“DIGO-CIVIL-PORTUGUÊS.docx · Web view2. A ameaça tanto pode respeitar à pessoa como à honra ou fazenda do declarante ou de terceiro. 3. Não constitui coacção a ameaça do

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CDIGO CIVIL PORTUGUSActualizado at Lei n. 61/2008, de 31 de Outubro

texto actualizado pela Procuraria Geral Distrital de Lisboa - http://www.pgdlisboa.pt - e gentilmente cedido ao portolegal.com para publicao

Decreto-Lei n. 47344/66, de 25 de Novembro (verso actualizada)

Contm as seguintes alteraes: - DL n. 67/75, de 19 de Fevereiro - DL n. 261/75, de 27 de Maio - DL n. 561/76, de 17 de Julho - DL n. 605/76, de 24 de Julho - DL n. 293/77, de 20 de Julho - DL n. 496/77, de 25 de Novembro - DL n. 200-C/80, de 24 de Junho - DL n. 236/80, de 18 de Julho - Declarao de 12 de Agosto de 1980 - DL n. 328/81, de 04 de Dezembro - DL n. 262/83, de 16 de Junho - DL n. 225/84, de 06 de Julho - DL n. 190/85, de 24 de Junho - Lei n. 46/85, de 20 de Setembro - DL n. 379/86, de 11 de Novembro - Declarao de 31 de Dezembro de 1986 - Lei n. 24/89, de 01 de Agosto - DL n. 321-B/90, de 15 de Outubro - DL n. 257/91, de 18 de Julho - DL n. 423/91, de 30 de Outubro - DL n. 185/93, de 22 de Maio - DL n. 227/94, de 08 de Setembro - DL n. 267/94, de 25 de Outubro - DL n. 163/95, de 13 de Julho - Lei n. 84/95, de 31 de Agosto - DL n. 329-A/95, de 12 de Dezembro - DL n. 14/96, de 06 de Maro - DL n. 68/96, de 31 de Maio - DL n. 35/97, de 31 de Janeiro - DL n. 120/98, de 08 de Maio - Lei n. 21/98, de 12 de Maio - Rectif. n. 11-C/98, de 30 de Junho - Lei n. 47/98, de 10 de Agosto - DL n. 343/98, de 06 de Novembro - Lei n. 59/99, de 30 de Junho - Lei n. 16/2001, de 22 de Junho - DL n. 272/2001, de 13 de Outubro - DL n. 273/2001, de 13 de Outubro - Rectif. n. 20-AS/2001, de 30 de Novembro - DL n. 323/2001, de 17 de Dezembro - DL n. 38/2003, de 08 de Maro - Lei n. 31/2003, de 22 de Agosto - DL n. 199/2003, de 10 de Setembro - DL n. 59/2004, de 19 de Maro - Lei n. 6/2006, de 27 de Fevereiro - Rectif. n. 24/2006, de 17 de Abril - DL n. 263-A/2007, de 23 de Julho - Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto - DL n. 324/2007, de 28 de Setembro - DL n. 116/2008, de 04 de Julho - Lei n. 61/2008, de 31 de Outubro

SUMRIOAprova o Cdigo Civil e regula a sua aplicao - Revoga, a partir da data da entrada em vigor do novo Cdigo Civil, toda a legislao civil relativa s matrias que o mesmo abrange

As expresses em itlico, foram adaptadas tendo em conta o art. 3., n. 2 da Lei n. 61/2008, de 31/10__________________________

Usando da faculdade conferida pela 1. parte do n. 2. do artigo 109. da Constituio, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:ARTIGO 1.(Aprovao do Cdigo Civil) aprovado o Cdigo Civil que faz parte do presente decreto-lei.ARTIGO 2.(Comeo de vigncia)1. O Cdigo Civil entra em vigor no continente e ilhas adjacentes no dia 1 de Junho de 1967, excepo do disposto nos artigos 1841. a 1850., que comear a vigorar somente em 1 de Janeiro de 1968.2. O cdigo no , porm, aplicvel s aces que estejam pendentes nos tribunais no dia da sua entrada em vigor, salvo o disposto nos artigos 17. e 21. do presente decreto-lei.ARTIGO 3.(Revogao do direito anterior)Desde que principie a vigorar o novo Cdigo Civil, fica revogada toda a legislao civil relativa s matrias que esse diploma abrange, com ressalva da legislao especial a que se faa expressa referncia.ARTIGO 4.(Remisses para o Cdigo de 1867)Todas as remisses feitas em diplomas legislativos para o Cdigo Civil de 1867 consideram-se feitas para as disposies correspondentes do novo cdigo.ARTIGO 5.(Aplicao no tempo)A aplicao das disposies do novo cdigo a factos passados fica subordinada s regras do artigo 12. do mesmo diploma, com as modificaes e os esclarecimentos constantes dos artigos seguintes.ARTIGO 6.(Pessoas colectivas)As disposies dos artigos 157. a 194. do novo Cdigo Civil no prejudicam as normas de direito pblico contidas em leis administrativas.ARTIGO 7.(Interdies)Os dementes, surdos-mudos ou prdigos que tenham sido total ou parcialmente interditos do exerccio de direitos, ou venham a s-lo em aces pendentes, mantm o grau de incapacidade que lhes tiver sido ou vier a ser fixado na sentena ou que resultar da lei anterior.ARTIGO 8.(Privilgios creditrios e hipotecas legais)1. No so reconhecidos para o futuro, salvo em aces pendentes, os privilgios e hipotecas legais que no sejam concedidos no novo Cdigo Civil, mesmo quando conferidos em legislao especial.2. Exceptuam-se os privilgios e hipotecas legais concedidos ao Estado ou a outras pessoas colectivas pblicas, quando se no destinem garantia de dbitos fiscais.ARTIGO 9.(Sociedades universais e familiares)s sociedades universais e familiares constitudas at 31 de Maio de 1967 sero aplicveis, at sua extino, respectivamente, as disposies dos artigos 1243. a 1248. e 1281. a 1297. do Cdigo Civil de 1867.ARTIGO 10.(Arrendamentos em Lisboa e Porto)Enquanto no for revista a situao criada em Lisboa e Porto pela suspenso das avaliaes fiscais para o efeito da actualizao de rendas dos prdios destinados a habitao, mantm-se o regime excepcional da Lei n. 2030, de 22 de Junho de 1948, quanto a esses arrendamentos.ARTIGO 11.(Parceria agrcola)Ao contrato de parceria agrcola so aplicveis, para o futuro, as disposies que regulam o arrendamento rural.ARTIGO 12.(Foros do Estado)Na determinao do quantitativo do laudmio nos foros do Estado, para efeitos do disposto no artigo 1517. do novo Cdigo Civil, atender-se- ao valor dos respectivos prdios que resulte da matriz.ARTIGO 13.(Anulao do casamento)1. Os casamentos civis celebrados at 31 de Maio de 1967 no podem ser declarados nulos ou anulados, se para tal no houver fundamento reconhecido tanto pela lei antiga como pela nova lei civil, a no ser que j esteja pendente, naquela data, a respectiva aco.2. O disposto nos artigos 1639. a 1646. do novo cdigo aplicvel s aces que forem intentadas depois de 31 de Maio de 1967, sem prejuzo do que, relativamente aos prazos, prescreve o artigo 297. do mesmo diploma.ARTIGO 14.(Efeitos do casamento)O disposto nos artigos 1671. a 1697. do novo cdigo aplicvel aos casamentos celebrados at 31 de Maio de 1967, mas em caso algum sero anulados os actos praticados pelos cnjuges na vigncia da lei antiga, se em face desta no estiverem viciados.ARTIGO 15.(Regime de bens)O preceituado nos artigos 1717. a 1752. s aplicvel aos casamentos celebrados at 31 de Maio de 1967 na medida em que for considerado como interpretativo do direito vigente, salvo pelo que respeita ao n. 2 do artigo 1739.ARTIGO 16.(Doaes para casamento e entre casados. Separao e divrcio)1. Sem prejuzo da regra estabelecida no n. 2 do artigo 2. deste decreto-lei, so aplicveis aos casamentos celebrados at 31 de Maio de 1967 as disposies do novo Cdigo Civil relativas caducidade das doaes para casamento, s doaes entre casados, separao dos cnjuges ou dos seus bens e ao divrcio.2. No pode, no entanto, ser decretada a separao judicial de pessoas e bens ou o divrcio de cnjuges casados at 31 de Maio de 1967 com fundamento em facto que no seja relevante segundo a lei vigente data da sua verificao.ARTIGO 17.(Converso da separao em divrcio)O disposto no artigo 1793. aplicvel nas aces pendentes e nos processos findos data da entrada em vigor do novo Cdigo Civil.ARTIGO 18.(Impugnao da legitimidade)1. At 31 de Outubro de 1967 pode o marido da me intentar aco de impugnao da paternidade, com fundamento em qualquer dos factos referidos nas alneas c) e d) do artigo 1817. do novo Cdigo Civil, relativamente ao filho nascido antes da entrada em vigor deste diploma, com prejuzo do disposto no artigo 1818.2. Dentro do mesmo prazo sero recebidos nos tribunais de menores os requerimentos a que se refere o artigo 1820., seguindo-se os demais termos da impugnao oficiosa, desde que o filho tenha menos de catorze anos de idade data da apresentao do requerimento.ARTIGO 19.(Aces de investigao de maternidade ou paternidade ilegtima)O facto de se ter esgotado o perodo a que se refere o n. 1. do artigo 1854. no impede que as aces de investigao de maternidade ou paternidade ilegtima sejam propostas at 31 de Maio de 1968, desde que no tenha caducado antes, em face da legislao anterior, o direito de as propor.ARTIGO 20.(Filhos adulterinos)Os assentos secretos de perfilhao de filhos adulterinos, validamente lavrados ao abrigo da legislao vigente, tornar-se-o pblicos mediante averbamento oficioso, sempre que sejam passadas certides do respectivo registo de nascimento.ARTIGO 21.(Tutela e curatela)As disposies do novo Cdigo Civil relativas tutela e curatela so aplicveis s tutelas e curatelas instauradas at 31 de Maio de 1967; porm, os tutores e os curadores j nomeados manter-se-o nos seus cargos enquanto deles no se escusarem ou enquanto no forem removidos ou exonerados.ARTIGO 22.(Declarao de nulidade ou anulao de testamento ou de disposies testamentrias)Os testamentos anteriores a 31 de Maio de 1967 e as disposies testamentrias neles contidas s podem ser declarados nulos ou anulados, por vcio substancial ou de forma, se o respectivo fundamento for tambm reconhecido pelo novo Cdigo Civil, salvo se a aco j estiver pendente naquela data.ARTIGO 23.(Testamentaria)As atribuies do testamenteiro so as que lhe forem fixadas pela lei vigente data da feitura do testamento.

