Vestibular UFF 2010 - Prova Area IV

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rea IV

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instrues ao candidatoVerifique se este caderno da rea a que pertence o Curso em que voc se inscreveu. Alm deste caderno, voc dever ter recebido o CARTO DE RESPOSTAS com o seu nome e o seu nmero de inscrio. Confira se os dados esto corretos; em caso afirmativo, assine o carto e leia atentamente as instrues para seu preenchimento. Caso no tenha recebido o carto ou os seus dados no estejam corretos, notifique imediatamente ao fiscal. Em seguida, verifique se este caderno contm sessenta questes. Cada questo apresenta cinco alternativas de resposta, sendo apenas uma delas a correta. No carto de respostas, atribuir-se- pontuao zero a toda questo com mais de uma alternativa assinalada, ainda que dentre elas se encontre a correta. No permitido fazer uso de instrumentos auxiliares para clculo e desenho, portar material que sirva de consulta, nem copiar as alternativas assinaladas no CARTO DE RESPOSTAS. O tempo disponvel para esta prova, incluindo o preenchimento do CARTO DE RESPOSTAS, de 4 (quatro) horas. Reserve os vinte minutos finais para preencher o carto, usando caneta esferogrfica de corpo transparente e de ponta mdia com tinta azul ou preta. Quando terminar, entregue ao fiscal o CADERNO DE QUESTES e o CARTO DE RESPOSTAS, verificando antes se voc assinou o carto, que poder ser invalidado se voc no o assinar. O candidato que se retirar do local de realizao desta prova aps 3 (trs) horas do incio da mesma poder levar seu CADERNO DE QUESTES.

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a

etapa

Aps o aviso para incio das provas, voc dever permanecer no local de realizao das mesmas por, no mnimo, noventa minutos.

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CursosAdministrao (Niteri, Itaperuna, Maca e Volta Redonda) Administrao Pblica (Volta Redonda) Arquivologia Biblioteconomia e Documentao Cincias Contbeis (Niteri, Maca e Volta Redonda) Cincias Econmicas (Niteri e Campos dos Goytacazes) Cincias Sociais (Niteri e Campos dos Goytacazes) Cinema e Audiovisual Comunicao Social Jornalismo Comunicao Social Publicidade e Propaganda Direito (Niteri e Maca) Estudos de Mdia Filosofia Geografia (Niteri e Campos dos Goytacazes) Histria Letras Pedagogia (Niteri, Angra dos Reis e Santo Antnio de Pdua) Produo Cultural (Niteri e Rio das Ostras) Relaes Internacionais Servio Social (Niteri, Campos dos Goytacazes e Rio das Ostras) Turismo (Niteri)

DisciplinasFilosofia Geografia Histria Lngua e Literaturas de Lngua Portuguesa Matemtica Lngua Estrangeira

Criao, inveno e descoberta

O Vestibular 2010 da UFF traz a voc o percurso dos homens entre criao, inveno e descoberta, no contnuo esforo de ler e reler o mundo.2

Prezado Candidato,Este caderno contm sessenta questes de mltipla escolha que constituem a primeira etapa do Vestibular 2010 da Universidade Federal Fluminense. As questes so apresentadas, de um modo geral, de acordo com a temtica dos diversos textos selecionados para a prova. As questes de lngua estrangeira, de nmeros 53 a 60, encontram-se ao final da prova e voc dever respond-las conforme a sua opo no ato de inscrio no Concurso. Caso voc prefira resolver a prova por disciplina, oriente-se pela legenda colorida de cada uma, segundo a listagem abaixo. Faa uma boa prova! A Coordenadoria de Seleo Acadmica da UFF

DISCIPLINAS

QUESTES

FILOSOFIA GEOGRAFIA HISTRIALNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS L. PORT.

06 - 09 - 13 - 14 - 17 - 30 - 31 - 47- 52 05 - 10 - 24 - 34 - 39 - 44 - 45 - 48 - 49 04 - 08 - 16 - 33 - 37 - 38 - 42 - 43 - 46 03 - 07 - 11 - 12 - 15 - 18 - 19 - 20 - 22 - 25 - 27- 32 - 35 - 36 - 40 - 41 01- 02 - 21 - 23 - 26 - 28 - 29 - 50 - 51 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60

MATEMTICA LNGUA ESPANHOLA LNGUA FRANCESA LNGUA INGLESA

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TEXTO I

Historicamente, a matemtica extremamente eficiente na descrio dos fenmenos naturais. O prmio Nobel Eugene Wigner escreveu sobre a surpreendente eficcia da matemtica na formulao das leis da fsica, algo que nem compreendemos nem merecemos. Toquei outro dia na questo de a matemtica ser uma descoberta ou uma inveno humana. 5 Aqueles que defendem que ela seja uma descoberta creem que existem verdades universais inalterveis, independentes da criatividade humana. Nossa pesquisa simplesmente desvenda as leis e teoremas que esto por a, existindo em algum metaespao das ideias, como dizia Plato. Nesse caso, uma civilizao aliengena descobriria a mesma matemtica, mesmo se a representasse com smbolos distintos. Se a matemtica for uma descoberta, todas as 10 inteligncias csmicas (se existirem) vo obter os mesmos resultados. Assim, ela seria uma lngua universal e nica. Os que creem que a matemtica inventada, como eu, argumentam que nosso crebro produto de milhes de anos de evoluo em circunstncias bem particulares, que definiram 15 o progresso da vida no nosso planeta. Conexes entre a realidade que percebemos e abstraes geomtricas e algbricas so resultado de como vemos e interpretamos o mundo. Em outras palavras, a matemtica humana produto da nossa histria evolutiva.Marcelo Gleiser. Folha de S. Paulo, Caderno Mais! 31/05/09

01Segundo o matemtico Leopold Kronecker (1823-1891), Deus fez os nmeros inteiros, o resto trabalho do homem.

Leopold Kronecker (1823 1891)

Os conjuntos numricos so, como afirma o matemtico, uma das grandes invenes humanas. Assim, em relao aos elementos desses conjuntos, correto afirmar que:

(A) (B) (C) (D) (E)

o produto de dois nmeros irracionais sempre um nmero irracional. a soma de dois nmeros irracionais sempre um nmero irracional. entre os nmeros reais 3 e 4 existe apenas um nmero irracional. entre dois nmeros racionais distintos existe pelo menos um nmero racional. a diferena entre dois nmeros inteiros negativos sempre um nmero inteiro negativo.

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02Povos diferentes com escrita e smbolos diferentes podem descobrir um mesmo resultado matemtico. Por exemplo, a figura ao lado ilustra o Tringulo de Yang Yui, publicado na China em 1303, que equivalente ao Tringulo de Pascal, proposto por Blaise Pascal 352 anos depois.

Na expresso algbrica (x + 1) o coeficiente a2 de x2 igual a: (A) (B) (C) (D) (E) 2 100 4950 9900 2100

100

= a0 + a1 . x + a2 . x2 +...+ a99 . x99 + a100 . x100 =

100

a n=0

n

. xn

03(A) (B) (C) (D) (E)

Assinale a opo em que o emprego dos tempos e modos, ao produzir um efeito de sentido de suposio, ratifica, no entanto, a concepo de a Matemtica ser uma verdade universal inaltervel. O prmio Nobel Eugene Wigner escreveu sobre a surpreendente eficcia da matemtica na formulao das leis da fsica, algo que nem compreendemos nem merecemos.(linhas 2-3) Nesse caso, uma civilizao aliengena descobriria a mesma matemtica, mesmo se a representasse com smbolos distintos. (linhas 9-10) Nossa pesquisa simplesmente desvenda as leis e teoremas que esto por a, existindo em algum metaespao das ideias, como dizia Plato. (linhas 6-8) Os que creem que a matemtica inventada, como eu, argumentam que nosso crebro produto de milhes de anos de evoluo... (linhas 13-14) Conexes entre a realidade que percebemos e abstraes geomtricas e algbricas so resultado de como vemos e interpretamos o mundo. (linhas 16-17)

O mundo moderno est associado, na sua origem, cultura renascentista. Invenes e descobertas s puderam ser realizadas porque os intelectuais renascentistas reuniram tradies clssicas ocidentais e orientais, a fim de dar novo sentido ideia de HOMEM e NATUREZA. Assinale a afirmativa que pode ser corretamente associada ao Renascimento. (A) (B) (C) (D) (E) O livro da natureza foi escrito em caracteres matemticos. (Galileu) O homem imagem e semelhana de Deus. (Jean Bodin) O mundo perfeito porque uma obra divina e, assim, s pode ser esfrico. (Marslio Ficino) A perspectiva o fundamento da relao entre espao humano e natureza divina. (Alberti) A proporo a qualidade matemtica inadequada representao do mundo natural. (Leonardo da Vinci)

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05

A frase conexes entre a realidade que percebemos e abstraes geomtricas e algbricas so resultado de como vemos e interpretamos o mundo (Texto I, linhas 16-17) reforada pelas situaes retratadas na charge e na fotografia abaixo.

Traa-se uma linha

E se forma um muro

O muro construdo por Israel na Cisjordnia lembra tambm os guetos judeus na Segunda Guerra Mundial Le Monde Diplomatique Brasil, ago. 2009.

A articulao da frase e da charge com a realidade expressa na foto permite identificar uma prtica da sociedade no espao geogrfico. A prtica espacial explicitamente identificada : (A) (B) (C) (D) (E) vigilncia comunitria. proteo ambiental. conteno territorial. controle paisagstico. reforma urbana.

O metro equivale a um dcimo milionsimo do comprimento do quadrante da Terra e faz parte do Sistema Mtrico Decimal (SMD), uma das invenes mais notveis do perodo do Iluminismo e um dos legados permanentes da Revoluo Francesa. At ento, eram usadas medidas antropocntricas (como o p, a palma, o cvado, etc.) que, alm de no terem relao umas com as outras, variavam entre as regies e os pases, dificultando a cobrana de impostos, o comrcio e o intercmbio cientfico. A Assemblia Nacional Francesa determinou que os cientistas estudassem um sistema de medidas prtico e vlido para todos os tempos, para todos os povos. O Sistema Mtrico Decimal foi adotado na Frana em 1799 e definiu sua medida principal (o metro), baseado na dimenso da Terra, ou seja, em algo inaltervel e comum a todos os pases. Assinale a opo que melhor expressa o significado dessa inveno. (A) (B) (C) (D) (E) Sistema imposto Frana pela coalizo contrarrevolucionria europeia liderada pela Inglaterra. Sistema adotado para fortalecer o bloqueio continental que Napoleo imps Europa. Sistema cuja adoo derivou da vontade do rei da Frana que gostava de trabalhos manuais e precisava de padres modernos de medida. Sistema tpico da mentalidade cientfica do sculo XVIII, pois vincula as medidas de todas as coisas s dimenses objetivas da natureza. Sistema resultante da inovao do regime do Terror durante a Revoluo Francesa.

