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1- Conflitos no Cáucaso – Chechênia a) Envolvidos: Rússia e Chechênia b) Motivos do Conflito : Rebeldes chechenos reivindicam a Independência da Chechênia; p ara o governo russo, essa república é estratégica, principalmente em razão da passagem de oleodutos dos poços de petróleo da região do Mar Cáspio à rede de dutos da Rússia. Parte significativa do petróleo que a Rússia exporta para a Europa vem do Mar Cáspio e passa por esta região. GEOGRAFIA DO CÁUCASO : A Chechênia está localizada no Cáucaso, região que abriga grandes reservas de petróleo e gás natural. Os oleodutos que abastecem os compradores têm de passar por boa parte dos 13 mil quilômetros quadrados do território checheno. É essa ligação o principal interesse da Federação Russa na região. Os russos também acreditam que a região é parte integrante de seu território, ao contrário de outras repúblicas, como o Cazaquistão e a Ucrânia, que, logo após a queda da União Soviética, se tornaram países independentes sem nenhuma resistência do governo central. O Cáucaso é uma área montanhosa que apresenta grande complexidade étnica, nacional, religiosa e linguística. Abrigando cerca de 25 milhões de pessoas, o Cáucaso se constitui numa zona de contato e confronto de duas "civilizações" (Postulado do Choque de Civilizações ou interesses econômicos e geopolíticos da Rússia?): de um lado a eslavo-ortodoxa, representada por populações de origem russa ou "russificadas" (como os Ossétios) e a islâmica, de influência turca ou iraniana, composta por mais de vinte povos, dentre os quais se destacam os chechenos. No Cáucaso além dos conflitos, se superpõem inquietações permanentes a respeito do controle dos vales, das águas, das vias de comunicação e também de oleodutos que atravessam a área, a qual apresenta importantes jazidas de petróleo, especialmente no Azerbaijão, junto ao mar Cáspio. c) Histórico : A República da Chechênia divide limites com a Inguchétia e Ossétia do Norte a oeste; o Krai de Stavropol ao norte; o Daguestão ao norte e a leste, e a República da Geórgia ao sul. Desses territórios, todos pertencem à Rússia, com exceção da Geórgia, que constitui um país independente. Com uma área total de 17.300 km² (equivalente ao estado brasileiro de Sergipe), sua capital é Grozny e as línguas oficiais são o checheno e o russo e a religião predominante é o islamismo (sunita), seguida por 94% da população.

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1- Conflitos no Cáucaso – Chechêniaa) Envolvidos: Rússia e Chechênia

b) Motivos do Conflito: Rebeldes chechenos reivindicam a Independência da Chechênia; para o governo russo, essa república é estratégica, principalmente em razão da passagem de oleodutos dos poços de petróleo da região do Mar Cáspio à rede de dutos da Rússia. Parte significativa do petróleo que a Rússia exporta para a Europa vem do Mar Cáspio e passa por esta região.

GEOGRAFIA DO CÁUCASO: A Chechênia está localizada no Cáucaso, região que abriga grandes reservas de petróleo e gás natural. Os oleodutos que abastecem os compradores têm de passar por boa parte dos 13 mil quilômetros quadrados do território checheno. É essa ligação o principal interesse da Federação Russa na região. Os russos também acreditam que a região é parte integrante de seu território, ao contrário de outras repúblicas, como o Cazaquistão e a Ucrânia, que, logo após a queda da União Soviética, se tornaram países independentes sem nenhuma resistência do governo central. O Cáucaso é uma área montanhosa que apresenta grande complexidade étnica, nacional, religiosa e linguística. Abrigando cerca de 25 milhões de pessoas, o Cáucaso se constitui numa zona de contato e confronto de duas "civilizações" (Postulado do Choque de Civilizações ou interesses econômicos e geopolíticos da Rússia?): de um lado a eslavo-ortodoxa, representada por populações de origem russa ou "russificadas" (como os Ossétios) e a islâmica, de influência turca ou iraniana, composta por mais de vinte povos, dentre os quais se destacam os chechenos. No Cáucaso além dos conflitos, se superpõem inquietações permanentes a respeito do controle dos vales, das águas, das vias de comunicação e também de oleodutos que atravessam a área, a qual apresenta importantes jazidas de petróleo, especialmente no Azerbaijão, junto ao mar Cáspio.

c) Histórico: A República da Chechênia divide limites com a Inguchétia e Ossétia do Norte a oeste; o Krai de Stavropol ao norte; o Daguestão ao norte e a leste, e a República da Geórgia ao sul. Desses territórios, todos pertencem à Rússia, com exceção da Geórgia, que constitui um país independente. Com uma área total de 17.300 km² (equivalente ao estado brasileiro de Sergipe), sua capital é Grozny e as línguas oficiais são o checheno e o russo e a religião predominante é o islamismo (sunita), seguida por 94% da população.

