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[email protected] “Fé INABALáVEL é SOMENTE AQUELA QUE PODE ENCARAR A RAZãO, FACE A FACE, EM QUALQUER éPOCA DA HUMANIDADE” ALLAN KARDEC ANO XI N O 65 JORNAL BIMESTRAL NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2014 DISTRIBUIçãO GRATUITA Universo Espírita REDESENHANDO O FUTURO Com a evolução do conhecimento e o progresso do nosso mundo, devemos assumir posturas éticas e racionais; isso inclui ser político, informado e articulado o suficiente para que possamos ajudar na melhoria social com o pouco de claridade e discernimento que já temos | JESUS É DEUS, MAS SEM DIVINDADE, POIS É NOSSO IRMÃO E NÃO PAI | SEJAMOS NÓS A MUDANÇA QUE NÓS QUEREMOS VER NO MUNDO | SOCIEDADE AMOR SUPREMO | CONFISSÕES DE APÓS A VIDA | OBSESSÃO ENTRE VIVOS | ALFABETIZAÇÃO ESPIRITUAL | O ESCRIBA INCRÉDULO |

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[email protected] “Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão, Face a Face, em qualquer época da humanidade” allan Kardec

ano Xi no 65 J o r n a l b i m e s t r a l n o v e m b r o / d e z e m b r o d e 2 0 1 4 d i s t r i b u i ç ã o g r at u i ta

UniversoEspírita

rEDESENHANDO OFUTUrO

com a evolução do conhecimento e o progresso do nosso mundo, devemos

assumir posturas éticas e racionais; isso inclui ser político, informado e articulado o suficiente para que

possamos ajudar na melhoria social com o pouco de claridade e

discernimento que já temos

| Jesus é Deus, mas sem DivinDaDe, pois é nosso irmão e não pai | seJamos nós a muDança que nós queremos ver no munDo | socieDaDe amor supremo | confissões De após a viDa | obsessão entre vivos | alfabetização espiritual | o escriba incréDulo |

[email protected] JORNAL UNiveRsO esPÍRiTA | Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais | Edição 65 |

editorial

Universo Espírita, jornal bimestral contendo: Ciência, Filosofia e Conseqüências Morais, com sede à rua Capitão Alberto Mendes Júnior, 177, cep 06070-000-, Osasco, SP. Jornalista responsável: Bráulio de Souza - MTB 20049 e Renê Reinaldo da Silva MTB 12999 (in memoriam); Coordenação/Direção/Redação: Edu-ardo Mendes; Revisores: Luciana Cristillo Mendes e Antonieta S. G. Souza; Correçãoção: Giovanna Camila Ramalho; Financeiro e captação: José Carlos Beraldo; Diagramação: Jovenal Alves Pereira MTB 73902 ; Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda.; Tiragem: 15.000 exemplares; Distribuição: Osasco e Grande São Paulo; e-mail: [email protected]; Telefones: (11) 3447-2006/97165-6437 ou (11) 3449-8045

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esta edição, fazemos aqui um parêntese - alcançamos a meta dos 20.000 exem-

plares, sem considerarmos a enorme quantidade de e-mails disparados en-tre outros mais solicitados por todo o Brasil e exterior à causa espírita. Cada vez mais nossos leitores nos inspiram neste voluntariado. O jornal é gratuito e distribuído para São Paulo e região pela Livraria Mensageiros de Luz em Osasco, SP.

O Presente nos mostra o alcance do UNIVERSO, de quanto estávamos cer-tos no Passado, no arcabouço de nossas considerações em termos de profundi-dade nos artigos e sobre a obtenção de leitores sérios e de bom senso; do ro-dapé das propagandas; da chamada de capa e na estruturação continuada de nossas edições atuais. Neste ínterim, os Bons Espíritos despontam que talento e boa vontade independe de qualquer profissionalismo acadêmico a questões menos construtivas e irônicas. Um jor-nal que pretenda abranger um público maior, por lições de amor e caridade, não se deve estribar em destaques pes-soais, nem a deveres do que faça a mão direita. Viva o presente e saudemo-nos, uns aos outros, com a certeza de rees-crevermos um futuro novo.

E por falar sobre o Futuro, a Dou-trina Espírita é sempre atual e, segun-do Kardec, se adequa perfeitamente à Ciência, tanto quanto os ideais desta estiverem de acordo com o bem co-mum e a igualdade para todos.

E sobre a ciência da política, refe-rente ao bem e à igualdade, dizem boa parte dos espíritas que, em política, co-laboradores, trabalhadores e dirigentes jamais devem se envolver, nem como candidatos ou como qualquer outro tipo de inclusão, deveras as corrupções.

Redesenhando o futuroMas em tudo há política, desde as cas-tas mais antigas às enormes denomina-ções religiosas dos dias de hoje. O que há em nossas casas espíritas se não a própria política muitas vezes associa-da a fundamentalismos e à hipocrisia de alguns líderes que se julgam acima do bem e do mal? Paralelamente per-guntamos: o que há de diferente entre a política dos políticos e o perfil desses críticos que se direcionam a cargos que mormente se eternizam? Interesses co-muns são as pretensões vitalícias à ma-neira de mandar e sentir-se melhor do que os outros? Senhores! A corrupção não está só no poder público e no rou-bar de nossos políticos, mas também se encontra na manipulação de opiniões pessoais em detrimento dos ignorantes e dos menos aguerridos.

Há corrupção na boca das instru-ções vazias no colocar sempre os maus espíritos como culpados de todas as coisas que acontecem na vida; há cor-rupção naqueles que se arvoram em di-zer que há mediunidade naquele que tem problemas mentais, sem averiguar outros meios da medicina; há corrup-ção naquele que se fundamenta em suas verdades e não respeita os ideais de outras crenças, esquecendo-se de que todos somos irmãos e de que ha-verá um dado momento que todos os algozes estarão ao lado de suas vítimas; e que por mais que sejam corretos, isso não lhe dá o direito de julgar aquele que hoje foge ao entendimento; há cor-rupção naquele que se acovarda diante da verdade e mente em seu rol de van-tagens; há corrupção nos intelectuais que se julgam sábios e que, na maioria das vezes, até escrevem livros, levando centenas de pessoas a acreditar na insa-nidade de seus conceitos e preconcei-tos, atribuídos a um espírito qualquer,

mas, como dizem sempre, de uma or-dem superior... Esquecendo-se de que a superioridade está na educação da entidade, na compreensão dos menos afortunados, e não na superioridade de um título em outras encarnações.

Como vemos, a corrupção não está só na política dos políticos, está tam-bém no areópago das elites instruídas que se deixam levar pelos envolvimen-tos pessoais, das instituições religiosas e também nos grupos seletos dos mais ignorantes, os quais acreditam estarem salvos pela fé cega do orgulho.

Então, o que dizer sobre política, na qual não estejamos todos envolvidos direta ou indiretamente? A história de nosso país é toda envolvida na política

e na corrupção, bem como as histórias medievais e religiosas sobre a igreja. Somos partes integrantes da política do mundo que ainda se esboroa sob a corrupção, porém devemos trilhar sob a boa política do Evangelho.

Já desenhamos a política com as tintas de nossa sagacidade, pois somos espíritos do passado e, por vezes, ain-da erramos, por outra, julgamos e, no que é pior, noutras mais condenamos. Chegou o momento de redesenharmos o futuro, vivendo o presente na vida es-tribada da política divina sem precon-ceitos para entender melhor a necessi-dade do aprendizado alheio.

Boa leitura,O editor.

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discutindo a bíblia

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Memórias de Chico Xavier

“Sinceramente, eu não saberia dizer se certos companheiros encarnados desejam o progresso dos médiuns iniciantes. Alguns têm sido implacavelmente perseguidos pelos que se rotulam adeptos da Doutrina... Fico pensando no que haveria de ser comigo, caso eu estivesse iniciando hoje na tarefa da mediunidade... Considero os médiuns da atualidade muito corajosos, quando se predispõem a enfrentar a crítica dos espíritas, daqueles que quase nunca têm uma palavra de simpatia e de ânimo para com os médiuns que vão para o sacrifício...”

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Programa “O ESPIRITISMO ENSINA” Meus caros amigos, nosso programa “O Espiritismo Ensina”, é levado ao ar todas as terças-feiras das 17h às 18h30, pela Web Rádio Umen no endereço que segue: http://www.umen.org.br/.Coordenação e apresentação de Francisco Rebouças e Suzane Câmara.Não deixe de prestigiar mais esta feliz iniciativa, que tem por finalidade o estudo e a difusão da nossa Doutrina e das notícias do nosso movimento espírita. Participe do programa, enviando sua mensagem através do e-mail: [email protected]. Estamos esperando seu contato!

