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JAQUELINE DO CARMO BARBOSA
USO DA PLACA PALATINA DE CASTILLO
MORALES EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN: REVISÃO DE LITERATURA
PARIPIRANGA
2021
JAQUELINE DO CARMO BARBOSA
USO DA PLACA PALATINA DE CASTILLO
MORALES EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN: REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Odontologia como requisito
parcial à conclusão do Curso de Odontologia do
Centro Universitário AGES para obtenção do grau
de cirurgiã-dentista
Área de concentração: Odontopediatria
Orientadora: Dra. Nayane Chagas Carvalho Alves
Paripiranga
2021
Barbosa, Jaqueline do Carmo
Uso da Placa Palatina de Castillo Morales em Crianças com
Síndrome de Down: revisão de literatura / Jaqueline do Carmo
Barbosa
24 páginas
Trabalho de Conclusão de Curso em Odontologia – Centro
Universitário AGES. Paripiranga, 2021.
Área de concentração: Odontopediatria
Orientadora: Dra. Nayane Chagas Carvalho Alves
Palavras-chave: Placa Palatina de Castillo Morales. Síndrome de
Down. Odontologia.
JAQUELINE DO CARMO BARBOSA
USO DA PLACA PALATINA DE CASTILLO
MORALES EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE
DOWN: REVISÃO DE LITERATURA
Paripiranga, ____/____/____.
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial à
conclusão do Curso de Odontologia do Centro Universitário AGES para obtenção
do grau de cirurgiã-dentista.
Dra. Nayane Chagas Carvalho Alves
Centro Universitário AGES
Dra. Gabriela Mancia de Gutierrez
Centro Universitário AGES
Prof. Mariana Cisneiros Silva de Oliveira
Centro Universitário AGES
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelas benções concedidas, por ser meu sustento,
minha fortaleza e por ter chegado até aqui com tanto amor e tanta gratidão.
Ao meu anjo do céu, minha joia rara, minha mãezinha Gildeane (in memoriam),
tanto amor no céu, que meu coração na terra é muito grato. Eu amo muito você.
Aos meus pais, minhas fortalezas, minhas pernas, meus braços, por tudo que tenho
e sou. Todo apoio na trajetória da minha formação, tornando tudo mais fácil aquilo que parecia
impossível. Nunca me negaram esse sonho, e em todas as vezes que pensei em desistir foi o
amor de vocês que me fez prosseguir, foi por vocês que lutei até aqui. Sei o quanto vocês
lutaram e sonharam por esse momento, quantas orações e quantas energias positivas mandadas
para mim. Amo vocês demais, essa formatura é de vocês.
Ao Bernardo Valentim, meu ponto de paz, meu pedacinho de amor, combustível do
meu sorriso, amor infinito, tudo que sou. E em todas as vezes que fiquei triste durante minha
trajetória foi por você que me mantive forte, quero que sinta orgulho da sua mamãezinha. Te
amo além de mim.
Aos meus irmãos, Rosi, Cleuber e Layane, minhas vidas, meu ponto de equilíbrio
em dias difíceis, por depositarem confiança, incentivando e contribuindo para que este sonho
se concretizasse de uma forma leve, cheia de amor, além de me mostrar o quanto sou capaz,
batendo sempre na mesma tecla “vai lá, você vai conseguir”. Meu coração é imensamente grato
por tudo que fizeram por mim, eu amo vocês!
Em especial à titia Rosi, obrigada por estar presente e por sempre me incentivar a
voltar a estudar, mesmo em meio a tantas dificuldades, por noites em claro e por ter tido
problema de coluna.
Aos meus avôs, que sempre torceram pela minha formação e por todas as orações
por mim. A minha avó Maria (in memoriam), por tudo que fez por mim, todas as noites
acordadas olhando pra mim e orando para um futuro cheio de vitórias. Em especial ao meu
anjinho vovô Liberata (in memoriam) que se estivesse em vida essa minha vitória seria uma
festa, pois você sonhava em ver minha felicidade realizada, a vitória é nossa.
À minha tia mãe, Maria Leda, que cuida de mim como filha. Obrigada por estar
sempre presente, me incentivando e demonstrando o quanto me ama.
