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O século XIX viu drásticas mudanças ocorrerem na sociedade européia. Busca da democracia, urbanização das cidades, revoluções industriais, revoltas populares, surgimento de ideais socialistas, produção em massa e grandes saltos nas ciências, fizeram com que o mundo ocidental passasse por mudanças em um nível nunca antes visto. E como sempre esteve caminhando lado a lado com o contexto histórico inserido, a arte não poderia deixar de refletir tais mudanças. É neste contexto em que nascem as varguardas modernas e suas particularidades.
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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO
AM3PP
ALINE RAQUEL
CLÁUDIA BRAGA
GUSTAVO VIEIRA
VANGUARDAS ARTÍSTICAS MODERNAS
SÃO PAULO
2013
As Vanguardas
O século XIX viu drásticas mudanças ocorrerem na sociedade européia. Busca
da democracia, urbanização das cidades, revoluções industriais, revoltas populares,
surgimento de ideais socialistas, produção em massa e grandes saltos nas ciências,
fizeram com que o mundo ocidental passasse por mudanças em um nível nunca antes
visto. E como sempre esteve caminhando lado a lado com o contexto histórico
inserido, a arte não poderia deixar de refletir tais mudanças.
Em uma sociedade encantada e apreensiva com a velocidade das
transformações ocorridas no século XIX, novas idéias em relação ao papel da arte
começam a surgir. A invenção da fotografia, por exemplo, fez com que a arte como
representação fiel da realidade se tornasse obsoleta. Assim sendo, os artistas do
começo do século XX precisaram encontrar novas formas de se expressar.
É, portanto, a partir desse contexto que surgem as Vanguardas Artísticas
Modernas, em que tal nome remete ao termo militar avant-garde que designa o
pelotão que segue na linha de frente nas batalhas. Composto pelo Expressionismo,
Cubismo, Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo, o novo movimento artístico tinha como
proposição refletir e representar todas as angústias, inquietações e contradições de
uma nova sociedade.
Apesar de possuir características diversas, as vanguardas apresentam alguns
elementos em comum. Além de procurar representar as mudanças da sociedade,
todas negam as manifestações artísticas do passado, pregam idéias e princípios
radicalmente novos (nesse ponto o movimento faz jus ao nome) e deixam os temas
religiosos e apologéticos as classes burguesas de lado. A crítica ao capitalismo e à atual
sociedade industrial também se faz muito presente em todo o movimento, salvo
algumas exceções como o Futurismo.
Dessa forma, é possível entender como uma nova sociedade que estava
nascendo a partir das mudanças ocorridas principalmente na Europa precisava de uma
nova forma de arte. Não mais aquela arte engessada nos valores antigos e religiosos.
Os artistas das vanguardas perceberam essa necessidade e, a partir de uma serie de
experimentações, criaram novas formas de expressar todas as preocupações,
contradições, pessimismos e observações em relação a esse novo mundo.
1. Expressionismo
Tendo surgido primeiramente na Alemanha do inicio do século XX, o
Expressionismo é considero como a primeira vanguarda. Dentro de um contexto onde
grandes mudanças eram percebidas (as cidades tomando lugar do campo, a
modernização e mecanização da vida, a alienação e massificação do individuo), o
artista dessa vanguarda procura expressar seus sentimentos de pessimismo diante
dessa nova sociedade.
Assim como as outras vanguardas que estavam por vir, o Expressionismo se
forma como uma nova maneira de entender a arte, negando o positivismo e os valores
propagadas pelos movimentos impressionista e naturalista.
O artista expressionista, ao perceber as mudanças na sociedade européia, tenta
representar a realidade de forma deformada, a fim de expressar de forma subjetiva a
natureza e o ser humano, dando enfase a expressão de sentimentos ao inves da
simples descrição da realidade.
Defendendo a liberdade individual (porém percebendo como esse novo mundo
era uma ameaça a essa liberdade), o movimento tinha como objetivo ser o reflexo de
uma visão emocional da realidade, utilizando em suas obras distorção de objetos e
cores intensas e vibrantes. Outras caracteristicas desse movimento são: fundo
distorcido, ilusão da tridimensionalidade, temas trágicos e sombrios, pintura subjetiva
e pinceladas continuas (“vai e vem”), empastando e provocando “explosões” de cores
e formas.
