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Virada de Futuro Iniciativa Patrocinador Master Apoiadores

Virada de Futuro

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A publicação "Virada de Futuro" descreve sucitamente a linha do tempo do projeto,analisa as principais práticas desenvolvidas (e ensaia uma metodologia das melhores) e por fim apresenta a proposta de um processo-piloto anual do Projeto Virada de Futuro

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Iniciativa

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Secretaria ExecutivaGerente de Desenvolvimento de Programas: Denise Maria CesarioGerente de Desenvolvimento Institucional: Victor Alcântara da GraçaEquipe: Hellen Ferreira Barbosa, Marina Pereira de Oliveira Abdala, Moacir Merlucci, Renato Alves, Tatiana de Jesus Pardo, Tatiana M. Viana da Silva

Assessoria de MarketingCoordenadora: Silvia Troncon RosaEquipe: Ana Aparecida Frabetti Valim Alberti, Cristiane Rodrigues, Felipe Martins Dantas Pereira, Fernanda Pereira Bochembuzo, Hélio José Perazzolo, Ivone Aparecida da Silva, Jacqueline Rezende Queiroz, Kátia Gama do Nascimento, Marina Biagioli Manoel, Milene de Oliveira Sousa Silva, Pablo Finotti, Tatiana Rodrigues

Área de Direito à EducaçãoCoordenadoras: Maria do Carmo Krehan eRoseni Aparecida dos Santos ReigotaEquipe: Adelaide Jóia, Amélia Isabeth Bampi Paines, Arlete Felício Graciano Fernandes, Gregório dos Reis Filho, Hérica Aires do Prado, Leandro Montalvão de Souza, Nelma dos Santos Silva, Priscila Silva dos Santos, Renata Sanches Martinelli

Conselho de AdministraçãoPresidente: Synésio Batista da CostaVice-Presidente: Carlos Antonio TilkianSecretária: Regina Helena Scripilliti VellosoConselheiro Honorário: Fernando Henrique CardosoMembros: Albert Alcouloumbre Júnior, Antônio Carlos Ronca, Antonio Delfi m Netto, Beatriz Sverner, Bento José Gonçalves Alcoforado, Boris Tabacof, Daniel Trevisan, David John Currer Morley, Eduardo José Bernini, Fernando Machado Terni, João Nagano Júnior, José Carlos Grubisich, José Eduardo Planas Pañella, José Roberto Nicolau, Lourival Kiçula, Maria Ignês R. de Souza Bierrenbach, Nelson Fazenda, Oscar Pilnik, Paulo Saab, Roberto Oliveira de Lima, Therezinha Fram e Vitor Gonçalo Seravalli

Conselho FiscalMembros: Audir Queixa Giovanni, Charles Kapaz, Geraldo Zinato, João Carlos Ebert, Márcio Ponzini e Mauro Antonio Ré

Conselho ConsultivoPresidente: Jorge BroideVice-presidente: Miriam Debieux Rosa Membros: Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Geraldo Di Giovanni, Isa Guará, João Benedicto de Azevedo Marques, Lélio Bentes Corrêa, Leoberto Narciso Brancher, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Melanie Farkas, Munir Cury, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Rosa Lúcia Moyses, Rubens Naves, Silvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky e Vital Didonet

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Produzindo conhecimento para transformar

A prática social e o conhecimento que dela advém podem ser o diferencial no processo de construção de soluções efetivas para os graves problemas que afl igem a infância e a adolescência no país.

Por assim entender, a Fundação Abrinq, desde a sua origem, se propôs a reunir os diferentes saberes vindos da cultura empresarial, de especialistas da área da infância e adolescência, dos movimentos sociais em defesa dos direitos da criança e do adolescente, mesclando talentos e produzindo novos conhecimentos na perspectiva de melhorar as condições de vida dessa população. A experiência nos mostrou que a disseminação de iniciativas bem sucedidas de promoção dos direitos da criança e do adolescente é uma estratégia importante para provocar mudanças e interferir positivamente no rumo da história.

A disseminação se dá a partir da sistematização de experiências, do relato aprofundado de práticas, vivências, saberes. Porém, ela não se realiza senão com a participação ativa dos sujeitos autores da prática, engajados em processos de refl exão sobre ela, sobre si próprio e sobre a sua ação no mundo.

Assim, a Fundação Abrinq, a partir da sua prática e das organizações de suas redes, vem contribuindo para a sistematização de projetos sociais voltados para crianças e adolescentes, com potencial de disseminação, como esta publicação que ora apresentamos e que traz a experiência do Projeto Virada de Futuro, desenvolvido no período de 2001 a 2008, com o apoio da Família Machado, Fundação Levi Strauss, Instituto Hedging Griffo e J.P. Morgan.

Esperamos, com a disseminação dessa metodologia, inspirar outras experiências bem sucedidas que contribuam para a formação de jovens de baixa renda, transformando suas vidas e de suas famílias.

Apresentação

Synésio Batista da CostaPresidente da Fundação Abrinq

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O processo vivido .................................................................... 5

O processo pensado ................................................................ 15

O processo projetado ...............................................................31

Referências ................................................................................41

Índice

Projeto Virada de Futuro

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O processo vivido

Este capítulo descreve sucintamente a linha do tempo do projeto, Virada de Futuro, – linhado tempo que foi reconstituída a partir do relato dos

principais atores envolvidos na implantação do projeto e dos registros documentais produzidos no período.

Nas palavras de um dos jovens entrevistados, “foi como uma nascente que virou mar”.

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Era tempo de colheita

A Fundação Abrinq comemorou o seu décimo aniversário em 2000 como um momento de colheita das aprendizagens e aprimoramentos de toda década anterior, quando a instituição desenvolveu campanhas de amplo alcance e estruturou, entre outros, o Programa Nossas Crianças1 e o Programa Prefeito Amigo da Criança2.

Para as crianças e adolescentes atendidos pelas organizações do Programa Nossas Crianças o tempo passava do mesmo modo. Elas cresciam em todos os aspectos, tornavam-se jovens, exercitavam os valores aprendidos e alimentavam as expectativas da vida ampliada que descobriram possível.

Muitas organizações também estavam colhendo frutos de seus processos locais, representados pelas novas lideranças juvenis em suas comunidades e até mesmo pela incorporação delas aos seus quadros profi ssionais (ou de voluntários).

Nesse período, a juventude emergiu como tema forte no país. Os indicadores sociais emitiam sinais preocupantes. Se a demografi a revelava um pico de crescimento dessa faixa etária na pirâmide populacional, o equivalente acontecia com a participação jovem nos índices de desemprego e morte por causas violentas.

Os jovens estavam em cena, mas em situação de aguda vulnerabilidade. De um lado, eram tratados por uma parte da sociedade como as “classes perigosas”3 – constituíam um problema social, de polícia talvez. De outro lado, em contrapartida, a cena da juventude urbana pobre recebia outras leituras sociais:

“O que desafi a hoje a sociedade e o pensamento social é a compreensão dessas novas linguagens e dinâmicas trazidas pelos jovens pobres. Continuar lendo-as pelos códigos das transgressões, do desvio e principalmente pelo da criminalidade urbana representa uma miopia que nos impede de captá-las e nos imobiliza para encontrar novas saídas no campo social.”4 (QUIROGA, 2000, p. 234)

Uma série de atores, fatores e ações se combinaram para fortalecer essa vertente humanista:

• a noção de protagonismo juvenil, modalidade de ação educativa fomentada pela UNESCO em que os jovens se envolvem na solução de problemas reais e atuam como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso;

• o Código da Modernidade5 - domínio da leitura e da escrita, capacidade de fazer cálculos e resolver problemas, capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações, capacidade de compreender e atuar no entorno social, receber criticamente os meios de comunicação, capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada, capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo;

• a troca da idéia de problema por solução6;• os programas macro da Comunidade Solidária - ong criada por Ruth Cardoso que se desdobrou nos programas Capacitação

Solidária, Alfabetização Solidária e Universidade Solidária, com atuação em todo o país, principalmente entre 1996 e 2001;• as organizações e meios de difusão cultural criados e dirigidos por jovens - com exemplos abundantes no universo hip-hop (o

caso do Grupo Cultural Afro-Reggae é emblemático de muitos outros).

1 O Programa Nossas Crianças nasceu em 1993 com o objetivo de aproximar pessoas e empresas - que queiram apoiar a causa da infância - de organizações sociais que prestam atendimento para crianças e adolescentes de famílias de baixa renda. Busca mobilizar a sociedade para a melhoria das condições de vida desta população e apoiar as organizações por meio da Rede Nossas Crianças.

2 O Programa Prefeito Amigo da Criança foi criado em 1996 para criar parceria com as gestões municipais visando ao fortalecimento dos mecanismos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

3 O conceito de classe perigosa como “conjunto social formado à margem da sociedade civil” surgiu no século XIX. O termo foi utilizado no título de uma obra sobre um reformatório para jovens em 1849.

4 Veja as referências bibliográfi cas no fi nal desta publicação.

5 Sete competências formuladas por Bernardo Toro para que os jovens participem produtivamente do século XXI.

6 Formulação do educador mineiro, Antonio Carlos Gomes da Costa, no texto “O adolescente como protagonista”.

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A expansão do Terceiro Setor e a capilarização dos projetos voltados à faixa etária juvenil foram (e são) tão marcantes, que a ex-Secretária Nacional de Juventude, Regina Novaes, reconheceu o surgimento de uma nova diferenciação que veio, de certa forma, se contrapor à oposição mais tradicional fora-do-crime/no-crime: é o jovem de projeto – aquele que cresceu orientado para valores de ética e cidadania, desenvolveu uma determinada inteligência institucional7 e tem pertencimento a um grupo com experiência igual, ou similar a sua.

Nessas circunstâncias é que brota o projeto Virada de Futuro.

Quando tudo começou

O início do projeto Virada de Futuro resultou da confl uência de interesses e necessidades de quatro atores:

1. Adolescentes atendidos pelas organizações da Rede Nossas Crianças8, então na faixa etária posterior aos 15 anos, precisavam de (e queriam) oportunidades continuadas de formação, com vistas às exigências do mercado de trabalho e suas próprias expectativas.

2. As organizações precisavam de apoio para criar essas oportunidades. 3. A Família Machado9, fi nanciadora de iniciativas sociais, tinha meios e desejo de fomentar a educação de jovens. Decidiu

investir na educação de jovens de baixa renda e procurou parceria junto à Secretária Executiva da Fundação Abrinq, que já organizava um esboço do que seria o projeto Virada de Futuro.

4. A Fundação Abrinq buscava parceiros para fi nanciar um projeto-piloto de apoio à formação de jovens que ampliasse a empregabilidade, fechando uma parceria com a Fundação Levi Strauss.

A Fundação Abrinq, anteriormente, tivera uma experiência de concessão de bolsas de estudo para jovens e visava a uma proposta mais completa que potencializasse o aproveitamento dos cursos escolhidos. Nesse sentido, já alinhavara um primeiro conjunto de dispositivos de apoio composto por:

• Bolsa de estudos, incluindo o pagamento do curso, ajuda de custo mensal para despesas com transporte e alimentação, recursos para compra de material didático;

• Atividades Complementares, espaço de constituição de um grupo de refl exão e proposição sobre o próprio projeto e sobre a ação dos jovens em suas comunidades;

• Acompanhamento individual por educadores em sua própria comunidade;• Cesta básica mensal para a família dos jovens;• Agenda para registro individual e espontâneo do aprendizado durante o período de duração do projeto, o Diário de bordo.

7 De acordo com Souza e Silva (2003, p. 140, 141) “(a inteligência institucional) revela-se através do grau de compreensão manifesto... sobre as regras do jogo... e a maneira de jogar com elas. (...) A consecução dos objetivos imediatos é mais importante, em determinados momentos, que a defesa das posições mais profundamente arraigadas.”

8 A Rede Nossas Crianças é um conjunto de organizações sociais da Região metropolitana de São Paulo, que tem como missão melhorar a qualidade de vida de nossas crianças e adolescentes. A Rede Nossas Crianças foi criada em 1999 com a missão de mobilizar, articular e capacitar organizações sociais de atendimento a crianças e adolescentes para que infl uenciem as políticas nas áreas da infância, adolescência e juventude, e tenham uma ação transformadora da situação de vulnerabilidade social desta população. Hoje, a rede é formada por mais de 147 organizações sociais que atuam em benefício de 46 mil crianças, adolescentes e jovens de 31 municípios de de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Ceará e Distrito Federal. Todas as organizações da rede são ou foram parceiras do Programa Nossas Crianças, da Fundação Abrinq, desde sua fundação em 1993. Estas instituições realizam os seguintes atendimentos: Educação Infantil - Educação Complementar - Qualifi cação Profi ssional - Situação de Rua - Medidas Socioeducativas em Meio Aberto - Abrigo - Erradicação do Trabalho Infantil.

9 A Família Machado, pertence a uma tradicional família paulista de educadores e empresários com vínculos históricos com o desenvolvimento da Cultura e Educação na cidade de São Paulo.

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A idéia foi lapidada a partir da criação, em maio de 2001, de um Comitê Executivo10 formado por representantes da Fundação Abrinq, da Rede Nossas Crianças e dos fi nanciadores.

O Comitê passou a reunir-se regularmente. Estabeleceu um Regimento Interno, defi niu os critérios e datas para os dois processos seletivos iniciais (junho e novembro de 2000), aprovou a proposta de criação das Atividades Complementares e avaliou a proposta de trabalho com mentores voluntários. Também foi feita projeção fi nanceira do projeto, que demonstrou a necessidade de formar uma reserva que garantisse a conclusão de experiência-piloto com até 16 jovens. A primeira turma começou em agosto de 2001, com 14 selecionados.

10 Participaram da composição original: Ana Maria Wilheim e Luis Rocha pela Fundação Abrinq; Silvia Schunemann, Ednalva Santos, Mário Quinto Jr. e Genilva Borges pela Rede Nossas Crianças; Cristina Rogoznski pela Família Machado; e Maria Lúcia Zulzke pela Fundação Levi Strauss.

foto: Fundação Abrinq

Comitê Executivo

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Vivendo e aprendendo

O projeto estabeleceu um Termo de Compromisso11 – assinado pelos jovens (e seus responsáveis, quando menores de idade), pelas organizações sociais e pela Fundação Abrinq – que explicitou as responsabilidades de cada signatário.

Assim, além do apoio material, à Fundação Abrinq cabe a organização do processo seletivo, das atividades complementares e a administração dos processos de controle e avaliação. As organizações são responsáveis pela indicação dos candidatos (o que inclui a preparação de seus projetos de formação12) e pelo acompanhamento do cotidiano dos jovens por meio de um educador, ou técnico – que repassa a bolsa e presta conta da utilização dela à Fundação Abrinq. O bolsista responde por seu desempenho no curso escolhido (média e freqüência), pela participação nas atividades extra-acadêmicas constitutivas do projeto e pela prestação de contas da bolsa recebida.

Completados os primeiros seis meses de funcionamento, o Comitê Executivo avaliou a experiência e registrou assim as primeiras constatações:

Estabeleceu também um rol de desafi os para o ano seguinte:

11 Cópia do Termo de Compromisso nos Anexos.

12 O projeto de formação é um roteiro para que o jovem apresente as razões (interesses e experiências) que o levam a escolher determinado curso. Uma cópia desse roteiro está nos Anexos.

A família precisa ser envolvida de alguma forma no Projeto, pelo importante papel que ocupa na orientação e apoio ao jovem nessa etapa de sua vida.

Para além das bolsas de estudo, é fundamental o desenvolvimento de ações que preparem o jovem para a sua entrada e permanência no mercado de trabalho.

As organizações precisam ser apoiadas e orientadas no acompanhamento que fazem aos jovens, uma vez que esse apoio é fundamental para o desenvolvimento dos jovens.

É importante registrar e documentar as atividades e o desenvolvimento dos jovens para a própria memória deles e do Projeto.