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TEXTO IIGosto muito de uma idia feroz de Joo Cabral de Melo Neto: Escrever estar no extremo de si. Nessa ltima fronteira, em que o EU se desvanece, o escritor pisa a parte mais inspita de si mesmo aquela em que se transforma em outro. Literatura no confisso, inveno. Para refletir sobre isso, nada melhor do que reler hoje, Um experimento na crtica literria, do irlands C.S.Lewis (1898 -1963). Um livro 5 em que a Literatura se afirma como enigma e aventura. E no qual o leitor, no mais reduzido figura de um hermeneuta, ou,ao contrrio, de um diletante, se torna, ele tambm, um inventor. O livro no a ilustrao de um saber consagrado; tampouco um aferidor de verdades. Ao inaugurar um mundo inteiramente novo, a Literatura uma inveno que, em vez de explicar e dissecar a realidade, a potencializa e amplia.Jos Castello. O menino de Lewis. O Globo. Adaptao. Vocabulrio: Hermeneuta - intrprete Diletante - amante das artes e da Literatura

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No Texto II, Jos Castello afirma tambm que a Literatura uma inveno.

Assinale a opo em que o fragmento de texto se assemelha ao sentido construdo na seguinte passagem do Texto II: Um livro em que a Literatura se afirma como enigma e aventura. E no qual o leitor, no mais reduzido figura de um hermeneuta, ou, ao contrrio, de um diletante, se torna, ele tambm, um inventor. (linhas 4-6) (A) O melhor meio de saber o que querem os poetas de amanh ainda conhecer o que eles exprobam poesia de ontem. Ora, o reproche geral que ao Simbolismo fazem e que os resume todos em uma palavra, o de ele ter desprezado a Vida. Ns sonhamos; eles querem viver e dizer que viveram, diretamente, simplesmente, intimamente, liricamente. (Jos Verssimo, Que literatura?) Estou escrevendo porque no sei o que fazer de mim. Quer dizer: no sei o que fazer com meu esprito. O corpo informa muito. Mas eu desconheo as leis do esprito: ele vagueia. ( Clarice Lispector, Um sopro de vida ) Tenho muita pena de no saber escrever histrias para crianas. Mas ao menos ficaram sabendo como a histria seria, e podero cont-la doutra maneira, com palavras mais simples do que as minhas, e talvez mais tarde venham a saber escrever histrias para as crianas... Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta histria, escrita por ti que me ls, mas muito mais bonita?... (Jos Saramago, A maior flor do mundo) Escrever arte moderna no significa jamais para mim representar a vida atual no que tem de exterior: automveis, cinema, asfalto. Se estas palavras frequentam meu livro no porque pense com elas escrever moderno, mas porque sendo meu livro moderno, elas tm nele sua razo de ser. (Mrio de Andrade, Prefcio interessantssimo) Meu erro foi acreditar que a vida poderia fornecer material para a minha Literatura. Viver escrevendo. No escrevi o que devia este foi o meu erro. Escrever renunciar eu no sei renunciar. Gide disse que o diabo desta vida que entre cem caminhos, temos de escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove. Pois bem: a Literatura como se voc tivesse de renunciar a todos os cem (Fernando Sabino, O encontro marcado)

(B) (C)

(D)

(E)

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No campo da Literatura, no perodo dos governos militares, vrias narrativas envolveram os desejos de mudanas na sociedade brasileira, seguindo a linha de defesa dos direitos individuais e democrticos da pessoa humana. Alm de Joo Cabral de Melo Neto (citado por Jos Castello, Texto II, linha 1), que traduzia esses sentimentos de forma potica, outro grande autor foi Antonio Callado, principalmente em seu livro Quarup, onde a luta guerrilheira enfatizada. Dentre as guerrilhas organizadas no imediato ps-1964, a que mais se destacou: (A) (B) (C) (D) (E) a de Palmares, dominada em 1965. a do Contestado, inaugurada em 1966. a de Capara, desbaratada em 1967. a de Aragaras, cujos membros foram presos em 1970. a de Canudos, eliminada em 1984.

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Como uma onda Nada do que foi ser De novo do jeito que j foi um dia Tudo passa Tudo sempre passar A vida vem em ondas Como um mar Num indo e vindo infinito Tudo que se v no Igual ao que a gente Viu h um segundo Tudo muda o tempo todo No mundo No adianta fugir Nem mentir Pra si mesmo agora H tanta vida l fora Aqui dentro sempre Como uma onda no mar Como uma onda no mar Como uma onda no marLulu Santos e Nelson Motta

A letra dessa cano de Lulu Santos lembra ideias do filsofo grego Herclito, que viveu no sculo VI a.C. e que usava uma linguagem potica para exprimir seu pensamento. Ele o autor de uma frase famosa: No se entra duas vezes no mesmo rio. Dentre as sentenas de Herclito abaixo citadas, marque aquela da qual o sentido da cano de Lulu Santos mais se aproxima. (A) (B) (C) (D) (E) Morte tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo sono. O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra. Ao se entrar num mesmo rio, as guas que fluem so outras. Muita instruo no ensina a ter inteligncia. O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade. 8

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O fenmeno registrado na fotografia remete importncia de se conhecer a dinmica da natureza.DECIFRANDO A NATUREZA

Entre o Rio e Niteri, onda de 3 metros atinge catamar. Jornal Extra, 25 de abril 2008.

O principal fator de formao das ondas e a causa especfica do fenmeno apresentado esto corretamente associados em: (A) (B) (C) (D) (E) corrente martima, vinculada diferena de temperatura. vento, provocado por ciclone extratropical no oceano. salinidade, produto do varivel ndice pluviomtrico. abalo ssmico, decorrente de acomodaes na crosta terrestre. relevo litorneo, resultante da formao geolgica no continente.

TEXTO III Tudo o que aqui escrevo forjado no meu silncio e na penumbra. Vejo pouco, ouo quase nada. Mergulho enfim em mim at o nascedouro do esprito que me habita. Minha nascente obscura. Estou escrevendo porque no sei o que fazer de mim. Quer dizer: no sei o que fazer com meu esprito. O corpo informa muito. Mas eu desconheo as leis do esprito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciao das 5 palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever esse meu pensamento de palavras precedido por uma instantnea viso sem palavras, do pensamento palavra que se seguir, quase imediatamente diferena espacial de menos de um milmetro. Antes de pensar, pois, eu j pensei.Clarice Lispector. Um sopro de vida.

11(A) (B) (C) (D) (E)

Assinale a opo que corresponde ao pensamento de Clarice Lispector sobre a criao literria, no Texto III. A obra em si mesma tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te no agradar, pago-te com um piparote e adeus. No colhas no cho o poema que se perdeu. Vozes da infncia, contai a histria da vida boa que nunca veio. Pensar a concretizao, materializao do que se pr-pensou. O poeta um fingidor. Finge to completamente que chega a fingir que dor a dor que deveras sente.

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O modo de Clarice Lispector ver a criao literria guarda relao com o momento histrico em que ela escreve. Em outros momentos histricos, outras relaes ocorreram. Assinale a opo correta.

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(A) (B) (C) (D) (E)

O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criao literria e produzir a simplicidade e a mtrica do pastoralismo. O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela era. O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e pelas aliteraes. O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela . O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a esttica da expresso do eu autoral.

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A importncia do filsofo medieval Toms de Aquino reside principalmente em seu esforo de valorizar a inteligncia humana e sua capacidade de alcanar a verdade por meio da razo. Discorrendo sobre a possibilidade de descobrir a verdade divina, ele diz: As verdades que professamos acerca de Deus revestem uma dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razo humana. Uma delas , por exemplo, que Deus trino e uno. Ao contrrio, existem verdades que podem ser atingidas pela razo: por exemplo, que Deus existe, que h um s Deus, etc. Estas ltimas verdades, os prprios filsofos as provaram por meio de demonstrao, guiados pela luz da razo natural. A partir dessa citao, identifique a opao que melhor expressa esse pensamento de Toms de Aquino.

(A) (B) (C) (D) (E)

A Filosofia capaz de alcanar todas as verdades acerca de Deus. O ser humano s alcana o conhecimento graas revelao da verdade que Deus lhe concede. A f o nico meio de o ser humano chegar verdade. Mesmo limitada, a razo humana capaz de alcanar por seus meios naturais certas verdades. Deus um ser absolutamente misterioso e o ser humano nada pode conhecer dEle.

14(A) (B) (C) (D) (E)

Segundo o filsofo ingls Francis Bacon (1561-1626), o ser humano tem o direito de dominar a natureza e as tcnicas; as cincias so os meios para exercer esse poder. Que processo histrico pode ser diretamente associado a essas ideias? Os ideais de retorno vida natural. O bloqueio continental imposto Europa por Napoleo Bonaparte. A Contrarreforma promovida pela Igreja Catlica. O surgimento do estilo barroco nas artes. A Revoluo Industrial.

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Gnio na arte de limpar

No ttulo da publicidade, Gnio na arte de limpar, a palavra grifada estabelece um vnculo objetivo de significao com um dado conceito da realidade, apresentando, portanto, um valor denotativo.

Assinale a opo em que a palavra grifada apresenta, igualmente, um valor denotativo.

NO TNEL VOLTA QUE TEM ARRASTO

Voc.

(A)

(D)Sem Galileu.

Com Galileu.

Volta que tem arrasto! O Globo O seu lado CDF vai adorar. E o seu lado fundo-da-classe tambm. Revista Galileu

(B)

Associao Automotiva da China | A verdade. Depois de duas doses seus reflexos diminuiro em at 76%. AAC lembra que se beber no dirija. Agncia Ice Cream Communications

(E)LOBO TUDO BEM, MAS...

No, no a mesa dele, mas ele nunca vai virar. O taco, maceteado, do Toninho malvadeza. As bolas, envenenadas, so do PMDB. E a sinuca, bem, a sinuca sempre do povo.

(C)

Por que esse apetite to grande?

Por que esse apetite to grande? O Globo

No, no a mesa dele, mas ele nunca vai virar. O taco, maceteado, do Toninho malvadeza. As bolas, envenenadas, so do PMDB. E a sinuca, bem, a sinuca sempre do povo.

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Uma das caractersticas da economia brasileira posterior aos anos 1950 foi a consolidao da chamada

sociedade de consumo, acompanhada pelo desenvolvimento da propaganda. Apesar de a crise econmica ter marcado o perodo 1962-1967, o aumento do consumo de eletrodomsticos nos domiclios de trabalhadores de baixa renda mostrou-se constante, at, pelo menos, a crise do milagre brasileiro, na dcada de 1970. Uma das explicaes para esse aumento do consumo envolveu: (A) (B) (C) (D) (E) o favorecimento, pelo ento Ministro Roberto Campos, das empresas industriais estatais, que puderam baratear o custo dos bens de consumo durveis que produziam. o aumento do salrio real das classes trabalhadoras, beneficiadas pela nova poltica salarial do governo Castelo Branco, voltada para a desconcentrao da renda no pas. o fortalecimento das pequenas e mdias empresas industriais nacionais, as maiores produtoras de bens de consumo durveis, favorecidas pela criao do Imposto sobre a Produo Industrial, nos anos 1960. as facilidades do crdito ao consumidor concedidas, aps 1964, de modo a preservar a rentabilidade das indstrias produtoras de bens de consumo durveis, alvos da poltica econmica, ento inaugurada. os constrangimentos tributrios impostos pelo governo s multinacionais produtoras de bens de consumo durveis, que perderam a concorrncia para as estatais desse mesmo setor.

