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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO WAGNER SOARES 00106058 ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO PORTO ALEGRE, JUNHO DE 2011

WAGNER SOARES - ufrgs.br · municipal, com características de solo, clima, vegetação, importância do ... no Morro do Paula, na divisa com o município de Sapucaia do Sul, com

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

WAGNER SOARES

00106058

ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO

PORTO ALEGRE, JUNHO DE 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

WAGNER SOARES

Nº CARTÃO: 00106058

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Tutor do Estágio: Professor Dr. Paulo Vitor Dutra de Souza

Supervisor do Estágio: Engo Agro Marcelo Biassusi, M.Sc

COMISSÃO DE ESTÁGIOS:

Prof.: Elemar Antonino Cassol - Depto. de Solos (Coordenador)

Prof.: Fábio de Lima Beck – Núcleo de Apoio Pedagógico

Prof.: José Fernandes Barbosa Neto- Depto. de Plantas de Lavoura

Prof.: Josué Sant’Ana – Depto. de Fitossanidade

Prof.: Lair Angelo Baum Ferreira – Depto. de Horticultura e Silvicultura

Profa.: Mari Lourdes Bernardi – Depto. de Zootecnia

Prof.: Renato Borges de Medeiros – Depto. De Plantas Forrageiras e

Agrometeorologia

Porto Alegre, Junho de 2011

iii

AGRADECIMENTOS

À EMATER/RS – ASCAR, por proporcionar a oportunidade da realização do

estágio curricular na instituição, ao Engenheiro Agrônomo Marcelo Biassusi,

extensionista do Escritório Municipal de São Leopoldo, e aos demais técnicos e

extensionistas da Regional de Porto Alegre e das microrregiões do Vale do Rio dos

Sinos e do Vale do Paranhana.

A a todos os professores da Faculdade de Agronomia da UFRGS pelos

ensinamentos transmitidos, mas em especial ao Professor Paulo Vitor Dutra de

Souza, que foi meu tutor neste estágio e meu orientador em Iniciação Científica.

Aos amigos, colegas da Faculdade de Agronomia, ao pessoal da Pós

Graduação em Horticultura (pessoal da salinha), que sempre transitiram bons

ensinamentos e muitas risadas; ao pessoal do Barbaruca, que nestes 7 últimos anos

estive bastante afastado, porém com vocês sempre presentes em espírito de grupo.

Aos meus pais, que sempre me incentivaram a estudar, a não desistir nunca

daquilo que eu quero, por todo o esforço financeiro para me manter na universidade,

pela educação que me transmitiram, e principamente ao meu pai, exemplo de

caráter, de força, de fibra, e a minha mãe, pela traquilidade, carinho e

prestatividade. Não tenho palavras para agradecer a vocês!

iv

APRESENTAÇÃO

Neste relatório serão descritas as atividades realizadas em meu estágio

curricular supervisionado, que foi realizado na EMATER/RS – ASCAR (Associação

Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural –

Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural), Escritório Municipal de São

Leopoldo. Também será feita uma descrição do meio físico e socioeconômico

municipal, com características de solo, clima, vegetação, importância do

agronegócio e ainda uma descrição do local de realização do estágio.

A escolha do local do estágio se deu em virtude de dois objetivos: querer

vivenciar a extensão rural, o contato com os agricultores, seus modos de produção;

e também conhecer as áreas de produção de alimentos perto dos grandes centros

consumidores, e o potencial de crescimento das mesmas.

No estágio foi possível vivenciar a extensão rural, com ações organizacionais

aos agricultores do município, que, se por um lado, estão dentro de um dos maiores

mercados consumidores de alimentos do RS, por outro, sofrem imensas pressões

para o abandono das atividades rurais.

v

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO ECONÔMICO DA REGIÃO DE SÃO

LEOPOLDO/RS .......................................................................................................... 2

2.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO ............................................................................................. 2

2.2 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO ................................................................................................. 3

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA DA REGIÃO ............................................................................ 4

2.4 CARACTERIZAÇÃO DA GEOLOGIA, RELEVO E SOLOS DA REGIÃO .......................................... 4

2.5 HIDROGRAFIA ..................................................................................................................... 4

2.6 ASPECTOS SÓCIO ECONÔMICOS DO MUNICÍPIO ................................................................. 5

3 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO: ASCAR –

EMATER/RS ............................................................................................................... 7

3.1 O ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO .................................................................... 9

4 ESTADO DA ARTE: A EXTENSÃO RURAL ..................................................... 10

5 ATIVIDADES REALIZADAS .............................................................................. 13

5.1 DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS NO MUNICÍPIO DE SÃO LEOPOLDO .......13

5.2 MERENDA ESCOLAR ...........................................................................................................19

5.3 APOIO AOS PROJETOS DE PISCICULTURA ...........................................................................20

5.4 HORTAS COMUNITÁRIAS, ESCOLARES E INSTITUCIONAIS ...................................................21

5.5 PROJETO VERDESINOS .......................................................................................................22

5.6 OUTRAS ATIVIDADES .........................................................................................................24

6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 25

7 ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO ..................................................................... 26

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 27

vi

LISTA DE FIGURAS

Página

1: Mapa do Rio Grande do Sul. Em destaque (vermelho) o município de São Leopoldo....... 2

2: Mapa municipal com destaque aos bairros onde ocorrem atividades rural...................... 15

3: Distribuição das áreas rurais do município de São Leopoldo, RS ................................... 16

4: Distribuição populacional no meio rural de São Leopoldo, RS ........................................ 18

5: Horta Comunitária da CooperProgresso, São Leopoldo, RS ............................................ 22

6: Participação da alocação de cerca em área de APP, São Leopoldo, RS ........................ 23

vii

LISTA DE TABELAS

Página

1: Principais demandas dos agricultores de São Leopoldo, RS ........................................... 18

1

1 INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado na EMATER/RS – ASCAR, Escritório Municipal de São

Leopoldo, na região do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. O período de

realização das atividades foi entre 03 de janeiro a 23 de fevereiro de 2011,

totalizando uma carga horária de 300 horas.