Consolidar a ampliação da base de apoio do Projeto: as escolas e universidades em que os jovens estudam foram convidadas a se tornarem apoiadoras do Projeto.

Contar com profi ssionais voluntários (mentores) que acompanhem o desenvolvimento profi ssional dos jovens e sua inserção no mundo do trabalho: o Projeto identifi cará os voluntários que serão mentores dos jovens.

Implementar nas Atividades Complementares questões e temas que desenvolvam habilidades e competências para o mundo do trabalho: é importante preparar os jovens para a entrada e permanência no mundo do trabalho.

Documentar o Projeto, com o apoio de profi ssionais voluntários da área de comunicação da Fundação Abrinq: três profi ssionais voluntários das áreas de comunicação desenvolverão com os jovens um projeto de documentação das atividades do Projeto.

Envolver a família dos jovens no desenvolvimento das atividades complementares: as famílias serão convidadas a participar de pelo menos três atividades durante o ano.

Desenvolver encontros entre as organizações para troca de experiências e discussão sobre temas relacionados à questão da juventude: haverá uma agenda de encontros durante o ano.

Avaliar a experiência de um ano do Projeto e decidir sobre sua ampliação, sistematização e reedição: as ações serão sistematizadas e reeditadas para aumentar o impacto e infl uenciar as políticas públicas neste campo.

Assinatura do Termo de compromisso

foto: Fundação Abrinq

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O segundo processo seletivo aconteceu nos dois últimos meses de 2001 e incorporou três jovens ao grupo anterior, perfazendo um total de 15 participantes (houve duas desistências).

As novidades, em 2002, consistiram no início da implantação da mentoria e no planejamento e implementação de atividades nas comunidades pelos jovens, um dos objetivos das Atividades Complementares para o ano.

Três mentores voluntários elaboraram, em conjunto com a coordenação do projeto, o perfi l e as atribuições dos mentores. A Fundação Abrinq identifi cou dez profi ssionais interessados nesse desafi o e realizou um primeiro encontro do grupo em dezembro para preparar o início do serviço em 2003. Os jovens, por sua vez, sob orientação do projeto, realizaram atividades bem variadas em suas comunidades:

• Ofi cinas de axé, no Parque Santa Madalena• Formação de educadores em mediação de leitura de duas instituições parceiras do Centro Profi ssionalizante para

Adolescentes• Gincanas para crianças atendidas pelo Clube da Turma de Diadema• Ofi cinas de teatro para um grupo de 10 jovens do Centro Comunitário São Paulo Apóstolo• Pesquisa sobre a evasão escolar de uma escola pública na região do Jd. Almeida Prado• Confecção de um mural informativo para os jovens na Aldeia do Futuro• Elaboração de história em quadrinhos sobre o uso de drogas no Centro Profi ssionalizante para Adolescentes.• Aula sobre saúde bucal para adolescentes do curso de prótese dentária da Escola Pérola Byngton• Discussão sobre coleta seletiva com os moradores do Parque Ipê• Aulas de apoio em informática para alunos do curso profi ssionalizante do Centro Educacional Colibri

O ano de 2002 foi avaliado em etapas, a partir dos vários grupos envolvidos e com instrumentos de consolidação dos dados. Em julho, os jovens responderam a um questionário e fi zeram avaliação oral. Os familiares vivenciaram, em outubro, uma dinâmica em grupos. As organizações sociais tiveram dois tempos: em agosto, trataram do acompanhamento (difi culdades e aprendizados) e, em novembro, das atividades complementares. Também foi tabulado um perfi l dos jovens13.

Com base nesse processo, o Comitê Executivo ponderou que:

13 Perfi l do público benefi ciário direto e indireto nos Anexos.

1. O Projeto atendeu seu objetivo principal, o que pode ser confi rmado pelos altos índices de permanência e de percepção dos jovens quanto à importância dele em suas vidas.

2. Devem ser planejadas estratégias para o apoio à empregabilidade dos jovens.

3. As organizações têm um papel fundamental para que o jovem passe a ser sujeito de direitos e responsável pela escolha de seu futuro profi ssional. Os pais também devem ser sensibilizados para isso.

4. O processo de comunicação entre a Fundação e as organizações de atendimento deve ser mais intenso e qualifi cado.

5. O educador da organização social é fundamental para o acompanhamento do jovem, faz-se necessário desenvolver mais algumas estratégias para o apoio das organizações. Encontros regulares podem contribuir para uma melhor avaliação do desenvolvimento dos jovens e criar maior sintonia entre as atividades complementares e o apoio das organizações.

6. Em caso de novos processos seletivos, deve-se considerar com atenção a maturidade do jovem em relação ao seu projeto e a qualidade do acompanhamento a ser oferecido pela organização que o indica.

7. O Diário de bordo acabou sendo apropriado pelo jovem para uso pessoal (poucos foram usados como um meio de comunicação com o educador da instituição).

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O Comitê também estabeleceu os desafi os para o ano seguinte:

Iniciar e monitorar o acompanhamento dos jovens pelos mentores.

Acompanhar o processo de desligamento de cinco jovens14.

Acompanhar o curso de inglês15.

Apoiar alguns jovens na procura de trabalho ou estágio.

Elaborar e implantar a proposta da 2ª fase das Atividades Complementares, considerando as avaliaçõesdos jovens, das organizações sociais e do Comitê Executivo.

Solicitar novas bolsas de estudos, no sentido de otimizar o orçamento do Projeto.

O ano de 2003 marcou a passagem para uma nova etapa do projeto.

Cinco alunos terminaram seus cursos no fi nal de 2002; dez continuaram (dois desistiriam mais tarde); a avaliação fora positiva; o fi nanciador continuava interessado. Era hora de avançar.

Em primeiro lugar, qualifi cando o acompanhamento. E isso foi feito por meio da implantação da segunda fase das Atividades Complementares e do início do trabalho voluntário de dez mentores16.

Em segundo lugar, aperfeiçoando o processo de seleção. As mudanças no processo seletivo – todas baseadas na avaliação da etapa anterior – foram apresentadas às 35 organizações da Rede Nossas Crianças, em seminário realizado em agosto. Elas incluíam a descrição de um novo perfi l do jovem que se pretendia atender. No fi nal de outubro, haviam 13 selecionados.

Os desafi os para 2004 foram estabelecidos por atividade e com a participação direta dos envolvidos (jovens e organizações). Para as Atividades Complementares:

Integrar os novos bolsistas ao grupo.

Fortalecer o senso crítico e o desejo de aprender dos jovens.

Propiciar um espaço de refl exão e construção de projetos em grupo.

Propiciar vivências em diversos espaços sociais e culturais.

Estimular maior participação dos jovens em sua comunidade.

Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e permanência dos jovens no mundo do trabalho.

Para o acompanhamento das organizações (considerado um fator-chave para a efi cácia do projeto Virada de Futuro):

Manter aproximação maior com a família.

Levar as famílias a conhecerem a faculdade dos fi lhos.

Acompanhar o uso do dinheiro repassado pela bolsa.

Estimular/incentivar o cumprimento de horários.

Fortalecer a relação educador-jovem.

Incentivar o jovem a dividir mais suas preocupações.

14 O próximo capítulo comenta esse processo.

15 Desde o início do projeto, o aprendizado da língua inglesa foi considerado importante para a formação dos jovens. Nesse sentido, teve início uma parceria com o programa de voluntariado do Citi que não prosperou.

16 Práticas descritas no próximo capítulo.

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Esse foi um período ainda mais intenso, em amplitude e profundidade. Chegaram 17 jovens durante o ano, totalizando 23 bolsistas (80% deles matriculados em cursos universitários) acompanhados por 14 organizações.

Para dar conta dos desafi os, a equipe do projeto realizou quatro encontros de trabalho com as organizações (abril, maio, julho e outubro de 2004) e 11 sessões de atividades complementares, que incluíram um passeio com as famílias. A principal novidade foi a presença dos educadores (das organizações sociais) em diversas oportunidades, reforçando a proposta de atender aos jovens de forma integrada.

A importância dessa integração advém da diversidade de expectativas e perspectivas dos variados atores que “contracenam” com o protagonismo dos jovens. Um protagonismo que, para os jovens, representa privilégio e berlinda17 - o que os leva à retração pelo aparente paradoxo entre o merecimento, a dívida e o desempenho; enquanto os outros envolvidos (organizações, Comitê18) tentam identifi car os sinais cifrados de SOS para que seu apoio se torne mais efetivo.

Os sinais de difi culdade mais evidentes revelam-se quando seis alunos fi cam em dependência (precisam cursar novamente algum crédito por desempenho abaixo da média). Já no encontro de abril, os jovens “relataram a diferença que sentiram em relação ao Ensino Médio: (agora, na faculdade, convivem com) pessoas mais velhas, muitas já atuando no mercado de trabalho, classes mais ou menos entrosadas, a quantidade enorme de alunos, a quantidade de leitura e a falta de hábito, a difi culdade em algumas disciplinas, o horário puxado”19. Nos primeiros períodos do curso, o tempo apertado reduz o contato com a família, embora não afete as relações que são, em geral, de apoio. A qualidade da relação com a organização social depende muito do vínculo com o educador responsável e da postura (acompanhamento x controle) que ela assuma.

No segundo semestre deste ano, o banco J.P. Morgan, então fi nanciador de bolsas de estudo de uma das instituições da Rede Nossas Crianças, passou a apoiar o projeto Virada de Futuro diretamente.

Para o ano seguinte, o projeto manteve seus objetivos para o acompanhamento das organizações e acrescentou novos desafi os para as atividades complementares:

Incentivar a criação de metas e estratégias de planejamento para as diversas áreas da vida dos jovens.

Ampliar os conhecimentos e as vivências dos espaços sociais e culturais da cidade de São Paulo.

Possibilitar um espaço de troca de experiências entre o grupo de veteranos e os novos bolsistas.

Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e

permanência dos jovens no mundo do trabalho.

Em 2005, além das duas bolsistas oriundas do apoio do J.P. Morgan, o projeto Virada do Futuro substituiu três jovens desligados e celebrou a conclusão de dois outros bolsistas das turmas anteriores. Realizou nove sessões de atividades complementares e três encontros com as organizações sociais.

17 Como será visto no capítulo 3.

18 Os mentores dos novos alunos começarão em 2005 conforme um perfi l desenhado por cada jovem interessado.

19 Do Relatório de Atividades do projeto em 2004.

O processo vivido

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O trabalho com as organizações foi dividido em três temas: o primeiro tratou da percepção do impacto dos cursos sobre a vida dos jovens; o segundo, foi uma orientação técnica sobre “Processo formativo e formação de vínculos” nessa faixa etária; e o terceiro, com os educadores sociais, tratou da atuação dos jovens do projeto em suas organizações e comunidades20.

As atividades complementares, por sua vez, confi rmavam a preocupação crescente dos jovens com seus projetos de vida e, conseqüentemente, com o mundo do trabalho. Demanda por estágios, por troca de curso (ou de faculdade), por cursos adicionais – as pressões do campo passavam pelos bolsistas e exigiam respostas novas do projeto.

As respostas vieram de diversas formas: apoio à solicitação de bolsas para cursos complementares, defi nição de regras para a aceitação de dependências, suporte de ex-bolsistas compartilhando suas experiências durante e após o curso realizado, defi nição do perfi l dos mentores e identifi cação de novos voluntários.

A partir do segundo semestre desse ano, o Instituto Hedging Griffo tornou-se também fi nanciador do projeto. Dezesseis novos mentores se incorporaram ao grupo de voluntários (21 no total) e tiveram três encontros até o fi nal do ano, quando avaliaram que “o principal fator de êxito é a nossa capacidade de ouvir, entender e dar valor às demandas e necessidades apresentadas pelos jovens, sem sobrepor nossas expectativas, possibilidades e valores”.

Essa conclusão dos mentores serve como epígrafe ao principal aprendizado feito pelos operadores do projeto Virada de Futuro, após cinco anos de sua criação.

Em fevereiro de 2006, cinco jovens foram eleitos para participar do planejamento das atividades complementares, um foi escolhido para participar do Comitê Executivo (agosto)21 e o tema do encontro com as organizações sociais foi “Autonomia do jovem e projeto de vida”.

Uma pesquisa realizada em maio constatou que nove dos 12 jovens que haviam completado seus estudos desde o início do projeto estavam trabalhando nas áreas de sua formação (informática, pedagogia, design gráfi co, professor de espanhol, artes plásticas e cabeleireiro). Dos 20 que continuavam seus estudos, 14 já estavam atuando na área escolhida (engenharia eletrônica, sistema da informação, artes plásticas, comunicação, física, biologia, música, serviço social e turismo). Uma relação 74% favorável de sintonia entre expectativa e resultado.

Em nove sessões, o programa das atividades complementares seguiu três eixos temáticos: atividades culturais, troca de experiências e mundo do trabalho. Durante o ano houve oportunidades para que alguns jovens demonstrassem e repartissem com os colegas o aprendizado específi co feito em seus cursos. Também houve dois encontros com os mentores (fevereiro e maio) e um encontro de fi nal de ano entre jovens e seus pais para lazer e avaliação dos resultados do projeto.

A aproximação de expectativas dos jovens e de suas organizações sociais de origem foi um assunto tratado especialmente pelo Comitê Executivo e pela equipe técnica do projeto.

Esse assunto, emblemático de outros que foram enfrentados durante todo o processo de implantação do piloto do projeto Virada de Futuro, consolidou uma perspectiva mais madura dos propósitos do projeto e a necessidade de organizar todo o aprendizado feito até então por meio de uma sistematização que permitisse a disseminação de suas estratégias.

20 Relatório da atividade de 21 de agosto registra que “Rafael foi eleito, em Francisco Morato, membro do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, está trabalhando uma vez por semana na organização Pró-Morato e fez uma palestra em encontro realizado pela ACJ – Associação Caminhando Juntos. Tony foi convidado a compor o Comitê de Jovens Gestores do Arrastão. A proposta da organização é ouvir a opinião dos jovens em relação à gestão e às atividades desenvolvidas pela organização. Está participando também do Concurso Jornalista do Amanhã, da CNN. Orlando está participando do Concurso da Vivo com a elaboração de um jingle. Tatiana está desenvolvendo o banco de dados da Central da Juventude do CPA. Danúbia está dando aula de capoeira para 80 alunos de uma escola aberta de sua região. Aline e Tony participaram das Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizadas em suas regiões.”

21 Carlos Moreira, da primeira turma, que já completara seu curso técnico da Escola Panamericana de Arte.

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O ano de 2007 representou o fechamento de um primeiro ciclo do projeto Virada de Futuro. Praticamente todos os últimos jovens apoiados (14, em 15 remanescentes) concluíram seus cursos, obtendo notas acima da média em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs).

As atividades complementares focaram seu objetivo nesse processo de passagem entre os estudos e o mundo do trabalho, abordando as expectativas para o futuro, apoiando a construção de projetos de vida e o estabelecimento de metas de médio prazo.

Entre junho e novembro foi realizada a sistematização do projeto, com dinâmicas de recuperação da história vivida e de análise dos resultados desse trajeto, envolvendo o Comitê Executivo, os educadores das organizações sociais e os jovens (11 deles entrevistados individualmente).

Sete anos após o início deste projeto piloto, que apoiou 39 jovens (31 conclusões de curso e 8 desligamentos), a Fundação Abrinq anunciou que, em função da redefi nição de foco de sua missão institucional, descontinuaria a gestão do projeto Virada de Futuro a partir de 2008, com a perspectiva de disseminá-lo junto à outras instituições.

O processo vivido

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O processo pensado

Este capítulo analisa as principais práticas desenvolvidas no percurso do Virada de Futuro.

O processo pensado ensaia uma metodologia das boas práticas no sentido que o UNICEF lhes dá:

“Identifi car boas práticas é uma parte necessária do aprendizado organizacional e da busca pela excelência.