A todos os meus tios e primos, meu muito obrigada, em especial à tia Meire, ao
meu padrinho Carlos, à minha madrinha Ana Lúcia e ao João Paulo, meu primo irmão, obrigada
por tudo e pelo amor de sempre. Ao Tio Nó, à Tia Maria, à Tia Dora, ao Candido Neto e ao
Leone, o amor de vocês me motiva cada dia, obrigada pelo carinho e amor de sempre!
À minha afilhada, minha filha de coração Maria, dindinha é apaixonada demais por
você.
Deus foi muito generoso quando me deu amigos dos quais eu posso sim chamar de
irmãos. Em todas as vezes que eu chorei vocês estiveram ao meu lado, obrigada por tudo e por
tanto, vocês são um pedaço lindo da minha vida: Gabriella Rocha, João Pedro e Amanda.
E aos meus amores, Larissa Felix, Gabi Reis, Beatriz Reis, Hércules, Sérgio
Manoel, Felipe, Michelle, Paula, Mayta, Geovana, Israela e Alba, sou fã de todos, e do amor eu
nem preciso falar, né? Obrigada por tudo.
Em especial ao Gabriel Lima, um anjo que apareceu para agregar e torcer pela
minha vitória.
Às irmãs de faculdade, um presente que a Ages me deu, Alani, Kathleen, Jullyane,
Pollyana, Aíla, Nayne, e aos meninos, Josafá, Vinícius, Luan, Diego, Ivan, Brendo Matheus,
Gabriel, Danilo Fraga e Gian, minha eterna gratidão.
Assim também à Júlia Sena, um anjo que Deus me enviou, obrigada por tudo, por
todo apoio, amor e por estar presente dia e noite nos dias que mais precisei. Meu sonho é te ver
formada, te amo.
Ao grupo “oi fake”, por todo amparo e confiança.
A todos os meus companheiros de república, em especial ao meu irmãozinho Alex
Júnior, à minha mamusca Regina, ao Ricardo, ao Kaic, à Liliane, à Tayna e à Gabi Cristina.
Às meninas da clínica e aos meus professores que estiveram comigo sempre.
Obrigada por tamanho carinho! Professor Gustavo Lima, Tito Marcel e Vanessa Tavares. À
professora Gabi, Mariana e Carol, por toda paciência e aprendizado. Em especial ao Professor
Breno Barbosa, por sempre me mostrar que “missão dada é missão cumprida”. Obrigada por
tudo.
À minha orientadora Nayane, por toda paciência, orientação, palavras de amor e fé.
Concluo com o coração grato, lágrimas nos olhos, por todas as vezes que pensei
que esse sonho não se realizaria. Só Deus e eu sei de tudo que passei, o tanto que lutei por essa
vitória.
Toda casa é construída por alguém, mas Deus é o
edificador de tudo.
Hebreus 3: 4
RESUMO
A Placa Palatina de Castillo Morales (PPCM) objetiva a estimulação e o tratamento orofacial
em pacientes com Síndrome de Down (SD), os quais apresentam hipotonia dos músculos
mastigatórios e protrusão lingual. A PPCM permite um retorno positivo no selamento labial,
retração da língua para cavidade oral, estimula os movimentos labiais, além de fácil
acomodação e boa aceitação. Assim, o presente trabalho visa, através de uma revisão de
literatura, verificar como o uso da PPCM interfere e ajuda nas principais deformidades
dentoesqueléticas das pessoas com SD, assim como traçar os benefícios de seu uso. Os
descritores “Placa palatina de memória” e “Síndrome de Down” foram utilizados nas bases
de dados MEDLINE, LILACS, SciELO e PubMed. Pacientes com Síndrome de Down sofrem
de distúrbios orais e faciais desde o nascimento, causando problemas no desenvolvimento da
dentição, deglutição, sucção e salivação excessiva. Com o método de intervenção precoce da
PPCM, propicia-se a prevenção de más oclusões, controle da sialorreia persistente, auxílio na
fonação e deglutição, estimula os movimentos linguais, aumenta o tónus dos músculos faciais
e favorece o selamento labial. Para tal, a placa deve ser utilizada no primeiro ano de vida, pois
existe um maior desenvolvimento do sistema nervoso central e da boca. Desse modo, a PPCM
é uma alternativa eficiente para um resultado positivo na função motora orofacial, na expressão
facial e na linguagem de tais crianças, a fim de aprimorar a deglutição, a respiração e a fala,
contribuindo para uma melhor qualidade de vida. Além disso, é de suma importância um
tratamento multidisciplinar e a colaboração dos responsáveis.
