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VI. ACESSO DAS FAMÍLIAS USUÁRIAS DO PSF AO
ATENDIMENTO À SAÚDE
1. ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS ADSCRITAS AO PSF NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA SEGUNDO
O SIAB
A coleta e o armazenamento de dados em Vitória por meio do SIAB foram iniciados em
setembro de 1998 e, desde então, a alimentação do sistema tem sido regular. De acordo
com a coordenação do PSF, não existia dificuldade na operacionalização do SIAB e a
assistência técnica era considerada qualificada.
Contudo, as unidades de saúde da família não eram informatizadas e a alimentação do
SIAB em Vitória era centralizada, o que tornava, segundo os gestores, o preenchimento das
informações muito laborioso e seu armazenamento burocrático. Além disso, os gestores
municipais consideravam a supervisão externa pouco freqüente. A seguir, são apresentadas
as informações correspondentes aos anos de 1999, 2000 e 2001, por terem todos os meses
devidamente supridos de informação. As informações de 1998, ano de implantação do PSF
no município, não foram incluídas na análise, porque os seguintes dados estavam
incompletos: as séries históricas de produção em saúde foram preenchidas a partir de
setembro e as séries históricas de informação de saúde, a partir de agosto.
Atendimento às famílias cadastradas pelo PSF
Em 2001, os médicos das equipes de saúde da família de Vitória realizaram 139.081
consultas, das quais a imensa maioria (99%) destinou-se à população residente nas áreas de
abrangência. Deste subtotal de consultas, 25% foram oferecidas às pessoas entre 20 e 39
anos e 18% às crianças de 0 a 4 anos de idade. Do ano de 1999 a 2001, o número de
consultas cresceu cerca de 10 vezes em média para cada faixa etária. No mesmo período, o
número de médicos das equipes de saúde da família cresceu 8 vezes, o que indica que cada
médico incrementou sua oferta de consultas em cerca de 25%.
A média geral de consultas médicas por indivíduo em residentes nas áreas de abrangência
em 2001 foi de 1,3 consultas/ ano, uma consulta a menos que a média nacional do SUS,
2,3, conforme o IDB 2001. Observou-se aumento da média de consultas por habitante ao
ano de 1999 para 2000 em 60% para então em 2001 decrescer 19%. Apesar desta queda
observada em 2001 para todas as outras faixas etárias, a média de consultas destinadas às
crianças menores de 1 ano cresceu 90% em relação ao ano anterior. Em 2001,
considerando o número de crianças cadastradas com base nos consolidados da ficha A cada
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 243
menor de 1 ano recebeu cerca de 23 consultas e as pessoas com 60 anos e mais, 2,4
consultas ao ano. Todavia, o número total de consultas oferecidas à terceira idade foi o
dobro das oferecidas às crianças de até 1 ano de idade. Chama a atenção a elevada média
anual de consultas em menores de um ano de idade. Alerta-se para falha na atualização dos
dados cadastrais (Fichas A); segundo os dados consolidados a partir da Ficha C (referente
ao grupo prioritário das crianças), a média mensal de menores de um ano adscritos ao PSF
em 2001 foi de 3.385. Deste modo, a relação de consultas por crianças de até um ano em
2001 foi de 2,8.
Tabela 130 – Consultas médicas por faixa etária realizadas pelo PSF e média de
consultas por usuário ao ano, Vitória (ES), 1999 a 2001
Consultas médicas em residentes dentro
das áreas
1999 2000 2001
N Média N Média N Média
< 1 ano 1.156 7,8 5.486 12,1 9.320 22,9
1 a 4 anos 1.460 1,2 8.965 2,2 15.127 2,0
5 a 9 anos 748 0,6 5.562 1,2 9.177 0,9
10 a 14 anos 592 0,4 4.344 0,9 7.341 0,8
15 a 19 anos 1.130 0,8 6.867 1,3 11.621 1,0
20 a 39 anos 3.430 0,7 19.288 1,1 34.396 0,9
40 a 49 anos 2.238 1,4 9.972 1,7 16.852 1,3
50 a 59 anos 1.448 1,7 7.328 2,3 13.734 1,7
60 anos e mais 2.194 2,3 10.094 2,9 20.102 2,4
Subtotal de consultas dentro das áreas 14.396 1,0 77.906 1,6 137.670 1,3
Consultas em residentes fora das áreas* 4 - 309 - 1.411 -
Total geral de consultas 14.400 - 78.305 - 139.081 -
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
*As consultas em residentes fora das áreas de abrangência não apresentam discriminação por faixa etária.
Os atendimentos aos grupos prioritários em residentes nas áreas de abrangência devem ser
registrados diariamente por médicos e enfermeiros e compilados mensalmente. Na
distribuição dos atendimentos em 2001, a hipertensão arterial reuniu o maior número de
atendimentos (30.174), correspondendo a 18% do total, seguida pela puericultura (14.236),
responsável por 8% dos atendimentos. O acompanhamento pré-natal respondeu por 7% dos
atendimentos e a prevenção de câncer cérvico-uterino concentrou 7% do total de
atendimentos individuais realizados por médicos e enfermeiros em 2001. Os atendimentos
a diabéticos cresceram consideravelmente de 1999 para 2001 e reuniram neste ano 4% dos
atendimentos.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 244
Tabela 131 – Atendimentos individuais aos grupos prioritários por médicos e
enfermeiros e % do total de atendimentos, Vitória (ES), 1999 a 2001
Atendimentos 1999 2000 2001
N % N % N %
Hipertensão Arterial 2.768 18,9 14.528 14,9 30.174 17,5
Puericultura 1.630 11,2 7.315 7,5 14.236 8,2
Prevenção de câncer cérvico uterino 665 4,6 5.554 5,7 8.876 5,1
Diabetes 403 2,8 2.490 2,6 7.255 4,2
Pré-natal 469 3,2 3.609 3,7 6.372 3,7
DST / AIDS 164 1,1 416 0,4 639 0,4
Hanseníase 26 0,2 172 0,2 600 0,4
Tuberculose 44 0,3 224 0,2 388 0,2
Outros atendimentos 6.169 42,2 34.308 35,3 68.540 40,0
Total de atendimentos 14.618 100,0 97.247 100,0 171.554 100,0
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
As solicitações médicas para a realização de exames complementares de qualquer natureza
agrupadas em categorias incluem tanto os exames encaminhados para outras unidades de
saúde quanto coletados nas próprias USF. Em 2001, foram solicitados 32.112 exames
complementares pelo PSF, o equivalente a 23 exames para cada 100 consultas realizadas
no ano. Os exames complementares de patologia clínica tiveram o maior número de
solicitações médicas (59% do total); entretanto, a média de apenas 13,5 exames por 100
consultas médicas para o município de Vitória é bem inferior à nacional (62 procedimentos
complementares em patologia clínica por 100 consultas, conforme o IDB 2001) e a do
estado do Espírito Santo (63 exames por 100 consultas). A quantidade de exames de
citologia cérvico-vaginal solicitada em 2001 (6.506), correspondeu a cerca de 20% da
população feminina em idade fértil cadastrada.
Tabela 132 – Exames complementares solicitados e proporção* de exames por 100
consultas médicas, Vitória (ES), 1999 a 2001
Exames complementares 1999 2000 2001
N % N % N %
Patologia clínica 1.865 13,0 9.323 11,9 18.837 13,5
Citológico cérvico-vaginal 572 4,0 4.118 5,3 6.506 4,7
Radiodiagnóstico 165 1,2 1.841 2,4 3.217 2,3
Ultra-sonografia obstetrícia 10 0,1 564 0,7 1.146 0,8
Outros 29 0,2 1.527 2,0 2.406 1,7
Total exames complementares 2.641 18,5 17.373 22,3 32.112 23,0
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
*Os valores percentuais apresentados na tabela dizem respeito à relação entre o número de exames
solicitados e o total de consultas realizadas no ano.
