Upload
phungliem
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
VIII ENCONTRO TRICORDIANO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA
A leitora (Félix Edouard Vallotton)
24 a 26 de outubro de 2018
CADERNO DE RESUMOS
PROGRAMAÇÃO
Realização
Três Corações – Minas Gerais
2
Coordenação geral
Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza (UNINCOR)
Comissão organizadora
Amanda Heiderich Marchon (UNINCOR) Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
Cléber Araújo Cabral (UNINCOR)
Gleicione Aparecida Dias Bagne de Souza (UNINCOR) Luciana de Oliveira Barros (UNINCOR)
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
Renan Belmonte Mazzola (UNINCOR)
Terezinha Richartz Santana (UNINCOR)
Comissão científica
Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN)
Ana Lúcia de Campos de Almeida (UEL)
Ana Paula Teixeira Porto (URI) Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
Glenda Cristina Valim de Melo (UNIRIO)
João Marcos Mateus Kogawa (UNIFESP)
Juliana Gervason Defilippo (CES-JF) Luana Teixeira Porto (URI)
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
Maria Aparecida Nogueira Schmitt (CES-JF)
Paulo Roberto de Almeida (UEL)
Renan Belmonte Mazzola (UNINCOR)
Rita de Cássia Silva Dionísio (UNIMONTES) Vera Lucia Rodella Abriata (UNIFRAN)
SUMÁRIO
Programação Geral [3]
Programação das Mesas de Projetos UNINCOR [4]
Programação dos Grupos de Trabalhos [5]
Programação e Resumos dos Cursos e Oficinas [12]
Resumo das comunicações das Mesas de Projetos UNINCOR [15]
Resumo das comunicações dos Grupos de Trabalho [19]
3
PROGRAMAÇÃO GERAL
24 de outubro 25 de outubro 26 de outubro
08:00-09:30
Credenciamento/Abertura Local: Sala de Defesas
10:00-12:30 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos GTS
09:00-12:00 – Cursos e oficinas
Local: Ver programação
08:00-10:00 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos GTS
10:00-10:30 – Café
Local: Sala 218
10:30-12:30 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos GTS
14:00-16:00 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos
GTS
16:00-18:00 – Lançamento de
Livros e Café
Local: Sala 218
14:00-16:00 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos
GTS
16:00-16:30 – Café
Local: Sala 218
16:30-18:30 – Grupos de
Trabalhos
Local: Ver programação dos GTS
14:00-16:00 – Grupos de Trabalhos Local: Ver programação dos GTS
16:00-16:30 – Café
Local: Sala 218
16:30-18:30 – Grupos de Trabalhos
Local: Ver programação dos GTS
4
PROGRAMAÇÃO DAS MESAS DE PROJETOS – MESTRADO EM LETRAS (UNINCOR)
Mesa de Projetos I – Linha de pesquisa Literatura, história e cultura
Coordenação: Prof. Dr. Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
Debatedora: Profa. Dra. Juliana Gervason Defilippo (CES-JF)
Sala: 215
24 de outubro Comunicações
14:00-14:20 A representação da violência e dos violentados em É proibido comer a grama, de Wander Piroli
Thainara Cazelato Couto
14:20-14:40 Representação da violência nas crônicas de A boca no mundo, de Fernando Bonassi
Flávia Luciano Santos
14:40-15:00 A construção do feminino nos contos de Olhos d'água, de Conceição Evaristo
Jocelane Fernanda Cruz
15:00-15:30 Discussão
Mesa de Projetos – Linha de pesquisa Discurso e produção de sentido
Coordenação: Profa. Dra. Thayse Figueira Guimarães (UFGD)
Debatedor: Prof. Dr. Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN)
Sala: 213
25 de outubro Comunicações
16:30-16:50 A construção da imagem do adolescente autor de ato infracional pelos jornais online
mineiros Viviane Ruiz Potma Gonçalves
16:50-17:10 O multiletramento em três corações: o aluno, a família, a escola
Silvani Kátia Nascimento Santos
17:10-17:30 Discussão
Mesa de Projetos II – Linha de pesquisa Literatura, história e cultura
Coordenação: Profa. Dra. Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
Debatedora: Profa. Dra. Ivana Ferrante Rebello (UNIMONTES)
Sala: 214
26 de outubro Comunicações
16:30-16:50 A canção de protesto do rapper Djonga
Ícaro de Oliveira Leite
16:50-17:10 História e memória de Três Corações nas crônicas de Victor Cunha
Maria Beatris do Nascimento Junqueira
17:10-17:30 Figurações do feminino nas canções de Gildo de Freitas Juliana Felipetto da Silva
17:30-17:50 Invocando as entidades: os pontos cantados na Umbanda: funções e sentidos
Gracielle Rafaela Campos Baldiotti
17:50-18:30 Discussão
5
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHOS
GT CIBERCAMINHOS POSSÍVEIS: LITERATURA, LIVRO E LEITOR
Coordenação:
Profa. Dra. Juliana Gervason Defilippo (CES-JF)
Sala: 216
24 de outubro Comunicações
10:00-10:20 Os desafios éticos da preservação da cultura literária milenar indiana na era da cibercultura
Camile Carvalho Nascimento
10:20-10:40 Tá no Livro... E Agora?!: A Literatura de Jovens - Autores - Celebridades Digitais
Jennifer da Silva Gramiani Celeste
10:40-11:00 Labirintos convergentes
Gustavo Burla
11:00-11:20 Tensões contemporâneas: os booktubers e a nova crítica de rodapé
Juliana Gervason Defilippo
11:20-12:00 Discussão
GT PROCESSOS TRANSCULTURAIS: MEMÓRIA, COSMOVISÃO, LINGUAGEM,
ESTRUTURAÇÃO NARRATIVA
Coordenação:
Profa. Dra. Maria Aparecida Nogueira Schmitt (CES-JF)
Sala: 217
24 de outubro Comunicações
10:00-10:20 "A lua morta já não mexia mais" ou o resgate da educação pela noite: Elucubrações sobre "Pedra do Sono" e "O engenheiro", de João Cabral de Melo Neto
Flávia Alves Figueirêdo Souza
10:20-10:40 A síntese de um paradoxo transcultural: Minas Gerais por Guimarães Rosa Alexandre Luiz Ribeiro da Fonseca Júnior
10:40-11:00 Estetização da miséria em Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria
de Jesus
Nívea Maria dos Santos
11:00-11:20 O trânsito entre culturas e idiossincrasia autoral em O Banquete dos Deuses, de Daniel
Munduruku.
Marisa Aparecida Schuchter
11:20-11:40 Modos de representação do indígena: uma carta, um poema, uma música. Silvana Aparecida Pareça
11:40-12:00 Memória, trauma e escrita em K, relato de uma busca de Bernardo Kucinski
Carlos Vinícius Teixeira Palhares
12:00-12:30 Discussão
GT ENUNCIAÇÃO E PRÁTICAS DE LEITURA: A INTERFACE ENTRE AS DIVERSAS
LINGUAGENS VERBAIS E NÃO- VERBAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenação:
Profa. Dra. Emanuela Francisca Ferreira Silva (IFSULDEMINAS/Três Corações)
Profa. Dra. Edilaine Gonçalves Ferreira de Toledo (CEFETMG/Varginha
Sala: 216
24 de outubro Comunicações
14:00-14:20 Usos da linguagem na escola e na sociedade contemporânea – reflexões sobre múltiplos
letramentos e agência escolar
Andréa de Lourdes Cardoso dos Santos
14:20-14:40 O Diário como memória e cesura
6
Emanuela Francisca Ferreira Silva
14:40-15:00 Corpalavra: poesia marginal e performance em sala de aula
Igor dos Santos Alves
15:00-15:20 O cinema e a leitura do cinema
Amauri Araújo Antunes
15:20-16:00 Discussão
GT EXPERIÊNCIAS SOCIODISCURSIVAS DE IDENTIDADE
Coordenação:
Profa. Dra. Thayse Figueira Guimarães (UFGD)
Prof. Dr. Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN)
Sala: 213
24 de outubro Comunicações
14:00-14:20 Entre a certeza e a necessidade, um espaço de conflito entre identidade e alteridade Alexandre Marcelo Bueno
14:20-14:40 Disputa de sentidos sobre Empoderamento Feminino em vídeos de Avon e Bombril
Barbara Faleiro Machado
14:40-15:00 A construção identitária da marca e suas relações com o consumidor de moda Fernanda Fontanetti Gomes
15:00-15:20 A valoração da língua de sinais na comunidade ouvinte: um recorte analítico a partir do
discurso de Márcia, intérprete de Libras
Gabriela Serenini Prado Santos Salgado
15:20-16:00 Discussão
25 de outubro Comunicações
14:00-14:20 O estigma e TDAH: análise do quadro “Os males da alma”, do Fantástico
Polyanna Aparecida Silva
14:20-14:40 Une nouvelle façon d’enseigner le Français
Rodrigo Barreto Da Silva Moura
14:40-15:00 Práticas interacionais na web 2.0: performances identitárias, interseccionalidade e
agenciamento Thayse Figueira Guimarães
15:00-15:30 Discussão
16:00-16:30 Café
GT FICÇÕES DA MEMÓRIA, MEMÓRIAS DA FICÇÃO: EDITAR VIDAS REAIS E
IMAGINADAS
Coordenação:
Prof. Dr. Cléber Araújo Cabral (UNINCOR)
Prof. Dr. Luiz Henrique S. Oliveira (CEFET-MG)
Sala: 214
24 de outubro Comunicações
14:00-14:20 Digressão e memória em Estar em casa, de Adília Lopes
Paulo Roberto Barreto Caetano
14:20-14:40 Um Brasil em maquete: Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, a política e a literatura
Luciana Oliveira de Barros
14:40-15:00 Vidas em comum: uma leitura de Flores, de Mario Bellatin, e Machado, de Silviano
Santiago
Guilherme Zubaran de Azevedo
15:00-15:20 A hora e vez da metamorfose do homem: a primeiridade das Primeiras estórias Paula Spernau
15:20-15:40 Vidas insignes: o arquivamento (de si e do outro) por Fernando Sabino e Murilo Rubião
Cleber Araújo Cabral
15:40-16:10 Discussão
25 de outubro Comunicações
7
14:00-14:20 Memória e esquecimento na escritura de Jean Genet
Pedro Henrique Rodrigues da Silva
14:20-14:40 Heleno de Freitas, anjo e demônio? Representações ambivalentes na literatura e no cinema
Thiago Carlos Costa
14:40-15:00 "A mãe do esquecimento manda lembranças": entendimento, memória e esquecimento em Catatau de Paulo Leminski
Luiz Henrique Carvalho Penido
15:00-15:20 Crônicas de uma editora anunciada
Rafael Fernandes Carvalho
15:20-15:40 “Quilombos editoriais”: panorama, estratégias de atuação e significados para a memória
cultural afro-brasileira
Luiz Henrique Silva de Oliveira
15:40-16:00 Traduzir a memória do Outro: fluxo de pensamento em Rosie Carpe, de Marie Ndiaye Juçara Valentino da Silva Reis
16:00-16:30 Discussão
GT FACES E FASES: ESTUDOS DE LITERATURA MEDIEVAL
Coordenação:
Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ)
Sala: 216
25 de outubro Comunicações
14:00-14:20 A importância da Filologia para o ensino das línguas germânicas - alguns apontamentos Álvaro Alfredo Bragança Júnior
14:20-14:40 Animais como metáforas do comportamento medieval – uma introdução ao Fisiólogo
em antigo-inglês Bárbara Jugurta de Oliveira Rocha Azevedo
14:40-15:00 A Canção de Luís e a Influência Bíblica em Textos do Medievo Germânico
Gabriel Nascimento da Silva
15:00-15:20 Literatura, Medicina e Religiosidade: Analisando Fórmulas de Encantamento e Cura da Germânia Continental
Nanã de Alcântara Bezerra Pacheco
15:20-15:40 Dança macabra – A lembrança da morte medieval na contemporaneidade
Kiefer Pinto Monteiro
15:40-16:10 Discussão
16:10-16:30 Café
GT DA POESIA À MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Coordenação:
Prof. Dr. Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
Sala: 215
25 de outubro Comunicações
14:00-14:20 A infância nas canções de Chico Buarque: da fantasia ao abandono
Luciano Marcos Dias Cavalcanti
14:20-14:40 “Canção-duplex” em Chico Buarque: uma análise de “Cordão” e “Valsinha”
Moema Sarrapio
14:40-15:00 Figurações do feminino em Chico Buarque de Holanda
Taciana Ribeiro Rios de Abreu / Luciano Marcos Dias Cavalcanti
15:00-15:20 Paulo Leminski e a poesia fora dos padrões
Maria Vitória Musial de Araújo
15:20-15:40 Temas e tons da canção de Paulinho da Viola: apontamentos iniciais
Sthanley Ogino Zaqueu / Cilene Margarete Pereira
15:40-16:00 Discussão
16:00-16:30 Café
16:30-16:50 O samba como crônica do cotidiano: A Praça Onze e os compositores dos anos 1930
8
Beatriz Coelho Silva
16:50-17:10 "Leva, meu samba!": Ataulfo Alves, entre o samba de Noel e o samba de teleco-teco
Francisco Antonio Romanelli
17:10-17:30 Pelos caminhos dos versos de Brisa Flow...
Joseli Aparecida Fernandes
17:30-17:50 O espaço feminino nas batalhas de poesias “Slam”: discurso e “performance” de Gabz
Domynique Roberta de Oliveira Esposito / Cilene Margarete Pereira
17:50-18:10 As muitas vozes do amor em "Pais e filhos"
Rodrigo Carvalho da Silveira
18:10-18:30 Discussão
GT ABORDAGENS DO TEXTO E DO DISCURSO NA MÍDIA E NA POLÍTICA
Coordenação:
Prof. Dr. Renan Belmonte Mazzola (UNINCOR)
Sala: 217
25 de outubro Comunicações
14:00-14:20 Quantas versões para o mesmo fato? Uma análise discursiva de notícias e de reportagens
Amanda Heiderich Marchon
14:20-14:40 A violência como fundamento do discurso político da extrema-direita brasileira
Argus Romero Abreu de Morais
14:40-15:00 Referenciação: a construção do objeto de discurso "Temer" em artigos de opinião
Adriana Castro Barilo
15:00-15:20 Discursos semióticos no gênero campanha educativa: uma abordagem à luz da GDV
Jaciluz Dias
15:20-16:00 Discussão
16:00-16:30 Café
16:30-16:50 Um estudo comparativo das estratégias etóticas e patêmicas na carta-testamento de Getúlio Vargas e no discurso de defesa de Dilma Rousseff no Senado
Danielle Fullan
16:50-17:10 O ethos discursivo do governo Antonio Anastasia na propaganda institucional governamental
Ivanei Salgado
17:10-17:30 O ethos discursivo de O Radical (1891) e O Rebate (1893), em Carangola, Minas Gerais:
uma análise da imprensa local no século XIX Jessica Lobato Ferreira
17:30-17:50 A dimensão discursiva do texto
Magna Leite Carvalho Lima
17:50-18:30 Discussão
26 de outubro Comunicações
08:00-08:20 Processos de institucionalização de sentidos do novo ensino médio na/pela mídia:
educação e trabalho
Tamyres Cecília da Silva
08:20-08:40 A construção da imagem do aluno adolescente no documentário Pro dia nascer feliz
Jane Das Graças Nogueira Olive
08:40-09:00 Construções do Objeto-de-Discurso “Leitor” em artigos presentes na mídia digital
Nivaldo Neves
09:00-10:00 Discussão
10:00-10:30 Café
10:30-10:50 Sentidos que emanam da transgenia no Brasil
Simone Catarina Silva Archanjo
10:50-11:10 Guevara: O discurso de um líder revolucionário
Rafael Rezende Silva / Renan Belmonte Mazzola
11:10-11:30 A desordem e o caos: construções imaginárias da mídia sobre um movimento social
Renan Belmonte Mazzola
9
11:30-12:00 Discussão
GT RELAÇÕES FAMILIARES NA NARRATIVA LITERÁRIA BRASILEIRA
Coordenação:
Profa. Dra. Cilene M Pereira (UNINCOR)
Doutoranda Priscila Salvaia (UNICAMP)
Sala: 215
26 de outubro Comunicações
08:00-08:20 A experiência materna na narrativa machadiana: “O segredo de Augusta” e “As bodas
de Luís Duarte” Cilene Margarete Pereira
08:20-08:40 Problematizações acerca do narrador machadiano no folhetim A mão e a luva (1874):
entre o discurso patriarcal e a condição feminina
Priscila Salvaia
08:40-09:00 As relações familiares em um romance de Rachel Jardim
Cleíze Pires de Mendonça
09:20-09:40 A família mineira segundo Lucio Cardoso
William Valentine Redmond
09:40-10:00 Discussão
10:00-10:30 Café
10:30-10:50 Quartinho do fundo: a solidão final de Biela em Uma vida em segredo, de Autran
Dourado Gizeli Rezende dos Reis
10:50-11:10 Representações familiares na ficção olintiana: o romance A casa da água
Édimo de Almeida Pereira
11:10-11:30 A multiplicidade no romance Liberdade para as estrelas Ana Flávia Araújo Dias
11:30-11:50 Sobrevida e resquício familiar em De cócoras, de Silviano Santiago
Carina Ferreira Lessa
11:50-12:10 Memórias de família em "Por Parte de Pai" de Bartolomeu Campos de Queirós Fabíola Procópio Sarrapio
12:10-12:30 Discussão
14:00-14:20 “Como se fosse da família”: a personagem negra em Joias de Família, de Zulmira
Ribeiro Tavares Carine Paula de Andrade
14:20-14:40 Família e "violência simbólica" em Reunião de Família, de Lya Luft
Stephany Mingure Moure Porto
14:40-15:00 Mulheres, papéis sociais e violência: relações familiares em Insubmissas lágrimas de
mulheres, de Conceição Evaristo
Elaine de Souza Pinto Rodrigues
15:00-15:20 O nome ao qual me chamo: o nome e o lugar da mulher negra na sociedade excludente Ivana Ferrante Rebello
15:20-16:00 Discussão
16:00-16:30 Café
GT DIMENSÕES LITERÁRIAS DA MEMÓRIA
Coordenação:
Profa. Dra. Roberta Guimarães Franco (UFLA)
Prof. Dr. Rodrigo Garcia Barbosa (UFLA)
Sala: 216
26 de outubro Comunicações
08:00-08:20 A sanidade vigiada sobrevivente na escrita de si
Augusto Mancim Imbriani
08:20-08:40 A violência em múltiplas vozes: as memórias pós-coloniais em Boa tarde às coisas aqui
10
em baixo
Carmem Roquini Juliacci Santana
08:40-09:00 Comissão das Lágrimas, de Lobo Antunes: entre violências, silêncios e memórias Karol Sousa Bernardes
09:00-09:20 Um laço histórico-ficcional em “Rainha ginga – e de como os africanos inventaram o
mundo” de José Eduardo Agualusa Jessiara Ribeiro Gonçalves
09:20-10:00 Discussão
10:00-10:30 Café
10:30-10:50 Memória e Tradição em Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares Taciane Aparecida Couto
10:50-11:10 A memória e o caráter metadiscursivo de A resistência, de Julián Fuks
Graciely Andrade Miranda
11:10-11:30 “[...] limpamos o vento de quem não tinha ordem de respirar” Josué Borges de Araújo Godinho
11:30-11:50 O silêncio como memória na obra de Raduan Nassar: rastros de desobediência e
desautoridade
Gislene Teixeira Coelho
11:50-12:30 Discussão
26 de outubro Comunicações
14:00-14:20 A memória entretecida em Museu de Tudo, de João Cabral de Melo Neto
André França Rocha Borba
14:20-14:40 Poética da Memória de Carlos Drummond de Andrade: o espaço da escrita e a presença da família
Jorge Manoel Venâncio Martins
14:40-15:00 Cemitérios pernambucanos: figurações do eu e da memória na poesia cabralina Raisa Gonçalves Faetti
15:00-15:20 O Itinerário percorrido por Manuel Bandeira
Vitor Hugo Da Silva
15:20-16:00 Discussão
16:00-16:30 Café
16:30-16:50 Realismo e realidade, em Balzac, Flaubert e Joyce
Hêmille Perdigão
16:50-17:10 Silêncio e memória em Laura Alcoba Dayane Campos da Cunha Moura
17:10-17:30 A necessidade de comunidade e o paganismo como solução: uma análise da peça
Dancing at Lughnasa de Brian Friel
Maria Isabel Rios De Carvalho Viana
17:30-17:50 Imigração, trauma e silêncio: uma leitura de Samuel Rawet e Tatiana Salem Levy
Allysson Casais
17:50-18:30 Discussão
GT: A INTERSECCIONALIDADE DE GÊNERO, RAÇA/ETNIA E CLASSE SOCIAL NA
PRODUÇÃO DE IDENTIDADES EM TEXTOS E DISCURSOS
Coordenação:
Profa. Dra. Terezinha Richartz (UNINCOR)
Profa. Dra. Luciana de Mesquita Silva (CEFET/RJ)
Sala: 213
26 de outubro Comunicações
08:20-08:40 O discurso emancipatório na obra de Geni Guimarães, “A cor da ternura” Zionel Santana
08:40-09:00 O impacto da copa de 2014 na construção identitária das mulheres brasileiras: as falsas
notícias humorísticas em questão Karine Silveira
11
09:00-09:20 Os marcadores sociais classe, raça/etnia e gênero na construção identitária de Carolina
Maria de Jesus em "Quarto de despejo" Terezinha Richartz
09:20-10:00 Discussão
10:00-10:30 Café
10:30-10:50 A (re)significação da Fearless Girl em Wall Street
Rosana Cristina Gimael
10:50-11:10 (D)Na pele: melanina produzindo sentidos de escravidão no mercado de trabalho
Diego Henrique Pereira
11:10-11:30 O discurso jurídico como legitimador da ordem de gênero na sociedade Roberta Menezes Figueiredo
11:30-11:50 A persuasão dos narradores em Mayombe, de Pepetela
Dayse Oliveira Barbosa
11:50-12:10 Discussão
26 de outubro Comunicações
14:00-14:20 O corpo marginal na dramaturgia de Plínio Marcos
Sergio Manoel Rodrigues
14:20-14:40 Escrita feminina e identidade nas relações de sujeição
Suzana Mcauchar
14:40-15:00 O discurso protetivo e a eficácia da Lei Maria da Penha
Lorraine Lima Portugal
15:00-15:20 A Princesa e a Costureira: reflexões sobre a representação homossexual na literatura
infanto-juvenil Marine Lúcia Melo / Terezinha Richartz
15:20-16:00 Discussão
16:00-16:30 Café
12
Programação e Resumos dos Cursos e Oficinas
REPRESENTAÇÃO DE IMIGRANTES NA MÍDIA: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA
Ministrante: Prof. Dr. Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN)
Resumo: Os meios de comunicação são um campo propício para observarmos as maneiras como uma
sociedade se relaciona com a alteridade. Em particular, pensamos nos imigrantes e refugiados contemporâneos que se estabelecem no Brasil e são representados por discursos em jornais, programas
televisivos ou plataformas digitais que constroem valores, orientam interações e cristalizam representações a
respeito do outro. O objetivo deste curso é propor uma reflexão sobre a maneira como os meios de
comunicação privilegiam, sob o suposto postulado da “objetividade”, certos valores em detrimento de outros associados à imigração contemporânea. Em especial, focaremos no modo como os narradores organizam os
discursos sobre a imigração, como os imigrantes são representados por determinadas imagens, os valores que
orientam o ponto de vista sobre a alteridade e, por fim, proporemos uma tipologia da alteridade que envolve, implicitamente, uma hierarquização dos imigrantes que contraria o postulado de respeito e incentivo à
diversidade e à alteridade. Desse modo, desejamos mostrar como a semiótica pode ser capaz de nos levar a
uma postura crítica em relação aos meios de comunicação para que, assim, questionemos a visão hegemônica que muitas vezes prevalece em relação à alteridade.
Palavras-chaves: semiótica discursiva; imigração contemporânea; regimes de interação; meios de
comunicação.
