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LEO TAKEO HONDA VIABILIDADE TÉCNICA DE UMA PARCERIA NO SETOR AUTOMOBILÍSTICO Taubaté – SP 2003

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LEO TAKEO HONDA

VIABILIDADE TÉCNICA DE UMA PARCERIA NO

SETOR AUTOMOBILÍSTICO

Taubaté – SP

2003

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LEO TAKEO HONDA

VIABILIDADE TÉCNICA DE UMA PARCERIA NO

SETOR AUTOMOBILÍSTICO

Monografia apresentada para obtenção do Certificado de

Especialização pelo Curso de Pós Graduação MBA em

Gerência Empresarial e Negócios do Departamento de

Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado

– ECASE da Universidade de Taubaté,

Área de Concentração: Gerência Empresarial e Negócios

Orientador: Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva

Taubaté – SP

2003

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LEO TAKEO HONDA

VIABILIDADE TÉCNICA DE UMA PARCERIA NO SETOR AUTOMOBILÍSTICO

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data: ___________________________________________

Resultado: _____________________________________

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo

Assinatura _____________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Chaves

Assinatura _____________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico todo este trabalho à minha família, especialmente para os meus pais que tanto me

deram apoio nos momentos difíceis.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar aqui e podendo realizar parte do

meu sonho.

À minha família que sempre me apoiou e incentivou durante todo curso.

Aos meus colegas de escola e de serviço que de uma maneira direta e indireta contribuíram

para a conclusão do trabalho.

Ao meu colega Roberto P. Pinto que pacientemente colaborou na elaboração deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva pela orientação deste trabalho.

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Honda, Leo Takeo. VIABILIDADE TÉCNICA DE UMA PARCERIA NO SETOR

AUTOMOBILÍSTICO (MBA, Gerência Empresarial e Negócios) – Departamento de

Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado – ECASE, Universidade de

Taubaté, Taubaté.

Resumo:

Com a globalização as empresas têm buscado reduzir ao máximo os seus custos para

continuar competitiva no mercado. Essa busca constitui uma necessidade de sobrevivência. E

uma das formas para reduzir esse custo está no desenvolvimento de um fornecedor, tornando-

o um parceiro que atenda as expectativas do produto.

As grandes empresas que, nas décadas passadas, eram detentoras de políticas e

procedimentos sigilosos na obtenção de seus produtos hoje têm criado inúmeros planos

estratégicos de conquista de novos mercados, em parceria com seu fornecedor.

O objetivo desse trabalho é uma análise dentro de uma estrutura fabril, de um

fornecedor visando a parceria tanto no processo de fabricação como na responsabilidade de

um determinado produto acabado. Além disso é permitir uma reflexão sobre os resultados

obtidos do custo de armazenagem e de um determinado material em estoque, considerando o

fornecedor instalado fisicamente dentro da empresa.

A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho baseou-se na análise das

vantagens e desvantagens para a produção: quando o fornecedor esta instalado fisicamente

dentro da empresa; e quando o fornecedor se localiza fora da empresa. Os dados obtidos para

obtenção deste trabalho foram constituído basicamente em uma análise da situação atual (sem

parceiro) com uma situação hipotética futura (com parceiro). E que, por meio desses dados,

pode-se comparar as vantagens e as desvantagens, cuja conclusão servirá da análise da

viabilidade ou não em formar uma parceria.

Palavras-chave: Parceiro, estoque, kanban, logística e movimentação de materiais.

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Abstract

With the globalization, enterprises have been searching to reduce at most their costs in

order to continue competitive in the market. This search constitute a survival need. One of the

ways to reduce these costs is inside a furnisher development in order to get him a partner that

takes care of the product expectation.

The big enterprises that held policies and top secret procedures to obtain their products

in the last decades nowadays have been creating countless strategic plans to conquer new

markets side by side with their furnishers.

The goal of this work is to analize inside a plant structure, a furnisher aiming a

partnership as much in manufacturing process as in the responsability on a determined

finished product. Besides, it is to permit a reflexion on the obtained results of the storing cost

and of a determined material in storage, foreasmuch as a furnisher installed physically in the

plant.

The methodology applied in the development of this work is based on the advantages

and disadvantages analisis for a production when there is a furnisher installed physically in

the plant and when the furnisher is out of the enterprise. The obtained data for this work

consecution were basically constitued upon a up-dated situation analisis (with no partner)

with a hypotetic future situation (with partner). Through these data, it’s possible comparison

the advantages and disadvantages of a partnership which conclusion will serve like a reflexion

to the managers in forming or not a partnership.

Key-words: partner, storage, kanban, logistic and moving materials.

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SUMÁRIO Resumo

Abstract

Lista de Tabelas

Lista de Figuras

Glossário e Siglas

1 Introdução.......................................................................................................... 12

1.1 – Objetivos.................................................................................................... 13

1.2 – Delimitação do Tema.................................................................................

2 Revisão de literatura.........................................................................................

13

15

2.01 – Terceirizar................................................................................................ 15

2.02 – Fornecedor............................................................................................... 16

2.03 – A escolha de um fornecedor..................................................................... 17

2.04 – O fornecedor selecionado como parceiro................................................. 18

2.05 – Sistema de controle de Estoque............................................................... 18

2.06 – Just-in-Time............................................................................................. 22

2.07 – Kanban..................................................................................................... 22

2.08 – Movimentação de Materiais..................................................................... 24

2.09 – Embalagens.............................................................................................. 26

2.10 – Linha de Montagem................................................................................. 27

2.11 – Estudo de Caso........................................................................................ 29

2.12 – Situação Anterior..................................................................................... 29

2.13 – Mix de produtos....................................................................................... 30

2.14 – Fluxo da linha de produção...................................................................... 31

2.15 – Embalagem............................................................................................... 33

2.16 – Kanban na situação atual.......................................................................... 33

2.17 – Operacionalização do sistema Kanban.................................................... 38

2.18 – Dificuldades encontradas com a utilização do quadro Kanban............... 40

2.19 – Ferramentas para auxiliar o processo logístico Kanban.......................... 41

2.20 – Fornecedor e transporte de cargas........................................................... 41

2.21 – Estoque.................................................................................................... 43

2.22 – Linha de produção................................................................................... 44

2.23 – Montagem do conjunto escapamento...................................................... 45

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2.24 – Situação Hipotética.................................................................................. 47

2.25 – Kanban na situação Hipotética................................................................ 47

2.26 – Local de instalação, lay-out e processo produtivo................................... 48

2.27 – Seqüenciamento da produção.................................................................. 50

2.28 – Processo de seqüenciamento.................................................................... 52

2.29 – Movimentação de materiais..................................................................... 54

3 Metodologia....................................................................................................... 57

4 Resultados.......................................................................................................... 58

5 Conclusão........................................................................................................... 62

6 Referência Bibliográfica................................................................................... 64

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Posicionamento (antigo x moderno)..................................................... 18

Quadro 2 – Características dos movimentos e tipos de equipamentos.................... 25

Quadro 3 – Resumo da situação atual..................................................................... 58

Quadro 4 – Resumo da situação hipotética............................................................. 58

Quadro 5 – Vantagens e Desvantagens da situação Atual...................................... 59

Quadro 6 – Vantagens e Desvantagens da situação Hipotética............................... 60

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Lista de Figuras

Figura 1 – Relações entre atividades logísticas primárias e de apoio / nível de

serviço almejado ................................................................................

20

Figura 2 – Componentes do conjunto traseiro do “escapamento”....................... 30

Figura 3 – Componentes do conjunto primário do “escapamento”..................... 30

Figura 4 – Tempo de produção no fluxo de processo de fabricação.................... 32

Figura 5 – Descrição básica do fluxo logístico Kanban....................................... 34

Figura 6 – Quadro Kanban................................................................................... 36

Figura 7 – Fluxograma do processo logístico Kanban......................................... 39

Figura 8 – Fluxograma da seqüência de operação de montagem........................ 46

Figura 9 – Lay-out básico do fornecedor dentro da área fabril da montadora.... 49

Figura 10 – Peças não seqüenciadas na linha de produção................................... 51

Figura 11 – Peças seqüenciadas na linha de produção.......................................... 51

Figura 12 –

Figura 13 –

Figura 14 –

Sistema de funcionamento do processo hipotético.............................

Gráfico comparativo de tempos..........................................................

Movimentação de materiais no sistema hipotético.............................

52

54

55

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Glossário e Siglas

Empilhadeirista Pessoa que manobra e dirige empilhadeira.

Float

Follow-up

GATE

IMON

Estoque necessário para manter o fluxo do processo de

produção.

Checagem e/ou análise do andamento do sistema.

Local onde homologa a documentação, nota fiscal do

fornecedor.

Instrução de montagem

Inventário Levantamento físico do estoque.

Lay-out Desenho representativo da área física.

Lead time Tempo de produção + tempo de transporte de um lote de peça.

Mix de produção

M.R.P.

Pré-montagem

Produção de diferentes produtos em uma mesma linha de

montagem.

Material Requirements Planning – Cálculo da Necessidade de

Materiais

Montagem realizada antes do conjunto de peça ser montada na

linha de produção.

Rack Embalagem para ser utilizado na movimentação de materais.

Reabastecedor Pessoa responsável em reabastecer de peças à linha de produção.

Set-up Configurações necessárias em uma máquina e/ou dispositivo.

Sincronizador

SINPRO

Conjunto de sistema eletrônico que sincroniza a seqüência do

fluxo de informação no processo produtivo.

Nome dado ao sincronizador.

Single-source

RELEASE

Fornecedor único para uma determinada peça.

Documento oficial da empresa sobre o planejamento da entrega

de peças ao longo dos meses.

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1 Introdução

A composição do custo do produto não é mais uma soma de impostos, matéria-prima e

mão-de-obra, mas atualmente compõe-se do custo de atividades que agregam ou não valor.

Atividades estas que podem ser melhoradas, minimizando-se gastos que são desnecessários,

criando benefícios que se tornam um diferencial. Todos, cliente e fornecedor, são

responsáveis pela composição do custo do produto numa cadeia de valor e fornecimento.

Por isso há uma necessidade que todos, (fornecedor/cliente), participem do objetivo de

reduzir os custos, mantendo-se sempre a qualidade do produto.

Existem diversas formas de se reduzir os custos de cada atividade, e uma delas é a

formação de parceria entre o fornecedor e o cliente.

O trabalho aqui apresentado abordará especificamente o tema que envolve fornecedor

e cliente, visando aumentar o laço de relacionamento e a flexibilidade de ambos os lados.

O principal ponto neste relacionamento a ser analisado será a eliminação do estoque

por parte do cliente (montadora de veículos), com a total colaboração do parceiro (fornecedor

de peças).

Eliminando-se o estoque, a montadora tenderá a utilizar esse recurso em outros

investimentos, conforme a política de investimentos da empresa.

Será estudado também a movimentação de materiais: como ganhar espaço físico de

armazenagem seqüenciando os produtos desde a fabricação até dispor estes na linha de

montagem. O processo envolverá sistemas eletrônicos para criar uma sincronização

(seqüenciamento) e filosofias japonesas para controlar o fluxo do estoque como o quadro

Kanban.

Entretanto para que toda essa estrutura funcione será necessário realizar algumas

mudanças. Essas mudanças estariam relacionadas com o processo logístico de movimentação

de materiais e controle de estoque, e com a modificação do local de produção do parceiro, (a

empresa parceira se instala fisicamente na montadora e aloca recursos humanos próprios no

processo de fabricação).

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1.1 Objetivos

O trabalho tem por objetivo analisar a perspectiva da formação de parceria entre o

cliente e fornecedor, o qual este (fornecedor) estará localizado fisicamente dentro da

empresa/cliente objetivando a redução de custos tanto na movimentação de materiais como no

estoque físico.

Será feita uma comparação das vantagens e desvantagens de uma situação atual e outra

hipotética, onde será relatado as possíveis mudanças sob o ponto de vista logístico (situação

hipotética).

Como objetivos específicos do trabalho pode-se destacar:

• Redução do preço final do produto por meio de redução do custo de fabricação.

• Garantir a sobrevivência no mercado com a formação de parceria, com os ambos

lados obtendo vantagens competitivas.

• Uma sinergia maior com o fornecedor localizado fisicamente dentro da área fábril

da montadora.

• Aumentar a flexibilidade em atender alterações na programação original do mix.

1.2 Justificativas

Como a globalização é inevitável, as empresas procuram na sua estratégia tornaram-se

cada vez mais competitivas. Um dos passos para tornar-se competitivo está na diminuição do

custo de um produto. Entre algumas formas de redução de custos destacam-se: a) redução de

inventário; b) redução no tempo de reposição da matéria-prima do fornecedor ( Lead Time )

e; c) redução de custos no armazenamento.

Dessa forma, procurando-se uma reflexão sobre a competitividade e baseando-se nas

premissas para a redução de custo de um produto, estes convergem a um fator determinante,

a utilização de um parceiro como fornecedor.

