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CURSO PEDRO GOMES GEOGRAFIA GERAL PROF. JUANIL BARROS TEMA: URBANIZAÇÃO HÁBITATS Genericamente são os locais de habitação, de moradia dos seres vivos. No caso do homem, há dois tipos de hábitats: o rural e o urbano. Hábitat rural O local de habitação é o campo; a relação econômica se dá com o setor primário da economia (agricultura, pecuária, caça, pesca etc.). No Brasil, há dois tipos: Disperso - As habitações se encontram distantes entre si, podendo ser ordenadas (quando seguem um eixo de orientação) ou desordenadas (quando não há eixo). Aglomerado - As habitações estão próximas entre si, denotando vizinhança. Há basicamente quatro tipos: a) Nucleados, quando as habitações se aglomeram dentro de grandes propriedades. b) Povoados, quando as habitações se encontram próximas entre si dentro de pequenas propriedades. c) Colônias, quando as habitações estão dentro de pequenas ou grandes propriedades, mas são constituídas por imigrantes. d) Aldeias, quando formações características da Europa Medieval persistem em algumas regiões. Hábitat urbano As habitações se distribuem pelas cidades (no Brasil, segundo o IBGE, a sede dos municípios). As residências são mais próximas, e as relações sociais são mais intensas, bem como a mobilidade social. No Brasil, a urbanização começou a se intensificar na década de 1930, com o governo de Getúlio Vargas, que incentivou a industrialização, provocando contínuo êxodo rural em direção às cidades. O crescimento desordenado das cidades causa diversos problemas, como ausência de moradias, desemprego, marginalidade econômica, insegurança, comprometimento da infraestrutura, entre outros. CLASSIFICAÇÃO DE CIDADES Origens São as formas pelas quais a cidade surge. Há dois tipos: as espontâneas ou naturais (provêm de uma atividade que não era urbana) e as planejadas ou artificiais (que são criadas artificialmente com base em um plano previamente estabelecido). Tipos de cidades espontâneas: feitorias: São Vicente, Cabo Frio. defesa: Fortaleza, Manaus, Belém. missões religiosas: São Paulo, Guarapari. mineração: Ouro Preto, Cuiabá. entroncamento ferroviário: São Roque, Bauru. Posição geográfica As cidades são classificadas de acordo com o fenômeno geográfico que condiciona a sua estrutura. Exemplos: fluvial: Juazeiro, Porto Alegre, Manaus. marítima: Rio de Janeiro, Santos. litorânea: Cubatão, ltabuna. interiorana: Campinas, Bauru, Uberaba. Sítio urbano Refere-se às características do espaço no qual a cidade se estabeleceu. Assim, temos: acrópole ou colina: São Paulo e Salvador. planície: Manaus, Belém e Santarém. planalto: Brasília e Cuiabá. montanha: Ouro Preto e Campos do Jordão. insular: São Luís, Vitória, Florianópolis. Função urbana As cidades são classificadas quanto à principal função exercida, avaliada pelo PIB. Exemplos: comercial: São Paulo, Campina Grande. industrial: Volta Redonda, Sorocaba. religiosa: Aparecida, Juazeiro do Norte. administrativa: Brasília, Florianópolis. estação de saúde: Campos do Jordão, Águas de Lindoia. turística: Guarujá, Parati. portuária: Santos, Rio Grande. Hierarquia urbana Convencionou-se classificar as cidades pelo grau de influência que exercem sobre uma determinada região, ou mais precisamente por sua capacidade de polarização do espaço. Essa área de influência recebe a denominação, no Brasil, de região polarizada. Assim, as cidades passaram a ser classificadas, segundo sua maior ou menor capacidade de polarização do espaço, em metrópoles nacionais e regionais, capitais regionais e centros regionais. Megacidades As megacidades são aquelas que apresentam mais de 10 milhões de habitantes, e as cidades globais são os centros da economia mundial. Cidades globais As cidades globais são definidas por sua forte influência econômica regional e internacional. Sendo modernos centros financeiros e sedes de grandes corporações multinacionais, as cidades globais coordenam a economia globalizada e irradiam o progresso tecnológico pelo planeta. Há 55 centros urbanos que podem ser considerados cidades globais, e a maioria está concentrada nas nações mais ricas do mundo, como Nova Iorque, Londres e Tóquio. São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais. REGIÕES METROPOLITANAS Foram criadas por leis federais de 1972 e 1973, com o objetivo de permitir o planejamento integrado dos municípios que compunham as regiões metropolitanas. São elas: Porto Alegre: compõe-se de 28 municípios, somando 3,6 milhões de habitantes. Sua influência estende-se a Santa Catarina e para além das fronteiras com a Argentina e o Uruguai. Curitiba: a área metropolitana é constituída por 25 municípios, com 2,7 milhões de habitantes. Sua influência estende-se a Santa Catarina e à fronteira com o Paraguai. São Paulo: a maior metrópole do Brasil, com cerca de 17,8 milhões de habitantes em 2000. Sua enorme variedade de serviços torna-a uma das mais influentes do Brasil, abrangendo uma área que compõe o sul de Minas, o norte do Paraná, o Mato Grosso do Sul, o Mato Grosso, Rondônia e sul de Goiás. Possui 39 municípios conurbados. Rio de Janeiro: com 19 municípios, possui cerca de 10 milhões de habitantes e estende sua in fluência pelo sul de Minas Gerais e Espírito Santo. Exerce grande influência cultural. Vitória: passa a ser considerada metrópole em 1995; exerce influência nas fronteiras próximas de Mi nas e sul da Bahia. Possui 1,4 milhão de habitantes e é constituída por seis municípios. Belo Horizonte: com 33 municípios e 4,8 milhões de habitantes, tem parte de sua influência subtraída por São Paulo e Rio de Janeiro. Atinge o norte de Minas, sul da Bahia e proximidades de Goiás. Brasília: é reconhecida como metrópole em 1998, constitui-se das cidades-satélites do Distrito Federal. Sua influência estende-se a Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Salvador: metrópole baiana, é formada por dez municípios e possui 3,0 milhões de habitantes. Sua influência

Urbanização cpg

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Apostila sobre o processo de urbanização, conceitos demográficos e a urbanização brasileira

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Page 1: Urbanização cpg

CURSO PEDRO GOMES

GEOGRAFIA GERAL

PROF. JUANIL BARROS

TEMA: URBANIZAÇÃO

HÁBITATS

Genericamente são os locais de habitação, de moradia dos

seres vivos. No caso do homem, há dois tipos de hábitats: o rural

e o urbano.

Hábitat rural

O local de habitação é o campo; a relação econômica se

dá com o setor primário da economia (agricultura, pecuária, caça,

pesca etc.). No Brasil, há dois tipos:

Disperso - As habitações se encontram distantes entre si,

podendo ser ordenadas (quando seguem um eixo de

orientação) ou desordenadas (quando não há eixo).

Aglomerado - As habitações estão próximas entre si,

denotando vizinhança. Há basicamente quatro tipos:

a) Nucleados, quando as habitações se aglomeram

dentro de grandes propriedades.

b) Povoados, quando as habitações se encontram

próximas entre si dentro de pequenas propriedades.

c) Colônias, quando as habitações estão dentro de

pequenas ou grandes propriedades, mas são

constituídas por imigrantes.

d) Aldeias, quando formações características da

Europa Medieval persistem em algumas regiões.

Hábitat urbano

As habitações se distribuem pelas cidades (no Brasil,

segundo o IBGE, a sede dos municípios). As residências são

mais próximas, e as relações sociais são mais intensas, bem

como a mobilidade social. No Brasil, a urbanização começou a

se intensificar na década de 1930, com o governo de Getúlio

Vargas, que incentivou a industrialização, provocando contínuo

êxodo rural em direção às cidades. O crescimento desordenado

das cidades causa diversos problemas, como ausência de

moradias, desemprego, marginalidade econômica, insegurança,

comprometimento da infraestrutura, entre outros.

CLASSIFICAÇÃO DE CIDADES

Origens

São as formas pelas quais a cidade surge. Há dois tipos: as

espontâneas ou naturais (provêm de uma atividade que não era

urbana) e as planejadas ou artificiais (que são criadas

artificialmente com base em um plano previamente

estabelecido). Tipos de cidades espontâneas:

feitorias: São Vicente, Cabo Frio.

defesa: Fortaleza, Manaus, Belém.

missões religiosas: São Paulo, Guarapari.

mineração: Ouro Preto, Cuiabá.

entroncamento ferroviário: São Roque, Bauru.

Posição geográfica

As cidades são classificadas de acordo com o fenômeno

geográfico que condiciona a sua estrutura. Exemplos:

fluvial: Juazeiro, Porto Alegre, Manaus.

marítima: Rio de Janeiro, Santos.

litorânea: Cubatão, ltabuna.

interiorana: Campinas, Bauru, Uberaba.

Sítio urbano

Refere-se às características do espaço no qual a cidade se

estabeleceu. Assim, temos:

acrópole ou colina: São Paulo e Salvador.

planície: Manaus, Belém e Santarém.

planalto: Brasília e Cuiabá.

montanha: Ouro Preto e Campos do Jordão.

insular: São Luís, Vitória, Florianópolis.

