Vampirismo (J. Herculano Pires)

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DE LA DOCTRINA ESPÍRITA

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  • J. Herculano Pires

    Vampirismo

  • 2 J.HerculanoPires

    VAMPIRISMOJosHerculanoPires(19141979)

    Publicadooriginalmentepela:EditoraPAIDIAwww.editorapaideia.com.br

    Digitalizadapor:L.Neilmoris2008 Brasil

    www.luzespirita.org

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    Vampirismo

    J. Herculano Pires

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    ndice

    Teoriasproteladoras pag. 6

    Parasitasevampiros pag. 10

    Ohomempelametadepag. 15

    Comportamentohumanopag. 20

    Osvampirossagrados pag. 28

    Apporteendopportpag. 35

    Casosatuaisdeendopportpag. 41

    Oautovampirismo pag. 48

    Avesderapina pag. 53

    Vampirismotelrico pag. 59

    Dinmicadaconscincia pag. 65

    Vampirismocsmicopag. 70

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    Vampirismo

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    Teorias Proteladoras

    TodoocampodaPsicoteraputicaatualestinadodeobstculosque impedemo avano dos pesquisadores nas tentativas necessrias deesclarecimento positivo de seus problemas. Jovens que entraramesperanosos em cursos universitrios, em busca de conhecimentospositivoscomquepudessemenfrentaresolucionarosproblemaspsquicosangustiantes da atualidade acabamna frustrao e no desespero.Muitosdeles acabam aderindo s correntes de aventureiros e exploradores docampominado.Fracassamemseusprprioscasoseaumentamaslegiesdos desesperados, recorrendo a expedientes escusos para se manteremnumequilbrioaparente.Descobremapavoradosa inscriodantescanosportaisdoInferno:Deixaitodaesperana,vsqueentrais.Osveteranosdoprofissionalismofrustradoacomodamseemalgumasescolastericasetentam subverter a escala de valores da Civilizao da Angstia,normalizandotragicamenteaanormalidade.Capitulamestrategicamentenabatalha inglria espera de futuras descobertas salvadoras. Entregam opescooEsfingededipo.

    Essa situao dolorosa das cincias do psiquismo, emmeios aoesplendordoavanogeraldasCinciasemoutroscampos,reafirmaafalsaidiageradanocriticismokantiano,deumadualidadetrgicaeirremediveldo homem condenado: a da existncia de um mundo inacessvel sCincias.

    Asteoriasproteladorasseguemocaminhoinevitveldosprocessosnaturaisaque tudoe todosnsestamossujeitos:crescem,desenvolvemse, envelhecem e morrem. Mas deixam, na vida dos organismosconceptuais, as geraesesprias das descendncias de uma espantosafilognesedosistemtico.Dessamaneira,arodadasfrustraescontinuaagirar,comoosmoinhosdeventodeDomQuixotenasdesoladasplanciesda Mancha. Os moinhos fantasmais, que nada moem, continuam pelomenos desafiando a teimosia delirante dos quixotes. Enquanto isso, asteorias que atravancam o caminho das Cincias, como observou Richet,continuamatorturaraslegiesdeinfelizes,submetidosachoqueseltricosequmicosnoshospitaisenasclnicasdosemfim.

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    Nemmesmoasdescobertasatuaisdeumacinciauniversitria,aParapsicologia, em acentuado desenvolvimento nos maiores centrosuniversitrios do mundo, conseguiram abalar o comodismo dos que seapiam nas teorias proteladoras. Protelase a angstia, o desespero, atortura de milhes de criaturas, em defesa de mtodos, princpios eesquemasjrompidosnoprpriocampodaFsica,pormedodepalavrasepreconceitosdomundocientfico,geradosemfasedetransiojhmuitosuperadas.Aeradosvampiros fantasiosos jpassouhmuito,masadoVampirismo, nascida nos fins do sculo passado, com as descobertascientficas de Crookes, Richet, SchrenkNotzing, Kardec, Zllner e tantosoutros todoshomensdeCincia,professorescatedrticosdegrandesUniversidades, apenas se esboa em nossos dias. Mas a leviandadehumana,mesmoadoshomensmaissriosededicadosaolaborcientfico,sustenta ainda as prevenes do passado, sem coragem de avanar nocampominadodassupersties, comosea funoprimriadasCinciasnofosseprecisamenteaderompercomelas.

    OVampirismoatualnosenutrede lendasassustadoras,masderealidadespositivasdocampodoPsiquismo,queexigemesclarecimentos.AsCinciasdoParanormalnasceramdapesquisacientficadosfenmenospsicofsicos. Onde h fenmenos tangveis, susceptveis de repeties e,portantodepesquisassobcontroleestatstico,aCinciatemobrigaodepenetrar com os seus instrumentos de comprovao. Os homens deformao cientfica, mormente os que se dedicam s profissesteraputicas, no podem furtarse a esse dever sem cair na violao datica profissional e da traio aos princpios humanistas. Essa duplaprevaricaopehojeosinaldeCaimnafrontedetodososquevivemnasteorias atravancadoras. Asmultidesde suas vtimas, que se contamporgeraesinteiras,clamamcontraessaperfdianopresenteefazemecoaroseu clamor desesperado nas distncias do Futuro. Os psicoterapeutasatuais,nasuaquaseunanimidade,passaroHistriacomotorturadoreseexploradoresdasgeraessacrificadas.

    Nofazemosumaacusao,registramosumfato.A prova cientfica da existncia da telepatia, da clarividncia, da

    precognio, da sobrevivncia da mente aps a morte corporal (Rhine,Carington, Soal, Price, nas Universidades de Duke, Cambridge, Oxford,Londres, Berlim,Kirov e outras) no deixa dvidas quanto realidade daaodeentidadespsicofsicassobreascriaturashumanas.Rhineprovouque a mente no fsica, mas de constituio extrafsica. Caringtonreforouessaprovaeformulouateoriadasentidadespsicnicas,formadasde pscons (tomos mentais). Soal designou com a sigla SHI personalidade humana sobrevivente. Vasiliev, na URSS 1 entregouse aexperinciasparademonstrarqueopensamentoeamentesomateriais,mas acabou confessando a sua derrota. Louise Rhine aplicouse apesquisasdecampo(foradosmtodosdelaboratrio)ecomprovouoqueo

    1URSS=AntigaUniodasRepblicasSocialistasSovitica

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    maridoprovaraemlaboratrio.JohnHerenwaldpesquisouepublicouseustrabalhos sobre as influncias telepticas nas relaes interpessoais. Ocaminho foi desbastado por esses e outros cientistas atuais, quederrubaramas estacasatravancadoras,mas os negadores continuaramanegar,margemdasexignciascientficas.

    RemyChauvin,do InstitutodeAltosEstudos,deParis,chamouosrenitentes de alrgicos ao futuro, mas os psicoterapeutas no searredaramdesuasteoriaseseusmtodosdetortura.

    No entanto, o psychicboom, a exploso psquica no mundoprosseguiu no seu desenvolvimento. E graas ao alheamento dospsicoterapeutas de formao universitria, que se alimentaram em seuscursos com o leite das Cincias, surgiram por toda parte os charlatesexploradoresdacredulidadepblicaedodesespero do sculo, comsuasclnicaspseudoparapsicolgicas,devastandoaeconomiadosingnuos.

    Essepanoramadesoladorexigedetodosns,quenoparticipamosdesse comrcio escuso e aviltante, o esclarecimento do problema, combase nos estudos e nas pesquisas desinteressadas de anos a fio, nacomprovaodiuturnadaverdadeatravsdosfatos.

    Os fenmenos paranormais revelam a natureza extrafsica dohomem, o que vale dizer a sua essncia espiritual.Os pesquisadores daUniversidadedeKirovdeslumbraramsecomavisodoquechamaramdecorpobioplsmico do homem, luminoso e cintilante. Constitudo por umplasma fsico, sua matria rutilante. Verificaram, na observao pelascmaraskirliandefotografiasparanormais,queocorpodomoribundossecadaverizava quando todos os elementos do corpobioplsmico seretiravam.Naspessoasvivasconstataramqueessecorpodeplasmadirigetodas as funes do corpo carnal e age nasmanifestaes paranormaisatravs de projees de pseudpodes que podem movimentar objetos distncia. Verificaram ainda a possibilidade de preveno de doenas nocorpo carnal. Tudo isso demonstra que o chamado corpobioplsmico dohomem no mais do que o corpo espiritual da tradio crist, que oApstolo Paulo chamou, na I Epstola aos Corntios, de corpo daressurreio. Essas descries coincidem com o que Kardec chamou deperisprito,envoltriodoespritoqueligaocorpocarnalaoespritooualma.Ateoriakardecianadohomemtrplice:Esprito,PerispritoeCorpoCarnal,foiconfirmadapeloscientistasmaterialistasdeKirov,quenoaconheciame no tinham nenhum interesse por uma concluso favorvel sobrevivnciadohomem,que,segundooMarxismo,devedesaparecernotmuloparasempre.

    Percebendooriscoaqueseexpunhamoscientistasapegamseaoque de matria lhes restava: o plasma fsico. Mas no prprio plasma,consideradooquartoestadodamatria,eformadodepartculasatmicas,encontraram partculas de natureza indefinida. Coma teoria esprita, queconsidera o perisprito como um organismo semimaterial, constitudo deenergias fsicaseextrafsicas,Kardecanteciparademaisdeumsculoasensacional descoberta dos cientistas de Kirov. Ressalta de tudo isso a

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    concepo necessria do homem como esprito. A descoberta daantimatriaedainterpenetraodosmundos fsicosenofsicosexplicoutambmnecessariamente,aconvivnciadeespritosehomenscorpreosnummesmoespao,masemdiferentesdimensesdarealidade.

    As pesquisas sobre a reencarnao, implantadas na Universidadede Moscou pelo Prof. Wladimir Raikov propagaramse nas demaisuniversidades soviticas. Sendo os espritos nada mais que os homensdesencarnados, fcil compreenderse que as relaes possveis entrehomens e espritos, no campo afetivo emental, permitem as ligaes deespritosviciadoscomhomensdetendnciasviciosas.EsseonovotipodevampirismoquesurgiudaspesquisasespritasemmeadosdosculoXIX.Os problemas da perverso sexual, do alcoolismo, dos txicos e dastendnciascriminosasentramassimnumanovaperspectiva,escapandoaocrculo fechado da hereditariedade biolgica, dos processos endgenospara a abertura dos processosexgenos.As pesquisas deKardec nessesentidoforamdecisivas.Otratamentodessescasostornousemaisseguro,confirmandose a teoria pelos fatos de cura, particularmente dos casosconsideradosincurveis.Posteriormente,osresultadosobtidosnosCentrosEspritas, e em muitos hospitais espritas, deram de sobejo a plenaconfirmao dessa descoberta ao mesmo tempo assustadora econsoladora.

    Vencidasas barreiras das supersties populares e da dogmticaigrejeira,das imposiesclericaisdafcega,dasuposta infalibilidadedasEscriturasSagradas,averdadesurgianuaepuradofundosombriodopoopara a claridade meridiana da certeza cientfica. No h mais dvidaspossveis no tocante existncia de relaes constantes e naturais, deordem teleptica,entreosdoisplanos interpenetradosdavidahumana:odos homens e o dos espritos. As teorias proteladoras carregadas depreconceitoseprecipitaes,asdurasbarreirasdoconhecimentoindicadasporDescartes aomundo cientfico s conseguem hoje agrupar em seufavor os cientistas hipnotizados pela obsesso materialista ou pelofanatismoreligioso.OracionalismofriodasCinciasMateriaisfundiuseaocalor humano dasCincias doEsprito. Ametodologiamecanicista cedeulugaranovasformasmetodolgicasdepesquisa,baseadasnaadequaodo mtodo ao objeto, ante a evidncia do rompimento dos conceitostridimensionaisdarealidadeobjetiva.Novasdimensesdorealsurgiramdoreconhecimento da multidimensionalidade das constituies atmicas esubatmicasdarealidade intangveldoselementosedanaturezahumanaem sua essncia invisvel. Remontando do efeito causa, as Cinciasfragmentrias se unificaramnos fundamentosconjugados da causa nicadetodososefeitos.