Local: Sala de defesa
A LITERATURA MEDIEVAL: ENTRE DISCURSOS SOBRE O AMOR, O PODER E A FÉ
Ministrante: Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ)
Resumo: A Idade Média, entendida em termos de longa duração, possui uma tradição cultural baseada em
sua documentação escrita, que permite a estudiosos de diversos campos do conhecimento acesso as suas
ricas e complexas temáticas dentro de temporalidades e espacialidades específicas. Nesse sentido, enquanto objeto de estudo por parte dos historiadores ou também como possível matéria-prima para os poetas, tem-se
no real poético uma releitura verossímil da própria realidade empírica de então. Destarte, tanto a Literatura
quanto a História apresentam suas práticas discursivas com vistas à (con)textualização daquilo que é sentido e vivido pelo ser humano. Em uma perspectiva inter e transdisciplinar, tais saberes ligado à produção
literária medieval revelam um panorama abrangente sobre as vozes presentes em seus textos e as temáticas
neles inseridas. Neste curso ater-se-á a um tríplice eixo temático – amor, poder e fé, constantes na produção
literária em latim e alemão, duas línguas que representam universos e tipologias textuais distintas, a saber, as cantigas, pertencentes ao trovadorismo de expressão alemã, e as parêmias, que configuram a assim
denominada literatura sapiencial em língua latina, em que se procurará demonstrar a relevância e pertinência
de uma abordagem centrada nos Estudos Culturais para a viabilização de práticas interdisciplinares, em que os textos literários possam servir de testemunho e documento da época estudada.
Palavras-chaves: Literatura Medieval; História Medieval; Sacro Império; Paremiologia Latina Medieval;
Cantigas.
Local: Sala 217
ESCRITORES SUL-MINEIROS NO SUPLEMENTO LITERÁRIO DE MINAS GERAIS
Ministrante: Prof. Dr. Cleber Araújo Cabral (UNINCOR)
Resumo: Intenta-se, neste minicurso, apresentar uma proposta metodológica para o mapeamento da produção
crítica e literária de escritores sul-mineiros veiculada no Suplemento Literário de Minas Gerais. Para o
processo de exploração do SLMG (que será lido como um conjunto de galerias de memória cultural), elegeu-se como objeto de estudo os textos publicados por autores do Sul de Minas que apresentam maior frequência
de publicação no periódico – a saber, Márcio Almeida, Hugo Pontes e Elias José (sem perder de vista as
13
colaborações de participantes de grupos dos quais os três fizeram parte). Como fundamentação teórica, serão
mobilizados conceitos atinentes às seguintes temáticas: acervos literários e culturais; (re)escrita da história cultural mediante mobilização de fontes alocadas em periódicos; composição de antologias como processo
de edição crítica dos discursos (crítico, cultural, histórico, memorialístico) e signos (cânone, literatura
regional, poéticas de vanguarda) que organizam o funcionamento dos estudos literários. A partir do levantamento e da análise dos textos, sugere-se a elaboração de mapas dialógicos (ou mapas relacionais),
assim denominados por terem sido construídos em função da existência de inúmeras rotas de diálogo entre
texto crítico e texto literário e, também, entre os próprios textos críticos. De posse desses mapas culturais e
literários, visa-se a fomentar condições para que se efetue o “desarquivamento” da produção de escritores que se encontram fora do cânone – mas que, a nosso ver, apresentam contribuições importantes para se
redimensionar as culturas local, regional e nacional. Com esse gesto, busca-se não só recuperar parte da
memória cultural do Sul de Minas mas, sobretudo, propiciar subsídios para se repensar o protagonismo da região em relação aos movimentos de vanguarda artística canonizados pela historiografia literária brasileira.
Palavras-chave: estudos literários, estudos de edição, memória cultural.
Local: Sala 215
NA ERA DA PÓS-VERDADE, NÃO CONFUNDA FAKE NEWS COM FALSAS NOTÍCIAS
HUMORÍSTICAS
Ministrante: Profa. Karine Silveira (Doutoranda em Linguística e Língua Portuguesa/PUC-Minas)
Resumo: Recentemente, o mundo chocou-se ao saber que a rede social Facebook não assegurou os dados de
seus usuários e 87 milhões de pessoas tiveram suas informações coletadas pela Cambridge Analytica, a qual
tem sido investigada por manipular a campanha eleitoral de Donald Trump por meio de Fake News. Como consequência do momento vivido, intitulado de pós-verdade, o Dicionário Collins elegeu Fake News como a
palavra do ano de 2017. A polêmica em torno das falsas notícias nos faz refletir sobre as várias falsas
notícias humorísticas, que surgiram no meio virtual, como as publicadas pelos sites Sensacionalista, G17, Bairrista, Laranjas News, dentre outros. O curso tem por proposta, portanto, perscrutar entre o que se chama
hoje de Fake News e os textos humorísticos que estamos nomeando de falsas notícias humorísticas. Logo,
objetiva-se, primeiramente, elucidar o conceito de hoaxes, Fake News e pós-verdade, a partir de diferentes
publicações da mídia e dos artigos científicos de Chen, Conroy e Rubin (2015), Rashkin et al (2017), Volkova et al (2017). Acreditamos que essa primeira reflexão é necessária ao passo que ainda não há muitos
trabalhos científicos em língua portuguesa sobre a referida temática. Ademais, essa tentativa de se
compreender a terminologia utilizada e os textos produzidos, possibilitar-nos-á diferenciá-las das falsas notícias humorísticas. Nosso segundo objetivo é esclarecer como se constrói o humor nas falsas notícias
humorísticas, por meio de análise linguística baseada nos estudos de Raskin (1985, 2008) e de Attardo (2001,
2008) sobre texto humorístico. Em suma, discutir-se-á o que são Fake News e o que são Falsas Notícias Humorísticas, além de estratégias para não só se diferenciar uma da outra, por meio de características
linguísticas, como também reconhecer alguns recursos de produção de humor.
Palavras-chaves: Falsas notícias humorísticas. Fake News. Humor. Pós-verdade. Análise linguística.
Local: Sala 213
NELSON RODRIGUES E PLÍNIO MARCOS: TRANSGRESSÕES DO TEATRO BRASILEIRO
Ministrante: Prof. Dr. Sergio Manoel Rodrigues (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Resumo: Este minicurso tem como objetivo apresentar as obras dramatúrgicas de Nelson Rodrigues e Plínio
Marcos, observando a trajetória do teatro brasileiro e as relações que as mesmas estabelecem entre si. Desse
modo, propõe-se, a priori, um enfoque no panorama das manifestações teatrais no Brasil durante o século XX, bem como a instauração da chamada modernidade no teatro nacional, para que se possa compreender a
relevância da dramaturgia rodrigueana na década de 1940, com a encenação da peça Vestido de noiva (1943).
Em seguida, identificar as influências deixadas pelo teatro de Nelson Rodrigues aos textos de dramaturgos
brasileiros da época e os posteriores, sobretudo, nas obras iniciais da carreira de Plínio Marcos, como Dois perdidos numa noite suja (1966) e Navalha na carne (1967). Tanto nos textos de Nelson quanto nos de
Plínio, notam-se personagens que vivem conflituosos dilemas individuais e sociais. Além disso, os dois
14
autores em questão foram, muitas vezes, censurados por serem criadores de universos considerados
“desagradáveis”, em que temas tabus, tais como prostituição, homossexualidade e violência, colocavam em xeque os valores morais da sociedade. Para um aprofundamento literário nas produções rodrigueana e
pliniana, será proposta aos participantes deste minicurso a leitura de fragmentos de peças de ambos
escritores, a fim da reflexão e de uma análise mais profícua das obras, pretendendo, assim, verificar as transgressões espaço-temporais destas na arte e na cultura brasileira.
Palavras-chave: Dramaturgia. Teatro brasileiro. Modernidade. Nelson Rodrigues. Plínio Marcos.
Local: Sala 117
GÊNEROS TEXTUAIS: UM CAMINHO PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Ministrante: Profa. Dra. Amanda Heiderich Marchon (UNINCOR)
Resumo: As reflexões sobre o conceito de “gêneros” iniciaram-se na Grécia Antiga com Platão e Aristóteles, no momento em que, pensando sobre poética e retórica, esses filósofos começaram a distinguir e a tipificar
os gêneros. A partir do Renascimento, reflexões sobre essa temática foram retomadas com intuito de
aprofundar as distinções feitas pelos filósofos gregos. Foi no século XX, entretanto, depois da crise das teorias clássicas desencadeadas pelo Romantismo, que esse tema foi retomado com amplitude e sofisticação.
O primeiro autor a estender a reflexão a todos os textos e discursos sem distinção ou divisão, tanto na vida
cotidiana quanto na arte, foi o russo Mikhail Bakhtin e estudiosos de seu círculo de discussões. Nas últimas
décadas, teorias inerentes aos gêneros encontraram o caminho da sala de aula e, desde então, o gênero foi tomado como objeto para o processo de ensino-aprendizagem. A partir da década de 1990, a noção de gênero
foi incorporada aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, os quais sinalizam que o
gênero deve nortear a metodologia de ensino de leitura e produção de textos orais e escritos. Nessa perspectiva, o componente de Língua Portuguesa da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dialoga com
esses documentos e orientações curriculares concebidos nessas últimas décadas e busca atualizá-los, levando
em consideração as recentes pesquisas da Linguística, bem como enfatizando as transformações que ocorreram neste século, principalmente as relacionadas ao desenvolvimento das tecnologias digitais. O
propósito do curso é, portanto, elucidar a teoria dos gêneros textuais pelo viés bakhtiniano e pela perspectiva
sociointeracionaista da linguagem, mostrando de que forma o conceito inerente a essa concepção perpassa a
Base Nacional Curricular Comum. Palavras-chaves: gêneros textuais; ensino; leitura e produção de textos.
Local: Sala 216
A POLIFONIA DA DÚVIDA. UM DIÁLOGO ENTRE MACHADO DE ASSIS E DOSTOIÉVSKI
Ministrante: Profa. Dra. Luciana Oliveira de Barros (UNINCOR-CAPES)
Resumo: Este minicurso se baseia numa análise da construção da dúvida à luz da polifonia e do dialogismo do teórico russo Mikhail Bakhtin nos romances Dom Casmurro, de Machado de Assis, e O Eterno Marido,
de Fiódor Dostoiévski. Serão estudadas as relações dialógicas entre a voz autoral do narrador e a voz dos
personagens, assim como as formas por meio das quais a dúvida e o contexto do adultério são plantados nos
romances. A recriação de contextos de hesitação analisará o processo da enunciação pelos quais José Dias, coadjuvante de Machado, orienta a fala de Bentinho ao passo que Trussótzki, coadjuvante de Dostoiévski,
instrui a fala de Vieltchâninov. Ao final do curso, entenderemos o alto grau de dialogismo dos autores em
suas narrativas romanescas, já que Dostoiévski e Machado são pares no gênero polifônico. O primeiro, considerado o fundador do romance polifônico, enquanto o segundo é reconhecido o precursor do gênero na
literatura brasileira.
Palavras-chaves: polifonia; romance; Dostoiévski; Machado de Assis.
Sala: 214
15
Resumos das comunicações das Mesas de Projetos
MESA DE PROJETOS I – LINHA DE PESQUISA LITERATURA, HISTÓRIA E CULTURA
A representação da violência e dos violentados em É proibido comer a grama, de Wander Piroli
Thainara Cazelato Couto (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Essa comunicação tem o objetivo de apresentar o projeto de pesquisa de Mestrado em desenvolvimento “A representação da violência e dos violentados em É proibido comer a grama, de Wander
Piroli”, que tem como proposta examinar a construção da violência e dos seres violentados nos contos do
livro citado, publicado postumamente em 2006 – ano de sua morte –, considerando a relevância do tema na
literatura contemporânea brasileira. Para o exame da representação da violência em sua obra, é fundamental refletir sobre os tipos de personagens que aparecem nos contos de Piroli, seres invisibilizados socialmente
(violentos e violentados), que são colocados, pelo autor, num processo de visibilidade e de empatia com o
leitor. Suas personagens são os esquecidos e excluídos: o pobre, o negro, a prostituta, o operário, o ladrão, o bêbado, entre outros tipos marginalizados. Em todos os contos, destaca-se o temário da violência, que
emerge no espaço urbano, tendo como cenário principal a capital mineira, sobretudo seu centro nevrálgico e
arredores boêmios, entre os anos 1960 e 1980.
Palavras-chaves: violência; violentados; contos; Wander Piroli.
Representação da violência nas crônicas de A boca no mundo, de Fernando Bonassi
Flávia Luciano Santos (UNICOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de apresentar o projeto de pesquisa de Mestrado em desenvolvimento “Representação da violência nas crônicas de A boca no mundo, de Fernando Bonassi”. Ela
propõe verificar algumas crônicas representativas do livro citado, publicado em 2007 em torno da realidade
dos menos favorecidos, vítimas de um sistema que oprime e exclui os seus direitos fundamentais. Esses
textos foram escritos para o caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, publicados entre os anos de 2002 e 2006. Para o exame destas crônicas, serão perseguidos alguns tipos de violência: a social, a simbólica e a
psicológica. Nesse sentido, terão como matéria a carência, a humilhação diária do trabalhador, o medo, o
preconceito social, a violência, a vida urbana (medo) e a suburbana (falta de presença do Estado) nas grandes cidades, os desmandos da organização política, o lugar social onde esses indivíduos estão inseridos etc.
Bonassi utiliza de acontecimentos do cotidiano, que muitas vezes passam despercebidos por nós no dia-a-dia,
para identificar a mediocridade da vida desses personagens, por meio de uma linguagem coloquial, umas das característica do gênero literário crônica, que também será objeto de discussão.
Palavras chaves: Bonassi, Crônica, Violência.
A construção do feminino nos contos de Olhos d'água, de Conceição Evaristo
Jocelane Fernanda Cruz (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Essa comunicação tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa de Mestrado “A construção
do sujeito feminino nos contos de Olhos d’água, de Conceição Evaristo”, livro publicado em 2015. O projeto
tem como proposto analisar como se dá a construção do feminino que se intersecciona com outros dilemas: a
pobreza e o racismo. Por isso Conceição Evaristo vai chamar este método de escrevivência, já que escreve sobre uma condição: a experiência da mulher negra, pobre e favelada. Para a autora, pensar a experiência
dessa categoria social nos fragmentos que relata é pensar o coletivo, como a vivência de uma pessoa espelha
a rotina das demais situações parecidas. Palavra-chave: feminino, Conceição Evaristo, Escrevivência, Afrodescendente, patriarcado.
16
MESA DE PROJETOS II – LINHA DE PESQUISA LITERATURA, HISTÓRIA E CULTURA
A canção de protesto do rapper Djonga
Ícaro de Oliveira Leite (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Essa comunicação objetiva apresentar o projeto de pesquisa “A canção de protesto do rapper Djonga”, em desenvolvimento no Programa de Mestrado em Letras da UninCor, associado à linha de
pesquisa Literatura, história e cultura. A pesquisa pretende entender como se constrói o discurso social do
rapper mineiro Djonga e como ele dialoga com a realidade social na qual está inserido, transformando suas letras em uma forma de protesto. Para tanto, partimos da ideia de que o rap estabelece uma relação com
temas sociais e políticos, revelando-se um gênero contestatório e de denúncia. Em nossa análise das letras
do rapper mineiro, iremos considerar alguns aspectos: (1) sua postura agressiva, que tanto pode incitar à
violência quanto entender esta como forma de protesto ou de reação à condição social de sujeitos marginalizados; (2) como sua linguagem é mobilizada para causar desconforto no que tange um campo
semântico da obscenidade; (3) como sua narrativa individual, bastante autobiográfica (como é característica
no mundo do rap) expõe a realidade social das periferias; (4) o tratamento conferido à figura feminina em sua obra, encenando um discurso contraditório ao objetivar e idolatrar a mulher.
Palavras chaves: Djonga, Rap, Protesto, Agressividade, Obscenidade.
História e memória de Três Corações nas crônicas de Victor Cunha
Maria Beatris do Nascimento Junqueira (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho visa apresentar a pesquisa de mestrado em andamento acerca das crônicas do
tricordiano Victor Cunha (1929-2014). Cunha fui um artista multifacetado que se exercitou em diferentes
linguagens (crônica, fotografia, memorialismo, música, radialismo). Em seus trabalhos, é possível observar a preocupação em deixar registrada (palavra recorrente em seus livros e crônicas) a história e a memória da
cidade de Três Corações, a fim de apresentá-las aos tricordianos. Além dos dois livros editados, Saudades...
(1998) e Três Corações... um pouco de sua história (2012), ambos classificados por ele como sendo
“documentários”, Cunha colaborou regularmente no Jornal Três publicando crônicas que foram reunidas para publicação – mas o volume não chegou a ser impresso. Estas crônicas, em sua maioria, relatam o
cotidiano tricordiano a partir de uma visão saudosista, na qual se expressa um sentimento de perda pelas
“coisas boas que acabaram”, conforme diz Cunha em uma das crônicas. Deste modo, apresentaremos o escopo teórico que orienta o trabalho, bem como algumas crônicas, os temas tratados pelo autor, assim
como a percepção por ele apresentada do gênero crônica.
Palavras chaves: Victor Cunha, Crônicas, História, Memória.
Invocando as entidades: os pontos cantados na Umbanda: funções e sentidos
Gracielle Rafaela Campos Baldiotti (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar o projeto de pesquisa de Mestrado cujo título é:
“Invocando as entidades: os pontos cantados na Umbanda: funções e sentidos”. Este projeto faz parte da linha de pesquisa Literatura, História e Cultura. Muito se tem discutido e retratado na mídia, com relação às
religiões afro-brasileiras (aqui denominaremos Religiões de Matriz Africana). Recentemente, o Estado do
Rio de Janeiro declarou o Candomblé e a Umbanda como patrimônios imateriais do estado. Tais declarações
são importantes para estas religiões, pois algo que é passado de geração a geração merece ser reconhecido e destacado na sociedade. Um patrimônio, seja material ou imaterial, não é esquecido. Assim, a cultura afro-
brasileira estará sempre na lembrança do povo brasileiro, mantendo as tradições e costumes trazidos há tanto
tempo pelos negros. As religiões de matriz africana, especificamente a Umbanda, possuem rituais, os quais os frequentadores são convidados a seguir. Com este estudo, pretendemos mostrar um pouco da cultura afro-
brasileira, através dos cantos nos terreiros de Umbanda, chamados de “pontos cantados”. O propósito do
projeto de Mestrado é, pois, examinar os pontos cantados nos terreiros de Umbanda, explicitando quais as
17
suas funções e os possíveis sentidos, assim como trazendo à tona questões de nossos antepassados, mas que
ainda se fazem presentes na contemporaneidade, como, por exemplo, o resgate da identidade negra. Palavras chaves: Umbanda, Religiões de Matriz Africana, Pontos cantados.
Figurações do feminino nas canções de Gildo de Freitas
Juliana Felipetto da Silva (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: Essa comunicação tem como propósito apresentar o projeto de pesquisa de Mestrado, em desenvolvimento, “Figurações femininas nas canções de Gildo de Freitas”, que tem como principal objetivo
analisar como a mulher gaúcha é exposta e descrita nas letras de algumas canções tradicionalistas do cantor,
trovador, músico e compositor Gildo de Freitas, bem como refletir sobre a construção das relações de gênero e a distinção fortemente presente entre mãe/mulher/amante na formação da identidade feminina. É
fundamental compreender que esse é um tema sobre o qual há restrita bibliografia. Esse silêncio com relação
às letras das músicas tradicionalistas rio-grandenses, no que tange à representação feminina, é o retrato de
uma cultura patriarcal, na qual a figura da mulher dispensa atenção, sendo ou colocada em segundo plano, ou, muitas vezes, inferiorizada.
Palavras chaves: Gildo de Freitas. Canções tradicionalistas. Rio Grande do Sul. feminino.
MESA DE PROJETOS – LINHA DE PESQUISA DISCURSO E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
A construção da imagem do adolescente autor de ato infracional pelos jornais online mineiros
Viviane Ruiz Potma Gonçalves (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Sob a hipótese de que todo sujeito se define ao dirigir-se ao outro, problemática da alteridade
discutida por Bakthin (2006), esta comunicação refere-se à apresentação do presente projeto de pesquisa que visa a investigar a imagem do adolescente autor de ato infracional construída por dois jornais online de maior
popularidade no estado de Minas Gerais. O corpus será constituído por notícias e reportagens veiculadas nos
sites dos periódicos O tempo e Estado de Minas, no período de julho de 2015 a junho de 2018. À luz dos
pressupostos teóricos do que se convencionou chamar de Teorias da Enunciação, cujos principais autores estudados serão Bakhtin e Volóshinov (2006, 2017), Benveniste (2006), Charaudeau (2007, 2014), Kerbrat-
Orecchioni (1997), nossos objetivos serão descrever como, por meio de construções linguistico-discursivas,
as instâncias midiáticas mineiras em tela constroem a imagem desse jovem. Para tanto, analisaremos as escolhas lexicais empregadas para nomear tal adolescente e identificaremos quais são as imagens formadas
pelos jornais na representação desse sujeito, procurando explicitar de que maneira a formação discursiva
transmite ideologias e forma opiniões. A pesquisa é de natureza qualitativo-quantitativa, fundamentada por uma revisão bibliográfica e por meio da análise documental.
Palavras-chaves: adolescente; ato infracional; jornais online.
O multiletramento em três corações: o aluno, a família, a escola
Silvani Kátia Nascimento Santos (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação refere-se à apresentação do projeto de pesquisa que visa a investigar como
atividades relacionadas ao multiletramento auxiliam no processo de apropriação da leitura e da escrita de
crianças ainda na pré-escola. Para o desenvolvimento desta investigação, propomos a interface teórica entre
os postulados da Linguística Aplicada acerca do letramento (KLEIMAN, 1995; ROJO, 2012; SOARES, 2012; STREET, 2014, bem como estudos sobre a multimodalidade textual, abordados por autores como
Coscarelli (2006, 1999), Dionísio (2014), Kress (1989), Ribeiro (2013, 2016), Embora alfabetização e
letramento sejam, popularmente, entendidos como sinônimos, ressaltamos que são dois processos distintos: alfabetização refere-se ao aprendizado dos atos de ler e escrever que ocorrem, geralmente, no âmbito escolar;
ao passo que letramento é a prática social que o indivíduo faz da leitura e da escrita. O trabalho de
alfabetização e de letramento devem acontecer de forma simultânea, sem a visão de que a criança, primeiro, deve ser alfabetizada para depois ser inserida no contexto social. Sob a hipótese de que o ambiente
18
sociocultural e socioeconômico influenciam o processo de letramento, esta pesquisa será desenvolvida em
duas escolas de Três Corações, com perfis socioculturais e socioeconômicos distintos, sendo uma pública e outra privada. Trabalharemos com logomarcas nacionais e locais, a fim de analisarmos se as crianças
reconhecem os recursos multissemióticos que constituem esse gênero textual, bem como o produto a que as
logos se referem. Palavras chaves: letramento; multiletramento; multimodalidade textual; logomarca.
19
Resumos das comunicações dos Grupos de Trabalhos
GT ABORDAGENS DO TEXTO E DO DISCURSO NA MÍDIA E NA POLÍTICA
Referenciação: a construção do objeto de discurso “Temer” em artigos de opinião
Adriana Castro Barilo (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação apresenta meu projeto de pesquisa de mestrado inserido no campo de investigação da Linguística Textual, cujo foco principal é o de analisar os processos de referenciação
envolvidos na construção do objeto de discurso “Temer” em artigos de opinião das revistas “Carta Capital”
e “Veja”. Serão apresentados: o objetivo proposto, além de expor as motivações, os objetivos, o problema,
os passos metodológicos e a justificativa que guiaram a elaboração do projeto, tendo como foco principal, um esboço analítico do corpus selecionado. Assim, nesta comunicação, partimos da premissa de que as
cadeias referenciais estão a serviço da construção de objetos de discurso em gêneros específicos. Desse
modo, entendemos que o artigo de opinião é um gênero que possibilita observar, de maneira bastante profícua, os processos de referenciação que concorrem para a construção de objetos de discurso, no caso
desta comunicação, do objeto de discurso “Temer”.
Palavras-chaves: Referenciação; Categorização; Objetos de Discurso; Artigos de Opinião.
