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ISSN 1808-6829 R$20,00 ANO 6 ‱ NÂș 60 ‱ JAN/FEV 2009 ‱ EDIÇÃO BRASILEIRA verĂŁo 2010 CASA DE CRIADORES RAOUDA ASSAF O PIAUÍ É AQUI RONALDO FRAGA + calçados&bolsas MODA PROFISSIONAL VESTUÁRIO CALÇADOS&BOLSAS MALHARIA JEANS INFANTIL ACESSÓRIOS LOJISTA CULTURA COMPORTAMENTO

UseFashion Journal Janeiro/Fevereiro 2009

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Íntegra do UseFashion Journal de Janeiro/Fevereiro de 2009

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Page 1: UseFashion Journal Janeiro/Fevereiro 2009

ISSN

180

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R$20,00

ANO 6 ‱ NÂș 60 ‱ JAN/FEV 2009 ‱ EDIÇÃO BRASILEIRA

verĂŁo 2010

CASA DE CRIADORESRAOUDA ASSAFO PIAUÍ É AQUIRONALDO FRAGA

+

calçados&bolsas

MODA PROFISSIONAL

VESTUÁRIO CALÇADOS&BOLSAS MALHARIA JEANS INFANTIL ACESSÓRIOS LOJISTA CULTURA COMPORTAMENTO

Page 2: UseFashion Journal Janeiro/Fevereiro 2009

Muito mais que inspiração

A UseFashion é a mais completa fonte de informaçÔes estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar

negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor.

www.usefashion.com [email protected] 0800 603 9000

Page 3: UseFashion Journal Janeiro/Fevereiro 2009

USEFASHION JOURNAL4 5JANEIRO/FEVEREIRO 2009

dicas da redaçãosumårio

ao leitor

DICAS DA REDAÇÃO É MODA Looks comentados do Claro Rio SummerONLINESaiba quais sĂŁo as novidades do portal usefashion.com para 2009VESTUÁRIO ExperimentaçÔes dĂŁo o tom das coleçÔes apre-sentadas na Casa de CriadoresMALHARIA Victoria’s Secret apresenta sua nova coleção JEANS Os lançamentos da Denim PremiĂšre VerĂŁo/2011MASCULINO Como o pĂșblico masculino consome modaCALÇADOS & BOLSAS A designer Raouda Assaf e suas criaçÔes INFANTILOnda setentista nas coleçÔes infantis ACESSÓRIOS Veja o que as marcas de relĂłgios estĂŁo preparan-do para conquistar as mulheres na temporadaACONTECE Minas Trend Preview se consolida no mercado de moda brasileiroOPINIÃOA pesquisadora Regina Machado fala da globali-zação e das relaçÔes de consumo

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PING-PONGO estilista Ivan Aguilar responde Ă s perguntas bate-e-volta da UseFashionEDITORIALComo agir para nĂŁo errar em momentos de criseLOJAS A Adrenalina, em Miami, inova e coloca o surf dentro do salĂŁo de vendasRADAR INTERNACIONAL O couro em destaqueRADAR NACIONAL As cores da estaçãoVISUAL MERCHANDISING Confira como a Stefanel, em Florença, brinca com a espacialidade em sua vitrineCOMPORTAMENTO A boneca Barbie completa 50 anos. Por Katia CantonPERFIL Ronaldo Fraga mostra por que Ă© considerado um contador de histĂłrias CULTURA A moda feita no PiauĂ­CALÇADOS & BOLSAS VerĂŁo 2010: Conheça as cores, os desenhos e os estilos que marcĂŁo o temporada MEMÓRIA O retorno da diva Grace Jones

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Animados por um impulso criativo contagiante, os calçados e bolsas da estação exibem desenhos marcantes e materiais originais. Eles desequilibram a balança em favor dos complementos, que não ficam na obscuridade no conjunto do look.

A regra é ter estilo, como define o texto, na seleção de imagens que identifica o potencial das coleçÔes internacionais.

De inĂ­cio, destacamos a intensidade da cartela de cores, os efeitos visuais grĂĄficos e os novos recursos de modelagem. Na continuidade Ă© a geometria que renova os cabedais, e as estruturas das bolsas agluti-nam todas as forças e as referĂȘncias africanas.

Em seguida, cobrimos uma grande variedade de aspectos, apresentando enfeites, metais, materiais e fechamentos, até chegarmos à estrutura dos calçados, com imagens e comentårios sobre saltos e solados.

Esta edição estå a serviço dos melhores negócios no Verão 2010, para quem pesquisa, produz e comer-cializa a melhor moda. Ela também demonstra como os produtos de verão podem atrair a atenção da consumidora, com novidades que encantam o olhar e estimulam a criatividade.

Boa leitura e Ăłtimos negĂłcios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

Copyright © 2008Sistema UseFashion de InformaçÔes Rua São Joaquim, 720 | Centro | São Leopoldo/RS CEP 93.010-190 | Fone: (51) 3037 9507

EXPEDIENTE

CAPA: A GEOMETRIA SENSÍVEL ESTABELECE RELAÇÕES DE CORES E EFEITOS GRÁFICOS EM GRANDE ESTILO NA COLEÇÃO DRIES VAN NOTEN.FOTOS: © AGÊNCIA FOTOSITE

NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃOEditora-Chefe JournalInĂȘz Gularte (Mtb 7.775)Subeditora PortalAline Moura (Mtb 5.717)Gerente de InovaçãoDaniel Bender (Mtb 11.540)Edição de ModaEduardo Motta (consultoria)RedaçãoAline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399) e Lisie Venegas (Mtb 13.688)Produção de ArteTiago Fioravante (design grĂĄfico), Aline Romero (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisĂŁo de imagens) e JucĂ©li Silva (webdesigner)Assessora de PlanejamentoAngelita ManzoniEquipe de PesquisaNĂĄjua Saleh (moda), Aline KĂ€mpgen, Carlos Paredes, Eduardo Nipper, Juliana Nascimento e Lisiane Ramos (classificação vitrines)ConsultoresAngela Aronne (malharia retilĂ­nea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula VisonĂĄ (malharia circular e vestuĂĄrio masculino) e Renata Spiller (infantil)

Colaborou nesta ediçãoRegina Machado e Katia Canton

Assine também o portal www.usefashion.com. O melhor portal demoda do Brasil

0800 603 [email protected]

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de InformaçÔes

Tiragem: 10.000 exemplaresImpressĂŁo: GrĂĄfica Editora Pallotti

VĂĄrios dos conteĂșdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns sĂŁo de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e vejacomo acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores sĂŁo de responsabilidade dos mesmos e nĂŁo representam necessariamente a opiniĂŁo da empresa.Todos os produtos citados nesta edição sĂŁo resultado de uma seleção jornalĂ­stica e de consultoria especializada, sem nenhum carĂĄter publicitĂĄrio.Todas as matĂ©rias desta edição sĂŁo de responsabilidade do NĂșcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion.Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de InformaçÔes.

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Atendimento ao cliente0800 602 [email protected]

Redação51 3037 [email protected]

Diretor-PresidenteJorge FaccioniDiretoraAlessandra Faccioni Diretora de RHPatrícia Santos Diretor de RedaçãoThomas HartmannDiretora de PesquisaPatrícia Souza Rodrigues

Quitanda

A marca de camisetas Quitanda nasceu da parceria entre os amigos Bruno Ost e Gustavo Werner. Criada em 2007, em Porto Alegre, a grife acaba de lançar a segunda coleção com muito grafismo e pop art na estamparia.

Veja: www.flickr.com/photos/estiloquitanda

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Catherine Malandrino

A trajetĂłria da estilista Catherine Malandrino pode ser conferida em um livro com ilustraçÔes e fotos do seu trabalho lança-do recentemente pela editora Assouline. A designer sempre soube misturar o chic e o street em sua moda, que alĂ©m de ser superfeminina, Ă© muito atual e sofisticada. Se vocĂȘ, assim como Madonna, Angelina Jolie e Halle

Berry, Ă© fĂŁ da estilista, estĂĄ aĂ­ um Ăłtimo presente pra se dar de Natal.

Mais em: www.assouline.com

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African Textiles

O continente Africano, com suas cores, aromas e paisa-gens, sempre foi alvo de curiosidade de todos nós. Tema de inspiração de vårios artistas, incluindo Van Gogh, Picasso e Modigliani. A parceria entre o Metropolitan Museum de Nova York e o Britsh Museum de Londres resultou na exposição chamada de The Essential Art of African Textile: Design Without End, que ficarå até 22 de março em cartaz.

InformaçÔes: www.metmuseum.org

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Shoes Dacca

A marca de calçados Dacca tem ganho destaque devido às suas criaçÔes ecofriendlies. A estilista, a chilena Camila Labra, preocupada com as questÔes ambientais, deu início a um projeto que usa como matéria-prima as conhecidas sacolinhas plåsticas, que tanto poluem. A partir de um proces-

so de fusão do material com calor é gerada uma lùmina que ela utiliza como base para suas criaçÔes.

Conheça: www.botasdacca.blogspot.com

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bARBARA Ă­ gONGINI

bARBARA Ă­ gONGINI Ă© uma designer dinamarquesa que chama a atenção pelo seu trabalho diferenciado. Ela possui duas linhas de roupas femininas, uma chamada de I-rEguLar, que abusa da criatividade e peças conceituais, e a outra, a rEguLar, mais comercial, mas nĂŁo menos criativa. A inspiração ela busca no minimalismo e no funcionalis-mo do design japonĂȘs e nĂłrdico. AlĂ©m disso, durante o processo de criação, conta com a cooperação de profissionais de diversas ĂĄreas, como mĂșsica, artes, fotografia, o que torna seu trabalho ainda mais especial.

Site: www.barbaraigongini.dk

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Rio de Janeir

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A garota criou para si uma silhueta em dia com a moda e com um pĂ© nos anos 70.O conjunto alonga a silhueta e empresta uma boa dinĂąmica ao look. NĂŁo tem afetação nem excessos, mas assim como no look ao lado, as tendĂȘncias atuais marcam presença forte.

Jeans de lavagem

escura na boca de sino.

O comprimento Ă© bem

calculado para ocultar o

sapato de salto que eleva

discretamente a altura.

A top Michelle Alves, entre um desfile e outro, adota o uniforme inteligente da modelo que se preza. Conforto Ă© a palavra de ordem. Como Ă© proibido ficar out, sobram tendĂȘncias da estação em versĂŁo discreta. Uma boa referĂȘncia para a maioria das mortais.

Bolsa funcional de couro

na cor café. O tamanho é

médio e a alça é fina.

Excelente top tipo regata, em malha listrada com reminiscĂȘncias nĂĄuticas. O comprimento mais longo Ă© novidade.

Quase invisíveis sob a calça, då prå ver que os dedos estão apropriadamente expostos. Uma boa opção para comprimentos alongados.

Os Ăłculos enormes de

lentes degradĂȘ marrom

reforçam o clima

setentista.

Os Ăłculos enormes de

lentes degradĂȘ marrom

reforçam o clima

setentista.

Chapeuzinho de palha inspirado no modelo panamĂĄ. A Maria Bonita Extra e a CantĂŁo colocaram nos desfiles de verĂŁo e chegou Ă s ruas.

T-shirt branca com

coletinho preto. A

combinação é um clåssico,

do tipo que nĂŁo tem como

errar. No caso, o acerto

ficou nas proporçÔes da

blusa, curta e soltinha, e

do colete bem reduzido

para nĂŁo pesar no conjunto.

A sandĂĄlia do momento: a

gladiador com tiras finas

na gĂĄspea e pulseira larga

no tornozelo. Atenção

para o esmalte escuro.

Bolsa bem coordenada com a sandĂĄlia e com o cinto. Nada de bolsas grandes. Para quem se alinha com a Ășltima tendĂȘncia, ainda que sem fazer alarde.

Cinto fino misturando couro e metal. O modelo Ă© dos mais disputados pelas garotas.

Óculos aviador e lente degradĂȘ. Some isso ao formato grande, e estĂĄ aĂ­ tudo que importa neste nicho.

Shortinho mĂ­nimo, mas sem grudar no corpo, em jeans de lavagem clara.

Veja mais looks em Uso nas Ruas no portal usefashion.com.Foram quase 7 mil imagens (mais de 550 comentadas) apenas em 2008!

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DESTAQUE

portal usefashion.comconteĂșdo para assinantes

Novas possibilidades em 2009

NOVIDADES

Jovens demais para crescer

O artigo de Tribos Urbanas de janeiro trata sobre os kidults (kids + adults), ou seja, aquele pessoal com mais de 30 anos que ainda joga Atari e adora personagens infantis como Betty Boop e Hello Kitty.

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Fashion Rio e SPFW

Como sempre, a UseFashion publica neste mĂȘs os desfiles das duas principais semanas de moda nacionais acompanhados das jĂĄ tradicio-nais resenhas de especialistas.

Na foto ao lado, o desfile da Neon para o verĂŁo 2009.

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SURPREENDA-SE COM O QUE O PORTAL USEFASHION.COM PODE LHE OFERECER!

