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VOZDAS MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVII | junho 2011 | publicação mensal Algarve Verão Memória preservada em museus Exposição solar pode ser saudável Na altura em que começa o verão, o VM foi até o Algarve conhecer o trabalho de duas Misericórdias. No Museu do Trajo da Santa Casa de São Brás do Alportel, há exposições, es- pectáculos, palestras e outros projec- tos que procuram ir ao encontro das necessidades das portugueses e es- trangeiros. Em Alvor, preservar me- mória local é o mote da exposição. Património, 20 e 21 Estima-se que em Portugal, em 2011, irão surgir mais de 10 mil novos casos de cancros da pele. Embora os cidadãos estejam hoje mais atentos aos factores de risco associados à exposição solar, há ainda um longo trabalho a desenvolver neste cam- po. A opinião é do médico Manuel Caldas de Almeida, que é também provedor da Misericórdia de Mora. Saúde, 17 Arcos de Valdevez Sagrado e profano em debate As manifestações religiosas marca- ram as II Jornadas de Estudos da Misericórdia de Arcos de Valdevez, que tiveram lugar a 4 de Junho. Estudiosos e elementos de Santas Casas de todo o país marcaram pre- sença para dar a conhecer o traba- lho realizado por aquelas entidades ao serviço das populações locais e da preservação de usos, costumes e tradições. Em Acção, 9 União homenageada pelo Presidente da República O Presidente da República agraciou a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) com o título de Membro Ho- norário da Ordem de Mérito, cujas insígnias foram entregues ao seu pre- sidente, Manuel de Lemos, durante a sessão solene de encerramento do X Congresso Nacional das Miseri- córdias Portuguesas, que teve lugar em Coimbra e Arganil, de 16 a 18 de Junho sob o tema “Intergeraciona- lidade: passado, presente e futuro”. Aníbal Cavaco Silva apelou ainda às Santas Casas para que “não baixem os braços, que não desistam peran- te a adversidade e o avolumar dos problemas das vossas instituições”. “Todos não seremos demais para enfrentar os tempos difíceis que nos batem à porta”, destacou o chefe de Estado. Destaque, 4 a 7 ‘Não baixem os braços’, apelou o Cavaco Silva às Santas Casas no encerramento do X Congresso Nacional União das Misericórdias Portuguesas Judo Amadora na maior aula do mundo Em Acção Pág. 12 Santo Estêvão Voluntários limpam jardim do centro da UMP Em Acção Pág. 13 Verão Actividades ao ar livre para os seniores Terceira Idade Pág. 15 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Voz das Misericórdias, Junho de 2011

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Voz das Misericórdias, Junho de 2011

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Page 1: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

VOZDASMISERICÓRDIASdirector: Paulo Moreira | ano: XXVII | junho 2011 | publicação mensal

Algarve

Verão

Memóriapreservadaem museus

Exposiçãosolar podeser saudável

Na altura em que começa o verão, o VM foi até o Algarve conhecer o trabalho de duas Misericórdias. No Museu do Trajo da Santa Casa de São Brás do Alportel, há exposições, es-pectáculos, palestras e outros projec-tos que procuram ir ao encontro dasnecessidades das portugueses e es-trangeiros. Em Alvor, preservar me-mória local é o mote da exposição. Património, 20 e 21

Estima-se que em Portugal, em 2011, irão surgir mais de 10 mil novos casos de cancros da pele. Embora os cidadãos estejam hoje mais atentos aos factores de risco associados à exposição solar, há ainda um longo trabalho a desenvolver neste cam-po. A opinião é do médico Manuel Caldas de Almeida, que é também provedor da Misericórdia de Mora. Saúde, 17

Arcos de Valdevez

Sagrado eprofano em debateAs manifestações religiosas marca-ram as II Jornadas de Estudos da Misericórdia de Arcos de Valdevez, que tiveram lugar a 4 de Junho. Estudiosos e elementos de Santas Casas de todo o país marcaram pre-sença para dar a conhecer o traba-lho realizado por aquelas entidades ao serviço das populações locais e da preservação de usos, costumes e tradições. Em Acção, 9

União homenageada peloPresidente da RepúblicaO Presidente da República agraciou a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) com o título de Membro Ho-norário da Ordem de Mérito, cujas insígnias foram entregues ao seu pre-sidente, Manuel de Lemos, durante a sessão solene de encerramento do

X Congresso Nacional das Miseri-córdias Portuguesas, que teve lugar em Coimbra e Arganil, de 16 a 18 de Junho sob o tema “Intergeraciona-lidade: passado, presente e futuro”. Aníbal Cavaco Silva apelou ainda às Santas Casas para que “não baixem

os braços, que não desistam peran-te a adversidade e o avolumar dos problemas das vossas instituições”. “Todos não seremos demais para enfrentar os tempos difíceis que nos batem à porta”, destacou o chefe de Estado. Destaque, 4 a 7

‘Não baixem os braços’, apelou o Cavaco Silvaàs Santas Casasno encerramento do X Congresso Nacional

União das Misericórdias Portuguesas

JudoAmadorana maior aula do mundoEm Acção Pág. 12

Santo EstêvãoVoluntárioslimpam jardimdo centro da UMPEm Acção Pág. 13

VerãoActividadesao ar livrepara os senioresTerceira Idade Pág. 15

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Page 2: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

A FOTOGRAFIA

O NúmeRO

O CAsO

a subirGarantir pensão

de alimentos

A Comissão Europeia vai aplicar novas regras

para garantir uma efectiva e mais rápida cobrança das pensões

de alimentos, nos casos em que um dos pais se recusa a prestar ajuda financeira aos filhos.

a descerCrianças em atentados

Uma menina de oito anos morreu no sul

do Afeganistão ao ser usada como correio de uma bomba accionada remotamente. Dez dias

antes, outra menina havia se entregado à polícia antes do

atentado.

pedro passos Coelho

primeiro-ministro

“Estado dará exemplo de rigor e contenção para que haja recursos para os que mais

necessitam”

a Frase

ESPAço SénIor

ANO LECTIVO CHEgA AO fIM

Mais um ano lectivo chega ao fim.Na Academia de Cooperação e Culturada União das Misericórdias, se for feito um balanço do ano 2010 – 2011, podemos ficar felizes pois tudo correu dentro da maior normalidade e harmonia

crato noite de Gala para estreitar laços

210milhões Consumiram droGas em 2010

O Hospital da Prelada acolheu re-centemente mais de uma cente-na de pessoas no âmbito do seu I Open Orientação de Precisão. A apadrinhar a prova estiveram os atletas fernanda Ribeiro e António Leitão, que acompanharam a com-petição e participaram na sessão de entrega de prémios.

Organizada em parceria com o grupo Desportivo dos Quatro Cami-nhos e com a federação Portuguesa de Orientação, a prova marcou o final do I Circuito de Orientação de Precisão “Todos Diferentes, Todos Iguais”, que arrancou a 03 de De-zembro de 2010, em Baião.

O evento mobilizou dezenas de utentes do Hospital da Prela-da, muitos colaboradores da San-ta Casa da Misericórdia do Porto, para além de utentes e colabora-dores de outras unidades reabili-tadoras do país.

Durante uma hora e meia, cer-ca de 40 competidores e amado-

Porto mais de Cempessoas naprova de preCisão

res percorreram um circuito entre os espaços interiores e exteriores do hospital. Ao longo do percurso contaram com o apoio de um gru-po de voluntários do serviço de Medicina física e Reabilitação do hospital e da fundação Montepio.

No final, uma cerimónia, que contou com a presença do prove-dor da Misericórdia do Porto, Antó-nio Tavares, premiou os vencedo-res, todos eles utentes do Hospital da Prelada.

“O Hospital da Prelada não deve ser só uma solução para os problemas que ocorrem na vida das pessoas. Deve ser também um

espaço de convívio e de oportuni-dades”, afirmou.

O director do serviço de Medi-cina física e Reabilitação, Rúben Almeida, destacou que o “desporto adaptado é um elemento funda-mental no programa de reabilita-ção. É uma arma fundamental na saúde e na integração dos utentes. Nem sempre é fácil integrar a práti-ca de desporto regular nos serviços de reabilitação, mas há sempre pes-soas que, graças ao seu dinamismo, fazem surgir coisas destas, como este Open. foi o caso do nosso Nú-cleo de Desporto Adaptado”, refor-çou o director do serviço.

O Núcleo de Desporto Adap-tado do serviço de Medicina físi-ca e Reabilitação do Hospital da Prelada promove e apoia os seus utentes a participarem em provas de Orientação de Precisão desde Março de 2009, data em que pela primeira vez arrancou o projecto, participando na prova em Baião. Desde essa altura, o Núcleo já envolveu 158 atletas e mais de 250 pessoas, entre profissionais de saúde do Hospital da Prelada e famílias dos utentes, em diversas provas desta modalidade.

Com o objectivo de proporcionar aos utentes, familiares, funcionários, mesários e alguns convidados uma noite especialmente diferente, a Misericórdia do Crato organizou um espectáculo inesquecível para quem teve o privilégio de estar presente. O concerto contou com a presença de artistas amadores do concelho: Alexandra Martins, Sara Ouro, Romão farto, Maria das Dores, Padre Rui Miguel, Miguel Batista, Joaquim Benfica, Carlos Trindade, Dominique Ventura, Michela Oliveira e Ana Mota. Mas ao palco também subiu o coro da própria Misericórdia, constituído por funcionários.

Cerca de 210 milhões de pessoas em todo o mundo, entre 15 e 64 anosde idade, consumiu drogas em 2010, de acordo com o relatório da ONU.O consumo de estupefacientes mata uma pessoa a cada três minutos.

ais um ano lectivo chega ao fim. Na Academia, se for feito um balanço do ano 2010 – 2011, podemos ficar felizes pois tudo correu dentro da maior

normalidade e harmonia.Podemos destacar como pontos principais a tomada de posse dos novos membros do Conselho Directivo e a belíssima Exposição Bienal de Arte. Outros acontecimentos e actividades se podem considerar muito bons, como: visitas culturais; passeios, actuações dos nossos grupos etc.E mais uma vez o ano terminou em festa. Assim, no dia 15 de Junho, por gentileza da Junta de Freguesia de S: João de Brito, realizou-se uma tarde cultural onde classes e grupos puderam mostrar o resultado do seu trabalho: Cavaquinhos, Flautas, Piano e Viola; Grupos de Cantares, Coral e Jograis da Academia e uma alegre apresentação da disciplina de Italiano. A terminar, a tão apreciada voz da colega Ilda Maria em lindos fados sempre ouvidos com o maior agrado.Este ano tivemos como convidado o Grupo de Danças e Cantares da Associação Sénior Cabeço que trouxe ainda mais cor e alegria á nossa festa.No dia 16, foi a homenagem aos nossos Professores, demonstrada num almoço de confraternização que decorreu com grande descontracção, alegria e espírito de camaradagem.O Presidente do Conselho Directivo, Eng. Luís Aires, dirigiu aos homenageados palavras de gratidão pelo seu trabalho de grande mérito e feito com grande entrega e dedicação. Agradeceu também àqueles que, de várias maneiras, colaboram com a Direcção para que, tudo possa correr o melhor possível. Referiu-se também ao futuro próximo da Academia que, apesar das dificuldades impostas pela conjuntura actual está a sofrer algumas obras absolutamente necessárias.Depois foi o final com cantigas, poesia, anedotas etc. Muitos abraços de despedida e a grande vontade de nos voltarmos a encontrar no início do próximo ano.

M

Fernanda ribeiroe António Leitão

PANORAMAwww.ump.pt

Isabel rodeia Academia de Culturae Cooperação da [email protected]

2 vm junho 2011

Page 3: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

ON-LINe

Manuel Ferreira da Silva [email protected]

oPInIão

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Cerca de duzentas pessoas partici-param nas I Jornadas da Saúde sob o tema “A criança…O idoso….O doente…Passado, presente e futuro”, promovidas pela Santa Casa da Misericórdia de Bar-celos, nos dias 17 e 18 de Junho. A inicia-tiva contou com dezasseis oradores quecontribuíram para um programa com temas diversificados ligados à saúde. Em declarações ao VM, o provedor, António Pedras, destacou que a iniciativa foi pela equipa técnica à Mesa, que prontamente concordou.

barcelos Jornadas de saúdereúnem 200 pessoas

Gaia marina mota visitou miseriCórdiaOs utentes do Lar Residencial Conde das Devezas e do Lar António Almeida Costa, da Santa Casa da Misericórdia de gaia, tiveram uma grande surpresa, no passado dia 20 de Maio, com a visita da actriz Marina Mota, que quis saber sobre a história e acção da instituição. A actriz não passou despercebida por ninguém. “É mesmo a Marina?”, “Acompanhei sempre a sua carreira.”, “Queremos ver a sua peça!” foram algumas das expressões que a actriz e cantora ouviu.

A Misericórdia do Montijo tem novo ordenamento heráldico. Segundo comu-nicado da instituição, “o trabalho contou com o apoio especializado do heraldista Tenente-Coronel José Manuel Pedroso da Silva, que soube interpretar o sentir da instituição e aplicou, da forma mais competente, os temas sugeridos”. A ela-boração das iluminuras ficou a cargo do Mestre José Sesifredo Estevéns Colaço. Os temas escolhidos foram: a pomba do Divino Espírito Santo e a vieira da Ordem de Santiago.

institucional montiJo temnova heráldiCa

A Santa Casa da Misericórdia de Sines e o Núcleo Local de Inserção de Sines or-ganizaram, a 14 de Junho, um seminário subordinado ao tema “Deficiência: Inter-venção”. Do programa da iniciativa fize-ram parte cinco sessões sobre “Desporto Adaptado e Paraolímpicos”, “Orientação e Mobilidade”, “Intervenção no Centro de Paralisia Cerebral de Odemira”, “Inter-venção Precoce” e “Intervenção em meio aquático com pessoas com deficiência”. Os trabalhos decorreram no Auditório da Administração do Porto de Sines (APS).

seminário sines refleCtesobre defiCiênCia

Uma comitiva composta por repre-sentantes da Confederação Brasileira das Misericórdias (CBM) e do Ministério da Saúde daquele país visitou recentemente as unidades de cuidados continuados da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso. A comitiva visitou outras unidades e o objectivo da iniciativa é, segundo o presidente da CBM, José Reinaldo Júnior, recolher contributos para uma eventual aplicação deste modelo no Brasil. Ac-tualmente, cerca de 5% da população brasileira tem mais de 65 anos.

