Viveiros Educadores (2)

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    Renata Rozendo Maranhão

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    Organização:Gustavo Nogueira Lemos

    Renata Rozendo Maranhão

    ministério do meio ambientesecretaria de articulação institucional e cidadania ambiental

    departamento de educação ambiental

    brasília, janeiro de 2008

    Viveiros EducadoresPlantando Vida

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    © 2008 Ministério do Meio AmbienteQualquer parte desta publicacão pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.Tiragem: 5.000 exemplares

    PresidenteLuís Inácio Lula da Silva

    Ministério do Meio AmbienteMarina Silva

    Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania AmbientalHamilton Pereira da Silva

    Departamento de Educação AmbientalMarcos Sorrentino

    Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Educação AmbientalEsplanada dos Ministérios – Bloco B, sala 553Cep: 70068-900 – Brasília / DFTel: 55 61 - 3317 1207Fax: 55 61 - 3317 1757e-mail: [email protected]

    Organização:Gustavo Nogueira LemosRenata Rozendo Maranhão

    Revisão:Dario NoletoAna Luisa Castelo BrancoEduardo Lyra RochaJosé Vicente de FreitasMarcos Sorrentino

    Philippe Pomier LayrarguesProjeto gráco, capa e ilustrações:Masanori OhashyIdade da Pedra Produções Grácas LTDADiagramação:Alexandre Lemos (estagiário)Idade da Pedra Produções Grácas LTDA

    Fotos:Gustavo Nogueira LemosEduardo Lira RochaInstituto de Permacultura, Organização, Ecovilas e Meio Ambiente - IPOEMAGrupo de Trabalho de Apoio a Reforma Agrária - GTRA/UnB.

    Catalogação na fonte: Centro de Informação e Documentação-CID Ambiental /MMA

    B823vBrasil. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania

    Ambiental. Departamento de Educação Ambiental.Viveiros educadores: plantando vida. - Brasília: MMA, 2008.84 p.; 23 cm.

    ISBN 978-85-7738-092-3

    I. Título. II. Educação ambiental.

    CDU 37:504

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    Agradecemos especialmente à Ondalva Serrano quecom seu profundo conhecimento e larga experiência de

    vida contribuiu de forma inspiradora e complementarna idealização da proposta dos “Viveiros Educadores”.A leitura atenta e crítica de um documento por elaproduzido, repleto de aspectos humanitários, princípiose conceitos do pensamento sistêmico, foi fundamentalpara a elaboração dessa publicação.

    Maiores informações sobre este documento po-dem ser acessadas na íntegra pelo endereço eletrônico

    www.mma.gov.br

    Carinhosamente,Equipe DEA

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    Apresentação......................................................... 8

    O que são viveiros educadores ..........................10

    Os viveiros e sua contextualizaçãona realidade brasileira .......................................15

    A estrutura organizacional e operacionalde um viveiro educador ....................................... 18

    Equipe pedagógica.................................................20

    O Projeto Político-Pedagógico ..........................22O Viveiro e a Escola26, Segurança Alimentar28, Inclusão Social31,Prossionalização e Geração de Trabalho e Renda33, Arborização Urbana36,O Viveiro como Instrumento de Organização Social de Comunidadese Assentamentos Rurais38,Pesquisa e Desenvolvimento40,Comércio Solidário41, A Realização de Parcerias e a Sustentabilidade do Viveiro Educador44.

    Procedimentos técnicos necessáriospara a implementação de um viveiro .................. 46Escolha do Local48, Estruturas Necessárias para a Condução das Atividades52, Como Realizar a Coleta de Sementes56, A Escolha das Sementes59, Secagemdas Sementes 59, Como Armazenar suas Sementes60, A Gincana comoEstratégia de Coleta60, Quais são as Atividades Envolvidas no dia-a-diado Viveiro?62, Plantio das mudas em campo 74.

    Anexos ...................................................................81ReferÊncias Bibliográficas ................................ 86

    SUMÁRIO

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    O Departamento de EducaçãoAmbiental do Ministério do MeioAmbiente procura desenvolver pro-gramas, projetos e ações pautadas

    pela perspectiva de cultivar a vida ea felicidade de viver, estimulando aparticipação popular individual e co-letiva nessa direção.

    Esses programas, projetos eações têm por nalidade contribuirpara a formação de cidadãs e cida-dãos que busquem cotidianamente

    a construção de sociedades susten-táveis, aprendendo e educando emsua prática.

    É cada vez mais evidente a neces-sidade da participação popular emprocessos que busquem inverter alógica do desenvolvimento acompa-nhado da degradação ambiental.

    O envolvimento em ações dessanatureza oportuniza a reexão sobreos fatos, razões e interesses pelosquais nossa sociedade seguiu nessadireção. Reetir sobre tais aspectos éessencial para questionarmos as es-colhas feitas e compreendermos queé possível trilhar outros caminhos,

    calcados pela solidariedade, pelauniversalização da qualidade de vida,pela valorização do ambiente, e doser humano, como sujeito atuante naconstrução de um mundo melhor.

    A problemática ambiental é ex-tremamente complexa, envolve emsua raiz questões de caráter social,econômico, político e cultural, e

    deve ser encarada de forma ampla,conjugando esforços nas mais dife-rentes frentes de atuação, para queas transformações almejadas tor-nem-se realidade.

    Nesta jornada é importanteutilizarmos de forma intencional econsciente os espaços e estruturas

    existentes em nossa sociedade compotencial para a formação de edu-cadoras e educadores ambientaiscapazes de irradiar pró atividade ecomprometimento, e com isso, con-tagiar cada vez mais pessoas dispos-tas a contribuir.

    Espaços e estruturas educado-

    ras são aquelas que demonstram,ou podem demonstrar, alternati-vas viáveis para a sustentabilidadefrente ao modelo hegemônico dedesenvolvimento, possibilitando oaprendizado vivenciado, dialógico equestionador acerca das temáticasnelas abordadas.

    Viveiros orestais, ciclovias, hor-tas orgânicas, faixas de pedestre, jardins de ervas medicinais, salas ver-des, museus, centros de educaçãoambiental entre outras, são exem-

    Apresentação

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    plos de estruturas e espaços quepodem assumir esse papel.

    O processo de aprendizagemdesencadeado pela utilização in-tencional destas estruturas buscaproporcionar a reexão crítica sobreos diferentes aspectos que a cercam,estimulando as pessoas a realizaremações em prol do bem estar coletivo,assim como, a rever valores, méto-dos e objetivos.

    O que transforma uma estruturasimples, utilizada cotidianamente deforma desapercebida, em uma estru-tura cheia de signicados e aprendi-zados, é a qualidade das relações quese mantém com ela e dentro dela.

    Nesse sentido, um bom exemplo deestrutura que poderia ter apenas umcaráter produtivo, ou mesmo comer-cial, mas apresenta um enorme poten-cial educador, é o viveiro orestal.

    O projeto “VIVEIROSEDUCADORES” busca estimular,orientar e apoiar a implementaçãode viveiros orestais como espaço deaprendizagem, estimulando os vivei-ros já existentes a perceberem, valo-rizarem e a incorporarem a dimen-são educadora em suas atividades.

    Destina-se a educadoras e edu-cadores ambientais, viveiros orestaisem atividade, grupos e instituiçõesorganizados que possam deagrar esseprocesso em suas comunidades, e ain-da, a todos que tenham interesse emse aprofundar na temática e contribuirpara a transformação de sua realidade.

    Pretende-se assim dar mais umpasso para efetivar o alcance da

    Educação Ambiental crítica e eman-cipatória, atendendo a crescente de-manda por subsídios que orientem,técnica e pedagogicamente a produ-ção de mudas e o plantio de árvorescomo um processo continuado deaprendizagem, extrapolando a pers-pectiva pontual que tem caracteriza-do historicamente essa atividade.

    Reorestar as áreas nativas de-gradadas e requalicar os espaçosurbanos é um desao enorme enecessário, que deve ser abraçadopor todos. Trata-se de uma demandaprioritária em todo o planeta, sejapela importante função que a ve-getação exerce na manutenção dosrecursos hídricos e regulação do ci-clo hidrológico, pela proteção e fer-tilização dos solos, pela perpetuaçãoda fauna silvestre, ou ainda, por esti-mular a reexão sobre que medidaspodemos tomar frente ao eminenteavanço do aquecimento global.

    Nosso desejo é que os ViveirosEducadores sejam mais do que umapolítica pública, indo além, comoinstrumentos populares de transfor-mação, enraizados em toda a socie-dade brasileira, contribuindo para oresgate e a construção da “culturado plantar”, presentes tanto nascomunidades rurais, quanto no meiourbano, em suas instituições, esco-las, bairros e lares, fortalecendo asrelações pessoais, os laços afetivos, ecativando cada vez mais pessoas dis-postas a reetir e agir na direção deum mundo mais justo e equilibradopara todos.

    Apresentação

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    Viveiros Educadores são espaçosde produção de mudas de espéciesvegetais onde, além de produzi-las,

    desenvolve-se de forma Intencional,processos que buscam ampliar aspossibilidades de construção de co-nhecimento, exercitando em seusprocedimentos e práticas, reexõesque tragam em seu bojo, o olharcrítico sobre questões relevantespara a Educação Ambiental como:

    ética, solidariedade, responsabilida-de socioambiental, segurança ali-mentar, inclusão social, recuperaçãode áreas degradadas entre outraspossibilidades.

    São espaços onde a produção demudas é tratada como porta de en-trada para reexões mais profundas

    sobre as causas e possibilidades deenfrentamento para a problemáticasocioambiental.

    Um viveiro orestal pode ser umasimples fábrica de mudas, conduzidometodicamente, sem estabelecernenhum tipo de reexão acerca dacomplexidade envolvida.

    No entanto, ao reetir-se inten-cionalmente sobre a forma comoo ser humano tem se relacionadocom o ambiente, as causas e efei-tos dos problemas socioambientais

    O que são viveiros Educadores?

    vividos, assim como, as diferentespossibilidades de atuação, o proces-so de produção de mudas passa a

    ter outro signicado, mais amplo eprofundo.