Publique-se e cumpra-se como nele se contm.Paos do Governo da Repblica, 25 de Novembro de 1966. - AMRICO DEUS RODRIGUES THOMAZ - Antnio de Oliveira Salazar - Antnio Jorge Martins da Mota Veiga - Manuel Gomes de Arajo - Alfredo Rodrigues dos Santos Jnior - Joo de Matos Antunes Varela - Ulisses Cruz de Aguiar Corts - Joaquim da Luz Cunha - Fernando Quintanilha Mendona Dias - Alberto Marciano Gorjo Franco Nogueira - Eduardo de Arantes e Oliveira - Joaquim Moreira da Silva Cunha - Inocncio Galvo Teles - Jos Gonalo da Cunha Sottomayor Correia de Oliveira - Carlos Gomes da Silva Ribeiro - Jos Joo Gonalves de Proena - Francisco Pereira Neto de Carvalho.

Para ser presente Assembleia Nacional.

CDIGO CIVILLIVRO IPARTE GERALTTULO IDas leis, sua interpretao e aplicaoCAPTULO IFontes do direito Artigo 1.(Fontes imediatas)1. So fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.2. Consideram-se leis todas as disposies genricas provindas dos rgos estaduais competentes; so normas corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos das diferentes categorias morais, culturais, econmicas ou profissionais, no domnio das suas atribuies, bem como os respectivos estatutos e regulamentos internos.3. As normas corporativas no podem contrariar as disposies legais de carcter imperativo.

Artigo 2.(Assentos)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 329-A/95, de 12 de Dezembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 329-A/95, de 12 de Dezembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 3.(Valor jurdico dos usos)1. Os usos que no forem contrrios aos princpios da boa f so juridicamente atendveis quando a lei o determine.2. As normas corporativas prevalecem sobre os usos.

Artigo 4.(Valor da equidade)Os tribunais s podem resolver segundo a equidade:a) Quando haja disposio legal que o permita;b) Quando haja acordo das partes e a relao jurdica no seja indisponvel;c) Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso equidade, nos termos aplicveis clusula compromissria.

CAPTULO IIVigncia, interpretao e aplicao das leis Artigo 5.(Comeo da vigncia da lei)1. A lei s se torna obrigatria depois de publicada no jornal oficial.2. Entre a publicao e a vigncia da lei decorrer o tempo que a prpria lei fixar ou, na falta de fixao, o que for determinado em legislao especial.

Artigo 6.(Ignorncia ou m interpretao da lei)A ignorncia ou m interpretao da lei no justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanes nela estabelecidas.

Artigo 7.(Cessao da vigncia da lei)1. Quando se no destine a ter vigncia temporria, a lei s deixa de vigorar se for revogada por outra lei.2. A revogao pode resultar de declarao expressa, da incompatibilidade entre as novas disposies e as regras precedentes ou da circunstncia de a nova lei regular toda a matria da lei anterior.3. A lei geral no revoga a lei especial, excepto se outra for a inteno inequvoca do legislador.4. A revogao da lei revogatria no importa o renascimento da lei que esta revogara.

Artigo 8.(Obrigao de julgar e dever de obedincia lei)1. O tribunal no pode abster-se de julgar, invocando a falta ou obscuridade da lei ou alegando dvida insanvel acerca dos factos em litgio.2. O dever de obedincia lei no pode ser afastado sob pretexto de ser injusto ou imoral o contedo do preceito legislativo.3. Nas decises que proferir, o julgador ter em considerao todos os casos que meream tratamento anlogo, a fim de obter uma interpretao e aplicao uniformes do direito.

Artigo 9.(Interpretao da lei)1. A interpretao no deve cingir-se letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurdico, as circunstncias em que a lei foi elaborada e as condies especficas do tempo em que aplicada.2. No pode, porm, ser considerado pelo intrprete o pensamento legislativo que no tenha na letra da lei um mnimo de correspondncia verbal, ainda que imperfeitamente expresso.3. Na fixao do sentido e alcance da lei, o intrprete presumir que o legislador consagrou as solues mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos adequados.

Artigo 10.(Integrao das lacunas da lei)1. Os casos que a lei no preveja so regulados segundo a norma aplicvel aos casos anlogos.2. H analogia sempre que no caso omisso procedam as razes justificativas da regulamentao do caso previsto na lei.3. Na falta de caso anlogo, a situao resolvida segundo a norma que o prprio intrprete criaria, se houvesse de legislar dentro do esprito do sistema.

Artigo 11.(Normas excepcionais)As normas excepcionais no comportam aplicao analgica, mas admitem interpretao extensiva.

Artigo 12.(Aplicao das leis no tempo. Princpio geral)1. A lei s dispe para o futuro; ainda que, lhe seja atribuda eficcia retroactiva, presume-se que ficam ressalvados os efeitos j produzidos pelos factos que a lei se destina a regular.2. Quando a lei dispe sobre as condies de validade substancial ou formal de quaisquer factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dvida, que s visa os factos novos; mas, quando dispuser directamente sobre o contedo de certas relaes jurdicas, abstraindo dos factos que lhes deram origem, entender-se- que a lei abrange as prprias relaes j constitudas, que subsistam data da sua entrada em vigor.

Artigo 13.(Aplicao das leis no tempo. Leis interpretativas)1. A lei interpretativa integra-se na lei interpretada, ficando salvos, porm, os efeitos j produzidos pelo cumprimento da obrigao, por sentena passada em julgado, por transaco, ainda que no homologada, ou por actos de anloga natureza.2. A desistncia e a confisso no homologadas pelo tribunal podem ser revogadas pelo desistente ou confitente a quem a lei interpretativa for favorvel.

CAPTULO IIIDireitos dos estrangeiros e conflitos de leisSECO IDisposies gerais Artigo 14.(Condio jurdica dos estrangeiros)1. Os estrangeiros so equiparados aos nacionais quanto ao gozo de direitos civis, salvo disposio legal em contrrio.2. No so, porm, reconhecidos aos estrangeiros os direitos que, sendo atribudos pelo respectivo Estado aos seus nacionais, o no sejam aos portugueses em igualdade de circunstncias.

Artigo 15.(Qualificaes)A competncia atribuda a uma lei abrange somente as normas que, pelo seu contedo e pela funo que tm nessa lei, integram o regime do instituto visado na regra de conflitos.

Artigo 16.(Referncia lei estrangeira. Princpio geral)A referncia das normas de conflitos a qualquer lei estrangeira determina apenas, na falta de preceito em contrrio, a aplicao do direito interno dessa lei.

Artigo 17.(Reenvio para a lei de um terceiro Estado)1. Se, porm, o direito internacional privado da lei referida pela norma de conflitos portuguesa remeter para outra legislao e esta se considerar competente para regular o caso, o direito interno desta legislao que deve ser aplicado.2. Cessa o disposto no nmero anterior, se a lei referida pela norma de conflitos portuguesa for a lei pessoal e o interessado residir habitualmente em territrio portugus ou em pas cujas normas de conflitos considerem competente o direito interno do Estado da sua nacionalidade.3. Ficam, todavia, unicamente sujeitos regra do n. 1 os casos da tutela e curatela, relaes patrimoniais entre os cnjuges, poder paternal, relaes entre adoptante e adoptado e sucesso por morte, se a lei nacional indicada pela norma de conflitos devolver para a lei da situao dos bens imveis e esta se considerar competente.

Artigo 18.(Reenvio para a lei portuguesa)1. Se o direito internacional privado da lei designada pela norma de conflitos devolver para o direito interno portugus, este o direito aplicvel.2. Quando, porm, se trate de matria compreendida no estatuto pessoal, a lei portuguesa s aplicvel se o interessado tiver em territrio portugus a sua residncia habitual ou se a lei do pas desta residncia considerar igualmente competente o direito interno portugus.

Artigo 19.(Casos em que no admitido o reenvio)1. Cessa o disposto nos dois artigos anteriores, quando da aplicao deles resulte a invalidade ou ineficcia de um negcio jurdico que seria vlido ou eficaz segundo a regra fixada no artigo 16., ou a ilegitimidade de um estado que de outro modo seria legtimo.2. Cessa igualmente o disposto nos mesmos artigos, se a lei estrangeira tiver sido designada pelos interessados, nos casos em que a designao permitida.

Artigo 20.(Ordenamentos jurdicos plurilegislativos)1. Quando, em razo da nacionalidade de certa pessoa, for competente a lei de um Estado em que coexistam diferentes sistemas legislativos locais, o direito interno desse Estado que fixa em cada caso o sistema aplicvel.2. Na falta de normas de direito interlocal, recorre-se ao direito internacional privado do mesmo Estado; e, se este no bastar, considera-se como lei pessoal do interessado a lei da sua residncia habitual.3. Se a legislao competente constituir uma ordem jurdica territorialmente unitria, mas nela vigorarem diversos sistemas de normas para diferentes categorias de pessoas, observar-se- sempre o estabelecido nessa legislao quanto ao conflito de sistemas.

Artigo 21.(Fraude lei)Na aplicao das normas de conflitos so irrelevantes as situaes de facto ou de direito criadas com o intuito fraudulento de evitar a aplicabilidade da lei que, noutras circunstncias, seria competente

Artigo 22.(Ordem pblica)1. No so aplicveis os preceitos da lei estrangeira indicados pela norma de conflitos, quando essa aplicao envolva ofensa dos princpios fundamentais da ordem pblica internacional do Estado portugus.2. So aplicveis, neste caso, as normas mais apropriadas da legislao estrangeira competente ou, subsidiariamente, as regras do direito interno portugus.

Artigo 23.(Interpretao e averiguao do direito estrangeiro)1. A lei estrangeira interpretada dentro do sistema a que pertence e de acordo com as regras interpretativas nele fixadas.2. Na impossibilidade de averiguar o contedo da lei estrangeira aplicvel, recorrer-se- lei que for subsidiariamente competente, devendo adoptar-se igual procedimento sempre que no for possvel determinar os elementos de facto ou de direito de que dependa a designao da lei aplicvel.

