aprendem a ser pessoas
independentes, respeitando seus limites.
A necessidade de se incluir o deficiente intelectual no convívio em sociedade
se faz necessária, não apenas para o bem estar do próprio deficiente, que se sente
participante do meio em que habita, mas também para que a sociedade saiba de sua
8
existência e os conheçam, aprendendo a lidar com o ser considerado “diferente”, ou
fora do que se pode considerar, um padrão de normalidade.
Já passou o tempo em que o deficiente ficava preso dentro de casa, muitas
vezes por medo ou por vergonha, que seus familiares tinham em relação à sociedade.
Este fato associado ao interesse pela dança, é que deu origem a este estudo, que tem
como objetivo saber se deficientes intelectuais de nível leve conseguem aprender e
apresentar uma coreografia sem auxílio de professores, partindo da observação de
aulas de dança de um grupo do Programa de Autonomia (P.A.), em uma instituição na
cidade de Curitiba.
9
3 JUSTIFICATIVA
O presente se justifica pela necessidade de se conhecer um pouco mais sobre a
dança e sua relação com a deficiência intelectual. Há poucos estudos relacionados ao
tema, sendo assim, nasceu o desejo de saber se a dança pode ou não ajudar esse grupo
de pessoas a melhorar sua capacidade de reter informações e serão são capazes de
memorizar uma coreografia completa na ordem correta de seus passos.
4 PROBLEMA
• Deficientes intelectuais: aprender e apresentar uma coreografia sem
auxílio de professores.
5 OBJETIVOS
5.1 OBJETIVOS GERAIS
• Verificar se deficientes intelectuais: aprender e apresentar uma
coreografia sem auxílio de professores.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Contextualizar dança
• Exemplificar Deficiência Intelectual
• Definir memória
• Acompanhar o processo de memorização de coreografia
10
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6.1 BREVE HISTÓRICO E DEFINIÇÃO DA DANÇA
Para Portinari (1989), a dança nasceu mesmo antes dos seres humanos, com
algumas espécies de animais como insetos e mamíferos que utilizavam movimentos
dançantes para o ato do acasalamento. Ela relata ainda que a imagem mais antiga de
dança provém do Mesolítico, cerca de 8.300 A..C .
Em outros tempos dançava-se também com outros objetivos, “antropólogos e
arqueólogos assumem que o homem primitivo dançava como sinal de exuberância
física, rudimentar tentativa de comunicação e, posteriormente como forma de ritual”
(PORTINARI, 1989, p. 17).
Segundo Nanni (1995, p.221) uma das precursoras no Brasil foi a professora
Maria Helena Baptist de Sá Earp – Helenita de Sá - professora de dança do curso de
Licenciatura de Educação Física na antiga Escola Nacional de Educação Física do Rio
de Janeiro, em 1937, atual Escola de Educação Física e Desporto da U.F.R.J.. Helenita
de Sá chama suas descobertas de Dança Natural, por ser baseada na Ginástica Natural,
com o corpo livre e pés descalços. Ela teve influências de grandes nomes da dança
como Isadora Duncan e Martha Grahan.
A dança tem se difundido entre as diversas populações com seus mais variados
estilos, do balé clássico ao rip-rop, passando por suas mais diversas formas,
conquistando cada vez mais público, em especial, pessoas que procuram lazer,
divertimento e entretenimento.
Segundo Mendes (1987), a dança é basicamente movimentos e gestos, porém,
estes devem ser executados dentro de um ritmo para que se caracterize dança,
tornando-se um conjunto homogêneo e fluente no tempo. A dança tem sido usada com
os mais diversos objetivos, “Das cavernas à era do computador, a dança fez e continua
fazendo história”. (PORTINARI, 1989, p. 11)
De acordo com Faro (1986, p. 130): “É dança o que de bom se fez no passado,
o que de bom se faz agora e o que de bom se fará no futuro”.
