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UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DA EXPEDIÇÃO DE UMA EMPRESA DO SETOR DE ALIMENTOS Gabriel Martins Rodrigues (UFRJ) [email protected] Raquel Gonçalves Coimbra Flexa (CEFET-RJ) [email protected] Soraya Cristina dos Santos Oliveira (FGV-RJ) [email protected] Vanessa Serra Costa de Carvalho (UERJ) [email protected] Patricia Gomes Ferreira da Costa (UERJ) [email protected] Nos últimos anos, o setor de expedição adquiriu importância estratégica para as organizações, passando a ser visto não mais apenas em termos de custos (foco interno), mas como o elo no canal de distribuição (foco externo), atendendo de formma eficaz mercados geograficamente dispersos e criando valor para os clientes. Em função do aumento da importância desse setor, o conhecimento de sua capacidade se faz necessário para planejamento mais adequado das estratégias de venda e controle mais eficiente de custos. Todavia, em função do incremento da complexidade do ambiente no qual o setor de expedição está inserido, a descoberta da capacidade torna-se uma tarefa não trivial. Neste trabalho, utilizamos a simulação computacional para determinar a capacidade do setor de expedição de uma empresa de grande porte do setor de alimentos, em função de diferentes perfis de demanda, uma vez que este dado não era conhecido pela mesma. Como desdobramento do objetivo principal, foi pretendida ainda a descoberta da restrição da expedição, no caso, o posto de trabalho com a menor capacidade produtiva. Este trabalho utilizou como base dois modelos complementares. O primeiro, denominado ciclo regulativo para resolução de problemas, é um modelo genérico para a resolução de problemas de qualquer natureza e foi proposto por Van Strien apud Van Aken et al. (2007). O segundo, proposto por Law & Kelton (1991), é um modelo específico para utilização da simulação computacional. Palavras-chaves: Simulação, expedição, modelagem XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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UTILIZAÇÃO DA SIMULAÇÃO

COMPUTACIONAL PARA

DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE DA

EXPEDIÇÃO DE UMA EMPRESA DO

SETOR DE ALIMENTOS

Gabriel Martins Rodrigues (UFRJ)

[email protected]

Raquel Gonçalves Coimbra Flexa (CEFET-RJ)

[email protected]

Soraya Cristina dos Santos Oliveira (FGV-RJ)

[email protected]

Vanessa Serra Costa de Carvalho (UERJ)

[email protected]

Patricia Gomes Ferreira da Costa (UERJ)

[email protected]

Nos últimos anos, o setor de expedição adquiriu importância

estratégica para as organizações, passando a ser visto não mais

apenas em termos de custos (foco interno), mas como o elo no canal de

distribuição (foco externo), atendendo de formma eficaz mercados

geograficamente dispersos e criando valor para os clientes. Em função

do aumento da importância desse setor, o conhecimento de sua

capacidade se faz necessário para planejamento mais adequado das

estratégias de venda e controle mais eficiente de custos. Todavia, em

função do incremento da complexidade do ambiente no qual o setor de

expedição está inserido, a descoberta da capacidade torna-se uma

tarefa não trivial. Neste trabalho, utilizamos a simulação

computacional para determinar a capacidade do setor de expedição de

uma empresa de grande porte do setor de alimentos, em função de

diferentes perfis de demanda, uma vez que este dado não era conhecido

pela mesma. Como desdobramento do objetivo principal, foi

pretendida ainda a descoberta da restrição da expedição, no caso, o

posto de trabalho com a menor capacidade produtiva. Este trabalho

utilizou como base dois modelos complementares. O primeiro,

denominado ciclo regulativo para resolução de problemas, é um

modelo genérico para a resolução de problemas de qualquer natureza

e foi proposto por Van Strien apud Van Aken et al. (2007). O segundo,

proposto por Law & Kelton (1991), é um modelo específico para

utilização da simulação computacional.

Palavras-chaves: Simulação, expedição, modelagem

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

Nos dias atuais, nos deparamos continuamente com inúmeros desafios e transformações nas

organizações e no ambiente que as cerca. Exigências dos consumidores por prazos e custos

menores, competição acirrada entre empresas, pressões sindicais por melhores salários e

condições de trabalho, são alguns exemplos comuns deste fato. Na busca pela segurança de

uma posição competitiva no mercado em que atuam, é vital que as instituições se adaptem às

variações e dêem ao mesmo um tempo de resposta cada vez menor, por meio da proposição

de soluções mais inovadoras, completas e precisas para problemas cada vez mais complexos.