    A produção de mudas e o plan-tio de árvores são temas geradoresbastante ecientes. Por meio deles épossível estimular o alcance da com-preensão sistêmica que a questãoambiental exige.

    Desde que conduzido de formapedagógica e questionadora, o vivei-ro pode estimular o surgimento de novas iniciativas que complementeme fortaleçam a atuação de grupos einstituições que desenvolvem proces-sos de Educação Ambiental em todoo país.

    O que diferencia o viveiroflorestal convencional deum viveiro educador é a in-tenção de utilizá-lo comoespaço de aprendizagem,

    orientado por elementose procedimentos pedagógi-cos destinados a formaçãodas pessoas que com eleinteragem.

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    As ações propostas pelos gruposenvolvidos com o viveiro devem de-sencadear o surgimento de projetosque tenham poder de inuência etransformação da comunidade emque está inserido, exercitando a pos-tura ativa e cidadã dos envolvidos.

    Nesse sentido, o viveiro educadorpode desempenhar um importantepapel em processos de educaçãoambiental, tendo como objetivocontribuir para a viabilização dastransformações socioambientais ne-cessárias ao resgate da qualidade devida e do bem estar humano.

    Nesta publicação pretende-seapresentar alguns elementos neces-sários para a utilização de viveirosorestais como espaços educadores,abordar ainda, de forma clara eabrangente, os aspectos relaciona-dos a sua função produtiva.

    Para tanto, é necessário estru-turar-se, e caminhar na direção daconstrução de um projeto políticopedagógico que oriente a conduçãode todo o processo.

    É nesse movimento de constru-ção coletiva, em que as diversas pos-sibilidades de abordagem e aprendi-zagem são exploradas e organizadascom o intuito de despertar o espíritocrítico, que o viveiro passa a ter suadimensão educadora exercitada.

    Há no território brasileiro umagrande diversidade de tipos de vivei-ros destinados à produção de mudasde inúmeras espécies vegetais. Elespodem ter caráter e destinação vari-ável, apresentando diferentes modosde produção e objetivos.

    Existem viveiros destinados àprodução comercial, para o autocon-sumo, com nalidade de inclusãosocial, com caráter técnico-cientíco,além da nalidade educativa, sejaem uma perspectiva de formação deeducadores ambientais ou mesmoprossionalizante.

    Alguns são altamente tecni-cados e automatizados, enquantooutros são simples, com baixo in-vestimento em capital, e totalmenteoperacionalizados manualmente. Noentanto, todos os tipos de viveirossão capazes de assumir um carátereducador, desde que adequadamen-te conduzidos.

    “Podemos caracterizar umviveiro florestal como umespaço estruturado, comcaracterísticas próprias,destinado à produção, pro-teção e manejo de mudas atéque tenham idade e tamanhosuficientes para resistiremàs condições adversas domeio e terem um crescimentosatisfatório quando plan -tadas em definitivo“(PAIVA, 2000).

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    O Brasil é conhecido mundial-mente por sua rica diversidade deecossistemas e biomas naturais: con-seqüência de sua grande diversidade

    climática e geofísica. Nessa hetero-geneidade ambiental e também cul-tural, a complexidade e diversidadesão bastante ampliadas, exigindopara uma adequada contextualiza-ção dos viveiros educadores em todoo território, a construção de umaproposta aberta e exível, adaptável

    a toda essa diversidade de cenários ede contextos locais.

    Existem hoje no país inúmerosviveiros conduzidos por órgãosgovernamentais como SecretariasEstaduais ou Municipais de MeioAmbiente, órgãos ligados aouso e gestão da água, além de

    Universidades e Institutos dePesquisa e Ensino. Outros são con-duzidos por empresas privadas quedesejam assumir sua responsabili-dade socioambiental, ou ainda, em-presas que possuem algum passivoambiental e desejam associar a suaimagem os aspectos positivos que a

    atividade traz.Diversos assentamentos ruraisprovenientes do processo desenca-deado pela Reforma agrária apre-sentam viveiros orestais, seja pela

    necessidade de recuperação de suasáreas degradadas, para a produçãode madeira, frutos e outros bens deconsumo orestais, ou ainda, para a

    comercialização de mudas.A sociedade civil organizada

    também atua no enfrentamentodos problemas socioambientais quecontribuem para a perda da qualida-de de vida, sendo uma das grandesincentivadoras da implementação deviveiros.

    A produção de mudas nativas,frutíferas e ornamentais é uma ren-tável atividade empresarial. Cadavez mais surgem viveiros com perlcomercial buscando conquistar essesmercados.

    É crescente o número de médiose grandes produtores rurais que, em

    virtude da excessiva e irresponsávelmaximização da produção, ou mes-mo pelo desconhecimento de suasdanosas conseqüências, degradaramas áreas de preservação permanente ereserva legal de suas propriedades. Ehoje, para conseguir licenças ambien-tais junto aos órgãos competentes,

    são obrigados a adequar suas proprie-dades à legislação vigente e executar arecomposição das áreas degradas.

    Outra categoria de consumidoresde mudas nativas que tem cada vez

    Os viveiros e sua contextuali-zação na realidade brasileira

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    mais absorvido parte da produçãocomercial, é a das grandes empresasdo setor primário, como as siderúrgi-cas. Estas esmpresas causam grandeimpacto e degradação, e para obtero licenciamento dos órgãos compe-tentes, necessitam realizar a chama-da “compensação ambiental”.

    Todavia, apesar de toda essa di-versidade de viveiros existentes, emgeral, não há uma conectividade en-tre eles, uma ação coordenada queos una e potencialize a ação de cadaum. Informações como o número deviveiros existentes, o tipo de mudasque produzem, a capacidade instala-da de produção e quais já atuam emuma perspectiva educadora são difí-ceis de ser obtidas, o que representaum grande desao na conduçãodesse processo de forma articulada.

    No entanto, todos esses viveirostêm um enorme potencial para tor-narem-se educadores, desde que sereestruturem com o intuito de in-corporar a dimensão pedagógica aoprocesso, despertando nos gruposenvolvidos o olhar crítico, o aprendi-zado dialógico e o espírito coletivodiante da realidade socioambiental.

    Nesse sentido, é imprescindíveldesenvolver políticas públicas queincorporem a dimensão educadora àprodução de mudas, potencializandoos processos de restauração da ve-getação nativa, de requalicação doambiente urbano e melhoria da qua-lidade de vida da população.

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    A estruturaorganizacional eoperacional de umviveiro educador

    Na estruturação, implementação e organização de

    viveiros educadores, alguns aspectos são essenciaispara assegurar o alcance dos objetivos esperados.Nessa perspectiva, podemos destacar três pilaresbásicos:

    1. Equipe pedagógica;

    2. Projeto PolíticoPedagógico;

    3. Procedimentostécnicos;Estes componentes, uma vez denidos e dimen-

    sionados, serão fundamentais para elaboração, imple-mentação e avaliação das ações desenvolvidas peloviveiro.

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    O tamanho e a composição daequipe necessária para gerir umviveiro educador variam de acordo

    com sua dimensão, objetivos e ocontexto em que está inserido. Nãoexiste uma regra única ou arranjoideal para a composição de umaequipe, que contemple toda a diver-sidade de possibilidades e situações.O importante é que a equipe tenhacaráter diverso, que valorize as

    parcerias em um sistema de gestãointegrada e complementar, em quefunções, competências e respon-sabilidades sejam partilhadas, paraque todos tenham clareza de suaatuação.

    O processo de formação da equi-pe deve estar previsto e especicado

    no projeto político-pedagógico doviveiro, que por sua vez, deve serelaborado de forma participativa,com a colaboração de todos os en-volvidos e interessados.

    Ao longo do processo, é desejá-vel que as pessoas envolvidas como viveiro se apropriem dos conhe-

    cimentos e habilidades necessáriosà execução de outras funções,além das que já desenvolvem, oque proporciona o aprendizado e a

    qualicação nas diferentes áreas deatuação.

    Buscando tornar o ambiente

    do viveiro harmônico e produtivo,e estreitar e fortalecer as relaçõespessoais, devem ser previamenteacordados os princípios e as normasde convivência do grupo, além dedenir instâncias colegiadas comoespaços qualicados para a soluçãode conitos e tomadas de decisão.

    Na gestão de todo o processo,será muito importante a prática daética, da solidariedade, e a aberturapara o diálogo. A coerência entre osprincípios e os valores difundidos eos realmente praticados, interna eexternamente, é essencial para queo viveiro educador contribua para

    mudanças efetivas, dando sentido epara sua existência.A seguir, apresentam-se algumas

    funções importantes no processo degestão de um viveiro. Cabe destacarque este é apenas um dos possíveisarranjos, que pode, de acordo comcada contexto, ser revisto e adapta-

    do a realidade local.

    Equipe pedagógica

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    21Equipe Pedagógica

    Coordenador do viveiroÉ responsável por orientar o planejamento,

    conectando o processo de produção de mudas ea ação pedagógica às inúmeras outras atividadese processos demandados. O coordenador deveainda ser uma referência nas relações interpessoaisda equipe.

    Técnico viveiristaÉ o responsável por gerir e acompanhar de per-

    to o processo de produção das mudas, coordenan-do as atividades diárias envolvidas, como: prepara-ção do substrato, irrigação, o manejo das mudase o tratamento das plantas doentes, considerandosempre a proposta pedagógica do viveiro.

    Educador ambiental

    É o responsável por coordenar, junto aos en-volvidos, a elaboração, implementação e avaliaçãodo Projeto Político-Pedagógico, buscando atenderas demandas e especicidades da região em queo viveiro está inserido. Outra responsabilidade doeducador ambiental é mobilizar e articular a co-munidade local, para assumir o protagonismo emtodo o processo.

    VoluntáriosSão responsáveis por dar o apoio necessário às

    atividades desenvolvidas pelas diferentes frentesde atuação do viveiro, sendo este um estágio ini-cial de envolvimento, no qual espera-se cativar ointeresse dos voluntários em aprofundar-se cadavez mais nas atividades, assim como, estimular oseu círculo de convivência a participar do processo.