Na alimentação do SIAB, os encaminhamentos para outros serviços devem ser registrados
apenas pelos médicos e são divididos em atendimento especializado (incluindo todas as
especialidades médicas), internação hospitalar e atendimento em serviços de
urgência/emergência, e não incluem os casos atendidos na própria unidade ou no domicílio
do paciente que não foram encaminhados para outros serviços. Observou-se importante
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 245
aumento da proporção de encaminhamentos por consulta médica entre 1999 e 2001. Em
2001, foram realizadas pelos médicos do PSF 10.680 encaminhamentos, o que eqüivaleu a
7,7% do total de consultas prestadas naquele ano. Esses valores se devem principalmente
aos atendimentos especializados, responsáveis por 75% dos encaminhamentos. Os
encaminhamentos para serviços de urgência/ emergência atingiram em 2001 1,7% das
consultas e foi realizada, em média, uma internação hospitalar a cada 500 consultas
oferecidas.
Tabela 133 – Encaminhamentos realizados por médicos e proporção de
encaminhamentos por consultas no PSF, Vitória (ES), 1999 a 2001
Encaminhamentos 1999 2000 2001
N % N % N %
Atendimento especializado 273 1,9 3.247 4,2 8.018 5,8
Urgência / emergência 17 0,1 566 0,7 2.400 1,7
Internação hospitalar 11 0,1 130 0,2 262 0,2
Total 301 2,1 3.943 5,1 10.680 7,7
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
O PSF de Vitória também realiza internações domiciliares. Em 2001, foram registradas 45
internações domiciliares (9 vezes mais que 1999).
Tabela 134 – Internações domiciliares realizadas pelo PSF, Vitória (ES), 1999 a 2001
Internação Domiciliar 1999 2000 2001
Quantidade 5 21 45
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
As equipes de saúde do PSF realizam outros procedimentos, além de consultas médicas.
Em 2001, o número total desses procedimentos foi de 185.535 (7 vezes superior a 1999).
Destes, 19% foram aplicações de injeções e outros 19% corresponderam a atendimentos
individuais por outros profissionais de nível superior (exceto médicos e enfermeiros). Os
atendimentos individuais por enfermeiro, que em 1999 não chegavam a 1% do total de
procedimentos, em 2001 somaram 33.884 atendimentos e corresponderam a 18% do total.
Os procedimentos coletivos em saúde bucal1 não evoluíram na mesma proporção que os
demais procedimentos; em 1999 respondiam por 57% dos procedimentos e em 2001, por
14%, não tendo sequer duplicado em quantidade neste intervalo de tempo. Neste ano, cada
equipe realizou cerca de 775 procedimentos coletivos em saúde bucal.
1 Os procedimentos coletivos são um conjunto de procedimentos de promoção e prevenção em saúde bucal
de baixa complexidade que dispensam equipamentos odontológicos. Esses procedimentos são compostos por
bochechos fluorados (realizados semanalmente), higiene bucal supervisionada e atividades educativas em
saúde bucal (ambas realizadas trimestralmente).
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 246
As reuniões realizadas por ACS2 tiveram queda na participação do conjunto de
procedimentos em 2001 devido à redução na quantidade de reuniões em 300 em
comparação ao ano anterior. Os ACS realizaram cerca de 3.000 reuniões em 2001, o que
correspondeu a uma média de 87 reuniões por ESF. Os atendimentos em grupos de
educação em saúde3 realizados por outros profissionais foram cerca de 4 mil, tendo
duplicado entre 2000 e 2001. Cada equipe de saúde realizou em média 116 atendimentos
em grupos de educação em saúde. A média de atividades em grupos (reuniões e
atendimentos em educação em saúde) por usuário em Vitória foi de 0,3. Chama a atenção o
elevado número de atendimentos específicos para acidentes de trabalho no ano de 2000
com aproximadamente 2.200 casos. Analisando os meses deste ano, verifica-se que 80%
desses casos concentraram-se em junho.
Tabela 135 – Outros procedimentos realizados pelo PSF, Vitória (ES), 1999 a 2001
Procedimentos 1999 2000 2001
N % N % N %
Injeções 1.617 6,3 15.388 14,0 34.937 18,8
Atendimento individual profissional nível superior 2.403 9,3 19.528 17,8 34.936 18,8
Atendimento individual enfermeiro 222 0,9 19.341 17,6 33.884 18,3
Procedimentos coletivos em saúde bucal 14.756 57,0 22.919 20,9 26.342 14,2
Inalações 2.407 9,3 11.980 10,9 23.375 12,6
Curativos 1.873 7,2 9.424 8,6 23.015 12,4
Atendimento grupo educação em saúde 1.407 5,4 2.019 1,8 3.951 2,1
Reuniões 801 3,1 3.241 3,0 2.945 1,6
Retiradas de pontos 131 0,5 1.616 1,5 1.723 0,9
Terapia de reidratação oral 198 0,8 973 0,9 410 0,2
Visita de inspeção sanitária 26 0,1 1.205 1,1 9 0,0
Atendimento específico para acidente de trabalho 25 0,1 2.161 2,0 6 0,0
Sutura 0 0,0 28 0,0 2 0,0
Total 25.866 100,0 109.823 100,0 185.535 100,0
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
Os profissionais das ESF, em 2001, realizaram 349.907 visitas domiciliares numa
população de 30.366 famílias cadastradas. Segundo o SIAB, portanto, a média mensal de
visitas domiciliares por família cadastrada em 2001 no município de Vitória foi de 0,9.
Cada família teve em média 11 visitas no ano (1 visita a menos do esperado), sendo a
grande maioria das visitas feita pelo ACS (91%). A participação dos médicos nas visitas
domiciliares tem sido gradativamente menor. Em 1999, o PSF de Vitória dispunha de
apenas 5 médicos, um para cada ESF, o que correspondia a uma média de até 10 visitas
2 As reuniões são realizadas pelos ACS e contam com a participação de 10 ou mais pessoas durante no
mínimo 30 minutos. Elas visam disseminar informações, discutir estratégias para solucionar problemas de
saúde ou mesmo fomentar a organização comunitária.
3 Os atendimentos em grupo de educação em saúde devem ter pelo menos 10 participantes e durar no mínimo
30 minutos. São realizados por profissionais de nível superior ou de nível médio, e não incluem as atividades
educativas promovidas pelos ACS.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 247
semanais por médico. Com a expansão do PSF nos anos seguintes e, apesar do conseqüente
aumento do número de médicos, esta média diminuiu em 5 vezes. Em 2000 eram
realizadas de 2 a 3 visitas semanais por médico; em 2001, os 42 médicos das 39 ESF
realizaram em média 2 visitas por semana.
Tabela 136 – Visitas domiciliares realizadas pela equipe do PSF, Vitória (ES), 1999 a
2001
Profissionais da ESF 1999 2000 2001
N % N % N %
Profissional de nível médio 5.727 9,8 13.393 6,2 18.742 5,4
Enfermeiro 3.517 6,0 4.824 2,2 7.352 2,1
Médico 2.445 4,2 3.647 1,7 4.722 1,3
Outros prof. Nível superior 1.161 2,0 515 0,2 685 0,2
ACS 45.680 78,0 195.074 89,7 318.406 91,0
Total 58.530 100,0 217.453 100,0 349.907 100,0
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
Todos os profissionais das ESF devem registrar os casos de internação hospitalar de
residentes nas áreas de abrangência. Contudo, no SIAB estão discriminadas apenas
algumas causas. Em 2001, foram registrados as 2.469 hospitalizações, sendo 8% de
crianças menores de 5 anos com pneumonia e 4% devido a casos de complicações de
diabetes.
