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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS - UNASUS
Visita domiciliar e a Importância da Qualificação do Agente
Comunitário de Saúde para uma melhor qualidade do acesso e
seguimento na Unidade Básica de Saúde.
PORTFÓLIO FINAL.
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Saúde da Família
Orientador: Professor Dr. Fabio Franchi Quagliato
Discente: JULIO CESAR DE MIRANDA ALMAS
TEFÉ –AMAZONAS 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS – UNASUS
Visita domiciliar e a Importância da Qualificação do Agente
Comunitário de Saúde para uma melhor qualidade do acesso e
seguimento na Unidade Básica de Saúde.
PORTFÓLIO FINAL.
Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Saúde da Família
Orientador: Professor Dr. Fabio Franchi Quagliato
Discente: JULIO CESAR DE MIRANDA ALMAS
TEFÉ-AM
2017
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 1-2
2. ESTUDO DE CASO CLÍNICO.................................................................
3. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS...................
4. VISITA DOMICILIAR..............................................................................
5. REFLEXÃO CONCLUSIVA...................................................................
6. REFERÊNCIAS......................................................................................
7. ANEXO 1: PROJETO DE INTERVENÇÃO............................................
INTRODUÇÃO
Meu nome é Júlio Cesar de Miranda Almas, tenho 26 anos, sou natural da cidade
de Tefé no estado do Amazonas, onde cresci e conclui o ensino médio em uma
escola pública, me graduei em medicina no dia 07 de Julho de 2015 pela Escola
Latinoamericana de Medicina em Cuba, ingressei no programa Mais Médicos
para o Brasil no 10º ciclo em julho de 2016. Atuo no municipio onde nasci, estou
lotado na Unidade Básica de Saúde São Miguel que está dividida em duas áreas.
A área 02 está composta por uma equipe completa com: médico, enfermeiro,
odontologista, técnico de enfermagem e dez agentes comunitários de saúde,
abrange uma população de aproximadamente 3560 habitantes, que tem como
característica uma população predominantemente carente com uma renda per
capta baixa, e um nível socioeconômico baixo, o que aumenta o desafio para a
equipe, pois os desafios aumentam principalmente nos programas como
planificação familiar, puericultura, hiperdia e pré-natal, no nosso cotidiano
atendemos muitas consultas de pré-natal. Atualmente estamos realizando o
acompanhamento de 52 gestantes, com uma faixa etária média de 18 anos, a
parasitose também tem tomado um grande número de consultas, acometendo
pacientes de todas as faixas etárias, mas também vem sendo um dos principais
agravantes nos transtornos do crescimento e desenvolvimento psicomotor nas
consultas de puericultura. Temos cadastrados no sistema SISAB 104
hipertensos e 48 pacientes com Diabetes Mellitus, temos 102 crianças menores
de 1 ano que são pesadas mensalmente, 48 crianças menores de 6 meses com
40 crianças com aleitamento materno exclusivo, temos uma cobertura vacinal de
95%, o tema proposto no meu processo de intervenção foi sobre a “Qualificação
dos Agentes Comunitários de Saúde e sua importância na Unidade Básica de
Saúde”, que estará em anexo, a Unidade Básica de Saúde é a porta de entrada
do SUS, para que o rastreamento seja feito é essencial que todos os agentes
comunitários de saúde estejam devidamente capacitados, eu acredito que
quanto mais capacitada estiver a equipe de saúde, melhor será a qualidade do
serviço prestado, consequentemente conseguiremos diagnosticar doenças em
estádio inicial, identificando fatores de risco modificáveis, realizando promoção
de saúde contribuindo para melhorar os indicadores de saúde da minha área de
abrangência.
1. ESTUDO DE CASO CLÍNICO
CASO CLÍNICO: UBS SÃO MIGUEL
ANAMNESE
Identificação:
Nome: C.A.M.S
Idade: 46 anos
Sexo: Feminino
Escolaridade: Ensino Fundamental incompleto
Religião: Protestante
Estado Civil: Casada
Profissão: Dona de casa
Naturalidade: Tefé / AM
Residência atual: Tefé /AM
Queixa principal:
Cefaleia crônica
História da doença atual
1ª consulta médica (02/05/2017)
Paciente relata quadro de cefaleia occipital de caráter opressivo e intermitente
que não se relaciona com o exercício físico, que não se alivia completamente
com o uso de dipirona 500 mg 1 comprimido 8 em 8 horas, que iniciou
aproximadamente há 3 meses, com antecedente de Hipertensão Arterial
diagnosticada há 5 anos em uso irregular de captopril 25 mg 1 comprimido ao
dia, associado a quadro de insônia e edemas em membros inferiores.
Interrogatório sintomatológico:
Sintomas gerais: BEG, hipocorada e eupneica;
Cabeça e pescoço: Cefaleia occipital de caráter opressivo e intermitente com
três meses de duração que não se alivia completamente com analgésicos.
Tórax: Tosse seca esporádica, nega dificuldade respiratória ou dor precordial
Abdome: nega alterações
Sistema Genitourinário: nega alterações
Sistema endócrino: nega alterações
Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades: apresenta edemas em
ambos membros inferiores a nível dos processos maleolares
Sistema nervoso: Insônia, nega convulsões, alterações do humor, amnésia,
paresia, paralisia e desmaios.
