5
Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, Nº 6 – Nov/Dez, 2006 381 * Programa de Pós-Graduação Stricto-Senso em Educação Física. Uni- versidade Católica de Brasília-UCB, Brasília-DF, Brasil. Recebido em 4 / 7 /05. Versão final recebida em 21 / 7 / 06. Aceito em 25 / 7 / 06. Endereço para correspondência: Dr. Herbert Gustavo Simões, QS07, LT1 s/n, sala 116, bloco G – 72030-170 – Águas Claras, DF, Brasil. E-mail: [email protected] / [email protected] Velocidade crítica como um método não invasivo para estimar a velocidade de lactato mínimo no ciclismo * Wolysson Carvalho Hiyane, Herbert Gustavo Simões e Carmen Sílvia Grubert Campbell ARTIGO ORIGINAL Palavras-chave: Limiar anaeróbio. Métodos indiretos. Séries preditivas. Máxima fase estável de lactato. Keywords: Anaerobic threshold. Indirect methods. Predictive bouts. Maximal lactate steady state. Palabras-clave: Límite anaeróbico. Métodos indirectos. Series predictivas. Máxi- ma fase estable de lactato. RESUMO A velocidade de lactato mínimo (VLM) representa o ponto de equilíbrio entre produção e remoção do lactato sanguíneo (lac). Com objetivo de analisar a validade da velocidade crítica (VC) como método não invasivo de estimar a VLM no ciclismo outdoor, 15 ciclistas (67,9 ± 5,7kg; 1,70 ± 0,1m; 26,7 ± 4,2 anos) percorreram as distâncias de 2, 4 e 6km em velódromo no menor tempo possí- vel. A VC foi identificada pelo modelo distância-tempo a partir das combinações de séries preditivas de 2 e 4km (VC 2/4 ), 2 e 6km (VC 2/ 6 ), 4 e 6km (VC 4/6 ) e 2, 4 e 6km (VC 2/4/6 ). Para identificação da VLM foi realizada uma série de 2km à máxima velocidade, seguida de seis séries incrementais de 2km com 1 minuto de pausa para do- sagem de lac. A VLM foi identificada visualmente (VLMv) e apli- cando-se função polinomial (VLMp). Não foram observadas dife- renças entre VLMv (33,3 ± 2,5km.h -1 ) e VLMp (33,1 ± 2,6km.h -1 ). Com exceção da VC 4/6 (34,6 ± 3,5km.h -1 ), os valores de VC 2/4 (38,0 ± 2,2km.h -1 ), VC 2/6 (36,1 ± 2,4km.h -1 ) e VC 2/4/6 (36,1 ± 2,5km.h -1 ) diferiram da VLMp e VLMv. Os autores concluem que, apesar de ser ~1km/h acima da VLM, a VC identificada a partir de séries preditivas de maior duração (4 e 6km – aproximadamente 6 e 10 min) não diferem estatisticamente e apresentam alta correlação e concordância com a VLM. No entanto, é necessário investigar se a VC representa um equilíbrio entre remoção e produção de lac durante exercícios de longa duração no ciclismo outdoor. ABSTRACT Critical velocity as a noninvasive method to estimate the lactate minimum velocity on cycling The lactate minimum velocity (LMV) represents the equilibrium point between blood lactate (lac) production and removal. With the purpose of analyzing the validity of critical velocity (CV) as a non-invasive method to estimate the LMV on outdoor cycling, 15 cyclists (67.9 ± 5.7 kg; 1.70 ± 0.1 m; 26.7 ± 4.2 years) performed all-out tests on distances of 2, 4 and 6 km on velodrome. The CV was identified by distance-time model from combinations of 2 and 4 km (CV 2/4 ), 2 and 6 km (CV 2/6 ), 4 and 6 km (CV 4/6 ) and 2, 4 and 6 km (CV 2/4/6 ). The LMV was identified during 6 x 2 km incremental bouts after a latic acidosis induced by the all-out 2 km. The lower lac during test identified the LMV visually (LMVv) and by applying a polynomial function (LMVp). No differences were observed be- tween LMVv (33.3 ± 2.5 km.h -1 ) and LMVp (33.1 ± 2.6 km.h -1 ). Apart from CV 4/6 (34.6 ± 3.5 km.h -1 ), the values of CV 2/4 (38.0 ± 2.2 km.h -1 ), CV 2/6 (36.1 ± 2.4 km.h -1 ) and CV 2/4/6 (36.1 ± 2.5 km.h -1 ) differed from LMVp and LMVv (P < 0,001). The authors concluded that, besides being ~1 km/h above the LMV, the CV determined through predictive series of longer duration (4 and 6 km – approx- imately 6 and 10 min) did not differ statistically from LMV and presented a high correlation and agreement to each other. How- ever, it is necessary to investigate whether the CV reflects the balance between lac production and removal during long-term ex- ercise on outdoor cycling. RESUMEN La velocidad crítica como un método no invasivo para estimar la velocidad de lactato mínimo en el ciclismo La velocidad de lactato mínimo (VLM) representa el punto de equilibrio entre la producción y la remoción de lactato sanguíneo (lac). Con el objetivo de analizar la validez de la velocidad crítica (VC) como método no invasivo de estimar la VLM en el ciclismo “outdoor”, 15 ciclistas (67,9 ± 5,7 kg; 1,70 ± 0,1 m; 26,7 ± 4,2 años) percorrieron distancias de 2, 4 y 6 km en velódromo en el menor tiempo posible. La VC fue identificada por el modelo dis- tancia-tiempo a partir de las combinaciones de series predictivas de 2 y 4 km (VC 2/4 ), 2 y 6 km (VC 2/6 ), 4 y 6 km (VC 4/6 ) y 2, 4 y 6km (VC 2/4/6 ). Para la identificación de VLM fue realizada una serie de 2km a máxima velocidad, seguida de 6 series incrementales de 2km con 1 minuto de pausa para dosaje de lac. La VLM fue identi- ficada visualmente (VLMv) y aplicando función polinomial (VLMp). No se observaron diferencias entre VLMv (33,3 ± 2,5km.h -1 ) y VLMp (33,1 ± 2,6km.h -1 ). A excepción de VC 4/6 (34,6 ± 3,5km.h -1 ), los valores de VC 2/4 (38,0 ± 2,2km.h -1 ), VC 2/6 (36,1 ± 2,4km.h -1 ) y VC 2/4/6 (36,1 ± 2,5km.h -1 ) difirieron de VLMp y VLMv. Concluimos que, a pesar de ser ~1km /h por encima de VLM, la VC identificada a partir de series predictivas de mayor duración (4 y 6km - aproxi- madamente 6 y 10 min) no tienen diferencia estadística y presen- tan alta correlación y concordancia con VLM. A pesar de esto, es necesario investigar si la VC representa un equilibrio entre remo- ción y producción de lac durante los ejercicios de larga duración en ciclismo outdoor. INTRODUÇÃO Davis e Gass (1) observaram, durante testes incrementais reali- zados após um exercício de alta intensidade, que as concentra- ções de lactato sanguíneo diminuíam nas primeiras cargas incre- mentais até um ponto mínimo e voltavam a aumentar nas cargas subseqüentes. Esses autores concluíram que a intensidade de exercício correspondente ao ponto de equilíbrio entre produção e remoção do lactato sanguíneo poderia ser identificada durante exercícios incrementais realizados após indução de acidose meta- bólica. Posteriormente, esse protocolo foi aprimorado e chamado