Primeira Guerra da Chechênia (1994-1996): Boris Yeltsin, presidente russo à época, resolve finalmente enviar tropas para restaurar a soberania russa na área, já que forças locais tinham declarado independência em 1991. Seu desfecho é uma humilhante derrota para o lado russo, que retira suas forças em meio a altas baixas, sendo ainda forçado a celebrar um acordo de paz.

Segunda Guerra da Chechênia: Em 1999 o primeiro-ministro Vladimir Putin organiza nova ofensiva contra os separatistas chechenos, após uma série de atentados a alvos civis desencadeados pouco tempo antes em Moscou. Ao mesmo tempo, os chechenos tentavam duplicar seu movimento no Daguestão, outra república russa vizinha à Chechênia, buscando formar um estado islâmico independente na área das duas repúblicas. Em resposta, a Rússia dá início à Segunda Guerra da Chechênia, e dessa vez age de forma rápida e decisiva, abafando os focos rebeldes. Desde então, ambos os lados abusam de táticas violentas que desrespeitam os mais básicos direitos humanos.

Ações terroristas dos rebeldes chechenos: o movimento pela independência chechena organizou os piores atentados terroristas da Federação Russa. Foram em sua maioria sequestros de civis em locais públicos, aviões derrubados e explosões de estações de metrô e prédios residenciais. Em apenas dois anos, as ações provocaram a morte de quase mil pessoas. O principal deles ocorreu em setembro de 2004 em uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte. Durante três dias, 32 terroristas chechenos

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mantiveram mais de 1 200 reféns, principalmente mulheres e crianças. Os sequestradores exigiam a retirada das tropas russas de Grozny. Um tiroteio ainda não explicado provocou a explosão de bombas e a invasão do ginásio. O saldo foi a morte de 339 reféns e de 31 sequestradores. A ação foi semelhante a uma ocorrida em 2002: cerca de 50 terroristas chechenos dominaram o Teatro Dubrovka, em Moscou. A plateia era composta de cerca de 800 pessoas. Para evitar uma tragédia, as forças russas usaram um gás paralisante antes de invadir o teatro. Só que o gás era tóxico: matou os sequestradores e 127 reféns.

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2- Conflitos na Caxemiraa) Envolvidos: Índia e Paquistão

b) Motivos dos conflitos: envolve diferenças étnicas e disputas pela divisão de fronteiras nacionais entre paquistaneses e indianos. Além da localização estratégica, o domínio da Caxemira proporciona o controle das águas do curso médio do rio Indo. A Caxemira é uma região montanhosa ao norte dos dois países. Grande parte da população da região é muçulmana e quer a anexação ao Paquistão, que a Índia nega. O Paquistão reivindica o controle total da Caxemira sob o argumento de que lá vive uma população de maioria islâmica - a mesma do país. Já a Índia tem uma população majoritariamente hindu. A Caxemira tem vital importância para a soberania em relação aos recursos hídricos, abrangendo a localização das nascentes dos rios Ganges e Indo, os principais rios da Índia e do Paquistão, respectivamente.

c) Histórico: A Caxemira é a única região da Índia com maioria muçulmana e foi dividida entre os dois países em 1947 com critérios religiosos. Desde então, ambos os países voltaram a se enfrentar em 1971 e em um conflito de menor dimensão em 1999. Índia e Paquistão são ex-colônias britânicas. Em 1947 conseguiram independência. Os ingleses repartiram a região de acordo com a religião das maiorias. Assim surgiu a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana.Hoje a Índia possui 45,5% do território, o Paquistão, 38,5% e a China, os 16% restantes: os Territórios do Norte e a Caxemira Livre, pertencentes ao Paquistão, a região de Jammu e Caxemira pertencentes à Índia e a região de Aksai Chin sob ocupação chinesa. Após a independência, Índia e Paquistão foram à guerra em três ocasiões. Durante a primeira guerra indo-paquistanesa (1947), o Paquistão obteve sucesso, conquistando grandes áreas do antigo reino da Caxemira, mas estas foram as regiões menos desejáveis e menos populosas. Os chineses, que por muito tempo contestaram os seus limites territoriais com a Índia, assumiram o controle da Aksai Chin em 1950. O governo da Índia tentou, mas não conseguiu recuperar esse território em 1962, quando ocorreu um conflito de fronteira entre os dois países. Na segunda e na terceira guerra indo-paquistanesa (1965 e 1971), a Índia tomou os locais mais populosos e as áreas mais produtivas da Caxemira que eram controladas pelo Paquistão. Os limites territoriais foram definidos em 1972, com a realização do Acordo de Simla, com o aval da ONU, quando foi delimitada a Linha de Controle, em substituição da linha de cessar-fogo criada em 1948.

