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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANA LUZ ULYSSÉA VILA UTÓPICA: AUTONOMIA A PORTADORES DE ALZHEIMER FLORIANÓPOLIS 2019

VILA UTÓPICA: AUTONOMIA A PORTADORES DE ALZHEIMER

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANA LUZ ULYSSÉA

VILA UTÓPICA: AUTONOMIA A PORTADORES DE ALZHEIMER

FLORIANÓPOLIS 2019

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LUCIANA LUZ ULYSSÉA

VILA UTÓPICA: AUTONOMIA A PORTADORES DE ALZHEIMER

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo

Orientador: Prof. Msc. Carlos Fernando Machado Pinto

FLORIANÓPOLIS 2019

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AGRADECIMENTOS

Ao professor orientador, Msc. Carlos Fernando Machado Pinto, agradeço pela segura

orientação e o compartilhamento de suas experiências e vivências.

Também aos amigos, colegas e professores do curso, por suas valiosas contribuições. Enfim, a

todos aqueles que de alguma forma me auxiliaram na conclusão deste trabalho.

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RESUMO

O trabalho trata da elaboração de anteprojeto de um condomínio “Vila”, destinado a acolher

não apenas portadores da doença de Alzheimer, como também suas famílias. Ainda, o anteprojeto

arquitetônico de duas tipologias de residências unifamiliares (dois e três dormitórios) e espaço de

convivência.

Como fundamentado no decorrer do Capítulo 2, a doença de Alzheimer possui caráter

degenerativo, causando a perda progressiva da memória e de outras funções cognitivas, tendo se

tornado um dos maiores problemas de saúde pública dos últimos tempos. O convívio familiar para

aqueles pacientes age terapeuticamente, garantindo-lhes independência e autonomia. A ideia central

difere-se de casas de repouso e residenciais geriátricos por promover a continuidade do convívio

familiar. O condomínio se propõe a garantir liberdade e segurança aos enfermos e tranquilidade às

famílias.

O Capítulo 3 expõe importantes referenciais projetuais que serviram de base para a elaboração

do partido arquitetônico, principalmente em relação à implantação, setorização e funcionamento da

vila.

Apresentado no Capítulo 4, o terreno a implantar a proposta fica localizado no bairro Vargem

Grande, na cidade de Florianópolis. O local foi escolhido em virtude de suas características físico-

topográficas e por configurar área que se assemelha a ambiente rural, mesmo estando próximo a

equipamentos e importantes bairros da capital.

No Capítulo 5 são apresentados estudos dos condicionantes legais, materialidade, volumetria,

sistemas construtivos e, finalmente, a proposta.

Concluindo o trabalho, foi destacado a importância do estudo de referenciais teóricos e

projetuais, bem como a análise e diagnóstico do terreno, para o embasamento e tomada de decisões

projetuais.

Palavras chave: Arquitetura. Vila. Alzheimer. Convívio familiar. Inserção social.

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ABSTRACT

This work is about a preliminary project of a townhouse, designed to accommodate not only

Alzheimer's patients, but also their families. Even so, the architectural design of two types of family

homes (with two and three bedrooms) and commom space.

As was said in Chapter 2, Alzheimer's disease is degenerative, usually cause progressive loss of

memory and other cognitive functions and has become one of the greatest public health problems of

recent times. Therefore, live with their own Family acts therapeutically for most of patients,

guaranteeing independence and autonomy. The central idea of the project is be different from the

regulars nursing homes and geriatric residences by promoting the continuity of family life. The

townhouse is searching to guarantee freedom and security to the sick and tranquility to the families.

Chapter 3 presents an important design references that were very useful as the basis for the

primary ideas, especially in relation to the implementation, room’s location and operation of the

village.

In Chapter 4, the land to implement the proposal is located at Vargem Grande, in the city of

Florianópolis. The place was chosen because of its physical-topographic characteristics that resembles

the rural environment, it all happens even being close to publics facilities and important

neighborhoods of the capital.

Chapter 5 presents a few studies of the legal constraints, materiality, volume, constructive

systems and, finally, the proposal.

Concluding, this work displays the importance of the study of theoretical and design

references, as well as the analysis and diagnosis of the terrain, for the basis and decision making of the

project.

Keywords: Architecture. Village. Alzheimer. Family life. Social insertion.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Estado de Santa Catarina e Florianópolis

Figura 02: Terreno (vista aérea)

Figura 03: Vila Hogewey

Figura 04: Vila Hogewey

Figura 05: Implantação das edificações das áreas abertas

Figura 06: Praças Centrais

Figura 07: Praças Centrais

Figura 08: Plantas baixas do térreo

Figura 09: Planta baixa do primeiro pavimento

Figura 10: Corte geral

Figura 11: Projeto da Village Landais (vista a partir do pátio interno de um dos bairros)

Figura 12: Implantação da Vila

Figura 13: Corte geral do terreno

Figura 14: Implantação da Vila

Figura 15: Estado de Santa Catarina e Florianópolis

Figura 16: Demarcação do terreno

Figura 17: Terreno (vista sudeste)

Figura 18: Terreno (vista leste)

Figura 19: Terreno (vista sul)

Figura 20: Terreno (vista sudeste)

Figura 21: Equipamentos

Figura 22: Posto de Saúde/UPA

Figura 23: Corpo de Bombeiros

Figura 24: Terreno (vista leste – lago, vegetação e colinas)

Figura 25: Vista aérea da área

Figura 26: Rua Francisco Germano da Costa

Figura 27: Rua Thereza A. R Rizzo

Figura 28: Mapa viário

Figura 29: Incidência solar e de ventos

Figura 30: Terreno (vista nordeste)

Figura 31: Mapa de áreas inundáveis

Figura 32: Perfil da Rod. Francisco Germano da Costa

Figura 33: Perfil da Rua Thereza A. R. Rizzo

Figura 34: Mapa síntese do diagnóstico

Figura 35: Setorização

Figura 36: Fluxograma - Vila – Ambiente de Convivência – Residências Unifamiliares

Figura 37: Implantação

Figura 38: Disposição dos blocos - volumetria

Figura 39: Jobim Carlevaro - Brise de madeira, concreto aparente, lajes projetadas

Figura 40: Henrique Pimont - Concreto, madeira e amplas aberturas de vidro

Figura 41: Planta perspectivada dos pavimentos térreo, superior e cobertura

Figura 42: Setorização do pavimento térreo

Figura 43: Setorização do pavimento superior

Figura 44: Planta perspectivada do pavimento térreo

Figura 45: Planta perspectivada do pavimento superior

Figura 46: Planta perspectivada da cobertura

Figura 47: Corte Perspectivado 1

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Figura 48: Corte Perspectivado 2

Figura 49: Corte Perspectivado 3

Figura 50: Fachada Oeste (principal)

Figura 51: Fachada Leste

Figura 52: Fachada Sul

Figura 53: Fachada Norte

Figura 54: Perspectiva Oeste (principal)

Figura 55: Perspectiva Leste

Figura 56: Detalhe brises pavimento superior e ambiente de estar – sob pilotis

Figura 57: Detalhe da projeção do pavimento superior, balanço de 5 metros

Figura 58: Evolução da volumetria

Figura 59: Ângelo Bucci - Integração interior e exterior

Figura 60: Luiz Fernando Zanoni - Elevação causa a impressão de que a casa flutua

Figura 61: Planta perspectivada do pavimento térreo e cobertura

Figura 62: Setorização da residência

Figura 63: Planta perspectivada do pavimento térreo

Figura 64: Disposição das residências no terreno

Figura 65: Planta Perspectivada da cobertura

Figura 66: Corte 1

Figura 67: Corte 2

Figura 68: Fachada principal

Figura 69: Fachada posterior

Figura 70: Fachada lateral 1

Figura 71: Fachada lateral 2

Figura 72: Perspectiva 1

Figura 73: Perspectiva 2 – integração entre o interior e o exterior da residência