Existem outros fatores que contribuem positivamente em criar uma parceria. Um dos

principais fatores esta relacionado com a sobrevivência no mercado e a obtenção de vantagens

de ambos os lados: tanto na empresa contratadora quanto na empresa contratada. Enquanto

uma barganha o preço para tornar o seu custo menor a outra se garante como um fornecedor

exclusivo a montadora.

Quando uma montadora resolve criar uma parceria, ela esta buscando reduções

consideráveis no seu custo, pois será necessário um investimento inicial (preparar a área fábril

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para receber o parceiro) e terá um retorno ao longo do prazo. Em suma, a montadora estará

investindo para depois obter um resultado na redução do custo: não estará simplesmente

cortando os seu gastos como uma redução maciça na mão-de-obra (um ato mais rápido e não

benéfica a empresa).

1.3 Delimitação do tema:

O assunto será abordado sob aspecto logístico. Será analisada a situação atual e

hipotética do processo de obtenção de um produto, englobando todos os passos que o produto

percorre do fornecedor até a empresa em estudo. Será feita uma análise da movimentação dos

materiais do fornecedor localizado fora e dentro da empresa (parceiro).

Os dados obtidos serão analisados com intuito de verificar as desvantagens e

vantagens de se ter um fornecedor localizado fisicamente dentro da empresa.

O trabalho também abordará tema logístico como a ferramenta Kanban ( Sistema de

ressuprimento por meio de um cartão) que corresponde ao sistema que a empresa utiliza para

controlar o nível do estoque. Essa ferramenta terá um papel importante em otimizar ao

máximo o nível de peças no estoque. O trabalho demonstrará como será o feito o cálculo

dimensional do quadro conforme a necessidade da montadora em estudo. Serão abordados os

aspectos que podem influenciar em desvantagens em se utilizar o quadro Kanban com o

parceiro situado fora da montadora.

Além disso, será abordado sobre o mix e da sua complexibilidade na linha de

produção: o fato de acarretar negativamente a montadora quando se altera a programação do

mix original.

E por último será analisado como funciona o seqüênciamento do produto no processo

de fabricação (situação hipotética) e a vantagem da montadora em adotar esse processo.

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2 Revisão da literatura

2.01 Terceirizar

A necessidade de terceirizar surgiu desde a época da segunda guerra mundial, por

volta de 1940, quando os EUA precisou combater forças nazistas e posteriormente o Japão

(QUEIROZ, 1998, p. 59). Como as empresas bélicas precisavam se concentrar mais em

produção, as atividades que davam suporte podiam ser realizadas por outras empresas que

prestassem serviços mediante um contrato firmado entre os dois. Mesmo após a guerra, esse

tipo de atividade continuou, pois mostrou-se uma técnica administrativa eficiente e eficaz. Se

a empresa contratadora souber utilizar corretamente esse tipo de técnica ela poderá obter forte

resultados com a criação de terceirizadores.

No mundo globalizado atual, há uma necessidade das empresas se enxugarem ao

máximo em seus custos e deixá-las competitivas. Muitas empresas que querem expandir os

seus produtos para o mercado exterior deverão seguir essa regra para se concentrar melhor no

seu objetivo principal.

Para seguir essas tendências, será necessário contratar serviços/produtos de terceiros,

focalizando melhor assim o produto da empresa como um negócio principal. Por

conseqüência, as empresas terão mais recursos (humanos, financeiros e técnicos) disponíveis

para investir em sua expansão.

Terceirizando, cria-se novas empresas prestadoras de serviços ou de produtos gerando

novos empregos. Como conseqüência a empresa contratadora poderá (QUEIROZ, 1998, p.

59) :

• reduzir seus custos;

• preocupar-se mais com a qualidade;

• melhorar a competitividade agilizando o seu processo de decisão;

• aumentar a sua eficiência e eficácia;

• simplificar e aliviar a estrutura organizacional;

• economizar os recursos: humanos, materiais, equipamentos, financeiros.

Toda essas melhorias visam driblar a concorrência e conquistar novos clientes para a

sobrevivência da empresa no mercado.

Terceirizar atualmente não constitui uma moda, é uma necessidade da empresa de

reduzir custos e deixá-las competitivas. Muitas empresas que querem expandir os seus

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produtos para o mercado exterior deverão seguir essa regra para se concentrar melhor no seu

objetivo principal. Uma das empresas famosas que pode ser destacada no uso de terceiros para

fabricação do seu produto é a NIKE. “A NIKE é uma empresa norte-americana com uma

marca de calçados atléticos tipicamente dos Estados Unidos, mas toda a fabricação é feita em

países estrangeiros e exportada para os Estados Unidos.” (KOTABE; HELSEN; 2000, p. 26).

Essa forma de terceirizar seria a criação de um contrato com o fornecedor. Este

terceiro estaria responsável no fornecimento de serviços/produtos para empresa cliente.

2.02 Fornecedor

Os fornecedores são empresas que suprem a necessidade de outras empresas nos

seguintes casos: matéria-prima, serviços e mão-de-obra. Dependendo de como o fornecedor

atua na empresa contratante poderá ser classificado em uma das seguintes formas (DIAS,

1993, p. 297):

• Fornecedor monopolista: são aqueles exclusivos dentro do mercado. Como são

monopolizadores não se preocupam com seus clientes, pois sabem que detém o

domínio do produto/serviço no mercado. Por isso o interesse tem que partir do

comprador e não do fornecedor;

• Fornecedor habitual: são fornecedores tradicionais que possuem uma linha de

produto já padronizado e bastante comercial. Prestam um melhor atendimento e

dispõem de uma melhor qualidade possível, pois existe uma concorrência muito

grande entre estes fornecedores;

• Fornecedores especiais: podem prestar serviços, mão-de-obra ou até mesmo

fabricação de um determinado produto, no qual se exigem equipamentos e

processos específicos. Por isso são considerados especiais, pois não encontram-se

equivalentes aos habituais.

Independente da forma com que eles atuam, na maioria das vezes, é necessário

manter-se contrato com mais de um fornecedor. Essa regra é para evitar os seguintes

problemas: falta de segurança no ciclo de reposição, menor liberdade de negociação e pouca

oportunidade de familiarização das peças com apenas um único fornecedor (DIAS, 1993, p.

298).

Existem casos em que manter relações com um único fornecedor é vantagem. Um

desses casos é quando se cria uma parceria com um fornecedor. Este fornecedor seria

exclusivo para fornecer um determinado tipo de peça. Tanto a empresa como o fornecedor

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estariam se beneficiando dessa parceria. Basicamente o fornecedor sempre terá a garantia da

renovação do contrato enquanto que a empresa cliente poderá diminuir seu estoque através do

seu inventário.

2.03 A escolha de um fornecedor

Basicamente para selecionar fornecedores deve-se reunir num maior grupo possível

todos os possíveis fornecedores. Verificam-se os requisitos básicos e suficientes, dentro de

normas e padrões, quais atendam o mínimo necessário da empresa que irá se contratar. O

objetivo desta seleção será encontrar fornecedor(es) que tenham a capacidade de suprir os

materiais necessários dentro das quantidades, qualidades no tempo necessário de reposição

das peças (DIAS, 1993, p. 300). Além desses pré-requisitos, é necessário que o fornecedor

tenha um preço competitivo, e não levem alguns problemas tais como:

• choque cultural entre a empresa e o fornecedor pode ser originado devido a

filosofia diferente adotada por cada um;

• Perder a identidade e autonomia para manter a boa integração;

• Não ter independência completa.

Em empresas de grande porte realiza-se um levantamento de dados mais precisos junto

com a engenharia de desenvolvimento. Coleta-se inúmeros dados e informações cadastrais,

visita-se as instalações e recebe-se a amostra do produto a ser fornecido. Todos esses

procedimentos são para avaliar os fornecedores nos seguintes quesitos: preço, qualidade,

condições de pagamento, condições de embalagem e transporte.

Quando o fornecedor for aprovado será realizado uma análise inicial das entregas.

Serão avaliados os cumprimentos dos prazos, as manutenções da qualidade estabelecida,

política de preços e assistência técnica (DIAS, 1993, p. 300).

As empresas consideram bons fornecedores quando são: honestos, justos com seus

clientes, possui uma estrutura sólida em seu know-how, satisfazem o comprador em suas

especificações, são flexíveis nas quantidades e prazos de atendimento, têm condições

financeiras de suportar situações críticas, têm um preço competitivo e sempre buscam

melhoria junto a empresa contratadora (DIAS, 1993, p. 301).

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2.04 O fornecedor selecionado como parceiro

Estabelece-se um fornecedor parceiro quando existe uma confiança mútua muito

grande com seu terceiro, pois os recursos são usados em conjunto com os dados confidenciais.

Além disso a atividade participativa deverá ser constante na relação entre a montadora e o

terceiro. Essa participação deixará de ser apenas o contrato formal e sim uma integração e

interação por parte de ambos. Isso só é possível quando existe uma essência da terceirização e

uma evolução da situação tradicional de relacionamento com terceiros (QUEIROZ, 1998, p.

113).

Quadro 1: Posicionamento (antigo x moderno) Posicionamento conservador –

antigo

Posicionamento de parceria –

moderno

Custos são repassados Custos são administrados

Riscos Segurança

Política do ganha-perde Política do ganha-ganha

Ganhos de curto prazo Economia de escala

Postura defensiva Postura pró-ativa

Acomodado Empreendedor

Fonte: Adaptado de QUEIROZ, Carlos A.R.S. Manual de terceirização, 1998, p.114

2.05 Sistema de controle de Estoque

A principal finalidade de se ter um estoque na empresa é evitar que haja uma

descontinuidade no processo produtivo por falta de matéria-prima.

Basicamente poderá ser solucionado estocando-se o máximo possível de materiais.

Porém, isso constitui uma solução totalmente impraticável econômica e fisicamente.

Por isso uma das preocupações atuais das empresas é dimensionar o estoque,

constituindo um desafio à logística em reduzir os estoques sem afetar o processo produtivo e

no aumento do custo do estoque (DIAS, 1993, p. 114).

Em épocas anteriores para amenizar estes problemas utilizavam-se fórmulas clássicas:

cálculo do lote econômico. Se baseavam em 2 perguntas básicas: quanto e quando ? Para os

dias atuais esse conceito não é adequado pois considera-se os recursos das empresas ilimitado

e abundante. Um caminho totalmente oposto à globalização.

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Existem vários sistemas de controle de estoque, alguns deles são simples e outros mais

sofisticados. Mas, basicamente são divididas nos seguintes modelos (DIAS, 1993, p. 115):

• Sistema de 2 gavetas: é mais simples, utilizado para controlar estoque em

comércios varejistas de pequeno porte. Possui a vantagem de diminuir o processo

burocrático de reposição de material;

• Sistemas dos máximos e mínimos: é baseado em reposições de quantidades fixas.

Para isso são determinados consumos previstos, o ponto de pedido e o tamanho do

pedido. A vantagem é poder automatizar uma parte do processo;

• Sistemas de revisões periódicas: o material é reposto periodicamente em ciclos de

tempo iguais chamados períodos de revisão. A maior dificuldade seria determinar

esse período de revisão;

• Sistema de planejamento das necessidades de materiais: é um sistema mais

complexo, pois envolve planejamento das necessidades dos materiais. Integram

funções de planejamento empresarial, previsões de vendas, planejamento de

recursos produtivos, programa mestre de produção, entre outros tipos de

planejamento. Esse sistema é denominado de M.R.P. (Material Requirements

Planning – Tradução: Cálculo da Necessidade de Materiais.)

Apesar de existirem esses sistemas, a empresa ainda não se livrou das desvantagens de

ter um estoque.

As principais desvantagens são descritas a seguir:

• Qualquer erro na gestão de estoque gera prejuízos por isso há uma importância

grande em ter controle severo de estoque;

• O estoque em uma empresa esconde vários problemas: previsões imprecisas,

fornecedores não confiáveis, problemas da qualidade e problemas de relações

industriais (CHRISTOPHER, 1999, p.167). Pode ser comparado como um navio

que navega em superfícies de pedras pontiagudas no fundo do mar. Não será

problema ao comandante do navio pois, enquanto o nível do mar for alto, ou seja,

estoque for alto, os problemas de ineficiência e administração (pedras

pontiagudas) nunca aparecerão;

• O estoque influencia na rentabilidade de uma empresa pois, absorve todo o capital

que poderia estar sendo investido de uma outra forma. Em suma o capital de giro é

afetado.

Este último item tem um peso grande na montadora tornando um dos fatores principais

para a empresa terceirizar o processo. Além disso para manter um estoque existe um sistema

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de atividade de apoio. Esse sistema não é simples, tem um custo e envolve algumas áreas.

Essas atividades suportam as atividades primárias do controle de estoque como um todo

(BALLOU, 1993, p. 26).