Tabela 137 – Internações hospitalares por algumas causas entre a população
cadastrada pelo PSF, Vitória (ES), 1999 a 2001.
Hospitalizações 1999 2000 2001
N % N % N %
Pneumonia em crianças < 5 anos 59 23,3 126 8,8 201 8,1
Complicação de diabetes 10 4,0 71 4,9 105 4,3
Hospital Psiquiátrico 20 7,9 47 3,3 49 2,0
Abuso do álcool 0 0,0 21 1,5 47 1,9
Desidratação em crianças < 5 anos 4 1,6 14 1,0 41 1,7
Outras causas 180 71,2 1.204 83,8 2.075 84,0
Total 253 100,0 1.436 100,0 2.469 100,0
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
Acompanhamento de grupos prioritários
Os agentes comunitários de saúde devem acompanhar mensalmente o estado de saúde das
gestantes cadastradas por meio de visitas domiciliares. Devem-se registrar as datas de
vacina, o estado nutricional, as consultas pré-natal, bem como identificar fatores de risco
para a gestante. Os dados apresentados no quadro a seguir foram elaborados a partir das
fichas B-GES, atualizadas mensalmente. As informações são provavelmente mais acuradas
que as das fichas de cadastramento das famílias (ficha A), pois estas, na falta de um
sistema informatizado de compilação de dados, são atualizadas apenas anualmente. Isto
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 248
explicaria em parte, por exemplo, a diferença de informações quanto à proporção de
mulheres grávidas com menos de 20 anos. A rigor, as informações não se contradizem,
mas se complementam. Enquanto as Fichas A informam o número de gestantes cadastradas
durante todo o ano, as Fichas B-GES apresentam a quantidade de gestantes cadastradas e
acompanhadas por mês e suas respectivas médias mensais para o ano.
Segundo as informações coletadas pelas Fichas B-GES, 653 mulheres grávidas em média
foram cadastradas por mês em 2001 no PSF de Vitória, destas, 97% foram acompanhadas
por ACS, das quais cerca de 80% realizaram pré-natal antes do terceiro mês de gestação e
somente 7% não receberam vacina toxóide tetânico. A proporção de gestantes menores de
20 anos, no ano de 2001 foi de 26% das gestantes cadastradas, um pouco mais elevada que
a média estadual. Conforme informações do IDB 2001, a proporção de nascidos vivos no
Brasil por mães entre 10 a 19 anos era de 24%; no sudeste, esta parcela era levemente
inferior, 20%, e no Espírito Santo, estava em 24%.
Quadro 64 – Características e médias mensais de gestantes cadastradas e
acompanhadas pelo ACS, Vitória (ES), 1999 a 2001
Gestantes 1999 2000 2001
N % N % N %
Total de gestantes 131 100,0 419 100,0 653 100,0
Menores de 20 anos 31 23,7 107 25,5 170 26,0
Acompanhadas 127 97,0 408 97,4 634 97,1
Com vacina em dia 120 94,5 369 90,4 588 92,7
Consulta pré-natal no mês 120 94,5 361 88,5 587 92,6
Pré-natal inicio 1º trimestre 103 81,1 292 71,6 499 78,7
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
As crianças devem ter acompanhamento prioritário no PSF. Todas famílias cadastradas
com crianças menores de 5 anos devem possuir um cartão que permita ao ACS coletar as
informações básicas para a prestação de serviços. E para as crianças menores de 2 anos, os
ACS utilizam o próprio Cartão da Criança, em posse da família, transcrevendo-o para sua
cópia. Com base nas informações acumuladas desses cartões (chamados de cartões-
sombra), temos o quadro abaixo.
Os ACS informaram que, em 2001, a média mensal de crianças cadastradas com até 4
meses de idade foi de 515, destas, 79% eram amamentadas exclusivamente de leite
materno. Das crianças de até 1 ano (cuja média mensal em 2001 foi de 1.620 cadastradas),
94% estavam com a vacina em dia e cerca de 80% delas eram pesadas mensalmente. Entre
as crianças pesadas durante as visitas dos agentes 1,7% estavam desnutridas. A maior
ocorrência de desnutrição foi observada entre as crianças de 1 a 2 anos de idade (com
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 249
média mensal de cadastrados em 2001 de 1.765). Cerca de 8% dessas crianças estavam
desnutridas. No entanto, boa proporção de crianças nessa faixa etária (94%) estava com o
esquema de vacinação em dia.
Entre as crianças menores de 2 anos (cuja média de cadastrados por mês foi de 3.385 em
2001), 25% tiveram infecção respiratória aguda (IRA) – quantidade bastante elevada –,
8,6% sofreram de diarréia, tendo apenas 50% destas usado terapia de reidratação oral
(TRO). Observa-se uma redução importante da proporção de crianças com diarréia que
usaram TRO de 69% em 1999 para 50% em 2001. Esses dados são preocupantes, tendo em
vista que o Espírito Santo tem a maior taxa de mortalidade proporcional por diarréia em
crianças menores de 5 anos entre os estados do sudeste (segundo o IDB 2001, 4,5% das
causas de óbito nesta faixa etária são causadas por doenças diarréicas no Estado).
Quadro 65 – Características e médias mensais de crianças de até 2 anos cadastradas e
acompanhadas pelos ACS, Vitória (ES), 1999 a 2001
Criança por faixa etária 1999 2000 2001
N % N % N %
Até 4 meses 122 100,0 364 100,0 515 100,0
Aleitamento materno exclusivo 90 73,8 276 75,8 407 79,0
Aleitamento misto 29 23,8 71 19,5 96 18,6
Menores de 1 ano 363 100,0 1.073 100,0 1.620 100,0
Com vacina em dia 345 95,0 974 90,8 1.522 94,0
Pesadas 326 89,8 839 78,2 1.291 79,7
Desnutridas 9 2,8 18 2,2 22 1,7
Entre 1 e 2 anos 450 100,0 1.174 100,0 1.765 100,0
Com vacina em dia 418 92,9 1.074 91,5 1.659 94,0
Pesadas 384 85,3 863 73,5 1.327 75,2
Desnutridas 23 6,0 81 9,4 100 7,5
Menores de 2 anos 813 100,0 2.243 100,0 3.385 100,0
Com diarréia 80 9,8 195 8,7 292 8,6
Com diarréia que usaram TRO 55 68,8 99 50,8 146 50,0
Com IRA 195 24,0 499 22,2 841 24,8
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
As informações do SIAB para os demais grupos prioritários permitem relacionar o número
de casos identificados ou relatados (que se mantiveram ou foram cadastrados por mês) e a
proporção de pessoas acompanhadas sistematicamente por ACS No grupo de hipertensos
(com o maior número de casos, 7.982), 87% foram acompanhados; entre os diabéticos
89% foram visitados mensalmente por ACS.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 250
Tabela 138– Pessoas com doenças referidas de grupos prioritários acompanhados
pelos ACS e médias mensais de cadastrados, Vitória (ES), 1999 - 2001
Grupos prioritários 1999 2000 2001
N % N % N %
Hipertensos 1.233 87,8 4.231 77,7 7.982 86,8
Diabéticos 241 88,0 889 80,7 1.664 88,9
Tuberculosos 6 83,3 23 87,0 36 94,4
Hanseníase 11 90,9 33 93,9 66 93,9
Fonte: SPS / DAB, DATASUS – SIAB, elaboração NUPES/ DAPS/ ENSP/ FIOCRUZ
2. PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DAS ESF QUANTO À ACESSIBILIDADE E GARANTIA DE
ATENÇÃO INTEGRAL
Profissionais de nível superior
Em Vitória 95% dos profissionais de nível superior afirmaram que havia central de
marcação de consultas especializadas. A quase totalidade dos médicos (97%) afirmou
existir sistema de marcação de consultas. Entre os enfermeiros essa proporção foi de 94%.