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TOP 5 DE 2008

Ranking dos links mais acessados do portal UseFashion:

2ÂșVitrines: Praticamente um hors concours desde a inauguração do Portal, as visitas Ă s fotos de vitrines nacionais e internacionais correspondem a 9,75% do total do site;

1ÂșNotĂ­cias: Misturar novidades da moda para profissionais com temas variados como ecologia, cinema, negĂłcios e internet provou ser uma boa fĂłrmula para a seção. Em 2008, 13% das exibiçÔes de pĂĄginas ocorreram lĂĄ;

3ÂșDesfiles: Com metade das visitas das notĂ­cias, as fotos em alta resolução de desfiles ficaram no terceiro lugar no ranking do ano. Destaque para as muitas novidades do perĂ­odo, como a Semana de Buenos Aires, Los Angeles, Barcelona e Madri;

4Âș Feiras: A equipe da UseFashion cobriu mais de 60 eventos em 2008. Ou seja, mais de uma por semana;

5ÂșReports: As anĂĄlises mensais de moda de vĂĄrios segmentos manti-veram uma boa visitação durante o ano todo e merecem este lugar na lista.

Tendo como meta manter o crescimento prĂłximo de 100% em acessos registrado em 2008, o Portal UseFashion entra em uma nova fase em 2009. A grande mudança, que deve ser percebida logo no inĂ­cio do ano, irĂĄ aliar o melhor conteĂșdo Ă s melhores prĂĄticas da internet. Entre as novidades, se destacam trĂȘs.

A primeira delas Ă© um novo layout mais clean e com mais conteĂșdo. Nele, as pĂĄginas destacarĂŁo o conteĂșdo mais relevante e atualizado do Portal em todas as seçÔes, permitindo que o leitor navegue pelo site com mais facilidade e menos cliques. Com o novo portal, serĂĄ possĂ­vel acessar qualquer parte do site com apenas um clique.

A segunda novidade serĂĄ a velocidade do Portal. Nosso novo sistema, aliado ao layout mais clean, permitirĂĄ navegar com maior rapidez e em qualquer browser - inclusive os disponĂ­veis em aparelhos celulares.

A terceira novidade serĂĄ o incremento da interatividade com a cria-ção de espaços para a participação do leitor. SerĂĄ possĂ­vel participar do Portal publicando comentĂĄrios e avaliando conteĂșdo em tempo real. O assinante que gostou das Ășltimas MegatendĂȘncias Infantil, por exemplo, poderĂĄ deixar um elogio na pĂĄgina em forma de estrelas ou comentĂĄrio.

CALENDÁRIO

JANEIRO 12 a 15 Couromoda

11 a 16 Fashion Rio

18 a 23 SĂŁo Paulo Fashion Week

28 a 30 Pitti Filati

30 a 2 de fevereiro Bijorhca

FEVEREIRO 3 a 6 Milano Unica

8 a 10 Margin

8 a 10 Pure

13 a 20 Semana de Moda de Nova York

Em breve, novidades no layout do Portal UseFashion

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vestuĂĄrioverĂŁo 2010

A Casa de Criadores antecede as semanas de moda do Rio e SĂŁo Paulo em um mĂȘs.

Esta edição, encerrada dia 10 de dezembro com mais de 20 marcas apresentando coleçÔes, é a de Inverno e aconteceu em São Paulo.

Colocadas estas informaçÔes, vamos ao recheio da coisa.

O nome jĂĄ diz, e o line up confirma, estĂŁo lĂĄ estreantes e indomados de longa data, neste que Ă© mesmo um espaço mais generoso para a experimentação do que as semanas “oficiais”. O menor compromisso com o sistema comercial – as marcas tĂȘm estruturas menores, poucos funcionĂĄrios, e somas menores estĂŁo em jogo - favorece Ă  Casa de Criadores, que deveria funcionar como um laboratĂłrio de idĂ©ias. Como em toda situa-ção de potencial criativo estimado, cumpre-se a pro-messa em parte, mas o resultado oxigena e compensa.

Em geral, os talentos brasileiros que estão chegando ao mainstream são bem informados e aculturados pelos quase 20 anos de escola de moda no Brasil. Eles recheiam as apresentaçÔes com citaçÔes à história da moda, dominam tecnicamente a roupa que pretendem fazer e estão naquele pronto crítico em que é preciso imprimir uma gestão eficiente às suas grandes vontades e quase sempre pequenos negócios.

Destaca-se a gritante presença de propostas para o masculino, minguadas em quantidade na SPFW e no Fashion Rio, e em alguns momentos que fazem a festa em um evento de moda que se preze.

A entrada final de WalĂ©rio AraĂșjo, sobre saltos altos e exibindo um corpĂŁo feminino caricatural, tipo cinturi-nha de pilĂŁo e bunda de vĂȘnus calipĂ­gia, Ă© um deles. TambĂ©m Ă© do WalĂ©rio a menção exuberante ao velho new look. Ele e outros escancaram debochadamente a enorme zona de vida entre o que Ă© masculino e o que Ă© feminino.

As idéias de como conceber uma outra roupa para os rapazes são especialmente bem sucedidas. Não custa dizer que a maioria passa longe do usåvel. Contudo, elas nos fazem considerar a possibilidade do diferente, o que jå é muito. Também trazem um tanto de humor e destempero para um terreno onde isso é quase uma heresia.

Além destas vantagens intangíveis detectadas na com-paração com a tradição, ainda sobram outras, relativas a ganhos técnicos e funcionais destinados a uma pro-våvel renovação da roupa masculina.

A cobertura completa com resenhas e imagens das coleçÔes pode ser conferida no www.usefashion.com.

Casa de CriadoresPor Fernanda Maciel

Consultoria: Eduardo Motta

EXPERIMENTAÇÃO E MASCULINO FORTE

ALGUNS TORMENTOSA marca sĂł faz camisetas, com cuidados na mode-lagem e estampas muito boas.

Ganhou uma espécie de retrospectiva dos seus cinco anos de vida no mesmo espaço e durante a da Casa de Criadores, o shopping Frei Caneca. O talentoso Eduardo Biz (que começou a carrei-ra aqui no UseFashion) também se exercita no masculino e vai abrindo caminho no mercado com propostas personalíssimas.

Site: www.algunstormentos.com

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O estilista WalĂ©rio AraĂșjo

JoĂŁo Pimenta Der Metropol Marcelo Ferraz

O New Look segundo WalĂ©rio AraĂșjo Gustavo Silvestre O dramĂĄtico de Roberto Dognanii O retrĂŽ da Ianire Soraluze

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MASCULINO- JOÃO PIMENTA

Um exercício consistente e surpreendentemente maduro com proporçÔes e silhuetas. O estilista submeteu o corpo masculino a uma série de distorçÔes, sugestivas o sufi-ciente para fazer a realidade parecer monótona e colocou na pauta a pergunta: por que não?

DER METROPOL

Mais contida, viĂĄvel e ainda assim com algumas sacadas corajosas, as propostas da marca tangenciam o esporte e revelam a influĂȘncia crescente do experimentalismo do Aitor Throup no masculino contemporĂąneo.

MASCULINO- MARCELU FERRAZ

O repertório é do hip hop, o truque é alterar as propor-çÔes para o maior e criar åreas de cores contrastantes que aproveitam bem estes novos espaços.

FEMININO- GUSTAVO SLVESTRE

Uma coleção interessante. Tem elementos regionais, e consegue nem ser difícil enquanto é original e atual.

ESTILOS

DramĂĄticos e retrĂŽs bateram ponto mais vezes.

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malharia

O mais esperado desfile-show de lingerie, como se sabe, Ă© o da VictoriaÂŽs Secret. Depois de congestionar a internet no passado, ele agora Ă© transmitido pela televisĂŁo e atrai mi-lhares de telespectadores em todo o mundo. Pudera! Sem-pre recheado de corpos perfeitos, ele Ă© prato-feito para a curiosidade das garotas, que querem conferir a forma fĂ­sica do time de beldades, e para o deleite dos rapazes, pelo mesmo motivo, sĂł que com outras variĂĄveis de interesse.

A ambientação e os adereços do espetåculo da VictoriaŽs Secret são de gosto pra lå de duvidoso, mas quem é que se importa, se as belas garotas obscurecem todo o resto.

A cada edição, o esperado show kitsch Ă© reeditado com sucesso, grandiosidade e brilho, como pano de fundo para um grupo seleto de modelos, que inclui as brasileiras Alessandra AmbrĂłsio, Adriana Lima, Ana Beatriz Barros, Isabeli Fontana, Izabel Goulart, e a estreante Emanuela de Paula, de apenas 19 anos. Completam o time Heidi Klum, Karolina Kurkova, Lara Stone, Selita Ebanks, Miranda Kerr, Marisa Miller entre outras beldades. Neste contexto, e com esta concorrĂȘncia poderosa, a lingerie Ă© quase que apenas um detalhe.

Com o tema previsível “A volta do glamour”, o desfile,

Beldades, lingerie e feticheO DESFILE KITSCH E PODEROSO DA VICTORIA S SECRET

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Angela Aronne

realizado ao som do rapper Usher, exibiu 68 conjuntos que extrapolaram o status de roupa íntima, ressaltando estam-pas e detalhes luxuosos, com a aplicação de cristais. Como alternativa ao tradicional modelo de duas peças, bodies, corpetes e macacÔes justíssimos em renda entraram em cena.

A modelagem grande para as partes de baixo foi bem explorada nas cuecas femininas e nas peças de cintura alta com recortes e amarraçÔes modelando o corpo. A mesma receita de medidas maiores serviu para as peças delicadas estilo Lolita com babados no cós e rendas sofisticadas.

Para apimentar o conjunto, a VictoriaÂŽs Secret investiu em todo um arsenal fetichista, com luvas, boleros, miniblusas, robes transparentes e tecidos metalizados.

Na linha teen da marca, a Pink, a aposta foi na malha retilĂ­nea para as peças de moda praia, tendĂȘncia detectada tambĂ©m nas semanas de moda internacionais. Modelos divertidos e multicoloridos foram bem representados em engana-mamĂŁe, maiĂŽ comportado e opção de duas peças. Para as misturas de padronagens com o logo da marca, motivos lĂșdicos e geomĂ©tricos, os pontos escolhidos foram o jacquard e o intĂĄrsia. Atente aos bojos estrutura-

dos pela duplicidade do painel, deixando o modelo com acabamento limpo. Na mistura de materiais, destaque para o brilho do lurex, usado de forma delicada, e ainda vale citar a sutileza dos acabamentos hand made em crochĂȘ.

O momento mais aguardado do desfile foi a apresentação do Fantasy Bra, que ficou por conta da estonteante Adriana Lima. O sutiĂŁ da linha Ă© assinado pelo joalheiro Martin Katz, e foi cravejado com 34 rubis e milhares de diamantes negros com valor estimado em US$ 5 milhĂ”es. Em outras ediçÔes do Victoria’s Secret, Tyra Banks (apresentadora do America’s Next Top Model) e Gisele BĂŒndchen jĂĄ desfila-ram versĂ”es do milionĂĄrio Fantasy Bra.

Heidi Klum encerrou o desfile em um conjunto vermelho com babados no decote e calcinha de modelagem com cintura baixa, usada com fio lateral e detalhes em pedras.

O Victorias’s Secret aconteceu no hotel Fontainebleau em Miami Beach, na FlĂłrida, atraindo a imprensa mundial e uma platĂ©ia recheada de celebridades do cinema e do mundo da moda como Sean Diddy Combs, Gwyneth Pal-trow, Russell Simmons, Michelle Trachtenberg, John Stamos, Kim Kardashian e Kourtney, Martha Stewart, Paris Hilton e Sylvester Stallone.

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Adriana Lima Ana Beatriz Barros

Emanuela de Paula Alessandra AmbrĂłsio

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Com o slogan Flame on (Em chamas) e a ave FĂȘnix como sĂ­mbolo, a Denim PremiĂšre inaugurou a temporada prima-vera-verĂŁo 2010 para o setor no hemisfĂ©rio norte (2011 para o hemisfĂ©rio sul).

Embora o estilo vintage, reforçado pelas lavagens des-gastadas jĂĄ tenha mostrado a cara nas Ășltimas tempo-radas, dessa vez o conceito predomina, enriquecido por beneficiamentos que reproduzem o aspecto surrado e envelhecido sobre a base do denim. AlĂ©m disso, acaba-mentos como pespontos em linhas rĂșsticas, reprodução de patches e cerzidos, bem como a escolha por aviamentos de aspecto enferrujado e de banhos envelhecidos con-tribuĂ­ram para esta temĂĄtica entre a grande maioria dos expositores.

A energia, através da luminosidade dos tecidos e das cores, reforçou os quatro conceitos-chave do evento: Extremist, Ultra Weight, Over Lightened e Hard Work.

O “Extremist” denota contrastes vibrantes nas cores do fogo, com tonalidades queimadas. TransparĂȘncias e opacidades, combinaçÔes contrastantes e contraditĂłrias. Tecidos com tecnologia bi-strecth e acabamentos que levam Ă  transformação do tecido ao limite.