Artigo 24.(Actos realizados a bordo)1. Aos actos realizados a bordo de navios ou aeronaves, fora dos portos ou aerdromos, aplicvel a lei do lugar da respectiva matrcula, sempre que for competente a lei territorial.2. Os navios e aeronaves militares consideram-se como parte do territrio do Estado a que pertencem.

SECO IINormas de conflitosSUBSECO Imbito e determinao da lei pessoal Artigo 25.(mbito da lei pessoal)O estado dos indivduos, a capacidade das pessoas, as relaes de famlia e as sucesses por morte so regulados pela lei pessoal dos respectivos sujeitos, salvas as restries estabelecidas na presente seco.

Artigo 26.(Incio e termo da personalidade jurdica)1. O incio e termo da personalidade jurdica so fixados igualmente pela lei pessoal de cada indivduo.2. Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa e estas tiverem leis pessoais diferentes, se as presunes de sobrevivncia dessas leis forem inconciliveis, aplicvel o disposto no n. 2 do artigo 68.

Artigo 27.(Direitos de personalidade)1. Aos direitos de personalidade, no que respeita sua existncia e tutela e s restries impostas ao seu exerccio, tambm aplicvel a lei pessoal.2. O estrangeiro ou aptrida no goza, porm, de qualquer forma de tutela jurdica que no seja reconhecida na lei portuguesa.

Artigo 28.(Desvios quanto s consequncias da incapacidade)1. O negcio jurdico celebrado em Portugal por pessoa que seja incapaz segundo a lei pessoal competente no pode ser anulado com fundamento na incapacidade no caso de a lei interna portuguesa, se fosse aplicvel, considerar essa pessoa como capaz.2. Esta excepo cessa, quando a outra parte tinha conhecimento da incapacidade, ou quando o negcio jurdico for unilateral, pertencer ao domnio do direito da famlia ou das sucesses ou respeitar disposio de imveis situados no estrangeiro.3. Se o negcio jurdico for celebrado pelo incapaz em pas estrangeiro, ser observada a lei desse pas, que consagrar regras idnticas s fixadas nos nmeros anteriores.

Artigo 29.(Maioridade)A mudana da lei pessoal no prejudica a maioridade adquirida segundo a lei pessoal anterior.

Artigo 30.(Tutela e institutos anlogos) tutela e institutos anlogos de proteco aos incapazes aplicvel a lei pessoal do incapaz.

Artigo 31.(Determinao da lei pessoal)1. A lei pessoal a da nacionalidade do indivduo.2. So, porm, reconhecidos em Portugal os negcios jurdicos celebrados no pas da residncia habitual do declarante, em conformidade com a lei desse pas, desde que esta se considere competente.

Artigo 32.(Aptridas)1. A lei pessoal do aptrida a do lugar onde ele tiver a sua residncia habitual ou, sendo menor ou interdito, o seu domiclio legal.2. Na falta de residncia habitual, aplicvel o disposto no n. 2 do artigo 82.

Artigo 33.(Pessoas colectivas)1. A pessoa colectiva tem como lei pessoal a lei do Estado onde se encontra situada a sede principal e efectiva da sua administrao.2. lei pessoal compete especialmente regular: a capacidade da pessoa colectiva; a constituio, funcionamento e competncia dos seus rgos; os modos de aquisio e perda da qualidade de associado e os correspondentes direitos e deveres; a responsabilidade da pessoa colectiva, bem como a dos respectivos rgos e membros, perante terceiros; a transformao, dissoluo e extino da pessoa colectiva.3. A transferncia, de um Estado para outro, da sede da pessoa colectiva no extingue a personalidade jurdica desta, se nisso convierem as leis de uma e outra sede.4. A fuso de entidades com lei pessoal diferente apreciada em face de ambas as leis pessoais.

Artigo 34.(Pessoas colectivas internacionais)A lei pessoal das pessoas colectivas internacionais a designada na conveno que as criou ou nos respectivos estatutos e, na falta de designao, a do pas onde estiver a sede principal.

SUBSECO IILei reguladora dos negcios jurdicos Artigo 35.(Declarao negocial)1. A perfeio, interpretao e integrao da declarao negocial so reguladas pela lei aplicvel substncia do negcio, a qual igualmente aplicvel falta e vcios da vontade.2. O valor de um comportamento como declarao negocial determinado pela lei da residncia habitual comum do declarante e do destinatrio e, na falta desta, pela lei do lugar onde o comportamento se verificou.3. O valor do silncio como meio declaratrio igualmente determinado pela lei da residncia habitual comum e, na falta desta, pela lei do lugar onde a proposta foi recebida.

Artigo 36.(Forma da declarao)1. A forma da declarao negocial regulada pela lei aplicvel substncia do negcio; , porm, suficiente a observncia da lei em vigor no lugar em que feita a declarao, salvo se a lei reguladora da substncia do negcio exigir, sob pena de nulidade ou ineficcia, a observncia de determinada forma, ainda que o negcio seja celebrado no estrangeiro.2. A declarao negocial ainda formalmente vlida se, em vez da forma prescrita na lei local, tiver sido observada a forma prescrita pelo Estado para que remete a norma de conflitos daquela lei, sem prejuzo do disposto na ltima parte do nmero anterior.

Artigo 37.(Representao legal)A representao legal est sujeita lei reguladora da relao jurdica de que nasce o poder representativo.

Artigo 38.(Representao orgnica)A representao da pessoa colectiva por intermdio dos seus rgos regulada pela respectiva lei pessoal.

Artigo 39.(Representao voluntria)1. A representao voluntria regulada, quanto existncia, extenso, modificao, efeitos e extino dos poderes representativos, pela lei do Estado em que os poderes so exercidos.2. Porm, se o representante exercer os poderes representativos em pas diferente daquele que o representado indicou e o facto for conhecido do terceiro com quem contrate, aplicvel a lei do pas da residncia habitual do representado.3. Se o representante exercer profissionalmente a representao e o facto for conhecido do terceiro contratante, aplicvel a lei do domiclio profissional.4. Quando a representao se refira disposio ou administrao de bens imveis, aplicvel a lei do pas da situao desses bens.

Artigo 40.(Prescrio e caducidade)A prescrio e a caducidade so reguladas pela lei aplicvel ao direito a que uma ou outra se refere.

SUBSECO IIILei reguladora das obrigaes Artigo 41.(Obrigaes provenientes de negcios jurdicos)1. As obrigaes provenientes de negcio jurdico, assim como a prpria substncia dele, so reguladas pela lei que os respectivos sujeitos tiverem designado ou houverem tido em vista.2. A designao ou referncia das partes s pode, todavia, recair sobre lei cuja aplicabilidade corresponda a um interesse srio dos declarantes ou esteja em conexo com algum dos elementos do negcio jurdico atendveis no domnio do direito internacional privado.

Artigo 42.(Critrio supletivo)1. Na falta de determinao da lei competente, atende-se, nos negcios jurdicos unilaterais, lei da residncia habitual do declarante e, nos contratos, lei da residncia habitual comum das partes.2. Na falta de residncia comum, aplicvel, nos contratos gratuitos, a lei da residncia habitual daquele que atribui o benefcio e, nos restantes contratos, a lei do lugar da celebrao.

Artigo 43.(Gesto de negcios) gesto de negcios aplicvel a lei do lugar em que decorre a principal actividade do gestor.

Artigo 44.(Enriquecimento sem causa)O enriquecimento sem causa regulado pela lei com base na qual se verificou a transferncia do valor patrimonial a favor do enriquecido.

Artigo 45.(Responsabilidade extracontratual)1. A responsabilidade extracontratual fundada, quer em acto ilcito, quer no risco ou em qualquer conduta lcita, regulada pela lei do Estado onde decorreu a principal actividade causadora do prejuzo; em caso de responsabilidade por omisso, aplicvel a lei do lugar onde o responsvel deveria ter agido.2. Se a lei do Estado onde se produziu o efeito lesivo considerar responsvel o agente, mas no o considerar como tal a lei do pas onde decorreu a sua actividade, aplicvel a primeira lei, desde que o agente devesse prever a produo de um dano, naquele pas, como consequncia do seu acto ou omisso.3. Se, porm, o agente e o lesado tiverem a mesma nacionalidade ou, na falta dela, a mesma residncia habitual, e se encontrarem ocasionalmente em pas estrangeiro, a lei aplicvel ser a da nacionalidade ou a da residncia comum, sem prejuzo das disposies do Estado local que devam ser aplicadas indistintamente a todas as pessoas.

SUBSECO IVLei reguladora das coisas Artigo 46.(Direitos reais)1. O regime da posse, propriedade e demais direitos reais definido pela lei do Estado em cujo territrio as coisas se encontrem situadas.2. Em tudo quanto respeita constituio ou transferncia de direitos reais sobre coisas em trnsito, so estas havidas como situadas no pas do destino.3. A constituio e transferncia de direitos sobre os meios de transporte submetidos a um regime de matrcula so reguladas pela lei do pas onde a matrcula tiver sido efectuada.

Artigo 47.(Capacidade para constituir direitos reais sobre coisas imveis ou dispor deles) igualmente definida pela lei da situao da coisa a capacidade para constituir direitos reais sobre coisas imveis ou para dispor deles, desde que essa lei assim o determine; de contrrio, aplicvel a lei pessoal.

Artigo 48.(Propriedade intelectual)1. Os direitos de autor so regulados pela lei do lugar da primeira publicao da obra e, no estando esta publicada, pela lei pessoal do autor, sem prejuzo do disposto em legislao especial.2. A propriedade industrial regulada pela lei do pas da sua criao.

SUBSECO VLei reguladora das relaes de famlia Artigo 49.(Capacidade para contrair casamento ou celebrar convenes antenupciais)A capacidade para contrair casamento ou celebrar a conveno antenupcial regulada, em relao a cada nubente, pela respectiva lei pessoal, qual compete ainda definir o regime da falta e dos vcios da vontade dos contraentes.

Artigo 50.(Forma do casamento)A forma do casamento regulada pela lei do Estado em que o acto celebrado, salvo o disposto no artigo seguinte.