Entre o conjunto de profissionais de nível superior 83% informaram também que o
encaminhamento para consultas especializadas era realizado por meio da central de
marcação de consultas especializadas. Este foi o mecanismo citado pela maioria dos
médicos (77%) e enfermeiros (88%). A utilização de fichas de referência e contra-
referência foi apontada por 35% do conjunto dos profissionais. O estabelecimento de cotas
de consultas especializadas para cada equipe foi informado por apenas 14% dos
profissionais. Do total de profissionais entrevistados 13% afirmaram que a forma de
encaminhamento era feita por meio de contato pessoal do médico com colega de outra
instituição.
Tabela 139 – Mecanismos para encaminhamento para consultas especializadas por
profissionais de nível superior, Vitória (ES), 2002
Forma de encaminhamento Total Médico Enfermeiro
N % N % N %
Pela central de marcação de consultas especializadas 52 82,5 24 77,4 28 87,5
Por ficha de referência e contra-referência 22 34,9 11 35,5 11 34,4
Por estabelecimento de cotas de consultas especializadas
para cada equipe
9 14,3 6 19,4 3 9,4
Por contato pessoal do médico com colega de outra
instituição
8 12,7 5 16,1 3 9,4
Por orientação verbal ao paciente 3 4,8 3 9,7 - -
Por relatório completo do caso 2 3,2 2 6,5 - -
Outro 5 7,9 1 3,2 4 12,5
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: A soma dos valores absolutos e relativos ultrapassa o total de respondentes e os 100% respectivamente,
porque a questão que deu origem à tabela admite mais de uma resposta.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 251
A metade dos profissionais de nível superior das ESF (52%) relatou que somente às vezes
recebia a contra-referência dos pacientes encaminhados, 32% informaram que nunca
recebiam e 11% informaram relato verbal do paciente no retorno. Entre os médicos 36%
relataram nunca receber a contra-referência. Entre os enfermeiros este percentual foi de
28%.
Na percepção da maioria dos médicos do PSF em Vitória (71%) os agendamentos para os
ambulatórios de média complexidade eram realizados sempre ou na maioria das vezes.
Quanto à maternidade, 58% dos médicos informaram que o agendamento conseguia ser
realizado sempre ou na maioria das vezes. Cerca da metade dos médicos (52%),
informaram que sempre ou na maioria das vezes o serviço de apoio diagnóstico e
terapêutico era agendado. A maior dificuldade de agendamento referiu-se aos ambulatórios
de alta complexidade: na avaliação da maioria dos médicos das ESF (81%) os
agendamentos para estes serviços poucas vezes ou nunca foram conseguidos.
Quadro 66 – Percepção dos médicos do PSF sobre a freqüência da realização do
agendamento para outros serviços, Vitória (ES), 2002
Tipos de serviços de saúde Sempre/Maioria das vezes Poucas vezes/Nunca
N % N %
Ambulatórios de média complexidade 22 71,0 9 29,0
Ambulatórios de alta complexidade 4 12,9 25 80,6
Serviço de apoio diagnóstico e terapêutico 16 51,6 14 45,2
Maternidade 18 58,1 10 32,3
Internações 14 45,2 14 45,2
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Para cerca da metade dos profissionais de enfermagem das ESF em Vitória, sempre ou na
maioria das vezes os agendamentos para atendimentos na maternidade (56%), nos
ambulatórios de média complexidade (50%) e nos serviços de apoio diagnóstico e
terapêutico (50%) eram realizados. Para estes profissionais, maiores dificuldades foram
apontadas em relação ao agendamento para internações, maternidade e para os
ambulatórios de alta complexidade: 48% consideraram que nunca ou poucas vezes era
possível garantir internações, 47% informaram que nunca ou poucas vezes era possível
agendar serviços de maternidade e 45% informaram que nunca ou poucas vezes era
possível o agendamento para os ambulatórios de alta complexidade.
Para 60% dos profissionais de nível superior do PSF o tempo médio de espera do paciente
referenciado para ações especializadas no sistema local de saúde era maior de 15 dias: de
16 a 30 dias para 24% e para 19% de 31 a 60 dias. A maioria dos médicos (65%) informou
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 252
que o tempo médio de espera era maior de 15 dias concentrando-se entre 16 e 60 dias.
Vinte e nove por cento dos profissionais não sabiam ou não responderam esta questão.
Tabela 140 – Tempo médio de espera do paciente referenciado para ações
especializadas, na percepção dos profissionais de nível superior do PSF,
Vitória (ES), 2002
Tempo de espera Total Médico Enfermeiro
N % N % N %
1 a 2 dias - - - - - -
3 a 6 dias 3 4,8 1 3,2 2 6,3
7 a 10 dias 3 4,8 1 3,2 2 6,3
11a 15 dias 1 1,6 - - 1 3,1
16 a 30 dias 15 23,8 11 35,5 4 12,4
31 a 60 dias 12 19,0 3 9,7 9 28,1
61 a 90 dias 4 6,3 2 6,5 2 6,3
91 a 120 dias 1 1,6 1 3,2 - -
Mais de 120 dias 6 9,5 3 9,7 3 9,4
Não sabe/Não respondeu 18 28,6 9 29,0 9 28,1
Total 63 100,0 31 100,0 32 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Na avaliação dos profissionais de nível superior havia maior agilidade para realização de
exames. Para 59% dos profissionais o tempo médio de espera para a realização de exames
foi de até 15 dias. Para 29% dos médicos e para 31% dos enfermeiros o tempo médio de
espera foi de apenas 1 a 2 dias.
Tabela 141 – Tempo médio de espera para realização de exames, na percepção dos
profissionais de nível superior do PSF, Vitória (ES), 2002
Tempo de espera Total Médico Enfermeiro
N % N % N %
1 a 2 dias 19 30,1 9 29,1 10 31,3
3 a 6 dias 7 11,1 4 12,9 3 9,4
7 a 10 dias 8 12,7 6 19,4 2 6,3
11a 15 dias 3 4,8 - - 3 9,4
16 a 30 dias 6 9,5 5 16,1 1 3,1
31 a 60 dias 1 1,6 - - 1 3,1
61 a 90 dias - - - - - -
91 a 120 dias 2 3,2 1 3,2 1 3,1
Mais de 120 dias 1 1,6 1 3,2 - -
Não sabe/Não respondeu 16 25,4 5 16,1 11 34,3
Total 63 100,0 31 100,0 32 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Em relação ao tempo de espera para internações no sistema local de saúde, destaca-se o
alto índice de profissionais que não souberam responder (56%). Entre os médicos 52% não
responderam a esta pergunta e 29% responderam que o tempo médio de espera para
internações era de 1 a 2 dias.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 253
Tabela 142 – Tempo médio de espera para internações, na percepção dos
profissionais de nível superior do PSF, Vitória (ES), 2002
Tempo de espera Total Médico Enfermeiro
N % N % N %
1 a 2 dias 19 30,2 9 29,0 10 31,3
3 a 6 dias 3 4,8 2 6,5 1 3,1
7 a 10 dias - - - - - -
11a 15 dias 1 1,6 1 3,2 - -
16 a 30 dias - - - - - -
31 a 60 dias 1 1,6 - - 1 3,1
61 a 90 dias 4 6,3 3 9,7 1 3,1
91 a 120 dias - - - - - -
Mais de 120 dias - - - - - -
Não sabe/Não respondeu 35 55,5 16 51,6 19 59,4
Total 63 100,0 31 100,0 32 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Para mais da metade (56%) dos profissionais de nível superior do PSF o pronto-socorro era
o principal serviço de saúde disponível à população nos finais de semana e feriados,
seguido pelo centro de saúde com serviço de urgência (51%). A emergência hospitalar foi
mencionada por 40% e apenas 8% dos profissionais afirmaram que o centro de saúde com
atendimento noturno estava disponível nos finais de semana e feriados. Para os médicos, os
principais serviços de saúde disponíveis nos finais de semana e feriados foram os prontos-
socorros e os centros de saúde com serviço de urgência (45%).