Função urbana

As cidades são classificadas quanto à principal função

exercida, avaliada pelo PIB. Exemplos: comercial: São Paulo, Campina Grande.

industrial: Volta Redonda, Sorocaba.

religiosa: Aparecida, Juazeiro do Norte.

administrativa: Brasília, Florianópolis.

estação de saúde: Campos do Jordão, Águas de Lindoia.

turística: Guarujá, Parati.

portuária: Santos, Rio Grande.

Hierarquia urbana

Convencionou-se classificar as cidades pelo grau de

influência que exercem sobre uma determinada região, ou mais

precisamente por sua capacidade de polarização do espaço. Essa

área de influência recebe a denominação, no Brasil, de região

polarizada. Assim, as cidades passaram a ser classificadas,

segundo sua maior ou menor capacidade de polarização do

espaço, em metrópoles nacionais e regionais, capitais regionais e

centros regionais.

Megacidades

As megacidades são aquelas que apresentam mais de 10

milhões de habitantes, e as cidades globais são os centros da

economia mundial.

Cidades globais

As cidades globais são definidas por sua forte influência

econômica regional e internacional. Sendo modernos centros

financeiros e sedes de grandes corporações multinacionais, as

cidades globais coordenam a economia globalizada e irradiam o

progresso tecnológico pelo planeta. Há 55 centros urbanos que

podem ser considerados cidades globais, e a maioria está

concentrada nas nações mais ricas do mundo, como Nova

Iorque, Londres e Tóquio. São Paulo e Rio de Janeiro são

metrópoles globais.

REGIÕES METROPOLITANAS

Foram criadas por leis federais de 1972 e

1973, com o objetivo de permitir o planejamento

integrado dos municípios que compunham as

regiões metropolitanas. São elas:

Porto Alegre: compõe-se de 28 municípios, somando 3,6

milhões de habitantes. Sua influência estende-se a Santa Catarina

e para além das fronteiras com a Argentina e o Uruguai.

Curitiba: a área metropolitana é constituída por 25

municípios, com 2,7 milhões de habitantes. Sua influência

estende-se a Santa Catarina e à fronteira com o Paraguai.

São Paulo: a maior metrópole do Brasil, com cerca de

17,8 milhões de habitantes em 2000. Sua enorme variedade de

serviços torna-a uma das mais influentes do Brasil, abrangendo

uma área que compõe o sul de Minas, o norte do Paraná, o Mato

Grosso do Sul, o Mato Grosso, Rondônia e sul de Goiás. Possui

39 municípios conurbados.

Rio de Janeiro: com 19 municípios, possui cerca de 10

milhões de habitantes e estende sua in fluência pelo sul de Minas

Gerais e Espírito Santo. Exerce grande influência cultural.

Vitória: passa a ser considerada metrópole em 1995;

exerce influência nas fronteiras próximas de Mi nas e sul da

Bahia. Possui 1,4 milhão de habitantes e é constituída por seis

municípios.

Belo Horizonte: com 33 municípios e 4,8 milhões de

habitantes, tem parte de sua influência subtraída por São Paulo e

Rio de Janeiro. Atinge o norte de Minas, sul da Bahia e

proximidades de Goiás.

Brasília: é reconhecida como metrópole em 1998,

constitui-se das cidades-satélites do Distrito Federal. Sua

influência estende-se a Goiás, Mato Grosso e Tocantins.

Salvador: metrópole baiana, é formada por dez

municípios e possui 3,0 milhões de habitantes. Sua influência

Page 2: Urbanização cpg

estende-se ao interior dos Estados nordestinos, atingindo também

Sergipe.

Recife: metrópole com 14 municípios e 3,3 milhões de

habitantes, estende sua influência a Alagoas, ao sul, e a Paraíba e

Rio Grande do Norte, ao norte.

Fortaleza: no Ceará, essa metrópole estende sua

influência ao Piauí e Maranhão. É formada por 13 municípios e

possui cerca de 2,9 milhões de habitantes.

Belém: metrópole regional de maior área de influência

que se estende por toda a região amazônica, atingindo todos os

Estados da Região Norte. Possui a menor população entre as

metrópoles regionais (cerca de 1,7 milhão de habitantes) e

apenas cinco municípios conurbados.

Apesar de definidas conceitualmente como o resultado da

integração política, econômica e administrativa entre duas ou

mais cidades, as regiões metropolitanas, segundo a Constituição

brasileira, podem ser “constituídas por agrupamentos de

municípios limítrofes, com o objetivo de integrar a organização,

o planejamento e a execução de funções públicas de interesse

comum”.

POR QUE OS HOMENS CONSTRÓEM CIDADES?

São duas as principais possibilidades de modo de vida

para o homem: ou ele mora no campo e se dedica ao cultivo do

solo e a criação de animais; ou ele se dedica a produção de bens

de consumo e a atividade comercial.

Jericó, Cisjordânia uma das cidades mais antigas do Mundo. (9600 a 9000 AC)

Essa atividade comercial, por sua vez, passa a exigir todo

um conjunto de providências e instalações, tais como: meios de

transporte, armazéns e depósitos, lojas especializadas em guardar

bens de alto valor, como os bancos e outros.

O comércio implica, também, um gênero de

conhecimento diferente da tradicional experiência do agricultor,

ou seja, o conhecimento da ciência econômica, dos aspectos

geográficos etc.. Da reunião de todas essas atividades, e

praticamente dissociada da natureza surge um novo tipo de

ambiente: a cidade.

A cidade continua a depender do campo, como fonte de

alimento e de matérias-primas, portanto não pode haver entre

ambos uma separação absoluta. Trata-se, principalmente, de dois

gêneros de vida bastante diversos, um voltado para a produção

de matérias-primas e o outro, para o seu consumo. As cidades

oferecem ao homem conforto, atividades educacionais e culturais

de emprego, atendimento médico hospitalar e outras tantas

vantagens que faz com que cada vez mais o homem do campo

venha para a cidade, provocando aquilo que chamamos de

“inchaço”.

Muitas cidades de países subdesenvolvidos apresentam-se

nessa situação, ou seja, o seu crescimento urbano desorganizado,

apresenta como consequência inevitável grave problemas sociais:

falta de moradia, poluição, trânsito, enchentes, desemprego,

subemprego, criminalidade, prostituição, menores abandonados

etc.

O QUE É URBANIZAÇÃO?

Urbanização é o processo de crescimento da população urbana em

ritmo mais acelerado que o crescimento da população rural, ou seja, o

processo de transferência da população rural para o meio urbano.

Durante o percurso da urbanização,

ocorre a desintegração da economia rural,

fechada e autossuficiente, que se dissolve numa

economia cada vez mais diversificada e complexa, apoiada na

divisão social do trabalho. A produção agrícola voltada para o

autoconsumo desaparece. Os agricultores se especializam e

passam a produzir para vender. As cidades formam mercados

consumidores de gêneros agrícolas e, ao mesmo tempo, crescem

como focos da produção de mercadorias industriais que serão

consumidas por camponeses e citadinos.

O aumento do comércio entre o campo e a cidade sinaliza

o aparecimento de uma sociedade moderna, onde se

desenvolvem inúmeros ramos de atividades especializadas nos

setores Primário, Secundário e Terciário. A urbanização acelerada da população é um fenômeno

recente. Em 1800, só 3% da humanidade habitava no meio

urbano. Em 1850, a própria Europa ainda era um continente

predominantemente rural.

A Revolução Industrial mudou esse quadro. Na Europa e

nos Estados Unidos, a segunda metade do século XIX foi um

período de rápida urbanização. Os camponeses, expulsos do

meio rural, engrossaram fileiras do operariado urbano.

Os empregos no comércio, nos transportes e nos serviços

aumentaram ainda mais depressa. Nascia o mundo urbano.

Hoje os países desenvolvidos têm cerca de três quartos da

sua população vivendo em cidades. No campo a substituição do

homem pela máquina praticamente se completou.

Nos países subdesenvolvidos, a urbanização acelerou-se

bem mais tarde. Contudo, nas últimas décadas, esse processo

generalizou-se em toda América Latina, na Ásia e na África.

A urbanização não elimina a pobreza, mas a transforma.

Nas cidades do mundo subdesenvolvido, os pobres são

assalariados do comércio e dos transportes, das indústrias e dos

serviços, são também consumidores de alimentos e roupas

industrializadas, de mercadorias eletrônicas (como rádio e

televisores) e de serviços públicos ou privados de transporte,

energia, educação e saúde.

Nos países subdesenvolvidos, a população urbana ainda

representa apenas um terço da população total, porém está

aumentando vertiginosamente, enquanto a população rural

aumenta lentamente. Em poucas décadas esses países serão

predominantemente urbanos.

Page 3: Urbanização cpg

A América Latina é a região mais urbanizada do mundo

subdesenvolvido. Desde 1970 apresenta uma taxa de urbanização

superior a 50%, e abriga países que estão entre os mais

urbanizados de todo o planeta, como o Uruguai, o Chile, a

Argentina e a Venezuela.

Na maior parte dos países, a explosão ainda é recente.

Ainda na época da 2ª Guerra Mundial, o Brasil e o México, o

Peru e a Colômbia apresentavam uma larga maioria da

população rural.