Velocidad Critica en Ciclismo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

articulo

Citation preview

  • Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, N 6 Nov/Dez, 2006 381

    * Programa de Ps-Graduao Stricto-Senso em Educao Fsica. Uni-versidade Catlica de Braslia-UCB, Braslia-DF, Brasil.

    Recebido em 4/7/05. Verso final recebida em 21/7/06. Aceito em 25/7/06.Endereo para correspondncia: Dr. Herbert Gustavo Simes, QS07,LT1 s/n, sala 116, bloco G 72030-170 guas Claras, DF, Brasil. E-mail:[email protected] / [email protected]

    Velocidade crtica como um mtodo no invasivo paraestimar a velocidade de lactato mnimo no ciclismo*Wolysson Carvalho Hiyane, Herbert Gustavo Simes e Carmen Slvia Grubert Campbell

    ARTIGO ORIGINAL

    Palavras-chave: Limiar anaerbio. Mtodos indiretos. Sries preditivas. Mxima faseestvel de lactato.

    Keywords: Anaerobic threshold. Indirect methods. Predictive bouts. Maximallactate steady state.

    Palabras-clave: Lmite anaerbico. Mtodos indirectos. Series predictivas. Mxi-ma fase estable de lactato.

    RESUMO

    A velocidade de lactato mnimo (VLM) representa o ponto deequilbrio entre produo e remoo do lactato sanguneo (lac).Com objetivo de analisar a validade da velocidade crtica (VC) comomtodo no invasivo de estimar a VLM no ciclismo outdoor, 15ciclistas (67,9 5,7kg; 1,70 0,1m; 26,7 4,2 anos) percorreramas distncias de 2, 4 e 6km em veldromo no menor tempo poss-vel. A VC foi identificada pelo modelo distncia-tempo a partir dascombinaes de sries preditivas de 2 e 4km (VC2/4), 2 e 6km (VC2/6), 4 e 6km (VC4/6) e 2, 4 e 6km (VC2/4/6). Para identificao da VLMfoi realizada uma srie de 2km mxima velocidade, seguida deseis sries incrementais de 2km com 1 minuto de pausa para do-sagem de lac. A VLM foi identificada visualmente (VLMv) e apli-cando-se funo polinomial (VLMp). No foram observadas dife-renas entre VLMv (33,3 2,5km.h-1) e VLMp (33,1 2,6km.h-1).Com exceo da VC4/6 (34,6 3,5km.h-1), os valores de VC2/4 (38,0 2,2km.h-1), VC2/6 (36,1 2,4km.h-1) e VC2/4/6 (36,1 2,5km.h-1)diferiram da VLMp e VLMv. Os autores concluem que, apesar deser ~1km/h acima da VLM, a VC identificada a partir de sriespreditivas de maior durao (4 e 6km aproximadamente 6 e 10min) no diferem estatisticamente e apresentam alta correlao econcordncia com a VLM. No entanto, necessrio investigar sea VC representa um equilbrio entre remoo e produo de lacdurante exerccios de longa durao no ciclismo outdoor.