Tabela 143 – Serviços de saúde que a comunidade dispõe nos fins de semana e
feriados, segundo profissionais de nível superior , Vitória (ES), 2002
Serviço de Saúde N %
Pronto-Socorro 35 55,6
Centro de Saúde com serviço de urgência 32 50,8
Emergência Hospitalar 25 39,7
Centro de Saúde com atendimento noturno 5 7,9
Outros 17 27,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Auxiliares de enfermagem
Apenas 38% dos auxiliares de enfermagem das ESF concordaram muito que a USF é
acessível à população cadastrada, embora quase a metade (46%) tenha concordado apenas
parcialmente com esta afirmativa.
Cerca de dois terços dos auxiliares de enfermagem discordaram que o PSF: não garante o
atendimento em outros serviços de saúde (65%), não garante a realização de exames (66%)
e que não fornece medicamentos da farmácia básica de forma suficiente (65%). Quanto à
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 254
internação hospitalar, 41% dos auxiliares de enfermagem discordaram que o PSF não
garante internação, embora 28% tenham concordado parcialmente e 17% concordado
muito com esta assertiva.
No que se refere à integração do PSF com a rede de serviços de saúde, a tendência dos
auxiliares de enfermagem foi avaliar positivamente o acesso a outros serviços e níveis de
atenção, ainda que opiniões contrárias também tenham estado presentes, sobretudo no
tocante às internações e ao tempo médio elevado entre o agendamento e o atendimento,
37% destes profissionais concordaram em parte e 20% concordaram muito com esta
afirmativa.
Quadro 67– Percepção dos auxiliares de enfermagem sobre o acesso das famílias ao
atendimento integral à saúde, Vitória (ES), 2002
Percepção sobre PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não
sabe/não
respondeu
Total
N % N % N % N % N %
A USF é acessível à população cadastrada 29 38,2 35 46,0 8 10,5 4 5,3 76 100,0
Não garante o atendimento em outros
serviços
2 2,6 13 17,1 49 64,5 12 15,8 76 100,0
Não garante a realização de exames 4 5,3 14 18,4 50 65,8 8 10,5 76 100,0
Não garante internação 13 17,1 21 27,6 31 40,8 11 14,5 76 100,0
Não fornece medicamentos da Farmácia
Básica suficientes
8 10,5 13 17,1 49 64,5 6 7,9 76 100,0
Tempo médio entre o agendamento e o
atendimento é elevado
15 19,7 28 36,9 24 31,6 9 11,8 76 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Agentes comunitários de saúde
Quanto à acessibilidade das famílias à USF as opiniões dos ACS foram similares as dos
auxiliares de enfermagem: 40% dos ACS concordaram muito que a USF era acessível à
população cadastrada e 40% concordaram em parte. Todavia 19% discordaram da
afirmativa.
Quanto à integração do PSF à rede e ao acesso aos outros níveis de atenção, as avaliações
dos ACS foram em geral menos positivas do que as dos auxiliares de enfermagem. As
avaliações mais positivas foram quanto ao fornecimento de medicamentos, à realização de
exames e à garantia de atendimento em outros serviços. Mais da metade dos ACS (55%)
discordou que o programa não fornece medicamentos da farmácia básica de forma
suficiente e apenas 18% concordaram com a assertiva. Entre os ACS que discordaram da
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 255
não garantia da realização de exames o percentual foi de 50%. Cerca de 45% dos
profissionais discordaram que o PSF não garante o atendimento em outros serviços.
O tempo médio entre o agendamento e o atendimento foi considerado elevado na opinião
de 17% dos agentes e metade (51%) concordou em parte com esta afirmativa.
Quadro 68– Percepção dos agentes comunitários de saúde sobre o acesso das famílias
ao atendimento integral à saúde, Vitória (ES), 2002
Percepção sobre PSF Concorda
muito
Concorda
em parte
Não
concorda
Não sabe/
não respondeu
Total
N % N % N % N % N %
A USF é acessível à população
cadastrada 81 40,1 81 40,1 38 18,8 2 1,0 202 100,0
Não garante o atendimento em
outros serviços 26 12,9 71 35,1 91 45,1 14 6,9 202 100,0
Não garante a realização de exames 38 18,8 61 30,2 100 49,5 3 1,5 202 100,0
Não garante internação 54 26,7 62 30,8 72 35,6 14 6,9 202 100,0
Não fornece medicamentos da
Farmácia Básica suficientes 37 18,3 50 24,8 111 54,9 4 2,0 202 100,0
Tempo médio entre o agendamento
e o atendimento é elevado 35 17,3 102 50,5 52 25,7 13 6,4 202 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
3. PERCEPÇÃO DAS FAMÍLIAS QUANTO À ACESSIBILIDADE E GARANTIA DE ATENÇÃO
INTEGRAL
A maioria das famílias assistidas pelo PSF entrevistadas em Vitória (84%) afirmou que
diante do mal-estar ou adoecimento de algum de seus membros procurava com mais
freqüência um profissional de saúde. Em segundo lugar, nessas ocasiões pediam ajuda a
vizinhos ou familiares (5%). Cerca de 4% dos entrevistados informaram tomar chás ou
remédios caseiros, 3% mencionaram chamar a ambulância e 2% tomavam remédios da
alopatia. Somente três pessoas adscritas às áreas de abrangência das equipes 07 (2) e 06 (1)
procurava o ACS. Três pessoas também afirmaram que esperam para ver se melhora. As
outras opções – procura uma drogaria ou farmácia e pede ajuda a rezador – não foram
mencionadas ou obtiveram menos que 1%. As famílias residentes nas áreas de abrangência
das equipes com dificuldades, diante do mal-estar ou adoecimento, proporcionalmente
procuravam mais a ajuda de vizinhos ou familiares (73%) e chamavam a ambulância
(83%) enquanto aquelas sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas
proporcionalmente procuravam mais um profissional de saúde (57 %).
Quando algum integrante das famílias entrevistadas precisava do auxílio de um
profissional ou serviço de saúde, geralmente procurava em ordem decrescente: a USF ou a
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 256
ESF (56%), pronto-socorro e emergência hospitalar (22%), clínica, ambulatório ou médico
de plano de saúde (12%), centro de saúde com serviço de emergência (8%). Duas pessoas
mencionaram procurar a clínica, ambulatório ou médico particular que não seja de plano de
saúde. Somente uma pessoa, vinculada à área de abrangência da equipe 07, afirmou
procurar o ACS quando alguém em sua família precisava de auxílio. Nenhuma família em
Vitória assinalou a utilização de recursos como postos de saúde, drogaria ou farmácia. Os
profissionais das ESF e a USF foram mencionados por um número maior de pessoas
adscritas em todas as equipes, exceto por pessoas adscritas à equipe 03, pois a maioria dos
moradores vinculados à esta equipe (60%) mencionou geralmente procurar a clínica
ambulatório ou médico de plano de saúde quando precisa de auxílio.