Póvoa de lanhoso brasileiros visitamunidade de saúde

SALVAgUARDA DO PATRIMóNIO

Mantendo-se fiel ao Compromisso de inventariar, catalogar e preservar o histórico património das Misericórdias, a UMP, mercê dos cuidados do Gabinete do Património Cultural, presta a todo o País uma contribuição reconhecida

antendo-se fiel ao generoso Compromisso de inventariar, catalogar e preservar o histórico património das Misericórdias, a UMP, mercê dos solícitos cuidados do Gabinete do Património Cultural, presta, não só às Misericórdias, mas a todo o

País, e à História, uma contribuição merecidamente reconhecida como uma “mais-valia” institucional para a UMP.Comprova-o, para além de exposições parciais já efectuadas em Fátima, o conjunto de encontros de formação e divulgação de um projecto-propósito-programa que até agora culminou com a evocação que foi feita no dia do Património das Misericórdias, em 6 de Maio, na cidade de Guimarães.Quanto às Misericórdias, foi um expoente documental bem expressivo, a série de intervenções e testemunhos; e, a respeito do evento, foi prestigiante e transparente o testemunho do Dr. Manuel de Lemos: “Importa olhar para o Património das nossas Misericórdias como potencial elemento catalisador de desenvolvimento económico e social. Divulgar convenientemente o Património e dinamizar actividades sociais, é uma das áreas prioritárias na abordagem que importa fazer; havendo consciência de que o Património é um elemento indispensável para o prestígio e identidade das Misericórdias”.Quem, um dia, teve a sorte de ver, percorrer, admirar… e meditar a famosa Exposição “As Idades do Homem”, Salamanca 1993, não pode esquecer que, e como, o sentimento mais espontâneo e generoso que se experimentou foi como que, “um rezar e meditar a História”, onde cada visitante se sente como se fosse personagem interveniente. É nessa linha de generosa acção que o nosso Gabinete do Património atenta os seus cuidados, ensinando-nos a ver e a viver a Tradição, a História e a Fé, bem como a Arte e a Lusitanidade, com que o futuro tem de ser equacionado, mergulhando as suas raízes no mais fundo e generoso seio da História e do Tempo.A cultura da sociedade actual que se propõe valores inolvidáveis – a preocupação pela justiça, a defesa dos direitos humanos, e uma aposta na paz… é, de algum modo, e sob certos aspectos, uma das forças que se põem e propõem ao serviço dos cidadãos, do Estado e da Igreja, como serviço ao homem de hoje que conta muito pouco com a Fé, e muito socializada, porque leva nas suas entranhas dimensões implementadas com ela.É o fruto de uma concepção meramente secularista, indiferente à transcendência, e pode levar a uma certa marginalização do Divino. Mas as Misericórdias, sem Deus, não são Santas Casas; e a Cultura é também uma forma de culto.João Paulo II bem o testemunhou ao criar já em 1982 o Concelho Pontifício para a Cultura, areópago para um diálogo cultural, entre culturas diversas, na pluralidade de todas as novas vias. E Bento XVI engenhosamente complementou o projecto, criando o “Pátio dos Gentios” para um encontro entre crenças e religiões. É a pista do futuro para a qual o presente é caminho e propósito.Subscrevendo um lisonjeiro e nobre comentário – editorial em “Misericórdia do Porto” Dr. Ferreira dos Santos sublinha os seguintes itens a respeito do Património das Santas Casas: “ De uma obra de arte emerge uma cultura entre a beleza e a bondade, a verdade e a estética, a ética e a filosofia”.E a arte é um caminho para o divino pela mão do artista que o sonha e busca dar-lhe expressão.

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sLIDesHOW

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Page 4: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

DESTAQUEwww.ump.pt4 vm junho 2011

Uniãocondecoradapor CavacoSilva

no encerramento do congresso nacional, Presidente da república apelou às santas casas para que “não baixem os braços”

O Presidente da República agraciou a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) com o título de Membro Ho-norário da Ordem de Mérito, cujas insígnias foram entregues ao seu pre-sidente, Manuel de Lemos, durante a sessão solene de encerramento do X Congresso Nacional das Miseri-córdias Portuguesas, que teve lugar em Coimbra e Arganil, de 16 a 18 de Junho sob o tema “Intergeraciona-lidade: passado, presente e futuro”. Aníbal Cavaco Silva apelou ainda às Santas Casas para que “não baixem os braços, que não desistam peran-te a adversidade e o avolumar dos problemas das vossas instituições”.

“Todos não seremos demais para enfrentar os tempos difíceis que nos batem à porta”, destacou Cavaco Silva diante de centenas de pessoas – dos mais jovens aos mais velhos - que se associaram ao encerramento do congresso na Mata da Misericór-dia de Arganil.

“Transmitam a todos quantos trabalham nas vossas creches, nos vossos lares, nos vossos hospitais, nos vossos refeitórios, o quanto confiamos na dedicação, na capa-cidade de ajudar quem vos procura, no inestimável contributo que têm vindo a dar para que os Portugue-ses mantenham a esperança num futuro melhor. Transmitam aos vos-sos voluntários o quanto esperamos da sua dedicação desinteressada. Digam-lhes que o seu exemplo não será esquecido. Ajudem a promover

o reforço dos laços familiares, dêem maior expressão a essa ideia cen-tral de solidariedade entre gerações, continuem a estar disponíveis para cooperar com outras instituições. Ajudem a identificar os problemas, mobilizem todos os recursos que estão disponíveis, superem descon-fianças antigas e divisões artificiais.”

O chefe de Estado afirmou con-fiar que as Misericórdias Portuguesas vão continuar a justificar o reconhe-cimento da dedicação, do espírito solidário e do mérito relevante que está inscrito na sua história e que os Portugueses jamais esquecerão. “Por esta razão decidi agraciar a União das Misericórdias Portuguesas com o título de Membro Honorário da Or-dem de Mérito, cujas insígnias terei o gosto de entregar ao seu presiden-te, Dr. Manuel de Lemos”, concluiu Cavaco Silva.

Contudo, o Presidente da Repú-blica destacou ainda que é preciso reforçar a relação de confiança e partilha entre Estado democrático e Misericórdias.”Já na vigência do

actual regime democrático, essa re-lação foi fortemente abalada pela concepção estatizante de alguns go-vernos. O que se passou no domínio dos cuidados de saúde é um bom exemplo dessa quase obsessão de tudo sujeitar à tutela e à administra-ção directa do Estado.”

As consequências, continuou, desses excessos são hoje sobejamen-te conhecidas. “Perdemos muitos anos a recriar o que já estava criado, a recuperar experiência e competên-cias que já existiam, a esbanjar re-cursos que poderiam ser canalizados para domínios mais carenciados e de maior urgência social. felizmen-te, tomou-se consciência dos erros e, lenta mas pragmaticamente, foi--se arrepiando caminho”, concluiu

Bethania Pagin

‘Transmitam aos vossos voluntários o quantoesperamos da sua dedicação.Digam-lhes que o exemplo não será esquecido.’

Page 5: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

www.ump.pt

APLAuSo Ao PCPO Partido Comunista foi o único a se fazer representar no congresso,durante o painel sobre economia social. A presença do deputadoRicardo Oliveira mereceu o aplauso de todos os congressistas.

junho 2011 vm 5

(De cima para baixo.Da esquerda para direita) Cavaco Silva, Manuelde Lemos, Zeinal Bava, Ângelo Correia,Vítor Melícias, noémia Pacheco e Pedro Paiva marcaram presençano congresso

Cavaco Silva, dando o exemplo do protocolo que integra hospitais das Santas Casas na rede do Serviço Na-cional de Saúde.

Os excessos e desperdícios tam-bém marcaram o discurso do presi-dente da UMP, Manuel de Lemos. “Em sede de respostas sociais, não faz sentido continuar a exigir insta-lações sumptuosas e desadequadas, com exigências de qualidade que mais nenhum País europeu pratica; como não faz sentido exigir ratios de recursos humanos que são ape-nas formas disfarçadas de satisfazer interesses de grupo profissionais; como não faz sentido pactuar com o desperdício suportado em preconcei-tos ideológicos como é o caso do não aproveitamento integral da nossa capacidade de resposta em termos de saúde”.

Segundo o presidente da UMP, os preços praticados pelas Misericór-dias na área da saúde se situam, em média, mais de 30% abaixo dos valo-res praticados pela resposta pública ou das parcerias público-privadas.

Por isso, apelou o responsável máximo das Misericórdias, “quando o memorando de entendimento en-tre o governo da República, a União Europeia e o fMI se refere à neces-sidade da contenção da despesa e de reestruturação na prestação de serviços de saúde, vale a pena de certeza olhar para a nossa qualidade e para os nossos preços e apostar mais nas Misericórdias de Portugal.

“O que mais nos tem custado e nos preocupa é a falta de plane-amento e a ligeireza das decisões que conduzem directamente a gastos desnecessários, à insatisfação das populações e a uma certa ideia de impunidade que parece estar insta-lada. Não nos vemos a solicitar ao governo mais recursos para fazer o mesmo. Mas vamos ser insistentes, em sede de relação com o Estado, porque, assumindo plenamente a nossa complementaridade com o Estado, é com o Estado que temos de nos relacionar em primeiro lugar, colocando bem alta a fasquia do diá-logo e da reflexão séria sobre as mais diferentes questões.”

Para terminar, Manuel de Lemos reafirmou a total disponibilidade das Misericórdias para assegurar que nin-guém passe fome e tenha sede, mes-mo no auge da crise que vamos viver.

Depois da sessão solene, que contou ainda com a presença de Pedro Mota Soares, então ministro indigitado para a pasta da Solida-riedade Social, teve lugar um jantar de convívio, também na Mata da Misericórdia de Arganil. Durante o encerramento, a UMP também con-decorou algumas personalidades (ver caixa na página ao lado).

Os trabalhos do X Congresso Nacional das Misericórdias tiveram lugar em Coimbra e a sessão de en-cerramento, a 18 de Junho, decorreu na Mata da Misericórdia de Arganil. Participaram cerca de 500 pessoas.

CondecoraçõesUMP

Fazer diferente oque faz a diferença

Procurar novas formas deabordagem e fazer diferenteo que faz a diferença foramalgumas das ideias que marcaram o paineldedicado à inovação social

Inovação foi o mote para um dos pai-néis deste congresso. “fazer de forma diferente aquilo que faz a diferença” foi o desafio lançado por Carlos Nu-nes, que representava o POPH.

A inovação social, afirmou, procura responder a novas necessidades e ocor-re quando novos mecanismos e novas normas contribuem para consolidar e melhorar o bem-estar dos indivíduos

em termos de inclusão social, criação de emprego e qualidade de vida.

A ideia é partilhada por Carla Pedro, da Cisco System. Destacan-do o problema do envelhecimento, aquela responsável referiu que é ne-cessário procurar novas formas de abordagem: “Não pensar em saúde, mas em bem-estar, ter participantes em vez de utentes ou consumidores e também usar a tecnologia como mote para inovação social”.

Durante aquele painel - presidido pelo provedor do Seixal, Edison Dias, e moderado pelo provedor do Porto, António Tavares - também interveio o presidente da Portugal Telecom, Zeinal Bava, que assinou um pro-tocolo com a UMP (ver página 8).

Garantir dignidadeaos cidadãos

a eucaristia que inaugurou os trabalhos do X congresso nacional foi celebrada pelo bispo de coimbra, d. albino cleto, na sé nova, no dia 16 de Junho

A eucaristia que inaugurou os tra-balhos deste X Congresso Nacional foi celebrada pelo bispo de Coimbra, na Sé Nova, no dia 16 de Junho. Encerrada a sessão solene de aber-tura, os congressistas seguiram em procissão do auditório da reitoria da Universidade de Coimbra até a igreja, envergando opas e bandeiras.

Durante a homilia, D. Albino Cleto

afirmou que misericórdia é “procurar justiça social” e “garantir a todos o que hoje se consideram como condições mínimas de dignidade”. Para o prela-do, concretizar a mensagem “amai--vos uns aos outros” pede iniciativa, desapego, compreensão, respeito pela vida, paciência e carinho. “O amor cristão é paciente, não é altivo, não procura o próprio interesse e tudo su-porta. Se assim não for, os serviços das Santas Casas serão apenas suplemen-tares, cobrindo aquilo que o Estado e a sociedade civil não conseguem fazer”. O bispo de Coimbra encerrou lem-brando que sustentabilidade, gestão e técnica não impedem de ter alguns cuidados que colocam a pessoa no centro da actividade das Misericórdias.

Apresentado novovolume da Portugaliae

durante os trabalhos, foi apresentado o primeiro tomo IX volume da obra Portugaliae monumenta misericordiarum, que está quase a chegar ao fim

O X Congresso Nacional foi palco da apresentação do primeiro tomo do IX volume da obra Portugaliae Monumen-ta Misericordiarum, que abrange o pe-ríodo da implantação da República até ao ano 2000. Segundo o coordenador da obra, Pedro Paiva, o fim da colecção já está a ser preparado: além de um vo-lume sobre a actualidade, até 2012 será lançado o volume de índice e artigos

que encerra um período de 12 anos de investigação sobre as Misericórdias.