Como o interesse do movimento é projetar uma reflexão subjetiva, é comum o
retrato de seres humanos solitários e sofredores, onde a intenção é de captar estados
mentais, que podem ser vistos em vários quadros de personagens deformados, como o
ser humano desesperado sobre uma ponte de O Grito, do norueguês Edvard Munch,
um dos representantes do movimento.
Embora o seu maior pólo de difusão se encontrasse na Alemanha, o expressionismo manifestou-se também por meio de artistas provenientes de outras partes da europa como Modigliani, Chagall, Soutine ou Permeke, e no continente americano como, por exemplo, os mexicanos Orozco, Rivera, Siqueiros e o brasileiro Portinari. Na Alemanha existiram dois grupos dominantes: Die Brücke (fundado em 1905), e Der Blaue Reiter (fundado em 1911).
Com temas que remetem à solidão e miséria, juntamente com o uso de cores acentuadas e agressivas, o expressionismo era a representação da angústia e ansiedade que pairavam no ar durante os anos anteriores à Primeira Guerra Mundial. Angústia esta que culminou num desejo de transformar a vida e de renovar a linguagem artística.
Obra Expressionista:
“Fränzi perante uma cadeira talhada” – 1910, Ernst Ludwig Kirchner.
Esta obra de Ernst Ludwig Kirchner traz muitas formas geométricas distorcidas,
juntamente com diagonais e manchas de cores que acabam por constituir formas. É
recorrente o uso de cores contrastantes, mas de forma ainda neutra. A composição se
dá com a predominância da personagem principal, uma figura feminina de cabelos
longos, com aparecia jovial. À suas costas, vê-se uma figura humanoide,
aparentemente feminina. Esta possível mulher está sentada em uma cadeira preta, de
forma a entender que a personagem principal também está nesta cadeira. O plano de
fundo da obra se faz inteiramente por manchas de cores aleatórias.
A obra tem uma atmosfera depressiva. Isso é reforçado pela expressão
no rosto da jovem, com seus olhos melancólicos. Ela possui cores em seu rosto, que
podem ser relacionadas ao uso de maquiagem, à puberdade, a sexualidade e a uma
menina virando mulher. Levando em conta que o Expressionismo denota um
pessimismo e um universo depressivo e angustiante, é possível fazer a relação entre a
menina deixando para trás a fase infantil, repleta de felicidade, inocência e
despreocupações, e iniciando uma fase adulta, onde reponsabilidades, medos,
incertezas e principalmente a infelicidade estão presentes. Outra observação são os
pontos azuis em baixo de seus olhos, podendo ser representações de lágrimas.
2. Cubismo
A virada do século XIX para o século XX trouxe uma série de mudanças na
sociedade ocidental. A revolução industrial culminou numa nova sociedade, pautada
no dinamismo, no crescimento dos grandes centros urbanos e nos avanços científicos.
É a partir desse contexto que surge o Cubismo, em 1907, com a obra "Lês
Demoiselles D’ Avignon" de Pablo Picasso como seu marco inicial. Ao utilizar formas
geométricas não euclidianas, a vanguarda andava par a par com as investigações mais
recentes de diversos campos da ciência, principalmente em relação à geometria,
matemática e física (até mesmo a Teoria da Relatividade de Einstein foi utilizada como
base para obras cubistas).
As obras pertencentes ao Cubismo negam toda a tradição artística, assim como
qualquer sentimentalismo. O artista dessa vanguarda tenta mostrar os objetos
retratados por diversas perspectivas. Para isso, compõem suas telas com diferentes
pontos de vista sobrepostos um pelo outro. Principalmente durante a primeira fase do
Cubismo, os objetos e paisagens eram fragmentados até se tornarem irreconhecíveis
para o observador.
Nessa vanguarda praticamente todas as figuras são representadas por formas
geométricas e o uso da cor perde parte de seu valor. São usados tons escuros e frios,
com predomínio do marrom e do cinza. O artista se preocupa muito mais com as
formas, linhas e ângulos do que com as cores.
O Cubismo é dividido em duas fases: Analítico e Sintético. A primeira fase tem
como características figuras com difícil interpretação (objetos são decompostos em
diversos ângulos), temas e elementos de fácil combinação e sem grande significado, e
uso restrito de cores (tons de marrom e cinza). Na segunda fase percebe-se que o
artista começa a decompor os objetos de forma que o mesmo continue reconhecível.
