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Vida Nossa Vida - Visionvox · 2017. 12. 17. · ser diferente. Que a nossa Sheila nos ajude, fortalecendo-se em definitivo, porque, se regressamos à Vida espiritual e a prima permanece

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Vida Nossa Vida

Francisco Cândido Xavier

e

Caio Ramacciotti

(Autores diversos)

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ÍNDICE

CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES .......................................................... 4

MENSAGEM I .................................................................................................................. 6

MENSAGEM II ................................................................................................................ 8

MENSAGEM III ............................................................................................................. 10

MENSAGEM IV ............................................................................................................. 12

CARLOS ALBERTO ELISEI ....................................................................................... 13

MENSAGEM ................................................................................................................... 14

ORLANDO ANTÔNIO LAZZARO ............................................................................. 17

MENSAGEM ................................................................................................................... 18

EDUARDO ZIBORDI CAMARGO.............................................................................. 20

MENSAGEM I ................................................................................................................ 21

MENSAGEM II .............................................................................................................. 23

FERNANDA LUIZA BATISTA DOS SANTOS ........................................................ 26

MENSAGEM ................................................................................................................... 27

GEORTHON LACERDA DANTAS ............................................................................. 29

MENSAGEM ................................................................................................................... 30

SIDNEY CATARDO ..................................................................................................... 32

MENSAGEM I ................................................................................................................. 33

MENSAGEM II ............................................................................................................... 35

MENSAGEM III .............................................................................................................. 36

CARLOS ROBERTO CAMINITTI .............................................................................. 38

MENSAGEM ................................................................................................................... 39

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CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

Mineiro de Barbacena, Carlos Henrique nasceu a 10 de janeiro de 1963 e desencarnou no Rio de Janeiro, dois dias depois de completar 18 anos, na noite

de 12 de janeiro de 1981, quando o veículo em que se encontra, juntamente com a prima Sheila e a colega Jacqueline, chocou-se contra um poste da Avenida

Sernambetiba, na Barra da Tijuca, após desgovernar-se, por ter sido fechado por um basculante.

No acidente faleceram Carlos Henrique e Jacqueline, tendo Sheila sofrido ferimentos leves.

Filho de Hélio e Therezinha Madalena Branco Rodrigues, Carlos Henrique dividia o convívio familiar com os irmãos: Eduardo Branco Rodrigues,

casado com Maria Regina Rigon Rodrigues, Ângela Maria Rodrigues Laguardia, casada como Dr. Paulo Eustachio Laguardia, Ricardo Branco Rodrigues, casado com

Marilourdes Oliveira Rodrigues e Eliane Branco Rodrigues de Faria, casada dom o Dr. Elbert Geraldo Barra de Faria.

Da carta-depoimento de seus pais em que se evidenciam a resignação e a firmeza espiritual, destacamos o seguinte trecho:

“Carlos Henrique é nosso filho caçula: temos mais dois rapazes e duas moças, hoje todos casados. Era muito alegre, otimista, entusiasmado com tudo o

que fazia e não chegou a saber que passara no vestibular para Engenharia que havia prestado no Rio de Janeiro, pouco antes de nos deixar.

Gostava demais do seu Fluminense, de jogar tênis, de comunicar-se com todo o mundo, através de seu rádio-amador.

Como vibrava com isso! Recebia e mandava correspondência para

vários locais do mundo. Era um entusiasmado. Em casa, conversava muito e ainda ouço o seu “Mãe” tão peculiar. Quanta alegria nos deu!

E após sua partida?

No passar dos dias, a saudade, que saudade, a moer-me o coração!

Quando pela primeira vez fomos a Uberaba, houve muita dificuldade para chegar até Chio Xavier, devido ao grande número de pessoas lá presentes.

Tivemos, contudo, o conforto de saber que Carlos Henrique estava amparado por amigos espirituais e parentes já desencarnados que o acolheram com muito

carinho.

Oh! Maravilhosa Providência divina!...Que Deus seja louvado.

Sempre achei que meu filho não morreu. Tenho caminhado com a

certeza de que continuo sendo sua mãe, que como tal devo dar-lhe força, otimismo, mesmo que meu coração esteja partido.

Todos os dias, olhando sua foto, digo-lhe: que Deus o abençoe para seguir em frente com coragem. Assim tendo sido, assim será: com muita dor no

fundo da alma, mas banhada pela luz da fé que não se apaga.

O que tenho que agradecer aos Amigos Espirituais, aos irmãos que nos

acolheram e a Chico Xavier, é tanto que uma única existência não dá.

Sentimo-nos, meu marido, eu e os filhos, felizes pela oportunidade de

divulgar o amparo que recebemos, através das quatro mensagens de nosso querido

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filho, pois, é necessário que os outros amigos que sofrem se dê esperança e certeza

de que a Vida continua...”

As páginas que apresentamos a seguir foram recebidas por Chico

Xavier, em Uberaba, de abril de 1981 a abril de 1983, sendo a primeira psicografada três meses e meio após a partida de Calos Henrique.

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MENSAGEM I CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

Querida Mamãe Therezinha, associando-a com o Papai Hélio, estou aqui dando presença, com a certeza de que posso contar como sempre, com a sua

bênção.

Mãe querida, no íntimo, você está absolutamente convencida de que

seu filho não morreu, mas estamos necessitados de unir as nossas melhores energias para levantar a coragem de nossa Sheila, abatida como insucesso de

nossas andanças.(1)

Mãezinha, sei que o nosso amigo Sr. Nélson recebeu as notícias de

nossa estimada Jacqueline(2) e a própria Jacqueline me procurou, avisando-me que a nossa Sheila viria até nós, a fim de lavar o pensamento, na certeza de que

nenhum de nós teve qualquer culpa no acidente que nos impôs tantos arrancos aos corações.

Desejo dizer à nossa Sheila, que se me lembro de algum detalhe da ocorrência, recordo-me claramente de que certa máquina pesada, provavelmente

algum caminhão carregado, nos atirou o carro sobre o poste.

Depois disso, estou na condição de esquecido, qual sucede com ela própria. Uma certa amnésia me absorveu e me demorei bastante no torpor que não

sei explicar.

Depois de obter aqui a assistência necessária, soube que ela, a nossa

querida Sheila, estava inconformada e abatida, até mesmo pensando na maneira de nos seguir, à Jacqueline e a mim, como se fosse culpada de um acontecimento

do qual nenhum de nós três tomou parte.

Desejo que a prima querida permaneça em paz, otimista e interessada

na vida como dantes. Estou percebendo as antenas da curiosidade com que ela procura nos observar, mas infelizmente não consigo me materializar para retirá-la

desse processo desse processo de angústia, no qual, graças a Deus, ela não sucumbiu. A tia Dayse e o tio Acir (3) nos auxiliarão a vê-la forte e animada, sem o

menor resquício de lembranças negativas, na memória.

Comigo, até mesmo a nossa benfeitora Maria Paes Leme, mãezinha da

tia Dayse, veio confiante pedir à querida neta, coragem e alegria. (4)

A vovó Emilia e a tia Maria, que têm a querida Mãezinha por filha do

coração, nos compartilham deste comunicado muito especial para a nossa Sheila que desejamos plenamente liberadas de quaisquer idéias tristes ou destrutivas. (5)

E outro pedido de seu filho é o de que distribua minhas lembranças de rapaz com aqueles irmãos nossos aos quais as pequeninas utilidades deixadas por

seu filho possam auxiliar.

Guarde, mãezinha, apenas os nossos retratos, porque as fotos são

pontos de intercâmbio espiritual. Mas até mesmo o nosso aparelho de rádio, ceda para alguém que deseja trabalhar pelo “sem fio”. (6)

Limpemos a área em que me movimentei por aí, com o que me sentirei mais leve por aqui. Que o ar de vida nova e que a música possam arejar e enfeitar

aquele recanto que não deve ser meu

Envio aos irmãos, irmãs e cunhados o meu abraço com um beijão no

Ricardo.

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Creio que a Jacqueline, em se comunicando com os pais, já falou o

suficiente para que a nossa Sheila se tranqüilize e, por isso, me dispenso de novas considerações.

Deus vela por nós todos e a querida prima será feliz, pelo futuro adiante, tanto quanto desejamos.

Querida Mãezinha Therezinha, receba com o papai Hélio o carinho imenso e o invariável amor de seu filho, sempre otimista e confiante, e também,

sempre seu.

Carlos Henrique

Carlos Henrique Branco Rodrigues

25 de abril de 1981

(1) Sheila Rodrigues, a prima, dirigia o veículo quando do acidente e,

naturalmente, muito se abateu, sendo objeto de constante preocupação do Carlos Henrique nas cartas mediúnicas.

(2) Qual já dissemos anteriormente, Jacqueline Melo da Silva também faleceu no

acidente. Seus pais, Nelson e Sanya Melo da Silva, receberam igualmente

recado da filha, através de Chico Xavier.

(3) Dayse Pano Rodrigues e Acir Rodrigues, pais de Sheila.

(4) Avó materna de Sheila, desde 1974 no Plano Espiritual.

(5) Emilia da Silva Melo, bisavó materna de Carlos Henrique e Maria do Carmo Mello Almeida Lima, tia e madrinha de D. Therezinha, falecidas,

respectivamente, em 1929 e 1959. O jovem faz singular revelação neste trecho da mensagem, pois realmente a tia Maria foi uma segunda mãe para a

sua genitora, ajudando a cria-la, durante algum tempo, detalhe também ignorado pelo médium.

(6) Carlos Henrique era muito ligado a radio-comunicação e se refere ao seu aparelho de rádio amador.

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MENSAGEM II CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

Querida Mamãe Therezinha e querido Papai Hélio, estou aqui a repetir:

Câmbio! Câmbio! Quero falar para Dona Therezinha Madalena e para o Senhor Hélio Rodrigues, em Barbacena!

Grito estas palavras com toda a força de meus pulmões, no entanto,

reconheço que os pais queridos estão aqui em Uberaba mesmo.

Já sabem o que pretendo dizer. Que não chorem no próximo dia doze,

porque a visão da Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca, já se esfumou no tempo. Estamos nas vésperas de outro Janeiro, iluminado pelo Natal deste

Dezembro.