POR JOSé REIS CHAVES

espeitamos a Doutrina Trinitá-ria, mas ela é desconhecida dos autores bíblicos. E o próprio Je-

sus nada falou sobre Deus com três pesso-as. Tanto é verdade isso, que os teólogos tiveram que a transformar em dogma, para que ela se firmasse como doutrina cristã.

Essa doutrina trinitária e a da divinda-de de Jesus são a causa principal do grande erro teológico de Deus antropomorfo (Deus humanado), o que cheira a mitologia e tem feito alastrar-se o ateísmo. Entre alguns tex-tos de sentido figurado interpretados lite-ralmente pelos teólogos, destacam-se dois: “Nele habita plenamente a divindade.” (Colossenses 2:9). Mas em nós, também, a divindade habita, só que ainda não plena-mente, o que acontecerá com a nossa evolu-ção espiritual, quando chegarmos à estatura mediana de Cristo (Efésios 4:13 e Romanos 8:9). O outro texto, erroneamente interpre-tado de modo literal, é este: “Eu e o Pai so-mos um.” (João 10:30). Jesus e o Pai são um em sintonia: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai e vós em mim e eu em vós.” (João 14:20; 17:21), “Deus está em todos.” (Efésios 4:6). Se Jesus está no Pai, nós em Jesus, que está também em nós, somos todos nós um só com Jesus e o Pai, mas só em sintonia, com todos conservando sua própria identidade, sua própria caracte-rística, sua própria natureza.

Assim, pois, como nós não nos torna-mos literalmente nenhum dos dois, por entrarmos em sintonia com Eles, também nenhum dos dois se torna um de nós, nem o Pai se torna o Filho, e menos ainda o Fi-lho se torna o Pai.

O Velho Testamento fala muito na vin-da do Messias, um Homem Salvador, e não o próprio Deus. Aliás, o Enviado é sempre

inferior ao que envia: “O Pai é maior do que eu.” (João 14:28). Além disso, há a passagem: “Nenhum homem jamais viu a Deus”. (João 1: 18). Ora, se todas as pesso-as viam Jesus, logo Ele não é Deus!

Jesus e nós somos deuses relativos (Sal-mo 82:6 e João 10:34), mas Deus absoluto, o único Ser incontingente de são Tomás de Aquino, é só o que Jesus denominou de seu Pai e nosso Pai:

“Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.” (João 20:17).

“Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, ho-mem.” (1 Timóteo 2:5).

“Para nós, há um só Deus, o Pai” (1 Coríntios 8:6).

“Vosso Deus é Deus dos deuses.” (Da-niel 2:47).

“Há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Efésios 4:6).

“Ora, a vida eterna é conhecer-te a ti que és o único Deus verdadeiro e conhe-cer a Jesus Cristo que tu enviaste.” (João 17:3).

“Minha doutrina não é minha, é da-quele que me enviou.” (João 7: 16).

Sobre o final dos tempos, disse Jesus: “Quanto a esse dia e essa hora, ninguém o sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o filho; só o Pai o sabe.” (Marcos 13:32).

Jesus disse às mulheres no sepulcro: “Não temais, ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galileia e lá me verão.” (Ma-teus 28:10). Realmente, Deus Pai é o único Deus verdadeiro. Jesus, como nós, é seu Fi-lho; portanto, Jesus é nosso irmão, e é Deus, mas relativo, pois Deus absoluto é só o Pai.

Mas lembremo-nos de que Jesus, ape-sar de não ser o Deus verdadeiro, absoluto, é o maior Filho de Deus e, pois, nosso ir-mão maior!

Jesus é Deus, mas sem divindade, pois é nosso irmão e não pai

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POR JORgE HESSEN

atividade solar desenvolve-se em ciclos estudados e conhecidos pelos cientistas.

Essa atividade atingiu um auge du-rante o período compreendido entre a década de 1990 e o ano 2000. Suces-sivamente, ocorrem ciclos telúricos no orbe; todavia, hoje, o que está mais evidente é o enigma da instabilidade climática, mormente em face do su-peraquecimento global. Consideran-do o calor insólito, sobretudo as secas surpreendentes, acreditamos estar na iminência de maiores calamidades eco-lógicas, de consequências catastróficas, em face da rota de colisão entre o ho-mem e a Natureza.

Desde o início da revolução indus-trial, em 1750, os níveis de dióxido de carbono (CO2) aumentaram mais de 30%, e os níveis de metano cresceram mais de 140%. A concentração de CO2 na atmosfera é, agora, maior do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos. Quais serão as consequên-cias disso? A escala do impacto pode levar à escassez de água potável, trazer grandes mudanças nas condições para a produção de alimentos e aumentar o número de mortes por decorrência de ondas de calor e secas.

Ao se desmatar as florestas, modi-ficar cursos de rios, aterrar áreas alaga-das e desestabilizar o clima, estamos destroçando as bases de uma rede de segurança ecológica extremamente sensível. Devemos ficar atentos para os alertas dos especialistas, pois já está demasiado claro que é apenas uma questão de tempo, para as consequên-cias funestas das previsões começarem a afetar de forma brutal as nossas vidas e, principalmente, as vidas de nossos fi-lhos e netos. A Terra assemelha-se a um

Futuro

Sejamos nós a mudança que nós queremos ver no mundo

organismo vivo com mecanismos para autorregular suas funções. Nestes últi-mos anos, os Estados Unidos passaram pela pior seca em mais de um século. Grandes extensões de terra da Rússia também não tiveram chuva suficiente. Até mesmo a temporada de monções na Índia foi seca. Na América do Sul, o índice pluviométrico tem permanecido abaixo da média histórica.

As nações, frequentemente, lutam para ter ou manter o controle de maté-rias-primas, suprimento de energia, ter-ras, bacias fluviais, passagens marítimas e outros recursos ambientais básicos. Esses conflitos tendem a aumentar à medida que os recursos escasseiam e aumenta a competição por eles. Pre-cisamos nos adaptar ao meio como os demais entes vivos neste momento.

Sabe-se que a maior parte da água potável do planeta vai para a irrigação. Por essa razão, há pesquisadores traba-lhando em vários projetos de sustenta-bilidade, a fim de fazer render mais a água utilizada na agricultura. Um das propostas é a chamada “chuva sólida”,

ou seja, um tipo de pó apropriado que, se espalhado no solo, consegue absor-ver e reter água em abundância e libe-rar o líquido gradativamente, a fim de que os vegetais possam resistir por mais tempo a uma seca.

Lamentavelmente, ainda amarga-mos os contrastes de uma suprema tec-nologia no campo da informática, das viagens espaciais, dos supersônicos, dos raios laser, ao tempo em que ain-da temos que conviver com muita in-diferença ao meio ambiente. Por outro lado, e menos mal nos parece, é que a necessidade de destruição da natureza “se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria”. Realmente, a consciência de proteção ambiental cresce com o nosso desen-volvimento intelectual e moral. Os re-cursos “renováveis” que se consomem e o impacto sobre o meio ambiente não podem ser relegados a questões de menor importância, principalmente, le-vando-se em consideração a utilização da água potável. Certamente no futuro a sua posse (água potável) pode ser o

motivo mais explícito para um confron-to bélico planetário.

Na década dos anos 1970, o USDA (Departamento de Agricultura dos Es-tados Unidos) desenvolveu um pro-duto superabsorvente feito de uma espécie de goma que, mais tarde, foi utilizada para hidratação de vegetais. Sabemos que o meio ambiente em que renascemos, muitas vezes, constitui a prova expiatória com poderosas influ-ências sobre nosso psiquismo, e “faz-se indispensável que a pessoa esclarecida coopere na transformação do meio am-biente para o bem, melhorando e ele-vando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influência”.

“A Natureza é sempre o livro di-vino, onde a mão de Deus escreveu a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso es-piritual do homem evoluindo constan-temente com o esforço e a dedicação de seus discípulos”. Nesse elevado empenho, Sérgio Jesus Velasco, um en-genheiro químico da cidade do Méxi-co, conhecendo a invenção da USDA, desenvolveu com sucesso e patenteou uma versão diferente da fórmula gela-tinosa. Seu invento hoje é misturado com o solo de áreas secas e consegue armazenar grande quantidade de água de irrigação, redistribuindo gradativa-mente o líquido para a plantação.

A vida no planeta depende da convivência pacífica entre o homem e a Natureza. E nós, espíritas? O que fizemos, ou o que pretendemos fazer? O iluminado Mahatma Gandhi – que afirmou, certa vez, que toda bela men-sagem do Cristianismo poderia ser re-sumida no sermão da montanha – nos serve de exemplo, quando diz: “seja-mos nós a mudança que nós queremos ver no mundo”.