Figura 74: Perspectiva 3

Figura 75: Planta perspectivada do pavimento térreo e cobertura

Figura 76: Setorização da residência

Figura 77: Planta perspectivada do pavimento térreo

Figura 78: Planta perspectivada da cobertura

Figura 79: Corte 1

Figura 80: Corte 2

Figura 81: Fachada lateral 2

Figura 82: Perspectiva do pergolado na fachada lateral 2

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Limites de Ocupação

Quadro 02: Diretrizes macro para o projeto da vila

Quadro 03: Programa de necessidades das residências

Quadro 04: Programa de necessidades do ambiente de convivência

Quadro 05: Relação entre os índices do Plano Diretor e a área construída

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 8

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA 9

1.2 JUSTIFICATIVA 11

1.3 OBJETIVOS 13

1.3.1 Objetivo Geral 13

1.3.2 Objetivos Específicos 13

1.4 METODOLOGIA 14

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

2.1 ALZHEIMER 16

2.1.1 A doença 16

2.1.2 Estágios da doença 17

2.1.2 Reflexos da doença nas famílias dos enfermos 18

2.2 ACESSIBILIDADE 18

3.REFERENCIAIS PROJETUAIS 19

3.1 HOGEWEY (WEESP, HOLANDA) 20

3.2 VILLAGE LANDAIS ALZHEIMER (DAX, FRANÇA) 24

4.DIAGNÓSTICO 27

4.1 O TERRENO E O ENTORNO 28

4.1.1 Localização e características 28

4.1.2 Equipamentos 30

4.1.3 Paisagem 32

4.1.4 Mobilidade urbana (acessos) - Sistema viário 33

4.1.5 Aspectos bioclimáticos 34

4.1.6 Legislação 36

5.PARTIDO GERAL 40

5.1 CONCEITO 41

5.2 DIRETRIZES MACRO 41

5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES 42

5.4 SISTEMAS/ELEMENTOS CONSTRUTIVOS 43

5.5 PROPOSTA 43

5.5.1 Implantação 45

5.5.2 Ambiente de Convivência 46

5.5.2.1 Plantas e Cortes Esquemáticos 47

5.5.2.2 Fachadas 50

5.5.2.3 Perspectivas 51

5.5.3 Tipologia Residencial – 3 dormitórios 53

5.5.3.1 Plantas e Cortes Esquemáticos 54

5.5.3.2 Fachadas 57

5.5.3.3 Perspectivas 59

5.5.4 Tipologia Residencial – 2 dormitórios 60

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

7.REFERÊNCIAS 66

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1.INTRODUÇÃO

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1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O título "Vila Utópica: Autonomia a portadores de Alzheimer" sintetiza a visão de uma vila

utópica, porém não irrealizável, fazendo referência a uma vila ideal, em que os pacientes moradores

viveriam sob vigilância, recebendo cuidados e segurança a todo o momento.

O trabalho trata da elaboração de anteprojeto de um condomínio “Vila”, destinado a acolher

não apenas portadores da doença de Alzheimer, como também suas famílias. Ainda, o anteprojeto

arquitetônico de duas tipologias de residências unifamiliares (dois e três dormitórios) e espaço de

convivência. A escolha do tema se deu em razão do crescimento de ocorrências da doença e também

da falta de espaços similares na cidade de Florianópolis/SC.

O terreno escolhido para implantar o projeto fica no Bairro Vargem Grande, distrito de

Canasvieiras, nesta cidade.

Figura 01: Estado de Santa Catarina e Florianópolis Figura 02: Terreno (vista aérea)

Fonte: Google Earth (modificado pela autora) Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

O termo "vila"1, indicativo de "conjunto de casas individuais, de mesma arquitetura,

implantada no interior de um terreno, conformando ruas e pátios" (ARAGÃO, 2000), reporta a um

ambiente familiar, com caráter mais humanizado e menos impessoal. Por esta razão, optou-se por não

denominar o local como "condomínio", embora a classificação correta seja um condomínio unifamiliar.

A doença de Alzheimer, cujos sintomas mais comuns são a perda grave da capacidade de

pensar e da habilidade de lembrar, tornou-se um dos maiores problemas de saúde pública dos últimos

tempos. De caráter degenerativo, a doença causa a perda progressiva da memória e de outras funções

cognitivas (Gwyther, 2004).

Entende-se que a qualidade de vida deve ser resguardada, primando-se pela saúde, bem-estar

e segurança dos enfermos. A doença possui três estágios e para este trabalho serão focados os níveis

inicial e intermediário, em que os pacientes necessitem de cuidados, porém, que ainda consigam se

locomover e, de certa forma, administrar suas vidas.

A realidade de conviver com pacientes portadores da doença, pode abalar toda estrutura

familiar, alterando, direta e indiretamente suas rotinas. São pacientes, a maioria idosos, que saem de

suas residências e não se recordam de como voltar. Por rápido lapso temporal, ou nem tão rápido

1 Na época romana e na Idade Média, a vila tinha a conotação de residência campestre ou solar. A palavra "vila" não possui mais valor administrativo no Brasil, sendo usada apenas no sentido informal.

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assim, esquecem o que foram fazer na rua e podem se tornar vítimas de pessoas mal-intencionadas.

O risco de ficar exposto ao perigo e exploração é uma realidade, já que estes pacientes não avaliam as

consequências de seus atos e os riscos que correm (Gwyther, 2004).

Casas de repouso, asilos, centros geriátricos, diversos são os nomes e modalidades de

atendimento disponíveis para atender idosos. Porém, não são espaços especialmente projetados para

receber os pacientes vítimas do Alzheimer. Os locais encontrados na cidade de Florianópolis, em sua

maioria, configuram ambientes frios e impessoais, retratando claramente ambientes semi-

hospitalares. Muitas famílias, ao se deparar com estes espaços, acabam recuando, principalmente em

razão do sentimento de culpa. Ainda, a prática de hospedar familiares em lares causa preconceito na

sociedade, que julga a ação como ingratidão e desdém por parte de filhos e netos.

Neste sentido, poder-se-ia pensar, por que afastar o portador de Alzheimer de sua família? Por

que não criar um local que acolha o paciente e também a sua família, mantendo-os unidos? A ideia

central, seria desenvolver uma vila que proporcionasse ambiente seguro e acolhedor para o paciente,

e apto e agradável para ser a moradia do cônjuge e quem sabe, dos filhos e netos. O carinho da família

quebraria a sensação de isolamento e solidão a que os pacientes estariam expostos em casas

geriátricas.

É notório que pacientes que são hospedados em casas de repouso, longe de suas famílias e

amigos acabam entrando em quadro de depressão. O isolamento da família é um agravante da doença,

podendo aumentar a confusão e a perda da memória (Gwyther,2004), por isso, a importância do

convívio familiar para o idoso, estando ele doente ou não. Não se deve afastá-los, ao contrário, deve-

se criar condições de mantê-los unidos, com segurança e qualidade de vida. E aí, entra-se na questão,

viver com dignidade.

Sem a capacidade de avaliar os riscos ou reagir ao perigo, esses indivíduos necessitam de

supervisão a todo o tempo. Em uma vila que garantisse segurança a esses enfermos, as famílias

ficariam tranquilas ao vê-los saírem, darem uma volta no local e se necessário, terem apoio para voltar

para casa. Salienta-se a importância de que a rotina diária dos pacientes seja preservada como era

antes do aparecimento da doença. Deve-se promover a autonomia e a independência, pelo maior

tempo possível (Lenardt; Silva; Seima, 2011).

Como o próprio título do trabalho sugere, a vila seria uma grande utopia. Para os de fora, seria

um ambiente planejado para se parecer com uma cidade, em proporções muito menores. Para os

pacientes, seria de fato, uma pequena cidade, em que eles não teriam a impressão de estar sendo

observados ou cuidados. Se sentiriam aptos a seguir com suas vidas, seguros e com auto estima para

se manterem a frente de suas vidas.

O espaço contaria com diversas residências, uma pequena capela, um mercado interno

(abastecido pelas próprias famílias), uma cafeteria/restaurante, espaço para consultório médico e

odontológico, academia e ambiente de convivência. Comércios e serviços internos, para uso exclusivo

dos moradores, com o fim de parecer uma cidade real. A vila enfatizaria a qualidade de vida de seus

moradores, fazendo os pacientes acreditarem em suas capacidades, independência e autonomia.

O local ofereceria residências de 2 e 3 dormitórios, garantindo a moradia da família. As ruas

seriam dotadas de acessibilidade, adaptadas às limitações dos pacientes, com espaços para

caminhadas, atividades ao ar livre e contato com a natureza.

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Sem ligação aberta com o exterior, o local manteria os moradores seguros da entrada de

pessoas estranhas e também da eventual saída dos portadores de Alzheimer. Estes poderiam sair,

logicamente, acompanhados de pessoas confiáveis. Na vila, as famílias seguiriam suas rotinas com mais

liberdade, uma vez que os pacientes estariam amparados, caso fosse necessário.

A vila contaria ainda com ambiente destinado a acolher a família, com espaço para reunir

pessoas em situações semelhantes, em uma espécie de grupo de ajuda mútua. Seria um espaço em

que os cuidadores trocariam experiências e vivências, não se sentindo mais únicos e desamparados.

Não se pode fechar os olhos para a existência da doença, e nem para o fato de a ciência não

ter evoluído em pesquisas na busca da cura e de medidas que freiem este mal. Deve-se buscar

estratégias para lidar com a situação, proporcionando conforto e bem-estar para os enfermos e

tranquilidade para as suas famílias.

Vivenciar uma situação destas, assistindo e participando de todo o processo de evolução da

doença, proporciona uma visão realista do que acontece nos lares dos portadores de Alzheimer.

O interesse pelo tema "Alzheimer" surgiu de minha experiência pessoal, convivendo com avós

portadores da doença. Também, aos meses em que trabalhei e visitei um residencial geriátrico, vendo

de perto a rotina dos pacientes.

Do exposto, faz-se importante esclarecer que a atividade a ser desenvolvida é o anteprojeto

de dois tipos de residências unifamiliares e também de um ambiente de convivência. As demais

edificações e ambientes citados seriam diretrizes de um projeto muito mais amplo, que não será objeto

do trabalho.