Se lhes posso pedir algo mais do que me concedem sempre, rogo

transmitam as minhas novas esperanças á querida Sheila que contínua com alternativas. Bem, menos bem, melhor, deixou de ficar triste, menos triste,

acabrunhada e mais corajosa...Quantos estados de alma numa criatura só.

Que a nossa Sheila se arrede daquele passeio em que o meu vestibular

guardava, sem que eu soubesse, um encontro marcado com a morte. A querida prima ainda não se arrancou daquele quadro que nós, a Jacqueline e eu, já

conseguimos apagar da imaginação e de que nos lembramos somente quando preciso, para funções de estudo.

O sol já reapareceu tantas vezes depois do acontecimento infeliz e a nossa sheila ainda carrega as marcas da ocorrência.

Mãe Therezinha, você que é tão generosa, vá até a Tia Dayse e ao Tio Acir e vamos trabalhar para que a prima consiga sorrir de novo sem qualquer

insegurança. É preciso que ela compreenda que estamos em outros dias e com novas idéias a nos povoarem a cabeça.

Por aqui me agito e começo a trabalhar. O vovô Rodrigues (1) tem sido um companheiro a quem já consigo prestar apoio. O apoio de um menino que

procura descobrir os meios de alegrar o coração de um avô extremamente querido, porquanto vejo-o fixado em vovó Assumpta, por si tão fatigada e tão doente (2).

Tenho podido pensar com mais carinho em nosso Ricardo e fazer força por nossa Sheila, tantas vezes incerta, entre a dúvida e o sofrimento, a esperança

e o desânimo.

Mãezinha, agradeço a você e ao Papai Hélio quanto fizerem e fazem

pela continuidade do meu reequilíbrio.

Desejo conta-lhes que somente depois de vários meses, é que eu soube ter estado sob os cuidados médicos do Dr. Teobaldo Tollendal e do Dr. Fortini.

Beneméritos amigos! Não permitiram que “o filho do Dr. Helio”, como me nomeiam

agora, lhes apresentasse qualquer agradecimento (3)

Sou agora um cidadão um pouquinho mais maduro. Já sei quanto devo à querida vovó Nicolina, à vovó Emília e à querida benfeitora Maria que teve o

privilégio de trazê-la nos braços, quando você estava pequenina, (4) Mamãe, aqui, segundo creio, e este é o meu caso, a criatura desperta para agradecer, quando o

tempo lhe amadurece os raciocínios. Quero ser reconhecido a quantos me

beneficiaram e espero conquistar recursos para isso.

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Tudo prossegue bem. Não fosse a saudade e todos estaríamos felizes,

mas saudade por saudade, o fenômeno é comum a todos os que vou conhecendo em minhas novas paragens. Quem veio sente falta de quem ficou e quem ficou

conserva um refúgio íntimo no próprio espírito, a fim de acomodar a carência.

O negócio é de amargar, mas onde o amor existe a situação não pode

ser diferente. Que a nossa Sheila nos ajude, fortalecendo-se em definitivo, porque, se regressamos à Vida espiritual e a prima permanece aí, é que por aí há serviço

esperando por ela.

Poucas vezes reencontro a Jacqueline para qualquer tesourada nos

assuntos da Terra, mas sei que ela, sob a orientação da avó Maria Leme, vem trabalhando intensamente no auxílio aos entes queridos que deixou no Rio e,

assim, cada qual de nós vai seguindo com os seus próprios problemas e com as suas esperanças.

O Natal está às nossas portas. Compreendo a extensão das lembranças. Entretanto, Mãezinha, não fique introvertida a rearticular idéias menos construtivas

como sucede com a tristeza vazia.

Lembre-se dos muitos Carlos Henriques e dos muitos Ricardos que

estão sem pais que os amem. Busquemos homenagear Jesus, fazendo a alegria de algum garoto necessitado e aparentemente perdido neste mundo de Deus. Esse

garoto anônimo e triste, que permanece aguardando algum gesto de amor, esta em toda parte.

Basta procurar, porque não há necessidade de endereço. E celebremos as Festas de agora com a saudade vestida de confiança em Deus, pelos padrões de

confiança na vida. Espero que assim façamos.

A vovó Emília me diz que em outra ocasião nos proporcionará notícias

do Dr. Celso e do Guilherme. Pensemos nos dois, na condição de vivos em nova forma de existência, a fim de que estejamos entre aqueles que os auxiliam. (5)

E aqui vou terminar, porque não posso ocupar mais tempo.

Mãezinha Therezinha, orgulho-me de sua fé e agradeço, tanto quanto

expresso a minha gratidão aos parentes que nos apóiam a certeza no reencontro na Vida Maior.

Reunindo os pais queridos em meu abraço de sempre com muitas

lembranças ao querido irmão, deixa-lhes um beijo na face querida o filho que os

ama cada vez mais e que lhes pertence pelo coração.

Calos Henrique

CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

18. DEZEMBRO. 1981

(1) Francisco Rodrigues, avô paterno desencarnado em maio de 1981, alguns meses após o neto querido.

(2) Assumpta Rotelli Rodrigues, esposa de Francisco Rodrigues, retornou à Vida Maior dois anos depois do marido, em maio de 1983.

(3) Médicos de Barbacena, amigos da família, já falecidos.

(4) Nicolina Rotelli, bisavó paterna, desencarnada em 1937.

(5) O Dr.Celso Gomes e o neto Guilherme Henrique foram vítimas de

acidente aéreo, ocorrido em 1980.

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MENSAGEM III CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

Oi, mamãe Therezinha e querido Papai Hélio, recebam meu abraço

extensivo à nossa querida Sheila.

Mãe querida, vim cumprimentá-la pelo natalício.(1) Este o motivo maior

da visita de seu filho, conquanto deva reconhecer que estou assinando o livro de ponto da saudade ao fazer-me presente.

E ao desejar à querida Mãezinha Therezinha tudo o que a vida nos possa doar de Bom, quero dizer-lhes que a vovó Esther Mello e o vovô Chico estão

comigo para o abraço festivo de que sou o portador.(2)

O vovô Francisco, para melhor identificar-se, me recomenda comunicar

ao Papai Hélio que ele é inda o “cachorrão” (3) do neto.

Meu Deus, nunca imaginei que essa palavra pudesse encerrar tanto

amor. Meu cachorrão, meu amigo, meu companheiro! O vovô é maravilhoso e ainda me diz que o cão fiel ao dono, muitas vezes, não suporta viver no mundo sem ele.

Como observam, a nossa festa é de muita emoção e de muita alegria.

Os que enxergam tristeza e escuridão na morte, que se cuidem no bom sentido,

porque surpreenderão aqui a felicidade real nos reencontros, qual o desta noite em que choro de alegria por trazer-lhes a minha saudade enfeitada de risos e

esperanças.

Parabéns à Mamãe, muita felicidade ao papai e a todos os nossos,

venturas mil para a nossa Sheila que as merece na grandeza de sentimento que lhe conhecemos.

Creio que estou agora livre de tecer comentários em torno do doze de

Janeiro em que fomos abalroados por um poste que requisitou o privilégio de estar parado no trânsito.

A nossa Jacqueline, qual sucede à Sheila, vem atualmente estudando bastante, a fim de se habilitar para servir melhor. Jacqueline é uma grande menina.

Tem estendido aos pais queridos toda a proteção que se lhe faz possível e comunica tranqüilidade e otimismo onde s apresenta.

E, assim, a vida corre nos patins do tempo e somos compelidos a trabalhar e a descobrir-nos, tanto aí quanto aqui.

Mãezinha, o amigo Fernando Laguardia (4) está muito bem.Já me visitou algumas vezes e sou eu quem lhe deve muitas atenções.

Desejava continuar nesta carta, mas não sei por que razão tenho hoje a garganta como que engasgada de emoção. Dizem que isso apenas acontece a

quem fala, mas sucede também com quem escreve.

Mãezinha Therezinha, fique feliz ao lado do papai Hélio e de todos

aqueles que se nos fazem tesouros de amor na vida. Lembro-me de nossas comemorações em casa e estou sentindo o gosto inesquecível do bolo cercado de

luz.

Acho que hoje estou no papel do palhaço que chora sem querer e ri sem

se conscientizar quanto a isso. Suponho que já sabem que isso é infecção de saudade no pensamento. Esse diagnóstico deve suscitar estranheza a qualquer

médico, mas o assunto é nosso e esta circunstância me reconforta.

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Querido Papai Hélio e querida Mãezinha Therezinha, entrego-lhes

extensivamente à nossa querida Sheila e a todos os nossos familiares queridos os meus melhores sentimentos de rapaz que está crescendo em compreensão e mais

amor. Deus nos proteja e abençoe a todos.

Com vocês, corações abençoados de meu coração, os beijos num

grande abraço do filho e companheiro de sempre.

Carlos Henrique

CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

17. ABRIL. 1982.

(1) Aniversário da mãezinha, comemorado justamente no dia da recepção

da mensagem.

(2) Esther Mello, avó materna, falecida em 1970. Vovô Chico, Francisco

Rodrigues, é o seu avô paterno, lembrado em mensagem anterior.

(3) A genitora do Carlos Henrique lembrou-nos de que “cachorrão” era a maneira carinhosa pela qual se tratavam neto e avô. Extraordinário detalhe que

tanto enriquece a comunicação mediúnica.

(4) Amigo da família, desencarnado em Barbacena, a 21 de novembro de

1980.

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MENSAGEM IV CARLOS HENRIQUE BRANCO RODRIGUES

Querida Mamãe Therezinha, sentindo a presença do papai conosco,

através das forças mentais que se derramam da lembrança, venho trazer-lhe o meu abraço. Nem poderia ser de outro modo.

Reflito nos bolos festivos que o seu carinho me fez e lamento a impossibilidade de retribuir-lhe com um bolo de alegria e de luz que as suas

queridas mãos pudessem repartir com todos os amigos desta reunião fraternal.

Dia 17, amanhã mesmo, você estará colhendo mais uma rosa no jardim

do calendário. Não falo em tempo contado de cartório porque você é a minha estrela e dizem que as estrelas não têm idade.