ANTECEDENTES PESSOAIS
FISIOLÓGICOS
Nascida de parto eutócico é a segunda filha de um total de dez.
Telarca: 12 anos
Menarca: 13 anos
Sexarca: 14 anos
História obstétrica: G3 P3n A0
PATOLÓGICOS
Doenças de infância: (Varicela, Malária, Dengue);
Mordida por cachorro de rua, realizada profilaxia para raiva humana
Hipertensão arterial
Nega alergias, Diabetes Mellitus e outras comorbidades;
Medicamento em uso: captopril e dipirona
Antecedentes Familiares
Pai faleceu devido a um infarto cardíaco há 10 anos
Mãe: viva, com Hipertensão arterial e Diabetes mellitus tipo 2
3ª Irma: câncer de mama tratado com mastectomia radical
1ro Irmão: Hipertensão arterial.
GENOGRAMA:
(Nomes Fictícios)
Simbolos doGenograma
Relacionamentos FamiliarRelacionamentos Emocionais
2 1 Amizade / Próximo
1 Fused
1 Hostil
1 Desacordo/Conflito
1 Harmonia
7
2 Hipertensão / Pressão Alta
1 Vício em Jogos de Azar
1 Doença Cardíaca, Hipertensão / Pressão
Alta
1 Obesidade
1 Câncer
1 Doenças Sexualmente Transmissíveis
1 Diabete, Hipertensão / Pressão Alta
1 Alcoolismo
1998
João
19
1965
Francisco
52
1971
Carla
46
2007
Maria
10
2012
Felipe
4
1943 - 2007
Sebastião
64
1948
NIlce
68
1968
José
49
1973
Beatriz
44
1974
Josué
43
1977
Clara
40
1980
Jessé
37
1981
Jacó
35
1985
Daiane
31
1988
Jeremias
29
1990
Juca
26
Masculino Feminino Falecimento
Condições de vida:
Alimentação: Predominantemente carboidrato, escassa frutas e verduras;
Habitação: Vive em uma casa de madeira com o esposo e os três filhos, a casa
possui 2 quartos, 1 sala, 1 cozinha e 1 banheiro, água encanada;
História ocupacional: Sempre trabalhou cuidando da casa e da educação dos
filhos;
Atividades físicas: Sedentária;
Vícios, fumou durante pouco tempo na adolescência, nega álcool e outras
drogas;
Condições socioeconômicas: a renda familiar é de 1 salário mínimo (só o esposo
que trabalha);
Vida conjugal: Apresenta dificuldades no casamento devido ao alcoolismo do
marido ao qual a trata de forma agressiva que se justifica desconfiando que o
último filho do casal não é dele, sendo que a mãe apresenta uma relação de
sobre proteção ao filho caçula;
EXAME FÍSICO
SOMATOSCOPIA
Paciente com bom estado geral, lúcido, orientado no tempo e espaço, fácies
dolorosa, fala e linguagem típica, biótipo normolíneo, atitude voluntária, mucosa
hipocorada (+/4), anictérica, acianótica, hidratada, afebril ao toque.
Sinais vitais
Temperatura: 36,5 ºC;
PA: 170x100 mmHg;
FC: 85 bpm;
FR: 18 irpm.
Medidas antropométricas: Peso: 64 kg Altura: 1,62 cm
Estado nutricional: IMC (Índice de massa corporal): 24.4 kg/m² (peso normal)
Cabeça e pescoço:
Simétricos, sem deformidades aparentes, ausência de linfonodomegalia
retroauricular e cervical, tireoide de consistência, mobilidade e tamanho
preservados, orofaringe sem sinais inflamatórios.
Tórax:
Inspeção: tórax típico, simétrico, respiração torácica, eupneica, amplitude
normal, ausência de abaulamentos, retrações, cicatrizes e tiragem;
Palpação: expansibilidade normal; frêmito tóraco-vocal sem alterações
Percussão: sem alterações
Ausculta pulmonar: Murmulho vesicular audível sem ruídos agregados
Ausculta cardiovascular: Ruídos cardíacos rítmicos, sem sopros cardíacos.
Abdome:
Inspeção: plano, cicatriz umbilical centralizada, ausência de circulação colateral.
Ausculta: Ruídos hidroaéreos normais;
Percussão: timpânico, espaço de traube livre;
Palpação: não doloroso a palpação superficial e profunda, ausência de
visceromegalias e/ou massas.
Extremidades
Simétrica com presença de edema a nível maleolar (++/4) dolorosa a palpação
sinal de godet positivo, ausência de vasos dilatados.
Hipótese diagnóstica: Hipertensão arterial descompensada
Conduta: Dieta hipossódica, aumento na ingesta de fibras e frutas, fomentar a
prática de exercícios físicos regulares, evitar hábitos tóxicos como café,
tabaquismo, bebidas alcóolicas, evitar comidas gordurosas, preferir o consumo
de carnes brancas e tratamento farmacológico com Enalapril 20 mg 1
comprimido 12 em 12 horas associado a Hidroclorotiazida 25 mg 1 comprimido
ao dia pela manhã, Paracetamol 500mg 1 comprimido de 6 em 6 horas se dor,
encaminhamento para avaliação pelo nutricionista.