Morozovowicz (1996), classifica a dança da seguinte forma: Arte, Educação,
Terapia e Ritual, conforme visto no quadro a seguir:
11
DANÇA & DANÇAS
Arte Dança Acadêmica
clássica moderna contemporânea
Educação Dança Espontânea
improviso transformação liberação
Terapia
Dança da Alma
emoção catarse intuição autoconfiança estima prazer expressão meditação
Danças Lúdicas
folclóricas populares fashion dance
Ritual Danças Espirituais
de proteção de celebração para o perdão para a paz
Morozovowicz (1996) apresenta a dança das seguintes formas: como Arte é
um meio de expressão, comunicação e interpretação, elevando e dignificando qualquer
experiência de vida, expressando emoções e sentimentos, e dando forma aos
movimentos; como Educação ganha intensidade, pois cada movimento expressa
harmonia e espontaneidade, produz alegria, trazendo à tona a alma primitiva do
homem; como Terapia, processo fundamental e complementar para quem inicia um
processo terapêutico de auto-ajuda, autoconhecimento e auto-cura, no qual precisa ser
orientado por um profissional; como Ritual, lúdicas, originam o folclore, tem função
de aliviar a tensão e desviar a mente do cotidiano; Espirituais, tem finalidade de
adquirir proteção e induzir a um estado de paz.
Nanni (1995) apresenta a dança como forma de desenvolver e aprimorar suas
características sensoriais, intelectuais, emocionais e afetivas, possibilitando educação
integral, é a manifestação da essência do ser humano nas suas faculdades mental e
emocional. Para Nanni (1995,p.168), os passos de dança “se organizam em seqüências,
no tempo, espaço, e com certa conotação enfática na expressão do gesto e por um
12
discurso não verbal de valor estético, chamada significativamente de coreografia ou
arte de dançar”.
7 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (DI )
Há um seleto grupo de pessoas cujas capacidades intelectuais diferem um
pouco do chamado padrão de normalidade, essas pessoas tem um pouco mais de
dificuldade em desenvolver determinadas tarefas cotidianas, que outras pessoas
consideradas normais, algumas vezes sendo incapazes de uma vida independente em
sociedade.
Esta falta de capacidade intelectual pode ter origem numa limitação inata, imposta ao desenvolvimento cerebral por herança genética, pode resultar de doença ou traumatismo cerebral sofrido antes, durante ou imediatamente após o parto, ou ser conseqüência de maturação prejudicada por um estímulo ambiental insuficiente vindo de fontes familiares e culturais. ( KOLB, 1977 p. 557)
De acordo com o DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders)-(DSM-IV, 2000), possíveis causas das deficiências intelectuais:
Hereditariedade (aproximadamente 5%). Este fator inclui erros inatos do metabolismo,
herdados, em sua maior parte, através de mecanismos autossômicos recessivos (por
ex., doença de Tay-Sachs), outras anormalidades em gene único com herança
mendeliana e expressão variável (por ex., esclerose tuberosa) e aberrações
cromossômicas.
Alterações precoces do desenvolvimento embrionário (aproximadamente
30%). Estes fatores incluem alterações cromossômicas (por ex., síndrome de Down
devido à trissomia 21) ou dano pré-natal causado por toxinas (por ex., consumo
materno de álcool, infecções). (DSM IV, 2000)
Problemas da gravidez e perinatais (aproximadamente 10%). Estes fatores
incluem desnutrição fetal, prematuridade, hipóxia, infecções virais e outras e trauma.
(DSM IV, 2000)
13
Condições médicas gerais adquiridas no início da infância (aproximadamente
5%). Estes fatores incluem infecções, traumas e envenenamento (por ex., devido ao
chumbo). (DSM IV, 2000)
Influências ambientais e outros transtornos mentais (aproximadamente 15-
20%). Estes fatores incluem privação de afeto e cuidados, bem como de estimulação
social, lingüística e outras, e transtornos mentais severos (por ex., Transtorno Autista).
( DSM IV, 2000)
A Deficiência Intelectual (DI) é dividida em níveis, de acordo com o grau de
comprometimento de cada indivíduo, estes níveis são classificados da seguinte forma:
leve/ligeira; moderada/média; grave/severa; profunda.
Essa classificação também é usada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais IV, apresentando algumas poucas alterações com relação ao Q.I.,
com diferença na pontuação.