Isso tudo sem mencionar na utilização do espaço na estocagem que varia enormemente

tanto em tamanho do lote quanto na modalidade de estocagem. As perdas geográficas ainda

são influenciadas pelas: interferências de construção, corredores de tráfego e de estocagem

(KIND, 1998, p. 8).

Manuseio de

Materiais

Embalagens de

Proteção

Obt

ençã

o

Armaze

nagemManut. de

informações

Pro

gram

ação

do P

rodu

to

Manut. de Estoque Proc. de Pedidos

Transportes

Nível de Serviço

Figura 1 – Relações entre atividades logísticas primárias e de apoio/nível de serviço almejado. Fonte: Ballou R.H. Logística Empresarial, 1993, p. 26

Para haver um controle melhor do estoque, as empresas realizam o inventário. Tem

como finalidade atender as necessidades da administração quando se pressupõe que algo não

inspira confiança no controle dentro da organização da empresa.

Existem basicamente 3 tipos de inventários (GURGEL, 1996, p.55). São eles:

• Determinação de Consumo: comparação do estoque inicial com o levantamento

dos materiais existentes em estoque. Isso determina o consumo da empresa neste

período;

• Confirmação: uma espécie de auditoria para haver um confronto entre os números

do controle de consumo histórico com o valor das requisições;

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• Rotativo: serviço permanente para almoxarifados de grande valor com uma

rotação muito grande. Realiza-se a confirmação e controle de existências físicas e

é útil quando se deseja controlar melhor a execução de um programa de produção.

Para realizar um inventário, a empresa deverá se planejar bem pois essa tarefa

constitui uma complexidade alta tanto na execução como no seu próprio planejamento. E não

poderá ser subestimado sobre a sua importância na organização.

São esquematizados métodos para que os inventariantes sejam treinados para executar

de uma melhor forma possível o levantamento. Alguns pontos deverão ser levados em conta

para serem providenciados na execução do inventário (GURGEL, 1996, p.56). Esses itens

são:

• Condições dos almoxarifados, se serão ou não fechados;

• Data de início e término do inventário;

• Divisões de áreas por categoria de produtos;

• Determinações de sistemas de contagens;

• Ficha de inventário;

• Designação de chefe de inventário e chefe de área;

• Nomeação dos “controladores da contagem”;

• Disposição de técnicos para auxiliar na identificação dos itens em estoque;

• Indicação do responsável pelo fechamento e sua conferência;

Com a posse do documento realizado pelo inventário, a administração irá tomar as

suas respectivas providências corretivas para evitar que a situação de estoque excessivo volte

a prejudicar a empresa, principalmente pelo fato que isso imobiliza importantes recursos do

caixa. As principais causas que podem levar esse acúmulo de materiais sem utilização podem

ser (GURGEL, 1996, p.57):

• Especulação: compras especulativas, gerando o acúmulo de estoque por falha de

controle e no momento da percepção deste problema o material poderá estar

inutilizado;

• Descontinuidade: quando a área comercial descontinua um item produzido sem

realizar o balanço de materiais, podendo o almoxarife estar repleto desse material

específico sem utilidade;

• Reposição: armazenamento em alto volume com alegação que serão necessários

materiais para o atendimento do serviço de assistência técnica. Esse volume

poderá ter chance de nunca ser utilizado.

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2.06 Just-in-Time

Com a necessidade de melhoria no aspecto do estoque dentro da empresa surgiu a

filosofia do Just-in-Time (JIT) . Essa filosofia foi desenvolvida no Japão (década de 70),

especificamente na empresa Toyota Motor Company, e consiste em administrar o processo

produtivo otimizando ao máximo o controle do estoque (CORRÊA, 1996, p. 56).

O JIT em termos gerais representa um conjunto de técnicas de administração da

produção na qual inclui os seguintes aspectos: administração de materiais, gestão de

qualidade, arranjo físico, projeto do produto, organização no trabalho e gestão de recursos

humanos. É um sistema ativo pois questiona e incentiva melhorias das características do

processo, não aceitando passivamente os problemas que um processo possa apresentar.

Esta filosofia tem por objetivo a melhoria contínua de um processo produtivo. Como

conseqüência, há uma redução de estoques, os quais tendem a camuflar problemas citados

anteriormente. A redução basicamente será nos lotes de produção e compra (CORRÊA, 1996,

p. 61).

Há uma necessidade de ter estoque na empresa mesmo se utilizando dessa filosofia,

mas com certeza absoluta o estoque será mínimo se comparado ao sistema tradicional.

O JIT apresenta algumas limitações e estão ligadas à flexibilidade de faixa do sistema

produtivo, no que se refere à variedade de produtos oferecidos ao mercado e as variações de

demanda de curto prazo. É necessário uma demanda estável para conseguir um

balanceamento ideal de recursos tornando o fluxo de materiais contínuos e suave. Caso a

empresa não tenha uma demanda estável, poderá ser necessário a existência de estoque dentro

da empresa (CORRÊA, 1996, p. 99).

2.07 Kanban

Enquanto a filosofia do JIT envolve a melhoria em todo o processo produtivo, o

Kanban apenas constitui uma das ferramentas para auxiliar no controle de estoque. É

considerado como um dos elementos da filosofia japonesa e uma das ações que deve ser

implantada para iniciar o processo do JIT (MOURA, 1999, p.15).

“O nome Kanban significa na língua japonesa um tipo de cartão usado nos sistemas

antigos, para dar sinal a um ponto de fornecimento que deverá liberar certa quantidade de

material” (CHRISTOPHER, 1999, p.-168).

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Kanban nada mais significa que um sistema de controle do piso de fábrica. Transmite

informações da produção aos postos de trabalho interligados. A palavra Kanban em japonês

significa registro visível de controle de produção e inventário no piso de fábrica. Esse sistema

não é complexo e se utiliza apenas de um quadro e cartões (MOURA, 1999, p. xi).

O Kanban se utiliza da técnica de puxar: consiste em um sistema no qual uma certa

quantidade de estoque é mantida em cada fase e cuja reposição é ordenada pelo processo

posterior, na proporção que é consumida. Essa técnica emprega-se aos sistemas que são

opostos baseados na programação.

Basicamente esta ferramenta utiliza-se de um cartão que identifica a necessidade de

requisição de peças e um cartão idêntico ou semelhante que informa a necessidade de

produzir mais peças.

As finalidades do Kanban de uma maneira geral são (MOURA, 1999, p.22):

• Minimizar o inventário em processo;

• Minimizar a flutuação de estoque em processo, de modo a simplificar o seu

controle;

• Reduzir o lead time da produção;

• Evitar flutuações na demanda ou no volume de produção;

• Descentralizar a administração: os operadores se auto-controlam sua produção e o

estoque;

• Reagir rapidamente à mudança de demanda;

• Reduzir os defeitos de fabricação;

• Garantir a distribuição programada das ordens de produção e serviço;

• Evitar o excesso ou a falta de produção e entrega da peça;

• Acionar o processo de fabricação, apenas quando necessário.

Uma das vantagens mais perceptíveis no sistema Kanban é no sistema de processo da

fábrica. Os operários não precisam pensar e nem adivinhar qual é o programa de produção.

Simplesmente seguem os pontos de partida e a seqüência de cartões. É considerado aceitável

um pequeno estoque para que se tenha uma flexibilidade em atender a troca de seqüência de

operações ou mix de produtos. “O Kanban facilita os mecanismos de administração do

trabalho através do controle de informações e estoque, renovando a organização da empresa”.

(MOURA, 1999, p.29).

Por outro lado, existem pontos negativos quando se implanta essa filosofia na

empresa. O principal fator está relacionado com a mudanças de cultura para o pessoal da linha

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de produção. Geralmente qualquer novidade é recebida com uma certa reação igual ou até

negativa. O sistema Kanban também será afetado por esse tipo de comportamento. Para

evitar ou amenizar estes contra-tempos é necessário envolver todas as pessoas

comprometidas, desde a supervisão até as do piso de fábrica. Esse envolvimento corresponde

ao treinamento, as motivações e conscientização dessa melhoria e principalmente na

participação do processo (MOURA, 1999, p.147):

Um dos fatores que é imprescindível ao sistema Kanban é o cálculo do tempo de

Lead-time. O Lead-time significa o tempo de ressuprimento de um item, ou seja, o tempo

decorrido desde a colocação do pedido de compra até o recebimento do material comprado.

Esse tempo inicia-se desde a liberação da ordem de produção até o momento em que este item

estiver disponível no ponto de uso (CORRÊA, 1996, p. 110). Basicamente o Lead-time é

composto dos seguintes tempos: tempo de “set-up” , tempo de operação, tempo de cura e o

tempo de espera (MOURA, 1999, p. 94).

Existem além do Lead-time outras variáveis que interferem no sistema Kanban:

demanda diária, coeficiente de segurança ou estoque de segurança e capacidade do contenedor

(MOURA, 1999, p. 92).

E por final, a simples implantação da filosofia Kanban na empresa não elimina

problemas internos (exemplo: perdas no processo, falta de controle na produção,

desorganização na área produtiva). Por isso é errado considerar que esse sistema é a solução

de problemas em empresas que apresentam outros tipo de falhas. Este tonará somente viável

quando todo os funcionários participantes se envolverem no processo.

2.08 Movimentação de Materiais

Consiste na movimentação em si da matéria a ser produzida. Na grande maioria é este

elemento que se move e se converge para o processo. Sem essa movimentação seria quase

impossível de se produzir este elemento.

Existem várias classificações que a movimentação de materiais pode receber. Dentre

elas destacamos: granel, cargas unitárias, embalagem, armazenamento, vias de transporte,

análise de dados (DIAS, 1993, p. 199).

Para que a movimentação não interfira muito no custo do inventário deverá basear-se

nas reduções de custos da mão-de-obra, de materiais e de despesas gerais.

Além das reduções, é indispensável analisar a capacidade produtiva, as condições de

trabalho e a distribuição dos produtos estocados (DIAS, 1993, p. 204).

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Por final temos as inúmeras formas do material ser transportado:

• Transportadores: correias, correntes, roletes;

• Guindastes, talhas e elevadores: guindastes, ponte-rolante, monovias;

• Veículos industriais: tratores, empilhadeiras, trailers;

• Equipamentos de posicionamento: plataforma fixa ou móvel;

• Containers e estrutura de suporte: vasos, tanques, estrados, pallets.

Os equipamentos de movimentação deverão ser selecionados obedecendo-se a um

plano geral de administração do fluxo de materiais, para que no final do investimentos atenda

todas as necessidades da empresa. Deve-se evitar aquisições isoladas de uma seção,

principalmente quando o equipamento for de uma marca ou tipo diferente das demais. E por

final é necessário que se desenvolva um plano geral de fluxo de materiais para que, dentro de

uma determinada diretriz, a organização possa adquirir equipamentos um a um, melhorando

assim a produtividade da empresa (GURGEL, 1996, p. 32).

De uma maneira mais genérica pode-se, por uma primeira aproximação, classificar as

características de cada movimento e melhor equipamento para ser utilizado.

Quadro 2 – Características dos movimentos e tipos de equipamentos.

Equipamentos

Programação repetitiva Monovia

Programação Aleatória EmpilhadeirasFluxo contínuo de

materiaisCorreia Tranportadora

Fluxo intermitente de materiais

Tratores para movimento horizontal

Distâncias curtas e frequentes

Empilhadeiras

Distâncias longas e sistemáticas

Comboios tracionados por tratores Industriais

Interno Empilhadeiras elétricas

Externo Tratores movidos à GLP ou diesel

Horizontal Tratores industriais

Vertical Elevadores de cargas

Manual Paleteiros

Motorizados Empilhadeiras e tratores industriais

Direção do fluxo

Acionamento

Roteiro

Características do Movimento

Freqüencia de Movimentação

Distâncias Percorridas

Ambiente fabril

Fonte: Gurgel, F. do Amaral, 1996, p. 33.

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A movimentação de materiais também depende do lay-out do fluxo do processo. Se a

área produtiva e de estocagem não possuir um lay-out otimizado influenciará negativamente

nos custos e tempos da movimentação do materiais.

Deve-se analisar o processo com um todo (desde a saída do material do fornecedor até

o ponto de uso) para encontrar uma melhor movimentação de material. Estudá-lo

isoladamente não é aconselhável.

Para administrar todas essas movimentações existe o departamento de logística. Esse

departamento é divido em 3 setores básicos (Gurgel, 1996, p.34):

• Logística de Abastecimento: atividade que administra o transporte do fornecedor

a empresa, o descarregamento no recebimento e o armazenamento das matérias-

primas. Estrutura a modulação de abastecimento e de embalagens de materiais.