“Ultra Weight” conta com mesclas de algodão/lyocell,

RĂșsticos em altaDENIM PREMIÈRE APOSTA NA LINHA VINTAGE PARA O VERÃO 2011

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Juliana Zanettini

bambu e seda em tecidos ultraleves (de 3 oz a 6 oz) e no outro extremo tecidos de 18 oz a 21 oz com acabamentos encerados e impregnados de óleo. Acessórios são feitos em materiais pesados e pedras em contraste com etique-tas em couro com impressÔes vazadas à laser.

“Over Lightened” mostra Ă­ndigos com tonalidades pĂĄli-das, como marrom e cinza, revelando tramas de brancos e crus. TambĂ©m entram o abuso nas lavagens, uniformes ou intermitentes, e as transparĂȘncias de silicone nos acessĂłrios.

De apelo rĂșstico, o “Hard Work” trabalha com o conceito de uma roupa usada, velha e gasta. Neste caso especĂ­fi-co, as tecelagens presentes apostam nas gramaturas pesa-das, inclusive confeccionados em teares de lançadeira.

Nesta terceira edição, realizada entre os dias 3 e 4 de de-zembro, o evento contou com 64 expositores selecionados entre os segmentos de tecelagem, aviamentos, acabamen-tos, lavanderia e acessórios que fornecem para marcas de peso como Marithé et François Girbaud, Diesel, Miss Sixty, Hugo Boss, Armani, Louis Vuitton, Closed e Pepe Jeans.

Quer saber mais sobre a Denim? Acesse o portal usefashion.com no link Feiras e confira 21 textos e 609 fotos. Boa pesquisa!

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Kuroki Haussmann Vip Lounge All in one

Cadica Group Pullman Hall

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Uma nova geração de consumidores se forma, quase que de modo silencioso, e trata de modificar a configuração do cenĂĄrio de moda na atualidade. Esta nova geração de homens estĂĄ deslocando o culto ao corpo para outro foco: o vestuĂĄrio. PorĂ©m, nĂŁo estamos falando de uma roupa qualquer. O estilo predominante Ă© limpo, beira o clĂĄssico, mas, permite intervençÔes prĂłprias, em uma espĂ©cie de customização discreta, quase imperceptĂ­vel. É uma forma de vestir que, sem dĂșvida, bebe muito na cul-tura contemporĂąnea urbana, porĂ©m, tambĂ©m possui fortes indĂ­cios de valorização de aspectos intelectuais. NĂŁo se trata de pedantismo, mas de um novo entendimento sobre o ser/estar do homem na sociedade.

Para AntĂŽnio CĂ©sar Carvalho de Oliveira, engenheiro, professor e diretor da empresa de consultoria comercial e pesquisas de mercado Acomp, um dos motivos do aumento da preocupação dos homens com a aparĂȘncia Ă© a competitividade do mercado de trabalho que exige uma boa apresentação pessoal.

“Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, houve uma simbiose: o homem assumiu algo da mulher e vice-versa. Assim como elas estĂŁo tomando posiçÔes e atitudes, que atĂ© entĂŁo eram do homem, por outro lado o homem se permitiu ser mais vaidoso”, acredita. “Apesar dessa vaidade, o vestuĂĄrio masculino estĂĄ mais despojado. Os jovens da Internet trouxeram para o meio empresarial um jeito menos formal de se vestir, principal-mente nas sextas-feiras, o casual day. “Hoje, executivos sem terno e gravata negociam milhĂ”es de dĂłlares”, aponta Oliveira.

No entanto, mesmo com essas mudanças no comporta-mento masculino, o consumo deles nĂŁo pode ser compa-rado aos gastos femininos. A freqĂŒĂȘncia dos homens nas lojas Ă© menor do que a das mulheres. A maioria dos con-sumidores do sexo masculino afirma que compra poucas

vezes ao ano. “Eles compram para resolver um problema, elas compram porque Ă© prazeroso”, reforça o consultor. Mas serĂĄ que com a proliferação de lojas online, o cha-mado e-commerce, o comportamento masculino diante do consumo nĂŁo estĂĄ sendo alterado?

Desde 1999 como a primeira camisaria virtual do Brasil, no site da Closet (www.closet.com.br), o cliente pode comprar sua camisa sob medida sem sair do conforto de casa ou sem precisar se deslocar do trabalho para a loja. AlĂ©m de escolher a cor e o modelo, tambĂ©m pode adquirir gravatas, suspensĂłrios, abotoaduras e barbata-nas. “A camisa Ă© o produto mais vendido, representando atualmente 79% das vendas, e leva 15 dias Ășteis mais postagem para ser entregues. A entrega de acessĂłrios (gravatas, abotoaduras, barbatanas e suspensĂłrios) de-mora dois dias Ășteis mais postagem”, afirma AndrĂ© JosĂ© da Silva, Analista Desenvolvedor de Sistemas.

A loja da Closet foi inaugurada somente apĂłs quatro anos operando apenas na web, diferente do que acontece normalmente. “O site Ă© a principal ferramenta da empre-sa. Afinal, as vendas da loja ou de consultores externos tĂȘm os mesmos procedimentos de uma venda online, a Ășnica diferença Ă© que tĂȘm um consultor responsĂĄvel identificado”, explica AndrĂ©.

A Closet possui clientes de todas as faixas etĂĄrias, mas 38 anos Ă© a idade mĂ©dia dos atuais consumidores da marca. Segundo AndrĂ©, as compras sĂŁo feitas em sua maior par-te pelos prĂłprios homens, porĂ©m, existem mulheres que compram para seus maridos, chefes, irmĂŁos, por exem-plo. “Estatisticamente, as mulheres fazem, atualmente, apenas 8,98% das compras. Nossa experiĂȘncia comprova que os homens tĂȘm preferido comprar sozinhos, porĂ©m ainda Ă© muito comum que o homem leve a esposa atĂ© a loja para opinar sobre a camisa”, revela. “Nossa intenção Ă© que o cliente conheça a loja, fique satisfeito com o

produto e adquira confiança para comprar apenas pela Internet, sozinho. O cliente jĂĄ tem as medidas e opçÔes cadastradas e sĂł precisa escolher o tecido, e qualquer pequeno ajuste Ă© fĂĄcil de fazer e o cliente jĂĄ sabe que a camisa vestirĂĄ bem”, comenta.

Isso vai ao encontro do que argumenta o consultor AntĂŽnio CĂ©sar: “o conhecimento prĂ©vio da loja e/ou do produto, alĂ©m das migraçÔes das pessoas para outras cidades, devido Ă  globalização, sĂŁo os principais motivos que levam Ă  compra pela internet”.

Com a proposta de oferecer oportunidades de compras a seus sĂłcios, o site Coquelux (coquelux.com.br) foi lan-çado hĂĄ menos de um ano pelos franceses Pierre-Em-manuel Joffre e Laurent Zago, profissionais experientes no mercado de luxo internacional. O site Ă© um clube fechado para membros convidados, que buscam as marcas mais desejadas de roupas, acessĂłrios, beleza, design e art de vivre. Toda semana, a Coquelux disponi-biliza novas oportunidades de compra – uma marca de cada vez, durante dois dias.

Para Pierre-Emmanuel Joffre, a falta de padronização das roupas Ă© um dos grandes responsĂĄveis pelo receio da com-pra pela internet aqui no Brasil. Diante disso, o Coquelux criou uma ferramenta exclusiva, um manequim virtual. “Os sĂłcios podem criar atĂ© quatro manequins e, junto com o guia de medidas, que inclui comprimento das mangas, com-primento interno das pernas, cintura, tĂłrax, ombro, circunfe-rĂȘncia do pescoço, entre outros, para garantir que o produto comprado sirva perfeitamente” ressalta Joffre. Segundo Pierre-Emmanuel, o site tem pĂșblico na faixa etĂĄria de 20 a 40 anos, sendo que as mulheres ainda se interessam mais pelas compras. “80% do nosso consumidor Ă© feminino, em-bora comprando tambĂ©m para eles”. O site vende marcas masculinas renomadas como Dior, Yves Sant Laurent, uMa, IĂłdice, Zapping, O Estilista, Poko Pano, entre outras.

O culto à roupaCOMO O NOVO PÚBLICO MASCULINO CONSOME MODA

Por Fernanda Maciel

Consultoria: Paula VisonĂĄ

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calçados & bolsas

Os traços do rosto assim como o desenho dos produtos nĂŁo escondem sua origem. Nascida no LĂ­bano, Raouda Assaf veio aos 11 anos para o Brasil junto de seus pais e irmĂŁos, fato que determinou o rumo de sua vida e carreira. Conhecida internacionalmente e respeitada como designer de calçados de luxo, Raouda recebeu a UseFashion em sua passagem pelo sul do Brasil e con-tou para nossa reportagem, em primeira mĂŁo, sobre sua coleção de inverno que estĂĄ sendo desenvolvida por aqui. TambĂ©m falou sobre a opção pela moda e a experiĂȘncia internacional.

Formada no Brasil em arquitetura, ela conviveu com a cultura ĂĄrabe dentro de casa e com a brasileira na ci-dade de Santos, onde a famĂ­lia Assaf se fixou. A curio-sidade e o talento plural levaram Raouda a questionar se a arquitetura era realmente o que queria fazer.

Depois de ganhar uma bolsa de estudos para aprimo-ramento em arquitetura no Egito, ela foi para ItĂĄlia cursar Design. Em seguida, saiu em viagem pelo mun-do chegando atĂ© a AustrĂĄlia. As andanças pelo planeta despertaram a vontade de cursar Moda e foi entĂŁo que ela começou a fazer calçados e bolsas. Trabalhou para algumas marcas internacionais atĂ© que criou a sua. O ecletismo de referĂȘncias e a qualidade dos produtos que ela cria nĂŁo tardaram a conquistar o pĂșblico fe-minino. Hoje, Raouda vende em mais de 70 pontos no mundo, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, ItĂĄlia, AustrĂĄlia, JordĂąnia, LĂ­bano, Dubai e JapĂŁo.

“O que Ă© grandioso nĂŁo nasce grandioso, somente com o tempo ganha esse status e Ă©, nesse instante, que nasce a identidade, a construção de um trabalho autoral e formador de opiniĂŁo”, afirma ela, que com entusiasmo conta o resultado de sua primeira coleção, desenvolvida em 2005. “Minha primeira coleção foi uma explosĂŁo de criatividade, mas devo confessar que nĂŁo era nada exeqĂŒĂ­vel, vendo-a hoje, consigo abstrair infinitas referĂȘncias e dali criar outras tantas coleçÔes”.

Mesmo com os impedimentos que ela mesma iden-tifica, a coleção chamou a atenção do pĂșblico e da mĂ­dia ganhando destaque na Vogue inglesa, na ala “International Designers” da maior feira do setor, a Micam, e na vitrine da Selfridges. E nĂŁo Ă© para menos, sua estĂ©tica e seu mĂ©todo de trabalho exploram toda a bagagem cultural que ela acumulou pelo mundo. “O ĂĄrabe sempre morou no deserto, que Ă© monocromĂĄ-tico, portanto, abusa das cores para deixar sua vida mais rica e alegre. Para mim, todas as cores combinam entre si e se completam”, declara.

A designer conta que as dificuldades por vezes se sobressaĂ­am em seu processo de produção. “Sempre que queremos fazer algo inexistente no mercado e enfrentamos resistĂȘncia dos que trabalham de forma convencional. NĂŁo Ă© fĂĄcil desconstruir algo que estĂĄ sedimentado e começar o novo. O sabor de realização apĂłs essa busca Ă© muito maior”.

A visibilidade lhe rendeu parcerias importantes, uma de-

A arquiteta de sapatosRAOUDA ASSAF: TALENTO A SERVIÇO DO MERCADO DE LUXO

Por Lisie Venegas

Colaboração: InĂȘz Gularte

las com a festejada dupla Basso and Brooke, que desfila em Londres e Ă© formada por um brasileiro e um inglĂȘs.

Na sua linha, com modelos limpos, empregando couro de vaca e cabra, e primor no acabamento e nos de-talhes, ela atinge o nicho do luxo, mas tem planos de expandir o alcance da marca.

“Tenho a intenção de desenhar sapatos masculinos e tambĂ©m de criar uma linha anexa que vĂĄ para o lado oposto da marca Raouda Assaf, contemplando o mercado do fast fashion. Esse acesso sĂł serĂĄ possĂ­vel quando a marca jĂĄ existente crescer, jĂĄ que Ă© o fato da empresa ser pequena e produzir em baixa escala que torna meu poder de negociação menor e acaba resultando em sapatos mais caros e exclusivos”.

Por outro lado, pondera. “Contudo, penso que Ă© nos momentos de crise, como o que estamos vivendo atu-almente, que vocĂȘ cresce e aprende a trabalhar melhor e aperfeiçoar seu core business. Esses sĂŁo alguns projetos que sĂł devem ser postos em prĂĄtica quando a situação estiver estabilizada”.

Para sua coleção de inverno 2009, a designer apos-tou em uma cartela com 10 cores. Entre elas, verde, roxo, azul intenso, alĂ©m dos metalizados e tecidos de tapeçaria que importou da SĂ­ria. “O salto Ă© um detalhe Ă  parte. Este que acabo de desenvolver, todo torcido e que me faz lembrar muito as curvas de um corpo femi-nino e traduz um desejo da mulher atual: alĂ©m de ser prĂĄtica e moderna, ela precisa resgatar o romantismo”.