EVOLUÇÃO
2ª Consulta (dia 14/06/2017)
Paciente com bom estado geral, refere que os edemas em membros inferiores
diminuíram, está conseguindo dormir melhor, se alimentando da forma correta
como a nutricionista recomendou, começou a caminhar durante uma hora três
vezes na semana, a cefaleia melhorou e o tempo entre uma crise e outra
aumentou consideravelmente, está tomando os medicamentos regularmente,
apresenta MAPA e exames laboratoriais todos dentro dos limites da
normalidade. Conduta: Renovar receita de anti-hipertensivos e orientações
gerais.
3ª Consulta (19/07/2017)
Paciente refere que esteve internada há 5 dias no Hospital Regional de Tefé com
dor precordial de rápida duração com irradiação a mandíbula e membro superior
esquerdo com sensação de morte iminente, passou 24 horas em observação ao
realizar eletrocardiograma de emergência ao qual não se evidenciou nenhuma
alteração e recebeu alta com o diagnóstico de Angina pectoris com as seguintes
indicações terapêuticas: Verapamilo 40 mg 1 comprimido 12 em 12 horas e
Acido Acetil Salicílico 100mg 1 comprimido ao dia após o almoço,
Conduta: Agendar matriciamento com cardiologista que atende ao município.
PLANO:
Matriciamento: Depois de identificado a necessidade de ampliar e compartilhar
nosso atendimento para melhorar nossa conduta, foi solicitado ao NASF (Núcleo
de apoio a saúde da família) uma interconsulta com o médico cardiologia para
avaliar a conduta proposta e a necessidade de outras intervenções
farmacêuticas ou não com o objetivo de diminuir a incidência de episódios
isquêmicos, Incorporar a paciente na roda de hiperdia mensal, programar visitas
domiciliares mensais intercaladas entre o médico e o enfermeiro assim como
2. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS
Atuo na unidade básica de saúde São Miguel há pouco mais de um ano
em Tefé – AM e a prática mais relevante que adotei na área de puericultura foi
acompanhar o crescimento e desenvolvimento de forma integral e objetiva.
Primeiramente, ao iniciar os trabalhos na Unidade Básica de Saúde
constatei que as consultas de puericultura ainda não eram realizadas conforme
preconizado pelo Ministério da Saúde, conforme fui realizando as consultas de
pré-natal e as consequentes consultas, após o nascimento não existia o hábito
na população de assistir a 1ª consulta do recém-nascido, geralmente eu só
conhecia os bebes caso eles apresentassem alguma doença congênita ou
adquirida, através das visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde, a
equipe realizava a busca ativa das puérperas e dos recém-nascidos, ao verificar
essa falha comecei a trabalhar com os agentes comunitários de saúde, sobre
puericultura, conceito e importância, com que frequência se realizava as
consultas programadas e incluir na minha agenda de atendimento um turno
especifico para as consultas de puericultura, além de trabalhar com a
capacitação dos agentes comunitários de saúde, também iniciei um processo de
conscientização das futuras mamães na própria consulta do pré-natal dessa
forma busco com que as futuras crianças já participem das consultas de
puericultura.
Antes de iniciar meu trabalho nesta unidade básica de saúde, os usuários
estavam adaptados a trazer seus filhos somente quando se encontravam
doentes, os próprios agentes comunitários de saúde não sabiam a importância
em identificar possíveis fatores de risco ou observar certos transtornos do
crescimento e desenvolvimento da criança visando a necessidade de consulta e
acompanhamento médico, os agentes comunitários de saúde só agendavam
consultas para as crianças doentes sendo que o correto era agendar consultas
de puericultura com crianças aparentemente saudáveis e as crianças que
apresentassem alguma morbidade procurassem o posto de saúde de imediato
para acolhimento adequado e atendimento com profissional correspondente.
Além disso com o início das consultas de puericultura consegui realizar uma
planilha com todas as crianças entre a faixa etária de 0-1 ano que apresentavam
vacinas atrasadas, atraso no desenvolvimento ou que apresentavam fatores de
risco, após identificados os problemas conseguimos aplicar as intervenções
necessárias de forma efetiva e integral.
A consulta do recém-nascido deve ocorrer na 1ª semana de vida ou caso
ele tenha sido classificado de risco, nos primeiros 3 dias de vida, os objetivos e
ações desenvolvidas nessa 1ª consulta são:
Avaliar o estado de saúde do recém-nascido (e da mãe – identificar sinais
de depressão pós-parto, por exemplo);
Orientar e incentivar o aleitamento materno exclusivo;
Orientar e avaliar os cuidados básicos com o recém-nascido;
Orientar e realizar quanto às imunizações;
Verificar a realização da triagem neonatal;
Avaliar o desenvolvimento do neonato;
Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las.
Fonte: SBP,2006,BRASIL,2012.
O Seguimento recomendado em saúde da criança é consulta na 1ª
semana de vida, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 18º mês e 24º mês, estas
faixas etárias levam em consideração crianças assintomáticas e são
selecionadas por representarem momentos de oferta de imunização e de
orientações de promoção de saúde e prevenção de doenças. A monitorização
rotineira do crescimento infantil é um componente mundial da consulta
pediátrica, os registros do peso, estatura, e do perímetro cefálico, aferidos nos
gráficos de crescimento, são recomendáveis para todas as consultas, até os dois
anos de idade, independente do estado de risco da criança, a altura para idade
é o melhor indicador de crescimento da criança e representa o déficit
antropométrico mais importante no Brasil (representativo da desnutrição no
país). O Índice de Massa Corpórea (IMC), por sua vez, é um bom marcador de
adiposidade e sobrepeso, além de poder ser preditivo do IMC da vida adulta.