1.2 JUSTIFICATIVA O que aconteceria se... Você se encontrasse numa enorme e estranha sala de jantar cheia de pessoas idosas e doentes? Você procurasse por uma face ou voz familiar, mas tudo, sons, ambiente e sentimentos, estivessem confusos? Como você chegou ali? O que você deveria estar fazendo? Onde você deveria estar? Há quanto tempo você está aqui? Algum familiar seu saberá como encontrá-lo? [...] Você diz ao jovem todo de branco perto de você que está na hora de você ir para casa, mas ele responde 'Agora esta é a sua casa'! [...] 'Alguém deve estar esperando por mim, preocupado por não saber onde estou'. 'Por que as pessoas estão sorrindo para mim como se me conhecessem?' [...] (Parte da gravação de um paciente com Alzheimer, relatada pela Dra. Jennifer Horner) (GWYTHER, 2004 p. 14).

O Alzheimer configura apenas um dos tipos de demência e é a doença neurodegenerativa que

mais acomete a humanidade. O quadro se caracteriza pela perda progressiva e irreversível da memória

e em alguns casos, da capacidade cognitiva (Cayton, 2000 apud Lima, 2008).

Conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que os 35,6 milhões de

pacientes diagnosticados com demência em 2010 passarão a ser 115 milhões em 2050. Destes casos

de demência, 60% a 70% estarão relacionados à doença de Alzheimer (Who, 2012 apud Lukamba,

2016). Tal informação assusta e retrata uma triste realidade que tende a piorar com o passar dos anos.

E a ciência não tem progredido na busca por tratamentos para doença.

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Com a evolução científica na área da saúde, com a cura e o controle de diversas patologias, a

expectativa de vida aumentou e com isso, o número de doenças senis também. Em 2025 a população

idosa crescerá cerca de 30% em todo o mundo, representando 25% da população de adultos (Lima,

2008).

De 5% a 10% das pessoas com mais de 65 anos serão acometidas pelo Alzheimer. Dos idosos

com mais de 80 anos, serão 25%, e este número sobe para 47% para aqueles que passarem de 85 anos.

O início da doença pode ocorrer entre 40 e 90 anos de idade. Observa-se que apesar de a doença ser

muito rara em pessoas com menos de 65 anos, há casos confirmados de pacientes na faixa dos 30 anos

(Gwyther, 2004). É indiscutível o impacto que a doença provoca e tende a provocar na sociedade.

Tido como a doença do século, o Alzheimer finalmente ganhou notoriedade por parte da

sociedade, que tem estado mais alerta sobre a doença. Uma em cada três pessoas testemunhará o

Alzheimer em um familiar (Gwyther,2004).

A família, que muitas vezes está em idade produtiva, torna-se a segunda vítima da doença. O

estresse desencadeia crises de depressão, ansiedade e insônia naqueles que cuidam do paciente de

Alzheimer. A doença acarreta uma sobrecarga física e emocional na família, que precisa se adaptar às

circunstâncias difíceis de lidar com a situação (Lima,2008). Não possuindo condições de cuidar de seus

entes enfermos, as famílias acabam deixando-os de lado, nas mãos de cuidadores profissionais ou até

mesmo sozinhos, presos em casa.

Ressalta-se que quase metade dos pacientes das casas de repouso tradicionais possuem

Alzheimer, isto demonstra claramente o alto índice de pacientes que necessitam de atenção (Gwyther,

2004).

A ideia de criar uma vila surgiu da necessidade de devolver a independência a estes pacientes,

livrando-os das atmosferas frias e impessoais dos hospitais. Para tanto, ambientes seriam projetados

para proporcionar aconchego e a agradável impressão de "estar em casa". A autonomia monitorada

por profissionais capacitados devolveria aos "pacientes moradores" a alegria e vontade de viver,

mantendo-os inseridos na vida social. As famílias, por sua vez, seguiriam com suas rotinas de trabalho

e demais obrigações, sem carregar o sentimento de culpa por não poder ter dispensado a devida

atenção a seus queridos familiares. A segurança em deixá-los em boas mãos incentivaria a procura por

espaços similares à vila.

Assim, este trabalho encontra respaldo não só nos casos já existentes da doença de Alzheimer,

mas também no doloroso prognóstico do que estaremos vivenciando nos próximos anos. Diante da

falta de espaços semelhantes, o trabalho se justifica pela busca de locais que acolham não só os

pacientes, mas também as famílias, que estarão tranquilas em saber que seus parentes estarão bem

cuidados.

Por esta razão, entende-se que uma vila que acolha, cuide, dê segurança e autonomia aos

portadores da doença, causaria um impacto positivo na sociedade, como uma nova forma de cuidar

dos enfermos. A ideia central do projeto, seria resguardar a dignidade aos pacientes, que viveriam ao

lado de suas famílias, em lar protegido e cercados de pessoas na mesma situação. Segundo Pelzer

(2005), o carinho da família quebraria a sensação de isolamento e solidão, trazendo a sensação de

segurança àqueles que se sentiriam em ambiente familiar, com pessoas e objetos familiares. Os

ambientes seriam planejados para serem acolhedores.

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Localizada no estado de maior expectativa de vida do país, Florianópolis figura entre as cidades

mais procuradas, quando se fala em qualidade de vida. A escolha do local para implantar o projeto,

terreno situado às margens da rua Francisco Germano da Costa, no Bairro Vargem Grande, Distrito de

Canasvieiras, em Florianópolis/SC se deu principalmente em razão da proximidade com áreas verdes.

O contato com a natureza agiria terapeuticamente e devolveria a sensação de liberdade aos

moradores.

O fato de o terreno ser plano também foi importante na decisão, já que a acessibilidade é

questão imprescindível no projeto. Por fim, por estar dentro dos parâmetros de adequação de usos,

traçado pelo Plano Diretor de Florianópolis e não estar inserido em área sujeita a alagamentos,

entendeu-se ser o terreno ideal para comportar a vila.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Elaborar anteprojeto arquitetônico de residências unifamiliares e ambiente de convivência, a

serem implantadas no município de Florianópolis/SC, em um condomínio multifamiliar destinado a

acolher não apenas portadores de Alzheimer, mas também suas famílias.

1.3.2 Objetivos Específicos

• Pesquisar o conceito e as consequências do Alzheimer, sob uma perspectiva comportamental,

bem como dados estatísticos da população portadora da doença e as reais necessidades destes

usuários;

• Examinar arranjos espaciais para organizar e estruturar o projeto da vila;

• Interpretar a legislação pertinente ao tema;

• Estudar referenciais projetuais que possam nortear a pesquisa;

• Realizar diagnóstico de terreno passível de implantar o projeto da vila;

• Estabelecer programa de necessidades que considere o tema proposto;

• Definir diretrizes que orientem o projeto;

• Elaborar partido arquitetônico que contemple o projeto objeto da pesquisa, embasando a

etapa seguinte, que consiste na elaboração de anteprojeto.

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1.4 METODOLOGIA

A metodologia seguida para alcançar os objetivos propostos no trabalho, contempla as

seguintes etapas:

• Pesquisa bibliográfica de referenciais teóricos em livros, artigos científicos, textos e conteúdo

digital, coletando dados e informações sobre o Alzheimer, saúde e idosos;

• Análise de referenciais de projeto, materialidade, volumetria, sistemas construtivos,

adequando-os ao programa de necessidades;

• Estudo de caso de projeto com características semelhantes;

• Pesquisa de normas que atendam às necessidades dos usuários do espaço;

• Visita a locais com uso similar ao projeto a ser elaborado;

• Visita ao terreno a implantar o projeto.

No próximo capítulo, serão abordadas informações diretamente relacionadas à doença de

Alzheimer, buscando-se fazer uma explanação não tanto científica, mas mais direcionada ao que

realmente importa para fins de projeto, como os sintomas e consequências da doença, as necessidades

dos pacientes e famílias e alternativas terapêuticas que embasem o projeto.

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2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2.1 ALZHEIMER

Embora o foco deste estudo não seja propriamente a Doença de Alzheimer, faz-se necessária

uma breve exposição da forma como a doença acomete o ser humano. Entendendo a doença, as

causas, sintomas e tratamento, é possível haver um melhor esclarecimento das reais necessidades dos

pacientes e também das famílias cuidadoras.

2.1.1 A doença

Descoberta pelo médico alemão Aloysius Alzheimer e apresentada à comunidade científica em 1906, a doença de Alzheimer2 por muito tempo foi tratada pelo termo "demência senil". Existem diversas doenças que podem acometer os idosos, no entanto, a de Alzheimer é a mais frequente e significativa de todas (Caremelli; Viel, 2006).

Doença neurodegenerativa progressiva, sem cura e de caráter irreversível, o Alzheimer se

caracteriza pela grave e progressiva perda da memória recente e da habilidade de pensar. Na doença,

parte do cérebro que controla a memória, o raciocínio e a capacidade de julgamento é danificada. A

perda das funções cognitivas acaba prejudicando o desempenho do paciente em suas atividades

diárias, sociais, ocupacionais e intelectuais (Lima, 2008).