Quantas versões para o mesmo fato? Uma análise discursiva de notícias e de reportagens
Amanda Heiderich Marchon (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: Uma questão importante relacionada à produção textual reside na presença da subjetividade, que
pode ser evidenciada mediante marcas linguísticas deixadas pelo enunciador. No domínio discursivo do jornal, a questão ainda é mais discutida, uma vez que a maior parte dos textos tem a função primeira de
informar, e informar com imparcialidade. Baseados nos pressupostos da Semiolinguística, de Patrick
Charaudeau e nos estudos de Émile Benveniste (2005, 2006) e de Kerbrat-Orecchioni (1997) sobre a
Teoria da Enunciação, que procuram identificar e descrever os procedimentos linguísticos por meio dos quais o enunciador imprime suas marcas no enunciado, procuraremos revelar as operações linguístico-
discursivas que um único comunicante utiliza para atingir diferentes destinatários. Para tanto,
apresentaremos notícias e reportagens que abordaram o mesmo tema, publicadas pelos jornais EXTRA, O GLOBO – veículos de comunicação da Infoglobo Comunicações Ltda. Assim, este trabalho tem como
objetivo estudar as seleções temáticas e o vocabulário distinto que um mesmo comunicante, em obediência
ao duplo contrato de comunicação midiática – que, ao mesmo tempo, busca informar e seduzir o público-alvo – utiliza para tentar se aproximar do leitor, verdadeiro coautor dos textos publicados na mídia.
Palavras-chaves: Escolha Lexical; Modos de Organização do Discurso; Contrato de Comunicação; Notícia e
Reportagem.
A violência como fundamento do discurso político da extrema-direita brasileira
Argus Romero Abreu de Morais (UFSJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: No presente estudo, propomo-nos analisar a relação entre violência e discurso político no Brasil
atual. Segundo Charaudeau (2008), o fim último do discurso político é o “bem soberano”, o qual se ancora
em uma espécie de pacto de reconhecimento de um dado “ideal social”, constituído na contradição entre a busca de valores universais e o respeito à pluralidade de interesses entre os distintos grupos em uma dada
sociedade. Considerando essa perspectiva, quais seriam as características de um discurso político que possui
a violência como fundamento das suas práticas sociais? Em nossa investigação, baseamo-nos na tipologia da violência desenvolvida por Drawin (2013), que a divide em cruenta, sistêmica, simbólica e ontológica, e na
proposta de Han (2017) em distinguir violência positiva de violência negativa. Como corpus, analisaremos
dados da entrevista com o eleitorado do presidenciável brasileiro Jair Bolsonaro (PSC-RJ) à Folha de São Paulo em 25 de março de 2018 (BALLOUSIER, 2018). Por fim, cumpre-nos destacar que o presente
20
trabalho se enquadra no âmbito de uma pesquisa pós-doutoral em desenvolvimento desde 2016 no Programa
de Pós-Graduação: Teoria Literária e Crítica da Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei, na qual avaliamos as características interdiscursivas, argumentativas, cognitivas e estéticas do discurso político
da extrema-direita brasileira na atualidade.
Palavras-chaves: Violência; Discurso Político; Extrema-direita; Práticas Sociais.
Um estudo comparativo das estratégias etóticas e patêmicas na carta-testamento de Getúlio Vargas e
no discurso de defesa de Dilma Rousseff no Senado
Danielle Fullan (UFMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Em um primeiro momento, a carta-testamento de Getúlio Vargas (1954) e o discurso de defesa de Dilma Rousseff no Senado (2016) durante o processo de impeachment podem ter pouco em comum.
Contudo, quando olhamos os dois discursos a partir da concepção de discurso populista proposta por
Charaudeau (2016), percebemos que os sujeitos-enunciadores em questão se valeram das mesmas estratégias
discursivas a fim de captar e mobilizar o afeto de suas respectivas audiências também com a apresentação de diferentes imagens de si que ajudam a consolidar a força de suas mensagens. Por meio de um estudo
comparativo, este trabalho pretende apresentar a dramaturgia discursiva da encenação do pathos e do ethos
nestes dois discursos. Para tanto, além do aporte teórico de Charaudeau (2007, 2016), nos valemos também das contribuições de Amossy (2005, 2006).
Palavras-chaves: Ethos; Pathos; Discurso Populista.
O ethos discursivo do governo Antonio Anastasia na propaganda institucional governamental
Ivanei Salgado (UFLA)
E-mail: [email protected]
Resumo: A propaganda institucional é utilizada pelos governos para estabelecer uma interlocução com a
Sociedade. Essa modalidade de comunicação governamental é utilizada pela presidência da República,
governos estaduais e prefeituras municipais para dar publicidade às ações governamentais visando reforçar sua imagem institucional junto ao cidadão e, com isso, construir e projetar imagens de si no comunicado.
Essa auto-representação construída, chamada de ethos, é utilizada para imbuir credibilidade e identificação à
gestão governamental. Este trabalho, constituído por um recorte da dissertação de mestrado “O ethos discursivo do governo Antonio Anastasia na interlocução com a sociedade: um estudo da propaganda
institucional governamental”, apresentada em 2016 junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública
e Sociedade, da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), procura identificar o ethos construído e
projetado pela gestão do governador Antonio Anastasia, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), frente ao estado de Minas Gerais. O arcabouço teórico da pesquisa foi construído com base na Teoria
Semiolinguística de Análise do Discurso, proposta por Patrick Charaudeau. O corpus de análise é composto
por uma propaganda institucional televisiva da área de Saúde. Para atingir o objetivo de identificação do ethos discursivo por essa modalidade de comunicação governamental, analisamos as condições situacionais
de identificação, finalidade, domínio do saber e dispositivo constituído e as condições discursivas de
legitimidade, credibilidade e captação do contrato de comunicação estabelecido tacitamente entre o governo
e a Sociedade. Os resultados identificaram a postura de utilização da propaganda institucional pelo governo para se apresentar, principalmente, como gestão competente à Sociedade.
Palavras-chaves: Teoria Semiolinguística; Propaganda Institucional; Governo de Minas Gerais.
Discursos semióticos no gênero campanha educativa: uma abordagem à luz da GDV
Jaciluz Dias (UFJF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho tem o propósito de socializar os resultados de uma pesquisa que teve por objetivo
realizar uma análise discursiva acerca de uma campanha educativa, utilizando a Gramática do Design Visual
(GDV), conforme os pressupostos de Kress e van Leeuwen (2006). Para tanto, discorre-se, brevemente, sobre as questões teóricas ligadas à leitura crítica das mídias (JENKINS et al, 2005), multimodalidade (VAN
LEEUWEN, 2015) e multiletramentos (ROJO, 2012), passando-se a uma apresentação da GDV (KRESS;
21
VAN LEEUWEN, 2006). O corpus utilizado para a análise foi uma campanha educativa sobre o Dia
Internacional contra a LGBTfobia, divulgada em redes sociais, pelo Governo do Estado de Minas Gerais, em maio de 2017. Constatou-se a relevância do trabalho com textos midiáticos na escola e do estudo de temas
voltados para as relações de gêneros e sexualidades, a fim de contribuir para a ampliação de habilidades
relacionadas aos multiletramentos. Esse processo de leitura abarca a análise crítica dos discursos e inclui as potencialidades indiciadoras de sentido constantes das diferentes semioses constitutivas dos textos que
circulam na sociedade da informação. Essa abordagem se justifica pela possibilidade de um
redimensionamento do processo de formação de leitores. Nessa perspectiva, Jenkins et al (2005, 2007)
reiteram que o maior problema enfrentado pelos educadores é um vácuo de participação corporificado pelo acesso desigual às oportunidades, experiências, habilidades e conhecimento que efetivamente irão preparar
os jovens para a plena participação na sociedade. Desse modo, a proposta ora apresentada busca discutir
estratégias metodológicas para miminizar leituras realizadas de modo intuitivo e superficial. Palavras-chaves: Multiletramentos; Gramática do Design Visual; Campanha Educativa.
A construção da imagem do aluno adolescente no documentário Pro Dia Nascer Feliz
Jane das Graças Nogueira Olive (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este projeto de pesquisa de mestrado ainda em andamento tem como foco central investigar como o objeto de discurso “aluno adolescente” é construído e reconstruído nos recortes de cenas do documentário
brasileiro Pro Dia Nascer Feliz, e promover uma reflexão a respeito dos sentidos mobilizados sobre aluno
adolescente. Teoricamente esta pesquisa está fundamentada na Linguística Textual (LT), área da Linguística caracterizada por compreender o texto como lugar de interação social, na qual falante/escritor e ouvinte/leitor
são autores ativos e constroem o sentido do texto a partir de uma realidade mediada pela cognição. Para tal,
recorre-se a observação das estratégias de referenciação que concorrem para a categorização e
recategorização do objeto de discurso “aluno adolescente”, para isso nos ancoramos em autores como a (KOCH, 2002; 2009; KOCH; ELIA, 2006), bem como algumas características do gênero documentário
(MELO 2002; MARCUSCHI; MELO 2015 e NICHOLS 2012). Com base nessa discussão, pretende-se
demonstrar como a referenciação e os processos de referenciação concorrem para a categorização e recategorização do objeto de discurso “aluno adolescente”, a partir de um esboço analítico feito em recortes
de cenas nos dizeres dos participantes do documentário Pro Dia Nascer Feliz.
Palavras-chaves: Documentário; Aluno adolescente; Linguística Textual; Referenciação; Categorização e Recategorização.
O ethos discursivo de O Radical (1891) e O Rebate (1893), em Carangola, Minas Gerais: uma análise da
imprensa local no século XIX
Jessica Lobato Ferreira (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: A presente comunicação propõe-se à uma breve análise dos jornais O Radical (1891) e O Rebate
(1893), publicados em Carangola, Minas Gerais. Com o intuito de compreender o contexto social em que
estava inserido a imprensa na cidade, no século XIX, utilizamos reflexões de Mercadante (1990), Gazeta de
Carangola (1990) e Nelson Werneck Sodré (1966). Para refletir sobre a análise do discurso narrativo utilizamos os estudos sobre o ethos discursivo de Ruth Amossy (2005), em concomitância com as teorias de
campos de Pierre Bourdieu (1996) e as lógicas das mídias de Charaudeau (2018). Concluímos, em uma
primeira análise geral sobre as logicas teóricas e morais que norteiam a construção dos discursos dos jornais, baseada nos pressupostos indicados e orientados pela teoria do enquadramento, discutida por Mário P. Porto
(2001), sobre os estudos de Gitlin (1980). O objetivo do referente trabalho é refletir sobre as múltiplas
possibilidades de análise do discurso dos periódicos a partir de um viés multidisciplinar, combinando reflexões da análise do discurso, da sociologia e do jornalismo. Considerando os estudos de análise ainda
como iniciantes, partimos para a uma primeira possibilidade de interpretação com o intuito de traçar as
características ideológicas e morais mais gerais que embasam o discurso dos jornais O Radical (1891) e O
Rebate (1893). Palavras-chaves: Imprensa local; O Radical (1891); O Rebate (1893); Ethos discursivo; Enquadramento.
22
A dimensão discursiva de texto
Magna Leite Carvalho Lima (IPECONT)
E-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir a dimensão do texto, entendido como uma unidade de significação. Mas, antes de nos referirmos a essa concepção de texto, chamamos a atenção para o fato de que
é comum observarmos nas práticas escolares e em algumas posições teóricas como a Linguística Textual e o
Cognitivismo, que todo texto, para ser inteligível, necessita de começo, meio e fim. Além disso, da
perspectiva dessas teorias, o texto apenas é a unidade empírica. Logo, também possui elementos como som, imagem, progressão, unidade, coerência, coesão, progressão e finalidade. Uma vez que para tais posições
teóricas a leitura de um texto deve levar em conta os aspectos levantados acima. Acrescentamos que com a
atividade de produção, dentro desta perspectiva, o mesmo acontece, uma vez que para colocá-la em prática, o escritor também precisaria recorrer a conhecimentos que estão armazenados em sua memória cognitiva.
Apesar de considerarmos que, na materialidade textual/superfície linguística, os elementos internos e
estruturais mencionados são importantes para compreendermos que não há texto caso não haja sujeito e
história, o conceito de texto com o qual trabalhamos propõe outra reflexão a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso. Assim, não basta considerar o texto somente como uma unidade linguística, é preciso
observar como o texto se configura a partir de uma unidade de sentido (como esse efeito de unidade se
constrói), portanto histórica, que por sua vez tem relação com a exterioridade. Palavras-chaves: Texto; Discurso; Exterioridade.
A desordem e o caos: construções imaginárias da mídia sobre um movimento social
Renan Belmonte Mazzola (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: No início de junho de 2013, o preço das passagens de ônibus, metrô e trens foi reajustado em São Paulo – passou de R$3,00 para R$3,20. Os primeiros agentes dos protestos em todo o estado foram os
integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que reivindicavam a diminuição desses valores. O aumento
foi também aplicado em outras capitais e regiões metropolitanas do país. Em São Paulo, os protestos iniciaram-se no dia 6 de junho e foram noticiados pela mídia no dia 7. Nessas primeiras notícias, o discurso
midiático apresentava uma abordagem singular desses acontecimentos: destacava-se o vandalismo dos
jovens que reivindicavam a redução de vinte centavos. As capas dos veículos de mídia impressa retratavam insistentemente os quebra-quebras, e as reportagens televisivas apresentavam closes da depredação em
prédios públicos e privados. A partir dessa contextualização, colocamos a seguinte pergunta de pesquisa:
como se deu, nos discursos político-midiáticos sobre junho de 2013, a construção e a manutenção da ideia de
“desordem” das manifestações sociais, uma vez que elas visam pautas que englobam uma coletividade? Para responder a essa pergunta, selecionamos as capas da mídia impressa, entre 6 e 30 de junho de 2013, bem
como notícias e reportagens impressas e televisivas de diversos momentos a partir desse marco temporal,
para observarmos a manutenção da ideia de “desordem” inscrita em uma posição conservadora, em sua dispersão. Empreenderemos nossas análises com base na Arqueologia do saber foucaultiana para
descrevermos os enunciados político-midiáticos e as formações discursivas em disputa no arquivo de nossa
época.
Palavras-chaves: Protestos de Junho; Manifestações; Vandalismo; Mídia; Política.
Construções do objeto-de-discurso “leitor” em artigos presentes na mídia digital
Nivaldo Neves (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo fazer um recorte da dissertação Construções do objeto-de-discurso “leitor” em artigos presentes na mídia digital, portanto o trabalho está inserido na linha de pesquisa
“Discurso e Produção do Sentido”. Para proceder à análise, dois textos foram recortados de páginas da
internet que apresenta o tema leitura que está representada dentro da esfera midiática, que pode trazer o
objeto-de-discurso “leitor” representado de várias formas. Assim, para este seminário o corpus será o texto A importância do hábito da leitura na vida do estudante e A importância da leitura. Nessa perspectiva,
consideramos que um texto, para ser compreendido e eficaz, manifesta não somente as articulações
23
intrínsecas de coesão textual ou progressão sequencial, mas incorpora diversos fatores extralinguísticos, que
contribuem fortemente para a edificação de seus efeitos de sentido. Para tanto, nosso estudo parti das categorias de referenciação, objeto-de-discurso, operadores argumentativos, etc. que compõem o ferramental
pertencente ao campo da Linguística textual.
Palavras-chaves: Discurso/Texto; Leitor; Mídia.
Guevara: o discurso de um líder revolucionário
Rafael Rezende Silva (UNINCOR/FCTE) / Renan Belmonte Mazzola (UNINCOR)
E-mail: [email protected] / E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo analisar o discurso de Che Guevara no texto, O socialismo e
o homem em Cuba, a partir das ferramentas conceituais derivadas da teoria do discurso. Mais precisamente usando mecanismos de Foucault. A partir desse objetivo geral, colocamos as seguintes perguntas de
pesquisa: a) como funcionam as estratégias de construção do discurso guevarista?; b) analisar,
especificamente, o funcionamento linguístico-discursivo de determinados temas no interior desse discurso,
como “revolução”, “homem novo”, “trabalho”, “arte”, “capitalismo”, “socialismo/comunismo”, “massa/povo”, “indivíduo” e “educação”; c) identificar as memórias de Karl Marx e Fidel Castro. Nossa
pesquisa é fundamentada teoricamente na Análise do Discurso francesa, que concebe a produção de sentidos
em uma sociedade a partir da intersecção entre a língua, a história e o sujeito. Assim, mobilizamos os trabalhos de Michel Foucault em A ordem do discurso e A Arqueologia do saber, para trazer conceitos como
Autor, comentário e domínio associado, para embasarem teoricamente a pesquisa e mostrarem como Che
mobilizava seu discurso. Palavras-chaves: Comunismo; Cuba; Revolução; Discurso.
Sentidos que emanam da transgenia no Brasil
Simone Catarina Silva Archanjo (UNIVAS - PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: O atual trabalho apresenta o objetivo de analisar matérias e imagens veiculados em sites e revistas distintas, sobre o que é o transgênico e sobre como este alimento pode causar naqueles que o consumirem.
Para estruturação da analise serão utilizados os mecanismos da teóricos da Análise do Discurso Francesa,
considerando as condições de produção e as relações de sentido geradas durante sua construção, baseando-se principalmente na antecipação: que é a capacidade que o sujeito tem de colocar-se no lugar de seu
interlocutor, antecipando o sentido produzido durante a leitura do seu material e nas Formações Discursivas,
pois segundo Orlandi (2003), o sentido não existe sozinho, sendo determinado pelas posições ideológicas
colocadas em jogo no processo de construção da palavra, mudando de sentido de acordo com a posição ideológica daqueles que a utilizam. Não há aqui o objetivo de questionar as bases biológicas do que foi
apresentado, apenas promover uma reflexão dos sentidos que emanam destas imagens que veiculam na
internet. Para a Análise de Discurso, a língua tem sua ordem própria, a história tem seu real afetado pelo simbólico e o sujeito da linguagem é descentrado, pois é afetado pelo real da língua e pelo real da história.
Pode-se concluir que a mídia veicula a todo o momento uma concepção ideológica que busca relacionar os
transgênicos como algo criado pelo homem, excluindo a ideia de que a informação genética é uma só para
todos os seres vivos e que alterá-lo significa manipula-lo para garantir uma nutrição para os mais de sete bilhões de moradores deste Planeta.
Palavras-chaves: Mídia; Transgênico; Formações Discursivas.
Processos de institucionalização de sentidos do Novo Ensino Médio na/pela mídia: educação e trabalho
Tamyres Cecília da Silva (UNIVAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Filiados à Análise de Discurso, nas perspectivas teórico-metodológicas de Michel Pêcheux e de Eni
Orlandi, esta pesquisa tem como objetivo compreender como são instituídos determinados sentidos e não
outros em políticas públicas para o Ensino Médio, ou seja, na circulação das leis e das reformas na atualidade sobre a formação de jovens para o (mercado de) trabalho. As principais noções trabalhadas em Análise de
Discurso são: discurso, ideologia, interpretação e formação discursiva. Assim, tratamos de analisar as
24
relações entre linguagem e trabalho nas propostas de Reforma do Ensino Médio, que são postas em evidência
na mídia, ou seja, pela televisão, Internet e propagada pelo governo como benéfica e aceita pela sociedade. O corpus de análise é composto pelas propagandas do “Novo” Ensino Médio, do Governo Temer, disponíveis
de 6 de junho de 2017 até os dias atuais no canal do Ministério da Educação, no Youtube e também recortes
presentes na Lei 13.415 de 16 de fevereiro de 2017, conhecida como Lei da Reforma do Ensino Médio. É da posição sujeito professora e analista de discurso que analisamos a maneira com a qual circulam discursos
sobre o “Novo Ensino Médio” e também a legislação, observando seu funcionamento na mídia. Nos recortes
produzidos da lei e das propagandas, temos evidenciado que as mudanças são benéficas e atingirão a “todos”
os estudantes, “todas” as escolas, e direcionarão o estudante à capacitação técnica, preparando-o para a vida que o espera após a conclusão do Ensino Médio. Descrevemos também como é percebida a participação e
interesse paralelo das empresas neste cenário, uma vez que para elas é interessante e positivo que os jovens
saiam capacitados das escolas para ingressarem no mercado de trabalho.
Palavras-chaves: Análise de Discurso; Novo Ensino Médio; Educação; Trabalho; Mídia.
GT FICÇÕES DA MEMÓRIA, MEMÓRIAS DA FICÇÃO: EDITAR VIDAS REAIS E
IMAGINADAS
Traduzir a memória do Outro: fluxo de pensamento em Rosie Carpe, de Marie Ndiaye
Juçara Valentino da Silva Reis (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho faz parte de uma pesquisa que se dedica à investigação da tradução dentro do campo
editorial. Pretendemos produzir um relato da experiência de tradução e edição de uma obra literária, desde
sua escolha até a conversão do texto traduzido no objeto livro. Neste trabalho, trataremos da questão da tradução da memória do Outro em uma obra de ficção, dando exemplos de uma tradução que está em
andamento. A obra é Rosie Carpe, da escritora francesa Marie NDiaye, lançada pela Éditions de Minuit em
2001, vencedora do prêmio Femina do mesmo ano e ainda inédita no Brasil. A narrativa começa no aeroporto de Guadalupe, onde Rosie espera seu irmão, com um filho nos braços e outro no ventre, de pai
desconhecido. A história, contada através dos fluxos de pensamentos de seus personagens, acaba 19 anos
depois. Trata-se de um romance complexo e desconcertante, onde são discutidos temas como as relações
familiares, os mistérios da origem e os problemas raciais e identitários. Utilizaremos trechos em que Rosie e seu irmão acionam lembranças do passado que ilustram uma memória cultural que eles decidiram deixar para
trás. Através desses exemplos, tentaremos demonstrar as estratégias utilizadas para traduzir em nosso sistema
literário a memória e a cultura do Outro. Palavras chaves: Tradução literária; edição; memória cultural; fluxo de pensamentos
Vidas insignes: o arquivamento (de si e do outro) por Fernando Sabino e Murilo Rubião
Cleber Araújo Cabral (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: Propõe-se a leitura de um conjunto de documentos localizados nos arquivos pessoais dos escritores Murilo Rubião (1916-1991) e Fernando Sabino (1923-2004), ambos alocados no Acervo de Escritores
Mineiros, sediado na UFMG. Trata-se de dois grupos de fichas de arquivo, elaboradas pelos dois escritores
como registro de dados acerca de pessoas (editores, escritores, jornalistas, políticos) que formavam suas redes de contatos. Cada uma das fichas contém as seguintes informações: nome completo o indivíduo; tipo
de relação estabelecida por Sabino e Rubião com a pessoa (amigo, conhecido, colaborador); especificação
das atividades exercidas (às vezes, seguidas de adjetivos de valor); endereço pessoal e telefone de contato;
relação de livros de Rubião e Sabino remetidos à pessoa; especificação de gaveta e/ou pasta do arquivo rubiano ou sabiniano em que se encontra(va)m situados cartas, fotografias ou outros documentos
relacionados à figura em questão. Assim, com o gesto de explorar esse material, intenta-se mostrar que além
de se apresentarem como uma cartografia das relações de sociabilidade empreendidas por Fernando Sabino e Murilo Rubião, estas fichas, “autenticas” ficções do arquivo, apresentam-se como uma peculiar antologia de
vidas insignes – isto é, de existências rearranjadas em discursos, personas, signos.
Palavras-chaves: Acervos Literários; Memória Cultural; Fernando Sabino; Murilo Rubião.
25
Vidas em comum: uma leitura de Flores, de Mario Bellatin, e Machado, de Silviano Santiago
Guilherme Zubaran de Azevedo (UFMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente trabalho propõe analisar o modo como as obras Flores, de Mario Bellatin, e Machado, de Silviano Santiago, encenam formas de vida que tensionam os paradigmas biopolíticos da
contemporaneidade. Michel Foucault trabalha com o conceito de biopolítica para pensar o modo como o
poder, na modernidade, conforma modos de vida. Ao contrário do soberano que se manifesta no seu poder de
morte, a biopolítica desenvolve uma racionalidade que conforma uma fazer viver social e individual. Os dois livros apresentam histórias que contestam as técnicas e os limites de produção da vida, encenando um campo
da experiência marcada pelo comum. A noção de comum e comunidade, trabalhada por Roberto Esposito,
rasura as fronteiras biopolíticas, na medida em que a comunidade apresenta vidas cujas vivências são heterogêneas as fronteiras políticas e identitárias. Esses viventes, encenados nas duas narrativas,
materializam figuras que deslocam e contestam categorias estáveis como indivíduo e humano, mostrando
que as formas da vida já não coincidem com a própria noção de eu.
