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V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC Brasil ______________________________________________________ Viagens Turísticas à Natureza: o Desafio do Planejamento com Vistas à Sustentabilidade Sinthya Pinheiro Costa (UFRN) Turismóloga, Mestranda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista CAPES. [email protected] Suely de Oliveira Pinheiro Costa (UFCG) Bióloga, Mestre em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande. Docente do Curso de Ciências da UFCG. [email protected] Resumo O turismo baseia-se em sua grande maioria em áreas naturais. Por isso necessita da preservação de tais áreas para sobrevivência da atividade. Além disso, pode-se dizer que o turismo tanto pode proporcionar a valorização do meio ambiente, quanto pode produzir sua degradação. Diante desses fatos, o presente estudo objetivou analisar a relação entre os fatores motivadores de viagens ao município de Natal/RN e as políticas elaboradas pela Secretaria Municipal de Turismo em relação a proteção ao meio ambiente. Como obetivos específicos temos: a) investigar se o fator meio-ambiente é levado em consideração quando se escolhe Natal como destino turístico; c) Avaliar o grau de importância dada ao meio ambiente pelos turistas nacionais; c) Propor um planejamento turístico orientado a sustentabilidade ambiental. Para tanto foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa com turistas nacionais na Praia de Ponta Negra Natal/RN. Conclui-se que 85% dos tutistas que vistam Natal a escolhem pelas belezas naturais e que o planejamento muncipal ainda não trata o meio ambiente como fator primordial. Palavras-chave: Planejamento Turístico; Meio Ambiente; Sustentabilidade.

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V Encontro Nacional da Anppas

4 a 7 de outubro de 2010

Florianópolis - SC – Brasil

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Viagens Turísticas à Natureza: o Desafio do Planejamento com Vistas à Sustentabilidade

Sinthya Pinheiro Costa (UFRN) Turismóloga, Mestranda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista

CAPES. [email protected]

Suely de Oliveira Pinheiro Costa (UFCG) Bióloga, Mestre em Recursos Naturais pela Universidade Federal de Campina Grande. Docente

do Curso de Ciências da UFCG. [email protected]

Resumo

O turismo baseia-se em sua grande maioria em áreas naturais. Por isso necessita da preservação de tais áreas para sobrevivência da atividade. Além disso, pode-se dizer que o turismo tanto pode proporcionar a valorização do meio ambiente, quanto pode produzir sua degradação. Diante desses fatos, o presente estudo objetivou analisar a relação entre os fatores motivadores de viagens ao município de Natal/RN e as políticas elaboradas pela Secretaria Municipal de Turismo em relação a proteção ao meio ambiente. Como obetivos específicos temos: a) investigar se o fator meio-ambiente é levado em consideração quando se escolhe Natal como destino turístico; c) Avaliar o grau de importância dada ao meio ambiente pelos turistas nacionais; c) Propor um planejamento turístico orientado a sustentabilidade ambiental. Para tanto foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa com turistas nacionais na Praia de Ponta Negra – Natal/RN. Conclui-se que 85% dos tutistas que vistam Natal a escolhem pelas belezas naturais e que o planejamento muncipal ainda não trata o meio ambiente como fator primordial.

Palavras-chave: Planejamento Turístico; Meio Ambiente; Sustentabilidade.

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1 Considerações Iniciais

O turismo é uma atividade econômica que vem crescendo a cada ano. Pensar em

turismo é analisar os fatores sociais, políticos e econômicos que o circundam. Porém, muitas

vezes, turistas e gestores da atividade deixam de lado um elemento importante para o

desenvolvimento sustentável do turismo: o meio ambiente.

O meio ambiente, em muitos casos, não se renova e compromete a qualidade de vida

da população local. Ele é um dos principais elementos de atratividade da atividade turística e é

também o que mais sofre com o desenvolvimento desordenado desse setor. Segundo Costa

(2007), cerca de 30 milhões de turistas em todo o mundo fazem opção pelo lazer em destinos

naturais. Os paraísos ecológicos são procurados, sobretudo, pela necessidade que os moradores

das grandes cidades têm de retomar o contato com a natureza e fugir da rotina conturbada da

vida moderna.