Objetos reais (vidros, madeiras, e metais) passam a ser utilizados nas obras, assim
como cores mais variadas.
Obra Cubista:
“Fábrica na Horta do Ebro” – 1909, Pablo Picasso.
Ao colocar o Cubismo em prática, Picasso faz uso o tempo todo de formas
geométricas. Nesta obra, é forte a presença de retângulos e quadrados, muitas vezes
distorcidos e perspectivados de maneira que se crie uma composição piramidal. Todas
essas formas e linhas se conversam de forma agressiva, realçando as retas e os
vértices. No cubismo, é comum figuras serem retratadas de modo que todas as
perspectivas apareçam em cena, como se todos (ou quase todos) os lados do objeto
fossem pintados num mesmo plano. Nesta obra, observa-se esse fato na casa à
esquerda e na “chaminé” ao lado dos coqueiros.
As cores predominantes são o cinza, laranja, verde e tons azulados. No cenário,
parecem ser retratadas todas as variações de cores das horas do dia, como o amarelo
mais forte pela manhã, os azuis claros/neutros pelo meio do dia e o alaranjado do pôr
do sol.
Tem-se a predominância do cinza, que remete ao concreto e às construções
industriais. Esta indústria aparenta invadir a natureza, ao sobrepor e se adentrar entre
os poucos coqueiros.
3. Futurismo
Iniciado em 1909, o Futurismo foi baseado nas extremas mudanças que
estavam ocorrendo no cenário geral da Europa. O avanço das indústrias, o crescimento
da população urbana e o crescente ritmo da vida do indivíduo fizeram com que os
artistas dessa vanguarda tentassem representar em suas obras toda a velocidade
desse novo modo de vida.
Assim como os artistas cubistas, o Futurismo rejeitava todo o moralismo do
passado, assim como qualquer tipo de sentimentalismo. Através da expressão do
progresso e da vida mecanizada, a vanguarda mantinha uma forte relação com o
patriotismo (muitos artistas eram favoráveis ao Facismo e até mesmo a violência).
Toda essa preocupação dos artistas futuristas pode ser observada já no primeiro
manifesto da vanguarda, onde o criador do movimento, Fillipo Tommaso Marinetti,
exalta a ação, a violência, a força, a agressão, o dinamismo, a velocidade e a constante
transformação da sociedade.
As obras futuristas possuem uma abundância de cores, com predomínio de
cores vivas e contrastantes. As pinturas possuem sobreposição de imagens, com
muitos traços e pequenas deformações, sempre com o intuito de passar a ideia de
movimento e dinamismo.
O Futurismo foca sua atenção para o dinamismo, fazendo com que o objeto em
repouso, representado na tela, seja concebido como que em um movimento contínuo,
desagregando em várias linhas de força. Por tal motivo, muitas das obras dessa
vanguarda possuem imagens com difícil interpretação. O que importava para o artista
futurista não é o objeto em si (locomotivas, carros e máquinas são os objetos que mais
aparecem entre as obras futuristas), mas sim a representação do mesmo de forma a
mostrar sua velocidade constante.
Obra Futurista:
“Dinamismo de um Jogador de Futebol” – 1913, Umberto Boccioni
A base do Futurismo encontra-se no processo de industrialização e no
crescente ritmo da vida dos indivíduos. Assim sendo, as obras dessa vanguarda buscam
representar um movimento dinâmico dos objetos e cenas representados.
Na obra de Umberto Boccioni, é possível observar como o artista procurou
mostrar todo o movimento de um jogador de futebol através de cores e planos
desorientados e distorcidos.
Assim como outras vanguardas, o Futurismo traz consigo uma significativa
influência do Cubismo, com o constante uso de formas geométricas. Todavia, os
artistas futuristas, preocupados com a velocidade das transformações da sociedade,
sempre representavam tais formas em movimentos dinâmicos. Na obra em questão,
percebe-se o uso constante de retângulos e quadrados destorcidos e sobrepostos uns
aos outros, dando a ideia de que o objeto está em constante movimentação.
Outro elemento utilizado por Umberto Boccioni são as fortes cores impressas
na imagem, com o predomínio do vermelho e do laranja. Também é importante
observar como, apesar de ser impossível vislumbrar a forma real de um jogador de
futebol, ainda é possível perceber o uso do verde na parte de baixo da pintura
(representando o gramado do campo) e o uso do azul no alto (representando o céu).