Na Região do Vale do Rio dos Sinos encontra-se um terço das indústrias do

Estado, gerando cerca de 40% da riqueza deste setor. Esta região possui uma

população de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas, das quais apenas 8% são

consideradas rurais. A densidade populacional atinge 2.468 habitantes por km²,

sendo 10 vezes superior à média do Estado.

O objetivo de realização do estágio foi vivenciar a extensão rural, o contato

com os agricultores e seus modos de produção; e também conhecer as áreas de

produção de alimentos perto dos grandes centros consumidores, e o potencial de

crescimento das mesmas.

2

2 DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO ECONÔMICO DA

REGIÃO DE SÃO LEOPOLDO/RS

2.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

O município de São Leopoldo faz parte da região metropolitana, ficando a

31,4 km de distância de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul

(Figura 1). Tem seus limites ao norte e leste com Novo Hamburgo, ao oeste com

Portão e ao sul com Sapucaia do Sul.

Fonte: Wikipédia, 2011

Figura 1: Mapa do Rio Grande do Sul. Em destaque (vermelho) o município de São Leopoldo

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2.2 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

Fundada em 1824, São Leopoldo é considerado o berço da colonização

alemã no Brasil. Os primeiros imigrantes chegaram a Porto Alegre, capital da

província de São Pedro do Rio Grande, em 18/7/1824. Logo depois, foram enviados

para a desativada Feitoria do Linho Cânhamo, um estabelecimento agrícola do

governo, que não dera resultados. Essa feitoria localizava-se à margem esquerda do

Rio dos Sinos. Em 25/7/1824, esses 39 imigrantes, sendo 33 evangélicos e seis

católicos, chegaram ao seu destino. Esta é a data de fundação de São Leopoldo, de

onde vem o título de "Berço da Imigração" (Prefeitura Municipal de São Leopoldo,

2011).

Eles foram instalados na Feitoria até que recebessem seus lotes coloniais. O

Governo do Estado batizou o núcleo de imigrantes de Colônia Alemã de São

Leopoldo, que se estendia por mais de mil km², abrangendo na direção sul-norte, de

Esteio até Campo dos Bugres (atual Caxias do Sul), e em direção leste-oeste, de

Taquara (atual) até o Porto de Guimarães, no Rio do Caí (atual São Sebastião do

Caí). Aos poucos, outros imigrantes ocuparam os vales do Rio dos Sinos, Cadeia e

Caí, lançando progresso através da dedicação ao trabalho, o que possibilitou que a

colônia Alemã se emancipasse de Porto Alegre, tornando-se vila em 1º de abril de

1846, através de lei municipal. Concorreu para este fato serem os alemães, além de

"Landmänner" (agricultores), também serem “Handwerker” (artesãos). Resultou daí a

variada produção que originou o embrião industrial do Vale do Rio dos Sinos. Pode-

se dizer que a região foi o berço da agricultura familiar, pois muitas famílias de

colonos saíram do município para outras regiões, onde desenvolveram inicialmente

as atividades agrícolas (Prefeitura Municipal de São Leopoldo, 2011).

Já desde o início da colonização, a produção agrícola e artesanal de São

Leopoldo tinha como destino abastecer Porto Alegre, sendo que o principal canal de

escoamento era o Rio dos Sinos. Este cenário se manteve até o início do século XX,

com a diminuição da produção agrícola do município (Prefeitura Municipal de São

Leopoldo, 2011).

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2.3 CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA DA REGIÃO

O clima é subtropical úmido, com verões quentes e invernos frios e chuvosos

(tipo Cfa, segundo Köppen). A temperatura média em janeiro é 24,5°C e em julho

14,3°C, com as temperaturas recordes de 40,7° em 1943 e em - 4,0° em 1918. A

média anual é de 19,4° aproximadamente, e a neve é relativamente rara, tendo sido

observada no século XIX em 1879 e no século XX em 1910, 1984, 2000 e 2006. Não

é incomum a presença de "veranicos" que fazem a temperatura subir para quase 30

graus por alguns dias em pleno inverno. A média anual de chuva é de 1324 mm

(Ribeiro et al., 2006).

2.4 CARACTERIZAÇÃO DA GEOLOGIA, RELEVO E SOLOS DA

REGIÃO

A altitude média do município é de 26 metros. O ponto mais alto é verificado

no Morro do Paula, na divisa com o município de Sapucaia do Sul, com 300 metros

de altitude. Nesta formação se observa a presença do arenito, rocha sedimentar

arenosa predominante na região (CONSÓRCIO PRÓ – SINOS, 2011).

Os solos predominantes na região variam de acordo com a posição no relevo.

Nas cotas mais altas, melhor drenadas, ocorrem o Argissolo Vermelho distrófico

arênico (Unidade Bom Retiro), e o Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico Típico

(Unidade Camaquã). Já nas áreas de vázeas, próximas aos corpos hídricos ocorrem

o Planossolo Hidromórfico Eutrófico Arênico (Unidade Vacacaí) (STRECK et al.,

2002).