Este crescimento econômico desordenado vem provocando diversas alterações no

ecossistema. Por essa razão a comunidade acadêmica, a sociedade civil organizada e o poder

público estão proferindo discursos a respeito deste tema, o que afirma o pensamento de Cid

(2005) quando constata que o futuro da humanidade depende da relação do homem com a

natureza. Nesse sentido Rodrigues (2000) nos permite afirmar que o turismo sustentável se faz

com o planejamento territorial, compreendendo as dimensões ecológicas, culturais, sociais,

econômicas e espaciais. Diante disso, nota-se a importância dos recursos socioambientais,

principalmente pelo setor turístico, que utiliza seus atrativos naturais e culturais para atrair turistas

para determinada localidade.

Diante desses fatos, o presente estudo objetivou analisar a relação entre os fatores

motivadores de viagens ao município de Natal/RN e as políticas elaboradas pela Secretaria

Municipal de Turismo em relação a proteção ao meio ambiente. Como obetivos específicos temos:

a) investigar se o fator meio-ambiente é levado em consideração quando se escolhe Natal como

destino turístico; c) Avaliar o grau de importância dada ao meio ambiente pelos turistas nacionais;

c) Propor um planejamento turístico orientado a sustentabilidade ambiental.

Para se alcançar os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa de cunho quali-

quantitaviva com 70 turistas brasileiros, escolhidos aleatoriamente na praia de Ponta Negra, na

cidade de Natal/RN. Os dados foram obtidos através da aplicação de questionário com questões

abertas e fechadas, que reflitam a relação turismo e meio-ambiente. Para a análise dos dados foi

usado o programa Microsoft Excel 2007, disponível no laboratório de Informática da UFRN.

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Como resultado, foi verificado que os turistas que visitam Natal, escolhem o destino

por saber previamente de suas belezas naturais; As ações da Secretaria de Turismo estão

voltadas a promoção do meio ambiente ou dos atrativos naturais e ao desenvolvimento da

atividade turística na cidade; O planejamento não insere o meio ambiente como elemento

fundamental da sustentabilidade do município, mais sim fatores econômicos como primordiais.

Desta forma, observa-se a importância de se planejar um destino turístico com

responsabilidade e compromisso, preservando acima de tudo, as pessoas que nele vive e

consequentemente a sustentabilidade ambiental. Assim, o desenvolvimento da atividade deve

estar pautado nas questões legais e na relação homem-natureza como forma de continuidade de

maneira sustentada das relações.

2 Desenvolvimento e Turismo: Uma análise da Sustentabilidade

Ambiental.

2.1 O Meio Ambiente como Propulsionador do Desenvolvimento

Embora o planeta Terra tenha idade superior a quatro e meio bilhões de anos, o Homo

sapiens, que provem de uma linhagem evolutiva, somente nela apareceu há cerca de seis milhões

de anos. Apesar disso, essa espécie, nos últimos 100.000 anos, desenvolveu grande habilidade

para sobreviver às mais extremas mudanças climático-ambientais. Sucessivas tecnologias

permitiram-lhe habitar praticamente todos os recantos dos cinco continentes, em quase todas as

altitudes e latitudes, o que representa um incomparável feito em termos biológicos (ALMEIDA,

2005).

Porém ao longo dos anos o ser humano vem tendo a necessidade de conhecer de fato

quais os efeitos provocados pela sua ação sobre o meio ambiente e neste sentido que após os

anos 70, uma das questões centrais que emergiram no contexto internacional diz respeito ao grau

de compatibilidade entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente

(crescimento zero ou estado estacionário - redução do crescimento). Foi assim que floresceram

nas últimas décadas certos vocábulos simbolizando a procura dessas novas vias, tais como novo

crescimento, desenvolvimento integrado, ecodesenvolvimento e, mais recentemente,

desenvolvimento durável, que têm guiado as reflexões e os debates em escala nacional e

internacional.

Entretanto um significado mais recente, a de gestão do território, trata de levar em

conta, num mesmo enfoque, os aspectos demográficos, econômicos e espaciais, a fim de corrigir

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os excessos decorrentes das evoluções espontâneas induzidas por processos acelerados e

insuficientes controlados de crescimento econômico e de urbanização (VIEIRA, 1997).

Todavia, no limiar do século XXI, diante de um quadro de marcantes desafios a serem

enfrentados, dos problemas não resolvidos, dos obstáculos criados pela própria ação do homem,

o papel da ciência é posto em evidência em todos os balanços e análises prospectivas

(BURSZTYN, 2001). Os problemas ambientais, neste início de terceiro milênio, felizmente, já são

o tema central das discussões em vários foros pelo mundo.