A análise do serviço ou profissional de saúde geralmente procurado quando há necessidade
de assistência por grupos de equipes permite identificar que as famílias adscritas às equipes
consideradas bem sucedidas proporcionalmente procuram mais a USF (65%) do que as
famílias vinculadas às equipes com dificuldades (47%). Deste modo, maiores proporções
de famílias vinculadas às equipes com dificuldades buscam atendimento no pronto-socorro
e emergência hospitalar (23%), em clínica, ambulatório ou médico de plano de saúde
(17%) e em centro de saúde com serviço de urgência (11%).
Tabela 144 – Serviços ou profissionais de saúde geralmente procurados pelas famílias
adscritas ao PSF, segundo grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES),
2002
Serviços ou profissionais Todas as
equipes
Equipes bem
sucedidas
Equipes com
dificuldades
N % N % N %
USF ou ESF 134 55,8 78 65,0 56 46,7
Pronto-socorro e emergência de hospital 53 22,2 26 21,6 27 22,5
Clínica, ambulatório ou médico de plano de saúde 28 11,7 8 6,7 20 16,7
Centro de saúde com serviço de urgência 18 7,5 5 4,2 13 10,8
Hospital 2 0,8 1 0,8 1 0,8
Outro 2 0,8 1 0,8 1 0,8
Clínica, ambulatório ou médico sem plano de saúde 2 0,8 1 0,8 1 0,8
Agente comunitário de saúde 1 0,4 - - 1 0,8
Total 240 100,0 120 100,0 120 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Diante do mal-estar ou adoecimento de noite e em finais de semana cerca da metade (51%)
das famílias entrevistadas assistidas pelo PSF em Vitória relatou procurar pronto-socorro
ou hospital, 27% centro de saúde com serviço de urgência e 11% das famílias procuravam
clínica, ambulatório ou médico de plano de saúde. Apenas 2% (5) das famílias procuravam
o posto e o centro de saúde, 2% (4) esperavam para ver se melhoravam, 1,7% (4) tomavam
remédios da alopatia, 1% (3) pediam ajuda aos vizinhos e familiares, e 1% não respondeu.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 257
As outras respostas – chamar a ambulância, ir à USF, tomar chás ou remédios caseiros,
procurar clínicas, ambulatórios ou médicos particulares sem plano de saúde, e outros
serviços – foram assinalados por menos de 1% das famílias. Nem os profissionais da ESF,
nem os agentes comunitários de saúde foram mencionados como recursos diante do
adoecimento ou mal-estar em períodos noturnos ou durante finais de semana.
Os prontos-socorros e hospitais foram mencionados, proporcionalmente com maior
freqüência como recursos de assistência à saúde utilizados em períodos noturnos e em
finais de semanas por famílias adscritas às equipes 05 (97%), 02 (80%) e 04 (74%) e às
equipes bem sucedidas. O centro de saúde com serviços de urgência foi assinalado por um
número maior de famílias vinculadas às equipes 01 (50%), 07 (73%) e 08 (54%) e por
famílias residentes nas áreas de abrangência das equipes com dificuldades. A distribuição
da freqüência dos outros serviços ou profissionais de saúde procurados pelas famílias
diante do mal-estar ou adoecimento de noite ou em finais de semana não apresenta
diferenças relevantes entre as equipes.
No mês anterior à realização da pesquisa em 36% das famílias entrevistadas alguém tinha
estado doente, com maior concentração nas famílias adscritas às equipes 05 (47%), 06
(40%), 07 (40%) e 02 (40%), mas distribuídas em proporções semelhantes entre os grupos
de equipes selecionadas. Em 86 residências 108 moradores estiveram doentes no período
assinalado, dos quais 40% consideraram os episódios sem gravidade, 37% como graves e
20% como mais ou menos graves. Episódios de doença graves foram mais assinalados por
moradores adscritos à equipe 08 (50% do total de episódios de doença nas famílias da área
de abrangência) e ao grupo de equipes com dificuldades.
A maioria (61%) dos residentes que ficaram doentes no mês anterior à realização da
pesquisa mencionaram estar curados no momento da entrevista, mas 17% relataram que o
estado de saúde não se alterara e 19% consideraram ainda ser cedo para avaliar a evolução
da doença. Cerca de 3% dos entrevistados declararam sentir-se pior e localizavam-se nas
áreas sob a responsabilidade das equipes 02 (1), 05 (1) e 07 (1). Os moradores cujas
doenças mantinham-se inalteradas e aqueles que consideravam ainda ser cedo para avaliar
concentraram-se nas áreas de abrangência das equipes com dificuldades.
Entre os 108 episódios de doença ocorridos no mês anterior 92% dos moradores
procuraram atendimento. Somente nove moradores mencionaram não ter buscado
assistência, os quais estavam adscritos às equipes 02 (2), 03 (2), 05 (1), 07 (3) e 08 (1), e
concentravam-se nas áreas de abrangência das equipes com dificuldades.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 258
Os serviços de saúde mais procurados por residentes que ficaram doentes nos últimos mês
e buscaram atendimento foram: USF ou ESF (40%), principalmente por moradores
vinculados às equipes 01 (62%) e 06 (48%); pronto–socorro ou emergência hospitalar
(19%), por moradores concentrados na área de abrangência das equipes 05 (33%); centro
de saúde com serviço de emergência (14%), principalmente por moradores localizados na
área adscrita à equipe 06 (29%). É relevante mencionar que em 11% dos casos (11) foi
necessário a internação hospitalar, cinco dos quais eram moradores da área de abrangência
da equipe 04. Portanto, no conjunto de 37% dos episódios (40) percebidos como graves,
11, sem dúvida, foram efetivamente graves, uma vez que os pacientes foram
hospitalizados.
A USF foi o serviço utilizado, proporcionalmente, mais pelos moradores vinculados ao
grupo de equipes consideradas bem sucedidas (46%); o pronto-socorro com emergência
hospitalar (18%) e o centro de saúde com serviço de urgência (18%) também foram
serviços acessados com freqüência por estes moradores. A USF também foi o serviço mais
procurado entre os moradores adscritos às equipes com dificuldades (34%) apesar de em
menor proporção do que para o conjunto das equipes bem sucedidas. Os moradores
vinculados às equipes com dificuldades também acessaram com freqüência o pronto–
socorro com emergência hospitalar (21%). É relevante ainda mencionar que o agente
comunitário de saúde só foi procurado em um dos episódios de doença ocorridos nos trinta
dias anteriores à pesquisa.
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 259
Quadro 69 – Serviços ou profissionais de saúde procurados por moradores adscritos
ao PSF que adoeceram no mês anterior à pesquisa segundo grupos de
equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002
Episódios de doença e serviços procurados Todas as
equipes
Equipes bem
sucedidas
Equipes com
dificuldades
N % N % N %
Episódios de doença
Total de episódios de doença 108 100,0 57 100,0 51 100,0
Moradores que não procuraram serviços de saúde 9 8,3 2 3,5 7 13,7
Moradores que procuraram serviços de saúde 99 91,7 55 96,5 44 86,3
Serviços ou profissionais de saúde
USF ou ESF 40 40,4 25 45,5 15 34,1
Pronto-socorro e emergência de hospital 19 19,2 10 18,2 9 20,5
Centro de saúde com serviço de urgência 14 14,1 10 18,2 4 9,1
Hospital (internação) 11 11,1 6 10,9 5 11,4
Postos ou centros de saúde 6 6,1 2 3,6 4 9,1
Clínica, ambulatório ou médico de plano de saúde 6 6,1 1 1,8 5 11,4
Agente comunitário de saúde 1 1,0 - - 1 2,2
Nenhum 1 1,0 - - 1 2,2
Clínica, amb. ou médico particular sem plano de saúde 1 1,0 1 1,8 - -
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: Suprimidos os tipos de serviços e profissionais sem registro de respostas: drogaria ou farmácia.
