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VISÃO GEOPOLÍTICA DA REGIÃO CENTRO OESTE ABORDAGEM TEÓRICA COM FOCO NAS POTENCIALIDADES SUL-MATO-GROSSENSES 1 Luis Alberto Sandim 2 Heitor Romero Marques 3 1 INTRODUÇÃO O Estado é visto como um organismo geográfico, ou seja, a geopolítica relaciona a geografia e o poder do Estado. O termo "Geopolítica" foi criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no início do século XX, inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Politische Geographie, (Geografia Política) de 1897. Ratzel, um grande expoente da chamada Escola Alemã, foi igualmente responsável pela formulação do conceito de determinismo geográfico, conceito desenvolvido em Antropogeografia: fundamentos da aplicação da Geografia à História de 1882. O conceito versa sobre a influência exercida pelas condições naturais sobre a humanidade, e nunca sobre o indivíduo, defendendo a tese de que o meio natural seria uma entidade definidora da sociedade, ou seja, a humanidade seria marcada pelo meio que o cerca. Não se pode confundir Geografia Política com Geopolítica. A Geografia Política criada à séculos, trata do estudo do meio ambiente no visando os interesses do Estado. Nota-se que Rudolf Kjellén criou o termo, porém o estudo da geopolítica está presente há séculos. 1 Artigo elaborado como requisito parcial para aprovação no curso de Planejamento Estratégico Curso de Pós-Graduação lato sensu da Universidade Católica Dom Bosco UCDB. 2 Pós Graduando pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). 3 Licenciado em Ciências e Pedagogia pela FUCMT, Especialista em História e Filosofia da Educação pela FUCMT, Mestre em Educação pela UCDB e Doutor em Desarrollo Local pela Universidad Complutense de Madrid (Reconhecimento pela UFRGS).

Visão Geopolítica da Região Centro-Oeste Abordagem Teórica com Foco nas Potêncialidades Sul-Mato-Grossenses

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Geopolítica do Mato Grosso do Sul: As saídas para o Pacífico e Atlântico possuem uma característica única, que as diferenciam das demais. Elas são de molde a proporcionar uma reversão de expectativas em toda a região fronteiriça brasileira situada dentro das suas regiões de influência. Em outras palavras, colocam em situação mais privilegiada em termos de desenvolvimento potencial as regiões mais afastadas dos grandes centros colonizados, tendo em vista que, quanto mais afastadas, mais próximas estarão dos portos oceânicos no Pacífico

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VISÃO GEOPOLÍTICA DA REGIÃO CENTRO – OESTE

ABORDAGEM TEÓRICA COM FOCO NAS POTENCIALIDADES SUL-MATO-GROSSENSES 1

Luis Alberto Sandim2

Heitor Romero Marques3

1 INTRODUÇÃO

O Estado é visto como um organismo geográfico, ou seja, a

geopolítica relaciona a geografia e o poder do Estado. O termo "Geopolítica" foi

criado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, no início do século XX,

inspirado pela obra de Friedrich Ratzel, Politische Geographie, (Geografia

Política) de 1897.

Ratzel, um grande expoente da chamada Escola Alemã, foi

igualmente responsável pela formulação do conceito de determinismo

geográfico, conceito desenvolvido em Antropogeografia: fundamentos da

aplicação da Geografia à História de 1882. O conceito versa sobre a influência

exercida pelas condições naturais sobre a humanidade, e nunca sobre o

indivíduo, defendendo a tese de que o meio natural seria uma entidade

definidora da sociedade, ou seja, a humanidade seria marcada pelo meio que o

cerca.

Não se pode confundir Geografia Política com Geopolítica.

A Geografia Política criada à séculos, trata do estudo do meio ambiente no

visando os interesses do Estado. Nota-se que Rudolf Kjellén criou o termo,

porém o estudo da geopolítica está presente há séculos.