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    Parasitas e Vampiros

    AeconomiadaNaturezanosrevelaaunidadefuncionaldetodososprocessosvitais.ANatureza,emsua infinitavariedadedecoisaseseres,no esbanja energias e formas, contedos e continentes, em suasestruturaes.Do reinovegetalao reinoanimaloprocessocriadoruno,obrigandonos a uma concepo monista do Universo. A Fisiologia daNatureza,segundoaleidadiferenciaonaunidade,mostraseestruturadaefuncionalizada,pelosmesmossistemasadaptadosacadareino.Daseivado vegetal ao sangue dos animais e do homem, das estruturas ticasinferiores s superiores, a organizao a mesma. Dos sistemas demotilidade e percepo e de alimentao e assimilao das plantas aohomem o sistema de funcionalidade s varia no tocante s adaptaesespecficas.Damesmamaneiraepelamesmarazo,oparasitismovegetalsedesenvolvenadireodoparasitismoanimaledovampirismohominalespiritual.Eassimcomooparasitismoinfluinodesenvolvimentodasplantase no comportamento dos animais, o vampirismo influi no comportamentohumano individualesocial.Entreosvrioselementos,coisaseseresqueagem sobre o comportamento humano, omais perturbador e o quemaisprofundamenteameaaasestruturasfsicaseespirituaisdoserhumanoovampirismo,porqueaatuaoconscientedeumsersobreooutro,paradeformarlheossentimentoseas idias,conturbarlheamenteelevloaprticas e atitudes contrrias ao seu equilbrio orgnico e psquico. Noparasitismo, mesmo no espiritual, h uma tendncia de acomodao doparasita na vtima. A lei a mesma do parasitismo vegetal e animal. Aentidadeespiritualparasitriaprocuraajustarseaoparasitado,naposiodeumasubpersonalidadeafim.Ambosvivememsintonia,masoparasitascustasdasenergiasdoparasitado,cujodesgastenaturalmenteaumentade maneira progressiva. Ambos ganham e perdem nessa conjugaonefasta. O parasitado sofre duplo desgaste de suas energias mentais evitais e o parasita cai na sua dependncia, perdendo a sua capacidadeindividual de sobrevivncia e conservao.Amortedo parasitado afeta oparasita,quemorresugestivamentecomele,poisperdeuacapacidadedeviver, sentir e pensar por si mesmo. Os casos de pessoas dependentes,

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    excessivamente tmidas, desanimadas, inaptas para a vida normal, essasde que se diz passaram pela vida, mas no viveram, so tipicamentecasos de parasitismo. As prprias condies orgnicas dessas pessoas,quenoreagemdevidamenteaossocorrosmedicamentosos,alimentaoe aos estmulos do meio, de prticas espirituais ou fsicas, decorrem dedeficinciasorgnicas,mastambmdasobrecargainvisveldoparasitismoespiritual. As medicaes estimulantes e os tratamentos psicolgicosraramente produzem os efeitos desejados. Mas a conjugao dessesrecursoshabituaiscomotratamentoespiritualparaaexpulsodoparasita,querepresentanoorganismodavtimaumaformadesubvidaconsumidora,geralmente produz efeitos surpreendentes. As causas dessa situaomrbida decorrem de processos krmicos originados por associaescriminosasemvidasanterioresdoscomparsas.Osrecursosespirituaissoospassesespritas,afreqnciaregularareuniesmedinicas,oestudoealeituradoslivrosespritasbsicos,aprticadapreceindividualdiriapeloparasitadoemfavordoparasitaouparasitas.

    Todas essas providncias devem ser orientadas por pessoasconhecedorasdoEspiritismo,despretensiosasedotadasdebomsenso,oquepermitirocontroledoprocessodecura.Todasasprticasexorcistas,queima de ingredientes, queima de defumadores, aplicao ginstica depasses formalizados, uso de plantas supostamentemilagrosas ou objetosdemagiaspoderagravarasituao.Oespritoparasitrioumacriaturahumana com os direitos comuns da espcie humana e deve ser sempreencaradocomoparceirodossofrimentosdoparasitado.Nessestratamentosno se deve desprezar o concurso mdico, pois os efeitos negativos doparasitismo espiritual, depauperando o organismo da vtima, propiciamtambm a infiltrao dos parasitas do meio fsico, que devem sercombatidos com os medicamentos especficos. Embora a ao espiritualdas entidades protetoras possa tambm ajudar o reequilbrio orgnico, apresenadeummdico,sepossvelesprita,sefaznecessria.EnganamseosquesevoltamcontraaMedicinanessasocasies,poisas leiseosrecursosdomeiofsicosomaisapropriadosnessescasos.CadaplanodaNatureza tem suas exigncias especficas, que precisamos respeitar.Existem tambmosEspritosdaNatureza,que trabalhamnoplano fsico.Essasentidadessemimateriais,decorposperispirticos,estoemascensoevolutiva para o plano hominal. So os chamados elementares daconcepo teosfica, derivada das doutrinas espiritualistas da ndia. AsfunesdessasentidadesnaNaturezasodegranderesponsabilidade.OEspiritismo pe sua nfase no estudo e na investigao dos espritoshumanos, que so os do nosso plano evolutivo, dotado de conscincia eintelignciaracionalmaisdesenvolvida.Osparasitasjpertencemaoplanohumano. So considerados na Teosofia e em outras correntesespiritualistas como larvas astrais. Na verdade no so larvas nemelementares, so entidades que necessitam da ajuda da doutrinao. Osteosofistas atribuem tambm as comunicaes espritas aos chamadoscasces astrais, que so para eles invlucros espirituais, perispritos

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    abandonadospelosmortosedequeseservemoselementaresouespritosbrincalhesparasemanifestaremnassessesmedinicascomosendoosespritosdessesmortos.AteoriadoscascesfoicriadaporMme.Blavatski,aps uma sesso medinica que assistiu em Nova Iorque. O Sr. SinetdeclaraemseulivroINCIDENTESDAVIDADASRA.BLAVATSKIqueelacometeuentoumenganodeobservao,aoqualnuncamaisse referiu.Sinet, tesofo de projeo e companheiro de Blavatski, discorda dosteosofistasquecontinuamaaceitaressafalsateoria.AndrLuizrefereseaovides,espritosqueperderamoseucorpoespiritualesevemfechadosemsimesmos,envoltosnumaespciedemembrana.IssolembraateoriadeSartresobreoemsi,formaanteriordoserespiritual,quearompeaoseprojetarnaexistnciapornecessidadedecomunicao.Aaovampirescadessesovides aceita pormuitos espritas amantes de novidades.Masessa novidade no tem condies cientficas nem respaldo metodolgicopara ser integrada na doutrina.No passa de uma informao isolada deum esprito. Nenhuma pesquisa sria, por pesquisadores competentes,provou a realidade dessa teoria. No basta o conceito do mdium paravalidla.Asexignciasdoutrinriassomuitomaisrigorosasnotocanteaceitao de novidades. O Espiritismo estaria sujeito mais completadeformao, se os espritas se entregassem ao delrio dos caadores denovidades. Andr Luiz manifestase como um nefito empolgado peladoutrina, empregando s vezes termos que destoam da terminologiadoutrinriaeconceitosquenemsempreseajustamaosprincpiosespritas.AamplaliberdadequeoEspiritismofacultaaosadeptostemosseuslimitesrigorosamentefixadosnametodologiakardeciana.

    Nocasodoparasitismoedovampirismotodorigorpouco,poisoserros e os enganos de interpretao podem levar os trabalhos de cura adescaminhosperigosos.

    Se no encararmos o parasitismo e o vampirismo em termosrigorosamente doutrinrios, no devido respeito ao mtodo kardeciano,estaremos sujeitos a ser enganados por espritos mistificadores quepassaroanosvampirizar.Porqueovampirismoumfenmenotpicodasrelaes interpessoais. Na vida material como na vida espiritual ovampirismoumprocessocomumeuniversaldorelacionamentoafetivoemental das criaturas. vampiro o sacerdote que fanatiza um crente e osubmetessuasexignciasparaexplorlocomapromessadoCu,comovampiroodemagogopolticoquefascinaosadeptosdesuasidiaseosleva ao sacrifcio intil e brutal da revolta e do terrorismo. vampiro oespritaouomdiumquefascinaosingnuoscomafalsificaodepoderesque no possui, revelandolhes supostas reencarnaes deslumbrantes econduzindoos ao delrio das suas ambies de grandeza. vampiro onegocista esperto que suga as economias de seus clientes com falsaspromessas para um futuro improvvel. vampiro o galanteadordonjuanesco que se apossa da afeio das mulheres inseguras paraexplorlas.vampirooalcolatraouo toxicmanoquesemeiadesgraaemseuredor.vampirooespritosagazouvingativoquesugaasenergias

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    dascriaturashumanasesubjugaoutrosespritosparaagirnaconquistaedominao de outras, e assim por diante, na imensa e variada pauta dovampirismomaterialeespiritual.

    Portudoisso,acuradovampirismonomaisdoqueumprocessodeseparaodosimplicados,deafastamentodovampirodarbitadesuavtima.Masnobastaesseprimeiropasso.necessriaapersuasodosimplicados pela doutrinao esprita. A doutrinao a transmisso doconhecimentodoutrinriosduaspartes.Semessatransmissooprocessonosecompletaeacuraserapenasumasuspensodovampirismoporalgum tempo. Como ensinou Jesus (e vemos nos Evangelhos) podemosafastarosvalentesqueseapossaramdacasa,limplaearrumla.Masseela ficarvaziaosvalentesconvidarooutrosparceirosearetomaro.Nessecaso,oestadodahabitaoserpiordoqueantes.Conformeograude compromissos e responsabilidades mtuas entre os vampiros e suasvtimas, o tratamento ser mais ou menos prolongado. Os vampiros soteimosos,insistentes,poisovampirismoparaelesomeiodesemanteremnarotinadeseusvcios.Avtima,porsuavez,estsovadanovampirismoeacostumadanaentregadesimesmasem relutncia.A freqncia regulardavtimaaospassesessessesmedinicasonicomeiopossveldefortaleclapararesistncianecessria.Nonosiludamoscomasmelhorasinstantneas.Osvampirosnolargamfacilmenteassuasvtimas.Afastamse estrategicamente e voltam com mais fria na primeira oportunidadefavorvel.necessrioqueasvtimascuradasestejamconvencidasdissoepreparadaspararepelilosemsuasinvestidasmanhosas.Apesardessasdificuldades,emtrabalhosbemdirigidosconseguemsenoraroresultadosrelativamente rpidos, que permitem maiores possibilidades naconsolidaodacura.

    A falncia da Psiquiatria, com todos os seus mtodosmodernos,decorre da falta de considerao desses fatores espirituais nos diversostiposdeperturbaesmentaisedesequilbriosemocionais.Impotentesanteos casos mais graves, como os de inverses e desvios sexuais, ospsiquiatrasmaisatualizadosadotaramumatticadepersuasoprotelatria,considerando normais essas anormalidades. Consideram perigosa aresistncia aos impulsos inferiores da libido, alegando que a repressoresulta em complexos irreversveis. Os psiquiatras espritas, que hojefelizmentejsonumerosos,nopodemaceitaressatticadecapitulao,queostransformariaemcmplicesdasentidadesvampirescas.Elesestono dever indeclinvel, profissional e consciencial, de se organizarem emassociaes de pesquisas, fundamentadas na Cincia Esprita e naPsiquiatria, para o enfrentamento necessrio desses meios deabastardamentodaespcie.

    Asexualidadeo fundamentodavidaeosexoa sua formademanifestao. Os psiquiatras ingnuos ou ignorantes brincam, hoje comfogo em seus consultrios e suas clnicas e esto incendiando omundo.Partemparaosofismaemdefesaprpria,alegandoaimpossibilidadedesecaracterizar o que normal e o que anormal. Com isso pretendem

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    declararnormaisasanormalidadesmaisaviltantes.Masanormalidadesedefine por si mesma no meio social. O sexo masculino define apersonalidade normal do homem nas suas funes criadoras. O sexofeminino define a personalidade normal da mulher. Confundir alhos combugalhostticadenegociantesfraudulentoseinescrupulosos.Dizeraumadolescentequesesentedominadoporimpulsosnegativoseprocuralivrarsedeles:Issonormal,arranjeumparceiro,atiraroinfeliznarodavivade um futurovergonhoso.No essa a funo domdico ante o doentequeoprocura.Jexistemconsultrioseclnicasdotadasdeleitosocultos,para os quais so convidadas consulentes desesperadas para umateraputica libertina. O mdico, no caso, receitase a si mesmo comomedicamento salvador. A chamada terapia de grupo se transforma emgigolismocientfico,emquemulheresdesnorteadassoapresentadaspelosmdicos a homens insatisfeitos que podem adornar a fronte dosmaridoscombasenoreceiturio.

    Contounosummdicoespiritualistaumaanedotaqueafirmounoser anedota: O Sr. B. importante figura social, tinha o hbito de pegarpontasdecigarronasruaseenchercomelasosbolsos.Opsiquiatraqueconsultou submeteuo a tratamento modernssimo. Encontrandoo maistarde, o mdico espiritualista perguntou se havia se curado. Sim,respondeuo figuroempavonado.Continuoapegaraspontasdecigarro,masagorano tenhonenhumconstrangimento.Faoocomnaturalidade.Astcnicaspsiquitricasmaismodernas,comosev,procedemdaremotafasegregadossofistas,dosquaisScratessedesligouparapoderencontraaVerdade.