Comigo se encontra a vó Esther de Mello que veio abraçá-la e o meu

avô Chico Rodrigues. É o Cláudio Almeida Figueiredo Filho que fez questão de vir em nossa companhia trazer-lhe felicitações. (1)

Não me refiro à nossa estimada Jak (2) porque sei que ela se encontra em estudos especializados e não a vejo desde muito.

Peço-lhe, porém, fazer-nos lembrados à nossa Sheila, que nos tem doado muita alegria, buscando cultura para ser mais útil aos outros.

Pois é, Mamãe Therezinha madalena, que você seja muito feliz são os nossos votos.

Sei que o papai tem estado indisposto de algum modo e formulo votos ao Senhor da Vida para que esteja cada vez mais forte.

Aqui, mãezinha querida, estou chegando ao ponto final, embora deseje

prosseguir conversando, mas a noite não pe somente nossa e já surpreendemos

companheiros compreensivelmente sonolentos desejando que não nos alonguemos em demasia. E estão certos. Em outra hora, voltaremos ao nosso intercâmbio.

Muito carinho ao Papai e a todos de nossa afinidade e conhecimento.

Renovando-lhe os meus votos de muita alegria e assinalando o meu esquecimento do poste que nos atropelou no Rio, lembrança essa que sei lhe fará

feliz, beija-lhe a face querida o seu filho do coração.

Carlos Henrique

CARLOS HENRIQUE BRNCO RODRIGUES

16. Abril. 1983

(1) Cláudio Almeida Figueiredo Filho. Amigo de Calos Henrique, falecido em

junho de 1982, no Rio de Janeiro.

(2) Referência carinhosa a Jacqueline, desencarnada no mesmo acidente que vitimou o Carlos Henrique.

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CARLOS ALBERTO ELISEI

Filho único de Edson Elisei e Elvira Martins Elisei, Carlos Alberto nasceu

m São Paulo-SP, a 5 de junho de 1957 e faleceu na capital paulista às vésperas do Natal de 1977, no dia 18 de dezembro.

Com vinte anos, deixou-nos, vitimado por metástase cerebral de melanoma que havia extirpado dez meses antes.

A respeito do filho, assim se expressou a mãezinha, quando de nossa entrevista:

“Nossa vida era um mar de rosas; Carlos Alberto, um filho maravilhoso,

muito querido de todos. Trabalhava na metalúrgica do pai e estudava Eletrônica.

Entre ele e o pai havia uma estreita amizade; estavam sempre juntos,

não havia noite em que não conversavam, passando a limpo as novidades do dia.

Fomos à Uberaba, para conversar com Chico Xavier, na esperança de

receber algum recado de nosso filho, pelas mãos amigas de D. Yolanda Cezar a quem dedicamos eterna gratidão.

A mensagem que o Cá nos mandou, através de Chico, nos fez viver, abriu em nossa vida uma luz imensa. Hoje, buscamos trabalhar na Seara do

Mestre, ajudando e procurando compreender nosso semelhante.

Tenho absoluta certeza de que não só meu filho, mas todos os filhos

que partem continuam vivos.”

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MENSAGEM CARLOS ALBERTO ELISEI

Querida Mamãe Elvira e querido Papai Edson, peco-lhes a bênção de

sempre que me resguarda o coração para Deus.

Embora várias vezes tenha procurado transmitir aos pais queridos a

certeza de que prossigo vivendo, confirmo nas palavras que escrevo tudo quanto tenho desejado dizer.

Mãezinha Elvira, sei quantas lagrimas lhe nasceram do coração com a partida inesperada a que tive de obedecer.

Creiam os queridos pais que naquelas horas de hospital, fiz tudo para articular a conversação que tanto esperei efetuar. Conseguia registrar o que se

falava em torno de mim, escutar os mínimos sussurros, no entanto, a palavra era um instrumento que eu já não conseguia manejar.(1)

Pensava em todos os nossos e especialmente os pensamentos da vovó Maria José Pina (2) me preocupavam, porque sabia que ela se achava abatida e

doente, mas foi impraticável qualquer tentativa para o nosso diálogo.

Notava-lhes a tristeza que se espelhava no coração e sentia em mim

tudo o que experimentavam, em matéria de aflição...

Observei que o Papai se inclinava sobre mim como a buscar-me as últimas frases que eu pudesse dizer, contudo, uma voz interior me solicitava

paciência e aceitação da vontade de Deus.

A dor moral superava as dores físicas pela minha impossibilidade de

comunicação, entretanto, chegou o instante em que me entreguei, de todo, ao Eterno Pai e roguei a Jesus fizesse de mim aquilo que estava nos Desígnios do Mais

Alto. Foi quando me senti longe, qual se forças imensas me conduzissem para local diferente...

Um alívio inesperado me banhou os sentidos e dormi profundamente.

Quanto tempo gastei nesse repouso inconsciente, ainda não sei, mas ao

despertar,com evidentes melhoras, foi o padrinho Antônio Guerra a primeira pessoa a abraçar-me. Confesso que surpresa era para mim alegria e sofrimento, porque

não me restavam dúvidas, quanto à realidade...(3)

Quisera tanto haver regressado a nossa casa para retornar a nossa vida

tranqüila e, constrangido, reconheci, de chofre, que passara a outro gênero de vivência.

O padrinho Antônio, de cuja fisionomia me lembrava, principalmente nos retratos, reconfortou-me, comprometendo-se a auxiliar-me...

E, depois de conscientizado em minha nova situação, senti que a dor e

a saudade dos pais queridos, da vovó e de todos os nossos, doíam em mim com o

rigor de feridas que me fossem abertas no coração...

O tempo passou rápido entre o meu despertar e a chegada da vovó Maria até nós e misturando felicidade e pranto, esperança e amargura, tenho

procurado melhorar-me, a fim de lhes ser o filho, na Espiritualidade, que não pude

ser na Terra.

A vovó Maria Elisa nos tem tratado, à vovó e a mim, como sendo novamente seus tutelados aqui e venho pedir-lhes confiança em Deus e confiança

na vida. (4)

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Querida Mãezinha Elvira, quanto lhe seja possível, auxilie-me com a sua

coragem no trabalho do bem aos outros. O seu coração querido e o querido coração de meu Pai possuem outros filhos que necessitam de apoio, agora mais do que eu

mesmo...

Não se deixem anular pela influência da Saudade que permanece entre

nós, porque é possível transformar a saudade em serviço aos nossos irmãos que sofrem.

Quanto puderem fazer em auxílio aos outros, farão a mim próprio, de vez que fazendo de nossos companheiros menos felizes, parte integrante de nossa

família, a nossa família, em nome de Deus, estará conosco em toda parte.

O tio José Maria e a tia Maria (5) estão igualmente agindo em nosso

auxílio e falta-me vê-los mais profundamente consolados, a fim de que o equilíbrio, de todo,me favoreça.

Meus estudos não foram interrompidos, ( 6) porquanto, aqui as escolas nos admitem no grau de conhecimento em que estejamos e, por isso mesmo,

espero prosseguir em minha formação para atividades espirituais, em trabalho de utilidade junto dos homens, de maneira a não desapontá-los.

Peço-lhes para aceitarmos a nossa prova com serenidade e paciência. Não houve qualquer erro de meu tratamento, nos poucos dias de internação

hospitalar. A verruga (7) era uma cortina pequena, ocultando uma situação grave que deveria terminar no ponto exato daquele dezembro em que o nosso Natal se

fez amargo e triste.

Estejam, porem, na certeza de que vou melhorando sempre e é com a

fé viva em Deus que lhes peço para aguardamos tempos cada vez melhores para nós três

Querido papai, não acredite que me perdeu, porquanto, sou o seu filho de sempre, na expectativa de crescer em conhecimentos e qualidade para servi-lo.

O meu tempo seria realmente curto, como foi e não há motivo para nos queixarmos das leis de Deus. Espero que a paz continue conosco, orientando-nos a vida.

Estimaria prosseguir, mas o padrinho Antônio me recomenda terminar. É o que faço, deixando-lhes ao meu coração reconhecido, com lembranças a todos

os nossos entes queridos.

Na esperança de retornar ao nosso intercâmbio, reúne os dois num

abraço de coração para coração, o filho sempre grato que, em nome de Jesus, lhes pertencerá sempre com as melhores esperanças e com os melhores ideais.

Recebam, pais queridos, todo o amor e a infinita gratidão do filho que

lhes viverá sempre no coração, de vez que os tenho, em todos os dias por dentro de minh‟alma.

Carlos Alberto

CARLOS ALBERTO ELISEI

29. OUTUBRO. 1981

(1) Carlos Alberto permaneceu dez dias em como, no Hospital.

(2) Avó materna, desencarnada no ano seguinte ao da partida de Carlos Alberto, a 1º de setembro de 1978.

(3) Seu padrinho, Antônio Rodrigues Guerra, faleceu em 1970.

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(4) Maria Elisa Madeira pina, bisavó materna, no Plano Espiritual desde

1955.

(5) José Martins, tio de D.Elvira, genitora de Carlos Alberto, faleceu em

1954. Tia Maria, Maria Raimunda Elisei, desencarnou em 1965.

(6) Oportuno lembrar que Carlos Alberto foi colega de Curso Primário, no

Colégio Nossa Senhora de Lourdes, do bairro da Água Raza, em São Paulo, do nosso Wadyzinho, autor espiritual de Jovens no Além, Somos seis e venceram livros

editados pelo GEEM.

(7) Referência ao melanoma, tumor maligno de pele que extirpara meses

antes da complicação metastática.

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ORLANDO ANTÔNIO LAZZARO

Paulistano do Brás, filho de Orlando Lazzaro e de Maria Rojas Márquez

Lazzaro, Orlando nasceu a 12 de junho de 1954. Completava ainda sua escolaridade secundária no Ginásio Estadual Augusto Bailot de Arthur Alvim, na

capital paulista, quando desencarnou, por afogamento, no dia 16 de abril de 1972, aos 17 de idade.

A respeito da carta mediúnica do filho, a mãezinha, disse-nos o seguinte:

“Significou para mim a mesma alegria de ter tido um filho. Foi o presente maior que recebi, depois do nascimento de meus filhos”.

Tranqüilizo-me, deu-me coragem, pois eu queria acabar com minha vida naquela época.