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POR SéRgIO CARNEIRO

az mais de ano que estou aqui nesta Co-lônia Espiritual. Hoje, após um longo tra-tamento no qual corrigi danos que causei

a mim mesmo na encarnação na qual passei mais de 60 anos, sinto mais capaz de me avaliar. Ainda lembro quando me preparava para a encarnação, na qual sabia que um roteiro difícil me esperava dentro do meu merecimento e reparos que cabia fazer em mim, as palavras de meu orientador que, abraçan-do-me, me sussurrou ao ouvido: “Estarei a tua espe-ra e daqui a 70 anos no mínimo”. Estremeci, senti medo. E assim foi.

Na infância, senti a solidão de não ter pais e irmãos. Nascera em um prostíbulo na cidade de Manaus e acabei indo para um abrigo à espera de adoção, que não veio. Cresci tendo apenas o cari-nho de obrigação dos servidores das instituições por onde passei. Aos 18 anos, não podia mais ficar ali e, embora, com pouca instrução, entrei para o serviço militar e ali fiz minha vida sempre com muito esfor-ço. Abriram-se, então, as portas para um mundo que nem sabia que existia.

Mais adiante, juntei-me a uma jovem. Tivemos cinco filhos, e prometi a mim mesmo que o amor dos pais nunca lhes faltaria. Mas faltou, porque mi-nha companheira se suicidou, vítima dos tóxicos. Meus filhos, porém, cresceram e entraram na vida. Deram-me netos e muitas alegrias, mas sempre tudo com muita dificuldade e muitos desafetos de vidas anteriores em minha volta. Não me atacavam, mas não me davam amizade e sempre me visitavam com olhares e observações de desconfiança. Senti revolta, ódios passageiros e duradouros. Conto nos dedos as pessoas que foram boas de fato para mim.

Sinto muita gratidão pelos poucos que me aju-daram e protegeram. Dispus-me a ajudá-los na con-dição de espírito. Para isso, hoje, estou cursando um grupo de aprendizes de socorristas. Conto com as preces e com as boas vibrações de todos que lerem estas linhas para que nunca me falte a fé em Deus e a coragem para servir e servir muito, pois este é o caminho do bem.

Sociedade Espírita Brasi-leira Amor Supremo é uma casa ecumênica e espiritua-

lista que, através do mentor da casa o espírito de luz Dr. Fritz, vem realizan-do tratamentos espirituais e trabalhos sociais no Brasil há mais de 50 anos.

O presidente da Casa tem nome de batismo de Kleber Aran Ferreira e tra-balha com a espiritualidade há 15 anos, porém o início foi muito difícil, uma vez que é filho de um casal evangélico.

O começo de seu desenvolvimen-to espiritual foi muito complicado, pois além de ser filho de evangélicos, os fenômenos de efeitos físicos que ocor-riam em sua casa não eram bem enten-didos, pois seus pais atribuíam os fenô-menos a coisas do diabo e não de Deus.

Os fenômenos iniciaram aos quatro anos de idade com a levitação, ficando o pequeno Aran sobre a cama, a distân-cia aproximada de um palmo, suspenso no ar. Por volta dos oito anos de idade, teve o seu primeiro contato com os es-píritos e pensava que eram pessoas vi-vas, encarnadas, devido à nitidez com a qual as via. Então, para o médium, começou um novo e grande tormento devido a esses contatos: às vezes, esses espíritos eram menos esclarecidos e ha-via sofredores que o assustavam, levan-do-o ao pânico.

Durante a infância, por muitas ve-zes se sentia só, pois, ao mesmo tem-po em que presenciava o mundo dos vivos, convivia com o mundo dos espí-ritos. Na escola, por causa dos fenôme-nos que ocorriam, os alunos, professo-res e colegas o chamavam de anormal. Muitas vezes, ele desmaiava na escola, o que se sabe hoje se tratar de projeção do espírito para fora do corpo, mais co-nhecido como desdobramento. Nesses desdobramentos, encontrava-se com várias crianças de sua idade, eram seus

resenHa esPíritacasa esPírita

Confissões de Após a Vida

Relato intuído no estudo do tópico 18 (Os Órfãos) no Capítulo XIII do “Evangelho Segundo o Espiritismo

de Allan Kardec”, disponível na Biblioteca Pública.

Sociedade Amor Supremo

amigos espirituais, protetores, zelando pela sua vida e o preparan-do para sua missão de trazer alívio para os necessitados, amenizan-do suas dores físicas, mentais e espirituais.

Certa vez, uma professora entrou na sala e Aran percebeu que junto a ela se encontrava um homem; como ninguém mais via esse homem, resolveu avisar a professora e perguntou se ela não estava conseguindo ver essa pessoa. A professora, desconfiada e desacreditada, sugeriu colocá-lo de castigo caso não parasse com a brincadeira. O menino então descreveu a pessoa e disse seu nome completo e a professora percebeu que se tratava do seu pai que tinha acabado de falecer. A partir de então, sua mediunidade rece-beu mais credibilidade e esta professora acompanhou-o e apoiou-o durante toda sua vida escolar.

Por inúmeras vezes, enquanto lia, Aran percebia as letras su-mirem e então surgirem imagens de lugares que, mais tarde, ele descobriu serem colônias espirituais. Aos dezessete anos, um gran-de amigo, que hoje vive na espiritualidade, o levou a um centro espírita, ainda que na época ele não soubesse o que era o Espiri-tismo. Ao chegarem, logo foi convidado para a mesa de trabalhos mediúnicos e então houve, por seu intermédio, uma comunicação psicografada do nosso querido Dr. Bezerra de Menezes, informan-do que era um médium de cura e que teria uma grande jornada. Foram quatro anos de estudo, analisando os fenômenos que lhe ocorriam e descobrindo o que era o Espiritismo.

Atualmente, ele trabalha com vários espíritos de luz, ilumina-dos médicos do espaço, e, dentre vários locais no Brasil, em São Paulo, presta atendimentos no bairro da Lapa à Rua Roma, 210 – Vila Romana, com atendimentos previstos para o mês de novem-bro nos dias 21 (sexta) a partir das 19h e nos dias 22 e 23 (sábado e domingo) a partir das 10h.

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POR LuCIANA CRISTILLO MENDES

INTRODuÇÃO

esta ocasião da reeleição da dirigente do nosso país, eleita conforme as necessi-

dades espirituais e anseios materialis-tas do povo brasileiro, julgamos muito oportuno rever algumas reflexões já feitas, à luz da Doutrina Espírita, para que melhor possamos exercer nosso dever de cidadãos e de espíritos a ca-minho da Luz.

Com a evolução do conhecimento e o progresso do nosso mundo, deve-mos assumir posturas éticas e racionais; isso inclui ser político, informado e arti-culado o suficiente para que possamos ajudar na melhoria social com o pouco de claridade e discernimento que já temos. Afirmamos que todo cidadão omisso é irresponsável e inconsequen-te, seja espírita ou não.

Algumas pessoas, no meio espírita, reagem de maneira negativa e, às ve-zes, até assustadas quando se fala em política, demonstrando desinformação e preconceito. Existe até um tabu de que política entra em confronto com o zelo doutrinário. E ainda: existe um inexplicável boicote que espíritas nor-malmente fazem a outros espíritas que se candidatam a um cargo político.

Caso nós, espíritas, assumíssemos e apoiássemos uma postura política estribada na verdade e no Evangelho, acima de quaisquer ideologias ou par-tidos, faríamos muito melhor à Causa, pois a sociedade absorveria o produto de nossa participação ética e moraliza-da, ao invés de nos reconhecer como um grupo sentimental, saudosista e que muito fala em carma e umbral.

Lamentavelmente, há que se ad-

mitir que nossa mais pungente rea-lidade, enquanto brasileiros, inclui a ignorância e a dependência de quem não faz questão de pensar, de atuar, de se responsabilizar. Temos o governo que ainda merecemos por nosso nível intelecto-moral; aprendamos a exercer cidadania, direitos e deveres usando nosso livre-arbítrio com lucidez, e todo esse panorama vergonhoso será gradati-vamente banido de nossa história.

A Doutrina Espírita conscientiza a criatura humana levando-a a tornar-se um “homem de bem” no sentido glo-bal. Para tanto, que têm feito as Insti-tuições Espíritas para favorecer o pro-cesso de conscientização sócio-política dos seus frequentadores?

ASPECTOS SOCIAIS E MORAIS DA POLÍTICA

Para nos localizarmos, é oportuno lembrar que Política é bem mais abran-gente do que a prática politiqueira e está presente em tudo que o homem realiza. Todos nós somos políticos.