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    O homem Pela metade

    A percepo espiritual que o homem tem de si mesmo, inata enatural, desenvolveuse nas civilizaes da Antiguidade, a partir do ciclodascivilizaesagrriasepastoris,numsentidoglobal.Ohomemsentiaeintuaatotalidadedesuanatureza.Porisso,nohouve,empartealguma,nenhum tipo de filosofiamaterialista.A concepomaterialista do homemapareceutardiamente,comodecorrnciadoseudesenvolvimentomentaledoaguamentodasuacuriosidade.

    As filosofias antigas atualmente designadas comomaterialistasouprecursoras do materialismo mesmo nos tempos mais recentes dopensamentogregofundavamseemprincpiosespirituaisetendiamparaexplicaes teolgicas. A presena de Deus constante em toda aAntiguidade,desdeasselvasatascivilizaesteocrticas.

    NaIdadeMdiativemosoencerramentodoltimociclodaevoluodascivilizaesantigas.Nelaseresolveuoprocessodialticodaevoluomundial, na confluncia das conquistas ocidentais e orientais, para asntesedoCaldeirodeDilthey,emque,segundoaconhecida tesedessefilsofo, as concepes filosficas e amundividncia de gregos, judeus eromanossefundiamnalentaelaboraodoMilnioparaquepudessesurgiroMundoModerno,atravsdoRenascimentoeuropeu.RenasciamnaEuropa as principais conquistas espirituais das antigas civilizaes. ORacionalismogregodirigiaascorrentesemfusobuscadoreal.Anovacivilizao opunhase ao Espiritualismo fantasioso da Antiguidade e sidealizaesdo platonismo, interessandose pelo objetivismoaristotlico esuas tentativas de conhecimento material do Mundo, das coisas e dosseres. S ento se criava o ambiente propcio ao desenvolvimento dasformasdeinterpretaomaterialista.

    Essaguinada,necessriaeprodutiva,damenteparaosproblemasterrenos, libertava e aguava a curiosidade humana pelos mistrios daNatureza, at ento envoltosnas especulaesmentais e nas fabulaesdaafetividadeanmica.Duranteomilniomedievalarazosedesenvolverae aprimorara, despontando emRen Descartes e Francis Bacon para osavanos metodolgicos da pesquisa cientfica. O telogo dissidente

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    Abelardo aparece nesse contexto como o precursor de Descartes. Suarevoltalhecustoucaro,masseulivroSICETNONeseufamosocasocomHeloisaabalaramparasempreosfundamentosdoMundoAntigo.EmvoaIgrejalutariaparamanteroseudomnioabsoluto.Asntesequeabririaosnovostemposestavaimpulsionadapelasforasdaevoluoedoprocessohistrico.Nadapoderiadeteroseudesenvolvimento.

    Comoemtodososmomentosdetransio,omundosetransformounum pandemnio e os espritos mais vigorosos, portanto mais rebeldes,voltaramse contra a dogmtica eclesistica, proclamaram o advento daRazoenegaramoconceitoespiritualdohomem,cortandoopelametade.PalavrascomoEspritoeAlmaforamconsideradascomo resduosdeumpassadode fbulase ignorncia.Nosembatesquese sucederam,comodesenvolvimento cientfico e a revelao progressiva dos antigosarcanosda Natureza, as Cincias herdaram para o seu estudo e a sua pesquisaapenasametadedohomem.AoutrametadefoipostadeladocomoartigodeMuseu,vlidaapenas paraovulgo inculto.Foi comverdadeiraeuforiaqueoshomensseviramlivresdasresponsabilidadesdeumavidaquenose extingue no tmulo. E os cientistas, em geral, se ufanaram de haverdescobertoquenopassamdecinzaep.

    Os mtodos de pesquisa cientfica se desenvolveram no planosensorial,poissoqueeravisvelepalpvelpodiaserconsideradocomoreal.FundouseassimaCivilizaoMundialdotacto,apoiadanatecnologiadas mquinas que, at ento, no captavam fantasias ou fantasmas.Relegadoaocestodepapisvelhos,ohomemespiritual (nadamenosdemetadedohomemreal)nomereciaatenodossbios.AugustoComterejeitouaPsicologia,PavloveWatsondescobriramapsicologiasemalma(uma cincia sem objeto), Marx e Engels fundaram o MaterialismoCientfico.ESartre,athoje,acompanhadopeladecadentefiguradeRenSudre, proclama a glria da nadificao do homem. Os cientistas comoCrookes,Richet,Zllner,Gibier,Osty,Geley,queseatreveramaprovararealidade do esprito, foram considerados ingnuos ou amalucados.Morselli, para salvar esses colegas criou a atordoante novidade doEspiritismoSemEspritos.SfaltoucriarseaHumanidadesemhomens,oqueficoureservadoparaosnossosdias,comadescobertamaravilhosadabombadenutrons.

    Noplanoreligiosoaconteceuomaissurpreendentedosfenmenos.Os telogos cristos proclamaram a Morte de Deus, baseados notestemunhodoLoucodeNietzscheefundaramoCristianismoAteu.

    Diante desse panorama de loucuras cientficas era natural que aPsicologiasemalmagerasseumafilhatambmdesalmada:aPsiquiatriadaLibertinagem,quedeuamoToxicomaniaesaiucomelaparaincentivaroshomensnogozodavidasemcompromissosnemresponsabilidades.

    No mito grego os andrginos eram duplos, fortes e velozes.TentaramescalaroOlimpioparase fazeremdeuses,masZeusoscortoupelomeioedevolveuosmutiladosao rsdocho.EssehomemmutiladopovoouaTerraefoielequeoscientistasmutilaramdenovo,reduzindooa

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    apenas um quarto do homem original. No de admirar que essehomnculoatual recalcado,vaidosoe insolentecomoaquelepedacinhode fermento de O LOBO DO MAR de Jack London esteja agoraexplodindonaangstiaenosdelriosda sua impotncia.Perdendoasuametade espiritual, entraram na crise de histerismo coletivo, fascinadosunicamentepelasforasmagnticasdosexoearrastadosatodosdesvariosde uma esquizofrenia catatnica. A cegueira materialista completa essemrbido. E vampiros e parasitas nada mais fazem do que atender aoschamadosdacarnesemalmaqueestertoranaangstiaexistencial.Shumremdioparaodoentesemesperanas:voltaaoesprito.Enquanto,como ensinaHubert, o homemno compreender que esprito e temdeviver como esprito e no como os animaismquinas de Descartes, nohavermaistranqilidadeeesperananaTerra,quedeixoudeseraTerrados Homens de SaintExupry para se transformar no domnio alucinadodos vampiros. O ciclo infernal se define assim: os homens vampirizadosmorrem,setransformamemvampirosparavampirizarosquenascem.

    A concepomaterialista do homem reduz a Humanidade a umaespcieanimalsemperspectivas.Avida,ossonhos,osanseioshumanosse transformam em miragens e alucinaes sem sentido. Se houvesseapenas uma justificativa lgica para essa concepo ainda se poderiaaceitar o curso intensivo dessa moeda falsa no mercado mundial dasiluses. As miragens do deserto ainda podem ser explicadas pelosfenmenos de refrao da luz, mas essa miragem conceptual no sejustificapor refraoticaoumental,nempor refraohistrica,nemporpesquisas antropolgicas ou psicolgicas. Toda a Histria Humana seassenta, em toda parte, na intuio universal da natureza espiritual dohomem.AnovidadematerialistadoSculoXIIIbrotoudevriosequvocosnalutacontraosabsurdoseosdesmandosdaIgreja,baseadosnaidiadepoderesdivinossupostamenteconcedidosaosclrigosatravsderituaisdeorigem selvagem. A raiz domaterialismo o tacape do cacique, seco emorto,doqualspoderiabrotarascobrasdobordodeMoissnasaladoFara.

    Historicamente o materialismo nasceu do sofisma, que umanegaacomaverdade,dequeseserviramossofistasgregosparanegarapossibilidade do conhecimento real. O Materialismo Cientfico valehistoricamentepelasuareivindicaosocial,masoerrofataldainversodaDialticadeHegelocoloca,hojeemposiofilosficaretrgrada.Faltalhea luzdoespritoequandoestaaparece,acesapormospiedosas,eleaapagaspressas.Nopodesuportla,comoaconteceurecentementenaUniversidadedeKirov,coma incmodadescobertadocorpoespiritual dohomempeloscientistassoviticos.

    curioso como estamos ainda, apesar do aceleradodesenvolvimentocientficodonossotempo,apegadosaomtododedutivoempirista do longo passado humano. Os mtodos da investigaotecnolgica servemnos para descobertas surpreendentes nas pesquisasfragmentrias da realidade exterior, mas no tocante aos problemas da

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    essncia e da natureza humana no avanamos um passo alm daimaginao. Nosso barco mental encalhou nas guas turvas das idiasfeitasedasdeduesprecipitadasdoprocessoteolgico.Omisticismodoscrentesreligiosostransformouse,naeracientfica,numaformaespriadamitologia de Bacon, fundada na idolatria suposta das solues mentais.Continuamosapegadosaosdolosdopensamentobaconiano.Imantadosapreconceitos de milnios, precipitamonos em concluses envelhecidas,semomenorrespeitopelomtodocartesiano.Modelamosanossaimagemnarocha,comocinzeldeMiguelngeloe,comoele,queremosforaressaimagemafalar.NoacreditamosnaevidnciadaFsica,commedodenosvolatilizarmos na realidade atmica que nos revela a inconsistncia dacarne, de suas formas desgastantes e mortais. Consideramos a Fsicavlida para as coisas mais duras do que ns, mas mantemos intacta aimagemdohomemcarnal.Tememosanossaprpriadispersonoespaoequeremosnosescondernas furnasdeBacon.Descartes,oespadachimatrevido,nosapavoramaisdoqueasexplosesatmicas.VoamosparaaLua envoltos em escafandros de segurana e voltamos das viagensespaciais assustados e agarrados s idias esquemticas dos telogosmedievais,comoaconteceucomosastronautasamericanos.O instintodeconservao animal predomina sobre a razo cientfica e nos tornamosmsticos como os frades autoflageladores. As usinas americanas deproduo de seitas religiosas em srie funcionam no ritmo acelerado domedo, aumentando assustadoramente a capacidade de exportao depastoresamericanosparatodoomundo.

    Os astronautas soviticos,materialistas, voltam do espao sideralalardeando que Deus no existe porque eles no o encontraram nossubrbiosorbitaisdoplaneta.Repetiram,emescalacsmica,asbravatasinfantis dos cirurgies do sculo XVIII que se vangloriavam de jamaishaveremencontradoaalmanapontadeseusbisturis.Ossculospassam,oconhecimentoavana,masasorelhasdeMidascontinuamplantadasnaTerra.AtmesmoumfilsofocomoBertrandRussel,inegavelmentelcido,escorreganalgicadeclarandoque,apesardosestragosfeitosnoconceitodematria,averdadequeasleisfsicascontinuamavigorar.Ahipnosematerialistaentorpeceoscrebros.Poroutro lado,oapegodohomemaocorpo material perecvel alimento dos vermes no deixa os maisilustradosmaterialistas, inimigos ferrenhosdeDeus,perceberemque,comesse apego, prestam homenagem ao suposto inimigo nessa teimosaidolatriadacarne.CombatemoCriador,masnoqueremsairdoapriscodesuascriaesefmeras.

    Em seu livro OS ESTRANHOS FENMENOS DA PSIQUEHUMANA Vasiliev nos oferece uma nova imagem de Prometeuacorrentado s rochas do Cucaso, tendo seu fgado devorado pelosabutres.aimagemtrgicadeumPrometeusavessas,quenoroubouofogodocu,emquenoacredita,maslutadesesperadamenteparamanteraceso o fogo terreno de Vesta, depois que as prprias vestais domaterialismooapagaram.Onotvelcientistasovitico fazsecampeodo

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    ilogismoparavirarnoavessoasmaisrecenteseindisfarveisconquistasespiritualistas das Cincias. Vigiado pelo Leviat do Estado, gasta a suainteligncia e o seu saber transitrio, debatendose inutilmente na lutacontraaverdadeeternadanaturezaespiritualdohomem.ComoBertrandRussel, no percebe que as leis fsicas descobertas pelas pesquisascientficas no so mais do que os fundamentos da realidade materialgeradaesustentadapelopoderdocriadordoEsprito.Essasleisnofazemparte da concepomaterialista,mas da estrutura daRealidadeTotal emque a matria se insere no plano sensorial ilusrio. Bertrand, Vasiliev eRen Sudre essa comadre fofoqueira e centenria da batalha contra oesprito no perceberam ainda que suas unhas, seus cabelos e seusolhosnosooqueelesvemesentem,masplasmasatmicos,nevoeirosplsmicos condensados pelo condicionamento dos nossos sentidos, nasformas de percepo ilusria da realidadereal, que s agora estamosdescobrindo.

