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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RAFAELA JOHNKE LANGE CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO DE PROVA CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RAFAELA JOHNKE LANGE

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO DE

PROVA

CURITIBA

2013

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RAFAELA JOHNKE LANGE

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO DE

PROVA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Juríodicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Claudio Henrique de Castro

CURITIBA

2013

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TERMO DE APROVAÇÃO

RAFAELA JOHNKE LANGE

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ATA NOTARIAL COMO MEIO DE PROVA

Esta Monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, .... de .........................de 2013.

--------------------------------------------------------------------------------------

Bacharel em Direito

Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Profº Claúdio Henrique de Castro

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. ...................................................................

Prof. ...................................................................

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RESUMO

A Ata Notarial é um instrumento público, cuja finalidade principal é constatar, por

meio do tabelião e a pedido do solicitante, os fatos ou situações que lhe constem ou

ocorram em sua presença, sendo um documento dotado de fé pública, fazendo

prova plena. Nessa descrição do tabelião se relatará, objetivamente e

concretamente, todas as circunstâncias necessárias, inclusive os fatos ou atos

ilícitos, a fim de garantir os direitos do solicitante. Sendo por muitas vezes o único

método de ser provar um fato ou ato, partindo dessa premissa é que se deve dar

maior atenção em relação à Ata Notarial, pois é desproporcional o tratamento dado a

esse instituto, em relação a sua eficácia como meio de prova e em relação às

normas que guiam o instrumento. Com o avanço da tecnologia e a utilização da

internet, ocorre que uma grande quantidade de documentos e contratos realizados

por via digital pela questão da agilidade, pois essa é a tendência, quando houver

necessidade de comprovar a integridade e veracidade desses documentos, ou

mesmo atribuir autenticidade, a sociedade tem a disposição a Ata Notarial,

instrumento que por sua vez é pouco conhecido em nosso direito e doutrina.

Palavras-chaves: Ata Notarial. Meio de Prova. Constatação de fatos.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 05

2 TEORIA DAS PROVAS NO DIREITO DIGITAL........................................... 06

3 OBJETO DA PROVA NA ATA NOTARIAL E SUA NATUREZA

JURÍDICA...................................................................................................... 11

4 VALOR PROBATÓRIO................................................................................. 15

4.1 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO CRIMINAL.................................................... 15

4.2 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO CÍVEL........................................................... 18

4.3 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO TRABALHISTA............................................. 23

4.4 UTILIZAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA............................................. 24

5 QUESTÕES POLÊMICAS............................................................................. 28

5.1 VALOR DA PROVA DIGITAL VERTIDA NA ATA NOTARIAL....................... 29

6 RESPONSABILIZAÇÃO DO NOTÁRIO NA ESFERA CÍVEL, PENAL E

ADMINISTRATIVA EM DECORRÊNCIA DA ATA NOTARIAL.................... 38

6.1 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS NOTÁRIOS E OFICIAIS DE

REGISTRO.................................................................................................... 38

6.2 A RESPONSABILIDADE CRIMINAL DE NOTÁRIOS E OFICIAIS DE

REGISTRO.................................................................................................... 42

7 CONCLUSÃO................................................................................................ 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho versa sobre a Ata Notarial como meio de prova,

segundo a prática, doutrina e jurisprudência pesquisadas.

A ata notarial como um meio de prova, tem se tornado um método cada vez

mais utilizado, principalmente por advogados, que aos poucos adquirem mais

informações sobre este mecanismo que vem por auxiliar em diversos conflitos no

âmbito do mundo jurídico. Uma legislação pertinente ao tema, só adentrou em nosso

direito positivo em 1994, através da Lei nº 8.935/94, lei que regula a atividade

notarial e registral, conhecida como lei dos notários e registradores.

Este meio de prova formado extrajudicialmente, por um notário, detentor de

fé pública acaba tendo um peso maior do que alguns outros meios de provas.

A ata notarial vem sendo utilizada no ordenamento jurídico como prova nas

mais diversas questões que envolvam um conflito, a ata notarial cabe numa

constatação de fatos que ocorram no mundo digital “O Direito precisa atender às

novas necessidades da sociedade digital”. Por conta disso ela vem sendo utilizada

como prova em questões que envolvam internet, emails, redes sociais, documentos

exclusivamente eletrônicos. Os processos contra atos de pessoas físicas ou

jurídicas, que ocorrerem pela internet, tornaram-se um desafio para o sistema

jurídico brasileiro, porque a materialidade da acusação pode a qualquer momento

deixar de existir. Por isto, a ata notarial é de fundamental importância.

Para poder estudar a efetividade da ata notarial no mundo jurídico, nos mais

diversos ramos de direito, o presente trabalho será dividido em Teorias das provas

no Direito Digital, num segundo momento o que pode ser objeto de uma ata notarial

e sua natureza jurídica, a sua utilização nas esferas do direito criminal, cível,

trabalhista e administrativo, questões polêmicas que envolvam o tema, o valor da

prova obtida através de uma ata notarial, requisitos mínimos para obter tal

documento e por fim a responsabilização do notário na esfera cível, penal e

administrativa em decorrência da ata notarial.

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2 TEORIA DAS PROVAS NO DIREITO DIGITAL

As questões que envolvem a tecnologia da informação, computadores, redes

de informática, enfim, o “mundo virtual”, constitui um desafio constante para todos os

operadores do Direito. A informação utilizada nos meios telemáticos é intangível,

portanto não deixa de ser um obstáculo a mais para a realização de provas para a

elucidação de um processo, seja ele cível ou penal.

O primeiro questionamento é sobre a aceitação ou não de provas produzidas

por meio de meios eletrônicos. A nossa legislação, em especial a Constituição

Federal e o Código Civil, admitem o uso do conjunto probatório obtido junto às

tecnologias, sejam elas quais forem, conforme já mencionado (CF/88, art. 5º, LV e

LVI).

O artigo 225 do Código Civil em determinar que “reproduções mecânicas ou

eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte, contra quem

forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão”.

Conforme se vê pela legislação citada, não há nenhum tipo de impedimento

para a aceitação de provas eletrônicas em um processo. Não só isso, em lides que

envolvem o “mundo virtual”, principalmente a Internet, muito provavelmente só se

produzirá provas também virtuais.

Sendo derivada dos direitos fundamentais ao contraditório e ao acesso a

justiça, onde a prova é considerada como direito fundamental, tornando sua

finalidade uma tutela jurisdicional justa.

Pinheiro (2009, p. 153) faz interessante comentário em sua obra:

Não há nenhuma legislação brasileira que proíba ou vete a utilização de prova eletrônica. Ao contrário, o Código Civil e o Código de Processo Civil aceitam completamente o seu uso, desde que sejam atendidos alguns padrões técnicos de coleta e guarda, para evitar que esta tenha sua integridade questionada ou que tenha sido obtida por meio ilícito. Logo, o que realmente existe, novamente, é o preconceito quanto ao tipo de prova, pois todos nós temos medo (insegurança) daquilo que não conhecemos.

Segundo Messineo (1979, p. 506), prova é a representação de uma ato e,

por consequência, a demonstração da realidade (ou irrealidade) dele mesmo. Se o

fato não se prova pelos modos previstos na lei, é como se não existisse.

Portanto para que a eletrônica tenha eficácia jurídica é essencial que tenha

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credibilidade, confiança como reproduções de fatos, que terá que se firmar em dois

pilares: genuinidade e segurança.

As informações digitais têm em sua essência a característica de serem

reproduzidas livremente e também de poderem ser alteradas à conveniência

daquele que a está manuseando.

A busca da verdade, então, é um desafio ainda maior quando se trata de

fatos que envolvem sistemas digitais. A utilização de fotos nos processos é um

exemplo, porque hoje existem várias formas de se alterar imagens, acrescentando-

se ou excluindo algo. Mas, no entanto, nem por isso a foto digital não deve ser

utilizada, mesmo com a exigência do CPC de que deve vir acompanhada de

negativo, vez que atualmente são praticamente inexistentes os equipamentos que

utilizem o negativo. Destarte, não bastará apenas alegar a falta de negativo da

fotografia, mas sim impugnar a prova produzida, como se vê em julgados:

Sustenta o recorrente a inexistência de conjunto probatório apto a comprovar a ocorrência da irregularidade apontada, vez que as fotografias carreadas ao feito não se encontram acompanhadas dos negativos correspondentes. Contudo, a mera ausência dos negativos, sem que tenha sido efetivamente impugnada a autenticidade das fotografias, não se configura apta a afastar a sua admissão como meio de prova, vez que referida formalidade há muito restou superada pelos Tribunais pátrios ante o advento da tecnologia digital. Desta forma, inexistindo nos autos elementos que abalem a idoneidade das fotos apresentadas, que demonstram de forma insofismável o desvio de energia realizado pelo Requerente, não tendo este efetivamente indicado a existência de adulteração nas fotografias carreadas, cingindo-se a refutá-las de formas genérica e não fundamentada, não comporta acolhida sua deduzida ineficácia. (APELAÇÃO CÍVEL N° 689.897-5, DA COMARCA DE MARINGÁ - 4ª VARA CÍVEL.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO (...) FOTOGRAFIA DESACOMPANHADA DE NEGATIVO. PROVA VÁLIDA E EFICAZ. INEXISTÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO FUNDAMENTADA. (...) Por outro lado, não há que se falar em necessidade de retirada das fotografias juntadas sem os respectivos negativos, as quais se prestam perfeitamente à produção da prova, mormente quando não há impugnação fundamentada para a prática de tal ato judicial.” (Agravo N° 1.0111.06.009141-5/003. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Comarca de Campina Verde. Relatora: Desembargadora Cláudia Maia, julgado em 25/10/2007).

CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. TEORIA DA ASSERÇÃO. APLICAÇÃO. INÉPCIA DA INICIAL. INEXISTÊNICA. PROVA ILÍCITA. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. CONDUTA OMISSIVA. CULPA. NEGLIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. 4. Não configura prova ilícita a juntada de fotografias sem os correspondentes negativos, especialmente nos dias atuais, quando a grande maioria das máquinas fotográficas é digital, tornando-se inviável, portanto, a exigência prevista no artigo 385,§1º, do CPC. 5. O Município

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deve responder pela indenização dos danos materiais experimentados pelo autor, quando comprovados os danos, a negligência da Administração Pública Municipal no que tange à sinalização de rodovia municipal e o nexo de causalidade entre ambos. 6. Preliminares rejeitadas. Recurso desprovido. (TJES; AC 11080169748; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Samuel Meira Brasil Junior; Julg. 27/02/2012; DJES 15/03/2012; Pág. 106)

O magistrado, e as partes também, obviamente, enfrentam assim um desafio

a mais ao tentarem provar um fato que dependa de arquivos eletrônicos, pois a

“prova” propriamente dita não bastará para a comprovação do fato alegado, quem a

produziu, provavelmente, também deverá provar que não houve qualquer tipo de

alteração ou adulteração, ou seja, há no mínimo dois fatos a serem comprovados, o

que dificulta ainda mais a obtenção da verdade dos fatos. E com isso a ata notarial

passa ser um meio documental mais do que eficaz.

Aparentemente, a verdade pode parecer algo fácil de conseguir, vez que,

por se tratar de sistemas eletrônicos, pode-se argumentar que aquilo que está

registrado é o que aconteceu, portanto é prova irrefutável do fato ocorrido,

representando a verdade, não cabendo nenhum tipo de interpretação que possa

levar a outra conclusão. Recorrendo ao endereçamento IP como exemplo, é

facilmente passível de comprovação por meio de pesquisas empíricas que ao menos

cinquenta por cento dos endereços atribuídos a determinado usuário na realidade

não o estão identificando corretamente. A realidade apresentada hoje em nosso país

é que o endereço IP pode ser totalmente negligenciado pelas empresas

responsáveis pelo acesso à Internet, por tal motivo, tivemos a seguinte decisão em

um caso concreto:

Ação civil pública ajuizada pelo Estado do Rio de Janeiro em face de Google Brasil Internet Limitada. Defiro os efeitos da antecipação de tutela para que o réu: a) mantenha IP de criação de qualquer comunidade ou perfil e conserve registros periódicos de “log” das comunidades; b) crie e mantenha sistemas aptos a identificar existência de perfis, comunidades ou páginas dedicados à pedofilia, interrompendo imediatamente seu funcionamento, comunicando tal fato imediatamente ao Estado e preservando, por um ano, os “logs” realizados até então; c) crie e mantenha sistemas aptos a identificar (em especial por meio de ferramenta que busque palavras constantes de lista a ser fornecida e atualizada pelo Estado) existência de perfis, comunidades ou páginas dedicadas à apologia ao crime, inclusive de marcação de brigas/rixas entre torcidas de agremiações esportivas rivais, comunicando a existência ou suspeita de existência imediatamente ao Estado, viabilizando ao Estado o acesso pleno ao respectivo conteúdo, preservando, por um ano, os “logs” realizados e interrompendo seu funcionamento ou limitando seu acesso, caso assim seja determinado pelo Estado; d) crie e mantenha sistemas e canais que permitam a qualquer usuário devidamente identificado, que tenha sido

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diretamente ofendido por conteúdo veiculado em perfis, páginas ou comunidades, requerer a supressão de tal conteúdo; e) promova campanha midiática a ser realizada na própria página do Orkut com o objetivo de alertar pais e responsáveis acerca dos riscos de utilização da rede mundial de computadores, e, em especial, do Orkut, fixando em 120 dias o prazo para a implementação de tais medidas, sob pena da incidência de multa diária no valor de R$50.000,00. Juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro, processo número 0228160-97.2010.8.19.0001.

