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Urbanisation in Latin America: Exclusion, Marginality and Conflict - RSA - 2017
ARQUITETURA DA VIOLÊNCIA
Políticas de segurança pública em tempos neoliberais:
food trucks ou polícia gourmetizada?
(Spatial Justice & inequalities – grupo 7)
Sonia Maria Taddei Ferraz Universidade Federal Fluminense Profa. Dra. do Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Email: [email protected] Clara Braga de Britto Pereira Universidade Federal Fluminense Estudante de Graduação - Bolsista de IC FAPERJ Email: [email protected] Leticia Lyra Acioly Universidade Federal Fluminense Estudante de Graduação e de Iniciação Científica Email: [email protected] Nicolle Peres Cardoso Universidade Federal Fluminense Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo Mestranda – Bolsista da CAPES Email: [email protected]
Resumo:
A proposta é atualizar as reflexões sobre o quadro das estratégias privadas de segurança contra a
violência na cidade do Rio de Janeiro, tendo como subjacência os novos processos privatistas de
acumulação capitalista que tem “redesenhado” a paisagem carioca. Nos últimos anos o aumento das
privatizações e a ascensão do planejamento estratégico trouxeram para o campo das políticas
públicas as parcerias público-privado (PPP). A segurança pública passou a ser parcialmente prestada
com financiamento parceiro entre o estado e empresas. As primeiras parcerias aconteceram em 2009,
durante o governo de Sergio Cabral, para a pacificação das favelas cariocas, com as chamadas UPP’s
(Unidades de Polícia Pacificadora), que militarizaram a cidade e consolidaram um tipo de paisagem
que incorporava no imaginário a violência e o medo. Com essa promessa do combate à violência, o
estado manteve o ideário securitário e incentivou o mercado da segurança. Com a realização dos
Jogos Olímpicos e a necessidade de inovar, transmitindo a sensação de segurança e de um território
aparentemente sem conflitos, a Fecomércio em parceria com SESC, SENAC, com o município e o
Estado, passaram a financiar a chamada Operação Segurança Presente. O Estado se volta para as
PPP’s a fim de estabelecer relações de aceitação, aproximação e aperfeiçoamento da comunicação
entre polícia e população, transmitindo uma imagem urbana amigável, receptiva e pacificada. Assim,
acoplou a segurança à atratividade dos espaços públicos cariocas, que cresce com a comida de rua
que se espalha e que coalha a cidade de food trucks. Este é um tipo de comércio que cresceu, virou
moda, e trouxe de volta às ruas e praças uma população que estava enclausurada com medo da
violência. Nessa “onda” surge a “polícia presente”: uma guarda-polícia com sua base física camuflada
por carros tipo food trucks e uniformes coloridos e enfeitados fazendo alusão às marcas dos lugares.
Assim como as práticas de exclusão e limpeza urbana, com o recolhimento da população sem-teto do
centro e áreas nobres da cidade, a recente implantação da polícia presente glamourizada e
“espalhada” também exclui, delimitando e instituindo novos territórios urbanos como arenas de
turismo e consumo, esvaziados de conflitos sociais, desenhando uma paisagem aparentemente
segura, colorida, alegre e festiva, como se o consumo fosse democrático e a vida fosse justa para
todos.
Palavras-chave: políticas públicas, exclusão, segurança, parcerias público privado.
2
Este trabalho apresenta uma reflexão atualizada do quadro das privatizações da
segurança pública, mostrando a trajetória desse processo e como acaba redesenhando a
paisagem urbana.
Em 2005, apresentamos uma análise (Ferraz, 2008) que revelava a privatização em
substituição à segurança pública, com a instalação privada de equipamentos residenciais de
proteção e a contratação de agentes privados de segurança. Na referida análise,
incorporamos referências estratégicas internacionais globais utilizadas nas guerras
americanas, principalmente no Iraque e no Golfo. Inicialmente apresentaremos uma síntese
desta análise com o objetivo de compreender as diferenças entre as privatizações da
segurança na década anterior e a atual.
Para a presente reflexão, buscamos relacionar as estratégias mais recentes
determinadas pelas políticas neoliberais privatizantes que se traduzem na segurança pública
através das PPP - Parcerias Público-Privadas. São novos modelos internacionais de
privatização de guerras reproduzidos de alguma forma em âmbito urbano local. A lógica
discursiva e as intervenções no ambiente urbano provocam alterações na organização social
e na paisagem, consolidando mais uma vez a regulação de práticas sociais excludentes.
Para a análise, o material de apoio será um conjunto de matérias e fotos jornalísticas,
extraídas de sites do ramo da segurança, ou produzidas pelo grupo de pesquisa. Entendemos
que o jornal como suporte para práticas de comunicação e informação tem a capacidade de
influir na alteração do imaginário social sobre a lógica da produção e da apropriação da
cidade. O discurso jornalístico pode se constituir como suporte para a formação de
consensos, através de estratégias enunciativas, como a oferta da parcialidade como o todo,
ou do não dito como dito, ou do sentido do absoluto e a inversão de atributos.