    O homem pela metade, essa viso parcial do homem que hojepossumos,simplesmenteumanimaldotadode instintos,entreosquaisavulta o de reproduo da espcie. O psiquismo humano no existe, fisiolgico e no psquico. Da a falncia da Psicologia Teraputica eespecialmente da Psiquiatria Libertina. Por isso, os psiquiatras honestosapegamse hoje aos recursos do Espiritismo a Cincia do Esprito,fundada por Kardec , a nica cincia real, baseada na pesquisa dosfenmenos, capaz de completar a nossa viso do homem de maneirapositiva.Sumpsiquiatradotadoderecursosespritaspodeenfrentarcomeficcia os estranhos fenmenos da Psique humana que aturdem osespecialistasmaisexperientes.

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    Comportamento Humano

    O comportamento humano depende de muitos fatores quetentaremosalinharnoquadroabaixo:

    1. Ograudeevoluodoseremsentidogeral2. As diferenciaes de graus evolutivos, em cada ser, nas diferentes

    reas das faculdades humanas. Exemplo: inteligncia, moralidade,afetividade, acuidade, responsabilidade, sensibilidade, idealidade,praticidade, integralidade (no sentido de integrao na realidade),materialidadeeespiritualidade

    3. Hereditariedadegentica4. Heranasdeencarnaesanteriores5. Condies da encarnao atual (meio em que nasceu e cresceu,

    educao,profisso,etc.)6. Enfermidades atuais, situaes financeiras difceis ou boas, vcios

    adquiridoseassimpordiante.

    Nesse quadro, apenas esboado, podemos ver como variado oquadro determinante do comportamento humano, tornandose difcil elaboraodeumesquema,universalmenteaplicvel.Dessefatosevalemos corifeus da Psicologia e da Psiquiatria Libertinas para contestarem ospadresdenormalidadedocomportamentohumanoeincluremnasfaixasde normalidade os processos anormais verificados na Histria dasCivilizaes e considerados, em pocas pregressas, como normais.Alegando a impossibilidade de uma classificao precisa do normal e doanormal,conseguemimpressionarascriaturasingnuasoudesprevenidas,que acabam se conformando comassuas anormalidades, entregandosesgarrasinsaciveisdoparasitismooudovampirismo.Vidasquepoderiamsernobres,dignas,proveitosas,tornamsevergonhosaseinteis,eoquepior,servindoapenasdeexemplosnegativos,estimulantesdecapitulaesdesastrosas. Famlias inteirasso s vezes afetadas por esses desastresmoraisdeprofundarepercusso.

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    O homossexualismo, nos dois sexos, por sua intensidade nascivilizaes antigas e sua revivescncia brutal emnosso tempo, amaisgrave dessas anormalidades que hoje se pretende declarar normais. E precisamente nesse campo, o mais visado pelo vampirismo desde osncubusescubusdaIdadeMdiaatosnossosdias,queincidemhojeosdestemperoscriminososdoslibertinosdiplomados.

    Aprpriapalavranormal, tendovriossentidos,oferecemargemainterpretaesambguas.Masnoplanoculturalnosejustificaaextensoda ambigidade comum do linguajar popular aos conceitos filosficos ecientficos claramente definidos. Examinando o termo em seus vriossignificados, a partir das origens latinas, os filsofos definiram a palavranormal como designativa de ocorrncias naturais e habituais numadeterminadaespcieaolongodascivilizaes.Vindodenorma,oadjetivonormal significa regra,modelo, e assim aplicado em todas as lnguas.Durkheimlhedeumaiorprecisoaolembrarquessetornanormaloquebomejusto.

    Hdoiscritriossegurosparasedefiniranormalidadedosfatos:oquantitativo,quese fundaestatisticamentenamaioria,eoqualitativo,quese baseia na qualidade ou valor dos fatos dentro de um contextodeterminado.

    Atravsdesseconceitochegamosequivalnciadonormalcomonatural,aoquecorrespondesexignciasnaturaise,portantonecessriasdascoisasedosfatosnotocanteaumaespcieouaoconjuntodasvriasespciesemdeterminadoplano.

    Em todas as espcies: minerais, vegetais, animais, com plenaconscincia,naespciehumanaocritrioteleolgico,referentefinalidade,onormaloqueseenquadranadefiniodeDurkheimouseja,oquebomejusto.Obomeojustocorrespondemafinalidadesclaraseevidentes.A finalidade gentica do sexo define de maneira irrevogvel a suanormalidade.Todaprticasexualquenocorrespondasuafinalidadeaomesmotempoequilibradora,produtoraereprodutoradoorganismohumano anormal, acusando disfunes e desvios mrbidos no indivduo e nogrupo social. Qualquer justificativa dessas anormalidades no passa desofisma atentatrio da prpria existncia da espcie. O crime cometidopelos que se utilizam desses sofismas para disfarar a sua incapacidadeprofissional o de traio verdade, tica profissional e individual, moral social, dignidade humana, s exigncias da conscincia,culminando,porsuaextensohumanidade,nocrimedegenocdio.

    Noestamosexagerando,osdesvarios recentes de umpsiquiatralevouoaconsideraraprticahomossexualcomopossvelmeiodecontroledanatalidade.ANaoqueaceitasseessateseestariacometendoocrimedeaviltamentodesimesma,decondenaosumriadeseuscidadosadesvirilizao e indignidade mais abjeta. Todos os valores humanosseriamreduzidoslamadoschiqueiros,anteoshomenstransformadosemporcospelaCircemodernadaPsiquiatriadementada.AvarinhamgicadaCirce de Ulisses, no poema homrico, seria transformada na bomba de

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    nutronsdogenocdiocovardedosfsicosinconscientesdestahoraamargadomundo.

    Ocomportamentohumanofoiprofundamenteabaladoeemgrandeparte subvertido pelas rpidas transformaes deste sculo em todos ossetores vitais, mas os fundamentos conscienciais desse comportamentono se abalaram nem se subverteram. A conscincia humana define ohumano, ela que caracteriza o homem como poder e como ser. Ela,portanto, e s ela, sustenta e garante a uniformidade do comportamentohumanobsicoemtodooplaneta.Asvariaesdecorrentesdecondiesraciais, de tradies, de estruturas polticas, sociais, e econmicas soapenasdesuperestruturas,praticamentesuperficiais.

    O gangster, a prostituta, o ladro, o assassino profissional, ohomemdebemeosanto,possuemtodosomesmotipodeconscinciaeporissososemprereconhecidos,emtodaparte,comosereshumanos.Umhomem cruel e um homem santo so ambos homens, com os mesmosdireitos e os mesmos deveres. O comportamento de ambos profundamentediverso,masasuaessnciaamesma.

    Nosantoexisteatendnciaaobemenocruelatendnciaaomal.E ambos esto sujeitos a se transformarem no contrrio, s vezes pormotivos insignificantes, que no justificam a mudana. Mal e bem sopotnciasdoespritoquepodempassaraato,desenvolverse,atualizarse.O segredo da converso e da reverso dorme nos recessos doinconsciente,nessearquivosubmersodasexperinciasanterioresemqueasemoesmais intensaseos impulsosmaisvigorososesperamapenasum toque, um pequeno motivo para subirem em tumulto tona daconscincia.

    Essa permeabilidade assustadora, entretanto, a garantia daliberdade, o livrearbtrio o tribunal da conscincia, que como todos ostribunaisdispederecursosparaconterasinvasesperigosaserepelilas,mas tambmdefraquezasuficienteparacapitularnoprimeiroassaltodasforas deletrias. A Corte Suprema a Conscincia em si, inflexvel nassuas exigncias e sempre pronta a castigar rijamente os trnsfugas e oscovardes.OhomemhonestocometeumainfraoesenteimediatamenteareprovaodaConscincia.Seaacataeprocurareequilibrarse,recebeaajudadospoderesconscienciaisesefirmanalinharetadocomportamentobomejusto.Selogoseentregaegozanogozoilusriodomal,cainalamados instintos e sofrer muito antes de recuperarse. Pode perderse porsculosemilnios,masnuncaseperderemdefinitivo.PorissoPapini,emO DIABO sustentou, para escndalo do meio catlico e do Vaticano, apossibilidade da Converso do Diabo, e Teilhard de Chardin, o telogo,afirmou que o condenado no jamais expulso do Pleroma (O CorpoMsticodeDeus),masserexpulsoapenasparaafmbriadoPleroma,deonde um dia poder voltar para o seu lugar vazio. A Conscincia nodesfalece nemmorre, permanece sempre vigilante e atuante. Por isso avidadocondenadosetransformaeminferno,tangendoosemcessarparaos caminhos do retorno. Os que acreditam em condenaes eternas no

  • 23 VAMPIRISMO

    conhecem essa mecnica divina que Pitgoras adotou na simbologia daMetempsicose.Efoi tambmpor issoqueoCristodeclarouquenenhumadas suas ovelhas se perderia, nem Judas pela traio, nem Pedro pelafraquezadanegao,nemMadalenapelaentregaaosdelriossensoriais.

    Massenoexisteaperdioeterna,existemasformasvariveisdaperdiotemporal,semprecarregadadesofrimento,desesperoeangstia.

    Osqueseperdemnoscaminhosdaevoluo, tomadosderevoltainsensataeangstiasprofundas,desajustadosnasua irredutvelcondiohumana,tentamsempreconstruiroseuprprioimprioelevarparaeleosseusafetosedesafetos.AfigurasimblicadoDiabo,existenteemtodasasreligies simbologistas, representa o Vampiro insacivel, sempreinsatisfeito,caandoasalmasdeDeusparaosredutosdastrevas.

    Mas, na verdade, o vampirismo apenas um fenmeno desimbiose, que tanto ocorre entre os encarnados, quanto entre osdesencarnados. Ante os protestos ameaadores e escandalizantes daIgreja, que considerava a comunicaomedinica como uma profanaodosmistriosdamorte,Kardec respondia explicando que os homenssoespritos aprisionados num corpo carnal e os espritos comunicantes soespritoslivres.Damesmamaneiraacrescentavacomoumhomememliberdade pode conversar com um prisioneiro atravs das grades, osespritoslivrespodemconversarcomosespritosdetidosnumcorpocarnalatravsdasgradesdos sentidos.Amediunidadenomaisdoque isso.Os espritos se comunicam, de maneira natural e at mesmo habitual,servindosedasfaculdadesdamenteedaspossibilidadesdeextravasodosensriohumano.

    Desde que omundo mundo isso acontece e no h quem noconhea esse fenmeno natural. Nessas relaes interespirituaisestabelecemse relaes naturais entre criaturas encarnadas e criaturasdesencarnadas. A simbiose assim estabelecida se prolonga e sedesenvolvenoplanodasafinidades.Ovampirismopropriamenteditoumarelaonegativa,baseadaeminteressesinferioresdeparteaparte.

    Aomorrer, o homem sai da priso corprea,masno se livra deseusmaushbitos,desuasviciaes,desuamaldadeeassimpordiante.Essesespritosinferiores(comooshomensinferioresentrens)gostamdecompanhias que se afinem com as suas tendncias. Um esprito dealcolatrarelacionasecomumapessoadomesmovciooucomtendnciaspara o vcio. Os espritos de criaturas sensuais ligamse a criaturas domesmo tipo. O vampirismo se processa em termos de reciprocidade. Ohomembebeeoespritosugaassuasemanaesetlicas.

    Aperigosasociedadeseprolongasvezesportodaumavida,poisnenhumdosdoisquerperderoparceiro.Daanecessidadedaintervenodas prticas espritas, para a separao da dupla, livrandose a criaturahumanadoassdionegativodoespritoviciado.Ocomportamentohumano assim afetado e modificado pelas influncias vampirescas geralmenteimperceptveisparaavtima.

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    Os processos vampirescos abrangem as mais variadasmodalidades,deacordocomas tendnciashumanas.Ovampirismomaisperigoso o que se passa no plano das idias. A ligao mental seestabelece de maneira imperceptvel. Pessoas demasiado sensveis,predispostasaofanatismoemqualquercampo,tornamsepresasfceisdeentidades do mesmo tipo, que acabam por levlas loucura. Manias,tiques, ojerizas, escrpulos exagerados e ridculos, s vezes apenaslevementeperceptveisemcriaturashumanas, so lentamente levadasaomximopelaaovampiresca.Psiclogosepsiquiatrasconhecembemodesenvolvimento desses processos, em que manias praticamenteinsignificantes, que no chegam a prejudicar as pessoas, transformamseemmanifestaesexageradasemuitasvezesperigosas.Desconhecendoacausa,ouconfinandoanumahiptesedasistemticacientficamaterialista,os psicoterapeutas submetem os doentes a processos violentos de cura,sem resultados ou com os tristes resultados das deformaes docomportamentododoente,queperdegeralmenteasuaespontaneidadeecaememestadosnomenosperigososdeapatia.