Segundo aquele responsável, a in-vestigação passou muito pelos arqui-vos das Santas Casas, razão pela qual, deixou o apelo: os arquivos precisam de intervenção urgente. Depois de ter visitado mais de 100 Misericórdias, Pedro Paiva destacou que, apesar do panorama diferenciado, de maneira geral os papéis estão em estado de avançada deterioração e, em alguns casos, a recuperação é já impossível.

A investigadora Maria Antónia fi-gueiredo Lopes, que também participa neste projecto, pediu aos provedores que tenham em atenção o trabalho re-alizado de modo a evitar a reprodução de alguns erros (ver caixa na página 6).

durante a sessão de encerramento, em arganil a 18 de Junho, a união das misericórdias condecorou algumas per-sonalidades de relevo para a actividade das santas Casas.

Beneméritos

António fonseca Marcos Provedor da Santa Casade Angra do HeroísmoJosé Dias CoimbraProvedor da Santa Casa de ArganilMário CruzProvedor da Santa Casa do Crato

Mérito de dedicaçãoBento de Sousa MoraisProvedor da Santa Casade Vila VerdeCarlos Soares de MatosProvedor da Santa Casa da AnadiaEmília Ribeiro CarreiroProvedora da Santa Casa AlcafozesEugénio da Silva LoboProvedor da Santa Casa de Vouzelafrancisco da Silva ferreira, pro-vedor da Santa Casa de Praia da VitóriaJorge Monteiro da fonsecaProvedor da Santa Casa da GuardaJosé Alberto OliveiraDirector do CDSS de ÉvoraJosé Duarte LopesProvedor da Santa Casa de AlvorManuel Joaquim figueiraVice-provedor da Santa Casa de BejaMaria dos Anjos PatuscoProvedora da Santa Casa de PernesVítor Manuel CostaEx-provedor da Santa Casa de Vila Flor

Page 6: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

DESTAQUEwww.ump.pt6 vm junho 2011

“O fMI pode contar com as Misericórdias para o desenvolvi-mento do seu planoMaria de Belém roseiraPresidente do congresso e da assembleia-geral da umP

As Misericórdiaspodem contribuirpara a reflexão sobre o modelode protecção socialJosé Dias CoimbraPresidente do secretariadoexecutivo do congressoe provedor da santa casade arganil

Os municípiossubstituem o poder central porqueé a nós que aspessoas procuramFernando ruasPresidente da associaçãonacional dos municípiosPortugueses

As Misericórdiassão colaboradoras, cooperadorase complementares, mas não actuamem nome deninguém, nem por ordem de ninguémVítor MelíciasPresidente honorário da umP

O país não precisade uma rede deserviços do Estado.O país precisade uma redede serviços do paísÂngelo CorreiaPresidente do grupo Fomentinvest

““temos de passar a dar importância à utilização do dinheiro”. o apelo foi feito no âmbito da oração de sapiência pro-ferida pelo reitor da universidade de Coimbra, onde decorreram os traba-lhos do congresso, durante a sessão de abertura. para João Gabriel silva, é fun-damental que os cidadãos se interessem pelo orçamento de estado (oe), cujo objectivo é gerir os recursos que são de todos. destacando um “caminho de dí-vida que dá cabo das gerações futuras”, o reitor foi peremptório: “não sabemos como aqui chegamos e como país, fi-zemos um péssimo serviço”. Como su-gestões, João Gabriel silva apontou a necessidade do oe ser perceptível para os cidadãos e também, com votação no parlamento, a inelegibilidade dos go-vernantes que não o cumpram.

´Fizemos um péssimo serviço’

“a história das instituições está reple-ta de mitos e não será fácil deixar de referenciá-los”. para a investigadora maria antónio figueiredo lopes, que integra a equipa do portugaliae monu-menta misericordiarum, a história das santas Casas não é excepção, mas nes-te momento os “erros históricos estão denunciados e devidamente esclare-cidos”. entre sete mitos que escolheu para apresentar à audiência durante os trabalhos, a investigadora referiu que o responsável pela expansão das misericórdias não foi a rainha d. leonor, mas sim d. manuel i, nunca houve, até ao século XX, tutela eclesiástica sobre as misericórdias, que não tinham erec-ção canónica, nem estavam sob a tutela dos bispos, assim como não há qualquer prova de que frei miguel Contreiras te-nha existido.

‘A história estárepleta de mitos’

a sessão de abertura do congresso con-tou com a participação do presidente da Confederação internacional das miseri-córdias para a américa latina, o brasilei-ro antónio brito, e o presidente da Con-federação das misericórdias brasileiras, José reinado. ambos referiram os pro-blemas de gestão e sustentabilidade que as santas Casas do brasil estão a viver. nesse sentido, destacou antónio brito, foi recentemente aprovada em brasília a isenção de tributos por parte dessas instituições ao governo federal, o que representa uma importante fonte indi-recta de renda. José reinaldo afirmou que a experiência das congéneres por-tuguesas na rede nacional de Cuidados Continuados é decisiva para preparar o brasil, que tem cerca de 10 milhões de idosos, para o envelhecimento.

Preparar o Brasilenvelhecido

Disponibilidade paracooperar com EstadoPara o presidente da umP, é inaceitável que o estado financie por 100 o sector público, se pode alcançaro mesmo resultado por 70 no sector social

“O Estado é o responsável pela defi-nição das políticas e pela criação das condições para que sejam cumpri-das, mas não é forçoso que seja ele o prestador dessas políticas”. Para o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que falava durante a ses-são de abertura do X Congresso Na-cional das Misericórdias, “no tempo de crise que vivemos é absolutamente inaceitável que o Estado financie por 100 o sector público, se pode alcançar o mesmo resultado por 70 no sec-tor social”, especialmente quando já está demonstrado que as entidades de economia social são capazes de fazer tão bem, em termos de eficácia e qualidade, quanto o Estado.

Lembrando a austeridade a que serão sujeitos os portugueses, Manuel de Lemos afirmou que “as circunstân-cias que decorrem do memorando de entendimento, celebrado pela Repú-blica Portuguesa, a UE e o fMI, vão traduzir-se num processo lento, pau-tado pelo agravamento das dificulda-des de vida dos sectores mais desfa-vorecidos da sociedade portuguesa, e até da classe média, que se vêem confrontados, com taxas elevadas de desemprego, oneradas com impos-tos crescentes e com a frustração de

muitas expectativas de vida. Cumprir a nossa missão e, ao mesmo tempo, assegurar a sustentabilidade no qua-dro das responsabilidades assumidas, eis o nó górdio dos nossos desafios no tempo que passa.”

Contudo, continuou o responsá-vel máximo das Misericórdias, “não devemos confundir a nossa respon-sabilidade com a responsabilidade do Estado. Nos Estados modernos cabe à entidade Estado a definição das políticas sociais, da mesma forma que lhe cabe criar as condições para que essas políticas sejam cumpridas”.

Por isso, “o tempo da arrogância e do medo tem que decisivamente passar e ser substituído pelo tempo da competência, da justa avaliação do custo/benefício e do bom senso.” Para todos.

Para o Estado, Manuel de Lemos apelou à “obrigação do pagamento do preço justo e, sobretudo, a disponibili-dade para perceber que, mais do que Estado tutela, tem que se comportar como Estado parceiro”. No que respei-ta às Misericórdias, o presidente des-tacou “a obrigação da disponibilidade em cooperar, do rigor e da qualidade”.

“Não me parece mais possível que um qualquer preconceito ideo-lógico possa custar ao Estado o que custou a pseudo ampliação do pré--escolar ou que um dirigente inter-médio do Estado possa derrogar com impunidade os acordos celebrados entre os responsáveis políticos e as Uniões representativas do sector.”

Neste quadro, continuou, “é ur-gente que, nesta legislatura que agora começa, os partidos se ponham de

amplo acordo para que, em Portugal, haja uma lei que regule a economia social e solidária no quadro da sua es-pecificidade face à economia formal. A questão da propriedade das farmá-cias, a questão da devolução do IVA, dos benefícios fiscais, do sentido do que quer dizer utilidade pública, são exemplos de questões que se colocam agora com ainda mais acuidade”.

Manuel de Lemos falava diante de cerca de 500 pessoas que marca-ram presença neste congresso, que decorreu em Coimbra e Arganil. Sobre o tema do encontro, a intergeraciona-lidade, o presidente da UMP entende que se trata da “partilha de saberes, de vontades e de responsabilidades num quadro de inovação e de rigor entre as

gerações que compõem e dão corpo às comunidades em que nos inserimos” e que ganha especial relevância no Ano Europeu do Voluntariado.

A sessão solene contou com a presidente da Assembleia-geral da UMP, Maria de Belém Roseira, o pre-sidente do Secretariado Regional de Coimbra e provedor em Arganil, José Dias Coimbra, a então ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André, o autarca de Coimbra, João Paulo de Melo, o presidente da ANMP, fernando Ruas, e os brasi-leiros António Brito e José Reinando Júnior (ver caixas).

Bethania Pagin

é urgente que, nestalegislatura, os partidos seponham de amplo acordo para que haja uma lei que regule a economia social

Page 7: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

www.ump.pt

DoIS MInISTroS, uM CongrESSoHelena André, ministra socialista do Trabalho e da Solidariedade Social, esteve na sessão de abertura. No encerramento esteve Pedro Mota Soares, embora tenha frisado que apenas representava o CDS

junho 2011 vm 7

o congresso também foi palco de convívio entre os congressistas. o património imaterial marcou a agenda com o cortejo de bandeiras antes da eucaristia

Apelo à parceriacom sector social

o responsável pela acçãosocial da união das misericórdias apelou àparceria entre estado esector social para fazer faceà crise social no país

O responsável pela acção social do Secretariado Nacional da UMP ape-lou à parceria entre Estado e sector social para fazer face à crise social no país. Carlos Andrade falava durante o painel dedicado às políticas sociais na promoção da igualdade, que con-tou com Lino Maia, presidente da CNIS, e francisco Araújo, provedor em Arcos de Valdevez.

As Misericórdias são entidades capazes, com as quais deverá contar o Estado, mas sem ferir a dignida-de das pessoas. Por isso, defendeu Carlos Andrade, as Santas Casas não podem, nem devem, entregar à Segurança Social a lista daqueles que procuram os refeitórios sociais.

O Rendimento Social de Inserção também mereceu reflexão. Conside-rando ser uma medida a preservar, o responsável referiu que o seu suces-so passará por uma acção mais acti-va de acompanhamento, avaliação e monitorização por parte das Mise-ricórdias que trabalham nesta área.

Carlos Andrade referiu ainda que o combate à pobreza tem de passar pelos mais vulneráveis: os idosos.

Enfoque ao trabalhojunto dos utentes

no painel composto por provedores e provedoras, a intergeracionalidade foi o tema que marcou as apresentações de quatro misericórdias

foi o painel que mais emocionou os congressistas. Composto por prove-dores e provedoras, a intergeracio-nalidade foi o tema que marcou as apresentações das Misericórdias da Amadora (ver página 8), de Portale-gre, Cantanhede e Borba.

Maria da Piedade Murta, de Portalegre, levou os idosos até ao congresso através de fotografias das

actividades que lá se realizam. Rui Bacalhau, vice-provedor em Borba, mostrou de que forma os equipa-mentos de infância e terceira idade da Santa Casa têm sido construídos para aproximar gerações.

De Cantanhede, Rui filipe Rato afirmou que a ponte entre as ge-rações é feita através de projectos como aprendizagem das novas tec-nologias, culinária, levantamento de registos etnográficos etc. Natural de Coimbra e tendo estudado naquela universidade, o dirigente encerrou a sua participação convidando os con-gressistas a se juntarem num grito académico. O painel foi presidido pelo provedor da Póvoa de Lanhoso, Humberto Carneiro.

Proximidade e eficiêncianos cuidados de saúde

saúde foi um dos temasa marcar o debate. Para o professor da universidadede coimbra, manuel antunes, a saúde estámuito doente em Portugal

A saúde foi um dos temas que mar-cou o debate durante este X Con-gresso Nacional das Misericórdias. Para o professor da Universidade de Coimbra, Manuel Antunes, a saúde está muito doente em Portugal.

Para aquele responsável, o mo-delo de organização dos serviços de saúde no país têm de ser revistos, com especial atenção para aspectos como

despesismo e ineficiência. Manuel An-tunes referiu ainda que acredita nos resultados positivos da participação do sector social na saúde em comple-mentaridade ao sector público.

O painel – presidido pelo pro-vedor de Coimbra, Armando Porto – contou ainda com o contributo do provedor de Mora, Manuel Caldas de Almeida. Para este responsável, que também integra o grupo Misericór-dias Saúde e o Secretariado Nacional da UMP, as Santas Casas, com mais--valias de proximidade e eficiência, são capazes de apoiar o Estado na instalação de uma rede de cuidados primários no país. Contudo, “é pre-ciso que haja uma clarificação por parte do governo”.