Diante deste cenário, Figueiredo (2009) afirma que o setor de armazenagem das organizações

também passou por inúmeras modificações, indo de uma visão de um setor gerador de custos

para a de um setor com alto potencial de geração de vantagem competitiva para a empresa. O

autor acrescenta ainda que a armazenagem possui dois principais papéis nas organizações:

operacional, com foco interno, isto é, um conjunto de processos relacionados à estocagem,

movimentação e processamento de produtos e informações; e estratégico, com foco externo,

isto é, a atuação como elo no canal de distribuição, atendendo de forma eficaz mercados

geograficamente dispersos e criando valor para os clientes.

O presente trabalho aborda um estudo de caso realizado em uma empresa de grande porte do

setor alimentício cujo mercado de atuação é bastante competitivo, pois há fortes concorrentes

que oferecem produtos consideravelmente semelhantes. O objetivo deste estudo foi

determinar a capacidade do setor de expedição - parte constituinte da área de armazenagem -

da empresa em questão, em função de diferentes perfis de demanda, uma vez que este dado

não era conhecido pela mesma, o que pode gerar uma série de implicações, tais como:

dificuldades para controle de custos e de estruturação das estratégias de venda. Como

desdobramento do objetivo principal, foi pretendida ainda a descoberta da restrição da

expedição, no caso, o posto de trabalho com a menor capacidade produtiva.

Neste caso, o problema se tornou crítico, pois a empresa estudada estava em fase de expansão

devido à previsão de aumento de demanda por seus produtos, o que reforçou a necessidade do

conhecimento da capacidade do setor de expedição, uma vez que este tem uma notável

ligação com os setores de Planejamento e Controle da Produção e o de Logística. Logo, a falta

de informações sobre a capacidade da expedição poderia gerar um problema de sincronização

entre o Planejamento e a Expedição, criando níveis de estoques indesejados ou, até mesmo,

falta de produtos no mercado, o que implicaria no nível de satisfação dos clientes.

2. A técnica de simulação computacional

Na literatura existem diversas definições para simulação. Uma definição clássica é dada por

Pegden, Shannon & Sadowski (1995 apud MUNDIM, 2009): simulação é o processo de

desenhar um modelo de um sistema real e conduzir experimentos com este modelo, com o

propósito de compreender o comportamento do sistema e/ou avaliar várias estratégias para

operação do sistema. Todavia, esta definição é muito abrangente, uma vez que não especifica

como os experimentos serão conduzidos. Com foco maior em simulação computacional,

Shannon (1975), define que um modelo computacional é um programa de computador cujas

variáveis apresentam o mesmo comportamento dinâmico e estocástico do sistema real que ele

representa.

A utilização da simulação como uma iniciativa de projeto deve ser feita baseada em um

método, que possibilite estruturar as atividades de modo a gerar os resultados desejados, a

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partir de uma série de insumos necessários a esta análise. Os métodos de simulação

comumente citados são os de Law & Kelton (1991), apresentado nos trabalhos de Machado

(2006), Neto (2006) e Mundim (2009); Chwif & Medina (2006) mencionado em Mundim

(2009) e o método de Gogg & Mott (1992), presente em Machado (2006). De modo geral, os

métodos são bastante semelhantes ao descrever a sequência de atividades em um projeto de

simulação, se diferenciando somente em relação ao nível de agregação das atividades ou por

uma questão de nomenclatura das mesmas.

Por ser um dos mais citados na literatura e aplicados em simulação, o método de Law &

Kelton (1991) foi utilizado como base neste trabalho. Machado (2006), Neto (2006) e

Mundim (2009) citam os oito passos propostos por Law & Kelton (1991) ao utilizar a técnica

de simulação:

Formulação do problema e planejamento do estudo – definição do objetivo principal da

simulação e de quais pontos devem ser tratados, os cenários que serão testados e a equipe

necessária para conduzir o projeto;

Definição do modelo e coleta de dados – reprodução da lógica de funcionamento do

sistema através da modelagem: escolha dos postos de trabalho que estarão no modelo, do

número de trabalhadores por posto, de horas de trabalho por dia, do sequenciamento entre

as atividades, dentre outras escolhas, sendo fixadas determinadas premissas que tenham

como base as simplificações adotadas. Uma vez definido o modelo, é realizada a coleta de

dados em base de dados históricos e/ou por meio da coleta em campo. Estes devem

representar bem o comportamento do sistema real para que a formulação do modelo em si

seja bem embasada, visto que serão utilizados na fase posterior de validação para

especificar os procedimentos operacionais e as distribuições probabilísticas das variáveis

aleatórias consideradas no modelo (SAKURADA; MIYAKE, 2009);