ARTIGO 51.(Desvios)1. O casamento de dois estrangeiros em Portugal pode ser celebrado segundo a forma prescrita na lei nacional de qualquer dos contraentes, perante os respectivos agentes diplomticos ou consulares, desde que igual competncia seja reconhecida por essa lei aos agentes diplomticos e consulares portugueses.2 - O casamento no estrangeiro de dois portugueses ou de portugus e estrangeiro pode ser celebrado perante o agente diplomtico ou consular do Estado Portugus ou perante os ministros do culto catlico.3 - Em qualquer dos casos previstos no nmero anterior, o casamento deve ser precedido do processo respectivo, organizado pela entidade competente, excepto se for dispensado nos termos do artigo 15994. O casamento no estrangeiro de dois portugueses ou de portugus e estrangeiro, em harmonia com as leis cannicas, havido como casamento catlico, seja qual for a forma legal da celebrao do acto segundo a lei local, e sua transcrio servir de base o assento do registo paroquial.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 324/2007, de 28 de Setembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 52.(Relaes entre os cnjuges)1. Salvo o disposto no artigo seguinte, as relaes entre os cnjuges so reguladas pela lei nacional comum.2. No tendo os cnjuges a mesma nacionalidade, aplicvel a lei da sua residncia habitual comum e, na falta desta, a lei do pas com o qual a vida familiar se ache mais estreitamente conexa.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 53.(Convenes antenupciais e regime de bens)1. A substncia e efeitos das convenes antenupciais e do regime de bens, legal ou convencional, so definidos pela lei nacional dos nubentes ao tempo da celebrao do casamento.2. No tendo os nubentes a mesma nacionalidade, aplicvel a lei da sua residncia habitual comum data do casamento e, se esta faltar tambm, a lei da primeira residncia conjugal.3. Se for estrangeira a lei aplicvel e um dos nubentes tiver a sua residncia habitual em territrio portugus, pode ser convencionado um dos regimes admitidos neste cdigo.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 54.(Modificaes do regime de bens)1. Aos cnjuges permitido modificar o regime de bens, legal ou convencional, se a tal forem autorizados pela lei competente nos termos do artigo 52.2. A nova conveno em caso nenhum ter efeito retroactivo em prejuzo de terceiro.

Artigo 55.(Separao judicial de pessoas e bens e divrcio)1. separao judicial de pessoas e bens e ao divrcio aplicvel o disposto no artigo 52.2. Se, porm, na constncia do matrimnio houver mudana da lei competente, s pode fundamentar a separao ou o divrcio algum facto relevante ao tempo da sua verificao.

Artigo 56.(Constituio da filiao)1. constituio da filiao aplicvel a lei pessoal do progenitor data do estabelecimento da relao.2. Tratando-se de filho de mulher casada, a constituio da filiao relativamente ao pai regulada pela lei nacional comum da me e do marido; na falta desta, aplicvel a lei da residncia habitual comum dos cnjuges e, se esta tambm faltar, a lei pessoal do filho.3. Para os efeitos do nmero anterior, atender-se- ao momento do nascimento do filho ou ao momento da dissoluo do casamento, se for anterior ao nascimento.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 57.(Relaes entre pais e filhos)1. As relaes entre pais e filhos so reguladas pela lei nacional comum dos pais e, na falta desta, pela lei da sua residncia habitual comum; se os pais residirem habitualmente em Estados diferentes, aplicvel a lei pessoal do filho.2. Se a filiao apenas se achar estabelecida relativamente a um dos progenitores, aplica-se a lei pessoal deste; se um dos progenitores tiver falecido, competente a lei pessoal do sobrevivo.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 58.(Legitimao)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 59.(Filiao ilegtima)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 60.(Filiao adoptiva)1. constituio da filiao adoptiva aplicvel a lei pessoal do adoptante, sem prejuzo do disposto no nmero seguinte.2. Se a adopo for realizada por marido e mulher ou o adoptando for filho do cnjuge do adoptante, competente a lei nacional comum dos cnjuges e, na falta desta, a lei da sua residncia habitual comum; se tambm esta faltar, ser aplicvel a lei do pas com o qual a vida familiar dos adoptantes se ache mais estreitamente conexa.3. As relaes entre adoptante e adoptado, e entre este e a famlia de origem, esto sujeitas lei pessoal do adoptante; no caso previsto no nmero anterior aplicvel o disposto no artigo 57.4. Se a lei competente para regular as relaes entre o adoptando e os seus progenitores no conhecer o instituto da adopo, ou no o admitir em relao a quem se encontre na situao familiar do adoptando, a adopo no permitida.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 61.(Requisitos especiais da perfilhao ou adopo)1. Se, como requisito da perfilhao ou adopo, a lei pessoal do perfilhando ou adoptando exigir o consentimento deste, ser a exigncia respeitada.2. Ser igualmente respeitada a exigncia do consentimento de terceiro a quem o interessado esteja ligado por qualquer relao jurdica de natureza familiar ou tutelar, se provier da lei reguladora desta relao.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

SUBSECO VILei reguladora das sucesses Artigo 62.(Lei competente)A sucesso por morte regulada pela lei pessoal do autor da sucesso ao tempo do falecimento deste, competindo-lhe tambm definir os poderes do administrador da herana e do executor testamentrio.

Artigo 63.(Capacidade de disposio)1. A capacidade para fazer, modificar ou revogar uma disposio por morte, bem como as exigncias de forma especial das disposies por virtude da idade do disponente, so reguladas pela lei pessoal do autor ao tempo da declarao.2. Aquele que, depois de ter feito a disposio, adquirir nova lei pessoal conserva a capacidade necessria para revogar a disposio nos termos da lei anterior.

Artigo 64.(Interpretao das disposies; falta e vcios da vontade) a lei pessoal do autor da herana ao tempo da declarao que regula:a) A interpretao das respectivas clusulas e disposies, salvo se houver referncia expressa ou implcita a outra lei;b) A falta e vcios da vontade;c) A admissibilidade de testamentos de mo comum ou de pactos sucessrios, sem prejuzo, quanto a estes, do disposto no artigo 53.

Artigo 65.(Forma)1. As disposies por morte, bem como a sua revogao ou modificao, sero vlidas, quanto forma, se corresponderem s prescries da lei do lugar onde o acto for celebrado, ou s da lei pessoal do autor da herana, quer no momento da declarao, quer no momento da morte, ou ainda s prescries da lei para que remeta a norma de conflitos da lei local.2. Se, porm, a lei pessoal do autor da herana no momento da declarao exigir, sob pena de nulidade ou ineficcia, a observncia de determinada forma, ainda que o acto seja praticado no estrangeiro, ser a exigncia respeitada.

TTULO IIDas relaes jurdicasSUBTTULO IDas pessoasCAPTULO IPessoas singularesSECO IPersonalidade e capacidade jurdica Artigo 66.(Comeo da personalidade)1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

Artigo 67.(Capacidade jurdica)As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relaes jurdicas, salvo disposio legal em contrrio: nisto consiste a sua capacidade jurdica.

Artigo 68.(Termo da personalidade)1. A personalidade cessa com a morte.2. Quando certo efeito jurdico depender da sobrevivncia de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadver no foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstncias que no permitam duvidar da morte dela.

Artigo 69.(Renncia capacidade jurdica)Ningum pode renunciar, no todo ou em parte, sua capacidade jurdica.

SECO IIDireitos de personalidade Artigo 70.(Tutela geral da personalidade)1. A lei protege os indivduos contra qualquer ofensa ilcita ou ameaa de ofensa sua personalidade fsica ou moral.2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaada ou ofendida pode requerer as providncias adequadas s circunstncias do caso, com o fim de evitar a consumao da ameaa ou atenuar os efeitos da ofensa j cometida.

Artigo 71.(Ofensa a pessoas j falecidas)1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de proteco depois da morte do respectivo titular.2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providncias previstas no n. 2 do artigo anterior o cnjuge sobrevivo ou qualquer descendente, ascendente, irmo, sobrinho ou herdeiro do falecido.3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, s as pessoas que o deveriam prestar tm legitimidade, conjunta ou separadamente, para requerer providncias a que o nmero anterior se refere.

Artigo 72.(Direito ao nome)1. Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou abreviado, e a opor-se a que outrem o use ilicitamente para sua identificao ou outros fins.2. O titular do nome no pode, todavia, especialmente no exerccio de uma actividade profissional, us-lo de modo a prejudicar os interesses de quem tiver nome total ou parcialmente idntico; nestes casos, o tribunal decretar as providncias que, segundo juzos de equidade, melhor conciliem os interesses em conflito.

Artigo 73.(Legitimidade)As aces relativas defesa do nome podem ser exercidas no s pelo respectivo titular, como, depois da morte dele, pelas pessoas referidas no n. 2 do artigo 71.

Artigo 74.(Pseudnimo)O pseudnimo, quando tenha notoriedade, goza da proteco conferida ao prprio nome.

Artigo 75.(Cartas-missivas confidenciais)1. O destinatrio de carta-missiva de natureza confidencial deve guardar reserva sobre o seu contedo, no lhe sendo lcito aproveitar os elementos de informao que ela tenha levado ao seu conhecimento.2. Morto o destinatrio, pode a restituio da carta confidencial ser ordenada pelo tribunal, a requerimento do autor dela ou, se este j tiver falecido, das pessoas indicadas no n. 2 do artigo 71.; pode tambm ser ordenada a destruio da carta, o seu depsito em mo de pessoa idnea ou qualquer outra medida apropriada.

Artigo 76.(Publicao de cartas confidenciais)1. As cartas-missivas confidenciais s podem ser publicadas com o consentimento do seu autor ou com o suprimento judicial desse consentimento; mas no h lugar ao suprimento quando se trate de utilizar as cartas como documento literrio, histrico ou biogrfico.2. Depois da morte do autor, a autorizao compete s pessoas designadas no n. 2 do artigo 71., segundo a ordem nele indicada.

Artigo 77.(Memrias familiares e outros escritos confidenciais)O disposto no artigo anterior aplicvel, com as necessrias adaptaes, s memrias familiares e pessoais e a outros escritos que tenham carcter confidencial ou se refiram intimidade da vida privada.

Artigo 78.(Cartas-missivas no confidenciais)O destinatrio de carta no confidencial s pode usar dela em termos que no contrariem a expectativa do autor.