Palavras-chave: Placa Palatina de Castillo Morales. Síndrome de Down. Odontologia.
ABSTRACT
The Castillo Morales’ Palatal Plate (CMPP) aims at the stimulation and orofacial treatment in
patients with Down Syndrome (DS), who present masticatory muscles hypotonia and lingual
protrusion. The CMPP allows a positive return on lip sealing, tongue retraction into the oral
cavity, stimulates lip movements, in addition to easy accommodation and good acceptance.
Thus, the present work aims, through a literature review, to verify how the CMPP use interferes
and helps in the DS patients’ main dentoskeletal deformities, as well as to outline the benefits
of its use The descriptors “Memory Palatal Plaque” and “Down Syndrome” were used in the
MEDLINE, LILACS, SciELO and PubMed databases. Down syndrome patients suffer from
oral and facial disorders since birth, causing problems in the teething development, swallowing,
sucking and excessive salivation. With the early CMPP intervention method, it is possible to
prevent malocclusions, control persistent sialorrhea, aid in phonation and swallowing, stimulate
lingual movements, increase facial muscle tone and promote lip sealing. For this, the plate must
be used in the first year of life, as there is greater development of the central nervous system
and the mouth. Thus, CMPP is an efficient alternative for a positive result in the orofacial motor
function, facial expression and in such children’s language, in order to improve swallowing,
breathing and speech, contributing to a better life quality. In addition, a multidisciplinary
treatment and the collaboration of the responsible for the children is of paramount importance.
Keywords: Castillo Morales’ Palatine Plate. Down's syndrome. Dentistry.
LISTA DE ABREVIATURAS
PPCM Placa Palatina de Castillo Morales
SD Síndrome de Down
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 12
2.1 Características Orofaciais da Síndrome de Down ........................................................ 12
2.2 Placa Palatina de Castillo Morales .............................................................................. 13
2.3 Uso da Placa Palatina de Castillo Morales em Pessoas com Síndrome de Down ........ 15
3 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 16
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 18
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 19
ANEXOS ................................................................................................................................. 23
11
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome de Down (SD) foi apresentada por Langdon Down em 1866, sendo a
causa genética mais frequente de retardo mental e é resultante da presença de cromossomo extra
no par 21, por isso surgiu o termo Trissomia 21. Existem três tipos de SD, a trissomia livre, a
mosaicismo e a translocação, cada uma com seus aspectos que não implicam diferenças no grau
de desenvolvimento, com ressalva no mosaicismo, que apresenta um menor comprometimento.
Conquanto, as diferenças entre as pessoas observadas dependem mais das suas determinações
sociais do que genéticas (MESQUITA, 2014).
Os sinais da SD quando diagnosticados nos primeiros anos de vida beneficiam por
toda a vida do indivíduo, alterando tanto sua qualidade de vida como a dos familiares e amigos.
Entretanto, quando diagnosticados tardiamente podem trazer maiores dificuldades e limitações
no seu cotidiano e na interação social (LOPES et al., 2019; SOUZA et al., 2019). Durante a
gestação, o diagnóstico pode ser feito por meio do ultrassom morfológico fetal, para que avalie
a translucência nucal, juntamente com outros exames de amniocentese e cordocentese
(REGEZI, 2000; GIRO et al., 2008). Entre as características clínicas orofaciais em bebês com
SD de três meses a um ano, observam-se hipotonia muscular orofacial, protrusão lingual, falta
de selamento labial, sendo recomendado a utilização de uma Placa Palatal de Memória
(CARVALHO et al., 2017).