Palavras-chaves: Biopolítica; Comunidade; Romance.
“A mãe do esquecimento manda lembranças”: entendimento, memória e esquecimento em Catatau de
Paulo Leminski
Luiz Henrique Carvalho Penido (UNIMONTES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Transpondo de forma trôpega o método cartesiano às nossas letras, emulando a geometria perfeita
da capital da república – o sonho cartesiano da política – nas águas tortas e turvas de nossa compleição
cultural seiscentista, Catatau (1975), romance-ideia de Paulo Leminski, explora, na contramão dos
nacionalismos, as dissonâncias da identidade-história brasileira, suas lacunas e pontos cegos. Nossa proposta de comunicação visa analisar as tensões entre as razões da história e as idiossincrasias da memória, em
termos próprios da obra o plano cartesiano dos conceitos e o plano experimental da linguagem. O
personagem Renatus Cartesius, imerso no universo monstruoso dos trópicos e possuído por uma erva que lhe anuvia o pensamento, desorganiza a memória-história da nação a partir de suas fissuras, opondo sempre as
técnicas de rememoração e notação racionais ao plano das afecções que se manifesta no inflacionamento da
linguagem. De fato, tomado pela sensualidade da linguagem que lhe rouba a língua, Cartésius é incapaz de ajustar a palavra ao seu regime lógico e a deixa delirar, demonstrando por essa via a incompatibilidade de
princípio entre entendimento e memória, entre determinada razão e a rememoração: “As coisas só caem no
esquecimento quando subiram muito alto no entendimento”. Nosso objetivo com esta comunicação é,
precisamente, analisar a relação tensional entre razão e memória, linguagem-técnica da história e delírio da linguagem na obra, tendo por ponto de partida as considerações esparsas sobre o mecanismo da memória em
Descartes e sua apropriação irônica por Leminski.
Palavras-chaves: Entendimento; Memória; Esquecimento; Paulo Leminski.
“Quilombos editoriais”: panorama, estratégias de atuação e significados para a memória cultural afro-
brasileira
Luiz Henrique Silva de Oliveira (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: A proposta deste trabalho é traçar um breve panorama sobre os meios editoriais pelos quais significativa parte da produção e da memória cultural afro-brasileira escrita tornou-se possível e viável.
Chamo estes meios de “quilombos editoriais”. Entendo estes quilombos como as múltiplas redes de
sociabilidade atuantes no campo da produção editorial (como fim ou começo), os quais viabilizaram espaço para a escrita do sujeito negro. Estes meios pautam-se pela lógica da produção independente. A análise em
conjunto dos quilombos editoriais aponta para a natureza peculiar de sua postura diante: a) do mercado; b) da
autonomia necessária à produção independente; c) do aporte de capital para manutenção dos volumes; d) do
papel de agente cultural necessário em um espaço bem demarcado etnicamente; e) do profissionalismo requerido na condução das atividades, dada a ausência de políticas públicas de apoio às edições afro-
brasileiras. Sustentaremos nossas reflexões nos trabalhos de Pierre Bourdieu (Os usos sociais da ciência e As
26
regras da arte); Hernán López Winne e Victor Malumián (Independientes ¿de qué? - hablan los editores de
América Latina); e Henrique Antunes Cunha Jr. (“Quilombo: patrimônio histórico e cultural”). A natureza da investigação será bibliográfica e exploratória.
Palavras-chaves: Quilombos Editoriais; Panorama; Sociabilidade; Memória.
Digressão e memória em Estar em casa, de Adília Lopes
Paulo Roberto Barreto Caetano (UNIMONTES)
E-mail: [email protected]
Resumo: A comunicação pretende discutir como se entrelaçam digressão e memória em poemas de Estar em
casa, de Adília Lopes. Vários são os expedientes relativos a esses dois recursos. O primeiro concerne a um
escrever que simularia um “pensamento distanciado” a considerar episódios, analisar situações como que em meio (ou superposto) a outro raciocínio, numa espécie de estrutura de parênteses. Já a memória, por sua vez,
pode ser vista no apreço pela narração, pela informalidade, pela ternura, pela dicção aparentemente pueril,
pelo gênero anotação. Se, como coloca Paul Ricoeur, em A memória, a história e o esquecimento, a instância
mnemônica pode ora ter um caráter ativo, buscado, pode ora ter ares espontâneos, em Adília Lopes essa divisão se obnubila pelo uso, por exemplo, da metalinguagem. Nesses polos supostamente distantes, entraria
o ato de ficcionalização o qual, como diz um dos poemas, “memória puzzle”, abre espaço para a
inventividade, o jogo cognitivo e estético, a junção de peças distintas para formar uma imagem do passado. Palavras-chaves: Memória; Digressão; Puzzle.
Memória e esquecimento na escritura de Jean Genet
Pedro Henrique Rodrigues da Silva (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente texto tem como objetivo apresentar nossa perspectiva acerca dos rastros dos conceitos de ‘memória’ e ‘esquecimento’ na escritura do escritor, poeta, dramaturgo e ensaísta francês, Jean Genet
(1910-1986). Assim, investigamos a ‘memória’ em dois textos de Genet, como manifestação de ‘afirmação’
e de ‘grande saúde’. A seguir, observamos o ‘esquecimento’ como possibilidade de criação, na forma de ‘fabulação’, nos escritos genetianos. Ao analisar estes conceitos, procuramos trilhar os passos das ideias de
Friedrich Nietzsche (1844-1900) e pensadores por meio dos quais ressoam sua perspectiva.
Palavras-chaves: Esquecimento; Jean Genet; Memória.
Crônicas de uma editora anunciada
Rafael Fernandes Carvalho (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo desta comunicação é analisar como Fernando Sabino e Rubem Braga construíram
narrativas sobre o advento e a trajetória da editora Sábia, criada por ambos na década de 1960, por meio das notas que publicaram nos meios de comunicação de Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Para tanto,
serão mobilizadas crônicas e documentos localizados nos arquivos pessoais dos dois escritores, a fim de
pensar o início de atividades (a “anunciação” ou emergência) dos dois escritores como editores. A Editora
Sabiá, fundada em 1967 pelos escritores Rubem Braga e Fernando Sabino, no Rio de Janeiro, teve uma vida relativamente curta (até 1972), quando foi vendida para a Editora José Olympio. Sendo gerida por dois
escritores já legitimados, com ampla e longa atuação na imprensa, pois eram reconhecidos cronistas (gênero
que mesclava literatura com jornalismo), a editora, antes mesmo de publicar seus primeiros livros, já chamava a atenção e buscava construir seu público-alvo. Como ambos já tinham experiência no ramo
editorial, já detinham capital cultural e simbólico para a nova empreitada. Devido a esses elementos –
legitimidade na imprensa e no meio literário – a Editora Sabiá nascia com um catálogo consistente e com um projeto audacioso, antes mesmo de publicar livros.
Palavras-chaves: Editoras; Editoras Nacionais; Cultura Brasileira; Literatura; Literatura Brasileira.
Heleno de Freitas, anjo e demônio? Representações ambivalentes na literatura e no cinema
Thiago Carlos Costa (UFMG)
E-mail: [email protected]
27
Resumo: Esta comunicação apresentará algumas produções literárias e cinematográficas produzidas sobre o jogador de futebol, Heleno de Freitas. Heleno marcou época no futebol brasileiro e sul-americano dos anos
de 1930 e 40, acumulando gols e problemas nas mesmas proporções. Dono de um talento raro no futebol, e
também afeito a vida boêmia, Heleno se destacou como grande centroavante do Botafogo, Boca Juniors, Junior Barranquilla e da Seleção Brasileira, mas sua trajetória promissora foi marcada polêmicas e
problemas, dentro e fora dos gramados. Assim, a trajetória de Heleno se tornou uma instigante fonte para
representações na literatura e no cinema. Aqui neste trabalho apresentaremos produções de construções
biográficas de Heleno de Freitas por textos de autores sul-americanos como, Eduardo Galeano, Gabriel Garcia Marquez, Armando Nogueira, João Máximo, Marcos Eduardo Neves e no cinema no filme do diretor
José Henrique Fonseca. A proposta inicial é apresentar estas produções literárias e audiovisuais como a
construção de um arquivo biográfico da memória de Heleno de Freitas, e analisar as representações ambivalentes em torno de sua trajetória, e como sua vida foi, e, é editada, relacionando memória e ficção.
Palavras-chaves: Heleno de Freitas; Literatura; Biografia; Memória; Futebol.
Um Brasil em maquete: Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, a política e a literatura
Luciana Oliveira de Barros (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação intenta promover um encontro entre os escritores mineiros Cyro do Anjos e
Darcy Ribeiro, ambos de Montes Claros, no que tange à intelectualidade a serviço do Estado. Objetiva-se
apontar que, no chamado período populista brasileiro (1945-64), houve um grande incremento no número de carreiras destinadas aos intelectuais, já que esse período definiu o controle de tudo aquilo que a cultura
poderia produzir como um “negócio oficial”. Isso se traduzia em investimento do governo em busca de uma
hegemonia sobre todo o trabalho intelectual e artístico. Sendo assim, a proximidade entre a vida burocrática
e a produção literária sofre a influência da “vida dupla” de seus autores e com isso abre a chancela para exercícios autobiográficos, que é o falar de si através das histórias. Tomando como base o romance de dos
Anjos, O Amanuense Belmiro, enfocaremos o Brasil miniatura construído talvez pelo auter ego de Cyro,
Belmiro. Palavras-chaves: Cyro do Anjos; Darcy Ribeiro; Política; Literatura.
A hora e vez da metamorfose do homem: a primeiridade das Primeiras estórias
Paula Spernau (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: O ponto motivador da pesquisa foi Primeiras estórias de João Guimarães Rosa. Verificamos que “Primeiras” propõe-nos o sentido de primordial, tanto na acepção de fundamental quanto de primigênia.
Fundamental aponta para o caráter fundante das estórias, enquanto primigênia assinala o novo, a novidade, o
ver o mundo como pela primeira vez, como a criança, potência geradora. Essa linha de leitura tecida por cada uma das estórias é crucial para o entendimento de toda a obra rosiana em seu compromisso com a
metamorfose do homem, sua transcendência e a ruptura contida na primeira vez. No entanto, ao seguir a
pista de encaminhamento dada pela professora Maria Lucia Guimarães de Faria, de que já em Sagarana se
encontrava em gênese esse magistério de busca pela primeira vez, o presente trabalho voltou-se a desvendar “A hora e a vez de Augusto Matraga” como linha de investigação e pesquisa para o mundo rosiano e como
chave de decifração de Primeiras estórias. É na “hora e vez” de Augusto Estêves que está contida a primeira
vez do homem. Essa chave nos é dada por quatro elementos fundamentais retirados do próprio conto: a catábase, a consonância entre homem e natureza, a linguagem em metamorfose e a coragem. Todos eles
interligados permitem a eclosão da “hora e vez”, vez primeira, inaugural, propiciatória, que descortina um
novo horizonte vital e revela o mundo como uma contextura complexa e sutil de relações, dentro da qual forças e elementos opostos não se separam, mas se reúnem em tensão harmônica. Daqui se depreende um
magistério na obra rosiana, seu projeto po-ético-existencial, que se formula ao leitor como um convite e uma
proposição basilares, traduzidos na pergunta central de Primeiras estórias: “Você chegou a existir?”. (ROSA,
1988). Palavras-chaves: Primeiridade; Metamorfose; Existir.
28
GT PROCESSOS TRANSCULTURAIS: MEMÓRIA, COSMOVISÃO, LINGUAGEM,
ESTRUTURAÇÃO NARRATIVA
A síntese de um paradoxo transcultural: Minas Gerais por Guimarães Rosa
Alexandre Luiz Ribeiro da Fonseca Júnior (UFMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo principal reconhecer o espaço transcultural de Minas Gerais
como elemento propiciador da leitura e da compreensão da poética rosiana. Eleger-se-ão, dessa forma, textos
em que o escritor João Guimarães Rosa se reporta ao estado mineiro, identificando-o como reflexo daquilo que se denominará como a “criação literária de Rosa a partir da sua visão do espaço”. Nesse sentido, serão
analisados e comentados o escrito “Minas Gerais”, publicado primeiramente na revista O Cruzeiro em 1957
e, posteriormente, reunido a outros escritos no livro póstumo Ave, Palavra (1970), e a entrevista do autor
concedida a Günter Lorenz na Alemanha em 1965. Tentar-se-á verificar a possiblidade, a partir da leitura de tais, de caracterizar Minas Gerais como um local onde reinam, ao mesmo tempo, cosmopolitismo e
localismo, moderno e arcaico, erudito e popular, em um constante trânsito, que, dessa forma, condicionam o
processo de “síntese inesperada” e de transculturação narrativa, fazendo de Rosa um “escritor transculturador”, termo cunhado pelo crítico uruguaio Ángel Rama, a quem se recorrerá como suporte
teórico deste trabalho. Assim, tendo em vista esses trânsitos reversíveis e potencialmente criativos na poética
moderna, e em uma tentativa de ler a obra rosiana a partir da percepção do espaço mineiro pelo autor,
buscar-se-á, por fim, delinear Minas Gerais “entre duas águas”, situada na “terceira margem”, espaço múltiplo do paradoxo, do mistério e do enigma, elementos tão caros à criação literária desse escritor que,
como será demonstrado, confunde Minas consigo mesmo.
Palavras-chaves: Minas Gerais; Transculturação Narrativa; Poética do Paradoxo; Guimarães Rosa.
Memória, trauma e escrita em K, relato de uma busca de Bernardo Kucinski
Carlos Vinícius Teixeira Palhares (FCMMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação visa a propor uma breve discussão sobre os temas memória e trauma, a partir da
análise do livro K, relato de uma busca, do escritor paulistano Bernardo Kucinski (2014). As reflexões desenvolvidas tiveram por referencial teórico, sobretudo, Selligmann-Silva (2003;2008) e Walter Benjamin
(1987). A abordagem direciona uma leitura para a compreensão da memória e do trauma na construção
ficcional. Palavras-chaves: Literatura; Trauma; Memória; Ditadura Militar.
“A lua morta já não mexia mais” ou o resgate da educação pela noite: elucubrações sobre Pedra do
Sono e O engenheiro, de João Cabral de Melo Neto
Flávia Alves Figueirêdo Souza (UFJF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação analisa o conceito “educação pela noite”, do crítico Antonio Candido, aplicado à
percepção dos poemas de João Cabral de Melo Neto, especialmente nos livros Pedra do Sono (1943) e O
engenheiro (1943). Esse estudo será vislumbrado tanto na estruturação morfossintática, estrófica e vérsica dos poemas, quanto no sentido discursivo que é alcançado.
Palavras-chaves: João Cabral de Melo Neto; “Pedra do Sono”; “O engenheiro”.
O trânsito entre culturas e idiossincrasia autoral em O Banquete dos Deuses, de Daniel Munduruku
Marisa Aparecida Schuchter (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: A abordagem crítica da obra O banquete dos deuses, do escritor indígena Daniel Munduruku sob a
ótica da transculturação narrativa, proposta pelo crítico uruguaio, Ángel Rama, constitui o escopo deste
estudo. Daniel Munduruku comprova a relevância de sua literatura, em específico dessa obra, por apresentar o trânsito entre duas culturas distintas: a do índio e a do branco. O nível da cosmovisão em obra O banquete
29
dos deuses está centrado nos relatos míticos resgatados das tradições da ancestralidade dos povos indígenas.
Os mitos formam a consciência social, apresentando as narrativas e os comportamentos desejáveis do indivíduo dentro de sua cultura. Este estudo ressalta o alcance da pluralidade cultural entre os povos, com
suas crenças e costumes, a oportunizar o reconhecimento da validade de uma literatura que dá voz a silêncios
impostos pela intolerância sobrevinda das ideias pré-concebidas. Palavras-chaves: Transculturação; Cultura; Índios; Brancos.
Estetização da miséria em Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus
Nívea Maria dos Santos (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este estudo tem por objeto ressaltar o estilo da arte literária de uma recolhedora de sucatas, catadora de papel, Carolina Maria de Jesus que, em Quarto de despejo: diário de uma favelada, consegue
extrair do lixo social o antídoto contra o preconceito e a invisibilidade. O dom artístico possibilita a escritora,
que foge aos padrões da escrita formal, trabalhar denúncia com lirismo, criando uma estética
idiossincraticamente nutrida da miséria e do repúdio que sofre por registrar o que vivencia no dia a dia de Canindé, como violência, fome e descaso social. A autora dá voz à própria voz e à dos silenciados pesa
sistemas diaspóricos. Entendendo a crítica como serviço público, ou seja, não apenas dirigida a autores
sacralizados e círculos literários, mas formulada para o artista que transita por meios não canônicos e peculiares, darão suporte teórico a este estudo, Stuart Hall, Frantz Fanon.
Palavras-chaves: Denúncia; Lirismo; Idiossincrasia; Preconceito.
Modos de representação do indígena: uma carta, um poema, uma música
Silvana Aparecida Pareça (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Modos de representação do indígena: uma carta, um poema, uma música. Esta comunicação tem
por objetivo refletir sobre os modos de representação do indígena em textos de diferentes momentos da
história do Brasil. Busca-se evidenciar, primeiramente, como a cultura contemporânea modifica esse olhar. Serão utilizados os seguintes textos como suporte: a denominada “Carta de achamento”, de Pero Vaz de
Caminha; o poema “Erro de português”, de Oswald de Andrade e a canção “Chegança”, de Antonio
Nóbrega. As várias leituras dos referidos textos possibilitarão dialogar sobre a gênese do processo colonial e suas implicações para a formação da multiplicidade cultural brasileira. Pretende-se, a partir da análise do
corpus, dar visibilidade às relações de poder estabelecidas entre o grupo dominante e o grupo dominado,
destacando os momentos em que se configura o silenciamento do discurso indígena, que irá influenciar na
concepção da identidade e nas representações vigentes sobre o indígena brasileiro. A análise, no âmbito da literatura comparada, será conduzida a partir da perspectiva de Michel Foucault acerca da legitimação dos
discursos, presente em seu livro Arqueologia do saber (2013). Palavras-chave: Representações do indígena.
Literatura Brasileira. Relações de poder. Palavras-chaves: Representações do Indígena; Literatura Brasileira; Relações de Poder.
GT RELAÇÕES FAMILIARES NA NARRATIVA LITERÁRIA BRASILEIRA
A multiplicidade no romance Liberdade para as estrelas
Ana Flávia Araújo Dias (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a escritora, poetisa, contista e romancista Cleonice Rainho Thomaz Ribeiro, nascida na cidade de Angustura, município de Além Paraíba, Minas Gerais. A
escritora mineira, teve uma produção intensa, escrevendo e publicando mais de trinta títulos ao longo de sua
carreira e uma participação ativa na produção da cultura juizforana, figurando, entre os grandes nomes. Um dos romances da escritora, Liberdade para as estrelas (1988), teve projeção nacional. A obra é protagonizada
por Marina, uma jovem mulher no início de sua vida profissional em contexto de ditadura no Brasil em que
os desdobramentos narrativos envolvem o pai, o recém-marido, ambos cassados e exilados pela polícia. Contaminados de medo e insegurança os familiares e amigos de convivência próxima são comprometidos
30
pelos acontecimentos e ao mesmo tempo têm registrado na memória os fatos vividos. A família da jovem
tem expressiva participação no núcleo do romance, especialmente com a participação de Marina, pois a auxiliam a superarem os conflitos cotidianos e os desafios impostos pelos pares. E Berenice deixa de ser
apenas a narradora para dividir com a prima o lugar do protagonista, já que ambas atuam no papel principal
da trama. Além desta ainda favorecer ao filho de Marina, Alex, que as memórias fossem perpetuadas em sua memória. A memória, portanto, é um eixo de análise importante dentro do romance baseado nos estudos de
Maurice Halwbalcks e Renato Janine. Constância Lima Duarte e Kelen Benfenatti e Wanderley Luiz de
Oliveira.
Palavras-chaves: Cleonice Rainho; Memória; Feminino.
Sobrevida e resquício familiar em De cócoras, de Silviano Santiago
Carina Ferreira Lessa (UNESA)
E-mail: [email protected]
Resumo: Estamos acostumados a refletir sobre a escravidão imposta pelas instituições públicas em âmbito
social e, de fato, pouco nos detemos aos pequenos rituais que passam a coordenar os laços familiares. São discursos orais e corporais que estabilizam o tempo de acordo com normas que acabam por (con)formar as
vidas em âmbito privado e individual. De cócoras, de Silviano Santiago, é uma novela que partilha os
últimos dias de Antônio, aposentado e solitário que encontra na morte da mulher um movimento de contemplação em exílio interior e no seu casarão. O narrador, muitas vezes em discurso indireto livre,
entrega-se à análise de Toninho que, na posição reflexiva por excelência, funde-se ao Antônio atual em
divagações sobre a constituição familiar e a temporalização da própria existência. De cócoras, debaixo da mesa que antes comportava os hábitos familiares, Toninho esconde-se sob o lençol onde jaz o corpo da mãe.
Sua caixa sonora absorve todos os discursos do entorno, performando no corpo as futuras projeções da
sobrevida. Será a partir deste cenário que a presente comunicação pretende analisar o modo como o
personagem Antônio, no espaço da casa - dividido em três capítulos e denominados “Na cozinha”, “No alpendre” e “No quarto de dormir”, respectivamente - desconstrói por meio da autoironia os reflexos
institucionais que controlaram o tempo da vida parasitária de um homem comum.
Palavras-chaves: Família; Memória; Corpo; Sobrevida.
“Como se fosse da família”: a personagem negra em Joias de Família, de Zulmira Ribeiro Tavares
Carine Paula de Andrade (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: A novela Joias de Família (1990), de Zulmira Ribeiro Tavares, traz em sua narrativa uma
construção familiar decadente em seus valores formadores, tendo como núcleo simbólico o presente de noivado dado pelo juiz Munhoz à sua futura esposa Maria Bráulia, um rubi falso. É em torno dessa joia que
se inicia a futura família Munhoz, que aprende a arte da simulação, da dualidade, em que o falso passa a ser
verdadeiro e o verdadeiro passa a ser falso, por conseguinte a família se identifica socialmente com o rubi. Para tanto, a encenação passa a ser verdade e a teatralização nas relações estabelecidas entre as personagens
um modo de dar continuidade às tradições familiares, que compõem essa família burguesa paulistana dos
anos de 1930. Diante desse contexto familiar se encontra Maria Preta, a antiga empregada da família. Maria
Bráulia, sua patroa, a considera “como se fosse da família”, mas é como “se fosse”. Maria preta não é verdadeiramente da família. Nessa comunicação, pretende-se refletir sobre a personagem Maria Preta, no
sentido de tentar desvendar os motivos pelos quais esta personagem internaliza os valores tradicionais
pertencentes à família Munhoz em sua própria vida. Para tanto, utilizaremos o conceito de “violência simbólica”, cunhado por Pierre Bourdieu, na tentativa de elucidar esta relação de dependência da
personagem com os valores da família de sua patroa. Os desmascaramentos tão presentes na história da
novela revelam a relação de trabalho de Maria Preta, na casa da família Munhoz, análoga de escravidão. Palavras-chaves: Família; Violência Simbólica; Personagem Negra.