As boas práticas difundem enfoques inovadores e validados. Todas as boas práticas constituem um esforço

para compreender melhor o que funciona (e o que não funciona!), como, por que e em quais condições.

As boas práticas permitem aprender da experiência e perseguir o melhor enfoque para cada contexto

no sentido de ajudar as pessoas a usufruírem de seus direitos humanos.”

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Uma experiência de gestão compartilhada

Desde o início, a gestão do projeto Virada de Futuro é feita por um Comitê Executivo composto por representantes dos atores envolvidos no projeto.

Esse formato, já experimentado em outros projetos e programas da Fundação Abrinq em parceria, é propício a iniciativas que, visando ao mesmo fi m, envolvem interfaces e interesses variados e dependem de agilidade deliberativa.

O Comitê Executivo do projeto foi composto originalmente por oito representantes – da Fundação Abrinq, dos patrocinadores e de organizações da Rede Nossas Crianças – e, em 2006, decidiu incorporar a participação dos jovens (um deles participou da última reunião daquele ano).

Suas atribuições, defi nidas por um Regimento Interno22, são:

• Defi nição dos critérios de participação dos jovens e processo seletivo.• Defi nição das responsabilidades e da forma de funcionamento do Comitê, com a elaboração de seu Regimento Interno.• Aprovação anual da proposta de atividades complementares.• Avaliação fi nanceira do projeto.• Desenvolvimento de processos seletivos para a identifi cação de novos bolsistas.• Avaliação anual da proposta de trabalho com mentores voluntários.• Aprovação semestral dos relatórios de atividade.• Avaliação e tomada de decisão em relação a problemas ou difi culdades vividas pelos jovens bolsistas.

O Comitê reúne-se sistematicamente, numa média de quatro vezes ao ano, conforme a pauta proposta pela coordenação do projeto. Cada tópico recebe as considerações de todos os representantes e o processo de decisão é consensual. Esse procedimento confere visibilidade às deliberações (que são sempre registradas) e comprometimento de todos os envolvidos com a implementação das medidas acordadas.

O papel do Comitê é estratégico: propõe critérios sem perder de vista a exeqüibilidade fi nanceira das atividades propostas, avaliza as propostas de trabalho complementares aos estudos acadêmicos e ajusta o projeto às demandas dos jovens surgidas na experiência cotidiana. Precisa manter uma postura ao mesmo tempo focada e maleável. O foco é a natureza da ação afi rmativa23 a que se propõe: reequilibrar as oportunidades (de entrada e de processo) educacionais e de acesso ao mercado de trabalho para jovens pobres. A maleabilidade diz respeito à compreensão das circunstâncias em que esse reequilíbrio ocorre, especialmente no que tange à faixa etária.

Nos seis primeiros anos deste projeto, o Comitê Executivo cumpriu com desenvoltura o papel de incubação de novas políticas num campo em que os parâmetros são escassos. Reorientou a seleção dos bolsistas como forma indutora das políticas de indicação das organizações sociais. Estabeleceu critérios para seleção destas organizações e para a aceitação de dependência por parte dos bolsistas. Adotou o aconselhamento psicológico sempre que necessário. Ousou experimentar

22 Cópia do Regimento Interno do Comitê Executivo nos Anexos.

23 “Uma versão mais vigorosa e enfática da noção de igualdade de oportunidades sustenta que não se pode obter a dita igualdade a menos que os resultados dos processos educacionais sejam mais ou menos os mesmos para todos os grupos. Essa condição não será obtida enquanto aos grupos for negada a igualdade de tratamento. De modo a garantir um tratamento equânime, faz-se necessário mudar as condições iniciais, de tal modo que alguns grupos recebam uma vantagem comparativa. Infelizmente as pessoas consideram que a justiça processual é aplicável mais a indivíduos do que a grupos, e entendem os programas de ação afi rmativa como uma violação da justiça processual. Também existem problemas com as ligações entre a igualdade de oportunidades e os resultados. Não há garantia de que o tratamento igualitário será capaz de assegurar resultados eqüitativos, dada a distribuição desigual de interesses, motivações e habilidades entre os indivíduos. Se a igualdade de resultados não puder ser assegurada por meio de mudanças nas condições de entrada, a tentação é intervir no sentido de produzir desigualdades de tratamento no âmbito do processo educacional, de modo a garantir os resultados desejados. Mas essa estratégia provavelmente enfrentará oposição ainda maior...” (GINGELL; WINCH, 2007, p. 13)

O processo pensado

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um tipo inédito de monitoria por voluntariado. Antes de tudo, manteve uma clareza meridiana – provavelmente advinda da expertise com crianças – de que sua prioridade, em qualquer encruzilhada, é o melhor interesse dos jovens. Pode parecer óbvio, mas não é pouco.

Nas entrevistas24, os membros do Comitê lembram que “no começo, foi tudo muito rápido. As expectativas das organizações eram mais imediatistas, os horizontes dos jovens mais limitados e havia ainda em circulação uma associação entre juventude, violência e pobreza que teria como saída a preparação para o trabalho, o que pode ter, de alguma forma, infl uenciado na escolha da primeira turma.” E acrescentam: “mas o Comitê foi amadurecendo...”.

São pelo menos três os fatores plausíveis para esse amadurecimento. A condição efetiva da parceria é um deles. Resguardadas as especifi cidades de cada uma das três representações, elas sempre operaram em nível horizontal, permitindo que suas diferenças se compusessem de modo complementar. O ponto central é que todas as partes se vêem construindo juntas um projeto que é maior do que a soma de si mesmas.

Contribui para esse ambiente a combinação de um fator objetivo e outro subjetivo. A situação objetiva é o caráter inédito, ou raro, do projeto. Nenhum dos parceiros tinha experiência ou referência direta com tal tipo de iniciativa. A experimentação explicita a interdependência e subentende o desconhecimento. No caso do projeto

Virada de Futuro, tal cumplicidade positiva foi reforçada por um extraordinário envolvimento com o objeto (a formação) derivado da paixão unânime pelos sujeitos (os jovens). Essa intersubjetividade conquistada, geralmente subestimada na avaliação dos processos de gestão, foi fundamental tanto para validar os processos decisórios consensuais, quanto para agilizar os procedimentos executivos.

A articulação regular entre as demandas – da ponta (jovens e famílias) e do acompanhamento (atividades complementares, mentores) – e o Comitê Executivo constitui o outro eixo básico da gestão.

A equipe de execução do projeto sempre foi muito enxuta, composta por uma coordenação e sua assistente administrativa, com o apoio de uma assessoria técnica para o desenvolvimento das atividades complementares. Todas conhecem a história do projeto, cada jovem e sua respectiva organização, a cultura institucional de sua própria entidade, a Fundação Abrinq. Com essa bagagem e dada a escala experimental do projeto, elas puderam fazer o “meio de campo” entre as práticas cotidianas e o perfi l normatizante do Comitê, de maneira que a atuação dele aparecesse sempre como parte de um ciclo natural de consolidação de todo o processo.

A atuação mediadora da coordenação evidencia a marca distintiva da Fundação Abrinq que é colocar o acervo existente de boas práticas e/ou tecnologias sociais a serviço do fortalecimento das organizações que operam diretamente nas comunidades.

Perguntadas sobre sua relação com a Fundação Abrinq neste projeto e o principal impacto percebido, as organizações entrevistadas mencionaram sua satisfação com os resultados diretos obtidos pelos jovens, mas priorizaram o ganho em aprendizado institucional (principalmente o conceitual):

24 As entrevistas de recuperação da linha do tempo constituíram uma das metodologias básicas desta sistematização, como pode ser visto no último capítulo.

foto: Fundação Abrinq

Comitê Executivo

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• “aprendemos a ter expectativas mais sintonizadas com os jovens”;• “nem todas as histórias dão certo, mas o processo ensina”;• “todo mundo tem seu momento, compreender isso é uma sabedoria”;• “protagonismo, empreendedorismo, auto-estima, valores... Havia uma revolução de idéias no ar e a Fundação Abrinq teve um

papel orientador para as organizações”.

Nos anos seguintes não houve mudança no quadro de critérios de seleção (inclusive porque não haveria novos ingressos). O foco das atenções esteve no acompanhamento dos alunos – mentoria, atividades complementares, apoio psicológico.

Analiticamente, os fatores que orientam os critérios de seleção consideram principalmente o ponto de partida dos jovens, compondo uma sucessão que refi na este universo: faixa etária, conclusão do Ensino Médio25, vínculo forte com instituição social, interesse em continuar os estudos, capacidade de organizar um projeto de vida.

Os relatórios de acompanhamento dos bolsistas e as entrevistas sobre sua experiência no projeto destacam algumas regularidades que convém anotar, pensando como os critérios de seleção poderiam também considerar as possibilidades de desempenho dos jovens.

Vejamos:

No campo das difi culdades, oito jovens (27% do total) foram desligados do projeto. Quatro deles tiveram sérios problemas pessoais que interferiram em seu aproveitamento acadêmico, gerando um ciclo insuperável de dependências. Quatro abandonaram suas organizações de origem e seus cursos também por motivo de acontecimentos graves que os indispuseram a priorizar os estudos. Um foi encaminhado para tratamento psicológico, oferecido por um profi ssional da Sociedade Brasileira de Psicanálise, parceria do Projeto.

Dos outros 80%, pelo menos dez jovens enfrentaram turbulências que poderiam ter comprometido seu desempenho, não fossem as medidas de suporte adotadas.

O modo como a difi culdade aparece é a iminência da dependência, ou da evasão, que leva ao pedido de apoio psicológico. As fontes mais comuns para esses problemas dividem-se, quanto à importância, em dois grupos:

a) as principais, representadas pela defi ciência da formação escolar e pelo quadro familiar;b) as secundárias, representadas pelo choque sócio-cultural com o mundo da escola e pelo estresse decorrente do excesso de

expectativas internas e externas.

25 67,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio (PNAD 2004). São Paulo é o 2º estado com menor defasagem idade-série no EM (22%). Taxa de reprovação EM Público (SP) – 9,68 %. Taxa de evasão EM Público (SP) – 8,44%. 56% jovens (15-18) do ESP só estudam no EM, 11,3% só trabalham. 18,5% trabalham e estudam , 12,7% não trabalham nem estudam. Há 8.900.000 matriculados no EM (Brasil). 3,5 milhões fi zeram ENEM em 2007. 1.814.000 matriculados no ESP (2006).

O processo pensado

“Da 5ª série ao 2º Grau, estudei em uma escola ruim e mesmo assim eu não ia bem em Matemática e Biologia. Quando veio a oportunidade do Virada, eu nunca tinha ido a uma faculdade. O curso começou e aí descobri o quanto a Matemática e minha lentidão para a leitura atrapalhavam...”

“O último ano foi o mais difícil porque casei, veio o primeiro fi lho e aí aumentaram as pressões e as necessidades e diminuiu o tempo para os estudos...”

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As preocupações do conjunto de critérios de 2001 estão relacionadas a criar marcos iniciais para uma demanda genérica. Dos primeiros 17 jovens selecionados: cinco buscaram estudos universitários, 12 formação técnica, sendo que sete optaram pela área da Informática. Na avaliação das instituições e da Fundação Abrinq, esse perfi l correspondeu ao horizonte de expectativas então predominante entre os jovens. A carta-convite informou às instituições que elas poderiam indicar até três jovens, levando em consideração características e valores indicativos de uma posição destacada deles em sua localidade de origem.

Os acréscimos de 2004 reforçaram a responsabilidade das organizações sociais. Dos 17 jovens selecionados: 16 buscaram cursos universitários na área das Ciências Humanas (cinco em Comunicação, quatro em Artes) e um em formação técnica. Houve, portanto, uma signifi cativa mudança na escolha dos jovens selecionados, correspondente a um estágio de maior defi nição do papel e da potencialidade do Projeto.

A porta de entrada

Em 2001, o Comitê Executivo estabeleceu um conjunto de critérios de seleção de bolsistas, que foi modifi cado em 2004, tendo em vista a experiência e o aprendizado dos três anos anteriores de acompanhamento do processo e seus resultados.

Este quadro resume os avanços:

2001 2004 Obs.

Idade 15 a 21 17 a 21 -

Ensino formal Conclusão fundamental mantida -

Pré-requisitos Comprovação mantidos -

Instituição origem Vínculo próximo mantido -

Projeto 6 meses a 4 anosMínimo um ano Jovem:

família e instituiçãoConsistência e coerência c/

história e experiências.

Filhos/parentes instituição origem Restrição Mantida -

Importância da bolsa sim Mantida Fundação Abrinq

Mudança de vida Signifi cativa Mantida Fundação Abrinq

Valores / características Especifi cados MantidosSolidariedade, ética, liderança, criatividade, responsabilidade,

interesse pela comunidade.

Seminário sobre critérios - PrevistoSem novas despesas. Parceria.

Aconteceu em 2005 (2x).

Seleção de instituições - IncluídaRede, freqüência,

acompanhamento, trabalho com adolescentes.

Defi nição de responsabilidade da entidade - Na circularInscrição vestibular, transporte,

acompanhamento, mediar $, relatórios trimestrais.

Renda familiar - A incluir Considerar per capita.

QUADRO I – Critérios e estratégias para seleção de jovens

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No campo das facilidades, destacam-se os fatores que parecem estimular o bom rendimento, a participação ativa e o foco na área escolhida. Cinco jovens não têm qualquer registro de difi culdade signifi cativa na memória. Para outros sete, as difi culdades estiveram ao alcance de seus próprios recursos de superação. Aqui também é possível identifi car dois conjuntos de fatores determinantes:

a) principais, representados por hábitos de estudo adquiridos anteriormente, por um quadro familiar favorável e pelo desenvolvimento da inteligência institucional26;

b) secundários, representados por uma estratégia de investimento nos estudos e pela escolha da escola mais adequada para tanto.

Outro fator que interessa considerar nessa porta de entrada da seleção é a escolha que o jovem faz do curso.

A qualidade dos cursos (ou escolas) superiores escolhidos, motivo de preocupação do Comitê Executivo desde 2004, emergiu como problema para os jovens em 2005. Para eles, a falta de qualidade era percebida a partir do cotidiano, pelas lacunas (de professores, equipamento, conteúdo, de interesse dos colegas) e pela perspectiva comparativa tanto do mercado de ensino, quanto das possibilidades de colocação futura no mercado de trabalho. A avaliação do Comitê ia além, antecipando o que viria a acontecer mais recentemente com as bolsas do Programa Universidade para Todos - ProUni, considerando que o fi nanciamento de escolas de baixa qualidade trairia o uso dos recursos econômicos e sabotaria as possibilidades de “virada” na trajetória dos jovens por meio da educação continuada.

26 “(a inteligência institucional) revela-se através do grau de compreensão manifesto pelos alunos sobre as regras do jogo no campo escolar e a maneira de jogar com elas. (...) A consecução dos objetivos imediatos é mais importante, em determinados momentos, que a defesa das posições mais profundamente arraigadas.” (SOUZA E SILVA, 2003, p. 140 - 141)

O processo pensado

Desligar é um sofrimento

A interrupção de um projeto de vida é um processo sofrido para todos os que se empenharam por ele.

Na experiência desse projeto, a maior parte dos desligamentos ocorridos resultou de processos que, quando detectados, pareceram semelhantes a outros que acabariam sendo superados: problemas familiares e rendimento acadêmico insufi ciente.

No entanto, dois fatores contribuíram para que não houvesse solução para esses casos: a difi culdade de comunicação dos jovens, de um lado, para expressarem sua necessidade de apoio suplementar; os serviços de apoio (principalmente o acompanhamento das organizações), de outro, não perceberam essa necessidade, ou subestimaram a força das pressões em jogo.

Por isso, na maior parte dos casos (70%) o desligamento resultou de uma desistência unilateral dos jovens, por abandono ou afastamento. Desses cinco casos, dois retomaram contato com o projeto após algum tempo.