Hoje os países rurais constituem exceções, e a

transferência de populações para cidades continua em ritmo

alucinante.

A América Latina está realizando, em poucas décadas, um

processo que na Europa e na América do Norte demorou perto de

um século. Essa urbanização descontrolada tem gerado uma

grave crise urbana que se reflete no descompasso cada vez mais

evidente entre o crescimento da população e o dos serviços

públicos (abastecimento de água, coleta de lixo, transporte

coletivo) e infraestrutura (moradias, vias de tráfego, rede de

esgotos).

Exercícios: Responda em seu caderno

o Escreva o que você entendeu por

urbanização.

o Qual a importância das cidades para o

homem moderno?

AS INTERAÇÕES URBANAS CONTEMPORÂNEAS

Os sistemas urbanos constituem redes, formadas por um

conjunto hierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, ou

seja, onde se observa a influência exercida pelos centros maiores

sobre os menores.

A hierarquia urbana se estabelece a partir dos produtos e

dos serviços que as cidades têm para oferecer. Quanto mais

diversificado for a economia de uma cidade, maior será a sua

capacidade de liderar e influenciar os outros centros urbanos com

os quais mantém relações.

Assim se cria um sistema de relações no qual as cidades

mais desenvolvidas lideram a rede urbana. As cidades maiores

influenciam as cidades médias, e estas influenciam as cidades

menores.

Nos países desenvolvidos, as redes urbanas são mais bem

estruturadas. Já nos países e regiões menos desenvolvidas

economicamente, pode ser observado a existência de redes

urbanas incompletas e desiguais, com a presença de uma única

cidade de grande porte ao lado de um grande número de

pequenas cidades dela dependentes.

Você sabe o que são metrópoles?

As metrópoles são grandes cidades que têm grande poder de influência

econômica sobre outras cidades que se encontram relativamente

próximas. Essas cidades, geralmente, possuem uma população superior

a 1 milhão de habitantes e oferecem uma grande variedade de

mercadorias para consumo e serviços.

Nas metrópoles predomina o trabalho assalariado, que

aliado ao tamanho da população, contribui para a formação de

um significativo mercado consumidor. Para atender a esse

mercado, os estabelecimentos comerciais se multiplicam e as

redes de prestação de serviços de toda espécie se ampliam, o que

configura um grande desenvolvimento do setor terciário da

economia.

A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-

obra e, desse modo, atrai investimentos produtivos que

contribuem para o desenvolvimento da indústria, com expansão

do setor secundário não apenas nas metrópoles, mas também nas

regiões circunvizinhas.

A metrópole lidera a rede urbana à qual está integrada e

exerce uma forte influência sobre as cidades de menor porte,

podendo transformar-se num polo regional, nacional ou mundial.

Mesmo que as indústrias, as empresas agrícolas, os

grandes bancos e empresas comerciais estejam localizados nas

regiões mais diversas, a sede sempre se instala na metrópole. É

ali que estão os melhores equipamentos urbanos e os centros de

comunicação mais modernos, que possibilitam a administração à

distância e, ao mesmo tempo, uma maior integração aos circuitos

econômicos internacionais.

CONURBAÇÕES:

AS REGIÕES URBANAS SE APROXIMAM

Quando os limites físicos das cidades estão muito

próximos, formam-se conurbações. Isso ocorre principalmente

nas regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma grande

rodovia, um porto ou sistemas de comunicação aperfeiçoados

que expandem continuamente a área física das cidades.

Vista do alto, a conurbação tem o aspecto de uma grande

mancha urbana, ou seja, um conjunto de espaços urbanizados

que engloba mais de uma cidade.

VOCÊ SABIA QUE...

Entre as cidades de Cuiabá e Várzea Grande existe

conurbação? As áreas urbanas dos dois municípios

cresceram, se uniram e não existe zona rural entre

elas. São separadas pelo Rio Cuiabá.

Page 4: Urbanização cpg

MEGALÓPOLES - O FUTURO

O capitalismo pode não ter inventado a cidade, mas

indiscutivelmente inventou a cidade grande. Criou

particularmente, a metrópole e a Megalópole.

Megalópole corresponde a uma conurbação de

metrópoles. É encontrada em regiões de intenso desenvolvimento

urbano, e nelas as áreas rurais estão praticamente ausentes ou se

restringem a pequenos espaços nos quais se produzem

hortifrutigranjeiros, geralmente localizados próximos aos

consumidores.

As principais megalópoles contemporâneas são:

o Boswash - Localiza-se no nordeste dos Estados Unidos. O

nome vem de Boston e Washington, incluem também as

metrópoles de Nova York, Filadélfia, e Baltimore.

Ocupando apenas 2% do território nacional, abriga cerca de

52,33 milhão (2010) de habitantes.

o Megalópole renana - Localizada na Europa Ocidental,

junto ao vale do Reno, reúne cerca de 33 milhões de

habitantes. Inclui várias metrópoles, como Amsterdã,

Düsseldorf, Colônia, Bonn e Stuttgart.

o Tokkaido - Megalópole japonesa corresponde a uma das

mais populosas do mundo, abrigando cerca de 45 milhões de

habitantes. Localiza-se a sudeste do país, reúne as seguintes

metrópoles: Tóquio, Kawasaki, Iocoama, Nagoya, Quioto,

Kobe e Osaka.

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS URBANOS ATUAIS

O grande crescimento das cidades, especialmente das

metrópoles, tem provocado muitos problemas para as populações

urbanas. Um dos mais graves é o da habitação.

Conforme aumentam as migrações do campo para a

cidade, os preços dos imóveis de moradia se elevam,

alimentando a especulação imobiliária, uma atividade própria das

grandes cidades. Os especuladores compram e vendem os

imóveis, inflam o mercado ou fazem o inverso, sempre com o

objetivo de obter mais lucros e controlar os preços.

Como os imóveis mais baratos em geral são os mais

distantes do centro da cidade, a população passa a morar cada

vez mais distante do local de trabalho. Em consequência, a

locomoção diária se intensifica, acarretando sérios problemas de

transporte.

Nos países em que o transporte coletivo não é eficiente,

os engarrafamentos do trânsito são frequentes, pois a população

utiliza o transporte individual.

Isso implica outros problemas: aumento do consumo de

combustíveis, poluição sonora e do ar, acidentes de trânsito. Daí

a importância de se favorecer os transportes coletivos como, com

a implantação de trens metropolitanos (metrô) e sistemas de vias

expressas ligando as metrópoles às suas respectivas periferias.

Portanto, um dos grandes desafios das metrópoles é

encontrar soluções satisfatórias para os problemas de moradia e

transporte.

Outro setor que merece atenção é o de abastecimento,

principalmente de produtos perecíveis. É necessário cada vez

mais construir centrais de abastecimento para facilitar a

distribuição dos produtos aos pontos de venda da cidade.

Além disso, há a poluição ambiental principalmente do ar

e da água, provocada pelas indústrias e pelo elevado número de

veículos em circulação. Para diminuir a poluição é necessária

disciplinar a localização industrial, fiscalizar emissão de

poluentes, diminuir a intensidade do trânsito e eliminar os

engarrafamentos.

Quanto ao lixo produzido nas cidades, ele é o resultado

mais imediato da sociedade de consumo, que valoriza o

supérfluo e os produtos descartáveis. A quantidade de lixo não

degradável é cada vez maior.

Algumas alternativas já se mostram viáveis como a

construção de mais aterros sanitários e a coleta seletiva do lixo

para aproveitamento dos materiais.

VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR NO DESTINO DO LIXO

QUE É RETIRADO DA SUA CASA?

Um dos grandes problemas dos centros urbanos

atualmente é o destino do lixo produzido pela sociedade

moderna. São recicláveis, como por exemplo: papel, papelão,

ferro, alumínio, vidro, plástico, etc.

A reciclagem também é importante para que não se

esgotem os recursos naturais não renováveis.

Muito se discute sobre a qualidade de vida nas grandes

cidades, principalmente quanto às questões socioculturais. As

relações familiares, as relações de vizinhança, e educação, a

religião e a vida social como um todo parece estar sempre

ameaçada pela violência, falta de segurança, individualismo,

drogas. Ao lado dos aspectos negativos, contudo, não se pode

negar que é nas grandes cidades que estão as maiores

oportunidades de trabalho, o mais diversificado mercado de

consumo, os serviços sociais e de lazer, os grandes polos

tecnológicos e culturais formados pelas escolas, universidades e

centros de pesquisa, de onde partem as informações que

impulsionam o avanço técnico-científico.

Exercícios. Responda em seu caderno:

1. Relacione os problemas comuns nas grandes

cidades.

2. Cite as principais megalópoles do mundo atual.

3. Em sua opinião, por que a reciclagem é importante

no mundo atual?

A GLOBALIZAÇÃO DA CIDADE

A internacionalização da economia

atribui à cidade novos papéis. De centro de

produção e consumo do capitalismo, passa a ser líder do

processo de inovação econômica e tecnológica.

Com a globalização, surgem as metrópoles mundiais e os

tecnopólos, que, graças aos meios de comunicação, divulgam seu

modelo de desenvolvimento e modernidade.