Dessa forma, o melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é a
plotagem de peso e estatura nas curvas de IMC desde o nascimento, de acordo
com a idade e o gênero, os índices antropométricos podem ser expressos na
forma de percentuais de adequação (critérios de Gomez e de Waterlow) ou de
escores Z, que é recomendado e utilizado pelo Ministério da Saúde e
Organização Mundial da Saúde.
3. VISITA DOMICILIAR
Na UBS São Miguel quando comecei a atuar a prática de visita domiciliar
era realizada de forma semanal pela enfermeira da equipe e somente em alguns
casos específicos, era solicitado a visita pelo médico pertencente à equipe, uma
das principais dificuldades apresentadas era devido à alta demanda que existia
na UBS, impossibilitando o médico de ausentar-se na UBS visando efetuar as
visitas na comunidade.
Para modificar tal realidade propus a enfermeira retiramos um turno
preferencialmente pela manhã, devido ao nosso clima local que habitualmente é
de forte calor, para efetuarmos as visitas domiciliares, era necessário que os
agentes comunitários de saúde, confeccionaram uma relação com todos os
pacientes que necessitavam visitas domiciliares, já nesse primeiro ponto
encontrei diversas dificuldades, pois meus agentes comunitários de saúde em
sua totalidade não sabiam um critério de distinção para identificar quem
realmente necessitava visita domiciliar, a partir dessa primeira dificuldade,
percebi a necessidade de uma capacitação com a equipe para criar critérios, e
a partir dessa forma, a equipe só iria visitar os casos realmente necessários,
depois de um acordo com a gestão, foi possibilitado realizar uma capacitação de
nivelamento, com informações básicas que os agentes comunitários de saúde
devem ter conhecimento, assim como treinamento de antropometria, aferição da
tensão arterial, frequência cardíaca, respiratória e temperatura, além de
identificar situações de risco físico, biológico, social e ambiental, possibilitando
que os próprios agentes comunitário de saúde lograssem identificar usuários que
demandavam acompanhamento continuo, seja na unidade básica de saúde ou
atendimento domiciliar.
Mediante treinamento dos ACSs, conseguimos identificar mais casos que
necessitavam atenção, assim como diminuir casos que a visita da equipe era
desnecessária, pois o usuário poderia realizar atendimento ambulatorial na UBS,
outra dificuldade encontrada era a ausência de veículo para realizar as visitas,
de acordo com as mudanças de estação, nos deparamos com diferentes
problemáticas próprias de minha região, dentro de minha área de abrangência
eu atendo vários usuários que moram em palafitas, que em períodos em que o
rio enche, são várias as dificuldades de translado, periculosidade devido às
“pontes improvisadas”, que são confeccionada pelos próprios moradores, a
poluição ambiental que ocorre nas margens, sendo que a maioria do lixo
pertence aos próprios moradores, desafiando a equipe a planejar estratégicas
de promoção e prevenção da saúde, tratando de conscientizar os usuários sobre
as diferentes problemáticas encontradas no ambiente.
Diferentes casos demandavam diferentes condutas, mas pelo menos uma
era comum, a necessidade de acompanhamento do cuidador e treinamento
especifico para saber atuar em diferentes cenários, como a população
geralmente possuía baixa renda per-capta e baixo nível de escolaridade era
necessário criar um grupo de cuidadores para realizar ações coletivas instruindo
cuidados básicos referente a alimentação, higiene, cuidados geriátricos
específicos, e autocuidado que é tão importante quanto o cuidado prestado ao
acamado.
As visitas domiciliares são realizadas em conjunto com o técnico de
enfermagem da minha equipe e os agentes comunitários de saúde. Durante as
visitas eu procuro realizar o atendimento ao usuário e a família visando sempre
identificar potenciais fatores de risco, além de orientações pertinentes e a
terapêutica a ser instituída pelos cuidadores, aproveitando também para sanar
possíveis dúvidas em relação ao caso.
Apesar de aproveitarmos ao máximo as visitas domiciliares, em alguns
momentos nos deparamos com algumas frustações, devido a negligencia
familiar, ou da própria doença que tem diagnóstico reservado sendo o tratamento
paliativo a nossa única opção.
4. REFLEXÃO CONCLUSIVA
Primeiramente gostaria de expor minha opinião sobre o novo Programa
de Saúde da família representado pelas equipes de estratégia da saúde da
família como um avanço importante na saúde brasileira, plenamente sintonizada
com os princípios do SUS, universalidade, equidade e integralidade das ações,
que acima de tudo, está voltada à permanente defesa da vida do cidadão,
gerando novas práticas intersetoriais em prol da cura, promoção e prevenção do
paciente. A atuação tradicional do setor saúde sempre conduziu à compreensão
do indivíduo de forma isolada de seu contexto familiar e dos valores sócios
culturais ao que o mesmo está submetido, de acordo com a estratégica de saúde
da família a equipe de saúde da família precisa conhecer a realidade da
população sob sua responsabilidade, os contextos familiares e a vida
comunitária, desenvolvendo um processo de planejamento individualizado
focado nas adversidades encontradas no território específico.