O médico Rodolfo Castillo-Morales desenvolveu uma placa palatina de memória
(PPCM) de fácil acomodação e boa aceitação, para estimulação e tratamento orofacial dos
pacientes com SD, com o intuito de um retorno positivo no selamento labial, retração da língua
para cavidade oral, estimulando os movimentos dos lábios, por conta da hipotonia oro-muscular
com protrusão lingual e permanência de boca aberta (CARNEIRO, 2012; VIVAR VERGARA,
2019).
A PPCM parece dificultar consideravelmente o surgimento de más oclusões,
ventilação bucal, incontinência salivar, alterações da fonação e deglutição, periodontais e entre
outros (NÚÑEZ, 2008). Diante do exposto, o presente trabalho visa, através de uma revisão de
literatura, verificar como o uso da PPCM interfere e ajuda nas principais deformidades
12
dentoesqueléticas das pessoas com SD, assim como traçar os benefícios do uso das placas
palatinas.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Características Orofaciais da Síndrome de Down
A Síndrome de Down é um distúrbio genético, originado quando uma divisão
celular anormal resulta em material genético extra do cromossomo 21. A síndrome de Down é
facilmente identificada desde o nascimento, pela justificativa de causar uma aparência facial
distinta, deficiência intelectual e atrasos no desenvolvimento (CARVALHO, 2017).
Desde 2012, na Organização Mundial de Saúde (OMS), existe um protocolo de
“Diretrizes de Atenção à pessoa com Síndrome de Down”, visando proporcionar orientações
para o cuidado à saúde dessas pessoas e apresentar diversos programas para o avanço e
desenvolvimento da qualidade de vida. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), de 300 mil brasileiros que anualmente nascem, cerca de 8 mil crianças têm
SD, tendo uma grande maioria nos fetos de mães acima ou com 35 anos (ARRUDA et al.,
2019). Com os avanços da Medicina, a SD já pode ser detectada até antes do nascimento e ser
tratada precocemente, promovendo um aumento positivo na expectativa de vida das pessoas
(OLIVEIRA et al., 2007).
As crianças nascidas com SD podem apresentar alguns dos seguintes achados
bucais: macroglossia, língua protrusa, língua fissurada, má oclusão dental, manchas dentárias,
lesões cariosas, candidíase oral, variações e atrasos no padrão de erupção, doenças periodontais,
taurodontismo e agenesia dentária (FARIAS, 2013; ARRUDA et al., 2019). Essas crianças
possuem a cavidade oral reduzida, alterações nos órgãos que compõem o sistema
estomatognático e sua face apresenta um contorno achatado ocasionado pelo pouco
desenvolvimento nos ossos faciais (MACHO et al., 2008).
13
Devido à hipotonicidade muscular generalizada encontram-se afetadas a
musculatura facial e perioral destas crianças. Esta alteração primária leva a uma ausência de
selamento labial, o que, por sua vez, as leva a ser respiradoras orais, pois para a ocorrência da
respiração nasal é necessário a oclusão labial (MACHO et al., 2008). Como também o bruxismo
e macroglossia, hipodontia, taurodontia, agenesias, microdentes, dentes conoides, atraso na
erupção dos dentes decíduos e permanentes (ARRUDA et al., 2019).
O atraso na erupção dental é uma característica frequente em pessoas com Síndrome
de Down, presente tanto na dentição decídua como permanente (CORRÊA, 2017). Entre 1 ano
e alguns meses de vida nasce o primeiro dente decíduo na cavidade oral, e somente com 4 a 5
anos de idade a dentição decídua estará totalmente erupcionada, já com a dentição permanente
o primeiro dente erupciona aproximadamente aos 8 ou 9 anos de vida (ARRUDA et al., 2019).
As primeiras alterações respiratórias em bebês com SD são notadas durante o sono,
ou seja, apneia obstrutiva do sono, repercutindo assim na saúde geral, incluindo alterações
craniofaciais, avanço cognitivo e didático. As características mais observadas são
hipodesenvolvimento do terço médio da face, nariz pequeno, ponte nasal baixa, estreita e curta,
palato atrésico e profundo, nasofaringe estreita. Esses traços craniofaciais proporcionam
disfunções na dentição com consequências severas nas funcionalidades orais ao mastigar,
articular, engolir e falar. Além disso, constata-se hipertrofia adenotonsilar, interposição lingual
pela presença de macroglossia relativa e respiração bucal (MACHO et al., 2008; CARNEIRO,
2012).