Basso and Brooke | Londres

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infantil

Os anos 70 dĂŁo o tom das coleçÔes de verĂŁo para a criançada. Antigas tĂ©cnicas manuais ganharam novos processos, mantendo o aspecto artesanal e agora prome-tem tomar conta da moda infantil no verĂŁo 2010. Para al-gumas marcas no Brasil, o estilo jĂĄ acontece, antecipando a tendĂȘncia. É bom lembrar que as mĂŁes de agora eram as crianças dos anos 1970/1980. Esta vivĂȘncia impacta a memĂłria afetiva e facilita a assimilação do estilo para seus filhos no presente.

Os detalhes ganharam força na estação, principalmen-te o crochĂȘ, usado tanto nas roupas como tambĂ©m em acessĂłrios. O patchwork e a tĂ©cnica de tingimento tie-dye tambĂ©m foram adotado para realçar o ar setentista nas produçÔes.

A grife infantil PUC, na sua linha de alto verão, apostou em modelagens mais longas e amplas, com peças reple-tas de aplicaçÔes e bordados que remetem à paz e amor,

Ar setentistaCOLEÇÕES APRESENTAM PEÇAS COM ASPECTOS ARTESANAIS

Por Fernanda MacielConsultoria: Renata SpillerColaboração: Thomas Hartmann

O CLÁSSICO

Embora nĂŁo produzindo coleçÔes inspiradas nos anos 70, a OrtopĂ© traz de volta os clĂĄssicos dessa Ă©poca. A coleção Especial OrtopĂ© foi remodelada e com uma tecnologia prĂłpria. Os modelos, que tiveram seu auge nos anos 70 e tambĂ©m nos anos 80, agora trazem silhuetas mais acentuadas, design de movimento, cores e detalhes que acompanham as tendĂȘncias da tempo-rada. As sandĂĄlias, nas cores verde, terra e marinho, tĂȘm fechamento em velcro ou fivela personalizada.

Campanha PUC de alto verĂŁo 2009 Nolita Pocket | VerĂŁo 2010 Nolita Pocket | VerĂŁo 2010

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bem ao estilo hippie. Para incentivar a customização, a grife criou um kit que permite diversas criaçÔes com apenas uma camiseta e tinta colorida para obter combi-naçÔes diferentes e criativas de estampas em tie-dye.

Marcas como Nolita Pocket e Lu-MĂ , desfiladas na Pitti Bimbo, mostraram forte aposta na tendĂȘncia anos 70 no verĂŁo 2010. Elas abusaram das hair bands para enfeitar os cabelos das meninas, com tiras em couro, borboletas aplicadas e tecidos florais. Nas roupas, ambas apresen-taram modelagem setentista nas calças e batas. JĂĄ as sandĂĄlias ganharam cabedais mais simples com ar retrĂŽ e aparĂȘncia mais rĂșstica. As grifes LeviÂŽs e Agatha Ruiz de La Prada apontaram a referĂȘncia estampas, com degra-dĂȘs e ti-dye.

Esta tendĂȘncia jĂĄ foi apontada em setembro na Megaten-dĂȘncia Imaginação. Para ver mais, acesse a MegatendĂȘn-cia Infantil em www.usefashion.com.

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acessĂłrios

Tempos modernos

Os relógios femininos estão no centro das atençÔes, ocupando påginas e mais påginas de publicidade nas re-vistas internacionais, além de editoriais inteiros dedicados ao assunto. O interesse pelo acessório estå intimamente ligado à liberação feminina, à presença da mulher no mercado de trabalho e ao seu poder de decisão na hora da compra. Os tempos mudaram e os relógios também. Para atender esse novo perfil de consumidora, o merca-do relojoeiro vem buscando especializar-se. Se antes os modelos masculinos eram adaptados para elas, hoje, os relógios são pensados levando em conta a pluralidade desta nova mulher: que trabalha, estuda, é mãe, esposa, cuida da casa e ainda encontra tempo para praticar esporte e se divertir. Uma mulher bem informada, que tem compromissos, cuida de si mesma e que valoriza seu estilo.

O embaixador da H.Stern no Brasil, Christian Hallot, diz que, normalmente, o homem leva mais em conta a tradi-ção do que a moda na hora da compra. “Ele comprarĂĄ um modelo e o usarĂĄ por anos a fio”. Acontece que o consumidor masculino coleciona relĂłgios, escolhendo-os pelos mecanismos sofisticados, sem se preocupar muito com o estilo. Enquanto isso, a mulher quer uma varie-dade de modelos para acompanhar o que Ă© tendĂȘncia, para combinar o acessĂłrio com o seu guarda-roupa, sem abrir mĂŁo da funcionalidade. “A relojoaria tem de atender Ă s necessidades das mulheres e ainda somar o gosto que elas tĂȘm de variar segundo a moda, que estĂĄ enraizada em seu hĂĄbito de consumo”.

Entre os modelos que estĂŁo em destaque, Christian elege

os relĂłgios funcionais (com cronĂłgrafos, calendĂĄrios de duplo fuso-horĂĄrio, relĂłgios digitais, Ă  prova d’água e com funçÔes esportivas), relĂłgios com design sofisticado e atemporal, relĂłgios com cores femininas, relĂłgios com pedras preciosas, principalmente diamantes, reedição de modelos antigos, relĂłgios com autogratificação (com segredos que sĂł a usuĂĄria conhece) e relĂłgios versĂĄteis (que permitem a troca de pulseiras ou de mostradores).

Para o consultor em relojoaria e editor do site portuguĂȘs RelĂłgios & RelĂłgios, CĂ©sar A. A. Rovel, as grandes mar-cas estĂŁo desenvolvendo modelos femininos tecnicamente mais sofisticados, com complicaçÔes antes vistas apenas em modelos masculinos. Mecanismos que trazem infor-maçÔes astronĂŽmicas, como as fases da lua em grandes dimensĂ”es, e tambĂ©m cronĂłgrafos, especialmente em modelos mais esportivos, sĂŁo exemplos dessa novidade. “Prova da valorização do funcionamento das mĂĄquinas, Ă© o lançamento de grande nĂșmero de modelos femininos com aberturas no mostrador para a exibição dos meca-nismos”, exemplifica CĂ©sar. O consultor comenta ainda que os relĂłgios-jĂłias tĂȘm a vantagem de poderem ser uti-lizados em ocasiĂ”es mais informais, em que nĂŁo convĂ©m o uso de uma jĂłia muito vistosa. “Cristais tambĂ©m tĂȘm seu lugar, em modelos mais acessĂ­veis”.

Quando falamos em pulseiras, elas estão mais femininas, coloridas, feitas em materiais sofisticados como crocodilo tingido, telas com motivos florais, ou que remetem aos símbolos de marcas de prestígio. Hå ainda pulseiras em ouro e pedras preciosas e, até mesmo, modelos com pe-les exóticas, como galluchat (de arraia), chinchila e couro

RELÓGIOS MUDAM PARA CONQUISTAR PÚBLICO FEMININO

Por InĂȘz Gularte

Consultoria: Renata Spiller

No passado, as mulheres nĂŁo precisavam ater-se aos horĂĄrios, uma vez que as suas funçÔes diĂĄrias se re-sumiam ao cuidado com o lar. No final do sĂ©culo XIX, principalmente na Belle Époque, alguns pequenos relĂłgios femininos começaram a aparecer sob forma de penden-tes, relĂłgio de lapela, ou na tradicional chĂątelaine, usada pelas donas de casa no final da Ă©poca Vitoriana. Curiosa-mente, os mostradores eram voltados para dentro, a fim de mostrar o verso como se fosse uma jĂłia (em muitos casos, com pedrarias e belas gravaçÔes em esmalte).

No inĂ­cio do sĂ©culo XX, com o advento das duas Guerras Mundiais, com os homens no front e as mulheres em casa com os filhos, mais uma vez, os relĂłgios femininos nĂŁo tiveram a mesma importĂąncia que as jĂłias. Neste perĂ­odo, o crescimento da burguesia chegou ao seu auge. Novas minas de pedras foram encontradas e vieram ao encon-tro destas consumidoras que se dedicavam mais Ă s jĂłias que aos relĂłgios. Aqueles que existiam eram pequenos, apenas para lembrar os compromissos e, muitas vezes, camuflados em belas pulseiras de ouro e pedras. Eram chamados de “Montres Bijoux” e, quanto menores, mais procurados.

A Rainha Elizabeth II, usou durante a cerimĂŽnia de ca-

DÉCADAS SE PASSARAMFonte: Christian Hallot/Embaixador H.Stern

samento, o relĂłgio com o menor mecanismo do mundo, escondido em uma fina pulseira de ouro. A reputação da “pontualidade britĂąnica” nĂŁo poderia falhar neste momen-to tĂŁo importante e, coube Ă  manufatura Jaeger LeCoultre a confecção deste minĂșsculo relĂłgio de pulso.

No pĂłs-guerra, na dĂ©cada de 50 atĂ© meados dos 60, a feminilidade da mulher foi materializada por Christian Dior, Givenchy e Balenciaga entre outros grandes nomes da moda. A mulher neste perĂ­odo se cuidava, vivia bem, e ficava prĂłxima de sua prole nascida no fenĂŽmeno conhecido como baby boom. O marido tinha o emprego dos sonhos e desfilava o seu automĂłvel “rabo de peixe”. Era o “American Dream”, que privilegiava as posses, mais do que a preocupação com o tempo. Mais uma vez para elas, as jĂłias tinham mais peso que os relĂłgios. Jackie Kennedy Ă© o retrato do final deste perĂ­odo que antecede uma verdadeira revolução no consumo.

A nova geração nascida do pĂłs-guerra chega Ă  maturida-de na segunda metade da dĂ©cada de 60. Revoltados com a guerra do VietnĂŁ e as desigualdades raciais e sexuais, o que deveria ser um pequeno festival de mĂșsica do interior dos Estados Unidos, onde eram esperadas 20 mil pessoas, recebeu mais de 200 mil jovens. Era o Woodstock e o

tempo dos hippies. Ali, a mulher começou a apoderar-se dos objetos masculinos e vice-versa. Surgiu a moda unis-sex. O jeans passou a ser o uniforme dos jovens e, mais tarde, de todos nós.

Passado este período na década de 70, a mulher retomou fÎlego. As desigualdades foram desaparecendo e, no universo dos relógios, a mulher apoderou-se dos modelos masculinos por total falta de opção, uma vez que a posi-ção feminina no ùmbito profissional ainda estava se con-solidando. Mostrar poder naquele momento era, antes de tudo, parecer-se com o homem. Yves Saint Laurent criou para a mulher o smoking feminino. Vieram os mocassins, as camisas com abotoaduras, entre outros.

Nos anos 80, houve uma retomada da feminilidade. O scarpin voltou, mas com toques bem masculinos. As ombreiras eram onipresentes nas roupas e, os relĂłgios masculinos foram sendo apoderados. Nos anos 90, outro importante fenĂŽmeno aconteceu: a globalização. Com ela, as fronteiras caĂ­ram. As mulheres ganharam o mercado de trabalho. Hoje tĂȘm o seu prĂłprio dinheiro, tem poder de compra e, melhor ainda, o poder de decisĂŁo de compra do casal. A igualdade chegou e a indĂșstria relojoeira estĂĄ se adequando aos novos tempos.

de avestruz. Mas, se perguntarmos se os modelos serĂŁo mais delicados, especialistas informam que a tendĂȘncia de caixas e pulseiras grandes e largas deve continuar, no entanto tĂȘm seus dias contados. “A indĂșstria relojoeira deve levar cerca de uma dĂ©cada para se adaptar aos pa-drĂ”es femininos, o que em joalheria Ă© um mĂ©dio prazo”, explica Christian. Ele acredita que, aos poucos, os novos relĂłgios devem ficar mais delicados.

As caixas, apesar de ainda grandes, estĂŁo mais propor-cionais aos pulsos femininos. “Os tamanhos de 27mm a 35mmm estĂŁo entre os mais procurados”, diz Christian. Nos metais, destaque para o ouro amarelo e o rosĂ©, que estĂŁo de volta, depois da supremacia do metal branco, na dĂ©cada de 90. Vale lembrar tambĂ©m as ligas especiais mais leves, de acordo com o consultor CĂ©sar.

Para Ana Paula Okamoto, gerente de relógios da Vivara, a peça se consolida como um acessório de moda que valoriza a produção, com destaque para os modelos clåssicos e clean. Entre as pulseiras, Ana destaca as finas e de cor branca. E avisa: os modelos clåssicos de caixas redondas são trocados, nesta coleção, por caixas quadra-das e retangulares.

Na Tissot, a tendĂȘncia pede por relĂłgios grandes e largos. Laurent Tavares, gerente de marca, diz que os re-lĂłgios mecĂąnicos sĂŁo os preferidos, pela longa duração. Modelos vintage, em madrepĂ©rola, mais clĂĄssicos e atem-porais, e tambĂ©m aqueles com jĂłias grandes, brilhantes e diamantes, sĂŁo os destaques. “NĂŁo existe mais a ditadura do fino, os relĂłgios sĂŁo redondos e com caixas altas”.