A pós-graduação em Especialização em Saúde da família me proporciona um
maior amadurecimento profissional, através do mesmo consegui aprofundar meu
conhecimento sobre a importância da organização e planejamento de ações,
buscar uma forte interação entre todos os participantes da equipe, assim como
trabalhar no dia-a-dia todos os programas preconizados pelo Ministério da
Saúde: saúde do homem, saúde da criança, saúde do idoso, pré-natal,
imunizações entre outros, participar ativamente na mudança de hábito dos
usuários, aumentar a relação médico-paciente e observar o quanto é importante
esse vínculo nas mudanças de crenças antigas adicionando hábitos e estilos de
vida saudáveis na população.
Conseguir melhorar algum dos indicadores de saúde da comunidade foi um dos
desafios ao qual me propus no princípio de meu trabalho, ao passo de mais de
1 ano de serviço, é muito satisfatório verificar como a pós-graduação modificou
meu raciocínio clínico focando na pessoa com um ser biopsicossocial ao qual
necessita que em cada consulta individualizada tenha uma avaliação completa
levando em conta todos os fatores que podem levar a uma doença, a cada
passo, consolidamos o nosso conhecimento e nos aperfeiçoamos através dos
programas e métodos disponibilizados ocasionando que dessa forma eu
lograsse alcançar meu objetivo através de minha pós-graduação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Prevenção Clínica de Doença
Cardiovascular, cerebrovascular e Renal. Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da
Saúde,2006 (Cadernos da Atenção Básica, nº 14).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Hipertensão Arterial Sistêmica. Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica –
Brasília: Ministério da Saúde, 2006 (Cadernos da Atenção Básica, nº 15).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Estratégicas para o cuidado da Pessoa
com Doença Crônica – Hipertensão Arterial Sistêmica. Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília:
Ministério da Saúde,2013 (Cadernos da Atenção Básica, nº 37).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Saúde da Criança- Acompanhamento do
Crescimento e Desenvolvimento Infantil. Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da
Saúde,2002 (Cadernos da Atenção Básica, nº 11).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Saúde da Criança – Aleitamento Materno e
Alimentação Complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde,2009
(Cadernos da Atenção Básica, nº 23).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Crescimento e desenvolvimento. Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica –
Brasília: Ministério da Saúde, 2012 (Cadernos da Atenção Básica, nº 33).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Acolhimento a Demanda Espontânea –
Queixas mais comuns na Atenção Básica – Vol I. / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília:
Ministério da Saúde, 2011 (Cadernos da Atenção Básica; nº 28)
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Guia Prático do Agente Comunitário de
Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica O Trabalho do Agente Comunitário de
Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em:
189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf
RAKEL, ROBERT. Tratado de Medicina da Família 5ª edição Cap: 1 pág 3-16;
Cap: 2 pág: 18-26; Cap: 11 pág: 176-178; Cap 13 pág: 205-213
Projeto de Intervenção
Qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde e sua
importância na Unidade Básica de Saúde
Júlio Cesar de Miranda Almas
Tefé, fevereiro de 2017
Resumo:
Este projeto de intervenção tem a importante tarefa de estabelecer a importância
dos agentes comunitários de saúde na atenção básica, de que forma a
qualificação desses profissionais podem aumentar a efetividade nas ações da
equipe de saúde da família assim como modificar os principais indicadores de
saúde na área abrangente, Na Unidade Básica de Saúde São Miguel está
dividida em duas áreas, a área 02 está composta por uma equipe completa com:
médico, enfermeiro, odontologista, técnico de enfermagem e dez agentes
comunitários de saúde, abrange uma população de aproximadamente 3560
habitantes, que tem como característica uma população predominantemente
carente com uma renda per capta baixa, e um nível socioeconômico baixo, o que
aumenta o desafio para a equipe pois os desafios aumentam principalmente nos
programas como planificação familiar, puericultura, hiperdia, pré-natal. O
objetivo desse trabalho é qualificar os agentes comunitários de saúde, aumentar
o vínculo dos mesmos com a população, sugere-se utilizar as orientações
contidas nos Cadernos da atenção básica disponibilizados pelo Ministério da
Saúde, utilizaremos como método de avaliação o número de consultas
agendadas e um questionário a ser respondido pelos usuários da Unidade
Básica de Saúde, espera-se que com a qualificação dos agentes comunitários
de saúde, a melhoria da eficácia dos programas e uma redução na incidência
das complicações das doenças crônicas devido há um correto acompanhamento
e aconselhamento de toda equipe.
Palavras chaves: Agente comunitário de saúde, promoção e prevenção
Sumário
1- INTRODUÇÃO
2- OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
3- REVISÃO DA LITERATURA
4- MÉTODOS
5- CRONOGRAMA
6- RECURSOS NECESSÁRIOS
7- RESULTADOS ESPERADOS
8- BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Tefé, é um município do interior do estado do Amazonas, pertencente à
microrregião de Tefé, está distante 523 km por via fluvial e 413 km em linha reta,
é banhado pelo rio Solimões, somente é possível chegar ao município por via
aérea ou fluvial, sendo a fluvial a via mais frequente. A população, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE estava estimada em
62 230 habitantes em 2016, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de
0,639, e com uma expectativa de vida de 71 anos, temos como principal causa
de óbito no 1 semestre de 2016 a pneumonia.
A Unidade Básica de Saúde São Miguel, está localizada na rua Marechal
Deodoro nº 660, Centro, anteriormente era onde funcionava o hospital da cidade.