Artigo 79.(Direito imagem)1. O retrato de uma pessoa no pode ser exposto, reproduzido ou lanado no comrcio sem o consentimento dela; depois da morte da pessoa retratada, a autorizao compete s pessoas designadas no n. 2 do artigo 71., segundo a ordem nele indicada.2. No necessrio o consentimento da pessoa retratada quando assim o justifiquem a sua notoriedade, o cargo que desempenhe, exigncias de polcia ou de justia, finalidades cientficas, didcticas ou culturais, ou quando a reproduo da imagem vier enquadrada na de lugares pblicos, ou na de factos de interesse pblico ou que hajam decorrido publicamente.3. O retrato no pode, porm, ser reproduzido, exposto ou lanado no comrcio, se do facto resultar prejuzo para a honra, reputao ou simples decoro da pessoa retratada.

Artigo 80.(Direito reserva sobre a intimidade da vida privada)1. Todos devem guardar reserva quanto intimidade da vida privada de outrem.2. A extenso da reserva definida conforme a natureza do caso e a condio das pessoas.

Artigo 81.(Limitao voluntria dos direitos de personalidade)1. Toda a limitao voluntria ao exerccio dos direitos de personalidade nula, se for contrria aos princpios da ordem pblica.2. A limitao voluntria, quando legal, sempre revogvel, ainda que com obrigao de indemnizar os prejuzos causados s legtimas expectativas da outra parte.

SECO IIIDomiclio Artigo 82.(Domiclio voluntrio geral)1. A pessoa tem domiclio no lugar da sua residncia habitual; se residir alternadamente, em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer deles.2. Na falta de residncia habitual, considera-se domiciliada no lugar da sua residncia ocasional ou, se esta no puder ser determinada, no lugar onde se encontrar.

Artigo 83.(Domiclio profissional)1. A pessoa que exerce uma profisso tem, quanto s relaes que a esta se referem, domiclio profissional no lugar onde a profisso exercida.2. Se exercer a profisso em lugares diversos, cada um deles constitui domiclio para as relaes que lhe correspondem.

Artigo 84.(Domiclio electivo) permitido estipular domiclio particular para determinados negcios, contanto que a estipulao seja reduzida a escrito.

Artigo 85.(Domiclio legal dos menores e interditos)1. O menor tem domiclio no lugar da residncia da famlia; se ela no existir, tem por domiclio o do progenitor a cuja guarda estiver.2. O domiclio do menor que em virtude de deciso judicial foi confiado a terceira pessoa ou a estabelecimento de educao ou assistncia o do progenitor que exerce o poder paternal.3. O domiclio do menor sujeito a tutela e o do interdito o do respectivo tutor.4. Quando tenha sido institudo o regime de administrao de bens, o domiclio do menor ou do interdito o do administrador, nas relaes a que essa administrao se refere.5. No so aplicveis as regras dos nmeros anteriores se delas resultar que o menor ou interdito no tem domiclio em territrio nacional.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 86.(Domiclio legal da mulher casada)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 87.(Domiclio legal dos empregados pblicos)1. Os empregados pblicos, civis ou militares, quando haja lugar certo para o exerccio dos seus empregos, tm nele domiclio necessrio, sem prejuzo do seu domiclio voluntrio no lugar da residncia habitual.2. O domiclio necessrio determinado pela posse do cargo ou pelo exerccio das respectivas funes.

Artigo 88.(Domiclio legal dos agentes diplomticos portugueses)Os agentes diplomticos portugueses, quando invoquem a extraterritorialidade, consideram-se domiciliados em Lisboa.

SECO IVAusnciaSUBSECO ICuradoria provisria Artigo 89.(Nomeao de curador provisrio)1. Quando haja necessidade de prover acerca da administrao dos bens de quem desapareceu sem que dele se saiba parte e sem ter deixado representante legal ou procurador, deve o tribunal nomear-lhe curador provisrio.2. Deve igualmente ser nomeado curador ao ausente, se o procurador no quiser ou no puder exercer as suas funes.3. Pode ser designado para certos negcios, sempre que as circunstncias o exijam, um curador especial.

Artigo 90.(Providncias cautelares)A possibilidade de nomeao do curador provisrio no obsta s providncias cautelares que se mostrem indispensveis em relao a quaisquer bens do ausente.

Artigo 91.(Legitimidade)A curadoria provisria e as providncias a que se refere o artigo anterior podem ser requeridas pelo Ministrio Pblico ou por qualquer interessado.

Artigo 92.(A quem deve ser deferida a curadoria provisria)1. O curador provisrio ser escolhido de entre as pessoas seguintes: o cnjuge do ausente, algum ou alguns dos herdeiros presumidos, ou algum ou alguns dos interessados na conservao dos bens.2. Havendo conflito de interesses entre o ausente e o curador ou entre o ausente e o cnjuge, ascendentes ou descendentes do curador, deve ser designado um curador especial, nos termos do n. 3 do artigo 89.

Artigo 93.(Relao dos bens e cauo)1. Os bens do ausente sero relacionados e s depois entregues ao curador provisrio, ao qual ser fixada cauo pelo tribunal.2. Em caso de urgncia, pode ser autorizada a entrega dos bens antes de estes serem relacionados ou de o curador prestar a cauo exigida.3. Se o curador no prestar a cauo, ser nomeado outro em lugar dele.

Artigo 94.(Direitos e obrigaes do curador provisrio)1. O curador fica sujeito ao regime do mandato geral em tudo o que no contrariar as disposies desta subseco.2. Compete ao curador provisrio requerer os procedimentos cautelares necessrios e intentar as aces que no possam ser retardadas sem prejuzo dos interesses do ausente; cabe-lhe ainda representar o ausente em todas as aces contra este propostas.3. S com autorizao judicial pode o curador alienar ou onerar bens imveis, objectos preciosos, ttulos de crdito, estabelecimentos comerciais e quaisquer outros bens cuja alienao ou onerao no constitua acto de administrao.4. A autorizao judicial s ser concedida quando o acto se justifique para evitar a deteriorao ou runa dos bens, solver dvidas do ausente, custear benfeitorias necessrias ou teis ou ocorrer a outra necessidade urgente.

Artigo 95.(Prestao de contas)1. O curador provisrio deve prestar contas do seu mandato perante o tribunal, anualmente ou quando este o exigir.2. Deferida a curadoria definitiva nos termos da subseco seguinte, as contas do curador provisrio so prestadas aos curadores definitivos.

Artigo 96.(Remunerao do curador)O curador haver dez por cento da receita lquida que realizar.

Artigo 97.(Substituio do curador provisrio)O curador pode ser substitudo, a requerimento do Ministrio Pblico ou de qualquer interessado, logo que se mostre inconveniente a sua permanncia no cargo.

Artigo 98.(Termo da curadoria)A curadoria provisria termina:a) Pelo regresso do ausente;b) Se o ausente providenciar acerca da administrao dos bens;c) Pela comparncia de pessoa que legalmente represente o ausente ou de procurador bastante;d) Pela entrega dos bens aos curadores definitivos ou ao cabea-de-casal, nos termos do artigo 103.;e) Pela certeza da morte do ausente.

SUBSECO IICuradoria definitiva Artigo 99.(Justificao da ausncia)Decorridos dois anos sem se saber do ausente, se este no tiver deixado representante legal nem procurador bastante, ou cinco anos, no caso contrrio, pode o Ministrio Pblico ou algum dos interessados requerer a justificao da ausncia.

Artigo 100.(Legitimidade)So interessados na justificao da ausncia o cnjuge no separado judicialmente de pessoas e bens, os herdeiros do ausente e todos os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente da condio da sua morte.

Artigo 101.(Abertura de testamentos)Justificada a ausncia, o tribunal requisitar certides dos testamentos pblicos e mandar proceder abertura dos testamentos cerrados que existirem, a fim de serem tomados em conta na partilha e no deferimento da curadoria definitiva.

Artigo 102.(Entrega de bens aos legatrios e outros interessados)Os legatrios, como todos aqueles que por morte do ausente teriam direito a bens determinados, podem requerer, logo que a ausncia esteja justificada, independentemente da partilha, que esses bens lhes sejam entregues.

Artigo 103.(Entrega dos bens aos herdeiros)1. A entrega dos bens aos herdeiros do ausente data das ltimas notcias, ou aos herdeiros dos que depois tiverem falecido, s tem lugar depois da partilha.2. Enquanto no forem entregues os bens, a administrao deles pertence ao cabea-de-casal, designado nos termos dos artigos 2080. e seguintes.

Artigo 104.(Curadores definitivos)Os herdeiros e demais interessados a quem tenham sido entregues os bens do ausente so havidos como curadores definitivos.

Artigo 105.(Aparecimento de novos interessados)Se, depois de nomeados os curadores definitivos, aparecer herdeiro ou interessado que, em relao data das ltimas notcias do ausente, deva excluir algum deles ou haja de concorrer sucesso, ser-lhe-o entregues os bens nos termos dos artigos anteriores.

Artigo 106.(Exigibilidade de obrigaes)A exigibilidade das obrigaes que se extinguiriam pela morte do ausente fica suspensa.

Artigo 107.(Cauo)1. O tribunal pode exigir cauo aos curadores definitivos ou a algum ou alguns deles, tendo em conta a espcie e valor dos bens e rendimentos que eventualmente hajam de restituir.2. Enquanto no prestar a cauo fixada, o curador est impedido de receber os bens; estes so entregues, at ao termo da curadoria ou at prestao da cauo, a outro herdeiro ou interessado, que ocupar, em relao a eles, a posio de curador definitivo.

Artigo 108.(Ausente casado)Se o ausente for casado, pode o cnjuge no separado judicialmente de pessoas e bens requerer inventrio e partilha, no seguimento do processo de justificao da ausncia, e exigir os alimentos a que tiver direito.

Artigo 109.(Aceitao e repdio da sucesso; disposio dos direitos sucessrios)1. Justificada a ausncia, admitido o repdio da sucesso do ausente ou a disposio dos respectivos direitos sucessrios.2. A eficcia do repdio ou da disposio, assim como a aceitao da herana ou de legados, ficam, todavia, sujeitas condio resolutiva da sobrevivncia do ausente.

Artigo 110.(Direitos e obrigaes dos curadores definitivos e demais interessados)Aos curadores definitivos a quem os bens hajam sido entregues aplicvel o disposto no artigo 94., ficando extintos os poderes que anteriormente hajam sido conferidos pelo ausente em relao aos mesmos bens.