A rivalidade entre os dois países levou a uma corrida armamentista que culminou com a entrada da Índia e do Paquistão, em 1998, no clube dos países detentores de armas nucleares. Ambos desenvolveram ao máximo sua infraestrutura militar. Desde então, as hostilidades na Caxemira passaram a ser acompanhadas com mais atenção pela comunidade internacional. A ameaça de guerra sempre pareceu iminente, pois ambos os países são altamente militarizados. A Índia realizou cinco testes nucleares subterrâneos no deserto da província do Rajastão, oeste da Índia, em 11 e 13 de maio de 1998. O Paquistão respondeu com sua própria série de testes nucleares em 28 e 30 de maio desse mesmo ano. Desde 1989, a área indiana da Caxemira vem sofrendo atentados terroristas por parte dos militantes muçulmanos e políticas de segurança opressivas do exército indiano. Por vezes, militantes islâmicos paquistaneses têm atravessado a fronteira para lutar contra o controle indiano na região.

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3-Curdistão – Curdos

a) Localização/territórios ocupados: O Curdistão é uma região cultural e geográfica majoritariamente composta pelos curdos. Com cerca de 500.000 km² concentra-se, em sua maior parte, na Turquia, e o restante distribui-se entre Iraque, Irã, Síria, Armênia e Azerbaijão. O Curdistão corresponde as nascentes dos rios Tigre e Eufrates, compreendendo a bacia petrolífera de Kirkuk e Mossul, no Iraque.

b) Quem são os curdos? São um grupo étnico de aproximadamente 30 milhões de pessoas, na sua maioria muçulmanos sunitas (no século VII, a maioria dos curdos adotaram o Islamismo) que se organizam em clãs e, em algumas regiões, falam o idioma curdo. Autonomia e identidade: O Curdistão iraquiano tem a bandeira e hino próprios, uma festa nacional e uma identidade forte. As línguas oficiais são o árabe e o curdo. Atualmente os curdos são a mais numerosa etnia sem Estado no mundo. Eles têm um grande grau de autonomia no norte do Iraque, onde estão sendo fundamentais contra os avanços do Estado Islâmico. Os curdos sunitas são maioria naquela região, em oposição a uma hegemonia xiita árabe no sul.

c) Razões dos conflitos: Muitos curdos querem ter seu próprio território, em vez de viver sob o domínio dos estados em que habitam. Os governos desses países — especialmente a Turquia e o Irã — já procuraram, em algumas ocasiões, forçar os curdos a abrir mão de sua língua e de sua cultura. Desde a década de 1960, o movimento separatista curdo vem crescendo no Iraque. Na década de 80, o Iraque realizou a destruição de cidades e a deportação de nacionalistas curdos, devido à oposição dos mesmos ao governo iraquiano. No Iraque, os curdos estão estabelecidos em uma região rica em petróleo, por isso, na década de 80, o ditador Saddam Hussein usou armas químicas para matar 5.000 curdos. Estima-se que 3 mil curdos foram mortos no Iraque por envenenamento por tálio (metal pesado utilizado para matar ratos). Saddan Hussein, em 1988, ordenou um ataque com armas químicas na cidade curda de Halabja. Nessa ocasião, foi utilizado gás sarin (afeta o sistema nervoso) e gás mostarda (desencadeia lesões na pele), provocando a morte de mais de 5 mil curdos.

Na década de 1990, as facções curdas retomaram as lutas internas desencadeadas por rivalidades entre as principais lideranças. Na Turquia, que abriga mais de 14 milhões de curdos, o governo aplicou até 2002 políticas discriminatórias contra os curdos, privando-lhes da sua identidade, proibindo tanto seu idioma como alguns dos seus costumes mais característicos; é proibido o estudo da língua curda nas instituições de ensino da Turquia. A luta entre curdos e o Estado turco deixou mais de 40 mil mortos, entre 1984 e o cessar-fogo de 2013. O PKK, partido marxista curdo na Turquia, é considerado terrorista e não é bem visto nem por lá, nem no Ocidente, o que não ajudou nos esforços em busca de maior autonomia. Esse é, de certa maneira, o resumo da frustração do projeto de um Estado próprio: o bloqueio das potências regionais e o desinteresse do Ocidente. No Irã, os curdos sofrem a perseguição da maioria xiita do país. Mesmo com algumas pressões da comunidade internacional, persistem os ataques ao povo curdo em vários países. Neste cenário, torna-se difícil uma solução eficaz para os curdos, visto que nenhuma das nações envolvidas quer ceder parte do território para a formação do Curdistão.

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Obs: ISIS = Estado Islâmico do Iraque e Síria