Depois do seu recebimento, a vida foi bem diferente. Tive ânimo para

dar conforto a outras mães e já me sinto bem mais preparada.

A mensagem do meu filho foi de um conforto fora de série; foi a coisa

mais linda que Deus me poderia ter dado.

Agora, faço muito mais caridade que antes e já não penso em suicídio.”

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MENSAGEM ORLANDO ANTÔNIO LAZZARO

Querida Mãezinha, rogo a sua bênção. Estou fraco e quase sem

coragem.

Suas lágrimas, seu sofrimento, seus apelos, suas tribulações por minha

causa, querida Mãe, ainda me tolhem os passos.

Conto os dias de sombra e tristezas... Será isso mesmo? Se a memória falha, é porque o coração está ainda muito aflito!...(1)

Auxilie-me a libertação.

Mamãe, eu desejaria mostrar-lhes o que vem a ser a prisão das

lágrimas depois que a gente deixa o corpo na Terra para uma pessoa inexperiente, assim qual seu filho!... Mas não posso.

Creio que tenho dor suficiente para contar como é isso, entretanto, não tenho palavras que expliquem essa dor. Sei, porém, que o seu coração se renovará

para renovar-me.

Lembre seus cuidados para ver se eu dormia, para verificar se havia

tomado o meu lanche pela manhã, se estava livre de alguma dor de cabeça e se eu estava com notas melhores no estudo...

Lembre tudo isso, querida Mãezinha, e não pese mais naquele quadro –

a lagoa e nós ou a lagoa e eu...

Tudo sucedeu como devia suceder. Os companheiros não conseguiriam

socorrer-me ou salvar-me do fim...

Não foi afogamento.(2) Senti um esmorecimento no corpo todo e não vi

cousa alguma a não ser que eu acordava com tantas medidas perto de mim. Eu estava, porém, dormindo acordado. O corpo dormia perto e eu mesmo, sem nada

compreender, estava rente a ele.

Por fim, era tanta perturbação em minha cabeça que tentava entender

sem possibilidades para isso, que caí num desmaio...

É tudo o que posso dizer, até que esbarrei no hospital em que me vi

para depois voltar a casa a fim de tentar consolá-la...

Meu avô Romano, meu grande avô Rojas e outros amigos

responsabilizaram-se por seu filho(3) e fiquei em nosso lar, buscando remediar o sofrimento, mas até agora tudo tem sido em vão.

A senhora me procura, mas não me ouve na faixa de consolação e fé,

na qual precisamos promover o nosso encontro; meus retratos lhe trazem a revisão

da prova em que nos vimos e o abraço de meus companheiros lhe impõe martírio que não consigo reproduzir com as palavras de que disponho.

Mãezinha, não chore mais. Pense em Gilmere, em nosso Ogilvie(4) e em

meu pai, tanto quanto em nós todos que necessitamos de sua dedicação. Não creia que forçar as portas da morte seja facilitar reencontro. O sofrimento com aflição

complica os nossos problemas.

E, ao dizer isso, não posso desconhecer seu carinho e seu sacrifício, sua

abnegação e sua renúncia. A senhora, Mãezinha, vive e vive cada vez mais por nós. Deixe que seu filho possa viver agora para compreendê-la melhor e ajudá-la com

segurança.

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Ainda não pude libertar-me daquelas recordações de Aracaré...(5)

Quando penso que estou livre, noto o seu sofrimento e não sei se continuo com a morte num lago de pranto – o pranto que nós dois temos chorado

incessantemente.

A vida recomeça.Mamãe querida. Existe um mundo novo para nós,

tanto quanto surge um novo dia para depois de cada noite. Transformemos as saudades em orações e tarefas nobres.

Ajude-me. Ouvi as suas preces ao promover esta viagem. Escutei seus votos, seus rogos e tanto pedi estes minutos que os recebi para confortá-la.

Peço-lhe! Já que as energias de seu filho são ainda poucas, não espere muitas palavras em me pedido. Auxilie-me! Deixe que a luz fique conosco sem mais

sombras. Oremos juntos, mas em pensamentos de paz e de esperança.

Agradeço a simpatia e a cooperação de nossos vizinhos e estou grato

aos corações que lhe estimularam a vinda até aqui.

Mãezinha querida, meu pai ainda sofre e se procura resguardar a

saudade que experimenta é para não agravar os seus sofrimentos. Agradeço a ele e beijo-lhes as mãos.

Não consigo escrever mais. A névoa de nossas lágrimas volta a mim

quando a lembrança é mais forte e eu, Mãezinha, estou sorrindo e chorando,

porque posso escrever-lhe...

Prometo. Farei tudo para estar ao sue lado. O nosso amor em família é uma luz de Deus. Abrace por mim aos irmãos e aos amigos sempre lembrados e, se

lhe posso dar alguma cousa, entrego-lhe o meu coração de filho, que, a todo dia se

ilumina mais e sempre mais, ao pensar que pertence ao seu maternal coração.

Ao seu lado, Mãezinha querida, com você e por você, hoje e sempre, a gratidão o amor de seu filho reconhecido.

ORLANDO

22. JUNHO. 1974.

(1) A mensagem foi recebida pouco mais de dois anos depois da partida do jovem.

(2) Segundo relato da genitora, provavelmente Orlando teve uma crise epilética, quando nadava, o que provocou o seu afogamento. Pouco depois do

acidente, ela mesma constatou que o filho não tomara medicação anticonvulsivante naquele dia.

(3) Romano Lazzaro, avô paterno, desencarnado em 1960, com 72 anos e Pedro Rojas Gil, avô materno, falecido na Espanha há mais de seis décadas.

(4) A irmã, Gilmere Lazzaro dos Santos e o irmão Ogilvie Lazzaro.

(5) Local onde desencarnou, no município de Itaquaquecetuba, próximo da

capital paulista.

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EDUARDO ZIBORDI CAMARGO

Dudu era o segundo filho do casal Flávio Camargo e Elza Zibordi

Camargo, quando desencarnou, aos sete anos incompletos.

Hoje, além de Flávia, a família s enriqueceu com o nascimento de Daniel

e de Álvaro, este não citado pelo Dudu nas duas mensagens que aqui apresentamos, pois, quando da sua recepção, ainda não havia reencarnado.

Natural de Santa Rita do Passa Quatro, Dudu nasceu a 25 de junho de 1966 e faleceu em São Paulo, no Hospital Samaritano, a 6 de fevereiro de 1973.

A agonia, a dor, e também a esperança e a alegria do reencontro com o

filhinho querido, podemos sentir, com muita evidência, nas palavras de seu pai, o

Dr. Flávio Camargo:

“Após a desencarnação de nosso filho DUDU, no Hospital Samaritano,

dias depois da intervenção cirúrgica feita pelo Dr. Matos Pimenta, ficamos em situação de grande inquietação e desequilíbrio, fazendo íntima e constantemente a

pergunta: - por que isso acontece? Por que merecemos tal castigo? Por que tanta dor e tamanha tristeza?

Até essa ocasião, éramos católicos e mesmo participávamos de cursos para jovens – TLC – proferindo palestras e encontros.

Algum tempo havia escoado, quando através dos amigos, Brasil Paulista da Silva Prado e sua esposa, D. Nair (casal espírita de nossa cidade), fomos levados

até Uberaba-MG, para uma visita a Chico Xavier.

Assim foi nosso encontro com o Chico: recebidos pela singular figura do

Médium Mineiro, este, minutos após nos ver, proferiu as seguintes palavras, ditas sem que sequer soubesse de nossa desdita:

- “Meus filhos, esses casos de cirurgia de “tumor cerebral” são resgates que pedimos e quase sempre significam final de provas, levadas a efeito em virtude

de erros que cometemos em vidas anteriores”.

Ficamos atônitos!

Disse mais;

- „Não se entristeçam, pois a separação é apenas material, ele (o Dudu) vive e estará sempre com vocês, pois a Vida Espiritual é eterna e, um dia, vocês

estarão novamente reunidos.”

Um grande bálsamo consolador havia jorrado em nossos corações,

dando ânimo e força para continuarmos nossa jornada.

Tudo se consolidou ainda mais, após o recebimento de duas missivas,

através do correio mediúnico. Lutamos ainda, é verdade, com a dor da saudade, e de que tudo faz patê de um plano maravilhoso que visa nossa evolução espiritual,

rumo à felicidade que todos desejamos.”

Flávio Camargo.

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MENSAGEM I EDUARDO ZIBORDI CAMARGO

Minha querida Mãezinha, meu querido Papai. Estou há dois meses preparando estas notícias com o auxílio de meu avô Degardo.(1)

Agora, estou pensando e as mãos dele estão sobre as minhas, dando forma ao que desejo dizer. Diz ele que é meu avô Hildegardo e diz que me auxilia,

mas quem dá forma às palavras sou eu mesmo.

Ainda estou assim diferente, às vezes querendo dormir muito, mas

estou mais alegre, porque vocês voltaram a fazer de nossa casa o jardim da paz e felicidade que sempre foi.

Logo que cheguei aqui, chorava muito, porque ouvia vocês e todos em casa me chamando.

Acordei num quarto muito claro muito agradável, desde que me vi pr fora do hospital, mas sentia muito frio, apesar do ambiente de conforto.

Pensei que estava em casa de alguma pessoa nossa ao sair do sono

longo em que me vi de um instante para outro e gritei por papai, por você

Mãezinha, gritei muito, até que a enfermeira perto de mim trouxe um amigo que me falou ser também meu avô - o meu avô que está aqui comigo. Ele me abraçou e

me disse para descansar...

Prometeu que o meu tratamento iria trazer melhoras e que eu não

gritasse para não machucar a cabeça(2) Aqueles olhos eram os nossos olhos. Falavam do carinho e do conhecimento de nossa casa.

Meu avô sentou comigo e me disse que estaria ao meu lado, pedindo

para que eu tivesse calma e confiança para dormir.

Chorei baixo para atender, mas estava triste... Vocês não apareciam e

eu queria vocês comigo.

Depois desse encontro, dormi e depois acorde com frio. Depois eu

soube que eram as saudades e as lágrimas em casa.

Estava ligado a vocês todos, e, à medida que ficava obediente ao meu

avô e à enfermeira, descobri que ouvia as palavras de vocês dentro de mim.