São nessas metrópoles que se concentram grandes

capitais, profissionais e tecnologia, os elementos básicos para a

Recursos naturais renováveis: são aqueles

reconstituídos pela própria natureza ou pela ação do

homem. Ex.(solo e os vegetais)

Recursos naturais não renováveis: uma vez utilizados

não há possibilidade de renovação. Ex.: (ouro, ferro,

carvão, petróleo).

Page 5: Urbanização cpg

criação, incorporação e difusão de inovações que estimulam a

economia e modificam o comportamento social.

A existência de uma infraestrutura adequada e a

concentração populacional permite a produção e o consumo de

mercadorias em grande escala nas metrópoles mundiais, atraindo

investimentos cada vez maiores e fortalecendo o país em que se

localizam. É o caso de Frankfurt, na Alemanha, e de Nova York

e Los Angeles, nos Estados Unidos.

O papel da metrópole mundial adquiriu tamanha

importância na atualidade que passou a ser meta perseguida por

muitas cidades desenvolvidas. Para entrar no grupo, Barcelona,

na Catalunha espanhola, teve de despender muitos esforços. O

governo e os empresários dessa cidade investiram maciçamente

em modernização e ampliação da capacidade tecnológica; a

população desenvolveu a condição de modernidade, apoiada no

tradicional estilo modernista que caracteriza a cidade dos tempos

de Gaudí e Picasso.

Os jogos Olímpicos de 1992, realizados em Barcelona,

contribuíram para a divulgação de sua imagem como cidade

moderna, de grande produção cultural. Os altos investimentos em

infraestrutura urbana e tecnológica sofisticada surtiram efeito, e

Barcelona entrou definitivamente para o circuito das metrópoles

mundiais. Não é outro o principal motivo das disputas em torno

da sede de eventos internacionais.

Os tecnopólos, por sua vez, correspondem a centros

urbanos que abrigam importantes universidades, instituições de

pesquisa e os principais complexos industriais, onde se

desenvolvem tecnologias avançadas e pesquisa científica.

A localização de pequenas e médias empresas junto das

empresas maiores, e a proximidade de todo esse conjunto numa

área em que haja universidades e centros de pesquisa são

imprescindíveis na era da alta tecnologia em que vivemos. Com

essa disposição espacial, as empresas maiores podem se tornar

mais ágeis, mantendo uma estrutura mais dinâmica e estoques

mínimos, formando parcerias com empresas especializadas.

O Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, e

Shophia Antípolis, na França são exemplos de tecnopólos de

grande destaque mundial.

Emprego de robôs na indústria moderna

O parque Tecnológico de Stanford, denominado, Vale do

Silício (Silicon Valley) , foi criado em 1955 e se transformou

num mito mundial devido à sua contribuição para o

desenvolvimento tecnológicos de empresas norte-americanas.

Reúne, nas proximidades da Universidade de Standford

empresas inovadoras nos ramos da informática e da

microeletrônica, cercada por instituições de pesquisa e uma

comunidade em que há residências, bibliotecas, livrarias,

supermercados, hospitais e comércio.

A criação dos modernos semicondutores e o

desenvolvimento do silício como matéria-prima industrial

contribuíram para a expansão do parque atraindo empresas

ligadas às indústrias militar e aeroespacial.

Na França, o polo tecnológico Sophia-

Antípolis, foi criado na década de 1960 como

parte de uma política de produção de núcleos

para desenvolver tecnologias sofisticadas, com

uma equipe de milhares de profissionais de diversas áreas:

microeletrônica, informática, telecomunicações, química fina,

energia solar, ciências de saúde, tecnologias ambientais,

prospecção de petróleo, ensino superior, matemática aplicada e

novos materiais.

Você está estudando este módulo para entender o

processo de urbanização, ou seja, o fenômeno caracterizado

por uma concentração cada vez maior de pessoas em cidades,

relacionado ao contínuo crescimento da população urbana

enquanto diminui a população rural.

Observe, portanto, que o fenômeno da urbanização já

se instalou também no Brasil.

A expansão de novas formas capitalistas de produção

atingiu tanto as áreas urbanas como as áreas rurais, que foram se

integrando gradativamente aos principais circuitos da produção

econômica.

Conforme se desenvolvia no campo uma produção

comercial voltada para as necessidades da cidade, como

alimentos, matérias-primas, e excedentes exportáveis, difundia-

se também o trabalho assalariado e expandia-se o mercado

consumidor.

A população rural incorporou as inovações tecnológicas

produzidas na cidade, como os avanços da biotecnologia e os

telefones celulares; os trabalhadores rurais passaram a viver em

cidades, como acontece com os chamados boias-frias; a

população que se dedica às atividades do setor primário

assimilou os padrões de consumo urbano e também se

transformou em compradora de produtos industrializados.

A própria cultura popular típica das zonas rurais

converteu-se em objeto de consumo, difundido pelos principais

agentes da indústria cultural sediada na cidade. Um exemplo é a

música sertaneja pasteurizada, que se tornou campeã de venda

em todo país.

O Brasil rural está desaparecendo, e sobrevive apenas nas

regiões mais pobres, que apresentam uma economia

desequilibrada em que a população não tem renda suficiente para

integrar-se às novas formas de consumo e não há capital

suficiente para impulsionar a modernização da produção.

A URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

Apesar das diferentes taxas regionais de urbanização

apresentadas na tabela abaixo, podemos afirmar que o Brasil,

hoje, é um país urbanizado.

Com a saída de pessoas do campo em direção às cidades,

os índices de população urbana vêm aumentando

sistematicamente em todo o país a ponto de a região Nordeste, a

menos urbanizada, apresentar índice de 73,3% de população

urbana.

Page 6: Urbanização cpg

POPULAÇÃO URBANA DO BRASIL

POR REGIÃO (%)

REGIÃO 1950 1970 1995 2013

SUDESTE 44,5 72,7 88,33 93,1

CENTRO-OESTE 24,4 48,0 81,33 90,0

SUL 29,5 44,3 77,26 85,5

NORTE 31,5 45,1 - 74,6

NORDESTE 26,4 41,8 63,0 73,3

Desde os primórdios do processo de povoamento, as

cidades se concentravam na faixa litorânea, mas, a partir da

década de 60, passaram por um processo de dispersão espacial, à

medida que novas porções do território foram sendo apropriadas

pela atividade agropecuária.

Atualmente, em lugar da velha distinção entre população

urbana e rural, usa a noção de população urbana e agrícola. É

considerável o número de pessoas que trabalham em atividades

rurais e residem nas cidades.

As greves dos trabalhadores “boias frias” acontecem nas

cidades, o lugar onde moram. São inúmeras as cidades que

nasceram e cresceram em áreas do país que têm a agroindústria

como mola propulsora das atividades secundárias e terciárias.

Em virtude da modernização do campo, verificada em

diversas regiões agrícolas, assiste-se a uma verdadeira expulsão

dos pobres, que encontram nas grandes cidades seu único

refúgio. Como as indústrias absorvem cada vez menos mão-de-

obra e o setor terciário apresenta um lado moderno, que exige

qualificação profissional, e outro marginal, que remunera mal e

não garante estabilidade, a urbanização brasileira vem

caminhando lado a lado com o aumento da pobreza e da

deterioração crescentes das possibilidades de vida digna aos

novos cidadãos urbanos.

Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços têm

acesso a serviços de infraestrutura precários (saneamento básico,

hospitais, escolas, sistema de transportes coletivos, etc.), O

espaço urbano, amplamente dominado pelos agentes

hegemônicos que impõem investimentos direcionados para seus

interesses particulares, está organizado tendo em vista o tráfego

de veículos particulares, a informação, a energia e as

comunicações, relegando os investimentos sociais e, excluindo

assim os pobres da modernização.

Você já notou que existe uma espécie de hierarquia

entre as cidades?

Isso acontece porque com o tempo algumas cidades

acabam oferecendo mais recursos que outras, isto é, passam a

desempenhar melhor um maior número de funções.

As cidades grandes, por exemplo, conseguem resolver

determinados problemas que as cidades pequenas não

conseguem. Muitas vezes, uma cidade pequena chega a ficar

bastante dependente de outra maior.

Assim as cidades médias passam a funcionar como um

polo ou centro para determinadas regiões, sendo por isso

chamados centros regionais.

Morro do Alemão- Polícia sobrevoa a região

Exercícios Responda em seu caderno:

1. Que importância tem sua cidade em relação às

outras da região?

2. Repare na região em que você mora. Há

sempre uma cidade que se destaca das outras.

Por quê?

3. Escreva o que você entendeu da seguinte frase ”O espaço

urbano quando não oferece oportunidades, multiplica a

pobreza.”

A REDE URBANA BRASILEIRA

Apenas a partir da década de 40, juntamente com a

industrialização e a instalação de rodovias, ferrovias e novos

portos integrando o território e o mercado, é que se estruturou

uma rede urbana em escala nacional. Até então, o Brasil era

formado por uns “arquipélagos regionais” polarizados por suas

metrópoles e capitais regionais.

As atividades econômicas, que impulsionam a

urbanização, desenvolviam-se de forma independente e esparsa

pelo território.