2.5 HIDROGRAFIA

O município de São Leopoldo situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio dos

Sinos, que possui uma área de 3.820 km2, correspondendo a 4,5% da Região

Hidrográfica do Guaíba e 1,5% da área total do Estado do Rio Grande do Sul. Seu

curso d'água principal tem uma extensão aproximada de 190 km, e uma precipitação

pluviométrica anual de 1.350mm. Suas nascentes estão localizadas na Serra Geral,

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no município de Caraá, a cerca de 60 metros de altitude, correndo no sentido leste-

oeste até a cidade de São Leopoldo onde muda para a direção norte-sul,

desembocando no delta do rio Jacuí entre a ilha Grande dos Marinheiros e ilha das

Garças, numa altitude de 12 metros. Seus principais formadores são o rio Rolante e

Paranhana, além de diversos arroios (CONSÓRCIO PRÓ – SINOS, 2011).

A cobertura vegetal da bacia está muito reduzida, os remanescentes

localizam-se, predominantemente, nas nascentes do rio dos Sinos e seus

formadores (CONSÓRCIO PRÓ – SINOS, 2011).

Dentro dos limites municipais de São Leopoldo, 8 arroios cruzam o município,

sendo eles o Arroio João Correia, o Arroio Kruse, o Arroio Sem Nome, o Arroio

Peão, o Arroio Bopp, o Arroio Manteiga, o Arroio Cerquinha e o Arroio Gauchinho

(Prefeitura Municipal de São Leopoldo, 2011).

2.6 ASPECTOS SÓCIO ECONÔMICOS DO MUNICÍPIO

Segundo o IBGE 2010, a área total do município é de 102,31 km2, sendo

69,87 km2 a área urbana, 14,84 km2 a área rural e 17,60 km2 a área de preservação

ambiental. As áreas rurais muitas vezes se encontram inseridas na paisagem

urbana, caracterizando a agricultura periurbana ou rururbana. São Leopoldo conta

com uma população de 214.087 habitantes e uma taxa de urbanização de 99,7%

contra 0,30% na área rural.

A atividade no setor metal – mecânico é a que mais de destaca no município,

sendo que possui empresas de todos os portes, produzindo os artigos mais

diversos, como: motosserras, ferramentas, autopeças, armas, equipamentos

agrícolas, bombas hidráulicas, fornos e utensílios domésticos (Prefeitura Municipal

de São Leopoldo, 2011).

Destaca-se também no município o setor da borracha, produzindo desde

solados e componentes para calçados até peças técnicas para máquinas,

equipamentos agrícolas e para a indústria automobilística.

Todavia, há indústrias dos mais variados segmentos como: curtumes e

beneficiamento de couros, calçados e componentes, artefatos de couro, artefatos

de plásticos, móveis, estofados e brindes (Prefeitura Municipal de São Leopoldo,

2011).

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Com relação aos indicadores econômicos, o Produto Interno Bruto (PIB) é de

R$ 2.592.691.000,00 e um PIB per capita de R$ 12.110,00. A agropecuária colabora

muito pouco no PIB do município, com apenas 0,09 % deste índice. O ramo de

serviços e indústria possui os maiores valores de produção (IBGE, 2010).

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3 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO

ESTÁGIO: ASCAR – EMATER/RS

Em 2 de julho de 1955 é criada no Rio Grande do Sul, a ASCAR – Associação

Sulina de Crédito e Assistência Rural – que tem como objetivo promover o

desenvolvimento da agricultura e o bem estar das populações do meio rural. Em

1977 ocorre a junção da ASCAR com a EMATER/RS – Associação Riograndense de

Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural. A partir de então as

duas entidades, EMATER/RS – ASCAR passam a atuar juntas e executar as

atividades oficiais de assistência técnica e extensão rural no Rio Grande do Sul, em

convênio com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do

Rio Grande do Sul (EMATER/RS – ASCAR, 2010).

Desta forma, a Instituição constitui-se na executora oficial das políticas

públicas federais e estaduais da Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado.

Está presente em 492 municípios, nos quais mantém escritórios Municipais (com

99% de abrangência no estado), 10 Escritórios Regionais, um Escritório Central, 10

Centros de Capacitação, um laboratório e 44 Unidades de Classificação e

Certificação (EMATER/RS – ASCAR, 2010).

Sua missão é promover ações de assistência técnica e social, de extensão

rural, classificação e certificação, mediante processos educativos, em parceria com

as famílias rurais e suas organizações, priorizando a agricultura familiar, visando o

desenvolvimento rural sustentável, através da melhoria da qualidade de vida, da

segurança e soberania alimentar, da gestão de emprego e renda e da preservação

ambiental. Dessa forma, essa missão insere a extensão em todas as atividades que

possam promover o desenvolvimento, sejam eles agrícolas ou não. A ação

extensionista extrapola os limites da difusão do conhecimento técnico de produção,

tornando-a um agente que atua como mobilizador, organizador, planejador e

executor de atividades que busquem o desenvolvimento rural como um todo

(EMATER/RS – ASCAR, 2008).

8

O público alvo são as unidades de produção familiar que constituem a maioria

da população rural no Rio Grande do Sul. Estas unidades têm grande

representatividade em número de estabelecimentos, na geração do emprego

agrícola e na produção de alimentos básicos. Além disso, o trabalho da EMATER se

estende a assentados da reforma agrária, quilombolas, pescadores artesanais e

índios (EMATER/RS – ASCAR, 2008).