Administra o retorno da embalagem e toma decisões junto com o fornecedor para

mudança no sistema de abastecimento;

• Logística de manufatura: atividade que administra o abastecimento dos postos de

trabalho (conformação e montagem) segundo as ordens e cronogramas de

produção. Desova peças do almoxarifado para linha de montagem como também

desloca os produtos acabados para o armazém de materiais prontos;

• Logística de distribuição: administra o centro de distribuição, abastece a área de

separação de pedidos, controla expedição, transporta cargas entre fábricas e centro

de distribuição e coordena roteiros de transporte urbano.

2.09 Embalagens

Um dos principais aspectos no ciclo logístico é a embalagem. Pode ser divido em

quatro classificações (MOURA, 1998, p.29):

• Primária: aquela com que contém o produto;

• Secundária e Terciária: que promove a distribuição do produto;

• Quaternária: que permite movimentar, armazenar e transportar.

A embalagem em termos logístico significa o meio no qual se protege o produto

durante todo o transporte e estoque da peça, além disso tem a função de envolver e conter o

produto. É um sistema integrado de materiais e equipamentos que tem por objetivo levar o

produto na mão do consumidor final, e utiliza canais de distribuição, métodos de uso e

aplicação do produto (GURGEL, 1996, p. 26).

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Para se projetar uma embalagem exige-se uma integração de arte e ciência, pois são

necessários conhecimentos de resistências de materiais, fluxogramas, logística, fabricação,

movimentação de materiais, design, cromotrografia, transporte e mercado, além disso é

necessário o uso do bom senso e da criatividade.

A embalagem é de grande importância tanto quanto o produto, pois se não houver

engenharia simultânea trabalhando nos dois aspectos haverá desperdícios durante o transporte

e armazenagem do produto. A embalagem deverá ser projetada de forma a ter bloqueio,

escoamento ou amortecimento. Deverá resistir às condições do tempo e ter reforços externos

(proteção do produto) e marcação para identificação do conteúdo. E por final, deve-se criar

embalagens recicláveis ou reutilizáveis para evitar problemas ecológicos (MOURA, 1998, p.

29).

Existem basicamente 3 tipos de embalagens (GURGEL, 1996, p.52). O almoxarifado

deverá ter o cuidado de examinar a embalagem que recebe e saber identificar os tipos de

fornecimento. Os 3 tipos são:

• Embalagens compradas: pertencem à empresa, pois foram debitadas pelo

fornecedor. Estabelece-se um plano para reutilizar essas embalagens.

• Embalagens a devolver: pertencem ao fornecedor, pois não foram incluídas no

preço de compra. Deverão ficar armazenadas em local próprio e os documentos

fiscais de devolução estarem prontos para o próximo fornecimento.

• Embalagens sucatas: sem reaproveitamento e deverão ser recuperadas na forma

de sucata aproveitando a matéria-prima no qual foram confeccionados.

O almoxarifado deverá organizar os depósitos de embalagens para uma melhor

conservação evitando assim débitos à empresa por não devolução de embalagens de

fornecedores. Além disso, exige um serviço de conservação para manter ou elevar o valor de

revenda. A empresa no futuro poderá gerar uma receita adicional resultante dessa venda de

embalagens usadas (GURGEL, 1996, p. 53).

2.10 Linha de Montagem

Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, criou a linha de montagem móvel e

por meio disso estabeleceu o padrão de organização no processo produtivo que mais tarde se

tornaria universal (MAXIMIANO, 2000a, p.58). Até o começo do século XX, a atividade industrial era dominada pelos métodos

artesanais. Um automóvel era fabricado da mesma forma como ainda hoje se

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constrói uma casa. A produção artesanal é custosa e demorada. Quando há um

grande mercado potencial ansioso por uma grande quantidade de produtos de baixo

custo, produzidos rapidamente, o artesanato é desvantajoso. Esse era um dos

ingredientes do contexto que impulsionou a produção em massa, que é,

essencialmente, a fabricação de produtos não diferenciados em grandes volumes

(MAXIMIANO, 2000a, p. 58).

Henry Ford para atender a grande demanda de produção de carros, teve que aplicar

princípios fundamentais da produção em massa (MAXIMIANO, 2000a, p.58). São eles:

• Divisão de trabalho (da mesma forma que Adam Smith observou no século XVIII)

é processo de fabricar um produto dividido em partes. Nesse sistema de produção

em massa cada pessoas tem uma tarefa fixa de montar ou fabricar apenas uma das

partes do todo. Essa divisão de tarefa resulta na especialização do trabalhador pois

realiza apenas uma tarefa fixa para qual foi designado.

• Fabricar peças e componentes padronizados e intercambiáveis. Portanto cada peça

ou componente pode ser montados em qualquer parte do sistema ou do produto

final. Nenhuma peça ou produto deverá ser produzido apenas um determinado

produto específico.

Ford já utilizava esses princípios em seus primeiros modelos de carro. Henry aplicou

em 1912 uma linha de montagem, sem mecanização, em sua fábrica de motores, radiadores e

componentes elétricos (MAXIMIANO, 2000a, p. 58).

Quando se fala em uma linha de montagem, estabelece que o trabalhador irá ficar

numa posição fixa para executar uma tarefa única. O produto então se locomoverá ao longo

de todo processo em forma sequenciada de tarefas, também realizadas por outros operadores

em posição fixa. “Conforme o produto avança de uma posição a outra, vai sendo

progressivamente construído.” (MAXIMIANO, 2000a, p.59).

Em 1914, Ford implantou uma linha de montagem móvel e mecanizada de construção

de chassis. Essa linha proporcionou a Ford uma redução extraordinária no tempo de processo

de produção da peça: antes da implantação o processo levava cerca de 12 horas e 28 minutos e

após a implantação o tempo caiu para 1 hora e 33 minutos (MAXIMIANO, 2000a, p.59). A nova tecnologia também reduzia a necessidade de investimento de capital. A

velocidade maior na produção reduzia também os custos do estoques de peças à

espera de montagem. Melhor de tudo, quanto mais carros eram fabricados mais

baratos eles ficavam. Tudo isso incendiou a imaginação dos concorrentes

(MAXIMIANO, 2000b, p. 178).

Ford e os outros primeiros fabricantes de automóveis tiveram que desenvolver

soluções para os problemas de controle de qualidade, controle de estoques,

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administração de pessoa e etc., para fabricar eficientemente grandes quantidades de

produtos feitos de dezenas milhares de peças. Foi essa necessidade que criou o

ambiente propício para disseminação das técnicas da administração científica.

Posteriormente, esse mesmo contexto iria ensejar o surgimento das técnicas da

administração da qualidade (MAXIMIANO, 2000a, p.59).

2.11 Estudo de Caso

O estudo de caso a ser analisado, será a parceria criada entre um fornecedor de um

item (conjunto escapamento, nome fantasia) que compõem a montagem de um veículo auto

motor (carro) e seu cliente (montadora de veículos).

Será abordada a situação antes da implantação dessa parceria e uma situação hipotética

posterior. No primeiro caso o fornecedor estaria localizado fisicamente fora da empresa e no

segundo caso o fornecedor estaria presente fisicamente na fábrica.

2.12 Situação Anterior

O produto em estudo é denominado de conjunto silencioso traseiro, também conhecido

como nome fantasia de conjunto “escapamento”. O conjunto é composto de vários

componentes:

Conjunto traseiro

1. Conjunto do tubo de entrada;

2. Abafador intermediário;

3. Conjunto da calha;

4. Tubo intermediário;

5. Suporte de entrada do conjunto traseiro;

6. Conjunto silencioso traseiro;

7. Suporte de saída do conjunto traseiro;

8. Conjunto ponteira;

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30

5 6 7 8

1 2 3 4

Figura 2 – Componentes do conjunto traseiro do “escapamento”.

Fonte: Dados da empresa.

Conjunto primário

9. Conversor catalítico;

10. Tubo intermediário + suporte;

11. Tubo flexível + tubo de saída + flange;

9 10 11

Figura 3 – Componentes do conjunto primário do “escapamento”.

Fonte: Dados da empresa.

Os componentes do conjunto traseiro se encontram montados na peça. Para o estudo

do fluxo atual, o conjunto já está pronto para ser utilizado na linha de produção, sem

necessitar de qualquer mão de obra para montar as peças citadas.

2.13 Mix de produtos

A montadora fabrica basicamente dois modelos de carro: na versão station wagon

(nome fantasia do carro versão perua) e na versão hatch (nome fantasia das carrocerias que

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possuem 2 volumes). Nesses dois tipos de carros, existem vários modelos de conjunto

“escapamento” resultando num total de 16 tipos. Cada tipo com sua respectiva motorização e

acabamento.

Cada modelo apresenta uma particularidade tanto no acabamento externo (com

ponteira de escape ou sem), como nas suas características funcionais (mais ruidoso ou

menos). Além disso, como foi citado anteriormente, possui algumas dimensões particulares

para atender um determinado encaixe no motor , na região específica do coletor de escape.

É necessário disponibilizar todo os modelos de produtos para o consumo da linha de

produção e na pior das hipóteses dispor apenas nos modelos de carro de maior produção.

Deve-se lembrar que um número muito grande disposto na linha prejudica o lay-out do local

de espera de montagem. Esse problema tanto estaria relacionado com a taxa de ocupação

como o deslocamento que o montador de linha deverá obter do conjunto.

A presença de todas as peças é necessário devido ao mix de produtos. Na linha de

produção existe a possibilidade de montar tantos nos modelos de carros mais simples como

nos mais complexos. Existe uma possibilidade em manter o estoque somente daqueles carros

quer irão ser montados em um determinado período. Mas necessitaria de uma mão-de-obra

específica para a função tornando um custo alto para a logística, inviabilizando o processo.

2.14 Fluxo da linha de produção

Basicamente a montadora em estudo é divida em 4 grandes áreas: estamparia,

funilaria, pintura e montagem final.

Para haver um controle do programa de produção, existem em vários locais o controle

de informação utilizando a tecnologia da informação (TI). Essas informações são lidas por

meio de código de barra que está fixado na carroceria em uma plaqueta rebitada na região do

pára-choque dianteiro. Essas informações são armazenadas em um banco de dados

eletrônicos. Nesse sistema existem inúmeros dados sobre cada veículo produzido.

As principais informações que cada código de barra contém são:

• Listas de opcionais do veículo: estão armazenados nesse banco de dados, todos os

possíveis equipamentos de série e opcionais que este carro contém;

• Informações sobre status do produto: a data que foi prevista a sua produção, o

número de sua programação, em que ponto da fábrica se encontra o produto.

Além delas existem inúmeros dados que não serão abordados no trabalho por não

fazer parte do escopo.

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32

Existem vários pontos estratégicos da fábrica à coleta de dados. A leitura das

informações de cada carroceria é realizada pela caneta leitora de código de barra. Todos os

veículos que estão em processo de fabricação são obrigados a realizar a leitura em ordem do

fluxo da linha de produção.

Os principais pontos de leitura são: EB, AC, SD; (Figura 4).

12 H O R A S

E B A C S D

S E N T ID O D O F L U X OD E P R O D U Ç Ã O

48 H O R A S

R eg ião C rítica

Figura 4 – Tempo de produção no fluxo de processo de fabricação

Fonte: Elaborado pelo autor

Onde:

EB: é nesse ponto que se define a seqüência de fabricação. A programação da

logística da fábrica irá determinar a partir desse ponto o mix de produção.

AC: parte da estrutura de funilaria já se encontra montada.

SD: é o último ponto em que as informações do carro serão lidas antes de realizar a

montagem final da carroceria. Nessa situação a parte de funilaria e pintura já estão completas

só faltando receber acabamentos.

O trecho crítico corresponde um ponto fictício que corresponde ao tempo mínimo

necessário para requisitar peças quando houver mudança brusca de programação de mix. Esse

trecho varia conforme o Lead Time + tempo de não faturamento de cada material, no caso

específico seria tempo relacionado ao conjunto “escapamento”.

A dificuldade ocorre pelo seguinte fato: o ponto SD constitui a seqüência definitiva da

produção. A seqüência do mix dos produtos não poderá ser alterado em aspecto algum após a

carroceria ter passado pelo ponto, salvo se houver problemas gravíssimos a um determinado

veículo em produção, necessitando retirar o produto do fluxo do processo. Uma posição

qualquer antes desse ponto, existe a liberdade de alterar a seqüência de produção, caso haja

necessidade devido a algum problema.

O estudo focará apenas na montagem final onde a carroceria irá ser montada com os

acabamentos necessários, por exemplo: painel de instrumentos, bancos, pneus, conjunto

transmissão, conjunto “escapamento” entre outras peças.

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33

É exatamente na montagem final que o fabricante monta o conjunto “escapamento”. A

área da montagem final se encontra após o ponto SD.

O ponto SD pode-se dizer que constitui um ponto importante na coleta de

informações, pois com esses conjuntos de dados pode-se saber como se encontra a seqüência

da disposição dos produtos na linha de produção.