4. Dadaísmo
O Movimento Dadaísta surgiu em meados de 1916, durante a Primeira Guerra
Mundial, na Suíça. Traz consigo uma intensa carga de críticas à sociedade capitalista,
ao consumo e à arte realizada principalmente antes da Guerra. Ele se manifesta não só
nas artes plásticas, mas também na literatura, música, revistas, exposições, etc.
Já em relação ao nome Dadaísmo, existem teorias que foi escolhido ao acaso,
abrindo-se o dicionário em uma página qualquer e apanhando uma palavra aleatória.
Sendo que, em francês, “Dada” significa “cavalo de brinquedo” e isso só reforça ainda
mais o caráter ilógico e sem sentido do movimento.
O cenário de uma Guerra está repleto de agressividade, revolta, insatisfação e
rebeldia. E são exatamente nestas premissas onde estão as raízes do Dadaísmo, os
ingredientes para sua formação. Sendo assim, por mais estranho e até mesmo infantil
que possa parecer os princípios e ideais Dadaístas, é importante ressaltar a presença
deste cenário bélico, onde é comum que se anseie por uma “leveza”, uma falta de
lógica, uma gratuidade dos fatos, sem tantas complicações e consequências (que
justamente a Guerra traz consigo).
O conceito Dadaísta se dá na antiarte. É através do choque, do absurdo e da
sátira que sua arte vai se moldando, repleta de ironias e provocações ao mundo
moderno. Chega-se até mesmo a duvidar e questionar a existência da própria arte,
num ato de contradição.
Para expressar todos esses sentimentos, o artista Dadaísta tem hábitos um
tanto esquisitos e incompreensíveis como fazer uso de restos de materiais
encontrados pelo caminho que muitas vezes eram considerados lixo. Também usava
objetos corriqueiros do dia a dia, apresentando-os de outra maneira e conotando um
sentido artístico a eles - como um mictório ou um banco com rodas de bicicleta.
É comum encontrarmos pinturas sem sentido algum. É muito frequente a
presença de maquinários industriais distorcidos e que não aparentam nenhuma
função, que deixavam nítidas as críticas que os artistas do movimento faziam dessa
“maquinização” do mundo moderno, da indústria. Também havia as pinturas de
formas aleatórias na tela, com muitas cores e nenhum significado. Por fim, tem-se a
Colagem como uma perfeita maneira de realizar uma arte dadaísta, onde materiais
aleatórios eram recolhidos e colocados numa superfície, obviamente sem a presença
da lógica. Eis que posteriormente isso será grande inspiração para os Surrealistas.
Como destaques desse movimento aparecem os artistas Marcel Duchamp,
Hans Arp, Julius Evola, Francis Picabia, Max Ernst, Man Ray e Tristan Tzara. Sendo este
último seu fundador e principal representante.
Obra Dadaísta
“O Menino Carburador”, 1919 – Francis Picabia
Francis Picabia foi um dos principais representantes do movimento Dadaísta,
contribuindo muito para a sua formação. Suas obras são repletas de máquinas e
engenhos como este da obra “O Menino Carburador”. Considerando que os artistas
dadaístas eram irônicos e satíricos perante sua atual sociedade, as obras que
continham tais máquinas carregavam consigo uma forte crítica à mecanização do
mundo moderno, principalmente pelo fato de que estes maquinários não fazem
sentido algum, não parecem realizar funções e são sempre dotados de peças
desconexas e que não se encaixam de forma que pareçam funcionar.
A obra de Picabia apresenta várias formas e peças mecânicas jogadas em um
plano, parecendo flutuar, reforçando o teor ilógico do dadaísmo. As cores são neutras,
majoritariamente marrom e cinza, remetendo à indústria e máquinas. Juntamente a
isto, temos as texturas que aparentam ser de madeira e de superfícies metálicas. Por
fim, o nome da obra também contribui para as ideias de “non sense” (não há garoto
algum) e universo industrial/mecânico (carburador).
5. Surrealismo
“A mania incurável de reduzir o desconhecido ao conhecido, ao classificável, só
serve para entorpecer cérebros. (...) Hoje em dia, os métodos da Lógica só servem para
resolver problemas secundários”.