Implementação computacional e verificação – reprodução do modelo através de algum

software de simulação. A verificação consiste na busca de erros de sintaxe no programa;

Execução de rodada piloto – funcionamento do programa por um período de tempo

suficiente para a verificação de possíveis erros;

Planejamento de experimentos – envolve a definição dos parâmetros necessários para a

execução da simulação. Para cada cenário devem ser tomadas decisões sobre período de

aquecimento - warm-up period (que é o tempo necessário que a simulação precisa “rodar”

antes que os resultados sejam coletados, permitindo que filas e outros aspectos do modelo

estejam em condições típicas do sistema modelado), a duração da simulação e o número de

replicações a ser realizado;

Execução de rodadas de produção – consiste na execução do programa de acordo com os

parâmetros especificados na etapa anterior;

Análise dos dados de saída - deve ser feita por meio da utilização de técnicas de estatística,

como utilização de média e construção de intervalos de confiança;

Documentação, apresentação e implementação – devem ser apresentados os resultados e

registrado o modelo em documento, a fim de que possa ser utilizado no futuro e,

principalmente, para a implementação do projeto.

Embora o modelo proposto por Law & Kelton (1991) seja um dos mais conhecidos acerca do

tema, não aborda com profundidade a etapa de definição do problema e as etapas posteriores à

rodada de execução. Todavia, esta questão é minimizada no modelo de Van Strien (1997 apud

VAN AKEN et. al., 2007), denominado ciclo regulativo para a resolução de problemas, um

modelo genérico que pode ser aplicado também a problemas de simulação. O ciclo possui

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cinco etapas, a saber:

Definição do problema – o autor defende que a definição do problema não é dada, não é

algo pré-existente e que se dá a partir de um acordo entre os diversos stakeholders

envolvidos e o representante do projeto. Essa escolha não é definitiva, podendo ser

ajustada no decorrer no projeto. Além disso, o autor menciona que é importante

considerarmos os recursos disponíveis para resolução do problema no momento de defini-

lo, ou seja, a complexidade do problema depende do recorte feito no momento de sua

definição. Problemas muito “amplos” podem não ser resolvidos no tempo ou com o

orçamento disponível;

Análise e diagnóstico - a atividade de análise e diagnóstico é a parte analítica do projeto.

Consiste na escolha de um método de pesquisa – quantitativo e/ou qualitativo, de acordo

com a natureza do problema e os objetivos específicos do projeto. A técnica de simulação é

um exemplo de método quantitativo que pode ser utilizado;

Plano de ação - corresponde à proposição da solução para o problema em análise e do

respectivo plano de mudança;

Intervenção - corresponde à implantação das mudanças propostas no plano de ação;

Avaliação - é o momento de reflexão sobre o projeto como um todo – análise dos objetivos

alcançados com base na proposta inicial e do que ainda precisa ser feito para atingir o

potencial máximo do novo sistema – e também de aprendizado para futuros projetos.

As abordagens de Law & Kelton (1991) e Van Strien (1997 apud VAN AKEN et. al., 2007)

são complementares, uma vez que o processo de simulação proposto pelos primeiros pode ser

adaptado ao ciclo regulativo proposto pelo segundo autor, conforme figura 1, que serviu como

base metodológica para o trabalho.

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Fonte: adaptado de Van Strien (1997 apud VAN AKEN, 2007)

Figura 1 - Ciclo regulativo adaptado para utilização da técnica de simulação

Convém ressaltar que a caixa “Caos de Problemas”, presente na figura, não representa uma

atividade, mas um estado no qual os problemas se encontram. De acordo com Van Aken et.

al. (2007), é difícil definir o problema a ser analisado, uma vez que este se encontra imerso

em um contexto de caos: diferentes problemas abrangendo não apenas questões técnicas, mas

também conflitos de interesse, valores, poder e influência, sendo assim dependentes do

julgamento de valor de vários stakeholders.

Na próxima seção serão detalhadas as atividades de Definição do Problema e Análise e

Diagnóstico, com base no estudo de caso realizado.

3. A simulação da expedição de uma empresa do setor de alimentos

A empresa estudada é uma indústria alimentícia, de grande porte, que atua no mercado

nacional há cerca de 35 anos. Embora seja conhecida, principalmente, pela comercialização

de produtos derivados do frango, seu portfólio de produtos é bastante diversificado, havendo

mais de trezentos tipos de itens, dentre os quais estão pescados, industrializados e importados,

o que aumenta a complexidade do setor de expedição - o foco do estudo.