1 Artigo elaborado como requisito parcial para aprovação no curso de Planejamento Estratégico

Curso de Pós-Graduação lato sensu da Universidade Católica Dom Bosco – UCDB. 2 Pós Graduando pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

3 Licenciado em Ciências e Pedagogia pela FUCMT, Especialista em História e Filosofia da

Educação pela FUCMT, Mestre em Educação pela UCDB e Doutor em Desarrollo Local pela Universidad Complutense de Madrid (Reconhecimento pela UFRGS).

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Marília Steinberger* em seu artigo afirma que para analisar o

Centro-Oeste num momento em que um número expressivo de estudiosos não

só apontam para a necessidade de romper com a visão das macrorregiões,

como propõem a substituição destas por iniciativas de abrangência sub-

regional ou local, argumentando que seus recortes espaciais tradicionais

mantêm a primazia da União no exercício do planejamento (Becker, 2000;

Bandeira, 1999; Lavinas, 1995).

Com tal pensamento, podemos refletir que há a necessidade de

expansão do Brasil, há muito já vem se falando de desenvolver o serrado,

ponta pé inicial dado com a construção de Brasília. Mas ainda há muito para

ser desenvolvido na região, pois seu ponto central no país faz com que

estrategicamente seja uma região que sirva de elo para todos os estados

escoarem a sua produção e receberem o progresso.

Observa-se que o papel do Mato Grosso do Sul é dos pontos mais

estratégicos para o desenvolvimento nacional, pois além de sua riqueza

natural, e sua sua riqueza natural, e sua proximidade com grandes estados e

sua extensa fronteira seca são pontos a serem considerados para o

fortalecimento econômico do país.

Seu terreno favorece a utilização de ferrovias e ainda o transporte

pluvial, as rodovias já interligam todo o estado, tornando-se um corredor para o

escoamento para a produção nacional, porém um estado com muitas

potencialidades não pode ser utilizado apenas como corredor de produção para

outros estados, torna-se necessário que ele tenha autonomia produtiva e que

seja atrativo para investidores. Ao estudar o Centro-Oeste temos que

obrigatoriamente considerar o seu ecossistema de serrado.

Com relação a segurança nacional a sua posição é privilegiada pois

permite o deslocamento rápido e eficaz para qualquer ponto do país, ale de

suas fronteiras secas.

_________________________

*Professora de Geografia Política do Mestrado de Geografia da Universidade de Brasília e pesquisadora do Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais – Neur/Ceam/UnB.

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2 HISTÓRICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

Seus primeiros habitantes surgiram em decorrência da descoberta

de ouro no Centro-Oeste do Brasil no inicío do século XVII. Para assegurar a

posse definitiva das terras conquistadas ainda no final do século foi construído

o Forte Coimbra, as margens do Rio Paraguai, permitindo assim que os

portugueses mantivessem a soberania e integridade de grande parte do

remanessentes de mineração a lavoura e a pecuária começaram a se

desenvolver.

O grande impulso no desenvolvimento regional ocorreu no inicío do

século XX com a implantação da ferrovia a partir de meados deste século a

população expandiu-se crrescendo as cidades através de fluxos migratórios

internos e de outros Estados. As diversidades entre as duas regiões, o norte e

o sul do antigo Estado Mato Grosso, fez com que cada um encontrasse seu

caminho. Foi então que, em 11 de Outubro de 1977, através da Lei

Complementar nº 31 criou-se o Estado de Mato Grosso do Sul.

2.1 CAMPO GRANDE A CAPITAL

Campo Grande é um município brasileiro da região Centro-Oeste,

capital do estado de Mato Grosso do Sul. Reduto histórico de divisionistas

entre o sul e o norte, Campo Grande foi fundada há mais de 111 anos por

colonizadores mineiros, que vieram aproveitar os campos de pastagens nativas

e as águas cristalinas da região dos cerrados; seu atual nome originou-se do

primeiro nome, que era Arraial de Santo Antônio de Campo Grande.