De acordo com o Relatório de Atividades do ano de 2010 da Instituição, seus

objetivos são:

apoiar e orientar as famílias e municípios, bem como suas organizações na

identificação dos recursos e potencialidades de desenvolvimento, incluindo

atividades agrícolas e não-agrícolas.

oferecer à sociedade e ao agronegócio serviços de classificação e certificação

de produtos.

promover a qualidade de vida e a organização sociocultural da agricultura e

pecuária familiar e público diferenciado.

realizar coleta, gestão, análise e disseminação de informações pertinentes à

agricultura familiar e ao agronegócio, visando à tomada de decisão.

promover o aumento da produtividade, a redução de perdas e a melhoria

qualitativa da produção com tecnologias, que visem à redução do impacto

ambiental, fomentando ações de geração de postos de trabalho e renda

desconcentrada.

operacionalizar junto ao público e parceiros a implementação de políticas

públicas nos âmbitos municipal, estadual e federal.

promover ações em soberania e segurança alimentar.

otimizar os recursos financeiros e materiais, cumprindo as normas

administrativas e legais.

Desta forma, a EMATER/RS – ASCAR tenta não só atuar no sentido de

difundir tecnologias e assistência técnica, mas também na inserção social e no bem

estar da vida dos trabalhadores rurais.

9

3.1 O ESCRITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO LEOPOLDO

O Escritório Municipal da EMATER/RS – ASCAR de São Leopoldo foi criado

em maio de 2009. Fica resignado à Regional de Porto Alegre, dentro da Microrregião

do Vale do Rio dos Sinos.

Sua criação deu-se a partir de reivindicações dos agricultores do município,

que necessitavam de uma assistência técnica mais presente na região, pois até

então, esta era fornecida pelo Escritório Municipal de Novo Hamburgo. Estas

reivindicações foram feitas inicialmente ao Sindicato Rural de São Leopoldo, que

entrou em contato com a Prefeitura Municipal, firmando o acordo entre a

EMATER/RS – ASCAR e a prefeitura.

As atividades no escritório ficam a cargo do Engenheiro Agrônomo Marcelo

Biassusi. Também conta com o auxílio de um estagiário de Curso Técnico Agrícola,

sendo este prestador de serviços por parte da prefeitura do município.

10

4 ESTADO DA ARTE: A EXTENSÃO RURAL

O extensionismo, como instituição pública, teve origem nos Estados Unidos e

surgiu por necessidade em uma época em que havia abundância de terras

agricultáveis a preços baixos. O fator escasso era o elemento humano preparado

para exercer a atividade agropecuária de forma produtiva e lucrativa, estimulando a

orientação original dos serviços para os aspectos eminentemente técnico-produtivos

(EMATER/RS – ASCAR, 2006).

A atividade extensionista no Brasil teve início na década de 20, na Escola

Superior de Agricultura de Viçosa (ESAV), em Minas Gerais, hoje Universidade

Federal de Viçosa. Diversos empreendimentos extensionistas foram tentados desde

então, até o final da década de 40, como as Semanas do Fazendeiro, Semanas

Ruralistas, Postos Agropecuários e as Missões Rurais (Costa, 2001).

A primeira experiência extensionista de campo válida teve lugar no interior de

São Paulo, a partir de outubro de 1948. Em dezembro do mesmo ano de 1948,

influenciada por essa experiência de São Paulo, foi criada, em Minas Gerais, a

Associação de Crédito e Assistência Rural - ACAR. Desde a fundação da ACARMG,

outras instituições de extensão rural foram criadas em todo o Brasil, na década de

50, seguindo um modelo difundido pelo governo norte-americano (EMATER/RS –

ASCAR, 2006).

A fundação da ASCAR no Rio Grande do Sul ocorreu em 1955, após a

assinatura de um convênio entre os governos norte-americano e brasileiro para a

criação do Escritório Técnico de Agricultura – ETA, que visava a execução de

projetos de desenvolvimento agropecuário do país, sendo esses projetos

considerados responsáveis pela instalação dos serviços de extensão rural na Região

Sul. Em 1956, foi criada a ABCAR (Associação Brasileira de Crédito e Assistência

Rural), em âmbito nacional, à qual as associações estaduais se filiaram

(EMATER/RS – ASCAR, 2006).

O objetivo da extensão, nos primeiros tempos, estabelecido a partir de

enfoques teóricos sobre desenvolvimento rural, era diminuir a pobreza rural, vista

como decorrência da ignorância e da resistência às mudanças que caracterizariam

11

os agricultores. Dizia-se que a extensão rural deveria introduzir novos

conhecimentos para que os agricultores e suas famílias mudassem sua mentalidade

a ponto de tornarem-se receptivos aos meios preconizados para melhorar as

atividades agrícolas e domésticas (EMATER/RS – ASCAR, 2006).

Entre os anos 60 e final dos anos 70, a Assistência Técnica e Extensão Rural

(ATER) estatal teve por objetivo principal o aumento da produção agrícola através

da transferência das tecnologias ditas modernas (insumos químicos e mecanização)

– foi a chamada Revolução Verde. O desenvolvimento geral das famílias e do setor

rural seria uma decorrência direta do aumento da produtividade da terra e da mão-

de-obra. Essa política visava ainda o aumento da produção de alimentos e de

produtos de exportação (EMATER/RS – ASCAR, 2006).

Na década de 80, tomaram corpo as críticas ao modelo tecnológico adotado

pela Revolução Verde, tanto sob o ponto de vista ambiental (questionamentos ao

uso de agrotóxicos, mecanização, monocultura) quanto socioeconômico, pela

diferenciação social ocorrida no período, com o empobrecimento de segmentos

significativos da agricultura familiar, processos crescentes de expulsão da terra,

aumento do grau de dependência dos agricultores a agentes externos, entre outros

fatores, mostrando o lado perverso do "milagre econômico" (EMATER/RS – ASCAR,

2006).