Conforme se vê, a juíza em questão não acredita que apenas o endereço IP

seja meio suficiente para a correta identificação do usuário, motivo pelo qual

ordenou medidas adicionais para a empresa, qual seja, o Orkut.

No entanto, vem entendendo o STJ em sentido contrário, conforme se

observa:

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. INDIFERENÇA. PROVEDOR DE CONTEÚDO. FISCALIZAÇÃO PRÉVIA DO TEOR DAS INFORMAÇÕES POSTADAS NO SITE PELOS USUÁRIOS. DESNECESSIDADE. MENSAGEM DE CONTEÚDO OFENSIVO. DANO MORAL. RISCO INERENTE AO NEGÓCIO. INEXISTÊNCIA. CIÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE CONTEÚDO ILÍCITO. RETIRADA IMEDIATA DO AR. DEVER. DISPONIBILIZAÇÃO DE MEIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CADA USUÁRIO. DEVER. REGISTRO DO NÚMERO DE IP. SUFICIÊNCIA. 1. A exploração comercial da internet sujeita as relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo "mediante remuneração" contido no art. 3º, § 2º, do CDC deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. A fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não examina e filtra os dados e imagens nele inseridos. 4. O dano moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo inseridas no site pelo usuário não constitui risco inerente à atividade dos provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02. 5. Ao ser comunicado de que determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, deve o provedor agir de forma enérgica, retirando o material do ar imediatamente, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omissão praticada. 6. Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita que os usuários externem livremente sua opinião, deve o provedor de conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usuários, coibindo o anonimato e atribuindo a cada manifestação uma autoria certa e determinada. Sob a ótica da diligência média que se espera do provedor, deve este adotar as providências que, conforme as circunstâncias específicas de cada caso, estiverem ao seu alcance para a individualização dos usuários do site, sob pena de responsabilização subjetiva por culpa in omittendo. 7. Ainda que não exija os dados pessoais dos seus usuários, o provedor de conteúdo, que registra o número de protocolo na internet (IP) dos computadores utilizados para o cadastramento de cada conta, mantém um meio razoavelmente eficiente de rastreamento dos seus usuários, medida de segurança que corresponde à diligência média esperada dessa modalidade

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de provedor de serviço de internet. 8. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1193764/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 14/12/2010, DJe 08/08/2011)

Conforme se observa, para o STJ o endereço IP já é prova suficiente para a

correta identificação do usuário, no entanto, como não há nenhum tipo de

regramento para que as empresas nacionais armazenem e identifiquem tal endereço

de forma padronizada, não há como inferir que o mesmo representa a verdade dos

fatos, mesmo que minimamente, o que sem dúvida fará que sejam necessários

vários outros elementos para corroborar uma acusação para a correta identificação

do agente.

Destarte, mesmo com a apreciação das informações geradas pelos

dispositivos eletrônicos, não pode o juiz ou as partes esperar que surja dali a

verdade sobre os fatos ocorridos, o razoável, conforme já argumentado, é que haja

um juízo de probabilidade, ou seja, que as provas obtidas pelos meios

eletrônicos aparentemente demonstrem com intenso grau de certeza a realidade dos

fatos que se quer provar.

A tecnologia é atualizada a ritmo estonteante, não permitindo que o homem

médio acompanhe a sua evolução, impossibilitando que se possa chegar a uma

conclusão minimamente razoável sobre a probabilidade da prova produzida ser ao

menos aparentemente a expressão dos fatos discutidos.

A pressão que os magistrados sofrem para julgar cada vez mais rápido e a

quantidade descomunal de processos que estão sob seus cuidados são, sem

dúvida, mais entraves para a correta solução processual, o que em muitos casos

inviabiliza a correta produção probatória, sacrificando a elucidação dos fatos, o que

representa deixar a verdade de lado, contentando-se com a mera suposição do que

realmente aconteceu.

A razão, portanto, acaba ficando relegada, uma mera utopia que é buscada

apenas no íntimo do sujeito cognoscente. O processo, então, acaba sendo resolvido

baseado no relacionamento humano, que carrega consigo outros elementos, não

apenas o conhecimento científico necessário para a solução almejada, assim as

características inerentes aos sistemas tecnológicos acabam sendo ignoradas,

permitindo que as provas induzam tanto o julgador quanto as partes a uma

conclusão errônea sobre a realidade dos fatos, novamente, diminuindo assim

a verdade buscada (Paganelli, 2012, p. única).

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3 OBJETO DA PROVA NA ATA NOTARIAL E SUA NATUREZA JURÍDICA

O objeto da ata notarial são os fatos jurídicos, assim a doutrina divide

genericamente em: formais, materiais, típicas e atípicas.

Tanto Teixeira (2009), como Rezende (2004) e Junildo Vasconcelos e

Antonio Cruz (2000), conceituam da seguinte forma as divisões do objeto da Ata

notarial: Formais, quando a natureza do fato jurídico exige forma especial; materiais

quando não a como qualificar fato jurídico em contratos.

São típicas quando previstas expressamente no texto normativo, com efeito,

e regulamentação especial. Por fim são atípicas quando não previstas no

ordenamento jurídico, mas são fatos admitidos pelo direito no qual é possível narrar

os fatos.

A prova somente é necessária para os fatos convertidos e que sejam

relevantes para o convencimento do magistrado e para a solução do conflito. O art.

334 do CPC dispõe: não se provam os fatos notórios (inciso I), os que forem

incontroversos ou confessados (incisos II e III) e também aquele sobre os quais há

presunção legal de existência ou veracidade (inciso IV). Assim sendo o objeto da

prova são as alegações feitas no processo por cada parte.

Os meios legais previstos pelo Código de Processo Civil são: a) o

depoimento pessoal (art. 342 e ss); b) a confissão (art.348 e ss); c) a prova

testemunhal (arts. 400 e ss.); d) a apresentação de documentos ou coisas (arts. 335

e ss.); e) a perícia, consistente em exame, vistoria ou avaliação (arts. 420 e ss); e f)

a inspeção judicial (arts. 440 e ss.).

Para ser acolhida pelo direito, a prova é submetida a três exigências: a) deve

ser admissível, isto é, não pode ser proibida por lei, e precisa apresentar-se como

aplicável ao caso concreto; b) deve ser pertinente, ou seja, deve referir-se aos fatos

sobre os quais versa o litígio; e c) deve ser concludente, ou seja, deve elucidar a

questão discutida e estar apta a convencer o magistrado sobre os fatos alegados ou

negados, como nos ensina Theodoro Junior (2003, p. 382).

Por isso, é muito mais vantajoso que a prova obtida seja produzida por um

terceiro ou de documentos cuja autoria não tenha sido obtida pelo interessado.

Portanto, o objeto é o fato a ser constatado, isto é, o fato a ser presenciado pelo

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tabelião ou seu preposto. Geralmente as atas notariais – quanto ao objeto – se

classificam em lícitos e ilícitos; físicos, eletrônicos e sensoriais.

Fatos lícitos são aqueles que não contrariam as leis, os contratos etc., são

fatos cotidianos de acordo com a lei, por exemplo a constatação de alguma obra,

uma rachadura.

Fatos ilícitos são aqueles que contrariam as leis, os contratos, etc., os fatos

ilícitos podem ser verificados e descritos na ata, mas por prudência o tabelião deve

consignar os motivos que levam a fazer a constatação.

O papel primordial da ata notarial é materializar o fato, se é ilícito, será

transcrito como foi presenciado pelo tabelião e, a toda evidência não poderá

contribuir para propagar o fato ilícito. No entanto, excluem-se os crimes penais, tais

como: homicídios, estelionatos, lesões corporais etc. Fatos em meio físico são

aqueles que podem ser tocados, que não mudam constantemente, por exemplo a

verificação do estado de um imóvel. Os fatos em meio eletrônico são aqueles que,

ao contrário dos físicos, não podem ser tocados, são aqueles que mudam

constantemente, por exemplo a verificação de uma notícia num determinado sítio na

internet.

Fatos em meio sensorial são aqueles por meio da visão, audição e oufato,

onde o tabelião (ou preposto) verifica por seus próprios sentidos, por exemplo a

verificação de um diálogo telefônico em sistema viva-voz ou a verificação de

substâncias cheirosas, cujo odor incomoda determinadas pessoas.

Já a natureza jurídica da ata notarial se fundamenta numa tripla-função, ou

seja, autenticadora (atribui autenticidade notarial), probatória (pré-constitui prova) e

conservadora (perpetua num documento notarial). Quando o tabelião com seus

próprios sentidos, constata, verifica, analisa, indaga e traslada o fato de forma fiel

para o livro de notas, materializa, autentica e perpetua a verdadeira realidade dos

fatos, constituindo em ata notarial um documento perfeito. De forma a auxiliar, o

tabelião faz parte do processo; não como parte, mas como mensageiro dos fatos

verídicos ocorridos em sua presença. Quando tratamos da natureza jurídica da Ata

Notarial, podemos dizer que se a mesma trata-se de um documento público, que

possui a presunção de veracidade, sendo que o tabelião, que é o titular competente

para redigi-la, e que, ao presenciar e relatar os fatos, torna-se uma testemunha, com

fé pública, e conseqüentemente circunstancia, seja jurídica, quanto judicialmente,

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um fato ou ato jurídico, de forma imparcial e fiel aos acontecimentos por ele

presenciados (Francisco, 2005).

Portanto, pode-se afirmar que a Ata Notarial, é decorrente do poder geral de

que é dotado o tabelião, de forma que ele narre determinados fatos com

autenticidade, com fundamento no previsto no artigo 6º, inciso III da LNR,

consistente na confirmação acerca da existência e das circunstâncias que

caracterizam um determinado fato ou ato, enquanto acontecimento juridicamente

relevante. A ata notarial se presta para o registro de fatos jurídicos (frutos da

Natureza ou do Homem), devendo guardar todas as características presentes nos

atos administrativos previstos pelo caput do artigo 37 da Constituição Federal de

1988, a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Por estas características, podemos dizer que a ata notarial não constitui

direitos ou obrigações, ela apenas preserva os fatos para o futuro com a

autenticidade notarial. Havendo assim uma declaração de um tabelião, que narrou

os fatos que presenciou a pedido da parte. Neste instrumento o tabelião ou seu

preposto é o autor, sem atuação das partes, a ata visa apenas registrar fatos para a

proteção de direitos. O tabelião ao confeccionar tal documento não aplica seu juízo

de valor ou opinião sobre os fatos, só irá descrever o que foi possível constatar.

O tabelião, como delegado estatal, impõe aos atos em que prática a

presunção de veracidade, convertendo-os em documentos fidedignos com a

característica de prova plena sobre relações jurídicas ali descritas, que são resultado

de uma tríplice atividade notarial, quais sejam a de documentar, adequar e

conservar, funções estas que se complementam entre si e que, juntas, possibilitam

atingir os fins de certeza e segurança jurídica que a função notarial persegue e

exige.

Segundo Celso Antonio Bandeira DE Mello: “a atividade notarial e de

registro, embora não considerada um serviço público de ordem material (atividade

de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos

administrados, prestada pelo Estado ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime

de direito público), o é de ordem puramente jurídica”.

Tratam-se de atividades jurídico-administrativas, embora não sejam

atividades de Administração Pública, porque os tabeliães, notários e registradores

não integram a Administração Pública. Também não se trata de atividade

jurisdicional, porque não integra o Poder Judiciário. São atividades administrativas

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que ficam entre as atividades da Administração Pública e as atividades

jurisdicionais.

Ao analisar o caput do art. 236 da CF e a doutrina pátria, pode-se incluir

juridicamente os notários e registradores na categoria dos agentes públicos, ou mais

precisamente, na célere classificação de Celso Antônio Bandeira de Mello, dos

particulares em colaboração com o Poder Público. Os notários e registradores não

são servidores públicos por não ocuparem cargos de provimento efetivo e não

serem remunerados pelos cofres públicos. Mas são agentes públicos, pois recebem

suas atribuições mediante delegação do Poder Público, sendo fiscalizados por este.

Verifica-se, portanto, que ao exercerem uma atividade de natureza pública,

sendo considerados agentes públicos delegados, os notários e registradores devem,

obrigatoriamente, observar os princípios constitucionais expressos que regem a

Administração Pública, com as adaptações necessárias ao exercício privado dessa

função pública.