Há mais de 2000 anos, o filósofo gre-go Aristóteles escreveu que o homem é um “animal político” e não estava brin-cando. Política é toda atividade que praticamos com o objetivo de influen-ciar os acontecimentos, o pensamento e sobretudo as decisões da sociedade em que vivemos. Os líderes religiosos têm forte papel político. E mesmo nós, cidadãos comuns, fazemos política com muita frequência, mesmo não tendo consciência disso. Na feira, quando fa-lamos mal do governo, ou nas reuniões sociais, quando falamos mal ou bem do partido tal ou do ministro tal, estamos tentando fazer a cabeça dos outros, que por sua vez tentarão fazer a de outros. Ou seja, estamos contribuindo para for-mar a chamada “opinião pública”.

Adentrando no estudo desta Cul-tura Espírita, verificamos que o Evan-gelho apresenta a mais elevada fórmula de vida político-administrativa aos po-vos da Terra, e o Espiritismo em seus aspectos científico, filosófico e religioso tem muito a ver com a compreensão e a organização da sociedade, a fim de que ela seja mais justa e amorosa.

O Brasil sempre foi alvo de muitas esperanças. Falava-se em país do futu-ro, em berço da nova civilização e nos meios espíritas em “Coração do Mun-do e Pátria do Evangelho”. O grande problema é que nós, brasileiros, nunca demonstramos grande empenho para alcançar concretamente esses títulos. Boa parte dos trabalhos de ciência po-lítica no Brasil traz uma característica marcante: a constatação de que a socie-dade brasileira é dependente do Esta-do, a esperar que esse paternalismo nos sustente com tantas bolsas quanto pos-sível. Notoriamente, o brasileiro não tem apego a valores como democracia, liberdade e igualdade. Não tem tradi-ção de participação, de reivindicação de direitos, tampouco de cumprimento de deveres éticos, já que usamos far-tamente o famoso “jeitinho” para fa-zermos as coisas acontecerem a nosso contento.

Em interessante trecho de um con-to de Richard Simonetti, encontramos a ilustração disso: “Logo após a 2ª Guer-ra Mundial, dois homens almoçavam num restaurante londrino. A carne es-tava racionada, cada cliente só podia co-mer um bife. Um deles, brasileiro, após saborear o seu, pediu outro ao garçom. Este lhe disse que não poderia atendê-lo, em face da restrição vigente. Nosso patrício sorriu, superior: ‘Norma ingê-nua. Posso entrar em um outro restau-rante e comer mais um bife.’ O garçom,

imperturbável: ‘Sem dúvida, o senhor pode fazer isso. Um inglês não faria.’”

Neste passo, reconhecemos que a sociedade é uma das maiores respon-sáveis pelos males que a atingem, no parafrasear de antigo adágio popular: cada povo tem o governo que merece. Somos um país que ainda não se cons-cientizou de que depende da socieda-de colaborar na resolução de muitos problemas dos quais o Estado não con-segue dar conta. O Brasil só vai poder dizer-se Pátria do Evangelho quando der os primeiros passos na construção de uma sociedade realmente demo-crática, justa e fraterna, quando, enfim, nós, brasileiros, percebermos que a in-tegramos. Vemos diariamente pessoas apressadas e preocupadas com seu co-tidiano, vivendo como se a vida delas fosse uma coisa e os acontecimentos sociais fossem de uma outra realidade. Absoluta falta de comunicação entre o indivíduo e a sociedade... Tem como dar certo, por exemplo, um casamen-to em que cada cônjuge vive em seu mundo particular?

Se uma pessoa está sofrendo em um determinado local, todos sofremos, pois os problemas dela acabam nos atingindo de uma maneira ou de ou-tra, seja por meio da violência ou dos mecanismos econômicos mais comple-xos. E o que tem a ver o Espiritismo com isso? O espírita tem em suas mãos instrumentos poderosos de participa-ção (e de transformação) da sociedade: as Federativas, os centros espíritas, as instituições específicas, os órgãos de comunicação. Podem, no mínimo, au-xiliar na mudança de mentalidade de seus adeptos.

Sabemos que Kardec recomendou aos centros que deixassem de lado as questões políticas. Mas essa afirmação

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significa que não devemos trazer para o centro espírita as campanhas e mili-tâncias partidárias, pois o lugar para o seu exercício é no seio das agremiações e locais respectivos. Assim, jamais o Espiritismo, como Doutrina, e o Movi-mento Espírita, como prática, poderão dar guarida a um partido político em seu seio, por exemplo: Partido Social Espírita, Partido Espírita Cristão etc.

Entretanto, as questões políticas decorrem dos próprios princípios do Espiritismo. A partir do momento em que se fala em reforma moral, em mu-dança de visão do mundo, em desape-go dos bens materiais e até mesmo em prática da caridade, fala-se sobre polí-tica. Principalmente, quando se fala em transformação da sociedade, como aparece a todo momento na Codifica-ção, estamos falando de política. “Em que consiste a missão dos Espíritos Encarnados? - Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios di-retos e materiais” (questão nº 573 de O Livro dos Espíritos). De se entender, então, que não pode o espírita alienar-se no seio da sociedade em que vive, com a desculpa de que Espiritismo e Política não têm nada que ver, pois é preciso lembrar que a vida material e a vida espiritual são dimensões contínu-as da própria Vida. O plano espiritual não está em compartimento estanque, à distância das misérias humanas; é tão somente uma projeção do plano físico, começa exatamente onde estamos.

O homem tem que progredir e isolado ele não tem condições para isso, já que seu progresso depende dos bens que lhes são oferecidos pela famí-lia, pela escola, pela religião e demais agências sociais.

Para o espírita, essa ação política

deve ser sempre inspirada nos princí-pios expressos pelo Evangelho, que o levam a amar e, nesse caso, amar é de-sejar o bem; logo, a exteriorização polí-tica do Amor é a expressão do querer bem e do agir para o bem de todos. “O Espiritismo não cria a renovação social; a madureza da humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas ten-dências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pelas generalidades das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra dou-trina a secundar o movimento de rege-neração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento. Surgiu na hora em que podia ser de utilidade, visto que também para ele os tempos são chega-dos” (A Gênese).

O Espiritismo trabalha com a edu-cação. Esta é a base da própria Doutri-na pois, para praticá-la, temos de nos educar. E a educação tem um conteú-do extremamente político, pois muda nossa forma de ver o mundo e de agir nele. Assim, é cada vez mais importan-te que os centros espíritas percebam a importância de discutir os assuntos da realidade concreta. Não estaremos fazendo política no aspecto partidário, mas, sim, auxiliando na conscientização dos espíritas sobre como entender a so-ciedade e agir nela de uma forma crítica e consciente.

Qual o posicionamento de um es-pírita frente a questões como violên-cia, menores abandonados, educação, desemprego, racismo, discriminação social? O que podemos fazer em nos-so âmbito para combater esses proble-mas? Não adianta querer ser espírita no plano espiritual. Podemos e devemos estudar a moral espírita em sua teoria. Mas não há como fugir: a sua aplicação

prática será, quer queiramos ou não, na realidade concreta, enfrentando esses problemas do cotidiano.

A maior preocupação deste início de milênio tem um nome: desempre-go. Num mundo globalizado, cada vez mais dependente da economia e das variações financeiras, o problema do desemprego está se tornando muito grave. O Espiritismo valoriza o trabalho como uma ação social e espiritual, pois o homem dele participa com seu corpo e espírito, não importando seja a ativi-dade chamada manual ou intelectual. Portanto, nenhum homem, em boas condições físicas e mentais, pode ser alijado do trabalho. É bom que os es-píritas reservem um pouco da sua preo-cupação para os debates que se travam no mundo a respeito do desemprego, pois quando se trata desta questão, fa-la-se da evolução do homem.

O homem em sua participação polí-tica, ou seja, em sua ação na sociedade, deve agir para o equilíbrio da própria es-pécie, como da vida que o envolve, pois tudo deve fazer para chegar à perfeição, além de ser um instrumento através do qual Deus também se serve. Em sua participação política na sociedade, o es-pírita não poderá perder de vista, jamais, o aspecto ético ou moral da questão.