Essas transformações ocorridas, aliadas ao início da redemocratização do

país, à escassez de recursos para custeio das atividades e à intensificação das

cobranças sobre a efetividade dos serviços prestados, fizeram surgir discussões a

respeito do papel que a extensão rural vinha desempenhando no país (EMATER/RS

– ASCAR, 2006).

Dos anos 90 até o momento atual, influenciada por transformações nos

âmbitos local e global que pressionaram o setor agropecuário a ser competitivo em

qualidade e custos de produção e os países a organizarem-se em blocos

econômicos, a extensão rural vem vivenciando grandes mudanças, buscando

formas de enfrentamento às crises socioeconômicas e ambientais e aos seus

impactos sobre o meio rural. Também busca a construção de políticas públicas,

implementando condições que possibilitem as transformações da realidade sob uma

perspectiva de inclusão social (EMATER/RS – ASCAR, 2006).

12

Com relação às ações sociais, houve uma maior preocupação com a geração

de renda, através do incentivo e desenvolvimento de atividades como agroindústrias,

artesanato, turismo rural, economia solidária e atividades não agrícolas,

oportunizando fixação das famílias no meio rural, garantindo e gerando novos

empregos, possibilitando a emancipação econômica (EMATER/RS – ASCAR, 2006).

As ações voltadas para as questões ambientais no meio rural tiveram grande

atenção, ampliando-se os planos de gestão/educação ambiental, o estímulo à

utilização de tecnologias menos agressivas ao meio ambiente, as ações de

saneamento básico e ambiental apoiadas em projetos individuais e de financiamento

(EMATER/RS – ASCAR, 2006).

O desenvolvimento rural aponta para uma vasta gama de atividades e meios

de incremento de renda. Contempla aspectos que vão além da tecnologia, da

produção e dos mercados. Por isso, a atuação da extensão rural deve-se dar em um

campo mais amplo, a partir das necessidades que a sociedade apresenta. Além do

mais, exige que se considere a sustentabilidade nas dimensões econômica, social,

ambiental e cultural (EMATER/RS – ASCAR, 2006).

13

5 ATIVIDADES REALIZADAS

A realização do estágio foi baseada no acompanhamento das atividades de

campo e de escritório realizadas pelo Extensionista Engenheiro Agrônomo Marcelo

Biassusi. Ao estagiário, cabia observar os métodos utilizados pelo extensionista, e

também propor alternativas e soluções aos problemas avaliados.

Devido ao período de realização do estagio, por ser em pleno verão, onde

grande parte das atividades agrícolas do município está praticamente inativa, a

maior parte das atividades realizadas foram as de escritório, de planejamento de

atividades para o ano de 2011 e de organização dos agricultores da região.

As principais atividades realizadas serão descritas nos tópicos a seguir.

5.1 DIAGNÓSTICO DAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS NO

MUNICÍPIO DE SÃO LEOPOLDO

Uma das atividades desenvolvidas no período de realização de estágio foi o

auxilio no levantamento de dados para a atualização do diagnóstico das atividades

agropecuárias do município de São Leopoldo. Este levantamento iniciou-se no ano

de 2009, quando ocorreu a abertura do escritório da EMATER/RS – ASCAR na

localidade.

A vinda da Instituição para o município foi uma reivindicação dos agricultores

familiares, tendo importante participação do Sindicato Rural de São Leopoldo e da

Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (SEMEDES), à qual

está vinculado o escritório da EMATER/RS – ASCAR, através da Assessoria Rural

desta Secretaria.

Devido ao grande crescimento populacional de São Leopoldo, o atual Plano

Diretor Municipal (Prefeitura Municipal de São Leopoldo, 2006) definiu como sendo

áreas urbanas ou de expansão urbana, certos locais do município que ainda

possuem atividade rural. Isso fez com que os proprietários rurais, que até então

pagavam o Imposto Territorial Rural (ITR), passassem a receber boletos de

14

pagamento de IPTU. Este fato gerou descontentamento por parte dos agricultores

que iniciaram uma mobilização junto ao Sindicato Rural de São Leopoldo, que

resultou na criação de uma Assessoria Rural junto à Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Econômico e Social (SEMEDES) e também na vinda da

EMATER/RS – ASCAR para o município.

Cabe ainda salientar que no ano de 1938 foi criada a Associação Rural de

São Leopoldo, que funcionou até o ano de 1968, quando então se tornou o Sindicato

Rural de São Leopoldo. O município conta também com a Inspetoria Veterinária

desde 1932, porém, até o momento nunca houve a formação de um Conselho

Municipal de Desenvolvimento Rural e, outro fato bastante curioso, o município de

São Leopoldo nunca contou com uma Secretaria de Agricultura.

Após uma revisão histórica do município, foram realizadas reuniões com

representantes das secretarias municipais que de alguma forma estão ligadas as

questões rurais, Sindicato Rural de São Leopoldo e EMATER/RS – ASCAR para

elaboração de um questionário abordando aspectos sociais, ambientais e

econômicos para serem levantados junto à população rural e periurbana do

município, e também definir ações a serem desenvolvidas com as entidades

municipais.

Após esta revisão, se chegou a conclusão que havia alguma atividade

agropecuária em 8 bairros do município, como apresentado na Figura 2.