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    O conceito de projeto político

    pedagógico há tempos é associado edebatido em processos de educaçãoformal. Todavia, o seu signicadoainda é desconhecido ou muito pou-co utilizado por grande parte daspessoas e dos grupos que atuam nocampo “não formal” da educação.

    Um Projeto Político-Pedagógico(PPP) consiste na elaboração de umaproposta educacional para determi-nado espaço, grupo ou processo,apresentando desde seus referenciaisconceituais, losócos e políticos atéa forma como será operacionalizado.

    Deve ser aqui entendido nãosomente como um documento quereúne os elementos relativos aoprocesso educacional deagrado emum viveiro, mas também como umprocesso de gestão contínua e de-mocrática, que deve envolver todosos indivíduos, grupos e instituiçõescom os quais o viveiro dialoga e serelaciona.

    “É portanto um documentoidentitário, no qual os su-jeitos se vêem e atuam sobreas suas demandas e planos,que serão periodicamenterevistos e sistematicamen-te re-construídos”(BRASIL, 2005).

    Projeto Político-Pedagógico

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    23Projeto Político Pedagógico

    Na construção do PPP direcionado ao ViveiroEducador, alguns questionamentos devem ser feitoscom o intuito de estimular e orientar o planejamentoda proposta pedagógica. Entre eles destacam-se:

    Onde se pretende chegar com a implantação doViveiro Educador no contexto em que está inserido?

    Quais são os objetivos a serem atingidos? Quais são os princípios e diretrizes que irão guiar

    a condução do viveiro?

    A quem se destina este viveiro? Quais são os referenciais teóricos e práticos queorientam este processo? Quais outros temas devem ser abordados nas

    reexões do grupo? Como estabelecer as conexões necessárias en-

    tre os temas?Existem experiências exitosas?

    Quais são os recursos nanceiros e materiais dis-poníveis para a execução da proposta? Com quais pessoas pretende-se conduzir as ativida-

    des demandadas? Quais são as estratégias para monitorar e avaliar o

    processo? Que indicadores podem ser utilizados?

    As respostas a estas questões devem fornecer ossubsídios necessários para que o grupo avalie a perti-nência da proposta, e reita sobre as razões pelas quaisse envolveram no processo, assim como, se esta é a viamais ecaz para atingirem os objetivos almejados.

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    O plantio de árvores é apenas uma dasmuitas frentes de atuação para o processode enfrentamento da ampla e sistêmica pro-blemática socioambiental, não sendo, por sisó, suciente para reverter o atual quadro dedegradação em que vivemos.

    As reexões e ações desencadeadas apartir das atividades desenvolvidas no viveirodevem buscar estabelecer as conexões neces-sárias à compreensão da radicalidade e com-plexidade envolvida nesse processo.

    Uma abordagem parcial e reducionistapode desencadear o efeito contrário ao es-perado e proporcionar uma educação am-biental supercial, sem o espírito crítico etransformador.

    Implantar viveiros educadores sem reali-zar uma análise conjuntural e política, assimcomo, um diagnóstico prévio, feito de formaparticipativa junto à comunidade envolvida,pode ocasionar a criação de estruturas sub-utilizadas, e, numa perspectiva mais ampla,transformar o viveiro em um “mito” de estru-tura não funcional.

    É imprescindível que a pertinência do vi-veiro no contexto local seja uma demandalegitimada pela comunidade, uma propostaembasada nas demandas locais, e não, umaação isolada e impositiva.

    Cabe destacar que o Projeto PolíticoPedagógico deve ser aberto e exível parapermitir que as experiências vivenciadas sejamobjeto de reexão e sejam incorporadas, deforma dialógica, à proposta em construção.

    Nesse sentido, o monitoramento e a ava-liação das ações desenvolvidas devem ser rea-lizados de forma regular, para que o processoseja aprimorado permanentemente.

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    25Projeto Político Pedagógico

    Buscando orientar a construção do PPP e facilitar a suacompreensão, é importante organizá-lo em três marcosestruturantes:

    O Marco Conceitual Nele devem estar expressos os princípios, os valores, a ética, o sonho

    de futuro e a concepção de sociedade partilhados pelo grupo. É importanteenunciar os referenciais teóricos e conceituais que irão orientar as ações doviveiro, a compreensão de educação ambiental do grupo, as bases metodoló-gicas que serão desenvolvidas, assim como, os objetivos, papéis e missão do

    viveiro educador.

    O Marco SituacionalRefere-se ao conhecimento e sistematização das informações sobre a rea-

    lidade em que o viveiro está inserido. Nesse sentido, observa-se a necessidadeda realização de um diagnóstico amplo, atento aos aspectos ambientais, so-ciais, econômicos, políticos e culturais relacionados ao território de abrangên-cia e sua população.

    Informações como o histórico de ocupação, aspectos físicos da região e ascaracterísticas da população devem estar expressos, destacando seus anseios,demandas e prioridades e desvelando os conitos, contradições e entraves aoprocesso. É necessário ainda, mapear as ações de educação ambiental desen-volvidas, assim como, os potenciais parceiros, grupos e instituições que atuamna região. É com base nessas informações que as ações serão planejadas.

    O Marco OperacionalÉ onde apresenta-se o planejamento das estratégias e ações que serão

    desenvolvidas no âmbito do viveiro, enunciando de forma clara e objetiva asmetas propostas e as metodologias que serão utilizadas para o seu alcance. Énecessário denir um cronograma de atividades alinhado com as metas de-nidas, destacando a composição e as funções das equipes envolvidas, assimcomo, as bases e normas de organização e funcionamento do viveiro.

    É essencial explicitar as estratégias de monitoramento e avaliação que se-rão utilizadas, e ainda, denir o planejamento orçamentário, identicando osrecursos demandados e os disponíveis, assim como, meios para captar o quefor necessário inicialmente e um planejamento estratégico que promova a sus-tentabilidade do viveiro.

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    O viveiro e a escolaA escola é certamente a principal

    estrutura educadora construída nanossa sociedade. Porém, segundo

    Matarezi (2005), em muitos casos,as escolas constituem espaços pa-dronizados, cujas formas e estru-turas foram pensadas para atenderdeterminadas funções e objetivospedagógicos que levam a reclusão,controle e vigilância, ou seja, de re-gulação e não necessariamente de

    emancipação.Buscando trazer um caráteremancipatório para o ambiente es-colar, podemos utilizar como espaçoeducacional não somente a sala deaula, mas também outras estrutu-ras como um viveiro, uma horta,um jardim de ervas medicinais, um

    A complexidade e o caráter sistêmico das questões envol-vidas com o viveiro torna essencial o uso de abordagensinter e transdisciplinares no processo pedagógico de-senvolvido. Desse modo, recomenda-se a adoção de linhasde atuação mais diversas quanto for possível, abordandoquestões sociais, ambientais, econômicas, políticas, cultu-

    rais e humanas. Nesse sentido, apresentamos a seguir algu-mas possibilidades.

    Possibilidades de abordagem e atuação na

    implementação de viveiros educadores

    Maiores informações sobre como elaborar um PPP podem ser obtidas na publicação“Projeto político pedagógico aplicado a centros de educação ambiental e a salasverdes”, disponível no portal eletrônico do Ministério do Meio Ambiente, cujoacesso pode ser feito pelo endereço: www.mma.gov.br

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    Esse processo deve ser continu-ado, e desencadear na comunidadeestudantil, uma relação de iden-tidade com o espaço com o qualconvive, interage e aprende cotidia-namente, estimulando em suas ativi-dades o respeito e o cuidado com oambiente e as pessoas que a cercam.

    Nesse sentido, o viveiro educadordeve possibilitar o desenvolvimentode atividades relacionadas a todasas disciplinas oferecidas no currículoescolar, de forma que as questõessocioambientais sejam trabalhadastransversalmente.

    Ao trabalhar a educação am-biental com crianças, adolescentese adultos nos espaços escolares, osconhecimentos ali gerados precisamser internalizados no diálogo e in-teração entre a escola, a família e acomunidade.

    O corpo docente das escolastem, de um modo geral, uma forma-ção fragmentada, limitada por disci-plinas especícas, que utilizam comobase o conhecimento acadêmico,

    restrito na maioria dos casos, aocampo teórico e cartesiano, o quediculta a compreensão sistêmicaque a questão ambiental necessita,limitando conseqüentemente suaatuação.

    Estimular e instrumentalizar osprofessores para utilizar o viveiro

    como espaço educador integrado aoProjeto Político Pedagógico escolaré um dos grandes desaos desseprocesso.

    bosque de espécies nativas ou umabiblioteca, onde os alunos possamreetir sobre novas possibilidadesde atuação coletiva, bem como, emformas positivas de expressar suaspotencialidades individuais.

    A presença de viveiros e hortasem espaços escolares não é nenhu-ma novidade, existem inúmerosviveiros escolares no país. No en-tanto a abordagem utilizada tem,em geral, se demonstrado pontual,caracterizada pela supercialidade,insucientes para atingir as transfor-mações esperadas.

    A utilização do viveiro como es-paço de aprendizagem deve propor-cionar a convivência em um ambien-te fértil para o desenvolvimento deatividades que trabalhem de formaampla e transversal aspectos sociais,ambientais, culturais e políticos.

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    É primordial, ainda, assumir osconhecimentos, conexões e princí-pios da transdisciplinaridade, ine-rentes às questões socioambientaisenvolvidas na sua condução.

    Cabe destacar, que os viveiroseducadores inseridos na escola de-vem oportunizar intencionalmentea realização de atividades em prolde uma educação ambiental crítica,transformadora e emancipatória,abordando a temática socioambien-tal como estímulo a reexões maisprofundas.

    Esse processo deve proporcionaraos alunos a possibilidade de cons-truir coletivamente a sua concepçãode desenvolvimento, pautada na ne-cessidade de valorizar cada vez maisas vertentes ambiental, social e hu-mana na busca por uma sociedade,mais justa e sustentável.