    ABSTRACT

    Critical velocity as a noninvasive method to estimate thelactate minimum velocity on cycling

    The lactate minimum velocity (LMV) represents the equilibriumpoint between blood lactate (lac) production and removal. Withthe purpose of analyzing the validity of critical velocity (CV) as anon-invasive method to estimate the LMV on outdoor cycling, 15cyclists (67.9 5.7 kg; 1.70 0.1 m; 26.7 4.2 years) performedall-out tests on distances of 2, 4 and 6 km on velodrome. The CVwas identified by distance-time model from combinations of 2 and4 km (CV2/4), 2 and 6 km (CV2/6), 4 and 6 km (CV4/6) and 2, 4 and 6km (CV2/4/6). The LMV was identified during 6 x 2 km incrementalbouts after a latic acidosis induced by the all-out 2 km. The lowerlac during test identified the LMV visually (LMVv) and by applyinga polynomial function (LMVp). No differences were observed be-tween LMVv (33.3 2.5 km.h-1) and LMVp (33.1 2.6 km.h-1).Apart from CV4/6 (34.6 3.5 km.h-1), the values of CV2/4 (38.0 2.2km.h-1), CV2/6 (36.1 2.4 km.h-1) and CV2/4/6 (36.1 2.5 km.h-1)differed from LMVp and LMVv (P < 0,001). The authors concludedthat, besides being ~1 km/h above the LMV, the CV determined

    through predictive series of longer duration (4 and 6 km approx-imately 6 and 10 min) did not differ statistically from LMV andpresented a high correlation and agreement to each other. How-ever, it is necessary to investigate whether the CV reflects thebalance between lac production and removal during long-term ex-ercise on outdoor cycling.

    RESUMEN

    La velocidad crtica como un mtodo no invasivo paraestimar la velocidad de lactato mnimo en el ciclismo

    La velocidad de lactato mnimo (VLM) representa el punto deequilibrio entre la produccin y la remocin de lactato sanguneo(lac). Con el objetivo de analizar la validez de la velocidad crtica(VC) como mtodo no invasivo de estimar la VLM en el ciclismooutdoor, 15 ciclistas (67,9 5,7 kg; 1,70 0,1 m; 26,7 4,2aos) percorrieron distancias de 2, 4 y 6 km en veldromo en elmenor tiempo posible. La VC fue identificada por el modelo dis-tancia-tiempo a partir de las combinaciones de series predictivasde 2 y 4 km (VC2/4), 2 y 6 km (VC2/6), 4 y 6 km (VC4/6) y 2, 4 y 6km(VC2/4/6). Para la identificacin de VLM fue realizada una serie de2km a mxima velocidad, seguida de 6 series incrementales de2km con 1 minuto de pausa para dosaje de lac. La VLM fue identi-ficada visualmente (VLMv) y aplicando funcin polinomial (VLMp).No se observaron diferencias entre VLMv (33,3 2,5km.h-1) yVLMp (33,1 2,6km.h-1). A excepcin de VC4/6 (34,6 3,5km.h-1),los valores de VC2/4 (38,0 2,2km.h-1), VC2/6 (36,1 2,4km.h-1) yVC2/4/6 (36,1 2,5km.h-1) difirieron de VLMp y VLMv. Concluimosque, a pesar de ser ~1km/h por encima de VLM, la VC identificadaa partir de series predictivas de mayor duracin (4 y 6km - aproxi-madamente 6 y 10 min) no tienen diferencia estadstica y presen-tan alta correlacin y concordancia con VLM. A pesar de esto, esnecesario investigar si la VC representa un equilibrio entre remo-cin y produccin de lac durante los ejercicios de larga duracinen ciclismo outdoor.

    INTRODUO

    Davis e Gass(1) observaram, durante testes incrementais reali-zados aps um exerccio de alta intensidade, que as concentra-es de lactato sanguneo diminuam nas primeiras cargas incre-mentais at um ponto mnimo e voltavam a aumentar nas cargassubseqentes. Esses autores concluram que a intensidade deexerccio correspondente ao ponto de equilbrio entre produo eremoo do lactato sanguneo poderia ser identificada duranteexerccios incrementais realizados aps induo de acidose meta-blica. Posteriormente, esse protocolo foi aprimorado e chamado

  • 382 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, N 6 Nov/Dez, 2006

    de lactato mnimo(2) (LM), e diversos estudos subseqentemen-tes(3-9) foram realizados para verificar sua validade.

    Simes et al.(5), analisando a relao entre o LM e outros proto-colos propostos para identificar a mxima fase estvel de lactato(MFEL) em corredores, no encontraram diferenas estatistica-mente significativas entre a velocidade de lactato mnimo (VLM) eas velocidades correspondentes ao limiar anaerbio individual e concentrao fixa de 4mM de lactato sanguneo. Esses autoresobservaram ainda que a VLM no diferia da velocidade de corridana qual fora observada fase estvel de lactato sanguneo duranteexerccio de longa durao.