Atende aproximadamente 7300 usuários distribuídos fundamentalmente em três
bairros: Monte Castelo, Santo Antônio e Olaria. Conta com duas equipes de
saúde completas com médicos, enfermeiros, dentista, técnicos de enfermagem
e agentes comunitários de saúde, uma equipe atende o bairro de Monte Castelo
e a outra equipe atende Olaria e Santo Antônio. Na sua área de abrangência
reside uma população extremadamente variável mas predomina a população
idosa, tendo como maior número de consultas médicas devido a doenças infecto-
parasitarias e doenças crônicas não transmissíveis descompensadas.
Atualmente estamos na fase 2 do PMAQ, de desenvolvimento,
identificando os principais agravos, dificuldades em relação ao acolhimento à
demanda espontânea, analise da situação de saúde, assim como usuários
pertencentes a outras áreas de abrangência que buscam a UBS São Miguel. Um
dos pontos mais importantes é a implantação do processo de educação
permanente por toda a equipe de trabalho envolvendo médico, enfermeiro,
dentista, técnico e principalmente os agentes comunitários de saúde, sendo que
os mesmos estão em constante contato com a comunidade, identificando
possíveis emergências e até mesmo realizando uma estratificação de risco
geográfico, como por exemplo o risco de enchentes, deslizamentos, ou piora
progressiva de um paciente com uma morbidade crônica.
No que se refere a atenção domiciliar na UBS, observa-se que os agentes
comunitários de saúde ainda não conseguem diferenciar quais são os pacientes
que necessitam de cuidados contínuos com visitas sistemáticas e pontuais,
assim como interconsultas com outros profissionais que possa auxiliar nas
orientações sobre os cuidados necessários para cada paciente, dieta especifica,
o que fica aparente sobre o serviço de atenção domiciliar ofertado são usuários
com uma condição aguda que muitas vezes necessitam de internamento
hospitalar e o serviço ofertado na atenção primaria é incapaz de suprir as
necessidades desse usuário especifico. Evidencia-se que muitos casos onde
realmente necessita a oferta de visita domiciliar muitas vezes nem cheguem ao
conhecimento da equipe.
Constitui-se, assim, o problema deste Projeto de Intervenção a seguinte
questão: Como qualificar os agentes comunitários de saúde com o intuito de
implantar a educação permanente de uma forma pratica, sistemática e planejada
com o intuito de realizar uma correta promoção e prevenção em saúde de uma
forma interdisciplinar e efetiva.
2. OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Qualificar o trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS) da
Unidade Básica de Saúde São Miguel
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO
Identificar o nível de escolaridade de cada ACS
Realizar palestras sobre o trabalho do ACS
Distribuir o Manual dos agentes Comunitários de Saúde, edição
2009
Solicitar junto ao Núcleo de Apoio à Saúde da Família palestras e
orientações para os ACS
Solicitar relatórios mensais dos ACS
Solicitar perante a Vigilância epidemiológica o boletim
epidemiológico semestral
3. REVISÃO DE LITERATURA
Oficialmente implantado pelo Ministério da saúde em 1991, o então
programa de agentes comunitários de saúde (PACS) teve início no fim da década
de 80 como uma iniciativa de algumas áreas do Nordeste (e outros lugares, como
o Distrito Federal e São Paulo) em buscar alternativas para buscar melhorar as
condições de saúde de suas comunidades. Era uma nova categoria de
trabalhadores, formada dele e para a própria comunidade, atuando e fazendo
parte da saúde prestada nas localidades (BRASIL, 2017).
No processo de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), o
agente comunitário de saúde (ACS) tem sido um personagem muito importante
realizando a integração dos serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde com
a comunidade. Atualmente são mais de 200 mil em todo o Brasil desenvolvendo
ações de promoção e vigilância em saúde, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida das pessoas (BRASIL, 2009a).
Hoje a profissão de agentes comunitários de saúde (ACS) é uma das mais
estudadas pelas universidades do país, o agente comunitário de saúde tem um
papel muito importante no acolhimento, pois é membro da equipe que faz parte
da comunidade, o que permite um maior vínculo com a comunidade, propiciando
um contato direto com a equipe de saúde (BRASIL, 2017).
O trabalho do agente comunitário de saúde é considerado uma extensão
dos serviços de saúde dentro das comunidades, já que o mesmo é um membro
da comunidade e já possui com ela um envolvimento pessoal, seu trabalho tem
como principal objetivo contribuir para a qualidade de vida das pessoas e da
comunidade, para que isso aconteça é fundamental que o agente:
Conheça bem o território;
Conhecer não só os problemas da comunidade, mas também suas
potencialidades de crescer e se desenvolver social e economicamente;
Ser ativo e ter iniciativa;
Observar as pessoas, objetos e ambiente;
Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais
profissionais;
Toda visita domiciliar realizada pelo agente comunitário de saúde, deve-
se desenvolver ações de promoção e prevenção de saúde, entretanto, sua
atuação não está restrita ao domicilio, ocorrendo também em diversos espaços
comunitários. Os diferentes aspectos de um problema deverão ser examinados
cuidadosamente com os comunitários, para que seja encontrada as melhores
soluções, há situações em que seja necessária a atuação de outros profissionais
da equipe cabendo ao agente comunitário de saúde encaminhar o paciente para
a unidade básica de saúde (BRASIL, 2009b).
Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica o trabalho, no
entanto vale destacar que a comunidade deve ter participação na construção de
saúde, estimulando assim as pessoas da comunidade a participarem das
discussões sobre saúde e o meio ambiente em que vivem, ajudando a promover
a saúde e a construir ambientes saudáveis (BRASIL, 2009b).
Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas
“corre perigo”, isto é, tem maior possibilidade ou chance de adoecer ou até
mesmo de morrer como por exemplo: (BRASIL, 2009b) nascem com
• Crianças que estão desnutridas;
• Filhos de mães que fumam, bebem bebidas alcoólicas e usam drogas
na gravidez;
• Gestantes que não fazem o pré-natal;
• Gestantes que fumam;
• Gestantes com diabetes e/ou pressão alta;
• Acamados;
• Pessoas que precisam de cuidadores, mas não possuem alguém que
exerça essa função;
• Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e serviços de
saúde, sejam estes de promoção, proteção, diagnóstico, tratamento ou
reabilitação;
• Pessoas em situação de violência;
• Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária com ou
sem uso do tabaco ou do álcool.
É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco de as
pessoas adoecerem, por exemplo (BRASIL, 2009b):
• Baixa renda;
• Desemprego;
• Acesso precário a bens e serviços: água, luz elétrica, transporte etc.);
• Falta de água tratada;
• Lixo armazenado em locais inadequados;
• Uso incorreto de venenos na lavoura;
• Poluição do ar ou da água;
• Esgoto a céu aberto;
• Falta de alimentação ou alimentação inadequada;
• Uso inadequado de medicamentos prescritos;
• Automedicação;
• Descontinuidade de tratamento.
Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um conjunto de
trabalhadores diversos se encontra para produzir cuidado à saúde da população.
Se pensarmos no conjunto de trabalhadores de uma unidade de saúde – que
pode ser a sua –, poderemos observar que cada trabalhador atua em um certo
lugar, tem determinadas responsabilidades e produz um conjunto de ações para
que esse objetivo seja alcançado (BRASIL, 2009b).
Além disso, para cada ação e responsabilidade, o trabalhador precisa
contar com uma série de conhecimentos, saberes e habilidades para conseguir
executar da melhor forma possível a sua função. É muito comum na área da
saúde utilizar instrumentos e equipamentos para apoiar a realização das ações
de cuidado. Exemplo: o médico da unidade de saúde tem como uma de suas
ações a realização de consultas. O que ele precisa ter para realizar bem essa
ação? Para fazer uma boa anamnese (entrevista que busca levantar todos os
fatos referentes à pessoa e à doença que ela apresenta) e um bom exame físico,
ele precisa contar com conhecimentos técnicos que adquiriu durante a sua
formação e durante a sua vida. Nessa atividade, ele provavelmente vai utilizar
também alguns instrumentos, como um roteiro/questionário, um estetoscópio
(aparelho para escutar o coração, pulmões e abdome), aparelho para medir a
pressão, entre outros. Além disso, ele vai precisar ter outra habilidade, que é a
das relações, que se mostra no modo como ele consegue interagir com as
pessoas atendidas (BRASIL, 2009b).
As ações educativas fazem parte do dia a dia e têm como objetivo final
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. O
desenvolvimento de ações educativas em saúde pode abranger muitos temas
em atividades amplas e complexas, o que não significa que são ações difíceis
de serem desenvolvidas. Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber
escutar. O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade
da atenção prestada em saúde. Educar é um processo de construção
permanente. As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas podem
ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de saúde e nos
diversos espaços sociais existentes na comunidade. O trabalho em grupo reforça
a ação educativa aos indivíduos (BRASIL, 2009b).
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe. Existem
diferentes metodologias para se trabalhar com grupos. O agente comunitário de
saúde e sua equipe devem avaliar a quem melhor se adapte às suas
disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo e de espaço, assim
como as características e as necessidades do grupo em questão. A linguagem
deve ser sempre acessível, simples e precisa (BRASIL, 2009b).
É importante considerar o conhecimento e experiência dos participantes
permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir um processo
decisório autônomo e centrado em seus interesses (BRASIL, 2009b).
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si
mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e também os vínculos de
solidariedade comunitária, contribuindo para o pleno exercício de poder decidir
o melhor para a sua saúde (BRASIL, 2009b).
4. MÉTODOS
Trata-se de um projeto de intervenção, a partir da prática na atenção
básica no município de Tefé, a metodologia constitui-se na execução das
palestras orientadoras sobre o papel do agente comunitário de saúde,
apresentar o manual de trabalho do agente comunitário de saúde assim como o
guia prático do agente comunitário de saúde, no sentido de implementar uma
melhoria no processo de educação permanente visando otimizar a qualidade do
serviço oferecido pela equipe da UBS São Miguel.
O primeiro momento a ser realizado é a apresentação do projeto de
intervenção para a equipe de saúde, afim de debater os objetivos, a metodologia
a ser utilizada e os resultados esperados. Deve-se organizar a equipe de saúde
para tratar da importância da qualificação dos agentes comunitários de saúde,
com a aceitação dos mesmos apresentar o cronograma com as atividades a
serem desenvolvidas, prazos e responsáveis.