Uma outra questão bastante pun-gente na sociedade refere-se ao pla-nejamento familiar, e a reprodução no ser humano está ligada à tutela do casa-mento, cujo surgimento representa um dos primeiros progressos da sociedade humana, pois estabelece a solidarieda-de fraterna. O espírita, de forma indivi-dual, e o Movimento Espírita, de ma-neira coletiva, precisam estar atentos à defesa dos fundamentos morais que preservem a nobre e elevada institui-ção do casamento e da família. A ação

espírita de preservação dos laços de fa-mília não pode ficar limitada às quatro paredes do Centro Espírita, mas deve ser uma participação na sociedade. Para isso, utilizará os meios e instrumentos lícitos e morais, associando-se a outras instituições e organizações que tenham o mesmo objetivo. Assim poderá se contrapor à onda avassaladora de sen-sualidade que varre os órgãos de comu-nicação, como a televisão, a revista, o jornal, o cinema, o teatro e que mantêm a mulher apenas como um objeto sexu-al, sob a aparência de libertação. Ou-trossim, a afirmativa também se refere às diversas tentativas de legalização do aborto. Algo sobre o qual temos opinião bem formada: o Espiritismo posiciona-se a favor da vida – sempre!

Em nosso país, a questão social so-bre o uso dos bens da terra, que é um direito de todos os homens, ainda é problemática e constantemente negli-genciada pelos sucessivos governos. O Espiritismo não justifica aqueles que vivem da exploração do semelhante, que pretendem os benefícios da civili-zação só para si. Aponta-lhes a hipocri-sia e a falsidade. O Homem não merece censura por desejar o seu bem-estar. É natural, e não condenável, esse desejo, desde que não seja conseguido com o prejuízo do outro e não prejudique as próprias forças físicas ou morais. Todo ser humano tem direito ao bem-estar. Logo, está errada e é injusta a socie-dade em que apenas alguns gozam do bem-estar, elegendo padrões de feli-cidade em termos de CONSUMIR e não de SER, apelando somente para a satisfação dos impulsos ou instintos. O espírita deve, mesmo com sacrifício, agir conscientemente para que, na so-ciedade humana, todos tenham o ne-cessário para o seu progresso. Sabendo

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cultura esPírita

que o uso dos bens da terra é um di-reito de todos os homens, conforme os postulados do Espiritismo, o profitente deve participar pelos meios lícitos que tenha ao seu dispor para que esse direi-to seja indistintamente aplicado.

Ainda em questões atuais, em nos-so planeta, cada vez mais assolado pela exploração natural irresponsável, vem aumentando a frequência de flagelos como inundações, epidemias e secas. Esses flagelos invariavelmente levam à dor e ao sofrimento grande parte das populações; credita-se ao egoísmo responsabilidade direta, traduzido no privilégio de minorias, o qual impede que recursos avançados da ciência e da técnica sejam aplicados de forma a eli-minar ou a diminuir os danosos e dolo-rosos efeitos destes flagelos.

Nações mais desenvolvidas econô-mica e tecnicamente procuram explo-rar as nações pobres. Agem de maneira a mantê-las em permanente depen-dência econômica, política e até mes-mo militar. A destruição e a violência não se manifestam somente de forma física e ostensiva; mais terríveis e pe-rigosas elas são quando se manifestam de forma sutil e disfarçada, provocan-do o aniquilamento e a degradação do meio ambiente em que o homem vive. Todas as vezes que o espírita constatar a destruição da natureza em função do lucro que os sistemas econômicos exi-gem, deverá associar-se às vozes que clamam contra tal destruição. Para isso, dará apoio e participação ao partido po-lítico, aos movimentos ecológicos, às organizações estudantis e outras que lutam contra a destruição desregrada. Diz a Constituição do Brasil no artigo 5º: “LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo do patrimônio pú-blico (...) ao meio ambiente e ao patri-mônio histórico e cultural...”

O espírita, pelo conhecimento que adquire sobre as Leis da Vida, consubs-tanciado nas Leis Morais de O Livro dos Espíritos, tem o dever de participar ativa e conscientemente na sociedade em que vive, agindo para que os prin-cípios expressos em tais leis se efeti-vem. Consequentemente, a omissão e a ociosidade que venham a alimentar qualquer tipo de isolamento social, pro-duzirão sempre a inutilidade, o fanatis-mo ou o egoísmo rotulado de pureza ou santidade. O homem tem necessidade de progredir, de desenvolver suas po-tencialidades e isso ele só pode fazer vivendo em sociedade, e é necessário que a sociedade esteja estruturada a fim de que todos que a compõem te-nham tal possibilidade.

Na vida social e gregária, percebe-mos, ao longo de nossa história, que o homem não é um ser independente. Pelo contrário, ele depende de seus se-melhantes ao mesmo tempo em que é impulsionado ao progresso; por isso im-põe-se-lhe a necessidade de aprender a amar o seu próximo e não o explorar física, intelectual e sentimentalmente. Esse amor deve ser traduzido de for-ma concreta. Não apenas dar esmola ao pobre e pedir-lhe paciência, acolher o velho desamparado no asilo, agasa-lhar a criança órfã ou abandonada, mas agir para que o AMAI-VOS UNS AOS OUTROS se efetive através do direito que todo ser humano tem de possuir o necessário: alimentação, vestuário, casa, saúde, trabalho, lazer e educação, tra-zendo a todos o progresso material e o progresso espiritual. Sabemos que, na escala de necessidades humanas, um ho-mem com fome, doente e sem trabalho não tem como utilizar eficazmente sua inteligência e nem ter voos de reflexão e intuição para enfrentar racional e dig-namente os desafios da vida encarnada.

E o progresso é da própria condição

humana, por isso o homem não pode opor-se-lhe. A ignorância e a maldade e até mesmo leis injustas, ainda num arremedo do que poderia ser verdadei-ramente a Justiça, podem retardar seu desenvolvimento, mas não o anular. Segundo o Espiritismo, as revoluções morais, como as revoluções sociais in-filtram-se nas ideias pouco a pouco. Elas como que germinam durante lon-go tempo e subitamente irrompem, desmoronando instituições, leis e cos-tumes do passado e são realização do progresso. Encontramos no comentário de Allan Kardec à questão nº 789 de O Livro dos Espíritos esclarecimento de grande valia sociológica: “A humani-dade progride por meio dos indivídu-os que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e ar-rastam os outros. De tempos a tempos, surgem no seio dela homens de gê-nio que lhe dão impulso; vêm depois, como instrumentos de Deus os que têm autoridade e, nalguns anos, fa-zem-na adiantar-se de muitos séculos”. Compreende-se, por tudo isso, a im-portância da participação dos espíritas na sociedade, de uma forma esclareci-da e consciente. Para o aprimoramento da sociedade, deve-se trabalhar a fim de aumentar o número das pessoas esclarecidas, justas e amorosas de ma-neira a que suas ações preponderem sobre a dos maus. Daí a reforma íntima não ser condição para isolamento ou alienação, mas compromisso de união com os outros que têm o mesmo ide-al de amor e justiça, agindo deliberada e responsavelmente em benefício de todos e não compactuando com toda situação que promova a desigualdade entre os homens: a riqueza e a pobreza, o luxo e a miséria, o elitismo intelectu-al e a ignorância. Devemos lutar contra o egoísmo e o orgulho, identificando

os múltiplos disfarces com que eles se apresentam, apoiar os movimentos que objetivem a igualdade dos direitos hu-manos, reconhecendo apenas como vá-lida a desigualdade pelo merecimento decorrente do grau de aprimoramento intelectual e espiritual. O Espiritismo brada veementemente contra a injusti-ça social, demonstrando a necessidade de se agir por um mundo de Amor e Justiça; entendemos que a desigual-dade das riquezas pode se originar na desigualdade das faculdades, como também pode ser fruto da velhacaria e do roubo. Considerando a diversidade das faculdades intelectuais e dos carac-teres, não é possível a igualdade abso-luta das riquezas; no entanto isso não é impedimento à igualdade de bem-es-tar. Logo, é importante que cada ser humano tenha as condições mínimas para desenvolver suas potencialidades. Isto não será possível enquanto grande parte das pessoas estiver submetida à opressão, à exploração, à injustiça dos que desejam manter ou possuir a rique-za o mais depressa possível.

Para tanto, a justiça deve exercer sua tutela a fim de que cada um tenha o que é seu de direito. Não se pode, desta forma, justificar com os conceitos espíritas a miséria como sendo apenas prova ou expiação de espíritos que fo-ram ricos e poderosos no passado. A própria evidência sociológica demons-tra o absurdo de tal generalização. A miséria sempre foi muito maior do que a riqueza, numa grande desproporção, em todos os tempos vividos pela hu-manidade até a presente época. Isso não permite pensar logicamente numa inversão tão simplista como querem alguns: “O pobre de hoje é o rico de ontem”. Trata-se de uma acomodação injusta diante de uma sociedade dirigi-da, ainda, pelo egoísmo e pelo orgulho. Acomodação que deturpa o sentido da

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reencarnação, conforme o conceito que lhe é dado pelo Espiritismo.