    MacIntosh et al.(4) verificaram, em um estudo com 14 ciclistas/triatletas de ambos os sexos, que o protocolo do LM era vlidopara predizer intensidades de exerccio fsico correspondentes MFEL. Bacon e Kern(9) tambm evidenciaram que as intensidadesde MFEL e VLM, identificadas durante testes de corrida em indiv-duos fisicamente ativos, no eram diferentes entre si.

    Apesar de ser um mtodo interessante para identificar intensi-dade de exerccio que represente a MFEL, a determinao da VLMdepende de equipamentos de alto custo e avaliadores com habili-dade em realizar coletas sanguneas e dosagens de lactato, o queinviabiliza sua aplicao em larga escala.

    Uma alternativa seria a utilizao de mtodos indiretos(10) paraidentificar velocidades semelhantes VLM e MFEL e um destesmtodos a determinao da velocidade crtica (VC). A VC temsido sugerida como intensidade de exerccio fsico que pode sersustentada por um longo perodo de tempo sem exausto(11); suadeterminao envolve procedimentos no invasivos e de baixocusto, que podem ser facilmente aplicados em testes de campo.

    A validade da VC em estimar a MFEL ainda bastante contro-versa. Wakayoshi et al.(12) observaram que a VC poderia identificara MFEL em nadadores. Nesse estudo os participantes realizaramsries repetidas de 400 metros em velocidades correspondentesa 98, 100 e 102% da VC, sendo quatro sries em cada intensida-de. Verificou-se que em exerccios realizados a 100% da VC asconcentraes de lactato se estabilizavam, enquanto que a 102%da VC as concentraes aumentavam entre a primeira e a quartasries, concluindo assim que a VC poderia representar a MFEL.Kokubun(13) evidenciou resultados semelhantes em seu estudo com48 nadadores de ambos os sexos em que, durante cinco sries de400 metros com 30 segundos de pausa utilizadas no estudo, noforam observadas alteraes nas concentraes de lactato quan-do as sries eram realizadas a 100% da VC. J quando tais srieseram realizadas em intensidades superiores VC, ocorria acmu-lo de lactato sanguneo.

    Apesar de alguns estudos terem estabelecido que a VC podeestimar a MFEL na natao, estudos realizados em outras modali-dades de exerccio indicam que a velocidade/potncia crtica su-perestima as intensidades correspondentes ao limiar anaerbioindividual, MFEL e lactato mnimo(8,14). Em um estudo realizadocom 20 corredores, Simes et al.(5) observaram que a VC (292,1 17,5m.min-1) superestimava a VLM (281,0 14,8m.min-1). Similar-mente, Denadai et al.(15) verificaram, em jogadores de futebol, quea VC determinada em corrida superestimava a MFEL.

    Pelo que temos conhecimento, talvez nenhum estudo tenhacomparado a VC determinada em ciclismo outdoor com outrosprotocolos de avaliao aerbica como o limiar anaerbio, LM eMFEL, sendo que a maioria dos estudos foi realizada em cicloer-gmetro com a potncia graduada em watts. McLellan e Cheung(14)

    verificaram, em 14 indivduos, que a PC determinada em cicloer-gmetro pela relao linear potncia 1 /tempo superestimavaem 13% a MFEL. No entanto, a VC pode ainda sofrer influncia domodelo matemtico empregado(16-17) e das combinaes de sriespreditivas utilizadas para sua determinao. Contudo, poucos soos estudos investigando os efeitos de diferentes combinaes desries preditivas sobre a identificao da VC, bem como sua com-

    parao com outros protocolos que se propem a identificar aMFEL, especialmente no ciclismo outdoor.

    Considerando que as provas em laboratrio geralmente perdemem especificidade, propomos neste estudo a utilizao de testesque busquem a mxima especificidade no desporto, no caso, ostestes de pista com a utilizao da prpria bicicleta do ciclista.Assim, o objetivo do presente estudo foi comparar, em testes decampo realizados no ciclismo, os valores de VC identificados pordiferentes combinaes de sries preditivas com as velocidadesde lactato mnimo determinadas por inspeo visual e aplicando-se funo polinomial.

    MTODOS

    Participaram da pesquisa 15 ciclistas com 6,3 3,2 anos deprtica, cujas caractersticas esto representadas na tabela 1. Osparticipantes responderam a um questionrio de anamnese e as-sinaram um termo de consentimento livre e esclarecido sobre osprocedimentos do estudo. Cada participante foi instrudo a se man-ter hidratado e realizar a ltima refeio trs horas antes das ses-ses de testes. A ingesto de bebidas alcolicas e a realizao deexerccios fsicos intensos no foram permitidas durante as 24horas que antecediam os testes. Os mtodos utilizados no pre-sente estudo foram aprovados pelo Comit de tica de Pesquisaem Seres Humanos da Universidade Catlica de Braslia.