O embasamento teórico e conceitual será amparado principalmente em autores como:
Antunes, sobre a terceirização e precarização do trabalho; Scahill, pela exposição da
privatização da segurança, através do emprego de exércitos mercenários nas guerras
“americanas”; Graham, pela naturalização dos mecanismos securitários, das
hiperdesigualdades e militarização no espaço urbano; Arantes, sobre a transfiguração da
cultura em culturalismo de mercado e sua apropriação pelas estratégias de segurança pública
na cidade-empreendimento.
No início dos anos 2000, com as repercussões dos processos econômicos e sociais
das potências globais, estratégias militares de grandes corporações de segurança,
importadas do mercado internacional foram aplicadas em nível local. A globalização
protagonizou durante muito tempo as explicações para a tentacularidade da exportação de
tecnologia e estratégias de segurança. Foram as estratégias americanas de terceirização nos
campos (contingentes e logística), no Golfo e no Iraque, e de privatização dos seus serviços
secretos de informação que ofereceram como desdobramentos, no quadro da globalização, o
importante suporte para a aplicação da mesma lógica na organização dos mercados de
segurança e proteção nas metrópoles brasileiras. A violência e a segurança em diversos
níveis e campos tem se mantido na ordem do dia, tanto internacional, quanto local. A partir do
artigo “L’armée américaine fait de plus em plus appel au secteur privé”, datado de 20031, já é
possível traçar os primeiros paralelos com a realidade do mercado brasileiro de segurança:
1 “L’armée américaine fait de plus en plus appel au secteur prive”, in Le Monde Diplomatique 10/02/03, tradução do original.
3
“Durante a Guerra do Golfo, em 1991, 1 a cada 50 pessoas no campo de batalha
era um civil contratado. Na Bósnia, em 1996, esta proporção passou para 1 em
10. Perto de 40 empresas trabalham assim, permanentemente em campo para o
Pentágono”.2
Em 2007, quatro anos após o registro dos dados lançados na nossa primeira análise,
a proporção de pessoal contratado na Guerra do Golfo já era 10 vezes maior (Scheier;
Caparini, apud Fontes; 2014) e o número de funcionários das EMPs (Empresas Militares
Privadas) superou o da tropa dos EUA no Iraque (Palou-Loverdos; Armendáriz, apud Fontes;
2014). Mais do que em qualquer outra guerra, os EUA, usaram da força de trabalho destas
corporações no Iraque e no Afeganistão: “Em 2010 havia mais empreiteiros destacados para
zonas de guerra (207 mil) do que soldados americanos (175 mil). Na Segunda Guerra
Mundial, os contratantes só fizeram um aumento de 10 por cento da força de trabalho militar” 3, relata McFate, ex-pára-quedista do Exército Americano, que serviu na África trabalhando
para Dyncorp Internacional e é agora um professor associado na Universidade de Defesa
Nacional.
O crescimento do número de empresas no mercado de segurança não é, portanto,
uma novidade, mas uma “formatação” que não foge à mesma lógica das empresas que
oferecem serviços e tecnologias ao Pentágono durante as guerras “americanas” e se tornam
verdadeiros braços do Estado, como no caso da empresa americana Blackwater.
A empresa constitui um exemplo destacável do modelo e prática do mercado de
segurança no âmbito da privatização da guerra, que segundo Jeremy Scahill, jornalista autor
do livro homônimo, “não é apenas uma companhia qualquer de segurança no Iraque; ela é a
principal empresa de mercenários dentro da ocupação americana. (...) Desde o seu contrato
original no Iraque até o final de 2007, a Blackwater faturou 1 bilhão de dólares em contratos
de “segurança diplomática” apenas através do Departamento de Estado.” (2008:23), contratos
estes negociados sem concorrência aberta.
O jornalista evidencia ainda que, diferentemente de muitas empresas privadas
contratadas pelo governo americano durante a ocupação do Iraque - aproximadamente 170, a
Blackwater reportava-se diretamente à Casa Branca, e não ao Exército americano. Para o
autor, a empresa atuava em uma “zona cinza da legislação”, visto que não estava submetida
à lei iraquiana, nem à lei americana civil
ou militar, mas teve sua atuação
amparada pelo Departamento de Estado
norte-americano, cuja oferta de
imunidade amortizou qualquer
possibilidade da empresa ser
responsabilizada pelos “crimes de
guerra” cometidos no Iraque contra civis,
com destaque para o atentado de 2007
na Praça Nisour, em Bagdá. Segundo o
presidente do Centro de Michael Ratner,
2 Idem. 3https://haraquiri.wordpress.com/2015/02/21/neomedievalismo-empresas-militares-privadas-voltam-a-compor-
exercitos-no-mundo/ consultado 09/11/2016.