Artigo 111.(Fruio dos bens)1. Os ascendentes, os descendentes e o cnjuge que sejam nomeados curadores definitivos tm direito, a contar da entrega dos bens, totalidade dos frutos percebidos.2. Os curadores definitivos no abrangidos pelo nmero anterior devem reservar para o ausente um tero dos rendimentos lquidos dos bens que administrem.

Artigo 112.(Termo da curadoria definitiva)A curadoria definitiva termina:a) Pelo regresso do ausente;b) Pela notcia da sua existncia e do lugar onde reside;c) Pela certeza da sua morte;d) Pela declarao de morte presumida.

Artigo 113.(Restituio dos bens ao ausente)1. Nos casos previstos nas alneas a) e b) do artigo anterior, os bens do ausente ser-lhe-o entregues logo que ele o requeira.2. Enquanto no for requerida a entrega, mantm-se o regime da curadoria nos termos desta subseco.

SUBSECO IIIMorte presumida Artigo 114.(Requisitos)1. Decorridos dez anos sobre a data das ltimas noticias, ou passados cinco anos, se entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a que se refere o artigo 100. requerer a declarao de morte presumida.2. A declarao de morte presumida no ser proferida antes de haverem decorrido cinco anos sobre a data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.3. A declarao de morte presumida do ausente no depende de prvia instalao da curadoria provisria ou definitiva e referir-se- ao fim do dia das ltimas notcias que dele houve.

Artigo 115.(Efeitos)A declarao de morte presumida produz os mesmos efeitos que a morte, mas no dissolve o casamento, sem prejuzo do disposto no artigo seguinte.

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Artigo 116.(Novo casamento do cnjuge do ausente)O cnjuge do ausente casado civilmente pode contrair novo casamento; neste caso, se o ausente regressar, ou houver notcia de que era vivo quando foram celebradas as novas npcias, considera-se o primeiro matrimnio dissolvido por divrcio data da declarao de morte presumida.

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Artigo 117.(Entrega dos bens)A entrega dos bens aos sucessores do ausente feita nos termos dos artigos 101. e seguintes, com as necessrias adaptaes, mas no h lugar a cauo; se esta tiver sido prestada, pode ser levantada.

Artigo 118.(bito em data diversa)1. Quando se prove que o ausente morreu em data diversa da fixada na sentena de declarao de morte presumida, o direito herana compete aos que naquela data lhe deveriam suceder, sem prejuzo das regras da usucapio.2. Os sucessores de novo designados gozam apenas, em relao aos antigos, dos direitos que no artigo seguinte so atribudos ao ausente.

Artigo 119.(Regresso do ausente)1. Se o ausente regressar ou dele houver notcias, ser-lhe- devolvido o patrimnio no estado em que se encontrar, com o preo dos bens alienados ou com os bens directamente sub-rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preo dos alienados, quando no ttulo de aquisio se declare expressamente a provenincia do dinheiro.2. Havendo m f dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuzo, sofrido.3. A m f, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu data da morte presumida.

SUBSECO IVDireitos eventuais do ausente Artigo 120.(Direitos que sobrevierem ao ausente)Os direitos que eventualmente sobrevierem ao ausente desde que desapareceu sem dele haver notcias e que sejam dependentes da condio da sua existncia passam s pessoas que seriam chamadas titularidade deles se o ausente fosse falecido.

Artigo 121.(Curadoria provisria e definitiva)1. O disposto no artigo anterior no altera o regime da curadoria provisria, qual ficam sujeitos os direitos nele referidos.2. Instaurada a curadoria definitiva, so havidos como curadores definitivos, para todos os efeitos legais, aqueles que seriam chamados titularidade dos direitos nos termos do mesmo artigo.

SECO VIncapacidadesSUBSECO ICondio jurdica dos menores Artigo 122.(Menores) menor quem no tiver ainda completado dezoito anos de idade.

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Artigo 123.(Incapacidade dos menores)Salvo disposio em contrrio, os menores carecem de capacidade para o exerccio de direitos.

Artigo 124.(Suprimento da incapacidade dos menores)A incapacidade dos menores suprida pelo poder paternal e, subsidiariamente, pela tutela, conforme se dispe nos lugares respectivos.

Artigo 125.(Anulabilidade dos actos dos menores)1. Sem prejuzo do disposto no n. 2 do artigo 287., os negcios jurdicos celebrados pelo menor podem ser anulados:a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exera o poder paternal, do tutor ou do administrador de bens, desde que a aco seja proposta no prazo de um ano a contar do conhecimento que o requerente haja tido do negcio impugnado, mas nunca depois de o menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.;b) A requerimento do prprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou emancipao;c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alnea anterior.2. A anulabilidade sanvel mediante confirmao do menor depois de atingir a maioridade ou ser emancipado, ou por confirmao do progenitor que exera o poder paternal, tutor ou administrador de bens, tratando-se de acto que algum deles pudesse celebrar como representante do menor.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 126.(Dolo do menor)No tem o direito de invocar a anulabilidade o menor que para praticar o acto tenha usado de dolo com o fim de se fazer passar por maior ou emancipado.

Artigo 127.(Excepes incapacidade dos menores)1. So excepcionalmente vlidos, alm de outros previstos na lei:a)Os actos de administrao ou disposio de bens que o maior de dezasseis anos haja adquirido por seu trabalho;b) Os negcios jurdicos prprios da vida corrente do menor que, estando ao alcance da sua capacidade natural, s impliquem despesas, ou disposies de bens, de pequena importncia;c) Os negcios jurdicos relativos profisso, arte ou ofcio que o menor tenha sido autorizado a exercer, ou os praticados no exerccio dessa profisso, arte ou ofcio.2. Pelos actos relativos profisso, arte ou ofcio do menor e pelos actos praticados no exerccio dessa profisso, arte ou ofcio s respondem os bens de que o menor tiver a livre disposio.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 128.(Dever de obedincia)Em tudo quanto no seja ilcito ou imoral, devem os menores no emancipados obedecer a seus pais ou tutor e cumprir os seus preceitos.

Artigo 129.(Termo da incapacidade dos menores)A incapacidade dos menores termina quando eles atingem a maioridade ou so emancipados, salvas as restries da lei.

SUBSECO IIMaioridade e emancipao Artigo 130.(Efeitos da maioridade)Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena capacidade de exerccio de direitos, ficando habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 131.(Pendncia de aco de interdio ou inabilitao)Estando, porm, pendente contra o menor, ao atingir a maioridade, aco de interdio ou inabilitao, manter-se- o poder paternal ou a tutela at ao trnsito em julgado da respectiva sentena.

Artigo 132.(Emancipao)O menor , de pleno direito, emancipado pelo casamento.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 133.(Efeitos da emancipao)A emancipao atribui ao menor plena capacidade de exerccio de direitos, habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se fosse maior, salvo o disposto no artigo 1649.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 134.(Emancipao por concesso dos pais ou do conselho de famlia)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 135.(Emancipao resultante de deciso judicial)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 136.(Emancipao restrita)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 137.(Revogao da emancipao)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

SUBSECO IIIInterdies Artigo 138.(Pessoas sujeitas a interdio)1. Podem ser interditos do exerccio dos seus direitos todos aqueles que por anomalia psquica, surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens.2. As interdies so aplicveis a maiores; mas podem ser requeridas e decretadas dentro do ano anterior maioridade, para produzirem os seus efeitos a partir do dia em que o menor se torne maior.3. (Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 139.(Capacidade do interdito e regime da interdio)Sem prejuzo do disposto nos artigos seguintes, o interdito equiparado ao menor, sendo-lhe aplicveis, com as necessrias adaptaes, as disposies que regulam a incapacidade por menoridade e fixam os meios de suprir o poder paternal.

Artigo 140.(Competncia dos tribunais comuns)Pertence ao tribunal por onde corre o processo de interdio a competncia atribuda ao tribunal de menores nas disposies que regulam o suprimento do poder paternal.

Artigo 141.(Legitimidade)1. A interdio pode ser requerida pelo cnjuge do interditando, pelo tutor ou curador deste, por qualquer parente sucessvel ou pelo Ministrio Pblico.2. Se o interditando estiver sob o poder paternal, s tm legitimidade para requerer a interdio os progenitores que exercerem aquele poder e o Ministrio Pblico.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 142.(Providncias provisrias)1. Em qualquer altura do processo pode ser nomeado um tutor provisrio que celebre em nome do interditando, com autorizao do tribunal, os actos cujo adiamento possa causar-lhe prejuzo.2. Pode tambm ser decretada a interdio provisria, se houver necessidade urgente de providenciar quanto pessoa e bens do interditando.

Artigo 143.(A quem incumbe a tutela)1. A tutela deferida pela ordem seguinte:a) Ao cnjuge do interdito, salvo se estiver separado judicialmente de pessoas e bens ou separado de facto por culpa sua, ou se for por outra causa legalmente incapaz;b) pessoa designada pelos pais ou pelo progenitor que exercer o poder paternal, em testamento ou documento autntico ou autenticado;c) A qualquer dos progenitores do interdito que, de acordo com o interesse deste, o tribunal designar;d) Aos filhos maiores, preferindo o mais velho, salvo se o tribunal, ouvido o conselho de famlia, entender que algum dos outros d maiores garantias de bom desempenho do cargo.2. Quando no seja possvel ou razes ponderosas desaconselhem o deferimento da tutela nos termos do nmero anterior, cabe ao tribunal designar o tutor, ouvido o conselho de famlia.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 144.(Exerccio do poder paternal)Recaindo a tutela no pai ou na me, exercem estes o poder paternal como se dispe nos artigos 1878. e seguintes.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 145.(Dever especial do tutor)O tutor deve cuidar especialmente da sade do interdito, podendo para esse efeito alienar os bens deste, obtida a necessria autorizao judicial.

Artigo 146.(Escusa da tutela e exonerao do tutor)1. O cnjuge do interdito, bem como os descendentes ou ascendentes deste, no podem escusar-se da tutela, nem ser dela exonerados, salvo se tiver havido violao do disposto no artigo 143.2. Os descendentes do interdito podem, contudo, ser exonerados a seu pedido ao fim de cinco anos, se existirem outros descendentes igualmente idneos para o exerccio do cargo.

Artigo 147.(Publicidade da interdio) sentena de interdio definitiva aplicvel, com as necessrias adaptaes, o disposto nos artigos 1920.-B e 1920.-C.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 148.(Actos do interdito posteriores ao registo da sentena)So anulveis os negcios jurdicos celebrados pelo interdito depois do registo da sentena de interdio definitiva.