    TABELA 1Resultados mdios desvio-padro referentes idade, peso, altura e tempode prtica no ciclismo dos indivduos que fizeram parte do estudo (n = 15)

    Idade (anos) Peso (kg) Altura (m) Prtica de ciclismo (anos)

    Mdia 26,7 67,9 1,7 6,3 DP 04,2 05,7 0,1 3,2

    Testes realizados

    Todos os testes foram realizados no veldromo municipal dacidade de Braslia-DF, onde os voluntrios utilizaram suas prpriasbicicletas. Os procedimentos foram realizados sempre no mesmohorrio do dia e consistiram em trs testes para mensurar o de-sempenho nas distncias de 2, 4 e 6km, alm de um teste incre-mental aps induo de hiperlactatemia para identificao da VLM.Todos os testes foram realizados dentro de um perodo de duassemanas. A ordem de aplicao dos testes foi randomizada, exce-to o desempenho em 6km, que foi o primeiro teste a ser realiza-do. Condies climticas desfavorveis como chuvas e fortes ven-tos foram evitadas; a velocidade mdia e a metragem correta doveldromo foram mensuradas por um ciclocomputador (Assize,Cyclocomputer ).

    Testes de desempenho em 2, 4 e 6km

    Aps um aquecimento de 10 minutos pedalando na sua prpriabicicleta entre 90 e 100rpm, os voluntrios percorreram as distn-cias de 2, 4 e 6km no menor tempo possvel, sempre em diasdiferentes, e com um intervalo de no mnimo 24h. Essas distn-cias foram escolhidas como sries preditivas de VC por seremconcludas entre aproximadamente 1 a 10 minutos, como propos-to por Poole(18).

    Determinao da velocidade crtica

    A VC foi determinada em todos os participantes a partir domodelo linear distncia-tempo(12). Foi realizada regresso linearentre a distncia percorrida (km) e o tempo utilizado para percor-rer essa distncia (h). A inclinao da reta de regresso distncia-tempo foi definida como velocidade crtica (VC) (figura 1).

    A partir do desempenho nas sries preditivas de 2, 4 e 6km,foram realizadas combinaes para determinar quatro valores develocidades crticas diferentes. Utilizando-se o modelo linear dis-

  • Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, N 6 Nov/Dez, 2006 383

    tncia-tempo, foram determinadas a VC2/4 (sries de 2 e 4km), VC2/6(sries de 2 e 6km), VC4/6 (sries de 4 e 6km) e VC2/4/6 (sries de 2,4 e 6km). Esse modelo tambm permite a identificao da capaci-dade de trabalho anaerbio, porm no foi objetivo deste estudoanalisar esse parmetro.

    Coletas e anlises sanguneas

    Aps assepsia local era realizada uma pequena inciso no lbu-lo da orelha com lancetas descartveis e 25L de sangue capilari-zado eram coletados utilizando-se capilares de vidro hepariniza-dos e calibrados. As coletas eram realizadas nos intervalos entreas sries de exerccio durante o teste do lactato mnimo e armaze-nados em tubos Eppendorfs contendo 50L de fluoreto de sdio1%. Durante os procedimentos de coletas eram utilizadas lance-tas e luvas cirrgicas descartveis para evitar qualquer tipo decontaminao. Alm disso, a primeira gota de sangue era despre-zada para evitar mistura do sangue com o suor. As amostras fo-ram analisadas pelo mtodo eletroenzimtico, utilizando-se de umanalisador de lactato (Yellow Springs Instruments 2.700 STAT ).

    Anlises estatsticas

    Os dados esto expressos em mdia desvio-padro (DP). Osresultados de VLMv, VLMp e VC determinados por diferentes com-binaes de sries preditivas foram comparados utilizando-se an-lise de varincia para medidas repetidas e teste de Tukey comopost hoc; as correlaes entre VC e VLM foram determinadas uti-lizando-se o coeficiente de correlao de Pearson. O nvel de sig-nificncia aceito foi de P < 0,05. Alm disso, o nvel de concordn-cia entre a VLM e a VC determinada por diferentes mtodos foianalisado utilizando-se a tcnica de Bland-Altman(19).

    RESULTADOS

    No foram verificadas diferenas estatisticamente significan-tes entre VLMp e VLMv (tabela 2) e nem entre suas respectivasconcentraes de lactato (tabela 3) (P > 0,05). As intensidades(km.h-1) correspondentes a VC2/4, VC2/6 e VC2/4/6 foram estatistica-mente diferentes da VLM identificada, tanto visualmente quantopor funo polinomial (P < 0,001). No entanto, a VC4/6 no diferiuda VLMp e VLMv (tabela 2).