Você, Mãezinha, me chamava tanto e você, meu querido papai,

conversava tanto comigo que me assustei... Aí é que fiquei sabendo que o frio era a nossa ligação de tristeza. E quanto mais frio experimentava, mais voltava a dor de

cabeça.

Pedi para ver o Doutor Pimenta, querendo falar com ele. Até aí, eu não

sabia que meu avô Degardo estava comigo em outra vida. Os médicos que me vinham ver em silêncio, dois deles, sorriram com o meu pedido e prometeram

trazer o Doutor Pimenta.(3)

E entre melhoras e pioras, minha situação foi passando, até que pude ir em casa, em nossa casa mesmo. A tristeza estava conosco, mas a luz da confiança

começou a brilhar.

Já sabia que estávamos separados e busquei conformar-me. Comecei a

aprender que a minha impaciência levava sofrimento para vocês e procurei conformar-me.

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Revi todos. Beijei tanto vovó Henriqueta e vovó Lourdes, abracei

Flavinha e com vocês dois revi tudo, mas ninguém me via nem me ouvia. (4)

Custei muito a compreender as cousas, mas estou forte. Agora nossa

casa ficou alegre outra vez.

O Daniel é um garoto muito amigo e já temos confiança maior no futuro.

Flavinha e o nosso querido irmão estão conosco, renovando a nossa esperança.

Estou bem. Só tenho muitas saudades, mas vamos trabalhar pelas

outras crianças.

Mãezinha fique feliz. Papai fique alegre. Muita gente não acredita que

vivemos em outra via, mas eu não si porquê.

Não se preocupem e cultivem carinho e amor por todos. Ontem completamos um aniversário de separação. Será isto mesmo? Penso que sim,

porque não mias vi vocês depois de haver dormido com a bênção que me deram

até que pudesse rever vocês, há tempos.

Parece tanto tempo, quando nos separamos e ficamos longe uns dos outros, no entanto, quando estamos mais juntos, como acontece aqui, tudo parece

que foi ontem. A alegria da união apaga o poder do tempo e o amor vence a morte. Esta palavra “morte‟, eu ouço quando volto ao nosso ambiente, mas onde estou

ninguém fala ou pensa nisto.

Nossa escola é um parque marcado de fontes e de flores. Céu azul e

muita beleza em tudo. Paz e ensinamentos. Graças a Deus, estamos amparados.

Há muitos companheiros que choram ainda muito, eu não. Eu não choro

mais, porque vocês, também, não choram mais. Temos mães que não são nossas, mas que são carinhosas e protetoras.

Nós, os meninos maiores e mais corajosos, já conseguimos trabalhar ajudando a distrair os pequeninos.

Mãezinha, Paizinho, agradeço a todos o bem que me fazem com as prece e as lembranças. Deus recompense a vocês por toda a felicidade que me

enviam com os pensamentos de paz e de esperança.

Aqui, comigo, o meu avô e o meu tio abraçam vocês.

Agora, devo terminar. Comecei a lembrar e comecei a sentir muito

quanto passou. Podem ficar tranqüilos. Estou melhorando sempre. E estou crescendo para estar com mais utilidade junto de vocês. E estou aprendendo

também a trabalhar pelos menores do que eu, na idade em que voltei para cá.

Estou contente por escrever a vocês e coloco o meu coração no coração

de vocês dois.Muitos beijos do filhinho sempre mais de vocês e cada vez mais com vocês.

Sempre com o carinho e com muito amor do

DUDU

02. FEVEREIRO. 1974

.(1) Hildegardo Zibordi, bisavô falecido em 1956.

(2) Dudu desencarnou após cirurgia para retirada de tumor cerebral.

(3) Prof. Dr. Aloysio Matos Pimenta, neurocirurgião de São Paulo que operou o Dudu.

(4) Henriqueta Giaretta Camargo, avo paterna e Lurdes Zibordi, avô materna, Flavinha, sua irmã,

Flávia Zibordi Camargo.

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MENSAGEM II EDUARDO ZIBORDI CAMARGO

Pais queridos, meus queridos Paizinhos.

Começo esta carta, pedindo a bênção de Deus para nós todos.

Se o amor fosse tinta e se a saudade fosse uma pena, creio ser esse o

meio que me expressaria o coração. Amor e saudade formando um fio pelo qual todos os meus sentimentos conseguissem sair de mim para você, papai, para você,

Mãezinha, para a Flávia e Daniel, para todos os nossos, enfim...

Não se preocupem com o que eu digo. Que filho não sentirá falta do lar

onde se acolheu para nascer, assim como o pássaro que voa e voa, mas sempre sem perder o rumo do ninho?

Nossos Benfeitores aqui sabem tudo isso. Meu querido avô, aqui comigo, compreende.

Que a nossa mansão de paz e de instrução é linda, não vacilo em

reconhecer, que os protetores são apoios de luz e carinho, sou o primeiro a observar; que as flores que nos cercam lembram estrelas que fulgem no solo é a

pura verdade e que a nossa união é uma festa constante, é o que vejo em toda

parte.

Entretanto, quanto mais amadureço na compreensão e quanto mais recebo dos que nos protegem e nos abençoam em nome de Deus, mais me recordo

dos meus pais e dos irmãos com os entes queridos e, quanto posso, regresso à

casa e às nossas preces para respirarem nosso ambiente, como quem anseia encontrar a função de sustentar a chama de nossa fé...

E ao fazer isso, Mãezinha, encontrei igualmente os que se acham na

ventania cujas lâmpadas de esperança se apagaram na tempestade.

Ninguém me mandou ver isso. Sou eu mesmo, o Dudu de você e de

meu pai que, com saudades de vocês, procurei por meus paizinhos queridos e encontrei os outros que também se desorientam nos caminhos da Terra, por falta

de fé e por ausência de amor, embora o amor de Deus, à maneira d Sol, nos cerque em todos os lugares.

Encontrei os pais desolados que buscam nas pedras do mundo, derramando lágrimas sobre as cinzas e achei os filhos que perderam os pais e

caminham na Terra sem direção.

Conheci outros, além deles:

os doentes que esperam a morte em meio da solidão;

os que cruzam as estradas sem equilíbrio para saber onde o lugar de tratamento e repouso;

os cansados de sofrimento que pensam fugir da vida pela porta das trevas;

os que passaram por lutas cruéis e escaparam delas, mutilados e abatidos, sem coragem de retornar à estrada que lhes era própria;

os que tombaram nas grades da corrigenda e choram por falta do lar de que se esqueceram;

os que possuídos, ás vezes, os melhores recursos da Terra se sentem desvalidos de paz;

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os que se amedrontaram diante da escola que Deus nos concede no

mundo e querem anular as próprias forças, através de venenos suaves que lhes corroem o corpo e conturbam a alma;

e abracei centenas de pequeninos que suspiram por leve bênção de afeto, a fim de sobreviverem...

Quando conheci tudo isso, foi como se meu coração rebentasse numa fonte de anseios...Anseios de trabalhar, de fazer qualquer cousa que ajude, que

alivie...

E foi com vocês, meus paizinhos queridos e com os amigos que nos

assistem, que pude descobrir os instrumentos de ação.

Vocês me ouviram e estou quase completamente feliz s não fosse a

saudade que deve, por enquanto, estar entre nós por aguilhão que nos mantenha em serviço.

Trabalhemos pelo bem de quantos nos compartilham as experiências na Terra.

Mãezinha, não esmoreça. Suas faculdades mediúnicas são talentos de

Jesus.

Uma frase de reconforto, uma página de bom ânimo, um bilhete de

esperança, essa ou aquela mensagem, mesmo de poucas palavras, que nasça de suas mãos, são pétalas de amor do jardim de Jesus para benefício do mundo.

A nossa família, papai, cresceu muito e crescerá muito mais, com o amparo da Divina Providência. Não nos cansamos de agradecer aos Céus o

privilégio de trabalhar para servir.

Lembro-me de nós dois no carro, na estrada da preparação de ontem

para as tarefas de hoje e reconheço que presentemente seguimos no carro de Cristo na viagem de volta ao Reino...

O Reino de Deus, porém, meu pai, é o Reino do Amor e da Felicidade para todas as criaturas. Nosso lugar no carro há de ficar maior e seu filhinho estará

com você e com minha Mãe para receber os que seguirão conosco. Não receemos dificuldades, porque Jesus providenciará em nosso favor.

Estejamos no serviço dele e o Senhor promoverá a solução de todos os nossos problemas, porque auxiliando aos outros estamos protegendo a nós

mesmos. Assim será sempre.

Agradeço aos irmãos queridos aqui presentes conosco a bondade com

que nos auxiliam. Brasil, Nair, Margarida – três tesouros de fraternidade e carinho que nos garantem tantas bênçãos e tantas alegrias e os outros que ficaram em

Santa Rita (1), são todos eles nossas alavancas de cooperação e segurança.

Ouçamos as vozes dos que nos conduzem para a luz bendita da união e

trabalhemos, continuando a servir...

Queria escrever muito, mas vovô me diz que as lágrimas também falam, por isso não consigo continuar...

Choro, meus pais queridos, porque estar com vocês é realmente ser feliz. Sou feliz com o pranto da alegria. Estava com muitas saudades de escrever

assim uma carta longa...

Mas, chego ao fim de meus recursos para as notícias de hoje e noto

que não falei tanto de carinho e gratidão quanto desejava. A prece, porém, é o meu refúgio de solução e oro pedindo a Jesus nos mantenha em sua Paz.

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Paizinho querido e querida Mãezinha, a irmã que nos protege as tarefas

mediúnicas em Santa Rita está conosco e se faz lembrada, deixando-lhes um abraço. (2) E eu, com o meu reconhecimento a todos, com o vovô, deixo aqui todo

o meu coração.

Sempre o filho reconhecido, no carinho de sempre,

DUDU

14. OUTUBRO. 1974.

(1) Brasil Paulista da Silva Prado, sua esposa, Nair de Souza Prado e margarida Magnabosco, amigos de Santa Rita do Passa Quatro. D. Margarida

deixou o Plano Físico a 07 de janeiro de 1974.

(2) Irmã Cecília, Guia Espiritual da genitora do Dudu.