Para o Espiritismo, o homem não goza de absoluta liberdade quando vi-vendo em sociedade, porque uns pre-cisam dos outros. A liberdade depende da fraternidade e da igualdade. Onde houver uma convivência fraterna, exte-riorizada em amor e respeito, acatando-se o direito do próximo, haverá a prática da justiça e, consequentemente, existi-rá liberdade.

Allan Kardec comenta: “A liber-dade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivis-ta da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer-se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão cons-tantemente em guarda umas com as outras. Sempre receosas de perderem o que chamam seus direitos, a domi-nação constitui a condição mesma da existência de todas pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a coarctarão quanto puderem” (Obras Póstumas, capítulo Liberdade, Igual-dade e Fraternidade). A liberdade não se confunde com a devassidão que sol-ta as rédeas dos instintos. A liberdade de consciência é uma característica da civilização em seu mais avançado es-tágio de progresso. Todavia, é eviden-te que uma sociedade, para manter o equilíbrio, a harmonia e o bem-estar, precisa estabelecer normas, leis e regu-lamentos portadores de sanções. A títu-lo de respeitar a liberdade de consciên-cia, não se vai admitir a propagação de ideias e doutrinas prejudiciais à socie-dade. Nada se lhes deve opor por meio da violência e da força, mas através dos princípios do Direito. Para o Espiritis-mo, os meios fazem parte dos fins; não se pode pretender o amor, a justiça, a liberdade, agindo por mecanismos vio-lentos, odiosos, injustos e coativos.

“Como se pode definir a justiça? - A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais” (questão nº 875 de O Livro dos Espíritos). O Espiri-tismo nos diz que o amor e a caridade completam a lei de justiça, pois, quan-do amamos o próximo, desejamos fa-zer-lhe todo o bem que nos seja possí-vel, da mesma forma como gostaríamos que nos fosse feito. Sob tal enfoque, afirmou Jesus: “Amai-vos uns aos ou-tros”. Segundo Jesus, a caridade não se restringe à esmola, ela abrange todo o relacionamento humano. É de se ver a amplitude que, assim, assume a carida-de, impondo para seu aparecimento o exercício da lei de justiça. Depreende-se, pois, que sem justiça não há caridade.

“Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? - Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão” (questão nº 932 de O Livro dos Espíritos). Por todos os con-ceitos e princípios contidos em O Livro dos Espíritos, observamos quanto essas ideias regeneradoras tocam a sociedade humana em sua estrutura, organiza-ção e funcionamento. Conceitos que, em todas as circunstâncias e situações, concretizam a aplicação da verdade, da justiça e do amor. Há, pois, uma inequí-voca contribuição política sob o aspecto filosófico que o Espiritismo oferece à sociedade humana, a fim de que ela se estruture, organize e funcione em ter-mos de verdade, justiça e amor.

Adita Allan Kardec: “Com uma or-ganização social criteriosa e previdente, ao homem só por sua culpa pode faltar o necessário. Porém, suas próprias faltas são frequentemente resultado do meio onde se acha colocado. Quando prati-car a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor”. Por-

tanto, o espírita tem que participar e influenciar na sociedade em que vive, procurando levar às instituições que a estruturam os valores e normas do Es-piritismo. Isso é uma participação po-lítica. Não pode preocupar-se apenas com a reforma íntima, isolando-se em um “oásis de indiferentismo” pela so-ciedade em que vive.

REFLEXÃO FINAL“E quem governa seja como quem

serve” - Jesus (Lucas, 22:26).O advento da Nova Era passará,

inevitavelmente, pela renovação políti-ca. Nada muda se os políticos não mu-darem e, como vimos, políticos somos todos nós. “A força das coisas possibili-ta a mudança, mas não construirá uma sociedade mais justa, mais livre, mais feliz, sem que cada família, cada gru-po, cada cidade, cada nação elabore seu projeto, organize sua ação para chegar a essa sociedade melhor” (questões nº 860 e 1019 de O Livro dos Espíritos).

Não poderemos esquecer, tam-bém, a preocupação de Deolindo Amorim (O Espiritismo e os Problemas Humanos) com o espírita e a socieda-de: “O verdadeiro cristão, o que tem o Evangelho dentro de si, e não apenas o que repete versículos e sentenças, não pode cruzar os braços dentro de um mundo arruinado e poluído pelos ví-cios, pela imoralidade e pelo egoísmo”.

Alterar essa estrutura social que fo-menta o egoísmo em todos os grupos sociais é providência urgente. Isso só pode ser feito, como diz o Codificador, combatendo todas essas causas, senão ao mesmo tempo, pelo menos por parte.

No entanto, o caminho parece ser colocar novos princípios em prática nas famílias, instituições, escolas, igrejas, em todos os grupos sociais, de forma que muitos movimentos sociais come-cem a demonstrar a viabilidade de no-

vas soluções. A polêmica ideia de que o Brasil está destinado a cumprir o pa-pel de “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho” sempre foi acompanhada de reflexões muito entusiastas. Se ele realmente tem uma missão histórica a realizar, então é preciso começar a pen-sar o Brasil de um ponto de vista mais realista. Só assim poderemos cumpri-la.

O Evangelho apresenta a mais elevada fórmula de vida político-ad-ministrativa aos povos da Terra. Os ideais democráticos do mundo não derivam senão do próprio ensinamen-to de Jesus, nesse particular, acima da compreensão vulgar das criaturas. A magna questão é encontrar o elemento humano disposto à execução do subli-me princípio. Quase todos os homens se atiram à conquista dos postos de au-toridade e evidência, mas geralmente se encontram excessivamente interes-sados com as suas próprias vantagens no imediatismo do mundo. O grande desafio do espírita consciente é parti-cipar ativamente desse movimento de transformação social, buscando politi-zar-se para escolher melhor; esclarecer amigos e familiares sobre o voto cons-ciente; participar de grupos de ação comunitária, além do centro espírita; votar com amor para eleger os mais moralizados e lutar por uma sociedade fraterna, objetivo este eleito como um ideal a ser atingido.

Preponderar sobre os maus, como já vimos, é apenas uma questão de von-tade. Foi a esta conclusão que chegou Martin Luther King, ao afirmar: “Não há nada mais trágico neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Não posso ficar no meio de todas essas maldades sem tomar uma atitude.”

(Esse texto foi baseado nos escritos de Osman Neves Albuquerque e estes, por sua vez, elabora-

dos a partir de transcrições do livro O Espiritismo e a Política para a Nova Sociedade de Aylton Paiva)

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na Ponta da língua doutrina

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POR ANTONIETA S. TEIXEIRA

ealmente volto a es-sas linhas, para tecer algumas considera-

ções sobre um dos problemas mais graves que observamos em nossa sociedade, mas que nunca havia visto de forma tão clara, como tenho observado atual-mente. Trata-se de um processo de obsessão entre vivos.

Allan Kardec dimensionou e estudou profundamente esse fenômeno, discorrendo sobre ele no magistral Livro dos Mé-diuns, a segunda obra de seus cinco tratados sobre a Doutrina Espírita.

O fenômeno é idêntico às obsessões entre encarnados e desencarnados, porém com mais dificuldades de se detectar, daí explicitarmos alguns comporta-mentos relacionais que determi-nam o processo obsessivo.

Da mesma forma que na instalação da obsessão clássica, percebemos um conluio entre os envolvidos no processo. Há o receptor (obsidiado) e os do-minadores (obsessores), intera-gindo constantemente, numa ação muitas vezes dolorosa para o receptor, que não se dá conta do quanto está sendo sufocado pelos algozes implacáveis! As formas do domínio não fogem às maneiras clássicas, estudadas nas obsessões comuns entre os indi-víduos dos dois planos: material e espiritual. Mas é interessante percebermos que começam a insinuar-se na mente do domina-dor, de forma sutil, à do receptor, que lentamente as absorve. Ali-

ás, existe um livro muito inte-ressante de J. Herculano Pires chamado Obsessão entre Vivos (qualificando essa ação como “vampirismo”);

Entre encarnados, os domi-nadores “vivem” totalmente a vida do receptor, não admitindo que o mesmo o exclua de nada! Exigem que o infeliz dominado exponha todas emoções, sensa-ções e realizações do seu dia a dia. E, neste processo interpes-soal, eles dão ordens de ação ao receptor, depreciam novas ami-zades a ponto de o outro excluí-las, xingam pessoas que nem conhecem só porque se aproxi-mam do receptor, julgam-nas de forma mentirosa, com deboches desagradáveis, tudo para que o receptor as excluam de sua vida. Essa atitude pode referir-se até mesmo aos afetos mais próximos da vida do receptor!