Artigo 149.(Actos praticados no decurso da aco)1. So igualmente anulveis os negcios jurdicos celebrados pelo incapaz depois de anunciada a proposio da aco nos termos da lei de processo, contanto que a interdio venha a ser definitivamente decretada e se mostre que o negcio causou prejuzo ao interdito.2. O prazo dentro do qual a aco de anulao deve ser proposta s comea a contar-se a partir do registo da sentena.

Artigo 150.(Actos anteriores publicidade da aco)Aos negcios celebrados pelo incapaz antes de anunciada a proposio da aco aplicvel o disposto acerca da incapacidade acidental.

Artigo 151.(Levantamento da interdio)Cessando a causa que determinou a interdio, pode esta ser levantada a requerimento do prprio interdito ou das pessoas mencionadas no n. 1 do artigo 141.

SUBSECO IVInabilitaes Artigo 152.(Pessoas sujeitas a inabilitao)Podem ser inabilitados os indivduos cuja anomalia psquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de carcter permanente, no seja de tal modo grave que justifique a sua interdio, assim como aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcolicas ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger convenientemente o seu patrimnio.

Artigo 153.(Suprimento da inabilidade)1. Os inabilitados so assistidos por um curador, a cuja autorizao esto sujeitos os actos de disposio de bens entre vivos e todos os que, em ateno s circunstncias de cada caso, forem especificados na sentena.2. A autorizao do curador pode ser judicialmente suprida.

Artigo 154.(Administrao dos bens do inabilitado)1. A administrao do patrimnio do inabilitado pode ser entregue pelo tribunal, no todo ou em parte, ao curador.2. Neste caso, haver lugar constituio do conselho de famlia e designao do vogal que, como subcurador, exera as funes que na tutela cabem ao protutor.3. O curador deve prestar contas da sua administrao.

Artigo 155.(Levantamento da inabilitao)Quando a inabilitao tiver por causa a prodigalidade ou o abuso de bebidas alcolicas ou de estupefacientes, o seu levantamento no ser deferido antes que decorram cinco anos sobre o trnsito em julgado da sentena que a decretou ou da deciso que haja desatendido um pedido anterior.

Artigo 156.(Regime supletivo)Em tudo quanto se no ache especialmente regulado nesta subseco aplicvel inabilitao, com as necessrias adaptaes, o regime das interdies.

CAPTULO IIPessoas colectivasSECO IDisposies gerais Artigo 157.(Campo de aplicao)As disposies do presente captulo so aplicveis s associaes que no tenham por fim o lucro econmico dos associados, s fundaes de interesse social, e ainda s sociedades, quando a analogia das situaes o justifique.

ARTIGO 158.(Aquisio da personalidade)1. As associaes constitudas por escritura pblica ou por outro meio legalmente admitido, que contenham as especificaes referidas no n. 1 do artigo 167., gozam de personalidade jurdica.2. As fundaes adquirem personalidade jurdica pelo reconhecimento, o qual individual e da competncia da autoridade administrativa.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro - Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro - 2 verso: DL n. 496/77, de 25 de Novembro

Artigo 158.-A(Nulidade do acto de constituio ou instituio) aplicvel constituio de pessoas colectivas o disposto no artigo 280., devendo o Ministrio Pblico promover a declarao judicial da nulidade.

Aditado pelo seguinte diploma: Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro

Artigo 159.(Sede)A sede da pessoa colectiva a que os respectivos estatutos fixarem ou, na falta de designao estatutria, o lugar em que funciona normalmente a administrao principal.

Artigo 160.(Capacidade)1. A capacidade das pessoas colectivas abrange todos os direitos e obrigaes necessrios ou convenientes prossecuo dos seus fins.2. Exceptuam-se os direitos e obrigaes vedados por lei ou que sejam inseparveis da personalidade singular.

Artigo 161.(Aquisio e alienao de imveis)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 162.(rgos)Os estatutos da pessoa colectiva designaro os respectivos rgos, entre os quais haver um rgo colegial de administrao e um conselho fiscal, ambos eles constitudos por um nmero mpar de titulares, dos quais um ser o presidente.

Artigo 163.(Representao)1. A representao da pessoa colectiva, em juzo e fora dele, cabe a quem os estatutos determinarem ou, na falta de disposio estatutria, administrao ou a quem por ela for designado.2. A designao de representantes por parte da administrao s oponvel a terceiros quando se prove que estes a conheciam.

Artigo 164.(Obrigaes e responsabilidade dos titulares dos rgos da pessoa colectiva)1. As obrigaes e a responsabilidade dos titulares dos rgos das pessoas colectivas para com estas so definidas nos respectivos estatutos, aplicando-se, na falta de disposies estatutrias, as regras do mandato, com as necessrias adaptaes.2. Os membros dos corpos gerentes no podem abster-se de votar nas deliberaes tomadas em reunies a que estejam presentes, e so responsveis pelos prejuzos delas decorrentes, salvo se houverem manifestado a sua discordncia.

Artigo 165.(Responsabilidade civil das pessoas colectivas)As pessoas colectivas respondem civilmente pelos actos ou omisses dos seus representantes, agentes ou mandatrios nos mesmos termos em que os comitentes respondem pelos actos ou omisses dos seus comissrios.

Artigo 166.(Destino dos bens no caso de extino)1. Extinta a pessoa colectiva, se existirem bens que lhe tenham sido doados ou deixados com qualquer encargo ou que estejam afectados a um certo fim, o tribunal, a requerimento do Ministrio Pblico, dos liquidatrios, de qualquer associado ou interessado, ou ainda de herdeiros do doador ou do autor da deixa testamentria, atribu-los-, com o mesmo encargo ou afectao, a outra pessoa colectiva.2. Os bens no abrangidos pelo nmero anterior tm o destino que lhes for fixado pelos estatutos ou por deliberao dos associados, sem prejuzo do disposto em leis especiais; na falta de fixao ou de lei especial, o tribunal, a requerimento do Ministrio Pblico, dos liquidatrios ou de qualquer associado ou interessado, determinar que sejam atribudos a outra pessoa colectiva ou ao Estado, assegurando, tanto quanto possvel, a realizao dos fins da pessoa extinta.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

SECO IIAssociaes Artigo 167.(Acto de constituio e estatutos)1. O acto de constituio da associao especificar os bens ou servios com que os associados concorrem para o patrimnio social, a denominao, fim e sede da pessoa colectiva, a forma do seu funcionamento, assim como a sua durao, quando a associao se no constitua por tempo indeterminado.2. Os estatutos podem especificar ainda os direitos e obrigaes dos associados, as condies da sua admisso, sada e excluso, bem como os termos da extino da pessoa colectiva e consequente devoluo do seu patrimnio.

ARTIGO 168.(Forma e publicidade)1. O acto de constituio da associao, os estatutos e as suas alteraes devem constar de escritura pblica, sem prejuzo do disposto em lei especial.2. O notrio, a expensas da associao, promove de imediato a publicao da constituio e dos estatutos, bem como as alteraes destes, nos termos legalmente previstos para os actos das sociedades comerciais.3. O acto de constituio, os estatutos e as suas alteraes no produzem efeitos em relao a terceiros, enquanto no forem publicados nos termos do nmero anterior.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro - Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro - 2 verso: DL n. 496/77, de 25 de Novembro

Artigo 169.(Modificaes do acto de constituio ou dos estatutos)(Revogado pelo Decreto-Lei n. 496/77, de 25 de Novembro).

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 170.(Titulares dos rgos da associao e revogao dos seus poderes)1. a assembleia geral que elege os titulares dos rgos da associao, sempre que os estatutos no estabeleam outro processo de escolha.2. As funes dos titulares eleitos ou designados so revogveis, mas a revogao no prejudica os direitos fundados no acto de constituio.3. O direito de revogao pode ser condicionado pelos estatutos existncia de justa causa.

Artigo 171.(Convocao e funcionamento do rgo da administrao e do conselho fiscal)1. O rgo da administrao e o conselho fiscal so convocados pelos respectivos presidentes e s podem deliberar com a presena da maioria dos seus titulares.2. Salvo disposio legal ou estatutria em contrrio, as deliberaes so tomadas por maioria de votos dos titulares presentes, tendo o presidente, alm do seu voto, direito a voto de desempate.

Artigo 172.(Competncia da assembleia geral)1. Competem assembleia geral todas as deliberaes no compreendidas nas atribuies legais ou estatutrias de outros rgos da pessoa colectiva.2. So, necessariamente, da competncia da assembleia geral a destituio dos titulares dos rgos da associao, a aprovao do balano, a alterao dos estatutos, a extino da associao e a autorizao para esta demandar os administradores por factos praticados no exerccio do cargo.

Artigo 173.(Convocao da assembleia)1. A assembleia geral deve ser convocada pela administrao nas circunstncias fixadas pelos estatutos e, em qualquer caso, uma vez em cada ano para aprovao do balano.2. A assembleia ser ainda convocada sempre que a convocao seja requerida, com um fim legtimo, por um conjunto de associados no inferior quinta parte da sua totalidade, se outro nmero no for estabelecido nos estatutos.3. Se a administrao no convocar a assembleia nos casos em que deve faz-lo, a qualquer associado lcito efectuar a convocao.

ARTIGO 174.(Forma da convocao)1. A assembleia geral convocada por meio de aviso postal, expedido para cada um dos associados com a antecedncia mnima de oito dias; no aviso indicar-se- o dia, hora e local da reunio e a respectiva ordem do dia.2. dispensada a expedio do aviso postal referido no nmero anterior sempre que os estatutos prevejam a convocao da assembleia geral mediante publicao do respectivo aviso nos termos legalmente previstos para os actos das sociedades comerciais.3. So anulveis as deliberaes tomadas sobre matria estranha ordem do dia, salvo se todos os associados compareceram reunio e todos concordaram com o aditamento.4. A comparncia de todos os associados sanciona quaisquer irregularidades da convocao, desde que nenhum deles se oponha realizao da assembleia.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 175.(Funcionamento)1. A assembleia no pode deliberar, em primeira convocao, sem a presena de metade, pelo menos, dos seus associados.2. Salvo o disposto nos nmeros seguintes, as deliberaes so tomadas por maioria absoluta de votos dos associados presentes.3. As deliberaes sobre alteraes dos estatutos exigem o voto favorvel de trs quartos do nmero dos associados presentes.4. As deliberaes sobre a dissoluo ou prorrogao da pessoa colectiva requerem o voto favorvel de trs quartos do nmero de todos os associados.5. Os estatutos podem exigir um nmero de votos superior ao fixado nas regras anteriores.