A integração econômica entre São Paulo (região cafeeira),

Zona da Mata Nordestina (cana-de-açúcar, cacau e tabaco),

Meio Norte (algodão pecuária e extrativismo vegetal) e região

Sul (pecuária e policultura) era extremamente frágil. Com a

modernização da economia, primeiro as regiões Sul e Sudeste

formaram um mercado único que, depois, incorporou o Nordeste

e, mais recentemente também o Norte e o Centro-Oeste.

Assim, até a década de 40, havia forte tendência à

concentração urbana em escala regional, que deu origem a

importantes polos. Estes concentravam os índices de

crescimento urbano e econômico e detinham o poder político em

grandes frações do território nacional.

É o caso de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo

Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre,

todas capitais de estados e, posteriormente, reconhecidas como

metrópoles. Essas cidades abrigavam, em 1950

aproximadamente 18% da população do país; em 1970, cerca de

25%; e em 1991 mais de 30%.

A partir da década de 40, à medida que a infraestrutura de

transportes e comunicações foi se expandindo pelo país, o

mercado se unificou e a tendência à concentração urbana

industrial ultrapassou a escala regional, atingindo o país como

um todo.

Assim os grandes polos industriais da região Sudeste,

com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, passaram a atrair

um enorme contingente de mão-de-obra das regiões que não

acompanharam seu ritmo de crescimento econômico e se

tornaram metrópoles nacionais.

Para você pensar... “O espaço urbano quando não oferece

oportunidades, multiplica a pobreza”.

Page 7: Urbanização cpg

Essas duas cidades por não atenderem às necessidades de

investimentos em infraestrutura urbana, tornaram-se centros

caóticos.

Os migrantes que a região recebeu eram, em sua maioria,

constituídos por trabalhadores desqualificados e mal

remunerados, que foram se concentrando na periferia das

grandes cidades, em locais totalmente desprovidos de

infraestrutura urbana.

Com o passar dos anos, a periferia se expandiu demais e a

precariedade do sistema de transportes urbanos levou a

população de baixa renda a preferir morar favelas e cortiços no

centro das metrópoles.

Atualmente 65% dos habitantes da Grande São Paulo e

Grande Rio de Janeiro moram em cortiços, favelas, loteamentos

clandestinos ou imóveis irregulares.

A partir de então, durante as décadas de 70 e 80, essas

duas metrópoles passaram a apresentar índices de crescimento

populacional inferiores à média brasileira. Em todas a

metrópoles regionais, exceto Recife, foram verificados índices

superiores a essa mesma média.

No Centro-Sul do país, as cidades estão plenamente

conectadas, o que intensifica a troca de mercadorias, informações

e ordens entre a população e os agentes econômicos. Já nas

regiões mais atrasadas, a conexão entre as cidades é esparsa e a

relação de trocas é incipiente.

A rede urbana interfere no cotidiano dos cidadãos de

forma diferente, segundo as classes sociais.

NOVA CLASSIFICAÇÃO DA

HIERARQUIA URBANA BRASILEIRA

Nos últimos anos, o IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística realizou

estudos sobre a rede urbana brasileira, dos quais

derivou uma nova forma de classificação das cidades, segundo

seu papel na economia do País ou, mais especificamente, na

diversidade de suas atividades econômicas, na concentração de

centros de decisão e, consequentemente, em sua capacidade de

polarização do espaço.

Três estruturas distintas foram identificadas

geograficamente na rede urbana brasileira: o Centro-Sul, o

Nordeste e o Centro-Norte, que se diferenciam pelo nível do

adensamento de suas redes de cidades e pelo grau de

complementaridade entre os núcleos urbanos que as compõem.

Insertos nessas três estruturas, há 12 sistemas urbanos

regionais que delimitam as áreas de influência das cidades mais

importantes, onde as demais cidades, sob sua influência direta,

vão buscar bens e serviços, como educação e saúde.

Nessa nova proposta de classificação, foram identificadas

ainda 111 cidades, que constituem os centros mais dinâmicos e

influenciam a distribuição e a evolução dos municípios pelo

território nacional.

Essas 111 cidades, segundo o estudo do IBGE, estão

assim classificadas:

Metrópoles diferenciadas, quanto ao nível de influência,

em três categorias:

metrópoles globais: São Paulo e Rio de Janeiro;

metrópoles nacionais: Porto Alegre, Curitiba, Belo

Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Brasília;

metrópoles regionais: Campinas, Belém e Goiânia.

Centros regionais: Campo Grande, Ribeirão Preto, Cuiabá e

São José dos Campos.

As Regiões Metropolitanas do Brasil

As regiões metropolitanas foram instituídas, na década de

1970, por Leis Complementares Federais. A Lei Complementar

14, de 8 de junho de 1973, criou: São Paulo, Belo Horizonte,

Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém; a

Lei Complementar 20, de 1o. de julho de 1974, instituiu o Rio de

Janeiro.

Atualmente, as 26 regiões metropolitanas concentram 413

municípios, habitados por aproximadamente 81 milhões de

pessoas, ocupando menos de 2% do território nacional e 40% da

população do Brasil.

ATUALIDADES

1 - Mobilidade urbana: No Brasil, transporte público tem

pouco investimento e a preferência ainda é do carro.

DIRETO AO PONTO

Dia 22 de setembro é comemorado o Dia Mundial Sem

Carro, evento no qual as pessoas são incentivadas a deixar seus

carros na garagem e a usar outros meios de transporte além do

automóvel. O excesso de carros nas metrópoles é uma questão

que vem se agravando nas últimas décadas graças à concentração

de pessoas nas cidades, à falta de planejamento urbano e ao

maior poder de consumo das famílias. No Brasil, entre junho e

julho de 2015 foram 163.226 novos carros nas ruas, segundo

dados do Denatran. Isso equivale a 5.441 carros por dia no país.

Considerando os 5.561 municípios brasileiros, é quase um carro

novo por dia por município.

2 - Marco da Biodiversidade: Novas regras para a

pesquisa científica e exploração do patrimônio genético

no Brasil

DIRETO AO PONTO

Texto aprovado na Câmara dos Deputados facilita o

acesso ao patrimônio genético e conhecimentos associados, mas

ignora os direitos das comunidades indígenas e tradicionais.

Entende-se por patrimônio genético a “informação de

origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas, ou

espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do

metabolismo destes seres vivos”.

No Brasil a preservação desses recursos é crucial, afinal,

somo o país de maior diversidade biológica do mundo. Frutas,

sementes e plantas encontradas na flora brasileira são utilizadas

para diferentes finalidades e como matéria-prima na fabricação

de diversos produtos.

Esse imenso patrimônio genético, já escasso nos países

desenvolvidos, tem um valor econômico-estratégico alto

principalmente no desenvolvimento de novos medicamentos,

onde reside sua maior potencialidade.

Chamado de Marco da Biodiversidade, a nova proposta

reduz a burocracia atual que dificulta a pesquisa e o

aproveitamento do patrimônio genético e define a repartição dos

benefícios de produtos originados deles, uma espécie de royalty

pago pela exploração de produto acabado ou material

reprodutivo, oriundos de acesso ao patrimônio genético.

3 - Trote: Impunidade e silêncio reforçam atos de

violência, humilhações e abusos nas universidades

DIRETO AO PONTO

Atos violentos e humilhações que já tiveram óbitos como

consequência são fatos cada vez mais frequentes quando o

assunto é o trote universitário. No final de 2014, diversas

estudantes relataram casos de abuso sexual ocorridos em festas e

no próprio campus, o que elevou a discussão do para outro

patamar.

O trote é um rito de iniciação da vida estudantil para a

vida acadêmica que remonta à Idade Média e, desde então,

designa atos de zombaria e a imposição de tarefas a calouros por

Page 8: Urbanização cpg

parte dos veteranos. Iniciado na Europa, essa prática sempre foi

violenta e desrespeitou a lei.

O pesquisador e sociólogo Antônio Almeida estuda desde

2002 o comportamento dos estudantes no trote. Para ele, o trote é

um microcosmo da sociedade. Ali, podemos ver violências,

injustiças, preconceitos e desigualdades que permeiam nosso

convívio social.

Com essa tradição arraigada nas universidades e

administrações que ainda não consideram o trote grave, desde

que não resulte em óbito, foi o estabelecimento de uma cultura

do silêncio no campus. A imposição desta relação de submissão

aos estudantes mais velhos acabou por inibir os novatos, levando

a impunidade das ações a outros casos, como estupros e abusos

cometidos dentro do campus ou em repúblicas de estudantes.

4 - Desmatamento da Amazônia: O que ele

tem a ver com escassez de chuvas no

Brasil?

DIRETO AO PONTO

A Amazônia não é apenas a maior floresta tropical do

mundo. Ela influencia na geração de chuvas e na manutenção do

clima ameno e sem grandes eventos extremos da América do

Sul.

Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE), mostra que existe uma a relação direta entre a

Amazônia e a regulação do clima no planeta e,

consequentemente, com a frequência das chuvas em outras

regiões.

O que os pesquisadores do INPE concluíram é que a

Amazônia tem uma grande capacidade de puxar a umidade do

oceano para o continente. Em lugares sem cobertura florestal, o

ar que entra no continente acaba secando e resulta em desertos

em terrenos distantes do litoral. A floresta amazônica atuaria

então como uma bomba d´água que “puxa” a umidade dos

oceanos.