Por isso promover gestão ambiental, criar normas de controle, implantar selo verde,

nada disso dará resultado se não houver uma mudança de comportamento a partir de cada

indivíduo e das autoridades competentes. Neste contexto Braga (2007), nos aponta que o modelo

de desenvolvimento escolhido pela sociedade humana até atingir seu atual estágio, representa um

sistema aberto, que depende de um suprimento contínuo e inesgotável de matéria e energia.

É possível então abstrair diante do que nos reporta Philippi Jr. (2004) que o ambiente

urbano é, portanto, o resultado de aglomerações localizadas em ambientes naturais

transformados, e que para a sua sobrevivência e desenvolvimento necessitam dos recursos do

ambiente natural. Dessa maneira, o crescimento populacional contínuo observado é incompatível

com um ambiente finito, em que os recursos e a capacidade de absorção e reciclagem são

limitados.

Devemos acrescentar a esse quadro o aumento do consumo individual que se observa

no desenvolvimento da sociedade humana, que torna a situação mais preocupante ainda

(BRAGA, 2007). Nesse sentido, as crises energéticas e de esgotamento de certos recursos

naturais estimulou o desenvolvimento de processos produtivos menos intensivos e perdulários no

uso de matérias-primas e energia (BURSZTYN, 2001).

O tratado das civilizações humanas é pontilhado de grandes desastres ecológicos e

sociais, refletindo a progressiva degradação dos recursos ambientais, como decorrência da má

ocupação do meio ambiente, destacando-se o declínio das grandes civilizações mediterrâneas e

mesopotâmicas, que foram o berço da humanidade (SILVA, 2008).

Somente a partir do século XIX, com o crescimento explosivo da população mundial,

surgiu a consciência das limitações dos recursos ambientais e da singularidade do meio ambiente

(SILVA, 2008). Leff contribui com esse estudo quando diz que desde o momento em que a

natureza – do meio ambiente até a natureza orgânica do homem – é afetada pelas relações

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sociais de produção, estes processos biológicos são super determinados pelos processos

históricos em que o homem ou a natureza se inserem. (LEFF, 2002)

Outro aspecto a ser evidenciado é a tecnologia, a qual demonstrou, então, que poderia

contribuir de forma efetiva na reversão de situações críticas. Métodos de planejamento,

equipamentos para controle de poluição e processos tecnológicos alternativos menos poluentes

foram desenvolvidos, entretanto, passou-se assim, a admitir que existam limites que devem ser

respeitados e que a tecnologia é fundamental, mas não é capaz de resolver todos os problemas

quando alguns limites, às vezes desconhecidos, são alcançados (BRAGA, 2007).

2.2 Desenvolvimento Sustentável

A busca por um desenvolvimento que não agrida ao meio ambiente, à sociedade e aos

sistemas econômicos é percebida desde os primórdios das civilizações. Segundo Swarbrooke

(2000) o termo sustentável só passou a ser usado explicitamente nos últimos 20 ou 30 anos, mas

as idéias que o sustentam nasceram nos modelos mais remotos de planejamento urbano. Quando

os romanos planejaram e desenvolveram as cidades e as metrópoles, eles já estavam colocando

em prática este conceito.

Existem várias formas de definir o desenvolvimento sustentável. Estas formas irão

variar de acordo com as interpretações de cada autor sobre o assunto. Segundo Centeno (2004),

o governo brasileiro adota a definição da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) apresentada no Relatório Nosso Futuro Comum ou Relatório

Brundtland.

Este relatório defende um desenvolvimento que mantenha o progresso. Nele, a

pobreza é apontada como uma das principais causas e efeitos dos problemas ambientais do

mundo e o desenvolvimento sustentável é definido como "o atendimento das necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias

necessidades" (Relatório Brundtland, 1991 apud TAYRA, 2008).

Assim sendo, percebe-se que o desenvolvimento sustentável não está em estado de

permanente equilíbrio, podendo variar quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de

custos e benefício.

O Relatório Brundtland (1991, p.49) apresenta o desenvolvimento sustentável como

sendo:

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um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas.

O citado relatório baseou-se na idéia de que o crescimento econômico tinha que

ocorrer de uma maneira ecológica e socialmente mais igualitária. Ele destaca os principais

componentes do desenvolvimento sustentável, como mostra a tabela 1.