15

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR, 2010

Figura 2: Mapa municipal com destaque aos bairros onde ocorrem atividades rural

As atividades consistiam em fazer visitas a estas áreas e aplicar um

questionário, chamado de Diagnostico Rural Participativo, abordando aspectos

sociais, ambientais e econômicos, com o intuito de conhecer quais atividades rurais

são desenvolvidas na região, qual a área que ocupam, se estas atividades possuem

participação na renda da família, e se estas atividades estão em conformidade com

as legislações ambientais.

Como o trabalho foi iniciado em 2009, o estagiário participou de ações de

abastecimento do banco de dados, com a aplicação do questionário e cadastro dos

agricultores. Ainda há muitas propriedades com atividades rurais que ainda não

foram visitadas pela EMATER/RS – ASCAR, devido à grande extensão do

município, dificuldades financeiras da Instituição, que pode ser verificada pelo valor

repassado para os custos com combustível (R$ 150,00 mensais) e ainda as

16

atividades de escritório (o E.M. de São Leopoldo não conta com secretária), bem

como muitas atividades junto à prefeitura municipal.

Até o momento, verificou-se que o município possui 1209,55 hectares com

alguma atividade rural, sendo que aproximadamente 67% destas áreas estão na

localidade do Arroio da Manteiga, que é classificada no Plano Diretor Municipal

como Macrozona de Proteção Ambiental, por estar na várzea do Rio dos Sinos. A

Figura 3 apresenta a distribuição das áreas no município.

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR São Leopoldo, 2011

Figura 3: Distribuição das áreas rurais do município de São Leopoldo, RS

Com relação ao uso da terra, a principal ocupação é com pastagens, com

aproximadamente 290 ha. Porém, a atividade que tem um uso mais intensivo do

solo é o cultivo de hortaliças, com 19,8 ha. Esta atividade tem uma grande

importância na região, pois possui alguns produtores bastante tecnificados, e que

abastecem o grande mercado consumidor local. Também se observa áreas com

milho (32,9 ha), feijão (8,9 ha) e batata doce (11 ha), o que denota características de

uma agricultura de subsistência, pois estes cultivos estavam presentes na maioria

das propriedades, e sua produção era utilizada exclusivamente para o consumo

familiar.

Quando os agricultores eram questionados quanto à possibilidade de

expandir suas áreas de produção, respondiam que o que lhes impedia de realizar

17

isto eram os furtos e roubos da produção, uma característica bastante importante em

áreas de produção próximas de grandes centros urbanos.

As áreas de preservação permanente e reserva legal possuem destaque nas

propriedades. Isto se deve as rígidas fiscalizações da Secretaria de Meio Ambiente

do município. Porém, não se observa a mesma rigidez quando, por exemplo,

concebe-se um empreendimento de loteamento urbano.

Com relação a produção animal, foi levantado um rebanho de 349 vacas de

leite, com uma produção diária de 1665 litros de leite por dia. Apenas um produtor

tem entrega leite para um laticínio de outro município, sendo este um pecuarista que

investe em genética, realizando inseminação artificial do seu rebanho com sêmem

de touros com grande potencial de produção leiteira. A maioria da produção do

rebanho é para consumo familiar e venda direta na região. No município não existe

nenhum laticínio que processe o leite produzido na região.

Frangos coloniais possuem um destaque na produção animal, com um

rebanho estimado de 2132 aves, principalmente para a produção de ovos coloniais,

para a venda direta na propriedade e região.

A aqüicultura é uma atividade bem aceita pelos agricultores do município,

sendo que a maioria deles gostaria de ter açudes em suas propriedades, porém a

falta de maquinário para isto seria um entrave, pois a prefeitura não dispõe de

patrulha agrícola. Cabe ressaltar que existe no município um grande produtor de

alevinos, bem tecnificado, que tem potencial para fornecer alevinos para todo o Vale

dos Sinos.

Conforme o levantamento realizado, a maior parte da população que mora

nas propriedades e ali exercem suas atividades são de adultos e idosos, conforme a

Figura 4. Os jovens, pela proximidade do centro urbano, procuram empregos e

qualificação na cidade, abandonando o auxilio nas atividades rurais, e gerando um

problema com relação a continuidade da atividade rural na propriedade.

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Pessoas que residem nas propriedades

0 10 20 30 40 50 60

Criança M

Criança F

Jovem M

Jovem F

Adulto M

Adulto F

Idoso M

Idoso F

Faix

as e

tári

as p

or

sexo

Quantidade de pessoas

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR São Leopoldo, 2011

Figura 4: Distribuição populacional no meio rural de São Leopoldo, RS

Após este levantamento parcial, as principais demandas dos agricultores

foram elencadas, como se pode ver na Tabela 1.

Tabela 1: Principais demandas dos agricultores de São Leopoldo, RS

LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES

Patrulha Agrícola 23,5%

Talão de Produtor 18,1%

Segurança 16,6%

Assistência Técnica 14,7%

Conselho da Agricultura 12,3%

Infraestrutura 9,4%

Central de Abastecimento 3,3%

Inseminação Artificial 2,1%

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR São Leopoldo, 2011

19

A partir destas demandas, a Escritório Municipal da EMATER/RS – ASCAR

buscou junto a Prefeitura Municipal tentar encontrar meios para sanar estas

necessidades dos agricultores.

5.2 MERENDA ESCOLAR

No ano de 2009, entrou em vigor a Lei no 11.947/09 (Lei da Alimentação

Escolar), que determina a utilização de no mínimo 30% dos recursos repassados

pelo FNDE, para a compra de produtos da agricultura familiar, do empreendedor

familiar rural ou de suas organizações na aquisição da alimentação escolar. Essa lei

ajuda a resolver um dos grandes gargalos da agricultura familiar que é a garantia de

comercialização dos produtos, contribuindo para o desenvolvimento local e a

manutenção das famílias no campo.