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acontece

A 3ÂȘ edição da Minas Trend Preview, que ocorreu em Belo Horizonte no mĂȘs de novembro, recebeu mais de 6 mil visitantes, entre eles compradores de paĂ­ses como França, Portugal, AustrĂĄlia, Inglaterra e Angola. De acordo com a Associação Brasileira da IndĂșstria de Calçados (Abicalçados), a expectativa de negĂłcios para o inverno 2009, temporada apresentada no evento, Ă© da ordem de US$ 383 mil.

JĂĄ para a Associação Brasileira da IndĂșstria TĂȘxtil e de Confecção (ABIT), que trouxe clientes de Dubai, Lon-dres, Alemanha, ColĂŽmbia e Áustria, a expectativa Ă© de US$ 298 mil. O evento tem se destacado na moda nacional jĂĄ que antecipa muitas coleçÔes que serĂŁo apresentadas nas semanas de moda de SĂŁo Paulo e Rio de Janeiro.

Umas das boas notĂ­cias ressaltadas pela organização do Minas Trend Ă© que o setor de bolsas no mercado brasileiro cresce cerca de 20% a cada edição da feira. “Hoje, o volume de negĂłcios jĂĄ Ă© comparĂĄvel Ă s vendas efetuadas em eventos de lançamento como Couromoda e Francal”, aponta o presidente do Sin-dicato de Bolsas de Minas Gerais (Sindibolsas-MG), GetĂșlio GuimarĂŁes.

As coleçÔes de vestuĂĄrio, que investem pesado em vestidos de mĂșltiplos modelos, confirmaram as Me-gatendĂȘncias de Inverno 2009 divulgadas hĂĄ quase um ano pelo NĂșcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. A “Drama” recebeu ĂȘnfase sendo representada pelas cores P&B, alĂ©m da presença das transparĂȘncias em detalhes ou no look total.

No caso dos calçados e bolsas, os pĂȘlos serĂŁo um dos hits. Sua utilização Ă© mais freqĂŒente nos modelos de salto alto fino, ou mĂ©dio, neste com espessura mais grossa. JĂĄ nas bolsas, os pĂȘlos aparecem como coadjuvantes, e no vestuĂĄrio esbanjam ousadia ao estar no look total. A cartela de cores Ă© variada, e vai desde tons naturais, especialmente nos pĂȘlos de boi, atĂ© estampas de leopardo e girafa. Quando tingidos, as cores que tĂȘm predileção sĂŁo preto, branco, rosa, roxo e cinza, alĂ©m dos terrosos.

A UseFashion cobriu 40 estandes no Minas Trend Preview que estĂŁo disponĂ­veis no link Feiras do portal usefashion.com. LĂĄ vocĂȘ tambĂ©m pode conferir os desfiles. A prĂłxima edição do evento, primavera-verĂŁo 2010, jĂĄ tem data marcada: de 29 de abril a 2 de maio de 2009.

Evento se consolida como um dos principais da moda no BrasilMINAS TREND PREVIEW | INVERNO 2009 fo

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ping-pongO capixaba Ivan Aguilar desponta com suas criaçÔes em alfaiataria. Ele reinventa o clåssico no guarda-roupa masculino em um misto de elegùncia com um certo ar despojado. Compondo o line up do Fashion Rio, é um dos grandes nomes da nova geração de estilistas brasileiros.

Ícone de moda? Vintage: Yves Saint Laurent; atual: Marc Jacobs.

IndispensĂĄvel no guarda-roupa? PaletĂł.

Sonho de consumo? Ano sabĂĄtico.

A melhor compra? Meu apĂȘ em SP.

Pior compra? Um sapato maravi-lhoso, porém muito duro.

Não usaria? Calça boca-de-sino.

Um presente marcante? Eu tinha 11 anos e estava com os dois dedi-nhos do pé quebrado e minha irmã me deu meu primeiro sapato de couro. Outro presente marcante foi meu primeiro caderno de desenhos.

Um aroma? Pode ser o cheirinho de alho queimado?

MĂșsica do momento para vocĂȘ? Lounge para desenhar.

Seu estilo? Livre e descompromissado.

Um livro? Rumo ao farol de VirgĂ­nia Woolf.

Uma frase? “A inquietação rouba a paz”.

Um filme? Yentl.

Um lugar? Pedra Azul, a Campos do JordĂŁo do ES.

Uma comida? Ravioli de Mandioqui-nha do Valsugana, em Pedra Azul.

O Brasil hoje? Esperançoso e pro-pício para quem quer trabalhar.

Uma mania? Trabalho.

Uma dica? Seja feliz com o que tem.

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VerĂŁo 2009 | Fashion Rio

opiniĂŁoREGINA MACHADO*

provocado pelas mercadorias das culturas distantes. Atu-almente, trocamos o sentido da rota e, agora, a produção brasileira tem se dedicado a apresentar as maravilhas do novo mundo a todo o mundo.

O Oriente sempre foi o outro e a alteridade faz parte do jogo da moda. A diferença cultural atiça a curiosida-de e funciona como ingrediente sedutor para o espírito romùntico do consumo. No GPS ficcional de Marco Pólo podemos encontrar importantes pistas de um caminho possível para a comercialização dos produtos brasileiros.

No passado, na primeira etapa do mercantilismo, a necessidade de aumento de clientela ajudou o desenvolvi-mento da tolerùncia entre culturas. Hoje, com a partici-pação das missÔes brasileiras nas feiras do mundo årabe, verificamos que o consumo se mantém como eficiente operador da troca entre diferentes estilos de vida.

A experiĂȘncia do setor joalheiro nacional tem colhido bons resultados atravĂ©s de uma atitude empresarial des-bravadora e perseverante.

A sabedoria de nossas avĂłs nos aconselhou que “nĂŁo colocĂĄssemos todos os ovos numa mesma cesta”. Esta Ă© a hora de pĂŽr em prĂĄtica esses ensinamentos.

A joalheria, que nunca menospreza o conhecimento do passado, ouviu os chamados e o design do luxo brasileiro nĂŁo se descuidou.

Apesar de todo o empenho que os fabricantes nacionais tĂȘm dedicado ao mercado europeu e, sobretudo, ao mercado da AmĂ©rica do Norte, vĂĄrias outras rotas de trocas tĂȘm sido implementadas. O flerte entre a produção brasileira e o mundo ĂĄrabe Ă© fruto de um empreendimen-to visionĂĄrio e vem conquistando um bom posicionamento para nossas mercadorias.

Nossas jóias representam justamente uma outra joalheria. Nosso design não tem o seu preço estabelecido pelos va-lores materiais das peças, mas pela inovação no próprio conceito de joalheria. As jóias brasileiras comunicam um jeito leve de estar no mundo e prometem rejuvenescer os mais tradicionais dos looks. Por entre burcas e xadors os olhinhos das consumidoras entendem o recado e brilham.

UM MUNDO DE HERMANOS E PRIMOS

Nossa familiaridade hermana opera milagres comunica-

cionais no Mercosul, assim como, inversamente, nossa estranheza exĂłtica suscita curiosidades irresistĂ­veis no prĂłspero mercado do mundo ĂĄrabe. No cada vez mais global mapa geo-econĂŽmico do consumo contemporĂą-neo, nĂŁo passa despercebido o potencial comercial do supermarket da diversidade.

Muita coisa mudou em muito pouco tempo.

Dubai, por exemplo, passou de um lugar que ninguém nem lembrava que existia até o destino darling dos viajantes menos aventureiros e mais hedonistas de todo o mundo. Como isso se deu?

A receita dessa poção mĂĄgica Ă© secreta e utiliza vĂĄrios ingredientes em seu caldeirĂŁo. No entanto, podemos apostar que o elemento fundamental de sua alquimia Ă©, sem dĂșvida, o fator simbĂłlico do consumo que aproxima imaginĂĄrios e possibilita a comunicação entre diferentes culturas.

NEOMERCANTILISMO PLANETÁRIO?

Temos cada vez mais pensado a moda e o consumo dentro de um universo espacial planetĂĄrio. O imaginĂĄrio contemporĂąneo jĂĄ se habituou - vale lembrar o conceito de habitus de Pierre Bourdieu - a pensar o planeta como seu territĂłrio. O caminho para o Oriente jĂĄ nem Ă© tĂŁo distante ou mesmo diferente.

O olhar moderno buscou classificar culturas através da identificação das diferenças. O olho contemporùneo estabelece semelhanças, sem abrir mão da riqueza da diversidade.

A chamada de Marco Pólo mantém até hoje a sua valida-de e permanece promovendo a aventura cognitiva con-temporùnea. A distùncia, o desconhecido e a diferença continuam sendo os ingredientes fascinantes que estimu-lam trocas simbólicas e ritos de passagem. O consumo é o operador mågico que faz desaparecer a distùncia entre as culturas.

BRASIL-DUBAI: O SUPERMARKET DA DIVERSIDADE

Em sua marcha, Marco Pólo ampliou o repertório de ima-ginårios que até os dias atuais povoa o mercado global. Mais do que nunca, o ambiente do consumo tem sido

* Regina Machado é doutoranda de comuni-cação da ECO/UFRJ, pesquisadora do grupo de estudos de comportamento ETHOS e do IBGM, coordenadora de Design de Jóias da Universidade Veiga de Almeida/RJ e assina a coluna Faro Fino do site www.infojoia.com.br.

NA ROTA DE MARCO PÓLOO NOVO MERCADO DAS MARAVILHAS

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“Senhores, imperadores e reis, duques e marqueses, condes, cavalheiros e burgueses e todos vĂłs que quereis conhecer as diferentes raças de homens e a variedade das diversas regi-Ă”es do mundo e ser informado de seus usos e costumes...”

Marco PĂłlo.

editorial

Em tempos de incertezas, o papel dos sistemas de informação cresce no Brasil. Em pesquisa sobre a crise, realizada com 748 profissionais de moda brasileiros entre 28 de outubro e 4 de novembro, levantamos que 76% consideram que as informaçÔes antecipadas por empresas de pesquisa como a nossa são relevantes ou muito relevantes.

Quase metade dos entrevistados concluiu que a crise jĂĄ impactou negativamente seu negĂłcio (368 respostas). A amostra foi composta por 318 fabricantes de produ-tos prontos, 172 prestadores de serviço, 171 varejistas, 61 estudantes, 15 indĂșstrias de matĂ©ria-prima e de maquinĂĄrio e 11 indĂșstrias de componentes. Cerca de 60% trabalham com vestuĂĄrio feminino, 34% com vestuĂĄrio masculino, 23% com vestuĂĄrio infantil. AlĂ©m disso, 34% indicaram atuação em acessĂłrios, 20% em jeans, 25% em bolsas e 26% em calçados (foi possĂ­vel marcar mais de uma alternativa, por isso a soma das porcentagens ultrapassa 100%).

A idéia é não errar durante a crise. Estamos vivencian-do um período em que é crucial as empresas terem informaçÔes estratégicas sobre o futuro que se aproxi-ma. O empresårio precisa, mais do que nunca, buscar fontes confiåveis para aumentar a eficåcia da criação das suas coleçÔes e maximizar seus lucros.

Líder em pesquisa de moda no Brasil, nossa empresa cresceu 20% em novembro de 2008 em comparação com o mesmo período de 2007, apesar da crise. A atual situação cambial trouxe benefícios para nossos clientes, visto que os custos para adquirir informaçÔes de outras fontes se tornaram mais dispendiosos.

Durante o mĂȘs de novembro, lançamos a campanha “Sim, nĂłs podemos te ajudar a enfrentar a crise”, em uma alusĂŁo Ă  estratĂ©gia adotada pelo presidente re-cĂ©m-eleito nos Estados Unidos Barack Obama. Juntos, nĂłs podemos antecipar tendĂȘncias; incentivar o pro-cesso criativo; criar algo novo todos os dias; aumentar suas vendas; reduzir riscos; minimizar custos, ampliar o valor de sua marca, maximizar seus lucros e a alcançar o sucesso.

Nossa idéia é mostrar à moda brasileira que os desa-fios impostos não são maiores do que a nossa capaci-dade técnica e criativa. Nos próximos meses, veremos queda de consumo de bens duråveis e novas janelas de vendas para bens não-duråveis, como os da cadeia da moda. Não é à toa que grifes como HermÚs e Louis Vuitton estão se instalando por aqui.

Esta crise durarå cerca de dois anos, e avistaremos possibilidade de maior exportação e também uma queda acentuada nas importaçÔes - notadamente dos produtos asiåticos. Projeção do Credit Suisse, por exemplo, aponta para uma queda de 17% nas impor-taçÔes brasileiras, abrindo novos negócios para as empresas nacionais.

Onde vocĂȘ estarĂĄ, e o que estarĂĄ fazendo quando es-tas oportunidades se abrirem no horizonte? Como vocĂȘ vai encarar este desafio? Conte conosco.