Segundo o DSM IV (2000) os níveis de Gravidade da Deficiência Intelectual
podem ser especificados, refletindo o atual nível de prejuízo intelectual, sendo
dividido em quatro níveis de gravidade Leve, Moderado, Severo e Profundo.
Deficiência Intelectual Leve Nível de QI 50-55 a aproximadamente 70. Deficiência Intelectual Moderado Nível de QI 35-40 a 50-55. Deficiência Intelectual Severo Nível de QI 20-25 a 35-40. Deficiência Intelectual Profundo Nível de QI abaixo de 20 ou 25. Deficiência Intelectual, Gravidade Inespecificada, pode ser usado quando existe uma forte suposição de Deficiência Intelectual, mas a inteligência da pessoa não pode ser testada por métodos convencionais (por ex., em indivíduos com demasiado prejuízo ou não-cooperativos, ou em bebês).” (DSM IV, 2000, p.40)
Quanto à DI de nível leve, objeto deste estudo, pode-se considerar que os
indivíduos “quando não exigidos além de sua capacidade, e desde que seu
desenvolvimento emocional tenha sido saudável, eles se dão bem nos quadros sociais e
vocacionais aos quais estejam habituados”. ( KOLB, 1977,p.557).
A impossibilidade de adquirir e reter o conhecimento resultante da experiência é uma indicação de deficiência na capacidade de aprendizagem, sendo melhor observada durante os anos escolares da criança. Se o defeito é leve, a criança pode mostrar poucos sinais e até entrar pra escola. ( KOLB, 1977).
14
A dança traz diversos benefícios para as pessoas com deficiência intelectual nas esferas físicas, atua como estratégica terapêutica, educativa e de inclusão social, de uma forma geral, parece difícil conceber que esses indivíduos possam produzir cultura e experienciar novos movimentos. (FREITAS, 2010)
O DSM IV (2000, p.40) classifica os deficientes intelectuais leve como
“educáveis”, eles compõem cerca de 85% desta população. São sociáveis e
desenvolvem habilidades nos anos pré-escolares, tendo mínimo prejuízo nas áreas
sensório-motoras e sendo dificilmente diferenciados das crianças “normais”. Podem
adquirir habilidades sociais e profissionais adequadas para custeio de suas despesas,
precisando às vezes (especialmente em momentos de estresse social ou econômico), de
supervisão e assistência. Podem viver sem problemas na comunidade de modo
independente ou sob supervisão.
Segundo Wikipédia (2010), em 2003 Wechsler apresentou uma classificação,
essa originalmente proposta por Davis Wechsler era a seguinte:
• QI acima de 127: Superdotação • 121 - 127: Inteligência superior • 111 - 120: Inteligência acima da média • 91 - 110: Inteligência média • 81 - 90: Embotamento ligeiro • 66 - 80: Limítrofe • 51 - 65: Debilidade ligeira • 36 - 50: Debilidade moderada • 20 - 35: Debilidade severa • QI abaixo de 20: Debilidade profunda
8 MEMÓRIA
Para GÓMEZ e TERÁN (20_ _), a memória é imprescindível para o
aprendizado, sem ela, conhecimentos não poderiam ser repassados, e o homem viveria
cada experiência como algo novo. As autoras definem memória como um processo
muito complexo que abrange o neurológico, o psíquico e o cognitivo, e depende de
associações neurais que constituem uma rede distribuída pelo córtex cerebral e as
formações sub-corticais. Elas classificam memória conforme o tempo de
armazenamento e segundo o conteúdo que é armazenado, sendo divididas da seguinte
15
forma: Por tempo de armazenamento: Memória de curto prazo, memória temporária, a
informação permanece por um período curto de tempo. Memória de longo prazo,
permanência do conteúdo da vivência da informação de longo prazo. Por conteúdo
armazenado: Memória sensorial está relacionada com o processo gnósico e pode ser
visual, auditiva, corporal etc. Memória declarativa, ou memória consciente, ou ainda
memória explícita, é a memória para toda a informação objetiva.
A memória é um fator importante para o aprendizado da dança, sem ela se
torna impossível a realização de uma coreografia, pois os passos devem ser decorados
e obedecer a uma ordem determinada.