A experiência materna na narrativa machadiana: “O segredo de Augusta” e “As bodas de Luís
Duarte”
Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
31
Resumo: Um dos temas de destaque na narrativa machadiana é o da família, estruturado a partir de tramas amorosas e de pactos contratuais de casamento. Parte dessa importância se dá também por ser ela, a família,
a célula construtora da sociedade brasileira nos séculos XVIII e XIX. Na narrativa machadiana, o tipo de
família representada é aquele de contorno burguês nuclear que herda da família patriarcal a noção de autoridade masculina, passada tanto para as mãos do pai quanto do marido, responsáveis por dirigir os
membros do grupo. Essa estrutura se ampara na distribuição de papéis masculinos e femininos, reservando à
mulher a responsabilidade de continuidade da família e de manutenção da paz doméstica ao exercer com
eficácia as funções conjugal e materna. Contos como “O segredo de Augusta” e “As bodas de Luís Duarte” são algumas das narrativas machadianas que problematizam o exercício do papel materno, justamente por
refletir de modo crítico sobre funções femininas entendidas como “naturais”. Se no caso de “O segredo de
Augusta”, a crítica machadiana é feita de modo bem direto a partir da construção de uma personagem feminina, Augusta, que nega o papel materno; em “As bodas de Luís Duarte”, a desconstrução da figura
materna se organiza por meio ironia, na ênfase que o narrador dá ao cumprimento quase fiel de D. Beatriz a
seu papel de mãe. Considerando isso, essa comunicação propõe refletir sobre estes dois contos e sobre o
modo como Machado desconstrói/constrói a figura materna em sua obra. Palavras-chaves: Machado de Assis; Figura Materna; Família.
As relações familiares em um romance de Rachel Jardim
Cleíze Pires de Mendonça (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação objetiva a apresentação de alguns aspectos relacionados à pesquisa que vimos
desenvolvendo no âmbito do Programa de Pós-graduação – Mestrado em Letras, do Centro de Ensino
Superior de Juiz de Fora, CES/JF, no que tange à escrita memorialística da escritora juizforana Rachel
Jardim, especificamente no romance Os anos 40: a ficção e o real de uma época (1985). Nesta obra, a autora narra as experiências da adolescência na cidade de Juiz de Fora da década de 1940, revisitando lugares,
pessoas e acontecimentos dessa época. A narradora perfaz uma viagem pelo tempo, resgatando os costumes e
os sentimentos, as impressões experimentadas, as situações e as lembranças das pessoas – amigos ou membros da família – os quais ainda permanecem vivos em sua memória. As relações com a família são
reveladas a partir do relato das reuniões, dos almoços e dos jantares ao redor de uma grande mesa, deixando
a descoberto não só os sentimentos de afeto e de harmonia entre os familiares, mas também as relações de conflito. Os anos 40 é pontuado também pela religiosidade, elemento presente na vida de muitas das famílias
mineiras, determinante de padrões de moral e conduta adotados pela sociedade da época, com reflexos em
uma educação baseada na disciplina e na obediência aos pais e aos parentes mais velhos e no rigor de uma
educação tipicamente patriarcal. Virginia Woolf, em obra intitulada Um teto todo seu (1990), ao fazer um estudo acerca da condição de submissão imposta às mulheres educadas por famílias estritamente patriarcais,
faz indagações sobre a estrutura familiar alicerçada na tradição de uma educação que reproduz um discurso
machista, quando aponta que “a filha que se recusasse a desposar o cavalheiro escolhido pelos seus pais estava sujeita a ser trancafiada, surrada e atirada no quarto, sem que isso causasse abalo algum na opinião
pública” (WOOLF, 1990, p. 54). Além das reflexões de Woolf (1990), salientamos que, para
desenvolvermos a comunicação ora anunciada, recorreremos ao arcabouço teórico fornecido por autores
como Simone de Beauvoir, Ecléa Bosi e Fernando Fábio Fiorese Furtado, além de outros. Palavras-chaves: Família; Literatura Brasileira; Memória; Patriarcalismo; Rachel Jardim.
Representações familiares na ficção olintiana: o romance A Casa Da Água
Édimo de Almeida Pereira (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo abordar a representação das relações familiares nas linhas
ficcionais produzidas pelo crítico literário, romancista e professor Antonio Olinto. Verifica-se que, ao narrar
a saga de uma afro-brasileira, transplantada com a família para o continente africano, o escritor destaca a
figura feminina, quebrando, de certo modo, o paradigma do patriarcado desde sempre presente na sociedade e na Literatura Brasileira. No entanto, ao se considerar o contexto das famílias de afro-brasileiros em África
– os chamados agudás ou amarôs –, observa-se que Olinto transforma a protagonista em respeitável
32
matriarca, em contraposição a uma tradição de se ter o homem como elemento fundador e objeto de orgulho
de seus descendentes, conforme se pretende discutir a partir de relatos desses indivíduos que vieram a formar as comunidades conhecidas como bairros de brasileiros na África. A casa da água (1988) é o primeiro
volume da trilogia intitulada Alma da África, da qual também fazem parte os romances O rei de Keto (2007)
e Trono de vidro (1987). A obra, como um todo, possibilita-nos ainda uma reflexão sobre a realidade experimentada pela família escravizada no âmbito da História do Brasil, bem como, de forma geral, uma
teorização acerca da evolução ocorrida no conceito de família em nossa sociedade. Tendo em vista a
extensão do campo de análise que se nos apresenta e considerado o recorte ora proposto, utilizaremos como
arcabouço teórico as considerações de autores como Eni de Mesquita Samara, Manolo Florentino, Milton Guran, Manuela Carneiro da Cunha, dentre outros.
Palavras-chaves: Afro-brasileiros; Escravizados; Família; Literatura Brasileira; Romance.
Mulheres, papéis sociais e violência: relações familiares em Insubmissas lágrimas de mulheres, de
Conceição Evaristo
Elaine de Souza Pinto Rodrigues (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: Os laços sociais construídos através dos tempos estão se modificando devido às mudanças
socioculturais que afligem a atualidade, fragmentada por transformações que marcam a sociedade e influenciam as maneiras de compreender os sujeitos e sua cultura. Nessa perspectiva, a família, vista como
espaço socioafetivo e de integração social de seus membros, encontra-se em crise. Esta comunicação tem por
objetivo analisar três contos do livro Insubmissas lágrimas de Mulheres, 2011, da escritora afro-mineira Conceição Evaristo, “Aramides Florença”, “Natalina Soledad” e “Shirley Paixão”, enfatizando a construção
do ser mulher no centro das relações familiares em uma sociedade patriarcal, assim como os diversos modos
de violência a que ela é submetida. Para tanto, investigaremos como a literatura de Evaristo, associada pela
autora ao “corpo-mulher-negra em vivência” (1996) retrata a violência contra a mulher. Nos três contos, temos mulheres marcadas pela dor: “Aramides Florença” é a personagem grávida que sofre do pai de seu
filho atos de violência e após o parto é abusada sexualmente. “Natalina Soledad” é uma mulher que nasceu
no seio de uma família patriarcal, sendo rejeitada por ser mulher. Rejeição esta sofrida, em todo o conto, até a troca do seu nome e ruptura com a família. “Shirley Paixão” é uma mulher que se unindo a um novo
companheiro adota as três filhas dele. Apesar da aparência de uma família corriqueira, aos poucos vão sendo
desvendados segredos, como o abuso sofrido pela filha mais velha pelo pai, que leva Shirley agredir o marido com uma barra de ferro.
Palavras-chaves: Mulher; Violência; Família.
Quartinho do fundo: a solidão final de Biela em Uma Vida em Segredo
Gizeli Rezende dos Reis (UNINCOR/FCTE-PMTC)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação apresenta parte de um capítulo da dissertação de mestrado em Letras intitulada
“Do Fundão à cidade: a construção de Biela em Uma vida em Segredo, do autor mineiro, Autran Dourado”,
que faz parte da linha de pesquisa Literatura, História e Cultura e que também compõe o grupo de pesquisa
Minas Gerais – Diálogos, do programa de Mestrado em Letras da Universidade Vale do Rio Verde/UNINCOR. O romance, de 1964, tem sua história centrada na figura humilde e roceira de Biela,
desapegada dos bens materiais, apegada somente às suas lembranças da roça onde foi criada, retratando a
dificuldade da moça simples do interior de inserir-se ao espaço citadino, a protagonista não se adapta aos costumes padronizados de uma família de classe média em meados do século XX, optando por viver isolada
no quarto dos fundos da casa. Objetiva-se com este trabalho a análise do espaço do quartinho dos fundos na
construção da personagem. Biela se isola nesse espaço para tentar se livrar das aflições diárias, é nesse quarto que ela se encontra e é feliz na simplicidade em companhia do seu cachorro Vismundo. Com seu jeito
simples, acanhado e humilde “conversa” com sua canastra, objeto que contém suas raízes mais escondidas e
verdadeiras, fazendo uma análise de sua vida: o paralelo da vida na Fazenda do Fundão com os dias atuais na
casa dos primos na cidade. Palavras-chaves: Isolamento; Quarto dos Fundos; Personagem Feminina; Solidão.
33
O nome ao qual me chamo: o nome e o lugar da mulher negra na sociedade excludente
Ivana Ferrante Rebello (UNIMONTES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho analisa o livro Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), de Conceição Evaristo. Composto por 13 narrativas, cujos títulos são nomes de mulheres, o livro propõe um olhar por dentro da vida
e das relações familiares de mulheres negras, marcadas duplamente pelo signo da exceção e da dor. A leitura
aqui proposta identifica como as relações familiares inscrevem histórias de sujeição e humilhação às
mulheres, intensificando as marginalizações cristalizadas pela sociedade eurocêntrica, branca e machista. As narrativas, no entanto, subvertem a ordem preestabelecida, dando a cada mulher subversiva, a oportunidade
de libertação e de proposição de uma nova ordem familiar.
Palavras-chaves: Insubmissas Lágrimas de Mulheres; Conceição Evaristo; Relações Familiares; Mulheres.
Problematizações acerca do narrador machadiano no folhetim A mão e a luva (1874): entre o discurso
patriarcal e a condição feminina
Priscila Salvaia (UNICAMP)
E-mail: [email protected]
Resumo: Publicado em 1874, nas páginas do periódico fluminense O Globo, o folhetim A mão e a luva, de Machado de Assis, trazia à tona o uso de um novo artifício na produção romanesca do autor: a presença de
um narrador indelével e caracterizado pelo hábito de se referir com certa insistência aos seus “leitores” e às
suas “leitoras”. Na verdade, tal prática discursiva já não era inédita entre a produção contista de Machado, principalmente entre os escritos publicados na imprensa feminina da década de 1860, contudo, não era este o
caso do sisudo e “masculino” jornal O Globo. Dessa forma, nesta comunicação pretendemos apresentar
algumas problematizações em torno de uma narrativa que, entre outras prerrogativas, também era orientada
pela construção de determinados “modelos de leitore(a)s” (ECO, 1994), estes que, por sua vez, seriam conjugados aos seus respectivos papeis de gênero numa dada historicidade. Por fim, e considerando-se certos
vestígios de um ideário misógino presente nos modos de enunciação deste narrador, iremos refletir sobre a
concepção do perfil potencialmente antirromântico da protagonista Guiomar, e a situação de ascensão social galgada pela mesma ao longo de todo o romance.
Palavras-chaves: A mão e a Luva; Machado de Assis; Narrador; Leitor; Leitora.
Família e “violência simbólica” em Reunião de Família, de Lya Luft
Stephany Mingure Moure Porto (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: O romance Reunião de família, publicado em 1982 por Lya Luft, trata do tema das relações
familiares, evidenciando a trajetória feminina, muitas vezes condicionada à autoridade masculina
(PEREIRA, 2017). O romance tem como personagem principal Alice, uma dona-de-casa pacata e submissa, que, ao ter que passar o final de semana na casa de seu pai, por ocasião de uma reunião familiar para tratar da
saúde de sua irmã mais nova Evelyn, entra em crise ao relembrar do passado que vivera junto de sua família,
ao narrar a violência paterna a que ela e seus irmãos foram submetidos. Nessa comunicação, originária de
uma dissertação em desenvolvimento sobre o romance de Luft citado, associada à linha de pesquisa Literatura, História e Cultura, do Programa de Mestrado em Letras da Universidade Vale do Rio
Verde/UNINCOR, iremos analisar como Alice, a protagonista, ao se adequar as expectativas em relação aos
papéis femininos no casamento e na família se violenta simbolicamente. Para tanto, iremos mobilizar o conceito de “violência simbólica” (BOURDIEU, 2012), estabelecendo uma relação com um dos principais
Aparelhos Ideológicos do Estado, a Família (ALTHUSSER, 1980).
Palavras-chaves: Violência Simbólica; Família; Papéis Femininos.
A família mineira segundo Lúcio Cardoso
William Valentine Redmond (CES-JF)
E-mail: [email protected]
34
Resumo: A crônica da casa assassinada, publicada em 1959, por Lúcio Cardoso, oferece uma visão muito
forte da decadência da tradicional família mineira no interior do estado, descrevendo o total fracasso em relações familiares e interpessoais em uma narração cheia das novidades das novas possibilidades de fluxo
de consciência, dos pontos de vista bem diferentes dos muitos narradores e estilos de textos variados. O texto
mostra usando uma atmosfera de pesadelo e de sondagem interior e apresenta em uma rara densidade poética, a decadência moral e espiritual dos membros da família. A versão fílmica do livro produzido em
1971 permanece fiel à visão original mostrado no romance modernista do mineiro Lúcio Cardoso.
Palavras-chaves: Cardoso; Crônica; Decadência.
Memórias de família em "Por Parte de Pai", de Bartolomeu Campos de Queirós
Fabíola Procópio Sarrapio (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: A obra Por parte de pai, do escritor mineiro Bartolomeu Campos Queirós, gira em torno de uma
família fragmentada cujos pais não estão presentes. A narrativa se passa na casa do avô do narrador que
propicia a rememoração do passado. Dentro dessa casa as histórias, medos e superstições da família emergem pela voz do menino narrador cujo nome não é revelado. Muitas dessas histórias são registradas
pelo avô nas paredes da casa, como um grande livro. A proposta dessa comunicação é analisar a estrutura
familiar existente na narrativa e sua relação com a memória real e imaginária. Palavras chaves: Por parte de pai, família, memória.
GT A INTERSECCIONALIDADE DE GÊNERO, RAÇA/ETNIA E CLASSE SOCIAL NA
PRODUÇÃO DE IDENTIDADES EM TEXTOS E DISCURSOS
O corpo marginal na dramaturgia de Plínio Marcos
Sergio Manoel Rodrigues (UPM)
E-mail: [email protected]
Resumo: O teatro de Plínio Marcos é um universo habitado por seres pertencentes ao submundo, onde estes
são focalizados a partir de uma realidade que revela as degradações humanas, tais como exclusão, agressões
físicas ou condições de miséria. Nas peças desse dramaturgo, há uma crítica contundente às problemáticas sociais, seja ela dirigida ao contexto marginal no qual se encontram os seres ficcionais, seja ao
comportamento assumido pelos mesmos. Desse modo, tendo como base a pesquisa bibliográfica, o método
indutivo e, sobretudo, o enfoque na dramaturgia pliniana e suas características, esta pesquisa tem o objetivo de analisar dois textos significativos da produção de Plínio: Navalha na carne (1967) e O abajur lilás
(1969), os quais apresentam duas temáticas centrais: a prostituição e a violência. Considerando essas
temáticas como práticas que se concretizam por meio da subordinação ou da mutilação de corpos, como e o que essas questões corpóreas emergem na dramaturgia de Plínio Marcos? Nas referidas obras, por exemplo,
as personagens Neusa Sueli, Dilma, Célia e Leninha são mulheres que dispõem seus corpos não apenas ao
meretrício, mas também a outras violências advindas dos contatos que estabelecem com os demais
indivíduos, o que ocasiona uma tensa relação pautada na execução de poder e na realização ou privação das vontades dessas personagens, cujas personalidades são expostas, ora opressoras, ora oprimidas no meio em
que convivem. Assim, como arcabouço teórico, o presente trabalho fundamenta-se nos estudos de autores
como Sábato Magaldi, Vima Lia Martin, Michel Foucault e Jaime Ginzburg. Palavras-chaves: Dramaturgia; Plínio Marcos; Corpo; Violência; Marginalidade.
A persuasão dos narradores em Mayombe, de Pepetela
Dayse Oliveira Barbosa (USP)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo evidenciar como os diferentes narradores dos subcapítulos do romance Mayombe, intitulados “Eu, o narrador, sou...” – na sequência, o nome do narrador personagem –
visam à persuasão do leitor a favor da guerra de independência angolana. O romance Mayombe é narrado em
terceira pessoa, por um narrador onisciente, que pode ser considerado o narrador principal do enredo. Os subcapítulos “Eu, o narrador, sou...” inserem-se nos capítulos do romance comentando e, às vezes,
35
esclarecendo sobre um acontecimento da narrativa. Cada um desses subcapítulos é narrado em primeira
pessoa, por um narrador-personagem, que apresenta ao leitor o próprio ponto de vista acerca de uma ocorrência importante do enredo. Ao inserir vários narradores na obra, o narrador principal demonstra que a
guerra de independência angolana foi formada por diferentes pontos de vista. Cada um desses narradores
utiliza-se de significativas estratégias de persuasão para sustentar seu ponto de vista. Ao analisarmos, a partir dos estudos de Ingedore Koch, Luiz Antônio Ferreira, Ruth Amossy e José Luiz Fiorin, as estratégias de
persuasão presentes nos subcapítulos “Eu, o narrador, sou...”, compreende-se com maior clareza que o ponto
de vista sustentado por cada um dos narradores-personagem é construído de acordo com a etnia e o lugar
social ocupado por aquele narrador. Dessa forma, depreende-se que o ponto de vista nunca é neutro, mas marcado pelos posicionamentos adotados por quem “olha”, no caso de Mayombe, o narrador em terceira
pessoa e os narradores-personagem.
Palavras-chaves: Narrador; Guerra; Angola; Romance; Persuasão.
O impacto da Copa de 2014 na construção identitária das mulheres brasileiras: as falsas notícias
humorísticas em questão
Karine Silveira (PUC-MINAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: O propósito desta comunicação é apresentar uma análise crítica de quatro falsas notícias humorísticas sobre a Copa do Mundo de 2014 sediada no Brasil a fim de revelar qual (quais) identidade (s)
é(são) construída(s) para as mulheres brasileiras nesses textos de humor. Esses textos que, intencionalmente,
assemelham-se a notícias e simulam a prática social do jornalismo, tem o propósito comunicativo de entreter e não de informar, já que recontextualizam os fatos para o campo do humor. Isso posto, selecionamos as
falsas notícias humorísticas cuja temática fosse a Copa de 2014, mas que expusessem o impacto desse evento
esportivo na construção de identidade (s) das mulheres brasileiras. Os sites em que os textos foram coletados
são: G17, Laranjas News e Diário de Barrelas, todos sites de humor que parodiam portais de jornalismo. Para a realização das análises, este trabalho fundamenta-se no quadro teórico-metodológico da Análise Crítica do
Discurso (ADC) e do Sistema de Avaliatividade proposto pela perspectiva sistêmico-funcional. A partir
dessa abordagem é possível verificar se há a construção de identidades estereotipadas, como tem sido comum em outros textos de humor como as piadas.
Palavras-chaves: Construção de Identidades; Mulheres; Humor; Falsas Notícias Humorísticas; Copa.
O discurso protetivo e a eficácia da Lei Maria da Penha
Lorraine Lima Portugal (CNEC - FACECA)
E-mail: [email protected]
Resumo: A Lei Maria da Penha veio como mecanismo de amparo às mulheres vítimas de vários tipos de
violência no âmbito doméstico e familiar. A promulgação da Lei 11.340/2006 foi uma inovação diante de
uma situação urgente e necessária pela falta de meios legais para combater a violência ocorrida dentro do lar. O presente trabalho tem como objetivo levantar dados estatísticos de um município do Sul de Minas Gerais,
analisar a proteção que, de fato, é conferida às mulheres vítimas de violência doméstica. A metodologia
adotada foi a pesquisa descritiva, com consulta aos bancos de dados da delegacia da mulher, além da
realização de entrevista com profissional atuante na área. Os dados apontam que, além da punição do agressor, a lei estabelece meios de prevenção à violência, medidas protetivas, políticas públicas, acolhimento
e amparo às vítimas, tratamento psicológico. Mas nem tudo que está previsto no ordenamento jurídico de
fato acontece. Muitas mulheres, especialmente as pobres e negras, não tem garantida a proteção estabelecida na norma, especialmente por falta de investimentos em órgãos responsáveis, capacitação de agentes atuante
de forma direta no amparo à mulher e casas abrigo, destinadas a acolher às mulheres mais pobres. Desse
modo, é indiscutível que, apesar do avanço após a criação da Lei Maria da Penha, é necessário adotar medidas que se alcance, de fato, a efetividade da norma e com isso resguardar a dignidade da mulher.
Palavras-chaves: Lei Maria da Penha; Violência Doméstica; Gênero; Classe Social; Raça/etnia.
A princesa e a costureira: reflexões sobre a representação homossexual na literatura infanto-juvenil
Marine Lúcia Melo (UNINCOR/FCTE) / Terezinha Richartz (UNINCOR)
E-mail: [email protected] / E-mail: [email protected]
36
Resumo: O tema homossexualidade ainda é pouco trabalhado nos romances infanto-juvenis. O discurso heterossexual predomina nos artefatos culturais. Por isso é necessário valorizar os romances com essa
temática, já que é uma forma de inserir a discussão entre às crianças e adolescentes. A inserção da
homossexualidade pode contribuir para diminuir o comportamento preconceituoso das crianças e adolescentes quanto à diversidade de gênero. Portanto, esta comunicação pretende analisar como a
homossexualidade é trabalhada no romance A Princesa e a Costureira da autora Janaína Leslão. A análise
aponta o rompimento da heterossexualidade compulsória trazendo a homossexualidade para as narrativas.
Dessa forma, o homossexual passa a ser representado diante de uma sociedade que o categoriza como inaceitável. Além de apresentar orientação sexual fora do padrão, a princesa Cintia também é negra,
reforçando desta forma a importância da obra como diferente da maioria das publicações para esta faixa
etária. Palavras-chaves: Discurso; Literatura Infanto-juvenil; Homossexualidade; Raça/etnia.
O discurso jurídico como legitimador da ordem de gênero na sociedade
Roberta Menezes Figueiredo (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: A Constituição Federal de 1988 estabelece os princípios fundamentais que norteiam os direitos de toda a sociedade. Em seu artigo 1º, destacam-se os incisos II e III, que cuidam, respectivamente, da
valorização da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Determina a promoção dos valores humanistas,
como um dos principais objetivos do Estado e da sociedade. Ocorre que, mesmo com todas as garantias constitucionais, os transexuais não conseguem o exercício pleno de sua cidadania, em razão do preconceito
que sofrem em diversos ambientes, seja de escolar, de trabalho, nos esportes. As sociedades modernas
ocidentais, segundo Foucault (2004) criaram o chamado “sexo verdadeiro”, enquadrando-o num contexto em
que apenas a realidade do corpo e a intensidade do prazer possuem importância. Ocorre que no decorrer da história, essa imposição não existia. Vivemos em uma sociedade que produz e faz circular discursos que
funcionam como verdade, que passam por tal e que detêm, por este motivo, poderes específicos. Os
discursos jurídicos normativo e decisório desempenham um papel decisivo na legitimação de uma ordem de gênero na sociedade, porquanto aproveita do prestígio social da referência legal-racional, conferindo
dignidade técnica e comportamental aos institutos e discursos. Sendo assim, o direito é um poderoso
instrumento de imposição de valores utilizado pelo poder e a cultura jurídica reflete este compromisso fundamental. No presente trabalho estudamos o discurso decisório proferido pelo Supremo Tribunal Federal
que permitiu que os transexuais mudem o seu nome e gênero no registro civil sem a necessidade de
realização da cirurgia de mudança de sexo.
Palavras-chaves: Discurso Jurídico; Ordem de Gênero.
A (re)significação da Fearless Girl em Wall Street
Rosana Cristina Gimael (UNICAMP)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho objetiva investigar os efeitos de sentido de uma estátua no que tangem à
representatividade feminina, tendo em vista a equidade de gêneros no mercado de trabalho. O corpus escolhido foi a estátua Fearless Girl, instalada em 07 de março de 2017, na praça de Wall Street, em N. York,
por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher. Estratégia de uma campanha publicitária para
chamar a atenção para o poder de liderança das mulheres no mercado financeiro, a estátua provocou grande repercussão no mundo todo, em diversas plataformas midiáticas. Na busca de compreender como um objeto
simbólico em sua materialidade significante produz sentidos, foram utilizados os procedimentos teórico-
metodológicos da Análise de Discurso (AD), de orientação francesa. Os resultados deste estudo sinalizam uma (re)significação de sentidos, por meio do gesto de leitura no confronto da “Garota sem Medo” com a
escultura do touro em posição de ataque, o Charging Bull - ícone americano da agressividade do mercado
financeiro e da prosperidade do capitalismo -, em um dos mais importantes centros financeiros do planeta.