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Filosofia O mundo me condena, e ningum tem pena Falando sempre mal do meu nome Deixando de saber se eu vou morrer de sede Ou se vou morrer de fome Mas a filosofia hoje me auxilia A viver indiferente assim Nesta prontido sem fim Vou fingindo que sou rico Pra ningum zombar de mim No me incomodo que voc me diga Que a sociedade minha inimiga Pois cantando neste mundo Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo Quanto a voc da aristocracia Que tem dinheiro, mas no compra alegria H de viver eternamente sendo escrava dessa gente Que cultiva hipocrisia.Noel Rosa

Esttua de Noel Rosa, localizada na entrada de Vila Isabel, bairro da cidade do Rio de Janeiro. (in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Noel_Rosa)

Assinale a sentena do filsofo grego Epicuro cujo significado o mais prximo da letra da cano Filosofia, composta em 1933 por Noel Rosa, em parceria com Andr Filho. (A) (B) (C) (D) (E) verdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apreendemos pela intuio mental. Para sermos felizes, o essencial o que se passa em nosso interior, pois deste que ns somos donos. Para se explicar os fenmenos naturais, no se deve recorrer nunca divindade, mas se deve deix-la livre de todo encargo, em sua completa felicidade. As leis existem para os sbios, no para impedir que cometam injustias, mas para impedir que as sofram. A natureza a mesma para todos os seres, por isso ela no fez os seres humanos nobres ou ignbeis, e, sim, suas aes e intenes. 12

TEXTO IV O PAVO Eu considerei a glria de um pavo ostentando o esplendor de suas cores; um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas no existem na pena do pavo. No h pigmentos. O que h so minsculas bolhas dgua em que a luz se fragmenta como em um prisma. O pavo um arcoris de plumas. Eu considerei que este o luxo do grande artista, atingir o mximo de matizes com um mnimo de 5 elementos. De gua e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistrio a simplicidade. Considerei, por fim, que assim o amor, oh! minha amada; de tudo que suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glria e me faz magnfico.Rubem Braga

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No trecho da crnica de Rubem Braga, os elementos coesivos produzem a textualidade que sustenta o desenvolvimento de uma determinada temtica. Com base nos princpios lingusticos da coeso e da coerncia, pode-se afirmar que: (A) (B) (C) (D) (E) na passagem, Mas andei lendo livros (linha 2), o emprego do gerndio indica uma relao de proporcionalidade. o pronome demonstrativo este (linha 5) exemplifica um caso de coeso anafrica, pois seu referente textual vem expresso no pargrafo seguinte. o articulador temporal por fim (linha 7) assinala, no desenvolvimento do texto, a ordem segundo a qual o assunto est sendo abordado. a expresso Oh! minha amada(linha 7) um termo resumitivo que articula a coerncia entre a beleza do pavo e a simplicidade do amor. o pronome pessoal ele(linha 8), na progresso textual, faz uma referncia ambgua a pavo.

No s conectores mas tambm pausas, marcadas pelos sinais de pontuao, assinalam diferentes tipos de relaes sinttico-semnticas. Em Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas no existem na pena do pavo. No h pigmentos (linha 2), a pausa marcada pelo ponto final no primeiro perodo estabelece com o segundo perodo uma relao de: (A) (B) (C) (D) (E) explicao. temporalidade. condicionalidade. conformidade. comparao.

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Conexes entre a realidade que percebemos e figuras geomtricas, cores e palavras so resultado de como vemos e interpretamos o mundo. A srie de charges do cartunista Chico, publicada em O Globo, de 12 a 16 de junho de 2009, faz uma reflexo crtica sobre a crise poltica no Senado, segundo uma composio de quadrados e retngulos em uma conjugao de cores e palavras.

ENTREOUVIDO NA BAIXA-RENNIA

ENTREOUVIDO NA BAIXA-RENNIA (2)

impresso nossa ou a coisa est ficando mais preta?

Vai chover...

charge 1

charge 2

ENTREOUVIDO NA BAIXA-RENNIA (4)ENTREOUVIDO NA PRAIA DOS CALHEIROS, EM PLENA BAIXA-RENNCIA (5)

ENTREOUVIDO NA BAIXA-RENNIA (3)

Sujou!

impresso nossa ou vamos ver o sol nascer quadrado?

A cor moral do Senado ... Flicts!

charge 3

charge 4

charge 5

Pode-se afirmar sobre as conexes entre figuras geomtricas, cores e palavras que: (A) (B) (C) (D) (E) na charge nmero 1, os aspectos no verbais (quadrado maior/cor preta) vinculados palavra produzem, pela metfora (a coisa est ficando mais preta), pela pergunta retrica e pelo emprego do pronome nossa(incluso do leitor) uma constatao do agravamento da situao vivida no Senado. na charge nmero 2, os aspectos no verbais (a cor cinza em um retngulo) se associa, pela metonmia, locuo verbal vai chover indicativa de um fato inesperado nas relaes entre o Senado e o Palcio do Planalto. na charge nmero 3, a expresso coloquial sujou compe com os aspectos no verbais (a cor marrom escura e um retngulo) uma sugesto visual da ampliao do problema e uma imagem concreta do desfecho da crise no Senado. na charge nmero 4, os aspectos no verbais (cor amarela/quadrado) vinculados pergunta e expresso enftica o sol nascer quadrado apontam, pela construo lingustica, o crime de injria e difamao contra a autoridade constituda. na charge nmero 5, a expresso Praia dos Calheiros em plena Baixa-Rennia indica, pela ironia, vinculada a aspectos no verbais (cor flicts/quadrado), uma postura sria, honesta, definida do Senado.

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Em computao grfica, o sistema RGB identifica uma cor a partir de trs nmeros R, G e B que especificam, respectivamente, as quantidades de vermelho (Red), verde (Green) e azul (Blue) que compem a cor. Outro sistema de identificao de cores o NTSC (usado em TV). Nesse sistema, uma cor tambm definida por trs nmeros: Y (luminncia), I (sinal em fase) e Q (quadratura). Os dois sistemas esto relacionados atravs da seguinte equao matricial:

Y 0,299 0,587 0,114 I = 0,596 -0,274 -0,322 Q 0,211 -0,523 0,312

R G B

Se 0 R 1, 0 G 1 e 0 B 1 , ento:

(A) (B) (C) (D) (E)

0 Y 1, 0 / 1 e 0 Q 1 0 Y 1, 0,596 / 0,596 e 0,523 Q 0,523 0 Y 0,299, 0 / 0,596 e 0 Q 0,211 0,114 Y 0,587, 0,322 / 0,596 e 0,523 Q 0,312 0,211 Y 0,596, 0,523 / 0,587 e 0,322 Q 0,312

TEXTO V Ler bem ouvir o que as palavras nos dizem. O que dizem as palavras quando as despimos, quando perscrutamos seu passado, suas reentrncias, seu parentesco? No dizem tudo, verdade. Sempre falta palavra outra palavra que a complemente e que a explique. Nathalie Sarraute, no livro O uso das palavras, imagina as palavras produzindo inmeras ondulaes. Captar essas ondulaes, ler as entrelinhas, e as entreletras, instrutivo, divertido e trabalhoso. Capt-las com outras palavras o exerccio de quem quer ler para valer. Tal esforo se renova infinitamente.Gabriel Periss. Revista Lngua Portuguesa.

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Para compreender a passagem de lngua (sistema de signos) a discurso (produo de sentido), deve-se ler as entrelinhas, e as entreletras. Esse processo implica o conhecimento de mundo que, pela intertextualidade, enfatiza determinado desenvolvimento discursivo. Observe bem a foto e o ttulo da seguinte notcia jornalstica. O GritoA governadora gacha Yeda Crusius (PSDB) bateu boca com cerca de 200 professores que, na porta de sua casa, pediam seu impeachment. Irritada, Yeda acusou os professores de torturar crianas porque seus netos ficaram com medo de sair para ir escola.O Globo, 17/07/09. p.11.

A TUCANA YEDA Crusius se descontrola diante do protesto sua porta

Assinale a obra de arte que, pela intertextualidade, encaminha uma determinada compreenso da foto e do ttulo da notcia.

(A)

(D)

(B)

(E)

(C)

16

23

A palavra permetro vem da combinao de dois elementos gregos: o primeiro, per, significa em torno de, e o segundo, metron, significa medida.

O permetro do trapzio cujos vrtices tm coordenadas (1, 0), (9, 0), (8, 5) e (1, 5) : (A) (B) (C) (D) (E)10 + 29 + 26 16 + 29 + 26 22 + 26 17 + 2 26 17 + 29 + 26

24

Na figura abaixo, h duas representaes cartogrficas do mundo, uma atual e outra do sculo XV, s quais foi acrescentado o percurso da 1 viagem de Colombo. Existe um contraste entre essas duas representaes. Geografia real e imaginria

Fonte: GOES FILHO, Synesio. Navegantes, bandeirantes, diplomatas. So Paulo: Martins Fontes, 2001, p.37.

Rota de Colombo em 1492. Chegou s Bahamas, visitou algumas Antilhas, mas achou que estava no mar das ndias, bem perto do Japo. mapa-mndi da poca de Colombo mapa-mndi de hoje

Esse contraste induziu Colombo a realizar a viagem (A) (B) (C) (D) (E) subestimando a dimenso real projetada para o Oceano Atlntico. acreditando na predominncia de correntes martimas no sentido leste-oeste. desconsiderando a afirmao da poca sobre a forma da Terra. supondo a existncia de numerosas ilhas no Oceano Atlntico. distorcendo a localizao geogrfica da Pennsula das ndias. 17

TEXTO VI

INIMIGO OCULTO dizem que em algum ponto do cosmos (Le silence ter nel de ces espaces infinis meffraie)*5

um pedao negro de rocha do tamanho de uma cidade voa em nossa direo

perdido em meio a muitos milhares de asteroides impelido pelas curvaturas do espao-tempo extraviado entre rbitas 10 e campos magnticos voa em nossa direo15

e quaisquer que sejam os desvios e extravios de seu curso deles resultar matematicamente a inevitvel coliso no se sabe se quarta-feira prxima ou no ano quatro bilhes e cinquenta e dois da era cristFerreira Gullar*(O silncio eterno desses espaos infinitos me assusta)

20

18

25(A) (B) (C) (D) (E)

Identifique a opo que apresenta a explicao adequada para o efeito de sentido resultante do uso lingustico especificado. Nos versos um pedao negro de rocha / voa em nossa direo (versos 4-6), o uso do pronome possessivo nossa rompe o vnculo entre o eu lrico e os leitores. Em dizem que (verso 1), a expresso do sujeito gramatical, na terceira pessoa do plural, sem antecedente textual claro, evidencia que o eu lrico se vale de uma outra voz para expressar o fato. Nos versos e quaisquer que sejam os desvios / e extravios / de seu curso (versos 14-16), o pronome possessivo seu se reporta ao verso em algum ponto do cosmos. (verso 2) O apagamento do objeto direto oracional em no se sabe se (verso 20) inviabiliza a referncia a inimigo oculto. (ttulo) A combinao da preposio de com o pronome eles, empregado como pronome possessivo em deles resultar (verso 17), encaminha textualmente as consequncias das curvaturas do espaotempo (versos 8-9) A Escala de Palermo foi desenvolvida para ajudar especialistas a classificar e estudar riscos de impactos de asteroides, cometas e grandes meteoritos com a Terra. O valor P da Escala de Palermo em funo do risco relativo R definido porP = log10 (R ).