A natureza jurídica dos serviços de notas e de registro é de atividade

pública. Com efeito, o Poder Público só pode delegar aquilo que lhe pertence, que

lhe é próprio. Celso Antônio Bandeira de Mello, ao dissertar sobre os particulares em

colaboração com a Administração, “diz que esta categoria de agentes é composta

por sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares, portanto, de pessoas

alheias à intimidade do aparelho estatal (com exceção única dos recrutados para

serviço militar), exercem função pública, ainda que às vezes apenas em caráter

episódico.

Na tipologia em apreço reconhecem-se: d) concessionários e

permissionários de serviços públicos, bem como os delegados de função ou ofício

público, quais os titulares de serventias da Justiça não oficializadas, como é o caso

dos notários, conforme o art. 236 da Constituição Federal, e bem assim outros

sujeitos que praticam, com o reconhecimento do Poder Público, certos atos dotados

de força jurídica oficial, como ocorre com os diretores de faculdades particulares

reconhecidas. Por ser uma atividade de natureza pública, a despeito de ser

executada sob regime privado, é importante que se estabeleça algumas diferenças

de fundo, que estão presentes nas formulações de cada modelo de Estado, q que

repercutem na esfera de prestação dos serviços notariais e registrais.

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4 VALOR PROBATÓRIO

O Código de Normas do Estado do Paraná, em sua 13º edição, na seção 10

sobre ata notarial dispõe que ata notarial é a certificação de fatos jurídicos, a

requerimento da parte interessada e por constatação pessoal do tabelião, substituto

ou escrevente, cujo objeto não comporte a lavratura de escritura pública. Pode ser

lavrada ata notarial, entre outros exemplos, para a captura de imagens e de

conteúdo de sites de Internet, vistorias em objetos e lugares, bem como a narração

de situações fáticas, com o intuito de prevenir direitos e responsabilidades.

Com efeito, o art. 6º e 7º da Lei Federal 8935/94, com o manto do art. 236

da Constituição Federal, dispõe, in verbis:

Art. 6º Aos notários compete: [...] II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; III - autenticar fatos. Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: I - lavrar escrituras e procurações, públicas; II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados; III - lavrar atas notariais; [...]

Da mesma forma o art. 364, Código de Processo Civil Brasileiro diz que "O

documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o

escrivão ou o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença".

4.1 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO CRIMINAL

A ata notarial, também pode ser usada na esfera criminal. Para vermos

como isso funciona, imaginemos a hipótese dos crimes cibernéticos, cuja destruição

da prova pode ocorrer com um mero "click", apagando, sem deixar rastros, tudo

aquilo que existia, virtualmente, momentos atrás.

Como agir de modo rápido e eficiente, sem se valer de uma medida judicial

de produção antecipada de provas, que muitas vezes possa chegar ao

conhecimento do infrator antes mesmo da realização da perícia? Basta solicitar ao

Tabelião de Notas que lavre uma ata notarial na qual se descreva o conteúdo, o

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endereço virtual, demais características do site, blog ou página de uma rede social e

os fatos juridicamente relevantes.

Assim, desde pré-constituir a prova do recebimento de uma mensagem

difamante, da divulgação de imagens ou vídeos injuriosos em redes sociais, ou

ainda de um crime relativo a direito autoral, à concorrência desleal ou ao crime de

pedofilia na internet, poderá a parte interessada fazer uso da ata notarial.

Juntamente com a ata notarial em anexo ao processo, o procedimento

segue regular como qualquer outra ação penal.

Observaremos a seguir as tipificações dos possíveis crimes, no exemplo

decorrido anteriormente.

Em sede criminal, o Código Penal Brasileiro prevê nos seus artigos 138 a

140:

CAPÍTULO V: DOS CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de extorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Disposições comuns Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;

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II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

Em artigo de como proceder no caso de difamação na Internet, Sant´ana e

Rover (2013, p. única) afirmam que:

As ações criminais para estes referidos crimes contam com penas pequenas e vão invariavelmente para os juizados especiais criminais. Ressalvo que os crimes de internet no Brasil não possuem uma legislação própria, e por ventura disto são tipificados no Código Penal Brasileiro. Podemos citar uma decisão que o Juiz decreta prisão por calúnia e injúria virtual de Josette Goulart. A segurança que a internet dá àqueles que cometem crimes por meios eletrônicos, com a falsa sensação de total anonimato, começa a mostrar outra faceta na Justiça brasileira, que aos poucos vai criando sua jurisprudência. O juiz Fábio Henrique Calazans Ramos, da Comarca de Anaurilândia, no Estado do Mato Grosso do Sul, em uma decisão pioneira, decretou a prisão preventivado ex-marido da juíza Margarida Elizabeth Weiler por calúnia, injúria e difamação praticados na internet. O ex-marido da juíza, cidadão português, cometeu 116 crimes virtuais usando blogs, e-mails e sites de relacionamento para tentar ferir a honra de sua ex-companheira. O advogado do caso, Eduardo Garcia, diz que além dos crimes contra a honra, o cidadão português é acusado de quebra de sigilo telemático da juíza, ou seja, dos e-mails, apropriação indébita, falsidade ideológica e denunciação caluniosa, além do crime de ameaça. "Tudo por meio eletrônico", diz Garcia. O que mais pesou na decisão do juiz, segundo o advogado Garcia, foi a seqüência repetitiva dos crimes, além do fato de o ex-marido da juíza não ter residência ou emprego fixo no país. Este foi um dos motivos que levou também a primeira instância da Justiça mato-grossense a negar o pedido de liberdade provisória. A decisão é inédita, segundo o advogado Renato Opice Blum, especialista em direito digital e que pesquisa a jurisprudência dos tribunais brasileiros sobre as regras eletrônicas. Ele diz que pelo fato de as penas para estes tipos de crimes serem pequenas, dificilmente o criminoso vai para a prisão, sendo uma raridade a prisão preventiva. Rony Vainzof, do escritório Opice Blum e que foi consultor jurídico do caso, diz que o anonimato neste tipo de crime é facilmente quebrado com uma decisão judicial que peça ao provedor de internet que identifique a origem seja dos e-mails ou dos sites. "Hoje no Brasil, ainda há problemas com alguns provedores, poucos, que guardam as informações dos usuários por apenas um mês", diz Vainzof. Na Europa, por exemplo, uma lei prevê que os provedores de internet são obrigados a manter toda e qualquer informação por pelo menos seis meses em seus servidores. "E lá a discussão é para aumentar esse prazo", diz o advogado André Ferreira de Oliveira, do escritório Dannemann Siemsen. Seis meses é considerado um prazo curto para se apurar um crime. Apesar de a lei de crimes contra a honra prever penas brandas, a prisão decretada no Mato Grosso do Sul pode abrir caminho para que outros juízes e tribunais condenem réus por outros crimes cometidos na internet. Ferreira dá o exemplo do estelionato, cuja pena é de cinco anos de prisão. Um bom exemplo de estelionato na internet são os e-mails falsos, em nome da Receita Federal, que estão sendo enviados aos contribuintes que recém fizeram sua declaração de imposto de renda, pedindo novas informações. A advogada Flávia Hal, membro do Instituto Brasileira de Ciências Criminais (IBCCrim), lembra que os crimes na internet não têm legislação específica e por isso podem ser enquadrados ou no Código Penal ou na Lei de Imprensa, quando se tratar de sites jornalísticos. Ela diz que há, entretanto, alguns tipos de crime que não podem ser adaptados a nenhum dos dois,

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como no caso de envio de vírus. E afirma que enquanto algumas doutrinas classificam o envio de vírus como crime de danos, há uma forte tendência de juízes a entenderem que não se pode tratar como crime de dano senão houver um dano palpável. Ela defende que sejam acrescentados alguns dispositivos nas leis atuais com previsão de agravantes de crimes, como no caso de violação de intimidade.

4.2 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO CÍVEL

Antes de se abordar, especificamente, a ata notarial enquanto prova no

processo civil, importa identificar as funções da ata notarial, ou seja, sua utilidade e

finalidade.

Como já apresentado, a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, criou um

novo ato notarial, chamado “ata notarial”, de competência exclusiva dos notários. No

entanto, da análise do texto da referida lei, percebe-se que o legislador não definiu e

nem conceituou o que vem a ser “ata notarial”, como também não estatuiu para que

finalidade ela se presta.

Utilizando-se do entendimento Ribeiro (2013, p. única), passa a expressar o

entendimento doutrinário sobre o que chamou de “novel instrumento”. O referido

autor iniciou sua exposição particularizando a expressão “ata notarial”, apresentando

o significado da palavra “ata”.

No sentido laico, “ata”, do latim acta, que significa “coisas feitas”, é o registro

escrito no qual se relata o que se passou numa sessão, convenção, congresso,

como, por exemplo, ata da reunião dos condôminos ou da convenção dos

advogados, dentre muitos outros. Também pode ser definida como sendo “o registro

de uma obrigação contraída por alguém, como, por exemplo, a ata da venda do

apartamento”...

No sentido jurídico, “ata” é definida como sendo “registro escrito de fatos ou

ocorrências e resoluções tomadas em sessão de diretoria, conselho consultivo e

deliberativo”. Significa dizer que esta expressão, tanto no sentido jurídico como no

laico, serve para designar, em sentido genérico, o ato pelo qual se registra por

escrito tudo o que ocorre em certas reuniões ou solenidades, promovidas por

associações, por sociedade ou entidade qualquer.

Já a palavra “notarial” deriva de nota, que significa, neste sentido, “registro”,

ou notar, que quer dizer “lançar no livro (escritura) de notas pelo notário (tabelião)”.

Portanto, o adjetivo “notarial” vem a significar que a ata se fez por notário e

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sob o seu testemunho, sendo que a função da “ata notarial” é a de “tão-somente

registrar, documentar e comprovar atos e fatos já existentes”.

Na tentativa de buscar a efetiva finalidade da ata notarial, conforme

imaginada no direito brasileiro, Ceneviva (1996, p. 49) interpreta que:

Ata, na linguagem comum, é o relatório de fatos ocorridos e de resoluções adotadas numa reunião formal ou informal, para satisfação de objetivos de direito público ou privado. O termo surge qualificado pelo adjetivo “notarial”, no inciso III do artigo 7º. Trata-se do mesmo relato genérico porém, garantido pela fidelidade na narrativa dos eventos. A neutralidade e a rigorosa vinculação à verdade são essenciais, convindo que o delegado reproduza fielmente as declarações pronunciadas pelas partes, embora possa orientá-las, na área de sua competência estrita, a respeito do que pretendem fazer constar da ata.

Portanto, conforme enfatiza Ribeiro1

a ata notarial não é ato de iniciativa do notário”, eis que este, “para praticá-lo isto é, lavrar a ata notarial, necessita de ser provocado por algum interessado em deixar consignado ou registrado em livros do Serviço Notarial algum ato ou fato ocorrido”, por exemplo: é possível solicitar-se a lavratura de uma ata notarial para documentar as condições de integridade de lataria e de pintura de um automóvel adquirido, de alto custo, e que vai ser entregue em outra localidade, por terceira pessoa, para comprovar o seu real estado de conservação no momento em que o automóvel é entregue ao transportador. Ou ainda: registrar as condições e aspectos físicos de um animal caro, de raça, vendido e que vai ser entregue, por transportador, ao adquirente, em localidade distante”. Neste sentido, a acepção de ata notarial recebe significativa ampliação, eis que, mais do que registrar o relato de atos ou fatos ocorridos, ou de resoluções adotadas em uma reunião ou assembléia, pode ser utilizada para documentar o estado e as condições de bens que vão ser entregues a seus novos proprietários, por terceiras pessoas, a fim de prevenir responsabilidades, dentre outras situações que irão surgindo, conforme a familiarização e conhecimento do tema for abrindo horizontes. Por outro lado, a ata notarial não pode ser utilizada como instrumento para retificação ou correção de erros em escrituras públicas ou em qualquer outro ato praticado no Serviço Notarial e nem para aditamento ou mesmo para ratificação de tais atos, em caso de omissão de algum elemento ou requisito que deles devia constar. Esse é o entendimento de RIBEIRO, sob o argumento de que para essas hipóteses, “há necessidade de ser lavrada escritura de rerratificação ou de aditamento, conforme o caso, colhendo-se as assinaturas dos interessados".

O mesmo autor conclui:

Afora os casos de relato de atos ou fatos ocorridos e de resoluções ou

deliberações adotadas em uma reunião formal ou informal, ou de registro de

condições ou estado de conservação de bens, quer para servir de prova, quer para

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Ibid., p. única

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prevenir responsabilidades, não vemos qualquer outra função a que se possa valer

do novel instrumento ata notarial.