O segundo momento será aquele em que a equipe de saúde se organiza
para confeccionar a lista de materiais necessários para a plena execução do
projeto, neste momento será solicitado da secretaria municipal de saúde a
disponibilização dos materiais necessários assim como o guia prático do agente
comunitário de saúde, folders e banners para a implementação da educação
permanente e fichas de acompanhamento com o objetivo de avaliar a efetividade
do projeto. Após ter todos os materiais disponíveis, a equipe deve se reunir para
efetuar pactos sobre a execução do projeto assim como estabelecer horários
fixos para a execução dos cursos, local adequado e organizar com a
coordenação da Unidade Básica de Saúde um turno quinzenal para que ao invés
de atendimento ao público seja realizado o curso de qualificação dos
profissionais.
O terceiro momento é composto pelo convite a outras instituições ligadas
à saúde como NASF, CEREG, CEGTS, CRAS, CTA, Vigilância em Saúde e
Vigilância Epidemiológica para a ministração de palestras apresentado as
instituições, os serviços oferecidos e como poder oferecer o serviço ao usuário
de saúde, com posterior fórum de discussão ministrado pelo autor do projeto com
o objetivo de resolução de dúvidas e fixação do conteúdo.
O quarto momento é a elaboração de um plano de atuação dos agentes
comunitários de saúde, com a confecção da história clinica familiar elaborada
previamente pelo autor do projeto, demonstrando a forma correta de
preenchimento dos dados, dessa forma identificando todos fatores que podem
influenciar no estado de saúde da família em todos os setores sócias,
demográficos, psicológicos, etc, e traçando estratégicas para poder atuar em
100% da comunidade e colocar em prática a informação adquirida no processo
de qualificação dos profissionais.
O quinto momento compõe-se do adequado registro de informações para
a equipe de saúde, assim como do registro de prontuário domiciliar.
O sexto momento vincula-se ao processo de acompanhamento e
avaliação da educação permanente mediante os principais indicadores de saúde
disponibilizados pela vigilância epidemiológica municipal, verificar a qualidade
das consultas agendadas implementando os programas de saúde preconizados
pelo Ministério da Saúde e realizando um questionário a ser respondido por
usuários da Unidade Básica de Saúde de forma aleatória com um objetivo de
avaliar a assistência oferecida pela equipe de saúde.
5. CRONOGRAMA
Ações Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Apresentação da proposta à equipe de saúde
X
Confecção da lista de materiais necessários e confirmação do local onde será realizado a capacitação
X
Abertura para capacitação oferecida por outras instituições e departamentos da SEMSA
X
Fórum de discussão para resolução de dúvidas
X
Confecção do plano de ação em conjunto com os ACSs
X
Confecção da história clinica familiar com 100% da comunidade
X X X
Registro das informações obtidas e consolidação dos dados
X
Acompanhamento e avaliação segundo os dados obtidos pela vigilância epidemiológica
X
Apresentação dos resultados para a gestão municipal
X
6. RECURSOS NECESSÁRIOS
Sala com ambiente climatizado com capacidade mínima para 15
pessoas
Datashow
12 unidades guia prático do agente comunitário de saúde
12 unidades do manual de trabalho do agente comunitário de
saúde
500 folhas de papel A4
1 Impressora para imprimir o material didático assim como as fichas
da Historia Clinica Familiar
10 banners e folders do material de educação permanente
7. RESULTADOS ESPERADOS
Com a capacitação dos Agentes Comunitários de saúde, e a
implementação da história clinica familiar, espera-se conhecer profundamente o
quantitativo dos pacientes assim como todos os fatores de risco que podem
influenciar na saúde da comunidade, assim como pontos positivos e negativos,
grau de escolaridade da população, riscos ambientais, sociais e culturais.
A temática sendo debatida constantemente entre os ACSs, oferecem uma
maior interação entre a comunidade e a equipe de saúde permitindo a utilização
de planos de cuidados coletivos e processos terapêuticos de amplo espetro que
possam diminuir os riscos da maioria da população assim como aumentando a
expectativa de vida, o agendamento de consultas médicas e de enfermagem
com uma maior resolubilidade, diminuição das complicações das doenças
crônicas não transmissíveis, inicio de consultas de pré-natal no tempo
preconizado pelo ministério da saúde assim como o acompanhamento com o
número mínimo de consultas realizado, diminuição da mortalidade materno-
infantil, maior elucidação dos óbitos em domicilio, diagnóstico precoce de
tumores benignos e malignos.
No que se refere ao acompanhamento, a organização e a sistematização
da Unidade Básica de Saúde espera-se uma diminuição das consultas de
demanda espontânea, um maior número de consultas agendadas com
diminuição das queixas em relação ao acolhimento levando em consideração
que os próprios agentes comunitários de saúde ajudariam no acesso ao serviço
de saúde.
Finalmente trazer para a equipe de saúde os principais problemas
coletivos ao qual a população da comunidade está exposta, buscando soluções
junto com a comunidade buscando alternativas positivas para a comunidade,
aumentar o nível de satisfação e confiança da comunidade.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia de Saúde da Família: Agentes
Comunitários de Saúde. Acesso em set 2017. Disponível
em:http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_esf.php?conteudo=agente_comunitar
io_saude
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica Guia Prático do Agente Comunitário de
Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2009a. Disponível em:
dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica O Trabalho do Agente Comunitário de
Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2009b. Disponível em:
189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/manual_acs.pdf