Page 8: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

DESTAQUEwww.ump.pt8 vm junho 2011

reunido o X congresso nacional das mi-sericórdias Portuguesas, nos dias 16, 17 e 18 de Junho, em coimbra e arganil, decidiu aprovar as seguintes conclusões:

o congresso teve em atenção o mo-mento grave que Portugal vive, tendo reafirmado a sua total disponibilidade e responsabilidade em cooperar com o estado e com todas as instituições da sociedade civil, para ajudar Portugal e os Portugueses;

o congresso reafirmou a necessidade de cada uma das misericórdias de Portugal exigir, de si mesma, o maior rigor e con-tenção na gestão das suas santas casas, com o objectivo de ser cada vez mais efi-ciente e mais eficaz, assegurando assim a sustentabilidade e a perenidade. neste quadro, o congresso revelou a vantagem em compatibilizar os valores sociais que cabe aos eleitos assegurar com o profis-sionalismo dos recursos humanos.

o congresso manifestou a sua preocu-pação face às alterações legislativas re-ferentes ao iva no caso da construção de equipamentos, ou mesmo a eventual aplicação desse impacto às compartici-pações dos utentes e das suas famílias; combater a crise com rigor e determi-nação não isenta o estado Português de fazer opções.

o congresso reafirmou a necessidade urgente do desenvolvimento da econo-mia social, instando também os poderes políticos para a aprovação de legislação que considere a especificidade própria do sector social;

o congresso reflectiu, mais uma vez, so-bre a necessidade da revisão do decreto--lei n.º 119/83, para tornar o estatuto das iPss mais adequado à realidade do primeiro quartel do século XXi e, no caso concreto das misericórdias, deixar consa-grado a sua especificidade, autonomia e natureza próprias;

o congresso avaliou ainda a necessidade de se prosseguir com todos os trabalhos que conduzam à identificação, segurança e preservação do Património cultural das misericórdias, tornando-o agente da pro-moção da cultura, do lazer e do turismo;

no sector da saúde, o congresso con-gratulou-se com os resultados obtidos,

quer em termos de hospitais de agu-dos, quer em termos da rede nacional de cuidados continuados integrados e deliberou tornar pública a disponibilidade das misericórdias para continuar a ajudar todos os Portugueses que sofrem, em complementaridade com o estado, com superior qualidade, mas a custos bem inferiores aos praticados quer no sector Público, quer nas Parcerias Público--Privadas.

no que respeita às reformas sociais em sentido estrito, o congresso manifestou a disponibilidade das misericórdias para acorrer às situações mais graves, nome-adamente reforçando as suas cantinas sociais

o congresso considerou a necessidade da articulação urgente de todo o pro-cesso do envelhecimento, dirigindo a sua atenção para os mais velhos e mais dependentes.

considerando que 2011 é o ano euro-peu do voluntariado, o congresso apelou para a necessidade de se promover o vo-luntariado que, em nome dos princípios activos de solidariedade, ajude os idosos, a manterem a sua cidadania e dignidade.

o congresso congratulou-se com o tema escolhido, a intergeracionalidade vista como a necessidade de promover uma relação partilhada e vivida entre ge-rações que seja o garante da autonomia e da cidadania e se identifique com os valores e missão das misericórdias.

o congresso analisou as relações entre o estado central e o estado local com as misericórdias, tendo concluído pela necessidade do diálogo e da articula-ção, única forma de promover um pla-neamento adequado que aproveite ao máximo as competências de cada uma das partes.

o congresso entendeu endereçar ao Povo Português uma mensagem de es-perança e de optimismo. as misericórdias são instituições que celebram a vida e que sobrevivem há 512 anos porque são modernas, inovadoras, competentes, rigo-rosas, flexíveis e realistas. hoje, como há cinco séculos, as misericórdias de Portu-gal são parte incontornável da solução dos nossos problemas porque são úteis e vão de encontro às necessidades das pessoas.

“Sejamos rigorosos para que sejamoscredíveisnoémia PachecoProvedora da misericórdia de Guimarães

A aproximaçãoentre Misericórdias e autarquias permitirá que seja desenvolvido um trabalho desensibilização da Administração Central para as necessidades de cada regiãoJoaquim Morão DiasProvedor da santa casade idanha-a-nova

Estou aqui para fazer as pazes comas MisericórdiasPe. Lino MaiaPresidente da confederaçãonacional das instituiçõesde solidariedade

Sector social nãotem uma imagempública que façahonra à sua actuaçãoJosé gonçalves DiasProvedor da misericórdia de Ponta delgada

A ligaçãoem rede aumentaa competitividadeda economiaZeinal BavaPresidente executivo da Portugal telecom

“Economia social também foi

tema de um dos painéis deste con-gresso. Presidido pela provedora de Cascais, Isabel Miguéns, o debate contou ainda com o presidente da CASES, Eduardo graça, Alberto Ra-malheira, presidente das Mutualida-des, e José gonçalves Dias, provedor da Misericórdia de Ponta Delgada. O conhecimento aprofundado da actividade do terceiro sector foi um dos aspectos destacados como fundamentais para consolidação do trabalho social em Portugal.

economia ConheCer em plenoo universo soCial

Coimbra foi a primeira Misericór-dia a integrar o projecto Viver Patrimó-nio, da UMP, em parceria com o extinto Ministério da Cultura. Os voluntários seniores foram apresentados numa ce-rimónia que teve lugar no museu da Misericórdia, a 16 de Junho, depois da eucaristia que inaugurou os trabalhos. Os congressistas que marcaram presen-ça naquele acto puderam conhecer de perto a qualidade do museu da Santa Casa de Coimbra, cujo provedor actual é Armando Porto.

museu Coimbra é pioneirano viver património

Depois de concluída a sessão so-lene de encerramento do X Congresso Nacional, teve lugar, também na Mata da Misericórdia de Arganil, um jantar de convívio. As colaboradoras da San-ta Casa anfitriã foram incansáveis ao servir as centenas de comensais. Não faltaram petiscos habituais deste tipo de festa e nem a tradicional chanfana da região, mas também houve anima-ção. Marchas populares e um concerto animaram os últimos momentos deste encontro nacional.

União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e fundação Portugal Telecom (PT) assinaram um protocolo de cooperação durante os trabalhos do congresso nacional. O documento foi assinado pelo presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, e pelo presidente executivo da PT, Zeinal Bava. O objectivo desta nova parceria é iniciar e promover os usos sociais dos meios e tecnologias de comunicação e informação, aplicando-os aos utentesapoiados pe-las Santas Casas. O tema será tema da próxima edição do Voz das Misericórdias.

Festa Jantar de Convívio na mata de arGanil

Protocolo teCnoloGia para apoiar pessoas

A provedora da Santa Casa da Amadora emocionou os congressistas durante o painel dedicado à intergera-cionalidade. Cristina farinha ferreira deixou de lados conceitos e emprei-tadas para dar voz aos utentes e às suas histórias. No fim, a provedora de uma das mais recentes Misericórdias do país recordou a importância dos colaboradores para a excelência dos serviços. Para reforçar esses elos, foi composto e gravado por colaboradores o hino da instituição (ver página 12).

amadora emoção no fim dos trabalhos

Breves Conclusões

500pessoas marCaram presença no ConGresso

O X Congresso Nacional das Misericórdias, cujo tema foi “Intergeracionalidade: passado, presente e futuro”, reuniu mais de 500 pessoas em Coimbra e Arganil, entre os dias 16 e 18 de Junho.

Texto integral disponível em www.ump.pt

Page 9: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

junho 2011 vm 9www.ump.pt

EM ACçãO

Sagrado e profanoem Arcos de Valdevez

as manifestações religiosas marcaram as II Jornadas de Estudos da Misericórdia de Arcos de Valdevez, que reuniram diversos especialistas e pessoas interessadas no tema. Foi a 4 de Junho

“Dar a conhecer o trabalho das Mi-sericórdias que, por vezes, não é co-nhecido”. foi com este objectivo que francisco Ribeiro da Silva abriu as II Jornadas de Estudos da Misericórdia de Arcos de Valdevez – do Sagrado ao Profano, que decorreram na Casa das Artes no dia 4 de Junho. Estudio-sos e elementos de Santas Casas de todo o país marcaram presença para dar a conhecer o trabalho realizado por aquelas entidades ao serviço das populações locais e da preservação de usos, costumes e tradições.

Como moderador do primeiro painel de comunicações e debates, francisco Ribeiro da Silva lembrou que as Misericórdias são instituições muito antigas – a primeira surgiu em 1498 - pelo que a população deve-

rá “ter consciência da importância enorme que elas desempenharam, desempenham e vão desempenhar”. “A matriz que está na origem do tra-balho das Misericórdias é eterna: as carências sociais”.

Trabalho que foi recordado em Arcos de Valdevez, através das di-versas intervenções, como a de Joel Cleto que apresentou as festas do senhor de Matosinhos. O historiador deu a conhecer o trabalho realizado pela Misericórdia daquela localida-de na organização e manutenção de uma festa que actualmente re-cebe mais de 1 milhão de pessoas e cujas primeiras referências datam de 1666. Durante o século XX houve um processo de “municipalização” das festas, mas a Misericórdia mantém--se ligada à organização da romaria.

Estas jornadas organizadas pela

Santa Casa da Misericórdia de Ar-cos de Valdevez também serviram para perceber o trabalho daquela entidade ao longo dos tempos. Essa tarefa esteve a cabo de Odete Ra-mos que apresentou um trabalho sobre o Calvário e a Semana Santa na Misericórdia de Arcos de Valdevez. Analisando o período entre 1774 e 1784, a estudiosa procurou mostrar a organização e despesa com aquelas festividades e expor como o eféme-ro deu lugar ao perpétuo aquando da decisão de construir um calvário definitivo na igreja matriz da vila. “As celebrações da Semana Santa eram as mais importantes em Arcos de Valdevez e as que mais despesas faziam”.

“As quarenta horas do Entrudo na Misericórdia de Penafiel entre os séculos XVII e XIX” foram analisadas por Paula fernandes, que fez saber que a participação da instituição nas

festividades estava imbuída de uma manifestação de “força, pujança, or-ganização e poder”.

As últimas apresentações debru-çaram-se sobre o trabalho das Mise-ricórdias de Viana do Castelo e de Ponte de Lima. “A festa dos Santos na Misericórdia de Ponte de Lima (séculos XVII e XVIII), por Maria Lobo de Araújo e “Os tempos de fes-ta na Misericórdia de Viana da foz do Lima: celebrar a fé e engrandecer a irmandade (séculos XVI-XVIII)”, um estudo apresentado por António Magalhães, que resumiu, tudo o que estas jornadas procuraram demons-trar: “Os tempos de festa assumiam na Idade Moderna uma importância fundamental na actividade das Mise-ricórdias, não se esgotavam no seu objectivo primário, constituindo-se igualmente como manifestações evi-dentes da importância que se atri-buía a todos os actos que pudessem contribuir para elevar o capital de notoriedade local da confraria e, con-sequentemente, dos seus membros. Internamente, contribuíam para po-tenciar a coesão do grupo”.

Susana ramos Martins

As celebrações religiosas con-tribuíam para potenciar a coe-são do grupo, visando irma-nar todos os membros num mesmo objectivo comum

Promover e preservara religiosidade local

Com mais de 400 anos de trabalho de apoio aos mais desfavorecidos e com “um rico acervo documental”, a miseri-córdia de arcos de valdevez considera “importante” recuperar a componente cultural das suas gentes. palavras do provedor, francisco araújo, na ceri-mónia de abertura das ii Jornadas de estudos. “a santa Casa teve um papel primordial na história deste concelho, marcou as vivências da comunidade onde está inserida e, por isso, é com interesse que vemos estas jornadas”. o provedor dirigiu uma palavra especial a lúcia afonso, responsável pela organi-zação do evento, que, segundo francis-co araújo, “tem conseguido que se viva a história e a memória no presente”.

rostos sérios, a preto e branco. são 43 fotografias que, expostas na Casa das artes, em arcos de valdevez sob o tema “a festa: manifestações do sa-grado e do profano”, revelam alguns dos mais importantes momentos de devoção religiosa levados a cabo pela santa Casa local: a reabertura da igreja de santa Clara, a reedição da festa da senhora da porta em 2010 e a procis-são da quinta-feira santa. as fotografias são de eduardo pimenta, um fotógrafo local, de 52 anos, 38 deles dedicados à captura eterna de imagens. para fran-cisco araújo, eduardo pimenta conse-gue “captar vivências”, algumas delas recuperadas pela instituição.

‘Viver a memória no presente’

Imagens eternizam religiosidade

Page 10: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

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EM ACçãO

RECEITAS NAS MISERICÓRDIAS

Arroz doce da Golegã

IngReDIentes (6 Pess0As)

InfoRmAção nutRIcIonAl:

PReço:

DIfIcuDADe:

moDo De PRePARAção:

250 gr. arroz carolino2 l. leite gordo1 pau de canela500 gr. açúcar branco1 casca de limão0,5 l. água sal q.b.

97 Kcal4 g Proteínas11 g hidratos de carbono0,2 g Gordura

€ € € € €

,,,,,

o arroz doce da santa casa da mise-ricórdia da Golegã, já foi por diversas vezes premiado, tendo inclusive obtido o primeiro lugar em eventos destinados a promover a doçaria tradicional, como: o Festival do arroz doce e a mostra de Gastronomia ribatejana.leva-se ao lume a água com o sal e a casca do limão, quando estiver a ferver junta-se o arroz já lavado e deixa-se ir cozendo até desaparecer a água.

depois junta-se o pau de canela e vai juntado o leite quente aos poucos até o arroz estar cozido e só no fim se jun-ta o açúcar e deixa-se apurar até estar cremoso.

no fim decora-se com canela em pó.

10 vm junho 2011

Preservar identidadeem Ponte da BarcaProjecto da santa casada misericórdia de Ponteda barca visa perpetuara identidade local e deixar esse legado às gerações vindouras

A Santa Casa da Misericórdia de Pon-te da Barca está apostada em fazer um intercâmbio de saberes entre gerações. Enraiz ´arte é um projec-to que visa perpetuar os traços da identidade barquense e deixar esse legado às gerações vindouras. A ini-ciativa foi apresentada a 7 de Junho.

Segundo comunicado da insti-tuição, “sendo um dos grandes ob-jectivos da Misericórdia fazer uma aproximação e um intercâmbio de saberes entre respostas sociais e co-munidade em geral, considerou-se de total pertinência criar um pro-jecto que estimule o contacto entre gerações, revitalizando as tradições locais e perpetuando a identidade comunitária barquense”.

Além de estimular o contacto entre gerações e revitalizar as tradi-

ções locais, este projecto visa ainda criar memória para os vindouros, perpetuar a identidade comunitária barquense, preservar e valorizar o património material e imaterial do concelho de Ponte da Barca, contri-buir para uma maior coesão dentro da Santa Casa, reforçar o potencial da organização e, por fim, fomentar parcerias.