Com o avanço do desmatamento, a floresta tem os

padrões de pressão alterados, o que pode causar o declínio dos

ventos carregados de umidade que vem do oceano para o

continente. Sem árvores, a chuva na região pode cessar por

completo.

5 - Big Data: Como a inteligência de dados vai mudar o

nosso dia a dia

DIRETO AO PONTO

Nunca se gerou tanta informação no mundo como hoje.

Num mundo sempre conectado, geramos um volume gigantesco

e crescente de informações ao realizar todo tipo de atividade.

Mas essas informações só tem valor se lhes foram atribuídas

sentido. É aí que entra o Big Data.

Big Data é um termo utilizado para descrever o conjunto

de soluções tecnológicas ou uma ciência feita a partir das

megabases de dados disponíveis na internet, que analisam e dão

sentido a essas informações.

Esse cruzamento de informações é usado por empresas,

instituições e órgãos públicos que buscam capturar, armazenar e

analisar uma série de dados para apoiar decisões estratégicas,

entender melhor o comportamento do consumidor ou de um

determinado público, identificar tendências de eventos de vida,

avaliar a qualidade de serviços, entre outros.Uma questão

delicada sobre o tema diz respeito à privacidade. O que empresas

e governos fazem com tantos dados privados? Que informação

pode ser deduzida a partir de dados?

A Internet criou um contexto em que as questões de

privacidade precisam ser repensadas. Se por um lado acessar

informações públicas ficou mais fácil, a coleta de informações

particulares, sem autorização dos indivíduos, também se tornou

mais frequente. E para conter este segundo avanço, marcos, leis e

normas precisam ser criadas para atender ao que acontece no

ciberespaço.

6 - Sociedade: as mudanças no ato de comer e como

vamos garantir comida para todos

DIRETO AO PONTO

A comida sempre teve um papel importante nas

sociedades. Além de ser uma atividade fundamental, o ato de

comer em grupo, por exemplo, é um dos que define o homem

como um ser cultural e participativo em um contexto social. Os

alimentos que escolhemos e a forma como os consumimos

também nos dizem muito sobre identidades, costumes e

características sociais e culturais de um grupo.

Com a chegada de novas tecnologias que vieram para

facilitar a fabricação, a produção, o transporte e a conservação de

alimentos, houve uma revolução na alimentação, principalmente

nos hábitos familiares, como as refeições partilhadas e a forma

como consumimos alimentos hoje.

As mudanças na produção e no ato de comer refletem o

ritmo agitado imposto pelo estilo de vida moderno, em que as

pessoas passam muito tempo no trabalho e no transporte, e tem

cada vez menos tempo para alimentação e lazer.

O que mudou no nosso ato de comer e, pensando num

futuro onde a população mundial deve chegar a 9 bilhões de

pessoas, como vamos garantir comida para todos?

7 - Futebol: Falta de regas e de transparência nos órgãos

dirigentes facilita a corrupção

DIRETO AO PONTO

Uma investigação do FBI, a polícia federal norte-

americana, e da polícia suíça revelou um escândalo de corrupção

envolvendo o órgão máximo do futebol mundial, a Fifa

(Federação Internacional do Futebol), e outras entidades como a

CBF, Concacaf e Conmebol.

Dirigentes e ex-cartolas, como o ex-presidente da CBF,

José Maria Marín, foram presos acusados de extorsão, fraude e

lavagem de dinheiro em contratos comerciais de patrocinadores e

compra de votos para a escolha das sedes da Copa Mundo.

O caso coloca o esporte mais popular do mundo em

julgamento: o negócio milionário em que se tornou o futebol nos

últimos anos beneficia pequena parte de clube e jogadores e, em

muitos países, não modernizou sua estrutura, como acontece no

Brasil, onde os clubes estão muito endividados.

8 - ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente

completa 25 anos

RESUMO

A violência contra a criança e o adolescente sempre

esteve presente na sociedade e em diferentes classes sociais. No

Brasil, um avanço importante para reconhecer crianças e

adolescentes como cidadãos com direitos e deveres foi a criação

do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado pela Lei

8.069, e que em julho de 2015 completa 25 anos.

O ECA representa um marco jurídico que instaurou a

proteção integral e uma carta de direitos fundamentais à infância

e à juventude. Ele considera criança a pessoa até 12 anos de

idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de

idade.

A lei estabelece: "É dever da família, da comunidade, da

sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta

prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à

Page 9: Urbanização cpg

profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade

e à convivência familiar e comunitária".

Ao todo, o estatuto tem 267 artigos que abordam diversos

temas como o acesso a saúde e educação, proteção contra a

violência e tipificação de crimes contra a criança, proteção contra

o trabalho infantil, regras da guarda, tutela e adoção, proibição

do acesso a bebidas alcóolicas, autorização para viajar, entre

outras questões.

A criação da lei

Antes de 1988, o Brasil contava com o Código de

Menores, documento legal para a população menor de 18 anos e

que visava especialmente à questão de menores em “situação

irregular”, de vulnerabilidade social. A visão tradicional da

época era de que crianças e adolescentes eram incapazes e

consideradas um problema para o Estado e autoridades

judiciárias.

O ECA foi criado pouco depois da promulgação da nova

Carta Magna, a Constituição Federal de 1988, também conhecida

como “Constituição Cidadã”, por prever novos direitos

fundamentais aos brasileiros.

A lei regulamenta o artigo 227 da Constituição, que

garante os direitos das crianças e dos adolescentes: É dever da

família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao

adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,

à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de

negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão.

Em 1989 houve a Convenção sobre os Direitos da Criança

pela Assembleia Geral das Nações Unidas, ocasião em que foram

discutidos compromissos internacionais que abriram caminho

para as discussões do ECA no ano de 1990. O Brasil, então,

tornou-se o primeiro país a adequar a legislação interna aos

princípios consagrados pela Convenção. Ao longo dos anos, o

Estatuto teve alterações introduzidas em eu texto, como por

exemplo, a Lei de Adoção (2009), que acelera o processo de

adoção e cria mecanismos para evitar que crianças e adolescentes

fiquem mais de dois anos em abrigos.

Hoje o Estatuto é considerado um dos melhores do

mundo, uma referência internacional em legislação para essa

faixa etária e inspirou legislações semelhantes em vários países.

Apesar disso, ainda hoje suas leis são desconhecidas pela maioria

da população brasileira e em muitos municípios sua aplicação

prática é descumprida.

Apesar de o ECA ter transformado a relação da sociedade

com a questão dos direitos de crianças e adolescentes, ele ainda é

ineficaz em diversos aspectos. Há muito que avançar nos direitos

fundamentais assegurando a meninos e meninas uma educação

de qualidade, assistência médica, moradia, alimentação,

convivência familiar e comunitária, cultura, esporte, lazer,

liberdade, dignidade e respeito.

Mudanças que a lei trouxe

Antes de o ECA ser promulgado, o Estado entendia que

não havia diferença entre criança e adolescente. Também era

comum ver crianças trabalhando ao invés de estudarem ou

brincarem. O ECA contribuiu para que muitas mudanças

acontecessem:

Reconhecimento de direitos: garantir que as crianças e

adolescentes brasileiros, até então reconhecidos como meros

objetos de intervenção da família e do Estado, passem a ser

levados a sério e tratados como sujeitos autônomos. Hoje as

crianças são vistas como cidadãos em desenvolvimento e

que precisam de proteção.

Ensino: todo jovem tem direito a escola gratuita. E os pais

são obrigados a matricular os filhos na escola.

Lazer: toda criança tem o direito de brincar, praticar

esportes e se divertir

Saúde: crianças e adolescentes têm prioridade no

recebimento de socorro médico, devem ser vacinados

gratuitamente.

Políticas públicas de atendimento à infância e juventude: estabeleceu uma maior participação da sociedade civil,

poderes públicos e dos municípios em ações de proteção e

assistência social.

Proteção contra a violência: reconheceu a proteção contra

a discriminação, violência, abuso sexual e proibição de

castigos imoderados e cruéis

Proibição do trabalho infantil: determinação da proibição

de trabalho infantil e proteção ao trabalho do adolescente. A

única exceção é dada aos aprendizes, que podem trabalhar a

partir dos 14 anos com carga horária reduzida.

Conselho Tutelar: para cumprir e fiscalizar os direitos

previstos pelo ECA, foi criado o Conselho Tutelar, órgão

municipal formado por membros da sociedade civil.

Atualmente 98% dos municípios contam com o apoio de

conselheiros.

Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente: foram criados os Conselhos dos Direitos da Criança e do

Adolescente, que existem nas esferas municipal, estadual e

nacional e têm como atribuição o monitoramento e a

proposição de políticas públicas.

Novas regras para o adolescente infrator: foram definidas

medidas socioeducativas para infratores entre 12 e 18 anos

que precisam cumprir pena em unidades que visam à

reeducação e a reintegração do jovem.