A cidade foi planejada em meio a uma vasta área verde, com ruas

e avenidas largas. Relativamente arborizada e com diversos jardins por entre

as suas vias, apresenta, ainda nos dias de hoje, forte relação com a cultura

indígena e suas raízes históricas. Por causa da cor de sua terra (roxa ou

vermelha), recebeu a alcunha de Cidade Morena, devido a cor “avermelhada”

de sua terra. A cidade está localizada em uma região de planalto, em que é

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possível ver os limites da linha do horizonte ao fundo de qualquer paisagem. O

aquífero Guarani passa por baixo da cidade.

Campo Grande está localizada no centro do estado e equidistante

dos extremos norte, sul, leste e oeste de Mato Grosso do Sul, fator que facilitou

a construção das primeiras estradas da região, contribuindo para que se

tornasse a grande encruzilhada ou polo de desenvolvimento de uma vasta

área.

É considerado o mais importante centro impulsionador de toda a

atividade econômica e social do estado, posicionando-se como o de maior

expressão e influência cultural, sendo também o polo mais importante de toda

a região do antigo estado, desmembrado em 1977. Segundo o IBGE em 1950,

o município concentrava 16,3% do total das empresas comerciais de Mato

Grosso do Sul; em 1980, este número subiu para 24,3% e, em 1997, a 34,85%.

Também registrou crescimento populacional acima da média nacional nos anos

1960, 70 e 80. Hoje, a cidade possui dimensões e características próximos aos

de uma metrópole, com uma população próxima de 1 milhão de habitante.

Segundo pesquisa feita em 2006 pela revista Exame, Campo

Grande é a 28ª melhor cidade do Brasil em infraestrutura, fator decisivo na

atração de investimentos.

2.2 BREVE HISTÓRIA DE CAMPO GRANDE

Em 21 de junho de 1872 José Antônio Pereira chegou e se alojou

em terras férteis e completamente desabitadas da Serra de Maracaju, na

confluência de dois córregos - mais tarde denominados Prosa e Segredo -

onde hoje é o Horto Florestal. No dia 14 de agosto de 1875, José Antônio

Pereira enfim retornou com sua família (esposa e oito filhos), escravos e

outros, num total de 62 pessoas.

A região e a vila se desenvolviam em razão do clima e da

privilegiada situação geográfica. Isso atraiu habitantes de São Paulo, Rio

Grande do Sul, Paraná e Nordeste, entre outros. Depois de cansativas e

insistentes reivindicações (também devido a sua posição estratégica, e sendo

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passagem obrigatória em direção ao extremo sul do Estado, Camapuã ou ao

Triângulo Mineiro), As ideias modernizadoras dos primeiros administradores

influenciaram várias áreas, da pecuária ao urbanismo, e foi traçada a zona

urbana com avenidas e ruas amplas e arborizadas. Outro fator de progresso

para o município e para o estado de Mato Grosso foi a chegada da Estrada de

Ferro Noroeste do Brasil, da RFFSA (atual Novoeste), em 1914, ligando as

bacias dos rios Paraná e Paraguai aos países vizinhos: à Bolívia (em Corumbá)

e ao Paraguai (em Ponta Porã). O governo estadual promulgou a resolução de

emancipação da vila e a elevou à condição de município, ao mesmo tempo

mudando o seu nome para Campo Grande, em 26 de agosto de 1899, tendo

como primeiro prefeito Francisco Mestre (até 1º/11/1904).

2.3 GEOGRÁFIA FÍSICA

Apesar de ser uma cidade serrana, apresenta topografia plana e a

Formação Serra Geral é constituída pela sequência de derrames basálticos,

ocorridos entre os períodos Jurássico e Cretáceo, na Era Mesozoica.

2.3.1 OS TIPOS DE SOLOS ORIGINAIS QUE CONSTITUEM O

MUNICÍPIO

1. Latossolo vermelho escuro: solos minerais profundos e bem

drenados;

2. Latossolo roxo: solos profundos, bem drenados e com baixa

suscetibilidade a erosão;

3. Areias quartzosas: solos minerais, não hidromórficos, textura

arenosa, pouco desenvolvido e com baixa fertilidade natural;

4. Solos litoicos: solos rasos, muito pouco evoluídos, apresentam

teores baixos de materiais primários de fácil decomposição.