Invista em conhecimento para nĂŁo errar na crise

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lojas

Adrenalina: The Extreme StoreSURF, DENTRO DA LOJA, PARA AMANTES DE ESPORTES RADICAIS

Ondas, gente surfando e muita adrenalina. Pela descrição, logo vem Ă  cabeça o cenĂĄrio de uma praia. Mas, acredite, estamos em uma loja. A Adrenalina Store, com matriz em Miami, nos Estados Unidos, e mais trĂȘs pontos-de-venda instalados em shopping centers, na FlĂłrida, Ă©, no mĂ­nimo, diferente. Dentro da tendĂȘncia shop-o-tainment, que alia compra a entretenimento, todas as lojas da rede seguem o mesmo conceito: tĂȘm como centro das atençÔes e com exclusividade um compacto simulador de ondas para a prĂĄtica de surf, o FlowRiderÂź. Comum em cruzeiros de luxo, resorts e parques de diversĂŁo, Ă© a primeira vez que o simulador Ă© instalado no varejo. Na Adrenalina, enquanto escolhe o que vai levar, o cliente pode observar como os equipamentos, as roupas especiais e os acessĂłrios se com-portam em ação dentro da ĂĄgua. Pode, inclusive, experi-mentar tudo o que comprou, ou apenas se divertir. Para os iniciantes, a loja oferece cursos ou aulas avulsas orientadas por instrutores.

Com projeto executado pelo Otto Design Group, a Adre-nalina tem ambientação e expositores em madeira e aço galvanizado. Tudo é projetado no sentido de atender às expectativas dos amantes de esportes radicais e também pensando naqueles que desejam saber mais sobre este estilo de vida. Na fachada e dentro da loja, troncos e årvores naturais remetem ao clima outdoor. Grandes janelas permitem que o FlowRiderŸ seja visto de qualquer ponto do ambiente. O simulador de ondas é cercado por vidro vedado para não molhar os expectadores nem

deixar que a umidade danifique os produtos expostos. As lojas da rede tĂȘm em mĂ©dia 789 mÂČ, e o custo para a instalação do simulador Ă© de US$ 1 milhĂŁo, enquanto que o custo total de cada loja gira em torno de US$ 1,6 e 2 milhĂ”es.

O foco principal da Adrenalina Store Ă© a geração Y, perfeitamente ambientada e adepta das novas tecnolo-gias, alĂ©m de ligada aos esportes radicais. SĂŁo aquelas pessoas nascidas entre 1980 e 1990, ou como dizem algumas vertentes, entre 1975 e 1985. Apesar de ter como pĂșblico-alvo principal esse segmento, o trabalho com marcas conceituadas como Billabong, Quiksilver, Zoo York e O’Neill, faz com que os produtos agradem a consumidores de diversas faixas etĂĄrias. O mesmo se pode dizer sobre a grande atração da loja. Quem nĂŁo se anima a testar suas habilidades no simulador, pode parti-cipar tambĂ©m como expectador. E muitos se surpreendem com esse cenĂĄrio pouco provĂĄvel dentro de um shopping.

O sinal de que a estratégia estå dando certo aparece nos planos de expansão da empresa no varejo. Estão sendo construídos pontos de venda no North Point Mall, em Alpharetta, na Georgia; no The Cherry Creek Shopping Center, em Denver, no Colorado; e no The Shops Willow Bend, em Plano, no Texas. Além disso, a empresa assinou contratos de aluguel no The Galleria, em Houston, no Texas, e no Meadowlands Xanadu, em East Rutherford, em New Jersey. As novas lojas devem ser maiores, com cerca de mil metros quadrados cada.

A IDÉIA

A Adrenalina nasceu a partir do sucesso de um pro-grama de televisão sobre esportes radicais de mesmo nome que vai ao ar no SITV, nos Estados Unidos, e no Sun Channel, em alguns países da América Latina. Enquanto apresentava o programa, em 2004, Zalman Lekach percebeu que a empresa tinha potencial para investir em um poderoso conceito de varejo. Nenhu-ma loja reunia, em um mesmo local, equipamentos e roupas específicas para a pråtica dos mais diversos esportes radicais. Acrescentar o simulador de ondas, pela primeira vez dentro de uma loja, e permitir que os usuårios testassem os produtos, foi o diferencial.

O grupo de gerenciamento trabalhou para colocar em pråtica a idéia, pensando no mix de roupas, acessórios e equipamentos para a pråtica de surf, skate, wakebo-ard, kitesurf, skimboard, mountain bike, entre outros. Além disso, obteve os direitos de venda exclusiva do FlowRiderŸ.

AlĂ©m do programa e das lojas, a Adrenalina desenvol-ve ainda trĂȘs publicaçÔes especializadas com foco no pĂșblico jovem.

ADRENALINA STORE

Miami International Mall

1455 NW 107 Avenues

Por InĂȘz Gularte

Colaboração: Rita Azevedo

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VBH | Paris

Louis Vuitton | Paris

Burberry | MilĂŁo

Mulberry | ParisVBH | Paris Mulberry | Paris

Brian Atwood | MilĂŁo Christian Louboutin | Paris Lanvin | ParisBottega Veneta | MilĂŁoBruno Frisoni | ParisRoger Vivier | Paris

Marni | MilĂŁo

Valentino | Paris

Louis Vuitton | Paris

Burberry | MilĂŁo

Christopher Kane | Londres

Bottega Veneta | MilĂŁo

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Uma cartela ligada Ă s origens, Ă s raĂ­zes, que evoca a terra, Ă s madeiras e toda a tradição do couro, que aparece no melhor das suas qualidades. Os acabamentos sĂŁo transparentes, revelam nuances de tonalidade em um amplo espectro de tons claros, mĂ©dio, e saturados como um grĂŁo de cafĂ©. O apelo das etnias, especialmente a África, paĂ­s que alinha as referĂȘncias visuais da Megaten-dĂȘncia FusĂŁo, eclode em produtos de toques sugestivos e inegĂĄvel beleza, entre a sofisticação e o primitivo. Confira mais desta MegatendĂȘncia no portal usefashion.com.

COLORA excelĂȘncia do couro somada Ă  força da cor: esta combinação poderosa Ă© tiro certo para o prĂłximo verĂŁo.A passagem vermelho/laranja-amarelo aplicada a um mesmo modelo , vai marcar presença. Uma alternativa Ă© introduzir roxo ou azul, justapostos na mistura. O rosa e o verde vĂŁo bem sozinhos. Os tons quentes, particularmente o vermelho ligam-se diretamente Ă  MegatendĂȘncia Trans-formers e instalam uma cartela “orgĂąnica” no coração da moda de verĂŁo.

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radar nacionalinverno 2009

Gustavo Silvestre | Casa de Criadores Corso Como Corso Como

Miezko Fause Haten

Walter Rodrigues

ClĂĄudia MourĂŁo

Prints I Like | Casa de Criadores

Corso Como CristĂłfoli

DĂ©bora Germani Margot

PatrĂ­cia MottaFause Haten

Corso Como

CORES DE INVERNONem só de preto vive a estação fria. Azuis, tons de rosa, roxos e vermelhos estabelecem outra direção para a cartela de inverno, puros ou misturados entre si. O fenÎ-meno do inverno colorido foi detectado tanto na Minas Trend Preview quanto na Casa de Criadores, até agora os dois principais eventos que apresentaram previews do inverno 2009 para o mercado nacional. Veja a cobertura completa dos dois no portal usefashion.com.

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comportamentopor Katia Canton*

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visual merchandising

A sugestĂŁo de objetos e espaços em 3D na vitrine Ă© muito criativa e atra-ente. A Stefanel, em Florença, estĂĄ trabalhando com essa idĂ©ia na atual coleção em todas as suas lojas. Enormes estantes sĂŁo na verdade planos retos de fundo e trazem uma espacialidade muito interessante. Note ainda que criativo os expositores: imensos livros feitos em madeira e revestidos de um material cor de laranja que destacam os produtos menores e servem de bancos para os manequins. Excelentes idĂ©ias para guardar e usar quando o tema “Volta Ă s aulas” surgir.

Em 2008, publicamos mais de 5,5 mil imagens em visual merchandising (mais de 150 delas foram comentadas) no portal usefashion.com. Acesse!

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Playboy é a mais bem humorada e, ao mesmo tempo, incÎmoda das obras. A lendåria revista vem cuidadosamente guardada numa bela caixa, como se fosse um tesouro. A artista refez a própria edição, colocando a Barbie como a grande protagonista da história.

A cada segundo, duas bonecas Barbie sĂŁo vendidas em algum lugar do planeta. A estatĂ­stica, revelada numa pes-quisa na internet, nos dĂĄ a idĂ©ia da potĂȘncia desse mito, que ao longo dos Ășltimos 50 anos, tornou-se o paradig-ma do ideal de beleza feminino.

Barbie foi criada no final dos anos 30, pelo casal Ruth e Eliot Handler, cuja filha, BĂĄrbara, gostava de vestir e trocar suas bonecas.

O casal Handler, dono da empresa de brinquedos Mattel, resolveu lançå-la na Feira Anual de Brinquedos de Nova York, em 1959, vendendo-a ao preço de 3 dólares cada. A tiragem inicial de 340.000 Barbies esgotou-se rapida-mente e novos modelos se seguiram no tempo, aumen-tando exponencialmente a popularidade da boneca.

Ironia do fato histĂłrico: a boneca surgiu em plenos anos 1960, marcados pela reivindicação das liberdades pesso-ais e pelo feminismo, que entre outras coisas, contestava a passividade da mulher-objeto. Pois, enquanto feministas norte-americanas queimavam sutiĂŁs em praça pĂșblica, a Barbie passava a ocupar locais privilegiados nas pratelei-ras das lojas de brinquedos, com sua figura loira de olhos azuis, sexy, magĂ©rrima e ao mesmo tempo curvilĂ­nea, vestida com modelos exuberantes, preferencialmente na cor rosa.

A grande particularidade, que gerou o sucesso imediato da Barbie, Ă© o fato dela nĂŁo ser uma boneca-menina, mas sim, uma boneca-mulher. Seus criadores perceberam que, no contexto da sociedade moderna, as meninas querem crescer e se tornar adultas e desejadas o quanto antes.

Podemos pensar aqui na erotização da infùncia, que pro-gressivamente assola as novas geraçÔes. Apresentadoras de programas televisivos destinados a crianças são loiras, vestem roupas sexies, etc. Ao mesmo tempo, podemos refletir também sobre uma infantilização da vida adulta.

Pois se o modelo de beleza feminina é uma boneca, cujas proporçÔes são impossíveis de serem reproduzidas em mulheres reais, estamos todas projetando no espelho a imagem idealizada de um ser plåstico, vendido juntamen-te com outros valores acoplados em seus acessórios e modelos: a roupa de grife que ela usa, a Ferrari que ela conduz, o sapato de salto altíssimo, o penteado blonde alisado e brilhante, o iPod da moda.

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* Katia Canton Ă© PhD em Artes Interdisciplinares pela Universidade de Nova York e livre-docente em Teoria e CrĂ­tica de Arte pela ECA USP. É docente e curadora do Museu de Arte Contempo-rĂąnea da USP e autora de vĂĄrios livros.

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perfil

UseFashion: VocĂȘ afirma em seu blog que nunca de-sejou ser estilista. A aproximação com a moda veio por causa de seus desenhos. Como tudo começou?

Ronaldo Fraga: Sempre gostei muito de desenhar e fazia todos os cursos gratuitos de desenho. Um dia, fiz um curso de desenho de moda, e aí tudo começou. Foi o desenho mesmo que me levou por esse caminho da moda.

UF: No inĂ­cio de sua carreira, vocĂȘ morou e estu-dou em Londres. Como o ambiente experimental da moda inglesa influenciou seu trabalho?

RF: A experiĂȘncia em Londres foi fundamental para o inĂ­cio da minha carreira, foi lĂĄ que de certa forma me profissionalizei. Vendendo chapĂ©us por lĂĄ, eu passei por uma verdadeira escola de pesquisa, desenho e venda de moda, sem contar a influĂȘncia do estilo de Londres, fundamental para a escolha de uma identidade.

UF: Como Ă© sua rotina atualmente?

RF: Tenho viajado bastante para dar palestras e tam-bém acompanhando projetos sociais. Quando estou em BH, passo a maior parte do tempo no meu atelier, cuidando das novas coleçÔes, inclusive da Ronaldo Fraga para Filhotes. E nas pouquíssimas horas vagas, é o tempo dos meus filhos e de minha mulher, entre parques, jardins e campos de futebol.

UF: VocĂȘ jĂĄ afirmou que o estrangeiro valoriza muito mais nossa cultura do que nĂłs mesmos. A que vocĂȘ atribui essa dificuldade do brasileiro com sua identidade?

RF: O brasileiro acha que a grama do vizinho é sem-pre mais verde. Isso é uma herança cultural, ou seja, continuamos esperando que a metrópole faça para irmos atrås. Então, só depois que o estrangeiro nos valorizar que faremos o mesmo.