“Difi culdade? Não lembro. Fiz o curso no mesmo ritmo em que sempre estudei. Talvez a minha faculdade fosse mais fácil...”

“Lá em casa, estudar é questão básica. Minha mãe deu a maior força e todos nós fomos em frente!”

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A incidência de opções por escolas “abaixo do aceitável” (ainda que esta linha nunca tenha sido de fato traçada) nunca chegou a ser signifi cativa27 no cômputo geral das escolhas. Num dos casos, identifi cada pelo bolsista, a escolha foi corrigida com a transferência para outra escola, de excelente qualidade. Noutro, o jovem considerou que as diferenças causadas por uma eventual mudança seriam anti-econômicas e poderiam ser compensadas por suas próprias capacidades individuais, o que veio a ser confi rmado pelos fatos.

Mas esta é uma questão relevante para políticas públicas nesse campo que fi cou “sobre a mesa” do Comitê, na pauta para uma futura defi nição de critérios.

O acompanhamento das organizações

As organizações sociais participantes da Rede Nossas Crianças (147 atualmente) atuam junto a crianças e adolescentes em sete áreas comuns28. Quando o projeto Virada de Futuro foi lançado, em 2001, dez delas tiveram jovens selecionados; em 2003, foram incluídas seis organizações diferentes; e, em 2004, mais seis.

Assim, 22 organizações diferentes participaram dos primeiros seis anos do projeto, com atribuições básicas que demonstram a importância de seu papel no monitoramento dos resultados do processo junto aos jovens:

• Pagar a inscrição nos vestibulares para os jovens que não tenham condições.• Disponibilizar transporte para a participação dos jovens nas atividades previstas no processo seletivo.• Disponibilizar um profi ssional para o acompanhamento contínuo do jovem bolsista e participação em reuniões na Fundação

Abrinq para avaliação do desenvolvimento dos jovens.• Receber da Fundação Abrinq verba referente às despesas com mensalidade dos cursos e ajuda de custo e repassá-la ao bolsista.• Elaborar prestação de contas e relatório de acompanhamento, trimestralmente.

Como fi cou patente nas entrevistas e encontros que informaram esta sistematização, a maior parte das organizações foi levada a iniciar atividades com adolescentes e jovens pelo crescimento biológico das crianças que usualmente atendera. Algumas entidades passaram a desenvolver atividades consideradas mais próprias à juventude, sem, no entanto, compreender quanto haviam mudado as necessidades e perspectivas de um público que elas julgam “conhecer muito bem desde a infância”. Do mesmo modo, educadores que desenvolviam bem sua capacidade de relação com crianças, nem sempre conseguiram o mesmo resultado com o público juvenil. E houve casos de difi culdade no acompanhamento de jovens que, indicados em virtude de uma boa referência anterior, tinham perdido o vínculo29 com a organização.

No encontro de organizações realizado em 2002, foram listadas considerações sobre as difi culdades encontradas, entre as quais:

• Falta de clareza dos profi ssionais em relação aos objetivos, procedimentos e aspectos relevantes a serem observados no acompanhamento ao jovem, e em conseqüência, difi culdade de elaborar os relatórios técnicos.

• Muitos jovens têm difi culdade em expressar seus sentimentos e pensamentos e a organização tem difi culdade de lidar com isso.• O educador é importante no acompanhamento do jovem, principalmente nos seus momentos de crise pessoal ou profi ssional.• É importante ver o jovem como sujeito do seu processo e possibilitar sua liberdade de escolha. Dar suporte e ferramentas

para o desenvolvimento do jovem é diferente de fi scalizá-lo.

27 Menos de 20%.

28 Educação infantil, Educação complementar, Qualifi cação profi ssional, Situação de rua, Medidas sócio-educativas em meio aberto, Abrigo, Erradicação do Trabalho Infantil.

29 Essa idéia-força, fundamental para compreender o tipo de acompanhamento organizacional de que os jovens necessitam, será mais explorada no próximo capítulo.

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Até então, não existiam critérios pré-determinados para as organizações que apresentavam suas indicações de jovens. Esses critérios foram criados com vistas ao novo processo seletivo, em 2004:

• fazer parte da Rede Nossas Crianças com freqüência de 75% às últimas seis reuniões;• desenvolver programas de atendimento a adolescentes acima de 14 anos;• apresentar uma proposta de acompanhamento que aponte: o vínculo existente com os jovens indicados, a concepção de

jovem e o profi ssional que acompanhará os bolsistas durante o curso.

Como é fácil constatar, os critérios visaram a conferir mais homogeneidade política e operacional ao conjunto das organizações envolvidas. A eles somaram-se um instrumento próprio30 e atividades orientadas31.

De modo geral, essas iniciativas deram resultados, principalmente na transformação da perspectiva com que as organizações (e educadores) passaram a enxergar os jovens. No encontro realizado em 2006, os educadores ponderaram:

“Como é difícil para o jovem tomar decisões ou fazer opções..! Ele traz questionamentos a que não consegue responder, nem pedir ajuda. Para muitos não há idéia pronta em relação a sua perspectiva de futuro... ainda está em construção. Entram na faculdade e têm difi culdade de se ver num lugar diferente.”

E concluíram que “o papel da organização é fundamental. Por meio do acompanhamento, o educador pode perceber se o jovem precisa de ajuda. Esse pedido não virá de maneira explícita. Será sempre um trabalho contínuo e de troca”.

Se no plano conceitual o acompanhamento das organizações avançou signifi cativamente, no plano operacional (uso da verba, prestação de contas e relatório trimestral) ele ainda é inconstante.

De acordo com uma das técnicas entrevistadas: “as organizações não imaginavam o trabalho que teriam com o acompanhamento dos jovens. Eles são poucos por unidade organizacional e o projeto Virada de Futuro vira uma sobrecarga...”.

É curioso que, nesse segundo plano, a difi culdade aconteça no mesmo ponto em que acontecia no plano conceitual, agora em sentido oposto: o da autonomia do jovem. Em nome dela, algumas entidades afrouxam o monitoramento dos pagamentos sob responsabilidade dos jovens, ou mesmo pedem que eles próprios preparem os relatórios de desenvolvimento.

O risco desse procedimento é reforçar um distanciamento que (como ocorreu em mais de um caso) camufl a a exposição de difi culdades pessoais, aumenta a sensação de fracasso e dívida do jovem e retarda, ou impossibilita uma correção de rumos menos danosa.

30 O Roteiro da Proposta de Acompanhamento, que está nos Anexos.

31 Aos encontros com as organizações (eventos regulares de informação e intercâmbio) foi acrescentada a perspectiva de capacitação breve.

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Uma dívida, ou uma dúvida?

Um tema que sempre aqueceu a pauta de reuniões do Comitê Executivo foi o das diferenças de expectativa entre as organizações sociais quanto à “resposta dos jovens”.

Ao contrário do pensamento dos fi nanciadores, da Fundação Abrinq e das entidades mais experientes no trabalho com juventude, algumas organizações contavam com algum tipo de contrapartida objetiva – trabalho voluntário, por exemplo - como um retorno justo, para si ou para a comunidade de origem, dos jovens selecionados.

Foi preciso, inúmeras vezes reafi rmar que o projeto Virada de Futuro não tem esse objetivo, nem visa a esse tipo de impacto, ainda que ele possa ocorrer e tenha ocorrido com freqüência.

A experiência com os projetos comunitários (2002) mostrou que é possível uma contribuição pontual até o segundo ano dos cursos, mas que o tempo e a disponibilidade fi cam cada vez menores até o último período.

O que pode parecer um “afastamento” corresponde, na maior parte das vezes, ao envolvimento maior e necessário do jovem com as responsabilidades acadêmicas que, por sua vez, precedem seu ingresso no mundo do trabalho.É o rompimento de um cordão umbilical, não o seu reforço.

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As atividades complementares

Usualmente, as organizações sociais chamam de complementares àquelas atividades realizadas no período alternativo ao horário escolar que acrescentam à educação formal oportunidades de aprendizagem dos conteúdos transversais que lhe são caros.

O projeto Virada de Futuro adaptou essa matriz a sua especifi cidade e experimentalismo, propondo essas atividades como espaço de constituição de um grupo de refl exão e proposição sobre o próprio projeto e sobre a ação dos jovens em suas comunidades. Sua primeira defi nição dos objetivos específi cos (2001) listou:

1. Fortalecer o senso crítico e o desejo de aprender do jovem.2. Propiciar ao jovem um espaço de refl exão e construção de projetos em grupo.3. Propiciar ao jovem vivências em diversos espaços sociais e culturais.4. Estimular maior participação do jovem em sua comunidade.5. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem a entrada e permanência do jovem no

mundo do trabalho.

Essa orientação vigorou nos dois primeiros anos e, após ampla avaliação, inaugurou uma segunda fase, com novas ênfases:

1. Criar um espaço em que os jovens possam expressar e trocar suas experiências, confl itos, soluções e perspectivas.2. Contribuir com o desenvolvimento de habilidades e competências para o mundo do trabalho.3. Possibilitar o acesso a espaços culturais, como cinemas, teatros, exposições.

Em 2001, o desafi o principal das atividades complementares era preparar os jovens “para enfrentar o novo, o diferente sem se sentirem ameaçados”. A avaliação era de que os jovens precisavam repartir e refl etir sobre as pressões “grandes demais” que sentiam receber. E, ao mesmo tempo, deveriam se abrir para horizontes mais amplos, representados pelos bens culturais da cidadania e o mundo do trabalho.

Assim, mensalmente havia um encontro de dia inteiro, programado para combinar uma atividade mais refl exiva e outra mais ligada à fruição cultural.

É notável a memória que ficou desses momentos no depoimento dos jovens sobre suas impressões do projeto. Em muitos casos, a experiência de acesso a espetáculos culturais ou à variedade de estilos gastronômicos dos restaurantes parece ter sido mais impactante (e transformadora) do que o convívio no ambiente universitário.

Em 2004, a ênfase recaiu sobre o mundo do trabalho e as sessões organizaram-se em três partes: uma primeira para conversa e refl exão coletiva sobre os desafi os comuns; o desenvolvimento de um projeto por grupos na segunda; e, no fi nal, um passeio cultural.

Em 2005, os objetivos das atividades complementares ganharam algumas especifi cidades:

1. Incentivar a criação de metas e estratégias de planejamento para as diversas áreas da vida dos jovens.2. Ampliar os conhecimentos e as vivências dos espaços sociais e culturais da cidade de São Paulo.3. Possibilitar um espaço de troca de experiências entre o grupo de veteranos e os novos bolsistas.

Finalmente, em 2006, os jovens elegeram quatro representantes para participarem do planejamento das atividades do ano, que mantiveram o formato dos dois anos anteriores. Com uma novidade: a criação de um momento para que os jovens apresentassem aos colegas um pouco do que aprendiam em seus cursos acadêmicos.

O processo pensado

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O que as sucessivas revisões de objetivos demonstram é que, mais do que a defi nição de um estilo, as atividades complementares lograram corresponder aos diferentes momentos, necessidades e disponibilidades dos jovens – preservando seu espaço próprio e constituindo provavelmente a marca mais original deste projeto.

foto: Fundação Abrinq

Atividade complementar 2005, visita à bienal de artes

“O que aprendemos com as Atividades Complementares é aproveitar as oportunidades e ir atrás de novas. Isso faz com que façamos escolhas certas e com responsabilidade.” Tiago Gomes

foto: Fundação Abrinq

Atividade complementar 2002 Visita ao Centro Cultural Banco do Brasil

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A percepção dos jovens

Uma sintética retrospectiva das avaliações feitas pelos jovens mostra como suas expectativas e envolvimento vão aumentando gradativamente.

Eles começam o ano de 2003 destacando a importância “desse espaço para conversar e falar dos problemas” e, em dezembro, propõem que as atividades complementares sejam mais dinâmicas, incluam discussões sobre a família e que haja outros encontros com familiares e educadores.

No início de 2004, esperam delas muitas coisas, entre as quais que proporcionem: enriquecimento cultural, conhecimento da cidade de São Paulo e de seus pontos turísticos, compartilhamento de experiências vividas nos cursos, troca de conhecimento entre as áreas de estudo, trabalhos conjuntos, troca de experiências com pessoas convidadas, viagens de integração, discussão sobre o mercado de trabalho, visitas a outras instituições, encontros com ex-bolsistas, participação em eventos das respectivas áreas profi ssionais. No fi nal do ano, avaliam positivamente a programação desenvolvida, acrescentando que gostariam de aumentar o repertório das artes, incluindo cinema, música, teatro e atividades ambientais.

Em 2005, os jovens propõem mais tempo para discussão sobre o mercado de trabalho e se ressentem de que nem todos os bolsistas participem e se envolvam com as atividades complementares e da difi culdade de manter contato fora da programação institucional. Avaliam que as distâncias geográfi cas e a falta de tempo possam justifi car parcialmente a situação, mas também que alguns jovens não percebem a importância dessa atividade. E sugerem a inclusão de dinâmicas de integração do grupo e intercâmbio entre as organizações sociais.

No início de 2006, novas inclusões e expectativas: novo encontro com os mentores, encontros com outros grupos de jovens, mais atividades de lazer, atividades em lugares abertos, discutir qualidade de vida, falar mais da aprendizagem de cada um, palestra sobre como falar em grupo e amigo secreto no fi nal do ano. O balanço de fi m de ano:

• reconhecerá a qualidade das dinâmicas utilizadas, das atividades de intercâmbio com outros jovens e em meios sócio-culturais diversos, da proximidade das temáticas com o cotidiano e dos encontros com mentores e com familiares;

• proporá novas atividades para promover a integração do grupo, como apresentações sobre os cursos que cada um faz, presença maior de ex-bolsistas, dicas sobre gerenciamento de tempo e mais envolvimento das organizações sociais com as atividades complementares.

O processo pensado

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Em seu depoimento, as organizações reconhecem as atividades complementares como instância que cria vínculos afetivos e terapêuticos, que “põe todos no mesmo barco”, que amplia a visão dos participantes e amadurece pelo convívio. Acontece também um efeito multiplicador, quando os jovens repartem estas experiências em suas comunidades e fazem lobby junto às organizações para que reproduzam localmente essas atividades.

Há ressalvas ao fato de que elas acontecem em fi nais de semana e tomam um dia inteiro, o que leva os jovens mais sobrecarregados (ou que se sentem mais cansados) a se ausentarem delas, apesar contarem sempre com uma média de 70% dos jovens presentes.

Um cardápio variado de conteúdo32 e estratégias

Segundo um dos jovens participantes do projeto Virada de Futuro, o segredo do sucesso das atividades complementares é dar acesso aos cardápios – tanto gastronômicos, quanto sócio-culturais. Esses “cardápios” são listas de possibilidade de experiências com a diversidade não-acadêmica que estão disponíveis aos jovens, a maior parte delas com baixo custo, ou gratuitamente.

Experiências no sentido amplo, que podem abrigar, ao mesmo tempo, as temáticas e o modo de lidar com elas. Assim, foi possível tratar de temas do mundo dos estudos, do mundo do trabalho, do mundo das relações interpessoais, da cultura e das dinâmicas de exclusão/inclusão. E esse “tratamento” foi construído por variadas metodologias participativas, desde o modelo mais tradicional (exposição seguida de debate), até dinâmicas e jogos operativos, passando por visitas guiadas, sessões de fi lmes e vídeos e eventos de intercâmbio geracional.

Além disso, esse “espaço de troca” foi também um distensionador para o monitoramento dos experimentos implantados, cujos acertos e desacertos tornaram-se também (e principalmente) problemas dos jovens aos quais eles não negaram sua contribuição.

Em síntese, as Atividades Complementares funcionam como uma instância terapêutica horizontal para os jovens e

para o projeto.

32 Ver Atividades Complementares 2001/2006 nos Anexos.

O envolvimento das famíliasAs Atividades Complementares também constituem um

espaço estratégico para envolver as famílias dos jovens com

os objetivos do projeto.