Tabela 1 – Componentes do desenvolvimento sustentável.

Estabelecimento de limites ecológicos e padrões mais igualitários

“... exige a promoção de valores que encorajem padrões de consumo que estejam dentro dos limites do ecologicamente possível e aos quais todos possam aspirar com sensatez.”

Redistribuição de atividades econômicas e de recursos

“A satisfação de necessidades essenciais depende em parte de alcançar-se completo potencial de crescimento, e o desenvolvimento sustentável claramente exige crescimento econômico nos lugares onde tais necessidades não estão sendo satisfeitas.”

Conservação de recursos básicos

“... o desenvolvimento sustentável não deve colocar em risco os sistemas naturais que permitem a vida na Terra: a atmosfera, a água, os solos e os seres vivos.”

Capacidade de carga e rendimentos sustentáveis

“... a maioria dos recursos renováveis são parte de um complexo e interligado ecossistema, devendo-se definir o rendimento sustentável máximo depois de se ponderar a dimensão dos efeitos do sistema de exploração.”

Diversificação das espécies “... o desenvolvimento sustentável exige a conservação das espécies da fauna e da flora.”

Minimização de impactos adversos

“O desenvolvimento sustentável exige que os impactos adversos sobre a qualidade do ar, da água e de outros elementos naturais sejam minimizados de forma a sustentar a integridade total do ecossistema.”

Controle por parte da comunidade

“... controle por parte da comunidade sobre as decisões de desenvolvimento que afetam os ecossistemas locais.”

Viabilidade econômica “... as comunidades devem perseguir o bem-estar econômico e, ao mesmo tempo, reconhecer que as políticas [governamentais] podem definir limites ao crescimento material.”

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Qualidade Ambiental “A política ambiental das empresas é uma extensão da administração de qualidade total.”

Auditoria ambiental “Um sistema efetivo de auditoria ambiental está no cerne da boa administração do meio ambiente.”

Fonte: SWARBROOKE, 2000 baseado no Relatório Brundtland, 1987 (adaptado).

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003, p. 172), a sustentabilidade é

norteada por três princípios centrais:

Sustentabilidade ecológica: garante que o desenvolvimento seja compatível

com a manutenção dos processos ecológicos essenciais, da diversidade e dos

recursos biológicos.

Sustentabilidade social e cultural: garante que o desenvolvimento aumente o

controle das pessoas sobre suas próprias vidas, seja compatível com a cultura

e valores dos povos que afeta e mantenha e fortaleça a identidade da

comunidade.

Sustentabilidade econômica: Assegura que o desenvolvimento seja

economicamente eficiente e que os recursos sejam gerenciados de forma a

poder sustentar gerações futuras.

Resumindo

Trata-se do equilíbrio entre tecnologia e ambiente, na busca da eqüidade e de justiça social, que pode ser definido como o que não compromete a conservação dos recursos naturais sobre os quais se sustenta e que, portanto, reconhece explicitamente a necessidade de proteção ao meio ambiente. (CENTENO, 2004, p. 40).

Este equilíbrio entre os três eixos forma o chamado tripé da sustentabilidade (Figura 1).

Figura 1 – Tripé da Sustentabilidade Fonte: CENTENO, 2004 (Adaptado)

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Nota-se que o desenvolvimento sustentável se refere principalmente às conseqüências

da atividade econômica na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade. A idéia de

desenvolver sustentavelmente está principalmente ligada às limitações, sejam estas ecológicas,

financeiras ou até mesmo sociais. Para que se desenvolva um turismo mitigador de impactos

negativos e maximizador dos positivos, é imprescindível que os eixos que o envolvem se

desenvolvam de maneira integradora e interdependente, assim nenhum deles sobressairá ao

outro.

2.3 Turismo Sustentável

2.3.1 Origem do turismo sustentável

O turismo baseia-se em sua grande maioria em áreas naturais. Por isso necessita da

preservação de tais áreas para sobrevivência da atividade. Além disso, pode-se dizer que o

turismo tanto pode proporcionar a valorização do meio ambiente, quanto pode produzir sua

degradação.