Artigo 176.(Privao do direito de voto)1. O associado no pode votar, por si ou como representante de outrem, nas matrias em que haja conflito de interesses entre a associao e ele, seu cnjuge, ascendentes ou descendentes.2. As deliberaes tomadas com infraco do disposto no nmero anterior so anulveis, se o voto do associado impedido for essencial existncia da maioria necessria.

Artigo 177.(Deliberaes contrrias lei ou aos estatutos)As deliberaes da assembleia geral contrrias lei ou aos estatutos, seja pelo seu objecto, seja por virtude de irregularidades havidas na convocao dos associados ou no funcionamento da assembleia, so anulveis.

Artigo 178.(Regime da anulabilidade)1. A anulabilidade prevista nos artigos anteriores pode ser arguida, dentro do prazo de seis meses, pelo rgo da administrao ou por qualquer associado que no tenha votado a deliberao.2. Tratando-se de associado que no foi convocado regularmente para a reunio da assembleia, o prazo s comea a correr a partir da data em que ele teve conhecimento da deliberao.

Artigo 179.(Proteco dos direitos de terceiro)A anulao das deliberaes da assembleia no prejudica os direitos que terceiro de boa f haja adquirido em execuo das deliberaes anuladas.

Artigo 180.(Natureza pessoal da qualidade de associado)Salvo disposio estatutria em contrrio, a qualidade de associado no transmissvel, quer por acto entre vivos, quer por sucesso; o associado no pode incumbir outrem de exercer os seus direitos pessoais.

Artigo 181.(Efeitos da sada ou excluso)O associado que por qualquer forma deixar de pertencer associao no tem o direito de repetir as quotizaes que haja pago e perde o direito ao patrimnio social, sem prejuzo da sua responsabilidade por todas as prestaes relativas ao tempo em que foi membro da associao.

Artigo 182.(Causas de extino)1. As associaes extinguem-se:a) Por deliberao da assembleia geral;b) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constitudas temporariamente;c) Pela verificao de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de constituio ou nos estatutos;d) Pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados;e) Por deciso judicial que declare a sua insolvncia.2. As associaes extinguem-se ainda por deciso judicial:a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossvel;b) Quando o seu fim real no coincida com o fim expresso no acto de constituio ou nos estatutos;c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilcitos ou imorais;d) Quando a sua existncia se torne contrria ordem pblica.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 183.(Declarao da extino)1. Nos casos previstos nas alneas b) e c) do n. 1 do artigo anterior, a extino s se produzir se, nos trinta dias subsequentes data em que devia operar-se, a assembleia geral no decidir a prorrogao da associao ou a modificao dos estatutos.2. Nos casos previstos no n. 2 do artigo precedente, a declarao da extino pode ser pedida em juzo pelo Ministrio Pblico ou por qualquer interessado.3. A extino por virtude da declarao de insolvncia d-se em consequncia da prpria declarao.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 184.(Efeitos da extino)1. Extinta a associao, os poderes dos seus rgos ficam limitados prtica dos actos meramente conservatrios e dos necessrios, quer liquidao do patrimnio social, quer ultimao dos negcios pendentes; pelos actos restantes e pelos danos que deles advenham associao respondem solidariamente os administradores que os praticarem.2. Pelas obrigaes que os administradores contrarem, a associao s responde perante terceiros se estes estavam de boa f e extino no tiver sido dada a devida publicidade.

SECO IIIFundaes ARTIGO 185.(Instituio e sua revogao)1. As fundaes podem ser institudas por acto entre vivos ou por testamento, valendo como aceitao dos bens a elas destinados, num caso ou noutro, o reconhecimento respectivo.2. O reconhecimento pode ser requerido pelo instituidor, seus herdeiros ou executores testamentrios, ou ser oficiosamente promovido pela autoridade competente.3. A instituio por acto entre vivos deve constar de escritura pblica e torna-se irrevogvel logo que seja requerido o reconhecimento ou principie o respectivo processo oficioso.4. Aos herdeiros do instituidor no permitido revogar a instituio, sem prejuzo do disposto acerca da sucesso legitimria.5. Ao acto de instituio da fundao, quando conste de escritura pblica, bem como, em qualquer caso, aos estatutos e suas alteraes, aplicvel o disposto no n.os 2 e 3 do artigo 168.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - Lei n. 40/2007, de 24 de Agosto Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 186.(Acto de instituio e estatutos)1. No acto de instituio deve o instituidor indicar o fim da fundao e especificar os bens que lhe so destinados.2. No acto de instituio ou nos estatutos pode o instituidor providenciar ainda sobre a sede, organizao funcionamento da fundao, regular os termos da sua transformao ou extino e fixar o destino dos respectivos bens.

Artigo 187.(Estatutos lavrados por pessoa diversa do instituidor)1. Na falta de estatutos lavrados pelo instituidor ou na insuficincia deles, constando a instituio de testamento, aos executores deste que compete elabor-los ou complet-los.2. A elaborao total ou parcial dos estatutos incumbe prpria autoridade competente para o reconhecimento da fundao, quando o instituidor os no tenha feito e a instituio no conste de testamento, ou quando os executores testamentrios os no lavrem dentro do ano posterior abertura da sucesso.3. Na elaborao dos estatutos ter-se- em conta, na medida do possvel, a vontade real ou presumvel do fundador.

Artigo 188.(Reconhecimento)1. No ser reconhecida a fundao cujo fim no for considerado de interesse social pela entidade competente.2. Ser igualmente negado o reconhecimento, quando os bens afectados fundao se mostrem insuficientes para a prossecuo do fim visado e no haja fundadas expectativas de suprimento da insuficincia.3. Negado o reconhecimento por insuficincia do patrimnio, fica a instituio sem efeito, se o instituidor for vivo; mas, se j houver falecido, sero os bens entregues a uma associao ou fundao de fins anlogos, que a entidade competente designar, salvo disposio do instituidor em contrrio.

Artigo 189.(Modificao dos estatutos)Os estatutos da fundaro podem a todo o tempo ser modificados pela autoridade competente para o reconhecimento, sob proposta da respectiva administrao, contanto que no haja alterao essencial do fim da instituio e se no contrarie a vontade do fundador.

Artigo 190.(Transformao)1. Ouvida a administrao, e tambm o fundador, se for vivo, a entidade competente para o reconhecimento pode atribuir fundao um fim diferente:a) Quando tiver sido inteiramente preenchido o fim para que foi instituda ou este se tiver tornado impossvel;b) Quando o fim da instituio deixar de revestir interesse social;c) Quando o patrimnio se tornar insuficiente para a realizao do fim previsto.2. O novo fim deve aproximar-se, no que for possvel, do fim fixado pelo fundador.3. No h lugar mudana de fim, se o acto de instituio prescrever a extino da fundao.

Artigo 191.(Encargo prejudicial aos fins da fundao)1. Estando o patrimnio da fundao onerado com encargos cujo cumprimento impossibilite ou dificulte gravemente o preenchimento do fim institucional, pode a entidade competente para o reconhecimento, sob proposta da administrao, suprimir, reduzir ou comutar esses encargos, ouvido o fundador, se for vivo.2. Se, porm, o encargo tiver sido motivo essencial da instituio, pode a mesma entidade considerar o seu cumprimento como fim da fundao, ou incorporar a fundao noutra pessoa colectiva capaz de satisfazer o encargo custa do patrimnio incorporado, sem prejuzo dos seus prprios fins.

Artigo 192.(Causas de extino)1. As fundaes extinguem-se:a) Pelo decurso do prazo, se tiverem sido constitudas temporariamente;b) Pela verificao de qualquer outra causa extintiva prevista no acto de instituio;c) Por deciso judicial que declare a sua insolvncia.2. As fundaes podem ainda ser extintas pela entidade competente para o reconhecimento:a) Quando o seu fim se tenha esgotado ou se haja tornado impossvel;b) Quando o seu fim real no coincida com o fim expresso no acto de instituio;c) Quando o seu fim seja sistematicamente prosseguido por meios ilcitos ou imorais;d) Quando a sua existncia se torne contrria ordem pblica.

Artigo 193.(Declarao da extino)Quando ocorra alguma das causas extintivas previstas no n. 1 do artigo anterior, a administrao da fundao comunicar o facto autoridade competente para o reconhecimento, a fim de esta declarar a extino e tomar as providncias que julgue convenientes para a liquidao do patrimnio.

Artigo 194.(Efeitos da extino)Extinta a fundao, na falta de providncias especiais em contrrio tomadas pela autoridade competente, aplicvel o disposto no artigo 184.

CAPTULO IIIAssociaes sem personalidade jurdica e comisses especiais Artigo 195.(Organizao e administrao)1. organizao interna e administrao das associaes sem personalidade jurdica so aplicveis as regras estabelecidas pelos associados e, na sua falta, as disposies legais relativas s associaes, exceptuadas as que pressupem a personalidade destas.2. As limitaes impostas aos poderes normais dos administradores s so oponveis a terceiro quando este as conhecia ou devia conhecer.3. sada dos associados aplicvel o disposto no artigo 181.

Contm as alteraes introduzidas pelos seguintes diplomas: - DL n. 496/77, de 25 de Novembro Verses anteriores deste artigo: - 1 verso: DL n. 47344/66, de 25 de Novembro

Artigo 196.(Fundo comum das associaes)1. As contribuies dos associados e os bens com elas adquiridos constituem o fundo comum da associao.2. Enquanto a associao subsistir, nenhum associado pode exigir a diviso do fundo comum e nenhum credor dos associados tem o direito de o fazer excutir.

Artigo 197.(Liberalidades)1. As liberalidades em favor de associaes sem personalidade jurdica consideram-se feitas aos respectivos associados, nessa qualidade, salvo se o autor tiver condicionado a deixa ou doao aquisio da personalidade jurdica; neste caso, se tal aquisio se no verificar dentro do prazo de um ano, fica a disposio sem efeito.2. Os bens deixados ou doados associao sem personalidade jurdica acrescem ao fundo comum, independentemente de outro acto de transmisso.

Contm as alteraes introduzidas pelos