2.15 Embalagem

A empresa utiliza-se como embalagem racks de armazenamento tendo como

finalidade principal facilitar transporte das peças. Cada rack contém 32 conjuntos de

silenciosos do mesmo modelo. Possui características específicas de dimensionamento para

dispor de uma maneira melhor possível as peças dentro do rack, e facilita tanto a colocação

como a retirada do produto da embalagem. O transporte dessa embalagem é realizado por

empilhadeiras dentro da empresa

A única ressalva que fica a respeito da embalagem é sua dimensão. De formato

retangular 2,34 m por 1,17 m, tende ocupar uma área física de 60 m² estoque. Além disso

corredores estreitos dificultam o transporte da embalagem dentro da área fabril.

Cada embalagem foi projetada para suportar 04 racks empilhados.

2.16 Kanban na situação atual

Inicialmente a empresa deverá dimensionar o quadro Kanban antes de definir qualquer

tarefa a respeito de estoque. Esse dimensionamento seria quantificar em algumas variáveis

para otimização máxima do uso do quadro. As variáveis envolvidas basicamente são: no

número mínimo de embalagem, ponto de ressuprimento e a distância do fornecedor.

• Número mínimo de embalagem: é estabelecer um número mínimo de quantidade

de embalagens que irá compor o lote do kanban. Esse dado é em função do meio

de armazenamento (a embalagem em si) e do meio de transporte. O transporte do

fornecedor a empresa são realizadas por caminhões. Este tem a capacidade

máxima de 6 racks, constituindo no máximo 192 conjuntos por caminhão; • Ponto de ressuprimento: é o número mínimo de peças para que o estoque

comporte a linha de produção sem causar nenhuma parada devido a falta de peça.

Esse indicador fornece o valor no qual se deverá acionar o fornecedor dentro de

uma margem de segurança do estoque da fábrica;

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• Distância do fornecedor: essa variável é de grande importância, pois determina-se

o tempo mínimo em que se deve fazer a requisição. Se o requisitante não observar

esse aspecto poderá faltar suprimento na fábrica. A distância do fornecedor deve-

se levar em conta alguns aspectos como a faixa de tolerância de atraso na entrega. Descrição do fluxo logístico utilizando o quadro Kanban

A Figura 5 ilustra de um modo básico como funciona o fluxo logístico com o uso do

quadro kanban.

1

kanban

Linha de

Produção

- Consumo -

FORNECEDORFAX

TRANSPORTADORARACKCHEIO

RACKVAZIO

RESPONSABILIDADE DA EMPRESA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR

3

2

Figura 5 – Descrição básica do fluxo logístico Kanban

Fonte: Elaborado pelo autor

1 – Movimentação de materiais: racks cheios e vazios.

O rack que se encontra no armazém (estoque) será movimentado para a linha de

produção conforme a necessidade de consumo.

Essa necessidade geralmente é verificada observando na linha de produção se o rack se

está vazio ou cheio (freqüências de observação). Ou quando algum operador requisitar para os

operadores logístico (empilhadeirista).

A partir desse momento, o empilhadeirista buscará no armazém o rack cheio. Nesse

rack existirá o cartão Kanban. Esse operador colocará então o cartão em sua respectiva fileira

de cor (verde, amarela, vermelha) do quadro.

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35

Levará esse rack para a linha de produção, descarregará e voltará trazendo o rack vazio

para o armazém.

2 – Necessidade de reposição

Quando o operador logístico verificar a necessidade de requisitar os materiais, irá

contactar o fornecedor via fax (de uso exclusivo para um determinado fornecedor),

informando da necessidade de reposição de um determinado material.

Geralmente a requisição é feita quando o número de cartões Kanban atingem o

número calculado para otimizar o transporte.

Os dados são calculados a partir de informações como: dimensões do rack, quantidade

de peças por rack, quantos racks o caminhão pode transportar por vez, Lead Time e outras

variáveis indiretas.

Esse operador deverá ter a responsabilidade de evitar que os cartões invadam a faixa

vermelha (região crítica), pois nessa faixa o estoque de peças dentro da fábrica será

relativamente baixa, apenas o suficiente para o suportar o Lead Time do produto mais o

tempo de não faturamento. Se por algum evento ocasionar atraso na entrega, a produção

poderá ser prejudicada se não houver uma reprogramação no mix dos produtos.

3 – Transporte de cargas

Após o fornecedor receber o pedido, providenciará a cota de produção requisitada. Em

seguida a transportadora se encarregará de levar o material do fornecedor à empresa na

quantidade desejada.

Quando o caminhão chega à fábrica logo é caminhado para o seu box exclusivo de

descarga (box do fornecedor) tendo a prioridade total no portão de entrada da empresa

(GATE).

Após o caminhão ter estacionado em seu respectivo local, o caminhoneiro deverá ele

próprio descarregar o conteúdo. Para realizar a movimentação do material, utiliza-se uma

empilhadeira também de uso exclusivo para esse fluxo logístico.

Essas cargas deverão ser levadas para o local de armazém (estoque).

Os racks vazios, que deverão ser em mesmo número que chegou na empresa, serão

levados para fornecedor para que possa utilizar no transporte de um novo carregamento.

A Figura 6 ilustra o sistema funcional do quadro Kanban.

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36

Quadro Kanban

2

3

3

Quantidade de cartões para cada fileira

material Z material Ymaterial X Figura 6 – Quadro Kanban Fonte: Elaborado pelo autor

Cada cor da fileira do quadro representa uma função. O número de cores são sempre

em quatro e nas seguintes seqüências : azul, vermelho, amarelo, verde.

As respectivas funções de cada cor são:

• Azul: quando encontram-se cartões nessa fileira corresponde em dizer que estes já

foram requisitados ao fornecedor: é chamada de carga solicitada. O operador

logístico já realizou a comunicação através do fax. O número de cartões com seus

respectivos dados irá representar a quantidade necessária de materiais a ser

supridos.

• Vermelho: essa faixa tem a função de representar o nível crítico de estoque. Em

outras palavras significa materiais quase escassos dentro da montadora quando

esta fileira conter algum cartão. E se não houver o cuidado de enviar logo a

solicitação poderá haver falta peças para montagem dos veículos. Geralmente o

valor que contém nesta cor representa a quantidade de peças para durar todo o

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Lead Time do produto mais o seu horário de não faturamento. O Lead Time de

uma maneira mais genérica representaria o tempo de produção do produto mais o

tempo de transporte até a montadora (tudo na escala de horas). O tempo de não

faturamento significa a quantidade de horas em que o fornecedor não trabalha. Por

exemplo: se o fornecedor terminar o seu expediente de produção às 18:00 hs e

iniciar no dia seguinte às 06:00 hs, o seu tempo de não faturamento será de 12

horas (6 horas de 18:00 às 24:00 + 6 horas de 00:00 às 06:00). Em suma deve-se

evitar sempre esse nível crítico requisitando o material quando logo completar

determinado números de cartões na faixa amarela e verde;

• Amarelo e verde: cartões presente nestas fileiras representa que os produtos em

estoque são suficientes para dar continuidade a produção. Se a somatória dos

valores dos cartões (faixa verde+amarela) corresponder à carga de um caminhão,

deve-se fazer a requisição de materiais. Se o pedido for feito em menor número de

cartões não representará ao fornecedor um número otimizado para transporte da

carga (custo alto), mas se o número de cartões começar a ultrapassar o valor

otimizado para carga, os materiais disponíveis na montadora pode-se chegar no

nível crítico de estoque (falta de peças dentro do tempo hábil num mesmo

carregamento).

Os valores de cada faixa são calculados com o dimensionamento do quadro kanban,

determinando-se os valores de racks e/ou caçambas para cada fileira (verde, amarelo,

vermelho).

A premissa básica para esse dimensionamento é que o estoque deverá ser composto da

somatória dos valores das 3 faixas. Para a montadora em estudo, a quantidade de peças de

suprimento (no estoque) deverá ser suficiente para abastecer a linha de produção por

aproximadamente 2 dias.

Calculado o valor total do estoque subtrai-se esse número do valor da faixa crítica

(vermelha) e com o resultado obtido divide-se esse dado por 50% para as outras duas faixas

(amarela e verde). Com isso, o quadro poderá conter todos os números para dar o

encadeamento no processo logístico.

Exemplo de cálculo utilizando apenas um modelo de peça:

A variável Float significa em números de dias o quanto a montadora deverá ter peças

em estoque. Exemplo: um Float de ‘X’ corresponde a ‘X’ dias de peças em estoque.

Para o conjunto em estudo estima-se um Float de 2.

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38

A montadora produz 600 veículos ao dia de um determinado modelo de carro. Para

este veículo necessita-se de um conjunto silencioso (“escapamento”) específico para o

modelo. Então a necessidade será de 600 conjuntos/dia.

Para 2 dias de produção (Float de 2) será necessário 1200 conjuntos. O estoque deverá

conter no máximo 1200 conjuntos de silenciosos. Em número de racks (cada rack contém 32

conjuntos) corresponde aproximadamente em 38.

Por conseqüência o número máximo de cartões será de 38. Esse número corresponde

ao somatório das 3 faixas (verde, amarelo e vermelho).

A faixa vermelha será composta de Lead time + tempo de não faturamento: se o Lead

time for de 8 horas e o tempo de faturamento for de 10 horas tem-se no total 18 horas. Em 18

horas necessita-se de 450 conjuntos (600 conj x 18h/24h = 450 conj). Como cada rack contém

32 conjuntos, então o número de racks para 450 peças será de aproximadamente de 14.

Conclusão: na faixa vermelha deverá conter o número 14.

Dos 24 cartões restantes (38 total – 14 da faixa vermelha) será divida em 50% tanto

para a faixa amarela quanto a verde. Resultado: 12 para as 2 faixas.

O dimensionamento do quadro Kanban para este exemplo ficará: 39 cartões no total,

sendo 15 para vermelha, 12 para amarela e 12 para verde.

Esses números deverão estar escritos em suas respectivas cores no quadro.

O exemplo citado anteriormente refere-se apenas um modelo, devendo ser calculado

para outros modelos de silenciosos.

Todo esse cálculo é realizado pelo setor de logística da montadora, mais

especificamente o setor de planejamento logístico. E os dados são recalculados mensalmente

devido a programação do mix ser diferente mês à mês.

2.17 Operacionalização do sistema Kanban

Para o quadro funcionar dentro de todo o processo deverá haver um responsável na

logística operacional para verificar o andamento do quadro. Esse funcionário pertence à

empresa que realiza a movimentação de materiais: contratada somente para executar a

logística operativa da fábrica. O funcionário é treinado para não deixar o estoque atingir o

nível crítico e que todo o processo logístico operacional flua de maneira correta.

O procedimento operacional poder ser visualizado na Figura 7:

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39

INICIO

1

S

N

2

3 S

N

4 5

N

6

8

S

N

Legenda: 1 – Acabou peças do Rack na linha de produção ? 2 – Enviar o Rack vazio para área de armazenagem de Racks vazios.

Retirar um Rack cheio de peças do estoque. Colocar o cartão no quadro Kanban.

3 – Existe um número de cartões máximo na faixa verde ? 4 – Dispor o cartão na faixa verde. 5 – Existe um número de cartões máximo na faixa amarela ? 6 – Dispor o cartão na faixa amarela. 7 – O cartão irá ser colocado na faixa vermelha. A partir desse

momento, haverá uma urgência em fazer o pedido de requisição ao fornecedor.

8 – A quantidade de cartões são suficientes para completar uma carga de um caminhão ?

9 – Realiza-se a requisição de novas peças ao fornecedor. 10 – Coloca-se na faixa azul a quantidade de cartões requisitados pela

montadora. 11 – Quando o caminhão chegar a fábrica os cartões da faixa azul deverão ser recolocados nos Racks. Reinicia-se todo o processo voltando para o INÍCIO.

9

10

11

FIM

Figura 7 – Fluxograma do processo logístico Kanban. Fonte: Elaborado pelo Autor.

7

S

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40

Todo o encerramento do mês são recalculados os valores que influenciam diretamente

no dimensionamento do quadro Kanban. O cálculo mensal é necessário, pois há sempre uma

variação nos modelos que irão ser montados no mês seguinte. Se não proceder desta forma

haverá possibilidade de faltar peça no estoque da linha de produção.

2.18 Dificuldades encontradas com a utilização do quadro Kanban

Basicamente os problemas encontrados em todo o processo logístico desse sistema

podem-se dividir em 4 itens. São eles:

• Indisciplina: quando os operadores logísticos não estão totalmente treinados para

entender a importância da atualização do quadro, da necessidade em não perder o

cartão de controle no piso de fábrica e da falta de consciência em não seguir o

procedimento Kanban; com certeza a fábrica poderá ter excedente de estoque ou

pior ainda parar a produção por falta de peça;

• Mix de produção não programado: por vários problemas internos e externos, a

montadora se sente necessária em alterar o programa de produção do original em

um determinado momento (alterar o mix dos produtos programados). Se essa

alteração apresentar algum valor radical (o número programado que difere

totalmente do que acontece na linha de produção) poderá afetar o estoque. E

como a filosofia do Kanban rege em trabalhar com estoque mínimo, qualquer

mudança brusca fará que um determinado produto em estoque não seja o

suficiente para repor a linha de produção em um determinado intervalo de tempo.