O debate sobre turismo sustentável é recente, embora sua origem esteja relacionada

com o conceito de desenvolvimento sustentável. A partir dos anos 60, com o reconhecimento dos

potenciais impactos da explosão do turismo de massa, foi iniciado o processo de formulação de

um conceito que estivesse ligado ao desenvolvimento de um turismo consciente, preocupado

principalmente com as questões ambientais.

Durante algum tempo, esse conceito foi sendo aperfeiçoado, até que na década de 80

surgiu a denominação de turismo verde, logo mais, nos anos 90, houve a ampliação do conceito

de turismo sustentável. Este tipo de turismo reconhece a importância da comunidade local, a

forma como as pessoas são tratadas e o desejo de maximizar os benefícios econômicos do

turismo para essa comunidade. (SWARBROOKE, 2000).

2.3.2 Conceito de turismo sustentável

A Organização Mundial do Turismo em uma de suas definições do turismo sustentável

diz:

o conceito lida com a capacidade de um destino permanecer competitivo em relação a outros mais novos e menos explorados; de atrair visitantes pela primeira vez, bem como repetidos; de permanecer singular culturalmente; e de estar em

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equilíbrio. [...] A implementação e a aceitação de limites à expansão do turismo são formas de contra-atacar o uso excessivo e a exploração dos recursos naturais e culturais de um destino. [...] O turismo se defrontará com a necessidade permanente de combinar desenvolvimento econômico sólido com a proteção dos recursos naturais. (OMT, 2003, p. 37)

Para o alcance do turismo sustentável, a OMT (2003) fornece algumas diretrizes para

alcançar as metas e características propostas por essa atividade. São elas:

Melhorar a qualidade de vida das comunidades anfitriãs;

Preservar a igualdade inter e integracional;

Garantir a integridade cultural e a coesão social das comunidades;

Proteger a qualidade do meio ambiente através da manutenção da diversidade

biológica e dos sistemas ecológicos;

Proporcionar uma experiência de alta qualidade aos visitantes.

Como características do turismo sustentável, a organização cita:

Preocupação com a qualidade das experiências;

Igualdade social e envolvimento comunitário no destino receptor, levando em

conta as necessidades dos residentes;

Empregabilidade da população local e participação da mesma no planejamento

e na tomada de decisões;

Operacionalidade dentro dos limites do recurso, o que inclui a minimização dos

impactos e da utilização da energia e o uso de técnicas eficazes de

gerenciamento e reciclagem de dejetos;

Não comprometimento da capacidade de sustentabilidade de outras indústrias

ou atividades;

Estímulo para que os hóspedes obtenham uma compreensão da região

visitada, bem como para que venham a proteger a comunidade e o ambiente

anfitrião;

Oferta de um amplo leque de oportunidades recreativas, educacionais e

culturais para cada geração e entre várias delas;

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Atividades ou projetos baseados na reflexão e respeito às características da

região;

Integração a planos locais, regionais e nacionais.

O turismo sustentável busca, sobretudo, o desenvolvimento da atividade turística sem

agredir a comunidade local e o meio ambiente, para que esse possa ser usufruído por um longo

tempo, sem maiores danos.

Nessa perspectiva, o turismo sustentável deve ter como função proteger as

paisagens, as comunidades receptoras e buscar desenvolver economicamente a localidade

onde ele está sendo inserido. Evidencia-se que as comunidades receptoras são as mais

prejudicadas quando existe um turismo predatório em determinado lugar, por isso o poder

público deve agir de maneira a proporcionar o bem estar da população local (KRIPPENDORF,

1998 apud ALMEIDA; FROEHICH RIEDL, 2000).

Para Swarbrooke (2000), o setor público pode influenciar o turismo de maneira a

assumir o papel de desenvolver a sua sustentabilidade, utilizando meios como: legislação e

regulamentação; financiamento e incentivos fiscais; planejamento do uso do solo;

desenvolvimento e controle da construção, realizando avaliações de impacto ambiental; o

fornecimento de infra-estrutura; a designação de áreas particulares para proteção especial; e o

controle sobre o número de turistas.