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FERNANDA LUIZA BATISTA DOS SANTOS

A jovem, quase adolescente, Fernanda Luiza Batista dos Santos nasceu

em Franca-SP, a 3 de junho de 1967, aí desencarnando com 13 anos, no anoitecer de 29 de outubro de 1980 para amargura de seus pais, Mauro Baptista dos Santos

e Maria Aparecida Gatez Santos e dos irmãos, Walter João, Anita e Aparecida Helena, da madrinha Glória que reside com a família e, por que não dizer de toda

franca que pranteou a partida de sua estrela meiga e bela.

Como testemunho de sua beleza e da eternidade da vida, numa

homenagem póstuma à Franca que tanto amou, de sua sepultura, segundo as palavras maternas, “mina uma água qual se fosse de fonte e muita gente diz

alcançar graças com ela...”

A respeito da carta mediúnica da filha, recebida seis meses após a

partida, a mãezinha, D. Maria Aparecida assim se expressou:

“A mensagem de minha filha ajudou-me a ter a certeza de que um dia

nos encontraremos novamente e este é o meu maior desejo. Vivo cada dia à espera de uma segunda mensagem, se o bom Deus permitir. Nosso amado Chico Xavier

conseguiu reanimar toda a nossa família”.

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MENSAGEM FERNANDA LUIZA BATISTA DOS SANTOS

Querida Mamãe Aparecida, abençoe a sua filha, perdoando-me o desequilíbrio a que me entreguei, sem pensar na dor que lançava em meu próprio

caminho.

Sou trazida até aqui pela vovó Maria Honorata porque, por mim própria,

não conseguiria vir.(1)

Sei que alterei a família toda com a resolução infeliz.

Querida Mãezinha, você e o papai Mauro me perdoarão se procurei aquela arma propositadamente. Aproveitei o ruído daquele mesmo aparelho de som

que a sai bondade me deu com sacrifício para liquidar comigo!

Ninguém conseguirá imaginar o sofrimento da infeliz menina que fui por

minha própria conta! Nada sabia da vida, nem guardava experiência alguma, entretanto, a idéia de me ausentar do mundo me obcecava...

Não pensei no sofrimento dos meus e nem avaliei quanto me queriam

todos em casa. Um pequenino desgosto de criança rebelde e compliquei tanta

gente...

Pobre Sam! Um amigo que nem podia tomar conhecimento de minha presença e eu a dramatizar o inexistente!(2)

Querida Mãezinha, reconheço que aos pais não e preciso rogar desculpas, no entanto,sinto-me de joelhos a lhes pedir para que me auxiliem,

esquecendo-me o gesto alucinado.

Não sei de todo o que se passou...

Lia com interesse à tudo quanto se referisse aos casos de amor e paixão e, antes de me formar na fé, acreditei-me pessoa adulta quando não

passava da menina que se afundou voluntariamente num poço de lágrimas.

Tenho recebido o socorro de vários parentes, dentre os quais me sinto

mais ligada à vovó Honorata, porque ainda não saí da posição de doente grave. Tenho o coração doendo e a cabeça ainda bastante desorientada. A senhora, meu

pai, o Walter João e as irmãs compreenderão que não pode ser de outra maneira.

Não tenho palavras para descrever o meu arrependimento, no entanto,

deixaram-me escrever-lhes estas notícias para que me alivie, desinibindo os meus sentimentos sufocados.

Rogo à Anita, à Aparecida Helena e à Glória para me perdoarem.

Quando me lembrem, por favor, não me recordem como sendo o retrato de uma

criança enlouquecida de arma na mão. Recordem-me nos momentos em que, despreocupada, não me intoxicara, ainda, com idéias de auto-destruição.

Preciso refazer a minha própria imagem. A vó Luiza e a irmã Ana que

veio até a minha pobre presença, a pedido de nosso Carlos, muito me ampararam.(3)

Envergonho-me, porém, de receber tantas bênçãos, quando errei calculadamente, conquanto sem conhecimento antecipado do que fazia. Agradeço

as nossas amizades que, até hoje, me reconfortam com orações.

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A nossa benfeitora Maria Conceição de Barros, a quem o seu carinho

rogou por mim, estendeu-me as mãos e um médico de nome Doutor Ulysses, também de Franca, se compadeceu de mim por intercessão dela. (4)

Como vê, não estou desvalida, porque a infinita Bondade de Deus não nos abandonaria. Apenas ignoro como conseguirei rearticular o meu organismo

agora dilapidado. A vovó Honorata me consola e busca reanimar-me.

Querida Mamãe Cida, perdoe-me e aceite-me por sua filha outra vez...

Creia, Mamãe, só a cabeça perturbada e doente me faria agir contra mim própria e contra a felicidade dos que mais amo.

Não posso continuar, porque o pranto não escreve e as lágrimas me asfixiam os pensamentos com que eu desejava formar as palavras de súplica à

família toda para que me recebam novamente no coração, tal qual fui antes de minha resolução infeliz. Deus nos proteja e me auxilie a retomar a tranqüilidade

que ainda não tenho.

O papai e todos os meus me perdoarão com o seu apoio de mãe e eu

lhe rogo, querida mamãe, para que o seu sorriso brilhe de novo para mim, a fim de que eu possa recomeçar a minha caminhada de esperança.

Perdoe-me e receba em seu colo a sua filha que é hoje a sua criança doente.

Ensina-me outra vez a pronunciar o nome de Deus com a fé que o seu carinho me transmitiu: cante outra vez para que tanta dor me permita dormir e

receba muitos beijos de sua filha ainda errada e sofrida, mas sempre sua filha do coração por ser agora a mais necessitada de todas.

Sempre a sua,

Fernanda

Fernanda Luiza Batista dos santos

25. Abril. 1981

(1) Maria Honorata, bisavó paterna, desencarnada em Franca-SP, nos idos de 1942.

(2) Samuel, amigo de Fernanda. Ao retornar de Uberaba, logo após a recepção desta maravilhosa carta, Aparecida Helena, irmã de Fernanda, procurou

Samuel, para saber de que modo a irmã o chamava. E Samuel disse que Fernanda somente o chamava por Sam. A família e muito menos Chico Xavier tinham notícia

disso. Aliás, Chico jamais ouvira falar de Samuel, como dos outros nomes citados na mensagem.

(3) Fernanda refere-se a dois familiares de José Carlos, marido de sua irmã Aparecida Helena; trata-se de Ana Maria Araújo Arantes e José Carlos de Castro, a

bisavó e o genitor de José Carlos, falecidos respectivamente em 1970 e 1960.

Luiza Croff Krempel, desencarnada em 1962, é a avó de Glória, madrinha

de Fernanda que reside com a família.

(4) Maria Conceição de Barros, muito querida em Franca, foi morta,

grávida, há quase meio século e seu túmulo fica pertinho do de Fernanda.

Dr. Ulysses Paiva, conceituado médico da cidade, desencarnado em 1919.

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GEORTHON LACERDA DANTAS

Filho de Hélio Lacerda de Souza e de D. Neusa Dantas Lacerda,

Georthon Lacerda Dantas é goiano da capital, onde nasceu a 3 de setembro de 1965, tendo lá desencarnado no último dia de maio de 1981.

Esportista, amigo inseparável do pai, praticava natação, motociclismo, kart e se dedicava a corrida de automóveis.

Ao falecer, cursava a 7ª série do primeiro grau, no Ateneu Dom Bosco de Goiânia.

Em sua homenagem, como reverência da municipalidade goiana, a rua

onde residia passou a chamar-se Rua Georthon Lacerda Dantas.

Deixemos que a genitora fale um ouço do Georthon e do reencontro,

quase seis meses após sua partida:

“A mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier veio nos trazer

uma alegria, uma satisfação incomum, não só para mim, como para todos os familiares e principalmente para meu esposo, isto m razão da desesperação e da

tristeza que havia tomado conta do meu lar, após a desencarnação do nosso inesquecível Georthon.

Graças a deus, tudo mudou para melhor em nosso convívio familiar, sob todos os aspectos.

Todos os meus familiares, inclusive eu e meu esposo, já perdoamos de coração o motorista causador do acidente e nos sentimos preparados

espiritualmente para auxiliar com palavras de conforto aos outros pais que passaram ou passam pela mesma experiência nossa.”

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MENSAGEM GEORTHON LACERDA DANTAS

Querida mamãe e querido papai Hélio, este é um grande momento para mim.

O jovem amigo Henrique Gregório (1) se propôs a auxiliar-me na escrita, para que eu não estivesse vacilante e aqui a família me recebe nas palavras

que vou alinhando com o meu coração na ponta do lápis.

A princípio, aquele choque de máquinas foi para mim um acontecimento indescritível.

Não sei quantos metros voei pelos ares, ante o choque da máquina pesada que me atirou para diante. Mas, aquele era o momento certo para o meu

regresso à Vida Espiritual.

Desmaiar, dormir um sono de pesadelos terríveis e acordar

sobressaltado procurando onde me haviam colocado, foram ocorrências para as quais não me achava preparado.

De começo, julguei que estava em casa de tratamento em nossa

cidade e que só me faltava a presença dos meus, no entanto, uma senhora se destacou dentre os enfermeiros que me assistiam, para dialogar comigo. Ela me

pareceu, para logo, uma parenta muito querida, porque até na voz guardava profunda semelhança com a sua.

Depois de acariciar-me, na tentativa de me pacificar, disse-me que já não me achava mais em nossa casa e que me competia guardar paciência e

conformação, duas atitudes difíceis para quem se reconhece acidentado e fora do ambiente doméstico.

Buscando enxugar minhas lágrimas de rapazinho estouvado, declarou-me que era a vovó Ana Dantas(2) e que zelaria por mim.

Bastou que a morte do corpo me tomasse as idéias, até então em

dúvida sobre o meu verdadeiro estado, para que a enxergasse com o papai Hélio

por dentro de mim, como se lhes trouxesse os retratos vivos no coração.

Lutei bastante, mas estou reassumindo a mim mesmo, para trabalhar e estudar aqui, onde as oportunidades de servirmos aparecem às centenas.

Mãezinha, peço-lhe muita fortaleza e resignação.