Massacre promovido pelos mercenários da Blackwater em 16 de setembro de 2007 na praça Nisour, Bagdá
(http://www.fatosdesconhecidos.com.br/10-crimes-de-guerra-
desconhecidos-que-vao-te-deixar-chocado/ consult 03/05/2017
4
“Nada disso é por acaso; o verdadeiro objetivo deles é brutalizar e incutir o medo no povo do
Iraque.” (2008:25).
É importante salientar que o processo de privatização da intitulada “guerra ao terror”
teve sua gênese num movimento de privatização militar que ganhou força entre 1989 e 1993
nos Estados Unidos, sob a presidência de George H. W. Bush. (Idem, 2008:98). Para tanto,
“Mais fornecedores significavam menos tropas, e uma contagem de soldados politicamente
mais palatável.” (Briody apud Scahill, 2008:99), revelando-se uma forma higienista de lidar
com as relações públicas decorrentes do envio de tropas americanas para o exterior. Além
de, na teoria, significar uma oferta de serviços governamentais “mais econômica” aos cofres
públicos americanos.
A Blackwater, que durante sua criação em 1996, pretendia fornecer armas de fogo e
centros de treinamento terceirizados às forças de segurança públicas norte-americanas,
ampliou seu nicho de atuação no mercado da segurança após o atentado às torres do World
Trade Center em setembro de 2001, acontecimento que catalisou a implementação da
agenda de privatização iniciada na década anterior. Nas palavras de Scahill, “O programa
logo veria a eclosão de uma lucrativa indústria militar global de 100 bilhões de dólares. Entre
as maiores beneficiárias da recém-declarada ‘guerra ao terror’ estaria a Blackwater de Erik
Prince. Como definiu Al Clark4, ‘Osama Bin Laden transformou a Blackwater no que ela é
hoje’.” (2008:110, 111). Esse ambiente de retaliação ao terrorismo contribuiria para o
aguçamento da visão da empresa na direção do vasto mundo não explorado dos soldados de
aluguel. Visão essa que culminou em 2002 na formação da Blackwater Security Consulting,
ampliando a margem de lucro da empresa e seu perfil de atividades.
A empresa, que se alimenta e sobrevive da continuidade e surgimento de guerras
mundo afora, bem como de seus contatos políticos e militares, penetra em diversas instâncias
do governo americano através de contratos furtivos com a CIA e outras agências de
inteligência e segurança. Desde o primeiro trabalho realizado no Afeganistão a empresa
obteve rápido crescimento, até a chegada de sua grande oportunidade quando as Forças
Armadas dos Estados Unidos invadiram Bagdá, em março de 2003. Segundo Scahill, “a
Blackwater era agora conhecida pela administração Bush como parte essencial de sua
armada na guerra ao terror.” (2008:116, 117).
A trajetória da empresa, que em 1998 treinava clientes particulares e do governo no
uso do mais variados armamentos e já começava a ser procurada por governos estrangeiros,
inclusive pelo Brasil que demonstrou-se interessado em treinamento antiterrorista, teve seu
apogeu no Iraque, que de acordo com o mesmo autor “marcou a chegada dos mercenários à
maioridade, e a Blackwater logo emergiria como uma tendência-padrão para a indústria.“
(2008:117).
Para o rosto da Blackwater, Erick Prince, “a vigilância é o preço da liberdade”
(2008:107). Tendo em vista os desdobramentos contemporâneos da atuação do mercado de
segurança global, podemos dizer que esse preço tem sido bem alto em troca de uma dita
“liberdade” que figura apenas nos discursos legitimadores daqueles que lucram com a guerra,
seja de forma política ou monetária. Conforme Graham (2015), esse modelo militar-privado é
intitulado “indústria da pacificação”, que trataremos mais adiante em âmbito local.
4 Al Clark: ex-sócio da Blackwater, integrante da marinha americana idealizador da empresa em 1996, juntamente com o executivo majoritário Erick Prince.
5
Dessa forma, exemplo dessa reorganização estrutural é o aumento do número de
empregados envolvidos na segurança particular na cidade. Comparando os quantitativos
empregados no setor público e no setor privado, nos últimos anos, já é possível suspeitar da
consolidação das estratégias globais de terceirização e desregulamentação aplicadas aos
contingentes envolvidos com a segurança carioca.
Estamos tratando aqui de um setor que só dá lucro. Em fevereiro de 2002, a matéria
publicada pelo jornal O GLOBO divulgava números alarmantes, mostrando que os gastos
com violência e segurança no Brasil haviam sofrido em seis anos (de 1995 a 2001), o
aumento de 25%, de R$ 85 bilhões para R$ 112 bilhões5.
.