    Dr. Karl Wickland relata em seu livro 30 ANOS ENTRE OSMORTOSos resultados de seus trabalhos em sua clnica psiquitrica deChicago, servindose da mediunidade de sua esposa. Os relatos sominuciosos e bastante esclarecedores. Na coleo da REVISTAESPRITA,deKardec,hojetraduzidaemseusdozevolumeselanadanoBrasilpelaEditoraEdicel,deSoPaulo,KardecantecipouessafaanhadeWickland, descrevendo vrios casos. O Dr. Incio Ferreira, diretor doHospital Esprita deUberaba (MinasGerais) relatou tambmem seu livroNOVOS RUMOS MEDICINA, os casos tratados e fichados naquelehospital. O Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, do Rio, publicou valiosostrabalhosarespeito.Emqualquerdos32HospitaisEspritasdoEstadodeSoPauloosinteressadospodemobtercomprovaescientficasarespeitodessescasos.

    As pesquisas atuais da Parapsicologia, nos principais centroshospitalareseuniversitriosdomundo,acabaramporvenceraresistnciateimosaepreconceituosadosmeioscientficos.ODr.JohnHerenwald,emseu livro TELEPATIA OU RELAES INTERPESSOAIS relata fatosaltamentesignificativosde tratamentosemsuaclnica londrina.Herenwaldse refereespecialmenteaoscasosde influenciaesentrepessoasvivas,nos quais se torna mais natural e mais objetivo (ao gosto do sculo) oprocessopsicodinmicodessasinfluenciaesmentais.

    OdesenvolvimentodaspesquisasparapsicolgicasnaURSSlevouoDr.WladimirRaikov,daUniversidadedeMoscou,ainstalarnamesmaaspesquisasparapsicolgicassobreareencarnao,sobalegendapreventivadereencarnaessugestivas,queserviudettulo,maistarde,aofamosolivrodoDr.IanStivenson,doDepartamentodePsiquiatriadaUniversidadeda Califrnia. Na Romnia, para esquivarse aos atritos com o Estado efranquear a barreira dos preconceitos materialistas, os cientistasinteressados no assunto mudaram o nome da Parapsicologia para

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    Psicotrnica.Definese,assim,oPsychicboomatual,aexplosopsquicano mundo, como definiu o fenmeno a Enciclopdia Britnica em seusuplementodeCincias,comoumarealidadeevidentedonossosculo.Ospsiclogos e psiquiatras que do de ombros a esse fato inegavelmentecientfico no campo de suas especialidades, cometem simplesmente umaomisso perigosa, tanto para simesmosquanto e principalmente para osseus clientes. Kardec provou, em suas pesquisas, com inegvel critriocientfico, numa linha de lgica impecvel, que o comportamento humanodependenosdonossoequilbrio,mastambmdasinflunciasdiversasque nos afetam, e particularmente da ao, sobre ns, das entidadesinvisveis, mas perfeitamente detectveis com as quais convivemos. Oscientistasdapoca,mobilizadosparacombatloefazlocalarsecomonocasohistricodaSociedadeDialticadeLondresenocasopessoaldeWilliam Crookes expoentes da Cincia no sculo XIX, s conseguiramconfirmar as suas descobertas. A Igreja mobilizou os seus recursospoderosospararidicularizaro investigadorhonesto,marginalizaraCinciaEsprita, tornla odiada e repudiada no meio cultural, mas Kardec norecuou.Diantedasuafirmezaedasprovascrescentesqueseacumulavamatravs de incessantes pesquisas, outros e numerosos cientistas osocorreram na sustentao da verdade esprita. Crivaramno de calniasvis, at hoje ainda usadas contra a suamemria impoluta, e a todos elerespondeu com a clareza lgica de um sbio. Ele mesmo denuncioucorajosamente que a Inquisio ainda acendia suas fogueiras. FoiqueimadoemefgienafogueiradesuasobrasemBarcelonaeescreveu:AInquisionopassou,arrastaaindasuacaudanaEspanha.

    De toda a tremendamobilizao contra ele nadamais sobrou doque argumentaes vazias, mentiras, calnias sem uma nicacontraprova arrancada, por um nico cientista que fosse, de pesquisassrias e honestas. As Cincias posteriores, como assistimos agora, emnossos dias, confirmaram de maneira plena o acerto e a verdade dotrabalho doloroso e irredutvel do mestre, abrindo novas perspectivas arespeito e, o quemais o honra seguindo rigorosamente, sem intenonem conhecimento, o esquema e os mtodos por ele estabelecidos.NenhumdosprincpiosdaCinciaEsprita,porelefundadaedesenvolvida nem um s desses princpios e dessas leis foi sequer abalado peloespantoso avano das Cincias neste sculo de profundas renovaes.QualoGniodaCinciaquepoderamoscompararcomelenessesentido?Qual a razo objetiva, cientificamente provada, em que se esteiam aindahojeosseusadversrios,nogeralcompletamenteignorantesarespeitodaCinciaEsprita?

    Qualarazoracional,fundadaemfatos,emprovasirrefutveis,emque se apiam hoje os contraditores gratuitos e fteis de Kardec para orejeitarem no meio cultural e cientfico? E como, diante disso podem ospsiclogos e psiquiatras, os terapeutas psquicos de hoje, rejeitarlevianamente a verdade provada para submeter seus clientes aexperinciastorturanteseperigosasesemresultados?

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    O vampirismo a est, aviltante, dizimando geraes no fogo deMoloc,esacerdotescristos,malformadosemTeologia,essapretensiosaCincia de Deus, cuja falncia humana chegou ao seu fim inevitvel,substituem nos servios ao deus faminto, em substituio voluntria, aosseussacerdotesqueotempoeaHistriafizeramdesaparecer.

    Como podem falar em comportamento humano os que assim secomportamnestahoradecisivadomundo?

    Em1935morriaRichet,entregandoaosseusdiscpulosdaEscolade Medicina de Paris o seu testamento cientfico: O TRATADO DEMETAPSQUICA,emcujaspginasiniciaisprestareverentehomenagemaKardec.Aimprensatrombeteouemtodoomundoquealtimapdeterrasobreocorpoinertedograndefisiologistaenterravatambm,parasempre,as falciasmetapsquicas e espritas. Foi um desafogomundial. Dali pordiante, ningummais falaria em espritos e fantasmas. O assunto estavamorto e enterrado.No sabiam, porm, esses festejadores damorte, quecinco anos antes, precisamente em 1930, na Universidade de Duke, nosEstados Unidos, Rhine eMcDougall j haviam fundado a Parapsicologia,baseadanomesmoesquemaeseguindoamesma linhametodolgicadeKardec, comosseusmesmosobjetivos.Os fantasmashaviamvoltadoaomeiocientficoantesdoenterrodeRichet,eagoraservindosedosrecursosnovos da Tecnologia. Em 1940 os manacos de Fuke proclamavam osprimeirosresultadospositivosdesuasnovaspesquisasnalinhakardeciana.Hoje a Cincia Esprita desafia os cientistas na prpria URSS, nasentranhas ideolgicasdamaioremaispoderosa fortalezadoMaterialismoagonizante, que morreu asfixiado nas mos dos fsicos, como acentuouEinstein. Tudo isso no pesa em nossa cultura sensorial e sem senso?Nadasignifica?OsterapeutasdopsiquismonopercebemqueavergonhadocasoPasteurameaaesmaglosnasprensasdaHistria,noalvorecerdaEraCsmica?

    Depois das pesquisas deBethrev ePavlov naRssia, puramentefisiolgicas,seguidasdaspesquisascomoratonolabirinto,deWatson,nosEstados Unidos, tivemos o aparecimento da Psicologia SemAlma, queresultounaPsicologiaEcologiaSociolgicadosnossosdias,denunciadaecriticadaporRhine.OBehaviorismoouComportamentismo (PsicologiadoComportamento), desviavase da alma e negava o pensamento. Foi umdeusnosacuda eWatson, pelomenos, conseguiu enriquecerse com asexibies das espertezas do rato. O homem se integrava na concepocartesianadoanimalmquinaaqueDescartesseapegavaemsuas lutascontra os telogos. A felicidade ingnua, infantil, que essa psicologiaproporcionava ao homem moderno, liberto dos temores do apsmorte,provocouumaeuforiamundial.Osfantasmaserampura fantasia.AFsicaTranscendental de Friedrich Zllner uma brincadeira de ilusionista naimanncia.ATerraeraomelhordosmundos,naconcepoconsoladoradePangloss.ViviasenestemundinhopassageirocomoAdoeEvanoden.Comiase, bebiase, divertiase e morriase para uma eternidadeprazerosamentevazia.Amorteeraanadificaototal,absoluta,queSartre

  • 27 VAMPIRISMO

    iria proclamar. Nada de preocupaes transcendentais. Viveramos comoliblulasdeasastranslcidaseocorpinholevedeinseto.Viver,eistudooque se tinha a fazer.O comportamento humano no tinha segredos nemopes. Mas, para quebrar essa euforia de camundongos (sempreaparecem os desmanchaprazeres), surgiu em Viena um judeu nebulosoque fabricava uma alma artificial para o homem, com trs peas distintasnumasalmaverdadeiraoconsciente,osubconscienteeo inconsciente.Sigmund Freud trazia ainda na sua ratoeira um bando de fantasmascomplexos, com nomes gregos. Esse judeu acabou com a alegria infantildos comportamentistas. Frio analtico atribua todas as perturbaeshumanas libidoe faziaconcorrnciadeslavadaaospadresconfessores,tirando a clientela dos confessionrios para as poltronas e os sofs dasclnicas psicanalticas. Os ratos comearam a sumir domercado e foramsubstitudospor introjeeserecalques.Descobriusequeohomemnadamais era do que um judeu recalcado pelo moralismo desesperante dosrabinos do Templo de Jerusalm. No se podiamais negar a alma,masprovavase que a sua tranqilidade, bomsenso e bom comportamentodependiam exclusivamente da liberdade sexual. Estavam abertas para aHumanidade as comportas salvadoras da liberdade sexual e a populaomundial comeou a crescer com tal rapidez que o prprio Freud ficouassustado.A salvao, agora, estava nos anticoncepcionais. A talidomidacomeouagerarmonstros,alibertinagemdominouasnaeseoDr.Freudpassoudeheriavilo,sendoacusadodesubversivoedestruidordapazmundial.

    ParareajustaromundoconturbadoHitlerdescobriuquehaviaraasinferioresesuperioresnaTerra,quecopodecruzarcomrato,porissoomelhoreraexterminarpelaguerra totalasraas inferiores,entreasquais,sderaiva,incluiuajudaica.Oqueaconteceudepoistodomundosabe.

    Tudoissodeumuitossrisvampiros,quehaviamficadoesquecidose podiam agir sem freios e sem serem percebidos sobre toda a massahumana.

    No se pode querer maior demonstrao das incongruncias docomportamento humano do que numa viso panormica da HistriaContempornea. Pensase agora em construir cidades em funis deduralumnionoespaosideral,enquantoaAstronuticadescobrecaminhospara uma fuga em massa da Humanidade para Marte ou outro planetadisponvel.

    Qual ser o nosso futuro comportamental?Hmuitashipteses arespeito,masningumpensanapossibilidadedenoscomportarmoscomoespritos,aquimesmonaTerra,ajudandoosvampirosareconheceremquetambmsoespritos.

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    Os Vampiros Sagrados

    Quem fala em vampiro lembrase logo de sangue. E com razo,poisa ligaoentrevampiromorcego,sanguesexoemorte,estruturadanuma cadeia deoafetiva de associao de mitos da mais remotaantiguidade.As relaes, to conhecidas, estudadas e pesquisadas entremisticismo e sexo revelaram claramente a dinmica gensica desseprocesso alucinante. fcil imaginarmos o aturdimento dos homensprimitivos, em suas lutas na selva, ante os mistrios e as ameaas daNatureza e a exploso de seus instintos em seu prprio corpo,desencadeandonasuamenteenoseupsiquismo, temporaisde imagenscontraditrias,fascinaes,desejoserepulsas.