Para Graeff e Brandão (1999), memória e aprendizado estão intimamente
relacionados, sendo o aprendizado o primeiro estágio da memória, e memória, a
capacidade de se armazenar o que foi aprendido.
Para Nanni (1995) a memória se constitui de Memória Visual: como a
capacidade de relembrar experiências visuais passadas e aplicá-las às experiências
imediatas de seu corpo no espaço ou em relação aos outros corpos dançantes; e
memória auditiva: que envolve a habilidade de reconhecer e reproduzir experiências
auditivas passadas.
De acordo com Kolb (1977), deficientes mentais leves quando não exigidos
além de suas capacidades, podem muito bem realizar tarefas cotidianas, incluindo
atividade de lazer e recreação.
9 METODOLOGIA
A pesquisa tem caráter qualitativo, descritivo. O material utilizado compõe-se
de uma sala com espelhos em uma das paredes, para que os alunos pudessem se ver
enquanto dançavam, um rádio com cd player e um Cd com a música escolhida pelo
professor. Os alunos foram observados e seu progresso foi anotado em uma ficha de
observação individual, também foram feitas anotações das aulas num aspecto geral,
em ficha de observação. Amostra se constitui de 9 alunos de um Programa de
Autonomia (P.A.), de uma instituição da cidade de Curitiba. Este Programa de
Autonomia consiste em preparar os alunos para uma vida em sociedade, oferecendo a
eles atividades físicas, intelectuais, e de psicomotricidade. Os alunos aprendem a lidar
16
com dinheiro, fazem artesanatos, são alfabetizados e ainda participam de momentos de
descontração em passeios. Dos 9 alunos, apenas 7 com idades entre 17 e 52 anos
participaram efetivamente das aulas (sendo que apenas em duas aulas a turma esteve
completa, com os sete alunos), sendo 5 homens, três deles alfabetizados e dois em
processo de alfabetização e 2 mulheres, ambas em processo de alfabetização, todos
com deficiência intelectual de nível leve, causada por diferenciados fatores. Os termos
de consentimento livre e esclarecido foram assinados pelos responsáveis dos alunos,
permitindo a elaboração do estudo. Embora todos tenham DI leve, eles apresentam
grande variação na capacidade de memorizar determinadas atividades, como no caso
da coreografia que é o foco do estudo.
O grupo do Programa de Autonomia (P.A.) foi observado durante 14 semanas,
no primeiro semestre de 2010, as aulas aconteciam uma vez na semana, sempre às
quintas-feiras no horário das 14h00min às 15h00min. A intenção era ensaiar os alunos
para uma apresentação no dia em que seria realizada a festa junina da instituição, no
final de junho de 2010, sem que o professor precisasse dançar junto com eles no dia.
Os passos foram ensaiados de acordo com o aprendizado dos alunos, se havia algum
passo que eles não conseguiam fazer, este era retirado da coreografia, buscando
facilitar a memorização dos alunos.
A música escolhida foi The Lions Sleep's Tonight tema do filme Rei Leão, dos
autores G. Weiss/ H.Pereti/ I. Creatore. A coreografia obedecia à seguinte ordem de
passos.
1° passo: posição inicial; todos em fila;
2° passo: mãos dadas e fazem um círculo;
3° passo: abre círculo e retorna à posição inicial;
4° passo: caminha 8 passos para frente movimentando os braços alternadamente;
5° passo: caminha 8 passos para trás movimentando os braços alternadamente,
e retorna à posição inicial;
6° passo: mãos dadas e fazem um círculo novamente;
7° passo: caminha em círculo balançando os braços alternadamente;
8° passo: mãos dadas e refazem o círculo;
9° passo: abre círculo e volta à posição inicial;
17
10° passo: em fila, alternadamente tocar a ponta de um pé na frente do outro 8 vezes, batendo
palmas;
11° passo: mãos dadas e refazem o círculo e se unem no centro unindo as mãos direitas no
alto e ao centro, girando em sentido horário 8 passos;
12 ° passo: saem fazendo trenzinho balançando as mãos ao alto;
13° passo: separam-se ainda dançando e balançando as mãos;
14° passo: mãos dadas e refazem o círculo novamente;
15° passo: se abraçam e agacham, encerrando a coreografia;
Conforme os croquis abaixo:
18
10 ANÁLISE E DISCUSSÃO
O andamento das aulas se deu da seguinte forma:
No primeiro dia de aula o professor ensinou aos alunos apenas os cinco
primeiros passos da coreografia, ele dançou o tempo todo com eles, que conseguiram
acompanhá-lo, no segundo dia ele relembrou os passos da semana anterior e
acrescentou mais 3 passos, todos os alunos o acompanharam. A partir da quarta
semana, o professor iniciava a aula perguntando quem se recordava dos passos
ensaiados na semana anterior, ele dava um tempo para que os alunos tentassem se
lembrar e então ensaiava com eles.