As famílias participam da confraternização anual, de

reuniões periódicas de avaliação e contato com as

organizações sociais, com os mentores e de algum evento

pontual. Essas são oportunidades de aproximação,

esclarecimento e convívio que criam o sentido de

pertencimento a uma experiência coletiva e estimulam as

famílias a apoiar e acompanhar seus fi lhos mais de perto.

foto: Fundação Abrinq

Atividade complementar com os pais, passeio ao centro histórico de São Paulo

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Mentoria

Nas discussões iniciais de formatação do projeto, o tema da passagem do jovem do mundo da escola para o mundo do trabalho já estava em pauta. A idéia inicial pressupunha a criação de uma espécie de tutoria que se valesse do estímulo ao voluntariado corporativo.

Essa idéia foi retrabalhada pelo Comitê Executivo a partir da apresentação do trabalho de mentoring que algumas empresas internacionais estavam implementando a partir de seus departamentos de recursos humanos33. Apesar das resistências à importação cultural e setorial de modelos, a proposta central de facilitar a transição entremundos e, por conseqüência, a realização dos projetos de vida dos jovens, permaneceu como Mentoria.

No primeiro semestre de 2002, três profi ssionais voluntários reuniram-se com a coordenação do projeto e elaboraram o Perfi l do Mentor. A partir desse perfi l, foram contatados sócios e contribuintes da Fundação Abrinq e outros profi ssionais indicados pelo grupo inicial. No fi nal do ano, aconteceu o encontro entre os dez voluntários escolhidos e os alunos do projeto. A previsão era de que o acompanhamento começasse em fevereiro, após um encontro de capacitação dos mentores, com encontros mensais mentor-jovem e bimensais entre os mentores. Compunham esse primeiro grupo: dois empresários na área de informática, um dentista, um executivo da área de telecomunicações, dois profi ssionais da administração, uma professora de espanhol, dois cartunistas e duas educadoras.

Em 2003, os mentores acompanharam 13 jovens (cinco que já haviam concluído seus cursos), elaboraram planos de trabalho e participaram de cinco reuniões e de dois encontros de avaliação. A participação foi desigual, porém majoritária. Cinco mentores visitaram as organizações sociais de origem dos jovens.

Os encontros entre mentores foram acompanhados pela psicanalista Telma Weiss, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, que apoiou as refl exões do grupo e contribuiu para que eles sintetizassem seu aprendizado nesse período:

1) O papel mais importante do mentor é ser um orientador, um guia, um interlocutor no percurso profi ssional que o estudante desejar traçar.

2) Empregar o jovem na própria empresa do mentor não se mostrou uma boa experiência. Os papéis de mentor e de patrão são inconciliáveis.

3) É mais interessante que, no início, o jovem e o mentor criem um vínculo de confi ança. Assim, vivenciando a oportunidade de um encontro que não tem ligação profi ssional ou familiar, o jovem usufrui da chance de ter uma pessoa adulta disposta a conversar com ele, com o objetivo de apresentar-lhe as possibilidades do mundo profi ssional contemporâneo.

4) É importante trabalhar com a expectativa mútua, para facilitar a sintonia da dupla: o mentor precisa ter ciência da importância e do limite do seu papel e o jovem, consciência da oportunidade que esta experiência signifi ca.

Ao fi nal do ano, nenhum mentor apresentou os relatórios de acompanhamento (dois) programados. A avaliação dessa difi culdade indicou a necessidade de criar um instrumento simples (duas a três questões) e ágil (por e-mail) para os registros.

33 “Um terço das maiores empresas norte americanas têm programas formais de mentoria. Mudanças freqüentes na tecnologia, ambiente de hipercompetitividade, necessidade de disseminação do conhecimento e de profi ssionais mais capacitados, despertaram nas empresas a necessidade de reter o seu capital humano, aumentando assim a importância do plano de carreira e dos programas formais de mentoria nas organizações. Durante muito tempo, a mentoria foi tida como uma assistência unilateral ao desenvolvimento, onde uma pessoa mais experiente e com cargo mais alto na organização, trabalhava com o mentorado, dando-lhe suporte tanto pessoal quanto profi ssional. Atualmente, sabe-se que mentores não se restringem a superiores, mas podem ser pares e até subordinados.” Denise Souza em Os benefícios da mentoria (http://www2.uol.com.br/JC/sites/deloitte/artigos/a8.htm)

foto: Fundação Abrinq

Atividade com os mentores

O processo pensado

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Dos sete jovens formados em 2003, três solicitaram a continuidade da mentoria. Dos seis que continuaram seus estudos, cinco mantiveram esse apoio para 2004.

Com a seleção de uma nova turma de bolsistas teve início a segunda fase da mentoria, com vistas a 2005 (o Comitê Executivo considerou mais oportuno iniciá-la a partir do segundo ano de curso, pois o jovem já lida com muitas mudanças no primeiro ano).

Dessa vez, cada jovem ajudou a desenhar o perfi l do mentor que desejava34 para si. O ponto comum foi a necessidade de que o mentor tivesse experiência e fosse reconhecido em sua área profi ssional. E também que “fosse amigo, didático, conselheiro e fl exível”.

Com base nesses perfi s e com a ajuda de voluntários da Sociedade Brasileira de Psicanálise os profi ssionais indicados foram entrevistados e 14 deles selecionados. O primeiro encontro desse grupo aconteceu em 3 de junho e dele se destacam as seguintes considerações:

• é importante não criar muitas expectativas, mas trabalhar com as circunstâncias, no terreno do possível;• é fundamental escutar quais são as expectativas e as demandas dos jovens e considerar a sua realidade;• o papel do mentor não é semelhante ao de um orientador de monografi a;• é difícil perceber o limite desse papel sem cair numa postura assistencialista/paternalista;• devem ser identifi cados os objetivos comuns entre o jovem e o mentor.

Ficou estabelecido que cada dupla jovem-mentor estabeleceria um objetivo para o segundo semestre para ser desenvolvido em atividades mensais de uma hora de duração cada.

Vinte e dois jovens foram acompanhados por mentores, no primeiro semestre. Seis relataram difi culdades nesse acompanhamento.

No fi nal do ano, a avaliação do processo registrou que os casos de melhor aproveitamento da mentoria devem-se à capacidade de “ouvir, entender e dar valor às necessidades apresentadas pelos jovens, sem sobrepor suas expectativas, possibilidades e valores”.

Em 2006, com a aproximação do fi nal de seus cursos, os jovens tiveram uma conversa coletiva com os mentores e ponderaram que, para a concorrência no mercado de trabalho requer agilidade, atualização de conhecimentos e uma rede variada de relacionamentos e contatos. Os mentores destacaram a relevância de, durante os cursos, buscar estágios que acrescentem experiências e conhecimento signifi cativo para o campo em que se planeja ingressar.

As considerações e depoimentos colhidos entre os jovens, as organizações e o Comitê Executivo autorizam a sensação de que a idéia e a prática da mentoria ainda são muito incipientes.

A necessidade de um mentor não é clara para o jovem nos períodos iniciais de seu curso. Mais tarde, se ela surgir, será por variáveis imprevisíveis, o que não facilita sua caracterização como um a priori necessário.

Também não é fácil identifi car e capacitar os mentores. Entre os que se voluntariam, é preciso reconhecer os que têm capacidade ou potencialidade para equilibrar o conhecimento profi ssional e a administração do vínculo com os jovens. Encontrado (ou construído) esse balanço ainda restarão dois pontos cruciais para que o apoio se concretize: disponibilidade e acessibilidade – tempo e distância.

As organizações e seus educadores têm pouco contato com os mentores, assim como a equipe técnica do projeto. A relação forte deve ser com o jovem. Mas ela não aparece destacada no relato dos entrevistados.

34 Mais uma vez, com a colaboração de Telma Weiss.

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O que parece a todos é que a idéia continua pertinente, mas precisa ser lapidada. Na expressão de uma participante do Comitê, a mentoria “ainda não rolou redonda, não deu liga”. Mas deve dar.

Algumas experiências tiveram resultados positivos. Alguns jovens puderam contar com o apoio de seus mentores até na elaboração de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TTCs).

Avaliação

Um projeto experimental que envolve tantos educadores tem, claro, a avaliação como uma prática compulsória. O projeto Virada de Futuro desenvolveu uma dinâmica permanente e regular de checagem das suas atividades.

O desempenho dos jovens é retratado no relatório trimestral preparado pelos educadores das organizações sociais. O relatório passa pela equipe do projeto, que o encaminha à avaliação (e às deliberações, quando necessário) do Comitê Executivo.

Semestralmente, são elaborados relatórios de atividades nos quais é feita uma avaliação de cada jovem, das atividades complementares, das reuniões do Comitê Executivo, das reuniões com as organizações e do trabalho com os mentores, que são apresentados ao Comitê. As famílias dos jovens também têm uma reunião anual de avaliação de resultados.

Os métodos que orientam essas avaliações processuais são participativos, dinâmicos, dialógicos e qualitativos. O formato de registro geralmente divide-se entre a análise da situação e a relação dos encaminhamentos propostos.

Os resultados dessas avaliações alimentam uma dinâmica ampla de avaliação estratégica, que cobre períodos maiores e ciclos de aperfeiçoamento do piloto do projeto.

Já foram feitas duas avaliações desse tipo. A primeira, no segundo semestre de 2002, envolveu os jovens, seus familiares e a equipe técnica. Utilizou um questionário simples com os jovens, mas no geral privilegiou a discussão aberta sobre um roteiro pré-estabelecido.

A segunda aconteceu um ano depois e foi levada a efeito no Comitê Executivo, ocasião em que foram redefi nidas as bases normativas do segundo ciclo do projeto.

Os principais indicadores de resultado, considerados no período de 2001 a 2006, foram: permanência dos jovens no projeto, freqüência às atividades, realização dos projetos intermediários propostos, a conclusão dos cursos, a adesão de profi ssionais e entidades voluntárias, o aprendizado institucional das organizações sociais. E, quanto aos impactos: acesso ao mercado de trabalho, fi delização dos parceiros fi nanciadores, efeito multiplicador nas organizações sociais e o aumento da demanda pelo projeto na Rede Nossas Crianças.

O processo pensado

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O processo projetado

“A vida é tão bela que chega a dar medo.Não o medo que paralisa e gela, estátua súbita,

mas esse medo fascinante e fremente de curiosidadeque faz o jovem felino seguir para a frente

farejando o vento ao sair pela primeira vez da gruta.Medo que ofusca: luz.

Cumplicentemente as folhas contam-te o segredovelho como o mundo: adolescente, olha! a vida é nova.

A vida é nova e anda nua, vestida apenas com o teu desejo!”

O adolescenteMário Quintana

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Ser jovem não é brinquedo, não.É promessa de vida no teu coração, como cantou Tom Jobim.É um frio na espinha, como sugeriu o poeta Mário Quintana.É uma espinha na testa, como sabemos todos nós.

Ser jovem não é problema, não.É sair da gruta caminhando com as próprias idéias,pensando com as próprias pernas, sentido com as próprias dúvidas.É esticar o braço pra pegar a luz.

Ser jovem não é moleza, não.Nascemos nus, pequenos, frágeis. Numa piscada, tudo cresce:quadril, pêlos, desejos. Então, a vida é que passa nua.E chega a hora de fazer escolhas.

Ser jovem fi ca entre um não e um... outro não.“Você já não é mais criança, rapaz!”“Ta pensando que já é mulher feita, garota?”Mas todo mundo quer ser, ou parecer jovem.

Ser jovem também é ir além.É o adolescente biológico promovido a indivíduo responsável.Quinze, dezesseis, dezessete... até os vinte e quatro anos de idade – 38 milhões de brasileiros são jovens.É um processo: vida sexual ativa, direito ao voto, respeito à Lei.

Ser jovem é procurar sua marca.Pode ser uma assinatura ou uma pichação.Um conjunto musical, ou uma loja.Uma gíria, ou um brinco.

É olhar muito no espelho pra entender o qual é daquela fi gura.Ser jovem é procurar sua turma.Grupo, rapaziada, manos, equipe, galera, aleluia.Time, conjunto, tribo, nação, lance.Coletivo.É encontrar no qual é dos outros a energia da vida.

Ser jovem é ser felino.Quieto como o gato que observa, ameaçador como a leoa que ruge.Pais, professores, autoridades que se cuidem:cada movimento seu atrai e afasta.A crítica é fi lha da curiosidade.

Ser jovem é ser eterno. Enquanto dure.Querer tanto, poder tudo, ousar sempre, experimentar muito.Arriscar, abusar, testar, extrapolar, exagerar.Rabiscar o infi nito.É sonhar que te adoram.

Ser jovem dura pouco.A necessidade bate, o trabalho ocupa, o tempo voa.E a vida leva.O confl ito abate, a violência extermina, o risco pousa.E a morte leva.É preciso viver a juventude.

Ser jovem é virar o jogo.É dizer não ao medo “que paralisa e gela, estátua súbita”.É inventar que nada será como antes.É imaginar mil outros mundos possíveis.É aplicar músculos, neurônios e hormônios para reagir.

Empatando no primeiro tempo,Dá pra ganhar no segundo.

O processo projetado

Milton QuintinoSer jovem

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Pensando em escala

O processo do projeto Virada de Futuro – vivido, pensado – informa e encaminha as projeções de sua continuidade e eventual expansão.

Há uma fonte de sentido que o anima e diferencia: o melhor interesse dos jovens. O caminho feito ao andar superou outras possibilidades correntes, mais “orientadas ao mercado” ou às políticas de redução de riscos sociais.

Essa opção preferencial pelos jovens gerou um dispositivo de apoio leve, eficiente e eficaz, balizado pela porta de entrada criteriosa, por instrumentos de acompanhamento específicos e avaliação permanente, numa dinâmica de gestão compartilhada.

Portanto, a primeira refl exão a aprofundar diz respeito às expectativas e possibilidades manifestadas pelos jovens atendidos, para avaliar como (e até onde) o projeto pode lhes corresponder.

Os jovens que chegam ao projeto começaram uma “virada” antes dele, com o apoio de suas organizações sociais. Para eles, esta nova oportunidade aponta no horizonte uma possibilidade de vôo, ou autonomia, que encanta e assusta.

Em famílias pobres, a “moratória da adolescência” tem prazo curto: mesmo que valorizem a escolaridade, elas investem expectativas econômicas das quais aguardam retorno a partir do 17º aniversário. O vínculo de seus fi lhos com as organizações sociais é visto favoravelmente do ponto de vista da fi xação de valores e das oportunidades de formação e capacitação, o que geralmente prolonga um pouco o tempo da espera. Mas ela permanece e o jovem sabe disso.

Nesse contexto, o projeto Virada de Futuro surge como um tipo de oportunidade diferente das usuais, pois será fruída fora, longe da comunidade e da família (coisa que ela e a organização demoram a perceber). Além disso, é uma oportunidade extremamente seletiva ante o quadro local.

Tudo isso para dizer quais são as desvantagens comparativas que pressionam adicionalmente esses jovens de que falamos35.

[Adicionalmente porque existem as pressões comuns a todos os jovens relacionadas à faixa etária, à escolha profi ssional, às incertezas do mundo do trabalho. A propósito dessas, que resultam de macroprocessos sócio-econômicos, a interferência do projeto é necessária, mas suas possibilidades são limitadas e mitigadoras].

A primeira dessas pressões é a saída do lugar de origem. Para a maior parte dos jovens pobres das periferias metropolitanas brasileiras, sua cidade se restringe ao seu bairro. Cursar uma faculdade, ao contrário, signifi ca “sair dali”, territorial e simbolicamente, para um outro mundo. Um êxodo voluntário e solitário que cobrará seu preço e dará seu fruto.

O “outro mundo” é recheado de mundos inesperados, desconhecidos, ainda não vividos, ameaçadores, tentadores. O jovem se depara, só, ante cardápios infi nitos de comportamento, valores, costumes e possibilidades de ser. Descobre a diversidade e a diferença e é desafi ado a reconstruir sua identidade na negociação com as alteridades.