Nos casos mais críticos nem o fornecedor poderá solucionar problemas devido ao

seu tempo de resposta;

• Problema de transporte e/ou fornecedor: sempre no cálculo da faixa crítica já se

prevê uma tolerância para evitar possíveis contra-tempos (problema de transporte

ou problema com a produção do fornecedor), mas em alguns casos extremos pode-

se ter um atraso na entrega pois o tempo de segurança estimado não foi o

suficiente para compensar essas perdas. Os atrasos mais relacionados nesse item

são: quebra de transporte, trânsito flui de uma maneira irregular, problemas com a

estrada, quebras de máquinas do fornecedor, problemas com set-up do

equipamento do fornecedor;

• Mau dimensionamento do quadro Kanban: se o número float determinado for

inadequado para suprir a necessidade de reposição de peças, o número de cartões

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será insuficiente para cobrir a demanda. Além disso, outras variáveis deverão ser

priorizadas. São elas: 1) quantidade de produtos por embalagem; 2) o número

embalagens por caminhões; 3) o tempo de viagem; 4) o tempo de produção do

fornecedor e a taxa de consumo da montadora.

2.19 Ferramentas para auxiliar o processo logístico Kanban

Para facilitar o cálculo e agilizar o fluxo logístico, a montadora se utiliza de algumas

ferramentas tais como:

• Planilha Excel: tem finalidade de calcular de uma maneira mais rápida o

dimensionamento do quadro. Além dessa facilidade, os arquivos da planilha

eletrônica padronizam os cálculos para vários outros fornecedores. Todos os

meses, devido a nova programação do mix de produtos, o departamento de

planejamento de produção dimensiona os novos valores do quadro;

• Aparelho Fax: de uso exclusivo do fornecedor tem como objetivo facilitar a

comunicação com o terceiro. Essa comunicação é para requisitar os materiais com

o fornecedor. Por ser exclusivo, diminui a possibilidade de não haver problemas

de comunicação.

• Fax de requisição: é uma folha padronizada, no formato do arquivo Excel. Esse

papel seria propriamente dito para requisição em si. Por ser padronizada também

facilita-se a criação de um padrão para outros fornecedores. Essa requisição

apresenta dados básicos o suficiente para facilitar o fornecedor na interpretação do

pedido.

2.20 Fornecedor e transporte de cargas

Atualmente o fornecedor de peças tem sob responsabilidade contratar a transportadora.

O motivo é focar apenas no seu objetivo principal: a produção do conjunto “escapamento”.

O fornecedor de peças trabalha com RELEASE, um número calculado e disposto da

montadora ao fornecedor via sistema mostrando o direcional sobre a produção mensal e a

quantidade de peças que deverá ser entregue. Essa produção inclui o mix do mês.

Além disso, o quadro Kanban dará de uma forma mais precisa a necessidade do

momento.

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E por último realiza-se um Follow-UP para reajustar a produção do fornecedor

conforme a virada do mix.

O fluxo logístico segue a seguinte seqüência:

Quando há necessidade de reposição de materiais a montadora requisita através de um

fax exclusivo a quantidade de peças necessária para repor o seu estoque.

O fax é enviado ao fornecedor. E somente será carregado no transporte a quantidade

do modelo de peças indicado no fax. O número de racks que será transportado na ida deverá

ser da mesma quantidade do número de retorno. E as embalagens são de exclusividade para o

conjunto “escapamento” (foi adaptado a sua dimensão), e serão descarregadas e carregadas

utilizando-se empilhadeira.

Após o carregamento no caminhão da transportadora, o veículo se dirigirá para a

montadora. A distância que irá percorrer será de aproximadamente 200 km.

Chegando na fábrica, o caminhão terá prioridade na portaria (GATE) facilitando a sua

entrada. Para os fornecedores que utiliza o quadro Kanban não existe a fila de espera na

entrada da portaria.

Dentro da montadora o caminhão deverá ser descarregado em um box exclusivo do

fornecedor. O próprio motorista utiliza uma empilhadeira para realizar a descarga.

Após o processo de descarregamento, o motorista deverá repor a mesma quantidade de

racks cheios com os racks vazios dentro do caminhão.

Os cartões que se encontravam na faixa azul do quadro Kanban deverão ser postos em

cada um dos racks (para cada rack, coloca-se apenas um cartão).

E finalmente a transportadora se dirige novamente para saída da portaria, retornando

ao fornecedor.

A comunicação é importante, e geralmente utiliza-se um telefone celular do motorista

para comunicar qualquer falha durante o transporte. Essa falha geralmente irá causar um

atraso na entrega. Em sistemas mais sofisticados se utiliza do aparelho “Sistema Global de

Localização” (GPS).

As principais desvantagens do atual sistema logístico de transporte de materiais:

• Poder de negociação: como o fornecedor é uma empresa de menor porte e de

menos recurso se comparado a uma montadora, torna-se difícil uma negociação

mais vantajosa para o fornecedor. Se a montadora realizasse essa negociação,

poderia ter uma grande possibilidade em obter uma vantagem no preço. Em outras

palavras a montadora tem um poder melhor de negociação;

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• Carregamento não otimizado: a transportadora desse material somente leva esse

conjunto “escapamento” para a montadora, portanto não há nenhuma possibilidade

em carregar outro tipo de material. Isso prejudica no aspecto da otimização do

transporte de carga pois, poderia aproveitar a trajetória do caminhão para realizar

carregamentos de outros tipos de materiais;

• Inventário: em alguns casos o controle do inventário é dificultado pelo próprio

carregamento do fornecedor. Geralmente esse problema ocorre quando o

fornecedor tenta aproveitar melhor o carregamento, colocando mais materiais do

que somente o requisitado. E como na montadora há uma dificuldade em controlar

esse excesso de materiais (não há tempo hábil e mão de obra específica para esse

problema) torna-se difícil em obter uma precisão quanto ao inventário da fábrica.

Com a adoção do fornecedor como parceiro trabalhando dentro da fábrica tem a

tendência de acabar com esses problemas, pois esse fornecedor estará encarregado de

transportar a matéria-prima para dentro da fábrica como também a responsabilidade de cuidar

do seu próprio inventário, hoje controlada pela montadora.

2.21 Estoque

Toda a quantidade de matéria-prima armazenada no estoque foi dimensionada pelo

quadro Kanban. Esse valor é suficiente para manter o fluxo de materiais sem haver falta ou

excesso de materiais na montadora.

Tanto a falta de material, que gera atraso na produção (improdutividade), quanto o

excesso de estoque (capital parado), a empresa deverá minimizar os dois efeitos, encontrando

um ponto de equilíbrio entre as duas variáveis.

O fluxo logístico utilizando o quadro Kanban não elimina por completo os problemas

que um controle de estoque tem, no caso em particular da montadora, apenas diminui.

Pelo processo atual é necessário disponibilizar espaços físicos para armazenar as

peças. Os racks foram projetados de forma que possam ser empilhados otimizando a taxa de

ocupação.

É necessário uma área de 60 m² para armazenar todos os conjuntos escapamentos (os

16 modelos disponíveis) no estoque.

Da área de onde se localiza os materiais no armazém até a linha de produção, a

distância a ser percorrida pela empilhadeira é cerca de 70 metros.

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Além da variável da distância, um outro fator que é de extrema importância na

movimentação de materiais é o tempo de ocupação do uso da empilhadeira. Para otimizar ao

máximo o transporte de peças utilizando empilhadeiras, as seguintes variáveis deverão ser

observadas: a embalagem (rack), o lay-out do armazém e o trajeto a ser percorrido.

• Embalagem: quando é muito pequena aumenta a freqüência de abastecimento,

quando é muito grande dificulta o seu transporte. No dimensionamento dos racks

deverá ser levado em conta a largura dos corredores da trajetória das

movimentações de materiais;

• Lay-Out: além da área de armazenamento, deverão existir corredores largos para

que as empilhadeiras possam ser manobradas sem nenhuma dificuldades. Esse

grau de liberdade é para facilitar principalmente a retirada de racks empilhados no

armazém;

• Distância a percorrer: distâncias longas tornam o transporte improdutivo (aumenta

o tempo e o custo do deslocamento).

Todo o processo de movimentação de materiais do armazém à linha de produção são

realizados por uma empresa terceirizada, que é responsável por todo o processo operacional

logístico da fábrica.

Por final, ressalta-se que o estoque de uma forma geral esconde a ineficiência que uma

fábrica possa ter. Esse será um dos fortes itens que a empresa irá atacar com a criação dessa

nova parceria.

2.22 Linha de produção

Quando o conjunto “escapamento” se encontra na linha de produção haverá um

consumo deste material conforme a necessidade. Estão dispostos para o consumo todos os 16

modelos de escapamentos.

A necessidade de reposição de materiais na linha é verificada por 2 métodos: quando o

operador notar que um dos racks está com poucas peças ou totalmente vazio notifica ao

empilhadeirista; ou quando o próprio empilhadeirista reabastecedor notar que uma das

embalagens está acabando ou está vazia.

Esse procedimento possui algumas desvantagens dentre os quais citam:

• Desatenção: se o operador ou empilhadeirista não observar que um rack está quase

vazio ou sem peças, poderá ocasionar um atraso de entrega no próximo ciclo de

reabastecimento, prejudicando o empilhadeirista (ele deverá abastecer o mais

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breve possível para não faltar peças na linha de produção) e operador (ele poderá

atrasar na montagem do “escapamento” no veículo e, na pior das hipóteses, deixar

de montar no veículo);

• Excesso de peças: para evitar que o problema anterior ocorra com freqüência, o

empilhadeirista, por comodidade, poderá dispor o excesso de racks na linha,

prejudicando o lay-out do local sem necessidade.

Para evitar qualquer um dos problemas acima é necessário que haja uma boa disciplina

entre o operador logístico e o montador, e que o reabastecedor sempre tenha uma freqüência

em analisar como está o abastecimento de peças na linha.

Em todo esse processo de reabastecimento não existe um seqüênciamento de

disponibilidade de peças para a produção.

A ausência desta seqüência implica em disponibilizar na linha de montagem todos os

modelos de “escapamento”.

Como o processo atual não leva o fato da seqüência do mix de produção, não é

possível saber quando um determinado modelo de “escapamento” será utilizado na montagem

de um veículo; daí a necessidade de ter pelo menos 1 rack para cada modelo na linha de

montagem, ou seja 16 racks no mínimo.

Além dessa desvantagem citado anteriormente existe mais um agravante: como as

peças irão ocupar um espaço considerável, o operador deverá deslocar-se muito para obter as

peças do rack e levá-las até os veículos. Se levar em conta a quantidade de veículos em que o

montador trabalha no seu turno, pode-se concluir que em boa parte do seu tempo disponível é

gasto somente em deslocamento. Esse deslocamento é um item que não agrega nenhum valor

sobre o custo de cada veículo. É um item que deverá ser analisado quando houver melhorias

na área, por exemplo, a criação dessa parceria com o fornecedor.

E por final, essa área ocupada pelos inúmeros racks poderia estar livre tanto para

ocupar futuramente com outro posto de trabalho, como também deixar o lay-out da linha mais

enxuto de peça. Convém lembrar que para haver um seqüenciamento são necessários custo de

investimento e mão-de-obra disponíveis para esta tarefa.

2.23 Montagem do conjunto escapamento

A correta montagem de um determinado modelo (dos 16 possíveis) de “escapamento”

num veículo é garantido com a leitura que montador realiza na IMON durante a montagem. A

IMON nada mais significa que Instrução de Montagem. É uma folha de papel que contém

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escrito todo os acabamentos (opcionais) do veículo. Para cada veículo existe 03 cópias dessa

folha, e os mesmos se encontram fixados em 3 pontos diferentes da carroceria. É dever do

montador ler para cada carroceria a ser montada a IMON. Nessa folha ele saberá qual dos 16

modelos de “escapamento” que irá colocar no carro.

E finalmente antes do operador realizar a montagem do “escapamento” no veículo,

realiza-se uma pré-montagem desse conjunto com uma peça chamada catalisador. Essa

operação é realizada numa bancada de montagem, pois facilita-se a ergonomia durante o

processo, além de possuir todas as peças e ferramenta necessárias para realizar a operação.