    Nessecaosgensicoelepercebia,comoelementospregnantes,ofluxodosangueemseus ferimentosenosferimentosdacaa,osanimaissugadores de sangue, o esvair damulher em sangue para o nascimentodos filhosedamorteproduzidanosanimaisenoshomenspeloborbulhardo sangue ao impacto das flechas, dos tacapes ou das lanas na carneanimalehumana.Navariedadecaticadascoisaseseresqueoenvolviamele se fechava na toca psicolgica das sensaes e dos dados maisprximos,queo tocavamnapele,para formar instintivamenteasuavisodomundo.Aintuiodaordemnatural,conjugadacomodesenvolvimentodo animismo antropomrfico que o projetava na realidade confusa,permitindolheestruturarocaos segundoa suaprpriaestruturahumana,despertavaemsuamenteaidiadepoderessuperioreseordenadoresdomundo.

    As civilizaes flicas da mais remota Antigidade, como a daSumria, atestam a validade desses processos gensicos da espciehumana.Osexorepresentavaopodercriador,osangueconsubstanciavaopodervital,osanimaisvorazesmostravamquedependiamdosangueedacarneparasobreviver,amortedoanimaledohomemextinguiaosangueeo reduzia a cogulos inertes. Desse conjunto de impresses poderosasnasceram as primeiras formas das civilizaes mgicas, foi sempre o

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    vampiro,afungentadoporfogoefumaaouevocadoelouvadoporfumaaefogo.Porisso,oraioqueincendiavaasflorestasconfirmavaaexistnciadeumSerSupremo,agindoostensivamentesobreavidadetodososserese de todas as coisas. Esse Mago complexo e assustador o Arqutipodeterminantedetodoocomportamentohumano,emtodasasCivilizaes,ataosnossosdias.Deleemanamas forasquenosmovimentamnopalcodoMundo,dadialticadavidaedamorte.

    Tentemosvercomoelaseprocessa.Avidafluidosangueeaalmaestnosangue,segundoaBbliaeasmaisantigasconcepesdohomem.Osangue opoderque nosconservavivose ligadosa todaa realidadevital. Vivos, pertencemos a Terra, participamos dela e nela sofremos egozamosdetodososseusbens.Todososmalesdesaparecemenquantoavida predomina em ns. Mas basta uma breve perturbao, umdesequilbrioorgnico,umagrandecontrariedade,paraquebens terrenospercamovalorhabitualquelhesdamos.Nessesmomentosacriaturamaisfeliz,maisapegadaaTerrasenteoanseiodeumavidasuperiorenoraropercebequevivemoscomohspedesdeummundoestranho.Bastariaissoparanosmostrarqueprecisamosdeumcondicionamentoespecialparaavida terrena. A hipnose dos prazeres e das satisfaes efmeras seenfraquece evoltamos os olhos para oAlto.Os freiosduros da vida nosrevelam a sua dureza e ansiamos pela transcendncia, substituindo oapegovidapelabuscaexistencial.nasucessodessesmomentosquenos preparamos para libertao das iluses condicionantes. Se noouvirmos o chamado das hipstases superiores, em que voam as almasviajoras de Plotino, aceitaremos facilmente a proposio desoladora deSartre:Ohomemumafrustrao.

    Umpoucodereflexobastariaentoparavermos,demaneiraclaraeinsofismvel,osentidodialticodavidaterrena,emqueomalnosacossapara nos levar ao Bem, para nos libertar das garras da angstia,impropriamente chamada existencial. Mas estamos viciados na futilidade,na satisfao dos prazeres fceis, sentimos a saudade aguda doschamados momentos felizes, da euforia dos sentidos enganadores, e,atradospelopassado recente, tentamosvoltarscondiesperdidas,aofalsoden de que fomos expulsos pela ignorncia de que aSerpente sevale para impedirnos de chegar, depois, rvore da Sabedoria. Osvampiroscaementosobrensenoscolhemdenovoemsuasgarrasebocasvorazes.Noobstante,noforamelesquenosconquistaram,fomosnsmesmosque nosentregamos,ea foraeopodercomqueelesnosdominamnosodeles,masnossos.

    Vivendo no plano extrafsico, os vampiros agem sobre ns porinduomental e afetiva. Induzemnos a fazer o que desejame que nopodemfazerporsimesmos.Podemosresistiraessas induese fazlosafastarsedenossoambiente,comasimplesrecusadeatendlos.Masseaceitamosviciosamentesuasordens,acabampornosdominar.Assimnostornamosemseusservidoreseseuscomparsas,estabelecemoscomelesfortes vnculos afetivos e sensoriais ou mentais. Quanto mais os

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    obedecemos, mais submissos nos tornamos. Os vampirizados que sequeixam de falta de fora para resistilos mentem a si mesmos. Aresistncia ao vampiro um momento decisivo da nossa vida. Nessemomentoqueserevelanaprticaonossolivrearbtrio,anossaliberdadeindividual, a nossa capacidade de querer e fazer. Os psiquiatras queresolvem um caso de homossexualidade convencendo a vtima de queesseoseudestinotornamsecmplicesdasconseqnciasdesseatodeignorncia e arrogncia. Os que sobrecarregam as vtimas de pesadasdosagens de psicotrpicos violentos, neutralizandolhes a capacidade dereao, so auxiliares inconscientes do vampirismo. Desarmam o doentediantedoalgoz,quebramlheasltimasbarreirasdavontadeecomissoassuasltimasesperanasdelibertao.Nossavontadesempremaisfortedo que a supomos,mas nunca saberemos quanto pode evale, se no apusermosemao.

    Almdospsicoterapeutas,osvampirizadoscontamaindacomumanovaordemdeajudantesdosvampiros:falsosparapsiclogosesacerdotespsicologisantes,queemsuasclnicasbastardasdepapanotasesgotamasenergias,asesperanaseaseconomiasdosconsulentesesuasfamlias.curiosaaprefernciadosclrigosporessa formaespecficadeclnicadahisteria, distrbios da afetividade e todo o cortejo de perturbaesprovenientes das abstenes foradas pelos mesmos impostas, h pelomenos dois milnios, s geraes mumificadas na moral dos burgosmedievais.

    AldousHuxley,emOSDEMNIOSDELAUDANeemOGNIOEADEUSAestudarespectivamenteo famosocaso deMadreJoanadosAnjos na Frana, com o vampirismo a solta no convento, e Vitria naInglaterra,pondoanuahipocrisiadasvirtudesenjauladasedomoralismoformal gerador de conflitos insanveis. No h melhor prato para osvampiros do que os preparados pelos cozinheiros de luvas de SuasMajestadesedascozinheirasrecatadasdeSuasSantidades.

    Talvez por causa dessas preferncias, ambas palacianas,encontramos com freqncia naHistria doVampirismo, a curiosa classedosVampirosSagrados.NadescendnciasacerdotaldoscultosmitolgicosdaAntigidade,ocasomaisevidenteode Iav,DeusdosJudeus,quedeuaoseupovoodireitodeabateredevoraranimais,mascomacondiodivinadeno lhesbebero sangue,queoDeus reservaraexclusivamenteparaosseusbanquetesparticulares,eacondiohumanadepovoartodaa Terra emproliferao incessante, abarrotandoa de carne e sangue.Ascondiesforamcumpridas.Osjudeusathojescomemacarneprovindade matadores rituais, em que o sangue das vtimas reservado para ovampiro sagrado. A proliferao foi incessante e hoje temos a Terrasuperpovoada,commaisdecincobilhesdecriaturas ingnuasesperadocorte,que toincessantecomoodasrezesesimilares,emtodasasnaes. Por maior que seja a voracidade de Iav, ele no conseguiuconsumir,comodesejava,todoosanguederramadonaTerra.

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    Os vampiros sagrados esmeraramse em prticas de sugar osangue humano e dos animais. Na Idade Mdia os prprios sacerdotesinventaram tcnicasespeciaispara darconsumoaos riosdesangue,queento substituram os rios lricos de leite e mel de Cana. O sangueexcedentedasvirgensfoimuitotilnasprticasdaGociaouMagiaNegra,com que os clrigos, nos tabuleiros de xadrez da poltica eclesistica,bebiamdasvirgenssacrificadas,edevoravamsempiedaderainhasereis,prncipesebisposnosentreveroscompiesdascavalariasreins.Emsuainvestigao,nosprpriosarquivosdoVaticano,revendoantigosprocessosde bruxaria, Albert De Rochas constatou a extenso e a profundidadedessasprticasnaslutasdosclrigoscontrareiseprncipes.Essaobraemque De Rochas, diretor do Instituto Politcnico de Paris, relembra fatosassombrosos,estpublicadaentrenscomottulodeAFEITIARIA,emboatraduodeJlioAbreuFilho.

    No mundo mitolgico o vampirismo, como desenvolvimento dostempos primitivos, sempre apoiado nos mitos de sangue, apresenta noEgito, na Mesopotmia, em todo o Frtil Crescente Oriental, at ascivilizaes prracionais de gregos e romanos, um vasto painel devampiros sagrados, sugadores de sangue e energias vitais. No culto deVesta, em Roma em que se adorava o Fogo Sagrado, as vestais seiniciavam nos ritos da virgindade, ao que parece vindo da Prsiazoroastrina. As vestais permaneciam virgens at os 30 anos, segundoBentSangl.Depoisdessaidadeelaspodiamretirarsedoserviodivinoecasarse.Se fossemvioladasantesdessa idade, seriamenterradasvivas,paraodesagravodaDeusaaquesehaviamdedicado.Todososritosdosangue implicavam sanes cruis para os transgressores, logicamentedeterminadas pela natureza sagrada do sangue e pelo sentido trgico desua longussima tradio.EmCana,antesdabrbaraconquista judaica,s comparvel em atrocidades loucura nazista na Europa, os vampirossagrados,geralmentesacerdotes,haviamamenizadoessabrutalidadecomousosimblicodovinhoedopo,emlugardosangueedacarne.Essaasimbologia agrria e pastoril usada nas celebraes das ceifas e dascolheitas. Cana, em sua estrutura prfeudal, dominada pelas lides docampo,atingiriaumgraudecivilizaopiedosa,quandoaconquistajudaicaa mergulhou violentamente no sangue de seus filhos. A ceia cananitarefletese nos relatos evanglicos, com a ceia judaica em que Jesustransforma a sua prpria carne em po e o sangue em vinho. A ceiamemorial dos cristos, ainda hoje, lembra essa transio feliz do sangueparaovinhoqueregouasBodasdeCan.Mas,noCristianismoMedievaloqueimperoufoioritodosangue,apavorandooscrentescomomistriodatransubstanciaodocorposacrificadoeosanguedoCristonasespciessagradas.

    O episdio evanglico da matana dos inocentes em Belm deJud,porordemdeHerodes,OGrande,marcasimbolicamenteaEraCristno seu incio histrico (melhor diremos: prhistrico) com as mossangrentasdovampirismosagradodejudeusecristos.Depoisdafixao

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    dessemitosangrentoebrutalnosEvangelhos,desenrolasetodaatragdiacristemritmodevampirismogrego,mitolgicoehistrico,noqualAtenase Esparta se conjugam sugando o sangue dos povos vizinhos para seengrandecer,levandoaRomadosCsaresasangriasistemticadospovosdominadosparaoseuenriquecimentoeoaumentoconstantedoseupoder.So vampiros sagrados os Imperadores Ungidos, e a sua heranavampricacontagiaroImprioCristodosPapas,quefardosanguedasseitascristssacrificadas,oalimentodesuaspompasegrandezasfuturas.

    Tudo se encadeia no Universo, postulou Kardec, e oencadeamentodovampirismoficoumarcadonafacedoplanetaemsanguee fogo. Tagore observou, em A RELIGIO DO HOMEM, o sentidoantropofgico do Mundo Moderno, lembrando que vivemos de processosvampirescos de suco do sangue e das energias vitais dos outros. Aexplorao do homem pelo homem um processo vampiresco e esseprocessoquetraaemgravaesdefogoesangueoperfildonossotempoparaascivilizaes futuras.Todasasnossas justificativasdessa situaomundial vampiresca serviro apenas para acentuar, perante o futuro, ostraos ferozes da face refletida no sculo da violncia, da sagacidadecpida, do egosmo e do sociocentrismo virulento. O prprio amor, essetoque de Deus no corao do homem, no aparecer nesse contextohorrendo como na formaclssica dos amores alados, do ingnuoCupidoflechando coraes com setas invisveis, mas como a figura trgica dasGrgones, e mais particularmente de Medusa com sua cabeleira deserpentes. essa a figura real do nosso sculo, que cada conquista nasendadoprogressofazumretrocessoaosinfernos.