2.3.2 TOPOGRAFIA E ALTITUDE

Estas rochas efusivas estão assentadas sobre arenitos eólicos da

Formação Botucatu e capeadas pelos arenitos continentais, fluviais e lacustres.

Sua menor altitude é 590 metros e a maior é de 801 metros, tendo altitude

média de 695 metros.

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2.3.3 LOCALIZAÇÃO

O município de Campo Grande está situado no sul da região

Centro-Oeste do Brasil, no centro de Mato Grosso do Sul (Microrregião de

Campo Grande). Geograficamente, o município de Campo Grande se situa

próximo da fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia.

2.3.4 HIDROGRAFIA

Situa-se sobre o divisor de águas das bacias dos rios Paraná e

Paraguai. O Aquífero Guarani passa por baixo da cidade, sendo capital do

estado detentor da maior porcentagem do Aquífero dentro do território

brasileiro. O município não tem grandes rios, sendo cortado apenas por

córregos, ribeirões e rios de pequeno porte. Seguem as informações sobre a

hidrografia:

1. Bacia: Rio Paraná

2. Sub-bacia: Rio Pardo.

3. Rios: Anhanduí e Anhanduizinho

4. Córregos: Prosa, Segredo, Sóter, Pindaré, Vendas, Botas, Buriti,

Lagoa, Imbirussu, Ceroula, Serradinho, Cabaça, Cascudo, Bandeira, Bálsamo,

Brejinho, Poção, Formiga, Desbarrancado, Olho D'água, Cabeceira,

Pedregulho, Nascente, Lageado e Guariroba.

2.3.5 VEGETAÇÃO

Com um conjunto geográfico uniforme, localiza-se na zona

subtropical e pertence aos domínios da região fitogeográfica da savana e

árvores caducifóleas. Sua cobertura vegetal autóctone apresenta-se com as

fisionomias de savana arbórea densa, savana arbórea aberta, savana parque e

savana gramíneo lenhosa (campo limpo), além das áreas de tensão ecológica

representadas pelo contato savana/floresta estacional e áreas das formações

antrópicas. Os tipos de vegetação originais do município são:

1. Cerrado: caracteriza-se por árvores baixas, de troncos retorcidos

e cascas grossas, espalhadas pelo terreno.

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2. Florestas ou matas: caracteriza-se pelo predomínio de árvores

altas que crescem bem próximas umas das outras.

3. Campos: caracteriza-se pela formação de plantas rasteiras,

predominando o capim e a grama.

2.3.6 DEMOGRAFIA

Desde a sua fundação, a cidade de Campo Grande tem crescido de

maneira razoavelmente constante, com uma população de mais de 750 mil

habitantes (ou 31,77% do total estadual) e cerca de 90 hab/km², sendo o

terceiro maior e mais desenvolvido centro urbano da região Centro-Oeste e a

24ª maior cidade do Brasil em 2008, segundo o IBGE.

Entre seus moradores é possível encontrar descendentes de

espanhóis, italianos, portugueses, japoneses, sírio-libaneses, armênios,

paraguaios e bolivianos. A qualidade de vida de Campo Grande acabou

atraindo também muitas pessoas de outros estados do Brasil, especialmente

dos estados vizinhos (São Paulo, Paraná e Minas Gerais) e do Rio Grande do

Sul.

2.3.7 CONDIÇÃO SOCIAL

1. Abastecimento hidráulico

2. A água que é consumida vem principalmente dos córregos

Lageado e Guariroba.

3. Educação

4. O total de crianças na escola é de 87,12% e o analfabetismo é de

8,4%. (IBGE 2011)

5. Energia elétrica: Desde 2001 uma usina termelétrica inaugurada

no município utiliza o gás natural boliviano trazido pelo Gasoduto Brasil-

Bolívia.