Sua reconfi guração será infl uenciada (talvez mesmo determinada) pelos vínculos signifi cativos que vier a estabelecer. No cipoal de links humanos em que se meteu, buscará compatibilidades e sinais de referência. Será relevante quem compreendê-lo e ajudá-lo a compreender.

35 A má qualidade do Ensino Médio nas escolas públicas seria outra delas. Mas estudos recentes comparando o aproveitamento escolar universitário de alunos cotistas a não-cotistas parecem não confi rmá-la, à semelhança do que já foi verifi cado em estudos norteamericanos.

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Por fim, e mais objetivamente, tem diante de si tempo e recursos extraordinariamente relevantes para administrar. Dará conta disso sozinho? Como saberá se está mais perto, ou mais longe, do lado de lá (o mundo do trabalho)?

Exílio, diversidade, laço social e rito de passagem. É a essas perguntas que pretendem (co)responder as atividades complementares, o acompanhamento das organizações e o apoio psicológico. Esse é o norte para que esse dispositivo se aperfeiçoe.

Pensando em escala, como se poderá desenvolver esse dispositivo-matriz – que funciona para um piloto anual em torno dos 20 jovens – para atender como efi ciência 100, 200 ou mais jovens.

Nossa proposta consiste em:

racionalizar a porta de entrada, refi nando os critérios de seleção que já existem

otimizar a aplicação dos recursos, estabelecendo critérios de aceitabilidade para os cursos/escolas pretendidos

aperfeiçoar as atividades de acompanhamento, incorporando instrumentos remotos quando possível

aperfeiçoar o quadro de indicadores de resultado e impacto

O processo projetado

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A permanência escolar depende de uma dinâmica entre as características individuais do jovem e as redes sociais a que ele pertence. “A posição ocupada pelo agente nos campos escolar e familiar”36 é decisiva. Partindo dessa proposição, cabe acrescentar à composição o outro campo de pertencimento relevante à trajetória dos nossos jovens: o da sua organização social de origem, onde desenvolveu praticou e aprimorou aquelas características e valores reconhecidos como requisitos nos critérios de 2001.

E ainda resta um fator relacionado ao tempo, geralmente pouco perceptível por manifestar-se sempre camufl ado por hábitos familiares, escolares, ou institucionais – quando é, de fato, uma habilidade, ou saber comportamental relacionado às trocas intertemporais37. A capacidade de fazer escolhas intertemporais – diretamente relacionada à tensão imediatismo versus paciência – é um aprendizado fortemente infl uenciado pelo convívio familiar, escolar, cultural e religioso, desenvolvido até o fi nal da primeira infância e que se apresenta como um paradoxo na juventude, em especial no suposto momento de proceder a escolha de uma profi ssão.

Sua faceta pública mais conhecida é a associação entre os anos de estudo dos fi lhos e a escolaridade dos pais (principalmente, a mãe). Os pais defi nem estratégias escolares para os fi lhos conforme os prazos de retorno que julguem razoáveis com base em sua experiência própria (e, claro, também de acordo com as necessidades familiares). Também são importantes os mecanismos de socialização secundária – os amigos da escola, algum professor de referência – para o reconhecimento do valor das estratégias escolares de médio e longo prazo. As entrevistas com os jovens e com as organizações comprovam que a experiência do projeto Virada de Futuro expandiu o horizonte de possibilidades dos outros jovens que participam das atividades cotidianas em seu local de origem.

Resulta que este também é um fator a ser considerado no entendimento do que seja a (pré) qualifi cação de um jovem interessado em candidatar-se à bolsa do projeto.

Recuperando retrospectivamente os tópicos considerados característicos à seleção para o projeto Virada de Futuro, teremos:

1. as condições prévias (adequação à faixa de idade, conclusão do Ensino Médio, elaboração do projeto de formação);

2. a defi nição da situação de baixa renda familiar per capita;

3. a composição do quadro familiar;

4. o histórico da relação do jovem com o campo escolar;

5. o histórico da relação do jovem com o campo sócio-institucional;

6. as expectativas do jovem relacionadas a sua capacidade de fazer escolhas intertemporais.

Pelas entrevistas e relatos recolhidos, a organização que melhor pratica a seleção considera cinco itens na avaliação: uma redação do candidato, seu projeto de vida, sua militância comunitária, sua responsabilidade na família e a variável étnica. Considera-se também que, pela tradição, a seleção é uma tarefa repartida entre a organização de origem e a Fundação Abrinq (tópicos assinalados em verde no Quadro I – Critérios para seleção de jovens, capítulo 2).

36 Op. cit., p. 140.

37 “A troca intertemporal consiste na ação de manipular de alguma forma a seqüência dos eventos no tempo de modo a favorecer a realização de um dado fi m.” In GIANETTI, 2005, p. 69.

racionalizar a porta de entrada, refi nando os critérios de seleção que já existem

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A partir dessas considerações, a proposta é criar uma grade comum de critérios e instrumentos de avaliação que seja, ao mesmo tempo, passível de quantifi cação para:

• facilitar os termos de comparação, objetivando-os;

• simplifi car um previsível aumento da escala do projeto, sem prejuízo da complexidade da avaliação;

• conferir visibilidade à divulgação pública dos resultados.

Para compor essa grade, os tópicos 2 a 6 foram redistribuídos em cinco critérios: Necessidade, Família, Antecedentes, Valor e Expectativa. Além dessa composição básica, acrescentam-se outros dois que dêem conta das variáveis conjunturais, ou institucionais signifi cativos para os candidatos ou organizações em questão: o fator de Risco e o fator Diferencial.

Os instrumentos de verifi cação também não são desconhecidos: Redação, Projeto, Documentação, Entrevista, Visita, Teste. Para este último é preciso criar um conjunto que cubra, na mesma aplicação, os três critérios envolvidos.

Nesta proposta, a organização de origem continua co-responsável pela seleção, na modalidade de executora da pré-seleção (não mais “indicação”). A Fundação Abrinq responde pela seleção fi nal.

Para cada jovem candidato a organização de origem prepara uma pasta onde fi cam os registros dos instrumentos de avaliação sob sua responsabilidade. As organizações apresentam à Fundação Abrinq uma relação dos candidatos pré-selecionados acompanhada de Fichas Individuais de Avaliação com a pontuação obtida pelos jovens e um resumo dos motivos que justifi cam tal classifi cação.

O processo projetado

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No projeto Virada de Futuro, a “criação de oportunidades” se traduz na bolsa de estudo e no aparato de suporte de acompanhamento (atividades complementares, mentoria, atendimento psicológico). Mas o conteúdo principal dessas oportunidades é o acesso, permanência e aproveitamento de um curso de nível universitário, ou técnico. Sob esse conteúdo manifesto, há outro implícito: o acesso a um posto de trabalho bem qualifi cado que represente uma virada para o jovem nas suas condições e expectativas de vida originais.

Na experiência-piloto, 25% dos alunos que se encaminharam para cursos universitários manifestaram insatisfação com a qualidade dos cursos/escolas em que obtiveram vaga. A incidência é expressiva, pois outros 50% estavam matriculados em cursos/escolas de referência para seu campo de interesse. E mais: 10% dos que cursaram escolas menos qualifi cadas e não manifestaram sua insatisfação durante o curso têm encontrado difi culdade de conseguir trabalho em sua área de formação.

O acesso aos meios para estudar, exemplifi cada pela ampla oferta de vagas hoje existente no Ensino Básico, pode ser comprometida pela qualidade da educação disponível nas agências de ensino estimuladas pela atualização da demanda (há tantos anos reprimida).

Como meio de prevenir esse falso benefício e contribuir para uma maior consciência de todos os atores envolvidos no processo do projeto Virada de Futuro sobre o leque de ofertas institucionais disponíveis, a sugestão é adoção de estratégias e instrumentais que ajudem a avaliar o grau de risco na escolha da escola ou curso pretendidos pelos jovens.

otimizar a aplicação dos recursos, estabelecendo critérios de aceitabilidade para os cursos/escolas pretendidos

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Acompanhamento das organizações

• A organização social é a fonte primeira de informação e confi ança dos jovens. Ela conhece sua trajetória familiar, suas características e, muitas vezes, seu desempenho escolar. No processo de seleção, seu papel deve ser de pré-seleção documentada do jovem (os critérios indicados) e de pré-seleção da escola/curso escolhido (conforme os critérios indicados).

• A capacitação das organizações sociais pode ser feita em dois eventos anuais que incluam intercâmbio com experiências similares e resultem na publicação de um Guia do Educador do projeto Virada de Futuro e na certifi cação dos educadores capacitados.

• Os instrumentos de acompanhamento e registro precisam ser aprimorados, incorporando indicadores estabelecidos e aceitos previamente.

Atividades complementares

A linha de atuação seguida desde o início do piloto é praticamente irretocável, que se deve à clareza do foco do projeto. Os pontos apresentados a seguir sugerem apenas o aperfeiçoamento de iniciativas já sugeridas durante a experiência:

• Quanto aos conteúdos de Cidadania, pode ser mais estreita a relação prático-teórica com o acesso, circulação e conhecimento da cidade de São Paulo (sobre a qual poderia haver um acervo bibliográfi co disponível para consulta na sede da Fundação Abrinq).

• Um roteiro básico de quatro anos pode ser criado e aplicado com fl exibilidade combinando as três preocupações axiais (a cidade, o mundo do trabalho, o compartilhamento terapêutico no grupo).

• Pertencer ao grupo do projeto Virada de Futuro precisa ser mais desejado do que compulsório. Pode ser criado um recurso de relacionamento remoto no site do projeto que permitirá a continuidade do contato entre os jovens nos intervalos entre as sessões das atividades complementares, com noticiário e assunto de interesse, “esquentando” a expectativa dos encontros presenciais.

• As sessões de encontro, documentadas em vídeo, serviriam para alimentar o site, divulgar o projeto, multiplicar o efeito nas organizações sociais – o que poderia fi car cada vez a cargo de um grupo de “reportagem”.

• Para uma atividade com esse perfi l (das atividades complementares) talvez seja possível abrir parcerias específi cas, tanto de fi nanciamento, quanto de oferta de oportunidades.

O processo projetado

aperfeiçoar as atividades de acompanhamento, incorporando instrumentos remotos quando possível

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Mentoria

• O aprendizado construído até agora sugere que a combinação de habilidades mais adequada a um mentor do projeto Virada de Futuro é a que reúne a compreensão do rito de passagem do jovem para o mundo do trabalho à experiência e conhecimento no campo profi ssional correspondente, ambas sujeitas à capacidade de ouvir.

• Para o aprofundamento conceitual que ainda há por fazer, a sugestão é promover um seminário sobre o assunto com a participação de mentores do setor empresarial e seus similares do setor social. Os resultados desse seminário poderiam dar origem a um Guia do Mentor (ou outro titulo que venha a receber) do projeto Virada de Futuro e ao reconhecimento por certificação.

• Em relação à prática atual, também sugere-se o recurso do aumento do número de jovens por mentor, desde que se criem mecanismos de relacionamento à distância (para alternar com os encontros presenciais) de instrumentos mais detalhados que ajustem as expectativas de jovens e mentores e desdobrem-se em planos de ação.

• A criação de um locus virtual para a Mentoria poderia ser acompanhada de um Banco de Mentoria que reunisse informações, debates, o perfi l dos voluntários que atuam (e atuaram) pelo Projeto, com potencialidade para ser acessado e divulgado no campo do voluntariado corporativo.

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A implantação do projeto Virada de Futuro procedeu uma seleção natural de indicadores, que foram referendados tanto pela presença constante nos relatórios periódicos, quanto nos depoimentos orais dos participantes. Sua fonte de legitimidade, portanto, é aceitação tácita e prática pelos atores envolvidos.

Eles já foram indicados no fi nal do capítulo anterior e agora são ordenados no quadro a seguir.

O processo projetado

aperfeiçoar o quadro de indicadores de resultado e impacto

INDICADORES DE RESULTADOS MEIOS DE VERIFICAÇÃO

Permanência dos jovens no projeto Tabelas percentuais nos relatórios semestrais de atividades

Freqüência e participação nas atividades Listas de presença e relatórios setoriais

Realização dos projetos intermediários Relatórios setoriais

Conclusão dos cursos Tabelas percentuais nos relatórios anuais de atividades

Adesão de profi ssionais e entidades voluntárias Tabelas percentuais nos relatórios semestrais de atividades

Aprendizado institucional das organizações sociais Criar um questionário próprio

INDICADORES DE IMPACTO MEIOS DE VERIFICAÇÃO

Acesso ao mercado de trabalhoRelatórios semestrais e anuais com a criação de

um sistema de referência

Fidelização dos parceiros fi nanciadores Relatórios anuais de atividades

Efeito multiplicador nas organizações sociais Criar um questionário próprio

Aumento da demanda pelo projeto na Rede Nossas Crianças Criar um termômetro de demanda

Esta organização facilita perceber que os indicadores de resultado, quase todos, têm seus meios de verifi cação rotinizados. Mas o mesmo não acontece com os indicadores de impacto, a maior parte inferida ou referida informalmente.

Há assim, uma tarefa inicial de aperfeiçoar esses indicadores, descrevendo-os e produzindo seus respectivos meios de verifi cação, o que também facilitará a elaboração dos relatórios regulares do projeto.

Outro desafi o presumível consiste em transformar em indicadores de resultados as expectativas expressas pelos jovens em seus projetos de formação, que se tornariam um roteiro “em construção”, enriquecido anualmente durante o transcorrer do curso, retratando também o avanço de compreensão do campo de estudo e seu horizonte fronteiriço ao mundo do trabalho.

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Referências

Fontes de referência e bibliografi a

Anexos I a V

Experiências correlatas

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Fontes de referência

• Encontros com o Comitê Executivo e a equipe técnica do projeto• Encontro com as organizações sociais• Ofi cina com as duas turmas de jovens do projeto• Entrevistas com dez jovens que passaram pelo projeto• Entrevistas com representantes das organizações sociais• Entrevista com um parceiro fi nanciador do projeto• Relatórios Anuais de Atividades e Relatórios setoriais de avaliação • Site da Fundação Abrinq• Publicações da Fundação Abrinq (de sistematização)

Bibliografi a referida

BOWEN, William G. O curso do rio: um estudo sobre a ação afi rmativa no acesso à universidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

COSTA, Antonio Carlos Gomes da. O adolescente como protagonista. Cadernos Juventude. Disponível em: <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm>. Acesso em: 22 set. 2008.

GIANNETTI, Eduardo. O valor do amanhã: ensaio sobre a natureza dos juros. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

GINGELL, John; WINCH, Christopher. Dicionário de fi losofi a da educação. São Paulo: Contexto, 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD 2004. Brasília: IBGE, 2005.

MESSEDER, Carlos A. (Org.). Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

QUIROGA, Consuelo; FAUSTO NETO, Ana Maria Q. Juventude urbana pobre: manifestações públicas e leituras sociais. In: PEREIRA, Carlos Alberto Messeder (Org.). Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Horizonte do desejo: instabilidade, fracasso coletivo e inércia social. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

SOUZA E SILVA, Jaílson de. Por que uns e não outros?: caminhada de jovens pobres para a universidade. Rio de Janeiro: Sete Letras, 2003.

TORO, Bernardo. Código de modernidade. Disponível em: <http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=10&texto=525>. Acesso em: 22 set. 2008.