    A abordagem e vivência dequestões ambientais nas atividadesescolares por meio de espaços e es-truturas educadoras é fundamentalpara uma leitura mais adequadada realidade, e conseqüentemente,para a transformação de atitudesnegativas, em ações mais humanas,quer repercutam positivamente nãosó na escola, mas em todos os as-pectos da vida.

    Segurança AlimentarA Lei Nº 11.346, de 15 de se-

    tembro de 2006, que cria o SistemaNacional de Segurança Alimentar eNutricional – SISAN, em seu art. 2ºdiz que: “A alimentação adequada édireito fundamental do ser humano,inerente à dignidade das pessoase indispensável à realização dos di-reitos consagrados na ConstituiçãoFederal”.

    A qualidade de vida da popula-ção está diretamente relacionadacom a qualidade de sua alimen-tação, uma vez que grande partedas doenças da nossa civilizaçãoestá relacionada à forma como nosalimentamos.

    Pensar sobre segurança alimen-

    tar é reetir sobre a qualidade doprocesso de produção de alimentos,do campo à mesa. Isto pressupõe aadoção de sistemas produtivos am-bientalmente adequados, socialmen-te justos, que valorizem o trabalhodas pessoas envolvidas em todas

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    tem como objetivos assegurar oacesso à alimentação saudável, aexpansão da produção de alimentos,a geração e distribuição de renda, eo estímulo a iniciativas que promo-vam o fortalecimento da produçãolocal de alimentos e a constituiçãode rede solidárias de comercializa-ção, pautadas na ótica do acesso àcidadania.

    Considerando a perspectivaemancipatória que o enfrentamen-to a esta questão exige, um viveiroeducador pode tornar-se um ecien-te instrumento de ação coletiva nabusca pelo acesso a uma alimenta-ção saudável para a totalidade dapopulação brasileira, objetivo maiorde programas que atuam nessadireção.

    No Brasil, a produção de frutasé concentrada em grandes pólos eregiões, havendo a necessidade degrandes deslocamentos para a suadistribuição e comercialização, o querepresenta custos extras e, em mui-tos casos, o comprometimento daqualidade do alimento.

    Uma forma de enfrentar essaproblemática, é estimular e fortale-cer a produção local de alimentos,valorizando as espécies nativas e acultura alimentar de cada região, e acomercialização local e solidária doque for produzido.

    Uma alternativa viável nesse sen-tido, é a formação de pomares dequalidade, com uma grande diversi-dade de espécies, capazes de forne-

    as etapas da produção do alimentoe sejam economicamente viáveis,proporcionando uma distribuiçãoequânime e saudável para toda apopulação.

    O contexto econômico interna-cional globaliza a pobreza e concen-tra o poder, ampliando as disparida-des entre os países desenvolvidos eem desenvolvimento, assim como,dentro deles, entre suas camadasmais ricas e carentes.

    As políticas públicas que pro-movem a segurança alimentar enutricional da população brasileiradevem questionar os modelos deprodução de alimento impostos aopaís. São pacotes tecnológicos quegeram pobreza, concentram riqueza,diminuem a biodiversidade e degra-dam o ambiente, buscando transfor-má-los em sistemas sustentáveis deprodução.

    O desenvolvimento da agriculturafamiliar de base agroecológica, avalorização da ora nativa, o incen-tivo ao agroextrativismo, o estímuloa formação de pomares domésticos,assim como, a produção de alimen-tos por meio de sistemas livres deorganismos geneticamente modi-cados, é vital para assegurar a so-berania e a segurança alimentar daspopulações do campo e da cidade.

    Um dos grandes desaos dosViveiros Educadores é a articulaçãocom outros programas do GovernoFederal que tenham sinergia com aproposta como o Fome Zero, que

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    cer frutas durante todas as estaçõesdo ano, e garantir a autonomia ali-mentar das famílias.

    A grande maioria das moradiasbrasileiras não dispõe de pomarem seu quintal. Por isso, as pessoasacabam comprando alimentos in-dustrializados, de baixa qualidade ealto custo.

    Viveiros públicos, comerciais,comunitários ou mesmo privadospodem, em uma perspectiva educa-dora, contribuir para a constituiçãode pomares comunitários ou mesmoindividuais, estimulando a produçãode mudas frutíferas, e o seu poste-rior plantio.

    Esse processo, fortalecido pela di-mensão pedagógica, poderá desen-cadear diversas reexões e abordarem suas atividades questões como oresgate e a aproximação do ato deplantar, a responsabilidade socioam-biental, a postura crítica e atuantediante da realidade apresentada,entre outros.

    Os viveiros e a comunidade en-volvida podem se organizar, realizarfeiras e gincanas, trocar sementese mudas, e aproximar-se uns aosoutros. Nesse processo, com o pas-sar do tempo, todos terão acesso auma grande diversidade de espéciesfrutíferas.

    Esses frutos, oferta extra de ali-mentos, podem representar umagrande fonte de renda, desde que,adequadamente processados em

    geléias, sorvetes, doces, compotasentre outras possibilidades e, emseguida, comercializados de formasolidária.

    Nesse processo ganha-se naqualidade da alimentação, na di-minuição dos gastos com produtosindustrializados e principalmente napromoção de saúde.

    A iniciativa dos viveiros educado-res não pretende superar a questãoda segurança alimentar, que envol-ve uma complexa problemática, masser uma ação intencional que con-tribua complementarmente para aconquista da emancipação alimentarno país.

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    Inclusão SocialO problema da exclusão social

    é geralmente encarado de modoparcial, privilegiando ações assisten-cialistas, focando exclusivamente ageração de renda e o emprego pormeio da prossionalização e frentesde trabalho.

    Tais ações, apesar de bastantepositivas, sozinhas não atingem seuobjetivo no sentido mais profundo,pois omitem a dimensão central dofenômeno, a perda da auto-estimae do sentimento de pertencimento aum grupo social organizado.

    A inclusão torna-se de fato ecazquando, através da participação emações coletivas, busca-se recuperara dignidade e consegue-se, além

    de emprego e renda, acesso a ser-viços sociais básicos de educação,saúde e moradia, tendo a oportu-nidade de se expressar e interagirculturalmente.

    Esta difícil tarefa exige o enga- jamento contínuo do governo pormeio de políticas públicas continu-adas e de caráter emancipatório,sobretudo na área social, permean-do as esferas federais, estaduais emunicipais.

    Diante da complexidade do de-sao da transformação social e amultiplicidade dos fatores envolvi-dos, não existe uma solução única emilagrosa para a questão.

    A construção de uma sociedadedemocrática e sustentável, apesardos avanços já alcançados, é um

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    processo lento, que requer mudan-ças estruturantes.

    Como enfrentar as questões ad-versas e unilaterais da economia quelevam à exclusão social e vedam àpopulação menos favorecida o aces-so ao mercado de trabalho, à mora-dia, aos serviços coletivos de saúde,educação, lazer e a um ambienteequilibrado?

    Interagir na construção do co-nhecimento para utilizá-lo de formaa transformar a realidade, constitue-se em um desao prioritário.

    Buscar conhecimentos e práticasconstrutivas, calcadas na compaixão,na ética, no compromisso com obem-estar coletivo e na justiça social,é a chave para a superação dos fato-res que acarretam a exclusão social.

    A participação em ações desen-volvidas no viveiro educador podemoportunizar a prossionalização, ageração de renda e o acesso a em-pregos e postos de trabalho, masdeve, acima de tudo, enfrentar adimensão central da exclusão social,a perda da auto-estima.

    A oportunidade de conviver einteragir em um processo pedagó-gico de inclusão social, por meio deum viveiro educador, pode estimularos participantes a vivenciarem o pro-tagonismo cotidiano em ações quebusquem reverter o atual quadro dedegradação socioambiental em quevivemos.

    Ações como a coleta de semen-tes, a produção de uma muda ou o

    plantio de uma árvore, estimuladospor processos educadores coletivos eintencionais desenvolvidos no vivei-ro, podem trazer aos participantes osentimento de pertencimento, reper-cutindo positivamente na recupera-ção da auto-estima perdida.

    É vital que as ações desenvolvidastragam em seu bojo a coletividade eo pensamento sistêmico, orientandoa caminhada rumo a construção desociedades sustentáveis, nas quais odireito a ter direitos seja reconhecidoem toda sua plenitude.

    As práticas desenvolvidas noviveiro também devem estimular aatuação do grupo envolvido em con-selhos, fóruns, grupos de trabalho,associações, cooperativas, enm,em todas as formas de organizaçãosocial com potencial de mobilizar emotivar a população a assumir suasresponsabilidades.

    Dessa maneira, as ações e apren-dizados desencadeados pelo conví-vio em um viveiro educador podemcontribuir consideravelmente em umprocesso de inclusão social.

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    Profissionalização, geraçãode emprego e renda

    Alinhar a condução das ativida-des do viveiro educador às políticaspúblicas de desenvolvimento social,em especial, as de geração de tra-balho e renda, pode proporcionarresultados extremamente positivosnos processos de prossionalizaçãodesencadeados.

    É um desao enorme, que de-pende do comprometimento emobilização dos diferentes atoresgovernamentais e empresariais en-volvidos, e de toda a comunidade.

    Podemos destacar três eixosestratégicos na busca pela prossio-nalização e a geração de empregoe renda: a capacitação prossional

    pautada em aspectos pedagógicos

    emancipatórios, o acesso ao créditopopular ou microcrédito e a geraçãode alternativas de mercado.

    Nesse processo é importanteenvolver parceiros com atuação dire-cionada à prossionalização, comoo Sebrae, o Senac, entre outros,procurando inserir as demandasespecícas das áreas de atuação doviveiro, entre os cursos e processosde formação desenvolvidos por estasinstituições.

    Um viveiro conduzido como es-paço de convívio solidário e voltadopara a prática de valores humanosdeve proporcionar aos envolvidosa oportunidade de construir suaprossionalização sobre sua própriabase vocacional de dons e habilida-des naturais.

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    Deve-se buscar a construção deum perl prossional caracterizadopela busca por relações econômicase comerciais mais justas.