Essas foram palavras de André Breton em seu Manifesto Surrealista, datado de
1924, marco inauguratório do que conhecemos por Surrealismo. Este movimento
artístico surge na França no início do século XX, ao fim da Primeira Grande Guerra. Está
inserido num cenário repleto de insatisfação à “racionalidade burguesa” e à atual
maneira de fazer arte na Europa. Surgido logo após a aparição do Dadaísmo e muitas
vezes bebendo de sua fonte, o Surrealismo procura ressignificar a arte, apresentando
um novo modo e um novo princípio pictórico e literário.
O Surrealismo tem como mote o afastamento da realidade, como um devaneio.
Ele aborda o mundo da fantasia e da loucura e, ao se inspirar nas teorias Freudianas,
traz a tona os impulsos inconscientes da mente, o imaginário e o irracional. Deste
modo, acaba por abordar também temas como da sexualidade, angústia, traumas,
sonhos e o tempo.
Para os Surrealistas, a arte deve provir do inconsciente, sem influência da
razão, da lógica e de qualquer outro fator externo que pode “infectar” esse impulso
artístico. Os artistas adeptos a este movimento, a fim de imprimir na tela o
inconsciente imediato e sem interferência da razão, fazem uso da Pintura Automática,
técnica onde há a justaposição de imagens de forma inesperada. Outra técnica é a
Pintura de Sonho ou Pintura Onírica, onde a imagem era escolhida de forma
consciente, pintada de forma racional, mas que fugia dos princípios da razão e da
lógica. Era como “fotografar” o irreal.
Junto a essas técnicas, aparece a Colagem, onde o artista reúne imagens
aleatórias e as junta, criando uma composição desconexa e logicamente impossível. É
bastante perceptível nas obras surrealistas a presença de uma atmosfera onírica, com
figuras destorcidas e “líquidas”, cenários desérticos e paisagens desfiguradas. Nota-se
também a presença da Gestalt formando rostos camuflados em meio a outros objetos.
Em âmbito das artes plásticas, podemos citar como principal
representante do movimento, Salvador Dalí. O artista levou o surrealismo ao ápice, ao
entrar em contato direto com Freud e também ao defender a “Paranóia Crítica”, onde
o delírio e o irreal eram ingredientes de sua arte, com a total libertação dos instintos
irracionais. Outros grandes nomes do Surrealismo também são René Magritte, André
Masson, Joán Miró, Max Ernst e Vladimir Kush.
Obra Surrealista:
“Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo” – 1943, Salvador Dalí
Em relação ao contexto histórico da obra, Salvador Dali a pintou durante a
Segunda Guerra Mundial. Assim sendo, acreditava-se que após um dos momentos
mais aterrorizantes da história do homem, nasceria um novo tipo de homem.
Entretanto, a visão do artista em relação a esse “novo homem” é pessimista e
melancólica. Dessa forma, é possível observar a figura de uma mulher esquelética e
triste apontando para o ovo onde nasce um homem (algo como uma representação
dos horrores causados pela guerra e violência). Junto dela, encontra-se uma criança
numa posição de medo e apreensão, com os braços segurando fortemente as pernas
da mulher ao mesmo tempo em que observa o nascimento do “novo homem”.
O ovo que aparece na pintura por sua vez representa o mundo, com sua casca
contendo os continentes. A África, por exemplo, deixa cair uma lágrima, como que
representando todos os males que esse continente sofreu durante os séculos.
Também é importante observar a postura do “novo homem”. É possível
perceber sua luta para sair do ovo, como se as amarras do mundo violento e dramático
que eram predominantes na época ainda o prendessem. A gota de sangue que sai da
rachadura de onde o homem está “nascendo” pode representar ao mesmo tempo os
horrores causados pela Segunda Guerra Mundial e o pessimismo em relação ao
homem pós-guerra.
Em relação a características marcantes do Surrealismo, e principalmente de
Salvador Dali, podemos observar como a obra possui alguns elementos “derretidos”,
como é o caso dos continentes presentes no ovo e o pano que fica flutuando em cima
do mesmo.
Outro fator que também demonstra o pessimismo do artista em relação a
guerra e o novo homem que nasce depois desse período são as cores utilizadas. Ao
contrário de outras obras que possuem cores quentes e fortes, na pintura “Criança
geopolítica observando o nascimento do homem novo”, Salvador Dali escolheu utilizar
cores neutras e escuras, predominando o marrom, o cinza e o amarelo.
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