    Figura 1 Exemplificao da determinao da velocidade crtica (VC) ecapacidade de trabalho anaerbio (CTan) pelo modelo linear distncia-tempo

    Identificao do ponto de equilbrio entre produo eremoo de lactato sanguneo

    Consistiu na aplicao do teste do LM utilizando-se de um pro-tocolo modificado de MacIntosh et al.(4), sendo uma srie de 2kmno menor tempo possvel para elevao do lactato sanguneo, se-guida de 8 minutos de recuperao com uma coleta sangunea no7 minuto, sendo que no 8 minuto iniciou-se um teste incremen-tal consistindo de seis sries de 2km em intensidades progressi-vas, com 1 minuto de pausa para coleta de sangue capilarizado. Aintensidade da primeira srie correspondeu a 5km/h abaixo da ve-locidade mdia obtida em teste de 6km realizado previamente,com incrementos de 1km/h a cada srie de 2km. A velocidademdia de cada srie foi controlada por um ciclocomputador (Assi-ze, Cyclocomputer ) e tambm por estmulo sonoro (apito). A iden-tificao da VLM foi realizada por inspeo visual (VLMv, figura 2-A), bem como aplicando-se a funo polinomial de grau 2 paraajuste matemtico da resposta do lactato sanguneo (VLMp, figu-ra 2-B).

    Figura 2 Exemplificao da VLM identificada por inspeo visual (VLMv A) e funo polinomial (VLMp B). EL Elevao do lactato sanguneopor meio de srie de 2km mxima intensidade possvel.

    TABELA 2Resultados (km.h-1) referentes a VLMv, VLMp, VC2/4, VC2/6, VC4/6, VC2/4/6

    VLMv VLMp VC2/4 VC2/6 VC4/6 VC2/4/6(km.h-1) (km.h-1) (km.h-1) (km.h-1) (km.h-1) (km.h-1)

    01 30,5 29,9 34,0 32,8 31,7 32,802 30,5 28,3 36,0 35,0 34,0 34,903 34,0 34,8 40,2 37,5 35,1 37,404 33,0 32,9 37,1 36,0 35,0 36,005 34,0 31,3 40,4 38,0 35,8 37,906 36,0 35,9 36,9 38,0 39,1 38,007 36,5 36,4 42,1 38,8 36,0 38,708 33,0 33,2 35,1 34,9 34,6 34,909 36,0 35,0 39,1 39,0 38,9 39,010 31,0 31,9 40,2 34,0 29,5 33,811 27,5 28,8 36,4 31,0 27,1 30,812 33,5 33,4 36,9 34,0 31,6 34,013 34,5 34,5 37,9 38,0 38,1 38,014 34,0 34,4 38,5 36,2 34,1 36,115 36,0 36,2 38,7 38,4 38,1 38,4

    Mdia 33,3 33,1 *38,0* *36,1* 34,6 *36,1* DP 02,5 02,6 02,2 02,4 03,5 02,5

    * P < 0,001 em relao a VLMp e VLMv.

    Intensidades relativas correspondentes VC identificada por di-ferentes mtodos expressas em % da VLMv e VLMp esto apre-sentadas na tabela 3. Esto ainda apresentados nessa tabela 3 aconcentrao de lactato sanguneo [lac] correspondente VLMv eVLMp.

    As correlaes de Pearson entre as velocidades de lactato m-nimo (VLMp e VLMv) e as variveis VC2/4, VC2/6, VC4/6, VC2/4/6 estoapresentadas na tabela 4.

  • 384 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, N 6 Nov/Dez, 2006

    DISCUSSOO presente estudo investigou os efeitos de diferentes combi-

    naes de sries preditivas na identificao da VC no ciclismo eanalisou a validade da VC em estimar o ponto de equilbrio entreproduo e remoo do lactato sanguneo (identificado pelo testede LM). Os principais resultados do presente estudo foram que amaioria dos valores de VC identificados com diferentes combina-es de sries preditivas superestimou a VLM identificada, tantovisualmente quanto aplicando-se funo polinomial. No entanto,fora observado que a combinao de sries preditivas mais lon-gas (4 e 6km) pode produzir valores de VC que no diferem daVLM (tabela 2), com alta correlao e concordncia entre estasvariveis quando a correlao de Pearson e a tcnica de Bland-Altman foram aplicadas (tabela 4 e figura 3 A-E).

    O presente estudo evidenciou ainda que as velocidades de lac-tato mnimo identificadas por inspeo visual e por funo polino-mial no foram diferentes estatisticamente (tabela 2), e as con-

    centraes de lactato sanguneo correspondentes VLMv e VLMpforam, respectivamente, de 3,5 2,3 e 3,1 2,1 (tabela 3).

    A funo polinomial um novo mtodo utilizado para identificara VLM a partir de um ajuste da resposta do lactato sanguneo du-rante o teste. A funo polinomial de segunda ordem origina umaequao que pode ser derivada para se identificar matematica-mente o ponto de equilbrio entre produo e remoo de lactatosanguneo. Apesar de no terem sido observadas diferenas en-tre a VLMv e VLMp, a utilizao da VLMp deve ser estimulada,pois essa nova metodologia evita erros de interpretao, o quepode ocorrer quando se utiliza apenas a inspeo visual. A tcnicade Bland-Altman evidenciou que a mdia dos escores residuaisentre VLMv e VLMp foi prxima de zero (figura 3A) e que os valo-res de VLM determinados visualmente ou por ajuste polinomialse encontraram dentro dos limites de concordncia, sugerindo quea VLMp uma opo interessante. Alm disso, temos conduzidooutros estudos em nossos laboratrios, nos quais, aplicando-se