As atividades deste setor são, basicamente, as seguintes: separação dos pedidos que serão

expedidos em cada doca; retiradas destes das câmaras de armazenamento, de acordo com a

família do produto - atividade denominada compra ou picking -; arrumação dos pedidos na

área de espera antes das balanças - atividade chamada de “passar pedido”; filmagem dos

pedidos, quando necessário; pesagem dos mesmos nas balanças; arrumação dos pedidos nos

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caminhões e, por fim, a manobra dos caminhões nas docas. Algumas dessas atividades são

realizadas apenas em determinados tipos de balanças, como será explicitado no decorrer do

trabalho.

Na expedição existem 14 docas, agrupadas de acordo com peso dos pedidos e com o tipo de

caminhão. As balanças recebem nomes especiais relacionados ao tipo de doca, conforme

tabela 1.

Número

de docas

Nome da

balança

Peso dos

pedidos

Tipo de

caminhão

Particularidade da doca

4 Balança

Tipo A

Muito Alto Grande Utilização de empilhadeiras para colocação dos

pedidos no caminhão. Além disso, ocorre a operação

de filmagem dos pallets.

8 Balança

Tipo B

Médio /

Alto

Médio porte As balanças estão no mesmo nível da doca, sendo

necessário apenas empurrar o pedido para colocá-lo

no caminhão.

2 Balança

Tipo C

Baixo Pequeno

porte

Necessidade de esforço físico adicional pois as

balanças não estão no mesmo nível das docas, sendo

necessário levantar o pedido da balança para colocá-

lo no caminhão.

Fonte: os autores (2009)

Tabela 1 – Distribuição das docas na expedição

Em relação ao layout, existem quatro tipos de câmaras no setor: congelados, resfriados

mercado e embutido, cada uma com temperatura regulada de acordo com o tipo de produto

armazenado. A primeira, cuja temperatura está em torno de -20°C, é reservada ao

armazenamento de produtos congelados; na de resfriados, com temperatura em torno de -8°C,

ficam os produtos vendidos em bandejas plásticas; a de mercado, com temperatura em torno

de 0°C, é destinada aos produtos que não possuem embalagem plástica e que, nos

supermercados, são vendidos por peso; e, por fim, a câmara de embutidos - temperatura em

torno de 5°C – onde ficam produtos que não precisam de muita refrigeração, tais como:

linguiça, salsichão e almôndegas.

De modo geral, a organização dos produtos nas câmaras não segue nenhuma ordenação

lógica, em especial a dos congelados, o que dificulta a identificação e o acesso aos produtos

nas memas. Dentre as diversas causas, destacam-se a superlotação de algumas delas, o que

torna difícil o acesso dos operadores para a retirada dos produtos ou ainda o acesso de

empilhadeiras para o mesmo fim.

3.1 Definição do problema

O principal incômodo dos representantes da empresa era, em princípio, o elevado número de

horas extras pagas mensalmente aos funcionários. Após análise mais aprofundada da situação

e discussão entre os participantes do projeto, verificou-se que a causa primordial deste efeito

era o desconhecimento da real capacidade da expedição, podendo a técnica de simulação ser

uma alternativa para solucioná-lo.

3.2 Análise e diagnóstico

3.2.1 Definição do modelo e coleta de dados

O primeiro passo para o entendimento do modelo é a identificação das simplificações

realizadas ou premissas adotadas sobre o funcionamento do mesmo. Embora as balanças da

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expedição tenham características distintas, o que certamente reflete no tempo de execução das

atividades, foi necessário o estabelecimento da premissa que todas as docas e balanças eram

iguais, isto é, não foram feitas distinções em relação às particularidades, a fim de simplificar a

atividade de coleta de dados.

As atividades da expedição também foram simplificadas no modelo, por intermédio do

agrupamento de algumas delas e eliminação das que poderiam ser definidas de forma

determinística, isto é, através do estabelecimento de um tempo padrão determinado, dado que

não há variação conforme outros fatores. A tabela 2 compara as atividades presentes na

expedição de acordo com o tipo de balança e as consideradas no modelo.

