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Valmir um parceiro da natureza

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A 23 quilômetros de Acopiara-CE, vivem algumas famílias que contam um passado de muita luta e resistência pela pouca água para o consumo e para a criação de animais, que é a principal atividade e fonte de renda das pessoas que moram ali. Essa comunidade se chama Sítio Alto da Serra. Um desses moradores é Antônio Cavalcante de Oliveira, 40 anos, mais conhecido como Valmir.

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Page 1: Valmir um parceiro da natureza

“Se eu tivesse uma cisterna de placa daquelas grandes que eu vejo em outras comunidades

tudo era mais fácil pra mim, pois eu poderia dormir tranquilo sabendo que tinha água

próximo para meus animais o ano todo”, relata com esperança Valmir.

Mas mesmo com pouca água, Valmir vem mostrando que com muita força de vontade e com

um apoio técnico especializado tudo é possível. Ele e outros produtores da comunidade e da

região participaram de vários cursos promovidos pela Associação dos Produtores de Ovinos

e Caprinos de Acopiara (Apocace) e são constantemente orientados por técnicos do Serviço

Nacional Aprendizagem Rural (Senar), pela Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e

Extensão Rural do Ceará), Secretaria de Agricultura do Município, pelo Instituto Elo Amigo e

pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)

“Aqui não falta nada pra minha família, é tudo difícil, mas a gente vai vivendo. O segredo é se

preparar para o período de seca. Do mesmo jeito que o pessoal do sul se prepara pro inverno

forte, a gente tem que se preparar pro calorzão do nosso sertão”.

Valmir

Ano 8 • nº1841

Agosto/2014

Acopiara

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Realização Apoio

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Um parceiro da natureza

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A 23 quilômetros de Acopiara-CE, vivem algumas famílias que contam um passado de muita luta e resistência pela pouca água para o consumo e para a criação de animais, que é a principal atividade e fonte de renda das pessoas que moram ali. Essa comunidade se chama Sítio Alto da Serra.

Um desses moradores é Antônio Cavalcante de

Oliveira, 40 anos, mais conhecido como Valmir, casado

com Francisca Diniz Souza, que também é mais conhecida

pelo seu apelido, Marciene. Valmir conta que a maioria das

pessoas da comunidade tem o nome de batismo diferente dos

nomes que são popularmente conhecidos, pois isso já faz parte

da cultura daquela região. Valmir também é bastante elogiado

por todos, devido a sua organização, qualidade dos animais e

pela sabedoria que possui quando o assunto em questão é

sustentabilidade, agroecologia e convivência com o Semiárido.

Ao chegar a sua propriedade, logo se constata o seu

diferencial. Nos fundos da casa, Valmir cria ovinos,

caprinos, suínos e galinha caipira. Tudo é devidamente

separado, fazendo assim, com que as diferentes

espécies, mesmo próximas não se misturem.

Ele nos conta que vende os ovinos e caprinos para

abate, as galinhas são usadas na

produção de ovos para serem

comercializados na cidade e os

suínos são criados para reprodução

a fim de vender os filhotes para outros

produtores. Valmir tem um casal de porcos muito conhecidos

na região e seus filhotes são muito desejados por outros

produtores. “O grande segredo dos meus animais é a

alimentação balanceada e manter os locais sempre limpos, pois

assim os animais permanecem sempre saudáveis e não passam

doenças uns para os outros” diz Valmir.

Ao dar uma volta na propriedade pode se observar uma grande

quantidade de árvores nativas preservadas, pois Valmir

também é um alto defensor da preservação ambiental. Mas

ele nos conta que nem sempre tudo foi assim. Há 10 anos,

quando chegou à região,

era tudo desmatado. “Fui

plantando no quintal a

jurema, o sabiá e a

catingueira para garantir no

futuro, sombra aos animais”.

Ele também nunca deixa faltar a palma forrageira, pois

além de uma ótima fonte alternativa de alimento, ela

é extremamente adaptada ao nosso Semiárido se

mantendo viva e produtiva no período mais seco,

garantindo alimento saudável e diferenciado para

os animais.

No fundo do quintal ele já tem garantida a silagem

da ultima plantação de sorgo, assim, quando a

estiagem chegar e o alimento ficar mais escasso ou

até mesmo não mais existir, a silagem é implantada

na alimentação dos animais garantindo nutrientes

suficientes para a sobrevivência da criação.

Próximo à propriedade, Valmir fez uma barragem para segurar

a água por onde passa o rio Trussú, pois quando chegava entre

o mês de setembro e outubro, o nível do rio baixava e ele

ficava sem água para alimentar os animais. ”Tenho sempre o

cuidado em preservar as árvores nativas da beira do rio,

preservo o Mufungo, o Pau Branco, o Sabonete e a Ingazeira

sempre por perto, pois se não preservar elas acabam e depois

demoram muitos anos para conseguir implantá-las novamente

na mata” diz com orgulho Valmir, embaixo de um Muquem de

aproximadamente 70 metros.

Valmir conta que o problema que ele sempre enfrentou foi a pouca

água existente na região e que tudo sempre teve que ser muito regrado. Ele

e outros produtores e moradores da comunidade já são beneficiados com

as cisternas do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) destinadas para o

consumo das famílias e com capacidade de armazenar até 16 mil litros de

água da chuva, mas sonham em um dia conseguirem o benefício de um

projeto que os possibilitem armazenar água para produção e para a criação

de pequenos animais.

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