Porém, uma das restrições é de que no máximo R$ 9.000,00/ano/DAP

poderão ser adquiridos em produtos diretamente com os agricultores. O municipio

de São leopoldo possui apenas 3 agricultores familiares que atendem as exigencias

do programa, porém, devido a restrição do valor e a demanda de produtos ser muito

grande, a aquisição dos aliementos tem sido feita junto a agricultores familiares de

outros municipios, desde que estes também atendam as normas do programa.

Para as escolas municipais, devido o montante de recursos destinados à

compra da agricultura familiar (30% do total) ultrapassar os cem mil reais, a compra

tem de ser feita por intermédio de uma cooperativa ou associação de agricultores

familiares (Lei 11.947, Artigo 23, parágrafo 4º).

No sentido de organizar a aquisição dos alimentos para o programa, no

período de realização do estágio, foram levantadas as quantidades dos pedidos de

merenda para o município no ano de 2010, com o intuito de saber onde estariam os

gargalos para a aquisição dos alimentos. Chegou-se a conclusão de que a produção

local poderia suprir a demanda, desde que todos os agricultores que produzissem os

alimentos demandados se organizassem em uma Associação ou Cooperativa, para

cumprir o determinado na 11.947, Artigo 23, parágrafo 4º.

Uma reunião foi realizada no dia 18/01/2011, com o intuito de tentar mobilizar

os agricultores para a formação de uma Associação. Os produtores que já fornecem

alimentos para a merenda escolar se mostraram muito dispostos a formação da

20

Associação, pois eles têm a capacidade de injetar muito mais produtos para o

programa em conjunto, do que sozinhos, como é realizado até então. Ficou decidido

então que a EMATER municipal e o Sindicato Rural de São Leopoldo se

encarregariam das questões legais a respeito da criação da Associação, e os

agricultores a captação de mais membros. Porém, até o momento do final do

estágio, ainda não se tinha criado efetivamente a Associação, devido aos tramites

legais e de organização dos próprios agricultores.

Outra demanda apontada pelos agricultores no levantamento era uma Central

de Distribuição de produtos, pois no programa de aquisição de merenda escolar e no

PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), a entrega dos gêneros alimentícios as

entidades deve ser feito pelo próprio agricultor, o que gera um trabalho excessivo

fora da propriedade. Esta reivindicação foi levada a SEMEDES (Secretaria Municipal

de Desenvolvimento Econômico e Social), na sua Diretoria de Agricultura, para que

a possibilidade de criação de uma Central Municipal de Abastecimento fosse criada.

Esta questão foi debatida com o Prefeito Municipal, o Sr. Ary José Vanazzi, no dia

23/02/2011, que junto ao seu secretariado ficou responsável por uma posição a

respeito do assunto.

Neste caso da merenda escolar, nota-se claramente a questão de que o

mercado consumidor existe, porém, sem apoio dos poderes públicos, os agricultores

não têm como acessar este mercado.

5.3 APOIO AOS PROJETOS DE PISCICULTURA

Uma das demandas apontadas pelos agricultores (a principal) foi a falta de

uma patrulha agrícola municipal, principalmente para a abertura e reforma de

açudes nas propriedades.

Após várias reuniões com o Secretário de Desenvolvimento Econômico e

Social do município, conseguiu-se com que a prefeitura cedesse as máquinas da

Secretaria de Obras para a realização destas atividades, com o pagamento do diesel

gasto pelos agricultores. Então, foi realizado um levantamento de quantos

agricultores necessitavam dos serviços, chegando-se que 8 propriedades do Bairro

Campestre e 8 do Bairro Quilombo estavam necessitando dos serviços para o mês

de março de 2011. Estes dois bairros são vizinhos, o que facilitaria o tempo

21

deslocamento das máquinas entre as propriedades. A partir desta resolução, o

Prefeito Municipal se comprometeu em criar uma Patrulha Agrícola municipal, sendo

que a EMATER ficaria responsável por orientar quais as máquinas e implementos a

serem adquiridas.

5.4 HORTAS COMUNITÁRIAS, ESCOLARES E INSTITUCIONAIS

No município de São Leopoldo há algumas hortas comunitárias, que foram

desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Assistência, Cidadania e Inclusão Social

de São Leopoldo (SACIS), em comunidades com vulnerabilidade social. A EMATER

municipal presta assistência técnica e auxilio em questões de aquisição de insumos.

Uma destas hortas é a da CooperProgresso, uma cooperativa comunitária da

Vila Progresso. Lá eles cultivam hortaliças, que são cultivadas pelos moradores da

comunidade participantes da Cooperativa e vendidas nos bairros vizinhos e na

própria horta. No período de estágio, a horta estava com pouca produção de

hortaliças, devido às altas temperaturas que ocorriam na região e prejudicavam o

desenvolvimento das mesmas. Não foram relatados pelos cooperados e nem pelo

extensionista da EMATER a presença de pragas e doenças que levassem os

cultivos a danos econômicos. Um dos principais problemas relatados por eles era a

dificuldade na aquisição de mudas, pois as que estavam adquirindo, principalmente

as de alface, não estavam bem formadas, não resistindo ao transplante aos

canteiros. O extensionista da EMATER então entrou em contato com um produtor de

mudas do município de Campo Bom, que realiza entregas para alguns dos grandes

produtores de hortaliças do município, para que ele também fornecesse o material

para a Cooperativa.