2.2 Placa Palatina de Castillo Morales (PPCM)
O método terapêutico da PPCM foi desenvolvido pelo Dr. Rodolfo Castillo Morales
baseado nas áreas motoras do corpo e face das crianças com hipotonia muscular, tendo o
objetivo de estimular, o mais cedo possível, os movimentos e percepção destas áreas motoras e
promover o tónus muscular do corpo e da cabeça, utilizando a função orofacial (CASTILLO-
MORALES, 1978). A placa é confeccionada com acrílico ajustado ao palato e botão
estimulador (FIGURA 1) (LIMBROCK et al., 2008).
14
FIGURA 1 - Placa Palatina de Castillo Morales sem modificações. Fonte: Limbrock et al. (2008).
A PPCM é indicada, principalmente, para crianças com malformações congênitas
que acometem a região da face e boca, tais como: fenda labial, síndrome de Piérre-Robin,
deformidades que causem hipotonia, entre outras. Essa placa também é recomendada para
crianças nascidas prematuras e com dificuldade para se alimentar, pacientes com doenças
neurológicas com sintomas orofaciais, doenças neuromusculares, casos de paralisia cerebral
por traumatismo cranioencefálico e acidente vascular cerebral (CARNEIRO et al., 2012;
ALACAM et al., 2007; HAGG et al., 2004).
O uso constante da PPCM previne o aparecimento de más oclusões, controla a
sialorreia persistente, auxilia na fonação e deglutição, como também estimula movimentos
linguais, aumenta o tónus dos músculos faciais e favorece o selamento labial, devendo ser usada
o mais cedo possível (CARLSTEDT et al., 1996; SANTANA, 2015). Conforme Santana
(2015), deve-se realizar a confecção de moldeiras individualizadas em gesso para confeccionar
a placa em laboratório com laminado de vinil.
Para o uso da PPCM, a criança precisa estar acordada para uma melhor observação
e ser vigiada pelos pais, eles são instruídos para observar as respostas se estão sendo positivas.
O tempo recomendado de uso da placa palatina é dado conforme a adaptação do paciente ao
aparelho para que aumente o uso durante o dia, o tempo máximo é de 6 horas diária, mas,
infelizmente, alguns pacientes não se adaptam e não usam mais de 1 a 2 horas por dia, com isso
necessitando de um aumento gradual a cada dia (ANDRADE et al., 1998). A adaptação depende
das necessidades específicas do paciente e de sua idade, com o uso constante ao chegar aos 3
anos começa uma deglutição madura, assim, muda a localização do botão do estimulador
palatino (DE LA CRUZ-CAMPOS, 2016).
15
2.3 Uso da Placa Palatina de Castillo Morales em Pessoas com Síndrome de Down
Pacientes com Síndrome de Down sofrem de distúrbios orais e faciais desde o
nascimento. Eles apresentam hipotonia dos músculos mastigatórios, protrusão lingual, com isso
podem causar problemas no desenvolvimento da dentição, deglutição, sucção e salivação
excessiva. Sendo assim, com o método de intervenção precoce de Castillo Morales (PPCM), é
possível melhorar a função orofacial e a aparência facial (LIMBROCK et al., 1993).
O conceito de tratamento Castillo-Morales centra-se no aspecto terapêutico, que
visa apoiar os pacientes na comunicação e lhes permitir uma alimentação autónoma. As
melhorias alcançadas com os tratamentos citados podem proporcionar aos pacientes uma
melhor qualidade de vida, pois para pessoas com alterações neurológicas ou anatômicas essas
habilidades são frequentemente afetadas (CASTILLO-MORALES et al., 1978). Portanto, é
nitidamente eficaz para a pessoa com SD e benéfico em sua estimulação neuromuscular e
funcional orofacial (ARRUDA et al., 2019).