Em julho de 2002, a matéria “A fatura da violência” 6, mostrava serem os gastos com
segurança, dos comerciantes do Estado do Rio de Janeiro, maiores do que o orçamento da
própria polícia. Enquanto os comerciantes gastaram, no ano de 2001, R$ 3,8 bilhões, a
arrecadação estadual foi de R$ 3,46 bilhões e o orçamento da Secretaria Estadual de
Segurança foi de R$ 1,14 bilhões, ou seja, menos de 1/3 do montante gasto. Os recursos
privados haviam sido empregados principalmente em vigilância particular (36,23%) e sistemas
de alarme e câmeras (45,21%).
Constatando o prognóstico de que trata Enzensberger (1995), da segurança vir a ser o
mais precário bem de luxo neste novo milênio, observou-se o permanente aumento do
número de empregados envolvidos em segurança particular. De acordo com levantamento
feito pelo jornal G1, em 23/10/2014, divulgado pelo telejornal Bom Dia Brasil, em todo o país
já eram 989 mil vigilantes, quase cinco vezes o contingente do então exército brasileiro.
Assim, comparando os quantitativos empregados no setor público e no setor privado de
segurança, nos últimos anos, já é possível perceber os reflexos locais das estratégias globais
de privatização, de terceirização e de desregulamentação do trabalho dos contingentes em
atividade no setor.
Para consolidação do modelo e sua permanência, foi preciso desencadear um
processo de naturalização da privatização da segurança. Já em 2004 e 2005, os dados
mostravam, além do desmantelamento material e financeiro do setor, a degradação ética em
diversos níveis que também fortalecia o convencimento social sobre a necessidade da
segurança mudar de mãos. Entre diversas notícias veiculadas pela mídia, duas podem ser
5 “País perde R$112 bi com crime”, jornal O GLOBO, 24 de fevereiro de 2002, cad. Economia. 6 Em jornal O GLOBO de 07 de julho de 2002, 1º caderno, editoria RIO.
O GLOBO 11/11/2008
O GLOBO 10/11/2014
Zero Hora 15/10/2016
10/11/2014
6
citadas como exemplos, na medida em que expressam e sintetizam a tônica geral do
conjunto: “Inimigos dentro do quartel: três fuzileiros navais presos por desvio de dez
submetralhadoras para o tráfico”7 e “Rio tem 3 policiais presos por dia: Ação contra banda
podre já prendeu 551 em 6 meses”8.
Os dados apresentados apontam que este quadro, portanto, na sua integralidade,
deve ser percebido em âmbito internacional, a partir de uma abordagem que considere as
dimensões da crise estrutural capitalista que promove a reorganização do capital através das
inúmeras desincumbências do Estado, da privatização de serviços essenciais, da
desregulamentação e da terceirização no mundo do trabalho.
Como ensina Antunes (2002) a respeito das desincumbências do Estado, no caso em
tela elas resultam no quadro de falência da segurança pública no país, que tem sido
gradativamente resolvido pelas transferências das responsabilidades e das faturas para a
esfera privada. O evidente sucateamento que atinge a segurança pública tem sido somado ao
sucateamento de outras políticas públicas e sociais, o que agrava o quadro da saúde e da
educação em todos os níveis. Se há expressões que lhes são conferidas pelas causas ou
naturezas comuns, há também as que são próprias a cada setor.
Como particularidade, a privatização da segurança trouxe para as cidades, nas
décadas de 1990 e 2000, novos elementos de desenho da paisagem povoada por um exército
de seguranças uniformizados e emoldurada por um arsenal tecnológico de proteção e
segurança custeados pelos moradores abonados de cada rua e de cada bairro: as guaritas, as
grades, os muros, as câmeras, os espetos, as concertinas, as lanças, canteiros, entre outros
tantos... Além da costumeira apropriação privada dos espaços públicos, como revelam as
imagens abaixo9
Fosso - Barra da Tijuca- RJ, 2001 câmeras Muralha, Leblon, RJ, 2004
Concertinas em edifício de SP, 2003. Guarita, Leblon, RJ, 2003 “Double-safe”, Alto da Boa Vista SP, 2001
7 ARAÚJO, Vera. “Inimigos dentro do quartel”, Jornal O GLOBO, Rio de Janeiro, 10 de março de 2004, 1º caderno, editoria Rio. 8 GOULART, Gustavo. “Números do medo”, Jornal O GLOBO, Rio de Janeiro, 01 de agosto de 2005, 1º caderno, editoria Rio. 9 Imagens do acervo da pesquisa Arquitetura da Violência
7
Solário, Niterói,RJ, 2013 Segurança na entrada de edifício no RJ,, 2003.
Salvador/BA, 2001; Niterói/RJ, 2007 e Natal/RN, 2005
Se, há 10 anos ou mais, a globalização como ideia centralizava as análises dos
desenhos das cidades, como mostrado acima, atualmente são as estratégias neoliberais de
acumulação capitalista das grandes PPP - Parcerias Público-Privadas - que norteiam as
novas análises.