Até este momento, apresentaram-se origens, a normatização, as

características e se buscou identificar a função, a aplicabilidade e a importância da

ata notarial para a sociedade brasileira. A partir de agora se passa a analisar a ata

notarial enquanto meio de prova no processo civil.

Rodrigues (2004), ao tratar da ata notarial como meio de prova, e utilizando-

se de embasamento teórico de diversos autores estrangeiros, escreve que:

O poder certificante do notário é uma faculdade que a lei lhe dá para, com sua intervenção, evitar o desaparecimento de um fato antes que as partes o possam utilizar em proveito de suas expectativas. A fé pública é, em todo o momento do negócio jurídico, o caminho mais efetivo para a evidência. Tudo se reduz à intervenção notarial que, com sua presença ou sua atuação, soleniza, formaliza e dá eficácia jurídica ao que ele manifesta ou exterioriza no instrumento público, seja este escriturado ou não. Isto se relaciona, também, com o poder certificante do notário, o que permite às partes em forma voluntária, escolher a forma e o modo de resolver seus negócios; neste caso, como afirma Gatán, a função notarial pode considerar-se como jurisdicional. O notário, dentro de sua ampla gama de faculdades, logrará, com sua intervenção, estabelecer a prova pré-constituída, que há de servir de pauta legal, no momento em que seja necessário solicitá-la.

Conforme o direito espanhol e peruano, ainda na constatação de Rodrigues

(2004, p. única), quando o notário "constata, verifica, escuta, vê, observa", salva

futuros vazios e fotografa a verdade, constituindo, sua afirmação traduzida em um

papel, um documento público perfeito. E conclui:

Quero dar a maior importância às atas notariais, como instrumento público em sua mais alta validez; têm mais simplicidade que o instrumento formal, vale como a escritura propriamente dita, e há de servir em juízo, na oportunidade de se estabelecerem os direitos, de se abreviarem procedimentos de peritagem, e de outros trâmites relacionados com as pretensões de quem tem o justo direito, muitas vezes, aliás, turvado no seu aspecto de verdade. As atas notariais, conforme o direito espanhol, têm por objeto a comprovação e fixação de fatos notórios, sobre os quais poderão ser fundados e declarados direitos e qualidades com transcendência jurídica.

Inegável, ante todo o exposto, a utilidade da ata notarial como meio de prova

no processo civil.

Para Silva (2013, p. única) a ata notarial, por sua natureza, se reveste de

especial importância para obter-se uma produção antecipada de provas de boa

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qualidade e credibilidade, com presteza, sem ficar o interessado na dependência de

movimentar o aparato judiciário que deve ser preservado para a solução de

contendas de maior complexidade e não solucionáveis pelos mecanismos mais

simples.

É evidente que o Código de Processo Civil oferece mecanismos para a

demonstrar a verdade ou falsidade de fato conhecido ou controvertido ou para

convencer da certeza de ato ou fato jurídico. Permite, inclusive, a produção

antecipada de provas, que se dá no bojo de circunstâncias especiais, com o intuito

de se preservar a veracidade de afirmação ou fato. Como exemplo ilustrativo, cita-se

o livro III do referido código, que trata do “processo cautelar”, cuja seção VI, do seu

capítulo II, trata de um conjunto de medidas preconizadas sob a epígrafe de

“produção antecipada de provas” e que se reduzem a três, enumeradas no artigo

846, a saber: interrogatório da parte, inquirição de testemunhas e exame pericial,

Portanto, o interrogatório e a inquirição antes da propositura de uma

demanda ou na fase inicial desta são providências previstas para as hipóteses de a

parte ou a testemunha ter de ausentar-se do lugar, ou ainda de haver justo receio,

por motivo de idade ou moléstia grave, de não mais existir ou estar impossibilitada

de depor ao tempo em que a prova possa vir a ser produzida.

Constituem cautelas pertinentes, razoáveis e louváveis, disso não restam

dúvidas. No entanto, como é conhecido, o sistema jurídico brasileiro é extremamente

forma e o emperramento do serviço judiciário, muitas vezes não atingem o resultado

que se propugna alcançar pela falta de agilidade necessária.

Ante esta inegável realidade, emerge a instituição da ata notarial, que pode

e deve ser difundida, como um instrumento a acrescer esse rol de cautelas, e que é

capaz pela sua função já identificada, auxiliar na concretização rápida e efetiva da

tão esperada justiça.

Trata-se aqui, especificamente, da ata notarial de declaração, seja de

interesse próprio, seja testemunhal, como contribuição efetiva do tabelionato de

notas a fim de agilizar e preservar a formação da prova no processo judiciário, desde

que amparada nas premissas de urgência por causa de viagem, de idade avançada

ou de moléstia grave, verificadas ao prudente arbítrio do tabelião.

Outro tipo de ata notarial que também pode ser utilizada é a ata notarial de

presença, quando a produção antecipada de prova pericial, ou seja, a

tradicionalmente conhecida vistoria ad perpetuam rei memoriam, prescindindo da

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presença física do juiz em diligência, pode e deve ser difundida e praticada sob a

modalidade de ata notarial de presença, mediante a qual o tabelião de notas,

deslocando-se dentro da circunscrição de sua competência territorial, verifica in locu

a existência de um fato e o relata minuciosamente, com o auxílio de quem esteja

presente e queira colaborar; mais ainda, se for o caso, com a participação de perito

ou peritos que lhe esclareçam as questões técnicas e, se convier, emitam laudo ou

laudos a fazer parte integrante da ata, segundo os ensinamentos de Silva (2013, p.

única). Portanto, é inegável, ante todo o exposto, a importância da ata notarial como

meio de prova no processo civil.

Todavia, mais do que sua imprescindível utilização do instrumento público

notarial como meio de prova pré-constituída, o que é um dos aspectos importantes

de sua natureza, e que por si só já justificaria a escolha deste tema para debate e

divulgação, o que se defende é que a relevância da ata notarial, na realidade atual,

se sobrepõe à função meramente probatória, que pressupõe litígio potencial a dar-

lhe ou a lhe negar respaldo.

Neste particular, Silva2 consegue extrair a essência do instituto em tela ao

proclamar que:

O instrumento público notarial existe e é eficaz por si mesmo, faz realizar o direito na normalidade da vida social e, acima de tudo, sua qualificação e respeitabilidade, pela certeza e segurança a ele inerentes, são fatores de prevenção de litígio. Então, mais que meio de prova pré-constituída, o instrumento público notarial vale pelo que é, desde o momento em que se concretiza, e já nasce com o destino de harmonizar as pessoas em suas relações jurídicas no meio social.

Percebe-se, desta forma, que não apenas a sociedade brasileira, mas

inclusive os profissionais ligados, de alguma forma, à esfera jurídica, muito já perdeu

e ainda tem a deixar de ganhar pela absoluta falta de conhecimento sobre os

instrumentos que o sistema jurídico oferece em benefício de toda a coletividade, e

que, se aplicados como podem e deveriam ser, contribuiriam não somente com o

resgate da credibilidade do sistema judiciário como um todo, mas na própria

pacificação e segurança social (CARRARO, 2013, p. única).

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4.3 UTILIZAÇÃO NO PROCESSO TRABALHISTA

A ata notarial é um instrumento de grande valia ao processo judicial,

inclusive nas reclamatórias trabalhistas.

É sabido que no processo trabalhista se utiliza sobre maneira a prova

testemunhal, aliás, na maioria dos processos este tipo de prova é a principal. No

entanto,entendemos que a prova testemunhal é demasiadamente informal e pode,

por vezes, ser prejudicial até para a parte que a produz. Não raro, as testemunhas

esquecem-se dos fatos presenciados, inclusive de dados importantes, ou não se

explicam como deveria, essa situação acarreta no prejuízo da prova. Nesta hipótese,

por exemplo, seria conveniente, sempre que possível, realizar a ata notarial acerca

dos fatos, ao invés de confiar no futuro depoimento das testemunhas.

Também podemos usar a ata notarial nas perícias técnicas. É evidente que o notário

não tem conhecimento técnico para substituir o perito, mas certamente poderá

acompanhar a perícia, a contento, e narrar na ata notarial todos os procedimentos

utilizados pelo expert e até as suas conclusões, se eventualmente as externar.

Certamente que este procedimento ajudará, e muito, o procurador, seja da

reclamada ou do reclamante, na ocasião de se manifestar acerca da perícia judicial

apresentada e inclusive facilitará na feitura dos quesitos.

Outras aplicações práticas na Justiça do Trabalho são: Determinada

construtora pactua um contrato de empreitada por obra certa para realização de

reboco em dez apartamentos. Passados uns cinco dias, o empreiteiro e seus

funcionários abandonam o serviço sem concluir a obra. Então, a construtora, para se

prevenir e provar o descumprimento do contrato determina a realização de uma ata

notarial que narrará o estado da obra, podendo, assim, a construtora, livremente,

contratar outra empresa para terminar o serviço. Logo, se eventualmente for

acionada subsidiariamente pelos empregados do empreiteiro terá esta prova pré-

constituída que demonstrará o não cumprimento do contrato. Poderá ser utilizado,

quando as condições de fato permitirem, para o empregador comprovar a justa

causa da demissão. Outra hipótese seria no caso de um zelador de prédio

residencial que tem disponibilizado para uso, enquanto presta trabalho a este prédio,

um apartamento para tal finalidade. Se houver alguma divergência entre as partes e

o empregado abandonar o serviço, poderá o edifício elaborar uma ata notarial,

sendo que o notário verificará e narrará às condições em que se deu o

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arrombamento, os moveis que tem no imóvel e o estado das coisas e do

apartamento. Tal medida protegerá o empregador.

Também poderá ser utilizada a ata notarial para comprovar o estado em que

os bens dados em comodato foram entregues pela empresa ao funcionário, assim

como quando estes forem devolvidos, mencionando na ata o estado de conservação

ou danificação. Enfim, a ata notarial pode ser utilizada em qualquer procedimento,

como melhor interessar, é a constituição de provas, desde que o objeto seja lícito e

moral e o tabelião o agente competente para lavrá-la, será válido.

Assim sendo, constata-se que a ata notarial se presta para materialização de

fatos ocorridos, visando resguardar para ser um meio de prova válido e com

presunção juristantum. Portanto, a utilidade da ata notarial é incontroversa,

objetivando pré-constituir provas, para se garantir em eventuais reclamatórias

trabalhistas, ou outros processos, até de âmbito administrativo. (A UTILIDADE...,

2013).

4.4 A UTILIZAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA

A ata notarial na esfera administrativa pode ser utilizada para constatar a

existência de um determinado pregão eletrônico, uma licitação, editais que sejam

vinculados somente por meio eletrônico.

Além dessas situações e possível fazer uso de tal instrumento para retificar

algum ato como, por exemplo, esta jurisprudência:

Ata notarial de retificação de escritura pública Processo CG n° 2008/45352 (59/2009-E) REGISTRO DE IMÓVEIS - Escritura pública de divisão amigável - Erro na descrição dos lotes - Retificação por Ata Notarial - Inviabilidade - Necessária nova manifestação de vontade das partes, por meio de escritura de re-ratificação - Recurso não provido. Excelentíssimo Senhor Corregedor Geral da Justiça: Cuida-se de recurso interposto por Espólio de Alberto Badra e Espólio de Somaia Badra contra decisão do MM. Juiz Corregedor Permanente do 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Suzano (fls.220) que indeferiu pedido de providências para que, através de ata notarial, se retificasse escritura pública de divisão, tendo por objeto 2.623 lotes, distribuídos em 78 quadras e 07 glebas, que compõem o loteamento Cidade Miguel Badra, na Cidade de Suzano. Os recorrentes sustentaram ser possível a retificação pleiteada, visto que o próprio Tabelião reconheceu já ter retificado erros materiais em situações anteriores, quando o pedido não altera a vontade das partes, não afeta elementos essenciais do negócio jurídico, não depende da vontade das partes, não representa risco de prejuízo a terceiros, e é feito mediante a

