Click here to load reader
Upload
diego-borges
View
215
Download
2
Embed Size (px)
DESCRIPTION
83.2 TIPICIDADE 82.2.2 Conduta e elementos do tipo 82.2.1 Formas típicas O núcleo do primeiro tipo é o verbo escarnecer, que significa zombar, troçar, São três tipos no mesmo artigo. Escarnecer de alguém publicamente por motivo de um mês a um ano, ou multa. Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar qualquer das condutas descritas no tipo. vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.” A pena cominada: detenção, de ridicularizar, achincalhar. ato ou objeto.
Citation preview
82
ULTRAJE A CULTO E
IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO
DE ATO A ELE RELATIVO
____________________________
82.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO
CRIME
A descrição típica do art. 208 é: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de
crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso;
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.” A pena cominada: detenção, de
um mês a um ano, ou multa.
O bem jurídico protegido é o sentimento religioso e a liberdade de culto.
Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar qualquer das condutas descritas no tipo.
Sujeito passivo é a pessoa atingida pela conduta e, também, a coletividade.
83.2 TIPICIDADE
82.2.1 Formas típicas
São três tipos no mesmo artigo. Escarnecer de alguém publicamente por motivo de
crença ou função religiosa. Impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto. Vilipendiar
ato ou objeto.
82.2.2 Conduta e elementos do tipo
O núcleo do primeiro tipo é o verbo escarnecer, que significa zombar, troçar,
ridicularizar, achincalhar.
2 – Direito Penal II – Ney Moura Teles
No segundo, a conduta consiste em impedir, que significa obstar, não deixar que
aconteça, impossibilitar, ou em perturbar, no sentido de tumultuar, atrapalhar.
Vilipendiar é ultrajar, é considerar vil. É desdenhar.
Na primeira figura típica, o agente zomba de alguém, ofende-o, portanto, em razão de
sua crença religiosa ou da função que desempenha em alguma religião. Atinge a dignidade
da vítima por considerar ridícula sua fé ou o trabalho que desenvolve no seio de uma
determinada religião. Adeptos da religião, os chamados crentes ou fiéis, padres, pastores,
obreiros, médiuns ou ministros religiosos são as vítimas desse crime.
Ainda que as convicções da vítima sejam, efetivamente, ridículas, dignas, mesmo, de
julgamento ácido, ou que as funções que exercem possam ser, efetivamente, merecedoras
de consideração pejorativa, por se mostrarem absurdas, a ninguém é dado ofendê-la, em
face da garantia constitucional da liberdade de consciência, de crença e de culto. É como
no crime de injúria, mesmo sendo a vítima analfabeta, não se pode ofendê-la por isso.
A ofensa deve ser pública, isto é, só é típico o escárnio realizado na presença de
pessoas indeterminadas ou através de meios de comunicação que atinjam um número
elevado de pessoas e dirigido a determinada pessoa, o sujeito passivo, não havendo crime
quando a manifestação é voltada, genericamente, para aos adeptos de uma determinada
religião ou para os dirigentes, sem nomear algum deles.
A segunda figura típica realiza-se quando o agente impede ou perturba cerimônia ou a
prática de culto religioso. Cerimônia é o ato solene, regular, que cada religião tem, como a
missa e os cultos evangélico e o presbiteriano, o batizado, o casamento religioso, a
procissão etc. Prática de culto religioso são outros eventos despojados dos rituais próprios
da cerimônia, mas ainda assim merecedores da proteção penal.
A última forma típica consiste no vilipêndio de atos ou objetos de culto religioso. Por
meio de palavras, orais ou escritas, ou gestos, o agente ofende um ato religioso – nele
incluídas a cerimônia e a prática de culto – ou um objeto de culto religioso. Deve fazê-lo,
necessariamente, de público, isto é, na presença de muitas pessoas ou por meio de
comunicação de massa. Assim, por exemplo, quando o agente, diante de câmeras de
televisão, em transmissão para todo o país, chuta a estatueta de uma pessoa venerada como
santa por determinada religião. É um objeto de culto.
O crime é, sempre, doloso. O agente deve escarnecer de alguém, impedir ou perturbar
a cerimônia ou prática de culto ou vilipendiar ato ou objeto de culto, com plena consciência
Ultraje a Culto e Impedimento ou Pertubação de Ato a Ele Relativo - 3
da sua conduta e vontade livre de agir, sem qualquer fim especial.
82.2.3 Consumação e tentativa
A consumação ocorre com a ação do escárnio e do vilipêndio, na primeira e na
terceira figuras típicas. Com a simples emissão da palavra oral, a realização do gesto, desde
que, publicamente, isto é, quando outras pessoas tomam conhecimento da manifestação
do pensamento do agente. Na forma escrita, é possível a tentativa.
O impedimento de cerimônia consuma-se no instante em que ela não começa ou é
interrompida, e a perturbação quando o agente realiza o primeiro ato atrapalhando-a,
possível a tentativa.
82.2.4 Aumento de pena
Se, para realizar a conduta, o agente emprega violência, a pena será aumentada de
um terço, configurando-se, ademais, concurso material desse crime com o crime contra a
pessoa efetivamente realizado – lesão corporal, homicídio, consumado ou tentado. É a
norma do parágrafo único do art. 208.
82.3 AÇÃO PENAL
A ação penal é pública incondicionada, competente o juizado especial criminal,
possível a suspensão condicional do processo penal, regulada pelo art. 89 da Lei nº
9.099/95.