A “nova onda” de políticas neoliberais privatistas da segurança insere novos
elementos organizacionais que redesenham mais uma vez a paisagem urbana. Nesta análise,
o nosso objeto será a PPP entre a FECOMÉRCIO – Federação do Comércio do Rio de
Janeiro, Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e Estado do Rio de Janeiro, com seu projeto
de segurança pública das ruas da cidade para os Jogos Olímpicos de 2016, afirmando o
interesse em manter as áreas de consumo turístico e de lazer na mais absoluta ordem!
Essas parcerias que avançam sobre os setores que se ocupam da segurança pública,
envolvem tanto as penitenciárias, como a força policial de patrulhamento das ruas, através da
Operação Segurança Presente, responsável pela chamada “ordem pública”, que conta com
aproximadamente 400 agentes que patrulham as ruas somente até as 22 horas:
“É a primeira vez que uma operação do tipo é totalmente financiada por uma organização
privada no Rio. A Fecomércio, formada por 59 sindicatos patronais fluminenses, está pagando
R$ 44 milhões por dois anos de operação policial.” (Agência Pública, Anne Vigna 19/02/2016)
A Operação Segurança Presente surgiu para áreas de interesse do capital na cidade
e implantada em 1º de dezembro de 2015 na Lagoa, no Aterro do Flamengo e Méier.
Segundo Marcelo Novaes, gerente de relações sindicais da Fecomércio: “O Méier é uma
zona onde os cariocas fazem compras. E tanto o Aterro como a Lagoa são zonas de lazer
8
importantes para os cariocas” 10. Nos meses seguintes o programa foi expandido para áreas
centrais. Com a chegada das Olimpíadas em 2016 não é de se espantar que os locais de
atuação, escolhidos pela Fecomércio, sejam áreas de investimentos para os megaeventos,
em especial na região portuária do Rio de Janeiro - Porto Maravilha.
Como um dos desmembramentos do Segurança Presente, a Operação Centro
Presente surge para reforçar o patrulhamento no Centro do Rio de Janeiro. Na busca de
estetização do espaço recentemente embelezado, policiais militares e ex-integrantes das
forças armadas são chamados de “agentes”, com coletes amarelo, verde e laranja, que
trazem as logomarcas do Governo do Estado e da Fecomércio-RJ, instalada em postos que
remetem à imagem de food truck. Com a busca de referências imagéticas da paisagem
urbana que remetem a sensação de pacificidade, o objetivo dos agentes privados é transmitir
a “sensação de segurança” e estimular o consumo.
Certamente a aplicação do modelo em um setor é base para os demais. O
convencimento de que as parcerias são necessárias, parte de um conjunto de ações que vão
discursivamente mostrando a insegurança e comprovando eficácia das novas políticas. É
preciso sempre, como disse Galeano, nos vender o medo para nos vender segurança.
Embora o nosso foco de análise neste texto seja a Operação Segurança Presente
mencionada acima, cabem inicialmente algumas reflexões sobre a multiplicação das
estratégias privatistas no campo da segurança, o que inclui os presídios.
Para falar de presídios cabe lembrar que, já na origem da sociedade capitalista, como
afirmou Foucault (1996), as prisões eram instituições panópticas que abrigavam os
criminosos retirados do convívio social. Simbolicamente, a prisão de uns absolvia os outros
que estavam fora dela.
Luiz Carlos Fridman (1999) ressaltou que “Bauman olha para o outro lado da
globalização que transforma a força de trabalho dos pobres e dos desabilitados em refugo
humano”. É nesta perspectiva que os presídios hoje se transformaram em depósito desse
refugo, para quem não há mais perspectivas futuras de inclusão econômica e social.
Alguns cartunistas nos sensibilizaram com seus desenhos que põem em relevo essa
idéia do refugo humano, para quem os piores presídios funcionam, como revelam os
exemplos abaixo:
Jornal de Brasília 05/01/2017 Plano Crítico11
10 http://apublica.org/2016/02/operacao-policial-financiada-por-empresarios-cariocas-mira-moradores-de-rua/ consultado 03/05/2017. 11 http://www.planocritico.com/critica-o-lixo-da-historia/ consultado 24/04/2017.
9
A superlotação, o amotinamento e a violência em diversos presídios, noticiadas em
2015, despertaram a atenção para o caos, a falência do sistema e a incompetência do Estado
provocando, como inexorável, a receptividade coletiva ao modelo de PPP para gerí-las. A
articulação temporal entre as notícias de rebeliões e fugas de presídios e as propostas de
privatização fazem suspeitar de estratégias para convencimento da população amedrontada
com “tantos perigos iminentes”.