    O momento requer um esforçode formação de prossionais com-prometidos com as transformaçõessocioambientais esperadas, o queimplica no desenvolvimento e utiliza-ção de metodologias e instrumentosadequados, no intercâmbio de ex-periências exitosas e na construçãocompartilhada de novos referenciais.

    A prossionalização despertadaa partir dos processos de formaçãodesencadeados junto aos viveiroseducadores, deve estimular jovense adultos a identicar na produçãode mudas e suas atividades comple-mentares, a possibilidades de acessoà renda.

    A produção tem um custo e tam-bém resulta na geração de uma ren-

    da, seja por meio da venda das mu-das produzidas, ou pelos inúmerosserviços e benefícios socioambientaisdesencadeados em conseqüência desua existência.

    Inúmeras técnicas e habilidadespodem ser desenvolvidas e fortaleci-das a partir da atuação em um vivei-ro educador, desde que conduzidasde forma intencional, com a contri-buição de parcerias qualicadas, edirecionadas à formação prossionale geração de novas alternativas demercado.

    Coleta de sementes, produção demudas nativas, ornamentais e me-dicinais, recuperação de áreas de-gradadas, técnicas de enxertia e es-taquia, fruticultura, implantação desistemas agroorestais, arborizaçãourbana, paisagismo, jardinagem, ar-tesanato, entre outras possibilidadesdevem ser buscadas e desenvolvidas.

    O “ecomercado” é uma frenteainda em formação e desenvol-vimento na economia atual. Essaperspectiva de relação econômicacresce a cada dia, e diante do acele-rado ritmo das mudanças climáticasglobais, não será mais uma frentemarginal de atuação, e sim, um pa-drão de comportamento consciente,estimulado e popularizado em todoo mundo.

    As mudanças exigidas nesseprocesso de conversão econômicasão de caráter estrutural e não selimitam a questões conjunturais,ainda que estas possam reorientar oprocesso.

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    O trabalho e o emprego no futu-ro certamente terão outra natureza,bem diferente da conhecida e prati-cada atualmente.

    Tais transformações demandamrecursos humanos com formaçãointegral e sistêmica, capazes de ler einterpretar a realidade de forma críti-ca, com capacidade de trabalhar emgrupo, partilhar responsabilidades einterferir em seu meio de forma res-ponsável, criativa e sustentável.

    Os indivíduos que aproveitaremas oportunidades de aprendizadoproporcionadas no viveiro educadorconstruindo novos conhecimentos,baseados na fusão de elementosacadêmicos e populares, tendem ase sobressair.

    Uma forma de organização co-letiva que pode contribuir em todoesse processo é a constituição decooperativas. Uma cooperativa detrabalho é uma fonte de produção eprestação de serviços, administradae gerida unicamente por seus asso-ciados, todos com os mesmos direi-tos e obrigações.

    A característica autônoma, de-mocrática e coletiva das cooperativasfacilita o acesso a créditos, que indi-vidualmente não poderiam ser aces-sados, bem como, diminui os custosgerados em processos de compra evenda.

    Uma cooperativa de viveirospode trazer inúmeros benefícios aoscooperados, desde a diminuição doscustos de produção até a comerciali-zação coletiva do que foi produzido.

    É cada vez mais necessário noenfrentamento e superação dosaspectos excludentes da economia,trabalhar de forma articulada, rom-per com a lógica de ações fragmen-tadas e setorizadas, que provocama sobreposição de ações similares, econsomem desarticuladamente re-cursos e energia para o mesmo m.

    O PRONAF - Programa Nacionalde Fortalecimento da AgriculturaFamiliar é outra promissora possibi-lidade de acesso a créditos para pe-quenos produtores que pretendamconduzir viveiros educadores.

    O programa, que tem diversaslinhas de nanciamento, fomentaem sua vertente orestal, o PRONAFFLORESTAL, a produção de mudase o plantio de espécies orestais,apoiando os agricultores familiaresna implementação de projetos dereorestamento, manejo susten-tável de uso múltiplo, e sistemasagroorestais.

    Essa iniciativa pretende preencheruma lacuna que existe na relaçãocom a agricultura familiar, e contem-plar uma categoria de produtoresque historicamente estiveram àmargem, ou pouco favorecidos, pornanciamentos públicos.

    Como se vê existem inúmeraspossibilidades de prossionalizaçãoe geração de emprego e renda asso-ciadas ao viveiro. Basta despertá-lasno seu vivenciar, reetindo e prati-cando de forma consciente e solidá-ria junto à comunidade na qual estáinserido.

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    Arborização UrbanaO elevado crescimento popu-

    lacional e a falta de planejamentourbano tem proporcionado inúmerosreexos negativos para a qualidadede vida da população que vive nascidades.

    Desencadear um processo dearborização de centros urbanos é,no atual contexto, uma necessidadeambiental, principalmente nas gran-des cidades, onde há, em geral, umacobertura vegetal insuciente.

    Além da função paisagística, asárvores plantadas amenizam umasérie de fatores negativos presentesno meio urbano.

    Entre suas principais contribui-ções destacam-se:

    Diminuição da poluição sonoraproduzida pelos ruídos no trânsito euxo de pessoas.

    Redução dos níveis de po-luição atmosférica por meio dacaptura de partículas sólidas e gáscarbônico(Co2) lançado em excessono ambiente urbano. Melhoria do conforto térmico

    proporcionado pelo sombreamentoadvindo das árvores. Aumento da umidade relativa do

    ar. Ampliação da permeabilidade do

    solo, contribuindo para a diminui-ção da possibilidade de enchentes eenxurradas. Abrigo e alimento para a fau-

    na urbana, e animais silvestres emtrânsito. Melhoria no quadro de poluição

    visual, um dos fatores que promo-vem o estresse urbano.

    O processo de requalicação ur-bana passa pela arborização de seusespaços de convívio social.

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    Esse processo tem um enormepotencial pedagógico e proporcionaàs comunidades envolvidas a oportu-nidade de rever a forma como suasruas, bairros, praças e lares estãoestruturados.

    Diversas atividades educativaspodem ser desencadeadas de formaintencional a partir da arborizaçãourbana.

    O simples ato de plantar e cui-dar do que foi plantado, desde quedevidamente conduzido, pode des-pertar sentimentos de solidariedade,ética, coletividade e responsabilidadesocioambiental.

    Nesse processo, a comunidadepode restabelecer laços a muito tem-po perdidos nos grandes centros, eaproximar-se da cultura do plantar.

    No entanto, ao desencadearações de educação ambiental asso-ciadas à arborização urbana, deve-seatribuir a elas um caráter crítico eemancipatório, gerando reexõessobre os aspectos políticos, econô-micos e culturais ligados à questãoambiental.

    Desse modo, os viveiros educado-res podem ter na arborização urbanauma importante frente de atuação,proporcionando através das práti-cas geradas, o estímulo para que acomunidade assuma uma posturaconsciente e atuante, na transforma-ção do ambiente em que vive.

    Viveiros conduzidos por associa-ções de moradores, centros de edu-cação ambiental, escolas, prefeiturase outras instituições, podem assumirum papel de protagonismo nesseprocesso, adotando uma rua, umbairro, ou mesmo, dependendo desua dimensão, a cidade toda.

    Para isso, é necessário estabe-lecer parcerias que assegurem elegitimem esse processo, uma vezque o poder público municipal é oresponsável legal pela arborizaçãodas cidades.

    Nesse sentido, deve ser buscadaa articulação necessária para a anu-ência e participação de secretariasmunicipais de meio ambiente, de-partamentos de parques e jardins, eoutros órgãos envolvidos na concre-tização dessa iniciativa.

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    O viveiro como instrumentode organização socialde Comunidades e

    Assentamentos RuraisTrabalhar coletivamente em as-

    sentamentos e comunidades ruraisé um grande desao. A falta deorganização social, a diculdade ematuar em grupo e as questões degênero que desestimulam e com-prometem a participação feminina,são os principais entraves para odesenvolvimento de ações coletivasno campo.

    Um viveiro educador pode serum ecaz instrumento de ação,capaz de promover o avanço dacapacidade de organização coletivadentro de um assentamento, seja

    em pequenos viveiros implantadosindividualmente em cada quintal oupela organização coletiva em tornode um viveiro comunitário.

    Um grupo pequeno de famíliaspode conduzir e administrar coletiva-mente um viveiro, executando todasas tarefas que a atividade necessita,

    sem comprometer com isso, a pro-dução individual de cada família.

    Com sete famílias administrandocoletivamente um viveiro, cada umadelas trabalhará apenas um dia porsemana, deixando os outros seisdias livres para outras atividadesprodutivas. Cabe ressaltar que este é

    apenas um dos possíveis modelos deadministração de um viveiro em as-sentamentos e comunidades rurais.A reexão sobre como conduzir as

    atividades e envolver a comunidadeno processo deve levar sempre emconsideração o contexto local e suasespecicidades.

    No início do processo, é vital criarcoletivamente, regras claras de ad-ministração e convivência. Atividadescomo coleta de sementes, produçãodas mudas, manutenção do viveiroe comercialização, assim como, adivisão das tarefas e a divisão daprodução nal devem ter regras bemdenidas, de forma que as pessoasse sintam esclarecidas e seguras emtrabalhar em grupo.

    É importante criar e valorizarespaços de reunião que propor-cionem a todos a oportunidade dese expressarem e contribuirem noprocesso.

    Mutirões e outras formas decooperação podem surgir a partirda aproximação gerada pelo hábitode se reunir e discutir coletivamenteestratégias de enfrentamento dosproblemas da comunidade.

    O trabalho coletivo no viveiropode gerar um vínculo de responsa-bilidade e conança entre os envol-vidos, de forma que com o tempo,a credibilidade esteja presente nasrelações pessoais, e esse comporta-mento se estenda a outros âmbitosda comunidade.

    Um grupo pequeno de pessoasdesenvolvendo uma atividade desucesso, que traga melhorias para acomunidade, é um grande exemplo,e pode inuenciar o surgimento deoutras iniciativas de organização e

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    produção coletiva. Começar peque-no, mas de forma coletiva e organi-zada pode trazer grandes resultadospara todos.