SISTEMA MODELO

BALANÇA TIPO A BALANÇAS TIPO B / C

Separar road show Separar road show Não contemplado no modelo

Distribuir road show pelas docas Distribuir road show pelas docas Não contemplado no modelo

Receber os road shows por doca Receber os road shows por doca Não contemplado no modelo

Destacar e distribuir

resumo do road show

Destacar e distribuir

resumo do road show

Não contemplado no modelo

Comprar produtos nas

câmaras frias

Comprar produtos nas

câmaras frias

Picking

Arrumar e filmar pedidos Passar pedidos Passar pedido

Pesar produtos Pesar produtos

Carregar caminhão Carregar caminhão Carregar caminhão

Manobrar caminhão Manobrar caminhão Manobrar caminhão

Fonte: os autores (2009)

Tabela 2 – Atividades consideradas no modelo

As atividades de picking, passar pedido, carregar e manobrar caminhão possuem unidades

distintas de contagem do tempo. A primeira é feita “por caminhão”, passar pedido e carregar

caminhão são feitas “por pedido” e manobrar caminhão é feita, novamente, “por caminhão”.

Na linguagem da simulação computacional, é dito que essas atividades possuem entidades

distintas, isto é, os elementos que circulam pelo modelo são diferentes, embora exista uma

correlação entre eles: podemos dizer que a entidade caminhão é um conjunto de pedidos e que

diversos pedidos agrupados sempre formam a entidade caminhão.

Todavia, não há um padrão para que se possa estabelecer uma relação numérica entre as

entidades caminhão e pedido, uma vez que a quantidade de pedidos em um caminhão é

definida pelo setor de distribuição, de acordo com a concentração geográfica dos clientes, não

havendo a definição de quantos pedidos entrarão em cada caminhão, o que fica a cargo de

quantos pedidos foram recebidos naquele dia, para uma certa região. Por isso, o modelo foi

dividido em três partes distintas: 1) Picking, 2) Passar pedido e carregar caminhão e 3)

Manobrar caminhão, de modo que cada parte fosse composta pelo mesmo tipo de entidade,

para que a modelagem computacional pudesse ser posteriormente desenvolvida.

A atividade de picking é realizada por família de produto, havendo, em média, um comprador

para cada família. Das cinco famílias existentes (congelados, embutidos, resfriados, mercado

e externo, sendo a família de externo correpondente aos produtos que não estão na câmara

fria), apenas as famílias mais representativas em termos de volume de produtos foram

consideradas: congelado, mercado e outros, sendo outros a combinação das famílias restantes.

Uma importante premissa utilizada para a simplificação do modelo é que as compras por

família ocorrem em paralelo, sendo necessários 3 operadores, um para cada família. Na

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prática, no entanto, as atividades não ocorrem totalmente em paralelo, visto que o início de

cada uma acontece em momentos distintos, ainda que próximos. Em relação à entidade do

picking, caminhão, foram considerados os seguintes atributos: peso do caminhão, número de

pedidos por caminhão (quantidade total de produtos) e número de itens por caminhão

(quantidade de itens de um mesmo produto). A tabela 3 resume os dados utilizados para essa

modelagem, mostrando ainda a quantidade possível de valores assumidos por cada atributo.

Esses atributos foram escolhidos após análise de correlação do atributo com o tempo de

execução da atividade, tendo sido escolhidos os atributos de maior correlação numérica. Os

valores foram dados aos atributos por meio das técnicas de quartil (para o peso e número de

itens) e da mediana (para o número de produtos).

Atividade: Picking

Entidade: Caminhão # Valores

Variáveis Valores

Peso Baixo Médio Alto Muito Alto 4

No. De Itens Baixo Médio Alto Muito Alto 4

No de Produtos Baixo Alto 2

Total de perfis possíveis 32

Fonte: os autores (2009)

Tabela 3 – Perfis possíveis para a modelagem do picking

A coleta de dados constituiu-se na aferição dos tempos de realização da atividade de compra

para cada perfil de rota, tendo como marco inicial da cronometragem o recebimento, pelo

comprador, do road show com a lista de produtos a ser comprada e como marco final a

disponibilização pelo mesmo do último produto da rota na área de espera das balanças. A

coleta para o picking durou cerca de 15 dias, sendo, em média, 1 dia para cada uma das 14

balanças.

O segundo modelo é constituído das atividades de passar pedido e carregar caminhão e, para

cada uma delas, considerou-se um operador e os seguintes atributos para a entidade pedido:

número de famílias por pedido, número de itens por pedido e número de produtos por pedido.

A tabela 4 resume os dados utilizados para a modelagem das atividades de passar pedido e

carregar caminhão, mostrando ainda a quantidade possível de valores assumidos por cada

atributo.