A legislação no turismo sustentável ainda é restrita, sendo referente ao

comportamento do turista; às condições de trabalho, dos salários e dos direitos dos empregados

da indústria turística; aos impactos sociais e culturais do turismo; ao impacto do turismo sobre a

natureza; e o uso do automóvel particular no turismo

2.4 Planejamento do Turismo e Políticas Públicas

Ruschmann (1999) afirma que o planejamento turístico é condição sine qua non para o

desenvolvimento de um destino turístico, provendo-o de facilidades e serviços para que uma

comunidade atenda suas necessidades, ou desenvolva estratégias que permitam a uma

organização comercial conceber oportunidades de lucro em determinados segmentos de

mercado. O processo de planejamento tem como finalidade ordenar as ações humanas sobre

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uma localidade turística, de forma adequada, evitando efeitos negativos nos recursos que possam

destruir ou afetar a sua atratividade.

Pode-se depreender que o turismo sustentável surge a partir de um planejamento

criterioso, que defina as bases do turismo local, ordenando assim ações em vistas a minimizar

impactos. O desenvolvimento do turismo sustentável envolve a tomada de medidas políticas

vigorosas, baseadas em trocas complexas aos níveis: social, econômico e ambiental.

(MAGALHÃES, 2002).

O planejamento turístico municipal está condicionado ao estabelecimento de políticas públicas nacionais, regionais e municipais para o setor. As políticas, por sua vez, são determinadas pelo setor público e devem considerar as características econômicas, sociais e culturais da sociedade local, bem como as estruturas formais do governo e do sistema político municipal (regional ou nacional). A política turística é a parte da política que se ocupa em estabelecer as diretrizes de ordenação, planificação, promoção e controle da atividade turística em uma região ou um país (...) (ASHTON, 2008, p.16).

Diante disso, observa-se que a forma de atuação do poder público é primordial para

atingir com excelência e qualidade do produto turístico, definindo o marco de competitividade do

destino turístico. (FONSECA, 2005). Esse é responsável pela elaboração de políticas que estejam

em consonância com o planejamento e que no caso do turismo, direcione a atividade concedendo

diretrizes desde a ordenação territorial, promoção e controle da atividade.

No entanto e de acordo com Cruz (2001, p. 34) “a história das políticas urbanas no

Brasil envolve concepções errôneas, omissão e participação equivocada do poder público, e,

ainda, intervenções acertadas. É uma história que revela muito mais erros do que acertos (...).”

Uma política nacional de turismo pressupõe uma tomada de posição, por parte do poder público federal, ante a atividade, tendo como base o território nacional, capaz de estabelecer um norte, uma orientação tanto para o setor público como para o setor privado – incluindo-se setores de atividades que influem no desenvolvimento do turismo – no sentido de atingir os objetivos estabelecidos por essa política. (CRUZ, 2001, p. 49)

A história das políticas de turismo intituídas no Brasil pressupõe considerar o turismo

de massa, para o qual é requerida uma infra-estrutura turística e de suporte, quer dizer urbana. É

neste contexto que desenvolve-se os planejamentos territoriais urbanos e turísticos, delimitando-

se assim, a inserção das políticas de turismo, em muitos casos analisados para a grande massa e

não restringindo a um tipo de turista “sustentável”.

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3 Discussão dos Resultados

3.1 Perfil da Amostra

A pesquisa realizada na Praia de Ponta Negra com turistas brasileiros, apresentou

uma diversificação quanto as repostas dos entrevistados. No quesito regiões de origem um ponto

deve ser ressaltado: a utilização do destino Natal por pessoas da Região Nordeste. Esse fato

merece destaque, uma vez que, necessita-se assim, estimular cada vez mais o turismo local, bem

como intensificar a divulgação do destino nos demais estados brasileiros, principalmente nos da

Região Norte, que confome apresentado no gráfico 1, não teve nenhum representante na

pesquisa.

Gráfico 1: Regiões de Origem

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

Quanto ao sexo dos entrevistados, a grande maioria participante da pesquisa foi do

sexo feminino. Este fato pode ser explicado pela disponibilidade das mulheres em atender a

solicitação da entrevistadora, como também, por se tratar de uma pesquisa realizada em uma

praia, no dia de domingo, os homens preferem não atrapalhar o seu lazer, momento único de

descanso durante a semana, pedindo em muitos casos que as suas esposas e/ou filhos (já que a

grande maioria dos entrevistados foram famílias), sempre mais solícitos respondam.

Gráfico 2: Sexo dos Entrevistados

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

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A faixa etária também obteve uma grande variação, estando nos jovens entre 18 e 28

anos, o grande público pesquisado. A particiação dos jovens acontece princialmente pela relação

entrevistador-entrevistado, onde estes se colocam no lugar daqueles, imaginando que poderiam

ser eles que estivessem fazendo a pesquisa, por isso participam ativamente.