26

Por sua vez, R definido porf T sendo a probabilidade de o impacto ocorrer, T o tempo (medido em anos) que resta para que o impacto ocorra e f = 0,03 E4 5

R=

a frequncia anual de impactos com energia E (medida em megatoneladas de TNT) maior do que ou igual energia do impacto em questo.Fonte: http://neo.jpl.nasa.gov/risk/doc/palermo.html

Utilize os dados acima e assinale a opo correta. (A) (B) (C) (D) (E)P = log10 ( ) + 2 log10 (3) + 4 log (E ) + log10 ( T ) 5 10 4 P = log10 ( ) + 2 log10 (3) log10 (E ) + log10 ( T ) 5 4 log (E ) log10 ( T ) 5 10

P = log10 ( ) + 2 log10 (3) + P = log10 ( ) + 2log10 (3) + P = log10 ( ) 2log10 (3) +

4 log (E ) log10 ( T ) 5 10 4 log (E ) log10 ( T ) 5 10

19

TEXTO VII

Ziraldo. Manchete.

27(A) (B) (C) (D) (E)

Na organizao sinttico-semntica do Texto VII, o emprego da expresso ser que se justifica por: compor uma frase interrogativa indireta. separar oraes subordinadas. constituir-se de verbo e pronome interrogativo. tratar-se de uma expresso de valor enftico. ser uma locuo de funo nominal. Em 1596, em sua obra Mysterium Cosmographicum, Johannes Kepler estabeleceu um modelo do cosmos onde os cinco poliedros regulares so colocados um dentro do outro, separados por esferas. A ideia de Kepler era relacionar as rbitas dos planetas com as razes harmnicas dos poliedros regulares. A razo harmnica de um poliedro regular a razo entre o raio da esfera circunscrita e o raio da esfera inscrita no poliedro. A esfera circunscrita a um poliedro regular aquela que contm todos os vrtices do poliedro. A esfera inscrita, por sua vez, aquela que tangente a cada uma das faces do poliedro. A razo harmnica de qualquer cubo igual a:

28

(A) (B) (C)

1 22

(D) (E)3

3 2

20

Em Mecnica Clssica, a norma G do campo gravitacional gerado por um corpo de massa m em um ponto a uma distncia d > 0 do corpo diretamente proporcional a m e inversamente proporcional ao quadrado de d. Seja G = f (d) a funo que descreve a norma G do campo gravitacional, gerado por um corpo de massa constante m em um ponto a uma distncia d > 0 desse corpo. correto afirmar que f (2d) igual a: (A) (B) (C) (D) (E)f (d ) 4 f (d ) 2 4f (d ) 2f (d ) f (d )

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30

O italiano Picco della Mirandola foi um importante filsofo humanista do Renascimento dos sculos XV e XVI. Seu livro Sobre a Dignidade do Homem enaltece a importncia do ser humano e narra um mito da criao do homem. Segundo o autor, quando decidiu criar o ser humano, o criador j havia utilizado na criao dos outros seres todos os modelos e qualidades de que dispunha. Ento, o criador falou assim a Ado: Se no te conferi um lugar fixo, uma forma que te fosse prpria e um dom especial, Ado, foi para que tu mesmo, escolhendo segundo teu desejo e tua determinao o lugar, a forma e o dom que quiseres, possas faz-los teus. Todos os outros seres receberam uma natureza rigidamente definida e ficaram sob o meu poder, segundo leis previamente estabelecidas. Somente a ti no te prendem laos, exceto tu mesmo, segundo a vontade que te concedo. Marque a sentena que expressa ideais do Humanismo Renascentista e que mais adequada ao pensamento de Picco della Mirandola. (A) (B) (C) (D) (E) O ser humano inacabado e livre e por isso pode se aperfeioar. A imperfeio impede o aperfeioamento do ser humano. A imperfeio humana o impede de ser livre. A liberdade impede o aperfeioamento humano. Somente se fosse perfeito que o ser humano seria livre.

Immanuel Kant, alm da Filosofia, dedicou-se tambm s questes cientficas, tendo sido pioneiro na afirmao de que as nebulosas no so apenas gases, mas conglomerados de estrelas. Sua tese de 1755 sobre a formao do Sistema Solar antecipou ideias semelhantes s do francs Laplace. A chamada hiptese de Kant-Laplace explica o surgimento do Sol e dos planetas a partir de uma nebulosa primitiva, em movimento de rotao constante e cujos gases aos poucos se acumulam no centro, adensando-se e gerando o Sol, enquanto ao redor desse criam-se ncleos de matria concentrada, dando nascimento aos planetas. Embora essa concepo j tenha sido superada, ela foi importante para o desenvolvimento das teorias cosmognicas contemporneas, inclusive a mais famosa, a do big-bang. Marque a opo que melhor exprime a relevncia das teorias cosmognicas de Kant e de Laplace. (A) (B) (C) (D) (E) possvel conceber a origem e a evoluo do Universo por meio da razo e dos conhecimentos cientficos. A busca do conhecimento uma tarefa inglria, pois h sempre uma teoria nova se sobrepondo atual. Como o ser humano no estava presente na origem do mundo, ele no pode ter qualquer conhecimento do que ento aconteceu. O conhecimento sobre a origem do Universo e as causas dos fenmenos naturais de nada serve para o ser humano e pura vaidade. S podemos conhecer aquilo que experimentamos diretamente. 21

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TEXTO VIII

UM LUGAR COMUM, O EUFEMISMO E A FAVELA

Uma valorizao do eufemismo parece importante na dinmica das relaes sociais. Seu emprego permitiria, em parte, contornar o valor negativo que certas expresses espelham. O eufemismo, no entanto, no afronta o estigma. Seu uso indica uma relao de cortesia, necessria, no curso das trocas sociais que se passam com aqueles que no podem se desfazer de suas5

marcas. Observamos que este uso generalizado entre diferentes grupos sociais a mesma preocupao pode levar a substituir o termo comunidade por outro equivalente, como morro ou bairro. Sabemos todos que nas trocas sociais o mais importante o sentido que se elabora no

interior das suas dinmicas. O esforo continuado para no ferir as pessoas que acompanham as 10 trocas sociais correntes motiva o uso do termo comunidade em muitos momentos, inclusive por aqueles diretamente concernidos as pessoas que moram em favelas , quando se referem a seus locais de moradia. Empregado pela mdia, pelo governo, pelas associaes locais, pelas ONGs, o termo comunidade muitas vezes explicita a dificuldade dessa operao de levar em conta o que pensam os que se veem nomeados de uma forma negativa.15

Se este uso eufemstico recorrente, vale observar que, em muitas circunstncias, do ponto de vista dos moradores, o que mais reivindicado a no identificao, ou seja, preferencialmente, a anulao de qualquer referncia identidade territorial em trocas sociais diversas.

O termo comunidade em seus usos eufemsticos no capaz de impedir a associao 20 da pessoa com os traos negativos provenientes dessa identificao; somente indica a suspenso destes pelo uso momentneo de aspas que podem ser retiradas quando for preciso.

BIRMAN, Patrcia. Favela comunidade? In SILVA, L.A.(org) Vida sob cerco. Violncia e rotina nas favelas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, p.106-7. Adaptao.

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32 O fragmento de texto abaixo apresenta um dualismo na denominao de um morro no Rio de Janeiro.

O local suscita polmica desde o seu nome, que a prefeitura chama de Dona Marta, o que desagrada os moradores tradicionais que usam o nome da Santa encontrada na encosta pelos primeiros ocupantes do morro, no incio do sculo XX. Com a proliferao dos cultos evanglicos, para quem os santos no existem, a polmica tomou um cunho religioso, os catlicos dizem Santa e os protestantes Dona Marta.http://www.fotofavela.com.br/galeriaaberta/santa_marta_acao/default.htm

Assinale o trecho do Texto VIII que justifica claramente a explicao acima sobre o dualismo na denominao do morro Dona Marta e Santa Marta. (A) (B) (C) (D) Observamos que este uso generalizado entre diferentes grupos sociais a mesma preocupao pode levar a substituir o termo comunidade por outro equivalente, como morro ou bairro. (linhas 6-8) Uma valorizao do eufemismo parece importante na dinmica das relaes sociais. (linha 1) Sabemos todos que nas trocas sociais o mais importante o sentido que se elabora no interior das suas dinmicas. (linhas 8-9) O esforo continuado para no ferir as pessoas que acompanham as trocas sociais correntes motiva o uso do termo comunidade em muitos momentos, inclusive por aqueles diretamente concernidos (linhas 9-11) O termo comunidade em seus usos eufemsticos no capaz de impedir a associao da pessoa com os traos negativos provenientes dessa identificao; (linhas 19-20)

(E)

Falar de favela falar da Histria do Brasil desde a virada do sculo passado [sculo XIX]. falar particularmente da cidade do Rio de Janeiro na Repblica, entrecortada por interesses e conflitos regionais profundos. Pode-se dizer que as favelas tornaram-se uma marca da capital federal, em decorrncia (no intencional) das tentativas dos republicanos radicais e dos tericos do embranquecimento (...) para torn-la uma cidade europeia.ZALUAR, Alba & ALVITO, Marcos (org.). Um sculo de favela. Rio de Janeiro: FGV, 1998, p. 7.

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Tomando-se o texto de L.A. Silva e o de Alba Zaluar e Marcos Alvito como ponto de partida, possvel afirmar que as favelas, na Histria do Brasil, em geral, e do Rio de Janeiro, em particular, podem ser percebidas como: (A) (B) (C) (D) (E) espaos a serem apartados do restante da cidade, a partir da construo de muros e cercas, em 1950 e na atualidade. espaos sociais cujas representaes a seu respeito naturalizam uma viso dualista do espao urbano, tanto em 1950 como hoje em dia. redutos exclusivos de nordestinos migrados do campo, na dcada de 1960 e na atualidade, apenas como espaos do crime e das quadrilhas. espaos exclusivos de afirmao da verdadeira cultura popular brasileira, nos incios do sculo XX e na atualidade. fantasmas da escravido, cujos descendentes forneceram a totalidade de seus habitantes, ontem e hoje. 23

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Do Texto VIII, destaca-se o seguinte trecho:

Observamos que este uso (do eufemismo) generalizado entre diferentes grupos sociais a mesma preocupao pode levar a substituir o termo comunidade por outro equivalente, como morro ou bairro. (linhas 6-8) A substituio apontada no trecho acima pode ser encontrada em letras de algumas canes, como no exemplo abaixo. Endereo dos Bailes (...) ! Se liga que eu quero ver O endereo dos bailes eu vou falar pra voc que de sexta a domingo na Rocinha o morro enche de gatinha Que vem pro baile curtir Ouvindo charme, rap, melody ou montagem, funk em cima, funk embaixo, Que eu no sei pra onde ir (...) Tem outro baile que a galera toda treme l no baile do Leme l no Morro do Chapu Tem na Tijuca um baile que sem baguna A galera fica maluca l no Morro do Borel (...)