Para um retorno positivo, o uso da PPCM deve ser iniciado durante o primeiro ano
de vida, pois é nesse período que há um maior desenvolvimento do sistema nervoso central e
da boca (BARRAZA et al., 2010). O tempo de recomendação da PPCM inicia-se nos primeiros
meses durante um curto período diário, ou seja, de cinco a dez minutos, duas vezes ou três ao
dia, e à medida que a criança for se adaptando ao aparelho inicia-se o aumento do tempo de
uso, até aproximadamente uma hora, três vezes ao dia, sempre com a supervisão dos pais
(SANTANA, 2015).
Carlstedt (2001) avaliou a função motora oral em nove crianças com Síndrome de
Down após 4 anos de terapia da placa palatina. Durante o período de terapia todas as crianças
tiveram fisioterapia orofacial com fonoaudiólogo, foi realizado exame extraoral e um registro
de vídeo da face do paciente, a fim de avaliar nove posicionamentos diferentes, mostrando os
lábios, língua e expressão facial. Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas
entre os grupos da placa palatina e o controle nos posicionamentos, indicando que a terapia da
placa palatina tem um efeito de longo prazo na função motora oral.
16
Para obter melhores resultados com a PPCM é necessário realizar
acompanhamentos multidisciplinares com outros profissionais (fonoaudiólogos,
otorrinolaringologistas, pediatras, fisioterapeutas) essenciais na orientação geral do
desenvolvimento (SANTANA, 2015).
Diante dessa necessidade, Carneiro et al. (2012) verificaram que a intervenção
fonoaudiológica desde os primeiros momentos é imprescindível e a manutenção do
acompanhamento fonoaudiológico durante a terapia intensifica os benefícios do uso da PPCM.
Tendo em vista a realização de exercícios de dessensibilização intraoral facilita a aceitação dos
procedimentos de moldagem, pois durante o uso da PPCM a criança precisa está respirando
pelo nariz, por isso é importante cuidar para que não fique obstruído. Desse modo, o tratamento
precoce combinado com a terapia de suporte melhora o fechamento labial e o posicionamento
da língua.
3 DISCUSSÃO
A terapia de Castillo Morales é uma das bases de estudos que buscam avaliar
alternativas precoces de tratamento em crianças com SD, a fim de evitar ou reduzir alterações
orofaciais e a função motora (VIVAR VERGARA et al., 2019). A estimulação prévia com a
PPCM demostrou eficácia no desenvolvimento dos músculos orofaciais, como também
melhorou a mordida, a posição da língua, reduziu a salivação e que os resultados permaneceram
estáveis a longo prazo (HOHOFF et al., 1999).
O uso precoce da PPCM tem benefícios no crescimento orofaciais, ajustando o
posicionamento da língua, diminuindo a mordida aberta e a mordida cruzada (BACKMAN et
al., 2007; ALACAM et al., 2007). Assim sendo, Alicia et al. (2015) defendem que essa técnica
é usada para aprimorar a posição da língua dentro da boca e facilitar a respiração. Entende-se
que o quanto mais cedo for detectado o problema, os resultados serão melhores obtidos. É
extremamente importante a colaboração por parte da criança, bem como a boa relação entre os
pais e profissionais ao longo do tratamento. Entretanto, os responsáveis expõem dificuldades
17
na hora de colocação e remoção da PPCM, assim também o risco de engasgo ou perda dela
(SANTANA, 2015).
Numa perspectiva mais ampla, Busarello (2008) ressalta que a função respiratória
normal afeta a posição da mandíbula, a posição da língua e o espaço nasofaringe. A respiração
nasal promove o funcionamento adequado da mastigação, sucção, deglutição e fala. Nesse
sentido, Lima et al. (2004) ressaltam que mudanças observadas em respiradores orais variam
de simples a complicadas. Elas abrangem defeitos e alterações na estrutura e função do sistema
oral e mandibular, como na mastigação, na fala, alterações posturais, sucção e deglutição.
Tendo em vista que os pacientes com SD apresentam hipotonia dos músculos mastigatórios e
protrusão lingual, torna-se importante o tratamento orofacial e o acompanhamento desses,
influenciando diretamente na qualidade de vida.