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Anexo I

TERMO DE COMPROMISSO

Pelo presente instrumento particular, a instituição _________________________________, entidade regularmente constituída com seus atos constitutivos registrados no 3o Ofi cial de Registro Civil Das Pessoas Jurídicas, sob o nº 1.127 em 11/12/1946, CNPJ nº 62.246.494/0001/79, com sede no município de São Paulo, à Av. Álvaro Ramos, 366, CEP 03058-060 - Estado de São Paulo, neste ato representada, na forma legal, pelas pessoas abaixo identifi cadas e assinadas, a seguir denominado simplesmente INSTITUIÇÃO PARCEIRA; o jovem : _________________________, R.G. ________________, domiciliado à _______________________________, doravante denominado JOVEM, e a FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA, doravante designada simplesmente como FUNDAÇÃO, entidade civil sem fi ns lucrativos, CNPJ n.º 38.894.796/0001-46, com sede na capital do Estado de São Paulo, à Av. Santo Amaro, 1386, por seus representantes abaixo assinados e identifi cados, resolvem celebrar este termo de compromisso nas condições abaixo:

1. Das Características GeraisI - A FUNDAÇÃO criou, em parceria com as instituições da Rede Nossas Crianças, e implantou o Projeto Virada de Futuro, que tem por fi nalidade valorizar o potencial de jovens de famílias de baixa renda, com idade entre 17 e 21 anos, atendidos ou acompanhados pelas entidades que compõem a Rede Nossas Crianças, oferecendo bolsas de estudo, como meios para que realizem seus projetos de formação.II – O presente instrumento de compromisso defi ne as condições que se dará o aporte de recursos captados pela FUNDAÇÃO, estabelecendo direitos e deveres da INSTITUIÇÃO PARCEIRA, do JOVEM e da FUNDAÇÃO.

2. São Deveres da INSTITUIÇÃO PARCEIRAa) Indicar profi ssional responsável por acompanhar o cotidiano do jovem bolsista indicado pela instituição, monitorando o seu desenvolvimento no decorrer do Programa e por participar de reuniões trimestrais organizadas pela FUNDAÇÃO para avaliação do desenvolvimento dos jovens;b) Receber mensalmente os recursos da FUNDAÇÃO e repassá-los ao jovem bolsista;c) Apresentar à FUNDAÇÃO, a cada início de semestre, o plano semestral de acompanhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo JOVEM;d) Fornecer à FUNDAÇÃO, até o quinto dia útil dos nos meses de abril, julho, outubro e dezembro: - Relatório de acompanhamento realizado pela organização junto ao jovem bolsistas conforme modelo fornecido pela FUNDAÇÃO;- Prestação de contas sobre a utilização dos recursos repassados pela FUNDAÇÃO no período anterior, fornecendo resumo discriminativo dos gastos mensais, conforme modelo também fornecido pela FUNDAÇÃO, e cópias dos respectivos comprovantes, devidamente preenchidos, assinados e datados. Os gastos a serem considerados referem-se ao pagamento das mensalidades dos cursos realizados pelos jovens bolsistas, das despesas com transporte e alimentação.e) Fornecer recibo mensalmente, datado do dia do recebimento dos recursos, no montante da doação recebida, e no qual conste: nome da FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DA CRIANÇA, CNPJ 38.894.796/0001-46; endereço Av. Santo Amaro, 1386 – Vila Nova Conceição - São Paulo/SP - 04506-001, mês a que se referem os recursos e o nome do jovem benefi ciado;

3. São Deveres do JOVEMa) Apresentar à instituição comprovantes de matrícula e rematrícula no curso ____________________________, da escola _________________________________ assim como os comprovantes dos pagamentos das mensalidades;b) Participar das atividades de acompanhamento desenvolvidas pela instituição;c) Participar das atividades complementares desenvolvidas pelo projeto Virada de Futuro da Fundação Abrinq;d) Apresentar desempenho sufi ciente para aprovação em cada período letivo ou fase/módulo no curso realizado e uma freqüência mínima de 75%.

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4. São Deveres da FUNDAÇÃOa) Repassar à INSTITUIÇÃO PARCEIRA, até o primeiro dia útil do mês, os recursos arrecadados para a bolsa do JOVEM, no valor de R$ ____________, que inclui as despesas com a mensalidade do curso (R$) e ajuda de custo (R$), depositando o valor do repasse na conta Banco ___________, agência ________ conta corrente __________________, em nome do ___________________________________;b) Desenvolver as atividades complementares à formação defi nida pelo JOVEM, previstas no Programa de Bolsas de Estudo.

5. Das Condições Especiais do Termo de Compromissoa) O aporte de recursos, objeto deste termo, poderá ser interrompido total ou parcialmente, sempre que a FUNDAÇÃO entenda, a seu exclusivo critério, que a INSTITUIÇÃO PARCEIRA e/ou o JOVEM, deixaram de atender aos requisitos apresentados neste contrato. A falta de prestação de contas e entrega do relatório de acompanhamento implicarão na suspensão imediata do repasse.b) Pelo presente instrumento particular entende-se como atribuição da instituição no acompanhamento do JOVEM à identifi cação das necessidades, difi culdades e desafi os experimentados nesse seu novo momento, orientando-o e intervindo quando necessário.

6. Da Duração do ConvênioO presente instrumento particular vigorará até ________________________, data prevista para o encerramento do curso a ser realizado pelo jovem.

7. Das Hipóteses de Rescisão do Convênioa) Caso a FUNDAÇÃO identifi que que a INSTITUIÇÃO PARCEIRA e/ou o JOVEM deixem de atender aos requisitos mínimos aqui mencionados, comunicará por escrito a rescisão deste instrumento particular;b) Este termo de compromisso poderá ser rescindido por ambas as partes, a qualquer tempo, mediante simples comunicação por escrito, com antecedência mínima de trinta dias.

8. Do Foro de EleiçãoAs partes elegem o Foro da capital para dirimir quaisquer controvérsias do presente termo de compromisso.E por estarem assim ajustados assinam o presente na presença de duas testemunhas.

São Paulo, ___ de _______________ de ______.

Instituição / PresidenteTestemunhas

RG:

RG:

Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança

Jovem

Representante legal

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Anexo II

ROTEIRO DO PROJETO DE FORMAÇÃO(a ser apresentado pelo jovem)

INSTITUIÇÃO: ______________________________________________________________________________

Dados do JovemNome:Data de nascimento:Endereço:Telefone/E-mail:Qual a série que está estudando? Ou até que série estudou?

Histórico Escolar1) Em qual escola estuda, ou qual foi a última escola em que estudou?2) Quais as disciplinas que mais gosta e por quê? Quais os temas de maior interesse?3) Tem outros comentários a fazer sobre a escola?4) Fez outros cursos complementares? Quais? Em que escolas/organizações? Em que ano?

Projeto de Formação:1) Qual o curso que pretende fazer?2) Qual a duração do curso?3) Em que escola?4) Qual é o custo mensal desse curso?5) Por que escolheu esse curso? Quais as experiências da sua vida o levaram a essa escolha?

Histórico Familiar1) Como é composta a sua família? Quantos são? Com quem você mora? Quem estuda? Quem trabalha? Quais as maiores difi culdades que a sua família enfrenta?2) Qual o rendimento da sua família? (Soma dos salários de todos os componentes da família)

Trajetória na Organização1) Quais os cursos ou atividades que você participou na organização que o está indicando?2) Até que ano você participou da organização? Com quem você mantém contato? Em que periodicidade? Para que?

Parecer da Instituição (item a ser preenchido pela instituição: histórico familiar, trajetória na instituição, valores e características pessoais e coerência do projeto do jovem com o seu histórico, critérios utilizados para a indicação do jovem)

a) Histórico familiarb) Trajetória nat instituiçãoc) Valores pessoas - Comente sua apreciação do jovem sobre solidariedade, ética e outros valores que considere relevantes em sua personalidaded) Características pessoais - comente aspectos e atitudes do jovem quanto a: persistência, liderança, responsabilidade, iniciativa, autonomia, criatividade e interesse pela comunidade.

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Anexo III

PERFIL DO PÚBLICO BENEFICIÁRIO DIRETO E INDIRETO

Idade Quantidade Distribuição %

15 anos 1 6,25%

17 anos 2 12,50%

18 anos 4 25%

19 anos 5 31,25%

20 anos 4 25%

R$/mês Quantidade Distribuição %

99,75 a 299,25 1 6,25%

299,25 a 498,75 4 25%

498,75 a 798,00 2 12,50%

798,00 a 1197,00 5 31,25%

1197,00 a 1710,00 1 6,25%

Escolaridade %

Fundamental incompleto 57%

Fundamental completo 15%

Médio incompleto 5%

Médio completo 23%

Região do Brasil %

Nordeste 52%

Centro-oeste 9%

Sudeste 13%

São Paulo 26%

Nº de Componentes Quantidade Distribuição %

Até 4 pessoas 3 18,75%

De 5 a 7 pessoas 9 56,25%

Mais de 7 pessoas 1 6,25%

Faixa etária

Renda Familiar

Família

Escolaridade dos Pais

Origem dos Pais

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Anexo IV

REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ EXECUTIVO

CAPÍTULO I – DO COMITÊ

Art. 1º - A Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança em parceria com as instituições da Rede Nossas Crianças, animada pelo Programa

Nossas Crianças da Fundação Abrinq, elaborou e está implantando o Projeto Bolsas de Estudo para Jovens, que tem os seguintes objetivos:

Objetivo Geral:

• Garantir formação de qualidade a jovens de famílias de baixa renda.

Objetivos Específi cos:

• Oferecer apoio fi nanceiro para a concretização de projetos pessoais de formação de jovens

• Oferecer apoio técnico e orientação aos jovens no encaminhamento de seus projetos pessoais.

• Possibilitar a jovens que vivem na periferia de São Paulo o acesso a espaços culturais diversos

• Contribuir para a maior participação do jovem em sua comunidade

As estratégias do Projeto são:

• Distribuição de bolsas de estudos

• Atividades complementares para formação integral dos jovens

• Monitoramento das atividades do bolsista

Art. 2º - O conjunto de entidades envolvidas no Projeto Bolsas decidiu pela formação de um Comitê Executivo que deliberará sobre as

ações desenvolvidas pelo Projeto com a seguinte composição:

- 5 representantes indicados em assembléia pelas instituições da Rede Nossas Crianças,

- 2 representantes indicados pela Fundação Abrinq

- 1 representante de cada fi nanciador

- 1 representante indicado pelo Comitê dos jovens

CAPITULO II – DA FINALIDADE

Art. 3º - O Comitê Executivo tem as seguintes atribuições:

• Aprovar o Plano de Ação do Projeto;

• Oferecer parecer fi nal sobre a seleção dos candidatos;

• Aprovar o Plano de Atividades Complementares;

• Aprovar modifi cações nos Planos de Formação dos Bolsistas, bem como legislar sobre situações especiais;

• Aprovar os Relatórios de Avaliação.

Art. 4º - Os parceiros do Projeto têm as seguintes atribuições:

Fundação Abrinq:

• Coordenar o Projeto;

• garantir recursos para a continuidade do projeto, articular outras parcerias que o viabilizem e repassar os recursos mensalmente às

instituições;

• relacionamento e prestação de contas com fi nanciadores através de relatórios anuais;

• monitorar e avaliar o andamento e os resultados do Programa;

• participar do processo seletivo, garantindo transparência e igualdade de oportunidades;

• participar do Comitê Executivo;

• articular parcerias para participação no Programa;

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• elaborar e desenvolver Plano de Comunicação, por meio da Gerência de Comunicação Estratégica;

• elaborar Termo de Convênio entre a Fundação, a instituição e o jovem.

As entidades de atendimento:

• Divulgar e apresentar a proposta do projeto aos adolescentes e jovens da entidade;

• dar orientação sobre o preenchimento do formulário e receber as inscrições;

• indicar representantes das instituições de atendimento a adolescentes e jovens para participar do Comitê Executivo;

• acompanhar o cotidiano do jovem bolsista de sua entidade, identifi cando difi culdades necessidades;

• receber mensalmente os recursos, repassá-los ao bolsista, e prestar contas dos gastos realizados trimestralmente à Fundação Abrinq;

• produzir relatórios de acompanhamento trimestrais e encaminhá-los à Fundação Abrinq.

Bolsistas:

• freqüentar o(s) curso(s) com responsabilidade e autonomia;

• ter o aproveitamento exigido;

• comparecer aos encontros e atividades complementares;

• elaborar relatórios trimestrais junto à entidade.

• fornecer as informações necessárias à entidade de vínculo, para subsidiar a prestação de contas mensal;

• participar mensalmente das atividades de acompanhamento da instituição.

Apoiadores:

• Apoiar fi nanceiramente ou através de serviços as ações pontuais ou contínuas do Projeto

Patrocinadores:

• Efetuar os pagamentos a que se comprometeram, conforme acordado em instrumento específi co;

• nomear um representante que terá lugar no Comitê Executivo do Projeto.

CAPÍTULO III – DO FUNCIONAMENTO

Art. 5º - o Comitê reunir-se-á conforme cronograma aprovado, ou quando necessário, convocado pela Coordenação do Projeto.

Parágrafo único - Na etapa de implantação do Projeto as reuniões poderão ser semanais, agendadas com uma antecedência de 3 dias.

Art. 6º - O Comitê se reunirá com qualquer número de membros presentes e deliberará por maioria simples de votos.

Art. 7º - O registro em ata das reuniões do Comitê será elaborado pela equipe do Projeto Nossas Crianças e deverá ser colocado à

disposição de todas as instituições da Rede Nossas Crianças.

Art. 8º - Os representantes dos vários atores envolvidos no Projeto que compõem o Comitê terão um mandato de dois anos, permitida nova

indicação.

Parágrafo primeiro: A ausência seguida em três reuniões acarretará o desligamento do membro do Comitê.

Parágrafo Segundo: A substituição de algum membro do Comitê deverá ser feita pelas entidades de atendimento a adolescentes e jovens,

pela Fundação Abrinq e pelos patrocinadores.

CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 9º - Os casos omissos serão resolvidos em reunião do Comitê Executivo, cuja deliberação será incorporada ao presente Regimento Interno.

Art. 10º - O presente Regimento Interno foi aprovado pelo Comitê Executivo, em reunião realizada em 01.06.01.

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Anexo V

ROTEIRO DA PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO(a ser preenchido pelas organizações sociais)

Instituição

Coordenador

1. Qual o trabalho ou atendimento realizado por esta organização junto a adolescentes e jovens?

2. Qual o vínculo atual da organização com os jovens indicados? Como a organização pretende acompanhar esses jovens durante o

período do repasse da bolsa de estudos?