Em 2013 começaram as privatizações dos presídios brasileiros, como apontou Paula
Sacchetta na matéria “Quanto mais presos, maior o lucro” veiculada on-line pela Agência
Pública on Vimeo em 27 de maio de 2014:
“Em janeiro do ano passado (2013), assistimos ao anúncio da inauguração da ‘primeira penitenciária privada do país’, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Porém, prisões ‘terceirizadas’ já existem em pelo menos outras 22 localidades, a diferença é que esta de Ribeirão das Neves é uma PPP (parceria público-privada) desde sua licitação e projeto, e as outras eram unidades públicas que em algum momento passaram para as mãos de uma administração privada. Na prática, o modelo de Ribeirão das Neves cria penitenciárias privadas de fato, nos outros casos, a gestão ou determinados serviços são terceirizados, como a saúde dos presos e a alimentação.”
Apesar dessa privatização em 2013, em 2014 novas notícias via mídia anunciavam a
inauguração da era de um novo modelo privatizador, cuja aplicação teria início pelos
presídios. A notícia abaixo esclarece os procedimentos definidos para garantir o sucesso dos
projetos e naturalizar a ideia das privatizações, cabendo ressaltar que o texto revela a ideia de
que todos os presídios serão privatizados e não alguns:
Privatização da segurança Brasil inaugura era de presídios inteiramente privatizados. No primeiro estabelecimento privado, Estado garante 90% de lotação mínima e seleciona presos para facilitar sucesso do projeto. (Adriana Sacchetta, da Agência Pública: 31/05/2014)12
A privatização inclui a seleção de detentos que são julgados em processo de
recuperação para garantir o funcionamento modelar dos presídios, enquanto o entulho
humano aumenta os números do caos penitenciário no Brasil limpando a paisagem e a
imagem da cidade global e urbanizada. Segundo Renata Mariz, em notícia de O GLOBO de
04/06/2015, o número de presos no Brasil cresceu 87%, entre 2005 e 2013, elevando em
139% o déficit de vagas nos presídios. Portanto a maioria dos presídios certamente
continuará a armazenar o “entulho humano”. A própria Segurança Presente, com seu aspecto
amigável e acolhedor, mira a população sem-teto13.
Num contexto de caos, incentivado e espetacularizado pela mídia, a solução da
terceirização dos presídios – como reflexo do movimento importado de terceirização da
segurança – mostra-se para a população como ideal, ganhando aceitação e apoio popular às
“milagrosas” soluções.
12 In http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/71123/brasil+inaugura+era+de+presidios+
inteiramente+privatizados.shtml consultado 03/05/2017. 13 Vigna, Anne in http://apublica.org/2016/02/operacao-policial-financiada-por-empresarios-cariocas-mira-moradores-de-rua/ consultado 03/05/2017.
10
Para as empresas participantes das PPP os presidiários podem ser potencialmente
uma força de trabalho a ser superexplorada pelo regime de supervisão, controle e
confinamento permanentes: a privatização dos presídios oferece a subtração de reduzidas
parcelas das penas em troca de períodos bastante extensos de trabalho, fazendo convencer
os próprios presidiários de que este seria o melhor dos mundos para eles. Seria o que
Foucault (1996) caracterizou como sequestro dos corpos e da vida, agora ipsis litteris?
Assim, em 2016, multiplicaram-se as notícias sobre as políticas de privatização, que
adotaram inicialmente o sistema de terceirização e que naturalmente, como já apontado, se
expande para outros setores como educação e saúde, como relatam Simone Iglesias e Junia
Gama na matéria publicada pelo O GLOBO em 28/08/2016: “Privatização na era Temer -
Governo planeja terceirizar gestão de presídios, creches e hospitais.”
É nesta nova era de expansão das privatizações que aconteceram os Jogos Olímpicos
no Rio de Janeiro e todos os investimentos para transformar o Rio em cidade global
estrategicamente preparada, limpa e segura para turista consumidor ver e comprar.
Como cidade global, entendemos, com base nas reflexões de Otília Arantes (2000),
aquela estrategicamente preparada, limpa e segura, como a materialização do planejamento
estratégico, que se apropria da “cultura” ressemantizada como culturalismo de mercado.
Nesta direção, o processo de privatização da segurança pública, e os espaços nos quais essa
“nova” polícia atua, remonta à própria lógica de organização e reprodução do espaço urbano
capitalista neoliberal.