Pais viram inimigos, espo-sas e maridos são vagabundos e traidores, e, a partir daí, xingam, amaldiçoam, ridicularizam, de-bocham, e, às vezes, até agridem verbalmente o sujeito que do re-ceptor aproxima-se em momen-tos que estão juntos, tornando-se algo profundamente desagradá-vel e desagregador.

No, caso em observação, dois tipos de atitude nos surpreende-ram, quando vimos que, durante as vinte e quatro horas do dia, os algozes chamam incessantemen-te de todas formas possíveis que possuímos hoje com o avanço da tecnologia para perguntar o que o outro está fazendo, falando os assuntos mais pueris possíveis, para chamar para si a atenção.

Nas madrugadas, chamam para jogar determinado jogo que des-cobriram, ou mandam pornogra-fia em vídeo ou fotos.

Enfim, esse tipo repetitivo de fatos desagradáveis sucedem-se diuturnamente. E, pasmem, o receptor não se apercebe; e quando se explicita o assunto, justifica tais ações dizendo “são meus amigos”.

O que se explica, perfeita-mente, quando lembramos de que se trata de um processo em que o receptor também se com-praz. Ainda aqui observamos cla-ramente a mesma dinâmica das obsessões clássicas, em que não se distingue o pensamento do obsessor e o do obsidiado, tal a identidade do pensamento dos dois.

Quanto ao tratamento, como não podia deixar de ser, torna-se idêntico ao dado nas reuniões de desobsessões das casas espíritas, fartamente exemplificado nos livros de Kardec, André Luiz, Jo-anna de Ângelis e tantos outros.

Primeiramente, devemos nos munir de muita paciência, tolerância, vontade firme de vencer, muito amor pelo obsidia-do e, a maior de todas as ferra-mentas, a PRECE, porque feita com a humildade dos que sabem que nada podem sem a ação dos mentores da espiritualidade maior, que são aqueles que ver-dadeiramente operam a cura. A prece deve direcionar-se a todos os envolvidos, seus familiares (para que os laços de amor das famílias fortaleçam os envolvi-dos numa aura de amor), contri-buindo para o sucesso da ação.

vida moderna nos impõe inúme-ras obrigações e

deveres. Grosso modo, uma existência bem aproveitada implica em administrar com proficiência problemas e difi-culdades de toda sorte. Jesus – nosso modelo e guia – e ou-tros expoentes da espirituali-dade convivem com labores altamente complexos e de-safiadores. Se o Pai Celestial trabalha, como asseverou o Mestre outrora, “... eu trabalho também” (João, 5:17), deixan-do entrever a pesada carga de responsabilidades advindas da sua sublime missão de edu-cador dos corações humanos. Portanto, não podemos, então, de nossa parte, esperar algo substancialmente diferente. À medida que evoluímos, mais deveres abraçamos. Uma força incoercível nos compele a dar, entregar e a compartilhar mais de nós mesmos. Passamos a perceber, enfim, que somos muito menos que uma gota – e eu estou sendo generoso – do oceano.

No entanto, dada a nossa precariedade cognitiva e con-siderando as paisagens de so-frimento e destruição que, in-felizmente, ainda caracterizam a Terra, temos a obrigação in-dividual de nos autoiluminar-mos para transformá-la numa das belas moradas da “casa do Pai”. E tal desiderato não pode

ser atingido sem o esforço pes-soal de nos alfabetizarmos es-piritualmente. Dito de outra maneira, a criatura humana ne-cessita urgentemente educar a sua própria alma. Como já nos referimos algures, “... são raros aqueles que, concomitante-mente às exigências da vida moderna – onde sempre pre-dominam as coisas de natureza material –, dão também aten-ção aos assuntos de origem transcendental. Aliás, se tivés-semos a curiosidade de averi-guar quanto do nosso tempo é despendido em coisas ligadas à matéria ou de importância duvi-dosa, ficaríamos estarrecidos”.1

De maneira similar, a re-nomada pesquisadora inglesa Dra. Ursula King observa que necessitamos dar mais atenção à educação do espírito. Ela considera que nós necessita-mos aprender a desenvolver uma profunda liberdade inte-rior e consciência para nos tor-narmos mais alertas espiritu-almente e conclui advogando que “a capacidade para a es-piritualidade está presente em todos os seres humanos, mas necessita ser ativada e realiza-da. Isso significa que tem de ser ensinada de algum modo, e isso requer novos enfoques para a educação espiritual. [...]”.

Obviamente, o curso do autodesenvolvimento espiri-tual não é tarefa para apenas uma existência. Certamente

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Moral cristÃ

escansava Jesus em casa de Igorin, o curti-dor, no vilarejo de Dal-

manuta, quando Joab, escriba em Cesareia, partiu à procura dele em companhia de Zebedeu, pai de Tiago e de João, que lhe devotava imensa estima.

Enquanto caminhava, depois de largada a barca, o amigo da ci-dade, que jamais contemplara o Doce Nazareno, falava compun-gido de mágoas que sofrera.

Sentia-se doente, em supre-ma revolta.

Desejava escutar o verbo do Senhor para certificar-se quanto à própria conduta.

Dizia-se crivado de injustiça e calúnia.

Permutavam, assim, impres-sões espontâneas e afetuosas quando o lar de Igorin lhes surgiu à frente, ao longe.

Ao redor do tugúrio, congre-gavam-se enfermos, avultando, entre eles, um homem maduro e esbelto a gritar estertórico e que, guardado à pressa, exclui-se do quadro, desafiando, assim, a curiosidade de ambos os viajores.

No átrio da casa pobre, indaga Zebedeu de uma velha aleijada quem era aquele mísero e informa-lhe a anciã que se tratava de um louco infeliz à procura do Mestre.

Nisso, Tiago e Pedro apare-cem de chofre e dizem que Jesus pretendia ausentar-se para a prece nos montes.

Joab, ouvindo isto, penetra sozinho pela casa e encontra em quarto humilde o Cristo genero-so, meditando em silêncio.

– Mestre! – Clama, chorando, depois de confortado às sauda-

ções primeiras. – Tenho o peito dorido e o pensamento em fogo, humilhado que estou por injúrias atrozes. Feriram-me, Senhor, eno-doando-me o nome e furtando-me o pão... Que fazer ante o mal que me ataca, insolente... De que modo portar-me perante os ini-migos que me cobrem de lodo...

– Perdoa, filho meu! – Disse o Amigo Celeste.

– Senhor, como esquecer mal-feitores e ingratos?

– Anotando-lhes sempre a condição de enfermos.

– Enfermos, como assim, se perseguem matando?

– Não procederiam deste modo se não fossem dementes.

– Mestre – insistiu Joab -, con-vém esclarecer que os meus ad-versários são ladrões perigosos...

– São, pois, mais infelizes...– Infelizes porquê, se têm ca-

sas faustosas e terras florescentes!– Todavia, amanhã descerão

ao sepulcro, abandonando o furto a mãos que desconhecem...

– Entretanto, Senhor, sem qualquer razão justa, eles querem prender-me...

– Não importa, meu filho, pois todo delinquente está preso em si mesmo às algemas da treva.

– Mestre! Mestre! Ainda as-sim, espreitam-me igualmente em tocaias sinistras, prelibando-me a morte, todos eles armados de punhais assassinos!

– Perdoa e ora por eles – dis-se o Cristo, sereno –, porque é da Eterna Lei que a justiça se faça... Todo aquele que fere será tam-bém ferido...

O escriba, em desespero, ajuntou lacrimoso:

ritual: uma dos nós

continuará do lado de lá, as-sim como em outras encarna-ções. Também não podemos imaginar que tal aprendiza-do advirá exclusivamente de determinados cursos que venhamos a frequentar. Eles podem, na melhor das hipó-teses, ajudar em determina-dos momentos, mas a maior parte desse processo de alfa-betização ocorrerá mediante constantes e solitários exercí-cios de reflexão e meditação acerca das atitudes tomadas no dia a dia; a busca inces-sante do autoconhecimento; a coragem para enfrentar as sombras da personalidade; e a determinação para proce-der tomando sempre o bem como bússola. Paralelamente a esse esforço, o “aluno” de-verá voltar-se a Deus através da oração sincera e confiante a fim de que os seus canais intuitivos captem sempre as melhores sugestões.

Não poderá abdicar também de mergulhar a sua atenção em leituras edifican-tes, esclarecedoras, eivadas de sabedoria e experiências humanas valiosas que lhe fa-cultem condições de vislum-brar a dimensão antes ignora-da, isto é, a da vida espiritual. Pode-se prever que o “bom aluno” mudará considera-velmente a sua percepção e conduta a partir daí. Os seus gostos, preferências e aspira-

ções sofrerão profundas mu-danças, a sua sensibilidade no trato com os semelhantes será amplificada, assim como será dilatada a sua capaci-dade de compreensão dos fatos e eventos, entre tantos outros benefícios. Com toda certeza, estará mais prepara-do para ouvir, dialogar e en-tender os companheiros de jornada.