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simples apresentação de documentos, sendo certo que todos esses requisitos estariam presentes "incasu". O I. Representante do Ministério Público opinou pelo não provimento do recurso. É o relatório. Opino. Em primeiro lugar, ressalte-se que embora os recorrentes tenham intitulado seu recurso como apelação, trata-se na verdade de recurso administrativo, como tal devendo ser apreciado, nos termos do artigo 246 do Código Judiciário do Estado de São Paulo, já que o inconformismo foi manifestado contra r. decisão proferida no âmbito administrativo pelo MM. Juiz Corregedor Permanente da Serventia Extrajudicial em exame. O presente recurso não merece provimento. Os recorrentes pretendem retificar, através de ata notarial, escritura pública de divisão amigável lavrada aos 08 de outubro de 1977 nos livros 130-A e 130-B perante o 1° Tabelião de Notas de Suzano, tendo por objeto 2.623 lotes, distribuídos em 78 quadras e 07 glebas, que compõem o loteamento Cidade Miguel Badra, na Cidade de Suzano, com vistas a corrigir erros relativos à descrição de determinados lotes, mais especificamente quanto às suas medidas, confrontações e vias públicas em que se localizam. Conforme ressaltado pelo I. Representante do Ministério Público em Segundo Grau, não é, porém, a ata notarial o meio hábil para a pretendida retificação de escritura pública, que, ao contrário, só pode ser retificada por outra escritura, presentes as mesmas partes ou seus sucessores. Este tem sido o entendimento reiterado da Egrégia Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, isto é, de que a retificação de uma escritura só pode se dar, em princípio, através de novo ato notarial, qual seja através da lavratura de escritura de re-ratificação, admitindo-se apenas por exceção, quando verificado erro material evidente, a intervenção da autoridade administrativa para corrigi-lo (Processos CG 129/87, 114/89, 178/96, 98/00). Descabe, portanto, ao Tabelião ou ao MM. Juiz Corregedor Permanente substituir a atuação das partes para o fim de emitir, no lugar destas, uma declaração modificativa da declaração original. Muito elucidativo a respeito o parecer do MM. Juiz Auxiliar da Corregedoria, Dr. Roberto Maia Filho, aprovado pelo eminente Desembargador Gilberto Passos de Freitas, então Corregedor Geral da Justiça, no Processo CG - 128/2007: "O óbice está em se dotar o Notário, Registrador ou mesmo o Juiz Corregedor Permanente, como tal atuando no âmbito administrativo, de poder retificatório unilateral. Nesse sentido, em precedente análogo sobre o tema, já se decidiu que "permitir essas correções, ainda que indícios apontem no sentido da ausência de prejuízo potencial a terceiros, seria munir o agente administrativo de poderes de que não dispõe capazes de interferir com a manifestação da vontade da parte que já a deixou consignada formalmente no título causal" (Decisões Administrativas da Corregedoria Geral da Justiça, ed. RT 1989, p. 242, nº 127)." De igual feição, o parecer do MM. Juiz Auxiliar da Corregedoria, Dr. José Marcelo Tossi Silva, no Proc. CG n° 834/2005, aprovado pelo eminente Desembargador José Mário AntonioCardinale, então Corregedor Geral da Justiça, com o seguinte teor: "Neste Órgão Censório, por outro lado, tem prevalecido o entendimento de que a retificação de atos notariais, pela via administrativa, somente é possível quando se tratar de erro material evidente, verificável desde logo. Neste sentido o r. parecer da MM. Juíza Auxiliar da Corregedoria, Dra. Maria Adelaide de Campos França, no Proc. 98/90, em que se verifica: "A emenda de atos notariais mediante intervenção do Poder Público é admitida, tão-somente, quando as circunstâncias indicam ser o erro material evidente, independente de qualquer conjectura e verificável a olho nu. Tal admissão da correção de mero equívoco material pela via administrativa encontra seu fundamento no poder de autoridade da Administração Pública

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sobre seus próprios atos" (Decisões Administrativas da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo - 1990, Coord. Des. Onei Raphael Pinheiro Oricchio, Ed. RT, págs. 210/211). Este posicionamento se justifica porque não é possível ao tabelião e ao juiz, em procedimento administrativo, alterar a manifestação de vontade das partes, consubstanciada na escritura pública, mediante modificação da descrição da coisa que foi objeto da compra e venda. Ainda neste sentido a r. decisão proferida pelo Desembargador Márcio Martins Bonilha no Processo CG nº 1.429/96, da Comarca de Poá, em que foi aprovado parecer do MM. Juiz Auxiliar da Corregedoria, Dr. Francisco Eduardo Loureiro, com o seguinte teor: "Como muito bem colocado pela Dra. Curadora de Registros Públicos em sua manifestação de f., a retificação de escritura depende de novo ato volitivo das próprias partes contratantes, não se prestando, a priori, à retificação judicial. Na expressão de Pontes de Miranda, "falta competência aos juizes para decretar sanções e até para retificar erros em escrituras públicas: escritura pública somente se retifica por outra escritura pública" (Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado. São Paulo: RT. t. 3, 338 p. 361). No mesmo sentido, absolutamente pacífica é a doutrina (Washington de Barros Monteiro. Curso de Direito Civil, v. 1, p. 263; Miguel Maria de Serpa Lopes. Curso de Direito Civil, v. 6, p. 533; Valmir Pontes. Registro de imóveis., p. 124-125). Em artigo específico sobre o tema, ficou assentado que: "Não podem, pois, os juízes e nem os Oficiais de Registro de Imóveis corrigir equívocos constantes de escrituras públicas, uma vez que não têm eles competência para isso. Na hipótese de o erro constar originariamente de escritura pública, então as partes interessadas deverão proceder à retificação do instrumento através de outra escritura pública, desde que estejam presentes e em condições de exprimir sua vontade. Quando, porém, houver impossibilidade, tal como acontece quando um dos participantes vem a falecer, seus herdeiros, nesse caso, poderão substituí-lo na prática do ato notarial" (Luiz Amorim e José Celso de Mello Filho, "Aspectos da escritura pública". RJTJESP 45/13). Em mais de uma oportunidade, já deixou esta Corregedoria Geral da Justiça fixado que cabe ao Tabelião representar o fato presenciado ou apreendido, como redator fiducial, sem acrescentar elementos volitivos não-colimados pelos comparecentes. Via de conseqüência, não cabe ao Tabelião e nem ao Estado, ressalvada a via jurisdicional própria (sem caráter retificatório, entretanto) intervir para alterar o fato retratado na escritura (Decisões Administrativas da Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo, ano de 1987, ementa 56, p. 116, ementa 59, p. 116, ementa 90, p. 177; Decisões, ano de 1988, ementa 81, p. 139, ementa 96, p. 168). Entender o contrário significaria permitir que na esfera retificatória, ou seja, em sede puramente administrativa ou em jurisdição graciosa, pudesse ser alterada à vontade das partes, livremente manifestada no ato notarial. É por isso que o art. 213, da Lei n 6.015/73 trata exclusivamente da retificação do registro, não fazendo, todavia, menção à retificação de escritura, como forma de preservar a pureza da manifestação de vontade instrumentalizada pelo Tabelião". A retificação pleiteada pelos requerentes altera a posição do imóvel no solo e por não se tratar de correção de erro evidente deverá ser feita mediante escritura de re-ratificação." As correções requeridas pelos interessados, que dizem respeito à descrição dos lotes e são de monta, conforme se verifica do rol de fls.04/06, não caracterizam, pois, erro evidente, não se podendo prescindir "in casu" da escritura de re-ratificação. Outro não é o magistério de Narciso Orlandi Neto, in Retificação do Registro de Imóveis, Ed. Oliveira Mendes, 1997, p.90, segundo o qual "Não há

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possibilidade de retificação de escritura sem que dela participem as mesmas pessoas que estiveram presentes no ato da celebração do negócio instrumentalizado. É que a escritura nada mais é que o documento, o instrumento escrito de um negócio jurídico; prova preconstituída da manifestação de vontade de pessoas, explicitada de acordo com a lei. Não se retifica manifestação de vontade alheia. Em outras palavras, uma escritura só pode ser retificada por outra escritura, com o comparecimento das mesmas partes que, na primeira, manifestaram sua vontade e participaram do negócio jurídico instrumentalizado". A propósito das eventuais dificuldades que podem surgir com a necessidade de ser lavrada escritura de retificação, complementa o festejado doutrinador: "Se aquele que deve participar da escritura de retificação faleceu, cumpre pedir ao juízo do inventário que, ouvidos todos os interessados, autorize, por alvará, o inventariante ou outra pessoa a comparecer à escritura de retificação e, em nome do espólio, manifestar sua vontade para ratificar o negócio feito pelo "de cujus" e retificar o erro que contaminou o registro (conf. "Aspectos da Escritura Pública", Sebastião Amorim e José Celso de Mello Filho, in Revista de Direito Imobiliário n.1/27). Se a parte está desaparecida ou se recusa a comparecer à escritura de reti-ratificação, tem o interessado direito de ação para suprir o consentimento de quem não é encontrado ou, injustamente, o recusa. Em ambos os casos, será o réu citado (por editais ou pessoalmente, na forma da lei processual) para comparecer em dia e hora previamente designados, em determinado tabelião, para participar da escritura de reti-ratificação. Se não comparecer, o juiz declarará suprida a falta da declaração de vontade e expedirá alvará que será transcrito na escritura de reti-ratificação. Se o réu é a única pessoa que deve comparecer à escritura, além do interessado na retificação, pode o juiz simplesmente declarar suprido o consentimento para a reti-ratificação. Nesta hipótese, a carta de sentença será o documento hábil para a retificação do registro." Por fim, tampouco há que se falar na pretendida retificação da escritura através de ata notarial, visto que, nos dizeres de Leonardo Brandelli, in Teoria Geral do Direito Notarial, 2ª ed., Saraiva, 2007, p.249, "A ata notarial é, enfim, o instrumento público mediante o qual o notário capta, por seus sentidos, uma determinada situação, um determinado fato, e o translada para seus livros de notas ou para outro documento. É a apreensão de um ato ou fato, pelo notário, e a transcrição dessa percepção em documentopróprio". E ao tratar do objeto da ata notarial, Brandelli lança uma pá de cal na controvérsia suscitada pelos ora recorrentes ao esclarecer que "o objeto da ata notarial é obtido por exclusão, isto é, para ser objeto de ata notarial não pode ser objeto de escritura pública, (...)" (grifei) Ante o exposto, o parecer que respeitosamente submeto ao elevado critério de Vossa Excelência é no sentido de que a apelação interposta pelos recorrentes seja recebida como recurso administrativo, na forma do artigo 246 do Código Judiciário do Estado de São Paulo, e que a ele seja negado provimento. Sub censura. São Paulo, 26 de fevereiro de 2009. WALTER ROCHA BARONE Juiz Auxiliar da Corregedoria DECISÃO: Aprovo o parecer do MM. Juiz Auxiliar da Corregedoria e por seus fundamentos, que adoto, recebo a apelação interposta pelos recorrentes como recurso administrativo, na forma do artigo 246 do Código Judiciário do Estado de São Paulo e nego-lhe provimento. Publique-se. São Paulo, 05.03.2009. (a) RUY PEREIRA CAMILO - Corregedor Geral da Justiça. (SÃO PAULO, 2013, p. única)

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5 QUESTÕES POLÊMICAS

Em notícia veiculada no site do 1º Cartório de Notas de São José Campos

(2013, p. única) demonstra que Cartórios de Notas ajudam pais contra o bullying em

escolas, senão vejamos:

Ata notarial é um instrumento que prova a existência de crime e pode ser usado em processos contra agressores Um dos assuntos mais discutidos atualmente no Brasil e em vários países é o bullying e o cyberbullying. Prática instaurada em todo o mundo, o bullying é caracterizado pela intimidação incessante que atinge a integridade, honra e autoconfiança da vítima. Não raro, as agressões inicialmente psicológicas passam para agressões físicas, aterrorizando alunos, pais e professores. A palavra inglesa “bully” quer dizer intimidação e o termo bullying se refere à ação de oprimir, perseguir e incomodar pessoas. Esta prática pode ocorrer em diversos ambientes: na escola, no trabalho, em grupos de convívio social, em universidades e até entre vizinhos. É na escola, porém, que é mais comum. E, muitas vezes, ultrapassa os muros do colégio e chega à rede mundial de computadores. O cyberbullying, que faz uso das redes sociais (como Orkut, Twitter e Facebook), blogs e comunidades virtuais, aumenta exponencialmente a humilhação aplicada à vítima. Diferente do bullying do mundo físico, que tem seus praticantes reconhecidos, no mundo virtual eles podem ser anônimos. Mas, é bom que se saiba, é possível identificá-los por investigação pericial – estatal ou particular. E um bom início para que essa identificação aconteça é a vítima, ou seus pais, procurar um cartório de notas para a elaboração de uma ata notarial. Trata-se de um ato por meio do qual o tabelião – a pedido da parte interessada – redige um instrumento público contendo a constatação fiel de tudo aquilo que verificou por seus próprios sentidos sem emissão de opinião, juízo de valor ou conclusão pessoal. Esse instrumento serve de prova pré-constituída para utilização nas esferas judicial, extrajudicial e administrativa. De acordo com o presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB), Ubiratan Guimarães, pela ata notarial o tabelião, por meio de uma narrativa autêntica (dotada de fé pública), prova que o crime realmente existiu. Esse instrumento é importante não apenas para crimes virtuais, onde a volatilidade é muito alta e de um dia para o outro um site ou um post podem desaparecer. “A ata notarial pode ser feita, também para fatos presenciais, com o tabelião indo ao local no momento em que os atos ocorrem”, explica ele. Os pais de menores ameaçados por colegas, por exemplo, podem pedir a um tabelião para que vá ao local, como a saída da escola, para presenciar o bullying e documentar o fato. A ata notarial, na realidade, pode ser usada em várias outras situações pela população. Além de ações relativas a crimes, é comum em ações imobiliárias, por exemplo, na hora da devolução de imóveis alugados ou em reuniões condominiais e empresarias (esta última de utilização comum em países como a Espanha). Outra situação muito comum envolvendo a internet é sobre crimes virtuais relativos a direitos autorais, como no caso de textos e ilustrações. O autor da obra pode solicitar a um tabelião a constatação que a sua criação está sendo usada de forma indevida por terceiros em sites. Prevista na Lei Federal 8935 de 1994, em termos técnicos, a ata notarial pode ser solicitada por qualquer pessoa que deseja comprovar algum fato e para tanto busca os serviços de um tabelião – terceiro imparcial a quem a lei atribui a chancela (fé pública) estatal.