Com duração de dois anos, esta iniciativa da Misericórdia prevê di-versas actividades, entre elas, pa-lestras temáticas. A primeira teve lugar a 18 de Junho. “Ponte da Bar-ca: Traços de Identidade” decorreu na igreja da instituição e contou com a participação de Arnaldo Sousa, fátima Lobo e Luís Arezes, cuja obra “Lendas e Narrativas com História” inspirou este projecto.

Parafraseando o autor: “Aqui, há um povo que resiste aos séculos. Há um tempo cheio de História. Há es-paços e espaços repletos de lendas e de tradições. E é importante que este legado esteja à mão dos mais novos e por eles seja conhecido e estimado, porque um povo que ignora as suas raízes é um povo sem memória, sem identidade, que não merece o tempo

presente, nem a dádiva do amanhã”.Para o provedor, António Bouças,

este projecto visa “essencialmente preservar uma identidade e promo-ver a comunicação intergeracional, consubstanciado no vasto conjun-to de parceiros envolvidos e numa geração de jovens colaboradores a quem endereço igualmente os meus sinceros agradecimentos”.

Além de palestras, o Enraiz ́ arte vai promover passeios pedestres, ofi-cinas de teatro, feiras, exposições, procissões, assim como, vai ainda produzir material didáctico desti-nados a crianças do pré-escolar ao segundo ciclo. Está ainda previsto um ciclo de conferências sobre per-sonalidades ilustres da localidade.

Para a Misericórdia, o projecto “Enraiz´arte é um desafio em que assumimos o risco de tocar numa área muito sensível, como é a his-tória local, pela escassez de estudos sobre a história barquense, nas suas diferentes vertentes, mas sobretudo porque a ambição de criar memória para a posteridade é uma tarefa de-masiado séria e exigente”, conclui o comunicado da Santa Casa de Ponte da Barca.

Bethania Pagin

Page 11: Voz das Misericórdias, Junho de 2011
Page 12: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

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EM ACçãO

12 vm junho 2011

Amadora na maioraula de judo do mundo

misericórdia da amadoramarcou presença na maioraula de judo do mundo,que assinalou, a 1 deJunho, a iniciativa DiaMandela em Portugal

O Terreiro do Paço, em Lisboa, en-cheu-se de cor e movimento no Dia Mundial da Criança, 1 de Junho. Mais de quatro mil crianças vestidas de quimonos com as cores do arco-

-íris a participaram na “Maior Aula de Judo do Mundo”, promovida pelo ex-judoca Nuno Delgado. A Santa Casa da Misericórdia da Amadora esteve lá com os seus utentes. Além dos pequeninos, a instituição tam-bém convidou idosos a subir no tata-mi e participar na festa que marcou a iniciativa Mandela Day em Portugal.

Naquele dia, a cidade acordou di-ferente. Na azáfama das manhãs de trabalho, os transeuntes não ficaram indiferentes à estátua do Marquês de Pombal, que foi especialmente vestida com um quimono, cujo cinto

trazia as sete cores do arco-íris, que representam o movimento “Achieve, Collect and give Back”.

O objectivo deste projecto, expli-cou Nuno Delgado, é sensibilizar as crianças no âmbito do programa for-mar Campeões para Vida, fazendo com que “cada um de nós dedique uma vez por semana parte do seu tem-po para ajudar alguém sem intenção de compensação, a não ser alegria de ser útil para a sua comunidade”.

Ainda em entrevista ao VM (tex-to ao lado), o campeão olímpico afirmou que “essa forma de estar é fundamental para formação dos nossos futuros campeões para vida. É um movimento social inspirado em valores como superação, auto--conhecimento e solidariedade”.

Por isso tudo, a Misericórdia da Amadora aceitou participar na maior aula de judo e, logo pela manhã, cerca de 300 utentes seguiram rumo ao Terreiro do Paço. Segundo o di-rector geral da instituição, Manuel girão, a comitiva da Santa Casa era muito heterogénea no que se refere às idades. Os mais jovens somavam apenas três anos, mas havia quem já tivesse ultrapassado a marca dos 90. Todos vestiram o quimono naquele dia. No meio de quatro mil pessoas, eram os chapéus alaranjados que distinguiam a equipa da Amadora.

Para encerrar a aula, Nuno Del-gado contou com a colaboração do esquadrão falcões negros, da força Aérea, que desceu de pára-quedas no chão do Terreiro do Paço, com cada um dos militares a trazer uma bandeira de cor diferente e, o último, a bandeira de Portugal. Segundo a or-ganização do evento, as cores visam lembrar os feitos de Nelson Mandela e as adversidades que teve que su-perar na África do Sul, pela união de um povo separado pelo “apartheid”.

“Peço a todos que façam de cada dia um Dia Mandela, dêem um bo-cadinho à pessoa mais próxima. Às vezes preocupamo-nos com coisas mais longínquas, o Haiti, o Japão, e podemos ajudar os que estão mais próximos”, frisou o judoca. Nuno Delgado disse ainda que, neste mo-mento de crise, os “portugueses devem procurar o que querem” e “não podem ficar à espera que lhes resolvam os problemas diários”.

A aula pretendia também bater o recorde do guiness da Maior Aula de Judo do Mundo, que contava com pouco mais de mil intervenientes, o que, segundo Nuno Delgado, terá sido largamente superado, não só no judo, mas nas artes marciais.

Ver entrevista ao lado

Bethania Pagin

Maior aula de judo reuniu quatro mil pessoas

a misericórdia da amadora desafiou os seus colaboradores a participar num projecto muito especial: compor e gravar o hino da instituição. segundo a provedora, Cristina ferreira, que falava no âmbito do X Congresso nacional (ver páginas 4 a 7), os colaboradores foram convidados para um sábado diferente, mas só souberam ao que iam quando lá chegaram. Cerca de 75% aceitaram o desafio. “bem servir” é o título deste trabalho.

‘Vamos bem servir’

nuno Delgado

4P?Como encara o facto de ser o representante do Dia Mandela em Portugal?Nelson Mandela é o maior campeão para vida do último século. É uma grande honra poder de alguma for-ma dignificar o seu legado em Por-tugal e na comunidade judoca. O desafio lançado é que cada um de nós dedique uma vez por semana parte do seu tempo para ajudar al-guém sem intenção de compensa-ção a não ser alegria de ser útil para a sua comunidade. Essa forma de estar é fundamental para formação dos nossos futuros campeões para vida.

A maior aula de judo visava promover o movimento Achie-ve, Collect and give Back. Exactamente, em que consiste este projecto?Trata-se de um movimento cívico que começa em cada um de nós, na perspectiva de consciencializar e alertar para o nosso papel e respon-sabilidade na formação/educação cívica e desportiva das crianças e jovens. Tem como objectivo a an-gariação de fundos para a formação desportiva e cívica a jovens em situ-ação de risco.

Como avalia a participação da Misericórdia da Amadora nesta iniciativa? Além de crianças, aquela instituição também le-vou idosos a aula de judo. Con-sidera importante este convívio entre gerações?A Misericórdia da Amadora foi um parceiro fantástico. foi uma das instituições que trouxe mais par-ticipantes, bem como conseguiu mobilizar desde dos mais pequenos com apenas 3 anos até ao grupo en-tusiasta de idosos. ficamos muito agradecidos por toda a disponibili-dade de meios proporcionada pela sua direcção liderada, que desde do inicio acreditou neste projecto e nos seus princípios.

Há outras acções previstas no âmbito do movimento Achieve, Collect and give Back?O movimento não começou com a Maior Aula de Judo do Mundo, nem irá terminar após a sua realização. Desde Junho de 2010 que temos fei-to diversas actividades como visitas às escolas e eventos regionais, entre outros.

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HorTAS SoCIAIS no FunDãoA Misericórdia do fundão entregou as primeiras seis parcelasde terreno às famílias que mostraram interesse em voltara trabalhar a terra. A entrega teve lugar a 4 de Junho.

EM ACçãO

junho 2011 vm 13

Mãos voluntariosas em Santo EstêvãoForam 32 os voluntários que colocaram mãos a obra para limpar um jardim abandonado no Centro para Deficientes Profundos de santo estêvão

Há onze meses como directora do Centro de Deficientes Profundos de Santo Estêvão, em Viseu, Manuela Martins decidiu abrir as portas da-quele equipamento da União das Misericórdias Portuguesas, em prol do bem-estar dos utentes.

Tendo reparado num espaço ex-terior, um jardim abandonado, ane-xo ao Centro, entendeu que aquele poderia ser um espaço adequado para usufruto dos 65 residentes da-quela resposta social.

Porém, para se chegar a esse de-siderato, um grande obstáculo teria de ser ultrapassado: a recuperação

e requalificação do espaço, que há anos estava entregue à natureza e obviamente degradado, coberto de

silvado e sujo. Através de Alexan-dra Sá, técnica de Educação Especial e Reabilitação do centro da União das Misericórdias Portuguesas, foi contac-tada uma associação de voluntários da localidade que já está habituada a executar este tipo de trabalhos.

Depois da visita ao terreno que se pretendia recuperar, com cerca de 2400 metros quadrados, os voluntários marcaram para o dia 18 de Junho os trabalhos de limpeza, definindo igual-mente o número de pessoas e o ma-terial necessário para a sua execução.

Coordenados por Reinaldo Pai-va, “As Mãos que Ajudam”, com 32 voluntários, iniciaram os trabalhos de remoção de silvado bem cedo, com o apoio da Junta de freguesia de Abraveses, que disponibilizou uma carrinha, dois funcionários e material para a limpeza do espaço. A azáfama era grande no terreno, com os voluntários bem cientes da sua missão, podando as árvores, cor-tando as ervas daninhas, removendo as silvas, o mato e o entulho, uma empreitada que durou o dia todo, mas que, no final, deixou uma agra-dável sensação de dever cumprido.

Reinaldo Paiva, habituado a percorrer o país em iniciativas de voluntariado como esta, mostrava--se bastante satisfeito com o desen-rolar dos trabalhos, em que todos se empenhavam com entusiasmo, enaltecendo o espírito de entreajuda e a solidariedade. “A nossa missão é ajudar. Nascemos com a obrigação de ser felizes e de ajudar os outros a

serem felizes”, salientou, mostran-do-se disponível para, no futuro, re-cuperar igualmente um dos edifícios circundantes àquele espaço.

Em pouco tempo, começaram a vislumbrar-se os contornos e a des-cobrir os cantos do jardim, perante a estupefacção de Manuela Martins, que nem queria acreditar que fosse possível, em tão pouco, aquele espaço apresentar um aspecto completamen-te diferente. “Realmente, esta foi uma ajuda fantástica para o nosso centro.

Voluntárioslimparam jardim

em Viseu

Sem eles não poderíamos realizar este nosso desejo. Recebemos grupos de voluntários, mas somente duas vezes por ano e para se integrarem nas nos-sas actividades. Esta ajuda foi muito importante”, referiu a directora, que prevê ocupar aquele espaço com ac-tividades lúdicas ao ar livre, com pas-sadiços para cadeiras de rodas à volta do jardim, de forma a ser acessível a todos os utentes, estando igualmente prevista a criação de uma horta.

“Depois desses trabalhos, virá

uma equipa da Junta de freguesia de Abraveses aplanar e arrelvar o terreno, colocando posteriormente os passadi-ços para as cadeiras de rodas. Estamos confiantes que os nossos utentes ainda vão usufruir deste jardim durante o Ve-rão, aproveitando o bom tempo, o sol e o calor para realizarem diversas ac-tividades lúdicas e de lazer”, augurou a directora do centro. “Esta também é uma forma de darmos a conhecer o nosso centro, abrindo as portas à comunidade”, concluiu.

José Alberto Lopes

Loja socialinauguradaem Vila Viçosasanta casa da misericórdia de vila viçosa criou um novo espaço de intervenção e apoio social à comunidade. inauguração vai ter lugara 4 de Julho

financiado pelos Contratos Locais de Desenvolvimento Social, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Viçosa criou, naquela localidade, um novo espaço de intervenção e apoio social que irá inaugurar no próximo dia 4 de Julho.

Este novo espaço designado por “gerioteca” reúne, num único local, um centro de empréstimo de materiais lúdicos e de psicomotricidade, uma loja social, um centro bibliográfico geriátrico e um centro de organização de actividades para a terceira idade.

Segundo comunicado enviado à redacção pela direcção da Mise-ricórdia de Vila Viçosa, a loja so-cial tem como objectivo suprir as necessidades imediatas de famílias carenciadas através da recolha de objectos usados ou novos, doados por particulares ou empresas. “Rou-pas, calçados, utensílios domésticos, roupas de cama, brinquedos, móveis e tudo aquilo que já não faz muita falta a alguns, mas que pode fazer a diferença para tantas famílias.”