    A perspectiva educadora surgequando a ação coletiva que desen-cadeou a produção de mudas éexemplar e o viveiro torna-se umareferência na comunidade.

    Muitos são os casos de pes-soas que além de produzirem suas parcelas, traba-lham fora, vendendo suaforça de trabalho para

    complementar a renda dafamília. Um viveiro de mudas,administrado de forma co-munitária é uma atividadeque não exige exclusividade,permitindo que as pessoasenvolvidas possam desen-volver outras atividades

    durante a semana sem comisso comprometê-las.

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    Pesquisa e DesenvolvimentoA cultura predominante em

    nossa sociedade tem por hábito va-lorizar os saberes cientícos e acadê-micos, e reduzir ou mesmo ignorar osaber popular.

    O conhecimento tradicional,construído nos processos cotidianosde aprendizagem, tem sido histori-camente, e de forma equivocada,relegado a um segundo plano.

    Para o desenvolvimento de pes-quisas que tragam contribuiçõesrealmente estruturantes para a cons-trução de sociedades sustentáveisé necessário direcionar as linhas depesquisa para temas que busquematender as demandas prioritáriasda nossa sociedade, privilegiando o

    atendimento às camadas menos fa-vorecidas da população.

    É essencial romper com a lógicae a dinâmica dos nanciamentos depesquisa realizados com recursosprovenientes de grupos e segmen-tos empresariais que se utilizam docapital para nanciar e direcionar as

    linhas de estudo desenvolvidas emcentros de pesquisa e universidadespúblicas para o interesse próprio,sem reverter para a comunidade osavanços alcançados.

    Inúmeras pesquisas podem serdesenvolvidas a partir do viveiro,utilizando como objeto de estudo os

    diferentes aspectos ligados a produ-ção de mudas e o plantio de árvores,assim como, acerca das relações in-ter-pessoais que são geradas a partir

    do convívio no viveiro e na relaçãocom a comunidade na qual ele estáinserido.

    Procedimentos pedagógicosinovadores, metodologias partici-pativas de diagnóstico, materiaisalternativos para a construção deviveiros, técnicas para a quebra dedormência, germinação, secageme armazenamento de sementes,técnicas inovadoras de enxertia ereprodução vegetativa, estratégiaspara recuperação de áreas degra-dadas, seqüestro de carbono, assimcomo, estratégias e soluções ecolo-gicamente corretas de convivência,prevenção e combate à formigas epatógenos especícos são apenasalgumas das inúmeras possibilidadesde pesquisa que podem ser conduzi-das utilizando a estrutura do viveiro,a produção de mudas e o plantio deárvores como temas geradores.

    Cabe a esta linha de ação esta-belecer os indicadores e parâmetrostécnicos, produtivos, educativos, am-bientais, sociais, econômicos, institu-cionais e políticos a serem adotadose ou pesquisados.

    O grande desao é ser capaz dereligar e integrar, de forma respeito-sa e complementar, os conhecimen-tos acadêmicos com o saber empí-rico, construído ao longo do tempopor diferentes gerações e culturaspara, a partir daí, conduzir ensaios,experimentos, pesquisa-ação e ou-tros tantos processos que busquema construção coletiva de conheci-mento a serviço da coletividade.

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    Comércio SolidárioO Brasil, como país em processo

    de desenvolvimento, sofre as conse-qüências negativas da globalizaçãodo capital. Esse fenômeno reetediretamente nos altos índices de de-semprego e subemprego do país.

    Este quadro proporciona umcrescimento econômico de caráter

    c ar ac t e r í s t i c as G e r aç ão d e t r ab al h o e r e n d a. Ac e s s o e v al o r i z aç ão d e m e r c ad o s l o c ai s e s o l i d ár i o s .

    E s t ab e l e c i m e n t o d e r e l aç õe s d u r ad o u r as e d e c o n f i an ç a m ú t u a. P ag am e n t o d e p r e ç o j u s t o p e l a p r o d u ç ão . R e s g at e e v al o r i z aç ão d o s s i s t e m as d e t r o c a.R e l aç õe s d e m o c r át i c as d e t r ab al h o .

    V al o r i z aç ão d o c o n h e c i m e n t o t r ad i c i o n al . G e s t ão c o m p ar t i l h ad a n a b u s c a p e l a a u t o - s u s t e n t a b i l i d a d e .T r an s p ar ê n c i a e p r e s t aç ão d e c o n t as . C ap ac i t aç ão e q u al i f i c aç ão d a e q u i p e e n v o l v i d a.

    V al o r i z aç ão e p r e s e r v aç ão am b i e n t al .

    excludente, que provoca a elevaçãodo setor informal da sociedade. Taisefeitos são vivenciados principalmen-te nas classes menos favorecidas,que não têm acesso a conhecimen-tos básicos.

    Muitas experiências coletivasde trabalho e de produção estãose disseminando em todo o país.São cooperativas de produção, decrédito, de serviços e de consumo,associações de produtores, empresasem regime de autogestão, bancoscomunitários e organizações popula-res, no campo e na cidade.

    Essas iniciativas fazem parte deum processo de transformação dosmodelos econômicos atuais, em umaeconomia solidária (Singer, 2002).

    O comércio solidário procura criarmeios e oportunidades para melho-rar as condições de vida e de traba-lho dos produtores, especialmenteos pequenos, buscando construiruma relação mais justa entre consu-midores e produtores.

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    Nesse processo, busca-se ultra-passar as diculdades de comerciali-zação do atual modelo econômico,e garantir aos produtores, o acesso amercados justos, pautados em pro-cessos sustentáveis.

    É vital que os caminhos adota-dos assegurem a sustentabilidadeda produção, e a transparência nacomposição do preço, que acarreteno pagamento justo pelos produtosou serviços prestados. Aprender aidenticar e dimensionar os custossociais e ambientais das atividadesprodutivas se torna ferramenta signi-cativa na revisão dos custos de pro-dução e, portanto, dos preços naisno mercado.

    Nessa perspectiva, devem serconsiderados os valores humanos ea contribuição dos empreendimen-tos ao bem-estar social e ambiental.Tais fatores têm se tornado cada vezmais importantes na escolha de quemercadorias consumir.

    Empresas, investidores e consu-midores são agentes sociais, cujaresponsabilidade vai além da gera-ção de empregos e impostos, se es-tendendo à promoção do bem-estare da qualidade de vida da sociedade.

    É vital que os atores sociais en-volvidos passem de agentes passivosa cidadãos atuantes e pró-ativos.Nessa perspectiva, é importante queas atividades desenvolvidas pelo vi-veiro educador estimulem a adoçãode práticas comerciais calcadas nosprincípios e premissas do comérciosolidário.

    É desejável que, na medida dopossível, os viveiros educadores pro-curem se associar a outros viveiroscom o intuito de constituir redes deprodução e comércio solidário demudas, que proporcionem o inter-câmbio regional e garantam a per-petuação de espécies nativas, queem muitos casos se encontram emvias de extinção.

    A operacionalização desse pro-cesso é um desao que demandadedicação e comprometimento detodos e, em um primeiro momento,por questões e valores que estãoarraigados no comportamento oci-dental, parece pouco provável de serviabilizado.

    No entanto, estimular as pessoase grupos envolvidos a buscarem aconstrução desse processo é extre-mamente saudável, e pode tornar-seuma referência inovadora e positivanas relações entre viveiros.

    Inúmeros produtos podem sergerados e comercializados a partirda produção de um viveiro.

    O plantio das diferentes mudasproduzidas em um viveiro podegerar, desde que adequadamenteextraídos e devidamenteprocessados, frutas secas ou innatura, doces, conservas, compotas,óleos, resinas, “garrafadas” e umainnidade de produtos artesanaisdesenvolvidos a partir de espécies daora nativa.

    Sistemas de troca devem serincentivados, valorizando a culturalocal e a ora da região, enfatizan-

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    do ainda, o valor social agregado àprodução.

    Estimular e fortalecer ao longodo processo, o valor simbólico e li-bertário da troca, seja em feiras or-ganizadas, ou mesmo diretamentecom outros membros da comunida-de, é extremamente desejável.

    É importante criar espaços públi-cos e organizados onde o comérciosolidário seja priorizado. Feiras livrese pontos de venda descentraliza-dos são algumas possibilidades decomercialização para os viveirosenvolvidos.

    Não existe ainda uma regula-mentação que promova a certica-ção e o controle de qualidade dasmudas para o mercado interno.

    Como estratégia de superaçãoa essa questão, as associações ouredes de viveiros que trabalham comprodução de mudas na perspectivado comércio solidário, devem cer-ticar os produtos com sua própriamarca, criando um selo com nome

    próprio, como forma de atestara origem dos produtos que sãocomercializados nos pontos devenda solidários.

    Outro aspecto que deve ser en-fatizado quando se fala em comér-cio solidário é o sistema de comprascoletivo. Os produtores devem bus-car negociar coletivamente a com-pra de embalagens, adubos e todomaterial de consumo necessário àprodução de mudas.

    Em uma perspectiva local tal me-dida pode reduzir o valor do freteenvolvido no transporte, tanto dascompras quanto da distribuição daprodução.

    Esse procedimento reduz bastan-te os custos envolvidos, na medidaem que negociar coletivamente mo-vimenta volumes maiores, facilita anegociação e possibilita uma econo-mia energética acima de tudo.

    Como se vê, atuar coletivamentee em uma perspectiva solidária sófortalece as ações desenvolvidaspelos viveiros educadores, seja nasvertentes ligadas a produção e co-mercialização, ou ainda pelacaracterística humana epedagógica que o pro-cesso tem.

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    A realização de parceriaslocais e a sustentabilidadedo Viveiro Educador

    A escassez de recursos tantonanceiros quanto humanos parase enfrentar a problemática so-cioambiental é um fator que teminterferido signicativamente naefetividade e continuidade das açõesdeagradas.

    A amplitude e complexidadeque a questão envolve demandamuma elevada capacidade de orga-nização e articulação para o seuenfrentamento.