Atividades: Passar pedido e carregar caminhão

Entidade: pedido # Valores

Variáveis Valores

No de famílias Baixo Médio Alto Muito Alto 4

No. De Itens Baixo Médio Alto Muito Alto 4

No. De produtos Baixo Médio Alto Muito Alto 4

Total de perfis possíveis 64

Fonte: os autores (2009)

Tabela 4 – Perfis possíveis para a modelagem das atividades

de passar pedido e carregar caminhão

Embora a quantidade de perfis possíveis seja de 64, o número de perfis coletados foi de 43.

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Isso porque determinadas combinações, embora possíveis do ponto de vista da análise

combinatória, não faziam sentido em existir, como por exemplo, um perfil de pedido com

baixo número de itens, baixo número de produtos e quantidade de famílias muito alta. De

modo análogo à modelagem do picking, utilizamos a correlação numérica para a escolha das

variáveis de maior significância e o quartil para definição dos limites dos valores dos

atributos.

A coleta de dados para as atividades de passar pedido e carregar caminhão durou cerca de 20

dias. A coleta constituiu-se na medição dos tempos de realização da atividade de compra para

cada perfil de rota. Para a atividade de carregar pedido, o marco inicial da cronometragem foi

o posicionamento do suporte para a colocação do primeiro item do pedido na fila de

carregamento e o marco final foi a colocação do último item do pedido na fila de

carregamento. Para a atividade de carregar caminhão, o marco inicial da cronometragem foi

retirar o primeiro item do pedido da fila de carregamento para colocá-lo no caminhão e o

marco final foi colocar o último item do pedido no caminhão.

Para a atividade de manobrar caminhão, nenhum atributo foi considerado para classificá-la.

Embora os caminhões fossem de três tipos (pequeno, médio ou grande porte), para efeito de

simplificação, não consideramos a diferenciação no tempo de manobra segundo essas

categorias. O marco inicial para a cronometragem foi o evento “apagar luz da doca”, que

indica que o caminhão liberou a doca e o marco final foi o evento “aguardar próximo

caminhão da fila estacionar na doca”.

Os cenários da simulação são formados pelos dados da demanda – fornecidos pela empresa –

e pelos dados de capacidade – resultantes do tratamento das medições de duração das

atividades mencionadas anteriormente. São três os cenários escolhidos para simulação:

O cenário 1 tem como entrada a demanda do mês de julho de 2009 (baixa demanda) e

como capacidade as medições realizadas no mês de outubro de 2009.

O cenário 2 tem como entrada a demanda do mês de dezembro de 2009 (alta demanda) e

como capacidade as medições realizadas no mês de outubro de 2009 (considerado pela

empresa como mês típico).

O cenário 3 tem como entrada a demanda do mês de dezembro de 2009, sendo aumentado

em 10% o peso e a quantidade de todos os produtos e, como capacidade, o equivalente a

90% da eficiência das balanças de melhor desempenho com base nas medições realizadas

no mês de outubro.

Esse cenário foi escolhido pela empresa, com base em sua estratégia de mercado para os

próximos anos, que visa o aumento nas vendas (em peso e quantidade de produtos). Como

capacidade, escolheu-se 90% da capacidade das balanças de melhor desempenho (balanças de

tipo C), pois foi adotada a premissa de que as demais balanças tipo A e B não poderiam ter

desempenho 100% equivalente às balanças tipo C devido às características particulares dessas

últimas, como por exemplo, a expedição de produtos de menor peso e o porte menor dos

caminhões (tabela 1), o que tornaria o tempo de execução das atividades nas balanças tipo C

menor.

A tabela 5 mostra a variação dos atributos peso, produto e item de acordo com cada cenário.

Ao lado de cada atributo existe uma coluna com a variação percentual calculada com base no

cenário 1.

Atributo

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Peso (kg) Produto (unidades) Item (unidades)

Cen

ário

1 10.015.953 - 189.041 - 1.475.470 -

2 13.592.040 36% 138.440 -27% 1.682.979 14%

3 14.951.244 49% 138.440 -27% 1.851.277 25%

Fonte: os autores (2009)

Tabela 5– Comparação entre os cenários

3.2.2 Implementação computacional e verificação

Para implementação computacional foi utilizado um software de simulação que possibilitou a

modelagem através de templates pré-definifos, o que tornou o processo de implementação

mais simples quando comparado à modelagens feitas apenas utilizando-se linguagem de

programação.