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TERCEIRA IDADEwww.ump.pt junho 2011 vm 15

missa solene com adoração do San-tíssimo. Durante a tarde, os utentes rezam o terço com cânticos e Con-sagração a Nossa Senhora.Ainda em Julho, o feriado munici-

Verão é tempo de convívio nas

Misericórdias

Animação sénior nos meses de Verão

o verão já arrancou. entre passeios e celebração de datas festivas, são muitas as actividades programadas

Oficialmente, o Verão arrancou às 17 horas e 16 minutos de 21 de Junho de 2011. Entre visitas à praia, passeios e celebração das datas festivas que acontecem entre os meses de Julho e Agosto, são múltiplas as actividades que as Santas Casas têm programado para os seniores que acolhem nas suas instituições. O VM levanta o véu sobre o que é esperado para os próximos meses em Amarante, Loulé (ver caixa) e Castelo Branco (ver texto ao lado).A Santa Casa da Misericórdia de

Vera Campos

Amarante apresenta um plano anu-al com actividades diversificadas para os vários meses e épocas do ano. Especificamente para os meses de Verão, definidos entre os meses de Junho e Setembro, há várias ac-tividades recreativas e de lazer. A primeira acontece a propósito das festas da cidade, conhecidas como festas do Junho. Realizam-se no pri-meiro fim-de-semana deste mês, e a data é aproveitada pelos seniores da Misericórdia de Amarante para uma visita pela cidade, com passagem pelo Mosteiro de S. gonçalo, onde assistem à procissão. Os Santos Po-pulares também merecem especial atenção, com a característica sardi-nhada e muita animação.A Misericórdia de Amarante cola-bora com um grupo de voluntários muito activo. Com eles, articula al-gumas actividades, nomeadamente a participação na Peregrinação dos frágeis, realizada a nível nacional, com concentração em diferentes lo-cais (este ano em fátima).Em Julho, mês da padroeira da Mise-ricórdia, festeja-se a data no primeiro domingo com a realização de uma

pal, no dia 8, é recebido com um almoço oferecido pela autarquia a todos os seniores do concelho. fãs e entusiastas de música, a Santa Casa de Amarante tem no programa um festival de karaoke. Em 2011 uma novidade. A realização do primeiro concurso de vestidos de chita. Relembrando os concur-sos que eram realizados na cidade de Amarante, em tempos passados, a Santa Casa promove a primeira edição no mês de Julho. Também novidade, mas em Agosto, é a feira “A Profissão dos Avós”. Uma feira onde serão apresentadas as profis-sões mais características dos senio-res da instituição.Já em Setembro celebra-se o Dia do Desporto. Pelo terceiro ano e durante todo o dia os seniores participam em vários jogos tradicionais. A fechar o mês, e numa actividade aberta a outras Santa Casas do distrito do Porto, realiza-se o Concurso “Mãos com Vida III”. O convite passa pela participação das restantes congéne-res, com trabalhos realizados pelos seus seniores, referente a um tema específico lançado pela Misericórdia.

Actividadefísica emCastelo Brancocom cerca de 400 idosos, distribuídos pelos diversos pólos, a santa casade castelo branco prima pela actividade físicadurante o verão

Com cerca de 400 idosos, distribu-ídos pelos diversos pólos, a Santa Casa de Castelo Branco prima pela actividade física. Semanalmente, a agenda tem marcada uma visita à piscina municipal. A completar o exercício físico juntam-se as ca-minhadas, também semanais, e os ateliês de trabalhos manuais diri-gidos aos utentes com mobilidade reduzida.

O calendário assinala, em Julho, duas datas que a instituição não dei-xa passar em branco. A 20 de Julho comemora-se o Dia internacional da Amizade, com a elaboração de uma lembrança pelos utentes. Esse “mimo” é entregue ao amigo que o utente convidou para visitar, nes-se dia, a Santa Casa. Partilham-se recordações e reforçam-se laços de amizade, acompanhados pelo chá que aromatiza a mesa do lanche.

Alguns dias depois, mais preci-samente a 26 de Julho, nova data a sinalizar com um dia especial. Trata--se do Dia dos Avós que em Castelo Branco será assinalado com a actua-ção do jovem Pedro goulão, neto de um utente. A ele, juntam-se outros netos que aproveitam o dia para uma visita de convívio. No dia 21 de Julho para um passeio por Tomar, com visi-ta ao Convento de Cristo e Barragem de Castelo de Bode.

O mês de Agosto volta a desti-nar actividades para dias específi-cos. A 19 de Agosto, dia Mundial da fotografia, nada melhor do que apresentar as imagens captadas pela objectiva dos utentes ao longo de todo o ano, nas múltiplas actividades desenvolvidas. E a 22, Dia do Mar, decora-se a sala de convívios com motivos marítimos e visualiza-se um documentário sobre os oceanos e vida marítima. As refeições, neste dia, não fogem ao tema e, por isso, serão menus alusivos à praia.

A Santa Casa de Castelo Bran-co estende o programa de verão até Setembro. Logo no início do mês, a 8 de Setembro, comemora-se o Dia da Alfabetização com a exposição da “Escolinha da Maria Inês”. Uma mostra dos trabalhos desenvolvidos pela voluntária, docente especializa-da em educação de adultos, que dá aulas na instituição”.

Vera Campos

mais ao sul, na santa Casa de loulé, Junho foi mês para os santos popula-res. santo antónio foi “homenageado” no Centro Cultural de estói. os balões e martelos de s. João marcaram pre-sença na associação social e Cultural de tôr. para o s. pedro reservou-se um encontro com convidados de outras instituições, numa festa que aconteceu no salão de festas da misericórdia. de encontros e reencontros também se faz o mês de Julho. o parque de meren-das, em alte, recebe um encontro entre instituições do algarve, organizado pela instituição. o dia dos avós pontua-se com baile, que acontece na sede da instituição.

Loulé promoveencontro sénior

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SAúDEwww.ump.pt junho 2011 vm 17

Segundo o clínico, a uma maior exposição solar na infância corres-ponde um maior risco de melanoma na idade adulta. Daí a importância do factor prevenção nesta faixa etária.

A forma mais eficaz para preve-nir o cancro cutâneo passa por “evi-tar a exposição solar entre as 11 e as 16 horas”. Nas horas de maior calor, há então que procurar as sombras e os locais frescos. Usar um protector solar adequado ao tipo de pele, vestir roupa clara e usar chapéu são outros dos concelhos práticos.

Note-se, no entanto, que a expo-sição ao sol no campo ou na praia é um aspecto fundamental do lazer e, quando adequada, é fonte de saúde: é a partir da exposição solar que o nosso organismo produz a vitamina D, essencial ao crescimento ósseo, relembra Manuel Caldas de Almeida.

O especialista alerta, por outro lado, para o facto de, nos últimos dois anos, ter havido, a nível mun-

Exposição solar é saudável, mas com conta e medida

os cidadãos estão mais atentos aos riscos da exposição solar, mas há ainda um longo trabalho a desenvolver neste campo. em 2011, estimam-se 10 mil novos casos de cancro de pele em Portugal

Estima-se que em Portugal, em 2011, irão surgir mais de 10 mil novos ca-sos de cancros da pele. A maioria serão carcinomas (cancros cutâne-os), mas os dados apontam para o surgimento de cerca de mil novos casos de melanoma, o tipo de lesão cutânea mais grave.

Um pouco por todo o país, e em particular nesta altura do ano, diver-sas unidades de saúde estão a levar a efeito campanhas de prevenção e rastreios à população, inseridos no programa europeu do Euromelano-ma 2011.

Se bem que, embora os cidadãos estejam hoje mais atentos aos facto-res de risco associados à exposição solar, há ainda um longo trabalho a desenvolver neste campo. A opinião é do médico Manuel Caldas de Al-meida, que é também provedor da Misericórdia de Mora.

Filipe Mendes dial, um aumento do número de novos casos de cancro cutâneo, re-lacionado, sobretudo, com a maior exposição às radiações solares ultra-violetas, em consequência da dimi-nuição da camada de ozono e alte-ração das condições atmosféricas.

Dados fornecidos ao VM pelo serviço de dermatologia do Hospital Distrital de Santarém reflectem pre-cisamente esse aumento.

De uma média de 30 novos mela-nomas diagnosticados anualmente, aquela unidade de saúde passou, em 2010, para cerca de 50 casos e, neste ano, os números esperados serão superiores.

O melanoma deve-se essencial-mente a exposições solares esporádi-cas, afastadas no tempo, mas muito intensas (nas alturas de praia, por exemplo). O seu diagnóstico e tra-tamento precoce são fundamentais para diminuir a morbilidade e mor-talidade por cancro da pele.

O número de cancros cutâneos não melanomas é muito maior (na ordem das centenas de novos casos por ano), mas não têm aumentado tanto, segundo vários registos.

Este tipo de cancro de pele deve--se, sobretudo, a exposições contínu-as ao sol, e, em regra, mais de 90 por cento dos casos são curáveis.

Mas sol não provoca apenas da-nos cutâneos: a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) está a alertar para os efeitos nocivos que a expo-sição prolongada e desprotegida à luz solar provoca na visão, e adverte que “é pior usar óculos sem filtro de protecção do que não usar nenhuns”.

“A acção continuada do sol sobre o olho, ao longo dos anos, está na origem da Degenerescência Macular da Idade” que é, segundo a Organi-zação Mundial de Saúde, a principal causa de cegueira a partir dos 50 anos de idade, nos países desenvol-vidos, refere aquele organismo.

Pessoas estão mais atentas aos riscos da

exposição solar

evitar horas de maior calora forma mais eficaz para prevenir o can-cro cutâneo passa, assim, por “evitar a ex-posição solar entre as 11 e as 16 horas”

sol também faz bem É a partir da exposição solar que o nosso organismo produz a vitamina d, essencial ao crescimento ósseo.

usar óculos escurosa sociedade Portuguesa de oftalmologia alerta para os efeitos nocivos que a ex-posição desprotegida à luz solar provoca na visão.

melanoma no olhoa exposição prolongada e desprotegida à luz solar pode também originar mela-noma nas pálpebras e no interior do olho. ou de palavras aleatórias que nem seque

Efeitos da luzsolar na saúde

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EDUCAçãOwww.ump.pt junho 2011 vm 19

Duas em cada cincocrianças são pobresinvestigadores da universidade técnica de lisboa conclui que cerca de 40% das crianças portuguesas vivem em “situação de pobreza”

Um estudo encomendado pelo Minis-tério do Trabalho e da Solidariedade Social mostra que as crianças até aos 17 anos são o grupo mais vulnerável à pobreza, tendo ultrapassado o dos idosos. A equipa de investigadores do Instituto Superior de Economia e gestão, da Universidade Técnica de Lisboa, conclui que cerca de 40 por cento das crianças portuguesas vivem em “situação de pobreza”.

A equipa, que avaliou dados de 2004 a 2009, constatou que não há nenhuma criança que por razões eco-nómicas esteja privada de televisão. Mas 23 por cento vivem em aloja-mentos sobrelotados e que cinco por cento estão inseridas num agregado que não faz uma refeição de carne ou peixe (ou equivalente vegetariano) pelo menos de dois em dois dias. E não faz porque não tem dinheiro.

Há grupos de crianças para quem os últimos anos foram particular-mente pesados. Por exemplo: em 2004, 39,7 por cento das que esta-vam inseridas em agregados onde ninguém trabalhava encontravam--se simultaneamente em privação e pobreza monetária; em 2009 a per-centagem subiu para 45,3 por cento.

O facto de haver emprego na fa-mília não é, contudo, garantia de bem-estar. “Cerca de 35 por cento das crianças incluídas em famílias onde pelo menos um elemento está a trabalhar estão ora em pobreza monetária ora em privação.” Os baixos salários explicarão. Tal como a precariedade, diz Amélia Bastos, coordenadora do estudo, ao Público.

As crianças em famílias de maior dimensão (dois adultos e três ou mais crianças) também foram particular-mente penalizadas: 29,5 por cento acu-mulavam em 2009 pobreza e privação. “Ter crianças significa ter mais custos e se o rendimento é baixo ter crianças di-minui a capacidade financeira e o nível de bem-estar do agregado familiar”, diz Amélia Bastos. Mais vulneráveis estão também as crianças mais velhas (16-17 anos) e as mais novas (até cinco anos).

Cinco por cento das crianças portuguesas não faz uma refeição de carne ou peixe (ou equivalente vegetariano) pelo menos de dois em dois dias

A Câmara Municipal de Lisboa quer criar 2500 novos lugares em creches da rede pública da cidade. Para o efeito, assinou recentemente proto-colos com a União das Misericórdias Portuguesas, mas também com a Confederação Nacional das Institui-ções Sociais e a União das Mutuali-dades. O objectivo da nova parceria é ajudar a identificar e fazer a triagem das futuras entidades gestoras dos equipamentos que vão ser criados a partir de agora.

O objectivo do programa b.a.bá consiste em garantir que as creches da rede pública de Lisboa cubram 50 por cento das necessidades da popu-lação que vive e trabalha na cidade. Essa meta será alcançada através da criação de 76 unidades de creche, algumas com capacidade para 33 crianças e outras para 66. Com estes equipamentos vão ser criadas 660 vagas para crianças menores de três anos, num investimento da ordem dos 6,6 milhões de euros.

Para o presidente da Câmara, An-tónio Costa, este programa reveste--se de importância ao tornar-se em mais uma ferramenta que permitirá “inverter o envelhecimento da popu-lação lisboeta”. “É fundamental para o futuro da cidade, tornar Lisboa mais atractiva para a fixação de no-vas famílias e contrariar o ciclo que tem vindo a verificar-se ao longo dos últimos 40 anos”.

“É errado pensar-se que a cidade já está satisfeita no que respeita a equipamentos de creche”, adiantou o autarca, “até porque Lisboa quer servir muito mais que a sua popula-ção residente”, disse, referindo-se a quem vive fora de Lisboa, mas que estuda ou trabalha na cidade.

Durante a apresentação do pro-grama, João Meneses, director Mu-nicipal do Departamento de Acção Social, explicou que o aumento do número da oferta na rede pública de creches poderá acontecer não só através do uso de estruturas modula-res em terrenos vagos, mas também pela requalificação e adaptação de edifícios em zonas onde a malha urbana é mais densa e, por isso, não há espaços livres, ou usando as contrapartidas de construção que os empreiteiros têm de garantir aquan-do da emissão de licença.

A autarquia está igualmente dis-ponível, segundo o responsável, para dar apoio a Instituições Particulares de Solidariedade Social que tenham a intenção de construir, requalificar ou ampliar as suas creches. “Aí não é a câmara que fica directamente res-ponsável pela instalação da creche, mas a IPSS, pedindo auxílio financei-ro à autarquia”, sublinhou.

Segundo informação do gabi-nete de Acção Social da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), sobre este programa já se realizou uma reunião com as Misericórdias do distrito de Lisboa.