Por muitos anos a doença foi negligenciada pelas autoridades governamentais, pela sociedade

e pela própria medicina. Apenas em 1970 que surgiram os primeiros estudos epidemiológicos

demonstrando a dimensão do problema na saúde pública. Sendo um dos assuntos médicos mais

pesquisados na atualidade, percebe-se que a sociedade tem estado mais alerta em relação à

enfermidade (Caremelli; Viel, 2006).

O Alzheimer consiste em doença cerebral e não doença de envelhecimento normal, como

muitos pensam (Gwyther, 2004). E realmente, não é preciso voltar tantos anos assim, para lembrar de

casos semelhantes, com os mesmos sintomas, mas que eram considerados normais. Isto porque

ignorava-se a doença, não era feito o diagnóstico. Achava-se normal envelhecer e ficar esquecido. Hoje

sabe-se que não é bem assim, a ciência evoluiu e comprovou tratar-se de doença sim, ainda sem cura,

mas que aos poucos tem recebido a atenção que necessita.

O esquecimento normal é diferente daquele que ocorre na doença de Alzheimer. Normal seria

esquecer um nome. Os portadores da doença não esquecem apenas o nome, esquecem da pessoa

cujo nome tentam lembrar. Esquecem totalmente de acontecimentos recentes. Nestes pacientes, a

noção de tempo fica distorcida (Pelzer, 2005).

O diagnóstico definitivo da doença só é possível mediante exame realizado post mortem -

necropsia. Entretanto, o diagnóstico clínico da doença é aceito pela comunidade médica internacional

(Caremelli; Viel, 2006). Assim, o diagnóstico é feito por exclusão de outras enfermidades que causam

falhas de memória.

2 Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), é uma "doença cerebral degenerativa primária de etiologia desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos. Instala-se usualmente de modo insidiosos e desenvolve-se lenta, mas continuamente por um período de anos. [...]" (DATASUS e Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10).

17

2.1.2 Estágios da doença

Nesta pesquisa, faz-se importante identificar os estágios da doença, uma vez que o projeto a

ser iniciado contempla apenas os estágios inicial e intermediário da mesma.

São três os estágios de progressão da doença, podendo variar de um paciente para outro.

Ressalta-se, porém, que os estágios aqui apresentados não representam unanimidade na literatura

médica, havendo diferentes classificações.

• 1º estágio (período 2 a 4 anos): O principal sintoma é a perda da memória recente. Ocorre uma

desorientação no tempo e no espaço (Lima, 2008). O paciente não sabe o que estava fazendo

ou o que ia fazer, perde a noção de lugares, não sabe para onde ia, nem voltar para a casa.

Lentidão para executar trabalhos, dificuldade em lidar com dinheiro e pagar contas.

Depressão, frustração por não conseguir realizar tão bem tarefas que realizava antes. Perda

do interesse por acontecimentos familiares, tentando se esconder para encobrir suas falhas

(Gwyther, 2004);

• 2º estágio (período de 2 a 10 anos após o diagnóstico): Crescente perda de memória e

confusão, o tempo de atenção fica mais reduzido. Dificuldade em reconhecer familiares e

amigos. Alterações de percepção e de ordem motora. Dificuldade em organizar o raciocínio e

pensar logicamente. Há relatos de pacientes que fogem de casa, tentam pular as janelas,

perdem o controle da impulsividade, não sabem qual o lugar apropriado para tirar as roupas.

Comportam-se inadequadamente em locais públicos (Lima, 2008).

• 3º estágio: (período de 1 a 3 anos - final): Não reconhece a família e nem a si mesmo em frente

ao espelho. Pouca capacidade de tomar conta de si mesmo. Não consegue se comunicar com

palavras. Não controla a bexiga e o intestino. Totalmente dependente (Lima, 2008).

Salienta-se que a maioria dos pacientes em estágios iniciais e secundários da doença está

atenta, é sociável e aparenta boas condições físicas (Gwyther, 2004). E é justamente este o perfil dos

pacientes a habitarem a vila a ser projetada.

É muito difícil prever tudo o que um paciente mentalmente prejudicado pode fazer. Como

visto, os portadores da doença perdem a noção de julgamento, não conseguindo avaliar as

consequências de seus atos, colocando-se em constantes situações de riscos.

A exemplo, os pacientes podem ficar doentes por permanecer ao relento, se tornar vítimas

dos outros, assinar documentos que não entendem, comprar objetos de que não precisam, gastar

dinheiro sem controle ou até mesmo sofrer abuso sexual (Schneider, 2004).

Uma das principais ações praticadas pelos pacientes de Alzheimer é a deambulação. Trata-se

do ato de passear sem rumo certo, ao acaso, perambulado pelas ruas, em qualquer lugar e em

qualquer horário. A prática é motivo de grande preocupação para as famílias e cuidadores, que se

veem obrigados a trancar as portas e ficar em constante vigilância. O chamado efeito crepúsculo, que

ocorre após às 17h (final de tarde - início da noite) torna os pacientes mais agitados e implicantes, mais

susceptíveis a escapar (Gwyther, 2004).

18

2.1.2 Reflexos da doença nas famílias dos enfermos

As famílias também sentem as consequências da doença. Ao necessitar alterar suas rotinas,

abrir mão de suas vidas para amparar o paciente em tempo integral, muitos acabam entrando em um

quadro de estresse e depressão.

São pessoas que não conseguem se ausentar de suas casas nem para ir a um supermercado, a

uma consulta médica ou ao dentista. Os cuidadores acabam se privando de ter uma vida social normal,

para garantir a segurança e o bem-estar de seus familiares doentes.

Aos poucos, o desgaste físico e emocional começa a pesar e é nesse momento que as famílias

optam pela ajuda externa. Muitos encontram como solução a hospedagem do paciente em

residenciais geriátricos. Como consequência, a família carrega a culpa por ter "desistido" de seu

familiar, e o paciente, acaba deprimido ao perceber que está "sozinho". A família ainda carrega o fardo

do preconceito da sociedade, que os aponta como ingratos.

Outros encontram como opção a contratação do serviço home care, em que um profissional

dá suporte ao idoso dentro de casa. Neste caso, a família consegue descansar e realizar atividades fora,

porém, o paciente continua preso dentro de sua residência.

Há ainda situações que acontecem nos pacientes em fase inicial e às vezes intermediária da

doença. São pessoas que aparentemente não requerem cuidados especiais de profissionais da

enfermagem ou cuidadores, porém, não possuem mais condições de sair de casa, sob o risco de não

saberem mais retornar, sofrerem algum constrangimento na rua ou até mesmo algum tipo de abuso.

Neste caso, a família também precisa estar constantemente em alerta.

2.2 ACESSIBILIDADE

Primordial em qualquer projeto arquitetônico de uso coletivo, seja público ou privado, a

acessibilidade na vila a ser projetada seguiria os parâmetros necessários para garantir a todos os

ocupantes, condições de se apropriar do espaço com segurança, autonomia e conforto.

Ao elaborar o projeto, atentar-se-ia às diferentes necessidades dos usuários. Desde a fase de

escolha do terreno, já seriam consideradas as questões norteadoras para serem respeitadas as normas

balizadoras do acesso ao espaço. Ausência de escadas, degraus, barreiras e qualquer tipo de entrave

que prejudique o uso dos espaços pelos usuários moradores ou visitantes, visando facilitar o

deslocamento dos mesmos. A escolha dos materiais também seria decisiva na busca de ambientes

acessíveis.

O Decreto Federal nº 5.296/2004 expõe em seu artigo 8º, inciso I que a acessibilidade deve

estar presente não apenas nas edificações, mas nos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos.

Desta forma, o projeto da vila (em uma escala macro – diretrizes) contemplaria as estratégias

necessárias para seguir fielmente o que trata a NBR 9050/2015, da ABNT, além da legislação específica.

Garantindo acessibilidade de todos, a todos os lugares.

Na próxima etapa desta pesquisa, será realizado estudo de referenciais projetuais, que

auxiliarão no processo de tomada de decisões, agindo como subsídios para estruturação do projeto.

19

3.REFERENCIAIS PROJETUAIS

20

3.1 HOGEWEY (WEESP, HOLANDA)

"Criada para aqueles que se esqueceram quem são, para aqueles que não contam mais o tempo, para aqueles a que o amor e o cuidado são tudo o que mais importa" (Fundadores da Dementia Village - Hogewey)

Figuras 3 e 4: Vila Hogewey

Fonte: Detail (2) Hypeness (3)

• Local: Weesp, Holanda

• Cliente: Vivium Zorggroep

• Conclusão da obra: final de 2009

• Arquiteto paisagista: Niek Roozen

• Arquitetos do projeto: Michael Bol, Frank van Dillen e Ivo van den Thillart

• Área total: 12.000m²

• Vencedor de inúmeros prêmios internacionais, o projeto se tornou referência para o resto do mundo

• Materiais: alvenaria, madeira, vidro, tijolo de clínquer

Fruto da imaginação de Yvonne van Amerongen, um cuidador que trabalhou por décadas com

pacientes com perda de memória, o projeto da Vila Hogewey surgiu de uma pesquisa por um tipo de

casa onde os moradores pudessem participar da vida, da mesma forma como faziam antes de

descobrirem a doença.