Depreendemos com esta análise que os discursos veiculados se irrompem a partir das “redes de memória e dos trajetos sociais” (PÊCHEUX, 1997), provocando um “furo” enquanto acontecimento discursivo.
37
Enunciações filiadas nas redes de memória que, dadas as condições sociais, históricas e políticas, se
inscrevem com certos efeitos de sentido e não com outros. Palavras-chaves: Análise de Discurso; Publicidade; FearlessGirl; Representatividade Feminina;
Empoderamento Econômico.
Escrita feminina e identidade nas relações de sujeição
Suzana Mcauchar (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Escritoras como Simone de Beauvoir exerceram importante influência sobre os movimentos
feministas nos anos 60 e 70, por trazer em sua obra questionamentos acerca da supremacia masculina sobre a
mulher. Seu conhecimento e o de autores como Bourdieu e Foucault serão utilizados neste ensaio para refletir sobre a questão feminina. De modo geral, há muito se considera a escrita produzida por mulheres
como sendo de qualidade inferior ao produto escrito pelos homens. Na condição de um indivíduo restrito ao
interior do lar, sua escrita se limitava aos itens referentes à lida doméstica, como rols de lavanderia e bilhetes
para a criadagem; os diários pessoais, correspondência e contabilidade caseira, vigoram nas classes mais e menos abastadas, contanto que a mulher fosse alfabetizada. Ora, esta configuração ocorre devido ao sistema
patriarcal que obriga esta mulher ao afastamento dos espaços de discussão e atuação públicas, que resulta em
proporcionar-lhe um papel determinado e limitado às balizas e à relativa segurança proporcionada pelas paredes de sua habitação. Assim, apartada de uma existência notória, a mulher escreve sobre suas impressões
e sensações, de forma intimista e pessoal, e sua produção não chega sequer a possuir status de literatura. Mas
pode, contudo, ser considerada um intuito de autoconhecimento e busca da própria identidade em um código social que lhe impõe condições de inferioridade frente ao universo masculino. Não podemos a este
comportamento inferir os auspícios de um ato de busca de conexão consigo mesma, ou indo mais além, um
procedimento que caracteriza sinais de resistência?
Palavras-chaves: Mulher; Sociedade Patriarcal; Identidade.
Os marcadores sociais classe, raça/etnia e gênero na construção identitária de Carolina Maria de Jesus
em Quarto de despejo
Terezinha Richartz (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: No diário Quarto de despejo, a autora Carolina Maria de Jesus relata a vida sofrida de uma
categoria social mantida à margem da sociedade por suas condições reais de existência e esquecida pelo
poder público. A obra é considerada um relato autobiográfico, uma vez que apresenta a rotina da
protagonista para enfrentar a fome. Através da sua experiência cotidiana de miséria, a autora retrata a vida de muitos favelados em condições análogas. Dessa forma, o livro pode também ser considerado um diário
autoetnográfico. Os escritos apresentam o cotidiano de uma mulher negra e pobre que se esforça para suprir
suas necessidades básicas e conseguir comida para se alimentar e alimentar seus filhos, bem como mostram a vida sofrida de outros favelados. Assim, a partir da concepção de Hall (2000) de que a identidade é móvel,
construída nas práticas sociais cotidianas, o objetivo desta comunicação é analisar como a intersecção
pobreza, racismo e patriarcado contribui para a metamorfose identitária da protagonista. A análise aponta
que raça/etnia e gênero estão articulados no enredo, mas a categoria classe social é preponderante na construção identitária, pois a fome e, por sua vez, a busca desenfreada para obter alimento se intercalam nos
relatos diários de Carolina Maria de Jesus.
Palavras-chaves: Literatura; Carolina Maria de Jesus; Classe Social; Gênero; Raça/etnia.
(D)Na pele: melanina produzindo sentidos de escravidão no mercado de trabalho
Diego Henrique Pereira (CNEC VARGINHA / UNIVAS - FACECA / UNIVAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho nasce de uma inquietude que se movimento em torna da significação do sujeito negro
no mercado de trabalho; digo sujeito negro, por considerar o seu lugar discursivo nas relações de trabalho, desta forma não desconsiderando a historicidade que o constitui enquanto negro. No entanto, a base teórica
dessa comunicação é a Análise de Discurso Pecheutiana (na França) e Orlandiana (no Brasil), cujo objeto de
38
pesquisa é o sujeito negro trabalhador – empregado ou/e desempregado – mas que busca oportunidades de
ingresso, manutenção e crescimento no mercado de trabalho. O corpus de análise compõe-se de depoimentos, propagandas, capas de revista e relatos sobre a situação de preconceito que comumente circula
na sociedade. Para tanto, o objetivo norteador deste trabalho é compreender de que forma esses processos
discursivos sobre o sujeito negro e o mercado de trabalho são constituídos, e produzem sentidos; bem como as escapas, o equívoco (que é constitutiva à linguagem) são enunciados pelo próprio sujeito negro. Fruto de
uma sociedade preconceituosa? Resistência sendo produzida ao mesmo tempo que produz preconceito?
Palavras-chaves: Sujeito Negro; Mercado de Trabalho; Análise de Discurso; Escravidão.
O discurso emancipatório na obra de Geni Guimarães, “A cor da ternura”
Zionel Santana (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: O objetivo deste texto é analisar a obra de Geni Guimarães, “A cor da ternura” (1989) os elementos
emancipatórios que nos seus atos de fala apontam para um discurso que lhe possibilite essa condição. A obra
em questão é um texto autobiográfico, registros das suas memórias mais significativas referente à percepção da sua condição de mulher, negra e pobre. A autora ressalta as dificuldades de autoaceitação da sua condição
as práticas sofridas de preconceitos e discriminação na sua inserção à educação, formação no ensino
superior, inerentes em ser uma professora negra. Tais experiências chama atenção à luz do conceito de emancipação de Jürgen Habermas, como crítica a perspectiva kantiana de uma emancipação do indivíduo no
uso da razão e dela se beneficiar e a marxista, na constituição de uma consciência de classe de sujeitos na
abordagem da sociedade dividida em classes sociais divergentes, reforçando a ideia de dominação e exclusão. A ideia de emancipação habermasiana apresenta-se como uma possibilidade da alteridade e de
comunicação. Isto é, a linguagem e sua estrutura. Assim, a ideia de linguagem passa a ser a mediação
emancipatória. Portanto, uma forma de vida libertadora para uma sociedade livre de dominações. A escritora
traça a sua trajetória e realiza a análise de todas suas experiências sentimentais, seus afetos e seu relacionamento. O negro como escritor e autor não distancia deste arquétipo sociocultural. Pois, se espera
que nos atos de fala dos escritores negros tenham em seus atos de fala elementos de emancipação.
Palavras-chaves: Geni Guimarães; Emancipação; Cora da Ternura.
GT CIBERCAMINHOS POSSÍVEIS: LITERATURA, LIVRO E LEITOR
Os desafios éticos da preservação da cultura literária milenar indiana na era da cibercultura
Camile Carvalho Nascimento (UERJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: A história cultural dos livros aponta muitas transformações ao longo dos séculos. Composições orais foram compiladas em manuscritos, seguidos pelo impresso e pela tecnologia digital que contribuiu para
a difusão da literatura no ciberespaço e na forma como o leitor se relaciona com ela. No meio literário, a
Índia tem sua relevância por ser o berço de uma das maiores e mais antigas coleções de poemas do mundo:
os Vedas. Originário de uma tradição oral cujos primeiros versos remetem a 4500 a.C., por muitos séculos esta literatura permaneceu restrita à classe sacerdotal (brâmanes), resistentes à escrita devido ao medo da
difusão inadequada deste conhecimento. Para eles, a preservação da tradição indiana estava relacionada à
recitação oral, tendo sido autorizada a compilação dos versos apenas no séc. II a.C., após muita pressão. No entanto, com o intuito de mapear e preservar este conhecimento, o Governo da Índia criou recentemente o
Projeto NaMaMi para digitalizar seus estimados 10 milhões de manuscritos literários a fim de criar um
banco de dados online para a difusão deste conhecimento, causando diferentes reações. Se por um lado a
cibercultura absorve e difunde diferentes culturas, sendo uma solução para a preservação, por outro, instiga um conflito devido à interferência tecnológica na tradição, já que para os indianos conservadores,
determinadas obras não poderiam ser acessadas por pessoas de fora desta comunidade por questões
religiosas. Vale refletir qual o equilíbrio ético entre a necessidade de preservar uma tradição sem que esta seja prejudicada.
Palavras-chaves: Cibercultura; Digitalização; Tradição; Literatura Indiana; Sagrado.
Labirintos convergentes
39
Gustavo Burla (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: A literatura não é mais a mesma. Esta frase poderia ser dita em qualquer momento desde que o ser
humano conta histórias, pois tudo muda em função dos meios ofertados. Dos pergaminhos às folhas de papel impressas, do CD-ROMs aos sites e redes sociais hiperconectados, tudo muda, basta que a história peça e o
escritor queira. Por vezes um compositor de novas frases, em outras um DJ de ritmos afins, o autor (perdão,
Foucault) é um glutão das novas formas oferecidas pelos meios de comunicação. Se ele for gourmand, corre
o risco de se perder ou tornar o leitor um andarilho por caminhos que se bifurcam, muitas vezes sem perspectiva; se conseguir manter-se gourmet, refina os traços e os laços desse bordado de histórias que
podem (e talvez devam) ser simples em meio às múltiplas estradas a serem percorridas. Mais quixotesco que
dorotesco, o escritor busca rupturas pela convergência mais que manter-se nos tijolinhos dourados. Palavras-chaves: Tecnologias; Convergência; Labirinto.
Tá no Livro... E Agora?!: A Literatura de Jovens - Autores - Celebridades Digitais
Jennifer da Silva Gramiani Celeste (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Conjecturamos estabelecer, por intermédio desta investigação, alguns dos distintos espaços atualmente ocupados pela Literatura manufaturada na contemporaneidade do consumo, espetáculo e
entretenimento, assinalada, também, pelo advento da grande rede de computadores e das novas tecnologias
de natureza digital. Nas transfigurações que experiencia, a Literatura Brasileira Contemporânea faz-se mutável e, concomitante a isto, nos propõe reflexões acerca das perspectivas atreladas ao atual fazer literário
nacional. Tomamos como fundamento a confecção de mapeamento do contingente de livros impressos de
autoria de jovens celebridades digitais, publicados no período compreendido entre janeiro de 2008 e
dezembro de 2016. Averiguamos a existência de duzentos e vinte cinco obras literárias produzidas por blogueiros e youtubers e o significativo montante de centro e vinte livros assinados por jovens, entre quinze
e vinte cinco anos de idade. Este panorama, o qual nos fora oportunizado vislumbrar a partir do referido
apanhado de dados, demonstra-nos a atuação de jovens nativos digitais no domínio literário impresso e, ainda, por conseguinte, de seus admiradores e seguidores, que passam também a se ater às obras de seus
ídolos, fomentando a prática da leitura e seu deleite, transitando por entre telas e páginas. Deste modo,
acreditamos, em grande parte, que os jovens navegantes da rede se constituem atualmente os principais responsáveis por propiciarem estas e outras ressignificações à expressão artística nacional, especialmente,
dentre outros motivos, em virtude de suas relevantes imersões nos mares do ciberespaço e – também – da
Literatura.
Palavras-chaves: Literatura Brasileira Contemporânea; Internet; Livro Impresso; Celebridades Digitais.
Tensões contemporâneas: os booktubers e a nova crítica de rodapé
Juliana Gervason Defilippo (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Criado em 2005 pelos americanos Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, o YouTube tornou-se
um website de fundamental importância para a produção e distribuição das mídias alternativas na rede mundial de computadores. Diante do que representa e oferece aos seus usuários, resultou em um ambiente de
produção que está afetando diretamente as textualidades e o fazer literário. Autores e leitores compartilham
dessas mídias digitais explorando-as como espaço de divulgação, criação e crítica literária. Paralelamente, acadêmicos, escritores e intelectuais parecem se opor a este movimento, questionando sua legitimação em
virtude do que chamam de “falta de formação e profissionalismo”. Tal perspectiva, expõe uma nova tensão
na contemporaneidade, repetindo – a nosso ver – aquela estabelecida entre a “crítica de rodapé” e os “intelectuais das universidades”, assim como discute Flora Süssekind. Esta comunicação pretende, portanto,
refletir acerca da crítica literária a partir da perspectiva de que estaríamos vivendo uma nova tensão,
protagonizada agora, por booktubers (youtubers que fazem vídeos sobre literatura).
Palavras-chaves: YouTube; Crítica Literária; Booktubers; Cibercaminhos; Literatura.
GT DA POESIA À MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
40
O samba como crônica do cotidiano: a Praça Onze e os compositores dos anos 1930
Beatriz Coelho Silva (CES-JF)
E-mail: [email protected]
Resumo: A Praça Onze foi um bairro que existiu no Rio de Janeiro até 1942, quando foi demolida num
processo de modernização da cidade, que pretendia transformá-la numa Paris tropical. Desde os anos 1900,
imigrantes pobres tinham ido morar lá, num momento em que o samba, o carnaval e as escolas de samba
tomavam o formato atual. Era uma população que não se enquadrava no modelo europeizado previsto para o então Distrito Federal e cujo modo de vida e produção cultural causava fascínio e repulsa na população
adequada ao modelo oficial. O objetivo deste trabalho é evidenciar que os sambas que falam sobre a Praça
Onze e os produzidos por seus moradores faziam a crônica do cotidiano daquela população. Eram, a um só tempo, a forma de festejar a vida, de resistir e se enquadrar na sociedade estabelecida. Estas músicas
encontraram, nas novas tecnologias da época (o rádio e as gravações em disco), o veículo para sua
divulgação e popularização em massa e contribuíram para que o samba se tornasse símbolo do Brasil. Vamos
falar de quatro músicas e três compositores: Custódio Mesquita, Assis Valente e João da Baiana. Os dois primeiros, não moradores do bairro, falaram de personagens locais e de seus anseios. João da Baiana, criado
na Praça Onze, descreveu o dia a dia da população. Com letras coloquiais que não se descolam esteticamente
do ritmo e da melodia (criadas juntas), estas músicas contam a história do bairro que ainda é mítico 70 anos após sua demolição.
Palavras-chaves: Praça Onze; Samba; João da Baiana; Custódio Mesquita; Assis Valente.
O espaço feminino nas batalhas de poesias “Slam”: discurso e “performance” de Gabz
Domynique Roberta de Oliveira Esposito (UNINCOR/FCTE) / Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
E-mail: [email protected] / E-mail: [email protected]
Resumo: As Competições ou batalhas de poesias Slam têm sido compreendidas como um movimento social
urbano de poetas-Slammers da periferia, que se juntam em espaços públicos para uma competição de poesia
falada, onde questões da atualidade são debatidas em forma poetizada e politizada. O movimento tem recebido maior visibilidade pela mídia digital, através das publicações realizadas pelas comunidades Slams
em suas plataformas virtuais. Segundo Moita Lopes (2010), nas redes sociais da web 2.0, os participantes
têm colaborado na construção de sub-políticas, por meio das quais os indivíduos têm anunciado os temas que têm feito ultrapassar dogmas e narrativas cristalizados. As manifestações poéticas dos Slammers abordam
temas como racismo, violência, autoritarismo, machismo, sexismo e desigualdade social. Considerando o
exposto, esta comunicação objetiva analisar a performance poética feita pela jovem Slammer Gabz, no Slam
do Grito filmes, veiculada no Facebook. Na performance, serão observadas o discurso poético de Gabz, partindo do seu “lugar de fala”, conforme entendido por Djamila Ribeiro (2017), no qual ela denuncia a
violência contra a mulher negra da periferia, assim como sua gestualidade corporal, parte importante da
batalha, que não por acaso acontece no espaço público real e se projeta para o virtual. O vídeo analisado possui atualmente mais de 500 mil visualizações, 11 mil compartilhamentos, e mais de 1,5 mil comentários.
A rede de usuários, considerando os compartilhamentos dos compartilhamentos e outras plataformas virtuais,
como o Youtube, que também compartilhou o vídeo, é imensurável, revelando o espaço virtual como
importante veículo de exercício da micropolítica. Palavras-chaves: Poesia; Slam; Performance; Web. 2.0; Micropolítica.
“Leva, meu samba!”: Ataulfo Alves, entre o samba de Noel e o samba de teleco-teco
Francisco Antonio Romanelli (UNIVAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Ataulfo Alves foi um compositor e intérprete que se destacou no mundo do samba carioca, dentre
outras significativas características, por defender o discurso de “pureza” de uma espécie de samba original,
calcado na estética da transformação rítmica surgida no final da década de 1920 por um grupo de
compositores do bairro do Estácio de Sá que ficou conhecido por “Turma do Estácio”. Samba que, diziam suas canções, tinha que ter, em seu arranjo e interpretação, flauta, pandeiro, violão, cuíca, cavaquinho,
tamborim e reco-reco: “samba, pra ser samba mesmo / tem que ter teleco-teco” (onomatopeia do batido do
41
tamborim). Propondo tal “pureza” poética e rítmica que, inaugurada no Estácio, teria sido consagrada por
Noel Rosa, Ataulfo se propunha a combater, pela sua canção, em ato de resistência, as variações que “ameaçavam” descaracterizar o samba “tradicional”. No entanto, como este trabalho pretende demonstrar, ao
evocar o samba de “teleco-teco”, vivenciava, ele próprio, a transformação pela qual o samba transitava no
final da década de 1950 e início da década de 1960. Palavras-chaves: Ataulfo Alves; Samba; Resistência; “Teleco-teco”.
Pelos caminhos dos versos de Brisa Flow...
Joseli Aparecida Fernandes (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: O movimento hip hop, e mais precisamente o rap, constitui-se num modo de representação política daqueles que sempre estiveram à margem da sociedade e que buscam, através da arte e da cultura, o
reconhecimento, a visibilidade e o direito de falar e ser ouvido. Nesse universo, a participação feminina
ainda ocorre de maneira mais tímida, visto que são os homens que configuram e prefiguram este cenário.
Tendo refletido sobre o rap (e particularmente o rap mineiro) a partir do discurso de resistência do rapper mineiro Flávio Renegado, objeto de estudo de minha dissertação, proponho, agora, uma mudança de
percurso no que diz respeito ao gênero, detendo-me no rap de Brisa de la Cordillera ou Brisa Flow, nome
adotado por esta imigrante chilena, que se criou em terras mineiras. Como um primeiro passo dessa nova pesquisa, buscamos identificar, a partir de um conjunto de dez canções, os temas gerais cantados/versados
por ela, considerando sua inscrita no mundo do hip hop, observando ainda como seu discurso se relaciona
com questões de gênero. Palavras-chaves: Brisa Flow; Rap; Gênero; Temas.
A infância nas canções de Chico Buarque: da fantasia ao abandono
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: O cancioneiro de Chico Buarque apresenta um número considerável de canções que tratam do universo infantil. Nossos esforços, nessa comunicação, serão direcionados para a análise das duas
proposições frequentes na obra do compositor, no que diz respeito à presença da infância em sua obra. No
primeiro caso, há uma forte marca do universo da fantasia e do sonho, no qual a infância é vista como um locus amoenus, uma espécie de paraíso perdido. Em contraste à esta proposição, nota-se na obra do
compositor a presença da infância por meio dos seus infortúnios, a pobreza e o abandono. Correspondendo à
primeira perspectiva, analisaremos a letra da canção “João e Maria”; no segundo caso, nossa análise se
voltará para a imagens infantil construída em “Pivete”. Palavras-chaves: MPB; Chico Buarque; Infância.
“Canção-duplex” em Chico Buarque: uma análise de “Cordão” e “Valsinha”
Moema Sarrapio (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Considerando o contexto de produção do disco “Construção” (1971, três anos após a instituição do AI-5, durante os “anos de chumbo” da ditadura militar), nossa comunicação propõe uma análise de duas das
canções ali presentes: “Cordão” e “Valsinha”. Nossa leitura permite uma outra opção além do óbvio presente
nas letras, considerando as composições em questão “duplex”, termo inventado por Julinho da Adelaide, pseudônimo de Chico, durante uma entrevista. Para ele, um “samba duplex” muda de sentido de acordo com
o interesse do interlocutor e pode ser interpretado de maneiras diferentes. Este aspecto está presente no
cancioneiro de Chico durante o período ditatorial com o intuito de driblar a Censura Federal. Palavras-chaves: Censura; Música Popular Brasileira; Samba Duplex; Ditadura Militar; Chico Buarque.
As muitas vozes do amor em “Pais e filhos”
Rodrigo Carvalho da Silveira (IFRJ)
E-mail: [email protected]
42
Resumo: A Literatura é uma manifestação artística que possui como material a palavra e o grande escritor se
apossa desse material e imprime uma forma própria para ele. Na música, é possível perceber que há compositores que trabalham, teimam, limam, sofrem e suam para construir suas letras, dedicando-se
arduamente em dar novos significados as palavras e em encontrar modos originais de se expressar. Renato
Russo em “Pais e filhos” exemplifica este compositor que trabalha em busca da originalidade para se tratar de um tema a partir da construção de cada um de seus versos e cada uma de suas palavras. Assim, pretende-
se analisar a música “Pais e filhos” demonstrando como a mensagem de amor é passada pelo compositor a
partir de diversas vozes presentes na letra e que o preceito de empatia, como tema principal da música, se
torna forma e preenche cada palavra. Palavras-chaves: Renato Russo; Música; Poema; Vozes; Empatia.
Temas e tons da canção de Paulinho da Viola: apontamentos iniciais
Sthanley Ogino Zaqueu (UNINCOR/FCTE) / Cilene Margarete Pereira (UNINCOR)
E-mail: [email protected] / E-mail: [email protected]
Resumo: Considerando a riqueza de nosso cancioneiro popular e o interesse da área de Letras por manifestações culturais e discursivas diversas, esta comunicação objetiva apresentar os resultados iniciais do
projeto Temas e tons da canção popular brasileira: um estudo da obra de Paulinho da Viola, orientado pela
Profa. Dra. Cilene Pereira. O projeto busca fazer um levantamento temático da produção musical do compositor carioca Paulinho da Viola entre as décadas de 1960 a 2010, tendo como ponto de partida o álbum
autoral Paulinho da Viola, de 1968. O corpus da pesquisa foi dividido em dois grandes blocos: o primeiro
corresponde aos dez primeiros álbuns do compositor carioca, gravados entre 1968 e 1979, período no qual o compositor dá início à sua produção solista, que começa efetivamente com álbuns assinados apenas por ele, e
que apresenta um momento fecundo e produtivo em sua carreira, com o lançamento de quase um disco por
ano. No segundo bloco, trabalhamos com os nove álbuns lançados nas décadas de 1980, 1990 e 2000,
segundo informações retiradas de seu site oficial. Algumas perguntas direcionaram o projeto, a saber: (1) quais são, de fato, os temas do cancioneiro popular de Paulinho da Viola? (2) como estes temas são tratados
em suas canções? (3) estes temas derivam do universo musical ao qual o compositor se associa, o samba? (4)
que tipo de canções formatam estes temas? (5) é possível depreender, do levantamento temático, o tema dominante do cancioneiro do compositor? Esta comunicação busca, nesse primeiro momento, responder
algumas das questões propostas pelo projeto, mapeando os temas e tons da canção de Paulinho da Viola.
Palavras-chaves: Paulinho da Viola; Samba; Temas.