    Podeumpsiclogo,umpsiquiatra,umpsicoterapeutadequalquerescola ignorar tudo isso, dando as costas s monstruosas origens dosmalesqueprocuraenfrentarnosseusconsultriosenassuasclnicas?Asrazes do homem, como percebeu Jung, esto nas razesdomundo, nasentranhas do planeta. Os vampiros lendrios dos filmes de terror soapenascaricaturasdosvampirosreaisqueenxameiamemnosso temposemelhanadasabelhas africanas,queproduzemmaisdoqueasoutras,mas semeiam o terror e a morte ao seu redor. Que as UniversidadesinscrevamoVampirismoemseuscurrculosenquantotempo,curandosedaalergiaaofuturodenunciadaporRemyChauvin.AceitemosodesafiodaHistria.

    Kardecadmiravase,emmeadosdosculopassado,daleviandadedos sbios que se arremetiam contra as suas pesquisas e procuravamridicularizlo com argumentos pueris. Richet foi coberto de ironias porhaver tido a coragem de provar a existncia do ectoplasma e CrawfordacusadodeimbecilelequeeracatedrticodemecnicaemBelfastpelocrime de revelar, atravs de experincias rigorosas, a mecnica dasalavancasdeectoplasma.WilliamCrookes,poradmirarabelezadoespritomaterializadodeKateKing,foiconsideradocomoumvelhotesenilqueseapaixonara pela mdium Florence Cook. Chamaram Oudine, o mgicoprofissional,paradesmascararosmaiorescientistasdapocaepreferiram

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    odogmacatlicodatransubstanciaorealidadeevidentedasformaesectoplsmicas. A Cincia preferia declararse falida ante os fenmenosparanormais, que hoje esto definitivamente provados em todo omundo,servindo nas mos dos incientes para trapaas e chantagens de todaespcie.

    Nobastouesse fracassocientfico,essabancarrota dosmtodosexperimentais, com suas conseqncias aviltantes, para despertar damodorra os cientistas e os profissionais de formao cientfica, de suaestranhaalergiaaofuturo.

    Os morcegos gostam da penumbra e da solido das torres, nasigrejas e nas catedrais. Nasmetrpoles domundo atual eles escapam noitedeseusesconderijossagradosesvezesinvademosapartamentosde luxodosarranhacusmaisprximos.Masosvampiros,quesaemdosesconderijos psquicos das torres da ignorncia ilustrada e invadem osapartamentosdeluxodosquadrosuniversitriosedescemaostugriosdaignornciapobret,estimulamomercadoespriodasclnicaselegantes,eat mesmo dos antros da charlatanice mais deslavada. Ante adesvalorizaodosdogmasigrejeiros,osclrigosmaisespertosbandeiamse para o campo cientfico, alvoroados com as perspectivas novas domercado rendoso das curas paranormais. uma rcua de aventureirosleigosqueacompanhaafalangevampiresca.Ondeesto,emquefurnasseesconderamosbravosdefensoresdopatrimniocientficodaHumanidade,arduamenteconquistadonosltimossculos,aopesodesacrifcioseriscosde toda a espcie? Acobertados pelas imunidades religiosas ou pelosportadoresdeimunidadesuniversitrias,vampirosquelhessugamoslucrosilcitos (e at mesmo o prestgio popular) charlates atrevidos seapresentam em programas de televiso ou em jornais e revistas queestupidamente os lanam e popularizam. Essa situao tipicamentevampiresca impede o desenvolvimento cientfico das pesquisas srias,desinteressadas entre ns e nos pases de condies culturais aindainseguras.

    O vampirismo religioso se funda em pressupostos do passadomstico, fundados em revelaes profticas. John Murphy, em seu livroORIGINESETHISTORIEDESRELIGIONS2, estudaodesenvolvimentoda Era Proftica noMundo Antigo, como uma fase de transio da fasemitolgica para a racional. O conhecimento mitolgico uma fabulaosimblica adaptada a um mundo de experincias no suficientementeassimiladas. Para dar alguma segurana e garantia de validade sestruturas do saber mstico, fundamse as religies reveladas peloautoritarismoabsorventedosprofetas,numarededesuposiesnamaioriainconsistentes.Esseoparasodovampirismosagradoehumano,emquea realidade se amolda s convenincias e autoridade sagrada dasreligies.Oexemplomaispresentedesseprocessoemnossotempoodadeformao completa do Cristianismo, que abandonou o Reino de Deus

    2OrigemeHistriadasReligies

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    pelosReinosdaTerra,apontodeencartarnaestruturapolticadomundocomoumEstado, imitaocaricatado ImpriodosCsaresabatidopelosBrbaros.

    Ernest Cassirer, em A TRAGDIA DA CULTURA, compara asistemtica religiosae filosficacomo leitodeProcusto,bandido lendriodatica,queajustavaassuasvtimasaum leitode ferro,esticandoasforaquandonocobriamocomprimentodoleitoecortandolhesaspernasquando excediam damedida. A Era Cientfica devia ter banido Procusto,mas na verdade ainda usa o seu leito, mutilando os fatos empricos darealidade para integrlos nos sistemas tericos. Isso revela claramente atendncia acomodatcia dos homens em defesa de seus pressupostosalienantes.Mas temoshoje,nocampodapsicoteraputica,mtodosmaisaperfeioadosdobanditismotico,quenospermitemdeformarocorpoeaalmadasvtimas,atravsdossofismassobreoconceitodenormalidadeeanormalidade.Osromanos,menosexigentes,preferemmetralharaspernasdosadversriospararetlosemseusprpriosleitosoucamasdeferro.Ospsicoterapeutas so mais generosos: concedem aos seus consulentesanormais o alvar de ingresso na libertinagem do sculo, em nome daCincia. No fundo, porm, o processo o mesmo de Procusto. Noencontrando a cura para os anormais, conseguem amoldlos, anormalidade,entregandooslivrementeavampirizao.umacapitulaocovarde.

    Centralizando todaa suaatenona realidadeobjetiva,ossbiosmodernos entregaram hipnose damatria, esse aspecto especfico dasenergiasgravitacionaisqueagesobreopsiquismo.Assimhipnotizados,deolhosfixosnotorvelinhodasestruturasmateriais,atmicasesubatmicas,deixaramse empolgar e absorver pela atrao plotiniana que imanta ohomem ao solo. Kardec j afirmara: A matria o visgo que prende oesprito. O vampirismo sagrado revelou, na Antigidade, o poder dessaimantaonoapegodosdeusesmitolgicoscondiohumanacarnal.NaIdade Mdia, dominada pelo poder absoluto da Igreja, o misticismofavoreceuasmanifestaesvampirescasnosconventosemosteiros,comoepisdio dos ncubus e scubus, demnios sensuais que atormentavamfradesefreiras,nasupostasantidadedosmosteiroseconventos,norarolevandoos loucura, ao suplcio das flagelaes e das prticas doexorcismo.Eaindahoje,nomundointeiro,oflagelodovampirismorondaedevasta os campos minados do misticismo religioso, onde resduos daformaoigrejeirasuperamoracionalismodoutrinrio.Tentandosufocarasforas biolgicas, muitas criaturas, ao mesmo tempo ingnuas epretensiosas, caem vencidas e desesperadas nas garras das entidadesvampirescas,pagandocaroa suapretensode elevarseantesdo temposcondiessuperioresdeangelitude.

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    Apport e Endopport

    Na variedade das manifestaes do vampirismo figuram osfenmenosdeapportedeendopportambosclassificados,respectivamente,como de psikapa na Parapsicologia, e como de efeitos fsicos, noEspiritismo.

    OApportofenmenodeintroduodeobjetosemlocais fechadosou em mveis fechados. Uma flor, uma cadeira, uma pedra podem sertransportadas para uma sala totalmente fechada e sem nenhum desvopelo qual o objeto pudesse passar.William Crookes, que no acreditavanessa possibilidade, desafiou os espritos a fazerem coisa muito maissimples: baixar o prato de uma balana lacrada de laboratrio. Mas, noprosseguimento de suas pesquisas, viu e constatou a veracidade dofenmeno com objetos maiores e muitas vezes bastante pesados, comorelata em seu livro FATOS ESPRITAS. Nas pesquisas atuais daParapsicologia esses fenmenos, considerados como de ao direta damente sobre a matria, foram e continuam a ser produzidos, como nasexperincias de Soal e Carington, na Universidade de Cambridge, naInglaterra.Corposhumanospodemtambmser transportadosdeum localpara outro, sem que se perceba por onde passaram. Os espritosvampirescos se servemdesse fenmeno para assustar ou amedrontar assuasvtimas.Oprof.Zllnerrelatasuasexperinciascomessesfenmenosna Universidade de Leipzig, em seu livro famoso FSICATRANSCENDENTAL. Os pesquisadores da Universidade de Kirov, naURSS, constataram e explicaram a mecnica desses fenmenos comoproduzidos por emisses de correntes energticas do corpobioplsmico(perisprito)domdium.Estassimperfeitamenteconfirmadanomundoaexistnciadofenmenodeapportnoobstanteasobjeeslevantadasporparapsiclogosmaterialistasecatlicos,inclusiveosclrigosnocientistasqueseprojetaramentrenscomopseudocientistas.

    O fenmeno do endopport mais complexo, pois se refere introduodeobjetosnoscorposhumanos.Essefenmenoaindanoteveumaexplicaocientficasuficientementecomprovadaporexperinciasdelaboratrio. Encarado com desconfiana no prprio meio esprita, s

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    ultimamentevemdespertando,pelamultiplicaoatualdesuasocorrncias,aatenodosestudiososepesquisadoresespritas.Concorreumuitoparaesse desinteresse o fato do endopport ser considerado na medicinapsiquitricacomoumsimplesatodeautoflagelao.Noobstante,osfatosultimamente observados contrariam as interpretaes superficiais eapressados(oumesmodemvontade)dascorrentespsicoterapeutas.Estintimamenteligadoaoscasosdevampirismoeosobservadoresespritasoconsideram como um fenmeno bifronte, que pode ser de autoflagelaoem alguns casos e de efeitos fsicos em outros. Emesmo nos casos depossvelautoflagelaoadmissvelainterfernciadovampirismoemsuasmanifestaes.Poroutrolado,hevidenteentimacorrelaodoscasosdeendopportcomosfenmenosdecuraparanormaiseoperaesmedinicasdotipodemagiasimpticaousimpattica.

    Oscasosdeautoflagelaodecorrentesdedistrbiospsquicosdavtima, implicariam a ao consciente ou inconsciente desta, introduzindoelamesmaosobjetosemseucorpo.Favoreceessainterpretaoofatodeserem geralmente de fcil introduo no corpo, objetos como agulhas,pequenos fiosdearame,pequenosestiletesdemadeiraoumetal,semprenuma disposio que favorece a operao pela prpria vtima ou quasesempreempartesdocorpoquenooferecempossibilidadesdeprejuzoscomoaleijes,deformaesoumortedopaciente.Entretanto,oscuidadospodem tambm ser tomados pelos vampiros flageladores, que nopretendemmataravtima,massimplesmentetorturla.

    Noscasosdeoperaesdecurassimpatticas,comoosocorridoscomamdiumBernardaTorrbio,emGara,naAltaPaulista,observadospormdicos deMarlia, ou ocorridos com Jos Arig, emCongonhas doCampo,observadospornumerososcirurgies doRio,deSoPauloedoExterior (como a equipe de cientistas norteamericanos que realizoupesquisas sobreas faculdadesdomdium,comprovandoas),verificaramsetransposiesdooperadoparaomdium,quevomitava(ele,mdium,eno o paciente operado) os resduos da interveno cirrgica invisvel,constatandoseposteriormenteaeficciadaoperao. (Vejaseestudodenossa autoria, ARIG, VIDA, MEDIUNIDADE E MARTRIO, em que oCasoArigfoiexaminadoemtodososseusaspectos,desdeopsicolgico,osocial,omesolgico,opsicopatolgico,omedinico,atas implicaesantropolgicaseespirituais).

    Parece evidente que, tendose provado, em pesquisas diversas eexperincias no local, a que se submeteram inclusive um cientistaamericanooperadopelomdium,umcientistasuoeumfamosoherideguerra japons (caso registrado por videoteipe da televiso de Tquio enela exibido no Japo) fica evidenciada a possibilidade do fenmeno deendopportnaaovampiresca.So tambmdegrandevalorprobanteasentrevistas demdicoscirurgies de So Paulo e do Rio, entre os quaisprofessoresuniversitriosdeMedicina,publicadasnosDiriosAssociadosem todo o Brasil, reproduzidas no livro citado, de nossa autoria ereproduzidonoExterior.

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    Em nossas pesquisas, realizadas em Congonhas e nasobservaesdeconvivnciacomomdiumemperodosquevariaramdeuma semana a quinze dias de cada vez na maioria das vezeshospedandonos na prpria residncia do mdium pudemos observarintensamenteasatividadesdesuavidadiria,interpellosmuitasvezeseobservarassuasatividadescirrgicascommaisdecempacientes.