A partir da décima segunda semana o professor deixou que os alunos
ensaiassem sozinhos, eles fizeram todos os passos, mas o professor teve que auxiliá-
los dizendo qual a sequência correta. Nem todos os alunos se manifestavam quando o
professor perguntava quem se lembra da coreografia, eram sempre os mesmos que
conduziam o grupo, os demais são mais dispersos que os colegas. Na décima terceira
semana, os alunos conseguiram ensaiar a coreografia toda sozinhos, porém apenas 2
alunos (A e G) lembraram todos os passos, os demais apenas acompanharam os dois.
Na décima quarta semana, último dia de ensaio, os mesmos dois alunos (A e G)
conduziram o grupo e dançaram a coreografia toda, o aluno G se confundiu em alguns
momentos, então o aluno A o corrigiu.
Embora o nível de Deficiência seja o mesmo, nem todos os alunos
apresentaram o mesmo desempenho e interesse durante as aulas. Dos sete, 5 se
19
manifestaram, mas somente 2 conseguiram memorizar a coreografia completa e a
ordem correta dos passos.
Apesar do esforço do professor em manter a concentração dos alunos,
chamando, conversando, pedindo para prestarem atenção na aula e não nas demais
coisas ao seu redor, eles são muitos distraídos e dispersam-se facilmente, é necessário
ter paciência e domínio da turma para conseguir realizar algum trabalho com eles.
Semanas
Qtde de passos
ensinados Quais passos
Qtde de alunos que participaram da aula
N° de alunos que
conseguiram acompanharam o professor
N° de alunos que lembraram de passos
Quais alunos
lembraram
Quais passos
lembraram 1° 5 1ao 5 6 6 - - - 2° 8 1 ao 8 5 5 2 “A” 1-3; 3° 10 1 ao 10 5 5 1 “A” 1-2,6; 4° 12 1 ao 12 5 5 1 “A” 1-5; 5° 14 1 ao 14 6 6 1 “A” 1,2,5; 6° 15 1 ao 15 6 6 1 “A” 1-4
7° 15 2 ao 15 6 6 3
“A” “B” “D”
1-4; 1-3,11,12; 1;
8° 15 3 ao 15 5 5 2 “A” “B”
1-4,7; 1-3,11,12;
9° 15 4 ao 15 5 5 1 “G” 1-3
10° 15 5 ao 15 6 6 3
“A” “E” “G”
1-4; 1-3; 1-3,7,9;
11° 15 6 ao 15 6 6 3
“A” “D” “G”
1-8; 1-5; 1-6, 8,9;
12° 15 7 ao 15 6 6 1 “A” “D”
1-4,6-14; 1,2,5;
13° 15 8 ao 15 7 7 3
“A” “D” “E” “G”
1-15; 1,2,3; 1,2; 1-8,12,15;
14° 15 9 ao 15 7 7 4
“A” “D” “E” “G”
1-15; 1,2,; 1,2 ; 1-15
Apresentação 4 4 - - -
A média de aprendizado dos passos, considerando as 14 semanas trabalhadas
dos 7 alunos foi de 41%.