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3 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DO ESTADO

O Pantanal a maior planície alagável do planeta, tem o tamanho de

Portugal, Suíça, Bélgica e Holanda somados. Resultante do mesmo espasmo

geológico que produziu a Cordilheira dos Andes, é uma bacia na qual os

sedimentos que descem dos planaltos e montanhas vêm se depositando por

milhões de anos. Por essa razão, o Pantanal nunca é o mesmo.

Cada novo ciclo de enchentes e vazantes altera drasticamente o leito

dos rios, cria novas lagoas, abre córregos e baías. A própria vida na região

pulsa ao ritmo das cheias e vazantes.

3.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

1. Área: 357.124,962 Km² (4,19% da área do País)

2. Localização: Região Centro-Oeste.

3. Limites: Norte: Mato Grosso e Goiás - Leste: Minas Gerais e São

Paulo - Sul: Paraguai e Paraná - Oeste: Paraguai e Bolívia.

4. Bacias Hidrográficas: Rio Paraná e Rio Paraguai.

5. Altitude: Máxima: 1.065 m (Morrarias do Urucum, Ladário-MS) e

Mínima: 80 m (Corumbá-MS).

6. Microregiões: Alto Taquari, Aquidauana, Baixo Pantanal,

Bodoquena, Campo Grande, Cassilândia, Dourados, Iguatemi, Nova

Andradina, Paranaíba, Três Lagoas.

7. Relevo: O Estado apresenta paisagens bem distintas guardando

muitas relações com as duas grandes bacias hidrográficas, a do Paraná, a

leste, e a do Paraguai, a oeste. Entre as duas bacias há um pronunciado

desnível e o contato se dá através de escarpas. A diversificação do relevo em

relação as bacias é constituído de chapadões, planaltos e vales pelo lado da

bacia do Rio Paraná e na Bacia do Rio Paraguai apresenta patamares,

depressões e planícies de acumulação.

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8. Vegetação: A vegetação primitiva do Estado era constituída

basicamente de diversas formações de Savana (serrado) e de Floresta

estacional Semidecidual. Na parte em que compreende a bacia do Paraná, a

ação antrópica foi algo notável na qual os remanecentes da vegetação nativa

estão reduzidos e bastantes pulverizados. Nas áreas devastadas são

encontrados imensos cultivos de pastagens plantadas e lavouras. Com relação

a vegetação da bacia do Paraguai, constituí-se de savana com fisionomias da

àrborea Densa, Arbórea Aberta, Savana parque e Gramíneo-Lenhosa na

região do Pantanal e na região Chaquenha a predominância daSavana

Estépica.

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4 GEOPOLÍTICA SULMATOGROSSENSE

O corredor bioceânico é um dos projetos da Iniciativa para a

Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). Constitui-se de

aproximadamente 4 mil km de estradas que atravessarão o continente sul-

americano no sentido leste-oeste, a partir do Porto de Santos, cortando a

Bolívia e chegando aos portos chilenos de Arica e Iquique. Assim os bolivianos

poderão dispor de maior facilidade de transporte e acesso para o mar[1].

Os investimentos previstos no projeto serão financiados pela

Corporação Andina de Fomento (CAF), pelo Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID) e pela União Europeia.

A Bolívia terá o maior aporte de recursos - cerca de US$ 373

milhões, destinados à pavimentação de 611 km de estradas entre Puerto

Suarez, na fronteira com o Brasil, e Santa Cruz de la Sierra. No Chile, os

investimentos são de US$ 93,22 milhões, para a pavimentação de 50 km de

estradas e construção de aduana.

O trecho brasileiro já está pavimentado porém carece de obras de

recuperação e melhoria, para as quais estão previstos US$ 132,86 milhões. Há

duas rotas para a Bolívia: a primeira por Corumbá, no Mato Grosso do Sul; a

segunda, chega por Cuiabá, no Mato Grosso, sendo a primeira rota a mais

tradicional.