Figurações do feminino em Chico Buarque de Holanda
Taciana Ribeiro Rios de Abreu (UNINCOR/FCTE) / Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNINCOR)
E-mail: [email protected] / E-mail: [email protected]
Resumo: Nesta comunicação, fruto do projeto de pesquisa de iniciação científica denominado “A figuração
do feminino em Chico Buarque de Holanda”, pretendemos apresentar, por meio da leitura de algumas das canções do autor de “Carolina”, como o compositor elabora suas letras por meio da representação múltipla
do mundo feminino, em suas condições cultural, social e política, em uma sociedade predominantemente
patriarcal. Chico revela em suas canções variados tipos femininos de maneira altamente poéticas. As figuras
do feminino que se apresentam no campo afetivo, revelam um lado curioso, reverente, sensível de um compositor que com sua capacidade artística nos evoca a perceber essas mulheres. Ao captar e exprimir em
suas canções a condição feminina em que espantosamente nos revela a mulher mãe, lésbica, submissa,
prostituta, separada, romântica, misteriosa, suas maneiras de agirem, raciocinar, nos revelando o mundo feminino de maneira múltipla. Refletir sobre as representações das mulheres na obra de Chico Buarque nos
permite distanciar de padrões por muito tempo alicerçados na cultura patriarcal. É importante ressaltar que
nestes dois últimos séculos, o passado e o atual, com os avanços da sociedade em busca de uma nova construção socioeconômica surgiram novas possibilidades de atuação para as mulheres e um
reposicionamento de seus papéis na sociedade. A obra de Chico Buarque revela esta multiplicidade do
posicionamento da mulher, mostrando-nos a amplitude do mundo feminino, ressignificando seu lugar no
mundo social. Palavras-chaves: Figuras do Feminino; Chico Buarque; Cultura Patriarcal.
43
Paulo Leminski e a poesia fora dos padrões
Maria Vitória Musial de Araujo (UNIMONTES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Na década de 70, veio à tona um movimento denominado de Tropicalismo, que foi como uma revolução na cultura brasileira, derrubando as barreiras entre o “erudito” e o “popular”, canção e poesia, bom
gosto e mau gosto. O tropicalismo foi quem abriu as portas para a poesia marginal no Brasil em uma época
de intensas atividades políticas, e ajudou a libertar a poesia do seu campo limitado trazendo linguagens e
temáticas historicamente inovadoras. O nosso trabalho tem por objetivo analisar as marcas do tropicalismo na escrita dos “marginais”, em especial o autor Paulo Leminski, evidenciando como ele se posicionou frente
ao movimento que deu espaço para um novo e original jeito de produzir poesia adentrando junto a este
revolucionário modo de produção de poemas as questões políticas da época. Palavras-chaves: Tropicalismo; Poesia Marginal; Paulo Leminski.
GT DIMENSÕES LITERÁRIAS DA MEMÓRIA
Imigração, trauma e silêncio: uma leitura de Samuel Rawet e Tatiana Salem Levy
Allysson Casais (UFF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Em 1956, Samuel Rawet estreia no meio literário brasileiro com Contos do imigrante, se tornando o primeiro autor na literatura brasileira a pôr a condição de estrangeiro no centro de uma narrativa. Na obra,
Rawet, através da figura do imigrante, explora, entre outros temas, a dificuldade de narrar histórias por parte
daqueles que passam por experiências traumáticas. Os primeiros cinco contos, em específico, têm como foco o imigrante judeu e retratam indivíduos que se silenciam acerca de traumas ligados à imigração e/ou à
guerra. Em A chave de casa (2008), Tatiana Salem Levy dialoga com esse legado de experiências silenciadas
criando uma narradora-personagem descendente de imigrantes judeus oriundos da Turquia que herda os traumas e memórias não-narrados de sua família como doença. No romance, a cura da paralisia metafórica
do corpo da protagonista se relaciona à necessidade de contar aquilo que foi silenciado por seus
antepassados. Ao aproximar as duas obras, portanto, propomos entender como o silêncio perante
experiências traumáticas é quebrado pelos descendentes daqueles que as vivenciaram. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Palavras-chaves: Samuel Rawet; Tatiana Salem Levy; Imigração; Trauma; Silêncio.
A memória entretecida em Museu de Tudo, de João Cabral de Melo Neto
André França Rocha Borba (UFF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Museu de Tudo, livro de João Cabral de Melo Neto publicado em 1975, apresenta uma contradição
logo no título. Como aborda Secchin (1999), há um paradoxo entre a seletividade esperada de um museu e a
variedade temática apresentada nos poemas. Dentre os assuntos, é possível perceber que há uma forte presença da memória e considerações sobre o tempo. Para Correia (2010), a memória se consolida enquanto
um interesse do poeta a partir da década de 1970 e passa a permear os seus escritos. O século XX,
justamente, é marcado pela emergência da memória como uma preocupação constante na produção artística e literária, como sugere Huyssen (2000). A contemporaneidade, nesta perspectiva, inaugura um novo regime
de memória ao multiplicar os espaços de rememoração (BARBOSA, 2007). Como exemplo, podemos citar a
literatura e o tom testemunhal que se verificou com mais ênfase após a Segunda Guerra Mundial e o seu
lastro de genocídios e desastres (SELIGMANN-SILVA, 2003). Assim, nos interessa revisitar a poética de João Cabral a partir do novo fôlego proporcionado pela contemporaneidade e investigar como a memória se
fabrica em Museu de Tudo não apenas como tema, mas como uma força que atravessa o livro.
Palavras-chaves: Memória; Poesia; João Cabral de Melo Neto.
A sanidade vigiada sobrevivente na escrita de si
Augusto Mancim Imbriani (UFSJ)
E-mail: [email protected]
44
Resumo: Perante suposta subversividade, aos olhos do sistema vigente, o adestramento se atrela à vigilância em rígida parceria. A partir dessa premissa, o trabalho em questão apresenta como objetivo a tentativa de
análise das obras Diário de um Hospício (1953) e Cemitério dos Vivos (1953) ambas do escritor Lima
Barreto – sob a perspectiva da memória, das vigilâncias e adestramentos, da sobrevivência e da autobiografia. Para tanto, será buscado aporte em estudiosos das temáticas apresentadas, como Gagnebin
(2006), Assmann (2011), Foucault (1987), Candido (1989), Benjamin (1994) e Lejeune (2014). O estudo
comparativo será feito sob o viés da (in)sanidade recorrentemente refutada em momentos de escrita
autobiográfica, considerando essas escritas como um produto do constante adestramento sistemático implantado nas experiências do narrador. Nesse ponto, admite-se o narrar – ou o escrever sobre si – como
uma tentativa de purgação e maturação dos traumas sofridos e, a partir disso, a reflexão sobre a
impossibilidade de o sujeito superar, em sua própria escrita, os traumas por ele experienciados. Palavras-chaves: Literatura; Memória; Vigilância; Escrita autobiográfica.
A violência em múltiplas vozes: as memórias pós-coloniais em Boa tarde às coisas aqui em baixo
Carmem Roquini Juliacci Santana (UFSJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: As imagens e os relatos da guerra colonial aparecem em diversas obras literárias portuguesas e refletem tanto o trauma da violência quanto da perda das antigas colônias de domínio português. A memória,
portanto, permeia as obras lusitanas, tanto individualmente quanto coletivamente. A partir destas lembranças
traumáticas, as obras do escritor português António Lobo Antunes enquadram a temática abordada, pois revisitam os campos da guerra em Angola, assim como os impactos do regime totalitário que assolava
Portugal. Assim, os escritos do autor português abrangem um caráter individual, ao descrever o período em
que Lobo Antunes esteve entre as tropas portuguesas, e o caráter coletivo, ao discorrer sobre temas caros ao
povo lusitano. Entre as obras que abordam a temática da guerra, encontra-se o décimo quinto romance do escritor, Boa tarde às coisas aqui em Baixo. Nesse romance, o autor descreve Angola pós-independência, a
partir do relato de portugueses que vão ao país para a exploração de diamantes, assim como outros
personagens que aparecem na narrativa, em vozes que se alternam em cada capítulo. Portanto, o presente trabalho propõe a análise da obra a partir da memória dos narradores e do caráter polifônico da narrativa,
assim como os elementos da guerra e a relação entre os dois países.
Palavras-chaves: Literatura Portuguesa; António Lobo Antunes; Memória; Guerra Colonial.
A memória e o caráter metadiscursivo de A Resistência, de Julián Fuks
Graciely Andrade Miranda (UNIFRAN)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta pesquisa toma por objeto de análise o romance A resistência (2015), de Julián Fuks. Há na
narrativa duas tramas sobrepostas: a memória pessoal do protagonista sobre sua vida pretérita e a de seu irmão adotado durante a ditadura argentina. Nesse sentido, o texto, de caráter autobiográfico, recria
acontecimentos pessoais entremeados a acontecimentos históricos. O narrador rememora episódios da
história de sua família em Buenos Aires e em São Paulo, espaços demarcados por aspectos sensíveis na vida
do protagonista. Este estudo se apoia em uma metodologia qualitativa de revisão bibliográfica sobre a obra do autor e sobre a teoria semiótica francesa, idealizada por Algirdas Julien Greimas e os aportes teóricos de
seus sucessores: Denis Bertrand, por nos mostrar os caminhos da semiótica na literatura; Claude Zilberberg
que desenvolve os conceitos de acontecimento e campo de presença e de Mariana Luz Pessoa de Barros, por desenvolver o conceito de memória a partir do instrumental teórico da semiótica tensiva. O objetivo é
analisar a construção da memória do narrador com base nas duas formas discursivas de construção da
memória nos discursos autobiográficos: a memória do acontecido e a memória-acontecimento (BARROS, 2016). Analisamos, portanto, como os acontecimentos vividos pelos sujeitos do enunciado no pretérito – o
conflito familiar e o social – são tematizados e figurativizados pela experiência do narrador no presente da
enunciação enunciada. Focalizamos o nível discursivo do texto, no que tange aos procedimentos semânticos
fortemente marcados no corpus escolhido. Este trabalho justifica-se por analisar um texto literário contemporâneo e contribuir com o campo da semiótica francesa, salientando o modo como acontecimentos
45
históricos repercutem na subjetividade do narrador que os recria. Nessa perspectiva, nossa hipótese é que
prevalece no texto a manifestação da memória-acontecimento. Palavras-chaves: A Resistência; Memória; Semiótica; Enunciação.
Realismo e realidade, em Balzac, Flaubert e Joyce
Hêmille Perdigão (UFOP)
E-mail: [email protected]
Resumo: A leitura minuciosa dos romances canônicos de Balzac, Flaubert e Joyce, a saber, O Pai Goriot, Madame Bovary e Um Retrato do Artista quando Jovem, respectivamente, tendo em vista os conceitos dos
formalistas russos Chkloviski e Tynianov, permite a identificação de formas símiles neles presentes. O
presente trabalho trata de uma identificação das formas símiles nestas obras, apontando as suas diferenças e/ou semelhanças de função. Desse modo, há um detalhado estudo comparativo de excertos das obras dos
autores, apontando características que explicam o agrupamento de Balzac e Flaubert à série literária do
Realismo e o de Joyce ao Simbolismo. Todavia, também são levantadas características que demonstrem que,
embora agrupados em séries literárias distintas, os temas das obras de Flaubert e Joyce apresentam a mesma função: a de marcar uma sinfonia de temas que se repetem no decorrer dos romances.
Palavras-chaves: Formalismo Russo; Realismo; Simbolismo; Forma; Função.
Um laço histórico-ficcional em “Rainha Ginga – e de como os africanos inventaram o mundo” de José
Eduardo Agualusa
Jessiara Ribeiro Gonçalves (UFLA) E-mail: [email protected]
Resumo: No início do século XVII os reinos de Ndongo e Matamba (atual Angola) começaram a ser
governados por Rainha Ginga (ou Nzinga, a grafia varia de acordo com a fonte), uma mulher, negra, forte, que viveu entre os anos de 1583 a 1663 e liderou o exército de seu reino contra invasões portuguesa e
holandesa. Atualmente, Ginga é conhecida como uma figura importante do período pré-independência de
Angola e foi transformada em figura heroica, sustentando uma identidade angolana. No romance “Rainha Ginga – e de como os africanos inventaram o mundo” (2014), José Eduardo Agualusa recria a personagem e
o seu contexto de atuação a partir da perspectiva do narrador personagem Francisco José da Santa Cruz, um
padre que trabalhava a serviços da rainha. Levando em consideração o interesse da literatura contemporânea por passados coloniais, o presente trabalho pretende analisar a obra em questão buscando compreender as
relações entre ficção e história juntamente com a representação da personagem presente no livro por meio de
estudos da literatura comparada e teorias contemporâneas.
Palavras-chaves: Ficção; História; Representação.
Poética da Memória de Carlos Drummond de Andrade: o espaço da escrita e a presença da família
Jorge Manoel Venâncio Martins (PUC MINAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Memória e Família: articulações poéticas. Refletir sobre a articulação memória e família na poesia
de Carlos Drummond de Andrade se faz importante para se observar o que Lima (1995) nos dirá sobre o princípio da corrosão na poesia e na escrita poética que versa sobre a família. Essa escrita é realizada pelos
objetos comuns da família contidos na memória e em algumas situações (re) lembrados pela fotografia.
Seguindo este percurso da reflexão, encontramos na voz do sujeito adulto um “menino modificado pelo tempo” (SHÜLER, 2007, p. LXIX) a dizer no presente as lembranças esquecidas no passado, desterrando
cacos de louça da horta que compõem o seu tempo de infância vivida e triste em sua terra natal. Este evento
acontece na maturidade poética na qual a memória da família encontra razão e o modo de ser que durante a escrita poética destas memórias percebe-se o gauche “escavando e recordando” (BENJAMIN, 1987, P. 239)
o segredo reservado no silêncio do pai, a resposta que explique a morte dos seus familiares, “O peso de uma
casa”. Desta forma dos objetos, a casa, muros, mesa, cortinas, o tlin tlin dos copos são fragmentos que
também podemos dizer que são metonímias dos familiares, da sua terra natal que é apenas “retrato na parede”. Para tal estudo, selecionamos poemas da trilogia Boitempo que nos revelam o modo como a família
46
é apresentada pelo eu lírico e como ele se vê e se percebe nessa escrita poética. Palavras-chave: Memória,
poética, família, Carlos Drummond de Andrade. Palavras-chaves: Memória; Poética; Família; Carlos Drummond de Andrade.
Comissão das Lágrimas, de Lobo Antunes: entre violências, silêncios e memórias
Karol Sousa Bernardes (UFLA)
E-mail: [email protected]
Resumo: Angola, após muitos séculos de colonização por Portugal, conquistou sua independência em 1975 e, em seguida, enfrentou uma guerra civil que durou até 2002. Assim, esses conflitos deixaram profundas
marcas no país. Dentre elas, pode-se considerar os silenciamentos sofridos na sociedade angolana, tanto de
forma coletiva quanto individual, e que foram intensificados com o passar do tempo. Mediante a esse cenário, propõe-se, neste trabalho, analisar a obra “Comissão das Lágrimas” (2013), do escritor português
António Lobo Antunes, visando a relação dela com a Guerra Civil angolana, que se dá em diferentes
aspectos, como através da multiplicidade de vozes ficcionais que testemunham sobre esse período. Com base
nisso, busca-se explorar o caráter testemunhal da literatura através do romance, visto que ela é permeada por relatos de guerra que, mesmo ficcionalizados, evidenciam os horrores que foram vivenciados em Angola.
Além disso, espera-se analisar a obra como forma de representação dos silenciamentos sofridos por essa
sociedade. Para as análises, será considerada a estrutura do romance, que é constituída a partir da memória, visto que apresenta uma sobreposição de vozes, de cenários e de planos temporais. Este trabalho é parte do
projeto FAPEMIG “Poder e silêncios(s): a pós-colonialidade entre o discurso oficial e a criação ficcional”,
coordenado pela profa. Dra. Roberta Guimarães Franco Faria de Assis, e desenvolvido com apoio da bolsa Institucional PIBIC-UFLA.
Palavras-chaves: Memória; Testemunho; Silenciamento.
A necessidade de comunidade e o paganismo como solução: uma análise da peça Dancing at Lughnasa
de Brian Friel
Maria Isabel Rios de Carvalho Viana (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Em uma entrevista concedida ao New York Times antes de Dancing at Lughnasa estrear na
Broadway, Brian Friel disse que sua peça era sobre a “necessidade de paganismo”. Ao enfatizar uma memória do corpo, Friel apresenta uma concepção de memória em movimento, performática, que se
assemelha mais à maneira como os povos primitivos e pagãos armazenavam e transmitiam seus
conhecimentos. Na fala dos personagens é possível notar que o que se relaciona ao corpo e ao prazer está
sempre associado ao paganismo, e este, por sua vez, está sempre relacionado a experiências comunitárias. O Festival de Lughnasa e os festivais africanos descritos na peça envolvem rituais que comprometem todos os
membros da comunidade. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo fazer uma análise da peça com
vistas a perceber uma necessidade de comunidade vislumbrada por Friel em uma Irlanda dividida e marcada pela violência e por conflitos religiosos.
Palavras-chaves: Comunidade; Memória; Dancing at Lughnasa.
Cemitérios pernambucanos: figurações do eu e da memória na poesia cabralina
Raisa Gonçalves Faetti (UFLA)
E-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho representa um recorte de um projeto de iniciação científica mais amplo, no qual são
analisados nove poemas de João Cabral de Melo Neto sobre cemitérios nordestinos com o intuito de
investigar fatores estruturais, conjunturais e estéticos presentes no modo como a morte, como finitude do homem e da linguagem, se manifesta na poética cabralina, e como essa manifestação acaba por revelar certos
traços de subjetividade, pouco comuns na poesia de Cabral. Aqui, porém, o objetivo será identificar as
figurações do eu e, a partir disso, analisar como essas figurações contribuem para a elaboração de uma ideia
de memória bastante dialética, ora voltada para o texto, ora voltada para a própria experiência existencial do autor. Para isso, partiremos de uma revisão da fortuna crítica sobre a poesia cabralina – principalmente de
autores como João Alexandre Barbosa e Antônio Carlos Secchin, mas também de textos mais recentes que
47
atualizam essa crítica, como os de Sérgio Roberto Gomide Filho e Rodrigo Garcia Barbosa – para proceder
ao estudo das estratégias composicionais utilizadas pelo poeta para a realização do seu ideário estético. Em seguida, serão analisados dois poemas que compõe a série sobre cemitérios pernambucanos e que estão
contidos no livro Paisagem com figuras. A partir disso será possível destacar, ao menos, três níveis de
expressão da memória: um nível mais subjetivo, relacionado ao próprio autor; um nível mais coletivo, ligado à realidade social do contexto dos poemas, e um nível intertextual, que aproxima os cemitérios descritos.
Palavras-chaves: João Cabral de Melo Neto; Cemitérios; Figurações do Eu; Figurações da Memória.
Memória e Tradição em Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares
Taciane Aparecida Couto (UFJF)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação propõe discutir a escrita do autor português contemporâneo Gonçalo M. Tavares.
A escrita desse escritor se apresenta como uma composição multifacetada, recortada, que compõe um
mosaico de ficções, filiações e autorias diversas. Há com isso, um movimento de revisita por parte de
Tavares, não só aos escritores clássicos, como também àqueles de sua predileção, fazendo com que a literatura se apresente como uma forma de produção, que incorpora tanto temática quanto estruturalmente
elementos das obras de autores de outras épocas. Essa volta ao passado dá assim origem a criações ficcionais
caracterizadas pela forma ensaística, que se engendram no jogo leitura/escrita, uma vez que há a retomada das escritas já conhecidas e até consagradas. O foco é trabalhar o livro Uma viagem à Índia (2010), no livro
percebe-se a retomada que a escrita contemporânea faz da tradição literária. Especialmente, a retomada do
livro Os Lusíadas, de Camões, pois, nota-se, que o enredo aborda o deslocamento físico do personagem principal, destacando assim, o tema da viagem. No entanto, Uma viagem à Índia, que tem Bloom como
personagem principal em uma alusão clara ao personagem de Ulysses, de James Joyce, é uma epopeia do
século XXI. Dessa forma, a escrita literária notadamente entrelaça e estabelece um paralelo com a memória
literária do autor e a tradição literária, busca-se então trabalhar o fluxo da tradição literária e como essa se apresenta em Uma viagem à Índia,retomando algumas postulações de T.S Eliot (1989), Ricardo Piglia (1991)
entre outros.
Palavras-chaves: Uma Viagem à Índia; Memória; Tradição Literária.
O Itinerário percorrido por Manuel Bandeira
Vitor Hugo da Silva (FAPE II)
E-mail: [email protected]
Resumo: Itinerário de Pasárgada é um livro de memórias – especialmente de memórias poéticas, levando-se
em consideração mais a historicidade da poesia de Bandeira do que da sua vida propriamente dita. Não se trata aqui, basicamente, de um livro de biografia, mas sim de uma biografia literária. Manuel Bandeira traça
seus momentos de infância no Recife e juventude na cidade de Petrópolis (Rio de Janeiro) e no Rio de
Janeiro propriamente dito, como também sua vivência marcante com a família e amigos da família. Ao evocar a sua infância e juventude em Itinerário de Pasárgada, Manuel Bandeira procura expor suas
memórias de forma autobiográfica e biográfica, encaminhando-se para o relato de seu conhecimento sobre as
formas técnicas da poesia, o desenvolvimento de sua aprendizagem como literato e as diversas formas de se
“fazer poesia”. Apresenta, assim, o contato íntimo com a poesia que tanto lhe incentivara o pai. Bandeira percorre os caminhos da Pasárgada tão sonhada, tão almejada, levando em frente “uma vida que poderia ter
sido e que não foi” (BANDEIRA, 1984), contudo levou adiante através da evasão e do escapismo. Em
Pasárgada viveu tudo aquilo a que tinha direito, pois lá encontrou o seu paraíso preferido, inesquecível, diante do não realizado que “a vida madrasta não lhe ofereceu” (BANDEIRA, 1984): andou de bicicleta,
tomou banho de mar, fez ginástica e teve a cama que preferiu, sendo assim um homem feliz.
Palavras-chaves: Itinerário de Pasárgada; Manuel Bandeira; Memória; Autobiografia.
“[...] limpamos o vento de quem não tinha ordem de respirar”
Josué Borges de Araújo Godinho (CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
48
Resumo: Partindo de dois eventos da narrativa de Grande Sertão: Veredas, que são os encontros de Riobaldo
com diferentes doentes nesse indeterminado lugar que é o sertão, ensaio a tentativa de definição do conceito, ou, para falar com Derrida, do quase-conceito de “quase-morte”. O primeiro acontecimento dessa análise,
portanto, é o encontro do narrador com uma massa de doentes de ordem diversa que vagam em peregrinação
à procura da cura de suas doenças por meio do milagre de uma suposta santa; o segundo, seu encontro com o leproso. Entendendo a escritura rosiana como uma produção do pensamento a partir do paradoxo e da aporia,
sustento minha argumentação a partir das noções de morada/demora, de Blanchot, e de aporias, de Derrida,
ou, como bem as uniu Pierro Eyben, penso a partir de Demoras na aporia, da escritura rosiana como uma
morada n(d)a aporia. Palavras-chaves: Violência; Quase-morte; Aporia.
Silêncio e memória em Laura Alcoba
Dayane Campos da Cunha Moura (IFSUDESTEMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Laura Alcoba, escritora argentina radicada na França desde a década de setenta, retoma o período que antecedeu a ditadura militar em seu país no livro Manèges: petite histoire argentine (2007), traduzido ao
espanhol como La casa de los conejos (2008). Nele, o leitor encontra a simulação da voz de uma menina de
cerca de oito anos que passa dos jogos infantis ao adulto jogo da clandestinidade. Nesse sentido, o silêncio e o silenciamento (ORLANDI, 2007) atravessam a narrativa e o trabalho da memória, evidenciando o percurso
que a levou do centro de La Plata aos arredores da cidade, onde, sob a falsa alegação de vender coelhos, o
grupo guerrilheiro Montoneros se dedicava a imprimir e distribuir o jornal Evita Montonera. Temos, ao longo de toda a narrativa, a tensão entre a tentativa de manter o lugar da infância e a inevitável perda desse
lugar, marcadamente deslocado pela repressão e pelo temor. Esta comunicação tem por objetivo analisar
como a autora/narradora trilha, sob o olhar infantil, os caminhos da memória de um período traumático,
assinalado pelas políticas do esquecimento. Trazer à tona histórias como a de Clara Anahí, bebê sequestrada durante a operação que matou sua mãe e destruiu a imprensa clandestina, é lançar uma pergunta ao presente,
é prestar contas aos que estão vivos, em busca de seus desaparecidos. Trata-se de interpelar o esquecimento e
o silêncio. Palavras-chaves: Literatura; Memória; Silêncio; Deslocamento.
