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Revisão da Unidade A
Livro 3 – Estudos da Tradução I
UNIDADE A
Elementos constitutivos
das teorias de tradução
EQUIVALENCIA
• Idade Média → fazer equivaler significava manter na
tradução, os mesmos valores artísticos do TF, bem como o
sentido completo e seus elementos sintáticos;
• Lutero (1483-1543)→ defendia o sentido pelo sentido, ou
seja, a adaptação do TF para a tradução (paráfrases);
• Séc. 19 → fazer equivaler era manter na tradução, a
mesma arte retórica do TF. No entanto, não existia uma
retórica ideal, portanto a equivalência era impossível de ser
conseguida.
• Séc. 20 → a tradução é equivalente ao TF, quando produz
no leitor-final o mesmo efeito que o TF produziu nos leitores
da CF. Esse efeito, no entanto, é apenas aparente, pois os
leitores do TF e do TT estão em culturas distintas
• Funcionalismo (década de 70) - a equivalência é buscada
através do skopos, do propósito do texto que pode diferir de
uma cultura para outra. Assim, é possível fazer com que o
texto (TF ou TT) funcione para o leitor final, ou seja, que o
leitor construa sentido a partir dele.
FIDELIDADE TEXTUAL.
Fidelidade em que nível? sintático, pragmático, lexical
A quem? leitor, autor
Ao que? TF/CF; TT/CT, conteúdo, estilo, sentido?
•Medida para se avaliar a qualidade de uma tradução como
sendo “boa” ou “ruim”
Os níveis sobre os quais o conceito de fidelidade incide ao
longo da história são:
• Idade Média → o tradutor deveria ser fiel ao conteúdo do
TF;
• Renascimento → ser fiel era reproduzir os valores artísticos
do TF;
• Sec. 18. → a fidelidade estava vinculada ao conteúdo
(idéia); a forma (estilo) e a leitura (fluidez) do TT.
É o teórico alemão Friedrich Schleiermacher (séc.
XIX) quem propõe dois métodos de tradução e,
conseqüentemente, dois níveis de fidelidade,
discutidos até hoje e que são, inclusive, retomados
posteriormente por Venuti. São eles:
LEVAR O LEITOR PARA O AUTOR → estrangeirizar o TT → ser fiel ao TF;
LEVAR O AUTOR PARA O LEITOR → domesticar o TF → ser fiel ao TT.
PAPEL DO TRADUTOR
É importante considerarmos aqui duas dimensões para o
papel do tradutor: VISIBILIDADE ou INVISIBILIDADE
(apagamento).
• O tradutor VISÍVEL
deixar transparecer que o texto é de fato uma tradução,
mantém as “estranhezas” do TF (termos lexicais, marcas
culturais) no TT;
• O tradutor INVISÍVEL
privilegia a fluência na leitura do TT, sem estranhezas,
como se o autor tivesse escrito o texto diretamente na
língua de chegada.
Para alguns profissionais tradutores ser invisível é
sinônimo de COMPETÊNCIA para traduzir.
COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA
• Competência lingüística e cultural;
• Competência e conhecimento empírico →domínio das
instâncias da prática em si;
• Competência teórica → capacidade de refletir sobre sua
prática, sobre os horizontes da profissão e tudo que está
relacionado a ela;
• Competência do contexto → conhecer as ferramentas,
dicionários, saber gerenciar as etapas do seu trabalho.
• A importância dada a esses elementos é o que,
muitas vezes, determina o próprio conceito de
tradução.
• Este conceito tende a ser cíclico, ora enfatiza o TF
ora o TT e suas especificidades.
• Se em determinado momento histórico-cultural
prioriza-se uma relação de equivalência sentido
por sentido e a fidelidade aos valores artísticos do
TF, o conceito de tradução acompanha esse
momento.
Sugestões de leitura:
• Reler o artigo comentado pela professora Meta Zipser na
vídeo conferência do dia 19/03/09.
• Acessar o site:
http://www.tradutores.com/tradutor/index.php/2008/09/30/dia
-do-tradutor-o-que-e-ser-tradutor/
Lá você encontra, em homenagem ao Dia do Tradutor, uma
definição coletiva de “ser tradutor” por profissionais
tradutores de diversas áreas e línguas. Vale a pena.