3. Nome, formação, cargo e função desenvolvida na organização do profi ssional responsável pelo acompanhamento

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Anexo VI

ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2001/2007

2001

Mês Atividade Local Participação

AGOIntegração do grupo de bolsistas

e apresentação do ProjetoFundação Abrinq

Comitê Executivo eDoutores da Alegria

SETEncontro com jovens do Projeto

Mudando a HistóriaSESC Vila Mariana

Kazuo Nakano(Mapa de Exclusão Social)

OUT

Encontro com jovens doMovimento Hip Hop

Visita monitorada ao CentroCultural Banco do Brasil

Ação Educativa

NOVQuestões do mundo do trabalho

Visita à exposição PanoramaMAM - Ibirapuera

MAM - Ibirapuera eJovens do projeto

DEZ Encontro de confraternização Fundação Abrinq Jovens do projeto

2002

Mês Atividade Local Participação

FEVIntegração dos novos bolsistas

Visita ao Projeto AprendizAprendiz Comgás

MAREncontro sobre o mundo

do trabalhoFundação Abrinq Jovens, familiares e educadores

ABR

Vídeo sobre jovens da periferiade Santo André

Debate: perspectivas devida para 10 anos

Fundação Abrinq

MAIEncontro com jovens do

Projeto ArrastãoFundação Abrinq

JUL

Avaliação do projeto

Diagnósticos sobre ascomunidades dos jovens

Fundação Abrinq

AGO/SETElaboração de projetos para

as comunidadesFundação Abrinq

OUT Encontro de lazer e avaliação Espaço Colibri (Embu) Jovens, familiares e mentores

DEZApresentação dos projetos

Avaliação e confraternizaçãoFundação Abrinq

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2003

Mês Atividade Local Participação

FEVApresentação dos projetos

Expectativas para o anoFundação Abrinq

ABR

Refl exão sobre osproblemas dos jovens

Debate: emprego, estágio,postura profi ssional

Filme: Dois perdidosnuma noite suja

Fundação AbrinqCinema

JUN

Questionário: destaquesdo semestre

Discussão em grupo

Expectativas para o 2º sem

Filme: Tiros em Columbine

Fundação Abrinq

Cinema

AGO

Preparação festa fi m ano

Roda de conversa: iniciaçãocientífi ca e terapia

Dinâmica: trabalho em equipe

Fundação Abrinq

OUTDiscussão: trabalho em equipe

Avaliação: mentoriaFundação Abrinq

DEZ

Avaliação

Proposta integraçãodos novos bolsistas

Confraternização

Fundação Abrinq

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2004

Mês Atividade Local Participação

JAN Integração do novo grupo Fundação Abrinq

MARExposição Picasso

Discussão sobre o artistaMuseu de Arte Moderna

ABR

Roda de conversa:difi culdades nos cursos

Filme: Ter e ser

Fundação Abrinq

Cinema

MAITema: elaboração de projetos

Discussão: acontecimentos do mêsFundação Abrinq

JUL

Exposição Art.Ficial 2.0

Leitura de contos

Preparação dos projetos dos jovens

Avaliação do semestre

Instituto Cultural Itaú

Fundação Abrinq

AGO

Dinâmica integraçãonovos bolsistas

Discussão: leitura

Apresentação dos projeto

Visita

Show: O canto de Gregório

Fundação Abrinq

Pinacoteca

SESC Consolação

SETApresentação dos projeto

Museu de Arte ModernaBienal de Arte

OUT

Encontro de integração e informação

Apresentação teatral

Grupos de discussão

Espaço Colibri Jovens, familiares e educadores

NOV

Exposição Sonhandode olhos abertos

Avaliação do encontro (out)

Informação: acompanhamento das organizações

Apresentação de projetos

Instituto Tomie Ohtake

Fundação Abrinq

DEZ

Avaliação: mentoria eatividades complementares

Confraternização

Fundação Abrinq

Assossiação AmigosPraça Benedito Calixto

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2005

Mês Atividade Local Participação

FEV

Avaliação: atividades complementarese mentoria

Exposição Chico Buarque

Dança Ballet Stagium

Fundação Abrinq

SESC Pinheiros

MAR

Debate: critérios paradependências na faculdade

Informação: Conselho Tutelar

Visita: Fundação Artemísia

Filme Constantine

Fundação Abrinq

CinemaConselheira tutelar Ana e

jovens da Fundação Artemísia

ABR

Discussão sobre a visita

Mediação de leitura no local

Visita tribo indígena

Centro Social local

Parelheiros

MAI

Ofi cina: Mundo do trabalho

Leitura de texto

Chá de bebê

Fundação Abrinq Duas profi ssionais do SENAC

JUN

Apresentação: Orquestra Sinfônicade São Paulo - OSESP

Relato: encontro com mentores

Discussão: projeto de vida

SESC Pinheiros

Fundação Abrinq

AGOVisita jovens projeto Geração XXI

Teatro e dança: O lago do cisne

Fundação Abrinq

SESC PinheirosJovens do projeto Geração XXI

SET

Roda de conversa: estágios

Leitura de poesias

Filme: Gênero, mentirase videotape

Fundação Abrinq

OUTVisita: Centro Histórico SP

Conversa com familiaresHotel In São Paulo

Professor e alunos de História da Faculdade São Marcos;

familiares

DEZAlmoço de confraternização

Discussão: projeto de vidaFundação Abrinq Ex-bolsistas

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2006

Mês Atividade Local Participação

FEVExposição Arte de Cuba

Dinâmica de integração

Centro Cultura Banco do Brasil

Hotel In São Paulo

MAR

Casa nova

Proposta 2006 - atividades complementares

Avaliação

Leitura de poesias

Dinâmica: negociaçãoe trabalho em equipe

Espetáculo Milágrimas

Fundação Abrinq

SESC Pinheiros

ABR

Exposição Dinos

Leitura de poesias

Dinâmicas: negociação e confl itos

OCA - Ibirapuera

Bienal de Arte

MAI

Dinâmica de integraçãocom mentores

Apresentação de um jovem

Teatro: O retrato de Dorian Gray

Fundação Abrinq

FIESPMentores

JUL

Apresentação Orquestra Sinfônicade São Paulo - OSESP

Apresentação de um jovem

Dinâmica: habilidades para omundo do trabalho

Teatro Municipal

Hotel In São Paulo

AGO

Encontro com jovens doprojeto Ofi cinas Querô

Documentários

Praia

SESC Santos Jovens do projeto Querô

SETVisita a local histórico

TrilhaVila Paranapiacaba

OUT

Avaliação do ano

Informação: Trabalho deConslusão de Curso

Bienal

Fundação Abrinq

MAM

DEZ

Confraternização

Resultados do projeto

Amigo secreto

Sítio em Cajamar Jovens e familiares

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2007

Mês Atividade Local Participação

FEV

Integração do grupo

Apresentação da proposta do planejamento das atividades complementares

Leitura - Clarisse Lispector - Aprendizagem

Passeio cultural - Instituto Tomie Othake

Fundação Abrinq

MAR

Tema - Metas para 2007 - Plano de Vida

Passeio cultural - Museu da Língua Portuguesa

Fundação Abrinq

Museu da Língua Portuguesa

ABR

Tema - Metas para 2007 - Perspectivas de Futuro

Conversas em grupo

Passeio cultural:teatro

FIESP - peça de teatro: Tristão e Isolda

Fundação Abrinq

Teatro SENAI - FIESP

MAI

Tema Estágio e trabalho

Conversas em grupo

Passeio cultural

Visita cultural à exposição Darwin Brasil - Descubra o Homem e a Teoria Revolucionária que Mudou o Mundo

Fundação Abrinq

OCA - Ibirapuera

Rodrigo Zenji, empresário da área de informática que começou

a trabalhar como estagiário na empresa que é sócio atualmente;

Paulo Luiz ex- bolsista

JULTema apresentação da proposta de

sistematização do Projeto Fundação Abrinq Ex bolsistas

AGO

Tema:Administração Financeira

Conversas em grupo

Passeio culturalMuseu Numismático e exposição “Memória do Futuro”

Fundação Abrinq

Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP

Professora Cássia Aquino, especialista em educação

fi nanceira e Membro da IACSEE-International Association

for Citizenship, Social and Economics Education,

SET

Tema Gênero

Passeio cultural - Orquestra Sinfônicade São Paulo

Conversas em grupo

Organização Social Dom Bosco

Sala São Paulo

Neide Yamaguchi, técnica da organização Sempreviva

Organização Feminista e conversas sobre intercâmbio com a participação de Maria Claudia

Malandrino, que trabalha na Belta - Brazilian Educational & Language Travel Association, associação de

agências de intercâmbio

OUT

Levantamento dos TCCs a serem apresentados pelos jovens em suas

universidades e uma discussão sobre seus currículos

Conversas em grupo

Passeio cultural - cinema livre

Fundação Abrinq

DEZAvaliação do ano com o grupo de jovens

e encontro com os familiaresA atividade foi realizada em um

sítio na cidade de Juquitiba.Familiares

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Experiências correlatas

PROJETO AFROASCENDENTE VIABILIZA VESTIBULAR E FORMAÇÃO SUPERIOR DE JOVENS DO RIO E DE SÃO PAULO

http://www.mundonegro.com.br/noticias2/?noticiaID=246

Criado com o objetivo de promover a inclusão social do negro na sociedade brasileira, o projeto AfroAscendentes já mostra sua contribuição para a formação de uma sociedade mais justa. Até o fi nal de fevereiro, quarenta jovens afro-descendentes terão seu ingresso ao ensino superior assegurado pelo programa que é desenvolvido pela Xerox com a ajuda das ONGs CIEDS e Geledés, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Vencida a primeira etapa do projeto em que foram identifi cados os jovens a serem assistidos, o projeto agora responde pela preparação das duas turmas (20 alunos no Rio e 20 em São Paulo) para o calendário de provas de vestibular que inclui diferentes instituições entre dezembro e fevereiro.

Em São Paulo, 17 jovens já foram aprovados no vestibular, sendo dez na Universidade Anhembi-Morumbi, dois na conceituada Universidade de Engenharia Mauá, e três na FAAP, onde além de conseguir uma aprovação em Engenharia Civil, outros dois jovens obtiveram o décimo e o décimo terceiro lugar respectivamente nas faculdades de economia e moda.

No Rio, até dezembro, pelo menos oito alunos já estão aprovados na primeira etapa da prova para a UERJ, e seis alunos também foram aprovados no vestibular da UniRio. Com nota 9,5 em redação no Enem 62% de acerto no teste, outro aluno já está foi aprovado no vestibular de arquitetura da PUC. A última etapa das provas em curso termina em fevereiro.

Através de parcerias com ONGs atuantes em questões étnicas e de inclusão racial, o AfroAscendentes tem longa duração e é voltado para a formação educacional e cidadã. São elegíveis ao projeto, jovens negros, entre 16 e 21 anos, matriculados no terceiro ano do Ensino Médio e estudando em escola pública. Uma vez identifi cados, eles participam de dinâmicas de grupo, provas de redação, entrevistas e análise de histórico escolar.

No Rio, a implantação do programa foi iniciada em janeiro de 2003, através do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Social (CIEDS), que criou uma comissão constituída por instituições como o Instituto Xerox, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o Afro Reggae, entre outras, para a escolha de seus primeiros participantes. Em São Paulo, o Geledés - Instituto da Mulher Negra foi escolhido para a coordenação do projeto.

Durante o programa, o jovem recebe ticket alimentação, vale-transporte, seguro de vida e uma bolsa de R$ 200,00 (duzentos reais). O projeto também fornece o material didático, suporte médico, odontológico e psicológico desde o vestibular até seis meses depois do término da graduação.

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Projeto de Bolsas de Estudo JOVEM SABER (Região Metropolitana de Curitiba)

http://www.ppgte.cefetpr.br/semanatecnologia/comunicacoes/as_relacoes_universidade.pdf

PROGRAMA BOM ALUNOhttp://www.bomaluno.com.br/bomaluno/institucional/institucional.php

Objetiva incentivar bons alunos de baixa renda, por meio de sua capacitação educacional e técnico-profi ssional, bem como habilitá-los nos aspectos de cidadania e solidariedade para que se tornem agentes de transformação de sua situação socioeconômica e da desigualdade social existente no Brasil.

No ano 2000 foi criado o IBAB - Instituto Bom Aluno do Brasil, buscando consolidar o Programa Bom Aluno nacionalmente e promover sua expansão.

GERAÇÃO XXIhttp://www.geracaoxxi.org.br/htmls/quem_somos.htm

O Geração XXI é um projeto de ação afi rmativa para jovens negros/as, que visa o desenvolvimento escolar e a melhoria das condições de inserção no mundo do trabalho. Para o desenvolvimento desse projeto, estabeleceu-se desde 1999 uma parceria entre Geledés Instituto da Mulher Negra e a Fundação BankBoston, hoje substituída pela Fundação Itaú Social.

Amparados/as pelo apoio fi nanceiro concedido pelo projeto, os/as jovens hoje cursam o ensino superior em diferentes áreas, tais como: arquitetura, matemática, educação física, psicologia, enfermagem, jornalismo, direito, relações internacionais, gestão e técnicas de varejo, engenharia de produção, comunicação e mutimeios, serviço social, radiologia, fi sioterapia, tecnologia e mídias digitais, pedagogia.

Contam, ainda, com orientação pedagógica e têm acesso a bens culturais, tecnológicos e sociais, ferramentas indispensáveis para complementação educacional. Além disso, participam de ações sócio-educacionais, que consistem no fortalecimento da identidade étnico/racial e de gênero, na promoção da diversidade, e na ampliação das noções de ética e de direitos humanos.

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Projeto Virada de FuturoEsta publicação é o resultado da sistematização da experiência do

Projeto Virada de Futuro, iniciativa desenvolvida pela Fundação Abrinq

e com o apoio da Família Machado,do Instituto Hedging-Griffo,

JP Morgan e Levi Strauss Foudation.

Coordenação do projeto: Maria do Carmo KrehanAssessoria pedagógica: Márcia Wada

Equipe do projeto: Nelma dos Santos Silva,Priscila da Silva Santos e Tatiana Martins Viana

Texto e sistematização: Milton Quintino

Fotografi as: Arquivo Projeto Virada de FuturoProjeto gráfi co e capa: R.epense

Editoração eletrônica: Pablo FinottiImpressão: Makrokolor

Jovens participantesAdilson Barreto de Araújo, Adriano Lins Carlos, Agenor Mendes das

Neves Júnior, Alberto Rogério Galrão, Alex Sandro Rodrigues, Aline

dos Santos Mendes, André Batista de Sousa, Ariane Paola Gomes,

Carlos Moreira dos Santos, Daniel Felipe dos Santos, Daniel Vilasbôa

Campos, Danúbia Lopes da Silva, Emerson Aparecido de Souza,

Glauber Rocha, Jacqueline Cristina Santos, José Edijan Souza dos

Reis, José Flaviano de Souza, Leandro dos Santos Messias, Lucimara

Viviane dos Santos, Luis Cláudio Carvalho da Silva, Marcela Ribeiro

Miranda, Mary Anne Oliveira Melo, Oberlândio Santos Silva, Orlando

Araujo Tonholi, Paula Galam, Paulo Luiz Vieira, Pericles Ferreira

Motta, Perla Assunção Santos, Rafael Carlos da Silva, Rafael Vinicius

dos Santos, Regina Maria Gomes, Renata Porto Reis, Roberto Andrey

Rocha, Rubens Tavares Macena Rocha, Tatiana Azevedo, Tiago

Gomes Cordeiro, Tony Marlon Teixeira Santos, Viviane Vieira dos

Santos e Welisson Martins de Assunção.

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Mentores voluntários

Organizações parceiras

André Monteiro de Mello, Attilio Fontana Neto, Bob Wolfenson,

Carlos A Silva, Cecília Roxo, Célia Belém, Celso V. Portasio,

Cláudio Pires, Cris Lobo, Cristina Mutarelli, David Moises,

Edson Franco, Eduardo Roxo Nobre Franciosi, Elisa Gomes,

Esther Milani, Fernando Carvall, Isa Guará, José Mario dos Passos,

Marcius Matsuo Wada, Maria de Louders Trevisan,

Maria Lúcia Capuani, Marly Aparecida da Silva, Renata Cecchim,

Rosa Moysés, Rosana Gomes, Stela Barbieri e Vivian de Campos.

Ação Comunitária Paroquial Jd Colonial - Centro de Profi sionalização de Adolescente Padre José Bello

AEB - Associação Evangélica Benefi cente - Núcleo Profi ssionalizante Pérola Byington

Aldeia do Futuro - Associação Para a Melhoria da Condição da População Carente

Arrastão Movimento de Promoção Humana

Associação Cultural Comunitária Pró Morato

Associação Educacional e Assistencial Casa do Zezinho

CEDECA Mônica Paião Trevisan

Centro Comunitário Casa Mateus

Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Interlagos

Centro de Promoção Social São Caetano de Thiene

Cáritas Diocesana de Campo Limpo - Centro Educacional Sal da Terra

Centro Social de Parelheiros

Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto

Centro Educ Comunitário São Paulo Apóstulo

Fundação Jovem Profi ssional

Instituição Benefi cente Casa da Passagem

Instituto de Juventude Iniciação

Formação e Capacitação Profi ssional Daniel Comboni

Mamãe Associação de Assistência à Criança Santamarense

Obra Social São Francisco Xavier

Programa Social Gotas de Flor com Amor

Sociedade Benefi cente Vivenda da Criança

Sociedade pela Família - Centro Educacional Colibri

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Av. Santo Amaro, 138604506-001 - São Paulo/SP

www.fundabrinq.org.br