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Na avaliação do CNB-SP, o uso da ata notarial vem crescendo. “Conforme a população conhece o instrumento, cada vez mais pessoas se utilizam da ata notarial”, afirma Ubiratan Guimarães [...]

Uma das situações mais corriqueiras, são as de envio de mensagens com a

utilização do aplicativo WhatsApp Messenger que é uma aplicação multi-plataforma

de mensagens instantâneas para smartphones. Além de mensagens de texto, os

usuários podem enviar imagens, vídeos e mensagens de áudio de mídia, que em

certos casos a comprovação se torna muito mais evidente, pois além do texto e

possível obter a imagem de tal fato.

5.1 VALOR DA PROVA DIGITAL VERTIDA NA ATA NOTARIAL

Pinheiro (2009), em sua obra, dedicou um capítulo a falar tão somente sobre

a Prova eletrônica. A Autora nós mostra que não há nenhuma legislação brasileira

que proíba ou vete a utilização de prova eletrônica.

O Art. 225 do Código Civil dispõe:

As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisa fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão. (BRASIL, 2013, p. única)

Ao contrário, o Código Civil e o Código de Processo Civil aceitam

completamente o seu uso, desde que sejam atendidos alguns padrões técnicos de

coleta e guarda, para evitar que esta tenha sua integridade questionada ou que

tenha sido obtida por meio ilícito. Logo, o que realmente existe, novamente, é o

preconceito quanto ao tipo de prova, pois todos nós temos medo (insegurança)

daquilo que não conhecemos.

Desta forma pode-se concluir que, a prova é “formada por um conjunto de

elementos de que serve o magistrado para formar a convicção sobre fatos em que

se fundamenta a lide”.

Há inúmeros meios de produção de provas eletrônicas. Nesse momento

podemos exemplificar alguns meios de produção da prova digital, quais sejam:

a) Documentos de texto, planilhas eletrônicas e bancos de dados;

b) Arquivos de áudio, como músicas e gravações;

c) Arquivos de vídeo;

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d) Imagens em qualquer formato;

e) Mensagens eletrônicas, como e-mail, torpedos de celular (SMS) etc;

f) Interrogatório de réu preso via videoconferência;

g) Depoimento Testemunhal Online;

h) Procuração Online etc.

Para todos esses meios de provas eletrônicas, podemos dizer que podem

ser considerados como documentos digitais, uma espécie de prova documental. É

importante lembrar que no direito brasileiro não há hierarquia entre provas. Todas as

provas têm a mesma força, e não há uma que sobressaia em relação à outra. O

Princípio do Livre Convencimento Motivado vem de nossa Constituição e reflete na

legislação processual (Pinheiro, 2009, p. 157), mais especificamente no art. 131 do

CPC onde informa que "o juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e

circunstâncias constantes nos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas

deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento" (Brasil,

1973).

Pinheiro (2009), ainda nós reforça que, nunca alcançaremos a certeza

inequívoca de confiabilidade, tanto no sistema eletrônico quanto no tradicional, ou

em outro qualquer, mas, ainda assim, é possível imprimir uma confiabilidade

necessária para a concretização de negócios jurídicos nesses meios.

Podemos afirmar que a tecnologia trouxe mais ferramentas para validação

jurídica de provas, algo que se busca há muito, e hoje, por certo, já há força legal

muito maior numa prova composta por um e-mail do que apenas um testemunho

oral ou um mero fax; o mesmo para uma assinatura digital ou biométrica do que

apenas o número de um RG ou CPF anotados a mão sem conferência do

documento, ou cuja foto, normalmente, está desatualizada. Afinal, para todos nós, o

teste de DNA continua sendo considerado prova inequívoca de autoria, apesar de

não ter lei e não ser 100% de certeza.

Sobre a força probatória da prova, Ferreira (2010, p. 76) cita Pontes de

Miranda, para melhor explicar, senão vejamos:

Segundo Pontes, a força probatória tem dois aspectos: a) abstrato, quando por exemplo, a testemunha atende aos requisitos legais(ser capaz, não ter interesse no litigio ou ser verdadeira o documento); e b) a força probatória concreta, quando o meio da prova dá, no caso concreto, o motivo dos fatos afirmados ou que os possam elidir (por exemplo, o documento do empréstimo prova o empréstimo e não outra coisa).

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Essa força probante pode ser de duas maneiras, plena ou semiplena.

Segundo Theodoro Junior (2003), plena é aquela que produz um elevado grau de

certeza, pois no sistema legal, é em si bastante para certificar o fato controvertido; e

aquela que se produz alguma fé, que não é o bastante por si para assegurar

decisões de uma consciência reta, é a prova semiplena ou não completa.

Alguns fatos independem de prova, o legislador se antecipa ao eventual

conflito que possa surgir entre as partes e faz presumir relativamente ou

absolutamente. Conforme apresenta o art. 334, IV do Código de Processo Civil, in

verbis: "Art. 344 – Não dependem de prova os fatos: [...] IV- em cujo favor milita

presunção legal."

Destaco o inciso IV, pois é onde se enquadra a Ata notarial, como prova

documental.

Como vimos a Ata notarial é um instrumento público, e que por ser revestido

de fé publica, faz presunção de veracidade e autenticidade.

Quando se tem presunção legal, se dispensa de prova quem dela se

beneficia, essa presunção legal pode ser absoluta (iure et de jure) não admitindo

prova em contrario, ou relativa (iuris tantum) a onde se permite prova ao contrario,

apenas nos casos previstos em lei se permite prova contraria com o interesse em

negar a força probatória da presunção relativa.

Para alguns doutrinadores a prova documental é a mais importante de todas

espécies de provas, devido a sua principal características de manter o fato

permanentemente e duradouro é considerado uma fonte segura de prova.

Dessa forma, Brandelli (1998, p. 114) afirma que são inegáveis as relações

do direito notarial com o direito processual:

Assim quando o direito processual aborda a eficácia probatória do documento notarial, embora o possa fazer abrangendo todos os instrumentos públicos, ou até mesmo de documento particular que tenha recebido intervenção notarial. É o que ocorre, por exemplo nos artigos, 364. 365, 366, e 369 do Código de Processo Civil pátrio.

No Código de Processo Civil, está elencado nos artigos 364 a 389 a regras

relativas à eficácia probatória de documentos públicos e particulares.

Artigo 364 do Código de Processo Civil in verbis: "Art. 364. O documento

público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o

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tabelião, ou o funcionário declarar que ocorram na sua presença." (BRASIL, 2013, p.

única).

De acordo com Afonso Rezende (2004, p. 84):

A eficácia probatória do documento público, em geral, vem determinado nos dispositivos legais. O instrumento público porta por fé tudo que nele se encontra narrado, tanto as declarações dos notários como aquelas que provem das partes, uma vez que se trata de relação fiel e exata de um fato, ou melhor, de uma sucessão de fatos acontecidos diante do notário, em apenas um ato. O caráter da prova pré-constituída, que, deste modo, adota o instrumento público, tem sido destacada tradicionalmente e considerada por muito tempo pela doutrina como fundamental para caracterizar a prova.

Marinoni (2010) menciona que quando se fala em documento público, o

regime jurídico refere-se tanto ao instrumento público e quanto ao documento

público, ambos são trados como documento público.

Partindo do raciocínio formado durante o trabalho, podemos concluir então

que instrumento da Ata notarial tem eficácia plena, devida a sua fé publica, o que

significa que faz prova absoluta (iureet de iure), pois tem a seu favor presunção legal

de legalidade e exatidão. Sendo então a Ata notarial o documento público no qual o

tabelião declara os fatos ocorridos em sua presença.

Assim relata Ferreira (2010, p. 52-53):

A fé do notário a propósito das declarações recebidas é absoluta quanto à existência delas e relativa quanto ao conteúdo. De todo modo, qualquer contestação a elas, existência ou conteúdo, somente pode ser feita via judicial por parte com legitimidade ativa.

Por vezes só com a ata notarial poderá ser provado o que se alega no

processo judicial, esse fato provado pela ata notarial pode ser relevante para o

desfecho de uma ação de revisão de pensão alimentícia, por exemplo, onde o pai,

nega ter renda suficiente para aumentar a pensão por se encontrar em difícil

situação financeira, porem e uma ata notarial da internet pode-se provar que o

mesmo não se encontrava em situação financeira difícil na qual declarava, pois a

Ata notarial constava fotos recentes tiradas na Europa postadas em seu perfil na

rede social Facebook.

A ata notarial serve para pré-constituir prova dos fatos. Muitas vezes não

temos como provar uma situação potencialmente perigosa ou danosa. O tabelião é,

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portanto, uma testemunha cujo ato vai ter fé pública e fazer prova plena perante

qualquer juiz ou tribunal.

Sendo muito utilizada nas provas denominadas diabólicas pela doutrina, no

sentido de que é muito difícil para a parte fazer a prova, a doutrina se refere aos

casos em que é extremamente difícil ou impossível de se provar o fato.

A eficácia da ata notarial na prática, nos tribunais, mostrando sua real

eficácia na esfera jurídica, segundo jurisprudência.

Como visto diversos são os tipos de atas notariais, na pratica notarial, como

atas de mensagem de texto em celular, ata de mensagens eletrônicas (e-mail), atas

constatando a situação de imóvel entregue pelo locador a imobiliária, dentre outras.

A utilização da Ata Notarial está consubstanciada na jurisprudência pátria,

como veremos abaixo.

A Décima Segunda Câmara Cível, em agravo de instrumento, assim decidiu:

Trata-se de agravo de instrumento interposto em face da decisão interlocutória que deferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela determinando a expedição de mandado de remoção das colheitadeiras Automotriz New Holland TC 57 série 57 GHLS01595 e uma plataforma 19 PES Superflex - Marca NH 19FBH201432 e MF5650 para depósito particular do 1º requerente, ficando este como depositário fiel dos bens. O agravante interpôs o presente recurso no qual alega serem inverídicas as declarações proferidas pelos agravados no que tange à depreciação das colheitadeiras posto existir condição física para a proteção das mesmas, conforme Ata Notarial declarada pela Tabeliã competente, juntada às fls. 50/55, onde há também o registro da existência de plantação de soja na propriedade rural do agravante. O agravante afirma injustiça quando do deferimento da tutela antecipada aduzindo ser necessária a produção de provas, pois trata-se de dissolução de sociedade agrícola onde as partes são familiares e o controle dos ativos e bens comuns dos sócios é contabilizado de forma precária. Ao final requereu a concessão da antecipação de tutela para reformar a decisão agravada, restabelecendo a situação anterior, com o retorno dos bens ao agravante, já que a medida deferida causa sérios prejuízos ao interessado. Juntou documentos. 2 Vieram-me os autos conclusos. É o relatório. I. Trata-se de agravo de instrumento com pedido de concessão de tutela antecipada recursal. Nos termos do art. 527, inciso III do Código de Processo Civil, pode o relator, ao receber o agravo de instrumento, "atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão". Portanto, cumpre averiguar, se no caso, estão presentes os requisitos autorizadores da concessão da antecipação da tutela recursal, que são a teor do art. 273 do Código de Processo Civil, a prova inequívoca da verossimilhança das alegações e o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. O artigo 273 do Código de Processo Civil, inciso I traz como requisito para a antecipação dos efeitos da tutela a prova inequívoca que convença da verossimilhança das alegações. Da análise dos autos constato tratar-se de dissolução de sociedade agrícola na qual são partes familiares, irmãos. Devido à precariedade dos documentos trazidos à baila em relação à situação fática de suposto prejuízo ao agravante entendo que o mesmo, por

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ora, não demonstrou perigo de dano irreparável ou de difícil reparação. Esclareço que apesar de ser relevante a importância a Ata Notarial, tal documento apenas registra a atual realidade da propriedade rural do agravante, deixando de demonstrar se os fatos trazidos na inicial da demanda principal realmente ocorreram ou não. Dessa forma, deixo de conceder, neste momento, a antecipação dos efeitos da tutela recursal por entender de suma importância a oportunização do contraditório, evitando 3 assim decisão temerária. II. Requisitem-se as informações junto ao juízo a quo a fim de se averiguar o cumprimento do art. 526, do CPC; III. Intime-se a parte agravada para, querendo, contraminutar no prazo legal. IV. Intimem-se. Voltem conclusos. Curitiba, 08 de janeiro de 2013. João Domingos Küster Puppi Desembargador Relator (Agravo de Instrumento 995241-6, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do PR, Relator: João Domingos Kuster Puppi, Julgado em 07 mai. 2012)