O projeto, que foi pioneiro na forma de abordagem do Alzheimer teve como premissa

principal, uma arquitetura para proteger:

• Garantindo privacidade, independência e autonomia aos residentes;

• Unindo o espaço urbano à natureza;

• Promovendo espaços compartilhados;

• Interando o espaço privado com o espaço público;

• Proporcionando o bem-estar dos residentes;

• Fugindo dos ambientes hospitalares, com espaços e mobiliários que transformam o local em

um verdadeiro lar.

Assim, a Vila compreende um grande lar para idosos portadores de Alzheimer, em ambiente

totalmente adaptado à realidade dos pacientes. No local, os pacientes moram juntos, em residências

compartilhadas, onde tudo lhes parece familiar. Administram suas próprias vidas e casas, com

21

normalidade, em um mundo que quem não é paciente, é profissional da área da saúde. Os pacientes

continuam fazendo suas próprias escolhas, sendo respeitados e monitorados por profissionais.

O projeto, que englobou planejamento urbano, arquitetura, engenharia, design de interiores

e paisagismo, planejou 23 casas, com tipologias diferentes, onde 152 internos e 30 profissionais

residem. Cada residência é habitada por 6 a 8 pessoas, com estilos de vida semelhantes.

Figura 5: Implantação das edificações das áreas abertas

Fonte: Hogewey, modificado pela autora

A ideia foi trazer dinamismo para o projeto, onde a sala de estar fica ampliada, pela relação interior x exterior.

As residências foram implantadas ao redor de "centros", onde as paredes assumem a função de garantir a privacidade e segurança do local.

O conceito jardim do projeto, visou trazer liberdade, em meio ao verde.

22

* Fonte das imagens: Hogeweyk

Conceito de espalhar as edificações no terreno. Horizontalidade - baixo gabarito - baixa densidade.

Dentro de Hogewey, observa-se ruas, praças, jardins e parques, onde moradores caminham

com segurança e em liberdade. O acesso é controlado e o local é cercado, com o cuidado de não se

parecer com uma prisão. São espaços que garantem a comunicação e o intercâmbio social dos

residentes.

Figuras 6 e 7: Praças Centrais

Fonte: Detail (5) e Hogewey (6)

As edificações, de até dois pavimentos, compreendem:

Térreo (misto - comercial e residencial):

• 16 unidades habitacionais (320m² cada);

• teatro; clube cultural;

• restaurante; café;

• centro comunitário;

• instalação sanitária pública;

• mercado;

• salão de beleza;

• lojas de ferragens;

• ambulatório;

• clubes de lazer;

• sala de fisioterapia;

• sala de internet.

1º pavimento (residencial):

• 7 unidades habitacionais (320 m² cada);

• instalação sanitária pública;

• salas de reuniões. * Unidades habitacionais geminadas, cada uma com um quarto duplo e sete quartos individuais.

23

Figuras 8 e 9: Plantas baixas do térreo (esq.) e primeiro pavimento (dir.)

Fonte: Hogewey

Figura 10: Corte geral

Fonte: Hogewey

Os profissionais da saúde atendem nestes estabelecimentos, se fazendo passar por

atendentes, recepcionistas, garçonetes, mantendo os residentes crédulos de que levam uma vida

normal. Referente a esta forma de abordagem "a maneira como tudo se desenvolve dentro da Vila,

demonstra a evolução cultural e de mentalidade de um país, que encontrou uma forma de fazer

diferente, criando um sistema social feito para a população" (BARBOSA,2017).

O diferencial do projeto consiste em apresentar 7 estilos diferentes na decoração, no design

das residências e na maneira como a rotina e atividades se desenvolvem. Os estilos retratam as

preferências sobre trabalho, família, vida, consumo e lazer, que os residentes costumavam ter antes

de habitar o local.

Potencialidades do projeto: residências com identidade própria, implantação/configuração

espacial da vila, programa de necessidades que garante atividades e vida social aos residentes e

interação com a natureza.

24

3.2 VILLAGE LANDAIS ALZHEIMER (DAX, FRANÇA)

Figura 11: Projeto da Village Landais (vista a partir do pátio interno de um dos bairros)

Fonte: Champagnat & Grégoire, 2016

Uma vila real, em que os habitantes desfrutam de grande liberdade de movimento.

• Local: Dax, França

• Proprietário: Conselho do Condado de Landes

• Início da obra: abril de 2018

• Data prevista para a inauguração: dezembro de 2019

• Arquitetos: Champagnat & Grégoire, Nord Architects

• Área construída: 10.700m²

• Materiais: alvenaria, madeira e vidro

Ganhador de um concurso para realizar uma vila para pessoas com doença de Alzheimer e

demência, na França, o projeto da Village Landais Alzheimer teve como diretrizes:

• Criar senso de normalidade e bem-estar aos portadores da doença;

• Promover a interação com a natureza;

• Manter laços estreitos entre os pacientes e a família;

• Remover símbolos médicos ("jaleco branco");

• Prática de atividades terapêuticas, para preservar a habilidade cognitiva;

• Respeito ao estilo de vida, autonomia e intimidade dos habitantes;

• Criar ambiente adaptado para pessoas com distúrbios cognitivos, oferecendo personalidade geográfica nas residências, para auxiliar a localização dos moradores;

• Tirar proveito da iluminação natural, por meio da escolha dos materiais e formas.

A vila se organiza em torno de um centro, a Bastide. O projeto previu 4 bairros implantados

em ambiente arborizado com mais de 5ha. Cada bairro possui 4 casas de 300m² cada (7 a 8 ocupantes

= 120 ocupantes). Os bairros possuem pátio próprio e são conectados por rua urbana que leva ao

centro da vila.

25

Figura 12: Implantação da Vila

Fonte: Champagnat & Grégoire (modificada pela autora)

Bastide:

Pavimento superior:

• serviços administrativos;

• recepção;

• centro de pesquisas;

• acomodações temporárias para familiares e pesquisadores.

Pavimento térreo:

• auditório (80 pessoas) - música e teatro;

• biblioteca;

• sala de atividades - artística e musical;

• cabeleireiro e salão de beleza;

• minimercado (produtos da vida cotidiana);

• restaurante (funcionários, residentes, família e amigos);

• áreas de estar e exercício de residentes, funcionários e voluntários;

• área médica (academia, enfermaria, espaço sensorial) - médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos.

Figura 13: Corte geral do terreno

Fonte: Nord Architects, 2016

26

Uma rua urbana leva ao centro da vila, com caminhos cheios de experiências e estímulos

sensoriais. As residências possuem áreas comuns (terraço, sala de estar, sala de jantar e cozinha) e

quartos espaçosos com BWC´s exclusivos.

Um grande parque, com lagoas e vasta vegetação proporciona contato com a natureza. O

jardim compartilhado e a mini fazenda, com espaço para cuidar de animais, agem como terapia para

os habitantes da vila.

Figura 14: Implantação da Vila

Fonte: Village Landais

No projeto, houve a preocupação em garantir a segurança dos residentes, não configurando

uma "prisão. Assim, a cerca que delimita a vila utiliza elementos arquitetônicos e paisagísticos

presentes na área, sem a impressão de cercas restritivas.

Potencialidades do projeto: implantação, fluxos, programa de necessidades, funcionamento da vila.

A análise dos referenciais projetuais foi de grande importância para pesquisa, principalmente

no que tange à percepção dos espaços, à implantação das edificações no terreno, bem como aos

acessos, fluxos e os programas de necessidades.

No próximo capítulo, será exposto o diagnóstico do terreno eleito a implantar o projeto.

27

4.DIAGNÓSTICO

28

4.1 O TERRENO E O ENTORNO

4.1.1 Localização e características

Situado às margens da Rodovia Francisco Germano da Costa, no bairro Vargem Grande, norte

da ilha de Florianópolis/SC, o terreno a implantar o projeto está inserido em área pouco urbanizada,

próximo a importante via que faz a ligação do norte da ilha com a área central da cidade, a SC 401.

Figura 15: Estado de Santa Catarina e Florianópolis

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

Figura 16: Demarcação do terreno

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

Área total do terreno: 137.350m² (13,73ha)

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Figura 17: Terreno (vista sudeste)

Fonte: Autora, 2019

Confrontantes:

• Leste: Academia Nacional da Polícia Rodoviária Federal;

• Oeste, norte e sul: Ampla área verde, com raras edificações.