MC Jnior e MC Leonardo

Essa associao entre favela e morro pode ser explicada pela combinao dos seguintes aspectos: (A) (B) (C) (D) (E) auto-segregao / interferncia do planejamento estatal. segregao social / especificidade do stio urbano. periferizao / espao urbano como mercadoria. metropolizao / busca pela legalizao da posse. verticalizao / poltica demogrfica natalista.

TEXTO IXPara literatos e memorialistas do sculo XIX, um dos grandes desafios era, ento, construir uma nao tendo que levar em conta as antigas tradies, quase sempre catlicas e repletas de atrasadas manifestaes populares e negras. As discusses sobre as perspectivas da nacionalidade brasileira ganharam novo impulso nas ltimas 5 dcadas do sculo passado, aps a abolio da escravido, quando definitivamente teriam que ser incorporados os libertos e descendentes de africanos ao mercado de trabalho livre e nao brasileira. Festas, msicas e danas despontariam, entre setores intelectuais, como um importante campo de estudos para se avaliar e, principalmente, projetar a verso musical da nao brasileira. Afinal, estas manifestaes passaram a representar valiosos indicativos de uma nao formada por uma raa mestia, de inegvel influncia 10 portuguesa, catlica e africana. Escritores e msicos de diferentes partes do Brasil, no fim do sculo XIX e incio do XX, iriam identificar e construir, a partir de variadas e hbridas doses de etnia e cultura, uma original identidade nacional, musical e festiva.Marta Abreu. Inveno de um pas festivo. Caderno Ideias, Jornal do Brasil. Adaptao.

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Assinale a opo que corresponde ao fragmento Escritores e msicos de diferentes partes do Brasil, no fim do sculo XIX e incio do XX, iriam identificar e construir, a partir de variadas e hbridas doses de etnia e cultura, uma original identidade nacional, musical e festiva. (linhas 11-13) (A) (B) (C) (D) (E) Em cada porta um frequentado olheiro, / Que a vida do vizinho, e da vizinha / Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha, / Para a levar Praa, e ao Terreiro. (Gregrio de Matos) ltima flor do Lcio, inculta e bela, / s, a um tempo, esplendor e sepultura: / Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela...(Olavo Bilac) Assim eu quereria meu ltimo poema / Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais / Que fosse ardente como um soluo sem lgrimas / Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume (Manuel Bandeira) Quem, Marlia, despreza uma beleza, / A luz da razo precisa; / E se tem discurso, pisa / A lei, que lhe ditou a Natureza. (Toms Antnio Gonzaga) Misturo tudo num saco, / Mas gacho maranhense / Que pra no Mato Grosso, / Bate este angu de caroo (Mrio de Andrade)

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Assinale a passagem que exemplifica ser a mestiagem uma construo intelectual, mas que est presente no sentimento do povo de forma ambgua.

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(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Amlgama miscigenao e mistura mas muito mais do que isso: a diversidade em combinao permanente causando esta flutuao de constante capacidade de adaptaes e criatividade. (Jorge Mautner) Qual a minha cor, no ? Para escrever a no questionrio. Deixa eu pensar.O que o senhor acha que eu sou? Olhando para minha cara. Bem para minha cara. O que eu sou? Assim, no espelho? Coloque a, escreva:mestia. Isso: domstica mestia. Pode anotar. S no vai contar para ningum, t? (Marcelino Freire) O Estatuto da Igualdade Racial, que est para ser votado na Cmara em meio a discusses acirradas, reserva cotas para afro-brasileiros, mas no menciona caboclos, cafuzos, mamelucos ou mulatos. uma fico bicolor, dizem seus crticos. o reconhecimento de uma diviso social, retrucam seus defensores. (Miguel Conde) Mulatas e negras, empregadas nas casas ricas, amontoavam-se ante as malas abertas: Compra, freguesa, compra. baratinho... a pronncia cmica, a voz sedutora. Longas negociaes. Os colares sobre os peitos negros, as pulseiras nos braos mulatos, uma tentao! (Jorge Amado) Com a proibio do trfico de escravos em 1850, e o aumento da imigrao europeia na segunda metade do sculo XX, a cor dos comerciantes de rua do Rio de Janeiro comeou a ficar mais variada. Como mostra o retrato de Augusto Malta e Marc Ferrez, se tornou mais frequente a presena de mestios e brancos entre os ambulantes. (O Globo, Logo)

25

37

A nao brasileira foi construda no sculo XIX por ideias que se associavam a teorias ou a interpretaes variadas, conforme as referncias do texto de Marta Abreu. Essa variao criou um clima de debate que se alongou de 1870 at 1920, transformando tal perodo num dos mais frteis da Histria do Brasil. Observando esse perodo, pode-se afirmar: (A) apresenta-se sob a forma das Inconfidncias, com a produo das ideias nativistas, adquire sentido com a ideia de que nao e estado possuam o mesmo sentido e se institucionaliza com os movimentos da Abolio e da Repblica, estabelecendo como referncia para a organizao do Estado o direito constitucional ingls. origina-se com A Confederao dos Tamoios de Gonalves de Magalhes, dinamiza-se com a produo da Escola baiana de Nina Rodrigues e completa-se com as teorias desenvolvimentistas, apresentadas pelo ISEB, mantendo como marca a ideia de um Brasil europeu sem singularidades. inicia-se com a segunda fase do Romantismo, pontificada por Jos de Alencar, ganha fora no final do sculo XIX com Euclides da Cunha e Silvio Romero e completa-se com a produo de Mrio de Andrade e Oswald de Andrade, tendo como uma de suas marcas o debate sobre a identidade brasileira. inaugura-se com o movimento da Independncia, com destaque da figura de Jos Bonifcio, tem seu auge na incorporao do positivismo como teoria do Estado republicano e assume contornos de concluso quando da Revoluo de 1930, considerando o Brasil um pas industrial e moderno. constitui-se a partir da chegada de D. Joo e da Misso Artstica Francesa, estabelecendo uma nao civilizada, amplia-se com o debate em torno da Abolio, com a expressiva presena de Joaquim Nabuco e ganha relevo com a vitria brasileira na Guerra do Paraguai, definindo a literatura como expresso mais forte da nacionalidade.

(B)

(C)

(D)

(E)

Em 1980, Clara Nunes gravou Brasil Mestio. Um de seus maiores sucessos, Morena de Angola, parte integrante desse disco. Morena de Angola Morena de Angola Que leva o chocalho Amarrado na canela. Ser que ela mexe o chocalho Ou o chocalho que mexe com ela?Chico Buarque

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Sobre a influncia angolana na mestiagem no Brasil, deve-se considerar: (A) (B) (C) (D) (E) a presena angolana no Brasil residual, sem impacto, e influenciou muito mais na rea de ocupao espanhola do que na rea de ocupao portuguesa nas Amricas. a mestiagem no Brasil sempre foi identificada como procedente, principalmente, de nossa herana asitica, com presena predominantemente angolana. a independncia angolana estabeleceu o fim das relaes com esse pas, uma vez que o governo brasileiro apoiava a poltica colonial de Portugal. a regio de Angola foi um importante reservatrio de escravos para os colonizadores portugueses; parte significativa desses cativos foi enviada compulsoriamente ao Brasil. a mestiagem constitui-se numa inveno, j que a ideia de raa tem sido reiteradamente criticada pelos bilogos e a influncia angolana foi residual. 26

Composto por msica, dana e adivinhas, o Jongo uma manifestao cultural trazida ao Brasil por negros bantos, vindos da regio, hoje, correspondente a Angola. Diversas comunidades afro-brasileiras mantm ainda rodas de Jongo na periferia das cidades do Vale do Paraba, como Valena, Vassouras, Paraba do Sul e Barra do Pira (Estado do Rio de Janeiro), alm de Guaratinguet e Lagoinha (Estado de So Paulo).

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Fonte: ROSA, Sonia. Jongo. Rio de Janeiro: Palas, 2007.

A existncia de populao de origem africana em periferias urbanas do Vale do Paraba, associada prtica do Jongo, explica-se, principalmente, pelo fato de a regio concentrar:

(A) (B) (C) (D) (E)

indstrias metalrgicas, empregadoras de mo de obra desqualificada. antigos quilombos, formados por escravos libertos aps a Abolio. reas de garimpo, remanescentes do surto minerador do sculo XVIII. antigas fazendas de caf, mantidas com trabalho escravo at o sculo XIX. reas conurbadas da megalpole Rio-So Paulo, sujeitas favelizao.

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Senhor, no deixes que se manche a tela Onde traaste a criao mais bela De tua inspirao. O sol de tua glria foi toldado... Teu poema da Amrica manchado, Manchou-o a escravido.Castro Alves

Na poesia de Castro Alves, a temtica da escravido tratada pelo eu lrico como denncia de uma injustia social cuja soluo pertence esfera divina. Diferentemente dessa postura, h uma poesia em lngua portuguesa que trata essa questo pelo vis da busca da liberdade pela conscincia e atuao do negro capaz de reescrever sua histria.

Assinale a passagem que apresenta o negro como construtor ativo de sua prpria liberdade. (A) Eu sou carvo! E tu acendes-me, patro Para te servir eternamente como fora motriz Mas eternamente no (Craveirinha) Patro! Das velas Que conduziam pelas estrelas negras O plido escaravelho Dos mares Cada degredado era um rei Magro insone incolor Como barro (Oswald de Andrade) Deus e o Diabo que me guiam, mais ningum. Todos tiveram pai, todos tiveram me. Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que h entre Deus e o Diabo (Jos Rgio)

(B)

(C)

(D)

Cantando os homens Perdidos em aventuras da vida Espalhados por todo o mundo! Em Lisboa? Na Amrica? No Rio?

(Francisco Jos Tenreiro)

(E)

Por que chora o homem? Que choro compensa o mal de ser homem? (Carlos Drummond de Andrade)

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TEXTO XA DESCOBERTA DA AMRICA E A BARBRIE DOS CIVILIZADOS

A conquista da Amrica pelos europeus foi uma tragdia sangrenta. A ferro e fogo! Era a divisa dos cristianizadores. Mataram vontade, destruram tudo e levaram todo ouro que havia. Outro espanhol, de nome Pizarro, fez no Peru coisa idntica com os incas, um povo de civilizao muito adiantada que l existia. Pizarro chegou e disse ao imperador inca que o papa havia dado5

aquele pas aos espanhis e ele viera tomar conta. O imperador inca, que no sabia quem era o papa, ficou de boca aberta, e muito naturalmente no se submeteu. Ento Pizarro, bem armado de canhes conquistou e saqueou o Peru. Mas que diferena h, vov, entre estes homens e aquele tila ou aquele Gengis-C que marchou para o ocidente com os terrveis trtaros, matando, arrasando e saqueando tudo?

10

A diferena nica que a histria escrita pelos ocidentais e por isso torcida a nosso favor. Vem da considerarmos como feras aos trtaros de Gengis-C e como heris com monumentos em toda parte, aos clebres conquistadores brancos. A verdade, porm, manda dizer que tanto uns como outros nunca passaram de monstros feitos da mesmssima massa, na mesmssima forma. Gengis-C construiu pirmides enormes com cabeas cortadas aos prisioneiros. Vasco

15

da Gama encontrou na ndia vrios navios rabes carregados de arroz, aprisionou-os, cortou as orelhas e as mos de oitocentos homens da equipagem e depois queimou os pobres mutilados dentro dos seus navios.