Antes da modelagem, foi realizado o tratamento estatístico dos dados. O conjunto de dados de

duração das operações de cada perfil foi colocado no software que, por sua vez, retornou as

possíveis distribuições, cada qual com seus parâmetros definidos. Em posse dessas

informações, realizou-se a escolha da distribuição que mais se adequasse ao perfil. Para

ajustes dos dados à curva utilizou-se o teste de Kolmogorov-Sminorv (K-S). Para perfis sem

dados suficientes para tratamento no software, utilizamos como premissa de que estes teriam

distribuição normal com desvio-padrão nulo.

Como parte da implementação computacional, destacam-se as seguintes atividades:

Modelagem do processo, isto é, a inserção das entidades que formam o modelo (centros de

atividade, recursos necessários, filas, entrada do modelo, indicadores desejados);

Configuração das entidades do modelo – para cada entidade inserida na modelagem, faz-se

necessária a configuração de parâmetros específicos, que variam com a entidade.

3.2.3 Execução de rodada piloto

Para a execução da rodada piloto, o relógio da simulação foi configurado de modo que os

modelos rodassem o equivalente a cinco dias de trabalho. Após término da rodada piloto, os

resultados foram comparados com os dados fornecidos pela empresa. Os principais

indicadores analisados nesta etapa foram: o total de horas necessárias para execução de cada

atividade, bem como do processo de expedição, e o total de pedidos expedidos. Como os

valores obtidos para os cinco dias foram compatíveis com os dados fornecidos pela empresa,

para os cenários de alta e baixa demanda, o modelo computacional foi considerado válido.

3.2.4 Planejamento de experimentos

A duração da simulação foi a de um turno de trabalho, podendo este ser estendido ou não em

função da necessidade de realização de horas extras. Esse valor foi estabelecido através da

calibração do relógio do simulador.

O número de replicações foi equivalente ao número de dias úteis dos meses correspondentes a

cada cenário: 28 dias para o cenário de alta demanda e 27 dias para o cenário de baixa

demanda.

O período de aquecimento, neste caso, não foi necessário porque ao termino de cada dia o

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modelo retorna ao seu estado inicial, não havendo filas entre as atividades nem atividades em

execução.

3.2.5 Execução de rodadas de produção

A etapa de execução de rodadas de produção corresponde à execução da simulação para gerar

os dados necessários para etapa seguinte, ou seja, a simulação foi rodada através do software

com base no planejamento estruturado na etapa anterior. Atenção especial deve ser destinada

ao tempo necessário para a execução de rodadas de produção, visto que em função da

complexidade do modelo computacional criado, esta etapa pode levar horas para ser

concluída. Estima-se que para a simulação dos modelos em todos os cenários, esta etapa tenha

levado cerca de 5 dias, ainda que computadores diferentes tenham sido utilizados para a

simulação de cada modelo.

3.2.6 Análise dos resultados de saída

As tabelas 6 e 7 apresentam, respectivamente, os resultados finais da simulação para a

atividade de picking e para as demais atividades.

Indicadores

Relevantes PICKING

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

Congelado Mercado Outros Congelado Mercado Outros Congelado Mercado Outros

Tempo médio

em minutos /

entidade

29,3 8,85 17,65 31,08 9,1 17,87 32,3 12,52 21,29

Horas

de operação/dia

3,91 1,28 2,24 4,54 1,41 2,57 4,7 1,96 3,03

Horas

extras/ dia

0 0 0 0 0 0 0 0 0

% de utilização

dos recursos 51,40% 16,84% 29,52% 59,80% 18,59% 33,88% 61,90% 25,73% 39,90%

# de entidades

completas/mês 3.314 3.314 3.314 3.660 3.660 3.660 3.603 3.603 3.603

Fonte: os autores (2009)

Tabela 6 – Resultado da simulação para a atividade de Picking

Indicadores

Relevantes

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3

Passar

Pedido

Arrumar

Caminhão

Manobrar

Caminhão

Passar

Pedido

Arrumar

Caminhão

Manobrar

Caminhão

Passar

Pedido

Arrumar

Caminhão

Manobrar

Caminhão

Tempo médio

em minutos /

entidade

6,01 4,5 7,83 6,28 4,7 7,84 4,09 3,5 7,84

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Horas de

operação/dia

9,72 6,91 1,13 9,95 7,02 1,21 4,48 4,63 1,21

Horas

extras/ dia

1,72 0 0 1,95 0 0 0 0 0

% de

utilização

dos recursos

122% 70,96% 0,14% 124% 70,38% 0,16% 58,90% 60,87% 0,16%

# de entidades

completas/mês 51.547 51.547 3.314 53.777 53.777 3.660 54.607 54.607 3.603

Fonte: os autores (2009)

Tabela 7 – Resultado da simulação para as atividades

de passar pedido, arrumar caminhão e manobrar caminhão

Comparando-se os cenários de baixa e alta demanda, observa-se o aumento no tempo médio

em minutos para a execução das atividades, bem como o aumento do número de horas diárias

necessárias para a expedição de todos os produtos. Pode-se concluir que o picking da família

congelados é que demanda maior tempo para a execução dentre todas as famílias.