A polêmica da redução da maioridade penal

Um dos pontos mais criticados do ECA é a questão de

como tratar o ato infracional praticado por menores. A

maioridade penal é a idade mínima para uma pessoa ser julgada

como adulto. No Brasil, essa idade é 18 anos. Se menores

cometerem atos ilegais, a legislação que julga e decide a punição

é o Estatuto, que possui artigos que se dedicam ao ato

infracional.

A lei prevê que a menor idade de responsabilidade

criminal é 12 anos. Entre 12 e 18 anos, estes jovens infratores

devem ser atendidos por um sistema de justiça juvenil e com

medidas socioeducativas que podem incluir internação em

instituição para adolescentes. A pena máxima é de três anos.

Há quem considere a lei branda demais para punir

adolescentes que comentem crimes ou infrações. Isso vem

motivando um debate acalorado sobre a questão da redução da

maioridade penal.

Em março de 2015, a Câmara dos Deputados retomou a

discussão da PEC 171, projeto que propõe baixar de 18 para 16

anos a idade mínima para, em casos de crimes violentos, uma

pessoa ser julgada pela Justiça Comum. O projeto ainda está em

tramitação.

Defensores do ECA afirmam que o crime deve ser

punido, mas é preciso considerar as diferenças no

desenvolvimento físico e psicológico nos adolescentes em

relação aos adultos. Para críticos, o Estado não é eficaz em

recuperar o menor, e o ECA seria um instrumento que garantiria

a impunidade em relação aos adolescentes em conflito com a lei.

9 - Mapitoba: conheça a última fronteira

agrícola do Brasil

Isso porque uma região geográfica que há duas décadas

era considerada esquecida no interior do Norte e Nordeste está

sendo apontada como o próximo grande celeiro do agronegócio

no Brasil. Batizada de “Mapitoba” ou “Matopiba” pelo

Page 10: Urbanização cpg

Ministério da Agricultura, hoje a região é a que mais cresce em

área plantada no país.

O nome curioso é um acrônimo referente às duas

primeiras letras dos estados em que faz divisa: Maranhão, Piauí,

Tocantins e Bahia. A dimensão do território é calculada em 414

mil quilômetros quadrados, quase o tamanho da Alemanha, e

com uma população de 1.800.000 habitantes espalhada por 337

municípios.

Até a primeira metade do século 20, essa grande área era

coberta por pastagens em terras planas e vegetação de cerrado e

caatinga. A agricultura era considerada improdutiva. Desde

2005, houve um fenômeno de expansão da atividade agrícola

com o surgimento de fazendas de monocultura que utilizam

tecnologias mecanizadas para a produção em larga escala,

destinada à exportação de grãos como soja, milho e algodão.

Apesar da sua deficiência em infraestrutura, a

predominância do relevo propício à mecanização, as

características do solo, o regime favorável de chuvas e o uso de

técnicas mais modernas de produtividade constituem os

principais fatores para o crescimento da produção de grãos.

Segundo o Ministério da Agricultura, em 2012, os

produtores rurais do Mapitoba produziram 15 milhões de

toneladas de grãos. Projeções indicam que em 2022 a produção

vai pular para mais de 18 milhões de toneladas. Enquanto a

média de crescimento da produção de grãos do país é de 5%, no

Mapitoba esse número atinge 20% ao ano.

O cultivo de soja é a atividade de maior rentabilidade e de

maior expansão. Dados da Associação dos Produtores de Soja

(Aprasoja) apontam que a região já é responsável por 10,6% da

soja no país e que o preço das terras naquela região é bem mais

vantajoso do que no Mato Grosso, outro grande produtor do

grão.

A ocupação desse território remonta à época da

colonização portuguesa no Brasil, com o surgimento de arraiais

movidos pela mineração, a criação de gado e a agricultura de

subsistência. As populações tradicionais incluem indígenas e

quilombolas, raizeiros e quebradeiras de coco.

O Mapitoba começou a ser explorado para o agronegócio

a partir da década de 1980. Agricultores da região Sul chegaram

primeiro, atraídos pelas terras baratas. Logo, as pastagens

extensivas em cerrados foram substituídas por uma agricultura

mecanizada e áreas de irrigação.

Atualmente, o agronegócio é responsável pelo maior

volume de exportações do Brasil e o setor é fundamental para o

Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 2015, o governo

formalizou a região como um novo território de desenvolvimento

e quer criar políticas para estimular o crescimento da nova

fronteira econômica, vista como a última fronteira em expansão

do país.

Crescimento das “cidades do agronegócio”

A riqueza nesse polo de desenvolvimento transformou as

áreas urbanas vizinhas com a chegada de indústrias e serviços

integrados à cadeia da produção agropecuária. Houve um

aumento do fluxo migratório e o crescimento de uma nova

estrutura urbana e econômica.

Um exemplo é a cidade de Luís Eduardo Magalhães

(BA), que tem o maior polo de produção agrícola do Estado e

que converge boa parte da produção de soja destinada à

exportação. Hoje, o município é o que mais cresce em população

no Brasil. Desde sua emancipação, em 2000, sua população

saltou de 18 mil habitantes para 80 mil.

As cidades de Balsas (MA), Araguaína (TO) e Uruçuí (PI)

também estão crescendo e se tornando novos vetores do

agronegócio. Entre 2000 e 2015, Balsas viu sua população

crescer de 50 mil habitantes para cerca de 90 mil.

A produção de grãos do Mapitoba é escoada

principalmente por meio da ferrovia Carajás e do porto de Itaqui,

no Maranhão. No Oeste, os destaques são os portos baianos de

Salvador e Cotegipe.

A pressão sobre o meio-ambiente

A questão da expansão da produção agrícola e a

preservação da vegetação nativa é um conflito comum no espaço

rural brasileiro.

Estudos da USP indicam que a região do Mapitoba é a

maior em conversão de vegetação natural em uso agrícola na

atualidade. Ambientalistas avaliam que a expansão agrícola

poderá acabar com áreas remanescentes do bioma cerrado. Uma

realidade já vista nos últimos 40 anos, quando aproximadamente

metade do cerrado brasileiro foi convertida em terras agrícolas e

pastagens.

O Mapitoba abriga as últimas áreas de cerrado nativas e o

bioma está presente em 90% do território. Nos últimos anos,

grandes extensões de terras foram desmatadas. Segundo a

organização WWF Brasil, pequenos e médios produtores têm

promovido desmatamentos ilegais no território e plantio sem

manejo adequado.

Para o Ministério da Agricultura, a tendência é de que a

expansão no território ocorra principalmente sobre terras de

pastagens naturais, convertendo áreas antes destinadas à pecuária

em lavouras.

Para que o equilíbrio de processos ecológicos na zona

rural seja mantido é necessária a destinação de áreas de proteção

com cobertura natural, de forma a cumprirem sua função de

conservação e proteção da fauna e da flora originais.

As fronteiras agrícolas na história do Brasil

Uma fronteira agrícola corresponde ao avanço e expansão

das atividades agropecuárias sobre um determinado meio natural.

A expansão geralmente é movida pela necessidade crescente de

produção ou, em alguns casos, de garantir a soberania nacional

nos chamados “vazios territoriais”.

As primeiras fronteiras agrícolas brasileiras surgiram após

o descobrimento, em 1500, quando os colonizadores portugueses

exploraram a zona litorânea composta pela Mata Atlântica em

busca da madeira do Pau-Brasil e posteriormente o plantio de

cana-de-açúcar em grandes engenhos da Zona da Mata que

replicavam o modelo plantation colonial.

No século 17, houve a expansão para o interior do Brasil

estimulada por mineradores em busca de ouro. Já no século 19

aconteceu o crescimento da economia do Sudeste oriunda da

riqueza do café. Mais recentemente, na década de 1970, o

estímulo à produção agrícola da região do Mato Grosso (que

atraiu migrantes do Sul) e a exploração da Amazônia Legal.

Até os anos de 1960, acreditava-se que as últimas

fronteiras agrícolas a serem exploradas no Brasil eram a região

Norte e Centro-Oeste. Isso até nos anos 2000, quando o

Mapitoba surgiu com o status de “a última fronteira agrícola”.

Page 11: Urbanização cpg

10 - Legal highs: Mais destruidora, nova

geração de drogas sintéticas exige novas

estratégias de combate

As primeiras drogas que os homens consumiram tinham

origem em plantas com psicotrópicos como a maconha,

ayahuasca, cogumelos e o peiote, usados principalmente em

cerimônias espirituais.

Foi a partir do século 19, com o avanço da química, que

drogas de todos os tipos começaram a ser fabricadas. Durante o

século seguinte, o mundo conheceria invenções como a cocaína,

o LSD (ácido lisérgico), a heroína, o ecstasy e a metanfetamina.

No entanto, desde início dos anos 2000 uma nova geração

de drogas sintéticas, também chamadas de “legal highs” (drogas

legais), apareceu, vista como mais potente e perigosa do que as

anteriores. E ainda: elas são mais fáceis de produzir e precisam

de um investimento menor.

As drogas sintéticas são aquelas produzidas a partir de

uma ou várias substâncias químicas psicoativas. Há ainda as

chamadas semissintéticas, feitas a partir de drogas naturais

quimicamente alteradas em laboratórios. Segundo o Relatório

Mundial de Drogas de 2015, levantamento do Escritório das

Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 2014 um

total de 541 novas substâncias psicoativas foram catalogadas.