Gráfico 3: Faixa Etária dos Entrevistados

Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

No quesito deslocamento, foi questionado qual o meio de transporte utilizado para se

chegar ao destino Natal. Este item não apresentou discrepância em relação aos outros estudos

realizados na área do turismo. O meio mais utilizado pelos turistas que vistam Natal é o avião. O

fato citado reflete as constantes políticas de promoção das empresas áreas que ao possibilitar o

uso do avião por uma grande parcela da população, reduzem as distâncias e possibilita o

aumento do número de turistas nacionais. Além disso, minimizam a sazonalidade, tão comum

nesta atividade, principalmente nos chamados meses de baixa estação.

Verifica-se também que o ônibus quase não é utilizado pelos turistas quando do seu

deslocamento a Natal. Nesta pesquisa, este meio foi utilizado apenas por pessoas que estavam

hospedadas em casas de parentes e/ou amigos. Os turistas que encontravam-se hospedados nos

hotéis da Praia de Ponta Negra ou da Via Costeira, em sua maioria se deslocaram de avião ou de

carro. Uma hipótese para a ausência de deslocamento através de ônibus pode ser a insegurança

das rodovias brasileiras e a qualidade das rodoviárias, que em muitos casos estão em situações

de abandono, tanto estrutural como de segurança. Fato que não é diferente na rodoviária de Natal

(FIGURA 2).

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Gráfico 4: Meios de Transportes

Fonte: Pesquisa de campo, 2010 Figura 2: Imagem interna da rodoviária de Natal Fonte: Nominuto.com, 2008

Percebe-se no destino turístico Natal um perfil variado de turistas sendo estes, em sua

maioria, brasileiros, casados que viajam em família, com pacotes prontos comprados em agências

de viagens, ou seja, dispostos a fazer os passeios contratados nas agências de sua região, que

visitam natal pela primeira vez atraídos pelas belezas naturais da localidade. Belezas essas

conhecidas através de internet e indicação de amigos conforme será apresentado no próximo

tópico.

3.2 Aspectos simbólicos do destino

Natal é famosa mundialmente pelas suas belezas naturais, entre elas: as dunas, as

praias, o maior cajueiro do mundo, e pelo Morro do Careca - cartão postal da cidade. O que

muitos turistas, no entanto não sabem é que vários atrativos visitados durante a estadia na cidade,

não pertencem ao Município de Natal, mas sim a vários municípios vizinhos, que formam a

chamada região metropolitana, sendo estes: Parnamirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante,

Nísia Floresta etc.

Por esse motivo, foi escolhido a Praia de Ponta Negra já que está pertence à Natal e é

detentora do principal cartão postal da cidade para a aplicação dos questionários que moldariam

a visão dos pesquisados quanto a importância do meio ambiente para o desenvolvimento do

turismo e como aspecto de atrativo (FIGURA 2)

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FIGURA 3: Morro do Careca e Praia de Ponta Negra Fonte: Próprio Autor/2009

Um aspecto muito particular do destino Natal, que foi confirmado na pesquisa está

relacionado com os fatores de atratividade, ou seja, os fatores que levam os turistas a optarem por

Natal em detrimento de outros destinos turísticos. Quando questionados qual o principal fator que

os levaram a escolher o destino, 85% dos entrevistados confirmaram que as belezas naturais do

estado, são sim importantes e decisivos na escolha do mesmo (GRÁFICO 5).

Gráfico 5: Fatores motivadores Fonte: Próprio Autor/2009

Ao mesmo tempo, as definições dadas para caracterizar os atrativos naturais do

destino estiveram pautadas sempre nos adjetivos: LINDOS, BONITOS, MARAVILHOSOS, BEM

CUIDADOS, INTERESSANTES. No entanto, na própria praia de Ponte Negra, percebe-se o

descaso com a limpeza, com o cuidado e com a paisagem do lugar. Nesta praia, principalmente

próximo ao Morro do Careca, a água é imprópria para banho devido a presença de coliformes

fecais (QUADRO 1 e FIGURA 4)

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QUADRO 1: Classificação das condições de balneabilidade das praias BOLETIM - RESUMO Nº 30/2010 Fonte: http://www.ifrn.edu.br/reitoria/especiais/programa-agua-azul

FIGURA 4: Animais na praia e esgoto a céu aberto Fonte: Próprio Autor/2009

Questionados a respeito de quais dos atrativos naturais de Natal mais chamou

atenção dos entrevistados as respostas foram diversificadas. O mais lembrado, no entanto foram

as dunas – estas ficam em Extremoz e não em Natal. Em segundo lugar nas respostas temos o

Morro do Careca. A vista da ladeira do sol, a praia de Ponta Negra e a arborização da ciadade

também foram lembradas.