Figura 18: Terreno (vista leste)

Fonte: Autora, 2019

Figura 19: Terreno (vista sul)

Fonte: Autora, 2019

30

Figura 20: Terreno (vista sudeste)

Fonte: Autora, 2019

No contexto do bairro, a maioria dos espaços são áreas residenciais. As escassas construções

imediatamente vizinhas ao terreno são residências de baixo gabarito, configurando uma baixa

densidade populacional. A topografia do terreno é praticamente plana, variando apenas um metro,

em uma pequena parte do lote. A área possui infraestrutura básica, com rodovias, vias pavimentadas,

sistema de telecomunicações, rede de distribuição de água, coleta de resíduos, além de sistema de

transmissão de energia.

4.1.2 Equipamentos

Próxima a importantes bairros da cidade, a área em que o terreno a implantar o projeto está

inserido possui importantes equipamentos em sua volta:

• 2,7km - 7ª Delegacia da Capital e Centro de Eventos Luiz Henrique da Silveira - Cultural;

• 3km - Casa lotérica, Agência dos Correios, supermercados e comércio vicinal;

• 3,8km - Agência do Banco do Brasil;

• 2,8km - Agência da Caixa Econômica Federal;

• Educacional - Em um raio de 3km, mais de 10 escolas, particulares e públicas;

• Religioso - Em um raio de 4km, mais de 15 locais de culto, de diferentes religiões, estando a

mais próxima a 1,5km de distância do terreno.

31

Figura 21: Equipamentos

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

Em um raio de abrangência ainda menor, a 800m de distância do terreno, está o Terminal de

Ônibus de Canasvieiras (TICAN), a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o Posto de Saúde e o Corpo

de Bombeiros Militar de Canasvieiras.

Figuras 22 e 23: Posto de Saúde/UPA (esq.) e Corpo de Bombeiros (dir.)

Fonte: Autora, 2019

32

4.1.3 Paisagem

São interferências naturais, o pequeno lago e a vegetação, com árvores de pequeno e médio

porte, inseridos no próprio terreno. Além da ampla área verde não edificada que circunda o local e as

baixas colinas avistadas na direção leste e também noroeste. Não há interferência de construções

vizinhas, uma vez que as poucas que existem nas proximidades possuem baixo gabarito.

Figura 24: Terreno (vista leste – lago, vegetação e colinas)

Fonte: Autora, 2019

Figura 25: Vista aérea da área

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

33

4.1.4 Mobilidade urbana (acessos) - Sistema viário

O terreno está localizado em área de fácil acesso, possuindo conexão com diferentes bairros

da cidade. As praias de Canasvieiras e Jurerê acessam o local pelas rodovias Virgílio Várzea e Francisco

Germano da Costa. Os demais bairros, por meio da SC 401 (Rod. José Carlos Daux) e Rua Thereza

Augusta Ramos Rizzo.

Fator importante a ser considerado é a proximidade do terreno com o Terminal de Ônibus de

Canasvieiras (TICAN), que garante fácil deslocamento às outras localidades. Por estar inserido em uma

esquina, o terreno pode ser acessado tanto pela Rodovia Francisco Germano da Costa, quanto pela

Rua Thereza Augusta Ramos Rizzo.

Figuras 26 e 27: Rua Francisco Germano da Costa (esq.) e Rua Thereza A. R. Rizzo (dir.)

Fonte: Autora, 2019

Quase todas as ruas próximas ao terreno são pavimentadas. Observa-se fluxo intenso na SC

401. As demais ruas próximas ao terreno possuem baixo tráfego.

Figura 28: Mapa viário

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

34

4.1.5 Aspectos bioclimáticos

Macroclima: Segundo a classificação de Köppen, o clima da cidade de Florianópolis é

considerado subtropical úmido, com estações bem definidas, precipitações significativas em todos os

meses do ano, com verão quente e inverno brando (EMBRAPA, 2019).

Mesoclima: A incidência de ventos na área em que o terreno está inserido é grande, em razão

de não haver barreiras naturais (relevo) e nem artificiais. O mesmo ocorre com a insolação, que é

constante, já que as poucas edificações próximas possuem baixo gabarito, não impactando no

sombreamento.

Microclima: Inserido em ampla área verde, o terreno possui um pequeno lago e árvores de

pequeno/médio porte, garantindo a interação solo-vegetação-atmosfera, configurando um

microclima favorável nos meses mais quentes e secos. A proximidade com o mar também age como

regulador do clima, proporcionando conforto térmico nos espaços abertos.

Figura 29: Incidência solar e de ventos

Fonte: Google Earth (modificado pela autora)

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Fatores climáticos globais (INMET):

• Latitude: 27°27'30.97"S;

• Longitude: 48°27'50.31"O;

• Altitude: varia entre 9 e 10 metros;

• Regime de ventos: Vento dominante – Sul (mais intenso)

Vento reinante – Nordeste (mais frequente)

• Intensidade de ventos: Pouca variação no decorrer dos meses do ano, entre 2,38m/s e

3,93m/s.

Fatores climáticos locais (INMET):

• Topografia: relevo plano;

• Vegetação: O terreno possui farta vegetação e é cercado por áreas verdes ainda não

edificadas;

• Temperaturas do ar: verão (máx. 28,5°C - mín. 20°C), inverno (máx. 21°C - mín. 13°C);

• Umidade relativa: Média de 80% ao ano;

• Precipitações ao longo do ano: verão possui maior incidência, nas demais estações é estável.

Figura 30: Terreno (vista nordeste)

Fonte: Autora, 2019

36

Segundo constatação do Geoprocessamento Corporativo da Prefeitura Municipal de

Florianópolis, o terreno não configura área inundável.

Figura 31: Mapa de áreas inundáveis

Fonte: Google Earth (modificado pela autora, com apoio do Geoprocessamento da PMF)

4.1.6 Legislação

O atual Plano Diretor de Florianópolis (Lei Complementar nº 482/2014) trata o terreno em

questão, como Área de Urbanização Especial (AUE). Com o objetivo de promover a qualidade de vida,

a integração social e o bem-estar dos cidadãos, a lei estabelece parâmetros a serem respeitados, a

depender do zoneamento em que as áreas estão inseridas.

O projeto em questão contempla uma vila (condomínio residencial unifamiliar), com uso

adequado ao terreno, segundo os parâmetros que seguem:

Quadro 01: Limites de Ocupação

Áreas de Urbanização Especial (AUE´s):

• Número máximo de pavimentos: 2 (sem previsão de acréscimo);

• Taxa de ocupação máxima (TO): 15%;

• Taxa de impermeabilização máxima (TI): 25%;

• Altura máxima da fachada/até a cumeeira: 7/10m;

• Coeficiente de Aproveitamento máximo (CA): 0,1;

• Densidade líquida: 15hab/ha.

Fonte: Anexo F01 do Plano Diretor de Florianópolis

37

Observa-se que no Plano Diretor houve uma preocupação em não densificar demasiadamente

a área, seja pelo limite de gabaritos, pela taxa de ocupação ou até mesmo pela baixa densidade

estipulada.

O propósito dos legisladores, ao demarcarem estas áreas de urbanização especial, foi garantir

a preservação de zonas ambientalmente sensíveis, realizando a sua transição para a cidade

consolidada (Siqueira; Schleder; Magnanti,2019). O Plano ainda insere estas AUE´s em Áreas Especiais

de Intervenção Urbanística (AEIU´s), sendo que justamente as AUE´s foram as únicas não

contempladas em seções específicas explicativas na legislação.

Conforme o próprio Plano Diretor estabelece, não é permitido o parcelamento de áreas

inseridas em AUE´s. Neste caso, tomar-se-ia caminho a se furtar da figura dos loteamentos. Para tanto,

o projeto contemplaria a figura do condomínio edilício, uma vez que sua finalidade não acarretaria

considerável adensamento da área. O objetivo seria manter o convívio comum dos proprietários. Nesta

modalidade de condomínio, não seriam criados lotes, e sim unidades imobiliárias vinculadas a uma

fração ideal do solo e das áreas comuns, conforme entendimento da doutrina majoritária, citada por

Flávio Tartuce (Tartuce, 2017).

A referida Lei estabelece o perfil das ruas limítrofes ao terreno, com a seguinte conformação:

Figura 32: Perfil da Rod. Francisco Germano da Costa

Fonte: Autora, 2019 (com apoio da PMF)

Figura 33: Perfil da Rua Thereza A. R. Rizzo

Fonte: Autora, 2019 (com apoio da PMF)

38

Ainda, em relação ao Plano Diretor de Florianópolis, por não possuir alta declividade, nem se

tratar de restinga, banhado, floresta, manguezal ou área inundável, não há qualquer condicionante

ambiental, que impeça ou dificulte a inserção da vila no terreno em questão.

Quanto a presença de um pequeno lago, no interior do terreno analisado, a Lei nº12.651, de

25 de maio de 2012, que altera o Código Florestal Brasileiro, estabelece que:

Art. 4º - "Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou

urbanas, para os efeitos desta Lei: [...]

II - As áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura

mínima de: [...]

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

Assim, o projeto estará condicionado a respeitar a área de APP, considerada até um raio de 30m, a

partir do lago existente.

O terreno a implantar o projeto da vila possui área total de 137.350m², dos quais 30.866m²

são classificados como Área de Preservação Permanente (APP) e 106.484m² (91.983m² + 14.501m²)

como Área de Urbanização Especial (AUE).