Monteiro Lobato, Histria do mundo para crianas. Captulo LX

29

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Monteiro Lobato narra a histria das civilizaes sob um ponto de vista crtico contrrio tradio ocidental, evidenciando as diferenas de comportamento entre as civilizaes. Assinale a opo que exemplifica a disparidade das vises no encontro histrico de civilizaes diferentes. (A) Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena de seus ganhos, em ouro e glrias. Para os ndios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver. Este foi o efeito do encontro fatal que ali se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tais quais eram, a selvageria e a civilizao. Suas concepes, no s diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro) C no asfalto, lixam-se para os ndios. Tem tudo a ver. Aquele sujeito de bigode, sentado ali, tem tudo a ver. Pois se no conseguimos respeitar a integridade deles, estamos ameaados. Ningum exerce, impunemente, a violncia. como cuspir para cima. Se estamos destruindo os ndios, porque nossa brutalidade chegou a um nvel perigoso para ns prprios. (Noel Nutels, apud Hlio Pellegrino, Lucidez embriagada) Deitado na esteira, de boca para cima, o sacerdote Jaguar de Yucatn escutou a mensagem dos deuses. Eles falaram atravs do telhado, montados sobre sua casa, em um idioma que ningum entendia. Chilan Balam, que era boca dos deuses, recordou o que ainda no tinha acontecido: Dispersados sero pelo mundo as mulheres que cantam e os homens que cantam e todos os que cantam... (Eduardo Galeano, Nascimentos) Pioneiros da conquista do trpico para a civilizao, tiveram os portugueses, nessa proeza, sua maior misso histrica. E sem embargo de tudo quanto se possa alegar contra sua obra, foroso reconhecer que foram no somente os portadores efetivos como os portadores naturais dessa misso. (Srgio Buarque de Holanda, Razes do Brasil) Neste final de sculo fala-se muito em crise de identidade do sujeito. O homem da sociedade moderna tinha uma identidade bem definida e localizada no mundo social e cultural. Mas uma mudana estrutural est fragmentando e deslocando as identidades culturais de classe, sexualidade, etnia, raa e nacionalidade. (Stuart Hall, A identidade cultural na ps-modernidade)

(B)

(C)

(D)

(E)

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O texto de Monteiro Lobato expressa a dificuldade de definirmos quem civilizado e quem brbaro. Mas isso parte, pensando a atuao europeia nos sculos XVI e XVII nas reas americanas, um nmero razovel dessas vises equivocadas justificou o avano espanhol e a destruio dos astecas, maias e incas explicados por:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

necessidades sociais impostas pelas caractersticas culturais do territrio espanhol e pela presena muulmana que limitava as condies de enriquecimento da monarquia, levando conquista da Amrica e constituio de uma base poltica iluminista. necessidades religiosas decorrentes da perda de poder da Igreja Catlica frente ao avano das reformas protestantes e das alianas com as potncias ibricas para estabelecer o Imprio da Cristandade, baseado na Escolstica. necessidades polticas oriundas das tenses na Pennsula Ibrica que levaram a Espanha a organizar o processo de conquista do Novo Mundo como nica alternativa para sua unidade poltica, utilizando para isso o apoio do Papado e da Frana de Francisco I. necessidades econmicas provenientes da diviso do territrio espanhol, fruto da diversidade cultural e tnica, e das disputas pelo poder entre Madri e Barcelona, ampliadas pelas vitrias portuguesas na frica e na sia e pelo desenvolvimento da economia do acar no Brasil. necessidades econmicas, polticas e religiosas dos recm-centralizados estados modernos, atravs do mercantilismo metalista que inundou a Europa de prata e de ouro, levando em seguida a uma revoluo nos preos, que provocou inflao, e ao avano de novas formas de desenvolvimento da agricultura.

43

Segundo o cientista social Celso Uemori, A noo de luta pela existncia de Charles Darwin foi apropriada por diversas tendncias intelectuais e serviu a vrios propsitos polticos. Ela deu suporte para aqueles que queriam legitimar o capitalismo e fazer apologia do individualismo, do mercado, do fim dos monoplios e da competio. Ensejou concepes conservadoras como a prtica da eugenia, a justificao do elitismo, da conquista e da colonizao dos europeus sobre as populaes asiticas e africanas e o racismo.UEMORI, Celso. Darwin por Manoel Bomfim. In: Revista Brasileira Histria, vol. 28, no 56, So Paulo, 2008.

Assinale a opo que melhor sintetiza a proposta de Charles Darwin. (A) (B) (C) (D) (E) Coletivismo e o fim da propriedade privada so expresses legtimas da seleo natural das espcies e demonstram a validade da teoria hereditria das raas humanas. Cada espcie tem uma trajetria de evoluo, independente das condies da natureza, porque a ao determinante sobre o desenvolvimento cultural. A seleo natural uma derivao complexa do criacionismo que combina ambiente, sociedade e relaes sociais, admitindo que h dois caminhos para a evoluo. A inteligncia sempre hereditria, independente das condies socioeconmicas dos indivduos e vincula-se aos arqutipos e ao ambiente cultural. A cada gerao, a seleo natural da espcie favorece a permanncia de caractersticas adaptadas e constantemente aprimoradas em relao ao ambiente.

31

44

Choque de civilizaes o ttulo do livro de autoria do cientista norte-americano Samuel Huntington, no qual so identificados conjuntos civilizacionais e seus possveis enfrentamentos, conforme ilustrado no mapa abaixo:

Fonte: BONIFACE, Pascal e VDRINE, Hubert. Atlas do Mundo Global. So Paulo: Estao Liberdade, 2009.

A partir da anlise do mapa, outro ttulo adequado s ideias de Samuel Huntington : (A) (B) (C) (D) (E) O mundo Ocidental em risco A ascenso dos nacionalismos perifricos O triunfo global do mundo africano O fim da histria e da ideologia O declnio das religies imperiais

32

TEXTO XI O mundo como fbula, como perversidade e como possibilidade Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicao? De um lado, abusivamente mencionado o extraordinrio progresso das cincias e das tcnicas, das quais um dos frutos so os novos materiais artificiais que autorizam a preciso e a intencionalidade. De outro lado, h, tambm, referncia obrigatria acelerao contempornea e todas as vertigens que cria, a comear pela prpria velocidade. Todos esses, porm, so dados de um mundo fsico fabricado pelo homem, cuja utilizao, alis, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar crena de que esse mundo assim apresentado verdadeiro, e no queremos admitir a permanncia de sua percepo enganosa, devemos considerar a existncia de pelo menos trs mundos num s. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem v-lo: a globalizao como fbula; o segundo seria o mundo tal como ele : a globalizao como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalizao.SANTOS, Milton. Por uma outra globalizao. Do pensamento nico conscincia universal. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 17-18.

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A ideia da globalizao como fbula, destacada no Texto XI, torna-se ainda mais expressiva, se levamos em conta certas definies de fbula, apresentadas no dicionrio: mitologia, lenda, narrao de coisas imaginrias. No resta dvida de que se lida com a imagem de um mundo cada vez mais interconectado, mas de forma alguma sem fronteiras. Essa imagem, difundida nos tempos atuais, encontra seu principal fundamento no aspecto: (A) (B) (C) (D) (E) poltico, com o triunfo de regimes democrticos em continentes inteiros. socioeconmico, com a reduo das desigualdades entre os povos da Terra. sanitrio, com o xito alcanado na preveno das pan-epidemias. financeiro, com a intensa circulao de capitais em nvel planetrio. cultural, com a crescente unificao das crenas religiosas no mundo.

46

Em 2010 a frica do Sul sediar a Copa de Mundo de Futebol, a primeira a ocorrer em continente africano, numa decorrncia direta do processo de globalizao. Tal evento marcar decisivamente o destino daquele pas, reconhecido como um territrio de rica diversidade lingustica e cultural, mas com uma histria de explorao e domnio, que repercute nos seus ndices de contaminao por AIDS, por exemplo. Sobre as consequncias que a Copa do Mundo acarretar para a histria da frica do Sul, pode-se afirmar: (A) (B) (C) (D) (E) aumentar as exportaes de diamantes, dilapidados em pequenas unidades familiares na regio de Kimberley, produzindo recursos que sero direcionados para a melhoria das condies de sade da populao, confirmando o ditado popular o diamante vida. representar um grande incentivo indstria do turismo desse pas, cujo crescimento , em parte, consequncia do fim do sistema de apartheid e ainda apresenta dificuldades com relao aos processos de acumulao de riqueza e s desigualdades sociais. marcar a consolidao do processo de emancipao do pas, iniciado, entre os anos de 1994 e 1999, por Nelson Mandela, que por sua origem inglesa foi o responsvel pela divulgao dos ideais europeus de harmonia entre as raas. legitimar a chamada Lei da Terra (Natives Land Acts) de 1913, pela qual os negros adquiriram a condio de acesso sobre 7,5% das terras da frica do Sul, incluindo os territrios tribais e os direitos dos negros de terem assento no Parlamento. eliminar as chamadas fronteiras tnicas um dos mais graves problemas do continente africano que tiveram como resultado um dos mais trgicos conflitos tnicos ocorridos nos anos 1990 na regio de Biafra, frica do Sul. 33

De acordo com o filsofo ingls Thomas Hobbes (1588-1679), em seu estado natural, os seres humanos so livres, competem e lutam entre si. Mas como tm em geral a mesma fora, o conflito se perpetua atravs das geraes, criando um ambiente de tenso e medo permanentes. Para Hobbes, criar uma sociedade submetida lei e na qual os seres humanos vivam em paz e deixem de guerrear entre si, pressupe que todos os homens renunciem a sua liberdade original e deleguem a um s deles (o soberano) o poder completo e inquestionvel. Assinale a modalidade de governo que desempenhou importante papel na Filosofia Poltica Moderna e que associada teoria poltica de Hobbes. (A) (B) (C) (D) (E) Monarquia censitria Monarquia absoluta Sistema parlamentar Despotismo esclarecido Sistema republicano

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No tem sido pequeno o esforo econmico e poltico dos governos peruano e brasileiro para a construo dos mais de trs mil quilmetros da Rodovia Interocenica, projeto de 2 bilhes de dlares que conectar os dois pases. Contudo, antes de se converter num instrumento de desenvolvimento, a rodovia exerce sua funo mais primria: revelar o Peru aos peruanos. A estrada comea a interligar o litoral,possuidor de maior nvel de desenvolvimento, s comunidades at agora isoladas. Conforme a declarao do presidente da Cmara de Comrcio e Turismo de Cuzco A rodovia tem nos revelado surpresas. Nem ns nos conhecemos. Antes de sabermos o que a Interocenica pode nos oferecer com acesso ao Brasil, estamos descobrindo o que podemos oferecer para ns mesmos.

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Rodovia Interocenica

Fonte: Folha de So Paulo, 21/06/09, p. 87.

Alguns aspectos, vinculados ao Peru e ao Brasil, respectivamente, influenciam a construo da rodovia.