Na maioria das vezes (77%) os pacientes receberam atendimento no primeiro serviço ou
profissional de saúde que procuraram. Nas demais situações os doentes tiveram que
procurar mais de um serviço ou profissional de saúde para conseguir atendimento: 9%
foram atendidos na segunda vez que buscaram assistência, 2% foram atendidos na terceira
vez, 1% foi atendido na quarta vez (situação do morador vinculado à equipe 06), 2% foram
atendidos na quinta vez (moradores adscritos à equipe 08) e 8% só conseguiram receber
atendimento depois de procurarem seis ou mais vezes profissionais ou serviços de saúde
(moradores sob a responsabilidade das equipes 01, 04, 07 e 08).
A comparação das respostas obtidas sobre os serviços ou profissionais de saúde procurados
em diferentes circunstâncias – geralmente, durante períodos noturnos ou finais de semana,
e devido a episódios de doença ocorridos no mês anterior à pesquisa – permite analisar se
a USF funciona como porta de entrada do sistema de saúde. Mais da metade das famílias
(56%) entrevistadas informou ser a USF o serviço de saúde que geralmente procurava
quando necessitava atenção à saúde, todavia quando indagadas sobre o serviço
efetivamente procurado nos episódios de doença ocorridos nos últimos trinta dias
proporção inferior de famílias (40%) referiu a USF. Por sua vez nos períodos noturnos ou
em finais de semana a USF não era um recurso disponível. Nestes períodos os serviços
mais procurados foram o pronto-socorro e emergência hospitalar (51%), seguido por centro
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 260
de saúde com serviço de urgência (27%). Esses recursos também foram mencionados
como locais onde as famílias usuárias do PSF procuraram assistência à saúde durante
episódios de doença ocorridos nos últimos trintas dias (19% e 14% respectivamente). Os
postos ou centros de saúde, embora em pequena proporção, foram mais mencionados por
moradores que adoeceram nos últimos trinta dias (6%) do que como serviços utilizados em
outras situações.
Onze por cento dos entrevistados mencionaram ter utilizado o hospital durante episódios
de doença ocorridos no mês anterior à pesquisa, no entanto este serviço não era de uso
regular (menos que 1%). Clínica, ambulatórios ou médicos de plano de saúde eram
serviços de saúde procurados geralmente por 12% dos entrevistados. Todavia, menor
proporção de entrevistados (6%) relatou ter acessado este serviço durante episódios de
doença ocorrido nos últimos trinta dias.
Quadro 70 – Percentuais de utilização de serviços de saúde em circunstâncias
diversas por famílias adscritas ao PSF, Vitória (ES), 2002
Serviços ou profissionais de saúde Uso regular Durante episódios
de doença no mês
anterior
Em período
noturnos ou
final de semana
USF ou ESF 55,8 40,4 0,4
Pronto-socorro e emergência de hospital 22,2 19,2 51,3
Clínica, ambulatório ou médico de plano de saúde 11,7 6,1 10,8
Centro de saúde com serviço de urgência 7,5 14,1 27,4
Postos ou centros de saúde - 6,1 2,1
Hospital 0,8 11,1 *
Clínica, ambulatório ou médico privado 0,8 1,0 0,8
Agente comunitário de saúde 0,4 1,0 -
Drogaria ou farmácia - - -
Outros ** 0,8 - 5,9
Nenhum - 1,0 -
Não respondeu - - 1,3
Total (N) 240 99 240
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Na pergunta sobre utilização de serviços de saúde em caso de adoecimento ou mal-estar durante períodos
noturnos ou finais de semana os hospitais não constituíam uma opção de resposta isolada.
** Inclui: espera para ver se melhora, chama ambulância, toma chás ou remédios caseiros, toma
medicamentos alopáticos, pede ajuda a vizinhos ou familiares e outro.
Para a constituição da USF como porta de entrada, o primeiro requisito é que a unidade
seja acessível à população adscrita. A grande maioria (99%) das famílias assistidas pelo
PSF entrevistadas em Vitória afirmou conhecer o local onde funcionava a USF. Apenas
três das 240 famílias entrevistadas informaram que não conheciam o local da USF, e
estavam adscritas à área de abrangência das equipe 01. Entre as 235 famílias que
conheciam o localização da USF, 94% afirmaram ser fácil chegar ao local, 5%
mencionaram ter dificuldades de chegar até o local da USF por motivos de saúde e de
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 261
ordem física e somente 1% (3) informou que o local era de difícil acesso. A grande maioria
das famílias (95%) que conheciam o local de funcionamento do PSF se deslocava a pé até
a unidade e cerca de 3% utilizavam ônibus, carro, trem e bicicleta.
Durante o mês anterior à realização da pesquisa 57% das famílias (133) entraram em
contato para atendimento com algum profissional da ESF. Esta proporção foi superior
entre os moradores vinculados às equipes 02 (79%), 06 (73%), 04 (69%) e 05 (66%). Em
cerca de 40% das famílias nenhum membro recebeu atendimento por profissionais do PSF,
percentual que se eleva entre as famílias adscritas às equipes 07 (66%) e 08 (57%) . Nos
trinta dias anteriores à pesquisa as famílias sob a responsabilidade das equipes bem
sucedidas, proporcionalmente, entraram mais em contato para atendimento com a ESF.
Entre os profissionais da ESF contatados no mês anterior à pesquisa por membros das
famílias entrevistadas, 39% eram médicos e 10% enfermeiros. Para este período os
moradores adscritos às equipes 01 (52%) e 04 (57%) apresentam percentuais mais elevados
de pessoas que entraram em contato com profissionais médicos. Já os moradores
vinculados às equipes 07 (31%), 05 (16%) e 03 (12%) apresentam proporções mais
elevadas que a média de pessoas que contataram enfermeiros no mês anterior à pesquisa.
A proporção de encaminhamentos realizados pela ESF em seus atendimentos é indicativa
da resolutividade da equipe. Das 133 famílias em que pelo menos um de seus membros
entrara em contato com qualquer um dos profissionais da ESF nos últimos trinta dias, 14%
(18) precisara procurar algum outro serviço seja para a realização de consulta, exame ou
internação, enquanto 81% não precisou procurar outro serviço, 4% não respondeu a
pergunta e menos de 1% não sabia informar. Entre os motivos de procura de outros
serviços após atendimento por qualquer profissional da ESF nos últimos 30 dias, 44%
foram: para consulta médica, 33% para realizar exames e 22% para internação.
Para analisar a proporção de encaminhamentos serão consideradas apenas as referências
para consultas médicas e internações dos atendimentos realizados por médico e enfermeiro
nos 30 dias anteriores à pesquisa. Considerando-se apenas estes atendimentos observou-se
proporção de 12% de encaminhamentos, isto é, entre os 98 atendimentos realizados por
médicos e enfermeiros, em doze famílias pelo menos um morador fora encaminhado para
outro serviço de saúde, sendo 8% (8) para consulta médica e 4% (4) para internação ou
cirurgia. Os casos não resolvidos foram localizados, proporcionalmente, com maior
freqüência entre as famílias adscritas às áreas de abrangência das equipes com dificuldades
(cerca de 18%).