4.1 O CORREDOR BIOCÊANICO E O MATO GROSSO DO SUL

As saídas para o Pacífico e Atlântico possuem uma característica

única, que as diferenciam das demais. Elas são de molde a proporcionar uma

reversão de expectativas em toda a região fronteiriça brasileira situada dentro

das suas regiões de influência. Em outras palavras, colocam em situação mais

privilegiada em termos de desenvolvimento potencial as regiões mais afastadas

dos grandes centros colonizados, tendo em vista que, quanto mais afastadas,

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mais próximas estarão dos portos oceânicos no Pacífico, conforma

demonstrado na figura 01.

Figura 01 – Traçado estudado para implantação das Rotas Bioceânicas

Fonte Arte: Gabriela Lorenzon

Entre os produtos a serem exportados da região de infuência dos

corredores para o Pacífico e Atlântico aqui estudados, abrangendo os estados

(ou parte deles) de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Amazonas e

Acre, podemos citar: produtos agrícolas com ou sem beneficiamento (soja,

milho, arroz, açúcar, cacau, café, frutas etc.), produção extrativista vegetal

(madeira beneficiada, borracha, castanha etc.), carne frigorificada (de boi e de

frango) e produtos industrializados. Chama-se a atenção para o fato de que o

transporte de mercadorias por contêineres reforça a viabilidade desses

corredores.

A biodiversidade tem sido cada vez mais considerada como um

elemento estratégico na geopolítica mundial contemporânea, pelo duplo

significado que exibe: suporte à vida e reserva de valor futuro (ALBAGLI,

1998).

Analogamente, não se pode analisar uma região a partir dos estados

que a compõem, porque em geral eles se comportam como unidades

autárquicas e não pensam em suas ligações com o vizinho do lado, o que

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equivale a dizer que não têm noção da região onde estão inseridos, posto que

se preocupam com sua performance no cenário nacional e internacional. Há,

portanto, uma questão regional que ultrapassa os limites político-

administrativos de cada unidade federada.

No interior das ações da IIRSA, as Rotas Bioceânicas do Mato

Grosso do Sul está na carteira de projeto do Eixo Interoceânico Central e do

Eixo da Hidrovia Paraná-Paraguai, compreendendo dois dos dez Eixos de

Integração e Desenvolvimento que o órgão vem financiando nos últimos anos.

Com tais pressupostos, as Rotas Bioceânicas tratam-se de um

ambicioso projeto de âmbito internacional que busca integrar a América do Sul

ao mercado mundial a partir da integração multimodal de transportes.

A idéia básica é permitir a inserção dos países da América do Sul

no processo de globalização, de forma mercadológica e eficiente, para alcançar

crescimento econômico, aproveitando vantagens comparativas regionais,

otimizando as exportações, ampliando a presença nos mercados internacionais

fundamentalmente com os países asiáticos da área do Pacífico.

Especificamente, para o Mato Grosso do Sul, a ideia é inserir essa Unidade da

Federação nessa Rota Bioceânica exportadora e agregar investimentos e

infraestrutura de transporte que favoreçam e atraiam o investimento industrial

para o seu território com vistas ao crescimento econômico.

4.2 TERMINAIS INTERMODAIS

Para que efetivamente as Rotas Bioceânicas possam ser utilizadas

como possibilidade de transporte de mercadorias no Estado de Mato Grosso do

Sul e, também, para a escoação via portos chilenos do oceano Pacífico, a

matriz de transportes deve estar totalmente articulada, e os modais hidroviário

e ferroviário em plena utilização. Para tanto, o projeto das Rotas Bioceânicas

está sendo executado para que a médio e longo prazo possa ser utilizado nas

Page 13: Visão Geopolítica da Região Centro-Oeste Abordagem Teórica com Foco nas Potêncialidades Sul-Mato-Grossenses

exportações e importações brasileiras, aqui especificamente tratamos da

economia sul-mato-grossense.