A Figura 8 ilustra a seqüência da operação de montagem

INÍCIO

LÊ IMON. LÊ A VERSÃO DO VEÍCULO

FIM DO CICLO

DESLOCA-SE ATÉ A PRÓXIMA CARROCERIA

DESLOCA-SE ATÉ O VEÍCULO A SER MONTADO. MONTA O COJUNTO NA CARROCERIA

DESLOCA-SE ATÉ A BANCADA. MONTA O CATALISADOR NO COJUNTO ESCAPAMENTO

DESLOCA-SE ATÉ A CAÇAMBA DE CATALISADORES E OBTÉM A PEÇA

DESLOCA-SE ATÉ A BANCADA. DISPÕE O COJUNTO SOBRE A BANCADA

DESLOCA-SE ATÉ O RACK DAQUELE MODELO. OBTÉM O CONJUNTO ESCAPAMENTO

Figura 8 - Fluxograma da seqüência de operação de montagem

Fonte: Elaborado pelo autor

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2.24 Situação Hipotética

A situação hipotética da montadora junto com o seu parceiro será a criação de um

grande relacionamento entre cliente/fornecedor. Essa parceria utilizará um contrato apenas

com um único fornecedor (single source) e em troca o parceiro se responsabilizaria por

completo controle de estoque de peças na montadora. Esse controle envolve todo os aspectos

como: quantidade de peças disponíveis, a movimentação de materiais, o controle financeiro

do estoque e administração do seu pessoal próprio.

• Quantidade de peças envolvidas: o fornecedor deverá controlar esse volume tanto

para sua fabricação interna (peças que serão montadas no conjunto) como a

disposição do conjunto “escapamento” para a linha de produção. Esse controle

estará ligado diretamente ao volume necessário que a montadora deseja;

• Movimentação de materiais: o controle logístico do fluxo de movimentação de

peças será realizado pelo fornecedor. Esse item envolverá: dispositivo de

movimentação de materiais, tempo e ciclo de reabastecimento interno (para

montadora) e externo (peças que irão compor o conjunto pronto) e seqüenciamento

de sua produção;

• Controle financeiro: constituirá o principal objetivo desta parceria. A montadora

deixará de comprar peças para o seu estoque e, utilizaria esse valor monetário em

outras diferentes aplicações;

• Administração do pessoal próprio: haverá uma necessidade de controle

administrativo devido a disponibilização de recursos humanos para compor a mão-

de-obra interna do fornecedor.

Além de tudo isso, o parceiro montará uma pequena empresa dentro da montadora.

Essa pequena empresa irá preparar e montar todos os modelos de conjunto “escapamento”

conforme a necessidade do uso. É por esse principal aspecto que se elimina a responsabilidade

da montadora sobre o estoque e o fornecedor deverá ter o controle em todos os aspectos

citados anteriormente.

2.25 Kanban na situação Hipotética

O sistema e o quadro kanban não serão eliminados, a única diferença será a

responsabilidade de administração do kanban. A montadora deixará de utilizar e responder

pelo sistema, passando para que o seu parceiro tenha a total responsabilidade.

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48

A justificativa do desuso por parte da montadora é a eliminação do estoque. Nesse

novo processo, o objetivo principal é a eliminação total de estoque de peça com o fornecedor

presente na fábrica. Entende-se que, apesar de fisicamente o estoque estar localizado dentro

da montadora, o foco principal do processo seria a administração: estaria sob a

responsabilidade agora do fornecedor, tendo a obrigação de dispor as peças no ponto de uso

da linha de produção.

O fornecedor utilizará o kanban para o seu controle logístico de matéria-prima

fornecido pela fábrica matriz, localizada em uma outra localidade.

Nesse novo conceito, o quadro não influenciará diretamente a montadora, fazendo com

que todas as desvantagens descritas anteriormente sejam equacionadas.

A vantagem principal, por parte da montadora, fica por conta da disponibilização de

recursos humanos administrativos em outras tarefas. Todo o trabalho do cálculo do quadro

kanban será de responsabilidade do terceiro.

E por final, haverá uma necessidade de uma reformulação no procedimento do cálculo

pois as necessidades da situação hipotética são diferentes como o quadro é utilizado

atualmente.

2.26 Local de instalação, lay-out e processo produtivo

A premissa básica do contrato entre a montadora e o fornecedor é disponibilizar o

parceiro toda a instalação necessária para operar essa pequena empresa dentro da área fabril

da montadora.

Entende-se por esta instalação as seguintes necessidades: pontos de alimentação para

energia elétrica, iluminação, ar-comprimido, tubulação de gás, sistema de exaustão, divisórias

e microcomputador.

Para compor o conjunto “escapamento” será necessário unir as peças com o processo

de solda, por isso justifica-se a necessidade da tubulação de gás no local do produto. Esse

processo não será detalhado pois, não fará parte do escopo desse trabalho.

As peças que irão compor este conjunto se localizarão na região periférica dentro da

área delimitada pelo projeto. Essa área estará limitada fisicamente pelas divisórias. Essa

divisão se faz pela seguinte funções:

• Evitar problemas com a legislação fiscal: qualquer peça de matéria-prima que

irá compor o produto final, não poderá estar localizada na região externa dessas

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divisórias, pois haverão problemas fiscais numa auditoria se esta norma não for

cumprida;

• Seguro: a empresa de seguro, que o fornecedor irá contratar, não cobrirá

eventuais danos da peças fora da área delimitada;

• Falta de controle: as peças poderão ficar perdidas dentro da área de produção

da montadora. Se limitando o estoque das peças dentro dessa área o problema

de falta de controle será eliminado.

Figura 9 – Lay-out básico do fornecedor dentro da área fabril da montadora

Estoque de peças em caçamba

Estoque de peças em

caçamba

Célula demontagem dos

primários

Célula demontagem dos

traseiros

Célula deSequenciamento

Sala deadministração

Estoque dosconjuntotraseiros

23 m

33 m8 m

12 m9 m

Saída de conjunto acabados

Entrada decomponentes

III

III

Fonte: Desenho adaptado pelo autor.

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De acordo com a figura anterior, observa-se que área disponível para o estoque será

toda a região periférica do espaço limitado. A quantidade de peças que irá compor o estoque

será definida pelo fornecedor e será controlada pelo sistema de quadro kanban (utilizando o

mesmo conceito que a montadora usa). Este quadro continua com forte influência no mix de

produção.

É importante lembrar que não há interesse por parte do fornecedor em manter o

estoque alto, devido aos mesmos motivos de desvantagens que a montadora tinha.

Conforme o lay-out existem basicamente 3 processos de produção dividido em células.

Essas células são divisões físicas (sem necessidade de paredes divisórias) de processo de

produção para uma melhor distinção de cada tipo de operação e, facilita na organização da

área e no próprio lay-out.

As 3 células são:

• Montagem dos primários (I): célula onde será montado o tubo dianteiro formado

pelos seguintes componentes: tubo intermediário, suporte, tubo flexível, tubo de

saída e flange;

• Montagem dos traseiros (II): montarão as seguintes peças nesta célula: conjunto do

tubo dianteiro, abafador intermediário, conjunto da calha, tubo intermediário,

suporte de entrada do conjunto traseiro, conjunto silencioso traseiro, suporte de

saída do conjunto traseiro e conjunto ponteira;

• Seqüenciamento (III): a função principal desta célula é seqüenciar o seu produto

produzido de forma atender a necessidade da produção da montadora.

2.27 Seqüenciamento da produção

Uma forma de reduzir o estoque é trabalhar conforme a seqüência de produtos na linha

de produção. A situação hipotética seria trabalhar dessa forma evitando assim o problema de

estoque da situação atual. Estes problemas estariam relacionados com:

• Excesso de peça: quantidade de peças disponíveis para ser utilizada na linha de

produção é alta. Como não há possibilidade de saber que seqüência de produtos

saem da linha, é necessário disponibilizar todo os modelos de peças, causando um

excesso de peças na área de produção. Isso acontece devido ao fluxo logístico

trabalhar dessa maneira;

• Área de trabalho: como conseqüência do problema anterior, o local de montagem

se encontra com pouco espaço disponível de sobra. Isso prejudica tanto o lay-out

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da área, como o deslocamento necessário do operador tem que realizar para obter a

peça;

• Movimentação de materiais: além de exigir uma maior quantidade de embalagens,

existe uma probabilidade maior das empilhadeiras realizarem mais movimentação

de materiais. O sistema atual exige que a movimentação seja executada por uma

empilhadeira devido a características específicas desta embalagens.

As Figuras 10 e 11 mostram a comparação em trabalhar seqüenciado, e não

seqüenciado.

Sentido do fluxo de produção

A B C C B A

A A

A A

A A

B B

B B

B B C C

C C

C C

Linha de produção

Área de espera de montagem (peça na embalagem)

Figura 10 – Peças não seqüenciadas na linha de produção.

Fonte: Elaborado pelo autor

Sentido do fluxo de produção

A B CCBALinha de produção

B A

C C

A B

Área Livre

ÁreaLivre

Área de espera de montagem (peça na embalagem)

Figura 11 – Peças seqüenciadas na linha de produção.

Fonte: Elaborado pelo autor

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2.28 Processo de seqüenciamento

Como já foi observado, o processo atual não existe um seqüenciamento, o operador

apenas sabe que irá montar no momento em que a carroceria estiver passando no seu posto de

trabalho.

No sistema atual, o seqüenciamento somente seria possível se houvesse um acréscimo

de mão-de-obra para realizar a função. Essa teoria estaria totalmente descartada uma vez que

foge por completo do objetivo da formação de parceria (redução de custos).

Para o caso hipotético, que envolve a parceria, existirá um sistema de informação de

dados eletrônicos denominado SINPRO (sincronizador da produção). Esse sistema consiste

em um banco de dados que é alimentado por vários pontos de leitura ótica. Esse banco de

dados está contido em um servidor (computador) que contém todo os dados de cada veículo, e

esse dados provém desses pontos de leitura (os códigos de barra fixados em cada veículo

contém esses dados).

O SINPRO além de conter todas essas informações, o sistema identifica qual é a

seqüência de produtos que estão dispostos na linha de produção. E por meio dessa

informação, obtido em uma impressora, a empresa fornecedora terá o conhecimento da

necessidade da produção. E de posse dessa informação apenas fabricará os conjuntos

necessários.

A BPonto

deLeitura

(1)

SINPRO Impressora

C B A C C ... B B A C

Sentido do Fluxo

(2)

(3)

CBACC

...

Lista

Linha de Produção

MontagemSequenciado do

conjunto“Escapamento”

C1

A1

B1

B1

Posto deMontagem

Embalagemnova

(4)(5)

(6)Circulante

LEGENDA:A,B,C = Modelos de veículos;A1,B1,C1 = Modelos de conjunto de peças, respectivamente para A,B,C.

Área do fornecedor

Figura 12 – Sistema de funcionamento do processo hipotético

Fonte: Elaborado pelo autor

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Conforme a figura anterior, o sistema funcionará da seguinte forma:

1) Todos os veículos que passam no ponto de leitura (1) disponibiliza a informação

para o banco de dados SINPRO (2). As leituras são feitas por meio de um

dispositivo ótico eletrônico e os dados estão armazenados no código de barra;

2) As informações processadas no SINPRO (2) serão analisadas e processadas de

forma a imprimir na impressora (3) toda a seqüência de produtos dispostos na

linha de produção;

3) Iniciará a montagem do conjunto (4) conforme a lista gerada na impressora (3);

4) Com os conjuntos de peças montados, o fornecedor irá dispor em uma embalagem

(5) nova configuração especialmente para esse projeto;

5) No ponto de montagem os conjuntos de peças estarão dispostos na mesma

seqüência da produção fazendo com que o operador monte-os no veículo. O ganho

obtido é ausência de inúmera embalagens na linha de montagem e a eliminação do

tempo de pré-montagem do catalisador (conversor).

O circulante significa a quantidade de carrocerias existentes entre o ponto de leitura e

o ponto de montagem. O tempo em que a carroceria leva a percorrer o ponto de leitura até o

posto de montagem (tempo de circulante) deverá ter um tempo maior que o tempo de

montagem do conjunto pelo fornecedor somado ao tempo de movimentação de materiais

necessários (transporte).

Para exemplificar o cálculo:

Tempo do circulante: 60 minutos para 50 carroceria percorrerem (figura 12) do ponto

(1) ao ponto (6).

Tempo de montagem de cada conjunto: 1 minuto.

Quantidade de peças por embalagem: 50 peças.

Para montar 50 conjuntos = 50 minutos.

Tempo para transportar a embalagem (movimentação de materiais): 8 minutos.

Então: 50+8 = 58 minutos para montar o conjunto e dispor na linha de produção.

O tempo de montar e o tempo de movimentar jamais deverão exceder o tempo do

circulante, pois se essa situação acontecer o fornecedor não estará suprindo o volume

necessário da montadora.

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Graficamente tem-se a seguinte situação mostrado na Figura 13:

Tempo de montagem doconjunto

Tempo do circulante

50 min 58 min 64 min

Tempo de movimentaçãode materiais

0

Figura 13 – Gráfico comparativo de tempos.