Seguindo os parâmetros de limites e ocupação já mencionados, e aplicando-os ao terreno, que

possui área edificável de 106.484m² estabeleceu-se as seguintes condicionantes:

• TO: 15% (15.972,6m²)

• TI: 25% (26.621m²)

• CA: 0,1 (10.648,4m²)

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Figura 34: Mapa síntese do diagnóstico

Fonte: Autora, 2019

Com base nas informações apresentadas nos capítulos anteriores (diagnóstico do terreno,

referenciais teóricos e projetuais), dar-se-á prosseguimento ao anteprojeto, apresentando no próximo

capítulo, o Partido Geral.

40

5.PARTIDO GERAL

41

5.1 CONCEITO

Como já explicitado anteriormente, o projeto a ser implantado no terreno analisado configura

uma vila (condomínio unifamiliar) destinado a acolher portadores da doença de Alzheimer e também

suas famílias. O propósito é que cada família possua a sua própria residência, em uma vila totalmente

adaptada às condições dos moradores doentes.

A vila deverá implantar 16 residências de 2 dormitórios e 16 residências de 3 dormitórios,

totalizando 32 residências e 160 moradores. Fator determinante para o número de residências foi a

limitação demográfica de 15hab/ha, imposta pelo Plano Diretor de Florianópolis (LC nº 482/2014).

Assim, os 10,6ha caracterizados como Área de Urbanização Especial, permitem o número máximo de

160 habitantes na vila.

É objeto deste trabalho, a elaboração de anteprojeto arquitetônico de:

• Residências unifamiliares de 2 e 3 dormitórios;

• Ambiente de convivência.

5.2 DIRETRIZES MACRO

O estabelecimento de diretrizes amplas para o projeto tem o escopo de direcionar, traçar

estratégias para a implementação da “Vila” no terreno.

Quadro 02: Diretrizes macro para o projeto da vila (Fonte: Autora, 2019) Espaços Quant. Área total

Capela 1 100m²

Minimercado 1 50m²

Conjunto de salas para atendimento da área da saúde e ambulatório 1 150m²

Administração do condomínio 1 30m²

Setor de serviço – apoio aos funcionários 1 30m²

Guarita 1 10m²

Quiosques/churrasqueiras 3 120m²

Espaço gourmet 1 40m²

Piscina 2 90m²

BWC´s 2 40m²

Horta comunitária 1 *100m²

Playground 1 *200m²

Academia de ginástica e estações de alongamento ao ar livre (fisioterapia) 1 *60m²

Quadra de tênis – sem cobertura 1 *440m²

Quadra poliesportiva – sem cobertura 1 *650m²

Campo de futebol – sem cobertura 1 *800m²

Praças/espaço para feiras eventuais *Não estipulado

Estacionamento para visitantes (50 vagas) – sem cobertura 3 *650m²

Total de área computada no cálculo do Coeficiente de Aproveitamento 660m² * De acordo com o artigo 69, incisos I e III, do Plano Diretor de Florianópolis (LC nº 482/2014), não são computador no cálculo do Coeficiente de Aproveitamento). ** Todos acessíveis, em consonância com a NBR 9050/2015 da ABNT). *** Áreas estimadas.

42

5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades das residências unifamiliares define o objetivo do projeto,

contemplando ambientes que supram as necessidades sociais e funcionais das famílias que habitarão

as residências.

Quadro 03: Programa de necessidades das residências (Fonte: Autora, 2019) Ambientes

Tipologia 2 Tipologia 3 Área do cômodo

Dormitório 2 3 19,00², 16,0m² e 11,0m²

BWC 2 2 5,40m²

WC (lavabo) 1 1 4,0m²

Sala de estar/jantar/circul. 1 1 52,0m²

Cozinha 1 1 12,0m²

Lavanderia 1 1 4,0m²

Depósito 1 1 6,0m²

Garagem (2 automóveis) 1 1 30,0m²

Área total da residência 209,87m² 221,28m² -

Quantidade de residências 16 16 -

Área total das residências 3.357,92m² 3.540,48 -

O programa de necessidades do ambiente de convivência, por sua vez, estabelece o rol de

ambientes de apoio às famílias residentes da vila e também de eventuais convidados.

Quadro 04: Programa de necessidades do ambiente de convivência (Fonte: Autora, 2019) Ambiente Nº de usuários Área

Biblioteca 30 120m²

Sala para reuniões – apoio à doença – troca de experiências 40 60m²

Salão de festas – ambientes de apoio (cozinha – WC´s) 150 220m²

Restaurante – ambientes de apoio (cozinha – WC´s, despensa) 100 170m²

Cafeteria 35 45m²

Sala de música 15 60m²

Sala de artesanato 15 60m²

Academia de ginástica 40 115m²

Sala de jogos 40 100m²

Ambiente de convívio – fechado - 525m²

WC´s – DML – circulação (18 WC´s acessíveis) 18 90m²

Ambiente de convívio – área aberta coberta - 210m²

Área total do ambiente de convivência (sem circulações) - 1775m²

43

Verificando as áreas a serem projetadas e comparando-as com o estipulado no Plano Diretor

de Florianópolis, apresenta-se o seguinte quadro:

Quadro 05: Relação entre os índices do Plano Diretor e a área construída (Fonte: Autora, 2019)

Plano Diretor Área construída (previsão) - %

CA: 10.648,4m² (0,10 de 106.484m²) 8.673,4m² (0,082)

TI: 26.621m² (25% de 106.484m²) 8.673,4m² (8,14%)

TO: 15.972,6m² (15% de 106.484m²) 8.583,4m² (8,06%) *Piscina não é computada no cálculo da taxa de ocupação, conforme legislação municipal.

5.4 SISTEMAS/ELEMENTOS CONSTRUTIVOS

Os materiais eleitos para compor as edificações, tanto do ambiente de convivência, quanto

das residências, foram escolhidos de forma a manter a harmonia entre os elementos e as edificações.

A estrutura de concreto armado será composta por fundações, lajes e pilares. Nas residências,

a laje nervurada foi escolhida com a finalidade de vencer maior vão, sem a necessidade do uso de

vigas, garantindo que as aberturas se instalem do teto ao piso. No ambiente de convivência, também

com laje nervurada, seria possível uma planta mais livre, com melhor distribuição de compartimentos.

Materiais:

• Alvenaria comum para vedações;

• Drywall para divisão dos cômodos (apenas nas tipologias residenciais);

• Concreto aparente;

• Esquadrias de alumínio/vidro;

• Pedras, tijolos de clínquer e painéis de madeira, utilizados como revestimentos das fachadas,

diferenciando as residências de mesma planta e volumetria (em nível de diretrizes).

5.5 PROPOSTA

A proposta a ser apresentada partiu da análise dos fluxos bem como da setorização, tanto da

vila (macro), quanto das edificações. Na vila, o propósito foi garantir a integração entre as edificações

e as áreas de lazer e serviço. Nas residências, seguiu-se o conceito aberto, da sala de estar/jantar

integradas com a cozinha, como o centro do convívio familiar da casa, onde as atividades diárias se

desenvolveriam, com visibilidade ampla do conjunto. O ambiente de convivência, também com

conceito aberto e ampla permeabilidade, convida os habitantes da vila a usufruir do espaço.

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Figura 35: Setorização

Residências Unifamiliares Vila Ambiente de Convivência

Fonte: Autora, 2019

Figura 36: Fluxograma - Vila – Ambiente de Convivência – Residências Unifamiliares

Fonte: Autora, 2019

45

5.5.1 Implantação

Para elaborar a implantação da vila, observou-se o conceito da fácil locomoção e percepção

do espaço. Como visto, os portadores de Alzheimer, principais usuários do local, necessitam se sentir

familiarizados com o ambiente, tendo pontos de referências para se situarem e se orientarem. Ainda,

o acesso único ao terreno, levou em consideração a importância do controle de entrada e saída do

local. A escolha da Rua Francisco Germano da Costa, para acessar a vila se deu em razão de a mesma

possuir pontos de ônibus próximos.

A implantação das residências no terreno teve como intenção a integração do interior com o

exterior (natureza). A depender da orientação solar, as diferentes tipologias seriam moldadas de modo

a aproveitar ao máximo a iluminação e ventilação natural.

Figura 37: Implantação e corte do terreno

Fonte: Autora, 2019

46

5.5.2 Ambiente de Convivência

Disposto em dois volumes paralelos entre si, o ambiente de convivência foi projetado com o

intuito de romper a monotonia da sobreposição dos blocos. Com o artifício de deslocar os blocos nos

dois eixos, foi alcançado o propósito de tornar o volume mais leve e menos robusto.

Na fachada sul, um terço da porção superior, aproximadamente 13 metros, foi apoiado em

colunas circulares, sob as quais foi descarregada a carga do volume. Na fachada oeste, um balanço de

5 metros dispensou o apoio de pilares.