Muitas vezes, o “bom aluno” ver-se-á envolvido numa aparente solidão. Afi-nal, a sua gama de interesses e até mesmo de objetivos transmuta-se completamen-te, mas é na quietude da alma que encontrará respos-tas e conclusões para os mais importantes dramas existen-ciais. Concomitantemente, compreenderá que precisa desenvolver os recursos da paciência, discernimento, humildade, renúncia, emo-ções positivas, amor, fraterni-dade e tolerância – algumas matérias, convenhamos, nem sempre lecionadas nas salas educativas da Terra. O novo ser que emergirá des-sa alfabetização dominará não apenas pensamentos, emoções e poderosas forças interiores, mas estará apto a entender e a cooperar de ma-neira mais incisiva na obra do Criador sendo uma criatura melhor sob todos os aspectos e sentidos.

O Escriba Incrédulo

– Senhor, estou sozinho, des-pojado de tudo... Iludiram-me a esposa e roubaram-me os filhos... Acusado sem culpa, o cárcere me espera; venerei sempre as leis, guar-dando-lhes os princípios, e toda a minha dor nasce da sombra hostil da infâmia que me cerca! Que fazer, Benfeitor, ante as garras da lama!

– Filho, perdoa sempre, olvi-da todo mal e faze todo o bem, porque somente o bem é luz que não se apaga...

Incapaz de conter o assombro que o traía, Joab esgueirou-se de soslaio, perguntando lá fora aos amigos surpresos:

– Dizei-me, por favor, onde acharei o Mestre Jesus! Quero Je-sus para ouvir-lhe a palavra!

O escriba renitente conser-vava a impressão de ter ouvido o louco que avistara ao chegar àque-la casa, e não o próprio Cristo...

Mensagem extraída do livro Contos esta e doutra vida, cap 29.

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biograFia doutrina

POR ORSON PETER CARRARA

notável escritor, jornalista e político Humberto de Campos nasceu em 25 de outubro de 1886 em Miritiba (MA).

De origem humilde, com a morte do pai quando tinha apenas seis anos de idade, mudou-se para a capital São Luiz, onde começou a trabalhar no comércio local e aos dezessete mudou-se para o Pará, onde começa sua atividade jornalística na Folha do Norte.

Em 1910, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro e, dois anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a ganhar destaque no meio literário, angariando amizade com os escritores Coelho Neto e Olavo Bilac. Começa a trabalhar no jornal O IMPARCIAL ao lado de figuras ilustres como Rui Barbosa, José Veríssimo, entre outros, tornando-se gradativamente cada vez mais conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais das prin-cipais capitais brasileiras. Membro da Academia Brasileira de Letras, ingressa também na política como Deputado Federal, sendo cassado na Re-volução de 30. Faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1934, com apenas 48 anos.

Mas o grande escritor não interrompeu seus escritos. O conhecido médium Chico Xavier publicou vários livros por meio da psicografia trazida pelo referido espírito, gerando rumoroso caso na justiça, movido pela família do escritor com alegação do pagamento dos direitos auto-rais. A demanda judicial, de grande repercussão e polêmica à época, foi julgada improcedente, e todo o material dessa disputa jurídica está dis-ponível no livro A Psicografia ante os tribunais, do Dr. Miguel Timponi, editado pela editora FEB, trazendo o significativo subtítulo: “O caso Humberto de Campos no seu tríplice aspecto: Jurídico, Científico e Literário”. É obra que me-rece ser conhecida.

A partir daí, o autor e consagrado escritor pas-sou a usar o pseudônimo Irmão X, também com vários livros publicados.

Entrevistei Isabela Pereira Esperança, de Barra Mansa (RJ), admiradora, estudiosa e pes-

quisadora da obra de Humberto. A entrevista ainda está inédita na íntegra, mas reproduzo aqui uma das perguntas e sua respectiva resposta, para apreciação do leitor:

O que pensa entre Humberto encarnado e o espírito Humberto?

No primeiro livro psicografado de Humber-to de Campos publicado em 1937 com o título Crônicas de além-Túmulo, três anos depois de sua desencarnação ocorrida em 1934, já no pre-fácio o autor assume seu passado materialista, em que ideias transcendentais de perpetuidade do espírito seriam idealistas e distantes da realidade prática da vida. Enquanto encarnado, sua índole de revolta e amargura diante dos sofrimentos e dores nas experiências da vida, como ele mesmo se biografa, impediu que a fé florescesse em seu coração conturbado (...) saturado que estava de fórmulas religiosas e filosóficas de seu tempo. Como ele mesmo diz, “o pior enfermo é sempre aquele que já experimentou todos os específicos (medicamentos) conhecidos”. Desencarnado, surpreende-se com a nova situação além-túmulo. Em seus últimos anos de vida, julgava o túmu-lo o fim, e diante da continuidade da vida, fica perplexo ao se deparar com a realidade espiritual que em nada corresponde às ideias religiosas im-pregnadas de símbolos, de anjos, inferno e céu. Esta nova experiência abre, enfim, seu coração para o medicamento evangélico, reconhecendo-se como estudante novo diante da eternidade, como relata no conto “De um casarão de outro mundo”: “Ah! Meu Deus, estou aprendendo agora os luminosos alfabetos que os teus imensos escreveram com giz de ouro resplandecente no livro da Natureza. Faze-me novamente menino para compreender a lição que me ensinas!”

A obra de Humberto de Campos desencar-nado é trabalho de um espírito intelectualizado, e agora desperto, que procura avidamente regene-rar seu coração como escreve no prefácio do livro Boa Nova: “É que existem Espíritos Esclareci-dos e Espíritos Evangelizados, e eu, agora, peço a Deus que abençoe a minha esperança de per-tencer ao número desses últimos.”

á pessoas que sabem mais e as que sabem menos. Há as mais maduras e as incipientes. Isso é natu-ral num mundo imperfeito como o nosso. Cabe às

primeiras, portanto, dar às segundas o exemplo do que apren-deram na sua esfera de atuação, sempre visando a bons resul-tados.

Nos dois campos de vivência, a humildade é fundamen-tal. De um lado orientar, esclarecer, ensinar mesmo, sem ar-rogância, nem espírito de dominação pelo saber. Do outro, acatar, atender, sem complexo de inferioridade, respeitando as hierarquias necessárias. Isso não impede, absolutamente, que todos aprendam com todos.

Do ponto de vista moral, saber mais que o outro não pode significar que se tenha esse outro sob seu controle. Sabe-se mais porque se viveu mais, se aproveitou mais e melhor as experiências que a vida propôs ou as oportunidades que apa-receram.

Muitos, porém, não se submetem a um poder superior, moral e/ou intelectual por não compreenderem a legitimida-de de quem conquistou a posição de liderança. Revoltados, insubmissos, acham injusto e humilhante ter-se que obedecer a outrem.

Esquecem-se, porém, (ou ignoram) que a ascendência de um ser humano sobre o outro (falo da ascendência legítima, que é toda moral) foi conquistada pelo estudo, trabalho, sacrifício, respeito, boa vontade e progressos vários através do tempo.

Para que se entenda melhor o que digo, vejamos algumas características que costumam identificar o caráter do revolta-do e insubmisso: não estuda, não trabalha, está sempre na de-pendência de terceiros, sempre na defensiva, não pensa em abandonar os hábitos viciosos, reclama da sorte, gasta pessima-mente o tempo, culpa a todos, menos a si mesmo, não suporta ouvir falar de Deus. Com poucas variações, é esse o perfil que os desabona.

Nem sempre só as palavras resolvem na modificação dos quadros mentais do preguiçoso e revoltado. Num dado mo-mento, ele terá que acordar. É por isso que a dor comparece como a maior das forças de persuasão para despertá-lo.

Para não ouvir, basta tapar os ouvidos. Mas não dá para fugir da dor que, pela lei de causa e efeito, faz o indivíduo revi-ver as lições não aprendidas e passar por experiências desagra-dáveis, importantes para o seu avanço como espírito. E como a justiça de Deus se aplica sempre através do amor educativo, qualquer revolta contra o sofrimento espelha rebeldia contra Deus, o que é inútil. Na verdade, o revoltado deveria mos-trar desde agora insatisfação consigo mesmo, o que já poderia sinalizar uma eventual reabilitação no futuro.

Humberto de Campos A revolta e a insubmissão