Os embargos de declaração foram decididos pela Décima Sétima Câmara

Cível da seguinte forma:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA A DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DE "EFEITO SUSPENSIVO ATIVO". OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDA. VÍCIOS INEXISTENTES. RECURSO REJEITADO. Vistos e etc. I - PAULO HENRIQUE ALEIXO, WANESSA YARA ALEIXO e ANDERSON RAFAEL ALEIXO interpuseram Embargos de Declaração contra a decisão (fls. 200/204), que indeferiu o pedido de efeito suspensivo. Em suas razões (fls. 221/225), afirmaram que não houve apreciação da "escritura pública de ata notarial que formou o presente instrumento, silenciando-se, igualmente, em relação às fotografias da propriedade, que bem demonstra a existência da passagem, exercida, sem maiores problemas, em um passado não muito distante". Argumentaram que "a estrada secundária não dá acesso às aguas da represa, havendo grande plantação de café entre às aguas e a estrada, o que não apenas impossibilita o acesso dos embargantes, mas impede sobremaneira que a propriedade cumpra sua função social". Aduziram que as fotos juntadas aos autos não foram mencionadas na decisão embargada. Asseveraram que o encravamento de um prédio não precisa ser absoluto para que seja permitida a servidão. Pediram, ao final, o acolhimento dos embargos, suprindo-se os vícios apontados. Relatei, em síntese. II - Presentes os pressupostos processuais de admissibilidade, o recurso deve ser conhecido. Conforme estabelece o art. 535, do Código de Processo Civil, os embargos de declaração prestam-se, apenas, para sanar omissão, obscuridade e/ou contradição, que estejam, efetivamente, configuradas na decisão impugnada. Na hipótese, não restou demonstrada a ocorrência desses vícios, restando caracterizado, apenas, o mero inconformismo do embargante. Inicialmente, necessário registrar que o juiz não está obrigado a refutar todos os documentos carreados pela parte, entendimento contrário seria um atentado em detrimento da efetividade jurisdicional. Ademais, no particular, os documentos noticiados pelo recorrente, além de já sopesados quando do julgamento inicial, não são aptos a desconstituir a decisão que indeferiu o "efeito suspensivo ativo". Veja-se que, a despeito da noticiada escritura pública de ata notarial (fls. 187), produzida extrajudicialmente, o auto de verificação e contestação, realizada pelo Oficial de Justiça, em cumprimento ao mandado expedido pelo Juiz a quo, atestou que o "imóvel dos requerentes tem acesso para a Rodovia PR-218 através de uma estrada secundária que vai até a Fazenda Virgem Santíssima" (fl. 151, verso). Ao que tudo indica, a passagem forçada se consubstancia em mera comodidade para os embargantes, proprietários do prédio beneficiado. Por outro lado, restou assente que a representação cartográfica aponta que o

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imóvel dos requerentes faz divisa com a represa Xavantes (SP), o que, em tese, não o impossibilita de ter acesso às águas, inexistindo, neste passo, entraves para que a propriedade cumpra sua função social. De mais a mais, o fato de a decisão embargada não mencionar as fotos juntadas aos autos, pelos embargantes, não significa, por evidente, que não restaram analisadas, mas, sim, que não foram suficientes para fazer prevalecer a tese apresentada. Tudo o que se alega se contrapõe ao entendimento que restou adotado e isso, a toda evidência, não implica em vício. Conforme observa Nelson Nery Junior, "Os EDcl têm finalidade de completar a decisão omissa ou, ainda, de aclará-la, dissipando obscuridades ou contradições" (Código de Processo Civil e legislação extravagante, 10ª ed., Ed. RT, São Paulo, 2007, p. 907), o que permite concluir pela dispensabilidade destes Embargos de Declaração, eis que o recorrente não logrou demonstrar a ocorrência de nenhuma dessas hipóteses, elencadas no art. 535, do Código de Processo Civil. III - ANTE O EXPOSTO, rejeitam-se os embargos de declaração. IV - Intime-se. Curitiba (PR), 29 de novembro de 2012. MÁRIO HELTON JORGE Relator (Embargos de Declaração 935870-9/01 , Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do PR, Relator: Mário Helton Jorge, Julgado em 07 dez. 2012)

Em Agravo de Instrumento, a Quinta Turma do TST decidiu:

[...] Contestando, Roberto Ruschel da Silva comprovou, por documentação colacionada junto à defesa, ter sido aprovado em concurso de ingresso para serviços notariais e de registros, e empossado no dia 21.12.2006 no cargo de Registrador do Ofício Civil da 1ª Zona de Caxias do Sul, conforme a Ata Notarial datada de 26.12.2006, que traduz sua entrada em exercício na função, com sua própria equipe, sem o aproveitamento de trabalhadores do ex-titular da serventia, James Velazquez, segundo reclamado.[...] (Agravo de Instrumento em Recurso de Revista 21440-30.2007.5.04.0403, Quinta Turma, Tribunal Superior do Trabalho, Relator: João Batista Brito Pereira, Julgado em 16 set. 2009)

A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina

resolveu na Apelação Criminal:

[...] E depois, a suposta mensagem enviada pelo soldado Ricardo para Adriana, referida na ata notarial de fl 178, não comprova que o acusado Fernando sofreu agressões ou foi diretamente ofendido pelo policial. Pelo contrario, confirma as suspeitas que a pólicia militar tinha acerca da traficância que era realizada pelo acusado Ferndando [...] (Apelação Criminal 2007.0494631-1, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça SC, Relator: Souza Varella, Julgado em 17 abr. 2008)

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Agravo de Instrumento, decidiu:

[...] Entretanto, tenho que a própria agravante já tomou a iniciativa de imprimir as páginas referentes aos blogs, sendo certo que os seus dados já se encontraram armazenados. Além disso, a agravante lavrou uma ata notarial, atestando a autenticidade de seu conteúdo, conforme depreede-se dos

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documentos de f. 44/101.[...] (Agravo de Instrumento 1.0024.08.228538-8/001, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça MG. Relator: Lucas Pereira, julgado em 02 abr. 2009)

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Paraná, na Sexta Câmera Cível, resolveu em Mandado de segurança, conforme abaixo:

[...] Na tentativa de demonstrar os fatos supostamente ocorridos, o impetrante junta à f. 15, uma ata pública notarial, que demonstra a efetiva ocorrência de um telefonema da SESP ao seu telefone celular [...] (Mandado de Segurança 0449607-5 , Sexta Câmara Cível em Composição Integral, Tribunal de Justiça do PR, Relator: Denise Kruger Pereira, Julgado em 30 out. 2007)

Da Apelação Criminal, verifica-se:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE CESSÃO DE DIREITOS CREDITÓRIOS C/C INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. PRECATÓRIO. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. SEGUNDA CESSÃO DE CRÉDITO SEM CONSENTIMENTO DA AUTORA. FATOS INCONTROVERSOS. I. APELO DA CEDENTE. ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DA RESCISÃO CONTRATUAL. NÃO JUNTADA DOS ORIGINAIS DOS CHEQUES OBJETO DO CONTRATO. As cópias dos cheques que instruíram a inicial servem de prova inconteste de que os títulos foram devolvidos ou sustados, e que não foram transferidos a terceiros, sobretudo porque a Ata Notarial juntada pela autora retira qualquer dúvida a respeito da posse e não circulação dos títulos. DEVOLUÇÃO DOS CHEQUES. Não há razão para inviabilizar a rescisão da cessão de crédito, considerando que o inadimplemento da ré é incontroverso e os cheques envolvidos no contrato podem e devem ser devolvidos à ré (cessionária), pois estão na posse da autora (cedente), considerando que a rescisão contratual implica retorno das partes ao estado anterior. Existência de cheques que não foram apresentados à compensação bancária. II. APELO DA AUTORA. PERDAS E DANOS. VALOR DOS CHEQUES NÃO PAGOS. DESCABIMENTO. A cessão de crédito que deu causa à emissão dos cheques restou rescindida, descabendo a condenação ao pagamento do valor dos cheques. Se a autora teve prejuízos com o não pagamento dos cheques, estes serão ressarcidos, na medida em que a rescisão da cessão de direitos creditórios implica direito da autora ao recebimento integral do valor do precatório. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. MANUTENÇÃO. Inexiste o alegado "proveito econômico" no valor do precatório, porquanto as rés não foram condenadas ao pagamento desta quantia, tampouco o pedido da autora foi neste sentido, mas sim com a finalidade de rescindir o contrato de cessão de crédito, este levado em consideração para a fixação da sucumbência. A demanda envolve a rescisão da compra do precatório e não o pagamento deste. Diante do indeferimento do pedido de perdas e danos, correta a sentença ao dividir proporcionalmente as custas processuais e os honorários advocatícios, possibilitada a compensação da verba honorária. APELAÇÃO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDA E DA AUTORA, DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70050796101, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Beatriz Iser, Julgado em 03/10/2012)

O Tribunal de Justiça de São Paulo tem assim decidido:

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Marca Tutela antecipada requerida em sede de reconvenção Exame da prova Confirmação da divulgação de marcas de titularidade da agravante Ata notarial e confissão - Presença dos requisitos previstos no "caput" do artigo 273 do CPC Deferimento Recurso provido. (Agravo de Instrumento 0251992-02.2012.8.26.0000, Primeira Câmara Reservada de Direito Empresarial, Tribunal de Justiça de São Paulo. Relator: Fortes Barbosa, julgado em 04 jul. 2013)

Ainda, este mesmo Tribunal,

Cautelar. Produção antecipada de provas. Imóvel cujo acesso se garantiu à promissária, em litígio com a promitente, mesmo acerca de supostos danos construtivos que se afirma atingirem o bem. Juntada de ata notarial e laudos extrajudiciais pretensamente demonstrativos da situação do apartamento. Autor que possui legítimo interesse na produção de prova oficial, sob o crivo do contraditório, inclusive acaso serviente também à própria ré, dada a condição de sua ocupação. Indeferimento da inicial revisto. Recurso provido. (Apelação 0193358-38.2011.8.26.0100 Primeira Câmara de Direito Privado, Tribunal de Justiça de São Paulo. Relator: Cláudio Godoy, julgado em 09 mai. 2012).

Da mesma forma,

Sentença transitada em julgado que determinou à ré a alteração de seu nome, sob pena de incidência de multa diária Preceito parcialmente cumprido Grupo empresarial que, segundo ata notarial, ainda mantém página na Internet com nome de fantasia TMS, a contornar a determinação do julgado Adoção do nome TMS para ramo diverso de atividade de empresa do mesmo grupo, que atua como Callcenter, que não provoca a princípio risco de desvio de clientela Fixação de multa pelo preceito já descumprido em R$ 60.000,00 e determinação para alteração da página da Internet - Recurso parcialmente provido. (Apelação 0002565-91.1997.8.26.0405 Quarta Câmara de Direito Privado, Tribunal de Justiça de São Paulo. Relator: Francisco Loureiro, julgado em 21 jul. 2011).

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6 RESPONSABILIZAÇÃO DO NOTÁRIO NA ESFERA CÍVEL, PENAL E

ADMINISTRATIVA EM DECORRÊNCIA DA ATA NOTARIAL

Em um artigo, Lima (2013, p. única), abordou o tema referente a

responsabilização do notários. No Direito, de maneira geral, as contendas relativas à

responsabilidade civil e penal são, sem dúvida, muito numerosas. No universo

notarial, ao que se evidencia, não é diferente. À vista da importante missão que

notários e registradores carregam consigo, a Constituição Federal de 1988, no

parágrafo primeiro do art. 236, tratou da responsabilidade civil e criminal desses

profissionais, estabelecendo caber ao legislador ordinário regular as atividades e

disciplinaria a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registros

e de seu prepostos.

6.1 A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS NOTÁRIOS E OFICIAIS DE REGISTRO

De acordo com o art. 22 da lei n° 8.935/1994, in verbis: “Os notários e

oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a

terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito

de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos.” (BRASIL, 2013, p. única)

A leitura do referenciado texto legal demonstra que o legislador

infraconstitucional procurou atribuir aos notários e registradores responsabilidade

civil, pessoal e objetiva por seus atos, fazendo-lhes responder pelos danos

causados por eles ou por seus funcionários (prepostos). Assim, a crer na

interpretação literal do texto legal referenciado, notários e registradores passariam a

ser responsabilizados automaticamente pelas falhas cometidas no âmbito dos

respectivos cartórios, independentemente da existência de culpa ou dolo.

E não são poucos os adeptos dessa corrente interpretativa. Para eles, o

agente notarial e de registro teria responsabilidade objetiva por diversas razões.