O silêncio como memória na obra de Raduan Nassar: rastros de desobediência e desautoridade
Gislene Teixeira Coelho (IFSUDESTEMG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Literatura e memória produzem um espaço de imensurável potencial crítico, de onde se pode extrair uma ampla discussão em torno das apropriações indevidas e abusos contra a memória. Dessa aliança,
emergem-se sinais de vida mesmo em tempos de uma memória sob medida e vigiada, com desvios
significativos dentro de uma política maior de desmemória. Para aquecer a discussão, o livro Um copo de cólera, de Raduan Nassar, fornece um material de pesquisa capaz de movimentar os acanhados arquivos da
ditadura brasileira de 1964, em que um rastro de memórias sinaliza, por impressões, ruídos e sintomas, a
experiência de um tempo desajustado. Investiga-se como um conjunto de políticas bem orquestradas
consegue atuar eficazmente contra a memória coletiva, comprimindo o legado humano ao controlar, sobretudo, suas realizações artístico-culturais, para as quais se destinam esforços generosos de interdição.
Portanto, a obra de Nassar reage ao totalitarismo com formas sofisticadas e criativas de subverter a lei do
silêncio, de modo a valer-se do próprio código do silêncio para imprimir por dentro inscrições do indizível, deixando registrada uma potência de resistência proporcional à força de esmagamento dos tempos ditatoriais.
Este trabalho busca investigar um silêncio tendencioso, que toma seu lugar na história, aproveitando-se de
sua natureza furtiva e impalpável que chega a protegê-lo de interferências políticas, de modo que atravessou os instrumentos de controle e censura e serve hoje como parte de nossa memória.
Palavras-chaves: Literatura; Memória; Totalitarismos; Desautoridade.
GT ENUNCIAÇÃO E PRÁTICAS DE LEITURA: A INTERFACE ENTRE AS DIVERSAS
LINGUAGENS VERBAIS E NÃO- VERBAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
49
O cinema e a leitura do cinema
Amauri Araujo Antunes (IFSULDEMINAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Um filme é a união de sons e imagens. Um bom filme é aquele no qual o cineasta encontrou a
linguagem adequada, aquela que melhor contribui com sua narrativa, com sua proposta, aquela que ativa os
sentidos do espectador, estimulando-o por completo. A utilização de filmes em sala de aula implica a
identificação e a análise do discurso cinematográfico, da linguagem do filme. A presente comunicação pretende apresentar alguns destes elementos, a partir da exibição do curta “Olho no Lance”, vencedor do
Festival do Minuto de 2004.
Palavras-chaves: Linguagem; Audiovisual; Cinema; Linguagem.
Usos da linguagem na escola e na sociedade contemporânea – reflexões sobre múltiplos letramentos e
agência escolar
Andréa de Lourdes Cardoso dos Santos (UNIFAL - CEFET-MG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Uma significativa parcela de alunos tem apresentado baixo desempenho em leitura e escrita nos diversos segmentos de ensino, mesmo após anos de escolaridade. Entretanto, outra parcela de alunos tem
demonstrado bom domínio dos usos da linguagem e dos diversos letramentos demandados pela
contemporaneidade. Tal realidade suscita a reflexão acerca da relação entre as práticas de linguagem na sociedade e as desenvolvidas no contexto escolar, e suas implicações para a formação de professores. Este
trabalho objetiva apresentar algumas reflexões sobre os múltiplos letramentos na escola e na sociedade
contemporânea, à luz dos (Novos) Estudos do Letramento (STREET, 2010, 2014), e da perspectiva dialógica
(BAKHTIN/VOLASHINOV, 1983), pressupostos teóricos que fundamentam uma pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica, atualmente em desenvolvimento no Mestrado em Educação da UNIFAL. A pesquisa
objetivou conhecer as práticas e os eventos de letramento a que os alunos são expostos ao final do Ensino
Fundamental, em uma escola pública do Sul de Minas, com a intenção de observar quais dessas práticas e eventos possibilitam, em maior ou menor grau, o engajamento desses alunos aos usos da linguagem
demandados pela contemporaneidade. A pesquisa tem apontado para a relevância de se trabalhar na escola
com as diferentes linguagens que permeiam a vida contemporânea. Espera-se que este estudo possa ser uma contribuição para a escola pública reafirmar o seu papel como agência de letramento(s), considerando que o
acesso ao aos múltiplos letramentos pode incidir na formação de leitores e produtores de textos mais
proficientes e melhor preparados para se engajarem na sociedade letrada.
Palavras-chaves: Múltiplos Letramentos; Usos da Linguagem; Agência de Letramento; Formação de Professores.
O Diário como memória e cesura
Emanuela Francisca Ferreira Silva (IFSULDEMINAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: Em consonância com o Plano de Ensino de Língua Portuguesa do curso integrado de informática este trabalho configura-se como um projeto de ensino que busca trabalhar o Gênero Textual “Diário” em sua
faceta literária. Para tanto, tem-se como objeto de pesquisa a obra “O diário de Anne Frank”. Com essa
perspectiva busca-se trabalhar história e cesura, isto é, trabalhar a narrativa como forma de dar sentido à existência humana trazendo para o “instante já”, na cesura que se pode fazer na história um novo passado
construído a partir de narrativas. O diário é um gênero textual que geralmente tem como leitor o próprio
escritor. Normalmente é utilizado para anotar os acontecimentos mais marcantes do dia a dia, para serem relidos posteriormente ou para serem lembrados fatos esquecidos. Também é um instrumento de
confidências de seus donos. Neles podemos encontrar fatos do passado que muitas vezes não aparecem nos
livros de história. Isto acontece com o diário de Anne Frank. Para este trabalho tem-se como premissa a
afirmação de Huston (2010) de que a mente humana é fabuladora, isto é, somos seres narrativos. Outros teóricos como Le Goff (2003) e Seligmann-Silva (2006) se agregam a essa pesquisa que tem como corpus a
obra “O diário de Anne Frank” (Anne Frank) nos conteúdos literatura e língua portuguesa, trazendo para o
50
contexto de sala de aula a memória como fio condutor que faz ocasionar cesuras na história de longa
duração. Palavras-chaves: Cesura; Leitura; Memória.
Corpalavra: poesia marginal e performance em sala de aula
Igor dos Santos Alves (IFSULDEMINAS)
E-mail: [email protected]
Resumo: O trabalho pretende, a partir dos estudos sobre performance (COHEN, 2009) e oralidade (ZUMTHOR, 2010), pensar a contribuição da poesia marginal da década de 70, conhecida também como
“geração mimeógrafo”, para as formas de enunciação e leitura da poesia e sua compreensão em sala de aula
pelos jovens, relacionando música popular e a contracultura a formas valorizadas pelos poetas dessa época, especialmente o mimeógrafo (podendo ser relacionado hoje à internet) e o recital. Será ainda apenas o poema
“o lugar onde a poesia se ergue?”, como diz Octávio Paz (“O arco e a lira”, 1982)? E, se não, quais serão,
sob as novas possibilidades de criação do poema enquanto invenção, intervenção e expressão e como
repensar essa questão de forma pedagógica? Importante notar que além dos temas libertários e da linguagem coloquial, uma das grandes contribuições dos autores desse período foi, justamente, a busca por novos
espaços para circulação de sua produção artística, fazendo-a circular por lugares além do “mainstream” e
alçando a letra e o verso, antes tidas como privilégio de intelectuais e acadêmicos, para encontros com a cultura popular e “alternativa”. Para ilustrar essa questão, serão usados principalmente textos do poeta
Chacal (“Belvedere”, 2007), Torquato Neto (“Últimos Dias de Paupéria”, 1973) e Paulo Leminski (“Toda
Poesia”, 2013), assíduos defensores da “poesia para além do verso” e da busca por outros espaços de “materialização”, ou enunciação, do poema, trazendo a escrita para mais perto do corpo e, logo, da vida.
Palavras-chaves: Poesia Marginal; Performance; Sala de Aula; Enunciação; Contracultura.
GT EXPERIÊNCIAS SOCIODISCURSIVAS DE IDENTIDADE
Entre a certeza e a necessidade, um espaço de conflito entre identidade e alteridade
Alexandre Marcelo Bueno (UNIFRAN)
E-mail: [email protected]
Resumo: Problemas políticos e econômicos na Venezuela geram consequências sociais graves no país
vizinho. Repressões da polícia, tensões entre grupos políticos, falta de alimentos e de produtos básicos para a
população, entre tantas outras situações fizeram com que um contingente grande de venezuelanos cruzasse a fronteira para buscar melhores condições de vida no Brasil, em especial no estado de Roraima. Nesse
movimento, uma série de conflitos surgiram, inclusive com casos explícitos de violência contra os
refugiados. Este trabalho buscará depreender alguns valores observados na fala de venezuelanos que se encontram no Brasil para se compreender como está organizada a narrativa da crise venezuelana. Além
disso, examinaremos as escolhas da composição do enunciado sincrético na página da reportagem para
entendermos o posicionamento do enunciador. Para isso, utilizaremos, como método de análise, a semiótica
discursiva e, em particular, a sociossemiótica. Observou-se, inicialmente, a construção disfórica da imagem do governo venezuelano, apontado como o responsável pela crise existente no país, em uma sanção
recorrente na fala dos refugiados. Ao mesmo tempo, o enunciador parece concordar com tal ponto de vista.
Ademais, traços lexicais da reportagem, como a ideia de “invasão”, apontam, inicialmente, para uma sanção negativa da presença de refugiados no país. Assim, com uma análise mais aprofundada, esperamos
compreender um dos possíveis olhares, do ponto de vista brasileiro, para a construção do tema da crise
venezuelana e, consequentemente, da crise de refugiados venezuelanos no Brasil.
Palavras-chaves: Imigração Venezuelana; Semiótica Discursiva; Sincretismo, Identidade e Alteridade.
Disputa de sentidos sobre Empoderamento Feminino em vídeos de Avon e Bombril
Barbara Faleiro Machado (UNINCOR/FAPEMIG)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de apresentar os sentidos distintos sobre empoderamento feminino mobilizados em vídeos publicitários das empresas Avon e Bombril, através dos recursos verbais e
51
visuais, discutindo-o dentro do contexto multimodal. A pesquisa tem como corpus dois vídeos publicitários
da Avon, estreados em junho e julho de 2017, e dois vídeos da Bombril, lançados em março de 2011 e agosto de 2015 – todos veiculados na televisão e na internet. Define-se, como o quadro teórico da Linguística, as
teorias do Círculo de Bakhtin, em especial, a noção de signo ideológico, enunciado concreto e gêneros do
discurso. A pesquisa se justifica devido à relevância da representação e diversidade femininas (feminilidades) e à urgência em se discutir e compreender o tema empoderamento feminino, constantemente
explorado pela mídia. Busca-se confirmar a disputa de sentidos sobre empoderamento feminino, que tanto
podem reforçar modelos sociais e estereótipos de gênero, assim como abrir para novas formas de
identificação do feminino em nossa sociedade. Palavras-chaves: Empoderamento Feminino; Signo Ideológico; Feminilidade, Círculo de Bakhtin; Vídeo
Publicitário.
A construção identitária da marca e suas relações com o consumidor de moda
Fernanda Fontanetti Gomes (UNIFRAN)
E-mail: [email protected]
Resumo: Uma marca de moda se constrói com a história da sociedade, em um jogo de divergências e
convergências de valores, que em cada recorte de tempo reflete os modos de ser e pensar o mundo,
disseminando, assim, nas tramas do tecido social, um conjunto de valores sócio histórico culturais. Ao expressar de forma integradora, nas diferentes manifestações discursivas seu conjunto de valores, uma marca
intenta instituir sua presença e propiciar uma leitura mais precisa de seu projeto de sentido por parte do
consumidor de moda. O que entra em jogo é a competência da marca em gerar valores baseados em suas especificidades, mas que estejam alinhados aos próprios valores dos consumidores. O alinhar dos valores é o
que fará com que os consumidores sintam que a compra agregará significado para suas vidas. O objeto de
estudo são as campanhas de reposicionamento da marca de moda brasileira, a Riachuelo, que, através de
diferentes suportes midiáticos, dialoga com seus consumidores, demarcando, assim, sua existência. Sob a luz dos pressupostos teóricos e metodológicos da semiótica greimasiana, o presente trabalho busca restituir, pelo
percurso gerativo de sentido, o universo de valores e as trocas que ocorrem no jogo de relações entre marca e
consumidor. Palavras-chaves: Semiótica Francesa; Moda; Identidade; Marca; Consumidor.
A valoração da língua de sinais na comunidade ouvinte: um recorte analítico a partir do discurso de
Márcia, intérprete de Libras
Gabriela Serenini Prado Santos Salgado (UNINCOR/CAPES)
E-mail: [email protected]
Resumo: Ao falarmos sobre uma língua não estamos comunicando apenas palavras no mundo, mas falando
de uma posição particular, que nos coloca ideologicamente em relação a essa língua e aos sujeitos que a
utilizam. Decorrente dessa visão está a compreensão de que a língua é um projeto discursivo orientado por ideologias (MOITA LOPES, 2013) e, assim como qualquer língua, a Língua Brasileira de Sinais, em meio
aos embates, está sujeita à dinâmica social e a interesses conflituosos. Desse ponto de vista, as ideias que os
falantes e interpretes tem da LIBRAS mobilizam modelos socioculturais da língua em uso e podem
influenciar na produção do conhecimento sobre essa língua e nas mudanças de crenças arraigadas. Diante do exposto, o objetivo desta comunicação é apresentar um recorte da pesquisa de mestrado em andamento, que
tem como título, “A construção discursiva da língua de sinas em entrevistas com intérpretes de Libras”. Para
a análise, foram escolhidos excertos da entrevista da intérprete Márcia que abordam sobre a valoração da Língua de Sinais na comunidade ouvinte. Situada no escopo da Linguística Aplicada (doravante LA), esta
pesquisa mobiliza a noção de língua/linguagem advindas dos estudos bakhtinianos (BAKHTIN, 2012, 2016),
as reflexões da sociolinguística sobre línguas minoritarizadas e sobre o mito do monolinguismo no Brasil (CAVALCANTI; BORTONI-RICARDO, 2007; BAGNO, 2013), os estudos sobre surdez (QUADROS,
2004; GESSER, 2012), além dos estudos sobre os processos de referenciação no discurso com Mondada e
Dubois (2003) e Koch (2009).
Palavras-chaves: Língua; Língua Brasileira de Sinais; Intérprete de Libras; Discurso; Ideologia linguística.
O estigma e TDAH: análise do quadro “Os males da alma”, do Fantástico
52
Polyanna Aparecida Silva (UNINCOR)
E-mail: [email protected]
Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é caracterizado por desatenção e
distração, atividade excessiva, impulsividade, dificuldade com frustrações (GOLDSTEIN, 1996, p.20) e dificuldade em aprendizagem. Cypel afirma que “[...] como são comportamentos que podem ser observados
por qualquer pessoa e o conceito está bastante difundido, o diagnóstico vem sendo feito por profissionais e
leigos com certa facilidade, ou até se poderia dizer, com certo exagero” (CYPEL, 2010, p.69). Deste modo,
cria-se um estigma sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, pois qualquer comportamento que fuja da “normalidade”, como, por exemplo, a agitação motora, inquietação e desatenção diante de
qualquer ambiente (estimulante ou não), implicará uma rotulação sobre o estigmatizado, quando o
diagnóstico se dá na fase madura. Estigma, conforme entende Ranyella de Siqueir; Hélio Cardoso (2011) apud Ainlay, Coleman; Becker (1986) (2011, p. 95), “é uma construção social, onde os atributos particulares
que desqualificam as pessoas variam de acordo com os períodos históricos e a cultura, não lhes propiciando
uma aceitação plena social”. Nesse caso, lembra Brzozowski (2009, p. 1166), que “a classificação em si gera
os tipos de pessoas, e é formada por indivíduos que compartilham o mesmo problema. Esse grupo de pessoas possui um nome e suas características são determinadas em função desse nome”. Com base na análise do
vídeo OS MALES DA ALMA – Transtorno de Déficit de Atenção, produzido pelo Fantástico, exibido em 10
de março de 2013, iremos refletir sobre a identidade e os estigmas associados. Palavras-chaves: TDAH; Estigma; Fantástico.
Une nouvelle façon d’enseigner le Français
Rodrigo Barreto da Silva Moura (UERJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: Com o avanço dos estudos linguísticos ao longo do tempo, pudemos observar novas formas de ensino, sobretudo no que toca às novas tecnologias e, também, aos novos ambientes em que o professor pode
ensinar além da sala de aula. Buscando uma análise discursiva desses novos contextos, principalmente,
através da experiência em empresas multinacionais como a Petrobras cujos funcionários não precisam, de fato, da língua francesa, contudo enxergam-na como diferencial no que tange às trocas com parceiros
comerciais e, até mesmo, como um diferencial em suas vidas pessoais. Analisar-se-á, portanto, como a
metrologia precisa ou pode mudar de acordo com o ambiente e, nosso estudo tem por objetivo elucidar novas formas de ensino-aprendizagem em nossa sociedade pós-moderna.
Palavras-chaves: Francês; Empresas; Linguística.
Práticas interacionais na Web 2.0: performances identitárias, interseccionalidade e agenciamento
Thayse Figueira Guimarães (UFGD)
E-mail: [email protected]
Resumo: Esta comunicação focaliza as práticas discursivas de Luan, um jovem negro em interações virtuais.
Os dados foram gerados em uma investigação etnográfica, no contexto interacional da rede social Twitter e
Facebook. As noções de entextualização (BAUMAN; BRIGGS, 1990) e de performances (BUTLER, 1993;
2003) são privilegiadas para dar conta da observação dos processos de circulação e desestabilização de discursos cristalizados de raça, na construção das identificações de Luan. A proposta é entender como Luan
constrói suas performances de raça no contexto interacional on-line, focalizando principalmente o modo
como lida com significados de corporalidade negra, beleza e embranquecimento na negociação de suas performances identitárias. A investigação da circulação dos signos identitários (WORTHAM, 2006) de raça
será feita em intersecção com significados de gênero/sexualidade (BARNARD, 2004; SULLIVAN, 2003),
dando atenção às brechas que Luan encontra para reorganizar os sentidos referentes às práticas em que se engaja. As análises apontam que identificações de raça são entremeadas por marcas de gênero/sexualidade e
que estratégias de agenciamento emergem em meio a uma profusão de significados normativos.
Palavras-chaves: Performances Indentitárias; Interseccionalidade; Interação virtual.
GT FACES E FASES: ESTUDOS DE LITERATURA MEDIEVAL
53
A importância da Filologia para o ensino das línguas germânicas - alguns apontamentos
Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: A partir do advento da Linguística no século XX como ciência principal dentro da área de estudos da linguagem, os aportes da Filologia majoritariamente diacrônicos foram deslocados para um plano
secundário dentro do mundo acadêmico das Letras. Esta comunicação pretende demonstrar a importância da
Filologia, neste caso circunscrita às línguas inglesa e alemã, para a formação dos graduandos e futuros
professores dessas línguas estrangeiras. Através de exemplos de trabalho com o léxico dos primeiros estágios do desenvolvimento desses idiomas, nosso objetivo prende-se à revitalização desse campo de atuação do
profissional de Letras, ao nosso ver indispensável tanto para o professor de línguas quanto para o colega de
literaturas de língua inglesa e alemã. Palavras-chaves: Filologia Germânica; Língua Alemã; Língua Inglesa.
Animais como metáforas do comportamento medieval – uma introdução ao Fisiólogo em antigo-inglês
Bárbara Jugurta de Oliveira Rocha Azevedo (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: Bestiários são formas textuais que consistem em uma coletânea de pequenas histórias, descrevendo
animais reais e imaginários, vegetais e pedras. Da mesma forma que as fábulas, os bestiários medievais também apresentam fundos morais, porém com a diferença de que as morais são apresentadas através de
alegorias cristãs que, além de servirem como veículos de instrução ética e de advertirem sobre a vida,
também contribuem para a instrução religiosa, a fim de que, desta forma, possam assegurar uma vida pura e correta àqueles que seguirem seus conselhos. Diversas foram as traduções feitas a partir do original em
grego, compilado por volta de 140 a.C., porém neste trabalho trataremos d´O Fisiólogo em Antigo Inglês,
presente no Livro de Exeter e datado aproximadamente entre 960 e 990 d.C. Através da tradução e análise do mesmo, esse trabalho tem como objetivo explicar as possíveis simbologias de cada animal, assim como suas
respectivas mensagens moralizadoras relacionadas com a religião cristã já dominante e cristalizada no espaço
da Inglaterra do século X.
Palavras-chaves: Bestiários; Idade Média; Inglaterra; Animais; Metáforas.
A Canção de Luís e a Influência Bíblica em Textos do Medievo Germânico
Gabriel Nascimento da Silva (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: O trabalho em questão consiste na proposta de tradução e análise de A Canção de Luís (Das
Ludwigslied), canção dedicada ao Rei Luís III de França, em que o monarca é louvado por suas diversas qualidades, o que enquadra o texto no gênero germânico da Preislied (Canção de Exaltação). Sendo esta
datada ente 881-882 AEC, é considerada uma das canções mais antigas em Antigo-Alto-Alemão
(Althochdeutsch) que sobreviveram até hoje. Quanto à sua análise, busca-se através da comparação de determinados trechos bíblicos e trechos do texto germânico encontrar as supostas influências bíblicas em seu
conteúdo.
Palavras-chaves: Medievo; Canção; Cristianismo.
Dança macabra – A lembrança da morte medieval na contemporaneidade
Kiefer Pinto Monteiro (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: A partir do século XIV percebe-se na Europa medieval um sentimento de medo crescente face às
incertezas dos novos tempos. Com a epidemia da Peste Negra (1348-1352), acreditava-se em tempos de
expiação de culpas e pecados de todos os elementos componentes da pirâmide social do medievo. De papas, passando por imperadores, nobres, damas até alcançarem os estratos sociais mais baixos da sociedade de
então, usava-se a alegoria da dança macabra – em alemão Totentanz – como imagem da morte, que a todos
enlaçava num bailado eterno, sob a premissa de que a morte une a todos, independentemente de seu status social, buscando relembrar ao homem medieval da fragilidade de sua vida e das consequências das suas
54
ações. Neste sentido, a comunicação tratará dos elementos sociocríticos da Totentanz a partir do fragmento
de Reval, (1463, Totentanz de Reval, tradução de Hartmut Freytag, 1993.), das possíveis origens da Dança Macabra, suas influências posteriores, majoritariamente na parte musical, demonstrando, que ainda nos
tempos atuais a temática da morte está presente e explorada.
Palavras-chaves: Totentanz; Morte Medieval; Dança Macabra.
Literatura, Medicina e Religiosidade: Analisando Fórmulas de Encantamento e Cura da Germânia
Continental
Nanã de Alcântara Bezerra Pacheco (UFRJ)
E-mail: [email protected]
Resumo: Séculos X e XI. Germânia Continental. Na Alta Idade Média, a ordem do mundo aspirava pela salvação divina e a expansão do cristianismo tornava-se uma realidade irreversível por todo o território onde
se encontravam as tribos germânicas. Ainda assim, a religião “pagã” ainda seguia extremamente viva e
difícil de suplantar no coração dos povos germânicos. Antigos rituais conviviam amalgamados a rituais para
o novo Deus vindo de Roma. Nesse contexto, encontramos as fórmulas de encantamento entrelaçadas aos textos literários, médicos e religiosos. O presente trabalho pretende discutir esse processo de sincretismo e
transição através de uma breve análise de fórmulas de encantamento de cura durante o período. As fórmulas
“Gegen die fallende Krankheit (Fallsucht)” - (Contra Epilepsia) e “Gegen die fallende Krankheit (Fallsucht)” - (Contra Epilepsia), apesar de possuírem o mesmo nome, são duas fórmulas de encantamento diferentes.
Com essas duas fórmulas, pretende-se expor, de forma breve, a transição das práticas religiosas dentro deste
recorte histórico. Palavras-chaves: Religião; Encantamento; Magia; Paganismo.