    A aplicao da tcnica proposta por Bland-Altman evidenciouelevado nvel de concordncia entre VLM e VC determinados pordiferentes mtodos (figura 3 A-E), com a mdia das diferenas (e95% do intervalo de confiana) de 2,8 (0,8 a 4,8); 4,6 (-0,2 a 9,4) e

    2,7 (0,7 a 4,7)km.h-1, respectivamente, entre VLMv e VC2/6, VLMve VC2/4, e VLMv e VC2/4/6. Entretanto, melhor concordncia ocorreuentre VLMv e VLMp 0,2 (2,4 a 2)km.h-1, bem com entre VLMp eVC4/6 1,2 (2,4 a 4,8)km.h-1.

    TABELA 3Valores relativos (%) em que a VC foi identificada e

    concentrao de lactato correspondente a VLMv e VLMp

    VC2/4 VC2/6 VC4/6 VC2/4/6 [Lac] (mM)

    VLMv 114,1 108,4 103,9 108,4 3,5VLMp 114,8 109,1 104,5 109,1 3,1

    TABELA 4Correlao bivariada de Pearson entre valores de VC e VLM

    VLMv VC2/6 VC2/4 VC4/6 VC2/4/6

    VLMv 0,52* 0,92** 0,87** 0,93**VLMp 0,91** 0,51* 0,77** 0,70** 0,78**

    * P < 0,05; ** P < 0,01.

    Figura 3 Resultado da anlise de concordncia de Bland-Altman. As linhas continuas indicam as mdias das diferenas e as linhas tracejadas, 95%do limite de confiana entre as duas variveis.

    A B

    CD

    E

  • Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, N 6 Nov/Dez, 2006 385

    funo polinomial, tem sido possvel reduzir consideravelmente onmero de sries incrementais durante o teste para determina-o da VLM.

    Apesar de vrios estudos terem demonstrado que a VLM re-presenta a intensidade de MFEL(2,4,7,9), a determinao da VLM eda MFEL envolve procedimentos invasivos e equipamentos ca-ros. A utilizao da VC como estimador da VLM e, conseqente-mente, da MFEL seria uma prtica bastante facilitadora. Contudo,no presente estudo a VC superestimou a VLM entre 3 e 15% (ta-bela 3); essa diferena encontrada entre os valores de VC e VLMpode ser explicada pela influncia do tempo de exerccio das s-ries preditivas que originaram os valores de VC. A identificao daVC dependente da durao das sries preditivas, sendo os valo-res de VC inversamente proporcionais durao das mesmas, oque se confirmou no presente estudo. A VC identificada a partirda combinao das sries de 4 e 6km produziu valores que seaproximaram e no diferiram estatisticamente da VLM, sugerindoque distncias maiores produzem velocidades criticas que teori-camente representariam o ponto de equilbrio entre produo eremoo de lactato sanguneo. Alm disso, a tcnica de Bland-Altman evidenciou que a mdia dos escores residuais entre VLMve VC4/6 foi prximo de zero, sugerindo que o nvel de concordnciaentre VLMv e VC4/6 (sries mais longas) maior que entre VLMv eVC2/4/6, VC2/4 e VC2/6 (figura 3, B-E), cujas combinaes de sriespreditivas incluem a srie de 2km (menor durao).

    Bishop et al.(16) verificaram que a combinao de cargas quepermitem tempo de exausto entre 68 e 193 segundos determinamaiores valores de potncia crtica (201W) se comparados comas cargas que permitem tempo de exausto entre 193 e 485 se-gundos (164W). Jenkins et al.(20) verificaram que a potncia crticaapresentou valores diferentes quando se selecionaram as trs me-nores (268W) e as trs maiores (321W) cargas, sendo que estasltimas resultaram em maiores valores de potncia crtica.

    Como proposto por Poole(18), para determinao da potncia cr-tica/velocidade crtica, devem ser escolhidas sries preditivas quepossam ser concludas entre 1 e 10 minutos. No presente estudo,essas recomendaes foram seguidas, mas somente quando seutilizaram as distncias de 4 e 6km (que tiveram durao entre 6 e10 minutos) foi possvel identificar valores de VC que foram se-melhantes VLM. Apesar de no ter sido estatisticamente dife-

    rente da VLM, e da tcnica de Bland-Altman ter confirmado o nvelaceitvel da concordncia entre as variveis, a VC4/6 correspondeuaproximadamente a 104% da VLM. Para realmente afirmarmosque a VC identifica uma intensidade de exerccio semelhante MFEL, seria necessrio realizar testes retangulares em intensida-des abaixo, acima e na VC, analisando a resposta do lactato san-guneo nessas intensidades, o que no foi feito no presente estu-do. Assim, estudos adicionais devem ser realizados para afirmarse as intensidades de MFEL e VC so realmente semelhantes (eno diferentes entre si) quando se utilizam sries preditivas comtempos de execuo superiores a 6 minutos, como no presenteestudo.