Dentre esses aspectos, identifique os dois principais. (A) (B) (C) (D) (E) O litoral peruano tem baixa profundidade para instalao de portos/busca pela utilizao dessa via por exportadores do Oriente Mdio. Grupos terroristas, como o Sendero Luminoso, atuam crescentemente na regio/ intensificao do turismo entre Peru e Brasil. O lado peruano uma rea politicamente instvel/ empenho brasileiro na exportao de borracha provinda da floresta amaznica. Algumas regies peruanas ricas buscam sua independncia/ampliao da oferta de mo de obra para empresas do sudeste brasileiro. A Cordilheira dos Andes exige investimentos altos em infraestrutura/interesses do agronegcio brasileiro em exportar aos mercados asiticos.

34

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O fragmento da notcia e a letra da cano referem-se s mesmas reas da regio Nordeste, nas quais se verificou uma mudana brusca nas condies climticas habituais, devido ao excesso de chuva numa regio marcada pela sua falta. ltimo Pau-de-Arara A vida aqui s ruim Quando no chove no cho Mas se chover d de tudo Fartura tem de monto Tomara que chova logo Tomara, meu Deus, tomara S deixo o meu Cariri No ltimo pau-de-arara S deixo o meu Cariri No ltimo pau-de-araraVenncio/Corumb/J. Guimares

Moradores navegam em rua inundada pelo rio Poti, em Teresina (PI), onde 180 mil alunos ficaram sem aula por causa das chuvas.Fonte: Folha de So Paulo, 06/05/2009.

possvel identificar diversos fatores relacionados a essa mudana ambiental. Identifique o fator principal. (A) (B) (C) (D) (E) A intensificao das chuvas cidas regionais. A reduo da camada de oznio da estratosfera. A ocorrncia do fenmeno climtico La Nia. A reduo das emisses de gs carbnico. A diminuio da influncia da Corrente do Golfo.

35

Com o objetivo de criticar os processos infinitos, utilizados em demonstraes matemticas de sua poca, o filsofo Zeno de Eleia (sculo V a.C.) props o paradoxo de Aquiles e a tartaruga, um dos paradoxos mais famosos do mundo matemtico.

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Fonte: http://culturaclassica.blogspot.com/2008/05/aquiles-ainda-corre-os-paradoxos-de.html

Existem vrios enunciados do paradoxo de Zeno. O escritor argentino Jorge Luis Borges o apresenta da seguinte maneira: Aquiles, smbolo de rapidez, tem de alcanar a tartaruga, smbolo de morosidade. Aquiles corre dez vezes mais rpido que a tartaruga e lhe d dez metros de vantagem. Aquiles corre esses dez metros, a tartaruga corre um; Aquiles corre esse metro, a tartaruga corre um decmetro; Aquiles corre esse decmetro, a tartaruga corre um centmetro; Aquiles corre esse centmetro, a tartaruga um milmetro; Aquiles corre esse milmetro, a tartaruga um dcimo de milmetro, e assim infinitamente, de modo que Aquiles pode correr para sempre, sem alcan-la. Fazendo a converso para metros, a distncia percorrida por Aquiles nessa fbula igual a 1 1 ... 1 n. d = 10 + 1 + + + = 10 + 10 10 102 n=0

( )

correto afirmar que: (A) (B) (C) (D) (E) d = + d = 11,11 d=91 9

d = 12 d=100 9

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51

O ndice de Liberdade Econmica (Index of Economic Freedom) um indicador elaborado pelo The Wall Street Journal e The Heritage Foundation, que avalia o grau de liberdade econmica de um pas. Esse ndice varia de zero a cem. Quanto maior o seu valor, maior a liberdade econmica do pas. Tal ndice uma mdia da liberdade econmica em dez mbitos: negcios; comrcio; liberdade fiscal; interveno do governo; monetrio; investimentos; financeiro; corrupo; trabalho; direitos de propriedade. A tabela a seguir fornece os ndices de quatro pases, no perodo de 2000 a 2009, e suas respectivas posies no ranking em 2009 (ano em que 179 pases foram avaliados).

Fonte: http://www.heritage.org/Index/Explore.aspx?view=by-region-country-year

Com base nessa tabela, pode-se afirmar que o ndice de liberdade econmica do Brasil

(A) (B) (C) (D) (E)

teve um aumento superior a 1%, do ano de 2000 para o ano de 2001. teve um decrscimo de 0,1%, no perodo de 2001 a 2004. teve um aumento superior a 13 %, do ano de 2003 para o ano de 2008. teve um decrscimo de 30%, do ano de 2004 para o ano de 2005. cresceu, ano a ano, no perodo de 2003 a 2008.

37

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O escritor e filsofo francs Voltaire, que viveu no sculo XVIII, considerado um dos grandes pensadores do Iluminismo ou Sculo das Luzes. Ele afirma o seguinte sobre a importncia de manter acesa a chama da razo: Vejo que hoje, neste sculo que a aurora da razo, ainda renascem algumas cabeas da hidra do fanatismo. Parece que seu veneno menos mortfero e que suas goelas so menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se- a ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a calnia reacendero suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade no deve mais se esconder diante dos monstros e que no devemos abster-nos do alimento com medo de sermos envenenados. Identifique a opo que melhor expressa esse pensamento de Voltaire. (A) (B) (C) (D) (E) Aquele que se pauta pela razo e pela verdade no um sbio, pois corre um risco desnecessrio. A razo impotente diante do fanatismo, pois esse sempre se impe sobre os seres humanos. Aquele que se orienta pela razo e pela verdade deve munir-se da coragem para enfrentar o obscurantismo e o fanatismo. O fanatismo e o obscurantismo so coisas do passado e por isso a razo no precisa mais estar alerta. A razo envenena o esprito humano com o fanatismo.

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39

RA SC UN HO

40

RA SC UN HO

Lngua EspanholaLee, con atencin, los textos y contesta a las siguientes preguntas, marcando la opcin correcta.

Texto I

El espejo enterrado

5

10

15

20

25

El 12 de octubre de 1492, Cristbal Coln desembarc en una pequea isla del hemisferio occidental. La hazaa del navegante fue un triunfo de la hiptesis sobre los hechos: la evidencia indicaba que la Tierra era plana; la hiptesis, que era redonda. Coln apost a la hiptesis: puesto que la Tierra es redonda, se puede llegar al Oriente navegando hacia el Occidente. Pero se equivoc en su geografa. Crey que haba llegado a Asia. Su deseo era alcanzar las fabulosas tierras de Cipango (Japn) y Catay (China), reduciendo la ruta europea alrededor de la costa de frica, hasta el extremo sur del Cabo de Buena Esperanza y luego hacia el este hasta el Ocano ndico y las islas de las especias. No fue la primera ni la ltima desorientacin occidental. En estas islas, que l llam las Indias, Coln estableci las primeras poblaciones europeas en el Nuevo Mundo. Construy las primeras iglesias; ah se celebraron las primeras misas cristianas. Pero el navegante encontr un espacio donde la inmensa riqueza asitica con que haba soado estaba ausente. Coln tuvo que inventar el descubrimiento de grandes riquezas en bosques, perlas y oro, y enviar esta informacin a Espaa. De otra manera, su protectora, la reina Isabel, podra haber pensado que su inversin (y su fe) en este marinero genovs de imaginacin febril haba sido un error. Pero Coln, ms que oro, le ofreci a Europa una visin de la Edad de Oro restaurada: stas eran las tierras de Utopa, el tiempo feliz del hombre natural. Coln haba descubierto el paraso terrenal y el buen salvaje que lo habitaba. Por qu, entonces, se vio obligado a negar inmediatamente su proprio descubrimiento, a atacar a los hombres a los cuales acababa de describir como muy mansos y sin saber que sea mal ni matar a otros ni prender, y sin armas, darles caza, esclavizarles y aun enviarlos a Espaa encadenados? Al principio Coln dio un paso atrs hacia la Edad Dorada. Pero muy pronto, a travs de sus propios actos, el paraso terrenal fue destruido y los buenos salvajes de la vspera fueron vistos como buenos para les mandar y les hazer trabajar y sembrar y hazer todo lo otro que fuera menester. Desde entonces, el continente americano ha vivido entre el sueo y la realidad, ha vivido el divorcio entre la buena sociedad que deseamos y la sociedad imperfecta en la que realmente vivimos. Hemos persistido en la esperanza utpica porque fuimos fundados por la utopa, porque la memoria de la sociedad feliz est en el origen mismo de Amrica, y tambin al final del camino, como meta y realizacin de nuestras esperanzas.FUENTES, Carlos. Fragmento de El Espejo Enterrado. Taurus: Madrid, 1998. p. 11-12.

41

53

Segn Carlos Fuentes, el autor del texto, en tiempos de Coln haba una hiptesis que contradeca las evidencias sobre la forma de la Tierra. Coln (A) (B) (C) (D) (E) desconfiaba de las hiptesis sobre la redondez de la Tierra. crea que era imposible llegar al Oriente navegando hacia el Occidente. desconsideraba las evidencias que mostraban que la Tierra era redonda. confiaba en la hiptesis de que la Tierra era redonda. tena nociones precisas de geografa.

57(A) (B) (C) (D) (E)

Al leer el tercero y el cuarto prrafo encontramos la siguiente contradiccin: Coln descubri en el Nuevo Mundo al buen salvaje creado por la utopa europea y lo esclaviz. Coln no percibi el alcance de su descubrimiento y sigui buscando su utopa. Coln esclaviz a los nativos del Nuevo Mundo porque no eran buenos trabajadores. Coln no consigui esclavizar a los indgenas, a pesar de que eran muy pacficos. Coln fue enviado a Espaa encadenado por los salvajes del Nuevo Mundo.

54(A) (B) (C) (D) (E)

La expresin: No fue la primera ni la ltima (lnea 8) encierra una idea de xito inmediato. varios intentos. duda constante. acierto sucesivo. accin simultnea.

58(A) (B) (C)

En la frase: Desde entonces, el continente americano ha vivido entre el sueo y la realidad (lneas 23-24), la expresin temporal desde entonces nos remite a cuando los buenos salvajes habitaban el paraso terrenal desmintiendo la expectativa de los europeos. al momento en que Cristbal Coln se negaba a esclavizar a los hombres del continente americano. al tiempo en que Coln ofreca una imagen utpica de Amrica mientras con sus actos destrua lo que haba descubierto. a la poca en la que Coln lleg con sus carabelas a un continente deshabitado. al final del camino, cuando Amrica realizar todas sus esperanzas creando una sociedad feliz.

55

La frase: Coln tuvo que inventar el descubrimiento de grandes riquezas en bosques, perlas y oro, y enviar esta informacin a Espaa, (lneas 11-12) revela (A) (B) (C) (D) (E) el intento de destruir los bosques del Nuevo Mundo. la intencin de llevar la religin a tierras de Asia. la dificultad de Coln para transportar las riquezas para Espaa. la finalidad econmica del viaje de Coln. la existencia de perlas y oro en el continente americano.