Algumas iniciativas estão sendo executadas pelo governo de Mato

Grosso do Sul para que os corredores bioceânicos possam efetivamente ser

utilizados. A construção de terminais intermodais em Mato Grosso do Sul será

um investimento para que as Rotas Bioceânicas sejam uma alternativa de

transporte que barateie os custos gastos no transporte de cargas.

No PNLT - Plano Nacional de Logística de Transportes (2009),

temos investimentos em Transportes no Mato Grosso do Sul, no setor

ferroviário, correspondentes ao Vetor Sudeste e Vetor Sul, no período

2008/2023, que correspondem à gestão do governador André Puccinelli.

Veja nas figuras 2 e 3, os projetos referentes aos investimentos no

modal ferroviário em Mato Grosso do Sul, através do PNLT (2009).

FIGURA 2 - TERMINAIS INTERMODAIS DE MATO GROSSO DO SUL

Fonte: Secretaria de Estado de Obras Públicas e Transportes, 2010.

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São quatro terminais intermodais previstos: o rodo-ferroviário de

Aparecida do Taboado, na hidrovia do Paraná e servida pela Ferronorte; o de

Água Clara, servido pela BR 262 e pela ferrovia Novoeste; o de Maracaju,

servida pela Ferrovia Novoeste, e o de Campo Grande, servido por várias

rodovias federais, além da Novoeste.

FIGURA 3 - FERROVIAS A SEREM EXECUTADAS PELO PNLT

Fonte: Secretaria de Estado de Obras Públicas e Transportes, 2010.

Os investimentos no Vetor Sudeste tem no Mato Grosso do Sul

intervenções no setor ferroviário com projetos de construção de ligação

ferroviária de Panorama/SP a Maracajú e Porto Murtinho/MS e conexão

ferroviária entre Maracaju/Dourados/Mundo Novo/MS à

Guaíra/Toledo/CascavelPR. Ambas as ligações fortalecem as relações

comerciais entre o Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verifica-se que o Centro-Oeste não possue uma identidade regional

definida, está em construção e poderia ser reforçada por meio da articulação

de propostas de planejamento regional entre seus estados componentes.

Essa identidade regional, que é social, política e cultural, também

deveria ser construída a partir de propostas calcadas nas suas relações com o

Norte, o Nordeste e o Sudeste. A mesma abordagem, de enlaces intra e inter-

regionais (geográficos, econômicos, ambientais e estatais), se realizada em

relação a todas as regiões, daria lugar a uma nova geopolítica que não é só do

Centro-Oeste, mas do país como um todo, posto que é fundamental para um

projeto de nação.

O crescimento econômico da região do cerrado não é homogêneo

como parte do censo comum pressupõe. As características físicas (solo, clima,

relevo) são determinantes e barreira importante para o desenvolvimento

agropecuário. A variável política teve e continua tendo um papel fundamental

no crescimento da região e territórios. O Estado cumpriu um papel fundamental

na estruturação da região que é hoje considerada o celeiro do país.

As Rotas Bioceânicas tratam-se de um ambicioso projeto de âmbito

internacional que busca integrar a América do Sul ao mercado mundial a partir da

integração multimodal de transportes. A Rota Bioceânica colocará o Estado em

destaque e com certeza o levará a uma nova condição de importante ente

federativo da nação, o estudo geopolítico é abrangente e há várias áreas a

serem pesquisadas, que esta pesquisa sirva para demonstrar o potencial da

Região Centro Oeste, em especial o estado de Mato Grosso do Sul, assim

como a sua importância Geopolítica para a Nação Brasileira.

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REFERÊNCIAS

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outubro de 2011.

CORREDORBIOCEÂNICOhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso_do_Sul#Co

rredor_bioce. Página visitada em 20 de outubro de 2011.

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Universidade Federal do Tocantins Seminário Crise Mundial e

Desenvolvimento Regional: Desafios e

Oportunidades para o Brasil BNDES Rio de Janeiro 03/Set/2009

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outubro de 2011.

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de n° 5 (R.PR-5/02). Página visitada em 13 outubro 2011.

Revista Veja. São Paulo, 2 junho de 1999, p. 90

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