A cidade global estrategicamente preparada, limpa e segura, como releitura da cidade-
empreendimento, é uma mercadoria estruturada pelas configurações dos conflitos
sócioeconômicos. As cidades modernas sempre estiveram associadas à divisão social do
trabalho, à acumulação capitalista e à exploração da propriedade do solo. Além dos fatores
econômicos clássicos que imperam sobre a cidade – terra, trabalho e capital –, a economia
simbólica da cidade se vale da “estetização do poder” (algo como a imagem da cidade que
dita o quê e quem pode estar visível ou não), da promoção dos símbolos do crescimento e
sua promessa de empregos e negócios. Na cidade-empresa a imagem e o produto se
mesclam para dar a certeza aos usuários-clientes de que estão entrando em um espaço
urbano diferenciado e qualificado para os que estão devidamente habilitados. Este é o
panorama favorável à implantação da Operação Segurança Presente. Uma das formas pelas
quais a cidade-empreendimento se perpetua, é através da subordinação de espaços públicos
ao controle privado, traduzida, por exemplo, no “redesenho do local, eventos culturais em
espaços abertos, aberturas de cafés chiques com segurança própria, atuação de
organizações não governamentais, etc.”, e contemporaneamente, numa onda
gourmetizadora, os numerosos food trucks parecem germinar nos espaços públicos,
principalmente em áreas consideradas nobres.
Essa crescente apropriação privada do espaço público exacerba a polarização das
classes sociais no ambiente urbano. Neste contexto, a autora cita a “cidade revanchista” de
Neil Smith, por se tratar de um ataque do capital contra trabalhadores precarizados,
imigrantes, sem-teto, entre outros, aumentando a “estetização cultural do medo” na
população. Dessa maneira, “Não é difícil perceber, todavia, que o revanchismo que anima
sem disfarce as gentrificações estratégicas é expressão de uma escalada mais extensa e
profunda na guerra social contemporânea, cristalizada, entre outras patologias da atual
hegemonia global, numa espécie de novo senso comum penal – criminalização da pobreza e
11
normalização do trabalho precário -, cuja, manifestação urbana também pode ser identificada
numa sorte de princípio da inviolabilidade do espaço público, por isso mesmo submetido a
uma estrita vigilância privada.” (2000:37). De acordo com Agamben (2015), vive-se hoje um
Estado de segurança, onde o Estado sustenta o discurso terrorista do medo com a
contribuição massiva da mídia e legitima assim, atos de violência e controle do povo. As
características desse Estado são: “manter o estado de medo generalizado, despolitizar os
cidadãos e renunciar a qualquer certeza de direito. (...) O Estado de segurança é um Estado
policial, porque com o eclipse do poder judiciário, generaliza a margem discricionária da
polícia que, num estado de emergência que se tornou normal, age cada vez mais como
soberana.”.
A chamada “indústria de pacificação” (poder público somado ao poder privado em
lucrativas empreitadas), supracitada no exemplo da matriz Blackwater, vem reprimindo
qualquer tipo de levante popular e controlando áreas ditas “perigosas” das cidades, como
favelas e áreas periféricas. Um exemplo máximo da implementação desse modelo na cidade
do Rio de Janeiro, iniciado em 2008, como já citado acima, são as Unidades de Polícia
Pacificadora (UPPs), que traduzem a imagem da segurança como ataque e brutalidade, como
guerra e seu poderio armamentício contra os favelados, como mostram as imagens abaixo.
Mercenários da Blackwater no Iêmen, 2015.14 Policiais da UPP no Complexo do Alemão, 2012.15
A implantação das UPPs nesse quadro carioca das políticas de segurança que
antecedeu os megaeventos, foi a primeira experiência que recorreu ao financiamento privado,
como revela a matéria abaixo:
14 http://www.planobrazil.com/especial-guerra-de-verdade-em-dois-dias-oito-mercenarios-sul-americanos-da-
empresa-blackwater-morrem-no-iemen/ consultado 04/05/2017. 15 http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000520230 consultado 04/05/2017.
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Como afirma Graham, “não é a toa que os complexos securitários industriais florescem
em paralelo com a difusão de noções fundamentalistas de mercado a respeito da organização
social, econômica e política da vida. As hiperdesigualdades, a militarização e a securitização
urbanas sustentadas pelo neoliberalismo se retroalimentam. E, com o abrandamento dos
monopólios estatais sobre a violência e a proliferação de corporações militares privadas e
mercenárias, esse processo torna-se ainda mais evidente.” (2015:70).
São esses os mecanismos que trabalham em conjunto para a fomentação do ideário
de “normalidade” da vida urbana que esse Estado securitário almeja. “Isso baseia-se em
vigilância preemptiva, criminalização do dissenso, evisceração de direitos civis e securitização
obsessiva da vida cotidiana a fim de escorar sociedades crescentemente desiguais.”
(Graham, 2015:7).
A disseminação desse modelo é o que Graham denomina “urbanismo militar”, definido
como um “projeto de (re)organização das arquiteturas e das experiências básicas da vida
urbana” (2015:72), fazendo parte de um projeto mais amplo de incremento do neoliberalismo,
onde apesar de completamente arruinado e arbitrário, permanece ditando as regras de nossa
sociedade.