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 262
Quadro 71 – Proporção de encaminhamentos para outros serviços de saúde, entre as
famílias atendidas por médico e enfermeiro do PSF, nos 30 dias anteriores
à pesquisa, adscritas a grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002
Motivos de encaminhamentos Todas as equipes Equipes bem
sucedidas
Equipes com
dificuldades
N % N % N %
Consulta médica 8 8,2 3 5,2 5 12,5
Internação ou cirurgia 4 4,0 2 3,4 2 5,0
Total 12 12,2 5 8,6 7 17,5
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Entre as famílias atendidas por qualquer profissional nos últimos 30 dias a maioria dos
serviços de saúde para os quais os moradores foram encaminhados ou que tiveram que
dirigir-se para realizar exames eram públicos, sendo: 44% municipais, 22% estaduais.
Cerca de 28% informaram que o serviço era público mas não sabiam de qual esfera
governamental. Não foram encaminhados pacientes para serviços privados e filantrópicos.
A maioria dos pacientes encaminhados pela equipe 01 e todos da equipe 03 foram para
serviços públicos municipais. Os pacientes encaminhados pela equipe 08 e o único
encaminhado pela equipe 06 foram para serviço de natureza pública, mas não sabiam
informar de qual esfera governamental. Já a equipe 07 encaminhou seus pacientes para
serviços públicos municipal (1) e estadual (2). O único paciente encaminhado pela equipe
02 foi para serviço público estadual e o único paciente encaminhado pela equipe 05 foi
para público municipal.
As equipes consideradas bem sucedidas e as com dificuldades encaminharam seus
pacientes para os diferentes serviços de natureza pública estadual e municipal em
proporções semelhantes.
Tabela 145 – Natureza do serviço procurado por pacientes encaminhados para
diversas finalidades pela ESF segundo famílias adscritas a grupos de
equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002
Natureza do serviço de saúde Todas as equipes Equipes bem
sucedidas
Equipes com
dificuldades
N % N % N %
Público municipal 8 44,4 4 44,4 4 44,4
Público estadual 4 22,2 2 22,2 2 22,2
Público, não sabe a esfera 5 27,8 2 22,2 3 33,3
Outro 1 5,6 1 11,1 -
Total 18 100,0 9 100,0 9 100,0
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
Obs.: Suprimidas as opções de serviços que não obtiveram nenhum registro: federal, privado, filantrópico,
não sabe se é público ou privado, não respondeu e indefinido.
Todavia, na percepção geral dos moradores a resolutividade das ESF não era tão elevada.
Para cerca de 76% (178) das 233 famílias entrevistadas em que pelo menos um dos
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 263
integrantes já entrara em contato com profissionais da ESF o atendimento era resolutivo.
Isto é, os entrevistados afirmaram que conseguiam resolver o problema de saúde na
atendimento e não precisavam procurar especialista. Esse percentual era igual ou superior a
79% entre as famílias adscritas às equipes 01 (79%), 02 (86%), e 03 (86%). A percepção
de resolutividade foi similar entre as famílias vinculadas às equipes bem sucedidas e com
dificuldades.
Cerca de 23% informaram não conseguir resolver o seu problema de saúde na USF e
precisar procurar um especialista, percentual superior ao número de moradores atendidos
nos últimos 30 dias que foram encaminhados por médicos e enfermeiros para consultas
médicas e internações ou cirurgia (12%). Um terço das famílias adscritas à equipe 06
(37%) perceberam como não resolutivo o atendimento da ESF já que consideraram
precisar procurar um especialista.
Quanto a outros procedimentos, cerca de 59% das famílias entrevistadas, onde pelo menos
um morador já tinha sido atendido por profissionais da ESF, informaram que geralmente
conseguiam realizar todos os exames. Proporção mais elevada foi observada entre os
moradores adscritos às equipes 04 (77%) e 05 (86%), e às equipes bem sucedidas. Vinte e
dois por cento informaram conseguir realizar alguns exames, 6% não conseguiram realizar
qualquer exame, 12% nunca precisaram realizar exames e menos de 1% não respondeu a
pergunta. Os entrevistados que informaram não conseguir realizar qualquer exame
concentravam-se nas áreas de abrangência das equipes 01 e 07, nas quais representavam
24% e 10%, respectivamente, do conjunto de famílias em que pelo menos um de seus
integrantes já fora atendido por profissionais da ESF, e proporcionalmente, estavam mais
adscritos às equipes bem sucedidas.
O acesso aos medicamentos era mais difícil: somente 32% da famílias entrevistadas
informaram receber todos os medicamentos, 55% geralmente recebiam alguns
medicamentos, 9% nunca tinha precisado e 5% não recebiam qualquer medicamento. Estas
últimas 11 famílias distribuem-se nas áreas de abrangência das equipes 01 (3), 05 (3) e 07
(3), 06 (1) e 08 (1). A dificuldade de acesso aos medicamentos predominou entre as
famílias sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas nas quais apenas 28%
conseguiam obter todos os medicamentos (situação de 36% das famílias vinculadas às
equipes com dificuldades). Já entre as famílias que recebiam alguns medicamentos a
situação era mais favorável nas áreas sob a responsabilidade das equipes bem sucedidas
(64%), enquanto nas áreas vinculadas às equipes com dificuldades 46% das famílias
VITÓRIA (ES) – ACESSO DAS FAMÍLIAS DO PSF 264
entrevistadas recebia alguns medicamentos. Das 20 famílias que mencionaram nunca ter
precisado de medicamentos, 12 estavam adscritas à equipe 03.
Em síntese, a maioria das famílias vinculadas tanto às equipes consideradas bem sucedidas
(76%) quanto as adscritas às equipes com dificuldades (76%), considerou o atendimento
resolutivo, não existindo diferenças substantivas de resolutividade do atendimento entre os
grupos de equipe selecionadas. Quanto à realização de exames, a maioria (82%) das
famílias avaliou que geralmente conseguia realizar todos ou alguns os exames e 87%
informara que recebiam todos ou alguns medicamentos quando eram atendidos pela ESF.
A situação de acesso aos exames e medicamentos proporcionalmente, foi pior entre as
famílias adscritas às equipes com dificuldades.
Quadro 72 – Resolutividade do atendimento, realização de exames e obtenção de
medicamentos das famílias usuárias* do PSF entrevistadas, adscritas a
grupos de equipes selecionadas, Vitória (ES), 2002
Resolutividade e acesso das famílias Todas as
equipes
Equipes bem
sucedidas
Equipes com
dificuldades
N % N % N %
Resolutividade
atendimento
Sim 178 76,4 90 76,2 88 76,5
Não, precisou procurar especialista 53 22,7 28 23,7 25 21,7
Não respondeu 2 0,9 - - 2 1,7
Exames
Realizam todos 138 59,2 74 62,7 64 55,7
Realizam alguns 51 21,9 24 20,3 27 23,5
Não conseguem realizar nenhum 14 6,0 9 7,6 5 4,3
Nunca precisou 28 12,0 11 9,3 17 14,8
Não respondeu 2 0,9 - - 2 1,7
Medicamentos
Recebem todos 74 31,8 33 27,9 41 35,7
Recebem alguns 128 54,9 75 63,6 53 46,1
Não recebem nenhum 11 4,7 4 3,4 7 6,1
Nunca precisou 20 8,6 6 5,1 14 12,1
Fonte: NUPES/DAPS/ENSP/FIOCRUZ
* Famílias cadastradas que alguma vez haviam sido atendidas pela ESF