O Parque das Dunas, unidade de conservação situada no município de Natal, ocupa

uma área de aproximadamente 1.172 hec. sendo parte integrante da reserva da biosfera da mata

atlântica reconhecida pela UNESCO e, por isso, declarada Patrimônio Ambiental da Humanidade

Este em nenhum momento foi citado pelos turistas o que confirma a preferência pelo tipo de

turismo Sol e Mar estando a maioria dos turistas que visitam Natal disponíveis para aproveitar as

praias e as diversões complementares a elas, não havendo intenção de conhecer outros atrativos.

Uma resposta de um entrevistado em particular faz-nos repensar o destino enquanto

detentor, em sua maioria, deste tipo de turismo (Sol e Mar):

“os atrativos de Natal são muito interessantes, devido a suas particularidades.” (p 29)

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Existe algo em Natal que seja exclusivo deste destino? Quais seriam estas

particularidades se os turistas são atraídos pelas praias e pelo sol e estes dois fatores também

estão disponíveis em outros estados?

Neste sentido, se faz mais do que necessário a manutenção dos atrativos existentes e

a criação de novos atrativos, como caminho para a perpetuação do turismo no município e no

Estado como um todo. Para isso, o planejamento, o controle e o cuidado dos recursos naturais

devem estar inseridos em primeiro plano na gestão municipal, uma vez que, os recursos naturais

e consequentemente os atrativos naturais, são escassos e finitos.

4 Considerações Finais

É necessário perceber o turismo como atividade econômica capaz de gerar postos de

trabalho, riquezas, promover uma melhor distribuição de renda e a inclusão social. Estes são

premissas básicas desta atividade, estando comumente presente nos discursos de quem espera

no turismo, a salvação dos problemas socioeconômicos das localidades.

Neste sentido e para manter o discurso salvador do turismo nas localidades, o

planejamento turístico deve agregar o meio ambiente natural como meio de continuidade do

turismo em uma localidade, principalmente quando este é o principal motivador das viagens. O

turismo sustentável, ou seja, aquele que agrida menos a ambiente local proporcionando que as

gerações futuras também possam continuar usufruindo dos mesmos atrativos de hoje, deve ser

perseguido pela gestão pública, como agente ampliador do turismo evitando assim que um

destino deixa de existir para o turismo.

O planejamento ambiental deve estar pautado como um processo contínuo de tomada

de decisões, do ponto de vista ambiental, que garanta, a partir de um adequado gerenciamento do

recurso ambiental, a manutenção da atividade produtiva, de forma competitiva, no médio e longo

prazo.

É certo que o que atrai os turistas para Natal é o meio ambiente, as belezas naturais.

Mas é certo também que, para que esta relação: destino turístico – belezas naturais – turistas

continue acontecendo, os destinos devem ser planejados com vistas a proteger e preservar as

belezas naturais, mesmo que para isso seja necessário delimitar capacidades de carga para os

atrativos.

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Dessa forma, entende-se que os objetivos deste artigo foram atingidos quando

conseguimos constatar que:

a) O meio ambiente é o principal fator levado em consideração na hora da escolha do

destino.

b) 85% dos tutistas que vistam Natal a escolhem pelas belezas naturais.

c) O planejamento turístico deve ser elaborado com vistas a manter os recursos naturais

intactos, ou o menos impactados possíveis. Ele deve colaborar para que os atrativos se

mantenham sustentáveis, não acontecendo a sua escassez.

Contudo, apesar de sabermos que o planejamento orientado para a sustentabilidade é

importante para os destinos turísticos, em muitos casos ele não é levado em consideração, visto

que fatores econômicos, muitas vezes sobressaem as questões ambientais. Esta situação não é

diferente em Natal. É nesse ponto que devemos mudar o nosso pensamento e assim exigirmos

contudas voltadas para a preservação e manutenção do meio ambiente.

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