Aquele dia era o meu – o meu dia de regressar e quando reconheci que

retornava à Vida Espiritual, pedi a Nosso Senhor que me fizesse um instrumento de paz e amor.

Tive a alegria de ver meu pai e o tio Alberto se abraçarem e sinto que um novo clima de beneficência está em nossa casa, (3) para sair de lá em mais

trabalho a favor dos que necessitam de nós mais do que precisamos.

Quero dizer ao seu coração querido, ao papai Hélio, ao Antônio Neto, à

Maria Silésia (4) que não morri e peço-lhes continuar no cultivo da paz que nos abençoa com tantas utilidades novas.

Estou muito grato com a lembrança de nomearem um novo Georthon

no lar do nosso Hélio Junior e rogo para querido sobrinho um futuro de alegria e de

amor.(5)

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Querida mamãe, com a vovó Maria Glória (6) que me recebeu nos

próprios braços, tenho a comunicar-lhe que encontrei na outra avó, a vovó Carolina(7), muito dedicação e muito amor. Nada me falta, a não ser a presença

daqueles que amo e que ficaram na vida física, mas tenho a certeza de que Jesus

nos abençoará a todos, renovando-no a força de viver.

Peço-lhe para que não chore mais, com essa angústia que chega a me queimar o coração por dentro de mim.

A nossa Maria Silésia, o Júnior com a nova família, o Antônio neto com o papai, estão aí precisando de sua proteção e de sua companhia e conservo a

certeza de que você não esmorecerá. Tudo caminha para o reequilíbrio e com a bênção do mais Alto, tudo que é nosso, emprestado por Deus, está revivendo em

nosso auxílio.

Querida mamãe, atravessaria a noite escrevendo, mas o amigo

Henrique que me cedeu o lugar me explica que estamos aqui subordinados a horário de que não nos cabe abusar.

Por isso, agradecendo mais uma vez, tudo de belo que você me dedicam, rogo-lhes receber com o papai Hélio, com o tio Alberto e com os meus

queridos irmãos, todo o amor do seu filho, cada vez mais reconhecendo a mim trôpego ainda.

Peço ao meu pai e ao seu carinho materno não se esquecerem de que a minha moto não teve culpa alguma e que, por isso, a ela continuamos reservando

muito carinho e respeito.

Agradeço a todos os meus o não incomodarem ninguém por minha

causa, pois o motorista do carro que me colheu não poderia controlar a máquina, ante a velocidade natural com que transitava.

Tudo atendeu aos desígnios do Senhor e aqui fui suficientemente esclarecido para não me prender às reclamações sem razões de ser.

Mãezinha querida, mais uma vez, receba os beijos de muito amor e

gratidão de seu filho.

GEORTHON

14. NOVEMBRO. 1981

(1) Jovem desencarnado em Goiânia, em 1976, aos 23 anos, filho de D. Augusta e de Gastão Henrique Gregoris.

Henrique Gregoris já é nosso conhecido por citações feitas em outros livros do GEEM.

(2) Bisavó materna, desencarnada no município de São Bento (PB), em 1978.

(3) O Sr. Hélio e seu irmão Alberto ficaram 8 anos sem conversar em função de

desentendimento familiar, fato muito reservado de que poucos sabiam e muito menos Chico Xavier...

A revelação de Georthon é extraordinária, pois realmente logo após

sua partida os irmãos se reconciliaram.

(4) Antônio Neto e Maria Silésia são irmãos de Georthon.

(5) Hélio Lacerda Júnior, irmão mais velho do Georthon.

(6) Bisavó paterna, desde 1954 no Plano Espiritual.

(7) A vovó Carolina, tia-bisavó do Georthon, faleceu em 1910.

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SIDNEY CATARDO

O casal não tivera filhos, sonho que Sidney e D. Luzia Aparecida Mello

Catardo acalentaram durante a breve convivência de quatro anos, interrompida pelo falecimento do marido, depois de ingente luta contra um processo canceroso

de laringe que durara quase dois anos.

Contudo, hoje, D. Luzia é mãe SOS nas Aldeias Infantis de Poá-SP,

cuidando de nove filhos, adotados pelo coração, com o acompanhamento espiritual do marido.

A beleza de tal realidade, devemo-la à sublimação da dor pelo trabalho, empreendida pó D. Luzia, desde que a precoce viuvez a visitara.

Calmo, temperamento afável, resignado ante a adversidade, Sidney Catardo, filho de José e Clementina Catardo, nasceu e desencarnou na capital

paulista, respectivamente a 16 de maio de 1949 a e 09 de junho de 1979, com 30 anos de idade.

Ótimo filho, excelente marido, bom colega de trabalho, tímido, carinhoso, segundo a genitora, D. Clementina Catardo, Sidney aos 3 anos de idade

preconizara o próprio falecimento aos 30...

Assuas mensagens simples, muito carinhosas, especialmente endereçadas à esposa e à mãezinha, dão-nos a dimensão de um espírito nobre e

evidenciam-nos a magna tarefa a que a esposa se dedicou, com a ajuda de D.

Clementina, de adotar nove crianças, reconstruindo o lar, enriquecido com os filhos que não pudera ter, engrandecendo-se assim, aos olhos da comunidade poaense,

pela dedicação e carinho de uma jovem mãe que trocou a estamenha de dor pelo trabalho em benefício dos entezinhos frágeis que a orfandade e o abandono

colocaram em seu caminho.

A primeira mensagem do Sidney, pelas mãos de Chico Xavier, chegou

dois meses e vinte e dois dias, depois de seu retorno à Vida Maior.

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MENSAGEM I SIDNEY CATARDO

Mãezinha Clementina, peço-lhe a bênção.

Quero fazer desta carta-bilhete uma notícia calma que diminua as nossas saudades e nos amplie as esperanças.

Abraço-a com a nossa Luzia em meu carinho imenso e comunico-lhes que estou bem.

Compreendo a carência afetiva, à distância, das duas, no entanto,

lembro-me de que a Lei de Deus foi cumprida em meu doloroso problema e estou

conformado.

Graças a Deus, vencemos. Vencemos as perguntas ansiosas, as sugestões de dor, as horas de aflição, as expectativas repletas de sofrimento, em

torno de remédios que não faziam efeito, o medo que nos fazia tremer, ocultando a

nossa inquietação uns dos outros e, afinal, vencemos a doença e a morte.

Para quem passou por aqueles dias e noites, todos eles englobados em sombra, esta palavras de hoje são de consolo e de alegria. Graças a Jesus tudo

passou.

A vovó Clementina e a Vovó Júlia (1) foram e ainda são aqui em meu

favor, duas novas mães que me reconfortam.

E quero dizer à nossa querida Luzia, que depois de Julho, a Dona Lydia

(2) se reuniu a nós e vamos formando aqui uma ala da família que pede a Deus abençoá-los a todos em nossos recantos de harmonia familiar. Incluo o nosso Valdir

e a querida equipe doméstica que ele formou, reunindo-os conosco nestas lembranças.(3)

Mãezinha Clementina e minha querida Luzia, muito obrigado por todo o amor que me deram, pela dedicação com que velaram por mim, pelas provações

que atravessaram em minha companhia.

Jesus Reina! Um dia novo nasceu para mim e desejo comunicar-lhes a

minha profunda alegria, embora esse júbilo apareça retalhado pelas lágrimas de minha saudade.

Deus as recompense por todas as renúncias e sacrifícios com que me carregaram, qual se eu lhes fosse uma bagagem de feridas que as duas guardavam

de encontro ao peito, qual se fosse eu ainda o homem são que não poderia recuperar-se.

Deus as mantenha felizes. Tão felizes quanto me fizeram, suscitando em mim a certeza de que o amor existe e de que Deus jamais nos abandona.

Reúno meu pai e o querido irmão nas vibrações de amor com que as

reencontro e peço à querida Mamãe Clementina que se fez meu anjo da guarda e

rogo à esposa querida que se transformou para mim em segunda mãe, receberem muitos beijos de carinho e gratidão do filho e companheiro sempre agradecido.

Sidney

SIDNEY CATARDO

31. AGOSTO. 1979.

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(1) Clementina, bisavó materna, desde o início do século, na Pátria Espiritual.

Júlia Ferreira, avó materna, falecida em 1965.

(2) Lydia de Paula Barbosa, avó paterna de D. Luzia, desencarnada em 1979.

(3) Valdir Catardo, irmão do Sidney. Este, na mensagem, fala em “querida

equipe doméstica, que ele formou”, pelo fato de poucos meses antes desta carta mediúnica, haver nascido mais uma filha do Valdir.

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MENSAGEM II SIDNEY CATARDO

Querida Mãezinha Clementina e querida Luzia, venho trazer-lhes a

minha alegria emoldurada nas saudades de sempre.

Agora se esvaíram de todo as recordações do corpo ferido e doente.

Daquelas pequenas chagas todas que suportamos, louvando a Deus e crendo na Providência Divina, como que desabrocham, por dentro do próprio ser, flores

invisíveis de pás e de alegria.

Não estou exibindo superioridade que não tenho. Preciso destacar a

Bondade de Deus que nos enriqueceu de trabalho e de bênçãos.

Mãezinha Clementina, a vovó Júlia aqui me diz para transmitir-lhe a

certeza de que não apenas o nosso Valdir conseguiu uma família, porque a nossa Lu (1) e eu temos agora nove filhos, os pequenos felizes que Deus nos enviou

através da Aldeia Infantil de Poá.

Tenho encontrado o meu paraíso dividindo com a nossa querida Lu

todas as atividades de nosso abençoado lar. O José Paulo é o nosso caçula. Maísa, Wanderlei, e todos os demais, formam a nossa constelação de nove estrelas.

Querida Lu, eu sabia que Deus não nos deixaria na orfandade, em

relação às crianças com as quais sempre sonhamos. Temos um céu em casa e

estou feliz, ao vê-la ajustada às obrigações da maternidade espiritual. Deus abençoe os nossos garotos que vieram de outros pais e que o Céu aninhou em

nossos corações.

A nossa irmã Lydia vem trabalhando conosco e não tenho qualquer

provação por relatar. A doença nos uniu mais profundamente em Jesus e a liberação do corpo me facultou o contentamento de me integrar com você no

mesmo ideal de nos consagrarmos às crianças que a Divina Providência nos pudesse confiar. E até a querida Mamãe Clementina se sente mais avó ao beijar os

nossos filhinhos do coração.