Através deste estudo foi possível verificar que alguns DMs são capazes de
realizar determinadas atividades desde que sejam ensinados e treinados. Foi possível
constatar durante o ensaio, que dos sete, apenas o aluno “A” e o aluno “G”
20
conseguiram memorizar a coreografia completa, seu progresso foi acompanhado aula a
aula conforme visto na tabela. O aluno “A” recordou os passo de 1 a 3 na 2° semana,
1,2 e 6 na 3°, do 1 ao 5 na 4°, 1,2 e 5 na 5° semana, na 6° e na 7° lembrou dos passos
de 1 à 4, na 8° semana ele lembrou de 1 à 4 e o 7° passo, faltou na 9° semana, porém
quando voltou na 10° semana conseguiu lembrar-se dos passo de 1 à 4, de 1 à 8 na
11° semana, do 1 ao 4 e de 6 à 14 na 12° semana, 13° e 14° semanas recordou a
coreografia completa, com os 15 passos, dançando com os professores no dia da
apresentação. Quanto aos demais alunos, eles não obtiveram o mesmo progresso do
primeiro, o aluno “B” se manifestou apenas duas vezes durantes as aulas, na 7° e na 8°
semana ele se lembrou dos passos 1-3, 11,12 em ambas as aulas, mas não compareceu
no dia da apresentação. O aluno “C” não se manifestava durante as aulas, ele começou
a participar delas a partir da 6° semana, tendo várias faltas até o dia da apresentação,
apenas acompanhava o grupo sem mencionar se lembrava de algum passo, ele
participou da apresentação junto com os colegas. A aluna “D” apesar de ser muito
distraída conseguiu se lembrar de 1 passo na 7° semana, do passo 1 ao 5 na 11°
semana, dos passos 1,2 e 5 na 12°, do 1 ao 3 na 13° semana, e dos passos 1 e 2 na 14°
semana, não estando presente no dia da apresentação. O aluno “E” conseguiu lembrar-
se dos passos 1,2 e 3 na 10° semana e dos passos 1 e 2 na 13° e 14° semana. A aluna
“F” mesmo tendo apenas uma falta durante os ensaios, não se manifestou em nenhum
deles, também não compareceu no dia da apresentação. O aluno “G” começou a
participar das aulas a partir da 8° semana, e na 9° já se recordou dos 3 primeiros
passos, na 10° semana ele se lembrou dos passos de 1 a 3 e 7 e 9, dos passos de 1 a 6 e
8 e 9 na 11°, faltando na 12° semana, retornando na 13° e se lembrando dos passos de 1
a 8 e 12 e 15, na 14° se lembrou da coreografia completa, estando presentes no dia da
apresentação, porém não se pode dizer se ele conseguiria ou não apresentar a
coreografia sozinhos. No dia da apresentação 3 alunos faltaram, sendo as duas
mulheres, e um homem. Por este motivo, todos chegaram à conclusão de que seria
melhor a participação dos professores com o grupo durante a dança, pois a coreografia
não teria o efeito visual desejado sendo realizada com um grupo apenas de homens e
em menor número. Com isso até mesmo outros alunos e funcionários que não
21
participaram dos ensaios entraram na dança para complementar a coreografia e se
divertir.
11 CONCLUSÃO
Pode-se concluir através deste trabalho, que os quatro alunos que estavam
presentes no dia da apresentação conseguiram acompanhar os professores durante a
dança. No decorrer das aulas foi observado que apenas dois alunos conseguiram
memorizar toda a coreografia, seguindo a ordem correta dos passos. Isto pode ser
constatado na 13° e 14° semana, quando o professor pediu para que eles dançassem
sozinhos, sem a participação dele, foram estes dois alunos que conduziram o grupo.
Porém, pelo exposto acima não foi possível verificar se os alunos conseguiriam
executar a coreografia no dia da apresentação sem auxílio de professores, e saber se o
fator público atrapalharia, fazendo com que alguns passos fossem esquecidos.
Sugere-se assim, novos estudos para um maior aprofundamento do tema,
tendo em vista que não há muito material disponível relacionando a dança, aos
deficientes intelectuais, impossibilitando comparações. Aconselha-se também a
utilização de outros métodos de ensino e outras formas de prender a atenção dos
alunos durante as aulas, talvez ensaiar uma música escolhida por eles mesmos para que
se sintam mais a vontade para dançar, e poder então verificar se eles são capazes ou
não de memorizar e apresentar sozinhos, uma coreografia.
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12 REFENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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