Fonte: Elaborado pela autor.

2.29 Movimentação de materiais

O grande diferencial da situação anterior com a hipotética será a embalagem. Da

embalagem atual nada se aproveitará, pois será desenvolvida uma nova versão que dispensará

o uso de empilhadeiras para realizar a movimentação. O transporte será realizado por veículos

de reboque uma vez que a embalagem irá dispor de conjunto de rodas.

As vantagens em se utilizar esse veículos sobre as empilhadeiras são:

• Menos poluentes: esses veículos são movidos a energia elétrica, portanto evita os

gases poluentes emitidos por uma empilhadeira;

• Tamanho físico: como é de menor porte, facilita-se a movimentação de materiais

entre os corredores, principalmente os mais estreitos;

• Mais silenciosos: como não funciona a motor combustão interna, a tendência é ter

um veículo com menor poluição sonora;

• Flexibilidade: se conjugada com outros tipos de embalagens poderá transportar

outros tipos de peças para um melhor proveito da movimentação, economizando

número de viagens e tempo.

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Essa nova embalagem é de um projeto no qual se otimiza muito no aspecto do

aproveitamento de espaço. Projetado especialmente para acomodar esse conjunto, é

racionalizada de tal forma que a movimentação de materiais (ciclo de reabastecimento) seja o

menor possível.

A B

(1)

C B B A C

Sentido do Fluxo

(2)

(3)

Linha de Produção

Posto deMontagemEmbalagem Cheia Área do fornecedor

B1 A1 C1

Embalagem Vazia

...

A1B1A1

A1

B1 C1 B1Reboque

LEGENDA:A,B,C = Modelos de veículos;A1,B1,C1 = Modelos de conjunto de peças, respectivamente para A,B,C.

Figura 14 – Movimentação de materiais no sistema hipotético

Fonte: Elaborado pelo autor.

Esse movimentação funcionará conforme a figura anterior:

1) O montador irá retirar os conjuntos de peças da embalagem cheia (1). Após uma

determinada quantidade de ciclo de montagem a primeira embalagem se esvaziará

obrigando a montadora a se utilizar da segunda embalagem;

2) O responsável pela movimentação se encarregará de repor a embalagem vazia por

uma cheia (2). Ele irá buscar um nova embalagem cheia na área do fornecedor (3).

Com o veículo reboque trará até o posto de montagem (ponto de uso) e rebocará a

embalagem vazia até a área do fornecedor para que o parceiro possa abastecê-lo

novamente.

São necessários 5 embalagens pelos seguintes aspectos:

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• Constitui uma quantidade mínima para que não haja uma interrupção no fluxo de

reabastecimento de materiais;

• Com 2 embalagens, não haverá falta na linha de produção de materiais para

montagem. Quando uma se esvazia, automaticamente o montador passa a usar a

outra embalagem cheia;

• Na área do fornecedor, essa quantidade de embalagem será mínima para não parar

o processo de montagem por falta deste.

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3 Metodologia:

Este trabalho será desenvolvido utilizando uma população com amostras acidentais

uma vez que não será necessário levantar uma quantidade grande de informações sobre a

população.

A amostra, no caso específico, será uma determinada peça que compõem o produto

final.

A observação foi sistemática, pois utilizou-se alguns parâmetros para analisar o

estudo. Essa observação será não participante e será do cotidiano. O autor não participa e irá

coletar informações de um ambiente não controlado (não serão dados provindos de

laboratório).

Não haverá entrevista prevista no trabalho. E os únicos dados que serão levantados

(em visita à área em estudo) farão parte do sistema logístico da empresa em estudo.

Basicamente o trabalho analisará, em termos logísticos, a movimentação de materiais e

observará o quanto a parceria poderá afetar no inventário da fábrica.

Por final o trabalho será baseado em uma metodologia explicativa, analisando-se um

estudo de caso de duas situações.

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4 Resultados Após a análise de dados de comparação da situação atual e da hipotética, pode-se

levantar alguns aspectos de vantagens e desvantagens na criação da parceria, e verificar como

se comporta a administração do processo de uma maneira geral.

Nas das tabelas 3 e 4 observa-se, como ficaria a responsabilidade da montadora e do

parceiro sob o ponto de vista da situação atual e hipotética.

Quadro 3 – Resumo da situação atual

M O NTADO RA PARCEIRO

Adm inistrar Estoque

Adm inistrar M ovim entação de

M ateriais Internam ente

Adm inistrar o quadro Kanban

Adm inistrar M ovim entação deM ateriais Externam ente

Fonte: Elaborado pelo autor

Quadro 4 – Resumo da situação hipotética

MONTADORA PARCEIRO

Disponibilizar infra-estrutura Administrar Estoque

Administrar Mov. de Mat.

Internamente e Externamente

Administrar o quadro Kanban

Disponibilizar equipamentos demovimentação de materiais

Fonte: Elaborado pelo autor

Verifica-se que a responsabilidade do parceiro aumentou: o fornecedor do conjunto

escapamento deverá controlar o estoque (tanto na matéria-prima como nos conjuntos

montados), a sua movimentação de materiais, a sua disposição no ponto de uso. Na situação

atual quem controla todos esses itens é a montadora. É por meio dessas trocas de

responsabilidades que a montadora obterá uma redução de custo em seu processo logístico.

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Além da análise sob o ponto de vista administrativo, levantou-se também alguns

aspectos positivos e negativos da situação atual e hipotética.

Conforme a tabela 5 e 6, observa-se que tanto para o lado do fornecedor (parceiro)

como da montadora, existem seus respectivos itens a favor e contra.

Quadro 5: Vantagens e Desvantagens da situação Atual

MONTADORA PARCEIRO

VANTAGENS

• Tem vários fornecedores:

barganha de preços e

segurança (vários

fornecedores)

• Não precisa administrar o

estoque da montadora

• Não precisa administrar o

Kanban

• Não precisa trabalhar

seqüenciado

DESVANTAGENS

• Controle de estoque

• Administrar o Kanban

• Pouco maleável a virada de

Mix

• Problemas no transporte

• Pode perder concorrência

com outro fornecedor

• Carregamento não otimizado

Fonte: Elaborado pelo autor.

Observa-se na tabela 5 que o fato positivo da empresa montadora ter vários

fornecedores para um único tipo de peça, constitui um elemento chave para negociação de

preços, pois essa situação favorece a competitividade entre os fornecedores fazendo com que

a montadora sempre possa ter a liberdade de escolha do produto com menor custo.

O problema fica por conta em controlar esse estoque na movimentação de materiais e

no controle financeiro, onde se exige da montadora um custo relativamente alto para manter a

funcionalidade do processo.

Por outro lado, o fornecedor não tem a preocupação sobre esse custo, mas possui uma

probabilidade alta ( ~100% ) de perder o seu cliente se não conseguir diminuir os seus preços

perante os seus concorrentes.

No sistema atual há uma baixa flexibilidade quando ocorre mudança brusca na

programação de produção. É necessária que haja uma retro-alimentação de informação para

evitar falta de peça na fábrica. O quadro Kanban não pode corrigir este tipo de problemas.

E por final, a montadora além de controlar o Kanban deverá se preocupar com o tempo

do transporte externo, onde sempre há uma possibilidade de ocorrer problemas durante o

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trajeto do transportador. Por isso o cálculo do tempo do transporte deverá incluir margem de

segurança evitando assim que a peça chegue com atraso na montadora.

Quadro 6: Vantagens e Desvantagens da situação Hipotética

MONTADORA PARCEIRO

VANTAGENS

• Maior área disponível na

linha de produção

• Deixar de controlar estoque

• Aplicar o recurso em outro

projeto

• Disponibilizar recursos

humanos para outras

funções

• Maior flexibilidade a virada

de mix

• Maior sinergia com o

fornecedor

• Garantia da renovação de

contrato

• Single source (fornecedor único

para este conjunto de peças)

• Maior rapidez para atender as

necessidades de adaptações

ou modificações da montadora

DESVANTAGENS

• Investimento alto com o

projeto

• Único fornecedor

• Estoque ainda fisicamente

dentro da área fabril

• Fornecer toda a instalação

• Possibilidade de falhas no

sistema TI (perda de

seqüenciamento)

• Possibilidades de problemas

fiscais por falta de

organização do fornecedor

• Controlar estoque

• Fazer processo seqüenciado

• Controlar o kanban

• Trabalhar conforme a

necessidade da montadora (ex:

Feriado)

• Problemas de alocação de

recursos humanos para a

montadora

• Responsabilidade em toda a

movimentação dos materiais

• Recebe o pagamento somente

em veículos produzidos e não

pelas peças produzidas

Fonte: Elaborado pelo autor

Quando a montadora deixa o controle de estoque, esta não se preocupará com a

disposição de peças na linha de produção, pois o parceiro agregará essa nova tarefa. Além do

mais, nesse projeto de parceria, incluirá o fornecedor trabalhando cadenciado (seqüenciado)

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de acordo com o fluxo de produção aliviando dessa forma uma maior área de disposição de

materiais na produção. Portanto trabalhando dessa forma a flexibilidade é maior em atender

qualquer mudança na programação de mix de veículos.

Apesar de se adicionar obrigações ao fornecedor, este terá a vantagem na renovação

do contrato, garantindo-o como único fornecedor (uma maior estabilidade ao relacionamento).

Para tanto e para que essa situação hipotética ocorra, o fornecedor deverá estar

presente na fábrica, produzindo o produto dentro da área fabril da montadora. Isso facilitará a

troca de informações com o fornecedor e melhora a sinergia entre ambos.

As únicas ressalvas de uma maneira genérica ficam por conta de um

comprometimento maior entre o fornecedor e montadora (o parceiro deverá trabalhar

unicamente conforme a necessidade da produção. Ex: feriado), e também a necessidade de

disponibilização de a área para a fabricação do produto.

Apesar dessas últimos itens não favoráveis, ainda existe vantagens tais como: trabalhar

sem estoque (vantagem para montadora) e ter garantia de vender o seu produto ao cliente

(vantagem para fornecedor).

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5 Conclusão:

As vantagens e desvantagens de uma parceria, baseiam-se não somente no aspecto

redução de custo mas também no aspecto funcional da empresa .

Portanto, deve-se avaliar as inúmeras variáveis que envolvam diretamente e

indiretamente o processo de formar ou não uma parceria, procurando sempre obter o melhor

relacionamento entre empresa / fornecedor. Para isso recomenda-se que, no início da

formação de uma parceria, em alguns itens trabalhe-se com uma margem de segurança que

alguns caso cheguem ao redor de 10%.

Entretanto de qualquer ângulo em que se faça a análise, o fornecedor deverá ser

avaliado sobre a sua capacidade de atender a demanda do seu parceiro, pois de nada adiantaria

essa parceria se este não puder suprir de produto o cliente.

Para tanto, a empresa deverá dispor ao seu parceiro todas as instalações necessárias

dentro da sua área fabril na obtenção do produto ( conjunto “escapamento”). Para isso será

necessário um planejamento adequado (desde a criação de um contrato bem elaborado até a

fase final de instalação) que leve todos os detalhes em consideração evitando mais tarde

problemas durante o fluxo de abastecimento.

Em uma visão mais macro, a parceria seria uma forma de reduzir o custo sem alterar o

processo de fabricação, onde por meio de acordo, o fluxo logístico e a administração da

movimentação de materiais mudariam de responsabilidade.

De uma maneira genérica, é sempre importante destacar os aspectos positivos e

negativos de uma parceria, para que se possa fazer uma reflexão. E dessa reflexão, realizar

uma analogia para outros projetos, podendo-se até criar uma metodologia para, em uma

primeira instância, verificar se há possibilidade de obter resultados positivos.

Embora na situação hipotética, neste trabalho, o número itens de desvantagens seja

maior do que das vantagens, alguns itens favoráveis apresentam um alto valor agregado que

poderá corresponder mais que uma somatória de itens desfavoráveis. Mesmo em uma parceria

bem elaborada é natural que haja alguns itens não propícios a ambas as partes ( Empresa /

Fornecedor) porém, poderão ser de ínfimos valores, fato que não validará a relação de

parceria.

Finalmente é importante destacar, que se existir uma correlação consistente, entre o

fornecedor e empresa, existirá uma grande possibilidade para que a parceria funcione. Esse

aspecto é importante pois a confiança mútua que existirá, fará com que e as diferença, de

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cultura organizacional e as diferenças de tecnologia, sejam a partir da parceria, equacionadas

e solucionadas por ambas as partes, o que irá engrandecer o parque industrial nacional.

Como sugestão, para um próximo trabalho, recomenda-se abordar os valores

financeiros que envolvam uma parceria e verificar por meio de ferramentas matemáticas qual

seria o tempo de retorno de investimento do projeto. E com esse valor obtido analisar se

realmente para os ambos os lados tem-se uma negociação do tipo ganha-ganha.

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