    A cirurgia simpattica de Arig, como a da mdium BernardaTorrbio se processava de maneira simples, por meio de incorporaesmedinicas e imposio das mos, sem toque no paciente. Este sentiaengulhos, dores leves, e, quando supunha que ia vomitar, era omdiumquem vomitava os resduos da operao. Nesse estranho processo, evidente que havia transposio dos resduos do organismo do pacienteoperadoparaoestmagodomdium,queosvomitava.Arealidadedessefato,emquetemosobservadoemcadaoperaoaevidnciadeumaduplaaodeendopport,nopacienteenomdium,revelanosapossibilidadedaintroduodeobjetosnocorpodeumapessoaporentidadesvampirescas.

    Oendopport,comojvimos,umtipodefenmenomedinicoqueabrelargasperspectivasnocampodacirurgiaparanormal.Comotodososfenmenosmedinicos,noserveapenasaovampiresca,mastambme, sobretudo cirurgia medinica. O desenvolvimento das pesquisasespritasnessecampopoderconfirmaroquedeclarouoDr.SrgioValle,de So Paulo, em sua entrevista publicada nos Dirios Associados ereproduzida com sua autorizao em nosso livro sobre Arig: ARIGEMPREGA NOS SEUS TRABALHOS MEDINICOS UMASUPERMEDICINA. Cirurgio ocular de renome, com teses cientficaspublicadas no Brasil e no Exterior, especialista em Hipnotismo e suasaplicaesclnicas,osaudosoDr.SrgioValle,queestudouomdiumemCongonhas,MinasGerais,repeliuasacusaesdequeArigempregavaahipnose para anestesiar os pacientes, provando tecnicamente aimpossibilidadedessaprticaporumhomemrsticoeabsolutamenteleigonoassunto.Aanestesiaeaassepsiausadaspelomdiumeramdeorigempuramente espiritual. Os cientistas norteamericanos que investigaram omdium chegaram tambm a essa concluso, sem terem conhecido aopiniodomdicopaulista.

    Asocorrnciasdofenmenoendopporteramantigamentetorarasque em geral no aparecem nos livros de estudos medinicos.Recentementeelascomearamacrescerdemaneiraacausarespantonoprprio meio esprita. A persistncia desses fenmenos e sua aparenteresistncia s prticas espritas de combate ao vampirismo chegaram aamedrontarmuitaspessoas.Hcasostratadosdurante10,15emaisanos,sem que se tenha obtido soluo. As vtimas so consideradas comoautoflagelantes e o caso interessa pouco aos clnicos que se cansam detratlos sem resultados. Os pesquisadores espritas descobriram, porm,quese tratadevampirismoaltamenteagressivo.Desenvolvemassimumatcnicamedinica de doutrinao, coadjuvada compasses e estmulo svtimas para reagirem com compreenso contra as agresses e os

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    agressores.Aevangelizaopartefundamentaldateraputica,poistodosos indciossodequeaagressodecorredeconseqnciasdopassado,de vidas anteriores em que as pessoas hoje atingidas praticaramatrocidadescontraosespritosquedesejamvingarsenopresente.Comoensinou Kardec: O provrbio popular segundo o qual, morto o co estmorta raiva, no se adapta aos homens. As vtimas de violncias eassassinatosnomorrempoissobrevivemdestruiodocorpocarnaleguardam geralmente os seus ressentimentos, procurando vingarse logoquepossvel.Asdificuldadesdesoluodoproblemadecorremdecasosdeconscincia.Osverdugosdopassado desejamsubmeterseao flagelopara aliviar suas conscincias. Reencarnamse com essa inteno e porisso se resignam a passar pelos sofrimentos do resgate de suas faltas.Mostramse em geral conformados e sofrem pacientemente o revide quevemdelonge,deoutrasvidas.Porisso,necessrioestimullos.

    Os problemas de conscincia so muito mais agudos no mundoespiritualeparaselivraremdelesestodispostosatodosossacrifciosnaatual encarnao. Essa tendncia masoquista, semeada na Terra pormilnios de interpretaes religiosas convencionais domina amaioria dascriaturasdoplanoespiritualligadoaonosso.necessriolembrarsempre,nasdoutrinaes,queno estamosnaTerraparagozarnemparasofrer,masparaenfrentarasnecessidadesdanossaevoluo.Essaevoluononos leva para o servilismo degradante,mas para a conscincia do nossodestinosuperior,comocriaturasespirituaisquesomos.Osqueseentregamcomo prias ao chicote dos verdugos entregase a sacrifcios aviltantes,tanto para si mesmos como para os verdugos. Conseguindo dar a essascriaturas acovardadas uma viso mais racional da evoluo espiritual,conseguiremosdespertarnelasa fnosobjetivossupremosdeDeus,quegera a esperana e viriliza os espritos. Ante essa reao, os prpriosverdugos atuais acordam para a compreenso dessa posio negativa ecomeamavislumbrarosplanossuperioresquesatingiroabandonandoessasatividades.Esseosegredodaeficciaemtodososprocessosdedoutrinao.LembremonossempredaatitudedeJesus,dandoatenoerespeito aospecadores que os sacerdotes desprezavam como indignoseimpuros. Recorramos expresso bblica atribuda a Deus: Misericrdiaquero e no sacrifcio. Jesus no se entregou a cruz para nos dar oexemplodecovardia,masdecoragemantesituaesdesesperantes.Lutouempregando duras expresses, contra a hipocrisia aviltante dos fariseus.Aceitouacrucificaocomoexignciadeummeiohumanobrutalemqueseencarnaraparamodificlocomoexemplofinaldaressurreio.EnoressuscitouparaeternizarnaTerraaprepotnciadosverdugos,masparamostrarlhes que a vitria do sofrimento e da morte, enfrentada comdignidade e no com submisso aviltante, o resgate do esprito natranscendncia. Porque o destino de todas as criaturas a elevao aosplanos superiores da conscincia, o que vale dizer conquista daresponsabilidadeemtodososseusatoseperantetodasascircunstncias.

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    Atagoraasreligiesnosensinamquetemosdesofrerparapagaras dvidas morais. Mas o Espiritismo que uma sntese de todo oConhecimento rene em seus princpios a Cincia, a Filosofia e aReligio,dandonosumavisonovadarealidade.Nosomoscondenados,somos criaturas livres e temos de aprimorarnos para assumir toda aliberdade de seres conscientes de seu destino superior. Se estamosenleados em processos dolorosos, provenientes de erros cometidos emvidas anteriores, dispomos tambm da vida presente e das vidas futurasparacorrigirmososnossoserros.AConscinciaSuprema,queDeus,noqueronossosofrimento,masanossalibertaodetodosofrimento.

    A utilizao dos fenmenos de endopport no vampirismo no decretadaporDeus,provmdanossaarrogncia,quenosconduziuaumasituao humilhante. Se soubermos nos servir da humilhao paradesenvolver a humildade, veremos que as entidades vampirescascomearo a aprender com o nosso exemplo corajoso a vencer asdificuldadesaquetambmestopresos.Anossacuranopodeserobtidapela negao das nossas potencialidades divinas, mas pelodesenvolvimentodelasemns.Temosdeanalisaranossacondioatual,pesarosprseoscontrasdonossocomportamento,procurandomodificlo e reajustlo aos nossos verdadeiros interesses. Na prpria pedagogiaterrena aprendemos que s conseguimos aprender, fazendo. Das coisasmaissimplesdavidasmaiscomplexas,sabemos,pelasexperinciasdasvidassucessivascomofazlas.sfazendoqueseaprende.Tratemosdefazeragoraomelhor,queopiordopassadodesaparecer.

    Aconceponovadomundoedavidaqueagorapossumospodemodificarnos profundamente, revelando possibilidades insuspeitadas quetrazemos em ns mesmos. No fiquemos apegados s velhas idias decrime e castigo, de punio e recompensa de Deus, de Inferno e Cu.Encaremosomundocomoagrandeescoladonossoaprendizado.Asleisque regem a vida so as mesmas para todos. No h privilgios paraningum.Confiemos nessas leis, sem torclas a nosso favor, e elas noslevaroacondiesmelhoresagoramesmo.Noesperemosquealgumnosliberte.Aliberdadenossa,estemns,bastanosuslaparaqueelaseampliecadavezmaisnossa frente.comessesdadosobjetivosdanossarealidadeinternaquepodemosdoutrinarnosedoutrinaraosoutros,nocomameaasoupromessas.

    Ovampirismoumaformadeescravizao.Escravizamonosaosoutrosporpreguia,porindolncia,eosoutrosseescravizamanspelosmesmos motivos. Se resolvermos ser livres e no nos apegarmos aremorsos, a angstias geradas por ns mesmos, a desesperos quealimentamosmasoquistamente,descobrimosquepodemosfazeredesfazerascoisaspornsmesmos,noprecisaremossugardosoutrosoquetemosemnseassimnosemanciparemos.

    Osvampirosvampirizamomundoporqueomundofeitoporns,nossa imagem e semelhana. Mudemos nossa maneira de encarar omundoeelesemodificar.Ofenmenodeendopportconseqnciadas

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    mltiplas e incessantes opresses que exercemos sobre os outros e osoutrossobrens.Avidaliberdade.Viverserlivre.Massevivermosdavidadosoutros,osoutros tambmseacharocomodireitodeviverdasnossasvidas.Senosvingamosdosoutros,osoutrossejulgamnodeverdesevingaremdens.Tudoreciprocidadenoprocessodavida.

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    Casos atuais de Endopport

    EntreoscasosatuaisdeendopportnoBrasildevemosdestacarosque tivemos oportunidade de verificar pessoalmente. Os dois que nosparecem mais importantes, por apresentarem condies que repelem ateoriadaautoflagelao,ocorreramemBaurueJaboticabal,noEstadodeSoPaulo.OprimeirocomameninaL,de15para16anos,decorpreta.Ocorreuna residnciadoSr.RobertoPrevidello,emBauru.Ameninaeravtima da introduo de botes comuns de vesturio nas regiessubcutneas, nos braos, nas pernas e no corpo. Os botes eramintroduzidosaqualquermomento,semdeixarcicatrizesnapele.Para tirlos, o Sr. Previdello tinha de levar a menina a uma farmcia local ou aconsultriosmdicos,ondeerafeitaaincisopararetiradadecadaboto.O segundo ocorria tambm com uma menina da mesma idade que aprimeira, com a introduo de agulhas e de pedaos de arame nahipoderme da vtima. s vezes, como ocorreu em So Paulo, quando alevaramparaumaexibionaTVTupi,Canal4,a introduo instantneadeespiraisdearameseproduzia,provocandodor,massemdeixarsinaisnaepiderme.Paralivrarameninadessecorpoestranhonasoladop,queimpediaavtimadeandar,eranecessriaumaoperaodemorada.OSr.PedroVolpi,cirurgiodentistaemJaboticabal,recorreuaoInstitutoPaulistadeParapsicologia,queno tevecondiespara tratardocaso.Comessameninaocorriamtambmmanifestaesgnias,quemuitoaatormentavam.Nas casas em que trabalhava, como domstica, acendiamse labaredasinesperadamenteemlugaresperigososequeimavamseroupasnosvarais.Erasempreacusadaedespedida.Desesperada,suicidouse.Osespritosaacusavamdehaverpraticadomagianegranopassado.

    UmcasodeBrasliafoi levadoaovdeodaTVGlobo,para todooBrasil.Notivemosoportunidadedecontatocomessecaso,masaTVeosjornaismostraram,emimagenseemclichs,queaquantidadedeagulhase outros objetos expelidos pelo corpo da mdium, era simplesmenteespantosa. Seria difcil admitirse a explicao de autoflagelao ou deexibicionismo que contenta as pessoas que s desejam esquivarse doproblema. Com isso no negamos a existncia desses dois fatores, que

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    podemmesmocontribuirparaasdificuldadesqueseencontramparalivraras vtimas de seu tormento. Como em tudo, na prtica e na pesquisaesprita, o rigoroso mtodo cientfico de Kardec, enriquecido com osrecursosmodernostecnolgicos,nos livramdosperigosdeumaaceitaoprecipitadadosfatos,oudasuarejeiopreconceituosa.

    Emnossogrupodetrabalhosespritas,emSoPaulo,apareceuumcasoassustadordeendopportquefoiencaminhadosessoreservadadetratamentodecasosdifceiseaindaseencontramemfasedeobservao.Uma jovem funcionria de determinada empresa sofre a 14 anos deocorrncia desse fenmeno com pregos, arames e outros objetos queaparecem introduzidos em seu corpo, particularmente nas mos. Essesobjetos so expelidos, mas no raro encravam e necessitam de socorrocirrgico.Guia automvel e realiza outros servios. Expele s vezes pelaboca, acompanhado de sangue, pedao