UF: A mĂșsica e temas regionais estĂŁo muito pre-sentes em sua trajetĂłria como estilista. A cultura

de Minas Gerais lhe forneceu material para diver-sas coleçÔes. Fale sobre a importùncia da relação com a cultura do local de origem do estilista.

RF: Minas Gerais é um estado cheio de histórias e ri-quezas que precisam ser contadas. E uma coleção de moda tem que contar uma história, dizer algo. Dessa forma, Minas é um prato cheio, por isso sempre busco nas tradiçÔes que escuto desde criança elementos que possam figurar em minha coleção. Mas eu não olho só para a cultura mineira, eu olho para a cultura brasileira, que, por acaso, tem grandes expoentes aqui no estado.

UF: O regional Ă© mesmo universal?

RF: As pessoas costumam chamar aquilo que nĂŁo conhecem de regional. O fato de uma cultura ser alocada em determinado lugar sĂł a localiza, mas os valores, crenças e tradiçÔes sĂŁo do mundo, repre-sentam sociedades que fazem parte de uma grande colcha de retalhos, que conhecemos como cultura. O ingresso no mundo moderno Ă© a referĂȘncia individual que cada um traz de onde vem.

UF: VocĂȘ decidiu permanecer em Minas, ao con-trĂĄrio da maioria dos estilistas de trĂąnsito nacio-nal, que mudam para SĂŁo Paulo e Rio. Conte-nos sobre esta escolha e sobre as implicaçÔes profis-sionais dela.

RF: Eu me considero um herĂłi da resistĂȘncia por nĂŁo ter cedido. E BH Ă© a cidade que amo, onde tenho os meus elementos de referĂȘncia. Profissionalmente, eu montei uma estrutura para que eu pudesse trabalhar com a mesma qualidade de que se estivesse em SĂŁo Paulo. E o melhor, com qualidade de vida. É uma for-ma de oxigenação, voltar para casa em uma cidade que Ă© um misto de metrĂłpole e provĂ­ncia.

UF: Outra recorrĂȘncia Ă© a literatura. Entendemos que Ă© essa aproximação com a narrativa literĂĄ-

ria Ă© que dĂĄ forma aos seus desfiles. Como vocĂȘ trabalha moda e literatura?

RF: Tudo pode ser referĂȘncia para a moda, desde mĂș-sica, histĂłrias e, atĂ© mesmo, a literatura. Eu recorro a ela por ser um elemento fantĂĄstico, com grandes idĂ©ias, que podem ser expressas em um desfile e em toda a coleção. Principalmente se tratando de literatu-ra brasileira, que Ă© muito rica.

UF: VocĂȘ, com freqĂŒĂȘncia, Ă© convidado a pales-trar em faculdades e cursos de moda e design. Como vocĂȘ vĂȘ esse crescimento do meio acadĂȘ-mico no Brasil?

RF: Acho muito bacana essa profissionalização da moda, que tem seu inĂ­cio com os cursos acadĂȘmicos que crescem em todo o paĂ­s. Se for para agregar qualidade, inovação e campo profissional, acho muito vĂĄlido.

UF: Qual o seu olhar sobre a cĂłpia no sistema da moda?

RF: No meio de tanta cópia, pela democratização da informação, ganha valor também a autoralidade.

UF: VocĂȘ foi convidado a desfilar sua prĂłxima coleção de inverno nas semanas de moda do MĂ©-xico e da ColĂŽmbia. Comente essa participação internacional.

RF: Acho muito interessante e importante qualquer convite que me possibilite um envolvimento com países tão próximos e tão distantes para os brasileiros. Vivemos de costas para a América Latina, onde muitas coisas preciosas e emocionantes estão acontecendo.

UF: Fale sobre o trabalho de algum estilista que vocĂȘ admira.

RF: Gosto muito de Machado de Assis, pois ele faz personagens bem vestidos, elegantes e exuberantes.

UF: Se nĂŁo fosse estilista, vocĂȘ seria...

RF: Equilibrista.

Ser estilista nunca foi um desejo. Ele nĂŁo teve mĂŁe costureira ou imaginou que seus desenhos um dia se transformariam em coleçÔes. Mesmo assim, o destino traçou seu caminho. A paixĂŁo pelo desenho fez com que Ronaldo Fra-ga cursasse Estilismo na Universidade Federal de Minas Gerais, no inĂ­cio dos anos 90. Depois passou por Londres, estudando na conceituada Central Saint Martins. TambĂ©m viveu em Nova York, onde estudou na Parson’s School.

No Brasil, foi vencedor do prĂȘmio Estilista Revelação, organizado pelo Phytoervas Fashion, e ganhou o cenĂĄrio nacional. Logo ingressou na Casa de Criadores e, em 2001, passou a integrar o line up do maior evento de moda da AmĂ©rica Latina, o SĂŁo Paulo Fashion Week.

Suas coleçÔes sĂŁo conhecidas por nĂŁo seguirem tendĂȘncias, mas, baseadas em referĂȘncias regionais, trazerem contemporaneidade. Nesta entrevista, ele conta sobre sua trajetĂłria, sua paixĂŁo pelo desenho e a literatura, sobre a valorização de nossa cultura e sobre como Ă© manter o ateliĂȘ fora do eixo Rio-SĂŁo Paulo.

Ronaldo FragaUM CONTADOR DE HISTÓRIAS

Por InĂȘz Gularte

Colaboração: Fernanda Maciel

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SPFW | Verão 2008 SPFW | Verão 2007 Ilustração Ronaldo Fraga

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* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plåsticas e autor do livro "O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico".

O país do futuro, o país continental, a oitava economia do mundo, o país das balas perdidas, de todas as raças, de Clarice Lispector, de Machado de Assis, das bossas cariocas, da Bienal do Vazio, também é o país da moda.

Nada de fashion weeks coalhadas de celebridades e imprensa internacional, estou falando da moda que se pratica em Caruaru, DivinĂłpolis, GoiĂąnia e Birigui.

Outro dia tomei um aviĂŁo em Porto Alegre, sobrevoei a BrasĂ­lia de Niemeyer, de Lucio Costa e das cidades satĂ©-lites e pousei em Teresina. Era um dia “mais fresquinho” como disse o rapaz da van que me buscou no aeropor-to. Os termĂŽmetros marcavam 34 graus.

À noite, no PiauĂ­ Center Moda, as luzes se apagaram, o cara da tĂ©cnica abriu o som e as garotas altas e magras desfilaram as Ășltimas criaçÔes de marcas que eu, e talvez vocĂȘ, nunca ouvimos falar. Mas elas estĂŁo lĂĄ. Contratam estilista, modelista, costureira, pagam cachĂȘ Ă  modelo, ao maquiador, ao iluminador e pencas de impostos. A top Shynaider Ă© do PiauĂ­ e eu tambĂ©m nĂŁo sabia. Os sĂ­tios arqueolĂłgicos do Estado abrigam os vestĂ­gios do primeiro homem das AmĂ©ricas. Disso eu tinha conhecimento, mas nunca transformei as inscriçÔes rupestres piauienses em referĂȘncia, embora jĂĄ tenha trabalhado com as francesas de Lascaux em um projeto de estamparia.

Mais tarde, no quarto de hotel, passei um bom tempo pensando na Shynaider com Y, no primeiro homem, nos mistĂ©rios da genĂ©tica e na mĂĄxima de que estar nos grandes centros, no coração dos acontecimentos, onde circulam as idĂ©ias e o capital faz diferença. Mas que qualidade de diferença? Quem nĂŁo estĂĄ lĂĄ, o provin-ciano, o caipira, como se diz pejorativamente, costuma sofrer com isso. É assim desde a antiguidade, quando os gregos corriam para Atenas, os cristĂŁos para JerusalĂ©m e os incas para Machu Pichu. E nĂŁo Ă© como brasilei-ros, latinos, indianos ou congoleses, aqueles que nĂŁo nasceram nem se mudaram para Nova York ou Paris se sentem? Irremediavelmente perifĂ©ricos em relação a europeus e americanos do norte?

De concreto mesmo Ă© que enquanto fervemos no caldei-rĂŁo cool do internacionalismo, a moda se espalha insidio-sa pelos sertĂ”es do Brasil insular e apronta das suas. PĂ”e comida na mesa, faz dinheiro, cultura e festa. Ás 21h30, sem horĂĄrio de verĂŁo e com os termĂŽmetros indiferentes marcando os mesmos 34 graus, o pĂșblico da semana de moda do PiauĂ­ aplaudia calorosamente um vestido cor-de-rosa com enorme jabĂŽ igualzinho ao Lanvin.

De volta Ă  capital gaĂșcha jantei em um restaurante japonĂȘs, comprei um livro sobre design escandinavo, um outro do sociĂłlogo Georg Simmel, para repor o que uma amiga me emprestou e esqueci no hotel de Teresi-na. Depois, em uma espĂ©cie de paroxismo de delĂ­cias urbanas entrei em uma sala de cinema. O filme era Rede de Mentiras do Ridley Scott. Em uma das Ășltimas cenas, quando o personagem de Leonardo Di Caprio avisa ao seu superior da CIA (Russel Crowe) que preten-de ficar no Oriente MĂ©dio, porque quer, ele se surpreen-de e retruca: “Mas ninguĂ©m gosta do Oriente MĂ©dio!” e o Di Caprio, barbado e amadurecido responde: “Talvez pensar assim seja exatamente o problema.”

Esta conversa me fez lembrar de outra. Quando em o Diabo Veste Prada Miranda Priestley afirma categorica-mente para a assistente que “todo mundo quer ser como

O PIAUÍ É AQUInĂłs”, Ă© justo no momento em que a garota decidira que nĂŁo era bem assim. É quando ela vira as costas e vai-se embora.

Não tem moral da história. Apenas a constatação de que o mundo gira forte, gira råpido, e de que o Piauí é aqui. Assim como Nova York e o Oriente Médio, o Piauí, agreste ou generoso é dentro de nós, arrogantes moradores da banda rica do Brasil, por sua vez a banda pobre do mundo.

Viajei para Teresina a convite da Semana de Moda do PiauĂ­, representando o UseFashion. LĂĄ fiz uma pales-tra sobre tendĂȘncias de verĂŁo, enveredei por todas as consideraçÔes acima e fiz algumas visitas a fĂĄbricas e lojas. Isentas como a decisĂŁo de falar da boa moda que vi por lĂĄ.

Sobretudo, fui extremamente bem recebido.

ALGUMAS MARCAS DO PIAUÍ

Riggor

Betanea, a designer e proprietĂĄria, trabalha excepcio-nalmente bem o algodĂŁo. As peças sĂŁo descomplicadas, leves, inteligentes. Cheias das Ășltimas informaçÔes de moda, e todas muito bem adaptadas por ela ao contexto tropical e industrial.

Lados opostos

A loja tem um jeito de residĂȘncia, mas tem filiais em BrasĂ­-lia e SĂŁo LuĂ­s, no MaranhĂŁo. LĂĄ dentro os irmĂŁos Igor e Ingrid esbanjam sintonia com o planeta fashion. Começa-ram com bolsas, incluĂ­ram o beachwear e agora o vestu-ĂĄrio. Acertam em quase tudo e com um tino comercial e desenvoltura de fazer inveja ao lifestyle do Leblon.

Aline Souto

A receita da boa roupa casada com elementos regionais nĂŁo Ă© um clichĂȘ para esta estilista talentosa. Ela modela, corta e cria estampas com domĂ­nio completo do que faz. Aline dĂĄ aulas na escola de moda e tambĂ©m atende noivas dispostas a depurar o look tradicional em nome do bom gosto.

Soma

ReferĂȘncia para moda festa na cidade. A roupa Ă© comer-cial e planejada para girar rĂĄpido, com especial cuidado nos acessĂłrios e na cartela de cores. A modelagem Ă© eficiente e sem grandes complicaçÔes.

culturapor Eduardo Motta*

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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Primeiro SalĂŁo Mundial de Tecidos para VestuĂĄrio / Parc d’Expositions Paris-Nord Villepinte France / De terça-feira 10 a sexta-feira 13 de fevereiro de 2009 / MCR Communication Brasil Tel.: (55.11) 6847.4943 / [email protected] / www.premierevision.fr

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CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

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Com desenhos marcantes, cores destemidas e materiais persona-lĂ­ssimos, os complementos desequilibram o status nos cĂłdigos do look e comandam o jogo no verĂŁo.

NĂŁo espere modelos tĂ­midos, conformados com a obscuridade. A regra Ă© ter estilo, e muitos deles. No mĂ­nimo, eles jogam de igual para igual com a roupa, amplificam as tendĂȘncias dominantes, recusam o mimetismo com o vestuĂĄrio, e tornam a experiĂȘncia de usĂĄ-los um exercĂ­cio criativo e estimulante. Toda esta potĂȘncia tem muitas faces, que mapeamos nas pĂĄginas seguintes. Elas estĂŁo a serviço dos melhores negĂłcios para quem pesquisa, produz e comercializa, e sĂŁo um presente para a consumidora, que se depara com modelos que ela seguramente ainda nĂŁo tem disponĂ­vel em casa.