Segundo Korbmacher et al. (2005), a PPCM ajuda na correção de disfunções
orofaciais em pacientes com SD e evita a prevenir consequências morfológicas características
a estes pacientes, se não fizessem nenhum tipo de terapia, que são a protrusão dos incisivos e
pseudoprognatia. Segundo Karch et al. (2005), existe um melhor desenvolvimento do palato e
posicionamento lingual favorecendo a deglutição e o desenvolvimento da fala com o uso da
PPCM.
Andrade et al. (1998) analisaram que o uso da PPCM estimula movimentos
específicos da língua, aumenta a mobilidade do lábio superior, ajudando assim a aumentar
também o tónus dos músculos faciais, promove o selamento labial, previne o aparecimento de
más oclusões, controla a sialorreia persistente e as alterações na fonação e deglutição. Com isso
a placa deve ser usada o mais cedo possível, pois é no primeiro ano de vida que existe maior
desenvolvimento do sistema nervoso central e da boca.
Por conseguinte, Korbmacher et al. (2004) relatam que o estado orofacial nos
primeiros anos é decisivo para o desenvolvimento da região orofacial e sua estabilidade a longo
prazo das melhorias alcançadas com a terapia, indicando o uso da PPCM o mais precoce
possível. Todavia, o processo de adaptação é muito difícil para o bebê com SD, dependendo da
cooperação e participação dos pais, sendo considerado um inconveniente, ficando muito
dependente dos pais para observação (DE LA CRUZ-CAMPOS, 2016).
Nesse contexto, a PPCM pode ser ajustada com o intuito de melhorar a adaptação
dos pais e paciente, PPCM modificada, fazendo parecer uma chupeta, com um alongamento em
18
acrílico, apresentando, dessa maneira, também uma curva para que não machuque os lábios,
permitindo a passagem entre os mesmos sem incômodo, além de ter o tamanho ideal para o
paciente. Assim sendo, essa modificação torna mais fácil de uso e de aceitação pelo paciente e
pelos pais (ANDRADE et al., 1998; SANTANA, 2015). Dessa maneira, De La Cruz-Campos
(2016) recomenda a PPCM ajustada com a presença de alguns recortes para os bebês que estão
iniciando a erupção dentária.
Vivar Vergara et al. (2019) ressaltam que o retorno positivo se dá com um ano de
tratamento, usando a placa 1 hora por dia no início, logo após a adaptação avançando para 3 ou
4 horas por dia. Para tal, Andrade et al. (1998) defendem que para um tratamento positivo os
pais precisarão estar instruídos para prestar atenção nas respostas da criança ao dispositivo, com
isso observar se as reações obtidas são as mais desejadas. Contudo, uma das desvantagens é
que a idealização por Castillo de Morales é que ela seja totalmente muco suportada, mas para
isso consultas periódicas devem ser feitas, sendo assim aumenta o alto custo, já que o bebe está
em fase de crescimento e as PPCM devem ser trocadas constantemente acompanhando o
crescimento e o desenvolvimento de maxila (DE LA CRUZ-CAMPOS, 2016).
Em seus estudos, De La Cruz-Campos (2016) revela que a intervenção com a
Fonoaudiologia desde o primeiro momento é indispensável durante a terapia, intensificando os
benefícios do uso da PPCM. O selamento labial e a evolução na posição lingual são atribuídos,
a princípio, a uma “reação primária” e, como a placa contribui com a estimulação constante, as
mudanças ocorrem a médio prazo. A avaliação dos tônus muscular só pode ser feita a longo
prazo, portanto, o paciente deve ser seguido, complementando com um programa de exercícios
de estimulação miofacial no serviço de Fonoaudiologia.
4 CONCLUSÃO
A Placa Palatina de Castillo Morales é uma alternativa eficiente para um resultado
positivo na função motora orofacial, na expressão facial e na linguagem de crianças com
Síndrome de Down, a fim de aprimorar a deglutição, a respiração e a fala, contribuindo assim
19
para uma melhor qualidade de vida. Além disso, é de suma importância um tratamento
multidisciplinar e a colaboração dos responsáveis.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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23
ANEXO A - TERMO DE RESPONSABILIDADE DO REVISOR DE LÍNGUA
PORTUGUESA
24
ANEXO B - TERMO DE RESPONSABILIDADE DO TRADUTOR