A única ação do estagiário nesta horta foi a coleta de solo para análise

química, pois em meados de março se iniciariam novos cultivos na área. A Figura 3

ilustra a horta da Cooperativa.

22

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR São Leopoldo, 2010

Figura 5: Horta Comunitária da CooperProgresso, São Leopoldo, RS

As hortas escolares também se encontravam sem produção, devido ao

período ser de férias escolares. As ações referentes a estas hortas escolares iriam

se iniciar no início do mês de março.

A EMATER municipal também assistia a duas instituições de recuperação de

dependentes químicos, que possuíam hortas em suas instalações. Segundo os

coordenadores das instituições, o contato dos pacientes com as atividades agrícolas

ajudava muito na recuperação dos mesmos.

Dentro deste panorama, uma possibilidade levantada pelo extensionista e o

estagiário foi de que estas instituições poderiam receber incentivos e assistência

técnica para a produção de mudas de hortícolas e flores, e estas poderiam ser

adquiridas pelos horticultores da região e pela Prefeitura Municipal, no intuito de dar

uma atividade para estas pessoas e sanar um problema encontrado pelos

produtores de hortaliças: o município não possui nenhum produtor de mudas. Como

já foi relatado, os maiores produtores de hortaliças de São Leopoldo adquirem suas

mudas com um produtor do município de Campo Bom. Isto leva a um preço maior

das mudas, pois nele está inserido o valor do frete, e também um custo ambiental

(no transporte das mudas, mais queima de combustível).

5.5 PROJETO VERDESINOS

A manutenção das matas ciliares é uma das grandes preocupações regionais

e vem sendo estudada e incentivada dentro do projeto Verdesinos, numa parceria

23

entre Agricultores, Prefeituras, Sindicatos Rurais, Unisinos, Petrobras, Gerdau, AES-

Sul, Promotoria Pública e a EMATER/RS – ASCAR. O projeto prevê a recomposição

das matas ciliares através do plantio de mudas nativas e havendo a necessidade, no

cercamento dessas áreas.

No município de São Leopoldo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente é

parceira da EMATER para o cadastro dos agricultores dispostos a participar do

projeto e no auxilio para a adoção das medidas de recuperação da mata ciliar. Cada

agricultor cadastrado, após a medição do curso d’água que passa na sua

propriedade, recebe mourões e arame para a construção de uma cerca de proteção

à Área de Preservação Permanete (APP), de acordo com a legislação ambiental

vigente. Atualmente, participam do projeto 10 agricultores do município.

Uma das atividades do estagiário foi a participação na alocação de uma

cerca, onde foi realizada a medição da área correspondente a APP no entrono de

um pequeno curso d’água que passava em uma propriedade na localidade do

Quilombo, como é visto na Figura 6. Esta atividade também teve a participação da

Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMAM).

Fonte: E.M. EMATER/RS – ASCAR São Leopoldo, 2011

Figura 6: Participação da alocação de cerca em área de APP, São Leopoldo, RS

24

5.6 OUTRAS ATIVIDADES

Durante o período de realização das atividades, o estagiário também atuou na

rotina normal do escritório, como organização de agenda, atendimento ao publico, e

ainda em reuniões da Regional e Microrregional da EMATER/RS – ASCAR.

Também, em muitas ocasiões, os compromissos do estagiário eram na Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social (SEMEDES), em reuniões a

respeito da situação dos agricultores do município.

25

6 CONCLUSÕES

Ao estagiário foi permitido que se observasse a situação da agricultura em um

grande centro urbano, com todas as suas limitações e potencialidades, e também

avaliar o bem estar social dos agricultores. O contato com a realidade do meio rural,

por meio da extensão rural, proporcionou um aprendizado importante,

principalmente quanto aos aspectos das relações existentes entre os agricultores e o

engenheiro agrônomo.

Nesta situação, o extensionista funcionava como uma ligação entre as

necessidades dos agricultores e a Prefeitura Municipal, mostrando que a atividade

do Engenheiro Agrônomo não se resume apenas às questões técnicas, mas

também políticas.

26

7 ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO

A experiência da realização do estágio foi muito importante, pois o contato

com a realidade do meio rural, sob supervisão de um profissional que já atua na

área, permitiu realmente ser “testados” os conhecimentos adquiridos na Academia.

Pontos Positivos:

Ótima receptividade do Extensionista para a realização do estágio;

Contato com os agricultores, o conhecimento das suas reais necessidades;

Visualização de uma agricultura que poderá ter grande destaque no futuro

(agricultura urbana);

Conhecimento de um grande mercado consumidor de produtos agrícolas;

Possibilidades de investimentos na região de realização do estagio.

Pontos Negativos:

Pouco tempo para a realização do estágio, o que impossibilita um

conhecimento mais aprofundado de toda a cadeia produtiva;

Instituição não dispõe de muitos recursos;

Deficiência no trabalho administrativo de escritório por falta de uma secretária;

Em muitos casos, os interesses políticos conflitam com as ações da extensão

rural.

27

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Caracterização, Leis Municipais, Dados Socioeconômicos, Histórico. Disponível

em: https://www.saoleopoldo.rs.gov.br/home/index.asp . Acesso em: 12/05/2011.

28

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CONSÓRCIO PÚBLICO DE SANEAMENTO BÁSICO DA BACIA HIDROGÁFICA DO

RIO DOS SINOS (CONSÓRCIO PRÓ – SINOS). Disponível em:

http://www.consorcioprosinos.com.br/. Acesso em: 01/05/2011.