    A interação entre o poder públi-co, o setor privado, a sociedade civilorganizada e a comunidade é umarranjo promissor como alternativa

    para convergir esforços. Esta integra-ção deve ser buscada permanente-mente, e de forma pró-ativa.

    Não se trata apenas da busca porrecursos nanceiros, mas também,da procura por habilidades, conhe-cimentos, estruturas e outros subsí-dios que proporcionem aos indivídu-os, grupos e instituições que atuamà frente dos viveiros educadores ascondições necessárias para que eledesempenhe adequadamente o pa-pel que dele se espera.

    Nessa perspectiva, é fundamentala realização de um mapeamentoatento aos aspectos relacionados àdiversidade socioambiental da re-gião, na busca por políticas públicasconvergentes, programas, projetose ações de educação ambiental emandamento, assim como, institui-

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    ções, grupos e movimentos que pos-sam produzir sinergia.

    Em geral, em municípios muitopequenos as pessoas e instituiçõesque participam dos diferentes forose arenas onde são tratadas as ques-tões ambientais são as mesmas. Há anecessidade de multiplicar esforços epotencializar a capacidade instaladano local, sob o risco de esvaziar asdiscussões desenvolvidas no âmbitodo viveiro e nos diferentes outrosprocessos relacionados.

    A parceria com as diversas ini-ciativas convergentes como as SalasVerdes, COM VIDAS, ColetivosEducadores, Pontos de Cultura,Fórum Lixo e Cidadania, Comitês deBacia entre outros, devem ser esti-muladas com o intuito de criar laçosde cooperação mútuos, baseados

    em princípios democráticos, e emprol de objetivos comuns.

    Todo esse processo deve buscarainda, a viabilização de uma amplarede de viveiros educadores estrate-gicamente distribuídos e estrutura-dos local, regional e nacionalmente.Este é um sonho de futuro, a serconstruído como uma utopia possí-vel de ser alcançada.

    Diante de tamanho desao, caclaro que a realização de parceriasdeve ser buscada cotidianamente,estimulando a realização de encon-tros presenciais e à distância, paraintercâmbios, diálogos formaçãotécnica e pedagógica dentre outrosprocessos que promovam o surgi-mento de sinergias e aprendizados apartir das relações estabelecidas.

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    Procedimentos Técnicos

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    47Procedimentos Técnicos

    Para adequar e compatibilizar os procedimentostécnicos adotados em um viveiro educador às necessi-dades demandadas na construção de sociedades sus-tentáveis, é importante o estudo, seleção e empregode tecnologias apropriadas, que utilizem racionalmenteos recursos naturais e energia disponíveis, causando omínimo impacto ao meio ambiente e gerando ao longodo processo benefícios sociais e ambientais.

    A ação produtiva não deve visar apenas os aspectosquantitativos ligados à maximização da produção edos lucros, pautados exclusivamente pela racionalidadeeconômica. É necessário buscar o equilíbrio e a har-monização entre aspectos quantitativos e qualitativos,entre a racionalidade econômica e a sustentabilidadeambiental.

    As escolhas e decisões devem basear-se em novasformas de produzir, compatibilizando o processo deaprendizado permanente com a produção comprome-tida com a biodiversidade e a sustentabilidade humana.

    Dentre os componentes técnicos neces-sários a uma adequada instalação e ma-

    nutenção de um viveiro lembramos comoprioritários os ITENS A SEGUIR:

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    Quando pensamos em construirum viveiro, a primeira pergunta asurgir é : Qual o local ideal?

    No momento da escolha, é es-sencial observar os inúmeros fatoresque de alguma maneira podeminuenciar positivamente ou negati-

    vamente a condução dos trabalhoscom o viveiro. É muito importantelevar em consideração no momentoda escolha, fatores como:

    O lugar definido deveapresentar algumascaracterísticas básicas,com o intuito de tornar otrabalho mais eficiente,e facilitar as açõesconduzidas no dia a dia.

    Escolha do local

    Abastecimento de ÁguaO fornecimento de água é es-

    sencial para o desenvolvimento dasatividades em um viveiro. É o princi-pal fator a ser observado na escolhado local mais adequado para suaconstrução. A área escolhida deveser próxima a alguma fonte segura,capaz de fornecer água de boa qua-lidade, livre de doenças ou produtosquímicos, e em abundância, duranteo ano todo.

    O abastecimento de água de umviveiro não pode ser interrompidopor longos períodos, sob o risco detodo o trabalho de produção de mu-das ser perdido caso isso ocorra.

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    49Procedimentos Técnicos

    Rios, córregos, lagos, reservató-rios articiais, cisternas, poços arte-sianos ou água encanada da redepública são as fontes mais utilizadas.Todavia, uma boa estratégia paraquem não dispõe de locais auto-su-cientes no fornecimento de água, éconstruir estruturas de captação deágua da chuva.

    Utilizadas milenarmente por inú-meras civilizações, e difundidas comgrande êxito na região do semi-ári-do, elas apresentam grande vocaçãoe potencial para serem utilizadas emtodo o país.

    RelevoO terreno escolhido deve ser o

    mais plano possível, facilitando os

    trabalhos e a locomoção dentro doviveiro. Porém, é desejável que hajauma leve inclinação, para evitar quea água que empossada, e atraiaassim, fungos e outros seres quepossam vir a comprometer a saúdedas plantas.

    Os canteiros devem ser sempredispostos de forma perpendicularao sentido da inclinação do terreno,com o intuito de conter a velocidadeda água, e evitar a formação de ero-são entre os canteiros. Caso a áreadisponível apresente uma grandeinclinação, deve-se dividir a área doviveiro em degraus, de forma que oscanteiros quem sempre numa su-perfície plana.

    LuminosidadeO viveiro tem como característica

    principal a diminuição da intensida-de dos raios solares que incidem so-bre as mudas. Todavia, o local ondeserá instalado o viveiro deve receberluz solar e calor durante todo o dia.

    O sol é vital em todo o processo.Os canteiros devem estar prefe-rencialmente dispostos no sentidonascente – poente, para que as mu-das quem expostas de forma ho-mogênea aos raios solares, ao longode todo o dia.

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    Proteção contra o ventoNo momento da escolha é vital

    observar o comportamento dos ven-tos predominantes no local. Ventosfortes são capazes de derrubar oumesmo quebrar as mudas, alémde ressecar o ambiente, tornandonecessário uma irrigação mais cons-tante, e aumentando com isso oconsumo de água.

    Caso seja necessário, é interes-sante a formação de quebra ventosnaturais, utilizando para isso, árvoresrobustas, plantadas em duas ou trêsleiras paralelas em volta do viveiro.

    É importante destacar que as ár-vores utilizadas como quebra ventonão devem sombrear o viveiro, maspermitir a boa circulação de ar. Paraisso, a distância entre as árvores eo viveiro, deve ser maior ou igual aaltura das árvores quando adultas.

    As espécies escolhidas paraformar a cortina de quebra ventodevem ser adaptadas as condiçõesda região, e apresentar algumas ca-racterísticas como: alta exibilidade,folhagem perene, crescimento rápi-do, copa bem formada e raízes bemprofundas.

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    51Procedimentos Técnicos

    Para alcançar melhoresresultados com a proteçãodo vento, alguns cuidados

    devem ser observados: A altura da proteção contra o

    vento deve ser dimensionada deacordo com o tamanho do viveiro.Quanto maior for o viveiro, mais al-tas devem ser as árvores plantadas; A proteção deve ser homogê-

    nea em toda a extensão do quebravento; É importante que não haja falhas

    na barreira formada pelo quebravento, com o intuito de evitar o afu-nilamento da corrente de ar; O quebra vento deve estar po-

    sicionado perpendicularmente à di-reção dos ventos predominantes na

    região.

    Acesso ao viveiroO viveiro deve estar em um local

    de fácil acesso, preferencialmenteconectado a boas estradas, buscan-

    do facilitar a entrada e saída de veí-culos, pessoas e materiais de manu-tenção, e a retirada das mudas parao plantio ou comercialização.

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    Além da estrutura do viveiro énecessário construir algumas instala-ções que darão suporte no processode produção de mudas. Entre elasdestacam-se:

    GalpãoÉ essencial a construção de um

    galpão que dê suporte ao processode produção de mudas. É vital pro-teger as sementes coletadas da açãodo vento, sol e chuva, proporcionan-do condições adequadas para o seu

    armazenamento.O galpão pode ter ainda umcômodo para guardar ferramentase materiais de consumo de forma

    segura. A estrutura pode ser feita dealvenaria, barro ou mesmo madeira.O importante é ser bem ventilado eseco, evitando a presença de umi-dade e altas temperaturas em seuinterior.

    É interessante e desejável, cons-truir uma área coberta, porém aber-ta, conectada ao galpão, com o in-tuito de realizar de forma mais con-fortável e produtiva, as operaçõesde preparo do substrato (mistura deterra, areia e adubo orgânico), bemcomo o enchimento dos recipientes(saquinhos ou tubetes).

    Estruturas necessárias para

    a condução das atividades

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    53Procedimentos Técnicos

    SementeiraÉ o local onde é feita a semeadu-

    ra, um estágio intermediário, ante-rior ao plantio da muda no saquinhoou tubete, sendo bastante indicadopara espécies com baixo índice degerminação.

    A sementeira é um canteiro querecebe diretamente as sementes,para que elas possam germinar, edepois, quando estiverem com oporte necessário, serem transplanta-das com facilidade para recipientesindividuais até que sejam levadas emdenitivo à campo.

    A terra utilizada na sementeiradeve ser de preferência arenosa,para facilitar a retirada das mudas

    durante a operação do transplante,também chamado de repicagem.Deve-se ainda, evitar a utilização deterras que carreguem sementes anti-gas, elas são indesejadas nesse pro-cesso, uma vez que, a identicaçãodas sementes que foram semeadas édicultada, e sua retirada demandatrabalho extra.

    É importante que haja uma pro-teção lateral para o canteiro, com ointuito de evitar que no processo deirrigação a terra escorra lateralmen-te, e se perca um grande númerode sementes. Essa proteção podeser feita de tijolos, ripas de madeiraou bambu, bem como, qualqueroutro material que a criatividadepossibilitar.