Calçados & Bolsasfotos de desfile e still: © AgĂȘncia Fotosite

UMA QUESTÃO DE MUITOS ESTILOS

Edição de moda: Eduardo Motta

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DRIES VAN NOTEN | PARIS

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DRIES VAN NOTEN | PARIS

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Coloridos

SERGIO ROSSI | MILÃO

SERGIO ROSSI | MILÃO

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

BRIAN ATWOOD | MILÃO

A cor chega com intensidade à estação. As puras podem ser misturadas sem medo, e as escalas copiam as passa-gens do arco-íris, evoluindo de quentes para frias em tons fortes. Observe as justaposiçÔes entre elas e as inteligen-tes inserçÔes de cinza e preto, anulando algumas åreas e emprestando ainda mais brilho ao conjunto.

18-4252 TPX

Pantone 3005 C

18-1629 TPX

Pantone 1805 U

17-4433 TPX

Pantone 299 C

181547 TPX

Pantone 1815 C

17-1563 TPX

Pantone 1788 C

13-1011 TPX

Pantone 4685 C

14-4103 TPX

Pantone 428 C

17-3812 TPX

Pantone 5285 C

16-1336 TPX

Pantone 729 C

12-0643 TPX

Pantone 3945 C

16-1364 TPX

Pantone 1505 C

18-1142 TPX

Pantone 7517 CPretoBrancoPantone 872 C Pantone 8003 C

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GråficosEste é um efeito novo. Aqui, explorado em estampas e em preto e branco, que oferecem um excelente resulta-do visual. Hå boas variaçÔes em que o preto entra em contraste com cores åcidas. Além da possibilidade de diferenciar com a cor, as åreas ainda podem ser constru-ídas em recortes. São boas variåveis, mas é inegåvel o impacto luminoso destes produtos em p&b.

DRIES VAN NOTEN | PARIS

JANEIR

SERGIO ROSSI | MILÃO

DRIES VAN NOTEN | PARIS

BRUNO FRISONI | PARIS FENDI | MILÃO

VIKTOR & ROLF | PARIS SERGIO ROSSI | MILÃO

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ÉtnicosComo havĂ­amos identificado ao abordar as Megaten-dĂȘncias do verĂŁo 2010, a força dos elementos africanos toma de assalto o dĂ©cor e o aspecto dos materiais. TambĂ©m como fora assinalado, as referĂȘncias se fundem, evitando a descrição literal e evocando a força de origem. As contas redondas, as misturas de estampas e os rĂ©pteis tĂȘm um papel determinante na caracterização deste estilo.

LOUIS VUITTON | PARIS

LOUIS VUITTON | PARIS

DRIES VAN NOTEN | PARIS

CHLOÉ | PARIS

JIMMY CHOO | MILÃO

LOUIS VUITTON | PARIS

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OrgĂąnicosDa mesma maneira que no vestuĂĄrio, as formas orgĂąnicas sĂŁo usadas para modelar excĂȘntricos vo-lumes. Folheados exuberantes, pregas que inflam e arredondam o shape, ou linhas de contornos de so-lados e saltos, fazem a diferença. HĂĄ uma incidĂȘncia de cores quentes, vermelho sobretudo, ressaltando a semelhança com formas do corpo humano.

SERGIO ROSSI | MILÃO

ROGER VIVIER | PARIS

MIU MIU | PARIS

SONIA RYKIEL | PARIS

VALENTINO | PARIS

MARNI | MILÃO

JANEIRO/FEVEREIRO 2009

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GeomĂ©tricosOs efeitos mais interessantes provĂȘm dos planos recortados na modelagem, que podem ser conferi-dos nos modelos de Roger Vivier e nas moldagens inovadoras na gĂĄspea do scarpin Nina Ricci. Mas as possibilidades nĂŁo param por aĂ­. Na Jil Sander Ă© a linha do corte do cabedal e a planta angulosa que assumem o papel de representar a geometria. Toda a coleção Marni trabalha com recortes e planos de cores que privilegiam a idĂ©ia de construção. Na Balenciaga o efeito Ă© explorado diretamente na estampa.

NINA RICCI | PARIS ROGER VIVIER | PARIS

MARNI | MILÃO JIL SANDER | MILÃO ROGER VIVIER | PARIS

JIL SANDER | MILÃO

BALENCIAGA | PARIS

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Art DĂ©co

CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

Fonte de influĂȘncia determinante na estação, a Art DecĂł empresta formas e conteĂșdos para os produtos de verĂŁo. É interessante ver como os estilistas trabalham a referĂȘn-cia, que tambĂ©m tem fundo geomĂ©trico, mas Ă© tratada em ritmos criados por formas angulosas, como na san-dĂĄlia Valentino, e em camadas arquitetĂŽnicas no salto da Chanel. Em alguns casos, as citaçÔes ficam distantes, mas preservam a essĂȘncia dos contornos arredondados alter-nados com linhas retas, e o efeito lapidado, que pode ser conferido no fecho da bolsa Lanvin.

LANVIN | PARIS

MISSONI | MILÃO

LANVIN | PARIS BALENCIAGA | PARIS BALENCIAGA | PARIS

CHANEL | PARIS

ROBERTO CAVALLI | MILÃO

VALENTINO | PARIS

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DepuradosA relação aqui Ă© com a MegatendĂȘncia Grau Zero. É sob sua influĂȘncia que assistimos a entrada destes produtos despretensiosos no que diz respeito Ă  ostentação fĂĄcil, coisa que eles deixam de lado em favor do bom shape, da função exata e da qualidade da matĂ©ria-prima. É luxo para poucos. PerceptĂ­vel apenas para quem lĂȘ a qualida-de sob tamanha discrição.

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PRADA | MILÃO

BRUNO FRISONI | PARIS

VBH | PARISMARNI | MILÃO CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

BALENCIAGA | PARIS DRIES VAN NOTEN | PARIS

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Estampas FOLHAGEM E ANIMAL PRINT

STELLA MCCARTNEY | PARIS

MANOLO BLAHNIK | NOVA YORKDIOR | PARISGIVENCHY | PARIS

LANVIN | PARIS JIMMY CHOO | MILÃO CHLOÉ | PARIS

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Recortes

VBH | PARIS

MARNI | MILÃO GIVENCHY | PARIS

MIU MIU | PARIS

RENAUD PELLEGRINO | PARIS

MIU MIU | PARIS

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Tramas e TressĂȘs

VBH | PARIS

MISSONI | MILÃO

MIU MIU | PARIS

MARC JACOBS | NOVA YORK

LANVIN | PARIS

LANVIN | PARIS

GIORGIO ARMANI | MILÃO

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Metais

CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

LOUIS VUITTON | PARIS

ROGER VIVIER | PARISCHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

BALENCIAGA | PARIS

ROGER VIVIER | PARIS MIU MIU | PARIS

MIU MIU | PARIS

VERSACE | MILÃO

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Materiais

CHLOÉ | PARIS

PIERRE HARDY | PARISREBECCA TAYLOR | NOVA YORK

PRADA | MILÃO

CAMURÇA

BURBERRY | MILÃO

VERNIZNEOPREME

COURO AMASSADO

MIU MIU | PARIS

JUTA

PIERRE HARDY | PARIS

TELA/TRANSPARÊNCIA

MISTURAS:

COBRA/PLÁSTICO

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Metalizados

BRUNO FRISONI | PARIS BRIAN ATWOOD | MILÃO CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS GUCCI | MILÃO

PRADA | MILÃO

MIU MIU | PARISBURBERRY | MILÃOBOTTEGA VENETA | MILÃO

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RĂ©ptil

CHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS CHRISTIAN LACROIX | PARIS VBH | PARIS

PRADA | MILÃO

MISSONI | MILÃOMISSONI | MILÃOCHRISTIAN LOUBOUTIN | PARIS

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FechamentosOs cabedais cheios, que dominaram as Ășltimas esta-çÔes, e permanecem com a cotação alta, aumentam a ĂĄrea de trabalho e acionam uma sĂ©rie de alternativas de fechamento tambĂ©m para os produtos de verĂŁo. As telas transparentes ajudam na refrigeração e dĂŁo impulso extra a estas opçÔes. Com velcros, zĂ­peres e elĂĄsticos, que se alinham com as idĂ©ias de ajustes da modelagem das roupas, as curvas do corpo se repetem, valorizadas em menores proporçÔes nos contornos dos pĂ©s.

SERGIO ROSSI | MILÃO EMILIO PUCCI | MILÃO

SERGIO ROSSI | MILÃO

STELLA MCCARTNEY | PARIS

PIERRE HARDY | PARIS

PIERRE HARDY | PARIS

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Alças

CALÇADOS & BOLSASny | londres | milão | paris

CHLOÉ | PARIS

BURBERRY | MILÃOYVES SAINT LAURENT | PARIS

DOLCE & GABBANA | MILÃO

VBH | PARIS

GUCCI | MILÃO VBH | PARIS

VBH | PARIS

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Saltos e SoladosHå muitas frentes de desenhos, muitos estilos. De prepon-derante apenas a inventividade e as alturas. No primeiro caso, não faltam experimentaçÔes: volumes grandes, forraçÔes exóticas, contrastes com o cabedal, etc. No segundo, ou se estå no topo ou rente ao chão. Rasteiras e saltos muito altos não fazem concessão para tamanhos médios. Na hora do lançamento, pelo menos, jå que no giro de mercado é outra coisa. Mas este não é apenas um detalhe, ele diz respeito à forma como se trabalha a comunicação e a imagem, atraindo a atenção no geral para oferecer o comercial no particular. As plataformas não são mais blocos maciços, a meia pata é quase um imperativo e o desenho e o décor dos saltos incorporam a estação, ora geométricos, ora étnicos e assim por diante. Acrílico e madeira voltam a falar alto no verão 2010.

ZAC POSEN | NOVA YORK

MARC JACOBS | NOVA YORK GUCCI | MILÃO D&G | MILÃO

BOLSAS paris

MARNI | MILÃO DKNY | NOVA YORK MARNI | MILÃO

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memĂłria

Grace Jones is Perfect“Grace is Perfect”. É assim que Andy Warhol define Grace Jones em um de seus clipes. Nascida Grace Mendoza, esta jamaicana de 60 anos não passa despercebida onde quer que vá. Personalidade forte, estilo, vozeirão. Atributos reunidos em um corpo elei-to, por muitos, como um dos mais belos do mundo.

Grace ficou conhecida pela figura exĂłtica e andrĂłgi-na que agitou o mundo durante as dĂ©cadas de 70 e 80. Das polĂȘmicas festas no Studio 54 Ă s passarelas de Paris, seu estilo inspirou geraçÔes e ajudou a defi-nir o dress code dos anos 80.

Aos 12 anos mudou-se com sua famĂ­lia para Nova York, e aos 20 anos passou a trabalhar como modelo. Azzedine AlaĂŻa, com seus vestidos bandagem mode-lando exageradamente o corpo, encontrou em Grace a modelo perfeita, elegendo a bela como uma de suas favoritas. Ele nĂŁo foi o Ășnico que viu em Grace o visual ideal. Ela tambĂ©m era a predileta de Jean Paul Gaultier, Philip Treacy e Issey Miyake.

Sua carreira de cantora teve início na década de 70, durante um desfile de Kenzo Takada. O estilista convidou a então modelo para cantar. Grace subiu ao palco e não fez feio. Para ajudar no orçamento, ela passou a se apresentar em pequenos bares e festas em Paris, onde morava. Um contrato com a Island Records lhe valeu o primeiro ålbum, Portfolio (1977),

O RETORNO DA DISCO DIVA

que foi um grande sucesso.

Na década de 80, Grace adotou o visual que lhe traria fama e fortuna: andrógino, geométrico, sexual e poderoso. Foi esse estilo que ajudou a tornå-la um ícone pop, ao lado de Boy George e David Bowie. Nesta mesma época, ela casou-se com o produtor, artista gråfico e fotógrafo Jean-Paul Goude, com quem veio a ter um filho. Neste período ela viveu a fase mais criativa de sua carreira.

Com o nome associado Ă  irreverĂȘncia, foi adotada como musa por ninguĂ©m menos que Andy Warhol. Junto com o produtor musical Tom Moulton, Warhol deu-lhe a visibilidade que a transformou na Diva mĂĄ-xima da discotheque scene de Nova York.

Paralelo Ă  carreira de cantora, ela levava a carreira de atriz. Atuou em Conan, O BĂĄrbaro (1984) onde viveu Zula, uma guerreira amazona, como a Bond girl May Day em 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), e na pele da vampira Katrina em Vamp (1986).

No mĂȘs de novembro, Grace foi capa da revista londrina, Dazed & Confused em um polĂȘmico ensaio, clicado pelo ainda mais polĂȘmico Chris Cunningham. Seu recente retorno Ă  cena musical foi marcado pelo lançamento do novo ĂĄlbum, “Hurricane”, e pela apre-sentação no Meltdown Festival de 2008, que dedicou uma edição inteiramente a eterna Disco Diva.

O visual andrógino e geométrico de Grace ajudou a definir o dress code da década de 80

Azzedine AlaĂŻa encontrou em Grace o corpo ideal para exibir seus vestidos extremamente sensuais

Capa do ĂĄlbum Island Life produzido pelo artista Jean-Paul Goude

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