2500 novos lugares de crecheem Lisboa

a câmara municipal de lisboa quer criar 2500 novos lugares em creches da rede pública da cidade

Bethania Pagin

Mais crechesem Lisboa

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PATRIMÓNIOwww.ump.pt20 vm junho 2011

Museu mais próximo das pessoasem São Brás do Alportelmuseu do trajo da misericórdia de são brás de alportel aposta na diversidade de exposições e na aproximação à comunidade

Em pleno barrocal algarvio, situa-do num antigo palacete do século XIX, encontra-se um museu muito distinto do convencional. Os trajos, e todos os acessórios relacionados com o têxtil, têm ali lugar de desta-que. Mas este não é um museu igual aos outros. Prima pela diversidade de iniciativas e projectos que estão constantemente a nascer. Ali fervi-lham ideias. Mas sem as pessoas estas ideias não teriam pernas para andar. São as pessoas e a aproxima-ção à comunidade o motor essencial que faz com que este museu seja considerado um dos mais impor-tantes do Algarve e lugar de visita obrigatória para quem quer conhecer a história e a identidade da região.

À entrada uma enorme arma-ção metálica dá as boas vindas ao visitante que chega ao Museu Etno-gráfico do Trajo Algarvio da Miseri-córdia de São Brás de Alportel. Por esta gigante crinolina, outrora um acessório indispensável nos vestidos das senhoras, recuamos ao século XIX e convivemos de perto com os usos e costumes da época. Ali está patente até ao final do ano a expo-sição - Sombras e Luz – o Algarve no século XIX. Uma exposição que dá a conhecer como se vivia e onde a indumentária da época assume um papel preponderante. Ao longo de seis salas, vamos aprofundando

conhecimentos acerca da situação feminina da época, do viver em fa-mília, da classe política, da classe operária, etc. É também possível conhecer os aromas que estavam na moda através de um conjunto de cheiros baseados em perfumes do sé-culo XIX. A exposição é, ricamente, ilustrada por recortes de um jornal

da época – gazeta do Algarve. E se alguém quiser passar por

uma dama ou cavalheiro do século XIX, o museu proporciona às pessoas a possibilidade de vestirem réplicas de trajos da época.

Como explica o director, Ema-nuel Sancho, “um museu conven-cional valoriza muito os visitantes

tradicionais, aqueles que entram, vêem a exposição e saem. Nós valo-rizamos não só esses, mas também o utilizador, ou seja, aquela pessoa que vem cá com frequência”.

No Museu do Trajo há exposições, espectáculos, palestras e muitas coi-sas mais. Aqui estão, constantemen-te, a surgir projectos novos que vão ao

encontro das necessidades das pesso-as. É o caso do Museu à Medida, um projecto de micro empresa que, recor-rendo ao espólio e às infra-estruturas do museu, leva exposições a lugares, como hotéis ou juntas de freguesia. Um projecto que garante sustentabi-lidade e permite que muitos jovens se iniciem em novos desafios. O museu

Museu do Trajoda Misericórdia de São

Brás do Alportel

nélia Sousa

oPInIão

MISERICóRDIAS E OS SEUSMUSEUS

Emanuel Sancho Diretor do Museu do TrajoMisericórdia de São Brás de Alportel

xiste uma ideia mais ou menos pré-concebida do que é um típico museu de Misericórdia. Imaginamos

imediatamente uma exposição constituída por peças de arte sacra, paramentos e alfaias religiosas, materiais hospitalares, varas de mesários, mobiliário, documentação, etc. É inegável que estes traços gerais correspondem à realidade e refletem a história e identidade destas instituições. Uma herança associada à ação assistencial de inspiração cristã, é de facto, a sua matriz identitária. Outra característica que associamos automaticamente a

um museu de Misericórdia é a de apresentarem uma conceção de exposição (museografia) muito conservadora. O objeto-relíquia ocupa o centro de um sistema que se isola e tende a marginalizar as pessoas que não são especialistas – aliás quase todas. Um último traço, diz-nos também que um típico museu de Misericórdia tem uma intervenção social pouco relevante. Funciona apenas como uma montra para os ricos acervos existentes.Perante estas constatações, surgem algumas interrogações. Será que faz sentido pensar que um museu de misericórdia

possa vir a ter uma identidade própria e encontrar um caminho diferente do convencional? Este modelo museológico, a desenvolver, deveria diferenciar-se apenas pela área temática ou deveria também aprofundar a intervenção social por via da cultura? Será que a consistência ideológica e valores basilares da Misericórdia não poderiam encontrar na valência “museu” um veículo de integração social, de formação, de convívio – afinal de boa parte dos valores transmitidos pelas nossas Obras de Misericórdia? Não serão as Santas Casas, através dos nossos utentes seniores, espaços ricos de Património Cultural Imaterial

“concentrado” que os museus poderiam trabalhar e valorizar (valorizando-se e valorizando as próprias pessoas)? Sendo o sentido prático e o pragmatismo uma característica de atuação da instituição Misericórdia, será que a atitude contemplativa nos assenta bem?

Este artigo foi escrito segundo as normas do novo acordo

ortográfico

E

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Espólio preservamemória em Alvor

o turismo é a grande fonte de riqueza de alvor. do mar e do campo restam as memórias perpetuadas num pequeno museu da santa casa da localidade

O turismo é hoje a grande fonte de riqueza de Alvor, mas tempos houve em que a agricultura e a pesca eram a principal actividade económica da pequena vila algarvia. Do mar e do campo restam hoje as memórias per-petuadas num pequeno museu, que aos olhos de muitas pessoas passa quase despercebido.

Num cantinho, instalado mesmo ao lado da Igreja da Misericórdia, entre cafés com amplas esplanadas e toldos, que quase tapam a fachada exterior, fica o Museu Etnográfico da Santa Casa da Misericórdia de Alvor.

trabalho, aos poucos, vai ganhando notoriedade e visibilidade.

Apesar de só funcionar no Verão, entre Julho e Setembro, o museu etnográfico de Alvor tem a particu-laridade de estar aberto só à noite quando os turistas nacionais e es-trangeiros invadem as ruas do centro histórico. Das 19h00 às 24h00 as pessoas têm a oportunidade de saber um pouco mais sobre as actividades mais marcantes das gentes que vive-ram e labutaram nesta terra.

O ano passado visitaram o mu-seu etnográfico 1700 pessoas. Apesar de significativo, o número de visitas tem vindo a baixar e segundo o pro-vedor são mais os portugueses que se interessam pela história da terra. Mas o objectivo não passa pela valo-rização das estatísticas, mas em “dar a conhecer a história e os costumes da nossa terra àqueles que nos visi-tam”, refere. N.S.

A simplicidade arquitectónica do edifício não deixa transparecer a ri-queza dos artefactos que no interior decoram o antigo albergue da vila.

A ideia de construir o museu partiu do provedor, José Pereira Lo-pes, que há 58 anos se orgulha de dirigir a instituição. Em 1979 deu-se a restauração do espaço e em 1997 foram efectuadas profundas obras de restauro e beneficiação que per-mitiram ampliar para o triplo a sua área. Aos poucos foram chegando diversas peças, muitas delas doadas pelas pessoas da terra.

Os objectos que ali se encon-tram são uma reposição dos hábi-tos, costumes e tradições de Alvor. Há sachos, cangas, molins, ferros de engomar, miniaturas de barcos, e até uma espada do tempo das lutas libe-rais. Toda a história de Alvor está ali documentada. O espólio tem mais de 200 peças e o provedor orgulha-se do

orgulha-se, aliás, de ter uma ligação forte às universidades, permitindo aos alunos realizar trabalhos práticos na instituição. Para o director “há a preocupação social de prestar serviço às pessoas e sermos úteis à terra”. Por isso, vai nascer brevemente um outro espaço dentro do museu, pensado para produzir objectos úteis a partir de materiais e técnicas tradicionais.

Verão atrai poucos visitantesTodas estas iniciativas fazem do

museu do trajo um dos mais pro-curados da região. A média é de 18 visitantes por dia. No verão, este número tende a diminuir: os turistas preferem a praia. “A média estação, entre Março e Junho, é a altura em que se verifica um maior afluxo de

gente”, revela. Mas não são só os turistas que enchem as salas do mu-seu. Através das escolas o museu tem vindo a desenvolver trabalhos com os mais novos, a começar logo no 1º ciclo. Esta é uma maneira de desmistificar a ideia de que um mu-seu é um lugar inacessível e austero.

Esta aproximação aos mais jo-vens permite que “eles tenham uma visão muito amigável em relação ao museu”. E têm sido tão bem sucedi-dos que já existe uma associação dos jovens do museu onde os mais novos organizam “festas, desfiles de moda, de certa forma refrescam o museu e tornam-no mais acessível”.

No museu do trajo encontra-mos ainda a Associação Amigos do

Museu, fundada pela comunidade estrangeira. Hoje, das 600 pessoas que a compõem, 40 por cento são portuguesas. A associação organi-za toda uma série de eventos e ac-tividades sociais e culturais. Para Emanuel Sancho é “fundamental o museu tornar-se mais efectivo, mais útil e mais próximo”.

Viver para a comunidadeO Museu do Trajo de São Brás

de Alportel orgulha-se de ter ade-rido à filosofia da museologia so-cial. Isso significa que no centro das atenções não estão os objectos mas sim as pessoas. “Nós vivemos para as comunidades em primeiro lugar” explica Emanuel Sancho ao VM, lembrando que só assim os projec-tos multiplicam-se e os apoios finan-ceiros também. Com credibilidade e trabalho contínuo, tem sido fácil obter apoios monetários que vêm quer da Comunidade Europeia, quer do Estado ou da câmara municipal. Depois há também a ajuda da Santa Casa. Daí a importância de desen-volver um modelo diferente “mais próximo das pessoas, um modelo que não sobrecarregue financeira-mente a Misericórdia”.

Sendo um museu da Misericór-dia, o museu do trajo está também virado para os idosos da Santa Casa realizando várias actividades com os seus utentes. Uma delas é o Re-trato de família. Acontece todas as quintas-feiras e consiste em mostrar fotografias antigas onde os idosos vão recordando momentos que pas-saram, pessoas com quem convive-ram. Para além disso, o museu faz muita recolha etnográfica junto dos seniores. Um projecto a aprofundar, conclui o director.

Mais novos organizam“festas, desfiles de moda,de certa forma refrescamo museu e tornam-nomais acessível”

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VMEDITorIAL

IgUALDADE NA DIfERENçA

No presente estamos conscientes de que, sem esquecer o que tem que ser feitono imediato, só inovando em todosos campos, da gestão à adopção de novas tecnologias, conseguiremos asseguraro futuro das nossas instituições

O X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas, recentemente realizado em Coimbra, foi uma demonstração clara

inequívoca da vitalidade e empenho das Misericórdias, sobretudo no momento tão difícil para a maioria dos Portugueses.A Intergeracionalidade foi abordada nas suas mais diversas vertentes, num conjunto de painéis de grande interesse e muito participados.De facto, passado, presente e futuro, estiveram em debate ao longo de dois dias, em que o passado de mais de 500 anos foi orgulhosamente assumido e está escrito e estudado numa rigorosa, exaustiva e bem estruturada Portugaliae Monumenta Misericordiarum.No presente estamos conscientes de que, sem esquecer o que tem que ser feito no imediato, só inovando em todos os campos, da gestão à adopção de novas tecnologias, conseguiremos assegurar o futuro das nossas Instituições, e responder aos desafios crescentes e contínuos que lhes são lançados. Pudemos ver e ouvir, quer nos painéis quer em conversas informais, jovens Provedores e Mesários, partilhar e discutir com Provedores já com muitos anos de vida e de trabalho nas Misericórdias, projectos, dúvidas, anseios e soluções com entusiasmo e empenho, demonstrando todos com a sua postura e exemplo que a igualdade se fortalece e cultiva na diferença, e que o futuro, que é já hoje, se constrói e viabiliza no presente, e se alicerça no passado de que todos se orgulham.

Paulo Moreira [email protected]

VOZ DASMISERICÓRDIAS

órgão noticiosodas Misericórdias em Portugal e no mundo

Propriedade: união das misericórdias Portuguesascontribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: rua de entrecampos, 9, 1000-151 lisboatels: 218 110 540218 103 016 fax: 218 110 545 e-mail: [email protected] tiragem do n.º anterior:13.550 ex.Registo: 110636Depósito legal n.º: 55200/92Assinatura Anual: normal - €20benemérita – €30fundador:dr. manuel Ferreira da silvaDirector: Paulo moreiraeditor: bethania PaginDesign e composição: mário henriques Publicidade:Paulo lemoscolaboradores: Filipe mendesJosé alberto lopesnélia sousasusana martinsvera camposAssinantes: sofia oliveiraImpressão: diário do minho– rua de santamargarida, 4 a4710-306 braga tel.: 253 609 460

Como povo, nós, os portugueses, sempre tivemos uma característi-ca muito positiva: desde sempre que fomos habituados a respeitar os nossos familiares mais velhos. Lembro-me de ler um comentário do embaixador do Reino Unido em Portugal, quando deixou o cargo, sobre as 10 coisas que não se ia es-quecer do nosso país. foi interes-sante verificar que uma delas era justamente esse permanente res-peito que nós tínhamos pelos mais velhos. No seio da família, o avô e a avó continuavam a ser figuras chave, fazendo parte da vida quoti-diana de cada um dos portugueses.

Senti-me orgulhoso quando li esse artigo, mas também preocu-pado. Os tempos estão a mudar em Portugal e a nova juventude, aquela que hoje vemos a acabar o liceu, sobretudo nas maiores cidades, pa-rece não se interessar pelas cama-das mais velhas. A culpa, muitas vezes, passa pelo simples facto de que essa juventude já não visita os avós, pura e simplesmente porque já não vivem na mesma cidade. Pais e filhos mudaram-se para as grandes cidades em busca de uma vida melhor e o que conseguiram foi ficar escravos dos créditos que têm que pagar e mais longe dos que têm que amar.