Comparando-se a taxa de utilização dos recursos, bem como a média de horas de

operação/dia, das operações de passar, carregar e picking, fica evidente que a restrição da

expedição é a operação de passar pedido, uma vez que os indicadores dessa atividade

apresentam valores mais elevados. Ainda que o picking e o carregamento tenham baixo nível

de utilização, estas atividades estão diretamente sincronizadas com a atividade de passar o

pedido. Desta forma, toda a equipe da balança precisa ter o turno de trabalho compatível com

o turno da atividade de passar o pedido.

Em média, o responsável pela atividade passar pedido faz 1,72 horas extras por dia no cenário

de baixa demanda e 1,95 no cenário de alta demanda. Na prática, esses valores são menores

uma vez que o funcionário responsável pela arrumação do caminhão, ocasionalmente, ajuda o

passador de pedidos.

Em relação ao cenário 3, as demandas são plenamente atendidas sem horas extras. Esse

resultado é explicado uma vez que a capacidade utilizada foi considerando-se 90% da

capacidade das balanças de melhor desempenho.

Comparando-se os cenários de baixa demanda e alta demanda, observamos que a capacidade

da expedição aumenta de 51.547 pedidos/mês para 53.777 pedidos/mês, correspondendo a um

aumento de cerca de 4% no número de pedidos. O perfil de pedidos também se altera com

aumento de 35% no peso dos pedidos, aumento de 14% no número de itens pedidos, redução

de 27% no número de produtos pedidos e aumento de 10% no número de carros. Nos dois

cenários, a restrição é a de passar pedido, que possui maior média de horas de operação por

dia e maior taxa de utilização dos recursos. Quanto maior o peso, a quantidade de itens e o

número de pedidos de um perfil, maior será o tempo necessário para execução das atividades.

Embora o perfil dos pedidos seja bastante diferente em relação aos cenários de baixa e alta

demanda, podemos observar que o número de horas extras pagas é muito próximo: 1,72 horas

extras/dia para baixa demanda e 1,95 horas extras/dia para alta demanda, equivalendo a cerca

de 10 minutos de diferença. Dado a diferença entre cenários, esperava-se uma discrepância

maior entre o número de horas extras, visto que o perfil de pedidos do cenário de alta

demanda demandaria maior tempo para execução das atividades.

4. Conclusões

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A técnica de simulação computacional foi útil para determinação da capacidade da expedição

em função de diversos cenários de demanda, assim como para determinação da restrição da

expedição. Todavia, todos os resultados obtidos estão estritamente relacionados à

confiabilidade dos dados coletados e às premissas e simplificações realizadas durante a

modelagem.

Durante o projeto, nenhuma análise sobre a atividade dos operadores foi realizada com o

objetivo de determinar o tempo padrão para execução das atividades, o que nos impediu de

comparar os resultados obtidos com um resultado padrão. Além disso, certas premissas e

simplificações nos impediram de realizar o teste de determinadas hipóteses, como por

exemplo, se a restrição variaria de acordo com o tipo de balança ou ainda se o fato dos

operadores ajudarem uns aos outros, inclusive em postos de trabalho distintos, traria algum

impacto significativo para a questão das horas extras.

Com base na experiência adquirida ao longo do projeto, podemos propor para estudos futuros:

1) evitar simplificações que possam vir a comprometer o teste de algumas hipóteses e o

resultado da simulação; 2) buscar dados de entrada para o modelo mais realistas, o que pode

ser obtido através de uma maior amostragem e de um período de tempo de coleta mais

extenso, que possa contemplar a sazonalidade; 3) realizar um estudo de tempos e movimentos

a fim de identificar o tempo padrão de cada operação para que este sirva como base de

referência para identificação da capacidade do sistema; 4) Inclusão de indicadores financeiros

na simulação com objetivo de evidenciar os ganhos e perdas em cada cenário simulado. De

forma geral, os próximos passos propostos têm como objetivo tornar o modelo mais robusto e

os resultados ainda mais aderentes à realidade.

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