Estas letras breves se destinam unicamente a repetirmos juntos: Jesus

Reina! Jesus Vence! Louvado Seja Jesus!

Com muitas lembranças ao querido irmão e a meu pai, dividam as duas, mamãe Clementina e você, querida Lu, os beijos do seu, sempre seu,

Sidney

SIDNEY CATARDO

17. JULHO. 1982

(1) Apelido carinhoso com que chamava a esposa.

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MENSAGEM III SIDNEY CATARDO

Querida Mamãe Clementina e querida Luzia, a saudade repercute, ao

modo de campainha da alma, chamando-nos ao reencontro onde quer que estejamos e compareço com alegria no nosso diálogo de esperança.

O tempo não nos transformou as aspirações que hoje se complementam no abençoado Lar de nossa Aldeia Infantil e, junto à querida Lu, estou operando e

cooperando na condução e manutenção dos nossos nove pequeninos que recebemos por filhos do coração.

Mãezinha Clementina, agradeço-lhe o apoio, com o apoio de meu pai e do nosso Valdir ao nosso esforço ao lado das crianças.

Em muitas ocasiões, partilhando com a nossa querida Lu da contemplação de nossos pequenos e grandes filhinhos adotivos, eu tenho a

impressão de que estou novamente materializado no corpo terrestre.

Querida Lu, muito reconhecido, peço a Jesus lhe amplie e lhe conceda a

calma indispensável para a missão árdua que esposou em minha companhia.

De fato, a nossa união esponsalícia na Terra foi um momento ligeiro, mas o nosso matrimônio de alma para alma permanece com os júbilos do primeiro

dia que, do ponto de vista de tempo, ainda agora é o dia brilhante em que a

felicidade parou, a fim de ser mais nossa.

Nunca esperei, enquanto aí no mundo, pudesse haver um enlace permanente e lindo, quanto o nosso, no qual um cônjuge reside na Espiritualidade,

à espera do instante de receber o outro que ainda mora entre os homens.

Louvo a bondade de Deus que nos permitiu descobrir a beleza da vida,

sem que a morte nos obscurecesse a visão. E compensando-nos por todas as dores experimentadas no adeus

temporário, o Supremo Pai nos concedeu um lar que não preparamos e nove pequeninos que não nasceram de nós e, sim dos desígnios divinos que os

trouxeram para acentuar a nossa ventura.

A mãezinha Clementina percebe pelo coração quão ditoso me sinto e

renovo a ela o meu reconhecimento profundo pela compreensão e concurso de sempre com que nos dilata as alegrias.

Querida Lu, são estas as minhas respostas aos seus recados de saudade e bênção que varam distâncias, a fim de que eu me reconheça sempre mais forte e

mais feliz do que sou. Vencemos a separação com o serviço em nossos braços e esse mesmo serviço se fez o clima de paz e luz em que passamos a viver.

Peço-lhe abençoar os pequeninos trechos difíceis de nossa caminhada entre as paredes de nosso novo lar e guarde a certeza de que, com o amor e com a

humildade a nos orientarem os passos, estaremos tranqüilos e surpreendendo, sem dificuldades, as melhores soluções para os problemas naturais da instituição de que

somos os felizes servidores,

Não devo alongar-me, porque falei de saudade como quem se refere à

própria vida e comentei a união como se a morte não existisse, nem mesmo na condição de sombra em que costuma atemorizar-nos.

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Querida Mãezinha Clementina, a todos os familiares as minhas

lembranças ao mesmo tempo em que rogo à nossa querida Lu conservar sempre consigo o amor inalterável e o constante reconhecimento do seu

Sidney

SIDNEY CATARDO

16. JULHO. 1983

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CARLOS ROBERTO CAMINITTI

Carlinhos nasceu em São Caetano do Sul-SP, a29 de maio de 1953,

falecendo a 5 de setembro de 1982, ao sofrer um mal súbito, quando de moto transitava pela Estrada Paraibuna-Caraguatatuba.

29 anos, mecânico de veículos, com curso d especialização na General Motors e na Ford do Brasil S.ª, Carlinhos era proprietário de uma oficina em Santo

André-SP.

Filho único de Milton Caminitti e de D. Maria de Lourdes Cassoni

Caminitti, simpatizante do Espiritismo, caráter reto, alegre, empreendedor, Carlinhos vivia muito a própria vida, estudando, acampando, e, sobretudo,

participando do convívio dos pais, a quem extremava, por filho terno e solícito.

Em seus últimos dias falava muito nos avós desencarnados e dizia aos

pais que logo estaria com eles.

Ainda chocados, os genitores não puderam oferecer-nos seu

depoimento. Contudo, o tio do Carlinhos, Sr. Osvaldo Conceição disse-nos o seguinte:

“Os pais do rapaz ainda se encontram muito amargurados pela falta do

filho único.

A mensagem trouxe um pouco mais de paz e conforto. A tranqüilidade

não é total, pois eles sentem muitas saudades e gostariam de ter mais notícias do filho, porém, já compreendem melhor a situação.

Eles se encontravam muito nervosos antes da mensagem, se revoltavam contra tudo. Não conseguiam entender como um rapaz tão religioso

quanto ele, que sempre rezava antes de qualquer atividade, pudesse ter sido colhido pela morte.

A mensagem veio confirmar o laudo médico de morte natural (ele já sofria de ataques, ficava com seus membros paralisados, sofria do coração, mas

relutava em ir ao médico).

Hoje os pais estão mais tranqüilos, muito saudosos ainda, mas

enfrentando a vida de forma diferente. Com a mensagem e o constante apoio da família, foram compreendendo melhor.

Ainda hoje, eles vão ao cemitério todos os dias limpar o túmulo e colocar flores. Porém, já o pai se levanta mais raramente de madrugada para lavar

o carro do filho como fazia antes.

O pai não tem religião, passando agora a ser um grande admirador de

Chico Xavier.

Seu filho cita na mensagem que ele não é o único Carlinhos, que existem muitos outros Carlinhos. Neste Natal, o primeiro após a desencarnação do

filho, eles adquiriram vários mantimentos, ofertando-os a um orfanato de Santo

André. Foi a primeira vez que contribuíram para uma instituição beneficente.”

Obs: O Sr. Osvaldo refere-se ao Natal de 1982.

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MENSAGEM CARLOS ROBERTO CAMINITTI

Querida Mãezinha Lourdes, estou presente coma vovó Ernesta, (1) a

fim de pedir ao seu carinho e ao papai Milton para que as nossas lágrimas de saudades se façam preces de esperança.

Perdoem-me os pais queridos se não soube curtir a minha moto por mais tempo. Não me creiam indisposto com a máquina que me proporcionou tantas

alegrias.

Não se arrependam, igualmente, por me haverem permitido transitar no

dorso do cavalo de aço, segundo as atenções que lhe dedicava. O choque foi muito brusco e me vi sob a pressão do engenho que me parecia tão leve ao montá-lo.

Compreendi, para logo, depois do acidente havido, que a transformação seria certa.

Não desejo empregar a palavra “morte” num acontecimento que não

me afetou o espírito em ponto algum. Afinal essa dona do pânico não existe. Tanto

choram por essa ocorrência que, a rigor, é a sombra por ausência da luz...

De começo, era compreensível que me visse quase desesperado... Eu não sabia cousa alguma acerca do que viria depois e o temor do desconhecido me

tomou o coração de assalto.

Creia-me, porém, a querida Mãezinha Lourdes que o seu carinho e o

amor por meu pai estavam em meus pensamentos na Grande Mudança. Além da queda de que fui vítima, não tive ensejo para refletir em muitos assuntos, porque

desfaleci num desmaio total.

Efetivamente, em nada me agradava o que me ocorria, porquanto a

saída do nosso mundo não estava em meus planos de menino que tomava o topete de rapaz.

Lutei vigorosamente contra a exaustão de minhas forças, mas o sono me venceu, qual o sedativo que provoca o repouso de uma criança.

Entretanto, sem que eu sabia ainda quanto tempo estive inconsciente, como quem se demorasse num casulo, para acordar em novo ambiente, fui

surpreendido pelo carinho de alguém que me tomara nos braços quando a moto foi atirada sobre mim.

Esse regaço de mulher e de mãe me lembrou a suavidade de sua ternura de sempre para comigo e, quando despertei, ei-la que se me deu a

conhecer, tranqüilizando-me o coração agitado. Era a vovó Ernesta que me solicitava dormir sem medo e ao despertar era ainda ela mesma a me convidar

para o retorno à esperança e à Vida.

Logo depois, trouxe-me a presença de outra senhora cuja bondade

irradiava paz e confiança em meu auxílio.

Nova apresentação. Era a bisa Polônia segundo ela própria se nomeava.

(2)

Passei do desânimo a novo alento e aqui estou para rogar-lhe afastar a tristeza de coração.

Mãe Lourdes, eu não era o seu filho único. Há muitos outros Carlos por aí esperando proteção e reconforto. Rogo à sua bondade e a meu pai Milton se

encorajarem para que me veja melhor.

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Ainda me sinto algo sonolento e algo despencado de meus próprios

raciocínios, por falta de segurança.

Agradeço as suas preces e as lágrimas que me deram, valendo por

preces de angústia perante Deus.

Pensemos em novo dia. Amanheceu outro tempo para nós.O escuro de

ontem já foi suficientemente iluminado por nossa rendição aos Desígnios de Deus.

Somente a nossa adaptação à realidade tem sido difícil, mas Jesus não

nos deixará sem auxílio. Preciso exercitar-me em oração e idéias positivas para lhes ser útil.

Agradeço às nossas amizades de Santo André que nos auxiliaram e nos auxiliam sempre.E porque não consigo escrever mais, recebam todo o carinho e

gratidão de meus sentimentos de respeitoso amor para com os pais amados que Deus me concedeu no mundo, com muitos beijos do filho sempre grato.

CARLOS ROBERTO CAMINITTI

18. DEZEMBRO. 1982

(1) Ernesta Baruco Cassoni, avó materna desencarnada em 1960.

(2) Polonia Cassoni, bisavó materna, cuja data de falecimento é ignorada.