Isto é preocupante, pois a gera-ção mais nova está a perder o “rastro histórico” da sua família e, segundo alguns sociólogos, é precisamente esse rastro histórico que colabo-ra para o sentido das suas vidas. Recentes estudos mostram que as pessoas com maior sucesso pessoal e profissional são justamente aque-las que conhecem o seu passado e

que retêm uma íntima ligação com o passado dos seus familiares e a história do lugar de onde provêm.

Transportando este pensamento para as Misericórdias, instituições seculares, poderá dizer-se que te-mos que nos preocupar. Será dever dos Provedores assegurar que não se perca esse rastro histórico. Só as-sim se poderá manter o verdadeiro espírito das Misericórdias.

Neste momento, sou o Provedor mais novo em exercício. Na minha inexperiência levo sempre bem gravado uma frase de Jorge San-tayana que existia numa litografia em casa dos meus pais. Traduzi-da, lia-se assim: “Aqueles que não se conseguem lembrar do passa-do estão condenados a repeti-lo”. É incrível que não se perceba de que passado Santayana está a falar aqui, mas quando se olha para a litografia, percebe-se que se trata de um passado geracional, o tipo de passado que os nossos avós e pais nos contam. Mas, então, que imagem é essa? São três cadeiras, uma em cima da outra, sendo que a primeira é gigantesca e é de pedra e as outras são mais pequenas e de madeira. Dá que pensar.

oPInIão

Pais e filhos mudaram--se para as grandes cidades em busca de uma vida melhor e o que conseguiram foi ficar escravos dos créditos que têm que pagar e mais longe dos que têm que amar

O

raul A. Ferreirade riba D’Ave Provedor da Misericórdia de Riba D’Ave

SOLIDARIEDADEENTREgERAçõES

VOZ ACTIVA

União das Misericórdias Portuguesas

www.ump.pt22 vm junho 2011

3. Para esse efeito o Voz das Misericór-dias propõe-se dar a

conhecer os projectos de acção da União e das Santas Casas da Misericórdia Portuguesas, no estrito respeito, não só pelos seus mais legítimos direitos históricos e os seus humanitários ideais consagrados há mais de 500 anos, mas também pela ambição de cumprir as “Obras de Misericór-dia” em modernidade e qualidade com o objectivo da promoção do desenvolvimento económico e social das comunidades que as criaram, assim lhes conferindo a sua específica natureza

2. Neste contexto, o Voz das Misericórdias assu-me-se como um meio de

comunicação social de informa-ção atento, de um modo especial, à divulgação do Movimento das Misericórdias Portuguesas e à ar-ticulação das Misericórdias entre si e com a sua União no pressu-posto da importância nacional do sector social e do seu reconheci-mento constitucional.

ESTATuTo EDITorIAL

1.O jornal Voz das Miseri-córdias é um instrumen-to de comunicação da

União das Misericórdias Portu-guesas e das suas Associadas, as Misericórdias de Portugal e do Mundo, em prol da civilização do Amor e da interacção entre os que podem dar e os que precisam de receber.

Page 23: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

O Prof. Manuel Barros, ilustre fafense que dirigiu quase todas as principais instituições da sua cidade, ofereceu--me recentemente, acompanhado de amável dedicatória, o livro que publicou com «Salpicos de ideias, reparos e…algumas historietas». Além de concretizar o seu sonho “em palavras simples, talvez ingé-nuas”, mas que considero de grande interioridade, narra-nos aconteci-mentos interessantes de uma vida preenchida com afectos. É o caso das histórias com verdadeiras vitórias de alma e espírito (como a que conta o sofrimento do seu falecido irmão, legando a lição de que, em partilha e persistente paixão por quem somos, poderemos reconhecer o grande mis-tério da condição humana) ou dos episódios recheados de veia cómica, como o que aconteceu outrora numa visita à “Póvoa” para um encontro desportivo de clubes rivais, provo-cando num cavalheiro menos atento a expectativa de ver o “desconhecido mar” …mas, afinal, a Póvoa era a “de Lanhoso”.

Acontece que este bom amigo também foi notável Provedor da Mi-sericórdia de fafe, pelo que uma das passagens que me impressionou na sua graciosa prosa respeita ao teste-munho sobre tão nobre Instituição, confessando como distintamente positivo o tempo que aí passou. Na verdade, o tempo é uma personagem preciosa, motivo pelo qual gosto pes-soalmente de sublinhar o privilégio ímpar por ter estado à frente de uma Santa Casa e ter empenhado a minha livre responsabilidade pelo bem do outro, correspondendo a um ciclo de felicidade irrepetível. Daí o de-sassombro de recordações que sinto

rEFLEXão

As Misericórdias são incontornáveis quer para a Sociedade de Bem-Estar quer paraa expansão do sectorda Economia Social

quando a memória suscita audiên-cias sobre o génio bem-aventurado que são estas genuínas instituições de bem-fazer!

Na actualidade as Misericórdias não fruem de tempo para responder às solicitações de cada vez mais gen-te que sofre com coração apertado a solidão, o abandono, o desfavore-cimento e até a fome. Isto nota-se com agudeza quando o país enfrenta numerosos problemas em resultado de um modelo político-económico errado que levou ao empobrecimen-to de 2 milhões de portugueses e a 700.000 desempregados. Situação indigna que sobretudo se explica pela lógica de exaurir o Estado So-cial e o seu financiamento até aos limites, alicerçada na distribuição de subsídios e medidas centralizadas e estatistas, em lugar de se apostar na proximidade com políticas realmente solidárias que diminuam o impacto social da crise através das autarquias ou da sociedade civil, incentivando

as Misericórdias e as restantes IPSS. Eis um tema que reclama debate ur-gente e profundo.

Certo é o tronco grosso de por-tugueses em grandes dificuldades devido à traição do Estado, como seja o preocupante fenómeno dos novos pobres, cujo leque vai dos doentes ou idosos sem esperança, às crianças (2 em cada 5 vive hoje em condições de pobreza e necessi-tadas de ajuda e educação) e grupos de jovens sem ilusões no presente e no devir. Parece não ser possível fugir à fatalidade profética de Cris-to − “Pobres, sempre os haveis de ter convosco”−, mas tal representa a perene revelação de uma missão misericordiana, olhar e cuidar dos que mais sofrem.

Ora pois, quando as Misericór-dias são incontornáveis quer para a Sociedade de Bem-Estar quer para a expansão do sector da Economia Social, visto ser na oportunidade das dificuldades que podemos compa-

tibilizar uma prática humanista e de solidariedade com a competiti-vidade das pessoas e instituições, gostaria de saudar o ainda fresco “compromisso” celebrado entre a Conferência Episcopal Portuguesa e a União das Misericórdias. Ambas mostraram carácter no sentido de justiça, consagrando que estas asso-ciações, ao contrário de assentarem em natureza pública, têm identidade e autonomia próprias, dotadas de uma natureza específica reflectida na sua história; nasceram por von-tade e determinação de fiéis cristãos para, principalmente pela prática das Obras de Misericórdia, prestarem solidariedade social aos carenciados; assim como administram livremente os seus bens e promovem o culto divino, nos termos dos respectivos Compromissos.

É que as Misericórdias são o tes-temunho mais expressivo de como, através da acção polivalencial e com-portamento programático, a fé e a fi-losofia do amor ao próximo se vêem traduzidas em obras sociais. Logo, como instituições de vida democráti-ca na cidadania de participação pelos Irmãos, elas estão essencialmente ligadas por origem, vocação, história e cultura às populações de que são predilecta emanação. O mesmo é dizer quanto à Santa Casa da mi-nha terra, fundada de facto em 1917 por homens bons, povoenses que tiveram como paradigma o papel dos cristãos no mundo: sendo par-te integrante da universalidade da Igreja Católica, ela pertence parti-cularmente à comunidade da Póvoa de Lanhoso.

Bem hajam!

rui rebelo Advogado da UMP

COMPROMISSO DE SANTACAUSA

www.ump.pt junho 2011 vm 23

4. Encruzilhada de Pessoas e Instituições empe-nhadas, no estudo, na

reflexão, na analise, no debate e na acção sobre os desafios sociais e as suas possíveis respostas, o seu objectivo é também ser uma voz moderna e qualificada junto dos diversos actores e poderes para promover o desenvolvimento sustentado da cidadania e da qua-lidade de vida do tecido social, em especial do mais carenciado.

5. Considerando a activida-de constante das Santas Casas da Misericórdia

nos países onde se faz sentir a presença de comunidades de por-tugueses na diáspora, e em toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, o Voz das Misericór-dias será o meio de comunicação preferencial entre os que falam a mesma língua e defendem os mesmos valores

6. O Voz das Misericór-dias divulgará todas as iniciativas promovidas

pelas instâncias internacionais re-ferentes à União e às Santas Casas, nomeadamente a Confederação Internacional das Misericórdias e a União Europeia das Misericórdias.

7. O Voz das Misericórdias compromete-se a asse-gurar o respeito pelos

princípios deontológicos e a ética profissional dos jornalistas, assim como o respeito a boa fé dos lei-tores e, como é sua tradição, está aberto a todos que nele queiram colaborar, desde que respeitem o presente estatuto editorial, em ordem a salvaguardar o interesse público e a ordem democrática.

Page 24: Voz das Misericórdias, Junho de 2011

0611úLTIMAHORA

espírito santo em Vila do corvoa santa casa da misericórdia da vila do corvo celebrou o espírito santo, de 12 a 18 de Junho, uma secular tradição enraizada nas ilhas açorianas, à qual as populações do corvo não estão alheias. além da recitação diária do terço ao longo da semana, na sua residência de apoio ao idoso, teve lugar, a 18 de Junho, um jantar que reuniu idosos, colaboradores e dirigentes.

festa encerra ano em sangalhosno dia 18 de Junho, o centro de bem estar infantil e centro de ac-tividades de tempos livres (catl) da misericórdia de sangalhos, rea-lizou a festa que marcou o encerra-mento do ano lectivo 2010/2011. segundo comunicado da institui-ção, “foi uma festa muito animada” que reuniu os pequeninos, seus pais, assim como colaboradores e dirigentes.

combater solidãono montijocom o objectivo de combater iso-lamento, solidão e insegurança, a misericórdia do montijo e a cruz vermelha assinam, a 30 de Junho, protocolo que celebra parceria para promoção do serviço de teleassis-tência naquele concelho. recorde--se que a união das misericórdias assinou recentemente um protocolo com a Portugal telecom no âmbito da teleassistência (ver destaque).

www.ump.pt

Nuno DelgadoAjudar pela alegria deservirEm Acção Pág. 12

golegãArroz doce da Santa Casa já foi premiadoreceita Pág. 10

Riba d’AveProvedor falasobre solidariedade entre geraçõesopinião Pág. 22

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‘Justa homenagem ao líder da equipa’

O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) foi homenageado pelas Santas Casas do distrito de Santarém. O jantar que reuniu dezenas de dirigentes decor-reu no Clube Vida, um equipamento de apoio à terceira idade da Misericórdia da golegã. foi a 29 de Junho.

o presidente dosecretariado nacional daunião das misericórdiasfoi homenageado pelasSantas Casas do distrito de Santarém

Bethania Pagin

A iniciativa do Secretariado Re-gional da UMP de Santarém, expli-cou o seu presidente, o provedor da congénere anfitriã, António Martins Lopes, deve-se à necessidade de agra-decer “o trabalho notável que a UMP tem realizado” sob a égide de Manuel de Lemos, o primeiro leigo a assumir a direcção da UMP e que veio suceder “dois monstros sagrados”, afirmou o dirigente lembrando os padres Virgi-lio Lopes e Vítor Melícias.

António Martins Lopes destacou ainda “o passo gigantesco” que a UMP deu nos últimos anos, lembran-do a criação de vários serviços de apoio às Santas Casas. Os restantes

membros do Secretariado Nacional, que se associaram a homenagem de Santarém – também mereceram um elogio da parte do provedor da capital do cavalo. Saúde, património, acção social e voluntariado foram áreas a merecer elogios, assim como o apoio prestado pela UMP pelo ga-binete de Assuntos Jurídicos.

Quase todas as Misericórdias do distrito estiveram presentes: Abran-tes, Alcanede, Azinhaga, Cardigos, Cartaxo, Chamusca, Constância, Co-ruche, Entroncamento, Rio Maior, Salvaterra de Magos, Santarém, To-mar e Vila Nova da Barquinha. Na-quele dia e no que se sucedeu, o pre-

sidente da UMP esteve na região para conhecer de perto as Santas Casas. No dia 30, o provedor do Sardoal, Ana-cleto Batista, acompanhou a visita.

Visivelmente emocionado com o gesto das Misericórdias do distrito de Santarém, Manuel de Lemos afirmou que a União só tem sentido enquanto conseguir ajudar as suas associadas, mas destacou também que é preciso reforçar a união entre as Santas Ca-sas, sob pena de colocar em causa o trabalho realizado pela equipa da UMP. “A minha equipa são os senho-res todos”, concluiu, lembrando que há ainda muito trabalho a realizar. “As Misericórdias precisaram, precisam e vão continuar a precisar de ajuda”.

Depois do jantar, Manuel de Le-mos foi ainda surpreendido pelas Mi-sericórdias que prepararam prendas de modo a eternizar aquele momento do Secretariado Regional de Santarém.

Livros, medalhas, pratos comemo-rativos foram oferecidos ao presidente da União das Misericórdias Portugue-sas. Cardigos optou pelo artesanato e pela gastronomia. Um presunto, enchidos, cavacas e bolo finto lem-bravam os sabores da terra. Uma vela e um pano de linho tradicional eram lembranças das gentes com quem se trabalha, afirmou o provedor Vítor Ta-vares fernandes.Além dos dirigentes, a cerimónia contou com a presença do pároco local e também do vice--presidente da autarquia da golegã.