Um desdobramento das estratégias militares globalizadas que vinham sendo
importadas desde as UPPs, a operação Segurança Presente pretende beneficiar, ainda mais,
a classe privilegiada, dessa vez, transmitindo uma imagem pacífica de segurança e
esteticamente atraente para promover o consumo, seja da cultura, seja do comércio.
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Agentes da Operação Centro Presente Agente da Operação Lagoa Presente16 set 2016
Polícia “gourmetizada” e sua semelhança com os food-trucks na região portuária do Rio de Janeiro, 2016.17
O espaço público “submetido a uma estrita vigilância privada” (Smith apud Arantes,
2000) sofre refinada operação, uma vez que ao financiar o programa, os agentes privados
passam a controlar a área de atuação dos agentes públicos de segurança, de acordo com os
seus interesses mercantis. Dessa forma, apropria-se de simbolismos importados do mercado
neoliberal para promover o culturalismo de mercado em escala local, no caso, por exemplo,
na região portuária do Rio de Janeiro.
Em um “aperçu” da paisagem “securitária” do Rio em suas áreas nobres, a polícia
“gourmetizada” seguindo o modelo dos food trucks espalhados pela cidade, é como o
simulacro da pós-modernidade, que aponta Harvey (1992:261), e se insere
desapercebidamente na “nova” paisagem carioca com seus carrinhos mascarados e seus
uniformes coloridos, seu comportamento aparentemente amigável e acolhedor que promove a
sensação de segurança desejada para circular, consumir e divertir em paz. Esta é uma
paisagem que uniformiza equipamentos comerciais e policiais e se contrapõe à primeira
paisagem apresentada acima: a dos equipamentos de proteção patrimonial e dos agentes de
segurança, que punham em relevo a repulsa e a insegurança, esvaziavam as ruas e
provocavam mais medo do que tranquilidade. E se opõe contundentemente à paisagem das
favelas ocupadas pelas UPPs, que constituíam a imagem do ataque, do controle e da
agressão nos territórios social e economicamente periféricos da população de pouca renda e
16 Nova Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 15/12/2015
https://www.ioerj.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=6038 consultado 05/05/2017 17 Acervo do grupo de pesquisa (esq.) e http://filhinhosdamamae.com.br/nova-praca-maua/ (dir.), cons. 04/05/2017.
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de pouco consumo. Um exemplo das diferenças evidentes entre as operações pode ser
conferida nas imagens abaixo
Agentes da operação Centro Presente abril 2017 Operação UPP Complexo do Alemão 2010.
Esta comparação não nos coloca numa posição de preferências ou escolhas, do
melhor ou pior, mas nos revela, mais uma vez, novas faces desconcertantes das
subjacências à “morfologia” e à paisagem urbana, cada vez menos resultantes de políticas
desencadeadoras da democratização do direito à cidade, cada vez mais resultantes dos
interesses discriminatórios do mercado, o que nos impulsiona na direção de novas reflexões
que abram, como diz Lefébvre (2008), “o nosso pensamento e ações na direção de
possibilidades que mostrem novos horizontes e caminhos” de justiça e segurança para todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho. 5 Ed. São Paulo: Boitempo, 2002.
AGAMBEN, Giorgio. Do Estado de direito ao Estado de segurança. Publicado originalmente em
Arestas: 20/09/2016.
ENZENSBERGER, H.M. Guerra Civil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
FERRAZ, S. M. T. Arquitetura da Violência: afinal quem manda e desmanda na nossa segurança? In:
VALENÇA, M. et CAVALCANTE, G. (org). Globalização e marginalidade – transformações
urbanas. Natal: EDUUFRN, 2008.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: NAU editora, 1996.
FRIDMAN, L.C. Globalização e Refugo Humano. In: Revista Lua Nova n°46. P. 215 - 219. São Paulo,
1999.
HARVEY, David. A condição pós –moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
GRAHAM, Stephen. O bumerangue de Foucault: o novo urbanismo militar in GKUCINSKI, Bernardo et
alli. Bala Perdida: a violência policial no Brasil e os desafios para sua superação. São Paulo:
Boitempo, 2015.
LEFÉBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2008.
PEREIRA, G. C. V. S. As empresas militares privadas: uma visão de sua atuação no cenário
internacional. Trabalho de Conclusão de Curso, Centro de Ciências Sociais e Humanas,
Universidade Federal de Santa Maria, 2014.
SCAHILL, J. Blackwater: A ascensão do exército mercenário mais poderoso do mundo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.
VIGNA, Anne. Operação policial financiada por empresários cariocas mira moradores de rua. Pública,
Rio de Janeiro, 19 fev. 2016. Disponível em: <http://apublica.org/2016/02/operacao-policial-
financiada-por-empresarios-cariocas-mira-moradores-de-rua/>. Acesso em: 03/05/2017.
Observação: As imagens sem fonte referenciada fazem parte do acervo da pesquisa Arquitetura da
Violência.