(D) (E)

56(A) (B) (C) (D) (E)

El fragmento: Pero Coln, ms que oro, le ofreci a Europa una visin de la Edad de Oro restaurada (lnea 15), permite comprender que el buen salvaje viva cubierto de perlas y oro. Coln descubri muchas tierras, muchas riquezas y oro. Coln ofreci a Europa riquezas y oro. en el Nuevo Mundo haba monstruos y animales inventados. Coln no encontr riquezas sino que invent la Utopa de un Nuevo Mundo. 42

Texto II

60

A QU VIENE ESTA GENTE? NO S, PERO DICEN QUE TENEMOS ARMAS DE DESTRUCCIN MASIVA

Observando el texto de El espejo enterrado y la vieta Cinco siglos igual, se puede afirmar que en ambos, a pesar de tratarse de gneros discursivos diferentes, se compara el pasado histrico (la conquista de Amrica) con el presente, de la siguiente manera: (A) En el texto de Carlos Fuentes se presenta Amrica como un paraso desde sus orgenes hasta hoy; en la vieta de Daniel Paz, a su vez, se revela la vida paradisaca de los nativos americanos. En el ltimo prrafo del texto de Fuentes se dice que en el Nuevo Mundo contina el divorcio entre sueo y realidad, y la vieta usa irnicamente argumentos actuales para justificar la conquista de Amrica. En el texto de El espejo enterrado se celebra el tiempo feliz del hombre natural, que ayer como hoy vive en Amrica, y en la vieta Cinco siglos igual se enfoca un aspecto de esa felicidad. En el texto de Carlos Fuentes, el autor asegura que los espaoles continan negociando con los nativos americanos, y en la vieta de Daniel Paz los conquistadores siguen llegando con sus armas de destruccin masiva a las costas americanas. En el penltimo prrafo de El espejo enterrado se afirma que los salvajes siempre han sido buenos trabajadores, y en la vieta se observa que los indgenas americanos siempre han ignorado el trabajo brazal.

OH NO

(B)

(C)

http://www.educared.org.ar/enfoco/recursos/ descubrimiento%20inchala041013-thumb.jpg

(D) La expresin coloquial, A qu viene esta gente?, contenida en el globo del texto II, sugiere (A) (B) (C) (D) (E) la alegra de los nativos al ver a aquellos hombres desconocidos y armados. la arrogancia con que son recibidos los recin llegados. el sentimiento de odio revelado por los habitantes del nuevo Mundo. la simpata que los indgenas sentan por aquellos hombres barbudos. el desconocimiento, por parte de los indgenas, en relacin a los conquistadores.

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(E)

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Lngua InglesaRead the following text and answer the questions.

Da Vinci and Edison: Two geniuses in perspectiveLearning never exhausts the mind. (Leonardo Da Vinci) Genius is 1 percent inspiration and 99 percent perspiration. (Thomas Alva Edison)By JANET RAE-DUPREE Published: June 1, 2008

5

WHEN Thomas Alva Edison was starting in business, his first patent was for an automated vote-tallying machine to let legislators know instantly which measures had passed and which had been voted down. He sold not a one. It seems that legislators, accustomed to schmoozing and politicking right through a votes tally, didnt want to speed the process. But with the resilience he would show throughout his life, Edison refused to view that episode as a failure. Instead, he used it to set the stage for future decisions: He would pursue only those innovations that had a verifiable market from the beginning. He went on to earn 1,092 more patents and to become a symbol of American ingenuity.http://www.amazon.com

Ancient history, right? Not so fast. True, Edison has long been revered for changing the face of modern civilization. But beyond the material aspects of his success, he demonstrated that creativity and innovation could result from a set of identifiable and repeatable processes. Like Leonardo Da Vinci before him, Edison kept extensive notebooks detailing every idea he ever had and every experiment he ever tried. He established the worlds first modern research and development laboratory, hiring teams of experts in things as diverse as model15 making and chemical engineering. Not only did he invent the incandescent light bulb, Edison also created the electric power industry required for the bulb to light up millions of homes and businesses.10

Michael J. Gelb, a corporate consultant, is co-author with Edisons great-grandniece Sarah Miller Caldicott of Innovate Like Edison, a 2007 book. Mr. Gelb began his research of historical figures by turning to Da Vinci, a childhood hero. His was a balanced brain in 20 that he used the left and right hemisphere of his cerebral cortex equally and to their fullest, something lve tried to get people from DuPont and Microsoft and Merck* to do over the last 30 years, Mr. Gelb says. Corporate executives today tend to be overly linear, logical, analytical. Im trying to help them use their intuition and artistic capabilities. If you want to compete in the challenging world of international business, you cant just rely on half a brain. In his 25 1998 book How to Think Like Leonardo Da Vinci, Mr. Gelb outlines seven principles that he believes define Da Vincis work:

http://www.amazon.com

*Curiosit, or curiosity, marking his insatiable quest for knowledge and continuous improvement. *Dimostrazione, or demonstration, through which he learned by personal experience rather than taking others reports for granted. 30 *Sensazione, or sensation, using the senses to sharpen observation and response. *Sfumato, a painting technique employed by Da Vinci to create an ethereal quality in his work, showing his ability to embrace ambiguity and change. *Arte/scienza, or the science of art, which he demonstrated in his whole-brain thinking. *Corporalit, or of the body, representing his belief that a healthy mind requires a healthy body. 35 *Connessione, or connection, for his habit of weaving together multiple disciplines around a single idea. Mr. Gelbs books highlight the extraordinary talents of two geniuses: Da Vinci and Edison. He uses these historical figures to show how they can be used as models of leadership and innovation for modern civilization.(Adapted from: http://www.nytimes.com)

* empresas multinacionais

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Glossary challenging = desafiador hiring = contratando resilience = resistncia revered = venerado schmoozing = conversar casualmente vote-tallying machine = mquina para contagem de votos

53(A) (B) (C) (D) (E)

Edisons first patent was unsuccessful because legislators didnt want fast voting results. politicians wanted to accelerate the voting process. the vote-tallying machine broke down in the middle of the process. he succeeded in selling his invention. politicians welcomed the new invention.

Michael Gelb thinks that an exceptional feature about Leonardo Da Vinci is (A) (B) (C) (D) (E) he was his childhood hero. his thinking was linear and logical. he used equally and fully both hemispheres of his brain. he used his left hemisphere to its minimum; he only relied on half a brain.

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54(A) (B) (C) (D) (E)

The word ingenuity in a symbol of American ingenuity (lines 8-9) means: innocence. inventiveness. incredulity. simplicity. hesitation.

58(A) (B) (C) (D) (E)

Mr. Gelb outlines seven principles which define Da Vincis work. Mark the principle that reflects more directly peoples learning trajectory. Automaticity Demonstration Sensation Science of art Fitness

55

Discourse markers are linguistic expressions which often indicate the authors attitude or intention in the text. In Not only did he invent the incandescent light bulb, Edison also created the electricity power industry required for the bulb... (lines 15-16), not only and also are used to (A) (B) (C) (D) (E) inform that his inventions had been patented. consider both inventions unimportant. view Edisons inventive mind as a strategic tool. see Edison as an ordinary inventor. highlight Edisons inventive mind.

According to Mr. Gelb, Leonardo Da Vinci and Thomas Edisons extraordinary legacy justifies the fact that they can be important contemporary consultants. (B) they were both committed to the advances in electric power. (C) they can be great examples for modern professionals. (D) they were best-selling authors. (E) they were exceptional men with no artistic capacities. Mark the extract which best translates the idea expressed in the citations at the beginning of the text. (A)

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56 Reference is a cohesive device used to establishcorrelation between words or groups of words in a text. His in His was a balanced brain... (line 19) refers to (A) (B) (C) (D) (E) a corporate consultant. Edison. Michael Gelb. Da Vinci. a childhood hero.

60

(A) (B) (C) (D) (E) 45

Creativity and innovation could result from a set of identifiable and repeatable processes. Mr. Gelb outlines seven principles that he believes define Da Vincis work. Edison has long been revered for changing the face of modern civilization. A healthy mind requires a healthy body. Mr. Gelbs books highlight the extraordinary talents of two geniuses.

Lngua Francesa

Le monde imaginaire des blogsEmilie Bouvrand

5

Les objets techniques sont de vritables rvlateurs de relations, de comportements, de situations des individus. Ils sont aussi le miroir dunivers de significations, de symboles, o nous projetons nos dsirs et nos angoisses. Chaque nouveau moyen de communication est accompagn de reprsentations collectives, qui traduisent les relations entre un certain objet un moment donn et une socit donne. Internet a provoqu lexplosion de diffrentes pratiques sociales (blog, chat et forums) symbolisant une certaine libert dexpression et dchange. Les blogs jouent un rle trs important dans la vie des jeunes qui, nayant pas trouv un espace pour sexprimer, se sentent souvent rprims dans leur environnement. En ce sens, pour les adolescents le blog serait un espace o ils peuvent tre reprsents, une revendication dtre et dexister, qui viendrait se poser en alternative la socit contemporaine. Ceci fait partie intgrante des mythologies dInternet et de limaginaire des blogs. Le blog vhicule un grand nombre de reprsentations et dimages. Ici, jai cherch savoir quelles images sont privilgies par les jeunes. Le rapport son identit / son image Je ne mettrais jamais ma photo. Jaurais trop peur quon me reconnaisse. , Je prendrais plutt un pseudo, comme a personne sait que cest moi . Dvoiler son identit ou son image apparait comme une difficult. Les jeunes semblent prfrer se reprsenter par une image, une phrase, un dessin, sorte de personnification de soi sur Internet (...). On peut remarquer quil y a souvent des reprsentations paradoxales. Certains prfrent se cacher et dautres se montrer dans lespoir de se faire connaitre. Le rapport aux autres et au monde Dans le discours des jeunes, le blog apparait comme un autre monde o il ny a pas de limites dfinies. On peut dire ce que lon veut . Il apparait comme un espace de libert dexpression sans contrle. Ce monde parait tre un monde magique , un monde entre eux o les adultes (notamment les parents) nont pas accs. Cest un monde o les adolescents ont un certain pouvoir sur les adultes. Ils dominent lespace qui est le leur. Mes parents ne savent mme pas que jai un blog, ma mre ne sait pas ce que cest, elle passe parfois voir ce que je fais mais elle ny comprend rien . Le rapport affectif Pour certains jeunes, les blogs auraient une connotation affective en rapport avec leurs familles, leurs amis, leurs pays dorigine. Cest le cas de Marie qui est originaire de Martinique. Elle est venue en France rejoindre sa grande soeur. Le reste de sa famille est rest vivre l-bas. a me rappelle mon pays. Jaime bien aller sur les blogs o il y a des photos. Je les montre mes copines. a me donne envie dy retourner . Le blog apparait comme un moyen de rester en contact et en relation avec ses souvenirs et son histoire personnelle. Il semble que ces jeunes entretiennent une relation privilgie avec le blog et le virtuel.Adapt de http://www.pedagopsy.eu/representations_imaginaire_blogs.htm

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15

20

25

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53 Daprs lauteur (lignes 1-6), les objets techniques 57(A) (B) (C) (D) (E) traduisent toujours des relations sociales conflictuelles. constituent une menace une socit donne. sassocient au temps et au lieu o ils ont t crs. nont rien voir avec la socit o ils ont t invents. sont la cause de tous nos dsirs et nos angoisses. (A) (B) (C) (D) (E)

Laffirmation Jaurais trop peur quon me

reconnaisse (ligne 17) veut dire que le jeune prfre: faire valoir sa dignit. exposer son identit. se connaitre lui-mme. faire peur aux internautes. rester anonyme.

58 Dans les passages Je ne mettrais jamais maphoto... et Je prendrais plutt un pseudo, comme a personne