Primeiro pelo fato de serem de natureza pública as funções por eles

desempenhadas. Depois, por atuarem fazendo as vezes do próprio Estado, pelo que

se afiguraria coerente responsabilizá-los como membros do aparelho estatal, nos

termos do art. 37, § 6º. Finalmente, por terem a “benesse” de desempenhar uma

atividade privada em estabelecimento particular, contabilizando lucros, nada mais

justo do que fazê-lo suportar tal ônus.

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Nesse sentido, Meirelles (1997, p. 566), ao discorrer sobre a

responsabilidade objetiva dos prestadores de serviços públicos, mesmo que

relativamente a constituições anteriores à vigente, prelecionava:

Não é justo e jurídico que a só transferência da execução de uma obra ou de um serviço originariamente público a particular descaracterize sua intrínseca natureza estatal e libere o executor privado das responsabilidades que teria o Poder Público se o executasse diretamente, criando maiores ônus de prova ao lesado.

Divergindo desse entendimento, outra corrente de doutrinadores entende

que o artigo 22 da chamada Lei dos Cartórios há de ser interpretado com base na

Constituição Federal. É o que pensa Moraes (2006, p. 11-14), para quem,

considerada a condição de agentes públicos dos notários e oficiais de registro, resta

evidenciada a responsabilidade objetiva do Estado, sendo subjetiva a

responsabilidade de notários e oficiais de registro.

Nesse sentido, Lima (2013, p. única apud CARVALHO, 2006, p. 436) leciona

que:

O Estado se acha exposto a responder por danos sofridos pela culpa do registrador, embora possa depois voltar-se regressivamente contra este. Todavia, o registrador nem sempre possui um patrimônio capaz de suportar a responsabilidade que o Estado é levado a assumir em seu lugar. Daí tornar-se aconselhável facultar ao Estado exigir do registrador o seguro de responsabilidade para cobertura do risco de prejuízo que decorre de qualquer ato registral, consista este numa inscrição, num cancelamento ou numa certidão.

Para os adeptos desse entendimento, tais profissionais são, na verdade,

agentes particulares em colaboração com a Administração Pública – modalidade de

agentes públicos –, porquanto desempenham serviço público através do exercício

de uma atividade de caráter privado.

Para eles, negar a responsabilidade objetiva do Estado significaria

retroceder historicamente à irresponsabilidade do Estado, na contramão da

tendência universal, que aponta para a ampliação da responsabilidade civil do

Estado, decorrência da adoção da teoria do risco social.

Sendo assim, a responsabilidade do agente notarial e de registro estaria

diretamente vinculada à comprovação de sua culpa, enquanto que a

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responsabilização estatal por ato praticado pelo titular do Cartório prescindiria da

comprovação desse elemento subjetivo.

Ocorre que, apesar dos coerentes argumentos lançados por essa linha

doutrinária, os tribunais pátrios têm majoritariamente prestigiado o entendimento

contrário. Ou seja, exercitada a atividade notarial e de registro em caráter privado,

responde seu titular diretamente pelos danos causados aos usuários do cartório

(responsabilidade objetiva dos notários e oficiais de registro).

Nesse contexto, tais profissionais devem redobrar os cuidados na prestação

de seus serviços, evitando, enquanto não avance a jurisprudência no sentido de

chamar o Estado à responsabilidade por tais atos, a ter de responder pessoal e

diretamente pelas falhas cometidas no âmbito dos cartórios dos quais são titulares.

Se, no cumprimento de seus ofícios, o notário não observar os elementos

formais da ata notarial e se divorciar do disposto pela Lei dos Notários e

Registradores, entre outros, ele poderá ser responsabilizado por seus atos, desde

que a parte prejudicada reivindique seus direitos. Antes de tudo o prejudicado pela

inépcia ou inaptidão do notário pode reclamar o prejuízo aparentemente menor (não

na hierarquia do direito, mas na dos valores materiais), ou seja, o que foi pago pela

lavratura da ata. Considerando-se que o notário se enquadra como prestador de

serviços, resta claro que ele assume as responsabilidades contempladas pelo §

único do artigo 22 do CDC, que diz:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste Código. (BRASIL, 2013, p. única).

Estando, por conseguinte, obrigado a devolver em dobro tudo que cobrou

por um serviço que não atendeu às propostas originalmente contratadas, sujeitando-

se às sanções do § único artigo 42 do CDC, onde trata "o consumidor cobrado em

quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que

pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese

de engano justificável." (BRASIL, 2013, p. única).

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Mas a responsabilidade do notário não se encerra aí, vez que ele também é

responsável pelos danos materiais e morais a que der causa. De acordo com a Lei

nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, em seu artigo 28, onde diz que "além dos

casos expressamente consignados, os Oficiais são civilmente responsáveis por

todos os prejuízos que, pessoalmente, ou pelos seus prepostos ou substitutos que

indicarem, causarem, por culpa ou dolo, aos interessados no registro" (BRASIL,

2013, p. única) e Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, onde trata no seu artigo

22, Lei nº 8.935/94 que:

os notários e Oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causem a terceiros, na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa de seus prepostos., os notários são os responsáveis por todos os prejuízos que causarem a quem os contratou (BRASIL, 2013, p. única)

Destarte o solicitante prejudicado pela incúria do notário pode

responsabilizá-lo pelos prejuízos que foram decorrentes de suas inépcias ou

inaptidão, sejam os danos materiais ou morais. Primeiramente cabe analisar quanto

ao dano material. Imagine um importador que, ao abrir um container proveniente de

outro País, constate que o automóvel objeto do negócio encontra-se nitidamente

danificado, amassado, com vidros quebrados. Oportunamente ele poderá fazer

prova disso caso esses fatos estejam registrados em uma ata notarial. Assim,

visando preservar seus direitos, o importador contrata um notário para lavrar uma

ata notarial e, na seqüência, devolve a mercadoria ao exportador para,

posteriormente, promover uma ação contra esse último. Afinal a ata notarial tem o

mesmo valor probandi de uma escritura pública. Entrementes, se essa ata foi

lavrada por um notário em área que não pertence às suas atribuições territoriais, ela

será um verdadeiro nada jurídico, inviabilizando a prova objetivada com a confecção

da ata. Em casos como esse, é inequívoca a responsabilidade do notário pelos

prejuízos materiais que advierem para quem contratou os seus serviços - in casu o

valor decorrente da não utilização do bem importado e eventuais lucros cessantes.

Quanto aos danos morais, o notário também poderá ser responsabilizado por

eles em decorrência da situação processualmente vexatória em que enredou quem

contratou seus serviços e que acreditava na seriedade e validade jurídica da ata

indevidamente lavrada. Esse incômodo, essa dor anímica, suplanta o sofrimento

físico, por infligir ao solicitante da ata notarial um “papel de bobo”. Isso não pode ser

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ignorado porque assim como um tapa no rosto implica pouca dor física, mas uma

lancinante ferida na alma, assim também dói mais um tapa em nossas convicções

quando essas se alicerçam em bases falsas, que foram vendidas como verdadeiras.

A dor moral - que diz respeito à honra, à decência, ao “nosso mundinho só

nosso”, à paz, aos anseios, às crenças íntimas e afetivas que foram violadas - tem

que ser, necessariamente, reparada. O dano moral atinge o patrimônio mais

precioso do indivíduo: sua alma, sua personalidade, mesmo que não atinja seu

patrimônio material. (SILVA NETO, 2013, p. única)

6.2. A RESPONSABILIDADE CRIMINAL DE NOTÁRIOS E OFICIAIS DE

REGISTRO

O legislador ordinário disciplinou a responsabilidade penal dos notários e

registradores nos artigos 23 e 24 da Lei nº 8.935/94 (BRASIL, 2013, p. única), in

verbis:

Art. 23. A responsabilidade civil independe da criminal. Art. 24. A responsabilidade criminal será individualizada, aplicando-se, no que couber, a legislação relativa aos crimes contra a administração pública.

Registre-se que a regra inserta no art. 23 da Lei dos Cartórios, consistente

na independência das esferas cível e criminal, reflete aquilo que, mais tarde, veio

consagrar o Código Civil de 2002, em seu art. 935. Quer-se com ela dizer que a não

responsabilização do agente notarial e de registro em eventual demanda penal não

o isenta das penalidades na esfera cível.

Com relação ao artigo 24 da lei, exprime o legislador a necessidade de

individualização da responsabilidade, pelo que nenhuma pena passará da pessoa do

condenado para outra, conforme disposição do próprio texto constitucional (art. 5º,

inciso XLV).

No mais, disciplinou o discutido artigo que aos crimes praticados por notários

e oficiais de registro, no desempenho de suas funções, será aplicada a legislação

relativa aos crimes contra a administração pública (art. 312 e 359 do Código Penal).

Na esfera criminal, portanto, notário e o oficial de registro são equiparados

ao servidor público – ou funcionário público, nomenclatura superada pela CF/88,

mas que ainda é adotada pelo Código Penal.

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À vista da relevante missão desempenhada por notários e oficiais de

registro, sua responsabilidade civil e criminal tem sido fruto de inesgotável debate no

universo jurídico.

Relativamente à responsabilidade civil pelas falhas praticadas no âmbito da

serventia, divide-se a doutrina em duas correntes: para uns, há responsabilidade

objetiva do Estado, porquanto notários e oficiais de registro são agentes públicos, na

modalidade “agentes em colaboração com a Administração Pública”, e, por

desempenharem atividade de natureza pública, o Estado deve arcar com o ônus

decorrente da má prestação de serviços; Para outros, há responsabilidade objetiva

do titular do cartório, uma vez que, sendo a atividade desempenhada em caráter

privado, os titulares das serventias devem responsabilizar-se direta e pessoalmente

por seus atos.

Ao que parece, em que pese a plausibilidade e pertinência da corrente

oposta, esse segundo entendimento doutrinário tem prevalecido no âmbito

jurisprudencial.

No que se refere à responsabilidade criminal desses profissionais, dois

detalhes merecem relevo. Primeiro, o fato de que as esferas cível e penal

independem uma da outra, de modo que a absolvição criminal do agente notarial e

de registro não implica sua absolvição cível; depois, a circunstância de que notários

e registradores, para fins penais, são assemelhados aos servidores públicos, sendo-

lhes, por conseguinte, aplicada a legislação relativa aos crimes contra a

administração pública.

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7 CONCLUSÃO

A atividade notarial atualmente faz com que hoje a Ata Notarial tenha está

real eficácia probante, como prova no ordenamento jurídico brasileiro.

No decorrer deste trabalho são reveladas as poucas normas jurídicas do

sistema brasileiras que versam sobre ata notarial, demonstrando assim a urgência

de normas que visem suprir as lacunas deixadas pelo descaso do legislador em

relação à atividade notarial, deixando a cargo da doutrina, que busca no direito

comparado respostas as mais diversas discussões. É visível a necessidade de uma

regulamentação, que faça uma referência especifica a ata notarial, ao lado das

outras espécies de prova. Podendo assim demonstrar em que situações este

instrumento pode ser utilizado. Hoje ocorrem diversas divergências entre a doutrina

em relação à Ata Notarial, ficando a cargo da pratica notarial nos mostrar como agir

em determinadas situações. Mostrando assim que se não existisse tal documento,

várias pessoas não teriam seu direito fundamental a prova respeitado, se a ata não

pudesse ser feita.

Por fim é revelado como a Ata Notarial é aplicada no nosso dia a dia,

proporcionando assim uma segurança jurídica. Demonstra o último capítulo através

das jurisprudências destacas que se é inegável a real eficácia da Ata Notarial como

meio de prova nos mais variados ramos do direito. Podemos concluir então que a

ata notarial, vem sendo utilizada em vários segmentos jurídicos, e que o seu uso tem

se tornado cada vez mais frequente, até porque a tecnologia irá requerer que o

Direito se enquadre nesta nova realidade, até porque o processo já se tornou

eletrônico, as provas na maioria das vezes só se produzem no universo tecnológico,

e que todos independentemente da sua profissão podem se valer deste mecanismo.

Após um determinado tempo trabalhando com esta ferramenta jurídica se e

que se pode assim ser chamada, a ata notarial tem se revelado uma excelente

ferramenta, ajudando não somente o solicitante de tal documento, mas também o

judiciário que sofre com a demora nas produções de prova por peritos ou auxiliares

técnicos. Basta apenas que se consiga difundir mais a utilização da ata notarial,

como um dos meios de provas mais eficientes e atuais do nosso ordenamento

jurídico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A UTILIDADE da ata notarial na Justiça do Trabalho. Net. Disponível em <http://www.domalberto.edu.br/gradu/Producao_docente/TUTIKIAN/A%20Utilidade%20da%20Ata%20Notarial%20na%20Justi%E7a%20do%20Trabalho.pdf>. Acesso em 05/09/2013.

BRANDELLI, Leonardo. Teoria Geral do Direito Notarial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998.

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