As legal highs são fármacos criados ou modificados em

laboratórios a partir de alterações na estrutura molecular de

substâncias ilegais, que reproduzem os efeitos das drogas

comum, sem perder os efeitos psicotrópicos. O problema é que

esses compostos não são listados como produtos controlados pela

lei, facilitando o acesso do usuários.

Embora muitos acreditem que essas drogas viciem menos

e provoquem menos danos aos usuários, o que se vê são efeitos

tão devastadores quanto o de outras drogas pesadas. Em 2013,

por exemplo, um jovem britânico matou a mãe a facadas e cortou

o próprio pênis com a mesma arma. Segundo a polícia, ele havia

usado Meow Meow (a tradução em português seria Miau-Miau),

uma nova droga que começava a se tornar uma mania no Reino

Unido.

Essa história sinistra revela um dos casos mais extremos

do efeito dessas novas drogas sintéticas. A Meow Meow tem

como princípio ativo a mefedrona, estimulante de ação rápida

cuja sensação no corpo seria a de um coquetel de cocaína com

ecstasy. Seu abuso pode provocar paranoia extrema e

alucinações, ataques cardíacos e surtos de esquizofrenia,

especialmente se o usuário sofre de doença mental.

Foi em 2010 que a mefedrona apareceu como novidade,

fabricada por laboratórios caseiros e vendida pela internet. Nos

Estados Unidos, a substância se popularizou com um novo

produto apelidado de “sais de banho” devido à aparência de

cristais que lembram os sais convencionais usados em banheiras.

O mais surpreendente: esses sais de banho não traziam

substâncias ilegais, mas reproduziam efeitos semelhantes a

narcóticos proibidos. Ou seja, são “drogas disfarçadas”, feitas a

partir de produtos químicos permitidos pela lei e vendidas pela

internet.

Os ingredientes ativos mais comuns dos sais de banho são

variações sintéticas do estimulante natural catinona, encontrado

no khat, arbusto popular na África e no Oriente Médio e parecido

com as folhas de coca da Bolívia. Na indústria química, esse

estimulante é usado na fabricação de fertilizantes e repelentes.

Hoje são mais de 40 tipos classificados de catinona sintética,

como a mefedrona, a metilona, a metilenodioxipirovalerona, a

flefedrona e a nafirona.

A chamada “maconha sintética” também é outra criação

dos bioquímicos. Ela é encontrada na forma de um incenso de

ervas que lembra a maconha tradicional. Seu uso é indicado

pelos fabricantes para perfumar ambientes ou ser usado como

fertilizante. As embalagens geralmente trazem a frase “imprópria

para consumo humano”. Mas se o usuário fumar o incenso, é

liberada a substância ativa da droga, um canabinoide sintético

chamado de CP 47497.

Os canabinoides são usados pela indústria farmacêutica

na pesquisa de novos medicamentos. Começaram a ser ingeridos

como drogas recreativas há poucos anos, com a criação de

produtos à base de maconha sintética, chamados “spices”

(tempero, em inglês).

Posteriormente foram parar em lojas dos Estados Unidos

e Europa. Médicos afirmam que a maconha sintética é mais

potente que a sua versão natural e seus efeitos aumentam em 30

vezes a chance de internação. Além disso, ela altera o equilíbrio

psicológico e pode causar quadros como derrame cerebral,

convulsões, alucinações, crises de pânico e psicose.

Krokodil: a droga canibal

Na última década, muitos jovens do subúrbio de cidades

da Rússia estão adoecendo e morrendo a uma velocidade

impressionante. O motivo é uma nova droga injetável chamada

de Krokodil (crocodilo em russo). O nome foi batizado pela

aparência escamosa e a cor esverdeada da pele dos usuários,

assemelhada ao couro do crocodilo. É descrita como a droga que

mais letal do mundo e extramente dependogênica.

Classificada quimicamente como desomorfina, a droga se

tornou popular na Rússia a partir de 2003 e foi apelidada pela

imprensa de “devoradora de carne humana” porque corrói a pele

do usuário por dentro, deixando-o com uma aparência similar aos

zumbis dos filmes de terror.

A Krokodil pode ser feita com ingredientes de fácil

acesso, a partir da síntese tradicional da codeína, alcaloide que se

encontra de forma natural no ópio e usado pela indústria

farmacêutica em sedativos e analgésicos comuns. Depois, a

desomorfina é cozinhada com produtos como gasolina, solventes

de tinta, enxofre, iodo e fósforo vermelho de munição.

Além de ser de 8 a 10 vezes mais potente que a morfina,

nos laboratórios caseiros, a desomorfina é adicionada a

substâncias ácidas e tóxicas que causam necrose e gangrenas no

tecido e podem corroer ossos e músculos. Enquanto a expectativa

de vida de um usuário de heroína em Moscou é de quatro a sete

anos, a de um usuário de Krokodil chega a apenas dois anos de

uso.

Apesar do perigo, o sucesso da Krokodil na Rússia tem

duas explicações: ela é dez vezes mais barata que a heroína e

causa efeitos similares à droga. O país é um dos maiores

consumidores de heroína do mundo. Para piorar o cenário, os

russos são vizinhos do Cazaquistão, que escoa o ópio produzido

no Afeganistão – as plantações de papoulas afegãs são

responsáveis por mais de 90% da produção de ópio mundial.

Com a crise econômica dos últimos anos, usuários russos

buscam alternativas mais em conta e migram para a nova droga.

Segundo estimativas, apenas em 2011 mais de 100 mil pessoas

usaram a droga na Rússia.

Novas drogas no Brasil

Foi após o ano 2000 que o Brasil viu o crack se espalhar

por todos os cantos do país e se tornar uma epidemia em algumas

cidades, atingindo populações cada vez mais jovens. Estima-se

que o Brasil tenha um milhão de usuários de crack.

Desde 2011, uma nova droga preocupa o governo

brasileiro: o óxi, substância considerada cinco vezes mais

potente que o crack. Derivada da cocaína, sua composição é à

base de coca oxidada, cal virgem, querosene ou gasolina.

A droga está sendo tratada pelos médicos como mais letal

que o crack e com maior capacidade de vício. Pesquisa feita com

100 usuários no Acre em 2011 constatou que um terço deles

morreu antes de completar um ano de uso.

Page 12: Urbanização cpg

Embora ainda não existam estatísticas de apreensão,

diversas drogas sintéticas já chegaram ao Brasil. Para

especialistas, os números só não são maiores porque há

dificuldade em identificar as substâncias.

Em 2014, um estudante morto na USP teve overdose em

uma festa e morreu afogado. Laudos mostram que ele fez uso de

NBOMe, droga que compartilha características com o LSD,

apesar de ser uma metanfetamina. É vendido em ampolas, pílulas

ou em blotters (um papel embebido com um líquido). Possui

propriedades alucinógenas, mas com efeitos mais potentes do

que o LSD.

Em agosto de 2011 a Anvisa (Agência Nacional de

Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização da mefedrona no

país. À lista, somaram-se outras substâncias como os tipos de

canabinoides sintéticos, de catinonas e de NBOMe, após

solicitação da Polícia Federal.

Um combate difícil

Em relação a drogas, o aumento de consumo é sempre

relacionado ao aumento do tráfico. Enquanto existir demanda,

vai existir o comércio ilegal. A forma de combate tradicional do

comércio ilegal de drogas como a cocaína ou o crack é

geralmente pela repressão policial e a prisão dos envolvidos.

Mas o combate às novas drogas sintéticas enfrenta novos

obstáculos. O principal é a produção de substâncias a partir de

componentes químicos legais. As catinonas sintéticas, na forma

de sais de banho, usam o rótulo de agrotóxico e repelente para

burlar a lei.

Por serem feitas em laboratórios clandestinos (geralmente

em países como a China e a Índia) e misturadas a substâncias que

não são enquadradas como entorpecentes é difícil fiscalizar a sua

venda e rastrear a existência de substâncias a olho nu.

Soma-se a isso o fato de algumas destas drogas nem

serem detectadas em exames toxicológicos e nem serem

conhecidas por pesquisadores. Ao aparecer em exames como a

urina e sangue, fica difícil estudar todos os seus efeitos na saúde

do usuário. A grande preocupação é que não exista na rede

pública de saúde nenhum programa específico para o tratamento

dos transtornos gerados por esse tipo de consumo.

Uma alternativa para o combate a esses narcóticos é a

proibição da venda de substâncias químicas que fazem parte da

fórmula de sintéticos.

Recentemente, diversos estados dos EUA baniram

substâncias recorrentes nas novas drogas, como a mefedrona e o

CP-47 497. No Brasil, algumas destas drogas já estão na lista de

substâncias proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de

Vigilância Sanitária).

Mas os traficantes parecem estar sempre a um passo à

frente. Quando uma substância é proibida, outro novo

componente parece surgir e criar novas variações de drogas do

composto original.

Outro problema é a ineficiência do Estado em recuperar o

dependente químico e oferecer o tratamento ambulatorial e

psicológico. As ações de políticas públicas não conseguem ser

realizadas na mesma velocidade em que a droga se propaga. Na

era das drogas de laboratório, basta uma nova combinação para

uma nova droga chegar ao mercado.