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    Assim como no viveiro, é dese- jável que a cobertura feita para asementeira bloqueie boa parte dosraios solares que incidem em seuinterior, proporcionando condiçõesmais favoráveis à germinação, seme-lhantes às encontradas embaixo dasárvores ou no interior das matas.

    O tamanho da sementeira devevariar de acordo com a produção de-sejada e a disponibilidade de espaço.Todavia, a largura não deve passarde 1 metro, visando facilitar as ope-rações de semeadura e transplante(retirada de mudas ).

    PátioÉ necessário, no momento de

    planejamento, destinar boa parte doterreno a ser utilizado para a produ-ção de mudas, para a formação dopátio.

    As mudas poderão permanecerno pátio por um longo períodode tempo, até serem levadas parao campo em denitivo. As mudas,

    principalmente as de espécies nati-vas, ou de comportamento favorá-vel à alta luminosidade, devem sertransportadas do viveiro para o pátiomais rapidamente, entre 2 e 4 mesesapós a germinação.

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    55Procedimentos Técnicos

    O tempo em que a muda per-manecerá no pátio vai depender danalidade de sua utilização. Casosejam destinadas à arborização ur-bana, ou recuperação de áreas de-gradadas, é desejável que as mudaspermaneçam mais tempo no pátio,para que sejam rusticadas.

    As mudas devem car dispostasem canteiros, como no viveiro, sen-do também necessária a construçãode uma proteção lateral que evite otombamento das mudas. A proteçãopode ser feita com arame, ou outromaterial disponível na região, tendo-se apenas a preocupação de atingira metade do tamanho do saquinho.

    O pátio deve estar a céu aberto,e ser cercado com o intuito de evitara entrada de animais, o que podecausar grandes estragos, principal-mente se o viveiro estiver situado nomeio rural.

    O solo do terreno a ser utilizadocomo pátio deve ser o mais porosopossível, e um pequeno desnível édesejável, para evitar o acúmulo deágua entre as mudas, bem como oempoçamento de água da chuva ouproveniente da irrigação.

    Uma vez construído oviveiro quais são ospróximos passos parainiciar a produção demudas?

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    56 Viveiros Educadores Plantando Vida

    A coleta das sementes é oprimeiro passo no processoprodutivo de um viveiro,e por ser a produção demudas um processo delicadoe que leva tempo, a escolha

    de sementes de qualidadeé primordial para ter-se um resultado finalsatisfatório. Para isso,alguns cuidados devem sertomados:

    Escolha da árvore matrizA escolha correta das árvores

    para a coleta de sementes é essen-cial para o sucesso do plantio. Asárvores escolhidas devem apresen-tar porte avantajado, crescimentouniforme, uma boa produção desementes, ser vigorosa e livre dedoenças.

    Uma boa árvore matriz não émuito jovem nem muito velha. É im-portante escolher para cada espéciea ser coletada, o maior número pos-sível de árvores matriz, com o intuitode aumentar a diversidade genética,e não sobrecarregar nenhuma delas.

    Estas árvores devem ser marcadascom plaquetas, ou mesmo tinturanatural, e deve ser feito um mapacom o posicionamento de cada árvo-re para orientar as coletas dos anosseguintes.

    Como realizar a coleta de sementes?

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    57Procedimentos Técnicos

    Época da coletaA época de coleta de sementes

    varia de região para e região, etambém para as diferentes espécies.É importante observar o comporta-mento das espécies no local ondevive, bem como, buscar pesquisas járealizadas sobre o assunto, e obterinformações com pessoas mais expe-rientes, ou que vivam no meio ruralem sua região.

    Uma vez conhecida a época defruticação, devem ser feitas expe-dições de coleta de 15 em 15 dias,ou em intervalos menores de tempo,procurando observar o estado dematuração das sementes, uma vezque as sementes devem ser cole-tadas somente quando estiverem

    quase maduras, e preferencialmenteno pé.

    Deve-se evitar coletar sementesverdes, que não estejam totalmen-te desenvolvidas. Estas sementesprovavelmente não germinarão,ou terão o seu desenvolvimentocomprometido.

    Uma forma de saber se a semen-te já está no ponto de ser coletada,é observar o momento em que assementes estão começando a cair.Este é um bom indicador de que jáestão prontas para ser coletadas.

    Outra forma de sabermos se assementes estão “prontas” é obser-vando se elas já atingiram a colora-ção do fruto quando maduro.

    Quando puxamos ou tentamoscortar um ramo cheio de semen-tes em uma árvore, e este, não serompe com facilidade, ainda muitoligado a ela, é um indicador de queainda não é a hora de realizar a co-leta, uma vez que aquelas sementesainda precisam de um contato maiorcom a árvore, para tornar-se prontaspara germinar.

    Espécies que gerem sementesmuito pequenas, e que se espalhamao cair, devem ser coletadas prefe-rencialmente ainda no pé, para evi-tar perdas através da ação do vento.

    É muito importante não coletartodas as sementes viáveis em umaárvore. Um grande número de ani-mais silvestres depende daquelassementes para sobreviver, portanto,é essencial saber coletá-las, sem comisso, diminuir signicativamente aoferta de alimentos para a faunalocal.

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    59Procedimentos Técnicos

    A escolha das sementesDevem ser armazenadas apenas

    as sementes saudáveis. Devem serevitadas as sementes que estiverematacadas por fungos, uma vez queo seu contato com as sementes sau-dáveis pode acabar acarretando emcontaminação.

    Secagem das sementesAntes do armazenamento, as

    sementes devem passar por umprocesso de secagem, de preferên-cia à meia sombra, e em peneirassuspensas, para facilitar a circulação.Outra possibilidade é a utilizaçãode lonas estendidas ao chão, tendosempre o cuidado de isolar a área daentrada de animais, ou pessoas de-savisadas, que possam comprometero processo.

    Tal procedimento permite que assementes quem armazenadas pormais tempo e diminui a ocorrênciade doenças causadas por fungos eoutros agentes patógenos.

    Deve-se evitar manter as semen-tes diretamente expostas ao sol

    intenso por longos períodos, o quepode, uma vez que elas sejam ex-cessivamente ressecadas, inuenciarnegativamente o seu potencial degerminação.

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    Como armazenar suassementes?

    As sementes devem ser armaze-nadas em um local livre de umidadee altas temperaturas. O local deveser arejado e as sementes devem serseparadas por espécies, colocadasem recipientes abertos, de formaque permita a circulação do ar. Édesejável colocar uma etiqueta norecipiente utilizado com o nome daespécie e a data da coleta.

    A Gincana como estratégiade coleta

    A coleta de sementes é uma ati-vidade vital para o desenvolvimentodas atividades do viveiro, que semelas, não tem uma razão de ser.

    Coletar sementes exige tempo,uma vez que as árvores lançam suassementes em diferentes épocas doano, e as distâncias entre as plantasmatrizes pode ser enorme.Quanto maior for a produção demudas desejadas, maior deverá ser onúmero de sementes a ser coletado,o que torna a tarefa ainda mais tra-balhosa.Uma forma de dinamizar aatividade de coleta de sementes emviveiros educadores e aumentar bas-tante o número de sementes coleta-

    das, é realizar uma gincana de coletade sementes.

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    A coleta é o primeiro passo a serdado para a produção de mudas. Arealização de uma gincana coopera-tiva, que conte com a participaçãoefetiva dos grupos envolvidos com oviveiro educador, pode ser um fatoraglutinador para despertar nos par-ticipantes um olhar sistêmico sobretodo o processo.

    Em comunidades rurais oumesmo no meio urbano, uma gin-cana de coleta de sementes é, semdúvida, uma estratégia que podeapresentar bons resultados. Nesseprocesso, os jovens e crianças sesentem participando ativamente dotrabalho, e com isso, se estimulam aparticipar inclusive nas atividades demanutenção do viveiro.

    Deve- se criar regras claras co-letivamente, de forma que todosestejam esclarecidos quanto ao re-gulamento. Os grupos de criançase jovens que coletarem sementesem maior diversidade, maior quan-tidade, que tenha realizado o maiornúmero de trocas de sementes comoutros grupos, ou ainda outras re-gras que sejam pactuadas, devemreceber ao nal do processo, algumincentivo ou prêmio de uso coletivo,que privilegie as necessidades locaise adquirido também coletivamentepela comunidade.

    É importante que haja um pro-cesso qualicado de formação dosparticipantes da gincana, de forma

    que todos se sintam seguros e es-timulados a iniciar a coleta, distri-buindo em seguida todo o materialnecessário para a atividade, como:podões , sacos de papel, lonas e oque mais for necessário.

    A coleta deve ser estimulada emduplas ou grupos maiores, o quealém de dar bons resultados, é maisseguro e pode ainda, estreitar oslaços de amizade entre eles. A parti-cipação individual deve ser evitada,uma vez que se algum acidenteocorrer no momento da coleta, nãohaverá como prestar socorro ou pe-dir ajuda.

    Como as árvores lançam suassementes em diferentes épocas doano, alguém deve car responsávelpor centralizar o recebimento dassementes, anotando as espécies equantidades coletadas, armazenan-do-as de forma correta até a suautilização.

    É importante durante a pre-miação, ressaltar a importância dotrabalho coletivo, e como a partici-pação de todos foi primordial paraa coleta de sementes, de forma quea competição pelo prêmio que emsegundo plano, e o espírito coopera-tivo seja valorizado neste momento.

    A gincana é uma estratégia paracoletar sementes que gera ótimosresultados, devendo ser realizadasempre que possível.

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    Preparo do substratoO substrato é uma mistura for-

    mada por terra, areia e alguma fontede matéria orgânica. A sua funçãoé dar sustentação e fornecer os nu-trientes necessários para o desenvol-vimento da planta. Um substrato dequalidade deve ter boa drenagem,apresentar quantidade sucien-

    te de matéria orgânica, e livre deagentes patógenos, como fungos enematóides.

    Para a formação do substrato,utiliza-se normalmente duas par-tes de terra, uma parte de areia, euma