UNIDADE A
Concepções e teorizações
LAWRENCE VENUTIItens mais relevantes propostos pelo autor:
1. Deve haver uma interface entre TF e TT;
2. É preciso considerar a moldura sócio-cultural que envolve ambos os textos;
3. Ideologia e discurso dominante, normalmente, determinam as estratégias tradutórias e o apagamento do tradutor:
Agendas políticas e culturais: governos, instituições que incentivam / censuram traduções e motivam discussões sobre a questão da autoria;
Editores: escolhem trabalhos; comissionam traduções; ditam métodos para traduzir;
Agentes literários, equipes de marketing, vendas, editores, revisores: determinam a leitura do TT na cultura alvo.
4. Métodos de Tradução:
Estrangeirização → mantém da identidade do Outro, dos valores, das “estranhezas” do TF, confere maior visibilidade ao tradutor, pois o leitor-final tem ciência de que está diante de uma tradução. É tida por alguns teóricos como uma forma de imposição dos valores da CF sobre a CC, criando até mesmo estereótipos. Base no primeiro método de tradução de Schleiermacher (séc. 19) – levar o leitor para o autor.
Domesticação → caminho que leva ao apagamento do tradutor e das “estranhezas” da cultura-fonte, podendo supervalorizar os valores da CC e mascarar os valores da CF. Base no segundo método do teórico alemão: levar o autor para o leitor.
CHRISTIANE NORD
Pontos importantes da concepção da autora:
• A tradução é uma situação comunicativa, inserida num contexto real e autêntico;
• Todo texto, traduzido ou não, tem um propósito e uma função. Esta só é realizada no momento da recepção (leitura) desse texto;
• Tradução orientada para a análise textual. O tradutor recria o contexto de produção do TF para determinar o público-leitor para só então determinar o skopos e a função do TT tendo o leitor sempre em prospecção;
• Essa análise pode ser empregada para qualquer tipo de texto.
• O tradutor não é só bilíngüe, mas também bi-cultural;
• Hierarquiza os FE (fatores extra-textuais) e os FI (fatores
intra-textuais) de modo a facilitar a analise textual. A
sistematização desses fatores é meramente didática.
• Permite que profissionais e aprendizes possam reavaliar a
sua prática constantemente. Se algum dos itens se
apresenta como um eventual obstáculo, é possível voltar
atrás e reavaliar todo o processo.
• Aproxima-se da interface proposta por Venuti entre TF e TT.
MODELO DE CHRISTIANE NORD
TEXTO FONTE
TEXTO META
TEXTO FONTE QUESTÕES DE
TRADUÇÃO TEXTO–META
FATORES EXTERNOS AO TEXTO
Emissor
Intenção
Receptor
Meio
Lugar
Tempo
Propósito (motivo)
Função textual
FATORES INTERNOS AO TEXTO
Tema
Conteúdo
Pressuposições
Estruturação
Elementos não-verbais
Léxico
Sintaxe Elementos suprasegmentais
Efeito do texto
Os FE analisam a situação de produção do texto, seja ele uma tradução ou o texto original
Partem da perspectiva do Emissor
Os FI constituem a maneira com o autor veicula a sua mensagem, o “como” ele escreve.
Influenciam a recepção textual do leitor, o efeito do texto sobre ele.
ANDREW CHESTERMAN
• Diferentemente de Nord, que parte da análise do TF, Chesterman volta seu olhar para o TT.
• Chesterman foi, durante muito tempo, professor de tradução para estudantes universitários em Helsinque, Finlândia . Suas estratégias tradutórias derivam justamente das dificuldades encontradas durante essas aulas.
• Chesterman é também PhD em lingüística contrastiva, o que explica a forte tendência de análise contrastiva e estatística no seu trabalho.
• O autor é conhecido pelos “Memes de tradução”: unidades de transmissão cultural ou de imitação no texto, isto é, as estratégias de tradução.
• Esta tabela traz, como exemplo, o tratamento estatístico da
estratégia pragmática, representada pela letra “P”.
• Dentro desse grande grupo “P”, o item “mudança de
informação por omissão” tem 9 ocorrências (6% da
tradução), provavelmente em razão do público leitor-final já
dominar os conceitos omitidos , não havendo, portanto, a
necessidade de mantê-los no TT.
• As seis ocorrências de “P” juntas, determinam 20% da
tradução.
• Esse tipo de análise oferece ao tradutor uma visão
bastante concreta das mudanças ocorridas ao longo do
processo tradutório.