Figura 38: Disposição dos blocos - volumetria

Fonte: Autora, 2019

A escolha dos materiais a compor a volumetria, sofreu influência de referenciais em destaque

na cidade de Florianópolis, com os escritórios de arquitetura Jobim Carlevaro e Pimont Arquitetura.

Figura 39: Jobim Carlevaro Brise de madeira, concreto aparente, lajes

projetadas

Fonte: Jobim Carlevaro,2019

Figura 40: Henrique Pimont Concreto, madeira e amplas aberturas de vidro

Fonte: Galeria da Arquitetura,2019

47

5.5.2.1 Plantas e Cortes Esquemáticos

Com a premissa de integração, os ambientes foram locados no edifício de forma a manter a

permeabilidade e facilitar os fluxos e acessos. A circulação vertical, realizada por meio de rampas e

elevador também seguiu o mesmo intuito, o de “convidar” os passantes a subir ao andar superior.

Figura 41: Planta perspectivada dos pavimentos térreo, superior e cobertura

Fonte: Autora, 2019

Figura 42: Setorização do pavimento térreo

Fonte: Autora, 2019

48

Figura 43: Setorização do pavimento superior

Fonte: Autora, 2019

No pavimento térreo foram planejados ambientes com espaços de estar, tanto na parte

interna, quanto sob os pilotis, no extremo localizado ao sul da edificação. No pavimento superior, da

mesma forma, as grandes circulações também fazem o papel de ambientes acolhedores.

O contato visual entre os usuários dos diferentes compartimentos foi alcançado com o uso de

divisórias de vidro e esquadrias de alumínio. Apenas a sala de música (térreo) necessitaria de

isolamento acústico.

Figura 44: Planta perspectivada do pavimento térreo

Fonte: Autora, 2019

49

Figura 45: Planta perspectivada do pavimento superior

Fonte: Autora, 2019

Figura 46: Planta perspectivada da cobertura

Fonte: Autora, 2019

Figura 47: Corte Perspectivado 1

Fonte: Autora, 2019

50

Figura 48: Corte Perspectivado 2

Fonte: Autora, 2019

Figura 49: Corte Perspectivado 3

Fonte: Autora, 2019

5.5.2.2 Fachadas

As aberturas da edificação foram dispostas nas fachadas leste, oeste e sul. Para garantir o

conforto térmico dos ambientes, foram planejados brises verticais em todas as aberturas, sendo eles

móveis ou articulados.

A monotonia do concreto aparente foi quebrada com o uso da madeira na fachada oeste

(principal) e também dos brises na fachada oposta.

Figura 50: Fachada Oeste (principal)

Fonte: Autora, 2019

51

Figura 51: Fachada Leste

Fonte: Autora, 2019

Figuras 52 e 53: Fachadas sul e norte, respectivamente

Fonte: Autora, 2019

5.5.2.3 Perspectivas

Figura 54: Perspectiva Oeste (principal)

Fonte: Autora, 2019

52

Figura 55: Perspectiva Leste

Fonte: Autora, 2019

Figura 56: Detalhe brises pavimento superior e ambiente de estar – sob pilotis

Fonte: Autora, 2019

Figura 57: Detalhe da projeção do pavimento superior, balanço de 5 metros

Fonte: Autora, 2019

53

Nesta etapa do trabalho serão expostas as tipologias residenciais. Primeiro a de três

dormitórios, com plantas, cortes, fachadas e perspectivas. Posteriormente, será apresentada a

pequena diferença entre as tipologias, apenas com as imagens e informações que distinguem a de dois

daquela de três dormitórios.

Salienta-se também, que será apresentado apenas o uso do concreto aparente e madeira,

sendo que os demais materiais, a serem utilizados para diferenciar os conjuntos (4 residências) segue

como diretriz.

5.5.3 Tipologia Residencial – 3 dormitórios

De um volume cúbico simples, surgiu a volumetria das residências unifamiliares.

Primeiramente pequena, mais retangular, a residência tomou a forma quadrangular, com um rasgo na

fachada principal, onde foi posicionada a varanda.

Figura 58: Evolução da volumetria

Fonte: Autora, 2019

A escolha dos materiais seguiu a mesma linha do ambiente de convivência. O objetivo principal

foi a integração das unidades habitacionais com o meio externo. Neste sentido, observou-se o

referencial do arquiteto Ângelo Bucci.

Visando criar leveza à edificação, seguiu-se a estratégia do também arquiteto Luiz Fernando

Zanoni, que ao recuar a viga baldrame, fez a construção “flutuar” no terreno.

Figura 59: Ângelo Bucci

Integração interior e exterior

Fonte: ArchDaily, 2019

Figura 60: Luiz Fernando Zanoni Elevação causa a impressão de que a casa flutua

Fonte: Galeria da Arquitetura, 2019

54

5.5.3.1 Plantas e Cortes Esquemáticos

No pavimento único da edificação, foram locados todos os ambientes previstos no programa

de necessidades. O conceito de planta aberta direcionou o projeto, mantendo a sala de estar, jantar e

cozinha integrados. Da mesma forma, a privacidade foi questão primordial, onde a circulação íntima

ficou próxima ao acesso posterior da residência.

Figura 61: Planta perspectivada do pavimento térreo e cobertura

Fonte: Autora, 2019

55

Figura 62: Setorização da residência

Fonte: Autora, 2019

Figura 63: Planta perspectivada do pavimento térreo

Fonte: Autora, 2019

56

Observa-se que a forma em que residências foram implantadas no terreno, e a maneira como

as plantas foram desenvolvidas permitiu a insolação leste ou norte em todos os dormitórios.

Figura 64: Disposição das residências no terreno

Fonte: Autora, 2019

Figura 65: Planta Perspectivada da cobertura

Fonte: Autora, 2019

57

Figura 66: Corte 1

Fonte: Autora, 2019

Figura 67: Corte 2

Fonte: Autora, 2019

5.5.3.2 Fachadas

Conforme a disposição dos volumes no terreno, as residências podem ter a fachada principal

(varanda) voltada para qualquer uma das quatro orientações. Para aquelas que sofreriam com a

insolação direta, a varanda acabou agindo como uma estratégia para minimizar a temperatura no

interior da casa.

O uso do brise também foi pensado neste sentido, para além de privacidade, garantir o

conforto térmico.

58

Figura 68: Fachada Principal

Fonte: Autora, 2019

Figura 69: Fachada Posterior

Fonte: Autora, 2019

Figura 70: Fachada lateral 1

Fonte: Autora, 2019

59

Figura 71: Fachada lateral 2

Fonte: Autora, 2019

5.5.3.3 Perspectivas

Figura 72: Perspectiva 1

Fonte: Autora, 2019

Figura 73: Perspectiva 2 – integração entre o interior e o exterior da residência

Fonte: Autora, 2019

60

Figura 74: Perspectiva 3

Fonte: Autora, 2019

5.5.4 Tipologia Residencial – 2 dormitórios

Como já mencionado, neste tópico serão apresentadas apenas as imagens que diferenciam o

tipo de dois dormitórios daquele de três.

Figura 75: Planta perspectivada do pavimento térreo e cobertura

Fonte: Autora, 2019

61

Figura 76: Setorização da residência

Fonte: Autora, 2019

Ao projetar a residência com um dormitório a menos, optou-se por eliminar o ambiente

localizado no meio do volume. A decisão ocorreu com o propósito que qualificar o conjunto, deixando os dois dormitórios com instalação sanitária privativa. O espaço foi transformado em jardim com pergolado. A circulação íntima recebeu grandes esquadrias de vidro, que propiciou o visual externo, além de iluminação e ventilação natural.

Figura 77: Planta perspectivada do pavimento térreo

Fonte: Autora, 2019

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Figura 78: Planta perspectivada da cobertura

Fonte: Autora, 2019

Figura 79: Corte 1

Fonte: Autora, 2019

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Figura 80: Corte 2

Fonte: Autora, 2019

Figura 81: Fachada lateral 2

Fonte: Autora, 2019

Figura 82: Perspectiva do pergolado na fachada lateral 2

Fonte: Autora, 2019

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6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização do presente trabalho foi de considerável importância para embasar e tomar

decisões projetuais na etapa de partido e futuramente, do anteprojeto.

O estudo e apresentação do referencial teórico, acerca da doença de Alzheimer, pôde auxiliar

a compreensão das necessidades dos pacientes e seus familiares. A análise dos referenciais projetuais

contribuiu valorosamente para traçar o programa de necessidades, para implantar as edificações no

terreno, assim como para eleger materiais e volumetria.

A realização do diagnóstico da área propiciou melhor lucidez para traçar estratégias a fim de

aproveitar ao máximo o que o terreno pode oferecer, seja pela orientação solar, a paisagem, ou até

mesmo para planejar algo que seja, de fato, exequível, dentro dos parâmetros legais.

Por fim, o partido é capaz de dar uma visão antecipada do que se pretende em fase de

anteprojeto, por meio da apresentação das diretrizes projetuais, da elaboração do programa de

necessidades, setorização e fluxograma, assim como a evolução volumétrica.

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7.REFERÊNCIAS

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REFERÊNCIAS

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