    Seria interessante a padronizao de um protocolo de determi-nao de VC que pudesse estimar a MFEL. Os resultados da apli-cao da tcnica de Bland-Altman evidenciou nvel de concordn-cia aceitvel entre VLMv e os demais parmetros estudados (figura3). No entanto, a VC4/6 foi nica combinao de srie preditiva queno diferiu em relao s velocidades de lactato mnimo (tabela 2)e apresentou melhor concordncia (figura 3A-E). Assim, a utiliza-o da VC por tcnicos e atletas dever ser feita com precauo,pois, apesar de ser um mtodo no invasivo, de fcil aplicao,baixo custo financeiro e adequado para avaliao de um grandenmero de pessoas, a seleo das sries preditivas deve ser feitacom muita ateno para que sejam determinados valores de VCque se aproximem da intensidade correspondente ao ponto deequilbrio entre produo e remoo de lac, ou MFEL.

    CONCLUSO

    Conclumos que, apesar de ser 1km/h acima da VLM, a VC iden-tificada a partir de sries preditivas de maior durao (4 e 6kmaproximadamente 6 e 10 min) no difere estatisticamente da VLM.No entanto, necessrio investigar se a VC representa um equil-brio entre remoo e produo de lac durante exerccios de longadurao.

    Todos os autores declararam no haver qualquer potencial confli-to de interesses referente a este artigo.

    REFERNCIAS

    1. Davis HA, Gass GC. Blood lactate concentrations during incremental work beforeand after maximum exercise. Br J Sports Med. 1979;13:165-9.

    2. Tegtbur UWE, Busse MW, Braumann KM. Estimation of an individual equilibriumbetween lactate production and catabolism during exercise. Med Sci Sports Exerc.1993;25:620-7.

    3. Campbell CSG, Simes HG, Denadai BS. Influence of glucose and caffeine ad-ministration on identification of maximal lactate steady state. Med Sci SportsExerc. 1998;30:327.

    4. MacIntosh BR, Esau S, Svedahl K. The lactate minimum test for cycling: estima-tion of the maximal lactate stady state. Can J Appl Physiol. 2002;27:232-49.

    5. Simes HG, Campbell CSG, Baldissera V, Denadai BS, Kokubun E. Determinaodo limiar anaerbio por meio de dosagens glicmicas e lactacidmicas em testesde pista para corredores. Rev Paul Educ Fs. 1998;12:17-30.

    6. Simes HG, Campbell CSG, Kokubun E, Denadai BS, Baldissera V. Blood glucoseresponses in humans mirror lactate responses for individual anaerobic thresholdand for lactate minimum in track test. Eur J Appl Physiol. 1999;80:34-40.

    7. Simes HG, Kushnick MR, Nakamura A, Katsanos CS, Baldissera V, Moffatt RJ.Blood glucose threshold and the metabolic responses to incremental exercisetests with and without prior lactic acidosis induction. Eur J Appl Physiol. 2003;89:603-11.

    8. Simes HG, Denadai BS, Baldissera V, Campbell CSG. Relationships and signifi-cance of lactate minimum, critical velocity, heart rate deflection and 3000 m track-tests for running. J Sports Med Phy Fitn. In press, 2005.

    9. Bacon L, Kern M. Evaluating a test protocol for predicting maximum lactate steadystate. J Sports Med Phys Fitness. 1999;39:300-8.

    10. Denadai BS. Avaliao aerbia: determinao indireta da resposta do lactato san-guneo. Rio Claro: Motrix, 2000.

    11. Monod H, Scherrer J. The work capacity of a synergic muscular group. Ergonomics.1981;24:329-38.

    12. Wakayoshi K, Yoshida T, Udo M, Kasai T, Moritani T, Mutoh Y, et al. A simplemethod for determining critical speed as swimming fatigue threshold in competi-tive swimming. Int J Sports Med. 1992;13:367-71.

    13. Kokubun E. Velocidade crtica como estimador do limiar anaerbio na natao.Rev Paul Educ Fs. 1996;10:5-20.

    14. McLellan TM, Cheung KSY. A comparative evaluation of the individual anaerobicthreshold and the critical power. Med Sci Sports Exerc. 1992;24:543-50.

    15. Denadai BS, Gomide EB, Greco CC. The relationship between onset of bloodlactate accumulation, critical velocity, and maximal lactate steady state in soccerplayers. J Strength Cond Res. 2005;19:364-8.

    16. Bishop D, Jenkins DG, Howard A. The critical power is dependent on the durationof the predictive exercise tests chosen. Int J Sports Med. 1998;19:125-9.

    17. Bull AJ, Housh TI, Johnson GO, Perry SR. Effect of mathematical modeling onthe estimation of critical power. Med Sci Sports Exerc. 2000;32:526-30.

    18. Poole DC. Correspondence. Med Sci Sports Exerc. 1986;18:703-4.

    19. Martelli Filho JA, Maltagliati LA, Trevisan F, Gil CTLA. Novo mtodo estatsticopara anlise da reprodutibilidade. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2005;10:122-9.

    20. Jenkins DG, Kretek K, Bishop D. The duration of predicting trials influences timeto fatigue at critical power. J Sci Med Sport. 1998;1:213-8.